Capítulo 1 ao 13







Capítulo 1 – APENAS O COMEÇO



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





- Por que demorou tanto pra chegar hoje? – perguntou, aproximando-se do meu armário, onde eu pegava o meu material pra ir pra aula da Sra. Pat.
- O despertador não funcionou de novo. – Eu disse, rolando os olhos. Era a 3° vez na semana que eu me atrasava por causa daquele maldito despertador.
- Já sei o que vou te dar de presente no seu próximo aniversário. – riu, enquanto me via rir sarcasticamente. Ela estava me esperando chegar, pois teríamos a primeira aula do dia juntas.
– Não está mais aqui quem falou. – disse, erguendo as mãos e demonstrando-se inocente. – E ai, já viu alguma das meninas hoje? – Ela perguntou, enquanto caminhávamos por um dos corredores do colégio que, por sinal, estava bastante lotado.
- Ainda não. – Eu disse, disparando olhares pelo corredor todo na esperança de ver e em algum lugar.
- Tentamos encontrá-las no intervalo! Vamos. – disse, enganchando o seu braço no meu e me arrastando pelo corredor. Eu tinha acabado de acordar e, por isso, ainda estava um pouco sonolenta.

Chegamos na sala da Sra. Pat um pouco atrasadas e recebemos olhares feios de todos, inclusive da própria professora. A Sra. Pat odiava que seus alunos chegassem atrasados em suas aulas. Diante disso, é fácil deduzir qual a opinião dela sobre mim, que chegava atrasada quase sempre. Nos sentamos lado a lado e já fomos abrindo o caderno e a apostila.

- Sério. O que a metamorfose da borboleta vai mudar na minha vida? Eu nem sei porque aprendemos isso no colégio. Ninguém aqui é uma borboleta. – disse quase sussurrando, enquanto a Sra. Pat fazia a sua explicação para a toda a sala. Eu ri por um momento, mas tratei de engolir o riso ao perceber que a Sra. Pat havia percebido.
- Dá para as duas pararem de falar besteira aí na frente? – Uma voz conhecida disse logo atrás de mim. Olhei imediatamente para trás para ver de quem se tratava. Era o , meu melhor amigo.
- Hey, ! Eu até tinha esquecido que você também tem essa aula. – Eu disse, rindo da forma com que ele estava debruçado em sua carteira, demonstrando sua total atenção no assunto que a Sra. Pat abordava na lousa.
- Esqueceu? De mim? – fez bico. – Eu deveria ficar uma semana sem falar com você por causa disso. – Ele disse ao cerrar os olhos em minha direção.
- Quanto drama, ! – riu, enquanto terminava de copiar o ‘pequeno texto’ que a Sra. Pat havia passado na lousa.
- Oi pra você também, . – disse ao forçar um sorriso.
- Oi . – disse, fazendo cara de tédio para o amigo, que sorria, satisfeito.
- Os três aí do fundo! Podem parar de falar ou querem vir explicar aqui na frente? – Sra. Pat de repente nos interrompeu. Nós três olhamos para a sua cara, totalmente assustados, e forçamos um sorriso.
- Desculpe, Sra. Pat. – sorriu como um anjo. – Pode continuar. – Ele disse, e na sequência, fez um sinal de positivo com o dedo para a professora, fazendo com que uma parte da classe começasse a rir. Eu e a nos seguramos para não rir também. Ele era muito cara de pau. A professora não achou graça e seguiu em frente com a explicação. Foi o suficiente para nos mantermos em silêncio até o final da aula.
- Seu besta! Levei uma bronca por sua causa! – disse, dando um fraco tapa no braço do , enquanto saíamos da sala de aula.
- Não sei se você notou, mas eu também levei uma bronca por causa de vocês duas. – disse, passando a mão no local em que havia estapeado. Ela era bem forte para uma garota.
- Qual o problema de vocês hoje, hein? – Eu perguntei, rindo da cena ridícula entre eles.
- Ta bom! Vamos mudar o assunto. – respirou fundo. – Vocês vão no nosso jogo, depois da aula, né? – Ele perguntou, enquanto passávamos pelo corredor, onde algumas pessoas cumprimentavam ele.
- Eu não sei. – Eu disse, deixando claro o meu desconforto ao falar sobre o assunto. logo percebeu que havia tocado em um assunto delicado e lhe deu um cutucão.
- É claro que nós vamos! – disse, convicta. Ela sabia muito bem o meu motivo pra não querer ir ao jogo e, de certa forma, queria que eu superasse isso de uma vez por todas.
- Vamos, ! Eu quero que você vá. – passou um dos braços pelos meus ombros, como ele sempre costumava fazer. – Eu prometo que faço um gol pra você! – Ele disse, conseguindo arrancar um sorriso de mim. Ele era um amigo incrível.
- Tudo bem! Então, eu vou. – Eu cedi mesmo contra a minha vontade. O que eu não faço pelos meus amigos?
- Sério mesmo! Cadê as meninas? Será que elas vieram hoje? – perguntou novamente, depois de deixar de dar atenção a minha conversa com o . Ela realmente parecia preocupada com o sumiço repentino da e da . Nós não tínhamos aulas com elas naquele dia, mas sempre acabávamos nos encontrando pelos corredores do colégio.
- Eu vi a , hoje. – disse, enquanto entrávamos na sala de aula do Sr. Berry.
- É claro que você viu! – Eu disse, lançando olhares desconfiados e debochados na direção dele.

sempre teve uma paixão secreta pela . Ele nunca quis assumir, mas todo mundo sabia. O jeito com que ele agia perto dela o entregava. Eles nunca haviam tido qualquer tipo de relacionamento, exceto por alguns desentendimentos. Ok, não foram alguns. Foram MUITOS.

- O que você quer dizer com isso, ? – disse, me olhando feio.
- Ela está se referindo aos minutos que você fica olhando pro portão do colégio, esperando a chegar, só pra você poder babar um pouco mais nela. – explicou detalhadamente. A turma toda já conhecia as estratégias do para olhar e espionar a sem que ela percebesse.
- Obrigado por responder, . – ironizou. ria quase escandalosamente. Ele tinha ficado muito sem graça.
– Vai ter volta, . – disse em tom de ameaça.
- Ok. Desculpa! Mas você precisa disfarçar mais. Está ficando muito na cara! – aconselhou e o olhar que lançava para ela mudou.
- Estou falando pro seu bem. Não quer escutar, não escuta. – ergueu os ombros.

Bem, a aula de Matemática do Sr. Berry tinha passado incrivelmente rápido naquele dia. Por que será? Conversamos durante toda a aula! Ainda bem que o Sr. Berry não era tão rigoroso quanto a nossa professora de Biologia. A nossa próxima aula era de Geografia com o Sr. Tompson que, aliás, era um dos professores mais legais do colégio. Todos gostavam dele e, por isso, o respeitavam. A aula era tão boa, que sempre acabava passando voando! Quando nos demos conta, já era a hora do intervalo das aulas.

- Eu estou morta de fome! Não deu tempo de tomar café da manhã hoje. – Eu disse, indo rapidamente em direção a cantina. me acompanhou e foi para a mesa, na qual eu, os meus amigos e o meu irmão costumávamos sentar e nos reunir todos os dias.
- O que você vai comprar? – perguntou, enquanto tirava o seu dinheiro do bolso.
- Acho que um ‘Ruffles’ e uma ‘Coca-Cola’. – Eu disse, também tirando o meu dinheiro do bolso.
- Eu também vou comprar isso. – decidiu ao contar seu dinheiro.

Apesar de ficamos algum tempo na fila da cantina, nós conseguimos comprar as batatas e os refrigerantes e foi com eles em mãos, que fomos em direção a ‘nossa mesa’ e ao encontro de nossos amigos. Ao nos aproximarmos, vimos que a maioria deles já estava lá.

- Suas loucas! Onde vocês se meteram durante toda a manhã? – disse, assim que viu e sentadas lado a lado.
- Oi meninas! - sorriu. - A passou mal durante a manhã inteira. Eu estava com ela. – explicou, fazendo cara de lamentação. Olhamos imediatamente para a , que até que estava com uma cara boa.
- Nossa! Você está bem, ? – Eu perguntei, preocupada.
- Agora, estou! – sorriu de forma agradecida.
- Enjoos matinais? Ih, ta grávida. – disse, fazendo com que quase engasgasse com a sua água.
- Se não tem nada de bom pra falar, é melhor ficar quieto, Jonas! – respondeu, irritada. E é exatamente por isso que eu amo ela!
- e as suas piadinhas sem graça. – Eu disse, olhando pra ele com descaso.
- Começou cedo hoje, ? - Ele perguntou com um tom totalmente sarcástico. sabia exatamente como me irritar. Me chamar de ‘’ era o jeito mais fácil de conseguir isso.
- Não enche o saco, Jonas. – Eu disse, me controlando para não deixar a raiva em evidência. Eu não queria dar esse gostinho pra ele.
- Você acha que consegue ficar até o jogo? – perguntou para a , interrompendo a briga que estava prestes a começar. Ela comia algumas batatas que a tinha comprado, enquanto a mesma fazia uma trança embutida em seu lindo cabelo.
- Consigo sim. Eu já estou bem. Eu só devo ter comigo alguma coisa estragada. – respondeu, parecendo estar realmente bem.
- Alguém quer? – Eu disse, estendendo um dos meus braços para oferecer ‘Ruffles’ para o pessoal da mesa.
- Eu quero. – disse, levando a sua mão em direção ao meu saco de batatas.
- Hey! - Eu o condenei, assim que tirei o saco de batatas do alcance dele. - Vai ficar querendo, . – Eu usei o apelido de propósito. Esse era o meu troco. Todos que estavam na mesa riram. Eles sabiam que eu não estava fazendo aquilo por egoísmo, e sim, para irritá-lo. A raiva nos olhos de ficou mais do que visível. Meu objetivo do dia foi cumprido com sucesso!
- Então, engula essa porcaria! – Ele disse, visivelmente irritado. Eu sorri satisfeita. Irritá-lo era simplesmente um dos meus passatempos favoritos. – Tomara que te dê uma dor de barriga depois. – Ele esbravejou.
- Ficou nervoso, ? – Eu provoquei mais uma vez. Ele não respondeu dessa vez. simplesmente olhou pra mim e forçou um sorriso, enquanto balançava a cabeça negativamente como quem dissesse ‘você é odiável’.

Brigas à parte, o sinal do intervalo finalmente tocou e tivemos que voltar para a sala de aula. Eu tive 2 aulas de Inglês e 1 de História. As duas aulas de Inglês foram com a e com a e na última aula, a de História, eu estava sozinha. Depois das aulas, eu fui direto para o ginásio do colégio para encontrar as meninas. Todas iríamos assistir mais um jogo classificatório do time de futebol do colégio.




Capítulo 2 – JOGO SEM SOFRIMENTO



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





- Mas que demora, ! – gritou, assim que me viu. Obrigada, . Agora, o ginásio todo estava olhando pra minha cara. Conhecendo ela da maneira que eu conhecia, eu sabia que ela não tinha feito por mal.
- O meu armário emperrou! Eu não conseguia abrir de jeito algum. – Eu disse ainda irritada com o armário.
- Senta aqui. Já vai começar. – disse, mostrando com uma das mãos o lugar vago bem ao seu lado.
- Todos vão jogar? – Eu perguntei como quem não quisesse nada. As três olharam imediatamente para a minha cara. Droga! Era impossível esconder alguma coisa delas.
- Sim. To-dos. – quase soletrou, me olhando com desconfiança. Não respondi aos olhares maldosos, pois eu sabia que não teria qualquer argumento.

Encarei o gramado pela primeira vez naquele dia e lá estava ele: Peter, o meu ex-namorado. O término tinha acontecido há uma semana. Nós não tínhamos terminado de forma ruim. Foi, na verdade, uma decisão de nós dois. Combinamos que continuaríamos amigos, mas eu, infelizmente, ainda sentia algo por ele. Tudo ainda estava muito recente. Os boatos no colégio eram de que Peter me traía com uma líder de torcida qualquer. Até então, eu nunca tinha flagrado ou desconfiado de nada.

, e sabiam exatamente pelo que eu estava passando. Elas sabiam de toda a história. Elas sabiam que, desde então, eu estava tentando evitar o Peter. A verdade é que eu nem deveria estar naquele jogo. Eu só estava ali por causa do , que insistiu tanto para que eu fosse até lá. Porém, antes de entrar naquele ginásio, eu havia prometido algo para mim mesma: eu não ficaria sofrendo pelos cantos e nem ficaria fazendo drama. Eu encararia aquilo normalmente, sem sofrer! Eu precisava mostrar para o Peter que eu já não sofria mais por ele e que o tinha superado de uma vez por todas.

- Começou! – gritou. Ela com certeza era a mais espontânea (para não dizer escandalosa) de todas nós.
- VAAI, ! – Eu gritei empolgadíssima da arquibancada. era meu irmão mais velho, por isso, eu tinha que apoiá-lo. Ele reconheceu imediatamente o meu grito, me olhou e riu, enquanto balançava a cabeça. Ele estava inconformado com as vergonhas que eu ainda fazia ele passar.
- ANDA, FAZ O GOL! – gritou, assim que viu o sozinho na frente do gol.
- NÃAAAAAAAAO! – gritou ao ver o perder aquele gol. Ela realmente estava melhor, né?
- PARA DE ERRAR OS PASSES, ! – gritou, totalmente revoltada. Assim que ouviu a reclamação, parou de correr e olhou tão feio pra ela, que até eu fiquei com medo.
- EU QUERO O MEU GOL, ! – Eu gritei tentando acalmá-lo e percebi rapidamente que tinha conseguido, quando ele me olhou imediatamente e sorriu, enquanto fazia um positivo com um de seus polegares.
- PASSA A BOLA, ! – gritou e foi exatamente isso o que fez. Passou a bola para , que estava livre na área e fez o primeiro gol da partida.
- GOOOOOOOOL! – Eu e as garotas gritamos juntas, enquanto batíamos palmas empolgadamente. imediatamente olhou pra mim e apontou o dedo na minha direção, dedicando o seu gol para mim. O gol que ele havia me prometido!
- LINDO! – Eu gritei, enquanto fiz um coração com as mãos para ele. Não, não tinha nada de romântico entre nós. Nós éramos amigos há muito tempo e ele era um dos poucos garotos que tinham o meu respeito. Nós sempre nos ajudamos muito e sempre nos demos super bem. Tão bem quer seria IMPOSSÍVEL rolar algo romântico entre nós. Ele era praticamente um segundo irmão mais velho para mim.

Minutos depois do primeiro gol, foi a vez de fazer o gol dele. Ele era o capitão do time de futebol. Essa função de capitão, aliás, foi conseguida com muita luta, literalmente. Esse era um dos motivos pelo qual o Peter e o se odiavam tanto, mesmo jogando no mesmo time. Eles disputaram a função de capitão do time. Houve MUITAS brigas por causa disso, mas acabou conseguindo a função. Na época, isso me irritou bastante, pois eu torcia muito para que o Peter fosse o capitão, afinal, ele era o meu namorado.

Ao fazer o gol, foi imediatamente dar um beijo em Jessie que, além de ser a sua namorada, era também uma das líderes de torcida. Não era perfeito? O capitão do time de futebol namorando a líder de torcida super popular? Seria mesmo perfeito se ela não fosse tão insuportável e superficial. Ela era o tipo de garota que conquistava qualquer garoto com o corpo que tinha, porque o que ela tinha por dentro era inútil.

- JONAS, SE NÃO AGUENTA MAIS CORRER, SAÍ DO JOGO! – Eu provoquei o ali da arquibancada mesmo, depois que ele perdeu a chance de marcar o seu segundo gol na partida. olhou pra mim e colocou o dedo indicador em frente a sua boca, me mandando ficar quieta. Eu adoraria responder ele, mas não ali na frente de todos. O que era dele, estava guardado. O jogo acabou. O time do colégio ganhou por 2 x 0.

Assim como fazíamos depois da maioria dos jogos dos garotos, eu e as garotas permanecemos na arquibancada para esperar os jogadores saírem do vestiário. Eles costumavam demorar um pouco mais de 25 minutos e dessa vez não foi diferente. Eu e as meninas ficávamos conversando até o momento que eles saíam. Quando eles saíam, nós íamos ao encontro deles.

- Você fez o meu gol! – Eu disse, assim que o se aproximou de nós ao lado dos outros garotos. - Obrigada! - Eu agradeci antes de abraçá-lo. Ele riu da minha empolgação.
- Eu disse que faria. – Ele sorriu, se gabando.
- Se você tivesse feito todos os gols que você perdeu, teria sido uns 10 x 0. – tentou irritá-lo logo na primeira oportunidade que teve.
- Claro! Eu, com certeza, perdi os gols por que eu quis, . – ironizou e rolou os olhos, fazendo com que mostrasse a língua por trás dele.
- Ok, onde nós vamos comemorar? – perguntou, enquanto segurava o celular com uma das mãos. – Eu preciso avisar a Jessie. – Foi só ele dizer o nome dela que o meu estômago chegou a embrulhar.
- ‘Mc Donalds’? – deu a ideia, que foi rapidamente apoiada por todos. Não passou nem um minuto e o já estava ligando para a Jessie.
- No ‘Mc Donalds’, Jess. A gente se encontra lá, está bem? – perguntou e ouviu uma resposta positiva da namorada. E lá vamos nós!

As garotas foram no carro da , enquanto os garotos foram no carro do . Esse era o problema de termos uma turma tão grande. Sempre era preciso dividir em dois carros. Como o ‘Mc Donalds’ ficava ali perto, não demoramos muito para chegar. Os carros foram estacionamos e adentramos no restaurante, que estava razoavelmente vazio.

- O que vocês vão querer? – perguntou pegando o cardápio, enquanto o garçom nos encarava. Como de costume, os garotos pediram os maiores lanches do restaurante, enquanto as garotas pediram os lanches menores e mais saudáveis. Durante o almoço, nós voltamos a falar sobre o jogo.
- Eu não acredito que perdi aquele gol. – disse, sem conseguir se conformar.
- Você estava sozinho! – afirmou, também inconformado.
- Eu nem sei onde eu estava com a cabeça.. – Ele disse, rindo de sua própria desgraça.
- Todos nós sabemos onde estava a sua cabeça. – disse e todo mundo olhou para a na mesma hora, que ficou vermelha em segundos.
- Muito engraçado. – rolou os olhos, demonstrando estar envergonhada. sabia que estávamos certos, por isso, nem se manifestou, mas ele e chegaram a trocar olhares.
- Hey, você chegou. – de repente interrompeu a conversa, enquanto olhava pra uma pessoa atrás de mim, que eu pude descobrir rapidamente quem era ao sentir o perfume de vadia.
- Hey, baby. – A voz dela era tão fina quanto a de uma pessoa de 4 anos.
- Senta aqui. – puxou a cadeira ao seu lado para que ela se sentasse.

- Belo jogo, garotos. – Ela disse sorrindo forçadamente. Seus cabelos loiros caiam sobre seus ombros magros e ossudos.
- Obrigado. – foi o único que agradeceu, dando-lhe um selinho. Ninguém parecia realmente gostar dela, mas eles não deixavam de ser simpáticos.
- Ahn! Oi, fofinhas. – Jessie disse ao olhar pra mim e para as outras garotas. O que ela queria dizer com ‘fofinhas’? Quem ela pensa que é?
- Oi, Jessie. – Eu respondi de maneira seca e me olhou feio na mesma hora. Ele acha o que? Que eu tenho medo dele?
- Do que vocês estavam falando? – Jessie perguntou, usando o seu sorriso de propaganda de pasta de dente. Por que ela se esforçava tanto para ser legal com nós?
- Do jogo. – respondeu, tentando ser gentil. Todos na mesa voltaram a sua atenção pra ela e, de repente, ela começou a rir.


- Que jogo? – Jessie perguntou, enquanto continuava rindo. Todos na mesa se entreolharam e se seguraram pra não rir da cara dela. Qual o problema dela?
- O jogo de hoje, Jess. – disse, completamente constrangido. Ele certamente estava se segurando pra não chamá-la de burra.
- Ah, sim! Belo jogo. – Ela repetiu. De novo: qual é o problema dela? Que garota burra! O que o viu nela?


- Obrigado. – agradeceu dessa vez, enquanto se segurava pra não rir novamente.


Ficamos mais 2 horas no restaurante, ou seja, foram mais 2 horas torturantes ouvindo a Jessie falando besteira. Foram 2 horas aturando ela e a cada resposta irônica minha, o me lançava olhares furiosos. O que eu podia fazer? Eu não conseguia evitar! Apesar de tudo, uma coisa nós temos que reconhecer: o era muito corajoso de ficar com essa menina.

Saímos do restaurante aliviados por irmos para bem longe da Jessie. Ninguém mais aguentava ouvir a voz dela. Os garotos resolveram ir para casa para descansar e eu e as meninas decidimos ir para a casa da , onde nós tínhamos combinado de estudar. Pelo menos, esse era o plano inicial.

- Sério! Aquela garota é muito burra. – disse, assim que chagamos na casa de . Deixamos nossas bolsas em cima do sofá e nos sentamos nos lugares que restaram.
- O Jonas só pode estar com ela por causa do corpo dela, porque por dentro nós já sabemos que não tem nada - disse, fazendo com que todas nós gargalhássemos.
- Ele não vai aguentá-la por muito tempo. – Eu disse, ainda rindo.
- Já que estamos falando sobre namoro... – começou a dizer e todas elas olharam pra mim.
- O que foi? Eu não tenho um namorado. – Eu disse, sorrindo fraco.
- O Peter não tirou os olhos de você durante o jogo. – disse, fazendo careta.
- Eu tentei ignorar ele. Eu não quero que ele saiba que estou sofrendo por causa dele. O término foi amigável. – Eu expliquei, tentando não me aprofundar tanto no assunto que ainda me deixava mal.
- Você está certa! Nenhum homem merece saber que uma mulher está sofrendo por ele. – disse e logo depois ficou toda sem jeito. Todas nós tínhamos certeza de que ela estava falando do , mas ela jamais assumiria, por isso, era melhor nem tocar no assunto.

Passamos a tarde jogando conversa fora. Como o previsto, nenhum livro ou caderno foi aberto. Jantamos na casa de e fomos embora antes que ficasse muito tarde. Ao chegar em casa, eu estava exausta. As únicas coisas que eu fiz foi tomar banho e ir dormir. Eu não costumava ir dormir tão cedo, mas aquele dia foi uma exceção.




Capítulo 3 – INDO LONGE DEMAIS



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- Droga! Hoje você despertou, né? – Eu disse, socando o despertador sobre o criado-mudo que ficava ao lado da minha cama. Levantei preguiçosamente da cama e fui me arrastando até o banheiro. Abri o chuveiro com uma força que eu não sei de onde veio. Tomar um banho foi o suficiente para me acordar. Coloquei o uniforme do colégio, me arrumei e desci pra tomar o café da manhã.
- Bom dia, querida. – Minha mãe disse, assim que me viu. Ela estava fazendo torradas. Torradas que eu não comeria, pois não daria tempo. Além disso, eu sabia que elas estavam sendo feitas para o meu pai.
- Oi, mãe. – Eu disse, indo até a fruteira e pegando uma maçã.
- Você quer comer alguma coisa? – Ela perguntou, toda atenciosa e eu apenas balancei negativamente com a cabeça. – Tem certeza? – Ela insistiu.
- Tenho. Obrigada, mãe. – Eu sorri para ela. – Cadê o ? Não posso me atrasar hoje. – Eu disse, enquanto bebia um copo de água. Só perguntei, pois ainda não tinha escutado a voz dele naquele dia.
- Tente acordá-lo pra mim. – Minha mãe disse com os olhinhos brilhando. Fiz uma cara feia e com muito sacrifício, fui até o quarto dele. Quase esmurrei a porta ao empurrá-la. Meu humor matinal não é dos melhores.
- ! ACORDA, GAROTO. ESTAMOS ATRASADOS! – Os gritos fizeram o pular na cama. Ele levou um susto, que me fez rir como nunca.
- Para de gritar, garota! Ta maluca!? – disse, irritadíssimo, enquanto levantava-se da cama.
- Ninguém mandou não acordar. – Eu disse, ainda rindo. – Vê se não demora. Eu não quero me atrasar hoje. – Eu disse logo depois de vê-lo ir em direção ao banheiro com sua toalha de banho em mãos.

Por sorte, eu não cheguei atrasada naquele dia. Tive que apressar o até o momento que pisamos no colégio. Aliás, brigamos durante todo o caminho, mas isso era bem comum para nós. Como chegamos um pouco antes do início das aulas, eu tive tempo para encontrar e ver as meninas antes que o sinal de entrada tocasse.

Em menos de 5 minutos, o sinal do início das aulas tocou e nós tivemos que nos separar, pois a maioria das nossas aulas eram diferentes naquele dia. Deixei a sala de Inglês, que foi a minha terceira aula do dia e fui para o intervalo. Como eu já tinha comido uma maçã pela manhã, eu não pretendia comprar nada na cantina, portanto, fui direto para a mesa dos meus amigos.

- Nossa, o Sr. Barry estava revoltado hoje. Expulsou duas pessoas da sala de aula. – Eu disse, assim que cheguei na mesa. Todos já estavam lá, exceto eu.
- Nem me fale! Ele me passou uns 300 exercícios hoje. – comentou, fazendo careta.
- Ainda bem que eu só tenho aula com ele amanhã. – disse, aliviado.
- Eu tenho as duas últimas com ele. – rolou os olhos.
- Boa sorte. – Eu o olhei com lamentação.
- , é hoje a prova de Geografia? – me perguntou, demonstrando preocupação. Certeza que ela tinha se esquecido, como sempre.
- Sim. É hoje... – Eu sorri ao vê-la ter um colapso por ter se esquecido. – Aliás, vou até estudar mais um pouco agora. – Eu disse, pegando o livro de Geografia na minha bolsa.
- Quem vê, pensa que você é a nerd do colégio, . – comentou com o seu tom sarcástico repugnante. Estava demorando para que ele me irritasse naquele dia.
- Nem todo mundo é burra como a sua namorada, . – Eu sorri, me sentindo vitoriosa. Todos na mesa riram.
- Está envolvendo a Jessie nisso por quê? Qual o problema? Não tem insultos pra mim hoje? – Ele riu, sarcasticamente. – Ela pode ser o que for, mas ela tem uma coisa que você não tem. – Ele disse, piscando um dos olhos pra mim.
- O que? Burrice? – Eu disse, rindo. <
- Não. Um cara que gosta dela. – Ele sorriu, sabendo que aquilo me acertaria em cheio. Ele deve ter escutado alguma conversa minha com as meninas sobre o meu relacionamento com o Peter e estava tentando usar isso contra mim. Quanta maturidade!
- E você é esse cara? Que azar o dela. – Eu revirei os olhos antes de voltar a minha atenção para o meu livro de Geografia.
- Pelo menos eu tenho uma namorada, né? – Ele disse, disposto a ganhar àquela discussão. – E o seu, cadê? – Ele continuou com o tom sarcástico. Eu queria socá-lo naquele momento. – Ahn, é mesmo! Ele te largou. – Ele riu, se achando vitorioso. Todos na mesa observavam a cena, implorando mentalmente para que parasse. Eles sabiam que aquele assunto era delicado para mim
- O que você está querendo dizer? – Eu disse, tentando me fazer de forte. Eu deveria estar xingando ele de todos os palavrões que eu conhecia, mas eu não conseguia fazer isso. Não tratando-se daquele assunto, que me deixava mais frágil do que nunca.
- Olha pra você! Você é insuportável. Quem conseguiria ter um relacionamento duradouro com você? Nem o babaca do Peter aguentou. – disse, deixando o sarcasmo de lado e mostrando-se mais irritado. Na hora, eu senti o impacto de suas palavras. Aliás, todos da mesa sentiram. Ele pegou muito pesado.
- Parabéns, Jonas! Você conseguiu o que queria. – Eu disse, antes de me levantar da mesa com a minha bolsa e o meu livro em mãos. Eu não aguentava mais olhar para a cara dele. Se aquele assunto não me deixasse tão mal, eu meteria a mão na cara dele ali mesmo.

Nós sempre tivemos as nossas provocações, mas ele havia passado de todos os limites. Eu tentei relevar aquelas palavras, levando em consideração quem as tinham pronunciado, mas foi um pouco mais difícil do que eu havia imaginado. Como faltavam apenas 5 minutos para o sinal do fim do intervalo tocar, eu resolvi me adiantar e fui direto pra sala de Geografia. Eu sabia que não havia ninguém lá. Eu queria ficar sozinha por um momento.

- Você foi longe demais dessa vez, Jonas. – disse, levantando-se da mesa e indo atrás de mim. e a acompanharam, não sem antes lançarem olhares furiosos e decepcionados para o .
- O que?! – perguntou, sem entender, enquanto , e o olhavam feio. – Foi ela que começou. Vocês viram! – se defendeu mesmo demonstrando vestígios de arrependimento.
- Mas não precisava falar desse jeito, né? – disse em minha defesa.
- Ta, eu sei! Mas é que… ela me tira do sério! – afirmou, irritado.
- Você deveria ir falar com ela. - aconselhou.
- Falar com ela? Pra quê? Pra ouvir mais insultos? - achou um absurdo. Até parece que ele se humilharia para mim.
- Pra se desculpar com ela. - respondeu na mesma hora.
- Me desculpar? Mas eu não fiz nada! - ficava cada vez mais irritado, pois ele começava a reconhecer que tinha feito besteira.
- Se você acha que não fez nada, tudo bem. - ergueu os ombros. Ele e os amigos perceberam que o estava começando a se sentir culpado e ele também percebeu o que os amigos estavam tentando fazer. Pensou por alguns segundos e tentou deixar aquilo pra lá, mas não conseguiu.
- Eu odeio vocês. - disse, levantando-se contrariado da mesa. Atravessou o pátio e foi até um dos corredores na esperança de me encontrar. Ele ainda não conseguia acreditar que estava fazendo aquilo. Naquele mesmo corredor, viu , e vindo em sua direção.
- Cadê ela? – Ele perguntou, enquanto colocava uma das alças da mochila em um dos ombros.
- Mandou bem, Jonas. – deu um leve tapa em seu braço. Mais uma pessoa julgando ele.
- Cadê ela?! – Ele perguntou novamente, impaciente.
- Não te interessa. Ela quer ficar sozinha. – disse, séria. Elas haviam me encontrado na sala de Geografia e eu não quis conversar muito. Eu apenas disse para elas que eu queria ficar um pouco sozinha.
- Eu quero falar rapidinho com ela. – insistiu.
- Dá pra respeitar ela, pelo menos uma vez na sua vida? – pediu, empurrando ele na direção contrária de onde eu estava.
- Merda. – Ele esbravejou. Tanto outros assuntos para usar contra mim, por que logo o Peter? perguntou-se isso durante suas últimas 3 aulas.

As minhas últimas 3 aulas foram as mais longas de toda a minha vida. Fiz a prova e fiquei para a correção da mesma, logo depois. Por sorte, havia sentado bem longe de mim naquela aula e, por isso, eu consegui sair da sala antes que ela percebesse. Sai de lá o mais rápido possível para não encontrar ninguém que eu conhecesse pelos corredores. Eu não queria que ninguém se preocupasse comigo e não era nem por causa do Peter, mas sim por causa daquele imbecil do .

Saí do colégio com a sensação de que tinha feito a pior prova da minha vida naquele dia. Com certeza teria que fazer a recuperação. Aliás, eu não podia esquecer de jogar isso na cara do Jonas depois. Consegui evitar a todos e nem sequer esperei pela carona do para casa. estaria com ele e eles acabariam tocando no assunto do , que eu estava querendo evitar.

Consegui chegar em casa antes mesmo do , que provavelmente ficou me procurando pelo colégio todo. Almocei e subi para o meu quarto. Passei a tarde ouvindo música e estudando. Não havia prova no dia seguinte, mas estudar era a única coisa que eu podia fazer para me distrair. Meu celular tocou a tarde toda. Na maioria das vezes eram a , a ou a . Eu não queria falar com ninguém, por isso, ignorei todas as ligações. Depois, era só falar que eu não tinha escutado o celular tocar.

- Vai ficar ai o dia inteiro? – perguntou, enquanto entrava no meu quarto tomando uma latinha de refrigerante.
- Vou. – Eu olhei pra ele por um segundo e voltei a minha atenção para o livro em meu colo. – Tenho que estudar. – Expliquei, sem olhá-lo.
- Poderia ter me avisado que viria a pé, né? – disse, irritado.
- Eu esqueci. Desculpa. – Eu disse, sem deixar de olhar para o meu livro.
- Ok. – só não ficou mais bravo, pois sabia que eu estava chateada. Ele saiu do quarto e voltou a me deixar sozinha.

Eu não era tão nerd quanto os meus amigos costumavam dizer, mas algumas matérias eram muito interessantes para mim. Biologia, por exemplo. Eu poderia ficar horas lendo sobre Biologia, sem cansar e foi exatamente isso o que eu fiz. Li sobre a matéria durante grande parte da tarde e estava totalmente entretida, quando a porta do meu quarto foi aberta novamente. Não olhei para ver quem era.

- Eu quero falar com você. – Ouvi aquela voz grossa dizer e, por um momento, achei que a voz era do . Eu só consegui ter certeza depois que levantei a minha cabeça para olhá-lo. Era ele mesmo! Ele me olhava todo sério.
- O que você está fazendo aqui? Eu não quero falar com você, Jonas. – Eu disse, tentando demonstrar indiferença e voltando a olhar para o meu livro. Só a presença dele já fazia o meu sangue subir. Ter o por perto era o bastante pra me deixar extremamente irritada.
- Não interessa. – afirmou, aproximando-se da minha cama. A cada passo que ele dava em minha direção, a minha vontade de pular no pescoço dele aumentava.
- Dá o fora, Jonas. – Eu disse, ainda sem olhá-lo.
- Dá pra me escutar? – insistiu, começando a ficar irritado.
- NÃO! Não dá! – Eu disse, tentando não parecer tão irritada. – Saí! – Dessa vez eu olhei pra ele com o olhar mais ameaçador que eu consegui.
- Eu não vou sair até você me escutar, . – disse, voltando a usar o seu irritante tom sarcástico. Era só ver que eu estava irritada, que ele começava com graça!
- é o caramba! – Eu disse, me levantando da cama e dando lentos passos em sua direção. – Sai daqui agora, Jonas. – Eu o alertei mais uma vez.
- Por que você é tão.. – Ele começou a dizer, sem qualquer paciência.
- Insuportável? – Eu disse num tom irônico, repetindo o que ele já havia me dito no colégio. Ele me encarou com o seu olhar de raiva. – Você já me disse isso hoje, . – Eu disse, utilizando o mesmo tom sarcástico dele que tanto me irritava.
- Vai me deixar falar? – disse, respirando fundo pra tentar manter a calma.
- Não. – Eu quase gritei. – SAI! AGORA! – Agora eu gritei.
- Foda-se. Eu vou falar de qualquer jeito. – disse, impaciente. Por que ele era tão insuportável?
- Você já estragou o meu dia! Ainda não está satisfeito? – Eu o questionei, irada.
- Me dá 5 minutos! – pediu com mais jeito.
- Você não ouviu? Eu mandei sair. – Eu apontei na direção da porta.
- Não vou sair! – Ele me respondeu com a mesma grosseria. Bem, se a intenção dele era me tirar do sério, ele tinha conseguido! <
- Ah, você vai sim! – Eu disse indo em sua direção e o empurrando com toda a minha força em direção a porta. Se eu fosse um garoto, ele com certeza estaria me batendo naquele momento. Com um certo (muito) sacrifício, consegui colocá-lo do lado de fora do meu quarto e bati a porta com força em sua cara. Tranquei a porta para evitar que ele entrasse de novo. A presença dele só me fez lembrar e remoer novamente o que ele havia me dito. Ele conseguiu me fazer ficar mal de novo.




Capítulo 4 – DESCULPAS PARA AGORA, BAILE PARA DEPOIS



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





Acordei naquela manhã pensando em não ir para o colégio. Eu sabia que o passaria a manhã enchendo o meu saco e eu realmente queria evitá-lo o máximo que eu pudesse, mas a aula de matemática naquele dia seria importante e, por isso, eu não poderia faltar.

- Finalmente! Um dia sem se atrasar... – Minha mãe disse, assim que me viu descer a escada lado a lado com o .
- A resolveu se apressar hoje. – disse, fazendo-se de cínico.
- Eu!? – Eu disse, irritada. Quem foi que tinha acordado atrasado no dia anterior mesmo?
- É sempre você! Você sabe que é. – disse em meio a risos. Ele sabia que estava me irritando.
- Cala a boca, vai, . – Eu respirei fundo para não me irritar de vez. Todo mundo tinha tirado a semana para me sacanear?

Em alguns dias da semana, nós costumávamos passar na casa do para dar uma carona, mas, naquele dia, nós acabamos indo direto para o colégio, pois tinha me avisado que teria que ir mais cedo para ver alguns papéis na secretária do colégio.

Ao chegarmos no colégio, notei que as meninas ainda não haviam chegado, porém, os meninos já estavam todos lá. O , é claro, tinha percebido que eu e o havíamos chegado. Ao vê-lo, eu resolvi não me aproximar da rodinha que os garotos tinham formado perto da escada do pátio. Achei melhor ignorá-lo por algum tempo, mas no primeiro momento em que eu resolvi olhar para a direção em que ele e os garotos estavam, nossos olhares se encontraram. Foi até um pouco constrangedor. Nós não sabíamos o que fazer e o que acabou me salvando foi o que, ao me ver, acenou para mim. Eu acabei retribuindo o gesto com um enorme sorriso. Quando ambos deixaram de me olhar, aproveitei para sair dali. Normalmente, eu ficaria com eles até as garotas chegarem, mas dessa vez seria impossível. Eu não estava nem um pouco a fim de ouvir a voz do . Com isso, eu acabei descendo diretamente para minha sala.

- Ué, cadê a ? Ela chegou junto com você. – perguntou, distribuindo olhares pelo pátio do colégio.
- Não sei. Eu acho que ela desceu. – respondeu, erguendo os ombros.
- Ela não quer nem chegar perto do . – comentou, fazendo careta.
- Até quando vocês vão ficar jogando isso na minha cara? – perguntou, sem qualquer paciência.
- Fazia tempo que eu não a via tão brava! – comentou. – E olha que o histórico de vocês é beeeem, beeeem extenso. – Ele acrescentou, arrancando risos discretos do e do .
- Eu tentei pedir desculpa pra ela ontem. E adivinha o que ela fez? – perguntou retoricamente. – Bateu a porta na minha cara! – disse, indignado. – Então, não venham me dizer que eu não fiz nada para consertar o que eu fiz, ok? – murmurou, contrariado.

- Eu vou falar com ela! – disse, afastando-se dos amigos e indo em direção a sala, onde ele sabia que eu teria a primeira aula. Eu estava quase chegando na sala e já pensava estar livre de todos que pudessem me olhar nos olhos e me perguntar se eu estava bem. Bem, eu estava errada.
- ! Hey! – Ouvi o gritar atrás de mim. Sem ter para onde correr, eu me virei para olhá-lo.
- Hey. – Eu sorri para tentar demonstrar que estava tudo bem.
- Tudo certo? - Meu melhor amigo quis saber.
- Eu estou bem. E você? - Eu retribui a gentileza com a mesma tranquilidade de sempre.
- Também! Então... – sorriu com seu jeito malandro. Eu já sabia o que ele queria.
- Já sei! Você quer falar sobre o , não é? - Eu cruzei os braços. E lá vamos nós!
- Como você sabe? - manteve o sorriso no rosto.
- Eu te conheço, . – Eu disse, rolando os olhos.
- Ok! Então, já que você sabe, eu já vou logo falando: Eu vi o que você fez, hoje, quando chegou no colégio e eu quero que você saiba que eu não vou admitir isso, ok? Eu não vou admitir que você se afaste de todos por causa do idiota do , entendeu? – disse, todo sério. – Você sabe que ele só fala besteira e que adora te irritar! Você sabe disso mais do que ninguém. – continuou. O jeito extremamente sério com que ele me deu aquele sermão me arrancou um discreto sorriso.
- E como eu sei. – Eu concordei.
- Então! Deixa isso pra lá. – disse, colocando os dedos indicadores das suas mãos nos cantos da minha boca e os puxando para cima. – E sorria. – Ele disse, rindo da sua própria atitude.
- Olha, você é um amor por se preocupar comigo. Eu aprecio muito isso, você sabe! - Antes de argumentar, eu queria que ele soubesse que eu era muito grata pela maneira com que ele se preocupava comigo. - Mas, ele não precisava ter jogado aquilo na minha cara. Aquele assunto é delicado pra mim. Todo mundo sabe. – Eu disse retirando as mão de do meu rosto. Eu amo o meu melhor amigo, mas eu não vou ignorar as grosserias do por causa dele. Não dava!
- Ele sabe que fez besteira. Ele até está querendo se desculpar. – disse, tentando ser convincente.
- O QUE!? Você disse que ele está querendo se desculpar? – Eu demonstrei perplexidade. O estava querendo me pedir desculpa? - Estamos mesmo falando da mesma pessoa? - Eu perguntei, aos risos.
- Você está rindo? Eu não acredito que você está rindo. – também começou a rir involuntariamente. – Sério! Ele está realmente se esforçando pra fazer isso. – ficou mais sério e negou com a cabeça, reprovando a minha atitude.
- Tanto faz. - Eu demonstrei indiferença. - Nós vemos isso no intervalo. – Eu sorri, tentando tranquilizar . Eu não queria que ele se preocupasse com aquilo.
- No intervalo, então. – Ele afirmou com a cabeça.
- Certo. – Eu confirmei.
- Agora, eu vou para a minha sala porque o sinal da primeira aula já vai bater. – disse, aproximando-se e beijando uma das minhas bochechas.
- Até depois. – Eu sorri, enquanto observava ele se afastar. Eu entendi exatamente o que ele tentou fazer e eu adorava ele por isso. Eu adorava o fato de ele sempre se preocupar comigo e sempre estar do meu lado, quando eu precisava.

A aula do Sr. Barry foi chata e tediosa, como sempre. Era impossível negar a minha ansiedade para que a hora do intervalo chegasse. Não é todo dia que vemos o Jonas pedindo desculpa para alguém, não é mesmo? Assim que ouvi o sinal do intervalo tocar, eu sai da sala às pressas e fui direto para o meu armário para guardar o meu livro de Matemática. Quando desci no pátio, olhei, ainda de longe, para a mesa, onde os meus amigos costumavam ficar. Deixei um sorriso maléfico escapar quando vi que o já estava lá. Hora do show!

- Hey! Por que você não me atendeu ontem? Eu estava preocupada. – foi a primeira a me abordar no meio do caminho.
- Eu não ouvi! Eu tinha deixado no silencioso. Desculpa. – Eu menti sim, mas foi por uma boa razão. pareceu aceitar muito bem a minha desculpa.
- Eu fiquei muito preocupada. Só não fui até a sua casa, porque minha mãe não deixou. – disse em um tom de bronca, fazendo com que eu sorrisse.
- Obrigada por se preocupar. – Eu a olhei com carinho e ela se aproximou para me dar um rápido abraço. – E as meninas? Achei que vocês estivessem juntas. – Eu mudei de assunto quando me dei conta de que ela estava sozinha.
- Elas correram para a cantina. – olhou rapidamente na direção da cantina.
- Que surpresa! – Eu ironizei o fato de elas fazerem isso com uma certa frequência.
- Vamos! Os meninos já estão na mesa. – disse, olhando para a nossa mesa. Eu também olhei pra lá e avistei o novamente, dessa vez, ele me viu e percebeu que eu me aproximaria. Aquele momento seria épico!
- Oi, ! – disse com a simpatia de sempre. O era um garoto maravilhoso e bem diferente dos outros garotos do grupo. Nós tínhamos vários assuntos em comum e éramos os mais estudiosos do nosso grupo de amigos. Bem, eles nos chamavam de ‘nerds’.
- Hey! – Eu também fui simpática. Eu também cumprimentei rapidamente o e o meu irmão, mas me recusei a olhar para o . Ele percebeu.

As meninas voltaram da cantina antes mesmo que eu me sentasse. Cumprimentei todas e me sentei entre a e a e fiz questão de sentar exatamente na frente do . Eu queria ter uma visão privilegiada da cena que aconteceria dali alguns segundos.

Olhei para o e ele também me olhava, tentando disfarçar o riso. Acho que ele não se conformava do quanto eu estava empolgada com o tal pedido de desculpas. não me olhava nem por um segundo. Sua cabeça estava baixa enquanto ele mexia em um dos zíperes de sua mochila.

Enquanto a me contava um ocorrido em sua aula de Artes, minha visão periférica me permitiu ver a discreta cotovelada incentivadora que o deu no braço do . Provavelmente, estava tentando lembrá-lo e incentivá-lo a fazer o que ele queria fazer. O o olhou com cara feia e falou algo sem emitir qualquer som, que eu não consegui entender.

- , o quer falar com você. – disse repentinamente, interrompendo a conversa. Todos na mesa pararam de conversar e olharam para o , que fuzilou o com o olhar.
- O que? – Eu fingi que não tinha entendido. Todos na mesa continuavam olhando a cena com atenção.
- Fala, Jonas! – o pressionou. Muitos encarariam aquela atitude do de forma ruim, mas eu entendi exatamente o que ele estava tentando fazer. Ele sabia que o queria fazer aquilo e sabia o quanto fazer aquilo era difícil pra ele. Ele estava apenas tentando incentivá-lo.
- Eu posso falar agora? – finalmente me olhou.
- O que você quer, Jonas? – Eu disse, demonstrando impaciência.
- Ta vendo! – Ele reagiu na mesma hora. – Não precisa falar assim, garota! Eu estou sendo educado com você! – disse, irritado.
- Tudo bem. – Eu o encarei e forcei um grande sorriso. – O que você quer, Jonas? – Eu disse de maneira delicada. Eu estava provocando ele mais uma vez. Todos na mesa tiveram que engolir os seus risos.
- Que engraçadinha! – fingiu achar graça. - Eu posso falar? – Ele perguntou novamente com uma expressão mais séria.
- Fala. – Eu disse com indiferença.
- Eu não deveria ter falado aquilo ontem, ok? – disse, depois de hesitar por um bom tempo. Eu o encarei e arqueei uma das sobrancelhas, sem dizer absolutamente nada. Ele estava visivelmente tenso e isso me fez comemorar mentalmente. – Me desculpa. – disse, mostrando-se arrependido. Eu juro que tentei, mas foi impossível evitar que um sorriso surgisse no canto do meu rosto.
- O que? – Eu tentei engolir o riso. – Eu não entendi. – Eu completei, ficando mais séria. sabia que eu estava me fazendo de desentendida de propósito. Ele até pensou em desistir e mandar todo mundo pro inferno, mas sabia que era exatamente isso o que eu queria.
- Me desculpa! – repetiu um pouco mais alto e, dessa vez, ele fez questão de me encarar com um olhar mais intimidador.
- Por que você está falando tão baixo? – Eu fiz careta. – Eu ainda não consegui ouvi! – Eu balancei negativamente a cabeça, me segurando para não voltar a rir. Todos que estavam na mesa também estavam se segurando para não rir. Eles sabiam que eu estava fazendo de propósito. colocou as mãos no rosto, sem acreditar que eu estava mesmo fazendo aquilo. Eu ainda olhava para o e ele também me encarava, enquanto negava com a cabeça e reprovava a minha atitude. Ele estava muito irritado e eu estava me divertindo bastante. Foi nesse momento em que ele se levantou do banco, apoiou as mãos sobre a mesa e inclinou o seu corpo na minha direção, deixando o seu rosto muito perto do meu.
- Eu estou pedindo para você ME DESCULPAR! – Ele gritou bem na minha cara, furioso. – Entendeu agora, ? – Ele disse, ainda naquela posição, voltando a usar o seu tradicional sorriso sarcástico. O grito dele chamou a atenção de diversas pessoas que estavam próximas ou que apenas estavam passando pela nossa mesa. Agora, o colégio inteiro saberia que o Jonas, o cara mais popular e respeitado do colégio, tinha se humilhado e me pedido desculpas. Isso era bem mais do que eu queria.
- Agora sim. – Eu sorri, satisfeita. Ele voltou a sentar violentamente no banco. – Pense primeiro antes de falar, Jonas. – Eu deixei o deboche de lado e falei um pouco mais séria.
- E você, vê se aprende a ser educada e não fechar a porta na cara dos outros. – Ele não deixaria barato.
- Porta do MEU quarto. Eu abro pra quem quiser e fecho na cara de quem eu quiser. – Eu disse em tom de desprezo. O sangue me subiu a cabeça novamente ao vê-lo repetindo o que eu havia dito com uma voz fina e extremamente irritante. Se ele fosse uma garota, eu já teria saído rolando com ele pelo pátio do colégio. – Muito maduro, como sempre. – Eu revirei os olhos, enquanto ele ria. Todos na mesa também riram com a imitação ridícula dele. Eu mereço!
- Vocês não tem jeito. – comentou, assim que parou de rir.
- Desculpa atrapalhar... – Uma voz bastante conhecida disse repentinamente. – Eu posso falar com você, ? – Foi só ouvir a voz do Peter, que eu fiquei toda desconsertada. Eu só conseguia pensar: ‘será que eu estava bonita o bastante?’.
- É claro. – Eu me levantei da mesa sem qualquer hesitação, enquanto recebia olhares desconfiados de toda a mesa. – Pode falar. – Eu disse, assim que nos afastamos da mesa dos meus amigos.
- Você está bem? – Ele sorriu, fazendo com que eu ficasse toda boba.
- Sim, tudo bem. E você? – Eu sorri de volta tentando não parecer tão boba.
- Tudo bem. – Ele disse, demonstrando estar um pouco sem graça. – Eu... estava pensando… - Peter fez uma breve pausa. – Você já tem uma companhia para o baile da semana que vem? – Ele estava u pouco nervoso. Meu coração disparou! Ele estava me convidando?
- Não… ainda não... – Eu disse, tentando conter a minha empolgação. Percebi o sorriso de orelha a orelha que ele deu ao ouvir a minha resposta.
- Então, você gostaria de ir comigo… como nos velhos tempos? – Peter disse todo sem jeito. Ele não costumava ser tão envergonhado com essas coisas.
- É claro que sim. – Eu disse, controlando a minha vontade de sair comemorando pelo colégio.
- Legal! Durante a semana nós combinamos os horários, ok? – Ele sorriu novamente.
- Certo. – Eu concordei com cabeça.

- Essa garota não cansa de sofrer mesmo, né? – disse para o , enquanto observava eu e o Peter de longe.
- O cara é um idiota e ela sabe disso. Se ela gosta... – disse ao erguer os ombros, antes de beber um gole do refrigerante da .
- AWN, MEU DEUS! – Eu quase gritei a voltar para a mesa visivelmente empolgada. Todos me olharam, esperando que eu contasse o que tinha acontecido. – Ele me convidou pro baile. – Eu disse, histericamente.
- YEAH! – comemorou.
- Vocês vão voltar? – perguntou com os olhos brilhando. Os garotos nos observavam em silêncio e faziam careta a cada comentário. Eles odiavam o Peter, principalmente o .
- Eu espero! – Eu disse, mostrando a minha felicidade com o que tinha acabado de acontecer.
- Estou torcendo! – me abraçou de lado. Os meninos mantinham os seus olhares tediosos sobre nós.
- Você sabe que eu não gosto desse cara, . – disse, fazendo o papel de irmão chato, que, aliás, ele sabia fazer muito bem.
- E daí? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Você acha mesmo que é uma boa ideia? – perguntou, esforçando-se para não bancar o chato.
- Eu acho que sim. O que poderia acontecer? – Eu perguntei, inocentemente.
- Por que justo esse cara? – perguntou, mostrando-se contrariado. Ok, todo esse questionamento é mesmo necessário?
- Você não tem o mínimo de amor próprio, não é? – disse com um tom de julgamento. Estava demorando pra ele se manifestar!
- Não se mete, Jonas. – Eu o olhei com indiferença. – Eu sei que vocês estão preocupados. Tudo bem. É só um baile. – Eu sorri para os outros garotos.
- Se aquele cara fizer alguma besteira, eu vou quebrar a cara dele. – disse, irritado.
- Se ele fizer alguma besteira, eu mesma quebro a cara dele. – Eu disse, fazendo com que os garotos rissem da minha cara. – É sério! – Eu afirmei com um tom sério e eles continuaram rindo.
- E vocês, garotas, com quem vão ao baile? – perguntou, despertando a curiosidade de todos na mesa.
- Eu não vou com ninguém. – disse, enchendo o de esperança. – Eu arranjo um par por lá. – disse, demonstrando total despreocupação.
- Eu também não faço questão de um par. Não existe um cara decente o bastante nesse colégio para me acompanhar. – brincou, fingindo superioridade. Todos riram.
- Desculpa ai, hein. – comentou a frase dela.
- Eu ainda não encontrei um par. – disse, visivelmente desanimada. Os olhos de chegaram a brilhar.
- E você quer um? – perguntou, mostrando-se interessado.
- Seria legal, eu acho. – sorriu, sem jeito. De todas nós, ela era a que mais fazia questão de ir ao baile acompanhada.
- E… acha que eu estou a sua altura? – disse. Ele estava um pouco nervoso, pois tinha medo que ela recusasse o seu convite.
- Espera. Você... está me convidando para ir ao baile? – perguntou, pois achava que poderia ter entendido errado.
- Eu estou, eu acho. – afirmou com a cabeça. – Você aceita? – deu o seu melhor sorriso. Todos que estavam na mesa, acompanhavam a cena sem qualquer manifestação. sorriu, sem jeito. Ela ficou muito sem graça, pois não estava esperando o convite.
- Não. – afirmou repentinamente, surpreendendo todos ao seu redor. Os olhos encantadores do , de repente, se transformaram. Os garotos ficaram tão sensibilizados com o duro golpe que o amigo tinha acabado de levar, que nem pensaram em debochar e sacanear o amigo. – Calma, gente! Eu estou só brincando. - riu da perplexidade de todos. – É claro que aceito, . – respondeu em meio a um sorriso, que desestabilizou o na mesma hora. A troca de sorrisos e olhares que eles tiveram naquele momento foram mais significativos do que qualquer palavra que pudesse ser dita.

