Capítulo 39 ao 41





Capítulo 39 – Beijando o inimigo



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:


- Senti! Fazia tempo que eu não sentia tanto nojo de uma pessoa. – Eu forcei um sorriso.
- Você era maluca por mim. O que aconteceu? – Ele riu, não acreditando que eu não sentia mais nada por ele.
- O que você está fazendo aqui? – Eu perguntei, começando a me irritar.
- Eu fui convidado. – Peter sorriu. – Eu ainda tenho amigos naquela porcaria de escola. – Ele explicou.
- Não acha que está na hora de me superar? – Eu não tirava aquele sorriso sarcástico dos lábios.
- Eu não consigo. Ainda mais depois de ver você desse jeito. – Ele abaixou a cabeça para olhar pro meu corpo.
- Vai se ferrar. – O sorriso desapareceu do meu rosto. Nojento, filho de uma mãe.
- Você não era tão durona assim na minha época. – Ele riu, olhando em meus olhos. O corpo dele ainda pressionava o meu contra a parede.
- Você está me machucando. – Eu tentei empurrá-lo, mas não consegui.
- Você fica ainda mais irresistível agindo desse jeito, sabia? – Eu sentia a respiração dele em meus lábios. Cheirava a cerveja. Argh!
- Isso é porque você ainda não viu o agir assim. É ainda mais irresistível, eu juro. Qualquer dia peço pra ele te mostrar. – Eu ri, vendo que ele não havia gostado da brincadeira.
- Que bom que tocou nesse assunto. – Peter olhou pra trás. – Está vendo aqueles caras ali? – Ele apontou com a cabeça. Eu olhei e vi uma rodinha de garotos, que mais pareciam jogadores de basquetes. Eles eram enormes e fortes.
- O que? Você está pegando todos eles? – Eu voltei a olhar pro Peter. – Você não era gay na minha época ou... era? – Eu repeti o que ele havia dito anteriormente.
- Não. – Peter me olhou, sério. – Eles são do time. – Ele voltou a olhar para os garotos e depois pra mim. – Meu time. – Ele adicionou, se achando.
- Você é novo nisso de capitão, não é? Talvez possa te dar alguns conselhos depois. – Eu pisquei um dos olhos e Peter cerrou os seus.
- Eu quero que você dê um recado pra ele. – Peter me olhou mais sério. Acabei com a graça dele, ops!
- Acha que eu tenho cara de pombo correio? Vá você mesmo falar com ele. – Eu o desafiei. – Ah não ser que você esteja com medo dele. – Eu voltei a tirá-lo do sério.
- Eu sou o capitão agora, querida. – Peter voltou a olhar para os garotos enormes. – Eles fazem qualquer coisa que eu mandar. – Ele finalizou.
- Você tem marionetes agora? – Eu fiz careta.
- Diga ao seu capitãozinho de merda que é melhor ele não dar uma de espertinho pra cima de mim. Eu não estou sozinho dessa vez. – Peter ameaçou.
- Isso é uma ameaça? – Eu o fuzilei com o olhar.
- Não, estou apenas avisando. Me agradeça por estar sendo tão gentil em avisar. – Peter piscou pra mim.
- Fica longe dele, Peter. – Eu pedi, entendendo o que Peter estava querendo dizer.
- É só ele não me provocar. – Peter finalmente descolou seu corpo do meu. – Aliás, diga a ele para manter os olhos em você. Da próxima vez, pode ser que eu não queira te devolver. – Peter piscou mais uma vez, virando-se de costas pra mim. Eu o observei sair, sentindo nojo de mim mesma ter sido tocada por ele.

Ótimo, meu ex-namorado está de volta e dessa vez com diversos amigos (leia-se gigantes musculosos). Ele pediu que não o provocasse, sendo que isso é a coisa que mais faz quando Peter está por perto. sairia machucado daquela história se eu não interferisse. Aqueles caras acabariam com ele em 3 segundos. Eu não posso deixar isso acontecer.

Desencostei meu corpo da parede, ainda meio conturbada com tudo o que havia acabado de acontecer. Amber, Jessie e agora o Peter! Como eu vou suportar todos de uma vez? Ajeitei o meu vestido, que havia subido um pouco por causa de Peter. Voltei a andar em direção ao local onde e estavam. Dessa vez, ninguém me impediu.

- Desculpa por ter te deixando sozinha. – apareceu atrás de mim. Eu havia acabado de chegar ali. Bem a tempo!
- Tudo bem. Eu estou amando observar o casal diabete aqui. – Eu apontei a cabeça pra e , que estavam cochichando um na orelha do outro há uns 10 minutos.
- Eu demorei, né? – sorriu, segurando a risada.
- Não tem problema. – Eu neguei com a cabeça, olhando para onde estavam os amigos de Peter. Eles não estavam mais lá. Eu estava em pânico. Eu estava com um medo absurdo deles virem atrás de .
- Tudo bem? – se aproximou, colocando seus braços em torno da minha cintura.
- Porque está perguntando? – Como ele sabia? Estava tão na cara assim?
- Parece que está preocupada. – sorriu, me olhando de perto.
- Ok, eu preciso conversar com você. – Eu fechei os olhos por poucos segundos.
- Eu sabia. – riu, sem saber da gravidade da conversa.
- É sério. – Eu avisei e ele ficou rapidamente sério. – Vamos sair daqui, está muito barulho. – Eu afastei meu corpo do dele e o puxei pelas mãos até a cozinha da casa. Não havia quase ninguém lá e o barulho da música era mais baixo.
- O que foi? – me olhou, curioso. Eu encarei o chão e depois olhei pra ele.
- Ok, não fique irritado. – Eu pedi e ele pareceu ficar ainda mais sério.
- Eu já estou irritado só por você me pedir pra não ficar. – cruzou os braços.
- O Peter está aqui. – Eu disse, rapidamente. Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- Peter... seu ex-namorado? – não havia entendido muito bem qual era a gravidade de tudo aquilo.
- É, obrigada por me fazer lembrar disso. – Eu fiz careta, me referindo ao ‘ex-namorado’.
- Ele falou com você? – já estava começando a ficar irritado. Está vendo?
- Espera! Escuta. – Eu olhei pra ele, séria. – Antes de tudo, eu quero que me prometa uma coisa. – Eu estava dizendo com calma.
- Eu não vou prometer que não vou bater nele, . – me olhou. – Porque é exatamente isso o que eu vou fazer. – deu até um sorrisinho.
- Não, você não vai. – Eu o desafiei.
- Você sabe que eu vou. – ergueu os ombros.
- É por isso que eu estou pedindo pra você prometer que não vai. – Eu estava me irritando. Porque ele não promete de uma vez?
- Porque eu vou prometer algo que não vou cumprir? – estava levando tudo na brincadeira.
- Então cumpra! – Eu disse, como se fosse óbvio.
- , essa é a lei da vida. O Peter aparece, eu quebro a cara dele e ele some como uma garotinha assustada. – riu, querendo descontrair o clima tenso que estava se estabelecendo ali.
- Você pode parar de levar tudo na brincadeira por um minuto? – Eu o olhei, impaciente.
- Porque está tão preocupada com isso? – não gostou do jeito que eu havia falado.
- Eu estou pedindo pra você deixar ele em paz. Dá pra fazer isso por mim? – Eu continuava séria, eu só queria que ele prometesse. Eu só queria mantê-lo a salvo.
- Agora você se importa com o Peter? – me olhou de um jeito desconfiado.
- É melhor que não esteja desconfiando de mim. – Eu cerrei os olhos.
- Não importa, eu não vou prometer nada! – mudou o foco do assunto, pois não queria mais problemas.
- Não vai? Então tudo bem! – Eu disse, sorrindo de um jeito forçado. Eu virei de costas pra ele e dei alguns passos.
- Espera, espera! – Ele entrou na minha frente. – Como assim ‘Então tudo bem?’ O que você vai fazer? – disse, sabendo que eu estava brava com ele e que faria alguma coisa a respeito.
- Vou falar com a Amber, talvez jogar água na cara dela não tenha sido suficiente. – Eu tentei empurrá-lo, mas ele não saiu da minha frente.
- Não, não! Por quê? – Ele não entendeu a minha atitude repentina.
- Se você não pode me prometer uma coisa, eu também não posso cumprir as minhas promessas. Desculpa. – Eu tentei passar por ele novamente.
- Não, para com isso! – cerrou os olhos. – São coisas totalmente diferentes. – Ele estava odiando o que eu estava fazendo. Bem feito.
- Você odeia o Peter e eu odeio a Amber. Peter é meu ex-namorado e a Amber é a sua ex-namorada. Peter é um imbecil e a Amber é uma vadia. – Eu fiz a comparação e olhou pra cima e suspirou, como se estivesse sem paciência. – Onde está a diferença? – Eu o encarei, furiosa.
- Amber é a minha amiga! E o Peter? Ele não é nada seu. – respondeu daquele jeito sério e ignorante.
- E? – Eu cruzei os braços.
- Ele não significa nada pra você! – abriu os braços como se fosse algo óbvio.
- Tem certeza? – Eu disse e a expressão dele mudou. Agora sim ele estava puto da vida.
- Que conversa é essa agora? – respirou fundo, tentando se acalmar.
- E se eu quiser ser amiga dele? E se eu me importar? – Eu arqueei a sobrancelha, encarando ele de perto.
- Você nunca disse que queria! Eu tenho que saber dessas coisas. Você tem que me falar! – Ele me olhou, indignado. Pra ele, eu não poderia estar falando sério.
- Eu tenho? – Eu descruzei os braços e apontei uma das mãos pra mim mesma. – Porque eu não me lembro de você me pedir permissão pra ser o melhor amigo da Amber. – Certo, agora eu não só queria defende-lo do Peter, mas eu também estava irritada com o jeito que ele estava falando da Amber. não esperava por aquilo.
- Você precisa de terapia, sabia? – me olhou de forma indignada, enquanto negava com a cabeça.
- Você quer bater em todos os caras que se aproximam de mim e sou eu quem preciso de terapia?- Ok, agora ficou pessoal.
- Oh, me desculpe se eu quero te proteger dos outros caras, que só querem te levar pra cama. – disse com um riso irônico.
- Me desculpe também se é um pouco difícil pra mim aceitar o fato do meu namorado querer ser melhor amigo da sua ex! – Eu disse no mesmo tom de ironia.
- Porque colocou ela na conversa? Você é a errada aqui e está tentando jogar toda essa porcaria pra cima de mim. – estava totalmente irritado e impaciente com aquela conversa.
- Eu tenho que atender o seu pedido pra não fazer nada com a Amber, mas você não pode atender a um pedido meu pra ficar longe do Peter? – Eu cerrei os olhos. – E eu sou a errada? – Neguei com a cabeça, indignada.
- Pelo menos a Amber não fica tentando me agarrar, certo? – deu um sorrisinho, achando que tinha ganho aquela guerra.
- Ela não tenta, mas ela quer. – Eu respondi, acabando com a graça dele. Ele voltou a ficar sério e me olhou, furioso.
- Você não vai chegar perto dele, . Esquece! – disse em tom de aviso.
- Está vendo? – Eu ri, voltando a negar com a cabeça.
- O que? – abriu os braços, fingindo que não havia entendido a minha revolta na frase anterior.
- Já tentou se colocar no meu lugar, ? – Eu dizia naquele tom de irritação, que já conhecia.
- O que você quer dizer? – olhou seriamente em meus olhos. Ele estava me encarando de perto.
- E se eu dissesse a você que eu quero ser amiga de um ex-namorado? E se você tivesse que conviver com um ex-namorado meu colado em mim o dia todo? E se você, , tivesse que lidar com o meu ex-namorado dando em cima de mim o tempo todo? – Eu não deixei de olhar nos olhos dele nem por um minuto, enquanto eu dizia aquilo. – O que você faria? – Eu dei alguns passos em direção a ele. – Eu estou fazendo isso por você, mas e você, ? Faria isso por mim? – Eu fiquei bem próxima a ele. Nossos lábios estavam apenas a alguns poucos dedos de distância.
- Sou eu ou essa festa ficou um lixo de repente? – olhou para os meus lábios e depois para os meus olhos. Ele se afastou, indo em direção a porta.
- Onde você está indo? – Eu gritei, furiosa. Esse idiota acha que vai me deixar falando sozinha?
- Pra longe de você! – gritou, sem nem mesmo me olhar. Empurrou a porta e saiu do meu campo de visão.
- Droga... – Eu suspirei, passando uma das minhas mãos pelo meu rosto. Eu odiava brigar com ele, mas era realmente algo que estava enroscado em minha garganta há algum tempo.

estava irritado, mas ao mesmo tempo ele queria ter evitado isso. Ele não tinha certeza se eu era a única errada naquela história. Quer dizer, ele não sabia se conseguiria lidar com todas aquelas coisas com as quais eu estava tendo que lidar. Talvez ele estivesse pedindo demais, mas mesmo assim não justificava o jeito que eu havia falado com ele. Ele achava que eu não precisava ter protegido e defendido o Peter daquele jeito. Ele odiou me ouvir falar do Peter daquele jeito e odiou ainda mais o fato de nós termos brigado por causa do Peter, que já era carta fora do baralho há algum tempo.

- Que cara é essa, cara? – apareceu ao lado de , que estava parado perto de uma das paredes da sala do local.
- Essa festa está uma droga. – suspirou, olhando todos na festa se divertirem.
- O que aconteceu? – também observava as outras pessoas se divertindo. havia deixado ele sozinho, pois estava conversando com , que estava extremamente decepcionada depois de Amber deixa-la ali sozinha. Elas nem conversaram, Amber simplesmente foi embora da festa. sabia que uma hora teria que contar toda a verdade pra Amber.
- sendo . – bebeu um gole de seu refrigerante, ainda sem olhar para o amigo.
- Ela não está fácil hoje, né? – fez careta. Também já havia discutido comigo naquela noite.
- Se fosse só isso... – suspirou e olhou pro amigo.
- O que mais? – também olhou pro .
- Adivinha quem está aqui? – perguntou, fazendo careta.
- Por favor, diga Megan Fox. – olhou pra cima, sabendo que a noticia não seria boa.
- Peter... – respondeu, passando o olho pelos convidados da festa. Queria ver se achava o Peter.
- Peter? – voltou a olhar pro . - Não brinca. Eu não vi ele. – começou a olhar para os convidados, procurando o Peter.
- Eu também não vi, mas a viu. – revirou os olhos, quando disse a última parte.
- Oh... entendi. – fez careta, olhando pro amigo. Já sabia o motivo da nossa briga.
- Eu não quero nem encontra-lo aqui. Não vai acabar bem. – negou com a cabeça. – Vou ao banheiro. – disse, colocando seu copo de refrigerante sobre uma mesa qualquer.
- Eu vou com você. – andou rapidamente atrás do .

Eles foram juntos até a porta do banheiro. esperou do lado de fora. O banheiro era como um banheiro de uma casa normal, ou seja, só havia lugar para um. saiu do banheiro e viu que ainda o esperava.

- Eu vou esperar você sair. Eu tenho que falar com você. – disse, antes que fechasse a porta do banheiro. Ele se referia a corrente da amizade que eu havia pedido pra ele devolver ao .
- Eu já volto. – fechou a porta e saiu de lá menos de um minuto depois. O lugar estava mais silencioso. Era um bom lugar para ele e conversarem. – Pronto. – olhou para o amigo.
- Ok, eu não sei como dizer isso. – sorriu, sem jeito. Suas mãos estavam no bolso, ele sentia a correntinha em uma das suas mãos.
- É sobre a , né? – deduziu. – É sobre a briga de vocês? – Ele fez cara de chateado. Não fazia ideia que a conversa era sobre ele.
- É sobre ela, mas não é sobre a nossa briga. – olhou pro chão rapidamente. Não sabia como mesmo dizer aquilo, pois sabia que ficaria muito chateado.


Eu já havia saído da cozinha. Passei os olhos pela sala e não vi . Consegui achar , ela chorava sentada no sofá. estava ao seu lado. Eu não sabia o que havia acontecido, mas eu senti vontade de ir até lá e ajuda-la. Não me entenda mal, eu não sou uma má pessoa. Eu e a não estamos bem, mas eu não quero o mal dela. Ela já me ajudou muito, mas também já me machucou muito. Eu quero que as coisas deem certo pra ela. Eu sabia que estava ajudando ela e além disso, eu não seria bem recebida. Eu ainda estava muito decepcionada com , as vezes eu chamo isso de raiva.

Alguém veio até o meu lado. Eu olhei e vi . Ele também observava de longe. Havia um copo de bebida em uma das suas mãos e ele parecia chateado. Ele me olhou e sorriu fraco. Eu devolvi o sorriso. Não havia falado com ele ainda, depois de toda aquela confusão. era o único amigo que havia me restado.

- Ela está mal, não é? – Eu disse, voltando a olhar pra .
- Em todos os aspectos. – afirmou e virou-se em minha direção. Me virei de frente pra ele também.
- Faz um tempo que não nos falamos. Senti saudades. – Eu sorri de um jeito chateado.
- Eu também estou sentindo a sua falta. Eu não consigo conversar assuntos inteligentes com mais ninguém. É uma droga. – riu e eu também ri.
- Você sabe que é importante pra mim, certo? – Eu estava com medo de que os meus problemas com a atrapalhassem a minha relação com ele.
- Eu sei e você é importante pra mim também. Você sempre foi a minha amiga e eu não vou te deixar agora, ok? – certamente sabia do que havia acontecido com . Ele era incrível.
- Você não sabe o quanto isso significa pra mim, . – Eu segurei a sua mão e ele sorriu de um jeito incrível.
- Sim, eu sei! Você sempre fez isso por mim. Sempre esteve do meu lado e me ajudou em tanta coisa. – apertou a minha mão. – Eu sei que o que aconteceu entre você e a foi algo muito ruim. – Ele olhou em meus olhos.
- Sim, não foi fácil. Não está sendo fácil, mas eu ainda tenho com quem contar, né? – Eu sorri pra ele sem mostrar os dentes e ele fez o mesmo.
- É o que eu vim te falar. – voltou a ficar sério. – O que aconteceu entre vocês duas, não vai atrapalhar a nossa amizade. Nada mudou, ok? – terminou a frase e sorriu fraco. Eu não aguentei e me aproximei para abraça-lo. Ele me abraçou forte e eu até senti meus olhos lacrimejarem.
- Eu amo você, amigo. – Eu disse, ainda abraçada a ele.
- Eu também. – sorriu ao me ouvir dizer aquilo. Terminamos o abraço e nos olhamos. – Se você precisar de mim, não hesite em me chamar. – esperou que eu concordasse.
- Eu chamarei! Você também. – Eu afirmei e ele sorriu.
- Certo. – Ele deixou de me olhar para olhar pra . – Eu tenho que ir agora. Tenho que leva-la pra casa. – apontou pra com a cabeça.
- Vai lá. – Eu afirmei com a cabeça, dizendo que estava tudo bem.
- Até mais. – se aproximou, beijando o meu rosto.
- Até. – Eu respondi, vendo ele se afastar.

Certo, aquilo havia salvado o meu dia. fez eu me sentir muito melhor. Eu ainda tinha alguém que se importava comigo. Ele poderia muito bem ficar do lado da namorada dele, mas não. Ele está me apoiando. Ele está sendo o amigo que eu esperava que ele fosse. Com nunca houve altos e baixo como com . Nós sempre estivemos bem, sempre nos ajudávamos e fazíamos as coisas um pelo outro. é o amigo perfeito.

mudou o meu humor. Eu já não estava mais irritada como antes. Eu queria achar e fazer as pazes. Nós podíamos conversar de um jeito diferente. Eu não precisava ser tão grossa. Olhei em torno de mim e não achei ele. já não estava no lugar que estava. Ela já deveria ter saído com . Dei mais alguns passos, ainda procurando pelo .

- Procurando por alguém? – De novo, aquela maldita voz.
- Estou, mas é claro que não é você. Pode ir embora. – Eu nem olhei pro Peter.
- Você está sozinha de novo? – Peter entrou na minha frente para que eu pudesse olhá-lo.
- Quem dera. – Eu disse, demonstrando que preferia ficar sozinha a tê-lo por perto.
- O que você acha de dar uma volta? Eu estou entediado. – Peter fez careta.
- Está entediado? Vá pra casa, vê um pornô. – Eu pisquei pra ele.
- Vamos, saia comigo. Eu te levo pra casa. – Peter insistiu, achando que eu diria que sim. Ele é idiota?
- Eu não vou a lugar algum com você. – Eu fiz careta e neguei com a cabeça.
- Sério? – Peter me olhou mais sério. – Que pena. Eu tinha duas opções: sair com você ou procurar o com os meus amigos aqui. – Peter mostrou os dois caras enormes que estavam atrás dele. Ótimo, agora ele estava me chantageando!
- Você está tentando me chantagear? – Eu cerrei os olhos.
- É claro que não! – Ele pareceu se sentir ofendido com a acusação. – Eu só estava tentando ser legal, te convidando pra dar uma volta. – Peter explicou. – Mas tudo bem se você não quer. Eu jamais te obrigaria a nada. – Peter sorriu daquele jeito irônico e virou-se de costas.

O que eu deveria fazer? Deixar apanhar? Porque jamais daria conta daqueles grandões. Ele dá conta do Peter, mas dos outros dois? Eu posso impedir isso. Todas as vezes que bateu em Peter até agora foi por minha causa. Peter queria dar o troco e eu não vou fazer nada pra impedir? Me desculpa, mas eu não sou tão estúpida ao ponto de deixar o garoto que eu amo se machucar por minha causa. não apanharia naquela noite.

- EU VOU! – Eu gritei e Peter parou de andar. Virou-se para mim e sorriu. Deu alguns passos em minha direção e voltou a parar em minha frente.
- O que você disse? – Peter fingiu não ter escutado.
- Eu vou sair com você. – Eu afirmei, tentando esconder a minha raiva.


ainda estava pensando em como daria aquela notícia ao . não sabia do que se tratava. A corrente da amizade jamais havia passado pela sua cabeça. Viu a expressão de e começou a perceber que era pior do que pensava.

- Fala, . – pediu, impaciente.
- A pediu pra eu te falar uma coisa. – disse, olhando pro amigo. sorriu, esperando que fosse algo bom. Quer dizer, talvez eu quisesse dar uma chance a ele.
- O que? – perguntou, curioso.
- Na verdade, ela pediu pra eu te dar uma coisa. – fez cara triste.
- Dar o que? – perguntou ainda mais curioso. Ele esperava alguma carta, qualquer coisa que pudesse mudar a nossa situação. tirou uma das mãos do bolso e estendeu a sua mão, ainda sem saber o que era. olhou pra ele antes de soltar a corrente da amizade em sua mão. olhou a corrente e depois olhou pro .
- Eu sinto muito, cara. – disse, sem saber como lidar com aquilo.
- Ela não pode ter feito isso. – negou com a cabeça com seus olhos cheios de lágrima. Aquela parecia ser a confirmação que a nossa amizade havia acabado. – Ela não pode acabar com tudo desse jeito. Eu não posso deixar acontecer. – estava enlouquecendo. Sua ficha estava caindo de que dessa vez, as coisas não teriam volta. Saiu correndo, deixando ali sozinho.
- , espera! – gritou, mas nem o escutou. estava indo atrás de mim e ia fazer de tudo para concertar as coisas.


Peter ainda falava comigo. Ele queria deixar bem claro de que não estava me forçando a nada. Sair com ele era uma decisão minha e de mais ninguém. Eu estava certa do que estava fazendo. Peter não vai encostar no . Eu não vou deixar.

- Eu já disse que vou com você. – Eu disse, irritada.
- Tem certeza? Parece que você não está muito empolgada com isso. – Peter fez careta. Eu respirei fundo, me segurando para não manda-lo se foder.
- Peter... – Eu olhei pra ele e tentei sorrir. – Eu quero sair com você. Por favor, vamos. – Eu pedi. Eu estava com medo de que nos visse ali.
- Já que você insiste. – Peter riu para os amigos, fazendo um sinal com a cabeça.

Peter foi na frente e eu fui seguindo ele até a saída. estava no começo da escada, quando me viu sair pela porta. Havia diversas pessoas dançando na escada, o que dificultou bastante a sua passagem. Seus olhos ainda estavam cheios de lágrimas e a corrente da amizade ainda estava em sua mão.

- ! – Ele gritou, tentando chamar a minha atenção. É claro que eu não escutei. A música estava alta demais.

Sai pro lado de fora do lugar e vi o quanto estava frio. Cruzei os braços, tentando me aquecer e continuei seguindo o Peter. Os outros dois garotos vinham mais atrás. tentava chegar ao final da escada, mas as coisas não estavam fáceis pra ele.

- DÁ LICENÇA! – gritava, empurrando todo mundo em sua frente. – LICENÇA, SAI. – Ele continuava empurrando.

Chegamos ao carro do Peter. Era o mesmo carro que ele tinha quando estudava na escola. Eu esperei, achando que ele fosse abrir a porta e ele nem sequer pensou nessa hipótese. Deu a volta, abrindo a porta do motorista. Eu suspirei, irritada. Vi os dois amigos de Peter entrando em outro carro. Um carro preto e bonito.

conseguiu chegar ao final da escada e correu até a porta da casa. Abriu ela rapidamente e me viu dentro de um carro. Não era o carro do , nem do , muito menos do . Peter deu a partida no carro e eu coloquei o cinto de segurança. correu até a calçada, mas só conseguiu ver a parte de trás do carro. Foi o suficiente pra ele saber quem era o dono do carro.

- Merda! É o carro do Peter. – engoliu rapidamente as lágrimas e correu até o seu carro. Na verdade, era o carro de seu pai. Ele havia lhe emprestado para a festa. Enfiou a mão no bolso, pegando as chaves do carro. A corrente da amizade foi colocada no outro bolso. A prioridade não era mais a nossa amizade, mas sim, me salvar do Peter. sabia que eu não estava no carro com o Peter por livre espontânea vontade. Ligou o carro e saiu cantando pneu com a esperança de ainda alcançar o carro de Peter.


desceu as escadas, estava indo atrás de mim. Sabia que eu precisaria da sua ajuda, depois da conversa que eu e supostamente já estávamos tendo. Procurou perto do e depois olhou para as pessoas em sua volta e não me encontrou. Foi até a cozinha, imaginando que eu ainda poderia estar lá. Andou a festa inteira atrás de mim e não me achou. Talvez eu estivesse no banheiro ou algo assim. Esperaria um pouco e voltaria a me procurar.


havia encontrado Peter. O carro tinha ficado um bom tempo parado no semáforo, o que facilitou que o alcançasse. não queria saber se eu já não era mais a sua amiga, a única coisa que ele sabia é que algo ruim estava acontecendo e ele faria de tudo para me ajudar.

- Pra onde nós estamos indo? – Eu perguntei, sem olhá-lo. Eu estava quase grudada com a porta, só para ficar mais longe dele.
- Surpresa. – Peter sorriu, me olhando. Percebi o olhar de Peter descer pelo meu corpo e senti um enorme nojo.
- Porque está fazendo isso? – Eu perguntei, sentindo meus olhos lacrimejarem. Eu disse com tanta raiva, que ele certamente não as percebeu.
- Eu gosto de você! Você sabe disso. – Peter respondeu sem o mínimo de romantismo.
- Você sabe que eu não gosto mais de você, Peter. Porque está fazendo isso? Porque está insistindo em algo que já acabou? – Eu olhei pra ele e percebi que ele não havia gostado do que eu havia dito. Mudou de marcha de forma brusca e aumentou a velocidade do carro.
- Talvez não tenha acabado. – Peter me olhou com um doce sorriso. Cara, ele gostava mesmo de mim. Não acredito.
- Nós podemos ser amigos. – Eu tive uma ideia instantânea. Era um jeito de acalmá-lo. – Peter, porque não podemos ser amigos? – Eu disse, vendo ele aumentar a velocidade do carro. Parece que ele não se acalmou.
- Eu quero você! não pode me tirar tudo! Você não pode gostar dele. Não pode. – Peter negou com a cabeça.
- Ok, ok. Eu entendi. – Eu disse, vendo o carro alcançar a velocidade de 100 km/h no painel do carro. – Você bebeu, Peter. Diminui a velocidade. – Eu pedi, começando a ficar nervosa.
- Eu não estou bêbado. – Peter me olhou e riu. – Se eu estivesse eu estaria a uma velocidade bem maior. – Peter aumentou ainda mais a velocidade. Chegou aos 140 km/h.
- PETER, DIMINUI! – Eu gritei, apertando uma das laterais do meu banco. Peter parecia não me ouvir. Ele chegou a 150 km/h. – PETER! DESACELERA! – Eu gritei novamente, sentindo o desespero tomar conta do meu corpo.


ainda nos seguia. Ele estava assustado com a velocidade do carro de Peter. sabia que Peter bebia e também sabia como aquilo poderia acabar. A cada minuto que ele achava que a velocidade do carro de Peter estava alta, ele se surpreendia ao ver Peter aumenta-la ainda mais.

- Caralho, ele está correndo muito. – falou sozinho. Havia um carro preto atrás de Peter, que acompanhava as suas insanidades. não sabia quem era e nem estava interessado em saber. – Droga. – disse, tirando seu celular com dificuldade do bolso, enquanto ainda seguia o carro de Peter. Ele ia ligar para o , que deveria estar preocupado com o meu sumiço, mas tinha medo de sua reação. Discou o número e ouviu o celular chamar por diversas vezes.

estava conversando com os jogadores do seu time, quando sentiu o seu celular tocar no bolso de sua calça. Ele olhou no visor do celular e viu o número de . Sorriu, satisfeito por finalmente estar dando um sinal de vida. Tinha quase certeza de que eu estava com ele.

- Eu vou atender. Já volto. – deu um tapinha no braço de um dos companheiros de time e saiu em direção a cozinha. Preferia atender lá por causa do barulho. Entrou na cozinha, que estava vazia. Seu celular estava em uma das mãos e ele olhou novamente pro visor. Aproximou o telefone do rosto com um quase sorriso no rosto. – Alô? Onde você está? – disse, olhando pra pia da cozinha que estava coberta de copos de plástico.
- , me escuta com ATENÇÃO! – foi direto ao assunto. percebeu que havia algo de errado só pelo tom de voz do amigo. A expressão de preocupação tomou conta de seu rosto. Não conseguiu dizer nada, apenas queria ouvir o que tinha a dizer. – O Peter está com a . – disse, sem tirar os olhos do carro de Peter. arqueou as sobrancelhas e ele já sentia a raiva tomar conta de seu corpo.
- O QUE? O QUE VOCÊ QUER DIZER? – deu alguns passos pela cozinha, encarando o chão.
- Eu vou trazê-la de volta. Eu prometo. – disse, tentando tranquilizar , mesmo sabendo que não funcionaria.
- Não, não. , espera.. – percebeu que ia terminar a ligação. – !? ? – começou a gritar histericamente com o telefone, que já demonstrava que a ligação havia acabado. - SEU FILHO DA MÃE! – olhou o visor do celular, vendo que a chamada realmente havia sido finalizada. Como pode dar uma noticia dessa e desligar?

não sabia o que pensar. Eu e ele havíamos brigado, mas ele sabia que eu não estava com Peter por vingança. Eu jamais faria isso. Isso não estava mais em cogitação. Peter havia me levado à força. Era isso! Ele tinha certeza!

Nada disso importa agora. Não importa como eu fui parar lá, mas sim que eu estava lá. Eu estava sozinha com o Peter. tinha que dar um jeito de me tirar de perto dele. não sossegaria, enquanto eu não estivesse ali ao lado dele de novo. Não que ele não confiasse na promessa de , mas era diferente quando a responsabilidade estava em suas mãos.

- Vamos, vamos. Atende... – sussurrava, enquanto escutava o celular de chamar dezenas de vezes. – Atende a porcaria do telefone! – falava sozinho, não sabendo se o que estava sentindo era raiva ou desespero. Talvez os dois. O celular continuava chamando e chamando. – DROGA! – desistiu, quase socando o balcão em que apoiou suas mãos. Ele ficou um tempo parado, pensando no que faria.


Peter havia diminuído a velocidade do carro, mais a velocidade ainda estava alta. Fazia tempo que eu não sentia tanto medo como eu estava sentindo naquele carro. Meu histórico com acidentes de carro não é pequeno. Só em pensar que eu poderia passar por tudo aquilo de novo eu ficava aterrorizada. tentou ultrapassar o carro preto por diversas vezes, mas nunca conseguia. O tal carro preto sempre impedia a sua passagem. Parecia que havia alguém dando cobertura pro Peter.

- Peter, me leva embora. Todos vão dar falta de mim na festa. Eu não conto que estive com você. Eu prometo que não conto. – Eu pedi, sentindo meus olhos lacrimejarem. Eu queria ir pra casa, eu queria sentir a sensação de estar protegida de novo. Antes que Peter me respondesse, o seu celular tocou. Observei ele pegar o seu celular e olhar o seu visor por um tempo. Aliás, muita burrice da minha parte deixar o meu celular em casa logo naquela noite.
- Fala, companheiro. – Peter disse, olhando pra estrada em sua frente. Parecia que havíamos saído da cidade ou estávamos em alguma estrada que ficava ali por perto. Eu olhei em um dos espelhos laterais e vi que o carro dos amigos do Peter ainda nos seguia. – Alguém está nos seguindo? – Peter olhou pra mim, demonstrando a sua desconfiança sobre a tal pessoa.

Ótimo! Agora sim estava tudo perdido! Tudo o que eu fiz até agora foi em vão! Eu tinha certeza que era o quem estava nos seguindo. Eu não sabia como ele soube onde estávamos, mas era ele. O que eu faço agora? Como eu vou impedir que ele seja machucado pelo Peter e seus amigos? Como eu protejo ele?

- Vamos parar e ver o que ele quer. – Peter disse, nem um pouco contente. Ele desligou o celular, irritado. Eu olhei pra ele, pensando em uma forma de fazê-lo não parar o carro. Ele não podia parar o carro.
- Não, não precisamos parar. – Eu pedi e ele me olho com cara feia.
- Algum palpite de quem seja o idiota que esteja nos seguindo? – Peter estava furioso. – Você está vendo. Eu não preciso ir atrás dele, ele vem atrás de mim. – Apesar da ironia, ele continuava sério.
- Deixa ele pra lá! Não para o carro, Peter! – Eu já estava entrando em desespero. Peter e os amigos não podiam bater no , muito menos em um lugar tão deserto como aquele. Não haveria ninguém para ajudar o . – Deixa ele seguir. Eu estou aqui, não estou? Quem se importa com o que está lá fora? – Eu estava usando todos os meus argumentos para impedi-lo de parar o carro.
- Ele já me irritou demais. Está na hora de eu resolver isso de uma vez por todas. – Peter disse em tom de ameaça.
- Não, não, não... – Eu comecei a dizer, pensando no que fazer. Peter me olhou com aquele sarcasmo repugnante. Ok, eu havia tido uma ideia, mas ela deveria ser a pior que eu já tive. Peter me olhou, prestes a me dizer algo desagradável, mas eu fui mais rápida. Me aproximei inesperadamente e selei os lábios dele. O beijo foi rápido, porque ele estava dirigindo. Eu não podia tirar muita atenção dele. Minha intenção era mostrar pra ele que nós deveríamos continuar aquilo e deixar pra lá.
Mesmo eu tendo descolado os nossos lábios, Peter ficou me olhando com cara de bobo. Eu deixei de olhá-lo, para ver se me odiava menos por ter feito aquilo. Quando olhei pra frente do carro, vi um animal passando pela estrada logo á frente.

- PETER, CUIDADO! – Eu gritei e ele olhou pra frente rapidamente, freando o carro. Os pneus cantaram de um jeito que eu nunca havia ouvido e se eu não estivesse com o cinto de segurança, teria voado pelo vidro da frente. Olhei para trás e vi que os outros 2 carros também haviam conseguido frear a tempo. Eu estava muito assustada. Eu quase havia sofrido o 3° acidente da minha vida. Olhei pro Peter, como quem dissesse ‘Você é maluco?’.
- VOCÊ ME ASSUSTOU! – Peter gritou, irritado.
- Você quase nos matou, seu idiota! – Eu gritei, sentindo minhas mãos tremerem.
- Você me fez perder a concentração. – Peter disse, menos irritado.
- Eu só queria que você não parasse o carro. – Eu passei uma das mãos pelo meu rosto e depois pelo meu cabelo, ainda sem acreditar que havíamos passado por aquilo.
- Bem, eu já parei. – Peter ergueu os ombros e sorriu. Ele olhou pra mim e depois desceu os olhos pelo meu corpo. Eu percebi o que ele estava olhando e voltei a sentir nojo. – Aliás, onde nós estávamos mesmo? – Peter se aproximou, tentando me beijar.
- Não, para. – Eu me afastei, colando o meu corpo na porta do carro.
- Qual é, vem aqui. – Peter se aproximou ainda mais e segurou o meu braço, me puxando pra perto dele.
- Peter, para com isso. – Eu tentei puxar o meu braço e não consegui.
- Eu sei que você ainda sente alguma coisa por mim. Eu sei.. – Peter segurou o meu rosto de frente pro dele. – Me dá mais uma chance. – Ele pediu com um olhar arrependido. Eu olhei pra ele e senti pena. Pena, aquele sentimento que tanto me assustava. – Diz que sim. – Ele se aproximou, me olhando nos olhos. Tentou me beijar mais uma vez e eu me esquivei e empurrei o seu rosto.
- Em outra época isso era tudo o que eu queria ouvir. – Eu disse, olhando pra ele de um modo sério. – As coisas mudaram. – Eu neguei com a cabeça. O braço dele ainda segurava o meu e sem que eu percebesse, ele se aproximou e selou os meus lábios a força.
- ME SOLTA! O QUE HÁ DE ERRADO COM VOCÊ? – Eu o empurrei, voltando a sentir nojo e ódio. – VOCÊ É NOJENTO! – Eu puxei o meu braço com força e consegui me desvencilhar das mãos dele e abri a porta do carro. A única coisa em que eu pensei era sair de perto dele.

Sai do carro, passando uma das mãos pela minha boca, tentando tirar aquele gosto, tentando desfazer aquele beijo, tentando fazer aquele nojo desaparecer. Dei alguns passos, sem saber o que fazer. Peter me olhou, furioso. Abriu a porta com força e andou em direção a mim.

- VOCÊ ME BEIJOU PRIMEIRO! – Peter gritou, irritado.
- Eu só queria que você deixasse o em paz. – Eu me virei para olhá-lo e gritei.
- Você faz tudo por esse imbecil, não é? – Peter negou com a cabeça, indignado.
- Porque você não desaparece da minha vida? Você terminou o namoro! Eu só segui em frente! – Eu gritava, impaciente.
- Eu me arrependi! Eu quero você de volta. – Peter voltou a se aproximar.
- Fica longe! – Eu estiquei os braços, demonstrando que era para ele não se aproximar.
- Só mais uma chance! – Peter pediu com uma expressão triste.
- NÃO-CHEGA-PERTO! – Eu gritei, colando a parte detrás do meu corpo no carro dele. Não tinha mais pra onde correr.
- Vamos tentar mais uma vez... – Peter chegou em minha frente. Eu olhei pra ele, sentindo o ódio se misturar com as lágrimas, que agora estavam em meus olhos. Ele estava me agarrando à força. Eu estava assustada.
- Sai de perto de mim, Peter. – Eu pedi com a voz trêmula, vendo que ele não parava de se aproximar.
- HEY! NÃO ESCUTOU O QUE ELA DISSE? – Uma voz disse. Peter me olhou e negou com a cabeça. Eu achava que havia reconhecido a voz, mas não tinha certeza. Não podia ser ele.
- VOCÊ? – Peter disse, depois de se virar para olhá-lo. Eu curvei o meu corpo para poder olhá-lo também. Era ele mesmo: . – Eu esperava o Jonas, talvez o irmão, mas o melhor amigo? – Peter riu. – Eu não esperava. – Deu alguns passos na direção do .


e eu nos olhamos quando ouvimos Peter dizer ‘Melhor amigo’. Aquelas palavras pareciam ecoar em nossas cabeças. Nossos olhares diziam tudo. Diziam o quanto aquilo ainda era real, mesmo eu não querendo que fosse. Nós ainda tínhamos aquela ligação que só os melhores amigos tem. Eu ainda me importava com ele. Me importava porque ele estava ali, me ajudando. Ele está fazendo o papel de . Ele estava tentando proteger a sua melhor amiga. Eu estava com medo de que ele tivesse que sofrer as consequências por mim, às consequências que provavelmente acabaria sofrendo.

- Deixa ela em paz. – olhou seriamente pro Peter.
- Eu nunca gostei de você sabia? Eu odiava ter que ficar ouvindo ela dizer como você era importante pra ela, que vocês eram melhores amigos e que nada e nem ninguém mudaria isso. Era muito chato. – Peter revirou os olhos. Eu e nos olhamos de novo. As lágrimas em meus olhos não eram mais culpa do Peter.
- Certo, você quer brincar de ser sincero? – sorriu falsamente. – Eu nunca gostei de você também. – deu alguns passos na direção de Peter. – Você sempre foi um pé no saco pra todo mundo. Você nunca tratou ela como ela deveria ser tratada. – O sorriso de aumentou, quando viu a raiva crescer em Peter. – E eu não vou citar o homossexualismo, porque não sou preconceituoso. – encarou Peter, que cerrou os olhos ao olhá-lo.
- Pense o que quiser de mim. Eu não ligo para o que você pensa e sim o que as garotas pensam. Elas sabem o quão homem eu sou, inclusive a sua amiguinha aqui. – Peter apontou a cabeça pra mim. o fuzilou com o olhar.
- Eu vou levar ela embora. AGORA! – avisou Peter. Era melhor ir embora dali para não fazer uma besteira.
- Pergunte a ela se ela quer ir. – Peter olhou pra mim. também me olhou, me chamando com a cabeça. Eu queria ir. Eu queria tanto ir! Mas eu não podia. Eu não queria que ninguém pagasse pela minha fraqueza. Olhei pro Peter e ele me olhava com aquele sorriso irônico.
- Vai embora, . – Eu disse, cruzando os braços. Estava morrendo de frio. A expressão de mudou. Ele não estava entendendo.
- Não. O que você está fazendo? – mantinha aquele olhar de perplexidade. – Vem logo! – disse em tom de ordem.
- ELA NÃO QUER IR! – Peter entrou na frente de , impedindo que ele continuasse me olhando.
- O QUE VOCÊ FEZ? – gritou, olhando pro Peter.
- O que eu fiz? Não fiz nada! Ela quer ficar. – Peter me olhou. – E com esse corpo, eu também não deixaria ela ir embora. – Peter deu uma risada escrota e eu o olhei com nojo. Abaixei um pouco mais o meu vestido.
- É melhor ter respeito, imbecil. – começou a perder a paciência que lhe restava.
- Ou o que? – Peter quase riu da cara de . Eu estremeci quando vi os dois amigos do Peter chegando por trás do . Eu olhei pra ele e neguei com a cabeça, querendo dizer que era pra ele parar de enfrentar o Peter. não entendeu o que eu estava querendo dizer.
- , vai embora! Por favor. – Eu pedi, implorei. Peter voltou a me olhar.
- Ele pode ficar. – Peter deu alguns passos na minha direção. – Eu não sou tímido, você sabe. Ele pode ver tudo se quiser. – Peter chegou em minha frente e virou-se para olhar e sorrir de forma sarcástica para .
- SAI DE PERTO DELA. – disse em tom de aviso, pronto para partir pra cima de Peter.
- Me obrigue! – Peter provocou e voltou a me olhar e a se aproximar. Ele queria que viesse pra cima. Eu olhava pra Peter com nojo, enquanto voltava a me recostar em seu carro.
- Para com isso, Peter. – Eu pedi, negando com a cabeça.
- PETER! – gritou, querendo fazer Peter parar. percebeu que eu não queria nada daquilo. Ele percebeu que Peter estava fazendo tudo á força. Quando Peter encostou suas mãos em minha cintura e sua boca beijou o meu pescoço, perdeu a paciência. – SEU FILHO DA MÃE...- deu alguns passos em direção do Peter para arrancá-lo de perto de mim a socos, mas seus braços foram brutalmente segurados. Os amigos de Peter estavam segurando . – ME SOLTEM! – gritou, furioso.

Eu escutei gritar e olhei pra ele rapidamente. Vi os dois garotos segurando ele pelos braços. Havia um de cada lado. Eles riam, enquanto tentava se soltar. O que eu mais temia, estava prestes a acontecer. Peter também olhou para e riu, totalmente satisfeito com o que estava acontecendo.

- PAREM! NÃO MACHUQUEM ELE! – Eu empurrei Peter e dei alguns passos.
- ME SOLTEM, SEUS FILHOS DA PUTA. – gritava e esperneava.
- Bem, acho que você já conheceu os meus amigos. – Peter deu alguns passos em direção ao .
- Eu vou acabar com você, Peter. – disse, respirando com dificuldade. Ele havia se cansado de tentar se soltar dos dois amigos do Peter.
- Então venha! VAMOS! – Peter fez sinal com as mãos, chamando . – OH, VOCÊ NÃO PODE! – Peter gargalhou.
- É melhor aumentar o seguro de vida, porque quando eu te pegar... – ameaçou, matando Peter com o olhar.
- Peter, deixa ele ir. – Eu pedi, entrando na frente de Peter. – Nós não precisamos dele! Você não precisa dele. DEIXA ELE IR! – Eu estava tremendo novamente. As lágrimas transbordavam pelos meus olhos. Eu estava em pânico.
- Eu não vou a lugar algum sem você! – gritou e eu olhei pra ele, querendo mata-lo.
- FICA FORA DISSO! Você não está ajudando! – Eu gritei, querendo que ele calasse a boca.
- NÃO, FICA FORA DISSO VOCÊ! DEIXA QUE EU RESOLVO! – voltou a gritar.
- Isso, . Deixa que os homens resolvem. – Peter se aproximou, alisando o meu rosto com uma das mãos. Deixou de me olhar e olhou pro . Deu mais alguns passos em direção a ele e eu fiquei mais atrás.
- Você quer brigar não quer? Então pede pra eles me soltarem. Vamos fazer isso direito. – sugeriu, tentando controlar a sua raiva.
- Nossa, está tentando dar uma de machão. Quem enganar quem? – Peter riu, se aproximando ainda mais de .
- Olhe pra você mesmo, Peter. Você precisa da ajuda de dois idiotas pra bater em mim. – também riu.
- Eu precisava de ajuda pra manter você longe, enquanto eu resolvo alguns problemas... – Peter voltou a olhar pra mim.
- Não, não, não. PETER! – gritou, vendo Peter voltar a vir em minha direção. – EU VOU ACABAR COM VOCÊ, SEU DESGRAÇADO! – ameaçou, tentando se soltar novamente das mãos gigantes dos amigos do Peter.
- Peter, para. – Eu disse, sentindo as lágrimas escorrerem pelos meus olhos, enquanto ele apertava a minha cintura e beijava o meu pescoço.
- PETER, EU ESTOU AVISANDO. SAI DE PERTO DELA! – gritou, entrando em desespero por me ver passar por aquilo e não poder fazer nada para impedir.
- Qual é, ! – Peter parou com os beijos para olhar . – Você sabe que os homens tem as suas necessidades. – Peter riu. Ele ainda apertava a minha cintura. Minhas mãos estavam apoiadas no carro. – Você sabe do que eu estou falando, né? – Peter voltou a me beijar.
- ME SOLTEM! – continuava tentando se ver livre dos amigos de Peter.
- É claro que você não sabe do que estou falando, não é? – Peter disse, depois de descolar seus lábios de meu pescoço novamente. – Quando foi sua última vez, hein? – Peter provocou e voltou com os beijos.
- PERGUNTE A SUA MÃE! – gritou, furioso. A frase dita pelo meu amigo fez Peter para imediatamente com os beijos. Ele me olhou, como quem dissesse ‘Seu amigo está ferrado’.
- Não, não! Peter, espera. – Eu disse, vendo ele soltar a minha cintura e virar-se de costa pra mim. – PETER! – Eu gritei mais alto e ele continuou me ignorando. Ele estava andando em direção ao .
- VEM, SEU COVARDE! – chamou Peter pra briga. Ele se esqueceu de que ele não poderia bater em Peter, porque seus braços ainda estavam sendo segurados.
- PETER, PARA! – Eu comecei a andar atrás dele, mesmo ele estando muito a frente de mim. Eu parei de andar no segundo que vi ele parar na frente de e lhe dar um soco muito forte no rosto. – NÃAAAAAAO! – Eu gritei, vendo a cabeça de baixa.
- FICA LONGE! – Peter olhou pra trás e me deu a ordem, antes que eu chegasse ao seu lado. Peter acertou a parte íntima de com o joelho, fazendo ele gemer de dor.
- PETER, POR FAVOR! NÃO MACHUCA ELE! – Eu implorei, sem conseguir me segurar.
- Soltem ele. – Peter ordenou e os seus dois amigos soltaram , que caiu no chão se contorcendo de dor. Ele não se levantaria tão cedo. Saí correndo em direção a eles e quando cheguei perto, puxei Peter pela camiseta.
- SOU EU QUEM VOCÊ QUER, NÃO É? VOCÊ QUER DORMIR COMIGO, CERTO? – Eu gritei, passando as mãos pelo meu rosto para secar as lágrimas. – EU VOU ATENDER O SEU PEDIDO! EU PROMETO! – Eu disse, sem ao menos respirar. Peter acompanhava tudo o que eu dizia, interessado. – Mas deixa ele em paz. Não machuca mais ele. Eu estou te implorando. – Eu tentei dizer a frase sem chorar, mas é claro que eu não consegui. O medo e a vontade de proteger o meu amigo era maior que qualquer coisa dentro de mim.
- Não... – Ouvi a voz fraca de dizer. – Não faz isso. Não precisa fazer isso. – estava se esforçando para dizer aquilo em meio as dores que sentia.
- CALA A BOCA, IMBECIL. – Peter virou-se e chutou , dessa vez no estômago. O gemido de dor de foi ainda maior. Tudo o que eu mais queria era me abaixar e ajuda-lo, tirá-lo dali, mas eu sabia que não adiantaria. Eu tinha um plano. Um plano arriscado, mas eu arriscaria qualquer coisa por ele.


continuava mais aflito do que nunca, sem saber pra onde ir, onde procurar, a quem pedir ajuda. Ele tentava pensar em um plano. Qualquer plano seria bom e funcionaria diante de todo aquele seu desespero. Saiu rapidamente da cozinha, empurrando a porta da forma mais bruta que já se viu. Olhou para os lados e viu os jogadores e amigos do Peter. sabia exatamente o que tinha que fazer.

- Sai, sai da frente. – foi empurrando todo mundo sem o mínimo de educação. Os amigos de Peter riam e brincavam em uma rodinha. Havia uns 5 deles. se aproximou deles e pegou o primeiro que apareceu na sua frente pelo colarinho, colocando-o contra a parede.
- Ei, ei! O que há de errado? – O garoto perguntou, assustado.
- CADÊ ELE? – gritou, encarando o garoto.
- ELE QUEM? EU NÃO SEI DE QUEM VOCÊ ESTÁ FALANDO! – O garoto gritou, demonstrando desespero. Não sabia o que estava acontecendo.
- O SEU CAPITÃOZINHO DE MERDA. CADÊ ELE!? – voltou a gritar, furioso. – CADÊ O PETER? – voltou a perguntar, desencostando o garoto da parede e voltando a encostá-lo, dessa vez com mais força do que antes.
- EU NÃO SEI! EU NÃO SEI, CARA! – O garoto estava quase chorando. – ELE ESTAVA AQUI AGORA MESMO! EU NÃO SEI PRA ONDE ELE FOI! – percebeu que o garoto dizia a verdade.
- VOCÊ TEM O NÚMERO DO CELULAR DELE? – gritou, diminuindo a intensidade da sua força.
- EU TENHO! PEGA AQUI NO MEU CELULAR. LEVA ELE EMBORA SE VOCÊ QUISER, MAS NÃO ME MACHUCA, CARA! – O garoto estendeu o celular pro . Ele o observou e percebeu que o garoto estava extremamente assustado. Negou com a cabeça, pensando que só um amigo do Peter poderia agir daquele jeito.

procurou o nome de Peter no celular do tal garoto. A festa inteira havia parado para observar a possível briga. achou o número de Peter e digitou ele em seu celular. voltou a olhar para o garoto assustado em sua frente. O garoto fechou os olhos e ergueu as mãos, mostrando-se inocente. revirou os olhos e bateu o celular com força no peitoral do garoto. O amigo de Peter pegou o seu celular e viu se afastar. Ele estava indo para a cozinha, precisava de silêncio para fazer aquela ligação.


- EU VOU FAZER O QUE VOCÊ QUER, PETER. VAMOS SAIR DAQUI, MAS DEIXE ELE FORA DISSO. – Eu continuava passando as mãos trêmulas pelo meu rosto para enxugar as lágrimas que não paravam de escorrer.
- Já que você insiste, não é? – Peter riu, olhando novamente para todo o meu corpo. Antes que ele se aproximasse, ouvimos o seu celular tocar. – Espera, vou só atender. – Peter pegou o celular nas mãos e observou a tela por um tempo, tentando se lembrar do número que estava ali.
- Alô? – Peter disse, sem fazer ideia de quem era a pessoa do outro lado da linha. ouviu a voz de Peter e ficou maluco.
- CADÊ ELA? – gritou com a sua voz grossa. Peter me olhou e sorriu.
- Pelo telefone, Jonas? Eu esperava que você viesse até aqui. Estou desapontado. – Peter disse, sarcástico. Quando ouvi ele dizer o sobrenome de , eu senti ainda mais medo. Ele não podia dizer ao onde estávamos. já estava quase desacordado no chão, não poderia aparecer ali agora.
- EU VOU ACABAR COM VOCÊ! – estava fora de si. – VOCÊ ESTÁ FERRADO, PETER. – gritou em tom de ameaça. Mesmo estando há alguns passos de Peter, eu conseguia ouvir a voz de pelo telefone.
- Você ligou pra me ameaçar? Está brincando? – Peter fez cara de tédio.
- CADÊ ELA? EU QUERO FALAR COM ELA. – precisava ouvir a minha voz e saber que estava tudo bem.
- Ela está aqui. Ela e o seu vestido curtíssimo. – Peter riu, voltando a me olhar. Eu segurava o choro. Eu não queria irritar Peter.
- SEU FILHO DA PUTA... – negou com a cabeça, sem conseguir se controlar. Respirou, sabendo que daquele jeito que estava agindo não conseguiria resolver nada. – EU ESTOU TE AVISANDO, PETER. – estava se esforçando muito para parecer mais calmo.
- Sabe qual o seu problema, Jonas? Você fala muito! Você avisa, você ameaça, mas porquê você não está aqui? Porque não veio salvar a princesa em apuros? – Peter provocou ainda mais.
- ME FALA ONDE VOCÊS ESTÃO. EU VOU! – nunca teve medo de Peter, não era agora que teria.
- Eu não sei se dá agora. Estou um pouco ocupado. – Peter voltou a me olhar daquele jeito safado.
- FODA-SE! EU QUERO ELA AQUI, PETER. TRAGA ELA AQUI AGORA! – havia entendido o que Peter quis dizer.
- Eu acho que ela não quer ir. – Peter disse e eu afirmei com a cabeça. Era exatamente o que eu queria. Eu queria que ficasse longe, eu queria protege-lo de qualquer coisa que pudesse machuca-lo. – As coisas não são como você está pensando. Eu não a trouxe a força, foi escolha dela. – Peter avisou, sabendo que aquilo poderia afetar de vez.
- O que? – ficou tão transtornado, que nem conseguiu gritar com a raiva de antes. – Mas... – encarava o chão da cozinha, pensativo. – Não, eu não acredito. Você fez alguma coisa... – concluiu. – O QUE VOCÊ FEZ, PETER? – Ele voltou a gritar.
- Eu? Já disse que não fiz nada! Vou te provar... – Peter tirou o telefone da orelha e o entregou em minha mão. Agora, o celular estava no viva-voz. Peter queria ouvir tudo que eu e conversaríamos. – Diga a ele. – Peter disse, quase sem emitir som. Eu faria qualquer coisa que ele pedisse, porque agora queríamos a mesma coisa: manter longe.
- ? – Eu disse, depois de aproximar o celular da minha boca.
- ! – gritou de forma espontânea. – ONDE VOCÊ ESTÁ? VOCÊ ESTÁ BEM? – perguntou tudo muito rápido. Olhei pro Peter e ele sorriu pra mim e arqueou a sobrancelha, como quem dissesse ‘Você é quem sabe...’.
- Eu, eu.. estou bem. Estou ótima. – Eu tentei disfarçar a minha voz de choro. se surpreendeu com a minha voz calma.
- Onde você está? Eu vou buscar você. – disse, mais calmo.
- Não. – Eu respondi, séria. Peter quase riu. – Não precisa. – Eu tentei demonstrar segurança.
- Não precisa? Como não precisa? – fez cara e voz de indignação.
- Eu... – Eu fechei os olhos para dizer. – Eu não quero que você venha aqui, . Eu não preciso da sua ajuda, ok? – Eu disse, me sentindo péssima. Era difícil, mas era o certo a se fazer.
- Mas.. – ia tentar argumentar, mas eu o interrompi.
- Tchau, . – Eu disse, olhando pra Peter com todo ódio do mundo. Passei o telefone pra ele, que sorria de forma satisfeita. As lágrimas continuavam nos meus olhos, ainda mais depois do que eu havia acabado de fazer.
- Ok, agora que você viu que ela quer ficar aqui por vontade própria, vai parar de me encher o saco, né? – Peter revirou os olhos. – Você sabe, nós temos... coisas para fazer. – Peter disse de propósito, para provocar ainda mais o .
- Peter, eu juro por Deus que se você encostar nela, eu mesmo vou arrancar os seus dedos com a faca de carne da minha mãe. – disse da forma mais ameaçadora do mundo. – UM POR UM. Você está me entendendo? – perguntou e Peter não respondeu. – VOCÊ ESTÁ ESCUTANDO, SEU DESGRAÇADO? – gritou, impaciente.
- Tchau, . – Peter desligou, depois de sorrir pra mim.

ouviu que Peter havia finalizado a ligação e o tirou de sua orelha. Observou a tela por poucos segundos e negou com a cabeça, prestes a explodir de tanta raiva. jogou o celular sobre o balcão e respirou longamente, tentando acalmar a si mesmo. Suas mãos foram até a sua cabeça e seus dedos se entrelaçaram entre seus fios de cabelo. Ele sabia que havia algo errado. Certo, nós havíamos brigado da última vez que nos vimos, mas isso não me faria sair em uma fuga de vingança com o Peter. sempre soube o meu desprezo por Peter. Não importa o que foi dito, ele sabia que o que eu disse não era o que eu realmente queria dizer.

- Onde nós estávamos mesmo? – Peter cerrou os olhos, achando que parecia sexy. Olhei discretamente pra . Ele ainda estava caído no chão e ainda gemia de dor. Os dois caras ainda estavam ao seu lado e conversavam sobre algo que eu não fazia ideia. Hora de colocar o meu plano em prática. Engoli o choro no mesmo instante.
- Nós estávamos falando sobre sair daqui e ir para um lugar mais... confortável. – Eu consegui dar o sorriso que eu queria.
- É, era quase isso. – Peter grudou novamente suas mãos em minha cintura. Dessa vez, minhas mãos descolaram do carro em que eu estava apoiada e foram até os braços de Peter.
- Mas, sabe o que é? – Eu subi uma das minhas mãos pelos braços e cheguei em seu rosto. – Você não pode contar pra ninguém. – Eu quase ri e ele não tirava os olhos dos meus lábios.
- Eu faço qualquer coisa que você pedir, princesa. – Peter riu por poucos segundos, sem deixar de olhar meus olhos.
- Bem, eu... – Eu me esforcei ao máximo para controlar a ânsia que eu sentia naquele momento. Me aproximei um pouco mais do rosto dele. – Eu sempre tive essa fantasia de ... – Eu hesitei dizer, simplesmente porque só a palavra me faria vomitar por 1 semana. – Você sabe... em um carro. – Eu apontei a minha cabeça para o carro de Peter, ao qual eu ainda estava apoiada. Peter olhou para o seu carro e depois pra mim.
- Vai ser um prazer realizar essa sua fantasia. – Peter se aproximou, pretendendo me beijar. Eu consegui me esquivar.
- Espera, espera. – Eu pedi, ainda grudada ao corpo dele.
- O que foi? – Peter me olhou com aquele olhar impaciente.
- Esses caras tem que ficar mesmo aqui? – Eu disse, apontando a cabeça para os amigos dele. Ele virou-se para olhá-los.
- Qual o problema? – Peter não havia entendido o que eu realmente queria.
- Você sabe que eu sou tímida. Eu não me sentiria confortável em fazendo isso com esses caras nos olhando. – Eu fiz careta.
- Eles não vão olhar nada. Não dá pra ver dentro do carro. – Peter tentou me convencer.
- Mesmo assim. – Eu fingi estar decepcionada. – Fica pra outra vez. – Eu tirei as minhas mãos, que ainda estava em seu rosto e me afastei um pouco nossos corpos.
- Não, não, não. Ok! Eles vão embora. – Peter voltou a colar nossos corpos. – Eu vou resolver isso. Um minuto. – Peter piscou pra mim e saiu andando em direção aos amigos.

O plano parecia estar saindo como o planejado. Peter estava falando com os amigos e eles afirmavam com a cabeça, como se estivessem entendendo tudo o que Peter estava dizendo. Os amigos de Peter viraram-se de costas e foram em direção aos seus carros. Peter os observou saírem com o carro. Eu sorri, satisfeita. Olhei e mesmo de longe ele parecia quase desacordado. O soco que havia levado no rosto e o chute no estômago haviam sido muito fortes. Peter virou-se para mim novamente. Eu escondi a minha preocupação com e forcei um sorriso. Ele começou a andar em minha direção e eu comecei a me preparar para finalizar o plano.

- Então, onde estávamos? – Peter sorriu e voltou a colar nosso corpos. Suas mãos estavam em minha cintura e seus lábios beijavam loucamente o meu pescoço. Eu aproveitava que ele não estava olhando e revirava os olhos e fazia careta.
- Espera. – Eu pedi e o empurrei um pouco pra trás.
- O que foi agora? – Peter suspirou longamente, impaciente.
- Eu tenho que te falar uma coisa. – Eu disse e ele revirou rapidamente os olhos.
- Não pode ser depois? – Peter me olhou com desgosto.
- Não. – Eu afirmei e ele concordou com a cabeça.
- Fala. Vai em frente. – Peter não parecia nada satisfeito. Nós ainda estávamos próximos, bem próximos, mas nossos corpos não estavam mais colados.
- Eu quero te agradecer. – Eu sorri, para convencê-lo que se tratava de algo bom.
- Pelo que? – Peter também sorriu.
- Por ter terminado comigo. – Eu ainda sorria, mas com um certo sarcasmo. – Se você não tivesse feito aquilo, talvez eu não teria sido capaz de fazer. Se não fosse por você, eu ainda estaria cometendo o maior erro da minha vida, que foi ficar com você. Eu nunca vou conseguir ser grata o suficiente por isso. – Eu disse e o sorriso de Peter se desfez.
- Isso é algum tipo de piada? – Peter perguntou, arqueando a sobrancelha.
- Na verdade, a piada é você achar que eu deixaria o por você. – Eu segurei a risada. – A piada, Peter, é você achar que em algum dia passou pela minha cabeça a ideia de dormir com você. – Não havia mais lágrimas em meus olhos, que estavam fixos nos olhos dele.
- Mas você disse. – Peter não estava entendendo.
- É, eu menti. – Eu observei seus olhos se fecharem um pouco, me olhando de forma ameaçadora.
- Então você estava mentindo até agora? – Peter finalmente havia entendido o meu plano. Ele já estava ficando revoltado.
- Você realmente achava que eu queria beijar você? . – Eu ri por poucos segundos. – Qual é, eu estava quase vomitando. – Eu revirei os olhos.
- Isso não é verdade... – Peter não queria acreditar.
- E sabe do que mais? Eu sinceramente achei que eu havia te amado algum dia, mas agora eu sei que não amei. – Eu neguei com a cabeça, ainda sorrindo. – Você apenas preparou o terreno pro , querido. – Eu levei uma das minhas mãos até o rosto dele e dei alguns leves tapinhas em uma de suas bochechas. Ele tirou a minha mão de lá, furioso.
- Eu vou acabar com ele. Você sabe, não é? – Peter sorriu, sem mostrar os dentes.
- Faça! Seja o covarde que você sempre foi. – Eu deixei o sorriso de lado. – Mostre pra todo mundo que você morre de medo do e por isso precisa de ajuda pra bater nele, assim como precisou com o . – Eu disse, acabando com ele.
- Já acabou com o discurso, vadia? – Peter me encarava com raiva. Escutar ele me chamando de vadia foi o que precisou para eu terminar com aquilo naquele minuto.
- Na verdade não. – Eu voltei a sorrir de um jeito falso. Levantei um dos meus braços, fechei a mão e acertei o seu rosto com toda a força que eu consegui. Ele não esperava.
- AI! VOCÊ É MALUCA? – Peter me olhou com uma das mãos em cima do local onde eu havia dado o soco.
- Esse foi pelo . – Eu disse com aquele sorriso de superioridade. Levantei o meu outro braço, fechei novamente a mão e dei mais um soco do outro lado do rosto dele. – Esse é pelo meu melhor amigo. – Eu mantinha o sorriso maléfico no rosto. Peter abaixou o rosto, colocando as duas mãos no rosto.
- AI, DROGA! – Peter gemeu, arqueando um pouco o seu corpo pra frente. Segurei seus ombros com as minhas mãos e levantei uma das minhas pernas, acertando em cheio o meu joelho em suas partes íntimas. – Ai.. – Peter gemeu, colocando as duas mãos no local onde eu havia acertado.
- E isso é por mim. – Eu sorri, vitoriosa. Ajeitei o meu vestido, abaixando-o um pouco. Peter continuou com as mãos nas partes íntimas com o seu corpo arqueado pra frente. Eu também arqueei o meu corpo, deixando meu rosto de frente pro dele. – Eu sou a vadia mais perigosa que você já conheceu, não é? – Eu ironizei e ele levantou o rosto pra me olhar. Ele estava vermelho. Devia estar doendo muito. Aproximei uma das minhas mãos do rosto dele e estiquei o meu dedo indicador, colando ele na testa de Peter. Empurrei com o dedo e Peter desabou no chão. – Ops.. – Eu quase ri. Peter começou a se contorcer no chão.

