Capítulo 45 ao 47




Capítulo 45 – Conteúdo Misterioso



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:



- É o que eu estou dizendo! – abriu os braços e deu um longo suspiro. – Eu... – Ele não sabia como continuar.
- Cara, eu não quero te deixar ainda pior, mas... – olhou para o amigo, sério. – Eu conheço a e ela nunca, nunca vai te perdoar por isso. – Apesar de ter feito besteira, não estava com raiva do amigo.
- Me perdoar? – Apontou pra si mesmo. – É, pelo jeito você não está sabendo de toda história. – sorriu, sarcástico.
- Que história? – ficou ainda mais sério que antes.
- Lembra que a disse que viria pra cá ontem? – se aproximou do amigo, sentando em um dos degraus da escada da varanda da casa de .
- Sim, o aniversário de namoro. – se recordou.
- Aniversário de namoro? É... – fez careta e negou com a cabeça.
- Qual é o problema? – continuava sem entender.
- O problema é que ela não veio. – olhou para ver a reação de .
- Eu sei. Ela teve alguns problemas no hospital. – não achou que o problema fosse aquele.
- Não, não foi por isso. – rapidamente me desmentiu.
- Como não foi? Ela disse. – estranhou e ficou de frente pro , esperando que ele o olhasse. - Ela mentiu! – disse grosseiramente, depois de levantar o seu rosto para olhar seu amigo. – Ok? Ela mentiu... como sempre! – Ele reafirmou.
- Porque ela mentiu? – queria que fosse mais claro.
- Porque ela estava com medo! Ela estava morrendo de medo de me enfrentar, de olhar na minha cara depois de tudo o que ela fez! – dizia tudo com tanta raiva, que deixava ainda mais confuso.
- Tudo o que ela fez? , eu não estou entendendo nada! Diz logo o que aconteceu! – estava ficando maluco.
- O que aconteceu foi que ontem eu recebi uma carta dela. Na carta ela dizia que estava terminando o nosso namoro porque conheceu outro cara! Foi isso que aconteceu! – não conseguia controlar a sua raiva quando falava daquele assunto.
- Não... – demorou para processar a informação. – Ela não... – negou com a cabeça.
- Sim! Ela me traiu! – reafirmou para ver se a ficha de caia. – A ingênua, a inocente e pobre me traiu! – Ele ironizou.
- Eu não consigo acreditar. – ficou conturbado. – Eu não esperava por isso. Ela...- não continuou a frase, pois estava extremamente perplexo.
- Se ela não contou pra você, aposto que não contou pra ninguém. Ela sabe que o que fez não foi certo. – rolou os olhos.
- Mas... e você? – finalmente se deu conta de que não devia estar nada bem com o término. – Você está bem com tudo isso? – o olhou, sério.
- Eu estou bem. – não deu muito atenção e ergueu os ombros para demonstrar indiferença.
- Está mesmo? Porque aparentemente o que aconteceu na noite passada foi uma consequência desse ‘bem’ que você diz sentir. – estava tentando cavar mais fundo. Uma hora acabaria cedendo.
- Você está achando que eu fiquei com a Amber pra me vingar da ? – A grosseria de ia diminuindo aos poucos.
- Sinceramente? Acho. – foi sincero. não pareceu ter gostado da afirmação, mas a única coisa que fez foi negar com a cabeça.
- Cara, eu senti tanta raiva dela. – mordeu o lábio inferior por alguns segundos. – Eu ainda sinto e eu não se algum dia isso vai passar. Eu confiava nela, eu me joguei de cabeça nisso e ela sabia como eu me sentia. Ela sempre soube o que eu senti por ela. – estava feliz por não sentir vontade de chorar ao voltar a falar daquele assunto. Não é como se ele tivesse superado, mas a raiva era muito grande. – Ontem a noite eu estava me sentindo um idiota por ter deixado ela me passar pra trás. – Ele explicou.
- É você quem sempre faz isso, certo? Todas aquelas garotas que costumavam a se jogar aos seus pés. Nenhuma delas te fez passar por isso. – não disse por mal, mas foi uma coisa que ele não pode deixar de pensar na hora.
- Não, eu nunca dei esperança pra nenhuma delas. Cada uma delas sabia que não passaria de um beijo. Elas sabiam que não existia sentimento, mas a sabia. Ela sabia o quanto eu amava ela, o quanto eu queria ela. Parece que ela ficou comigo só pra me dispensar. – apoiou os cotovelos nas coxas e as mãos dele eram encaradas por seus olhos. – Ela encontrou um cara melhor que eu e eu me senti um lixo. Ontem a noite eu só conseguia pensar que eu não era bom o suficiente. Eu senti como se eu não tivesse sido suficiente pra ela, eu senti como se eu fosse... nada. Foi então que a Amber apareceu. – riu rapidamente de si mesmo sem emitir som. – Era tudo o que eu precisava naquele momento. Alguém que levantasse a minha autoestima e voltasse a me dizer o quão bom eu era. – explicou sem se orgulhar do que estava dizendo.
- Amber sempre foi apaixonada por você. Ela sempre gostou de você! É claro que ela tinha as melhores coisas para falar sobre você. – negou com a cabeça. Para ele é como se Amber tivesse se aproveitado de um momento de vulnerabilidade.
- Eu estava vulnerável e ela estava lá por mim. Não foi difícil ela conseguir o que queria. Ainda mais porque ela estava usando um shorts muito curto e apertado. – rolou os olhos e riu rapidamente.
- E agora você está arrependido. – concluiu.
- Arrependido não, porque na hora eu quis. Eu não estava bêbado, ela não se aproveitou de mim. Eu quis! Talvez não tenha sido pelos motivos certos, mas eu quis. – não podia colocar toda a culpa na Amber também.
- Então qual é o problema? O que você está fazendo na minha porta ás 6 da manhã? – abriu os braços.
- O problema é que tem uma garota seminua na minha cama e eu não quero lidar com isso. – suspirou. – Eu só dormi com ela e não a pedi em casamento. – fez careta.
- , é você? – olhou de um jeito engraçado pro .
- Não! É sério! Eu preciso mesmo assumir um compromisso com ela agora? Porque eu não amo ela! Eu não estou e nem nunca estive apaixonado por ela. – explicou o seu grande dilema.
- E você não pensou nisso ontem a noite? Não sabia que não era ela que você queria? – começou a julgar .
- Sabe o que é pior? Eu pensei! Eu pensei que não era ela quem eu queria. Eu estava bem ciente de quem eu queria. – voltou a negar com a cabeça. – Eu sei o quão ridículo isso vai soar, mas... eu pensei na . Eu estava ali com a Amber e a única coisa que eu conseguia pensar era o quanto eu queria que fosse a ali. Eu tentei lutar, mas eu sou fraco! Eu sou fraco mesmo! Que se dane! – parecia que voltaria a ficar irritado. – A acabou comigo, ela me jogou no fundo do poço! Porque eu deveria deixar com que ela interferisse nas minhas atitudes, nas minhas ações? Eu não devo mais nada a ela! – A raiva definitivamente voltou.
- Você não falou com ela depois da carta? – perguntou.
- Acha mesmo que eu ia ligar pra ela? Acha mesmo que eu ia atrás dela dessa vez? Eu quero que ela se ferre! Ela encontrou outro trouxa? Que se dane! Duvido que o pobre rapaz ature mais de uma semana! – parecia ter tirado uma tonelada de suas costas depois de dizer aquilo.
- Então é assim? Você não vai querer uma explicação? Você não quer falar umas verdades pra ela? – não acreditava que aquela carta ia ser o nosso último contato.
- Eu não quero saber de porra alguma. Eu não quero nada dela! Ela é adulta, ou pelo menos acha que é. Deve saber o que está fazendo! Se não sabe, ela que sofra as consequências sozinha. Sozinha não, né! – sorriu ironicamente e rolou os olhos.
- Ok, você odeia ela! Eu já entendi, mas e a Amber? O que vai fazer com ela agora? – resolveu focar no problema principal.
- Eu esperava que você me dissesse! – abriu os braços ao olhar desajeitadamente para o amigo.
- Eu? – apontou pra si mesmo e riu. – Bem, você não sente nada por ela? – insistiu.
- Ela é a minha amiga ou era, não sei. – parecia confuso. –Mas nunca passou disso. Eu nunca senti nada no sentido amoroso por ela. Nunca chegou nem perto disso. – explicou.
- Nunca? Nem quando você quase namorou ela? – pareceu mais surpreso do que deveria.
- Nunca... – negou com a cabeça e olhou para o amigo. – Eu sei que ela é bonita. Eu sei o jeito que os caras olham pra ela, mas isso não me faz querer agir como eles, isso não muda o que eu sinto por ela. – foi extremamente sincero. – Ela é importante pra mim. Nós sempre nos demos bem, gostamos das mesmas coisas e nos divertimos muito juntos, mas eu não quero que tenhamos nada além disso. – Ele finalizou.
- Isso não mudou nada depois de ontem? Quer dizer, você não olha pra ela com outros olhos agora? O que aconteceu ontem a noite... – não sabia como dizer. – Você não quer que aconteça de novo? – Ele perguntou.
- Honestamente? Não. Eu não sei nem como olhar na cara dela agora. Eu não sei como dizer pra ela que o que aconteceu ontem a noite foi mais auto ajuda do que prazer. – parecia muito incomodado com o assunto. – E eu sei o quanto isso soa egoísta. Eu sei! Eu devo ser o cara mais idiota e insensível de todo o mundo, mas eu não quero ficar enganando a mim mesmo de uma coisa que eu não sinto e pior, eu não posso enganá-la. – Ele negou com a cabeça.
- Quer saber o que eu penso? – só diria se realmente estivesse interessado em ouvir.
- Quero. – nem hesitou.
- Eu acho que você está machucado. Eu acho que você não superou e não vai superar tão cedo o fato de que a garota que você ama não te ama mais. Eu também acho que o que aconteceu ontem a noite não foi por maldade sua. Na verdade, eu acho que a maior vitima disso tudo é você e não a Amber. Você precisava se sentir amado, você precisava recuperar a sua autoestima e saber que alguém ainda te queria. Você precisava saber que o problema era a e não você e a Amber te disse isso. A Amber sempre te disse isso. Ela sempre achou que você era bom demais para a garota que ela odiou a vida toda. O ódio dela se juntou ao seu e quando eles se tornaram um só, você achou que isso era bom. Bom o suficiente pra te convencer de que você poderia levá-la pra cama. – fez uma breve pausa. – E então você acordou hoje de manhã e descobriu que não havia ódio algum. Era mágoa o tempo todo. – Quando disse isso, viu concordar com a cabeça. – Em um dia você acordou pensando em uma garota e no dia seguinte acordou ao lado de outra. Pode até ter sido bom, mas você nunca vai saber por que não foi com quem você queria que fosse. O fato da não ter sido parte disso torna isso quase que uma noite qualquer pra você. – estava dizendo a dura verdade.
- Eu queria poder esquecê-la. Eu juro que se tivesse um jeito de apagar cada lembrança, eu apagaria. – abaixou o rosto ao dizer aquela frase dolorosa.
- Sabe que eu nem me lembro como você era antes de gostar dela. Você gosta dela desde sempre. – comentou e sorriu.
- Nem eu... – concordou ainda com um fraco riso no rosto. – Mas eu vou me lembrar. – Ele disse, convicto.
- Mas antes disso, você tem que lidar com a Amber. – voltou a realidade. – Eu acho que você devia ir pra casa e ser honesto com ela. Você disse que ela é importante pra você, então você tem que fazer isso por ela. – Ele aconselhou.
- É, eu acho que você está certo. – afirmou com a cabeça.
- Eu acho que você não pode confundir a raiva pela com o afeto pela Amber. – disse.
- Eu entendi. – se levantou, certo do que tinha que fazer. – Eu vou até lá então. – Ele parou na frente do amigo.
- Espera, eu posso perguntar uma coisa? – estava curioso demais para deixar passar.
- Pela sua cara, já sei que vai ser uma idiotice, mas vai em frente. – segurou o riso ao ver a cara engraçada que fazia.
- Como foi? – ficou meio sem jeito, mas ele era cara de pau mesmo. – Quer dizer, dizem que a primeira vez é uma merda, então... – começou a rir.
- Como foi? – riu sem imitir som. – Como eu posso te explicar? – Ele disse, pensativo. – Lembra daquele aniversário do em que nós fomos na casa dele? A casa estava cheia de convidados, estava toda decorada e tinha aquela mesa enorme de doces que só podiam ser comidos depois do parabéns. – começou a contar e parecia se lembrar.
- E nós tivemos a brilhante ideia de roubar os doces para comer antes da hora. – começou a rir ao se lembrar da cena.
- Sim e quando nós fomos roubar os doces, nós sem querer esbarramos na mesa e derrubamos tudo. Nós praticamente acabamos com a decoração que a mãe dele devia ter levado uma semana pra fazer. – também começou a rir.
- Eu acho que a mãe dele nos odeia até hoje por isso. – não conseguia parar de rir.
- Se lembra daquela sensação que tivemos depois que tudo aconteceu? Se lembra que nós nos sentíamos os piores garotos do mundo? – perguntou.
- Eu lembro! Eu me senti horrível! – recordou.
- A noite passada foi bem parecida. Na hora de comer foi incrível, mas depois você para e pensa e vê o quão idiota e patético você foi, porque você não fazia ideia do que estava fazendo. – disse e só faltou rolar no chão de tanto rir com aquela comparação.
- Cara, você já pensou em escrever um livro? Isso foi brilhante! – estava se controlando para parar de rir.
- E você ainda nem ouviu a moral da história. – agora estava rindo da reação de .
- E qual é? – segurou o riso para ouvir.
- Se você for roubar um doce em festa, roube um que também está esperando ser comido pela primeira vez. Dois mal comidos é melhor que um. – disse e voltou a cair na gargalhada.
- Olha pra mim, eu estou chorando! – disse, enquanto secava os olhos encharcados de tanto rir.
- Espero que tenha entendido o meu recado e que siga o meu conselho. – estava feliz pelo fato de que pelo menos a sua desgraça havia servido para alegrar .
- Eu entendi! Mais claro que isso impossível. – segurou o riso.
- Beleza, então agora eu vou pra casa. Eu tenho um problema pra resolver. – suspirou, desencorajado para fazer o que tinha que fazer.
- E eu tenho que dormir. – arqueou a sobrancelha, insinuando novamente que havia acordado ele.
- Desculpa ter te acordado e obrigado por tudo isso. Ajudou muito. – foi até o amigo e estendeu a mão. estendeu a sua mão e eles fizeram o seu rotineiro toque de mãos.
- Não tem problema, cara. Só... – hesitou dizer. – Se cuida, ok? Você não precisa passar por isso sozinho. Eu estou aqui por você. – Ele sorriu fraco.
- Eu vou ficar bem. Você sabe que eu vou. – forçou um sorriso para que ficasse menos preocupado.
- Me liga. – disse, vendo começar a se afastar.
- Só se eu ficar carente. – gritou de longe, enquanto continuava caminhando em direção ao carro.
- Promete? – voltou a gritar e não respondeu, apenas olhou para trás e riu.

entrou em seu carro e seguiu em direção a sua casa. Ele tentava elaborar um bom discurso, mas tudo parecia patético ou insensível demais. Pensou no quanto tudo aquilo era desnecessário. Porque foi fazer aquilo na noite passada? Porque havia complicado as coisas que já estavam complicadas até demais? Chegou em seu prédio e parou o carro na garagem. estava dentro do elevador e ainda sim estava torcendo para que Amber já tivesse ido embora. Ele adiaria aquela conversa o máximo que pudesse. Saiu do elevador e depois de ir até a porta de seu apartamento, a encarou por um tempo. Amber estava lá ou não estava? Tocou a maçaneta, esperando que a porta não se abrisse. A porta abriu e ele rolou os olhos e negou rapidamente com a cabeça. Abriu a porta por completo e viu que Amber não estava por ali. Fechou a porta e foi andando lentamente pela casa. A casa estava vazia, mas ainda faltava checar o seu quarto. Abriu a porta e colocou os pés dentro do quarto e logo avistou Amber sentada em uma cadeira que havia ali. Os braços dela estava em torno de suas pernas e os pés também estavam sobre a cadeira. O queixo de Amber estava apoiado em um de seus joelhos. Mesmo percebendo que estava ali, Amber não se moveu. Só o fato dela não ter se movido já fez perceber que ela já havia entendido tudo o que estava acontecendo ali. Pronto! já estava se sentindo um merda.

- Aqui está você! – disse, dando alguns passos e direção a cama, que ficava em frente a cadeira que Amber estava sentada.
- Não se preocupe, eu já estou indo. – Amber se levantou rapidamente da cadeira e nem sequer olhou para o . Ele rapidamente a alcançou e segurou um de seus braços.
- Espera! Vamos conversar. – fez ela voltar alguns passos.
- Conversar sobre o que? Sobre o seu arrependimento de ontem a noite? – Amber o olhou, furiosa.
- Vai com calma, ok? Senta. – pediu, afastando-se e sentando na beirada de sua cama. Amber fez o mesmo, mas sentou-se na cadeira, ficando de frente para o .
- Eu só quero saber de uma coisa, ! Você se arrepende? – Amber tinha lágrima nos olhos.
- Amber, eu... – não conseguiu continuar, porque não sabia como continuar.
- SE ARREPENDEU OU NÃO? – Amber gritou, furiosa.
- Não! – responde, sentindo pressionado. – Eu não me arrependi, ok? – respirou fundo para se acalmar. – Mas... – Ele suspirou longamente. Era difícil dizer.
- Mas o que? – Amber insistiu.
- Eu não sei se eu faria de novo. – deixou de olhá-la porque não se orgulhava do que estava dizendo.
- E como isso pode não ser um arrependimento? – Amber rolou os olhos, impaciente.
- Olha, eu não sou hipócrita. Seria bem mais fácil pra mim dizer que eu me arrependo porque eu estava fora de mim, mas eu sei que na hora eu quis. Foda-se os meus motivos, mas droga! Eu quis! – demonstrou a raiva que estava de si mesmo. – Mas hoje, depois de pensar sobre tudo isso, eu sei que isso não deveria ter acontecido. – Ele tentava ser mais sensível possível.
- Seus motivos... – Amber ironizou com uma falsa risada. – Você acha que eu não sei o que isso quer dizer? – Amber voltou a olhá-lo, enquanto secava as lágrimas em seu rosto.
- Eu sei o que parece. – se sentia cada vez pior com aquela situação.
- Que vingança seria melhor do que dormir com a garota que a mais odeia no mundo, não é? – Amber negou com a cabeça, novamente ironizando.
-Você falando assim até parece que eu planejei tudo isso. – deixou de olhá-la. – Aconteceu. – ergueu os ombros.
- Aconteceu? Simples assim? Então as minhas roupas foram tiradas misteriosamente do meu corpo? – Amber não dava descanso.
- Eu já falei que eu quis, ok? Você acha o que? Que eu vou fingir que nada aconteceu? – voltou a olhá-la, irritado. – Eu me lembro de tudo e eu sei de tudo o que eu fiz. – respondeu grosseiramente.
- Ah, lembra? Então me tira uma dúvida! – Amber mudou o seu posicionamento na cadeira para que pudesse olhar o rosto de de mais perto. – Você pensou nela ontem a noite? – Ela o observou. – Em nenhum momento você pensou no quanto ela ficaria machucada ao saber o que você estava fazendo e com quem estava fazendo? – Ela refez a pergunta.
- Nós temos mesmo que falar dela? – fugiu da pergunta, mas Amber percebeu.
- Você pensou! – Amber suspirou longamente, negando com a cabeça.
- ESQUECE ELA, OK? – se exaltou. – Ela já era! Ela é passado! Nada mais do que eu faço é pensando nela, então acho que está na hora de você fazer o mesmo. – foi propositalmente estúpido. Ele não queria mais falar em nada que estivesse relacionado a mim.
- Sabe quantas vezes eu já te ouvi dizer isso? – Amber voltou a enfrentá-lo.
- É diferente dessa vez! Dessa vez é pra valer e eu nunca falei tão sério em toda a minha vida. – olhou seriamente para a Amber.
- Então porque você está agindo assim? – Amber se sentiu um pouco melhor com relação a tudo. Pelo menos eu já era carta fora do baralho.
- Porque eu não sei se essa noite significou pra mim o quanto significou pra você. – foi extremamente sincero.
- Isso é normal! Foi a sua primeira vez. – As lágrimas nos olhos de Amber aos poucos foram desaparecendo.
- Não tem a ver com isso. – logo tratou de acabar com o resto de esperança que Amber fazia questão de manter.
- Então tem a ver com o que? – Amber perguntou, impaciente.
- Tem a ver com o jeito que eu me sinto sobre você. – retrucou no mesmo instante. Amber o encarou, sentindo medo de fazer a pergunta que queria fazer.
- E como você se sente sobre mim? – Amber engoliu seco, nervosa. a odiou por dois segundos por ela estar forçando ele a falar uma coisa que não queria dizer.
- Amber... – hesitou e deixou de olhá-la por poucos segundos. – Eu não amo você. Não do jeito que você quer. Você é a minha amiga e eu me importo muito com você. É só por isso que eu não quero que você crie falsas esperanças sobre isso. – falou da melhor forma que conseguiu. – Desculpa... – Ele negou a cabeça, odiando a si mesmo.
- Se você se sente assim, como foi que aconteceu tudo aquilo ontem a noite? – Amber não conseguia entender.
- Aconteceu porque eu estava mal e muito carente. Eu sei o quão ruim isso soa. – riu rapidamente de si mesmo. – Eu me sinto um cafajeste agora. – Ele mordeu um lábio inferior.
- E quem garante que isso não vai acontecer de novo? Você está solteiro agora e vai viver carente agora. Prefere acabar com a sua carência com uma qualquer? – Amber perguntou e a olhou, surpreso.
- Você... – arqueou a sobrancelha e riu. – Você está falando sério? – Ele terminou a pergunta.
- É claro que eu estou! – Amber segurou o riso.
- O que isso quer dizer? – abriu os braços, confuso. – É sério! Me explica porque eu definitivamente não entendi. – não achou que tivesse escutado direito.
- Quer dizer que... – Amber sorriu sensualmente e levantou-se da cadeira. Foi até a beirada da cama em que estava sentado e em um momento de extrema ousadia, sentou-se em seu colo, colocando uma perna em cada lado do corpo dele. – Por mim tudo bem se eu tiver que ser o seu brinquedinho de carência. – Amber apoiou seus braços nos ombros de .
- Meu o que? – arqueou a sobrancelha, afastando seu rosto do dela.
- Qual é, ! – Amber rolou os olhos. – Você está solteiro! Eu estou solteira! Porque não podemos sair as vezes e nos divertir. Já ouviu falar de amizade colorida? – Amber voltou a aproximar seu rosto do dele.
- Ok, espera. Espera um pouco. – segurou a sua cintura por poucos segundos e a tirou de seu colo, jogando ela delicadamente na cama. Ele se levantou e virou-se pra ela. – Mesmo depois de tudo o que eu disse você ainda quer isso? – Ele perguntou, incrédulo.
- Você está mesmo surpreso? – Amber revirou os olhos. – Você sabe como eu me sinto. – Ela explicou.
- É exatamente esse o problema. Eu não sinto! – disse novamente para o caso de ela não ter escutado da primeira vez.
- Eu não estou te pedindo pra sentir nada! Estou pedindo pra que você dê uma chance pra que possamos passar um bom tempo juntos. – Amber dizia como se fosse a coisa mais normal do mundo. – Eu não estou pedindo pra que você assuma um compromisso e nem pra você colocar uma aliança no meu dedo. Estou pedindo pra irmos vivendo isso quando tivermos vontade. – Ela ergueu os ombros.
- Eu não sei... – deixou de olhá-la, pensando em como dizer um ‘não’ educado. – Eu acabei de sair de um relacionamento. Eu não quero me envolver em nada agora. – Ele olhou pra ela novamente para saber a reação dela ao ouvir aquilo.
- Então não se envolva! – Amber forçou um sorriso. – Quando um não quer, dois não brigam, né? – Amber levantou-se da cama.
- Não vai ficar brava, né? – perguntou ao vê-la começar a vestir sua roupa.
- O que você acha, ? – Amber olhou pra ele, irritada.
- Inacreditável. – suspirou, imaginando se tem alguém mais ferrado que ele no mundo. Tudo dá errado!
- Sabe o que é inacreditável, ? – Amber colocou sua blusa e deu alguns passos em direção a ele. – É ver você desperdiçando a sua vida por causa dessa garota patética que nunca deu a mínima pra você! É ver você perdendo todas as suas oportunidades de ser feliz, enquanto ela está com outro na cama dela! – Ela sabia o quão dura estava sendo.
- E o que você quer que eu faça? – disse um pouco mais alterado que o normal. Era só falar no meu nome que tudo mudava.
- Eu quero que se permita viver! Eu quero que se permita gostar de outra pessoa. Como você vai esquecê-la se você não quer esquecê-la? Como você vai esquecê-la sem se envolver com outras garotas? – Amber disse grosseiramente.
- O que está dizendo? Está dizendo que se eu sair hoje a noite e beijar 10 garotas que eu nunca vi na vida eu vou conseguir esquecer a ? – ironizou.
- Não! Estou dizendo que talvez uma garota seja o suficiente. Basta você permitir! Basta você deixar de ser tão cabeça dura e tão, tão... – Amber procurou a palavra certa. – Tão certinho como a sempre fez você ser. – Ela desabafou.
- Certinho? – apontou pra si mesmo. – Parece até que você não me conhece, né? – Ele riu da amiga.
- Eu conhecia o outro ! O divertido! Aquele que fazia o que queria, na hora que queria e que não estava nem ai para o que os outros iam pensar, que não estava nem ai para o que a ia pensar! – Amber disse, deixando sem palavras. Ele a olhou, furioso.

Ouvir a verdade em um momento tão critico como esse nem sempre é uma boa coisa. Ele sabia muito bem que tudo o que Amber estava dizendo era verdade. Ele sempre soube quem ele era antes de nós ficarmos juntos. Ele adorava ver as garotas se jogarem aos seus pés e adorava ser o cara mais desejado da escola. Todos os garotos queriam ser ele. Todas as garotas queriam estar com ele. A verdade é que ele era o rei da escola e de qualquer outro lugar por onde ele passava. Ele gostava de se sentir daquele jeito. Ajudava a sua autoestima e o seu ego.

- Desculpa, mas você tinha que ouvir isso. – Amber pegou o seu celular e olhou em volta para ver se já tinha pego tudo o que era seu. Ela se aproximou de , que ainda procurava uma resposta. Amber colocou seu rosto bem próximo ao dele e o olhou nos olhos. – Quando você decidir parar de agir como se fosse a putinha dela, você me liga. – Amber se aproximou ainda mais, roubando um selinho dele. Saiu pela porta sem olhar pra trás.
- Era só o que me faltava. – esbravejou, jogando-se na cama.


Era domingo e agora eu já tenho 19 anos. Quem se importa? Foi o pior aniversário de toda a minha vida. Era um pouco mais de 10 da manhã e eu já estava acordava. Não se precisa acordar quando não se dormiu a noite toda. Talvez eu tenha tirado alguns cochilos, mas dormir? Não. Não de verdade. Não sei se já havia sentido tanta pena de mim mesma de uma só vez. Me olhar no espelho e ver meus olhos vermelhos e inchados me fez sentir pena. Eu acho que nunca fui tão dependente de uma pessoa quanto eu havia me tornado dependente do . As vezes eu acho que tudo valeu a pena e que poucas pessoas vão ter a chance de viver um amor como aquele. Outras vezes eu acho que nenhum grande amor vale a pena tanto sofrimento. Nada é para sempre e eu deveria ter pensado nisso quando me apaixonei por aquele capitão do time de futebol idiota. Como eu poderia saber que todo aquele amor quase que platônico que ele sempre sentiu por mim acabaria. Então sim. Eu preciso de alguns dias, talvez algumas semanas para superar isso.

- Ei! – A voz de pareceu ter me tirado de um transe. – O que está fazendo aqui sozinha? – perguntou, sentando-se do meu lado e um das cadeiras que havia no quintal da minha casa.
- Eu estava só...pensando. – Eu forcei um sorriso e voltei a encarar a piscina em minha frente. Estava um pouco frio, então eu estava encolhida.
- Pensando... – afirmou com a cabeça. Já sabia quem era o dono dos meus pensamentos.
- Sabe que às vezes eu acho que ele vai aparecer na minha porta, quebrando tudo e me falando um monte de besteiras. – Eu olhei pra e aos poucos um sorriso surgiu em meu rosto. – E depois de toda gritaria, ele acabaria cedendo e começaria a falar aquelas coisas que ele sempre diz e me faria aceitá-lo de volta. – Eu sorri sem mostrar os dentes.
- E se ele vier? – não descartava aquela possibilidade.
- Ele não vai vir. Não dessa vez. – Eu descartei totalmente aquela possibilidade.
- Porque não? – quis saber.
- Porque diferente das outras vezes, ele aprendeu a viver em mim. Todos esses meses sem me ver e convivendo com outras pessoas, convivendo com ela... – Eu não quis dar nome aos bois, ou melhor, as vacas. – Ele se acostumou. Ele não precisa mais de mim. – Eu finalizei.
- Você nunca sabe o que se passa na cabeça de um cara. – não queria que eu desistisse de tudo assim tão rápido.
- Acontece que esse cara é o , então sim, eu sei bem. – Eu suspirei demonstrando desanimo. - Eu não quero pensar nisso. Eu não quero ficar criando esperança. – Eu deixei de olhar a piscina para olhá-la. – Chega de decepções. – Eu sorri sem mostrar os dentes para que não soasse tão dramático.
- O pior de te ver assim é saber que daqui a pouco vou ter que ir embora e você vai ficar sozinha. – fez bico, arrancando até um sorriso sincero de mim. Eu aproveitei que ela estava sentada ao meu lado e me aproximei para abraçá-la.
- Não se preocupa. Eu vou ficar bem. – Eu disse, enquanto mantinha meus braços em torno do corpo dela. Fechei os olhos por poucos segundos, querendo acreditar em minhas próprias palavras.
- Eu sei que está dizendo isso só pra tranquilizar. – negou com a cabeça ainda durante o nosso abraço.
- Não é nada disso. – Eu terminei o abraço para poder olhar em seu rosto. – Eu prometo, ok? Vai dar tudo certo. – Eu pisquei pra ela e riu. Parecia até que era eu quem estava consolando ela.
- Vai dar certo. – devolveu a piscada de olho. – Você é forte, bonita e está em Nova York. Você tem tudo para superar tudo isso no melhor estilo. – disse, bem humorada.
- É isso ai! – Eu fingi estar empolgada com as palavras dela.
- Não acredito que vou ter que voltar pra Atlantic City. – fez careta. – Não acredito que vou ter que olhar pra cara do depois de tudo isso. – Ela rolou os olhos, furiosa.
- Não, não faz isso. – Eu rapidamente a repreendi. – Eu não quero que faça isso. – Eu reafirmei.
- Como assim? Você quer que eu aja normalmente com o depois disso tudo? – perguntou, surpresa.
- Por favor, ! – Eu segurei as mãos dela para demonstrar o quanto aquilo era importante. – Esse problema é só meu e dele. Eu não quero que você se envolva ou que você o puna por causa de mim. – Eu a olhei, séria. – Eu não quero que nada disso envolva as amizades dele com ninguém. É por isso que você vai ser a única a saber da verdade! Eu sei que você vai me entender. – Eu esperei que ela concordasse e aceitasse o meu pedido.
- Você não vai contar pra mais ninguém? – perguntou, incrédula.
- Ele vai dizer pra todo mundo que eu trai ele. Foi nisso que eu queria que ele acreditasse e é isso que eu tenho que manter. Como eu vou explicar que eu inventei uma traição só pra que ele me odiasse pra sempre, só pra que ele não viesse atrás de mim mais uma vez? Como eu vou explicar pra todo mundo que eu inventei tudo isso para tirá-lo dessa relação que nunca vai funcionar e para fazer ele querer se afastar de mim, porque eu simplesmente nunca conseguiria me afastar dele? – Eu questionei. – Isso é um problema só meu e eu não quero envolver mais ninguém. Eu não quero que todos saibam da verdade e que façam ele vir atrás de mim. Eu não quero que você faça isso, . – As lágrimas começaram a beirar os meus olhos. – Se ele vier atrás de mim, eu quero que ele faça por si mesmo. – Eu olhei nos olhos dela. – Me prometa que você não vai dizer nada pra ninguém, principalmente pra ele. Me prometa que mesmo que eu te ligue chorando no meio da noite dizendo que estou sentindo falta dele você não vai fazer nada. Você não vai falar nada pra ele. Você vai tratá-lo normalmente. – Eu disse, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. – Eu preciso que você me prometa! – Eu estava praticamente implorando por aquela promessa. hesitou por algum tempo. Sabia que seria uma promessa muito difícil de se cumprir.
- Está bem! – cedeu. – Eu prometo. Ele não vai saber de nada. Ninguém vai saber de nada. – Ela finalmente disse o que eu queria ouvir. – Agora para de chorar ou eu não vou conseguir ir embora. – começou a passar seus dedos pelo meu rosto para secar as lágrimas.
- Que droga! Eu não consigo parar de chorar. – Eu forcei um sorriso, enquanto passava as mangas da minha blusa por todo o meu rosto.
- Só mais uma pergunta: o que você vai dizer pra eles quando eles perguntarem sobre esse cara que não existe? – perguntou, pois não queria que nós contássemos versões diferentes.
- Eu vou inventar um nome, não sei. Falo que já acabou e que não foi importante. – Eu ergui os ombros. Esse era o menor dos meus problemas.

cuidou de mim durante todo o final de semana. Ela se preocupou em me distrair e ouviu meu choro e desabafos quando eu quis conversar. Não sei se ela entendeu os meus motivos, mas ela me apoiou todo o tempo. Eu não sei se Mark faz noção do quanto ele me ajudou trazendo-a até Nova York. Eu não sei como eu passaria por isso sem a minha melhor amiga.

- Eu queria que você viesse morar em Nova York comigo. A casa é bem grande. – Eu disse apoiada na porta do quarto, enquanto via arrumar sua bolsa.
- E eu queria te levar pra Atlantic City comigo. – virou-se e sorriu pra mim.
- Atlantic City é o último lugar que eu quero pisar hoje. – Eu revirei os olhos.
- Os seus amigos estão lá e a sua família também. Você não pode puni-los por causa de um idiota. – disse, fechando a sua bolsa. Ela já estava pronta para ir.
- Os meus amigos e a minha família podem vir me visitar quando quiserem. Como eu disse, a casa é grande. – Eu disse e nós trocamos olhares.
- Certo, eu entendi. – quase riu, rolando os olhos. – Então, você vai ficar bem? – colocou a bolsa em um dos seus ombros.
- Eu já prometi que vou. – Eu até forcei um sorriso para deixar minha frase mais convincente.
- Não adianta prometer se você não cumprir. – disse apenas para brincar.
- Eu vou cumprir! – Eu rolei os olhos e ela riu.
- Ótimo. – disse, enquanto descíamos as escadas.
- Ai, que droga! Eu esqueci a chave do carro lá em cima. Eu vou pegar e já volto. – Eu cheguei a subir um degrau, mas ela me segurou pelo braço.
- Não, não precisa! Eu já liguei pra um taxi. Deve estar chegando. – afirmou.
- Como assim ligou pra um taxi? – Eu estranhei.
- Eu peguei um número na sua agenda, enquanto você estava tomando banho. – explicou, achando minha reação engraçada.
- Eu ia te levar! – Eu disse, voltando a descer os degraus. – Você veio até aqui por causa de mim. Era o mínimo que eu podia fazer. – Eu afirmei.
- Você ainda não está bem. Me desculpe, mas você não está! – sabia que eu ficaria brava com aquela afirmação. – Eu não quero que saia dirigindo pela cidade desse jeito. – Ela disse, quando um barulho de buzina chamou a nossa atenção.
-Já chegou? – Eu tentei olhar pela janela.
- Chegou! – afirmou, me abraçando repentinamente. – Eu tenho que ir. – Ela afirmou.
- Eu não acredito que você não vai nem deixar eu te levar no aeroporto. – Eu disse, abraçando-a.
- Não se preocupe comigo. Se preocupe com você! – me deu uma bronca. Terminou o abraço e olhou em meu rosto. – Entendeu? Pense em você, cuide de você mesma. Você deve ser a pessoa com quem você mais se preocupa! Ok? – deu o seu último conselho antes de ir.
- Ok! Eu entendi. – Eu sorri pra ela, agradecida. Cuidando de mim até o último segundo.
- Certo, então suba e descanse. Amanhã você vai estar melhor. Eu te ligo mais tarde. – beijou o meu rosto e eu devolvi o beijo.
- Obrigada, ! Por tudo! – Eu segurei a mão dela antes de ela se afastar.
- Eu sempre vou estar aqui por você. – sorriu e piscou um dos olhos. Soltou a minha mão e andou apressadamente até a porta. – Vejo você em breve! – Ela mandou um beijo de longe, antes de bater a porta.

saiu da casa, mas ela ainda parecia ter algo a fazer. Foi até o taxi e pediu para o taxista esperar mais um minuto. Olhou para a casa e viu que eu não estava esperando ela ir ou qualquer coisa do tipo. Andou rapidamente até a casa ao lado e bateu na porta. Estava prestes a bater na porta pela segunda vez quando a porta foi aberta.

- ? Oi! – Mark sorriu, surpreso com a visita. Achava que ela já estivesse ido embora.
- Mark, eu estou indo embora. – apontou para o taxi. – Eu não podia ir embora sem antes te pedir uma coisa. – Ela o olhou, séria.
- Claro! Qualquer coisa. – Mark sorriu, sem entender. O que seria tão importante?
- Cuide dela, ok? – Havia preocupação nos olhos de . – Eu estou indo pra casa e ela não tem ninguém aqui. – Ela pediu.
- Ela tem a mim. – Mark rapidamente respondeu.
- Eu sei que sim. Eu confio em você. – sorriu para o garoto em sua frente. – Escuta, ela vai negar e vai dizer que está bem, mas ela não está. Mantenha os seus olhos nela e qualquer coisa me ligue. Pode fazer isso? – queria uma resposta definitiva de Mark.
- Posso! Eu faria mesmo se você não pedisse. – Mark sorriu para .
- Ainda bem! – suspirou, aliviada. – Obrigada, Mark. Mesmo! – o abraçou rapidamente.
- Tudo bem. – Mark riu, negando com a cabeça.
- Agora eu tenho que ir. – riu de toda a sua pressa. Ela mal o abraçou direito. – Nós vamos nos falando. Obrigada de novo. – Ela sorriu antes de virar de costas e correr para o taxi.

Mesmo com toda a preocupação, pegou o avião e seguiu para a sua cidade. Outra coisa que a preocupava era pensar em alguma forma de atender o meu pedido e tratar normalmente depois de tudo. Seria mais fácil lidar com a Amber. Elas não eram tão próximas. sim é um amigo de longa data e pra ela era muito triste saber que ele traiu a garota que ele tanto dizia amar. sabia que ele e Amber estavam próximos, mas não tão próximos! Ela não esperava essa atitude de .

Digamos que eu segui exatamente o conselho e o pedido de . Eu passei o domingo todo dormindo e descansando como ela queria. Só em pensar que eu teria que trabalhar e ir pra faculdade no dia seguinte eu já sentia desespero! Eu estava extremamente triste com tudo o que havia acontecido, mas eu também estava irritada por pensar que eu era a única que estava sofrendo com aquele término. deve estar nos braços da Amber rindo de mim. Como eu posso sofrer por uma pessoa como ele? Uma pessoa que me traiu da pior forma possível? Certo, ele tinha os seus motivos, mas ele poderia pelo menos ter sido homem o suficiente de terminar com algo que não estava satisfeito. Porque ele não terminou de uma vez? Isso me atormenta o tempo todo.

A raiva do era a única certeza que ele tinha até agora. Ele tinha raiva da minha fraqueza e da minha falta de consideração de não ter terminado aquele namoro de uma forma mais decente. Ele tinha raiva porque, de certa forma, eu havia sido a culpada pela besteira que ele havia feito na noite anterior. Não que ele não tivesse culpa no cartório, mas as minhas recentes atitudes o fizeram ficar fora de si. Agora também havia o que Amber havia falado. Eu tinha mesmo feito ele agir igual a um idiota nos últimos meses? Eu o havia mudado? Certo, antes o era um pegador, um galinha ou chame do que quiser. Só porque ele deixou de ser um idiota quebrador de corações, quer dizer que ele deixou de ser quem ele realmente era? Quem disse que o de antes era quem ele realmente era? Amber fez o trabalho de casa de novo. Mais um motivo para colocá-lo contra mim. Mais um motivo pro me odiar. Eu o havia feito agir como um idiota sem sal. Eu o havia feito agir exatamente do jeito que eu queria. Era isso que estava passando pela sua cabeça agora.

- Já chega... – suspirou, enquanto encarava o teto de seu quarto. Ele estava tentando dormir há alguns minutos. – Chega de ser esse idiota. Não há mais motivos pra ser um idiota. – Ele convenceu a si mesmo daquelas palavras. Era hora de trazer o antigo de volta.


Eu já estava acordada quando o despertador tocou. Eu havia acordado há uns 15 minutos atrás. 15 minutos tentando encorajar a mim mesma a viver e a enfrentar novamente o mundo lá fora. Eu me sentei na cama e olhei em volta. No criado-mudo ao lado da cama ainda havia um porta-retrato. Eu o havia virado de frente para a parede na noite anterior e ele continuava do mesmo jeito. Me aproximei ainda mais do criado-mudo, o peguei e o virei pra baixo. Eu não queria olhar a foto que estava ali. Abri a gaveta e o coloquei lá dentro. Ao me observar colocar o porta-retrato dentro da gaveta, percebi que ainda estava com a aliança de compromisso. Trouxe a minha mão para mais perto do meu rosto e a encarei por um tempo, enquanto os meus olhos se enchiam de lágrimas. Neguei com a cabeça antes de tirar lentamente aquele anel do meu dedo. Depois de tirá-la, eu não quis ficar tanto tempo com ela nas mãos e resolvi guardá-la na mesma gaveta em que havia guardado o porta-retrato. É oficial: é a partir de hoje é proibido abrir aquela gaveta. O que é passado, fica no passado.


Antes mesmo de chegar na faculdade eu já sabia que não prestaria atenção alguma em qualquer matéria. Ao chegar na sala, vi que Meg já estava lá. Eu fico ou corro? Eu fico, porque mesmo que eu corra os problemas vão vir atrás de mim. Não há como e nem porque fugir. Me sentei ao lado da Meg e ela me olhou com um grande sorriso. O meu falso sorriso deve ter mostrado a ela que algo havia dado errado.

- Como está se sentindo com 19 anos? – Meg sussurrou, enquanto o professor entrava na sala.
- Honestamente, eu achei que seria melhor. – Eu sorri, frustrada. Meg me encarou, confusa. Não sabia o que estava acontecendo, mas resolveu não fazer perguntas tão diretas.
- E então? Como foi? – Meg perguntou, voltando a ficar empolgada. Ela queria saber de tudo. Ela estava falando baixo por causa do professor.
- Não foi. – Eu respondi sem nem olhá-la, mas percebi quando o sorriso dela murchou.
- Como assim ‘não foi’? – Meg continuava sussurrando.
- Eu te conto depois da aula. – Eu sussurrei de volta, vendo que o professor ia começar a aula.

Caso ainda não fosse óbvio, eu não consegui prestar a atenção em uma só palavra que os professores disseram naquele dia. A curiosidade de Meg também não deixou que ela prestasse atenção em nada. Ela criou mil teorias, mas nenhuma parecia ser a certa. Não é como se eu não quisesse contar tudo pra ela, mas em todo esse tempo Meg foi a única pessoa que tentou me fazer enxergar quem o realmente era. Se eu tivesse seguido os seus conselhos, eu não estaria tão machucada agora.

- Vamos almoçar em um restaurante aqui perto antes de irmos para o hospital? – Meg perguntou, enquanto guardávamos nosso material dentro de nossas bolsas.
- Pode ser. – Eu concordei, sem olhá-la.
- Vamos com o seu carro, né? Não vim com o meu hoje. – Meg perguntou, já que aquele era o meu dia de dar a carona.
- Claro, vamos. – Eu concordei, colocando uma das alças da minha bolsa em um dos meus ombros. Meg me acompanhou em silêncio até o carro e seguimos em silêncio até o tal restaurante. Eu sei que ela estava me levando para aquele restaurante para nós conversarmos.
- O que vai comer? – Meg perguntou, enquanto olhava o cardápio.
- Eu não estou com muita fome. Vou pegar só uma salada e um refrigerante. – Eu disse e Meg me olhou, estranhando.
- Certo... – Meg sorriu, desconfiada. Ela ainda sabia que havia algo muito estranho acontecendo. – Onde está o garçom? – Ela olhou em volta. Meg fez o seu pedido e enquanto isso eu me preparava para voltar a falar daquele assunto. – Esse garçom é meio lerdo. – Ela rolou os olhos, assim que o garçom deu as costas.
- É, ele era. – Eu forcei um sorriso, apenas para não deixá-la no vaco. Meg percebeu que eu nem estava dando atenção para o que ela estava dizendo.
- E então? – Meg me olhou, séria. – As pessoas costumam vir a um restaurante para ter conversas sérias. Nós estamos aqui. – Ela ergueu os ombros.
- Eu não sei nem por onde começar. – Eu rolei os olhos, mantendo um desajeitado sorriso no rosto.
- Sexta-feira você estava feliz da vida porque ia ver o e agora que você viu, você está com essa cara. Você está... triste. – Meg parecia tentar ler meus pensamentos.
- Triste? – Eu repeti e neguei ligeiramente com a cabeça. – Pra ser sincera, nem eu mesma sei como eu estou e o que eu estou sentindo. – Eu deixei de olhá-la e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Já sei! Você e o brigaram de novo. – Meg tentou adivinhar. Nunca foi tão doloroso ouvir aquele maldito nome. Eu encarei o prato em minha frente, enquanto procurava coragem para olhar pra ela e força para não chorar.
- Nós não brigamos. – Eu suspirei, sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. Levantei o meu rosto e voltei a olhá-la. – Nós... terminamos. – Eu suspirei longamente para ver se a vontade de chorar passava. As lágrimas em meus olhos fizeram Meg ficar em silêncio por algum tempo.
- Vocês... – Meg pausou. – Mas por quê? O que aconteceu? – Ela tinha tantas perguntas que não sabia bem por qual começar.
- Eu fui pra Atlantic City e descobri que... – Eu respirei fundo para terminar a frase. – Eu descobri que ele está com a Amber. – Eu finalmente disse.
- Não! – Meg cerrou imediatamente os olhos. – Filho da mãe! – Nem ela parecia se conformar. – Sério? Aquela vadia? – Meg não se conformou.
- Ela finalmente conseguiu o que queria! – Eu disse, demonstrando raiva.
- , me diz, por favor, que foi você que terminou esse namoro! Me diga que foi você! – Meg me olhou, ansiosa para que eu dissesse.
- Fui eu que terminei. – Eu respondi e vi ela suspirar, aliviada.
- Oh, ainda bem! – Meg comemorou rapidamente. – Agora me diga que saiu dessa relação pisando nele com salto 20. Me diga que você acabou com ele antes de voltar pra Nova York! – Ela olhou atentamente em meus olhos.
- Eu... – Eu cheguei a sorrir, porque sabia que ela ia gostar dessa parte. – Eu disse pra ele que tinha conhecido outro cara aqui. Ele não sabe que tudo isso foi por causa da Amber. – Eu expliquei.
- , eu te amo! – Meg sorriu pra mim. – Sério! A partir de hoje eu sou a sua fã número um. – Ela brincou, me fazendo rir.
- Agora parece bom, mas na hora não foi. Eu nem consegui dizer isso na cara dele. Eu deixei uma carta. – Eu voltei a explicar detalhes sobre o ocorrido.
- Ótimo! Ele não merecia nem te ver de novo depois do que ele fez. – Meg esbravejou.
- Então, foi isso. Eu tive o pior aniversário de toda a minha vida e meu final de semana foi um lixo porque eu não conseguia ficar 5 minutos sem chorar. – Eu cheguei a rir da minha própria desgraça, quando percebi que meus olhos continuavam cheios de lágrimas. – E como você pode ver, eu ainda não consegui parar. – Eu disse, passando meu dedo pelos meus olhos para secar as lágrimas antes que elas escorressem pelo meu rosto.
- Ei, olha pra mim. – Meg pediu e eu olhei. – Não chore por ele. Ele não merece um segundo do seu dia, muito menos suas lágrimas. Chore só por quem merece. Chore de felicidade. – Meg sorriu, sem mostrar os dentes.
- Eu sei! Eu sei disso, mas é que ele prometeu que me esperaria. Ele disse que me esperaria! Eu confiava nele. Eu apostei tudo nele e agora eu estou sem nada. Eu não sei como lidar com isso. É difícil pra mim perder uma pessoa que eu achava que estaria do meu lado pro resto da vida. Quer dizer, é estranho pra mim pensar que o cara que até semana passada dizia que me amava, hoje está com outra garota. – Eu tentava explicar pra ela, pois não achei que ela entenderia tão facilmente.
- Eu sei como você se sente. Eu sei que nada do que eu ou qualquer outra pessoa disser vai fazer você se sentir melhor, mas eu posso tentar te dizer que esse tipo de coisa só serve pra te fortalecer e pra te ensinar que as coisas nem sempre são como deveriam ser. Você é incrível e vai encontrar alguém que vai dar valor a isso. – Meg até se impressionou com o seu discurso. – E eu espero que antes que você encontre esse alguém, você já tenha cometido algumas insanidades. Ser solteira tem as suas vantagens. – Ela disse, arrancando um novo sorriso de mim.
- Você já está pensando em me arrastar para as baladas. – Eu neguei com a cabeça, ainda achando graça.
- Que tal na semana que vem? – Meg riu comigo. – Viu só? Você chora, mas você também sorri. Não está tudo perdido. – Ela fez careta.
- Só você mesmo, Meg. – Eu rolei os olhos.

Não tínhamos tanto tempo para conversar. Deveríamos estar no hospital em meia hora. Eu comi a minha salada e Meg comeu o seu lanche. Seguimos para hospital e eu parecia estar um pouco melhor. Estar com a Meg sempre me fazia bem porque eu acabava rindo dela ou com ela. Confesso que não esperava tanta compreensão vinda dela, mas foi super bem vinda.

Chegamos no hospital e colocamos os nossos jalecos. O hospital parecia lotado e o nós não podíamos perder tempo. Nós apenas atendíamos os casos menos graves e sempre estávamos presentes na sala de exames, principalmente na área de injeções e vacinas. Aquele dia não estava sendo diferente. Meg e eu estávamos tirando sangue de uma dezena de pessoas e a fila de pacientes parecia não acabar.

Horas haviam se passado e Meg já estava em seu 23° paciente e eu estava tentando me livrar do 16°. Eu estava terrivelmente desastrada naquele dia. Deixei algumas seringas caírem no chão e demorei mais de 10 minutos para achar a veia de alguns pacientes. Estava tudo dando errado. Eu simplesmente não conseguia me concentrar no que eu estava fazendo.

- , eu posso falar com você um pouquinho? – Meg se aproximou, depois de ver a minha série de besteiras.
- Claro. – Eu forcei o sorriso para o paciente que eu estava tirando o sangue e ele me fuzilou com os olhos. Não era pra menos. Eu já furei ele algumas vezes e não consegui achar a sua veia. – Eu já volto. – Eu fui para fora da sala ao lado da Meg.
- O que foi? – Eu perguntei, temendo que o diretor do hospital nos visse.
- Se você demorar mais um minuto pra achar a veia daquele cara, ele é quem vai tirar sangue de você! – Meg segurou o riso.
- Eu sei! – Eu rolei os olhos. – Eu não sei o que está acontecendo. – Eu deixei de olhá-la e neguei com a cabeça.
- Você realmente não sabe? – Meg arqueou a sobrancelha.
- Então é isso? Toda essa porcaria vai arruinar a minha vida, o meu emprego e os meus estudos? Tudo por causa daquele idiota? É isso que está me dizendo? – Eu estava furiosa com aquela possibilidade. Eu estava muito furiosa por deixar ter tanta influencia na minha vida.
- Você é a única que pode consertar isso! – Meg achou que estava me dando uma solução.
- Como? Basta me dizer como e eu faço! – Eu estava disposta a fazer qualquer coisa.
- Porque não começa tentando? – Meg disse, insinuando que eu já não estivesse tentando.
- E você acha que eu já não tentei? Acha que não estou tentando? – Eu perguntei, irritada.
- Está? Porque a única coisa que você me contou até agora foi o quanto sofreu nesse final de semana. Só se você esqueceu de me contar a parte em que você jogou tudo o que te lembra ele no lixo e a parte em que você se distraiu para pensar em qualquer outra coisa, menos nele. Oh, e não me diga que você foi em uma balada ontem, dançou como nunca e chegou a pensar na possibilidade de deixar algum outro cara chegar perto de você! – Meg ironizou.
- Quer saber? Porque não fala de uma vez o que você quer tanto dizer! – Eu suspirei, insatisfeita com o que havia escutado. Apesar de tudo, eu sabia que ela estava certa.
- Dizer o que? – Meg não entendeu o que eu quis dizer.
- ‘Eu te avisei!’. Vamos, diga! – Eu abri os braços. – De todas as pessoas, você foi a única que esteve contra ele e a favor de mim o tempo todo. Você pensou em mim até mais que eu mesma. Você me avisou sobre a Amber, sobre ele. Então vai em frente! Fala! – Eu desabafei.
- Você sabe muito bem que eu não sou exatamente o tipo de pessoa que perde a oportunidade de dizer o que pensa. Se eu realmente quisesse ter dito, eu teria dito. – Meg me olhou, séria. – Presta a atenção! Eu não quero te magoar ou te deixar brava. Eu sou a sua amiga e só estou tentando te tirar do fim desse poço que ele te jogou. – Ela respirou fundo. – Você tem que deixar ele ir. Essa parte dele que ainda está em você... – Meg negou com a cabeça. – Você precisa se livrar dela. Você precisa querer se livrar dela. – Ela sorriu carinhosamente.
- O que eu devo fazer? – Eu precisava de ajuda. Eu não conseguia sozinha.
- Me diga você! Se fosse você no meu lugar, o que acha que eu deveria fazer? Como você me ajudaria? – Meg perguntou.
- Eu... – Eu hesitei por alguns segundos. – Eu diria pra você... viver. Sem planos. Você sabe, um dia de cada vez. Eu diria para você lutar por você mesma e diria que a cada novo dia a sua preocupação não deve ser em como você vai esquecê-lo ou como vai deixar de sentir falta dele e sim, como vai se permitir ser feliz. – Eu sorri sem mostrar os dentes ao terminar a frase. – Você deveria se dar a chance de ser feliz de novo. – Eu acrescentei, confusa com as minhas próprias palavras.
- Esse é um ótimo conselho. – Meg sorriu e piscou um dos olhos.
- Eu entendi. – Eu afirmei com a cabeça.
- Beleza, então agora vá até a máquina de café e beba o mais forte que tiver. Nós temos muito trabalho pra fazer. – Meg disse mais séria.
- Sim, senhora. – Eu disse, me afastando e ela fez careta, enquanto rolava os olhos.

Eu sabia exatamente como superar, eu só não sabia como fazê-lo. Não era tão fácil fazê-lo, mas eu nunca me empenharia tanto quanto agora. Eu vou superá-lo, nem que seja na marra! Eu tenho uma vida pra viver, trabalho pra fazer e uma faculdade pra terminar. Eu não tenho tempo para ficar agindo como uma adolescente de coração partido. Eu tenho sim um coração partido, mas há mil maneiras de consertá-lo e eu vou trabalhar nisso.

já não olhava a faculdade da mesma forma depois que ficou solteiro. As garotas de lá começavam a lhe chamar a atenção ou pelo menos era disso que ele queria se convencer. Ele também não era mais virgem. Isso quer dizer que agora ele também vê algumas coisas de formas diferentes, especialmente as garotas. As sensações e vontades são mais fortes do que antes, mas ele não explorava nada daquilo e o motivo era nada menos que a Amber. Ela não abria sequer uma abertura para que qualquer outra garota se aproximasse do . Amber quase o perdeu da outra vez que se descuidou e ela não cometeria esse erro de novo.

- Você pode pelo menos disfarçar? – Amber esbravejou, cruzando os braços.
- Eu não preciso disfarçar, Amber. Eu estou solteiro, lembra? – rolou os olhos. Aquela devia ser a 5° vez que Amber reclamava de seu comportamento naquele dia.
- Só fazem 2 dias e você já quer se candidatar a gigolô da faculdade. – Amber retrucou.
- Você não queria o velho de volta? Então sente-se, observe e aprenda a lidar com isso. – se levantou da mesa, pois havia visto passar logo a frente. Ela também o havia visto, mas fingiu que não viu. – ! – apressou-se para alcançar a amiga. Amber apenas o observou, ainda tentando superar a forma com que ele havia lhe tratado.
- Oh, droga... – sussurrou para si mesma, enquanto andava mais depressa em direção a sua sala. Ela não queria falar com o .
- ! – voltou a gritar. Ele estava logo atrás dela. Ela resolveu parar e virou-se para olhá-lo, já ensaiando um sorriso. – De quem você está correndo? – perguntou, referindo-se a pressa dela.
- Correndo? De ninguém. – sorriu como se aquilo fosse algo absurdo.
- E você, está bem? – a observou. Estava tentando descobrir se ela já sabia de tudo. Ele sabia que as chances de eu já ter contado tudo pra ela eram grandes.
- Estou! Não vou nem perguntar de você. Você parece ótimo! – alfinetou.
- Você tem falado com a... – hesitou em dizer o meu nome.
- Sua ex-namorada? – entregou de uma vez que já sabia de tudo.
- Ela te contou! – afirmou com a cabeça. Era óbvio que ela já sabia.
- Ela é a minha melhor amiga, né? – ironizou. estranhou o comportamento da amiga, mas não achou que fosse algo pessoal.
- Como... ela... – não sabia como perguntar. Ele não queria perguntar.
- Ela está bem, . Eu me certifiquei disso pessoalmente. – forçou um sorriso. Ela estava e segurando para não falar tudo o que queria.
- Você foi pra lá? – perguntou, surpreso.
- Sim, eu estive lá. – afirmou friamente. imaginou por alguns segundos como nós duas havíamos nos divertido naquele final de semana que tinha sido uma droga pra ele. Perguntou –se se conhecia o meu novo’ cachorrinho de estimação’.
- Legal. Eu posso imaginar o quanto vocês se divertiram. – foi mais irônico do que quis parecer.
- Eu não sei por que isso seria um problema já que, como eu disse, você parece ótimo. – repetiu, esforçando-se para que aquilo não soasse como uma crítica.
- Ótimo? – deixou de olhá-la e forçou um sorriso. – Como pode ter tanta certeza? Por causa do meu sorriso? – Ele apontou para o seu rosto. – Ou é o fato dos meus olhos não estarem inchados de chorar? – a olhou nos olhos. – Talvez seja o fato de eu estar falando sobre esse assunto da forma mais natural do mundo. – Ele prensou os lábios um contra o outro, afirmando com a cabeça. o encarou, surpresa com as poucas lágrimas que conseguiu ver nos olhos dele.
- A sua namorada te trocou por outro cara. Você está parecendo mais forte do que deveria. – continuava acusando-o indiretamente.
- A força que você vê em mim, não é a mesma que eu sinto. – encarou o chão por poucos segundos. – Ninguém! Ninguém sabe como eu estou me sentindo. – Ele ergueu o rosto para voltar a olhá-la. – E ninguém vai ficar sabendo. A força que costumam enxergar em mim me ajuda a acreditar que ela realmente existe em algum lugar. – ainda não conseguia ter certeza de que aquilo era verdadeiro, mas parecia. – E quando não houver mais força, eu tento o ódio. Tem de sobra pro resto da minha vida. – Ele ficou mais sério ao dizer aquilo.
- Ódio? – afirmou com a cabeça ao ouvir aquela palavra. – Impressionante, né? Como uma má decisão de outra pessoa pode fazer da sua vida uma completa bagunça. Como uma traição, uma decepção pode transformar todas as memórias, todo o amor em ódio tão facilmente. – estava usando os meus sentimentos contra ele.
- As memórias não. – negou com a cabeça. – Elas continuam intactas. Elas nunca estiveram tão presentes na minha cabeça. – Ele apontou um de seus dedos para a sua cabeça. – Essa é a pior parte. – Ele fez uma breve pausa. – Ninguém pode me ajudar, porque está tudo aqui. – Ele voltou a pontar para a sua cabeça. – Dentro de você. – Ele finalizou. Por um segundo, acreditou em toda aquela dor que transparecia através de seus olhos.
- Isso parece ser difícil. – nem sabia ao certo o que dizer. Ela estava mais confusa do que deveria.
- Não importa. Isso já é passado. Ela já é passado. – voltou a manter a imagem de machão.
- Eu tenho certeza que sim. – afirmou, referindo-se indiretamente a Amber.
- Eu tenho adiado a minha vontade de esquecê-la durante todos esses anos e eu nunca tive tantos motivos e tanta determinação para fazer isso quanto agora. – disse, visivelmente determinado.
- Eu acho que essa é a melhor coisa para vocês dois. – não tinha certeza se era aquilo que queria falar, mas era aquilo que eu queria que ela falasse.
- Você está certa. – não concordou com tanta facilidade. Você achar que deve desistir de uma garota é diferente do que ouvir a melhor amiga dela dizendo que você tem que fazer isso. Foi como se naquele momento ele tivesse certeza de que eu o queria mesmo fora da minha vida.
- Então, eu vou pra aula. Nos falamos depois. – forçou um sorriso, vendo afirmar com a cabeça.
- Vejo você por ai. – respondeu, observando ela se afastar. Ele ainda estava tentando se dar conta das novas conclusões que ele foi obrigado a chegar.

Aquela quase confirmação de de que era realmente um caso superado pra mim ficou entalado pra ele. torceu para que eu tivesse sofrido pelo menos 10 minutos por aquele término. Ele torceu para que eu tivesse parado só por um minuto para me lembrar de todos os momentos que nós vivemos juntos. Doía ainda mais saber que para mim foi como apertar um botão. Um botão que deletava todas as minhas memórias e todos os sentimentos que eu sentia por ele.

A aula estava desinteressante e ele já havia deixado de copiar a matéria da lousa há alguns minutos. Os olhos estavam fixos em qualquer lugar da sala de aula, mas a caneta permanecia entre os seus dedos. lembrou-se do meu término com o Peter. Ele se lembrou do quanto eu sofri com aquilo. Ele estava lá. Foi ele quem me consolou. De todos, ele foi o único que conseguiu me fazer superar. Mesmo não estando namorando mais o Peter, demorou para que me fizesse olhar pra ele com os olhos com que ele sempre me olhou. Porque isso não aconteceu dessa vez? Porque eu pareço ter sofrido mais com o término do Peter do que com o término com o ? Talvez eu não o amasse tanto quanto dizia. Talvez eu só me obriguei a viver essa história para ter um idiota correndo atrás de mim. não tirava isso da cabeça. Ele não conseguia pensar que foi mais doloroso pra mim perder um imbecil como o Peter do que ele. Afinal, eu já o substitui, até mesmo antes do que deveria.

Os pensamentos explodiam em sua cabeça e o ódio apenas aumentava. parecia ter dado um conselho para que seguisse em frente. Ela mesma disse que seria melhor para ambos. com certeza conheceu o mais novo idiota do pedaço. viu que eu estava feliz e logo tratou de pedir para seguir em frente. Foi essa a conclusão que tirou de toda aquela conversa com .

- Eu aposto que foi aquela abusada da que pediu pra me dizer aquilo! – disse, furioso. bem que percebeu que algo o estava incomodando.
- Por quê? – não estava entendendo.
- Você não conhece a sua melhor amiga? Me trair, terminar comigo não foi o suficiente! Ela tinha que me mandar um falso consolo apenas para esfregar na minha cara que ela está feliz com o palhaço que ela anda beijando! – esbravejou. Eles estavam em um dos corredores da faculdade. O sinal da última aula já havia batido, mas ele precisava desabafar.
- O que a disse exatamente? – perguntou, já arrumando um jeito de colocar a culpa na mais tarde.
- ‘É bom você esquecê-la mesmo. É melhor pra vocês dois.’ – tentou imitar a voz de . – Ah, dá um tempo! – Ele rolos os olhos.
- E porque acha que foi a que pediu pra ela te dizer isso? – voltou a perguntar.
- Por quê? Ela acha que eu estou sofrendo por ela. Aposto o que você quiser que ela está se divertindo muito sabendo o quanto eu estou sofrendo por tudo isso. – sorriu com sarcasmo. – O galinha, o pegador da escola que foi traído pela única garota que ele se apaixonou na vida. Isso soa poético pra você? – disse com um falso sorriso no rosto.
- Na verdade, soa como carma, mas eu acho que dá pra usar o termo ‘poético’. – arqueou as duas sobrancelhas.
- Acontece, amigo, que eu também sei fazer as coisas parecerem poéticas. – também arqueou uma das sobrancelhas. – Me diz, o que rima com ‘mulheres’, ‘festas’ e ‘álcool’? – abriu os braços, enquanto mantinha um sorriso malandro no rosto.
- Ei, vai com calma, garoto dos doces mal comidos. – segurou o riso.
- O velho está de volta! Onde vamos comemorar? – quase riu com a brincadeira do .
- Eu não sei. Nós poderíamos ir em alguma balada, não sei. – disse, pensativo. Se o seu amigo precisava superar o chute da namorada, ele o ajudaria. – Nós podíamos ir no boliche! – afirmou, inicialmente achando uma ótima ideia. o olhou por dois segundos e já se tocou da burrada que havia dito. A última vez que eles estiveram no boliche, eu e estávamos juntos. certamente não iria querer voltar lá agora. – Oh, não. Esquece! Lá não! Tem tantos outros lugares. – sorriu, sem jeito.
- Não! Vamos até lá! Qual o problema? – ergueu os ombros como se realmente não desse a mínima para aquilo. – Aliás, é o lugar perfeito para comemorar e pegar alguma gostosa! Eu te disse, adoro quando faço as coisas parecerem poéticas ou... carma. – sorriu.
- Oh, você não presta, cara! – riu, dando alguns tapinhas no ombro do amigo.
- Quem é que não presta? – Amber apareceu entre eles. até chegou a responder um ‘você!’ mentalmente.
- Ele está tentando puxar o meu saco. – apontou a cabeça pro .
- Bem, eu acho que ele tem conserto. – Amber tratou logo de se colocar no assunto.
- Eu também achava que ele tinha, mas eu acho que ele perdeu a única pessoa capaz de fazer essa proeza. – fez questão de jogar aquilo na cara da Amber.
- Todo mundo pode ser substituído. – Amber retrucou.
- Eu fico feliz que já tenha aceitado essa realidade. – sorriu falsamente para Amber. Ela devolveu o sorriso de maneira ainda mais falsa, deixando claro que não havia gostado do que disse.
- Mas me contem! – Amber deixou de olhar pro para olhar pro . – O que você vai fazer que o torna tão imprestável? – Ela era curiosa demais.
- Eu... – hesitou dizer. Não tinha a menor intenção de levá-la para a comemoração.
- Nós vamos sair! – respondeu pelo amigo. Amber voltou a olhar pro e aproveitou que ela não estava vendo para fazer algumas caretas e gestos para . Ele não queria que Amber soubesse que eles iam sair.
- É mesmo? – Amber voltou a olhar pro , que parou imediatamente com os gestos.
- É! Nós vamos sair. – confirmou. Não tinha mais jeito. – Se... você quiser ir. – Não havia nada que ele pudesse fazer. Agora que ela já sabia, teria que convidá-la.
- É claro! Onde? – Amber topou de imediato.
- Nós vamos jogar boliche naquele lugar que sempre vamos, sabe? – perguntou. Amber já tinha ido lá com ele e seus amigos várias vezes.
- Sei! Faz muito tempo que eu não vou lá. – Amber sorriu, empolgada. – Que horas? – Ela perguntou.
- 20hrs?- olhou pro , pois não tinha certeza do horário.
- Pode ser. – ergueu os ombros.
- Beleza. Vou ver se apareço por lá! – Amber sorriu para ambos. – Vejo vocês por ai. – Ela se despediu, descendo apressadamente as escadas. e a observaram por um tempo.
- Até parece! É claro que ela vai aparecer. – negou com a cabeça.
- Ela está desesperada. – riu por alguns segundos.
- Você também acha? Wow, achei que fosse o meu ego! – também riu.
- Pelo jeito você ainda não se resolveu com ela. – ainda não sabia como havia sido a conversa pós-sexo.
- Eu tentei! Eu fui honesto e cheguei a dar o fora nela, mas ela não entendeu. Veio com uma história de ‘amizade colorida’. – explicou como se estivesse achando aquilo um absurdo.
- Tentador, mas você sabe que ela gosta de você! – não achou que fosse uma boa ideia.
- Eu sei! Ela está confundindo tudo e está tentando usar o fato de que é gostosa pra me convencer a fazer isso. Quem ela pensa que eu sou? – arqueou uma das sobrancelhas.
- O velho ? – fez careta.
- Você me conhece! – riu, olhando no relógio. – Escuta, eu tenho que ir. Vou me atrasar para o trabalho. Está tudo certo, então? Hoje, ás 20hrs no boliche? – perguntou, enquanto começava a se afastar.
- Tudo certo! Eu vou avisar os caras! – disse um pouco mais alto para que pudesse ouvir.
- Beleza! Até mais tarde! – gritou, acenando rapidamente e virando de costas.

topou ajudar o amigo, mas isso não quer dizer que ele não estava preocupado. Essa história de ‘velho ’ nunca acabava bem. É nessa parte em que o pega toda e qualquer garota e depois a descarta sem mais nem menos. Ele não se importa se está quebrando o coração de alguém ou não. Ele apenas faz!

- Hey! ! – gritou, assim que viu descer as escadas em sua frente. Ela ouviu, mas fingiu que não ouviu. – ! – Ele voltou a gritar, quando já estava prestes a alcançá-la. – Hey! Está surda? – Ele entrou na frente dela.
- Não, eu estava ignorando mesmo. – forçou um sorriso.
- Que gracinha. – ironizou.
- O que você quer? – foi grossa e direta.
- Dá pra parar de ser grossa por um minuto? É um assunto importante. – a olhou, impaciente.
- Fala! – também não estava agindo com tanta paciência.
- Eu estou preocupado com o . – disse logo o que queria
- Por quê? Porque ele levou um chute da namorada? – ironizou.
- Eu estou falando sério! Ele não está bem! – mostrou-se preocupado.
- Eu tenho certeza que ele vai superar logo. – piscou um dos olhos e saiu, deixando falando sozinho. Ele estranhou seu comportamento. Não deixaria ela sair daquele jeito.
- Ei! – voltou a alcançá-la. – Qual é o seu problema? Ele é o seu amigo! – Ele a recriminou.
- E a é a sua melhor amiga! – se esqueceu por um segundo que não sabia exatamente o que havia acontecido.
- Eu sei! Eu... – suspirou. – Eu ainda não consegui ligar pra ela. Eu não sei o que dizer. – nunca me julgaria, mas ele não sabia muito bem como encarar o fato de que eu havia traído o . Ele não esperava por isso. – Você tem falado com ela? – Apesar de tudo, ele se importa demais comigo.
- Eu estive lá em Nova York no final de semana. – explicou.
- Sério? E como ela está? – perguntou de imediato.
- Ela... – não sabia o que dizer. Como ela diria que eu estava mal, sendo que fui eu quem terminei o namoro e todos acham que eu estou com outro cara? – Ela está bem. – mentiu. Eu a fiz prometer que aquele seria um segredo só nosso.
- É claro! – suspirou. – Olha, eu sei que é difícil pra você ver os dois lados, mas tente! foi quem saiu pior dessa relação e ele precisa de toda a ajuda. – Ele não precisou ser grosso. Fazia tempo que eles não tinham uma conversa tão civilizada.
- Ele não parece tão mal assim, ok? Eu vi ele cheio de graça pra cima da Amber hoje. – resistia! Nada faria ela concordar com as atitudes de .
- É claro! Esse é o primeiro impulso quando se leva um pé na bunda. Você quer superar e a melhor forma de se fazer isso é... – ia dizendo, mas o interrompeu.
- Deixe-me adivinhar! Vadias? – forçou um sorriso e afirmou com a cabeça. – Tão previsível! – Ela rolou os olhos.
- Ele não precisa que você concorde com as atitudes dele. Ele só precisa do seu apoio, ok? – tentou relevar o que havia dito. – Comece hoje a noite! Nós combinamos de ir ao boliche. Eu vou chamar os caras e você pode ir, porque eu acho que a também deve ir. – Ele esperou por sua resposta.
- Está me convidando pra sair? – cerrou os olhos.
- É claro que não! – fez careta.
- Ótimo! Porque se estivesse, eu não aceitaria. – voltou a ser grosseira. – Que horas? – Ela perguntou.
- 20hrs! – respondeu.
- Eu vou estar lá, mas é só por causa do . – aceitou apenas porque percebeu que estava um pouco mal na conversa que eles tiveram naquele dia mais cedo. – E não se preocupe, eu mesmo chamo o taxi dessa vez. – provocou e saiu, deixando-o falando sozinho novamente. a observou e olhou para cima, impaciente.
- Dai-me paciência! – suspirou, furioso.

estava completamente pronto para a sua nova fase. Ele até havia se esquecido como era estar solteiro. Estava dirigindo em direção ao trabalho, quando resolveu ligar o rádio. O seu antigo cd dos Beatles continuou a tocar, já que tinha vindo escutando ele no caminho de casa para a faculdade. ‘Hey Jude’ foi a música exata que começou a tocar. A música o fez encarar o rádio por alguns segundos e desligá-lo com uma certa violência em seguida.

O dia no trabalho também não foi nada fácil. A sua agenda fez mais falta do que deveria. Ele não havia encontrado ela em lugar nenhum. Todos os seus compromissos foram perdidos. O telefone não parava. Os gerentes que pretendiam contratar os serviços de sua empresa ligavam irritados, reclamando do atraso dele. As circunstâncias o fizeram ter que comprar uma outra agenda. Pelo menos até ele ter uma secretária. O que o consolava era que mais tarde ele sairia com os seus amigos e iria esquecer de todos os problemas.

O seu horário de trabalho havia acabado e ele tinha um pouco mais que uma hora para ir para casa e se arrumar. Chegou em casa e depois de cuidar de Buddy, apressou-se para se arrumar para a grande noite. Tomou um longo banho e foi trocar de roupa. Uma camiseta preta com gola v pareceu uma boa opção junto com o seu jeans escuro e seu tênis. Estava prestes a arrumar o cabelo, quando o seu celular começou a tocar.
- Fala, ! – disse depois de ver o nome do amigo no visor de seu celular.
- Eu falei com os caras. Todos eles vão e o vai levar a e a também deve ir. – explicou rapidamente.
- Beleza! Eu estou terminando de me arrumar. – ficou feliz por ter todos os seus amigos lá.
- Só que eu não contei nada pra nenhum deles e eu acho que a também não contou. – fez careta. Não queria ter que falar daquele assunto naquela noite.
- Entendi. – rolou os olhos. Era tão obvio pra ele que eu não teria coragem para contar pra ninguém a besteira que eu havia feito.
- Vejo você daqui pouco. – disse, antes de desligar o celular.

A noticia de que teria que contar a todos a bomba do momento não tirou o seu entusiasmo para aquela noite. Ele voltou a se arrumar. Fez questão de arrumar o seu cabelo com gel e tudo. Nunca exagerou tanto no perfume quanto naquela noite e colocou alguns acessórios também como um cordão no pescoço, um relógio e uma pulseira simples no outro pulso. Encarou o espelho mais uma vez para conferir se estava tudo certo. Despediu-se do espelho e foi em direção a mesa da sala, onde encontrou as chaves do carro, a carteira e o seu celular. Colocou a carteira em um dos bolsos da calça, pegou a chave e ao pegar o celular, percebeu que havia uma mensagem de texto. Não ficou surpreso ao ver que a tal mensagem era da Amber. Ela estava pedindo para que ele a esperasse em frente ao boliche.

- Ótimo. – suspirou, guardando o celular em seu outro bolso. Despediu-se de Buddy antes de sair e seguiu em direção ao carro. Olhou no relógio e viu que faltava apenas 5 minutos para o horário marcado. Mais um motivo para se apressar.

Amber também estava ansiosa para aquela noite. Ela sabia muito bem qual era a intenção de ao ir ao boliche naquela noite e ele não deixaria isso acontecer. Ela esperava sim que saísse de lá acompanhado, mas não seria com qualquer outra garota que não fosse ela. Para conseguir tal proeza, ela caprichou no visual. Vestiu uma saia pregada extremamente curta e uma blusinha que mais parecia um top. Ela deixava a sua cintura totalmente descoberta. Amber também exagerou no salto e na maquiagem. Prendeu o seu cabelo em um rabo alto, talvez para que ele não escondesse seus seios. Ela estava disposta a conquistar de vez.

chegou no local marcado e se surpreendeu com a quantidade de pessoas que estavam lá. A fila terminava do lado de fora do estabelecimento. Era segunda-feira! Porque estava tão lotado? Deixou o carro no estacionamento do local e foi até a frente do local. Só entendeu o porquê de estar tão lotado quando viu uma placa, que dizia que as segundas-feiras a hora do boliche era 50% a menos do preço normal. Inicialmente, ele não gostou da lotação. A fila estava enorme e demoraria horas só para conseguir entrar no estabelecimento, mas por outro lado, havia muitas garotas andando pra lá e pra cá. Uma nova mensagem em seu celular fez com que ele tivesse que fazer o sacrifício de parar de olhar para as garotas para olhar em seu celular. A mensagem era de e nela ele avisava que ele e os amigos já estavam na fila do boliche há alguns minutos e pedia para que os encontrasse lá quando chegasse. A noticia deixou mais aliviado. Ele aproximou-se um pouco mais da fila e virou-se para tentar localizar os amigos. Não os encontrou.

- Procurando alguém? – rapidamente reconheceu a voz de Amber. Virou-se novamente para frente e deu de cara com a possível ex-melhor amiga. Ele não pode deixar de olhá-la da cabeça aos pés. Ela estava realmente muito gostosa, quer dizer, bonita.
- Eu... – perdeu até as palavras. Os caras passavam por eles e quase quebravam o pescoço para olhá-la. – Oi! – Ele sorriu, malandro.
- Como eu estou? – Amber abriu os braços. Ela precisava de elogios.
- Bem, você está... alta. – quase riu. O salto dela era realmente enorme. – Eu estou brincando. Você está muito bonita e...alta. – Ele riu dessa vez.
- Valeu! Você também está maravilhoso. – Amber praticamente o comeu com os olhos.

já havia se arrependido de ter dado a ideia do boliche. Ele, , , e já estavam ali há alguns minutos e a fila nem sequer havia andado. Eles cogitaram a possibilidade de ir a outro lugar, mas estavam esperando chegar para decidir.

- Você já ligou pro ? – estava impaciente.
- Pela milésima vez: ele está chegando! – suspirou.
- Fiquem de olho! Não vai ser fácil nos achar aqui. – orientou a todos. Eles olhavam em volta, tentando achar .

A fila aumentava a cada minuto e ainda não tinha ido ao encontro de seus amigos. Todos já estavam impacientes, mas Amber não parecia estar com tanta pressa assim. Estava a alguns minutos contando para os motivos dela ter se atrasado. Quem se importa?

- Você está me esperando há muito tempo? – Amber perguntou, dando o seu melhor sorriso.
- Eu não sei. Fazem uns.. – olhou no relógio. – 10 minutos. – Ele disse.
- Sério? Me desculpa. – Amber mordeu o seu lábio inferior.
- Tudo bem. O que importa é que você está aqui agora. – foi gentil, apesar de estar com pressa. – Vamos? – apontou a cabeça em direção a fila. Ele deu alguns passos, mas ela segurou o seu braço.
- Espera! Eu quero te falar uma coisa. – Amber disse, quando ele virou-se para olhá-la.
- Falar o que? – sorriu e arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu... – Amber riu, sem jeito. – Eu sei que tenho sido uma chata nesses últimos dias. Me desculpe, mas é que... – Ela hesitou. Ajeitou o cabelo e fez o charme de sempre. – Depois daquela noite e depois daquele beijo, eu... eu não suporto a ideia de ver você fazendo aquilo com outra garota. – Amber deu alguns passos, aproximando-se de .
- Amber... – olhou o seu rosto de perto.
- Não precisa dizer nada. – Amber adiantou-se. – Eu só queria que soubesse que eu não consigo tirar o seu beijo da minha cabeça e isso está me deixando maluca. – Ela riu de si mesma. Os olhos dela encaravam os lábios dele e ele tentava ter coragem para se desvencilhar daquela tentação. – E eu acho que o único jeito de me acalmar é me dando outro beijo daquele. – Amber mal respirou depois de dizer aquilo e já partiu pra cima dele. As mãos dela seguraram o rosto dele para que ele não impedisse o beijo. A burrada estava feita! havia cedido aos encantos e aos beijos de Amber. Carência é mesmo uma merda. O beijo rapidamente tornou-se intenso.

Não é segredo para ninguém que era o mais impaciente da turma. Ele estava a beira de um colapso! Já fazia mais de 20 minutos que disse que estava chegando. já pensava em todos os palavrões que diria ao quando ele chegasse. disfarçava, mas estava morrendo de medo que Amber chegasse antes de e contasse a novidade a todos.

- Ele não deve estar nos achando. – deduziu.
- Porra! Só tem uma fila! Não é tão difícil de achar! – resmungou. – Chega! Eu vou ligar pra ele. – Meu irmão pegou o seu celular e começou a procurar o número de em seu celular. Achou o número e o discou, colocando o celular no ouvido em seguida. O celular começava a chamar e enquanto isso, olhava em volta para ver se finalmente o encontrava.
- Está chamando? – perguntou, olhando pro .
- Filho da puta. – repentinamente disse com os olhos fixos em algum lugar. Ele havia acabado de ver e Amber aos beijos. tirou o celular de sua orelha, sem nem ao menos piscar.
- O que aconteceu? – olhou pro , sem entender tamanha reação. Sua expressão havia mudado completamente.
- Eu vou arrebentar esse filho da puta. – colocou o celular no bolso e começou a andar em direção ao e a Amber. Quem visse o ódio em seus olhos acharia que ele mataria o .
- Mas o que... – olhou pro , sem entender nada. seguiu a direção em que olhava e enxergou o problema de longe.
- Merda! – negou com a cabeça, sem saber o que fazer. , e também olharam para a mesma direção e viram e Amber no maior amasso! – Vem, ! Me ajuda! – deu um rápido tapa no braço de e saiu correndo atrás de . fez o mesmo, deduzindo o que estava acontecendo.
- Não acredito! – colocou as mãos na boca, chocada.
- Eu acredito! – negou com a cabeça. Foi a confirmação que ela esperava. Eu estava certa! estava mesmo com a Amber.

O beijo entre e Amber já estava mais intenso do que nunca! já havia perdido as contas de quantas vezes havia tentado parar o beijo, mas Amber não deixava. Aquele era um problema que resolveria. Ele estava furioso! Quando chegou onde Amber e estavam, ele não hesitou em puxá-la, interrompendo bruscamente o beijo. Mal deu tempo de ver o que estava acontecendo e ele já sentiu alguém agarrar com força a sua camiseta e empurrá-lo para trás, chocando o seu corpo contra um poste.

- Seu desgraçado! Sentindo falta da minha irmã? – continuava pressionando contra o poste. não disse nada, apenas encarou o amigo demonstrando que não havia se intimidado nem um pouco.
- ! – gritou, aproximando-se rapidamente dos dois amigos. chegou logo atrás.
- Não encosta em mim! – gritou, antes que e fizessem qualquer coisa para afastá-lo do . – Isso não é problema de vocês! Deem o fora! – Meu irmão disse, furioso. Ele voltou a focar em . Todos em volta já haviam parado para ver a briga.
- Vamos conversar, ok? – se esforçou para manter-se calmo.
- Conversar é o caralho! – desencostou o corpo de do poste e voltou a empurrar o seu corpo, mas dessa vez com mais força. – Eu deveria saber! Eu deveria saber que não devia ter deixado você se aproximar dela! – estava respirando ódio.
- Me solta! – A afirmação de começou a fazer perder a paciência. continuava encarando-o de igual pra igual.
- Eu deveria saber o merda que você sempre foi! – olhou nos olhos de com todo o desprezo que conseguiu.
- Eu mandei soltar! – disse em um tom um pouco mais alto. Todos em volta perceberam que estava prestes a explodir.
- Você não a merece! Nunca mereceu! – apertou ainda mais contra o poste.
- Cala a boca! – estava machucado demais para ouvir aquele tipo de coisa. Cerrou um pouco os olhos ao encarar de .
- Você sabe que é verdade! Você sabe que nunca foi bom o bastante pra ela! – foi ainda mais a fundo. Essa era definitivamente a última coisa que queria ouvir. Ele vem tentando se convencer do contrário nós últimos dias, porque foi exatamente desse jeito que ele se sentiu quando soube que eu havia colocado outro cara em seu lugar.
- CALA A MALDITA BOCA! – gritou, tirando as mãos de de sua camiseta e o empurrando pra trás. e aproveitaram que o empurrão de levou para perto deles e ambos seguraram o meu irmão. imediatamente tentou se desvencilhar das mãos dos amigos, mas não conseguiu. – SOLTEM ELE! – fuzilou o amigo com os olhos. – Vamos! Eu não tenho motivos para não devolver o soco dessa vez! – ameaçou, referindo-se ao soco que havia levado de quando ele descobriu que nós estávamos juntos. voltou a ameaçar com os olhos.
- O que aconteceu com você!? Eu confiei em você! Eu confiei a minha irmã a você! – gritou, enquanto ainda era segurado pelos dois amigos.
- Confiança? Engraçado você falar sobre isso logo agora! – foi extremamente sarcástico.
- O que você quer dizer? – negou com a cabeça, achando que aquilo não havia feito o menor sentido.
- Eu quero dizer que a pessoa que você acha que eu sou, na verdade é a sua irmã! – afirmou com um ódio visível.
- Sério? Você realmente quer falar dela agora? Na minha frente? – ameaçou. Ele jamais permitiria que falasse mal de mim perto dele.
- Falar o que? Falar que ela é igual todas as outras garotas que eu já conheci? Falar que ela não é nada do que eu pensei que fosse? Falar da moralidade que ela sempre cobrou de mim sendo que ela não tem nenhuma? – foi dizendo, enquanto via se contorcer para se desvencilhar das mãos de e .
- Como pode fazer isso com ela? Ela amava você! – negou com a cabeça.
- E eu? – bateu no peito. – Acha que eu não amava ela? Acha que eu queria que tudo isso tivesse acontecido? – deu alguns passos em direção ao , parando em frente a ele. – Acha que eu estou gostando disso? Droga! – estava praticamente cuspindo tudo na cara do meu irmão.
- Eu não sei o que aconteceu e nem o que ela fez com você, mas... – não deixava a arrogância de lado nem por um segundo. – Eu tenho certeza que você mereceu! – terminou a frase com um fraco sorriso, que foi destruído pelo rápido soco que deu em seu rosto.
- ! – largou e empurrou pra trás. – Está maluco, cara? Qual é! – deu uma bronca das grandes.
- Eu não merecia estar ouvindo isso. Você sabe que eu não merecia! – respirava rapidamente e havia algumas poucas lágrimas em seus olhos.
- Ele não sabe! Lembra? Ele não sabe do que está falando, cara! Ele não sabe! – tentou achar um jeito de acalmar .

ainda segurava , mas ainda não sabia ao certo o que estava acontecendo. Apesar da raiva, não usou toda a sua força naquele soco. não havia se abalado tanto com o soco, mas um dos lados do seu rosto estava vermelho. O soco de não havia aumentado a sua raiva e sim a sua decepção.

- Sabe que não vou deixar você chegar perto dela de novo, não sabe? – gritou, vendo conversar com .
- É um favor que você me faz! – respondeu, olhando por cima dos ombros do .
- Caralho! Você não me ouviu? – voltou a dar uma bronca em .
- Sabe, ... – A raiva de estava diminuindo. – Eu realmente cheguei a acreditar que você era o melhor cara pra ela. O jeito com que você a tratava, eu achava que não haveria ninguém tão idiota como você. – chegou a sorrir, enquanto negava com a cabeça. – Você acabou não sendo quem eu achei que fosse, quem ela achou que você fosse. – Ele demonstrou-se decepcionado.
- Dá pra calar a boca, ? – virou-se para . – Você não sabe de toda a história. – estava irritado. Odiava ver os amigos brigando.
- Então me conta! Me conta logo! – pediu, impaciente. olhou pro , que negou insistentemente com a cabeça. Ele olhou para o céu por um tempo. não acreditava que teria que repetir aquela maldita história de novo. - Eu não tenho o dia todo! – percebeu que era algo grave.

Depois de algum tempo tomando coragem e procurando forças para repetir toda aquela porcaria, voltou a olhar para o seu ex-cunhado. o olhava, sem deixar o olhar de julgamento de lado. Olhou mais atrás e viu e , que também o julgavam com o olhar. estava completamente perdido no meio daquela confusão. Estava na hora de todos saberem da verdade.

- Solta ele, . – pediu, esforçando-se para ficar mais calmo.
- Esquece! – negou com a cabeça. Ele tinha certeza que não esperaria um segundo para partir pra cima do .
- Ele vai escutar tudo o que eu tenho pra dizer e se depois ele ainda quiser quebrar a minha cara, tudo bem. Se depois de tudo, ele ainda me achar um merda eu prefiro que ele me devolva o soco, porque isso seria melhor do que ouvi-lo dizer mais uma vez que eu nunca fui bom o bastante pra irmã dele. – disse pro , mas olhou pro o tempo todo.
- Pode soltar. – pediu ao , visivelmente mais calmo. cedeu e soltou , que ficou exatamente onde estava. – Eu estou ouvindo. – Ele abriu os braços.
- O nosso aniversário de namoro foi nesse final de semana. Nós havíamos combinado de nos encontrar. – demonstrava a dificuldade de dizer aquilo. - Eu tinha dito a ela que não queria presente, mas eu sabia que ela não me escutaria. Ela sempre foi teimosa demais, então eu tinha certeza que ela me daria um presente de qualquer jeito. Eu estava certo. – pausou por alguns segundos. – Sabe qual foi o meu presente? Sabe qual foi o maldito presente que eu merecia por tudo o que eu já fiz feito por ela? Uma carta! – mordeu o lábio inferior, rindo da sua própria ironia. – A porcaria de uma carta em que ela me dizia que queria terminar o nosso namoro porque ela simplesmente tinha encontrado outro idiota pra colocar no meu lugar! – finalmente explicou tudo e a expressão no rosto de rapidamente mudou.
- O que? – estava extremamente surpreso.
- Não! – negou com a cabeça e chegou até a rir por um momento. – Isso é impossível! Deve ter alguma coisa errada. – Ele não conseguia acreditar. Não era do meu feitio.
- Por quê? – abriu os braços, aproximando-se de . – Porque ela é perfeita demais pra errar? Porque ela é boa demais para magoar alguém? Porque ela é confiável demais para trair alguém que ela dizia amar? – tinha todos os argumentos do mundo. Era o cúmulo para ouvir tudo calada.
- Eu conheço a minha irmã! – ainda lutou com a verdade.
- Eu também a conhecia! Eu fui apaixonado por ela por 7 anos! Eu sabia absolutamente tudo sobre ela! Pelo menos, eu achava que sabia. – negou com a cabeça. – Eu não entendo essa fé cega que você tem nela! Você sempre a coloca em um pedestal porque você acha que ela nunca vai cometer erros. – deixou de olhá-lo apenas por alguns segundos. – Bem, eu tenho uma novidade pra você! Ela comete erros e ela decepciona pessoas. Na verdade, eu diria que ela faz isso muito bem. – olhou rapidamente para , e depois pra . Nenhum deles pareciam acreditar no que ele estava dizendo. estava se sentindo muito mal agora, não sabia se era por saber o que a sua irmã havia feito ou se era pelas coisas que havia dito ao . – Então, me poupe dessa baboseira, ok? Porque assim como eu sabia que ganharia aquele presente de qualquer jeito, eu sei que você, aliás, todos vocês... – olhou rapidamente para cada um de seus amigos. – Vão ficar do lado dela como sempre ficaram! – Ninguém se manifestou. – Não se preocupem. Eu vou ficar bem. – não conseguiu dizer com toda a raiva que queria. Engoliu a vontade de chorar e olhou para Amber, antes de virar-se de costas e sair de dentro daquela roda que havia se formado entre ele e . Ele estava indo embora.
- , espera! – Amber gritou, dando alguns passos em direção a ele.
- Não! Eu quero ficar sozinho. – nem a olhou direito e a deixou pra trás, seguindo em direção ao seu carro.

Amber, assim como todos os outros observavam ele se afastar. Todos se sentiam mal por, de certa forma, julgá-lo. A culpa não era dele dessa vez e ele tinha todo o direito do mundo de estar beijando a Amber. era o que se sentia pior. Não era como se ele fosse ficar contra mim, mas ele também não poderia ficar contra o . Ele estava sofrendo e precisava do apoio de todos os amigos. A raiva de apenas aumentou. Todo esse drama que o está fazendo... Quem ele acha que está enganando? Como queria ir atrás dele e jogar em sua cara que não houve traição nenhuma da minha parte e sim da parte dele. Infelizmente, ela tinha uma promessa pra cumprir.