Eu tinha uma companhia para o baile e agora, a também tinha. Estávamos muito empolgadas, mas nos esforçamos para não demonstrar em respeito a e a . Além disso, não tivemos muito tempo para conversar sobre o assunto, já que o sinal do fim do intervalo bateu logo em seguida. As garotas até tentaram combinar alguma coisa para depois das aulas para podermos conversar sobre tudo o que tinha acontecido, mas eu tive que recusar, pois tinha uma prova dificilíssima no dia seguinte e eu precisava muito estudar.




Capítulo 5 – TRAPACEAR E VIAJAR, É SÓ COMEÇAR



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





Naquele dia, eu e as minhas amigas tínhamos combinado de fazer um trabalho escolar na minha casa. faria o mesmo trabalho com os garotos. Ambos os trabalhos eram de sociologia, a única aula/matéria que todos nós tínhamos juntos. As meninas estavam no meu quarto e os meninos estavam no quarto do meu irmão.

- Eu não estou nem um pouco a fim de fazer essa porcaria de trabalho. – rolou os olhos.

- E você acha que alguém aqui quer? – também estava impaciente.
- Se vocês parassem de reclamar, nós terminaríamos isso muito mais rápido! – disse, atacando uma almofada na direção do e do .
- Ok! Vamos fazer isso logo! – quase gritou, tentando terminar com a bagunça. Eu e as garotas conseguimos ouvir a conversa deles do meu quarto, que ficava bem ao lado.
- O trabalho deles vai ficar péssimo. – riu, depois de ouvir os gritos do meu irmão.
- Querem apostar que daqui a pouco eles vão vir pedir a nossa ajuda? – previu aos risos.
- Bem, eu dou 20 minutos para eles virem até aqui. – apostou.
- 20 é muito! Eu acho que 10 minutos é o suficiente. – gargalhou ao fazer a sua aposta.
- 5 MINUTOS! – Eu gritei e todas riram.

Com as apostas feitas, voltamos a focar no que realmente interessava: o trabalho de sociologia. Começamos a discutir e a falar sobre os temas que deveríamos desenvolver quando, em mais ou menos 5 minutos, ouvimos batidas na porta. Na mesma hora, eu e as garotas no entreolhamos e rimos sem emitir qualquer som. Fiz uma breve comemoração. Eu tinha ganhado a aposta!

- Hey, meninas! – disse, assim que adentrou no quarto. Os garotos estavam logo atrás dele.
- Eu sabia que eu ganharia. – Eu gargalhei ao ver os sorrisos forçados dos garotos. Eles se entreolharam, sem entender nada.
- Ganhar? Ganhar o que, garota? – perguntou, sabendo que estava perdendo alguma coisa.
- A aposta! Nós apostamos quanto tempo vocês demorariam para virem até aqui para pedir a nossa ajuda no trabalho. – explicou, rindo.
- Que coisa mais estúpida. – fez careta. Nós voltamos a rir.
- Ela acertou, não acertou? – ergueu os ombros.
- Espera um pouco! Vocês estão duvidando da nossa capacidade de fazer o trabalho? – disse também cerrando os olhos.
- Não. Nós conhecemos a capacidade de vocês. É diferente! – corrigiu e eu e as meninas concordamos.
- Quer saber? Nós vamos fazer essa porcaria de trabalho! Vamos tirar um A e eu vou jogar na cara de cada uma de vocês! – ameaçou.
- Eu pago pra ver! – não se intimidou.
- Paga quanto? – perguntou com um tom de sarcasmo.
- Quanto for necessário! – enfrentou o , que não conseguiu esconder a cara de bobo.
- Ok, vocês podem sair agora? Nós temos um trabalho pra fazer. – disse, forçando um sorriso.
- Vocês vão se surpreender com o nosso trabalho. Podem anotar! – tentou nos intimidar, nos olhando de forma ameaçadora. Saiu do meu quarto e levou os outros meninos com ele.


A ameaça do foi o último contato que tivemos com eles durante toda a tarde. Ambos estávamos empenhados em arrasarmos naquele trabalho. Diante de tudo o que foi dito, tirar uma boa nota era questão de honra! Os dois grupos terminaram os trabalhos quase no mesmo horário e como já era tarde, minha mãe pediu que todos ficassem para jantar.

- Está uma delícia, Sra.. – disse, demonstrando educação. Estávamos todos na mesa de jantar.
- Obrigada, querido. – Minha mãe agradeceu.
- Está mesmo! – concordou antes de enfiar um garfo cheio de arroz em sua boca.
- E como foram os trabalhos? – Minha mãe perguntou.
- Foi ótimo! Nós demoramos, mas gostamos muito do resultado final. – disse entre uma garfada e outra.
- O nosso ficou muito bom também.. – respondeu, lançando para um olhar maligno para todas nós.
- Quero só ver as notas depois. – Minha mãe não acreditou muito.
- Nós vamos tirar A, mãe. – provocou mais uma vez.
- Nós também vamos, mãe. – Eu respondi na mesma hora.
- É mesmo? Então, eu acho que já escolhi um modo de escolher um dos grupos. – Minha mãe disse, pensando alto.
- Como assim, mãe? – Eu perguntei, sem entender. Na verdade, ninguém na mesa entendeu, exceto o meu pai. Ele e minha mãe trocaram olhares por um momento.
- Tudo bem, eu vou contar. – Minha mãe sorriu de lado. – Mas eu NÃO QUERO BRIGAS, ok? – Ela disse com uma cara de brava, fazendo com que todos na mesa fizessem cara de anjo.
- Ok. Conta logo, mãe! – pediu, ansioso.
- A tia de vocês, a Janice, me ligou essa semana. – Todos a ouviam atentamente.
- O que ela queria? – interrompeu.
- Deixa ela falar, garoto! – Eu disse, dando uma bronca em , que fingiu me imitir em meio a uma careta.
- Ela vai viajar para a Europa nesse feriado e precisava que alguém cuidasse da casa de Nova York para ela durante esses dias. – Todos na mesa sorriram, empolgados. – Eu e o pai de vocês não vamos poder ir, pois já temos alguns compromissos na empresa. – Minha mãe dizia, medindo as palavras.
- Eu vou mãe! – se manifestou rapidamente.
- Até parece! – Eu o olhei com sarcasmo.
- Mas já vão começar? – Minha mãe nos interrompeu, irritada. Eu e o sorrimos pra ela no mesmo instante.
- Pode falar, mãe. – Eu fiz cara de santa.
- Eu imaginei que vocês gostariam de ir. – Minha mãe trocou novos olhares com o meu pai. Ele não se manifestaria em nenhum momento, pois não tinha muita paciência com o assunto e, especialmente, com as brigas.
- Desculpa, mas… quem seria ‘vocês’? – resolveu perguntar para não criar falsas esperanças.
- Bem, se o for, ele vai poder levar vocês três. – Minha mãe disse, apontando para o , o e o , que quase caíram da cadeira com a notícia. – Mas se a for, ela poderá levar vocês três. – Minha mãe apontou para a , a e a , que não disfarçaram a empolgação.
- Mãe, eu já disse que te amo? – disse ao se levantar e ir até a sua mãe para abraçá-la.
- Sai fora! Eu amo mais. – Eu empurrei o e a abracei antes dele.
- Sem querer me intrometer, mas eu acho que o ama mais a senhora. – tentou parecer sério, mas acabou fazendo a minha mãe gargalhar.
- Eu acho que a é bem mais amorosa com a senhora do que o . – também fez a minha propaganda.
- Ok! Eu entendi, está bem? Todos querem ir para Nova York. – Minha mãe tentou apaziguar a competição. – Mas… eu não posso escolher um dos grupos. Seria injusto. – Ela disse. – Então, eu vou fazer assim: o grupo que tirar a maior nota nesse trabalho, vai para Nova York. – Minha mãe explicou detalhadamente.
- JÁ GANHAMOS! – comemorou.
- Hey, Hey! Devagar! Vocês podem se surpreender, garotas. – tentou nos colocar medo.
- Até parece! – riu.
- Vamos ver, então! – cerrou os olhos em nossa direção.
- Vamos ver, então! – Eu repeti com o mesmo olhar.


- Desculpa, baby, mas eu vou pra Nova York sem você. – piscou pro , que a olhou com descaso.
- Eu é que vou, baby! – respondeu.
- Se vocês brigarem, eu cancelo tudo isso! – Minha mãe nos interrompeu e na mesma hora, todos voltaram a agir como anjos.
- Você sabe que eu te amo, né ? – sorriu pra mim e fez um coração com as mãos.
- Eu também te amo, . – Eu pisquei um dos olhos pra ele.
- Ok, o jantar estava ótimo, mas acho que nós devemos subir para dar uma última conferida no nosso trabalho, não é, garotas? – sorriu carinhosamente para a minha mãe. Todas nós concordamos e nos levantamos da mesa.
- Acho melhor nós fazermos isso também. – levantou-se da mesa com um sorriso pouco convincente no rosto.
- Estava tudo ótimo, Sra.. – tentou agradar a minha mãe mais uma vez.
- Estava mesmo. – concordou antes de se levantar da mesa.

Saímos todos juntos da sala de jantar de forma normal e natural, conversando e rindo. Assim que vimos que não estávamos mais no campo de visão da minha mãe ou do meu pai, nós saímos correndo em direção a escada. Os garotos estavam bem atrás de nós. Quase pisoteamos uns aos outros.

- Você sabe nós vamos ganhar, não é ? – disse, assim que passou por mim na escada.
- Vamos ver então, ! – Eu respondi, irritada.
- Cala a boca e sobe logo, ! – disse, empurrando o amigo na escada. Chegamos no segundo andar da minha casa e entramos imediatamente nos respectivos quartos.
- Ok, nós temos que ganhar essa viagem! – disse, toda eufórica, assim que entramos em meu quarto.
- Eu sei! É Nova York! – deu pulinhos de empolgação.
- Não tem a menor chance de eles tirarem nota maior do que a nossa no trabalho, não é? – Eu disse, tentando me convencer do que eu estava dizendo.
- Bom, vocês viram. Eles passaram a tarde toda naquele quarto e eles estavam muito quietos pro meu gosto. – disse com um certo receio.
- Eles podiam estar dormindo! – Eu tentei encontra uma solução que, apesar de engraçada, era bem provável.
- Ou podiam estar fazendo o trabalho. – foi mais realista.
- Ok. Nós não podemos correr riscos. – reconheceu, enquanto deitava-se em minha cama.
- Eles sabem que nós vamos ganhar deles. Eu tenho certeza que eles estão arrumando um jeito de trapacear. – disse com uma cara pensativa, sentando-se no chão, ao lado da minha cama.
- Com certeza! – concordou.
- Eu não vou deixar a gente perder essa viagem. Não vou! – Eu disse, determinada.
- Seria muito baixo se nós trapaceássemos também? – perguntou, enquanto olhava para o teto.
- Não se eles também vão trapacear. – Eu respondi com um sorriso maligno.
- Está um silêncio lá. O que será que eles estão armando? – perguntou, colocando o ouvido na parede que fazia a divisão do meu quarto e o do quarto do .
- Nós estamos fodidos! – disse, desesperado.
- Estamos nada! O nosso trabalho ficou bom, vai! – disse, folheando o trabalho deles.
- Aposto que elas estão morrendo de medo de tirar nota menor. Nós falamos pra elas que elas podiam se surpreender. – riu.
- Certeza que elas vão dar um jeito de ganhar isso. Elas não vão arriscar perder uma viagem assim. – disse, já pensando em um plano.
- Vamos dar um jeito de ganhar isso também. – estava disposto a tudo.
- Você está falando em trapacear? – perguntou.
- Eu não disse isso! É você que está falando. – ergueu os braços, mostrando-se inocente.
- Duvido que elas não vão trapacear. – disse com convicção.
- Eu bambém duvido! Eu conheço bem a minha irmã. – concordou.
- Ok! Eu vou rapidinho ao banheiro e eu já volto. Vão pensando em alguma coisa. – disse, dirigindo-se em direção a porta.

estava indo em direção ao banheiro e ao passar pelo meu quarto, parou em frente a porta assim começou a ouvir vozes. Ele percebeu que as vozes vinham do meu quarto, porém ele não conseguia entender o que nós dizíamos, por isso, ele se aproximou um pouco mais da porta, tomando cuidado para não fazer qualquer barulho.

- Eu acho que eles vão tentar roubar o trabalho. – Eu disse com toda a certeza do mundo. Se não tivesse trabalho, não teria nota. Era o plano perfeito.

Ao ouvir as palavras ‘roubar o trabalho’ saindo de dentro do quarto, arregalou os olhos, completamente surpreso. Apesar de desconfiar de alguma trapaça da nossa parte, ele não imaginava que chegaríamos tão longe. Ele até desistiu de ir ao banheiro e voltou imediatamente para o quarto do . Ele precisava repassar a informação para os amigos.

- Nossa! Que rápido! – comentou, vendo que o já tinha voltado.
- Elas vão mesmo trapacear! – disse na mesma hora.
- O que? – pensou não ter escutado bem.
- Eu estava passando pelo quarto e ouvi elas falando algo sobre ROUBAR O TRABALHO! - disse, quase gritando.
- WOWWWW! – gritou de repente, tirando o ouvido da parede.
- O que foi? – perguntou, assustada.
- Acabei de ouvir eles falando em roubar o trabalho. – disse, perplexa.
- EU SABIA! – Eu e gritamos juntas.
- Claro! Se não tiver trabalho, não tem nota! – concluiu em voz alta.
- E eu achando que essas meninas fossem ingênuas. – disse, indignado.
- Vamos roubar o trabalho delas primeiro. Elas vão ver com quem estão lidando. – disse, decidido.
- Boa! – concordou.
- Mas como? Elas estão no quarto. – disse, pensando em um jeito de colocar o plano em prática.
- Vamos roubar o deles primeiro! – teve a mesma ideia.
- Claro! Mas como? Temos que tirá-los do quarto. – chegou a mesma conclusão que os meninos.
- Vamos dar um jeito. – Eu disse, enquanto pensava em como fazer aquilo.
- . – Minha mãe de repente entrou no quarto. – Eu vou sair. Eu e o seu pai vamos visitar uma conhecida que não está muito bem de saúde e voltamos mais tarde. Se comportem, ok? – Minha mãe sorriu para mim e depois para as garotas.
- Pode deixar, Sra. . – sorriu carinhosamente.
- Fica sossegada, Sra. . – tentou tranquilizar a minha mãe.
- Até depois. – Minha mãe mandou beijos antes de piscar um dos olhos para nós.
- Até, mãe! – Eu mandei beijos de volta. Assim que ela saiu do quarto, ouvi ela passar pelo quarto do meu irmão para dar o mesmo recado.
- Ok. Vai ser mais fácil com os meus pais fora de casa. – disse, feliz por seus pais terem saído.
- Certo! O que vamos fazer? – perguntou.
- Eu já pensei em tudo! – adiantou-se. – Vamos fazer elas acharem que estamos lá embaixo e quando elas vierem pegar o nosso trabalho, nós pegamos elas no flagra.
- E como isso vai nos ajudar a roubar o trabalho delas? – questionou.
- Damos um sermão nelas e fazemos um drama e, enquanto isso, o entra no quarto da minha irmã e pega o trabalho. – explicou.
- Genial! - disse, empolgado. Eles trocaram sorrisos.
- VAMOS! VAMOS LÁ EMBAIXO FAZER UM LANCHE. – gritou ao abrir a porta do quarto. – Depois de tanto trabalho, nós merecemos. – Ele completou, acenando para os garotos para que eles saíssem do quarto.
- Perfeito! – Eu comemorei ao ouvir os gritos do . – Desçam e distraiam eles. Eu pego o trabalho. – Eu disse, quase sem emitir som. As garotas concordaram com a cabeça e desceram em direção ao primeiro andar da casa segundos depois que os garotos.
- Oi, garotos. – disse, assim que chegaram na cozinha. Os garotos estavam sentados e se assustaram ao vê-las.
- Oi! – disse, meio nervoso. Era hora de colocar o plano em ação.
- O que vocês estão comendo? – puxou o assunto.
- Nada! Só tomando água. – respondeu, enquanto forçava um sorriso.
- Vou tomar água também. Estou com sede. – disse, tentando disfarçar. – Passa a água pra mim, ? – Ela pediu, educadamente.
- É claro. – respondeu da mesma maneira.

Ouvindo a conversa deles lá de cima e percebendo que as meninas estavam fazendo a parte delas no plano, eu soube que era a hora de eu fazer a minha. Eu sai de meu quarto e passei pelo corredor dando silenciosos passos para não correr o risco de os garotos me ouvirem. Parei em frente ao quarto do e dei uma olhada para ter certeza de que estava vazio. Ao adentrar no quarto, vi o trabalho deles em cima da cama e sorri espontaneamente. Seria muito mais fácil do que eu imaginava. Com o mesmo cuidado de antes, andei até a cama.

- E ai, irmãzinha! – disse, repentinamente. Ele quase me matou do coração.
- Oi... . – Eu virei pra ele, tentando agir naturalmente.
- O QUE VOCÊ ESTÁ FAZENDO AQUI? – Ele gritou, me olhando com desconfiança. – VOCÊ ESTAVA TENTANDO ROUBAR O NOSSO TRABALHO!? – continuou gritando para que os garotos pudessem ouvi-lo e então, seguissem com o plano.
- O que?! Roubando? Eu não estou roubando nada! – A única coisa que me restava fazer era negar.

Além dos garotos, as garotas também tinham escutado os gritos do lá de cima e sentiram seus corações dispararem ao descobrirem que haviam sido descobertas. E agora? Continuar distraindo os meninos parecia ser a melhor opção. A missão dos garotos, agora, também era continuar distraindo as garotas ali embaixo, enquanto o subia e pegava o nosso trabalho em meu quarto.

- Briga de irmãos.. – riu ao rolar os olhos. O plano estava dando certo.
- É... Vamos deixar que eles se resolvam. – disse, enquanto disfarçava.
- Isso, com certeza, vai demorar. Enquanto isso, eu vou no banheiro. – disse, saindo pela porta da cozinha sem fazer qualquer alarde.
- Então, como foi o treino de hoje? – perguntou, tentando mantê-lo ocupado.
- Foi legal. O fez um gol sensacional. Não é, ? – cutucou o , que entendeu que deveria sustentar a mentira do amigo.
- É! Eu fiz sim. Até dediquei ele pra você, . Uma pena você não ter a aula de educação física com nós! – disse, tentando entreter a garota.
- É mesmo? Bem... obrigada. – sorriu e seus olhos brilhavam.
- E o , não fez gol, hoje? Ele sempre faz... – continuou o assunto, tentando distraí-los.
- Hoje, ele não fez. – afirmou, esforçando-se para ser convincente.
- Falando nele... ele está demorando no banheiro, né? – pensou alto.
- Está mesmo. – concordou, estranhando.
- Espera um pouco! – A ficha de , de repente, caiu. – ELE SUBIU! – gritou ao concluir.
- O que!? Subiu onde? – riu, fazendo-se de bobo. As meninas se olharam e foi que bastou para que elas montassem aquele simples quebra-cabeça.
- ! O ESTÁ AI EM CIMA! ELE ESTÁ TENTANDO PEGAR O NOSSO TRABALHO! – gritou, tentando me alertar.

Naquele momento, o já estava no meu quarto e procurava loucamente o nosso trabalho que, por segurança, nós havíamos escondido. Assim que eu ouvi o que a gritou da cozinha, não demorou absolutamente nada para que eu concluísse o que estava acontecendo ali. Encarei o e só ao olhá-lo, eu tive certeza de que ele estava armando tudo aquilo.

- Volta aqui, ! - gritou ao me ver sair correndo do quarto antes mesmo que ele tentasse me impedir.
- O QUE VOCÊ ACHA QUE ESTÁ FAZENDO, JONAS!? – Eu perguntei, assim que entrei no meu quarto e o vi revirando todas as minhas coisas. , que estava de costas, virou-se rapidamente e sorriu, sem saber o que fazer.
- Eu? Eu to...procurando... – começou a gaguejar.
- Procurando o que? – Eu cruzei os braços. – Talvez… o meu trabalho de sociologia? – Eu o fuzilei com os olhos.
- VOCÊS TENTARAM PEGAR O NOSSO PRIMEIRO! – esbravejou com as mãos pra trás. Ele estava escondendo o meu trabalho. Eu tinha certeza!
- DEVOLVE O MEU TRABALHO, JONAS! – Eu gritei, indo até ele. Ele continuou com as mãos pra trás, enquanto eu tentava pegar o trabalho de todas as maneiras.
- SAI! – disse, todo irritado, vendo que eu estava quase esmagando ele. Do quarto, deu para ouvir passos rápidos, que pareciam vir da escada.
- ME LARGA, ! - o empurrou.
- VOCÊ NÃO VAI PEGAR O TRABALHO! – gritou de volta, entrando na minha frente.
- SAI DA MINHA FRENTE, ! – gritava, furiosa.
- PEGA O TRABALHO DELES, ! – gritou, assim que viu a entrar no quarto do .
- ! A ESTÁ NO SEU QUARTO! ELA VAI PEGAR O TRABALHO! – avisou o amigo, sem deixar a dar um passo sequer.
- Ok. Larga o trabalho. – pediu com um certo receio, assim que viu a com o seu trabalho nas mãos.
- Desculpa, mas não vai dar. – respondeu, colocando o trabalho dos garotos atrás de suas costas.

Eu ainda estava no meu quarto, tentando recuperar o meu trabalho das mãos do de todas as maneiras possíveis. Eu já tinha estapeado e até mesmo dado alguns socos nele, mas ele era muito mais resistente do que aparentava. Eu não conseguia pegar o meu trabalho de volta de jeito nenhum.

- VOCÊ ME MORDEU! SUA MALUCA! – gritou, depois de eu ter mordido o seu braço e ter conseguido pegar o trabalho de suas mãos. Desci a escada correndo com o trabalho de sociologia nas mãos. Quando eu me dei conta, o , o e o estavam logo atrás de mim. Minha única saída era correr.
- Vocês pegam ela agora! Ela me mordeu! – falou para os amigos, assim que viu que eu estava no quintal. Eu não tinha mais para onde fugir.
- Você é mesmo uma garotinha chorona, não é!? – riu e rolou os olhos. – Deixa que eu vou! – disse, antes de ir atrás de mim. Ele se aproximou e parou em minha frente.
- Qual é! Vai mesmo fazer isso comigo, ? – Eu disse, tentando usar a nossa amizade em meu favor. riu, negando com a cabeça.
- Desculpa, ! Você sabe que eu te amo, mas... É Nova York! – ergueu os ombros. Quando vi que ele não cederia, eu saí correndo com o trabalho nas mãos.

A correria durou por algum tempo. É claro que o não deixaria barato e correu atrás de mim por todo o quintal. Para a minha surpresa, ele não estava conseguindo me alcançar e quando eu estava achando que conseguiria escapar, o entrou repentinamente na minha frente. Ele literalmente se jogou em cima de mim. Quando eu me dei conta, eu estava no chão com o meu trabalho todo ferrado nas mãos e o estava em cima de mim tentando tirá-lo da minha mão.

- SAI DE CIMA, IDIOTA! – Eu disse tentando tirar ele de cima de mim.
- Me dá esse trabalho, ! – disse, quase alcançando a minha mão. Quando ele finalmente alcançou, começou a puxá-lo. Eu puxava de um lado e ele puxava do outro. Meu coração quase parou, quando eu ouvi o meu trabalho sendo rasgado ao meio.
- NÃAAAAAAO! – Eu gritei, desesperadamente.
- Ops... – Ele escondeu o sorriso e bancou o cínico.
- OPS!? EU VOU MATAR VOCÊ! – Eu gritei, enquanto voltei a estapeá-lo com toda a minha força e o meu ódio. Os meus tapas pareciam nem fazer cócegas nele.
- Para de me bater, garota! – gritou, enfurecido, saindo de cima de mim.
- SEU IDIOTA! OLHA O QUE VOCÊ FEZ! – Eu disse com o meu trabalho nas mãos. A viagem a Nova York ficava cada vez mais distante. Vê-lo partido ao meio me fez sentir uma raiva imensurável e uma vontade de chorar, que eu me esforçaria para segurar, apenas para não dar aquele gostinho para o babaca do .
- VOCÊ COMEÇOU! – me acusou. O e o se aproximaram e ainda riam da cena que tinham acabado de ver: eu e o rolando no gramado do quintal.
- EU COMECEI? – Eu perguntei retoricamente. Encarei todos eles antes de continuar a falar. – Vocês ainda não viram nada. Eu ainda nem comecei! – Eu disse em um tom de ameaça, que deixaram eles um pouco preocupados. Eles ficaram tão perplexos com a minha ameaça, que demoraram algum tempo para reagir, quando eu saí correndo na direção da casa. Antes que eles me alcançassem, eu adentrei na casa e os tranquei para o lado. Eles começaram a socar a porta, tentando entrar. - SE NÓS NÃO VAMOS TER UM TRABALHO PARA ENTREGAR, VOCÊS TAMBÉM NÃO VÃO TER! – Eu gritei, olhando para eles através do vidro da porta. Fui me afastando ao risos e cheguei a acenar com uma das mãos. Quando eu os perdi de vista, corri em direção a escada. De lá, eu conseguia ouvir o desespero deles. Quando eu finalmente cheguei no quarto do , vi a , a e a tentando pegar o trabalho das mãos dele. mantinha o trabalho no alto.
- NOS AJUDE A PEGAR, ! – gritou, assim que me viu. Sem pensar duas vezes e me aproveitando da intimidade de irmãos que eu e o tínhamos, eu pulei nas costas dele e acabei alcançando trabalho. Sem hesitar um só segundo, eu o rasguei. Foi a melhor sensação de todas.
- SUA IMBECIL! – gritou, irado. Sai das costas dele e me juntei as garotas, que comemoravam como nunca.
- Ninguém mandou rasgar o nosso, otário! – Eu disse, vitoriosa. No momento em que me ouviram dizer que o nosso trabalho havia sido rasgado, as garotas quase começaram a chorar.
- Você está brincando, né? – não queria acreditar.
- O babaca do rasgou. – Eu disse, furiosa. No mesmo instante, o começou a gargalhar. Foi o suficiente para que a fosse até ele e começasse a estapeá-lo.
- Ei, ei! – tentava se esquivar da .
- Idiota! – esbravejou.
- Que ótimo! Agora, não tem trabalho nenhum. – cruzou os braços, sem acreditar.
- Mas que droga... – negou com a cabeça, inconsolável. Os garotos ainda gritavam tão alto do quintal, que era possível ouvi-los do quarto do . – O que você fez com os caras? – perguntou, me olhando feio.
- Eu tranquei eles lá fora. – Eu disse, inocentemente. As garotas começaram a rir.
- Você é inacreditável, . – resmungou, antes de sair do quarto. Eu e as meninas fomos atrás dele. Descemos as escadas e fomos em direção ao quintal. Ao abrirmos a porta, os três estavam sentados na grama com uma expressão de fracasso no rosto. Eu não consegui me segurar e comecei a rir.
- Me diz que o nosso trabalho está a salvo. – pediu ao meu irmão, tentando manter a calma.
- Veja você mesmo. – disse, estendendo o braço e mostrando o trabalho deles todo rasgado.
- Puta merda. – colocou as mãos nos rosto, inconformado.
- E agora? – perguntou, desolado.
- E agora, nós vamos zerar no trabalho. – respondeu, lançando olhares malignos para mim e para as garotas.
- Elas também vão. – respondeu, enquanto se sentava ao lado dos garotos.
- Não, se a gente refazer. – respondeu com um quase sorriso no rosto. Aparentemente, ela tinha tido uma ideia.
- Refazer? Nós passamos 5 horas fazendo aquilo. – disse, fazendo careta.
- Querem ir pra Nova York ou não? – perguntou.
- É claro... – Nós respondemos juntas.
- Então, vamos refazer! – ergueu os ombros. Parecia ser a única solução.
- Por que vocês têm que ser tão cdf’s? – rolou os olhos.
- Nós é que vamos passar a noite refazendo o trabalho. Qual o problema? – perguntou, sem entender qual era o problema.
- Se vocês refazerem, nós também vamos ter que refazer. – respondeu, contrariado.
- Coitadinhos! – riu, ironizando.
- Ok! Vamos todos refazer essa porcaria de trabalho, mas, antes, vamos combinar uma coisa. – disse, levantando-se.
- E o que seria? – perguntou, desconfiada.
- Sem trapacear, roubar ou rasgar trabalhos, ok? – propôs.
- Fechado! – Eu disse, concordando. Bem, parecia que nós tínhamos um acordo.

Quando os meus pais chegaram, dissemos que havíamos lembrado que tínhamos mais um trabalho para fazer e que, por isso, teríamos que virar a noite fazendo. Eles deixaram todos dormissem na minha casa, desde que, os meninos arranjassem um lugar para dormir no quarto do e as garotas, no meu. Cada um deles foi para a sua respectiva casa para buscar suas coisas e roupas e também, é claro, para avisar os seus pais que passariam a noite fora. Passamos o resto da noite em claro fazendo aquele maldito trabalho. Acabamos cochilando algumas vezes, o que era inevitável. Às 4:30 da madrugada, os trabalhos estavam prontos. Aproveitamos a oportunidade para dormir até 6:00.




Capítulo 6 – O ÓDIO VEM A PÉ E O AMOR, DE CARRO



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





- Sério. Eu acho que vou dormir em todas as aulas, hoje. – suspirou, enquanto levantava-se preguiçosamente para ir para o colégio.
- Você sempre dorme nas aulas. – riu. respondeu, atacando uma almofada nele. Ter passado a madrugada refazendo aquele trabalho não foi nada fácil para os garotos e nem para as garotas.
- Levanta, ! – tentou não gritar tão alto para não acordar o resto do pessoal da casa.
- Sai, ! – disse, atacando um travesseiro na direção da amiga.
- Vocês têm que levantar, meninas. Se chegarmos atrasadas no colégio, não poderemos entregar o trabalho. – disse, tentando fazer com que nós acordássemos.
- Shhhhhhhh, ! – Uma almofada foi atacada por mim, dessa vez.
- Eu vou atacar água em vocês. Duvida? – disse, levantando da cama e indo até o banheiro.
- Ok, ok! Eu já acordei! – Eu gritei, irritada. O meu humor de manhã não era um dos melhores.
- Vocês nem parecem estar dormindo. Parecem estar mortas. Isso sim! – comentou, impaciente.
- ANDA! VAI! – Eu disse, enquanto atacava todos os travesseiros que eu encontrei pela frente na direção da e da , que ficaram ainda mais irritadas.
- EU ESTOU INDO! – esbravejou, sem abrir os olhos.
- Também estou. Só mais 5 minutos. – usou sua voz manhosa.
- LEVANTA! – berrou dessa vez.
- Nossa! Eu estou indo! – disse, assustada com o grito da .
- Cadê o trabalho? – Eu perguntei, preocupada.
- Está dentro da minha bolsa. – disse, enquanto espreguiçava-se na cama.
- Certo. Então vão tomar banho logo pra nós não nos atrasarmos. – Eu disse, entregando uma toalha de banho na mão de cada uma delas.

Após separarmos os uniformes, a foi a primeira a ir tomar banho. A foi na sequência. Depois A e por último, eu. Os garotos estavam tomando banho no banheiro do andar de baixo.

- A água não queria esquentar de jeito nenhum. – disse, saindo de shorts e sem camisa do banheiro. Sua toalha estava pendurada em seu ombro.
- Demorou para esquentar na minha vez, também. – disse, enquanto passava a toalha por seu cabelo, na tentativa de secá-lo.
- Esse chuveiro é uma porcaria. O do andar de cima é bom, mas as meninas estão usando. – fez careta.
- Parem de reclamar e andem logo. Se não chegarmos no colégio, não tem entrega de trabalho e não tem viagem. – disse, sem qualquer paciência. Os garotos o olharam com cara feia.

Finalmente, estávamos prontas! A , com toda a certeza, era a que mais demorava para ficar pronta, pois ela era extremamente detalhista. Com tudo, ficamos prontas no horário previsto. Já estávamos vestidas, com o nosso material escolar e o nosso trabalho de sociologia, é claro.

- Vamos descer para tomar café da manhã. – Eu as chamei, indo em direção a porta. Elas me acompanharam. Cheguei na cozinha e vi um bilhete na geladeira: ‘Nós tínhamos uma reunião bem cedo. A Carry vai preparar o café da manhã para vocês. Boa aula. Beijos.’ Carry era uma amiga de longa data da família, que sempre ajudou a minha mãe com as tarefas de casa. Ela praticamente viu e o meu irmãos crescermos e, por isso, era muito querida por nós.
- Bom dia, garotas! – Carry apareceu repentinamente na cozinha.
- Ah, oi Carry. – Eu passei por ela e depositei um beijo em seu rosto. Eu adorava ela.
- Hey, Carry! – As garotas disseram juntas.
- Então, já sabe o que vão querer de café da manhã? – Carry perguntou, atenciosa.
- O de sempre, eu acho. – Eu respondi, já que mais ninguém se manifestou.
- Panquecas? Entendi. – Carry piscou um dos olhos para nós.
- E os garotos, já foram? – perguntou, curiosa.
- Não. Eles estão terminando de se arrumar. – Carry explicou.
- Hm.. – rolou os olhos. Ela desejava que eles já tivessem ido para o colégio. Aliás, foi só falar neles, que eles apareceram.
- Bom dia, garotos! – Carry disse, gentilmente.
- E ai, Carry! – disse, sendo extremamente simpático.

Eu e as garotas nem nos atrevemos a olhar para trás para encará-los. Só os vimos, quando eles se sentaram em nossa frente. Eles já estavam devidamente vestidos e exageradamente perfumados, eu devo acrescentar.

- Bom dia, meninas. – disse com um sorriso grande no rosto.
- Bom? Só se for pra você. Passamos a noite em claro por causa de vocês. – revirou os olhos.
- Nós também passamos a noite acordados por causa de vocês. Superem. – disse, forçando um falso sorriso.
- Ok! Calem a boca e não comecem com isso. – disse, tentando evitar que a discussão se transformasse em briga. Todos a olharam, assustados. – O que foi? É verdade! Foi por causa dessas brigas idiotas que nós passamos a noite em claro. – disse, ainda irritada.
- Por que você não vai acalmar ela, ? – disse em um tom irônico. Todos na mesa riram, exceto a , que lançava um olhar maligno para o . – Ok, foi mal. – O disse, receoso.
- Vocês conseguiram terminar o trabalho pelo menos? – perguntou, tentando mudar de assunto.
- Terminamos e vocês? – Eu perguntei, enquanto comia uma panqueca.
- Nós também terminamos. – respondeu.

Como havíamos acordado bem cedo naquela manhã, pudemos nos dar ao luxo de tomar um café da manhã sossegado e sem qualquer pressa. Depois de comermos e agradecermos a Carry pelo café da manhã memorável, fomos pegar os nossos materiais e nossos trabalhos para, finalmente, irmos para o colégio. Enquanto discutíamos, ainda em frente a minha casa, sobre o fato de termos de ir com dois carros, eu me lembrei de uma apostila, que eu tinha esquecido de pegar,

- Que droga! Eu esqueci a minha apostila. – Eu me xinguei mentalmente. - Eu já volto. – Eu me afastei rapidamente, pois não queria que chegássemos atrasados.
- Eu preciso muito ir ao banheiro. Então, decidam quem vai no carro de quem. Por mim, tanto faz. Quem for comigo, me espera que eu já venho. – avisou, entrando às pressas na casa.
- Ok, eu espero pra ir com você. – avisou, indo atrás do amigo. Sentou-se no sofá para esperá-lo.

Enquanto eu ia até o quarto para pegar a minha apostila, o ia ao banheiro e o aguardava na sala da casa, o , o , a , a e a entraram no carro do meu irmão (que, teoricamente, também era meu) e saíram em direção ao colégio. Com a apostila em mãos, eu desci a escada e vi o sentado no sofá.

- Ué! Cadê todo mundo? – Eu perguntei, entranhando o silêncio da casa.
- Já foram. Nós vamos com o . – explicou, sem me dar muita atenção. Com o ? COMO É QUE É!?
- O que tem eu? – apareceu repentinamente na sala.
- Nós vamos com você. – disse novamente. Eu rolei os olhos. Na mesma hora, fui em direção a porta e depois, até ao carro do . Se era para eu ir com ele, tudo bem! Mas eu não trocaria uma só palavra com ele.
- Ei, ei! Onde você vai? – foi atrás de mim, enquanto eu me aproximava de seu carro. – Eu não vou te levar, . Não quero correr o risco de levar outra mordida sua. – provocou, fazendo com que o gargalhasse. Eu pularia no pescoço dele se eu pudesse.
- Ok! Dane-se você, Jonas. Eu vou a pé. – Eu disse, sem paciência alguma. Me afastei do carro dele imediatamente e já fui indo em direção a rua.
- Eu estou brincando, ! – disse com seu sarcasmo, que tanto me irritava. Eu continuei andando, de qualquer forma. Agora, eu não ia com ele só de raiva.
- Mas eu não estou brincando, . – Eu disse, sem nem olhá-lo. Ele irritou-se com o meu desprezo.
- Hey! – puxou o meu braço, me impedindo de continuar andando. – Eu só estava brincando! Entra logo no carro. – disse, em tom de ordem.
- Eu não estou nem um pouco a fim de ouvir as suas gracinhas hoje, Jonas. – Eu disse, tentando me desvencilhar das enormes mãos dele.
- Oh, me desculpe! Eu não sabia que você estava tão sensível, hoje. – ironizou. – Será que é a TPM? – Ele emendou. TPM? Ele ainda não tinha me visto de TPM! Eu fiquei tão enfurecida com o deboche dele, que eu consegui me soltar da mão dele e continuei andando. Ele percebeu que eu não cederia tão facilmente. – Vai ! Para de graça. Entra logo no carro! – disse, já perdendo a paciência.
- Vai logo, Jonas! Eu já disse que vou a pé. – Eu disse, sem olhá-lo.
- Você vai mesmo me obrigar a fazer isso? – perguntou em tom de ameaça. Eu continuei andando e não respondi. – Então tá! – disse e em segundos, ele apareceu na minha frente, impedindo que eu continuasse andando. Sem que eu tivesse tempo de me manifestar, ele segurou a minha cintura, me levantou e me colocou no seu ombro. Sim, como se eu fosse um saco de cimento.
- ME LARGA, JONAS! – Eu comecei a espernear. Ele parecia não sentir os meus tapas e chutes. Eu escutava as gargalhadas do de dentro do carro. – ME SOLTA! – Eu continuei gritando.

me carregou daquela maneira até chegarmos no carro dele. Eu ainda tentava me desvincilhar dele, quando ele abriu a porta do carro. Ele me colocou cuidadosamente no banco do passageiro e antes que eu pudesse reagir, ele bateu a porta com força. Observei ele dar a volta no carro com os olhos cheios de raiva e com vontade de insultá-lo de todas as maneiras possíveis. Ele abriu a porta do motorista e se sentou do meu lado, como se nada tivesse acontecido.

- QUAL O PROBLEMA COM VOCÊ? – Eu gritei, enquanto estapeava seu braço com toda a força que eu consegui. Eu estava histérica. – NÃO OUSE FAZER ISSO DE NOVO! VOCÊ ESTÁ ME OUVINDO? – Eu esbravejei.
- Eu pedi pra você entrar no carro e você não entrou. Então, eu fiz você entrar. – disse em meio a risos, enquanto dava a partida no carro. Eu parei de estapeá-lo quando percebi que aquilo não estava machucando ele nem um pouco.
- Cara, eu deveria ter gravado isso! – disse, ainda rindo.
- Para de incentivar, ! – Eu me virei e o fuzilei com os olhos.
- Está bem. Foi mal, ok? Mas nós não temos tempo para o seu drama, hoje. – disse, quando percebeu que eu tinha realmente ficado furiosa com a situação. Drama?
- Cala a boca, Jonas. Eu não aguento mais ouvir a sua voz. – Eu disse, sem conseguir olhar pra ele.
- Eu já pedi desculpa. Se não quiser desculpar, o problema é seu. – já havia se arrependido do ‘pedido de desculpas’.
- Já acabou? – Eu olhei pra ele, prestes a matá-lo.


- Já acabou? – me imitou, sem emitir qualquer som, ao olhar no retrovisor e ver o amigo. esforçou-se para não rir alto.

Depois do ocorrido, não trocamos qualquer outra palavra no trajeto até o colégio. Ao chegarmos no colégio, estacionou o seu carro. Assim que o carro foi desligado, eu abri a porta e sai andando, sem nem olhar para eles. Eles vieram atrás de mim e fomos direto ao encontro dos nossos amigos.

- Demoraram, hein! – comentou, assim que nos aproximamos deles.
- Adivinha? A resolveu dar mais um dos ‘showzinhos’ dela. – fez careta.
- Vocês deviam ter visto a cena! – disse, voltando a rir. Eu fuzilei ele com os olhos e ele tentou conter o riso.
- O que aconteceu? – perguntou, rindo do .
- A não queria vir com o , então o carregou ela a força até o carro. – disse, voltando a rir. Eu suspirava de tanta raiva.
- Não acredito. – olhou para o e depois, para mim . – Eu não acredito que perdi isso. – Ele disse, rindo escandalosamente, assim como o resto da turma. O que é tão engraçado?
- Se vocês quiserem, eu faço de novo pra vocês verem. – disse, se aproximando de mim.
- Não se atreva! – Eu o enfrentei e ele rapidamente se afastou. Ele estava brincando de novo. – E vocês, por que vocês estão rindo? Ficam dando ibope pra esse idiota. - Eu me dirigi aos meus amigos dessa vez.
- Não fica brava! Você sabe que nós te amamos – me abraçou, tentando se redimir. Os outros me olharam com um sorriso e um olhar doce, me arrancando um sorriso. Eu não consiguia ficar brava com eles.

Apesar dos contratempos, as aulas daquele dia foram bem tranquilas, porém, ainda faltava as duas últimas que, por sinal, eram de Sociologia. Isso quer dizer que teríamos que entregar os nossos trabalhos. Todos estavam visivelmente ansiosos e nervosos, afinal: a viagem para Nova York dependia disso.

- Chegou a hora de entregar o trabalho. Estou com medo. – disse, dando uma revisada em nosso trabalho. Os garotos estavam do outro lado da sala, fazendo o mesmo.
- Vocês tem uma entrega de trabalho hoje, não é? – Sra. Dark perguntou. A classe respondeu de forma afirmativa. – Então, podem trazê-los para mim. – Ela pediu, sentando-se em sua mesa. Na mesma hora, eu me levantei da carteira com o nosso trabalho em mãos. Ele parecia ter um peso enorme. Fui até a professora e entreguei o trabalho nas mãos dela e o fez o mesmo, logo em seguida. O nervosismo dele era mais do que visível.
- Bem, como eu tenho todos esses trabalhos para corrigir, eu vou dar uma atividade para vocês. – Sra. Dark disse, fazendo com que a classe vaiasse. – Será diferente dessa vez. Será em dupla. – Sra. Dark achou que a notícia nos deixaria mais animados. No momento em que ela disse isso, a classe já estava se dividindo em duplas. Eu já estava juntando a minha carteira com a de . – Como eu disse, será diferente dessa vez. Então, não são vocês que vão escolher as duplas. – A classe vaiou novamente. – Os nomes das duplas vão ser sorteados. – Sra. Dark disse, causando um tumulto imenso na classe.

Como toda e qualquer classe, a minha também era formada de panelinhas. Diante disso, é óbvio deduzir que é bem complicado e pouco cômodo fazer dupla com uma pessoa que você não tinha muito contato, porém, todos tinham esperanças de serem sorteados com uma pessoa próxima. <

- Eu preciso que cada um de vocês me entregue um papelzinho com o seu nome. – Sra. Dark disse, dando uma pequena olhada nos trabalhos em sua frente. A classe imediatamente fez o que lhe foi pedido. – Certo, então agora eu vou sortear. Sem reclamações, por favor. – Sra. Dark disse em tom de ordem.
- . – Ela tirou o primeiro papelzinho. fez uma cara de desespero. – E . – Sra. Dark disse, depois de tirar o segundo papel do saquinho. fez uma cara feia ao ouvir o seu nome.
- . – Sra. Dark disse, depois de tirar outros papeizinhos do saquinho. – E . – Sra. Dark disse logo em seguida. cruzou os braços, demonstrando a sua insatisfação. O não conseguiu conter o sorriso. Era óbvio que ele havia gostado. Ok, eu acho que ele e a vão ter que ter uma DR antes de fazerem o trabalho.
- . – Sra.Dark tirou mais um papelzinho. fechou os olhos e desejou um bom parceiro. – . – Sra.Dark disse, sem perceber o problema que ela havia acabado de causar. Por um momento, eu ri. O e a passariam a aula toda discutindo, mas, no fundo, eu sabia que eles gostavam daquilo.
- . – Sra. Dark disse, depois de ter sorteado várias outras duplas. fez uma cara feia com medo do nome que escutaria a seguir. Eu repetia pra mim mesma ‘Não pode ser eu, não pode ser eu, não pode ser eu.’ – . – Sra. Dark disse com um sorriso satisfeito no rosto. Não pode ser! Eu pude ouvir a gargalhada do do outro lado da sala. Eu e o nos olhamos e rolamos os olhos. Nenhum de nós queríamos aquilo. Depois de sortear mais algumas duplas, a Sra. Dark terminou de fazer o sorteio.
- Agora, eu vou entregar um envelope para cada dupla. Cada envelope tem 5 etapas que devem ser cumpridas. Algumas das etapas necessitam das anotações de vocês e são exatamente essas anotações que eu quero que vocês me entreguem no final da aula. – Sra. Dark disse com um sorriso empolgado no rosto. Eu já disse que odeio sociologia? – Vocês vão poder fazer isso fora da sala de aula e repetindo: vocês devem me entregar as anotações até o final das aulas de hoje. Enquanto isso, eu vou ficar aqui, corrigindo esses trabalhos. – Sra. Dark disse, abrindo a porta para que os alunos saíssem. Eu não queria levantar da carteira. Eu não queria passar mais de 1 hora com o .
- Vamos logo ou não vai dar tempo de terminar isso hoje. – disse, assim que se aproximou. A estupidez dele fez com que eu não respondesse. Eu apenas me levantei da carteira e saí da sala. Irritado, ele me acompanhou até o pátio.
- Onde nós vamos fazer isso? – Eu perguntei, séria. Eu não daria abertura para nenhum tipo de brincadeira.
- Pode ser ali, na mesa. – disse, indo em direção a mesa.
- Não, vamos naquele canto do palco. – Eu disse, deixando ele falando sozinho e indo em direção ao palco. De longe, ouvi ele suspirar. Eu não queria deixar ele mandar em tudo. Eu não era um dos jogadores do time dele.
- Está bom aqui pra você? – disse em tom de implicância.
- Está ótimo. – Eu forcei um sorriso.
- Vamos fazer isso de uma vez, ok? – disse, querendo que acabássemos aquilo o mais rápido possível.
- Eu entendi. – Eu respondi, sem fazer qualquer questão de ser educada.
- Olha só, . Eu também não queria estar aqui fazendo essa porcaria de trabalho com você. Eu também não dormi nada essa noite. – disse, ainda sério. – Dá pra deixarmos as brigas de lado e fazermos esse trabalho de uma maneira decente? – perguntou, visivelmente irritado.
- Dá. – Mesmo sem querer assumir, ele estava certo dessa vez. Esse era um bom momento para uma trégua. – Abre logo esse envelope. – Eu disse, tentando focar no que realmente era importante. Atendendo o meu pedido, o abriu o envelope e eu vi os olhos dele passarem pelo papel.
- Essa mulher está maluca. – disse, incrédulo.
- Por quê? O que está escrito? – Eu disse pegando o papel da mão dele.

MISSÃO 1:

‘Você conhece bem a pessoa que está ao seu lado? Conte o que cada um de vocês sabe sobre o seu parceiro e descubra.’

- É. Ela pirou. – Eu ri, negando com a cabeça.


- Não precisamos fazer isso. Ela nunca vai saber. – achou que tinha encontrado uma solução.
- Você disse pra fazermos isso de forma decente, não é? Trapacear não é algo tão decente assim. – Eu disse, deixando um sorriso escapar.
- Sério? – fez careta. – Ok, ok! Mas... como nós vamos fazer isso? – perguntou, sem saber por onde começar.
- Nós podemos começar com perguntas e depois, se for preciso, nós acrescentamos algumas coisas. – Eu dei a ideia.
- É, pode ser. – disse, mostrando-se totalmente desconfortável com a situação.
- Tenta não errar tudo, ok? – Eu brinquei em meio a um sorriso .
- Errar? Eu sei muito mais do que você pensa, . – respondeu com um sorriso misterioso.
- Sabe? Sabe como? Você andou me espionando por acaso? – Eu o olhei, arqueando uma das sobrancelhas.
- Eu não perderia o meu tempo. – cerrou os olhos, enquanto sorria pra mim.
- Certo. – Eu disse, meio sem jeito. Logo quando começamos a ter uma conversa civilizada, ele volta a ser estúpido?
- Ok, me desculpa. Força do hábito. – se redimiu, quando percebeu que eu tinha ficado um pouco chateada.
- Tudo bem. Eu... posso começar? – Eu perguntei, tentando mostrar que aquilo não tinha me afetado.
- Pode! Eu estou pronto. – disse, enquanto coçava a garganta e tomava postura. Suas atitudes me arrancaram um novo sorriso.
- Certo. – Eu tentei me concentrar. – Meu cantor favorito? – Eu perguntei, convicta de que ele não acertaria.
- Bon Jovi, é claro! – respondeu sem pensar. Ok, essa foi fácil.
- Como assim ‘é claro’? – Eu cruzei os braços, curiosa.
- O pôster na porta do seu armário. – Ele se justificou rapidamente.
- Ok. Essa foi fácil. – Eu não quis dar muito crédito a ele. - Meu ator favorito? – Eu fiz outra pergunta.
- Johnny Depp. – respondeu, fazendo careta.
- Duvido que você acerte essa: meu filme favorito? – Eu arqueei a sobrancelha. Ele pensou por alguns segundos.
- 'Um Amor Para Recordar', eu acho. – disse em um tom de dúvida.
- Ok! Você, com certeza, tem me espionado. – Eu disse, impressionada. Como ele sabia de tudo aquilo? Nem a minha mãe sabia daquelas coisas.
- Eu só presto a atenção nas coisas. – piscou um dos olhos, se gabando.
- Você presta a atenção em mim? – Eu ri, estranhando a sua frase.
- O que? Não! É claro que não. – também riu, fingindo achar a minha suposição um absurdo. – Ok, continua com as perguntas. – Ele desconversou.
- Hm. Minha cor favorita? – Eu arqueei a sobrancelha, quando percebi que ele ia responder.
- Vermelho. – Ele gargalhou, ao ver o quanto eu tinha ficado perplexa por ele ter acertado aquela. – O que foi? Veja bem, seu esmalte é vermelho, sua bolsa é vermelha, seu quarto é vermelho. Como eu não saberia? – Ele continuou rindo, enquanto se justificava.
- Eu não sabia que você dava tanta atenção aos detalhes. – Eu ergui os ombros.
- Bem, eu acho que não preciso provar mais nada pra você, certo? Posso fazer as minhas perguntas agora? – Ele perguntou.
- Pode. – Eu afirmei. – Você também será surpreendido. – Eu pisquei um dos olhos pra ele. Ele sorriu de lado.
- Banda favorita? – Ele disse, me desafiando.
- Beatles! – Eu respondi rapidamente.
- Jogo de videogame favorito? – Ele perguntou logo em seguida.
- 'Guitar Hero', claro. – Eu respondi em tom de deboche.
- Como assim ‘claro’? – Ele fez a mesma pergunta que eu havia feito e tentou me imitar quando disse a palavra ‘claro’.
- Você e o vivem jogando isso lá em casa. – Eu disse como se fosse óbvio.
- Hm, espertinha. – Ele cerrou os olhos. Eu era realmente boa naquilo.
- Eu também presto atenção nas coisas, . – Eu usei a mesma frase que ele havia usado anteriormente. Ele riu ao ouvir o apelido.
- Sei. – Ele negou com a cabeça. – Filme favorito? – Ele disse, repentinamente.
- Fácil! 'Velozes e Furiosos'. – Eu disse, sem pensar.
- Pelo jeito, eu não sou o único que espiono, não é? – Ele arqueou a sobrancelha, me olhando.
- Eu não perderia o meu tempo. – Eu dei o troco, arrancando um novo sorriso dele.
- Cueca favorita? – Ele cruzou os braços, satisfeito com a pergunta.
- Felizmente, eu não sei a resposta dessa. – Eu fiz careta.
- Está vendo! Você não sabe tudo. – me provocou, enquanto ria. Era fofo a maneira que os olhos dele quase se fechavam, quando ele ria.
- Claro que sei! – Eu disse em tom desafiador. – Eu sei que você coloca as mãos no bolso quando fica sem jeito. Eu sei que você mexe no cabelo quando está disfarçando. Eu também sei que você arqueia a sua sobrancelha esquerda quando acha alguma coisa estranha. Sem tirar o seu vício por ‘Two And A Half Men’. – Eu disse, me sentindo vitoriosa. Um sorriso espontâneo surgiu no rosto dele. Ele ficou surpreso com o fato de eu saber tudo aquilo sobre ele.
- E eu sei que você gagueja e fica vermelha quando fica envergonhada. Eu sei que os seus olhos ficam mais claros em alguns dias e mais escuros em outros. Também sei que você sorri de um jeito quando está com as suas amigas. Sorri de um outro jeito quando está feliz e sorri de um outro jeito quando está brava comigo. E tem o seu vício por ‘Supernatural’. – disse, também usando um tom vitorioso.
- Ok, você foi bem. – Eu fui obrigada a reconhecer.
- Você também foi muito bem. – Ele concordou.
- Então, eu acho que nós podemos passar para próxima etapa, não é? – Eu disse, abrindo o segundo envelope. me olhava, esperando a minha reação. – Essa vai ser difícil. – Eu disse, fazendo careta.
- Leia em voz alta. – pediu.