Eu me lembrei do e olhei pra ele um pouco mais séria. Ele ainda estava caído no mesmo lugar. Eu precisava ajuda-lo, saber como ele estava. Passei por cima de Peter e andei o mais rápido que eu consegui até o . Me ajoelhei em sua frente, tocando seu rosto com as minhas duas mãos. Coloquei a cabeça dele em meu colo, pois seu nariz estava sangrando. Se eu não levantasse um pouco a sua cabeça, o sangramento não pararia nunca.

- ? – Eu o chamei e ele abriu os olhos no mesmo instante. Seus olhos demonstravam que ele estava meio zonzo e fraco. sorriu quando me viu.
- Você disse... – Ele disse com a voz um pouco fraca e trêmula.
- O que? – Eu arqueei a sobrancelha, sem entender do que ele estava falando.
- Você disse ‘melhor amigo’. – continuava sorrindo o máximo que conseguia. Minha expressão mudou. Eu não queria que ele tivesse escutado. Eu não queria que ele soubesse o quanto ele ainda significava pra mim.
- Acho que você ainda está delirando. – Eu neguei com a cabeça, desviando o meu olhar. – Eu preciso de uma toalha pra limpar todo esse sangue. Deve ter no carro. – Eu demonstrarei que me afastaria e ele agarrou o meu braço. Eu olhei pra ele, não entendendo o que ele estava fazendo.
- Não, espere. – pediu, se esforçando para colocar uma das mãos em seu bolso. Eu só conseguia pensar que ele não podia se esforçar daquele jeito.
- Não, não. Não se esforça. Você está fraco. – Eu dei uma bronca, demonstrando uma expressão séria.
- Isso. – Ele disse, tirando a mão do bolso. Ali estava a nossa corrente da amizade. Eu vi a corrente em sua mão e depois olhei pra ele, querendo saber o que diabos aquilo estava fazendo com ele. Só depois me lembrei que havia pedido pro devolver pra ele. Olhei novamente para a corrente em sua mão e ele a trouxe pra perto de seu peito. – Isso é seu. – disse, me fazendo olhar pro seu rosto novamente. Seus olhos estavam cheios de lágrimas e as lágrimas que eu segurava até agora, encheram os meus olhos. – Pegue. – Ele pediu. Olhei a corrente em sua mão e depois voltei a olhá-lo e neguei com a cabeça, demonstrando que eu não aceitaria de volta.
- Não, eu não posso. Isso não é mais meu. – Eu disse com a voz trêmula por causa do choro. Eu ainda ouvia Peter gemer lá atrás, mas eu não estava nem me importando.
- É sua. Sempre foi sua. Sempre... vai ser sua. – disse, deixando algumas poucas lágrimas escorrerem pelo seu rosto. – Pegue, por favor. – Ele voltou a pedir, segurando a minha mão, abrindo-a e colocando a corrente de amizade sobre ela. Eu voltei a negar com a cabeça, sentindo as lágrimas também escorrerem pelos meus olhos.
- Eu.. peguei. – Eu sorri sem mostrar os dentes, depois de fechar a minha mão. Eu levei uma das mãos até o meu rosto para secar as lágrimas e respirei fundo. – Agora fique quieto, você não pode se esforçar. – Eu pedi, fingindo que nada havia acontecido.
- Nós temos que sair daqui, antes que ele levante. – apontou a cabeça pro Peter.
- Consegue levantar? – Eu perguntei, tendo certeza que não.
- Eu acho que sim. – tirou a cabeça do meu colo e eu me levantei para ajuda-lo a levantar.
- Vem, eu te ajudo. – Eu estendi a minha mão e ele a olhou.
- Claro, como se isso fosse o suficiente pra me ajudar. – riu, negando com a cabeça.
- Vem logo. – Eu disse, irritada. Me abaixei e passei seu braço em torno do meu pescoço e o puxei pra cima. Ele conseguiu se levantar com dificuldade.
- Pra onde você está me levando? – perguntou, enquanto eu arrastava ele em direção ao seu carro. Seu braço ainda estava em torno do meu pescoço.
- Pra casa. – Eu disse, parando em frente ao carro dele. O carro estava aberto. Ele havia saído tão rápido do carro, que até se esqueceu de trancar. Abri a porta do passageiro e o coloquei sentado no banco. Dei a volta rapidamente no carro e me sentei no banco do motorista.
- O que você acha que vai fazer? – virou o seu rosto para me olhar.
- Me dá a chave. – Eu estendi a mão.
- Não. – negou com a cabeça.
- Sério? – Eu olhei pra ele e revirei os olhos.
- É o carro dos meus pais! – tentou se justificar.
- DÁ A CHAVE! – Eu pedi e ele colocou a mão no bolso, sabendo que não me convenceria a nada.
- Aqui. – Ele colocou a chave em minha mão e eu a peguei. Liguei o carro e comecei a dirigir de volta para a cidade. – Se alguma coisa acontecer alguma coisa com o carro, prometa que vai me deixar morrer. – disse, apenas para me irritar.
- Cala a boca. – Eu revirei os olhos. – Não tem nada pra você colocar no nariz pra estancar o sangramento? – Eu perguntei, depois de olhá-lo e ver que o seu nariz ainda sangrava muito.
- Tem papel higiênico aqui. – pegou o papel no porta luvas e tirou um pedaço, colocando no seu nariz.
- Alguma coisa está doendo? – Eu perguntei, preocupada.
- Ele chutou o meu saco, o que você acha? – disse, olhando pra cima. Ele estava fazendo isso para o sangramento parar.
- Você não deveria ter vindo. – Eu resmunguei, negando com a cabeça.
- É claro que eu deveria. – respondeu.
- Para que? Pelo menos eu não estaria me sentindo culpada agora. – Eu respondi, olhando pra estrada em minha frente.
- Não foi culpa sua. Nada teria me impedido de ir atrás de você. – abaixou a cabeça e virou-se para me olhar.
- Você não tinha nada que bancar o herói. – Eu continuei sem olhá-lo.
- Coloca uma coisa na sua cabeça: você é a minha amiga, minha melhor amiga. Eu faço tudo por você. Eu sempre vou proteger você. – ainda me olhava. Eu também olhei pra ele, sentindo meus olhos arderem novamente. Eu fiquei em silêncio por um tempo. Eu não podia lidar com aquele assunto agora.
- Você falou com o ? – Eu perguntei, imaginando que a aquela altura já havia colocado o FBI atrás de mim.
- Eu falei. Ele deve estar querendo me matar agora. – arqueou o corpo para pegar o celular em um dos buracos que havia no painel do carro.
- Por quê? – Eu não entendi o que ele quis dizer.
- Eu não sei, mas talvez seja por causa das 40 ligações perdidas dele no meu celular. – me mostrou a tela de seu celular.
- É, faz meio que sentido. – Eu dei uma rápida risada e neguei com a cabeça. – Eu vou mandar uma mensagem de texto falando pra ele me esperar na minha casa. – explicou, enquanto digitava. – Assim, talvez ele tenha piedade de mim ao me ver todo ferrado assim. – Ele disse, me fazendo ter que segurar a risada.

ainda estava na festa, quando recebeu a mensagem de texto de . Estava em frente a casa, onde a festa acontecia. Se Peter ou voltassem pra festa, ele queria ser o primeiro a saber. Quando recebeu a mensagem, pegou o seu carro e foi imediatamente pra casa de . Chegou lá antes mesmo de eu e . não sabia o que esperar. Ele não tinha notícia alguma. Não sabia nem se eu estava com ou não. Ele só precisava de notícias. Sentou-se na calçada em frente a casa de . O carro não estava na garagem, portanto ele sabia que não havia chego ainda.

Entramos na rua da casa de e eu já vi o carro de . Procurei por ele com os olhos e demorei para vê-lo sentado na calçada. Só ao vê-lo, eu já senti uma paz. Uma paz que só ele conseguia me trazer. estava ali, nada ruim poderia me acontecer. Meu coração se acalmou, mesmo sem saber se ele me perdoaria por ter feito essa loucura por ele.

Estacionei o carro do outro lado da calçada. , que encarava o chão, levantou a cabeça e viu o carro de há alguns passos à frente. Ele se levantou rapidamente e observou o carro, sem coragem de se aproximar. Tinha medo de que alguma notícia ruim estivesse a caminho. Viu pela janela da porta do passageiro, ele nem se movia. A expressão de ficou ainda mais séria. Franziu a sua testa, sem entender o que estava acontecendo.

Eu abri a minha porta com os olhos cheios de lágrimas. Dei alguns passos e parei em frente a lateral do capô do carro e me virei para olhar pro . Agora ele conseguia me ver. Mesmo de longe, consegui ver o sorriso aliviado surgir em seu rosto. Ficamos alguns segundos nos observando. Não aguentei por tanto tempo. Dei mais alguns passos em direção a ele e cada vez que eu ia chegando mais perto, a velocidade dos meus passos aumentavam. continuava parado, esperando que eu chegasse até ele. Cheguei em sua frente e o abracei.

O abraço foi tão forte. Transmitia o meu medo e alívio por finalmente estar nos braços dele novamente. percebeu que havia algo errado. Me apertou ainda mais com seus braços. Abaixei um pouco a cabeça e beijei o seu ombro, enquanto diversas lágrimas escorriam pelo meu rosto e acabam ficando em sua jaqueta. subiu uma das mãos pelas minhas costas e chegou em meu cabelo, entrelaçando seus dedos nele. Beijou a parte detrás da minha cabeça de forma carinhosa, sabendo que aquilo me acalmaria.

- Tudo bem. Eu estou aqui agora. – sussurrou da forma mais calma do mundo. Eu não conseguia parar de abraça-lo. Era tão bom ali. – Tudo bem. – afastou nossos corpos, pois queria olhar em meu rosto. Viu todas as lágrimas que haviam ali e sentiu seu coração pesar.
- Eu estava com tanto medo. – Eu disse e ele colocou as mãos em meu rosto, secando as lágrimas existentes em cada lado do eu rosto.
- Eu sei, eu sei. Me desculpa por não estar lá para proteger você. – negou com a cabeça, olhando em meus olhos.
- Tudo o que importa é que você está aqui agora. – Eu tentei sorrir e os olhos dele abaixaram para ver aquele sorriso. Ele se aproximou, selando meus lábios, enquanto uma de suas mãos deslizava os dedos pelos fios de cabelo que estavam próximos de meu rosto.
- Hey, eu não quero incomodar vocês, mas eu estou morrendo aqui. – resmungou, abrindo a porta do carro com dificuldade. Eu e descolamos nossos lábios no mesmo instante e olhamos pro .
- O que aconteceu? – perguntou, vendo que o amigo estava mesmo machucado.
- O ‘Eu estou morrendo aqui’ não foi suficiente? – ainda tinha dificuldade para sair do carro sozinho.
- Vamos ajudá-lo. – Eu disse, deixando as minhas emoções para outra hora. Eu tinha que ajudar o agora. Eu e afastamos nossos corpos e fomos juntos até o carro.
- Ai, cuidado. – resmungou, quando o levantou rapidamente.
- Desculpa. – fez careta. – Vem. – colocou o braço do amigo em torno do pescoço e foi levando em direção a porta de sua casa. Eu tranquei o carro e fui logo atrás deles. – Seus pais estão em casa? – perguntou, antes de tentar abrir a porta.
- Não, pode entrar. A chave está aqui. – mostrou a chave e a pegou, colocando-a na fechadura da porta e abrindo-a.
- Coloca ele no sofá. – Eu pedi ao , fechando a porta da casa de . – Tem uma maleta de primeiros-socorros por aqui? – Eu perguntei, depois de ver que já havia colocado ele no sofá.
- Na última gaveta do banheiro. – respondeu, sem me olhar. Eu andei rapidamente até o banheiro e abri a última gaveta, pegando a pequena maleta que havia lá. Voltei correndo pra sala e voltei para o lado do .
- Ok, o seu nariz parou de sangrar, mas a sua sobrancelha está um pouco cortada. Eu vou ter que fazer o curativo. – Eu avisei, fazendo careta.
- Vai doer, eu já sei. – suspirou. – Vai em frente. – Ele autorizou. Eu levantei a sua cabeça e me sentei no sofá, colocando sua cabeça em meu colo.
- Pronto? – Eu perguntei, antes de passar qualquer remédio em seu corte, o que provavelmente arderia muito.
- Me dá a sua mão, . – estendeu o braço, olhando pro amigo.
- Que dá a mão o que! – sorriu de forma irônica.
- DÁ LOGO A MÃO! – gritou e bufou, negando com a cabeça.
- Ta bom, ta bom! – cedeu, demonstrando estar insatisfeito. – Mulherzinha.. – resmungou, segurando a mão do amigo.

fechou os olhos, fazendo cara de dor. Eu fiz careta, por ter que fazê-lo passar por isso, mas era necessário. Eu passei o medicamento em um algodão e fui me aproximando lentamente do local do corte. me observava, esperando apertar a sua mão a qualquer momento. Eu cheguei no local do corte e passei o algodão delicadamente, enquanto assoprava para que não ardesse tanto.

- AI, AI, AI, AIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIIII! – gritou, fechando os olhos com ainda mais força. Olhei pro , ele fazia careta. estava quase quebrando os seus dedos de tanto que estava apertando-os.
- Calma, calma. Eu estou acabando. – Eu disse com pena de . Coitadinho! Peguei o curativo e coloquei sobre o corte. – Pronto. – Eu sorri, vendo ele voltar a abrir os olhos.
- O Peter não tem noção do quanto ele está ferrado! – queria fazer Peter pagar pela dor que estava passando.
- O que aconteceu com você? Desde quando você apanha do Peter? – soltou a mão de , enquanto perguntava pra ele.
- Com certeza não tem nada a ver com os dois amigos gigantes dele que me seguraram, enquanto ele acabava comigo. – disse, irônico. Ele se sentou no sofá, quase de frente pro .
- E porque você não me chamou pra ajudar? – começou a dar a bronca.
- Oh, me desculpe se eu estava ocupado demais apanhando. – ironizou.
- Tem noção do quanto eu fiquei preocupado? Você liga, me fala aquilo e desliga? Qual o seu problema? – demonstrou-se irritado.
- O Peter estava com ela, . Você acha que eu estava pensando direito? – arqueou a sobrancelha. – A única coisa que eu conseguia pensar era que eu tinha que tirá-la de lá. Eu tinha que levá-la pra longe dele. – Ele continuou explicando. – Eu dava conta do Peter, mas eu não esperava pelos amigos dele. – negou com a cabeça.
- Esse é um problema meu e dele. Eu é quem tenho que resolver. Eu devia estar lá e não você. – suspirou, irritado.
- Não era pra nenhum de vocês estarem lá. – Eu disse, sem olhá-los. Percebi que me olhou com aquele olhar ameaçador.
- Claro! Com certeza eu deixaria você sozinha com o Peter. – disse de forma irônica.
- Vocês não percebem que eu sou o problema? Que é por causa de mim que o Peter vem infernizando a vida de todo mundo? – Eu perguntei retoricamente. Os dois me olharam demonstrando não concordar. – É tudo a minha culpa! – Eu elevei um pouco o volume da voz. – E vocês, idiotas, não me deixam resolver. – Eu me levantei do sofá, furiosa. Eu me sentia culpada por tudo aquilo que vinha acontecendo e eu me sentia mal por não conseguir concertar aquilo.
- O que você queria que eu faça? – riu, querendo dizer que aquela era a sua única opção.
- Eu quero que vocês parem de bancar os heróis. – Eu me virei para olhá-los. – Não há nenhuma princesa em apuros pra vocês salvarem aqui. – Eu voltei a me virar de costas pra ele, andei em direção a porta sai por ela, irritada.

Não é que eu seja ingrata. Não me entenda mal. Eu não quero a ajuda de ninguém, se alguém que eu amo tiver que se machucar. Se qualquer um deles se machucarem por minha causa, vai doar 10 vezes mais em mim. Eu me sentia tão culpada pelo , que eu sentia raiva dele e de mim mesma. Eu devia ter evitado aquilo de alguma forma.

- Eu não sei mais o que é certo. – negou com a cabeça. – Se eu tento ajudar, eu estou errado. Se eu deixo de contar uma coisa pra ela, eu sou o pior amigo do mundo. – riu da sua própria desgraça.
- Eu vou falar com ela. – suspirou longamente. – Não saia daqui. – deu a ordem ao .
- Muito engraçado. – deu um sorriso sarcástico. É óbvio que ele não sairia dali. Ele mal conseguia andar direito. riu, enquanto andava em direção a porta.

saiu lado de fora da casa e me encontrou sentada em um dos bancos que havia na varanda da casa de . Ele não disse nada. Apenas pegou um banco e levou até a minha frente, onde se sentou. Me olhou, ainda em silêncio. Minha cabeça estava baixa. Eu brincava com a aliança de compromisso, que estava em um dos meus dedos.

- Quer conversar sobre isso? – perguntou, sem tirar os olhos de mim. Eu demorei para responder. Levantei a minha cabeça para olhá-lo.
- Eu tive tanto medo. – Eu disse, sentindo as lágrimas alcançarem os meus olhos.
- Então porque você não me deixa cuidar de você? Proteger você? – esticou o seu braço e segurou a minha mão.
- Porque VOCÊ não deixa eu te proteger? – Eu disse e a expressão no rosto dele mudou rapidamente. Abaixou ambas as sobrancelhas, demonstrando-se confuso.
- Eu não estou entendendo. – negou com a cabeça.
- Eu não estava com medo por mim. Eu estava com medo por você, pelo . – Eu abaixei a nossa cabeça para olhar nossos dedos entrelaçados. – Eu já passei por tanta coisa, que eu já não me importo mais. Eu só quero... proteger você e as outras pessoas que eu amo. – Eu voltei a olhá-lo e ele me olhava daquele jeito sério e ao mesmo tempo tão doce.
- Não fala isso. – Ele negou com a cabeça. – Eu posso cuidar de mim mesmo. Não se preocupe comigo. – sorriu, sem mostrar os dentes.
- Como você pode me pedir isso? – Eu cerrei um pouco os olhos, achando aquilo um absurdo.
- Ele te chantageou, não é? – deduziu rapidamente.
- Sim. – Eu afirmei. – Ele estava ameaçando bater em você. Eu não pensei duas vezes antes de fazer o que ele queria. – Eu revelei logo toda a verdade.
- O que ele queria? – A expressão doce de desapareceu de seu rosto.
- Eu beijei ele, . – Eu disse e eu vi seus olhos se arregalarem de perto.
- Não. – negou novamente com a cabeça. – Você não pode ter feito isso. – Ele estava indignado. - Eu faria de novo. Quantas vezes fossem necessárias. – Eu engoli o meu choro.
- Não, não. ! Você não podia ter feito isso! – parecia não estar acreditando. Desentrelaçou os nossos dedos.
- Sim, eu podia, ! Eu tinha o melhor motivo do mundo pra fazer! – Eu continuava, engolindo as minhas lágrimas.
- Para de dizer isso! – elevou o tom da voz. – Eu não acredito que você fez isso. No que você estava pensando? – estava enlouquecendo, exatamente como eu achei que ele faria.
- Eu não sei por que você está tão surpreso. – Eu quase sorri, mas as lágrimas ainda enchiam os meus olhos.
- Você realmente não sabe o por quê? – disse, irônico.
- Não, eu não sei, ! – A ironia dele me irritou de vez. – Eu não sei por que você acha tão errado eu fazer por você, uma coisa que você já fez mais de uma vez por mim. – Eu disse em tom de desabafo e deixou de me olhar nos olhos para olhar para a rua, que estava vazia. – Eu sei que é difícil de entender. Eu sei tudo o que está passando na sua cabeça agora. – Eu disse, olhando pra ele, mesmo ele não estando olhando pra mim. O meu tom não era mais de irritação. – Você já esteve no meu lugar. Eu sei que você pode entender isso, . Você sabe que eu faria qualquer coisa por você. Você sabe que eu só fiz isso porque eu amo você. – Eu estava tentando controlar todas as minhas lágrimas, que pareciam não caber mais em meus olhos. – Olha pra mim. – Eu pedi, colocando uma das minhas mãos em seu rosto e colocando-o em frente ao meu. Os olhos dele também estavam cheios de lágrimas. – Como eu poderia dormir a noite sabendo que eu poderia ter feito algo por você que eu não havia feito? – Eu repeti a frase que ele havia me dito há poucos meses atrás. – Lembra? – Eu disse, quando um sorriso fraco surgiu em meu rosto.
- Essa frase fica bem melhor saindo da minha boca. – continuava me olhando de um jeito sério, como se ainda não aprovasse o que eu havia feito.
- Você sabe que eu amo você, . – Minha mão ainda continuava em seu rosto. Estávamos olhando nos olhos um do outro. – Você sabe que tudo o que eu mais quero é ficar com você. – Eu acariciei o seu rosto, enquanto observava as lágrimas em seus olhos. – Mas você tem que saber que eu sempre vou fazer de tudo pra te proteger. Você tem que saber que eu preciso que você esteja bem pra eu estar bem. – Os olhos de não se decidiam entre meus lábios e meus olhos. – Se você não pode aceitar isso. Se você não pode entender esse nosso amor maluco que nós temos um pelo outro... – Eu não queria dizer a próxima frase, mas eu tinha. Eu hesitei dizê-la, enquanto uma lágrima escorria lentamente pelo eu rosto. – Acabe com isso agora. Acabe com esse amor, com esse namoro e com tudo o que nós construímos juntos até agora. – Eu ainda me segurava para não chorar mais. – Porque esse amor louco não vai mudar, essas loucuras que fazemos um pelo outro não vão acabar e as coisas só vão ficar piores a partir de agora. – Eu me referia a minha ida pra Nova York. afirmou com a cabeça, como se já soubesse de tudo o que eu estava falando.
- Sabe o que é pior? – tocou a minha mão, que ainda estava em seu rosto e a levou até os seus lábios, onde ele beijou a parte superior. Ele abaixou nossas mãos e nossos dedos voltaram a se entrelaçar. – Eu sei de tudo isso e isso me assusta pra caramba. – sorriu, ainda com seus olhos cheios de lágrimas. – E quer saber? Eu não me importo. – Ele negou com a cabeça, me olhando com aquele olhar doce. – Eu quero mais é que toda essa porcaria vire um inferno pra nós provarmos pra todo mundo o quão forte nós somos. Eu quero mostrar pra cada um desses filhos de mãe que tentaram nos separar que é impossível de se separar o inseparável. Eu quero mostrar pra todo mundo que não importa o que aconteça, não importa pra onde formos e nem com quem estivermos, vai ser você e eu, sempre. – se aproximou, colocando sua mão de meu rosto. Acariciou uma das minhas bochechas, olhando em meus olhos de bem perto. – Nós vamos lidar com isso juntos. Lembra? – sorriu daquele jeito contagiante, que fazia com que meu coração se acalmasse também.
- Você e eu. – Eu afirmei com a cabeça e ele fez o mesmo, se aproximando e beijando meus lábios. Nossos lábios se entrelaçaram, mas o beijo nem chegou a se aprofundar. Ele terminou o beijo com alguns selinhos e quando chegou no último deles, fez uma careta e me olhou.
- Você realmente beijou ele? – fez cara de nojo.
- Duas vezes. – Eu afirmei com a cabeça, também fazendo cara de nojo.
- Argh... – A cara de nojo de ficou ainda pior. – Eu odeio você. – Ele negou com a cabeça, incrédulo. Ele não se conformava que eu havia feito isso. voltou a se afastar um pouco de mim.
- Já está feito. Não adianta. – Eu voltei a ficar um pouco mais séria.
- Me prometa uma coisa... – Antes que ele continuasse, eu o interrompi.
- Prometer? Eu achei que não faríamos mais isso. – Eu estava me referindo a nossa briga, antes mesmo de tudo acontecer.
- É, aquilo foi uma droga. Eu sei! – fez cara de insatisfação.
- Agora você entende o porquê de eu querer tanto que você prometesse. – Eu continuei séria. Afinal, eu é quem estava certa em toda aquela discussão.
- Agora eu sei que você não é a fã número um da minha amizade com a Amber. – Quando ele tocou no assunto da Amber, eu deixei toda a minha razão de lado. – Ou o que você disse foi só pra me atingir? – não estava chateado com o que eu havia dito. Ele só estava curioso. Curioso pra saber da minha verdadeira opinião sobre aquela amizade.
- Eu não me orgulho de ter dito aquilo, mas eu disse. – Eu deixei de olhá-lo por alguns poucos segundos. Dizer aquilo a ele foi egoísta da minha parte.
- É, você disse. – continuava me olhando, esperando uma explicação melhor sobre o assunto. – É verdade? – Os olhos dele estavam meio cerrados. Parecia que ele estava esperando alguma confissão ruim da minha parte.
- Eu não posso mentir pra você. – Eu olhei pra ele. – Amber não é a melhor garota do mundo pra mim. Nunca foi, nunca vai ser. – Eu não estava nem um pouco orgulhosa com o que eu estava dizendo. Era a verdade, mas ainda era egoísta. – E ela é a sua ex-namorada. – Eu disse, sabendo que teria mil argumentos sobre a minha última frase.
- Mas.. – Ele tentou me interromper, mas eu fui mais rápida.
- Não significou nada. Eu sei disso. Eu ouvi as outras 10 vezes que você disse isso e eu acredito. Eu realmente acredito em você, . – Eu disse, vendo suspirar longamente.
- Então qual é ponto? Porque isso continua sendo um problema pra você? – negou com a cabeça, demonstrando que não estava nem um pouco satisfeito.
- Não importa o que significou pra você ou pra ela. Não importa se você não sente mais nada por ela. Não importa, . – Eu fiquei mais séria para dizer a última frase. – Ela sempre vai ser a sua ex-namorada. Eu ainda vou olhar pra ela e lembrar que um dia ela já significou algo pra você. – já não parecia tão irritado.
- Você não quer mais que nós sejamos amigos, certo? – estava certo da minha resposta.
- Não. – Eu respondi e ele me olhou, perplexo. – Eu não posso ser egoísta. Não com você, . – Dizer aquilo me deixava realmente me deixava furiosa, mas o que eu posso fazer? – Eu sei o quanto essa amizade é importante pra você. Eu sei que vocês tem uma história juntos. – Eu estava dizendo tudo de forma séria. – Isso começou antes mesmo de nós. Eu nunca tiraria isso de você. – Eu vi um sorriso orgulhoso nascer em seu rosto.
- Isso significa muito pra mim. – voltou a tocar o meu rosto, acariciando-o. – Essa é a minha garota. – disse de forma doce. – A garota que eu amo. – completou a frase, fazendo com que surgisse um sorriso espontâneo em meu rosto.
- E o que você queria r que eu prometesse? – Eu estava curiosa. Saímos totalmente o foco do assunto.
- Isso o que aconteceu com o Peter. Eu sei que fez por mim. – Eu sabia que haveria um ‘mas’ em alguma parte daquela frase. – Mas isso não poderia ter acabado bem. Ele poderia ter feito coisas terríveis com você. – demonstrou-se preocupado. – Então da próxima vez, venha até mim e me conte o que está acontecendo. Não vamos dar um jeito juntos. Nós vamos lidar com isso juntos. – estava propondo. – Prometa que vai fazer isso da próxima vez. – realmente parecia estar levando tudo aquilo a sério.
- Eu prometo. – Eu prometi, sem hesitar. – E você, me promete que vai ficar longe do Peter? – Eu voltei a pedir que ele prometesse. fez careta.
- Eu tinha esperanças de que você desistiria de me pedir pra prometer isso. – suspirou longamente.
- Promete ou não? – Eu arqueei a sobrancelha, olhando pra ele.
- Depois de tudo o que aconteceu hoje, você ainda quer que eu prometa que não vou encostar um dedo nele? – continuava fazendo careta.
- Mesmo depois de tudo o que aconteceu hoje, ele ainda pode machucar você. Então sim, eu ainda preciso que você me prometa. – Eu estava começando a ficar brava com o fato dele resistir a promessa.
- Mas ele beijou você! Ele chantageou você! Eu não posso deixar isso pra lá. – tentava argumentar a seu favor, mas eu não aceitaria qualquer argumento.
- Sim, você pode! Porque eu estou te implorando! Porque eu simplesmente não vou ficar em paz enquanto não souber que você está seguro! – Eu falei, demonstrando o quanto eu estava irritada. – Mas quem se importa, certo? Toda essa sua testosterona fala mais alto, né? Você não vai sossegar enquanto não provar pra ele e pra você mesmo que você é o cara mais valente do mundo! Estou certa, ? – Eu estava indignada. – Eu estou tão cheia de toda essa porcaria. – Eu neguei com a cabeça, olhando pra ele com aquela expressão de desapontamento. – Eu vou pegar um taxi pra casa. – Eu me levantei do banquinho, irritada. fechou os olhos por poucos segundos.
- Eu prometo! – disse, enquanto fazia careta. Eu parei de andar no mesmo instante em que ouvi ele dizer aquilo. – Eu vou ficar longe dele. Eu vou fazer o que você está me pedindo. – Eu sorri, aliviada por ouvir aquilo. também se levantou do banquinho e foi até mim, voltando a ficar em minha frente. – Satisfeita? – perguntou, nada satisfeito.
- Agora sim. – Eu sorri da forma mais doce que eu consegui.
- Não adianta vir com esse sorrisinho. – rolou os olhos. Apesar de ter prometido, não estava satisfeito por eu ter pedido aquela promessa a ele.
- Não adianta? Talvez eu deva tentar outra coisa. – Eu me aproximei lentamente. Nossos corpos ficaram bem próximos. Nossos narizes estavam quase se tocando. Nossos rostos se tocaram, quando eu toquei meus lábios em uma das suas bochechas. Minha mão tocou o outro lado do seu rosto. Deixei meu rosto de frente pra ele novamente, mas ainda não o beijei. Os olhos dele que estavam fixos em meus lábios, agora estavam fixos nos meus olhos.
- Tentar me provocar? Muito amador. – fingiu que não estava sendo seduzido por mim. Eu cerrei os olhos, surpresa por não estar conseguindo alcançar o meu objetivo. Eu não queria que ele ficasse bravo comigo por causa da promessa.

ainda não estava me tocando, ele queria demonstrar que estava bravo. Me aproximei ainda mais, selando seus lábios. Depois os descolei, olhei em seus olhos e vi que ele olhava para os meus lábios. Deslizei minha mão que estava em seu rosto e desci, pelo seu peitoral e cheguei em sua barriga. Os olhos dele voltaram a olhar nos meus, como se ele estivesse me julgando pelo o que eu havia acabado de fazer. Aquele olhar, me deixava maluca.

- Continua amador. – disse com aquele mesmo olhar. Ele deu aquele sorriso de lado, que era único. Meus olhos continuaram cerrados, indignados com as duas palavras. Me aproximei de vez e voltei a selar seus lábios. O selinho foi mais longo dessa vez e parecia que ia se tornar algo a mais quando eu puxei seu lábio inferior. Levei minhas duas mãos pra parte de trás de seu corpo e coloquei cada uma delas em um dos bolsos detrás da sua calça jeans, colando de vez nossos corpos. O sorriso dele interrompeu o nosso beijo, que estava prestes a se aprofundar.
- Pegar na minha bunda? Isso sim é novo. – disse com nossos lábios praticamente colados e ele ainda sorria como um idiota.
- Oh, isso é um sorriso? – Eu olhei para os lábios dele, segurando a risada.
- Não dá! – riu, negando com a cabeça. – Eu não consigo me fazer de difícil pra você. – foi quem me beijou dessa vez. O beijo foi rapidamente aprofundado, enquanto uma de suas mãos entrelaçava-se em alguns fios do meu cabelo que estavam bem perto do meu rosto. Minhas mãos saíram dos bolsos dele e subiram juntas pelas suas costas.

O beijo não foi tão longo como queríamos que fosse, mas foi suficiente pra matar a nossa vontade. Além do mais, não estava nas melhores condições dentro da casa. Não podíamos deixa-lo sozinho por tanto tempo. Beijar novamente, depois de tudo o que havia acontecido naquela noite foi incrível e ao mesmo tempo tranquilizador. Abrir os olhos e ver aqueles lindos olhos me olhando daquele jeito tão doce. Ver aquele sorriso contagiante e indescritível de tão perto. Não sentir nojo algum em tê-lo tocando o meu corpo daquele jeito único. Como eu posso ter demorado tanto tempo pra perceber que ele esteve ali, tão perto?

- Quando foi que você se tornou tudo o que sempre quis? – Eu perguntei, assim que os nossos lábios se descolaram.
- Quando foi a primeira vez que você me viu sem camisa? – fez cara de pensativa.
- Cala a boca. – Eu ri e ele começou a rir também.
- Você ainda não me contou o que aconteceu quando você estava com o Peter. Como vocês se livraram do Peter e dos amigos dele? – finalmente perguntou. Ele estava curioso. Eu tirei as mãos de suas costas, mas nós ainda continuamos bem próximos.
- Nós tínhamos brigado e ele me encontrou na festa de novo. Me convidou pra dar uma volta com ele. Eu disse que não queria, mas ele disse que se eu não fosse, ele e os amigos acabariam com você. – Eu comecei a explicar.
- Covarde, como sempre! – revirou os olhos.
- Nós saímos com o carro dele. Os amigos dele estavam em um outro carro atrás. deve ter me visto sair com ele e foi atrás de mim. – Eu não sabia muito bem como havia me encontrado. – Eu só sei que eu pensava em um jeito de me livrar dele, mas eu estava com medo de que ele acabasse descontando em você. – Eu neguei com a cabeça, quando me reprovou com o olhar.
- E quando apareceu? – não queria ouvir mais aquela parte que tanto lhe desagradava.
- Os amigos do Peter notaram que tinha alguém nos seguindo. Ligaram pro Peter e o Peter pediu pra eles pararam o carro. – Eu continuava explicando. – Eu não queria que ele parasse o carro. Eu achava que fosse você quem estava nos seguindo. Eu sabia que você não ia se controlar e que ia acabar indo pra cima dele. – Eu disse.
- Você me conhece tão bem. – sorriu, sarcástico.
- Eu implorei pra ele não parar o carro. Eu até... beijei ele. Não adiantou. – Eu voltei a negar com a cabeça. – Ele quase bateu o carro. Eu estava assustada e então.. – Eu hesitei dizer. Eu sabia que ficaria furioso.
- E então o que? – arqueou a sobrancelha.
- Ele tentou me agarrar dentro do carro. – Eu voltei a ver o ódio no rosto de . – Eu sai do carro, mas ele continuou vindo atrás de mim. Nós estávamos no meio da estrada. Não era tão longe daqui. Era no meio do nada e eu não tinha pra quem pedir ajuda. – Parecia que eu estava revivendo tudo, enquanto eu contava pra ele.
- Desgraçado.. – resmungou, demonstrando-se indignado.
- E então o apareceu. Eu fiquei tão surpresa quanto o Peter. Parecia que ele tinha certeza de que era você que estava nos seguindo. O tentou resolver as coisas do jeito certo. – Eu disse e revirou os olhos.
- Ele não foi pra cima do Peter? O que esse imbecil tem na cabeça? – realmente estava indignado.
- Ele fez o certo, mas parecia que o Peter queria confusão. Ele começou a dizer coisas sobre mim e o quando o foi pra cima dele, os dois amigos do Peter o seguraram. – Eu expliquei, já pensando na parte que viria a seguir.
- O Peter bateu nele. – deduziu.
- Sim. – Eu concordei com a cabeça.
- Mas e você? Como você conseguiu se livrar deles? – perguntou, perplexo.
- Eu... – Eu não sabia como explicar. não acreditaria. – Eu.. – Eu tentei dizer mais uma vez, olhei pra ele e hesitei dizer.
- Ela bateu no Peter, . – Eu ouvi a voz de dizer. Olhei para o lado e vi parado na porta. olhou pro e depois pra mim, surpreso.
- Como assim? – arqueou a sobrancelha, me olhando.



PARTE 2:




- O que você está fazendo aqui fora, ? Você tem que ficar deitado. – Eu me afastei do e foi até o .
- Espera! – continuava sem entender nada. Eu estava levando de volta pra dentro da casa e foi atrás de nós. – Dá pra alguém me explicar? – olhou pro e depois pra mim. Eu já havia colocado sentado no sofá, mas permaneci de pé.
- Você deveria ter visto, . – sorriu pro amigo. – Ela deixou o Peter no chão, gemendo de dor. – riu, se lembrando da cena. arregalou os olhos pra mim.
- Você... – ainda não conseguia acreditar. – Você bateu no Peter? – ainda mantinha a mesma expressão de perplexidade em seu rosto.
- Eu só sabia algumas coisas que o meu irmão me ensinou uma vez. Eu não tinha outra opção. Eu.. – Eu não sabia mais como explicar.
- Você nunca me disse que sabia lutar! – continuava perplexo. Até quando?
- Mas eu não sei! – Eu ri, demonstrando sinceridade.
- Você está falando sério, ? – voltou a perguntar pro amigo.
- Cara, ela deu dois socos na cara dele, sem tirar o chute no saco. – voltou a rir.
- MEU DEUS! – não sabia se ria ou se me abraçava. – Você.. Você.. – Ele não conseguia completar a frase sem rir. – Está vendo, cara? – olhou pro , apontando pra mim. – É por isso que ela é perfeita pra mim. – parecia ter ganhado na loteria. Sério!
- Não foi nada demais. – Eu neguei com a cabeça, segurando o riso.
- Você foi até lá pra salvar ela e ela é quem acabou te salvando? Seu imprestável. – atacou a almofada no amigo.
- AI! FILHO DA PU.. – se segurou para dizer a última palavra. Ele já estava todo ferrado e ainda ataca a almofada nele. – Ataca essa porra de almofada de novo que quem ela vai ter que salvar será você. – disse, furioso.
- Desculpa! Eu esqueci! – riu, se sentindo culpado.
- É melhor nós irmos embora, antes que você machuque ainda mais ele. – Eu olhei pro .
- Eu vou dormir aqui. – avisou.
- Você o que? – achou que não havia escutado direito.
- Você está mal e os seus pais não estão na cidade. Eu não vou deixar você sozinho. – respondeu, demonstrando-se preocupado com o amigo.
- Qual é! Eu estou bem! Não precisa. – revirou os olhos.
- Já está decidido. – disse com autoridade.
- Tanto faz. – suspirou.
- Eu vou só levar ela embora e passar em casa pegar uma roupa. – avisou, colocando a mão no bolso para pegar a chave do carro em seu bolso.
- Ok, prometo que não vou morrer até lá. – brincou, fazendo com que eu e olhássemos pra ele com cara feia. – Brincadeira. – mostrou a língua.
- Ok, eu já volto então. – olhou pra mim, querendo saber se eu me despediria de de alguma forma. também me olhou, esperando qualquer tipo de aproximação.
- Tchau, . – Eu apenas acenei de longe.

Eu sei que eu precisava falar com ele. Eu sei que eu tinha que agradecê-lo pelo que ele fez por mim hoje, mas eu ainda não estava pronta pra isso. Não depois de tudo o que eu havia passado naquela noite. Também havia um pouco de orgulho, que eu não conseguia deixar totalmente de lado.

- Tchau. – sorriu, chateado.

Eu estava muito confusa. havia demonstrado que apesar de tudo, ainda havíamos aquele elo de amizade que jamais teríamos com mais ninguém. havia se sacrificado para me ajudar, mesmo eu tendo maltratado ele como ninguém nos últimos dias. ainda estava lá por mim como ele sempre esteve. Como eu sempre esperei que ele estivesse. Mas como eu chegaria até ele e diria que eu sinto muito pelo que eu disse? Que eu sentia muito por ter acabado com a nossa amizade?

- Você vai ficar bem? – estava me deixando em casa. Apesar de toda aquela confusão já ter passado, ele ainda estava preocupado.
- Eu vou ficar. Não se preocupa, ok? – Eu me virei para olhá-lo. Ele já havia desligado o carro.
- Não me peça o impossível. – negou com a cabeça, sorrindo pra mim.
- E o , será que já chegou? – Eu olhei pra garagem. Não vi o seu carro.
- A última vez que eu vi, ele e a estavam quase se pegando em um dos cantos da festa. – riu.
- É, parece que o nosso plano deu certo. – Eu também ri.
- Nós arrasamos. – esticou o braço e abriu a mão para que fizéssemos um High Five.
- Sim, arrasamos. – Eu toquei a sua mão.
- Bem, você sabe... – ficou um pouco mais sério. – Seu irmão vai reagir pior do que eu quando souber o que o Peter fez. – Ele já queria me preparar.
- Eu sei disso. Eu não sei o que vou fazer. – Eu disse, pensativa. – Talvez ele nem deva saber. Pelo menos, não até o jogo da final. – ficaria bem bravo, quando soubesse que havíamos escondido isso dele, mas era um jeito de eu protegê-lo também.
- Nós podemos fazer isso se você quiser. Você é quem sabe. – não queria se meter, mas que ele adoraria ver Peter levando uns bons socos do , ah ele adoraria. – Eu estou com você pro que der e vier. – voltou a me olhar, vendo que eu ainda pensava no assunto.
- Não vamos contar ele. Vamos só dizer que ele e brigaram hoje à noite, mas não precisamos contar a história toda. – Era o melhor a se fazer por agora.
- Certo, vamos fazer isso. Vou avisar o . – disse e continuou me olhando por um longo tempo.
- Porque está me olhando assim? – Eu segurei o riso.
- É a última semana de aula. – relembrou.
- É a minha última semana em Atlantic City. – Eu adicionei e o sorriso no rosto dele se desfez aos poucos.
- Está ansiosa? – tentava sorrir, mas eu sabia que ele não queria. Ele estava se esforçando.
- Eu acho que sim. Eu ainda não me dei conta de que vou pra lá. É muito estranho.. – Eu sorri, demonstrando o quanto ainda era estranho perceber que dali uma semana, eu não estaria mais na cidade.
- Sabe o que é mais estranho? – viu uma oportunidade de mudar o assunto. Ele fugia dos assuntos que estavam relacionados a Nova York, porque ele não queria demonstrar toda a sua tristeza em relação a aquilo. – O seu ex-melhor amigo péssimo, ingrato e traidor ter feito tudo aquilo por você hoje. – disse e eu fiz careta. – Quer dizer? Porque ele faria isso se ele não se importa? Porque ele faria isso logo pela garota que mais pisou nele nas últimas horas? – estava tentando me dar uma lição. Eu havia notado o seu sarcasmo.
- Ok, ok, ok, eu entendi! – Eu revirei os olhos. – Talvez ele não seja tão ruim assim. – Eu suspirei longamente.
- Talvez? – mostrou-se indignado.
- Ele é um ótimo amigo. O que mais eu posso dizer? – Eu estava nervosa por causa do assunto e não por estava me pressionando.
- Um ótimo amigo? – arqueou a sobrancelha. – Qual é, você pode fazer melhor que isso. – queria que eu assumisse de vez.
- Ele é o melhor e eu estraguei tudo. – Eu neguei com a cabeça, colocando algumas mexas do meu cabelo atrás da orelha.
- Não. Ele é quem estragou tudo. – sabia que não era o santo da história. – Mas ele está tentando concertar. – finalmente sorriu.
- Ele está fazendo isso muito bem, não é? – Eu voltei a suspirar.
- Está.. – Entortou a boca com os lábios fechados, demonstrando que não havia mais jeito.
- Ótimo! Maravilha! Então agora eu tenho que ir atrás dele e dizer que eu estive errada o tempo todo e que fui egoísta. – Eu já estava suando frio só em pensar naquela possibilidade.
- Por sorte, não é igual a mim. Ele jamais forçaria um pedido de desculpa seu. – tocou o meu rosto com uma das mãos e acariciou uma das minhas bochechas. – Ele te conhece tão bem, que com um olhar, ele já entenderá tudo o que você sente. Apenas faça com o coração, ok? – sorriu de forma doce. – Não tem como dar errado. – se aproximou, selou os meus lábios de forma carinhosa. – Não há nada de errado em cometer erros. Todos cometem erros, mas nem todos são corajosos para se arrepender deles e tão pouco para repará-los. – deu mais um selinho.
- Obrigada. – Fui eu quem acariciou o seu rosto dessa vez. – Eu precisava ouvir isso. – Toquei meus lábios nos dele e ambos sorrimos em meio ao selinho, que durou alguns poucos segundos.
- Eu amo você. – disse, quando nossos lábios ainda estavam praticamente colados. Descolei nossos lábios para responder. Olhei seu rosto, antes de dizer qualquer coisa. O meu sorriso bobo certamente demonstrava tudo o que eu queria dizer.
- Eu também te amo. – Eu sussurrei, levando uma das mãos até o cabelo dele e bagunçando-o, apenas para irritá-lo.
- Se você estivesse bagunçando o meu cabelo, dizendo qualquer outra coisa, eu mataria você. – cerrou os olhos.
- Desde quando você liga pro seu cabelo? – Eu também cerrei os olhos para ele.
- Desde quando eu tenho preguiça de arrumá-lo. – riu rapidamente, enquanto beijava o meu rosto em um local bem próximo da minha boca.
- Eu gosto dele assim. – Eu ainda olhava pro cabelo dele, enquanto ele beijava cada parte do meu rosto.
- É, fica legal, tirando a parte em que parece que eu acabei de fazer sexo no banheiro de um avião. – riu de sua própria piada.
- No banheiro de um avião? Que horror, ! – Eu não conseguia parar de rir.
- É verdade! – voltou a rir.
- Eu gosto dele assim. Eu não me importo com o que os outros pensam. – Eu ergui os ombros, fingindo que realmente não me importava. – Exceto o meu pai, a minha mãe, o meu irmão, o resta da minha família... e todas as outras pessoas que eu conheço. – Eu disse, pensativa.
- Viu só? – gargalhou como nunca.
- Ta, eu entendi. – Eu fiz careta.
- Eu tenho que ir. – fez bico. – está sozinho e está me esperando. – continuou com o bico.
- Tudo bem. Eu estou cansada também. Preciso dormir. – Eu sorri pra ele.
- Boa noite, então. – aproximou seu rosto do meu.
- Boa noite. – Eu selei os lábios dele rapidamente.
- Hey, espera! Espera ae! – disse, quando viu que eu já ia sair do carro. – Só isso? Está brincando? – Ele se referia ao selinho.
- Eu achei que estava com pressa. – Eu voltei a olhá-lo, meio rindo.
- O pode esperar mais um pouco. – voltou a tocar meu rosto, trazendo ele ao encontro do seu. Eu ainda sorria, quando nossos lábios voltaram a se tocar.

aprofundou o beijo, depois que eu permiti. Toquei o outro lado de seu rosto com uma das minhas mãos, para que nós aproximássemos ainda mais. A mão dele, que antes estava em meu rosto, deslizou até uma das laterais do meu pescoço, onde ele jogou algumas partes do meu cabelo que estavam ali para trás. O beijo não foi intensificado, mas também não foi tão lento. finalizou o beijo, puxando o meu lábio inferior, como sempre.

- Agora sim, boa noite. – disse, assim que descolamos nossas bocas.
- Boa noite. Não esquece de sonhar comigo. – Eu brinquei, dando um último selinho nele.
- Eu já estou fazendo isso, boba. – deu um enorme sorriso.
- Amo você. – Eu disse, apenas para retribuir o que ele havia acabado de dizer.
- Eu também, linda. – respondeu, me vendo descer do carro.

Caminhei até a porta da minha casa, trocando olhares com o . Cheguei na porta e a abri. Acenei pro , antes de fechar a porta. A casa estava silenciosa. Meus pais já deveriam estar dormindo ou apenas estavam vendo televisão no quarto. Subi com cuidado para não chamar a atenção deles e fui até o meu quarto. Tomei um banho demorado, porque eu simplesmente não podia dormir com aquele cheiro de Peter. Eu ainda sentia nojo por ele ter tocado em mim. Tirei a maquiagem e coloquei o pijama, deitando em minha cama em seguida.

passou em sua casa e avisou os pais que dormiria na casa de . Apesar de fazer tempo que ele não dormia na casa do amigo, ele costumava fazer muito isso antes. Então não era nenhuma surpresa para os pais de , que o filho fosse dormir na casa do amigo. pegou a sua roupa e seguiu direto para a casa de .

ainda estava deitado no sofá de sua casa quando o amigo retornou. Ele queria muito dormir, mas não faria isso antes de chegar. Sabia que o mataria se fizesse isso.

- Demorei? – perguntou, ao abrir a porta.
- Demorou, mas eu sei que você estava se agarrando com a ), então eu te perdoou. – respondeu, sem tirar os olhos da TV.
- Como você está? – perguntou, ainda rindo por causa da afirmação feita pelo .
- Estou melhorando. – disse com sinceridade. sentou-se ao seu lado no sofá. – E eu estou falando sério, cara. Eu vou acabar com o Peter. – sorriu de forma maléfica.
- A ) me mandou prometer que não tocaria nele. – revirou os olhos.
- O que ele fez... – negou com a cabeça. – Ele vai me pagar. – Ele reafirmou com raiva.
- O que ele fez com ela? Eu sei que ela não me contou tudo. – quis saber.
- Quando eu cheguei, ele estava tentando agarrá-la a força. Eu tentei tirá-la de lá, mas os dois amigos dele me seguraram. Então, ele voltou a tentar agarrá-la e eu pirei. – suspirou ao relembrar. – Ele me bateu, enquanto os dois amigos dele me seguravam. A tentou me ajudar. – parou, pois sabia que a parte que viria a seguir, não agradaria .
- Como ela ajudou? – continuava querendo saber.
- Ela disse que aceitava dormir com o Peter, se ele me deixasse ir embora dali. Eu não pude fazer nada! Eu estava no chão e os caras ainda estavam do meu lado. – disse, indignado. ficou maluco da vida. – Ela conseguiu fazer os caras irem embora e quando ela ficou sozinha com o Peter, ela acabou com ele. – finalizou.
- Eu tenho medo do que vai acontecer se eu ver o Peter. Eu prometi pra ela que não faria nada, mas eu não sei se vou conseguir cumprir isso. – fez cara feia. – Só em pensar que ele agarrou ela a força, eu.. – negou com a cabeça, passando uma das mãos pelo cabelo.
- Quando o souber disso.. – riu, sabendo que Peter estava ferrado.
- Ele não vai saber. A não quer que ele saiba. – aproveitou para avisar.
- Ela está com medo de que ele apanhe como eu. – revirou os olhos.
- Sim, ela está. – revirou os olhos do mesmo jeito.
- Que droga. – voltou a olhar pra TV, descontente.
- Ok, esquece isso. Vamos dormir logo. Você precisa dormir. – se levantou, esperando se levantar.
- É, você está certo. – desligou a TV com o controle remoto e se preparou para se levantar. se abaixou para ajuda-lo, mas ele rejeitou a ajuda. – Não, não precisa. Eu consigo. – não queria ficar dependendo de pra tudo.
- Certeza? – observou se levantar, fazendo uma careta.
- Tenho, eu to bem. – sorriu pro amigo, demonstrando-se feliz por ter conseguido se levantar sozinho.
- Vamos pro quarto. – disse, pegando as roupas que havia trazido de casa.
- Eu ficaria bem mais feliz se fosse a quem estivesse me propondo isso. – brincou, andando em direção ao quarto.
- Não, eu não vou ser o último dos caras a perder a virgindade. Então é melhor você apagar esse fogo, cara. – riu.
- Nada ainda com a ? – disse, vendo arrumando a sua cama.
- Não. – fez careta.
- Bom mesmo ou eu mataria você. – ameaçou , que o olhou quase rindo. – Depois que eu tivesse condições físicas pra fazer isso, claro. – também riu.
- Sei que não estou demonstrando, mas eu estou muito assustado por dentro. Eu juro, cara. – piscou pro amigo.
- Vai se ferrar. – voltou a rir. puxou o colchão que havia embaixo da cama de e o colocou há alguns passos de distância da cama para que ele pudesse dormir.
- Faz tempo que não durmo aqui. – relembrou.
- Então você deveria saber que o colchão que você está deitado, é o mesmo em que e fizeram sexo. – disse, sentando em sua cama. deu um pulo do colchão, fazendo cara de nojo. – EU TO BRINCANDO! CALMA! É SÓ BRINCADEIRA. – teve ataques de risos.
- Eu te daria um soco, se você tivesse condições para levar um. – suspirou, irritado.

aproveitou que estava de pé e foi até o banheiro, onde ele trocou de roupa e escovou os dentes. fez o mesmo, voltando pro quarto em seguida. já estava deitado em seu colchão e a sua cama esperava por ele.

- Então você está bem mesmo? – perguntou mais uma vez.
- Se mais alguém me perguntar isso, vai levar um soco. – revirou os olhos, deitando em sua cama.
- Vou aceitar isso como um sim. – quase riu. apagou a luz e eles permaneceram em silêncio por um curto tempo. – ? – chamou pelo amigo, achando que ele já pudesse ter dormido.
- O que foi? – respondeu com os olhos fechados.
- Tudo o que você fez hoje... foi pra tentar mostrar pra o quanto você se importa com ela, não é? – estava querendo perguntar isso há algum tempo. – Você achou que talvez pudesse recuperar a amizade de vocês com isso. – completou.
- Eu ajudaria ela de qualquer jeito, mas... isso passou pela minha cabeça. Eu achei que se ela percebesse que eu ainda sou o mesmo, ela também pudesse perceber que a nossa amizade também é a mesma. Parece que eu estava errado. – sorriu, sem mostrar os dentes.
- O dia não foi fácil pra ela. Ela nem teve tempo pra pensar em tudo o que aconteceu. Dê um tempo a ela. – pediu. – Ela não vai ignorar tudo o que você fez por ela. Eu tenho certeza. – Ele tentou tranquilizar o amigo.
- Isso não significa nada se ela não quiser me ter como amigo de novo. – respondeu.
- Talvez ela queira. Talvez ela perceba que você nunca deixou de ser o melhor amigo dela. – voltou a tentar fazer o amigo se sentir bem. – Só... espere. – voltou a pedir.
- Talvez? É, parece que eu não tenho outra opção. – suspirou longamente.
- Boa noite. – disse para finalizar a conversa.
- Boa noite, amigo. – percebeu que só disse aquelas coisas para fazê-lo se sentir melhor. Ele admirava isso no amigo. sempre tentava fazer as pessoas ficarem bem.

O dia seguinte foi bem calmo. Qual domingo que não é, certo? foi até a minha casa. Nós passamos o dia juntos. também nos fez companhia. Tentamos tirar alguma informação dele sobre o que tinha acontecido na noite passada, mas ele não quis nos contar nada. apenas sorria daquele jeito malandro. Alguma coisa boa havia acontecido, mas só saberíamos o que era quando eu encontrasse a .

Domingo que vem eu já estaria indo pra Nova York. Isso queria dizer que aquela era a minha última semana em Atlantic City. Eu ainda não tinha dado a importância necessária pra isso. Eu não queria pensar que dali poucos dias eu estaria deixando a minha família, os meus amigos e o garoto que eu amo. Eu não queria ter que colocar em uma balança para saber o que realmente era importante pra mim, porque eu tinha medo da resposta. Eu não estava mais na idade de ficar cometendo loucuras de adolescente. É sobre o meu futuro que estamos falando e eu não posso jogar tudo para o alto dessa forma.

Já era segunda-feira novamente e eu estava acordando para ir pra escola. Todos já havíamos feito as provas finais e naquela semana só iriamos saber as notas e confirmar se tínhamos passado em todas as matérias.

O sono não estava sendo a única coisa que estava me mantendo na cama quando o despertador tocou. Eu também não queria ter que olhar para depois do que aconteceu. Eu não queria ter que dizer todas as palavras que eu já havia repetido 20 vezes pra mim mesma para que quando chegasse a hora de dizer a ele, não soasse tudo uma droga. Apesar de tudo, eu tinha um enorme medo de que ele não aceitasse as minhas palavras, já que ele teve que chegar tão longe pra me convencer de que a nossa amizade esteve no mesmo lugar de sempre.

Eu cheguei com na escola. O clima de férias já estava em todos os cantos. Todos estavam comemorando a aprovação na faculdade, outros ainda se inscreviam para os vestibulares da região. Eu queria estar feliz como eles, mas eu não estava. Eu não estava feliz porque eu não continuaria estando por perto dos meus amigos como eles. Eu estaria a vários km dali, em uma outra cidade, sozinha.

- Você está bem? – me perguntou, enquanto nos aproximávamos da nossa roda de amigos.
- Eu estou. – Eu vi , assim que respondi a pergunta. Aquilo fez com que eu ficasse ainda mais sem coragem de encará-lo. – Eu preciso emprestar um caderno de uma garota da sala. Avisa o que eu vou estar na sala. – Eu disse, me afastando de . Desci as escadas, enquanto percebia os olhos de me acompanharem.
- O que está acontecendo? – perguntou, quando chegou ao seu lado.
- Ela precisa emprestar um caderno de uma garota. – fez careta, como se não soubesse direito o que eu estava tentando fazer. – Eu não sei. Ela pediu pra eu te avisar, . Ela está na sala. – olhou pro amigo.
- Ela está me evitando. – negou com a cabeça.
- Ela está me evitando também. – fez cara de chateada.
- , o que aconteceu com você? – perguntou, vendo o corte no rosto de seu amigo.
- Você saberia se não tivesse sumido na festa de sábado. – olhou pro com uma cara engraçada.
- É, nós tínhamos coisas pra resolver. – disfarçou, fazendo , e rirem. – Mas, o que aconteceu? – foi quem perguntou dessa vez.
- Peter. – demonstrou-se irritado ao pronunciar aquele nome.
- Peter? Que Peter? – arqueou a sobrancelha.
- Peter Paker. O Homem Aranha. Já ouviu falar? – forçou um sorriso irônico. – Qual outro Peter seria, idiota? – rolou os olhos.
- Olha como você fala comigo, palhaço. – cerrou os olhos pro amigo.
- Você e a sumiram na festa e perderam a briga. – explicou.
- Você... apanhou do Peter? – achava que aquilo era impossível.
- Não, não. Eu mesmo me dei uma surra. – sorriu com a mesma ironia usada por anteriormente. – Sabe como é, eu estava entediado e aconteceu. – fez cara de tédio.
- Quer saber? Vão se foder vocês, seus ignorantes. – bufou, furioso. e se olharam e riram.
- Eles brigaram sim, . O só levou a pior porque o Peter estava com mais dois caras. – finalmente explicou. já havia contado toda a história pra ela e ela já sabia que não podia saber.
- Peter sendo covarde. Que novidade. – revirou os olhos.
- E a , onde está? – perguntou, sentindo falta da amiga.
- O também não chegou ainda. – também deu falta do amigo.
- Eu só sei que ela e a Amber brigaram na festa. – não quis dar detalhes.
- Brigaram? Como brigaram? – perguntou, preocupada.
- Não sei. – ergueu os ombros, demonstrando que não sabia mais sobre o assunto.
- Que droga, vou ter que ligar pra depois. – pensou alto.
- Cheguei! – chegou, respirando com dificuldade. Parece que tinha vindo correndo.
- Não precisa mais treinar pro jogo de sexta. Parece que você já correu o suficiente. – brincou.
- Não queriam me deixar entrar. Quase dei uma voadora naquele inspetor escroto. – disse, furioso.
- Porque chegou tão atrasado? – perguntou, curioso.
- Eu fiquei esperando a passar me buscar e quando liguei pra ela, fiquei sabendo que ela não vinha. – revirou os olhos.
- O que diabos aconteceu com ela? – questionou.
- Eu não sei muito bem o que aconteceu. Algo entre ela e a Amber. – demonstrou não se importar.
- Você é o namorado dela! Como não sabe? – arqueou a sobrancelha.
- Eu não ando sabendo de mais nada ultimamente. – disse com cara de poucos amigos.
- Crise no namoro? Bem, eu te perguntaria o que está acontecendo, mas eu sei que o já vai fazer isso. – forçou um sorriso.
- Vamos pra sala. – suspirou.
- Levar suspenção na minha última semana não está nos planos. – pegou a sua mochila na escada e a colocou em um dos ombros.

Todos foram para a sala de aula. Tivemos as 3 primeiras aulas. Eu não tive aula com nenhum deles. Não sei se algum deles tiveram aulas juntos. Eu não estava ligando. Minha cabeça estava em outros lugares. Nova York, , , Amber, menos naquela sala de aula. O sinal do intervalo parece ter me acordado de um transe. Eu até me assustei com aquela alta campainha.

- Quase fiquei em recuperação em Matemática! POR UM PONTO! – chegou, comemorando com .
- Se eu ficar,, vou manipular a sua prova. Eu não vou ser o único de recuperação nessa escola. – sorriu pro amigo.
- Ainda tem o , lembra? – disse alto, pois viu se aproximar.
- Vão se foder, seus bichas. Não fiquei de recuperação em Matemática. – riu da cara dos amigos.
- O nem precisa falar. É o único inteligente daqui. – apontou pro amigo.
- Tirando a minha namorada, né? Quem foi que foi aceita na melhor faculdade de Nova York mesmo? – colocou uma das mãos no ouvido, demonstrando que queria ouvir a resposta de alguém.
- Nós todos estamos felizes por ela. – fez careta pro .
- Aliás, cadê ela? – olhou em volta.
- Aposto que ela não vai subir pro intervalo. – me conhecia bem.
- Por causa de mim, é claro. – sorriu de um jeito fraco, demonstrando-se chateado.
- Eu vou ir até lá falar com ela. – Além de querer me ver, queria resolver qualquer problema pelo qual eu estivesse passando naquele momento. – Qual a sala de Inglês mesmo? Ela vai ter a próxima lá. – fez careta, não se lembrava.
- Inglês? – repetiu. – Eu tenho inglês na próxima aula também. – olhou pro e eles pareciam ter conversado através dos olhares.
- Desde quando você tem inglês hoje? – olhou pro ‘amigo’, sem entender.
- Olha só, ela até já sabe o horário de aulas dele. – aproveitou para zoar .
- E você? Já sabe agir como um namorado de verdade? – se vingou.
- Ouch! Podia ter ficado sem essa, amigo. – riu da cara do amigo, assim como e .
- Isso não foi legal. – cerrou os olhos para , enquanto negava com a cabeça.
- Então, o professor disse que juntaria duas salas para fazer a correção das provas de uma vez só. – se recordou de ter escutado o professor dizer aquilo na última aula.
- Ótimo, o clima da aula vai ser ótimo. – deu alguns tapinhas no braço do amigo. – Eu vou comprar algumas coisas na cantina e vou descer pra falar com ela. Vejo vocês na saída. – se despediu rapidamente dos amigos e saiu.

sabia que apesar de eu não subir para o intervalo, eu estava com fome. Ele sabia que do jeito que eu estava, nem o café da manhã eu havia tomado. Ele comprou algumas bolachas, Ruffles e uma Coca-Cola. Desceu as escadas e foi em direção à sala de Inglês. Eu estava sentada em uma das carteiras. Só havia eu na sala, já que todos haviam subido para o pátio. Eu fuçava em meu celular, quando percebi alguém sentar em minha frente.