- Qual o problema de vocês? Ele já não sofreu o bastante? – Amber esbravejou, falando com todos os amigos de . fazia careta, enquanto passava a mão no local onde tinha levado o soco.
- Vai se ferrar, vadia. – disse com o maior desprezo e descaso do mundo. Amber apenas o olhou, chocada. adorou. Ela aproximou-se de seu namorado.
- Vai ficar ai parado? – perguntou, assim que chegou ao lado do .
- Ele me deu um soco! – fez careta, passando a mão no local em que havia lhe dado o soco.
- Oh, pare de choramingar! – agarrou na camiseta de e começou a puxá-lo na direção em que tinha ido. – Vamos logo! – Ela continuou a puxá-lo.
- Qual é! Isso não é necessário! – gritou, sem querer acompanhá-los. e também tinha ido com eles. – Que droga! – resmungou, porque ninguém lhe deu ouvidos. Só foi atrás deles para não ficar sozinha.

havia andado até o estacionamento e havia acabado de chegar em seu carro. Entrou e bateu a porta com força. Encarou o volante, pensando no quão idiota havia sido. Porque havia deixado Amber beijá-lo e pior, porque deixou todos saberem que aquele assunto, que a minha traição o havia deixado tão desorientado? Ele também estava furioso com o fato de nunca ter os amigos do seu lado, nem mesmo quando eu fiz a maior besteira da minha vida. também estava odiando o fato de tê-lo obrigado a lhe dar um soco. Ele nunca pensou que precisasse fazer aquilo com o seu melhor amigo.

- Se ela está tentando arruinar a minha vida, ela está conseguindo! – suspirou, dando um soco no volante de seu carro. Largou os volantes e passou as mãos pelo seu rosto, tentando acalmar a si mesmo. Depois de alguns segundos, finalmente ligou o carro e acendeu os faróis. Ao acender os faróis, viu os amigos na frente de seu carro. Rolou os olhos, impaciente.
- QUAL É! – voltou a socar o volante, negando com a cabeça. Não desligou o carro, mas abaixou o seu vidro. – Deem o fora! – Ele gritou, olhando para os amigos da janela.
- Nós queremos falar com você! Desce do carro! – gritou, sem sair da frente do carro. , , e estavam junto com ele.
- Saiam da frente! – voltou a gritar, acelerando o carro, sem tirá-lo do lugar.
- VAI MESMO PASSAR POR CIMA DOS SEUS AMIGOS, SEU IDIOTA? – gritou, olhando pro através do vidro da frente do carro. os encarou, furioso. Sabia que eles não sairiam da frente, enquanto não fosse falar com eles. Depois de alguns segundos de resistência, desligou o carro.
- Só pode ser brincadeira. – Ele suspirou, antes de sair do carro de forma brusca e bater a porta com força. – O que vocês querem? – olhou rapidamente para todos.
- Nós sentimos muito, ok? – foi a única que teve coragem de começar aquela conversa.
- Só isso? – não deu a mínima.
- Para de agir como um idiota, Jonas. – achava que ele podia ser um pouco mais compreensivo.
- Do que adianta, se as pessoas continuam querendo me fazer de idiota? – abriu os braços. Ele estava falando sobre mim. – Eu estou de saco cheio de toda essa merda! – Ele desabafou.
- Nós não sabíamos, ok? Eu não sabia! – defendeu-se.
- É, você já disse isso antes de dizer que independente do que fosse, eu tinha merecido. Lembra, ‘amigo’ ? – ironizou a palavra ‘amigo’.
- Eu estava furioso com você! Eu tinha acabado de ver você beijando a Amber! Eu pensei que você estivesse... – hesitou terminar a frase.
- Traindo? – antecipou-se. – Foi isso que você pensou? Foi isso o que todos vocês pensaram, não é? – Ele olhou para todos os amigos e negou com a cabeça. – Sabe o que mais me deixa irritado? É vocês acreditarem que eu estivesse fazendo isso com ela. Logo vocês! – Ele estava inconformado. – Você, ! A garota que sempre elogiou o namorado que eu sempre fui. Você que admirava tanto o jeito com que eu tratava a , o jeito que eu a respeitava. Chegou até a brigar com o porque ele é tão diferente de mim! – olhou para e demonstrou toda a sua decepção mesmo tendo dito tudo aquilo com raiva. – E você, ? Quantas vezes eu te ajudei com a ? Surpresas, cartas, presentes! Acha mesmo que um cara que te ensinou tanta coisa sobre o amor e sobre como ser o melhor garoto pra garota que você amava faria isso? Você realmente acha que eu trairia a ? – acusou o julgamento do amigo, que apenas negou com a cabeça e abaixou com a cabeça. sabia que estava certo. – ! A melhor amiga. – ironizou.
- Manda ver! – o encarou, certa que ele não faria ela sentir remorso como os outros.
- Como melhor amiga você deveria saber de tudo, não é? Eu aposto que ela te contava cada detalhe sobre tudo. Então me diga, ela era feliz comigo? – parou na frente de .
- Eu nunca disse que você nunca a fez feliz, . Assim como não disse sobre todas as vezes que você a fez sofrer. – continuou a encará-lo.
- Não seja hipócrita. Você sabe que ela sempre me quis do lado dela. Você sabe que eu sempre estive ao lado dela, até mesmo quando você a trocou pela garota que eu estava beijando há minutos atrás. Me diga, como isso pode me tornar pior do que você? – percebeu que havia incomodado com seu comentário.
- Acha que a minha traição vai limpar a sua barra? Você se sente melhor usando o meu erro pra justificar o seu? Porque se você se sentir, pode ficar a vontade para usá-lo. – terminou a frase com sorriso que nem chegou a deixar seus dentes a mostra.
- Você me conhece desde sempre! Se lembra quando nos conhecemos? Você estava sozinha naquela escola e eu fui o único que te estendi a mão e te apresentei a todos os amigos que você tem hoje. Você se lembra disso? – O sorriso no rosto de desapareceu. – Me responda com o coração: você realmente acha que o garoto que te estendeu a mão no seu primeiro dia de aula se transformou no babaca que você está achando que eu me tornei? – argumentou e viu toda a arrogância de desaparecer. – Foi o que eu pensei. – Ele suspirou. Deixou de olhá-la para olhar pro . – ! O único motivo para não ter desconfiado de mim foi porque eu te contei tudo ontem. – colocou uma das mãos no ombro do amigo. – Mas eu tenho certeza que você ficaria do lado dela se não soubesse de nada. Você também sabe disso, não é? – forçou um sorriso e deu alguns tapinhas no ombro do amigo. – E você, ? – parou e olhou para o meu irmão.
- O que foi? Quer me dar outro soco? – estava apenas esperando para ver como quebraria suas pernas.
- Sabe que de todos, a sua desconfiança de mim é a mais justificável? Ela é a sua irmã e você faria tudo por ela. – sorriu fraco para o amigo. Um sorriso de decepção. – Mas tem uma coisa que a torna injustificável. Sabe o que é? – Ele olhou nos olhos do meu irmão. – Foi quando você finalmente resolveu aceitar que eu a amava e me pediu para cuidar dela. Eu olhei nos seus olhos, exatamente como eu estou fazendo agora e prometi que eu cuidaria dela e que não a faria sofrer. – lembrou-se da cena como se fosse ontem. – Se você acha mesmo que eu quebraria aquela promessa, eu não tenho nada pra te dizer, . – Ele negou com a cabeça.
- Vai se ferrar, Jonas! Você me deu um soco e eu ainda vim até aqui. Acha mesmo que eu faria isso por qualquer um? – defendeu-se.
- Pra mim isso só mostra que você está com remorso por ter me falado tanta besteira sem que eu merecesse ouvir. – respondeu.
- Eu estou! Ok? Estou morrendo de remorso. – abriu os braços.
- Nós viemos aqui dizer que nós sentimos muito, . – finalmente disse.
- Não só por termos desconfiado de você, mas também pela . Você não merecia. – aproximou-se e abraçou o amigo, que se surpreendeu tanto com o abraço que não deu tempo de correspondê-lo.
- Me desculpa pelas coisas que eu disse. Eu... queria que isso funcionasse. – estava se referindo ao meu namoro com o .
- Eu também, mas eu mudei de ideia. Já passou da hora de superar isso. – disse, demonstrando estar decidido.
- Nós vamos te ajudar. – disse em nome de todos.
- Não. Eu não quero a ajuda de vocês. – voltou a negar com a cabeça.
- Porque não? – não entendeu.
- Vocês também são amigos dela. Eu jamais faria vocês escolherem entre mim e ela. Além disso, superar não está sendo uma coisa fácil pra mim. O único jeito disso funcionar é tirando ela completamente da minha vida e vocês são uma parte da vida dela. Não vai dar! – explicou, pensando apenas no melhor para ele.
- Somos uma parte da sua vida também. – surpreendeu com a sua resposta.
- Está vendo? Você mesmo obriga as pessoas a escolherem o outro lado! – pareceu indignado. – Você está se ouvindo? Você está pedindo para os seus amigos se afastarem. Quem faz isso!? – Ele fez careta. o olhou e depois de olhar para os outros, manteve em silêncio por um tempo. Ele parecia estar tomando uma decisão.
- Vocês querem ajudar? Tudo bem, mas eu vou ser bem claro! – ergueu um das sobrancelhas. – Eu não quero vê-la, eu não quero ouvir a voz dela, eu não quero ouvir o nome dela! Não me interessa se ela está bem ou não. Eu não quero saber dela nunca mais. Entenderam ou não? – olhou rapidamente para todos. – Eu não quero ninguém tentando bancar cúpido aqui e se ela vier pra Atlantic City, saiam com ela e me deixem fora disso. – Ele estava impondo as regras. – E o principal: eu quero vocês como amigos e não como informantes dela. Eu não quero que ela saiba de nada que está acontecendo aqui. Eu não quero que ela saiba se eu beijei alguém, se eu casei, se eu fui promovido no trabalho ou se eu morri. Se ela, por um acaso, perguntar por mim, diga que eu estou muito bem e estou mais feliz do que nunca, o que não será mentira daqui algumas semanas. – respirou fundo. – Esse é o trato! Se alguém aqui não for capaz de fazer isso, é melhor se afastar. – Ele esperou alguém se manifestar. Olhou para por um tempo, pois realmente achou que ela se recusaria a fazer tudo o que ele havia pedido. quis sim se recusar a fazer parte daquilo, mas apenas faria aquilo para manter a promessa que havia feito pra mim. – Vocês podem fazer isso? – perguntou.
- Por mim, tudo bem. – afirmou.
- Se for pra te ajudar. – concordou.
- É o melhor a ser feito. – também concordou.
- Estou com você, cara. – sorriu para o amigo.
- Tudo bem. – ergueu os ombros, demonstrando-se indiferente.
- Ótimo! – rapidamente sorriu, mostrando-se um pouco mais abatido do que deveria. – Isso vai me ajudar. – Ele afirmou com a cabeça. – Eu preciso ir agora. – deu alguns passos pra trás. não estava tão bem quanto tentava parecer. Chegou em seu carro e entrou nele. Os amigos acenaram de longe e saíram de seu caminho. Respirou fundo antes de colocar o cinto de segurança e ligar o carro. Deu a partida no carro e fez questão de passar com o carro ao lado dos amigos. Ele ainda tinha algo pra dizer. - Ei, ! – o chamou e o olhou. – Desculpa pelo soco. – mordeu o lábio inferior.
- Vai se ferrar! – rolou os olhos e riu, acelerando o carro e indo embora de vez.

estava fazendo os últimos acertos para me tirar de uma vez de sua vida. Os amigos já haviam concordado em ajudá-lo a me tirar da sua vida e agora só faltava uma última coisa. Continuou dirigindo até a casa de sua família. Fazia alguns dias que não ia até lá e agora ele tinha motivos para isso. Chegou na casa e a primeira pessoa que encontrou foi sua mãe.

- ? – A mãe até assustou com a visita repentina do filho.
- Oi, mãe. – sorriu fraco e aproximou-me para abraçar sua mãe. Ele estava precisando daquele abraço. Mãe é mãe! Ela logo soube que havia algo errado.
- Está tudo bem, filho? – Ela o apertou ainda mais, quando percebeu que o abraço estava sendo um pouco mais longo que o normal.
- Bem, se eu disser que sim você não vai acreditar. – terminou o abraço e olhou para o rosto de sua mãe.
- Me conta o que está acontecendo. – A apreensão no rosto dela era visível.
- Eu e a ... nós terminamos. – sorriu sem mostrar os dentes.
- Terminaram? Mas por quê? Vocês gostavam tanto um do outro! – A mãe não acreditou.
- Eu não sei. Eu acho que... nada dura para sempre. Sei lá! – preferiu não contar o verdadeiro motivo do término. Ele não queria que a sua família carregasse aquele fardo junto com ele.
- E você está bem? – A mãe dele aproximou uma de suas mãos da cabeça do filho e acariciou seu cabelo.
- Eu estou melhorando. É muito recente. Eu só preciso de mais uns dias, sabe? – esforçou-se mais uma vez para sorrir para não deixar a mãe tão preocupada.
- A sua família está aqui para o que você precisar. Eu estou aqui, filho. – A mãe demonstrou apoio.
- Eu sei, eu sei. A senhora é incrível. – aproximou-se e deu um beijo estalado no rosto de sua mãe. – Falando em família, onde está a ? – olhou em volta, procurando qualquer vestígio de sua irmã mais nova.
- Está no quarto. Ela ganhou uma boneca nova. Você sabe como é, né? – A mãe de riu e ele rolou os olhos.
- Sei! – também riu.
- Você vai contar pra ela? – A mãe perguntou.
- Ela tem que saber. – ergueu os ombros. Não havia o que fazer.
- Vai lá! Boa sorte. – A mãe fez careta. Ela sabia o quanto gostava de mim.
- É... obrigado! – suspirou. Ele sabia que não seria fácil.

sempre teve uma ligação muito forte comigo e não seria nada fácil quebrá-la, mas também não podia permitir que isso continuasse. Imagina ter que levar a para me ver, quando eu viesse pra Atlantic City? De jeito nenhum. não queria mais nenhum tipo de contato comigo e estava inclusa nisso. Chegou na porta do quarto, bateu duas vezes e a abriu em seguida.

- ! – saltou do chão, abandonando pela primeira vez naquele dia, a sua boneca. Ela o abraçou sem pensar.
- Ei, baixinha. – também a abraçou. – Vou te chamar assim enquanto eu posso. Você está crescendo muito rápido. – justificou, antes que ela lhe desse uma bronca.
- É o que todos dizem. – riu, feliz da vida com a frase do irmão.
- E então? Fiquei sabendo que você ganhou uma boneca nova. – puxou assunto.
- Ganhei! Essa aqui. – abaixou-se e pegou a boneca nos braços.
- Oh, meu Deus. Ela é horrível! Eu já não te disse que os videogames são melhores? – disse apenas para provocá-la.
- Chato! Não fala assim da minha boneca! – lhe deu um tapa.
- Eu estou brincando, garota! – ficou impressionado com o tapa. – Ela é bonita sim. – Ele riu da reação de sua irmã.
- Ah bom! – riu, mostrando a língua pro irmão. – Sabe quem ela me lembra? – perguntou, arrumando cuidadosamente o cabelo da boneca.
- Quem? – perguntou, inocentemente.
- A ! – olhou pra ele e sorriu docemente. – Ela parece uma princesa, olha. – voltou a mostrar a boneca pro , que já havia ficado sem estruturas com o comentário da irmã.
- É... – sorriu fraco. – Ela é muito bonita mesmo. – o havia quebrado com apenas uma frase.
- Foi por isso que eu dei o nome da pra ela. – não percebeu absolutamente nada. Voltou a arrumar o cabelo da boneca. – Onde ela está? Eu quero mostrar a minha boneca pra ela. – voltou a olhá-lo e viu a expressão de tristeza do irmão. Ele virou-se de costas para irmã e encarou a parede, fechando os olhos por alguns segundos e prensando seus lábios um contra o outro. A conversa mal havia começado e ele já estava devastado.
- , você está triste? – olhou ele de costas com seu olhar triste. Ainda com os olhos fechados, negou com a cabeça, passando uma de suas mãos pela sua cabeça. Vamos, !
- ... – abriu os olhos, respirou fundo. – Eu tenho que te contar uma coisa. – Ele deu alguns passos na direção dela.
- Tudo bem se a não veio! Ela conversou comigo e disse que viria quando pudesse. Eu espero! – tentou resolver o problema errado.
- Venha, senta aqui. – sentou-se no tapete na frente dela e ela fez o mesmo.
- Eu já sei! Você está sentindo saudade dela, né? – deu um triste sorriso. – Não fica assim. – Ela negou com a cabeça, séria. – Olha, eu deixo você ficar com a minha boneca. Assim você mata um pouco a saudade. – estendeu a boneca em direção ao . Ele olhou para as pequenas mãos de sua irmã e observou a boneca por um tempo. As lágrimas começavam a acumular-se em seus olhos. pegou a boneca apenas para não fazer a desfeita.
- Eu estou sentindo muita a falta dela sim. – forçou um sorriso para que a irmã se sentisse um pouco melhor.
- Eu também! – devolveu o sorriso.
- Mas eu acho que... – pausou para se recuperar. – Ela vai demorar um pouco mais pra voltar. – Foi a melhor forma que arrumou para dizer aquilo.
- Por quê? – era curiosa. Ela não deixaria barato.
- Porque ela está um pouco ocupada agora. – não conseguiria contar nem meia verdade pra .
- Ocupada? – arqueou a sobrancelha exatamente do jeito que costumava fazer. – Ela não gosta mais de mim? – Ela perguntou.
- Não! Não tem nada a ver com você. É impossível não gostar de você. – admirou o rosto delicado de sua irmã.
- Tem a ver com você? – continuava com as perguntas.
- Sim, eu acho que sim. – afirmou com a cabeça, sabendo qual seria a próxima pergunta.
- Mas por quê? Eu vi nos filmes. Você é o príncipe e ela é a princesa. Vocês tem que ser namorados igual a mamãe e o papai. – disse como se soubesse tudo sobre a vida. Parecia tão simples pra ela.
- Algumas vezes, a princesa encontra outro príncipe. Não existe só um príncipe e uma única princesa. – não conseguia ser mais claro que aquilo.
- Não! Mas eu não queria que você tivesse outra princesa. Eu queria ela! – também tinha seus argumentos.
- Eu também queria ela! Eu queria muito que fosse ela. – abaixou a cabeça, encarando o chão por alguns instantes. – Mas ela queria outro. Eu não pude fazer nada! – Ele voltou a olhá-la.
- Então ela não vem me ver? Ela tem outra amiga agora? – perguntou, preocupada.
- Não importa o que aconteça. Você sempre vai ser a melhor amiga que ela já teve. – não queria que a sua irmã ficasse triste.
- Verdade? Ela te disse isso? – abriu um enorme sorriso.
- Disse. – mentiu, mas era para o bem da sua irmã. – Mas ela não vai poder vir te ver agora, então você vai ter que ter paciência. Você consegue? – sorriu de volta.
- Eu não sei. Você vai conseguir? Se você conseguir eu também consigo. – perguntou, séria. Nem mesmo sabia a resposta para aquela pergunta. A dúvida fez seu coração doer.
- Eu espero que sim. – afirmou. Não sabia se estava enganando sua irmã ou a si mesmo.
- Você vai conseguir sim, porque no final de todos os filmes que eu já vi, o príncipe e a princesa sempre vivem felizes para sempre. – tentou tranquilizar , que desabou de vez.
- Vem aqui. – segurou a mão da irmã e a puxou para mais perto. ajoelhou-se na frente do irmão e ele a abraçou. Durante o abraço, uma lágrima escorreu pelo rosto de e ele rapidamente tratou de secá-la. – Você é a melhor irmã do mundo. Você sabe disso, né? – perguntou, terminando o abraço e olhando seu rosto de perto.
- Sou? – sorriu, surpresa.
- É! – quase riu com sua reação. – Nunca se esqueça disso. – Ele puxou o seu rosto pra mais perto e beijou carinhosamente a sua testa.
- Ta bom! – estava feliz da vida com o rótulo de ‘melhor irmã do mundo’.
- Agora eu tenho que ir pra casa. – engoliu de vez o choro e levantou-se do chão.
- Você vai levar a boneca? – voltou a estender a boneca na direção do irmão.
- Não, pode ficar. Você vai precisar mais do que eu. – piscou um dos olhos para a irmã, que riu. – Vem aqui e me dá um beijo. – abaixou e esperou que ela beijasse a sua bochecha. Ela o fez do jeito mais doce do mundo.
- Você pode dar um recado para a ? – perguntou antes do irmão ir embora.
- É claro. – não daria recado algum, mas apenas concordou para não entristecer a sua irmã.
- Fala pra ela não se preocupar. Eu vou continuar cuidando de você como ela pediu. – sorriu. a olhou e deu um fraco sorriso, enquanto sentia seus olhos encherem de lágrimas.
- Eu falo pra ela. – acariciou rapidamente o rosto da irmã.
- Ta bom! – ficou agradecida. - Manda um beijo pro Buddy! – lembrou-se do cachorrinho que tanto gostava antes do irmão ir embora.
- Pode deixar! – fez joia. Ela nunca se esquecia do Buddy. - Se cuida! – disse, antes de fechar a porta.
- Beleza! – fez joia e tentou piscar os olhos pro irmão, mas não conseguiu. riu da irmã, antes de sair e fechar a porta. Só mesmo poderia fazê-lo sorrir depois de tudo.

Aquilo havia sido bem mais difícil do que havia previsto. acidentalmente piorou mil vezes mais as coisas pra ele. O jeito com que ela se sentia sobre mim de certo modo era muito parecido com o que ele sentia. foi o mais rápido que conseguiu para casa. Teve que prometer mil vezes para a sua mãe que estava bem e que continuaria bem. Ele estava literalmente um lixo. Chegou em casa e ainda teve que lidar com Buddy, que estava louco para lhe dar carinho.

- Vem, Buddy. Senta aqui. – bateu a mão no sofá, olhando para Buddy, que rapidamente atendeu o seu pedido. – Você está tão carinhoso nesses últimos dias. Até parece que você sabe de tudo o que eu tenho passado. – acariciou a cabeça do cachorro, que olhava atenciosamente para ele. Buddy virou a sua cabeça, sem deixar de olhar pro . – Você sabe, né? – sorriu sem mostrar os dentes. Buddy deixou de olhá-lo e abaixou sua cabeça, apoiando-a em uma das pernas do . – Eu sei que não está sendo fácil pra você também. Você conhecia nós dois e você presenciou diversas coisas que faria qualquer um ter certeza de que nós ficaríamos juntos pra sempre. – Ele voltou a acariciar a cabeça de Buddy, que começou a fazer alguns ruídos. – Acha que eu não percebi o jeito que você olha pra Amber? – puxou a cabeça do cachorro, trazendo-o para frente de seu rosto. – Você não gosta dela, né? – riu para o cachorro, que manteve-se sem reação. – Você prefere a . – afirmou com a cabeça e o cachorro voltou a fazer ruídos. – Eu sei! Todo mundo prefere a . Até eu prefiro a . – Ele rolou os olhos, enquanto suspirava. – Isso é passado. – observou o cachorro aconchegar a sua cabeça em sua barriga. – Todos já sabem que ela é parte do meu passado e que eu vou superá-la, só falta eu. – Ele deixou de olhar para Buddy e olhou para qualquer coisa em volta.


Era um pouco mais de 10 horas da noite e eu estava exausta. Eu havia acabado de chegar do trabalho e ainda tinha um artigo da faculdade para ler antes de dormir. Dormir pra que? Eu normalmente chego cansada, mas naquele dia o cansaço estava muito maior. Talvez porque a minha cabeça durante o trabalho estava tão longe, que eu tive que me empenhar mil vezes mais para qualquer coisa que eu ia fazer. O dia foi mesmo uma droga. Subi para tomar banho e estava prestes a preparar qualquer coisa para comer, quando ouvi o meu celular tocar. Toda vez que o celular toca é um desespero. Eu não sei por quê. Talvez eu tenha esperanças de que o ainda tenha a coragem de me ligar.

- Wow, olha só quem lembrou que tem uma melhor amiga. – Eu disse ao atender. Era o .
- Eu sei! Me desculpa! – riu com o que eu havia dito. – Eu tenho andado ocupado. – A voz de parecia mesmo de cansaço.
- Tudo bem! Os dias também não tem sido um mar de rosas pra mim. – Eu fiz careta, sem sabe se ele entenderia com tanta precisão a minha frase.
- É, eu estou sabendo. Foi por isso que eu liguei. – deixou logo claro que ele sabia sobre tudo.
- Então você já sabe. – Eu suspirei. Se ele já sabia, quer dizer que o tinha contado.
- Você está bem? – perguntou, preocupado. A resposta era óbvia pra mim, mas não era a que ele ouviria.
- Sim, eu estou bem. – Eu menti na cara dura. Eu terminei o namoro com o alegando que estava com outro cara. Porque eu estaria triste?
- Que bom. Eu estava preocupado com você. – disse, aliviado.
- E você? Está bem? – Eu perguntei, porque eu senti que ele conversava comigo como se estivesse pisando em ovos.
- Eu também estou bem. – percebeu a minha desconfiança.
- Ele te contou, né? Contou como tudo aconteceu, os meus motivos... – Eu já fui logo falando. – Eu sei que isso está te incomodando. – Eu dei liberdade para que ele falasse.
- Já que você tocou no assunto. – sabia que não conseguiria disfarçar. – Eu fiquei mesmo um pouco surpreso com o jeito que tudo aconteceu. – Era exatamente a reação que eu esperava.
- Eu também fiquei surpresa. Eu... Eu não queria que acontecesse, mas aconteceu, sabe? – Eu estava tentando saber como eu agiria se realmente tivesse traído daquela forma.
- Quem é o cara? – fez a intrigante pergunta.
- É um cara que eu conheci na faculdade. Ele é legal. – Eu devia estar agindo como se estivesse apaixonada por esse cara que não existe?
- Ele deve ser mesmo bem legal pra você tê-lo trocado pelo . – comentou sem perceber que aquilo poderia soar como uma critica.
- Bem, eu já percebi que o já fez a sua cabeça contra mim. Agora eu sou a pior pessoa do mundo. – Eu rolei os olhos. Era só o que faltava.
- Não! É claro que não! – negou. – Eu não estou contra você, mas eu também não estou contra o , entende? Você cometeu os seus erros e eu tenho certeza que o também cometeu os dele. Eu entendo. Vocês dois são os meus melhores amigos e eu já mais arriscaria perder um de vocês porque vocês dois são idiotas e teimosos. – disse, sério.
- Oh, isso foi quase fofo. – Eu sorri, aliviada. Ainda bem que não estava contra mim. Eu não suportaria isso.
- É sério! Se fosse você, eu sei que você faria o mesmo. Você nunca viraria as costas pra mim. – é o melhor. Eu já disse isso?
- Eu não esperava outra atitude de você, sabia? – Eu sorri fraco.
- É, mas da próxima vez você conversa comigo antes. Eu preciso saber desse tipo de coisa, entendeu? Eu sou o melhor amigo, lembra? É o meu trabalho! – me deu uma bronca.
- Eu sei! Me desculpa. Eu não queria que você tivesse ficado sabendo por outras pessoas, mas eu meio que tinha medo da sua reação. – Eu fui sincera dessa vez.
- Besteira! – revirou os olhos.
- Ok, então... – Eu respirei, aliviada. – Obrigada por me entender. – Eu agradeci.
- Tudo bem. – sorriu, negando com a cabeça. – Você sempre vai ter a mim, não importa o quanto você se esforce para ser a pior pessoa do mundo. – Ele riu.

Ufa! Pelo menos uma boa noticia! não me odiava e eu ainda tinha o meu melhor amigo. Faltam só e , já que eu sei que não tem a opção de ficar contra mim. Vantagens de ter um irmão! Eu e falamos sobre faculdade e sobre trabalho antes de desligarmos o telefone. É claro que eu não contei pra ele a verdade e é claro que eu não perguntei sobre o , mesmo estando louca para perguntar. Eu tenho que agir como uma ex-namorada insensível. Não tem como ficar perguntando sobre o . e iam acabar me ligando. Se eles ainda não ligaram é porque não devem saber das novidades. também não deve saber já que a última vez que ele falou comigo foi no meu aniversário. Eles vão acabar me ligando no meio da semana.

- Oi, . – Eu atendi o celular assim que sai de uma das salas de exames do hospital.
- Estou atrapalhando? – fez careta. Sabia que era o meu horário de trabalho.
- Não! Eu estava saindo pra comer alguma coisa agora. – Eu disse, encontrando com Meg nos corredores. Apontei em direção a cantina, ela entendeu o que eu quis dizer e resolveu me acompanhar. – E então? Tudo bem? – Eu achei que ela só estava ligando para saber como eu estava assim como ela costumava fazer.
- Tudo certo e você? Melhor? – havia acabado de chegar em casa. Estava na casa de uma colega da faculdade fazendo um trabalho.
- Estranho, mas sim. – Eu sorri fraco. Meg sentou em uma das mesas e eu a acompanhei.
- Que boa notícia! – sorriu, despreocupada.
- E como estão as coisas por ai? – Como se a minha melhor amiga não soubesse o que eu realmente queria dizer com aquilo.
- Honestamente? Cumprir a minha promessa está sendo mais difícil do que eu pensei. – suspirou longamente.
- É, eu sei. Ele está espalhando para o mundo que eu trai ele. – Eu peguei o cardápio e apontei para o cappuccino que eu queria e Meg fez o nosso pedido.
- Você não faz ideia do drama que ele está fazendo! – parecia irritada com o assunto. – Ele está imune a qualquer decepção, a qualquer crítica ou julgamento porque todos acham que você traiu ele. – Ela contou.
- Eu percebi! me ligou no começo da semana e o me ligou ontem. Eles não estavam me julgando, mas eu percebi que eles estavam agindo como se eu tivesse feito uma grande besteira. – Eu contei para .
- Você sabe que você correu o risco de perder muitas pessoas que você ama com essa mentira, não é? Se fosse com o , eles teriam acabado com ele. Como sabia que não aconteceria o mesmo com você? – não sabia se valia tanto a pena ter feito tudo aquilo.
- Eu não sabia. – As vezes honestidade é sinônimo de burrice. – Eu sabia como todos iam tratar ele se soubessem o real motivo de eu ter terminado o namoro. Eu sabia como o ia tratá-lo. Eu não podia estragar a amizade deles. Eu também fiz isso pelo . O é como um irmão pra ele. – Eu expliquei meus motivos, vendo Meg revirar os olhos.
- É, aposto que sim. – ironizou a briga deles que, aliás, eu ainda não sabia que tinha acontecido.
- Você estava com eles quando o contou sobre a traição? – Eu perguntei, tomando um gole do meu cappuccino.
- Pode se dizer que sim. – não entrou em detalhes.
- Ok, eu já percebi que está tentando me esconder alguma coisa. – Eu fiquei curiosa. Porque ela me esconderia?
- Não é nada. – desconversou.
- Estou esperando você dizer. – Eu não deixaria pra lá!
- Certo, então aqui vai. – negou com a cabeça. Eu era teimosa demais para ela tentar me fazer esquecer aquilo. – O jeito que todos descobriram... não foi bom. – Ela não sabia por onde começar.
- Como assim? – O que ela estava querendo dizer?
- Droga, eu não sei como te explicar. – suspirou, nervosa.
- Não pode ser tão ruim! – Eu a encorajei.
- Você está sentada? – sabia que seria um pouco difícil pra mim ouvir aquilo.
- Estou sentada e estou tomando um cappuccino maravilhoso. Nada pode estragar esse momento. – Eu disse, enquanto sorria pra Meg que riu rapidamente da minha afirmação.
- O que aconteceu foi que... – hesitou. – Todos viram o ...com a Amber. – Ela finalmente disse. Fechou os olhos por poucos segundos, sentindo-se horrível por ter dado aquela noticia.
- Ele... – Calma, eu preciso de um tempo pra processar essa informação. – Ele estava com a Amber? Como? – Meg percebeu repentinamente a minha mudança de comportamento.
- Ele... estava beijando a Amber. – disse. Foi como um chute no estômago.
- Então... eu estava certa sobre eles. Ótimo. – Eu não sei de onde tirei a força para fingir que estava tudo bem. Meg me observava, curiosa. – Deixe-me adivinhar: todos caíram matando em cima dele. – Aquilo era mais do que obvio.
- É, literalmente. Principalmente o seu irmão. – rolou os olhos.
- O ? É claro! – Eu até havia esquecido do meu irmão no meio de toda essa história. – Por favor, não diga que eles brigaram. – Eu fiz careta, esperando pela resposta.
- Desculpa, mas... – também fez careta.
- Droga... – Eu suspirei, passando rapidamente uma das mãos pelo meu rosto. – Mas por quê? É sério, eu não acredito. – Eu não me conformaria tão cedo.
- O seu irmão viu os dois e ficou maluco! Ele foi pra cima do e começou a falar umas verdades pra ele. – hesitou continuar. – E ai o ... – Ela hesitou novamente. – O deu um soco no . – Ela disse.
- Não, não, não, não! – Eu mordi o lábio inferior e neguei com a cabeça. – Isso não era pra acontecer, droga! Isso foi tudo o que eu tentei evitar. – Eu estava muito mal com aquilo.
- , não foi sua culpa! - tentou me acalmar.
- É claro que a culpa foi minha! Tudo isso... é tudo minha culpa! – Sempre dá tudo errado! Meg me olhava, preocupada.
- Eles já estão bem, ok? Eles brigaram, mas eles já se acertaram. – disse rapidamente. – fez o maior drama de todos e funcionou. até se desculpou. – Ela quis me tranquilizar.
- Parece que quanto mais eu tento acertar as coisas, mais elas dão errado. – Eu suspirei, irritada.
- Já voltou tudo ao normal. Todo mundo achando que o é um santo e achando que você é a maior traidora do mundo. Relaxa! – tentou me mostrar que apesar de alguns problemas, as coisas estavam saindo como eu queria.
- Ok, eu vou parar de surtar. – Eu neguei com a cabeça. Não queria deixar preocupada. Eu não queria ter mais uma coisa para pensar.
- Isso. Esqueça tudo isso. – aconselhou.
- Certo. – Super fácil esquecer que o meu irmão e o meu ex que são melhores amigos brigaram por causa de mim.
- Agora eu tenho que desligar. A minha mãe chegou. Nós vamos ao shopping. – levantou-se do sofá, quando ouviu a buzina do carro da mãe.
- Tudo bem. Divirta-se.. e obrigada por tudo. – Eu sorri fraco.
- Fique bem! Te ligo depois. Beijos. – desligou apressadamente.
- O que foi que aconteceu? – Meg perguntou assim que eu desliguei o celular.
- O e o meu irmão brigaram. – Eu apoiei o meu cotovelo na mesa e coloquei minha mão em minha testa.
- Brigaram por quê? – Meg não entendeu.
- Por causa de mim! O meu irmão viu o com a Amber e ele ainda não sabia sobre o término. – Eu neguei com a cabeça, demonstrando o quanto aquilo me deixava inconformada.
- Quer dizer que o levou umas porradas? – Meg tentou ver o lado bom de tudo.
- O meu irmão é que levou. – Eu fiz careta.
- Que imbecil. – Meg rolou os olhos. – Ele te trai e ainda se acha no direito de sair distribuindo socos? Esse garoto não tem limites. – Meg tinha cada vez mais implicância com o .
- Eu não queria envolver o meu irmão nessa história. Eles são amigos desde sempre. Eu não quero que isso interfira na amizade deles. – Eu expliquei pra ela.
- Ele é o seu irmão, . Ele sempre vai te proteger de qualquer coisa e de qualquer pessoa. – Meg ergueu os ombros.
- Eu sei, mas esse foi um dos motivos de eu ter inventado toda essa porcaria. Eu não quero que isso sobre pro , porque tudo foi culpa minha. Eu vim pra cá, eu deixei ele livre pra conhecer quem quiser e fazer o que quiser. Quer dizer, quem escolhe um sonho ao invés do cara que você ama? – Eu questionei a mim mesma.
- Agora você viu que valeu a pena, não é? Ele te trocou pela rainha do recalque, mas você ainda tem a sua faculdade e Nova York. – Meg sorriu pra mim.
- Eu quero esquecer essa história. Eu quero esquecer tudo isso. – Eu passei as mãos pelo meu rosto. Eu não aguentava mais pensar em tudo aquilo.
- Então se esforce. Pare de pensar nisso! Pense que nós temos dezenas de injeções para aplicar. O que pode ser melhor que isso? – Meg fez uma careta engraçada.
- Só você mesmo. – Eu ri antes de beber o último gole do meu cappuccino.
- Vamos antes que o nosso chefe nos veja. Não vai pegar bem. – Meg levantou-se da mesa e eu fiz o mesmo.
- Vamos ao trabalho. – Eu suspirei longamente tentando tirar tudo aquilo da minha cabeça. Eu tenho que focar no trabalho agora.

Agora estava mais do que confirmado. Eu deveria estar me sentindo melhor? Não está funcionando. Se a reação de foi tão agressiva e para os meus amigos foi tão surpreendente, como seria pra mim? Quer dizer, o que eu faria se tivesse flagrado eles ao invés de só juntar as peças e me tocar? Provavelmente eu arrancaria cada fio do cabelo da Amber e faria engolir. Eu não sou tão boazinha, então é claro que eu não pouparia o de algumas valiosas verdades que eu teria o prazer de jogar na cara dele que o faria sentir remorso pelo resto de sua vida. Depois de bancar a forte, eu iria pra casa chorando e continuaria chorando por mais um mês. Eu estou feliz (se é que posso dizer isso) com o jeito que eu descobri tudo. Eu não tive que gritar, brigar ou falar verdades. O choro foi a única parte da qual eu não consegui me safar, mas nada que eu não supere daqui alguns dias. Se quer saber, eu estou bem melhor. Eu não estou chorando com tanta frequência, mas as vezes vem alguns chacoalhões que fazem eu me dar conta do que aconteceu e de como tudo aconteceu. Eu vou sobreviver.

- Está errado de novo! – Mark riu da minha cara.
- Qual é! Eu á errei essa mesma pergunta mais de 5 vezes! – Eu abri os braços. Estávamos sentados no sofá e Mark tinha um livro nas mãos. Eu teria uma prova no dia seguinte e ele estava fazendo a gentileza de me ajudar a estudar.
- Você sabe que ainda dá tempo de trocar de profissão, né? – Mark me olhou, sério.
- Oh, disse o futuro engenheiro que odeia matemática! – Eu ri ao dar o troco.
- Eu não odeio matemática. A matemática é que me odeia. Virou pessoal, sabe? – Mark disse bem humorado, me fazendo rir.
- Já fez as provas bimestrais? – Eu perguntei, pois não me lembrava de vê-lo estudar.
- Começam na semana que vem. – Mark fez careta.
- Mark! E o que está fazendo aqui? Porque não está estudando? – Eu o olhei, perplexa.
- Eu disse semana que vem e não amanhã. E... antes que você diga que eu já devia ter começado a estudar, entenda: nem todo mundo é tão ‘cdf’ igual a . – Mark sorriu, aproximando uma de suas mãos que segurava uma caneta de meu rosto e jogando o rabo que eu havia feito no meu cabelo e estava sobre um dos meus ombros para trás.
- Ok, ok! – Eu ergui os ombros, rindo. – Eu não vou mais me intrometer nos seus assuntos universitários! – Eu mostrei rapidamente a língua pra ele. – Próxima pergunta! – Eu voltei a me concentrar na matéria.

Mark tem sido um grande amigo. Eu não sei como estaria passando por tudo isso sem ele e a Meg. Eles me distraem o tempo todo e eu acabo nem tendo tempo para me lamentar, chorar e me lembrar de e Amber. Mark era como uma caixinha de surpresas. Eu venho descobrindo mais dele a cada dia. O Mark que eu conheci quando vim passar o feriado na casa da tia Janice não é o mesmo de agora. O Mark de agora não é tão sério e nem tão correto. Ele tem o seu lado divertido, o lado idiota, mas também tem o lado sensível que chega até a me surpreender as vezes. As vezes ele me entende em coisas que os homens geralmente não entendem, nem mesmo a Meg entende.

Quase 3 semanas haviam se passado e já fazia uma semana que eu não chorava. Quer dizer, eu chorei sim algumas vezes, mas foi de tanto rir. Mark e a Meg são dois palhaços. Eu morro de rir cada vez que o Mark começa a imitar a Meg. Eles são dois pentelhos que não se deixam em paz e acabam me envolvendo nessa história. Eles estão sendo mais do que compreensivos comigo. Vivem perdendo seus finais de semana para me fazerem companhia. Geralmente nós assistimos um filme ou jogamos cartas. Não é só porque eu tenho mais dois novos amigos incríveis que eu tenha me esquecido dos antigos. Todos eles me ligam quase todo dia. sempre me ligava quando brigava com o meu irmão e eu dava dicas para ela sobre como lidar com ele. e estão em uma guerra sem fim. Qualquer dia desses eles vão se matar! é uma graça. Ele está super preocupado com o meu término com o . Talvez porque ele saiba como eu me sinto, pois já passou isso com a . Eu estou cercada de pessoas incríveis, porque eu devo me lembrar de quem eu perdi?

- ? – Era a voz de .
- ! Oi! Tudo bem? – Eu sorri ao atender a ligação dele.
- Eu estou bem e você? – sorriu com a minha empolgação por falar com ele.
- As provas acabaram! Eu estou muito bem! – Eu disse, aliviada. As últimas semanas não haviam sido fáceis.
- As minhas também! Eu nem acredito que estou finalmente livre delas. – riu. – Eu não aguento mais olhar para os meus livros e para o meu quarto. Eu fiquei trancado aqui por dias. Eu preciso sair e foi ai que eu me lembrei que eu tenho uma amiga em Nova York. – Ele insinuou como se eu já não tivesse entendido.
- Está brincando? – Eu fiquei imediatamente empolgada. – Depois de tanto papo furado, você finalmente vem? – Eu brinquei. Faz meses que ele diz que vem me visitar.
- Eu posso ir? Está ocupada no final de semana? – perguntou. Ele não queria atrapalhar.
- Mas nem se eu estivesse! Não é todo dia que um dos meus amigos resolvem vir me visitar, né? – Eu sorri.
- Já pode parar com as indiretas, ok? Eu vou! – riu.
- Quando você vem? – Eu perguntei, ansiosa.
- Eu queria ir na sexta-feira, mas meus tios vão vir fazer uma visita e minha mãe jamais me deixaria sair com eles aqui. – rolou os olhos. – Mas eu acho que consigo estar ai sábado a tarde. – Ele explicou.
- Tudo bem então. – Eu concordei. – Mas... – Eu tinha que perguntar. – Vem só você? – Eu não queria surpresas.
- Sim, só eu. Eu falei com os caras e com a e a , mas todos estão em época de provas. Vou sozinho mesmo. – explicou. Ele não citou o nome de , mas se ele estivesse envolvido, me diria.
- Certo, então eu vou te esperar. – Eu sorri fraco.
- Até sábado. – disse antes de terminar a ligação.

Eu estava muito empolgada para a visita dele. Eu estou morrendo de saudade de todos eles, mas eu simplesmente não posso ir até Atlantic City agora. Não depois do que aconteceu. Meus pais me visitam pelo menos uma vez por mês e veio me visitar há algumas semanas atrás, então as únicas pessoas que eu fiquei sem ver mesmo foram os meus outros amigos e o meu irmão.


- Sua vez, . – disse, esperando o meu irmão jogar. Os garotos estavam reunidos na casa do para jogar sinuca.
- Eu estou jogando, mas estou pensando na prova de sexta. – suspirou.
- Depois de anos, você resolve virar nerd? – rolou os olhos.
- Pois é, também acho que ando convivendo muito com você. – fez careta, causando a risada de e .
- Ouvi dizer que a está começando a ficar com ciúmes. Se eu fosse você, me afastava. Não dá pra brincar com mulher. – brincou com , que continuava levando tudo na brincadeira.
- Ah não ser que você seja Jonas, é claro. – sorriu pro , que parecia ter se achado com o comentário.
- Espera, o que é esse barulho? – colocou uma das mãos em sua orelha.
- É o barulho da Amber não ligando! Oh meu Deus! – fingiu estar perplexo.
- Há! Podem rir. – riu, rolando os olhos.
- O que será que aconteceu? – continuou a brincadeira.
- Seja o que for, não fui eu. – disse com um ar de riso. – Quer dizer, há não ser que a recompensa de vocês seja boa. Se for, eu assumo toda a culpa e ainda deixo você me chamar de herói, . – Meu irmão completou. Naquele mesmo segundo, o celular de começou a tocar.
- Ah não! – negou com a cabeça. foi até o seu celular que estava sobre a mesa e olhou no visor.
- Falando nela. – mostrou o visor para os amigos e em seguida ignorou a chamada.
- Beleza, minha oferta ainda está de pé! – olhou para e depois para .
- Quem vai amarrá-la? – cruzou os braços, sério. começou a rir.
- Depende. Ela vai estar nua ou não? – também perguntou, sério.
- Oh, eu não trabalho com mulheres nuas, só se for com a minha mulher o que não tem sido o caso na última semana já que ela está com uma tpm do caralho e chora a cada ‘porra’ que eu digo. – estragou toda a cena causando a risada histérica dos 3 amigos.
- Uma semana, cara? – tinha que zoar.
- Melhor do que 19 anos não é, lindinho? – passou por dando um tapinha nas costas de .
- Seu grosso! – tentou imitar a voz de e fingiu um choro escandaloso.
- Vai procurar alguém pra dar vai, ! – fez cara de deboche.
- Eu até daria, mas eu estou sensível demais para fazer isso. – continuou tentando imitar .
- Adivinha o que é que vai ficar sensível quando eu pegar esse taco e... – ia dizendo, mostrando o taco de sinuca.
- Já parei! – riu, voltando a engrossar a voz.
- O que é isso nos seus olhos? Medo? – aproximou-se de .
- Você não tem moral nenhuma pra falar de mim. Joga e fica na sua. – apontou para a mesa de sinuca.
- Quem disse? – disse depois de um certo tempo. Não tinha certeza se deveria contar aquilo. Todos o olharam, perplexos.
- Espera! O que? – não acreditou.
- Oh, meu Deus! Eles crescem tão rápido. – colocou as mãos nos olhos, fingindo estar emocionado.
- Vocês são uns babacas. – rolou os olhos, rindo.
- Vamos, venha até aqui, encoste a sua cabeça no meu ombro e me conte os detalhes. – disse, passando a mão em um dos bancos do seu lado.
- Eu não vou contar nada! – negou com a cabeça, voltando a focar na partida e fazendo a sua jogada.
- É, só falta as duas mocinhas. – sorriu para e depois pro .
- É... – concordou, olhando disfarçadamente pro . Ele era o único que sabia da sua perda de virgindade com a Amber. não contaria a e a porque não queria ser ainda mais zuado e julgado.


Já era sexta-feira e chegaria no dia seguinte. Aquele ainda era um dia normal de trabalho, então eu ainda tenho uma rotina para seguir. Mark também tinha a sua rotina. Ele acordava bem cedo, pois tinha que ir para a faculdade. Ele se arrumava todos os dias e sempre que terminava ele ia até a janela. Mark observava todos os dias a minha rotina de ir até a caixa de correio em frente a minha casa. Apesar de eu nunca ter dito, ele sabia exatamente o que esperava encontrar ali todos os dias. Sim, eu ia até a caixa de correio todos os dias pela manhã esperando encontrar uma carta do . Esperando uma resposta a carta que eu havia deixado embaixo da porta do apartamento dele. Esperando uma simples carta em que ele dissesse que estava arrependido de tudo. A minha espera e esperança de receber resposta não era somente causada pela caixa de correio, mas também pelo meu celular, pela minha caixa de e-mails, pela minhas redes sociais e até mesmo a porta da minha casa. Foi isso o que Mark tem visto nas últimas semanas. Ele tem visto eu procurar enlouquecida e tragicamente por qualquer contato do .

Naquela manhã, algo aconteceu que mudou estranhamente a sua rotina. Ao olhar pela janela e esperar pela minha frustrante ida até a caixa de correio, ele avistou um garoto que vinha descendo a rua com um envelope nas mãos. O garoto corria feito um louco e olhava para todos os lados, procurando alguém que pudesse impedi-lo de fazer o que lhe mandaram fazer. Mark acompanhou tudo com mais atenção e observou o garoto parar em frente a sua casa. O mesmo garoto olhou para o número da casa de Mark e logo depois olhou para a minha. Ele voltou alguns passos para chegar ao local certo. O garoto olhou novamente para os lados e aproximou-se da minha caixa de correio. Em questões de segundos, o garoto abriu a caixa de correio e jogou o envelope em suas mãos lá dentro e voltou a sair correndo desesperadamente.

- Mas o que... – Mark demorou alguns segundos para processar todas aquelas informações.

Abandonou a janela e andou rapidamente até a porta de sua casa. Saiu da casa e andou ligeiramente até a minha caixa de correio. Ele a observou por um tempo. Era certo ou não? Deveria mesmo saber sobre o que era aquela estranha correspondência. Sim, ela era, no mínimo, estranha e suspeita. Porque o garoto fez tanta questão de não ser visto? O que ele escondia? Mark temia que fosse algo ruim. Passou tanta coisa ruim pela sua cabeça, que ele não hesitou em abrir a caixa de correio, pegar o envelope e voltar rapidamente para dentro de sua casa.

Mark ainda se sentia mal pelo que havia feito. Não era certo, mas ele não tinha má intenção. Prometeu a si mesmo que se fosse algo bobo, algo que não se parecesse com alguma ameaça ou qualquer coisa do tipo, ele me devolveria e contaria o que havia feito. Ele subiu até o seu quarto e fechou a porta para não ser incomodado. Encarou o envelope nas mãos e depois de alguns segundos de remorso, ele abriu o envelope. O conteúdo em suas mãos parecia tê-lo deixado extremamente surpreso.

- Que droga é essa... – Mark suspirou, surpreso. Como novamente estava próximo a janela, Mark viu quando eu sai da minha casa e fui até a minha caixa de correio assim como fazia todas as manhãs. Mark novamente me viu abandonar a caixa de correio da forma mais frustrada que possa existir. – Você não merece... – Mark suspirou, negando com a cabeça. Mark voltou a olhar para o conteúdo em suas mãos e voltou a guardá-lo dentro do envelope, colocando-o sobre uma das estantes de seu quarto. Ele não me devolveria.


Eu estava pronta para a faculdade mais uma vez. Nada demais. Apenas mais um dia para forçar um sorriso e enganar todos ao me redor de que sou a garota mais feliz do mundo. viria no dia seguinte e esse tem sido o meu motivo de maior empolgação nos últimos dias. Eu estava dando carona para a Meg naquele dia. Os pais dela viajariam no final de semana e ela ficaria sozinha. Foi então que eu tive a ideia de convidá-la para passar o fim de semana na minha casa. Ela topou na hora. Parecia que estava até esperando o meu convite.

- Mark, esse seu arroz está horrível. – Meg fez careta. Havíamos convidado Mark para jantar com nós naquela noite de sexta-feira. Precisávamos de alguém para fazer o jantar.
- Não está tão ruim. – Mark afirmou.- Está? – Ele me olhou.
- Comparado ao arroz que eu faço, está incrível. – Eu segurei o riso, quando Meg começou a gargalhar.
- Nossa, prefiro que você fale que está horrível. – Mark cerrou os olhos pra mim.
- Ok, eu não vou mentir pra você. – Eu fiz careta.
- Sem mentiras! – Mark riu, afirmando com a cabeça.
- Está uma droga. – Eu mordi o lábio inferior, sem jeito por estar falando aquilo pra ele.
- Está, né? – Mark passou a mão pelo seu rosto. – Mais uma exigência para a minha próxima namorada. Ela tem que saber cozinhar. Questão de sobrevivência. – Mark riu. É um assunto com o qual costumávamos brincar.
- Está vendo, ? Já era. Perdeu! – Meg me olhou, rindo. Joguei a almofada mais próxima na cara dela. Ela sabe o quanto eu fico sem graça com essas piadinhas sobre eu e o Mark.
- Engraçadinha. – Eu rolei os olhos, enquanto percebia que Mark me olhava.
- Ok, vamos mudar de assunto. – Meg engoliu o riso e ficou pensativa por algum tempo.- Eu não sei. Vamos fazer alguma coisa. – Ela estava entediada. Estávamos conversando há horas.
- Seja o que for, não me incluam. Eu vou pra casa. – Mark levantou-se do sofá.
- Espera! Mas já? – Meg estranhou. Mark costumava ficar até tarde com nós.
- Não! Ainda é cedo! – Eu também estranhei.
- Eu estou com sono e cansado. Estou precisando dormir. – Mark sorriu para nós duas.
- Não acredito, Mark! – Meg arqueou a sobrancelha. Ele aproximou-se dela.
- Te vejo amanhã, ok? – Mark beijou a testa da amiga e deu alguns passos em minha direção. Ele pretendia se despedir.
- Não, eu te levo até a porta. – Eu me levantei do sofá e andei até a porta. Mark me acompanhou. Eu abri a porta e ele foi para o lado de fora, mas antes de se afastar, ele virou para me olhar. – Tem certeza que vai embora? Mais um copo de cerveja e a Meg vai entrar em coma alcoólico. – Eu disse, fazendo o sorriso dele aumentar.
- EU ESTOU OUVINDO! – Meg gritou do sofá, fazendo com que eu e o Mark gargalhássemos juntos.
- Eu vou deixar ela por sua conta hoje. – Mark voltou a me olhar. Eu o observei por um tempo, tentando entender o seu comportamento estranho.
- Mark, você está bem? – Eu tentei ler a resposta em seus olhos.
- Porque está me perguntando isso? – Mark não conseguia entender como eu havia percebido. Eu o conhecia tão bem assim?
- Você está agindo estranho desde a hora que chegou aqui. – Eu expliquei.
- Estranho? – Mark arqueou uma das sobrancelhas. Ele jamais me diria que o motivo de sua mudança de comportamento era o conteúdo daquele envelope. – Eu estou bem. – Ele sorriu, negando com a cabeça. Aproximou seu rosto do meu e beijou carinhosamente uma das minhas bochechas. Eu não sei explicar, mas já que ele estava tão perto eu fiquei com vontade de abraçá-lo. Passei meus braços em torno de seu corpo e ele ficou surpreso. O abraço não durou muito. Eu me afastei, sem jeito.
- Até amanhã, Mark. – Eu sorri. Eu ainda estava sem graça, principalmente com o jeito que ele estava me olhando.
- Boa noite, . – Mark sorriu, sem mostrar os dentes. Depois de alguns segundos, afastou-se e foi em direção a sua casa. Eu fechei a porta.

É mais do que óbvio que eu perceberia a mudança de comportamento de Mark. Nós estamos tão próximos e o vejo todos os dias. Eu sei o quanto ele adoraria ficar até tarde comigo e com a Meg jogando conversa fora e falando besteira. Se ele não ficou é porque ele teve motivos, mas quais? Eu não sei.

Meg e eu ficamos mais algumas horas jogando conversa fora. Falamos muito sobre as provas e os nossos planos futuros. Nossos planos eram bem parecidos, tirando a parte do . Ele estava incluso nos meus planos, mas não nos dela. Meg demonstrou toda a sua vontade de ser independente e não depender de um homem para absolutamente nada. Ela chegou a falar dos seus planos de ir morar na Europa quando tiver 60 anos e continuar solteira. Meg não é tão normal quanto parece. Aliás, ela não parece.

- Onde você quer dormir? – Eu perguntei, enquanto subíamos a escada. Já passava de 3 horas da madrugada.
- Como assim? – Meg me olhou. – No seu quarto, é claro! Acha mesmo que eu vou ficar um minuto sozinha nessa casa? – Ela disse me fazendo rir. Meg com medo. Quem diria!
- Tudo bem, medrosa. – Eu disse apenas para provocá-la e ela sorriu.
- Sua cama é gigante. Cabe eu e mais 3 caras ali. Dá até pra fazer uma suruba. – Meg brincou.
- Sem surubas, Meg. – Eu gargalhei. A Meg é maluca.

Meg estava certa. A cama era grande demais para nós duas. Tínhamos espaço de sobra e deu pra dormir com todo o conforto. Ainda bem que Meg estava cansada e dormiu rapidamente. Só assim ela não notaria a minha demora já rotineira para dormir. Eu costumava pensar em quem não devia.

Eu e Meg deveríamos ter dormido até tarde se não fosse o barulho que vinha do vizinho da frente. Ele estava reformando a casa e aquelas malditas marteladas não davam sossego nem no sábado de manhã. Eu e Meg viramos pra lá e pra cá na cama e não conseguíamos voltar a dormir. Só pode ser brincadeira!

- Que tal jogar uma bomba na casa do seu vizinho? – Meg disse com os olhos entreabertos. Ela estendeu o braço em minha direção e abriu a mão.
- Estou dentro! – Eu disse sonolenta, estendendo a minha mão para bater na dela. Fizemos o High Five mais sonolento da história.

Ficamos mais alguns minutos ali, mas foi impossível voltar a dormir. Eu me levantei lentamente e fiquei sentada na cama por alguns longos segundos. Meg me olhou, procurando coragem para fazer o mesmo que eu. A preguiça era maior do que tudo. Me estiquei para pegar o meu celular que estava sobre o criado-mudo e a preguiça aumentou ainda mais quando eu vi que era apenas 10 horas da manhã.

- Que droga... – Eu suspirei, revoltada. – Eu estou com fome. – Eu cocei a cabeça.
- E eu preciso tomar um banho ou vou ficar o dia todo parecendo um zumbi. – Meg também se sentou na cama.
- Claro. Pega uma toalha aqui no quarto do lado e fica a vontade. – Eu finalmente me levantei da cama.
- Valeu. – Meg passou a mão por todo o seu rosto e espreguiçou-se.
- Eu vou fazer alguma coisa pra nós comermos. Depois desce lá. – Eu passei pela porta e caminhei lentamente pelo corredor. A luz do sol nos meus olhos me fez fechá-los ainda mais. Passei pelo banheiro, onde eu fiz a minha higiene matinal e desci em direção a cozinha. O meu rosto havia melhorado depois que eu o lavei e o rabo de cavalo que eu havia feito no cabelo o deixou mais apresentável.

Meg pegou a toalha no lugar onde eu havia lhe indicado e entrou no banheiro. Era isso o que ela fazia todas as manhãs antes de ir para a faculdade. Eu continuava procurando o que comer no andar debaixo. Abri a geladeira e fiquei parada olhando para ela por uns três minutos. Em silêncio, eu planejava o café da manhã, mas um estridente barulho me atrapalhou.

- Que susto... – Eu suspirei, fechando a geladeira. Eu tinha certeza que era o Mark. Andei lentamente até a porta e a destranquei antes de abri-la.
- Oi! Eu estou procurando uma médica. Tem alguma pra me indicar? – ! Era o !
- ! – Eu quase gritei, enquanto pulava nos braços dele. Ele me abraçou no ar, tirando meus pés do chão.
- Espera! – me colocou no chão. – Me deixa olhar pra você! – Ele me olhou com um sorriso de orelha a orelha. Havia um boné em sua cabeça, que tinha sua aba virada para trás. Ele vestia uma bermuda e uma regata vermelha.
- Oh, meu Deus! Você está lindo! – Eu segurei o rosto dele, olhando-o de mais perto.
- E você está mais magra. – riu, olhando para o meu corpo.
- Sabe como é, né? Vida de estudante que mora sozinha. – Eu fiz careta e ele riu ainda mais. – Entra! – Eu abri espaço para que ele entrasse. Ele tinha uma mochila nas mãos. – Você não ia chegar só a tarde? – Eu perguntei ao fechar a porta.
- Surpresa! – ergueu os ombros.
- Você e as suas surpresas. – Eu neguei com a cabeça, me aproximando dele novamente. – Eu não acredito que você está aqui. – Eu o abracei de novo. – Vou te abraçar pra sempre pra matar a saudade. – Eu disse, rindo.
- E então? Você está bem? – terminou o abraço para olhar em meu rosto. Ele parecia um pouco preocupado.
- Eu estou ótima! – Eu dei o meu melhor sorriso. Eu tinha que ser convincente. – E como você está? – Eu quis tirar o foco de mim.
- Eu estou ótimo também. – abriu os braços. Ele foi menos convincente que eu.
- Legal. – Eu afirmei, sem querer me aprofundar no assunto, pois se eu o fizesse, teria que falar sobre os meus problemas também. – E então? Você não quer colocar as suas coisas lá em cima? – Eu apontei pra mochila dele.
- Eu quero. – voltou a levantar a sua mochila do chão.
- Sobe lá e escolhe um dos quartos. – Eu apontei em direção a escada.
- Eu já volto. – andou em direção a escada e começou a subi-la.

Meg já havia desligado o chuveiro e só depois que enxugou o seu corpo que percebeu que havia esquecido de pegar a sua roupa. A culpa é toda do sono. Ela teria que ir até o quarto para buscar a sua roupa. Manteve o coque no cabelo e enrolou a toalha em torno de seu corpo. Não tinha nada demais, já que só estávamos eu e ela na casa. Pelo menos era o que ela achava. Meg abriu a porta e ao pisar do lado de fora do banheiro, alguém impediu a sua passagem.

- Ei! – Meg resmungou, irritada. Havia levado um enorme susto. Pela primeira vez olhou para o novo rosto em sua frente. E que rosto bonito, né? A expressão dela até mudou.
- Quem é você? – a olhou dos pés a cabeça. Ele nem sequer foi sutil.
- Olha só! – Meg ergueu as mãos. – Leva o que você quiser. Tem um celular ali no quarto e você pode levá-lo se quiser, mas não me machuca. – Ela estava agindo como refém.
- O que? – arqueou a sobrancelha. – Eu não sou um ladrão! – Ele riu da cara de Meg. A expressão no rosto dela novamente mudou.
- Eu deveria saber. – Meg riu, sem jeito. – Você é muito bonito pra ser um ladrão. – Ela tentou consertar.
- E você está com muita pouca roupa para ser uma refém. – sorriu para a garota em sua frente.
- Que bom que você notou. – Meg ergueu os ombros, mordendo o lábio inferior. Não consigo acreditar que a Meg está sem graça.
- Quem é você? – perguntou novamente com um sorriso bobo no rosto, enquanto negava com a cabeça.
- Meg. – Meg estendeu uma das mãos. – Pode me chamar de Meg. – Ela completou.
- Oi Meg. – O sorriso de aumentou e ele estendeu a mão e apertou a dela. – O meu nome é . – Ele completou.
- ? – Meg se esforçou para lembrar. O nome não era estranho. – Amigo da . – Ela deduziu.
- Sim. – afirmou com a cabeça. – Ela falou sobre mim? – Ele questionou.
- Não tanto quanto deveria. – Meg sorriu, nervosa. tinha que assumir, Meg tinha atitude.
- E você deve ser a amiga da faculdade que ela me falou algumas vezes. – ficou até sem jeito com toda a atitude de Meg, mas ele gostou.
- É, sou eu mesma. Os meus pais foram viajar e vim passar o final de semana aqui. – Meg explicou.
- Então acho que nós ainda vamos nos ver algumas vezes. Também vou ficar aqui durante o final de semana. – tentou esconder a empolgação.
- Legal, então nós nos falamos daqui a pouco, quando eu estiver mais... vestida. – Meg mordeu o lábio inferior, fazendo sorrir.
- Vejo você depois, Meg. – deu alguns passos para continuar o seu caminho até um dos quartos. Meg estremeceu só ao ouvi-lo dizer o seu nome mais uma vez.

Meg observou se afastar e entrar em um quarto. Só depois de alguns segundos ela se deu conta de que estava parada no meio do corredor, olhando para a porta que ele havia entrado. Apressou-se para ir para o meu quarto, onde estavam as suas roupas. Meg me ouviu dizer que meu amigo viria, mas não deu muita atenção. Ela não imaginava que fosse tão atraente. também não imaginava encontrar uma garota tão bonita e tão... seminua. A primeira impressão é a que fica, certo?

- Acho que assustei sua amiga. – disse, depois que voltou a me encontrar no primeiro andar.
- A Meg? – Eu segurei a risada. Até havia me esquecido dela.
- Ela é... – sorriu, procurando a palavra certa.
- Louca? É, eu sei. – Eu afirmei, rindo.
- Não... – negou. – Eu até que não achei ela tão louca assim. – Ele ergueu os ombros. Eu olhei pra ele, surpresa. Tudo bem se o não achasse ela louca. Ele também é meio doido. Mas o ? Sério?
- Então ta. – Eu ri, demonstrando o quanto estava surpresa com aquilo.
- Tem alguma coisa queimando? – Meg disse, descendo as escadas. Ele havia sentido cheiro de queimado.
- Oh, droga! – Eu sai correndo em direção a cozinha. Eu me distraí com a conversa com o e esqueci da torrada!
- Pelo jeito, ela ainda não se dá bem com a cozinha. – observou Meg descer as escadas.
- Não chegou nem perto. – Meg fez careta, fazendo rir. – Eu vou ajudá-la. – Ela apontou em direção a cozinha.
- Droga! – Eu disse, tirando as torradas de dentro da torradeira com um certo cuidado.
- Ei! – Meg aproximou-se rapidamente. – Você não me disse que tinha um amigo bonito e gostoso a caminho da sua casa. – Ela sussurrou.
- Eu tenho? – Eu disse, assoprando as pontas dos meus dedos que haviam sido queimadas pelas torradas. – Oh, o . – Eu me dei conta.
- É, o . – Meg revirou os olhos.
- Eu não estou entendendo. Qual o problema? – Eu abri os braços.
- Vocês estão precisando de ajuda? – gritou da sala. Estávamos demorando muito.
- Você... – A minha ficha finalmente caiu. Olhei para ver se não estava por perto. – Você gostou dele! – Eu sorri, empolgada.
- Eu? – Meg apontou pra si mesma. – Gostar dele? – Ela apontou em direção a sala. – Até parece. – Ela rolou os olhos.
- Você está sem graça? – Eu a olhei, surpresa.
- Não começa, ! – Meg arqueou a sobrancelha.
- Oh, você gostou dele! – Eu demonstrei o quanto havia achado aquilo fofo.
- Fica quieta! – Meg segurou o riso e virou-se de costas, saindo da cozinha.

Meg voltou para a sala, enquanto eu continuei na cozinha. Desisti das torradas e optei por algo mais... pronto. Separei algumas bolachas, um pacote de pão de forma, alguns recheios como presunto e manteiga e fiz um café, porque era a única coisa que eu sabia fazer realmente. Coloquei tudo na mesa de jantar e nós tomamos o café da manhã juntos.

- E então? Estão todos bem lá? – Eu perguntei ainda durante o café.
- Sim, tudo normal. – não se lembrou de nada que eu já não soubesse. – E aqui? – Ele perguntou.
- Tudo certo. – Eu não dei detalhes, mas eu sabia que em alguma hora ele perguntaria sobre o meu suposto novo namorado.
- Eu achei que encontraria mais alguém aqui. – finalmente tocou no assunto. Meg e eu trocamos olhares rapidamente. Eu sabia!
- É, eu esperava que você fosse tocar nesse assunto. – Eu disse, apenas para ter mais tempo para arrumar uma boa explicação.
- E quando eu vou conhecê-lo? – sorriu, estranhando o meu comportamento.
- Você não vai. – Eu olhei pra ele e forcei um sorriso.
- Não? – arqueou uma das sobrancelhas, mesmo com um fraco sorriso no rosto. – Porque não? – Ele estranhou ainda mais.
- Por que... ele já é passado. Acabou. – Eu finalmente arrumei uma boa explicação e gostei dela.
- Como assim? Já? – franziu sua testa.
- Você sabe, ele não era quem eu pensava que fosse. Era um idiota. – Eu ergui os ombros, demonstrando indiferença. Eu deveria parecer mais triste?
- O que? – não achou que aquilo fizesse algum sentido. – Está me dizendo que terminou com o por causa de um idiota? – Ele disse no impulso. Quando ele viu a minha reação a sua frase, ele se deu conta. – Desculpa. – negou com uma das mãos. – Eu não devia ter... – Ele suspirou, se achando o maior idiota de todos.
- Não, tudo bem. – Eu sorri fraco. Não é que eu tivesse ficado chateada, mas aquele assunto era um pouco mais delicado do que eu gostaria. – Você tem estado com o todos esses dias. Eu imagino as coisas que ele tenha dito e... – Eu suspirei, indiferente.
- Não, não. Ele não disse nada e mesmo se tivesse dito, não me influenciaria em nada. – ergueu os ombros.
- Como assim ele não disse? – Eu fiquei curiosa. – Ele não me xingou? Ele não gritou pro mundo que me odeia? – Foi como procurar uma luz no fim do túnel.
- Ele pode até odiar, mas ele não tentou deixar todo mundo contra você. Ele não veio falar mal de você pra mim, pro ou pra qualquer outra pessoa. – explicou o que estava querendo dizer.
- Então ele está bem? – Eu perguntei no impulso. – Quer dizer, ele não está sofrendo pelos cantos ou... triste. – Eu tentei arrumar, mas ele e Meg sabiam o que eu estava querendo saber.
- Ele... – sabia que deveria ser honesto, mas também se lembrou da promessa que havia feito ao . Lembrou-se de ter pedido para ninguém dizer nada sobre ele pra mim. – Ele está bem. – Ele fez o que seu melhor amigo pediu. Meg rolou os olhos, pois sabia que não era a resposta que eu esperava ouvir.
- Ótimo. – Eu forcei um sorriso apenas para fingir que estava feliz por ele. – É melhor mesmo. Ele tem que seguir com a vida dele e eu com a minha. – Eu deixei de olhar pro para que ele não visse a verdade nos meus olhos.

Meg ficou em silêncio por um bom tempo. Ela sabia que eu e não nos víamos há algum tempo e tínhamos muitas coisas para conversar. Meg aproveitou para observar e saber um pouco mais sobre . Ela entendeu que tratava-se de uma ex dele quando falamos dela. Meg também percebeu que o término havia sido conturbado, mas que não estava sofrendo tanto. Depois de pedirmos o almoço em um lugar próximo a minha casa, continuamos colocando os assuntos em dia. Falamos sobre tudo, menos do .

- Chegou quem estava faltando. – Meg fez careta ao abrir a porta e ver o seu melhor amigo, Mark.
- Desculpa a demora. Eu estava lendo um livro e... – Mark disse, entrando na minha casa.
- Fazendo coisas de nerd. Já sei! – Meg sorriu, fechando a porta. Mark riu, rolando os olhos.
- Cadê a ? – Mark viu que eu não estava na sala.
- Ela está no quintal conversando com o amigo super gato dela. – Meg passou por Mark e o puxou em direção ao quintal. – Aqui. – Ela disse, quando eles chegaram no quintal. Eu e , que estávamos sentados no gramado, olhamos para os dois.
- Demorou, Mark. – Eu sorri, quando vi Mark se aproximar.
- Foi mal. – Mark me olhou e forçou um sorriso engraçado. – Fala, . – Mark sorriu ao olhar para o meu amigo.
- Como você está, cara? – se levantou para cumprimentar Mark. Eles apertaram a mão um do outro.
- Estou bem e você? – Mark respondeu, educado.
- Ótimo! – afirmou. – Quanto tempo! – Ele puxou assunto.
- O que? Você também já conhecia ele? – Meg olhou pro Mark, apontando pro .
- Conhecia. – Mark respondeu sem entender o porquê da pergunta.
- Nos conhecemos quando eu vim aqui da última vez. – sorriu pra Meg, que devolveu o sorriso.
- Pelo menos você teve a sorte de conhecê-lo agora. – Eu dei a indireta, que Meg entendeu imediatamente. – Aliás, foi até melhor, porque dá ultima vez ele estava comprometido. – Eu fui além e até me olhou, surpreso. Sou bem inconveniente quando eu quero.
- Não faço ideia do porque de você estar me dizendo isso. – Meg fingiu-se de boba.
- Estou perdendo alguma coisa? – Mark sorriu, pois estava começando a entender o que estava acontecendo ali.
- Parece que eu também estou perdendo alguma coisa. – sorriu pro Mark, fingindo que não havia entendido as minhas indiretas, que passaram a ser diretas. Ele não queria deixar Meg mais constrangida.
- Eu não sei de nada! – Meg ergueu as mãos. – A que é paranoica. – Ela suspirou, sem jeito. Ela não costumava ficar daquele jeito, muito menos por causa de um garoto. – Eu vou ao banheiro. Eu já volto. – Meg levantou-se da cadeira e ao sair fez uma cara feia pra mim.

Ai está! Uma coisa que eu nunca imaginei! Meg estava afim do que ela gosta de chamar ‘idiota de Atlantic City’. Ela sempre disse que pelo fato de ser um idiota, os amigos dele com certeza seriam tão idiotas e estúpidos quanto ele. veio para mostrar o contrário. Eu só não sabia se tinha tido a mesma impressão de Meg. Ele era reservado demais e muito diferente dos outros caras. Não dava pra tirar conclusões através de suas atitudes, porque simplesmente não tinha atitudes.

- Ei! – Eu chamei a atenção de , quando percebi os olhos dele acompanharem o quadril de Meg, enquanto ela se afastava. Como assim? Uma atitude! – Você está olhando pra bunda dela? – Eu cerrei os olhos e mantive a boca entreaberta.
- O que? – voltou a me olhar, meio perdido.
- O que aconteceu com você? – Eu ataquei uma almofada na direção dele e Mark achou graça. – Eu sabia que você estudar na mesma faculdade que o meu irmão não seria uma boa coisa. – Eu neguei com a cabeça.
- Deixe ele em paz, . – Mark continuou rindo.
- Eu só estou... surpresa. – Eu quase ri. – nunca foi esse tipo de cara. – Eu expliquei.
- Esse tipo de cara? Todos os caras são assim. – se justificou, achando graça de tudo.
- É verdade. – Mark concordou.
- Vocês dois... – Eu neguei com a cabeça. – Se fazendo de bonzinhos e tímidos. São dois safados. – Eu continuei a brincar com eles.
- São desses que vocês mais gostam, não é? – sorriu, malandro.
- Eu não posso responder por mim, mas acho que pela Meg eu posso. – Eu afirmei e riu.
- Não exagera. – desconversou.
- Achei que fosse só eu que tinha percebido. – Mark sorriu pra mim.
- O que? – olhou pro Mark, desacreditando.
- Para de se fazer de bobo, . – Eu me levantei e sentei ao lado dele. – Você já... analisou o conteúdo e conversou horas com ela. O que achou? – Eu perguntei, já querendo dar uma de cupido.
- Analisei o produto? – fez careta.
- Ela não entende nada. – Mark rolou os olhos.
- Vocês entenderam! – Eu me expliquei. – Gostou dela ou não? – Eu perguntei, olhando para trás para ver se Meg não estava vindo.
- Ela é bonita. Quer dizer, muito bonita mesmo e... – procurou as palavras.
- Se você disser gostosa, eu juro que nunca vou superar. – Eu o interrompi.
- Interessante. – sorriu ao dizer o adjetivo. – Eu gosto do jeito em que ela parece ser toda louca e descolada, mas quando você conversa com ela, você descobre que ela é engraçada e bem inteligente. – Ele explicou.
- Foi exatamente isso que eu achei dela quando eu a conheci. – Mark sorriu, feliz por ter visto realmente quem Meg era.
- E vocês... – hesitou perguntar. – Nunca tiveram nada? – Ele ficou com medo de estar sendo inconveniente com Mark.
- Eu e a Meg? – Mark apontou pra si mesmo. – Não! Ela, na verdade, é a minha melhor amiga. Ela nunca foi o meu tipo, sabe? – Ele sorriu. Dizer que Meg não era seu tipo sempre era a melhor explicação para tê-la como sua melhor amiga.
- É... – ergueu ambas a sobrancelhas. – Eu sei bem qual é o seu tipo. – Ele sorriu de lado. É claro que ele estava falando sobre mim.
- E então? O que vamos fazer hoje a noite? – Meg gritou, aparecendo na porta. Eu e Mark trocamos olhares. O comentário de foi mesmo desnecessário.
- O que você tem em mente? – Eu perguntei, deixando de olhar pro Mark. Meg se sentou ao meu lado.
- Eu acho que seria legal alugar alguns filmes e ficar por aqui mesmo. – Meg disse como quem não quisesse nada.
- Ficar aqui? – Eu não esperava que logo ela fosse dar uma ideia daquelas.
- O nunca vem pra cá. Nós podíamos levar ele pra conhecer algum lugar. – Mark também estranhou o comportamento de Meg.
- Eu sei, mas é que lá fora tem muita... gente. Não dá nem pra conversar direito.. – Meg explicou de um jeito todo enrolado. Isso deveria fazer sentido?
- Eu acho que ela está certa. – finalmente se posicionou. Eu e Mark olhamos pra ele. – Eu quase nunca vejo vocês e provavelmente vai demorar para eu ver de novo. Nós devíamos ficar aqui e fazer uma coisa mais... íntima. – sempre teve bons argumentos pra qualquer coisa.
- Sério? – Eu ainda estava achando estranho. Desde quando a Meg recusa uma festa? Desde quando não demonstra vontade de conhecer Nova York?
- Uma coisa mais íntima? - Mark olhou pra mim, segurando o riso. – Entendi. – Ele parecia tentar me dizer alguma coisa com o olhar e acredite, eu entendi.
- Oh, claro. – Eu sorri pra ele, afirmando com a cabeça. – Vocês têm razão. Nós deveríamos ficar aqui. Pode ser divertido. – Eu havia entendido tudo.

É oficial! e Meg estão loucos pra se pegarem. Sim, a louca da Meg e o centrado . Como isso pode dar certo? Os opostos se atraem? Talvez. Enrolamos mais um pouco e só paramos de conversar quando Mark disse que ia até a sua casa tomar banho e se trocar. Aproveitamos para nos arrumar para a noite de diversão. Mark voltaria dali alguns minutos.

- Você acha que esse shorts está bom? – Meg perguntou, olhando-se no espelho. Eu já tinha tomado banho e me arrumado e ela ainda estava escolhendo a roupa que usaria.
- Bom pra mim ou bom pro ? – Eu deixei de olhar no espelho para olhá-la.
- Vai começar a palhaçada. – Meg se aproximou da porta que estava encostada e a fechou de vez.
- Qual o problema em me contar que você está afim de um dos meus melhores amigos? – Eu abri os braços. Pra que tanto segredo?
- Afim? – Meg fez careta. – Já olhou pra ele? Ele é nerd, educado e civilizado. Quando foi que eu fui afim de um cara desse? – Ela se justificou.
- Sempre tem a primeira vez. – Eu insisti. – E ele é lindo, se é que você não notou. – Eu disse apenas para ver a reação dela. Meg ficou quieta e a sua expressão entregou tudo. – Viu? Você achou ele lindo. – Eu gargalhei.
- Ele é lindo, ok? Lindo e gostoso pra caramba! Se eu estivesse em uma balada, eu o agarraria e o levaria pro canto mais escuro que você com certeza nunca teve o prazer de ir antes. – Meg estava odiando ter que assumir tudo aquilo. – Oh, mas tem um problema! Ele não é um desses caras que eu encontro em balada. – Ela ironizou. – Qual é! É mais fácil eu encontrar ele na biblioteca municipal do que em uma balada! – Meg fez careta.
- É disso que você quer se convencer? – Eu arquei uma das sobrancelhas. – Pelo que eu vi hoje, você não é tão baladeira quanto acha que é. Aliás, ótimo truque! Ficar em casa, mantê-lo longe das garotas e ter toda a atenção dele pra você? Brilhante! Eu nunca pensaria nisso. – Eu a provoquei ainda mais.
- O que? – Meg abriu os braços. Eu apenas olhei pra ela, sem dizer nada. – Deu tão na cara sim? – Ela suspirou.
- Deu, mas a boa notícia é que ele também pareceu interessado em manter as coisas mais íntimas. – Eu a tranquilizei.
- Ou ele só aceitou porque ele é educado demais pra me rejeitar. – Meg rolou os olhos.
- Meg, eu peguei ele olhando pra sua bunda hoje! – Eu achei que se contasse isso faria ela parar de se sentir idiota.
- Ele o que? – Meg esbugalhou os olhos e abriu a boca. – Ele olhou pra minha bunda? – Ela veio até mim. – Não brinca! Será que ele é um daqueles quietinhos safados?- Meg estava rindo agora.
- Não foi você que me disse sobre a fama deles? – Eu ergui os ombros.
- Agora sim nós temos um futuro juntos! – O sorriso de Meg aumentou.
- Eu já disse que você não presta? – Eu neguei com a cabeça, enquanto ria.
- Já, mas eu não me canso de ouvir. – Meg brincou.
- Só não o machuque, ok? – Eu pedi, depois de consultar o espelho mais uma vez. Eu nem tinha me arrumado direito. Só tinha tomado um banho. Eu estava vestindo um shorts e uma camiseta listrada com as cores preto e branco de manga cumprida. Coloquei uma bota simples, que nem sequer tinha salto. Eu ia ficar em casa, não tinha porque me arrumar tanto. Eu nem pretendia passar maquiagem, mas Meg estava se arrumando tanto, que achei que deveria pelo menos passar um gloss ou quem sabe um blush. O meu cabelo estava meio molhado, eu tinha começado a secar ele com o secador, mas não deu tempo de terminar, pois a campainha tocou. Mark chegou.
- É o Mark. – Meg me disse o óbvio.
- Eu desço pra abrir. Termina de se arrumar. – Eu disse, indo em direção a porta. Desci as escadas rapidamente e abri a porta de entrada.
- Eu, de novo! – Mark fez careta ao me ver.
- Entra. – Eu dei passagem pra ele entrar e em seguida eu fechei a porta.
- Eles não estão prontos ainda? – Mark perguntou, vendo que a sala estava vazia.
- Por algum motivo, eles estão se arrumando como se estivessem indo pro Grammy. – Eu disse, rolando os olhos.
- Olhe pra mim! Acha que dá pra ir pro ‘Tapete Vermelho’ desse jeito? – Mark abriu os braços, olhando para a sua roupa.
- E eu? Estou parecendo a Beyoncé pra você? – Eu sorri, abrindo os meus braços.
- Eu não sei. Vira um pouco. – Mark segurou os meus braços e me virou de costas. Ele olhou rapidamente para o meu quadril e voltou a me virar de frente pra ele. – Com certeza não. – Mark negou com a cabeça.
- Ei! – Eu gargalhei, empurrando-o pra trás.
- O que? Apenas sendo sincero! – Mark riu, erguendo os ombros.
- Você está sincero demais hoje. – Eu fiz careta e ele sorriu.
- É brincadeira! – Mark tocou o meu queixo e o balançou como ele costumava fazer. – Você está bonita, mesmo não está parecendo a Beyoncé. – Ele sorriu de um jeito doce. Era uma outra coisa que ele costumava a fazer.
- Obrigada. – Eu agradeci, depois de olhá-lo por um tempo com um sorriso fraco no rosto.
- E então? Os dois vão ficar juntos ou não? – Mark mudou o assunto. O clima já estava ficando estranho.
- Você não faz ideia do quanto a Meg está afim dele. – Eu disse um pouco mais baixo. ou Meg poderiam descer a qualquer momento.
- Acha que ele dá conta? – Mark perguntou. Meg era um pouco louca demais.
- Bem, eu não sei. A Meg realmente não tem nada a ver com a última namorada dele. – Eu tentei compará-la com , mas foi uma comparação estúpida.
- É, eu me lembro dela. – Mark concordou.
- O mudou muito nos últimos meses. Pode ser que a Meg seja mais uma dessas mudanças. – Eu ergui os ombros. Meg era uma boa garota.
- Vai ser bom pra Meg ter alguém que controle toda aquela loucura. – Mark sorriu. Ele achou que poderia fazer bem pra Meg.
- E vai ser bom o ter alguém que o desafie um pouco e o faça curtir um pouco mais a vida. – Eu concordei com o Mark. Meg também poderia fazer bem a .
- Por um segundo achei que tivesse me perdido. – desceu as escadas, rindo. Eu e Mark nos afastamos e disfarçamos.
- Eu já me acostumei. – Eu ri sem emitir som.
- E então? Podemos começar a noite? – perguntou, olhando pra mim e depois pro Mark. Eu o olhei e ele estava muito bonito e cheiroso.
- Falta a... – Mark ia dizendo, quando Meg começou a descer as escadas. Ela vestia um desses macaquinhos jeans e por baixo ela vestiu uma blusa branca, que deixava uma parte de sua cintura de fora. Os fios de cabelo de cor vinho caiam em seus ombros e os olhos claros estavam mais do que destacados.
- Meg.. – Eu completei a frase e olhei para , que a observava descer as escadas.
- Desculpa a demora. – Meg sorriu.
- Agora sim nós podemos começar a noite. – Mark disse em meio a risos. não tirava os olhos de Meg.
- Vamos começar com a comida. O que vocês querem comer? – Eu perguntei, mesmo já sabendo qual seria a resposta.


Era noite de sábado e é claro que o mais novo solteirão e pegador de Atlantic City não ficaria em casa. havia combinado com os amigos em ir a uma festa, que aconteceria ali na frente de seu prédio. O nome da festa era ‘Apenas solteiros’. O que esperar de uma festa assim? Isso mesmo! Merda! Já passava das 21hrs e já estava pronto. Regata preta, jeans escuro e tênis. O gel no cabelo não podia faltar e muito menos o perfume. havia deixado a barba rala, porque ele sabia que ele ficava mil vezes mais irresistível daquele jeito.

- , eu já estou aqui embaixo. – havia ligado para avisar que já tinha chegado.
- Beleza, eu estou descendo. – desligou o celular e pegou sua carteira. Deu uma última olhada no Buddy, que dormia tranquilamente em sua casinha. Trancou a casa e desceu pelo elevador.
- E ae, cara? – sorriu ao ver o amigo. Eles fizeram o seu tradicional toque de mãos.
- Pronto? – sorriu, apontando com a cabeça em direção ao local da festa.
- Muito! – Os olhos de até brilharam.
- Veio só você? – perguntou, enquanto eles andavam em direção a festa. – Onde estão o e o ? – Ele estranhou.
- A não deixou o vir. – rolou os olhos.
- Não me diga. – riu. Já não era mais novidade o fato de ser pau mandado.
- E o foi pra Nova York. – não quis dar detalhes.
- Bem... – Nem precisou dos detalhes. já entendeu que tinha ido me visitar. – Então somos só nós. – Ele fingiu que não se importou.


A noite também estava só começando em Nova York. Decidimos pedir uma pizza, já que ninguém ali tinha o dom de cozinhar. Conversamos até a pizza chegar. Deu pra perceber que e Meg estavam travados. Ninguém tomava a iniciativa de nada. As vezes um puxava assunto, mas logo depois eles voltavam a ficar em silêncio. Sentamos na mesa para jantar e eles sentaram de frente um pro outro, assim como eu e o Mark. Eu e Mark tentávamos ajudar e puxávamos alguns assuntos, mas eles sempre voltavam a ficar calados. Mark olhava pra mim e fazia careta, enquanto eu rolava os olhos.

- A pizza daqui é muito boa. – comentou, quando acabou de comer.
- Foi a primeira coisa que eu notei quando cheguei aqui. É muito melhor que a de Atlantic City. – Eu concordei.
- Nem se compara. – negou com a cabeça. – Tudo aqui é melhor. – Ele sorriu, malandro. Finalmente! Meg sorriu instantaneamente e olhou de canto pro .
- Certo. E agora? Vamos ver o filme? – Mark queria agilizar logo as coisas para ajudá-los.
- Já? – Meg fez careta.
- O que vamos fazer então? – perguntou, sem pensar em mais nada.
- E se... – Eu tinha acabado de ter uma ideia. – Jogássemos alguma coisa? – Eu sorri.
- Alguma coisa tipo... – estava aberto a sugestões.
- ‘Revele ou beba’. – Meg antecipou-se.
- ‘Revele ou beba’? Essa eu não conheço. – Eu fiquei curiosa.
- Eu conheço. É comum aqui em Nova York. – Mark riu, rolando os olhos.
- Como é? – também se interessou.
- Você revela um segredo seu que ninguém mais saiba e se você conseguir nos surpreender, nós temos que virar um copo de vodka. – Meg estava empolgada.
- E se não surpreender, quem toma sou eu, certo? – deduziu.
- Exatamente. – Meg concordou.
- Eu não tenho vodka. – Eu fui logo pro problema.
- É claro que você não tem. – ironizou.
- Você não tem nada alcoólico aqui? Qual é, você já tem 19 anos. – Meg me olhou.
- Eu devo ter uma garrafa de Smirnoff Ice. – Eu me levantei da mesa e fui até a geladeira. Estava lá! – Está aqui. – Eu voltei para a sala de jantar e mostrei a garrafa.
- Vai servir. – Meg se levantou e levou com ela a garrafa de refrigerante que estávamos tomando. – Venham. – Ela sentou-se no tapete da sala.
- Vamos fazer isso. – Eu me levantei e fui até a Meg. Mark e me acompanharam e sentaram-se.
- Tem que girar a garrafa. Pra quem a garrafa apontar, começa. – Mark explicou.
- Vou virar. – Meg parecia mesmo empolgada com aquilo. Ela girou a garrafa, que acabou apontando pra ela mesma. – Então eu começo. – Ela fez careta.
- Me surpreenda, querida. – Eu a desafiei, olhando pra ela.
- Impossível. – Mark riu. Era a sua melhor amiga! Ele provavelmente sabia de tudo.
- Hm... – Meg pensou por algum tempo. – Ok, lá vai! Eu... – Ela rolou os olhos. – Faz 6 meses que eu terminei um relacionamento de 5 anos. – Meg disse de uma só vez.
- Ela disse 5 anos? – Eu olhei pro Mark.
- Você disse 5 anos? – Mark olhou pra Meg.
- Vocês parecem surpresos. – Meg riu, balançando a garrafa de Ice.
- 5 anos é muita coisa. – negou com a cabeça, surpreso.
- Me passem o copo! – Meg pegou os copos pequenos e os encheu de Ice.
- Que droga. Eu não esperava por isso. – Eu ri, encarando o copo de bebida.
- Vira logo! – Meg nos apressou. Mark foi o primeiro a virar, foi o segundo e eu fui a última. – Isso. – Ela riu.
- Vou girar a garrafa de novo porque ela apontou pra mim. – Meg explicou e girou a garrafa mais uma vez.
- Você, ! – Eu anunciei.
- Surpreender a Meg e o Mark é fácil, mas você? – cerrou os olhos em minha direção.
- Não vai rolar. – Eu neguei com a cabeça.
- Deixa eu ver. – disse, pensativo. – O meu primeiro beijo foi com 6 anos. – Ele disse, rindo.
- Como assim? – Eu estava mesmo surpresa.
- Quem diria... – Meg gargalhou.
- Pode encher meu copo. – Mark estendeu seu copo.
- É pra já! – pegou nossos copos e os encheu. Nós três viramos na mesma hora.
- Gira a garrafa, . – Meg lembrou do que ele tinha que fazer.
- Vamos ver... – disse, enquanto esperava a garrafa virar. – ! – A garrafa apontou pra mim.
- Droga. – Eu suspirei.
- Essa vai ser difícil! Todos aqui te conhecem bem. – Meg gargalhou. Ela me desafiou. Eu pensei por um tempo e decidi o que contaria.
- Eu...sou virgem. – Eu disse e todos ficaram em silêncio.
- Espera... – Meg me observou por um tempo. – Quando você diz ‘virgem’, você quer dizer.. virgem mesmo ou... – Ela perguntou, perplexa.
- Virgem, Meg. – Eu ri do quão chocada ela estava.
- Você pode repetir? – pegou o seu celular e apontou pra mim. – Eu vou gravar e mandar pro seu irmão. – Ele riu e eu mostrei a língua.
- Depois dessa, enche o meu copo duas vezes! – Mark sorriu.
- Sério? – Eu olhei pro Mark, rindo.
- Eu tinha as minhas dúvidas. – estendeu o copo.
- Podem ir bebendo! – Eu fui enchendo um copo de cada vez.
- Não precisa nem girar a garrafa agora. O Mark foi o único que ainda não foi. – Meg se antecipou.
- Não! Não é justo! – Mark riu, fazendo careta pra Meg.
- Vai, Mark. – Eu peguei a garrafa e a segurei.
- Ok... – Mark suspirou. – Bem... – Ele pensou por um tempo. – Eu sou adotado. – Mark sorriu fraco.
- Wow! – Foi a única coisa que Meg conseguiu dizer.
- Eu estou surpresa mesmo. – Eu olhei pra ele e logo percebi que não era uma lembrança feliz.
- Pode encher. – esticou o copo e depois de Mark encher todos eles, nós viramos de uma só vez.
- Começa de novo. Vamos pela mesma ordem de antes. – Eu apontei pra Meg. Ela era a primeira.
- Ok. Espera um pouco. – Meg suspirou, pensativa. – Há quase 1 ano atrás, eu sofri um acidente de carro com o meu ex-namorado. Eu fiquei 3 meses em coma. Então, quando eu acordei do coma eu fiquei sabendo que ele não tinha ido me visitar nem um dia sequer. A primeira coisa que eu fiz quando sai do hospital foi... terminar com ele. Depois do término, eu prometi pra mim mesma que aproveitaria mais a minha vida e viveria sem limites. Foi dai que veio os meus piercings, tatuagens e também é por isso que vocês me acham meio louca as vezes. – Meg riu para não fazer mais drama com o seu segredo.
- Meg, como eu nunca soube disso? – Eu abri a boca, chocada.
- Eu sabia que tinha algo por trás de toda essa sua... loucura. – sorriu pra Meg.
- Sabia nada! – Meg desconversou.
- Acabei de descobrir que sou o pior melhor amigo do mundo. – Mark fez careta.
- Para, Mark! Eu nunca contei isso pra ninguém! – Meg riu. – Chega de ter dó de mim. Bebam logo! – Meg encheu os copos e nós tomamos.
- Vai lá, . – Mark incentivou o meu amigo.
- Já sei o que vou contar. – sorriu. – Eu terminei com a minha namorada há alguns meses atrás. Eu me senti um merda na época, porque eu me dei conta de que nunca a amei. – foi sincero e surpreendente.
- Nunca? – Eu repeti. – Ok! Nada mais me surpreende. – Eu estendi o meu copo.
- Azar o dela, né? – Meg fez cara de lamentação e estendeu o seu copo.
- Pode colocar. – Mark foi o último ao estender o seu copo. encheu nossos copos e nós três viramos.
- Sua vez, . – me olhou, depois que eu acabei de engolir a Ice.
- Hm, espera. – Eu pensei por alguns segundos. – Eu... – Eu neguei com a cabeça antes de continuar. – Eu terminei com o há algumas semanas. Eu me esforço para ficar bem e superar tudo de uma vez, mas saber que ele está com a Amber agora me tira o sono. Acho que está sendo a pior parte pra mim. Eu não estou tão bem quanto aparento. – Eu sorri sem mostrar os dentes.
- Você sabe? – ficou surpreso.
- Preferia não saber. – Eu ergui os ombros.
- Você é mesmo amigo desse idiota do ? – Meg olhou pro , indignada.
- Sou! – também ergueu os ombros.
- Pode encher o meu copo. Eu realmente achava que você estava superando. – Meg disse.
- O meu também! Eu já não sei tanto sobre os seus sentimentos agora que eu estou longe. – demonstrou a sua decepção.
- Apesar de eu saber e de nada disso me surpreender, pode encher. Não vou colaborar com a sua ressaca de amanhã. – Mark sorriu pra mim. Novamente ele tentava me dizer algo com o olhar.
- Super justo. – Eu sorri fraco, enquanto olhava pra ele. Mark sabe mais sobre mim do que aparenta.
- Você é o ultimo, Mark. – Meg disse, depois deles beberem de seus copos.
- Fácil! – Mark parecia ter o discurso pronto. – Eu namorei uma vez. 1 ano depois eu descobri que ela estava dormindo com o meu melhor amigo. – Mark sorriu. Não parecia tão abalado com o assunto.
- Vadia! – Meg negou com a cabeça, indignada.
- Melhor amigo, né? Sei. – rolou os olhos.
- Você não perdeu nada! Acredite. – Eu afirmei, esperando ele colocar a bebida no meu copo.
- O último copo. – Mark riu, enchendo nossos copos.
- Eu bebia mais umas 10 dessa. – Meg gargalhou.
- Até parece! Já está toda alegrinha. – Eu ri, depois de beber o meu último copo.
- Ficar bêbada antes da é foda! – gargalhou.
- Eu não estou bêbada! – Meg também riu. – Eu sou louca mesmo, lembra? – Ela afirmou.
- Não achei graça.- Eu olhei pro e Mark riu da minha cara.
- Foi engraçado sim. – Mark continuou rindo.
- Nós vamos ver o filme agora? – perguntou, interrompendo as minhas brincadeiras com o Mark.
- Vamos! – Meg concordou rapidamente.
- Então eu vou fazer pipoca. – Eu apontei em direção a cozinha. – Enquanto isso vocês decidem se preferem comédia ou terror. – Eu já ia me virar para ir pra cozinha.
- Terror! – e Meg disseram juntos. Eles sorriram sem se olharem. Eu e Mark observamos eles por alguns segundos e rimos sem emitir som.
- Então ta! – Eu ergui os ombros.
- Eu te ajudo com a pipoca. – Mark levantou-se. Não queria ficar de vela.
- Então vamos. – Eu virei de costas e ele me acompanhou. Deixamos e Meg sozinhos na sala.
- Eles nem disfarçam. – Mark gargalhou, quando chegamos na cozinha.
- Terror? A Meg vai fingir que está com medo só pra agarrá-lo. – Eu também achei graça.
- Do filme não passa! – Mark profetizou.