MISSÃO 2:

‘Cite 3 qualidades do seu parceiro.’

- É, vai ser bem difícil. – fez careta em meio a um discreto sorriso.
- Dessa vez, você começa. – Eu estava ansiosa para ouvi-lo.

- Eu? – tentou adiar aquela situação.
- É! Vai logo! – Eu o pressionei. Ele ia citar 3 qualidades minha. Isso era inédito!
- Ok. Me deixe pensar. – ficou pensativo por alguns segundos. Ele estava pensando em quais qualidades tornariam aquilo menos constrangedor. – Você... é uma boa amiga. Quer dizer, você faz tudo pelas garotas e pelos caras Eu admiro isso. – disse totalmente, sem jeito. Ele fez uma pausa e pensou mais um pouco. – Você… também é uma aluna exemplar. Suas notas são boas. Isso é bom, certo? – riu de si mesmo. Ele estava todo atrapalhado e estranhamente nervoso. A cada palavra que ele dizia, o sorriso, em meu rosto, aumentava. Era completamente involuntário. – E você sabe… você é bonita. Todos sabem disso... – disse com as bochechas um pouco rosadas e um sorriso fraco no rosto. Ele estava extremamente constrangido e eu estava inesperadamente feliz com o que eu tinha escutado dele.
- Isso foi... – Eu disse, sorrindo feito uma boba.
- Horrível, eu sei. – disse, passando uma das mãos pelo cabelo. Ele estava tentando disfarçar.
- Não. Foi bom! Foi surpreendentemente... bom. – Eu também estava um pouco sem graça.
- Agora, é a sua vez. – disse, tentando mudar rapidamente de assunto.
- Certo. – Eu disse, pensativa. – Você é um bom jogador de futebol. Isso eu não posso negar. Não é a toa que você é o capitão. – Eu disse, sorrindo fraco.
- Ah, disso eu já sabia! – disse, rindo. Eu neguei com a cabeça, tentando segurar o riso. Ele era tão convencido!
- Você também é um bom amigo. Você e os garotos são amigos há uns 6 anos e você nunca deu mancada. Sempre está lá quando eles precisam. Isso é muito legal da sua parte. – Eu disse, visivelmente sem graça.
- Você vai ficar dizendo essas coisas que eu já sei? – Ele me olhou com o seu jeito malandro.
- Me deixa falar! – Eu dei uma bronca. Já era difícil ficar falando esse tipo de coisa pra ele e ele ainda ficava me interrompendo?
- Ok! Desculpa! – Ele fez careta.
- Eu… – Eu hesitei bastante antes de decidir completar a frase. – Eu gosto do seu sorriso. – Eu disse, sentindo as minhas bochechas rosarem. Só o jeito que ele me olhou, já fez com que eu me arrependesse de ter dito aquilo.
- Se eu não te conhecesse tão bem, diria que você está envergonhada agora. – Ele não perderia a oportunidade de me deixar ainda mais sem graça.
- Ok, acho que podemos passar pra próxima etapa. – Eu disse, sem disfarçar a proposital mudança de assunto.
- Está bem. – Ele afirmou, me olhando e sorrindo daquele jeito estranho. Me mantive em silêncio, enquanto ele abria o terceiro envelope. – Essa parece ser divertida. – Ele pareceu satisfeito.
- Deixa eu ver. – Eu disse, estendendo a mão para que ele me desse o papel. Ele me entregou o papel e me observava enquanto eu o lia, esperando a minha reação.
- Não é tão ruim. – Ele ergueu os ombros.
- Não mesmo. – Eu concordei.

MISSÃO 3:

‘Faça três perguntas para o seu parceiro que você sempre quis fazer.’

- Sua vez de começar. – Ele sorriu, esperando as minhas perguntas.
- Certo. – Eu fiquei algum tempo pensando. – Você é arrogante com todas as garotas ou o problema é comigo? – Eu perguntei com um sorriso curioso.
- Só com você mesmo. É meio que uma coisa mutua, sabe? Você me trata de forma arrogante e eu te trato de forma arrogante. – Ele disse, cerrando os olhos com um sorriso malicioso nos lábios. Eu balancei a cabeça negativamente, enquanto devolvia o sorriso.
- Justo! – Eu ergui os ombros. – Você... já disse ‘eu te amo’ para uma garota? – Eu perguntei, mais séria.
- Por que você está perguntando isso? – Ele arqueou a sobrancelha, estranhando a pergunta.
- Eu quero saber se alguma garota já conheceu o lado romântico do Jonas, se é que ele existe. – Eu sorri, ao ver o quanto ele ficou sem jeito com aquilo.
- Não, eu nunca disse e, sim, existe esse lado. – disse com um sorriso bobo no rosto. Então, quer dizer que ele nunca tinha amado uma garota? Interessante.
- Por que você fica me chamando de ‘’? – Eu perguntei, curiosa.
- Eu tenho que ter um motivo? – Ele arqueou a sobrancelha.
- É claro que tem. – Eu respondi na mesma hora.
- É, mas os motivos são meus. – Ele disse, cerrando os olhos. Eu fiquei ainda mais curiosa.
- Então, tem motivos. – Eu sorri, desconfiada.
- Talvez tenha. – Ele não confirmou, mas também não negou.
- Você não vai me contar? – Eu estava sedenta para saber.
- Um dia eu te conto! – Ele piscou um dos olhos. Eu balancei a cabeça negativamente, incrédula.
- O que? Não! – Eu reagi na mesma hora.
- Um dia. - Ele reafirmou.
- Eu vou cobrar! – Eu enfatizei.
- Pode cobrar. – Ele riu. – Posso fazer as minhas perguntas agora? – Ele mudou rapidamente de assunto.
- Vai em frente. – Eu afirmei com a cabeça.
- Você torceu pro Peter ganhar como capitão do time de futebol? – perguntou, arqueando uma das sobrancelhas.
- É claro! Ele era o meu namorado. – Eu disse o óbvio. De onde veio aquela pergunta?
- E fui eu que ganhei. Bem feito! – disse, vingativo.
- Bem, meus parabéns. – Eu demonstrei um pouco de indiferença.
- Por que você é tão durona? – fez a sua segunda pergunta.
- Durona? – Eu não gostei muito do adjetivo – Eu não sei. Eu... acho que nasci assim. – Eu não soube como responder direito.
- Você não se abala com nada. Em 6 anos, eu nunca te vi chorar. O que é surpreendente pra uma garota. – disse, curioso.
- Acho que vou aceitar isso como um elogio. Obrigada. – Eu sorri pra ele, sem entender ao certo onde ele estava querendo chegar.
- Ok. Última pergunta: você... realmente foi apaixonada pelo… Peter? – perguntou, sabendo que eu não teria uma boa reação.
- O que? Você está brincando, não é? – Eu estava sem jeito.
- Não! É sério. – riu da maneira com que eu tinha reagido.
- Eu não vou te contar isso! – Eu neguei com a cabeça. Ele acha mesmo que eu vou falar isso pra ele?
- E por que não? – Ele me olhou com desconfiança.
- Um dia eu te conto. – Eu pisquei um dos olhos pra ele. Ele gargalhou ao me ouvir repetir a frase que ele havia dito há alguns minutos.
- Ei, você está roubando as minhas frases? – Ele perguntou, arqueando uma das sobrancelhas.
- Elas são minhas agora. – Eu disse, deixando um sorriso escapar. Ele balançou a cabeça negativamente.
- Até parece. – Ele fez careta. – Vamos ler a próxima etapa logo. – Ele disse, fingindo estar emburrado, enquanto abria o 4° envelope.

MISSÃO 4:

‘Conte um segredo para o seu parceiro, que você nunca contou a ninguém.’

- Sério! Onde essa mulher está querendo chegar? – Eu me referia a Sra. Dark.
- Eu gostaria de saber também. – achou graça do meu comentário.
- Aliás, é a sua vez de começar! – Eu já fui me adiantando.
- Espera. O que aconteceu com o ‘primeiro as damas’? Vamos respeitar as regras da sociedade, por favor. – Ele tentou trapacear.
- Não me enrola, Jonas. – Eu cruzei os braços, demonstrando que não cederia tão fácil.
- Que droga. – revirou os olhos. – Ok. Hm… – Ele ficou mais sério, enquanto pensava no segredo que me contaria. – Uma vez... eu estava saindo com uma garota. Eu estava realmente gostando dela e, no dia em que eu ia pedir ela em namoro, eu flagrei ela com outro cara, atrás do colégio. – A revelação me surpreendeu. Alguém já quebrou o coração do Jonas! Isso é surpreendente! – Eu não contei isso pra ninguém, é claro. A fama de corno não é um rótulo que eu gosto de carregar. – disse de forma descontraída. O assunto não parecia ser tão difícil pra ele.
- E você terminou com ela? – Eu perguntei, séria. Eu queria rir, mas não podia. Seria muita sacanagem.
- Terminei. – afirmou.
- E como você lidou com isso? – Eu perguntei por curiosidade, mas não botava muita fé que ele me responderia.
- Eu... não acredito que vou te contar isso, mas.. – Ele hesitou por um momento. – Depois do flagra, eu faltei uns 3 dias no colégio porque eu não conseguia olhar pra cara dela. Ela foi a única garota por quem eu realmente sofri até hoje, e ela será a última! – disse, confiante.
- Uau. Isso foi... – Eu pensei antes de falar, pois queria usar a palavra certa.
- Gay? Eu sei. – fez careta, visivelmente constrangido.
- Não! Foi bonitinho. – Eu sorri fraco. – Nem todos os garotos sofrem por uma garota. – Eu estava sendo sincera, mas eu também estava tentando deixá-lo menos sem graça.
- Eu não me orgulho disso. – sentiu-se um pouco mais confortável com a situação.
- Ela foi uma idiota. – Eu só queria dizer alguma coisa legal pra ele. Eu não queria que ele se envergonhasse por gostar de verdade de uma garota.
- Eu sei. Na época, eu repetia isso pra mim mesmo todos os dias. – Ele sorriu pra mim.
- Bem, pelo menos, você tem a Jessie agora. – Eu sorri em meio a uma careta.
- Isso é muito reconfortante. Obrigado por me lembrar. – Ele riu sem emitir qualquer som, enquanto cerrava os olhos em minha direção. – Ok, agora é a sua vez de me contar um segredo. – Ele mudou rapidamente de assunto, sem esconder a sua ansiedade para me ouvir contar um segredo.
- Certo... – Eu disse, pensativa. – Bem… quando... eu era mais nova, eu costumava ficar na casa da minha avó, enquanto os meus pais trabalhavam. Minha avó era a minha melhor amiga. Nós brincávamos todos os dias. Ela fazia meus biscoitos favoritos. Um dia, ela estava fazendo os biscoitos e eu estava assistindo TV na sala. Ouvi um barulho enorme vindo da cozinha e fui até lá. Quando cheguei lá, minha avó estava caída no chão. – Eu disse, mostrando o quanto aquele assunto era difícil pra mim. – Ela tinha acabado de ter um mal súbito e morreu na mesma hora. – Eu terminei a frase, visivelmente abalada.
- Hey. Não precisa me contar, se não quiser. Tudo bem. – também se sensibilizou.
- Não, tudo bem. – Eu disse com um sorriso no canto do rosto. – No enterro dela, todos falavam da ‘garota que tinha visto a avó morrer’. O olhar de pena que todos eles lançavam sobre mim me sufocavam. Eu me segurei de todas as formas pra não chorar. Se eu chorasse… todos teriam ainda mais pena de mim. – Eu disse, deixando de olhá-lo por um momento. - Então, todos os dias, depois que a minha mãe me colocava na cama para dormir, eu chorava. Ninguém poderia me ver chorando ali, sabe? – Eu levantei a cabeça para voltar a olhá-lo. – Ninguém poderia sentir pena de mim. – Eu disse, vendo o me olhar de uma maneira que ele nunca havia olhado.
- Eu me lembro um pouco dela da época em que eu ia na sua casa brincar com o seu irmão. – recordou-se.
- Você a conheceu! Eu não me lembrava disso. – Eu disse, surpresa.
- Eu sinto muito que você tenha passado por isso. – Ele foi gentil.
- Obrigada. – Eu agradeci com um sorriso. – Eu sou meio… sensível demais para certas coisas e é por isso que eu tento passar essa imagem de durona. – Eu ri de mim mesma.
- Durona? Mas do que você está falando? – ironizou, me arrancando uma nova risada.
- Cala a boca. – Eu ainda gargalhava. – Ok, eu vou me arrepender de ter te contado isso, mas... – Eu hesitei em falar. – Quando eu e Peter terminamos, eu chorei todas as noites, antes de dormir, durante uma semana. Quando eu chegava no colégio, eu fingia que ver ele não me importava. Eu sorria quando, na verdade, eu queria estar chorando. – Eu contei simplesmente porque eu estava me sentindo confortável em falar sobre tudo aquilo pra ele. Ao contrário de muitas pessoas, ele não demonstrou pena ao me ouvir contar a parte triste da minha vida. Só isso já me deixava muito mais à vontade.
- Você não deveria guardar tudo isso pra você, sabia? Você tem amigos que te amam e que te ajudariam a superar isso. – tentou me aconselhar. Isso era legal da parte dele.
- Eu sei! É que... – Eu não sabia muito bem como explicar. – Você sabe, pena é o pior sentimento que uma pessoa pode sentir pela outra. Eu não quero correr o risco de ter que passar por isso de novo. – Eu tentei sorrir para não soar tão dramática. – É complicado. Eu sou complicada. – O olhar carinhoso dele fez com que eu me sentisse muito bem.
- Não vamos falar mais sobre isso, está bem? – sorriu, tentando me animar. – Eu não gosto de te ver assim. – Ele completou, demonstrando que se importava.
- Tudo bem. – A frase dele realmente havia me deixado feliz. Saber que ele se importava me deixou estranhamente feliz.
- E não vai pensando que só porque eu estou sendo legal com você, eu vou aliviar pro seu lado se você contar o meu segredo pra alguém. – O tom era de ameaça, mas o sorriso o entregava.
- Não preocupe. O seu segredo está a salvo comigo. – Eu pisquei um dos olhos pra ele.


- Então, o seu também está. – Ele piscou de volta.
- Bom, falta a última etapa, não é? – Eu perguntei, sem ter tanta certeza.
- Sim, tem! – confirmou, me mostrando o 5° envelope. – Vamos ver. – Ele disse, abrindo o envelope.


MISSÃO 5:

‘Cada um deve escrever uma redação falando sobre a nova impressão que você tem sobre o seu parceiro. O que mudou depois desse trabalho e por quê?’

- Mentira que é para entregar isso pra ela. – Eu revirei os olhos.
- E a preguiça que eu estou de escrever? – fez careta.
- Nós temos só mais 20 minutos. Vamos fazer isso de uma vez ou não vamos conseguir entregar. – Eu disse, incentivando-o.
- Ok. Ok. – rolou os olhos.
- Eu imagino como isso deve ter sido para o e para a . Eles devem ter se matado na 1° missão. – Eu ri, enquanto tirava uma folha do meu caderno.
- Talvez, não. Nós não nos matamos. – ergueu os ombros.
- Você tem razão. Foi muito melhor do que o esperado. Na verdade, foi bem divertido. – Eu fui obrigada a assumir.
- Foi mesmo. – concordou, antes de deixar de me olhar para dar atenção total ao caderno em sua frente.

O foco dele ao escrever aquela redação me fez ficar focada também. Ou ele estava levando aquilo muito a sério, ou ele me sacaneando naquela redação. Qual dos dois? Bem, na dúvida, eu preferi ser otimista e fazer a coisa certa também. Começamos a escrever. Eu e o estávamos sentados um do lado do outro, enquanto escrevíamos, cada um em sua folha.

- Se você falar mal de mim nessa redação, eu vou descobrir, viu? – disse, tentando olhar na minha redação.
- Ei! Sem espionar, Jonas. – Eu acabei rindo, enquanto tirava o meu caderno de perto dele.
- É pra escrever uma redação e não o ‘Novo Testamento’. – reclamou, referindo-se ao tamanho da minha redação.
- Olha quem fala! – Eu disse, apontando na direção da redação dele.
- Eu duvido que a professora vai ler isso. – resmungou.
- Do jeito que ela é, é bem capaz de ela ler para a sala toda. – Eu cheguei a rir de desespero.
- Eu nunca mais venho pro colégio! – respondeu, indignado. Eu não conseguia parar de rir.
- Por que tanto medo que os outros leiam? O que tem de tão impressionante ai, ? – Eu tentei espiar a sua redação.
- Você jamais saberá! – disse com um olhar maligno.
- Eu vou subornar a Sra. Dark pra ela me deixar ler. – Eu ameacei.
- Quanta curiosidade hein, ? – riu.
- Sou curiosa mesmo. – Eu ergui os ombros, demonstrando indiferença.
- No dia em que você me deixar ler a sua redação, eu deixo você ler a minha. – propôs.
- Eu nem queria ver a sua redação mesmo. – Eu mostrei a língua pra ele.
- Bom mesmo. – Ele achou graça.

Mesmo com várias tentativas de espiarmos a redação um do outro e entre provocações e brincadeiras fora de hora, nós conseguimos terminar as nossas redações 5 minutos antes do sinal da última aula.

- Vamos entregar? – Eu perguntei, me certificando de manter a minha redação em sigilo.
- Tem certeza de que quer entregar? – perguntou em meio a uma careta, enquanto levantava-se.
- Não começa! - Eu ameacei, mantendo um sorriso em meu rosto. Eu me levantei e já fui logo andando em direção a sala. Eu não queria dar tempo para que ele desistisse. Quando entramos na sala, a Sra. Dark ainda estava sentada em sua mesa. A sala estava vazia.
- Algum problema? – Sra. Dark perguntou, sem desconfiar que nós já havíamos terminado o trabalho.
- Nós terminamos. – Eu disse, receosa.
- Terminaram? – Sra. Dark nem ao menos disfarçou a perplexidade.
- Terminamos. – repetiu, achando graça da perplexidade da professora. Entregamos as redações e ela, ainda desconfiada, pegou as nossas redações e deu uma rápida conferida.
- Acreditem ou não: vocês foram os primeiros a terminar. – Sra. Dark sorriu. Eu e o nos entreolhamos e trocamos alguns sorrisos tímidos. – Podem pegar o material de vocês e esperarem pelo último sinal no pátio. – Sra. Dark sorriu, tentando ser simpática.
- Certo. – sorriu, aliviado por poder sair da sala.
- Obrigada, Sra. Dark. – Eu agradeci antes de sair da sala ao lado do .
- Nós somos incríveis! Bate aqui. – disse, estendendo uma das mãos para um high five. Mesmo achando graça, não consegui deixá-lo no vácuo. Além disso, o momento merecia. Tínhamos sido os primeiros a terminar o trabalho! Isso não era pra qualquer um.
- Você… está vendo alguém por aqui? – Eu perguntei, assim que chegamos no pátio. Eu me referia aos nossos amigos.
- O e a estão ali! Atrás da árvore. – apontou.
- Atrás da árvore? – Eu perguntei com o meu tom malicioso.
- Seu irmão nunca soube ser muito discreto. – fez careta, me fazendo gargalhar.
- Você tirou as palavras da minha boca! – Eu tive que concordar.
- Está vendo mais alguém? – Ele perguntou, distribuindo novos olhares pelo pátio.
- O e a devem estar se estapeando em algum lugar. – Eu disse, enquanto me sentava na beirada do palco para esperar o sinal tocar. O me acompanhou, sentando-se ao meu lado.
- E o e a devem estar discutindo a relação em algum lugar. – disse, fazendo com que eu voltasse a rir.
- Aposto que eles devem estar pensando a mesma coisa sobre nós. – Eu disse, deixando de rir.
- Que… estamos discutindo a relação? – me olhou, sem jeito.
- Não! Que estamos nos matando. – Eu olhei pra ele e disse como se fosse óbvio.
- Bem, nós não podemos culpá-los por isso, não é? – tentou não parecer tão sem graça.
- Se eles tivessem nos visto, eles ficariam surpresos. – Eu concordei. Até eu estava surpresa com o que tinha acontecido entre nós naquele trabalho.
- Ficariam! Quem diria que conseguiríamos conversar civilizadamente por mais de 1 hora. – me olhou com um sorriso desconcertante.
- Quem diria… - Eu concordei, visivelmente sem graça.

Não demorou para que o sinal da última aula batesse e para que o pátio ficasse cheio de alunos, que iam aglomeradamente em direção ao portão do colégio. Eu e o permanecemos sentados, esperando pelos nossos amigos. Não tivemos que esperar tanto. O e a foram os primeiros a se aproximar.

- E ai! – estava muito sorridente.
- Hey! – Eu respondi. Eu já estava curiosa para saber o motivo daquele sorriso, mas expressão péssima no rosto de não deixou que eu me iludisse.
- Vocês realmente estão vivos! Isso é chocante! – ironizou, recebendo olhares furiosos do .
- O que aconteceu, ? – Eu perguntei, rindo. estava com um bico enorme e com os braços cruzados.
- Esse imbecil, que só serve pra me irritar! – esbravejou, dando um soco no braço do .
- Mentira! É ela que só sabe reclamar. Nunca é bom o bastante pra ela. – revirou os olhos.
- Vocês parecem duas crianças birrentas. – gargalhou. Eu tentei me conter em respeito à minha amiga.
- Olha só quem fala, Jonas! – disse, impaciente.
- Você ficaria surpresa se soubesse. – não deu detalhes, mas deu a entender o que realmente tinha acontecido.
- A nota de sociologia estava em jogo. Sabe como é. – Eu tentei me justificar, pois não gostei muito da maneira como a frase do havia soado.
- Por que nós ainda estamos falando disso? Cadê o ? – forçou a mudança de assunto.
- Ele estava ali atrás da árvore com a . – disse, voltando a olhar para a árvore que ele estava mencionando.
- Ué! Sumiram! – Eu disse, assim que vi que eles não estavam mais lá.
- O e a estão vindo ali. – interrompeu, olhando para o casal, que se aproximava.
- Hey... – sorriu fraco. Ele não parecia tão feliz.
- Discutiram a relação, né? – deduziu aos risos.
- Cuida da sua vida, . – respondeu, irritada.
- NOSSA! Grossa! – disse, fingindo estar ofendido, fazendo com que todos nós (exceto a e o ) rissemos.
- O que aconteceu com vocês? – Eu perguntei, tentando parar de rir.
- Depois nós conversamos, garotas. – disse, fazendo mistério.
- Isso não é bom, eu acho. – fez careta, sabendo que a coisa havia sido feia entre eles.
- Podemos ir? Cadê o e a ? – perguntou, tentando mudar de assunto.
- Sei lá! Eles sumiram. – Eu disse, erguendo os ombros.
- Eles devem estar se pegando atrás de alguma dessas moitas. Eu tenho certeza! Eu conheço o . – disse, apontando em direção ao enorme jardim do colégio.
- Está bem, vou ligar pra ele. – Eu disse, pegando o meu celular.
- Manda ele vir logo. – disse, sentando-se ao lado do , na beirada do palco. Todos me olhavam, enquanto eu fazia a ligação.
- !? Onde foi que você se meteu? – Eu perguntei, assim que ouvi a voz do do outro lado da linha.
- Eu ia te ligar mesmo. – disse com toda a calma do mundo. – Eu não vou poder levar vocês embora. Peguem carona com o e avisa a mãe que não vou almoçar em casa. – disse, todo empolgadinho.
- Ok, mas... a está com você? – Eu perguntei, preocupada.
- Está, . – afirmou, sabendo quais conclusões eu tiraria.
- Uhhh... Cuida bem da minha amiga, hein? – Eu precisava fazer um deboche.
- Muito engraçadinha, né?! – forjou uma risada. – Tchau, ! – disse, demonstrando estar com pressa para desligar a ligação. Eu, com certeza, estava atrapalhando alguma coisa. Desliguei o celular e todos esperavam que eu dissesse algo.
- E ai? – perguntou, curiosa.
- Ele disse que é pro nos dar carona. – Eu disse, olhando para o dito cujo. – E que é pra eu avisar a minha mãe que ele não vai almoçar em casa. – Eu disse, sem conseguir controlar o riso.
- Ele está com a ? – perguntou, surpresa.
- Está! – Eu respondi com um sorriso malandro.
- Esse é o meu garoto! – gargalhou.
- Ele estava com pressa. Acho que eu estava atrapalhando alguma coisa. – Eu fiz careta.
- Eles não estão no colégio. Devem ter saído e eu não vi. – continuava rindo, enquanto negava com a cabeça. – Bem, vamos! Eu levo vocês. – disse, saltando da beirada do palco e ficando em pé.
- E vai caber todo mundo no carro? – perguntou, enquanto andávamos em direção ao portão de saída do colégio.
- Eu faço caber! Se for preciso, as garotas vão no colo dos meninos. – disse, sabendo que ouviria reclamações.
- Vai sonhando! - respondeu imediatamente.

Não demoramos muito para chegar no carro, pois o não tinha estacionado o carro tão longe. Encaramos o carro e trocamos olhares, como se disséssemos: ‘não vai caber!’. Éramos uma turma grande, por isso é que nós costumávamos a usar dois carros: o meu/do meu irmão e o do . De qualquer forma, nós iriamos tentar! e foram os primeiros a entrar no banco de trás. foi logo em seguida.

- Vocês estão brincando? Eu não vou caber ali! – disse, irritada.
- Claro que vai! Senta no colo do ! – deu a solução mais óbvia e malandra. Eu havia entendido o que ele estava tentando fazer. Boa, !
- Até parece! A vai no colo dele. Eu vou na frente! – afirmou com autoridade.


- Deixa de frescura! Você vai atrás e a vai na frente comigo. – disse, fingindo bancar o autoritário.
- Não acredito que vocês vão me forçar a isso! Eu realmente preciso de um carro. – entrou no carro completamente contrariada.
- Nem ouse encostar essas suas mãos em mim. – disse, sentando-se no colo do .
- Ei, ei! Vai com calma ai, garota! – disse, contrariado com o jeito que havia se sentado em seu colo.

Assim que a sentou-se, eu me sentei no banco da frente, ao lado do . estava sentada na beirada do colo do e estava agarrada ao banco da frente para ter o menor contato possível com ele.

- Eu vou ser a primeira, né? – disse, referindo-se a quem seria a primeira pessoa a ser deixada em casa.
- Vai. – disse, segurando o riso. A casa da era a que ficava mais perto do colégio, por isso, ela seria a primeira. Assim que chegamos na casa dela, ela saiu do carro o mais rápido que conseguiu. Foi muito difícil não rir de toda a situação. Ela se despediu de todos sem muita paciência. A noite que passamos em claro também era responsável por tamanha impaciência.
- De nada, . – ironizou, assim que saímos da frente da casa da .
- Você é uma bicha mesmo. – tentou manter-se sério, mas ele não conseguiu por muito tempo.
- A bicha mais solidária do mundo, né? – gargalhou.
- Ei! Não se empolga, não! – fingiu estar bravo. Eu não parava de rir.
- Nossa! Mas vocês só sabem ficar se insultando. Vocês não cansam, não? – rolou os olhos.
- É claro que não! Eu também sei elogiar e você sabe muito bem disso. – deu o seu melhor sorriso para a , que demonstrou indiferença. Eu, e trocamos olhares, enquanto tentávamos segurar o riso.
- Essa foi péssima, . – Eu não aguentei.
- Eu também sei insultar muito bem. Quer ver? – ironizou. e gargalharam na mesma hora. ficou com um bico enorme.
- As tiradas da são as melhores. Não vou negar: sou fã. – comentou.
- As tiradas dela são tão boas quanto as da ! Não consigo escolher a melhor. – disse, fazendo com que o parasse de rir na mesma hora e o olhasse com cara feia.
- Ué! Parou de rir por quê? – usou o seu tom vingativo.
- Isso não foi legal, Jonas. – disse, tentando demonstrar indiferença.

Provocações à parte, seguiu deixando cada um em sua respectiva casa. foi o próximo. Ele bem que tentou uma reconciliação com a antes de descer do carro, mas seu beijo foi imediatamente recusado.

- Ok, agora você pode me contar! O que aconteceu entre vocês dois? – Eu me virei imediatamente para o banco de trás e perguntei para a .
- Eu flagrei ele conversando com aquela líder de torcida ridícula, que vive dando em cima dele. – fez cara de nojo.
- A Jessie? – Eu perguntei só para irritar o . Eu sabia de qual líder de torcida ela estava falando.
- Muito engraçada! – forçou uma risada.
- E depois, ainda veio bancar o santo pra cima de mim. – esbravejou.
- Posso falar uma coisa, ? – interrompeu a nossa conversa.
- Pode. – deu toda a atenção a ele.
- Você pode até achar que eu estou tentando limpar a barra do , mas não é isso, ok? O cara gosta mesmo de você. Ele só fala de você. Ele só fala de como você é incrível e bonita, ou de como você faz bem pra ele. – disse, mantendo a devida atenção ao trânsito.
- Onde você quer chegar, Jonas? – interrompeu.
- Eu acho que vocês devem parar com essas frescuras de uma vez por todas. Todos já sabem que vocês se gostam. Por que não dar uma chance pra vocês dois? – aconselhou, me surpreendendo. Eu não sabia que ele entendia tanto sobre o assunto.
- Ok! Quem é você e o que você fez com o meu amigo? – perguntou com seu jeito debochado.
- Cala a boca. – engoliu o riso.
- Eu prometo que vou pensar nisso, Jonas. – disse, parecendo um pouco mais calma. As palavras do realmente tinham feito ela pensar.

Seguindo com as caronas, foi a próxima a ser deixada em casa. Ela se despediu de todos nós com um beijo carinhoso e parecia estar um pouco mais pensativa que o normal. Depois dela, foi o próximo, o que significava que eu e o acabaríamos ficando sozinhos no carro.

- Tentem não se matar. Ok, crianças? – brincou, enquanto saia do carro.
- Engraçadinho. – Eu fiz careta, enquanto negava com a cabeça. Ele se despediu de mim com um beijo no rosto e se despediu do com um aperto de mãos.

Estávamos finalmente sozinhos naquele carro e, no primeiro momento, ficou um clima bem estranho. Sabe quando você quer falar, mas não sabe ao certo o que dizer? Era exatamente isso o que nós dois sentíamos. Um pouco mais de 3 minutos de silêncio e eu resolvi me manifestar.

- Foi legal o que você disse pra . Eu acho que acabou abrindo os olhos dela. – Eu disse, sem olhá-lo.


- Eu espero que sim. – deixou um sorriso escapar. Ele ficou feliz com o simples elogio. Novamente um estranho silêncio.
- E quanto ao e a ? Você acha que algum dia eles vão se acertar? – Eu perguntei, tentando puxar assunto.
- Eu acho que sim. – disse, sendo extremamente objetivo.

A clara falta de interesse dele nas minhas perguntas fizeram com que eu me sentisse uma completa idiota. Com isso, passamos o resto do caminho até a minha casa em silêncio. manteve-se totalmente sério durante todo o trajeto e confesso que acabei ficando intrigada. O que tinha acontecido com ele? Quando chegamos na minha casa, ele simplesmente desligou o carro e esperou que eu saísse. Ele nem sequer me olhou.

- Ok! Posso saber por que você está me tratando assim? – Eu perguntei, impaciente. Eu não tinha feito nada para merecer aquele tratamento tão frio.
- Não é nada. – respondeu, sem me olhar.
- Nada? Você não respondeu direito as minhas perguntas e nem está conseguindo olhar pra mim. – Eu insisti.
- , a aula de sociologia já acabou. Isso não está valendo mais nota nenhuma. Não precisa fingir que se importa, não precisa fingir ser legal, ok? – finalmente me olhou.
- Fingir? E quem disse que eu fingi? – Eu arqueei uma das sobrancelhas. De onde ele tinha tirado aquilo?
- Você disse! – afirmou. Eu disse? Demorei alguns segundos para me recordar do que ele estava falando e fui obrigada a reconhecer: eu tinha mesmo dito que só nos demos bem durante o trabalho de sociologia porque valia nota.
- Está bem, eu disse! Mas eu só falei por falar. – Eu ergui os ombros, tentando demonstrar que as minhas palavras não tinham tido significado algum.
- E como eu vou saber se você não está ‘falando por falar’ de novo? – me encarou, curioso pela minha resposta.
- Se você me conhece tão bem quanto você diz que conhece, vai saber que não estou mentindo. – Eu me mantive séria para que ele tivesse certeza que eu não estava brincando.
- Ok, . – suspirou, contrariado. Ele não acreditava em mim.
- Isso é sério, Jonas? – Eu perguntei, perplexa. Ele achava mesmo que eu era esse tipo de pessoa? Ele achava mesmo que eu fingi ser alguém que eu não era por causa de alguns pontos de um trabalho do colégio?
- Eu já disse que está tudo bem, não disse? – disse, demonstrando uma certa frieza.
- Quer saber? Eu estou cansada, estou com sono e estou morrendo de fome. Tentar te entender é a última coisa que eu pretendo fazer nesse momento. – Eu disse, sem paciência alguma. Saí do carro e bati a porta propositalmente. Depois do que nós dois passamos juntos durante aquele trabalho de sociologia, ele ainda se achava no direito de me julgar?

Assim que eu bati a porta do carro, arrancou com o carro. Aparentemente, não estava tudo tão bem como ele havia dito. Entrei na minha casa tão incomodada com o que tinha acontecido, que eu nem quis almoçar. Eu tinha perdido a fome. Fui até a cozinha apenas para dar o recado do para a minha mãe. Depois disso, fui direto para o meu quarto. Eu precisava dormir.

só voltou para casa um pouco mais de 2 horas da tarde. Ouvi quando ele passou pelo meu quarto falando no celular com a . Ele estava todo animadinho, o que era muito suspeito. De qualquer forma, não adiantaria perguntar alguma coisa pra ele. Ele não me contaria. Se alguma coisa rolou entre ele e a , eu ficaria sabendo por ela.

Foram incontáveis as vezes que eu acordei durante a tarde. Aquela história com o estava literalmente tirando o meu sono. Mesmo sabendo que eu não tinha falado por mal, eu ainda estava me sentindo culpada por ter dito que só nos demos bem durante o trabalho por causa da nota. Foi só uma frase infeliz, que foi dita sem pensar. Sinceramente, eu não sabia o que mais me incomodava: o fato de eu ter dito aquela frase ou saber que eu fui verdadeira o tempo todo e, mesmo assim, o não conseguia acreditar em mim.

- Droga. – Eu suspirei antes de levantar da minha cama. Eu tinha que resolver aquilo ou eu também não conseguiria dormiria a noite (de novo).

Sem pensar duas vezes, fui até o quarto do para pegar a chave do carro. Quando entrei no quarto, percebi que ele estava dormindo, por isso, tive que pegar a chave com todo o cuidado do mundo. Minha mãe e o meu pai estavam trabalhando, ou seja, eu não tive que dar qualquer satisfação sobre onde eu estava indo e porque eu estava indo. Troquei rapidamente de roupa e mesmo parecendo um zumbi em pessoa, eu fui até a casa do cara que estava tirando o meu sono. Cheguei lá em poucos minutos e já fui logo tocando a campainha. Eu já estava quase desistindo, quando a porta foi repentinamente aberta.

- ? – abriu a porta com a roupa amassada, o cabelo bagunçado e com uma cara de quem estava dormindo.
- Oi! Eu preciso te levar em um lugar. – Eu disse, me segurando pra não rir da cara de sono dele.
- Hoje? Agora? Está maluca? – não entendeu o que estava acontecendo.
- É sério! – Eu disse, ficando impaciente.
- Pra onde? Por quê? – perguntou, confuso.
- Eu quero te provar que eu fui sincera em cada palavra. Eu quero te levar pra conhecer um lugar. Por favor! – Eu insisti.
- Você não precisa me provar nada. – negou com a cabeça, achando que era desnecessário.
- Eu sei que eu não preciso, mas eu quero! – Eu estava começando a ficar irritada. Por que tantas perguntas? Por que ele simplesmente não entrava no carro?
- Eu não vou a lugar algum com você! – manteve a sua decisão.
- Ok! Então, eu vou passar o resto dia aqui na frente da sua casa. Quando você resolver ir comigo, eu vou estar te esperando. – Eu disse, enquanto ia em direção ao carro. Entrei nele, liguei o rádio e cruzei os braços. Eu passaria o resto do dia ali se fosse preciso.
- Por mim, tanto faz! – erguei os ombros, demonstrando indiferença e fechou a porta.

Não demorou mais de 5 minutos para que a porta voltasse a ser aberta. Sinceramente, eu achei que demoraria muito mais tempo. Para a minha surpresa, o já tinha até trocado de roupa. Ele usava calça jeans, tênis e uma camiseta branca lisa. Observei ele se aproximar do carro visivelmente contrariado e eu só conseguia sentir orgulho de mim mesma por ter conseguido convencer aquele garoto tão teimoso.

- Vamos logo, antes que eu desista. – disse, assim que entrou no carro.

Eu simplesmente não sabia porque eu estava tão animada por estar fazendo aquilo com o . Eu nunca havia levado alguém a esse lugar. Por que logo ele? Eu não sei o que me deu. Eu não sei porque, de repente, isso se tornou tão importante pra mim. Dei a partida no carro e comecei a dirigir em direção ao lugar misterioso, que não ficava nem um pouco perto de onde estávamos. Na verdade, não ficava nem dentro da cidade.

- Pra onde você está me levando!? – perguntou, quando viu que estávamos saindo da cidade.
- Nós já estamos chegando. – Eu respondi pela vigésima vez nos últimos 15 minutos.
- Faz 10 minutos que você está falando isso! – resmungou.
- Que tal você parar de perguntar? – Eu olhei pra ele, mantendo um sorriso no canto do meu rosto.

Mais 10 minutos se passaram e nós finalmente chegamos ao nosso destino. Quer dizer, parcialmente ao nosso destino. Ainda tínhamos um caminho para percorrer a pé. Fiquei um pouco receosa de dizer isso a ele, mas considerando que já estávamos ali, ele não se negaria de fazer uma pequena caminhada.

- A pé? Você está brincando, não é? – fez careta. Nós já havíamos descido do carro.
- Não é longe! – Eu achei que isso o encorajaria.
- Eu ainda não sei o que estamos fazendo aqui. – mostrou-se contrariado, enquanto caminhava com certa dificuldade, por causa da grama alta.
- Para de reclamar e me ajuda aqui! – Eu rolei os olhos, irritada com tantas reclamações. Parei em frente a um buraco, pelo qual eu não costumava passar. Geralmente, eu fazia um outro caminho, mas como eu estava evitando a grama alta, eu teria que passar pelo buraco.
- Me dá a sua mão. – Como o estava um pouco mais adiantado, ele teve que voltar alguns passos para me ajudar. Ele parou do outro lado do buraco e estendeu suas mãos na minha direção. Eu as segurei e, com uma certa dificuldade, eu consegui passar pro outro lado.
- O lugar está bem pior do que estava na última vez que eu vim aqui. – Eu soltei a mão dele.
- Se você me trouxe aqui para tentar se aproveitar de mim, eu vou ficar chateado. – brincou, me fazendo gargalhar.
- Claro! Como se eu tivesse força o suficiente pra isso. – Eu neguei com a cabeça.
- Nunca se sabe, né? – sorriu, feliz por ter me feito rir.
- É bem ali! – Eu apontei, alguns passos antes de chegarmos no tal lugar misterioso.
- Uau! – disse, perplexo. A paisagem que estava diante dos nossos olhos era inexplicável. O sol fazia o contraste perfeito com as altas montanhas.
- Valeu a pena, não valeu? – Eu sorri, enquanto admirava a paisagem ao lado dele.
- Como você descobriu isso aqui? – perguntou, em êxtase.
- Quando eu era pequena, eu costumava vir aqui com a minha avó. – Eu ainda me lembrava das últimas vezes que eu estive ali com a minha avó. não soube o que dizer. Ele apenas ficou em silêncio por um tempo e depois se sentou ao meu lado, em uma pedra enorme que havia ali. Ele sabia que aquele assunto era delicado.
- Por que você me trouxe aqui, afinal? – perguntou, sem saber o que pensar. Seu olhar calmo e, ao mesmo tempo, tão doce me encarava.
- Bem… nós não estamos em uma aula de sociologia e isso também não está valendo nota alguma. – Eu ergui os ombros, enquanto sorria, sem jeito. Eu não sei porque dizer aquilo me deixou tão sem graça.
- Entendi. – sorriu, afirmando com a cabeça e deixando de me olhar. Ele também ficou um pouco constrangido. – Não precisava fazer isso. – voltou a me olhar. Ele não entendia porque eu estava tão preocupada com o que ele pensava de mim agora, sendo que isso nunca foi uma preocupação pra mim. A verdade é que eu estava louca para provar para ele que ele estava muito enganado sobre mim.
- Olha, me desculpa pelo que eu disse, ok? – Era péssimo o fato de eu ter que me desculpar logo com ele, mas aquilo estava entalado na minha garganta. – Eu sei o que eu falei e eu sei que eu não devia ter falado, mas foi realmente sem maldade, . – Eu sabia reconhecer os meus erros. A primeira reação que ele teve foi sorrir pra mim, demonstrando surpresa.
- ‘’? Uau! Não é todo dia que você me chama assim. Eu gosto quando você me chama assim. – Ele riu de si mesmo. Ele tinha mesmo dito aquilo?
- Por quê? – Eu achei engraçado. Eu nem tinha reparado que eu tinha chamado ele pelo primeiro nome. Isso foi bem estranho.
- Eu não sei! ‘Jonas’ soa um pouco frio, distante, sabe? – Ele não soube bem como explicar, já que estava mais nervoso do que deveria.
- Todos chamam você assim. Até mesmo os garotos, e vocês são bem próximos. – Eu não sabia o que eu estava esperando ouvir dele.
- Eu sei, mas é diferente com você. – disse, parecendo confuso. – Ok, deixa isso pra lá. – Ele riu, frustrado.
- Ok! – O fato de mudarmos de assunto me deixou mais confortável. – Eu acho melhor nós irmos. Está anoitecendo e não vai ser nada fácil passar por aquele buraco no escuro. – Eu disse e ele pareceu concordar.
- Vamos. – Ele disse, descendo da pedra. Ele até pensou em me oferecer ajuda pra descer, mas eu estava com tanto medo que ele fizesse isso, que eu desci o mais rápido que eu consegui.

Seguimos em silêncio na direção em que eu havia estacionado o carro. me ajudou novamente a passar pelo buraco sem que eu precisasse pedir. Em poucos minutos, já estávamos de volta ao carro. Eu não sei porque tudo ficou tão estranho de repente.

- A sua avó deve ter demorado anos para achar esse lugar. – tentou acabar com o silêncio ensurdecedor que havia se estabelecido dentro do carro. – Tudo bem se falarmos sobre a sua avó... ou... – disse, preocupado.
- Não. Tudo bem! Não tem problema. – Eu sorri, tentando tranquilizá-lo.
- Esse lugar é incrível! – ainda estava maravilhado com o lugar.
- É, é incrível sim, mas nem pense em trazer outra pessoa aqui. Eu, você e a minha avó somos os únicos que sabemos da existência dele. – Eu disse em um tom de ameaça.
- Tarde demais! Agora, esse lugar também é meu. – estava apenas tentando me irritar.
- Uma ova! Esse é o meu lugar! – Eu não consegui me manter séria, porque eu sabia que ele estava brincando.
- Você rouba as minhas frases e eu não posso roubar o seu lugar? – argumentou, fingindo estar sério.
- Ok! É justo. – Eu acabei cedendo em meio a um sorriso. Mesmo com as brincadeiras um com o outro, voltamos a ficar em silêncio logo depois. parecia um pouco inquieto. Ele queria falar alguma coisa.
- Me desculpa também. – Ele disse, repentinamente, enquanto seus olhos observavam seus dedos das mãos brincarem uns com os outros.
- Pelo quê? – Eu perguntei, sem entender.
- Eu falei daquele jeito com você e ainda acabei te forçando, inconscientemente, a me trazer nesse lugar que era só seu e da sua avó. – disse, ainda cabisbaixo.
- Não tem problema. – Eu quis tranquilizá-lo. – Eu gostei de ter compartilhado ele com você. – Eu disse, sentindo as minhas bochechas rosarem. Ficar perto dele nunca me causou problemas. Por que isso estava acontecendo agora? O que mudou?
- E eu gostei de você tê-lo compartilhado comigo. – finalmente me olhou, mantendo um doce sorriso em seu rosto.
- Eu acho que a minha avó iria gostar de você e não se importaria de eu te levado até lá. – Eu sorri, sem jeito.
- Fico feliz com isso. – não conseguiu esconder o quão feliz havia ficado com o tinha escutado, mas isso não deixou tudo menos constrangedor. O constrangimento foi tanto, que não tivemos coragem de falar mais nada durante o resto do caminho até a casa dele. Em menos de 10 minutos, estávamos na casa dele.
- Está entregue. – Eu disse, parando o carro em frente à casa dele.
- É! Parece que sim. – mordeu o lábio inferior, sem saber muito bem o que fazer.
- Desculpa ter atrapalhado o seu sono. – Eu disse, lembrando da cara de sono dele, quando ele atendeu à porta.
- Tudo bem! Valeu a pena. – sorriu, me olhando. Ele parecia esperar alguma reação da minha parte.
- Bem, até amanhã, então. – Foi a melhor coisa que eu consegui dizer naquele momento.
- Até! – Havia um estranho sorriso no rosto ele, enquanto ele saía do carro. Aquilo era totalmente novo pra nós dois e não sabíamos como lidar com isso. já tinha saído do carro e eu estava prestes a respirar com alívio, quando ele curvou-se e colocou a cabeça na janela da porta do passageiro, apoiando seus braços no vidro totalmente abaixado. – Obrigado por hoje. – Ele disse com um sorriso maravilhoso, que chegou a me deixar zonza. Ele afastou-se do carro e eu ainda estava tentando responder.

Aquele sentimento estranho havia me deixado tão perturbada, que eu nem mesmo esperei que o entrasse em sua casa para que eu saísse com o carro. Além de todo o clima constrangedor, que eu ainda tentava interpretar, eu também estava morrendo de sono e fome. Apesar de tudo, havia sido um bom dia e aquela tarde não teria sido a mesma se o não tivesse lá.




Capítulo 7 – ABRINDO OS OLHOS



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





Na manhã seguinte, mais um dia de aula! Apesar de ter dormido muito bem durante a noite, eu acordei desejando continuar dormindo por mais 3 dias. Bem, é como dizem: querer não é poder. Tive que enfrentar o cansaço e o sono extremo e fui para o colégio com o meu irmão. Mesmo com as primeiras aulas, eu só acordei mesmo quando bateu o sinal do intervalo. Provavelmente, porque eu tinha algo realmente importante para fazer.

- Eu já volto, gente! Eu preciso falar com o Peter. – Eu disse, me levantando da mesa, onde estavam todos os meus amigos. Foi difícil não perceber os olhares que o passou a me lançar. Ele provavelmente estava achando que eu iria correr atrás do Peter novamente e eu realmente iria, mas não com o propósito que ele imagina.
- Peter, eu posso falar com você? – Eu disse ao me aproximar do grupo de amigos dele, que me olharam na mesma hora.
- Claro, . – Peter sorriu, parecendo estar de bom humor. Nos afastamos dos amigos dele e ele passou a dedicar a mim toda a sua atenção. – Então, tudo pronto pra amanhã? – Peter perguntou, referindo-se ao baile.
- É exatamente sobre isso que eu queria falar com você. – Eu forcei um sorriso. Eu estava decidida quanto ao que eu estava prestes a fazer, mas não era nada fácil falar isso para alguém, principalmente se esse alguém é o meu ex.
- Pode falar. – Ele sorriu, esperando que eu falasse.
- Eu acho que… – Eu hesitei antes de continuar. – Eu… não vou ao baile com... você. – Eu disse em meio a uma careta.
- Eu não entendi. – Peter se fez de desentendido.
- Peter, você sabe que o que tínhamos antes, não vai mais voltar. Não importa a quantos bailes nós formos. Nós estamos separados e é definitivo dessa vez. – Eu estava me sentindo um pouco mal por estar fazendo aquilo, mas era necessário.
- Eu achei que você ainda fosse nos dar uma chance. – Peter disse, demonstrando estar mais irritado do que chateado. – Eu achei que você ainda sentia alguma coisa por mim. – Ele fez com que eu me sentisse ainda pior.
- Eu sei! Me desculpa se, em algum momento, eu acabei te dando alguma esperança com relação a isso. – Eu disse, chateada. Eu não achei que fosse ficar tão mal por estar fazendo aquilo. Talvez, eu realmente deveria dar uma outra chance para ele, mas eu sabia muito bem o tipo de garoto que o Peter era e, por isso, nós nunca daríamos certo. Ir ao baile com ele só seria um motivo para voltar a sofrer por ele e, honestamente: eu já estava muito perto de superar!
- Você arrumou um outro par, não é? – Peter resolveu tirar satisfações.
- Não, não é isso. – Eu neguei com a cabeça. Ele não tinha escutado nada do que eu tinha dito? – É que... eu cansei de dar tanta importância a quem nunca me deu valor. – Eu disse, me sentindo vitoriosa. Era tão bom poder (finalmente) jogar isso na cara dele.
- Olha, eu não sei o que deu em você e, sinceramente, não me importa. Depois de tudo o que nós passamos, eu esperava um pouco mais de consideração da sua parte! É bom que você saiba o que está fazendo, porque eu não vou te dar outra chance, quando você se der conta da besteira que fez! – Peter esbravejou. Orgulhoso como sempre foi, ele provavelmente estava se sentindo muito humilhado. Que coincidência, não é? Eu me lembro muito bem de me sentir humilhada, quando o colégio todo comentava sobre a suposta traição dele.
- Não se preocupe! Isso não vai acontecer. – Eu disse com firmeza. – Eu sinto muito, Peter. – Apesar das grosserias dele, eu ainda tentava ser respeitosa com ele em consideração a tudo o que vivemos juntos.

Um peso enorme parecia ter saído das minhas costas. Eu não tinha um par pro baile pela primeira vez em anos e eu estava extremamente feliz com isso. Eu estava me sentindo muito mais leve e, consequentemente, mais feliz. Voltei a me aproximar da mesa dos meus amigos e percebi que todos me acompanhavam com o olhar, especialmente o .

- Mas o que aconteceu!? – perguntou, assim que eu me sentei ao seu lado. Ela estava curiosa. Todos estavam curiosos.
- Eu… acabei de dispensar o meu par pro baile! – Eu sorri, orgulhosa de mim mesma. Todos se entreolharam. também me pareceu bem orgulhoso e contente com a notícia.
- Como assim!? – disse, arregalando os olhos.
- O Peter fez alguma coisa pra você? Se fez, é só falar que eu quebro a cara dele agora mesmo. – disse, mostrando-se o amigo protetor que ele sempre foi.
- Não. Ele não fez nada. – Eu gargalhei. – A decisão foi minha. Todos sabiam que nós dois jamais daríamos certo. Por que ficar perdendo o meu tempo? – Eu tentei explicar a eles.
- Uau! Estou orgulhosa de você! – passou o seu braço pelo meu corpo e me abraçou de lado.
- Finalmente! – sorriu, satisfeito.