- Está muito ocupada? – me olhou com aquele quase sorriso. O sorriso surgiu em meu rosto só em vê-lo ali.
- Pra você, nunca. – Eu vi o sorriso dele aumentar.
- Que bom, porque eu trouxe comida. – levantou a sacola.
- Oh, não. Não precisava. – Eu fiz careta.
- É claro que precisava. Você não comeu nada, que eu sei. – disse em tom de bronca.
- Ok, eu não vou nem insistir, porque eu sei que você não vai desistir de me fazer comer. – Eu revirei os olhos. – Eu quero o Ruffles. – Eu disse, apontando pro pacote.
- Espera. – disse, abrindo o pacote. – Aqui. – Ele me entregou as batatas.
- Você até trouxe Coca-Cola! – Eu quase ri, quando vi ele abrindo a lata de refrigerante.
- Eu pensei em tudo. – piscou pra mim.
- Pega. – Eu apontei o pacote de batatas em sua direção.
- Lembra quando costumávamos a brigar por causa do Ruffles? – riu, enquanto enfiava algumas pequenas batatas na boca.
- Bons tempos. – Eu também ri, me recordando. Ficamos em silêncio por um tempo, nos lembrando daqueles momentos em que as coisas pareciam tão mais fáceis do que agora.
- O que há de errado? – finalmente perguntou.
- Eu não sei como enfrenta-lo. Eu não sei como dizer a ele tudo o que eu quero dizer. – Eu expliquei, sabendo que já sabia sobre quem se tratava.
- Você é forte e confiante. Use isso. – tocou o meu rosto, acariciando uma das minhas bochechas.
- Eu sei que eu tenho que perdoá-lo. Eu sei disso, mas eu não sei se eu estou pronta pra isso. – Eu disse, demonstrando toda a minha chateação com o assunto.
- Você está pronta pra qualquer coisa. Você pode fazer qualquer coisa que você quiser, basta acreditar em você mesma. – sorriu novamente pra mim. – Lembra da música? – queria alguma coisa que me encorajasse ainda mais. A música que havíamos escrito juntos foi a única coisa que passou pela sua cabeça.
- A música.. – Eu afirmei com a cabeça. – Isso me lembra que eu tenho que ensaiar ainda mais do que eu estou ensaiando. – Eu ri da minha própria desgraça.
- Eu preciso ver você ensaiando qualquer dia. Eu ainda não vi. – finalmente se deu conta daquilo.
- Não, você não vai ver. É surpresa! – Eu afirmei e ele cerrou os olhos pra mim.
- Ah, é assim? – Ele manteve os olhos semifechados.
- Vai ser surpresa pra todos e eu quero que também seja surpresa pra você. – Eu expliquei novamente.
- Certo, você é quem sabe. – se aproximou, selando meus lábios. – Eu vou estar na primeira fileira gritando, aplaudindo e dizendo pra todo mundo que aquela garota linda em cima do palco é a minha garota. – disse, depois que descolamos nossos lábios.
- Vai ser a melhor coisa do mundo ter você me apoiando ali. – Eu adicionei e ele voltou a acariciar o meu rosto, antes de colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Ahn não. – resmungou, quando ouviu o sinal do fim do intervalo tocar.
- Tudo bem. Daqui a pouco já é a hora da saída. – Eu beijei seus lábios pela última vez.
- Eu esqueci de te contar. – fez cara feia.
- O que foi? – Eu o olhei, sem saber o que esperar.
- tem a mesma aula que você agora. – disse de uma vez.
- Ele o que? – Eu arregalei os olhos.
- Surpresa! – forçou um sorriso.
- Ai não, que droga. – Eu suspirei, passando uma das mãos pelo meu rosto.
- Tudo bem, tudo bem. Não fica nervosa, ok? – parou em minha frente, segurando meu rosto com suas duas mãos. – Se você estiver pronta, você fala com ele. Se não estiver, deixa pra outro dia, ok? Não tem problema. – disse e beijou meus lábio. – Eu tenho que ir pra minha sala. O meu professor de Geografia não é o mais gentil. – suspirou longamente, enquanto guardava a sacola com as bolachas e o resto do Rufles dentro de sua bolsa.

- Eu vou ficar bem. Vai logo. – Eu disse, sem querer que ele se encrencasse.
- Eu te amo. – me beijou rapidamente e em seguida saiu correndo da sala de aula, trombando em todas as carteiras e cadeiras, me fazendo rir do quanto ele era desastrado.

Os alunos começaram a lotar a sala. A melhor coisa do mundo foi perceber que já haviam pessoas sentadas em cada um dos meus lados e outra atrás de mim. não poderia sentar perto de mim e isso me deixava bem mais aliviada. O professor de Inglês entrou na sala com todos os seus materiais e entrou atrás dele, percebendo que estava atrasado. Parece que a primeira pessoa que ele viu na sala fui eu. deu um sorriso que demonstrou toda a sua chateação por eu nem ao menos ter olhado pra ele. Os olhares tristes procuraram qualquer carteira vazia e achou uma que ficava no fundo. Foi até lá e se sentou.

A aula não podia ser mais chata. Pelo menos, eu havia ido bem na prova. Eu havia passado sem precisar de recuperação e pelo que eu pude notar, também conseguiu. Eu não olhei pro ele durante toda a aula. Eu me monitorei para isso.

Quando o sinal da saída tocou, eu nem acreditei. Eu estava maluca para sair correndo daquela sala, mas o meu medo de encontra-lo na porta era maior. Decidi que esperaria todos saírem da sala para não correr esse risco. Arrumei o meu material da forma mais lenta do mundo. Não fiquei observando quem saia, mas eu percebia que o barulho na sala ficava cada vez mais baixo.

O silêncio finalmente tomou conta da sala de aula e eu percebi que estava sozinha. Fechei o zíper da minha bolsa e mexi em meu cabelo, apenas para dar uma ajeitada. Me levantei da cadeira e coloquei a bolsa em um dos meus ombros. Dei alguns passos e cheguei na parte da frente da sala, onde o professor costuma ficar. Naquele momento eu percebi que eu não estava sozinha. Eu virei o meu rosto para olhar e ali estava ele, me olhando.

Em segundos, minhas mãos já estavam soando frio e eu só queria sair correndo dali, mas eu sabia que eu não podia. Deixei de olhá-lo e encarei a porta. Eu queria tanto que ela estivesse mais perto de mim nesse momento. Eu respirei fundo e dei mais alguns passos em direção a ela.

não acreditava que eu sairia sem ao menos dizer nada a ele. Eu podia pelo menos acenar de longe, mas nem isso eu fiz. A cada passo que eu dava em direção a porta, as chances de a nossa amizade voltar a ser o que era antes diminuíam. Meu peito se apertava, porque por dentro eu estava lutando comigo mesma para fazer aquilo ou não. Eu cheguei na porta. Eu estava a um passo da liberdade, um passo de perder uma pessoa muito importante pra mim, meu melhor amigo. Eu não posso. Não posso fazer isso.

A expressão no rosto de mudou rapidamente, quando ele me viu parar na porta. Eu ainda estava de costas pra ele. Passei uma das mãos pelo meu rosto e neguei com a cabeça, novamente reafirmando pra mim mesma que eu não podia fazer aquilo. Eu me virei e olhei diretamente pra ele. sorriu de um jeito fraco, mas ainda sim foi um sorriso de sincera felicidade.

- Como está curativo? – Foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça.
- Está ótimo. A minha médica é realmente boa. – respondeu de um jeito descontraído.
- É, eu aposto que é. – Eu afirmei com um sorriso forçado no rosto.
- É... – sorriu, afirmando com a cabeça. Eu continuei sorrindo pra ele por um tempo e voltei a me virar de costas. Não, não! Porque eu não consigo dizer? Porque era tão difícil falar sobre aquele assunto que havia me devastado há dias atrás? A única coisa que me veio na cabeça naquele instante era a imagem de , me pedindo para ser forte. Eu tinha que ser forte.
- Eu posso te perguntar uma coisa? – Eu disse e em seguida me virei para olhá-lo mais uma vez. Ele já não estava sentado, mas sim de pé, há alguns passos de mim.
- Claro, qualquer coisa. – tentou sorrir, mas eu mesmo assim vi as poucas lágrimas em seus olhos. Parecia que aquele assunto também mexia com ele do jeito que mexia comigo.
- Bem, na verdade eu preciso da sua ajuda pra uma coisa. – Eu coloquei a minha bolsa sobre uma das certeiras e a abri, procurando algo dentro dela por um tempo. observava a cena, curioso.
- Ajuda pra que? – continuava olhando para as minhas mãos, que reviravam o interior da minha bolsa.
- Aqui. – Eu havia achado. Puxei de dentro da minha bolsa a nossa corrente da amizade. O sorriso que tanto quis manter no rosto, de repente desapareceu quando ele viu aquela corrente em minhas mãos. – Bem, eu ganhei isso de uma pessoa muita especial. – Eu levantei a correntinha, deixando todo o seu resto à mostra. Olhei pra ele e deixou de olhar a corrente para me olhar. Percebi ele engolindo o choro, mas as lágrimas alcançaram de vez os seus olhos. – Na verdade, eu ganhei isso do meu melhor amigo. Significa muito pra mim. – Eu sorri, nervosa. sorriu de lado, sem tirar os olhos de mim. – Eu queria saber se você podia me ajudar a colocar no pescoço. – Eu finalmente disse e percebi que eu choraria. Eu tentei sorrir ainda mais para que as minhas lágrimas não ficassem tão em evidência, mas eu sei que não funcionou.

Eu continuei olhando para e vi quando ele ainda me olhava, enquanto negava com a cabeça. Ele tirou uma das alças da sua bolsa, que estava em um de seus ombros e a colocou sobre uma carteira qualquer que estava perto dele. Eu ainda esperava pela sua resposta, quando ele começou a andar em minha direção com passos rápidos. Antes do que eu esperava, ele estava em minha frente e seus braços estavam em torno de mim, me apertando contra o seu corpo. Meus braços também fizeram a volta em seu corpo, enquanto eu também o apertava com toda a minha força. Mesmo sem estar olhando para o seu rosto, eu percebi que ele estava chorando, ali em meus braços.

- Me desculpa. – Ele disse com a voz trêmula. – Eu sinto muito ter magoado você. – Ouvir ele dizer aquilo, me fez desabar no choro junto com ele.
- Eu sei, eu sei. – Eu tentava acalmá-lo, mesmo que a calma fosse a coisa que mais faltasse em mim naquele momento. – Me desculpa também. Eu não queria ter dito todas aquelas coisas. – Nós ainda estávamos abraçados.
- Não, você estava certa. Você esteve certa o tempo todo. – terminou o abraço para me olhar. – O que eu fiz foi errado e me dói ainda mais saber que eu fiz isso com você. Logo com você, a pessoa que mais ficou ao meu lado todos esses anos. A garota que me ajudou a pegar todos aqueles livros que eu havia derrubado no meio do pátio no meu primeiro dia de aula. A mesma garota que me incentivou a me inscrever no time da escola. Aquela pirralha que um dia me disse para não desistir, que sempre disse que eu poderia conseguir tudo o que eu quisesse. A primeira garota no mundo que eu quis chamar de melhor amiga. – dizia tudo aquilo com a voz embargada e com aquela carinha de choro, que me fazia chorar com ele.
- Tudo bem.. – Eu não queria que ele continuasse dizendo aquelas coisas tão tristes.
- Você sempre fez parte de todos os momentos da minha vida e naquele dia terrível, quando eu vi o seu rosto , a sua expressão de desapontamento... – negou com a cabeça. – Eu sabia que você já não estava na minha vida e a culpa era minha. – Uma lágrima solitária escorria de um dos cantos dos seus olhos. – Eu preciso de você na minha vida. Eu preciso da minha melhor amiga. – não conseguia parar de chorar.
- Hey, eu estou aqui. – Toquei seu rosto com minhas duas mãos, secando suas lágrimas, enquanto várias escorriam pelo meu. – Eu não vou a lugar nenhum. – Eu tentei sorrir, olhando em seus olhos.

voltou a colar nossos corpos, fazendo com que ficássemos abraçados por mais um tempo. A dor que eu havia sentido naquele dia em que eu achei que a nossa amizade havia acabado, diminuía aos poucos a cada segundo daquele abraço. Eu terminei o abraço daquela vez e olhei seu rosto, coberto de lágrimas.

- Eu não vou conseguir parar de chorar, se você não parar. – Eu disse, sorrindo pra ele.
- Ok, eu vou parar. – riu, passando as mãos em seu rosto. – Eu já parei. – Ele continuava rindo.
- Melhor. – Eu disse, depois de ter feito o mesmo.
- Então, você precisa de ajuda? – apontou pra corrente, que ainda estava em minha mão.
- Sim, por favor. – Eu entreguei a corrente pra ele e me virei de costas, segurando o meu cabelo, enquanto ele terminava de coloca-la.
- Pronto. – disse e eu me virei de frente pra ele. Olhei a corrente em meu pescoço e depois olhei pra ele. – Nunca pareceu tão bonita em você. – sorriu fraco.
- Como assim, ‘nunca’? – Eu fingi estar indignada. – Está brincando comigo? – Eu cerrei os olhos.
- Não, não. Está linda, como sempre. – mudou rapidamente de ideia. – Tão linda quanto a . – disse, sem jeito. – Está vendo? Eu caprichei nesse elogio. – Ele apontou o dedo pra mim, demonstrando que agora eu não teria do que reclamar.
- Falando nisso... – Eu voltei a olhá-lo de forma mais séria. – Eu estou feliz por você. Conseguiu a garota. – Eu disse e ele ficou todo sem graça.
- É, eu consegui. – riu, me olhando de forma agradecida. – Aliás, você me desculpou, mas você também desculpou a ... – Ele ia dizer o nome de , mas eu o interrompi.
- Não abusa... – Eu disse e ele voltou a rir, demonstrando-se arrependido por ter dito aquilo.
- Ok, entendi. – Ele afirmou com a cabeça.
- E eu queria aproveitar pra te agradecer por ontem. – Eu sorri, sem mostrar os dentes.
- Eu é quem deveria te agradecer, já que foi você quem me salvou. – revirou os olhos, rindo de si mesmo.
- Não. – Eu afirmei, séria. – Se você não estivesse lá, eu não teria coragem pra fazer tudo aquilo. Eu fiz tudo aquilo porque eu não podia deixar você se machucar. Se você não estivesse lá, eu nem sei o que Peter teria feito comigo. – Eu neguei com a cabeça. – Então, obrigada. – Eu me aproximei e beijei o seu rosto.
- Obrigado por ter me ajudado e por ter cuidado de mim. – também beijou o meu rosto.
- Eu adorei fazer isso, porque daqui alguns anos essa será a minha profissão. – Eu disse, meio rindo.
- Me usar de cobaia não é legal. – cerrou os olhos.
- Awn, desculpa. – Eu gargalhei.
- Vamos sair, que devem estar nos procurando. – passou os braços pelo meu ombro, me puxando.
- Vamos.. – Eu concordei, pegando a minha bolsa e colocando-a de volta em meus ombros. Olhei meu celular e vi que tinha uma mensagem de texto de . – disse que está me esperando no estacionamento. – Eu li em voz alta e me olhou.
- Vamos até lá então. – continuou me puxando.

não sabia o motivo da minha demora. Estava prestes a me ligar, quando a sua melhor amiga apareceu em sua frente. Pela cara dela, ela havia passado a noite chorando. Ainda assim, haviam vestígios de maquiagem em seu rosto. O lápis de olho, o blush e o brilho labial. Ela usava um macacão curtíssimo. não sabia se perguntava sobre ela ou sobre . Não sabia nem se devia perguntar alguma coisa.

- Nós podemos conversar? – Amber cruzou os braços, olhando pra ele de forma séria.
- Podemos, é claro. – sorriu, apenas para tirar um pouco de tensão daquela conversa.
- Você não me contou. – Amber parecia estar furiosa. sabia sobre o que ela se referia.
- Eu, eu... – hesitou dizer. Não sabia o que dizer. – Faz tanto tempo que eu achei que não fazia mais diferença. – também ficou sério.
- Eu passei a minha vida inteira achando que você havia terminado o nosso namoro, porque você simplesmente deixou de me amar. Agora eu descubro que foi porque a te obrigou a isso. – Amber repetiu aquela história que conhecia bem.
- É complicado... – negou com a cabeça.
- Eu sei que é complicado! Minha prima é uma vadia mentirosa. Consegue sentir o drama familiar? – Amber ironizou.
- Ela não queria que eu contasse. – se convenceu de que aquele era um bom argumento.
- Ela não queria? Bem, , ela quer que você termine com a . Você vai terminar? Você vai ouvi-la dessa vez? É claro que não. – Amber parecia indignada.
- Ela é a sua prima, Amber. Eu não podia resgatar o passado e estragar a relação tão bonita de vocês duas. – procurava argumentos cada vez mais convincentes.
- Que se dane que ela é a minha prima! Que se dane a nossa linda relação! A única relação que importou pra mim até hoje era a minha relação com você! – Amber estava ficando cada vez mais irritada.

Eu cheguei no estacionamento com . Nós riamos de alguma piada idiota que ele havia contado. Paramos de rir por alguns segundos para procurarmos . Achamos ele na mesma hora. Enquanto a minha reação era de raiva e surpresa, a reação de era uma simples careta que parecia dizer ‘Ferrou!’.

- Talvez nós devêssemos ter demorado um pouco mais. – comentou, forçando um sorriso. Eu não parava de olhar para e Amber, mas eu ainda escutava o que dizia.
- Qual o problema, não é? Eles são amigos. – Eu disse tentando convencer a mim mesma.
- Sim, só amigos. – concordou, apenas para me dar um apoio emocional.
- Odeio esse casal e você? – Jessie chegou ao meu lado, olhando para Amber e .
- Dá o fora, Jessie. – Eu revirei os olhos.
- Sabe, analisando melhor, eles não são tão ruins assim. Eles até que combinam. – Jessie disse apenas para me tirar do sério.
- Eles só são amigos, garota. Para de querer causar. – Eu cruzei os braços, ainda olhando e sua amiga conversando.
- As alturas deles são compatíveis e ela chama a atenção de todo mundo, assim como ele. – Jessie continuava tentando me provocar. – Eles parecem ser aquele tipo de casal que, se fossem famosos, seriam os favoritos da mídia. – Jessie riu sozinha, porque sabia que eu já estava furiosa.
- Eu estou falando sério... – Eu olhei pro , que estava do meu outro lado. – Eu vou arrancar o aplique dela com apenas um puxão. – Eu sorri falsamente.
- Jessie! – foi em direção a Jessie. – Para de encher o saco dela e vai viver a sua vida. Isso já está ficando chato. – Jessie o olhou com cara feia.
- Olha quem está falando, a chatice em pessoa. – Jessie tentou dar o troco.
- Ótimo, ainda bem que eu não me importo, né? – sorriu falsamente para Jessie. – Vamos, dá o fora logo. – deixou Jessie tão sem graça, que ela saiu discretamente.
- O que será que eles estão conversando? – Eu ainda tentava ler os lábios de de longe.
- Eu não sei. – ergueu os ombros.
- Eu sou a namorada dele, não sou? Eu tenho todo o direito de saber o assunto dessa conversa. – Minha frase havia me encorajado a ir até lá. Eu dei alguns passos em direção a eles, mas entrou em minha frente.
- Wow, wow, wow, onde você pensa que vai? – tentava prevenir qualquer problema.
- Eu vou falar com o meu namorado. Eu já volto. – Eu pisquei pra ele, desviando e voltando a andar em direção a e Amber. Cheguei atrás de e coloquei meus braços em torno de seu pescoço, beijando uma de suas bochechas. – Hey. – Eu disse e ele me olhou, sorrindo.
- Hey, eu estava te esperando. – ficou todo sem jeito.
- Estava? – Eu olhei pra Amber e ela revirou os olhos.
- A Amber acabou de chegar. – apontou pra amiga.
- Nós estávamos tentando conversar. Pode nos dar licença? – Amber já começou com a ignorância.
- O que? – Eu fingi não ter ouvido para dar a chance dela consertar.
- Eu quero conversas a sós com o . Dá pra sair? – Amber apontou pra qualquer outra direção que eu poderia ir.
- E o que faz você pensar que eu vou atender o seu adorável pedido? – Eu sorri, sendo sarcástica.
- SAI LOGO! – Amber gritou, impaciente.
- Oh, ela gritou! Agora sim eu estou aterrorizada. – Eu só disse para irritá-la ainda mais.
- Ou você sai por livre espontânea vontade ou eu mesma tiro você daqui. – Amber cerrou os olhos pra mim.
- Eu quero ver você tentar. – Eu a encarei.
- Hey, parem com isso! – gritou, achando que conseguiria impedir aquela briga.
- Não, ! Eu já estou cheia dessa garota! – Amber voltou a me olhar. – Ela adora me provocar e esfregar esse namorinho de vocês na minha cara. – Amber estava colocando tudo pra fora. Tudo o que ela vinha segurando nas últimas semanas.
- Te incomoda eu beijar o meu namorado? Te incomoda o jeito de eu ter alguém que me ame, mesmo com todos esses defeitos que você ama enumerar? Te incomoda o fato dele ter te trocado por mim, mesmo com todo o trabalho que você tem pra parecer a garota perfeita? – Eu fui falando naquele tom grosseiro que eu sabia usar muito bem. – Eu gostaria de dizer que eu sinto muito por você, mas eu não sinto. – Eu finalizei, sabendo que eu havia acabado com ela.
- Se você é assim tão segura de si mesma, qual o problema em me deixar sozinha com ele? – Amber sorriu com sarcasmo. – Qual o seu medo? – Ela arqueou a sobrancelha, me olhando.
- Medo? Eu não tenho medo de você. – Eu a encarei, ficando mais séria.
- Você não tem medo de mim, mas você tem medo do que eu sou e o que eu represento para todas as pessoas que você ama. – Amber pegou no meu ponto fraco. Vadia!
- Cala essa boca. – Certo, agora ficou pessoal. Ela não devia ter entrado nesse assunto.
- Wow! Está vendo? Foi só falar que você já se coloca na defensiva. – Amber riu.
- De onde você tirou toda essa porcaria? – Eu me fiz de desentendida. Se eu demonstrasse fraqueza, ela pisaria de vez em mim.
- Qual é, não seja hipócrita! – Amber voltou a rir. - Essa armadura que você colocou sobre você mesma não engana mais ninguém. – Amber estava indo cada vez mais longe.
- , me espera no carro. – entrou na minha frente e começou a me empurrar.
- Me solta! Eu não vou a lugar nenhum. – Eu puxei meus braços, que ele segurava com as suas mãos.
- Você não precisa ouvir isso. – me olhou, sabendo que aquele assunto era delicado pra mim.
- Fica fora disso. – Eu o avisei e sai de sua frente, voltando a olhar pra Amber.
- Vá direto ao ponto, Amber! Fala de uma vez o que você quer falar! – Eu disse, me sentindo forte para ouvir aquilo. O meu ódio por ela era mais do que qualquer fraqueza.
- Assuma, ! Assuma que você tem medo do que sentiu por mim no passado. Assuma que você tem medo de que eu o agarre e que ele não resista a mim de novo. Assuma que você fica aterrorizada só em pensar no fato de que todos os seus amigos preferem a mim do que você e que talvez o seja o próximo a fazer isso. – Amber dizia com aquela arrogância, que me deixava mais furiosa a cada palavra. Eu não aguentei.
- Agora EU vou te dar motivos pra ter medo de mim, sua vadia desgraçada! – Eu parti pra cima dela e quando eu estava há poucos passos dela, me segurou pela cintura. QUE DROGA! ALGUÉM ME DEIXA BATER NESSA VADIA, POR FAVOR?
- ! Para com isso! – entrou na minha frente. – PARA! SE ACALMA! – gritou, quando viu que eu não estava dando ouvidos.
- Eu vou matar ela, . SAI DA MINHA FRENTE. – Eu tentei passar por ele de novo, mas ele me impediu.
- HEEEEEEY! – Ele gritou de um jeito que eu nunca havia escutado. Eu parei com a histeria e olhei pra ele. – Entra no carro! – Ele disse em tom de ordem.
- Não, mas eu vou.. – Eu tentei argumentar, mas ele me interrompeu.
- EU FALEI PRA ENTRAR NA PORCARIA DO CARRO! – me encarou, furiosamente. Eu suspirei, sabendo que eu não conseguiria mesmo resolver aquilo com ele ali. Eu fuzilei ele com o olhar e me virei, indo pro carro dele.
- Você viu, ! Você viu que foi ela que começou! – Amber disse, mesmo estando de costas pra ela.
- Que coisas eram aquelas que você estava falando? – se referia as partes em que Amber falou sobre ele.
- Eu não sei. Eu só... - Amber passou a mão pelo cabelo, confusa. – Eu só queria atingir ela. – Ela olhou pro e negou com a cabeça.
- Vá pra casa e se acalma. Nós conversamos uma outra hora. – também não parecia nada feliz com Amber.
- , espera.. – Amber tentou impedi-lo de ir, mas não conseguiu.

Eu estava sentada no banco do passageiro. Meus braços estavam cruzados e a minha bolsa estava em meu colo. Eu continuava com a expressão séria, quando se sentou ao meu lado. Ele não disse nada, apenas começou a dirigir o carro. Eu não olhava pra ele e nem ele olhava pra mim. O silêncio estava me matando. Quando eu decidi me manifestar, fez isso antes de mim.

- Já se acalmou? – perguntou, sem me olhar.
- Você não devia ter me tirado de lá. – Eu também não olhei pra ele.
- Você está certa! Eu devia ter comprado uma pipoca e ter sentado para assistir a maravilhosa briga entre você e a Amber. Talvez eu devesse ter filmado para colocar no Youtube! O que você acha? – disse, irônico.
- Você não tinha que se intrometer. Isso não tem a ver com você, . – Eu continuava sem olhá-lo.
- Eu? Como isso poderia ter a ver comigo? São vocês duas. Vocês são o problema! – finamente virou o seu rosto para me olhar.
- Você não ouviu o que ela disse? Como eu poderia não ter saído do sério com o que ela disse? Ou você vai ficar do lado dela e dizer que ela estava certa e eu estava errada? – Eu também olhei para ele.
- Eu estou do MEU lado! – parecia irritadíssimo me dizendo aquelas coisas. – Como você acha que é pra mim ver a minha namorada e a minha melhor amiga brigando? – perguntou retoricamente. – Pense, ! Como você reagiria se fossemos eu e o brigando? – Ele me olhou.
- É, mas o não é apaixonado por mim. – Eu argumentei, mas ele nem me deixou terminar de falar.
- Não use essa desculpa! – ficou ainda mais irritado. – Não importa o que a Amber sente. , não importa o que você acha que ela sinta por mim. A única coisa que interessa é o que eu sinto. A única porcaria que interessa é que não é correspondido por mim! – estava quase gritando. – Qual é a dificuldade em entender isso? Você acha o que? Que eu vou te trair com ela? Que do dia pra noite eu vou descobrir que eu deixei de te amar e que estou apaixonado por ela? – parou o carro. Eu nem ao menos tinha percebido que já estávamos em minha casa.
- Olha, eu sei que está bravo. – Eu tentei dizer, mas ele voltou a me interromper.
- Bravo? É claro que eu estou bravo! Você tem a mínima noção do que é ver duas pessoas com as quais você se importa brigando? – continuava bravo. – Droga! Você tem que entender que o fato dela sentir qualquer coisa por mim, não influencia em nada pra mim. Não influencia no que eu sinto por você. Como pode ser tão difícil de entender isso? – estava quase socando o volante do carro.
- Ok, talvez eu tenha exagerado. – Eu suspirei, me rendendo.
- TALVEZ? ESTÁ DE BRINCADEIRA COMIGO? – me olhou, indignado.
- OK! OK! Eu exagerei! Eu errei e eu sinto muito. – Eu precisava fazer ele me perdoar agora. – Eu sinto muito se eu te desapontei e se eu te coloquei em alguma situação difícil. Eu... sinto muito. – Eu suspirei longamente.
- Ta, tudo bem. – disse, mas não pareceu verdadeiro.
- Não, não está tudo bem. – Eu disse, percebendo que ele ainda estava bravo.
- Eu sei que eu já te pedi isso milhões de vezes, mas... confie em mim e no que eu sinto por você. – disse de um jeito mais calmo.
- Eu confio mais do que tudo. Eu juro. – Eu disse e ele me olhou daquela forma doce que só ele conseguia olhar.
- Certo, eu acredito em você. – disse, mas ainda faltava alguma coisa.
- O que eu tenho que fazer pra você me desculpar? – Eu propus e ele me olhou, parecendo pensativo.
- Eu já desculpei. – achou que já havia me convencido.
- O que eu tenho que fazer? – Eu voltei a insistir. me olhou e pensou.
- Ok, eu quero que você diga uma coisa. – disse com a expressão séria.
- Dizer o que? – Eu perguntei, sem saber o que esperar.
- Repita comigo. – Ele pediu e eu afirmei com a cabeça. – Eu.. – Ele disse, esperando eu repetir.
- Eu... – Eu sorri, apenas por ter certeza de que aquilo acabaria de forma engraçada.
- Tenho.. – esperou que eu repetisse.
- Tenho... – Eu revirei os olhos com um sorriso fraco no rosto.
- Ciúmes de você. – disse e eu abri o sorriso, negando com a cabeça. também riu, afirmando com a cabeça como quem dissesse ‘Você tem que dizer!’. Eu rolei os olhos, segurando a risada.
- Ciúmes de você. – Eu olhei pra ele. – Satisfeito? – Eu arqueei a sobrancelha.
- Não, ainda não acabou. – fez cara feia. – Repete de novo e ai nós continuamos. – Eu olhei pra ele, indignada.
- Eu tenho ciúmes de você... – Eu esperei pelo resto. afirmou com a cabeça, querendo dizer que eu havia dito tudo certinho.
- E eu.. – me olhou, esperando que eu repetisse.
- E eu... – Eu cerrei os olhos pra ele.
- Amo você. – disse entre sorrisos e eu não contive o meu, depois de ouvir o que ele queria que eu repetisse.
- Amo você. – Eu dei um fraco sorriso, enquanto ele me olhava daquele jeito carinhoso.
- Isso foi incrível! – aproximou seu rosto do meu.
- E onde está o meu prêmio? – Eu perguntei e ele abriu um enorme sorriso, enquanto olhava para os meus lábios. tocou meu rosto com uma das mãos, trazendo meu rosto pra mais perto do seu. Nossos lábios se tocaram e começaram a brincar uns com os outros. A brincadeira durou até decidir aprofundar o beijo, que até que foi longo, levando em conta os últimos que demos.
- Agora eu estou perdoada? – Eu descolei nossos lábios e depois dei alguns selinhos.
- Totalmente. – riu, me dando mais um intenso selinho.
- Que bom. – Eu sorri, olhando pra ele de perto.
- O que você vai fazer hoje à tarde? – perguntou, sabendo que não poderíamos passar a tarde juntos.
- Eu vou começar a arrumar as malas. Quer dizer, eu já comecei, mas eu ainda não coloquei nada em malas. Eu só separei algumas coisas. – Eu disse, sabendo o quanto estava atrasada.
- Já estava na hora, né? – sorriu, sem querer deixar aquele assunto lhe abalar.
- É, faltam apenas 5 dias. – Eu não disse com toda a empolgação que deveria.
- É, passou rápido. – forçou um sorriso.
- Você tem treino hoje, não é? – Eu só quis mudar o assunto.
- Sim, faltam 3 dias para o jogo. – disse, demonstrando-se nervoso.
- Você é o capitão. Não pode se atrasar. – Eu disse e ele concordou.
- Você está certa. Eu já tenho que ir. – fez bico e se aproximou para mais um selinho. – Aliás, eu gostei do sua corrente. – olhou para o meu pescoço, referindo-se a corrente da amizade.
- É, parece que eu tenho um melhor amigo de novo. – Eu também olhei para a corrente em meu pescoço.
- Eu estou feliz por vocês. – sorriu de forma doce. – E estou orgulhoso de você. Eu disse que você conseguiria. – Ele me olhou.
- É, você disse. Você acredita em mim mais do que ninguém. – Eu disse, olhando em seus olhos. – Obrigada. – Eu voltei a me aproximar para selar os seus lábios mais uma vez.
- Não precisa agradecer. – devolveu o selinho. – Nos falamos mais tarde? – Ele perguntou.
- Combinado. – Eu me afastei, pois sabia que ele já estava atrasado para o treino.
- Até lá então. Te amo. – Ele viu que eu já estava abrindo a porta do carro.
- Eu também te amo. – Eu pisquei pra ele, antes de sair do carro, fazendo com que ele risse por poucos segundos.

Desci do carro e entrei em minha casa. Eu tinha tanta coisa para fazer que não sabia nem por onde começar. Eu estava feliz porque as coisas haviam voltado ao normal com o . me deixava cada vez mais confiante com relação a Amber. A cada dia eu tinha mais certeza de que aquele namoro não havia tido significado nada para ele.

Eu almocei e comecei a separar algumas roupas e sapatos. Eu tinha tanta coisa, que achei que não fosse precisar levar tudo. Certamente não caberia dentro da mala, por maior que ela fosse. Falando em malas, já estava mais do que na hora de eu pegá-las no sótão. Eu as peguei e voltei para o meu quarto com todas elas. Comecei a enchê-las de roupas. Mexendo em uma delas, achei um envelope. Abri ele porque sou curiosa demais pra deixar passar. Havia uma foto, que parecia ser muito antiga. Na foto haviam dois homens, na verdade, pareciam garotos. Eles usavam roupas do exercito e pareciam ser muito próximos. Eu não fazia ideia de quem eles eram.

Deixei a foto de lado e continuei arrumando as malas. Eu encontrei roupas que eu nem me lembrava mais que tinha. Parecia até que eu era como das outras vezes em que eu só estava arrumando as malas para ir para uma viagem em família. Eu ainda não havia entendido a proporcionalidade de tudo aquilo Eu não percebi que estava arrumando as malas para me mudar de cidade.

- Como está essa bagunça? – Meu pai apareceu na porta do quarto.
- Oi pai. – Eu sorri pra ele. – A bagunça está um pouco... bagunçada. – Eu disse, rindo.
- Eu ia dizer que era para você levar poucas malas, mas parece que será impossível. – Meu pai também riu.
- Eu acho que não vai caber nessas malas. – Eu disse, apontando para todas as malas. – Ah, pai! Eu estava me esquecendo. – Eu peguei a tal foto que eu havia achado. – Em uma das malas eu achei essa foto. – Eu a entreguei pra ele. – Quem são esses? – Eu observei ele olhar a foto com atenção.
- Esse sou eu. – Meu pai riu, me devolvendo a foto. Eu olhei para foto e finalmente percebi que era o meu pai ali.
- Nossa, é mesmo! Eu nem tinha notado. – Eu disse, surpresa. – Nossa, pai! O senhor era bonitão. – Eu disse e ele gargalhou.
- Era o que sua mãe dizia. Aliás, ela ainda diz. – Meu pai disse, fazendo graça.
- Isso foi há muito tempo atrás, não é? – Eu perguntei, apenas por curiosidade.
- Foi há quase... 22 anos atrás. – Meu pai disse, indeciso sobre a data.
- Nossa, faz tempo mesmo. – Eu gargalhei. – E quem é esse do seu lado? – Eu aproveitei para perguntar.
- É um velho amigo. – Meu pai sorriu fraco. - Eu procurei muito por essa foto. Ainda bem que você achou. – Meu pai estendeu a mão e eu a entreguei pra ele.
- Guarde isso. É uma antiguidade. – Eu sorri, vendo que aquela foto parecia importante pra ele.
- É, eu vou. – Ele sorriu pra mim. – Continue com a bagunça. – Ele girou a maçaneta e abriu a porta.

Malas, malas e mais malas. Foi isso o que resumiu a minha semana. Eu arrumava um pouco em cada dia. esteve comigo todos os dias. Eu falava em arrumar as malas, ele fugia. Ele odeia arrumar malas e eu acho que ele não gostava de me ver arrumando as malas para ir embora. Ele treinou a semana toda com os companheiros do time. havia conseguido se recuperar bem e até conseguiria jogar na sexta-feira. e pareciam ter reatado com o namoro. Eles viviam sumindo entre os intervalos das aulas. e também não tinham nada assumido publicamente. Não, eu e não havíamos voltado as boas. Ela veio tentando se aproximar de mim a semana toda, mas eu estou meio que com trauma de amigas. Não é que nós não estejamos conversando. Nós só conversamos o mínimo, sem intimidade nenhuma. era a única que me restava mesmo assim, ela já não estava tão presente por causa dos vestibulares que estava fazendo.

Brigas? Não se anime. Eu não vi mais Amber naqueles 4 dias. voltou para a escola, mas ela andava meio afastada de todos, inclusive de . Não que estivéssemos excluindo ela do grupo de amigos, mas ela fez questão de se excluir e se manter longe de todos os amigos, depois de toda aquela briga com Amber. Ninguém soube direito o que aconteceu entre elas. Nem ao menos sabia.

, ele vinha me impressionando a cada dia. Ele sempre se mostrou tão apaixonado por , que quando toda a confusão aconteceu eu achei que ele jamais olharia na minha cara de novo, mas não. Ele esteve comigo e com os nossos amigos todos os dias. queria ficar sozinha e ele não fazia questão de insistir.

Hoje era sexta-feira! Dia do jogo e o último dia de aula! Como poderia ser mais emocionante? Eu nunca fiquei tão feliz em ir para a escola. Eu até levantei ser reclamar! Me arrumei mais do que eu me arrumava todos os outros dias para ir a escola. Aquele dia era um dia especial. Era a última vez que eu fazia aquilo. Tinha que ser especial, inesquecível e talvez um pouco triste.

- Nossa, mas já acordou? – chegou em meu quarto, enquanto eu me maquiava em frente ao espelho. – Hoje é o último dia que eu podia te acordar aos berros, sua chata. – riu.
- Esse é o tipo de coisa da qual não vou sentir falta. – Eu também ri, olhando ele através do espelho.
- Você está animada? – perguntou.
- Eu não sei. É estranho. É o último dia, sabe? Eu não sei se eu comemoro ou se eu choro. – Eu me virei para olhá-lo.
- É, eu estou sentindo a mesma coisa. Acho que todo mundo está. – sorriu fraco.
- E o jogo? Está pronto? – Eu vi que ele também parecia ansioso.
- Eu estou muito ansioso. Eu jogo com aqueles caras há anos. Essa é a última vez. – também parecia triste com aquilo.
- Eu tenho certeza que vocês vão arrasar! – Eu tentei animá-los.
- Estou louco para ver o Peter levando uns socos do . – riu.
- Não começa com isso. – Eu revirei os olhos. – Vai, vamos. – Eu o empurrei em direção a porta.
- Ah, hoje você está com pressa, né? – me provocou.
- Não começa com isso também. – Eu rolei os olhos, enquanto descíamos as escadas.

Tomamos o café da manhã sem pressa. Não estávamos atrasados. Não tínhamos que fazer tudo correndo dessa vez. Saímos de casa 10 minutos antes da hora que costumávamos sair. não precisou correr com o carro e nem ficar falando do quanto eu me atraso em tudo. Chegamos na escola e vimos o sorriso no rosto de todos. Eram férias de verão para alguns e férias eternas para outros. Descemos do carro e fomos em direção ao portão da escola. As pessoas iam cumprimentando no caminho até lá, outros desejam sorte para ele e para o resto do time.

Entrar na escola pela última vez foi a sensação mais estranha. Era a última vez que eu passava por aquele portão, pelo qual tantas vezes passei correndo porque estava atrasada para aula. Olhar para a escada e ver todos os meus amigos ali, reunidos. Aquele era o nosso ponto de encontro. Onde seria o nosso ponto de encontro agora?

- É o primeiro dia na história dessa escola que eu e a não chegamos atrasados! – ergueu os braços, comemorando.
- Um dia tinha que acontecer, né? – gargalhou.
- Você está linda. – me puxou pra perto dele, beijando o meu rosto e depois os meus lábios.
- E como está a ansiedade do capitão? – Eu perguntei, enquanto nossos narizes ainda estavam se tocando.
- Está enorme. É a grande final e eu sei que vamos acabar com o jogo. – disse alto para que os amigos ouvissem.
- Vamos arrasar! – comemorou.
- Eu vou fazer 2 gols hoje. – fez a previsão.
- A vitória não seria tão boa se não fosse sobre o Peter. – completou.
- Eu juro que se eu quebrar uma das pernas dele vai ser totalmente sem querer! – disse, causando a risada de todos.
- Eu não acredito que eu tenho aula de Matemática no último dia de aula! – fez bico.
- Nós não deveríamos ter aula no último dia de aula. Nós podíamos só... ficar aqui conversando. – idealizou.
- É, mas um dia eu vou sentir falta dessas aulas chatas e entediantes. – sorriu sem mostrar os dentes.
- É, eu também. – Eu sorri pro , enquanto concordava com eles.
- Não vamos começar com a choradeira antes da hora! Podem parar! – disse de um jeito engraçado, querendo tirar aquele clima de tristeza.
- Acho que já devemos ir pra sala. Os professores já estão indo pra lá também. – apontou com a cabeça para alguns professores que iam em direção a sala de aula.
- Vamos então. – disse, pegando sua mochila em um dos degraus da escada.
- Encontro vocês no intervalo. – saiu com , que acenou com uma das mãos.
- Beijos. – Eu mandei um beijo no ar e sai com . foi para o outro lado com e .

e eu caminhamos de mãos dadas até a porta da minha sala. Depois de trocarmos alguns selinhos, eu entrei em minha sala e ele foi para a dele. As aulas passaram muito rápido. É sempre assim, né? Quando você quer que tudo aconteça lentamente, as coisas voam como nunca. Antes de sair da sala, o professor nos disse sábias palavras que emocionou a classe toda. Nos falou sobre futuro, sonhos e sobre escolhas certas.

As pessoas foram saindo da sala e eu fiz o mesmo, enquanto observava os detalhes da sala de aula. Aquela sala que eu sentiria tanta falta. Passei pela parte da frente dela e andei até a porta. Pisei no corredor e alguém me puxou pela cintura.

- ! Que susto! – Eu ri, apoiando minhas mãos em seus braços, enquanto suas mãos continuavam em torno da minha cintura.
- Vem comigo. – segurou a minha mão e começou a me puxar.
- Espera! Onde você está me levando? – Eu perguntei, enquanto ele ainda me puxava.
- Vem logo! – me puxou ainda mais e quando me dei conta estávamos correndo pelo pátio da escola. Eu estava rindo como uma idiota e também.
- Você é maluco! – Eu gritei, enquanto ainda corríamos.
- Porque está tão surpresa? – Ele gritou, rindo. Nós paramos de correr e ele virou-se pra mim. – Aqui. – Ele sorriu, ainda segurando a minha mão. Eu olhei em volta e logo reconheci o lugar.
- É o lugar onde escrevemos as redações. – Eu disse, me recordando daquela manhã em que tudo começou e nós nem fazíamos ideia disso.
- Eu te trouxe aqui porque eu quero te dar uma coisa. – ficou me olhando, esperando pela minha reação.
- O que é? – O meu sorriso aumentou, enquanto eu olhava pra ele, curiosa. soltou a minha mão e virou a sua mochila para frente, abrindo o seu zíper e pegando algo ali dentro.
- Abra. – me entregou um embrulho. Nós trocamos olhares e eu tentei fazê-lo dizer o que tinha ali. – Eu espero que você goste. – observou, enquanto eu abria o presente.
- Hm, é uma roupa. – Eu disse, assim que senti o tecido. Puxei de dentro do embrulho e logo notei as cores da camiseta. Era a camiseta do time de futebol da escola. – Oh, não! Não acredito. – Eu sorri, adorando ter a minha própria camiseta para usar no jogo de daqui a pouco.
- A garota do capitão do time deve ter uma camiseta do time, não acha? – ficou todo empolgado em ver o quanto eu havia gostado do presente.
- , eu adorei. Eu nunca ganhei uma. – Eu ainda não havia aberto a camiseta. estava esperando por isso.
- Deixe-me ajudar. – pegou a camiseta e a abriu, deixando a parte detrás dela de frente pra mim. Eu não acreditei quando li o nome que estava na camiseta: ‘Sra. Jonas’.
- Não acredito que você fez isso. – Eu ri, ainda sem ter reação.
- Eu quero que use isso hoje. – me olhou de forma doce.
- É claro que eu vou usar. – Eu peguei a camiseta em minhas mãos. – Eu adorei. Estou muito honrada por ser a garota que está recebendo isso. – Eu me aproximei e selei seus lábios. Eu queria beijá-lo, mas na escola não dava. Então, ficamos apenas nos selinhos.
- Estou feliz que tenha gostado. – disse, depois de um de nossos selinhos.
- Obrigada. – Eu acariciei o seu rosto e dei o último selinho.
- Obrigado por ter estado comigo em todos os outros jogos. Obrigado por estar comigo no meu último jogo. Significa muito pra mim. – O sorriso doce de fez meu coração amolecer.
- Você e eu... sempre. Lembra? – Eu disse a frase que havia nos marcado há dias atrás.
- Sim, você e eu. – deslizou a sua mão pelo meu braço e chegou em minha mão, entrelaçando nossos dedos. – Vamos? – apontou para o pátio da escola com a cabeça.
- Pronto para o seu último intervalo nessa escola? – Eu perguntei, guardando a camiseta em minha bolsa.
- Vamos ver. – Ele voltou a me puxar com uma das mãos. Dessa vez não estávamos correndo. Chegamos no pátio e fomos até a mesa onde nossos amigos costumavam sentar. Eles estavam lá. Nos aproximamos e eles abriram espaço para que eu e sentássemos.
- Onde vocês estavam? – perguntou, enquanto comia uma de suas bolachas de chocolate.
- Estávamos conversando ali em cima. – disse, roubando uma das bolachas de .
- Estão dizendo que o time da outra escola vai vir mais cedo para reconhecer o campo. – se lembrou de que ainda não tinha contado ao .
- Não brinca... – fez careta.
- Eu só não sei que horas eles vão chegar. – explicou.
- Eu não vejo a hora de ganhar daqueles idiotas. – já parecia estar concentrado para o jogo.
- Acabar com um deles já é suficiente pra mim. – disse, parecendo querer vingança pela surra que havia levado no final de semana passado.
- Eu quero que foquem no jogo! Entenderam? – pareceu ficar bravo. Estava apenas assumindo a sua postura de capitão. – Não importa com quem vamos jogar. Importa que vamos dar tudo de nós naquele jogo. – olhou para os companheiros.
- É, mas no final do jogo nada me impede de dar uns tapas naquele merda. – disse, demonstrando já ter toda a vingança planejada.
- Não vou falar mais nada porque eu sei que não adianta. – Eu revirei os olhos.
- Realmente não adiantará. – piscou pra mim.
- É parece que está na hora das nossas últimas aulas do ensino médio. – fez bico, assim que ouviu o sinal do intervalo soar.
- Depois da aula nós conversamos. – fez careta.
- , ! Espera! – Eu me levantei e fui atrás dele. Ele virou-se para me olhar.
- O que foi? – Ele sorriu pra mim.
- Está tudo bem? Quer dizer... você e a ? – Eu passei a semana toda preocupada com aquilo. Eu mal via mais a e juntos.
- Bem, está uma droga. Eu nem reconheço mais ela. – suspirou longamente. – Mas não preocupe. Está tudo bem. Eu to bem. – voltou a sorrir apenas para me deixar menos preocupada.
- Tudo bem então. – Eu pisquei pra ele e ele riu. Eu dei alguns passos para trás e ele acenou com a mão.
- Vejo você no jogo. – Ele gritou, antes de virar-se de costas e subir as escadas.
- O que aconteceu? – chegou ao meu lado, querendo saber o que eu queria com o .
- Eu só estava preocupada com o e a , mas ele disse que está tudo bem. – Eu me virei para olhar .
- Você... sempre se preocupando com todos, né? – sorriu pra mim, segurando uma das minhas mãos. – Vamos, eu te levo pra sala. – Ele me puxou pelo braço.
- Até depois. – Eu gritei, me despedindo dos meus amigos.
- Quando a aula acabar, não demora! Eu vou te buscar na sua sala. – gritou e eu me virei e fiz joia com o dedo polegar.
- Onde nós vamos comemorar a vitória de hoje? – Eu perguntei ao , enquanto andávamos pelo corredor da escola.
- Eu não sei. Onde eles decidirem, eu acho. – sorriu, gostando do fato de eu já acreditar na vitória deles. - E como estão os preparativos para apresentação? Já é amanhã. – perguntou.
- Eu fico nervosa só em pensar. Eu ensaiei a semana toda, mas cantar na frente do espelho é diferente do que cantar na frente de 100 pessoas. – A única coisa que me tranquiliza é que você vai estar lá na primeira fileira. Ver você lá vai me acalmar. – Eu disse e ele me olhou, comovido.
- Para de dizer coisas que me fazem querer te beijar, porque eu não posso fazer isso aqui. – queria dizer de forma séria, mas não conseguiu.
- Oh, me desculpa. Eu achei que você gostasse de viver perigosamente. – Eu voltei a provoca-lo e nós paramos no meio do corredor.
- Você está certa. – me puxou pela mão, olhou para os lados para ver se nenhum inspetor estava por perto e me encostou em um dos armários dos alunos.
- Não, eu estou brincando. – Eu ri, quando vi que ele ia me beijar.
- Só 1.. – se aproximou enquanto ria, me roubando um selinho.
- Certo. – Eu disse, depois de descolarmos nossos lábios.
- Talvez 2... – Ele selou de novo os meus lábios, me fazendo rir mesmo com nossos lábios ainda colados.
- Olha só quem eu encontrei! O casal favorito da escola. – A voz nos interrompeu e nós não precisamos nem nos virar para saber que Peter estava ali. descolou nossos lábios e me olhou, sério.
- O que você quer, Peter? - virou o seu rosto para olhá-lo e afastou seu corpo do meu.
- Como está o seu amigo? – Peter se referia ao .
- E como você está? Ouvi dizer que andou levando uns socos. – sorriu, sarcasticamente.
- É, obrigado por isso, vadia. – Peter me olhou, furioso. cerrou os olhos e demonstrando que partiria pra cima de Peter, mas eu entrei em sua frente.
- , você me prometeu. – Eu olhei pra ele, séria. suspirou longamente, tentando se acalmar.
- Mas... – tentou argumentar, mas eu o interrompi.
- Você prometeu. – Eu voltei a lembra-lo e ele demonstrou-se irritado.
- Awn, o que foi? Ele não pode quebrar a promessa que fez pra namoradinha ou está apenas sendo covarde? Talvez os dois? – Peter riu.
- Peter, é melhor você ir embora. – riu, tentando acalmar a si mesmo.
- Jonas, eu te entendo. Sua namorada pode ser vadia, mas não deixa de ser gostosa. – Peter disse, me olhando dos pés a cabeça com aquele olhar nojento.
- Eu vou acabar com esse.. – passou as mãos pelo cabelo, demonstrando que estava mesmo se segurando para não acabar com Peter naquele minuto.
- , para. Ele está fazendo isso de propósito. Não cai nas provocações dele. – Eu voltei a empurrar pra trás.
- Qual é, ! Eu estou aqui! Você não esperou tanto por isso? – Peter abriu os braços.
- Cala essa boca, Peter. – Eu olhei pra trás, irritada. já estava impaciente e Peter ainda ficava provocando.
- Não se intromete, vadia. Você já me fez perder tempo demais com você. – Peter disse, irado.
- Se ele te chamar de vadia de novo.. – disse baixo, olhando pra mim.
- SOLTA ELE, VADIA! – Peter gritou ainda mais alto, chamando a atenção de algumas pessoas que passavam por nós.
- Eu avisei.. – tentou passar por mim e eu não deixei.
- , me escuta. Ele está tentando te provocar de propósito! Se você bater nele aqui na escola, você levará suspensão e será proibido de jogar a final. É isso o que ele quer! Não responda as provocações dele. – Eu disse com as minhas duas no peitoral de .
- Ok, ok... – fechou os olhos por poucos segundos, tentando se acalmar.
- Você é patético, Jonas! Deixa ela mandar e desmandar em você a hora que ela quer. – Peter disse e fingiu ignorar.
- Vai pra sua sala. É melhor. – Eu pedi ao . Quanto mais longe de Peter ele estivesse, melhor.
- Eu vou.. – suspirou longamente. Peter ainda estava próximo, observando. – Te vejo no jogo, ok? – forçou um sorriso, beijou o meu rosto e se afastou, passando pelo Peter sem olhar em sua cara.
- Você já era no jogo de hoje.. – Peter disse, quando passou em sua frente. Foi o suficiente para fazer parar de andar no mesmo instante. Virou-se pro Peter e foi em sua direção.
- ... – Eu tentei intervir mais uma vez, mas quando eu vi, ele já estava pressionando Peter contra o armário de algum aluno.
- Eu não posso te bater agora, mas eu vou acabar com você depois do jogo. Está entendendo? Fica esperto. – encarou Peter de perto, que não se atreveu a dizer nada. Eu fiquei observando e vi soltar ele e me olhar. – Está tudo bem. – sorriu pra mim, esperando que eu entrasse na sala.
- Ok... – Eu suspirei. – Vejo você depois. – Eu entrei na sala, ainda preocupada. encarou Peter de longe e se afastou. Peter não teve coragem de dar um passo, enquanto estava por perto.

As três últimas aulas do ensino médio... Isso está começando a parecer triste pra mim. Eu não queria que tudo acabasse assim. Eu não queria me dar conta de que o próximo lugar em que eu estivesse estudando fosse longe dos meus amigos. Eu mal consegui me concentrar na aula. Eu só conseguia pensar que tudo estava acabando. O último sinal soou e eu não queria me levantar e sair daquela sala. Eu nem tive tempo de ficar ali o tempo que eu queria, entrou na minha sala desesperada.

- Vamooooooooos! Temos que pegar bons lugares. – puxava de um lado e eu de outro.
- Espera, eu tenho que ir ao banheiro antes. – Eu disse, me lembrando que eu tinha que colocar a camiseta que havia me dado.
- Então corre! – me puxou pela mão e fomos até o banheiro. Troquei a camiseta do uniforme pelo presente de . Quando as garotas viram a camiseta, quase choraram de tanta comoção.
- Awwwwwwwwwn, não acredito! – disse, olhando para as minhas costas.
- Não! Não é possível! Eu não acredito que o fez isso. – sorriu feito boba.
- Ele fez... – Eu disse, olhando a parte detrás da camiseta no espelho.
- Eu vou implorar uma igual a essa pro depois. – riu.
- Eu te ajudo a convencer ele. – Eu também ri.
- Ótimo. – sorriu pra mim e depois se olhou no espelho. – Pronto, já podemos ir? – perguntou toda apressada.
- Acho que sim. – Eu dei uma ajeitada no cabelo e sai com e em direção ao ginásio.

Estava absurdamente lotado. Nunca esteve tão lotado até hoje. Haviam cartazes, faixas e tudo mais. nos mandou uma mensagem de texto falando que eles haviam reservado lugares para nós. Corremos tanto para nada! Chegamos em nossos lugares reservados e percebemos que ele era ótimo e que nos deixava ter uma ótima visão. Estava ótimo! Nós até conseguíamos ver as vadias dançando com os pom poms, quer dizer, as líderes de torcida. Jessie estava lá com aquela sainha curta e com os peitos saltando para fora do top.

- WOWWWWW! – Nós gritamos quando os garotos entraram em campo. estava lindo como sempre. Aquela cara séria de capitão era muito sensual. O time do Peter entrou logo depois e é claro que eles foram vaiados. A única coisa que eu queria é que não houvesse briga naquele campo.

O jogo estava começando. e estavam no centro do campo, eles começariam com a posse de bola. O juiz apitou e então a bola começou a passar por diversos pés. Logo se viu que os jogadores do time do Peter tinham apenas tamanho. Eles eram ruins de bola. Peter era o melhor do time para se ter uma noção.

O inicio do jogo foi bem chato. Parece que ninguém ainda havia se tocado de que era a grande final, apenas a torcida. Eu e gritávamos como malucas. era mais discreta, mas ainda assim gritava. Eu estava sentindo falta da histeria de e me deixava ainda mais triste o fato de que também sentia falta do apoio dela. Como ela podia perder o jogo final? Era por isso que os meus gritos estavam divididos entre o e o . Alguém tinha que gritar por ele e eu estava fazendo isso. Eu gritava por e também, mas não era fácil concorrer com e .

Faltava 10 minutos para o final do primeiro tempo e o jogo começou a esquentar. O time de Peter pareceu não ser mais tão ruim assim. Eles perderam muitos gols. As jogadas que havia combinado com o seu time pareciam que não estava funcionando. Ele estava ficando maluco por causa disso.

- TOCA AQUI! EU TO AQUI, PORRA! – gritava, quando via passando com a bola por ele. O time de Peter parece ter vindo preparado para anular no jogo. Toda vez que a bola era tocada pra ele, alguém a roubava antes de chegar aos seus pés. estava muito furioso. Ele tinha que arranjar um jeito de se livrar daquela forte marcação.

O primeiro tempo acabou e o placar ainda estava zerado. Peter parecia satisfeito, mas não. estava maluco para chegar no vestiário e xingar todos os seus jogadores e manda-los acordar. Os jogadores começaram a ir em direção do vestiário e é claro que Peter não perdeu a oportunidade de irritar o .

- HEY, JONAS! VOCÊ FOI SUBSTITUÍDO? EU NEM TE VI EM CAMPO. – Peter riu, mesmo estando longe de .
- Desgraçado.. – resmungou, dando alguns passos em direção ao Peter, mas e o seguraram.
- Deixa, ! Deixa! – disse, empurrando em direção ao vestiário. percebeu que o amigo estava certo e desceu as escadas em direção ao vestiário. Chegou em frente aos armários dos jogadores e fechou uma das mãos para dar um soco em um deles.
- DROGA! – Ele disse, enfurecido.
- Calma, ! – Um dos jogadores disse e virou-se para olhá-lo.
- CALMA? O TIME NÃO ESTÁ JOGANDO NEM METADE DO QUE SABE JOGAR E VOCÊ QUER QUE EU ME ACALME? – gritou, furioso.
- Nós podemos melhorar agora, . – disse, bebendo uma garrafinha de água.
- NÃO, VOCÊS NÃO PODEM! VOCÊS VÃO! – olhou para todos os jogadores que estavam sentados em alguns dos bancos do vestiário. – JUNTA TODO MUNDO AQUI! – mandou e todos se aproximaram, formando uma roda. – Nós estamos juntos há 3 anos! Estou há 3 anos olhando pra cara feia de vocês todos os dias, em todos os treinos e em todos os jogos. – disse, causando a risada de alguns jogadores. – Eu não cheguei aqui pra perder e nós NÃO VAMOS PERDER! Eu confio em vocês! Confio no meu time e eu sei o quanto vocês são bons e o quanto querem isso! – continuava fazendo o seu papel de capitão. – Esses são os nossos últimos 45 minutos como time e eu não queria estar jogando eles ao lado de mais ninguém! – disse, fazendo os colegas de time sorrirem.
- É ISSO AE! – Vários deles gritaram para apoiar .
- Então eu quero que entrem naquele campo e façam o melhor jogo de suas vidas! – gritou, fazendo alguns jogadores ficarem extremamente empolgados. – EU QUERO QUE ENTREM LÁ E DÊEM TUDO DE VOCÊS! EU QUERO QUE FAÇAM TUDO O QUE PUDEREM POR ESSE TIME PELA ÚLTIMA VEZ! ENTENDERAM? – gritou ainda mais e todos gritaram, concordando. – ENTÃO VAMOS LÁ! – colocou a mão no centro do circulo e todos os outros jogadores fizeram o mesmo, gritando o nome da escola pela última vez. , e também estavam ali, orgulhosos pelo ótimo trabalho do amigo como capitão.

Os jogares que subiram naquele campo de futebol não pareciam os mesmos que desceram cabisbaixos e desmotivados. Eles estavam prontos pra ganhar o campeonato. A torcida vibrou ao ver a motivação dos seus jogadores e Peter ficou mais preocupado do que nunca.

- ! ! ! – Me arrepiou da cabeça aos pés, ver e ouvir aquela torcida gritar pelo nome de seu capitão, demonstrando o quanto era grata a ele pelos últimos 3 anos.
- HORA DE ACABAR COM ELES! – gritou, achando que os jogadores pudessem ouvir.
- VAMOS LÁ! – gritou, sem tirar os olhos do gramado.
- ACABA COM ELEEEEEEEES! – Eu também tinha que gritar, né?

A bola voltou a rolar e o jogo parecia outro. O time de Peter estava mais perdido do que nunca em campo. Os caras perdiam todas as bolas e sempre acabava sobrando para ou . ainda sofria com a marcação. Ele nem conseguia chegar no ataque. Peter estava tão preocupado com , que colocou diversos jogares do seu time para marca-lo, deixando os outros jogadores do time sozinhos.

- GOOOOOOOOOOOOOOOL! – A torcida vibrou, quando viu tocar a bola para fazer o gol. Os jogadores do time do comemoravam, enquanto os do time do Peter levavam uma bronca de seu capitão. não ia perder a oportunidade de zoar o rival. Abriu os braços, rindo pro Peter como quem quisesse dizer ‘O que aconteceu? Você não era tão bom?’. Peter estava ficando puto da vida.

O jogo ficava cada vez mais fácil para o time de e não demorou muito para que marcasse o seu gol (o 2° da partida) depois de mais um ótimo passe de , que apesar da forte marcação, conseguia dar bons passes. A torcida já contava a vitória, enquanto Peter quase morria de tanto gritar com os seus companheiros. É claro que não perdeu a chance de provocar Peter, que não se aguentava mais de tanta raiva.

- Marquem o , seus imbecis! – Peter gritou para alguns se seus jogadores. - VENHA VOCÊ ME MARCAR, PETER! – abriu os braços, rindo. – O QUE FOI? TODOS OS SEUS AMIGOS NÃO ESTÃO DANDO CONTA DE MIM? – gritou e todos os jogadores do time do Peter olharam feio pra ele.
- Para de arrumar confusão, caralho! Deixa o jogo acabar. – disse em baixo tom.

Os jogadores do Peter novamente se atrapalharam com a bola e acabaram levando mais um gol, dessa vez de . Outro ótimo passe do ! O público começou a gritar pelo nome de e eu fiquei toda feliz por ele. passou os olhos pela multidão, pois tinha esperanças de que pudesse estar ali como em todos os outros jogos. Ela não estava, mas mesmo assim ele não deixou de comemorar. Os companheiros de time o abraçaram.

- É isso ai, garoto. – bagunçou o cabelo de , que ria todo empolgado.
- Sua vez, . – sussurrou perto de , que afirmou com a cabeça.

Os erros de passe continuavam fazendo com que o time de se destacasse mais do que nunca no jogo. A bola novamente foi parar nos pés do , que ao invés de tocar para qualquer outro companheiro de time, preferiu seguir com ela, driblando alguns poucos jogadores e tropeçando em alguns deles. Conseguiu chegar na frente ao gol e marcar o seu gol! 4x0 não é pra qualquer um.

- GOOOOL! GOLLLLLL! – Eu fiquei histérica por ter feito o gol. A torcida começou a gritar o seu nome e ele se aproximou da grade, virando-se de costas e mostrando o nome em sua camiseta, que combinava perfeitamente com o nome da minha. Ele apontou pra mim e mandou um beijo, fazendo o público gritar ‘own’.

O jogo estava acabando e os jogadores de Peter já tinham desistido. Peter era o único que ainda tentava alguma coisa em campo. A torcida já gritava que éramos campeões, quando o apitou soou. A gritaria aumentou e a torcida pulava como nunca. Os jogadores do time do começaram a comemorar e a se abraçar.

- WOW! SOMOS CAMPEÕES! – gritou, pulando nos braços de .
- NÓS GANHAMOS! NÓS CONSEGUIMOS! – abraçou .
- Você foi ótimo, cara! VOCÊ ARRASOU! – disse, fazendo ficar orgulhoso de si mesmo.
- VENHA AQUI, CAPITÃO!EU QUERO TE DAR UM BEIJO! – abriu os braços em direção ao .
- Não fala isso alto, idiota. – disfarçou. - CAMPEÕES! – gritou, rindo. Eles se abraçaram.
- BELO GOL, PARCEIRO. – abraçou .
- O seu gol também foi ótimo, . – correspondeu o abraço.
- EU TE FALEI QUE EU IA FAZER O GOL! EU TE AVISEI! – apontou pro , que gargalhou.
- SEU FILHO DA MÃE! COMO FEZ AQUELE GOL? – e fizeram o seu aperto de mão habitual antes de se abraçarem.

Os jogadores campeões continuavam comemorando uns com os outros, enquanto Peter e os seus companheiros desciam cabisbaixos para o vestiário. A torcida ainda comemorava, inclusive eu, e .

- ELES GANHARAM! – estava quase chorando de tanta empolgação.
- NÓS GANHAAAAAAAMOS! – pulava feito uma perereca.
- SOMOS OS CAMPEÕES! ELES CONSEGUIRAM! – Eu gritei, ainda sem acreditar.

Os organizadores da competição entraram em campo com as medalhas e o troféu. Os garotos ficaram enfileirados, enquanto uma medalha era colocada no pescoço de cada um. O troféu foi dado ao capitão, que dividiu aquele lindo troféu com os parceiros. Eu não me lembro de ver tanta felicidade junta em um mesmo lugar.