Em Atlantic City, a festa ficava cada vez mais animada. Os donos da festa contrataram o serviço de bebida completo. Eles faziam aqueles drink’s famosos que está em muitos filmes adolescentes. já havia bebido uns 2 copos de ‘Bloody Mary’. também estava bebendo , mas era algo mais fraco. As garotas não se cansavam de olhar para os dois amigos bonitões, que até agora não tinham chegado em ninguém na festa.

- Achou alguém interessante? – perguntou, vendo que não parava de olhar para várias garotas da festa.
- Está brincando, né? – olhou pro , que riu com o sarcasmo do amigo.
- Está vendo aquela morena ali? – apontou discretamente com a cabeça. – Torce pra ela ter uma amiga pra você. – Ele entregou a sua bebida pro e saiu, indo em direção a garota.

observou aproximar-se da morena que trocou olhares com ele desde o inicio da festa. aproximou-se da garota e não chegou a trocar nem meia dúzia de palavras com a mesma. Ele a beijou sem nem ao menos pedir permissão ou saber o seu nome. não estava tão surpreso. fazia isso com frequência durante todo o ensino médio.

- É... – suspirou, bebendo um gole da bebida de . – O velho está de volta. – Ele negou com a cabeça.


A pipoca já tinha acabado e o filme estava passando da metade. e Meg estavam deitados no tapete da sala e assistiam o filme sem nem ao menos trocar olhares. Qual o problema desses dois? Mark e eu estávamos sentados lado a lado no sofá. Olhávamos para o provável casal e não entendíamos o porquê de nada estar acontecendo. Mark olhava pra mim e fazia caretas como se perguntasse ‘O que está dando errado?’. As cenas de terror eram horríveis e eu colocava a almofada no meu rosto de tempos em tempos. As vezes, Mark coloca uma das mãos em meus olhos para não me deixar ver aquelas cenas. Ele ria do meu medo, o que fez nós termos uma rápida guerra de almofada. e Meg continuavam tranquilamente deitados no tapete.

- Qual o problema desses dois? – Eu sussurrei no ouvido do Mark. Ele rolou os olhos e abriu os braços. Depois de algum tempo em silêncio, Mark aproximou-se.
- Eu tenho um plano. – Mark sussurrou em minha orelha.
- Estou dentro! – Eu sorri porque fiquei super empolgada.
- Ok, então fala que você vai fazer mais pipoca, eu vou te ajudar e nós colocamos o plano em prática. – Mark sussurrou novamente. Olhei pra ele, afirmei com a cabeça.
- Alguém quer mais pipoca? – Eu perguntei em tom alto. – Eu vou fazer mais pipoca. – Eu não esperei a resposta de ninguém.
- Quer parar o filme? – virou-se para me olhar.
- Não. Eu não me importo de perder mais um desses assassinatos. – Eu fiz careta e levantei do sofá. riu e voltou a olhar para a TV.
- Eu te ajudo! – Mark seguiu com o plano. – Eu ajudo! – Ele reafirmou, levantando-se do sofá. Fomos rapidamente para a cozinha.
- Ok! Ok! O que nós vamos fazer? – Eu perguntei com um enorme sorriso. Eu amo bancar a cupida!
- Está bem! – Mark riu da minha empolgação. – Eu acho que eles estão meio tímidos porque estamos sempre por perto. Nós temos que deixá-los sozinhos. Eles têm que sentir que não tem ninguém olhando ou forçando alguma coisa. – Ele explicou.
- Eu também pensei nisso. – Eu concordei.
- Então eu pensei que ajudaria se acidentalmente a energia da casa acabasse. – Mark propôs.
- Isso é genial! – Minha primeira reação foi achar graça. – Quer dizer, eles estão próximos. Se a energia acabar, eles vão ter que se ajudar. Eles vão estar no escuro e sozinhos. – Eu concluí.
- Exatamente! – Mark concordou.
- Vamos fazer isso! – Eu concordei. Eu estava empolgada demais para pensar se seria inconveniente ou não.
- Então estamos juntos nessa, parceira? – Mark estendeu a mão.
- Estamos juntos nessa. – Eu apertei a sua mão e nós trocamos risos.
- Certo, então eu vou desligar a energia aqui na caixa de energia. – Mark andou lentamente até a caixa de energia da casa. Ele sabia muito bem como mexer com aquilo. Mexeu em um dos interruptores e a energia da casa imediatamente acabou. – Feito! – Mark riu silenciosamente.
- Mark? – Eu estendi o braço para tentar encontrá-lo.
- Aqui! – Mark segurou a minha mão e eu me agarrei no braço dele.
- O plano é contra eles e não contra mim. Não me deixa sozinha nesse escuro. – Eu disse sem enxergar absolutamente nada.
- Eu não vou te deixar sozinha. – Mark afirmou com convicção.

- Qual é! – Meg esbravejou ainda deitada no tapete.
- Perdemos o final do filme. – suspirou. Depois de alguns segundos de silêncio, eles voltaram a dialogar.
- Está ouvindo o barulho das pipocas? – Meg perguntou, estranhando o silêncio.
- Não. – não tinha pensado nisso.
- ? – Meg esperava que eu respondesse.
- Ela não está aqui. – afirmou com certeza.
- Acabou a energia. Porque ela não está gritando? – Meg levantou-se e manteve-se sentada.
- O Mark está com ela. – tentou tranquilizá-la.
- E porque os dois não estão gritando? Porque está tudo tão silencioso? – Meg continuou com a pulga atrás da orelha.
- Eu não sei. – também sentou-se. – Eles deveriam ter voltado pra cá. – Ele concordou com Meg.

Mark e eu estávamos ouvindo toda aquela conversa. Saímos da cozinha e fomos até a sala no maior silêncio. Meg e nem perceberam que estávamos ali e essa era a intenção. Estávamos meio longe de onde eles estavam. Nós não podíamos ficar na cozinha. Era o primeiro lugar em que eles iriam nos procurar. Eu sendo eu tinha que esbarrar em alguma coisa! Derrubei um dos talheres que estavam sobre a mesa de jantar.

- Que droga! – Meg arregalou os olhos e segurou no braço de só para ter certeza de que ele ainda estava ali. – Que barulho foi esse? – Ela já estava apavorada.
- Mark? – engrossou a voz. A coisa estava um pouco mais séria.
- Que droga! Cadê esses dois? – Meg perguntou, aflita.
- Vamos até a cozinha. Eles devem estar lá. – deu a ideia.
- Pra onde fica a cozinha? – Meg estava perdida.
- Você não está com o seu celular? – perguntou. Pelo menos eles teriam alguma luz para guiá-los.
- Ficou no quarto. – Meg xingou-se mentalmente.
- O meu também. – negou com a cabeça. – Ok, vamos sem luz mesmo. Não fica tão longe daqui. – levantou-se. Ao perceber o movimento de , Meg entrou em desespero achando que tinha saído de perto dela.
- ! – Meg o chamou desesperadamente.
- Estou aqui. – riu silenciosamente do desespero da garota. – Me dá a sua mão. – Ele estendeu a mão para ajudá-la a levantar. Obviamente, Meg não viu e levantou-se sozinha.
- Cadê a sua mão? – Meg esticou os braços e sentiu os ombros de . – Aqui está você. – Meg sorriu, deslizando suas mãos pelo peitoral de . Ele podia muito bem mostrar a ela onde suas mãos estavam, mas ele preferiu deixar ela procurar. Quando chegou na cintura dele, Meg encontrou os braços logo ao lado e por fim, as mãos. – Achei. – Ela sorriu, malandra. Ela percebeu que fez questão dei deixá-la apalpá-lo.
- Então vamos até a cozinha. Vai passando a mão dos lados para tentar descobrir o caminho. – começou a andar e a puxar Meg, que o acompanhou.
- Vai pra lá! – Mark sussurrou em meu ouvido, empurrando minhas costas para frente. Estávamos tentando nos afastar de Meg e .
- Aqui está a mesa de jantar. – Meg avisou , depois de sentir uma das cadeiras.
- A cozinha fica pra cá então. – deduziu e foi em direção a cozinha.
- Aqui. É a porta da cozinha. – Meg novamente informou.
- ? – me chamou, esperando novamente que eu respondesse.
- Mark? – Meg chamou pelo melhor amigo. Sem resposta.
- Droga... – suspirou. – Eles não estão aqui. – Ele pausou, sem saber o que fazer.
- Vamos subir! – Eu sussurrei para Mark. Nós não tínhamos muita noção de onde e Meg estavam. Não podíamos esbarrar com eles. Tínhamos que ir para mais o longe possível.
- Ok, vamos. – Mark tomou a frente e me puxou em direção a escada. Estávamos perto da porta de entrada, então sabíamos exatamente a direção em que a escada ficava.
- Onde eles se meteram? – Meg perguntou, aflita.
- Sua mão está gelada. – sorriu, segurando a mão dela com mais delicadeza.
- É, talvez eu esteja um pouco assustada. – Meg mordeu o lábio inferior. Ela odiava demonstrar vulnerabilidade.
- Não precisa ficar assustada. Eu estou aqui com você. – tentou acalmá-la.
- Se você não estivesse aqui eu provavelmente estaria encolhida em um canto. – Meg riu de si mesma.
- Quem sabe o Mark e a estejam em um canto... encolhidos. – supôs.
- A pode até ser, mas o Mark? Ele não. Ele sabe que eu tenho medo de escuro. Ele não me deixaria sozinha. – Meg afirmou com convicção.
- Você não está sozinha. – respondeu em seguida. Meg gostou de ouvir aquilo, mas ao mesmo tempo a fez pensar em uma coisa.
- Oh, merda. – Meg negou com a cabeça. Foi como se a ficha tivesse caído.
- O que foi? – achou que tivesse acontecido alguma coisa.
- Eles armaram isso. – Meg suspirou longamente. demorou alguns segundos pra perceber.
- Que merda! – também se deu conta do que estava acontecendo ali.
- Eu vou matar eles. – Meg riu, sem acreditar.
- Isso é a cara da . – rolou os olhos.
- O Mark sabe desligar a energia. – Meg não sabe como não pensou naquilo antes. - Eles queriam que ficássemos juntos. – Ela voltou a negar com a cabeça.
- Bem, pelo menos você conseguiu dar umas apalpadas em mim. – disse de brincadeira, mas no fundo ele queria provocá-la.
- O que? – Meg fingiu estar indignada. Ainda bem que não conseguia ver o sorriso em seu rosto. – Você deixou! – Ela defendeu-se.
- Verdade. – não tinha porque negar. Não tinha nada a perder.
- Não acredito. – Meg gargalhou. – Sabia que aquela imagem de nerd era besteira. – Ela completou.
- Você não faz ideia. – a provocou ainda mais. – Vamos, nós temos que achá-los. – Ele desconversou. Se não a puxasse, Meg ia ficar ali parada pensando em mil possibilidades que passou pela sua cabeça depois do que ele havia dito.
- Onde estamos indo? – Meg não sabia para onde estava indo.
- Vamos subir e pegar os celulares. – disse em quase tom de ordem. Meg adorou vê-lo dando as ordens daquele jeito.
- Eles devem estar perto. Não vamos fazer barulho para podermos achá-los. – Meg deu a ideia que foi aceita por .

Mark e eu já havíamos subido as escadas e entramos em um dos quartos. Era um dos quartos de solteiro. Eu percebi por causa de um dos móveis em que eu esbarrei. Eu e Mark não sabíamos se e Meg estavam se pegando em algum cômodo da casa, mas pelo menos nós estávamos nos divertindo. A cada três passos que eu dava eu esbarrava em alguma coisa e Mark quase morria de tanto rir.

- Você não vai acreditar, mas eu preciso ir ao banheiro. – Eu disse depois de já estarmos há algum tempo parados naquele quarto.
- Sério? – Mark riu. Eu deveria ser a pior parceira do mundo.
- Sério! – Eu afirmei já imaginando a cara que ele deveria estar fazendo.
- Ok, eu vou te levar até o banheiro e depois nós voltamos pra cá. – Mark explicou.
- Você manda! – Eu brinquei com toda a autoridade dele.
- Vem... – Mark sorriu, puxando minha mão e me levando em direção a porta. Chegamos na porta e ele a abriu. O banheiro ficava no começo do corredor.

e Meg estavam subindo lentamente e silenciosamente as escadas. estava na frente e puxava Meg por uma das mãos. Eles terminaram de subir as escadas e deram alguns passos. Eles sabiam que estavam no corredor. Eu e Mark estávamos próximos do banheiro e há alguns passos de Meg e . Não me pergunte como, mas Mark soube que eles estavam ali. Com uma rapidez e agilidade gigantesca, Mark me puxou com uma das mãos e com a outra puxou a minha cintura. Eu só me dei conta do que estava acontecendo, quando senti minhas costas colarem em uma parede. A luz vinda de um dos postes de luz do lado de fora da casa entravam pelas frestas da janela, fazendo com que o banheiro ficasse um pouco iluminado. O pouco de luz me deixaram enxergar o rosto de Mark, que estava muito perto do meu. Ele estava me prensando contra a parede e o dedo dele estava entre os nossos lábios. Ele estava pedindo silêncio absoluto.

Eu confesso que isso foi a coisa mais estranha que me aconteceu nos últimos dias. Eu não consigo explicar o que aconteceu comigo. Eu não sei se era carência ou apenas idiotice minha. O rosto de Mark estava tão perto do meu e eu não conseguia tirar meus olhos dele. Talvez foi o jeito com que ele me segurou ou sua mão em minha cintura. Foi como se eu estivesse enfeitiçada, mas a minha impressão é que não foi algo compartilhado por ele. Ele deixou de me olhar e virou o seu rosto para tentar enxergar através da fresta da porta. Mesmo com seu rosto virado, meus olhos continuavam fixos absorvendo todo e qualquer detalhe do rosto dele.

- Eu acho que... – Mark sussurrou e voltou a me olhar. O corpo dele ainda prensava o meu contra a parede. Eu tenho certeza que a sua falta de fala teve a ver com o jeito com que eu o olhava. Depois de alguns poucos segundos, ele deu um belo sorriso. – Eles já foram. – Ele finalmente conseguiu dizer.
- Bom... – Eu disse a palavra mais curta em que eu consegui pensar. Mark soltou a minha cintura e deu dois passos para trás.
- Você quer ir no banheiro? – Mark apontou em direção a porta. Ele pretendia sair.
- Não... – Eu neguei com a cabeça, acordando daquele transe louco em que eu havia entrado. – Eu perdi a vontade. – Eu sorri, nervosa. Eu perdi até o rumo. – Como... – Eu o olhei, surpresa. – Como você fez isso? – Eu perguntei. – Em um segundo eu estava no corredor e no outro eu estava aqui. Eu nem sei como eu vim parar aqui. – Eu arqueei a sobrancelha.
- Acho que tenho um bom reflexo. – Mark ergueu os ombros.
- Certo... – Eu quase ri, negando com a cabeça. O que importa?

e Meg seguiram até o final do corredor. Eles não sabiam em qual porta eles deveriam entrar. Eles não sabiam qual era a porta certa. ainda puxava Meg pela mão e eles ainda faziam o máximo de silêncio possível. Eles ainda tinham esperanças de encontrar eu e o Mark em algum canto da casa.

- Acho que o meu quarto é aqui. – sussurrou, abrindo uma das portas.
- Tem certeza? – Meg o acompanhou.
- Não. – disse, arrancando um sorriso de Meg. – Fecha a porta. Eu não faço ideia de onde está o meu celular e provavelmente vou fazer algum barulho. – Ele pediu e Meg atendeu.
- Você não sabe mesmo onde está? – Meg achou que ele pudesse estar brincando.
- Não! – respondeu. – Porque não me ajuda a procurar? – Ele perguntou.
- Eu ajudo. – Meg não viu porque não ajudar.
- Tudo bem se eu soltar a sua mão? – perguntou, prestes a soltar a mão de Meg.
- Não! – Meg apertou ainda mais sua mão. riu, negando com a cabeça.
- Está bem! Vem pra cá. – a puxou para que eles fossem procurar o celular do outro lado do quarto.
- Espera, tem um criado-mudo aqui. – Meg tocou o criado-mudo com uma das mãos. não tinha noção de que Meg estava tão próxima. Quando virou-se para poder checar o criado-mudo, ele acabou empurrando ela. Meg deu alguns passos pra trás e algo impediu que ela desse mais um passo, que provavelmente a manteria de pé. A cama estava bem atrás dela e foi exatamente ali em que ela caiu. Ela segurava tão forte a mão de , que acabou puxando-o junto. Agora, Meg estava deitada na cama e estava sobre ela.
- Oh, desculpa! – achou que pudesse tê-la machucado.
- Eu te puxei! – Meg disse em meio a gargalhadas. – Isso foi ridículo! – Ela continuou rindo.
- Para de rir! – segurou-se para não rir junto.
- Você está em cima de mim! Como isso aconteceu? – Meg aos poucos foi parando de rir. – Espera. – Meg decidiu usar suas mãos. –Deixe me ver onde você está exatamente. – Ela tocou as costas de e foi subindo lentamente suas mãos. não dizia nada, mas mantinha um fraco sorriso no rosto. Uma das mãos de Meg chegaram em sua nuca. – Aqui está você. – Ela sorriu só por saber que o rosto de estava bem em frente ao seu.
- Perto demais? – não sabia se deveria se afastar ou não. Ele não forçaria nada.
- Perto o suficiente. – O sorriso bobo de Meg aumentou.
- Eu queria ver o seu rosto agora. Eu quero ver se você está sorrindo ou se está brava. – mantinha seus cotovelos apoiados na cama. Ele conseguia sentir a respiração de Meg em seus lábios.
- Acho que tem uma coisa que pode te ajudar. – Meg deslizou uma das mãos pela costa de e chegou em sua calça. Ela colocou a mão dentro do bolso de e de lá tirou o celular dele. Trouxe o celular para perto do rosto deles e apertou qualquer um dos botões. A luz do celular acendeu e eles conseguiram enxergar o rosto um do outro.
- Você sabia? – ficou ainda mais empolgado quando conseguiu ver o rosto de Meg de tão perto. Ele escondeu o celular o tempo todo apenas para viver essa pequena ‘aventura’ com Meg.
- Sabia. – Meg mordeu o lábio inferior. Ela sabia que ele estava com o celular o tempo todo, mas preferiu deixar o celular de fora. Ela queria saber até onde aquilo iria. Meg não foge de uma ‘aventura’.
- Você está sorrindo... – analisou, olhando para os lábios de Meg.
- E... – Meg esperava uma analise um pouco melhor.
- E está louca pra me beijar. – disse, deixando Meg sem palavras por alguns segundos. Quando é que a Meg fica sem palavras?
- Me ver sorrindo não quer dizer que eu queira te beijar. – Meg arqueou uma das sobrancelhas, mantendo um sorriso fraco no rosto.
- É por isso que eu prefiro não ver. – pegou o celular da mão de Meg e o jogou em qualquer lugar da cama. Eles estavam no escuro novamente e ele se aproximou e beijou Meg. Ela não resmungou e nem lutou contra aquilo. Pelo contrário, o beijo foi imediatamente correspondido.


A música alta continuava na festa em que e estavam. já havia conseguido provar para si mesmo de que estava bem e que não precisava sofrer por mais ninguém. Ela era feliz com tudo o que ele tinha e com o que poderia conseguir. Os beijou intensos trocados por e aquela garota convenceram que não estava brincando quando disse que me esqueceria. Perguntou a si mesmo se teria a mesma sorte se beijasse alguém naquela noite. Ele precisava tirar da sua cabeça.

- Escuta, ela tem uma amiga. – chegou eufórico. – Honestamente, a amiga dela é muito mais gostosa, mas já que você é meu amigo eu vou ser legal com você. – Ele deu alguns tapas no ombro do amigo.
- Mais gostosa? – riu, surpreso. – Caralho! – Ele não achou que fosse possível.
- Eu vou chamá-las aqui, ok? – olhou pro , que não teve nem tempo de responder. afastou-se e em menos de 1 minuto ele voltou com duas garotas. – Esse é o meu amigo. – levou a garota até . Ela parou em sua frente e o observou. também a observou e ficou sem folego só ao olhá-la. Foi ai que ela resolveu sorrir.
- Que droga... – negou com a cabeça, olhando para a garota em sua frente.
- O que você disse? – Ela se aproximou e ele deu um passo pra trás.
- Droga, eu não posso.. – passou uma das mãos por seu rosto. Ele não sabia o que estava acontecendo com ele.
- , qual o problema? – viu esquivando-se da garota.
- Eu não posso, droga! Eu não... posso! – afastou-se. Era como se ele estivesse explodindo.
- Espera um pouco, meninas. Eu já volto. – foi atrás de e esforçou-se para alcançá-lo. – Ei! – puxou o braço de amigo, que parou de andar. Ele virou-se para olhar pro . – O que está acontecendo? – Ele não havia entendido tal reação de .
- ! Foi ela que aconteceu! É sempre... ELA! – esbravejou.
- Sério? – abriu os braços.
- Me diz o que eu tenho que fazer! – praticamente gritou, pois a música estava alta. – Eu vou ficar maluco por causa dessa garota! – Ele suspirou.
- Olha, eu não sou a melhor pessoa pra te dar conselhos amorosos agora, cara! – estava literalmente de mal com o tal do amor. Ele o queria ver bem longe!
- Isso é sério? – abriu os braços. – É isso que tem pra me dizer? – Ele sorriu, irônico. – Depois de tudo, é isso que tem pra me dizer? – continuou ironizando.
- Sabe o que eu tenho pra te dizer? Sabe qual conselho eu te daria agora? – o olhou mais sério. O assunto era mais sério do que ele imaginava. – Honestamente, eu te diria pra voltar pra lá. – apontou o local onde as duas garotas os esperavam. – Eu te diria, , com todo o meu coração pra você voltar para aquela garota e dar um jeito de ficar com ela, porque eu já vi esse filme mais de mil vezes e eu sei exatamente quem termina a porcaria do ‘final feliz’ com o coração quebrado! Eu terminei com o coração quebrado e foi uma droga! – Aquilo era quase um desabafo de .
- E porque acha que vai acontecer o mesmo comigo? – negou com a cabeça, ouvindo atentamente os desabafos do amigo.
- Porque é isso o que elas fazem! Porque é isso que o amor é! Uma passagem só de ida pro fundo do poço! – foi se exaltando durante o seu discurso. Fez uma breve pausa e respirou fundo. – Mas quer saber? Eu sei que você vai atrás dela de qualquer jeito, porque fui isso que eu fiz. Você não vai conseguir viver, enquanto você não for até lá e ser o idiota que você precisa ser! O idiota que eu fui! – suspirou longamente como se milhares de memórias estivessem assombrando a sua mente naquele exato segundo. – Então você quer saber qual é o meu conselho pra você? – Ele fez uma breve pausa. – Dê o fora daqui, pegue o seu carro e dirija até a casa dela. Faça o fundo do poço valer a pena. O meu valeu. – se achou um idiota por estar falando aquilo, mas o seu amigo estava precisando de um conselho e aquele conselho era o único que ele poderia dar.
- Valeu, cara. – sorriu para o amigo. O seu sorriso disse tudo. Ele saiu rapidamente em direção a saída do local. observou se afastar e parecia ver nele quem um dia ele foi. sabia exatamente o que estava sentindo e por alguns segundos, sentiu falta daquilo. Sentiu falta de poder ir até lá e consertar tudo com apenas um beijo roubado.

estava um pouco mais pra baixo depois da conversa com o , mas as garotas fizeram questão de animá-lo e ele precisava esquecer. O celular que há horas tocava insistentemente em seu bolso não o impediu de beijar a garota que havia conseguido para . Ela era a ‘crise de mal de amor’ perfeita.

saiu rapidamente do local da festa e foi em direção ao estacionamento. A pressa era tanta, que ele nem notou que Amber estava do outro lado da rua, tentando entrar no prédio do . Ela estava ligando para ele desde o dia anterior e ele não havia atendido. Amber decidiu ir até a casa de e foi fácil saber onde estava o seu amado ‘amigo’, quando viu sair daquela festa.

No caminho para a casa de , decidia se ligaria para ela ou não. Chegar de surpresa era melhor? Nada era melhor. o rejeitaria de qualquer jeito, mas ele tentaria. Ele morreria se não tentasse uma última vez. Chegou na casa de em menos de 5 minutos e viu que a luz de seu quarto estava acesa. Ele não pensou duas vezes em subir na árvore que o ajudaria a chegar na sacada do quarto dela. não aceitaria falar com ele qualquer jeito, então ele não tinha nada a perder. levou alguns minutos para subir naquela árvore e por fim, conseguir pular na sacada de . A porta entre a sacada e o quarto estava aberta. Era a sua chance. Deu silenciosos passos em direção ao quarto e viu sentada na cama. Ela estava com um livro em uma mão e uma caneta na outra.

- Não grita. – pediu, dando um tremendo susto em .
- O QUE... – jogou a caneta e o livro sobre a cama. Ela estava com o seu óculos de leitura e estava ridiculamente linda para . A expressão de surpresa vencia a expressão de raiva. – O que você está fazendo aqui? – disse em um tom mais baixo e olhou para a porta. – A minha mãe está no quarto ao lado. – Ela estava muito surpresa. não conseguiu dizer nada por um tempo. Ele apenas ficou observando com aquele olhar bobo. – O que você está fazendo? – abriu os braços. Estava tentando esconder toda a tremedeira. – Vai ficar ai parado? – Ela olhou pra ele, sem entender.
- Não... – deu alguns passos em direção a ela e parou em sua frente.
- Então o que você vai fazer? – não disfarçou a mudança de comportamento com a aproximação dele. não tirou os olhos dela. Um fraco sorriso surgiu em seu rosto antes que ele respondesse.
- Eu vou te fazer calar essa droga de boca. – terminou a frase e levou suas mãos ao rosto de , impedindo que ela tentasse esquivar-se de seu beijo. Ela não se esquivaria de qualquer maneira. também havia se cansado de lutar contra aqueles sentimentos que já tomavam conta dela por completo.


Em Nova York, ficamos quase 2 horas sem energia. Perdemos e Meg e não sabíamos o que eles estavam fazendo. Eu e Mark descemos desastrosamente a escada e seguimos em direção a cozinha. Já chega de ficar no escuro. Mark voltou a ligar o interruptor e a luz da casa voltou. Meus olhos nunca arderam tanto.
- Oh, meu Deus.. – Eu suspirei, colocando as mãos em meus olhos.
- Meus olhos... – Mark resmungou de olhos fechados.

Esperamos algum tempo até que os nossos olhos se acostumarem com tanta luminosidade. Agora nós tínhamos que encontrar Meg e . Quando a energia voltou, Meg e ainda se beijavam em cima daquela mesma cama. Enrolaram mais algum tempo, pois não conseguiam terminar o beijo. Eles ficariam ali o resto da noite se pudessem.

- O Mark e a vão nos achar aqui. – Meg suspirou, interrompendo o beijo.
- Quem se importa? – não quis saber e voltou a beijá-la. Meg achou graça de toda aquela vontade demonstrada por e também das mãos bobas que não tiveram limites.
- Eles armaram pra nós. Vamos deixar eles saberem que conseguiram o que queriam? – Meg interrompeu novamente o beijo.
- A me conhece. Ela vai ver na minha cara. – riu e rolou os olhos.
- Não vamos falar nada! Se eles descobrirem, nós contamos a verdade. – Meg decidiu. observou todo o empenho e empolgação de Meg por dar o troco em mim e no Mark. – O que foi? – Ela riu, olhando de perto.
- Se eu soubesse que conheceria você, eu teria vindo antes. – sorriu fraco.
- Para de me dizer essas coisas. – Meg ficou sem jeito. – Nós temos que sair daqui. – As bochechas dela até rosaram. percebeu e achou graça. Ela o empurrou e ele se levantou da cama e ela fez o mesmo em seguida.
- Não vamos falar nada então? – queria recapitular o plano.
- Não. – Meg confirmou.
- Beleza. – ajeitou sua roupa e depois o cabelo. Estava todo amassado.
- Espera... – Meg disse, depois de observá-lo por alguns segundos. – Só mais um último beijo. – Ela riu, aproximando-se de e segurando o seu rosto. Eles se beijaram novamente, mas dessa vez o beijo foi mais rápido.
- Vamos.. – ainda ria por causa do beijo, quando apontou com a cabeça em direção a porta.
- Vamos. – Meg também ajeitou a sua roupa, enquanto ia em direção a porta. abriu a porta e deu espaço para que ela passasse. Eles seguiram juntos pelo corredor e chegaram no topo da escada.
- Oh... Finalmente! – Eu disse ao ver e Meg descerem as escadas.
- Onde vocês estavam? – Meg perguntou, indignada.
- Aqui... – Mark completou, erguendo os ombros. Eu segurei o sorriso. Não podíamos dizer que seguimos eles pela casa.
- O que aconteceu com a energia? – perguntou, fingindo-se de bobo.
- Não sei, mas o Mark já arrumou. – Eu sorri pra eles, quando eles ficaram de frente pra mim. Eles já haviam descido a escada.
- E então? O que andaram fazendo? – Mark forçou um simpático sorriso.
- Você sabe... procurando vocês. – sorriu de um jeito engraçado e ergueu os ombros.
- O que foi isso? – Eu encarei o meu amigo.
- Isso o que? – me olhou, sem entender.
- Esse sorriso.. – Eu apontei em direção ao seu rosto. – Você ergueu os ombros? – Eu perguntei, cerrando os olhos.
- Eu? Não! – sorriu novamente de um jeito engraçado.
- O sorriso de novo... – Eu dei alguns passos na direção dele. – Você está mentindo? – Eu arqueei uma das sobrancelhas. sempre sorria de um jeito específico e erguia os ombros quando estava mentindo.
- Ele não está mentindo. – Meg intrometeu-se.
- Você está mentindo. – Mark encarou a sua melhor amiga.
- Qual é, Mark! – Meg fez careta e riu.
- O que vocês estão escondendo? – Eu coloquei uma mão na cintura e os analisei.
- Eu estou pensando em uma coisa.. – Mark segurou o riso.
- Com certeza é a mesma coisa que eu estou pensando. – Eu olhei pro Mark e nós trocamos sorrisos.
- Eu disse... – sorriu pra Meg, que também sorriu, enquanto revirava os olhos.
- Isso é sério? – Mark olhou para o e para a Meg, incrédulo.
- Nós sabemos que vocês armaram tudo. – Meg manteve o sorriso no rosto, mas cerrou os olhos.
- Funcionou? – Eu olhei pro e depois pra Meg. Eu queria uma resposta.
- Um pouco.. – riu, sem jeito.
- Yeah! – Eu vibrei e olhei pro Mark.
- Nós somos demais! – Mark estendeu a mão e nós fizemos o high five mais simples de todos.
- Sim, nós somos. – Eu pisquei um dos olhos e ele deu aquele belo sorriso.
- Podem parar! – Meg estava sem jeito.
- Eu não me importo em dormir sozinha hoje, Meg. – Eu brinquei e ela riu, me fuzilando com os olhos.
- Cala a boca, ! – Meg estava cada vez mais vermelha.
- Não se mete, garota. – negou com a cabeça, rindo.

Era sábado a noite e nós ficamos em casa, mas nós nos divertimos muito! Eu e Mark passamos o resto da noite zoando com a Meg e com o . Era tão estranho ver a Meg sem graça. Era algo que eu nunca achei que veria. Eu e Mark ficamos felizes, pois conseguimos juntar os nossos amigos. Nós fazíamos uma boa dupla. Jogamos conversa fora durante o resto da noite. Mark foi embora no meio da madrugada. Meg dormiu comigo de novo. Era mais do que obvio que ela e não pensariam em fazer nada comigo ali.

Final de noite e eu estava mais uma vez deitada na minha cama pensando em tudo o que não deveria pensar. 3 semanas já haviam se passado e não tinha feito nenhum tipo de contato. Até quando eu teria que esperar? Será que algum dia eu vou conseguir dormir sem pensar que mais um dia havia se passado e ainda não se importava. Ele ainda não tinha vindo atrás de mim.

não tinha vindo atrás de mim, mas também não tinha ido atrás de Amber. Pelo contrário! Ele vem fugindo constantemente da sua antiga melhor amiga, que agora só vive bancando a possessiva e ciumenta. Amber conseguiu entrar na festa em que estava somente uma hora depois. Os seguranças não queriam deixá-la entrar sem convite, mas ela conseguiu comprar de alguém que estava vendendo ingressos ali na frente. Amber já tinha seu discurso pronto, mas ela o esqueceu completamente quando viu beijando calorosamente uma garota em um dos cantos na festa. O sangue dela subiu de um jeito sem igual.

- Finalmente! – Amber puxou o braço da garota que estava beijando, interrompendo bruscamente o beijo. – Aposto que esse é um bom motivo pra ignorar as minhas ligações, não é? – Ela encarou , furiosa.
- Amber... – não estava surpreso de vê-la ali. Ele já estava de saco cheio dela.
- Uma vadia dessa? – Amber apontou para a garota, que acompanhava a discussão sem entender nada.
- Ela não é... – ia dizer, mas Amber não o deixou falar.
- Ela é o motivo pra você estar me ignorando? – Amber repetiu a pergunta. A garota desistiu de ficar ali no minuto em que ouviu Amber chamá-la de vadia.
- NÃO! – encarou Amber. – Não é! Sabe por quê? Porque eu não preciso de um motivo! Eu não preciso dar explicações e nem preciso da autorização de ninguém pra ir onde eu quiser. – Aquela ceninha da Amber foi a gota d’agua para .
- Porque está falando assim comigo? Eu sou a sua amiga, lembra? – Amber não se intimidou.
- E você, lembra? Porque faz dias que você não tem agido como uma! – disse sem dó. O local onde eles estavam era um lugar mais reservado, então a música não atrapalhava tanto a conversa. – A única coisa que você tem feito nos últimos dias foi me julgar e encher o meu saco! – Ele jogou toda a verdade na cara dela.
- Enchendo o seu saco? Eu me importo com você, seu babaca! – Amber ficou totalmente sentida com as palavras de .
- Se importar? Ficar agindo como uma louca possessiva? É isso o que você chama de se importar? – ironizou.
- Você está bêbado! – Amber negou com a cabeça. Aquela explicação fez Amber se sentir melhor diante das palavras de .
- Eu bebi sim e provavelmente estou um pouco bêbado mesmo, mas eu estou bem ciente do estou fazendo. – deu alguns passos em direção a Amber. – Então escuta com atenção, porque eu não vou repetir. – Ele estava extremamente sério e a olhou nos olhos. – Eu me importo com você, mas eu não te devo satisfação da minha vida. Eu não tenho obrigação nenhuma de te dizer se eu vou sair e com quem eu vou sair. Eu não preciso da sua permissão e nem da sua autorização pra absolutamente nada, porque você é apenas a minha amiga. Nós não estamos juntos! Eu não sou o seu namorado! Eu não quero nada além da sua amizade! – Ele fez uma breve pausa. – Então se você está procurando um amor, me desculpa, mas não sou eu! Se você está procurando um romance épico, compre um livro! Eu não posso te ajudar com isso. – suspirou, demonstrando que havia acabado o seu discurso. Ele deixou de olhá-la por alguns instantes e tudo em sua volta parecia ter perdido a graça. – Você está triste? – voltou a olhá-la. – Por quê? Você conseguiu estragar a minha noite exatamente como você queria. – Ele deu alguns passos para trás. – Boa noite, Amber. – Ele virou-se de costas, deixando-a sozinha no meio da festa.

Os olhos de Amber estavam completamente cheios de lágrimas. nunca foi tão duro com ela. As palavras dele haviam machucado ela, mas o motivo para toda aquela confusão é que a deixava ainda mais machucada. Amber odiava cada coisa minha que ela encontrava nas frases que saiam da boca do . Engoliu o choro e andou apressadamente em direção a saída da festa. Ela estava furiosa e machucada. já havia saído do local e passava pelo gramado do bar. Ele estava tão irritado por tudo estar dando tão errado em sua vida. Era como se ele estivesse se afogando. Quanto mais ele nadava para sobreviver, mais ele se afundava.

- DEVERIA TER SIDO EU! – Amber gritou, assim que viu de costas. Ele estava na calçada, prestes a atravessar a rua. – EU ME APAIXONEI POR VOCÊ DESDE O PRIMEIRO MINUTO! EU TINHA VOCÊ! VOCÊ ERA MEU! – Amber gritava aos prantos. parou de andar, mas não virou-se para olhá-la. – VOCÊ FOI MEU ANTES DE QUALQUER OUTRA GAROTA, ANTES DESSA GAROTA IDIOTA POR QUEM VOCÊ AINDA É APAIXONADO! – Ela continuava andando em direção ao . Ele abaixou a cabeça e fechou os olhos por poucos segundos para tentar ignorar aquilo que estava ouvindo. – EU MERECIA MAIS DO QUE QUALQUER OUTRA! EU DEVERIA SER A GAROTA POR QUEM VOCÊ ESTÁ SOFRENDO AGORA. – Amber parou logo atrás de . Ele ainda não havia olhado pra ela. – EU QUERIA SABER, SÓ POR UM SEGUNDO COMO É SER AMADA POR VOCÊ! EU...- Amber engasgou em suas próprias lágrimas. – EU QUERIA SER ELA! SÓ POR UM DIA! – As lágrimas escorriam livremente pelo rosto de Amber. A última frase de Amber fez virar-se para olhá-la.
- Você não é ela! – afirmou. Ele não estava tão irritado quanto gostaria. – Você nunca vai ser como ela. – Ele negou com a cabeça. – Pare de tentar, Amber. Você não pode ocupar o lugar dela. – Doeu ser tão honesto, mas era a verdade. Apesar de tudo, ele sabia que essa era a verdade. Ninguém no mundo pode ocupar o lugar que eu havia deixado em seu peito e em sua vida.

As últimas palavras de foram como um balde de água frita para Amber. Foi como se ele tivesse passado com um trator por cima dela dezenas de vezes. Acredite, foi ainda mais doloroso pro . Nada poderia ser mais doloroso do que querer expulsar alguém da sua vida e não conseguir. Atravessou a rua e seguiu para o seu prédio. Deixou Amber parada na frente daquela festa. Ele estava uma droga e ele sabia que só melhoraria no dia seguinte. É assim que tem sido nas últimas 3 semanas. É assim que foi dia após dia nas últimas 6 semanas.


Um mês já havia se passado desde o término. As coisas começavam a melhorar. Eu estava indo bem na faculdade e o meu chefe demonstrava cada vez mais simpatia por mim. Minha amizade com Meg estava mais forte do que nunca. tinha nos aproximado muito. Por causa dos seus sentimentos por , Meg começou a se abrir comigo e a mostrar lados da sua personalidade que eu nunca sonhei que existiam. e eu estávamos muito mais próximos também. Ele prometeu que viria me visitar com mais frequência. Porque será?

havia me ligado na semana passada para contar sobre o beijo dela e do . Parece que ele realmente quebrou aquela barreira que vivia colocando entre eles. me ligava quase todos os dias. Na semana passada ele me ligou para me perguntar como é que se fazia arroz. Meus pais estavam trabalhando até tarde e ele estava com fome. Como se eu soubesse cozinhar! Ele dava um trabalhão pra .

vivia de altos e baixos. Seus melhores amigos estavam ajudando bastante na superação dessa fase ruim que ele vivia na vida amorosa. Na vida profissional, por outro lado, ele estava se saindo muito bem. Ele já havia sido promovido e o dono da empresa confiava muito nele. era muito responsável quando tratava-se do seu trabalho. A amizade dele com a Amber ficou alguns dias abalada. Ela deixou novamente o seu orgulho de lado para pedir desculpas a . Ela prometeu que mudaria o seu comportamento e lhe deu mais uma chance.

Mark e eu vivíamos de momentos estranhos e constrangedores. Quando não era uma frase mal colocada, era uma aproximação involuntária. A nossa amizade me fez olhá-lo com outros olhos. A cada dia eu descobria uma coisa diferente sobre ele. Ele me surpreende quase todos os dias. Seja com uma piada boba ou uma discussão sobre ‘Qual é o Pokémon mais poderoso de todos.’ Nós falávamos sobre tudo. Ok, sobre quase tudo.

- Já chegou? – Mark estranhou ao me ver na sua porta. Era a primeira vez na semana que eu chegava no horário certo do trabalho.
- A Meg tinha um compromisso com os pais e eu perderia a carona. – Eu fiz careta e ele riu. – Decidi sair no horário hoje. - Eu expliquei.
- Bem, eu fico feliz. – Mark sorriu docemente. – Eu já disse que você precisa parar de trabalhar tanto. – Ele completou.
- Eu sei! – Eu rolei os olhos. – Eu tenho andado tão casada. Meus planos de hoje era chegar do trabalho e dormir. – Eu disse. – Mas ai eu lembrei que estou em Nova York, moro em uma mansão e tenho um vizinho incrível. – Eu o elogiei e ele arqueou a sobrancelha e sorriu, demonstrando que havia gostado do que tinha ouvido.
- Sério? – Mark achou que tivesse mais alguma coisa a caminho. Eu afirmei com a cabeça.
- Então eu estava deitada no meu quarto e comecei a pensar. – Eu cruzei os meus braços. – Eu me dei conta de que somos vizinhos há meses e eu nem conheço a sua casa ou o seu quarto, mas você sabe tudo sobre mim. – Eu não fui tão direta, porque a cara de pau não era tanta.
- Você... quer entrar? – Mark apontou com a cabeça para o lado interior da casa.
- Isso é um convite? – Eu sorri, sem jeito.
- Vem, entra. – Mark saiu da frente da porta e deu passagem para que eu entrasse.
- Com licença. – Eu fui educada ao colocar meus pés dentro daquela casa pela primeira vez.
- Não é grande como a sua, mas... – Mark disse, olhando em volta.
- Não, é linda. – Eu também olhei em volta. – Você está sozinho aqui? – Eu percebi o silêncio na casa.
- Estou! A minha mãe... saiu. – Mark coçou a cabeça, confuso. – Eu não sei. Ela saiu com alguma amiga eu acho. – Ele desconversou.
- O seu pai não mora aqui? – Eu sempre tive aquela dúvida.
- Não... – Mark afirmou. – Eles são... separados. – Ele completou.
- Ah, sim. – Eu fiquei sem graça por ter tocado naquele assunto.
- Você disse que queria conhecer o meu quarto. Quer vir? – Mark apontou um dos dedos em direção a escada.
- Claro! – Eu entendi o fato dele ter mudado de assunto. Segui ele até onde ele estava me guiando, o seu quarto.
- É... aqui. – Mark abriu a porta e virou-se pra mim, dando alguns passos para trás e entrando em seu quarto.

Eu juro que aquele quarto era exatamente do jeito que eu havia pensado que era. Uma estante enorme de livros, uma mesa de estudo, cama com lençóis azuis que também combinavam com as cortinas azuis da janela. Havia um armário em um canto e uma prateleira do outro lado.

- Exatamente como eu achei que fosse. – Eu sorri pra ele e ele me devolveu o sorriso.
- É mesmo? – Mark riu sem emitir som.
- Não. Eu esperava uma estante maior de livros. – Eu disse e ele riu. – Brincadeira. – Eu neguei com a cabeça, rindo. – É...mesmo a sua cara. Eu até me sinto confortável aqui, assim como eu fico quando estou com você. – Eu não disse no sentido romântico. Não mesmo. Mark voltou a sorrir daquele jeito doce.
- Confortável? – Mark arqueou uma das sobrancelhas. – Eu vou fazer você se arrepender de ter dito isso. – Ele aproximou-se.
- Por quê? – Mark segurou a minha mão e começou a me puxar.
- Eu quero te mostrar uma coisa. – Mark continuou me puxando. Estávamos indo em direção a janela.
- Onde você está indo? – Eu perguntei, vendo ele subir na janela.
- Vem! Segura a minha mão. – Mark pisou em uma pequena sacada que havia do lado de fora da janela. Devia caber no máximo duas pessoas ali.
- Mas... – Eu ia argumentar, mas ele me interrompeu.
- Confia em mim! – Mark pediu, olhando pra mim. Sua mão ainda estava estendida e eu a segurei. Ele me puxou para fora.
- Oh meu Deus... – Eu fechei os olhos, depois de olhar para trás e ver a altura que estávamos do chão. A pequena sacada ficava bem no topo da casa e estávamos praticamente na altura do telhado. Isso quer dizer que se ficássemos de pé na sacada, ficaríamos maiores que o telhado da casa dele.
- Não olha! Não olha! – Mark pediu, rindo.
- O que estamos fazendo aqui? – Eu abri meus olhos, mas nem me movi.
- Eu vou sentar aqui e ai eu te puxo. – Mark apontou para o telhado.
- O que? – Eu arregalei os olhos. Ele não me respondeu, apenas fez o que havia dito. Sentou na ponta do telhado e estendeu a mão pra mim.
- Vem! Eu te puxo! – Mark sorriu, vendo a minha cara de assustada.
- Eu vou te matar. – Eu olhei pra ele, fazendo careta. Segurei a sua mão e ele me puxou, me ajudando a subir no telhado. – Eu não acredito que... – Eu estava nervosa.
- Calma! Está tudo bem. – Mark riu, sem emitir som. Ele levantou a minha mão. – Viu? Estou te segurando e não vou te deixar cair. – Mark tentou me tranquilizar. – Agora, deita aqui. – Ele se deitou sobre as telhas e esperou que eu fizesse o mesmo.
- Deitar? – Eu arqueei a sobrancelha.
- Vai logo! – Mark insistiu e eu acabei cedendo simplesmente porque eu não tinha outra alternativa.
- Eu vou matar você... duas vezes! – Eu respirei fundo, me abaixando e encostando minhas costas no telhado da casa.
- Olha... – Mark deixou de me olhar e olhou para cima. Levantei o meu rosto e encarei o céu.
- Uau... – Eu suspirei ao ver todas aquelas estrelas que pareciam estar tão perto.
- Foi o que eu disse na primeira vez que eu vim aqui. – Mark disse, sem tirar os olhos do céu.
- Isso é loucura... – Eu estava chocada com aquela visão. – É impressão minha ou o céu nunca esteve tão estrelado quanto hoje? – Eu perguntei, curiosa.
- É impressão. – Mark sorriu. – Daqui você tem uma visão mais ampla. – Ele explicou.
- Faz quanto tempo que você descobriu esse lugar? – Eu perguntei, virando o meu rosto para olhá-lo.
- Fazem... – Mark fechou os olhos por alguns segundos. – Eu não sei. Deve fazer uns 15 anos. – Ele respondeu, não achando que aquilo fosse importante.
- 15 anos!? – Eu fiquei extremamente surpresa. – Você mora aqui há quanto tempo? – Eu me dei conta de que nunca tinha perguntado isso.
- Desde que eu nasci, eu acho. – Mark me olhou e sorriu.
- Nossa! – Eu não sabia disso! Ficamos alguns segundos em silêncio, enquanto observávamos o céu novamente.
- Sua mão... – Mark levantou a minha mão, que ele acidentalmente ainda segurava. – Não está mais tão gelada. – Ele olhou para as nossas mãos e eu fiz o mesmo.
- Desculpa! Eu devo ter esmagado a sua mão. – Eu soltei imediatamente a sua mão.
- É claro que não. – Mark negou. – Você não está mais com medo. – Ele percebeu pela minha mudança de comportamento. – Pode voltar a respirar agora. – Ele brincou e riu.
- Engraçadinho. – Eu sorri e rolei os olhos. – É sério Qual é a porcentagem de risco dessas telhas quebrarem ou deslizarem? – Eu me referia as telhas do telhado, nas quais nós estávamos deitados.
- Acha mesmo que eu te traria pra um lugar que não fosse totalmente seguro? – Mark me olhou com um certo deboche.
- Ok. 100% seguro. Entendi. – Eu não queria estragar o momento. Eu não me cansava de olhar para todas aquelas estrelas. Voltamos a ficar em silêncio, enquanto observávamos as estrelas. – Você trouxe ela aqui? – Eu perguntei depois de um tempo. Eu queria muito entrar naquele assunto, então arrisquei.
- Ela quem? – Mark não entendeu.
- A sua ex-namorada... – Eu perguntei com um pouco de medo de ele não gostar da pergunta.
- Trouxe. – Mark afirmou, mantendo um fraco sorriso no rosto. Ele sabia que em algum momento eu perguntaria algo sobre aquele assunto. – Uma vez. – Ele não deu tantos detalhes.
- Tudo bem se falarmos dela? – Eu não queria ser inconveniente.
- Se você me perguntasse isso há alguns meses atrás, eu diria que não. Hoje, a resposta é sim. – Mark não parecia incomodado com o assunto.
- Você a amava? – Conversávamos o tempo todo olhando para as estrelas.
- Amava. – Mark não hesitou em responder. – E você? Ama o ? – Ele não fez rodeios.
- Eu tenho medo de responder a isso. – Eu sorri fraco. Dizer aquilo em voz alta tornaria tudo mais doloroso.
- Você sabe que uma hora passa, né? Todo esse... sofrimento e tristeza. – Mark tentou me ajudar de alguma forma.
- Como você conseguiu? Como você superou? – Eu precisava de toda a ajuda possível.
- Não há uma fórmula pra isso. Cada um tem o seu jeito de superar. Você vai descobrir o seu. – Mark sabiamente aconselhou. Eu não sei se foi a intenção dele, mas foi reconfortante ouvir aquilo. O silêncio novamente tomou conta, nos mostrando que o assunto deveria ser mudado.
- Sabia que o céu que você está vendo agora não é realmente o céu de agora? – Mark não queria que estragássemos o resto da noite, então resolveu mudar o assunto.
- O que? Como assim? – Eu gargalhei, porque aquilo não havia feito o menor sentido.
- É como um dvd de um filme. – Mark achou graça da minha gargalhada. – O céu, as estrelas que nos estamos vendo agora... não é ao vivo. É como se fosse um dvd que foi gravado há milhares de anos atrás e nós só estamos vendo agora. – Ele estava tentando explicar.
- Não brinca! – Eu fiquei chocada.
- A estrela que você está vendo agora, pode ter morrido ontem ou há anos atrás. – Mark explicou novamente.
- Isso é loucura... – Como eu não sabia disso?
- É, não é? – Mark adorava esse lado da física. Era tudo muito fascinante pra ele.
- É sério, como eu não sabia disso? Como você sabia disso? – Eu olhei pra ele, perplexa.
- Eu sou apaixonado por essa parte da física. – Mark me olhou para explicar.
- Oh, meu Deus. Você está mais nerd a cada dia que passa! - Eu neguei com a cabeça e ele cerrou os olhos pra mim.
- Vai mesmo falar isso pro cara que está cuidando da sua segurança, enquanto você está há mais de 2 metros do chão? – Os olhos dele continuavam cerrados.
- Ok, então você é um nerd perigoso. – Eu fui além e ele acabou rindo.
- Fica quieta! – Mark fez careta e mostrou a língua.
- Não, espera. Eu quero falar mais uma coisa. – Eu segurei o riso, pois o assunto era um pouco mais sério. - Me desculpa fazer tantas perguntas. – Eu rolei os olhos. – Eu... só quero saber mais sobre você, porque quanto mais eu sei sobre você, mais eu confio em você. Eu me sinto mais próxima de você, sabe? – Eu disse, esperando que ele me olhasse novamente e ele o fez.
- Sei... – Mark olhou os detalhes do meu rosto. Nós estávamos próximos agora, mas eu acabei com aquela troca de olhares. Voltei a encarar o céu, pois percebi que estava ficando sem graça de novo. – Quer saber? Vai em frente! Pergunte o que você quiser. Eu respondo! – Ele decidiu abrir o jogo de vez.
- Não! Não! Assim não! – Eu voltei a olhá-lo, rindo. – Eu não quero fazer um interrogatório. Eu quero saber quando você quiser me contar. – Eu resolvi me levantar, voltando a ficar sentada. Mark me acompanhou e fez o mesmo. – Talvez amanhã. – Eu disse e ele riu, negando com a cabeça. – Talvez eu volte aqui amanhã para arrancar acidentalmente mais detalhes sobre a sua vida. – Eu disse em meio a risos e ele continuou rindo comigo.
- Isso é uma promessa? – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Quem sabe. – Eu fiz mistério. A nossa conversa foi interrompida por um toque de celular que não era o meu.
- Oh, espera. É o meu celular. – Mark fez careta, esforçando-se para pegar o celular no bolso de sua calça. Ele olhou no visor do celular e depois voltou a me olhar. – Eu atendo depois. Não é importante. – Mark pareceu incomodado com o telefonema.
- Não, tudo bem! Pode atender! – Eu não queria ser inconveniente. Eu percebi que ele não queria atender na minha frente. – Só me ajuda a descer daqui. – Eu comecei a deslizar lentamente pelas telhas e estendi a mão para que ele me segurasse e me ajudasse a descer.
- Então ta. – Mark viu que eu estava descendo e estendeu sua mão. O celular continuava tocando, enquanto ele me ajudava a voltar para o quarto dele.
- Pronto. – Eu disse para mostrar a ele que eu já estava bem e que ele podia atender. – Eu te espero aqui no quarto. – Eu gritei, passando pela janela do quarto.

Eu estava novamente no quarto dele. Ouvi o toque do celular parar, o que queria dizer que ele havia atendido. Aproveitei a oportunidade para olhar com mais atenção o quarto dele. Me aproximei do seu criado-mudo e vi alguns cd’s ali em cima. Eu estava surpresa por descobrir que ele curtia AC/DC. Mark não era um nerd normal. Passei pela estante de livros e dei uma olhada nos livros que ele tinha ali. Mark tinha um ótimo gosto para livros. Olhei em volta e de longe vi um porta retrato sobre a prateleira. Todos sabem que eu não deixo um porta-retrato passar e esse não seria diferente. Me aproximei para ver a tal foto e logo percebi que era uma foto de família e que devia significar muito para Mark, já que era o único porta-retrato que eu havia visto na casa. Observei a foto com a atenção e tive quase certeza de que era ele nos braços de uma moça muito bonita. Deveria ser a sua mãe. Coloquei o porta-retrato no lugar e dei atenção a outras coisas que estavam sobre a prateleira. Uma coisa me chamou imediatamente atenção. Na parte debaixo da prateleira havia algumas fotos, que estavam em cima de um envelope branco. Elas não estavam em um porta-retrato, mas eu ainda tinha a curiosidade de vê-las. Me abaixei para ver as fotos e rapidamente desejei nunca ter tido aquela infeliz ideia.

- O que... – Eu peguei as fotos nas mãos e me levantei. A minha expressão mudou repentinamente. Todas as fotos eram praticamente iguais. Todas elas mostravam diversos ângulos de e Amber se beijando. Minha primeira reação foi não ter reação. Eu entrei em choque. Eu olhava foto por foto e eu não conseguia acreditar no que eu estava vendo. Eu achei que o fato de eu saber que eles estavam juntos tornaria menos doloroso quando eu tivesse que vê-los juntos. Eu estava muito errada.

O meu corpo, a minha mente sofreram algum tipo de apagão por uns 10 longos segundos. Quando a ficha caiu, ela caiu como uma bomba. Eu voltei a ver foto por foto, mas dessa vez eu senti as consequências. A cada foto era uma facada no meu coração. Os meus olhos enchiam-se de lágrimas a cada maldita foto e foi ai que eu comecei a jogá-las no chão. Minhas mãos estavam vazias e as fotos estavam espalhadas pelo chão do quarto do Mark. Foi como ter perdido o rumo da minha vida novamente. Eu não sabia o que fazer ou como reagir. Levei uma das mãos até o meu cabelo e entrelacei meus dedos nele, jogando-o pra trás. Eu suspirei longamente tentando recuperar todos os meus sentidos. As lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos e eu neguei com a cabeça. Não, não pode estar acontecendo de novo. Usei todas as forças que me restavam para sair dali. Sai do quarto do Mark e fui em direção as escadas.

Mark finalmente desligou o telefonema indesejado e desceu do telhado. Imaginou o que eu estaria fazendo em seu quarto e sorriu sozinho só ao pensar. Pulou a janela e entrou novamente em seu quarto. A primeira coisa que fez foi me procurar. Os olhos dele percorreram todo o quarto e o sorriso em seu rosto diminuiu quando ele não me encontrou. Foi só então que ele viu um envelope e diversas fotos espalhadas pelo chão. O maldito envelope que ele havia pegado da minha caixa de correio.

- Não, não, não... – Mark correu até as fotos, torcendo para não ser o que ele achava que era. Quando ele viu que se tratavam das fotos que fariam o meu mundo desabar novamente, ele se xingou mentalmente. Negou com a cabeça, irritado. – Merda! – Ele esbravejou, levantando-se e correndo em direção a porta de seu quarto. Ele precisava me alcançar. Ele precisava me explicar tudo.

A dor aumentava a cada segundo e as lágrimas já atrapalhavam a minha visão. Cheguei na porta da casa do Mark e ouvi ele gritar o meu nome. Eu ignorei e me apressei ainda mais para chegar em casa o mais rápido possível. Abri a porta da casa e a bati com força. Andei rapidamente pelo jardim da casa dele e seguia indo em direção a minha. Mark terminou de descer as escadas de sua casa e correu até a porta de entrada. Da porta, ele conseguiu me ver na calçada. Ele bateu a porta e saiu correndo em direção a mim.

- ! – Mark gritou, quando estava aproximando-se de mim. Eu passei a manga da minha blusa embaixo dos olhos e continuei andando. – Espera! – Ele gritou novamente e eu continuei a não dar ouvidos. – ME ESCUTA! – Mark entrou na minha frente, colocando suas mãos em meus ombros.
- Não encosta em mim! – Eu tirei suas mãos dos meus ombros e passei por ele. Mark ainda tentava superar todas as lágrimas e a tristeza que ele havia visto em meu rosto.
- ME DESCULPA! – Mark gritou, sem dar mais nem um passo. Eu não conseguia entender porque ele estava envolvido naquilo. Por quê? Eu parei de andar e respirei fundo antes de me virar para olhá-lo.
- Porque você fez isso? – Eu disse com a voz totalmente embargada. Eu fui até ele e o empurrei. – Porque você? Logo você tinha que fazer isso comigo? – Eu não tinha mais forças para continuar empurrando-o. Aquele era o auge do desespero de Mark.
- Não fui eu! – Mark negou incessantemente com a cabeça. – Me escuta! – Ele olhou em meus olhos. – Não fui eu! – Ele reafirmou.
- Apenas me diga por quê! O que você ia ganhar com isso? – Eu dizia aos prantos.
- Nada! – Mark prontamente respondeu. – , eu não fiz isso! Olhe pra mim! – Ele segurou meu rosto com suas duas mãos. – Você sabe que eu jamais faria isso! Você sabe que eu nunca faria nada pra te fazer sofrer. – Mark precisava do meu perdão. Ele precisava que eu acreditasse nele. – Eu só estava tentando te proteger. – Eu consegui ver algumas poucas lágrimas nos olhos dele.
- Me proteger? Me proteger? – Eu repeti, indignada.
- Eu encontrei aquelas fotos na sua caixa de correio. Eu fiquei com elas porque eu não queria que você as visse! Eu sabia como você ia ficar quando visse essas fotos e eu... – Mark negou com a cabeça. – Eu não podia permitir. – Ele engoliu seco. Mark disse tudo com tanta intensidade que eu rapidamente soube que era verdade.
- Não era sua escolha! – Eu retruquei, tentando engolir o choro.
- O que? – Ele me olhou com indignação. – Não era a minha escolha? – Mark repetiu a minha afirmação. – Como poderia não ser a minha escolha? Estava nas minhas mãos! Aquelas malditas fotos estavam nas minhas mãos! Eu tinha a opção de evitar todas essas lágrimas e todo esse sofrimento. Acha que eu não faria isso por você? Acha que eu tinha a opção de deixar aquelas fotos lá, sabendo que você as veria? Eu não podia! Então eu decidi! E eu faria de novo! – Ele me enfrentou. – Agora me responda! Acha mesmo que eu teria a coragem de ir até Atlantic City para tirar aquelas fotos? A preço de que? Tirar o idiota do caminho? Bancar o herói? – Ele perguntou de forma retorica.
- Será que foi ele? – Aquela hipótese me destruía. Eu estava me referindo ao .
- Eu acho que não. – Mark negou com a cabeça. – Ele não parece saber que está sendo fotografado. Ela também não. – Ele completou.
- Então quem foi? – Eu perguntei, tentando não deixar as lágrimas interferirem dessa vez. – Quem faria uma coisa dessas comigo? – Eu perguntei, sentindo uma lágrima escorrer do canto dos meus olhos.
Tinha alguém tentando me derrubar. Alguém que sabe o que eu estou passando e sabe exatamente quais armas usar contra mim e eu descobriria quem era!





Capítulo 46 – Estranho



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:



- Eu não entendo! Porque alguém me mandaria essas fotos? Quer dizer, qual é o objetivo? – Eu passei os dedos pelo meu rosto para enxugar as lágrimas que haviam escorrido. Eu dei alguns passos, enquanto tentava achar algum culpado por tudo aquilo.
- Alguém não quer vocês dois juntos. – Mark achou que estava dizendo o óbvio.
- Mas nós não estamos juntos! – Eu voltei a olhá-lo, irritada. – Droga! Eu já terminei com ele! O que mais estão querendo? – Eu suspirei longamente. Nada fazia sentido.
- , você sabe que não acabou. – Mark negou com a cabeça. Sabia que odiaria ouvir aquilo.
- O que? – Eu abri os braços, perplexa. – É claro que acabou! – Eu completei.
- Talvez pra ele, mas não pra você. – Mark me olhou, sério. Eu cerrei os olhos pra ele e o observei por um tempo.
- Do que é que você está falando? – Eu dei alguns passos na direção dele. Mark percebeu o quão brava eu estava por ele estar me contrariando daquele jeito.
- Esquece! – Mark rolou os olhos. Era melhor deixar pra lá.
- Não, não! – Eu neguei com a cabeça. – Fala! – Eu o encarei. – Fala de uma vez o que você está tanto querendo me dizer! – Eu esperei ele se manifestar. Ele manteve-se em silêncio. – Fala, Mark! – Eu aumentei o tom de voz. Eu me irritava cada vez mais.
- Não acabou pra você! Você ainda tem esperanças, você ainda o quer de volta! – Mark pareceu um pouco irritado também.
- Como pode ter tanta certeza? – Eu fiquei um pouco mais mansa. O jeito com que Mark havia falado me fez baixar um pouco a bola.
- Porque eu vejo como você fica cada vez que o telefone toca! Porque eu percebo a sua ansiedade cada vez que a campainha da sua casa toca! Porque eu vejo você ir a sua caixa de correio todas as manhãs esperando encontrar uma resposta dele! – A cada coisa que Mark citava eu me sentia mais idiota, porque ele sabia de tudo o que eu tenho tentado esconder todo esse tempo até de mim mesma.
- Você anda me espionando? – Eu tenho certeza que demonstrei o quão incomodada aquilo me deixou. Todas aquelas fraquezas sendo jogadas na minha cara. Eu precisava reverter aquela situação.
- Eu conheço você! – Mark voltou a me desarmar. – Eu sei que você está mal e não é só por causa do término. Também é porque ele não veio atrás de você. – O tom de voz dele mudou. Minha raiva havia desaparecido, porque ele novamente jogou na minha cara a verdade que eu nunca quis assumir. – Você está esperando ele vir atrás de você como ele sempre fez, não é? – Ele me olhou nos olhos e viu algumas lágrimas neles.
- Eu deveria saber que ele não viria, né? – Eu forcei um sorriso para não parecer tão fraca.
- Eu também sei o que é esperar por alguém que nunca vem. – Mark me olhou com carinho. – E eu sei! Eu sei o quanto isso é doloroso. – Ele negou rapidamente com a cabeça. – Eu faria qualquer coisa! Qualquer coisa para que você não precisasse se sentir desse jeito. Foi por isso que eu peguei aquele envelope. – Mark aproximou uma de suas mãos de meu rosto e secou a lágrima que havia escorrido dos meus olhos.
- Eu me sinto uma idiota agora. – Eu sorri e rolei os olhos. – Eu achando que estava enganando todo mundo com os meus sorrisos, minhas brincadeiras e notas excelentes na faculdade. – Eu respirei fundo, tentando me recompor.
- Não, você foi bem! Tenho quase certeza que fui só eu que notei. – Mark disse, me fazendo sorrir fraco.
- E como você soube? Foi a minha ida até a caixa de correio todos os dias ou está escrito na minha testa mesmo? – Eu fiz graça da minha própria desgraça.
- Foi... o seu olhar. – Mark me olhou direto nos olhos novamente. Ele rapidamente percebeu o quão intenso aquilo havia sido. – Quer dizer, ele nunca mais foi o mesmo depois que você voltou de Atlantic City naquela noite. – Ele tentou consertar.
- O que tem no meu olhar? – Eu quis entender.
- Tristeza. – Mark voltou a olhar nos meus olhos. – Tem tristeza, . – Ele repetiu. – E pra ser sincero, eu não aguento mais te ver assim. – Mark sorriu sem mostrar os dentes. Estava sem graça.

Mark tinha um jeito único de me dizer as coisas. Ele nunca dizia só com palavras. Ele também dizia com o olhar. Seu olhar acompanhava cada palavra que saia da sua boca e isso era fascinante pra mim. O jeito com que ele falou, o jeito com que ele descreveu toda a minha tristeza e todo o seu desconforto por causa de mim e do que eu sentia, me fez querer superar tudo aquilo em um segundo só para que eu não precisasse vê-lo tão sentido com o que eu sentia.

- O que eu devo fazer? – Eu perguntei, como se estivesse implorando uma solução.
- Você precisa deixá-lo ir, . – Mark deu a não tão simples solução.
- Como? Tem algum botão pra eu apertar? Tem algum papel pra eu assinar? Me diz, porque eu não sei como fazer isso! – Eu ergui os ombros. Todos sempre me dizem isso, mas porque nunca ninguém me ensina a fazer isso?
- Comece querendo fazer isso. Você não pode tirá-lo da sua vida sem que você queira realmente que ele saia dela. – Mark explicou.
- Então o que eu devo fazer primeiro? Queimar nossas coisas? Me apaixonar por outro cara? Ou talvez sofrer um novo acidente. Quem sabe eu me esqueça dele de novo? – Eu ironizei.
- Pare de esperá-lo. É melhor não esperar e ser surpreendida do que esperar e ser decepcionada. – A solução pareceu um pouco melhor dessa vez. Observei ele por um tempo e aproveitei para passar minhas mãos pelos meus olhos para secar qualquer lágrima que ainda estivesse ali.
- Você está certo. Isso já foi longe demais. – Eu afirmei com a cabeça. – Já se passou um mês! Quem eu estou querendo enganar? Se ele viesse, já teria vindo! Ele superou e até já encontrou outra pessoa. Não há motivos pra continuar esperando, pra continuar tendo esperanças sobre isso. – Aquela era a primeira vez que eu estava levando aquelas palavras a sério.
- Que bom... – Mark forçou um sorriso. – Eu fico até sem jeito em falar esse tipo de coisa pra você. Parece que... – Ele não achou as palavras certas para continuar. – Eu não sei. Você sabe que eu e o nunca nos demos bem. Eu não quero que ache que eu esteja falando tudo isso porque eu não gosto dele. – Ele disse todo sem jeito.
- Está tudo bem, Mark. Isso nem passou pela minha cabeça. – Eu sorri e neguei com a cabeça. – Eu vou fazer isso por mim. – Eu afirmei. – Eu não sei quem está mandando essas fotos, mas se estava querendo acabar comigo não conseguiu. Isso só me ajudou a ver exatamente o que eu tenho que fazer. Essas fotos só me fizeram ter certeza de que dessa vez realmente acabou. É doloroso e acho que vai continuar sendo por mais alguns dias, mas está me fazendo enxergar. Eu não vou ignorar ou me fazer de boba dessa vez. – Eu estava sendo tão compreensiva comigo mesma e com os meus sentimentos que eu cheguei a me surpreender.
- Então, eu estou orgulhoso de você. – Mark sorriu pra mim e eu devolvi o sorriso. Nos olhamos por um tempo e ele negou com a cabeça. – Não faz mais isso. – Ele cerrou um pouco os olhos.
- O que? Fazer o que? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Brigar comigo! – Mark disse como se fosse óbvio. – Não faz isso. – Ele negou com a cabeça entre sorrisos.
- Combinado! – Eu estendi uma das minhas mãos. – Sem brigas, parceiro. – Esperei que ele apertasse a minha mão.
- Ótimo. – Mark quase riu ao estender a sua mão e apertar a minha. Aproveitou para me puxar para mais perto e me abraçar. Eu não me incomodei nem um pouco. Pelo contrário! Apertei o corpo dele contra o meu e coloquei o meu queixo em cima de um de seus ombros. Eu nunca havia notado que o perfume dele era tão bom... ou será que tinha?
- Obrigada por cuidar de mim. – Eu sorri fraco e mantive meus braços em torno dele.
- Sempre que precisar, eu vou estar aqui por você. – Mark estava gostando do jeito com que eu estava apertando o seu corpo. Era o melhor abraço de todos.
- Você não devia ter dito isso. – Eu terminei o abraço só para poder olhar no rosto dele.
- Espera, eu ainda posso voltar atrás. – Mark brincou, me fazendo rir.
- Tarde demais! – Eu fiz careta e ele riu.
- Droga! – Mark também forçou uma careta.
- Eu vou precisar de você hoje a noite. – Eu mordi o lábio inferior. Eu estava sendo inconveniente e sabia disso.
- Pra que? – Mark se interessou.
- Eu ainda não vou dizer. – Eu fiz mistério. Se eu dissesse, ele não aceitaria. – Vai ser fácil convencer a Meg a ir com a gente. – Eu continuei sem dar dicas sobre o que faríamos naquela noite.
- Fácil? Agora sim eu estou preocupado. – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Ninguém mandou dizer que sempre estaria aqui por mim! – Eu fiz careta e ele riu.
- Tudo bem! Eu estou dentro! – Mark abriu os braços. Não tinha como negar.

Eu tentei fugir, eu tentei adiar o máximo, mas agora não tem como fugir. Agora não tem mais motivos ou desculpas para ter esperanças. O que eu e tínhamos acabou e está mais do que na hora de eu superar isso. Uma mês já se passou e a única coisa que consegui foram fotos dele beijando a garota mais desprezível do mundo. A única coisa que eu consegui foi provas da superação dele. Eu senti inveja por algum tempo. Eu também queria ter superado tão rápido. Eu queria já estar em outra e queria que ele se sentisse do mesmo jeito que estou me sentindo agora.

As fotos de e Amber juntos mudou sim alguma coisa em mim. Foi como a gota d’ água da nossa relação. Foi como se aquelas fotos estivessem gritando pra mim que era hora de seguir em frente. Ele não vai voltar. Ele não virá atrás de mim. Ele não tentará consertar as coisas. Ele não se importa mais. Esse, talvez, seja o maior incentivo de todos para eu fazer o mesmo.

Não vou ser hipócrita e fingir que a minha reação foi tão racional assim. Na verdade, eu acho que eu venho me preparando para isso durante cada dia desse último mês, mas eu nunca vou estar pronta o bastante para ver ele com outra garota. Eu nunca vou estar pronta para vê-lo jogar na minha cara que não me ama mais.

O pior já foi feito! Eu finalmente tomei a consciência de que acabou e que eu tenho que superar. E agora? Agora eu tenho que fazer o que todos fazem para superar o fim de um namoro. Agora eu preciso sair e me obrigar a esquecer tudo isso. Eu só preciso de uma noite pra extravasar e talvez ficar um pouco louca. Eu preciso apertar esse botão que deleta o da minha vida e reinicia a minha vida de solteira. É hora de me libertar disso. Estou devendo isso a mim mesma.

Eu não precisei nem insistir. Meg aceitou sem hesitar! Porque será? Desde quando Meg rejeita uma balada? Isso é o que eu mais gosto na Meg. Ela nunca está mal e está sempre pronta pra tudo. Se eu precisar de companhia pra fazer a coisa mais louca da minha vida, eu sei que é ela quem eu devo chamar. Ela topa tudo! Mas o Mark? O Mark não. O Mark é o responsável. É o cabeça do grupo. Ele pensa nas consequências. Ele está sempre pensando nos problemas antes deles acontecerem. Ele está sempre nos policiando. É por isso que ele ainda não sabe de nada.

- Não acredito que estamos mesmo fazendo isso. – Meg riu, enquanto maquiava-se em frente ao espelho.
- Essa é a hora, Meg! – Eu afirmei, empolgada. A campainha tocou e eu sabia que era o Mark. Era exatamente 20hrs. – É o Mark. – Eu afirmei, conferindo o espelho pela última vez.
- Estou pronta. – Meg fechou rapidamente o seu estojo de maquiagem.
- Eu também. – Eu afirmei, andando em direção a porta do meu quarto. Meg me acompanhou.
- Ele não sabe, né? – Meg confirmou. Não queria ‘soltar foras’.
- Não! Não vai falar nada, hein. – Eu sorri, enquanto descia as escadas.
- Ele vai odiar isso. – Meg riu, imaginando a reação de Mark.
- Eu preciso disso, ok? – Pra mim aquele era um ótimo motivo.
- É, eu sei bem que precisa. – Meg ironizou, arrancando de mim um novo sorriso. Chegamos na porta juntas e eu abri a porta. Mark estava mexendo em alguma coisa em seu celular e demorou alguns segundos para olhar para mim e para Meg.
- Oi, eu... – Mark ia dizendo alguma coisa quando nos olhou. Estávamos mais produzidas do que ele imaginava. (VEJA A ROUPA AQUI) – O que vocês... – Mark ficou sério. – Espera! Onde nós vamos? – Ele perguntou mais uma vez. Estávamos arrumadas demais para uma simples ‘voltinha por ai’.
- Você ainda não vai saber. – Eu pisquei um dos olhos pra ele e dei alguns passos pra fora da casa.- Tranca a porta, Meg. – Eu olhei pra ela.
- Como é que eu vou levar vocês até lá se eu não sei onde é? – Mark foi atrás de mim. Ele não sossegaria enquanto não soubesse onde iriamos.
- É por isso que eu vou dirigindo. – Eu mostrei as chaves do meu carro.
- Meg, me fala! Onde nós vamos? – Mark recorreu a Meg.
- Desculpa, bonitinho. Eu não posso falar nada. – Meg fez careta e afastou-se da porta, que havia acabado de trancar.
- Vamos logo! – Eu gritei, prestes a entrar no carro.
- Vem! – Meg segurou no braço do Mark e começou a puxá-lo em direção ao meu carro. – Desencana, vai! – Ela pediu e ele parecia ter cedido.



Eu estava muito empolgada para fazer aquilo. Eu estava louca para ser, pela primeira vez, a garota do interior que veio estudar na cidade grande. Eu e Meg percebemos o silêncio e a inquietação de Mark durante todo o caminho. Nós trocávamos olhares através do retrovisor e sorriamos secretamente uma pra outra. O local ficava há uns 15 minutos da minha casa. Quando chegamos em frente daquele local que tinha uma música extremamente alta e que estava completamente lotado, Mark soube.

- Ah.. não. – Mark rolou os olhos e me olhou. – Sério? – Ele desacreditou.
- Wow! Vamos festejar! – Meg fez uma rápida comemoração. Eu nem respondi o Mark e tratei logo de procurar um lugar para estacionar o carro. Felizmente, o local tinha um estacionamento, que era bem caro por sinal. Não foi difícil achar um lugar para estacionar ali. Paramos o carro e eu o desliguei. Eu e Meg saímos rapidamente do carro, tentando evitar a bronca de Mark. Isso não foi um problema pra ele. Ele também desceu do carro para fazer o que tinha que fazer.
- Vamos voltar pra casa, ok? – Mark me olhou, sério.
- Nós já viemos até aqui! Vamos entrar! – Eu apontei em direção ao local da balada que ficava logo ao lado. Era só a melhor balada da cidade.
- Eu sei o que está tentando fazer. Não vai acontecer. – Mark manteve aquela expressão séria.
- Qual o problema? – Eu abri os braços e sorri pra ele.
- Essa é a sua ideia de superação? – Mark arqueou a sobrancelha.
- Na verdade, estou tentando descobrir a minha ideia de superação. Porque não? – Eu ergui os ombros.
- Não, . Não vou colaborar pra isso. – Mark negou com a cabeça.
- Qual é, Mark! – Meg fez careta.
- Não vou entrar lá. – Mark cruzou os braços.
- Vai nos deixar ir até lá sozinhas? – Eu tinha quase certeza de que aquele argumento funcionaria.
- Pode ir parando, ok? Não vai funcionar. – Mark continuou sendo duro comigo.
- Legal! Então pega um taxi e volta pra casa. Eu volto dirigindo mais tarde. – Eu arrumei uma rápida solução.
- Porque você é tão... – Mark hesitou dizer. Olhei pra ele e cerrei os olhos, esperando ele terminar a sua frase. Ele suspirou longamente e segurou-se para não sorrir. – Teimosa! – Ele sorriu dessa vez. O sorriso dele demonstrou que não estava longe dele ceder. Me aproximei dele e parei em sua frente.
- Você disse que sempre estaria aqui por mim. – Eu disse com jeitinho. – Vai me deixar logo agora? – Eu sorri sem mostrar os dentes.
- Essa não é a melhor opção. – Mark voltou a negar com a cabeça. Ele não estava tão sério quanto antes. – Estou tentando cuidar de você. – Ele sorriu desajeitadamente.
- Eu sei que está, mas... – Eu respirei fundo. – Eu preciso disso, ok? Você sabe que eu preciso disso. Eu preciso tirar isso de dentro de mim. Eu preciso esquecer. – Eu expliquei. – Vamos? – Eu apontei a cabeça em direção ao estabelecimento. – Se divirta comigo. – Eu mordi o lábio inferior.
- Vamos, Mark! – Meg deu o seu melhor sorriso.
- Ok! – Mark encarou o céu por poucos segundos. – Eu vou me arrepender disso. – Ele rolou os olhos.
- Qual o problema em se divertir? – Eu perguntei, abrindo os braços.

Mark estava tão preocupado com aquela noite, que até esqueceu de notar o quanto eu estava bonita naquela noite. Ele me analisou daquele seu jeito tímido e discreto por alguns segundos. Ele adorava a ideia de que eu não precisava usar tão pouca roupa para parecer sexy. Ele adorava o jeito que eu me vestia e o jeito que eu me maquiava. Ele me achava bonita mesmo sem maquiagem, mas quando eu me maquiava alguma coisa ficava diferente. Tudo em mim se realçava. Os olhos, os lábios e as bochechas pouco rosadas.

- Vamos! Vamos! – Meg nos apressou.
- Ok! Vamos. – Mark fez careta em meio a um sorriso.

A minha empolgação era mesmo real, mas eu não sei se era pelos motivos certos. Eu não estava empolgada para dançar e me divertir. Eu estava empolgada para esquecer essa dor que me sufoca há um mês. Eu estava muito empolgada para tirar isso de dentro de mim de um jeito ou de outro. Eu preciso desesperadamente voltar a viver a minha vida.

Compramos as entradas na bilheteria do local e entramos naquele lugar que tinha música alta e luzes que piscavam no ritmo da música. Era sexta-feira a noite e todos pareciam empolgados. As maiorias das pessoas estavam com copos de bebida nas mãos e uma grande parte deles dançava. A empolgação deles me fez sorrir.

Meg nos guiava para o melhor lugar da balada. Ela era uma veterana ali. Eu não tirava os olhos dela, pois não queria perdê-la de vista. Mark estava atrás de mim. Eu também não queria que ele se perdesse de nós, então eu segurei uma de suas mãos e comecei a puxá-lo. A reação dele quando eu segurei sua mão foi cômica. Ele olhou pra mim e depois para as nossas mãos. O sorriso desajeitado que não deixava de ser muito bonito. Já disse que adoro o sorriso dele?

A minha sexta-feira está prometendo ser boa, mas e a do ? Bem, a do nem tanto. Ele havia viajado para duas cidades naquele dia. Ele tinha uma reunião em cada uma delas e o seu trabalho era convencer o cliente a trabalhar com sua empresa. Seu trabalho era expor ideias de propagandas que podiam chamar a atenção do cliente. Acontece que é muito bom no que faz. Trouxe os dois contratos assinados para casa. Ele estava começando a se destacar no ramo de esportes e isso estava sendo muito bom para sua empresa. Junto com o sucesso, vem o cansaço. Sair naquela noite de sexta-feira estava fora de cogitação. até tentou e o convidou para uma festa, mas rejeitou. A única coisa que ele faria naquela noite era dormir.

chegou em casa e seguiu a rotina de todos os dias. Deu um pouco de atenção para Buddy e foi tomar o seu banho. Todos os dias ele se olhava no espelho e a primeira coisa que pensava era se sua aparência estava melhor que a do dia anterior. Não, não tem nada relacionado ao seu ego. Está relacionado com o seu esforço para não deixar as lembranças lhe abater novamente. Já havia passado um pouco mais de um mês e ele ainda tinha que monitorar a si mesmo para não pensar em quem não deveria. Todos os dias ele ainda se pegava pensando no que eu estaria fazendo naquele exato segundo. Ele ainda sentia vontade de me ligar para ouvir a minha gargalhada, que eu costumava dar todas as vezes que ele dizia que largaria tudo e correria para Nova York apenas para matar aquela saudade louca que ele tinha dos meus beijos. Ele sentia falta de me ouvir contando de um jeito malandro a besteira que eu havia feito no trânsito naquele dia. Ele até sentia falta de me ouvir dizer que eu o amava daquele jeito sem graça, que não desapareceu nem depois que começamos a namorar.



No espelho, ele via um cara que, apesar de um pouco abatido, já esteve pior. Um cara que parecia bem melhor depois de tudo o que passou. Um cara bem diferente e eu não estou falando sobre personalidade. Suas idas até a academia deixaram o seu corpo um pouco mais definido e o cabelo estranhamente ajeitado. Ele também havia deixado uma rala barba crescer em seu rosto, o que o deixava com mais cara de adulto. Uma coisa era certa: ele não era mais aquele garoto do ensino médio.

Depois de tomar banho, ele sentava-se no sofá geralmente com uma pequena garrafa de cerveja nas mãos e assistia o seu canal favorito de esportes. Buddy era um companheiro para todas as horas. Ele sentava-se ao lado de no sofá e parecia entender tudo o que via na TV. Depois de algum tempo, ele prepararia algo para comer. Geralmente algo prático como macarrão. Após jantar, ele enrolava mais um pouco e brincava um pouco com o Buddy.

Não tinha como evitar. Não tinha como não pensar o que teria acontecido se eu não tivesse ido para Nova York. As vezes gostava de idealizar alguns momentos que nunca vivemos. Eu provavelmente estaria sentada naquele sofá com ele e ele iria morrer de ciúmes em me ver dando atenção ao Buddy. As vezes, ele queria saber como seria sair do seu trabalho sabendo que me veria e que eu o faria sorrir apesar do cansaço. Não seria uma sexta-feira tão entediante, não é? Foi dormir quando o relógio marcava um pouco mais de meia noite.

Meg e eu não parávamos de rir de um cara que dançava ali perto de nós. Ele estava visivelmente bêbado e não tinha a menor ideia do que estava fazendo. Acho que ele estava tentando ser sexy, mas não estava dando certo. Mark acabou entrando na brincadeira, quando por alguns segundos tentou imitar a dança engraçada do cara bêbado. Eu e Meg estávamos chorando de rir e Mark também parecia se divertir, mas daquele jeito mais discreto dele.

- E ae? Vamos dançar ou não? – Meg me olhou. Estávamos ali há uma hora e a única coisa que havíamos feito foi zoar um cara bêbado.
- Pode ir, se quiser. Eu vou daqui a pouco. – Eu desconversei pela 3° vez naquela noite. Eu estava travada. Isso aconteceu da última vez, mas agora não tem a ver com o . Eu já não estou tão acostumada com essa vida de solteira. Não estou acostumada a essas batidas loucas dessas músicas eletrônicas.



TROQUE A MÚSICA:



15 minutos se passaram e eu ainda estava lá parada. Droga, como é que se faz isso mesmo? Como é que eu me divirto e danço do jeito que eu fazia antes? Como é estar em uma balada sobre os olhares de vários caras? É normal ficar tão incomodada com esses casais se pegando no meio da pista? É tão ridículo sentir inveja de todas essas garotas sendo beijadas em volta de mim? Em poucos segundos, fiz as contas mentalmente da última vez que havia beijado alguém. CARAMBA! Mais de dois meses? Ok, declarando estado de emergência. Eu preciso mesmo me soltar. Como? Que pergunta mais idiota. A resposta é mais do que óbvia.

- Vamos beber alguma coisa? – Eu olhei pro Mark e pra Meg e eles pareceram consentir. Eu olhei para o balcão de bebidas que havia ali perto. Mostrei para Mark e para Meg onde eu queria ir e eles afirmaram com a cabeça. Fui em direção ao balcão e eles me seguiram.
- O que vai querer? – O bartender me encarou. Não hesitei um só segundo em responder.
- 3 doses de vodka. – Eu disse e senti Mark e Meg me olharem. Não dei atenção. O bartender colocou 3 copos minúsculos na minha frente, que foram enchidos todos de uma só vez.
- Ei, eu não quero vodka. – Meg reclamou, fazendo careta pra mim.



- E quem disse que é pra você? – Eu olhei pra ela e sorri. Meg me olhou sem entender. Bem, ela entendeu quando me viu virar um copo após o outro. Eu rapidamente senti o olhar de desaprovação de Mark e por isso nem olhei pra ele. Ele olhou pra Meg, que arqueou as sobrancelhas, demonstrando surpresa. Mark negou levemente com a cabeça.
- Vai com calma, garota. – Meg disse de um jeito descontraído. Não queria que soasse como uma bronca.
- Eu estou bem calma e estou apenas começando. – Eu também disse de forma descontraída e Meg sorriu pra mim desajeitadamente.
- ... – Mark ia interferir, mas eu o impedi.
- Vamos dançar! – Eu olhei pra ele e depois pra Meg.
- Vamos... – Meg rolou os olhos apesar do sorriso.
- Eu... vou ficar aqui. – Mark ergueu os ombros. Não tinha nada que ele pudesse fazer.
- Surpreendente! – Eu fiz careta pra ele e sai, puxando a Meg em direção a pista de dança. Mark ficou encostado do balcão das bebidas.

Meg e eu estávamos no divertindo muito dançando. Meg sabia dançar muito bem e ela tentou me ensinar alguns passos, mas eu não sou uma boa aluna. Nós riamos a cada passo desajeitado que eu dava. Alguns caras se intrometiam e também tentavam aprender os passos, mas eles estavam bêbados demais para isso. Mark nos observava de longe. Ele não tirava os olhos de nós nem por um minuto.

- Mais uma vodka! – Eu voltei ao balcão. Eu estava novamente ao lado do Mark. Aquela devia ser a 4° vez que eu abandonava a pista de dança para ir até o balcão e pedir mais uma bebida. Ele me julgava com olhares a cada vez que eu vinha até o balcão.
- , é melhor você parar com as vodka’s. – Mark finalmente disse. Estava demorando.
- Por quê? Eu estou ótima! – Eu ergui os ombros e sorri pra ele. O bartender colocou o pequeno copo na minha frente e o encheu de vodka. Assim como os outros, eu o virei de uma vez só.
- Surpreendente, mas acho que dá pra fazer melhor. – Um cara ao meu lado falou. Olhei pra ele, sem entender.
- Está falando comigo? – Eu apontei pra mim mesma e ele riu.
- Você virando a vodka... – O cara me olhou. – Surpreendente, mas já vi melhores. – Ele arqueou a sobrancelha. Mark curvou-se para olhá-lo. Quem era aquele infeliz?
- É mesmo? – Eu cerrei os olhos e mantive um sorriso no rosto. – Ei! – Eu chamei o bartender novamente. – Mais 3 vodka’s! – Eu pedi e dei um tapa no balcão.
- O que!? – Mark me olhou, surpreso. – Nem pensar. – Ele me olhou, sério.
- Eu já disse que estou bem! – Eu reafirmei, irritada.
- Não quero saber! – Mark me enfrentou.
- Quem é esse cara? – O cara ao meu lado perguntou, olhando de forma desprezível pro Mark.
- Eu sou o cara que vai te arrebentar se você fizer ela tomar mais um copo de bebida. – Mark olhou de forma ameaçadora para o cara.
- Ele não está me fazendo fazer nada! – Eu retruquei em defesa do cara desconhecido. – Eu vou fazer porque eu quero. – Eu odiava receber ordens.
- Eu estou te pedindo. Não bebe. – Mark tentou pedir com mais jeito. Olhei para o balcão e os 3 copos já estavam na minha frente. Peguei o primeiro copo e virei de uma só vez.
- Não... – Mark ia dizer qualquer coisa para me impedir, mas eu virei os outros dois copos tão rápido que ele nem teve tempo de dizer. – Ótimo! – Ele suspirou, olhando para qualquer outro lugar e balançando negativamente a cabeça.
- Uau! – O cara ao meu lado sorriu, impressionado.
- Bom o suficiente pra você? – Eu arqueei a sobrancelha e ele afirmou com a cabeça, descendo os olhos discretamente pelo meu corpo. Mark novamente curvou-se para nos olhar.
- Como eu disse, surpreendente! Só falta dançar comigo. – O desconhecido me chamou discretamente pra dançar.
- Oh, qual é! – Mark rolou os olhos.
- Bem, minha amiga está me esperando ali. Se quiser se juntar a nós. – Eu ergui os ombros e sai em direção a Meg. Ele levantou-se com a intenção de me seguir, mas Mark foi mais rápido e o segurou pelo braço.
- Presta bem atenção! – Mark encarou o cara, que aparentava ter bebido alguns drink’s. – Se você está pensando que se deixá-la bêbada vai conseguir alguma coisa com ela, você está enganado. Um movimento... – Ele cerrou os olhos ameaçadoramente. – Só um movimento errado e eu acabo com você. Fui claro? – Mark apertou ainda mais o braço do cara.
- Muito claro. – O cara forçou um sorriso, que soou mais como desespero.
- Legal. – Mark soltou o braço dele e deu alguns tapinhas em seu ombro. – Divirta-se. – Ele forçou um agradável sorriso. O cara começou a se afastar lentamente e foi até mim. Meg também estava lá.