- É... Demorou, mas ela finalmente viu que ela não era garota pra ele. – concordou com o amigo, tentando manter um sorriso discreto em seu rosto.
- Eu nunca gostei dele mesmo. – ergueu os ombros, demonstrando-se indiferente com a perda do cunhado.
- Mas... então, mudando de assunto: vocês vão ao jogo hoje, né? – perguntou, direcionando a pergunta para as meninas.
- Vamos. – respondeu em nome de todas, já que já havíamos combinado de ir ao jogo anteriormente.

Não dava para negar o quão feliz o havia ficado com o meu término com o Peter. Os outros ao nosso redor provavelmente não perceberem, mas eu acabei notando. Porém, a felicidade dele não me trouxe qualquer estranheza. Eu tinha certeza que o único motivo da sua felicidade era o fato de que o Peter, seu maior desafeto, tinha levado um grande fora. Sem qualquer desconfiança por detrás daquela felicidade, todos nós continuamos conversando até a hora que o sinal nos obrigou a voltar para a sala de aula para assistir as últimas aulas do dia. Quando o último sinal bateu, nos encontramos no pátio e fomos direto para a campo, onde os meninos iriam jogar.


- Eu já disse que adoro essas regatas que o usa antes dos jogos? – suspirou, assim que entramos no ginásio. Aparentemente, eles não estavam mais brigados.
- É... eu acho que vocês já voltaram às boas. – concluiu, olhando para a amiga.
- Ontem, ele apareceu na minha casa com um buquê de rosas maravilhoso! Não teve como resistir. – explicou-se, sem jeito.
-Que fofo! – comentou com os olhos brilhando. Aliás, ela tem andado tão sentimental ultimamente. Eu acho que o meu irmão poderia ter alguma coisa a ver com isso.
- E o , ? – perguntou com um sorriso malandro.
- O que tem ele? – fez-se de boba.
- , eu sei que você e o meu irmão estão juntos. – Eu já fui logo dizendo para deixá-la ciente. Ela me olhou, surpresa. Eu diria até que ela ficou bem sem graça.
- , você é uma das minhas melhores amigas e eu não me sentiria bem ficando com o seu irmão sem o seu consentimento. – sorria, mas parecia estar nervosa.
- Você está brincando? ! É claro que você tem o meu consentimento! Ele merece uma pessoa maravilhosa como você. – Eu sorri pra , tentando tranquilizá-la. Ela me abraçou na mesma hora.
- Ok! Agora conta: quantas vezes vocês já ficaram? – interrompeu, curiosa.
- Uma vez! Eu realmente não me sentia bem fazendo isso, sem que a soubesse. – explicou.
- Foi ontem, né? Durante o trabalho de Sociologia. – deduziu.
- Foi. – confirmou, começando a ficar corada.
- Que lindos. – Eu disse, totalmente comovida. Eles faziam um casal tão bonitinho.
- Parem com isso! E, por favor, não falem nada para os garotos. O é que vai contar pra eles. – pediu.
- Não vamos falar nada. – Mais uma vez, a falou por todas nós.
- Mas e você, ? Quantas vezes você e o já ficaram? – aproveitou a deixa.
- Algumas vezes. – fez careta.
- Ele é tão apaixonado por você! – Eu comentei, encantada.
- E eu acho que estou apaixonada por ele também. – finalmente assumiu.
- Isso é tão lindo! – suspirou.
- E você, ? Quando vai dar uma chance pro ? – segurou o riso.
- Gente, por que vocês insistem tanto nisso? – rolou os olhos.
- Ele é tão a fim de você! E nós sabemos que você é a fim dele também. – a pressionou.
- Eu não sou a fim dele! – a corrigiu.
- , alguma vez você já conseguiu mentir pra nós? – Eu a olhei, arqueando a sobrancelha.
- Isso não é justo! – riu, sem jeito. – Ele é bonitinho. Só isso! – disse, ficando vermelha. – Mas ele também é chato e insuportável. – rolou os olhos.
- Mas você também não pega tão leve com ele, não é? – Eu disse em tom de julgamento. Antes que ela respondesse, o juiz do jogo deu início à partida.
- O jogo vai começar! Vamos esquecer isso. – aproveitou para fugir da discussão.

Eu e as meninas voltamos toda a nossa atenção para o jogo, que começou muito parado. Ninguém conseguia chegar ao ataque e, consequentemente, fazer o gol. A torcida estava quase dormindo na arquibancada. Todos os titulares estavam em campo, ou seja, o Peter também estava lá, mas pela primeira vez, o fato de estarmos no mesmo lugar não me incomodava. Não demorou muito para que o time do colégio finalmente conseguisse fazer o seu primeiro gol. Foi o quem marcou.

- Boa, Jonas! – Eu gritei, logo depois de comemorar o gol. Diferentemente dos outros jogos, o não foi dar um beijo na namorada após o gol.
- Parece que o relacionamento do com a burra parece estar esfriando. – observou bem.
- É, parece. – concordou.

Após o gol do , o jogo voltou a esfriar. Mesmo com a vitória, o Peter demonstrava estar bastante irritado em campo. A implicância dele com o chegava a atrapalhar o seu jogo e gol feito pelo desafeto fazia com que ele se autopressionasse ainda mais. A irritação dele chegou ao limite depois do perder um gol feito. Peter foi pra cima dele, furioso.

- PASSA A BOLA, IDIOTA! – Peter esbravejou.
- PRA QUE? VOCÊ NÃO FARIA O GOL MESMO! – revidou, aumentando a fúria de Peter, que foi segurado por e . segurou o , que não costumava fugir de uma briga.
- A SUA CARA PODE TER CERTEZA QUE EU QUEBRO, SEU MERDA! – Peter disse, tentando se desvencilhar do e .
- NÃO FOI ISSO O QUE ACONTECEU DA ÚLTIMA VEZ! – disse com um sorriso de deboche no rosto, deixando Peter mais irado do que nunca. Ele referia-se a última briga que eles tiverem, em que o deixou um dos olhos de Peter roxo. Peter não conseguia se acalmar e por isso, foi retirado de campo e substituído por outro jogador.

- EU ACABO COM VOCÊ! – Peter não conseguia se acalmar e, por isso, teve que ser substituído no jogo.
- É... o clima esquentou. – comentou, fazendo careta.
- Eles sempre se odiaram, né? – comentou.

Após a saída do Peter de campo, o jogo ficou um pouco melhor, mas não foi o suficiente para que o time do colégio saísse do placar de 1x0, que acabou sendo o placar final do jogo. Combinamos com os meninos de comemorarmos a vitória deles no ‘Starbucks’, por isso, tivemos que ficar esperando eles saírem dos vestiários, o que levou algum tempo.

- Vocês deveriam ter soltado o Peter! Eu ia adorar deixar o outro olho dele roxo. – riu, cheio de marra.
- Estão vendo? Eu disse que vocês adoram uma briga! – relembrou uma conversa que tivemos recentemente sobre o assunto.
- Se nós não brigássemos, quem defenderia vocês, garotas? – argumentou.
- Mas tem hora certa pra isso, não é? – disse, fazendo careta pro .
- O que foi? Ele me provocou primeiro! – se defendeu.
- Ele estava irritado por causa do fora que levou da e quis descontar no . – gargalhou.
- Eu não me importo nem um pouco. – ergueu os ombros, demonstrando indiferença. Nossos olhos se cruzaram por um momento e acabamos sorrindo espontaneamente com a situação.

Continuamos com a conversa, enquanto almoçávamos. Não pudemos ficar tanto tempo com os garotos, pois precisávamos ir para casa para acertar os últimos detalhes do baile, que aconteceria na noite seguinte. Pela primeira vez, eu iria ao baile sem um acompanhante. As pessoas provavelmente iriam estranhar e o colégio todo comentaria sobre o assunto, concluindo o meu término com o Peter, mas sabe qual a melhor parte? Eu não estava nem um pouco preocupada.




Capítulo 8 – HERÓI DO BAILE



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





- Anda logo, ! – gritou mais uma vez do andar inferior da casa. Eu estava acabando de me arrumar para o baile.
- EU JÁ ESTOU INDO! - Eu gritei, irritada. Ele estava me apressando desde que eu comecei a me arrumar! Custava esperar mais um pouco? Eu já estava praticamente pronta! Eu já estava vestida ( VEJA AQUI ) e maquiada. O cabelo estava preso e tinha algumas pontas soltas na frente e atrás. Só faltava a sandália e o perfume. Fiz isso em questão de segundos e desci às pressas, tentando evitar novos gritos do meu irmão.
- ATÉ QUE ENFIM! – suspirou, enquanto levantava-se abruptamente do sofá, pronto para me dar uma bronca. Ele finalmente me olhou. – Uau! Você caprichou hoje, hein? – ficou tão surpreso, que precisou comentar.
- Muito obrigada. – Eu pisquei um dos olhos para ele e ele sorriu.

Antes de sairmos de casa, nossos pais nos deram as recomendações básicas de sempre, como: a hora de voltar para casa e nada de bebidas alcoólicas. Como se já não tivéssemos escutado aquelas regras mais de 50 vezes! Além disso, nós estávamos indo a um baile do colégio. Não era como se pudéssemos voltar para casa com coma alcoólico.

- Nós vamos direto pro colégio. O pegou carona com o . – me avisou, antes de entrarmos no carro.
- Ainda bem. Nós já estamos atrasados. – Eu disse, entrando no carro.
- E quando é que nós não estamos atrasados, ? – me olhou com cara de tédio.
- Nem vem! A sua namorada demora muito mais tempo do que eu para se arrumar. É melhor se acostumar. - Eu argumentei. riu, sem jeito.
- ‘Minha namorada’. – Ele ironizou, negando com a cabeça..
- Todo mundo sabe que você e a estão juntos. Nós podemos pular a parte em que você finge que não está acontecendo nada. – Eu rolei os olhos e me olhou na mesma hora. Ficou se perguntando como é que eu já sabia sobre ele e a , mas resolveu deixar para conversar sobre o assunto em um momento mais tranquilo.

Em minutos, estávamos no colégio. A decoração estava maravilhosa. Eles sempre investiam bastante na decoração do baile, mas naquele ano ele haviam se superado. Entramos no colégio e fomos até o ginásio, que era onde ficava o salão principal do baile. Ao chegarmos, começamos a procurar um rosto conhecido.

- Ali! O está ali. – disse, me arrastando até uma das mesas.
- Atrasados, como sempre! – reclamou, assim que nos aproximamos. Ele e a maioria dos meus amigos estavam ali, inclusive o . Senti os olhares dele sobre mim, mas não consegui olhá-lo.
- Foi culpa da , como sempre! – rolou os olhos.
- Ok! Fui eu! Qual o problema!? – Eu assumi a responsabilidade.
- Pelo menos, valeu a pena! Você está linda, ! – disse, carinhosamente.
- Está mesmo, . – sorriu. Ela estava bem ao lado do .
- Bem, muito obrigada. – Eu agradeci, sem graça.
- O seu vestido é incrível! – Jessie elogiou, olhando fixamente para o meu vestido. Jessie? O que ela estava fazendo ali?
- Obrigada, Jessie! – Eu disse, forçando um sorriso.
- Oi, Jonas. – Eu disse, sem jeito. Eu tive que cumprimentá-lo, já que ele estava bem ao lado da Jessie.
- Hey. – Ele sorriu fraco. Ele estava elegante. Calça social, uma camiseta cinza lisa e um blazer por cima.
- ! Você está muito gata! – disse, escandalosamente.
- Obrigada! Você também está linda! – Eu disse, olhando o lindo vestido dela.
- Você sabe que terá que me emprestar esse vestido um dia, não sabe? – perguntou, rindo.
- Sem problemas! – Eu ri, sem emitir qualquer som. Eu me sentei entre o e a . e Jessie estavam sentados na minha frente.
- E ai, o que vocês estão comendo? – Eu perguntei, olhando a mesa cheia de comida.
- Bem, tem de tudo. – olhou pra mesa.
- É, estou vendo mesmo. – Eu quase ri. Tinha mesmo de tudo ali.
- Sério. Esse refrigerante está com gosto de água. – disse, fazendo cara de nojo, depois de tomar quase metade do copo de refrigerante.
- Eu vou provar. – Eu disse, colocando um pouco de refrigerante no meu copo. Tomei um gole e quase cuspi tudo na mesma hora.
- Acho que você concorda comigo. – gargalhou.
- Gosto de água? Isso está com gosto de estragado. – Eu fiz cara de nojo.
- Eles devem ter pegado os refrigerantes que sobraram do baile do ano passado.. – disse, fazendo com que todos gargalhassem.
- Com certeza! – Eu concordei aos risos. – Eu lembro de ter sobrado muito refrigerante. – Eu disse, sem conseguir parar de rir.
- Pelo menos esses salgados estão comíveis. – sorriu pra mim.
- É, principalmente esse aqui. – Eu disse, pegando um dos salgados.
- Eu prefiro esse aqui. – pegou outro salgado. – Eu ainda não consegui identificar o recheio, mas está ótimo. – Ele completou.
- Isso é camarão. – Eu fiz careta.
- E qual o problema com o camarão? – perguntou, curioso. Jessie parecia incomodada com a conversa.
- Eu até gosto, mas faz mal pro meu estômago. – Eu expliquei. Eu e o estávamos tendo outra conversa civilizada. Isso é bom! Quer dizer, estamos evoluindo, certo?
- Eu como de tudo. Não tenho frescuras. – ergueu os ombros.
- Eu só queria saber como você não engorda. – disse, indignada.
- Engordar é para os fracos. – riu, se gabando.
- Duvido você falar isso pro vice-diretor do colégio. – disse, fazendo todos gargalharem. O diretor do nosso colégio era ‘gordinho’, sabe?
- Ah! Para! Ele é fofinho. – falou como se estivesse falando de um filhote de gato.
- Mais fofo do que eu? – perguntou, fazendo bico.
- Jamais! – piscou um dos olhos para o meu irmão, fazendo com que todos na mesa dissessem um ‘own’ prolongado.
- Não comecem! – pediu, contrariado.
- , vamos dançar? – Jessie perguntou repentinamente para o . Acho que ela não estava gostando da conversa e da companhia.
- Agora? – fez careta.
- Sim! Agora. – Jessie respondeu, me olhando feio. O que foi que eu fiz?
- Está bem. Vamos. – cedeu, visivelmente contrariado. Tinha várias outras pessoas dançando, quando o e a Jessie chagaram no meio do salão. Eu os observei de longe. Ela colocou os braços em torno de seu pescoço e ele colocou os braços dele em torno da cintura dela.
- É oficial! Ela me odeia. – Eu comentei de maneira bem-humorada. Não queria que pensassem que aquilo me chateava.
- Ela odeia todo mundo. – rolou os olhos.
- E o nem é pau mandado, né? – comentou, fazendo careta.
- Eu não sei o que ele ainda está fazendo com ela. – disse, indignada. Eu não me manifestei sobre o assunto. Era melhor assim.
- Bem, já que estamos em um baile. Vamos dançar? – mudou rapidamente de assunto, enquanto estendia uma de suas mãos na direção da .
- Claro. – sorriu, abobalhada. Ela estava visivelmente apaixonada pelo meu irmão.
- Vamos lá também? – perguntou para o , que concordou com a cabeça. Na mesa, restaram eu, a e o .
- Que legal! Estou de vela. – Eu disse, rindo da minha própria tragédia.
- Não está nada. – revirou os olhos, enquanto o fingia que não tinha escutado.
- Por que vocês não vão dançar? – Eu dei a ideia.
- Ninguém me convidou. – forçou um sorriso. Soou como uma indireta, né? Na hora, eu chutei o por debaixo da mesa. Ele parecia ter acordado de um transe. Ele fez uma careta, enquanto me dizia algo sem imitir som. Eu respondi da mesma maneira, dizendo que era para ele convidar ela para dançar.
- Bem… – Ele parecia nervoso. – Você… quer… dançar, ? – gaguejou como nunca.
- Eu até iria, mas eu não vou deixar a aqui sozinha. – disse, sorrindo pra mim.
- Então, eu vou levar as duas pra pista de dança. Vem… – disse, levantando-se da mesa. Ele nos arrastou até a pista de dança. A música era bem agitada, então dava para dançar em trio. Pior seria se a música fosse lenta.

O e a , a e o estavam dançando bem ao nosso lado. O e a Jessie também estavam próximos, mas eles pareciam estar tendo uma briga.

- Qual o problema, Jess? Fala de uma vez. – perguntou, impaciente. Ele já estava irritado de vê-la emburrada.
- Você e aquela garota não paravam de conversar um minuto. Você nem estava dando atenção pra mim! – Jessie finalmente revelou o drama.
- Eu não estava conversando só com ela. Eu estava conversando com todo mundo. – respondeu.
- E os olhares? Eu vi vocês trocando olhares! – Jessie argumentou novamente.
- Olhares? Mas que olhares? Está maluca? – riu.
- Não me chama de maluca! – Jessie esbravejou.
- Ok, desculpa. – suspirou. - Dá pra você esquecer isso? Vamos aproveitar o baile. – sugeriu e a Jessie concordou.

Eu continuava me divertindo com a e com o , que era um péssimo dançarino. A cada passo de dança dele, nós duas morríamos de rir. Estávamos tão distraídos, que não vimos o Peter se aproximar. Ele me abordou repentinamente.

- Você quer dançar? – Peter perguntou com um copo nas mãos. Eu não consegui identificar a bebida no copo dele, mas pelo estado em que ele se encontrava, eu tinha certeza que era alguma coisa alcoólica. Essa era uma das coisas que eu odiava nele.
- Não, Peter. Obrigada. – Eu disse, tentando ser educada.
- Eu sei que você quer. – Peter disse, me puxando pelo braço.
- Me solta. – Eu puxei o meu braço com força.
- Algum problema aqui? – se aproximou, encarando o Peter.
- Não. Nós já terminamos a nossa conversa. – Eu disse, afastando o dali. Eu não queria briga. – Nem pense nisso. – Eu disse, assim que levei ele pra bem longe do Peter.
- Deixa ele chegar perto de você de novo pra ele ver. – ameaçou.
- Ei! Para com isso! – Eu pedi, aumentando o tom de voz. Eu queria que ele soubesse que eu estava falando sério. – Vamos voltar a dançar! – Eu disse, levando ele ao local onde estava.
- O que aconteceu? – perguntou, sem entender.
- Nada. Nós já resolvemos! Vamos dançar. – Eu disse, mudando de assunto rapidamente.

Depois de algumas músicas, o parecia ter se acalmado. Eu estava feliz por ver que ele e a se dando bem, mas eu estava ciente de que as brigas provavelmente voltariam a acontecer no dia seguinte. Nós estávamos dançando como se nada tivesse acontecido, quando a música parou repentinamente. A diretora do colégio estava no palco e saudaria os alunos, como ela costumava fazer todos os anos.

- Boa noite a todos! – Ela disse, fazendo com que os alunos voltassem toda a sua atenção para o palco. – Eu espero que estejam se divertindo e que aproveitem bastante o baile. Nós fizemos tudo isso pensando em vocês. – A diretora foi aplaudida por todos. Ela não gostava de se prolongar para não atrapalhar o baile. Ainda haviam aplausos, enquanto ela descia do palco.
- Esperem! Eu tenho uma coisa pra falar! – Uma voz conhecida se sobressaiu entre os aplausos. Meu coração parou quando eu vi o Peter em cima do palco. Ele estava com um microfone nas mãos.
- Ah, não. – Ouvi a suspirar ao meu lado.
- Eu quero mandar um recado pra minha ex-namorada. É isso mesmo, pessoal! Ex-namorada! – Peter estava visivelmente embriagado. – Eu sei que ela está aqui em algum lugar. – Peter esforçou-se para me encontrar no meio da plateia.
- Não… – Eu suspirei, sem conseguir me mover. Os olhos dele me encontraram e ficaram fixos em mim, enquanto ele sorria.
- Aí está você! – Ele apontou o dedo na minha direção. Todos me olharam. - Adivinha só, ? Eu te trai sim! E foi mais de uma vez! Na verdade, eu mal consigo contar quantas vezes foram. – Peter disse, quase gargalhando. Meus olhos imediatamente se encheram de lágrimas. As palavras doeram, mas a humilhação pública estava doendo muito mais. Eu não queria chorar.
- Coitada. Provando do próprio veneno. – Jessie comentou, rindo.
- Cala essa boca, Jessie. – a fuzilou com os olhos, antes de largá-la sozinha. Ele deu alguns passos em direção ao palco.
- E sabe do que mais? Eu nunca amei de você! Você era só mais um dos meus brinquedinhos. – Peter riu debochadamente. Eu não consegui controlar as minhas lágrimas, que escorreram involuntariamente pelo meu rosto. Todos olhavam pra mim. Alguns riam e outros me olhavam com pena. Não achei que voltaria a sentir aquela sensação sufocante, que os olhares de pena me causavam.
- Eu vou lá! – disse, indignado.
- Não! Fica na sua. – disse em tom de ordem. Ela sabia que se o subisse lá, a briga era certa. Ele não gostou da ordem, mas obedeceu. Ele sabia que eu não queria que ele fizesse isso.
- Você pode arrumar quantos caras você quiser, mas você sempre continuará sendo a mesma vagabunda chorona que você sempre foi! – Peter disse, mostrando-se irritado. Eu suspirava com dificuldade em meio as lágrimas. As palavras me atingiram em cheio.

Aquelas palavras me atingiram em cheio. Peter sabia exatamente como me machucar. Ele estava prestes a falar mais alguma coisa, quando alguém o impediu. Quando eu vi, o já estava em cima do palco. Ele foi pra cima do Peter com uma raiva jamais vista. Peter levou um forte soco no rosto e desabou no palco.

- Cuidado com o que você fala, seu idiota! – esbravejou, olhando ele no chão.
- Você é que está sendo idiota, Jonas! Está cometendo o mesmo erro que eu! Ela só vai te usar e depois vai jogar fora! – Peter disse, colocando a mão no olho em que havia levado o soco.
- Cala a boca! – gritou, pronto para socá-lo mais uma vez, mas o chegou a tempo para segurá-lo. – Me larga! – Ele tentou se desvincilhar das mãos do amigo.
- Não vale a pena, Jonas! – tentou acalmar o . Ao perceber o que estava acontecendo, subiu no palco e foi pra cima do Peter. o segurou antes que ele conseguisse fazer alguma coisa.


- Limpa a porcaria da sua boca pra falar da minha irmã, seu filho da… – gritou, furioso.
- Eu não preciso falar mais nada. Você sabe muito bem a irmã que tem. – Peter disse, enquanto se levantava. ficou maluco!
- Agora, eu acabo com você. – disse, tentando se desvencilhar das mãos do .
- PAREM! – Eu gritei aos prantos. O e o olharam pra mim e pareceram se acalmar no mesmo instante em que viram o estado em que eu me encontrava.

Os olhares, a humilhação, a pena e os risos pareciam me matar. Eu precisava sair dali, eu precisava ficar sozinha. Segurei a barra do meu vestido com uma das mãos e sai correndo e chorando mais do que nunca. O salto dificultou um pouco a minha corrida, mas eu consegui sair pelo portão do colégio antes que alguém me alcançasse. Olhei para os lados e sem saber para onde ir, acabei indo em direção a uma pracinha, que havia ali do lado do colégio. Sentei no primeiro banco que encontrei. Ninguém me encontraria ali. Era exatamente isso o que eu queria.

- Desçam dai! - gritou para os garotos, que ainda estavam no palco.
- Tente se aproximar dela novamente! – disse em tom de ameaça, depois que o o soltou. Peter não teve coragem de responder. Ele simplesmente desceu do palco com a mão no olho roxo.
- Está avisado! – gritou na direção do Peter, enquanto descia do palco ao lado do .
- Vocês estão bem? – disse, preocupada com os garotos.
- Cadê a ? – perguntou, ignorando a pergunta da amiga. Ele estava preocupado comigo, pois ele sabia como eu estava me sentindo. Ele era a única pessoa que sabia dos meus dramas e traumas do passado.
- Eu não sei. Ela saiu correndo. – disse, angustiada.
- Tudo bem, gatinho? – Jessie se aproximou, fingindo estar preocupada com o .
- Eu estou bem. – respondeu, sem olhá-la.
- Ela não está com celular? – perguntou, tentando ajudar.
- Não. – respondeu, sabendo que eu não tinha levado qualquer tipo de bolsa para o baile.
- Vamos procurar ela. – sugeriu.
- Vamos! Cada um vai pra um lado. Quem encontrar ela, avisa os outros. – gostou da ideia.
- Eu vou nas salas do segundo andar. – disse, saindo.
- Eu e a vamos nas salas do primeiro andar. – disse, segurando a mão da e saindo ao lado dela.
- Eu e a vamos nos banheiros. – disse, saindo junto com a .
- Eu vou dar uma olhada no pátio. – disse pro .
- Eu vou dar uma volta por ai. – não especificou. Ele estava nervoso e preocupado. Ele sabia que eu estava precisando dele.
- Você não vai atrás dessa garota, . – Jessie entrou na frente do namorado.
- É claro que eu vou! – debochou da namorada, passando por ela.
- Se você for… nós vamos ter que dar um tempo, . – Jessie disse, alcançando ele novamente. Ela imaginou que a sua ameaça faria com que ele desistisse de ir atrás de mim. parou e a olhou, sem qualquer paciência.
- Quer saber? Eu vou facilitar as coisas pra você, Jessie. – sorriu falsamente. – Acabou! – manteve o sorriso no rosto. Jessie nem teve tempo de responder, pois ele saiu rapidamente e a deixou falando sozinha no meio do ginásio. O estava desesperado para me achar, mas ele não conseguia me encontrar em lugar algum. Ele olhou por todo o ginásio, na diretoria, na cantina e em cada centímetro daquele colégio. – Droga, ! – suspirou, frustrado.

Ele não sabia mais onde procurar. Já sem esperanças, passou pelo portão do colégio e parou em frente ao colégio. Foi até o meio da rua e olhou para ambos os lados. Quando ele me viu sentada em um dos bancos da praça, o sorriso aliviado no rosto dele foi impagável. Antes de se aproximar, ele pegou o celular dele e ligou para o para acalmá-lo.

- Encontrei ela. – disse em um tom baixo. Ele não queria que eu escutasse.
- Graças a Deus! Ela está bem? – perguntou, ainda preocupado.
- Ela está bem. Eu vou tentar acalmá-la, ok? Pode deixar que eu levo ela pra casa. – disse, tentando acalmar o meu irmão.
- Beleza! Eu vou avisar o resto do pessoal. Obrigado, cara. – agradeceu, antes de desligar a ligação.

Sem tirar os olhos de mim, desligou o celular e se aproximou lentamente. Quando chegou um pouco mais perto do banco onde eu estava sentada, ele percebeu que eu ainda estava chorando. Minha cabeça estava tão longe, que eu mal percebi que ele se aproximava.

- Você não deveria sumir desse jeito. – A voz dele me assustou. Só me acalmei na hora em que eu levantei a minha cabeça e vi o ali na minha frente.
- Eu estou aqui, não estou? – Eu disse, passando uma das mãos pelas minhas bochechas, tentando secar as lágrimas antes que ele as visse.
- Tudo bem se eu sentar aqui com você? – perguntou, apontando para o lugar vago ao meu lado.
- Tudo bem. – Eu disse, me esforçando para não voltar a chorar. sentou-se ao meu lado, apoiou os cotovelos em suas coxas e passou a encarar o chão, assim como eu.
- Você sabe que ele não merece as suas lágrimas, não sabe? – perguntou, receoso com a maneira que ele estava começando aquela conversa. Ele se sentia muito mal por me ver daquele jeito.
- Eu sei. – Eu disse em meio a um fraco sorriso.
- E você sabe que pode desabafar comigo, não é? – perguntou ao virar o seu rosto para me olhar.
- Eu sei. Eu agradeço, mas… Eu estou bem. – Eu tentei dar o meu melhor sorriso. Eu queria que ele acreditasse no que eu estava dizendo.
- Eu sei que você não está. – negou com a cabeça, mostrando-se preocupado.
- Eu estou bem. – Eu reafirmei. Ao perceber que eu não conseguiria continuar segurando as minhas lágrimas, eu me levantei do banco. – É melhor você voltar pro baile. – Eu disse, me mantendo de costas pra ele.
- Pode falar, . – manteve-se sentado. Poucas lágrimas escorriam espontaneamente pelo meu rosto.
- Falar o que? – Eu perguntei, sem olhá-lo.
- Falar o que você precisa falar. – levantou-se do banco e foi até mim, entrando na minha frente. Olhei pra ele e tudo o que eu via no rosto dele era preocupação. Eu sabia exatamente o que ele queria que eu falasse pra ele.
- Eu não estou bem, . – Eu cedi, aos prantos. Eu não costumava dizer isso com tanta frequência. Em um momento de impulso e necessidade, eu o abracei com toda a força que eu consegui. se surpreendeu com o abraço. Um fraco sorriso surgiu no canto do rosto dele, enquanto ele colocava seus braços em torno do meu corpo e me abraçava forte.

O abraço dele me passou toda a segurança e calma que eu tanto precisava. Era como se os braços dele fossem a minha armadura. Era como se mais ninguém no mundo pudesse me machucar de novo. Chorar nos braços dele era muito melhor do que chorar sozinha na minha cama. A presença dele fazia toda a diferença. Uma das mãos dele acariciava o meu cabelo e a outra apertava o meu corpo contra o dele.
- Shh… – Ele queria muito me acalmar. – Vai ficar tudo bem. – sussurrou em meu ouvido. Eu continuava chorando e não pararia tão cedo. – Olha pra mim. – Ele pediu, afastando o seu corpo do meu. Levantei o meu rosto para olhar no rosto dele. Encarei os olhos dele, que pareciam reparar atentamente nos detalhes do meu rosto. – Você está tão bonita! Você não deveria estar chorando. – sorriu, visivelmente sem jeito. Ele aproximou uma de suas mãos do meu rosto e carinhosamente secou uma das lágrimas em minha bochecha.
- Bonita? A minha maquiagem deve estar toda borrada. – Eu ri de mim mesma, enquanto passava as mãos pelo meu rosto, tentando limpar um pouco do rímel que havia escorrido dos meus olhos. sorriu, negando com a cabeça.
- Deixa de besteira. Não há nada de errado com você. – discordou.
- É o meu último baile da primavera. Eu deveria estar dançando e não chorando. – Eu afirmei, visivelmente chateada. Eu me formaria no colégio naquele ano e estava jogando o meu último baile de formatura fora.
- Espera. Talvez, ainda dê tempo de salvarmos o seu último baile. – sorriu, como se tivesse tido uma ideia.

A frase dele me deixou extremamente curiosa. Olhei para ele com desconfiança e o vi colocar uma de suas mãos em seu bolso. tirou o celular do bolso e começou a mexer com ele. Eu continuava olhando para ele, tentando decifrar o que ele tinha em mente. Ele colocou o celular sobre um dos bancos a nossa volta segundos antes de uma música começar a tocar. Eu ainda estava confusa, quando o veio até mim e estendeu uma de suas mãos na minha direção.

- Gostaria de dançar comigo, ? – Ele tentou se manter sério. Deixei de olhá-lo por poucos segundos para olhar para a mão dele, que ainda estava estendida. deixou um lindo sorriso escapar, quando ele me viu sorrir pela primeira vez naquela noite.
- Eu gostaria. – Eu estava extremamente surpresa e encantada com a atitude dele. Levei a minha mão ao encontro da dele e ele me puxou para mais perto. Ele deslizou uma de suas mãos até a minha cintura e eu subi uma das minhas mãos até o ombro dele. – ‘Hey Jude’ ? – Eu perguntei, reconhecendo a música dos ‘Beatles’ que estava tocando no celular dele.
- Eu ficaria decepcionado se você não conhecesse a música. – Ele brincou. Estávamos dançando uma valsa. Uma valsa bem mais lenta, mas era uma valsa. Ele ergueu uma das minhas mãos para me girar. Girei uma, duas, três vezes! Ele ainda finalizou jogando o meu corpo lentamente para trás, enquanto ele me segurava. Quando ele me puxou para frente novamente, a aproximação exagerada entre os nossos rostos causou um clima estranho.
- Você até que dança bem. – Eu disse a primeira coisa que me veio à cabeça.
- E por que você parece tão surpresa? – Ele perguntou, me arrancando um novo sorriso. – Seu sorriso é tão bonito. Você não deveria perder o seu tempo chorando. – disse, depois de olhar sutilmente para os meus lábios.
- Eu prometo que vou me lembrar disso. – Eu fiquei visivelmente sem graça, mas as bochechas levemente rosadas dele fizeram com que eu me sentisse um pouco mais à vontade. Quando a música acabou, nós tivemos que nos afastar.
- Você deveria estar dançando com o seu par do baile e não comigo. – Eu me senti mal por ter estragado o baile dele.
- A partir de agora, você é o meu par. – disse, sem dar mais detalhes. Eu fiquei extremamente surpresa.
- E o que a sua namorada pensaria disso? – Eu fiz careta, sabendo que aquilo não era certo.
- Que namorada? – sorriu, pronto para dar a notícia.
- Você tem mais de uma, por acaso? – Eu arqueei uma das sobrancelhas e começou a rir.
- É claro que não! Sou homem de uma só garota. – respondeu, fingindo estar indignado com a minha insinuação. Eu gargalhei ainda mais. Aquilo soava tão ridículo vindo dele!
- Eu estou falando da Jessie! – Eu disse como se fosse óbvio.
- Bem… nós terminamos. Na verdade, eu terminei. – disse, esperando para ver a minha reação.
- Terminou? – Eu fiquei tão surpresa, que cheguei a ficar desconsertada. – Mas… você estava dançando com ela há menos de 40 minutos! – Eu disse, ainda sem acreditar. O que será que tinha acontecido?
- Eu me dei conta de que não posso namorar alguém que te odeia, . – disse em meio a um sorriso descontraído.
- Você sabe que o ódio que ela sente de mim é recíproco, né? – Eu forcei um sorriso. Eu nunca tinha dito aquilo em voz alta, por isso, achei que isso poderia decepcioná-lo.
- Eu sei. – Ele cerrou os olhos, mas manteve o sorriso. – Você é transparente até demais quando se trata do seu ódio. – completou.
- Eu não tenho nada contra ela, mas… Superficialidade não é uma das qualidades que eu admiro, sabe? – Eu fiz uma careta e ele voltou a rir.
- Sei! E ela tinha isso de sobra. – sorriu sem mostrar os dentes e coçou a cabeça. Nós gargalhamos juntos por alguns segundos.

sabia exatamente como me distrair. Eu havia acabado de passar por uma humilhação pública e, de repente, estava eu ali, rindo com ele. A melhor parte é que eu sabia que ele estava fazendo isso de propósito. As brincadeiras cessaram e eu voltei a ficar séria. Eu ainda estava me sentindo um pouco culpada por ter feito ele perder o seu último baile da primavera. Não me parecia muito justo.

- O que foi? – perguntou, tentando entender o motivo do meu silêncio repentino.
- Você está perdendo o seu baile por minha causa. Desculpa. Eu não queria te causar problemas. – Eu disse, visivelmente chateada. Ele não tinha que passar por aquilo comigo. Ele não tinha a obrigação de me consolar.
- Tudo bem. Você não me causa problemas. – negou coma cabeça em meio a um fraco sorriso. Nós andávamos pela praça, enquanto conversávamos. – Quer saber qual o único problema que você pode me causar? – Ele perguntou, me fazendo olhá-lo. Fiquei curiosa. – Você e as garotas ganharem aquela viagem para Nova York. Nesse caso, eu ficaria bem chateado. – manteve-se sério, mas eu comecei a rir.
- Me desculpa, mas eu não vou poder te ajudar nisso. – Eu ergui os ombros, fingindo lamentar.
- Eu esperava que você fosse dizer isso. – rolou os olhos, tentando não sorrir.

Depois de mais um momento de descontração, voltamos a ficar em silêncio, enquanto continuávamos andando pela praça. Parecia que queríamos continuar a conversa, mas não sabíamos como fazer isso. Essa amizade repentina entre nós ainda era um pouco estranho para nós dois. andava com suas as mãos nos bolsos da calça e os meus braços estavam cruzados, por que eu estava com um pouco de frio.

- Você está com frio? – perguntou ao me ver com os braços cruzados. – Eu posso te emprestar… – Ele começou a dizer, mas eu o interrompi.
- Não. Tudo bem! Daqui a pouco eu já vou pra casa, então… – Eu tentei evitar que o clima estranho entre nós piorasse.
- Tudo bem nada! Olha só! Você está toda arrepiada! – disse, enquanto tirava o seu blazer. – Veste isso. – disse, entregando o seu blazer em minhas mãos. Eu hesitei um pouco antes de pegá-lo.
- Já que você insiste. – Eu acabei cedendo. Vesti aquele blazer, que ficou ridiculamente enorme em mim.
- É… Eu acho que ficou grande. – gargalhou.
- Você acha? – Eu ri sem emitir som, enquanto olhava para o blazer.
- Ficou grande, mas ficou muito… bonito em você. – pensou em desistir de sua frase, mas já era tarde. Ele falou sem pensar. – O que eu quero dizer é que… combinou com o seu vestido. – tentou consertar em meio a um sorriso nervoso.
- Talvez eu use ele no próximo baile. – Eu brinquei para tentar deixá-lo menos nervoso e constrangido.
- Eu te empresto. Sem problemas. – Ele afirmou, enquanto me olhava e nós dois acabamos rindo juntos.
- Tem certeza de que você não está com frio? Se você estiver, eu devolvo. Tudo bem. – Eu disse, vendo que o também estava arrepiado.
- Não precisa. Eu estou bem. – recusou na mesma hora. Perceber que ele estava passando frio e mesmo assim insistia em ser tão gentil comigo, definitivamente mexeu comigo. Depois de poucos segundos de silêncio, consegui coragem para perguntar algo a ele.
- Posso te perguntar uma coisa? – Eu perguntei, visivelmente nervosa. Nós continuávamos andando lado a lado pela praça.
- Depende. – me olhou, desconfiado.
- É, sério! Eu posso? – Eu tentei me manter séria para que ele percebesse que eu realmente estava falando sério.
- Eu sei que vou me arrepender disso, mas… pode! – concordou, demonstrando um certo receio.
- Promete que você vai ser sincero? – Eu esperei que ele prometesse.
- Você está me assustando! – voltou a me olhar com desconfiança. – Mas… sim. Eu prometo. – Ele finalmente prometeu.
- Por que você terminou com a Jessie? – Eu sabia que a pergunta era indiscreta, mas eu realmente fiquei curiosa. Depois daquela noite, eu achava que tinha um pouco de intimidade para fazer esse tipo de pergunta.
- E por que você deu o fora no Peter? – devolveu a pergunta, depois de pensar por poucos segundos em sua resposta.
- Eu perguntei primeiro! – Eu cerrei os olhos.
- E eu fui o último! Nunca ouviu falar que ‘os últimos sempre serão os primeiros’? – argumentou em meio a um sorriso.
- Ok! Eu respondo a sua pergunta se você me prometer que vai responder a minha também. – Eu respondi, impondo a condição.
- Eu prometo! – não hesitou um só momento.
- Certo. – Eu achei graça da velocidade com que ele aceitou a minha condição. – Eu dispensei o Peter porque… – No primeiro momento, eu não soube como explicar. – Bem, eu sabia que nós nunca daríamos certo. Por que eu deveria tentar mais uma vez? Pra sofrer tudo de novo? Não. Eu não quero. Obrigada. – Eu disse, percebendo que o me olhava com muita atenção e intensidade.
- E como você sabe que vocês nunca dariam certo? – fez uma nova pergunta.
- Eu não sei! Eu acho que eu não faço o tipo dele, sabe? – Eu não soube explicar direito.
- Qual é, ! – Ele rolou os olhos. – Você faz o tipo de todo mundo. – disse com tanta espontaneidade, que eu cheguei a ficar sem jeito. Assim que ele percebeu que eu fiquei envergonhada, ele também ficou desconsertado. Uma breve troca de olhares e sorrisos constrangedores acompanhou a minha falta de coragem para responder à afirmação dele.
- É sua vez de responder a minha pergunta. – Eu achei melhor mudar de assunto.
- Eu terminei com a Jessie porque… – procurou as palavras certas. – Eu… já estava de saco cheio dela. Você sabe como ela é e… cansou. – respondeu sem demonstrar qualquer sofrimento. – E também porque… – Ele ia dizendo, quando sorriu de forma inesperada.
- O que foi? – Eu sorri, sem entender.
- Bem… Ela estava com ciúmes de você. – disse de maneira debochada para demonstrar que estava ciente de que não havia qualquer motivo para que ela sentisse ciúmes.
- Estou me sentindo ainda mais culpada. Fiz você perder o seu baile e a sua namorada! – Eu neguei com a cabeça.
- Não é culpa sua. Eu terminei com ela porque eu quis e eu estou aqui com você porque eu quero. – afirmou, tentando fazer com que eu me sentisse menos culpada. Além de me sentir menos culpada, eu também fiquei muito feliz com o que eu tinha acabado de ouvir. Impressionante a capacidade dele de me surpreender. Eu não consegui dizer nada, mas acho que o meu sorriso disse mais do que qualquer outra frase.
- Eu deveria avisar o meu irmão e o resto do pessoal que eu estou bem. Eles devem estar preocupados. – Eu mudei novamente de assunto.
- Eu avisei eles que tinha te encontrado. Aliás, só eu que vou te levar pra casa. – avisou.
- Tudo bem. – Eu concordei. – Nós já podemos ir? – Eu perguntei. Eu fiquei com receio que ele achasse que eu queria ir embora porque a conversa não estava interessante. A verdade é que eu estava cansada. O dia não havia sido bom. Eu precisava da minha cama. Eu precisava dormir.
- É claro que sim. O meu carro está daquele lado. – apontou. Andamos até o carro dele e entramos no carro.

O silêncio foi soberano durante todo o trajeto do colégio até a minha casa. Muita coisa já havia sido dita naquela noite e o medo de estragar o que havíamos construído naquela noite era enorme. Ao chegarmos em frente a minha casa, ele desligou o carro. Aparentemente, o ainda não tinha chegado do baile, pois o carro não estava na garagem.

- Acho que chegamos. – Eu disse a primeira coisa que me veio em mente. Eu estava tão nervosa e não conseguia entender o porquê. Por que eu estava agindo daquele jeito?
- É… Eu acho que sim. – Ele sorriu, tentando não demonstrar o seu nervosismo.
- Então… nos vemos por ai. – Eu disse. ‘Nos vemos por ai’? Eu não falo esse tipo de coisa.
- Nos vemos por ai. – Ele disse com um sorriso meio desconsertado. Parecíamos dois idiotas. Eu estava prestes a sair do carro, mas eu não consegui sair sem antes fazer uma coisa.
- Ok. Eu preciso te falar uma coisa. – Eu volta a olhá-lo. Foi difícil conseguir falar alguma coisa, enquanto nos olhávamos. Eu meio que travei.
- Fala. – Ele me incentivou a falar. Eu respirei fundo, sem saber como dizer aquilo. Eu tinha receio que aquilo não soasse da maneira que eu queria.
- Muito obrigada. – Eu deixei de olhá-lo por poucos segundos.
- Pelo que? – perguntou, sem fazer ideia do quanto ele estava me torturando. Voltei a olhar para ele, tentando encontrar forças para responder a sua pergunta.
- Você sabe… por tudo. – Eu comecei a dizer. – Por ter ficado comigo essa noite, por ter me feito esquecer, por alguns minutos, de tudo o que aconteceu, por ter dançado comigo no meu último baile da primavera e, principalmente, por ter me feito tão bem essa noite. – Eu estava tão sem graça, que estava surpresa por não ter gaguejado metade da frase. Era o que eu precisava dizer e também o que ele merecia ouvir.
- Tudo bem. Não precisa agradecer. – Ele negou com a cabeça, enquanto sorria fraco. – Eu não teria me divertido tanto se tivesse ficado naquele baile. – queria que soubesse. A frase dele desencadeou uma nova troca de olhares.
- Era só isso. – Eu interrompi a intensa troca de olhares, tentando acabar com aquela estranha sensação de que tinha milhões de borboletas no meu estômago. – Então… - Em um momento de impulso, eu me aproximei dele e beijei o seu rosto. – Boa noite. – Eu disse, assim que terminei o beijo. A pele dele tinha um cheiro tão bom, que me deixou um pouco desnorteada. Senti minhas bochechas corarem, quando ele me olhou com o sorriso mais desconsertante que eu já havia visto na vida.
- Boa noite, . – Ele disse. Aquela foi a minha deixa para sair do carro. Bati a porta do carro e me afastei sem ter coragem para olhar para trás.

Andei em direção a porta, enquanto me xingava mentalmente. Qual era o meu problema? Foram incontáveis o número de besteiras que eu tinha falado e feito naquela noite. Eu não era assim! Isso nunca tinha me acontecido. Quando cheguei na porta da minha casa, me dei conta de que o carro do ainda estava no mesmo lugar. Ele estava esperando que eu entrasse na casa para ter certeza de que eu estava bem e segura. Fechei a porta, sentindo um enorme alívio.

Subi a escada com a barra do meu vestido nas mãos, entrei no meu quarto e fui imediatamente até o espelho. Eu precisava ver a situação em que eu me encontrava. Meu cabelo estava praticamente solto e a maquiagem estava levemente borrada. Eu não estava tão quanto eu imagina. Fui ao banheiro para jogar uma água no meu rosto e tirar qualquer vestígio de choro que ainda pudesse existir ali. Olhei novamente no espelho, mas dessa vez no espelho que ficava no banheiro e encarei os meus olhos de perto, percebendo que eles estavam bem claros naquele dia. Me lembrei da observação que o havia feito sobre os meus olhos durante o trabalho de sociologia e me peguei rindo sozinha.

- Ohh! Não acredito. – Eu suspirei, percebendo que eu ainda estava vestindo o blazer dele. Encarei o espelho novamente, mas dessa vez dei atenção ao blazer. Um sorriso espontâneo surgiu no meu rosto, quando me dei conta de que ele realmente tinha ficado enorme pra mim. Analisei o blazer, enquanto tentava identificar o cheiro que eu tinha começado a sentir repentinamente. Demorei poucos segundos para constatar que aquele cheiro maravilhoso era o perfume dele, que ainda estava impregnado no blazer e, consequentemente, em mim.


Tirei o blazer, enquanto voltava para o meu quarto e o pendurei na cadeira da escrivaninha. Eu pretendia devolvê-lo para o no dia seguinte. Retirei o meu vestido e vesti o meu pijama. Deitei na minha cama e, diferente do que eu havia imaginado, meu travesseiro não estava molhado com as minhas lágrimas. Eu devia mais essa ao .




Capítulo 9 – FAZENDO O DESTINO ACONTECER



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





Por incrível que pareça, eu acordei muito bem naquela manhã. A minha única preocupação era o resultado do trabalho de sociologia que sairia naquele dia. Se eu e as garotas não tivermos tirado uma nota incrível, nós não iríamos para Nova York e, naquele momento, sair de Nova Jersey era tudo o que eu mais precisava. Portanto, aquele era um dia importante para mim. Acordei mais cedo do que o normal, pois não queria correr o risco de me atrasar.

- Bom dia, mãe. – Eu a cumprimentei ao chegar na cozinha.
- Oi, filha. Tudo bem? – Ela sorriu, carinhosamente.
- Tudo bem. – Eu afirmei, sorrindo.
- E o baile? Como foi? – Minha mãe quis saber.
- Inesquecível. – Eu ironizei, mas achei melhor evitar os detalhes.
- Que ótimo! – Ela não havia entendido a ironia. – O foi ao banheiro e já está descendo. Aproveita para ir tomando o seu café. – Minha mãe disse, colocando uma xícara em minha frente. Eu não estava com muita fome, mas tomei o café apenas para não fazer desfeita. não demorou muito para reaparecer na cozinha.
- Já levantou? – Ele mostrou-se surpreso ao me ver. – Você está bem? - referia-se ao ocorrido da noite passada. Ele estava preocupado.
- Eu estou bem. – Eu respondi, enquanto trocávamos olhares.
- Legal. Vamos? – sorriu, aliviado.
- Você num quer tomar café antes? – Eu perguntei, atenciosa. Eu sabia que ainda tínhamos um tempo.
- Não. Eu não estou com fome. – disse, colocando sua mochila nas costas.
- Então, hoje é o grande dia, né? – Minha mãe se referia às notas de sociologia.
- É hoje! - Eu fiz careta, demonstrando o quanto eu estava nervosa.
- Nova York está no papo! – afirmou, dando um beijo na minha mãe.
- Vai sonhando! - Eu empurrei um de seus ombros. Fomos juntos em direção à porta.
- Não se esqueçam de trazer os trabalhos pra mim. – Minha mãe gritou segundos antes de sairmos pela porta.

Eu e o fomos nos provocando no caminho até o carro, mas mantemos o silêncio, quando entramos no carro. ainda estava um pouco preocupado com o que havia acontecido na noite anterior e ele queria ter certeza de que eu estava bem, mas não sabia como fazer isso.

- Então, está tudo bem mesmo ou você só não queria preocupar a nossa mãe? – perguntou, medindo as palavras.
- Eu falei sério. Eu estou bem. – Eu olhei para ele, agradecida. Eu sabia que ele só estava preocupado.

Conforme nos aproximávamos do colégio, eu comecei a ficar um pouco mais tensa. Eu sabia que ao chegar no colégio, eu passaria a ser o assunto de todos e ainda teria que aturar os olhares de pena. O que realmente me tranquilizava era saber que os meus amigos estariam lá para me apoiar e isso incluía o . Eu ficaria bem.

Ao chegarmos no colégio, meu irmão estacionou o carro. Coloquei minha bolsa em um dos ombros e caminhei ao lado do pelo pátio do colégio. Eu não tinha coragem de olhar para frente, pois eu sabia o que teria pela frente. Andei olhando pro chão como se eu tivesse que ter vergonha de alguma coisa.

- E ai, cara! – Ouvi uma voz conhecida dizer. A voz pertencia a pessoa que havia acabado com o meu sofrimento na noite passada.
- Hey! – sorriu, enquanto eles faziam um toque de mãos qualquer. Levantei o meu rosto pela primeira vez naquele dia para olha para o . Nossos olhares se cruzaram no mesmo instante.
- Oi, . – disse com a voz um pouco mais calma, enquanto tentava manter o sorriso fraco em seu rosto.
- Hey. – Eu sorri, sem jeito.
- Esperem aí! A está me chamando ali. Eu vejo vocês depois. – disse, dando um tapinha no braço do . O fato de ficarmos sozinhos nos deixava um pouco desconsertados.
- Então, tudo bem? – tentou acabar com o clima estranho.
- Sim. Eu estou bem… E você, está bem? – Eu devolvi a pergunta, tentando não sorrir como uma boba.
- Eu também estou. – sorriu, sem jeito. Abaixei a cabeça novamente. Os olhos de toda a escola estavam voltados para mim, aliás, para nós. – Hey… – tentou chamar a minha atenção. Levantei o meu rosto para olhá-lo.
- O que? – Eu não queria que ele percebesse que eu estava um pouco chateada com toda a situação.
- Mantenha a cabeça erguida. Você não tem do que se envergonhar. Não fez nada de errado.– me aconselhou e sorriu de uma maneira que me fez perder até o rumo.
- Eu sei. – Eu afirmei com a cabeça.
- Sorria. – disse, olhando carinhosamente pra mim. Ele não parava de me surpreender.
- O que você está fazendo? – Eu perguntei com um sorriso bobo no rosto. Por que ele estava sendo tão legal comigo?
- Como assim? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Você está se importando comigo. – Eu mordi o meu lábio inferior, tentando tirar aquele sorriso idiota do meu rosto.
- Eu sempre me importei, . Você é que nunca notou. – riu, tentando esconder suas bochechas, que começavam a ficar rosadas.
- Em todo caso, obrigada! – Eu ri junto com ele. Em segundos, o já havia conseguido me fazer esquecer que a escola toda me olhava. Como ele conseguia?
- Tudo bem. – negou com a cabeça, enquanto colocava suas mãos no bolso de sua calça. Outro sinal de que ele estava tão sem graça quanto eu.
- E cadê todo mundo? – Eu tentei mudar de assunto.
- Eu acho que eles já subiram. – disse, enquanto nós andávamos lado a lado pelo pátio da escola.
- E você, por que ainda não desceu? – Eu estranhei. Ele sempre subia com os garotos. Principalmente nos dias em que eles tinham as primeiras aulas juntos, como era o caso naquele dia.
- Eu? Sei lá! Eu acho que precisava tomar um pouco de ar. – deu a pior desculpa que ele poderia dar.
- Tomar um… ar? – Eu segurei o riso.
- É! – afirmou, tentando parecer convincente.
- Sei.– Eu aceitei a desculpa, mas o tom de desconfiança prevaleceu.
- O que foi? – perguntou, sem entender.
- Por que você não subiu com os garotos, Jonas? – Eu insisti na pergunta. Para mim, ele estava esperando o Peter chegar no colégio para causar uma nova confusão.
- Eu queria ver se você estava bem, ok? – finalmente disse, irritado. – Está feliz? – Ele me deixou falando sozinha.
- Jonas! Espera! – Eu pedi, antes de ir atrás dele. O que eu tinha feito dessa vez? – O que foi que aconteceu? – Eu não entendi o motivo de ele ter se irritado.
- Por que você faz tantas perguntas? – suspirou, demonstrando impaciência.
- Qual é o seu problema? Você me trata bem e no segundo seguinte volta a agir como um idiota? – Eu perguntei, furiosa com a grosseria gratuita dele.
- Você não queria que eu descesse para a sala? Eu estou descendo. – disse, antes de me deixar falando sozinha novamente. Eu fiquei com muita raiva. Só não fui atrás dele para não piorar mais as coisas.