- Agora, o capitão fará o seu discurso. – O microfone anunciou, pegando de surpresa. Todos começaram a gritar o seu nome, incentivando o seu discurso. Ele teve que ir até lá, mas antes deixou o troféu com os amigos.
- Bem, oi... – parecia meio envergonhado. O publico gritou ainda mais e ele riu com a reação daquela linda torcida. – Se eu soubesse que teria que fazer esse discurso, eu não teria me inscrito pra ser o capitão do time. – disse e todos gargalharam. – Não, agora é sério. – ficou um pouco mais sério, mas ainda havia um sorriso de orgulho em seu rosto. – Eu gostaria de agradecer aqueles caras ali. – apontou para os companheiros de time. – Eles deram o melhor deles hoje. Sem eles, eu não estaria nesse palco agora. Sem eles, nós nem havíamos conquistado esse título. O mérito é todo deles. – olhava para os amigos. – Eu tenho orgulho de ter jogado com esses caras. Eu tenho orgulho de fazer parte dessa escola. Vocês são uma bela torcida. – disse e todos voltaram a gritar. – Esse provavelmente é o nosso último dia aqui na escola. É a última vez que estamos juntos desse jeito. É a última vez que estamos torcendo juntos, mas eu quero que saibam que eu ainda vou estar torcendo por cada um de vocês. – parecia emocionado, mas não queria que ninguém notasse. – Eu queria agradecer a vocês por todos os jogos que vocês vieram assistir, todas as vezes que vocês vieram torcer, gritar e se emocionar com todos nós. – Cada pausa que o dava, o público gritava de forma histérica. – Eu quero agradecer aos meus amigos que não me abandonaram nem por um dia. – olhou para , e . – E eu quero agradecer a minha linda namorada que está aqui hoje, como sempre esteve. – olhou pra mim, mesmo eu estando bem longe. – Ela esteve do meu lado, mesmo quando nem percebia que estava. – Meus olhos se encheram de lágrimas. Lágrimas de alegria e orgulho. – Obrigada, . – Ele sorriu pra mim e eu ri ao ouvir aquele apelido idiota. Mandei um beijo de longe e ele também riu. – E em nome de todo o time, muito obrigado. Nós ganhamos esse campeonato pra vocês. Obrigado. – se afastou do microfone, recebendo gritos e mais gritos da torcida.
- Belo discurso, . – deu alguns tapinhas do braço do amigo.
- Você foi a minha inspiração, . – olhou docemente pro . queria fazer os amigos rirem ao invés de chorar.
- Não enche vai. – riu, empurrando para o mais longe dele possível.
- Vamos descer. Eu estou fedendo. – fez careta. Ele estava todo suado.
- Você sempre está fedendo. – brincou com o amigo.
- Nossa e você está super cheiroso! Dá pra fazer uma colônia com todo esse seu perfume. Talvez devêssemos usar o seu suor. – disse, causando a risada de todos.

Os garotos foram pro seu vestiário. Tomaram banho e vestiram roupas menos fedidas. Os outros jogadores se despediram do e depois de , e . Os 4 demorariam um pouco mais no vestiário por tinham que pegar seus pertences, já que no ano seguinte aqueles armários não pertenceriam mais a eles.

Peter continuava no vestiário ao lado, não se conformando da derrota. Ele não sossegaria enquanto não se vingasse de uma vez por todas. Peter percebeu que vários jogadores saíram do vestiário em que o time do estava, mas ele não havia visto o seu maior inimigo sair. Peter concluiu que estava sozinho lá e essa foi a chance que ele tinha de fazê-lo pagar.

- Vocês pegaram as toalhas de vocês? Se vocês esquecerem, já era. – percebeu, que só ele estava guardando a toalha dentro de sua mochila.
- Eu sempre esqueço essa merda. – revirou os olhos.
- É óbvio que eu esqueci. – saiu, indo para os chuveiros.
- Eu não esqueci, eu deixei lá de propósito por que... – ia arrumar uma desculpa, mas não conseguiu pensar em nenhuma. – Esquece. – riu e saiu em direção aos chuveiros ao lado de . riu, enquanto continuava tirando as coisas de seu armário e colocando em sua mochila.
- Você passou dos limites, Jonas. – Peter disse, vendo de costas. sorriu ao ouvir a voz de Peter. Sabia que ele viria.
- Peter! Hey! – virou-se, sorrindo. – Veio comemorar a sua derrota comigo? – continuou bem humorado.
- VOCÊ NÃO PODE ME TIRAR TUDO. ESTÁ OUVINDO? NÃO PODE! – Peter gritou, irado. – EU VOU FAZER VOCÊ PAGAR POR CADA COISA QUE VOCÊ TIROU DE MIM. – Peter ameaçou.
- Você está se referindo ao campeonato, o cargo de capitão ou a ? Porque você sabe, tirar as coisas de você é mais fácil do que tirar doce de criança. – continua com aquele sorriso sarcástico no rosto.
- Eu vou acabar com você... – Peter suspirou, todo raivoso.
- Pode vir! Está esperando o que? – chamou Peter com os dedos, ficando mais sério.
- Acontece que eu não estou sozinho, . – Peter olhou pro lado e chamou seus dois amigos gigantes, que ficaram cada um de um lado.
- Mais perdedores... – riu, zoando os dois caras. – Só tem um problema. – olhou pro lado e viu , e que estavam esperando pela hora certa de aparecer. – Eu também não estou sozinho. – cruzou os braços, enquanto os seus 3 amigos se aproximavam e ficavam ao seu lado.
- Isso não será um problema. – Peter disse, forçando um sorriso. – Não é, pessoal? – Peter olhou para os amigos, que não pareciam mais tão intimidadores.
- Peter, o campeonato acabou. Você não é mais o nosso capitão. – Um dos ‘amigos’ de Peter disse.
- É, talvez esteja na hora de você se virar sozinho. – O outro amigo de Peter disse. Os dois gigantes se olharam e foram saindo. Eles simplesmente não tinham mais motivo de puxar o saco de Peter, já que nem um bom amigo ele era.
- HEY! HEY! VOLTEM AQUI. – Peter gritou, mas eles nem lhe deram ouvidos. – HEY! Seus... – Peter viu que era inútil, já que eles já estavam bem longe e não ouviria seus insultos.
- Seus amigos são bem fieis. – comentou, rindo.
- Oh não! O Peter está sozinho! Agora sim estamos ferrados! – brincou e , e riram.
- Seus covardes.. – Peter ainda tentou dar uma de durão.
- Não, não. Quer saber? Nós não somos igual a você. Você vai ter o prazer de levar uns socos só de UM de nós. Quer escolher? – fingiu ser gentil.
- Eu, eu! Me escolhe! – ergueu a mão.
- Vocês são imbecis ou o que? – Peter pareceu estar um pouco mais assustado.
- Imbecil? Sou eu! Eu mesmo! Estão vendo? Ele me escolheu. Desculpa pessoal. – disse, dando alguns passos a frente.
- É justo! Ele tem contas a acertar com o Peter. – fez bico, queria dar uns tapas no Peter também.
- Não curti, achei ofensivo. – cruzou os braços. Ok, todos queria dar uma lição no Peter.
- Eu sempre quis fazer isso. – fez cara de desanimo. Ele era o único que não havia socado Peter até hoje.
- Então, Peter? Você estava tão valente no final de semana. O que aconteceu? – parou na frente dele.
- Vai se ferrar. – Peter disse, raivoso.
- AWNR, RESPOSTA ERRADA. – disse e deu o primeiro soco no rosto de Peter.
- Seu desgraçado.. – Peter tentou bater em , mas errou. revidou com outro soco.
- Como é mesmo? – fez cara de pensativo, enquanto Peter gemia de dor. – Eu sou o desgraçado mais perigoso que você já conheceu, não é? – repetiu a frase que eu usei depois de bater em Peter no final de semana. Ele começou a rir sozinho.
- Foi gay, mas foi legal. – ergueu os ombros.
- VAMOS, LEVANTA! – queria que Peter levantasse para brigar. Peter se levantou, meio zonzo.
- Você sempre foi um fraco. Sempre precisou dos outros, porque nunca foi bom sozinho. – Peter disse, achando que as palavras atingiriam .
- Eu me sinto bem forte agora, cara. – riu, olhando o rosto de Peter de perto. Peter tentou dar mais um soco em Peter, mas ele errou novamente. – Como diria a minha melhor amiga... – riu e depois deu um 3° soco em Peter. – Esse é por mim... – fazia tudo na brincadeira, fazendo os amigos rirem. ergueu o seu joelho e chutou as partes intimas do . – Esse é... – pensou por um tempo, enquanto Peter colocava as mãos no local atingido. – Foda-se. Esse é por mim também, porque eu estava maluco pra fazer isso. – se abaixou para poder olhar no rosto de Peter. – E a melhor parte... – esticou o dedo e o colocou na testa de Peter e o empurrou. – OPS... – disse, depois de ver Peter desabar como no final de semana.
- PALMAS! GENIAL! – não se aguentava de tanto rir.
- Isso é tão a cara da . – gargalhou, sabendo que toda aquela cena tinha alguma coisa a ver comigo.
- Faz de novo? Eu esqueci de filmar. – disse, pegando o celular e depois também riu.
- Claro, quantas vezes você quiser. – ia levantar Peter, mas o impediu.
- Não, não! Chega, já está bom. – disse, vendo que Peter já estava todo machucado. Foi até ele e se agachou. – Vamos, levanta! – mexeu no Peter e ele ainda gemia de dor.
- Ele está chorando? – se aproximou para averiguar.
- Não, ele só está gemendo como uma garotinha. – adicionou.
- LEVANTA, VAI! – disse mais alto, segurando Peter pelo braço e o levantando.
- Aonde você vai levar ele? – perguntou, vendo levar Peter em direção a porta.
- Vou levar ele pro vestiário. Os amigos que ajudem ele. – disse, colocando o braço de Peter em torno de seu pescoço e levando ele, quase arrastado. Peter estava acordado, mas estava zonzo.
- Sua vadiazinha vai ficar sabendo disso. – Peter disse, pois sabia da promessa que havia me feito. aproveitou que estava perto da porta e quando foi passar por ela, deixou que Peter batesse a cabeça em uma das parede que faziam o contorno da porta.
- Ops.. – disse, fingindo que foi sem querer. Ouviu os seus amigos rirem de longe e continuou andando.

entrou no outro vestiário e deixou Peter com os amigos. Saiu e voltou para o seu vestiário, onde pegaria a sua mochila que continha suas coisas. , e também já haviam arrumado suas mochilas. Só estavam esperando voltar para irem embora.

- Já fez a sua boa ação do ano. Podemos ir? – revirou os olhos. Estava exausto.
- Vamos. – pegou a sua mochila, que estava em um dos bancos do vestiário.
- É meio triste sair daqui. – disse, enquanto eles caminhavam em direção à porta.
- Nós já passamos tantas coisas aqui. – sorriu, olhando para trás.
- Eu já xinguei vocês muitas vezes aqui. – riu, se referindo às vezes em que eles perderam os jogos.
- É, mas você também já nos incentivou muito aqui, . – sorriu pro amigo.
- Como hoje. – também sorriu pro .
- É o meu trabalho, né? Aliás, era... – sorriu, olhando para os detalhes do vestiário.
- Você foi o melhor capitão que nós poderíamos ter, . – disse. merecia ouvir aquilo.
- Você nos agradeceu no seu discurso hoje, mas nós também queremos te agradecer por tudo. – completou.
- É, você foi um bom capitão, . – deu alguns tapinhas no ombro do amigo.
- Awn, abraço em grupo? – abriu os braços. Ele estava fazendo brincadeira para disfarçar seus olhos cheios de lágrimas.
- Só que não. – sorriu falsamente e saiu.
- Não força, . – riu, passando pelo amigo.
- Estou saindo... – forçou um sorriso e também passou pelo amigo, indo em direção à saída do vestiário. riu sozinho. Era a reação que ele esperava dos amigos. Olhou o vestiário pela última vez e voltou a sorrir. Engoliu as lágrimas para que pudesse dizer qualquer coisa.
- Eu espero que cuidem tão bem daqui, como fiz questão de cuidar todos esses anos. – falou sozinho e sorriu. – Adeus, melhor parte da minha adolescência. – disse, antes de apagar a luz e fechar aquela porta pela última vez. andou pelo corredor para chegar onde seus amigos estavam e no final dele, me encontrou. Eu estava esperando por ele.
- ! – Eu gritei e sai correndo, pulando em seus braços.
- Heey! – riu, me abraçando forte.
- Parabéns, você foi ótimo. – Eu terminei o abraço para selar os seus lábios. – Você foi incrível, o seu discurso foi incrível. Eu estou orgulhosa. – Eu voltei a abraça-lo.
- Obrigado. – sorriu, agradecido.
- Você foi ótimo, capitão. – sorriu pro amigo.
- Obrigado, . – abraçou rapidamente a amiga.
- Parabéeeens, ! Seu discurso foi lindo. – também disse, mas de um jeito engraçado.
- Valeu. – segurou o riso. - Faz tempo que vocês estão nos esperando? – perguntou.
- Faz! Nós vimos os meninos e estávamos só te esperando. – explicou.
- Aonde nós vamos agora? – perguntou, enquanto caminhávamos em direção à saída.
- Espera, vamos fazer uma coisa antes. – parecia ter tido uma ideia. Segurou em minha mão e me puxou. Todos vieram atrás de nós.
- , o que você está fazendo? – disse, assustado.
- A escola vai ficar aberta até as 6! Dá tempo de darmos uma última volta aqui. – disse, passando pela porta que ligava o ginásio ao pátio da escola.
- Está vazia... – comentou, percebendo o silêncio do local.
- Os alunos da tarde foram liberados pro jogo. Não tem ninguém aqui. – explicou.
- Essa mesa. Eu vou sentir falta dela. – disse, enquanto passávamos pela mesa que ficávamos em todos os intervalos.
- E essa escada... – sorriu fraco.
- Nós sempre ficamos aqui na entrada e na saída. – complementou.

Estava sendo uma sensação nova pra mim. Agora sim eu estava vendo tudo aquilo pela última vez. Era a última vez que eu via todos aqueles lugares que costumavam ser parte da minha rotina. Estava sendo mais triste do que eu imaginava. Qualquer lugar que eu olhasse, tinha uma memória. Memórias são sempre memórias e não importa se elas foram ruins e boas, você sempre vai se lembrar delas e dos lugares em que viveu cada uma delas.

- Vem.. – Eu chamei todos, indo em direção as salas de aula. Todos me acompanharam.
- Sala de Matemática... – riu. – Eu quis tanto ficar longe daqui. – observou a sala pela porta.
- Sociologia.. – disse, enquanto passávamos pela sala da Sra. Dark.
- Eu gosto dessa sala. Não sei por quê.. – disse e olhou pra mim.
- Porque será? – Eu sorri fraco, lembrando de tanta coisa que aconteceu ali.
- Lembra quando tínhamos aula de Biologia juntos, ? – me olhou, apontando pra sala ao seu lado.
- É, nós levávamos todas as broncas, porque não parávamos de conversar. – Eu ri, me lembrando.
- Foi nesse corredor que nós nos conhecemos. Lembra, ? – disse, olhando para a namorada.
- É claro que eu lembro. – Ela sorriu para o namorado. – Foi... bem aqui. – Ela se recordou com uma expressão triste.
- Não é estranho? Tudo o que nós mais queríamos era terminar a escola e agora que terminamos, nós não queremos ir embora. – olhou para os amigos.
- Eu sinto uma coisa ruim vendo essa escola vazia desse jeito. – olhou para os lados.
- Eu vou sentir falta daqui, mas eu vou sentir ainda mais falta de ver vocês todos os dias. – disse com a voz embargada.
- Awn, não chora. – a abraçou.
- Nós ainda vamos continuar sendo amigos. – tentou consolar a amiga, sabendo que logo precisaria de alguém para lhe consolar.
- É o que todos dizem antes de sair da escola e irem viver suas vidas. – completou, segurando as lágrimas em seus olhos.
- Nós vamos continuar nos vendo sempre. – também tentou ajudar.
- Menos eu, não é? – Eu me referia a Nova York. – Quer dizer, eu vou estar em Nova York e vocês vão estar aqui... – Eu sorri, sentindo meus olhos começarem a arder.
- Nós nunca nos esqueceríamos de você. – sorriu de forma doce pra mim.
- Não é isso... – Eu neguei com a cabeça. – É que vocês vão continuar aqui, se vendo e tendo uns aos outros. Eu vou estar em uma cidade nova em que eu não conheço ninguém. – Eu encarei o chão e depois olhei pra eles. – Eu estou acostumada a acordar todas as manhãs e ver vocês. Vocês são a minha rotina. Eu sei que quando eu chegar aqui, eu vou encontrar vocês. – Eu voltei a olhá-los. – Mas e agora? Vocês não vão estar lá e eu não vou estar aqui. Eu acho que.. – Eu sorri, passando as mãos pelos meus olhos antes que qualquer lágrima escorresse por eles. – Eu já deveria ter me acostumado com isso, não é? – Eu neguei com a cabeça, julgando a mim mesma.
- As coisas mudam de uma hora pra outra e nós nem temos controle sobre nada. É terrível. – disse, meio pensativo. – A , por exemplo, há meses atrás nós estávamos bem. Eu tinha certeza de que tudo o que eu queria era ficar com ela o resto da minha vida, mas agora? É como se ela não me amasse mais e o pior é que eu estou me acostumando com isso. – negou com a cabeça.
- Não é fácil vida de adulto... – suspirou. - Eu lembro do meu primeiro dia nessa escola. Eu me lembro de todos vocês e agora estamos aqui, nós despedindo desse lugar onde a nossa amizade cresceu. – disse, meio chateado.
- Não vai ser fácil pra mim chegar na faculdade e olhar para os lados e não ver a minha melhor amiga, não ouvir o fingindo ser gay, não ver a e a falando de um novo clipe que saiu, não ver o falando suas frases nerds e engraçadas e não ouvir mandando eu me foder. É estranho saber que vocês não vão estar lá. – disse de um jeito meio engraçado.
- Eu já estou tão acostumada a chegar aqui em todo o inicio do ano letivo e encontrar vocês. Estou acostumada em não ter aquele medo de ‘Será que eu vou conseguir arrumar amigas?’, porque eu sempre soube que vocês eram os únicos amigos que eu precisava ter. O ano letivo vai começar e eu nem sei por onde começar. Eu estou perdida... – riu, quando percebeu que estava quase chorando.

Eu estava segurando todas as minhas lágrimas, porque eu não queria tornar aquilo mais triste do que já estava. Nós estávamos sentados naquela escada que costumávamos sentar. Eu me lembro da primeira vez que sentamos ali, todos juntos. Nós éramos 8 crianças, que só queriam sobreviver naquele mundo de popularidade e falsas amizades. Eles foram as minhas únicas amizades verdadeiras que eu tive em minha vida. Todos eles, inclusive . Não importa o que ela fez. O que importa é que ela estava naquele dia, naquela mesma escada em que nós decidimos por nós mesmos a confiar em cada um que estava ali. Nós nunca achávamos que aquilo acabaria. Acabou mais cedo com a e parecia que estava acabando com todo o resto.

Você está na faculdade e você arranja novos amigos. Os novos amigos que você terá que conviver diariamente. Foi tão fácil passar por aquilo pela primeira vez. Foi tão fácil confiar naqueles que estavam ali comigo agora, que eu tinha certeza que jamais se repetiria com qualquer outra pessoa. Ninguém tomaria os lugares deles. Não dá!

- , você está bem? – perguntou, percebendo que havia ficado calado todo esse tempo. - Eu estou, eu só não quero tornar isso mais triste. – tentou sorrir. – É uma nova fase das nossas vidas e só nós podemos escolher quem entra e quem sai dela. Eu sei que nenhum de nós está de saída, porque essa nossa amizade está apenas no começo, não é? – O sorriso dele aumentou, novamente para esconder suas lágrimas.
- É exatamente isso, . – concordou.
- A escola vai continuar aqui nesse mesmo lugar, mas a nossa amizade vai continuar com cada um de nós. Cabe a nós manter isso. – sorriu, comovido.
- Já que decidimos isso, podemos sair daqui? Eu não quero chorar. – sorriu fraco.
- Vamos.. – Todos se levantaram ao mesmo tempo da escada.
- Nós vamos comemorar? – perguntou, sabendo que o clima estava meio abalado.
- Não tem clima, né? – afirmou. – Amanhã é o baile. Nós podemos comemorar amanhã. – deu a ideia.
- Boa ideia. – concordou.
- Eu tenho que terminar de arrumar as malas mesmo. – Eu concordei.
- Então, vamos de uma vez. – apontou em direção a saída. Todos foram saindo e conversando, sem nem notar que eu e ficamos pra trás. segurou a minha mão para sairmos juntos, mas eu o segurei. Ele olhou pra trás, sem entender o porquê de eu ter parado. Eu abaixei o rosto, sem saber o que dizer.
- Então é assim? – Eu olhei pra ele, sentindo algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. – Acabou? Minha próxima despedida é você? – Eu perguntei e negou com a cabeça. Se aproximou e me abraçou, beijando a minha cabeça carinhosamente.
- Não fica assim. – sentiu as lágrimas alcançarem novamente os seus olhos. As lágrimas que ele veio evitando vieram de uma só vez.
- Eu não quero que acabe. Eu não quero começar a ter que dizer adeus.. – Eu o abracei ainda mais forte. estava sendo muito forte, muito forte mesmo para guardar tudo o que sentia dentro de si.
- Então não diga. Ainda tem amanhã. – terminou o abraço e me olhou com carinho. – Ainda tem a sua apresentação, lembra? Você vai arrasar. Tem o baile de formatura, o sonho de toda garota. Nós vamos estar juntos e vai ser incrível. Não sofra por antecedência. – acariciou o meu rosto, secando todas as minhas lágrimas. estava me dizendo o que ele precisa ouvir.
- É, você está certo. Eu tenho que pensar só no agora. – Eu completei, também passando as minhas mãos pelo meu rosto.
- Isso.. – sorriu e se aproximou pra selar os meus lábios.
- Eu preciso parar de chorar.. – Eu disse, rindo.
- É, você precisa. – também riu. – Vem, vamos... – foi em minha direção e me levantou do chão, me colocando em seu ombro. Eu parecia um saco de batata.
- , o que você está fazendo? – Eu disse, rindo.
- Você está rindo, não está? – disse, me levando em direção à saída da escola. Ele só queria me fazer rir.
- Ok, muito esperto. – Eu gargalhei ainda mais, fazendo com que ele risse junto comigo.

Nós fomos daquele jeito até o estacionamento. Todos estavam nos esperando. Fomos xingados por causa da demora, mas havia me feito esquecer todas as coisas ruins. Ele tinha o dom de fazer isso. levaria e para casa, enquanto levaria . se prontificou a me levar para casa. Nós queríamos ficar o máximo de tempo juntos.

- A apresentação já é amanhã cedo. Já fez o último ensaio? – perguntou, quando já estávamos a caminho de casa.
- Ainda não. Vou fazer antes de dormir. Eu já escolhi a roupa que vou usar, mas eu ainda não sei se vou ter coragem de cantar na frente de todos. – Eu sorri, nervosa.
- Você vai sim. Você sabe que vai. – me apoiou. – Além disso, você tem que acabar com a Jessie. – quis me dar um novo objetivo para fazer aquilo.
- É, eu preciso fazer isso. – Eu concordei entre risos. – Eu estou ainda mais preocupada com o meu vestido do baile. Quer dizer, eu comprei um, mas ele não me agradou. Foi o que eu encontrei em cima da hora. – Eu disse, irritada.
- Ele é bonito. – disse pela vigésima vez.
- É o baile de formatura! Tem que ser épico! – Eu expliquei. Garotos não entendem nada.
- Você vai com aquele e vai ficar linda. – pôs um ponto final na história.
- Ok, ok... – Eu nem discutiria mais. Ficamos em silêncio por um tempo. estava pensativo, mas ele não queria demonstrar isso, por isso ele decidiu falar alguma coisa.
- Certo e agora? – virou-se para me olhar.
- O que? – Eu não sabia do que ele estava falando.
- O seu sonho está quase realizado. Quais são os outros? Sempre tem mais de um. – quis saber.
- Os outros? – Eu disse, pensativa. – Eu sonho com um vestido épico pra usar no meu baile de formatura. Eu sonho com... o meu último dia aqui. – Eu disse e ele me olhou, sem entender. – Eu quero que ele seja bom. Eu quero me divertir. Eu quero fazer tudo o que eu não tenho coragem de fazer ou o que eu nunca fiz. Eu não quero ficar triste. – Eu expliquei.
- Esse é um sonho muito bonito. – forçou um sorriso.
- É simples, mas...é o que eu quero. – Eu disse com um sorriso fraco.

No momento em que perguntou aquilo, sabia que não deveria ter perguntado. sabia que não deveria saber a resposta daquilo, porque ele iria querer realizar aquele sonho de todos os modos. A noite havia acabado pra ele. Ele foi muito cuidadoso para que eu não percebesse isso. não queria me envolver em algo que só dizia respeito a ele.

O mundo de havia desabado no momento em que ele entrou naquela escola. Quando ele percebeu que nunca mais voltaria ali, pensou se seria a mesma coisa quando ele se despedisse de mim. Pensou se o que nós tínhamos nunca mais seria o mesmo. finalmente se deu conta de que a hora do adeus se aproximava e ele fica cada vez menos pronto pra isso.

chegou em seu quarto, depois de me deixar em casa e seu desespero já estava maior do que pudesse controlar. se deu conta de que dali dois dias eu não estaria mais ao seu alcance. Eu não estaria mais acessível para que ele pudesse me ver quando tivesse vontade. Eu estaria longe e com a cabeça em tantas outras coisas, menos nele. não conseguiu me dizer o que ele queria dizer. não conseguiu me pedir pra ficar. Simplesmente porque ele não poderia me impedir de viver o meu sonho.

Sonhos... depois de um sonho tão devastador e grande como o de estudar em Nova York pode ter se transformado em um simples sonho de ter um último dia perfeito? Eu só queria ter o dia perfeito, eu só queria ser feliz no meu último dia em Atlantic City. Eu só queria ser tudo o que não conseguia ser há dias, pelo simples fato de saber que eu vou partir.

Pela primeira vez na vida, pensou em se colocar na frente de tudo, inclusive de mim. pensou em ser prioridade pra si mesmo. pensou em ir até a minha casa e dizer que tudo o que ele mais queria na vida é que eu ficasse. Ele não conseguia ser assim, ele não conseguia pensar em qualquer coisa que ele pudesse fazer que não fosse o melhor pra mim. sabia que o melhor era estar em Nova York, mas doía tanto.

As almofadas que estavam sobre a sua cama agora estavam no chão, o porta retrato estava quebrado e os lençóis de sua cama estavam espalhados pelo quarto. O violão provavelmente tinha desafinado com a raiva em que quase o jogou no chão. Raiva por saber que era tão mais fácil me deixar realizar o sonho mais impossível, do que o mais fácil. A raiva e o desespero fez ele tomar uma grande decisão.

Eu acordei, achando que tivesse ouvido o meu celular tocar. Vi o relógio em minha frente e vi que eram 3 da manhã. Voltei a fechar os olhos, ninguém me ligaria aquela hora da madrugada. Eu devia estar sonhando. O barulho do celular continuou a me atrapalhar e eu voltei a abrir os olhos. Me levantei um pouco e olhei para ver o celular e percebi que a luz do seu visor estava acesa. Droga, estava mesmo tocando! Me sentei na cama, ainda com os olhos quase fechados e peguei o celular, sem ao menos ver qual era o nome no visor.

- Alô? – A minha voz falhou na hora de dizer. Isso geralmente acontece, quando você atende o telefone no meio da madrugada.
- Hey, é o . – sorriu sem mostrar os dentes ao ouvir aquela voz de sono. As lágrimas estavam presas aos seus olhos.
- Hey.. – Eu também sorri, simplesmente por saber que era ele. Passei a mão pelo meu rosto, tentando despertar de vez.
- Eu sinto muito ter te acordado. – estava de pé no centro do seu quarto. Toda a bagunça que havia feito estava em torno dele agora.
- Não tem problema. – Eu neguei com a cabeça como se ele estivesse ali na minha frente. – Porque você ainda está acordado? – Era estranho, considerando que eram 3 horas da manhã.
- Eu... não estava conseguindo dormir. – levantou o seu rosto, que antes encarava o chão.
- Porque não? Tem alguma coisa errada? – Eu olhava fixamente para o meu edredom, que estava sobre a parte debaixo do meu corpo. não respondeu. - Tudo bem? A sua voz.. está estranha.. – Eu já fiquei preocupada.
- O tempo está acabando. – encarou o chão de seu quarto.
- Que tempo? – Eu ainda estava lenta.
- Nosso tempo. – passou a mão pelo seu cabelo, sentindo uma enorme dor em seu coração.
- Nós temos mais amanhã, lembra? – Eu tentei apoiá-lo da mesma forma que ele havia feito naquele dia mais cedo
- Não... nós não. – negou com a cabeça, se esforçando para não deixar uma só lágrima escorrer pelo seu rosto.
- Do que você está falando? – Eu comecei a tremer e os meus olhos começaram a querer lacrimejar.
- Você não pode realizar o seu sonho comigo por perto. Eu não posso... – sentiu as lágrimas finalmente escorrerem pelo seu rosto. – Eu não consigo. – ainda se segurava para não deixar o choro transparecer em sua voz.
- , o que você está fazendo? O que você está dizendo? Eu não estou entendendo. – Meus olhos se encheram de lágrima de vez.
- Eu não estou bem. A verdade é que eu não consigo lidar com isso. Eu nunca consegui.. – fez uma pausa. – Eu não posso dar a você o seu último dia feliz, porque provavelmente será o pior dia da minha vida. – finalmente conseguiu dizer.
- Você está querendo dizer... – Eu ainda não havia entendido.
- Eu não posso ver a sua apresentação. Eu não posso ir ao baile com você, porque você merece ter o melhor último dia e seu eu estiver com você, eu sei que não vou conseguir te deixar feliz, por que... – fez a pausa por causa de seu choro. – Porque eu simplesmente não consigo parar de chorar. – se sentiu a pessoa mais fraca do mundo. – Me desculpa.. – terminou a ligação, porque precisava descarregar todo aquele choro. Ele não sabia se eu o perdoaria dessa vez.





Capítulo 40 – O Último Dia



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:



Fraco! Era desse jeito que se sentia naquele momento. Fraco por saber que não havia conseguido ser forte o suficiente para dar a sua garota o que ela tanto queria. Um dia! Só um dia inesquecível, um dia sem pensar em problemas ou no amanhã. Era só isso que a garota dele queria. Era só isso que ele não conseguia dar a ela. Era só isso que só em pensar tornava ele a pessoa mais medrosa e triste do mundo.

Ele queria saber o que estava passando em minha cabeça naquele instante. Será que eu o odiava e nunca mais iria querer vê-lo novamente? Ou talvez eu entendesse tudo o que ele estava tendo que passar por minha causa. Aquela dúvida o assombrava cada vez que ele fechava os olhos para tentar dormir. sabia que eu estava chorando naquele momento. Chorando por causa dele, sofrendo por causa dele. Tudo o que ele queria é que alguém fosse até lá me confortar, mas eram 4 da manhã. Eu estava sozinha, assim como estaria no dia seguinte.

Esse idiota está certo. Eu estou chorando sim, mas ele estava errado sobre o fato de eu não ter alguém para me consolar. Meu velho travesseiro estava ali, como sempre esteve todas as vezes que eu precisei dele. Existiam muitas lágrimas escondidas ali, mais algumas não fariam diferença.

Eu fechava os meus olhos de tempos em tempos. Eu só conseguia pensar que eu teria que enfrentar aquele dia sem ele. Não é um dia qualquer, é o último dia. O último dia em que estávamos ali tão perto um do outro e que sabíamos que podíamos correr para os braços um do outro quando quiséssemos.

Eu voltava a abrir os olhos e tentava imaginar como eu cantaria sem vê-lo naquela primeira fileira, onde ele disse que estaria. Como eu cantaria aquela música, a nossa música, sem poder olhar pra ele e ver aquele sorriso em seu rosto e aquele olhar me dizendo tudo o que eu precisava ouvir para me sentir a garota mais amada do mundo.

Os olhos se encheram de lágrimas e eu tive que fechá-los para que a dor que eu sentia não escorresse pelos meus olhos. Apertei o meu travesseiro, quando imaginei o desastre que seria o meu baile de formatura. O baile em que toda a garota sonha em estar. Todas elas querem um príncipe ao seu lado. Eu não tinha mais um príncipe pra me acompanhar, pra dançar aquela última dança comigo e pra fazer com que eu me sentisse a rainha do baile sem nem ser necessário uma coroa. não estaria lá e doía tanto.

Eu passei a noite acordando de 5 em 5 minutos. Eu olhava para o relógio e via que a hora se aproximava e eu queria dormir. Dormir para acordar somente quando eu já estivesse em Nova York. Eu acordava a todo o momento, pensando ter escutado o barulho do meu celular, pensando que era o voltando atrás naquela sua terrível e dolorosa escolha. Tudo não passava de ilusão! Tudo não passava de sonho! Sonho? Eu achei que eles costumavam ser uma coisa boa.

Eu não vi o sol nascer naquele dia, mas eu pude ver quando a luz dele entrou pelas frestas da janela do meu quarto, me lembrando que já era de manhã. A manhã daquele dia que mal tinha começado e eu já queria esquecer. A teto do meu quarto nunca pareceu tão interessante.

- Filha... – Minha mãe entrou no quarto, achando que teria que me acordar. Ela ficou surpresa ao me ver acordada. – Nossa, já acordou? – Ela riu.
- É, já.. – Eu respondi com um fraco sorriso, mas não me movi.
- Hoje é a sua formatura, querida. Eu nem acredito. – Minha mãe se sentou na beira da minha cama, me olhando de mais perto.
- Nem eu... – Eu certamente não disse aquilo no mesmo sentido que ela.
- Está ansiosa? – Ela acariciou o meu braço.
- Ansiosa não é a palavra certa. – Eu finalmente olhei pra ela.
- Está tudo bem? – Minha mãe estranhou.
- Está. – Eu neguei com a cabeça. – Não se preocupe. – Eu voltei a forçar um sorriso.
- Certo, então levante ou vai se atrasar. – Minha mãe se aproximou e beijou a minha testa, indo em direção a porta e saindo do quarto.

Eu queria ficar mais um tempo ali, talvez pra sempre. Eu não queria ter que passar por tudo o que eu teria que passar naquele dia, porque eu simplesmente sabia como seria difícil e triste. Eu sabia que eu sofreria, eu sabia que tudo o que eu fizesse eu pensaria nele. Eu pensaria em como seria se ele estivesse ali.


passou quase a noite toda em claro. Em um minuto ele se deitava e tentava dormir, mas no outro ele se levantava com a desculpa de que teria que arrumar o quarto antes que sua mãe visse toda aquela bagunça. Ele não queria ter que pensar em tudo o que aquele dia representava pra mim e que ele não estaria lá. não queria pensar que na manhã seguinte eu estaria embarcando para Nova York.


Depois de me sentar na cama, encarei o chão por um tempo, tentando me encorajar a fazer o que tinha que fazer. Me levantei, fui até o meu guarda-roupa e peguei o vestido que eu usaria na minha apresentação. Separei os outros acessórios que eu usaria e fui até o banheiro.

Achei que a água do chuveiro me convenceria de que todas aquelas gotas em meu rosto não eram as minhas lágrimas. Passei as mãos pelo meu rosto, tendo certeza de que aquelas lágrimas eram apenas o inicio de tudo. Eu tentava me convencer de que chorar não faria ele voltar atrás em sua decisão, mas eu percebi que eu não chorava porque ele não estaria lá e sim pelo motivo dele não estar lá. achava que estava me ajudando, que estava realizando o meu desejo de ter um último dia perfeito, mas eu não posso fazer isso sem ele. Como ele pôde não perceber isso?

Não adiantava. Não importa o quanto eu chore ou o quanto eu queira tê-lo comigo. Foi a decisão dele e eu teria que me conformar. Eu ainda tinha amigos que fariam de tudo para arrancar um sorriso do meu rosto naquele dia. Eu ainda tinha que fazer aquela apresentação pela Sra. Dark. Ela confiou em mim e ela acredita que eu vou dar tudo de mim naquela apresentação. Eu devo isso a ela, ainda mais depois de tudo o que ela havia feito –indiretamente- para juntar eu e o .

Coloquei o vestido (VEJA AQUI), depois o sapato de salto alto e por fim os acessórios. A aliança de compromisso estava em meu dedo e o corrente da amizade estava em meu pescoço. Havia também algumas pulseiras em meus pulsos e os brincos. O cabelo estava seco, depois de eu tê-lo seco com o secador. Eu deixaria ele solto, já que ele parecia bem bonito naquele dia. A maquiagem não foi tão simples e fraca. O lápis contornava os olhos, o blush deixava minhas bochechas um tanto rosadas, o batom vermelho destacava os meus lábios, o rímel deixava meus enormes cílios ainda mais a mostra e a sombra fraca estava sobre os olhos.

- , você sabe onde está o meu... – disse, entrando apressadamente pela porta do meu quarto. Ele parou de falar quando me viu. – Uau, você está muito bonita. – sorriu. Ainda faltava um dos pés do seu tênis.
- Valeu. – Eu tentei sorrir para que ele não percebesse que havia algo errado.
- Você viu o par do meu tênis? – finalmente perguntou o que queria.
- Eu vi na sala, acho.. – Eu disse, me esforçando para lembrar.
- Vou ir lá ver. Valeu.. – Ele saiu em busca de seu tênis.

Olhei-me no espelho mais uma vez e eu estava exatamente como pretendia estar no dia anterior, quando havia escolhido o que usaria para apresentação. Olhei meu rosto no espelho e vi que parecia tão triste. Eu sorri para o espelho e vi o quanto soava falso. Neguei com a cabeça, tentando mostrar a mim mesma que eu não podia ficar daquele jeito. Eu não podia tornar aquilo pior do que já seria.

- Vamos, . Você pode fazer isso, ok? – Eu disse, olhando pra mim mesma no espelho. Afirmei com a cabeça e respirei fundo, como se o ar fosse algum combustível pra acalmar meu coração.

Desci as escadas e percebi a correria de todos. Meu pai tomava o café lentamente na mesa de jantar, enquanto minha mãe corria pra lá e pra cá e passava o perfume apressadamente. Meu pai me olhou e sorriu, como quem dissesse ‘Somos os únicos normais daqui’. Eu ri sem emitir som. O primeiro sorriso sincero daquele dia! Yeah!

- Depois eu quem sou a atrasada, não é? – Eu disse, me sentando na mesa ao lado do meu pai.
- Não se esqueça de jogar isso na cara do seu irmão mais tarde. – Meu pai disse, rindo.
- Eu vou. Acredite! – Eu disse, observando a mesa. Eu realmente não estava com fome.
- Você está linda. – Meu pai disse daquele jeito que só o pai coruja sabe dizer.
- Obrigada. – Eu sorri pra ele.
- Quando foi que você aprendeu a cantar? – Meu pai havia descoberto naquela semana que eu cantaria na cerimonia de formatura.
- Eu não aprendi, pai. – Eu voltei a rir. – As pessoas é que acham que eu sei cantar. – Eu expliquei.
- Não foi você quem se inscreveu pra cantar nessa apresentação? – Meu pai arqueou a sobrancelha.
- Não! – Eu afirmei com uma careta. – Ainda não sei quem foi. – Eu disse, olhando para lado. parecia estar pronto.
- Não dá pra ficar mais bonito que isso. – suspirou longamente.
- Está um gato! – Eu disse e ele fez um olhar sedutor.
- Eu sei. – disse de um jeito engraçado.
- Ok, eu estou pronta. Vamos! – Minha mãe também chegou na cozinha.
- Eu já não deveria colocar a beca? – perguntou pra mim.
- Não. Depois da apresentação é que vai ter a entrega dos diplomas. É só nessa hora que precisamos usar a beca. – Eu expliquei.
- Odeio aquela coisa. É tão quente.. – revirou os olhos.
- Vamos de uma vez. – Meu pai se levantou da mesa.
- Podemos ir com o meu carro. – disse, mostrando a chave de seu carro.
- Isso, vamos com o seu carro. Eu dirijo. – Meu pai estendeu a mão em direção ao .
- Não, mas eu.. – ia argumentar, mas meu pai o interrompeu.
- A chave.. – Meu pai segurou a risada.
- Aqui. – fez uma careta de frustração.

Eu não queria que chegássemos no local da formatura. Eu não queria saber qual seria a minha reação ao pisar naquele palco, ao olhar para aquela primeira fileira. Quando chegamos lá, vimos dezenas de alunos com suas famílias. Eu pensei em como o podia não estar em sua formatura. O que ele está pensando?

- Acho que os pais devem ir pra lá. – apontou para o outro lado. Os formandos ficavam separados dos convidados.
- Awn, eu não acredito que os meus dois amores vão se formar. – Minha mãe tocou o meu rosto com uma mão e o rosto do com a outra.
- Mãe, não faz isso em público. – disse, olhando disfarçadamente para os lados.
- Vocês cresceram tão rápido.. – Minha mãe nos olhou com lágrimas nos olhos.
- Pai, por favor.. – olhou para o pai, querendo que o pai fizesse alguma coisa.
- Não acredito que os meus anjinhos vão se formar... – Meu pai fez uma voz fraca e tocou no rosto de , que fez careta. – Brincadeira. – Meu pai riu, fazendo com que eu gargalhasse com ele.
- Haha, muito engraçado. – forçou um sorriso.
- Vamos, eles tem que ficar com os outros formandos. – Meu pai tocou no ombro da minha mãe e ela foi com ele, depois de dar um beijo no rosto de e no meu.
- Ser envergonhado no dia da formatura: checado! – revirou os olhos.
- Dá um desconto pra ela. É a nossa formatura, é normal ela ficar emocionada. – Eu neguei com a cabeça.
- ACHEI VOCÊS! – gritou, chegando ao meu lado. estava com ele, mas ela era bem mais discreta que ele. – Sério, se a minha mãe chorar mais um pouco, ela vai alagar esse salão. – suspirou, impaciente.
- Minha mãe também está chorando em algum canto daqui. – sorriu pra mim.
- A minha já me abraçou umas 20 vezes a caminho daqui. – disse, fazendo os dois amigos rirem. Eu olhava para algum lugar do salão com aquele olhar perdido, como se estivesse procurando alguma coisa ou alguém.
- ? – percebeu que havia algo errado e ficou imediatamente mais sério.
- Oi.. – Eu voltei a olhá-lo e sorri apenas para não confirmar aquela suspeita de que meu mundo estava desabando.
- Tudo...bem? – perguntou, desconfiado.
- Oi linda. – interrompeu, quando viu se aproximar.
- Oh meu Deus, você está maravilhoso. – se aproximou e beijou rapidamente o namorado. – Oi pessoal. – Ela olhou para os amigos. – Interrompi alguma coisa? – Ela perguntou, percebendo um clima estranho.
- Não, não. Está tudo bem. – Eu tentei não demonstrar desespero naquela minha afirmação.
- E a minha cantora favorita? Está pronta? – riu, ansiosa.
- Eu nunca vou estar pronta. – Eu disse, querendo dizer um sincero não.
- Você está perfeita. Está parecendo uma verdadeira... diva. – adicionou de um jeito meio sem jeito.
- Obrigada. – Eu olhei pra ela com um fraco sorriso. – Você também está linda. – Eu completei. sorriu pra mim, feliz por receber aquele elogio de mim apesar de tudo.
- Olhem ali. É o e a . – disse em um tom de voz mais baixo, enquanto apontava com a cabeça. Todos olharam e viram o casal, que não parecia mais com um casal. Eles nem ao menos estavam de mãos dadas.

vestia um simples, mas lindo vestido. Ela estava muito bem arrumada e maquiada, mas a sua expressão não era igual a dos outros formandos. estava maravilhoso. O cabelo bem arrumado e as roupas combinavam. olhava por todo o salão e os olhos dela finalmente me acharam. Nos olhamos por um tempo e eu percebi que aquele olhar de raiva que ela me lançou da última vez que nos vimos não estava mais lá. Era um olhar triste, que se misturavam com algumas poucas lágrimas que eu consegui achar em seus olhos. O olhar dela se perdeu, quando ela virou o seu rosto.

também nos viu e diferente de , ele sorriu. Apontou um dos dedos em nossa direção e disse algo pra . Ela nem sequer olhou e o puxou para o lado contrário em que estávamos. olhou pra trás e acenou rapidamente com a mão, fazendo uma careta de insatisfação.

- Pobre .. – negou com a cabeça, depois de também acenar pro .
- Eu já tentei falar com a , mas ela não quer falar com ninguém. – comentou, demonstrando-se chateada.
- Eu também já tentei. – também afirmou.
- Eu espero que esteja bem. – Eu afirmei, olhando pro meu amigo de longe. Ele e pareciam discutir.
- Srta. ? – Alguém me chamou. – Sua apresentação é em uma hora. – Era a Sra. Dark. – Você pode ficar atrás do palco. Você entra logo depois da Jessie. – Ela sorriu, parecendo empolgada.
- Certo, obrigada. – Eu afirmei com a cabeça e tentei sorrir.
- Belo figurino. – Sra. Dark deu um sorriso ainda maior. – Aliás, a primeira fileira foi reservada para os seus amigos como você pediu. – Ela disse, antes de sair. Foi a pior notícia que ela poderia me dar. A primeira fileira, não!

Realmente não fazia nenhuma diferença agora. Aquela primeira fileira vai ser invisível pra mim, pois eu não vou aguentar olhá-la e não vê-la vazia. Vazia sim porque a pessoa que eu mais queria que estivesse lá, não estaria. Eu andei até a parte detrás do palco e todos foram comigo. Talvez eles já tivessem percebido do quanto eu precisava do apoio deles.

finalmente encontrou o sono. O seu travesseiro molhado devido as lágrimas que derramou ali durante toda a noite atrasaram ainda mais aquele sono. Ele passou a noite orando para que estivesse dormindo na hora em que a minha apresentação estivesse acontecendo para que ele não tivesse que ficar pensando que ele deveria estar lá, que eu estava sentindo a falta dele e que era lá onde ele queria estar.

- ! Querido, acorde! – A mãe de sacudiu o corpo do filho, que acordou rapidamente, assustado.
- O que foi? – perguntou com aquela cara de sono, mas ainda com aquela expressão de susto.
- A sua formatura! Começa em 1 hora! – A mãe de riu do susto que o filho havia levado.
- Formatura? – repetiu pra si mesmo. – Eu não... – ficou sério de vez e voltou a colocar a cabeça em seu travesseiro. – Mãe, eu não vou. – conseguiu dizer.
- Muito engraçado. – A mãe dele sorriu rapidamente e depois voltou a ficar séria. – Vamos, levanta. – Ela ficou parada, olhando pra ele.
- Eu não vou. Já está decidido. – virou-se para o outro lado da cama, olhando para a parede em sua frente.
- ! Anda logo! Se eu não ver a cantando eu vou te bater. – entrou no quarto, impaciente.

Quando ouviu sua irmã dizendo aquilo, sentiu o desespero voltar a tomar conta do seu corpo, do seu coração. Ele encarou a parede em sua frente e sentiu as lágrimas voltarem para os seus olhos. Só Deus sabia o quanto ele queria estar lá, o quanto ele queria vê-la, abraça-la e pedir pra que ela ficasse. passou a mão pelos seus olhos para evitar que as lágrimas escorressem por eles. Ele respirou fundo e voltou a virar-se para o lado onde estava sua mãe e sua irmã.

- Hey, venha até aqui. – pediu, sentando-se em sua cama. atendeu o seu pedido e andou até ele. Ela estava linda. Usava um lindo vestido rosa rodado, sapatos com os pequenos saltos que ela sempre quis tanto usar e uma tiara com uma flor em seu cabelo.
- O que foi? – olhou para o rosto do irmão e percebeu que ele não estava nada bem.
- Olha, eu não vou poder ir vê-la cantar. – disse, vendo a expressão de surpresa de sua irmã. – Mas você vai até lá. Você vai vê-la cantar e depois você vai procurar por ela e vai dizer a ela que apesar de eu ser um idiota, eu sinto muito. Diga a ela que ela está linda e que eu a amo. – disse devagar para que sua irmã não esquecesse de nenhum detalhe.
- Mas porque você não fala pra ela? – arqueou a sobrancelha.
- Eu vou ficar aqui. – disse e depois olhou pra sua mãe.
- , mas é a sua formatura! – A mãe dele disse, perplexa.
- É bem mais do que isso, mãe. – sorriu fraco e negou com a cabeça. – E eu sei, acredite. – afirmou. – Eu não estou muito bem. Eu vou ficar aqui. – Ele repetiu.
- Não está bem? O que você tem, filho? Eu te levo pro hospital. – A mãe dele disse, preocupada.
- Não, mãe. Existe só um remédio pra isso que eu estou sentindo e ele não está no hospital. – voltou a se deitar, voltando a colocar o seu cobertor sobre o seu corpo.
- Então eu não vou. Se você não vai, eu não tenho porque ir. – A mãe dele disse.
- Não, vai sim. Pegue o meu diploma depois com o diretor da escola. – pediu. – E a precisa ir. Ela disse que iria. – olhou para a irmã e depois para a mãe. – Não se preocupem comigo. Podem ir. – tentou sorrir, antes de virar-se novamente para a parede.
- Tudo bem. Fique bem, querido. – A mãe de se aproximou e beijou a cabeça do filho, depois de fazer um rápido carinho naquele mesmo lugar. sentiu que não conseguiria mais segurar o seu choro. A tristeza tomou conta de seu rosto e seus olhos se enchiam cada vez mais de lágrimas, enquanto ele ouvia sua mãe e sua irmã saírem de seu quarto.

O barulho da porta batendo fez virar-se novamente para olhar o teto de seu quarto. As lágrimas escorriam por cada um de seus olhos, tomando rumos contrários. Ele só conseguia pensar que a essa hora eu estava desejando a presença dele, ele só conseguia pensar que estava me decepcionando mais uma vez e que dessa vez eu poderia não querer perdoá-lo.


A escada pela qual eu subiria no palco me dava calafrios. Meus amigos e meu irmão estavam conversando em torno de mim e eu não conseguia prestar atenção em nenhuma palavra que saia da boca deles. Parecia que eu estava em todos os lugares, menos ali. Esse era o jeito de eu não pensar no que eu estava prestes a fazer.

- Ok, então eu e a já estamos indo pro nosso lugar. Quero ficar com o melhor lugar, porque eu sou o irmão e sou mais importante que todos vocês. – disse, segurando a risada.
- , eu não vejo a hora de te ver cantando. – se aproximou e me abraçou. – Você vai arrasar. – Ela piscou pra mim e se afastou.
- É claro que ela vai arrasar! Ela é minha irmã. – se aproximou e beijou o meu rosto. – Vejo você no palco. – sorriu pra mim e depois saiu de mãos dadas com a .

Palco. Aquele lugar assustador que eu queria tanto evitar. Cantar? Eu não canto! Porque estou fazendo isso, afinal? Quem é que me inscreveu naquela apresentação ridícula que agora estava me causando tantos problemas? Porque eu tive que aceitar fazer aquilo? Como pôde ter me convencido a fazer aquilo e agora não estar ali para me apoiar? Como ele pode ter me feito compor aquela música que dizia tanto sobre nós e agora não estar ali para me ouvir cantá-la?

- Vamos também? – perguntou, olhando para .
- Não... – sussurrou, olhando pra mim. Eu encarava o papel que continha a letra da música que eu cantaria. Eu já sabia ela detrás para frente, mas ficar relendo e relendo ela me ajudava a não pensar em nada. – Você não percebeu? Ela não está bem. – continuou sussurrando para . Ele me olhou e percebeu do que estava falando.
- ? – se aproximou de mim. ficou um pouco mais atrás. Eu levantei o meu rosto para olhá-lo. – Está realmente tudo bem? – perguntou de um jeito desconfiado.
- Está, eu já disse. – Eu sorri e desviei o olhar para que ele não percebesse que eu mentia.
- Porque não me fala a verdade? – insistiu, sem deixar de me olhar.
- Eu estou falando a verdade! – Eu voltei a olhá-lo, como quem estivesse brava com a desconfiança dele. Na verdade, eu estava brava por não ter conseguido esconder dele. – Droga, porque não acredita em mim? – Eu sai da frente dele e depois de alguns passos, parei de costas pra ele, sentindo as lágrimas finalmente invadirem os meus olhos. Passei uma das minhas mãos pelo meu cabelo, enquanto negava com a cabeça. Eu não podia chorar.
- .. – suspirou, demonstrando que queria que eu contasse a ele o que estava acontecendo.
- Ele não está aqui. – Eu disse, ainda de costas pra ele. olhou pra e era como se eles conseguissem conversar através do olhar. Ambos já sabiam sobre quem eu falava.
- ? – voltou a me olhar de costas. – Ele deve estar atrasado, mas ele vai chegar. Eu tenho certeza que ele vai. – tentou me acalmar, sem saber o que realmente estava acontecendo.
- Não! Ele não vai! – Eu disse, impaciente. – Ele me disse que não viria. Ele disse que não poderia estar aqui porque não pode suportar o fato de ser o meu último dia. – Eu finalmente me virei para olhá-lo. Eu ainda não tinha deixado as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. – Então não. Não diz que ele vai estar aqui, não diga que vai ficar tudo bem, porque não vai! – Eu disse com mais tristeza do que eu queria.

Eu sai dali o mais rápido que consegui, indo pra qualquer lugar onde eles não pudessem ver todas as minhas lágrimas, que eu me esforçava tanto para segurar dentro dos olhos. Entrei na primeira porta que encontrei e a fechei, colando minhas costas . Dei de cara com a pessoa que eu menos queria ver em minha frente naquele minuto.

- O que você está fazendo aqui? – Jessie me olhou, furiosamente.
- Agora não, Jessie. – Eu neguei com a cabeça e voltei a me virar em direção a porta, querendo sair dali, mas Jessie foi mais rápida e colocou a mão na porta, impedindo que eu a abrisse.
- Você não vai a lugar algum. – Jessie disse, achando que estava me deixando assustada.
- Jessie, eu sei que nós brigamos o tempo todo, mas me deixa em paz agora, ok? Eu não quero brigar. – Eu me afastei da porta, apenas para sair de perto dela.
- Te deixar em paz? Você vem e tenta arruinar o meu show e quer que eu te deixe em paz? – Jessie disse, indignada.
- O QUE? Você acha que eu queria estar aqui? Você acha que eu quero fazer isso? – Eu perguntei retoricamente. – Eu não ligo pro seu show, eu não ligo pra você, Jessie! – Eu disse, furiosa.
- Todos os anos sou eu quem faço essa apresentação. Sou eu quem brilho naquele palco e sou eu quem é aplaudida por todos, mas parece que esse ano você resolveu aumentar a concorrência, não é? – Jessie me olhou com descaso. – Primeiro com o , depois com a popularidade na escola e agora com esse show? MEU SHOW? – Jessie estava gritando como uma louca. – Eu não pude fazer nada para impedir as outras coisas, mas isso eu posso e eu vou! – Jessie sorriu maleficamente.
- Jessie, você não precisa.. – Eu disse, vendo ela virar-se para a porta. – Hey! O que acha que vai fazer? – Eu gritei, vendo ela abrir a porta e tirar a chave. – JESSIE! NEM PENSE NISSO! – Eu sai correndo, mas não deu tempo de chegar na porta antes que ela a trancasse por fora. – JESSIE! – Eu comecei a bater na porta. – ISSO NÃO TEM GRAÇA! – Eu ainda gritava. – ABRE A PORTA, JESSIE! – Eu virei a maçaneta umas 10 vezes e a porta não abria. – JESSIEEEEE! – Eu gritei pela última vez. – DROGA! – Eu dei um tapa na porta como forma de desabafo.

Jessie sentiu um enorme alivio, quando olhou para os lados e viu que ninguém havia visto o que ela havia acabado de fazer. Ela sorriu, sabendo que agora eu estaria bem longe da sua apresentação. Jessie saiu de perto da porta para evitar suspeitas. Ela seria a primeira a se apresentar e faltava meia-hora para acontecer.

- Está dando fora de área! – disse, depois de tentar ligar pro seguidas vezes, sem resposta. – Ele desligou o celular. – resmungou, tentando mais uma vez.

sabia que o problema de tudo aquilo era o . Ele sabia que o amigo havia feito uma grande besteira e sabia que ele estava tão mal quanto eu. queria ajudar e tentar fazê-lo voltar atrás na sua decisão, mas parece que não queria falar com ninguém.

- Certo, me dê a chave do seu carro. – estendeu o braço, certa do que estava fazendo.
- Muito engraçado. – continuava com o celular no ouvido, pois ainda tentava falar com o .
- Não estou brincando. Anda! – a abriu a mão, impaciente.
- Você está drogada? Você não vai dirigir o carro dos meus pais. – riu da cara de .
- DÁ LOGO A PORCARIA DA CHAVE! – gritou, furiosa. Deu até um tapa no braço do .
- Ai, ei! – fez cara feia.
- Você não quer ajudar a sua melhor amiga? Não quer vê-la feliz? – apontou para a direção onde eu havia ido.
- Eu quero muito, mas.. – tentou argumentar, mas não deu liberdade.
- Então me dê a chave. Eu vou resolver isso. – olhou pro mais séria.
- Eu vou dirigindo. Vou com você! – parecia ter achado uma solução.
- Não! – afirmou, impaciente. – Você precisa estar aqui na apresentação dela. Você precisa estar aqui, eu não. Ela não se importa que eu não esteja aqui. Estamos brigadas, lembra? – explicou de forma paciente, mesmo estando com toda a pressa do mundo.
- Não fala isso. Ela se importa sim. Vocês ainda vão se resolver. – tentou animar a garota que tanto amava.
- Nós resolvemos isso uma outra hora. Eu preciso ajudá-la agora. – Ela voltou a estender a mão. – Me dê a chave. Eu prometo que vou ter cuidado. – sorriu, pois saberia que isso ajudaria a convencer .
- Eu sei que vou me arrepender disso, mas... – colocou a mão no bolso. – Vai, pega. – Ele colocou a chave na mão dela. – Eu confio em você. – Ele sorriu carinhosamente para ela.
- Obrigada. – também sorriu, sem jeito. Virou-se de costas, mas nem chegou a dar os passos.
- Espera. – pediu e ela virou-se para ele, sem esperar que ele estivesse tão perto e que beijaria seus lábios. Não passou de um selinho, mas foi possível sentir o quanto ele estava agradecido por estar ajudando a sua melhor amiga. – Agora pode ir. Boa sorte. – Ele disse, depois de descolar seus lábios dos lábios dela.
- Eu vou precisar. – Ela riu e logo depois saiu correndo.

Eu já havia desistido de gritar a estapear a porta, tentando fazer alguém me escutar dentro daquele pequeno camarim. A música no salão estava tão alta e as pessoas que estavam ali atrás do palco estavam correndo de um lado para o outro, tentando arrumar os últimos detalhes antes da grande cerimonia.

A verdade é que eu não havia achado a ideia da Jessie tão ruim. Não me apresentar era tudo o que eu queria. Agora eu tinha um bom motivo para justificar aquele meu medo de subir naquele palco. Mesmo sabendo que eu decepcionaria a Sra. Dark, eu não tinha culpa se a Jessie tinha me trancado ali. Mesmo eu tendo trabalhado tanto naquela música, aquele frio na barriga e aquele buraco no meu peito não me deixariam passar por aquilo sem sofrer ainda mais do que eu já estava sofrendo.

me procurou por todos os lados e não me encontrou. Percebeu que talvez eu precisasse ficar sozinha e se era isso o que eu queria, ele respeitaria. Saiu da parte detrás do palco e voltou para onde estavam localizadas as cadeiras dos convidados e formandos. Encontrou e na primeira fileira e viu que haviam mais 4 lugares guardados. Dois deles eram certamente para e , mas é claro que eles não ficariam ali. não permitira. sentou-se ao lado de e guardou um lugar pra ao seu lado. Ainda restava um lugar. O lugar de quem mais precisava estar ali naquele dia.

não sabia se tudo sairia como o planejado. Não dependia só dela, mas ela faria a sua parte. Ela faria o que estivesse ao seu alcance para salvar o último dia sua melhor amiga, mesmo que nós não fossemos mais tão amigas quanto costumávamos ser. estava estacionando o carro, quando viu a porta da casa dele se abrir.

- Sra. Jonas! Sra. Jonas! – veio correndo, eufórica. A família Jonas estava saindo para ir a formatura.
- ? – A mãe de estranhou. – Oi! Como está indo? Faz tanto tempo que não te vejo. Você está linda. – A mãe de disse, como sempre, sendo muito gentil.
- Obrigada, muito obrigada. – sorriu, ainda respirando com certa dificuldade. – Onde está o ? Ele está em casa? – apontou para a casa.
- Que bom que você veio. – A mãe dele se aproximou de , pois não queria falar perto de . – O está muito estranho. Ele não está bem e eu nem ao menos sei o que está acontecendo. – Ela disse, preocupada. – Ele nem quer ir a formatura. – Ela realmente não sabia o que estava acontecendo.
- Eu imaginei. – negou com a cabeça. – Eu posso falar com ele? – voltou a apontar para a casa.
- Claro que pode. Entre e fique a vontade. – A mãe dele sorriu, sabendo que tentaria ajudar o seu filho.
- Obrigada. Vejo vocês na formatura. – Ela acenou rapidamente para e para o ‘pai’ do e saiu correndo pra dentro da casa.

Não havia nem 5 minutos que tinha conseguido dormir. Ele havia passado muito tempo tentando dormir para que não precisasse pensar em tudo o que estava acontecendo naquele dia. Quando ele finalmente havia parado de se torturar pelo que estava fazendo comigo e consigo mesmo, uma luz forte clareou o seu quarto. Era a janela de seu quarto sendo brutalmente aberta.

- ANDA, LEVANTA! – gritou com uma das mãos na cintura. Ela olhava furiosamente para o .
- ? – abriu um pouco os olhos, ainda incomodado com toda aquela luz. Ele se sentou em sua cama. – O que você está fazendo aqui? – colocou a mão em frente dos seus olhos, evitando que a luz viesse de encontro a eles.
- EU MANDEI LEVANTAR! – continuou gritando, furiosa. parecia já ter entendido o que ela havia vindo fazer ali.
- Levantar pra que? Não vou a lugar algum. – voltou a deitar-se, puxando o seu cobertor mais pra cima de seu corpo.
- Eu não vou deixar você fazer isso. – foi até a cama dele. – Levanta de uma vez. – puxou a coberta de e a jogou do outro lado do quarto.
- O que pensa que está fazendo!? – voltou a se sentar na cama. Dessa vez quem estava furioso era ele. – VOCÊ NÃO ENTENDE! – gritou, enquanto a encarava.
- Você está abandonando ela, ! Você está abandonando ela no dia em que ela mais precisa de você! – começou a argumentar.
- SIM! EU ESTOU! – continuou a gritar, já que ele precisava colocar pra fora tudo aqui que estava dentro de si mesmo. – VOCÊ NÃO ENTENDE! NINGUÉM ENTENDE, SÓ EU! SÓ EU SEI O QUE EU ESTOU PASSANDO! – voltou a encarar a amiga, enquanto respirava fundo. – Então não pense que vir aqui e dar um discursinho inspirador vai mudar alguma coisa na minha decisão. – não terminou a frase com toda a raiva que queria.
- VOCÊ É TÃO EGOÍSTA ASSIM? – olhou pra ele, indignada.
- VOCÊ NÃO.. – ia dizendo, mas ela o interrompeu.
- CALA A BOCA E ME ESCUTA! – apontou o dedo na direção dele. – Quem você pensa que é, ? Quem você acha que é pra abandoná-la agora? – continuava usando aquele tom de indignação. – Logo VOCÊ que esteve do lado dela em todos os momentos da vida dela. Você nunca deu pra trás, ! Por mais difícil que fosse, você nunca deu pra trás. – ia mudando o tom de sua voz. – E todas as vezes em que ela pensava em desistir, você não deixava! Em todas as vezes em que ela achava que não dava mais pra continuar, você sempre segurava ela pela mão e a levava de volta pro caminho certo. – começou a sentir seus olhos arderem. – Você mostrou a ela que ela pode ser diferente, ! Você mostrou a ela que ela pode ser forte, mesmo quando tudo está uma droga. , você sempre fez ela acreditar que nunca estaria sozinha. – fez uma pequena pausa antes de continuar. – Então, como? Como você ousa abandoná-la hoje? – Ela negou com a cabeça, sem acreditar.
- Você acha que eu não queria estar lá? – perguntou, depois de ficar um tempo em silêncio. As lágrimas pareciam estar voltando para os seus olhos. – Eu não posso! Eu não posso estragar o dia dela. Eu não vou estragar o dia dela! – afirmou, achando que estava demonstrando certeza no que dizia, mas percebeu que ele queria o contrário.
- Eu estava com ela agora, . – diminuiu o tom de sua voz. – Eu a conheço há anos, mas eu juro que eu nunca a vi tão triste como hoje. – negou com a cabeça e percebendo o quanto aquela informação havia quebrado de todos os meios. – Desculpa dizer, mas você já estragou o dia dela. – disse, vendo suspirar longamente, como se não soubesse o que fazer.
- Porque está me dizendo isso? Porque está fazendo isso? Não está vendo que eu já.. – desistiu de terminar a sua frase. Passou uma das mãos pela sua cabeça e depois pelo seu rosto.

Logo quando achou que não podia se sentir pior, todas aquelas verdades que estava jogando em sua cara vieram de uma só vez para derrubá-lo de vez. Ouvir dizer que eu nunca havia sido decepcionada daquela forma antes; Ouvir dizer que ele era a minha maior decepção, faziam ele querer entrar debaixo daquela coberta e não levantar daquela cama nunca mais.

nunca havia se sentido tão mal, tão errado e tão idiota como naquele momento. Aquele momento em que ele percebeu que ele havia estragado tudo, que ele havia tomado a pior decisão, que poderia lhe custar algo que dinheiro nenhum jamais pagaria. Algo que poderia lhe custar algo que mais ninguém no mundo poderia lhe dar.