Se Mark já estava atento antes, agora ele estava o dobro. Era a primeira vez em meses que eu estava me divertindo de verdade. Meg e eu dançávamos desastrosamente e aquele cara desconhecido nos acompanhava. A embriaguez dele o tornou totalmente inofensivo. Ele estava mais para palhaço do que para qualquer outra coisa. Depois de todas aquelas doses de vodka, elas pareciam estar fazendo efeito. A cada segundo que passava eu ficava mais fora de mim e mais tonta. Eu não estava percebendo a minha mudança de comportamento, mas Meg estava.

- , vamos sentar um pouco? Esse salto está me matando! – Meg inventou qualquer desculpa para me tirar dali e me levar até o Mark. Abaixei a cabeça para olhar para os pés dela.
- Porque você não tira? – Eu achei uma rápida solução.
- E ficar descalça? – Meg fez careta.
- Compra um chinelo. – Eu ergui os ombros. – Será que eles vendem chinelo aqui? – Eu perguntei, séria. Meg segurou o riso, enquanto eu olhava em volta. – ALGUÉM TEM UM CHINELO PRA VENDER? MINHA AMIGA PRECISA DE UM CHINELO! – Eu gritei no meio da pista de dança. Sim, efeitos da bebida.
- ! – O riso de Meg desapareceu. Ela ficou com vergonha do meu escândalo e agarrou a minha mão. – Vamos só sentar um pouco. – Ela começou a me puxar em direção ao Mark.
- Não! Eu quero dançar! – Eu puxei minha mão e dei alguns passos para trás, voltando para onde eu estava. Meg olhou pra trás e rolou os olhos. Ela olhou pro Mark, que de longe parecia não entender o que estava acontecendo. Mark abriu os braços, mas continuou onde estava. Meg suspirou longamente e voltou a andar até mim.
- , é só por um segundo! – Meg queria me tirar dali a qualquer custo. Ela sabia que eu já estava bem alterada. – O Mark quer falar com você. – Ela inventou qualquer desculpa.
- Então mande ele vir até aqui. – Eu sorri pra ela, enquanto começava a voltar a dançar. Meg percebeu que eu não estava nem dando atenção pra ela.
- Eu tentei... – Meg suspirou, virando-se de costas e indo em direção ao Mark.
- Qual o problema? – Mark perguntou, assim que Meg chegou até ele.
- Olhe pra ela. – Meg virou-se para me olhar. Eu estava dançando loucamente no meio da pista de dança. – Sim, ela está bêbada. – Meg forçou um sorriso.
- Bêbada? – Mark não havia percebido que a situação estava tão critica assim. Eu passei a maior parte do tempo dançando e longe dele. – Bêbada quanto? – Ele quis saber.
- Bêbada no nível que vai fazê-la agarrar o primeiro cara que se aproximar dela. – Meg riu sem emitir som.
- E você deixou ela lá sozinha? – Mark fez cara feia pra Meg.
- Eu tentei tirar ela de lá, ok? Ela não quis vir. – Meg explicou-se. – Ela disse que é pra você ir até lá. – Ela deu o recado.
- Eu? – Mark apontou pra si mesmo. – Nem ferrando! – Ele sorriu, negando com a cabeça. Mark estava lá da última vez que eu fiquei bêbada e se lembra muito bem do que eu fiz com o . Hoho.
- Por quê? Qual o problema? – Meg não entendeu o porquê dele ter falado daquele jeito.
- O problema é que eu não posso chegar perto dela assim. – Mark voltou a me olhar na pista de dança e me viu dançando sensualmente. – Não dá. – Ele reafirmou, voltando a olhar pra Meg.
- Ok, isso foi estranho. – Meg riu, olhando desconfiada pro Mark.
- Você não está entendendo. Não dá mesmo. – Mark riu de sua própria desgraça.
- Ela não vai te morder. – Meg rolou os olhos, rindo. – Só se você quiser. – Ela completou.
- Eu já vi essa cena antes. – Mark suspirou, lembrando-se do que havia acontecido da outra vez. Ele tinha que assumir: foi muito forte naquele dia.
- Como assim? – Meg quis saber. Sabia que estava perdendo alguma coisa.
- Eu já vi ela bêbada desse jeito, só que da outra vez ela estava com o . – Mark deixou de olhar pra Meg e voltou a me olhar na pista de dança. Eu continuava dançando sozinha e começava a atrair olhares de outros caras.
- O que ela fez? – Meg ficou ainda mais curiosa.
- Ela torturou ele de jeitos inimagináveis. Odeio assumir, mas ele foi bem forte. Resistiu bem mais do que eu teria resistido. – Mark não tirava os olhos de mim.
- E quem disse que você tem que resistir? – Meg questionou.
- Ela está bêbada! – Mark olhou pra Meg com indignação. – Amanhã de manhã ela não vai se lembrar de nada. Não vou me aproveitar disso. – Ele explicou, frustrado.
- Oh, céus... – Meg olhou pra cima, demonstrando impaciência. – Porque é que você tem que ser tão certinho? – Ele suspirou longamente.
- Meg, você não está ajudando. – Mark finalmente olhou pra Meg.
- Então tudo bem! Você vai deixar ela lá? Porque você sabe que os outros caras vão ter a coragem que você não tem de ir até lá, não é? – Meg estava indiretamente tentando convencer Mark a ir até lá.
- Para! Eu sei o que está tentando fazer! – Mark cerrou os olhos pra Meg.
- Sabe? Ótimo, então vai lá logo. Amanhã você me agradece. – Meg piscou um dos olhos para o melhor amigo.
- É sério, Meg... – Mark me olhou novamente. A tentação parecia ficar cada vez pior mesmo de longe. – Eu não... – Ele negou com a cabeça.
- Vai logo! – Meg empurrou Mark em direção a pista de dança. Ele me olhou antes de dar qualquer passo em minha direção. Virou-se para Meg e a fuzilou com o olhar.
- Vai! – Meg fez um sinal com as mãos, incentivando ele a ir de uma vez. Mark voltou a me olhar e respirou fundo.

A aquela altura, eu já nem sabia mais o que estava fazendo. Eu só queria dançar até não sentir mais os meus pés. Eu estava totalmente fora de mim. As batidas da música me faziam colocar todo o qualquer passo de dança em ação ou eu podia apenas rebolar e deslizar até o chão. Eu nem mesmo vi o Mark se aproximando. Não entenda mal. Mark não era tão covarde quanto vocês pensam. Na verdade, de covarde ele não tinha nada. Acontece que se tratava de uma coisa física. Se tratava da garota pela qual ele é maluco. Se tratava de uma coisa que ele queria, mas não podia ter. Quando Mark chegou até mim, ele pausou. Eu estava de costas pra ele e rebolava lentamente até o chão no ritmo da música que estava tocando. Ele me observou, quase sem conseguir respirar.

- Vamos.. – Mark suspirou, incentivando a si mesmo. Esperou que eu me levantasse para fazer o que tinha ido fazer ali. – ? – Mark chamou o meu nome, mas a música alta não me permitiu ouvir. Eu continuei dançando sensualmente de costas pra ele sem saber que ele estava atrás de mim. Mark me observava, sem reação. Ele não sabia se acompanhava o meu quadril ou as minhas mãos que deslizavam pelo meu corpo e que horas estavam em minha cintura e horas estavam entrelaçadas em meu cabelo. Em meio a sua fraca respiração, ele tomou uma decisão. Ele tinha que sair dali o mais rápido possível. Virou-se de costas e deu alguns passos, afastando-se de mim. Acontece que a vida não está fácil pra ninguém! Mark deu o azar (ou a sorte) de se afastar tarde demais. Eu me virei no instante em que ele dava seus primeiros passos para longe de mim. Eu não pude evitar. Eu até poderia, mas estava louca demais pra isso.
- Mark! – Eu gritei por ele e ele parou de andar.
- Não, não... – Mark suspirou, pensando se deveria ignorar ou continuar andando.
- Mark! – Eu gritei novamente, achando que ele não tinha escutado da primeira vez.
- Deus me ajude.. – Mark engoliu seco e virou-se pra mim. Surpreendeu-se com a minha proximidade. Ele não esperava que eu estivesse tão perto.
- Você aqui? – Eu o olhei de cima abaixo. Não era comum ver o Mark em uma pista de dança.
- Pois é, eu também não sei o que estou fazendo aqui. – Mark forçou um sorriso. Ele mal respirava direito.
- Como assim? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Esquece.. – Mark riu sem emitir som.
- A Meg disse que você queria falar comigo. – Eu dei mais alguns passos em direção a ele.
- Queria? – Mark até perdeu o rumo de tudo.
- Não queria? – Eu perguntei, sem entender.
- É, eu queria. Eu queria. – Mark voltou a rir de si mesmo. O que estava acontecendo com ele? – Eu acho que devíamos ir embora. – Ele foi breve.
- Embora? Já? – Eu abri os braços.
- Você não está bem! Olhe pra você! – Mark precisava me convencer.
- Eu? Qual o problema comigo? – Eu abri os braços e olhei para o meu corpo. Mark fez o mesmo e rapidamente se arrependeu.
- Você... você... – Mark começou a gaguejar. – Você... está bonita e...bonita. – Mark enrolou em suas próprias palavras. Parecia até que era ele que estava bêbado. – Mas você bebeu e está bêbada. – Ele consertou.
- Como sabe que eu estou bêbada? Estava longe de mim todo esse tempo. – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Eu... estava te olhando. – Mark explicou-se.
- Estava me olhando? – Eu sorri de um jeito malandro.
- Não! Quer dizer, eu estava, mas... – Mark se perdeu novamente. – Isso não vem ao caso. Nós não podemos só ir embora? – Ele apontou em direção a saída.
- Porque você nunca dança? – Eu não queria saber de ir embora. Fui direto pro assunto que me interessava.
- O que? – Mark sorriu, nervoso.
- Você tem medo de mim? – Eu dei um passo na direção dele e ele deu outro para trás.
- Eu deveria? – Mark engoliu seco. Não estava gostando do rumo que a conversa estava tomando.
- Depende! Você vai dançar comigo? – Eu perguntei, dando mais um passo em sua direção, mas dessa vez ele não se esquivou.
- Dançar, né? – Mark ironizou.
- Dá pra você ser mais claro? Eu estou meio... – Eu fiz careta. A palavra era ‘bêbada’.
- Você não quer isso, ok? Acredite em mim. – Mark sabia quantos foras eu já tinha dado nele. Não fazia sentido ele ignorar isso só porque eu estava bêbada.
- Acha que pode me dizer o que eu quero ou não só porque eu estou... bêbada? – Eu olhei os detalhes de seu rosto. Nossos rostos estavam a dois palmos de distância.
- Não, eu posso dizer por que foi isso que tem acontecido nos últimos meses. – Mark arqueou ambas as sobrancelhas.
- Escuta, você não pode simplesmente calar a boca e acabar logo com isso? – Eu perdi a paciência.
- O que? – Mark ficou surpreso com a minha mudança rápida de humor.
- Acontece que eu estou SUPER CARENTE e você está tentando dar lição de moral! – Eu rolei os olhos.
- Por 1 minuto, eu esqueci que você estava bêbada. – Mark sorriu, frustrado.
- Olha só, o último cara que eu beijei foi o meu ex e faz meses! Eu estou enlouquecendo! – Eu comecei a me exaltar.
- É, somos dois. – Mark rolou os olhos.
- Eu nem me lembro mais como é beijar alguém! – Eu não sabia se estava irritada ou frustrada. Eu dei mais um passo na direção dele e apoiei um dos meus braços em seu ombro. – Acha que eu posso ter esquecido? – Eu perguntei, olhando seu rosto de ainda mais perto.
- Eu... – Mark deixou de olhar em meus olhos por alguns segundos para olhar meus lábios. – Eu duvido. – Ele completou.
- Porque não me ajuda a descobrir? – Eu perguntei como se fosse a coisa mais normal do mundo. Mordi o meu lábio inferior em meio a um sorriso.
- Porque não me pergunta de novo amanhã de manhã? – Mark propôs. Se eu não estivesse bêbada, a resposta seria outra.
- Sério? – Eu cerrei os olhos, desapoiando o meu braço de seu ombro e dando alguns passos para trás. – Eu estou me jogando nos seus braços e é isso que tem pra me dizer? – Eu estava furiosa. – ‘Porque não me pergunta de novo amanhã de manhã?’ – Eu tentei imitar a voz dele. – Dá um tempo! – Eu sai andando, deixando ele sozinho ali no meio da pista.

Mesmo de longe, Meg parecia saber de cada detalhe da conversa só pelas nossas expressões e gestos. Quando ela me viu sair furiosa daquele jeito, ela também soube que a minha embriaguez havia atrapalhado tudo. Eu sai esbarrando em todo mundo e fui em direção a saída. Meg viu para onde eu fui e depois olhou pro Mark, que vinha em sua direção.

- Viu? Eu te disse! – Mark suspirou, irritado.
- Ela foi lá pra fora. – Meg apontou e Mark olhou em direção a saída.
- Vamos dar logo o fora daqui. – Mark começou a ir em direção a saída e Meg o acompanhou.

Ao sair do lado de fora da balada, eu não sabia muito bem para onde ir. Eu só sabia que eu tinha que ser rápida, pois Mark ou Meg viriam atrás de mim. Eu não queria falar com eles. No estado em que eu estou, eu não queria alguém me controlando e dizendo o que fazer ou não. Parei por dois segundos para pensar no que fazer, mas na verdade acabei não pensando em nada. Minha atenção ficou totalmente presa a um casal que estava há alguns passos de mim. Eles se beijavam calorosamente.

- Ei! – Eu gritei em direção a eles. Isso era algum tipo de provocação? – O que acham que estão fazendo? – Eu estava furiosa. O casal parou de se beijar e ambos me olharam como se eu fosse louca. – EU TENHO CARA DE PALHAÇA POR ACASO? – Eu comecei a surtar.
- Quem é essa maluca? – A garota perguntou, olhando pro namorado.
- SÓ PORQUE VOCÊS ESTÃO JUNTOS ACHAM QUE PODEM SAIR SE ESFREGANDO PELOS CANTOS? – Eu cerrei os olhos na direção deles. Algumas outras pessoas que estavam do lado de fora começaram a me olhar. Inveja e carência é uma péssima combinação.
- O que ela está fazendo? – Meg perguntou ao Mark, quando eles chegaram na porta do local.
- E QUER SABER? VOCÊS NEM SÃO UM CASAL BONITO! – Eu fiz careta para o casal.
- Quem é você, garota? – O garoto se aproximou com cara feia.
- GAROTA? GAROTA É SUA MÃE! – Eu retruquei, dando mais alguns passos na sua direção. Foi ai que o Mark apareceu do nada na minha frente.
- O que você está fazendo? – Mark arqueou uma das sobrancelhas e negou com a cabeça.
- Essa garota é maluca! – O cara com quem eu estava quase brigando gritou.
- Me desculpem! – Mark olhou para o casal com aquele sorriso de bom moço que só ele tinha. – Ela está bêbada. – Ele rolou os olhos. – Desculpem mesmo. – Mark reafirmou e voltou a me olhar.
- O que eu faço com você, hein? – Mark negou com a cabeça, enquanto me olhava. Deu alguns passos na minha direção
- Boa pergunta! – Eu sorri pra ele do jeito mais sensual que eu consegui. – O que é que você vai fazer comigo? – Eu levei uma das minhas mãos até o peitoral dele e comecei a brincar com um dos botões da sua camisa.
- Para com isso. – Mark sorriu, nervoso. Saiu da minha frente e se afastou. Eu novamente fiquei a ver navios. Voltei a me virar pra ele e vi ele andando em direção ao estacionamento. Meg estava me esperando. Eu fuzilei ele com os olhos mesmo ele estando de costas e comecei a andar em direção a ele. Apressei meus passos para alcançá-lo e quando cheguei até ele usei toda a minha força para empurrá-lo.
- QUAL É O SEU PROBLEMA? – Eu gritei e ele rapidamente virou-se de frente pra mim.
- Se acalma, ok? – Mark pediu pacientemente.
- SE ACALMAR É O CARALHO! – Eu cerrei os olhos na direção a ele. – Você, o ... são todos iguais! – Eu esbravejei.
- Vamos pra casa! Depois nós conversamos. – Mark não queria dar ouvidos a mim. Era a bebida falando, não eu.
- PARA DE FALAR DESSE JEITO! PARA DE AGIR COMO SE FOSSE UM SANTO! – Eu estava usando todos os meus artifícios e ele continuava agindo civilizadamente. Que droga! – TODOS SABEM QUE VOCÊ SEMPRE FOI AFIM DE MIM. BEM, EU ESTOU AQUI. – Eu abri os braços. – E O QUE VOCÊ FAZ? ME IGNORA! – Eu continuava gritando.
- Escuta, nós não vamos discutir esse assunto com você nesse estado. – Mark me olhou, sério. Aquele assunto era um pouco delicado demais.
- AH, CALA A BOCA! – Eu gritei, dando mais alguns passos na direção dele. – EU DECIDO O QUE NÓS VAMOS DISCUTIR AQUI! – Eu o encarei. – SE EU QUISER DISCUTIR SOBRE NÓS, EU DISCUTO! SE EU QUISER DISCUTIR SOBRE O QUANTO EU ESTOU A FIM DE TE BEIJAR, EU DISCUTO! SE EU QUISER DISCUTIR SOBRE O QUANTO VOCÊ É GOSTOSO, adivinha? – Eu fui andando na direção dele e parei em frente dele. – EU DIS... CUTO! – Eu não fazia a menor ideia do que eu estava falando. Mark são sabia se sorria ou se surtava com aquelas afirmações.
- E agora? Levamos ela pra casa ou para um manicômio? – Meg riu, olhando pro Mark. Me virei para olhá-la e a fuzilei com os olhos.
- Eu é que vou te levar pro meio da rua e esfregar a sua cara no asfalto se você se intrometer mais uma vez! – Eu fui em direção a Meg, que estava se segurando para não rir. Eu a observei por um tempo e depois de um longo tempo sem dizer nada, eu me manifestei novamente. – Eu gostei dos seus brincos. Dá eles pra mim? – Eu mudei repentinamente o assunto e também a expressão em meu rosto.
- Nem morta! – Meg gargalhou na minha cara.
- Então vai se ferrar, vadia! – Eu rolei os olhos, me afastando dela novamente. Olhei pro Mark, que estava parado no mesmo lugar de antes.
- Podemos ir? – Mark apontou em direção ao estacionamento.
- Ir onde? – Eu acho que nem sabia onde eu estava.
- Ajuda ela, Meg. – Mark sorriu pra amiga, que concordou com a cabeça.
- Vamos! Nós vamos pra um lugar bem legal. – Meg sorriu pra mim e eu devolvi o sorriso.
- Então ta! – Eu ergui os ombros, demonstrando indiferença.

Mark foi na frente e eu e Meg fomos atrás. Estávamos indo em direção ao carro, mas eu não sabia. Durante o caminho, Meg olhava para mim e me pegava sorrindo igual a uma boba alegre. Ela negava com a cabeça, inconformada. Ela nunca viu ninguém ficar tão ruim com alguns copos de vodka como eu. Entramos no estacionamento, que era um enorme gramado. Não seria nada fácil andar ali com o meu salto, muito menos estando bêbada. Comecei a andar com mais dificuldade.

- Hey! Uma ajudinha aqui? – Eu gritei, me referindo a minha dificuldade para andar. Mark me olhou e riu ao me ver andando toda desengonçada.
- Vai lá, Superman! – Meg sorriu, olhando pro Mark. Estava na cara que era a ajuda dele que eu queria. Meg parou logo a frente e Mark voltou para me ajudar. Ele chegou até mim e parou na minha frente.
- Me dá sua mão. – Mark estendeu a mão, esperando que eu a segurasse. Olhei para a sua mão e depois voltei a olhar pra ele. Levei uma das minhas mãos até a dele e ele a segurou firme. – Vamos.. – Ele apontou com a cabeça em direção ao carro.
- Mark, espera... – Eu pedi e puxei a mão que ele segurava. Ele voltou a me olhar e eu me aproximei ainda mais dele. – Eu quero te falar uma coisa. – Eu me aproximei ainda mais, fazendo com que o meu rosto ficasse apenas um palmo de distância do dele.


- O que? – Mark sabia que se arrependeria daquilo.
- Eu fico pensando no que teria acontecido se eu e o não tivéssemos ficado juntos. Se eu tivesse te escolhido quando eu tive a chance. – Eu sorri fraco.
- É sério, esquece isso. – Mark não conseguiu disfarçar o quanto aquilo o deixava nervoso.
- É só nisso que eu consigo pensar toda vez que eu olho pra você. – Eu olhei para os lábios dele e depois voltei a olhar em seus olhos. – Você não pensa nisso também? Você não quer mais isso? – Eu olhei os detalhes do seu rosto, enquanto mordia o lábio inferior. Mark fazia o mesmo e ficava cada vez mais nervoso, porque se ele pudesse me agarraria ali mesmo, mas ele não podia.
- Eu só quero te levar pra casa e tentar esquecer todas essas coisas que você está me falando. – Mark sorriu, mas parecia decepcionado.
- Eu não entendo! Por quê? – Eu abri os braços. Não entrava na minha cabeça o fato de que ele estava me negando algo que eu queria tanto.
- Porque você está bêbada! – Ele repetiu novamente. – Amanhã você não vai se lembrar disso. – Mark parecia impaciente.
- Amanhã? Quem se importa com o amanhã? – Eu também comecei a me irritar.
- Eu me importo! – Mark apontou pra si mesmo. – Eu me importo porque amanhã eu vou continuar querendo isso, mas você não! – Ele me olhou, sério. O jeito com que ele estava falando comigo me deixou ainda pior. – Mais alguma pergunta? Mais alguma provocação?– Ele abriu os braços. – Não? Então podemos ir? – Mark apontou em direção ao carro. Olhando na direção na qual ele apontou, eu já consegui ver o meu carro. Meg pareceu surpresa com a reação de Mark. Ele não costumava se irritar desse jeito.

Realmente, Mark não é um desses caras mal-humorados que fazem uma tempestade em copo d’agua por nada. Ele não é tirado do sério tão fácil. Pelo menos, é o que ele demonstra. Me ver desafiando ele daquele jeito deixava ele maluco. Ele ficava transtornado porque ele queria tanto aquilo. Ele queria tanto que um dia eu desse uma chance para nós dois, mas ele havia descartado essa possibilidade desde que nos tornamos amigos. Toda vez que ele começava a se conformar que nada aconteceria entre nós, algo fazia ele voltar atrás. Algo fazia ele mudar de ideia e sentir tudo aquilo de novo. O meu surto de embriaguez estava sendo mais uma dessas coisas que o fazia mudar de ideia. Era devastador pra ele ter que me ouvir dizer todas aquelas palavras que ele sempre sonhou em ouvir de mim e ainda se convencer de que tudo não passava de mentira. Não era justo com ele.

Pra mim, tudo aquilo não passavam de palavras e uma carência maluca. havia sido o último cara que eu havia beijado e isso já fazia meses. Eu não queria saber se estava ferindo os sentimentos de alguém, eu só queria saciar a minha vontade. Eu só queria ter o que eu tanto queria. Eu também não queria saber se era real pra mim ou não. Eu estava tão fora de mim que seria capaz de dizer que amo o primeiro cara que eu encontrar pela frente só para ter o que eu quero, só para ter o que o tem tido todos esses meses. Agora imagina... Se já é difícil receber um fora sóbria, imagina bêbada? Inaceitável! Eu não vou admitir isso.

De longe, vi o Mark indo em direção ao carro e senti vontade de dar uma voadora nele. Ameacei ir atrás dele, mas quando fui levantar o pé percebi que o meu salto havia ficado preso no gramado. Foi o que precisou para eu descer do salto e colocar meus pés descalços na grama. Peguei meus sapatos nas mãos e comecei a andar rapidamente atrás dele.

- E lá vamos nós... – Meg riu silenciosamente. Ela estava um pouco atrás de mim e não pretendia interferir.
- SABE O QUE MAIS ME IRRITA? – Eu gritei, indo em direção ao Mark. Ele parou de andar, olhou para cima e respirou fundo. Ele virou-se para me olhar e fez isso na hora certa! Eu atirei um dos meus sapatos em direção a ele e ele conseguiu esquivar-se a tempo. Mark voltou a me olhar com os olhos esbugalhados e eu até consegui vê-los me chamarem de maluca. – CARAS FROUXOS! – Eu completei com um falso sorriso no rosto. – Não! Não! Sabe o que me irrita mesmo? – Eu cerrei os olhos em direção a ele e ataquei o meu outro sapato. Ele abaixou-se e conseguiu esquivar-se novamente. – O fato de eu sempre escolher o cara errado! – Eu já não estava gritando tão alto, porque eu já estava mais próxima dele e eu continuava me aproximando. – Me irrita esse meu dedo podre para escolher sempre o idiota que sempre me deixa na mão. – Mark que antes me olhava com cara de tédio, agora me olhava com mais intensidade. – Me irrita ainda mais esses caras que dizem que sempre vão estar aqui por mim e quando eu preciso deles, eles fogem igual uma garotinha assustada! – Eu continuava dizendo aquilo com toda a minha raiva e também continuava me aproximando dele. Eu já estava há uns 4 passos dele. – Me irrita o poder que vocês, idiotas, têm de entrar na minha vida e fazerem de tudo pra me deixar louca por vocês só pra depois vocês me rejeitarem e me trocarem por uma vadia qualquer! – Eu já nem sabia se estava falando dele ou do . Talvez dos dois! Eu finalmente cheguei na frente do Mark e o olhei nos olhos. – Mas nada, NADA me irrita mais do que ver um imbecil como você brigando por mim e depois ver você bancando o meu melhor amigo gay! – Voltei a sorrir do jeito mais sexy que eu consegui.
- Essa foi boa... – Meg mostrou-se impressionada. Ela continuava logo atrás de mim.
- Então é isso? Já que o não está aqui, você quer que eu faça o trabalho dele? – Mark riu, irônico.
- Não! Eu quero isso porque você é bonito, é super gostoso e está me comendo com os olhos há minutos. – Eu arqueei a sobrancelha e ele negou com a cabeça, me provocando com o olhar.
- Me dá a chave do carro. - Mark estendeu a mão.
- No carro? Eu prefiro que seja na minha casa. – Eu cruzei os braços e Mark me olhou com cara de ‘WTF?’.
- A chave do seu carro... – Mark apontou para o meu carro que estava logo atrás dele. – Está com você! Eu preciso que você me dê para que eu possa te levar pra casa. – Ele explicou como se estivesse falando com uma criança de 5 anos. Suspirei, impaciente e coloquei as mãos nos bolsos do meu shorts. A chave deveria estar aqui.
- Vai me dizer que perdeu a chave! – Mark abriu os braços.
- Essa chave? – Eu puxei do meu bolso a única coisa que havia encontrado lá.
- Essa mesmo. – Mark respirou, aliviado. – Me dá. – Ele se aproximou para pegar a chave, mas eu levei a minha mão que segurava a chave para trás.
- Você quer a chave? – Eu dei um passo pra trás e mantive aquele olhar provocante. – Porque não me convence a entregá-la pra você? – Eu sorri do jeito mais safado que consegui.
- Isso não é engraçado. – Mark odiava quando eu o olhava daquele jeito. Era quase... fatal. – Me dá a chave! – Ele tentou pegá-la novamente, mas novamente afastei meu braço. Meu sorriso e olhar continuavam os mesmos. Mark não aguentaria por tanto tempo.
- Meg, pede pra ela me dar a chave? – Mark recorreu a sua amiga, que observava tudo de um pouco mais longe.
- Não me envolve nessa! – Meg sorriu, negando com a cabeça.
- Não consegue resolver os seus problemas sozinho? – Eu voltei a provocá-lo.
- Valeu, ‘amiga’! – Mark olhou com cara feia pra Meg. Voltou a me olhar, pensando no que fazer.
- É sério, . – Mark respirou fundo. – Me dá a chave. – Ele tentou tirar a chave de mim mais uma vez. Sem sucesso.
- Você não está me convencendo.. – Eu coloquei uma das minhas mãos na minha cintura, pois sabia que aquilo demoraria.
- Eu não estou brincando! – Mark negou com a cabeça. Eu percebia que de segundo em segundo os olhos dele percorriam o meu corpo e aquilo o fazia respirar de forma mais pesada. Me arrisquei e me aproximei um pouco mais dele. Ele ficou parado e deixou que eu me aproximasse. Parei em sua frente e encarei o seu rosto de frente. Os olhos dele foram direto para os meus lábios e isso me deixou ainda mais empolgada. Levei novamente uma das minhas até os botões da camisa dele e fui deslizando os meus dedos. Aproximei ainda mais o meu rosto do dele. Nossos lábios estavam a menos de um palmo de distância.
- Eu também não estou brincando. – Eu disse em um quase sussurro. Mark até conseguiu sentir a minha respiração em seus lábios.

Mark descobriu uma força sobrenatural em si mesmo. Uma força que ele nunca imaginou que existisse. Ele nunca esteve tão próximo de mim e nunca foi tão torturado em toda a sua vida. Ele estava lutando contra cada parte do seu corpo que dizia pra ele me agarrar de vez. Mark olhava para os meus olhos e depois para o meus lábios e parecia ver ali tudo o que sempre quis. O jeito com que eu o olhava só piorava tudo e os toques dos meus dedos em seu peitoral era torturante.

- Me dá logo a chave.. – Mark tentou uma última vez pegar a chave, mas a sua voz não foi tão intimidante dessa vez. Ele se aproximou ainda mais para pegar a chave que eu novamente levei para trás com uma das minhas mãos. O jeito com que ele se aproximou fez com que os lábios dele quase encostassem nos meus. As pontas dos nossos narizes chegaram a se tocar e ele não ousou a se mexer. O meu sorriso aumentou e meus olhos ficaram fixos em seus lábios. Aproveitei a distração dele para colocar a chave do carro discretamente de volta no meu bolso.

Mark chegou em seu limite. Ele precisava fazer alguma coisa ou acabaria cedendo a todas aquelas provocações. O batom vermelho nos meus lábios apenas tornava a sua situação pior e apenas o fazia querer me beijar ainda mais. Todos os sentidos do seu corpo gritavam por contato e ele foi obrigado a fazê-lo. Quando senti a mão dele na minha cintura eu sabia que havia vencido aquela guerra. A minha vontade de beijá-lo era enlouquecedora, mas eu queria que ele tomasse a atitude. Eu queria ter um cara apalpando o meu corpo novamente e me beijando sem hesitar. A mão de Mark manteve-se em minha cintura e ele colou as nossas cinturas. Eu nem tive tempo de ter qualquer reação. Ele foi rápido ao segurar forte na minha cintura, me empurrar para trás e colar o meu corpo contra o meu carro. Aquilo apenas aumentou a minha adrenalina e me fez perder ainda mais o fôlego. Que pegada!

- É disso que eu estou falando... – Eu disse em um suspiro e logo em seguida levei uma das minhas mãos até o seu rosto. Os olhos dele não desgrudavam dos meus lábios ainda mais depois de eu começar a morder o meu lábio inferior em meio a um sorriso. Os olhos verdes dele me enfeitiçavam de um jeito inexplicável e ele soube se aproveitar disso.

Mesmo com um turbilhão de sensações e sentimentos, Mark não deixava de ser esperto. Enquanto ele me enlouquecia com as nossas trocas de olhares, as mãos dele acariciavam e apertavam ao mesmo tempo a minha cintura. Como se eu não pudesse ficar mais louca, ele decidiu sorrir. O sorriso dele era devastador. As mãos dele começaram a descer da minha cintura e de uma hora pra outra chegaram no inicio do meu quadril. Eu já nem me lembrava mais de chave alguma, quando senti os dedos dele entrarem dentro do meu bolso e tiraram a chave de lá.

- Desculpa, mas eu não sou bom em convencer as pessoas a fazerem o que elas não querem fazer. – Mark disse com o seu sorriso provocante. No segundo seguinte, eu já não sentia suas mãos no meu corpo e ele afastou-se abruptamente. Eu o olhei, sem entender. Mark levantou uma das mãos e mostrou a chave do carro.
- Oh não... – Eu rolei os olhos e suspirei longamente.
- Acho que vamos pra casa. – Mark deu a volta no carro, indo em direção a porta do motorista.
- E eu acho que você devia ir se ferrar! – Eu retruquei, furiosa. Ele havia me feito de idiota! Como eu não percebi?
- Mark! – Meg ficou surpresa depois de ver toda aquela cena e foi até o amigo. – Eu posso ir pra casa de taxi se você quiser. – Ela sorriu de um jeito engraçado pro Mark.
- Não! – Mark riu e negou com a cabeça. – Não me deixa sozinha com essa garota. – Ele implorou com um certo desespero.
- Mas que pegada, hein. – Meg brincou, antes de abrir a porta detrás do carro.
- Fica quieta... – Mark sorriu e rolou os olhos.

Não havia mais saída. Eu já havia tentado de tudo! Só me restou entrar no carro. Me sentei no banco do passageiro, coloquei o sinto e cruzei os braços. Eu estava furiosa com aquele trapaceiro do Mark. Ele também não havia se recuperado do que havia acabado de acontecer, mas ele até que estava conseguindo disfarçar bem. Ele provavelmente não dormiria durante a noite.

- Eu estou com fome. – Eu disse, quando estávamos saindo do estacionamento.
- Eu também estou com fome. – Meg concordou.
- Sério? – Mark pareceu insatisfeito.
- EU NÃO POSSO SENTIR FOME AGORA? – Eu fiz questão de ser ignorante.
- Ta bom! Ta bom! Nós paramos em alguma lanchonete. – Mark não quis brigar. Já havíamos feito muito isso durante toda a noite.

Mesmo não querendo, Mark nos levou até uma lanchonete que ficava próxima da minha casa. Ele queria me levar logo pra casa. O único lugar onde eu não causaria mais confusão. Descemos do carro, depois de deixá-lo no estacionamento. Entramos na lanchonete e fomos direto para uma das mesas vazias.

- O que vocês vão querer? – A garçonete chegou com o caderninho nas mãos.
- Eu vou querer um X-Burguer completo e uma Coca-Cola. – Meg foi a primeira a fazer um pedido.
- Eu quero um... – Mark olhou para o cardápio. – Eu quero um X-Salada e também quero uma Coca-Cola. – Ele sorriu pra garçonete. A garçonete então me olhou e fez careta ao me ver brincando com o saleiro, que estava sobre a mesa. Mark e Meg também me olharam e não faziam ideia do que eu estava fazendo. Meg começou a rir.
- ... – Mark me chamou e eu deixei de olhar para o saleiro para olhá-lo.
- Moça, o que você vai querer? – A garçonete perguntou novamente. Eu olhei pra ela e pensei durante um tempo.
- Eu quero um homem. Tem algum pra me apresentar? – Eu dei o meu melhor sorriso.
- O que? – A garçonete arqueou a sobrancelha.
- ! – Mark me deu uma bronca. – Desculpa, moça. – Ele sorriu, sem graça.
- Pelo menos ela foi sincera. – Meg estava se segurando para não voltar a rir, ainda mais depois de Mark fuzilá-la com os olhos.
- Eu tentei ele, mas ele não me quis. – Eu apontei a cabeça pro Mark. – Ele é... gay. – Eu disse para a garçonete, sem emitir som.
- Moça, trás um X-Burguer pra ela também, ok? – Mark perdeu a paciência.
- Ta legal. – A garçonete fez cara feia e saiu.
- Quer parar de falar besteira? – Mark me olhou, irritado.
- Eu disse alguma mentira? – Eu olhei pra ele com desprezo.
- Não é porque eu não fiquei com você que eu sou gay! – Mark defendeu-se.
- Você é gay por outros motivos? – Eu olhei pra ele, rindo.
- Eu não sou gay! – Mark fez cara feia, negando com a cabeça.
- Não discute com ela, Mark. É melhor. – Meg aconselhou o amigo. Eu estava bêbada. Do que adiantava?
- Eu quero dançar. Onde está a música desse lugar? – Eu suspirei, enfurecida.
- Chega de dançar por hoje. – Meg sorriu pra mim.
- Você está me dando ordens? – Eu arqueei uma das sobrancelhas pra ela.
- Não, eu... – Meg ia se explicar, mas eu não deixei.
- VOCÊ ESTÁ MESMO ME DANDO ORDENS? – Eu disse em um tom mais alto.
- Porque você está gritando? – Meg fez cara feia, vendo que todos a nossa volta estavam nos olhando.
- Eu grito se eu quiser! – Eu cerrei os olhos. – Eu até danço se eu quiser. – Eu ergui os ombros e demonstrei que levantaria da cadeira.
- Espera, você não vai... – Meg ia me impedir, mas não achou que eu teria coragem. Bem, eu tive. Eu subi na cadeira em que estava sentada e comecei a dançar ali em cima mesmo. Não havia música, mas eu jurava que estava dançando no ritmo de alguma batida. Meg e Mark se olharam, sem tomar atitude nenhuma.
- É, sério! Faz alguma coisa! – Meg pediu ao Mark. Ele suspirou longamente e olhou para mim, que ainda dançava igual uma retardada.
- .. – Mark tentou me interromper, mas eu não dei atenção. – Ei! – Mark levantou-se de seu lugar para ficar mais perto do meu rosto. Ele não queria ter que gritar. Eu não dei atenção. – ! Para com isso! - Ele segurou o meu braço, me fazendo parar de dançar.
- Você só faz o que quer. Eu já entendi! Agora senta! – Meg me olhou mais séria.
- Eu já cansei mesmo. – Eu suspirei longamente e com a ajuda de Mark, eu desci da cadeira e voltei a me sentar nela.
- Eu fico ruim quando fico bêbada, mas você... – Meg riu, surpresa.
- Eu só estou um...pouquinhooooooo... – Eu mostrei com uma das mãos. – Bêbada. – Eu completei com um enorme sorriso. – Devia ter visto da outra vez que eu fiquei bêbada. – Eu comecei a rir compulsivamente. – Eu só ficava falando coisas estúpidas e... fiquei extremamente tarada. – Eu passei uma das mãos pelo meu rosto, enquanto eu ria.
- Jura? – Meg ironizou. - Da outra vez o também não quis nada comigo. – Eu fui parando de rir. – Idiota... – Eu suspirei.
- Aqui estão os pedidos. – A garçonete nos surpreendeu. Ela colocou nossos pratos e bebidas sobre a mesa e saiu.

Mark e Meg começaram a devorar os seus lanches, enquanto eu os observava. Eu estava pensativa e quase nem me movi. Mark e Meg perceberam o meu estranho silêncio, mas preferiram aproveitar um pouco aquele momento de tranquilidade. O meu lanche continuava intacto na minha frente. Eles terminaram de comer os seus lanches e eu nem sequer toquei no meu. O meu intrigante silêncio já os incomodava.

- , você não vai comer? – Mark perguntou, olhando pra mim.
- Por quê? Está oferecendo? – Eu perguntei, séria. Meg quase se engasgou com o seu refrigerante.
- Estou falando da comida. – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Não quero essa porcaria. – Eu empurrei o meu lanche para o outro lado da mesa. Eu disse um pouco mais alto do que deveria, pois percebi que algumas pessoas me olharam.
- Você não disse que estava com fome? – Meg questionou.
- Acha que o problema pode ser eu? – Eu olhei seriamente pra Meg.
- O que? – Meg fez careta. Do que eu estava falando? Eu mudava de assunto tão rápido que não dava pra acompanhar.
- me rejeitou da outra vez e agora esse otário também me rejeitou. Acha que pode ser eu? – Eu parecia realmente preocupada com aquele assunto, que foi o motivo do meu longo silêncio. Mark voltou a se irritar só por me ouvir dizer o nome do de novo.
- Não. É claro que não. – Meg não queria que eu pensasse nisso agora. – Esquece isso. Esquece essa cara. – Ela aconselhou.
- Eu vou esquecer, mas eu só queria uma explicação. – Mesmo estando bêbada, aquele assunto continuava a me incomodar. – Eu achei que o problema era ele, mas agora acho que sou eu. – Eu parecia confusa.
- Vamos embora. – Mark não aguentava me ouvir falar daquele jeito. – Fiquem aqui que eu vou pagar a conta. – Ele se levantou e foi até o caixa.
- Você não é o problema. – Meg me olhou, séria. Ela se levantou, pois percebeu que Mark já estava voltando. Eu também me levantei.
- Vamos. – Mark disse, assim que chegou até nós.
- Sabe, uma vez o me disse que eu nunca conseguiria encontrar um cara que me suportasse. – Eu disse a caminho do estacionamento.
- Ele não estava falando sério. – Meg estava tentando tirar aquelas coisas da minha cabeça.
- O Peter me deu um fora, o me traiu e o Mark não quis nada comigo. – Eu consegui concluir. – É claro que o problema sou eu. – Eu disse, negando com a cabeça.
- Você não pode se julgar pelas atitudes do idiota do . – Mark se intrometeu, mas nem me olhou.
- E pelas suas? – Eu perguntei e ele me olhou.
- Também não. Eu só sou o seu amigo. – Mark afirmou.
- Já que você é meu amigo, seja honesto comigo. – Eu parei de andar. Já estávamos próximos do carro. – Porque eles preferiram as outras ao invés de mim? Porque elas são melhores do que eu? Porque todos eles me abandonaram? Porque eles não me quiseram mais? – Eu abri os braços, esperando alguma explicação. Foi um momento dramático meu que nunca aconteceria se eu estivesse sóbria. Mark virou-se para me olhar e me observou por um tempo.

Mark me conhecia bem. Ele percebeu que aquele não era mais um surto por conta da minha embriaguez. Era real! Eram assuntos que realmente me incomodavam e que eu nunca havia falado com mais ninguém. Então ele se aproximou também e me olhou de mais perto. Havia uma certa tristeza nos meus olhos que o obrigaria a ser sincero.

- Você não é o problema! Você é linda e é perfeita para qualquer cara que te mereça. – Mark sorriu fraco. – Você não tem culpa se eles são uns idiotas. Você não tem culpa se eles não puderam ver o quão incrível você é. – Ele pausou novamente. – Você não era boa o suficiente para eles. Você era melhor! Você só precisa achar o melhor pra você. – Ele finalizou com aquele belo sorriso de sempre.

Eu estava bêbada e era totalmente normal que eu não levasse nada a sério, mas aquelas palavras foram diferentes. O jeito com que ele me olhou, o jeito que ele sorriu me convenceu de que ele estava totalmente certo. Me convenceu de que eu podia confiar nele. Um sorriso espontâneo surgiu em meu rosto que até surpreendeu Mark. Foi o meu momento de mais sanidade daquela noite.

- Agora vamos. – Mark apontou com a cabeça em direção ao carro, que estava logo atrás dele.



TROQUE A MÚSICA:


As palavras dele martelavam na minha cabeça. Se eu já estava com raiva do antes, agora a minha raiva havia se triplicado. Nós entramos no carro e seguimos a caminho da minha casa. Eu comecei a pensar no quanto o merecia ouvir algumas verdades que eu não havia tido coragem de dizer antes. Eu pensei no quanto seria bom dizer a ele que eu finalmente me dei conta de que o problema foi ele o tempo o todo. Eu queria sentir o prazer de dizer a ele que finalmente eu procuraria o melhor pra mim. Meg e Mark conversavam sobre um assunto qualquer e eu não hesitei em interrompê-los assim que vi que o meu celular estava no carro.

- Eu vou ligar pra ele. – Eu dei um sorriso confiante. Mark e Meg pararam de conversar e me olharam. Eles não haviam entendido o que eu havia dito, mas achavam que era mais uma insanidade.
- O que você disse? – Mark perguntou, querendo que eu repetisse.
- Eu vou ligar pro . – Eu me estiquei para pegar o meu celular.
- Você vai o que!? – Meg arregalou os olhos.
- Está maluca? – Mark percebeu que o celular estava em minhas mãos e eu que estava falando sério.
- Eu preciso dizer algumas coisas pra ele. – Eu olhei para o visor do meu celular e comecei a digitar o número que eu ainda sabia decor.
- Espera, espera... – Meg arrancou o celular das minhas mãos. – Você não vai fazer nada. – Ela decretou.
- Por quê? Por que não? – Eu não via o porquê de não fazer aquilo.
- Você não vai querer fazer isso. Acredite em mim. – Mark afirmou.
- Eu quero fazer isso! – Eu argumentei.
- Se você quiser fazer isso amanhã, tudo bem, mas hoje? Nesse estado? – Meg negou com a cabeça.
- Mas que droga! Vocês não me deixam fazer nada que eu quero. Isso não é problema de vocês! – Eu respirei fundo, irritada. Encostei minha cabeça no banco.
- Amanhã você me agradecerá por isso. – Meg disse, colocando o meu celular em seu bolso.

Meg sabia que eu jamais ligaria para o . Ela sabia que eu não tinha coragem para passar por isso e nem para superar isso depois. Era melhor que eu ficasse longe do celular e evitasse qualquer coisa que faria com que eu me arrependesse ainda mais de ter tomado aquele porre. É claro que eu não estava pensando assim naquele momento, mas todos ali sabiam que era o melhor a ser feito. Mesmo com os meus amigos tentando me ajudar, eu não queria saber de ajuda alguma. Eu estava furiosa porque eles ficavam me controlando e ficavam me impedindo de fazer o que eu quero fazer. Aquele assunto nem diz respeito a eles. Porque eles se intrometem?

Eu demorei para tomar coragem para fazer aquela ligação e agora eu que eu finalmente quero fazer isso alguém tenta me impedir? Nada me tiraria aquilo da cabeça. Nada me faria desistir de fazer aquilo de uma vez por todas. Essa seria o ponto final da nossa relação. Esse seria a última coisa que eu faria que teria relação com ele. Eu só preciso de mais isso. Eu só preciso colocar algumas verdades para fora para seguir em frente de uma vez por todas. Eu vou fazer isso!

- Querem descer? Eu vou estacionar o carro. – Mark perguntou, olhando pra mim e depois pra Meg. Já havíamos chegado em casa e eu não hesitei em descer do carro.
- Eu vou entrar com ela. – Meg fez careta. – Vê se não foge, ok? Você tem que me ajudar a cuidar da mais nova rebelde do pedaço. – Ela saiu do carro, logo atrás de mim. Mark riu com as palavras da Meg. – Espera! – Meg apressou-se para me alcançar.
- É agora que vocês vão bancar as babás? – Eu perguntei, enquanto ela abria a porta da minha casa.
- Não reclama, gata. Eu também não estou nada contente. – Meg fez careta e entrou na casa.
- Sei... – Eu rolei os olhos e entrei na casa logo atrás dela. Quando vi ela de costas na minha frente, eu vi o meu celular em seu bolso. Estava bem na minha frente. Eu só precisava ser pegar e ser rápida.

Não sei se vocês já perceberam, mas teimosia é uma das minhas melhores características. Olhei para trás e vi que Mark ainda estava dentro do carro. Era a minha única chance e eu não vou desperdiçá-la. Meg ainda estava de costas e eu sabia o que fazer. Olhei para as escadas para confirmar que o caminho estava livre. Me aproximei de Meg e puxei o meu celular de seu bolso com a maior rapidez do mundo. Fui em direção a escada feito um furação e comecei a subir subi-las o mais rápido que eu consegui.

- NÃO! – Meg colocou as mãos no bolso e se deu conta do que eu havia pego. – ! Volta aqui! – Ela gritou, indo em direção as escadas. Quando ela começou a subir as escadas, eu já estava no último degrau. Corri loucamente até o meu quarto e quando estava entrando nele, vi Meg no inicio do corredor. – Não! Espera! , espera! – Meg gritou ao me ver bater a porta. Tive um pouco de dificuldade para trancar a porta, mas consegui fazer isso antes de Meg alcançar a porta. Apoiei minhas costas na porta e respirei fundo, tentando me recuperar daquela maratona que eu havia acabado de correr. – ! – Meg gritou em frente a porta do meu quarto, enquanto ela tentou abrir a maçaneta, mas não teve sucesso. – ! – Ela bateu uma das mãos na porta.

Chegou a hora. Estava nas minhas mãos a cartada final para seguir em frente e voltar a viver a minha vida. Eu tinha tanta coisa pra falar, que até tentei montar um discurso de última hora. Não deu certo. Eu estava um pouco bêbada pra isso. Em meio a gritos da Meg, eu me afastei da porta e sorri ao encarar o visor do meu celular. Caminhei até a minha cama e me sentei em sua beirada. Meg continuava gritando, mas eu nem estava dando mais atenção. Eu nem sequer estava ouvindo, mas Mark ouviu. Ao entrar na casa, ouviu Meg gritar o meu nome inúmeras vezes no andar de cima. Não deu nem tempo dele criar teorias para o que estava acontecendo. Ele bateu a porta e subiu correndo as escadas.

- Meg! – Mark abriu os braços ao ver a melhor amiga esmurrando a porta do meu quarto. – O que foi? O que aconteceu? – Ele estava sério e preocupado.
- Ela pegou o celular! Ela vai ligar pra ele! – Meg explicou rapidamente.
O que? – Mark negou com a cabeça, tentando processar a informação.
- Tenta falar com ela! – Meg pediu ao Mark. Ele não achou que funcionaria, mas não custava tentar.
- ! – Mark gritou, encarando a porta. – Não faz isso! – Ele pediu. A voz dele do outro lado da porta me chamou atenção. – Você não quer fazer isso! Por favor! – Mark não estava gritando como Meg. A voz de serenidade dele me fez até ficar em dúvida sobre o que eu iria fazer, mas a dúvida durou pouco.

Ainda sentada na cama, eu me curvei para abri uma das gavetas do criado-mudo. Tirei de lá aquele porta-retrato que eu havia prometido que jamais veria de novo. Aquela minha foto com o me deu uma estranha força e raiva o suficiente para fazer aquilo. Depois de tudo o que aconteceu, era a primeira vez que eu via aquele porta-retrato sem ter lágrimas em meus olhos. Cerrei os olhos ao olhar para aquela foto e depois a joguei sobre a cama. Encarei mais uma vez o visor do celular e dessa vez eu fui direto digitando o número do celular dele.

- Mark, ela não pode ligar pra ele! Você sabe! – Meg queria que Mark fizesse alguma coisa. – Ele acha que ela traiu ele! Tem noção das coisas que ele vai falar pra ela? Ele vai acabar com ela! – Ela explicava as suas preocupações.
- Se ele fizer isso, quem vai acabar com ele sou eu. – Mark suspirou, sério. Ele estava pensando no que fazer.
- Ela não vai abrir a porta! – Meg concluiu.
- Eu vou tentar a janela! Eu não sei se está aberta, mas eu vou tentar. – Mark saiu rapidamente de perto de Meg e foi até o quarto ao lado. Ele tentaria dar um jeito de pular de uma janela pra outra.

Eu digitei aqueles números com toda a confiança do mundo. Foi até estranho vê-los novamente no visor do meu celular. Terminei de digitar os números e apertei o botão que faria a ligação. Coloquei o celular no meu ouvido e enquanto os números eram discados, eu observava mais uma vez aquela foto. Olhar aquela foto em que parecíamos mais felizes do que nunca e me lembrar daquelas malditas fotos dele com a Amber apenas aumentava o meu ódio e me faziam querer gritar todos os palavrões que eu conhecia. A ligação começou a chamar.

já devia estar no 15° sono, já que o seu cansaço não era pouco. O seu celular costumava ficar sobre o criado-mudo ao lado de sua cama. Não foi difícil que o toque de seu celular atrapalhasse o seu sono. Ele abriu os olhos, sem saber muito bem o que estava acontecendo. Demorou para que ele se desse conta de que aquele barulho vinha do seu celular. Passou os dedos pelos seus olhos para ver se conseguia abri-los. esticou o seu braço e pegou o seu celular e o trouxe para perto de seu rosto para que ele pudesse enxergar o número que estava no visor. A claridade trazida pelo visor fez seus olhos se fecharem um pouco, mas mesmo assim ele conseguiu enxergar o número, ou melhor, o nome de quem estava ligando. Ao ler o meu nome, os olhos sonolentos se arregalaram. O coração dele parou instantaneamente. Ainda com o celular nas mãos, ele se sentou na cama, enquanto um turbilhão de sentimentos rondavam seu coração e outros milhões de pensamentos rondavam sua cabeça. encarava o celular, sem saber o que fazer, sem saber como reagir, enquanto eu continuava ouvindo o celular chamar seguidas vezes sem resposta.

- Atende, seu desgraçado... – Eu disse em meio a um suspiro. Eu tinha que fazer aquilo, mas não dava pra fazer nada disso se ele não atendesse a porcaria do celular. Meg estava aflita do lado de fora. Aproximou o seu ouvido da porta para tentar ouvir se eu realmente estava cometendo aquela loucura.

não sabia o que pensar sobre aquela ligação. Ele estava muito confuso, pois toda a raiva da qual ele havia se cercado todo esse tempo de repente desapareceu. Fazia tempos que ele não se sentia daquele jeito. Parecia até que ele estava parado no pátio da sua antiga escola, enquanto me via entrar por aquele portão. Era a mesma sensação. Os mesmos sentimentos que ele sentia todas as vezes que ele se convencia de que me superaria e mudava de ideia quando me via. não conseguiu sentir nada além de seu coração disparado, o nervosismo e as borboletas no estômago. Era extremamente estranho sentir tudo aquilo de uma só vez de novo. Ele respirou fundo e engoliu seco pela última vez antes de atender aquele telefonema.

- Alô? – disse daquele jeito doce que ele sempre usava quando me ligava ou atendia os meus telefonemas. Ouvir a voz dele de novo foi como um impacto, um tiro que me fez até esquecer do que tinha pra falar pra ele. A minha reação foi devastadora e surpreendente até pra mim. Eu não esperava que eu fosse reagir daquele jeito diante de toda a raiva. – Alô? – perguntou novamente, pois meu silêncio o fez pensar que a ligação poderia ter caído. Eu estava confusa de novo. Meus lábios estavam abertos para falar o que eu queria, mas a voz não saia. Foi ai que eu voltei a olhar para aquele porta-retrato. Me lembrei do que nós costumávamos ser. Me lembrei de todas as promessas que ele havia me feito e não havia cumprido. Me lembrei de ter ido até Atlantic City atrás dele e ter recebido a notícia que fez daquele o meu pior aniversário. Me lembrei que enquanto eu passava pelo inferno, Amber ajudava ele a espantar a solidão que ele tanto sentia. Me lembrei das fotos deles juntos que haviam me causado dor e desespero depois de tanto tempo. Me lembrei que ele havia superado e eu não. – ? – disse o nome que não dizia há tempos e eu tive que ouvir ele chamar pelo meu nome mais uma vez. Olhei o porta-retrato pela última vez antes de empurrá-lo da cama e jogá-lo chão. Eu me levantei da cama com a raiva e o ódio de antes.
- Oh, você se lembra de mim? Se lembra de quem eu sou? – Eu usei o meu tom mais irônico. – Está com a sua lista por perto, né? Qual o número que eu sou mesmo? Quantas vadias vieram antes de mim? – Eu perguntei com a mesma ironia, que mais parecia raiva agora. – Ou você quer falar sobre quantas vadias vieram depois de mim? – Eu voltei a perguntar. Todas aquelas perguntas e toda aquela ironia fizeram com que aquela velha esperança de fosse desaparecendo aos poucos. Não se tratava de uma ligação de arrependimento.
- Escuta, eu... – tentava evitar uma discussão que parecia ser óbvia, mas eu não dei essa chance a ele.
- CALA A PORCARIA DA BOCA! – Eu gritei com todo o ódio do mundo. Eu não queria explicação. Eu não liguei pra isso. fechou os olhos ao me ouvir gritar com toda aquela fúria. – VOCÊ É QUEM VAI ESCUTAR! – Eu respirei fundo. – Depois de tantas palavras, tantas mentiras, tantas promessas ridículas, é VOCÊ quem vai ouvir o que eu tenho pra te dizer! – O meu tom ainda era alto, mas não tanto quanto antes.
não se manifestou em nenhum momento. Ele apenas me deixou fazer o que eu queria fazer. Quem sabe aquilo o encorajaria a tomar a mesma atitude? Quem sabe ele não conseguiria me tratar com a mesma raiva e me dizer as mesmas grosserias? ainda estava sentado em sua cama e olhava para qualquer lugar do seu quarto, enquanto me ouvir falar.

- QUEM VOCÊ ACHA QUE É!? – Eu deixei de vez a ironia de lado e usei toda a minha raiva a meu favor. – Quem você acha que é pra fazer da minha vida um inferno? Quem te deu esse direito!? – Eu perguntei retoricamente. – Você não é nada! Você é só um... idiota que eu tive a infelicidade de conhecer! – As minhas próprias palavras me davam forças para continuar. – Se você soubesse o quanto eu me arrependo de ter me permitido cair na sua lábia! Nesse seu papinho ridículo de amor! – Eu sorri com sarcasmo. – Amor... – Eu ironizei a palavra. – Essa maldita palavra que você enchia a boca pra falar! Essa palavra que nem mesmo você sabe o significado! Essa palavra que você tentou me convencer que era real! – Eu continuei a ironizar. As minhas palavras começavam a atingir de um jeito que ele não esperava. Ele negou com a cabeça, demonstrando discordância com tudo o que eu dizia. – Eu só queria entender o por que! Droga, você teve duas chances pra desistir de me fazer de idiota! Duas chances de fazer uma única coisa boa por mim! Duas chances pra me deixar esquecer de você! PORQUE VOCÊ NÃO O FEZ? – Eu pausei para poder me acalmar. Eu não queria ter que ficar gritando. – Eu era uma presa fácil? Eu era boba e fácil demais para ser enganada pelo babaca cretino que se achava o rei da escola? – Eu cerrei os olhos. Eu andava descontroladamente de um lado para o outro no quarto.

- Você não sabe do que está falando. – engoliu o nó que havia se formado em sua garganta.
- EU SEI SIM! – Eu respondi de prontidão e com tanta agressividade que fez com que ele perdesse a coragem de me enfrentar. – Eu sei, porque fui eu que ouvi todas aquelas mentiras! Fui eu que vi você não cumprir cada uma das suas malditas promessas! FUI EU! Eu que tive que lidar com tudo isso, enquanto você dava uns pegas na vadia da sua melhor amiga! – Eu surtei ainda mais por ele ter tentado se defender. – Ela conseguiu suprir a minha falta? Ela é tão idiota quanto eu? – Eu voltei a fazer perguntas retóricas. – Eu duvido! Eu é que sou o seu brinquedinho favorito, não é? Aposto que sente falta de mim quando você tenta enganá-la com aquele seu sorriso estúpido e aquele seu papo furado! Aposto que você pensa em mim cada vez que você toca nela, não é? – Eu sorri com sarcasmo.

Agora sim eu estava usando as armas certas. Agora sim ele estava realmente abalado com as minhas palavras. Ele ficou surpreso ao saber que eu já sabia sobre ele e a Amber, mas a dor que ele estava sentindo ao me ouvir falar com tanto desprezo sobre o que vivemos e sobre o que ele sentiu e ainda sente era inaceitável pra ele. Era como se a cada palavra eu pisasse ainda mais nele e a sua recuperação era praticamente impossível. As poucas lágrimas que surgiram nos olhos dele apareceram sem que ele nem percebesse.

- Mas sabe o que é melhor em tudo isso? – Eu sentia como se um peso enorme saísse dos meus ombros a cada palavra dita. – Apesar de estar sozinha em Nova York, sem amigos e sem família, é de você que eu sinto pena. Pela primeira vez em toda a minha vida, eu não estou sentindo pena de mim mesma por um dia ter me apaixonado por você ou por quem você dizia ser. A minha pena é única e somente sua, . – Eu dei um sorriso de alivio ao dizer aquilo. – Aproveita, porque esse é o único sentimento meu que vai estar relacionado a você a partir de hoje! Porque você não vale nem o meu ódio! – Eu neguei com a cabeça.



Os olhos de se enchiam de lágrimas. Ele não se importava em segurá-las ou não. Eu não as veria de qualquer jeito. Ele abaixou a cabeça e encarou uma das cobertas que cobria a parte debaixo do seu corpo. As borboletas no estômago haviam desaparecido e todo o nervosismo havia se tornado tristeza. Tristeza sim, porque pela primeira vez ele tinha certeza de que estava tudo acabado. finalmente se deu conta que eu não havia ligado pra pedir desculpas e sim para por um ponto final na nossa história.

- Mas no meio de tudo isso, eu ainda encontrei algo que me deixa feliz. A única coisa que me faz ficar bem com tudo isso é saber que você não vai conseguir ser feliz. Seja com essa vadia que você anda beijando ou seja com outra. Nenhuma vai te fazer feliz, ! Eu tenho esperanças de que alguma delas, qualquer uma delas te faça passar pelo que você me fez passar. – Eu já não disse com toda a raiva de antes. De repente, as minhas próprias palavras começaram a doer em mim mesma.

Mark ainda estava no quarto ao lado e tentava arrumar um jeito de ir até o meu quarto. A janela do meu quarto estava aberta, então era bem mais fácil conseguir o que precisava. Ele subiu na janela e com muita dificuldade deslizou até a minha janela com a ajuda de alguns tijolos que tinham em torno de toda a casa, inclusive na parede que ficava entre as janelas. Mark tinha uma certa habilidade para aquele tipo de coisa. Não foi uma tarefa tão difícil pra ele.

- Um dia você vai amar uma garota e quando isso acontecer, você vai se lembrar disso. Todas as vezes que ela sair de casa, você vai se perguntar se ela não está indo se encontrar com outro homem. Você vai se perguntar se ela não arrumou alguém melhor que você. – Eu sorri, mas não com tanta verdade. Eu estava tão focada em não me deixar abalar, que eu nem me assustei quando vi o Mark aparecer na janela do meu quarto. – E ai você vai se lembrar de mim. Você vai se lembrar que eu também encontrei alguém melhor do que você. – Eu fiz uma breve pausa e olhei pro Mark. De longe, ele viu as poucas lágrimas que já se acumulavam em meus olhos. manteve-se calado. A lágrima que escorreu de seu rosto falou tudo o que ele tinha a dizer. - Você vai se lembrar do quanto eu sou grata por você ter sido a maior decepção da minha vida, porque assim você me deu a chance de encontrar alguém melhor que você. – Eu continuei olhando pro Mark ao terminar a minha frase. Ele já estava dentro do meu quarto e me olhou com aquele olhar que me passava segurança, que de longe me dizia que estava pronto para me segurar. Eu estava pronta para colocar um ponto final naquilo. – Vai pro inferno, . – Eu disse em tom de desabafo. – Vai pro inferno com todos esses seus falsos sentimentos. Vai pro inferno com as porcarias das suas mentiras. Vai pro inferno com a sua droga de amor! – Eu senti o meu coração se apertar e o meu desespero também. – VAI PRO INFERNO! – Eu esbravejei pela última vez. Um grito de puro desabafo e recheado de lágrimas. – A partir de hoje você é só uma página inútil da minha história que eu fiz questão de arrancar. Não existe memórias pra esquecer. Não existe sentimentos pra superar. Não existe você. – Eu dei o meu último suspiro antes de dizer aquelas palavras, que eu nunca esperei dizer. – Adeus, . – Eu fechei meus olhos por poucos segundos e tirei o celular da minha orelha. Desliguei a ligação e fiquei alguns segundos sem me mover. Apenas superando o que eu havia acabado de dizer e fazer. Dei mais um longo suspiro. Acabou!

Mark não se moveu, apenas ficou me olhando. Eu fiquei um bom tempo sem reação, enquanto meus olhos enchiam-se ainda mais de lágrimas. Olhei o meu celular e nele despejei toda a raiva e alivio que eu sentia. Raiva por estar abalada com o que havia acabado de acontecer e por estar me permitindo sofrer pela última vez. Alívio porque tudo aquilo havia sido uma virada de página. Estou pronta para escrever uma nova história. O celular que estava na minha mão foi jogado para o outro lado do quarto. Levei minhas mãos a cabeça e entrelacei meus dedos em meu cabelo. Foi nesse exato segundo que os braços do Mark acolheram o meu corpo e me segurou como ele sempre fazia, como ele havia ‘dito’ que ia fazer.

Desde que havia tirado o celular do ouvido, continuava olhando para ele. Esperando que eu ligasse de volta para dizer que tudo aquilo não passava de mentira. Nada e nem ninguém havia causado mais dor do que aquelas palavras que eu praticamente cuspi em sua cara. Nós já brigamos várias vezes e já dissemos coisas horríveis um para outro, mas as palavras ditas hoje foram as mais cruéis, intensas e significativas já ditas para ele. Mesmo a traição e o termino terem sido da minha autoria, ele se sentia culpado por algo que ele sem sabia o que era. Ele se sentia culpado só pela mágoa verdadeira que ele havia percebido em minha voz. levou uma das mãos até o seu rosto, passou os dedos pelos seus olhos e depois pelo seu rosto para secar aquelas poucas lágrimas que haviam escorrido por ele. Desistiu de olhar para o celular e o jogou de qualquer jeito sobre o criado-mudo, voltando a colocar sua cabeça sobre o seu travesseiro. As minhas palavras ainda ecoavam em sua cabeça. Nada nunca o machucaria tanto quanto aquelas palavras que ele certamente jamais esqueceria, mas o término havia ensinado a ele uma coisa muito importante: ser forte. Ele precisou ser tão forte no dia do término, que agora ele conseguia usar aquela força para qualquer outra coisa que tentasse abalá-lo. As lágrimas que escorreram dos olhos dele naquele dia foram só um descuido. Já fazia tempos que ele não chorava e ele não deixaria que se repetisse.

- Ei, está tudo bem. – Mark sussurrou, enquanto acariciava a minha cabeça com uma de suas mãos.
- Eu não vou voltar atrás dessa vez. Não vou... – Eu apertei o corpo dele contra o meu.
- Eu sei que não. – Mark afastou o seu corpo do meu para poder olhar o meu rosto. – Você foi bem. – Ele me olhou de um jeito tão intenso e tão sincero, que conseguiu até me arrancar um singelo sorriso, mesmo com aquelas lágrimas presas em meus olhos. – Você foi muito corajosa.. e forte. – Ele acariciou o meu rosto com uma de suas mãos e secou algumas lágrimas que já haviam escorrido dos meus olhos. – Você não precisava fazer isso, mas você fez. Já passou... – Mark como sempre era tão otimista com tudo, que chegava a ser contagiante. – Você está bem agora e eu estou orgulhoso de você. – Eu conseguia ver nos olhos dele o seu esforço para me ajudar a ficar bem. Ele se importava e deixava isso transparecer em cada gesto, em cada palavra e em cada sorriso. Eu não sei o que foi que ele fez, mas me acalmou e fez toda a raiva ir embora.
- Eu estou feliz que esteja aqui. – Eu disse com a voz um pouco falha e com um fraco sorriso no rosto. Voltei a abraçá-lo, apenas porque eu me sentia bem ali nos braços dele. – Eu não conseguiria passar por tudo isso sem você. – Eu estava realmente grata. Mark tem sido uma peça importante desde o começo em toda essa minha superação e eu jamais ignoraria isso.
- Você tem alguma dúvida disso? – Mark apenas queria descontrair aquele momento. Ele sempre dava um jeito de fazer isso.
- O que? – Eu terminei o abraço para olhar pra ele. Cerrei os meus olhos e ri.
- Eu to brincando! – Mark fez careta, me fazendo dar um leve tapa no braço dele, enquanto eu ria.
- Se eu não estivesse tão... – Eu procurei pela palavra certa.
- Bêbada? – Mark deduziu, me fazendo olhá-lo de uma forma engraçada.
- Bêbada! Isso. – Eu afirmei. – Se eu não estivesse tão bêbada, eu ia te fazer pagar por isso. – Eu ameacei só de brincadeira e ele riu. – Não, é sério! Obrigada mesmo por tudo. – Eu engoli o riso para que ele soubesse que eu estava falando sério.
- Você precisa parar de ficar me agradecendo a cada vez que eu ajo como um amigo. – Mark negou levemente com a cabeça. Ouvir ele dizer a palavra ‘amigo’ me quebrou um pouco, mas eu não deixei transparecer.
- Você não é um simples amigo e você sabe disso. – Eu retruquei, enquanto colocava uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

De todas as minhas investidas da noite, aquelas minhas palavras foram as que mais haviam deixado Mark conturbado. Por que eu não parecia tão embriagada ao dizê-las. Por um segundo, ele chegou a pensar que aquelas palavras não haviam sido da boca pra fora. O meu olhar apenas havia feito das minhas palavras mais verdadeiras e reais. Os olhos verdes dele fizeram um tour pelo meu rosto e pararam brevemente em meus lábios.

- ? – Meg gritou do outro da porta e nos acordou de um transe que estávamos. Mark virou o seu rosto e olhou para porta.
- Ela.. está preocupada com você. – Mark sorriu e parecia estar sem jeito com o que havia acabado de acontecer. – Eu posso deixar ela entrar? – Ele pediu autorização.
- Claro! – Eu consenti, depois de sorriso e suspiro de frustração. Mark então foi até a porta, a destrancou e em seguida, a abriu.
- Oh, ainda bem! – Meg pareceu aliviada ao ver o Mark ali.
- Está tudo bem. Eu to bem. – Eu fui rápida ao tranquilizá-la.
- Você não devia ter feito isso! – Meg me olhou com desaprovação.
- Eu precisava fazer isso e quer saber? Eu me sinto bem melhor agora. – Eu suspirei longamente. Meg olhou em volta e viu o celular jogado de um lado e o porta-retrato jogado de outro.
- Está mesmo? – Meg voltou a me olhar, depois de ver o que eu havia jogado no chão. Eu também olhei para o porta-retrato e me aproximei dele, pegando ele em minhas mãos novamente.
- Vou ficar assim que me livrar disso. – Eu estendi o porta-retrato em direção a ela. – Joga isso no lixo pra mim? – Eu perguntei, esperando que ela pegasse aquele porta-retrato que eu costumava olhar secretamente todos os dias.
- Você... – Meg olhou para o objeto nas minhas mãos. – Tem certeza? – Ela ficou surpresa com o meu pedido. – Eu posso guardar ou... – Ela quis arrumar outra alternativa para a minha decisão radical.
- Não. Eu quero que você jogue no lixo. – Eu me mantive firme. – Eu não quero mais ter que olhar pra isso. – Eu completei.
- Então.. tudo bem. – Meg sorriu, orgulhosa com a minha atitude.
- Obrigada. – Eu sorri, sem mostrar os dentes. Me afastei e fui até a minha cama, me jogando nela em seguida. Meg aproveitou para olhar para o Mark para saber o que é que tinha acontecido, ele ergueu os ombros como se quisesse dizer que também não sabia de nada.
- Certo, então já chega de loucuras por hoje, né? – Meg foi até mim, depois de entregar o porta-retrato nas mãos de Mark.
- Minha cabeça está começando a doer. – Ressaca? Já? Eu duvido.
- Acho que o efeito da bebida está começando a passar. – Meg diagnosticou. Ela já esteve naquela situação por diversas vezes.
- Que horas são? – Eu perguntei, já que não fazia a menor noção do horário.
- São 3 horas da madrugada. – Meg fez careta ao dizer, pois sabia que eu me surpreenderia.
- 3 horas? – Levei uma das minhas mãos até o meu rosto. – Não acredito que liguei para o meu ex ás 3 da manhã. – Eu neguei com a cabeça. Eu já começava a me arrepender.
- Acredite! – Mark sorriu mesmo de longe.
- O que vocês ainda estão fazendo aqui? Podem ir pra casa. – Eu não queria continuar dando trabalho para eles.
- Nem pensar. Eu ainda tenho que cuidar da minha amiga bêbada. – Meg aproximou-se ainda mais de mim, puxou um dos meus braços e voltou a me colocar sentada na cama.
- Eu só dou trabalho pra vocês. – Eu rolei os olhos.
- Não é trabalho algum. – Meg me puxou mais uma vez, mas dessa vez foi para me levantar da cama. – Vem, vamos lavar esse rosto e tirar essa maquiagem. – Ela disse, me levando em direção a porta do quarto.
- Está bem... – Eu fiz careta, levando uma das minhas mãos a cabeça, que continuava doendo.
Meg foi a amiga que sempre havia prometido ser. Ela cuidou de mim como se eu fosse uma garotinha de 5 anos. Me ajudou a lavar o meu rosto, tirar a minha maquiagem e até a trocar de roupa. Mark nos esperou no quarto. Ele não iria embora até ter certeza de que estava tudo bem. O porta-retrato que havia ficado em suas mãos despertou a curiosidade dele, quando ele se viu sozinho no quarto. Olhou para aquela foto e se perguntou se fazia ideia do quão estúpido ele era por ter deixado aquilo que nós tínhamos desaparecer. Mark jamais entenderia o que havia acontecido para que trocasse o invejável amor que eu sentia por ele por outra garota. Não era nem mais raiva o que Mark sentia por ele e sim, pena. Aproveitou que eu e Meg estávamos no banheiro e desceu para o andar debaixo da casa. Saiu pela porta da frente e foi até um latão de lixo que havia entre a calçada da minha casa e a da dele. Mark fez exatamente o que eu havia pedido. Tentou imaginar como estava se sentindo agora depois de todas aquelas palavras que havia sido obrigado a ouvir de mim.

estava tão mal quanto se esperava, mas ele não se deixaria sofrer mais por isso. Sofrer foi o que ele tem feito durante cada dia desse último mês. Ele beijou sim várias outras garotas, mas sofreu a cada vez que procurou qualquer vestígio meu nelas e não encontrou. dormiu sim com a Amber, mas também sofreu por não ser eu no lugar dela. Sofreu com cada vez que foi ao cinema com uma garota, que não viu a menor graça na sua brincadeira de roubar pipoca. Sofreu quando levou uma garota até a sorveteria e teve que vê-la tomando um sorvete de chiclete sem fazer aquela bagunça que eu costumava fazer. Sofreu quando se deu conta de que não teria mais ninguém para chamar de .

- Isso não vai te ajudar a evitar a ressaca de amanhã, mas vai te ajudar a dormir melhor. – Meg estendeu um copo com água e um comprimido.
- Valeu. – Eu fiz careta e sorri, pegando o remédio. Tomei o remédio e devolvi o copo para ela.
- E ae? Está arrependida por ter ligado? – Meg perguntou, já que isso estava intrigando-a.
- De verdade? Não. – Eu afirmei, sem hesitar. – Eu teria feito isso antes se soubesse que eu me sentiria tão... – Eu pensei na palavra certa para dizer. – Aliviada. – Eu completei.
- Aliviada? – Meg gostou da palavra que eu havia usado.
- É sabe... – Eu sorri, pois achei graça do jeito que ela havia exaltado a palavra que eu havia usado. – Foi como se eu tirasse um peso das minhas costas. Foi como se eu tirasse esse sentimento ruim.. de dentro de mim. Eu me sento menos idiota, menos boba e mais.. livre. Eu não sei explicar, mas me fez bem. – Eu ri, pois me enrolei nas palavras.
- Sabe que vai se arrepender disso amanhã, né? – Meg fez careta.
- Então deixa pra amanhã.. – Eu não quis nem pensar nisso agora.
- Melhor mesmo. – Meg riu. – Está tarde! Vamos arrumar a sua cama.. – Ela apontou com a cabeça em direção a cama. Começamos a preparar a minha cama, quando eu vi Mark entrar em meu quarto.
- Achei que tivesse ido embora. – Eu sorri para Mark.
- Sem me despedir? – Mark sorriu, cruzando os braços e encostando-se em uma das laterais da porta.
- Jamais.. – Meg fez careta. Adorava zoar Mark pelas suas ‘caretices’.
- Você não devia me tratar assim, já que sou eu que vou te levar pra casa. – Mark fuzilou Meg com os olhos em meio a um sorriso.
- Isso não é justo... – Meg riu ao olhar pro Mark.
- Você não precisa ir embora. – Eu me intrometi no meio das brincadeiras deles.
- Está me convidando pra ficar aqui? – Meg deduziu. Eu fazia isso com frequência.
- Estou! – Eu afirmei.
- Achei que não me convidaria! – Meg segurou o riso, pois sabia que estava sendo cara de pau.
- Ai... Meg... – Mark riu, negando com a cabeça.
- Não tem problema! Ela sabe que eu não me importo e que sempre gosto quando ela dorme aqui. – Eu também ri da Meg.
- São 3 da madrugada! Avisei minha mãe que se não chegasse até meia-noite eu dormiria aqui. – Meg fez careta.
- Se eu não tivesse bebido tanto, ela estaria em casa meia-noite! Acho justo ela ficar aqui. – Eu fui a favor de Meg.
- Viu só? – Meg mostrou a língua pro Mark.
- Então ta! – Mark fez careta e ergueu os ombros. – Eu até fico mais aliviado sabendo que você vai ficar aqui com ela. – Ele, como sempre, estava preocupado comigo.
- Legal, então enquanto você fica com ela, eu vou me trocar. – Meg apontou em direção a porta do quarto.
- Pode pegar um pijama meu emprestado. Ele está até lá no quarto que você costuma dormir. Eu não tirei ele de lá desde a última vez. – Eu disse, me sentando na minha cama.
- Beleza! Eu volto daqui a pouco. – Meg piscou um dos olhos pra mim e antes de passar pela porta, deu um fraco soco no braço do Mark. – Faça o esforço de ficar de olho nela. – Ela sussurrou para o amigo, que revidou com algumas cócegas em sua barriga. Meg saiu, rindo das brincadeiras de Mark.
- É, sério! Não precisa ficar regulando ela. Não tem problema ela ficar aqui. – Eu disse, quando percebi que estávamos sozinhos.
- Ela nem percebe o quanto ela é inconveniente às vezes e se quer saber, é isso é o que eu mais gosto nela. – Mark sorriu, aproximando-se da minha cama.
- Eu gosto do jeito que você sempre consegue ver o lado de bom de tudo e de todos. – Eu sorri fraco.
- Quem vê as coisas ruins, acaba não vendo as boas. – Mark ergueu os ombros, enquanto continuava se aproximando.
- Bem, você viu algo ruim em mim hoje. – Eu arqueei uma das sobrancelhas e vi ele se sentar em minha frente na cama.
- A sua dança na lanchonete? – Mark sabia que não era disso que eu estava falando, mas só disse para descontrair. – Melhor esquecermos disso. – Ele fez careta.
- Não é sobre a minha dança ridícula na lanchonete! – Eu segurei o riso. – É sobre tudo! É sobre eu beber e ser uma péssima bêbada! – Eu expliquei do que eu estava falando.
- Eu acho que não tem como ser uma boa bêbada. – Mark sorriu ao me ver rir da sua afirmação. – Além do mais, eu sei exatamente quem você é. Eu sei que se estivesse sóbria, não faria metade daquilo. Não posso e nem vou julgar as suas atitudes quando você está bêbada. – Ele novamente estava vendo o lado bom da coisa.
- Sabe que as vezes eu queria ser essa garota? Eu quero dizer, essa garota que eu sou quando fico bêbada. – Eu expliquei sem saber muito bem se aquilo era uma boa coisa a se dizer. – Ela é muito mais divertida de quem... eu realmente sou. Eu faço o que quero fazer, sem pensar nas consequências. Eu danço, eu grito e dou risada sozinha. Isso é legal em uma garota, não é? – Eu perguntei, inocente. Eu não tinha intenção alguma com aquela pergunta. Mark pareceu não querer concordar ou discordar. Ele fez uma cara de ‘não sei’.

Meg colocou o pijama e arrumou a sua cama. Depois de tirar toda a maquiagem, foi em direção ao meu quarto, onde pretendia ficar até eu dormir. Quando chegou próxima da porta do meu quarto, ela pausou, pois percebeu que eu e Mark estávamos tendo uma daquelas conversas honestas, que eram tão raras de acontecer. Ela não quis atrapalhar e voltou para o seu quarto. Voltaria depois que a conversa tivesse acabado.

- Sabe o que também é legal em uma garota? É legal quando ela é a pessoa mais responsável do mundo quando se trata dos outros, mas é totalmente irresponsável quando se trata dela. É legal quando ela me obriga assistir ‘Um Amor Para Recordar’ 3 vezes seguidas só porque ela está de tpm. É legal quando ela mente pra mim, dizendo que eu sou um bom cozinheiro só para não me decepcionar. É legal quando ela me ajuda assustar a Meg, quando eu brinco que vou jogá-la na piscina. – Mark disse, enquanto percebia os sorrisos que me arrancava. – Você é legal de todos os jeitos. Como pode ser tão egoísta? – Ele brincou, cerrando os olhos.
- Viu? Acabou de descobrir outro lado ruim. – Eu abri os braços.
- Você tem razão! Você é uma pessoa odiável! – Mark negou com a cabeça.
- Eu ainda estou bêbada, sabia? Não devia estar brigando comigo! Isso pode não acabar bem. – Eu também brinquei, usando um tom de ameaça.
- É verdade! Você fica super impaciente quando está bêbada! Eu não vou te provocar. – Mark levantou as mãos, demonstrando inocência.
- É, eu sei. – Eu levei uma das minhas mãos até o meu rosto, já que estava um pouco envergonhada. – Eu te causei muitos problemas hoje, né? – Eu mordi o lábio inferior. – Eu... – Eu nem sabia o que dizer.
- Está tudo bem! – Mark negou com a cabeça, demonstrando que não havia se importado.
- Não! Eu te devo desculpas! – Eu olhei pra ele, sem graça. – Eu não devia ter feito ou dito nada daquilo. Eu estava ou ainda estou, não sei, bêbada! Eu... – Eu ainda estava fora de mim, mas não tanto quanto antes. – Me desculpa! – Eu mordi o lábio inferior.
- Vou pensar se vou te desculpar e depois eu te falo, ok? – Mark se fez de difícil, apenas porque ele sabia que eu já sabia que estava desculpada. Ele sempre me desculpa por tudo.
- Tudo bem! – Eu afirmei, passando as minhas mãos por um dos olhos. O meu sono começava a se manifestar.
- A Meg está demorando, não acha? – Mark disse quando percebeu que eu já estava com sono.
- Está mesmo. – Eu estranhei, olhando para a porta.
- Eu vou chamá-la e já volto. – Mark se levantou, indo em direção a porta. Passou pelo corredor e foi até o quarto que Meg costumava ficar. Abriu a porta e se deparou com Meg dormindo na cama. – Oh, qual é, Meg... – Mark riu sozinho, entrando no quarto.

Mark se aproximou e viu que Meg estava em um sono profundo. Não seria fácil e nem justo acordá-la. Já que ela estava dormindo, ele não podia fazer mais nada além de cobri-la com um cobertor que estava dobrado sobre a cama. Cobriu todo o seu corpo e ajeitou a sua cabeça, que estava deslocada sobre o travesseiro. Apagou a luz do abajur, que ainda estava acesa e saiu lentamente do quarto. Voltou a andar em direção ao meu.

- Você não vai acreditar. – Mark riu, enquanto entrava no meu quarto.
- O que foi? – Eu ainda estava sentada na cama.
- A Meg dormiu! – Mark riu sem emitir som algum.
- Não brinca! – Eu passei uma das mãos pelo meu rosto, enquanto ria.
- Eu deveria saber. Ela bebeu alguns copos também. – Mark riu, sentando-se novamente na minha cama.
- Acho que cuidar de mim foi um pouco exaustivo. – Eu sorri, negando com a cabeça.
- Acho que como babá, ela é uma ótima médica. – Mark brincou, me fazendo rir novamente.
- Coitada! Ela fez muita coisa por mim hoje. – Eu disse, enquanto parava de rir.
- Você tem razão. Ela foi ótima... – Mark não era tão injusto.
- E você também foi. – Eu completei e vi o sorriso dele se tornar mais tímido.
- Até agora, né? E agora? O que eu faço? – Mark desconversou. Meg estava dormindo. Quem ficaria comigo?
- Agora você pode ficar no lugar dela. – Eu achei uma rápida solução.
- Eu? – Mark sorriu, achando que eu não estava falando sério.
- É! Você disse que ia ficar mais aliviado sabendo que Meg ia estar aqui cuidando de mim. A Meg dormiu. Alguém tem que ficar no lugar dela, certo? – Eu sorri fraco, mesmo sabendo que estava sendo cara de pau.
- É mesmo? – Mark cerrou os olhos, enquanto ria.
- É! Ah não ser que você decida me abandonar justo agora, o que não é do seu feitio. – Eu estava jogando sujo agora, mas eu não tinha má intenção.
- Eu não vou te abandonar agora. Você sabe que não. – Mark sorriu, sem mostrar os dentes.
- Então qual é o problema em você ficar aqui comigo? – Eu perguntei. – Eu sou tão chata assim, que você não pode me aguentar até eu dormir? – Eu fiz drama só para convencê-lo.
- Isso não é um problema. Se fosse, era só eu usar um fone de ouvido e pronto. – Mark voltou a brincar.
- Legal, espertinho. Então qual é o problema? – Eu insisti até saber o motivo. – Sua mãe está te esperando? É isso? – Eu perguntei.
- Não, não é isso também. Minha mãe não está em casa. Está viajando... – Mark desconversou.
- Então qual é o problema? – Eu perguntei, sem entender. – Oh, não! Espera! Eu já sei! – Eu ri rapidamente. – Está com medo que eu te agarre de novo? – Eu deveria saber.
- ... – Mark não quis se comprometer.
- Olha só, eu prometo que não vou tentar te agarrar de novo! – Eu disse de forma mais séria para que ele acreditasse. – Prometo que você ficar não é parte de um plano de te agarrar e te amarrar na cama ou qualquer coisa assim. – Eu não aguentei e ri. – Eu juro que o motivo de eu pedir pra você ficar é totalmente inocente! Eu só quero a sua companhia. Eu só quero que você cuide de mim até eu dormir. – Eu estendi a minha mão e toquei a dele. Ele olhou para as nossas mãos e depois me olhou daquele jeito doce. – Por favor, fica comigo. – Eu pedi, enquanto voltava a usar o meu fraco sorriso.



- Está bem... – Mark sorriu e rolou os olhos. Ele simplesmente não conseguia dizer não.
- Legal! – Eu sorri, empolgada. Me mexi na cama para puxar o lençol em que eu estava sentada em cima e Mark se levantou pelo mesmo motivo. Puxei o lençol e coloquei por cima das minhas pernas.
- Já que você está de pé, me passa esse copo de água? – Eu apontei em direção ao copo, que estava sobre o criado-mudo. Meg havia deixado ali depois de ter me dado aquele comprimido.
- Espera ai.. – Mark foi até o criado-mudo e pegou o copo, estendendo em minha direção.
- Obrigada. – Eu peguei o copo, que ainda estava cheio. Bebi apenas um pouco de água e voltei a estender o copo para que ele pegasse. Quando estendi o copo, virei o meu rosto e a minha outra mão para ajeitar o travesseiro atrás de mim. Mark demorou para pegar o copo e eu estendi o copo ainda mais. Eu não estava olhando para o copo e não vi que Mark estava mais perto do que eu imaginei. Eu bati o copo sem querer no peito dele e metade da água que havia no copo caiu toda na camisa dele. – Ai, droga! – Eu fiz careta ao ver a bagunça que eu havia feito.
- Tudo bem! Não foi nada.. – Mark pegou o copo da minha mão e voltou a colocá-lo sobre o criado-mudo. Olhou para a sua camisa e viu o quanto ela estava molhada.
- Me desculpa! – Eu mordi o lábio inferior. – Eu sou muito desastrada... – Eu revirei meus olhos, me xingando mentalmente.
- Calma! Tudo bem. Só molhou um pouco.. – Mark riu do meu desespero.
- Você quer que eu pegue um pano ou... – Eu já ia me levantando da cama, mas ele entrou na minha frente e me impediu.
- Ei... – Mark voltou a achar graça do quanto eu estava me punindo por um simples copo de água. – Eu vou sobreviver, ok? É só água! – Ele negou com a cabeça. O jeito com que ele me olhou, me fez rir de mim mesma. Voltei a me sentar na cama e levei uma das minhas mãos até o meu rosto, pois estava sem graça por ser tão desastrada e tão neurótica.
- Tudo bem, eu vou parar de surtar agora. – Eu me senti uma boba. – Acho que eu não vou parar de fazer besteiras, enquanto eu não dormir. – Eu voltei a me cobrir com o lençol e dessa vez eu me deitei, colocando a minha cabeça em meu travesseiro. Afastei um pouco o meu corpo da beirada da cama, onde Mark estava sentado. Eu achei que ele fosse se deitar ao meu lado.
- Eu vou te esperar dormir. – Mark sorriu fraco, me observando de onde ele estava. Ainda deitada, virei o meu corpo de lado para que eu pudesse olhá-lo. Ficamos algum tempo trocando olhares. Eu não acreditei que ele iria ficar ali sentado. Entre a nossa troca de olhares, um sorriso espontâneo surgiu em meu rosto e chamou a atenção dele. – O que foi? – Mark também sorriu, sem entender.
- Isso é estranho. – Eu ri, sem emitir som. – Não vou conseguir dormir com você ai sentado, me olhando. – Eu completei, segurando o riso. Não queria que ele entendesse de forma errada.
- Não tem como eu cuidar de você com os olhos fechados. – Mark brincou, apenas para se defender.
- Eu sei, mas é que... – Eu hesitei dizer. – São 3 da manhã! Eu sei que você está super cansado também e ai você tem que ficar ai sentado esperando eu dormir? – Eu olhei para ele e disse com aquele jeitinho de sempre.
- Não tem problema.. – Mark negou com a cabeça.
- Eu não sou tão egoísta, ok? Se você quer fazer algo por mim, vai ter que deixar eu fazer algo por você também. – Eu usei mais alguns bons argumentos. – Vai, deita aqui comigo. – Eu olhei rapidamente para travesseiro que eu havia colocado ao lado do meu.
- Não, não precisa... – Mark nem sequer havia cogitado essa possibilidade.
- Olha só, eu até vou emprestar o meu segundo travesseiro pra você. Ninguém mais teve esse privilégio. Você não vai poder recusar. – Eu sorri, quando vi ele rir.
- Porque você é tão... teimosa? – Mark riu, sabendo que eu não desistiria até conseguir.
- Você não vai me fazer mudar de ideia! – Eu fiz careta e ele continuou a me olhar. Parecia estar pensando se deveria ou não fazer aquilo. – Deita logo? – Eu voltei a pedir.
- Está bem, está bem... – Mark demonstrou que estava fazendo aquilo apenas porque eu insisti. Ele levantou-se da cama e foi até uma das cadeiras que havia em meu quarto.

Meus olhos seguiram ele e viram ele tirar os tênis. A minha curiosidade na cena aumentou, quando vi ele começar a desabotoar a sua camisa molhada. Era uma daquelas camisas xadrez de botões. Confesso que fiquei extremamente decepcionada e impressionada com o que vi quando ele tirou a camisa. Decepcionada porque debaixo da camisa que ele havia tirado, ele ainda vestia uma regata branca. Impressionada até demais com os braços fortes e ombros largos que eu não tinha muita noção que existiam. Não que eu já não tivesse percebido isso antes, mas o Mark é muito, mas muito atraente mesmo. Em que mundo um moreno de olhos verdes, sorriso bonito e corpo definido está solteiro? Onde estão as mulheres de Nova York? Azar delas! Sorte minha.

Eu confesso que fiquei sem graça e que senti minhas bochechas corarem, quando ele me flagrou analisando-o com uma certa intensidade. Mark colocou a sua camisa sobre a cadeira e começou a andar em minha direção. O que diabos é isso no meu estômago? Borboletas? Jura? Depois de tanto tempo? Não, eu não consigo acreditar. Me esforcei para dar um fraco sorriso para que ele também não ficasse sem graça com aquela situação, que eu insisti tanto para que acontecesse. Minha intenção não era essa. Eu nem sequer sabia que a minha reação seria tão fora do normal. Fiquei um pouco nervosa, quando ele se aproximou da minha cama. Tirei os olhos dele por alguns segundos, para tentar disfarçar aqueles sentimentos que me pegaram de surpresa. Eu ainda estava deitada de lado, então eu aproveitei para colocar um dos meus braços embaixo do meu travesseiro.

As sensações e sentimentos de Mark eram bem parecidos com os meus. Ele não pretendia se aproximar tanto, mas ele percebeu que eu já não estava tão alterada. Ele percebeu que o meu simples pedido para que ele ficasse e cuidasse de mim era real e totalmente inocente. A sua vontade de se deitar ao meu lado e ficar mais perto de mim também era grande, mas ele não ousaria tanto assim se eu não tivesse insistindo tanto. Mark não costumava ser tão cauteloso assim com as outras garotas que conheceu. Ele mesmo não se reconhecia quando agia como um patético sem atitude. Ele não reconhecia todo aquele cuidado e medo de se aproximar, mesmo em uma situação tão inocente.

A inocência do momento não fez de Mark tão bobo assim. Ele notou sim o jeito com que eu havia olhado pra ele, mas ele preferiu se convencer de que havia entendido de um jeito errado. Para ele, a probabilidade de eu realmente estar ficando a fim dele depois de tantos foras, depois de tanto esforço e depois de ver o quão forte era a minha relação com o era mínima. Os meus pedidos doces, o jeito com que eu tenho olhado e sorrido pra ele ultimamente só o deixava ainda mais balançado com os sentimentos que ele tanto se esforçava para superar, mas quando estava perto de mim ele se esquecia de todo o resto ou qualquer outro esforço para não sentir nada. Mark chegou até a cama e levantou o lençol que cobria parte do meu corpo, que também passaria a cobri-lo. Ele finalmente se deitou ao meu lado, colocou a cabeça em meu travesseiro e também cobriu parte de seu corpo. Eu não me movi e mantive o meu corpo de lado, virado para ele. Mark deitou-se de barriga pra cima, mas virou o seu rosto em minha direção.