Cheguei na minha sala completamente indignada com a atitude do . Eu odiava ouvir grosserias sem ter feito nada para merecer tal comportamento! Em um minuto ele estava todo preocupado comigo e no outro me deixa falando sozinha! A raiva que eu estava dele não me deixou nem prestar a atenção nas aulas, que passaram muito mais rápido do que o normal. Passei a manhã toda respondendo aos meus amigos que eu estava bem. Todos estavam muito preocupados com o ocorrido da noite anterior. Quando eu me dei conta, já era a aula de sociologia.

- Se eles tirarem uma nota maior do que a nossa, eu me mato! – disse, nervosa.
- Nem brinca. – também estava aflita.

A Sra. Dark entrou na sala com a mesma calma de sempre. Ela carregava dezenas de trabalhos em suas mãos. Todos se entreolharam quando ela se sentou e colocou todos os trabalhos sobre a mesa. Meu coração estava disparado. estava quase tendo um ataque do meu lado.

- Eu deveria ter subornado ela. – suspirou, negando com a cabeça.
- Agora, já era! – fez careta.
- Bom, eu vou entregar o trabalho de vocês. – Sra. Dark disse, fazendo com o que silêncio permanecesse na sala de aula. Ela começou a chamar grupo a grupo até a sua mesa para pegar o seu trabalho. Estávamos prestes a ter um colapso, quando ela nos chamou. - , , e . – Sra. Dark disse em voz alta. Eu e as garotas nos entreolhamos e fomos até a mesa dela. – Parabéns, garotas. – Sra. Dark sorriu, entregando o nosso trabalho. A primeira coisa que fizemos foi olhar a nota. A nota era ótima, mas não deu nem para comemorar. Precisávamos saber a notas dos garotos.
- Parabéns? Isso quer dizer o que? – perguntou, desesperado. Ele tinha escutado o elogio de onde estava sentado.
- Quer dizer que nós estamos ferrados. – balançou a cabeça negativamente.
- , , e . – Sra. Dark disse na sequência. – Parabéns, garotos. – Sra. Dark repetiu o mesmo elogio. Eu e as garotas observávamos a reação dos garotos. Eles olharam imediatamente pra nós.
- É agora que nós rasgamos o trabalho deles? Se seus pais não verem o trabalho deles, não tem como eles provarem. – sussurrou, fazendo eu e as garotas rirmos.

Passamos o resto da aula nos entreolhando. Nenhum grupo sabia a nota do outro. Eu e as garotas tiramos ‘A’ no nosso trabalho. Um ‘A+’ dos garotos era o suficiente para tirar Nova York de nós. Estávamos todos muito receosos. Quando o sinal da última aula tocou, eu guardei o nosso trabalho na minha bolsa. Ambos os grupos saíram de forma discreta da sala de aula.

- E então? – perguntou como quem não queria nada.
- Então o que? – debateu, impaciente.
- Qual a nota de vocês? – perguntou, curioso.
- Fala a de vocês primeiro! – cerrou os olhos.
- Primeiro as damas. – sorriu, fingindo cavalheirismo.
- Cala a boca. Você nem é disso. – Eu rolei os olhos.
- Mostrem logo! – já estava sem paciência.
- Chega, vai! Ninguém vai querer mostrar. Vamos logo para a casa da e lá nós entregamos o trabalho pra mãe dela e vemos logo quem ganhou essa viagem. – aumentou o tom de voz, fazendo com que todos a olhassem de forma assustada.
- Ela tem razão! Vamos logo! – disse, indo em direção a saída da escola e sendo acompanhado pelo resto da turma.

Fomos para o estacionamento e entramos nos carros. Eu não consegui olhar pro uma só vez. Eu ainda estava muito irritada com ele. O silêncio permaneceu em ambos os carros. Estávamos muito ansiosos e nervosos. Chegamos na minha casa juntos. Saímos dos carros às pressas e entramos na minha casa de forma eufórica.

- Nossa! O que aconteceu? – Minha mãe se assustou com o barulho da porta.
- Mãe, pega os trabalhos logo e fala de uma vez quem vai pra Nova York! – Eu já não aguentava mais aquela tensão.
- Ok! Ok! Me deem os trabalhos. – Minha mãe disse, depois de rir da cara de desespero de todos nós.
- Está aqui. – entregou o trabalho na mão de minha mãe e eu fiz o mesmo. Todos estavam aflitos e olhavam para a minha mãe com receio. Ela olhava atenciosamente os trabalhos e demorou algum tempo para dizer alguma coisa.
- Bem… – Minha mãe arqueou a sobrancelha.
- Fala, mãe! – Eu disse, desesperada.
- O grupo que vai para Nova York é… – Minha mãe fez suspense.. – OS DOIS! – Ela disse, gargalhando.
- O QUE? – gritou.
- COMO ASSIM, MÃE?! – Eu estava em choque. Todo mundo estava em choque.
- Vocês tiraram notas iguais. – Minha mãe sorriu, satisfeita.
- Quando a senhora diz ‘TODOS’, a senhora quer dizer TODOS mesmo? – perguntou com os olhos arregalados.
- TO-DOS! – Minha mãe quase soletrou.
- Mas não eram só 4 pessoas? – perguntou, sem entender.
- Eu liguei para a Janice e ela deixou que todos vocês fossem. – Minha mãe não parava de rir das nossas caras de perplexidade. – Agora, é melhor vocês irem arrumar suas malas! O voo de vocês sai amanhã de manhã. – Minha mãe avisou como se fosse a coisa mais normal do mundo. Saímos da cozinha completamente chocados.
- Não acredito! – disse suspirou, revoltado.
- Nem eu! – cerrou os olhos pra mim. Eu também não estava feliz por ter que viajar com ele.
- Pra mim está ótimo! Vou estar com a minha garota e com os meus amigos. Melhor, impossível! – disse, abraçando a , que sorriu, envergonhada.
- E eu vou ter que aturar essa baboseira de vocês a viagem inteira, né? – reclamou.
- Baboseira nada, idiota! Isso é romântico! Você nem sabe o que é isso, né? – provocou. rolou os olhos, impaciente. Ele queria poder respondê-la, mas não deu tempo.
- Ok. Parem de brigar e vamos embora de uma vez! Temos muita coisa para arrumar. – interrompeu a discussão.

Como tínhamos muita coisa para arrumar, não combinamos de fazer mais nada naquele dia. Marcamos de nos encontrar no aeroporto na manhã seguinte, às 8 horas. Nosso voo sairia às 9:30. Passamos o dia arrumando nossas malas e dormimos bem cedo, já que teríamos que estar no aeroporto bem cedo.




Capítulo 10 – TURBULÊNCIA DE AMOR



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





- , você tem 15 minutos pra levantar e se arrumar. – gritou no meu ouvido. Eu ainda estava deitada na minha cama.
- Eu estou indo, idiota! – Eu rolei os olhos. Me levantei com toda a preguiça do mundo e fui, ou melhor, me arrastei até o banheiro. Me arrumei às pressas e desci as escadas com as minhas ‘pequenas’ malas nas mãos.
- Não te contaram que são só 4 dias? – fez careta ao ver a quantidade de malas que eu estava levando.
- Não te contaram que você é insuportável? – Eu respondi, irritada. A viagem mal tinha começado e ele já estava no meu pé!
- Não precisa dar chilique. Vamos de uma vez. – achou melhor não me irritar. Pegou as minhas malas e as levou até o carro.

Nós despedimos da nossa mãe, já que ela iria trabalhar naquela manhã. Os negócios da família não paravam nunca! Meu pai ficou responsável por nos levar no aeroporto. Ouvimos diversas regras e ordens durante todo o caminho até o aeroporto. A principal regra era: obedecer às exigências da tia Janice. Confesso que a grande ênfase quanto as exigências da tia Janice me deixou um pouco preocupada, mas nada que estragasse a viagem.

Chegamos no aeroporto exatamente às 8:00. Era um milagre não termos nos atrasado. Éramos ótimos nisso. Eu e o nos despedimos do nosso pai, depois que ele nos ajudou a tirar as malas do carro. Foram incontáveis as vezes que ele nos pediu para ter juízo. Coisa de pai, sabe?

- Está vendo alguém? – me perguntou, distribuindo olhares pelo aeroporto.
- Aquela não é a ? – Eu perguntei, ainda em dúvida.
- Eu acho que é! Vamos lá. – disse, arrastando as malas na direção em que a estava.
- ! – Eu a chamei em um tom de voz mais alto e ela se virou.
- Oi! Aí estão vocês! – Ela sorriu, empolgadíssima.
- Hey! – Eu sorri de volta.
- Só você chegou? – perguntou, preocupado. - A , a e o estão na lanchonete. O e o não chegaram ainda. – explicou.
- Eu vou ligar pra eles. – disse, pegando o celular.
- E nós vamos na lanchonete encontrar o resto do pessoal. – Eu avisei, antes de me afastar ao lado da . Ao chegarmos na lanchonete, todos estavam extremamente empolgados.
- e já chegaram? – quis saber.
- Ainda não. – respondeu.
- Tomara que o não chegue a tempo. – Eu deixei escapar, fazendo com que as garotas gargalhassem.
- Você não presta, . – ainda ria, enquanto negava com a cabeça.
- Ele vai passar a viagem toda me irritando mesmo. – Eu ergui os ombros, demonstrando indiferença.
- Falando de mim? – Uma voz disse atrás de mim. Rolei os olhos, olhando para a .
- De quem mais seria? – respondeu por mim aos risos.
- Ela finge que me odeia, mas eu sei que ela me ama. Não é, ? – provocou com o seu tom ridiculamente sarcástico, aparecendo do meu lado.
- Vai sonhando, Jonas. – Eu sorri cinicamente para ele.
- E o ? – interrompeu a discussão. Todos a olharam. Ela perguntando do ?
- Está na banca de jornal com o . – respondeu, segurando o riso.
- Foi só uma pergunta, gente. – se justificou, contrariada.

Fomos até um dos balcões do aeroporto para pegar as passagens, que já haviam sido compradas pela minha tia Janice. Ela era tão maravilhosa, que conseguiu comprar as poltronas próximas umas às outras. Fizemos o check-in e seguimos juntos até a fila de embarque.

- Será que vai atrasar? – perguntou, referindo-se ao voo.
- Eu acho que não. O dia está ótimo. – respondeu, enquanto observava o céu.

tinha toda a razão. No horário combinado, a fila de embarque já começou a andar. Começamos a entrar no avião um pouco mais de 9 horas. A aeromoça indicou a localização dos nossos lugares. Seguimos na direção em que ela havia apontado

- Sai fora, . A vai sentar comigo! – fingiu a grosseria, mas a brincadeira era real.
- Eu nem queria mesmo. – não queria atrapalhar o casal.
- Eu vou sentar com a . – disse com um sorriso malicioso.
- Como assim, ?! Você num vai segurar a minha mão? – Eu perguntei completamente em pânico. sempre segurava a minha mão quando viajávamos de avião. Eu morria de medo de ‘voar’!
- Não sou só eu que tenho mão aqui, . – respondeu, sem abrir mão de ficar perto da . Com isso, restaram apenas o , a e o . Nós estávamos de pé e nos entreolhamos. Eu sabia que deveria deixar o sentar com a , mas eu não queria ter que sentar com o .
- Então… – estava esperando que eu tomasse uma decisão.
- Está bem! Eu sento com você. – Eu cedi, contrariada. O e a trocaram olhares. Eu sabia que eles haviam gostado da minha decisão.

Eu e o nos sentamos lado a lado. A primeira coisa que eu fiz foi colocar os meus fones de ouvido. Eles me ajudariam a ignorar o fato de que ele estava ao meu lado. Eu obtive sucesso com esse meu plano nos primeiros 10 minutos, ou melhor, até o momento que o avião começou a decolar. Foi só a decolagem começar para que eu entrasse em pânico. A princípio, eu consegui disfarçar o meu desespero, mas o avião parecia balançar cada vez mais. Quando eu me dei conta, eu já estava agarrando os braços da minha poltrona com força. percebeu a minha mudança repentina de comportamento.

- Tudo bem? – Ele perguntou, sem querer demonstrar tanta preocupação. Eu mal conseguia falar, por isso, apenas afirmei com a cabeça. Meus olhos continuavam fechados. – Você quer alguma coisa? – voltou a perguntar, percebendo que eu estava aflita. Respondi sem dizer uma só palavra novamente, balançando a cabeça negativamente. Eu estava morrendo de medo, mas eu não podia dar o braço a torcer só por causa de um medo ridículo.
- , você está pálida! – estava realmente preocupado. – Tem certeza de que não precisa de nada? – estava começando a ficar assustado. Ele estava achando que eu estava tendo um treco.
- Me dá a sua mão. – Depois de muito hesitar, eu tive que ceder. Eu precisava daquilo ou eu morreria.
- O que? – achou que não tinha escutado direito.
- Me dá a sua mão! – Eu repeti, quase dando um soco na cara dele. Só não dei porque, se eu fizesse isso, eu teria que soltar o braço da poltrona.

Ainda surpreso com o meu pedido, estendeu uma de suas mãos na minha direção. Eu não pensei duas vezes antes de soltar um dos braços da poltrona e agarrar a mão dele com força. Ele também segurava a minha mão com força, tentando me passar toda a segurança que eu precisava.

- Hey. Relaxa! Está tudo bem. – estava realmente impressionado com a força que eu apertava a sua mão. Aos poucos, eu fui me acalmando e, com isso, fui diminuindo a força com que eu segurava a mão dele.
- Eu acho que já estou bem. – Eu respirei fundo antes de soltar uma das mãos dele. Voltei a segurar o braço da poltrona, mas com menos intensidade.
- Tem certeza? Eu posso pegar uma água, se você quiser. – sugeriu, tentando ajudar.
- Não precisa. Eu já estou bem. Obrigada. – Eu disse, sem olhá-lo. Eu ainda estava tentando me manter calma.

A viagem para Nova York não era nada longa. Durava um pouco mais que 30 minutos. Com isso, consegui conter o meu medo até o fim da viagem. Eu e o passamos o resto da viagem sem nos falar. Ter segurado a mão dele não mudava o fato de eu estar brava com ele. O avião aterrissou e depois de esperar algum tempo dentro do avião, pudemos descer e pegar nossas bagagens.

- Está vendo a sua tia em algum lugar? – me perguntou. Tia Janice tinha dito que viria nos buscar no aeroporto.
- Não. – Eu disse, olhando por todos os lados.
- Será que não é ela ali? – perguntou. Eu olhei para onde ele havia apontado.
- É ela! – Eu disse, surpresa. Ela estava maravilhosa! Ela era aquele tipo de tia: solteira, rica, jovem e linda.
- Vamos lá! – disse, empolgado. Mesmo com dificuldades de carregar as malas, fomos até a tia Janice. Apesar de toda a juventude dela, o ‘papo de tia’ era mesmo. Ela ficou um bom tempo falando do quanto eu e o havíamos crescido desde a última vez que ela nos viu. Interrompemos o ‘momento tia’ para apresentar os nossos amigos a ela. Ela foi muito simpática com todos. Esse era o tipo de pessoa que ela era.
- Vamos para casa, né? Meu avião sai em 3 horas e eu não posso me atrasar. – Tia Janice nos apressou, conduzindo todos nós até o ‘humilde’ carro dela. O carro era enorme! Coube todos nós lá dentro.

Como o aeroporto não ficava tão longe da casa, não demorou muito e já estávamos em frente da casa da tia Janice. Todos ficamos extremamente surpresos com a casa, que era simplesmente enorme. Apesar de ser a casa da nossa tia, eu e o não conhecíamos o lugar, pois ela havia sido comprada recentemente. Sinceramente, eu não sabia porque ela tinha uma casa tão grande, já que ela morava sozinha.

- Wow! Bela casa. – comentou ao descermos do carro.
- Obrigada, querido. – Tia Janice agradeceu. Todos os outros estavam surpresos demais para comentar qualquer coisa. Fomos em direção à entrada da casa. Tia Janice abriu a porta e pediu para que entrássemos.
- Fiquem à vontade. – Ela sorriu.

Entramos na casa e ficamos ainda mais perplexos. A decoração era absurda! No centro da sala havia uma escada enorme, que certamente nos levaria até os dormitórios. Do lado esquerdo ficava a sala de estar, que tinha um enorme sofá e uma TV gigante. O lado direito era decorado com uma grande mesa de jantar, um balcão e uma cozinha. Dava tranquilamente para fazer uma festa para 100 pessoas naquela casa.

- É enorme! – Eu pensei alto.
- Agora, vocês sabem porque eu preciso que vocês fiquem de olho na casa enquanto eu estiver fora. – Tia Janice disse.
- Deixa com a gente! Nós vamos cuidar muito bem de tudo. – disse, empolgado. Não tinha como não ficar empolgado com a ideia de ficar 4 dias naquela casa enorme com os seus amigos.
- Eu sei que vocês vão. – Tia Janice piscou um dos olhos. – Agora, subam e escolham seus quartos. Como só tem 4 quartos, 2 pessoas vão ter que ficar no mesmo quarto. Garotos com garotos e garotas com garotas, é claro. – Tia Janice nos olhou com um sorriso malicioso. Fingimos que não havíamos entendido a malícia na frase dela e subimos em direção aos dormitórios.

Depois de fazer um breve sorteio, definimos qual seria a divisão dos quartos. As divisões ficaram assim: e , e , e e eu e a . Com os quartos já definidos, colocamos nossas malas em nossos respectivos quartos e descemos para conhecer o resto da casa. Conhecemos os 4 banheiros, a sala de estar, a cozinha, o quintal e a piscina.

- Cara, eu amo a sua tia! – disse pro , enquanto eles encaravam a piscina.
- Acho que todos nós amamos ela nesse momento. – riu sem emitir qualquer som.
- Olha essa piscina! – disse, perplexa.
- Eu ainda não acredito que estamos aqui. – disse com os olhos brilhando.
- Ei! Venham pra sala um minuto. Eu preciso falar com vocês antes de sair. – Tia Janice gritou de dentro da casa. Voltamos para a casa e a encontramos na sala. Ela estava acompanhada de um garoto.
- O que foi, tia? – perguntou, sem entender a presença do garoto. Quem era ele?
- Esse é o Mark! Ele mora na casa aqui do lado. É para ele que eu corro, quando acontece algum problema aqui em casa. Então, se vocês precisarem de alguma coisa, já sabem para quem pedir ajuda, certo? – Tia Janice sorriu ao apresentar o garoto. Ele tinha um sorriso mais tímido em seu rosto e os nossos olhares se encontraram por alguns segundos. Se eu não estivesse tão atordoada com aquela casa, eu diria que ele sorria pra mim.
- E ai, Mark! – foi o primeiro a se manifestar.
- Como vai, cara? – O sorriso do Mark aumentou, enquanto ele falava conosco pela primeira vez. Todos começaram a se apresentar.
- Eu sou o , aliás! – sorriu.
- E eu sou o . – se apresentou e estendeu a mão, que foi apertada pelo Mark.
- Sou a . – acenou com uma das mãos.
- Pode me chamar de . – deu o seu melhor sorriso.
- E eu sou a . – tentou parecer gentil.
- Sou o . Tudo bem, Mark? – estendeu a mão para que Mark a apertasse.
- Eu estou bem. Legal te conhecer! – Mark respondeu, tentando disfarçar a expressão de riso em seu rosto. O era uma figura e ele percebeu isso logo de cara.
- . – Apesar do sorriso, nem se esforçou para ser simpático. Ele havia percebido o jeito que o Mark havia me olhado.
- E eu sou a . – Eu sorri, sem jeito. Estendi uma das minhas mãos na direção dele. Tentei ser mais simpática, depois de ter visto a maneira fria com que o o havia cumprimentado.
- É um prazer te conhecer, . – Mark disse com um sorriso encantador. Os olhos verdes dele definitivamente chamaram a minha atenção. Ele tocou a minha mão e a apertou. Fiquei um pouco constrangida com a intensa e breve troca de olhares que tivemos.
- Bom, obviamente eu tenho algumas regras. – Tia Janice nos interrompeu, acordando o Mark de um transe. Ele rapidamente soltou a minha mão.
- Não me diga. - ironizou e na mesma hora recebeu uma cotovelada discreta da namorada.
- Quais regras? – tentou consertar o erro do namorado.
- Começando pela comida! Apesar de a geladeira estar cheia, vocês vão ter que fazer a comida de vocês, porque eu dei folga para a cozinheira. - Ela afirmou. - Se bagunçarem, arrumem. Se sujarem, limpem. Se quebrarem, eu mato vocês. - Tia Janice sorriu ao terminar a frase. - Não se esqueçam de manter a porta da frente sempre fechada. Dei folga para o segurança também, mas pedi a ele para ficar de olho. – Tia Janice disse mais séria. As regras não nos surpreenderam.
- Pode deixar, tia. – Eu afirmei com a cabeça.
- Tem mais uma coisa! – Tia Janice arqueou uma das sobrancelhas.
- O que? – demonstrou interesse.
- Eu tenho câmeras por toda a casa, em lugares que vocês nem imaginam. Eu não sou tão velha quanto vocês imaginam, então eu sei muito bem o que pode acontecer entre 4 casais sozinhos em uma casa. - Ela sorriu de maneira ameaçadora. - Garotos e garotas não podem dormir na mesma cama! E não tentem me fazer de boba porque eu vou acabar descobrindo e não vai acabar bem pra ninguém. Acreditem! – Tia Janice ameaçou.
- Claro! Imagina! – disse como se fosse a coisa mais absurda de todas.
- Mas… - Tia Janice sorriu. - Eu não sou tão chata assim. Uns beijinhos pode, mas que não passem de beijos! - Ela disse, causando um silêncio estranho na sala. Aposto que os casais ali presentes ficaram bem contentes. - Ah! E eu vou deixar o meu carro na garagem. Vocês podem usá-lo se quiserem, mas com segurança, ok? – Ela enfatizou.
- Até me arrepiei. Olha! – mostrou um dos braços, fazendo com que a maioria gargalhasse.
- Alguma dúvida? – Tia Janice perguntou, enquanto ria e negava com a cabeça.
- Não. – respondeu e todos os outros responderam o mesmo logo depois dela.
- Ótimo! Eu preciso que ir agora. Meu voo sai em uma hora. – Tia Janice olhou no relógio em seu pulso. As malas estavam em suas mãos. – Eu estarei de volta no domingo. O número do meu celular está na geladeira. Se precisarem, vocês podem me ligar. – Ela avisou. Antes de sair, ela fez questão de se despedir de todos. Em menos de 5 minutos, estávamos sozinhos na casa pela primeira vez.
- Eu ainda não acredito que estamos aqui. – não escondeu a empolgação.
- Vai ser o melhor feriado de todos! – concordou, eufórica.
- Bem, eu vou indo. Se vocês precisarem de alguma coisa, vocês podem me chamar. – Mark apontou para a direção que ficava a sua casa. - Espero que vocês se divirtam. - Ele completou, dando alguns passos na direção da porta.
- Valeu, Mark. – agradeceu. Antes do Mark sair pela porta, eu e as garotas acenamos para ele.
- ! Ele não tirou os olhos de você! – correu para me contar, quando o viu sair pela porta.
- O que? Sério? – Eu até tinha reparado, mas achei que pudesse ser coisa da minha cabeça.
- Você não viu a cara dele quando ele te cumprimentou? – sorriu, surpresa.
- Wow! - rolou os olhos ao nos interromper. - Ele é exatamente o tipo de garoto que você gosta, não é, ? – perguntou usando o seu tom sarcástico.
- O que você quer dizer, Jonas? – Eu notei que a pergunta dele havia soado mais como um julgamento.
- Eu quero dizer que ele é tão babaca quanto o Peter. – forçou um sorriso.
- É cedo demais para vocês começarem a brigar, não acham? – suspirou, irritado.
- Olha, eu não sei onde você está querendo chegar com essas insinuações, Jonas, mas eu quero que você saiba que eu não vou deixar você estragar a minha viagem, entendeu? – Eu fiz questão de dizer aquilo olhando nos olhos dele. me encarou, mas não teve tempo para me responder.
- Está bem! Já chega disso. – tentou acabar com a discussão. - Vamos fazer alguma coisa. Estamos em Nova York! – Ela completou.
- Eu não sei vocês, mas eu vou ficar aqui assistindo ao jogo do Yankees nessa televisão gigante. – disse, sentando-se no sofá.
- Eu também vou. – afirmou, sentando-se ao lado do amigo.
- Ok! Vocês todos vão ficar aqui. Já entendi! – rolou os olhos e falou na direção dos garotos. - No caminho pra cá nós passamos na frente de um shopping. Nós podemos ir lá, né? É perto. – olhou para mim e para as outras garotas.
- Shopping? Adorei! – Eu não pensei duas vezes.
- To dentro! - também se empolgou com a ideia.
- Nós voltamos mais tarde, garotos! – gritou, enquanto íamos até a porta. Eles nem ao menos nos olharam.

Nós saímos da casa mais empolgadas do que nunca. Estávamos sozinhas em Nova York e íamos conhecer o shopping. O shopping realmente ficava perto dali, por isso, nem precisamos chamar um táxi. Ao chegarmos e entrarmos no shopping ficamos extremamente perplexas. Era tudo lindo e grande! As pessoas a nossa volta, com certeza, sabiam que não éramos da cidade.

- Aquele vestido! Eu preciso experimentar aquele vestido! – apontou para a vitrine de uma loja, que tinha um lindo vestido exposto em um manequim.

Ficamos aproximadamente 1 hora dentro daquela mesma loja. aproveitou-se de toda a nossa paciência e experimentou mais de 10 vestidos. Ela acabou gostando só de um deles e resolveu comprá-lo. Entramos em algumas outras lojas, mas acabamos não comprando mais nada. Exaustas de tanto andar, decidimos tomar um sorvete antes de voltarmos para a casa da tia Janice.

Em menos de 10 minutos de caminhada, chegamos na casa da minha tia. Conversamos muito durante todo o caminho e eu tive que aturar todas elas me sacaneando por causa do suposto interesse que o Mark havia demonstrado por mim. Ao entramos na casa, vimos que os garotos continuavam sentados na sofá. Eles continuavam na mesma posição.

- O jogo ainda não acabou? – perguntou, impaciente.
- Acabou, mas agora está passando esse filme. – respondeu, sem olhá-la. Ele mal piscava.
- Acho que vamos ter que desligar essa televisão pra vocês saírem da frente dela, não é? – cruzou os braços.
- Já está acabando o filme. – respondeu, sem tirar os olhos do filme.
- Amor, daqui a pouco eu te dou toda a atenção que você merece. – tentou amenizar a situação.
- Ok! – rolou os olhos e suspirou longamente. Eu deixei de prestar a atenção na conversa deles, quando percebi que o único dos meninos que não estava na sala era o .
- Cadê o Jonas? – Eu perguntei, curiosa.
- Ele recebeu um telefonema. – nos olhou pela primeira vez. Sua expressão era de lamentação.
- A avó dele faleceu. – deu a notícia.
- Ah, não. - suspirou com tristeza. Eu realmente fui pega de surpresa.
- Não acredito! O amigo de vocês acabou de receber uma notícia horrível e vocês estão vendo um filme? – embravejou, indignada.
- É a Cameron Diaz, ok? – não gostou do tom de julgamento.
- Idiotas. – negou com a cabeça.
- E o que vocês queriam que nós fizéssemos? Nós já subimos pra falar com ele! Ele quer ficar sozinho e não quer conversar. – se justificou. Todos os garotos estavam finalmente nos dando atenção.
- Eu vou subir pra falar com ele. – Eu me manifestei sem pensar duas vezes. Aquilo havia me tocado bastante, já que sabia exatamente como era passar por aquilo.
- Você, ? Você vai deixar ele ainda pior. – não gostou da ideia, levando em consideração as nossas constantes brigas.
- Eu já passei por isso, . Eu sei o que ele está sentindo. - Eu afirmei, séria. - Por isso, eu vou subir e falar com ele. – Eu disse com autoridade. imediatamente mostrou-se arrependido por ter me feito mencionar a morte da minha avó.
- Está bem! Então... nós vamos até a pizzaria que tem aqui na rua e vamos comprar algumas pizzas pro jantar, ok? – disse, demonstrando que apoiava a minha decisão de subir para falar com o .
- Ok! – Eu afirmei com a cabeça e sorri para ele, agradecida. Enquanto eu subia a escada que me levaria até os quartos, ouvi o barulho da porta da frente sendo fechada. e eu estávamos sozinhos na casa.

Cheguei na frente da porta do quarto do e hesitei mais de uma vez bater na porta. Quando eu resolvi bater, ninguém respondeu. Com isso, eu resolvi me arriscar a entrar no quarto sem ser convidada. Abri a porta lentamente e meus olhos foram diretamente na direção de uma das camas. O estava sentado na beirada dela. Ele tinha uma almofada nas mãos e seus olhos estavam fixos no chão.

- Hey. – Eu disse apenas para avisá-lo que eu estava entrando. Ele nem ao menos me olhou. Eu fiquei parada na frente dele por alguns segundos, sem saber o que fazer ou o que dizer. – ... – Eu disse, me agachando na frente dele. Eu queria dizer algumas coisas olhando no rosto dele. As lágrimas fizeram as minhas palavras evaporarem novamente. Demorou alguns segundos para que os olhos tristes dele finalmente cedessem e me encarassem.
- O que você quer? – perguntou, tentando mostrar-se forte.
- Nós podemos conversar? – Eu perguntei.
- Eu quero ficar sozinho, . – disse, desviando o seu olhar e virando o seu corpo para o lado. Eu não desistiria tão fácil. Eu me levantei e me sentei de frente para ele na cama.
- Antes de entrar no quarto, eu estava pensando o que poderia dizer pra você se sentir melhor. – Minha frase fez com que ele me olhasse novamente. – E então, eu fiquei tentando me lembrar do que eu gostaria de ter ouvido das pessoas na época que essa mesma situação aconteceu comigo e eu não consegui pensar em nada. Sabe por quê? – Eu perguntei.
- Por quê? – Ele quis saber.
- Porque independentemente do que me dissessem, nada e nem ninguém faria a dor parar. – O assunto ainda me deixava bastante desestabilizada. Lembrar da minha avó ainda doía muito. afirmou com a cabeça, demonstrando que sabia exatamente do que eu estava falando. – Olha, eu sei que está doendo agora. Eu sei disso mais do que ninguém. – Ele deixou de me olhar novamente, tentando esconder as lágrimas que acabaram escorrendo pelo seu rosto. – Hey. Olha pra mim. – Eu pedi e ele voltou a me encarar. - Eu não vou mentir pra você. Nunca vai parar de doer, mas… eu prometo que com o tempo ela vai diminuindo. – Eu o olhei com carinho. Em meio a um impulso, eu me aproximei e o abracei com força. A princípio, eu percebi que ele ficou surpreso com a minha atitude, mas não demorou para que ele cedesse e colocasse os seus braços em torno de mim e me abraçasse com força. O jeito intenso com que ele me abraçou demonstrou o quanto ele precisava daquele abraço.
- Eu não devia ter vindo pra cá. – interrompeu o abraço e disse com a voz embargada. – Minha mãe me pediu para ficar aqui, mas eu tenho que voltar pra lá. Eu tenho que ajudá-la a passar por isso. – Ele passou as mangas de sua blusa em seu rosto para secar as poucas lágrimas que ainda estavam acumuladas lá.
- Se ela ver você sofrendo, ela vai ficar ainda pior. Eu tenho certeza que ela não está sozinha e que ela está recebendo muito carinho de todos. – Eu disse, apoiando a sugestão da mãe dele.
- Eu sei, mas… eu não posso ficar aqui. – me olhou, negando com a cabeça. Seus cílios estavam parcialmente molhados e suas bochechas estavam levemente rosadas. Apesar de não ser o melhor momento para tal comentário, eu não pude deixar de reparar o quão bonito ele estava naquele momento. Fiquei olhando para ele e por poucos segundos fiquei tentando imaginar aquele feriado sem a presença dele.
- Não vai, . – Eu disse, antes de abaixar a minha cabeça. Eu fiquei sem jeito com o que eu tinha acabado de pedir a ele. Era muito estranho pedir para ele ficar, sendo que há poucas horas eu havia desejado tanto que ele não viesse para Nova York. Era incrível a maneira que os meus sentimentos oscilavam sem que eu tivesse qualquer controle quando o assunto era ele. Pensar que ele poderia ir embora me fez perceber o quanto eu queria que ele ficasse.
- E por que eu não iria? – Ele esperava ouvir bons argumentos.
- Porque… eu quero que você fique comigo. – Eu consegui dizer a frase toda sem deixar de olhar nos olhos dele. Apesar do meu argumento ter soado estranho, ao menos ele serviu para devolver um fraco sorriso ao rosto do . – Ok. Agora, eu estou me sentindo uma idiota. – Eu sorri, sem jeito. - Como se eu fosse um motivo bom o bastante pra fazer você ficar. – Eu rolei os olhos. Eu estava tão sem graça, que eu tive que me levantar da cama. Aquele era o melhor momento para interromper a conversa. Dei alguns passos na direção da porta.

- E por que você quer que eu fique? – disse, antes que chegasse a tocar na maçaneta. Eu me virei para olhá-lo e eu estava mais do que certa de que ele ainda estava sentado na cama, mas acabei me surpreendendo ao dar de cara com ele.
- Porque... - A proximidade entre nós me fez perder as palavras. - Bem, essa casa está cheia de casais. Não é legal ficar de vela. – Eu disse com um sorriso nervoso.
- Sabe qual é a vantagem de te conhecer tão bem? – perguntou de forma retórica. – Eu sei quando você está mentindo. – Ele parecia estar se divertindo com todo o meu nervosismo.
- Você adora fazer isso, né? Você adora me deixar sem graça. – Eu cerrei os olhos na direção dele em meio a um fraco sorriso.
- Me desculpa, mas você fica extremamente linda quando está envergonhada desse jeito. – sorriu de maneira doce. Não se se foram os olhares, o sorriso ou a frase que ele havia dito, mas eu realmente fiquei sem palavras para respondê-lo. Haviam borboletas no meu estômago e minhas mãos suavam frio.
- Isso quer dizer que você vai ficar? – Foi a única coisa que eu consegui dizer.
- Depende. – ergueu os ombros.
- Depende do que? – Eu perguntei, depois de olhá-lo com desconfiança. Ele ficou feliz por eu ter perguntado.
- Depende de como você vai lidar com o que eu quero fazer agora. – Os olhos do desceram até os meus lábios. Ele aproveitou para aproximar sorrateiramente o seu corpo do meu.
- E… o que você quer fazer? – Mesmo sabendo qual era a resposta, eu fiz a pergunta.
- Eu acho que quero te beijar. – Ele voltou a olhar em meus olhos, enquanto uma de suas mãos subiu até o meu rosto, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

demorou alguns segundos para tomar qualquer atitude. Ele queria ter certeza de que eu também queria aquele beijo tanto quanto ele. Como eu não me manifestei negativamente, ele sentiu-se autorizado a seguir em frente. Tocou o meu queixo, enquanto distribui olhares por todo o meu rosto. A proximidade e os olhos dele me deixaram completamente hipnotizada. Eu não conseguia tirar os meus olhos dele. O rosto dele começou a se aproximar lentamente, enquanto ele puxava o meu rosto na direção do dele.

Ele estava indo bem devagar com tudo, para que eu pudesse parar com tudo, caso eu não quisesse. Quando eu pretendia responder, eu não pude. Ele estava tão próximo, que se eu falasse, meus lábios encostariam nos dele. Seu dedo indicador, puxava o meu rosto delicadamente em direção ao seu rosto. Confesso que eu nunca tinha sido tão fácil em toda a minha vida. Eu não conseguia pensar, ver ou desejar nada que não fosse a boca dele. Eu nunca quis tanto um beijo como eu queria aquele.

Nossos olhos se fecharam segundos antes dos nossos lábios se encontrarem. Apesar do beijo ter sido iniciado com um singelo selinho, a sensação foi surreal. Eu não sabia o que estava acontecendo comigo. Eu nunca havia me sentido daquela maneira antes. Os dedos de uma das mãos dele se entrelaçaram em meu cabelo, enquanto o aprofundava o beijo. Uma das minhas mãos subiu espontaneamente até a nuca dele, dando a ele mais segurança para continuar o beijo, que não foi intensificado em nenhum momento. Estávamos aproveitando cada segundo daquilo.

Foi um beijo longo e cheio de sensações desconhecidas e arrepios. Acabei terminando o beijo mesmo querendo continuá-lo por horas. Antes que descolássemos os nossos lábios, puxou o meu lábio inferior. Ele roubou mais um selinho antes que abríssemos os olhos. Abrir os olhos e me dar conta de que o responsável por aquele beijo memorável tinha sido o Jonas foi, de longe, a coisa mais louca que já havia me acontecido. Ele desentrelaçou seus dedos do meu cabelo em meio a um sorriso absurdamente lindo.

- Eu acho que eu vou ficar. – A voz dele me fez voltar para a realidade.
- Você vai ficar? – Eu ainda estava um pouco tonta, mas não consegui conter o sorriso.
- Vou ficar por você, . – disse, tentando não deixar tão na cara o quanto estava feliz com o que tinha acabado de acontecer entre nós.
- Obrigada… eu acho? – Eu sorri em meio a uma careta.
- Eu é que tenho que te agradecer. – Ele respondeu na mesma hora.
- Pelo quê? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Por ter vindo até aqui. – estava um pouco mais sério.
- Eu estava te devendo uma, depois do que você fez por mim no dia do baile. – Eu queria que ele soubesse o quanto a atitude dele havia sido importante pra mim.
- Você não faz ideia do quanto você me ajudou. – Ele reafirmou sua gratidão.
- Eu fico feliz por ter ajudado. – Eu voltei a ficar sem graça. Os olhares dele me deixavam um pouco nervosa.
- E me desculpa por... – achou melhor não completar a frase. - Eu não queria… – Ele estava tentando se desculpar pelo beijo.
- Está tudo bem, . – Eu neguei com a cabeça, demonstrando que ele não precisava se desculpar.
- Certo. – Ele sorriu, sem jeito. – Então, é melhor nós não contarmos pra ninguém o que aconteceu aqui, não é? – perguntou, esperando para saber a minha opinião.
- Sim, claro! É melhor. – Eu concordei imediatamente. – Afinal, foi só um beijo. Nós nos deixamos levar pelo momento. Não vai acontecer de novo. – Aquela era a minha maneira estúpida de tentar mostrar que aquele beijo não tinha mexido tanto comigo.
- Era exatamente isso o que eu ia dizer! Não… significou nada. – completou, concordando com a cabeça.
- Que ótimo que você também pensa assim. – Eu afirmei com um largo sorriso. Era difícil saber quem de nós dois era o mais hipócrita. - Bem, já que você está melhor, eu acho que… eu vou tomar banho. – Eu apontei na direção da porta.
- Está bem! Eu vou ligar para a minha mãe de novo para ter certeza que ela não precisa de mim. – disse ao tirar o celular de seu bolso.
- Eu… sinto muito pela sua avó. – Eu já estava perto da porta.
- Valeu mesmo. – sorriu, agradecido. Acenei mais uma vez antes de sair do quarto.

Mas o que foi aquilo? O que é que tinha acabado de acontecer? Que coisa mais estranha era aquela que eu estava sentindo? Não se deve beijar quem você odeia. Todo mundo sabia disso! Meu coração estava mais disparado do que nunca e as borboletas no meu estômago pareciam estar fazendo uma festa. O que estava acontecendo comigo? Agradeci mentalmente por todas as outras pessoas da casa terem ido a pizzaria. Se eles me vissem daquele jeito, poderiam desconfiar de alguma coisa.

Fazia alguns minutos que eu estava parada na porta do quarto do , tentando interpretar o que tinha acontecido, quando ouvi a porta da casa sendo aberta. Entrei em pânico. Sem saber o que fazer, corri até o meu quarto e entrei no banheiro rapidamente. O banho, com certeza, me deixaria mais calma e me faria voltar ao meu estado normal.

Era normal ficar tentando adivinhar o que o estava pensando naquele momento? Era normal querer tanto saber se ele estava se sentindo da mesma maneira que eu? Será que ele tinha gostado do meu beijo? Será que aquele beijo tinha sido uma coisa tão irrelevante quanto ele havia feito parecer? Eram muitas perguntas e eu não tinha nem ao menos uma resposta.

Depois do banho, me certifiquei de ir até o espelho para ter certeza de que eu havia voltado a agir normalmente e de que aquele sorriso idiota não estava mais no meu rosto. Antes mesmo que eu percebesse, eu estava me perguntando se eu estava bonita e se meu cabelo estava bom daquela maneira.

- Qual é! - Eu suspirei, rolando os olhos. Qual era o meu problema? Respirei fundo e sai do banheiro. Passei pelo corredor (que estava vazio) e parei no meu quarto para passar um pouco de perfume. Antes de sair do quarto, respirei fundo mais uma vez. Eu precisava agir naturalmente.

Desci a escada que me levaria ao andar debaixo da casa e de lá já consegui ouvir o gargalhar. Comecei a rir sozinha, enquanto negava com a cabeça. A risada do era hilária. Cheguei na sala de estar e me deparei com a e o dando uns amassos no sofá. O , o e o estavam assistindo um programa qualquer na TV e a e a estavam colocando a mesa pro jantar. Obviamente, preferi me juntar as garotas.

- Oi, . – sorriu ao me ver.
- Heeey! – Eu demonstrei um pouco mais de empolgação do que deveria. – Vocês querem ajuda? – Eu perguntei, me monitorando para continuar olhando para elas, já que eu percebi que alguém olhava insistentemente para mim do sofá.
- Nós já acabamos. – afirmou.
- Venham comer! – gritou, colocando as pizzas sobre a mesa.
- Estou morrendo de fome! – comemorou, levantando-se do sofá.
Os garotos se levantaram do sofá e aproximaram-se da mesa de jantar. Eu mal conseguia olhar pro e, por isso, me certifiquei de sentar bem longe dele para evitar maiores constrangimentos. O era ótimo em servir pizza, por isso, ele serviu cada um de nós.

- Então… , está tudo bem? – perguntou, referindo-se ao falecimento da avó do amigo.
- Na medida do possível, né? – esforçou-se para sorrir. O assunto, obviamente, ainda mexia com ele.
- O que foi que a fez pra fazer você sair do quarto? Você não queria nem falar com ninguém. – perguntou, fazendo com que eu me engasgasse com a pizza. Comecei a tossir igual a uma maluca. , que estava sentada ao meu lado, se assustou.
- Bebe o refrigerante. – deu o copo na minha mão. esforçou-se para não rir. Aos poucos, eu fui me acalmando.
- Pronto? – riu ao perguntar.
- Pronto. Eu… me engasguei com a pizza. – Eu achei que precisava me explicar.
- Então, o que ela fez, ? – voltou a perguntar. Precisava mesmo insistir na pergunta?
- Você sabe… nós … conversamos. – ergueu os ombros, gaguejando um pouco.
- Ainda bem que ela conseguiu te ajudar. – sorriu, sem desconfiar de nada.
- Todos nós sentimos muito pela sua avó. – falou em nome de todos.
- Valeu mesmo. – mostrou-se muito agradecido.

Continuamos conversando por um bom tempo, enquanto terminávamos de comer. O insistia em me olhar todas as vezes que ele percebia que ninguém estava prestando a atenção. Em determinado momento, eu passei a retribuir os olhares e os sorrisos constrangedores. Aquele era o tipo de coisa da qual eu me arrependeria mais tarde, mas, naquele momento, eu estava adorando.

- O que vamos fazer amanhã? – perguntou, enquanto tirávamos a mesa do jantar.
- Piscina! – gritou, empolgado. Não foi preciso nem consultar a opinião dos outros interessados. Foi unânime! Todos demonstraram muita empolgação para estrear a piscina da tia Janice! O dia seguinte prometia ser divertido.

Depois de finalmente escovar os dentes, colocar o pijama e deitar na minha cama, a única coisa na qual eu conseguia pensar era o . Parecia até que eu estava sentindo o perfume dele! Cheguei a ficar irritada comigo mesma por estar agindo como uma idiota apaixonada. Qual é! Foi só um beijo! O melhor beijo da minha vida, eu concordo, mas continuava sendo só um beijo. Eu tentei me obrigar a parar de pensar nele, mas quanto mais eu tentava, mais difícil era. Lembrar do toque dele simplesmente fazia com que eu voltasse a me arrepiar da cabeça aos pés. O que estava acontecendo comigo?




Capítulo 11 – APRENDENDO A LIDAR COM O CIÚMES (OU NÃO)



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





- , acorda! – Eu a chamei, assim que eu acordei. Já tinha passado um pouco do horário que havíamos combinado de acordar naquela manhã.
- Eu… já estou acordando. – espreguiçou-se.
- Vou ao banheiro vestir o biquíni e já volto. – Eu disse, depois de pegar o traje de banho em minha mala.

Saí do quarto e fui preguiçosamente até o banheiro. Fiquei bem feliz ao encarar o espelho e ver que a expressão no meu rosto já não era mais tão constrangedora. Com isso, eu pude concluir que o meu comportamento extremamente estranho da noite passada foi ocasionado exclusivamente pelo beijo inesperado. Felizmente, não tinha nenhum sentimento envolvido! Pelo menos, era disso que eu queria me convencer.

Vesti o biquíni e coloquei um vestido qualquer por cima, já que eu não pretendia ficar desfilando de biquíni pela casa. Escovei os dentes e penteei o cabelo. Quando sai do banheiro e voltei para o quarto, a já estava de pé e vestida. Ela havia se trocado ali no quarto, enquanto eu estava no banheiro.

- Nossa! Que rápida. – Eu sorri ao olhá-la.
- Eu não fico enrolando para acordar como você e as garotas. – fez careta.
- Não precisa ficar jogando na cara também. – Eu cerrei os olhos na direção dela.
- Você sabe que estou brincando, né? – entregou-se ao rir.
- É claro que eu sei. – Eu a olhei em meio a um sorriso. Ficamos em silêncio por alguns segundos, enquanto eu guardava o meu pijama na mala. Notei que a ficou me observando.
- Então, você precisa me contar alguma coisa? – Ela perguntou, demonstrando um pouco de desconfiança. Apesar de ter sido pega de surpresa, eu sabia que ela ou as garotas acabariam desconfiando de alguma coisa Eu não era boa com segredos.
- Alguma coisa? – Eu me fiz de desentendida e tentei manter a calma.
- É! Talvez, sobre… o . – não tirava os olhos de mim, esperando qualquer deslize da minha parte. Eu estava em pânico!
- O ? O que tem o ? – Eu ergui os ombros em meio a um riso sarcástico.
- , tantos anos de amizade e você ainda acha que consegue mentir pra mim? – cruzou os braços, me pressionando.
- , eu não sei do que você está falando! – Eu tentaria resistir um pouco mais.
- Dá pra me contar logo o que aconteceu? – Ela foi enfática. A troca de olhares que tivemos me deu certeza de que ela não cederia até que eu contasse tudo a ela.
- Que droga, ! – Eu reclamei, frustrada. – Não dá mesmo pra te esconder nada, né? – Eu resmunguei.
- Não dá! – fingiu lamentar. – Agora, me conta. – Ela aproximou-se, empolgada.
- Como foi que você desconfiou? – Eu perguntei, contrariada.
- Os olhares entre vocês dois ou a sua discreta engasgada na mesa de jantar ontem. Pode escolher. – riu.
- Não acredito. – Eu neguei com a cabeça, irritada. – Será que mais alguém notou? – Eu perguntei, aflita.
- Eu acho que não. Se tivessem, eles já teriam comentado alguma coisa sobre o assunto. – me acalmou. – Ok! Agora, me conta logo o que aconteceu. – Ela pediu, ansiosa.
- Está bem. – Mesmo sem querer contar, eu não tinha opção. - Bem, muita coisa mudou entre nós dois desde que fizemos aquele trabalho de sociologia em dupla. Digamos que... nós acabamos descobrindo um lado um do outro que não conhecíamos. – Era só falar sobre o assunto, que eu ficava muito desconsertada Não era a primeira e nem a última vez que eu contava esse tipo de coisa pra . Por que estava sendo tão difícil dessa vez?
- Que fofos! – não conseguiu se conter.
- Não começa, ! – Eu esbravejei. Eu já estava apreensiva demais com o assunto e não precisava de alguém incentivando aquela insanidade.
- Está bem! Desculpa! Pode continuar. – Ela esforçou-se para ficar mais séria.
- Ontem, quando eu fui falar com ele sobre a avó dele… – Hesitei alguns segundos antes de continuar com a história. – Ele… acabou me beijando. – Eu disse, enquanto fazia uma careta. Aquilo não me deixava muito confortável.
- EU SABIA! – Ela quase gritou.
- Shhhh! Fala baixo! – Eu a olhei feio. – Ninguém pode saber, . – Eu pedi segredo.
- Eu não vou contar nada pra ninguém. Eu prometo! – sorriu, empolgada.
- É sério, . – Eu não achei que ela tivesse me levado a sério.
- Confia em mim, ! Eu não vou contar. – Ela tentou me tranquilizar. – Qual o motivo de todo esse mistério? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Porque não foi nada demais! Foi só um beijo. Não vai acontecer de novo. – Eu ergui os ombros, tentando demonstrar indiferença.
- Tem certeza que foi só um beijo? Você estava bem empolgadinha ontem – me olhou com desconfiança.
- O que você está querendo dizer, ? – Eu cruzei os braços. A sempre via segundas intenções em tudo.
- Não estou querendo dizer nada. – Ela achou melhor não insistir no assunto. – Só toma cuidado pra que esse beijo não se transforme em algo maior. – me aconselhou.
- Isso é impossível! Não se preocupe. – Eu não fiquei preocupada com aquilo, pois aquela possibilidade era totalmente remota.
- Se você está dizendo. – Ergueu os ombros.
- Ok! Então, vamos descer. – Eu quis encerrar de uma vez aquele assunto.
- Vamos! Eu não sei de nada. – segurou o riso. – E tenta ser mais discreta. – Ela aconselhou.
- Eu vou tentar! – Eu afirmei, preocupada.

e eu abandonamos o quarto e descemos a escada que nos levaria até o andar inferior. Nos surpreendemos ao ver que a e a já estavam tomando café da manhã junto com o e o .

- Hey, baby. – deu um beijo carinhoso no rosto da .
- Hey! – sorriu, toda boba.
- Bom dia! - Eu disse para todos, antes de me juntar a eles na mesa. Todos me responderam. - Prontos pra piscina? – Eu perguntei, empolgada.
- Eu nunca estive mais pronto, . – também demonstrou bastante empolgação.
- É bom mesmo, porque nós vamos brincar de ‘briga de galo’. – Eu me lembro de termos combinado aquilo desde Nova Jersey.
- Eu adoro brincar disso! – comemorou.
- Faremos isso depois de tomarmos sol, não é? – forçou um sorriso.
- Claro! – concordou na mesma hora.
- Que tomar sol o quê – reclamou, impaciente.
- É claro! Temos que estar belas e bronzeadas. – Eu brinquei.
- Vocês já são belas, garotas. – piscou maliciosamente.
- Até mesmo a ? – não perderia a oportunidade de constranger o amigo. Eu comecei a rir no mesmo instante. O ficou sério rapidamente e a fuzilou a com os olhos.
- Claro. Até a . – afirmou, sem jeito.
- Você não perde uma não é, ? – rolou os olhos.
- Ele te elogiou! Você deveria me agradecer. – tentou conter o riso.
- Mantenha a sua mulher calada, ! Por favor! – pediu ajuda ao amigo, fazendo todos rirem.
- Já que estamos falando sobre isso… sabe quem vai vir aqui daqui a pouco, ? – arqueou uma das sobrancelhas, enquanto mantinha um sorriso malicioso no rosto.
- Quem, ? – Eu disse, dando o mesmo sorriso.
- O nosso vizinho, Mark. – continuava usando o seu tom malicioso.
- É mesmo? – Eu tentei não deixar um sorriso escapar. – E o que ele vai vir fazer aqui? – Eu demonstrei interesse no assunto.
- Tivemos que pedir a ajuda dele. Nós não sabemos aquecer a piscina, mas ele sabe. – respondeu, dando mais uma mordida em seu lanche. Ele era o único que ainda estava tomando o café da manhã.
- Interessante. – Eu disse em tom de brincadeira.
- Só agora que eu percebi que o e o não estão aqui. Onde eles estão? – interrompeu o assunto.
- Dormindo. – fez careta. – Aliás, eu estou contando até 10 pra não ir até lá e jogar um balde de água em cada um deles. – disse, nos fazendo rir.
- Seria muito engraçado! - adorou a ideia.
- Espera. Tem alguém batendo na porta. – disse, fazendo com que todos fizessem silêncio.
- Por que você não atende, ? – sugeriu.