- Você está fazendo tudo errado, . – olhou com pena pro amigo.
- É isso que veio fazer aqui? Jogar tudo isso na minha cara? – disse, passando as mãos pelos olhos para tentar esconder as lágrimas.
- Não, . – negou com a cabeça. – Eu vim aqui pra te dizer que ainda dá tempo. Ainda dá tempo de fazer a coisa certa. – sorriu fraco.
- A coisa certa? Sabe qual é a coisa certa? – perguntou de forma retórica. – É ficar feliz por ela, porque ela está realizando o seu maior sonho. – percebeu que sua voz estava começando a ficar embargada por causa das lágrimas que ele tanto segurava. – Eu não estou feliz. Eu não estou feliz, porque a única coisa que eu quero é que ela fique. Eu quero que ela fique comigo. – levantou o seu rosto para olhar a sua amiga, que também segurava para não chorar.
- , amanhã ela começará a viver o sonho dela. – se aproximou do amigo. – Mesmo estando prestes a realizar o maior sonho da vida dela, ela não está feliz. – sentou-se em frente ao . – Ela não está feliz, porque você não está lá com ela, . – Ela olhou nos olhos no amigo. – Você faz ideia do quanto você é importante pra ela? Você tem noção de que a sua ausência, hoje, é maior do que qualquer felicidade que ela poderia estar sentindo porque amanhã ela estará realizando o seu sonho? – disse, vendo a sobrancelha de decair, enquanto ele cedia ao choro.
- Eu não consigo nem pensar na ideia de que hoje é o ultimo dia dela. Eu não vou conseguir olhar pra ela, sem pensar que amanhã vou ter que me despedir. – negou com a cabeça. – Eu não aguento mais sofrer por causa disso. Eu não aguento mais fingir que está tudo bem. – voltou a passar as mãos pelo seu rosto, secando as lágrimas que estavam em todos os cantos.
- Não finja! – decretou. - Não está sendo fácil pra ela também. Basta olhar pra ela para saber que ela vai desmoronar a qualquer momento. Você precisa estar lá quando isso acontecer. – tocou a mão do amigo. – Você é o único que vai poder segurá-la quando ela cair, porque só você sabe como ela se sente. – deu um simples sorriso com os olhos cheios de lágrimas. – Você precisa dela e você sabe que ela precisa de você também. – Ela apertou a mão do amigo. – Ela precisa que você esteja com ela naquela formatura. Ela precisa que você esteja com ela hoje, . – finalmente disse. a olhou por um tempo, como se estivesse pensando.
- Eu... – não sabia o que fazer. Ele estava confuso, pois seu coração e sua cabeça davam palpites diferentes sobre o que ele deveria fazer. Era a razão e a emoção lutando dentro dele e ele não sabia a quem escutar.
- Vamos, .. – disse, como se estivesse implorando. – Você sabe que eu estou certa. – Ela queria muito que tudo o que ela havia feito tivesse algum resultado.
- Porque está fazendo isso? – perguntou, olhando pra ela com todas aquelas lágrimas em seu rosto. – Quer dizer, vocês mal se falam. Porque está fazendo isso? – repetiu a pergunta.
- O que ela sente em relação a mim, não muda o que eu sinto por ela. Não muda o que eu já passei com ela. Não muda o que ela já fez por mim. Não muda a nossa amizade. Não muda o fato de que ela sempre será a minha melhor amiga, mesmo que ela não saiba disso. – sorriu, enquanto uma lágrima finalmente escorria pelo seu rosto.
- Você é uma boa amiga, . – tocou o rosto da amiga e secou a lágrima que havia escorrido.
- É, eu sei. – riu, sem jeito pelas suas lágrimas.
- Posso te perguntar uma coisa? – passou as mãos pelo seu rosto, enxugando suas lágrimas dessa vez.
- Pergunte.. – olhou pro amigo com um quase sorriso.
- Qual roupa você acha que devo vestir? – perguntou e o sorriso de se desfez, pois ela estava surpresa demais para mantê-lo em seu rosto. – Eu tenho que estar bonito pra minha formatura e pra ver a minha garota, não acha? – foi quem sorriu dessa vez, ainda com seus olhos marejados. não precisou dizer mais nada, seu sorriso já dizia tudo.
- Eu consegui... – suspirou, incrédula. Ela abraçou por puro impulso e correspondeu ao seu abraço. Ele sabia muito bem o quão havia ajudado ele naquele dia. Ele jamais esqueceria.

Não é que ele tivesse mudado de ideia tão rapidamente. realmente percebeu que não havia pensado antes em tudo aquilo que havia lhe dito. Ele percebeu que estava na hora dele seguir seu próprio conselho. O conselho que ele havia dado pra mim no dia anterior: ‘Quando você tiver uma problema, fale comigo. Vamos resolver juntos.’. finalmente havia percebido que o único jeito de passar por aquilo era passando por aquilo junto comigo. Se fosse pra sofrer, sofreríamos juntos. Se fosse pra aproveitarmos o último dia em que estávamos tão perto um do outro, que fizéssemos isso juntos. Se tivermos que passarmos por isso, passaremos por isso juntos!

- Vamos, vou te ajudar com a roupa. – disse, segurando a risada que tentava se manifestar a todo o momento por sua simples felicidade. – Não podemos demorar. – o alertou, não querendo que ele perdesse a minha apresentação.


Eu continuava em frente a porta. Aquela mesma porta que Jessie havia batido em minha cara. Eu continuava trancada naquele quartinho e já estava certa de que não haveria mais apresentação alguma. Eu já havia me conformado de que passaria as últimas horas ali dentro, enquanto a minha família e amigos esperavam para me ver naquele palco. Cheguei a imaginar que se estivesse ali, eu não estaria presa. Ele já teria ido atrás de mim, ele já teria me achado. Estar trancada ali era mais um indício de que ele não estava ali.

Ouvi quando Jessie entrou no palco. Ouvi o público aplaudi-la, antes mesmo dela se apresentar. Talvez não se possa ganhar da Jessie nesse mundo, certo? Uma música alta e agitada começou e eu pude perceber que ela já estava se apresentando. A voz dela não era tão ruim quanto eu imaginava, mas a letra definitivamente não tinha nada a ver com a ocasião. Era uma ótima música para se ouvir em uma festa, não em uma formatura.

- Cara, eu nunca fiquei tão feliz em não ter vindo nas outras apresentações da escola. – suspirou, olhando Jessie com uma cara de nojo. Ela rebolava pra lá e pra cá.
- Achei que eu estivesse na minha formatura e não... na Broadway. – também fez careta.
- A roupa dela tem tanto brilho, que meus olhos estão ardendo. – fechou os olhos por poucos segundos.
- Cadê a sua namorada? – perguntou, sem deixar de olhar pra Jessie.
- Ela não é a minha namorada. – riu por poucos segundos. – E... não sei. – resolveu não preocupar .

Acabei me sentando em uma das cadeiras para não me cansar. Eu estava certa de que não sairia dali tão cedo. Eu continuava ouvindo Jessie se apresentar e eu só conseguia pensar que eu havia tirado aquele peso, aquele medo sobre as minhas costas. Eu não teria mais que me apresentar, mas parecia que meu coração ainda continuava quebrado. A dor não havia parado e ele ainda não estava ali comigo. Talvez o problema não fosse aquela apresentação, talvez o problema fosse eu.

Os meus pensamentos tomaram conta de mim e eu até me esqueci que era a voz de Jessie que eu estava ouvindo. Meus olhos voltaram a olhar imediatamente pra porta, quando eu ouvi alguém mexer na mesma. A maçaneta girou algumas vezes e eu me esqueci de qualquer coisa que estava fazendo. Pensei que pudesse ser a Jessie, arrependida do que havia feito, mas me dei conta de que eu ainda conseguia ouvi-la do palco. Me levantei da cadeira, dando alguns passos em direção a porta. Alguém continuava mexendo na maçaneta, quando ela foi aberta. Não dava pra ver quem estava atrás dela, pois a porta ainda não havia sido aberta totalmente. Eu não me movi, esperando para saber quem estava atrás daquela porta, que agora se abria lentamente. Eu esperava qualquer pessoa, menos ela.

- Chelsea? – Eu arqueei a sobrancelha, sem reação.
- Eu sabia que a Jessie faria alguma coisa para tentar atrapalhar a sua apresentação. – Chelsea riu, negando com a cabeça. Ela estava muito bonita.
- O que.. – Eu ainda não acreditava. – O que você está fazendo aqui? – Eu dei alguns passos na direção dela.
- Acha que eu perderia a sua apresentação? Eu adoro te ouvir cantar. – Chelsea sorriu pra mim.
- Minha apresentação? – Eu repeti pra mim mesma. – Mas como você sabe que vou me apresentar? – Eu perguntei, pensando em milhares de possibilidades. Talvez ela ainda mantivesse contato com alguém da escola.
- Eu deveria saber, não é? Já que fui eu que te inscrevi nela. – Chelsea finalmente revelou aquele mistério que eu havia tentado tanto solucionar.
- O que? – Eu tinha certeza de que havia uma interrogação na minha cara naquele momento. – Você? Mas como? Você.. – Eu estava confusa. Porque diabos ela faria aquilo?
- Eu sabia que você cantava bem e achei que seria uma boa oportunidade de mostrar isso a todos. – Chelsea disse, achando que aquele motivo seria suficiente pra mim.
- Não.. – Eu neguei com a cabeça. – Eu sei que não foi só por isso. – Eu afirmei com certeza. – Por que, Chelsea? – Eu a encarei, tentando entender tudo aquilo.
- A verdade? Ok.. – Chelsea ficou mais séria e respirou fundo antes de dizer qualquer coisa. – Eu estava naquele dia do Karaokê, lembra? Você cantou aquela música pro . – Chelsea disse, tentando me fazer lembrar.
- Eu me lembro. – Eu afirmei rapidamente, querendo que ela dissesse de uma vez.
- Eu acho que eu tenho o dom de estragar tudo, não sei.. – Chelsea sorriu de sua própria desgraça. – O que eu quero dizer é que se eu não estivesse lá naquele dia, você não teria cantado aquela música pra ele. Eu tenho certeza que se eu não estivesse lá naquela noite, você teria cantado outra música pra ele. Você teria cantado pra ele a música que ele merecia ouvir. – Chelsea dizia, séria. – Eu achei que se você tivesse mais uma chance de cantar, você escolheria a música certa para cantar para ele dessa vez. Se você tivesse mais uma chance pra cantar, você daria a ele a declaração que ele merece ouvir. – Chelsea voltou a sorrir. – Além disso, eu vi o quanto você arrasou naquele palco aquele dia. Eu vi o quanto você se divertiu cantando aquela música. – Chelsea me olhou com toda a sinceridade do mundo. – Eu achei que fazendo isso, eu poderia me redimir do que eu fiz com você e com o . – Ela finalizou, esperando a minha reação.
- Se eu soubesse disse há algumas semanas atrás, eu teria te odiado. – Eu abaixei a cabeça para olhar o chão. – Eu teria te odiado mesmo. – Eu voltei a olhá-la. – Mas hoje não. Eu não poderia te odiar por ter feito eu e passarmos ótimos momentos juntos escrevendo a nossa música. Eu não poderia ter odiar, porque graças a você, hoje eu tenho um pedacinho dele comigo, mesmo não estando aqui. Eu tenho a nossa música. – Eu consegui sorrir pra ela, apesar de todas as lágrimas em meus olhos.
- Uau, você não sabe o quanto eu queria ouvir isso. – Chelsea sorriu, aliviada. – Eu nem sei o que dizer. Eu.. estou ansiosa pra ouvir essa música. – Ela continuava sorrindo.
- Eu não posso explicar agora, mas eu cheguei a pensar em desistir. Eu pensei em abandonar essa apresentação. Eu pensei em evitar ter que passar por isso, mas... – Eu suspirei longamente. – Mas eu vou fazer isso. Eu vou cantar. Eu vou cantar porque mesmo que ele não esteja aqui pra me ouvir cantá-la, continua sendo a nossa música. – Eu disse, querendo acalmar o meu próprio coração.


já havia ajudado escolher a roupa que ele vestiria. Ela esperava ele na sala, enquanto ele estava em seu quarto vestindo as roupas escolhidas. estava fazendo tudo com toda a pressa. Ele não queria perder a minha apresentação. Ele tinha que chegar a tempo.

- Anda, ! – gritou, quando apareceu inesperadamente na sala. – Nossa, que rápido. – riu, levantando-se do sofá para analisar o amigo.
- E então? – abriu os braços, esperando a opinião da amiga.
- Está perfeito! Ela vai adorar. – piscou pra ele e ele só não riu, porque estava muito nervoso. Ele vestia uma camiseta preta e uma camisa jeans aberta por cima. Uma calça jeans e o seu tradicional tênis. O cabelo estava um pouco molhado e bagunçado e o seu perfume dava pra sentir a metros de distância.
- Então vamos. – disse, indo em direção a porta de sua casa. o acompanhou até o lado de fora e depois até o carro. – Se eu não achasse que fosse impossível, diria que esse carro é do . – fez careta olhando pro carro.
- É do . – arqueou a sobrancelha olhando pro .
- Ele realmente gosta de você. – quase riu, negando com a cabeça. – Eu dirijo. – estendeu a mão em direção a .
- Não, eu dirijo. – cerrou os olhos.
- Nós estamos com pressa, lembra? – disse, querendo dizer que era lerda demais quando dirigia. Ela teve que concordar.
- Ok, ok! Porque os homens são tão machistas? – revirou os olhos, entregando a chave pro .
- Porque se fossemos feministas, seriamos gays e não homens. – respondeu, pegando a chave da mão da amiga, que fazia uma careta, apesar de segurar o riso.
- Tanto faz. – Ela não seguiu segurar a risada. – Se apresse ou não vai dar tempo. – o apressou, quando eles entraram no carro. – E tente não bater o carro. jamais superaria isso. – comentou, fazendo rir.


Eu ainda não conseguia acreditar que Chelsea estava ali na minha frente. Eu não conseguia acreditar que ela é quem havia causado tudo aquilo. Está pra nascer alguém que tenha a vida mais movimentada e surpreendente do que a minha. Quando eu achei que estava tudo perdido, a minha ex -amiga/inimiga aparece e me faz ter vontade de fazer aquela apresentação, que eu já havia desistido de fazer. Ela conseguiu me fazer ver um lado bom no meio de tanta coisa ruim.

- Parece que a apresentação da Jessie acabou. – Chelsea sorriu, ouvindo todos os aplausos da plateia.
- Eu sou a próxima... – Eu disse, sentindo minhas mãos suarem frio.
- Está nervosa? – Chelsea ficou mais séria, ao perceber o meu nervosismo.
- Estou, mas não é porque vou cantar na frente de tanta gente. – Eu tentei sorrir para não preocupa-la.
- É porque ele não está aqui. – Chelsea deduziu com uma expressão triste.
- Eu tenho medo de não conseguir cantar a música e estragar tudo. – Eu dei alguns passos, indo para fora daquele ‘quartinho’. Chelsea veio atrás de mim.
- Não, você vai conseguir. Eu sei que vai conseguir. – Chelsea tocou o meu ombro e parou em minha frente. – Faça isso por ele. Faça como se ele estivesse aqui, vendo você. – Ela nem sabia o quanto estava me ajudando. Olhei pra ela, prestes a abraça-la, mas Sra. Dark apareceu antes disso.
- É a sua vez, . – A professora disse com um enorme sorriso.
- Minha vez? – Eu repeti para convencer a mim mesma de que a hora havia chegado. – É, eu sei. – Eu respondi de imediato.
- Boa sorte. Eu sei que vai se sair muito bem e estou ansiosa para ouvi-la cantar. – Sra. Dark sorriu pra mim e saiu, indo em direção a plateia.
- Está na hora.. – Chelsea fez uma careta, como se estivesse arrependida de ter me colocado naquela. Eu nem consegui responder, pois vi Jessie vindo para detrás do palco. Quando ela me viu, ela não sabia se corria ou se tentava me matar.
- Chelsea? Você ainda existe? – Jessie fez careta ao chegar em frente a Chelsea.
- Eu não só existo como vim aqui pessoalmente para estragar com o seu plano. – Chelsea sorriu falsamente.
- Plano? – Jessie se fez de sonsa.
- Você é tão boa que não conseguiria ser melhor do que ninguém sem trapacear, não é? – Chelsea ironizou.
- Eu sou boa, querida. – Jessie cerrou os olhos.
- Certo, então porque você não vai procurar um lugar pra você ver a minha amiga aqui, mostrar pra você o que é uma apresentação de verdade? – Chelsea não sabe disso, mas sambou na cara da Jessie.
- Quer saber? – Jessie me olhou. Havia brilho em todo o seu rosto, que certamente havia saído de sua roupa pouco brilhante. – Estou pagando pra ver. Vou me sentar ali e ver de bem perto você se humilhar sozinha. Só não diga que foi culpa minha. – Jessie riu da minha cara e saiu, rebolando como sempre.

Que ótimo! Eu já estava nervosa, achando que estragaria tudo nas primeiras notas da música e a Jessie vem e diz tudo isso. Ela diz que eu vou fazer, exatamente o que eu estou com medo de fazer. Dá ficar mais confiante que isso? Impossível.

- Não dê ouvidos a ela. Você vai se sair bem, ok? – Chelsea me apoiou mais uma vez. Eu olhei pra ela, ainda meio perdida, sem saber o que realmente estava fazendo ali. – Está me ouvindo? Vai dar tudo certo. Acredite em você mesma. – Chelsea disse a palavra chave: acreditar. Era exatamente essa palavra que usaria se estivesse ali naquele momento. Ele me pediria para acreditar em mim mesma.
- Eu acredito. – Eu afirmei com a cabeça, sentindo meus olhos começarem a arder. Eu me aproximei e a abracei. Deu pra perceber o quanto ela pareceu surpresa com aquele abraço. Chelsea deu um longo suspiro. Um suspiro de alívio. – Eu acredito em você também. – Eu disse, ainda abraçando-a. – Eu te perdoou e te agradeço por tudo isso que fez por mim. – Eu terminei o abraço para olhá-la e vi de perto seus olhos marejados.
- Eu nem acredito que estou mesmo ouvindo isso de você. – Chelsea riu, passando as mãos pelos olhos para que as lágrimas não escorressem pelo seu rosto. – Certo, eu tenho que ir. – Ela apontou em direção a saída do fundo do palco. Ela iria para a plateia para que pudesse assistir a minha apresentação.
- Ok, pode ir. – Eu disse, vendo ela dar alguns passos para trás.
- Força! Acredita! – Chelsea disse, mesmo estando de longe. Eu apenas afirmei com a cabeça, vendo ela sair pela porta.


nunca havia corrido tanto com o carro. jamais poderia saber daquilo. Ele havia passado em uns 2 faróis vermelhos, sem tirar todas as buzinadas que ele teve que ouvir durante todo o trajeto. Ele chegou no estacionamento do salão e desligou o carro, depois de parar em uma das vagas. Ele encarou o volante por um tempo.

Coragem! Era isso que ele mais precisava ter naquele momento. precisava ter coragem de entrar naquele salão e olhar pra mim com o melhor sorriso que conseguisse. Ele precisava se desculpar pela ideia de não estar naquele meu último dia ter passado pela sua cabeça. precisava se desculpar pelas horas que eu havia sofrido, desde que ele havia terminado aquele telefonema. Ele precisava ser forte o suficiente para fazer daquele dia, o mais incrível. Ele tinha que fazer isso por mim.

- ? – o chamou, depois de vê-lo todo pensativo.
- Eu acho que meu coração vai sair pela boca. – disse, sentindo seu coração despadrado.
- Está com medo? – olhou pra ele.
- Morrendo de medo. – suspirou, tentando se acalmar. – Ela vai cantar a nossa música. Eu não sei se consigo lidar com isso. – riu de nervosismo.
- Vamos descobrir! – abriu a porta do carro e olhou pro , esperando que ele fizesse o mesmo.
- Que se dane. Ela precisa de mim, é só o que importa. – disse como se quisesse encorajar a si mesmo. Ele abriu a porta do carro e depois o travou.
- Já começou! CORRE! – gritou, ouvindo a música alta dentro do local. Ela não sabia se a minha apresentação havia começado ou não. Ela só sabia que a cerimonia de formatura havia começado.

O microfone estava em minhas mãos e eu olhava pra ele e só conseguia ver minhas mãos tremerem. Eu já havia entregado o CD com a melodia para os responsáveis do som e eles só esperavam o meu sinal para começar a tocá-la. O meu coração batia tão rápido, que parecia que pararia de vez a qualquer momento.

- Acreditar. – Eu repeti bem baixo, para que somente eu pudesse ouvir. – Eu acredito em mim. Ele acredita em mim. – Eu voltei a dizer no mesmo tom e até consegui sorrir no final da minha frase. – Eu sou forte, eu posso fazer isso. – Eu dizia para mim mesma, como se fosse o me dizendo aquilo. O único motivo de eu continuar com aquilo era ele. Eu passei uma das mãos pelo meu cabelo e o ajeitei pela última vez.

O microfone estava em frente a minha boca e eu olhei para ele, tentando me concentrar naquilo que faria. O meu olhar foi imediatamente desviado para a minha mão. A mão em que eu segurava o microfone. A mão em que havia desenhado aquele coração, que agora estava bem fraco, mas ainda sim era possível vê-lo. Ao olhar aquele coração, eu só conseguia me lembrar que havia me dito que aquele coração era a prova viva de que eu não estava sozinha e que ele estava comigo. Meus olhos se encheram rapidamente de lágrimas e eu sorri, enquanto soltei um longo suspiro. Ver aquele coração era o que eu precisava para dar o sinal verde para que a melodia começasse a ser tocada.

Os seguranças do local quase não deixaram e entrarem. Eles tiveram que procurar os nomes deles na lista de formandos. Isso certamente os atrasou ainda mais. Quando o segurança liberou a entrada, eles saíram correndo em direção ao salão principal. apontou uma porta, que era a porta que dava na entrada lateral do salão. empurrou a porta no mesmo segundo em que aquela melodia que ele conhecia muito bem, começou a tocar.

As luzes foram abaixadas e a melodia continuava tocando. Eu esperava que a hora certa chegasse para que eu pudesse finalmente entrar no palco. O meu coração e o coração de estavam disparados como um só. Pareciam que batiam na mesma velocidade e pelo mesmo motivo. continuava imóvel na porta superior, que ficava atrás de todas as cadeiras em que os convidados e os formandos estavam sentados. suspirava exaustivamente e também observava o palco.

TROQUE A MÚSICA:





I found myself today (Hoje eu me encontrei)

Oh I found myself and ran away (Oh,eu me encontrei e fugi.)
– Eu entrei no palco andando lentamente até o centro dele. O público só conseguia me ver de lado, durante aquele trajeto.

But something pulled me back (Mas alguma coisa me trouxe de volta)

The voice of reason, I forgot I had (A voz da razão, que eu esqueci que eu tinha.)
– A memória daquele terrível dia em que eu achei que havia perdido a amizade de me veio a cabeça. Eu me lembrei do modo como havia me trazido de volta para a realidade naquele dia, do jeito que ele havia me acalmado e dito que tudo ficaria bem. Eu finalmente cheguei ao centro do palco e me virei para o público.

All I know (Só sei que você)

Is you're not here to say (Não está aqui pra me dizer)
– Meus olhos foram imediatamente para a primeira fileira. Era como se ainda houvesse alguma esperança dentro de mim de que ele pudesse estar ali, como ele havia me dito que estaria. A poltrona vazia fazia com que a dor triplicasse. A música parecia descrever exatamente o meu momento.

What you always used to say (O que você sempre dizia)

But it's written (Mas está noite)

In the sky tonight (Está escrito no céu.)
– Meus olhos se encheram instantaneamente de lágrimas e eu os fechei para que elas não escorressem pelo meu rosto. Parecia haver um enorme buraco no meu peito, parecia que o meu coração se apertava e se acelerava a cada verso daquela música.

estava tão orgulhoso de me ver cantando aquela música daquele jeito tão emotivo e com aquela voz que ele considerava tão linda, mas a tristeza que ele via nos meus olhos era mais angustiante do que qualquer coisa. olhou pro e viu os olhos dele completamente cheios de lágrimas. Ele não tirava os olhos de mim nem por um segundo.

Cada palavra daquela música foi escrita por nós. Cada parte daquela música dizia absolutamente tudo sobre nós. Só ele sabia o significado daquela música. Só ele conseguia entender tudo o que aquela música queria dizer pra nós. Só ele conseguia entender a dor que eu sentia ao cantá-la daquele jeito tão comovente. A plateia começava a se emocionar com todo o sentimento que eu conseguia transmitir em cada verso, em cada nota daquela melodia.


- O não está aqui. Cadê ele? – cutucou , que me olhava da primeira fileira.
- Eu não sei.. – disse, sem olhar o amigo.
- Ela está falando dele. Está falando do ! – sorriu com os olhos cheios de lágrimas.


So I won't give up (Então, não vou desistir) No, I won't break down (Não, não vou sucumbir.)

Sooner than it seems life (Antes que a gente se dê conta,)

Turns around (A vida dá volta)
– Eu abri os olhos ao dizer a última frase e encarei o público, mesmo os meus pensamentos estando em outro lugar. Meus olhos continuavam encharcados, mas eu segurava todas aquelas lágrimas com todas as minhas forças. Eu só queria que estivesse ali pra me ouvir dizer que não desistiria dele, que não desistiria de nós e que os dias difíceis iam passar.

And I will be strong (E eu serei forte.) – Eu engoli o choro pra tentar continuar forte, como a música dizia.

Even if it all goes wrong (Mesmo se tudo der errado)

When I'm standing in the dark, I'll still believe (Quando eu estiver no escuro, ainda vou acreditar)

Someone's watching over me (Que alguém está olhando por mim). – Eu só conseguia pensar em todas as vezes que havia me dito aquela frase, que ele havia me dito que estaria olhando por mim onde quer que eu estivesse. Eu só queria que ele estivesse ali para me acalmar, como ele sempre conseguia quando me dizia aquela simples frase.

I've seen that ray of light (Eu vi um raio de luz)

And it's shining on my destiny (E ele está brilhando em meu destino)
– Eu me lembro de querer passar uma mensagem para os formandos quando escrevi esse verso, mas ao cantá-lo eu só conseguia pensar que o meu destino era Nova York, que o meu destino era longe dele.

Eu senti, naquele momento, que eu desabaria a qualquer momento. O meu choro me sufocava e dali a pouco começaria a transparecer na minha voz. Eu me virei novamente para a lateral do palco e andei um pouco sem olhar para o público para que eu pudesse respirar fundo, sem que eles pudessem ver.

- Ela está linda. – sorriu, me vendo cantar de longe. Ela ainda estava ao lado do , que ao ouvir o seu comentário, percebeu que eu poderia colocar tudo a perder a qualquer momento. Como eu disse, ele sabia exatamente o que eu estava sentindo.
- Me arrume um microfone. – pediu, sem olhar para a amiga. achou não ter escutado direito.
- O que? – arqueou a sobrancelha, olhando pro amigo.
- Eu preciso de um microfone. Rápido! – olhou para a por poucos segundos e depois voltou a olhar para o palco. Ela já sabia exatamente o que aquilo queria dizer.
- Eu vou arranjar um. Espera. – saiu desesperadamente atrás do microfone.

olhou para cima e viu que a sala de som ficava ali. Correu até lá e entrou, assustando o homem que também via a minha apresentação com atenção. Ele a olhou, sem entender o que ela queria.

- Eu preciso de um microfone. – disse, séria.
- E eu preciso que saia daqui. – O moço a olhou com cara feia.
- Escuta aqui! – disse, furiosa. – Está vendo aquela garota no palco? É a minha melhor amiga. – apontou para o palco. – Eu preciso ajudar o namorado dela a salvar essa apresentação. Ela não vai conseguir. – disse, desesperada.
- O que você está dizendo? – O homem fez careta, como quem dissesse que não havia entendido nada. olhou para a mesa de som e viu um microfone ali em cima. – Nem pense nisso. – O homem fuzilou ela com o olhar, quando percebeu a sua intenção de pegar aquele microfone.
- Tarde demais. – pegou rapidamente o microfone e saiu correndo.
- Hey, espera! – O moço gritou, tentando impedi-la, mas não conseguiu.


Shining all the time, (Brilhando o tempo todo)

And I won't be afraid (E não terei medo,)

To follow everywhere (De seguir você,)

It's taking me (Aonde quer que me leve)
– Eu achei que havia conseguido me recuperar e voltei a me virar para o público. A cada final de verso, eu abaixava o microfone para poder respirar e para tentar acalmar a mim mesma.

- Aqui, eu consegui. – voltou até onde estava e lhe estendeu o microfone. – Eu consegui. – Ela repetiu, sem acreditar que havia acabado de roubar um microfone. pegou o microfone, sem tirar os olhos do palco. Ele deu alguns passos para frente, esperando o momento certo para intervir ou até mesmo para ver se teria mesmo que intervir.

All I know is yesterday is gone (Só sei que ontem já passou)

And right now I belong (E agora eu pertenço)
– As minhas lágrimas já não eram só por não estar ali, mas também por aquele ser o meu último dia. Pelo fato de que a partir de amanhã, Nova York seria a minha nova casa e eu pertenceria ao meu sonho. Minhas sobrancelhas decaíram, enquanto eu demonstrava pra qualquer um que quisesse ver que eu estava mais do que emocionada, eu estava desmoronando.

To this moment, to my dreams (A este momento e aos meus sonhos.) – Eu consegui até fazer o pequeno agudo no final do verso, mas depois de fazê-lo e tirei o microfone dos lábios e respirava fundo, tentando buscar mais forças em qualquer lugar dentro de mim.

Foi naquele exato momento em que soube que precisava intervir. Foi naquele momento em que viu que eu não conseguiria continuar e a culpa era dele. Ele havia me decepcionado e não tinha facilitado as coisas que já estavam bem difíceis pra mim. tinha que dar um jeito de consertar aquilo. Ele tinha que dar um jeito de não me deixar abandonar aquele palco aos prantos. Ele tinha que dar um jeito de me deixar saber que ele estava ali. Ele estava ali por mim. Foi naquele momento em que ele começou a andar em direção ao palco, mesmo com todas aquelas lágrimas em seus olhos. Juntos! Nós passaríamos por aquilo juntos!

So I won't give up (Então, não vou desistir)

No, I won't break down (Não, não vou sucumbir.)
estava cantando agora. Cantando a música que nós havíamos composto juntos. Ele continuava andando em direção ao palco. Agora ele passava por um grande corredor, entre os convidados e os formandos. Ao ouvir a voz dele, eu me virei para ter certeza de que eu não estava sonhando. O meu coração disparou de um jeito ainda mais absurdo, quando eu o vi, olhando pra mim com aqueles olhos cheios de lágrimas.

Sooner than it seems life (Antes que a gente se dê conta,)

Turns around (A vida dá volta)

And I will be strong (E eu serei forte.)

Even if it all goes wrong (Mesmo se tudo der errado)
continuava andando, enquanto eu estava paralisada no centro do palco, olhando pra ele. As lágrimas finalmente começaram a escorrer pelo meu rosto, quando ele sorriu pra mim, daquele jeito tão lindo e triste.

When I'm standing in the dark,( Quando eu estiver no escuro)

I'll still believe (Ainda vou acreditar.)

Someone's watching over me (Que alguém está olhando por mim)
estava me dizendo novamente que ele olharia por mim, que ele não me abandonaria. Quando ele terminou o refrão, ele apontou o microfone pra mim, querendo dizer que queria que eu cantasse também.

Apesar de o meu coração continuar disparado, ele não doía mais. Eu sei que eu ainda ia pra Nova York e aquele continuava sendo o meu último dia, mas ao ver ali, ao ouvir a voz dele dizendo que ‘não desistiria, mesmo que tudo desse errado’ me fez esquecer de qualquer outra coisa que não fosse ele.

O microfone ainda estava em uma das minhas mãos e eu não sabia se conseguiria fazer o que ele queria. Mesmo estando há uma certa distância de mim, o olhar dele me dizia para ser forte. afirmou com a cabeça com um fraco sorriso, me dizendo que eu conseguiria fazer aquilo. O olhar dele simplesmente dizia ‘Faça! Cante, porque eu estou aqui agora e não vou mais te deixar.’ Eu levantei o meu braço e voltei a colocar o microfone em frente a minha boca. O sorriso que eu dei pra ele, fez ele ter certeza de que eu faria o que ele queria.

It doesn't matter (Não importa)

What people say (O que as pessoas dizem)
– Eu continuava com aquele sorriso enorme em meu rosto e neguei com a cabeça.

And it doesn't matter (E não importa)

How long it takes (Quanto tempo vai levar)
foi quem cantou dessa vez, mas o sorriso dele era mais fraco que o meu. Ele continuava andando em direção ao palco. Na verdade, ele já estava bem próximo a escada que dava acesso ao palco.

Believe in yourself (Acredite em você mesmo)

And you'll fly high (E você vai voar alto)
– Eu cantei e consegui fazer o pequeno agudo, apesar da minha voz estar um pouco embargada por causa das lágrimas, que haviam parado um pouco de escorrer pelo meu rosto, mas se mantinham em meus olhos.

And it only matters (E só importa)

How true you are (O quão verdadeiro você é)
– A voz de era tão incrível e a cada frase que ele cantava, o meu coração se acalmava ainda mais. Ele já estava subindo as escadas do palco e continuava me olhando.

Be true to yourself (Seja leal com você mesmo)

And follow your heart (E siga seu coração)
– Eu voltei a ficar de lado para o público para poder me virar para , que estava a apenas 3 passos de mim. O meu sorriso desapareceu pelo simples fato de ver aquelas lágrimas nos olhos dele e ver ele me olhar daquele jeito tão doce, demonstrando que choraria a qualquer segundo.

parou em minha frente e olhou em meus olhos. Ambos víamos lágrimas nos olhos um do outro e aquilo parecia sufocar os nossos corações. Os olhos dele desceram até os meus lábios, demonstrando que ele esperava ver um sorriso. Eu neguei levemente com a cabeça, querendo dizer a ele que eu não tinha motivos para sorrir. Os lábios dele então se moveram lentamente para o lado, enquanto ele sorria sem mostrar os dentes.

That I won't give up (Então, não vou desistir) cantou, olhando em meus olhos. Ele estava tentando me dizer que mesmo com toda a dor que ele sentia, ele não desistiria de mim e nem desistiria de passar aquele último dia em Atlantic City ao meu lado.

No, I wont break down (Não, não vou sucumbir.) – Eu cantei para poder responder a ele que eu não me renderia por qualquer coisa. Eu não me renderia a tristeza e ao medo que me assombravam nos últimos dias. Eu não me renderia porque ele esperava isso de mim. Ele esperava que eu fosse forte, como eu estava sendo naquele exato momento.

Sooner than it seems life (Antes que a gente se dê conta,)

Turns around (A vida dá volta)
– O sorriso de aumentou e ele novamente afirmou com a cabeça, querendo demonstrar que não me render era tudo o que ele queria que eu fizesse. Quando ele acabou de cantar aquela frase, ele abaixou o seu microfone, esperando que eu cantasse os últimos versos.

And I will be strong (E eu serei forte.)

Even if it all goes wrong (Mesmo se tudo der errado)
– Eu afirmei olhando pra ele com toda a determinação que eu consegui. estendeu uma das mãos, querendo que eu levasse a minha ao encontro da dele. Eu abaixei o meu rosto e vi a sua mão estendida. Toquei a mão dele e voltei a levantar o meu rosto para olhá-lo.

When I'm standing in the dark, (Quando eu estiver no escuro)

I'll still believe (Ainda vou acreditar.)
– Senti ele apertar a minha mão, enquanto olhava os meus lábios pronunciarem aquelas palavras. Apontei a mão que segurava o microfone pra ele, demonstrando que queria que ele cantasse comigo.

That I won't give up (Então, não vou desistir)

No, I wont break down (Não, não vou sucumbir.)

Sooner than it seems life (Antes que a gente se dê conta,)

Turns around (A vida dá volta)
– Ele me puxou pra mais perto dele e entrelaçou os nossos dedos. Intensificamos a nossa voz para cantar o refrão pela última vez. Nós estávamos cantando juntos e dizendo um ao outro tudo o que precisávamos ouvir naquele exato momento. Estávamos dizendo um ao outro o que nós havíamos escrito há semanas atrás, sem saber o quão importante cada palavra daquela seria.

And I will be strong (E eu serei forte.)

Even when it all goes wrong (Mesmo se tudo der errado)

When I'm standing in the dark, (Quando eu estiver no escuro)

I'll still believe (Ainda vou acreditar.)
estava extremamente bonito cantando aquela música, ainda mais quando ele forçava ainda mais a sua voz e fazia aquela expressão séria e de esforço. Eu nem me preocupava mais com a minha voz ou com o público que nos assistia. Era somente eu e ele.

That someone's watching over (Que alguém está olhando,) – Eu cantei a frase sozinha. Um dos dedos dele acariciava a parte superior da minha mão. Os olhos dele estavam prestes a transbordar todas aquelas lágrimas, assim como o meu.

Someone's watching over (Que alguém está olhando,) – Ele é quem cantou sozinho dessa vez. O sorriso finalmente voltou ao seu rosto, dessa vez mostrando um pouco de seus dentes. O seu sorriso demonstrava toda a sua felicidade ao ver que eu estava terminando aquela apresentação bem melhor do que eu comecei. Eu estava feliz.

Someone's watching over me (Que alguém está olhando por mim) – Eu finalizei, dando o meu maior sorriso daquele dia e fezendo com que uma lágrima escorresse pelo meu rosto. Os olhos do voltaram a olhar para os meus lábios para ver o meu sorriso. Ele havia conseguido tirar aquele sorriso de mim. Os olhos dele voltaram a subir e pareciam acompanhar todo o trajeto feito pela minha lágrima até os meus olhos.

Yeah, Yeah

Oh Oh

Someone's watching over me (Que alguém está olhando por mim)
– Eu voltei a ficar um pouco mais séria para cantar a última frase da música, olhando nos olhos dele. Agora sim eu tinha toda a certeza do mundo de que sempre estaria olhando por mim. Ele sempre estaria lá para me acalmar e me proteger de qualquer coisa.


Abaixei o meu microfone junto com o meu braço. já havia feito o mesmo há instantes atrás. Nós nos olhávamos agora. A expressão séria que dizia a nós dois que aquele havia sido o momento de nossas vidas. O momento em que tivemos certeza de que aquilo não era só um namoro de adolescente. Aquilo era pra vida inteira. Nosso amor era pra vida inteira.

Depois de um certo silêncio, o público aplaudiu. Os aplausos eram absurdamente altos e vinham acompanhados de assovios e gritos de apoio. Todo aquele barulho me fez voltar para a realidade. Virei o meu rosto para olhar o público, vi todos eufóricos e sorri, percebendo que eu havia conseguido!

- MEU DEUS, ISSO FOI A COISA MAIS LINDA QUE EU JÁ VI! – gritou, enquanto vibrava como louca.
- Inacreditável! – suspirou em volta alta. – Isso foi tão High School Musical 3! – riu, ainda sem acreditar.
- High School Musical 3? – olhou pro amigo com uma careta. – Você assisti High School Musical? – fez cara de nojo. – PORQUE VOCÊ ASSISTE HIGH SCHOOL MUSICAL? – perguntou, olhando com aquele olhar de julgamento.
- O QUE!? – fingiu estar ofendido. – EU NÃO ASSISTO HIGH SCHOOL MUSICAL. – afirmou como se aquela ideia fosse absurda. – Porque acha que eu assisto High School Musical? – Ele negou com a cabeça.
- Você disse: ‘isso foi tão High School Musical 3!’ – repetiu, imitando a voz de . – E ainda falou errado! Porque isso não acontece no 3° filme. Acontece no 2°! – falou, achando que estava zoando o amigo. Logo depois que acabou a frase, ele percebeu o que havia acabado de dizer.
- Espera, o que você disse? – abriu a boca, incrédulo. Ele estava praticamente rindo. tentou pensar rapidamente em uma resposta boa, mas não conseguiu.
- Cala a boca! – disse com a voz grossa e com a expressão de irritação. Virou-se para voltar olhar pro palco, enquanto fazia o mesmo, mas não parava de rir.

Eu olhava para o público, mas ainda percebia o olhar de sobre mim. Foi o que precisou para eu esquecer dos aplausos e da gritaria. Voltei a olhá-lo, ainda com o sorriso que eu estava dando para o público. Esse mesmo sorriso foi diminuindo aos poucos, enquanto eu olhava pra ele. não dizia nada, ele apenas me observava. Eu queria saber o que estava passando pela sua cabeça.

- Você está aqui... – Eu finalmente disse. O tom da minha voz era baixo, pois somente ele precisava ouvir aquilo. Os olhos dele, que antes acompanhavam sua expressão séria, agora se fechavam um pouco para que ele desse um lindo sorriso.
- Onde mais eu estaria? – perguntou, como se fosse óbvio. Como se fosse a minha obrigação saber que ele não conseguiria passar aquele dia longe de mim.

Ouvir ele dizer aquilo era tudo o que eu queria. Foi o necessário para fazer com que eu me aproximasse ainda mais dele e o abraçasse. Quando eu o abracei, eu pude sentir o seu peito se aliviar e ele soltar a sua respiração, juntamente com as suas lágrimas que ele já segurava há um bom tempo. Os braços dele me apertavam contra o seu corpo e os meus faziam o mesmo em torno do seu pescoço. Uma das minhas mãos tocou a sua nuca e subiu um pouco mais, chegando em seu cabelo.

- Eu amo tanto você. – sussurrou, sentindo todos aqueles sentimentos ruins que ele havia sentido a manhã tod irem embora. Me ter em seus braços, fez ele perceber que tudo não estava perdido como ele achou que estava. Fez ele perceber que apesar da sua errada decisão, eu ainda queria ele como eu nunca quis antes.

ainda me amava. Tem noção do quanto eu precisava ouvir aquilo? Tem noção de como era bom ouvi-lo dizer aquelas palavras que eu achei que não escutaria mais? não havia desistido de mim. Ele ainda me amava, apesar da despedida, apesar de amanhã eu estar me mudando para uma outra cidade, apesar de eu colocar o meu sonho na frente do nosso amor.

- Eu também amo você. – Eu disse com a voz embargada. As lágrimas já estavam em meus olhos, mas eu os fechei para evitar que elas escorressem pelo meu rosto.

A plateia havia vibrado ainda mais com o nosso abraço, mas nós parecíamos nem ouvi-los. Eu comecei a afastar os nossos corpos e a minha mão que estava em sua nuca, foi vindo para frente e chegou em um dos lados do seu rosto. Nossos rostos foram se tocando, até ficarem frente a frente. Eu vi a lágrima em seu rosto e a sequei com a minha mão, que já estava em seu rosto. abriu os olhos e ficamos nos olhando de bem perto. O público ainda aplaudia, quando as cortinas foram fechadas.

Nós ainda ouvíamos a gritaria do público, quando subiu uma de suas mãos até o meu rosto. Ele entrelaçou seus dedos nos fios de cabelo que estavam perto do meu rosto e aproximou-se ainda mais, colando nossas testas e as pontas dos nossos narizes. Não havia mais ninguém nos olhando e éramos só nós naquele palco.

Os olhos foram fechados segundos antes dos lábios dele tocarem os meus. A minha mão desceu de seu rosto, foi descendo pelo peitoral dele e eu segurei uma parte da sua camisa jeans, que estava aberta. O selinho tão cheio de sentimento que havíamos dado foi transformado em beijo, que foi aprofundado logo que ele pediu. Os dedos dele continuavam entrelaçados em meu cabelo, enquanto dávamos um beijo calmo e totalmente emotivo.

O beijo não pôde durar muito, afinal, estávamos em cima de um palco e havia uma multidão atrás daquela cortina. Assim que descolou os nossos lábios, abriu os seus olhos e me olhou daquele jeito triste e intenso. A mão dele, que já estava por perto, veio até o meu rosto e acariciou uma das minha bochechas, enquanto ele me observava em silêncio com lágrimas nos olhos.

- Eu sou um idiota. Eu sou um idiota.. – Ele repetiu, negando com a cabeça.
- Não.. – Eu o olhei com discordância. – Não fala assim. – Eu pedi, olhando em seus olhos. - Eu sempre faço tudo errado. Eu sempre tomo as piores decisões. – Ele demonstrava todo o seu arrependido pela decisão que havia tomado durante a madrugada.
- Sempre há uma boa atitude para se tomar, depois de uma má decisão. – Eu tentei acalmá-lo. – Você está aqui! Você está aqui comigo, . – Eu segurei seu rosto com minhas duas mãos. – É a única coisa que importa. – Voltei a olhar aqueles olhos cheios de lágrimas de bem perto.

- Não, não.. – negou com a cabeça com aquela expressão de arrependimento. – Você não precisa fazer isso. Você não precisa me perdoar todas as vezes. – continuava me olhando. – Eu já tomei tantas decisões que te machucaram e eu não sei quando será a próxima vez. – Ele fez uma pausa. – Eu não quero que tenha a próxima vez. – afirmou com tristeza. Ouvi-lo falar daquele jeito quebrou o meu coração.

- Me escuta com atenção. – Eu olhei bem no fundo dos seus olhos. – Esse momento, essa apresentação, essa música... – Eu dei um fraco sorriso. – Esse momento bem agora, , compensa toda dor e cada lágrima que você já causou. Eu não me importaria em sofrer tudo de novo, todos os dias da minha vida, se eu pudesse ter mais momentos como esse. – Eu terminei a minha frase, vendo que ela havia causado um bons efeitos em . Ele sorriu, sem mostrar os dentes. – Então, por favor, fica comigo. – Eu pedi, sentindo a minha voz embargada. – Porque você é o único que pode me fazer feliz, hoje. – Eu tentei sorrir, apesar de todas aquelas lágrimas em meus olhos.

- Eu acabei de cantar na frente de toda a escola e na frente da minha família por você. Acha mesmo que eu recusaria qualquer pedido seu? – disse, sabendo que aquilo me faria rir. Ele estava certo.
- Você não devia me deixar saber disso. – Eu suspirei, juntamente com um sorriso. É a única reposta que eu queria receber. Ao me ver sorrir daquele jeito tão sincero, se aproximou e me abraçou novamente.
- É claro que eu fico. – Ele disse, subindo uma das mãos até o meu cabelo e acariciando a minha cabeça. – Eu sempre ficarei. – Ele reafirmou, fazendo algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto, enquanto eu sorria como nunca.
- Podem parar? Tem uma criança aqui. – Uma voz fina e já conhecida disse. Nós terminamos o abraço rapidamente e olhamos para baixo. estava ali. Como ela conseguiu chegar ali?
- ? Como diabos você chegou aqui? – perguntou, rindo. Eu passava as mãos pelo meu rosto para secar as lágrimas que eu havia deixado escorrer pelos olhos, enquanto eu sorria pra ela.
- Pela porta, eu acho. – Ela fez careta, apontando pra porta atrás dela.
- Eu estou tão feliz que esteja aqui. – Eu me abaixei para olhá-la mais de perto. – Vamos, me dê um abraço. – Eu abri os braços e ela sorriu, envergonhada. Aproximou-se e me abraçou com aqueles bracinhos delicados.
- Você cantou muito bem e todo mundo te aplaudiu! Você viu, só? – terminou o abraço e começou a dizer toda empolgada. – Eu tentei gritar pra você. Você me ouviu? – ficou mais séria.
- Eu não ouvi. – Eu fiz bico. – Mas eu tinha certeza que você estava ali em algum lugar. Você disse que viria. Você nunca me decepciona. – Eu acariciei o rosto dela com um sorriso enorme.
- Oh, eu quase esqueci. – Ela colocou a mão na cabeça, rindo. – Eu tenho que te dar um recado. – olhou pro com aquele olhar de malandrinha e depois voltou a me olhar.
- Um recado? – Eu perguntei, desconfiada. Olhei pro com aquela mesma desconfiança e depois olhei pra ela. – Qual recado? – Eu voltei a perguntar.
- Um recado do meu irmão. Ele não pode vir. – disse, enquanto me olhava.
- Sério? – Eu já sorri de forma abobalhada. – E o que ele pediu pra você me dizer? – Eu arqueei uma das sobrancelhas, curiosa.
- Ele.. – riu silenciosamente por alguns instantes. – Ele mandou eu te dizer, que apesar dele ser um idiota, ele sentia muito. Disse que você está linda e que ele ama você. – disse com tanta doçura, que quase me matou.
- Ele disse isso? – Eu ainda sorria. Levantei o rosto para olhá-lo e ele riu, sem graça, enquanto revirava os olhos.
- Disse! – afirmou com a cabeça.
- Se ele não pôde vir, como ele sabe se estou linda ou não? – Eu disse, cerrando os olhos.
- Eu também não entendi essa parte! – argumentou, pensativa. – Garotos são meio.. – Ela girou um dos dedos perto de sua cabeça, querendo dizer que garotos eram malucos.
- Eu concordo totalmente com isso. – Eu ri e fiz o mesmo com uma das minhas mãos e nós duas caímos na risada.
- Com licença! Eu tenho o direito de explicar. – nos interrompeu e nós duas olhamos pra ele. Eu me levantei para ficar a uma altura mais compatível com a dele. – Eu disse que ela estaria linda, porque não importa a roupa ou a maquiagem. – explicou, olhando pra . – Ela sempre está linda. – deixou de olhá-la para me olhar. Eu sorria pra ele como uma boba apaixonada.
- Awn, ele não é um amor, ? – Eu me aproximei e coloquei meus braços em torno dele, beijando o seu rosto.
- Olhe pra ela. – ria, olhando pra sua irmã. – Olhe e diga que eu não estava certo. – apontou pra mim.
- É verdade, ela está muito linda mesmo. – riu do irmão.
- EU JURO QUE NÃO VOU TE ZOAR! – gritou da porta. Nós olhamos e vimos todos eles se aproximando: , , e .
- Ahn não.. – revirou os olhos, rindo.
- ! FOI MARAVILHOSO! – gritou, vindo correndo me abraçar.
- Foi mesmo? Eu fique tão nervosa. – Eu sorri, voltando a olhar no rosto dela depois do abraço.
- Eu quase morri de tanto chorar. – apontou para os olhos.
- O chorou como um bebê. – revirou os olhos.
- O que? Está maluco? – fez careta pro amigo. ficou alguns passos para trás, olhando para qualquer outro canto.
- Eu não duvido. – riu da cara do .
- Vai se ferrar, Jonas! O foco aqui é você. – voltou a revirar os olhos.
- EI! – olhou irritadíssima para e chutou a sua canela. – Não fala assim com o meu irmão, moleque! – Ela cruzou os braços.
- AAAI! – gritou, olhando feio pra garotinha. – O QUE É ISSO, PIRRALHA!? – gritou, revoltado.
- EU NÃO SOU PIRRALHA, TA BOM? – chutou a canela de novamente.
- AIIIIIII! – voltou a gritar e depois deu alguns passos para trás. – Que garota violenta, porra. – resmungou, ainda fazendo careta.
- Ela é minha irmã! Esperava o que? – disse, se achando.
- Você deve levar uma surra dela todos os dias, né? – riu para o amigo.
- É claro que não! – tentou ficar sério. – Ok.. – Ele suspirou, rindo. – As vezes. – Ele cedeu a risada.
- Ela é um doce. Aposto que foi ela quem convenceu a vir aqui. – Eu disse de forma bem humorada, trocando olhares com ela e depois com o . negou com a cabeça, parecendo confusa.
- Não fui eu dessa vez. – negou com um de seus dedos.
- Não? – Eu olhei pro , sem entender. – Quem foi, então? – Eu sorri, confusa.
- É.. sobre isso... – coçou a cabeça com uma das mãos, enquanto sorria de um jeito estranho. – Eu ia te contar, mas nem deu tempo. – riu, nervoso. Ele não sabia qual seria a minha reação ao saber daquilo.
- Quem? – Eu arqueei as sobrancelhas, querendo demonstrar a ele que não podia ser tão ruim assim. – Foi a Chelsea? – Eu deduzi.
- Chelsea? Mas.. – fez careta.
- A Chelsea sumiu, lembra? – riu da minha cara.
- Ela sumiu depois de nós descobrirmos o que ela havia feito. – relembrou.
- Eu sei, eu sei.. – Eu neguei com a cabeça. – Ela esteve aqui hoje. Falou comigo, mas isso é conversa pra outra hora. – Eu encerrei o assunto. – Se não foi ela, quem foi? – Eu insisti.
- Foi.. – olhou rapidamente para , que estava distraída com qualquer outra coisa ali por perto. – Foi a , . – finalmente disse. Eu paralisei, sem reação. , e olhavam para a minha cara e esperavam qualquer reação minha.
- A ? – Eu perguntei, na verdade, repetindo o nome dela pra mim mesma. – Mas eu e ela não.. – Eu disse, ainda sem saber como reagir.
- Talvez a amizade tenha acabado pra você, mas não pra ela. – apontou com a cabeça para alguém atrás de mim. Eu tinha certeza que era ela. Eu senti meus olhos arderem e eu me virei para olhá-la. continuava distraída com qualquer outra coisa e nem percebeu que eu olhava para ela.
- Não pode ser, .. – Eu neguei com a cabeça, sem deixar de olhá-la. – Eu venho tratando ela tão mal nos últimos dias. – Eu disse em choque. Eu não acredito que ela havia feito isso por mim.
- Ela foi até a minha casa e me arrancou daquela cama. – sorriu fraco pra mim. – Eu não tenho vergonha de dizer que se ela não tivesse ido até lá, eu não teria tido coragem pra vir até aqui. – completou. sorriu, satisfeito com o que estava acontecendo.
- Talvez ela não seja a péssima amiga que você pensava que ela fosse. – também ajudou.
- Nunca é tarde para fazer a coisa certa. – disse com um quase sorriso. – Vai falar com ela. – aconselhou.
- Eu já volto. – Eu avisei, enquanto já dava alguns passos na direção dela.

Eu não fazia ideia do que dizer ou fazer quando chegasse na frente dela. Eu só sabia que eu tinha que ir até lá. Eu queria tanto retribui-la de qualquer jeito que fosse. Eu queria agradecê-la por ter salvo o meu último dia em Atlantic City. Eu ainda caminhava em direção a ela e os meus olhos continuavam ardendo. finalmente me viu e logo percebeu que eu estava indo até ela. já sabia que eu havia descoberto tudo o que ela havia feito.

viu as lágrimas em meus olhos e isso fez com que os olhos dela também se enchessem de lágrimas. Ela esperou tanto por aquilo. sofreu tanto por isso nos últimos dias, que agora nem parecia que estava acontecendo. Quando cheguei na frente dela, eu parei. Nos olhamos por um tempo e ela forçou um sorriso.

- Eu amei a música. – conseguiu dizer, mesmo com a voz um pouco embargada.
- Eu.. – Eu tentei dizer, mas não saiu. Eu abaixei a cabeça para tentar evitar o choro. – Eu não acredito que fez isso por mim. – Eu voltei a olhá-la com uma careta, pois eu segurava o choro. negou com a cabeça, querendo dizer que não foi sacrifício nenhum fazer aquilo por mim. Continuamos nos olhando, ambas com aquele choro reprimido.
- Eu sei, eu sinto muito também. – finalmente disse e ambas tivemos a ideia de nos abraçar. Nos abraçamos tão forte, que parecia que aquele abraço apagaria aquela mancha que havia borrado a nossa amizade.
- Você fez tudo isso por mim, mesmo eu não te tratando como deveria nos últimos dias. – Eu disse, ainda abraçada a ela. – Porque fez isso? Eu não merecia isso. Eu não mereço a sua amizade. – Eu continuava dizendo daquele jeito tão doloroso.
- Porque você acha que eu fiz isso? – terminou o abraço. – Você é a minha amiga, . Eu sei o quanto hoje é importante pra você. – Ela explicou. – Eu sempre vou fazer o que estiver ao meu alcance por você, porque é isso que nós sempre fizemos uma pela outra, certo? – sorriu, mesmo com todas as lágrimas em seu rosto.
- E nós vamos continuar fazendo. – Eu afirmei com o mesmo sorriso. – Certo? Nós cometemos erros, mas nós estamos aqui pra concertar, não é? – Eu disse, olhando para ela.
- Certo! Melhores amigas brigam, não é? Mas elas sempre voltam. – quase riu, pois estava mesmo muito feliz.
- Além disso, eu não estou cercada de amigas. se foi e é a minha cunhada. – O meu sorriso murchou um pouco. – Você é a única amiga que me sobrou. – Eu continuei dizendo. – Os últimos dias têm sido difíceis e eles só vão piorar de agora em diante. Eu preciso de você. – Eu disse e voltei a abraça-la.
- Eu estou aqui por você, amiga. Você pode contar comigo. – sorriu, comovida.
- Eu senti tanto a sua falta. – Eu terminei o abraço e a olhei no rosto.
- Eu também! Tem noção do quanto foi difícil escolher um vestido pro baile de hoje sem você? – disse, rindo junto comigo.
- Eu tenho noção! Você saberá o quanto, quando ver o meu vestido. – Eu fiz careta e ela riu.
- Vocês são meio bipolares, sabia? – fez careta. – Uma hora estão rindo e na outra, chorando. – Ele pareceu confuso.
- Então vocês são amigas de novo? – fez cara de empolgada. – WEE! Eu não aguentava mais! – colocou um braço em torno do meu pescoço e outro em torno do pescoço de .
- Você é amiga da ? – perguntou a , depois de muito tempo em silêncio.
- Eu sou. – abaixou-se um pouco para olhá-la. – E você é a irmã do Jonas, não é? – sorriu docemente para ela.
- Sou, mas.. shhh. – Ela colocou um dos dedos sobre os lábios. – Não fala isso alto. – disse e todos riram.
- Ela é um doce, não é? – também riu, ironizando.
- Se é amiga dela, é a minha amiga também. – sorriu pra .
- Awn, que linda. – apertou uma das suas bochechas.
- Eu sou amigo da também. – se abaixou para tentar fazer amizade.
- VOCÊ NÃO! – o olhou com cara feia. – Garotos são bobos e chatos. Não gosto de garotos. – fez careta.
- Como eu disse, um doce. – voltou a rir. – Se eu continuar com sorte, ela morrerá virgem. – disse, voltando a causar a risada de todos, menos de .
- Virgem? O que quer dizer? – fez careta. Quando ouviu o que disse, percebeu que havia falado demais.
- Quer dizer.. – riu, nervoso. – Quer dizer... – continuava pensando em uma saída. – Quer dizer ‘linda’! – Foi a primeira coisa que passou na cabeça de . – É um jeito diferente de dizer ‘linda’. – riu, ainda nervoso. e estavam quase se matando de tanto rir. – Eu quis dizer que com sorte, você morrerá linda. – havia se enrolado todo.
- É MESMO? – sorriu, perplexa. – Então a é muito virgem! – sorriu pra mim, achando que estava me elogiando.
- Amém! – suspirou com um certo riso no rosto, olhando pra mim.
- Você não é virgem não. – olhou pro com uma careta.
- Como você adivinhou? – voltou a gargalhar. - Você não é virgem também não. – voltou a fazer careta, dessa vez para o . - Isso machuca, sabia? – cerrou os olhos.
- E você é virgem também. Eu gostei de você. – apontou pra . – E você também. – Ela apontou pra .
- Eu posso provar que não! E o também! – disse em protesto.
- Cala a boca. – deu um tapa de leve em .
- E você, ... – olhou para o irmão, como se estivesse o analisando. – Você é o único garoto virgem do mundo. – sorriu para o irmão, sabendo que ele ficaria feliz com o elogio.
- Oh não. O que eu fui fazer? – bateu com uma das mãos em sua testa.
- É e se depender de mim, vai morrer virgem. – adicionou, dando alguns tapinhas nas costas do .
- TA BOM, JÁ CHEGA! – resolveu acabar com a história.
- EU SOU VIRGEM, EU SOU VIRGEM! – começou a gritar toda empolgada. As pessoas que passavam ao seu lado olhavam pra ela, assustadas e horrorizadas.
- ! – a olhou, furioso. – ESTÁ MALUCA? – deu a bronca e ela olhou pra ele, sem entender. – Está bem, escuta. – percebeu que não precisava ser tão grosso. – Apesar de significar linda, essa palavra é um palavrão MUITO FEIO em outro idioma. É por isso que ninguém usa essa palavra. – voltou a inventar. – Esquece essa palavra. Não repita ela nunca mais, ok? Linda. Continue usando ‘linda’. – tentou concertar o que havia feito.
- Se é assim, então está bom. Eu nunca mais vou falar essa palavra. – pareceu ter entendido.
- Sua irmã tem mais talento que você, . – disse, enquanto ele e ainda riam.
- Adivinha? A sua também. – aproveitou para se vingar.
- Eu tenho muitos talentos que ela não tem. – já se referia ao lado pervertido da coisa.
- Tem certeza? – usou o mesmo tom e quando percebeu que já ia voar em seu pescoço, já deu um jeito de desmentir. – É BRINCADEIRA! EU TO BRINCANDO! – ergueu as mãos, rindo, demonstrando-se inocente.
- Aqui está você! – A mãe de apareceu. Acho que ela estava procurando por .
- Oi mamãe. – a abraçou.
- Como é que você veio parar aqui, hein? – A mãe dela riu e depois nos olhou. – Então, a minha nora favorita é uma cantora? – Ela sorriu pra mim. – E o meu garotão também. – Ela olhou pro .
- Ah mãe, qual é. – ergueu a cabeça, olhando pro teto.
- Já sei! Já sei! Estou sendo careta. – A mãe dele revirou os olhos.
- É! – afirmou com a cabeça.
- Para de ser bobo, . – Eu olhei feio pra ele.
- Como a Sra. está? – Eu sorri pra ela.
- Eu estou muito bem e você? – A mãe dele era sempre tão simpática comigo.
- Eu também estou ótima. – Eu afirmei, sorrindo pra ela.
- Eu vi os seus pais aqui. Fiquei algum tempo falando com eles. – A mãe de contou.
- É, eles vieram pra formatura. – Eu afirmei com a cabeça.
- E como estão todos vocês? Faz algum tempo que vocês não se reúnem lá em casa. – A mãe de olhou para os amigos e amigas do filho.
- É, o anda meio ocupado nos últimos meses. – riu, olhando pra mim.
- Estou sabendo. – A mãe dele riu, enquanto falava baixinho.
- Tá legal! Vão começar a entregar os diplomas. Vamos ter que colocar a beca. - interrompeu com um quase riso. – Te vejo depois, mãe. – acenou com a mão.
- Tudo bem. Vejo você depois, querido. – A mãe dele riu, segurando uma das mãos de . – Até depois, pessoal. – Ela acenou para os amigos do filho e depois pra mim. – Bom trabalho com a música! – Ela gritou, levando com ela.
- Tchau, ! - gritou, quando já passava pela porta.

Mesmo nós querendo continuar aquela conversa, alguns organizadores do local não deixaram, pois começaram a nos apressar para o inicio da cerimonia. As becas foram rapidamente distribuídas para todos os formandos.

- Eu odeio essa porra. É muito quente. – resmungou, se abanando.
- Para de reclamar e anda logo! – disse baixo, empurrando na fila que havíamos feito para ir para a plateia junto com os outros formandos.

Nós seguimos até as cadeiras dos formandos. Sentamos lado a lado em uma mesma fileira de cadeiras. e estavam na fileira detrás. Antes de eu me sentar, eu os vi. sorriu pra mim e me olhou, não mais tão séria quanto nos últimos dias, mas ela também não sorria. Eu devolvi o sorriso para , tentando esconder a mágoa que eu ainda sentia pela . Eu me sentei, quase na frente de .

- Você foi ótima! Estou orgulhoso de você! – disse bem próximo ao meu ouvido. , que estava ao meu lado, também ouviu.
- Valeu. – Eu agradeci, empolgada.
- Aliás, eu preciso conversar com você depois, ok? – disse e se afastou, voltando a se sentar ao lado da . Ela o olhou, um pouco mais séria do que o normal.

A entrega dos diplomas começou. Os alunos foram chamados de forma alfabética ao palco e tiravam uma foto, depois de receber o seu diploma, dentro daquele tradicional canudo. As famílias gritavam quando o formando que havia lhe trazido ali subia no palco.

Demorou aproximadamente 1 hora e meia para a entrega de todos os canudos e para todas as homenagens serem feitas, tanto para os alunos, professores e pais. Eram 11:30 quando a cerimonia acabou e nós finalmente pudemos tirar aquelas becas quentes.