- Foi tão ruim assim? – Eu perguntei em um tom baixinho. Mark sorriu de um jeito encantador, enquanto respondia com uma simples negação com a cabeça. A resposta dele me arrancou um fraco sorriso, enquanto eu continuava a observá-lo. Nós nem sempre tínhamos a chance de estarmos tão próximos um do outro. Eu adoro quando eu posso olhá-lo de mais perto. Adoro o jeito que ele me analisa com aqueles belos olhos verdes. – Quer saber um segredo? – Eu perguntei, depois de um tempo de troca de olhares.
- Quero. – Mark ficou sério, pois achou que se tratava de algo sério.
- Eu gosto dos seus olhos... – Eu continuei a olhar nos olhos dele, mas o sorriso que ele deu ao ouvir a minha frase também me chamou atenção.
- Quer saber de um segredo? – Mark repetiu a minha pergunta. Afirmei com a cabeça, curiosa. - Também gosto dos meus olhos. – Ele disse, arrancando um sorriso de mim. – Graças a eles, eu não sou só um idiota que fica te encarando sem motivo algum. Graças a eles, você sempre aceita trocar olhares comigo sem fazer perguntas. – Mark disse, diminuindo o sorriso.
- Gosto de ficar perto de você. – Eu comecei a piscar mais lentamente por causa do sono. – Faz com que eu me sinta especial. – Eu mantive uma das minhas mãos embaixo do meu travesseiro e levei a outra até o peitoral dele.
- Você é... – Mark levou uma de suas mãos até a minha mão e a acariciou, enquanto mantinha um fraco sorriso no rosto que nem sequer deixou seus dentes a mostra. – Você é muito especial pra mim. – O dedão dele subia e descia, acariciando minha mão que continuava sobre o peito dele.



- Você também é especial pra mim. – Eu ficava cada vez mais sonolenta. – Desculpa ter demorado tanto pra corresponder a isso. – Eu disse, aumentando o meu sorriso. Os meus olhos se fecharam por poucos segundos. A palavra ‘corresponder’ tinha diversos significados e todos eles fizeram o coração de Mark disparar. Ele aproveitou que meus olhos ainda estavam fechados para me observar de um jeito ainda mais intenso.
- Eu queria tanto que não você não se esquecesse disso amanhã. – Mark sussurrou, me fazendo abrir os olhos novamente.
- Eu não vou, mas se por acaso eu esquecer, é porque eu quero que você me lembre. – Eu disse, vendo ele me olhar docemente, mas ao mesmo tempo tão sério. Ele simplesmente não conseguia se controlar quando eu dizia aquelas coisas, que o enchiam de esperança.

A paz que eu estava sentindo naquele instante era inexplicável. Fechar os meus olhos e depois reabri-los e vê-lo tão perto, me fazia esquecer de qualquer problema que eu tivesse. Me fazia esquecer tudo o que havia acontecido naquela noite. Me fazia esquecer que eu havia sido machucada e me fazia ter certeza de que aquilo jamais se repetiria, porque ele não deixaria. A voz dele me acalmava.

- Não conte pra Meg, mas... – Eu hesitei dizer. – Eu estou feliz por ela ter dormido. – Eu completei, trazendo de volta o sorriso pro rosto dele.
- Só se você não contar que eu também estou. – Mark sussurrou, enquanto continuava acariciando minha mão.
- Seu segredo está a salvo comigo. – Eu disse, depois de já ter fechado os olhos pela última vez e ter sorrido sem nem ter mostrado os meus dentes.

Mark percebeu que aquele havia sido o final da nossa conversa. Eu havia dormido de vez, mas isso não o chateou nem um pouco. Agora ele podia me olhar o quanto quisesse. Ele podia sentir a minha fraca respiração em um de seus ombros. Continuou a fazer carinho na minha mão e não tirou os olhos de mim. Ele poderia ficar ali por horas. Até perdeu a noção de quanto tempo ficou ali fazendo a mesma coisa. Parou de acariciar a minha mão e levou a sua mão para perto do meu rosto, onde ele acariciou delicadamente uma das minhas bochechas por um tempo e depois pegou uma mexa do meu cabelo , que estava prestes a cair em meu rosto e a colocou atrás da orelha. Aquele momento foi tudo o que ele mais sonhou nos últimos meses.

- Eu não posso estar me apaixonando por você. – Mark suspirou, sentindo o seu coração estremecer. Depois de ficar mais um tempo me olhando sem dizer nada, sem pensar em nada e sem se mover, ele decidiu que era hora de ir embora. Eu já estava segura e bem. Mark começou a se mover lentamente para não me acordar. Ele estava saindo da cama, quando a minha mão, que ainda estava sobre o seu peitoral agarrou a sua camiseta e o puxou pra perto de mim novamente.
- Fica... – Eu sussurrei com a minha voz de sono, sem nem abrir os olhos. Depois de trazer o corpo dele para o mesmo lugar de antes, me aproximei ainda mais, tirando a minha cabeça do meu travesseiro e a colocando sobre o peitoral dele.

Mark ficou extremamente surpreso com a minha atitude. Ele ficou sem reação por um tempo. Aos poucos, um bobo sorriso foi surgindo em seu rosto e uma de suas mãos se aproximou do meu braço e subiu por ele até chegar em meu ombro. A mão dele foi até a minha cabeça, onde ele começou a acariciar o meu cabelo. Ele nunca pensou que eu poderia fazer ele sentir a melhor coisa que ele já sentiu mesmo sem querer. Ele se sentiu o cara mais sortudo do mundo, só por me ter ali, abraçando o seu corpo e dormindo em seus braços. Beijar o topo da minha cabeça foi a última coisa que ele fez, antes de adormecer comigo em seus braços.


- Mas que merda! – resmungou ao ouvir o seu celular tocar pela 4° vez seguida. Ele ainda estava deitado e não pretendia levantar tão cedo, já que era sábado. Esticou o seu braço e pegou o seu celular. Olhou no visor e viu o nome de . – Fala, . – Ele atendeu já demonstrando o seu mal humor.
- Achei que tivesse morrido! – sorriu para , que riu de sua afirmação.
- Que horas são? – não respondeu a afirmação do amigo, mas ficou preocupado com o horário. Era tão tarde assim?
- São 11 horas, eu acho. – não estava com relógio, mas tentou se lembrar da última vez que olhou para um.
- 11 horas? Ah, vai se ferrar! – ficou furioso. Era cedo demais para ele e principalmente para um sábado.
- Tudo bem, boneca! Deixa o seu surto pra depois. Estou ligando pra te convidar pra vir aqui em casa. A também está aqui. – disse, ouvindo a campainha tocar. Devia ser um de seus amigos.
- Não acha que está cedo demais pra uma suruba? – disse apenas para revidar as palavras de .
- Não acha que está cedo demais pra me fazer ir ai acabar com você? – disse de um jeito um pouco mais descontraído. Ele foi em direção a porta para abri-la.
- Escuta, são 11 da manhã e você me liga pra fazer essas propostas indecentes? Devia ter ligado pro . – rolou os olhos.
- Eu já liguei e ele acabou de chegar. – disse, abrindo a porta e fazendo um sinal com a cabeça para que entrasse.
- Bom dia, Jonas! – gritou perto do celular de ao passar por ele. fez careta e encarou o celular por alguns segundos. estava mesmo lá?
- Vocês são doentes... – voltou a colocar o celular no ouvido. gargalhou com a afirmação do amigo.
- Meus pais foram viajar para a casa de uns tios da minha mãe. A casa está liberada! Já chamei os caras, as garotas e agora estou te ligando. – explicou, vendo se jogar no sofá.
- Então todos vão estar ai? – perguntou, vendo ali uma possibilidade de esclarecer algumas coisas.
- Vão.. – afirmou. – Anda logo. – Ele o apressou.
- Está bem... – passou uma das mãos pelo seu rosto para que pudesse acordar de vez. – Daqui a pouco eu chego ai. – Ele combinou.
- Beleza! Até depois, cara. – sorriu, satisfeito e desligou o telefonema.

Do telefonema da noite passada, várias coisas ainda o incomodavam e outras ele ainda não havia conseguido superar. Uma coisa que não deixou passar foi o fato de eu saber sobre ele e a Amber. Como eu sabia? Quem contou, já que todos os seus amigos prometeram não trocar informações entre nós? Alguém havia quebrado aquela promessa que era tão importante pra ele. Uma promessa que lhe custou aquela maldita ligação e aquelas malditas palavras que ele foi obrigado a ouvir. Ele não deixaria barato.

Se ainda se lembrava de cada vírgula que eu havia falado pra ele, eu não tinha a mesma sorte. A luz do sol entrava pela janela do meu quarto e refletia direto em meus olhos ainda fechados. Mesmo com os olhos fechados, eu já sentia a minha cabeça pesada. Eu abri os olhos lentamente, pois não queria ter que encarar a luz de sol tão rapidamente. Um perfume delicioso entrava pelo nariz e eu não fazia ideia de onde ele vinha. Ao abrir meus olhos lentamente, percebi que eu não era a única deitada naquela cama. Depois eu percebi que eu estava com a cabeça apoiada nessa tal pessoa. Levantei o meu rosto lentamente e vi o rosto de Mark. Os olhos dele ainda estavam fechados e seu rosto tinha uma expressão tão tranquila, que até me arrancou um sorriso. Aproximei o meu rosto do pescoço dele e logo percebi que aquele maravilhoso perfume vinha dele. Aproveitei que estava mais próxima do seu rosto e o encarei de mais perto. Ele ficava maravilhoso até quando não deixava aqueles belos olhos a mostra. Eu também não pude deixar de notar a regata que ele vestia. Depois de apreciá-lo por um tempo em silêncio eu comecei a me perguntar como ele veio parar ali. Como eu vim parar aqui? Olhei em volta e vi a camisa dele jogada sobre a cadeira. Quando eu pensei no que poderia ter acontecido na noite passada, eu tive um silencioso surto.

- Esteja vestida, esteja vestida, esteja vestida... – Eu comecei a sussurrar para mim mesma. Levantei o lençol e vi que eu estava de pijama. Que alivio!

Eu ainda não sabia como eu havia chegado ali. Me sentei na cama e me espreguicei. Fiquei algum tempo ali sentada, tentando me lembrar da noite passada. Tudo parecia um borrão pra mim. Eu me levantei cuidadosamente da cama para não acordar o Mark e peguei a primeira coisa que encontrei para fazer um rabo no meu cabelo. Caminhei até a porta, sentindo a minha cabeça doer. Sai do quarto e encostei a porta para evitar que qualquer barulho acordasse Mark. Passei pelo corredor e ao passar por um dos quartos, vi uma cama desfeita. Alguém havia dormido ali. Eu rapidamente me dei conta de que era Meg. Ela sempre dormia naquele quarto. Passei pelo banheiro e aproveitei para fazer a minha higiene matinal. Depois de sair do banheiro, eu quis achar Meg. Deduzi que ela estivesse no andar debaixo. Desci aquelas escadas lentamente. Eu não estava tão bem quanto deveria. Cheguei na sala e olhei para ela totalmente vazia.

- Boa tarde, dorminhoca! – Eu ouvi a voz de Meg atrás de mim e me virei para olhá-la.
- Que bom que te achei! – Eu sorri, aliviada. – Eu estou meio que.. perdida. – Eu comecei a andar em direção a ela.
- Na verdade, você está de ressaca. – Meg corrigiu e eu já soube o problema que havia causado na noite passada.
- Não me diga que eu bebi. – Eu fiz careta, indo até a mesa de jantar. Meg aparentemente tinha preparado uma bela mesa de café da manhã.
- Pra ser bem sincera, me lembro de ter visto você beber umas 5 doses de vodka. – Meg deixou explicita a minha situação da noite passada.
- Ai, não... – Eu suspirei, abaixando a minha cabeça e colando a minha testa na mesa. – O que foi que eu fiz? Que droga... – Eu suspirei, levantando a minha cabeça para olhá-la.
- Você não acreditaria se eu dissesse. – Meg segurou o riso.
- Acreditaria sim, porque essa não foi a primeira vez que aconteceu. – Eu me lembro do que me contaram da última vez. – Quem foi que eu agarrei dessa vez? – Eu perguntei sem dar tanta importância.
- Adivinha? – Meg manteve um sorriso engraçado no rosto.
- Eu não sei, eu... – Eu ia dizendo, quando me lembrei de ter acordado ao lado do Mark naquela manhã. – NÃO! – Eu abri a boca, incrédula.
- Pobre Mark... – Meg já não aguentava mais segurar o riso.
- Eu... – Eu não conseguia nem dizer isso em voz alta. – Eu fiquei com o Mark? – Eu arregalei os olhos.
- Infelizmente não. – Meg fez bico. – Mas não foi por falta de insistência. – Ela completou.
- Droga... – Eu não conseguia acreditar. – O que aconteceu? – Eu quis saber detalhes.
- Resumindo: você começou a beber e quando nós percebemos você já estava agindo como a Britney Spears. – Meg e suas referências. – Você começou a dançar e a rebolar até o chão e quando o Mark foi te resgatar, foi você que tentou resgatar ele. – Ela não entrou em tantos detalhes.
- Eu agarrei ele? – Eu fiz careta, esperando pela resposta.
- Agarrar? – Meg repetiu o verbo que eu havia usado. – Você não só agarrou, mas também chamou ele de gay, frouxo e se eu não estou enganada, você também chamou ele de gostoso pra caralho. – Ela resumiu.
- Maravilha! Rolou um strip-tease também? – Eu ironizei.
- Claro! Suruba sem strip-tease não é suruba, né? – Meg apenas quis me assustar.
- Você está zuando... – Eu paralisei.
- Estou. – Meg gargalhou, quando viu a minha cara de alívio. – Mas você teria feito um strip-tease se o Mark permitisse. – Ela arrumou.
- Como assim? – Eu não havia entendido.
- A sua sorte é que o Mark é um garoto de ouro! Aguentou você se esfregando nele e não cedeu a suas provocações. – Meg explicou, enquanto passava manteiga na torrada que havia preparado.
- Ele não quis ficar comigo? – Eu perguntei, surpresa e incomodada.
- Preferia que ele tivesse ficado? – Meg estranhou a minha pergunta.
- Não, eu... – Eu não sabia como explicar. – Como ele veio parar na minha cama? – Eu desconversei.
- Você estava mal e eu fiquei aqui pra cuidar de você, mas acabei dormindo. Aliás, desculpe por isso. – Meg forçou um exagerado sorriso, que me fez rir. – Eu acho que ele teve que ficar cuidando de você no meu lugar. – Ela explicou.
- Ele.. – Eu tentei esconder o espontâneo sorriso que sem querer surgiu no meu rosto. – Cuidou de mim? – Não consegui segurar o sorriso até o final da frase.
- Sim, ele fez esse esforço. – Meg ironizou, me fazendo rir e rolar os olhos.
- Nem me chamaram pro café? – Mark disse, enquanto descia as escadas. Eu e Meg olhamos para ele. Meg achou graça da cara de sono dele, enquanto eu achei ele todo uma graça. Ele ainda vestia aquela regata branca. Eu não sabia que ele era tão forte. Minha nossa! O que está acontecendo comigo hoje?
- Eu nem estou tomando café. Eu não estou muito bem... – Eu fiz careta e Mark sorriu, pois já sabia ao que eu me referia. Ressaca!
- Eu estava aqui contando pra ela sobre o quão divertida foi a noite passada. – Meg riu e Mark fez o mesmo.
- Oh, é! Noite passada.. – Mark afirmou com a cabeça, sentando-se na mesa junto comigo e com a Meg.
- Não se preocupe, você chegou a tempo para me ajudar a contar o pior da noite. – Meg e Mark trocaram olhares.
- Tem mais? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Infelizmente. – Meg e Mark voltaram a trocar olhares. Aquela notícia seria trágica pra mim.
- O que foi que eu fiz? – Eu respirei fundo. – Não pode ser tão ruim.. – Eu sorri de lado.
- Pode sim! – Meg afirmou com convicção. Eu olhei pro Mark para ter certeza de que ela estava falando sério e ele confirmou com a cabeça.
- Fala logo! – Eu fiquei mais preocupada.
- Ok, como eu posso te dizer isso... – Meg coçou a cabeça, pensativa. Mark não quis se manifestar.
- O que foi que eu fiz? – Eu repeti a pergunta ainda mais preocupada.
- Você... – Meg hesitou continuar. Talvez houvesse uma forma melhor de dizer aquilo. Não? Não. – , você... ligou pro . – Ela finalmente disse.
- Eu o que? – Eu estremeci por dentro. Que merda eu havia feito? - Eu.. liguei pra ele? – Eu repeti, já que a minha ficha pareceu não ter caído totalmente.
- Eu e a Meg tentamos impedir, mas você se trancou no quarto e... – Mark não achava que precisasse continuar.
- Eu... – Eu não sabia o que dizer. – Liguei? Ai que droga... – Eu estava me odiando. Levei uma das mãos até o meu rosto e passei por ele, sem saber o que fazer. – O que eu disse? – Eu tinha medo do que eu ia escutar.
- Você se trancou no quarto. Não deu pra ouvir. – Meg não ficou feliz em me dar aquela notícia. – Teve uma hora que eu ouvi você mandando ele calar a boca. – Ela assumiu.
- Só isso? – Eu precisava saber mais. – Eu contei toda a verdade será? Eu assumi que terminei com ele por que eu descobri sobre ele e a Amber? Será que eu disse pra ele que eu fui até lá no dia do meu aniversário? – Eu tinha tantas perguntas, que não cabia em mim. Eu estava desesperada, pois achei que tivesse fraquejado e dado o braço a torcer. Achei que eu tivesse dito o que eu tenho sofrido durante esse mês. – Eu não posso ter falado isso pra ele. Eu... – Eu comecei a ficar nervosa. – Ele não pode saber que ele me fez de idiota ou que eu sofri por tudo isso. Ele não... – Eu estava aflita, mas Mark me interrompeu para me tranquilizar.
- Você não disse... – Mark me olhou calmamente. Quando ouvi ele dizer aquilo, eu até senti um certo alívio. – Eu... – Ele sorriu, debochando de si mesmo. – Eu pulei a janela pra ir te ajudar. Eu ouvi você dizendo pra ele que a única coisa que te deixava feliz era a sua esperança de que um dia aguém faria ele passar pelo que você passou. – Mark disse mais sério. Eu me sentia melhor a cada palavra dita por ele. – Você disse que ele nunca deveria se esquecer de você conseguiu um cara melhor que ele. Você disse que agradecia por ele ter dado a chance de você conhecer alguém melhor... que ele. – Ele ficou meio sem jeito por estar me contando aquilo. Não queria que eu achasse que ele pensava que o ‘cara melhor’ era ele.
- Eu disse isso? – Eu sorri, sem mostrar os dentes.
- Ainda bem... – Meg também pareceu aliviada.
- E depois? – Eu queria que Mark me contasse mais.
- Depois... – Mark sorriu fraco. – Depois você desligou e começou a chorar. – Ele lamentou ter que me dizer aquilo.
- É claro! – Eu rolei os olhos e neguei com a cabeça. – Não podia faltar. – Eu ironizei.
- As lágrimas não tiram a sua glória, gata. Você acabou com ele! – Meg quis me animar. – Não era isso que você queria? Dizer umas verdades pra ele? – Ela questionou.
- Era, mas eu queria ao menos me lembrar como eu fiz isso. – Eu ri da minha própria desgraça.
- É bom que você não se lembre. Ele pode ter dito alguma coisa! Você não vai ter que viver com as palavras dele ou com o que você sentiu na hora, mas ele vai. – Meg estava tentando me fazer ver o lado bom daquilo.
- É, eu acho que você está certa. É melhor que eu não me lembre como foi... – Eu afirmei com a cabeça com um fraco sorriso. – Se quer saber, mesmo sem saber o que eu disse, o que ele disse ou o que eu senti, eu estou me sentindo estranhamente melhor hoje. Tirando a minha ressaca, é claro! – Eu disse, arrancando sorrisos do Mark e da Meg. – Não é que eu me sinta melhor, mas... – Eu não sabia explicar. – Não existe mais aquela angústia aqui dentro e nem aquelas palavras que estavam entaladas aqui na minha garganta. Eu sinto como se meu coração estivesse mais leve ou menos machucado. Eu não sei.. – Eu ri, pois estava me enrolando nas minhas palavras. – Eu acho que eu me sinto... livre de novo. – Eu olhei pro Mark e vi ele sorriu de lado.
- Você não se lembra mesmo de nada de ontem a noite? – Mark queria tanto que eu me lembrasse de alguma coisa que eu tinha dito a ele. Qualquer coisa!
- Eu me lembro de chegar na festa e começar a beber. Depois eu me lembro de estar dançando, me lembro de estar gritando com vocês e depois me lembro de estarmos em algum outro lugar... – Eu não me lembrava bem.
- Nós paramos em uma lanchonete. – Meg relembrou.
- É, eu acho que é isso. – Eu não consegui lembrar mesmo. – Depois nós estávamos aqui em casa. Você me deu um remédio. – Eu sorri pra Meg.
- É, eu dei. Isso foi antes de eu dormir. – Meg riu sobre olhares condenadores de Mark.
- Eu me lembro de estar sentada, conversando com o Mark sobre alguma coisa que eu não me lembro. Me lembro de conversar com ele e depois eu acordei hoje de manhã. – Eu expliquei. Mark parecia um pouco mais decepcionado do que queria parecer. – Inclusive, Mark... – Eu fiquei super sem graça. – Eu queria me desculpar pelas coisas que eu te disse na noite passada. Eu sinceramente não me lembro de nada, mas a Meg me disse que foi péssimo. – Eu estava mesmo envergonhada por aquilo.
- Eu... não levei nada a sério. Eu sabia que você estava... fora de si. – Mark negou com a cabeça.
- Eu não costumo ser nem um pouco educada e gentil quando eu fico bêbada. – Eu mordi o meu lábio inferior.
- Você foi... em alguns momentos. – Mark sorriu, sem mostrar os dentes.
- Bem, independentemente do que eu disse... – Eu me levantei e fui até a Meg. – Eu queria te agradecer. Apesar de ter dormido, eu tenho certeza que você me ajudou muito. – Eu abracei Meg por trás, passando meus braços em torno de seu pescoço e beijando uma de suas bochechas.
- Agradecer nada! Qualquer dia eu vou precisar que você faça o mesmo. – Meg riu escandalosamente.
- Pode contar comigo. – Eu pisquei pra ela, enquanto me afastava e ia em direção ao Mark. Quando cheguei até o Mark, eu me virei pra ele e ele continuou sentado. – E você também. – Eu me atrevi a me sentar de lado no colo de Mark, passando um dos meus braços por detrás do pescoço dele. Ele virou o seu rosto para me olhar e senti uma de suas mãos tocar as minhas costas apenas para que eu não caísse do outro lado. – Eu não me lembro se eu já te agradeci e nem me lembro muito bem de tudo o que você fez por mim, mas eu sinto que eu tenho que te agradecer. – Eu olhei pra ele de perto.
- Não precisa... - Ele sorriu, negando com a cabeça. Ele não achava que fosse necessário.
- Me deixe fazer isso, ok? – Eu dei uma bronca e ele sorriu ainda mais. Segurei o seu rosto e beijei uma de suas bochechas. Logo em seguida eu o abracei forte. Eu não sei mesmo o que havia acontecido na noite passada, mas Mark parecia diferente pra mim naquele dia. Ele passou seus braços em torno do meu corpo e quando ele olhou pra Meg, viu ela lhe lançar olhares e sorrisos maldosos. Ele revirou os olhos e sorriu, mas na realidade não era essa a reação que ele estava tendo por dentro.
Ficamos mais algum tempo ali. Meg passou a maior parte do tempo rindo e imitando as minhas danças da noite passada. Eu não me lembrava de nada, mas cheguei a reconhecer alguns passos que ela reencenou da noite passada. Apesar de ser o centro da zuação, eu não levei nada a sério e até entrei na brincadeira. Nós riamos como 3 idiotas, enquanto Meg e Mark tomavam o café da manhã.

- Ok! Já entendi, ok? Minhas danças não são tão boas quando estou bêbada. – Eu segurei o riso. – Chega de me zoar! Eu tenho que subir e ir tomar um banho. – Eu me levantei do colo de Mark. – Eu sinto que ainda estou cheirando a vodka. – Eu cheirei a mim mesma e fiz cara feia.
- Eu já vou pra casa também. Tenho alguns trabalhos pra fazer. – Mark apontou em direção a porta da casa.
- Eu também preciso ir pra casa antes que a minha mãe coloque a polícia atrás de mim. – Meg disse, fazendo com que eu e Mark gargalhássemos.
- Eu te levo, então. – Mark levantou-se da mesa.
- Eu vou aproveitar pra dormir um pouco pra ver se essa dor de cabeça passa. – Eu fiz careta.
- Eu deixei um comprimido do lado da sua cama. Tome ele antes de dormir. Você vai acordar melhor. – Meg receitou.
- Pode deixar, doutora. – Eu afirmei com a cabeça e ela rolou os olhos, enquanto ria.
- Vamos então. – Meg olhou pro Mark, que confirmou com a cabeça. Ela veio até mim. – Vê se melhora, ok? Hoje é sábado e temos outro porre pra tomar. – Meg beijou o meu rosto e em seguida olhou pro Mark, pois sabia que ele odiaria o seu comentário.
- Muito engraçado. – Mark fez careta. Ele sabia que era brincadeira. Veio em minha direção. – Se cuida, ta? Qualquer coisa você pode me ligar. – Mark também beijou o meu rosto.
- Pode deixar. – Eu respondi um pouco baixo. Estava sem graça por causa do beijo.
- Vejo você depois! – Meg gritou, indo em direção a porta.
- Obrigada por tudo! – Eu agradeci novamente, vendo eles saírem da casa.

Ninguém está olhando, né? Já posso sorrir culposamente pelo beijo que o Mark me deu? Já posso demonstrar os efeitos que ele me causou? Eu já tenho sentido isso nos últimos dias, mas hoje está algo fora do normal. O que aconteceu na noite passada? Será que ele me disse alguma coisa especial? Alguma coisa que mexeu comigo? Droga! Porque eu não consigo me lembrar? Seja o que for, o meu coração ainda se lembra.

- Me deixe adivinhar.. – Meg fez cara de quem estava refletindo sobre alguma coisa. Mark e ela estavam a caminho de sua casa. – O motivo desse belo sorriso tem a ver com a noite passada? – Ela continuou olhando para o amigo, que deixou de olhar para o trânsito para olhá-la com um sorriso bobo.
- Do que você está falando? – Mark desconversou.
- Você está muito a fim dela, né? – Meg não fez rodeios.
- O que? – Mark continuou a se fazer de bobo.
- Não vem com essa! Eu não sou boba. – Meg negou com a cabeça.
- Está falando da ? – Mark estava pensando em uma boa desculpa para dar.
- É claro que eu estou falando da ! Olha pra você! Parece até um idiota. – Meg gargalhou, recebendo olhares intimidadores de Mark.
- Ela é só... uma amiga. – Mark ergueu os ombros.
- Nenhuma amiga merece tanto cuidado, tanto carinho e tantos olhares e sorrisos bobos que você vive dando pra ela. Quer enganar quem? – Meg insistiu. – Eu vi o jeito que você ficou ontem quando ela disse aquelas coisas sobre você. Eu vi o jeito que você ficou quando ela estava se esfregando em você. Qual é! – Ela rolou os olhos.
- Aquilo não foi nada demais. – Mark sorriu, deixando de olhar pra Meg para voltar a olhar para o trânsito. – Mas se fosse... – Ele estava sorrindo daquele jeito sem graça agora. – Acha que alguma coisa daquilo pode ser verdade? Acha que... – Mark hesitou terminar a pergunta. – Acha que tem alguma chance dela ter falado sério? – Ela quis saber.
- Sinceramente? – Meg perguntou retoricamente. – Antes eu não achava. Teve uma época que eu pensei que você podia fazê-la esquecer do , mas depois eu vi que ninguém poderia fazer isso. – Ela estava um pouco mais séria agora. – Mas agora? Agora eu acho que você tem todas as chances. O é carta fora do baralho e ela está aberta a novas experiências. Eu não vejo ninguém que esteja mais perto de conseguir isso do que você. – Meg foi honesta. Ela sempre era honesta.
- Está brincando? Eu sou o único amigo que ela tem aqui. Não tem concorrência! – Mark riu das palavras mal ditas de Meg.
- E você vai esperar ter concorrência pra fazer alguma coisa? – Meg deixou de lado o deboche e focou no principal.
- Não é tão fácil como você faz parecer, ok? Nós somos amigos. Eu não posso simplesmente chegar nela. O que ela vai pensar? Que todo esse tempo que eu a consolei e a ajudei foi só uma preparação para a hora que eu quisesse dar o bote? – Mark realmente pensava em tudo.
- Você pensa muito e faz pouco, Mark. – Meg suspirou tediosamente. – Você gosta dela ou não gosta? – Ela questionou. – Estamos falando de sentimentos! Não precisa ser tão racional. – Meg aconselhou.
- Você não entende. – Mark negou com a cabeça. – Não dá! Eu não posso fazer isso. – Ele completou, fazendo Meg desistir de convencê-lo.

Algo impedia Mark de fazer o que ele tanto queria fazer. Algo muito maior do que parecia e do que todos sabiam. Os sentimentos que ele tinha por mim eram sim verdadeiros, mas havia outras coisas que ele deveria pensar antes de tomar qualquer atitude idiota. Ele foi fraco algumas várias vezes. Ele se declarou anteriormente e às vezes acaba cedendo aos meus pedidos tão difíceis de cumprir, como o da noite passada. Ele tinha que se controlar. Ele precisava parar de deixar os seus sentimentos falarem tão alto. Meg não sabia, mas ultimamente ele tem agido de qualquer forma, menos racionalmente.

- O que tanto você vê nesse celular? – perguntou, quando percebeu que não estava prestando muita atenção no que ele dizia.
- Nada! Eu só estou... – ficou totalmente sem graça. – Estou avisando a minha mãe que vou almoçar aqui. – Ele inventou uma desculpa qualquer. não queria dizer que estava conversando com , que havia acabado de dizer que estava chegando na casa de .
- Sua mãe, né? – riu, olhando desconfiadamente para .
- Você não devia estar ocupado com a sua nova namoradinha? – mudou o assunto.
- Ela não é a minha namorada. – rolou os olhos.
- Qual o nome dela mesmo? – perguntou, curiosa.
- Meg! – sorriu, sem graça.
- Ela deve ser maravilhosa, né? Viu ela só uma vez e está todo apaixonado. – não perderia a oportunidade de zoar o amigo.
- Maravilhosa? – ironizou. – A me mostrou uma foto dela. Ela é super gos... – Meu irmão começou a dizer com toda a empolgação até perceber que o fuzilava com o olhar. Ele coçou a garganta e fez aquela cara de quem tinha aprontado algo. – Eu quero dizer, ela é uma graça. – Ele consertou.



- Foi exatamente isso que eu achei ter escutado. – sorriu, enquanto cerrava os olhos para .
- Sério? Porque eu ouvi ele dizer ‘gostosa’. – foi inconveniente de propósito.
- Eu também, ! – continuava fuzilando com os olhos.
- Filho da mãe... – resmungou, matando com o olhar. A campainha tocou.
- Deixa que eu vou atender! – rapidamente se prontificou a atender a porta. Ele sabia que era .

estava um pouco nervosa, pois sabia que estaria lá. Ela ajeitou o seu curto vestido de verão e resolveu manter o seu ray-ban nos olhos. e parecem estar finalmente se acertando. Eles já ficaram algumas vezes aqui e ali, mas nada sério. Nada que pudesse ser assumido para os amigos. Eles não sabiam de absolutamente nada! e preferiram não contar nada por enquanto, pois eles já passaram por isso outras vezes e nem sempre deu certo. É melhor só assumir quando for algo realmente certo. O que não parecia ser uma vontade tão cogitada pelos dois. Não agora.

- Hey! – sorriu, sem jeito.
- Oi... – ficou surpresa. Não esperava que ele fosse abrir a porta.
- Entra! – apontou para o interior da casa com a cabeça.
- Onde estão todos? – entrou, procurando os amigos na casa que aparentava estar vazia.
- Eu não sei! Que tal se você me ajudasse a procurá-los? – segurou a mão de e foi para o lado oposto de onde estavam os seus amigos. Ela rapidamente soube do que se tratava.
- Ei, espera... – riu, sendo arrastada por para um dos corredores da casa. – O que está fazendo? Eles vão saber! – Ela sussurrou, tirando seu ray-ban dos olhos.
- Saber? – se fez de desentendido. Puxou para mais perto e a encostou em qualquer coisa que estivesse atrás dela. – Saber do que? – disse baixinho, enquanto segurava o rosto de com suas duas mãos. Ela não respondeu, mas o sorriso e a rápida encarada que ela deu nos lábios dele foram um sinal verde para . Ele a beijou sem pensar duas vezes. era alucinada pelos beijos de , que pareciam ser melhores do que qualquer outro que ela já tenha recebido. O beijo não era intensificado, mas eles não pareciam que pretendiam terminá-lo tão cedo. A campainha mudou o plano deles.
- ! Atende pra mim! – gritou do quintal.
- Que droga! Deve ser o . – suspirou, assim que finalizou o beijo. riu por ele estar tão irritado por eles serem incomodados.
- Vai lá! Espera um pouco pra dar tempo de eu chegar lá antes de vocês. – afastou-se de e começou a andar em direção ao final do corredor. Ela iria para o quintal.
- Está bem. – concordou, respirando fundo. Odiava ser interrompido daquela maneira. Correu até a porta, pois não queria que tocasse a campainha pela segunda vez.
- ! – forçou um sorriso assim que abriu a porta. – E ae, cara? – Ele estendeu a mão para que eles fizessem o seu rotineiro toque de mãos.
- Achei que a festa já tinha acabado. – sorriu, tocando a mão do amigo.
- Eu... – pausou para pensar em uma desculpa. – Eu estava no banheiro. – Ele apontou pro interior da casa. – Entra! – deu passagem para que adentrasse na casa. Fechou a porta em seguida.
- Estão no lá no quintal? – perguntou ao disfarçar as rápidas lembranças que teve ao entrar naquela casa novamente. A última vez que esteve ali ele estava comigo.
- Estão. Vamos lá! – e começaram a andar em direção ao quintal da casa. – Faz alguns dias que eu não te vejo. – Ele puxou assunto.
- Eu estive muito ocupado no trabalho nesses últimos dias. Cheguei atrasado na faculdade quase todos os dias. – fez careta.
- É por isso que eu não tenho te visto lá! – concluiu.
- Olha só quem resolveu aparecer! – gritou ao ver passar pela porta que dava acesso ao quintal.
- Por quê? Sentiram a minha falta? – abriu os braços ao sorrir para os amigos. Apesar de ter alguns assuntos para esclarecer, ele não podia negar que sentia falta dos amigos.
- Sentir a sua falta? – ironizou. – Eu tenho mulher e uma vida sexual ativa. Porque eu sentiria a sua falta? – Ele disse com aquela cara de pau. apenas rolou os olhos, enquanto escondia um sorriso.
- Legal te ver, cara. – estendeu a mão para o ex-cunhado, enquanto ria de sua frase anterior.
- Como está indo, Jonas? – e apertaram as mãos em meio a sorrisos.
- Ocupado. – rolou os olhos e afastou-se para ir cumprimentar os outros amigos. – Já sei! Você também tem uma vida sexual ativa, não é? – Ele brincou antes de dizer qualquer coisa.
- E continua um idiota! – sorriu para o amigo e beijou rapidamente o seu rosto.
- ! – foi até o amigo e eles apertaram as mãos.
- Como você está? – sorriu para o amigo.
- Ótimo! – fez questão de dizer aquilo para demonstrar sua força. Se havia alguém contando coisas sobre ele pra mim, essa pessoa não saberia que ele ainda estava uma droga.
- Você parece bem, . – disse ao cumprimentar o amigo.
- Deve ser porque eu estou bem. – tentou parecer amigável.
- Ótimo.. – forçou um sorriso, percebendo que ele estava olhando ela de maneira diferente.
- E então? O que nós vamos comer? – desconversou para que ninguém percebesse o seu estranho comportamento.
- Nós fazemos o churrasco e as garotas cuidam do arroz e da salada. – olhou para as garotas para saber se elas aprovavam.
- Pode ser. – afirmou com a cabeça. – Vamos, . – Ela cutucou a amiga, que se afastou com ela em direção a cozinha da casa.
- Você sabe fazer isso? – perguntou ao referindo-se ao churrasco.
- Eu vi o meu pai fazendo algumas vezes, então... – ergueu os ombros.

pareceu ter aprendido direitinho com o meu pai. Ele conduziu a churrasqueira muito bem. Os garotos faziam companhia, enquanto bebiam alguma coisa. Eles conversavam de assuntos variados. Eles colocavam o assunto em dia lá fora e as garotas colocavam os delas lá dentro.

- Sabe que nessas horas eu sinto falta das garotas? Quando estamos todos juntos assim... – sorriu fraco.
- Pelo menos com a nós falamos, mas a ? – negou com a cabeça.
- Eu tentei falar com elas algumas vezes. Ela nunca está em casa ou atende o celular. – explicou.
- Eu tentei falar com ela algumas vezes também, mas parece que ela está nos evitando. – achava aquela situação muito estranha. Porque estava evitando todo mundo?
- Ela brigou com a , mas não precisava se afastar de todo mundo. – concordou.
- Eu acho que ela está fazendo alguma coisa. Talvez esteja ocupada, não sei. – tentou achar uma justificativa.
- Pode ser.. – não descartou a hipótese. – Mas e a ? Tem falado com ela? – Ela quis saber.
- Falei com ela há uns dois dias. – sorriu. – Ela está bem, sabe? Apesar de tudo. Ela está se recuperando. – Ela explicou.
- Falei com ela na semana passada. Ela estava com o Mark. – disse como se não quisesse nada. Na verdade, ela estava querendo saber se havia algo a mais entre mim e o Mark.
- Eles andam bem próximos agora. Acho que ele está ajudando ela a superar... – demonstrou que não sabia de nada.
- Não deve ter sido fácil terminar com o e depois com esse outro cara que ela conheceu. Ainda bem que o Mark está lá por ela. – sorriu fraco.
- Acha que ela pode dar uma chance pra ele? – quis saber a opinião de .
- Que o não me escute, mas eu acho. Eles sempre se deram bem e ele é bem bonito. – foi honesta.
- Não acho que o esteja se importando tanto. – rolou os olhos.
- Eu acho que ele está com raiva dela. Levar um fora assim não deve ser nada legal. – fez sua análise.
- Com raiva? Depois dizem que as mulheres é que são complicadas. – suspirou, negando com a cabeça. havia beijado umas 10 garotas nos últimos dias. Que moral ele tem pra ter raiva?
- Concordo plenamente! – segurou o riso.

prestava a atenção na conversa dos amigos, mas não deixava de pensar qual deles teria me contado sobre a Amber. e são os meus melhores amigos. Eles têm todos os motivos do mundo pra me contar. ? É o meu irmão. Super suspeito! estava de rolo com a Meg e foi o único que foi até Nova York me visitar. Também tem a , que é a minha cunhada. Qualquer um deles poderia ter me contado sobre ele e a Amber, mas quem?

- E então? O que vocês tem feito? Vocês três solteiros não deve prestar. – quis saber das novidades.
- Comecei a procurar emprego nessa semana. Nem tenho tempo pra pensar nessas coisas. – mentiu na cara dura. Ele não contaria sobre .
- As coisas lá na empresa também estão bem corridas. Um dos sócios da empresa vai se aposentar e está passando todas as funções dele pra mim. Então eu estou mesmo ocupado. – explicou. – Mas sempre dá tempo de ver algumas amigas e convidá-las para ir até a minha casa. – Apesar de ser mentira, ele tinha que dizer aquilo. Já que tem alguém contando tudo o que acontece com ele pra mim, ele quis deixar bem claro que não estava sozinho só para que a notícia chegasse até mim.
- Nossa, mas que dúvida! – negou com a cabeça.
- Eu tenho estudado bastante. Não vou trabalhar ainda, já que a faculdade não me deixa tempo livre. – rolou os olhos.
- É, mas tempo pra ir pra Nova York você teve, né? – olhou pro com malícia.
- Foi só um final de semana! – sorriu, sem jeito. Ele sabia que estava falando sobre Meg.
- Foi o bastante, malandro! – retrucou.
- Por quê? O que aconteceu em Nova York? – se atreveu a perguntar, mesmo sabendo que corria o risco de se arrepender depois.
- Não foi nada... – rolou os olhos.
- O pegou a amiga da minha irmã. – nem foi sutil.
- Quem? – sorriu pro , pensando em quem poderia ser. Logo depois ele se deu conta de que só podia ser uma pessoa. – A Meg? – O sorriso se transformou em uma engraçada careta.
- A própria! – afirmou, rindo.
- Não brinca comigo! – continuou fazendo careta.
- Qual o problema? – não entendeu a indignação do .
- Ela é gostosa. – ergueu os ombros.
- Ela é insuportável! – negou com a cabeça.
- Mas continua sendo gostosa. – sorriu pro .
- Porque não gosta dela? – olhou pro , curioso.
- Ela também não gosta de você. – relembrou do jeito com que Meg sempre falava do .
- não gostando de uma gostosa. Essa é nova! – A zueira nunca acabava para .
- É, você não é mais o mesmo, . – também brincou.
- É, mas todas as gostosas que eu pego não são insuportáveis. – argumentou a seu favor.
- Exceto a Amber, é claro. – adicionou.
- Não! Ela é mais insuportável que a Amber. – afirmou, negando com a cabeça.
- Não existe uma garota mais insuportável que a Amber. – foi honesto, mas manteve o tom de brincadeira.
- A sua irmã é mais insuportável que a Amber. – afirmou um pouco mais sério, mas ainda mantinha um sorriso no rosto.
- O que? – arqueou uma das sobrancelhas para o amigo. Não achou que tivesse escutado direito.
- Qual é! Ela é um porre! – Havia um certo sarcasmo nas palavras do .
- Nossa! Ainda não superou? – já nem ficava tão irritado.
- É isso o que você diz pra ela? – aproveitou para entrar no assunto que tanto queria.
- Eu? Cara, eu não me envolvo mais nos problemas de vocês não. – colocou o corpo fora.
- O churrasco está pronto? Nós terminamos lá dentro. – disse, assim que ela e se aproximaram dos garotos.
- Que ótimo que vocês estão aqui. Eu quero mesmo falar com todos vocês. – sorriu falsamente para cada um dos amigos. – E então, quem foi? – Ele abriu os braços.
- Quem foi o que? – não entendeu o que ele estava perguntando.
- Quem foi que falou pra sobre a Amber? – ficou um pouco mais sério.
- O que!? – fez careta. Do que é que ele estava falando?
- Caralho! – se irritou por todos estarem se fazendo de bobos. – A sabe sobre a Amber! Eu quero saber quem foi que contou pra ela! – refez a pergunta pela terceira vez. Ele começou a ficar irritado.
- E porque você acha que a sabe? – encarou , séria.
- Eu não sei! Talvez seja porque ela me ligou no meio da noite. – foi sarcástico com .
- Ela te ligou? – abriu a boca, surpresa.
- Ligou! – forçou um novo sorriso. – Com direito a gritos, insultos a mim e a Amber. É por isso que eu quero saber: quem foi que contou pra ela sobre a Amber? – Ele voltou a questionar.
- Então é por isso que você está tão estranho hoje? – sorriu, negando com a cabeça. Meu irmão e suas palavras ditas em horas erradas.
- Estranho? – também sorriu com irônia. – Eu to puto! Eu estou furioso porque alguns dos meus amigos ficam contando coisas da minha vida pra minha ex quando eu pedi pra eles não contarem merda alguma! – alterou um pouco o tom de sua voz.
- .. – tentou acalmar , mas ele nem deu a chance.
- Eu quero saber quem foi, caralho! – interrompeu sem hesitar.
- Qual o problema, ? Porque está tão nervoso? Foi só um telefonema. – tentou amenizar a situação.
- Não foi só um telefonema! – olhou pro , irritado. – Ela me traiu! Ela me fez passar o inferno e depois me ligou as 3 da manhã me dizendo absurdos! – Ele explicou.
- Esquece isso! – aconselhou.
- Eu não vou esquecer! – negou com irritação. – Eu nunca vou conseguir esquecer as coisas que ela me disse, mas dane-se como eu me sinto! Eu não quero ouvir palavras de amizade ou abraços! Eu quero saber quem foi que contou pra ela! – Ele não demonstrava nenhum sinal de fraqueza. Havia treinado muito para isso. – O que mais contaram pra ela? A minha promoção no trabalho? A briga no boliche? As garotas que eu peguei na semana passada? A minha primeira vez com a Amber? – abriu os braços.
- Ei, ei, ei, ei... – negou com a cabeça e com um dos dedos. – Espera só um pouco! – Meu irmão o olhou, surpreso.
- Você disse ‘primeira vez com a Amber’ ? – arqueou a sobrancelha.
- Ai não... – fez careta, negando com a cabeça.
- Com a Amber? SÉRIO? – não se conformou.
- Antes com a Amber do que com a minha irmã, né? – ergueu os ombros. Alguém cala a boca do meu irmão?
- Querem contar isso pra ela também? – sorriu de forma sarcástica. – Contem! Podem contar! Aproveitem e falem pra ela que foi ótimo! Falem pra ela que eu estou muito feliz! – Ele respirou antes de dizer a próxima frase. – E, por favor, peçam pra ela para que na próxima vez que ela pensar em me ligar enfiar a porra do celular no cu do filho da puta que ela anda beijando! – disse um pouco mais alterado.
- Se eu não conhecesse a minha irmã e não soubesse os absurdos que ela provavelmente te falou eu já teria te jogado da janela do quarto dela só pra tornar a sua morte mais patética. – disse com todo o seu sarcasmo.
- Vai se ferrar, ! – demonstrou impaciência com as gracinhas de .
- Porque acha que foi nós? – ignorou o papo furado e foi para o que realmente estava lhe intrigando.
- Por quê? – sorriu ironicamente. – Eu não sei! Talvez seja por que as outras duas pessoas na minha lista são a minha mãe e a minha irmã de 8 anos! – Ele começou a frase com um sorriso e terminou sério.
- Ah, é claro! Porque a santa da Amber não poderia ter feito isso, não é? – negou com a cabeça.
- A Amber? – repetiu o nome da amiga em meio a risos. – Acha mesmo que ela faria alguma coisa que poderia me aproximar da ? – Ele abriu os braços. – Já acabou! A minha história com a acabou! Não tem porque alguém querer acabar com o que nós temos, porque não existe mais nada com o que acabar. – afirmou, sério.
- Se você está lidando tão bem com tudo isso, porque você se importa tanto? Porque você não quer nem ouvir o nome dela? Porque se importa se ela te ligou ou não? – foi além.
- Eu não me importo! – afirmou mais uma vez. – Eu não me importo com ela! Eu não me importo se ela está bem ou mal! Eu não ligo se ela está feliz ou triste! Eu não ligo se ela está sozinha ou está beijando 15 em uma só noite! Eu não me importo! – Ele votou a se irritar. – Eu me importo com os meus amigos e com o que eles andam fazendo por mim. Eu me importo se eles respeitam a única coisa que eu pedi pra eles até hoje! Droga! – se exaltou ao explicar seus motivos e também porque não aguentou ver alguém insinuar que ele ainda se importava comigo.
- Eu continuo mantendo a minha palavra. – se antecipou.
- Eu também! Eu estive lá há algumas semanas e nós nem falamos sobre você. – preferiu não dizer que eu havia perguntado dele.
- Estou velha demais pra ficar fazendo fofoca. – rolou os olhos.
- E eu contaria se eu me importasse, mas como eu não me importo. – ergueu os ombros. – Contanto que você não a machuque. – Meu irmão... sempre cuidando de mim.
- ? – olhou para ela. A única que ainda não se manisfestado. não sabia sobre as fotos da Amber e do que haviam chegado até mim, mas ela sabia como eu tinha ficado sabendo sobre os dois. Ela sabia que eu descobri tudo no dia que eu vim até Atlantic City no dia do meu aniversário. O que ela deveria dizer? Ela não podia contar, mesmo querendo muito jogar na cara dele que quem foi que me contou foi ele mesmo e as suas atitudes.
- Não fui eu, ok? Eu não fico falando sobre você. Ela não gosta de falar sobre você! – se explicou, irritada.
- Não foi ninguém, então? – sorriu, irônico. – Ótimo! – Deixou de olhar para os amigos por um momento e negou com a cabeça. – Olha, eu não sei quem foi e nem porque, mas... – Ele hesitou continuar. – Só pare, ok? Quem quer que seja, pare! Vocês são os meus amigos! Eu preciso que vocês me ajudem a me ajudar. – já não disse com toda a raiva de antes.
- Como você quer se ajudar transando com a Amber? – abriu os braços. a olhou e viu o mesmo olhar de julgamento das últimas semanas. Ele não aguentou e precisava falar.
- Qual é o problema, ? – deixou a emoção de lado para finalmente tentar resolver algo que estava o intrigando.
- Que problema? – desconversou.
- O seu problema comigo! Porque está me tratando desse jeito? Porque toda vez que você me olha você parece estar me julgando!? O que foi? – aproximou-se dela. – Sua amiga colocou você contra mim? É isso? Ela me odeia e aposto que vive falando mal de mim pra você. – Ele queria perguntar isso a tempos.
- Você está maluco! – continuou desconversando.
- Eu te conheço desde sempre! Acha que eu não percebo? Achou que eu não notaria o jeito com que você vem agindo comigo? – a pressionou. Todos outros amigos observavam a cena sem se manifestar.
- Não tem problema nenhum, ! Que saco! – negou com a cabeça. Ela não podia dizer a verdade. – É só que... – Ela suspirou sem saber muito o que dizer. – Acho que você tem que parar de ficar procurando um culpado pra tudo e começar a se perguntar se o culpado não é você. – Ela finalmente disse. As palavras dela causaram uma estranha impressão em e fez ele olhar pra ela por um tempo sem dizer absolutamente nada.
- O que você quer dizer com isso? – perguntou, olhando-a com um pouco de desconfiança.
- Eu quis dizer o que eu disse. – voltou a desconversar e até deixou de olhá-lo.

Não tocaram mais naquele assunto, mas aquilo ficou na cabeça dele. Abandonou a ideia de que queria lhe dizer algo com aquela frase e começou a pensar se o que ela havia dito era verdade. Ele havia errado também? Ele tinha alguma culpa no final da nossa história? Não. Não pode ser. Ele estava naquele parque na hora e no dia marcado. Ele esperou por mim todo aquele tempo. O que tem de errado nisso? O que ele poderia ter feito para me fazer querer acabar com tudo ou até mesmo procurar outra pessoa? Será que eu simplesmente encontrei um novo cara ou encontrei um substituto pra ele? Isso acabaria deixando ele louco.

Os amigos fingiam que não percebiam o quão estava abalado com a sua atual situação. O quanto ele estava diferente nos últimos meses desde que nós terminamos. Todos eles notaram um mais impaciente, mais explosivo e sem paciência. surtava por todo e qualquer motivo que estivesse ligado a mim e isso parecia mais um grito de socorro para os amigos. Naquele mesmo churrasco, eles perceberam pensativo, enquanto estava sentado um pouco mais afastado de todos. Todos o conheciam bem demais para não notar. Pensaram que talvez fosse melhor dizer que aquele cara que eu disse existir na carta já não existia mais. Era o que eles sabiam. Eles sabiam que eu havia terminado com o ‘tal cara da faculdade’. Talvez se eles contassem isso pro , ele ficaria menos intolerante e menos chateado com tudo. Talvez se ele soubesse, ele pararia de se manter tão focado nos estudos e no trabalho só para não pensar em seus problemas. Eles não contariam, porque disse que não queria ouvir. também não contaria porque havia prometido pra mim.

Os dias e as semanas passavam e as coisas pareciam ficar estranhamente mais fáceis para ambos. parecia ter deixado todo e qualquer sentimento de lado. O seu comportamento mudava a cada dia mais. Todos em sua volta percebiam que ele dizia tudo o que pensava sem se importar se estava machucando alguém ou não. Ele dizia grosserias e era insensível sem nem ao menos perceber. Ele não se importava mais. Ele não se importava nem um pouco em beijar 3 garotas na mesma noite e adorava expor os seus números e recordes para os amigos. basicamente havia apertado o famoso botão do ‘FODA-SE’. Os amigos entenderam esse novo lado do como uma forma de extravasar os seus sentimentos e vontades. Se agir desse jeito era o jeito dele se sofrer, o que os amigos poderiam fazer? Absolutamente nada. Mesmo sendo um irresponsável com a sua vida pessoal, a vida profissional do continuava melhorando. Ele era um talento dentro de sua empresa, que havia conseguido o dobro de contratos que costumava conseguir em um mês. agora cuidava só dos grandes contatos da empresa e era o publicitário mais requisitado dentro da empresa. Ele viajava quase sempre para negociar com empresas de grandes status do mundo esportivo. Pelo menos toda essa decepção serviu para alguma coisa: revelar o grande talento de .

As mudanças também aconteciam na minha vida, mas de forma totalmente diferente. Eu estava voltando a me encontrar. Não havia mais porta-retratos para me fazer lembrar e sofrer por alguém que não estava mais ali. Havia sim algumas memórias. Eu não posso dizer que apaguei totalmente da minha vida porque eu ainda me pego lembrando dele algumas vezes. Eu ainda sinto curiosidade de saber como ele está e com quem ele está, mas isso já não me machuca tanto. Não dói tanto pensar nele. Não dói tanto o fato de eu estar me esquecendo da voz que tantas vezes cantou pra mim. Eu estava bem depois de tanto tempo e eu não vou ser egoísta em dizer que consegui isso sozinha. Mark estava lá! Ele estava lá todos os dias. Todos os dias em que eu provavelmente estaria lembrando do , eu estava me divertindo com o Mark. Nada explica o quanto nos aproximamos nas últimas semanas. Nós riamos de qualquer idiotice e eu tinha aquela estranha mania de arrumar qualquer pretexto para tocar nele.

Meg não poderia ser ignorada. Ela também é parte dessa minha mudança. Especialmente a mudança física. Ela havia me encorajado a mudar um pouco o meu visual. Mudei um pouco o corte de cabelo, repiquei algumas partes dele e também cheguei a fazer algumas luzes. A nova fase do meu cabelo era reflexo da nova fase da minha vida. Apesar de Mark ter adorado a mudança, a responsabilidade dele sempre foi a da mudança interior. Eu não consigo entender como, mas ele estava conseguindo. A cada dia eu notava a minha ansiedade para vê-lo e também percebia o meu nervosismo perto dele. Eu ficava falando coisas idiotas e dando sorrisos desnecessários. Ele tinha aquela mania de ser tão carinhoso e estar sempre me enchendo de agrados, abraços e beijos no rosto. Ele era o cara mais gentil, educado e carinhoso do mundo. Mark era o tipo de cara que você olhava e pensava: esse é o marido que toda a mulher quer. Apesar de toda a doçura dele, também tinha aqueles olhos e aquele corpo que me deixava totalmente sem palavras. Ele era do tipo perfeito. Perfeito até demais.

Diferente do e do Peter, Mark e eu nunca brigamos. Nós pensávamos igual e tínhamos personalidades parecidas. Nós gostávamos das mesmas coisas e nos entendíamos tão bem que eu tinha até medo de estar confundindo esses estranhos sentimentos com afinidade. Estranhos sentimentos sim, porque eu não conseguia nomeá-los de outra forma. Eu só sabia que eu tinha essa estranha necessidade de ficar perto dele e de ficar fazendo ele sorrir. Eu queria que ele gostasse de mim. Talvez eu quisesse que ele gostasse de mim como antes, quando eu dei aqueles foras nele. Eu sei, é idiotice lembrar disso agora, mas o Mark já gostou de mim e me incomodava saber que eu havia perdido aquele sentimento. Me incomodava muito lembrar que antes eu havia rejeitado algo que agora eu pareço querer tanto.

Mark não estava feliz consigo mesmo. Às vezes ele achava que estava forçando algo, mas em outras vezes ele percebia que estava sendo apenas idiota. A nossa proximidade fez ele pensar que algo diferente pudesse estar acontecendo entre nós, mas ai ele se lembrava que havia prometido anteriormente que seriamos só amigos. Ele não quebraria a sua promessa, mesmo querendo muito quebrá-la! Ele se recusava a pensar que eu finalmente pudesse estar sentindo alguma coisa por ele. Mark insistia em ignorar os meus olhares que tantas vezes ficavam fixos em seus lábios, quando nos aproximávamos tanto. Ele fingia que não percebia os meus agrados e a minha vontade excessiva de estar sempre em seus braços. Mark era ótimo em se fazer de bobo quando eu dizia indiretas que eram quase que jogadas na cara dele.

Um mês havia se passado e continuávamos naquela mesma situação. Nós saiamos juntos para todos os cantos. Eu arrastava ele para o shopping e pedia a sua ajuda para me ajudar a escolher uma roupa nova. Eu adorava quando ele aparecia de surpresa na porta da minha faculdade, dizendo que tinha ido me ver e que queria que fossemos almoçar no nosso restaurante favorito. Ele sempre me levava para ver aqueles filmes cheios de ação no cinema. Mark e eu éramos inseparáveis agora, mas parece que continuaríamos naquela zona de amizade para sempre.

- Não acredito que você quase beijou aquele cara ontem. – Meg gargalhou ao lembrar da noite passada. Fomos a um barzinho do outro lado da cidade e Mark nos acompanhou.
- Ele era bonito, mas era meio babaca. Sabe? Só falava coisas idiotas. – Eu rolei os olhos, fazendo careta.
- Sabe que eu tive a mesma impressão? – Mark se intrometeu na conversa. Estava sentado no sofá ao lado.
- Como teve a mesma impressão? Você nem falou com o cara. – Meg achou uma brecha para infernizar Mark.
- Você viu como ele chegou na ? – Mark fez cara de deboche. – ‘Oi, eu não posso te deixar ir embora antes de falar comigo.’ – Ele imitou a voz do cara da noite passada. – Qual é! – Mark voltou a debochar.
- Eu achei que foi legalzinho. – Eu sorri e ergui os ombros.
- Alguém devia falar para ele parar de ficar usando as cantadas do avô dele. Os anos 60 não estão mais na moda. – Mark aproveitou para zoar o garoto.
- Nossa! – Meg achou graça da frase de Mark.
- Não foi tão ruim assim. – Eu defendi o garoto.
- Qual é! Foi péssima! – Mark sorriu e negou com a cabeça.
- Quem você acha que é pra falar? Eu nunca vi você chegando em nenhuma garota. – Meg o desafiou.
- Eu sou discreto! – Mark se defendeu.
- Discreto? – Eu arqueei a sobrancelha, interessada no assunto.
- E qual a cantada que você usa quando é discreto? – Meg também ficou curiosa.
- Eu não posso dizer! – Mark riu da nossa cara.
- O que? Porque não? – Eu sorri com indignação.
- Aposto que é péssima! – Meg continuava desafiando ele.
- Cantada é uma coisa preciosa pra um cara. Você não pode ficar espalhando ela por ai. Quanto menos mulheres saber, melhor. Elas espalham umas para as outras e deixa de ser original. – Mark argumentou em sua defesa.
- Cantadas são pra ser usadas com as mulheres. Se elas não podem ouvir as cantadas, qual o sentido? – Eu ajudei Meg.
- Elas só podem saber quando forem cantadas. Esse é o sentido! – Mark explicou-se.
- Beleza! Mostre pra mim! – Eu tomei coragem pra dizer. Eu me levantei do sofá e olhei pra ele.
- O que? – Mark riu, achando que eu estivesse brincando.
- Bem, eu estou aqui! Eu aceito ser usada como cobaia. – Fui eu que o desafiei agora.
- Não funciona assim! – Mark riu, enquanto rolava os olhos.
- Funciona sim! Quer ver? – Meg se levantou do sofá e foi até mim. Soltou o meu cabelo e o ajeitou. Eu achei graça quando ela abaixou um pouco mais o meu shorts jeans e deixou um pouco da minha cintura a mostra. – Pronto! – Ela voltou a se sentar.
- Viu só? Sou uma garota, estou te olhando de longe há tempos. O que você vai fazer? – Eu abri os braços e sorri pra ele. Mark me observou de longe e se perdeu no meu sorriso. A minha cintura um pouco a mostra e o meu cabelo estrategicamente jogado para um dos lados e caindo por cima dos meus ombros o deixou desconsertado.
- Mark? – Meg o chamou, pois ele estava me olhando há alguns segundos.
- Eu não vou fazer isso! – Mark voltou a se recusar. Ele estava muito sem graça e não se atreveria a chegar perto de mim.
- Vou te ajudar! – Eu estava bem cara de pau naquele dia mesmo. Andei até ele e agarrei uma de suas mãos. Usei toda a minha forma para levantá-lo daquele sofá e colocá-lo de pé na minha frente. – Está vendo? Já é meio caminho andado. Estou bem na sua frente. – Eu voltei a abrir os braços para demonstrar que estava a sua disposição.
- Quer saber mesmo qual é a melhor cantada de um cara? – Mark me olhou de mais perto e sentiu o coração disparar quando me viu olhar para os seus lábios por poucos segundos.
- Quero! – Eu afirmei com um fraco sorriso. Mark não tirou os olhos de mim, o que me fez ficar um pouco nervosa. Ele estava há uns dois passos de mim e eu já estava me convencendo de que ele se recusaria novamente a continuar com aquilo.
- A melhor cantada de um cara é... – Mark continuou dizendo sem tirar os olhos de mim. Eu ainda esperava pelo final da sua frase, quando ele esticou o seu braço e com a sua mão puxou a minha cintura e rapidamente a colocou na sua. Ele me pegou totalmente desprevenida. Uma das minhas mãos apoiou-se em seu braço e a outra tocou parte do seu rosto. Os belos olhos verdes dele agora estavam em minha frente e eu conseguia vê-los com perfeição. Só deixei de olhá-los, quando ousei a olhar para os lábios dele só para ter certeza de que eles estavam próximos aos meus. – É não ter cantada. – Mark finalmente terminou a sua frase. Quando os olhos dele se abaixaram para olhar os meus lábios, o meu coração pareceu ter parado. – Ele deve chegar e beijar. – Meus olhos continuavam acompanhando os movimentos que os lábios dele faziam, enquanto ele falava. – Ele pode até levar o fora depois, mas conseguiu o que queria, não é? – A respiração dele vinha direto em meus lábios, que estavam há uns dois dedos de distância dos dele. Que vontade de beijá-lo! Que pegada! Que olhos! Que braços! Que lábios! Que homem! Senti vontade de agarrá-lo novamente quando ele olhou para os meus lábios pela última vez e se afastou.
- Wow... – Meg estava chocada. Ela não tinha certeza se tudo aquilo foi só encenação. Eu ainda estava paralisada e tentava me recuperar.
- Viu? – Mark conseguiu se recuperar mais rápido que eu. Ele sorriu pra Meg para disfarçar a cara de bobo.
- É realmente uma pena que você seja como um irmão pra mim. O que acha de ensinar isso pro ? – Meg disse em meio a risadas.
- Eu já disse! Tenho que manter a originalidade. – Mark achou graça do comentário da Meg e a risada dele me fez acordar daquele transe em que eu me encontrei.
- Uau... – Eu sorri, totalmente sem palavras.
- Melhor do que a do cara da outra noite, não é? – Mark sorriu pra mim, que ainda estava na frente dele.
- Se ele tivesse feito metade do que você fez, ele teria conseguido o que queria. – Eu disse em meio a um suspiro e um desajeitado sorriso. Eu me afastei e voltei a me sentar ao lado de Meg.
- Eu disse! – Mark abriu os braços se achando o foda.
- Eu nunca mais te desafio. Eu juro! – Meg continuou a se mostrar surpresa e eu ainda estava meio atordoada.
- Nem eu... – Eu ri, negando com a cabeça. Foi a única coisa que eu consegui dizer.

O que foi essa sensação maluca que eu acabei de sentir? O que foi essa vontade maluca de beijar aquela boca? Não pode ser carência e nem aquela maldita cantada que ele havia demonstrado. Porque eu estava tão decepcionada por nada daquilo ser real? Porque eu desejei tanto para que ele terminasse aquela maldita encenação? Porque diabos eu estou imaginando como é o beijo dele? Droga! O que está acontecendo comigo? Todos aqueles sentimentos; todos aqueles sorrisos; todos aqueles abraços e trocas de carinhos; toda aquela vontade de estar do lado dele; toda aquela necessidade de fazê-lo gostar de mim; toda aquela decepção por não tê-lo novamente nos meus pés pedindo por uma chance. O que tudo isso quer dizer? Eu estou afim dele? Eu estou mesmo afim dele? Droga, eu estou. Eu estou muito afim dele! Fodeu!

- É uma pena que sua vida social seja uma droga. Isso deveria ser colocado em prática mais vezes. – Meg continuou a irritá-lo.
- O que é isso no seu olhar? Pena? – Mark cerrou os olhos em direção a Meg. O sorriso dela aumentou.
- Na verdade, eu acho que é uma ideia. – Meg arqueou uma das sobrancelhas com aquela cara de malandra.
- Oh não... – Mark riu de forma debochada e revirou os olhos. A atitude dele me arrancou um sorriso.
- Certo. Quem pergunta dessa vez? Você ou eu? – Eu olhei pra ele entre sorrisos. Mark fez cara de pensativo.
- Você, porque dá ultima vez já fui eu. – Mark afirmou com a cabeça e apontou pra mim. Meg revirou os olhos. Era sempre a mesma história quando ela dizia que tinha uma ideia.
- Está bem. – Eu suspirei longamente e olhei para a Meg. – Qual a sua ideia, Meg? – Eu tentei me manter séria.
- Isso já está ficando chato! – Meg nos fuzilou com os olhos e eu e Mark trocamos sorrisos confidentes. – A ideia não é tão ruim dessa vez! Eu juro! – Ela não resistiu e sorriu.
- Fala.. – Mark deu a chance para que ela falasse.
- Bem, a sua vida social é uma droga e está mais do que na hora de você reverter essa situação. Foi ai que eu me dei conta de que falta apenas 3 dias para o seu aniversário. – Meg pausou e sorriu com empolgação. – E qual seria a melhor forma de dar uma movimentada na sua vida social se não fazendo uma festa de aniversário? – Ela perguntou retórica.
- Hm, interessante. – Eu demonstrei estar impressionada. As ideias de Meg geralmente são uma porcaria.
- Não. – Mark foi claro e objetivo.
- Ah, qual é! Porque não? – Meg perguntou completamente frustrada.
- Porque não. – Mark apenas ergueu os ombros.
- Espera! A ideia não é tão horrível dessa vez. – Eu fui a favor de Meg. Seria legal, não é?
- Não é horrível, é péssima. – Mark sorriu debochadamente.
- Por quê? – Meg abriu os braços.
- Porque acha que a minha vida social é uma droga? Eu preciso de convidados para fazer uma festa. Uma festa é demais para nós 3, não acha? – Mark foi meio irônico.
- Até parece que você não tem amigos no faculdade! – Meg retrucou.
- E além disso, tudo é festa em uma universidade. Basta entregar os convites na universidade que vai aparecer muito mais gente do que você imagina. – Eu continuei ajudando a Meg.
- Uma festa de aniversário cheia de desconhecidos é tudo o que eu sempre sonhei. Como vocês adivinharam? – Mark voltou a ironizar.
- O que importa é que nós vamos nos divertir! – Meg argumentou.
- Não! Esquece. – Mark continuou a negar.
- Eu gostei da ideia. – Eu ergui os ombros e recebi olhares condenadores de Mark.
- Está bem! Se você não quer, nós vamos fazer uma festa surpresa. – Meg afirmou com um sarcástico sorriso.
- Com certeza eu vou ficar muito surpreso. – Mark gargalhou apenas para debochar da frase anterior de Meg.
- Todo mundo sabe que a única coisa que você odeia mais do que uma festa é uma festa surpresa! – Meg era boa e bem esperta.
- Vocês estão mesmo falando sério? – Mark percebeu que estávamos mesmo levando aquela ideia a sério.
- Sua mãe está viajando e a sua casa vai estar vazia. Qual o problema? Nós vamos cuidar de tudo. – Eu continuei tentando convencê-lo.
- Sim, nós vamos cuidar de tudo! – Meg concordou comigo.
- E o que é que vocês sabem sobre dar festas? – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu já dei algumas festas em casa e se não fosse pela TV e pelo vaso de R$ 5.000,00 da minha mãe elas teriam sido um sucesso. – Meg disse em meio a risos.
- Eu também ajudei a planejar a festa da minha amiga uma vez. Foi ótima! – Eu me recordei da festa da .
- Está bem, só pra eu saber. – Mark nos olhou. – De zero a cem, quais as chances de eu fazer vocês desistirem dessa ideia? – Ele perguntou.
- Zero! – Eu e Meg respondemos juntas.
- Que ótimo... – Mark riu e negou com a cabeça.
- Isso quer dizer que você concorda? – Meg esperou ansiosamente pela resposta de Mark. Ele nos olhos e viu o quanto estávamos empolgadas para fazer aquilo pra ele.
- E eu tenho outra alternativa? – Mark disse depois de muito mistério.
- Wooow! – Meg rapidamente comemorou comigo.
- Mark, prepare-se para o melhor aniversário da sua vida! – Eu afirmei totalmente empolgada e ele apenas sorriu daquele jeito só dele.

3 dias para planejar uma simples festa de aniversário parece muito, mas na verdade é bem pouco. A sorte é que eu e Meg éramos duas. Nós separamos as tarefas. Ela cuidou das bebidas e do que seria servido para os convidados. Eu cuidaria mais da organização, já que eu não era tão boa nesse tipo de coisa quanto ela, mas mesmo assim ela me passou todas as coordenadas para organizar a casa de Mark da melhor forma possível.

A festa de Mark seria em um domingo a noite, o que tornou a nossa empolgação ainda maior. Meg também foi até a faculdade de Mark e entregou diversos convites para pessoas que nem mesmo ele deveria conhecer. Ela também deixou diversos convites na sala de aula dele. Alguns dos amigos dele deveriam comparecer.

- O que acha de nós arrastarmos esse sofá mais pra cá? – Eu perguntei, olhando atentamente para a sala da casa de Mark. – Tem que ter espaço pro pessoal dançar. – Eu analisei. – Não, talvez seja melhor trazer a mesa mais pra cá e... – Eu fui até o sofá e o puxei para um dos cantos da sala. – Trazer o sofá pra cá. – Eu parei de arrastar o sofá e olhei pra ele. – O que você acha? Ficou bom? – Eu perguntei, querendo uma opinião.
- Eu... – Mark me olhou e segurou o riso. – Eu não faço a menor ideia do que você está falando. – Mark gargalhou de vez.
- Para de rir! – Eu também comecei a rir, enquanto ataquei uma almofada em direção a ele. – Dá pra me ajudar? – Eu não estava conseguindo dizer isso de forma tão séria.
- Eu não sei! – Mark abriu os braços.
- Presta a atenção! – Eu pedi um pouco mais séria. – Nós precisamos liberar espaço. O que acha que nós deveríamos mudar de lugar? – Eu perguntei mais lentamente para que ele entendesse.
- Eu... – Mark olhou concentradamente para o sofá e a mesa de jantar. – Eu acho que talvez fosse melhor arrastar a mesa pra lá. – Ele se aproximou da mesa e a puxou para o outro lado da sala de jantar. – Ai eles vão poder dançar ali. – Mark apontou para o espaço que ficou entre o sofá e a mesa. – Quanto mais longe eles estiverem das coisas quebráveis, melhor. – Ele disse, me fazendo rir.
- Está bem! O que mais? – Eu voltei a olhar para o ambiente. – Acha que devemos mudar mais alguma coisa? – Eu questionei um pouco mais séria e concentrada.
- Sabe, eu acho que tem mais uma coisa que podemos mudar de lugar. – Mark disse, chamando a minha atenção. Olhei para ele e vi ele vindo em minha direção. Me perguntei sobre o que é que ele estava falando, quando ele repentinamente me pegou nos braços e me colocou em um de seus ombros.
- Ei! – Eu comecei a rir descontroladamente. – Isso não é engraçado! – Eu ainda estava pendurada do ombro dele, enquanto ele me levava para o outro lado da sala.
- Aqui! – Mark parou de andar e voltou a me colocar no chão. – Pronto! Aqui está melhor. – Ele me olhou com aquele sorriso idiota, que me fez gargalhar por longos segundos.
- Muito engraçado! – Eu empurrei ele em meio a altas risadas de nós dois.
- O que? Estava me incomodando! Eu precisava mudar de lugar. – Mark continuou fazendo graça e a nos fazendo rir.

Terminamos aquele sábado com tudo em ordem. A festa seria no dia seguinte e estava tudo praticamente pronto. Tudo isso porque eu e Meg teríamos que trabalhar no domingo e não teríamos tempo para organizar nada. Nós só teríamos tempo de nos arrumar e correr para a festa. Nós nunca trabalhávamos de domingo e tínhamos que trabalhar logo naquele! A bebida e os aperitivos que seriam servidos já estavam comprados e guardados em seus devidos lugares. As músicas já estavam todas escolhidas e a casa completamente organizada. Apesar de tudo estar organizado, a roupa que eu usaria ainda era uma grande dúvida pra mim. Meg disse que me ajudaria a escolher e eu deixei pra pensar nisso mais tarde.

Não achei que fosse tão empolgante trabalhar em um domingo. Eu e Meg nem vimos a hora passar. Saímos do trabalho aproximadamente ás 17hrs. A festa estava marcada para começar ás 20hrs. Meg já havia combinado de se arrumar na minha casa e sua roupa e suas coisas já estavam todas no meu carro. Saímos correndo do trabalho e voamos até a minha casa. Estávamos tão ocupadas, que nem tínhamos visto Mark naquele dia ainda. Era quase 18hrs e eu ainda não tinha dado sequer um abraço nele. Eu estava me sentindo péssima por isso, mas eu sabia que o veria dali alguns minutos.

- Acha que está boa mesmo essa roupa? – Eu me olhei no espelho pela 10° vez (VEJA A ROUPA AQUI).
- Está linda, ! Você está um arraso! – Meg piscou pra mim, enquanto colocava suas joias. Ela sempre era mais rápida do que eu.
- Eu adorei o seu vestido. – Eu também elogiei a roupa dela. Ela vestia um vestido dourado que era bem curto e colado. – Vamos tirar uma foto e mandar pro . – Eu fingi que ia pegar o celular e ela quase me jogou do outro lado do quarto.
- Está maluca!? – Meg riu, mantendo o meu celular longe de mim.
- É uma pena ele não poder vir, né? – Eu percebi que Meg estava meio chateada por isso.
- Ele disse que está cheio de provas. – Meg sorriu, mas pareceu um pouco decepcionada.
- Sabe que isso é muito legal? Essa coisa entre vocês. – Eu disse, enquanto começava a me maquiar. – Vocês se viram uma vez e já tem uma conexão tão grande. – Eu completei.
- Não é pra tanto. – Meg não gostava de assumir.
- Meg, você nunca mais beijou ninguém depois dele. Isso quer dizer alguma coisa, não é? – Eu olhei pra ela, que respondeu com um simples sorriso.
- E você? Vai beijar alguém hoje a noite? – Meg mudou o foco do assunto.
- Não sei! Ouvi dizer que os engenheiros são bonitos. – Eu disse e ela riu.
- Um bando de nerds dançando! Isso vai ser épico. – Meg continuou rindo.
- Ainda bem que não convidamos só a sala do Mark, mas eu não acho que eles devem ser tão ruins. O Mark, por exemplo! – Eu não queria dar tão na cara. – Ele é bonito e um pouco nerd. O também é. – Eu coloquei o no meio pra disfarçar.
- É, tem algumas exceções. – Meg teve que concordar. – Mas você pretende dar a chance pra alguém hoje? Eu quero dizer, sem nem um copo de bebida? – Ela brincou.
- Eu não sei! – Eu rolei os olhos em meio a um sorriso. – E eu posso beber sim! É só eu não exagerar. – Eu me defendi.
- É bom mesmo! – Meg apoiou as minhas palavras. – Se você estragar essa festa eu te mato. – Ela ameaçou em tom de brincadeira.
- Falando na festa, você... comprou um presente pra ele? – Eu perguntei, preocupada. Eu não tinha comprado nada!
- Eu comprei uma camiseta que ele gostou uma vez que eu arrastei ele pro shopping. – Meg disse e acidentalmente me deixou ainda pior.
- Não acredito... – Eu fiz careta. – Eu não consegui comprar nada! Não deu tempo! – Eu expliquei.
- Tudo bem, explica pra ele. Ele vai entender. – Meg tentou me tranquilizar.
- Todo mundo vai chegar com presentes e eu vou chegar sem nada. Que tipo de amiga eu sou? – Eu me xinguei mentalmente.
- Ele não vai nem perceber que você não levou presente. Até parece que você não conhece ele! – Meg fez careta. – Amanhã ou semana que vem você compra alguma coisa pra ele. – Ela completou.
- Eu falo com ele e me explico, mas mesmo assim, né? – Eu suspirei, punindo a mim mesma.
- O meu cabelo está bom assim? – Meg perguntou, olhando no espelho. Ela nem estava prestando atenção no que eu estava dizendo.
- Está, mas acho que estava melhor do outro jeito. – Eu opinei e ela pareceu ter concordado.
- Eu também acho. – Meg rolou os olhos, pois teria que refazer o penteado.
- Eu vou deixar o meu solto mesmo. – Eu disse mesmo sem ela ter perguntado.

Demoramos mais algum tempo para acabar de nos arrumar. Nós caprichamos naquela noite. A festa não seria chique e nem tão grande, mas fomos nós que organizamos tudo! Temos que estar no mínimo incríveis naquela noite. Além disso, me arrumar nunca era o bastante nas últimas semanas. Eu tenho me preocupado com isso cada vez que sei que vou ver o Mark. Eu sempre quero estar o mais bonita possível e nunca pareço boa o bastante. Eu quero estar bonita para que ele sinta-se orgulhoso quando me apresentar para os seus amigos. Eu quero tentá-lo impressioná-lo de qualquer forma.

Desespero é uma droga, né? Mas eu não acho que eu esteja tão desesperada assim. É tão ruim querer impressionar alguém? É claro que não. Sabe o que é ruim mesmo? Pensar que um dia ele já foi afim de mim e eu ignorei isso. Ruim mesmo é pensar que hoje ele não quer mais nada comigo e a culpa é toda minha. Para mim, Mark não correspondia a nada do que eu sentia. Ele nunca dava uma deixa ou me jogava indiretas. Ele nunca correspondeu a nenhuma das minhas ridículas investidas de aproximação. Para mim, estava mais do que claro que ele não queria nada. Ai está mais um motivo para desencanar de uma vez. Eu não estou apaixonada por ele e nem nada assim. Eu só quero estar perto dele. Eu sinto vontade de beijar ele e de receber os carinhos dele. Mas se ele não quer, porque eu vou ficar esperando ou insistindo? Nós somos amigos e isso já é ótimo pra nós dois. Talvez seja bom não colocar isso em risco. Talvez seja hora de dar a chance para algum outro cara. Porque não?

Mark estava um pouco mais nervoso do que deveria. Ele nunca dava festas e teve pouquíssimas festas de aniversário durante a sua vida. Ele não sabia ao certo o que vestir ou como deveria se comportar com todos aqueles desconhecidos que logo estariam em sua casa. Era um pouco mais de 19:30 quando ele decidiu a roupa que vestiria. Colocou uma camiseta preta que tinha alguns poucos detalhes brancos, uma calça jeans comum e um tênis preto que não usava com tanta frequência. Ajeitou cuidadosamente o cabelo (ainda molhado) com gel e tomou um banho de perfume. O único acessório que decidiu usar foi um relógio em um dos pulsos. Ele estava pronto.

Quando vimos que faltava apenas meia hora para o inicio da festa, eu e Meg nos apressamos ainda mais. Coloquei os últimos acessórios como brincos, pulseira e até um anel. Estávamos oficialmente prontas ás 19:45. Conferimos o espelho pela última vez e vimos que não tinha mais nada a ser feito. Saímos da minha casa e fomos apressadamente até a casa ao lado. Meg estava com seu presente nas mãos e eu estava com as mãos vazias. Que vergonha!

Tocamos a campainha e até estávamos comentando que teríamos que convencer Mark a se trocar novamente, porque ele provavelmente tinha escolhido a roupa mais imprópria pra ocasião. Ajeitei o meu cabelo pela última vez antes dele abrir a porta. Quando ele abriu a porta, os nossos olhos estranhamente se encontraram no mesmo instante. Olhar pro rosto dele nunca foi tão impactante. Ele sorriu de um jeito devastador e os seus olhos pareceram sorrir também. O cabelo estava cuidadosamente ajeitado e o perfume eu conseguia sentir mesmo de longe. Mesmo estando convencida de que ele estava mais bonito do que nunca, eu ainda quis conferir a sua roupa. Meus olhos desceram discretamente por todo o corpo dele e eu até me surpreendi.

- PARABÉEEEEEENS! – Meg escandalizou e rapidamente o abraçou. Mesmo estando abraçando ela, foi pra mim que ele continuou olhando e sorrindo. Eu fiquei tão perdida com aquele sorriso, que nem precisei me esforçar para sorrir. Ele surgiu em meu rosto da forma mais espontânea do mundo. Impressionante a forma como conseguíamos conversar através dos nossos olhares. Os olhos dele desceram discretamente e fizeram um rápido tour pelo meu corpo. Eu queria saber o que ele estava pensando. – Você merece toda a felicidade do mundo, ouviu? – Meg terminou o abraço e olhou para o rosto dele. – E se alguém tirar essa felicidade de você, me chame! Entendeu? – Ela piscou um dos olhos pra ele, que achou graça da ameaça.
- Valeu, Meg. – Mark a abraçou novamente, mas dessa vez de forma mais forte. – Você sabe que isso também vale pra você, não é? – Ele terminou o abraço.
- Jura? Então me lembre de passar o endereço do meu ex pra você depois. – Meg brincou, fazendo Mark rir novamente. – Isso é pra você. – Ela parou de rir para entregar o presente para o melhor amigo.
- Não precisava, Meg. – Mark enrolou antes de pegar o embrulho em suas mãos.
- Não é nada demais... – Meg sorriu, esperando ele abrir o presente.
- Uau... – Mark pareceu ter gostado da camiseta. – É muito bonita. Não é aquela que você me fez experimentar no mês passado? – Ele tentou se recordar.
- É essa mesmo! – Meg não achou que ele fosse lembrar. – Eu disse que ela ficou incrível em você. – Ela relembrou.
- Obrigado, Meg. – Mark agradeceu depois de admirar a camiseta por um tempo. – Eu adorei, mas não precisava se importar. – Ele aproximou-se e beijou o rosto da amiga.
- Imagina! – Meg devolveu o beijou. – Mas e então? Está tudo pronto? – Ela olhou para dentro da casa.
- Não sei. Talvez seja melhor você checar. – Mark ergueu os ombros. Ele não sabia de nada! Ele só era o aniversariante.
- Vamos ver... – Meg entrou na casa e foi rapidamente em direção a cozinha para acertar os últimos detalhes. Isso quer dizer que só sobrou eu e o Mark ali.
- Antes de qualquer coisa eu queria dizer que estou muito envergonhada por não ter tido tempo para comprar o seu presente. – Eu disse, sem jeito.
- Não acredito! – Mark cerrou os olhos e negou com a cabeça. – Sinto muito, mas não vou poder te deixar entrar na festa. – Ele ergueu os ombros, enquanto escondia um doce sorriso.
- Não me tortura. – Eu sabia que ele estava brincando. Dei mais um passo em sua direção e parei em sua frente. – Eu realmente estou me sentindo mal por isso. – Eu voltei a ficar sem graça com a situação. Ele sorriu pra mim daquele jeito lindo, o que fez com que eu me aproximasse ainda mais. Meu rosto ficou bem em frente ao dele. Ele olhou atentamente para o meu rosto e eu fiz o mesmo com o dele. Toquei o ombro dele com uma das minhas mãos e aproximei o resto do meu corpo do dele. Eu passei meus braços em torno do seu pescoço e o abracei.



Era sempre assim. Era só eu tocar nele que eu sentia essas coisas estranhas dentro de mim. Essa estranha felicidade e calma. Mark apertou ainda mais o meu corpo contra o seu e entrelaçou alguns de seus dedos em meu cabelo. Aquele delicioso perfume me deixou meio tonta e me fez até esquecer de que o abraço tinha um propósito.

- Feliz aniversário! – Eu disse um pouco mais baixo, já que meus lábios estavam próximos do ouvido dele. – Apesar de não ter trazido presente, eu trouxe a gratidão e carinho que eu sinto por você. – Eu afastei um pouco o meu corpo do dele para que eu pudesse olhar em seu rosto. Mark voltou a me olhar daquele jeito tão intenso e desejou por um minuto poder me beijar. Um fraco sorriso surgiu em seu rosto para disfarçar a sua frustração. – Você sabe que é especial pra mim, não sabe? – Eu perguntei ao tocar o seu rosto com uma das minhas mãos. Por um segundo ele se lembrou da minha noite de embriaguez em que eu havia dito exatamente a mesma coisa.
- É, eu sei. – Mark afirmou com a cabeça e eu vi o seu sorriso aumentar.
- Você merece o dobro de toda a felicidade que você conseguiu trazer de volta pra minha vida. Você merece tudo o de melhor que há no mundo. – Eu terminei de parabenizá-lo.
- Obrigado. – Mark suspirou antes de se aproximar e beijar carinhosamente uma das minhas bochechas. Eu aproveitei o momento e devolvi o beijo no instante seguinte. – Agora... – Ele segurou a minha mão e fez uma engraçada careta. – Entre! Seja bem vinda a minha festa. – Mark fingiu ser um ótimo anfitrião. Eu entrei na casa entre risos e ele soltou a minha mão para fechar a porta que havia ficado aberta.
- Bem, muito obrigada. – Eu agradeci em tom de brincadeira.
- Vou colocar esses copos aqui em cima. – Meg me olhou, enquanto colocava alguns copos sobre a mesa de jantar.
- É, fica bom ai! – Eu disse apenas para que ela não achasse que eu havia deixado ela falando sozinha. – E então? Está tudo certo? – Eu perguntei, pois não queria ficar de braços cruzados, enquanto ela fazia todo o trabalho.
- Não, agora está tudo certo. – Meg afastou-se da mesa e veio em minha direção com um enorme sorriso.
- Isso quer dizer que estamos prontos para começar a festa? – Eu perguntei guardando a minha empolgação.
- Sim! Estamos prontas pra começar a festa! – Meg fez uma rápida dança e eu a acompanhei. Nós parecíamos bem mais empolgadas que o Mark.



- Vai ficar mesmo com essa cara? – Eu olhei pra ele e fiz um bico.
- Não, eu... – Mark ia dizer alguma coisa, mas a campainha o interrompeu.
- Os convidados chegaram! – Meg quase gritou.
- É hora da festa! – Eu disse, empolgada. A festa vai começar!

Demorou no máximo 20 minutos para que a casa de Mark estivesse completamente cheia. O CD que Meg havia gravado tocava, mas a música não estava tão alta. Estava na altura certa para que as pessoas dançassem e conversassem. Todos que estavam ali eram jovens e eu não conhecia nenhum deles. Meg e eu revezávamos na supervisão da festa. Horas era ela quem ia buscar mais bebida na geladeira e em outras horas era eu que ia buscar mais aperitivos na cozinha.

Mark foi extremamente modesto quando falou sobre a sua vida social. Ele tinha sim muitos amigos. Durante a festa eu vi ele conversando com umas 15 pessoas diferentes. Não posso deixar de assumir que me incomodou vê-lo conversando com outras garotas. Eu acho que nem chegava a ser ciúmes. Eu só queria saber quem eram aquelas garotas que em certos momentos conseguiram até arrancar alguns sorrisos dele.

Acho que o problema sou mesmo eu. Eu devo ser bem antissocial mesmo! Fiquei admirada com a rapidez de Meg para fazer amizades com todas aquelas pessoas desconhecidas, que ela provavelmente não veria mais depois daquela festa. Eu estava sempre no meu canto e de vez em quando Meg vinha para me puxar para dançar ou para comentar sobre algum garoto que tinha jogado aquelas cantadas maravilhosas de pedreiro pra cima dela. Certas vezes eu senti vontade de ir até onde Mark estava com os seus amigos e me apresentar, mas eu sempre acabava desistindo. Se ele quisesse me apresentar para alguém, ele mesmo faria isso.

Apesar de estar um pouco sozinha naquela festa, eu estava me divertindo. A música era boa e as bebidas que Meg havia escolhido eram maravilhosas! Eu só aceitei bebê-las porque ela me assegurou que havia pouquíssimo álcool nelas. Mesmo assim, eu não exagerei. Acabava bebendo um gole ali e outro aqui. Nada que pudesse me deixar bêbada. Quando eu não estava observando as pessoas da festa, eu estava dando broncas em alguns idiotas que insistiam em pegar alguns vasos ou relíquias que deveriam ser da mãe do Mark. Eu achei ótimo quando Meg tomou a decisão de abrir a porta e deixar que a festa também acontecesse no gramado que ficava na frente da casa do Mark.

Eu aproveitei por diversas vezes que estava sozinha para dar uma volta por toda a sala e depois pelo gramado. Eu ficava andando igual a uma barata tonta para que eu não precisasse ficar parada feito um poste. Os meus olhos insistiam em procurar pelo Mark. Eu estava de olho nele e fiquei extremamente feliz quando percebi que ele estava se divertindo com os seus amigos. Eu também estava de olhos atentos na Meg. Estava com medo que ela bebesse demais. Fiquei impressionada com a quantidade de garotos que chegaram nela e fiquei ainda mais surpresa quando vi ela dispensar todos eles. Eu que estou sozinha ninguém quer, não é? Qual o problema? A roupa está feia? Não estou atraente o suficiente para esses idiotas? Devo ter perdido toda a prática mesmo pra fazer isso.

- Olha só quem eu encontrei. – Mark chegou repentinamente do meu lado, enquanto eu já pensava em alguma desculpa para me enturmar.
- Ei, aniversariante. – Eu toquei um dos meus ombros no dele e o empurrei quase que sem força alguma. – Está se divertindo? – Eu perguntei, enquanto cruzava os meus braços e olhava atentamente para ele.
- Estou. – Mark afirmou e olhou em volta. – Está tudo ótimo. Você e a Meg pensaram em tudo mesmo. – Ele deu um enorme sorriso pra mim.
- A Meg pensou em tudo você quer dizer, não é? – Eu fiz careta e ele rapidamente reprovou.
- Não! Foram vocês duas! Se não fossem vocês duas, eu estaria tendo o mesmo aniversário chato de sempre. – Mark reconheceu o nosso esforço.
- Pra quem lutou tanto contra essa festa, você parece super empolgado. – Eu fiz questão de dizer como forma de ‘Eu disse, não disse?’.
- Eu sei que eu fui um chato. – Mark revirou os olhos. – Mas é que eu não estou acostumado a esse tipo de coisa. – Mesmo mantendo um sorriso no rosto, eu percebi que o assunto parecia incomodá-lo de alguma forma. – Eu nunca tive festas nos meus aniversários ou ganhei tantos presentes. Eu nem sabia como reagir ou me comportar com esses convidados. – Ele sorriu, sem jeito. – Os meus aniversários sempre foram uma coisa mais reservada, sabe? Eu não estou acostumado a tudo isso. – Mark terminou de se explicar.
- Sua mãe ligou? – Eu quis saber. Há tempos eu tenho notado o jeito que ele fica quando fala de sua mãe. Quando eu perguntei, ele me olhou com um olhar de dúvida. – Por causa do seu aniversário. Ela te ligou? – Eu completei a pergunta para que ele pudesse entender.
- Ah, sim! Ela ligou sim. – Mark afirmou com rapidez. – O meu pai também. – Ele completou com um largo sorriso.
- Que ótimo! – Eu demonstrei estar feliz por ele. O assunto pareceu ter acabado e eu olhei para qualquer outro lugar na festa apenas para que o clima não ficasse tão constrangedor. – Meg é a grande atração da festa. O vai gostar de saber que ela rejeitou todos esses seus amigos. – Eu disse, enquanto observava Meg conversar com algumas garotas de longe.
- Esses caras não desistem nunca. – Mark riu sem emitir som, enquanto negava com a cabeça. – Estou ficando sem criatividade para inventar motivos para que eles não cheguem em você. – Ele disse de forma totalmente inocente.
- Você... – O meu sorriso impediu que eu continuasse a frase. – Você fez isso? – Eu achei super fofo e tenho certeza que demonstrei o quanto gostei de ouvir aquilo.
- É, eu... – Mark ia se explicar, mas não conseguiu terminar a frase. Eu notei que ele puniu a si mesmo mentalmente, quando ele negou com a cabeça e deixou de me olhar por poucos instantes para encarar o chão. Ele não conseguiu encontrar explicação alguma. Mark voltou a me olhar e apenas arqueou as sobrancelhas como se dissesse ‘Não sei o que dizer.’. O meu sorriso aumentou diante da sequência de ações dele, que me fez ficar extremamente encantada. Eu virei um pouco a minha cabeça para o lado e não parei de olhá-lo.



- Você nunca vai parar de cuidar de mim, não é? – Eu perguntei de forma retórica. Eu não conseguia deixar de olhar para os olhos dele, que pareciam me enfeitiçar. O coração de Mark estava mais do disparado por me ter tão perto novamente e por estar sendo obrigado a manter aquela troca de olhares, aquela troca de sorrisos e de doces palavras que ele simplesmente não conseguia resistir. Ele chegou a abrir os lábios para responder a minha pergunta, mas não deu tempo.
- Mark! – O clima se foi quando alguém o chamou. Mark deixou de me olhar repentinamente e olhou para Meg, que era quem estava chamando. Eu logo percebi que ele recusaria o chamado de Meg, então eu me adiantei.
- Não, tudo bem. Pode ir! – Eu não me importei. Eu não queria ficar atrapalhando ele com essas bobeiras que só tem importância pra mim. – Eu tenho que ir repor a bebida mesmo. É a minha vez. – Eu apontei um dos dedos em direção a cozinha. – Tudo bem. – Eu sorri novamente para ele para confirmar o que eu dizia e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha, enquanto eu me virava e me afastava dele. Mark observou eu me afastar e se xingou mentalmente por estar deixando eu me afastar novamente. O seu longo suspiro e sua expressão de desaprovação estavam mais do que explícitos.