- É claro! Por que não!? – Eu não me intimidei nem um pouco, me levantei e fui até a porta. Ao abri-la, me deparei com o charmoso Mark. Ele demonstrou surpresa ao me ver, mas sorriu na mesma hora.
- Bom dia, . – Mark deu o seu melhor sorriso.
- Bom dia. Entra. – Eu sorri gentilmente e dei espaço para que ele passasse e entrasse na casa.
- E ai, cara! – foi o primeiro a se aproximar para cumprimentá-lo. Eles deram um aperto de mão qualquer. – Obrigado por vir. – Ele agradeceu.
- Imagina! Não tem problema. – Mark negou com a cabeça.
- Hey, cara. – se aproximou. – Então, você sabe ligar o aquecedor da piscina? – foi direto ao ponto.
- Sei sim. Eu estava aqui quando instalaram o aquecedor. A Janice me pediu para receber a empresa, porque ela tinha um compromisso inadiável no trabalho. - Mark contou. - Vamos lá! Eu vou ensinar vocês. – Ele chamou o e o . Eles o acompanharam. – Oi, garotas. – Mark acenou para a , para a e para a ao passar por elas. Elas ainda estavam sentadas na mesa de jantar.
- Oi, Mark! – Elas responderam juntas. Assim que viram que o Mark havia saído para o quintal com os garotos, elas se aproximaram às pressas de mim.
- , ele é muito gato! Eu vou te bater se você não ficar com ele! – me pressionou.
- Ei! Sem pressão, por favor! – Eu pedi.
- É sério! Você não tem ninguém mesmo. Por que não investir nele? – perguntou. Eu permaneci em silêncio, o que as deixou um pouco desconfiadas.
- Não tem alguém, certo? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Não! É claro que não! – Eu não hesitei um só segundo. e eu trocamos olhares.
- Então, investe nele! – sugeriu, sem desconfiar de nada.
- Você não acha que ela deve investir nele, ? – perguntou, tentando trazer a pra conversa.
- Bem, eu acho que ela deve fazer o que o coração dela mandar. – deu o pior conselho que alguém poderia me dar naquele momento.
- Eu entendi e vou pensar nisso. Eu prometo, ok? – Eu ainda não sabia o que fazer, mas eu estava louca para mudar de assunto.
- Ok! - gostou do que ouviu. - Agora, eu acho que nós deveríamos subir e acordar os garotos. – Ela sugeriu, levantando-se da mesa.
- Boa ideia! – também levantava-se da mesa. e eu fomos atrás delas.
- Eu vou acordar o ! – Eu já fui logo me comprometendo para não complicar a minha situação. – Eu já tenho prática. – Eu ri, tentando disfarçar. Na verdade, não tinha nada de prática. Eu só não queria ter que acordar o .
- Ok! Eu vou com você. A e a cuidam do . – disse, me puxando em direção ao quarto do meu irmão. Ao chegarmos no quarto, nos deparamos com o desmaiado na cama!
- Olha isso. - Eu sorri pra , enquanto me aproximava da cama. - ! – Eu gritei no ouvido dele e ele deu um pulo memorável. A quase morreu de tanto rir.
- VOCÊ ESTÁ MALUCA, GAROTA? – gritou. Ele estava com a cara toda amassada.
- Eu disse que tinha prática. – Eu ergui os ombros.
- , levanta logo! Nós vamos pra piscina. – aproximou-se do meu irmão.
- Pedindo com jeitinho desse jeito, não dá pra dizer não. – sorriu docemente para a . - Vê se aprende, . - Ele me olhou feio.
- Ok, ‘Romeu’. Troca de roupa logo. – Eu cruzei os braços, enquanto rolava os olhos.
- Se vocês me derem licença, eu vou trocar. – forçou um sorriso.
- Eu te espero lá embaixo. – disse, saindo do quarto. Eu fui logo atrás dela.
- Não me diga que você está apaixonada pelo meu irmão, . – Eu tive que entrar naquele assunto.
- Apaixonada é uma palavra muito… forte. – Ela riu, sem jeito. – Eu gosto dele. Só isso. – ergueu os ombros.
- Você sabe que eu torço por vocês, não sabe? – Eu sorri para ela.
- Eu sei! Obrigada. Você é demais. – me abraçou forte.
- Eu sei. – Eu brinquei e a gargalhou.
- Convencida. – fez careta.
- Eu estou brincando. – Eu mostrei a língua.
- Então, vamos descer? – perguntou.
- Pode ir descendo. Eu preciso ir ao banheiro. – Eu disse.
- Ok. Eu te espero lá embaixo. – concordou, enquanto afastava-se.

Considerando que o Mark estava lá embaixo, eu realmente precisava ir ao banheiro para me arrumar e para ter certeza de que eu estava apresentável. A ideia de investir nele não era tão ruim assim. Entrei no banheiro e encarei o espelho. Tudo parecia em ordem. Dei mais uma ajeitada básica no cabelo e abri a porta do banheiro, levando um susto enorme com a pessoa que me aguardava na porta.

- Oi, . – Eu sorri, ainda me recuperando do susto.
- Hey. – abriu um enorme sorriso ao me ver. – Desculpe se eu te assustei. Eu não sabia que era você. – Ele ficou um pouco mais sem jeito.
- Tudo bem. – Eu neguei com a cabeça.
- Você já está pronta? Você sabe… pra piscina. – olhou para baixo para ter certeza de que eu estava de biquíni.
- Já. Eu já ia descer. – Eu fiquei muito sem graça com os olhares dele.
- Eu me atrasei um pouco. – fez careta, me fazendo rir. Um pouco?
- O também se atrasou. – Eu comentei. Estava cada vez mais difícil controlar o meu nervosismo perto dele.
- Não é novidade, né? Ele sempre atrasa. – rolou os olhos.
- É mesmo. - Eu concordei. Um silêncio constrangedor se estabeleceu, enquanto nós nos olhávamos. – Então, eu vou descer. – Eu disse e ele me deu passagem.
- E eu vou pro banheiro. – forçou um sorriso. A frase fez com que ele se xingasse mentalmente por estar agindo como um idiota.
- Certo. Eu te vejo lá embaixo. – Eu comecei a me afastar.
- Até já. – ficou me observando até o momento em que me perdeu de vista e entrou no banheiro em seguida.
- Que droga. – Eu sussurrei, enquanto descia a escada.

Era irritante a maneira que eu não tinha o mínimo de controle sobre mim perto dele. Eu odiava isso. Respirei fundo e fechei os olhos por alguns segundos. Eu estava determinada a não deixar que aquilo me afetasse novamente. Ao chegar no primeiro andar da casa, passei pela sala e pela cozinha e logo deduzi que todos estavam no quintal da casa.

- Até que enfim, ! – gritou ao me ver. – Senta aqui. Eu guardei um lugar pra você. – apontou para o lugar ao seu lado. Achei adorável a atitude dela e me aproximei.

Ao me sentar ao lado da , notei que a estava passando protetor solar nas costas do . , , Mark, e estavam próximos a mim.

- Vocês não vão entrar na piscina, não? – Eu perguntei para os garotos. Eles estava tão empolgados para entrar na piscina. O que estavam esperando?
- Estamos esperando o . Ele já esta descendo… eu acho. – respondeu.
- Entendi. – Eu afirmei com a cabeça. Mark já me olhava há algum tempo, mas eu fingi que não tinha percebido.
- Ah! O Mark vai ficar com a gente. – fez questão de me informar.
- Vai? Que bom! – Eu sorri para o Mark, que retribuiu o sorriso na mesma hora.
- Nós estávamos falando de você. – Mark aproveitou a oportunidade para puxar assunto.
- De mim? – Eu perguntei, surpresa. – Estavam falando bem ou mal? – Eu fiquei curiosa.
- Bem, é claro! Não tem como falar mal de você, . – Mark disse, me deixando muito sem jeito. Senti o meu rosto corar e notei que todos me olharam.
- Eu acho que foi um elogio. Obrigada. – Eu agradeci, envergonhada.
- Eles estavam me falando que você tem 17 anos. – Mark contou.
- Como assim vocês já falaram tudo sobre mim? Agora não tem mais graça! – Eu olhei feio para os meus amigos.
- Não tem problema. Eu adoraria ouvir você me contar. – Mark deu o seu melhor sorriso. Ele era realmente uma graça!
- Bem, eu tenho 17 anos. Moro em Nova Jersey e estou no último ano do colegial. Sou irmã do e, como você já sabe, eu sou sobrinha da Janice. – Eu fiz um breve resumo. – Agora é a sua vez. Me fala sobre você. – Eu dei toda a minha atenção a ele.
- Eu tenho 18 anos, trabalho na empresa do meu pai, comecei a fazer faculdade recentemente e sou vizinho da sua tia desde sempre. – Mark também fez um breve resumo.
- Sério? Eu não venho aqui com tanta frequência e, por isso, não me lembro de você. – Eu continuei dando atenção a ele.
- Eu já volto. Eu vou chamar o . Ele está demorando uma eternidade para descer. – reclamou, interrompendo a conversa. Ele levantou-se da cadeira e dirigiu-se para o interior da casa. Ao passar pelo banheiro e ver que a porta estava fechada, ele deduziu que o amigo estivesse lá. – , anda logo! – bateu na porta do banheiro.
- Ei! – abriu a porta. – Pra que tanta pressa? – Ele perguntou, irritado com a cobrança.
- Anda logo, cara! Está todo mundo esperando você pra entrar na piscina! – disse, impaciente.
- Está bem! Vamos! – fez careta. Eles desceram a escada lado a lado e seguiram juntos até o quintal.

Ao chegar no quintal, os olhos do foram imediatamente na minha direção e tudo o que ele viu foi eu e o Mark conversando empolgadamente. Apesar de estarmos cercados de muitas pessoas, eu e o Mark estávamos dando atenção somente um ao outro. Parecia até que estávamos apenas nós dois ali.

- O que esse idiota está fazendo aqui? – perguntou ao amigo, referindo-se ao Mark.
- Ele ajudou a ligar o aquecedor da piscina e então, nós convidamos ele pra ficar com a gente. – explicou. – Qual o problema? O cara é gente boa. – Ele não entendeu o motivo da implicância do amigo.
- E eu sou obrigado a gostar dele? – perguntou, irritado.
- Não, mas ao menos tente ser educado. – disse em tom de voz mais baixo, já que eles estavam se aproximando dos amigos.
- Finalmente, Jonas! – afirmou ao vê-lo.
- Eu sei que vocês sentiram a minha falta e que não vivem sem mim. – sorriu, convencido.
- Você tem razão, Jonas. – afinou a voz. – Vem aqui, vem. – Ele disse, abrindo os braços na direção do , fazendo todos gargalharem.
- Eu já falei para você ser mais discreto na frente das outras pessoas, . – entrou na brincadeira.
- Não me surpreende nem um pouco. – riu, enquanto rolava os olhos.
- Eu tenho uma lista enorme com vários nomes para provar o contrário. Se te interessar, eu te mostro depois. – respondeu, exibindo-se.
- Menos, Jonas. – revirou os olhos.
- E ai, vamos entrar na piscina ou não? – interrompeu a breve discussão para falar sobre algo realmente importava.
- Vamos! – disse, levantando-se da cadeira. Ele deu um rápido selinho na antes de se afastar e ir em direção a piscina. Os meninos foram os primeiros a entrar na piscina, exceto o Mark, que preferiu ficar conversando um pouco mais comigo.
- Own! – disse ao fazer careta. Ele não era o mais romântico da turma.
- Dá um tempo, . – o olhou feio.
- Ei, garotas! Vocês não vão entrar? – gritou da piscina, fazendo questão de ressaltar o ‘garotas’. Ele queria deixar claro que não estava falando com o Mark
- Nós vamos tomar sol primeiro e depois nós entramos. – respondeu, deitando-se em uma das espreguiçadeiras.
- E você, Mark, não vai entrar? – resolveu perguntar. O que o incomodava não era o fato de eu não estar na piscina com ele, mas sim o fato de eu estar conversando com o Mark. Ele queria tirá-lo de perto de mim.
- Eu vou daqui a pouco. – Mark mal o olhou ao respondê-lo. Ao perceber a indiferença com que foi tratado, fez careta e suspirou, irritado. Ele voltou a se aproximar dos amigos.

Com a ausência das meninas na piscina, os garotos se divertiram sozinhos por alguns minutos. Eles mergulharam e fizeram um campeonato para ver qual deles ficava mais tempo sem respirar embaixo da água. Eu continuava conversando empolgadamente com o Mark, enquanto a , a e a conversavam entre si.

- Bem esperto esse Mark, não é? – não conseguia disfarçar o quanto estava incomodado. – Nós aqui e ele com as garotas. – Ele negou com a cabeça.
- Quase nem deu pra perceber a queda que ele tem pela . – ironizou, rindo.
- Ele nunca vai conseguir nada com ela. Eles só se conhecem há 3 dias. – comentou, tentando convencer a si mesmo do que estava dizendo.
- Eu não teria tanta certeza. Ele está investindo pesado! – disse, nos analisando de longe.
- Ela deve saber o que está fazendo. – não demonstrou muita preocupação.
- Olha só a cara dela! Está praticamente implorando para ser tirada de lá. – também estava nos olhando.
- Você não vai fazer o que eu estou pensando, vai? – conhecia muito bem o amigo e sabia que todos aqueles seus comentários sobre eu e o Mark resultariam em alguma coisa.
- Se você está pensando que vou até lá buscá-la e vou jogá-la na piscina, você está certo. – sorriu de forma malandra, indo na direção da escada da piscina.
- Você sabe que ela vai te matar, né? – achou melhor avisá-lo.
- Não se preocupe. Eu vou sobreviver. – Ele sorriu, confiante. subiu discretamente a escada e saiu da piscina. Com cuidado para não ser notado, ele deu a volta na piscina, indo para o lado em que eu e o Mark estávamos conversando. O fato de eu já estar de biquíni facilitava muito o plano dele. continuou se aproximando e continuou sem ser notado por ninguém. As garotas teriam me avisado se também não estivessem tão distraídas.
- , eu tenho uma missão pra você: escolhe um número de 1 a 10. – me surpreendeu repentinamente. Interrompi a minha conversa com o Mark e o olhei. Eu não pude deixar de notar que o cabelo molhado dele o deixava ainda mais bonito.
- O que? – Eu fiquei confusa. Do que ele estava falando? O Mark também não tinha entendido nada.
- Escolhe um número de 1 a 10. – insistiu.
- Por quê? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Escolhe! – Ele pediu mais uma vez.
- Ok. 7? – Eu respondi mesmo sem entender o que ele realmente queria.
- Eu sinto muito, mas você errou. Eu vou ter que te jogar na piscina. – disse, aproximando-se.
- Espera. O que? – Eu não consegui reagir. Ele foi me pegando no colo sem qualquer autorização.
- Foi mal, . – sorriu para mim, enquanto andava na direção da piscina comigo no colo.
- Ok. Isso não tem graça. Me solta agora, Jonas! – Eu aumentei um pouco o tom de voz para tentar intimidá-lo.
- Você sabe nadar, né? – estava me ignorando completamente e nós nos aproximávamos cada vez mais da piscina.
- Eu não quero nadar! – Eu o respondi na mesma hora. – ME SOLTA! – Eu pedi de maneira mais enfática.
- Tampa o nariz. – me aconselhou, antes de saltar na piscina comigo em seus braços. Apesar da temperatura da água estar maravilhosa, eu estava furiosa.
- EU VOU TE MATAR, JONAS! – Eu gritei na direção dele. Todos a nossa volta acompanhavam a situação e riam. Para eles, era muito comum nos ver brigando.
- É claro, mas… você vai ter que me alcançar primeiro. – me desafiou, enquanto nada para longe de mim. Mesmo percebendo o quão rápido ele nadava, eu não desistiria tão cedo. Eu estava furiosa! Sem que eu percebesse, acabamos indo para o outro lado da piscina e, consequentemente, para longe dos garotos.
- Por que você não me deixa em paz, Jonas? Eu não fiz nada pra você! – Eu esbravejei, quando me dei conta de que não conseguiria alcançá-lo.
- Você deveria me agradecer! – disse, aproximando-se.
- Te agradecer? – Eu o olhei com indignação. – E posso saber por quê? – Eu cerrei os olhos na direção dele.
- Por tirar você de perto daquele chato do Mark. – sorriu, satisfeito.
- E você parou para pensar que, talvez, o Mark não seja chato e, talvez, eu queira conversar com ele? – Eu perguntei de maneira irônica. Ele não tinha o direito de opinar sobre aquele assunto.
- Ou, talvez, você só esteja caindo na lábia dele. – devolveu a irônia.
- E se eu estiver? – Eu o encarei, séria. – O que você tem a ver com isso? – Eu cruzei os braços, sem tirar os olhos dele. Ele sorriu de maneira debochada, enquanto negava com a cabeça.
- Qual é o seu problema com garotos? Por que você sempre escolhe os errados? – estava visivelmente incomodado.
- E você se importa? – Eu o coloquei contra a parede.
- Quer saber? Dane-se! – disse visivelmente irritado. – Faça o que você quiser. Beije quem você quiser. Só não venha chorar nos meus braços como você fez da última vez! – esbravejou e saiu, sem me dar qualquer chance de respondê-lo.

Eu não vou ser hipócrita e dizer que eu não fiquei furiosa por ter sido tratada daquela maneira pelo . Como ele pode falar daquele jeito e me deixar falando sozinha? Quem ele pensa que é? Irritadíssima, comecei a nadar na direção dos outros garotos. Olhei para o Mark e ele sorriu para mim. Eu até cogitei a possibilidade de sair da piscina, mas eu fazia questão de ficar ali para irritar ainda mais o na frente de todos.

- , quer participar do nosso plano de jogar as garotas na piscina? – perguntou, assim que eu me aproximei.
- Eu estou dentro! Eu também acho que elas já tomaram sol demais. – Eu olhei para todos, exceto para o . Eu estava fazendo de propósito!
- Vai, ! Pode bater. Eu estou segurando ele! – disse, assim que segurou os braços do para trás. tentou se desvincilhar das mãos do amigo.
- Não. Obrigada, . Eu me recuso a perder mais um segundo da minha vida com esse cara. – Eu disse com frieza e, na mesma hora, notei os olhos do me julgarem.
- Eu avisei. – ergueu os ombros ao olhar para o amigo.
- Isso mesmo! Gaste todo o seu preciso tempo com o babaca do Mark. Vai lá! – não deixaria barato. Ele não conseguia.
- E quem é você pra dizer com quem eu devo gastar o meu tempo ou não? – O plano era ignorá-lo, mas eu não consegui evitar.
- Ok, crianças. Vamos voltar para o plano de jogar as garotas na piscina. – interrompeu a discussão.
- Eu vou pegar a ! Olhem só. – sussurrou, enquanto subia a escada da piscina. estava tão entretida com a conversa, que não percebeu que o se aproximava. Ele a surpreendeu, pegando-a no colo.
- ! Você está todo molhado! – reclamou no segundo em que foi pega no colo.
- Não seja por isso. Você também vai ficar molhada. – disse, antes de pular com a garota na piscina.
- ! OLHA MEU CABELO! – gritou, irritada.
- Você está mais linda do que nunca. – sorriu, conseguindo se aproximar dela. Ela acabou cedendo.
- Algo me diz que vamos ser as próximas. – sussurrou para a , receosa.
- Você acha? – sorriu, irônica.
- Ele não teria coragem. – desacreditou mesmo com o se aproximando.
- Eu acho que ele teria. – estava tão preocupada com a aproximação do meu irmão, que não notou que o aproximava-se por trás. As duas foram pegas na mesma hora.
- Não! ! ME SOLTA, SEU IDIOTA! – se debatia.
- Me chamar de idiota não vai facilitar as coisas pra você. – riu. Ele continuou andando com ela na direção da piscina.
- Ok. Ok. Então… Me solta, lindo. – continuou andando com a em seus braços.

Desesperada e sem saber o que fazer, teve uma ideia maluca para impedi-lo de jogá-la na piscina: beijá-lo. Ela segurou o rosto dele e o puxou contra o seu. foi pego de surpresa e parou de andar no mesmo segundo. Ele ficou tão impactado, que chegou a colocá-la no chão. Todos olhavam a cena, surpresos.
- Não acredito! Que casal! – gritou, empolgada. , que corria com a nos braços até parou para olhá-los.
- Esse é o meu garoto! – também comemorou. Os gritos constrangedores fizeram com que a finalizasse o selinho. estava em choque, mas não conseguiu evitar o sorriso.
- Ok. Esse foi um ótimo argumento. – riu, sem jeito. também estava com vergonha, mas estava se esforçando para não deixar transparecer.
- Você gostou? E que tal esse? – perguntou, antes de empurrar o na piscina. A risada foi generalizada. Ela conseguiu enganá-lo direitinho.
- Corre, ! – , que ainda estava no colo do , gritou ao ver o saindo da piscina em disparada e indo atrás da . Mark ainda estava sentado e achava graça de tudo.
- Agora, chegou a sua hora. – voltou a dar atenção para a garota em seu colo. Ele continuou andando na direção da piscina com a em seus braços.
- Não, ! Por favor! – implorou.
- Joga ela, ! – o incentivou.
- Desculpa, linda. – desculpou-se, antes de pular na piscina com a nos braços. Enquanto isso, e brincavam de pega-pega em volta da piscina.
- Corre feito homem, ! – gritava, tentando incentivar o amigo. ria como nunca, enquanto corria. era jogador de futebol e, portanto, ele era um bom corredor. É claro que ele acabaria alcançando a em algum momento.
- NÃAAAAAAAAO! – gritou, quando viu que o estava a centímetros dela.
- PEGUEI! – a segurou pelo braço.
- NÃO, ! NÃO FAZ ISSO! POR FAVOR. – se debatia no colo dele.
- Você me enrolou uma vez, mas não vai me enrolar de novo. – continuou andando na direção da piscina.
- NÃO. NÃO. NÃAAAAO! – gritou escandalosamente ao ser jogada na piscina.
- Isso foi engraçado. Eu tenho que admitir. – gargalhou, assim como a maioria.
- DROGA! – reclamou ao voltar para a superfície da água. ria como nunca. Parecia que o efeito do beijo ainda não havia passado.
- A brincadeira foi ótima, mas e agora? Vamos brincar de ‘briga de galo’? – sugeriu.
- Boa! – concordou na mesma hora.
- Quais vão ser as duplas? – quis saber.
- Eu vou com a . – anteceipou-se.
- Uau! Mas que surpresa. – ironizou o casal.
- Eu vou com a . – olhou pra , que concordou ao sorrir.
- Pode ser eu e você, ? – perguntou, sem jeito. Ele estava com receio que ela o recusasse.
- Por mim, pode ser. – ergueu os ombros, tentando demonstrar indiferença quando, na verdade, ela havia gostado bastante da iniciativa dele.
- Então… – olhou para mim e para o . Éramos as duas pessoas que havia sobrado.
- Eu vou com a Mark. – Eu escolhi o Mark mesmo ele estando fora da piscina. Obviamente, a minha intenção era provocar o . Olhei para ele, pois eu precisava ver a cara ele! Ele me fuzilava com os olhos.
- Mas… e o ? – perguntou ao ver a situação constrangedora que eu havia criado.
- Nós precisamos de um juiz, não precisamos? – Eu não consegui evitar o riso ao olhar para o novamente. Ele estava nitidamente prestes a me matar.
- Você está brincando, né? – não acreditou que eu pudesse ser tão vingativa.
- Eu pareço estar brincando? – Eu arqueei uma das sobrancelhas ao encará-lo. – Mark! Entra aqui! Nós vamos brincar de briga de galo e você será o meu par. – Eu gritei para o Mark, confirmando para todos o que eu já havia dito.
- Estou indo. – Mark estava longe e, por isso, não havia entendido ou visto a situação constrangedora que estava acontecendo ali. Ele achou que eu simplesmente o havia convidado. Mark tirou a sua camisa e aproximou-se da piscina.
- Ele é bem fortinho, né? – comentou sobre o Mark, recebendo um olhar feio do . Ele pulou na piscina e juntou-se a nós.
- Pronto. Eu estou aqui. – Mark disse, parando ao meu lado.
- Vamos fazer isso. – Eu sorri para ele.
- Divirtam-se. Eu vou sair para comer alguma coisa. – não aguentaria presenciar aquela brincadeira. Ele me olhou uma última vez, demonstrando o quanto estava decepcionado e saiu da piscina.
- Ok. Vamos começar. – me julgou com os olhos.

Não dava para negar que eu tinha me sentindo mal pelo que eu tinha feito. O era um idiota sim, mas eu odiava jogar sujo com ele. Eu odiava sentir como se eu fosse igual a ele.

Mesmo com a minha consciência pesada, nós seguimos com a brincadeira. Como em toda ‘briga de galo’, as garotas subiram no pescoço dos garotos. Íamos disputar as semifinais e as duplas que ganhassem, disputariam a final. A primeira semifinal foi entre / e /. A brincadeira começou e nós não conseguíamos parar de rir.

- Empurra ela, ! – gritou aos risos.
- Eu estou empurrando. Ela não cai! – disse, esforçando-se. Depois de muito esforço, acabou ganhando a disputa e arrancou aplausos de todos. O casal comemorou a vitória com um selinho.
- Droga. – suspirou.
- Nós ganharemos na próxima. Você foi bem. – sorriu pra ela. – Bate aqui. – estendeu a mão. tocou a mão dele em meio a um sorriso.

Continuando com a disputa! A segunda semifinal aconteceria entre / e, por fim, eu e o Mark. Começamos a ‘briga de galo’ e a veio com tudo pra cima de mim. Ela realmente estava determinada a ganhar.

- , faz cócegas nela! – gritou. Ele me conhecia bem. Ele sabia que eu morria de cócegas.
- Não! Para. É covardia! – Eu recuei, mas a não. Ela começou a me fazer cócegas. – PARA! NÃO! – Eu gritei, tentando afastá-la.
- Se segura! – Mark não conseguia parar de rir.
- Estamos quase ganhando, ! – deu um último incentivo antes da me empurrar e me derrubar de cima do Mark. Infelizmente, nós perdemos.
- Não valeu! Vocês trapacearam! – Eu fiz bico ao voltar a superfície da água.
- Quando é que você vai aprender a perder, irmãzinha? – perguntou, debochado.
- Cala a boca. – Eu rolei os olhos.
- Podemos disputar logo a final? Estou sentindo que eu vou ganhar. – disse, se gabando.

Hora da final! Os casais se reuniram no centro da piscina e começaram o duelo. A começou melhor. Por muitas vezes, eu achei que a acabaria sendo derrubada por ela. Porém, todos os que estavam assistindo a ‘briga’ acabaram se surpreendendo. deu um forte empurrão e derrubou a de uma hora pra outra.

- YEAH! – gritou, comemorando.
- Eu nem queria ganhar essa brincadeira idiota mesmo. – fez careta, enquanto ajudava a a se estabilizar na piscina.
- Agora, tem que ter um beijo de comemoração! – gritou para o casal que ganhou a brincadeira.
- É verdade! Vai! Beija logo! – Eu apoiei a ideia. riu, sem jeito, enquanto o não perdeu tempo e já foi se aproximando. Quando o parou na frente dela, se aproximou ainda mais. Eles finalmente se beijaram ali no meio da piscina. A cena foi muito fofa. Eles estavam visivelmente apaixonados.
- Chega, ! – riu ao ver que o amigo estava se empolgando demais com o simples beijo. e começaram a rir e o beijo teve de ser interrompido.

Passamos a tarde toda nos divertindo ali na piscina, enquanto o permaneceu dentro da casa. Ele não saiu de lá nem para ver quem havia ganhado a ‘briga de galo’. Os garotos até o chamaram algumas vezes, mas ele estava irreversível! Em compensação, o Mark passou a tarde toda com nós. Ele era um pouco mais tímido do que os garotos, mas não deixava de ser uma pessoa incrível!

- Ah! Eu já estava me esquecendo de falar. Um amigo meu vai dar uma festa em um clube aqui perto. Vocês estão a fim de ir? – Mark nos surpreendeu com o convite. Uma festa em Nova York? Impossível recusar!
- Você está falando sério? – desacreditou.
- Estou! – Mark achou graça da maneira que ela havia feito a pergunta.
- Que horas que começa? – perguntou com os olhos brilhando.
- Começa às 20hrs. – Mark contou.
- Estamos dentro! – disse, empolgado.
- Não acredito! – e eu comemoramos.
- Então, vamos sair da piscina logo para irmos tomar banho e nos arrumar. – disse, enquanto ia em direção a escada da piscina. Todos fizemos o mesmo.
- Se enxuguem antes de entrar ou vocês vão molhar a casa toda! – alertou a todos.
- Ok, ! – rolou os olhos, enquanto se enxugava. Todos fizemos o mesmo antes de entramos na casa, que felizmente tinha 4 banheiros, o que facilitaria muito para que todo mundo conseguisse tomar banho a tempo. Mark foi embora para tomar banho e se arrumar em sua casa e prometeu passar nos buscar para nos levar até a festa.

Ok. Não dava para negar! A discussão com o realmente havia me incomodado. Nós estávamos bem e, agora, estava tudo arruinado novamente. Quando eu saí da piscina e entrei na casa, eu achei que eu o encontraria no sofá, assistindo um jogo qualquer, mas a sala estava vazia. Ele provavelmente estava no quarto dele e pior: ele estava muito bravo comigo. Por mim, tudo bem! Eu também estava brava com ele.

- , o que você está fazendo ai? – perguntou ao entrar no quarto e ver o amigo deitado na cama.
- O que você acha que eu estou fazendo? – Mesmo estando sonolento, perguntou de maneira sarcástica.
- Pelo jeito, dormindo você não está. – o olhou feio.
- Parabéns. Você é muito observador. – ironizou. – E aí? O que nós vamos fazer hoje à noite? – Ele mudou o assunto.
- Nós vamos a uma festa. Aliás, é bom você começar a se arrumar também. – jogou a toalha de banho na cara do .
- Festa? Mas que festa? – perguntou, sem entender.
- Ok. Você não vai gostar. – já quis preparar o amigo.
- Fala logo. – revirou os olhos.
- Foi o Mark que nos convidou. A festa é de um amigo dele. – sorriu com a intenção de fazer com que a notícia soasse menos pior.
- Não me diga! – ficou visivelmente irritado. – Mark, Mark, Mark. Sempre o Mark! – Ele suspirou.
- , por que a implicância com o cara? – perguntou, intrigado.
- Tudo nele me irrita! Eu não consigo olhar pra cara dele sem sentir vontade de quebrar todos aqueles dentes perfeitos dele. – A implicância do era visível.
- Se isso não soasse tão estranho, eu diria que você está com ciúmes da . – disse em tom de piada, pois a possibilidade realmente soava extremamente remota para ele.
- Ciúmes? Que ciúmes!? – reagiu na mesma hora. – Quer saber? Dane-se você também! Eu vou tomar banho. – estava tão furioso, que mal quis falar sobre o assunto. Colocou a sua toalha de banho nas costas e pegou qualquer roupa na mala.
- Então, você vai na festa? – perguntou, antes que ele saísse do quarto.
- Pode apostar que sim. – respondeu, sem olhá-lo e saiu do quarto.

Apesar dos últimos acontecimentos e do clima extremamente pesado que havia se estabelecido entre eu e o , eu estava muito ansiosa para aquela noite. Aquela seria a primeira festa que eu iria em Nova York e eu estaria com todos os meus amigos. Poderia ser melhor? A resposta é sim! Mark também estaria lá e algo estava me dizendo que a noite não passaria em branco.

Para a surpresa de todos, conseguimos ficar prontos no horário combinado. Faltavam 15 minutos para às 8 horas e já estávamos reunidos na sala de estar da casa. Todas as garotas estavam muito bem vestidas e usavam vestidos e salto alto, assim como eu (VEJA A ROUPA AQUI). Os garotos também estavam muito bem vestidos, mas, de alguma forma, o sempre acabava se destacando. O perfume dele era sempre o mais cheiroso e a roupa dele era sempre a mais estilosa dentre os meninos. Naquela noite, ele usava uma calça jeans escura, um tênis de marca e uma camiseta cinza com detalhes pretos, que combinava perfeitamente com a sua calça e seu tênis. Ele também usava um relógio em um dos pulsos. O cabelo dele estava estrategicamente bagunçado, o que o deixava perfeito.

Todos nós estávamos na sala de estar, esperando o Mark chegar para que finalmente fossemos a festa. Eu e o trocamos olhares em nenhum momento. Quer dizer, se ele olhou pra mim, eu não percebi e ele também certamente não percebeu quando eu olhei pra ele.

- Se eu pelo menos estivesse esperando por uma garota. – suspirou, incomodado com o atraso do Mark.
- Ele já deve estar chegando, . – repetiu pela terceira vez naquela noite.
- Eu ainda estou querendo entender o motivo de toda essa implicância do com o Mark. – disse, curiosa.
- Por que todo mundo fica perguntando isso? Me deixem em paz! – respondeu, sem qualquer paciência.
- Está vendo! – riu.
- Eu não sou obrigado a ficar puxando o saco desse cara como vocês fazem!. – argumentou.
- Ei! Eu não fico puxando o saco de ninguém! – defendeu-se. O assunto fez com que eu tivesse que me esforçar para evitar um riso ou até mesmo um sorriso.
- Vocês nem conhecem ele direito e já viraram amigos de infância. – disse, furioso.
- Às vezes, as pessoas que acabamos de conhecer são bem melhores do que as pessoas que conhecemos há anos. – Eu não consegui evitar. Eu tive que me intrometer. – Vê se supera, . – Eu forcei um sorriso. O me olhou pela primeira vez naquela noite e me fuzilou com os olhos.
- Não precisa exagerar também, né. – tentou intervir. – O Mark é legal, mas nós seriamos educados com ele de qualquer forma. – explicou o seu ponto de vista.
- Acho que ele chegou. – disse, indo até a janela para confirmar se o carro do Mark estava em frente a casa.
- É ele mesmo. – confirmou, depois de olhar pela janela também.
- Então, vamos! – disse, levantando-se do sofá. Todos os outros fizeram o mesmo.

Fomos todos para o lado de fora da casa, enquanto o foi buscar o carro da tia Janice na garagem. O não conseguia disfarçar a raiva em seu rosto e isso só me deixava cada vez mais satisfeita. Não é segredo o quanto eu adorava irritá-lo.

- Podemos ir? – Mark perguntou para todos, mas o sorriso foi especialmente pra mim. Eu não pude deixar de perceber o quanto ele estava atraente.
- E como você espera que façamos isso? Vamos todos a pé? Será que cabe todo mundo no seu porta-malas? – foi intencionalmente grosseiro. Mark o olhou mais sério.
- O já está vindo com o carro. – sorriu, dando uma discreta cotovelada no .
- Olha ele ali! Vamos lá. – apontou, assim que viu o sair da garagem com o carro.

Em total silêncio, fomos até o carro da tia Janice. A foi no banco do passageiro, ao lado do . Todos os outros, inclusive eu e o , fomos no banco detrás do carro. Como eu já disse, o carro era enorme!

- Esse carro é insano! – não conseguia conter a empolgação por estar dirigindo aquele carro.
- O Mark está te esperando ali na frente. – apontou na direção do carro do Mark.

acompanhou o Mark e ele nos guiou até o local da festa. Todos no carro estavam conversando e demonstrando a sua empolgação por estar indo naquela festa, mas eu e o nos mantemos em silêncio durante todo o trajeto. Quando chegamos ao local da festa, ficamos surpresos com o local. Estava lotado, a música era boa e as luzes que vinham de lá de dentro não paravam de piscar.

- Uau! – disse, boquiaberta.
- Cara, eu amo o Mark. – suspirou.


Os dois carros seguiram juntos até o estacionamento. O e o Mark estacionaram o carro lado a lado. Nós descemos do carro e fomos todos juntos na direção da festa. O continuava fazendo o seu voto de silêncio, mas a expressão no rosto dele mostrava o quão irritado ele estava.

- Já estou avisando: se algum cara olhar na direção da , vai levar porrada. – disse, colocando um dos seus braços nos ombros da . Ela não se manifestou, mas pelo sorriso no rosto dela, ela ficou bastante satisfeita com a demonstração de ciúmes do .
- Deixem os celulares ligados. Se alguém se perder, dá para ligar. – avisou a todos.

Chegamos na entrada da festa e o Mark falou com o segurança, que permitiu a nossa entrada na festa. Ao entrarmos, ficamos muito empolgados. Sentamos em uma mesa, que parecia estar reservada para nós. Mark se sentou ao meu lado. Começamos a comer alguns lanches que os garçons passaram servindo nas mesas. Nós pretendíamos dançar, mas com a fome que estávamos, a comida era a prioridade naquele momento. Quer dizer, foi a prioridade até o momento em que começou a tocar uma das músicas favoritas das garotas. Nós tivemos que ir dançar.

- Não acredito! Vamos dançar! – disse, levantando-se da mesa. Nós a acompanhamos, sem hesitar. Os garotos permaneceram sentados.
- Olha só o ! Ele nem pisca. – riu ao ver a expressão na cara do , que assistia a dançar. Ele até tentou disfarçar, mas os garotos não costumavam deixar esse tipo de coisa passar.
- E você, Jonas? Vai ficar só olhando hoje? – estranhou a tranquilidade do amigo.
- Parece até que não me conhece. – sorriu, malandro. – Estou só procurando o alvo perfeito. – Ele disse, distribuindo olhares pelo local.
- Aquela loira ali não tirou os olhos de você desde a hora que nós chegamos. Se você não for falar com ela, ela é quem vai acabar vindo falar com você. – apontou discretamente com a cabeça na direção da garota. não foi nada discreto ao olhar na direção dela no mesmo instante.
- Não sei. Não faz muito o meu tipo. – não demonstrou muita empolgação.

Na pista de dança, eu e as garotas continuávamos dançando empolgadamente. Estávamos tão felizes, que não estávamos nos importando com nada e nem com ninguém, mas seria hipocrisia da minha parte se eu dissesse que os olhares que o me lançava não me deixavam ainda mais feliz. Mesmo querendo retribuir a olhada, eu não olhei! Os olhares que o Mark me lançava também haviam sido notados por mim.

- Quer um guardanapo, Mark? – brincou ao ver Mark me vendo dançar.
- Eu acho que vou aceitar. – Mark entrou na brincadeira, mas ficou inevitavelmente sem jeito. ouviu o comentário e reagiu involuntariamente, rolando os olhos. O certamente não tinha escutado o comentário, pois se tivesse escutado, teria dito alguma coisa.
- Bom, licença! Eu vou lá cuidar do que é meu. – levantou-se da mesa, arrancando a risada de todos na mesa. Ele se aproximou da e começou a dançar com ela.

Depois de um pouco mais de 15 minutos dançando, eu já estava farta dos olhares que continuavam sendo lançados na minha direção, que não resultavam em nenhum tipo de atitude e aproximação por parte do Mark. Por isso, eu mesma fiz questão de ir até a mesa e chamá-lo para dançar. Ao me aproximar, bebi um gole do meu refrigerante que estava sobre a mesa. O e o Mark continuaram me olhando. Depois de beber o refrigerante, olhei para o Mark e sorri.

- Você vai ficar aí? – Eu perguntei pra ele.
- Eu já estava indo lá. – Mark devolveu o sorriso, enquanto se levantava. Sem qualquer sutileza, observava a cena e deixava bem claro o quanto aquilo estava incomodando ele. Qualquer um perceberia isso! O , com certeza, percebeu.
- Vamos. – Eu me virei para ele, sorri e apontei a minha cabeça na direção da pista de dança. Eu fui na frente e o Mark me acompanhou. Fomos até as garotas e o .

O Mark não era o melhor dançarino do mundo, mas não foi algo que me incomodou. Começamos a dançar juntos, mas sem muita intimidade. Ainda não éramos tão próximos. Os olhares do ficavam cada vez mais intensos. Eu conseguia sentir. Ele estava muito irritado e estava se segurando para não ir até lá e encher o Mark de socos. Ele não sabia o que estava acontecendo com ele.

- Eu vou dar uma volta. Vejo vocês depois. – disse, levantando-se da mesa e afastando-se dos amigos.
- Vamos lá? – perguntou pro , referindo-se à pista de dança.
- Você está mesmo me convidando pra dançar? – o olhou em meio a uma careta.
- Você entendeu o que eu quis dizer, idiota! – rolou os olhos.
- Eu sei! Vamos lá. – gargalhou da cara feia do amigo. Os dois se levantaram e foram até o resto do pessoal.

O e o não foram nada sutis e foram logo se aproximando da e da , respectivamente. Era claro o interesse que eles tinham em cada uma delas, mas a maneira deles de demonstrar era diferente. O meu irmão sempre conseguia ser um pouco mais objetivo com tudo, mas o sempre foi mais receoso, principalmente quando tratava-se da . Nós dançamos e nos divertimos todos juntos por quase 1 hora, mas só eu parecia extremamente exausta. Talvez, fosse por causa do meu salto alto, que estava me matando.

- Gente, vou ao banheiro e já volto. – Foi a minha maneira de dizer: ‘olha, eu preciso parar um pouco e descansar.’. Eu até cogitei chamar as garotas para irem comigo, mas elas estavam se divertindo tanto, que não quis atrapalhá-las.
- E eu vou pegar alguns refrigerantes para nós. – Mark foi o único que me deu atenção e que me respondeu. Eu concordei com a cabeça e me afastei, indo na direção do banheiro. Ao passar pela mesa que estávamos sentados anteriormente, notei que ela estava vazia, ou melhor, notei que o não estava ali. Por um segundo, me perguntei onde ele poderia estar, já que ele era o único que não estava na pista de dança.

Mesmo estando curiosa, segui o meu trajeto e entrei no banheiro feminino. Espontaneamente, fui direto até o espelho e constatei o que eu já sabia: eu estava horrível. Minha maquiagem estava um pouco borrada por causa do suor ocasionado pela dança, mas o meu cabelo ainda tinha salvação. Aproveitei que eu estava com a minha bolsa e retoquei a maquiagem.

Ao me olhar no espelho novamente, eu percebi que eu estava um pouco mais apresentável. Tudo parecia estar em ordem novamente. Porém, os meus pés continuavam me matando e a minha cabeça começava a dar sinais de que iria doer. A música alta com certeza era a culpada. Saí do banheiro lentamente, pois a dor no pé não me deixava andar mais rápido. Aproveitei o meu lento trajeto até a mesa para dar uma breve olhada pelo local. Sim, eu estava involuntariamente procurando o . Eu não conseguia entender porque o sumiço repentino dele estava me incomodando tanto!

Depois de muito insistir, eu consegui avistar o do outro lado do salão. Ele estava sentado ao lado de uma morena que, por sinal, era muito bonita. Ela estava falando coisas no ouvido dele, enquanto ele ria malandramente. Confesso que eu fiquei muito mais incomodada do que eu um dia eu havia imaginado ficar. Aquela não era a primeira vez que eu via o com uma garota e certamente não seria a última! Isso nunca havia me incomodado! O que estava acontecendo comigo? Talvez, eu tivesse sim o direito de ficar brava, já que era extremamente ridículo o fato de ele ter me beijado em um dia e estar nos braços de outra no dia seguinte. Até cogitei em ir até lá e tirar satisfações, mas a dor no meu pé não permitiria e, felizmente, eu tinha senso do ridículo. Não valia a pena.

Mesmo sem querer assumir, a festa havia acabado pra mim no momento em que eu vi o nos braços daquela outra garota. Mesmo me sentindo uma idiota por assumir aquilo para mim mesma, eu não conseguia encontrar uma outra opção senão ir embora. A festa já tinha perdido a graça. Com dificuldade, andei até a pista de dança para comunicar aos meus amigos que eu iria embora.

- Gente! Eu acho que vou embora. Esse salto está me matando e a minha dor de cabeça também. – Eu disse, fazendo careta.
- Nós acabamos de chegar, ! – afirmou, contrariado. Ele sabia que se eu fosse embora, ele teria que ir embora também, já que ele teria que me levar pra casa.
- Infelizmente, a minha dor não tem relógio. – Eu ironizei, irritada. Eu estava com dor! Ele precisava mesmo agir como um babaca?
- Eu te levo. – Mark se manifestou repentinamente.
- Não. Imagina! Eu não quero atrapalhar a sua festa. – Eu neguei com a cabeça.
- Imagina! Você nunca vai me atrapalhar em nada. – Mark insistiu, sendo extremamente gentil.
- Tem certeza de que você pode levá-la? – perguntou. Ele sabia que a responsabilidade era dele.
- É claro que sim. – Mark confirmou ao sorrir.
- Está bem! Vai com ele então, . – não conseguiu nem disfarçar o seu alívio por ter encontrado alguém para fazer o seu trabalho de me levar pra casa.
- Ok. – Eu fiquei sem graça e envergonhada pelo meu irmão, mas eu não queria recusar novamente, já que o Mark estava sendo tão legal.
- Toma cuidado com a minha irmã, cara. – gritou na minha direção e na do Mark. Nós já estávamos nos afastando.
- Deixa comigo! – Mark gritou de volta e fez um sinal positivo com um dos dedos.

Demonstrando muito cavalheirismo, Mark foi extremamente paciente e passou a andar devagar para me acompanhar. Ele percebeu a minha dificuldade para andar. Estávamos mais perto de uma das saídas, mas eu fiz questão de sair pela saída mais longe para podermos passar na frente do . Eu adoraria que ele me visse saindo com o Mark.

- Por aqui. – Eu segurei uma das mãos do Mark e o guiei na direção da outra porta.

Continuamos nos aproximando do e eu fiz questão de continuar de mãos dadas com o Mark. Ao passar por ele, eu percebi que ele ainda estava no mesmo lugar, fazendo a mesma coisa com a mesma garota. Irritadíssima com o que eu estava vendo, eu não pensei duas vezes antes de parar na frente da mesa em que ele estava sentado e me virar de frente para o Mark.

- A saída fica pra lá, né? – Eu perguntei qualquer coisa para o Mark. Eu só queria que o me notasse e ele notou! Ele reconhecer a minha voz na mesma hora.
- É por ali mesmo. – Mark confirmou. Ele mal tinha visto o .
- Então, vamos. – Voltei a puxar a mão do Mark e continuei a leva-lo na direção da tal saída. Ciente de havia sido notada pelo , eu estava satisfeita. Chegamos na porta de saída, passamos pelos seguranças e demos poucos passos para fora do local da festa, quando uma voz conhecida nos abordou repentinamente.
- Hey! Onde vocês vão? – não pensou duas vezes antes de abandonar a garota com quem ele conversava ao me ver deixar a festa ao lado do Mark. Nós nos viramos para olhá-lo.
- Não interessa. – Eu respondi de maneira grosseira e voltei a olhar para frente e cheguei a dar mais alguns passos.
- É claro que interessa! – não havia gostado da maneira que eu havia falado e entrou repentinamente na minha frente. - Para onde vocês estão indo? – Ele repetiu a pergunta.
- Sai da frente! Eu já disse que não interessa. – Eu desviei do e puxei o Mark para que ele continuasse andando ao meu lado.
- ! Será que dá pra você parar de agir como uma criança mimada ao menos uma vez!? – entrou novamente na minha frente. Mark demonstrou impaciência, mas não disse nada.
- Eu vou pra casa! Você está satisfeito?– Eu finamente respondi a pergunta dele, mas fiz isso da maneira mais estúpida que eu consegui. A minha vontade de socá-lo era maior que tudo.
- Eu vou pegar o carro. – Mark interrompeu rapidamente a discussão. – Você vai ficar bem? – Ele me olhou, sério.
- Vá de uma vez, Mark. – finamente o respondeu da maneira que ele tanto havia desejado. Mark reagiu na mesma hora e deu indícios de que enfrentaria o .
- Mark, vai pegar o carro, por favor. – Eu evitei a confusão, entrando na frente do . Mark relutou em se afastar, mas acabou cedendo. Ele se afastou e foi na direção do estacionamento, deixando eu e o sozinhos.
- Você não vai embora com ele. – afirmou. Ele estava bem atrás de mim.
- Você não deveria me desafiar desse jeito. – Eu disse ao me virar de frente para ele.
- Você não vai. – reafirmou.
- Por que você não volta pra festa e me deixa em paz? – Eu arqueei uma das sobrancelhas ao encará-lo.
- Eu levo você! – encontrou uma solução.
- Me leva como? Nas costas? – Eu ironizei aos risos.
- Se for necessário, sim! – manteve-se sério.
- Eu não quero nada de você, Jonas. Não mais. – Eu neguei na mesma hora. – Volta pra festa. – Eu insisti. Deixei de olhá-lo, quando percebi que o carro do Mark havia parado na minha frente.
- , por favor, não vai com ele. – me pediu novamente, mas dessa vez não havia tanto ódio nos olhos dele. Havia um outro sentimento que eu não consegui decifrar.
- Boa noite, Jonas. – Eu não voltaria atrás na minha decisão. Deixei de olhá-lo e fui na direção do carro do Mark, abri a porta do passageiro e entrei.
- Tudo bem? – Mark perguntou. Ele estava se referindo ao .
- Tudo bem. – Eu confirmei com um fraco sorriso. Toda aquela situação havia me irritado, mas eu jamais descontaria no Mark.
- Qual é a desse , hein? – Mark perguntou, pois ele continuava sem entender o que havia acontecido há poucos minutos.
- Ele é um idiota. Não liga pra ele. – Eu rolei os olhos ao falar dele. Eu não deixaria que os meus problemas com o estragasse a minha noite com o Mark.

O ainda não havia conseguido superar o fato de que eu realmente tinha ido embora com o Mark. Ele não estava conseguindo lidar com os seus sentimentos e isso o deixava bastante irritado. sempre gostou de estar no controle de tudo e ele não estava conseguindo manter o controle sobre si mesmo quando tratava-se de mim. Isso o deixava completamente instável!

Logo depois de eu sair de carro com o Mark, fez questão de pegar o primeiro táxi que passou pelo local da festa e seguiu imediatamente para a casa da tia Janice. Não tratava-se apenas de ciúmes, mas também do instinto de proteção que ele sempre sentiu por mim. Apesar de tudo, ele só conhecia o Mark a pouco tempo e não confiava nem um pouco dele. Além disso, o também tinha receio do tipo de aproximação que eu o Mark poderíamos ter.

Durante todo o caminho até a casa da tia Janice, Mark se comportou como um perfeito cavalheiro. Ele não tentou nada comigo. Nós até tivemos uma conversa bastante interessante, mas não foi suficiente para me fazer esquecer o que tinha acontecido entre eu e o naquela noite e também não me ajudou a esquecer a aproximação dele com aquela garota, que insistia em falar no ouvido dele. Eu ainda não conseguia entender o porquê de aquilo ter me irritado tanto.

- Chegamos. – Mark disse ao parar o carro na frente da casa da minha tia.
- Sim, chegamos. – Eu sorri, sem jeito. Eu estava ciente do que poderia acontecer naquele momento. – Então, boa noite! Muito obrigada por me trazer, Mark. – Eu dei o meu melhor sorriso. Eu estava prestes a abrir a porta do carro, quando ele chamou a minha atenção.
- Espera. – Mark pediu, me fazendo voltar a olhá-lo. – , eu não disse nada, mas eu tenho certeza que você percebeu a maneira com que eu tenho agido com você. Eu não sou muito bom em disfarçar esse tipo de coisa. – Mark sorriu visivelmente sem jeito.
- Eu percebi. – Eu também fiquei sem graça.
- Eu tenho tentado descobrir qual é a hora e a maneira mais certa para se fazer isso. Eu acho que, talvez, a hora certa seja agora. – Pela primeira vez na noite, o Mark tentou se aproximar. Quando eu me vi rejeitando o beijo, eu me senti extremamente idiota. Eu queria aquele beijo há 15 minutos atrás. O que tinha mudado?
- Desculpa, Mark. – Eu me senti muito mal, porque eu sabia que tinha dado esperanças para ele. - Eu não estou muito bem hoje. A... minha dor de cabeça não está me deixando pensar direito. – Eu me sentia na obrigação de me justificar. Eu devia isso a ele. – Desculpe. – Eu me desculpei novamente.
- Tudo bem. – Mark ficou nitidamente sem graça. – Eu entendo perfeitamente. – Ele completou, tentando fazer com que eu não me sentisse tão mal.
- Mark, eu quero isso. Eu quero! Mas... – Eu nem sabia como terminar a frase.
- , está tudo bem. – Mark reafirmou com um fraco sorriso. Mesmo com aquele sorriso, eu sabia que não estava tudo bem.
- Então, eu... vou entrar. – Eu apontei na direção da casa da minha tia. – Obrigada e me desculpa... de novo. – Eu não consegui disfarçar o quão péssima eu estava com aquela situação.
- Boa noite. – Mark respondeu, antes que eu saísse do carro.