- Não vou participar da formatura na faculdade. Está decidido! – resmungou, jogando a beca sobre qualquer cadeira ali por perto.
- E o resultado do seu vestibular, saiu? – lembrou-se de perguntar.
- Era sobre isso que eu tinha que conversar com vocês. – deu um sorriso suspeito.
- Eu também tenho novidades. – ergueu a mão
- Eu também. – riu.
- Nós deveríamos almoçar juntos e contar todas as novidades de uma vez. – deu a ideia.
- BOA IDEIA! – aceitou rapidamente.
- Srta. ! – Ouvi a voz da Sra. Dark me chamar. – Que excelente apresentação! – Ela sorriu pra mim.
- Muito obrigada, professora. – Eu dei um sincero sorriso.
- E você, Sr. Jonas, quem diria, hein? – Sra. Dark sorriu de forma mais marota pra ele.
- Eu pediria uma nota extra em Sociologia, mas como o ensino médio acabou.. – riu para a professora.
- Eu aposto que sim. – A professora riu. – Boa sorte no futuro de vocês – Ela olhou para mim e depois para o . – E não deixem de cantar. Foi a apresentação mais real que eu já vi. – Ela nos olhou carinhosamente. – Mas não deixem a Jessie saber disso. – Sra. Dark se aproximou e disse em um tom mais baixo.
- Nós não vamos. – Eu ri por poucos segundos, vendo a professora se afastar.
- Já disseram que vocês seriam uma ótima dupla sertaneja? – Jessie apareceu ao meu lado.
- Jessie, eu achei que você ia se apresentar. – forçou um sorriso.
- Eu me apresentei, doida. – Jessie fez careta.
- Eu nem notei. – mentiu apenas para irritá-la. – Parece que a dupla sertaneja acabou com todo o seu brilho. – disse e Jessie a fuzilou com o olhar. – Mas parece que não acabou com o brilho da sua roupa. – Ela fez careta, vendo o brilho exagerado na roupa de Jessie.
- Não me irrita, recalque. – Jessie virou-se de costa para e olhou pra mim. – Quanto a você. – Ela apontou pra mim e fez uma nova careta. – Eu gostei da música, mas odiei a sua voz. – Jessie me olhou com um ar de superioridade e saiu, se achando a poderosa.
- Bem, pelo menos ela gostou da música, né? – Eu ergui os ombros, demonstrando que pra mim tanto faz.

Nossos pais vieram nos cumprimentar pela formatura. Aproveitamos para avisá-los que almoçaríamos todos juntos. Nós estávamos prontos para sairmos do local onde foi a formatura, quando encontramos Chelsea na saída. Os outros ficaram surpresos ao vê-la, mas eu não.

- O que você está fazendo aqui? – disse de forma grosseira. A última memoria que ele tinha de Chelsea era a sua traição.
- Eu... – Chelsea ficou meio sem jeito.
- Não, . – Eu intervi. Ele não sabia de toda a verdade.
- O que há de errado, ? Você não lembra o que ela fez? – também estava contra a Chelsea.
- Eu vou embora.. – Chelsea parecia chateada com toda a situação.
- Não, não. Espera! – Eu pedi, indo até ela e impedindo ela que fosse. – Foi ela. – Eu disse e todos me olharam com aquela cara de dúvida. – Ela me inscreveu nessa apresentação. – Eu expliquei e todos olharam pra ela.
- ELA? – arqueou a sobrancelha.
- Ela nem perguntou se você queria! – também foi contra.
- , eu sei que você vai entender. – Eu olhei pra ele, mais séria. Ele era o único que podia entender. – Ela fez isso pra nos aproximar. – olhou pra Chelsea com uma expressão diferente.
- Eu só queria ajudar. – Chelsea sorriu fraco. – Eu não queria causar problemas. – Ela reafirmou.
- Isso é verdade? Foi você? – O tom de voz de ficou mais calmo e ele parecia não ter processado a informação ainda.
- Foi. – Chelsea forçou um sorriso.
- Eu... – não sabia o que dizer. – Eu não sei nem como.. – Ele negou com a cabeça, incrédulo por ter tratado Chelsea tão mal no inicio daquela conversa.
- Não, não tem problema. – Chelsea negou com a cabeça. – Eu fiz muita coisa errada e eu só quis ajudar de alguma forma. – Ela sorriu. – Está tudo bem. Eu já esperava por isso. – Chelsea deixou de olhá-lo para voltar a me olhar. – , você foi ótima. Eu espero que as coisas continuem dando certo na sua vida. – Chelsea deu alguns passos para trás.
- Não, Chelsea. Espera! – Eu a olhei, sem entender. – Nós vamos almoçar juntos. Porque não vêm conosco? – Eu dei a ideia. Eu não queria vê-la tão triste daquele jeito.
- Não, não. Eu já tenho que ir. – Chelsea apontou para qualquer lugar atrás dela. – Mas, obrigada. – Ela ainda não conseguia dar um sorriso verdadeiro. – Foi legal ver vocês de novo. – Ela olhou para os outros ex-amigos e deu alguns passos.
- Chelsea! – gritou, sem se mover. Ela olhou pra trás, já meio distante. - Obrigado. – disse, vendo um sorriso tímido e sincero surgir no rosto de Chelsea. Ela não respondeu, mas o seu sorriso disse absolutamente tudo.
- Quem diria... – disse, perplexo.
- Parece que ela ainda não se perdoou pelo que fez. – sorriu, pouco empolgada.
- Eu demorei, mas perdoei. Uma hora ela se perdoará também. – Eu disse, voltando a olhar para o .
- Isso foi muito comovente, mas.. – fez careta. – Eu estou com fome. – Ele forçou um sorriso.
- Certo, certo... – revirou os olhos. – Vamos. – disse, começando a andar em direção ao seu carro.
- Eu vou com você. – Eu olhei pro .
- Eu vou com você também, porque os meus pais vão pra casa com o carro. – fez careta.
- Eu tenho que deixar meus pais em casa, então o , a e vão com você, . A vai comigo. Eu chego no restaurante daqui a pouco. – avisou, indo para o lado contrário ao nosso. – É naquele perto da escola mesmo, não é? – perguntou, somente para confirmar.
- Esse mesmo! – confirmou, gritando.
- Vejo vocês lá. – gritou, saindo de mãos dadas com a , que acenou de longe.
- Vocês falaram com o ? Ele pode ir almoçar com nós também. – Eu dei a ideia, enquanto caminhávamos em direção ao carro do .
- Eu falei com ele. – respondeu. – Ele vai, mas a não quis ir. – Ele explicou.
- Que novidade, né? – fez careta.
- Ele só vai deixá-la em casa e vai nos encontrar lá. – adicionou, quando chegamos no carro.
- Ela está me evitando de todos os modos possíveis. – Eu disse, entrando no carro. e estavam no banco traseiro.
- Está acontecendo algo com a , que eu não consigo descobrir. – suspirou, curiosa.
- Estou bem mais preocupado com o . – disse, sério. – Ela está tentando afastá-lo de nós. Eu não sei.. – negou com a cabeça.
- O disse que quer falar comigo. – Eu me lembrei, tendo uma esperança de que eu pudesse descobrir algo.
- Vocês viram a prima dela por ai? Achei estranho ela não vir na formatura. – fez uma cara suspeita.
- Não vi e não quero ver. – Eu disse de forma grosseira. deixou de prestar a atenção no trânsito para me olhar com um olhar de julgamento. – O que? – Eu perguntei, como se não tivesse entendido aquele olhar.
- A última vez que eu a vi foi na festa dos alunos. – explicou, voltando a olhar para frente. Dá licença, que eu não quero passar o meu último dia em Atlantic City falando da Amber!

Eu realmente estava feliz naquele momento. estava ali, meus amigos estavam ali e o meu irmão também. Com exceção dos meus pais, eles eram as pessoas que mais me fariam falta, que mais me fariam morrer de saudades. Eu não sofreria por antecedência! Eu vou curtir cada minuto ao lado deles e vou me esquecer da falta que eles vão me fazer todos os dias. No começo, aquele dia tinha tudo para ser péssimo, mas agora eu tenho tudo o que eu preciso para ser feliz e eu não deixaria nada me abalar.

Chegamos no restaurante, que não estava tão lotado quanto imaginávamos. Talvez estivesse cedo demais. Pedimos uma mesa com 7 lugares e nos sentamos para esperar os outros chegarem. estava ao meu lado e ao lado de . Já estava mais do que na cara de que eles estavam começando a deixar aquele romance mais em evidência.

- Então, vocês estão namorando? – perguntou, ingenuamente. arregalou os olhos e fez cara feia no mesmo instante.
- Nós? Não. – riu e negou com a cabeça. – Nós estamos apenas.. – não sabia como continuar.
- Começando a ficar próximos. – tentou ajudá-la.
- Não.. – sorriu pra ele. – Nem chega a ser isso. Estamos apenas... nos divertindo. – voltou a nos olhar. a olhou com um olhar incrédulo. Eu e percebemos o conflito que havia se estabelecido ali.
- Certo. – negou com a cabeça, rindo quase sem emitir som.
- AQUI? – abriu os braços, indignado. Ele e haviam chegado na mesa.
- O que? – arqueou a sobrancelha, pois não sabia do que ele estava falando.
- Eu já não falei pra vocês pegarem uma mesa perto da cozinha? A comida vem mais rápido! – disse, incrédulo.
- Fala baixo. – o cutucou com uma cara feia.
- Você vai comer, cara. Relaxa. – riu, vendo e se sentarem-se à mesa conosco.
- Está vazio, né? – passou os olhos pelo restaurante.
- Vocês já pediram a comida? – nos olhou.
- Não, estávamos esperando vocês. – explicou.
- E o ? – Eu perguntei, preocupada. Ele já deveria ter chego.
- Ele acabou de chegar. – apontou para algum lugar atrás de mim. Eu me virei para olhar e vi vindo em nossa direção.
- O meu carro não queria pegar! – disse, irritado.
- Pelo menos você tem um carro. – riu.
- Valeu, . – forçou um sorriso para . Ele era o único dos garotos que ainda não tinha o seu carro.
- Foi mal. – mostrou a língua.
- Tanto faz, eu te empresto o meu carro depois, mas vamos comer porque eu to com fome. – disse, impaciente.
- SÉRIO? – sorriu, empolgado.
- Não. – deu um sorriso sarcástico. – Mas a parte da fome é verdade. – pegou o cardápio.
- É, parece que vocês adoram se divertir nas minhas custas, não é? – ficou um pouco mais sério e também pegou um cardápio. percebeu a indireta.
- Qual é, cara. Eu só estou brincando. – percebeu que não havia gostado da brincadeira.
- Está tudo bem, cara. – respondeu, sem olhá-lo. O problema não era , mas sim a .
- Eu perdi alguma coisa ou? – fez uma expressão que demonstrava o quanto estava confuso.
- Você anda perdendo muita coisa ultimamente, amigo. – se referia ao afastamento dele.
- Eu sei.. – suspirou. – está me enlouquecendo. – Ele continuou com aquela careta.
- Ela é quem pediu para você se afastar? – perguntou, curiosa.
- Não, mas a cada hora é um problema. – negou com a cabeça.
- Não me entenda mal, cara. Eu entendo mesmo a sua dor, mas.. – o interrompeu. – O que vocês vão querer comer? Vou chamar o garçom. – forçou um sorriso, pois sabia que estava sendo inconveniente.
- Peçam logo comida pra ele, por favor. – riu do amigo.

Chamamos o garçom e pedimos os nossos pratos. Como sempre, foi o mais exagerado. Eu não faço ideia de como ele havia conseguido manter aquele corpo atlético durante todos esses anos. parecia estar agindo normal conosco, menos com . Toda hora que ela abria a boca pra falar com ele, era uma patada que ela levava. Parece que alguém disse algo que não devia.

- Então, eu tenho uma novidade pra contar! – interrompeu a conversa de todos. – Viemos aqui pra isso, não é? – abriu os braços.
- Não me diga que a está grávida! – disse, apenas para zoar o amigo.
- Cala a boca, . – rolou os olhos.
- Não foi por falta de tentar. – disse, sabendo que causaria a risada de todos.
- O que? ! Para com isso! – deu alguns tapas nele.
- Eu estou brincando! Eles sabem. – riu, se defendendo. – Me deixem falar. – ficou mais sério. – Adivinhem quem é o mais novo estudante de Engenharia Mecânica? – perguntou, se achando.
- Eu não sei. Seu pai? – disse, apenas para provocá-lo.
- Volta pro circo, palhaço. – disse, furioso. Todos riram.
- VOCÊ CONSEGUIU? – Eu disse totalmente empolgada.
- VOCÊ CONSEGUIU MESMO? – também gritou, incrédulo.
- Porque estão tão chocados? Eu não sou tão burro quanto pensam. – continuou irritado.
- Estou tão orgulhosa de você, baby. – beijou carinhosamente o rosto e depois os lábios do namorado.
- A inteligência está no nosso sangue, irmão. – Eu disse e riu. – QUE ORGULHO! – Eu o abracei e ele sorriu, sem jeito. Todos começaram a parabenizar ele.
- Certo, certo! Minha vez! – ergueu uma das mãos.
- Diz! – gritou, curiosa.
- Vocês estão olhando para a mais nova aluna de Moda da Faculdade New World! – disse com um riso no rosto.
- NÃO BRINCA! – gritou, chocada.
- Consegui! – comemorou.
- WOOW! – Eu comecei a comemorar com ela. – Espera! , você não disse em qual faculdade você estudará. – Eu me lembrei.
- Essa é a outra boa notícia! Ele vai estudar na mesma faculdade que eu! – estava muito empolgada!
- AH, ESPERTINHO. – olhou pro com uma cara de safado.
- Viviam se agarrando pelos cantos da escola e agora vão se agarrar pelos cantos da faculdade. – gargalhou.
- Ok, minha vez agora. – interrompeu, mais sério.
- Essa eu quero ver. – olhou atenciosamente para .
- Agora é oficial: eu sou o calouro mais gostoso de Psicologia de Atlantic City. – disse, sério.
- O QUE? – Eu e dissemos juntos.
- PSICOLOGIA? – arregalou os olhos.
- VOCÊ? PSCILOGIA? – não conseguia acreditar.
- O que diabos vocês tem na cabeça? – riu. – Eu estou brincando. – Ele continuava rindo, vendo a cara dos amigos que haviam sido enganados. – Educação Física, é claro! – finalmente disse.
- O mundo voltou a ter sentido de novo. – suspirou, rindo.
- Eu tinha certeza que faria Educação Física, cara! – sorriu pro amigo. – Parabéns! – abraçou rapidamente o amigo.
- Meu melhor amigo será o melhor professor de Educação Física do mundo! – Eu disse e ele me abraçou.
- É por isso que ela é a minha melhor amiga. – riu, apontando pra mim.
- Qual a faculdade? – perguntou, curioso.
- Faculdade da Cidade de Atlantic City! – afirmou, rindo pro .
- NÃO! – gritou, perplexo.
- SIM! – afirmou, rindo. - VOCÊ NÃO VIVE SEM MIM! – pareceu muito empolgado com a notícia. estudaria na mesma faculdade que ele.
- Então, eu tenho algo pra dizer! – se antecipou. – Eu estive pensando e decidi que não consigo viver sem você, . – disse de um jeito romântico.
- NÃO ACREDITO! – disse, surpreso.
- Engenharia Civil na Faculdade New World! – revelou.
- Engenheiros são os mais fodas! Bate aqui, cara. – esticou a mão e bateu em sua mão, rindo.
- Engenharia Civil... – sorriu. – Soa tão nerd quanto o . – Ele brincou.
- , falta você! – olhou para a amiga, que estava quieta até agora.
- O curso eu já sei! – Eu afirmei. havia escolhido o curso que faria há muito tempo, assim como eu.
- Direito.. – afirmou. Todos sabiam que Direito sempre foi a paixão da .
- Onde? Onde? – perguntou, curioso.
- Faculdade da Cidade de Atlantic City. – sorriu e e olhou. Parece que ele não sabia.
- O casalzinho vai ficar junto, então? – apontou para ela e para o .
- E tem eu.. – fez bico.
- Awn, você vai ficar sozinho, não é? – olhou para o amigo.
- Ele vai, mas eu tenho vocês dois para olharem ele pra mim. – Eu disse em um tom mais descontraído. Eu não queria que toda aquela felicidade se transformasse em tristeza.
- Deixa comigo. – piscou pra mim.
- Você saberá de cada passo que ele der. – riu para mim e para o .
- Isso não é justo! E quem vai te olhar pra mim lá em Nova York? – me olhou, cerrando os olhos.
- Eu não preciso que ninguém me olhe. – Eu mostrei a língua, fazendo graça.
- Pede pro Mark olhar ela pra você. – provocou, pois sabia que deixaria louco.
- Só se for pra eu ter mais um motivo pra quebrar a cara dele. – parecia ter levado a brincadeira a sério. Eu olhei pra ele e vi que realmente estava falando sério.
- Adoro quando você dá uma da machão, cara. – brincou, olhando docemente pro amigo.
- Você está muito gay hoje, . A não está dando conta? – gargalhou.
- Por quê? Está interessado? – disse, sério. ficou sem palavras, enquanto todos riram da cara dele. não aguentou e começou a rir também.
- Vai, trouxa! – estava tendo ataques de risos.

Eu assumo que eu ficava com um pouco de inveja daquela felicidade deles. Aquela felicidade por estar entrando na faculdade. Aquela felicidade que eu não estava conseguindo sentir, mesmo me esforçando pra isso. Nenhum deles estudaria sozinho. Um deles sempre teria um ou outro para lhe fazer companhia, mas eu estaria sozinha. Eu era a única que ficaria sozinha.

A comida chegou e nós almoçamos daquele jeito de sempre: com conversas, risadas e idiotices. Ninguém faz ideia do quanto eu vou sentir falta disso. De toda essa idiotice e besteira que só nós sabíamos do que se tratava. Eu estava tentando não pensar em tudo aquilo agora. Eu sei que em alguma coisa tudo isso vai vir à tona, então eu prefiro deixar vir à tona de uma vez só.

- Cara, eu comi tanto desse molho, que se eu cortar o meu braço, vai sair molho ao invés de sangue. – resmungou, parecendo ter comido mais do que deveria. Todos riram da sua piadinha idiota.
- Então, como estão os preparativos para o baile? – perguntou.
- Ela só falou desse maldito baile essa semana. – revirou os olhos.
- Meu vestido é uma droga. – Eu fiz bico.
- E ela só falou desse maldito vestido essa semana. – também revirou os olhos.
- Você não achou? – perguntou, se referendo ao vestido.
- Eu tenho tido tanto coisa na cabeça nas últimas semanas, que eu acabei deixando pra depois. Quando eu fui procurar, eu não achei. – Eu expliquei.
- E aquele que você tinha escolhido no ano passado? Lembra? Você disse que o usaria no baile de formatura. – se recordou.
- Quando eu fui lá, ele já havia sido comprado. – Eu disse com tristeza. Aquele era o vestido dos meus sonhos.
- Que droga. – fez careta.
- Que tragédia! – fez cara de tédio.
- Acho que nós devíamos ir embora. – apontou para o lado de fora do restaurante. – Tem uma fila enorme lá fora de gente querendo almoçar. – Ela explicou.
- Você está certa. – concordou.
- Vamos, então. – também concordou, já que ela não via a hora de ir embora, pois aquele clima entre ela e o a estava enlouquecendo.

Os garotos pagaram a conta. Como sempre, eles nem deixaram nós chegarmos perto do caixa. Nós saímos do restaurante e vimos o quanto a fila ainda estava grande do lado de fora. Fomos caminhando em direção ao estacionamento. Eu e estávamos de mãos dadas, assim como e .

- Nos vemos no baile, então? – perguntou com a chave de seu carro nas mãos.
- A vai? – Eu perguntei.
- Sim, ela vai. – afirmou com um fraco sorriso.
- Alguém precisa de carona? – ofereceu.
- Você pode me deixar em casa? Minha casa fica perto da casa da . – pediu, sabendo que levaria embora.
- Levo, claro. – concordou com um sorriso.
- Você vai comigo e com o , né? – Eu olhei pro . estava um pouco mais atrás de mim e olhou pro com uma careta. o olhou e viu ele negar com as mãos.
- Não, não. O me deixa em casa. – disse, meio rindo.
- Eu te levo. Vamos. – também riu, porque viu os sinais que havia feito.
- Onde vocês vão? – olhou, desconfiado.
- Surpresa. – sorriu pra mim.
- Surpresa? – arqueou a sobrancelha.
- Deixa eles em paz, ! – deu a bronca no namorado. tentou pegar mais leve.
- Olha lá, Jonas. – disse em um tom de aviso.
- Vem logo, . – o chamou, indo em direção ao seu carro.
- Eu pego você ás 7, ok? – olhou seriamente pra .
- Ta bom. – sorriu, querendo amolecer o coração dele, mas ela não conseguiu.
- Até a noite. – gritou de longe.
- Vejo vocês mais tarde. – olhou pra mim e pro .
- Se divirtam! – piscou um dos olhos.
- Como assim, ‘se divirtam’ ? – voltou a mostrar-se desconfiado.
- Não é nada! Anda, vamos logo. – foi o empurrando em direção ao carro.
- Beijos. – jogou beijos de longe e acompanhou e .
- O que foi isso? – Eu perguntei, sabendo que ele estava armando alguma coisa.
- Não pergunte, se você não quiser que eu minta. – riu, dando alguns passos. Ele me puxou pela mão em direção ao seu carro.
- Certo. – Eu ri por alguns instantes.
- Nós só precisamos passar na sua casa, porque você precisa trocar de roupa. – explicou, enquanto entravamos em seu carro.
- É, eu realmente preciso. – Eu concordei. Não dava pra ficar com aquele vestido e com aquele salto o dia todo.

TROQUE A MÚSICA:



Fomos pra minha casa e eu só tive o tempo de me trocar. Avisei minha mãe que eu sairia com o e ela concordou, como sempre. havia me dito que não era nenhum lugar chique, então eu resolvi colocar uma blusinha, um shorts e um tênis (VEJA AQUI) . Eu voltei para o carro, onde o me esperava.

- Pronta? – perguntou, assim que eu entrei em seu carro.
- Eu estaria mais pronta se você me dissesse onde estamos indo. – Eu tentei manipulá-lo.
- Eu não vou dizer. – quase riu, negando com a cabeça. – Você verá. – ligou com o carro, deixando de me olhar.

começou a dirigir, enquanto uma música qualquer tocava no rádio do carro. Quando me dei conta, já estávamos em uma estrada. Estávamos nos afastando da cidade e eu não fazia ideia de onde estava ou pra onde eu ia. O dava indícios de que não conhecia tão bem o local, pois ele não sabia muito bem em qual das entradas que haviam na estrada que ele deveria entrar.

- Você está dirigindo há 20 minutos, . Sabe onde estamos? – Eu disse, olhando para o lado de fora do carro.
- É aqui. – disse, dando seta e entrando em uma estrada de terra.
- Ok, estou começando a ficar assustada. – Eu disse, vendo que estávamos em lugar nenhum.
- Acha mesmo que eu te levaria para algum lugar perigoso? – me olhou, impaciente. – Confie em mim. Estamos chegando. – Ele me avisou, desviando de alguns buracos na estrada.

dirigiu mais alguns km e parou o carro em um local que havia um gramado. Olhei para ele, sem entender. Não havia nada ali onde havíamos parado. Porque paramos? tirou o sinto de segurança e sorriu.

- Porque paramos? – Eu perguntei, vendo ele sair do carro. não respondeu até dar a volta no carro e abrir a minha porta.
- Desce do carro. – apontou com a cabeça e estendeu a mão para me puxar para fora do carro.
- Você é absolutamente maluco. – Eu ri, segurando a sua mão e sendo puxada para fora do carro. Antes de fechar a porta, pegou uma mochila no banco traseiro e depois o travou o carro. Continuávamos de mãos dadas, enquanto dávamos alguns passos sobre aquele gramado. – É lindo.. – Eu ri, achando estranho aquele passeio misterioso. – Eu amo gramados. – Eu continuei dizendo com aquela ironia.
- Que ótimo, mas.. não é aqui. – riu, achando engraçado o fato de eu achar que ele me traria ali.
- Eu sabia. – Eu menti, ainda rindo.
- Vem, é por aqui. – me puxou e eu fui acompanhando ele.
- Porque não me diz logo onde estamos indo? – Eu perguntei, olhando para o chão e desviando dos pequenos buracos que haviam por ali.
- Porque não deixa de ser curiosa? – sorriu, sem me olhar.
- Eu não sou curiosa, ok? Eu só quero saber onde.. – Eu ia dizendo, mas não consegui terminar quando vi aquele lugar.
- O que você estava dizendo? – virou-se para me olhar com aquele sorriso sarcástico.
- Não acredito.. – Eu quase nem piscava, vendo toda aquela água.
- Vem mais perto. – continuou me puxando.

Havia uma enorme e maravilhosa cachoeira bem ali na nossa frente. A água caia de um ponto alto de um morro. O barulho que a água fazia ao bater em algumas pedras era tão suave, que eu poderia ficar ali a minha vida toda. Eu e andávamos pelo gramado, que terminava na cachoeira. Fomos até a ponta dele, onde havia uma enorme e bonita árvore e olhamos para baixo, onde a água da cachoeira formava um pequeno lago.

- Eu nunca havia conhecido uma cachoeira. – Eu disse, totalmente perplexa. Eu não parava de olhar para toda aquela água.
- Foi exatamente por isso que eu te trouxe aqui. – me olhou com aquele lindo sorriso, que amoleceu meu coração. Eu deixei de olhar a cachoeira para olhá-lo da forma mais doce que eu consegui.
- Eu sei o que está fazendo.. – Eu me aproximei e toquei o seu rosto com uma das minhas mãos e acariciei o local e depois o seu cabelo. Eu tinha certeza de que havia um sorriso bobo em meu rosto, enquanto eu o admirava de bem perto.
- Sabe? – colocou seus braços em torno da minha cintura, trazendo meu corpo pra mais perto do seu. O sorriso fraco dele e ao mesmo tempo tão doce estava bem próximo ao meu. Eu percebi os olhos dele olharem os detalhes do meu rosto como ele costumava fazer.
- O último dia perfeito.. – Eu disse, olhando nos olhos dele. Eu aproximei ainda mais o nossos lábios e fiz com que eles se tocassem.

No inicio era só um selinho, mas ele puxou o meu lábio inferior, fazendo com que nossos lábios passassem a se entrelaçar. O beijo não foi aprofundado, mas não deixava de ser um beijo carinhoso. foi quem desentrelaçou os nossos lábios, mas foi ele quem manteve nossos narizes próximos e colou nossas testas, enquanto ainda estávamos de olhos fechados.

- Você queria um último dia perfeito. – disse, enquanto abria os seus olhos. Ele tirou suas mãos da minha cintura e as levou até o meu rosto, me fazendo abrir os olhos também. descolou nossas testas para que pudesse olhar diretamente nos meus olhos. – Eu vou dá-lo a você. – finalizou daquele jeito tão sério e tão lindo. Eu sorri de forma espontânea e o abracei quase que imediatamente.

Nada poderia descrever a minha felicidade ao ouvi-lo dizer aquilo. Ao ouvi-lo dizer que realizaria o meu sonho, meu simples sonho. Um braço dele passou por debaixo do meu cabelo e o outro estava na parte de cima das minhas costas. Meus braços passaram por debaixo dos seus e minhas mãos ficaram próximas aos seus ombros. O meu rosto estava próximo a um de seus ombros e o dele também estava próximo a um dos meus. Eu sorria, durante aquele abraço, pois eu sabia que ele estaria comigo naquele dia, naquele último dia. Só ele sabe o quanto foi difícil tomar aquela decisão de fazer parte daquele meu dia. Ele não havia motivos para sorrir, já que aquele ainda era o meu último dia. Ele fechou os olhos por poucos instantes para guardar aquele abraço para sempre.

- Eu amei ter vindo aqui. Eu sempre quis conhecer uma cachoeira. – Eu finalizei o abraço, trazendo para a realidade.
- Eu também. É a minha primeira vez. – virou o rosto para olhar para aquela cachoeira.
- É? – Eu sorri, sem entender. – Mas como você soube me trazer aqui então? – Eu perguntei, curiosa.
- A .. – quase riu. – Ela disse que você sempre quis conhecer um lugar como esse. Ela me ensinou o caminho. – negou com a cabeça, lembrando do quanto foi difícil entender o que dizia, enquanto explicava o trajeto até ali.
- Eu sabia que vocês estavam armando alguma coisa. – Eu cerrei os olhos com um sorriso ameaçador.
- É claro que sabia! Você é a maior estraga prazeres que eu conheço. – sorriu, indignado.
- É, eu também sei disso. – Eu sorri, revirando os olhos.
- Vamos fazer uma coisa... – parecia que nem tinha escutado a minha frase anterior. Ele soltou a minha mão e se deitou sobre o gramado. – Deita aqui do meu lado. – pediu, apontando para espaço ao lado dele.
- Deitar? Mas.. – Eu ia argumentar, mas ele me interrompeu.
- Confia em mim. – pediu, impaciente. Eu suspirei, sabendo que não conseguiria fazê-lo mudar de ideia. Eu me abaixei e deitei ao seu lado. – Está sentindo? – sorriu, virando o seu rosto para me olhar. Estávamos tão próximos da cachoeira, que caia uma leve garoa sobre nós.
- Estou. Eu estou sentindo. – Eu disse olhando para o céu e vendo todas aquelas gotinhas que vinham daquela maravilhosa cachoeira caírem sobre mim. Fechei os olhos com um grade sorriso, apenas para poder senti-las.

me observava com um fraco sorriso no rosto, enquanto eu ainda estava com os olhos fechados. Ele deixou de me olhar por poucos segundos e abaixou um pouco o seu rosto para procurar a minha mão e viu que ela estava ao lado da sua. O braço dele passou por cima do meu e eu senti a mão dele tocar na minha. O meu sorriso aumento ainda mais, quando ele entrelaçou lentamente nossos dedos.

- Essa é a melhor sensação do mundo. – Eu disse, voltando a abrir os olhos.
- Eu concordo. – disse, me olhando. Ele não se referia a mesma coisa que eu. Eu virei o meu rosto para olhá-lo também. continuava me olhando de um jeito sério, mas também havia uma doçura no seu jeito de me olhar.
- Estou adorando estar aqui com você. – Eu disse, olhando em seus olhos. Nossas mãos ainda estavam coladas.
- E eu não queria estar com mais ninguém agora. – sorriu sem mostrar os dentes.
- Você é bom demais pra mim. Sabia disso? – Eu sorri, sem jeito.
- Sério? – quase riu. – Porque cada minuto do seu lado me faz ter certeza de que não sou bom o suficiente e me faz querer ser melhor. – levantou nossas mãos, que ainda tinha nossos dedos entrelaçados. Nossos cotovelos ainda estavam apoiados na grama, enquanto nossas mãos continuavam no ar.
- Você sempre foi mais do que bom o suficiente pra mim. – Eu disse, usando os meus dedos para brincar com os dele. – Você não precisa ser melhor, porque simplesmente não dá pra ser melhor do que isso. – Eu finalizei, ainda brincando com sua mão.
- Não dá? Espere até me ver de smoking naquele baile hoje. – disse, me fazendo rir na mesma hora.
- E eu vou estar com aquele vestido horrível. – Eu fiz careta.
- Não é horrível! – falou em tom de bronca.
- É o baile de formatura! – Eu argumentei, me defendendo.
- Eu sei, mas não é como se você quisesse ser a rainha do baile. – negou com a cabeça.
- , toda garota quer ser a rainha do baile. – Eu olhei pra ele com uma das sobrancelhas arqueadas.
- O que? – me olhou como se não tivesse entendido.
- O que foi? – Eu não achei que tivesse dito algo errado.
- Você quer ser rainha do baile? – parecia não acreditar.
- Eu queria, mas com aquele vestido eu jamais vou ser. – Eu suspirei, irritada.
- Você nunca me contou isso. – quase riu, perplexo.
- E sabe o que é pior? Estar com o rei do baile e não ser a rainha! – Eu olhei pra ele.
- Eu? – apontou pra si mesmo.
- É! É obvio que você será o rei do baile. Você sempre é o rei de todos os bailes. – Eu disse, revirando os olhos.
- Você vai ser o meu par! Isso pode te ajudar a ganhar. – disse, tentando me animar. Eu levantei um pouco o meu corpo e o deixei de lado para poder olhar melhor para o .
- Eu sou? – Eu fiz cara de pensativa. – Eu não espero que isso esteja sendo um convite. – Eu voltei a olhá-lo com um certo riso.
- Convite? – arqueou a sobrancelha. – Eu sou o seu namorado, lembra? É óbvio que você é o meu par. – disse como se fosse a coisa mais obvia do mundo.
- Isso continua não sendo um convite. – Eu olhei pra cima.
- Está falando sério? – ficou mais sério.
- Eu não estou rindo, estou? – Eu o olhei com um certo sarcasmo. cerrou os olhos, demonstrando-se furioso com o meu sarcasmo.
- Tudo bem! – se levantou rapidamente. Eu comecei a querer rir, mas eu estava me controlando. Acompanhei com o olhar o que ele faria.

foi até a árvore enorme que havia ali do nosso lado e com um pulo pegou um pequeno e bem fino galho da árvore. Eu não acreditava que ele estava mesmo fazendo aquilo. voltou a caminhar em minha direção com aquele galho nas mãos e quando chegou em minha frente parou.

- Levanta. – estendeu uma das mãos para me ajudar a levantar.
- Isso é sério? – Eu me sentei no gramado, olhando pra ele.
- Eu não estou rindo, estou? – cerrou os olhos, me olhando com aquele sorriso sedutor.
- Então ta! – Eu segurei sua mão e ele me puxou, me colocando de pé. Eu olhei pra ele, quase rindo. fez uma expressão séria e passou a mão pelo cabelo para dar uma ajeitada.
- Então, eu não sei se você já tem um par pro baile, mas eu não tenho visto você com ninguém nos últimos dias. Hoje, eu resolvi tomar coragem para vir aqui com esse.. – levantou o galho da árvore. – Com esse galho de árvore e te fazer um convite. – sorriu para não dar risada. – Quer ir ao baile comigo? – Ele finalmente perguntou. Eu neguei com a cabeça, sem acreditar no quão idiota e lindo ele era.
- Eu só vou aceitar, porque esse galho de árvore está realmente lindo. – Eu brinquei e ele riu. Eu peguei o galho e me aproximei, dando um selinho nele.
- Foi bom? – perguntou, quando suas mãos já estavam em minha cintura.
- Foi o melhor convite pro baile que eu já recebi. – Eu voltei a selar seus olhos, enquanto nós dois riamos.
- Estou tão feliz por você ter aceito, que eu preciso comemorar. – sorriu de um jeito malandro.
- Como assim comemorar? – Eu o olhei, desconfiada do que ele faria.
- Vir aqui e não entrar na água é a mesma coisa que nada. – forçou um enorme sorriso antes que eu pirasse com aquela informação.
- Não começa. – Eu também forcei um sorriso.
- Vamos, por favor! – fez bico.
- Você está maluco! – Eu ri da cara dele. – Espera, só por curiosidade: você vai pular daqui até ali embaixo? – O perguntei, incrédula. Tudo bem, a altura não era tão grande assim!
- Pular não. – foi voltou pra perto da árvore e puxou uma corda que estava em um dos seus enormes galhos. – É pra isso que tem isso. – mostrou o cipó.
- Ok, Tarzan. Você quer que eu me pendure nessa corda e me jogue na água? – Eu disse, quase rindo por ter passado pela cabeça dele que eu faria isso.
- Aprendeu rápido. – afirmou com a cabeça.
- Você sabe que eu não vou fazer isso. – Eu afirmei. Eu morria de medo de altura e além do mais, aquela água deveria estar gelada.
- Vai me deixar ir sozinho? – perguntou, fazendo drama.
- Então não vai também. – Eu achei a solução genial.
- Eu vou! – afirmou, sério.
- Então ta! – Eu cruzei os braços, fingindo que não me importava. tirou o tênis e o colocou de qualquer jeito dentro da sua mochila. Ele pendurou a mochila em um dos ombros e pegou a corda que estava amarrada na enorme árvore. Eu o observei, certa de que ele desistiria. Fiquei observando e ele me olhou, antes de cometer a loucura de agarrar na ponta da corda e pular. – !! – Eu gritei, quando vi que ele tinha mesmo pulado. Sai correndo e fui até a ponta do gramado para ver se ele estava bem.
- Wooooooow! – gritou, rindo. Ele estava ali embaixo e ainda segurava na corda. Jogou a mochila atrás de onde a água da cachoeira caia, onde havia uma pequena ‘caverna’, que tinha um de seus lados e o chão feitos de pedras gigantes e outro lado era coberto por uma parede de água, que era a água que caia de cima daquele enorme morro, formando a cachoeira.
- Ai meu Deus, que garoto maluco. – Eu suspirei, aliviada por ver que ele estava bem. Depois de jogar a mochila, ele soltou a corda, caindo no pequeno lago abaixo dele. Quando ele soltou a corda, ela voltou a me olhar lá debaixo.
- VEEEM! – gritou, fazendo um sinal com uma das mãos.
- NUNCA! – Eu gritei para que ele pudesse ouvir. deixou de me olhar e começou a nadar para uma outra parte da cachoeira. Eu continuava observando, quando ele sumiu do nada. Parecia ter pisado em algum buraco ou qualquer coisa assim. Só sei que ele sumiu. – Nossa, até parece. – Eu ri, negando com a cabeça. Eu sabia que ele só estava fazendo aquilo para me fazer entrar na água. – EU JÁ DISSE QUE NÃO VOU ENTRAR AI, JONAS. PODE DESISTIR. – Eu gritei para que ele pudesse ouvir. Eu continuei olhando, mas a água continuou intacta e não havia nenhum sinal dele. – EU JÁ SEI O QUE ESTÁ TENTANDO FAZER. SAI LOGO DAI! – Eu voltei a gritar um pouco mais séria. Ele já deveria ter voltado a superfície. – Que droga.. – Eu suspirei. – NÃO TEM GRAÇA! APARECE DE UMA VEZ. – Eu voltei a gritar, olhando seriamente para a água. – Isso não pode ser sério. – Eu neguei com a cabeça, olhando por todo o lago. Olhei para o lado e vi a corda. – Eu não vou fazer isso.. – Eu ri sozinha e voltei a olhar para a água. – Filho da mãe.. – Eu senti minhas mãos tremerem. – Ok, eu posso fazer isso. – Eu fui até a corda e a segurei. Fui com ela até a ponta e olhei para baixo. – Não, eu não posso. – Eu dei alguns passos para trás. Passei uma das mãos pelo rosto, demonstrando estar totalmente aflita. – Eu falei pra ele não ir. Porque ele nunca me escuta? – Eu resmunguei com um enorme medo. – Eu consigo. – Eu fechei os olhos e segurei a ponta da corda com as minhas duas mãos. Eu dei alguns passos para frente e senti com o pé que o buraco estava bem na minha frente. Eu respirei fundo e apertei ainda mais a corda e dei mais um passo, quando percebi não havia mais nada embaixo dos meus pés. – AHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHHH! – Foi o grito mais agudo e desesperado de toda a minha vida. Abri os olhos e vi que eu já estava lá embaixo. A água estava apenas há poucos pés abaixo de mim. Eu suspirei longamente e logo soltei a corta, caindo imediatamente na água. Ao mergulhar, percebi que ali não era tão fundo quando eu esperava. Voltei para a superfície e olhei em volta. – ! – Ok, eu já estava desesperada. Eu virei para lado contrário em que eu olhava e dei mais uma olhada. – ! – Eu gritei novamente e quando não obtive resposta. Voltei a mergulhar com os olhos abertos para tentar encontrá-lo embaixo da água. Não o encontrei e voltei pra superfície. – , por favor, aparece. – Eu pedi, pensando no pior.
- Procurando alguém? – Uma voz atrás de mim disse e eu quase morri de tanto susto. Eu me virei imediatamente e vi o com um sorriso malandro no rosto.
- EU VOU MATAR VOCÊ! – Eu cerrei os olhos e segurei o sorriso. Comecei a jogar água nele. se defendeu, colocando as mãos em frente ao seu rosto.
- Você enfrentou o seu medo para vir salvar a minha vida. É claro que você não vai me matar. – disse com o mesmo sorriso de antes.
- Nunca-mais-faça-isso-de-novo. – Eu disse pausadamente, enquanto me aproximava dele com um olhar ameaçador. – Está me entendendo? – Eu perguntei, olhando o seu rosto de perto.
- Awn, você ficou tão preocupada achando que eu tinha me afogado. – passou seus braços em torno do meu corpo. – Mas você deveria saber que eu já fui 2 vezes campeão do Campeonato de Respiração Embaixo da Água. – disse, quando nossos rostos estavam bem próximos.
- Isso não foi nem um pouco engraçado. – Eu cerrei os olhos.
- A única coisa que importa é que você está aqui. – me roubou um selinho, tirando com a minha cara, já que eu havia dito que não entraria ali.
- Eu sei o que está fazendo.. – Eu passei meus braços em torno do seu pescoço.
- Sabe mesmo? – arqueou a sobrancelha, sorrindo sem mostrar os dentes.
- ‘Eu quero um dia perfeito, eu quero fazer coisas que eu nunca tive coragem que fazer.’ – Eu repeti a frase que havia dito pra ele no dia seguinte.
- Eu aposto que nunca fez isso. – abriu um sorriso, pois eu havia descoberto o que ele estava fazendo.
- Pular em um lago agarrada em uma corda? – Eu quase ri. – É, eu nunca fiz isso. Essa foi a primeira e a última vez que eu fiz isso. – Eu afirmei. – Da próxima, deixo você morrer. – Fui eu quem selou os lábios dele dessa vez, enquanto ele ria da minha cara.
- Deixa nada. – negou com a cabeça entre um selinho e outro. – Você não vive sem mim. – Ele disse com certeza. Eu o olhei um pouco mais séria e fiquei fazendo aquilo por um tempo.
- É isso que vou ter que fazer a partir de amanhã, não é? – Eu continuava observando ele, que ainda estava muito perto de mim. – Viver sem você. – Eu continuei.
- Você vai, mas você volta. – também ficou um pouco mais sério.
- Hoje pela manhã eu achei que não teria mais que voltar. Eu achei que não teria volta. – Eu disse, vendo ele desviar o olhar para qualquer outra coisa atrás de mim. – Você sabe que vamos ter que falar sobre isso, né? – Eu não deixei de olhá-lo.
- Falar sobre o que? Minha fraqueza? Meu sofrimento? Ou quem sabe falar do fato de eu não conseguir superar o fato de que você vai se mudar amanhã? – voltou a me olhar seriamente. Ele parecia estar bravo consigo mesmo.
- Eu não sabia que você se sentia desse jeito com relação a isso. – Eu queria tentar ajudá-lo a superar o que nem eu mesma estava conseguindo.
- Você vai embora, . – negou com a cabeça. – Eu tenho visto você todos os dias nos últimos 7 anos e agora você vai embora. Eu sei que vamos nos ver sempre que der, mas quando vai dar? Duas vezes no mês? – perguntou de forma retórica. – Eu não sei, eu.. pirei. Chame de pressentimento ruim ou de drama, mas eu não estou pronto pra te ver indo pra longe de mim. – olhou em meus olhos e disse de um jeito tão verdadeiro que doeu dentro de mim.
- E parece que eu ainda não estou pronta pra falar sobre isso. – Eu disse, sentindo meus olhos arderem. Eu ainda não consigo falar sobre isso sem chorar. Que porcaria. – Você me trouxe aqui e deu um jeito de me fazer cometer essa loucura. Eu não estou aqui para chorar. – Eu ri de mim mesma, enquanto passava meus dedos embaixo dos meus olhos.
- Eu concordo com você. – também riu, se afastando e jogando água na minha cara.
- Ei, para com isso. – Eu mergulhei para não sentir mais toda a água que ele jogava em meu rosto. Cheguei bem próxima a ele e puxei uma de suas pernas, fazendo com que ele escorregasse e mergulhasse. Eu tive ataques de risos e tive que subir pra superfície.
- AH, SUA ESPERTINHA! – gritou, quando voltou a superfície. Eu ainda ria como uma idiota.
- Desculpa, mas foi você quem começou. – Eu ergui os braços para demonstrar inocência.
- Fui eu, né? – também riu da minha cara de cínica e me aproximou novamente, dando diversos selinhos em meio a sorrisos.
- Não, não. Espera, espera.. – Eu coloquei minhas mãos em seu peitoral e o afastei um pouco nossos corpos. Nós ainda vestíamos nossas roupas.
- Certo, o que foi? – ainda sorria, enquanto me olhava.
- Eu quero te dizer uma coisa. – Eu engoli a risada e fiquei um pouco mais séria.
- Então diga.. – continuava sorrindo, pois não sabia do que se tratava.
- Me deixe dizer até o final, ok? – Eu perguntei de forma retórica. – Hoje é o meu último dia e eu sei que não está sendo fácil pra você. – Eu disse e o sorriso dele desapareceu de seu rosto.
- Você disse que não falaríamos sobre isso.. – disse em um tom de punição.
- Eu sei o que eu disse, mas eu preciso dizer isso e você precisa ouvir, ok? – Eu queria que ele me deixasse falar. não respondeu, apenas ficou me olhando daquela forma séria. – Não está sendo fácil pra você, mas também não está sendo fácil pra mim. Eu sei o quanto está se esforçando pra estar aqui, hoje. Eu sei o quanto você está se esforçando só pra realizar esse meu sonho bobo e idiota. – Eu ri de mim mesma por ter aquele sonho inútil. – Mas eu quero que saiba que não precisava nada disso. – Eu olhei em volta me referindo a cachoeira. – Não precisava dessa cachoeira, não precisava daquela apresentação, não preciso de um vestido perfeito para ter o baile de formatura perfeito. – Eu sorri fraco, olhando pra ele. também me olhava, sem entender onde eu estava querendo chegar. – Eu sei que eu te disse que eu queria o dia perfeito e eu não menti, mas o que você não sabe é que a única coisa que pode tornar o meu dia perfeito é você. – A expressão de mudou rapidamente. Os olhos ficaram imediatamente doces e um sorriso bobo surgiu em seu rosto. – Nós podíamos estar no meio do nada, nós podíamos estar no lugar mais feio, assustador e entediante do mundo, mas ainda sim eu estaria vivendo o dia perfeito que eu queria, porque eu estaria com você. – Eu sorri sem mostrar os dentes. – , você é o único que sabia desse meu sonho, porque você é o único que poderia realizá-lo. – Eu continuei, vendo os olhos dele cheios de lágrimas. – E sabe por que você é o único? – Eu me aproximei dele com um sorriso ainda maior. O sorriso dele também aumentou, mesmo com as lágrimas estando quase transbordando de seus olhos. – Porque você foi a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. – Eu finalizei, olhando em seus olhos.

não disse absolutamente, sua única resposta foi diminuir rapidamente a distância que ainda havia entre nós e me beijar. Suas duas mãos estavam em cada lado do meu rosto e antes mesmo que ele pedisse, eu permiti que o beijo fosse aprofundado. Ficamos algum tempo nos beijando naquela mesma posição, até que ele soltou o meu rosto e levou suas duas mãos para trás de seu pescoço, onde ele pegou a gola de sua camiseta e a puxou para cima com a intenção de tirá-la. Tivemos que descolar nossos lábios para que a sua camiseta passasse pela sua cabeça. tirou a camiseta e a jogou perto de onde estava sua mochila. Quando ele virou-se novamente para mim, fui eu quem o beijei dessa vez. Minhas mãos estavam em seu rosto e as mãos dele foram até a minha cintura. Ele conseguiu levantar um pouco da minha blusa e passou a pegar em minha cintura sem que nada o impedisse de tocar a minha pele.

O beijo não estava intensificado, mas também não estava tão calmo como costumava ser. Confesso que não foi nada mal ter aqueles enormes braços me apertando daquele jeito tão único. Até me atrevi a deslizar uma das minhas mãos até o peitoral dele, que depois foram para suas costas. também resolveu se atrever a descer suas mãos que estavam em minha cintura. Elas desceram pelo meu quadril e chegaram em minhas cochas. Ele as levantou, fazendo com que eu colocasse cada uma das minhas pernas em um dos lados do seu corpo. continuou segurando minhas coxas, me levantando um pouco mais. Ele teve que inclinar a sua cabeça e eu tive que abaixar a minha para que continuássemos aquele longo beijo.

A minha vontade de continuar a beijá-lo apenas aumentava. sabia muito bem o que queria, mas ele não queria avançar nenhum sinal. Ele não queria me induzir a nada que eu pudesse me arrepender depois, mas a cada atitude, a cada troca de toques ele tinha mais certeza de que era aquilo que eu também queria. Os braços, suas mãos e ter o resto do seu corpo a minha disposição me faziam querer ir além.

começou a andar, ainda me segurando. Minhas pernas ainda estavam em torno da sua cintura e nós ainda nos beijávamos com aquela mesma intensidade. Senti quando ele me encostou em algum tipo de mureta. Aposto que era a mureta em que a cachoeira desabava, pois as gotas de água começaram a cair sobre nós com mais intensidade. Ele soltou as minhas coxas, mas manteve as mãos no mesmo lugar, enquanto o meu corpo descia. Meu rosto ficou em frente ao dele novamente e ele separou os nossos lábios. Na verdade, ele nem chegou a separá-los. Os lábios dele deslizaram da minha boca até o meu queixo e foram descendo até o meu pescoço. Uma das mãos dele subiram até o outro lado do meu pescoço. Eu abaixei o meu rosto para poder alcançar um de seus ombros. Minhas mãos foram até as suas costas e eu passei a apertá-las a cada segundo que ele continuava beijando todo o meu pescoço. O rosto dele voltou a subir pelo meu pescoço. Meu rosto também veio para frente, quando seus lábios tocaram meu queixo e chegaram em meus lábios novamente. Por incrível que pareça, ele não voltou a me beijar. Os lábios dele apenas ficaram bem próximos aos meus, enquanto ele olhava nos meus olhos. Eu dei um sorriso bem fraco, que nem chegou a mostrar os meus dentes. Aquele sorriso foi a autorização que ele queria para que ele continuasse com aquilo.

Eu queria fazer tanta coisa, que eu nem sabia por onde começava ou se deveria mesmo fazer. Não sei se percebeu, mas sou nova nisso. Voltei a tocar seu rosto com uma das mãos para que eu voltasse a beijá-lo. Fechamos nossos olhos, enquanto ele passou a brincar com os meus lábios e puxava cada um deles com os seus dentes. Aproveitei a oportunidade e tirei meus lábios de frente dos dele. Toquei de leve uma de suas bochechas e cheguei em sua orelha. Dei uma leve mordida, enquanto meus dedos do outro lado entrelaçavam em seus fios de cabelo. As mãos dele apertaram ainda mais a minha cintura. Fiz o caminho de volta para os seus lábios, enquanto ia tocando os meus por todo o seu rosto. Cheguei em frente aos seus lábios e parei, ainda com os olhos fechados. Toquei seu rosto com minhas duas mãos, esperando que ele me beijasse. Ele fez isso.

O beijo mal durou e ele já o terminou para olhar para baixo. As mãos dele saíram da minha cintura e foram até os botões da minha blusa. Depois que ele já havia localizado os botões, eu voltei a puxar o seu rosto para outro beijo. continuava desabotoando minha blusa, enquanto nos beijávamos. Quando ele acabou de desabotoar todos os botões, ele voltou a descolar nossos lábios. Abrimos nossos olhos e nos olhamos nos olhos. As mãos dele desceram novamente pelo meu jeans e chegaram em minhas coxas, bem perto do quadril. me levantou e me tirou de dentro da água, me colocando sobre a pequena mureta que estava logo atrás de mim. Eu percebi exatamente o que ele queria com aquilo.

Comecei a afastar o meu corpo para trás, indo para debaixo daquela pequena ‘caverna’. A água não deixava que o lugar fosse escuro. Eu continuava me afastando, sem nem me levantar do chão. Vi apoiar seus fortes braços na mureta e com a ajuda deles trazer seu corpo pra fora da água. Toda aquela água escorrendo de seu cabelo e percorrendo todo o seu corpo tornavam ele ainda mais desejável. Estou falando sério, esse garoto me faz sentir coisas que achei que nunca sentiria. veio em minha direção e logo me alcançou. Colocou o seu corpo sobre o meu e entrelaçou seus dedos em meu cabelo para iniciar outro beijo. Eu deitei meu corpo sobre aquela enorme pedra e ele continuou em cima de mim. tirou a mão do meu cabelo e tocou o meu ombro, onde ele continuou deslizando por todo o meu braço. Suas mãos chegaram em minha cintura e eu aproveitei para subir as minhas para a sua nuca, onde eu passei a entrelaçar meus dedos em seus fios de cabelo.

O beijo foi novamente interrompido e ele abaixou o seu rosto, enquanto abria a minha blusa com suas duas mãos. observava o meu sutiã branco e eu aproveitei para levantar um pouco o meu pescoço e começar a beijar o seu rosto. Fui deslizando meus lábios até a sua orelha e quando ia descendo para o seu pescoço, ele resolveu fazer o mesmo. Parece que os meus beijos excitaram um pouco ele, pois ele subiu uma das suas mãos até o meu cabelo e o segurou com firmeza, enquanto ele me beijava de uma forma mais intensa. Tudo aquilo estava me enlouquecendo. Minhas mãos estavam em suas costas novamente e eu comecei a subir e descer com elas, enquanto minhas unhas arranhavam levemente a sua pele. Desci mais uma das mãos e cheguei bem perto de seu quadril. Sua calça estava um pouco baixa do que o normal, com isso, eu consegui tocar no elástico de sua cueca.

queria, ele PRECISAVA explorar as outras partes do meu corpo, por isso ele voltou a deslizar seus lábios em direção ao meu pescoço. Quando eu achei que ele ficaria algum tempo em meu pescoço, ele continuou a descer mais, mas seus lábios já não tocavam a minha pele com tanta intensidade. Seus lábios e nariz foram descendo pelo meu corpo, enquanto dava alguns toques leves, que faziam com que eu me arrepiasse inteira. Passou pelos meus seios e chegaram em minha barriga. Parou no inicio do meu shorts, onde suas mãos resolveram desabotoar dois botões. Quando ele desabotoou, um barulho tirou toda a nossa concentração. olhou para a sua mochila e depois me olhou. Negou com a cabeça, como se quisesse me dizer para ignorar o barulho. Foi fácil fazer isso, quando uma de suas mãos subiu pela minha coxa. Alguns de seus dedos conseguiram passar por uma das aberturas do meu shorts.

Era o meu último dia em Atlantic City e eu não podia imaginar em um jeito melhor de me despedir. Não podia haver um momento melhor para tornar tudo aquilo que sentíamos em uma coisa mais séria do que já era. Meus cotovelos agora estavam apoiados na pedra para que eu pudesse ver melhor tudo o que ele fazia. Seu rosto voltou a subir pelo meu corpo e atrás dele vinha suas mãos. Os lábios dele chegaram no meu pescoço e ele começou a beijá-lo, enquanto uma de suas mãos subia a minha cintura e depois passava pela lateral de um dos meus seios. Isso fez com que eu voltasse a apertas suas costas com intensidade. Os lábios dele se aproximavam de uma das minhas orelhas, quando aquele barulho voltou a nos incomodar. Senti suspirar longamente. Ele parou os beijos no mesmo instante.

- É melhor você atender. – Eu disse antes de um grande suspiro. Voltei a deitar completamente na pedra, quando negou com a cabeça. Ele não acreditava que aquilo estava acontecendo.
- Eu já volto. – estava puto da vida. Ele saiu de cima de mim e se arrastou até a sua mochila, onde ele pegou o celular, que tocava insistentemente.
- Alô? ? – ouviu a voz de sua mãe e suspirou mais uma vez, ainda mais furioso.
- Oi mãe. – olhou pra mim, arqueando a sobrancelha. Eu sorri, achando graça da situação.
- Estou te atrapalhando, querido? – A mãe do perguntou, ingênua.
- Não, mãe. Não está me atrapalhando não. – negou com a cabeça, enquanto me olhava. Eu não aguentei e tive que rir.
- Estou ligando porque eu estou precisando de você. – A mãe do voltou a dizer. – A sua irmã está passando mal e o pai dela teve que fazer uma viagem de emergência para Los Angeles e está com o carro. – Ela explicou.
- Passando mal? Como assim passando mal? – ficou mais sério, pois viu que se tratava de coisa séria.
- Eu não sei. Nós passamos em uma feira depois que saímos da sua formatura e ela comeu algumas coisas. Deve ter feito mal pra ela. Eu não sei. – A mãe dele parecia aflita. – Eu preciso que venha até aqui e nos leve para o hospital. – ouviu a mãe dizer. Ele passou uma das mãos pelo cabelo e fechou os olhos, sem acreditar que teria que fazer isso.
- Ok, mãe. Daqui a pouco eu chego ai. – respondeu com a maior tristeza do mundo.
- Tudo bem, mas não demore. – A mãe de pediu, antes que desligasse o telefone. tirou o celular da orelha e me olhou com um olhar indignado e negou com a cabeça.
- O que aconteceu? – Eu fiquei mais séria, pois sabia que algo havia acontecido.
- A está passando mal, sei lá.. – parecia nem estar preocupado com a irmã no momento.
- Passando mal? – Eu fiquei imediatamente preocupada.
- Isso não pode estar acontecendo. – riu da sua própria desgraça.
- Do que está falando? – Eu ainda achava que ele falava sobre a irmã.
- Quem é o idiota que atende o celular em uma hora dessas? ME DIZ! – jogou o celular sobre a mochila, revoltado. Eu entendi sobre o que ele estava se referindo.
- Está tudo bem, . – Eu disse, rindo.
- Eu acho que nunca vou superar isso. – passou as mãos pelo cabelo, demonstrando o quanto estava incomodado com a situação.
- Para de ser bobo. – Eu neguei com a cabeça, sem parar de rir. – Vai, me ajude a levantar. – Eu estiquei os braços, esperando ele me puxar. andou em minha direção e parou em minha frente, esticando seus braços e me puxando pra cima. Meu rosto voltou a ficar em frente ao dele e ele me olhou com um sorriso frustrado.
- Desculpe.. – estava totalmente sem graça.
- , não tem problema. Eu não estou brava, chateada ou frustrada. Está tudo bem, eu juro! – Eu me aproximei e selei seus lábios.
- É sério, eu não devia ter atendido. Eu sou um.. – Ele quase riu. – Um idiota. – Ele parecia indignado.
- Já está ficando tarde mesmo. Nós teríamos que ir embora logo por causa do baile. – Eu tentei deixa-lo menos preocupado com isso. – Além disso, talvez esse não fosse o momento certo. – Eu disse com um fraco sorriso.
- Ou talvez fosse e eu estraguei tudo. – continuava se julgando.
- , para de se punir desse jeito. – Eu ainda achava engraçado o fato dele estar tão frustrado. – Talvez eu nem estivesse pronta pra isso e até pudesse me arrepender depois. – Eu estava usando todos os métodos para fazê-lo ficar melhor.
- O que!? – arqueou a sobrancelha. - Você está tentando fazer eu me sentir melhor? Porque os seus métodos são uma droga. – disse, me fazendo rir ainda mais.
- Ok, eu me expressei mal! – Eu neguei com a cabeça, sem conseguir parar de rir. – Ok. – Eu engoli a risada. – A sua irmã precisa de você, ok? Você precisa estar lá por ela. – Eu disse, mais séria. dei um longo suspiro e deu um tímido sorriso.
- Você quer mesmo que eu vá? – O sorriso do aumentou.
- Quero! – Eu afirmei sem pensar.
- Então é melhor abotoar a sua blusa. – quase riu, sem mexer o seu rosto. Sim, ele queria muito olhar para baixo naquele momento. – Porque eu não consigo lidar com isso agora. – matinha aquele riso maroto no rosto.
- Eu já estou fechando. – Como faz pra parar de rir? Eu não consigo. – Já fechei, pronto. – Eu disse, assim que terminei de abotoar a minha blusa.
- Incrível. – negou com a cabeça, segurando a risada. – Então vamos. – apontou a cabeça na direção em que eu deveria seguir. Havia uma pequena trilha que saia da cachoeira e nos levava de volta ao gramado que ficava ali em cima. – Tem duas toalhas da bolsa. Pegue uma. Você está tremendo de frio. – apontou para a mochila. Eu abri a mochila e peguei a toalha e dei uma pra ele. foi se enxugando, enquanto caminhávamos em direção ao carro. Eu me enrolei na toalha como se fosse a coisa mais preciosa do mundo.

- Obrigada. – Eu agradeci pela toalha, me enrolando nela como se fosse a coisa mais preciosa do mundo. Continuamos andando e parecia estar com pressa.
- Dá pra andar mais rápido? – parou para me olhar.
- Me desculpa se as minhas pernas não são tão grande quanto as suas. – Eu disse, irritada.
- Ok, esse é o único jeito. – andou em minha direção e se abaixou, segurando minha cintura, me levantando e me colocando em seus ombros.
- Que ótima ideia. – Eu ri com o meu rosto bem próximo das suas costas.
- Eu até deixo você pegar na minha bunda se você quiser. – quase riu, enquanto segurava minhas pernas em frente ao seu corpo.
- Cala a boca.. – Eu revirei os olhos, rindo.
- Vai ser ótimo se fizéssemos isso no nosso casamento. Imagina, entrar nos ombros no noivo. – Eu brinquei. – Esse na verdade é o meu sonho. – Eu menti apenas para fazer graça.
- Cala a boca. – foi quem riu dessa vez.
- O que? É uma ótima ideia. – Eu continuei com a brincadeira.
- Chegamos. – me puxou para frente e me colocou no chão.
- Obrigada pela carona. – Eu disse, dando mais um selinho nele, enquanto nós dois segurávamos a risada.

Entramos em seu carro e ele começou a dirigir em direção a cidade. Como eu já disse, não estávamos tão perto da cidade. Demoraríamos uns 20 minutos para chegar lá. Nós fomos conversando durante todo o caminho.

- Talvez a sua irmã goste de me ver lá. – Eu disse, já que eu pretendia ir com ele socorrer .
- Sim, ela iria gostar, pena que ela não verá. – disse, sério.
- O que? – Eu não entendi o que ele estava querendo dizer com aquilo.
- Você não vai. – me olhou.
- Porque não? – Eu já estava mais do que indignada.
- Eu não sei, mas acho que tem alguma coisa a ver com o seu baile de formatura que começa em 2 horas e meia. – forçou um sorriso. – Olha só, esse é exatamente o tempo que você demorará para se arrumar! – disse de forma sarcástica.
- Dá tempo, ! – Eu queria muito ir até lá e ficar com a .
- Eu aprecio o gesto, mas não. – reafirmou. – Você vai pra casa, se arruma e eu passo te pegar ás 19hrs, ok? – disse menos sério do que antes.
- Ok, ok! Não adianta discutir com você. – Eu revirei os olhos. Estávamos quase chegando em minha casa.
- Está entregue. – disse, estacionando o carro em frente a minha casa.
- Promete que vai me ligar pra falar como ela está? – Eu me virei para olhá-lo, depois que soltei o sinto de segurança.
- Prometo que eu ligo. – afirmou com um fraco sorriso. Ele simplesmente adorava o jeito que eu me preocupava com a sua irmã.
- Certo. – Eu devolvi o sorriso. – Diga a ela que eu torcendo para que ela se recupere o mais rápido possível. Fala que eu mandei um beijo. – Eu disse, me aproximando dele e dando um selinho.
- Eu vou dizer. Pode deixar. – respondeu entre um selinho e outro. Minhas mãos estavam em seu rosto, enquanto eu dava o último e mais longo selinho. Assim que descolamos nossos lábios, abriu os olhos e esperou que eu abrisse os meus. Quando eu abri, ele os olhou de bem perto e sorriu.
- Eu amo você. – sussurrou, me roubando mais um selinho.
- Eu também amo você. – Eu disse com o sorriso mais bobo de todos.
- Vejo você mais tarde. – Ele piscou um dos olhos me fazendo rir.
- Até mais tarde. – Eu abri a porta e sai do carro. – Depois eu te devolvo a toalha. – Eu disse, me lembrando que eu ainda estava com a toalha dele.
- Não se preocupe com isso. – gritou, antes de sair com o carro.

Eu entrei em minha casa e vi que a minha mãe havia acabado de preparar um bolo de chocolate. Meu pai estava na mesa, esperando que ela cortasse o seu pedaço e eu aproveitei para entrar na fila. desceu e de seu quarto e também resolveu entrar na fila. Estávamos todos na mesa e conversávamos sobre diversas coisas. Eu tive até que explicar o porquê de eu estar molhada daquele jeito.

Rimos muito da cara do , quando meu pai começou a tirar com a sua cara por causa do jeito que ele agiu no caminho de volta da formatura. A presença de o deixou mais tímido e gago que o normal. Em meio a risadas e caras feias do , eu percebi que aquele era a nossa última refeição em família antes que eu me mudasse. Eu não sei por que, mas eu não estava triste com aquilo. Estávamos tendo um ótimo momento. Momento esse que demoraria um pouco para voltar a acontecer.

Depois que acabei de comer todos aqueles pedaços de bolo, fui direto para o banho. Eu já estava mais do que atrasada. Levei o meu celular comigo para o caso de me ligar para falar sobre . Enquanto eu tomava o banho eu me lembrava daquela tarde. Aquela tarde em que havia acontecido de tudo, mas ao mesmo tempo não tinha acontecido nada. Confesso que fiquei alguns minutos pensando o que teria acontecido se o celular de não houvesse tocado.

Tudo o que eu conseguia pensar era o quão bom aquele dia estava sendo. O quão bom era ter tão perto naquele dia. Quando o dia começou, eu tinha certeza de que seria o pior dia da minha vida. salvou o meu dia, meu último dia.

Terminei o banho e enrolei uma toalha no cabelo e outra em meu corpo. Fui até o meu quarto e tranquei a porta para que eu pudesse trocar de roupa. Depois de trancar a porta, me virei para o meu quarto e meus olhos foram direto para a cama. Uma enorme caixa, que estava sobre ela chamou a minha atenção. Eu fiquei algum tempo observando de longe, sem reação. Eu não fazia ideia do que aquilo. Deveria ser algum engano. Alguém provavelmente esqueceu ali.


continuava no hospital com a mãe e a irmã. Ele aguardava na sala de espera, enquanto sua mãe acompanhava na consulta com o médico. olhava para o relógio de 5 em 5 minutos e a hora parecia que passava cada vez mais depressa. Ele sentiu um enorme alivio quando viu sua mãe sair de dentro da sala do médico. não estava com ela.