Eu sinceramente não esperava mais nada das aproximações que eu e Mark vivíamos tendo. As vezes eu acho que ele pode estar voltando a sentir alguma coisa por mim, mas depois eu me dou conta de que é nisso que eu quero acreditar. É coisa da minha cabeça e não é mais correspondido. Não tem motivos para ficar levando isso adiante e ficar procurando vestígios de algum sentimento que vá além da amizade. É estranho explicar essa minha relação com o Mark. O que eu sinto por ele é totalmente diferente do que eu sentia pelo e até mesmo pelo Peter. Eu nem sei se chega a ser algo tão forte. Eu não consigo medir, porque isso nunca foi colocado a prova. A única coisa que eu posso dizer é que eu fico sim chateada quando estamos tão próximos e só. Não passa daquilo. O que eu posso fazer? Não é algo que eu possa controlar.

Não sei por que estou tão surpresa com o fato das bebidas estarem acabando tão rapidamente. O que esperar de universitários? Tudo bem que a maioria ali eram futuros engenheiros e possivelmente nerds, mas isso não queria dizer nada. Se quer saber, eles são bem bonitos e são poucos os que parecem ser nerds. Eu havia notado vários garotos durante a noite, mas eu não sou dessas garotas de atitude. Comecei a colocar as garrafas e latas de bebida sobre a mesa e depois de algum tempo organizando tudo aquilo, notei alguém se aproximar.

- Então, você é a garota das bebidas? – Um belo rapaz parou ao meu lado. Olhei para ele e só então fui perceber que ele estava falando comigo.
- O que? – Eu parei de mexer nas bebidas para dar atenção a ele.
- Você está cuidando das bebidas. – O garoto apontou com a cabeça em direção a mesa. – Você não deveria estar vestindo um uniforme ou alguma coisa do tipo? – Ele sorriu.
- Deveria se eu fosse a garota das bebidas. – Eu entrei no jogo dele apenas por diversão. Eu estava sozinha mesmo.
- Oh, entendi. – O rapaz de cabelos claros e olhos escuros continuou sorrindo. – Me desculpe, eu não sei o seu nome, então vou ter que continuar te chamando de garota das bebidas. – Ele fingiu lamentar.
- Bem... – Eu olhei para ele um pouco mais séria e estendi uma das minhas mãos. – Eu sou a . – Eu disse e ele sorriu ainda mais ao apertar a minha mão.
- Olá, . – O rapaz foi extremamente educado. – Você não é a garota das bebidas, mas você deve beber alguma coisa, não é? – Ele parecia estar me convidando para beber.
- Eu bebo, mas eu... – Eu tentei recusar, mas o garoto me interrompeu.
- Eu insisto! – O garoto esticou-se e pegou uma garrafa de alguma bebida qualquer. Pegou dois copos e os encheu. – Eu prometo que não é forte e que é delicioso. – Ele estendeu o copo em minha direção.
- Certo, então eu vou aceitar. – Eu cedi e peguei um dos copos da sua mão. O belo garoto estendeu o seu copo e eu entendi que ele queria brindar. Toquei o meu copo no dele em meio a uma troca de olhares interessante.
- É uma delícia mesmo. – Eu concordei, depois de beber um gole da bebida.
- Eu sabia que você gostaria. – O rapaz voltou a sorrir. – Se importa de continuarmos essa conversa lá fora? A música está um pouco alta aqui dentro. – Ele fez careta e apontou para o som.
- É claro! – Eu concordei depois de fazer um rápido draminha. Qual o problema? Lá fora tem tanta gente quanto aqui dentro. Qual é a diferença?

Meg ainda tinha toda a atenção de Mark. Ela estava explicando para ele que talvez fosse melhor eles irem comprar mais bebida. Meg estava com medo de que acabasse e não tivesse mais nada para repor. Ela fez uma rápida conta da quantidade que já havia sido consumida e da quantidade que ainda restava. Já eram um pouco mais de 1 hora da madrugada e a previsão era de mais umas 2 horas de festa. Mark insistiu em dizer que a quantidade que ainda restava era o suficiente e Meg foi obrigada a concordar, mesmo sem querer.

- Nossa! Quem é aquele com a ? – Meg arregalou os olhos e deu um enorme sorriso, quando me viu ir para o lado de fora da casa com um garoto muito bonito.
- Ele... estuda comigo. – Mark ficou imediatamente sério. Ele e Meg também estavam do lado de fora da casa, mas estavam do outro lado do gramado. Eu nem vi que eles estavam ali.
- Caramba! Ele é um gato! – Meg elogiou, impressionada. Mark nem sequer respondeu. Ele ficou parado por um tempo, olhando para mim e para o garoto que conversávamos entre sorrisos.
- Então você é vizinha do Mark? – O garoto olhou para a minha casa.
- Sou. Eu me mudei para cá já faz alguns meses. – Eu resumi rapidamente. – E você? Você é a amigo dele? – Eu deduzi já que, ao contrário de muita gente que estava ali, ele sabia o nome do aniversariante da noite.
- Sim, nós somos amigos. Nós estudamos juntos. – O rapaz explicou.
- É mesmo? – Eu me interessei. – Que legal! Que bom conhecer algum amigo dele. Ele não fala muito sobre os amigos. – Eu expliquei o meu interesse pelo assunto. Eu não sabia tanta coisa sobre a vida do Mark, então quando eu tinha a chance de saber eu ficava muito interessada.
- Ele também não fala sobre as vizinhas. Qual o problema dele? – O garoto me lançou um sorriso sedutor.
- Acho que ele não é muito de falar sobre ele. – Eu achei graça da ousadia do garoto. – Mas você deve saber mais sobre ele do que eu. Vocês estudam juntos e devem fazer muitas coisas juntos. – Eu deduzi, enquanto tomava mais um gole da minha bebida.
- Na verdade, não deu muito tempo de conhecer. – O garoto disse sem dar muita importância.
- Como assim? Porque não deu tempo? – Eu estranhei. Mark passava tanto tempo na faculdade. Porque os amigos não teriam tempo de conhecê-lo?
- Ele trancou a faculdade já faz alguns meses. Ele saiu, antes que nós pudéssemos conhecê-lo melhor. – O garoto disse da forma mais inocente do mundo. O que? Espera! Trancou a faculdade? Nesse instante, eu soube que havia algo muito estranho. Como ele havia trancado a faculdade se ele ia para a faculdade todos os dias?
- Ah, é mesmo! – Eu concordei apenas para que o garoto não notasse o impacto daquela notícia.
- Eu até estranhei quando recebi o convite para a festa. – O garoto continuou sem desconfiar de nada. – Mas ainda bem que eu recebi o convite, não é? – Ele voltou a dar o seu sorriso sedutor.
- É, ainda bem. Caso contrário, eu estaria sozinha. – Eu devolvi o sorriso, pois não queria deixar que aquela estranha notícia atrapalhasse a nossa conversa. Eu resolveria isso depois.
- Mark? – Meg chamou a atenção do melhor amigo pela terceira vez seguida. Mark não tirava os olhos de mim e do seu tal amigo da faculdade.
- Acha que ela gostou dele? – Mark perguntou, sem nem olhar para Meg.
- Eu acho que sim. O cara é bonito e parece ser bem legal. – Meg também virou-se para olhar para mim.
- É, ele é mesmo. – Mark sabia o amigo que tinha e também sabia de suas qualidades. Era exatamente por isso que ele estava odiando vê-lo perto de mim. Meg voltou a olhar pro Mark e não demorou para que ela percebesse o que estava acontecendo ali.
- Isso já está ficando chato! – Meg disse grosseiramente, chamando a atenção de Mark.
- O que foi? – Mark deixou de olhar para mim e para o seu amigo pela primeira vez.
- Você! – Meg apontou para o amigo. – Eu não aguento mais ver esse desespero no seu olhar cada vez que um cara se aproxima dela. – Ela pegaria pesado dessa vez.
- Que desespero? Não tem desespero nenhum! – Mark se fez de desentendido. Que novidade!
- É disso que você quer se convencer? É desse jeito que você vem ignorando os seus sentimentos todo esse tempo? – Meg estava totalmente impaciente.
- Você não sabe do que está falando. – Mark rolou os olhos.
- Não sei do que eu estou falando? Acha que eu não sei que você está louco por ela? Acha que eu não sei que você morre de medo de alguém tomar o lugar que nem mesmo é seu? Acha mesmo que eu não sei que você reprime cada instinto, cada sentimento apenas para não perdê-la de novo? – Meg o encarou e viu a expressão dele mudar. Ele não era tão discreto quando achou que fosse.
- Você não entende, Meg. – Mark quis explicar, mas não podia.
- Eu não entendo mesmo! Eu não consigo entender o que é que você está querendo com tudo isso! Eu não entendo o que pode ser mais importante do que ter a coisa que você mais quer na vida. – Meg olhou para o melhor amigo com desaprovação. – Eu não entendo como é que você pode sentar e assistir de camarote alguém pegar o seu lugar! Eu juro que não entendo como você consegue nem sequer lutar por ela. – Ela negou com a cabeça. – Eu não acredito que vai esperar perdê-la, Mark. – Ela finalizou, esperando por qualquer resposta do amigo, que agora dividia seus olhares entre ela e eu.

As palavras de Meg foram piores do que milhões de pedras sendo atacadas em sua direção. Era tudo o que ele menos queria ouvir, mas ao mesmo tempo era tudo o que ele precisava ouvir. As palavras de Meg não só o desafiou, mas também fez ele ter coragem de enxergar a realidade que estava bem na sua frente. Ele estava apaixonado. Ele sempre esteve apaixonado e isso nunca vai mudar. Então, qual é o plano? Bancar o idiota o resto da vida? Observar eu me apaixonar por alguém novamente? Porque ele tinha sempre que pensar em todos antes dele mesmo? Porque ele não podia pensar nele, só nele primeira vez em sua vida? Quem disse que ele não pode cometer algumas loucuras de vez em quando? Quem disse que ele não pode viver a sua vida do mesmo jeito que todo mundo? Quem disse que ele não pode se apaixonar e roubar o beijo que mais deseja na vida? Ninguém. Ninguém disse! Ninguém poderia impedi-lo de fazer a coisa certa dessa vez.

- Segura o meu copo. – Mark entregou o seu copo para Meg. Os olhos dele permaneceram fixos em mim e em seu amigo, que já estava conseguindo arrancar alguns sorrisos de mim.

Mark não conseguiu ver mais nada além de mim. Depois que Meg pegou o seu copo, ele começou a andar na minha direção. Ele estava mais do que determinado. Ele estava sendo guiado por um sentimento extremamente forte, que ele deixou escondido por meses. Esse sentimento o fez esquecer dos seus medos, dos problemas que seu ato poderia causar e até mesmo da sua razão. Ele ia esbarrando em diversas pessoas, porque ele simplesmente não estava prestando atenção em mais nada. O coração dele parecia que iria saltar pela boca a qualquer segundo, mas isso não o intimidou nem um pouco. Mark continuou esbarrando nas pessoas, enquanto ele continuava indo em minha direção.

O garoto com quem eu conversava estava roubando toda a minha atenção. Eu não estava prestando a atenção se havia alguém se aproximando ou não. Eu simplesmente não me importava. A única coisa que me interessava naquele instante era o garoto em minha frente, que estava me contando uma história muito engraçada sobre a última festa que ele tinha ido. O copo de bebida ainda estava em minhas mãos. Eu ainda pretendia terminar de bebê-lo.

Mark estava há menos de 10 passos de mim e ele ainda não tinha muita certeza do que diria. Algumas pessoas conhecidas tentavam chamar a sua atenção pelo caminho, mas ele passava reto por todos. Ele ignoraria qualquer coisa que não fosse eu naquele momento. A velocidade dos passos dele aumentou um pouco. Ele estava há 3 passos de mim e ainda não sabia o que fazer. Lembra daquela história de que um beijo fala mais que mil palavras? Isso nunca fez tão sentido.

O meu sorriso era todo e completamente para o garoto em minha frente. Eu escutava a sua história em silêncio e aproveitava para analisá-lo. Eu estava prestes a me convencer de que ele era bom o suficiente pra mim, quando eu fui surpreendida. Mark colocou-se repentinamente entre mim e o desconhecido e antes que eu conseguisse ter qualquer reação, suas mãos tocaram cada lado do meu rosto e os lábios dele colaram nos meus. Eu fiquei tão surpresa, que não soube muito bem o que fazer. Mark puxou um dos meus lábios e eu permiti que ele aprofundasse o beijo. O beijo não se tornou intenso e nem se manteve lento. Eu acho que só depois é que me daria conta do quanto eu queria aquilo.

Naquele instante, eu só conseguia pensar em beijá-lo mais e mais. Minhas mãos ainda estavam atadas e eu ainda segurava o meu copo de bebida. Eu não pensei duas vezes em soltá-lo e deixá-lo cair de vez no chão. Minhas mãos estavam livres agora e eu as usaria. Aproximei ainda mais o meu corpo do dele e então toquei o seu rosto com uma das mãos. Uma das mãos dele desceu pelo meu rosto e deslizou pelo meu braço até chegar na minha cintura. O puxão que ele deu me fez colar a minha cintura colasse na sua e me deixou ainda mais empolgada com aquele beijo. A outra mão dele que ainda estava em meu rosto deslizou até o meu cabelo, onde ele entrelaçou os seus dedos. Minha mão escorregou até a sua nuca e também entrelaçou nos curtos fios de cabelo que havia ali.

- Não, não, não! Não acredito! – Meg viu toda a cena de longe e não conseguia se conformar. Não sabia se gritava ou se chorava de felicidade. A melhor parte com certeza foi ver a frustração do garoto, que agora havia perdido o lugar para o Mark. O garoto se afastou de forma totalmente discreta. Nem todos precisariam ver a vergonha que ele havia acabado de passar.

O beijo foi longo e chamou a atenção de algumas pessoas a nossa volta. O beijo durou tempo o suficiente para me fazer lembrar o quanto é bom beijar. O quanto é bom receber um beijo tão inesperado como esse. Foi tão estranha a forma que o nosso beijo se encaixou, que até parecia que havíamos feito isso outras 15 vezes. O ritmo do beijo diminuiu e eu soube que estávamos prestes a descolar os nossos lábios. Desci a minha mão da sua nuca e a coloquei próxima de seu ombro.



Prestes a terminar o beijo, Mark voltou a segurar o meu rosto com suas duas mãos para terminar bem. Quando nossos lábios se desgrudaram, nossos olhos foram abrindo lentamente. Eu fiquei feliz de vê-lo ali. Ambos estávamos tão abobalhados com o que havia acabado de acontecer, que ficamos algum tempo nos olhando. Ele deixou de olhar para os meus olhos para olhar para os meus lábios. Parecia que só agora havia caído a ficha do que ele havia acabado de fazer.

- Eu... – Mark tentou achar palavras para se explicar. Os olhos dele se perdiam em todo o meu rosto. – Me desculpa, mas... eu precisava fazer isso. – Ele afirmou, enquanto analisava os detalhes do meu rosto. Senti suas mãos deixarem de tocar o meu rosto. Eu tentava me recuperar para poder respondê-lo, mas não deu tempo. Ele afastou-se antes que eu conseguisse dizer qualquer coisa.

Observei ele se afastar e não me movi. Quando ele desapareceu do meu campo de visão, eu olhei para qualquer outra coisa em volta. Eu não consegui tomar qualquer atitude ou dizer qualquer coisa. Eu apenas sorri em meio a um suspiro. Eu sentia tanta coisa naquele momento, que eu não conseguia separar a minha felicidade do meu desejo de fazer aquilo novamente. Eu senti uma coisa tão boa, um alívio e uma vontade de ficar a noite inteira só pensando no quão bom aquele beijo havia sido. Foi incrível me sentir desejada depois de meses. Foi incrível pensar que, apesar do ter encontrado alguém melhor do que eu, ainda havia alguém que me queria. Ainda havia alguém que teve a atitude de vir e me dar aquele beijo que tirou todo o meu fôlego e toda a tristeza que ainda existia em mim. Ainda tinha alguém que correspondia a todas aquelas minhas expectativas.

- O que foi isso? Eu estou sem palavras! – Meg chegou inesperadamente na minha frente e ela tinha um enorme sorriso em seu rosto. Eu olhei pra ela e a única coisa que consegui foi corresponder ao sorriso. – ? – Ela riu, pois percebeu que eu ainda estava atordoada com o que havia acontecido.
- Uau... – Eu suspirei em meio a risos. Levei uma das minhas mãos até a minha cabeça e entrelacei meus dedos em meu cabelo, jogando-os para trás. Eu estava totalmente sem ação.
- Eu estou tão feliz por vocês! – Meg me abraçou calorosamente e eu só consegui rir.
- Eu.. – Eu não sabia como continuar. – Eu nem sei o que dizer. – Eu terminei o abraço e voltei a olhá-la.
- E então? Como você se sente? – Meg quis saber. No fundo ela tinha medo que eu não levasse aquele beijo tão a sério.
- Eu estou... – Eu ia dizer, mas não consegui achar um adjetivo bom. – Uau... – Eu voltei a rir, mas dessa vez de mim mesma. – Ele me beijou! O Mark... me beijou. – Eu repetia para ver se a minha ficha caia.
- Vocês ficaram tão bonitinhos juntos! – Meg estava quase tendo um treco.
- Pra onde ele foi? – Eu quis saber, enquanto olhava em volta.
- Ele saiu e eu nem vi. – Meg ergueu os ombros. – Ele deve estar soltando fogos em algum lugar da cidade. – Meg exagerou, me fazendo rir.
- Eu não sabia que ele... – Eu estava meio confusa. Foi totalmente inesperado. – Você sabia? – Eu quis saber.
- Que ele é afim de você? – Meg debochou. – Quem é que não sabia? – Ela riu.
- Eu não sabia! Eu não esperava nada disso. – Eu voltei a rir. Estava tão na cara assim? – Quer dizer, ele foi afim de mim antes, mas não deu certo. Não foi nada demais. Eu achei que ele tivesse desencanado. – Eu ergui os ombros.
- Até parece, né? O garoto deve dormir com a sua foto embaixo do travesseiro. – Meg disse de forma tão séria, que até me fez rir mais uma vez.
- Olha pra você! Fica rindo igual a uma boba! – Meg começou a rir de mim.
- Você não para de falar besteiras! – Eu tentei me explicar.
- Realmente! Duvido mesmo que tenha a ver com um beijo que não vai te deixar dormir por uma semana. – Meg voltou a debochar.
- Esquece o beijo! – Eu já estava ficando sem graça. – Nós ainda somos as responsáveis pela festa. Será que não está faltando nada? – Eu tentei ficar um pouco mais séria.
- Eu não sei. O pessoal já está indo embora, mas vamos lá ver. – Meg saiu, foi em direção ao interior da casa e eu a acompanhei. Eu estava tentando me controlar.
- Acho que essa bebida dá, não é? – Eu quis saber a opinião dela.
- Eu acho que dá. Já não tem tanta gente quanto antes. – Meg olhou em volta. Algumas pessoas já tinham ido embora, mas ainda tinha bastante gente lá.
- Legal, então vamos parar de nos preocupar. – Eu suspirei, sabendo que não teria mais que ficar pensando naquilo. – Que horas são? – Eu quis saber.
- São... – Meg olhou em seu celular. – 2 horas. – Ela completou.
- Já? – Eu fiz careta. – Eu tenho que ir embora. Eu vou ter que ir para a faculdade amanhã cedo. – Eu suspirei com tristeza.
- Ainda bem que eu já entreguei aquele trabalho e não vou precisar ir. – Meg fez careta pra mim.
- Isso foi totalmente desnecessário, sabia? – Eu mostrei a língua pra ela, que riu.
- Você pode ir se você quiser. Eu fico de olho em tudo. – Meg tentou ajudar.
- Eu... – Eu olhei discretamente em volta. – Eu vou ficar até o Mark reaparecer. Eu tenho que me despedir dele. – Eu completei.
- Se despedir, né? – Meg me olhou com um sorriso malicioso.
- Para, garota! – Eu a empurrei de leve.
- Está doidinha por ele. – Meg continuou me irritando.
- Cuida da sua vida! Porque não dá uma ligada pro ? – Eu também a provoquei.
- Eu já liguei! – Meg voltou a fazer uma engraçada careta.
- Então liga de novo e de novo.. – Eu fui dizendo, enquanto via ela rolando os olhos.

Fiquei na festa por mais aproximadamente meia hora e vi diversas pessoas irem embora, mas não vi o Mark. Ele havia sumido desde que ele havia me beijado. Cheguei a dar uma rápida volta no local onde a festa estava acontecendo e não consegui encontrá-lo. Também fui procurá-lo no banheiro, mas ele também não estava lá. Eu tinha que ir embora, mas eu não podia ir sem me despedir. Eu não queria só me despedir, mas eu queria vê-lo e falar sobre o que havia acontecido. Eu estou super curiosa para saber o que ele tem a me dizer.

- Ainda não achou ele? – Meg perguntou, quando percebeu que eu olhava insistentemente para os lados.
- Não... – Eu neguei com a cabeça.
- O carro dele está na garagem. Ele não pode ter saído daqui. Ele deve estar em algum lugar na casa. – Meg comentou, sem saber a ajuda que ela estava me dando.
- Espera.. – Eu pensei em uma coisa. – Eu acho que sei onde ele está! – Eu sorri espontaneamente. Como eu não tinha pensado nisso antes?
- Onde? – Meg quis saber.
- Eu vou até lá. – Eu não respondi, pois estava com pressa. – Boa noite e vejo você amanhã no trabalho. – Eu me aproximei e beijei o rosto dela. Eu já me despedi, pois pretendia ir embora direto depois de falar com o Mark.
- Então ta... – Meg sorriu, sem saber o que estava acontecendo. – Boa noite. – Ela respondeu, quando me viu sair andando rapidamente em direção as escadas. É claro que ela ficou curiosa, mas ela não se intrometeria. Ela sabia que eu e Mark tínhamos que conversar.

Como eu posso ser tão lerda? É claro que o Mark estava naquele lugar que só eu e ele sabíamos da existência. É claro! Onde mais ele estaria? Onde mais ele iria para ficar sozinho? Andei rapidamente em direção ao quarto dele e estava sempre prestando a atenção para ver se não estava sendo seguida. Era um lugar secreto e eu não pretendia ver o Mark na presença de outra pessoa. Cheguei no quarto dele e vi a janela aberta. Foi a confirmação que eu precisava. Tentei esconder o meu sorriso ao morder o meu lábio inferior e me aproximei da janela. Não sei o que deu em mim, mas eu tive coragem de subir na janela a pular na minúscula sacada que havia ali. Depois que fiquei de pé na sacada, me virei em direção ao telhado e fiquei de costas para toda aquela altura que me faria surtar a qualquer momento. Lá estava ele. Deitado sobre as telhas e olhando para o céu. Tenho quase certeza de que ele não havia percebido a minha presença ali.

- Não deveria ter me mostrado esse lugar, se tinha a intenção de se esconder de mim aqui. – Eu disse e ele me olhou rapidamente. Ele parecia ter levado um susto. Eu segurei o riso e ele pareceu totalmente surpreso.
- Como... – Mark me observou, sério. – Como você sabia que eu estava aqui? – Ele resolveu se sentar para poder me enxergar melhor.
- Ninguém te acharia aqui. – Eu expliquei rapidamente. – Só eu. – Eu completei com um fraco sorriso. O meu sorriso fez ele ficar menos tenso com a situação. Ele temia que eu estivesse brava com ele por causa do beijo.
- É, eu não pensei nisso. – Mark estava muito sem jeito e por isso nem conseguiu sorrir.

Mark se sentia totalmente desconfortável com a situação e principalmente com o que havia feito. Para ele, tinha sido uma atitude estúpida, que foi tomada sem pensar. Ele temia mais do que tudo estragar com o que nós havíamos construído nos últimos meses. Ele não queria perder aquilo por nada. Os foras anteriores sempre o convenceram que eu jamais sentiria nada por ele. Ele sempre teve certeza que nada do que ele sentia seria correspondido da mesma forma por mim. É por isso que ele se sente um idiota por ter me dado aquele beijo. É apenas por isso que aquela foi a melhor, mas também a pior atitude que poderia ter tomado.

- E então? Eu posso ficar aqui com você ou você prefere ficar sozinho? – Eu perguntei, sem querer forçar nada.
- Você quer subir? – Mark estendeu uma de suas mãos.
- Você acha que eu deveria? – Eu abaixei a minha cabeça e segurei as pontas da minha saia. Sem condições de subir ali com aquela saia.
- É, eu não acho que seja uma boa ideia. – Mark deu o seu primeiro sorriso desde que eu havia encontrado ele. – Você veio até aqui sozinha? – Ele perguntou, surpreso por eu ter passado pela janela sozinha.
- Vim. – Eu afirmei e vi ele fazer uma expressão de surpresa. – Eu sabia que você estava aqui e que você não deixaria nada de ruim acontecer. – Eu completei e rapidamente percebi o quanto aquilo mudou totalmente o clima daquela conversa. Ele deixou de me olhar e vi ele voltar a sorrir. Ficamos em silêncio por um tempo e não olhamos um para o outro nem por um segundo. – Isso é estranho. – Eu comentei e percebi que ele olhou pra mim.
- Olha, eu sei que você está esperando uma explicação para o que eu fiz. – Mark estava procurando meios de se explicar.
- Eu não estou. – Eu me adiantei e ele voltou a me olhar. Ele novamente não esperava pela minha resposta.
- Que ótimo, porque eu não tenho uma explicação. Foi exatamente por isso que eu te deixei lá e vim até aqui. – Mark se explicou, enquanto descia do telhado e ficava de pé ao meu lado.
- Eu estava indo embora e não podia ir sem me despedir do aniversariante. É falta de respeito. – Eu disse para o que tinha vindo para evitar explicações desnecessárias.
- Não, escuta... – Mark pareceu nem ter prestado a atenção no que eu tinha dito. – Eu quero falar sobre isso, ok? – Ele me olhou mais sério. – Foi ridículo! Eu não deveria ter feito aquilo. – Mark parecia punir a si mesmo.
- Você se arrepende? – Eu também fiquei mais séria. A possibilidade dele se arrepender me amedrontava.
- Eu... – Mark negou com a cabeça, sem saber o que dizer. – É uma droga ter que dizer isso, mas não. – Ele afirmou, contrariado.
- Então porque está se julgando desse jeito? – Eu questionei.
- Porque eu evitei aquilo por tanto tempo e eu não podia ter cedido logo agora. – Mark não estava tão perto quanto podia.
- Foi pra isso que eu vim até aqui? – Eu não estava gostando do rumo que a conversa estava tomando. – Eu estou aqui a... – Eu olhei pra trás e vi a altura que estávamos do chão. Eu consegui até ver alguns convidados da festa. O meu medo falou mais alto e me fez colar na janela. – Essa altura... – Eu suspirei, tentando não surtar. – Pra ouvir você se lamentando? – Eu completei.
- Você quer sair daqui e conversar em outro lugar... – Mark apontou um dos dedos para dentro do seu quarto.
- Eu quero. – Eu respondi de prontidão. – Eu quero... muito. – Eu repeti, quase sem respirar.
- Está bem. Vamos entrar... – Mark tentou esconder o riso. – Eu vou entrar primeiro e ai eu te ajudo, ok? – Ele explicou e eu apenas afirmei com a cabeça. A minha coragem até que durou, não é? Vi o Mark pular a janela e logo depois virar-se para me olhar. – Me dá a sua mão. – Ele estendeu a sua mão e eu a segurei sem hesitar.

Felizmente a janela não era tão alta, então eu consegui me sentar nela e o Mark me ajudou a virar minhas pernas para o lado do quarto. Ele me puxou cuidadosamente e eu consegui pular da janela para o quarto. Quando eu voltei a pisar em seu quarto, o fato dele ter me ajudado fez com que acabássemos nos aproximando. A nossa troca de olhares só não durou mais por que ele quis assim. Mark soltou as minhas mãos e deixou de me olhar. Estava claro que ele estava evitando qualquer tipo de aproximação.

- Você está falando sério? É assim que vai ser agora? – Eu perguntei sem tirar os olhos dele. Eu achava que aquele beijo significava um passo a frente para nós e não 5 passos para trás. Eu não queria que fosse assim.
- Me desculpa, está bem? – Mark suspirou, condenando a si mesmo. Ele voltou a me olhar, mas continuou distante.
- Pelo que? – Eu o encarei.
- Por ter te beijado. – Mark respondeu de prontidão.
- Bem, então me desculpe também. – Eu ergui levemente os meus ombros. O olhar dele mudou.
- Te desculpar pelo que? – Mark temia a minha resposta.
- Por querer ter sido beijada por você. – Eu disse e todo o julgamento nos olhos dele pareceu ter desaparecido instantaneamente. – Me desculpa por não ter vindo aqui para te dar mais um fora. – Eu notei o quanto as minhas palavras afetaram ele e isso me satisfez. – Me desculpa, Mark, se eu gostei do seu beijo. – Eu completei e vi ele negar levemente com a cabeça.
- Não faz isso. – Mark continuou a negar com a cabeça. – Você não precisa fazer isso só porque não quer que eu continue me sentindo um idiota pelo que eu fiz. – Ele pediu, sério.
- Eu não fiz isso das outras vezes e não estou fazendo isso agora. – Eu disse, me referindo a aquela época que Mark tentou alguma coisa comigo. – Se eu não quisesse, eu não teria vindo até aqui. – Eu argumentei. – Ou talvez eu viesse, mas o meu discurso estaria sendo outro. – Eu completei. Mark me olhava atentamente e se perguntava se aquela notícia era boa ou ruim.
- Eu não... – Mark abriu os braços, demonstrando que não sabia o que fazer.
- Eu não vim aqui pedir explicações ou cobrar atitudes de você. – Eu vi que não adiantava conversar sobre aquilo. Não agora. – Eu só vim pra me despedir e... – Eu hesitei continuar. Eu ia mesmo fazer aquilo? Porque eu estou tão nervosa? – E pra te perguntar se você ainda aceita o meu presente de aniversário, mesmo não sendo mais o seu aniversário. – Eu disse, sabendo que já havia passado da meia noite.
- Presente? – Mark sorriu sem mostrar os dentes, o que me fez ter certeza de que ele não fazia muito ideia do que eu estava falando. – É claro! – Ele afirmou com a cabeça.
- Pra conseguir o seu presente, você vai ter que cumprir algumas tarefas. – Eu dei um fraco sorriso, quando vi ele me olhar com desconfiança.
- O que eu tenho que fazer? – Mark perguntou, disposto a fazer qualquer coisa. Eu mordi o meu lábio inferior, pois estava meio sem graça.
- Primeiro, você tem que dar 4 passos na minha direção. – Eu disse e rapidamente percebi que ele sabia do que se tratava. Eu temia que ele se recusasse a continuar com aquilo, mas quando ele deu o primeiro passo eu tive certeza de que eu estava errada. Mark não tirou os olhos de mim, enquanto dava os outros 3 passos. Ele parou exatamente na minha frente. Quando ficamos frente a frente, nos olhamos de perto. – Agora você vai continuar olhando nos meus olhos exatamente do jeito que está fazendo agora e tudo bem se por um acaso você se esquecer disso e acidentalmente olhar para os meus lábios. – Eu disse, olhando para os lábios dele que se mexeram para formar um fraco sorriso.
- Isso sempre acontece comigo. – Mark disse em um tom baixo, já que estávamos bem próximos.
- Agora você vai pegar a sua mão esquerda e vai colocá-la aqui na lateral do meu pescoço, embaixo do meu cabelo. – Eu fui bem específica e ele não hesitou um só segundo. Mark levantou a sua mão esquerda e a levou até o topo da minha cabeça. Logo depois ele desceu a sua mão pela lateral do meu rosto, enquanto escorregava os seus dedos por uma mecha do meu cabelo. Os olhos dele continuavam fixos nos meus e eu também não conseguia parar de olhá-lo. Cada gesto dele era tão único, que me deixava fascinada. Ao chegar no final daquela mecha de cabelo, ele finalmente fez o que eu havia pedido. A mão quente dele tocou a lateral do meu pescoço e alguns dedos dele chegaram a entrelaçar em alguns fios de cabelo que estavam próximos da minha nuca. Estávamos bem próximos, mas o meu rosto deveria estar há uns dois palmos de distância do dele. Os nossos olhos revezavam entre os lábios e os olhos um do outro.

A verdade é que eu estava louca para beijá-lo de novo. Eu estava louca para receber aquele beijo que conseguia ter uma baita pegada, mas ao mesmo tempo tinha uma doçura imprescindível. Eu estava gostando de voltar a sentir aquele nervosismo por estar perto de alguém e sentir aquela sensação de que tem alguém medindo cada olhar e cada gesto meu. Para o Mark era um pouco mais avassalador, considerando que ele tem esperado por isso há muito mais tempo que eu. Ele não conseguia entender o poder que eu tinha sobre ele, que em uma hora fazia ele querer se afastar e no outro fazia ele querer estar o mais próximo possível de mim. O fato de eu estar praticamente induzindo ele a fazer aquilo o deixava mais tranquilo em relação a tudo. Não tinha aquele medo da minha reação, mas ainda tinha aquele nervosismo maluco e o coração ainda queria sair pela boca.

- E agora? Qual é o próximo passo? – Mark perguntou em um sussurro, que fez até com que eu me arrepiasse. Eu senti a respiração dele em meus lábios e a minha coragem para acabar com aquilo de uma vez finalmente apareceu.
- O próximo passo é meu. – Eu afirmei um segundo antes de levar a minha mão esquerda até o rosto dele e beijá-lo sem qualquer hesitação. Os olhos se fecharam, enquanto o beijo ainda era um simples selinho. Não precisamos nem descolar os nossos lábios para transformar aquele selinho em um beijo de verdade. Minha mão escorregou de seu rosto, pois eu queria que ele tivesse o total controle da situação e do beijo. Eu estava ali nas mãos dele e estava deixando ele explorar cada centímetro da minha boca e de onde mais ele quisesse.



O beijo dele era totalmente viciante e eu não me importaria em ficar ali para sempre. Depois de algum tempo, ele sentiu a necessidade da minha presença naquele beijo. Foi então que ele passou o seu braço em torno do meu corpo e a minha mão voltou para o seu rosto, deslizando no mesmo instante para a sua nuca. Foi nessa hora que eu tomei o controle do beijo. A mão dele continuava na lateral do meu pescoço e ela não deixava que nos afastássemos nem um centímetro. O beijo não se intensificou nem por um segundo e essa talvez tenha sido a minha parte favorita. Não havia malícia ou qualquer outra intenção que não fosse aquele beijo.

O beijo foi bem longo e valeu super a pena ter ido atrás dele e eu nem vou me importar com o sono que eu provavelmente vou sentir pela manhã por ter ficado acordada até tão tarde. Depois de muito adiar, eu tive que finalizar o beijo. Começou com um selinho e acabou com um selinho. Nossos lábios se descolaram lentamente e os olhos demoraram para se abrir. Antes que eu pudesse abrir os olhos, ele selou os meus lábios pela última vez. Nossos narizes ainda se tocavam, quando eu abri os olhos e me vi tão próxima daqueles olhos verdes tão bonitos. Nossos lábios ainda estavam entreabertos e nós ainda nos olhávamos depois de um tempo. Aproveitei que a minha mão ainda estava em seu rosto e acariciei uma das suas bochechas.

- Feliz aniversário, Mark. – Foi a única coisa que eu disse, antes de afastar minha mão de seu rosto e afastar o meu corpo do dele. Mark não conseguiu nem responder. Ele não estava conseguindo nem respirar direito. Eu sorri sem mostrar os dentes, enquanto dava alguns passos para trás. Ele conseguiu corresponder ao meu sorriso, mas continuou sem dizer nada. Me viu sair pela porta e ficou um bom tempo paralisado, processando o que havia acabado de acontecer.

Eu estava radiante, eufórica e provavelmente estava sorrindo igual a uma boba alegre. Eu estava feliz como não ficava há muito tempo. Desci as escadas empolgadamente e vi que a casa estava mais vazia, mas ainda tinha algumas pessoas ali. Vi Meg do outro lado da sala conversando com uma garota e achei melhor nem ir falar com ela. Eu precisava mesmo ir para casa dormir. Saí da casa do Mark e fui para a minha. Entrei na minha casa e ao bater a porta, me encostei nela e fiquei algum tempo ali parada. Lembrando do beijo, lembrando dos toques e do sorriso de Mark. Eu deveria estar tão feliz assim?

Mark tinha todos os motivos do mundo para estar mais do que feliz e ele sabia disso. A ficha foi caindo e ele começou a acreditar que aquilo estava mesmo acontecendo. A garota por quem ele sempre foi apaixonado estava gostando dele e o havia beijado. O que pode ser melhor do que isso? Sozinho em seu quarto, ele começou a sorrir e até chegou a rir da sua bobeira. Era a melhor sensação do mundo! Ele respirou com um certo alívio e foi até a sua cama, jogando-se nela. Encarou o teto de seu quarto e procurou se acalmar de alguma forma, mas nada tiraria o sorriso do seu rosto.

- Sua festa acontecendo lá embaixo e você deitado na sua cama? – Meg disse, encostada em uma das laterais da porta do quarto de Mark. Ele levantou a cabeça para olhá-la e sentou-se na cama.
- Eu... – Mark queria se explicar, mas nem conseguiu. O sorriso dele o atrapalhou. – Eu beijei ela! – Ele afirmou em meio um enorme sorriso.
- Eu vi! – Meg entrou de vez no quarto e riu com toda a empolgação do Mark. – Eu vi ela indo embora e vim ver como você está. – Ela aproximou-se do amigo, que levantou-se de vez da cama.
- Como eu estou? – Mark repetiu com uma certa ironia. – Eu estou... – Ele não soube como continuar a frase. – Eu nem sei como eu estou! Eu nem sei o que é isso que eu estou sentindo. Eu nunca senti isso antes. – Mark riu de si mesmo.
- Eu acho que eu nunca vi você tão feliz. – Meg estava tão empolgada quanto Mark. Ok, não tanto quanto o Mark.
- Ela também sente alguma coisa por mim! – Mark segurou os ombros de Meg. – Ela gosta de mim, Meg! – Ele reafirmou, eufórico.
- Eu te disse, não disse? – Meg gargalhou com tamanha euforia. – Vocês ficam tão lindos juntos! – Ela sorriu feito boba.
- Obrigado por fazer essa festa. – Mark beijou calorosamente o rosto da melhor amiga. – Se não fosse essa festa, talvez nada disso teria acontecido. Foi a melhor festa que eu poderia ter. – Ele deu seguidos beijos no rosto da amiga, que fez com que ela o empurrasse.
- Chega! Chega! Eu já entendi. – Meg voltou a gargalhar.

Mark não dormiria naquela noite e provavelmente não dormiria no dia seguinte também. Ok, greve de sono durante toda a semana. Ele estava eufórico e não conseguia nem disfarçar. Mesmo alguma coisa dentro dele lhe dizendo para não seguir com aquilo, ele ainda sim não via a hora de me ver de novo. Então essa é a sensação? É desse jeito que você se sente quando tem todo o seu amor correspondido por alguém especial? É assim que você se sente quando sabe que é importante pra alguém e cogita por um só segundo que ela está perdendo o seu tempo pensando em você? Mark já havia namorado antes, mas nada se compara a forma com que as coisas estão acontecendo entre nós até agora. Os beijos daquela noite valeram mais do que todo o seu último namoro.

O meu comportamento ainda me fazia rir de mim mesma. Aquela sensação do novo e do flerte era revigorante e me deixava meio abobalhada. Eu provavelmente lembraria daquele beijo durante meses. Foi ali que tudo começou. Tudo? Tudo o que? Não existia nada até agora e eu nem sabia se chegaria a existir. Eu e a minha mania de pegar um simples fato e construir uma grande história sobre ele. Eu não era tão boa nisso. Os últimos planos que eu fiz foram interrompidos por uma traição sem sentido. Eu deveria ainda querer fazê-los? Eu deveria ter planos?

Eu não sei se estou cega ou se apenas quero perder o meu folego com outro beijo daquele, mas eu sinto que os meus planos não correm riscos dessa vez. Mark não é do tipo que decepciona. Ele não me decepcionou até hoje e eu realmente não o vejo fazendo isso. Eu sinto que ele sempre vai fazer de tudo para cuidar de mim e para me fazer feliz. Isso definitivamente faz parte dos meus planos futuros e tudo bem se eu tivesse que envolvê-lo. Tudo bem se eu jogá-lo sem querer na minha vida e nos meus planos sem ao menos pedir a sua autorização. Ele não vai me decepcionar. Ele nunca me decepciona.

Meg conseguiu convencer Mark a voltar para a festa, mas os convidados não duraram tanto quanto nós imaginávamos. A casa estava vazia e também estava bem bagunçada. O local bagunçado e ao mesmo tempo em ordem fez Meg se orgulhar da festa que havia organizado. Nada havia se quebrado e nós nem tivemos problemas como brigas ou qualquer coisa assim.

Mark ainda não conseguia acreditar no que havia acontecido. Depois de levar Meg para casa, ele ainda ficou algum tempo acordado em sua cama. Ele deve ter ficado uma hora parado, olhando feito bobo para o teto do seu quarto, enquanto se lembrava do que havia acontecido naquela noite. Foi de longe o seu melhor aniversário. Finalmente alguém se importava com ele. Finalmente alguém se importou com o seu aniversário e se importou em fazer daquele dia o melhor de todos. Os presentes eram o de menos, mas o meu com certeza havia sido o melhor da noite, o melhor da vida. Mark tentou imaginar como seria a nossa relação a partir de agora. Estávamos ficando sério ou foi só um presente? Ele só descobriria no dia seguinte.

Era muito estranho pra mim. Era extremamente estranho olhar pra mim agora e ver que todos os meus planos futuros mudaram. É estranho me ver surtando por causa de um beijo que não era dele. É estranho até demais saber que o não está relacionado a nada disso que eu estou sentindo agora. Eu não achei que isso aconteceria novamente. Eu juro que não imaginei que haveria outro cara. Apesar de tudo, eu estava muito feliz. Feliz sim, porque se eu me permiti sentir isso, quer dizer que eu estou mesmo superando as coisas do passado, superando o . Agora eu estou sendo capaz de fazer uma coisa, que antes eu dizia que não poderia fazer. Eu estou afim de outro cara. Eu beijei outro cara! Lembra quando eu dizia que os meus sentimentos pelo durariam para sempre? Eu não menti. Os sentimentos vão sim durar para sempre, mas eles não serão mais únicos. Agora também tem os sentimentos pelo Mark, que eu confesso ser bem diferente dos que eu costumava sentir pelo . Diferente não quer dizer maior ou menor, mas... diferente. Eu estava prestes a dormir, mas eu tinha que olhar no relógio, não é? Eu tinha que ver o relógio marcando 3:35. Eu tinha que lembrar o que aquele horário costumava a significar pra mim e pra ele.

3:35! O horário nem sempre passava despercebido para o . Não passou despercebido naquela noite. Ele não sabia sobre o Mark. Ele não sabia o que havia acontecido comigo naquela noite, mas de alguma forma ele sentiu. Loucura, né? Loucura você acordar no meio da noite lembrando da sua ex, que naquela noite havia dado uma chance pra outro cara e para si mesma. Loucura você sonhar com a sua ex-namorada depois de meses. Foi por isso que o acordou as 3:35 da manhã tão furioso.

- Merda... – suspirou, enquanto tentava ignorar o quão incomodado ele havia ficado com aquele sonho.



No sonho, nós estávamos deitados lado a lado em uma cama. Ele brincava com os dedos de uma das minhas mãos, enquanto eu o observava em silêncio. Depois de muito tempo, ele percebia os meus olhares e também passava a me observar. Nós começamos a trocar sorrisos e ele se aproximava para me beijar. Com o seu corpo sobre o meu, ele encarava o meu rosto, enquanto as pontas dos nossos narizes ainda se tocavam. O meu sorriso fez ele me roubar um selinho. Depois de selar os meus lábios, ele voltava a me encarar de pertinho. Ele olhava fixamente em meus olhos e perguntava com uma voz baixinha se eu ainda o amava. acordou antes de saber a resposta da sua pergunta.

não conseguia entender o motivo daquele sonho. Pra que sonhar com algo que ele está lutando pra esquecer? Pra que sonhar com uma cena que tinha tanto a ver com nós dois? Pra que sonhar com aquela pergunta, que fazia seu coração doer só em imaginar a resposta? Nem enquanto ele dormia ele tinha sossego e isso era horrível pra ele. não queria lembrar de mim. Ele não queria pensar, falar ou sonhar comigo. Porque ele não podia simplesmente esquecer? É tão difícil assim superar o seu primeiro amor? É difícil superar alguém que havia prometido não superar? A resposta é sim! Não há coisa mais difícil do que você lutar contra um sentimento que é maior do que qualquer outra coisa que você já sentiu, mas continuaria fingindo para todos e para si mesmo que estava bem e que ele não pensava em mim antes de dormir.

Quando o despertador tocou naquela segunda-feira, eu não acreditei que teria que levantar. Eu estava um lixo! Eu mal tinha dormido direito e já tinha que acordar. Ir até a faculdade só pra entregar a porcaria de um trabalho. Levantei na marra! Pensei mil vezes antes de decidir que eu não podia mesmo faltar naquele dia. Não tive tanta pressa em me arrumar, pois não tinha problema se eu chegasse um pouco atrasada na aula. Era só entregar o trabalho, então eu não perderia aula. Tomei um demorado banho, que ajudou a me acordar e a me deixar um pouco mais disposta. Encarei o espelho por um tempo e vi uma expressão um pouco melhor no meu rosto. Eu cheguei a sorrir ao olhar para os meus lábios e me lembrar que eles haviam sido beijados pelo Mark na noite anterior. Coloquei uma roupa um pouco descontraída naquele dia, já que eu não teria que ir da faculdade direto pro trabalho daquela vez. Vesti um shorts jeans e uma regata básica. Coloquei uma camiseta de estampa por cima da regata e deixei os seus botões abertos. Coloquei um coturno, que combinava com a cor da minha regata. Nem cheguei a me maquiar. Só passei um batom básico e coloquei um brinco discreto.

Com o sono que eu estou, eu não tenho condições para preparar o meu café da manhã. É por isso que vou a uma lanchonete aqui perto da minha casa. Depois de pegar o meu trabalho, dirigi até a lanchonete e pedi algumas torradas e um café bem forte. Peguei o meu celular e olhei para ele pela primeira vez naquele dia. Eu sorri sem perceber quando vi que Mark havia me mandado uma mensagem.

‘Obrigado pelo melhor presente de todos. :)’ – A mensagem dele me fez sorrir ainda mais. Parecia até que eu estava ouvindo ele me dizer aquelas palavras.

Eu realmente não faço o tipo da garota com atitude. Eu não sei como eu tive coragem de ir atrás dele e beijá-lo daquele jeito. Beijá-lo foi maravilhoso, mas nada se compara ao beijo surpresa que ele me deu. Nada se compara a aquela pegada que ele demonstrou, quando apareceu na minha frente agarrando os meus cabelos com as suas mãos. Foi insano e muito bom. Pra quem não beijava a meses, foi uma volta e tanto, não acha? Apesar de toda a minha euforia, felicidade e empolgação com aquele beijo, algo ainda me deixava intrigada. O garoto que eu quase beijei na noite passada, ou melhor, o amigo do Mark me disse algo muito estranho. Algo que me fez esquecer um pouco daquele beijo.

- Obrigada. – Eu agradeci, depois que a garçonete colocou o meu café sobre a mesa. Enquanto eu comia, eu pensava sobre o que o amigo do Mark havia falado. Porque ele inventaria aquela história de que o Mark havia trancado a faculdade? Qual o sentido? Como ele sabia que eu não sabia? E o Mark? Porque ele mentiria sobre isso? Ele está mentindo? Eu duvido. Não pode ser.

Mesmo com todas aquelas perguntas, eu acabei o meu café da manhã e corri para a faculdade. Como eu previ, não precisei ficar mais de 1 hora na faculdade. Além de entregar o trabalho, a professora inventou de ficar conversando sobre a matéria e sobre o hospital que eu trabalhava. Ela ficou surpresa com o meu trabalho e também ficou feliz com todo o meu empenho. Saí da faculdade um pouco depois das 10hrs da manhã e pensei se deveria ir pra casa ou não.

Eu confesso que sempre achei o Mark muito misterioso e eu não estou falando só sobre a sua faculdade. Ele era misterioso com relação a tudo e isso sempre me deixou um pouco incomodada. Eu não gostava do fato dele saber tudo sobre mim e eu não saber quase nada sobre ele. Eu sei é que ele trabalha com o pai, que aliás, eu nunca conheci. Eu também sei que ele mora com a mãe, que mesmo sendo a minha vizinha eu nunca tive o prazer de conhecer. Eu já estou cansada de saber também sobre a faculdade de engenharia que ele cursa. Ele vai pra faculdade todas as manhãs. Como ele pode ter trancado a faculdade há meses? Isso não é possível. Não pode ser!

Entrei em meu carro, ainda pensando sobre aquilo. Olhei no relógio e vi que faltava alguns minutos para o horário que ele costumava sair da faculdade. Eu decidi ir até a faculdade. Eu não vou ser hipócrita e dizer que o único motivo da minha ida até lá era surpreendê-lo e levá-lo para almoçar no nosso restaurante favorito. Eu também queria confirmar que a história que o amigo dele havia contado era mentira. Não é que eu esteja desconfiando do Mark, mas eu precisava daquilo.

A faculdade dele não ficava tão perto da minha, mas eu iria até lá do mesmo jeito. Eu tinha tempo de sobra até o horário de trabalho. Confesso que me senti mal indo até lá para checar aquela estranha informação que o amigo dele havia me dado. Eu estava me sentindo mal por pensar que eu estava desconfiando dele. Logo ele que fez tanto por mim! Ele não poda estar mentindo. Eu tenho quase certeza de que aquele garoto mentiu e que depois vou me sentir uma idiota por ter acreditado naquela idiotice. Parei o meu carro na frente da faculdade e decidi esperar por ele sentada no capô. Foi isso que eu fiz durante 1 hora e meia. Sim! Eu esperei por ele. Eu vi cada pessoa que saiu de dentro daquela faculdade. Eu vi cada carro que saiu de dentro do estacionamento e ele não estava lá.

- Não, não.... – Eu não conseguia acreditar. Tinha alguma coisa errada. Talvez ele tenha faltado da faculdade naquele dia! Ele ficou até tarde na festa e pode ter decidido faltar, não pode? Foi disso que eu quis me convencer. A única coisa que eu queria era chegar em casa e ir até a dele para ter certeza de que ele estava lá. Ele tinha que estar em casa!

Pensar que o Mark poderia estar mentindo pra mim sobre algo tão importante me deixava decepcionada. Simplesmente porque eu esperava isso de qualquer um, menos dele. Eu queria me decepcionar com qualquer, menos com ele. Não agora que nós finalmente estamos nos acertando e fazendo isso funcionar. Ele não pode estar mentindo pra mim, mas supondo que ele esteja, qual o sentido? Porque mentir sobre estar cursando uma faculdade? Tem alguma coisa por detrás disso?

- Ele está aqui. – Eu sorri em meio a um suspiro. Foi um alívio ver que o carro dele estava na garagem. Foi como tirar um peso do meu coração e dos meus ombros. Eu estacionei o meu carro na garagem da minha casa e fui ansiosamente até a casa dele. Eu queria muito falar com ele sobre ontem, sobre nós. Quem sabe eu até contaria pra ele sobre a idiotice que o amigo dele havia inventado e me contado sobre ele na noite passada?

O meu medo de me decepcionar com outro cara era tão grande, que descobrir que o Mark não estava mentindo foi a melhor notícia da semana. Agora sim eu estava completamente feliz. Não havia mentiras e nós estávamos começando a dar uma chance para nós dois. Eu ainda queria que nós fossemos almoçar juntos e por isso fui até a casa dele para fazer o convite. Toquei a campainha e estava certa de que iria vê-lo abrir a porta com a cara de sono e com suas roupas de dormir. Ele demorou algum tempo para abrir a porta.

- Oi... – Eu sorri, assim que ele abriu a porta. Ele me olhou e rapidamente devolveu o sorriso.
- ! – Mark pareceu surpreso. – Oi... – Ele deu aquele sorriso bobo e me olhou de forma doce.
- Oi... – Eu repeti o cumprimento, pois estava meio abobalhada. Mordi o meu lábio inferior, pois estava sem graça por causa da noite passada. Olhei para ele com mais atenção e vi que não tinha roupas de dormir ou cara de sono. Ele estava arrumado na verdade.
- Que bom que você veio até aqui. – Mark estava tão sem graça quanto eu. – Se tivesse vindo há 10 minutos atrás não teria me encontrado aqui. – Ele disse na maior inocência. Como eu queria que ele não tivesse dito aquilo. O sorriso no meu rosto desapareceu e eu voltei a ficar preocupada com uma suposta mentira.
- Onde... você estava? – Eu perguntei, querendo que a resposta fosse qualquer uma, menos a faculdade.
- Eu estava na faculdade. – Mark sorriu um pouco mais desconfiado. Percebeu a minha mudança de humor. Não! Droga! Isso não pode estar acontecendo. Eu deixei de olhá-lo para encarar rapidamente o chão.
- Na faculdade? – Eu questionei, esperando não ter escutado direito. Eu voltei a olhá-lo um pouco mais séria do que antes.
- É! Qual o problema? – Mark também me olhou mais sério. Não estava entendendo qual era o problema.
- Você está mentindo! – Eu fiquei imediatamente irritada e muito frustrada. Qual o problema comigo? Porque todos eles tem que mentir pra mim!?
- O que? – Mark arqueou uma das sobrancelhas. Ele ficou mais preocupado com tamanha acusação.
- Você não estava na faculdade, porque eu fui até lá! Eu esperei por você lá fora por quase 2 horas e eu tenho toda a certeza do mundo de que você não saiu de lá de dentro. – Eu o coloquei contra a parede e a expressão de preocupação ficava cada vez mais evidente em seu rosto. Ele pareceu surpreso com a minha descoberta.
- Não, eu.... – Mark tentou se explicar, mas eu não deixei.



- Não continue mentindo pra mim, está bem? O seu amigo me disse ontem que você trancou a sua faculdade há meses, sendo que você me diz que vai na faculdade todas as manhãs. Você disse que estava lá hoje, mas você não estava, Mark! – Eu fiquei ainda mais irritada com as mentiras, que ele insistia em me contar. Eu estava me sentindo uma idiota agora por ter sido enganada por outro cara. Porque isso sempre acontece? – Então me diz, porque que você está mentindo pra mim? – Eu cerrei um pouco os olhos. – O que é que você está escondendo? – Eu questionei da forma mais séria que eu consegui. Eu não queria que ele pensasse que podia continuar me enganando e me fazendo de boba, porque ele não podia. Não mais. Independentemente do que ele estivesse escondendo, eu iria descobrir.





Capítulo 47 – Recuperando as esperanças



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





- Calma! Eu posso explicar! - Mark ficou estranhamente desconfortável com a situação. Ele não esperava aquilo.
- Pode? Pode mesmo? - Eu cerrei os olhos. - E tem explicação pra isso? Quem mente sobre uma coisa dessas? - Eu abri os braços. - Quer dizer, o que pode haver de tão importante que você tenha que me esconder o fato de ter trancado a faculdade há meses atrás!? - Eu o encarei.
- Eu tive as minhas razões! - Mark se defendeu. Ele precisava de um pouco mais de tempo.
- É claro que teve! Você precisa mesmo de uma boa razão pra ter mentido pra mim, porque é esse é tipo de coisa que eu não tolero! - Eu retruquei imediatamente.
- Você pode se acalmar? - Mark pediu com uma certa impaciência.
- Me acalmar? - Eu dei mais um passo em direção a ele e o fuzilei com os olhos. - Você está mentindo pra mim! Você está mentindo pra mim há meses! - Eu neguei com a cabeça. - Droga, eu te beijei ontem. Você não pode estar mentindo pra mim! - Porque eu sempre escolho os caras errados?
- Entra! Eu vou te contar tudo. - Mark afastou-se da porta e esperou que eu fosse atrás dele. Eu hesitei por um tempo, mas eu queria muito saber o motivo da mentira. Entrei na casa e bati a porta. - Tem coisas que você não sabe sobre mim. - Mark afirmou, me encarando.
- Eu não sei nada sobre você! Você é o mistério em pessoa e está sempre fugindo de todas as minhas perguntas. - Eu me mantive firme.
- São assuntos que eu não gosto de falar. Assuntos que eu não gosto de lembrar. - Mark deixou de me olhar.
- Eu achei que nós fossemos amigos. Eu sempre dei liberdade para que você me contasse qualquer tipo de coisa. Eu sempre compartilhei tudo da minha vida com você e agora eu me sinto uma idiota, porque nunca foi uma coisa mutua. - Eu queria deixá-lo com um pouco de remorso pelo que ele havia feito.
- Você quer saber? - Mark perguntou retoricamente. - Eu vou te contar! - Ele se sentou em um dos sofás, mas eu me mantive de pé.
- Sobre o que? Sobre a faculdade? Sobre o porquê de estar mentindo pra mim? Sobre o porquê de eu nunca ter conhecido a sua mãe, que é a minha vizinha há meses? Ou sobre o seu pai que eu não sei nem o nome? – Eu não aliviei. Eu odiava que mentissem pra mim. Ainda mais quando se trata de uma pessoa como o Mark, pra quem eu contei tudo sobre a minha vida.
- É sobre tudo! – Mark afirmou com uma certa irritação. Ele calou-se por algum tempo. Ele estava pensativo, mas parecia estar com dificuldade de falar sobre aquilo. – É sobre a minha mãe. É sobre... o meu pai também. – Mark disse, enquanto encarava as suas mãos.
- Ela não está viajando, não é? – Eu deduzi rapidamente. Ninguém pode viajar por tanto tempo assim.



- Ela está morta. – Mark afirmou e logo em seguida me olhou. Os olhos estavam um pouco vermelhos e havia poucos vestígios de lágrimas neles. – Ela... está morta. – Ele repetiu. As palavras me afetaram com uma certa rapidez e toda a raiva que eu sentia por causa das mentiras deu lugar a um sentimento ruim. Um sentimento que fez com que eu me sentisse um pouco culpada por ter pressionado ele a falar sobre o assunto.
- Não... – Eu neguei com a cabeça, sem acreditar. Eu não queria acreditar.
- Meu pai? Eu não trabalho com ele, porque eu não conheço o meu pai. Nunca conheci. – Mark estava muito mais triste do que queria parecer. Eu andei imediatamente até ele e me sentei em uma mesinha baixa que ficava em frente ao sofá em que ele estava sentado. Agora eu estava de frente pra ele. – Eu não sei se ele está morto ou está vivo. Eu nem ao menos sei quem ele é. – As lágrimas nos olhos dele aumentaram um pouco mais ao falar do pai.
- Ei, está tudo bem. – Eu segurei uma de suas mãos e ele observou o meu rosto de perto.
- Me desculpe se eu menti pra você. – Mark segurava um pouco a sua respiração, pois isso ajudava a manter as lágrimas em seus olhos. – Eu não queria que soubesse que eu não tenho ninguém. Sou só eu agora. Isso é pouco pra você. – Ele disse com uma certa inocência. Por detrás de toda aquela inocência, havia dor. Vê-lo daquele jeito me deixou muito emotiva.
- Do que você está falando? – Eu perguntei, negando com a cabeça. O que ele havia dito não fez o menor sentido.
- Eu não tenho ninguém. Eu não tenho uma faculdade e tenho a droga de um emprego que eu odeio. – Mark rolou os olhos. – Olhe pra você! Você é boa em tudo o que você faz e tem uma vida perfeita. – Ele deixou de me olhar por algum tempo. – Não tem espaço pra um cara como eu na sua vida. – Mark manteve a cabeça abaixada.
- Não fale assim. – Eu o observei com a cabeça baixa. – Ei! – Eu levei uma das minhas mãos até o seu queixo e ergui o seu rosto. – Não fale assim. – Eu voltei a pedir.
- Foi por isso que eu menti. – Mark fez uma breve pausa. – Eu menti para parecer ser uma boa pessoa pra você. – Ele me olhou. – E eu sei que isso não justifica. Isso não é um motivo para mentir, mas... – Mark hesitou continuar.
- O que? – Eu quis saber o que ele ia dizer. Mark passou algum tempo me observando antes de responder qualquer coisa.
- Depois de tanto tempo, você foi a única pessoa que viu alguma coisa em mim. Você quis ser parte da minha vida, sem saber que não existia mais ninguém além de você. – Mark voltou a abaixar a cabeça. – Você viu alguma coisa em mim. – Ele repetiu, enquanto negava com a cabeça. Voltou a levantá-la para me olhar. – Você veio como uma luz no meio de toda a escuridão que a minha vida estava se tornando. No meio de tantas perdas, você foi a única coisa que eu ganhei. – Mark estava desabafando, mas não sabia o quão encantador aquilo estava soando. – Eu menti porque eu não queria perder isso. – Ele ergueu ambas as sobrancelhas como se dissesse que não tinha mais justificativas para o que havia feito.
- Eu não me importo com o que você tem ou com o que você perdeu. As perdas também fazem de você quem você é hoje. Eu gosto de quem você é hoje. – Eu voltei a tocar o seu queixo e o levantei assim que o vi abaixar a cabeça. – Ei! – Aproximei minha mão de seu rosto e acariciei por poucos segundos uma das suas bochechas. – Quer saber de uma coisa? – Eu perguntei deforma retórica e ele apenas manteve-se me olhando. – Mesmo depois de todas essas verdades que você acabou de me contar, eu continuo vendo alguma coisa em você. – Um sorriso bem fraco surgiu no seu rosto. – Eu ainda quero fazer parte da sua vida mesmo sabendo que não existe mais ninguém além de mim. Eu até gostei disso. Eu sou egoísta, lembra? – Eu arranquei um sorriso um pouco maior dele.
- Não precisa fazer isso. – Mark negou com a cabeça.
- O que? Sentir pena? – Eu deduzi. Eu sabia muito bem o que era estar na pele dele. – Não é pena. Se fosse, eu teria que sentir pena de mim mesma também. Você é como um reflexo meu. Talvez um pouco mais alto e musculoso, mas continua sendo um reflexo meu. Minha vida não é tão perfeita quanto aparenta. Acredite. – Eu estava tentando fazer ele se sentir melhor.
- Legal, então a nossa vida é uma droga. – Mark ironizou.
- Pode até ser, mas... – Eu não queria parecer atrevida ao dizer aquilo. – Se a vida está uma droga, é porque existe alguém que pode melhorá-la. Toda droga de vida tem uma salvação. – Eu expliquei.
- E... – Mark me olhou um pouco sem jeito. – Você é a salvação da minha? – Ele sorriu sem mostrar os dentes.
- Eu ia te fazer a mesma pergunta. – Eu sorri da mesma forma que ele.
- Isso quer dizer que você me desculpa? – Mark voltou a ficar um pouco mais sério.
- Eu vou ter que pensar sobre isso. – Eu deixei de olhá-lo e fiz cara de pensativa. – Eu ainda sinto que não sei tudo sobre você. – Voltei a olhá-lo.
- Tudo bem, então vamos dar um jeito nisso. – Mark afirmou. – Você sai comigo hoje a noite e eu te conto o que você quiser saber sobre mim. Se depois dessa noite, você não quiser mais olhar na minha cara, eu juro que vou entender. – Ele sugeriu.
- Você mente e ainda ganha um encontro? Eu não sei. Não parece justo. – Eu dificultei um pouco mais as coisas.
- Não é um encontro. É como um... – Mark pensou antes de terminar a frase. – É como uma reunião de negócios. Vamos apenas tratar de assuntos inacabados e talvez esclarecer outros. – Ele quase riu da sua rápida improvisação.



- Uma reunião de negócios? – Eu arqueei uma das sobrancelhas. – Isso parece mais... justo pra mim. – Eu afirmei com a cabeça e tentei segurar um sorriso.
- Então eu passo te pegar ás 7? – Mark perguntou.
- Eu vou tentar estar pronta ás 7. – Eu fiz uma careta que fez ele rir.
- Tudo bem... – Mark segurou um pouco a risada.
- Agora eu tenho que ir pro trabalho. – Eu me levantei.
- Está bem. Eu te vejo mais tarde. – Mark também se levantou para me acompanhar até a porta. - E se você puder... não contar nada disso pra Meg. Eu não quero ficar falando sobre isso pra todo mundo. – Ele pediu.
- Eu não conto. São coisas suas. Eu não tenho o direito de contar nada. – Eu concordei com o pedido dele.
- Obrigado. – Mark agradeceu, me olhando da porta de sua casa. Eu já estava do lado de fora.
- Você... está bem? – Eu perguntei, me referindo a todas aquelas coisas que ele havia me contado.
- Sim, eu.. estou bem. – Mark afirmou com a cabeça.
- Então até mais tarde. – Eu dei alguns passos para trás e nem sequer beijei o seu rosto. Eu me afastei e fui em direção ao meu carro.

Se eu já estava confusa antes, imagina agora? O Mark mentiu pra mim, mas os motivos dele foram bons. Na verdade, os motivos são justificáveis. Apesar de tudo, alguma coisa ainda me incomodava. Se eu não tivesse descoberto sobre tudo, ele me contaria? Se eu não o tivesse o colocado contra a parede, quando é que ele me contaria todos esses segredos que ele escondeu? Eu sentia como se ele não confiasse inteiramente em mim. Se ele confiassse, ele já teria me contado há tempos.

O pior de tudo isso é que eu confio nele. Eu confio muito nele! Eu não vejo motivos para não receber essa confiança de volta. Talvez se eu soubesse de tudo isso antes, eu não teria ficado com ele na noite passada. Não é que eu não queira alguém tão sozinho por perto. Aquele beijo despertou algumas reações inesperadas em mim. Eu não queria sentir tudo aquilo por alguém que me escondeu tanta coisa. Se ele conseguiu esconder tudo isso por tanto tempo, o que mais ele poderia estar escondendo? Eu sempre sei quando qualquer pessoa próxima estava mentindo. Eu sabia que o estava mentindo só ao olhá-lo. Eu não consigo ter isso com o Mark. Eu nunca tenho certeza sobre nada com relação a ele. Ainda assim, nada disso mudava o que eu estou começando a sentir por ele. Eu ainda quero tê-lo por perto e ele ainda me faz muito bem. Vale a pena arriscar a minha felicidade por outro relacionamento que tem tudo pra ser cheio de problemas? Vai depender muito daquela noite.

Mark ainda estava recostado na porta de entrada da sua casa. Ele ainda estava se recuperando do que havia acabado de acontecer. Tudo aquilo o pegou de surpresa. Não estava nos planos dele falar sobre tudo aquilo agora. Ele não mentiu quando disse que não gostava de falar sobre aquilo para ninguém, mas eu ter sido a primeira pessoa pra quem ele contou aquilo o fez ver que o que ele sentia por mim estava saindo dos limites. As coisas não podiam ter saído dos limites. O fato de eu saber de tudo aquilo fazia de mim ainda mais especial e ele não queria que eu tivesse tanta importância na vida dele. Ele não gostava de se ver tão entregue e tão vulnerável a uma pessoa, mas ao mesmo tempo ele não conseguia evitar.

Eu não sabia o que esperar daquela nossa ‘reunião de negócios’. Às vezes eu quero que ele me faça desculpá-lo, mas outras vezes eu quero que ele faça tudo errado para que eu tenha um motivo bom para me afastar e não voltar a ter problemas com sentimentos e relacionamentos. Confesso que foi difícil esconder da Meg o quão distraída aquela história do Mark havia me deixado. Por sorte, ela tinha um compromisso com a família dela naquela noite e então nem se ofereceu para sair comigo e com o Mark. Se ela se oferecesse, não teria como recusar.

- Amanhã você me conta como foi o encontro. – Meg não se esqueceu de encher um pouco o mais o meu saco antes de irmos embora do hospital.
- Eu já disse que não é um encontro. – Eu rolei os olhos.
- Legal, então amanhã você me conta como foi... isso que vocês vão fazer essa noite. – Meg beijou o meu rosto e riu ao me ver fazer careta.
- Eu conto. – Eu neguei com a cabeça, vendo ela se afastar. Fui na direção contrária a ela e depois de andar um pouco cheguei em meu carro.

Ainda era 6 horas, então eu tinha mais de uma hora para me arrumar. Mesmo tendo tempo de sobra, eu quis me apressar para não correr o risco de me atrasar. Tomei um longo banho e quando saí me dei conta de que agora eu estava realmente atrasada. Me apressei para secar e dar uma rápida ajeitada no meu cabelo e para escolher a roupa que eu usaria. Eu não sabia aonde nós iríamos, então eu coloquei uma coisa meio termo. Nem tão chique e nem tão largada (VEJA AQUI). Coloquei alguns acessórios como um relógio e a pulseira que eu havia ganhado dos meus amigos ficou no meu outro pulso. Revirei a minha caixa de joias, enquanto procurava uma correntinha qualquer. Adivinha? A correntinha que o havia me dado! Mas que hora mais imprópria para achar essa correntinha. Confesso que não foi muito legal olhar para aquele pingente de coração de novo. Eu tenho que parar de ficar tão frustrada e decepcionada a cada vez que eu me lembro que eu nunca vou conseguir esquecê-lo.

- Ai, droga. – Eu levei um susto quando a campainha tocou. Guardei com rapidez a correntinha de volta da caixa de joias e resolvi não usar correntinha alguma. Corri até a janela e vi Mark na varanda da minha casa. – Eu já vou descer! Espera mais um pouco. – Eu gritei da janela e depois a fechei . Corri ainda mais para terminar de me arrumar.
- Atrasada de novo... – Big Rob chegou ao lado do Mark, que negou com a cabeça, enquanto ria.
- Eu ainda não sei por que eu insisto em chegar no horário certo. – Mark negou com a cabeça.

Coloquei rapidamente uma sandália com um salto anabela e caprichei o máximo que eu pude na maquiagem. Passei uma sombra bem fraca, blush, rímel e um batom vermelho não muito forte. Conferi o espelho com toda a minha rapidez e cheguei a conclusão de que estava pronta. Corri pegar o meu celular e algum dinheiro e os coloquei nos bolsos da calça. Desci as escadas correndo o máximo que eu pude e cheguei na porta. Ajeitei o meu cabelo e a minha roupa antes de abri-la.

- Desculpa a demora! – Eu fiz careta ao ver o Mark conversando com o Big Rob. Ao ouvir a minha voz, ele me olhou em meio a uma risada causada por algo que o Big Rob estava lhe contando. Os olhos dele foram discretos ao me olharem dos pés a cabeça. Eu fiz o mesmo. Calça jeans preta, camiseta branca que, aliás, era um pouco mais agarradinha do que ele costumava usar e que deixava os músculos de seu braço ainda mais em evidência e um tênis que também era branco. O único acessório que ele usava era um relógio em um dos pulsos.
- Não tem problema. – Mark sorriu rapidamente sem mostrar os dentes.
- Ele já está acostumado. – Big Rob brincou.
- Você anda muito abusado, Big. – Eu cerrei os olhos para o Big Rob, que fez o mesmo comigo. Ficamos nos encarando por algum tempo, esperando que um ou o outro risse. Nós sempre fazíamos aquela competição e eu sempre perdia. – Está bem, você ganhou de novo! – Eu não resisti e ri.
- Não sei por que você ainda tenta. – Mark também riu da nossa brincadeira.
- Ele foi treinado pra isso. Não é justo! – Eu neguei com a cabeça e vi um fraco sorriso sair no rosto do segurança. – Espera! Isso é um sorriso? – Eu me aproximei do Big Rob, que voltou a ficar sério.
- Qual sorriso? – Ele brincou comigo.
- Você é bom, cara. – Eu voltei a rir.
- Eu sei! – Big Rob concordou, enquanto ele e o Mark faziam um toque de mãos.
- Da próxima vez eu ganho. – Eu o ameacei e ele debochou da minha cara. Fiz o mesmo toque de mãos que ele e Mark haviam feito.
- Tomem cuidado! – Big Rob gritou, vendo eu e Mark nos afastar.

Entrei no carro de Mark, depois dele abrir a porta pra mim. Eu até já havia me desacostumado com isso, acredita? Foi perturbador entrar no carro dele e sentir aquele forte cheiro do maravilhoso perfume dele. Mark entrou em seu carro e sentou-se ao meu lado. Eu o observei ligar o carro e depois começar a guiar a guiá-lo. Eu demorei alguns segundos para me encorajar a quebrar o silêncio.

- Onde nós vamos? Essa roupa está boa ou... – Eu perguntei, olhando para a minha roupa. A minha preocupação era não estar adequadamente vestida para o lugar aonde nós íamos.
- Não. – Mark negou com a cabeça. – Você está linda. – Ele afirmou, deixando de olhar o trânsito para me olhar. Eu fiquei surpresa e sem graça com o elogio.
- Obrigada. – Eu sorri, sem jeito. Deixei de olhá-lo e olhei para frente. Ele fez o mesmo. – Você não vai me contar onde nós vamos? – Eu voltei a perguntar.
- Ainda não. – Mark afirmou.
- E a nossa... reunião vai começar aqui mesmo ou só quando chegarmos lá? – Eu voltei a perguntar. Eu estava ansiosa para esclarecer todas dúvidas que eu tinha sobre ele.
- Nós podemos começar quando chegarmos lá? Eu não consigo te dar a minha total atenção agora. – Mark me olhou, querendo saber se eu concordava com o que ele havia dito.
- Por mim, tudo bem. – Eu concordei. Não custava esperar mais um pouco.

Eu tinha quase certeza de que ele me levaria a um restaurante. Era um lugar calmo e bem propício para a situação. Eu não sei se estava confortável para fazer aquilo. Sentar em uma mesa e fazer um questionário sobre a vida dele. Isso soa um pouco ridículo. Em todo o caso, eu já estava ali. Não tinha como adiar ou fugir. O tal lugar ficava um pouco mais longe do que eu esperava. Todos os restaurantes que eu cogitei foram ficando no meio do caminho. Entramos em uma rua e no final dela eu vi uma enorme roda-gigante. Eu não achei que ela fosse importante.

- Chegamos. – Mark disse ao estacionar o carro quase em frente a entrada do parque de diversões, que aparentava ser um desses parques cirquenses.
- Chegamos? – Eu olhei em volta e depois voltei a olhar pra ele. Chegamos onde? Ele não respondeu e apenas desceu do carro. Eu não estava entendendo nada. Ele abriu a porta do carro pra mim e eu desci. – Onde nós vamos? – Eu perguntei e olhei novamente em volta.
- Não me diga que você não é fã de parques de diversões. – Mark fez careta. Seria o bola fora do ano!
- O parque de diversões? – Eu deixei de olhá-lo e olhei para a bilheteria que estava logo à frente. – Nós vamos ter a nossa... reunião em um parque de diversões? – Eu questionei em meio a um sorriso de descrença.
- Qual o problema? – Mark sorriu de verdade pela primeira vez naquele dia. Eu não tive nem tempo de responder. Ele segurou a minha mão e me puxou. – Vem. – Ele me levou em direção a bilheteria. Eu observei o parque e todas aquelas luzes coloridas me fizeram sorrir sem nem perceber. – Duas entradas. – Ouvi Mark dizer para a atendente, que imediatamente entregou as duas entradas e ele, o dinheiro.
- Uma reunião, não é? – Eu arqueei uma das sobrancelhas em meio a um sorriso.
- Não é um encontro. – Mark ergueu os ombros e eu rolei os olhos. – Os assuntos dos quais nós temos que falar já são deprimentes demais. – Ele explicou.
- Está bem. – Eu cedi, mesmo achando que não conseguiríamos esclarecer nada ali.
- Você já veio aqui? – Mark perguntou, enquanto andávamos em direção ao parque. Como eu disse, era um daqueles ‘parques cirquenses’ que vão de cidade em cidade e tem as coisas mais clássicas que os enormes parques de diversões não tinham.
- Não, eu nunca vim. – Eu respondi, distribuindo olhares para todo o local. Era tudo muito legal ali. Havia crianças correndo e rindo por toda a parte. A alegria delas era quase que contagiante. Logo na entrada, uma garotinha deixou sua boneca cair, enquanto corria em volta de uma das tendas de doces com uma outra garotinha. Mark não hesitou em ir até a boneca para entregá-la.
- Ei, a sua boneca! – Mark gritou e essa foi a única coisa no mundo que teria feito ela parar a sua correria sem fim. Ela o olhou e se aproximou com toda a sua inocência. Ele estendeu a boneca em sua direção e ela agarrou a sua boneca no mesmo segundo. O sorriso reservado que ela lhe lançou valeu muito mais que um simples ‘obrigada’. A cena foi admirável de se ver. Mark voltou a se aproximar de mim como se nada tivesse acontecido. – Viu isso? Ela quase arrancou a minha mão. – Ele riu, parando em minha frente.
- Nunca se aproxime da boneca de uma garota. – Eu aconselhei em meio a risos e ele gargalhou. Voltamos a andar por aquele corredor sem fim, que era cercado por barracas de diversos tipos de coisas. – Você gosta de crianças? – Eu perguntaria qualquer coisa que me deixasse curiosa. Viemos ali para isso, não é?
- Gosto. Quer dizer... – Mark fez uma careta. – Eu não sei muito bem como lidar com elas, mas eu gosto. Eu nunca tive a oportunidade de conviver com nenhuma criança, sabe? Eu acho que eu não sei nem mesmo segurar uma. – Ele riu de si mesmo.
- Você nunca carregou uma criança? – Eu o olhei, incrédula.
- Porque você está me olhando assim? – Mark riu do quanto eu estava perplexa diante da sua revelação.
- Você tem que aprender a lidar com crianças. Como você vai ter filhos daqui alguns anos? – Eu questionei. Nós ainda andávamos lado a lado.
- Filhos? – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Não me diga que você é um desses caras que não quer ter filhos. – Eu rolei os olhos.
- Oh meu Deus! Você está falando sério? Eu só tenho 21 anos. – Mark debochou do meu questionamento.
- Você nunca pensou nisso? Nunca pensou se quer ter filhos? – Eu voltei a questionar.
- Não, eu nunca pensei. Eu já tive dois filhos no ‘The Sims’, serve? – Mark perguntou e eu comecei a rir no mesmo segundo. – O que foi? – Ele riu porque eu estava rindo.
- Isso é ridículo! – Eu continuei rindo.
- Agora você sabe o porquê de eu nunca falar nada sobre mim. – Mark não se incomodou com a minha risada.
- Não, eu estou gostando de saber de tudo isso. – Eu neguei com a cabeça. Eu não queria que ele ficasse tímido de contar suas coisas.
- Está gostando, né? – Mark me olhou com deboche. – Vem comigo. – Ele agarrou a minha mão e me levou até uma dessas mesas de hockey em que você tem que colocar o disco dentro de buraco.
- O que? – Eu não sabia exatamente o que ele queria.
- Sabe jogar isso? – Mark perguntou, indo para um dos lados da mesa.
- Eu era muito boa há uns 5 anos atrás. – Eu coloquei uma das minhas mãos na cintura.
- Espero que você ainda seja boa, porque o único jeito de arrancar mais respostas de mim é vencendo o jogo. – Mark me desafiou.
- Não! Esse não era o combinado. – Eu neguei com a cabeça.
- Não acredito que está fugindo do desafio. – Mark me olhou com desaprovação. Eu cerrei os olhos em direção a ele e mordi o lábio inferior. Eu sabia o que ele estava fazendo.
- Eu só tenho que ganhar? – Eu me aproximei do lado oposto da mesa que ele estava.
- Você ganha e você pode fazer 2 perguntas. Qualquer pergunta que você quiser! – Mark propôs.
- 3 perguntas. – Eu negociei.
- Feito! – Mark achou graça da minha competitividade.
- Aprenda com a rainha do hockey, querido. – Eu pisquei pra ele, que me encarou com um ar de riso.
- Rainha do hockey? – Mark não perderia a oportunidade de me zuar. Azar o dele! Ele nem percebeu quando eu peguei o disco e o ataquei com toda a minha habilidade e acertei em cheio o buraco dele.
- Você disse alguma coisa? Eu não escuto aqui de cima. – Eu coloquei uma das minhas mãos em minha orelha.
- Chega de brincadeira. – Mark fingiu um olhar ameaçador, que só me fez rir. Ele tentou inúmeras vezes acertar o disco, mas eu defendi todas. Eu era viciada naquilo quando era criança. era o único que conseguia ganhar de mim.
- Ops, outro ponto. – Eu fiz careta, mordendo o meu lábio inferior. – Prefere que eu deixe você marcar um ponto? Tem muita gente aqui e pode ficar feio pra você. – Eu provoquei.
- 5 anos atrás, né? – Mark rolou os olhos.
- É como andar de bicicleta! – Eu disse, antes de fazer o meu último ponto. – Acho que ganhei. – Eu abri os braços.
- Como aprendeu a fazer isso? – Mark andou até mim.
- Viu? Você também não sabe tudo sobre mim. – Eu pisquei pra ele, que rolou os olhos em meio a um fraco sorriso.



- Eu deveria poder fazer 5 perguntas depois desse show que eu acabei de dar em você. – Nós começamos a nos afastar da máquina e voltamos para o enorme corredor central.
- O combinado foi 3! – Mark manteve-se firme.
- Está bem. Você disse qualquer coisa, não é? – Eu perguntei um pouco pensativa. Eu tinha tantas perguntas que nem sabia qual delas fazer. Nós andávamos lado a lado e não nos olhávamos.
- Eu disse qualquer coisa? – Mark tentou trapacear.
- Nem vem! – Eu usei o meu braço para empurrar o dele.
- Qualquer coisa! – Mark cedeu.
- Hm, deixa eu pensar. – Eu coloquei uma das minhas mãos perto do meu rosto. – Você... realmente fez faculdade de engenharia? – Eu virei o meu rosto para olhá-lo.
- Mas que pergunta é essa? – Mark debochou da minha pergunta.
- O que? Eu não sei isso também fazia parte da mentira. – Eu me expliquei.
- Sim, eu fiz. Eu parei no 5° semestre. Se eu aprendesse um pouco mais de ‘Cálculo 2’ eu me mataria. – Mark disse de forma cômica, que me fez rir.
- Você saiu da faculdade porque odiava ‘Cálculo 2’ ? – Eu não acreditei.
- Isso conta como uma pergunta? – Mark voltou a me olhar.
- Não! Faz parte da primeira pergunta. – Eu argumentei.
- Não foi só por causa do ‘Cálculo 2’. – Foi a única coisa que ele disse.
- Eu sabia! – Eu afirmei com convicção.
- Próxima pergunta. – Mark desconversou.
- Quantas namoradas você já teve? – Eu perguntei, curiosa.
- Só uma. – Mark prontamente respondeu.
- Isso não vai contar como uma pergunta, ok? Está incluso na primeira! – Eu avisei antes de fazer uma outra pergunta. – Como ela era? – Eu sempre quis perguntar aquilo.
- Ela não era tão divertida e tão bonita quanto você. – Mark disparou e eu nem escondi a minha surpresa com a atitude dele.
- Ok, eu nem queria saber mesmo. – Eu ergui os ombros totalmente sem graça.
- Próxima pergunta. – Mark riu, provavelmente por causa do quão vermelhas as minhas bochechas devem ter ficado.
- Você vai achar que eu sou maluca, mas... – Eu hesitei em fazer aquela pergunta. – Você já teve alguma coisa com a minha tia? – Eu fiz careta ao perguntar. Era uma pergunta estranha, mas eu sempre fiquei em dúvida sobre aquilo.
- A Janice? – Mark me olhou perplexo. – Você está falando sério? – Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- Ela sempre falou tão bem de você e ela era incrível! – Eu não achei que meus argumentos fossem bons. Que pergunta estúpida!
- Sim, ela era incrível, mas ela só era uma vizinha. Eu sempre morei naquela casa e a minha mãe sempre foi muito amiga dela. Ela praticamente me viu crescer. É claro que eu nunca tive nada com ela. – Mark explicou com uma certa indignação. Aquilo era uma coisa totalmente sem sentido pra ele.
- Ótimo! Seria horrível ter beijado o mesmo cara que a minha tia. – Eu voltei a fazer careta e ele riu, enquanto rolava os olhos.
- Depois dessa pergunta, fico feliz que as suas perguntas tenham acabado. – Mark brincou.
- Vamos ter que fazer um novo desafio. – Eu parei de andar e olhei em volta.
- Já sei! – Mark voltou a me puxar e eu nem tive tempo de escolher um desafio. – Moço, ela pode subir nesse brinquedo? – Ele perguntou para um dos caras que supervisionava um dos brinquedos. O supervisor me analisou por um tempo.
- Ela pode. – O supervisor me autorizou.
- O que? Eu não vou subir nisso. – Eu imediatamente me recusei. Era aquele brinquedo em que uma pessoa tem que sentar em um assento móvel e se alguém acertasse uma das bolinhas de plástico no botão vermelho, o assento se abaixava e ai a pessoa caia na piscina de bolinhas.
- Não quer mais saber as coisas sobre mim? – Mark voltou a negociar.
- Você não vai me fazer pagar esse mico no meio de toda essa gente. – Eu continuei resistindo.
- Não precisa fazer se não quiser. Eu já cansei de falar sobre mim mesmo. – Mark ergueu os ombros.
- Inacreditável... – Eu suspirei longamente, enquanto rolava os olhos. – Eu vou subir, mas vai ser o seguinte: a cada bolinha que você errar, você vai ter que me contar alguma coisa que eu não sei sobre você. Não vale trapacear! – Eu ditei as regras.
- Você manda, Rainha do hockey! – Mark ergueu os ombros.
- Você me paga! – Eu o empurrei e ele riu. Tirei a minha sandália e entreguei para ele. Subi no brinquedo e o supervisor me ajudou a sentar no assento que ficava sobre as bolinhas. Ainda bem que a altura não era tão grande.
- Vamos, me dê um sorriso. – Mark pegou o seu celular e preparou-se para tirar uma foto. Eu mostrei a língua e ele gargalhou.
- Vamos! – Eu estava mais receosa com o susto que eu levaria ao cair do que com a queda.
- Prepare-se! – Mark pegou uma das bolinhas de plástico e a jogou contra o botão.
- Errou! – Eu debochei da cara dele.
- Está bem... – Mark segurou o sorriso e pensou no que me contaria. – Eu sei dirigir motos. – Ele contou.
- O que!? – Eu abri a boca, demonstrando perplexidade. Ele não respondeu, apenas jogou outra bolinha. Errou de novo.
- Eu odeio banana! Só o cheiro me faz vomitar. – Mark riu de si mesmo ao contar aquilo. A minha única reação foi sorrir. Outra bolinha e outro erro. – Eu... – Ele pensou antes de contar qualquer outra coisa. – Eu queria ser astronauta quando eu era criança. – Mark não deu muito atenção para o que estava dizendo. Aquelas coisas não faziam tanta diferença pra ele, mas faziam pra mim.
- Por favor, não acerte. – Eu pedi, tentando colocar o meu pé em frente ao botão, mas eu não alcancei.
- Uh, droga! – Mark suspirou ao ver que quase acertou o botão daquela vez. – O meu primeiro show foi do AC/DC. Eu tinha 14 anos e consegui entrar mesmo sem ingresso porque eu não tinha idade para entrar no show sozinho. – Ele novamente me arrancou um sorriso.
- Essa cara de santo nunca me enganou. – Eu neguei com a cabeça.
- Droga, o que está acontecendo com a minha mira? – Mark esbravejou, quando errou novamente por pouco .
- Estou esperando. – Eu esperei que ele me contasse mais uma coisa que eu ainda não sabia.
- Eu tenho um filho. – Mark disse, sério e logo em seguida se preparou para jogar outra bola.
- O QUE? – O sorriso no meu rosto desapareceu. – Espera! O que você disse? – Eu achei que não tivesse escutado direito.
- Brincadeira. – Mark desmanchou sua expressão séria e abriu um enorme sorriso. Eu cerrei os olhos em sua direção. – Você acreditou mesmo nisso? – Mark abriu os braços.
- Idiota! – Eu não consegui contar o meu sorriso. – Você ainda tem que me contar alguma coisa que eu não sei. Eu disse que não valia trapacear. – Eu cruzei os braços.
- Você é a pessoa em quem eu mais confio no mundo. – Mark disse e rapidamente deixou de me olhar. Eu ainda estava lidando com o que ele havia dito, quando ele finalmente acertou o botão e eu caí na piscina de bolinhas.
- Eu não estava preparada ainda... – Eu disse em meio a altas gargalhadas. Eu caminhei lentamente até a beirada da piscina e ele ainda achava graça da minha queda. Estendeu a sua mão e eu rapidamente a agarrei para que eu pudesse sair da piscina de bolinhas. – Obrigada. – Eu agradeci, soltando a mão dele e voltando a calçar os meus sapatos.
- Isso foi divertido. – Mark ainda ria um pouco por causa do que havíamos acabado de fazer.
- Essa foi a coisa mais ridícula que eu já fiz, mas foi divertido. – Eu fingi que não estava pensando no que ele havia me falado antes de eu cair na piscina de bolinhas. Eu achei melhor não voltar no assunto.
- Ainda bem que nós nunca mais vamos ver essas pessoas de novo. – Mark referiu-se ao mico que havíamos acabado de pagar.
- Qual foi o seu maior mico? – Eu aproveite a deixa para perguntar.
- Eu posso fazer uma lista se você quiser. – Mark me olhou de lado. Nós voltamos a andar pelo enorme corredor.
- O pior! Qual foi o pior? – Eu insisti em saber.
- Ok, promete que não vai rir? – Mark virou todo o seu corpo em minha direção.
- Prometo! – Eu fiz uma cara séria.
- Está bem! – Mark respirou fundo. – Eu estava no último ano do colegial e convidei uma garota da minha sala para ir ao baile. Ela aceitou e deu tudo certo até a hora que ela teve a infeliz ideia de dançar. Ela estava usando um vestido enorme e longo e adivinha? Sim, eu pisei na calda do vestido dela. Ela se desequilibrou e me levou pro chão junto com ela. – Mark estava rindo de sua própria desgraça.
- Não brinca! – Eu neguei com a cabeça e coloquei uma das mãos na boca para segurar o riso. – Você pisou no vestido dela? Eu não acredito que você pisou no vestido dela. – Eu já não estava conseguindo segurar a risada.
- Hey! Você disse que não ia rir! – Mark me puniu, enquanto ainda ria.
- É por isso que você nunca dança? – Eu perguntei em meio a risos.
- Talvez... – Mark desconversou.
- Isso explica muita coisa. – Eu tive que concordar com ele. Era um grande trauma para ser superado. - Não tem mais perguntas? – Mark perguntou, depois de andarmos algum tempo em silêncio.
- Eu posso? – Eu me animei. Achei que teria outro desafio.
- Você já sabe qual foi o meu pior mico. O que pode ser pior que isso? – Mark brincou e novamente me fez sorrir.
- Está bem. – Eu imediatamente pensei em algo para perguntar. – Eu já sei no que você é horrível, mas no que você é bom? Quer dizer, deve haver algo em que você é muito bom. – Eu queria saber se ele tinha algum talento secreto.
- Eu sou muito bom em... – Mark não sabia muito bem o que responder. Olhou em volta, tentando pensar em alguma coisa. – Vem aqui. Eu vou te mostrar. – Ele apontou com a cabeça. Eu o acompanhei até uma das barracas de tiro ao alvo.
- Você sabe fazer isso? – Eu perguntei, vendo ele pagar a moça que supervisionava a brincadeira.
- Observe. – Mark pegou a arma de brinquedo nas mãos e a apontou para um dos patinhos de borracha, que estava ao lado de outros 5 exatamente iguais a ele.
- Eu duvido que você acerte de primeira. – Eu cruzei os braços e observei ele mirar e manter-se totalmente concentrado nos patinhos de borracha que deveriam estar há uns 10 passos de distância.
- Eu com certeza não vou conseguir. – Mark me olhou e logo depois voltou a olhar para os seus alvos. Não se passaram nem 10 segundos para ele atirar não só uma, mas 5 vezes seguidas. Depois de todo aquele barulho, eu voltei a olhar para os patinhos de borracha que não estavam no mesmo lugar de antes. Mark colocou a arma sobre a mesa e em seguida voltou a me olhar. - Não pode ser... – Eu o olhei com os olhos esbugalhados. Dei alguns passos e me inclinei para ver os 6 patinhos de borrachas no chão. – Caramba! – Eu abri a boca, demonstrando toda a minha perplexidade. – Como... – Eu neguei com a cabeça. – Como fez isso? – Eu estava muito impressionada.
- Eu fiz muitos cursos quando eu era mais novo. Fiz aulas para aprender a atirar e também até aprendi a lutar por um tempo. – Mark explicou brevemente. – Eu era louco por esse tipo de coisa quando eu era mais novo e a minha mãe sempre me mimou mais do que deveria. – Ele ergueu os ombros.
- Não-brinca! – Eu ainda estava chocada. – Isso é incrível! Isso... foi incrível. – Eu apontei para a direção onde ele havia atirado.
- Foi muito incrível mesmo. – A supervisora da brincadeira também mostrou-se impressionada. – Você tem direito a um brinde. Pode escolher qualquer coisa. – Ela apontou para uma prateleira cheia desses brindes que incluíam bonecas, jogos e ursos.
- Não, eu quero tentar. – Eu me adiantei e me aproximei do Mark. Ele afastou-se para que eu ficasse de frente para os alvos, que foram repostos pela supervisora.
- Tem certeza? – Mark perguntou com um certo deboche.
- Não. – Eu sorri pra ele e peguei a arma nas mãos. – Algum conselho? – Eu perguntei, enquanto tentava mirar os patinhos de borracha.
- Atire nos alvos. – Mark ironizou e eu rapidamente deixei de olhar os alvos para olhá-lo com uma careta. – Desculpe. – Ele engoliu a risada. Eu voltei a focar nos alvos e depois de um longo tempo enganando a mim mesma de que estava conseguindo mirar alguma coisa, eu atirei. O barulho me assustou e o tiro não passou nem perto dos alvos.
- Você sabia que os patos de borracha são os alvos, né? – Mark não tinha noção do perigo.
- Quer mesmo provocar uma garota que está segurando uma arma de brinquedo? – Eu brinquei e ele riu.
- Vamos, tente de novo. – Mark me incentivou. Eu voltei a focar nos alvos e senti o Mark me observar. – Abaixe mais os braços. – Ele aconselhou e eu imediatamente fiz o que ele pediu. – Não, abaixe mais. – Ele disse com toda a paciência.
- Mais? – Eu não deixei de olhar os alvos, mas eu senti ele se aproximar.
- Desse jeito. – Mark veio por trás e tocou os meus braços com suas mãos e os abaixou um pouco. – Isso. – Ele deixou de me tocar.
- Eu estou segurando isso certo? – Eu me referi a arma.
- Não. – Mark voltou a se aproximar por trás. – Deixe só um dedo no gatilho. – Ele esticou seus braços sobre os meus e tocou as minhas mãos. O queixo dele estava um pouco acima de um dos meus ombros. – Um dedo é o suficiente, mas mantenha a sua outra mão segurando a arma. Isso vai te dar segurança na hora de atirar. – Mark aconselhou e eu seguia todas as suas recomendações. Quer dizer, eu acho que estava seguindo todas as recomendações dele. Não era muito fácil fazer isso com ele falando no meu ouvido e com aqueles braços em volta do meu corpo. – Agora feche um dos olhos. – Ele pediu. – Fechou? – Mark não estava vendo os meus olhos.
- Fechei. – Eu respondi com um fraco sorriso, que por sorte ele também não havia conseguido ver.
- Certo, então agora mire a ponta da arma no alvo. Bem no centro do alvo. – Mark foi bem específico.
- Estou mirando. – Eu respondi, mirando atentamente o alvo da forma que ele havia dito.
- Abaixe um pouco a sua cabeça para aproximá-la um pouco da arma. Seus olhos devem ter a mesma visão que a ponta da arma. – Mark voltou a explicar.
- Assim? – Eu não sabia se havia abaixado a cabeça o suficiente.
- Curve um pouco mais as suas costas que vai ficar melhor pra você. – Mark disse, levando uma de suas mãos até a minha costa. Não sei se ele fez por querer, mas a mão dele acariciou minhas costas com um de seus dedos. A simples atitude dele me fez sorrir igual a uma boba. – Isso. Está melhor? – Ele perguntou, voltando a falar no meu ouvido. Era quase impossível me concentrar.
- Sim, bem melhor. – Eu respondi apenas para não deixá-lo no vácuo.
- Certo, então agora volte a mirar a ponta da arma nos alvos. – A mão dele continuou nas minhas costas. Eu tinha quase certeza de que não era proposital. – Está na mira? – Ele perguntou.
- Espero que sim. – Eu disse e ele segurou o sorriso.
- Continue mirando. Nunca pare de mirar. – Mark ordenou. Eu senti quando ele deixou de tocar as minhas costas. – Segure a arma com firmeza. – Os braços dele voltaram a passar sobre os meus e as mãos dele se juntaram as minhas. – Isso. Ótimo. – Ele viu que eu estava na posição perfeita para atirar. As mãos deixaram de me tocar novamente. – Atire quando achar que estiver pronta. – Mark deu um passo para trás. Queria que eu terminasse aquilo sozinha. Depois de mais alguns segundos mirando insistentemente o mesmo alvo, eu atirei. Adivinha?
- Eu acertei! – Foi a primeira coisa que eu consegui dizer ainda com a arma nas minhas mãos. Me virei para olhá-lo e ele também me olhava com um grande sorriso.
- Wow! Foi muito bom! – Mark ficou impressionado. Não esperava que eu me saísse tão bem.
- Aposto que não esperava por isso, não é? – Eu coloquei a arma de brinquedo sobre a mesa e voltei a sorrir pra ele.
- Acho que nem você esperava por isso. – Mark não perdia a chance de me zuar.
- Qual é! Você tem que assumir que foi bom. – Eu andei em direção a ele e parei em sua frente.
- Foi tão bom que acho que vou te chamar de James Bond. – Mark brincou e eu tive que segurar o riso.
- Está mais pra Chuck Norris, qual é! – Eu fiz careta e ele riu, enquanto também fazia uma careta.
- Ei, moço! Escolhe o seu brinde! – A supervisora chamou a atenção quando viu que eu e ele estávamos nos afastando.
- Ah, é! O brinde.. – Mark nem estava se importando muito com o brinde. Voltamos para a barraca e encaramos a prateleira de brindes. – Você escolhe. – Ele foi gentil.
- Eu posso mesmo? – Eu fiquei feliz, porque eu nunca conseguia ganhar nada nesses parques porque eu simplesmente era horrível nessas brincadeiras. – Hm, deixa eu ver. – Eu continuei analisando os brindes. – Eu quero aquela tiara. Aquelas com as anteninhas. – Eu demonstrei com as mãos logo acima da minha cabeça. – Isso! Essa mesmo. – Eu afirmei com a cabeça quando a supervisora pegou o brinde que eu havia dito. – Obrigada! - Ela me entregou e eu logo a coloquei na cabeça. – E então? Como eu estou? – Eu fiz pose ao me virar pro Mark. A tiara tinha umas anteninhas vermelhas.
- Você está adorável, mas... – Mark me lançou o seu melhor sorriso. Aquele destruidor, sabe? – Você sabe que isso acaba com toda aquela postura de Chuck Norris, não é? – Ele brincou.
- Esquece o Chuck Norris. – Eu gargalhei. – Eu sempre quis uma dessa. As pessoas sempre acabam roubando de mim, quando eu consigo uma dessas nas festas de casamento. – Eu fiz careta.
- Traumatizante. – Mark ironizou, recebendo um fraco empurrão meu.
- Deixa o meu trauma pra lá! Você tinha dito que eu podia fazer algumas perguntas e me distraiu com o tiro ao alvo. – Eu disse, enquanto nós voltávamos a caminhar pelo parque. Tirei a tiara da cabeça, mas continuei a segurá-la nas mãos.
- Como foi que você percebeu? – Mark brincou. – Vai em frente! Faça as perguntas que você tanto quer fazer. – Ele cedeu.
- Qual a sua cor favorita? – Eu perguntei a primeira coisa que me veio na cabeça.
- Cor favorita? O que é isso? Alguém teste de revista feminina? – Mark me olhou com uma careta engraçada. – Eu não sei! – Ele ergueu os ombros.
- Todo mundo tem uma cor favorita. – Eu insisti, enquanto virava o meu rosto para sorrir pra ele.