Me sentindo a pior pessoa do mundo, eu abri a porta do carro e sai. Além de me sentir péssima por ter feito aquilo com o Mark, eu estava me sentindo ridiculamente idiota porque, no fundo, eu sabia quais tinham sido os meus motivos para não beijá-lo naquela noite. Eu estava odiando a mim mesma naquele momento. Andei até a porta da casa e entrei na casa da tia Janice completamente indignada.

- Que droga! – Eu suspirei, furiosa. Tirei a sandália de salto e a coloquei no canto da sala. Sem saber o que fazer, me joguei no sofá, enquanto tentava lidar com toda a minha estupidez. Em meio aos meus conflitos internos, a porta da casa foi repentinamente aberta, fazendo com que eu levasse um enorme susto. Quando eu olhei para ver de quem se tratava, eu não acreditei. – O que você está fazendo aqui? – Eu perguntei ao , pronta para começar uma nova discussão.
- Me diz que você não beijou ele! – deu poucos passos na minha direção. Ele parecia eufórico e respirava com um pouco de dificuldade.
- O que? – Não era o que eu esperava ouvir dele.
- Beijou ou não beijou? – se aproximou ainda mais de mim, fazendo com que meu coração acelerasse de maneira involuntária.
- Era só o que me faltava! Ter que dar satisfações da minha vida amorosa pra você. – Eu fui pega de surpresa por ele e eu diria qualquer coisa para tentar camuflar o que eu realmente estava sentindo.
- Responde. – parou na minha frente e não se deixou levar pela minha maneira rude de falar com ele. A respiração estava um pouco mais calma. A aproximação me deixou tensa.
- O que você veio fazer aqui, ? – Eu o encarei, sem entender o que ele queria com tudo aquilo.
- Eu não podia deixar ele beijar você. – desceu rapidamente os seus olhos até os meus lábios.
- E por que não? – Eu olhei nos olhos dele pela primeira vez naquele dia.
- Por que esse é o meu trabalho, não o dele. – Ele se manteve sério ao terminar a frase e só então eu pude concluir que ele realmente estava falando sério.
- Para, . – Eu pedi, negando com a cabeça e deixando de olhá-lo. Dei alguns passos e me afastei, ficando de costas para ele.
- Aquele beijo não sai da minha cabeça. – finalmente conseguiu dizer aquilo em voz alta. Ele estava receoso com a minha reação. Minhas pernas chegaram a ficar bambas.
- Qual beijo? O meu beijo ou o daquela garota lá no clube? – Eu fiz questão de voltar a olhá-lo. Enquanto eu o julgava com o olhar, ele me olhava com surpresa. Ele foi pego de surpresa e não conseguiu responder. O silêncio dele foi a confirmação que eu tanto tive receio. – Não sei porque eu estou surpresa. – O olhei com decepção e me afastei, pois não queria brigar com ele novamente. Fui espontaneamente até o quintal da casa, pois naquele momento, eu julguei que aquele era o melhor lugar para me manter longe dele.
- Eu não fiquei com ela. – A voz do afirmou bem atrás de mim. Ele estava me seguindo, agora? Me virei para ele pronta para mandá-lo ir para o inferno, mas a proximidade dele me pegou de surpresa. Ao me virar, dei de cara com ele. Aquilo me desestabilizou.
- Até parece! – Eu novamente tentei dizer qualquer coisa que pudesse fazê-lo se afastar de mim, porque eu não conseguia fazer isso.
- Eu até tentei. Cheguei a me convencer de que era o que eu queria, mas eu não consegui. – ergueu os ombros. O olhar e a expressão em seu rosto davam todos os indícios de que ele estava sendo sincero. Como eu queria que ele estivesse mentindo.
- Eu vi como ela era, ok? Ela é exatamente como as outras garotas que você costuma beijar. Por que você não conseguiria ficar com ela? – Eu perguntei em tom de deboche. Eu ainda achava que ele estava mentindo pra mim. Pelo menos, era disso que eu queria me convencer.
- Por que ela não era você. – disse, deixando um fraco sorriso surgir no canto do rosto dele. Eu recebi aquela frase da pior maneira possível. Eu não soube reagir. Eu não soube o que dizer. Eu não tinha mais argumentos. Eu não tinha mais rumo. O coração estava prestes a sair pela boca e me corpo estava arrepiado da cabeça aos pés.
- O que você quer dizer? – Eu perguntei, olhando novamente nos olhos dele. Eu precisava saber se eu realmente havia interpretado corretamente aquela frase. Eu precisava ouvir ele dizer. disse com a voz falhando, enquanto olhava pra ele de forma séria.
- Eu quero dizer que... – aproximou-se novamente. Enquanto ele hesitava em continuar a frase, ele distribuía olhares por todo o meu rosto. – Eu não quero mais ninguém além de você. – Ele se declarou da maneira mais doce que se pode imaginar. A forma com que ele estava me olhando, a jeito que o sorriso dele demonstrava uma timidez e uma insegurança que eu nunca tinha visto nele e a maneira que ele colocou uma pequena mecha do meu cabelo atrás da orelha. Naquele momento, ele me desmontou por completo.
- Eu não beijei o Mark. – Diante de tudo o que eu tinha acabado de ouvir, eu precisava que ele soubesse.
- Eu sei. – O sorriso do aumentou.
- Sabe? Como você sabe? – Eu arqueei uma das sobrancelhas em meio a um sorriso.
- Desde que nos beijamos, você mudou. – começou a responder. – O seu jeito de me olhar, de sorrir pra mim e o jeito que você fica quando eu me aproximo... desse jeito. - Ele olhou sutilmente para os meus lábios. – Por isso, eu sabia que você não o beijaria. Eu sabia que você não beijaria outro cara essa noite, exceto... se esse cara fosse eu. - disse, deixando um sorriso escapar. Os olhos dele estavam indecisos entre os meus lábios e os meus olhos, mas a mão dele que subiu até o meu rosto não teve dúvidas. Ele afastou uma mecha do meu cabelo que estava mais próxima do meu rosto. Eu não consegui me manifestar, mas também não tentei evitar que o beijo acabasse acontecendo.

Aos poucos, o foi se aproximando cada vez mais e quando ele estava prestes a colar os lábios dele nos meus, eu fechei os meus olhos. Eu estava completamente entregue. A princípio era apenas um selinho, mas acabou se transforando em um beijo. Senti a mão dele deslizando pelo meu cabelo, pelo meu ombro e ela parou quando encontrou a minha mão. Nós entrelaçamos os nossos dedos e na mesma hora nós percebemos o encaixe perfeito das nossas mãos.

Seria impossível explicar como eu estava me sentindo naquele momento. Eu sabia que eu estava exatamente onde eu deveria estar. Eu estava exatamente onde eu queria estar. Aquele beijo foi definitivamente melhor e mais longo do que o primeiro. Sabíamos o que estávamos fazendo daquela vez e isso mudava tudo. O beijo não chegou a ser intensificado, pois nós queríamos aproveitar cada segundo daquele momento.

Eu o beijaria até o amanhecer se eu pudesse, mas eu sabia que os nossos amigos chegariam da festa a qualquer momento e, por isso, eu tive que terminar o beijo. Quando o percebeu que eu terminaria o beijo, ele se antecipou, puxando o meu lábio inferior antes de descolar os nossos lábios. Abri os meus olhos e observei ele abrir os dele lentamente. Quando nossos olhares se cruzaram, ele sorriu de uma maneira que chegou a me deixar zonza. De maneira involuntária, eu me aproximei, toquei o rosto dele com as minhas mãos e selei os lábios dele mais uma vez. Tentei fazer com que aquele selinho durasse o máximo, mas, ao mesmo tempo, eu tinha receio que fossemos flagrados pelos nossos amigos.

- Eu tenho que subir pro meu quarto. – Eu sorri, dando poucos passos para trás. Achei melhor subir de uma vez para o meu quarto para não correr o risco de cair na tentação.
- Espera. – pediu, antes que eu começasse a subir a escada. Me virei para olhá-lo. – Eu sei que o Mark não vai desistir de você, mas eu quero que você saiba que eu vou lutar por você. – fez questão de deixar aquilo bem claro. A afirmação dele me fez sorrir da maneira mais boba possível. Eu não disse nada, mas eu sabia que a minha reação tinha dito mais do que qualquer conjunto de palavras que eu tentasse dizer.

Subi a escada com uma sensação horrível dentro de mim. Cada passo que eu dava na direção do meu quarto, era um passo mais longe que eu estava dele. Eu nunca tinha imaginado que desejaria tanto estar perto dele como eu estava desejando naquele momento. Entrei no meu quarto e ao fechar a porta, me recostei nela. O meu coração estava na boca e eu não conseguia parar de sorrir. Era loucura! O ? Logo o ? Como é possível existir dois sentimentos tão distintos pela mesma pessoa? Talvez, essa história de que amor e ódio andam juntos é mesmo verdadeira.




Capítulo 12 – NASCER DO SOL



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





- . – Fazia um pouco mais de 2 horas que eu finalmente havia conseguido dormir, quando ouvi alguém sussurrar no meu ouvido. Eu nem sequer me movi na cama, pois achei que estivesse sonhando. – ! – A voz disse com mais intensidade, fazendo com que eu abrisse os meus olhos de maneira sonolenta. Me virei para ver de quem se tratava e tive a melhor das surpresas.
- ? – Eu não consegui disfarçar a surpresa ao vê-lo. A estava dormindo naquele mesmo quarto. Ele era maluco?
- Hey. – riu, agachando-se em frente à minha cama.
- Você está maluco? O que você está fazendo aqui? – Eu olhei rapidamente para a minha colega de quarto para me certificar de que ela estava dormindo e voltei a olhá-lo.
- Eu quero te mostrar uma coisa. – sorriu fraco.
- Ás 5 horas da manhã? – Eu perguntei, depois de confirmar o horário no meu celular.
- Você vai levantar ou não? – sorriu, segurando o riso.
- Tem certeza de que você não está sonâmbulo? – Eu me sentei na cama.
- Vamos! – suspirou, impaciente.
- Está bem! Eu estou indo. – Eu afirmei, fazendo careta. Depois de afastar a coberta, me levantei da cama. O voltou a ficar de pé também.
- Vamos logo antes que a acorde. – apontou na direção da porta.
- A já sabe. – Eu contei, depois de colocar um sobretudo por cima do pijama.
- O que!? – paralisou na mesma hora. – Como assim ‘ela sabe’? – Ele estava visivelmente em choque.
- Tem certeza que quer falar disso agora? - Eu arqueei uma das sobrancelhas. Eram 5 horas da manhã e estávamos de pé ali no meio do meu quarto.
- Ok! Vem. – negou com a cabeça e estendeu uma de suas mãos para que eu a segurasse. A atitude dele me deixou um pouco surpresa. Sem perceber, encarei a mão dele. – Você não confia em mim? – Ele perguntou, depois de perceber a minha hesitação ao segurar a sua mão.
- Eu não sei porque, mas... eu confio. – Eu deixei um sorriso escapar ao levar a minha mão até a dele. Ele sorriu de volta, antes de começar a andar e me puxar com ele. – Você não vai mesmo me contar para onde você está me levando? – Eu tive que perguntar.
- Ainda não. – negou com a cabeça. Em silêncio, descemos a escada, passamos pela sala de jantar e depois, pela cozinha. – Eu fiz esses chocolates quentes para nós. – soltou a minha mão para me entregar a caneca.
- Obrigada. – Eu sorri, encantada. Eu não sei o que estávamos fazendo, mas ele estava sendo incrivelmente fofo.
- Vamos. Por aqui. – voltou a segurar a minha mão e a me puxar. Ele me levou até o quintal da casa.
- Não vai me dizer que você vai me jogar na piscina de novo? Eu mato você. – Eu o ameacei em tom de brincadeira.
- Você está falando sério? – sorriu, incrédulo.
- É claro que eu estou! Você já fez isso uma vez. – Eu argumentei.
- Não se preocupe. Eu só faço isso quando quero tirar você de perto do Mark. – disse, me olhando malandramente.
- Você não presta. – Eu neguei com a cabeça em meio a um sorriso. Ele gargalhou. – Não tem graça. – Eu o empurrei de maneira sutil.
- É claro que tem! Você ficou tão brava. – continuou a rir.
- Eu nem fiquei tão brava assim. – Eu rolei os olhos em meio a uma careta.
- Está bem! Vem logo! – Ele desistiu da provocação e voltou a puxar uma das minhas mãos.

Mesmo sem entender o que ele queria, eu deixei que ele me guiasse até o topo do gramado do quintal da tia Janice. Como o lugar era alto, nós tínhamos uma visão privilegiada de um dos lados da cidade. – Senta. – pediu, sentando-se. Eu fiz o que ele pediu e me sentei ao seu lado. Ficamos algum tempo em silêncio, enquanto observávamos o topo de diversos prédios e o telhado de diversas casas. Naquele momento, a cidade ainda estava escura.

- O que nós estamos fazendo mesmo? – Eu perguntei, antes de tomar um gole do meu chocolate quente. Apesar de ser uma visão que não se tem todos os dias e muito menos em qualquer lugar, eu não estava vendo nada demais ali.
- Espera. Continua olhando. – disse, sem me olhar. Continuei a olhar para o mesmo lugar. – E em 5,4,3,2 e 1... – contou, enquanto olhava para o relógio em seu pulso. Ao final de sua contagem, conseguimos ver a pontinha do sol, que começava a nascer naquele exato segundo. Sem conseguir dizer nada, nós víamos o sol nascer lentamente por detrás dos enormes prédios de Nova York.
- Uau. – Eu disse, boquiaberta. Era a primeira vez que eu via o nascer do sol. Eu fiquei extremamente maravilhada. – É lindo! – Eu sorri, sem saber como reagir. Eu não sabia se o que mais estava me deixando surpresa era o nascer do sol ou a atitude do de me levar até ali.
- Aquele dia em que a minha avó morreu, eu não consegui dormir e, então, eu vim aqui fora e descobri isso. – disse, deixando de olhar a linda paisagem e voltando a olhar pra mim. A luz do sol batia no rosto dele, o que deixava o sorriso dele ainda mais lindo. – Eu queria te trazer aqui, já que você me levou até o lugar que era seu e da sua avó naquele dia. – A frase dele fez com que trocássemos sorrisos e olhares constrangedores.
- Foi você que fez? – Eu perguntei, mostrando a caneca de chocolate quente.
- Foi. Está horrível! Eu sei. – fez careta.
- Não! Está muito bom. – Eu disse com convicção. O chocolate quente realmente estava muito bom. – Eu juro! – Eu queria que ele acreditasse em mim.
- Que bom, então. – agradeceu, sem jeito.
- Eu não acredito que você acordou tão cedo para fazer tudo isso. – Eu disse, demonstrando o quanto eu estava impressionada. – Eu não conhecia esse seu lado. – Eu voltei a tomar um gole do chocolate quente.
- Eu também não conhecia. – foi sincero.
- Como assim? – Eu achei graça, mas também fiquei surpresa e curiosa. Ele me olhou como se já tivesse se arrependido de ter dito aquilo.
- Eu também não sei porque eu estou fazendo essas coisas. Eu nunca fiz nada disso por ninguém. Eu... sinceramente, não sei explicar o que está acontecendo. – estava visivelmente confuso, mas se esforçando para ser sincero.
- Você sempre foi muito competitivo. Talvez, você esteja dando o seu máximo para desbancar o Mark. – Eu sorri, sem emitir qualquer som. Mesmo negando com a cabeça, ele sorriu.
- Não. – Ele afirmou como se não tivesse qualquer dúvida. – Não tem a ver com o Mark. Tem a ver com você. Tem alguma coisa sobre você que... eu não consigo explicar. – novamente teve dificuldade de se explicar.
- Comigo? – Eu apontei para mim mesma. Eu não sabia se era um elogio ou se ele estava, de certa forma, me acusando de alguma coisa. – E isso é uma coisa boa? – Eu perguntei, confusa.
- É uma boa coisa. – Ele concordou na mesma hora. – Na verdade, é uma das melhores coisas que já me aconteceu. – terminou a frase com um sorriso desconcertante, que me deixou visivelmente abobalhada.
- Você tem que parar de fazer isso. – Eu neguei com a cabeça.
- Isso o que? – arqueou a sobrancelha, sem entender o que havia feito de errado.
- De sorrir desse jeito. De olhar pra mim desse jeito. De falar essas coisas... – Eu disse, envergonhada por estar dizendo aquilo em voz alta. – Um dia, eu posso acabar acreditando. – Eu disse, deixando de olhá-lo. Eu estava muito sem graça para continuar olhando para ele, por isso, abaixei a cabeça e encarei a caneca de chocolate quente, que já estava vazia. Eu a coloquei sobre o gramado.
- Você deveria. – continuou me olhando com o mesmo sorriso. Ele adorava ver os efeitos que ele também tinha sobre mim.
- Sabe o que nós realmente deveríamos fazer? Voltar pra cama. – Eu me levantei para evitar novos constrangimentos, mas o permaneceu sentado.
- Você tem razão. Alguém pode acordar e nos ver aqui. – concordou comigo mesmo não demonstrando muita empolgação com a ideia de sairmos dali. – Vamos. Me ajude a levantar. – colocou a caneca de chocolate quente no gramado e estendeu suas mãos em minha direção.
- Você está brincando? Olha o seu tamanho e olha o meu! – Eu cruzei os braços, enquanto ria.
- Qual é! – me olhou, contrariado.
- Está bem! – Eu rolei os olhos, enquanto levava as minhas mãos até as mãos dele. Puxei uma, duas, três vezes e ele mal saiu do lugar. – Eu não consigo! – Eu disse, prestes a desistir.
- Força! – me incentivou. Eu puxei mais algumas vezes e ele continuou sem se mover.
- Dá pra ajudar? – Eu pedi, irritada. Ele nem estava se esforçando para levantar.
- Ok! Vai. Eu vou ajudar. – estendeu os braços novamente. Segurei mais uma vez as mãos dele e as puxei com toda a força que eu tinha. Ele realmente cumpriu a sua palavra e me ajudou até mais do que deveria. A minha força e a ajuda dele foi tanta que, assim que eu consegui levantá-lo, o corpo dele acabou colidindo com o meu. Conclusão? Eu cai no gramado e acabei puxando ele comigo. A cena foi hilária e não conseguimos conter o riso.
- Você planejou isso, Jonas. Pode assumir. – Eu tentei bancar a séria, mas eu não conseguia parar de rir.
- Você até que é bem forte, hein? – comentou.
- Ou você que é fraco demais. – Eu provoquei e o vi cerrar os olhos na mesma hora.
- Se não fosse eu, você estaria tentando me levantar até agora. – respondeu com um tom de provocação. Em meio as provocações, eu aproveitei a proximidade dos nossos rostos para ver cada detalhe do rosto dele de bem perto.
- Ok, então... Nós dois somos fortes? – Eu sugeri uma trégua.
- Eu gostei disso. – concordou com a cabeça, me olhando de bem perto.

O silêncio, os olhares e os sorrisos foram mútuos. tomou o cuidado de manter seus cotovelos apoiados sobre a grama para que o seu peso não recaísse tanto sobre o meu corpo. Enquanto eu o olhava, eu só conseguia pensar no quanto ele parecia ainda mais bonito de tão perto. Seus dentes brancos e perfeitos pareciam formar o contraste perfeito com os lábios dele. Os olhos que ao mesmo tempo demonstravam tanta intensidade, também demonstravam tanta doçura.

- Eu adoro o formato das suas sobrancelhas. Elas destacam ainda mais os seus olhos. – comentou, olhando os meus olhos de perto.
- Eu gosto quando você deixa o seu cabelo todo bagunçado assim. – Eu sorri, olhando para o cabelo bagunçado dele.
- Eu adoro quando você prende o seu cabelo assim. Eu consigo ver melhor os detalhes do seu rosto. – Ele dividiu olhares entre o meu cabelo e o meu rosto.
- E quando você fala baixinho assim... Eu gosto disso. – Eu deixei um sorriso escapar.
- E quando eu toco em você, você sempre fica arrepiada. Eu amo isso. – O sorriso do aumentou.
- E esse seu jeito super convencido... Eu gosto um pouquinho disso. Só um pouquinho. – Eu fiz careta. Ele riu por um momento.
- Eu gosto quando você olha nos meus olhos assim. Eu poderia ficar aqui para sempre. – levou uma de suas mãos até o meu cabelo e colocou uma mecha atrás da minha orelha. Ele não tirava os olhos de mim.
- Eu adoro quando você mexe no meu cabelo. – Eu estava sorrindo feito uma boba.
- E esse seu sorriso... – olhou para os meus lábios por alguns segundos, enquanto negava com a cabeça. – Eu sou louco por ele. – Ele voltou a encarar os meus olhos.
- E você tem as melhores indiretas, quando quer me beijar. – Eu também olhar para os lábios dele por alguns segundos.
- Eu adoro fazer isso, porque todas as vezes que eu faço isso, seus olhos fazem questão de me lembrar o quanto você quer isso também. – olhava em meus olhos da maneira mais encantadora de todas.
- E o que os meus olhos estão dizendo agora? – Eu sorri, mantendo os meus olhos fixos aos dele.
- Eles estão dizendo que eu tenho que te beijar agora. – mordeu o seu lábio inferior para disfarçar o riso. Eu estava tão entregue naquele momento, que eu não consegui dizer nada. Meu coração estava tão disparado, que eu estava me perguntando se o não o estava ouvindo bater.
O estava certo. Eu estava sonhando em beijá-lo novamente. Eu não conseguia pensar em outra coisa, enquanto continuamos nos olhando por mais algum tempo. Ele estava me torturando, mas também estava torturando a si mesmo. Quando o rosto dele finalmente se aproximou, eu senti todo o meu corpo estremecer. Para a minha surpresa, ele depositou um beijo carinhoso em uma das minhas bochechas.
- Me desculpa. Eu não posso ser assim tão fácil. – me provocou. Eu cerrei os olhos na direção dele e ele riu, sem emitir qualquer som. Ele se aproximou mais uma vez e o alvo dessa vez foram os meus lábios, mas foi apenas um selinho rápido. Ele insistiu nos selinhos e selou os meus lábios mais 3 vezes.
- Eu odeio você. – Eu sussurrei com os olhos fechados, depois do 4° selinho. Eu deixei um sorriso escapar, pois eu sabia exatamente o que ele estava querendo. queria que eu tomasse a atitude daquela vez. Ele estava esperando que eu o beijasse.

Para manter o meu orgulho intacto, eu consegui me manter forte até o 5° selinho que, por sinal, foi mais longo que os anteriores. Meus olhos ainda estavam fechados, quando ele descolou os nossos lábios depois daquele maldito 5° selinho. Foi naquele momento que eu soube que não dava mais. Eu não deixei que o rosto dele se afastasse do meu daquela vez. Levei minha mão até a nuca dele e levei os lábios dele ao encontro dos meus. Dessa vez, o beijo foi conduzido por mim e o correspondeu em todos os aspectos o beijo que, sem dúvida, era o melhor que havíamos dado até então. Era insana a maneira que o nosso beijo havia se encaixado perfeitamente.

Se o meu coração estava disparado, o coração do estava prestes a sair pela boca. O beijo e a explosão de sentimentos que ele estava sentindo naquele momento era inexplicável. Era uma mistura louca de felicidade, medo e desejo. Ele esteve desejando aquele beijo desde a última vez que nos beijamos. Ele sentia como se estivesse vivendo o melhor momento da sua vida.

Infelizmente, eu tive que terminar o beijo. Nós ainda estávamos correndo o risco de sermos pegos pelos nossos amigos, que continuavam dormindo naquela mesma casa. Quando eu estava prestes a descolar os nossos lábios, o puxou meu lábio inferior delicadamente, finalizando de maneira perfeita o nosso beijo. Nossos lábios estavam finalmente separados. Abri os olhos e me deparei novamente com o sorriso dele. Era demais pra mim.

- Nós realmente precisamos voltar para a casa. Daqui a pouco eles vão acordar. – Eu disse em tom de lamentação.
- Mais 10 minutos? – sugeriu, forçando um sorriso.
- Não dá. Você sabe. – Eu me esforcei para recusar o convite. – Vamos! Sua vez de me ajudar a levantar, mas sem dar uma de espertinho dessa vez. – Eu brinquei. tentou esconder o sorriso, enquanto levantava-se com cuidado.
- Vem. – esticou os braços na minha direção. Eu fiz o mesmo com os meus braços e segurei as mãos dele. Ele me puxou com toda a facilidade do mundo.
- Obrigada. – Eu agradeci, enquanto ajeitava o meu cabelo, que provavelmente estava todo cheio de grama.
- Seu sobretudo está todo cheio de grama. – riu ao me observar.
- Que droga. – Eu suspirei, passando as mãos por toda a minha roupa. – A culpa é toda sua. – Eu fingi estar brava.
- Bem, eu não me arrependo de nada. – ergueu os ombros, me fazendo olhá-lo com reprovação. Ele gargalhou.
- Fica quieto e me ajuda! Está limpo agora? – Eu virei de costas para que ele visse a parte de trás do meu sobretudo.
- Está. – afirmou, tentando ficar mais sério.
- Dá pra parar de rir? – Eu o empurrei sutilmente para o lado.
- Está bem! – cedeu, esforçando para ficar mais sério. – E então, você gostou daqui? – Ele tentou mudar de assunto.
- Eu adorei. É maravilhoso. – Eu sorri, voltando a olhar na direção que o sol havia nascido.
- Não conte sobre isso para ninguém, ok? Esse vai ser só o nosso lugar. – deixou de olhar a linda paisagem para olhar pra mim.
- O que está dando em você hoje? – Eu achei fofo, mas perguntei apenas para sacaneá-lo.
- Você nunca leva nada a sério, ! – irritou-se.
- Eu prometo. – Eu entrei na frente dele e fiquei de costa pro nascer do sol. – Eu não vou contar pra ninguém. – Eu disse o que ele queria ouvir. não conseguiu evitar o sorriso ao me ver falar de maneira mais séria. Ele levou a sua mão até a minha e a segurou.
- Estou feliz por compartilhar esse lugar com você. Estou feliz que você esteja aqui. – me olhou de maneira doce, enquanto puxava o meu corpo para mais perto do dele. Ele só soltou a minha mão para colocar os seus braços em torno da minha cintura. Ele me abraçou tão forte e eu correspondi da melhor maneira que eu pude. Coloquei os meus braços em torno do pescoço dele. A respiração calma dele em meu ouvido me fez sentir uma paz enorme. Fechei os meus olhos por alguns momentos para aproveitar ainda mais cada segundo nos braços dele. Ficamos abraçados por um tempo e quando nos afastamos, trocamos olhares novamente.
- Não se esqueça que esse foi o primeiro lugar em que você me beijou e o primeiro em que eu te abracei. – sorriu visivelmente sem jeito. Suas bochechas rosadas eram a coisa mais atraente que eu já havia visto.
- Eu não vou esquecer. – Eu neguei com a cabeça, dando o meu sorriso mais bobo. Eu realmente não me esqueceria nunca.
- Eu também não quero que se esqueça que foi bem aqui que eu disse pela primeira vez que eu gosto de você. – me olhou mais sério.
- Ei! Você não disse isso. – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Não disse? – se fez de desentendido. Eu fiquei muito sem graça e deixei de olhá-lo, abaixando a cabeça, pois eu estava envergonhada demais para continuar olhando pra ele. – Certo. Então, olha pra mim. – Ele levou a sua mão direta até o meu rosto e o levantou delicadamente com um de seus dedos. - Eu gosto de você. – fez questão de dizer aquilo olhando nos meus olhos. – Eu gosto de você como eu nunca gostei de ninguém. Eu gosto de você como nunca achei que pudesse gostar. – Ele terminou a frase com um doce sorriso. Eu demorei alguns segundos para conseguir me manifestar.
- Eu não sei o que dizer. – Eu sorri, sem jeito. Eu queria muito dizer pra ele que tudo o que ele sentia era recíproco, mas eu travei. As palavras simplesmente não saiam.
- Me promete que você não vai se esquecer disso nunca. – pediu.
- Eu não esqueceria nem se eu quisesse. – Eu respondi, sem hesitar. Mais uma troca de olhares e sorrisos nervosos.
- É impressão ou você está quase chorando? – Ele brincou, pois percebeu o quanto eu fiquei encantada com a sua declaração.
- Cala a boca. – Eu esbravejei aos risos. - Você vai precisar fazer melhor do que isso se quiser me fazer chorar, . – Eu provoquei.
- Você não deveria me desafiar desse jeito. - cerrou os olhos em tom de ameaça.
- Eu gosto de um pouco de perigo. - Eu não me intimidei. Ele gargalhou.
- Eu não vou me esquecer disso. - voltou a usar o tom de ameaça. – Vem. Vamos entrar. – apontou com a cabeça na direção da casa. Eu apenas o acompanhei. Pegamos as canecas no chão, descemos o gramado e entramos na casa. Deixamos as canecas na cozinha, subimos a escada e paramos na frente da porta do meu quarto.
- Eu deveria dizer ‘bom dia’? – fez careta, me fazendo rir sem emitir qualquer som.
- Bom dia pra você também. – Eu correspondi. Eu abri a porta do quarto e entrei nele. Quando fui fechar a porta do quarto, percebi que o ainda estava lá parado, me esperando entrar. Fechei a porta e me encostei nela exatamente como na noite anterior. Toquei os meus lábios e sorri de forma boba.

Ainda sem entender o que eu estava sentindo, eu fui até a minha cama sem fazer qualquer barulho. Tirei o sobretudo e o coloquei sobre a minha mala. Antes de me deitar na cama, me certifiquei de que a ainda estava dormindo. Ao colocar a minha cabeça no travesseiro, notei que o meu coração ainda estava disparado. O gosto da boca dele ainda parecia estar na minha boca. O perfume dele ainda estava impregnado no meu nariz. Eu ainda conseguia ouvir a respiração calma dele no meu ouvido. Sorri ao lembrar de tudo o que foi dito naqueles minutos em que estivemos juntos. Sinceramente, eu não sei como eu conseguiria voltar a dormir.




Capítulo 13 – BEIJO DE VINGANÇA E LÁGRIMAS DE AMOR



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





- ! Levanta logo dessa cama! Vamos descer! – acordou muito eufórica naquela manhã. Mal tinha levantado da cama, ela já estava arrumando a cama e pegando suas roupas na mala. E eu, por incrível que pareça, já estava acordada. Eu não tinha conseguido voltar a dormir como eu já havia previsto, mas não pelo motivo que eu tinha imaginado.
- Eu já estou acordada, . – Eu respondi, mantendo os olhos fechados.
- Eu vou ao banheiro me trocar e já volto! – avisou antes de sair do quarto.

O meu motivo para não ter conseguido dormir naquela noite infelizmente não tinha nenhuma relação com o . Eu não estava bem. Minha cabeça parecia que explodiria a qualquer momento. Eu não entendi como e nem porque aquela dor de cabeça terrível começou. Eu só sei que ela era insuportável. Quando a voltou do banheiro, eu até tentei fingir que estava bem para não preocupá-la, mas foi inútil.

- , o que está acontecendo? – estranhou o fato de eu ainda estar deitada.
- Eu estou com muita dor de cabeça. – Eu disse com um tom de voz baixo.
- Você quer ou precisa de alguma coisa? – perguntou, atenciosa.
- Não. Tudo bem. Daqui a pouco já passa. Pode ir descendo. Não precisa me esperar. – Eu me esforcei para sorrir. Eu queria tranquilizá-la.
- Tem certeza? Se quiser, eu posso... – Ela ia sugerir, mas eu a interrompi.
- Sério. Não precisa. Eu só preciso ficar um pouco aqui quietinha. – Eu afirmei.
- Certo. Então, fica bem, ok? – sorriu para mim antes de sair pela porta do quarto.

Eu estava tão desapontada por estar me sentindo daquele jeito logo no meu último dia em Nova York. Eu queria tanto melhorar para poder curtir a cidade com os meus amigos e com o meu irmão. No momento, o melhor remédio me parecia ser dormir um pouco. Talvez, se eu dormisse, a dor de cabeça passasse. Eu não podia passar o dia naquela cama. Aquela dor de cabeça tinha que passar.

- Hey, baby. – abordou a assim que a viu descer as escadas. Os garotos faziam companhia a ele na mesa do café da manhã.
- Hey. – sorriu toda sem jeito. Ela se aproximou e selou rapidamente os lábios do . Ele aproveitou a proximidade para abraçá-la. Os garotos observaram a cena calados.
- E a ? Ela não vai descer? – perguntou. Ele estranhou o fato da ter descido para o primeiro andar da casa sozinha.
- Ela preferiu ficar um pouco mais na cama. Ela está com dor de cabeça. – contou em tom de lamentação. Sem que ninguém notasse, ela olhou discretamente para o , que ficou um pouco confuso. Ela estava tentando insinuar alguma coisa?
- Não acredito! Só porque nós íamos ao Central Park hoje? – fez bico.
- Nós vamos ao Central Park hoje? – perguntou, surpresa.
- Vamos! – respondeu. – O Mark vai nos levar. – Ele completou. Foi só ouvir o nome do Mark para que o demonstrasse a sua insatisfação.
- Claro! O Mark. – ironizou. Todos o olharam com indiferença.
- E onde estão a e a ? – perguntou.
- Elas foram chamar o Mark na casa dele. – respondeu.
- Falando no Mark, será que aconteceu alguma coisa entre ele a minha irmã ontem? – perguntou, sério. Ele não conseguia evitar um pouco do seu ciúmes de irmão.
- Eu duvido! Do jeito que ele é lento. – riu. Ele não perderia a oportunidade de ridicularizar o Mark na frente de todos mesmo sabendo muito bem que não havia acontecido nada entre nós dois.
- Aliás, você também desapareceu ontem à noite, né? – colocou o amigo contra a parede.
- Eu... sai com aquela garota que eu conheci na festa, mas... não deu nada e eu acabei voltando pra casa. – mal conseguiu disfarçar o nervosismo, mas a maioria não deu muita atenção. O problema é que a não fazia parte dessa maioria. Ela olhou novamente para o , mas dessa vez ela estava segurando o riso.
- Ela era bem gata. – comentou.
- Ela era, mas... beleza nem sempre é tudo, não é? – fez careta.
- Nem sempre? – o olhou com indignação. - Vocês, homens, não valem nada. – Ela rolou os olhos. – Ainda bem que o é exceção. – sorriu para o , que devolveu o mesmo sorriso.
- E vocês, casais, são tão... melosos. – fez cara de nojo.
- Quando você gostar de alguém de verdade, se isso for possível, é claro, você vai nos entender. – provocou, piscando um dos olhos para ele.
- Você tem razão! É impossível. – balançou a cabeça negativamente, enquanto olhava para a . O fato de ela ficar insinuando que havia algo entre mim e ele o estava incomodando. Em meio as indiretas, a porta da casa foi aberta e a , a e o Mark entraram na casa.
- Bom dia, ! – e disseram juntas ao se aproximarem da amiga.
- Bom dia, garotas! – riu da empolgação das amigas.
- E então? Prontos para conhecerem o Central Park? – Mark perguntou a todos.
- Eu nasci pronto. – respondeu, fazendo com que todos o vaiassem entre risos.
- Menos, . – riu, negando com a cabeça.
- Sinto muito, pessoal. Eu sei que vocês vão sentir a minha falta, mas eu vou ficar aqui. – fingiu lamentar.
- Como não vai? – olhou para o amigo, sem entender. – Por que não? – Ele perguntou.
- Por quê? Eu preciso mesmo dizer o porquê? – olhou sutilmente para o Mark que, por estar conversando com a e a , não percebeu a grosseria.
- Você tem razão. É melhor você ficar aqui mesmo. – acabou concordando com o argumento do amigo. Todos sabiam que o não suportava o Mark.
- Já que você vai ficar aqui, você pode ficar de olho na . – deu a ideia. Claro! Como se o nem tivesse pensado nisso!
- Eu!? – apontou para si mesmo.
- Você vai ficar aqui mesmo! O que custa subir e ver se a garota está bem? – o julgou com os olhos.
- Está bem! Eu fico de olho nela. – cedeu, mas fingiu estar contrariado.
- Por quê? O que a tem? – Mark intrometeu-se na conversa, demonstrando preocupação.
- Ela está com dor de cabeça. – contou.
- Tadinha! – fez bico.
- Então, ela não vai conosco? – Mark estava visivelmente desapontado.
- Não! Ela não vai. – respondeu com um sorriso vitorioso. Na mesma hora, Mark o encarou.
- E você não vai para ficar aqui com ela. – Mark deduziu com um tom de deboche.
- Não. Eu não vou porque não suporto você. É bem diferente. – devolveu o sorriso debochado. Todos na sala sentiram o clima pesado e se entreolharam. Naquele momento, mais do que nunca, eles tiveram certeza que o realmente deveria ficar em casa. Quanto mais longe ele o Mark ficassem um do outro, melhor.
- Ok. Então, vamos logo. – tentou apaziguar a situação.
- Eu vou só subir para ver a e já volto. – disse, subindo a escada rapidamente.
- Eu também vou. – disse, antes de ir atrás da amiga. Elas foram até o meu quarto e bateram na porta antes de entrar.
- ? – chamou por mim, enquanto abria a porta.
- Oi, meninas. – Eu fiquei feliz em vê-las, mas a dor de cabeça ainda estava me matando.
- Você está bem? – perguntou, preocupada.
- Não, mas eu vou ficar. – Eu sorri, tentando tranquilizá-las
- Nós íamos ao Central Park agora, mas eu estou me sentindo péssima por ir sem você. – fez bico.
- Imagina! Tudo bem. Eu não quero que percam nada por causa de mim. – Eu disse, séria. Eu não queria estragar a diversão de ninguém.
- Tem certeza? Nós podemos ficar. – também propôs.
- Não precisa. Sério! Podem ir. Quando vocês voltarem, eu já vou estar melhor. – Eu voltei a sorrir.
- Promete? – ainda não tinha cedido totalmente.


- Prometo! – Eu prometi sem hesitar. – Divirtam-se bastante, mas não se cansem muito! Deixem um pouco de energia para gastarmos na nossa última noite em Nova York. – Eu disse, tentando animá-las.
- É assim que se fala! – gargalhou. – Nos vemos daqui a pouco. – Ela se aproximou e beijou o meu rosto. Depois dela, a fez o mesmo.
- Fica bem. – disse, depois de beijar carinhosamente a minha bochecha.
- Eu vou. – Eu acenei para elas antes que elas saíssem do quarto. Fechei os meus olhos assim que voltei a ficar sozinha no quarto. Eu precisava dormir, pois não aguentava mais um minuto daquela dor.

Todos que iam ao Central Park estavam prontos e estavam prestes a sair. O fez questão de acompanhar todos até a porta e assim que os viu virar a esquina, ele foi para o lado contrário e entrou na primeira farmácia que encontrou. Depois de comprar o que queria, voltou para a casa. Sem hesitar, subiu lentamente a escada que o levaria até o segundo andar.

Ao chegar na porta do meu quarto, ele a abriu com todo o cuidado. Como eu estava dormindo, eu não o vi entrar no quarto. aproveitou a oportunidade, se aproximou silenciosamente da minha cama e sorriu feito bobo ao me ver dormir tranquilamente. Ele se agachou para que pudesse olhar o meu rosto de mais perto, levou sua mão até o meu rosto e afastou uma mecha de cabelo que estava em meu rosto. O toque dele me fez despertar. afastou imediatamente a sua mão do meu rosto. Abri os olhos lentamente e ao vê-lo tão próximo, cheguei a pensar que estivesse sonhando.

- Hey. – sussurrou ao sorrir de maneira encantadora.
- Hey. – Eu disse em um tom quase inaudível.
- Desculpa. Eu não queria te acordar. Eu só queria... – Ele não conseguiu concluir a frase, pois ficou muito sem jeito.
- Queria o que? – Eu queria saber o que o tinha deixado tão constrangido. Virei o meu corpo na direção em que ele estava.
- Eu queria... ficar aqui, te olhando. – concluiu a frase enquanto ria de si mesmo.
- Me olhando? – Eu não consegui evitar o sorriso bobo ao ouvi-lo falar daquela forma.
- É... – Suas bochechas estavam levemente rosadas. – Você fica tão... linda quando está dormindo. – Ele hesitou novamente, mas esforçou-se para terminar a frase.
- Quando você fala desse jeito... – Eu neguei com a cabeça em meio a um sorriso. – Eu acho que nunca vou me acostumar. – Eu completei.
- Eu sei. É patético, não é? – negou sutilmente com a cabeça. – Eu não consigo evitar. – Ele ergueu os ombros.
- Não! Não é patético. – Eu neguei na mesma hora. – Na verdade, é doce e... encantador. – Eu senti minhas bochechas queimarem. Nós dois estávamos tão envergonhados e os nossos sorrisos mostravam exatamente isso.
- Eu... trouxe isso pra você. – achou melhor mudar de assunto. Ele se levantou e pegou uma sacola.
- O que é isso? – Eu me surpreendi ao ver uma caixa de remédios nas mãos dele. Eu me sentei na cama e ele se aproximou com a caixa de remédio nas mãos.
- Remédio pra dor de cabeça. A moça da farmácia me disse que esse é o melhor. – estendeu a caixa na minha direção. Fiquei tão surpresa, que demorei alguns segundos para pegar a caixa.
- Muito obrigada. – Eu nem consegui reagir. Foi a coisa mais encantadora de todas!
- Você quer que eu pegue água? – apontou na direção da porta.
- Não precisa. Eu tenho água aqui. Obrigada. – Eu apontei para o copo de água que estava sobre o criado mudo. Eu peguei o copo e o bebi depois de colocar o comprimido da boca. me observava em silêncio. Ele parecia preocupado. Quando terminei de tomar o remédio, coloquei o copo de água novamente sobre o criado mudo.
- Senta aqui. – Eu pedi, colocando a mão sobre a beirada da minha cama.
- Não. Eu sei que você quer ficar sozinha. Eu só vim trazer o remédio. – recusou. Ele não queria que eu piorasse.
- Não. Eu quero que fique aqui comigo. – Eu insisti. – Por favor. – Eu forcei um sorriso. riu, achando graça do meu esforço para sorrir.
- Bem, já que você insiste. – ergueu os ombros. Ele cedeu e sentou-se na beirada da minha cama, ficando de frente pra mim. Eu ainda estava sentada.
- Eu achei que você tivesse ido ao Central Park. – Eu comentei.
- Eu ia, mas quando soube que você não ia, eu desisti! Nova York não tem a mínima graça sem você. – sorriu, enquanto negava com a cabeça. A frase dele me deixou sem palavras por alguns momentos.
- Eu não acredito que eu demorei tanto tempo para conhecer esse “novo ”. Onde ele estava esse tempo todo? – Eu não conseguia tirar o sorriso do meu rosto. achou graça da minha frase e chegou a rir por alguns segundos sem emitir qualquer som, enquanto levava uma de suas mãos ao encontro da minha.
- Eu acho que ele estava esperando por você. – Ele disse, enquanto entrelaçava os nossos dedos. Engraçado como o entrelaçar dos nossos dedos chamou a nossa atenção. Era incrível a maneira que os nossos dedos se encaixavam perfeitamente. Nós voltamos a nos olhar e sorrimos como se disséssemos: ‘Isso é insano. Isso não pode estar acontecendo.’.
- Como elas podem se encaixar dessa maneira? – Eu perguntei, sem esconder a minha surpresa.
- Exatamente como o nosso beijo. – deixou de olhar para as nossas mãos para voltar a encarar o meu rosto. Seus olhos ficaram fixos nos meus lábios por alguns longos segundos.
- Nosso beijo? – Eu me esforcei para não rir. – Me desculpa, mas eu não vou poder concordar com você. – Eu neguei com a cabeça, séria.
- O quê? Por que não? – não escondeu a sua insatisfação com o que eu havia dito.
- Porque eu não posso falar sobre algo que eu não me lembro. – Eu mordi o meu lábio inferior para tentar fazer com que ele não notasse o sorriso no meu rosto. A princípio, me olhou completamente confuso, mas não demorou quase nada para que ele entendesse exatamente o que eu estava fazendo. Ele sorriu, me julgando com os olhos.
- Não acredito que você vai me obrigar a refrescar a sua memória. – fingiu uma careta, me fazendo gargalhar.
- Parece ser o único jeito pra mim. – Eu ergui os ombros, tentando ser discreta ao olhar para os lábios dele.
- Ainda bem, porque... – Ele sussurrou, enquanto aproximava o seu rosto do meu. Ele distribuiu olhares por todo o meu rosto, enquanto colocava carinhosamente uma mecha de cabelo atrás da minha orelha. – Eu não consigo pensar em outra coisa. – O sorriso do aumentou, segundos antes de ele levar seus lábios ao encontro dos meus.

O beijo foi correspondido imediatamente por mim. A minha dor de cabeça já não me incomodava mais. O remédio tinha funcionado. O era o meu remédio. Ele era tão carinhoso com suas atitudes e palavras, que acabava me fazendo muito bem. Infelizmente, o beijo não durou muito e foi o quem finalizou o beijo daquela vez. Antes de descolar os lábios dele dos meus, ele puxou cuidadosamente o meu lábio inferior exatamente como ele havia feito das outras vezes. Aquela já era a nossa marca! Meus olhos ainda estavam fechados, mas o sorriso foi inevitável.

- Ficar em Nova York foi a melhor decisão que eu já tomei. – O rosto dele ainda estava tão próximo ao meu, que quando ele sussurrou a frase, eu consegui sentir o ar que saia da boca dele em meus lábios.
- Pelo menos, nós concordamos em alguma coisa. – Eu respondi assim que abri os olhos. A maneira encantadora com que ele me olhava me fascinava.
- E a dor de cabeça? – perguntou, preocupado.
- Já melhorou. – Eu afirmei.
- Eu acho que foi o remédio. – ficou feliz com a minha melhora.
- Eu acho que foi você. – Eu disse e ele não conseguiu disfarçar o sorriso de surpresa.
- Eu? – ficou todo desconsertado.
- É só você aparecer para que todos os meus problemas desaparecem. Não é possível! Só pode ser você. – Eu queria dar a ele todos os créditos pelos ótimos momentos que eu tenho vivido nos últimos dias. Ele riu de todo o meu exagero.
- Então, você não vai precisar se preocupar com mais nada, porque eu não vou mais sair de perto de você. – aproximou uma de suas mãos do meu rosto e acariciou a minha bochecha. – Eu faço qualquer coisa para ver esse sorriso no seu rosto. – Ele completou, olhando para os meus lábios.
- Com você por perto não vai ser difícil. – Apesar de estar muito desconsertada, eu estava adorando ouvir cada palavra que saia da boca dele. Ao ouvir a minha frase, ele reagiu na mesma hora, se aproximando e selando carinhosamente os meus lábios.
- Era tão mais fácil quando nós nos odiávamos. – confessou com um fraco sorriso. – Eu não sentia essa vontade absurda de estar perto de você, de te proteger e de te beijar. – Eu estava completamente encantada por ele. Eu tinha medo de acordar e descobrir que o que estávamos vivendo era um sonho.
- Me promete que não vai ser igual os outros? Me promete que não vai me fazer sofrer como os outros fizeram? – Eu pedi de maneira mais séria. O Peter realmente tinha me traumatizado.
- Você fica tão linda quando fica séria desse jeito. – me provocou, me encarando de bem perto.
- Cala a boca. – Eu rolei os olhos, enquanto tentava esconder um sorriso. – Promete. – Eu insisti.
- Eu prometo. – também ficou mais sério ao responder. – Eu prometo quantas vezes você quiser. – Ele me passou tanta verdade, que eu senti um enorme alívio no peito. Em um momento de impulso, eu o abracei forte. Ele me acolheu e me abraçou com a mesma força. depositou um beijo em um dos meus ombros antes de terminar o abraço.
- E então, qual desculpa você usou para não ir ao Central Park? – Eu fiquei curiosa.
- Eu disse que não ia porque eu não estava mais suportando ficar perto do Mark, o que não deixa de ser verdade. – contou. – Aliás, você devia ter visto a cara dele quando ele soube que você também não ia. – Ele gargalhou.
- Tadinho! Ele é um cara legal. – Eu não conseguia ver maldade no Mark. Ele era uma ótima pessoa.
- Fala sério! O cara é um chato. – rolou os olhos.
- Você nunca conversou com ele. – Eu argumentei.
- Você vai mesmo ficar defendendo ele agora? – me julgou com os olhos.
- É impressão minha ou você está com ciúmes dele? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Ciúmes? Eu? – forçou uma gargalhada. – Você está se achando demais, não acha? – Ele perguntou com deboche.
- Por que você não assume? – Eu não consegui segurar o riso diante da reação defensiva dele.
- Só se você assumir que ficou com ciúmes da garota com quem eu estava conversando ontem na festa. – manteve o tom de deboche.
- Eu não fiquei com ciúmes. – Eu fiz careta.
- Não? Então, tudo bem se eu chamar ela para jantar com a gente hoje, né? Ela me passou o número dela. – provocou, tirando um papel do bolso.
- Pode chamar! Eu aproveito e chamo o Mark também. – Eu sorri, vitoriosa.
- Você não ousaria. – cerrou os olhos.
- Tem certeza? – Eu sorri, enquanto devolvia o mesmo olhar para ele.
- Pode chamar! Eu estou louco pra quebrar a cara dele mesmo. – ergueu os ombros, tentando demonstrar indiferença.
- Até parece! – Eu o julguei com o olhar.
- Eu ainda não consigo entender o que você viu nesse cara. – disse em tom de implicância.
- Ele é fofo, tem olhos verdes e o sorriso dele é bonito. Ele tem tudo que um cara deveria ter. – Eu provoquei o mais uma vez.
- Nem tudo. – Ele sorriu, se achando.
- E o que ele não tem? – Eu arqueei a sobrancelha. Eu estava curiosa para ouvir.
- Ele não tem você. – afirmou, erguendo os ombros. Sua frase me fez rir na mesma hora. Ele era realmente adorável!
- Você tem razão. – Eu cedi, pois era impossível ganhar de um argumento como aquele. – Ok. Eu preciso perguntar uma coisa. – Eu fiquei sem jeito antes mesmo de perguntar.
- Perguntar o quê? – ficou curioso.
- Isso... – Eu me atrapalhei um pouco. – Nós. – Eu apontei para nós dois. – Isso é real mesmo? Quer dizer, você gosta mesmo de mim? Eu sei que você já me disse que gosta, mas é que tudo isso ainda é muito surreal pra mim. – Mesmo diante do que havia acontecido nos últimos dias, eu ainda tinha um pouco de receio. era o cara mais mulherengo que eu já havia conhecido e isso me deixava um pouco insegura.
- Eu repito quantas vezes você precisar ouvir: eu gosto de você. – afirmou, sem hesitar. – Gosto muito. – Ele completou com as bochechas rosadas. As palavras dele pareciam ter me hipnotizado. Eu não consegui responder.
- EU SABIA! – Uma voz repentinamente nos interrompeu, enquanto a porta do quarto era abruptamente aberta. Era o ! Eu e o levamos um susto memorável. Ele se levantou rapidamente da cama.
- ESTÁ MALUCO!? VAI NOS MATAR DE SUSTO, BABACA! – gritou, irritado.
- Eu não acredito que vocês estão juntos! – Parecia que o mal tinha escutado a reclamação do amigo. Ele estava eufórico.
- Se você contar pra alguém, eu te mato. – ameaçou.
- Calma! Eu não vou contar. – riu. Ele ainda estava em choque.
- O que você está fazendo aqui? Você não deveria estar no Central Park? – Eu perguntei, aflita.
- Nós estávamos voltando do Central Park, quando eles resolveram passar em uma sorveteria. Eu pedi que me deixassem aqui porque eu precisava ir ao banheiro. – se explicou.
- Não acredito. Que merda! – negou com a cabeça, indignado.
- Na verdade, eu ia fazer o número 1 mesmo. – brincou e eu acabei rindo. Foi inevitável.
- Muito engraçado. – ironizou, fuzilando o amigo com o olhar.
- Sério! Eu estou tão feliz por vocês. – realmente parecia muito feliz.
- Pode parar. – o olhou feio.
- Com dor de cabeça hein, . – me olhou com maldade.
- Ela realmente estava com dor de cabeça, idiota. – Foi a primeira vez que o riu desde que o amigo havia nos flagrado.
- E você a ajudou a melhorar, não é? – provocou ainda mais o amigo.
- Você está mesmo querendo levar um soco, né? – forçou um sorriso.
- Espera. Quando você entrou no quarto, você disse que ‘sabia’. Como você sabia? – Eu fiquei preocupada. Se ele ‘sabia’, talvez os outros também soubessem.
- Eu conheço muito bem vocês dois. – respondeu.
- Mais alguém está desconfiado? – quis saber.
- Não. Pelo menos, ninguém me falou nada. – nos tranquilizou.
- Só a sabia até agora. – Eu contei.
- Fiquem tranquilos. Eu não vou contar pra ninguém. – sorriu.
- Valeu, cara! – sorriu de maneira agradecida para o amigo.
- Desculpa, mas isso é tão estranho! Vocês não conseguiam ficar perto um do outro sem brigar e, agora, vocês estão... juntos. – fez careta.
- Eu sei. – Eu tive que concordar.
– Tipo... você e a , né? Só que sem a parte do ‘juntos’. – provocou.