- Cadê a ? – se levantou com a expressão séria.
- Calma, ela está melhorando. – A mãe dele deu um fraco sorriu. – Era só uma infecção estomacal. Algo que ela comeu fez mal a ela. – Ela explicou.
- Onde ela está? Nós podemos ir? – demonstrou a sua pressa. Sua mãe já sabia o motivo.
- Esse é o problema. – A mãe de fez uma cara de chateação. – A sua irmã vai ter que ficar mais algum tempo aqui. Ela está tomando soro direto na veia. – Ela disse.
- Quanto tempo vai demorar? – tinha medo de ouvir a resposta.
- Umas 2 horas. – Sua mãe disse com um murcho sorriso.
- Mas o baile começa em uma hora. – respondeu rapidamente. Não demorou para que ele percebesse que perderia o baile daquela noite.


Comecei a me aproximar com passos pequenos e parei em frente a caixa. O embrulho era muito bonito e havia um enorme laço dourado sobre ele. Me aproximei ainda mais da caixa, tirando a toalha da minha cabeça e deixando o meu cabelo bagunçado e molhado. Havia um pequeno envelope e nele dizia ‘Para a minha Rainha favorita’. Mil possibilidades passaram pela minha cabeça, mas nenhuma deveria estar certa. Peguei o envelope e o observei por um tempo antes de começar a abri-lo. Puxei o bilhete que havia dentro do tal envelope e comecei a ler todas as palavras que ali estavam escritas:

‘Não é o que você veste, é quem você é.

Com amor, .’


Quando eu acabei de ler aquilo o meu corpo estremeceu. Um enorme sorriso invadiu o meu rosto e os olhos encheram-se instantaneamente de lágrimas. Eu mal sabia o que tinha dentro daquela caixa, mas aquele bilhete já havia sido o melhor presente de formatura. Coloquei o envelope sobre a cama e voltei a encarar o envelope. Puxei uma das pontas do laço e ele se desfez. Afastei a fita, toquei a tampa da caixa e a puxei.

- Não, não pode ser.. – Eu não precisei nem tocar para saber do que se tratava. Aquele bordado já era mais do que familiar pra mim. O bordado, as pedras do vestido que eu venho sonhando em vestir há anos para o meu baile de formatura. – Meu Deus, eu não acredito. – Meus olhos transbordavam lágrimas agora, enquanto eu pegava o vestido pelas alças e o tirava de dentro da caixa. Ele estava exatamente do mesmo jeito desde a última vez que o vi (VEJA AQUI).

Eu não sabia o que pensar. Eu não sabia como havia conseguido aquele vestido. Eu não sabia como agradecê-lo. Eu não sabia mais pra onde ir, o que falar e nem ao menos como respirar. Coloquei o vestido sobre a minha cama e me afastei para poder olhá-lo por completo. Eu não conseguia parar de sorrir e de chorar. Eu jamais esperei por isso. O toque do meu celular interrompeu meus pensamentos. Eu deixei de olhar o vestido para pegar o celular sobre o criado mudo. Olhei no visor e vi o nome do .

- EU NÃO ACREDITO QUE FEZ ISSO! – Eu nem mesmo disse ‘Alô?’. O sorriso não saia do meu rosto de jeito algum.
- É, eu acho que já achou o meu presente. – forçou um sorriso. Ele notou toda a minha felicidade pelo tom da minha voz.
- Eu não sei o que dizer! , esse vestido sempre foi o meu sonho. – Eu ainda não conseguia acreditar.
- Ok, eu tenho que dizer que a teve uma participação nisso. Foi ela quem me levou até a loja e foi ela que implorou comigo por um desconto. – quase riu.
- , você não tem noção do quanto isso significa pra mim. – Eu dizia, olhando para o vestido. – Eu quero dizer ‘obrigada’, mas parece que não é o suficiente. – Eu suspirei com um sorriso bobo.
- Ouvir essa sua voz de felicidade já fez tudo valer a pena. – deu um fraco sorriso.
- Eu não vejo a hora de te ver e de te agradecer. – Eu disse, totalmente ansiosa para aquela noite.
- É sobre isso que eu queria falar.. – O tom da voz dele mudou de uma hora pra outra.
- Como está a ? – foi a primeira coisa que passou pela minha cabeça.
- Ela está melhorando, mas.. – não sabia como dizer novamente que ele não poderia estar lá.
- Mas o que? – Eu ainda achava que era algum problema mais grave com a .
- Ela está tomando soro agora, . – disse, olhando seu reflexo em um dos vidros que cercava os quartos dos pacientes.
- Soro é bom. Ela vai ficar boa rapidinho. – Eu ainda não havia me dado conta.
- É uma grande quantidade de soro. – tentava me dar dicas para que ele não precisasse dizer.
- Eu não estou entendendo, . – Eu sabia que ele estava tentando me dizer alguma coisa, mas eu não sabia o que era.
- Eu não vou conseguir estar ai ás 19hrs. – fechou os olhos, sentindo-se muito mal em ter que dizer aquilo.
- Não tem problema. Nós nos atrasamos um pouco. – Eu não achei que aquilo fosse um problema. – Eu sempre me atraso mesmo. – Eu até sorri, tentando convencer a mim mesma que aquilo não estava acontecendo.
- Vai demorar mais do que um pouco. – passou uma das mãos pelo seu cabelo, bagunçando-o.
- Você está dizendo que.. – Eu não queria completar.
- Me desculpa. – também não quis completar. Eu permaneci em silêncio por um bom tempo. Eu não queria dizer nada que pudesse demonstrar que aquela noticia havia acabado com a minha noite. – ? – me chamou e eu parecia ter acordado de um transe.
- Eu estou aqui. – Eu respondi, passando umas das mãos pelo meu rosto, enxugando as lágrimas que havia escorrido pelo meu rosto.
- Você me odeia, né? – negou com a cabeça.
- Não, é claro que não. – Eu conseguia entender a situação. Não era culpa dele, mas entender a situação não tornava tudo menos doloroso. – Tudo bem, . – Eu me virei de costas para o vestido. – Eu estava achando mesmo que esse vestido era bonito demais para um simples baile de formatura. – Eu de uma rápida risada para tentar convencê-lo de que eu estava bem.
- Não é um baile de formatura qualquer. É o seu baile de formatura! – começou a não gostar do que eu dizia.
- Não importa. – Eu neguei com a cabeça. – Eu ouvi dizer que vai passar um filme muito bom na TV hoje. – Eu havia desistido de ir ao baile. – A minha mãe fez bolo de chocolate. Eu vou adorar comê-lo, enquanto assisto o filme. – Eu forcei um sorriso.
- Não, não, não.. – ficou rapidamente indignado.
- Só prometa que vai vir me ver mais tarde. Eu preciso ver você antes de ... – Eu hesitei dizer. – Você sabe, antes de amanhã. – Eu finalizei.
- , você vai a esse baile. – afirmou com uma voz grossa. – , me prometa que vai ao baile. – Ele disse em tom de ordem.
- Eu não vou sem você, . Esquece. – Eu disse em um tom que eu achei que o desencorajaria de me convencer a fazer aquilo.
- Presta bem atenção no que eu vou dizer. – parecia estar irritado. – Você vai vestir esse vestido, você vai se arrumar de um jeito que nunca fez antes na sua vida e vai a esse baile! – ordenou.
- .. – Eu já ia começar a negar, mas ele me interrompeu.
- Prometa, ! – Ele estava mesmo furioso. – Me prometa agora mesmo. – Eu podia até ver a sua expressão de irritação, enquanto dizia aquela frase. Eu voltei a ficar em silêncio por um tempo.
- Tudo bem.. – Eu finalmente respondi.
- Eu não ouvi você prometer. – continuava sendo duro comigo.
- Eu prometo, . – Eu fiz o que ele queria por pura pressão.
- Ótimo. - sorriu, satisfeito. – Quando você chegar em casa, você me liga. Eu vou te ver. – tentou dar uma boa notícia. – Por favor, não dorme antes de eu passar ai. – implorou.
- Eu não vou. – Eu dei um fraco sorriso.
- E olha só.. – hesitou pedir o impossível. – Não chore. – voltou a pedir de um jeito doce e preocupado. – Eu não quero que esteja chorando no seu baile de formatura. – Ele completou.
- Eu já estou chorando. – Eu disse, rindo de um jeito desengonçado.
- Onde você está? – perguntou, tendo uma ideia.
- No meu quarto. – Eu respondi, sem entender o que ele queria com aquela resposta.
- Vá até o seu criado mudo e abra a primeira gaveta. – voltou a usar seu tom de ordem. Fiz o que ele pediu e fui até o meu criado mudo e abri a gaveta.
- Eu abri. – Eu disse, olhando para a gaveta.
- Eu sei que tem uma caneta ai. Pegue-a. – pediu e eu enfiei minha mão dentro da gaveta e no fundo dela, achei a tal caneta.
- Achei. – Eu disse, olhando pra caneta.
- Agora faça aquele coração. – sorriu com poucas lágrimas nos olhos. – Naquela mesmo lugar onde eu fiz ontem. – detalhou.
- .. – Eu ia argumentar, mas ele não me deixou.
- Faça! – mandou e eu suspirei longamente. Coloquei o telefone sobre a cama e abri a caneta. Levantei uma das mãos e com cuidado fui fazendo um coração, naquele mesmo lugar onde havia feito. Quando eu terminei, o observei por um tempo. Havia ficado bem parecido com o do . Peguei novamente o telefone e o coloquei na orelha.
- Pronto. – Eu disse, ainda olhando para aquele coração.
- Agora você não estará sozinha. – disse de um jeito doce e encantador. – Você nunca vai estar sozinha. – completou.
- Eu sei que não. – Eu até consegui sorrir.
- Agora vá se arrumar. Vista aquele vestido. – ordenou. - Eu até posso imaginá-la usando ele. – disse, apenas para me agradar.
- Eu não vou tirá-lo para que você possa me ver com ele. – Eu engoli o choro para atender o pedido dele.
- Faça isso. – quase riu, vendo que eu estava um pouco melhor.
- Se divirta. – voltou a fazer um novo pedido. – E se algum cara olhar pra você, me avise. Eu não posso mais levar suspenção. – disse, me fazendo rir. Era tudo o que ele queria.
- Eu avisarei. – Eu ainda ria um pouco.
- Até mais tarde, linda. – sorriu de um jeito triste. Ele nunca achou que quisesse tanto estar naquele baile.
- Eu te amo, . – Eu disse apenas para lembrá-lo.
- Eu te amo ainda mais. – respondeu e desligou o telefone em seguida.

Aquele coração em minha mão nunca havia sido tão útil. Pode parecer idiota, mas ele havia feito eu melhorar um pouco. Porém, ele ainda não me fazia sentir menos falta dele. não havia um coração em suas mãos. Ele teria que lidar com aquilo totalmente sozinho. Sua mãe via o seu sofrimento de dentro do quarto em que tomava o soro.

Me olhei no espelho e pensei em como deveria ser a minha maquiagem. Abri a minha caixinha de joias e tirei um anel e uma pulseira. Coloquei a pulseira e depois o anel em um dos meus dedos. Comecei a fazer a maquiagem e usei tudo o que tinha direito: blush, sombra, delineador e etc. Chamei minha mãe para me ajudar com o vestido e depois que o coloquei, ela fechou o zíper que ficava nas costas. Por fim, coloquei a sandália, que provavelmente nem apareceria.

- Meu Deus, filha! Você está maravilhosa. – Minha mãe disse, antes que eu me olhasse no espelho. Soltei o cabelo, que eu havia secado minutos atrás. Só olhei no espelho depois que estava totalmente pronta. Ao ver a minha imagem no espelho, vi tudo o que esperava ver há anos atrás quando vi aquele vestido pela primeira vez. Eu estava exatamente do jeito que eu queria estar. Eu reclamei tanto do vestido que eu usaria, que agora eu tenho um vestido de verdade, mas não tenho um garoto na minha porta me esperando para me levar para o baile.
- Como eu estou? – apareceu na porta do meu quarto, usando um belo smoking.
- Você está MARAVILHOSO! – Eu disse com sinceridade. Sim, eu sou suspeita para falar, mas ele realmente estava um gato.
- O que é isso? É o baile de formatura ou o seu casamento? – me olhou, surpreso.
- Espere só para me ver no dia do meu casamento. – Eu brinquei e minha mãe riu.
- Essa minha irmã é muito gata! Só podia ser a minha irmã mesmo. – riu, aumentando a minha auto estima.
- Você terá que me levar para o baile. – Eu avisei sem dar detalhes.
- O já me mandou uma mensagem no celular. – sorriu fraco. – Prometo que vou ser bem mais divertido que ele. – disse, voltando a me fazer rir.
- Já são 20hrs. Já estão atrasados. – Minha mãe disse, nos apressando.
- Eu já desisti de tentar não me atrasar. – riu, saindo do quarto.

Desci as escadas da minha casa e fingi não me importar ao não ver me esperando no final delas. terminou de passar o gel em seu cabelo e correu para a sala e pegou a chave do carro. já estava ligando para reclamar da sua demora. Eu fui sozinha no banco traseiro, enquanto observava pela janela com aquele olhar perdido. Passamos na casa da e fomos direto para o baile. Quando chegamos lá, ajudou a descer do carro e depois me ajudou. Quem disse que meu irmão não sabe ser um cavalheiro?

- O VESTIDO! – apontou para o meu vestido. Todas as minhas amigas sabiam que aquele vestido sempre foi o meu sonho.
- Eu sei! – Eu pirei junto com ela.
- Parem com essa conversa de garota e vamos de uma vez. – entrou no meio de nós duas e arqueou os dois braços. segurou em uma braço e eu segurou no outro.

Fomos nos aproximando da cortina que servia como porta do baile. Eu não acreditava que estava fazendo aquilo sem ele. O que diabos eu estou fazendo aqui? Eu respirava fundo, tentando controlar meus pensamentos e sentimentos. me pediu para não chorar, então eu não choraria. Passamos pela cortina que foi aberta por um dos organizadores do evento. A música estava bem alta e já haviam diversas pessoas na pista de dança. Os garotos usavam smoking e as garotas usavam vestidos maravilhosos. Muitos pararam para me olhar. Eu não sabia se eles estavam admirando o vestido ou se perguntando onde o estava.

- O guardou uma mesa pra nós. Ele está ali. – apontou, levando eu e a em direção a tal mesa. Quando eu vi , eu tive vontade de correr para abraçá-la. Nos aproximamos da mesa e eu fui diretamente até ela.
- Eu conheço esse vestido. – me olhou de cima abaixo. Eu nem sequer respondi, apenas a abracei com toda a força.
- Obrigada. – Eu continuei abraçando ela. – O meu dia não estaria sendo a mesma coisa se você não tivesse aqui. – Eu terminei o abraço para olhá-la. – Obrigada mesmo. – Eu acariciei rapidamente o seu rosto e ela sorriu.
- foi quem pensou em tudo. Eu só dei uma ajudinha. – riu.
- Você está realmente muito bonita. – Eu me afastei para ver o seu vestido.
- Obrigada. – fez cara de metida. - ! O seu vestido! – quase gritou, quando viu a outra amiga.
- Ela está maravilhosa. O vestido combina muito com ela. – Eu disse, olhando para o vestido que tinha um decote em uma das pernas.
- Vocês são tão gentis. – piscou repetidas vezes, nos fazendo rir.
- Você deve ser o garçom, não é? – olhou seriamente pro . – Pode me trazer um refrigerante? – continuou zoando com a roupa de .
- Eu trago assim que a orquestra começar. – deu o troco. – Você deve ser o maestro da orquestra, né? – continuou falando seriamente. – Posso fazer um pedido de música? – ironizou. – O nome da música é ‘Vai se fuder, ’. – forçou um sorriso. – Valeu. – Meu irmão deu alguns tapinhas no ombro do .
- Seu recalque bate na minha gravata borboleta e volta nesse cimento na sua cabeça. – se referia ao cabelo de que estava duro por causa do gel.
- Chega, palhaço. – segurou a risada.

Nos sentamos e tomou o lugar ao meu lado, que deveria ser do . Todos eles pareciam saber que não estaria ali. Eu percebi que todos estavam tentando me paparicar para não deixar que eu sentisse a falta dele. É um gesto admirável, mas nada me faria deixar de sentir a ausência dele no dia mais importante do ensino médio.


estava sentado em uma poltrona, que ficava dentro do quarto que estava. Sua mãe estava ao lado da , enquanto a filha quase dormia. se pegou olhando para o soro por diversas vezes para ver se ele já estava acabando. Talvez desse tempo de chegar no final do baile. Ainda faltava muito soro. olhava para o chão, que parecia ser a coisa mais interessante no momento. Os cotovelos estavam apoiados em seu joelho e as costas flexionadas pra frente. A mãe de já não aguentava ver o filho daquele jeito.

- , fica com ela um pouco? Eu vou ao banheiro. – A mãe dele pediu e ele afirmou com a cabeça, levantando-se e indo até a cama onde a irmã dormia. A mãe dele saiu e ele observou a irmã por um tempo.
- Se você soubesse o que está acontecendo, aposto que ficaria bem na mesma hora só para que ela não ficasse sozinha naquele baile. – sorriu, acariciando os cabelos da irmã.

A mãe de não demorou mais que 5 minutos e retornou ao quarto. voltou a se sentar e a mãe dele tornou a ficar ao lado da cama da filha. tirou o seu celular do bolso para ver a hora e viu que eram 21hrs. Ele se perguntou o que eu estaria fazendo naquele momento.


Havia alguns salgados muito bons na nossa mesa. e quase acabavam com tudo, quando o garçom passava por nós. Eu ainda não sei como eles mantém esse corpo! As garotas não paravam de conversar comigo. Elas estavam trabalhando duro para me distrair.

- Vão ficar a noite toda sentados? – apareceu em nossa mesa. Eu nem vi ele se aproximar.
- ! – Eu sorri e me levantei para cumprimentá-lo. Assim que o abracei, dei de cara com , que estava logo atrás dele. Ela estava usando um lindo vestido vermelho. Ela me encarou com uma expressão séria, mas não havia raiva.
- Onde está o ? – perguntou, olhando para as pessoas que estavam na mesa.
- Ele teve problemas com a irmã. Ele não virá. – Eu respondi e dei um fraco sorriso. É claro que notou o quanto aquilo estava me afetando.
- Fala, delícia. – se levantou para fazer o tradicional toque de mãos com o seu amigo.
- E ae, cara! – riu, olhando para o amigo. saiu da minha frente, deixando eu e frente a frente. Nos olhamos e ficamos em silêncio. Quando eu achei que nunca mais ouviria a voz dela, ela me surpreendeu.
- Parece que conseguiu o seu tão sonhado vestido. – comentou, olhando para o meu vestido.
- É, eu consegui. – Eu forcei um sorriso, que tenho certeza que não pareceu nada sincero.
- Eu ainda me lembro no dia em que você viu ele pela primeira vez no shopping. – deu um tímido sorriso.
- É, você estava comigo. – Eu comentei, incomodada com aquele clima totalmente estranho.
- , sua linda! – nos interrompeu e abraçou .
- Esse vestido é a sua cara, . – quase riu pra amiga.
- É o que estão me dizendo. – também riu.
- E você, ? Desde quando se tornou tão fabulosa? – brincou e gargalhou.
- Aprendi com você. – piscou um dos olhos.
- Vocês não vão dançar? – perguntou novamente.
- Daqui a pouco nós vamos. – olhou pra .
- Eu não sei se estou a fim de dançar hoje. – respondeu, sem olhar pra . Parece que eles ainda não haviam acertado as contas desde o ocorrido daquela tarde.
- Você quer dançar, né? – olhou para a namorada, que afirmou com a cabeça. - Vamos então. – disse, indo até .


voltou a olhar para o soro e viu que demoraria algum tempo. Deu um longo suspiro, que até sua mãe pode escutar. Ele continuava olhando para o chão, sentindo o seu coração pesar só por saber que eu estava precisando dele naquele momento. As batidas na porta interromperam seus pensamentos. Ele virou o seu rosto para olhar quem entraria e teve uma grande surpresa.

- Sra. ? – olhou pra ela, assustado. - Olá, boa noite. – Minha mãe entrou no quarto e fechou a porta em seguida.
- Entre, querida. – A mãe de sorriu para a amiga.
- Como soube que estávamos aqui? – se levantou, achando estranhíssimo a presença da sogra ali.
- A pergunta é: Porque não está no baile com a minha filha? – Minha olhou pro com um olhar ameaçador.
- Eu tenho que ficar com a . Ela precisa de mim. – apontou para a irmã, que ainda dormia.
- Ela está dormindo, . Ela não precisa de você. – Minha mãe sorriu, aproximando-se do .
- Eu tenho que levá-la para casa. – explicou com um sorriso tímido.
- Não, você tem que ir ao baile, . – Minha mãe afirmou e arqueou a sobrancelha e depois olhou para a sua mãe.
- O que está acontecendo aqui? – trocou olhares desconfiados com a mãe e com a sogra.
- Eu liguei para a mãe da , filho. – A mãe de começou a explicar. – Ela é uma grande amiga e eu tinha certeza que ela faria o favor de me levar para casa quando o soro da sua irmã acabar. – A mãe de deu um enorme sorriso.
- Não.. – quase riu, olhando para as duas. – Isso é algum tipo de piada? – não acreditava.
- Eu não quero bancar a sogra malvada, mas porque não dá logo o fora daqui? – Minha mãe disse e depois caiu na risada, assim como a mãe do .
- Mãe, eu te amo! – sorriu como nunca e correu dar um beijo na mãe. Afastou-se da sua mãe e foi até a minha. – Sra. , você é a melhor sogra do mundo. – abraçou rapidamente a minha mãe, que não conseguia parar de rir ao ver toda a empolgação do .
- Corre! A minha filha está esperando por você. – Minha mãe acariciou o rosto de , que sentiu um enorme alivio no peito ao ouvi-la dizer aquilo.
- OBRIGADO! – pegou a chave do carro sobre a mesa e saiu correndo em direção a porta

parecia um maluco correndo pelo hospital. Parecia aqueles caras, cuja esposa havia acabado de dar a luz. Ele correu ainda mais e chegou no estacionamento. Deslizou pelo capô de seu carro para poupar tempo e abriu a porta. estava indo em direção a sua casa, pois ele ainda tinha que tomar banho e se arrumar.

Os casais continuavam me fazendo companhia na mesa. Eu sabia que estava prendendo eles ali, pois eles não queriam me deixar sozinha. Eu estava me sentindo um peso na costa de cada um deles. As garotas já não tinham mais assunto e e não paravam de falar besteira.

- Porque vocês não vão dançar? – Eu perguntei olhando para eles.
- Nem estou a fim. – ergueu os ombros.
- Eu nunca gostei de dançar mesmo. – seguiu o mesmo raciocínio.
- Eu estou cansada! – rolou os olhos.
- E a minha sandália está acabando com o meu pé. – fingiu uma cara de dor.
- Qual é, eu sei o que estão fazendo. – Eu revirei os olhos. – Vocês não querem me deixar sozinha. – Eu fui direto ao ponto.
- Não, não é nada disso. – forçou uma risada.
- E desde quando você consegue mentir pra mim? – Eu fuzilei com os olhos.
- Ok, você venceu. – suspirou, desistindo de me enganar.
- É sério, podem ir dançar! Eu posso ficar sozinha aqui. – Eu tentei convencê-los, mas eu sei que não seria fácil.
- Não vamos deixar você aqui sozinha. – disse por todos.
- Como vocês acham que eu me sinto sabendo que estou arruinando o baile de vocês? – Eu estava indignada.
- ... – tentou argumentar.
- Não, eu estou falando sério. Se continuarem com isso eu vou embora. – Pronto, havia achando um jeito de chantageá-los. – Eu não vou ficar aqui atrapalhando vocês. – Eu olhei seriamente pra cada um deles.
- Então vamos revezar. – achou uma solução. – Um casal vai dançar e o outro fica aqui. Depois nós trocamos. – explicou.
- Não acredito nisso.. – Eu rolei os olhos.
- Boa ideia! – sorriu para o amigo.
- Vocês começam! – foi esperto. Ele não queria dançar, é quem queria.
- Vamos dançar? – olhou pra . Nem sequer um sorriso ele deu.
- Claro. – sorriu, mas ela não conseguiu receber o sorriso de volta. Era uma música lenta e boa pra dançar.
- Eles estão meio brigados. – Eu afirmei, olhando e dançarem.
- A e o também parecem não estar muito bem. – lembrou-se de comentar.
- Sim, eles estão frios um com o outro. – Eu concordei.


continuava na correria em sua casa. Tomou um rápido banho e colocou rapidamente o smoking. Foi até o espelho e arrumou sua gravata e aproveitou para ajeitar o cabelo. Usou o gel para colocá-lo um pouco para trás. Colocou os sapatos e passou tanto perfume, que provavelmente permaneceria em seu corpo por uma semana. se olhou no espelho pela última vez e sorriu pra si mesmo. Ele não me contaria que estava a caminho, pois preferia fazer uma surpresa.

Eu continuava sentada, vendo e dançando aquela música lenta. Eles não pareciam tão confortáveis com aquela situação. Eu também vi quando eles abandonaram a pista de dança quando começou uma música mais animada. Esse é definitivamente o tipo de música que e preferem dançar. Todos sabiam disso.

- É a vez de vocês. – chegou na mesa e deu alguns tapas leves no ombro do .
- Eba! Vamos lá, baby. – levantou-se, animada.
- Vamos.. – revirou os olhos, sendo puxado pela namorada.
- O também não gosta de dançar. – Eu dei um fraco sorriso, olhando para e começarem a dançar.
- Eu acho que nenhum cara gosta de dançar. – riu.
- Você pode dançar com o , . – teve a ideia.
- O que? – Eu arqueei a sobrancelha, achando que não tivesse entendido.
- É, ! Dança comigo! Aposto que eu danço bem melhor que o . – disse todo convencido.
- Não, não precisa. – Eu neguei com a cabeça.
- Vamos, dance comigo! – insistiu com um bico.
- É o seu baile de formatura, . – forçou um sorriso. – Você tem que dançar. É uma tradição. – Ela ainda tentava m convencer.
- Eu já quebrei algumas tradições de bailes de formatura hoje. Não vai ter problema se eu quebrar mais uma. – Eu não tirava os olhos dos casais que se divertiam na pista de dança. Eu me perguntava por que eu também não podia estar me divertindo. Que péssima ideia eu tive de sentar de costas para a porta e de frente para a pista de dança!
- , você está nos ouvindo? – perguntou, vendo o quão distraída eu estava.
- Eu estou ouvindo. Desculpa. – Eu neguei rapidamente com a cabeça e olhei para os meus amigos. – Eu estou meio.. – Eu forcei um sorriso, sem querer terminar a frase.
- Você deveria estar se divertindo, . – me olhou com tristeza.
- Eu não consigo. – Eu suspirei longamente. – Eu nem sei o que estou fazendo aqui. – Eu voltei a negar levemente com a cabeça. – Qual é a graça em ver todo mundo se divertindo, menos você? Qual a graça saber que hoje deveria ser a melhor noite da minha juventude e eu sentir como se fosse a pior? – Eu disse visivelmente chateada com a situação.
- O que eu posso fazer pra você ficar feliz? – também ficou chateado ao me ver daquele jeito.
- Você não pode fazer nada, . – respondeu por mim. – Só tem uma pessoa que poderia fazer. – Ela me olhou, como se soubesse exatamente o que eu estava sentindo.

continuou dirigindo feito um maluco até chegar no estacionamento do local do baile. Ele parou o carro em uma vaga qualquer e começo a andar rapidamente até uma das entradas do baile. Ele deveria estar correndo, mas sabia que se fizesse isso ele chegaria até mim completamente suado. Ele não podia correr esse risco. Chegou em uma das entradas e encontrou alguns seguranças.

- A entrada não é aqui? – perguntou para um dos seguranças.
- É na primeira porta a direita. Passe pela cortina e estará no baile. – O segurança respondeu com a voz grossa e sem dar sequer um sorriso.
- Obrigado. – agradeceu e rapidamente virou-se para a direção que o segurança havia dito.


- Eu acho que vou embora. – Eu disse, fazendo e me olharem com uma expressão de surpresa.
- Não, não vai. – afirmou, sério. Ele não me deixaria ir embora. E
- Porque eu deveria ficar aqui? Isso está ficando cada vez mais difícil. – Eu me referia a ausência do . – Além do mais, não tem chance alguma desse baile se tornar mais divertido pra mim. – Eu finalizei, certa de que havia tomado a melhor decisão.

se aproximou da porta, que estava coberta por uma cortina branca e quase transparente. Seus passos foram diminuindo, pois ele foi ficando cada vez mais nervoso. Quando ele chegou em frente a cortina, que estava quase completamente fechada, ele parou. As primeiras pessoas que eles viram foram e , que estavam sentados de frente para ele. Naquela mesma mesa havia uma garota de costas, que ele conseguiu reconhecer imediatamente não só pelo cabelo, mas pelo vestido. não se moveu, apenas ficou me observando de costas, sentindo o seu coração disparar, fazendo com que ele tivesse certeza de que ele sairia pela sua boca a qualquer momento.

- Não vai embora, . – fez um bico. – Você vai se arrepender mais tarde. – tinha certeza do que dizia. O baile de formatura é o sonho de qualquer garota, é o momento pelo qual toda garota espera anos para passar.
- Eu já estou arrependida de ter vindo aqui hoje. – Eu respondi, sentindo meus olhos começarem a arder. Estava demorando. Eu não esperava mesmo que fosse fácil ver o seu sonho se tornando um pesadelo.

Sabe aquela sensação quando tem alguém te olhando? sentiu essa sensação. Ele deixou de me olhar para saber de quem se tratava. O primeiro lugar em que ele olhou foi a porta de entrada. Ele viu parado do outro lado da cortina e ele se conteve para não dar um enorme sorriso. Por debaixo da mesa, ele cutucou o braço de , que olhou para para ver o que ele queria e ela viu que ele olhava fixamente para outro lugar. acompanhou o seu olhar e também viu . Ela teve vontade de sair comemorando pelo salão todo, mas ela foi bem discreta.

- Vocês avisam o que eu peguei um taxi pra casa? – Eu olhei para e que estavam em minha frente. Estava prestes a me levantar da cadeira.
- , você não pode ir! – disse em um tom de ordem.
- E porque não? – Eu não entendia o porquê eles queriam tanto que eu ficasse ali, sentada naquela mesa. A expressão de mudou de uma hora pra outra. Ela sorriu sem mostrar os dentes e os olhos dela pareciam ter um brilho de felicidade.
- Porque a sua felicidade acabou de chegar. – O sorriso de aumentou e ela olhou para alguém atrás de mim.

Pensar naquela possibilidade já fez o meu coração comemorar de formas inexplicáveis. Olhei para o , sentindo as lágrimas invadirem os meus olhos. sorriu de um jeito carinhoso e afirmou com a cabeça e depois também olhou para alguém atrás de mim. Não, não podia ser! Eu tive até medo de me virar e me decepcionar por não ser quem eu esperava. As lágrimas continuavam enchendo os meus olhos, enquanto eu me virava lentamente para ver de quem se tratava.

As cortinas na frente do voavam para todos os lados, enquanto ele via eu me virar em sua direção. Quando eu terminei de virar totalmente o meu corpo, eu senti meu coração respirar aliviado. Era ele! Era o mesmo garoto que havia feito daquele, o melhor dia da minha vida. estava com aquela expressão séria que o deixava tão absurdamente bonito. Eu me esqueci de tudo! Esqueci que eu estava em um baile. Esqueci que meus amigos estavam ali. Naquele momento era somente eu e ele.

conseguia enxergar as lágrimas em meus olhos de longe. Quando ele viu eu me levantar da cadeira, ele decidiu vir até mim. Eu me levantei da cadeira e dei apenas mais um passo, pois eu vi que ele estava vindo em minha direção. continuava vindo em direção, sem tirar os olhos de mim. Percebi seus olhos observarem o meu vestido, enquanto ele se aproximava. Minhas mãos estavam sobre o meu vestido, pois a qualquer momento eu o levantaria para sair correndo para os braços dele.

Diversas pessoas passavam entre nós, mas isso não fez com que deixássemos de nos olhar. O coração de continuava absurdamente disparado por me ver tão bonita, logo quando ele achava que era impossível ficar mais impressionado. continuava olhando e parecia que não chegava nunca. O baile todo parecia ter notado que o capitão, o cara mais bonito da escola havia chego.

Quando parou em minha frente, nenhum de nós dois teve coragem de dizer uma só palavra. Ficamos nos olhando por um bom tempo, ambos sem acreditar que estávamos juntos naquele baile de formatura. continuava olhando para as lágrimas em meus olhos, o coração não conseguia se acalmar de jeito algum. Um sorriso foi surgindo aos poucos em meu rosto e os olhos dele desceram até os meus lábios para acompanhar aquilo de perto. Os olhos voltaram a olhar nos meus e um tímido sorriso também surgiu em seu rosto. Eu não sei se foi coincidência, destino ou armação, mas uma música lenta começou naquele exato momento.

- Aceita dançar a minha primeira e a sua última dança comigo? – estendeu uma das mãos em minha direção. Eu abaixei o meu rosto para olhar para a sua mão e logo levantei uma das minhas mãos e a coloquei sobre a dele.
- É claro. – Eu respondi com um fraco sorriso, sentindo ele segurar minha mão. Eu me virei e comecei a puxá-lo em direção a pista de dança. Demos no máximo 2 passos, quando ele me puxou minha mão repentinamente, fazendo com que voltasse a ficar de frente pra ele e ficasse bem próxima ao seu rosto.
- E vê se me deixa te guiar dessa vez. – disse com um olhar sedutor e um quase sorriso. Eu olhei, perplexa. Ele é quem me puxou pela mão dessa vez, me levando em direção a pista de dança.

Chegamos no centro da pista de dança e ele virou-se de frente pra mim. Levou uma das mãos para a minha cintura e me puxou pra bem perto. Eu voltei a olhar o seu rosto de bem perto, demonstrando o quanto eu estava louca para beijá-lo. Ele levantou nossas mãos que ainda estavam coladas e a mão que havia me sobrado foi até um de seus ombros. Continuamos nos olhando nos olhos, quando começou a dançar e a me levar junto com ele.

- Bonito vestido. – quase deu um sorriso que mostraria os seus dentes e os olhos dele desceram rapidamente.
- Você está bonito. – Eu dei um sorriso maior que o dele.
- E você está absurdamente linda. – olhou os detalhes do meu rosto e depois o meu sorriso.
- São seus olhos. – Eu disse, sem graça.
- Os meus e os de todos os outros caras do baile. – disse, fazendo aquela cara que fazia quando estava com ciúmes. Eu nem tive tempo para responder, pois ele afastou nossos corpos para me virar duas vezes.
- Como conseguiu chegar a tempo? – Eu perguntei, assim que ele voltou a colar nossas cinturas.
- É uma longa história. Você não acreditaria. – quase riu. Ele não me deixou responder novamente, pois ele voltou a afastar nossos corpos. Esticou o seu braço e me jogou pra longe, enquanto eu girava duas vezes. Quando eu achei que eu é quem teria que voltar a me aproximar, ele puxou minha mão e em segundos meu corpo se chocou com o seu.
- Aquelas aulas de dança realmente foram boas pra você. – Eu segurei a risada, quando voltando a dançar na mesma posição inicial.
- Você não faz ideia. – também segurou sua risada.
- Está tentando fazer bonito? Sabe que pra continuar com a coroa do rei do baile deveria ter chego mais cedo. – Eu disse um pouco mais séria. O olhar de demonstrava a agora a sua indignação. Ele apertou ainda mais a minha cintura e começou a empurrar o meu corpo para trás, trazendo o seu por cima do meu, sempre mantendo o seu rosto bem próximo ao meu.
- Acha mesmo que eu vim até aqui por causa dessa coroa? – ainda mantinha aquele olhar de indignação e aquele riso no rosto. Meus olhos desceram imediatamente para os meus lábios e ele fez o mesmo.
- Parece que não. – Eu respondi, sem tirar os olhos dos lábios dele. voltou a puxar o meu corpo e voltamos a ficar frente a frente. Estávamos prestes a nos beijar e nem percebemos que a música havia acabado. O beijo só não aconteceu, porque uma voz alta nos interrompeu e ela vinha do palco.
- Boa noite a todos. – Olhamos para ver e vimos que era uma das coordenadoras da escola. – Eu gostaria de parabeniza-los por esse baile incrível. – Ela continuou e todos a aplaudiram. Eu e nos afastamos e nos viramos para o palco. Nós continuávamos de mãos dadas. – Eu também estou aqui para revelar quem são os donos das coroas desse ano. – Ela disse e eu pude perceber a aflição vinda de todas as garotas do baile. A coordenadora abriu um envelope e voltou a aproximar sua boca do microfone. – E o Rei do baile deste ano é, surpreendentemente.. – Ela fez um certo mistério. – Jonas. – Ela disse e todos olharam imediatamente para o .
- Eu? – apontou pra si mesmo, incrédulo. Não era possível, ele havia acabado de chegar. – Mas eu acabei de chegar. – me olhou, sem reação. Nada como ser o capitão do time de futebol!
- Vai logo! – Eu dei um enorme sorriso, pois estava feliz por ele e o empurrei em direção ao palco. soltou a minha mão e foi em direção ao palco. Todos percebiam o quanto ele estava surpreso.
- Parabéns, . – A coordenadora disse, colocando a coroa em sua cabeça. olhava para o público e sorria feito um idiota, sem entender nada do que estava acontecendo.
- Agora, o mais esperado! – A coordenadora voltou a falar no microfone. – A Rainha do Baile deste ano é.. – Ela afastou-se novamente do microfone e abriu o envelope. Eu nunca tive tanta esperança de ganhar aquela coroa na vida. O meu par era o rei e eu era a namorada dele. Todos sabem o que geralmente acontece nos filmes. Eu olhava para a coordenadora da forma mais aflita do mundo. – Jessie! – A coordenadora disse, acabando com todas as minhas chances. olhou para a coordenadora, confuso. Depois me olhou e certamente viu a minha cara de decepção. O público aplaudia Jessie, que subia no palco. – Parabéns, Jessie! – A coordenadora disse, depois de colocar a coroa em sua cabeça. Jessie começou a fazer pose com a sua nova coroa. Ela me olhou por algum tempo com aquele olhar esnobe. Eu a aplaudia, demonstrando o quanto eu estava decepcionada com tudo aquilo.
- Esperem, esperem! Eu tenho uma coisa pra dizer! – tomou conta do microfone e todos ficaram em silêncio para ouvi-lo. Eu tinha certeza que ele faria algo para me deixar menos decepcionada. Eu sabia! – Eu queria agradecer a todos que me elegeram como o Rei do baile e eu queria parabenizar a Jessie. – olhou para a Jessie, que ainda estava próxima a ele. – Mas eu queria que soubessem que apesar de a Jessie ter sido a escolhida de vocês, eu tenho a minha escolhida. – olhou pra mim no meio da multidão. – E eu acredito que eu, como Rei, tenho o direito de escolher a minha Rainha. – levou uma das mãos em sua cabeça e pegou a sua coroa. – A minha verdadeira Rainha. – olhou rapidamente para Jessie, que estava quase chorando de tanta raiva. – Então eu gostaria de chamar ao palco o único motivo de eu estar aqui essa noite, minha Rainha favorita em todo o mundo.. – sorriu de um jeito incrivelmente doce. – . – disse o meu nome e todos me olharam. Eu podia sentir minhas mãos tremendo.

Eu segurei a parte debaixo do meu vestido, enquanto eu caminhava em direção ao palco. As pessoas me aplaudiam e gritavam o meu nome. Eu podia sentir os olhares de Jessie me fuzilando. Subi as escadas com cuidado para não cair e finalmente cheguei no palco. Parei, sem saber o que fazer. me olhou e me chamou com uma das mãos. Eu fui até ele, totalmente nervosa. Quando cheguei em sua frente, ele deu um enorme sorriso. Levantou a sua coroa com uma das mãos.

- Essa coroa não é só por ser a Rainha desse baile, mas também é por todas as vezes que você fez com que eu me sentisse o cara mais sortudo do mundo. – disse daquele jeito lindo, enquanto ele colocava a coroa em minha cabeça. – Gostaria de dizer alguma coisa? – apontou para o microfone.
- Quero. – Eu quase ri, vendo a cara dele de surpresa. Ele passou o microfone pra mim e eu o ajustei para a minha altura. – Ei, pessoal! – Eu forcei um sorriso. – Eu queria agradecê-los por terem me escolhido como Rainha do baile, mas eu não vou, porque na verdade vocês não me escolheram. – Eu disse com uma certa ironia. – Então eu realmente gostaria de agradecê-los por não terem me escolhido. Você não precisa ser a escolhida de vários, quando ser a escolhida de um é mais do que suficiente. – Eu disse, vendo uma parte me aplaudir e a outra vaiar. Adorei sambar na cara deles. Olhei pro e ele ria feito doido.
- Você é maluca. – segurou a minha mão e me puxou em direção a escada.
- Você não tem sido um bom exemplo. – Eu gritei, enquanto ele puxava pelo salão.
- , eu nem vi que você estava aqui e de repente vejo você recebendo a coroa do baile? – abriu os braços, quando chegamos na mesa em que eles estavam.
- Você sabe que eu seria o Rei do baile mesmo não estando aqui. – disse, convencido. revirou os olhos e depois me olhou.
- Como você consegue? – sorriu para o e depois voltou a me olhar. Eu não entendi nada.
- Consigo o que? – arqueou a sobrancelha.
- Dá última vez que eu vi a ela parecia estar em um velório e agora parece que está vivendo o melhor dia da vida dela. – disse, me fazendo rir.
- O que eu posso fazer? Eu causo esse efeito nas pessoas. – ergueu os ombros, segurando uma risada.
- Menos, Jonas. – Eu tentei ficar séria apenas para tirar com a cara dele.
- Jonas? – fingiu ter ficado ofendido. – Tem noção de quanto tempo você não me chama assim? – riu, pois achou o fato engraçado.
- Provavelmente o mesmo tempo que você não me chama de . – Eu olhei pra ele com um quase sorriso.
- Eu achei que odiava quando eu te chamava assim. – ainda ria um pouco.
- Eu odeio, mas você sabe que a minha definição de ódio não é muito normal. – Eu fiz careta ao terminar a frase. – Principalmente quando se trata de você. – Eu mordi o lábio inferior, pois sabia que ele ficaria louco com a minha última frase. voltou a me olhar com a boca quase aberta e com o olhar de indignação.
- Então você me odeia? – puxou rapidamente minha mão, fazendo com que nossos corpos se colassem. Ele segurou a minha cintura e me abaixou, trazendo seu corpo por cima de mim. Nossos rostos estavam bem próximos e nós sorriamos um para o outro.
- Ok, talvez eu goste de você só um pouquinho. – Eu fiz uma careta e ele riu ainda mais. se aproximou e roubou um longo selinho.
- Melhor.. – Ele me trouxe pra frente e fui eu quem roubei o selinho dessa vez.
- O meu nível de diabete já está subindo. Já podem parar. – revirou os olhos.
- Vocês viram a cara da Jessie? – chegou com sem que eu nem percebesse.
- Ela queria matar a . – gargalhou.
- E parece que não é só ela. – olhou para os lados e viu que algumas pessoas nos olhavam torto.
- A propósito, eu adorei o seu discurso. – piscou para mim.
- Eu sei que não tem nada a ver com o assunto, mas.. – fez careta por tocar no assunto. – Que horas é o seu voo amanhã? – Ela perguntou.
- Está marcado para ás 9hrs da manhã. – Eu sorri, me aproximando do e levantando o seu braço para que eu visse a hora em seu relógio. - Já é meia noite! – Eu me assustei com o horário.
- Você deveria ir embora. Amanhã você viaja cedo. – disse, demonstrando o seu lado responsável.
- É, eu sei.. – Eu olhei pro e fiz careta. Eu não queria ir!
- Eu levo ela. – rapidamente se ofereceu.
- É, eu sabia que diria isso. – riu rapidamente. – Mas leve-a direto pra casa, . Os meus pais vão ficar bravo se ela chegar tarde hoje. – disse, pois sabia que costumava a parar em alguns lugares antes de me levar pra casa.
- Pode deixar! – o olhou, sério.
- Então.. – Eu achei que teria que me despedir.
- Não começa com aquelas despedidas dramáticas! Deixa pra amanhã! – se antecipou.
- É, nós vamos todos no aeroporto amanhã de manhã e ai nós nos despedimos, ok? – disse, séria.
- Vocês vão? – Eu achei não ter entendido direito.
- É claro! – sorriu de forma fraternal. – Todos nós! – Ele reafirmou. Só ao pensar na manhã seguinte, eu já senti um certo desespero.
- Então, até amanhã. – Eu nem queria me despedir com abraços e beijos, pois eu sei que eu já começaria a chorar.
- Até amanhã! – jogou um beijo.
- Tente não se atrasar! – disse, causando a risada de todos.
- Eu não vou! – Eu gritei, já que já estava a uma certa distancia deles.
- Vejo você em casa. – me olhou e fez um olhar severo pro , que havia entendido o recado.
- Boa noite. – acenou com a mão e eu nem tive tempo de responder, pois alguém me surpreendeu por trás.
- Onde acha que vai sem se despedir de mim? – Ouvi dizer e sorri, antes mesmo de me virar para olhá-lo.
- ! – Eu o abracei e ele riu com a minha empolgação. – Você vai estar lá amanhã, não vai? – Eu queria tanto que ele também fosse ao aeroporto.
- É claro que eu vou! – disse como se fosse óbvio. Ele olhou para , que estava ao meu lado. – Ainda bem que chegou, cara. Ela estava muito tristinha. – voltou a me olhar.
- É o que me falaram.. – continuava segurando uma das minhas mãos.
- Vocês já estão indo embora? – percebeu, pois estávamos perto da saída.
- Estamos e parece que você também está. – sorriu pro amigo, procurando discretamente por .
- Estou! está me esperando no carro. – apontou em direção a saída.
- Todos estão indo embora, não é? O baile já está no final. – Eu olhei em volta, vendo que o salão começava a ficar sozinho.
- Parece que sim. – concordou, vendo algumas pessoas saindo pela porta. – Então, eu vou indo. Vejo vocês amanhã de manhã. – me abraçou e depois fez o seu tradicional toque de mãos com o .
- Até lá. – Eu acenei com uma das mãos.
- Boa noite, cara. – também respondeu, vendo o amigo sair rapidamente pela porta onde as outras pessoas saiam.

Eu e também fomos em direção a saída. me guiou até o estacionamento, já que o seu carro estava estacionado no fundo do estacionamento. Não se fui só eu que notei que aquele carro estava silencioso demais. No fundo eu sabia que o motivo era a ida pra Nova York dali poucas horas. estava inquieto e as vezes em que eu falava com ele, ele se esforçava para não demonstrar o que realmente sentia.

Quando ele estacionou o seu carro em frente a minha casa, eu não sabia exatamente o que fazer. Eu queria pedir para que ele voltasse a ligar o carro e me levasse pra longe dali para que eu não precisasse pegar aquele voo na manhã seguinte. O seu carro já estava estacionado em frente a minha casa há uns 3 minutos e nós ainda não havíamos falado absolutamente nada.

- Então eu acho que é isso. – disse, olhando para qualquer coisa do lado de fora do carro.
- Você me leva até a porta? – Eu perguntei e ele me olhou rapidamente.
- É claro. – abriu rapidamente a sua porta do carro e depois foi abrir a minha. – Eu te ajudo. – estendeu a mão e me puxou para fora do carro.
- Obrigada. – Eu agradeci e esperei que ele fechasse a porta para que ele me acompanhasse até a porta. Eu queria dizer qualquer coisa, mas eu não conseguia. passou por mim e deu alguns passos. Olhou para trás e viu que eu não estava o acompanhando.
- Ei, não vai vir? – estendeu a mão com um fraco sorriso em seu rosto. Nem um sorriso eu consegui forçar. Andei até ele, segurei sua mão e ele rapidamente entrelaçou os nossos dedos. Nós dois caminhávamos até a porta da minha casa e coincidentemente, olhávamos para o chão. Paramos em frente a porta e ficamos frente a frente. Nossos dedos ainda estavam entrelaçados e não conseguíamos olhar para o rosto um do outro.
- Você vai estar no aeroporto amanhã? – Eu perguntei depois de finalmente olhá-lo. A cabeça dele estava baixa, ele olhava nossos dedos entrelaçados.
- Você sabe que eu vou. – levantou o seu rosto para me olhar. Os olhos estavam tristes, mas ele se esforçava para sorrir. – Eu nunca te deixei sozinha. Não é agora que vou deixar. – me puxou com uma das mãos para mais perto dele e eu o abracei. Meus braços estavam em torno de suas costas e os dele em torno do meu pescoço. Uma das mãos dele entrelaçaram-se em meu cabeço e ele beijou minha cabeça.

Eu sentia uma coisa tão ruim dentro de mim e definitivamente era a minha ficha que estava caindo. Era um sentimento tão estranho que eu não tinha reação sobre ele. Eu não chorava e nem tão pouco sorria. Parecia que eu estava descobrindo aquele sentimento, aquela sensação que eu sabia ser algo ruim.

- É melhor você entrar. – terminou o abraço.

também estava se segurando para não desabar. Ele estava se segurando MUITO para não começar a dizer tudo o que ele queria dizer. estava se segurando para não me pedir pra ficar. O pedido que ele quis fazer desde o dia em que ele descobriu que eu iria para Nova York. queria muito que eu entrasse de uma vez em minha casa, para que ele pudesse parar de se segurar e pudesse liberar toda a tristeza que ele começava a sentir.

- É, eu vou entrar. – Eu me afastei e toquei a maçaneta da porta e a girei. – Boa noite. – Eu voltei a me aproximar e selei seus lábios. tocou o meu rosto com suas duas mãos, fazendo com que aquele selinho fosse prolongado. As mãos dele deslizaram até chegar em meu pescoço e eu descolei nossos lábios lentamente.

Ficamos um tempo com os olhos fechados e sentindo a respiração um do outro de bem perto. Abrimos os olhos e ambos encontramos tristeza. deixou de me tocar e abaixou a cabeça novamente. Eu resolvi entrar antes que o meu choro viesse a tona. Eu entrei em minha casa e fechei a porta sem nem olhá-lo. Eu não aguentava ver aquela tristeza em seu rosto.

suspirou longamente e negou com a cabeça, sem deixar de olhar para o chão. Levantou o seu rosto e encarou a porta da minha casa e sentiu seus olhos arderem. resolveu sair dali o mais rápido possível. Foi para o seu carro e começou a dirigir imediatamente para a sua casa. No caminho para casa, teve a péssima ideia de ligar o rádio. As músicas mais tristes sobre despedida começaram a tocar, uma atrás da outra. Parecia ser algum tipo de brincadeira de mal gosto. As lágrimas continuavam em seus olhos e ele resolveu desligar o rádio. Ele tentava não pensar no dia seguinte.

Eu subi para o meu quarto em silêncio. Os meus olhos estavam perdidos, eu estava perdida. Eu ainda não sabia o que era aquele sentimento ruim que a cada segundo triplicava dentro de mim. Entrei em meu quarto e fechei a porta, ficando recostada na porta olhando para o meu quarto por um tempo. Vi as minhas malas em um canto e o meu guarda roupa vazio do outro. Na verdade, aquela cena descrevia exatamente o que eu estava passando. O guarda roupa vazio significava Nova York. Um lugar onde eu estaria sozinha, o lugar onde não havia ninguém que eu amava, mas também era um lugar enorme onde eu poderia enchê-lo de coisas novas, experiências novas, vida nova. As malas significava Atlantic City! Atlantic City está absurdamente cheio de coisas que são minhas. Meus amigos, minha família, meu namorado e meu passado. Ninguém vive só com suas roupas velhas. Roupas novas também são boas, também faz você se sentir feliz e realizada com quem você é e com o que está se tornando a cada dia. Eu não posso ter os dois? A mala e o guarda-roupa? Infelizmente não.

Dei alguns passos em meu quarto e me sentei na cama, enquanto ouvia o carro de estacionar em frente a minha casa. Olhei para o meu criado-mudo e vi o porta-retrato. Aquele maldito porta-retrato que a qualquer dia desses vai acabar com a minha vida. Era uma foto minha e do . Nós estávamos na escola e eu beijava o seu rosto, enquanto ele olhava para câmera dando um enorme e lindo sorriso. Aquele mesmo sorriso que eu havia visto naquela cachoeira, hoje a tarde. O mesmo sorriso que havia desaparecido no momento que saímos daquele baile e voltamos para a realidade.

Quando as lágrimas começaram a escorrer dos meus olhos, eu deixei o porta-retrato de lado. Passei as mãos embaixo dos meus olhos para secar as lágrimas e passei a olhar aquelas malas novamente. A passagem do voo da manhã seguinte estava na primeira gaveta do meu criado-mudo e eu a abri para pegá-la. Olhei a passagem por um bom tempo e percebi que a única sensação que ela me trazia era ruim. Não havia nada de bom. Todos os motivos que antes eu tinha para ir para Nova York pareciam pequenos e insignificantes agora.

A passagem continuava em minhas mãos, quando eu deixei de olhá-la para olhar aquele coração em minha mão. O coração que me dava forças cada vez que eu me sentia sozinha. Agora eu me dei conta de que em todas as vezes que eu já precisei daquele coração, eu não estava realmente sozinha. Aquele coração foi só mais uma coisa que me fortaleceu, quando eu achei que estava sozinha. O que acontecerá quando eu estiver realmente sozinha em Nova York? Se o sofrimento já existe, imagina quando eu estiver lá? Eu não sei por que eu ainda tento. Todo mundo sabe que eu não vou conseguir! Todos sabem que eu não vou conseguir ficar longe da minha família, dos meus amigos e do . Droga, eu não consigo ficar longe dele!

As chaves do meu carro agora estavam em minhas mãos e eu sabia exatamente o que fazer. Larguei passagem, porta-retrato, malas e guarda-roupa pra trás. Nada mais importava naquele momento. Desci as escadas ainda com a roupa do baile e corri para fora da minha casa, indo até o meu carro. Mesmo com o salto, eu continuei a dirigir em direção a casa dele. deveria ser a primeira pessoa a saber da minha decisão. As lágrimas continuavam a escorrer pelo meu rosto, enquanto eu sentia minhas mãos tremerem no volante.

havia chego em casa e foi direto para o seu quarto para trocar aquela roupa que tanto lhe incomodava. Colocou um shorts e uma camiseta mais velha e decidiu comer alguma coisa na cozinha. Ia passando pelo meu quarto e decidiu entrar para ver como eu estava. Afinal, amanhã não seria um dia fácil pra mim. Abriu a porta do quarto e não me encontrou.

- Droga, .. – suspirou, furioso. Voltou para o seu quarto, pegou o seu celular e começou a digitar rapidamente o número do celular do .

havia chego em casa há menos de 5 minutos. Só havia dado tempo dele subir para o seu quarto e tirar a gravata e o blazer. O seu celular começou a tocar e ele voltou a pegar o blazer para pegar o celular no bolso do mesmo. Olhou no visor do celular e viu o nome do e rapidamente atendeu.

- ? – perguntou, estranhando a ligação.
- Porra, ! Eu não falei pra você trazer ela direto pra casa? – disse, irritado.
- O que? Do que está falando? – fez careta, pois não estava entendendo nada.
- Onde vocês estão, ? Porque a não está em casa? – repetiu demonstrando impaciência.
- Como não está em casa? Eu acabei de deixá-la ai! – ficou imediatamente sério e preocupado.
- Ela não está aqui, ! – começou a se apavorar.
- Droga, eu não sei onde ela pode estar! – disse, olhando pela janela.
- O carro dela não está na garagem! – entrou em desespero, quando abriu a porta de sua casa e viu que o meu carro não estava lá.
- Não está? Mas.. – ia continuar a frase, quando viu o meu carro estacionar em frente a sua casa. – Ela acabou de chegar aqui. – disse, sem saber se a minha visita era algo bom ou ruim.
- Graças a Deus.. – suspirou, aliviado.
- Eu te ligo depois. – desligou o telefone na cara do amigo e jogou o celular de qualquer jeito na cama, saindo correndo em direção a sala e depois em direção a porta.

Eu desci do carro e ainda haviam lágrimas e mais lágrimas no meu rosto. Eu podia perceber que toda a minha maquiagem havia borrado e eu nem estava me importando. Segurei a parte debaixo do vestido e sai correndo em direção a porta da casa do . Ele abriu a porta, quando eu já estava há poucos passos dela. ficou imóvel, esperando que eu chegasse até ele. É claro que ele viu todas as lágrimas em meu rosto e isso fez com que ele voltasse a sentir seus olhos arderem novamente.

- Eu não posso, . – Eu disse assim que o abracei. – Eu não consigo fazer isso. – Eu disse com a voz totalmente embargada, fazendo me apertar ainda mais contra o seu corpo. Os olhos dele se encheram totalmente de lágrimas, pois ele conseguia sentir o meu desespero em cada gesto, em cada palavra minha.
- Calma, está tudo bem. – disse com a voz calma, segurando o choro. Terminou o abraço porque eu precisava dizer aquilo olhando em seus olhos.
- Essa pode ser a pior decisão da minha vida, mas eu não vou voltar atrás! – Eu disse, olhando nos olhos dele completamente cheios de lágrimas.
- Que decisão? – engoliu o choro, sem saber o que esperar da resposta da sua pergunta.
- Eu vou ficar, . – Eu disse, segurando o resto das lágrimas que queria descer dos meus olhos. – Eu não vou pra Nova York! – Eu reafirmei, aliviada por dizer aquilo.
- Você o que? – me olhou, perplexo.





Capítulo 41 – A garotinha cresceu



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:



O coração de parecia ter parado no minuto em que eu lhe dei aquela grande notícia e voltou a bater absurdamente forte assim que ele realmente entendeu o que aquilo queria dizer. Seus olhos cheios de lágrimas olhavam os meus, demonstrando surpresa. Ouvir aquilo era tudo o que mais queria, mas parecia que a voz da razão não deixaria que ele fosse feliz por tanto tempo.

- Eu não vou. – Eu repeti, sentindo o meu choro e desespero cessarem. respirava de forma mais rápida e ele observava os detalhes do meu rosto, pensativo. – Eu vou ficar com você, . – Eu me aproximei com um fraco sorriso, colocando minhas mãos em seu rosto. Eu já não estava entendendo a falta de reação dele.

não conseguia olhar em meus olhos. Ele não conseguia parar de pensar no que aquilo significaria. Mesmo ele percebendo que eu olhava fixamente pra ele, o seu olhar continuou perdido por todo o meu rosto. Aquela notícia parecia ser a solução de todos os seus problemas, mas também parecia ser a causa. Os olhos dele finalmente encontraram os meus e eu pude ver todas as lágrimas que existiam ali.

- Não.. – disse com a voz trêmula. O meu sorriso desapareceu imediatamente, quando eu vi suas sobrancelhas decaírem, demonstrando que ele estava segurando as lágrimas nos olhos. – Você não pode.. – Ele negou levemente com a cabeça, levando suas mãos pra junto das minhas e as tirando do seu rosto. Ele saiu da minha frente, me deixando de frente para a porta da sua casa. e eu estávamos de costas um para o outro. Eu encarava a porta e ele encarava a rua em frente a sua casa.

Não era a reação que eu esperava. Definitivamente não era! não precisava dizer mais nada. Eu já sabia o que aquilo queria dizer. Eu já tinha a certeza do que viria a seguir. Meus olhos tristes e cheios de lágrimas encaravam aquela porta branca como se ela pudesse me dar algum tipo de força para aquele momento. O desespero voltava aos poucos para o meu peito.

sabia o quanto aquela situação era difícil. Quer dizer, era a coisa que ele mais queria no mundo, mas também era a coisa mais egoísta que ele poderia fazer com a pessoa que ele mais ama. sabia muito bem que ele era o principal motivo da minha desistência. Ele era o motivo da desistência do sonho da minha vida. Como ele poderia viver com isso?

- Eu já decidi, . – Eu disse, ainda de costas pra ele. Virei o meu corpo e vi ele de costas. Eu estava certa de que ele não me faria mudar de ideia.
- Eu não vou deixar você fazer isso. – continuava dizendo tudo de costas pra mim.
- Olhe pra mim. – Eu pedi com mais firmeza. Eu sabia o que ele estava fazendo e não estava me agradando nem um pouco. – ! Olha pra mim. – Eu pedi novamente, vendo que ele ainda não havia virado pra mim. Quando vi que ele não se viraria, fui até ele e puxei o seu braço com uma das mãos. – Eu estou falando com você. – Eu consegui fazê-lo olhar pra mim. Ele parecia pior do que eu, mas isso não me fez desistir do que eu queria fazer. – Eu sei o que está pensando.. – Eu tinha certeza de que não consegui dizer com toda a raiva que queria.
- Você sabe que eu não vou deixar você desistir do seu sonho. – negou com a cabeça, como se fosse óbvio.
- Eu não estou pedindo permissão, . – Eu disse friamente.
- No que diabos você está pensando? É o seu sonho! Você lutou por isso! Você não pode jogar tudo pro ar só por causa.. – hesitou dizer.
- Você? – Eu completei rapidamente. – Era isso que ia dizer? – Eu o olhei, séria.
- Porque decidir entre duas coisas se você pode ter os dois? Eu já disse que te espero. – não correspondia ao meu tom de raiva, ele continuava falando daquele jeito triste e emotivo.
- Não é sobre esperar. É sobre ficar sem você, . – Senti uma lágrima solitária escorrer pelo meu rosto naquele instante. – Eu não quero e não vou ficar sem você. – O final dessa minha frase quase não saiu por causa do meu choro.
- Não! Isso não é uma opção! – pareceu ficar indignado naquele momento. – Como você acha que eu vou me sentir, olhando pra você todos os dias e sabendo que era pra você estar lá, vivendo o seu sonho, garantindo o seu futuro? – me olhou seriamente, apesar de todas as lágrimas nos seus olhos.
- Eu honestamente estou bem mais preocupada com o NOSSO futuro. – Minha voz ainda parecia embargada.
- Você faz ideia de quantas pessoas queriam estar no seu lugar? – negou com a cabeça, sem acreditar.
- E você, ? Faz ideia de quantas garotas queriam estar no meu lugar? Você faz ideia do quanto as garotas querem viver um amor como o nosso? Você faz alguma ideia, , de quantas garotas no mundo queriam ter a chance de chamar um garoto como você de namorado? – Eu estava desmoronando aos poucos.
- Eu ainda vou ser seu namorado! Eu ainda vou amar você mais do que qualquer coisa no mundo. – parecia incomodado com o fato de eu achar que a distância o faria me amar menos. – Ei, me escuta. – se aproximando, tocando meu rosto com suas mãos e me olhando nos olhos. – Eu amo você e eu quero o melhor pra você. Eu não vou a lugar nenhum. – forçou um fraco sorriso. – Eu te esperei por 6 anos, lembra? Eu não desisti. Eu nunca desisti de você e eu nunca vou desistir, porque você é a minha garota e é com você que quero ficar. – acariciou o meu rosto, sem deixar de me olhar nos olhos. – Você tem que viver o seu sonho. – secou a lágrima em meu rosto com um de seus dedos.
- Você ainda não entendeu.. – Eu suspirei, tirando suas mãos do meu rosto e olhando pra qualquer coisa que não fosse ele. – Eu já estou vivendo, . – Eu voltei a olhá-lo.
- O que? – me olhou com aquele olhar que parecia dizer ‘não diz isso’.
- Eu passei todos esses anos lutando, me esforçando pra realização de um sonho que parecia tão impossível. – A imensa vontade de chorar voltou e eu senti meus olhos decaírem, enquanto eu tentava segurar as lágrimas. – E hoje eu finalmente me dei conta de que ele não era impossível, que ele estava mais perto do que eu pensava, que eu estava vivendo ele a cada dia dos últimos 7 anos. – Eu respirei para continuar. – Hoje eu percebi que o meu sonho não tem a ver com um diploma, uma mansão e uma cidade grande. Meu sonho tem a ver com um cara. Um cara que apesar de bonito, é um idiota. Um cara que sacrifica a sua própria felicidade pra colocar um sorriso no meu rosto. Um cara que faz com que eu sinta que tenho tudo o que eu preciso, quando eu já perdi tanta gente. Um cara que apesar de me fazer odiá-lo, também sabe como ninguém como me fazer amá-lo cada dia mais. – Eu abaixei a cabeça, quando vi as lágrimas escorrerem dos olhos dele. – E esse cara está na minha frente nesse exato momento. - Eu disse e voltei a olhá-lo. não se moveu. Ele apenas me olhou com todas aquelas lágrimas em seu rosto e aquele olhar triste.
- Não faz isso.. – pediu em um suspiro, enquanto negava com a cabeça. Ele já estava sendo tão forte e me ouvir dizer aquelas palavras tornavam tudo ainda mais difícil de suportar.
- Você é o meu sonho, . – Eu finalmente disse, sem me mover. Eu apenas fiquei olhando pra ele, enquanto ele recebia aquela notícia.
- Você está dizendo que seu sonho não é mais estudar em Nova York? – perguntou, sem tirar seus olhos encharcados de mim.
- Eu estou dizendo que eu tenho muitos sonhos, mas você é o único que quero realizar agora. – Eu dei alguns passos em direção a ele e parei em sua frente. – Eu sinto que eu posso deixar todos os outros sonhos pra outra hora, mas eu também sinto que eu não posso deixar você pra outra hora. Eu não quero deixar você pra outra hora. – Aproximei o meu rosto do dele e toquei o meu nariz no dele. – Por favor, não me faça te deixar para outra hora. – Eu pedi encarecidamente. Selei rapidamente os seus lábios e coloquei meus braços em torno de seu pescoço, abraçando-o. – Eu não quero te deixar pra outra hora. – Eu repeti, enquanto eu o abraçava como nunca.

nunca havia ficado tão confuso em toda a sua vida. A garota que ele ama estava implorando para ele fazer tudo o que ele mais queria fazer, mas ele não podia. Ele simplesmente não podia me deixar cometer a insanidade de deixar algo tão importante pra trás. Algo que eu poderia não ter a chance de ter novamente.