- Eu... – Mark ficou pensativo por um tempo. – Eu não tenho uma cor favorita, mas eu tenho a menos favorita. Pode ser? – Ele perguntou.
- Pode ser. – Eu aceitei. Não era uma pergunta tão importante.
- Eu não gosto de preto. É cor de luto e eu não tenho boas lembranças com isso. – Mark não foi tão dramático quanto pareceu. – Espera, eu nem perguntei. – Ele parou de andar. – Você quer comer alguma coisa? – Mark perguntou. Eu tenho quase certeza que ele só lembrou de perguntar por que nós passamos pelo carrinho de cachorro quente.
- Na verdade, eu estou com fome sim. – Eu mordi o lábio inferior. Isso não era uma coisa tão elegante de se dizer.
- Eu também estou. O que você quer? – Mark quis que eu escolhesse. Eu olhei em volta e vi uma barraca de pastel logo a frente. – Pode ser pastel? Você gosta de pastel? – Eu perguntei.
- Era exatamente nisso que eu estava pensando. – Mark sorriu, apontando com a cabeça em direção a barraca de pastel.


Eu confesso que eu não estava esperando muito daquela ‘reunião de negócios’, mas eu estou me divertindo muito. Pra mim estava sendo muito legal saber todas aquelas coisas sobre o Mark em meio a um lugar tão divertido. Nós falamos de assuntos tristes e constrangedores, mas o clima daquele lugar não deixava que nada nos abalasse. Estávamos nos divertindo juntos e sozinhos pela primeira vez. Faz muito tempo que eu não me divertia daquele jeito.

- Pronto! Agora você pode voltar a fazer o interrogatório. – Mark disse, assim que nós sentamos em uma das mesas com os nossos pasteis e refrigerantes.
- Deixa eu pensar.. – Eu disse, enquanto tomava um gole do meu refrigerante. – Você... tem irmãos? – Eu nunca havia parado para pensar nisso.
- Não, eu sou filho único. Porque acha que eu sou tão mimado assim? – Mark disse apenas para me arrancar um sorriso.
- Foi o que eu pensei. – Eu afirmei com a cabeça e ele me olhou com uma careta. – E... – Eu hesitei ao fazer aquela pergunta. Não sei se deveria tocar no assunto. – E o seu pai? Você nunca procurou por ele? Nunca quis conhecê-lo? – Eu queria fazer essa pergunta desde que nós chegamos, mas esperei a hora certa para fazê-la.
- Eu queria, mas fica difícil quando não se sabe nada sobre ele. Minha mãe nunca falou sobre ele. Eu não sei nem o nome dele. Não sei nem se ele está vivo. – Mark sempre ficava mais sério quando falava daquele assunto.
- Não tem nenhum parente da sua mãe que possa saber de alguma coisa? Alguma tia, talvez? – Eu rapidamente quis achar soluções alternativas para o problema dele.
- Ninguém. – Mark negou com a cabeça. – Minha mãe dizia que não tinha nenhum parente vivo. Se tem, eu nunca conheci. – Ele ergueu os ombros.
- Nossa... – Eu fiquei chocada. Quando ele disse que ele estava sozinho, eu não sabia que ele estava falando no sentido literal. – E quem mais sabe sobre tudo isso? – Eu questionei.
- Apenas você. – Mark deixou de prestar atenção em seu pastel para olhar pra mim. Ele queria ver a minha reação ao saber daquilo.
- Você nunca contou isso pra ninguém? – Eu fiquei curiosa. Não podia ser só eu!
- Nunca! – Mark confirmou.
- Nem pra sua ex? – Eu cerrei um pouco os olhos. Eu notei que ele ficava um pouco incomodado quando eu falava nela.
- Não, nem ela. – Mark rolou os olhos em meio a um sorriso.
- E por quê? Porque eu? – Eu quis saber.
- Eu acho que eu sempre tive um pouco de dificuldade de confiar nas pessoas, mas... eu confio em você. – Mark disse, depois de dar a última mordida no seu pastel. Quando eu olhei o seu rosto, eu imediatamente comecei a rir.
- O que foi? Qual a graça? – Mark não entendeu. Será que ele falou alguma coisa errada?
- Tem... – Eu segurei o riso para apontar em meu rosto o local que o dele estava sujo. – Espera. – Eu peguei um guardanapo e o aproximei do rosto dele. – Está sujo. – Eu passei o guardanapo pelo seu rosto e ele não teve reação alguma. Ele apenas ficou parado, observando o meu rosto. – Pronto. – Eu voltei a me afastar dele e ele continuou me olhando com um sorriso bobo.
- Obrigado. – Mark ficou sem graça.
- Sabe o que me intriga? Como você pode só ter tido uma namorada? Você é bonito, inteligente, divertido e faz um pouco de sujeira quando come, mas quem não faz, não é? – Eu perguntei, antes de beber o último gole do meu refrigerante. Ele gargalhou.
- É meio complicado. Eu não sou desses que vão em festas e saem pegando o máximo de garotas que conseguem. Eu já tenho tantos problemas, tantas coisas pra pensar, que se eu resolver afogar as minhas mágoas desse jeito eu vou acabar arrumando mais problemas. Seria uma droga depois de viver essa porcaria de vida morrer sozinho, não acha? – Mark perguntou retoricamente. A primeira coisa em que eu pensei foi o quão diferente ele era do , que no ensino médio costumava fazer isso nas festas. – E eu também nunca fui desses que saem beijando por beijar. Como eu já disse, eu já tenho problemas o suficiente. Eu não preciso de mais problemas. Se eu gosto de alguém, é pra valer. É sério! Eu não tenho tempo pra brincar de adolescente. Eu nunca nem fui um adolescente. Eu sempre tive que ser muito mais maduro do que eu deveria ser por causa dos meus pais. – Ele ergueu os ombros. Porque eu estou impressionada? Talvez seja porque seja difícil encontrar um cara como esse hoje em dia.
- Tudo isso só torna ainda mais surpreendente o fato de você só ter tido uma namorada até hoje. – Eu sorri, negando com a cabeça.
- Acho que sou um pouco exigente. – Mark fez careta.
- Isso é muito apreciável, sabia? – Eu novamente demonstrei estar impressionada.
- Está vendo? Ponto pra mim. – Mark disse só pra me deixar sem graça de novo.
- Sabe, eu tenho outra pergunta. – Eu dei um jeito de mudar de assunto.
- Vá em frente! – Mark autorizou que eu perguntasse. – Obrigado. – Ele agradeceu a garçonete que passou na nossa mesa para pegar as coisas que havíamos usado. Nos levantamos para voltar a andar pelo local. – Qual a pergunta? – Mark voltou a me dar atenção.
- Qual é o seu sonho? – Eu virei o meu rosto para olhá-lo.
- Meu sonho? – Mark parecia estar pensando a respeito. – Vai parecer estranho, mas eu não sei. Eu acho que não tenho um sonho. – Ele me olhou.
- Não tem? Como não tem? Todo mundo tem um sonho. – Eu estranhei a afirmação dele.
- Eu sei, mas... – Mark não sabia como explicar. – Eu não sei. Pra mim, sonhos é só servem pra você idealizar a vida toda um momento que nunca vai acontecer. Eu já passei por muitas decepções e não sei se vale a pena arriscar mais uma. – Apesar da resposta ser um pouco triste, ele parecia bem ao falar a respeito.
- Bem, o meu se realizou. Eu estou aqui em Nova York fazendo a faculdade que eu tanto sonhei em fazer. – Pra mim a opinião dele sobre ‘sonhos’ era absurda.
- E o que você perdeu no caminho? – Mark disse sem medo de tocar no assunto. Confesso que a afirmação dele me deixou sem palavras por um tempo.
- Eu perdi muitas coisas sim, mas eu também ganhei. O prejuízo não foi tão grande. Eu estou bem agora, não estou? – Mesmo dizendo que estava bem, não foi muito legal lembrar do . Nunca é legal lembrar dele.
- Eu não posso perder mais nada, entende? – Outra resposta triste e eu já comecei a entender o lado dele.
- Eu entendo, mas... – Eu hesitei continuar no assunto. – É meio triste não ter um sonho. É muito bom você almejar tanto uma coisa. Meio que se torna um objetivo. Você tem algo pelo que lutar. – Eu tentei reverter aquela situação em que ele se encontrava. Tão se esperanças, sem sonhos e sem ninguém. Isso é muito triste.
- Eu vou pensar nisso. Eu prometo. – Mark não quis confirmar nada, mas pensaria com carinho sobre o assunto depois. Sabia que eu jamais o aconselharia a fazer algo que não fosse para o seu bem.
- Legal. – Eu fiquei feliz só com aquela promessa. Já era alguma coisa, não é? – Mas e então? O que vamos fazer agora? – Eu quis mudar logo de assunto. Estávamos em um lugar tão divertido. Não tinha motivos pra ficar falando de assuntos tão tristes.
- Eu sei que hoje o direito de perguntar é todo seu, mas eu posso fazer uma pergunta? – Mark sorriu sem mostrar os dentes.
- Só uma? Só uma pode. – Eu achei justo diante de todas as perguntas que eu já havia feito.
- Eu sei que por causa das mentiras e de tudo o que eu escondi de você todo esse tempo fizeram você perder a confiança em mim. Eu acho super justo e acho que você estava no seu direito, mas e agora? – Mark fez uma breve pausa. – Depois de tudo o que eu te contei, depois de hoje. Você confia em mim? – Ele virou o seu rosto para me olhar.
- Mesmo sendo contra todos os meus princípios e ser algo tão inédito diante de tudo, eu confio. – Eu afirmei um pouco mais séria.
- Confia mesmo? – Mark me olhou com desconfiança.
- Confio. – Eu afirmei.
- Eu acho que você só está falando isso para ser legal comigo. – Mark insistiu.
- E porque acha que eu seria tão legal com alguém que eu não confio? – Eu dei um fraco sorriso.
- Está bem, então se você confia vai ter que fazer uma coisa comigo. – Mark deu alguns passos e parou em minha frente.
- Eu faço! O que nós vamos fazer? – Eu não hesitei.
- Nós vamos na roda gigante. – Mark olhou pra trás e avistou a roda gigante que estava logo atrás dele. Eu também olhei para a roda gigante e senti um frio na barriga.
- Não, eu não faço. – Eu desisti no mesmo instante.
- O que foi? Não confia em mim? – Mark abriu os braços.
- Isso não tem a ver com confiança. Tem a ver com o meu medo de altura. – Eu sorri pra ele.
- Eu não vou deixar você ter medo. Eu vou estar com você e vou cuidar de você. Você só tem que confiar em mim. – Mark disse de forma doce.
- Eu confio em você! Eu juro que confio, mas não dá. Você já viu a altura disso? – Eu apontei pro alto da rida gigante.
- Se serve de consolo, o telhado da minha casa é bem mais alto que isso. – Mark tentou me convencer.
- Não, não serve de consolo. – Eu neguei com a cabeça.
- Vamos! – Mark insistiu. – Qual é a graça de vir até aqui e não ir na roda gigante? – Ele perguntou.
- Você já viu o cara que cospe fogo? Ele é bem interessante também. – Eu apontei em direção ao cara cuspia fogo que estava rodeado de crianças. Dei no máximo 3 passos em direção ao cara do fogo e senti o Mark segurar o meu braço.
- Por favor! Vamos? – Mark voltou a insistir com aquele sorriso encantador.
- Eu... – Eu estava tentando arrumar uma boa desculpa.
- Eu respondo qualquer pergunta! Qualquer pergunta que você quiser! – Mark continuou tentando me convencer. – Vamos? – Ele esperou pela minha resposta.
- Que droga... – Eu suspirei, negando com a cabeça. Aquele foi como o ‘sim’ que ele queria ouvir. No mesmo instante, ele agarrou a minha mão e me puxou em direção a roda gigante. Tinha uma fila, que esperava as pessoas que já estavam no brinquedo descerem.
- Confie em mim, está bem? – Mark pediu ao ver a minha expressão de medo.
- Se esse negócio quebrar comigo lá em cima eu te mato, ok? Não importa se você sabe lutar, sabe atirar e tem uma moto. Eu mato você! – Eu ameacei e ele riu.
- Tudo bem, eu entendi! – Mark afirmou com a cabeça, enquanto ria silenciosamente.

Era bobeira, era burrice, mas eu confiava nele. Eu sei muito bem que eu tenho todos os motivos do mundo pra não confiar nele, mas o jeito dele, as palavras, os olhares e qualquer outra coisa que estivesse relacionada a ele me passava muita confiança. Eu não sei se era a minha necessidade de tê-lo por perto ou se era o fato de eu estar começando a gostar dele, mas eu confiava nele. Ele sempre teve uma vida horrível e tinha todos os motivos para ser a pessoa mais ranzinza e impaciente do mundo, mas ele não era. Ele era o garoto mais doce que eu já havia conhecido. Ele fazia com que eu me divertisse tanto, mesmo ele tendo tantos problemas. Se fazer você feliz ser uma das coisas mais prazerosas de alguém infeliz não for um bom motivo para te fazer confiar nela, então eu devo ser louca mesmo!

- , calma! O carrinho nem começou a subir ainda. – Mark disse ao me ver com os olhos fechados. Nós já estávamos sentados em um dos carrinhos e já estávamos com a barra de segurança presa na cintura.
- Eu estou me preparando. – Eu mantive os olhos fechados.
- Quer me dar a sua mão? – Mark perguntou, estendendo a sua mão. Aquela frase foi como um flashback ruim. Eu novamente voltei a me lembrar do . Me lembrei de quando nós fomos pra Nova York e ele se sentou ao meu lado no avião. Eu fiquei com tanto medo, que nem as nossas constantes brigas me impediram de pedir que ele segurasse a minha mão. Eu nunca contei pra ele o quanto aquilo me acalmou naquele dia.
- Quero. – Eu não hesitei ao levar a minha mão ao encontro da dele. Às vezes eu acho que aquelas memórias nunca vão sair da minha cabeça.
- Eu acho que vai subir agora. – Mark me avisou, ao ver que um dos funcionários que era responsável pelo brinquedo se aproximou da máquina que conduzia a roda gigante.
- Droga... – Eu suspirei, voltando a fechar os olhos.
- Calma, está tudo bem. – Mark tentou me acalmar ao sentir eu apertar a sua mão, quando o carrinho começou a balançar.
- Porque essa porcaria está balançando tanto? – Eu perguntei, levando o meu rosto até o ombro dele.
- Nós só estamos subindo. – Mark explicou, sorrindo ao me ver apertar o seu corpo com tanta força. Ele passou o seu braço pelos meus ombros e acariciou um dos meus braços. Minha cabeça continuava afundada em seu ombro. – Ei, tudo bem. – Ele sussurrou.
- Parou? Porque ele parou? – Eu tive um rápido surto ao sentir o carrinho em que eu e Mark estávamos parar.
- Abre os olhos. – Mark pediu. Eu precisava ver a mesma coisa que ele.
- Não! – Eu rapidamente neguei.
- Confia! – Mark insistiu.
- Ai... – Eu suspirei, afastando o meu rosto do ombro dele. O carrinho continuava parado e eu fui abrindo os olhos lentamente.
- Olha isso... – Mark disse, surpreso com a vista a nossa frente.
- Uau... – Eu esqueci o medo por poucos segundos. Ali de cima nós conseguíamos ver as luzes de uma parte da cidade, que incluía a famosa Times Square.
- Isso é... – Mark estava totalmente impressionado.
- Lindo. – Eu completei a frase dele.
- As nossas casas ficam ali daquele lado. – Mark apontou para um dos lados.
- Ali? – Eu acompanhei a mão dele. – Nossa, eu não conheço nem metade de Nova York. – Eu conclui. Eu achava que eu já tinha uma boa noção da cidade, mas eu estava completamente enganada.
- Eu posso te levar pra conhecer. – Mark disse, sem tirar os olhos de todas aquelas luzes. O braço dele ainda estava atrás de mim, apoiado no ferro que dava o suporte para as nossas costas. A frase dele me fez olhá-lo sem que ele nem notasse.

Eu dando o maior chilique por causa do meu medo de altura e o Mark com a maior calma e paciência do mundo me mostra aquela vista maravilhosa e ainda se oferece para me levar para conhecer o resto da cidade. A melhor parte é que não havia malícia em nada daquilo. Ele nem sequer notou os olhares que eu estava lançando para ele há algum tempo. No auge do meu medo, no topo da roda gigante e ele ainda consegue me colocar no meu lugar e me faz enxergar a bondade e a doçura dele com um simples ato de segurar a minha mão e a simples gentileza de me levar para conhecer a cidade. Como ele faz isso?

- Mark... – Eu o chamei e ele finalmente virou o seu rosto para mim. Os curtos fios de cabelo dele voavam por causa do fraco vento e os olhos extremamente verdes olharam nos meus. – Eu quero te fazer uma última pergunta. – Eu esperei que ele aceitasse respondê-la.
- Faça. – Mark manteve-se sério e não tirou os olhos de mim. O rosto dele estava há menos de 3 palmos do meu. Estávamos em um carrinho de uma roda gigante. Não tem como estarmos distantes. Eu demorei alguns segundos para me convencer a fazer aquela pergunta. Eu sabia que a resposta poderia acabar com o passeio, com a vista e com o momento.
- Se... – Eu abaixei um pouco o meu rosto. Eu quase desisti de continuar. Curvei um pouco o meu corpo em sua direção para poder olhá-lo melhor. Levantei a minha cabeça novamente. – Se o seu amigo não tivesse me dito sobre a sua faculdade, se eu não tivesse ido até a sua faculdade, se eu não tivesse descoberto tudo aquilo... – Eu travei de novo. A resposta me amedrontava muito. Abaixei novamente a cabeça e segundos depois senti a mão dele em meu rosto. Ele havia tirado o seu braço detrás de mim para levar a sua mão até o meu rosto. Alguns dedos dele se entrelaçaram em alguns fios do meu cabelo e o dedão tocou o uma das minhas bochechas, levantando o meu rosto.
- O que foi? – Mark sussurrou, tentando entender qual era o problema.
- Você teria me contado? – Eu fui direta de uma vez ou não conseguiria falar. – Seja sincero comigo. – Eu o olhei com seriedade, mas sem qualquer tipo de julgamento. A mão dele ainda tocava o meu rosto. – Você teria me contado sobre tudo se eu não tivesse descoberto? – Eu repeti a pergunta. A expressão dele que já era séria se tornou um pouco mais triste. Eu o olhava e tentava descobrir a resposta através das expressões de seu rosto.
- Não... – Mark negou levemente com a cabeça. Ele rapidamente viu a decepção em meus olhos. – Me desculpe, mas eu tenho que ser honesto com você. – Ele acariciou delicadamente o meu rosto, enquanto eu o olhava com total incompreensão. Porque ele não me contaria? Porque ele ia continuar escondendo as coisas de mim? Ele não confiava em mim? Por quê?
- Mas por quê? – Eu arqueei uma das sobrancelhas e neguei com a cabeça. – Porque você não ia me contar? – Eu refiz a pergunta com um pouco mais de indignação.
- Por que... – Mark rolou rapidamente os seus olhos, pois se achava um bobo por dizer aquilo. Depois de um sorriso de frustração, ele voltou a me olhar nos olhos. – Porque eu não queria ser outra decepção na sua vida. – A explicação dele fez com que eu trocasse a indignação do meu olhar para a confusão.

Aquela simples explicação me pegou totalmente desprevenida. Outra decepção? Aposto que ele estava se referindo ao . Como é que ele sabia que era a decepção da minha vida? Ele estava lá quando eu liguei para o , não é? Ele ouviu aquela conversa da qual eu não me lembrava. Mark sabia qual era a maior decepção da minha vida e eu nem precisei dizer a ele. Ele sabia! Ele sabia o quão devastador foi a minha separação do . Ele sabe e presenciou os meus choros e sofrimento. Ele entendia muito bem como era perder alguém tão importante depois de já ter perdido tanta coisa. Ele entendia e sabia o tamanho da minha decepção. Ele só não queria ser como o . Ele só não queria me fazer sofrer como o fez. Ele preferia esconder toda a sua vida do que contar a verdade e ter que conviver com o rótulo de maior decepção da minha vida. Ele preferia mentir do que voltar a me fazer sofrer depois de eu já ter superado tanta coisa. Isso é errado?

- Você não é. – Eu neguei com a cabeça com um fraco sorriso, que fez com que ele olhasse para os meus lábios.
- Não? – Mark sorriu ao perguntar. – Eu fico feliz. – Ele respirou, aliviado.
- Eu posso fazer só mais uma pergunta? Eu juro que essa vai ser realmente a última. – Eu perguntei sem deixar de olhá-lo um só segundo.
- É claro. – Mark afirmou com a cabeça, sem saber o que esperar.
- Você me trouxe nesse parque e me fez vir nessa roda gigante. Não vai mesmo me beijar? – Eu perguntei com toda a minha cara de pau. A expressão de preocupação no rosto dele rapidamente se transformou em um maravilhoso sorriso. Os dedos dele novamente se enroscaram em meu cabelo, enquanto ele aproximava lentamente o seu rosto do meu. Eu não me movi. Não dá pra esquecer que eu estou em um carrinho há uma enorme distância do chão. Assim que eu fechei os meus olhos, os lábios dele se enroscaram nos meus. O beijo nem chegou a ser aprofundado, pois eu acabei interrompendo o beijo.



- Sim... – Eu afirmei com a cabeça com os meus olhos ainda fechados, enquanto as pontas dos nossos narizes ainda se tocavam.
- O que? – Mark arqueou uma das sobrancelhas. Meus olhos então se abriram.
- Eu desculpo você. – Olhei em seus olhos bem de perto. Os lábios dele tocaram um pouco os meus quando ele sorriu.
- Isso quer dizer que não vamos ter mais reunião de negócios como essa? – Mark brincou e eu ri sem emitir som. Neguei com a cabeça.
- Você vai ter que me levar em um encontro da próxima vez. – Eu afirmei, levando um das minhas mãos até o rosto dele e o trazendo de encontro ao meu novamente. Começamos um outro beijo, que dessa vez foi aprofundado. A mão dele continuava brincando com o meu cabelo, enquanto continuávamos a nos beijar lentamente no topo da roda gigante. O brinquedo voltou a funcionar e o nosso carrinho a balançar. Isso fez com que eu interrompesse o beijo e rapidamente apoiasse a minha cabeça entre o seu pescoço e o seu ombro em meio a um sorriso de frustração. Mark riu por causa do meu medo que parecia ser insuperável e passou os seus braços em torno de mim para que eu me certificasse que eu estava segura.

Mark nem conseguia acreditar no que estava acontecendo. Ele não acreditava que eu sabia de tudo e ainda queria continuar nos braços dele. Mark não idealizou aquilo nem nos seus sonhos mais malucos. Sonhos? Que sonhos? Ele não tem sonhos. Talvez agora ele tenha um motivo pra sonhar.

Apesar de todas as mentiras, eu estava feliz. Feliz porque mesmo com as mentiras, ele não me decepcionou como o . Se eu cheguei a cogitar a desculpar o , porque eu não o desculparia? Porque eu deveria julgá-lo? Por ele querer cuidar de mim? Por ele evitar o meu sofrimento? Por se importar em ser ou não a decepção da minha vida? Desculpe, mas eu preciso bem mais para condená-lo. Eu preciso de muito mais do que isso para desconfiar daquele sorriso, desacreditar daqueles olhos e julgar aquelas atitudes.

Acabou o passeio na roda gigante e nos demos conta de que também era a hora de acabar com o passeio ao parque. Eu trabalharia no dia seguinte e não podia demorar muito para dormir. Fizemos o caminho de volta até o carro e seguimos para as nossas casas. O clima foi totalmente diferente do da ida. Não havia aquela incerteza sobre o que aconteceria com nós. Eu estava dando uma chance a ele e a mim mesma. Ele me ofereceu a oportunidade de ser feliz de novo e eu agarrei. Porque eu não posso ser feliz de novo?

- Foi uma ótima reunião de negócios. – Eu brinquei, quando ele estacionou o carro em frente a minha casa.
- Eu disse que ia ser boa. – Mark riu da brincadeira.
- Você sabia, né? Você sabia que se me levasse lá as chances de se dar bem eram maiores. – Eu cerrei os olhos em direção a ele.
- Eu não sabia, mas se acontecesse eu estava prevenido. – Mark respondeu mordeu o seu lábio inferior.
- Como assim? – Eu arqueei uma das sobrancelhas. Prevenido como?
- Espera. – Mark se curvou para pegar alguma coisa no banco traseiro. Eu fiquei até com medo do que ele tiraria dali. Depois de muito esforço, ele voltou a sua postura normal e trouxe nas mãos uma rosa. Era uma rosa vermelha e solitária que era a mais bonita que eu havia visto. – Não era um encontro, então eu não podia te dar isso, mas agora eu acho que eu posso, não é? – Ele estendeu a rosa na minha direção e eu demorei para me dar conta de que ele havia trazido ela pra mim.
- Você... trouxe isso pra mim? – Eu demorei mesmo para cair na realidade. Aquilo não era nada comum.
- Cuidado com o espinho. – Mark me alertou, quando eu fui pegar a rosa de suas mãos.
- Nossa, ela é linda. – Eu trouxe a rosa para mais perto do meu rosto
- Como você. – Mark disse, tirando toda a minha atenção da rosa em minhas mãos.
- Você é incrível. Eu nem sei o que dizer. – Eu não sabia muito como agir. Eu nunca havia ganhado uma rosa antes. Não nessas condições. Eu ganhei sim uma flor do quando fomos naquele Camping e ele também me deu aquele galho quando me convidou pro baile, mas uma rosa? Em um encontro como esse? Nunca.
- Diz que aceita sair comigo de novo em um encontro de verdade. – Mark propôs com um fraco sorriso.
- Eu aceito. – Eu afirmei com a cabeça ao ver a reação dele com a minha resposta.
- Vai parecer bobagem e talvez precipitado demais, mas... – Mark pensou se deveria continuar. – Isso que está acontecendo entre nós... – Ele começou a se enrolar com suas próprias palavras. – Isso é pra valer ou estamos só deixando que as coisas aconteçam do jeito que tiverem que acontecer? – Mark estava um pouco confuso. Em uma hora estávamos nos beijando e no outra fingindo que nada aconteceu. Eu achei graça da sua pergunta. Mordi o meu lábio inferior, pensando na melhor maneira de respondê-la e eu não tive dúvidas. Aproximei o meu rosto do dele e segurei o seu rosto com uma das minhas mãos, trazendo-o pra perto do meu. Selei longamente os seus lábios e quando descolei os descolei, mantive o meu rosto próximo ao dele.
- Interpretação livre. – Eu dei o meu melhor sorriso e pisquei um dos olhos, antes de me afastar. – Boa noite e obrigada. – Eu disse, enquanto abria a porta do carro. Mark parecia ter ficado congelado depois do beijo. Ele ficou algum tempo ali parado por algum tempo.

Agora sim eu me sentia melhor em relação ao Mark. Não era por termos nos acertado novamente, mas porque agora eu não sentia mais aquela sensação ruim de que ele estava me escondendo alguma coisa ou tudo. Assim que eu soube que havia mentiras, eu senti medo de não gostar de quem ele realmente era. Eu tive medo que a pessoa que ele foi esse tempo todo estivesse no meio de todas essas mentiras, mas não estavam. Foi isso que me fez desculpá-lo. Ele foi ele mesmo todos esses meses e escondeu várias coisas que não mudavam quem ele era. Eu gosto de quem ele é. Eu adoro o fato de sermos tão parecidos e de nos darmos tão bem. Eu não quero perder isso. Não me importa se ele sabe lutar, se ele sabe dirigir uma moto ou se ele odeia preto. Ele ainda é a pessoa que eu gosto de estar perto. Eu ainda sinto vontade de beijá-lo e adoro quando ele cuida de mim. Eu tinha que dar uma chance pra ele.

Algumas semanas se passaram e só nos aproximamos mais. Meg era a pessoa mais feliz por eu e Mark estarmos juntos. Mark e eu levamos ela para todos os lugares que vamos. Não gostamos de deixá-la fora de nada, pois ela faz parte da história que estávamos começando a construir. Não, nós estamos namorando. Não gostamos de nomear o que nós temos. Alguns diriam que estamos ‘ficando sério’ e outros diriam que isso não passa de enrolação. Não existia uma aliança ou nem nada disso, mas nós só respeitávamos um ao outro. Íamos juntos para todos os lugares e às vezes até andávamos de mãos dadas. Ele me protegia e confiava em mim. Essa era outra diferença entre ele e o . O tinha aquela mania de chegar em todo e qualquer lugar e deixar claro pra qualquer um que pensasse em olhar pra mim que eu estava acompanhada. Ele gostava de marcar território e também devia ter um sério problema de auto confiança, pois não deixava que ninguém se aproximasse. Mark era mais contido. Ele era bem intimidador quando ele queria, mas na maioria das vezes ele me deixava lidar com a situação e dar os meus foras. Nós ficávamos juntos quase todos os dias. Ele me levava na faculdade quase sempre e depois ia pro seu trabalho. Estávamos juntos e eu estava gostando do que nós tínhamos.

continuava na mesma, se não, pior. No trabalho ele era o rei! Ele conseguia qualquer contrato que aparecia pela frente. Publicidade era definitivamente o dom dele. Se a empresa já não fosse dele, ela teria que ser a partir de agora. Ele dominava e sabia disso. Ao contrário de sua vida profissional, a vida pessoal ia de mal a pior. Era comum para ele sair nos finais de semana e beijar no mínimo 3 garotas. Era mais do que comum encontrar qualquer tipo de bebida nas suas mãos. Era comum ele não se importar com nada. Não, ele não virou um gigolô, um alcoólatra e muito menos uma pessoa fria e sem qualquer sentimento. Ele estava apenas lidando com os seu problema. O seu infeliz problema de sentir falta de alguém que ele amou desde que consegue se lembrar. O seu problema tinha unicamente a ver com uma garota que até onde ele sabe, não o ama mais. Mesmo com o seu novo comportamento, os seus amigos nunca o abandonaram. Eles estavam sempre em sua casa jogando bilhar ou cartas.

Os nossos métodos para superar a dor eram completamente diferentes, mas nenhum era melhor que o outro. Os dois eram péssimos. Mark não era o meu método para superar, ele era o meu incentivo. Eu não teria motivos para superar se não fosse a vontade de fazê-lo feliz. também tinha o seu incentivo: a raiva. A vontade de me esquecer fazia ele querer superar. Mesmo com a bebida, a mudança de comportamento e as mulheres a dor já havia sido maior. não estava bem, mas ele estava bem melhor do que antes e isso era um ótimo progresso.

Mark havia acabado com toda a minha carência, mas eu ainda sentia saudade de Atlantic City. Eu ainda sentia saudade dos meus amigos, da minha família, das lanchonetes e das praças. Eu sinto falta de tudo, mas o meu receio de reencontrar me fazia querer ficar o mais longe possível de lá. Eu só teria coragem de voltar para Atlantic City quando estivesse pronta para vê-lo, para olhar nos olhos dele e não sentir vontade de chorar.

Meus pais sempre vinham me visitar sempre, mas eles não sabiam sobre o Mark. Até onde eles sabem, Mark é só um grande amigo, mas a minha mãe tentou fazer a minha cabeça dizendo que ele era muito bonito. Os meus amigos também não tiveram tempo para me visitar ainda. Eu já perdi a conta de quantas vezes eu briguei com eles por causa disso. Eu já havia prometido dar uns bons tapas no quando eu voltasse a vê-lo. foi o único que foi me visitar. A segunda vez foi na semana passada, mas eu tenho quase certeza que a vinda dele não teve a ver com a falta que ele sentia de mim. Ele e Meg estavam começando a ficar sério também. Eles eram um casal muito engraçado por serem totalmente o oposto um do outro, mas eles se entendiam muito bem. Fiz o prometer que não contaria a ninguém sobre o Mark. Não era nada sério, então não tinha motivos pra eu anunciar pra todo mundo. Eu também não queria que o ficasse sabendo. Não é que eu me importe com o que ele pensa, mas não precisamos causar problemas antes da hora, né?

- Porque nós estamos aqui na sua casa mesmo? – perguntou ao ver todos os amigos sentados na sala da casa do .
- A ligou falando que queria comemorar o aniversário dela e dei a ideia de nós nos reunirmos aqui em casa, já que os meus pais foram visitar a minha irmã em Nova York. – explicou.
- A some e depois aparece do nada. Qual o problema dela? – negou com a cabeça.
- Eu me pergunto a mesma coisa. – estranhou.
- Parem de ser idiotas. Ela com certeza tem os motivos dela. – defendeu a amiga.
- É! Vocês nem sabem o motivo dela ter se afastado e já estão julgando. – também foi a favor de .
- Será que ela finalmente vai nos contar o motivo? – questionou.
- Quando ela me ligou, ela me disse que queria nos contar uma novidade também. – não deu muitos detalhes. Era tudo o que ela sabia.
- Será que ela ta grávida? – fez careta.
- , seu safado. – atacou uma almofada na cara do amigo.
- Vai se ferrar! – gargalhou da frase de . – Se ela estiver, não tem nada a ver comigo. – Ele tirou o corpo fora.
- E se ela vir anunciar a gravidez da prima? – não perdia a chance de irritar o .
- , é mais fácil eu engravidar você do que ela. – rolou os olhos.
- Amor, juro que foi só uma vez. – olhou pra com intimidação.
- Vocês são muito idiotas. – gargalhou.
- Já que estamos falando da Amber, será que ela vem? – questionou.
- Só sei que se ela começar a falar mal da minha irmã aqui dentro eu chuto ela daqui. – ergueu os ombros.
- Será que ela vai ter a cara de pau de vir aqui? – arqueou uma das sobrancelhas. Aquela ainda era a minha casa e se eu estivesse lá, eu expulsaria a Amber a pedradas.
- Considerando que o está aqui... com certeza! – rolou os olhos.
- A culpa é minha agora? – abriu os braços com uma certa indignação.
- Você deve achar super legal, né? Essa garota ficar se jogando nos seus pés e ficar babando em você. – revirou os olhos.
- Eu não me importo, querida. Tem várias garotas no meu pé. Uma mais ou uma a menos realmente não vai fazer diferença alguma. – piscou ao usar toda a sua ironia naquela frase.
- Aposto que acha isso incrível, não é? – forçou um sorriso.
- Bem, eu estou muito bem com relação a isso. – ergueu os ombros. Ele novamente queria demonstrar que não se importava.
- Ah, que droga! Ela chegou. Logo agora que eu ia pegar a pipoca pra assistir essa treta. – suspirou longamente. Levantou-se do sofá e foi até a porta. – ! Parabéns. – Ele sorriu ao ver a amiga depois de tanto tempo.
- Oi.. obrigada! – o abraçou.
- Amber. – não se aproximou da Amber, apenas cumprimentou com a cabeça. – Entrem. Todo mundo já chegou. – Ele saiu de frente da porta para que elas entrassem.
- Valeu! – entrou na casa, que costumava a frequentar por anos.
- ! – levantou apressadamente do sofá para abraçá-la. – Meu Deus, você está magra! Está linda. Feliz aniversário! – Ela nunca deixava passar esse tipo de coisa.
- Viu, só? – fez pose. – Muito obrigada! – Ela sorriu.
- Eu senti tanto a sua falta, . – também se aproximou da amiga e a abraçou. – Parabéns, linda! – Ela beijou o seu rosto.
- Eu também sinto a sua falta e obrigada! – olhou para o rosto da amiga e a admirou por um curto tempo.
- Bate aqui, parceira. Parabéns! – foi até a amiga e estendeu uma das mãos. Eles tinham um toque de mãos muito engraçado.
- ! – riu ao vê-lo. Eles fizeram o toque de mãos e se abraçaram. – Espera! O que isso? Você está usando perfume? – Ela fingiu estar chocada.
- Ah, não começa! – fez careta.
- , oi... – ficou um pouco mais sem graça ao cumprimentar .
- Oi, . – se aproximou e a abraçou. – Feliz aniversário. – Ele também estava um pouco sem graça.
- Muito obrigada. – agradeceu e terminou o abraço.
- Você está bem? – educadamente perguntou.
- Estou ótima e você? – respondeu com educação.
- Tudo certo. – sorriu para a ex-namorada. É impossível evitar esse clima estranho.
- Hey! – sorriu ao ver a amiga.
- Jonas! – sorriu e também o abraçou. – O que é isso no seu rosto? Você tem barba agora? – Ela olhou o seu rosto de perto.
- Mais ou menos. – fez careta e depois achou graça do comentário de . – Aliás, parabéns pelo seu aniversário. – Ele lembrou-se do motivo deles estarem ali.
- Valeu! – agradeceu. Amber foi atrás de e foi cumprimentada por todos, mas não com tantos sorrisos quanto . – Mas e então? O que nós vamos comer? Está tudo certo? – perguntou.
- Eu não sei de nada. As duas que planejaram tudo. – olhou para e .
- Vamos pedir pizza para variar e... nós compramos um bolo. – respondeu em meio a risos.
- E compramos até vela de aniversário! – completou.
- Uau! – comentou, causando a risada de todos.
- Acho que a sua festa do ano passado foi bem melhor. – também comentou, se referindo a enorme festa que fez no ano anterior.
- É, pelo menos nós não fomos presos dessa vez. – sorriu e todos gargalharam.
- Foi loucura aquele dia. – negou com a cabeça, tentando parar de rir.

Em meio a recordações e risadas nós pedimos as pizzas. Amber não teve como se enturmar muito, já que ela não participou de metade das coisas que estavam sendo relembradas. As recordações também não foram muito boas para . Eu acabei sendo mencionada diversas vezes e ele foi obrigado a relembrar diversos momentos que passamos juntos seja juntos ou brigados. As recordações também foram um pouco estranhas para e , que agora estavam separados. Não é que as memórias havia se tornado ruins, mas só era estranho relembrar de uma coisa que hoje em dia é totalmente diferente e que em certos casos nem existe mais.

Depois de comerem, as garotas se prontificaram a lavar a louça e aproveitaram para colocar os assuntos em dia. contou sobre a montanha russa que era o seu relacionamento com , que até agora era o único que estava sobrevivendo no grupo de amigos. não assumiu o seu ‘lance’ com o , mas deixou claro que alguma coisa estava acontecendo. Foi a mesma coisa que ela contou pra mim há algumas semanas atrás.

- E a ? – teve que perguntar.
- Nem me fale. – negou com a cabeça.
- Ela e o terminaram. – contou.
- É, a Amber me contou meio por cima. – mostrou-se decepcionada.
- E você sabe também que ela e o ... – fez careta.
- É, eu sei! Adivinha quem teve que dar cobertura pra ela na noite em que ela dormiu fora de casa? – rolou os olhos.
- O só anda fazendo besteira ultimamente. – disse em tom de desaprovação.
- Ultimamente? Acho que a única coisa certa que ele fez foi ficar com a . – criticou.
- Eu achei que você fosse a favor da sua prima. – ficou surpresa com as palavras de .
- É uma longa história. – fez careta.
- Eu só sei que o mudou da água pro vinho depois que eles terminaram. – contou.
- Lembra quando ele pegou todas as líderes de torcida da escola? Isso é fichinha perto do que ele faz agora. – explicou mais detalhadamente.
- Nossa! – ficou surpresa. – Mas e a ? – Ela quis saber.
- Ela diz que está bem, mas você sabe... – ergueu os ombros.
- Nós até íamos fazer alguma coisa pra ajudar eles. Uma festa ou qualquer coisa assim, mas o não que vê-la nem pintada de ouro. – fez careta.
- Complicado... – negou levemente com a cabeça.
- E... você e o ? – atreveu-se a perguntar.
- Não existe mais eu e o . – forçou um riso.
- Não tem volta mesmo? – questionou.
- Não. – não se prolongou. – É difícil explicar, mas eu tenho que contar uma coisa pra vocês, mas é melhor nós cortarmos o bolo primeiro. – Ela desconversou.
- Contar? Contar o que? – tentou saber antes de todo mundo. Ela era curiosa demais.
- Daqui a pouco eu conto. É melhor eu contar pra todos de uma vez. – não quis contar.
- Então ta. – não insistiu.

Terminamos de lavar a louça e começamos a arrumar a mesa para cortar o bolo. Amber não serviu nem para nos ajudar e decidiu ficar com os garotos, ou melhor, com o . Nem eles deram atenção a ela. Eles conversavam sobre um jogo que eles fizeram na época da escola e riam sem parar.

- Vamos cantar parabéns! – chamou todos.
- Esse bolo parece ser bom. – disse ao admirar o bolo sobre a mesa.
- Foi a que escolheu. – cutucou a amiga.
- É claro que foi. – disse tão baixo, que acho que só e ouviram.

O parabéns foi cantado com toda a empolgação que merecia e depois o bolo foi desastrosamente cortado por , que certamente não tinha habilidade para fazer aquilo. Todos estavam sentados próximos da mesa e conversavam sobre assuntos diferentes. e falavam de uma coisa, e falavam de outra e , e Amber sobre outra coisa. os observou e achou que estava na hora de dizer o que realmente veio dizer.

- Ei, pessoal. – gritou, chamando a atenção de todos. – Eu queria agradecer muito por tudo isso. Eu adorei ter passado mais esse aniversário com você. – Ela fez uma rápida pausa. – Mas a comemoração do meu aniversário não foi a única coisa que me trouxe aqui. Eu sei que vocês têm muitas perguntas e eu acho que vou responder todas de uma só vez agora. – abaixou a cabeça e pensou na melhor forma de contar aquilo. – Eu... – Ela ainda não sabia o que dizer. – Vocês sabem, depois daquela briga que eu e a tivemos naquele dia algumas coisas mudaram. Não foi só a minha amizade com ela, mas também a forma como eu via a mim mesma e até mesmo a minha amizade com vocês. – não deixou muito claro o que queria dizer.
- Eu não entendi. – foi o único que se pronunciou.
- Depois daquela briga eu me senti muito mal comigo mesma. Não é que eu me arrependa do que eu fiz, mas eu não acho que fiz pelos motivos certos. Quer dizer, eu achava que eles eram certos até perceber que eles não me dariam o que eu queria. – continuou deixando todos confusos. – Isso não vem ao caso. O que importa é que depois daquela briga, algumas coisas mudaram pra mim e as minhas prioridades também mudaram. Eu precisei de um tempo. Um tempo para me encontrar e para entender quem eu era realmente. – Ela negou com a cabeça. – A pessoa que eu era jamais falaria daquele jeito com a sua melhor amiga, nem ao menos pra proteger a sua prima. – olhou rapidamente para a Amber, que não teve reação alguma. – Os meus princípios estavam todos errados e eu quis deixá-los em ordem. Eu dei um tempo pra mim mesma, eu estudei e me aprofundei no assunto que eu adoro que é a moda. – preferiu nem tocar no assunto do término com o . – Eu fiz alguns vários vestibulares. – Ela voltou a fazer uma pausa. – O que eu estou tentando dizer é que... eu consegui uma bolsa de estudos de moda. – Ela olhou para os amigos.
- Jura? – abriu a boca, surpresa. – Uau! – Ela comemorou.
- Parabéns, ! – também ficou empolgada.
- Que legal! – também apoiou a amiga, que permaneceu séria.
- Em Paris. – os interrompeu. – Eu consegui uma bolsa de estudos em Paris. – Ela completou. Todos ficaram perplexos. Ninguém teve coragem de se manifestar. Não dava pra saber quem era o mais chocado naquela sala. – Vocês não vão falar nada? – olhou pra todos, nervosa.
- Uau, ! Parabéns... – não sabia se deveria dar parabéns ou implorar para que ela não fosse.
- Mas você vai ficar lá por quanto tempo? – não escondeu o quão aquilo era ruim para amizade deles.
- O curso dura 4 anos. – ergueu os ombros.
- Isso é ótimo, . Era o que você queria, não é? – sempre era o mais consciente de todos.
- É sim! Paris é o melhor lugar para fazer esse tipo de curso. – sorriu, mas não com tanta empolgação.
- Mais uma que vai embora... – disse, mostrando-se chateado.
- Não estranhe a nossa reação, . Nós estamos felizes por você, mas é meio triste saber que você vai pra tão longe. – tentou concertar.
- Eu sei, é difícil, mas eu me afastei por um tempo. Eu acho que isso foi como um treinamento para o que vai acontecer com nós a partir de agora. – não parecia tão triste quanto os seus amigos. Ela teve um bom tempo para pensar sobre aquilo e superar o assunto.
- Nem eu sabia disso. – Amber também estava surpresa.
- Eu pedi para os meus pais não contarem para ninguém por enquanto, porque eu ainda não tinha decidido se iria mesmo. Eu decidi ontem e vocês são as primeiras pessoas que estão sabendo disso. – Mesmo tendo se preparado para aquele momento, começou a ficar um pouco emocionada.
- Eu estou muito orgulhosa de você! – foi a primeira a se aproximar para abraçá-la.

A notícia realmente pegou todos de surpresa e acabou esclarecendo o afastamento da nos últimos meses. A situação dela era um pouco parecida com a minha, mas ela não tinha um namorado e também não se mudaria para a capital. Era um novo país e todos sabiam que era praticamente impossível visitá-la. Eles ficariam 4 anos sem vê-la. Isso é extremamente estranho quando se trata da pessoa com quem você cresceu. se sentia culpado pelo afastamento dela, mas agora ele percebeu que foi bom. vai ter uma oportunidade incrível. Todos a cumprimentaram e a parabenizaram pela oportunidade. foi o mais tímido com relação ao assunto. Se havia algum que conhecia os problemas da distância, essa pessoa era ele.

- Então, eu fiz um teste online e depois tive que fazer outro presencial. – explicava a todos sobre como havia conseguido a bolsa, mas dois deles não estavam prestando muita atenção no que ela dizia. e trocavam olhares de tempos em tempos.
- Eu vou ir ao banheiro. – se levantou do sofá e quase ninguém lhe deu atenção. Ele piscou para e foi em direção as escadas. demorou algum tempo para pensar em alguma desculpa para sair dali.
- Eu vou levar esses pratos. – levantou-se e começou a recolher os pratos em que os amigos haviam comido o bolo. Ela juntou todos eles e seguiu em direção a cozinha. Deixou os pratos sobre a mesa e abandonou a cozinha com silenciosos passos. Todos conversavam e davam atenção total para . aproveitou para subir as escadas da forma mais silenciosa que conseguiu. Ela entrou no corredor e tentou adivinhar onde estaria. Não foi preciso ela dar 3 passos e já a puxou por uma das mãos.
- Você demorou! – sussurrou.
- Eu não sabia como sair de lá. – riu, quando começou a puxá-la para o fim do corredor.
- Achei que você não viesse. – voltou a sussurrar.
- Mentiroso! É claro que sabia que eu vinha! – sorriu, negando com a cabeça. parou em frente a uma porta e a abriu. – Espera, o que você está fazendo? – Ela não entendeu o porquê dele ter aberto a porta de um quartinho minúsculo, que meu pai gostava de guardar as suas tranqueiras.
- Se você adivinhar, ganha um beijo. – a puxou para dentro do armário.
- Está muito escuro aqui. – sussurrou, quando percebeu que ia fechar a porta.
- Então, aconselho que você mantenha os seus olhos fechados. – a encostou em uma das paredes e terminou de fechar a porta. não respondeu, o sorriso que logo desapareceu na escuridão respondeu por si só.

No andar de baixo, todos ainda escutavam a história de . Ela contou que a viagem seria dali algumas semanas, mas ainda tinha que acertar algumas questões como o passaporte. acabou demonstrando a sua vontade de também ir para Paris, mas a repreendeu no mesmo instante e acabou causando a risada de todos. A conversa estava tão empolgante, que eles mal perceberam a ausência de e . A conversa sobre viagem, estudos, sonhos e toda a baboseira começou a ficar desinteressante para , que considerava tudo aquilo uma besteira depois do que aconteceu com nós.

Depois de alguns minutos de ausência de e , ele foi o primeiro a sentir a falta deles. Ele olhou para os lugares onde eles estavam sentados antes e a conclusão nunca foi tão óbvia. se levantou e tinha uma desculpa pronta para o caso de alguém perguntar onde é que ele estava indo, mas ninguém perguntou. Ele subiu lentamente as escadas e começou a andar pelo corredor. Parou no meio do corredor e olhou em volta, pensando onde é que e estavam. O silêncio do andar favoreceu a sua busca e ele conseguiu ouvir alguns ruídos vindo do quartinho que ficava no fim do corredor. negou a cabeça com um sorriso malicioso no rosto. Andou até o tal quartinho e parou em frente a porta. Agora ele tinha certeza que e estavam ali. Tocou a maçaneta e abriu rapidamente a porta. A primeira coisa que viu foi e se beijando em meio a caixas e varas de pescar.

- Ah, qual é! – disse, quando os dois interromperam o beijo abruptamente.
- O que você está fazendo aqui? – fez careta.
- O que VOCÊS estão fazendo aqui? – os olhou com desconfiança.
- Estamos fazendo compras! – ironizou. – O que você acha que estamos fazendo? – Ele olhou para com irritação.
- 5 quartos e vocês escolhem o único que não tem cama! Mais virgem do que isso impossível, ! – rolou os olhos.
- Como você nos achou aqui? – o fuzilou com os olhos.
- Está de brincadeira? – abriu os braços. – Acha mesmo que eu não conheço todos os esconderijos dessa casa? Usei esse algumas vezes, mas eu sempre achei meio apertado. – Ele disse com um certo deboche. Ele se referia a época do nosso namoro. – Da próxima vez usem a dispensa. É mais espaçosa e tem um cheio melhor. – sorriu com falsidade.
- Vá a merda, Jonas! – revirou os olhos.
- Espera, você e a ... – fez careta e olhou com nojo para o quartinho em que estavam. – Ai, que droga, . – Ele saiu do quartinho e levou junto.
- Por um momento eu achei que você ia ser esperto e aproveitaria para se vingar do , já que o quarto dele está aqui ao lado. – negou com a cabeça.
- Dá pra calar a boca? – voltou a ficar irritada.
- Espera! – pensou por um segundo. – Ainda dá tempo! – Ele sorriu.
- O que? – olhou pro com cara feia.
- O quarto do está aqui do lado! Vamos fazer isso! – ficou extremamente empolgado.
- Meu filho, se você quer me levar pra cama vai ter que fazer bem melhor que isso. – Foi que debochou dessa vez.
- Não é de verdade! – se explicou. – Vamos só fingir e... – Ele começou a explicar.
- Só fingir? Espera, deixa só eu fazer um comentário: cara, além de virgem você é muito lerdo. – brincou com o fato de dizer que ele e teriam apenas que fingir que estavam tendo a sua primeira vez. – Pronto, pode continuar. – Ele cruzou os braços para continuar ouvindo a explicação de .
- Valeu, . – olhou para o amigo com desprezo. – Então, nós podíamos fingir. O dava um jeito de trazer o aqui em cima e nós só ficávamos em baixo do lençol fingindo. – Ele terminou de explicar.
- Isso é sério? – riu com a ideia.
- Vamos! Me ajude! Vai ser a vingança perfeita. – insistiu.
- Não sei... – não sabia se aceitava ou não.
- Aceita, ! O promete te agradecer de um jeito muito especial mais tarde. – tentou ajudar .
- Cala a boca, . – deu um fraco soco no braço do amigo.
- Eu desisto de você, cara! – negou com a cabeça.
- Está bem, eu ajudo, mas só porque vai ser hilário. – riu silenciosamente.
- Você vai nos ajudar, ? – olhou para o amigo.
- Sacanear o ? Está de brincadeira? Eu ficaria ofendido se não participasse disso. – sorriu para o amigo.
- Beleza, então você desce e eu e a vamos pro quarto dele. Vamos ficar embaixo dos lençóis e vamos fingir estar fazendo alguma coisa. Você tem que dar um jeito de fazer ele subir aqui. – explicou o plano.
- Eu dou o meu jeito, mas vocês têm que ser bem convincente. Vocês sabem que o manja das putarias. – disse, causando a risada de e .
- Nós vamos ser. – se esforçou para parar de rir.
- Espero que você ainda corra igual a um jamaicano. – avisou .
- Pode deixar. – afirmou com a cabeça.
- Eu vou tentar atrasá-lo um pouco e você foge. – aconselhou.
- Beleza! – concordou.
- Então eu vou descer e eu trago ele daqui uns 5 minutos. – continuou olhando para o amigo, enquanto dava alguns passos para trás.
- Certo! – segurou a risada.



- Manda ver, garoto! – disse, apontando pro amigo e piscando um dos olhos. – Quer dizer... – Ele fez careta. – Você entendeu! – rolou os olhos, antes de virar-se e descer as escadas.

e se apressaram e foram para o quarto do que ficava naquele mesmo corredor. desfez a cama com a ajuda de e logo depois os dois deitaram lado a lado da cama, colocando o lençol por cima de suas cabeças. Ambos estavam de roupas e se encaravam embaixo do lençol entre risos. voltou para a roda de amigos, que ainda falavam do mesmo assunto. Ele se preparou para não rir durante toda a encenação.

- , você pode me emprestar aquele seu jogo de futebol novo? – interrompeu a conversa. Todos o olharam, pois aquilo não tinha nada a ver com o assunto.
- Eu empresto sim. Depois eu pego pra você lá em cima. – afirmou sem dar muita atenção para o amigo.
- Não, tem que ser agora por que... – demorou alguns segundos para pensar em um bom motivo. – Porque eu estou indo embora. Não posso esperar. Eu ainda tenho que... lavar a louça quando chegar em casa. – Ele se xingou mentalmente pela improvisação horrível que ele havia acabado de fazer.
- Tem uma pia cheia de louça lá em casa também. Por que não dá uma passada lá mais tarde? – não conseguiu evitar. Todos riram e a única atitude de foi olhar tediosamente para o amigo e apontar o dedo do meio em sua direção.
- Me empresta ou não? – voltou a olhar para .
- Está bem. Vamos lá pegar. – rolou os olhos e se levantou.
- Legal. – sorriu, satisfeito. Levantou-se e acompanhou . Não perderia aquilo por nada.
- Você quer o de luta também ou eu já te emprestei aquele? – perguntou, enquanto eles subiam as escadas.
- Não, aquele você já me emprestou. Ele é muito bom. – estava tentando se controlar.
- Estou viciado nele agora. – sorriu. e conseguiram ouvir quando chegou no corredor. Era agora ou nunca.
- Ele está chegando! – sussurrou e olhou para .
- O que nós fazemos? – segurou o riso.
- Balance os lençóis assim. – demonstrou e fez o mesmo que ele. – Isso, só fique balançando os lençóis e deixa o resto comigo. – Ele continuou fazendo aquele mesmo movimento.
- Meu Deus, essa é a coisa mais ridícula que eu já fiz. – continuava se controlando.

e seguiam pelo corredor e conversavam sobre o tal jogo. não estava prestando atenção em metade das coisas que meu irmão estava dizendo. Ele só conseguia pensar no que viria a seguir. Eles chegaram em frente ao quarto do , que tocou a maçaneta. A primeira coisa que achou estranha foi o fato da luz de seu quarto estar acesa. Ele tinha certeza que havia apago. Abriu a porta e a primeira coisa que viu foi uma movimentação estranha na sua cama. Suas sobrancelhas se levantaram, enquanto ele olhava pasmo. estava logo atrás e estava quase morrendo para segurar a risada.

- Mas que porra é essa... – ainda estava meio assustado. e estavam se matando de rir embaixo dos lençóis. Com uma das mãos, fez uma rápida contagem e no 3 ambos colocaram a sua cabeça para fora do lençol.
- ! – arregalou os olhos e também fingiu uma cara de susto. A expressão no rosto de se transformou em questão de segundos. Arqueou ambas as sobrancelhas, franziu sua testa e tornou o seu olhar ameaçador.
- FILHO DA PUTA! – deu um curto passo em direção ao , mas o segurou na hora. – NA MINHA CAMA SEU VIRGEM DE MERDA? – Ele gritou, fuzilando com os olhos.
- , não é nada disso que você está pensando. – usou a desculpa clássica.
- VOCÊ... – apontou em direção ao e engoliu seco, tentando se acalmar. – VOCÊ E ELA ESTÃO NA MINHA CAMA! – Ele disse alto, porém com menos agressividade. – VAI ME DIZER QUE ESTAVAM TESTANDO A MINHA CAMA!? – ironizou. – ELA É BOA O SUFICIENTE PRA VOCÊS? POSSO COMPRAR UMA DE CASAL SE VOCÊS... – tentou avançar em de novo, mas voltou a segurá-lo. – PREFERIREM! – Ele completou a frase.
- , calma! – entrou na frente do ex-cunhado.
- Ele... – olhou para com uma mistura de frustração e desespero. – Ele perdeu o cabaço na minha cama. – Ele levou uma de suas mãos até a cabeça e bagunçou o seu cabelo. – Eles... – apontou em direção a cama. – Eu acho que vou vomitar. – Ele abaixou a cabeça e apoio suas mãos em seus joelhos.
- Ei, ei... – segurou o amigo e o levantou. – Cara, é só uma cama. – sorriu, achando exagero da parte de .
- Você acha engraçado? – voltou a se recompor. – ACHA ISSO ENGRAÇADO? – Ele voltou a gritar. – ME DÁ A CHAVE DA SUA CASA QUE VOCÊ VAI VER O ESTRAGO QUE EU VOU FAZER NA SUA CAMA AMANHÃ, SEU IDIOTA. – fuzilou com o olhar.
- Você achou engraçado quando foi na minha cama! – se intrometeu quando já estava de pé. nem desconfiou do fato de ele já estar com roupa.
- ENTÃO É ISSO? – voltou a olhar para e novamente o segurou. – ISSO FAZ PARTE DA SUA VINGANÇA IDIOTA? – Ele não acreditou.
- E se fosse? – sorriu para o meu irmão.
- FOI BOM PRA VOCÊ? – ironizou.
- , corre. – começava a ter dificuldade para segurar .
- Foi bom. A sua cama é ótima. Onde foi que comprou? – cruzou os braços, olhando calmamente pro .
- DESGRAÇADO! – ficou ainda mais maluco.
- SAI LOGO DAQUI, ! – gritou, pois não seguraria por tanto tempo. Dessa vez, atendeu o seu pedido e saiu correndo. Não deu nem 10 segundos e conseguiu se desvencilhar das mãos do e disparou atrás de .
- O que é que está acontecendo? – escutou os gritos do namorado no andar de cima.
- É o que está gritando? – arqueou a sobrancelha. Foi só terminar de dizer aquilo, que apareceu na escada e desceu os seus degraus correndo.
- SAÍ DA FRENTE! – gritou, passando pelos amigos. também apareceu correndo nas escadas.
- VOLTA AQUI, SEU COVARDE! – gritou furiosamente.
- O que aconteceu? – se aproximou da confusão.
- Segura o ! – gritou do alto da escada. não conseguiu atender o pedido de , pois passou voando em direção a piscina, que era para onde havia ido.
- Você é homem pra perder o cabaço na minha cama, mas corre igual uma garotinha agora? – saiu no quintal de sua casa. estava do outro lado do jardim.
- O que você acha de emprestar a sua cama de novo na semana que vem? – gritou em meio a risos.
- NÃO VAI SER PRECISO, PORQUE DE HOJE VOCÊ NÃO PASSA, FILHO DA PUTA! – ficou ainda mais maluco.
- Oh, o que foi? Você está nervoso? – fez cara de compreensão, olhando para o amigo de longe.
- ESPERO QUE TENHA VALIDO A PENA, PORQUE HOJE FOI A SUA PRIMEIRA E ÚLTIMA VEZ! – voltou a ameaçá-lo. Ele ia para um lado e o ia pro outro.
- , deixa ele em paz. – tentou interceder por .
- Eu vou deixar ele descansar em paz já já, amor. – nem sequer a olhou. Ameaçou novamente ir para um lado e correu para o outro. – VEM LOGO AQUI! – Ele esbravejou.
- Sabe que eu gostei dos lençóis de seda? – cruzou os braços.
- Gostou? – forçou um sorriso. – QUE ÓTIMO PORQUE EU VOU ENFIAR UM POR UM NO MEIO DO SEU.. – Ele ia dizendo com toda a sua ira, mas o interrompeu.
- Ei! Você para de gritar! – apontou para o . – E você para de ser idiota se não você vai acabar morrendo. – Ele apontou para o em seguida. – Chega dessa brincadeira! – achou melhor parar antes que acontecesse uma desgraça.
- Brincadeira? Que brincadeira? – olhou pro sem entender.
- Não pode ser.. – começou a rir, pois já havia entendido tudo. já havia deitado no chão e estava rolando de um lado pro outro, enquanto chorava de rir.
- , esse foi o melhor troll de todos. – sorriu pro amigo, que não conseguia parar de rir.
- Ei, seus babacas! Dá pra me falarem do que os 3 idiotas estão rindo? – abriu os braços.
- Não teve primeira vez! – segurou o riso para explicar ao . – estava te sacaneando e você caiu igual um idiota. – Ele voltou a rir.
- Não... – arqueou uma das sobrancelhas. A única coisa que se ouvia eram risos. – Vocês estão me dizendo que vocês estavam zuando com a minha cara esse tempo todo? – Ele cruzou os braços.
- Você viu a cara dele? – gritou ainda do outro lado do jardim.
- Esses meninos nunca crescem. – negou com a cabeça, enquanto ria. Ela estava com saudade de todas aquelas brincadeiras e risadas que ela só conseguia dar com os amigos.
- Vocês são uns retardados. – também negou com a cabeça.
- , você não corria assim nem na época do futebol. – brincou com o amigo.
- Eu nunca vi o tão irritado. – não conseguia parar de rir.
- No dia que a irmã dele deixar de ser virgem vamos precisar do Hulk. – fez um comentário infeliz, mas que fez todos rirem ainda mais. também não achou tanta graça.
- Vão brincando, seus trouxas! – continuava sério e contrariado. começou a se aproximar do resto do grupo. – Você podia ter morrido, . – Meu irmão apontou para o amigo com um quase sorriso.
- Curtiu, né? – estendeu sua mão e a apertou. – Agora você sabe como eu me senti. – Ele completou.
- Ainda isso? – fez careta. – Você já comprou outra cama, está na hora de superar. – Ele deu alguns tapinhas no ombro do amigo.
- É, mas ela não é tão boa quanto a sua. – voltou a brincar.
- Cala a boca. – disse da maneira mais dócil de todas, enquanto dava uns tapas mais fortes no rosto de , que afastou-se rindo. – E você, hein? – Meu irmão foi até a . – Cara de santinha, dona da moralidade e a mais nova rainha das sacanagens. Bem vinda ao grupo. A pode te ensinar umas coisinhas depois se você quiser. – sorriu para e piscou para a namorada.
- Ah, qual é! – rolou os olhos.
- Isso tudo foi só encenação ou vocês estão juntos mesmo? – perguntou, olhando para o e para a .
- Sim! – disse.
- Não! – disse ao mesmo tempo que ela. Eles se olharam.
- Não! – desmentiu.
- Sim! – novamente falou junto com ela. Os amigos os olharam com desconfiança.
- Mais ou menos... – ergueu os ombros, sem jeito.
- Estão namorando? – questionou.
- Não! – e voltaram a responder juntos, deixando de olhar um para o outro para olharem para os amigos.



- Estão transando? – perguntou em seguida.
- Não! – foi a única a responder e virou-se para olhá-la.
- É, mas.. – pensou em dizer alguma coisa, mas o interrompeu.
- Não! – foi curta e grossa.
- É isso ai, pessoal. Não! – voltou a sorrir para os amigos. saiu, voltando para dentro da casa. , e Amber a acompanharam.
- Hey! – chamou , que se aproximou. – Falando sério agora. Posso emprestar a minha cama pra vocês qualquer hora dessas. – Ele forçou o seu melhor sorriso. e se entreolharam.
- Sério? – olhou para o amigo com esperança.
- Não! – ficou imediatamente sério. – Se chegar perto do meu quarto de novo, eu te arrebento. – Ele deu um tapa no braço do e saiu, indo para o interior da casa. e voltaram a se matar de rir.
- Cuidem da vida de vocês. – rolou os olhos e também entrou na casa.
- Fazia tempo que eu não ria tanto. – olhou pro . Eles estavam sozinhos no quintal da casa.
- Por um momento eu até me esqueci que a vai embora. – riu sem tanta empolgação.
- Você deu sorte, hein. Ainda bem que vocês não estão mais juntos. – também ficou um pouco mais sério, quando tocou no assunto. – Pelo menos vocês não tiveram que passar por aquela fase em que vocês fingem que acham que vocês vão superar a distância e etc. Isso é besteira. – Ele rolou os olhos.
- Isso é um conselho ou um desabafo? – sabia muito bem do que estava falando.
- É um fato! – afirmou com um fraco sorriso e começou a andar em direção a casa. negou com a cabeça, desaprovando as palavras e a atitude do amigo. Acompanhou e também entrou na casa.

A noite de amigos durou mais umas duas horas. A diversão acabou quando anunciou que tinha que ir embora. As garotas também acharam melhor irem embora. estava de carro e as deixaria em casa.

- Não vai mesmo ficar aqui comigo, amor? A casa está vazia e eu vou ficar sozinho. – fez bico. Estava a alguns minutos tentando convencer a ficar.
- Eu não posso. – fez bico. – Mas pede pro ficar com você, já que ele gostou tanto da sua cama. – Ela brincou.
- Eu durmo sozinho mesmo. – rolou os olhos.
- Hey, ! – chamou de canto. – Eu estou indo, mas antes eu queria falar com você. – Ela não sabia por onde começar.
- É claro! – afirmou com a cabeça. Não sabia o que poderia ser.
- Escuta, eu... – ia dizer, mas não sabia como dizer. – Eu sei que de alguma forma eu tive culpa no seu término com a e eu... – Ela ia se estender, mas não permitiu.
- Não, . – imediatamente negou com a cabeça. – Não faz isso, está bem? – Ele pediu. – Foi tudo, menos culpa sua. Acredite em mim. – só queria acabar logo aquela conversa. Ele odiava aquele assunto.
- Está bem, eu sei que você não quer falar sobre isso, mas eu só quero que você saiba que... – hesitou continuar. – Um dia eu vou recompensar de alguma forma, ok? – Ela sorriu sem mostrar os dentes. não soube como responder e nem teve tempo para isso. Ela se aproximou e beijou o seu rosto. – Boa noite, . – se despediu.

As garotas se despediram de todos e as palavras de atordoaram por um tempo. Ele não queria te falado sobre aquele assunto naquela noite. Fazia tempos que ele não falava sobre aquilo. se sentiu culpada por ter ficado do lado da Amber no dia em que nós brigamos. Ela foi a favor da prima e do por um tempo, mas depois de rever alguns conceitos ela havia mudado de opinião.

- Isso foi divertido. – sentou-se no sofá. Só restavam os garotos agora.
- Foi muito legal. Foi muito bom reunir todo mundo de novo. – concordou.
- Nem todo mundo, né? – fez careta. Todos sabiam que ele se referia a mim, mas não se pronunciaram a respeito por causa do .
- A Amber até que se comportou, né? – quis mudar de assunto.
- Se comportou mesmo. Dessa vez ela só comeu o com os olhos. – comentou, causando a risada dos meninos.
- Sério mesmo? – nem havia percebido.
- Vai dizer que não percebeu? – abriu os braços.
- Não percebi nada. – riu e negou com a cabeça.
- Você já não deu o fora nela? Porque ela continua insistindo? – não conseguia entender aquela obsessão.
- É... – fez careta e entregou tudo.
- Ah não, ! – rolou os olhos.
- Seu idiota! – não hesitou em julgar.
- Foram só duas vezes! – se explicou.
- Duas vezes? – o olhou com desaprovação.
- Eu estava bêbado! – se justificou.
- Vocês só ficaram ou... – torcia pela resposta negativa.
- Nós só ficamos. – deixou todos aliviados.
- Cara, você sabe que ela gosta de você! Porque fica dando esperança? – não conseguia entender.
- Eu não sei! Eu já dei milhões de foras nela, mas ela sempre acaba aparecendo. Eu estou bêbado e ela está lá vestindo aquelas roupas provocantes e ai... já era! – se explicou.
- Já era? – arqueou a sobrancelha. – Tem certeza que você não gosta dela? – Ele quis saber.
- É claro que eu tenho! – respondeu sem hesitar.
- Ela é a sua amiga. Você não devia ficar brincando com os sentimentos dela. – aconselhou.
- Está de brincadeira? Minha amiga? – quase riu. – Eu já me conformei que perdi a minha melhor amiga no dia que eu resolvi dormir com ela. Depois daquele dia, tudo ficou um inferno! Ela deve ter colocado algum tipo de rastreador no meu celular, não sei. Ela sempre aparece nos lugares onde eu estou. – Ele fez careta.
- Ela não vai parar enquanto você continuar ficando com ela! – achou que era óbvio.
- Ela é adulta e toma suas decisões sozinha. Eu já disse que não quero, mas se ela insiste em vir atrás de mim e eu estiver afim... – ergueu os ombros.
- Ai, ... – negou com a cabeça.
- Não falo nada. – suspirou longamente.
- Nem eu! – ergueu as mãos.

O fato era que não se importava. Ele não se importava com qualquer garota, que não fosse sua mãe e sua irmã. Ele não queria saber se ia quebrar o coração de todas elas. só queria pensar em si mesmo a partir de agora. Depois de tanto tempo pensando no melhor para a garota que ele sempre amou, ele deu uma chance a si mesmo e esqueceu de se importar com as outras pessoas. Pode chamar isso de egoísmo ou de insensibilidade, mas isso na verdade é o seu desabafo.

Aquele encontro de amigos e as inúmeras vezes em que eu fui indiretamente mencionada não o deixaram tão mal quanto ele temia. Isso foi como uma realização enorme pra ele. Aos poucos ele sentia que estava melhorando e superando e isso era tudo o que ele mais queria. Nem mesmo a palavras de o deixaram tão abalado. A parte mais triste foi saber que ele teria que perder outra pessoa. sempre foi muito amiga do e mesmo ela tendo se afastado, ele ainda sentia um carinho enorme por ela. A insensibilidade não era tão grande sim. Ele sentiria a sua falta, assim como todos os outros amigos.

As notícias chegaram até mim no dia seguinte através do . Ele me contou como foi o aniversário da , contou sobre a viagem e também da brincadeira que eles haviam feito com o . Eu não sabia quem estava rindo mais: o que estava contando ou eu que estava ouvindo. Eu também soube que Amber esteve lá e depois de um breve piti por achar que todos os meus amigos estavam colocando aquela vadia no meu lugar, me acalmou. Uma outra coisa boa era que eu não perguntava mais do . Eu tinha vontade de perguntar, mas eu não perguntava mais. Isso me ajudou muito a não pensar nele. Eu e estávamos nos superando e isso era tragicamente bom.



TROQUE A MÚSICA:



- , você pode vir a sala de reunião agora? – ouviu o presidente da empresa convidá-lo através do telefone.
- É claro. Eu estou indo agora mesmo. – não hesitou. Mesmo se tratando de 6 horas da tarde de uma sexta-feira.

tinha certeza que era mais uma daquelas reuniões que o dono da empresa fazia com a empresa toda para falar sobre comportamentos e benefícios. Ele não estava nem um pouco a fim de ter aquele tipo de reunião naquele dia, mas ele não tinha a opção de não ir até lá. Apesar de ele ser dono de grande metade da empresa, ele respeitava muito o outro sócio e amigo de seu pai, que era o presidente da empresa agora. Caminhou até lá, enquanto despedia-se de várias pessoas, que estavam indo embora, pois o seu expediente já havia acabado.

- Olá, desculpe a demora. – disse assim que chegou na sala. A mesa de reunião estava cheia de gerentes. O presidente ficou na ponta da mesa como em qualquer reunião normal.
- Sente-se, . – O presidente da empresa apontou a cadeira ao seu lado. atendeu o seu pedido e sentou-se. Ele estava muito bem vestido com a sua roupa social que incluia camisa de mangas longas, calças sociais e sapato. A empresa tratava de esportes, mas ele era uma pessoa que tinha um grande cargo na empresa e ele não podia se vestir de qualquer jeito. – Nós decidimos fazer essa reunião de última hora. Eu reuni todos os gestores aqui, pois eu pretendia tomar uma decisão e queria a opinião deles. – O presidente não deu dicas sobre o que tratava.
- Está bem. – ainda não entendia o que estava fazendo ali. Tudo bem que ele era um dos gestores, mas porque o foco estava todo nele?
- Eu em conjunto com todos eles tomei uma decisão e eu gostaria de lhe fazer uma proposta. – O presidente da empresa o olhou com atenção.
- Proposta? Do que se trata? – queria saber logo do que se tratava.
- Bem, diante de inúmeros relatórios e pesquisas qualitativas feitas através de todos esses senhores ao seu lado, você tem sido o nosso maior talento aqui dentro. – O presidente fez uma pausa, enquanto mexia em alguns papeis. – Os contratos adquiridos pela empresa praticamente duplicaram e a maioria dos clientes exigem conversar com você antes de assinar qualquer contrato. – Ele novamente pausou. não podia fazer nada além de sorrir. É claro que ele queria sair gritando JONAS POWER e fazer uma dança de 5 segundos sobre a mesa de reunião, mas não dava. – Diante de todos esses números, você é gestor com ideias mais inovadoras que essa empresa já viu e é por isso que estamos prestes e lhe dar o maior contrato que já chegou ao nosso alcance. – O presidente parecia muito sensato em tudo o que dizia e todos os gestores pareciam estar de acordo.
- Eu fico muito honrado. – sorriu e olhou rapidamente para os outros gestores ali presentes.
- , os Yankees entraram em contato conosco no começo da semana. Eles estão procurando uma nova empresa de publicidade e eles chagaram até nós. – paralisou quando ouviu ‘Yankees’. Era simplesmente o seu time de futebol favorito.
- Nossa, isso é incrível! – falou um ‘PUTA QUE PARIU, NÃO ACREDITO!’ de maneira educada.
- Ao entrar em contato conosco, eles ressaltaram as ótimas recomendações que eles receberam da nossa empresa. – O presidente voltou a explicar. – Apesar das ótimas recomendações a nossa empresa, eles fizeram uma exigência, que para ser sincero, não me surpreendeu nem um pouco. – Ele sorriu fraco para o .
- Qual exigência? – se interessou. Nenhuma exigência poderia impedi-los de conseguir o contrato dos Yankees.
- Eles querem que você negocie com eles e querem que você esteja totalmente ligado ao processo criativo. – não conseguiu nem ter reação alguma. Os Yankees o queriam, tudo bem que não era como jogador, mas não deixava de ser um sonho pra ele. – Diante dessa exigência e de todos os resultados que já foram citados por mim, eu tomei uma decisão. Se você trouxer o contrato dos Yankees para a nossa empresa, eu estou disposto a lhe dar o cargo do qual um profissional como você merece. Eu não vejo você em qualquer outro lugar que não seja a vice-presidência. – A notícia caiu como uma bomba.
- O senhor está dizendo que se eu conseguir o contrato dos Yankees, o senhor vai me promover a vice presidente da empresa? – estava completamente surpreso. Era muito para lidar.
- Exatamente. – O presidente confirmou. – Mesmo você sendo o responsável pelo contrato, vamos te dar toda assistência necessária. Vamos pagar a sua estadia em um dos melhores hotéis de Nova York com direito a todas as refeições e um carro que também será cedido pela empresa. – Nova York? Espera! Ele disse ‘Nova York’ ? Ah não, ele disse!
- É necessário mesmo fazer a negociação em Nova York? Eu posso fazer por aqui mesmo. – não tinha a menor intenção de ir para Nova York. Ele se recusava a pisar naquela maldita cidade de novo.
- Sim, é necessário. Vamos dar a você o tempo necessário para fechar o contrato. – O presidente jamais o pressionaria. Naquele instante, abaixou a cabeça. Foi como a melhor e a mais frustrante notícia da sua vida. – Algum problema, ? – Ele soube que havia alguma coisa errada.

A maior oportunidade da sua vida, sendo arruinada pelo seu ódio e vontade de ficar o mais longe possível da garota que destruiu a sua vida. Que conveniente! A última vez que havia ido para aquela cidade, tinha sido por um motivo bom. Foi a melhor viagem de todas, pois ele sabia que estava indo me encontrar. E agora? Qual é a sua motivação para ir para Nova York dessa vez? Dinheiro? A promoção no trabalho? O seu time do coração? Nada disso vale a quebra de sua promessa de se manter longe de Nova York. havia prometido para si mesmo que não pisaria naquela cidade de novo. Aquela cidade que lhe arrancou a melhor coisa que ele já teve. Aquela cidade em que ele viveu o melhor momento da sua vida, mas também o arruinou de um jeito desigual. O que fazer?

- Me desculpe, senhor. – negou com a cabeça. – Eu vou ter que recusar. – Ele olhou para o presidente que pareceu extremamente surpreso.
- Recusar? Por qual motivo? – O presidente não entendeu. – O problema é Nova York? Você não quer ficar longe da sua família? É isso? – Ele queria bons motivos para uma recusa tão surpreendente.
- Não, eu... – não sabia como explicar. O que ele deveria dizer? ‘Não quero ir pra Nova York porque a minha ex pela qual ainda sou apaixonado está lá?’ ou ‘ Não quero ir para Nova York, pois aquele lugar me trás péssimas lembranças?’ – Eu entendo que é uma grande oportunidade, mas eu estou só começando e não quero me comprometer tão rapidamente. – Foi a melhor desculpa que ele conseguiu. Todos os gestores pareciam perplexos.
- Bem, eu não posso forçá-lo a nada e respeito a sua decisão. – O presidente parecia decepcionado. – Vamos repassar essa informação para a diretoria dos Yankees. – Foi a única coisa que ele disse.
- Obrigado, senhor e desculpe. – se desculpou por ser tão fraco a ponto de recusar a chance de sua vida. Ele se levantou e saiu da sala sem dizer nem mais uma palavra. O presidente da empresa e os gestores não entenderam a decisão. Estavam todos perplexos.

Se já se sentia um idiota antes por tudo o que ele sofreu, agora ele com certeza se sentia ainda mais. Quem recusaria uma proposta daquela? Qual o problema dele? Ele sabia muito bem a oportunidade que estava perdendo, mas ele também sabia que não conseguiria voltar para aquela cidade. não queria ir até lá para ficar olhando para todos os caras que passassem por ele, enquanto ele se perguntava se aquele era o cara que eu havia colocado no seu lugar. Ele não queria saber que estava tão perto de mim de novo. Ele não queria fazer parte de qualquer coisa que pudesse me aproximar dele. Estava decidido! Haveria outras oportunidades.

A recusa da oportunidade de trabalhar com os Yankees foi o assunto mais comentado no escritório durante a semana toda. tinha a impressão de que todos que passavam por ele o xingavam de ‘burro’ mentalmente. não deixava de dar um pouco de razão a eles. Quem recusa uma oportunidade dessas? Independentemente da opinião de todos, a pior parte foi com certeza ver a empresa toda se esforçar para fazer com que os diretores do Yankees aceitassem outra pessoa que pudesse dar ideias e discutir sobre o contrato. A diretoria do Yankees se recusou a negociar com qualquer outra pessoa que não fosse o garoto prodígio da publicidade. Isso fez com que se sentisse mal consigo mesmo. Ele sabia que além de estar perdendo uma oportunidade, ele estava fazendo com que a empresa também perdesse uma enorme oportunidade de entrar de vez no cenário da publicidade no país.

Durante a semana, o presidente da empresa tentou convencer oferecendo-lhe mais alguns benefícios, mas parecia irreversível. Dezenas reuniões foram agendadas na tentativa de achar uma solução para o problema. via a preocupação e o trabalho que todos na empresa estavam tendo para poderem ajudar a empresa a conseguir o contrato milionário. sabia muito bem que ele poderia resolver todos os problemas com uma simples ida a Nova York, mas a ideia ainda lhe parecia incontestável. Ele não queria ir até lá de jeito algum.

- Oi, mãe. – atendeu a porta de sua casa com a cara toda amassada. Os olhos nem sequer chegaram a abrir totalmente. Era 10 horas da manhã de um domingo. É claro que ele ainda estava dormindo, já que chegou bem tarde da balada na noite anterior.
- Tudo bem, querido? – A mãe de sorriu, entrando no apartamento.
- Bom dia, raio de sol. – sorriu ao entrar no apartamento de mãos dadas com a mãe. rolou os olhos. O que elas estavam fazendo ali naquele horário?
- Nossa, mas esse lugar está uma bagunça! – Não podia faltar o sermão. Ele rolou os olhos.

- Eu prometo que arrumo mais tarde, mãe. – voltou a rolar os olhos. Ele queria dormir!

- Buddy! – ajoelhou-se no chão, quando o cachorro correu em sua direção.
- Eu posso arrumar se você... – A mãe dele começou a ajeitar as almofadas do sofá.
- Não, não! Não precisa! Eu arrumo! Pode deixar! – não queria que a mãe se prolongasse muito, pois ele queria muito voltar a dormir.
- Está bem. – Ela conhecia muito bem o filho que tinha. – Então, eu queria te pedir um favor. – Ela acariciou o rosto do filho, que continuava sonolento.
- Que favor? – cruzou os braços.
- As minhas amigas da época da faculdade me ligaram, dizendo que vão ter um encontro hoje. Vamos almoçar juntas, depois vamos ao shopping e jantaremos por lá também. O pai da foi pescar com o irmão e só volta hoje a noite, então eu pensei se... – A mãe de fez careta.
- Ah não, mãe... – choramingou.
- Por favor, querido. Fique com a sua irmã pra mim! – Ela finalmente pediu.
- Justo hoje? – fez careta.
- Olha só, vocês podem aproveitar e passar algum tempo juntos. Ela sente a sua falta. – A mãe de deixou de olhá-lo para olhar para , que brincava empolgadamente com Buddy.
- Mas, mãe.. – estava prestes a inventar uma desculpa qualquer.
- Eu venho pegá-la ás 7, está bem? – Ela se aproximou e beijou o rosto do filho. – Não se esqueça de alimentá-la. – Ela recomendou.
- Mãe... – ainda tinha esperanças de dar a sua desculpa, mas não deu tempo. Depois de beijar a filha, a mãe de e saiu pela porta apressadamente. – Que droga... – fechou os olhos, negando com a cabeça.
- O que nós vamos fazer? – olhou para o irmão.
- Você eu não sei, mas eu vou dormir. – apontou em direção ao seu quarto.
- Você vai me deixar sozinha? – estranhou.
- Você não está sozinha. O Buddy está com você! – virou-se de costas indo em direção ao seu quarto. observou ele se afastar e por fim, entrar em seu quarto.

não hesitou nem por um segundo em deitar em sua cama. Para ele, não passaria de um cochilo. Ele precisava de só um cochilo para deixar de ser zumbi e voltar a ser gente. Acontece que o cochilo acabou durando um pouco mais de duas horas.

- ! – tentou acordar o irmão pela 3° vez. – ! – Ela começou a puxar a sua camiseta. – ! – Ela disse um pouco mais alto e dessa vez foi o suficiente para acordá-lo, ou melhor, assustá-lo. deu um pulo e sentou-se na cama em questão de segundos.
- O que? O que aconteceu? – olhou para os lados e viu sua irmã olhando para ele com cara de tédio.
- Você dormiu. – cruzou os braços.
- Que horas são? – perguntou, preocupado com o tempo que havia ‘cochilado’.
- Eu não sei ver as horas ainda. – rolou os olhos. a olhou com cara feia e pegou o seu celular sobre o criado-mudo para ver o horário.
- Meio dia? – não acreditou que havia dormido por duas horas.
- Eu estava com fome e peguei esses biscoitos na sua cozinha. – mostrou pacote de biscoito, que ainda estava no começo. olhou para a irmã com perplexidade. Sua mãe o mataria se soubesse que havia deixado almoçar biscoitos. Ainda sentado na cama, ele passou a mão pelo seu rosto.
- Esqueça esses biscoitos. Eu vou me trocar e nós vamos sair pra almoçar, está bem? – olhou pacientemente para a irmã.
- Vou poder comer um Mc Lanche Feliz? – aproveitou-se da situação. sorriu para a irmã, que sempre dava um jeito de comer o seu lanche favorito.
- Vai! Vai poder. – afirmou, enquanto levantava-se da cama.
- Eba! – comemorou.
- Eu já volto. – saiu do quarto e foi em direção ao banheiro, onde fez a sua higiene matinal.

era a garota mais importante da vida de . Ela sentia a sua falta e ele também sentia a dela. Porque não dar a ela um dia divertido? Porque não se divertir com a sua irmã mais nova, já que sua mãe não havia dado outra saída? também não tinha mais nada de importante para fazer naquele domingo além de ficar o dia todo na cama jogando o seu videogame.