- É... sem a parte do ‘juntos’. – disse em um tom desanimado. Nós até íamos explorar mais o assunto, mas paralisamos ao ouvir o barulho da porta no andar debaixo da casa. Nos entreolhamos na mesma hora.
- Eles chegaram! – afirmou, arregalando os olhos.
- Some daqui! – Eu sussurrei, olhando para o .
- Eu vou ficar aqui. – avisou.
- Eu vou para o meu quarto. – mal conseguiu se despedir e já foi logo saindo do quarto às pressas.
- Ok. Tente se discreto. – Eu pedi ao meu melhor amigo, enquanto voltava a me deitar na cama. Não demorou nada para que a porta do meu quarto fosse aberta.

- ! – exclamou ao entrar no quarto.
- Oi, . – Eu sorri ao vê-la.
- Você parece melhor. – disse, menos preocupada.
- Eu estou sim. A dor de cabeça passou. – Eu dei a boa notícia.
- E ai, melhorou, ? – também entrou no quarto.
- Sim. Estou bem melhor. – Eu reafirmei.
- Que bom! – sorriu, aliviada.
- Você foi comprar remédio ou... alguém foi comprar pra você? – perguntou ao notar a caixa de remédio, que estava em cima do criado mudo. Não acredito que eu tinha esquecido de esconder a caixa de remédio!
- O remédio? Eu... – Eu não sabia como continuar a frase.
- Eu comprei o remédio! – se adiantou.
- Isso! O comprou pra mim. – Eu concordei rapidamente. Troquei olhares com o , agradecendo pela ajuda.
- A farmácia fica aqui perto. Não custava nada passar ali e comprar. – complementou a nossa mentira.
- Nossa! O remédio fez efeito bem rápido. – estranhou, mas não desconfiou de nada.
- Fez mesmo! Ainda bem. – Eu sorri, nervosa.
- Já que você está bem, eu vou descer para fazer o almoço. Alguém quer me ajudar? – mudou o assunto.
- Eu ajudo! – Eu concordei na mesma hora, enquanto me levantava da cama. – Eu só vou trocar de roupa e escovar os dentes. Podem descer e eu já vou. – Eu comecei a arrumar a minha cama.
- Certo. Vamos te esperar lá embaixo. – disse, antes de sair do quarto ao lado da Demi. e eu nos olhamos e rimos sem emitir qualquer som.
- Da próxima vez, vê se esconde as evidências. – referia-se ao remédio.
- Eu esqueci. – Eu fiz careta.
- Ok. Eu vou descer para que você possa se arrumar. – disse, indo em direção a porta.
- ! – Eu o chamei, antes que ele saísse pela porta. Ele virou-se para mim na mesma hora. – Muito obrigada. – Eu o olhei com carinho.
- Melhores amigos são para essas coisas, certo? – disse em meio a um sorriso carinhoso. Ele saiu do quarto, me deixando sozinha.

Me levantei e antes que eu começasse a me arrumar, me peguei rindo sozinha. Tudo o que estava acontecendo ainda era surreal para mim. Enquanto tentava absorver melhor os últimos acontecimentos, comecei a vestir. Coloquei um shortinho, uma blusinha qualquer e uma rasteirinha. Depois, fui ao banheiro para fazer a minha higiene matinal e aproveitei para prender o cabelo em um rabo de cavalo bem alto. Antes de sair do banheiro, encarei o espelho e ao ver o meu cabelo preso, me lembrei que o havia dito que gostava do meu cabelo daquele jeito e voltei a rir sozinha. O que estava acontecendo comigo? Saí do banheiro, fui em direção ao primeiro andar da casa e acabei encontrando todos conversando na sala.

- Melhorou, ? – perguntou, preocupado. As garotas já haviam dado notícias minhas para ele, mas ele perguntou assim mesmo.
- Sim. Eu já estou bem. – Eu sorri, agradecida.
- Você está até com uma cara melhor. – comentou com um sorriso que parecia dizer: ‘Eu já sei de tudo.’.
- Então, o que vamos fazer hoje? – questionou. Fiquei extremamente feliz com a mudança de assunto.
- No caminho para cá, eu vi um cartaz que anunciava uma festa hoje à noite. Acho que podemos ir! É só comprar as entradas. – deu ideia.
- Se vocês falarem o nome do Mark, eu mato vocês. – falou mais sério.
- Eu gostei da ideia da festa. – concordou.
- Então, pode ser a festa? – queria uma resposta definitiva.
- Pra mim, tanto faz. – mostrou-se indiferente.
- Pode ser. – concordou.
- Por mim, tudo bem. – ergueu os ombros.


- E o que vamos fazer durante a tarde? – quis saber.
- Piscina? – sugeriu.
- Beleza! Então, vamos almoçar e depois vamos pra piscina. – confirmou.
- Todos vão ajudar no almoço! Levantem do sofá. – Eu disse com autoridade. Mesmo demonstrando pouco entusiasmo, os meninos se levantaram.

Após dividirmos as tarefas entre todos, nós almoçamos e arrumamos toda a nossa bagunça. Jogamos um pouco de conversa fora antes de decidirmos entrar na piscina. Eu estaria mentindo se dissesse que não houve qualquer troca de olhares entre eu e o . Fomos bastante discretos e, por isso, ninguém havia percebido.

As meninas subiram para os seus respectivos quartos para vestirem seus biquínis, mas eu acabei ficando um pouco mais no quintal, pois estava muito entretida com uma conversa que eu estava tendo com o . Quando eu finalmente decidi ir me trocar, todos já haviam voltado para o quintal. Fui até o meu quarto, peguei os meus trajes de banho e me dirigi até o banheiro para poder me trocar. No caminho, fui surpreendida ao ser sorrateiramente puxada para dentro de um dos quartos. Eu estava prestes a gritar, quando vi de quem se tratava.

- Você me assustou! – Eu o olhei, sentindo o meu coração disparado. Ele segurou o riso, enquanto fechava silenciosamente a porta atrás de mim, enquanto empurrava o meu corpo contra ela.
- Me desculpa. Não era a minha intenção. – sussurrou em meio a um sorriso.
- Você está maluco? A casa está cheia! Alguém pode nos pegar aqui. – Eu disse, preocupada.
- Eles estão no andar de baixo. – negou sutilmente com a cabeça. Suas mãos estavam apoiadas na porta. Uma em cada lado do meu corpo.
- Você é maluco. – Eu ri, desacreditada.
- Você me deixa maluco. – olhou de perto cada detalhe do meu rosto. A frase dele me deixou um pouco desconsertada.
- Por que você me trouxe aqui? – Eu tentei mudar de assunto.
- Eu... me dei conta de que não me despedi de você, porque... o pessoal voltou do Central Park e... – também estava um pouco sem jeito.
- Só isso? – Eu brinquei.
- Como assim ‘só isso’? – arqueou uma das sobrancelhas. – Ok! Então, já que você não faz questão... – Ele tirou suas mãos da porta e estava prestes a se afastar, quando eu o impedi, segurando o seu casaco e trazendo-o novamente para perto de mim.
- Eu estou brincando. – Eu sorri, achando graça da reação dele. ficou visivelmente feliz com a minha atitude de puxá-lo de volta para perto. O sorriso no rosto dele era doce, mas os olhos me julgavam por causa da brincadeira que eu havia feito. – O que foi? – Eu perguntei, depois de ele ficar um bom tempo me olhando, sem dizer uma só palavra.
- Eu acho que não consigo mais ficar longe de você. – A frase foi dita de uma maneira tão involuntária, que só fez com que soasse ainda mais doce.
- Ainda bem. – Foi difícil conter o sorriso bobo no meu rosto. – Porque... eu gosto de ter você por perto. – Eu completei, olhando nos olhos dele. Minha frase fez com que o sorriso no rosto dele aumentasse. levou a sua mão até a minha e entrelaçou os seus dedos nos meus, enquanto me puxava para mais perto dele. Com o meu rosto bem próximo ao dele, ele tomou a liberdade de dar um longo beijo em uma das minhas bochechas. Depois, depositou um outro beijo na minha testa e, em seguida, um beijo na ponta do meu nariz. Esse último me arrancou um enorme sorriso, que só se desfez quando ele finalmente colou os nossos lábios.

O beijo, que havia se tornado algo inevitável para nós, acabou acontecendo. soltou a minha mão e passou seus braços em volta da minha cintura, colando ainda mais meu corpo ao dele. Subi sorrateiramente a minha mão até a nuca dele e entrelacei meus dedos em seu cabelo. Diferentemente dos outros beijos, esse beijo acabou se intensificando, o que me obrigou a interrompê-lo abruptamente.

- Eu... tenho que me trocar. – Eu disse com os olhos ainda fechados. Eu não consegui me afastar tão rapidamente. O beijo dele me deixava totalmente alucinada. – Eles estão nos esperando lá embaixo. – Eu completei, tentando me recompor.
- Eu sei. Me desculpa, eu... – achou que precisava se justificar.
- Está tudo bem. – Eu o interrompi. – De verdade. – Eu completei com um fraco sorriso. Eu não queria que ele achasse que eu tivesse achado ruim a intensidade daquele beijo.
- Certo. – sorriu, aliviado. Ele tirou seus braços da minha cintura, mas antes de se afastar, ele selou carinhosamente os meus lábios.
- Nos vemos lá embaixo. – Eu sussurrei, enquanto ia em direção a porta. Ele ficou me observando até o momento em que me perdeu de vista.

Passei pelo corredor com um receio enorme de ser vista saindo do quarto do . Seria difícil explicar o que eu estava fazendo lá dentro com ele. Depois de confirmar que não havia ninguém ali, segui tranquilamente até o banheiro e vesti o biquíni. Estava prestes a sair do banheiro, quando decidi me olhar no espelho. Entrei em pânico ao ver a minha boca completamente vermelha.

- Que droga. – Eu suspirei, enquanto passava as mãos várias vezes na boca tentando diminuir o vermelhão. Eu não podia ser vista daquele jeito ou todos desconfiariam!

Fiquei quase 15 minutos encarando o espelho, esperando que a minha boca voltasse ao normal. Saí do banheiro e desci para o primeiro andar tentando manter a discrição. Fui até o quintal da casa e confirmei o que eu já sabia: todos já estavam na piscina, inclusive, o .

- Que demora, ! Já estava quase indo atrás de você! – gritou assim que me viu.
- Eu... quase fiquei trancada no banheiro. – Eu dei a melhor desculpa que eu consegui inventar.
- Ainda bem que você conseguiu sair, porque nós jamais iríamos te ouvir daqui da piscina. – comentou. Já fui logo entrando na piscina, pois estava com medo de alguém notar algum comportamento estranho meu.
- Ainda bem. – Eu sorri, me esforçando para agir naturalmente.
- Então, um dos caras do time me ligaram hoje de manhã. – retomou o assunto que ele e os garotos conversavam antes da minha chegada.
- Aconteceu alguma coisa? – perguntou ao notar que o assunto parecia delicado. Ele era o capitão do time e, por isso, precisava saber de tudo.
- Não é nada demais. Eu só não quero que vocês fiquem sabendo por outra pessoa. – tentou tranquilizá-los.
- ‘Vocês’... quem? – quis saber.
- O e a . – fez careta. Fiquei um pouco assustada ao ouvir o meu nome e o nome do em uma mesma sentença.
- Eu? – Eu não tinha nada a ver com o time da escola. O que poderia ser?
- Acabaram me contando que o... Peter... – hesitou.
- O que o Peter tem a ver comigo? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Ele... está namorando a Jessie. – contou como se fosse a tragédia do ano. Ele achava que eu e o estávamos sofrendo pelos nossos respectivos ex-namorados.
- Não acredito! – demonstrou perplexidade.
- Uau... – Confesso que eu fiquei surpresa, mas estava longe de estar triste ou decepcionada.
- Quer saber? Eles se merecem. – ergueu os ombros, demonstrando indiferença.
- Eles nunca nem se falaram. Na verdade, ele vivia reclamando dela. – comentou, achando graça.
- Ele sempre reclamava dela. – concordou.
- Muito estranho! Seria o mesmo que... o fez aquela comparação infeliz que, para a maioria, foi a melhor piada de todas. Entre risos forçados, eu e o trocamos olhares. Foram momentos de pânico para nós.
- Seria muito estranho mesmo. – adicionou o comentário entre risos.
- É claro que isso nunca vai acontecer porque, além de vocês dois se odiarem, estamos falando do meu melhor amigo e da minha irmã. Isso seria imoralmente incorreto. – falou com tanto deboche que, conhecendo ele como eu conhecia, eu tinha certeza de que ele não desconfiava de nada.
- Eu não sei de onde vocês tiram essas coisas. – fez careta, tentando convencer a todos o quanto repudiava aquela possibilidade.
- Cala essa boca, . – Eu fiz o mesmo, rolando os olhos.
- Eu só estava comparando. – tentou se justificar.
- O Peter e a Jessie são ‘farinha do mesmo saco’. Eles se merecem. – disse, tentando fazer com que o foco da conversa voltasse a ser o Peter e a Jessie.
- Sem dúvidas! – Eu não hesitei em concordar.
- Vocês entraram na piscina pra conversar? Vamos fazer alguma coisa. – interrompeu propositalmente o assunto.

Passamos o resto da tarde na piscina. Jogamos vôlei com uma bola que encontramos na casa e só saímos da piscina porque estávamos famintos. Eu e as garotas comemos rapidamente e já subimos para nos arrumarmos para a festa, enquanto os garotos continuaram comendo na cozinha.

- Escutem... – sussurrou, assim que nos viu sair da cozinha. –Eu acho que vou pedir a em namoro hoje. – Ele contou.
- O que? Hoje? – o olhou, perplexo.
- Hoje. Eu quero fazer isso há algum tempo e seria incrível se fosse em Nova York. Como hoje é o último dia... – ergueu os ombros.
- E... se ela não aceitar? – fez careta ao mencionar aquela possibilidade.
- Não existe essa possibilidade. –
e eu já havíamos tomado banho e enquanto escolhíamos a roupa que usaríamos, conversamos aleatoriamente sobre diversas coisas. Ela, inclusive, havia me contado sobre a conexão incrível que ela e o tinham. Pelo jeito que a falava ela realmente estava apaixonada por ele e eu sabia que o sentimento era recíproco.

- , posso te perguntar uma coisa? – me perguntou repentinamente.
- É claro que pode. – Eu concordei, desconfiada sobre o assunto que seria abordado por ela.
- Você... está realmente gostando do ? – sorriu, malandra.
- Eu? Gostando do ? – Eu apontei para mim mesma. – É claro que não. – Eu sorri em meio a uma careta.
- Não? – arqueou uma das sobrancelhas. – É que eu notei que você está com os sintomas. – Ela disse.
- Sintomas? – Eu a olhei, sem entender.
- É! – gargalhou.
- Que tipo de sintomas? – Confesso que fiquei bastante curiosa.
- Você... fica vermelha e sem graça quando fala dele. Os seus olhos e o seu sorriso mudam quando você está com ele. – citou algumas coisas que lembrou.
- Oh... não. – Eu me sentia diferente perto dele, mas ouvir isso de outra pessoa tornava tudo ainda mais grave. Eu não podia estar gostando dele.
- Não é errado amar alguém, . – sorriu.
- Espera. Eu estou louca ou a palavra ‘amar’ saiu mesmo da sua boca? – Eu voltei a fazer careta. –
- Eu não sei por que essa palavra te assusta tanto. – negou com a cabeça.
- O nome ‘Peter’ te traz alguma recordação? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Ele não tem nada a ver com o Peter e você sabe. – argumentou. – Aposto que o que você sente por ele é completamente diferente do que você sentia pelo Peter. – Ela afirmou.
- É completamente diferente. – Eu tive que concordar com a . – Eu fico toda arrepiada todas as vezes que ele me toca e... eu me pego pensando nele nos momentos mais idiotas. – Eu rolei os olhos ao pronunciar a última frase. – O sorriso dele...me fascina e... quando ele me abraça... – Eu ergui os ombros, sem saber como terminar a frase. – E o beijo dele me leva pra outra dimensão. – Era só começar a falar nele que aquele sorriso bobo surgia no meu rosto sem que eu nem percebesse.
- Oh meu Deus, . Você gosta dele! – estava encantada com a possibilidade de um novo casal e perplexa com a maneira que eu falei do .
- Hoje, ele disse que gosta de mim. – Eu contei visivelmente sem jeito.
- Eu não acredito. – estava impactada com tais revelações. A coisa estava muito mais séria do que ela imaginava. – Eu espero que dê tudo certo pra vocês. Estou torcendo muito. – Ela sorriu, encantada.
- Chega de falar de mim, não é? Vamos falar sobre o seu relacionamento. – Eu não escondi a minha necessidade de mudar de assunto.
- Relacionamento? Até parece. – me olhou feio. – Aliás, só eu notei que o está muito estranho hoje? – Ela quis saber a minha opinião.
- Eu não percebi nada. – Eu disse, enquanto procurava uma roupa descente na minha mala.
- Devo estar maluca. – negou com a cabeça.
- Não acredito. Que droga! Esqueci a minha toalha no banheiro lá debaixo. – Eu suspirei, irritada.
- Desce lá rapidinho. – disse.
- Eu já volto. – Eu disse, indo na direção da porta. Saí do quarto e comecei a descer a escada. No momento em que ouvi as vozes dos garotos, eu parei no degrau em que eu estava.
- Você já pensou que a pode não querer namorar com você? – estava apenas tentando brincar com o amigo.
- Bom, acho que vou ter que correr o risco. – ergueu os ombros.
- E você quer mesmo entrar em um relacionamento sério agora? – perguntou m meio a uma careta.
- Que pergunta é essa? É claro que eu quero. Eu sou louco por ela. – respondeu sem qualquer hesitação. A frase dele me arrancou um sorriso. O ia pedir a em namoro! Era por isso que ele estava estranho!
- Esse lance de namoro não rola mais pra mim. – afirmou. De repente, a conversa se tornou ainda mais interessante para mim. Mesmo sabendo que era errado ouvir a conversa dos outros, eu precisava ouvir.
- Por que não? Traumatizou? – perguntou aos risos.
- Eu não sei. Relacionamento sério é muito complicado. Tem as suas vantagens, mas não sei se vale tanto a pena. – parecia estar sendo sincero.
- Um dia, quando você realmente gostar de alguém, você vai entender e ver que vale muito a pena. – aconselhou o amigo.
- Eu posso até gostar de alguém, mas namorar... definitivamente não. – parecia decidido. Eu continuava ouvindo tudo, mas não sabia muito bem como lidar com aquilo. – É muito mais fácil não ficar preso a alguém. – Ele completou.
- Principalmente pra você, que tem tantas opções. – gargalhou. – Você ainda tem a lista? – Ele perguntou.
- É claro que tenho. – riu. – Tenho o nome de todas as garotas que eu já beijei. Talvez, esteja um pouco desatualizada. – disse, se gabando. A notícia me deixou irritada, mas ao mesmo tempo incrédula. Ele tinha uma lista de nome das garotas que ele já havia beijado?
- Você não presta, Jonas. – riu, negando a cabeça.
- Depois da Jessie, é provável que essa lista aumente ainda mais. As garotas me adoram. Fazer o quê? – Mesmo o usando um tom de brincadeira, a frase me pareceu extremamente ridícula.

Foi decepcionante. Meu coração parecia ter se quebrado em milhões de pedacinhos. No primeiro momento, eu queria descer lá e dizer a ele os maiores absurdos. No segundo momento, eu só conseguia pensar no quanto tudo aquilo não valia a pena. Ele não valia a pena. Era isso o que eu era pra ele? Um nome em uma lista? Uma estatística absurda e patética? E tudo o que ele havia me falado? Era mentira? Com certeza ele tinha usado o mesmo discurso para todas as outras garotas que estavam naquela lista medíocre.

Eu me sentia a garota mais idiota de todas. Na verdade, eu não sabia exatamente o que eu estava sentindo. Era uma mistura de raiva e tristeza. Uma sensação terrível tomou conta de mim. Eu queria chorar, mas ao mesmo tempo eu queria enchê-lo de socos. Ele não merecia o meu sofrimento, muito menos as minhas lágrimas. Voltei a subir a escada e entrei no meu quarto sem fazer barulho. Por sorte, estava no banho. Eu me sentei na minha cama e ainda fiquei algum tempo tentando me convencer de que aquilo realmente estava acontecendo. Eu não conseguia acreditar que eu tinha deixado o me fazer de idiota. Eu não conseguia acreditar que o meu coração estava sendo quebrado novamente.

Engoli o meu choro e a minha decepção no momento em que eu prometi a mim mesma que não deixaria um babaca como o acabar com a minha noite. Eu precisava muito provar pra ele que eu não estava tão caidinha por ele quanto ele pensava. Eu não ia deixar barato. Eu já havia decidido. Colocaria a minha melhor roupa e ignoraria ele durante a noite toda. O Mark certamente estaria lá e seria uma ótima oportunidade de mostrar ao que, apesar de não ter uma lista, a minha fila também andava bem rápido. Não, eu não estava pensando em usar o Mark pra fazer ciúmes pro . Ele não merecia o esforço. Eu só queria, pelo menos uma vez, ficar com uma pessoa que realmente me valorizasse e que sentisse alguma coisa verdadeira por mim e o Mark era essa pessoa.

- Nossa, ! Eu acho que nunca vi você tão bonita. – sorriu, surpresa.
- Obrigada! – Eu agradeci. Era exatamente o que eu queria. Eu queria estar bonita! Queria que quando olhasse pra mim, ele visse o que perdeu. Eu queria que ele visse que eu não sou como as outras. Eu estava usando uma saia curta, uma blusinha ( VEJA A ROUPA AQUI ) e um salto enorme. A gargantilha em meu pescoço combinava com os meus brincos e com o meu anel.
- Com certeza o Mark vai gostar disso. – disse, me olhando com um sorriso malandro.
- Eu espero que sim. – Eu ri, sem jeito. Meu cabelo estava solto e o delineador ressaltava meus olhos. Conferi o espelho mais uma vez. Tudo parecia em ordem.
- Como eu estou? - perguntou e deu uma voltinha para que eu pudesse avaliar melhor.
- Está maravilhosa – Eu elogiei. A realmente estava incrível. O ia ficar maluco
- Legal! Então, vamos descer. – sorriu, indo em direção a porta. Eu a acompanhei.

Após sair do quarto, eu respirei fundo. Era a hora do show! Eu faria o se arrepender profundamente por ter dito aquilo, por ter me tratado como uma qualquer. Desci as escadas com um sorriso indiferente no rosto. Assim que cheguei no andar debaixo, senti o olhar de todos sobre mim. Fiquei até sem jeito. Eu não costumava chamar tanta atenção. Eu não gostava daquilo, mas a ocasião era especial.

- Wow. – disse com os olhos arregalados ao me olhar. Todos olharam pra mim.
- O que foi? – Eu ri, sem jeito.
- Você está... – começou a dizer, perplexo. Quando foi que sua irmã tinha se tornado aquele mulherão?
- Linda. - completou a frase em meio a um suspiro. Todos olharam para ele. Era uma surpresa para eles verem o me elogiar. – Quer dizer... você está bonitinha. - tentou consertar, dando um adjetivo mais bobo. Completamente ciente do que estava acontecendo ali, teve que segurar o riso. Normalmente eu agradeceria, mas não naquele dia. Não a ele.
- Vamos? - Eu disse, séria. Eu realmente queria demonstrar que eu não queria conversar com o . Ele notou a frieza no meu tom de voz.
- Vamos. - levantou do sofá. Os outros fizeram o mesmo.

Como havíamos combinado de encontrar Mark na festa, não precisaríamos esperá-lo. Com isso, fomos todos para o carro. O local da festa não ficava muito longe, então levamos somente 3 minutos para chegar lá. Poderíamos até ter ido a pé se quiséssemos. Assim que chegamos, notamos que a festa estava lotada. Havia pessoas dançando por todos os cantos e a música extremamente alta fazia com que o chão tremesse a cada batida. O local era incrível.

- Finalmente encontrei vocês! – Mark se aproximou assim que nos viu.
- Isso está lotado! – disse, perplexa.
- Bem, as bebidas estão ali. Sirvam-se à vontade. – Mark apontou pro lado esquerdo do salão.
- Eu vou ir até lá pegar refrigerante, porque eu sou um exemplo de pessoa. – brincou e ouviu os amigos rirem. o acompanhou.
- Uau, ! Você está incrível hoje. Não que você não seja incrível todos os dias, mas... – Mark se atrapalhou. Estava nervoso.
- Obrigada. – Eu sorri, sem jeito. Notei que enquanto conversávamos, metralhava o Mark com os olhos e isso não me incomodou nem um pouco. Na verdade, eu gostei. <
- Você quer dançar? – Mark convidou, tentando uma aproximação.
- Claro, eu adoraria. – Eu sorri, feliz com o convite. Mark estendeu uma das mãos e eu a segurei. Fui com ele até o centro da pista. aproveitou que a e a estavam distraídas e se aproximou do .
- Você é mesmo muito lerdo, Jonas. – se aproximou para falar no ouvido do amigo. A música estava muito alta.
- Ela deve saber o que está fazendo, não é? Espero que ela também saiba que toda ação, tem uma reação. – disse com um tom ameaçador. Ele estava planejamento alguma coisa. Ele se afastou da , que mal teve tempo de tentar impedi-lo.

estava tentando fingir que não se importava, mas eu sabia que ele se importava. Ele TINHA que se importar. Ao menos uma das coisas que ele havia me dito tinha que ser verdade. Eu não podia ter sido tão enganada daquela forma. Eu estava tentando dar a minha total atenção ao Mark naquele momento e eu realmente estava me divertindo enquanto dançava com ele. Eu estava mais do que satisfeita em chegar à conclusão que o estava furioso. Afinal, era o que eu tinha planejado ao sair da casa da Tia Janice.

- Ei. – se aproximou do Mark. – Acho que está na hora, né? Eu vou subir agora. – Ele disse e viu o Mark concordar com a cabeça.
- Eu já conversei com o DJ. É só falar com ele. – Mark avisou.
- Valeu, cara. – agradeceu, nervoso. Foi em direção ao palco e conversou com o DJ no canto do palco. A música foi parada no mesmo instante.
- Oi, pessoal! – disse, envergonhado. Ele estava em cima do palco e com o microfone nas mãos. Todos pararam de dançar para olhá-lo. – Vocês devem estar se perguntando quem sou eu e o que eu estou fazendo aqui, não é? – Quem o conhecia sabia que ele estava muito nervoso. – Eu só preciso de 5 minutos de vocês. – disse, sem jeito. <
- O que ele está fazendo? – sussurrou em voz alta.
- Shh! Presta a atenção! – já sabia o que estava por vir.
- , eu venho procurando o jeito certo de fazer isso há dias. – Ele direcionou o seu discurso para a pessoa mais interessada. – Desde que começamos a ficar juntos, a minha vida mudou completamente. Mudou pra melhor, é claro. Sabe por quê? Porque agora você faz parte dela. – Todos soltaram um 'own’. estava perplexa e não conseguia tirar o sorriso bobo do rosto. – Então, eu achei que estava na hora de oficializarmos isso. - sorriu, nervoso.

Eu estava tão orgulhosa do ! Ele era um cara incrível e definitivamente estava no caminho certo. Ele sempre foi o mais ajuizado e centrado entre os meninos. Ele era, sem dúvidas, o exemplo a ser seguido. Eu só conseguia me perguntar por que o não podia ser como ele. Durante o pedido de namoro, e eu trocamos olhares. Foi inevitável. O meu olhar dizia algo como: 'está vendo? não tem problema nenhum em se declarar, em gostar de uma pessoa, seu idiota'; enquanto o olhar do dizia: 'isso jamais funcionaria com nós'. Eu estava muito decepcionada e também estava com raiva. Eu tinha raiva por ele ter estragado tudo, por ele não me dar mínimo valor, por ele ter mentido em cada palavra.

- Então, eu quero perguntar... – sorriu para a garota que ele tanto amava. A multidão de pessoas se abriu e estava no centro dela. Algumas lágrimas escorriam pelo rosto dela, enquanto ela sorria como nunca. Quando o a viu se aproximar do palco, ele deu um sorriso ainda maior. – , quer namorar comigo? – Ele finalmente perguntou.
- Que lindo. – Eu suspirei, comovida. colocou o microfone no chão e tirou do bolso uma caixinha. Se ajoelhou, enquanto a abria. A multidão novamente soltou suspiros de 'own'. andou na direção da escada, a subiu e colocou-se em cima do palco. Ela se aproximou do , que ainda estava ajoelhado.
- É claro que eu aceito. – sorriu, enquanto as lagrimas escorriam rapidamente de seus olhos. segurou a mão da e colocou a anel no dedo anular dela. Ele voltou a colocar-se de pé e deu o primeiro beijo em , agora como sua namorada. O público aplaudiu e gritou. Emocionada com o pedido, cometi o erro de voltar a olhar para o , que olhava pro palco. Senti meus olhos se encherem de lágrimas. Não fazia o menor sentido chorar por causa daquele idiota. Ele não merecia.

e terminaram o beijo e saíram do palco de mãos dadas. Eu estava tão feliz por eles. Eles realmente mereciam ser felizes e a definitivamente merecia um cara como o . O DJ voltou a tocar a música alta e todos voltaram a dançar. A e também foram para a pista de dança, assim como eu e Mark. continuava no mesmo lugar, conversando com o , a , a e o .

De repente, a música que antes era animada, tornou-se lenta. Talvez, o DJ tenha entrado no clima de romance desencadeado pelo e pela . A música fez com que eu e o Mark nos aproximássemos ainda mais. Pela primeira vez na noite, estávamos dançando colados. A música lenta pedia isso, certo?

- Mark, eu queria me desculpar pela outra noite. – Eu sentia que devia isso a ele. Como estávamos dançando colados, eu disse isso bem próximo ao seu ouvido, mas não pude olhar nos olhos dele.
- Tudo bem. Esquece isso. – Mark não queria que eu ficasse me culpando.
- O problema não é você. Você é incrível, Mark. – Eu não queria que ele achasse que a culpa pudesse ser dele ou que ele tivesse feito algo errado.
- Tudo bem. O que importa é que eu estou aqui com você agora. – Mark desgrudou os nossos corpos para poder olhar em meu rosto.


- Eu não queria ter feito aquilo ontem. Você não merecia. Eu estou me sentindo horrível. – Eu estava mesmo muito chateada com a situação.
- , não tem problema. De verdade. – Mark negou com a cabeça e sorriu de forma doce. Ele voltou a colar nossos corpos para que continuássemos a dançar.
- Acho que vou ali pegar refrigerante e já volto. – avisou, sendo acompanhada pelo . Ele até parecia um cão de guarda.
- Espera! Eu vou também. – gritou, correndo atrás deles. aproveitou para ter uma conversa mais séria com o .
- Cara, você precisa ser mais discreto. – disse, aproximando-se do amigo.
- Eu devia ir até lá. Isso sim! – esbravejou, enquanto ainda olhava pra mim e pro Mark. não respondeu. Apenas balançou a cabeça negativamente e começou a observar eu e Mark, assim como .

Ao final da música lenta, Mark afastou o seu corpo do meu e olhou em meus olhos, dando o seu melhor sorriso. Eu não cansava de notar o quão bonito ele era. Ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, assim como o fazia. , , ! É só nisso que eu conseguia pensar! Qual era o meu problema? Foco no Mark!

Mark se aproximava cada vez mais e eu sabia exatamente o que aconteceria se eu não me afastasse. Eu também sabia que estava nos olhando e que veria o que ia acontecer. Mais uma vez: eu não estava tentando colocar ciúmes em ninguém. Eu jamais daria esperanças falsas pro Mark. Eu realmente estava me deixando levar pela música, o clima e a beleza dele. Era só isso. Mark passou os braços pela minha cintura e me puxou ainda pra mais perto. Ele não tirava os seus olhos dos meus nem por um segundo. Eu não pretendia impedir nada. Primeiro, porque eu estava carente e segundo, porque Mark era um cara incrível. Por que eu não podia dar uma chance para um cara que realmente gostava de mim?

Aconteceu tudo muito rápido. Eu estava realmente envolvida no momento. Quando eu me dei conta, os lábios de Mark já estavam colados meus. O beijo foi rapidamente intensificado e consequentemente aprofundado. Os lábios do Mark não eram tão quentes como os do . O beijo do Mark não fazia com que eu me arrepiasse dos pés à cabeça como o beijo do . Que droga! Eu estava beijando o Mark, mas estava pensando no . Que tipo de pessoa eu era? O arregalou os olhos quando viu eu e Mark nos beijando. Ele achou que eu não chegaria tão longe. Olhou imediatamente para o para ver qual seria a sua reação e viu o amigo completamente paralisado.

- Já chega! – suspirou, começando a andar em direção a pista de dança.
- Ei! Pode ir parando! – entrou em sua frente.
- Sai, ! Eu vou quebrar a cara daquele idiota. – disse, tentando passar pelo , que o empurrava na direção contrária. – Sai da minha frente! – gritou, furioso.
- Para de ser ridículo, ! – quase gritou, irritado.
- Ridículo? É a ! – gritou, furioso. Algumas pessoas que estavam em volta, olharam. Só quem estava realmente perto conseguia ouvir, já que a música no local estava extremamente alta.
- Sua garota? Desde quando? Se toca, Jonas! – gritou, indignado. – A não é nenhuma criança. Ela parece saber exatamente o que está fazendo. Ela não te deve satisfação alguma. Vocês não têm nenhum tipo de compromisso, tem? – colocou o amigo contra a parede. estava tentando mostrar que o Mark não havia forçado nada. Eu também queria aquilo.

olhou pra , irritado e completamente frustrado. Ele com certeza daria um soco no se eles não fossem tão amigos. Como dizem: a verdade dói. Era tão mais fácil pro pensar que Mark havia me beijado a força. Pensar que era só ele ir até lá, socar o Mark e me ter de volta. Abalado, voltou a olhar pra mim e para o Mark, que ainda nos beijávamos. Ele não conseguia aceitar.

- Sou eu ou essa festa ficou uma merda de repente? – desabafou. O percebeu na mesma hora que o estava realmente decepcionado com o que tinha acontecido. Não era só um ciúme bobo. Ele estava mal. – Estou indo pra casa. – disse, indo na direção contrária em que eu e o Mark estávamos.
- ! – gritou, sentindo-se mal pelo amigo. fingiu não ouvir. Apenas seguiu em direção a saída.
- Pra onde o foi? – se aproximou ao lado da .
- Ele foi para casa. – disse, chateado. olhou pra ele, sem entender. Disfarçadamente, apontou a cabeça para o meio da pista de dança, mostrando eu e Mark, que ainda nos beijávamos. viu a cena e voltou a olhar para o , completamente em choque.
- Por quê? - perguntou.
- Ele estava cansado. Não sei. - desconversou, arranjando uma desculpa qualquer. parecia ter aceito a desculpa.

De repente, a consciência de repente me pesou. Apesar do beijo ser ótimo, eu não estava e sentindo bem com aquilo. Isso fez com que eu terminasse o beijo. Abri os olhos e me senti horrível por ficar tão triste por constatar que não era o bem ali na minha frente. Era oficial: eu era uma péssima pessoa. Tentei sorrir e o Mark sorriu de volta. Ele parecia estar tentando dizer alguma coisa, mas estava abobalhado demais para dizer.

- Você pode me levar embora? Eu acho que aquela minha dor de cabeça está voltando. – Eu me adiantei, antes que ele dissesse qualquer coisa. Inventei a melhor desculpa que consegui. Eu não estava bem, mas a minha dor de cabeça não tinha nada a ver com isso. O beijo não havia sido como eu achei que fosse. Não por culpa do Mark, a culpa era minha.

O que eu estava pensando? Eu gosto do , por que eu estava beijando o Mark? Por que achei que o Mark poderia juntar os pedaços do meu coração, que o havia quebrado? Eu sabia que eu não estava usando o Mark, mas continuava sendo errado, especialmente sabendo que aquele beijo teria um significado enorme para ele. Eu estava me sentindo péssima. Eu só queria ir pra casa e dormir para esquecer a besteira que eu tinha feito.

- Claro. – Mark sorriu, tentando não demonstrar que ficou chateado. - Só vamos avisar o seu irmão. – Ele disse, segurando a minha mão e me levando até onde o resto da turma estava. Ao chegarmos lá, recebi olhares apreensivos da e do . Eu não consegui olhar na cara deles.
- Cadê o ? - Mark perguntou.
- Ali. – apontou. se aproximava com um copo de refrigerante na mão, assim como a e a .
- E aí? – disse, parando na nossa frente.
- Tudo bem se eu levar a embora? – Mark perguntou para o meu irmão.
- Claro, se ela quiser. – olhou pra mim. Ele viu na mesma hora que eu não estava bem.
- Sim, eu quero. Eu acho que aquela dor de cabeça vai voltar. – Eu usei novamente a falsa desculpa.
- Por mim, tudo bem. – concordou com a cabeça. Ele não viu qualquer problema.
- Está bem Boa festa pra vocês. – Mark sorriu, segurando a minha mão e me levando em direção a saída. Saí sem conseguir olhar na cara dos meus amigos. Ele realmente achava que eu estava com dor e por isso, estava fazendo tudo muito rápido para que eu chegasse em casa o quanto antes.

Saímos da festa, andamos até o carro dele. Ele me ajudou a entrar no carro e, depois, deu a volta e sentou-se ao meu lado. Passamos grande parte do caminho em silêncio. Quando estávamos quase chegando na casa da tia Janice, eu resolvi falar. Aquilo estava me matando. Eu não conseguiria dormir sabendo que havia dado falsas esperanças para o Mark. Mesmo que tivesse sido sem querer.

- Mark. – Eu estava nervosa. Ele me olhou, esperando que eu continuasse. – Eu preciso te falar uma coisa. – Eu não conseguia olhar pra ele. - Aquele beijo... eu... não queria... – Eu neguei com a cabeça.
- O quê? – Mark perguntou, confuso.
- Me desculpa. Eu achei que queria, mas eu me enganei. É que aconteceu uma coisa hoje e eu achei que beijar você podaria me ajudar a superar e esquecer. – Eu disse, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. – Me desculpa, eu fui egoísta. Eu não queria te dar falsas esperanças. – Eu disse me sentindo a pior pessoa do mundo.
- Eu percebi. – Mark afirmou, visivelmente decepcionado. – De qualquer maneira, eu te agradeço por ter me proporcionado aquilo. – Ele era mesmo uma boa pessoa. - Eu sei que eu pressionei e você só acabou cedendo. - Mark também achava que tivesse culpa.
- Mesmo assim, não foi certo. – Eu jamais transferiria a minha culpa para ele. Após alguns segundos de silêncio, ele voltou a falar.
- É o , não é? – Mark me olhou. Eu estremeci só ao ouvir aquele nome. Era ridículo como só o nome dele me causava todas aquelas sensações, mesmo depois de tudo.
- Sim. – Eu suspirei. Eu tinha até vergonha de dizer em voz alta.
- Eu percebi. – Mark sorriu, decepcionado.
- Eu sinto muito, Mark. Eu não queria magoar você. – Eu disse, sentindo as lágrimas invadirem os meus olhos.
- , eu gosto de você. Eu jamais conseguiria ficar magoado com você. Eu sabia de tudo isso antes de te beijar e mesmo assim me arrisquei. – Mark desligou o carro na frente da casa da tia Janice.
- Me desculpa mesmo. – Eu repeti com a voz embargada.
- Tudo bem. – Mark tentou me tranquilizar novamente.
- Você realmente não está com raiva de mim? – Eu questionei para tentar me sentir melhor. Que direito eu tinha de me sentir melhor, depois do que eu havia feito?
- É claro que não. Eu só quero que você saiba que se um dia você mudar de ideia, eu vou estar aqui. – Mark tocou a minha mão e a acariciou por um momento. Eu sorri para ele, sentindo uma gratidão enorme pela pessoa que ele era. Que sorte a minha.
- Boa noite, Mark. – Eu me despedi.
- Boa noite. – Mark respondeu.

Eu abri a porta do carro e sai. Fiquei na calçada, esperando que o Mark fosse embora. Ele sorriu pra mim antes de acelerar o carro e me deixar sozinha ali na frente. Fui em direção a casa e a porta de entrada. Passei pelos seguranças e quando estava me aproximando da porta, notei que tinha alguém de cabeça baixa, sentado na frente dela. Senti o meu coração disparar quando percebi quem era. Parei ali mesmo, sem reação. levantou o seu rosto e olhou pra mim. A expressão no rosto dele mudou.

- O que você estava pensando?! – me abordou. Ele estava muito decepcionado, mas demonstrar a raiva o fazia sentir menos vulnerável.
- Me dá licença. – Eu disse, indo em direção a porta e ignorando ele.
- Eu estou falando com você! – entrou na minha frente.
- Sai-da-minha-frente. – Eu quase soletrei, olhando para o rosto dele, furiosa.
- Você pode deixar de ser infantil pelo menos uma vez na sua vida? - tentando me afrontar.
O que você quer? - Eu perguntei, irritada. Ele queria conversar? Então, nós iríamos conversar!
- Por que você o beijou? - perguntou. Eu percebi que ele estava tentando mostrar que estava com raiva para esconder o quão estava chateado.
- Eu não te devo satisfação. - Eu o encarei. Me lembrei novamente do que ele havia dito mais cedo naquele dia. O meu sangue subiu. – Mas se você quer realmente saber, eu beijei porque eu quis! – Naquele momento, eu só queria atingi-lo.
- Por que você quis? – Ele sorriu de maneira ironica.
- Exatamente! Minha boca, né? Eu beijo quem eu quiser. – Eu não baixava a guarda um só minuto. – Agora, sai da minha frente. – Eu passei por ele e fiz questão de esbarrá-lo. Cheguei na porta e a abri. Ele ficou onde estava.
- O Peter estava certo. – afirmou, negando com a cabeça. Parecia um desabafo. De onde eu estava, eu ouvi o que ele tinha dito. Eu parei de andar imediatamente. Não! Ele não tinha dito aquilo! Me virei na direção dele.
- O que você disse? – Eu perguntei, incrédula.
- Eu disse que o Peter estava certo quando disse que você era uma egoísta! – não se intimidou. Ele não tinha medo de me machucar, se era o que eu realmente precisava ouvir. – Você só pensa em você! – Ele repetiu. – É isso que você faz, não é? – se sentia um idiota, como se eu tivesse enganado ele. – Você faz todos os caras gostarem de você, e então, eles se declaram e você joga eles fora como se fossem lixo. – Agora, ele começava a mostrar vestígios de sua mágoa.
- Cala a boca! – Eu não queria chorar na frente dele, mas estava sendo difícil segurar. Depois de tudo o que eu passei com o Peter, como ele ousava dizer que o Peter estava certo? Ele sabia o quanto isso me machucaria. Ele sabia!
- Quer saber? Você é egoísta e manipula todos a sua volta! – estava visivelmente abalado e queria me atingir de qualquer maneira.
- Você não faz a mínima ideia de quem eu sou! – Eu tentei ser dura com a forma de falar, mas as lágrimas que escorreram pelo meu rosto me fizeram perder toda a credibilidade.
- Eu não acredito que cai nesse seu jogo estúpido! – negou com a cabeça, irritado consigo mesmo. Ele havia dado alguns passos em minha direção e disse aquilo olhando nos meus olhos
- Jogo? – Eu ironizei. – Você acha mesmo que eu perderia tanto tempo com você se eu não gostasse de você?! – Havia lágrimas no meu rosto, mas eu estava falando com raiva. – É isso que você queria que eu ouvir? – Eu esbravejei.
- E você acha mesmo que eu consigo acreditar em alguma coisa que você diz, agora? – me olhou nos olhos, mesmo que isso me deixasse ver muito bem as lágrimas nos olhos dele.
- Você e o Peter tem mais coisas em comum do que eu imaginava. – Eu disse com desprezo, enquanto passava as mãos pelo meu rosto na tentativa de secar as lágrimas.
- Você também não é quem eu achei que fosse. – também evidenciou a sua decepção.
- Você estava certo, . É bem mais fácil te odiar. – Eu disse, olhando em seus olhos de bem perto. olhava atentamente para o meu rosto. – E quer saber? Eu tenho uma novidade pra você. – Eu engoli seco, forjei um sorriso qualquer. – Eu também tenho uma lista, agora! A lista das pessoas que eu odeio. E adivinha só quem é o primeiro da lista? – Eu disse com frieza. – E pode colocar essa observação na porcaria da sua lista. – Eu cuspi as palavras. Me virei de costas e sai o mais rápido que eu consegui, pois não queria chorar novamente na frente dele. Eu só queria chorar e chorar. Parado na entrada da casa, me observou, enquanto eu me afastava. Eu subi a escada e fui direto para o meu quarto. Me joguei na cama e chorei. Chorei como nunca. Chorei como nunca achei que choraria por um garoto. As palavras ditas por ele não saiam da minha cabeça. Eu acho que eu nunca conseguirei olhar para a cara dele de novo.

Aos prantos, pensei em alguém a quem eu pudesse recorrer. Alguém que pudesse me acalmar. Alguém que conseguisse fazer com aquela dor enorme dentro do meu peito parasse. Foi desesperador perceber que a única pessoa que conseguia fazer isso tão bem era o . A única pessoa que conseguia fazer com que eu me sentisse bem, era quem estava causando o meu sofrimento. Isso está me matando.


Até aquele dia, eu achava que nenhum outro garoto me faria chorar mais do que o Peter. Eu ainda não acreditava que o tinha me dito aquelas coisas. Eu esperava ouvir isso de qualquer outra pessoa. Menos dele. Tudo o que eu tinha dito, tudo o que eu sentia era verdadeiro. Como ele pode achar que eu fingi tudo aquilo? Como ele pode duvidar dos meus sentimentos? Como eu posso ser tão egoísta, sendo que ELE era a única pessoa em quem eu tenho pensado nesses últimos dias? Eu estava ciente de que não conseguiria dormir naquela noite. Eu sabia que não pararia de chorar tão cedo. Ao contrário da minha dor de cabeça, dormir não faria com que a dor que eu estava sentindo desaparecesse.

ficou em estado de choque, depois de me ver subir as escadas. Ele sabia que estava tudo acabado e não estava sendo nada fácil pra ele. Seus olhos voltaram a se encher de lágrimas, algumas chegaram a escorrer pelo seu rosto. Ele levou as mãos à cabeça, entrelaçou seus dedos em seus cabelos. Ele não sabia o que fazer. Para ele, ele havia feito a coisa certa, mas por que o coração estava dizendo o contrário? Por que tudo tinha que ser tão difícil para eles? Ele sentia raiva. Raiva por não conseguir cumprir a promessa que havia feito a si mesmo de que nunca mais choraria por uma garota. Tudo o que ele sempre temeu, estava acontecendo novamente. Ele havia perdido a sua garota e estava em pânico por causa disso. Ele queria subir as escadas, entrar em meu quarto e se desculpar, enquanto me cobria de beijos. só queria que o Mark estivesse ali na sua frente para que pudesse ele descontar toda a sua raiva nele.

passou as mãos pelo seu rosto, secando as lágrimas. Subiu a escada e quando chegou no andar de cima, passou pela porta do meu quarto e parou. Se perguntava se deveria entrar ou não. O orgulho falou mais alto e ele voltou a andar e entrou em seu quarto. Ele me odiava. Me odiava por ter feito ele sentir tudo o que ele não queria sentir. Por ter trazido de volta toda aquela mágoa, todas aquelas lágrimas que ele tanto evitou. Por ter estragado tudo. Por que ele estava sofrendo tanto por causa disso? Ele já havia terminado com tantas outras garotas! Por que estava sendo tão difícil dessa vez? Por que isso tinha que acontecer logo na minha vez?

Uma hora havia se passado e eu ainda estava chorando na minha cama. Quando eu conseguia segurar as lágrimas, as palavras do voltavam a minha mente e, então, se tornava impossível segurá-las. De repente, a porta do meu quarto se abriu e eu nem me atrevi a virar para olhar quem era.

- ? – Parecia ser a voz da . Passei a mão pelo rosto, tentando disfarçar o choro e me virei na direção dela.
- Oi. – Eu forcei um sorriso. notou na mesma hora que eu estava chorando. Ela fechou imediatamente a porta.
- O que aconteceu, amiga? – caminhou rapidamente até a minha cama. Sua expressão era de preocupação. <
- Não foi nada. – Eu voltei a forçar um sorriso. As lágrimas insistiam em permanecer em meus olhos. Eu não conseguia me livrar delas.
- Como nada? Você está chorando. – estava muito preocupada. Naquele momento, eu soube que não teria como fugir.
- Acabou, . – Eu disse aos prantos. me abraçou rapidamente.
- Eu sinto muito, . – me apertou forte, acariciando as minhas costas. – Me conta o que aconteceu. – Ela pediu.
- Hoje, eu escutei o dizendo para os garotos que só estava ficando comigo por ficar. – Eu contei com a voz embargada. – Ele tem uma lista. – Eu contaria tudo.
- Uma lista? – perguntou, sem entender.
- Uma lista das garotas que ele já ficou. Ele exibe aquilo como se fosse um troféu. E eu... – Eu respirei fundo para continuar a falar. – Eu fui só mais um nome na lista dele. Eu era só mais um passatempo dele. É isso o que ele faz com todas. – Eu não conseguia parar de chorar. Repetir tudo só me fazia ficar pior.
- Eu não acredito. – disse, desolada.
- Então, hoje na festa, o Mark tentou me beijar e eu sabia que era de verdade. Eu sabia que eu significava alguma pra ele. Por que eu não dar uma chance a alguém que realmente gosta de mim? – Eu questionei. – Talvez, eu só quisesse ser beijada por alguém que realmente gostava de mim. – Eu ergui os ombros.
- E o viu. – deduziu.
- Ele viu! – Eu concordei. – Quando eu cheguei, ele me disse coisas horríveis. – Eu não quis nem dar detalhes.
- Eu não sei o que fazer pra te ajudar, . – segurou a minha mão.
- Eu não quero falar com ele nunca mais! – Eu disse, tentando secar as lágrimas que não se cansavam de sair dos meus olhos. – Acabou, . Acabou! – Eu estava decidida.
- Dorme um pouco. Você precisa esquecer isso. – me aconselhou.
- Eu vou ficar bem. Eu fiquei bem das outras vezes, não é? – Eu disse, otimista.
- Eu sei que você vai. – tentou me tranquilizar. Eu me deitei em minha cama e em meu travesseiro ainda molhado. Eu realmente queria acreditar que eu ficaria bem. Eu estava devastada. Devastada por dentro. É como se mais nada fizesse sentido.
- ? – chamou pelo amigo ao entrar no quarto. Ele tinha acabado de chegar da festa.
- Não enche. – não queria falar com ninguém.
- Eu não tenho culpa de nada, ok? Não precisa descontar em mim! – disse, irritado. Ele não merecia ouvir aquelas grosserias.
- Foi mal. Eu só quero ficar quieto no meu canto. – disse, mantendo-se de costas para o .
- Você quer conversar? – achou que, talvez, o amigo quisesse desabafar.
- Conversar? Não tem nada pra conversar. – virou-se para o amigo. – Acabou! Só isso. – Ele disse, tentando se mostrar forte. percebeu que o amigo estava mal. Parecia até que ele tinha chorado – Agora, apaga a luz e me deixa dormir. – Ele voltou a encarar a parede.
- Está bem. Boa noite, . – suspirou, chateado. Ele sabia que o estava mal e também sabia ele era orgulhoso demais pra demonstrar isso. apagou a luz e deitou em sua cama.

Na verdade, não estava com sono algum. Ele sabia que passaria a noite em claro. Ele só queria ficar sozinho, quieto. Ele queria pensar. Pensar em tudo. Tudo o que ele estava sentindo, tudo o que havia acontecido, tudo o que ele não teria de volta. Ele dizia para si mesmo que havia feito a coisa certa, enquanto cada parte do seu corpo dizia o contrário. Ele só sabia de uma coisa: ele não me teria de volta.










CONTINUA...









Nota da Autora: 


Hey! Então, eu espero que estejam gostando da fanfic. Está dando muito trabalho, mas eu estou AMANDO escrevê-la. Eu me inspirei em uma outra fanfic que eu li e fiz as minhas MUITAS alterações (com a autorização da autora da mesma). Como vocês já perceberam, ela está em andamento. Eu vou postar de acordo com o que eu for escrevendo. 

Vocês devem ter percebido que nessa fanfic, os Jonas não são tão 'politicamente corretos' e nem tem uma banda. Eu achei legal fazer uma coisa diferente.

Enfim, deixe o seu comentário aqui embaixo. A sua opinião é importante, pois me incentiva a escrever ainda mais e mais.

Beijos e qualquer coisa e erro, mandem reply pra mim lá no @jonasnobrasil . 


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