- E então? Como está a escola? – perguntou entre uma mordida e outra em seu lanche.
- Está legal. Sabe, ainda bem que você me ensinou o que virgem queria dizer por que a minha professora falou muito essa palavra na escola essa semana. – disse na maior inocência. Uma mulher de aproximadamente 40 anos que estava sentada na mesa ao lado olhou para e a irmã.
- Ela disse? – sorriu, sem graça.
- Disse sim! – afirmou com a cabeça.
- Porque ela falaria sobre isso? Você tem o que? 7 anos? – estranhou. Como assim a professora já estava ensinando essas coisas?
- Eu tenho 9 agora. – rolou os olhos.
- Em que aula ela falou sobre isso? – foi mais a fundo.
- Sobre ser virgem? – voltou a falar alto.
- Fala baixo, garota! – a repreendeu.
- Por quê? O que é que tem eu ser virgem? Tem muita gente virgem por ai. – ergueu os ombros.
- Ai... – suspirou longamente, negando com a cabeça.
- A professora estava dando aula de educação sensual. – explicou.
- Sexual. – corrigiu.
- Isso! – sorriu para o irmão.
- Você devia estar aprendendo isso? – fez careta.
- Por quê? Essa é uma daquelas coisas de adultos? – comia suas batatas-fritas.
- É, você só deveria aprender essas coisas depois dos 23 anos. – como um bom irmão ciumento, exagerou.
- Nossa! – se assustou. – Mas nem a mamãe falou isso. Como pode ser verdade? – Ela o olhou com desconfiança.
- O que a mãe disse? – quis saber.
- Ela contou como os bebes são feitos. – se achou super adulta por já saber sobre aquele assunto.
- Ela contou? – fez careta. – E como os bebês são feitos? – Ele cruzou os braços, interessado.
- Ela disse que todo homem tem uma frutinha e ai quando ele ama uma mulher, ele coloca uma sementinha dessa frutinha na barriga dela e ao invés de nascer uma árvore, nasce um bebê! – sorriu, toda orgulhosa.
- Frutinha? – fez careta. Ele deixou da olhá-la. – Isso é broxante... – Ele sussurrou para si mesmo.
- O que você disse? – arqueou a sobrancelha.
- Isso é brilhante! A mãe te explicou certinho. – riu, mas obviamente não entendeu os motivos dos risos. – Mas lembre-se: fique longe das frutinhas e se conseguir, fique longe de amor também. – Ele aconselhou.
- Do amor? Porque do amor? – estranhou.
- Porque amor leva a beijar, o que leva tocar, o que leva a frutinha, o que leva a sobrinhos que vão ter que crescer sem um pai porque eu vou ter que resolver essa situação. – explicou como se ela estivesse entendendo.
- Como é que é? – fez careta. Ela não havia entendido nada.
- Fique longe das frutinhas, ok? – simplificou.
- Mas espera! Onde está a sua frutinha que eu nunca vi? – era curiosa demais e não fazia a menor ideia do que estava perguntando.
- A minha frutinha? – fez cara de frustração. – A minha frutinha fica escondida e só quem pode vê-la é a mulher que eu amo. – Ele mentiu só para não traumatizar a sua irmã pelo resto da vida.
- E a já viu a sua frutinha? – perguntou quase que automaticamente.
- Bem... – sorriu e negou com a cabeça. – Não exatamente. – Ele voltou a olhá-la.
- Desculpa. – colocou uma das mãos em sua boca. – Desculpa ter falado dela. – Ela fez careta. Ela já havia terminado o seu lanche.
- Porque está me pedindo desculpa? – estranhou. nunca havia agido daquela forma.
- A mamãe disse que eu não podia falar sobre a . Ela disse que isso faz você ficar triste. – sorriu sem mostrar os dentes.
- Ela disse? – sorriu fraco.
- Você está triste? – olhou atentamente para o rosto do irmão.
- Não, tudo bem. – negou com a cabeça. não falava de mim para prejudicá-lo. Ela falava porque ela realmente gostava de mim e ele não tiraria isso dela.
- Se a não viu a sua frutinha, quer dizer que você não ama ela? – questionou.
- Mais ou menos... – não soube muito bem como responder.
- Sabe, eu escutei a mamãe falando no telefone esses dias e ela disse que você estava quase namorando com uma menina chata. – queria explicações sobre o assunto.
- Ela disse isso? – arqueou uma das sobrancelhas. De onde sua mãe havia tirado isso?
- Disse! – afirmou. – É verdade? Você está namorando outra menina? – Ela questionou.
- Não, não estou namorando ninguém. – afirmou um pouco irritado.
- Quem é ela? – quis saber.
- O nome dela é Amber. Ela é só uma amiga. – adiantou-se.
- Eu conheço ela? – tentou se lembrar.
- Você conheceu ela há muito tempo. Não vai se lembrar. – olhou atentamente para a irmã. – Qualquer dia eu levo você para conhecê-la. – Ele propos.
- Ela é mais legal que a ? – questionou.
- Na verdade, não... – rolou os olhos.
- É mais bonita? – voltou a perguntar.
- Também não. – negou com a cabeça.
- Então eu nem quero conhecê-la. – fez careta.
- Porque gosta tanto dela, hein? – não conseguia entender aquela afinidade que ela sempre teve comigo.
- Uma vez a mamãe me disse que a fazia você o garoto mais feliz do mundo. – sorriu para o irmão. – Eu gosto que você fique feliz. – Ela ergueu os ombros. – E ela também gosta de mim. Nenhumas daquelas meninas que você levava lá em casa me tratavam do jeito que a me tratava. – completou. Aquilo só tornava tudo ainda pior pro .
- Você sabe que um dia eu vou conhecer outra garota, não sabe? – já queria evitar transtornos.
- Se ela fizer você o garoto mais feliz do mundo, tudo bem! – ergueu os ombros. As palavras de foram como um tapa na cara de . Uma garota que o fizesse mais feliz que eu? Difícil!
- Então ta! – estendeu a sua mão e ele fizeram um high-five em meio a risos de . – Vamos embora? – Ele questionou. Ambos já haviam terminado a refeição.
- Vamos! – saltou da cadeira. – Onde nós vamos agora? – Ela rapidamente perguntou.
- Eu vou pensar. – riu silenciosamente da empolgação de sua irmã. Ela segurou a sua mão e eles seguiram juntos até o estacionamento.

não se permitia falar ou pensar sobre mim há meses, mas naquele dia em que passaria com a sua irmã ele deixaria isso de lado. O que pode ser melhor do que reviver os melhores momentos que passou ao lado da segunda garota que ele mais amou na vida com a garota que ele mais ama? não sabia sobre as traições e ela não podia apontar o dedo pra ele e dizer todos os erros que ele supostamente também teria cometido. era a melhor pessoa com quem ele poderia reviver o passado.

- O que você acha de ir em um parquinho que tem aqui perto? – perguntou, olhando para ela através do retrovisor.
- Eu quero! – gritou, empolgada.
- Que dúvida! – riu, negando com a cabeça.

seguiu o caminho até o tal parquinho que (não por coincidência) era o mesmo que ele costumava a vir quando só queria ficar sozinho pensando em mim. Ele fez isso por 6 anos e depois de tanto tempo, ele fez isso comigo. Ele me levou até lá e nós enterramos aqueles bilhetes que prometemos abrir depois de um ano. Para ele, aqueles bilhetes nunca foram e nunca serão lidos.

- Eu posso ir brincar? – perguntou, olhando pro irmão.
- Vai lá! – apontou com a cabeça em direção ao carro. saiu correndo em direção as outras crianças.

ainda estava próximo de onde havia estacionado o carro. Não sabia se queria se aproximar. Observou o parque o observou o exato lugar em que escolhemos enterrar aqueles bilhetes e o exato lugar que ele costumava ir para se perguntar se deveria desistir de mim ou não. O coração dele se apertou ao resgatar aquelas memórias que agora eram tão tristes. A tristeza que o invadiu o motivou ainda mais a ir até lá e se aproximar. Ele se desafiava o tempo todo para provar a si mesmo que era forte. Com as mãos no bolso, ele seguiu andando pelo parque e sentou-se no banco que era acostumado. Os cotovelos apoiaram-se em suas coxas e as costas manteve-se arcada, enquanto ele olhava fixamente para aquela areia, onde nós havíamos enterrado os bilhetes. não se moveu durante um bom tempo. Ele só ficou lá parado com os olhos fixos naquele local. Ele jamais procuraria aqueles bilhetes. Não dava.

- Ei, ! – levantou-se apressadamente do banco. Ela não ouviu e ele se aproximou dela. – Ei, vamos embora daqui. – Ele precisava sair dali naquele instante. Ele precisava ir pra longe daqueles bilhetes, daquelas memórias e daquela praça.
- Já? – fez bico.
- Vamos! Eu vou te levar pra outro lugar legal. – disse apenas para que ela se apressasse ainda mais. não hesitou e correu até o irmão.



- Para onde nós vamos? – ansiosamente perguntou.
- Você verá! – tentava se recompor. Chegaram no carro e saíram apressadamente do parque. Ele nem sequer olhou para trás.

dirigia sem rumo pela cidade, pensando em um bom lugar para levar . Seu coração estava um pouco mais triste do que normalmente ficava. Fazia tempos que ele não se sentia daquele jeito. Ele odiava se lembrar que ele ainda se importava e que ele ainda sentia alguma coisa além de raiva. Era totalmente frustrante.

Era domingo a tarde e o dia estava ensolarado como poucas vezes ficavam. pensou e pensou e o único lugar ao qual ele poderia levar era naquele Camping. Aquele, sabe? Esse mesmo que você está pensando! Ele tentou evitar aquele lugar, pois não esteve lá desde que foi comigo, mas simplesmente adoraria ir até lá e é por isso que ele havia decidido levá-la. Pra quem já foi até aquela praça, o que custava ir ao Camping? Custava algumas lembranças e a confirmação do que ele já sabe, mas ficaria muito feliz de ir até lá.

- Que lugar é esse? – Os olhos de até brilharam.
- É um Camping. – abaixou a cabeça para olhá-la e ela pareceu não entender. – Eu vou te mostrar. – Ele a puxou para dentro do local.
- Nossa! Quantas árvores têm aqui! – segurou a mão do irmão, pois ficou com medo de se perder dele por causa da quantidade de pessoas que estavam ali.
- Olha ali! Tem alguns cavalos e tem até um lago ali do lado. – apontou e seguiu atentamente a direção de seus dedos.
- Eu posso ver o lago? – perguntou.
- Eu te levo. – começou a puxá-la em direção ao pequeno lago. Ai chegar no lago, que ficava dentro de um enorme tanque redondo feito de cimento, avistou alguns peixes coloridos.
- Olha esse peixe! – apontou, empolgada. sorriu, satisfeito com a felicidade da irmã.
- Ele é enorme! – comentou e concordou entre risos.

Os irmãos ficaram algum tempo brincando e admirando os peixes que pareciam extremamente animados. Um dos inspetores do local chegou para alimentar os peixes e foi gentilmente convidada para ajudá-lo. Ela adorou! ficava correndo em volta do círculo, procurando o peixe mais próximo e logo em seguida, ela começava a jogar a ração. Os peixes se acumulavam para se alimentar e ela quase explodia de empolgação. mantinha-se perto e apenas observava a diversão da irmã, que fez até com que ele esquecesse das memórias que aquele lugar lhe trazia.

- Eu adorei brincar com os peixes. – ainda ria, enquanto ela e se afastavam do pequeno lago.
- Você os alimentou. Acho que eles também gostaram de você. – disse e ela levantou o seu rosto para olhá-lo.
- O que é isso aqui em cima? – apontou para o teleférico. levantou a cabeça e avistou o mesmo teleférico que havíamos andado da outra vez.
- Isso é um teleférico. – explicou sem dar tantos detalhes.
- Nós podemos andar nisso? – perguntou. Era exatamente isso que ele temia.
- Você quer andar de teleférico? – perguntou apenas para ter certeza de que ela já não havia desistido.
- Quero! – afirmou com um enorme sorriso.
- Você não tem medo de altura? – questionou. Aquele seria um bom motivo para não levá-la ao teleférico.
- Não! – afirmou com tranquilidade.
- Eu acho que não vai dar, por que... – ia inventar uma boa desculpa, mas ela o interrompeu.
- Vamos, ! Por favor! Vamos! – começou a implorar. – Eu quero muito andar nessa coisa! Eu nunca andei nisso! – Ela continuou implorando.
- É que... – ia tentar convencê-la do contrário, mas ele novamente foi interrompido.
- Por favor! Por favor! – voltou a insistir. rolou os olhos e respirou fundo antes de tomar aquela decisão estúpida.
- Está bem! Eu levo você. – afirmou com um fraco sorriso no rosto.
- Eba! – comemorou e começou a abraçá-lo fortemente.
- Chega.. – riu, quando ela ficou agarrada a ele por um tempo. – Vamos lá comprar as entradas. – Ele apontou em direção a entrada do teleférico.

comprou as entradas e ficou na fila por alguns minutos. Ele parecia estar revivendo o passado. Por um segundo, ele se lembrou do quão forte eu segurava a sua mão, enquanto estávamos naquela fila. Ele se lembrou do quão empolgado estava porque nós finalmente estávamos juntos. Um casal em sua frente fez ele ter saudade do que nós costumávamos ser.

- Quando o carrinho chegar, você senta nele o mais rápido que você conseguir. – orientou , que parecia não ter medo algum.
- Entendi! – estava pronta para atender a ordem do irmão.

O carrinho do teleférico chegou e e se sentaram apressadamente nele, enquanto um dos inspetores abaixou a barra de segurança que serviu direitinho em , mas ficou um pouco justa em . Ao se ver novamente naquele carrinho de teleférico, ele se sentia tão idiota. perdeu tanto tempo com passeios ao parque, praças e até mesmo aquele camping. Toda essa palhaçada e todo aquele papo de romantismo serviram pra que? Pra absolutamente nada!

- Está com medo? – perguntou, olhando para a irmã.
- Não! – afirmou com um enorme sorriso. – Olha todas aquelas pessoas lá em baixo. – Ela até arriscou-se a olhar para baixo. e eu não compartilhamos o mesmo medo, mas compartilhamos o sentimento por .

Parece até que a sabia que seria mil vezes mais doloroso para ele se ela pedisse que ele segurasse a sua mão e demonstrasse medo em seu olhar. A coragem dela evitou que tivesse que voltar a passar por aquilo, mas não evitou que ele esquecesse. Ele não esqueceu o quão brava eu fiquei quando ele me contou que havia dito pro garoto em quem eu tinha dado o meu primeiro beijo se afastar de mim. Ele se lembrou de quando eu roubei o seu rayban e disse que queria emprestado. Ele lembrou-se do quão forte eu segurei a sua mão naquele dia.

- Vamos descer. – avisou e ela ficou atenta. Eles voltaram para o solo depois de saírem apressadamente do carrinho.
- O que tem aqui? – perguntou, enquanto ela e andavam lado a lado. Eles estavam conhecendo o outro lado do Camping. Ele sorriu fraco e de um jeito um pouco triste, quando lembrou-se da árvore enorme que eu e ele descobrimos logo a frente.
- Vem aqui. – a puxou em direção a árvore que encontramos da outra vez.
- Uau! – ficou algum tempo sem piscar ao ver aquela árvore gigante coberta por flores vermelhas.
- Grande, né? – riu com a reação dela.
- É a maior do mundo! – soltou da mão do e saiu correndo em direção a árvore. não sabia se deveria se aproximar. – Vem aqui embaixo, ! – Ela fez o gesto com as mãos. não podia recusar e foi lentamente se aproximando da árvore e de sua irmã. Cada passo dado em direção aquela árvore, mais memórias enchiam a sua mente.

Foi a pior decisão ter ido até ali. Agora ele foi obrigado a se lembrar que foi exatamente ali em que ele me disse pela primeira vez que estava apaixonado por mim. Foi ali que nós rimos quando as flores caíram sobre as nossas cabeças e ele colocou uma delas atrás na minha orelha. Foi ali que ele me deu aquela pulseira com pingente de coração e foi ali que ele havia prometido me trazer ali de novo. Uma promessa que ele nunca cumpriria.

- Olha, tem alguma coisa escrita ali. – apontou para o tronco da árvore. Mesmo nas pontas dos pés ela não conseguia ler absolutamente nada. Foi com certeza a pior parte. Olhar novamente para o tronco daquela árvore e ver os nossos nomes ali, a minha letra e aquele coração que foi desenhado por mim foi devastador.
- Sim, tem. – abaixou a cabeça por poucos segundos e passou os dedos pelos olhos para enxergar as poucas lágrimas que começaram a se acumular neles.
- O que está escrito? – não percebia o quão inconveniente estava sendo.
- Está escrito... – voltou a encarar o tronco de árvore. – A história de um casal que se amavam e se odiavam mais do que tudo, mas... – Ele sorriu fraco. – Mas acabaram seguindo caminhos diferentes. – Ele completou.
- Que triste... – ficou extremamente comovida.
- Não, não é triste. Apostos que eles estão bem agora. – agachou-se para olhar para o rosto de de mais perto. – Ela com certeza encontrou outra pessoa e ele... – Ele pensou antes de dizer. – Bem, ele ainda vai encontrar. – Ele completou.
- Mas e agora? Essa árvore vai ficar aqui pra sempre com os nomes deles? – olhou atenciosamente para o irmão.
- Essa árvore agora é uma lembrança. É uma boa lembrança do amor deles. – respondeu com um fraco sorriso.
- Você está triste? – olhou com tristeza para o rosto do irmão, que continuava agachado em sua frente.
- Não! Eu estou feliz. – acariciou o rosto da irmã.
- Por quê? – questionou.
- Porque eu tenho do meu lado a garota mais incrível do mundo. – deu um enorme sorriso para a irmã.
- Quem? – ficou preocupada. Quem seria?
- Você! – riu ao ver a expressão de , que ficou toda boba. Ela o abraçou com toda a sua força e logo depois beijou o seu rosto.
- Obrigada por ter ficado comigo hoje. Foi o melhor dia de todos. – olhou carinhosamente para o irmão.
- Valeu, parceira. – estendeu a mão e ele e fizeram um engraçado high-five.

Depois de passar por aquele turbilhão de emoções, levou a irmã de volta para o Camping e para isso eles tiveram que pegar novamente o teleférico. Depois de comprar um chocolate para a irmã, decidiu levá-la para comer em um restaurante que ficava ali perto. Ele tinha que dar janta para ou a sua mãe o mataria. tinha apenas mais 1 hora para fazer isso.

- Não enrola, . Se a mãe chegar em casa e você não estiver lá, ela me mata. – apressou a irmã, quando a garçonete serviu os pratos que ambos haviam pedido.
- Quando você vai me levar pra passear de novo? – perguntou, entre uma garfada e outra.
- Eu não sei. Eu ando meio sem tempo esses últimos dias. – respondeu sem dar muita atenção para a irmã.
- Nós podemos levar a junto da próxima vez? – perguntou, inocente.
- Não vai dar. – voltou a dar atenção para ela. – Ela está longe, lembra? – Essa era a melhor desculpa.
- É, eu lembro. – olhou para o seu prato parecendo decepcionada. – Sabe, agora eu sei por que você ficou tão triste quando ela foi pra longe. – Ela olhou com tristeza.
- Sabe? – estranhou a afirmação da irmã.
- Sim. – afirmou com a cabeça. – O meu namorado também vai se mudar de escola. – Ela fez cara de decepção.
- O seu... – arqueou uma das sobrancelhas. – Espera! O seu o que? – Ele cerrou os olhos.
- O meu namorado. – ergueu os ombros.
- Como assim seu namorado, garota? – estava em choque. – Você ainda usa fraldas! – Ele a encarou.
- Não uso não! – esbravejou.
- A mãe sabe disso? – perguntou, já pensando em dedurar a irmã.
- Sabe! E ela até é a amiga da mãe e do pai dele. – explicou.
- Aquela casa ficou uma bagunça desde que eu saí de lá. – negou com a cabeça. Como a sua mãe havia permitido aquela palhaçada?
- Porque você está tão bravo? – não entendeu muito bem a reação do irmão.
- Por quê? – abriu os braços. – Primeiro a sua professora fala sobre virgindade e depois você diz que está namorando um anão da 2° série? – Ele negou com a cabeça.
- E porque você pode e eu não? – o enfrentou.
- Porque eu sou adulto! Você não sabe nem pentear o seu cabelo direito. – ironizou.
- Eu sei sim! – voltou a esbravejar.
- Beleza! Me fala onde esse moleque mora. – olhou seriamente para .
- O que? – fez careta.
- Onde ele mora? Vamos ter uma conversa de homem pra... criança. – cerrou os olhos.
- Não! – se recusou.
- O que é que vocês já fizeram? Ele tocou em você? – nem estava mais comendo.
- Tocou! – afirmou com inocência.
- Puta que... – negou com a cabeça. – Qual o problema desse idiota? 9 anos? Ele nem está na puberdade ainda. – Ele estava inconformado.
- Puberdade? – fez careta.
- Quando ele chegar na puberdade já vai ser dono de um puteiro. – não conseguia aceitar.
- Puteiro? – arqueou a sobrancelha.
- É... – disse isso alto mesmo?
- O que é um puteiro? – perguntou.
- Puteiro? – arregalou os olhos. Tinha falado besteira. - Puteiro é... – Ele pensou algum tempo antes de dizer. – É um lugar onde os homens costumam ir quando... estão entediados. – completou.
- Você já foi? – sorriu.
- Eu? – se surpreendeu com a pergunta. – Olha aqui! Não muda de assunto não, garota! – Ele desconversou. – Você disse que ele tocou em você! Onde ele tocou? – continuou com o seu interrogatório.
- Foi só uma vez, quando ele chutou a bola de futebol sem querer perto de mim e eu fui devolver pra ele. – disse com um enorme sorriso.
- Só isso? – arqueou uma das sobrancelhas.
- E teve uma outra vez que ele olhou pra mim quando eu e as minhas amigas apresentamos um trabalho lá na frente da sala. – disse com uma felicidade fora do comum.
- Ah não... – rolou os olhos. – Espera! Ele ao menos sabe que é o seu namorado? – Ele cruzou os braços com um tom de deboche.
- Acho que não. – respondeu depois de pensar por um tempo.
- Ótimo! – imediatamente riu da situação. – Esse negócio de amor platônico e não correspondido deve ser de família mesmo. – Ele lembrou-se que havia se apaixonado por mim quando era bem novo também.
- Não sei por que você está rindo. – disse com um ar de superioridade.
- Ele vai mudar de escola? – perguntou novamente.
- Vai. – afirmou.
- Que bom! Vai evitar muito sofrimento futuro. Acredite em mim. – piscou um dos olhos para a irmã.
- Sofrimento? Mas eu achei que quando você gosta de alguém você fica feliz. – demonstrou-se interessada no assunto.



- Você fica feliz sim, até a hora que você é obrigado a ficar sem essa pessoa. O amor é ótimo até a hora que ele deixa de ser correspondido. – sabiamente explicou. – Guarde bem esse meu conselho, porque eu não vou ter outro bom para te dar. – Ele voltou a piscar para a irmã, que o olhou com estranhamento. – Agora vamos! A mãe já deve estar indo te buscar. – a apressou, quando viu que ela havia acabado de comer.
- Ta bom! – concordou, bebendo o seu último gole de refrigerante.

Depois de ir até o caixa para pagar a conta, e seguiram para o carro. ficou pensativa o caminho todo. As palavras de seu irmão ainda rondavam por sua cabeça. Ela não entendeu muito bem aquelas palavras complicadas que ele havia dito, mas ela havia entendido que ele não estava tão feliz quanto dizia estar. sabia muito bem que estava relacionado comigo e com a minha ausência, mas ela não sabia como ajudar o seu irmão mesmo querendo muito.

- Pode ligar a TV se você quiser, enquanto a mãe não chega. – disse, assim que eles chegaram em casa.
- Buddy.. – chamou o cachorro, que ao ouvir a sua voz veio correndo para os seus braços. – Oi, Buddy! – Ela o acariciou.

A mãe de e não demorou nem 15 minutos para chegar. Ela era extremamente pontual quando se tratava dos filhos. Ela chegou fazendo todas aquelas perguntas para ter certeza de que havia cumprido bem o seu dever de irmão. Ela perguntou o que eles comeram, onde eles foram e o que eles fizeram. já havia acostumado com o jeito super cuidadoso de sua mãe. Ele já havia tido a sua época e agora era a de .

- Então nós podemos ir? – A mãe dos irmãos perguntou. não se manifestou, porque ela queria ficar. Ela sempre quer ficar perto do Buddy.
- Tchau, Buddy! – acariciou carinhosamente o cachorro, que parecia adorá-la. – Eu venho te visitar de novo, ta? – Ela conversava com o cachorro como se esperasse uma resposta.
- Muito obrigada, querido. Você ajudou muito. – A mãe de e aproximou do filho e beijou o seu rosto.
- Como foi lá com as suas amigas? – perguntou.
- Foi muito legal. Altas fofocas, sabe? – A mãe de riu, pois lembrava-se do filho reclamar das fofocas das vezes que ela o levou para esse encontro com as amigas.
- Imagino. – riu, rolando os olhos.
- Obrigada mesmo. – A mãe de voltou a beijá-lo.
- Está bem, mãe. Eu até curti o nosso passeio. – olhou para , que levantou-se do chão e foi em direção a mãe.
- Foi muito legal, mamãe! Você tem que ver aquela árvore enorme! – aproximou-se de sua mãe e segurou a sua mãe.
- Um dia nós vamos até lá e você me mostra, ok? – A mãe de como sempre sendo muito atenciosa.
- Legal! – sorriu com empolgação.
- Não vai se despedir do seu irmão? – A mãe de deu a bronca. agachou-se em frente da irmã e da mãe e esperou que se aproximasse. soltou a mão da mãe e foi até o seu irmão.
- Obrigada por ter passeado comigo hoje. – sorriu de forma doce para o irmão.
- Você é baixinha e faz muitas perguntas, mas até que você é legal, sabia? – disse e arrancou um sorriso ainda maior de . Ela se aproximou e o abraçou. – Ei, não fique triste porque o seu namorado vai mudar de escola. – Ele sussurrou bem pertinho dela. – Não vale a pena. – acariciou o rosto da irmã. – Espere até que apareça um outro garoto, que ao invés de te fazer pegar a bola de futebol pra ele, pegue a sua mochila quando você a derrubar no chão. – Ele aconselhou e piscou um dos olhos para ela. – E eu espero que esse cara demore mais uns 20 anos para aparecer. – disse e riu.
- E você, vê se não fica triste por coisas que você perdeu. Você tem que ser feliz. – disse com toda a sua inocência e para a surpresa de com uma enorme sabedoria também.
- Pode deixar. – não soube muito bem como responder. – Bate aqui, parceira. – Ele estendeu a sua mãe e riu quando eles fizeram um high-five.
- Valeu, perceiro. – ainda ria, enquanto voltava a segurar a mão de sua mãe, que quase morreu ao presenciar aquela cena entre os filhos.
- Te amo, querido. Vê se aparece lá em casa! – A mãe de sorriu novamente para o filho, mas parecia um pouco mais comovida dessa vez.
- Pode deixar, mãe. – riu da mãe, que se emocionava com tudo. – Te amo também. – Ele respondeu, vendo ela cruzar a porta com .
- Tchau! – gritou, acenando. A mãe fechou a porta e voltou a deixar sozinho em seu apartamento.

A primeira coisa que fez foi se jogar no sofá. Buddy apressou-se em se aconchegar ao seu lado, enquanto pegava o controle da TV e colocava no canal de esportes. O seu canal de esportes favorito passava um jogo dos Yankees. Já não bastava o dia ter sido uma droga por ele ter ficado lembrando de mim e agora ele tinha que lidar com o jogo dos Yankees, que só o fazia se sentir mais culpado por não aceitar a proposta de seu chefe.

Apesar de ter sido horrível ficar recordando todos aqueles momentos que nós passamos juntos e passar por todos aqueles lugares que nós já estivemos antes, não se arrependia daquele dia. Lembrar não era tão difícil por causa das coisas que haviam acontecido entre nós, mas sim pela falta que ele sentia de mim. Era completamente perturbador se lembrar do que nós vivemos e se dar conta de que não me tinha mais por perto. Ele sentia falta de quem ele costumava ser quando estava comigo e sentia falta do quão feliz ele se sentia naquela época. Era triste ver quem ele era agora. Um idiota que mal consegue superar uma garota para viver o grande sonho de trabalhar para os Yankees.

Além de fazê-lo recordar o passado, aquele dia também fez com que ele tivesse mais um sonho comigo. Era a coisa mais frustrante de todas. Acordar e achar que me tinha de volta e perceber que tudo não passava de um sonho, que certamente já havia se tornado um pesadelo.

Três semanas se passaram. Três semanas inteiras de olhares de julgamentos de toda a empresa e de esforço para conseguir o contrato dos Yankees que o fez o favor de recusar. Os sonhos ou pesadelos, chame como quiser, continuaram. Não aconteciam todas as noites, mas eles eram frequentes. Eles nunca eram iguais, mas eu sempre estava neles.

Era sexta-feira e tinha trabalho para o final de semana todo. Com a recusa do contrato dos Yankees, quase todos os contratos que sua empresa recebia eram encaminhados para o , já que o resto da equipe trabalhava duro para resolver o problema dos Yankees. Tinha tantos contratos, tinha tanto estresse e tanto cansaço de fazer o mesmo trabalho por horas, que a criatividade de já estava no limite. Ele não estava tendo mais paciência para criar a publicidade de várias empresas diferentes em um só dia, para ligar para os clientes e ouvir as suas sugestões idiotas que provavelmente não fariam o mínimo sucesso no mercado.

Pelo vidro de sua sala, viu um dos gestores da empresa chegando de Nova York. Ele tinha ido para Nova York para tentar conversar e chegar a solução para o problema dos Yankees, mas todos já sabiam que a ida dele havia sido em vão. Mesmo sem voltar com o contrato, o homem que deveria ter aproximadamente 27 anos parecia empolgado. observou ele se aproximar de seus dois melhores amigos que também trabalhavam na empresa e ouviu ele contar detalhadamente como a noitada em Nova York havia sido incrível. O gestor que chamou a atenção de contava sobre as garotas, sobre a praia e sobre o calor que fazia na cidade. O cara parecia ter voltado de um spa.

Ao ver as declarações do colega de empresa, só conseguia pensar no que ele havia perdido. Ele perdeu todas as mordomias de um hotel luxuoso e a diversão das noites de Nova York. Tudo isso por causa de que? Da maldita garota que agora vivia em seus sonhos. Por causa dela ele terá que passar o final de semana nadando em contratos, enquanto poderia estar em baladas em Nova York, já que ele só precisaria trabalhar algumas poucas horas por dias. Isso era extremamente tentador.

Sério! Qual a diferença? Qual é a diferença de ficar péssimo por sonhar comigo ou ficar péssimo por estar na cidade em que tudo começou? Qual a diferença entre ter que superar um sonho patético que mais parecia esses filmes de romances ao invés de superar a droga de uma traição? Realmente ele começou a pensar na possibilidade. Talvez ir a Nova York seja o único jeito de me superar de vez.

Que dúvida cruel! Vamos analisar os fatos. Se ele ficar em Atlantic City ele ficará em casa analisando, digitando e desenvolvendo contratos de clientes. Se ele for para Nova York ele poderá ir para as baladas todos os dias, vai poder realizar o seu sonho de trabalhar com os Yankees, irá trabalhar umas 3 horas por dia e ainda vai ter a chance de superar a ex-namorada de uma vez por todas. Realmente, esse é um grande dilema. QUAL É! Que tipo de idiota ele é? Certamente, do tipo que muda de ideia.

- Dane-se! – levantou-se da sua cadeira e foi em direção a porta de sua sala. Apesar de toda a atitude, ele motivava a si mesmo para continuar andando e manter a sua opinião.

não tinha nada a perder! Tudo o que poderia perder, já havia perdido. Sua família entenderia a sua viagem e os amigos o apoiariam e, inclusive, fariam ele conseguir alguns ingressos de primeira fileira para alguns jogos. Eu não deixei que ele interferisse na grande oportunidade da minha vida e ele também não deixaria. Isso seria dar importância demais para mim. continuou caminhando em direção a sala do presidente da empresa.

- Ele está na sala? – perguntou, olhando para a secretária do presidente.
- Está, mas... – A secretaria ia avisar que ele precisava ser avisado antes de entrar, mas nem esperou ela terminar a frase.
- ? – O presidente da empresa se assustou com a entrada repentina de seu sócio. o encarou, tentando conseguir coragem para lhe dar a notícia. – Algum problema? – Ele questionou.
- Eu vou! – abriu os braços. – Eu vou pra Nova York e vou trazer a conta dos Yankees para nós. – Ele completou. O presidente da empresa imediatamente sorriu.
- Isso é ótimo, ! – O presidente estava radiante.
- A promoção, o hotel e o carro ainda estão de pé? – sorriu para o chefe, que admirou a sua atitude.
- É claro que estão! – O presente sorriu ainda mais. – Você embarca hoje mesmo. – Ele decretou e acatou a ordem.

teria aceitado a oportunidade antes se soubesse que ficaria tão aliviado e contente. Ele recebeu as últimas orientações do chefe, que marcou uma reunião extraordinária com os demais gestores, enquanto autorizou a ir para casa para arrumar suas malas. saiu da empresa ainda sem saber qual carro a empresa disponibilizaria para que ele fosse para Nova York, mas seu chefe lhe avisou que em menos de uma hora mandaria alguém da empresa levar o carro até a sua casa e aproveitaria para lhe entregar alguns papéis da negociação que foram enviadas inicialmente pelos Yankees e o cartão da empresa que pagaria todas as suas despesas.

dirigiu rapidamente até a sua casa ainda com o seu carro. Chegou em casa e correu para arrumar as malas. Enquanto jogava as roupas na mala, ligava para a sua mãe e contava a grande notícia. Apesar de ficar empolgada, ela ficou aflita por saber que o filho passaria alguns dias mais longe dela. Depois de milhões de pedidos para que se cuidasse, ela desligou o telefone.

Conseguiu fazer a sua mala em meia hora, mas ainda faltava separar alguns acessórios como relógios, carregador de celular, perfumes e outras coisas do tipo. Apesar de toda a pressa, ele ainda tinha que fazer algumas ligações. Ele não podia simplesmente viajar sem avisar. Foi por isso que ele ligou para , e e pediu que eles fossem para a sua casa imediatamente. não contou o motivo, mas a curiosidade faria com que eles fossem mais rápido. Ele também se sentiu na obrigação de ligar para a Amber, mesmo não querendo.

- Então, eu vou pra Nova York. – disse, enquanto continuava arrumando os últimos detalhes para a viagem.
- Nova York? Por quê? – Amber teve alguns segundos de desespero. Ela sabia muito bem que eu estava em Nova York.
- A empresa está negociando com os Yankees e eu estou indo para lá para representar a empresa. – explicou sem dar muitos detalhes.
- Yankees? – Amber ficou surpresa.
- Legal, né? – forçou uma voz de empolgação só para que Amber não percebesse que ele não estava dando tanta atenção para ela.
- Mas como você vai? – Amber perguntou.
- A empresa vai disponibilizar um carro pra mim. – explicou.
- E onde você vai ficar? – Amber também perguntou.
- Eu vou.. ficar em um hotel. A empresa está resolvendo ainda. – continuou sem dar tanta atenção.
- Mas você vai ficar sozinho? – Amber usou seu tom de tristeza, que fez imediatamente rolar os olhos.
- Pois é! Que droga, não é? – fingiu estar triste. – Mas vai ser bom porque eu vou ter tempo de sobra pra trabalhar e resolver tudo que a empresa quer que eu resolva. – Ele deu uma desculpa, apenas porque ficou com medo dela se oferecer para ir junto.
- Eu entendo. – Amber parecia decepcionada. Ela teria que ficar tempos sem ver o e isso era horrível pra ela.

Depois de um certo sacrifício para desligar a ligação, usou a desculpa de que seu chefe estava ligando e ele precisava atender para resolver os últimos detalhes da viagem. Ao desligar o celular, ele jogou o celular sobre a cama com uma careta engraçada. ainda pegava alguns documentos, quando o interfone tocou e ele liberou a entrada dos amigos. A campainha tocou e ele estava ansioso para contar a novidade.

- E ae! – abriu os braços e um grande sorriso ao ver os amigos.
- E ae? – arqueou a sobrancelha.
- Você está morrendo? – questionou.
- Não. – estranhou a pergunta.
- Sua casa está pegando fogo? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Que? – abriu os braços, pois não estava entendo nada.
- Tem prostitutas na sua casa? – olhou dentro do apartamento.
- Não! – segurou o riso.
- Então porque você nos chamou com tanta urgência? – cruzou os braços.
- Eu tenho uma coisa pra contar pra vocês. – sorriu e deu passagem para que os amigos entrassem na casa.
- Não vai me dizer que teve a sua segunda vez? – disse, jogando-se no sofá.
- Não! Já sei! – apontou pro . – Vai finalmente sair do armário! – Ele riu, enquanto rolava os olhos.
- É claro que não! – olhou pro com um sorriso de desconfiança. – Você vai ser pai! – Ele cruzou os braços. – Eu falei que todas aquelas baladas não iam dar certo. – o olhou com desaprovação.
- Vocês estão drogados? – fez careta para os amigos, que o olharam sem entender.
- O que você tem pra nos contar então? – negou com a cabeça.
- Está bem! Estão prontos? – fez mistério.
- Desde que não seja uma playboy, estou. – olhou calmamente para o ex-cunhado.
- Eu vou pra Nova York! – afirmou com empolgação. , e não tiveram nenhuma reação ao receber a notícia.
- Você vai pra Nova York? – fingiu estar impressionado.
- Vou trabalhar lá! – complementou a informação.
- Vai vender seu corpo na Times Square? – perguntou, sério.
- Não... – não conseguiu segurar a risada.
- Central Park, né? Também acho que é bem menos vulgar. – afirmou com a cabeça.
- Eu vou trabalhar para os Yankees, seus otários! – gargalhou.
- Você disse Yankees? – paralisou.
- Ele disse Yankees? – olhou para os amigos.
- Vai vender o seu corpo para os Yankees? Será que eles aceitam o meu também? – perguntou, sério. Ele afirmou com a cabeça. Ele era disposto a fazer qualquer coisa pelos Yankees.



- Os Yankees estão procurando uma nova empresa de publicidade e eles querem que eu trabalhe no contrato deles. – simplificou ao explicar de vez a notícia.
- Ca-ra-lho. – ficou imóvel.
- Mentira! – negou com a cabeça, perplexo.
- Não acredito. – ficou extremamente surpreso.
- E ai? Não vão falar nada? – riu, quando os amigos ficaram algum tempo olhando pra ele sem dizer nada.
- Vou, vou dizer! – afirmou. – Se você não me arranjar um ingresso de primeira fileira não precisa mais olhar na minha cara. – Ele completou em meia a um sorriso.
- É disso que eu estou falando, cara! – gargalhou e os amigos se levantaram para cumprimentar o amigo.
- Cara, isso é demais! – disse ao fazer um aperto de mãos caloroso com .
- Você é o cara! – abriu os braços e riu.
- Eu sou! – afirmou, enquanto lhe dava um rápido abraço.
- Sabe que eu estava falando sério sobre os ingressos da primeira fileira, né? – sorriu, quando ele e fizeram o seu tradicional toque de mãos.
- Não olhar mais na sua cara? Não sei se eu sobreviveria. – brincou e os amigos riram.
- Você está indo agora? – perguntou, vendo uma mala no canto da sala.
- Estou! Só estou esperando a empresa me enviar o carro e alguns documentos. – explicou.
- Isso é loucura! – não conseguia acreditar.
- Ok, espera um pouco! Só tem um problema. – acalmou um pouco a euforia dos amigos.
- Qual? – perguntou, sério. deixou de olhar para os amigos e olhou para Buddy. Buddy era o problema. Ele não poderia ficar sozinho.
- Ah não... – negou com a cabeça.
- Nem fodendo! – disse com irritação. Todos sabem que ele odeia cachorros.
- Qual é! – fez careta.
- Você vai pra Nova York e eu cuido do seu cachorro? Vai se foder. – voltou a negar.
- Não dá, por que... – pensou em uma boa desculpa. – Minha mãe tem... alergia. – Boa !
- Também não dá pra mim, por que... – enrolou. – Por que... – Ele não conseguia uma boa desculpa. Todos os amigos olharam para ele. – Porque eu não quero, porra! – completou.
- Qual é, ! – abriu os braços.
- Não vem não! – não cedeu.
- Eu sei que você teve outros cachorros. O que custa cuidar dele pra mim? Só alguns dias. Talvez algumas semanas? – deu o seu melhor sorriso para o amigo.
- Tem o e o ! Porque eu? – rolou os olhos.
- Porque o vai matar ele e a ele vai matar a mãe do . – resumiu os motivos.
- ... – negou com a cabeça, demonstrando que não queria fazer aquilo.
- Por favor? – implorou.
- Não! – decretou.
- E se eu conseguir um ingresso da primeira fileira pra você? – tentou negociar.
- Passa ele pra cá! – apontou pro Buddy.
- Ei, ei! – ia intervir, mas não conseguiu.
- Negócios são negócios! – o interrompeu.
- Buddy, bem vindo a família. – segurou o cachorro nos braços e segurou o riso.
- Você está falando sério? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Beleza! Então se o cuidar do Buddy, todos vocês ganham ingresso de primeira fileira. Se ele não cuidar, já era. – voltou a negociar.
- É bom cuidar bem desse cachorro, ! – sorriu, satisfeito.
- Ele pode dormir na minha cama se você quiser. – brincou.
- Ei! – resmungou, pois era injusta aquela negociação.
- Cala a boca, ! – e disseram juntos.
- Ótimo! – ironizou, revirando os olhos. Foi nesse exato segundo que o interfone voltou a tocar. Era a portaria avisando que um dos gestores da empresa estava esperando lá embaixo.
- Essa é a hora, caras. – afirmou, desligando o interfone. – Me ajudem com as malas. – Ele pediu ao e ao .
- Eu te carrego no colo se você quiser. – brincou, pegando uma das malas. – Porra! Porque está tão pesada essa coisa? A Amber está aqui dentro? – Ele brincou.
- Cala a boca. – respondeu, enquanto ria. – , leva essa mochila. Tem um pacote de ração, a barraca em que o Buddy dorme e os brinquedos dele. – Ele explicou.
- Nossa! Tem uma TV também? – ironizou, causando a risada dos amigos. Ele pegou a mochila que havia indicado e segurou o Buddy com a outra mão.
- Pegou tudo? – perguntou, enquanto eles saiam do apartamento.
- Espero que sim. – conferiu rapidamente o apartamento e logo em seguida fechou a porta. Os amigos entraram no elevador e entrou em seguida.
- Com que carro você vai? – perguntou.
- Não sei! Eles não me falaram. – explicou sem muita expectativa. O elevador chegou na portaria e eles desceram. aproveitou para avisar o porteiro que passaria alguns dias fora e deixou o seu telefone no caso de acontecer algum problema. Os garotos seguiram em direção ao portão do prédio. Ao saírem do lado de fora do prédio, eles pararam na calçada. Os olhos se arregalaram e as bocas se abriram.
- Ta de brincadeira! – disse, olhando para o carro estacionado em frente ao condomínio. Era um Elantra 2015. - Eu acho que vou chorar. – suspirou com total surpresa.
- Posso ir com você, ? – olhou para o amigo, que mal conseguia falar.
- Cara, eu amo o meu trabalho. – negou com a cabeça, estonteado.
- Olá, ! – O gestor da empresa se aproximou. – Vejo que conseguiu arrumar suas malas bem rápido, não é? – O rapaz riu, olhando as malas.
- Pois é! – sorriu para o colega de empresa, que por um acaso era o mesmo que havia voltado de Nova York naquele dia. Era ele que estava contando sobre a noitada em Nova York.
- Bem, aqui está toda a papelada dos Yankees. Eu fiz um breve resumo sobre a minha reunião com eles ontem. – colocou as malas no chão para pegar os papéis. – Aqui está o nome e endereço do seu hotel, que já está reservado no seu nome. Este é o cartão da empresa para pagar as suas despesas. – O gestor entregou tudo para .
- Tudo bem. – afirmou com a cabeça e sorriu para o rapaz.
- Oh! E isso aqui. – O rapaz colocou a mão no bolso e depois apontou um papel em direção ao . – É um convite de uma balada que eu fui ontem. Eu achei que ficaria mais tempo na cidade e acabei comprando para hoje a noite. Não vou usar mesmo, se você quiser. – olhou para o papel e sentiu vontade de abraçar o cara em sua frente.
- Nossa! Muito obrigado! Obrigado mesmo. – fingiu que não estava surtando por dentro.
- Obrigado você, ! Você não faz ideia do quanto está ajudando a nossa empresa. – O gestor sorriu todo simpático para o .
- Imagina. – negou com a cabeça.
- Então é isso. – O rapaz parecia estar pensando se havia entregado tudo o que deveria para o . – Aqui está a chave do carro. Bom trabalho! – O gestor estendeu a chave e todos olharam para a sua mão.
- Obrigado. – voltou a agradecer todo bobo, enquanto pegava a chave. O gestor se afastou e caminhou em direção ao ponto de taxi. , , e ainda olhavam perplexamente para o carro.
- Uau... – suspirou.
- Acho que tenho que ir trabalhar, caras. – sorriu, destravando o carro e abrindo uma das portas.
- Vai se foder, Jonas! – fez careta. Depois de rir, se aproximou-se de e olhou para Buddy.
- Comporte-se, parceiro. Logo eu volto! Tente não morrer de saudades e nem.. de fome. – Ele olhou pro , enquanto acariciava o cachorro. forçou um sorriso. afastou-se entrou rapidamente no carro e guardou todos os papéis lá dentro. Abriu o porta malas e com a ajuda de todos, as colocou lá dentro.
- Acho que é isso, né? – pensou novamente se não estava esquecendo nada.
- Sai logo daqui antes que eu pegue a chave e saia correndo. – resmungou.
- Valeu mesmo! – sorriu, agradecido.
- Se divirta! – disse, ao ver entrando no carro.
- Não esquece meu ingresso! – gritou, pois já havia fechado a porta. Ele ficou uns segundos olhando abobalhado para o interior do carro que era deslumbrante. Colocou a chave no contato e ligou o carro.
- Querem um babador? – perguntou, abaixando o vidro do carro. Ele se referia ao jeito que os amigos olhavam para o carro. , e tiveram a mesma reação e todos apontaram o dedo do meio para o amigo, que saiu com o carro, enquanto gargalhava. Os amigos também riram e acenaram. buzinou e afastou-se de vez. Adeus, Atlantic City!

Aquela sexta-feira estava sendo um pouco exaustiva para mim também. Eu havia feito hora extra durante toda a semana e pretendia descansar naquele dia. Meg estava na mesma situação que eu, mas ela parecia bem menos cansada. Eu estava tirando sangue do 20° paciente daquele dia e tinha vários para atender ainda, então quando o meu celular tocou eu não hesitei em atendê-lo, pois eu precisava mesmo de uma pausa.

- Alô? – Eu perguntei, entrando em um quartinho reservado para funcionários.
- Oi, . – Mark sorriu ao ouvir a minha voz.
- Ei, Mark! – Eu também sorri, pois estava feliz com sua ligação.
- Estou atrapalhando? – Mark questionou. Não gostava de me ligar em horário de trabalho, mas foi preciso dessa vez.
- Não, tudo bem. Pode falar. – Eu neguei com a cabeça.
- Então, os meus amigos da faculdade acabaram de me ligar me convidando para ir no ‘DayNight’ hoje a noite. Eles vão se reunir pra jogar bilhar. – Mark fez careta, pois ficou receoso com a minha reação.
- Você quer..ir? – Eu fiz careta. Eu estava cansada e queria dormir.
- Eu não sei. Você está afim? – Mark mordeu o lábio inferior.
- Eu... – Eu queria dizer que não, mas ele parecia querer tanto. Eu não estava nem um pouco a fim de ir em balada naquele dia. – Eu não sei. Por mim tudo bem. – Eu acabei cedendo. Nos últimos meses o Mark tem dedicado todo o seu tempo a mim e nós nunca fazíamos nada que ele queria. Era sempre o meu restaurante favorito, o meu filme favorito e a minha balada preferida. Eu não quero e não tenho o direito de recusar isso.
- Certeza? – Mark não queria me forçar a fazer nada que eu não quisesse.
- Claro! Eu quero muito ir. – Eu minto muito bem.
- Legal! – Mark sorriu, empolgado. – A Meg está por perto? Eu queria convidá-la pra ir também. – Ele perguntou.
- Não, ela está em uma outra sala. Está medindo a pressão dos pacientes hoje. – Eu explique.
- Então, eu vou ligar pra ela. – Mark disse.
- Se quiser, eu posso falar com ela. – Eu dei a sugestão, que foi imediatamente negada.
- Não, tudo bem. Eu não quero mais te atrapalhar. Eu ligo pra falar com ela. – Mark insistiu em ligar.
- Então ta. – Eu ergui os ombros. Se ele fazia tanta questão.
- Eu passo buscar vocês mais tarde. A balada é só mais tarde. – Mark avisou.
- Combinado. – Eu sorri fraco. Ele era tão cuidadoso e fazia sempre questão de me buscar e de fazer todos os meus gostos.
- Te vejo depois. – Mark sorriu sem motivo algum.
- Até depois. – Eu continuei sorrindo.
- Beijos. – Mark esperou que eu respondesse.
- Beijos, beijos. – Eu disse em meio a risos e Mark abriu um enorme sorriso. Ele adorava me ouvir dizer aquilo. Desliguei a ligação e aproveitei que estava próxima da máquina de café para tomar um pouco. Eu precisava me manter de pé, pois a noite seria longa.

Mark ficou extremamente empolgado com o fato de sair com os amigos naquela noite, mas aquele não era o único motivo. Ele tinha alguns planos para aquela noite e não seria possível colocá-los em prática se eu não aceitasse ir na ‘Daynight’ naquela noite. Agora que eu aceitei, ele já pode correr para dar as notícias para Meg.

- Meg.. – Mark sorriu ao perceber que o celular havia sido atendido.
- Fala, lindo. – Meg brincou. Ela sempre estava de bom humor.
- Tenho um convite pra te fazer. – Mark foi direto.
- Qual convite? – Meg se interessou.
- Eu e a vamos hoje a noite ao ‘Daynight’ e eu quero que você vá com nós. – Mark fez o convite.
- No ‘Daynight’? – Meg pensou na possibilidade. – Por mim pode ser. O que vai ter lá? – Ela questionou.
- Os meus amigos marcaram de jogar bilhar lá essa noite. – Mark explicou.
- Eu to dentro. – Meg ergueu os ombros.
- Legal, porque eu queria muito que você estivesse lá. – Mark sorriu, nervoso.
- E por quê? – Meg disse com desconfiança.
- Ta! Eu vou te contar, mas você vai ter que guardar segredo! – Mark deu a condição.
- Minha boca é um túmulo! – Meg sorriu.
- A está por perto? – Mark perguntou. Eu não podia saber ainda.
- Não. Ela está na sala ao lado. – Meg explicou, sem entender.
- Então ta! Eu vou te contar. – Mark voltou a ficar nervoso.
- Contar o que? – Meg ficou super curiosa.
- Eu... – Mark mordeu o lábio inferior e riu sem emitir som.
- Fala logo! – Meg não sabia qual o motivo de tanta enrolação.
- Eu vou pedir a em namoro hoje a noite. – Mark disse de uma vez.
- O QUE? – Meg gritou e só depois se deu conta de que estava em um hospital. – O que? Sério? – Ela disse baixo dessa vez.
- Sério! – Mark riu de sua reação. – Acha que é uma boa? – Ele queria saber a opinião de Meg.
- É claro que é uma boa. Vocês estão juntos há quase dois meses e vocês gostam um do outro! – Meg estava se segurando para não surtar com a notícia.
- Acha que ela vai gostar da ideia? – Mark parecia um pouco inseguro.
- Para de ser tonto, Mark. É claro que ela vai! Ela nem está esperando. – Meg gargalhou silenciosamente.
- Que bom! – Mark ficou um pouco mais aliviado. – Então eu vou passar pegar vocês hoje ás 17hrs e ai vamos pra sua casa, você pega a sua roupa e vamos pra casa da . A balada é só mais tarde e então você se arruma lá. – Ele explicou.
- Beleza! – Meg concordou.
- Combinado então. – Mark sorriu, satisfeito. Estava tudo saindo como planejado. – Não vai falar nada, hein? – Ele avisou.
- Pode deixar! – Meg segurou o sorriso. – Awn, eu estou tão feliz. – Ela estava totalmente empolgada e feliz pelos amigos.
- É, eu também. – Mark sorriu, sem jeito.
- Até mais tarde. – Meg despediu-se antes de desligar.
- Até. – Mark respondeu e ambos desligaram a ligação.

Mark tinha dúvidas sobre o pedido. Ele não sabia se era a hora certa, se eu aceitaria ou se eu queria voltar a ter uma coisa séria, mas com as palavras e o incentivo de Meg ele estava mais tranquilo. Mark havia comprado a aliança há mais ou menos 2 semanas e tem esperado o momento certo para me entregá-la. Passou a tarde toda ensaiando o pedido e pensando em como deveria proceder. Ele só parou quando teve que sair de casa para ir nos buscar.

- Oi, oi! – Meg disse ao entrar no banco traseiro do carro.
- Oi Meg. – Mark virou-se e sorriu para a melhor amiga e ela lhe jogou um beijo. Foi nessa hora que eu entrei no carro e me sentei ao seu lado. Nos olhamos na mesma hora e vi o quanto ele estava bonito. Ele sempre estava bonito para mim. Eu curvei o meu corpo em sua direção e ele fez o mesmo. Selou longamente os meus lábios. – Oi. – Ele disse baixinho.
- Oi! – Eu mordi o lábio inferior, pois fiquei um pouco sem jeito.

Seguimos para a casa de Meg e depois para a minha casa. Fiquei feliz ao saber que a balada era mais tarde e que eu teria um tempo para deitar e descansar um pouco. Eu e Meg tomamos banho e o Mark nos esperou na sala. Como ainda era 18hrs, nem começamos a nos arrumar. Meg ainda penteada o seu cabelo, quando eu desci as escadas e vi o Mark deitado no sofá assistindo TV. Ao perceber que ele não tinha me visto, eu fiquei parada algum tempo observando ele. Mark era realmente uma graça. Eu adorava vê-lo jogado no meu sofá e vê-lo tão a vontade com tudo ao seu redor. Ele não era assim quando escondia todas aquelas coisas de mim.

- Voltei... – Eu disse e ele virou-se para me olhar. O sorriso dele foi espontâneo ao me ver e eu adorava quando isso acontecia. Continuei me aproximando dele e joguei lentamente o meu corpo por cima do dele.



Nos aconchegamos no mesmo sofá e eu deitei sobre ele. Mark ficou surpreso e feliz com a minha atitude. Passou suas mãos em volta de mim e beijou a minha cabeça, que estava apoiada em seu peito. Ao sentir ele beijar a minha cabeça, eu levantei o meu rosto e olhei para o dele. Mark me olhou todo bobo e ainda se aproximou para selar os meus lábios novamente.
- Você está tão cheiroso. – Eu comentei e arranquei um novo sorriso dele.
- Estou? – Mark achou graça.
- Muito. – Eu ri pra ele sem emitir som.
- , eu adoro o seu chuveiro. Quero levar ele pra minha casa. – Meg comentou, enquanto descia as escadas.
- Fique longe do meu chuveiro, Meg. – Eu gritei um pouco mais alto para que ela pudesse ouvir. Meg se aproximou e deitou no sofá ao lado. Ela ficou toda comovida ao me ver deitada sobre o Mark.
- Vocês são tão lindos. – Meg sorriu com os olhos brilhando. – Eu shippo muito vocês. – Ela completou.
- Ela o que? – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Shippa. – Eu repeti em meio a risos.
- Isso é bom? – Mark fez careta.
- É claro que é bom. – Meg gargalhou.
- O que isso quer dizer? – Mark não estava entendendo nada.
- Shippar é tipo gostar, aprovar ou torcer por um casal. – Eu expliquei rapidamente.
- Eu nunca ouvi isso na minha vida. – Mark negou com a cabeça e eu e Meg rimos ainda mais.
- Você nunca foi fã de ninguém, não? – Meg perguntou, tentando parar de rir.

Permanecemos deitados e vendo TV por um pouco mais de duas hora. Mark foi para casa para se arrumar para a balada e eu e Meg nos arrumaríamos também. Os rápidos cochilos que eu consegui tirar no sofá me deixaram mais disposta para sair. O meu vestido já estava escolhido, então eu não levaria tanto tempo para me arrumar. Mark escolheu sua melhor roupa, pois aquele dia seria especial.

Meg e eu demoramos uns 45 minutos para nos arrumar. Quando eu digo nos arrumar, eu me refiro a maquiagem, escolha de acessórios, cabelo, sapato e perfume. Quando Mark chegou ás 21:30, eu e Meg já estávamos prontas há alguns minutos. Eu havia tomado um energético antes de sair de casa para ficar um pouco mais alegre e não correr o risco de dormir no meio do caminho.

- Uau! Você está linda! – Mark sorriu ao me ver, quando eu abri a porta.
- Obrigada. – Eu ergui os ombros, sem jeito. Eu ajeitei um pouco o vestido (VEJA A ROUPA AQUI).
- Você também, Meg. – Mark foi gentil.
- Você está gatinho também. – Meg piscou para ele, que riu. Ela passou por ele e foi em direção ao carro. Eu fiquei para trancar a porta e Mark me esperou. Depois de entrarmos no carro, seguimos para a balada.

estava chegando naquele exato momento em seu hotel. O GPS havia guiado ele ao famoso hotel New York Palace. Ele só não ficou mais perplexo ao ver o hotel do que ficou ao ver o seu carro. O hotel era simplesmente enorme e luxuoso. Deixou o seu carro com o manobrista do hotel, que se encarregou de guardar o carro e pegar suas malas. foi até a recepção e disse o seu nome, avisando que já tinha reserva. O recepcionista encontrou a sua reserva e o encaminhou para o 10° andar do prédio, que era onde ficava o seu quarto. saiu do elevador e se deparou com um corredor que tinha somente duas portas. Uma delas era a porta de seu quarto.

O quarto de deveria ser maior que o seu apartamento inteiro. Apesar de grande, o apartamento não tinha tantas mobílias. Havia apenas uma cama enorme, dois criados mudos, um armário, uma TV enorme e algumas mesinhas luxuosas espalhadas pelo apartamento. não poderia pedir mais que aquilo.

- O que eu faço primeiro? – falou sozinho, enquanto jogou-se na cama. Pensou por um tempo, enquanto encarava o teto de seu quarto.

O relógio marcava um pouco mais de 22hrs, quando decidiu ir até uma de suas malas e pegar o convite que o gestor da empresa gentilmente havia lhe entregado. Ele encarou o convite que dizia que começaria ás 22hrs. Apesar de ser uma boa ideia, não tinha certeza se queria ir a uma balada depois de um dia tão cansativo. Ele caminhou até a enorme porta que dava passagem para a sacada e de lá, conseguiu ver parte das luzes da cidade. A última vez que viu tantas luzes foi na Times Square e ele estava comigo. Espera. Porque ele está lembrando disso agora? Um longo suspiro carregado frustração foi solto por ele.

- Eu preciso sair. – negou com a cabeça e parecia ter tomado uma decisão. Ele não tinha a mínima intenção de começar a pensar em qualquer coisa que lembrasse a mim. Abandonou a sacada para ir tomar banho e se arrumar. Aquela noite tinha tudo para ser a melhor de todas.


Mark, Meg e eu havíamos acabado de chegar na Daynight. Demorou um pouco porque a boate ficava longe da minha casa. Após estacionar o carro no estacionamento do local, Mark nos guiou até a entrada da balada. As entradas já estavam compradas, portanto, não precisamos ficar na fila. Quando entramos, o local ainda estava meio vazio, porque as pessoas ainda estavam começando a entrar, mas a música alta já estava tocando.

- Esse lugar podia ficar assim, né? – Meg comentou, olhando em volta.
- Só em pensar que toda aquela gente lá fora vai entrar aqui. – Eu rolei os olhos, quando nos aproximamos do balcão.
- Vocês querem beber alguma coisa? – Mark perguntou, olhando para o garçom.
- Eu quero só água. Depois eu bebo alguma coisa. – Eu afirmei.
- Eu quero... uma cerveja. – Meg sorriu para o garçom.
- Eu também. – Mark pediu apenas para acompanhar a amiga.

Nós 3 ficaram próximos ao balcão durante alguns longos minutos, já que os amigos de Mark ainda não haviam chegado. O local ficava cada vez mais lotado e as luzes piscavam com mais frequência. O energético realmente havia me ajudado muito. Eu nem me lembrava que estava cansada e estava louca para dançar.

demorou mais do que deveria para ficar pronto. Ele tentou se arrumar o máximo que conseguiu, porque Nova York era outro nível. Ele vestiu uma camiseta preta bem justinha que tinha uma estampa diversificada de cor cinza e branca. A calça que ele usava também era preta e ele calçava seu tradicional tênis de marca. Colocou alguns acessórios como o relógio e uma correntinha no pescoço. Ajeitou minuciosamente o seu cabelo e passou mais perfume do que deveria. Era um pouco mais que 22:30 e ele estava pronto. Pegou a sua carteira, seu celular e o convite da balada. Antes de sair de casa, analisou bem o convite que anunciava uma balada memorável na boate ‘Daynight’. Saiu do hotel e preferiu ir de taxi, pois sabia que iria beber.

- Eles chegaram? – Eu perguntei, quando Mark voltou. Ele tinha ido até o local onde ficavam as mesas de sinuca para ver se os seus amigos já haviam chegado.
- Chegaram. – Mark afirmou.
- Então vai lá! – Meg abriu os braços. Porque ele tinha voltado?
- E vocês vão ficar sozinhas? – Mark fez careta. Eu e Meg tínhamos ido até lá por causa dele e ele achou injusto nos deixar sozinhas agora.
- O que tem? – Eu abri os braços. Eu não me importava.
- Eu cuido dela. – Meg apontou a cabeça em minha direção.
- E eu cuido dela. – Eu segurei o riso.
- Nós vamos aproveitar pra dançar. – Meg segurou a minha mão e começou a me puxar em direção a pista de dança. Eu olhei para trás e fiz sinal para Mark para que ele fosse com os seus amigos. Ele riu da cena da Meg me puxando e se sentiu menos culpado por nos deixar sozinhas. Nós estávamos nos divertindo. Colocou uma das mãos no bolso só para ter certeza de que as alianças ainda estavam lá. Ele pretendia me entregá-la mais tarde.

chegou ao local e ficou empolgado só de ver o estabelecimento, que parecia ser melhor do que qualquer outro lugar que ele tinha ido em Atlantic City. Entregou a entrada para os seguranças que controlavam a entrada e saída de pessoas. Os seguranças o deixaram entrar. A primeira coisa que fez foi ficar algum tempo observando o lugar que era muito maior do que aparentava ser do lado de fora. A música estava extremamente alta e as luzes piscavam de tempos em tempos. Observou que em um dos cantos do estabelecimento havia várias mesas de sinuca, que pareciam totalmente lotadas. No centro ficava a pista de dança e o balcão de bebidas ficava no outro canto. Era lá mesmo que ele queria ir.

Meg e eu dançávamos e nos divertíamos na pista de dança. O DJ estava tocando a versão remix de vários sucessos e eu sabia cantar praticamente todas as músicas. Fazia quase meia-hora que Mark tinha ido jogar com os amigos e que ele havia dito que dali algum tempo voltaria para nos ver. Meg e eu bebíamos um drink bem fraco preparado por um dos bartender do local. Isso fez com que eu me soltasse um pouquinho mais.

- É uma pena que eu não esteja solteira. – Meg comentou, olhando para os garotos em volta.
- Eu não vi nenhum cara que me chamasse tanta atenção assim. – Sim, eu estava com o Mark, mas eu não sou cega. Além do mais, eu estava com a minha amiga. Todas as amigas falam e comentam esse tipo de coisa.
- Você está tão apaixonada pelo Mark que está cega. – Meg me provocou e eu rolei os olhos.

estava apoiado no balcão de bebida com uma pequena garrafa de cerveja nas mãos. Ele observava as pessoas dançarem empolgadamente na pista de dança e chegava a rir de algumas bêbadas que estavam na pista. Começou a analisar atenciosamente as garotas que dançavam em sua frente. já tinha visto umas três olharem pra ele e fofocarem com as amigas. Todas as garotas pareciam muito interessantes. Como não ser interessante com um vestido curto, decotado e colado, não é?

Um pouco mais de 3 horas de festa e não tinha nem sequer pisado na pista de dança. Ele não era e nem nunca foi de dançar. Umas três garotas já tinham chegado nele e pra todas ele dizia que ‘ainda estava de boa’. Ele não tinha tanta certeza se queria beijar alguém naquela noite. Só a música, a bebida e o local já estavam fazendo bem demais pra ele. Apesar de não estar tão interessado, ele não deixava de analisar a bunda, as coxas e os peitos das garotas que dançavam logo ali na frente na pista de dança. Homem é homem, né?

Mark já tinha ido e voltado da mesa de bilhar umas 3 vezes. Ele vinha só para conferir se eu e a Meg estávamos bem, já que estávamos sozinhas. Ele também nos deixava informadas sobre quantas partidas ele havia ganhado e quantas ele já havia perdido. Já tinha feito uns 40 minutos desde a última vez que ele veio nos ver. Eu e Meg não cansávamos nem um pouco de dançar. Aquele energético fez mesmo efeito.



TROQUE A MÚSICA:



- Oh, meu Deus! Eu adoro essa música. – Eu gritei no ouvido de Meg quando começou a tocar o remix de ‘The One That Got Away’.
- É sério! Eu nunca vi tantos caras bonitos nesse lugar. – Meg comentou, perplexa. Ela era quase uma veterana daquele lugar.
- Não exagera, Meg. – Eu disse, enquanto mexia lentamente a minha cintura de um lado pro outro. Nós estávamos dançando, mas não chamávamos muita atenção.
- Juro! – Meg sorriu pra mim. Ela voltou a olhar discretamente em volta e passou os olhos rapidamente pelo balcão de bebidas. Era a 4° vez que ela via aquele cara, que esteve naquele mesmo lugar nas últimas 3 horas. Ela não fazia ideia de que aquele cara era o . Primeiro porque ela não havia visto tantas fotos dele e as que ela viu foram há meses atrás e segundo porque estava escuro.
- Todos os caras bonitos que eu vi aqui até agora estavam acompanhados. – Eu comentei ao olhar em volta.
- Tem um garoto ali atrás que é muito bonito. – Meg olhou para , que nem havia percebido os seus olhares. – Eu já vi umas 5 meninas chegarem nele. – Ela riu.
- 5 meninas? Até parece. Que cara recusa 5 garotas em uma só noite em uma das melhores baladas da cidade? – Eu achei que Meg estava exagerando de novo.
- Eu estou falando sério! Metade das garotas daqui está comendo ele com os olhos. – Meg voltou a olhar para a atração da balada.
- Ele não pode ser tão bonito assim. – Eu sorri ao negar com a cabeça.
- Olhe você mesma! – Meg queria provar o que estava dizendo.
- Onde ele está? – Eu perguntei antes de me virar, porque eu pretendia ser o mais discreta possível.
- Ele está encostado no balcão de bebidas. Camiseta preta com umas estampas, calça preta e tênis. – Meg passou os detalhes para que eu olhasse para o cara certo.
- Está bem. – Eu ri do que iria fazer e virei o meu rosto para trás. Meus olhos foram imediatamente para o balcão de bebidas e eu procurei pelo único cara que estava encostado nele. O sorriso ainda estava em meu rosto, quando eu o vi. Eu simplesmente não conseguia acreditar no que estava vendo. O meu coração parecia ter congelado e o ar parecia me faltar. O sorriso desapareceu instantaneamente do meu rosto e eu fiquei totalmente paralisada. Mesmo de longe, eu consegui ver que ele estava olhando para o movimento da pista de dança e antes que eu tomasse qualquer atitude, ele me encontrou no meio da multidão. Os olhos que eu esperei nunca mais ver ficaram fixos em mim e o coração que antes estava congelado, começou a bater de uma forma totalmente inexplicável. Era como se ele fosse sair do meu peito.

não conseguia tirar os olhos de mim. Ele tinha medo até de piscar e se dar conta de que tudo não passou de ilusão. Nossos olhares continuavam se cruzando mesmo depois de tanto tempo. Foi desesperador e chocante sentir de novo aquele frio na barriga e aquela parada instantânea de seu coração. Ele não teve reação alguma. simplesmente ficou parado e manteve o contato visual, que já se prolongava há alguns segundos. Ele não conseguiu sentir ódio, raiva ou qualquer outro sentimento. Ele só conseguia me olhar.

Não foi fácil me dar conta de que ele já tinha me visto e que estávamos nos olhando por algum tempo. Apesar de não saber se eu tinha o total controle dos meus movimentos e sentimentos, eu tentei. Deixei de olhá-lo, enquanto sentia um enorme vazio dentro de mim. Meg me olhou e percebeu a minha mudança de expressão e de comportamento. Eu a olhei completamente sem chão.

- ? – Meg me olhou de forma mais séria. – Ei! – Ela voltou a me chamar atenção, já que eu estava completamente paralisada. A minha ficha parecia estar caindo. Uma expressão de pesar tomou conta do meu rosto.



No auge da minha insanidade, eu novamente voltei a virar o meu rosto para trás e ele continuava me olhando. A expressão no rosto dele também havia mudado. Ele parecia um pouco mais bravo dessa vez. O olhar dele fez com que eu sentisse algo ruim.

- ! – Meg voltou a me chamar, mas dessa vez aumentou o seu tom de voz. Eu estava um pouco mais consciente dessa vez e consegui deixar de olhá-lo com mais rapidez. Quando eu virei novamente o meu rosto para a Meg, eu fui surpreendida com a chegada de Mark, que não hesitou em me beijar repentinamente.

Foi o pior beijo de toda a minha vida e a culpa não era do Mark. Eu mal consegui curtir o beijo, pois eu sabia que estava vendo tudo. Eu sabia tudo o que estava passando pela cabeça dele e eu não conseguiria imaginar nada pior do que isso. Se a expressão de ódio estava no rosto do antes, agora o ódio havia tomado conta do corpo inteiro. Ele se esforçou um pouco para ter certeza de que o cara que estava me beijando era quem ele pensava ser. O beijo parecia algum tipo de provocação para ele e ele não conseguia sentir nada além de ódio. Em outros tempos, resolveria com um simples soco, mas naquele momento não. Ele não conseguia acreditar que eu estava beijando o Mark. apenas respirou fundo e deixou de nos olhar.

nunca havia se sentido tão idiota em toda a sua vida. Agora tudo fazia sentido. Aquela carta, o cara que eu tinha conhecido e o cara que eu havia dito que era bem melhor do que ele. Todo esse tempo era o Mark. Sempre foi o idiota do Mark! Como ele não pensou nisso antes? Idiota! Eles são vizinhos e ele sempre foi maluco por ela. É claro que ia acabar acontecendo. É obvio que é muito mais fácil ter um cara que mora ao lado da sua casa do que um cara que mora em outra cidade. Sério que foi por esse cara que o se rebaixou? Foi esse cara que fez com que ele se sentisse tão inferior? Ridículo! Tudo era ridículo demais para se aceitar.

- Eu precisava fazer isso. – Mark disse em meu ouvido, depois de terminar o beijo. Eu nunca me esforcei tanto para sorrir quanto naquele momento. Parecia até que eu conseguia sentir os julgamentos vindos dos olhares do .
- E o jogo? – Eu disfarcei o máximo que eu pude. Mark não poderia nem sonhar que o estava ali.
- Estamos ganhando. – Mark sorriu com empolgação.
- Ótimo. – Eu voltei a forçar um sorriso.
- Tudo bem? – Mark olhou pro meu rosto com um pouco de desconfiança.
- Sim, tudo ótimo. Eu só preciso ir ao banheiro. – Eu olhei para a Meg e ela parecia ter entendido o recado.
- Eu vou com você. – Meg se prontificou.
- Vamos então. – Eu me afastei um pouco do Mark.
- Eu vou voltar pro jogo então. – Mark apontou em direção as mesas de sinuca e eu afirmei com a cabeça. Eu não tive coragem de olhar para trás. Agarrei a mão de Meg e a puxei em direção ao banheiro. Eu estava com tanta pressa, que só faltou eu correr.
- Calma! – Meg não estava entendendo absolutamente nada. Nós entramos no banheiro e eu fechei a porta. – Nossa! Mas o que está acontecendo? – Ela percebeu o quão conturbada eu estava.
- Não, não, não... – Eu levei uma das minhas mãos até a minha cabeça e entrelacei meus dedos em meu cabelo.
- ... – Meg tentou me interromper, mas eu não estava ouvindo nada que ela estava dizendo.
- Não pode ser... – Eu neguei incessantemente com a cabeça. – Isso não pode estar acontecendo comigo. – Eu comecei a andar de um lado para o outro.
- ! – Meg me chamou novamente. Ela viu que eu não dei atenção e se aproximou. – Ei! – Ela gritou, segurando os meus ombros e me fazendo olhar pra ela. – O que está acontecendo com você? – Meg me olhou extremamente séria.
- Ele está aqui... – Eu tentei conter o meu desespero ao dizer aquilo em voz alta. – ELE ESTÁ AQUI! – Eu repeti em meio a um surto.
- Ele quem? – Meg me olhou, confusa. Eu me desvencilhei de suas mãos e virei o meu corpo em direção ao espelho.
- Não... – Eu fechei os meus olhos, sentindo o desespero tomar conta do meu corpo. – Ele não pode estar aqui. – Eu neguei com a cabeça.
- , me fala o que está acontecendo. – Meg voltou a ir até mim. – Quem está aqui? – Ela perguntou, me fazendo olhar pra ela.
- O ... – Eu disse em meio a um suspiro. Abaixei o meu rosto por um segundo. – Ele está aqui. – Eu completei e voltei a olhar para o rosto de Meg.
- Não brinca comigo. – Meg não conseguiu acreditar.
- Brincar? Acha mesmo que eu brincaria com uma coisa dessas? – Eu fui grossa por um momento. Eu estava muito nervosa.
- Mas onde? – Meg não se lembra de ter visto nenhum cara parecido com o ou que tenha chamado a minha atenção. – Oh não! – Ela negou com a cabeça. O tal do não podia ser aquele gato do balcão de bebidas. – Não, não! – Meg sorriu, desacreditando.
- O cara do balcão de bebidas. – Eu disse apenas para confirmar as teorias dela.
- Mentira! – Meg abriu a boca, surpresa. – Você namorava aquele gostoso? – Ela apontou em direção a porta. – Não, não! Aquele cara maravilhoso não pode ser o babaca do . – Ela não conseguia se conformar.
- Você está de brincadeira com a minha cara, né? – Eu a olhei, furiosa. Eu estava ali surtando, prestes a ter um colapso e ela elogiando ele.
- Sério, ! – Meg chegou a rir um pouco. – Aquele cara é o ? – Ela esperava pela resposta.
- Você não está ajudando, caralho! – Eu fiquei ainda mais furiosa.
- Você terminou com aquele cara? Como você terminou com aquele cara? – Meg estava completamente chocada.
- Você me disse para terminar com aquele cara! – Eu disse de forma grosseira.
- Meu Deus... – Meg suspirou longamente.
- Dá pra você me ajudar? – Eu abri os braços. – O Mark está lá fora e o meu ex-namorado por quem eu ainda sofria há 3 meses atrás também está. O que eu estou fazendo aqui? – Eu passei uma das mãos pelo meu rosto.
- Droga... – Meg negou com a cabeça. Só agora que ela havia se lembrado do pedido de namoro.
- O que eu faço? – Eu precisava de ajuda. – Lembra da carta? Ele deve estar achando que é o Mark! Eu vi o jeito que ele me olhou! Ele está bravo! Eu tenho medo que ele encontre o Mark e... – Eu não queria nem dizer em voz alta.
- Acha que ele consegue fazer alguma coisa com o Mark? – Meg desacreditou. Mark era maior que o .
- Você não conhece o , querida. – Eu disse com sarcasmo. – E se ele vir falar comigo? O que eu vou dizer pra ele? – Eu sentia minhas mãos suarem frio.
- Você precisa dar o fora daqui o mais rápido possível! – Meg concluiu. O pedido de namoro não podia acontecer com a presença do .
- Como? – Eu estava disposta a fazer qualquer coisa.
- Olha só! Vamos fazer assim: vamos sair. Você vai pro balcão do outro lado e eu vou atrás do Mark. Eu trago o Mark e você inventa uma desculpa qualquer pra ir embora. – Meg deu a ideia.
- Está bem. – Eu afirmei com a cabeça.
- Você vai no balcão e fica lá! Ele não pode te ver. – Meg explicou.
- Eu entendi. – Eu afirmei com a cabeça.
- Pronta? – Meg me olhou.
- Acho que eu quero vomitar, mas sim... – Eu respirei fundo.
- Vamos lá! Vai dar tudo certo. – Meg sorriu para me tranquilizar.
- Ok. – Eu afirmei com a cabeça e fui em direção a porta.

Não é que tivesse a intenção de falar comigo, mas ele lançava olhares por todo o lugar na esperança de me ver novamente. As sensações dentro dele se misturavam e faziam com que ele ficasse em uma total confusão. Ele não sabia se era raiva ou a felicidade de me ver que se sobressaía. A única certeza que ele tinha era que ele queria me localizar novamente. Seja para se manter longe ou para se aproximar.

Era incrível a forma como eu sempre me sobressaía para ele dentre as outras pessoas de qualquer outro lugar que eu estivesse. Nós poderíamos estar no meio de uma multidão, mas ele sempre reconheceria o meu corpo, o meu jeito de andar e de jogar o meu cabelo. viu quando eu saí do banheiro e me seguiu com os olhos. Me viu sentar no balcão de bebidas que ficava do outro lado. Ele não pensou duas vezes antes de ir em minha direção. Era a atitude mais irracional que já tomou, mas ele tinha que fazer isso.

Eu me sentei em um dos bancos que ficava em frente ao balcão e tentei me acalmar. Eu encarava os meus dedos das mãos, que brincavam uns com os outros sobre o balcão e eu tentava regular a minha respiração novamente. Eu estava pensando em qual desculpa eu iria dar para o Mark e qual desculpa eu daria a mim mesma para superar tudo o que havia acontecido. Notei alguém sentar no banco ao meu lado, mas eu jamais imaginei que fosse ele.

- Se tivéssemos combinado, não daria tão certo. – disse ao se sentar ao meu lado. A voz dele fez o meu estômago dar um nó e as minhas pernas enfraquecerem. Ainda bem que eu estava sentada. Eu tirei uma das minhas mãos do balcão e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da minha orelha para que eu pudesse ter uma visão melhor dele. Virei o meu rosto e olhá-lo de perto foi a mesma coisa que levar um tiro. Quando ele percebeu que eu o olhei, ele fez o mesmo. Caralho, porque ele fez isso?
- Com certeza não teria. – Eu parei de olhá-lo e voltei a encarar as minhas mãos. Droga! Ele não está tão perto. Como eu estou conseguindo sentir o perfume dele?

Toda a atitude e simpatia de escondiam um nervosismo absurdo. Ele tentava se manter calmo para conseguir me passar tranquilidade. não queria que eu soubesse de jeito algum que ele estava nervoso de alguma forma. Ele queria que eu visse que os efeitos que antes eu causava nele não existiam mais. evitava me olhar, pois isso só tornava tudo ainda mais difícil pra ele.

- Desculpa, mas eu não posso te deixar ir embora sem tomar uma cerveja comigo. Nós nunca fizemos isso. – segurou o sorriso e novamente virou o seu rosto para me olhar. Ele esperava uma resposta. Pra quem já está fodida, uma cerveja não é nada, né? Além disso, eu também não quero demonstrar nervosismo.
- É claro. – Eu concordei, mas não olhei pra ele.
- Duas cervejas! – aumentou um pouco mais o tom de voz para que o garçom ouvisse. O garçom foi bem rápido ao colocar duas garrafas pequenas de cerveja na minha frente e depois na frente do . Isso era muito desconfortável. ia propor um brinde, mas achou exagero.
- E como está a faculdade? – perguntou depois de beber um gole de cerveja. O que estávamos fazendo? Que conversa é essa?
- Está tudo ótimo. – Eu não quis me prolongar. – Eu adoro medicina. – Eu completei.
- Que bom. – olhou para as suas mãos, que seguravam a garrafa de cerveja sobre o balcão.
- E... – Eu hesitei por um momento. Foda-se! – E o que você veio fazer em Nova York? – Eu perguntei, sem jeito. escondeu o sorriso de deboche, pois tinha certeza que eu achava que ele veio para Nova York por causa de mim.
- Eu vim a trabalho. – respondeu com gosto. – A empresa vai tentar fechar um contrato com os Yankees e eles me mandaram para cá por um tempo. – Ele explicou, apenas para mostrar que ele estava muito bem, obrigado.
- Os Yankees? – Eu virei o meu rosto para olhá-lo. Pela primeira vez eu fiz isso espontaneamente. – Uau! Você deve estar muito feliz. – Eu deduzi. Eu sabia da paixão dele pelo Yankees.
- É, eu estou. – fez questão de confirmar. – Eu estou muito feliz mesmo. – Ele disse e eu percebi o que ele estava tentando fazer. Olhei pra ele de canto de olho e tentei não fazer caretas.



- Ótimo. – Eu afirmei e tomei mais um gole da cerveja.
- Eu estou hospedado no hotel ‘New York Palace’ aqui perto. – explicou para deixar claro que a vinda dele para Nova York era mesmo temporária.
- Ahn, eu conheço. – Eu afirmei com a cabeça.
- E o hospital? Salvando muitas vidas? – disse e conseguiu me arrancar um fraco sorriso, que eu tratei de desfazer rapidamente.
- Nem um pouco. – Eu rolei os olhos. – Estagiária. Sabe como é, né? – Eu brinquei com a minha própria situação.
- Difícil. – afirmou com a cabeça.
- Mas eu adoro. Eu sempre adorei essa área. – Eu completei.
- É, eu sei. – comentou sem nem perceber. Quando se deu conta, já havia dito. Voltei a virar o meu rosto para olhá-lo e ele fez o mesmo. – Você está diferente. – Ele disse, sem deixar de me olhar. Certamente ele se referia ao meu novo corte de cabelo, as luzes e talvez a minha maturidade que evoluiu 100%.
- Você está diferente também. – Eu sorri sem mostrar os dentes. O cabelo dele estava um pouco maior e agora ele tinha uma barba bem rala no rosto. Ele parecia mais maduro, mais adulto e... forte. Deixamos de nos olhar, pois já estava ficando estranho.
- Bem, foi bom te ver. – achou que já estava bom e que eu já sabia que ele estava muito bem sem mim. Era o suficiente. Ele colocou uma das mãos no bolso e tirou algumas notas de dinheiro.
- Foi bom te ver também. – Eu estava aliviada, porque parecia que ele ia embora.
- Cuide-se e seja feliz. – se levantou do banco, mas me olhou ainda de pé. Eu também virei o meu rosto para olhá-lo.
- Você também. – Eu dei um sorriso maior. – Valeu pela cerveja. – Eu agradeci, quando ele colocou o dinheiro sobre a mesa.
- Não por isso. – afirmou, sem nem ao menos me olhar e se afastou. Eu me peguei observando ele se afastar e tentava me recuperar daquela aproximação, daquela voz e daquelas indiretas que ele deu durante a conversa. Foi só eu perdê-lo de vista para virar quase a garrafa de cerveja toda de uma vez só. Eu precisava disso.

Foi a coisa mais estranha de todas vê-lo de novo depois de tudo. Eu sempre achei que não estava pronta para esse reencontro e hoje eu tive certeza de que não estava mesmo. O que foi aquela reação? Porque eu surtei tanto? Era nervosismo por estar perto dele ou era remorso pelo que eu havia feito com ele? Talvez os dois. Só sei que foi esquisito ter as mesmas reações, sentir os mesmos sentimentos e ter os mesmos sintomas como tremedeira, disparo do coração e etc. Faz meses desde que tudo aconteceu e eu ainda me sinto do mesmo jeito quando se trata dele. Isso é insano.

- Você está bem? – Mark chegou ao meu lado. Meg estava logo atrás.
- Eu... – Eu olhei para Meg. – Eu estou com um pouco de dor de cabeça. – Eu fiz careta.
- Nós podemos ir embora se você quiser. – Mark propôs todo preocupado. Foi nessa hora que eu me senti a pior pessoa do mundo. Primeiro porque eu estava mentindo e segundo porque eu estava prestes de estragar a noite dele com os amigos por causa do . - Não... – Eu não posso fazer isso. – Nós podemos ficar mais um pouco. – Eu afirmei.
- Você tem certeza? – Mark me olhou de forma doce.
- Sim! – Eu afirmei com a cabeça. – Vai lá e eu vou ficar aqui. A Meg vai cuidar de mim e qualquer coisa ela te chama. – Eu o avisei.
- Eu não sei... – Mark negou com a cabeça. Ele não queria me deixar sozinha de novo.
- Vai! Tudo bem! – Eu o incentivei e ele foi obrigado a ceder.
- Eu volto daqui a pouco. Qualquer coisa você me chama, Meg. – Mark olhou para Meg, que afirmou com a cabeça. Ele beijou a minha testa e se afastou.
- Você é maluca ou o que? – Meg me olhou. O plano era ir embora!
- Eu não podia fazer isso, ok? Ele está se divertindo. Eu não posso tirar isso dele por causa do . – Eu expliquei.
- Ai, ... – Meg rolou os olhos.
- Além do mais, ele já veio falar comigo. O que poderia acontecer de pior? – Eu ergui os ombros.
- Ele veio falar com você? – Meg voltou a ficar surpresa.

Eu contei detalhadamente toda a conversa para Meg, enquanto parecia satisfeito com a sua atitude durante a conversa. Ele não foi fraco em nenhum momento e deixou bem claro que estava muito bem. Ele demonstrou indiferença e mostrou que não se importa mais. Era isso que ele queria. Era esse o melhor jeito de se vingar. Quer dizer, é o segundo melhor jeito. O melhor jeito seria colocado em prática agora.

- Oh, meu Deus. É o beijando aquela garota? – Meg cerrou os olhos para ter certeza de que era ele. beijava empolgadamente uma morena em um dos cantos da boate. Eu me virei discretamente e confirmei que era ele.
- Que idiota! Está tentando esfregar na minha cara. – Eu ri e rolei os olhos, apenas para provar para mim mesma que não me importava.
- Uau! Que pegada. – Meg ficou impressionada.
- Cala a boca, Meg. – Eu rolei os olhos.

Mais meia hora se passou e eu tentava lidar com cada garota nova que beijava. Eu contei 3 só nos últimos 15 minutos. O que ele acha que está fazendo? Tudo isso pra me ensinar uma lição? Pra ver se eu fico com ciúmes? Lembra da maturidade que eu vi nele há minutos atrás? Esquece. Ele ainda é o galinha do ensino médio, talvez com uma pegada a mais.

- Já chega! Eu quero ir embora daqui. – Eu disse ao vê-lo beijando a quarta garota da noite. Eu não vim pra isso!
- Demorou! Vou chamar o Mark. – Meg se levantou e eu puxei o seu braço.
- Eu vou esperar lá no estacionamento. – Eu apontei em direção a saída. Eu não ficaria nem mais um minuto naquele lugar. Olhei para trás pela última vez e vi que ainda beijava a mesma garota. Que decepção.

Saí da boate com uma sensação ruim. Não, eu não estava prevendo nada de ruim, mas eu estava daquele jeito por algo que já havia acontecido. Foi péssimo ter encontrado o logo agora. Foi péssimo nós termos conversado como se fossemos dois estranhos. Foi horrível ver o cara desprezível que ele havia voltado a ser, que beijava todas sem nem saber seus nomes. Ele parecia ter se tornado outra pessoa. Uma pessoa que eu desprezaria se eu não tivesse crescido com ele. Mesmo com a sua nova personalidade, a minha reação foi totalmente exagerada e chegou até a me dar medo. Eu não quero sentir nada. Eu não quero tudo isso de novo.

Entre um beijo e outro, percebeu que eu saí da boate e também notou o meu incomodo ao vê-lo com aquelas garotas. Aquilo o deixou totalmente satisfeito, mas não por tanto tempo. Afastou-se das garotas quando percebeu que não seria mais necessário ficar com elas e voltou a se aproximar do balcão de bebidas. Ele precisava beber alguma coisa. Com uma cerveja nas mãos, ele isolou o seu olhar em um lugar fixo e a sua também se isolou do mundo, da música e de todas aquelas pessoas ali. Talvez tenha sido por isso que ele tenha evitado aquela viagem por tanto tempo. Ele temia me encontrar em qualquer lugar.

O reencontro aconteceu logo na primeira noite e já tirou toda a sua empolgação. Ele só conseguia pensar que eu havia trocado ele pelo Mark. Ele só conseguia se lembrar da imagem minha e do Mark se beijando. se sentia péssimo e um grande idiota. A melhor parte com certeza foi quando ele me mostrou que estava feliz e que não sentia falta alguma de mim. Aquela era a única parte da noite da qual ele se orgulhava. A parte que ele menos se orgulhava? Foi quando não conseguiu esconder de si mesmo a atração que ele ainda sentia por mim, que parecia ainda maior do que antes. Para ele, eu estava mais bonita que antes e muito mais madura também. Aquilo só o fez ficar ainda mais atraído de um jeito que nenhuma outra garota conseguia.

Eu caminhei sozinha até o carro do Mark no estacionamento. Em passos pequenos, eu pensava e me lamentava por ter me permitido sentir todas aquelas coisas quando eu o revi pela primeira vez depois de tanto tempo e quando ele se aproximou. Foi perturbador e aceitar isso era impossível pra mim.

Cheguei no carro e encostei o meu quadril na lateral do carro, enquanto esperava por Mark e Meg. Mark não reclamou um só segundo por ter que ir embora. Quando a Meg o chamou, ele se prontificou rapidamente a ir embora e começou a se despedir dos amigos. Meg o esperou e observava ele cumprimentar cada um dos amigos. Ele parecia um pouco triste ou talvez decepcionado. Meg tinha quase certeza que era por causa do pedido de namoro, que ele planejava fazer durante a balada e agora não poderia mais fazer. Não do jeito que havia planejado.

Meg e Mark seguiram para a saída do local. Meg explicou que eu tinha ido para o estacionamento e o Mark não se manifestou. Ele saiu do local e Meg o acompanhou. Por um segundo, Meg odiou ainda mais do que já odiava. Ele era o responsável por tudo mesmo o Mark não sabendo. Eles seguiram em direção ao carro e Mark puxou algum assunto com Meg para que ela não notasse o quão decepcionado estava.

Apoiada na lateral do carro, eu observei Mark e Meg se aproximarem. Olhei para o Mark com mais atenção e vi um garoto incrível, que estava preocupado comigo e estava deixando os seus amigos para ficar com a garota que ele tanto gostava e que precisava imensamente dele. Vê-lo se aproximar com o seu jeito despojado me fez dar a ele um valor ainda maior. Não era como se eu estivesse comparando, mas depois do que eu vi do naquela noite, eu fiquei tão feliz em ter um cara como ele. Eu estava feliz porque ele não era o .

- Você está bem? – Mark me olhou, parecendo preocupado. Eu o encarei e vi o quão feliz eu estava por ele estar ali.



Eu levei uma das minhas mãos até o seu ombro e o puxei para mais perto de mim. Passei meu braço em torno de seu pescoço e o abracei, aconchegando a minha cabeça em seu pescoço. Meus olhos se fecharam e eu senti o meu coração se acalmar e também senti que eu era a garota mais sortuda de todas.

- Eu estou bem agora. – Eu disse bem próxima ao seu ouvido. O pouco da decepção que sentia foi desfarçada por um fraco sorriso que surgiu de forma involuntária em seu rosto.
- Bom. – Mark afastou um pouco os nossos corpos para olhar em meu rosto. Sua mão se aproximou de meu rosto e o acariciou com doçura. A atitude dele fez com que eu me aproximasse e selasse rapidamente os seus lábios. – Eu vou te levar pra cara, ok? – Ele olhou em meus olhos e eu apenas afirmei com a cabeça.

Entramos no carro e Meg se sentou no banco traseiro. Ela passou o caminho todo em silêncio, pois ela estava escondendo coisas de seus dois amigos. Ela se sentia um pouco mal por isso. Mark não podia saber sobre o e eu não podia saber sobre o pedido de namoro. Essa foi uma das razões para ela querer ir para casa e não para a minha. Ela queria ficar longe de nós agora. Era uma coisa que nós tínhamos que resolver. Deixamos ela em sua casa e seguimos para a minha e para a de Mark.

Estávamos sozinhos no carro agora e o silêncio permanecia. Mark usava a atenção no trânsito como desculpa do seu total silêncio, quando na verdade ele estava apenas pensando no que fazer. A decepção e o medo que ele sentia estavam corroendo ele por dentro. Eu mantinha os meus olhos fixos na janela do carro e via as ruas vazias passarem rapidamente pelos seus olhos. Eu estava com medo do que eu estava sentindo desde a hora que eu vi . Eu não sabia o que pensar.

também havia abandonado a boate há alguns minutos. Esperou algum tempo antes de chamar o taxi, pois não queria correr o risco de me encontrar lá fora. Havia um vazio em seu peito e uma enorme confusão em sua cabeça. Ele planejou aquele reencontro por meses e quando ele finalmente aconteceu, ele só conseguiu me olhar, enquanto sentia o seu coração disparar como nunca. Não houve xingamentos, insultos e nem desabafos. Ele só conseguiu me convencer de que estava bem, mas não disse nada do que ele sempre quis dizer desde o momento que leu aquela carta no dia do nosso aniversário de namoro.

Chegamos em minha casa e eu desci rapidamente do carro. Estava tão avoada, que nem lembrei de esperar Mark abrir a porta como ele costumava fazer. Eu ainda tinha a desculpa da dor de cabeça, mas eu sabia que era mentira e isso me fazia ficar um pouco mal. Mark também desceu do carro e nós caminhamos juntos até a porta da minha casa. Ainda em silêncio, eu abri a porta e entrei em minha casa. Mark entrou logo atrás e fechou a porta. Passei a mão pelo meu rosto na tentativa de melhorá-lo e em seguida, me virei para olhar o Mark. Os olhos dele que encaravam o chão se levantaram para olhar em meu rosto.

- Me desculpa ter feito você ir embora da boate. Eu sei que estava se divertindo. – Eu o olhei com um fraco sorriso.
- Tudo bem. Você precisava de mim. – Mark também sorriu fraco. – Você... está melhor agora? – Ele deu alguns passos em minha direção.
- Estou! Eu... – Eu passei uma das mãos pelo meu cabelo e o tirei de perto do meu rosto. – Eu não sei. Acho que talvez fosse a música alta. – Eu me referia ao motivo da minha dor de cabeça. Mark hesitou algum tempo e decidiu falar sobre o assunto que tanto queria. O assunto que havia feito ele desistir daquele pedido de namoro.
- Ou talvez tenha sido o . – Mark afirmou e eu senti o meu corpo gelar. Ele sabia? Ele sabia sobre o ?
- O que? – Eu tentei desconversar. Eu precisava de tempo para pensar no que dizer.
- Eu vi ele, . – Mark afirmou e parecia um pouco irritado. A irritação era mais porque eu estava tentando esconder algo dele do que pelo em si. Ele sabia sobre o . Ele sabia o quão desestabilizada aquele reencontro havia me deixado. O que eu faço agora? O que ele vai fazer agora?













CONTINUA...









Nota da Autora: 


Hey! Então, eu espero que estejam gostando da fanfic. Está dando muito trabalho, mas eu estou AMANDO escrevê-la. Eu me inspirei em uma outra fanfic que eu li e fiz as minhas MUITAS alterações (com a autorização da autora da mesma). Como vocês já perceberam, ela está em andamento. Eu vou postar de acordo com o que eu for escrevendo. 

Vocês devem ter percebido que nessa fanfic, os Jonas não são tão 'politicamente corretos' e nem tem uma banda. Eu achei legal fazer uma coisa diferente.

Enfim, deixe o seu comentário aqui embaixo. A sua opinião é importante, pois me incentiva a escrever ainda mais e mais.

Beijos e qualquer coisa e erro, mandem reply pra mim lá no @jonasnobrasil . 


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