Todos sabem que essa é uma fase decisiva para o futuro de um adolescente. Escolher um curso, escolher uma faculdade e passar no vestibular. Eu havia conseguido tudo aquilo! Como eu poderia adiar algo inadiável? Eu não tenho mais a tia Janice para me ajudar a conseguir bolsa. É agora ou nunca! sabia de tudo isso e era exatamente por isso que ele não podia atender o meu pedido.

- Ei.. – disse, passando as mãos pelo seu rosto, enquanto ainda me abraçava. Afastou nossos corpos para que pudesse olhar em meu rosto. – Me responde uma coisa. – suspirou longamente para que o seu choro cessasse. – Se fosse eu no seu lugar. Se eu estivesse desistindo do meu maior sonho, do meu futuro... por você. Você me deixaria ficar? – perguntou e esperou a minha resposta.
- Esse não é o caso, . – Eu não queria responder, pois eu sabia que a resposta não seria ao meu favor.
- E se fosse! – insistiu. – E se eu estivesse largando tudo por sua causa? E se eu resolvesse ir pra Nova York com você? Deixar a minha família, a minha faculdade, os meus amigos, o meu emprego, tudo! Você me deixaria ir? Você me deixaria largar tudo por você? – perguntou, sabendo que aquela pergunta me faria ver um pouco do seu lado. Apesar de estar segurando toda a tristeza dentro dos olhos, tocou o meu rosto com uma das mãos e afastou uma mecha de cabelo que estava perto dos meus olhos. Eu hesitei responder, pois a resposta me faria ceder.
- Você sabe que não.. – Eu neguei levemente com a cabeça, observando seu rosto de perto. – Mas.. – Eu hesitei novamente, pois sabia que as próximas palavras deixariam ele ainda pior. - Mas o que? Pode falar. – não queria que eu guardasse nada.
- Eu.. – Eu cruzei os meus braços, pois estava começando a ficar com frio. Eu deixei de olhá-lo por algum tempo para poder tomar coragem para dizer. – Eu já te fiz esperar por tanto tempo, . Você já perdeu tanto da sua vida pra me esperar e... – Eu voltei a olhá-lo, segurando aquele choro com todas as minhas forças. – Eu vou entender se você não quiser me esperar dessa vez. Você não pode parar a sua vida por causa de mim. – Eu percebi a expressão de indignação tomar conta do rosto dele.
- Isso não é e nem nunca foi uma opção pra mim. – afirmou com um quase sorriso. – Eu esperei por muito tempo, mas no final, valeu a pena. – O sorriso de aumentou, percebendo um certo alívio da minha parte. – E eu sei que dessa vez não vai ser diferente. – voltou a se aproximar e colocou suas duas mãos em meu pescoço, embaixo do meu cabelo. – Antes eu esperei sem ter esperança alguma, sem saber se algum dia aquilo valeria a pena. – Apesar das poucas lágrimas em seus olhos, conseguia me passar a segurança que eu precisava naquele momento. – Hoje eu tenho esperança. Eu tenho esperança em você, em nós e eu sei que você também tem. – aproximou-se ainda mais e beijou lentamente a minha testa. – Não há o que temer. – disse em um tom quase inaudível, quando descolou seus lábios da minha pele. Aproveitei para passar meus braços em torno do corpo dele.
- Eu estou com tanto medo.. – Eu o apertei com toda a minha força e encostei minha cabeça em seu peito. Só pelo jeito que eu o abracei, percebeu o tamanho daquele medo que eu dizia ter. – Eu não quero mais sentir medo. – Eu disse, tendo certeza de que a minha maquiagem estava sujando toda a sua camisa branca.
- Eu queria, mas eu não posso tirar o seu medo. – passou seus braços em torno de mim e beijou o topo da minha cabeça, sentindo-se inútil por não poder me ajudar. – O medo só vai embora, quando você superar ele. – Ele apoiou levemente o seu queixo em minha cabeça, enquanto eu ainda continuava abraçada a ele.
- Eu tenho medo do novo. Eu tenho medo de ter que lidar com tudo sozinha. Eu vou estar sozinha. Eu sempre tive tanta gente olhando por mim e agora vai ser só... eu. – Eu disse, sem terminar o nosso abraço.
- Você vai se sair bem. Eu tenha certeza. – deu um sorriso espontâneo, enroscando seus dedos em meu cabelo. – Você sempre foi a garota mais responsável que eu conheci. Você vai saber como lidar com tudo. – continuava me dizendo aquelas palavras de apoio que eu não esperava ouvir de mais ninguém. – Além do mais, você é forte, lembra? Você já passou por tanta coisa, que isso vai ser fácil pra você. – não fazia ideia do quanto aquilo estava me ajudando. Eu afastei o meu rosto do seu peito para olhar em seu rosto. – Você é uma garota bonita e incrível. Você vai arrumar muitos amigos, que de preferência sejam mulheres. – disse, sabendo que aquilo me faria rir. – Depois de algum tempo, você vai estar se divertindo tanto que até vai se esquecer de mim. – aproveitou para citar um medo que também lhe consumia. Eu dei um fraco sorriso e neguei com a cabeça.
- Não.. – Eu continuei negando e me aproximei mais, roubando um selinho dele. – Eu não vou, porque eu amo você e eu vou voltar. – deu um doce sorriso, ao meu ouvir dizer aquilo. – Eu vou voltar pra você. – Olhei em seus olhos, antes dele me roubar mais um longo selinho.

O selinho já estava em seu final, quando uma das mãos dele foi até o meu rosto e me puxou pra um beijo. O beijo foi aprofundado rapidamente, mas também não foi intensificado. Logo quando eu achei que o beijo duraria por um bom tempo, ele descolou os nossos lábios. Ele não estava sorrindo como das outras vezes em que terminamos um beijo.

- Você tem que ir embora. Já é tarde e.. – afastou-se, demonstrando o quanto não queria fazer aquilo.
- Não.. – Eu neguei com a cabeça, olhando fixamente pra ele. me olhou com desaprovação.
- , eu já te expliquei que.. – ia dizendo, mas eu o interrompi.
- Eu quero passar a minha última noite com você. – Eu fui direto ao assunto e ele paralisou, enquanto me olhava. Me esperava dizer a qualquer momento que estava brincando, mas não demorou para ver que eu realmente falava sério.
- Espera, você está dizendo que... – ainda não acreditava que havia escutado aquilo.
- É exatamente o que eu estou dizendo. – Eu quase ri da perplexidade dele. me observou por um longo tempo e sorriu sem mostrar os dentes, negando com a cabeça.
- Não é justo! Você sabe que não dá. – Ele suspirou por ter que dizer aquilo. – O seu irmão, os seus pais estão todos esperando você voltar pra casa. – colocou as mãos no bolso, demonstrando-se decepcionado por ter que negar aquele pedido que ele queria TANTO atender.
- Então você não quer? É isso que está me dizendo? – Eu também demonstrei estar decepcionada por não ouvi-lo dizer nenhuma palavra que mostrasse que ele também queria aquilo.
- Qual é.. – quase riu, deixando de me olhar, enquanto negava com a cabeça. – Você sabe o quanto eu quero isso. – voltou a me olhar de uma forma um pouco mais séria. – Você sabe que se eu pudesse, eu te colocaria no meu carro agora mesmo e te levaria pra qualquer lugar que fosse longe daqui. Eu roubaria você... só pra mim e nós não teríamos mais que pensar em Nova York, distância e toda essa porcaria. – suspirou antes dizer. – Mas.. – hesitou, negando com a cabeça.
- Mas você não pode, não é? – Eu deduzi, dando um fraco e doloroso sorriso.
- Você já sabe. – Mesmo com um sorriso no rosto, o olhar decepcionado ainda me encarava.
- Eu só.. – Eu ergui os ombros. – Eu queria ficar o máximo de tempo com você. – Eu fiquei um pouco mais séria.
- É, eu sei. – voltou a se aproximar. – Eu também. – Colocou seus braços em torno do meu corpo. – Eu posso te levar pra casa e ficar um pouco lá se você quiser. – deu a ideia, não sabendo a minha opinião sobre o assunto.
- Eu quero.. – Terminei o abraço para olhar em seu rosto.
- Certo, então eu só vou subir pegar o casaco e a minha carteira, ok? – se aproximou e selou longamente os meus lábios. Durante o selinho, eu afirmei com a cabeça mostrando que estava de acordo.

terminou o selinho e se afastou, entrando em sua casa em seguida. Ele foi rapidamente até o seu quarto e pegou o seu casaco e antes de sair, resolveu passar no quarto de sua mãe para avisar que sairia. O pai de continuava fora da cidade, estava resolvendo alguns negócios em outra cidade e só voltaria no dia seguinte. A mãe de dormia, quando levou um enorme susto com a porta sendo aberta.

- Desculpa, mãe. – disse em um quase sussurro.
- Entra, filho. Tudo bem? – Ela se sentou e ligou o abajur que ficava ao lado de sua cama. Ela logo pensou que fosse uma notícia ruim.
- Está tudo bem. Fica calma. – quase riu. – Eu só passei pra te avisar que estou indo pra casa da . Tudo bem? – pediu a permissão da mãe.
- Agora? Mas já é tarde. – Ela não entendeu o porquê do filho querer ir até a minha casa tão tarde.
- Eu sei, mas.. – hesitou dizer para não preocupar mais a mãe. – Ela precisa de mim, mãe. – deu um sorriso que mostrava o tamanho da sua tristeza.
- É amanhã, não é? – A mãe de sabia exatamente do que se tratava.
- É.. – disse com a voz que soava como tristeza
- Você está bem, ? – A mãe de olhou pra ele ainda mais séria e preocupada.
- Eu.. acho que sim. – forçou um sorriso e sua mãe logo percebeu o esforço.
- Vai lá.. – Ela sorriu e apontou com a cabeça em direção a porta. – E fique bem. – Ela pediu.
- Eu vou ficar. – se aproximou e beijou o rosto da mãe. – E a ? Deu tudo certo? – finalmente se lembrou da irmã.
- Tudo certo! Ela já voltou a comer loucamente. – Ela disse, fazendo com que os dois rissem.
- Que bom. – ainda ria um pouco.
- E qual o horário do voo amanhã? – A mãe de perguntou.
- Ás 9:00. – respondeu de imediato.
- Eu e a vamos passar lá bem rápido para dar um abraço nela. – Ela avisou.
- É, faça isso. Ela vai gostar. – sorriu. Ele adorava aquela relação que a família dele tinha comigo.
- Eu vou parar de ficar te enchendo de perguntas. Vá ficar com a sua garota. – Ela piscou para o filho, que finalmente deu um sorriso sincero.
- Eu vou. Obrigado, mãe. – se aproximou e beijou a testa da mãe. – Qualquer coisa me liga no celular. – disse, afastando-se.
- Certo. Boa noite. – Ela voltou a apagar o abajur, vendo o filho fechar a porta de seu quarto.

passou pelo quarto de e abriu a porta para olhar rapidamente a sua irmã. Ela dormia calmamente. deu um fraco sorriso e inclinou-se para arrumar a coberta que estava quase no chão. Ele se afastou da cama da irmã e foi em direção a sala e depois a saída da sua casa.

Eu estava de costas para a porta, pois meu olhar estava perdido na rua logo a frente. Estava vazia, mas qualquer lugar parecia prender a minha atenção. Eu não ouvi se aproximar, mas notei a sua presença quando ele colocou o seu casaco sobre os meus ombros. Eu senti vontade de sorrir apenas por saber que ele estava por perto. Os braços dele fizeram a volta em meu corpo e apoiou o seu queixo em um dos meus ombros depois de beijar carinhosamente o meu pescoço.

- Tão séria... – virou o seu rosto para olhar para o meu, que ainda escarava a rua. - Eu daria tudo pra saber o que você está pensando agora. – me olhou de um jeito doce.
- Estou pensando em como vou conseguir superar amanhã, sabendo que ele será pior que hoje. – Eu virei o meu corpo de frente pro dele para que eu pudesse olhar o seu rosto. Os braços dele continuaram em torno de mim.
- Vamos combinar uma coisa.. – arqueou a sobrancelha, ficando um pouco mais sério.
- O que? – Eu quis saber.
- Não chorar. – foi direto. – Amanhã já será triste o suficiente. Chorar sempre piora as coisas. – Ele afirmou. – Me prometa que você não vai chorar amanhã. – pediu, sério.
- Como se isso fosse possível. – Eu neguei com a cabeça. – Eu choro só em pensar. – Eu quase ri, sentindo as lágrimas em meus olhos.
- É por isso que é uma promessa. Eu não pediria que você prometesse se achasse que você atenderia um simples pedido meu. – continuou sério.
- Você está falando sério? – Eu voltei a ficar mais séria, pois percebi que ele realmente queria que eu prometesse.
- Prometa. – pediu mais uma vez.
- Mas... – Eu sabia o quanto seria difícil, mas eu também sabia que isso faria ele se sentir melhor. – Certo, eu prometo. – Eu suspirei longamente. Me aproximei e toquei seu rosto com uma das mãos. – Ta? Eu prometo. – Eu repeti antes de selar os seus lábios. O nosso selinho foi interrompido pelo seu sorriso.
- Obrigado. – Ele continuou dando aquele fraco sorriso e disse olhando docemente nos meus olhos. – Vamos? Devem estar preocupados com você. – voltou a dar uma de responsável.
- Certo, vamos.. – Eu olhei pra ele sem nenhum tipo de expressão, apenas o observei. Ele também passou a me observar, enquanto uma de suas mãos desciam pelo meu braço, chegava em minha mão e entrelaçava nossos dedos.

deu alguns passos e me puxou. Fomos até o meu carro e decidimos que ele iria dirigir, já que eu estava totalmente sem condições. Durante todo o caminho, não foi dito absolutamente nada. O silêncio demonstrava toda a nossa apreensão. Ninguém tinha coragem de dizer alguma coisa. Primeiro por não saber o que dizer e segundo por saber que tudo o que precisava ser dito, já havia sido dito.

Os meus olhos estavam fixos na janela do carro, onde eu observava a rua vazia, já que já era bem tarde. Percebi quando estávamos chegando perto da minha casa e o meu coração se apertava cada vez mais, pois eu sabia que depois de me deixar em casa, ele iria embora novamente. Eu não queria que chegássemos nunca.

- Eles chegaram. – disse, olhando pela janela da sala. Seus pais já haviam acordado e também esperavam pela minha volta.

desligou o carro, depois de estacioná-lo em frente da minha casa. Nós descemos do carro e ele esperou que eu chegasse até ele para que pudéssemos dar as mãos. Eu cheguei ao lado dele e ele entrelaçou os nossos dedos. O casaco dele ainda estava nos meus ombros.

- Eles vão me matar.. – Eu dei um fraco sorriso, enquanto caminhávamos até a porta da minha casa.
- Não vão.. – tentou me acalmar, acariciando a parte superior da minha mão com um de seus dedos. Chegamos em frente a porta e eu não precisei nem abri-la, pois fez isso.
- Você está bem? – perguntou, me olhando muito sério. Eu passei por ele e soltei a mão do , que preferiu ficar mais atrás com o . Olhei para os meus pais e vi que eles estavam mais preocupados do que zangados.
- Estou. Eu.. – Eu não sabia como continuar. – Eu sinto muito. Eu não queria deixar vocês preocupados. – Eu sorri sem mostrar os dentes. – Eu só.. Eu não sei. Eu estou meio nervosa pra amanhã. – O meu sorriso aumentou para que eles não sentissem o drama daquela frase.
- Está tudo bem, filha. – Minha mãe se aproximou com aquele olhar materno que todos conhecem. – Eu entendo que esteja sendo difícil pra você. – Ela se aproximou ainda mais, me abraçou rapidamente e beijou o meu rosto.
- É e está tudo bem se você quiser desistir agora. Nós não queremos te pressionar a nada. – Meu pai disse para me deixar com ainda mais vontade de desistir, mas eu não podia pelo mesmo motivo de sempre.
- Não, está tudo bem. Vocês não estão me pressionando. – Eu olhei pra eles com carinho. – Eu estou fazendo isso por mim. Sempre foi o meu sonho e eu tenho certeza que não foi fácil pra tia Janice me conseguir essa bolsa. Eu não posso jogar o meu esforço e o esforço dela fora desse jeito. – Eu fiquei um pouco mais emotiva por estar falando da tia Janice. – Eu quero que ela se orgulhe de mim, onde quer que ela esteja. Eu quero que vocês se orgulhem de mim. – Eu olhei para os meus pais. – Eu quero orgulhar todas as pessoas que me amam, que estão torcendo e que, de alguma forma, estão me fortalecendo pra fazer essa coisa tão difícil, mas que vai ser tão bom pra mim. – Eu olhei rapidamente pro . Ele já sabia que se tratava dele. Todos na sala sabiam que se tratava dele.
- Essa é a minha garota. – Meu pai se aproximou e me abraçou, bagunçando o meu cabelo como ele sempre fez, porque ele sabia que isso me fazia rir.
- Eu vou, mas só porque sei que todos vocês vão estar me esperando voltar. – Eu ainda estava nos braços do meu pai, mas não deixei de olhar pro , que de longe deu um enorme sorriso e afirmou com a cabeça.
- Eu acho que não vou conseguir ir ao aeroporto amanhã. – Minha mãe disse, passando as mãos pelo seu rosto para enxugar as lágrimas que haviam escorrido dos seus olhos.
- Falando nisso, é bom você subir, . O seu voo é bem cedo amanhã. – Meu pai disse.
- É, eu vou subir. – Eu saí dos braços dele e olhei pro . – Eu só vou me despedir do . – Eu olhei pro meu pai.
- Não. Suba e se troque. – Meu pai disse, sério. – Eu vou conversar com ele e ai deixo ele subir para se despedir. – Ele disse em tom de ordem. Olhei pro e vi o seu olhar de medo. A única pessoa no mundo da qual tinha medo era o meu pai.
- Certo. – Eu não quis discutir. Pisquei pro e sorri, tentando acalmá-lo e me virei para subir as escadas. Meu pai olhou para a escada e esperou até que eu não estivesse mais no seu campo de visão. Virou-se para olhar pro .
- , como está indo? – Meu pai perguntou com aquela voz grossa, que fazia parecer que ele estava furioso.
- Eu estou bem, Senhor. Obrigado. – forçou um sorriso e se aproximou. riu silenciosamente, quando percebeu o quanto o amigo estava assustado com a tal conversa.
- Então, eu venho querendo conversar com você há algum tempo. Tudo bem se for agora? – Meu pai perguntou, pois não queria ser inconveniente já que era tão tarde.
- Claro! Sem problemas. – jamais negaria nada ao meu pai.
- , vá pro seu quarto. – Meu pai disse em tom de ordem.
- O que!? – fingiu não ter escutado direito.
- Sobe logo. – Meu pai apontou com a cabeça em direção a escada.
- Mas eu quero participar da conversa, pai. – não queria sair dali, pois além de estar curioso, sabia que aquela cena seria algo que poderia zoar com a cara do mais tarde.
- Você não tem nada a ver com a conversa, garoto. – Meu pai quase riu da cara dele.
- Eu quero saber o que o senhor vai falar pra ele. A é a minha irmã e ele é.. o meu amigo. – forçou uma risada.
- E essa conversa continua não tendo a ver com você. – Meu pai foi irônico.
- Vamos, querido. – Minha mãe chamou com a mão.
- Mas.. – fez bico e ia argumentar novamente, mas desistiu. – Droga. Eu sempre saio na melhor parte. – resmungou como uma criança birrenta. Minha mãe passou os braços em torno no corpo dele e os dois foram juntos lá pra cima. Parecia que ela também queria deixar e meu pai sozinhos.
- Esse garoto não toma jeito. – Meu pai comentou com , que não conseguiu nem rir de tão nervoso que estava. O assunto deveria ser muito sério para ser tratado em uma conversa particular.
- É.. – forçou um sorriso, que ficou bem claro pro meu pai que era falso.
- Bem, é claro que o assunto dessa conversa é o único assunto que temos em comum. – Meu pai deu inicio a conversa.
- A . – logo soube do que meu pai estava falando.
- Exatamente. – Meu pai afirmou com a cabeça. – Vocês são namorados há algum tempo e eu realmente não tenho nada a reclamar de você. Você tem sido um bom namorado, respeitoso e educado. – Ele sorriu pro . – Você tem ganhado a minha confiança a cada dia que a vejo chegar em casa com um enorme sorriso no rosto. – Meu pai continuou dizendo, deixando mais aliviado.
- Eu fico muito feliz, senhor. – deu um sorriso espontâneo.
- Eu sinto que ela está segura com você e aparentemente ela também se sente segura com você, porque hoje, quando ela sentiu medo e estava aterrorizada com a viagem de amanhã, ela procurou por você. Isso me deixa muito feliz. – O sorriso do meu pai aumentou.
- Eu disse que eu a protegeria e é isso que eu venho fazendo. É isso que eu vou continuar fazendo. – já não estava tão nervoso.
- Eu tenho certeza que sim, mas.. – Meu pai hesitou, pois não sabia como dizer aquilo. – Ela vai mudar-se para outra cidade amanhã. – Ele conseguiu dizer. – Não me entenda errado, garoto, mas você está mesmo disposto a continuar com isso? – Meu pai perguntou, sério.
- Senhor, eu e a sua filha já passamos por tantas coisas que pareciam querer testar o que nós sentíamos um pelo outro e se nós estamos juntos até hoje, é porque fomos muito fortes e lutamos para passar por isso. – não quis entrar em detalhes. – Eu não desisti até agora. Não chegou nem perto! Eu não vou desistir agora. – finalizou o seu pequeno discurso. Meu pai o analisou por um tempo, parecendo gostar do que havia escutado.
- O jeito que você fala.. – Meu pai riu silenciosamente por poucos segundos. – Me lembra uma pessoa. – Meu pai negou com a cabeça, achando idiotice ter dito isso em voz alta. – Enfim, você parece gostar bastante dela. – Ele voltou a sorrir pro .
- Eu amo ela, senhor. – não teve vergonha de dizer. - Então está tudo certo. Eu só tinha receio que você pudesse não querer um relacionamento a distância, mas depois do que você disse, eu não tenho dúvidas. – Meu pai olhou com afeto.
- Eu fico feliz. – voltou a sorrir pro meu pai.
- Então era isso. – Meu pai olhou pra escada. – Você quer se despedir, não é? – Ele apontou pra escada. – Vamos, eu te levo até lá. – Meu pai andou em direção a escada e o acompanhou. – E se perguntar, não diga a ele sobre o que conversamos. Vamos deixá-lo curioso. – Meu pai riu, fazendo rir também.
- É uma ótima ideia. – concordou.

e meu pai seguiram em direção ao meu quarto. Quando chegaram na porta, meu pai bateu nela 3 vezes seguidas. Não quis entrar sem bater, pois não sabia se eu ainda estava trocando de roupa. Não, eu não estava. Eu estava sentada em minha cama. Já havia colocado o pijama, escovado os dentes e tirado toda a maquiagem. Eu só esperava que passasse em meu quarto para se despedir. Quando ouvi baterem na porta, me levantei rapidamente e abri a porta.

- Oi. – Eu dei um fraco sorriso, olhando pro meu pai e depois pro . Eu me afastei da porta para que pudesse entrar. passou pelo meu pai e parou em minha frente. Olhei pro meu pai para ver se ele não sairia dali, mas é claro que o meu pai não deixaria sozinho comigo no meu quarto.
- Achei que já estaria dormindo. – sorriu, me olhando de perto.
- E perder a chance de me despedir de novo? – Eu dei um jeito de sorrir, quando percebi que as lágrimas estavam voltando para os meus olhos.
- É, não deu certo da última vez. – ficou um pouco mais sério, pois percebeu minhas lágrimas. – Então, eu vejo você amanhã? – perguntou, meio sem jeito por causa do meu pai.
- Eu espero que sim. – Se eu sobreviver até o dia seguinte.
- Eu vou estar no aeroporto ás 8hrs esperando por você, certo? – perguntou.
- Certo. – Eu abaixei a cabeça e encarei o chão por poucos segundos. Quando levantei o meu rosto, passei a manga do pijama pelos olhos para evitar que as lágrimas escorressem pelo meu rosto. – Ah e eu já estava me esquecendo! – Eu me afastei e fui até a cadeira, onde peguei o seu casaco. – O seu casaco. – Eu entreguei pra ele.
- Já? Você ficou tanto tempo com o outro, que achei que iria querer ficar mais tempo com esse. – brincou, pegando o casaco.
- Idiota. – Eu ri, mostrando a língua. riu instantaneamente.
- Certo, eu tenho que ir. – foi ficando mais sério aos poucos. Encarou o chão, pois queria dizer mais coisa, mas com o meu pai ali não dava. – Você tem que dormir logo. – levantou a cabeça e me olhou.
- É, eu acho que sim. – Eu cruzei os braços e sorri sem mostrar os dentes. As lágrimas insistiam a voltar para os meus olhos. Que droga.
- Você.. vai ficar bem? – perguntou, preocupado. Ele não queria que acontecesse o que havia acontecido há minutos atrás.
- Sim, eu.. – Eu tentei demonstrar certeza, mas a minha voz saiu embargada. Ficar bem? Isso é possível hoje? Abaixei a cabeça para que ele não visse que eu estava prestes a chorar. Eu também não queria chorar por causa do meu pai. – Não. – Eu não aguentei. Levantei o meu rosto e o olhei com os meus olhos completamente cheios de lágrimas. – Eu não vou. – Eu completei, sem me mover. – Eu não consigo me despedir de você. – Voltei a passar as mangas da minha blusa nos olhos e me aproximei para abraçá-lo. Quando eu o abracei, consegui olhar no rosto do meu pai, que estava atrás do .

Meu pai era aquele tipo de pai antigo. Aquele que não deixa que nenhuma situação suspeita chegue acontecer. Ele estava certo de que não devia deixar sozinho comigo naquele quarto, mas depois da conversa que ele havia tido com naquela noite. Depois de ver o quanto eu estava sofrendo por ter que deixá-lo, meu pai abriria uma exceção. Ele confiava muito em e em mim. Não haveria problemas.

- ? – Meu pai o chamou e terminou o abraço, achando que levaria uma bronca do sogro. – Acha que pode ficar com ela até ela dormir? – Meu pai perguntou, vendo um sorriso surgir no meu rosto. – Eu não quero que ela saia correndo dessa casa atrás de você novamente, então é melhor que fique aqui. – Meu pai finalizou.
- O que está acontecendo? – ouviu a voz do pai e foi lá para ver o que era.
- O seu amigo vai ficar com a sua irmã até ela dormir. – Meu pai avisou .
- Ele o que!? – arqueou a sobrancelha.
- É isso mesmo o que você ouviu. – Meu pai riu da perplexidade de . – Ela precisa dele. – Meu pai olhou pra mim e sorriu.
- Quer que eu fique vigiando? – sorriu, certo de que o pai diria que sim.
- É claro que não, . – Meu pai arqueou a sobrancelha.
- Mas pai, o senhor vai deixar ela e ele.. aqui.. sozinhos? – ainda não acreditava.
- Nem todos são como você, meu filho. – Meu pai riu e deu um tapinha no ombro do . Saiu em direção ao seu quarto.
- Isso porque o seu pai não sabe nem a metade das putarias que você fala, não é? – gargalhou.
- Cala a boca, palhaço. – segurou a risada. – Escuta aqui! Eu quero essa porta encostada, ok? – apontou pra porta. – ENCOSTADA! – reafirmou. – Se eu vier aqui e ela tiver fechada eu te arranco desse quarto e não vai ser pela porta. – ameaçou.
- Eu entendi. – piscou pro amigo.
- Estou de olho, hein. – fez cara de bravo e saiu.
- Seu irmão tem sérios problemas. – negou com a cabeça, quase rindo.
- Esquece ele. – Eu voltei a abraça-lo. – O que importa é que você está aqui. – me apertou e sorriu por poder ficar mais um pouco ali comigo.
- É, mas você tem que dormir, lembra? – terminou o abraço e me olhou.
- Eu sou a estraga prazeres aqui, lembra? – Eu o olhei, indignada.
- Hoje é a minha vingança. – cerrou os olhos. – Vem. – me puxou por uma das mãos em direção a cama.

sentou-se na cama e encostou suas costas na parede e eu peguei o meu travesseiro e coloquei em seu colo, onde eu deitei em seguida. A coberta estava até a minha cintura e as minhas mãos estavam descobertas. Eu olhava pra cima para poder ver o rosto dele, enquanto os dedos dele se entrelaçavam em meu cabelo e faziam carinho em minha cabeça.

- Ele gosta de você. – Eu disse, fechando os olhos, pois aquele carinho da minha cabeça estava realmente muito bom.
- Quem? – abaixou o seu rosto para me olhar.
- Meu pai. – Eu sorri e abri os olhos para olhar pra ele. – Ele nunca deixou Peter chegar nem perto da minha casa. – Eu me recordei da implicância que meu pai tinha com o Peter. – Já você.. – Eu voltei a fechar os olhos. – Ele até te deixou ficar aqui no meu quarto. – Eu completei.
- Até o seu pai tem um gosto melhor pra garotos do que você. – aproveitou para brincar e tirar com a minha cara.
- Peter foi um erro, eu sei. – Eu neguei levemente com a cabeça.
- Eu ainda não sei o que você via nele. – continuava me olhando, mesmo eu estando de olhos fechados.
- Ele não era tão ruim antes e além do mais, nós tínhamos o ódio por você em comum. – Eu voltei a abrir os olhos apenas para ver a reação dele.
- Sério? – fingiu estar indignado. – Quer dizer que você só ficou com o Peter pra me atingir? – Ele cerrou os olhos.
- Não, é claro que não. – Eu gargalhei por poucos segundos. – Eu nunca faria isso. – Eu rolei os olhos.
- Então você ficou com ele porque você gostava dele? – fez careta, pois sabia que talvez não fosse gostar da resposta.
- Lembra aquele dia em que estávamos escrevendo aquela redação? – Eu perguntei e vi ele afirmar com a cabeça. – Você perguntou se eu realmente amava o Peter e eu disse que um dia eu te contaria. – voltou a cerrar os olhos, pois não sabia se gostaria da continuação.
- É, eu meio que me lembro disso. – continuou me olhando daquele jeito.
- A resposta é não. – Eu fui direta e vi o rosto de desconfiança dele se transformar rapidamente.
- Não? – repetiu para ter certeza.
- Eu confesso que naquela época eu não tinha certeza. Eu não sabia o que responder. Eu achei que eu talvez tivesse gostado dele. – Eu comecei a explicar. – Eu nunca tinha gostado de verdade de um garoto e eu não sabia medir o que eu sentia, mas hoje eu sei que não. – Olhei pra ele com aquele olhar suspeito e ele sorriu imediatamente.
- Foi uma boa resposta. – A mão dele desceu da minha cabeça, desentrelaçou-se dos meus cabelos e desceu por uma das laterais do meu rosto, acariciando todo o local. Levei uma das minhas mãos ao encontro da dele e, depois de beijar as pontas dos seus dedos, a observei de bem perto e comecei a brincar com seus dedos.

Eu continuava brincando com seus dedos, enquanto sentia o olhar dele sobre mim. Depois de um certo tempo, não resisti e olhei pra ele. negou com a cabeça, impressionado como um simples ato como aquele fazia ele ficar ainda mais louco por mim. Ele se abaixou e selou os meus lábios e depois que os descolou, continuou bem próximo ,enquanto nós dois nos olhávamos de muito perto.

- Você não vai desistir de mim, né? – Eu perguntei por que eu precisava ouvir a resposta novamente para que o meu coração se acalmasse um pouco mais. sorriu de forma espontânea e olhou em meus olhos. Negou com a cabeça, sem dizer nada. As pontas dos nossos narizes se tocavam a todo o momento. Ele se aproximou e selou meus lábios mais uma vez, dessa vez de forma mais rápida. Voltou a se afastar e a encostar suas costas na parede.

O carinho que continuava fazendo em minha cabeça despertava um sono enlouquecedor em mim. Em menos de 20 minutos eu já havia adormecido no colo dele. Ele percebeu rapidamente que eu havia dormido, mas preferiu esperar mais um pouco para ir embora. Os olhos dele começaram a rolar por todo o meu quarto. Viu as minhas malas e o meu guarda-roupa completamente vazio. Quando ele percebeu, havia parado de acariciar a minha cabeça e estava completamente imóvel observando o meu quarto. Estava completamente vazio.

Não é que a ficha de estava finalmente caindo. Já havia caído há um bom tempo, mas ver aquele vazio não fazia ele se sentir bem. Ele abaixou a cabeça e voltou a me olhar. Eu ainda dormia calmamente. Ele sorriu, enquanto me admirava.

Tudo o que conseguia pensar é no quanto era bom me ter ali nos seus braços e no quanto será ruim não poder repetir aquilo com tanta frequência. Ele sempre teve essa vontade de me ver adormecer só para que ele pudesse me observar sem julgamentos. Ele estava feliz, porque sabia que agora que eu estava dormindo, eu não estava mais sofrendo, mas aquilo também queria dizer que agora ele poderia sofrer sem ter que se esconder, já que eu não veria de qualquer jeito.

- Você não está ouvindo, mas... – hesitou dizer, quando sentia as lágrimas alcançarem os seus olhos. – Eu queria que você ficasse. – finalmente disse, voltando a enroscar seus dedos em meu cabelo. – Eu realmente quero, mas você não pode saber disso. – finalizou e deixou de me olhar imediatamente, encostando a sua cabeça na parede e olhando para o teto. Respirava longamente para se acalmar e fechou os olhos para que não chorasse.

Os olhos de permaneceram fechados por um bom tempo. Tanto tempo que ele acabou adormecendo naquela mesma posição. O coração de partiu, depois que ele resolveu sair do seu quarto e ir até o meu. Aquela cena acabou com ele. Aquela cena demonstrava a tristeza vencida pelo cansaço, mas nada, nada vencia aquela união, aquela conexão, aquela vontade de ficar juntos que eu e tínhamos.

Tudo o que eu sei é que acordei com o meu celular despertando. Eu não sabia nem mais onde eu estava. Abri os meus olhos com dificuldade e quando olhei pra cima, vi o . A cabeça dele ainda estava encostada na parede. Tadinho, ele dormir naquela posição a noite toda? Porque ele não havia ido embora? Eu me levantei e voltei a olhá-lo e sorri, vendo que ele dormia profundamente. Eu me sentei na cama e coloquei meus pés no chão. Eu iria para Nova York em menos de 3 horas!

- Ei.. – disse com aquela voz de sono. Ele havia me visto assim que havia aberto os olhos. Ele fazia careta, enquanto espreguiçava-se. As costas deveriam estar doendo.
- Você dormiu sentado. Deveria ter me acordado. Eu arranjaria um lugar pra você dormir. – Eu sorri ao ver suas caretas.
- Não, não.. eu não deveria ter dormido. – passou as mãos pelos olhos, que ainda tinham dificuldade em se manter abertos por causa da luz. – Que hora são? – perguntou, preocupado.
- São 7 horas. – Eu disse, depois de pegar o meu celular e consultar o horário.
- Então levante ou vai se atrasar. – disse, aproximando-se da beirada da cama e também colocando seus pés no chão.
- Ok, mãe. – Eu brinquei e me levantei. Olhei em volta e não sabia o que fazer primeiro.

Fiquei parada no centro do quarto por algum tempo, pensativa. Eu não sabia por onde começar ou se deveria começar. ficou algum tempo me observando de costas. Levantou-se e parou ao meu lado, olhando para o meu rosto. Ele já sabia a resposta daquela pergunta, mas deveria fazê-la de qualquer jeito.

- Você está bem? – finalmente perguntou. Eu demorei um tempo para responder e continuei sem olhá-lo.
- Estou. – Eu comecei a dar alguns passos em direção a porta e fui até o banheiro. Fechei a porta e dei um longo suspiro. Um suspiro de alívio por não ter que segurar aquele sentimento ruim dentro de mim. Andei, parei em frente ao espelho e apoiei minhas mãos na pia.

O meu reflexo no espelho continuava mostrando a pior parte de mim. A minha respiração estava saindo com mais intensidade e os meus olhos estavam cheios de lágrimas. Era como se ‘tristeza’ estivesse escrito na minha testa. Eu neguei com a cabeça, desaprovando aquela imagem que eu estava passando a mim mesma e certamente a todas as outras pessoas. Abaixei a cabeça para que eu pudesse parar de sentir pena de mim mesma. Depois de ficar algum tempo observando a pia, voltei a olhar o espelho.

- Vamos, é o seu sonho. Não pode ser tão ruim. – Eu disse bem baixinho. – Você não vai chorar. – Eu forcei um sorriso para convencer a mim mesma do que estava dizendo. – Você prometeu que não choraria, então você não vai chorar. – Eu voltei a falar comigo mesma. Afirmei com a cabeça, demonstrando que havia entendido.

Depois de fazer a minha higiene matinal, fui até o meu quarto. não estava mais lá. Aproveitei a oportunidade para me trocar. Vesti a roupa que eu havia separado para usar naquele dia, a única roupa que eu deixei fora da mala (VEJA AQUI).

estava na sala com . Eles esperavam que eu finalmente descesse para tomar café. O silêncio tomava conta da sala. parecia inquieto, ele não parava de bater os dedos em um dos braços do sofá. Ele não fazia a menor ideia do que fazer.

Arrumei a minha cama pela última vez e segurei meu travesseiro nas mãos. Olhei para o criado mudo e peguei um dos porta-retratos que havia ali. Aproximei para olhar de mais perto e vi a foto da minha família. Foi em uma das minhas festas de aniversário. Deve ter sido tirada há uns 2 anos atrás. me segurava no colo, fazendo uma careta pra foto. Eu também fazia uma careta em que eu fingia que estava furiosa com ele. Meus pais estavam mais atrás e estavam abraçados. Era óbvio que eu levaria aquela foto comigo, junto com a foto minha e do e a dos meus amigos.

Guardei os porta-retratos dentro de uma das minhas malas e olhei em volta para ver se não estava me esquecendo de mais nada. Eu já havia pegado as roupas, os sapatos, as maquiagens e acessórios. Eu já tinha tudo o que eu precisava ali. Coloquei o travesseiro sobre as malas e peguei a minha bolsa. Observei o quarto, o MEU quarto por um tempo. Eu até sentiria falta dele. Coloquei uma das alças da minha bolsa em um dos ombros, sai do meu quarto, descendo as escadas e chegando na sala. Estranhei o silêncio.

- Vocês estão ai. – Eu disse, vendo e sentados no sofá. Eles me olharam no mesmo instante e sorriram.
- Oi . – se levantou com aquele mesmo sorriso.
- Onde estão a mão e o pai? – Eu perguntei, sabendo que eles já deveriam estar em algum lugar da casa me apressando.
- É.. sobre isso.. – coçou a cabeça, fazendo careta. levantou-se e ficou um pouco mais atrás, sério.
- O que aconteceu? – Eu olhei para eles, achando que havia acontecido alguma coisa.
- Você sabe quanto é difícil para os pais verem um dos filhos sair de casa, ainda mais pra outra cidade. – introduziu o assunto.
- , cadê eles? – Eu voltei a perguntar, séria.
- A mãe está chorando há umas 2 horas. O pai está com ela, tentando acalmá-la. – fez uma careta triste. Eu fiquei olhando para ele por um tempo, pensativa.
- Eu esperava por isso. – Eu neguei com a cabeça.
- Você sabe como a mãe é emotiva e dramática. – sorriu e revirou os olhos, tentando me deixar mais calma.
- É, eu devo ter herdado isso dela. – Eu ironizei, indo em direção a cozinha.
- O café está na mesa. – disse, indo atrás de mim.
- Eu estou sem fome. – Eu disse, sentindo meu estomago revirar só em ver aquela comida sobre a mesa. – Eu como alguma coisa no avião. Eu não sei. – Eu não estava preocupada com a minha fome agora.
- Então é bom nós já irmos. Já são 8 horas. – disse, olhando no relógio.
- Você está certo. – Eu suspirei longamente. Eu estava tentando agir friamente.
- As minhas malas estão lá em cima. Podem pegá-las pra mim, por favor? – Eu pedi gentilmente.
- Claro. – sorriu. – Vamos, . – Ele olhou pro amigo.
- Vamos.. – continuou me olhando, parecendo estar meio perdido. Ele olhou para a escada, viu subindo e foi atrás.

sempre esteve certo de que a sua ficha já havia caído, mas a cada minuto parece que ela ia caindo ainda mais. A ficha continua caindo e caindo e nunca parava de cair. Quanto mais fundo ela vai, mais dolorido vai ficando. sabia muito bem que pisar naquele aeroporto seria a pior coisa que ele faria em toda a sua vida. Ele realmente não sabia o que aconteceria com ele quando nós chegássemos lá. É por isso que ele estava tentando ficar meio longe de mim. Para que toda essa carga emocional seja descarregada de uma só vez naquele aeroporto.

pegou uma das malas e pegou a outra e mais o meu travesseiro. Eu aproveitava para olhar em volta. Olhar a minha casa. Eu certamente voltaria ali outras diversas vezes, mas não seria mais a MINHA casa. Não é lá em que eu vou morar, não é ali que eu vou acordar todos os dias. Eu sentiria falta de cada ruído que a porta do armário da cozinha fazia, do cheiro que a minha casa tinha, daquelas escadas que eu subi e desci diversas vezes.

- São só duas, ? – perguntou no topo da escada. Ele se referia as malas.
- Sim. – Eu disse, vendo ele e desceram cuidadosamente com as minhas malas. trazia meu travesseiro nos braços.
- Tem mais alguma coisa? – perguntou, sério.
- As outras coisas eu não posso levar. – Eu disse, tendo certeza de que ele entenderia do que se tratava.
- Eu vou chamar a mãe e o pai. – voltou a subir as escadas. Dessa vez de forma mais rápida.
- Eu estou preocupado com você. – finalmente disse. Aproximou-se e colocou uma mexa do meu cabelo atrás da orelha.
- Não se preocupa. Eu estou bem. – Eu dei um fraco sorriso.
- Porque eu não acredito nisso? – arqueou a sobrancelha com um simples sorriso.
- Porque é mentira. – Eu respondi e me virei, pois percebi que meus pais desciam as escadas.

Meus olhos foram diretamente para o topo da escada e eu vi a minha mãe. Os olhos estavam inchados, mas ela dava um enorme sorriso. Meu pai estava mais sério, mas parecia orgulhoso. vinha atrás, preocupado com o que aconteceria a seguir.

- Veja só se não é a minha garotinha. – Meu pai disse com aquele velho tom de pai coruja.
- É, eu acho que a sua garotinha cresceu. – Eu respondi, já sentindo meus olhos se encherem de lágrimas. As escadas acabaram e agora eles estavam em minha frente.
- Não. Não importa o quanto você cresça, você sempre será a minha garotinha. – Meu pai se aproximou e me abraçou. Minhas unhas grudaram em seu casaco. Eu não queria mais soltá-lo.
- Ainda é cedo para eu chorar. – Eu terminei o abraço, quando percebi que choraria. Passei as mangas da minha blusa pelos olhos e sequei as lágrimas que nem chegaram a escorrer. – Nós podemos ir? – Eu olhei pra minha mãe e ela negou com a cabeça.
- Eu não consigo. – Ela voltou a chorar.
- Filha, eu acho melhor a sua mãe ficar aqui. Eu ficarei com ela e o te leva no aeroporto. – Meu pai passou o braço pelos ombros da minha mãe. Eu olhei para a minha mãe para ver se aquilo era realmente a verdade e os olhos dela afirmavam que sim.
- Me desculpa, querida. Eu não consigo te ver ir embora, entrando naquele avião. – Minha mãe disse com a voz embargada. – Eu não consigo me despedir da minha garotinha. – Ela estava se esforçando para segurar aquele choro desesperado. Olhei para ela e neguei com a cabeça, sem acreditar no quão difícil aquilo estava sendo para ela. Eu a abracei em um impulso e ela desabou a chorar ainda mais.
- Mãe, eu vou sempre voltar aqui. Depois que acabar a faculdade, eu volto. – Eu tentei animá-la de algum jeito.
- Eu prefiro ver você saindo por essa porta, como você fez todos os anos, porque eu sei que de alguma forma, você vai voltar. Eu não posso te ver entrar sozinha naquele avião. Você entende, não é, meu amor? – Minha mãe terminou o abraço e acariciou o meu rosto.
- Eu entendo, mãe. Não tem problema nenhum. – Eu sorri e neguei com a cabeça. Deus, como eu estava segurando o meu choro. Se eu chorasse, minha mãe ficaria ainda pior. Eu não posso chorar.
- Você vai se cuidar, não vai? – Minha mãe engoliu o choro. A preocupação era maior do que a sua tristeza naquele momento. – Vai comer direitinho, vai cuidar da casa, fazer as compras, pagar as contas, não vai? – Minha mãe estava preocupada com tudo.
- É claro que eu vou. Eu sou a filha responsável, lembra? – Eu disse por que sabia que eu a faria rir. cerrou os olhos e mostrou a língua.
- E você não acha que está na hora de ir, Sra. Responsável? – disse, olhando no relógio. Eram 8:15. Faltavam apenas 45 minutos para o meu voo.
- Ele está certo, . – Meu pai disse, sério. Ainda bem que meu pai era mais durão. Ele nunca chorava. Ele estava sabendo lidar muito bem com aquela situação.
- Certo, então eu tenho que me despedir, né? – Eu suspirei longamente. Vamos, seja forte.
- Tchau, pai. Cuida dela, ok? – Eu o abracei e sussurrei em seu ouvido. Fiquei algum tempo o abraçando, controlando as lágrimas que enchiam cada vez mais os meus olhos.
- Eu vou cuidar. – Meu pai sorriu. – E você, cuide-se, hein. – Meu pai terminou o abraço e me olhou, sério. – Sem festinhas, bebidas ou qualquer outra coisa. As regras continuam valendo! – Meu pai disse daquele jeito autoritário.
- Certo, pode deixar! – Eu afirmei com a cabeça, achando engraçado ter que ouvir aquelas regras.
- E qualquer coisa VOCÊ ME LIGA! A qualquer momento do dia. Está entendendo? – Meu pai continuou dizendo tudo em tom de sermão. – A casa terá seguranças, mas tome cuidado! – Ele pediu.
- Não se preocupe, pai. – Eu afirmei novamente com a cabeça. Ele me olhou por um tempo e depois sorriu.
- Boa viagem, querida. – Ele beijou a minha testa com carinho e eu sorri, comovida. Passei novamente as mangas da minha blusa pelos olhos.
- Mãe! – Eu olhei pra ela e ela voltou a chorar. – Pare de chorar. – Eu implorei.
- Eu vou parar. Desculpe. – Ela passou as mãos pelo rosto e riu. Eu a abracei longamente. Eu adorava o perfume dela. Eu queria guardá-lo dentro de mim pra sempre.
- Tchau, então. – Eu disse, terminando o abraço.
- Se você esquecer de me ligar, eu vou até lá te dar uma tapas. – Ela forçou uma cara de brava.
- Eu vou ligar, eu juro! – Eu ri para dispersar as minhas lágrimas.
- E vê se não come só porcaria. – Minha mãe pediu, séria. Ela me conhecia.
- Eu não vou! – Eu afirmei, séria.
- E não esqueça de me ligar quando chegar lá. – Ela voltou a me dar recomendações.
- Eu ligarei. – Eu afirmei novamente. Ela ficou algum tempo me olhando e aquela expressão séria foi se desfazendo. – Boa sorte na realização do seu sonho. Você não faz ideia do tamanho do meu orgulho. – Ela sorriu de forma doce.
- Nós estamos muito orgulhosos. – Meu pai reafirmou.
- Eu sei que estão. – Eu dei alguns passos para trás, porque se eu não fizesse isso agora, não conseguiria fazer depois.
- Vamos, . – já estava na porta.
- Eu vou colocar as malas no carro. – disse, estendendo a mão para que lhe desse a chave.

Quer saber a verdade? Aquela despedida estava matando por dentro, porque todas as vezes em que ele pensa em despedida ele se lembra do seu pai. Ele se lembra que não conseguiu despedir-se do seu pai e ele levaria aquela mágoa por toda a sua vida. Além disso, havia o meu sofrimento. Ele conseguia ver por detrás daqueles meus sorrisos. Ele conseguia ver que eu estava desabando. Foi só por isso que ele quis levar as malas para o carro. Ele tinha que sair dali.

- Então, eu estou indo. – Eu apontei pra porta.

Aquela foi a maior dor que eu já senti em toda a minha vida. Me afastar e ver meus pais na ponta daquela escada. Minha mãe chorando e meu pai a consolando. Faz ideia de como é ter que ver a sua mãe chorar e saber que é o motivo disso? Saber que não pode fazer nada pra ajudá-la? Sabe como é ter que se despedir de uma pessoa que você vê todos os dias durante 18 anos? Aquilo estava me matando. Parecia que a única coisa que me mantinha de pé era o orgulho que eles sentiam por mim. Parece que todo aquele orgulho estava me empurrando. Estava me empurrando para um caminho que os deixaria ainda mais orgulhosos. Que deixaria tia Janice orgulhosa. O meu caminho.

Meu pai abraçou a minha mãe antes que eu fechasse a porta. Assim que eu fechei a porta, eu tive vontade de voltar lá pra dentro e pular nos braços deles como eu fazia aos 7 anos de idade. Sabe aquele medo que você sente quando você vai dormir na casa de uma amiga pela primeira vez? Aquele medo de ficar longe dos pais? Aquele medo de voltar pra casa no dia seguinte e não encontrá-los lá? Esse medo me consumia naquele momento. Dessa vez não era a casa de uma amiga e nem era por uma noite.

Eu encarei aquela porta em minha frente por um bom tempo. Minhas mãos tremiam e meus olhos se enchiam cada vez mais de lágrimas. e me observavam do lado de fora do carro. Ambos estavam sérios e não sabiam o que fazer. resolveu fazer alguma coisa e foi até lá. Parou ao meu lado e ficou me observando.

- Não dava pra escolher uma universidade em Atlantic City, não? – suspirou longamente. Eu sorri e neguei com a cabeça. Virei para olhá-lo.
- Por quê? Você vai ficar com saudades? – Eu disse meio que tirando com a cara dele.
- Não, você sabe que eu arrumo outra irmã rapidinho. – disse com um riso malandro no rosto.
- Eu mato você e ela, palhaço. – Eu cerrei os olhos.
- Você sabe que eu estou brincando. – riu, colocando seu braço em torno do meu pescoço e me puxando com ele em direção ao carro. Chegamos no carro e entrou no banco traseiro. – Entra ai. – disse, indo para o banco do motorista.
- Eu vou atrás com o . – Eu avisei e ele não disse nada.

Eu abri a porta e me sentei ao lado do . Ele virou o seu rosto para me olhar e deu um fraco sorriso. Eu me aproximei e ele estendeu um dos braços e passou ele pelas minhas costas, me puxando pra mais perto. Apoiei a minha cabeça em seu peito e passei meus braços em torno do corpo dele e ele fez o mesmo.

ainda usava a camisa do baile, mas acredite, o seu perfume ainda estava muito, mas muito forte. A mão dele descia e subia pelo meu braço, na verdade, pela manga da minha blusa. Eu sentia o peito dele subir e descer lentamente, mas eu também conseguia sentir o seu coração disparado.

- Eu estou orgulhoso de você. – abaixou um pouco a sua cabeça para poder me olhar. – Você está se saindo bem nas despedidas. – Ele deu um fraco sorriso.
- Eu também estou, acredite. Eu nem sei como estou conseguindo me controlar. – Eu disse, enquanto os dedos de uma das minhas mãos brincavam com os botões de sua camisa. – Foi a coisa mais difícil que eu já fiz. – Eu disse, deixando de olhar os botões e olhando pra ele.
- Mas você fez. – forçou um sorriso. – Pior do que se despedir, é não se despedir. Acredite. – disse com um olhar triste, que demonstrou tudo o que ele queria dizer. Eu sabia que ele se referia ao seu pai.

Depois daquela frase, eu não consegui dizer mais nada. Aquela frase já havia me quebrado. Eu não podia nem imaginar como teria sido se eu tivesse ido sem me despedir dos meus pais. Continuamos abraçados até o aeroporto. nos observava pelo retrovisor e sentia-se triste. Triste pela irmã, triste pelo amigo, triste pelo nosso amor.

- Chegamos. – disse, estacionando o carro no estacionamento do aeroporto. olhou para o aeroporto e viu ali o seu maior pesadelo. Eu me afastei dos seus braços para poder descer do carro. ficou parado por um tempo, fuzilando aquele aeroporto com os olhos.
- ? – Eu o chamei, quando estava prestes a descer do carro. Ele me olhou, como se tivesse acordado de um transe.
- Eu estou indo. – abriu a sua porta e saiu. Ele ainda parecia pensativo.

começou a tirar as malas do porta-malas do carro e depois tirou o meu travesseiro. olhava para todos os cantos, como se estivesse pensando em alguma coisa, como se estivesse confuso sobre alguma coisa. Eu o observava, mesmo estando há alguns passos dele. O olhar dele finalmente me encontrou e ele pareceu ter decidido alguma coisa. Eu não sei.

- Eu preciso buscar uma coisa. – disse e olhou pro .
- O que? – Eu achei não ter escutado direito.
- Eu preciso buscar uma coisa na minha casa. – Ele repetiu e foi até o . – Me empresta o carro? – estendeu a mão.
- Onde você vai? – arqueou a sobrancelha.
- Eu preciso pegar uma coisa na minha casa. – repetiu, sério.
- Mas só falta meia hora. – Eu disse, depois de olhar no relógio.
- Eu sei! Eu consigo voltar a tempo. – insistiu. – Me dê logo a chave! – estendeu a mão.
- Eu só vou dar, porque parece ser muito importante. – colocou a mão no bolso e entregou para , enquanto olhava pra ele.
- Eu já volto. – sorriu pro amigo, agradecido.
- , não dá tempo de você ir até a sua casa e voltar! – Eu já estava pirando. Ele tinha que estar ali na hora em que eu entrasse naquele avião.
- Eu volto. Eu prometo que volto. – se aproximou e selou carinhosamente os meus lábios. – Me espera que eu volto. – Ele disse, olhando meus olhos de perto. No segundo seguinte, ele saiu correndo e entrou no carro do .
- Parabéns, seu namorado é maluco. – disse, observando sair com o seu carro.
- O que ele está fazendo? – Eu não fazia ideia do que ele estava indo buscar ou o que estava tentando fazer.
- Vamos. Você tem que fazer o check-in. – segurou uma mala em cada mão e nós fomos juntos para dentro do aeroporto.

Ainda bem que a fila não estava grande! Havia 4 pessoas na minha frente e ficou ao meu lado. Eu olhava a todo o momento para os lados para ver se não encontrava ninguém conhecido. Meus amigos disseram que estariam ali.

Chegou a minha vez e eu entreguei os meus documentos para a atendente. As minhas malas foram despachadas e o cartão de embarque foi entregue a mim. Eu havia dado um jeito de enfiar o meu travesseiro dentro de uma das malas, assim as minhas mãos ficariam livres. Saímos do balcão de atendimento e fomos em direção ao embarque. Durante todo o caminho eu fui procurando no rosto de cada pessoa que passava ao meu lado, os meus amigos.

- Está procurando alguém? – me olhou, percebendo que insistia em olhar por todo o aeroporto.
- Eles disseram que estariam aqui. – Eu disse, quando paramos em frente a porta que levaria direto para a entrada do avião. Algumas pessoas já entravam.
- Está falando deles? – apontou com a cabeça para algo atrás de mim. Eu me virei e vi os 4 ali, um ao lado do outro. Eles imediatamente sorriram pra mim e eu neguei com a cabeça, sem saber como eu tive a sorte de tê-los em minha vida. Eles começaram a se aproximar lentamente.
- Você vai ficar muito brava se eu explodir a sua universidade? – parou em minha frente, segurando o riso.
- É, seria um pouco frustrante. – Eu segurei a risada, olhando pra ele.
- Eu não quero que você vá. – fez bico.
- É, eu sei que vai morrer de saudades. – Eu disse, me achando e ele riu.
- Todos nós vamos. – apareceu ao lado do .
- Eu também vou sentir saudade de vocês. – Eu abri os braços para dar um abraço em grupo. Os dois me abraçaram forte. – Mas vocês podem ir me visitar quando quiserem. – Eu terminei o abraço e olhei para eles. – E vocês também garotas. – Eu deixei de olhá-los para olhar para as garotas que estavam um pouco mais atrás. – Tem muitos quartos naquela casa. Vocês podem ir lá sempre que quiserem. – Eu sorri pra elas.
- Eu sei que está indo por um bom motivo, mas é tão triste ter que me despedir. – fez bico. Os olhos dela estavam cheios de lágrimas.
- Eu sei. – Eu neguei com a cabeça, forçando um sorriso. – Isso está me matando, mas... é mesmo por um bom motivo. – Eu olhei pra todos eles.
- Quem vai me ajudar com os deveres de casa? – voltou a fazer um enorme bico.
- Você já saiu do ensino médio, lembra? – Eu gargalhei. – Além do mais, você ainda vai ter amigos pra pedir ajuda. – O meu sorriso se desfez. – Eu é que não terei ninguém. – Eu abaixei a cabeça e vi meus dedos brincarem com o cartão de embarque.
- .. – ia dizer algo pra me consolar.
- Não, está tudo bem. – Eu balancei uma das mãos de forma negativa e voltei a olhá-los. – Só vai ser estranho não ver vocês todos os dias. Vai ser estranho não ouvir o fazer piadas idiotas sobre tudo. Vai ser estranho não ter alguém como você pra estudar comigo, . – Eu sorri pra ele. Meus olhos estavam absolutamente cheios de lágrimas. – E vai ser muito estranho não ouvir aquela risada escandalosa da , quando dizia algo estúpido. Vai ser ainda mais estranho não ter alguém para conversar sobre a minha banda favorita e sobre os meus sentimentos como a sempre fez. – Eu não parava de sorrir para não tornar aquilo pior do que já era.
- Awn, amiga. – me abraçou. Ele já estava chorando.
- Tudo bem, amor. – abraçou a namorada, que também estava prestes a chorar.

lutava contra o tempo para fazer o que tanto queria. Depois de 10 minutos, chegou em casa. Estacionou o carro de quase no meio da rua e saiu correndo pra dentro da casa. A porta estava trancada, o que o atrasou ainda mais. Procurou a chave reserva, que costumava ficar escondida embaixo do tapete e abriu a porta rapidamente. Quando entrou, percebeu que não havia ninguém em casa. Sua mãe e sua irmã já deviam ter ido para o aeroporto.

Chegou em seu quarto e foi tirando a roupa rapidamente e as jogando pelo quarto. Colocou uma camiseta preta com gola v, uma calça jeans mais escura e o seu tradicional tênis. Passou rapidamente o perfume e nem se preocupou em arrumar o cabelo. Abriu a gaveta de um de seus criados-mudos e pegou um cartão de memória. Revirou o quarto atrás de um papel sulfite e quando o achou, fez um envelope e depois de colocar o cartão de memória ali dentro, escreveu alguma coisa no tal envelope e foi imediatamente atrás de uma outra coisa. Tirou debaixo da sua cama uma caixa. Uma pequena caixa preta, onde ele jogou o envelope com o cartão de memória e depois voltou a fechá-la. Agarrou a caixa com as mãos e correu imediatamente para fora do seu quarto e depois para fora da sua casa. Trancou a porta e correu para o carro. Olhou para o relógio e viu que faltava apenas 15 minutos para o meu voo.

- ! – Alguém disse atrás de mim e eu me virei para olhar. Eu já sabia quem era.
- ! – Eu me abaixei e abri os braços. Ela me abraçou. – Eu não acredito que você está aqui. – Eu disse, terminando o abraço.
- Nós também viemos nos despedir. – A Sra. Jonas disse com um sorriso.
- não me disse que vocês viriam. – Eu me levantei para cumprimentá-la rapidamente. – Onde está ele? – Eu perguntei, achando que fossem elas quem ele havia ido buscar.
- Ele não está aqui? – A mãe dele arqueou a sobrancelha.
- Ele disse que ia pra casa buscar uma coisa. – Eu abri os braços, sem entender.
- Acho que nos desencontramos. – Ela sorriu.
- , você tem mesmo que ir? – perguntou, parecendo triste.
- Eu tenho que ir, linda. – Acariciei o rosto dela. – Lembra aquela conversa que eu e tivemos com você? É por um bom motivo. – Eu a olhei com ternura.
- Mas você vai voltar, né? – perguntou, séria.
- Eu vou voltar sim. – Eu afirmei. – E eu prometo que vou te visitar. – Eu pisquei pra ela e ela riu.
- Eu vou adorar e o também. – respondeu, sorridente.
- , nós não podemos demorar. O voo dela já vai sair e eu tenho que te deixar na casa da sua amiga. – Sra. Jonas pareceu estar triste por estar com tanta pressa. – A mãe dessa amiguinha dela é uma mala. Se eu atraso já viu, né? – Ela revirou os olhos.
- Eu entendo. – Eu quase ri, enquanto me levantava. – Eu estou muito feliz só por terem passado aqui para se despedir. – Eu disse e ela me abraçou.
- Boa sorte nessa nossa fase da sua vida. – A mãe de me abraçou forte. – Eu fico feliz que tenha conseguido uma garota que me dá tanto orgulho como você. – Ela terminou o abraço e segurou minhas mãos.
- Obrigada, muito obrigada mesmo. – Eu sorri, sem jeito. Nem sabia como agradecer. Eu deixei de olhá-la e olhei para . – Então, acho que você tem que me dar um abraço. – Eu me abaixei novamente e abri os braços. ela deu um lindo sorriso e abraçou forte e com tanto carinho que até me deixou comovida.
- Não se esqueça de mim. – Ela pediu e eu terminei o abraço para olhá-la, séria.
- Eu jamais faria isso. – Eu disse, demonstrando pra ela o quanto isso parecia impossível pra mim.
- E não se esqueça do . – pediu com um fraco sorriso.
- Eu não vou me esquecer dele nunca. Vocês são muito importantes pra esquecer. – Eu acariciei o rosto dela. Os meus olhos estavam quase transbordando de tantas lágrimas que havia ali.
- Então está bom. – deu um enorme sorriso. – Eu vou ficar esperando você voltar. – piscou pra mim.
- Faça isso. – O fato dela ter piscado me fez sorrir. – Eu posso te pedir uma coisa? Uma última coisa? – Eu continuei a olhá-la e vi que ela prestava muito atenção. afirmou com a cabeça, séria. Ele lembrava ainda mais o , quando ficava séria.
- O que é? – demonstrava-se curiosa.
- Cuida dele pra mim? – Eu pedi, sentindo que minha voz estava embargada. Não vou chorar, não vou! sorriu sem mostrar os dentes e seu olhar se tornou doce.
- Eu cuido. – Ela voltou a piscar pra mim. – Deixa comigo! – O sorriso dela aumentou, fazendo com que o meu também aumentasse.
- Certo, obrigada. – Eu me aproximei e beijei o seu rosto.
- Até logo. – Ela deu alguns passos pra trás e segurou a mão de sua mãe.
- Até, linda. – Eu acenei com a mão e ela fez o mesmo.
- Volte logo. – A mãe de sussurrou e eu afirmei com a cabeça. Ela também acenou com a mão, antes de virar-se de costas e sair pelas portas do aeroporto.
- O que alguns meses de puxa-saquismo não fazem? – riu da minha cara.
- Já conquistou a sogra. – gargalhou.
- Fiquem quietos. – Eu ri, sem jeito.
- ‘O avião para Nova York decola em 10 minutos. Por favor, dirijam-se até o portão de embarque.’ – O auto falante do aeroporto anunciou.
- Cadê o ? – Eu comecei a ficar preocupada, achando que ele não chegaria a tempo.
- Espera, não se preocupe. – tentou me acalmar, mas no fundo ele também estava bem preocupado com e o seu carro.
- Nós temos uma coisa pra você, . – disse e olhou para os outros amigos.
- Uma coisa? – Eu arqueei a sobrancelha. Do que eles estavam falando?
- Um presente pra você não se esquecer de nós. – sorriu.
- Onde está, ? – perguntou, olhando pro ‘amigo’. Ele colocou a mão no bolso e fez cara de assustado.
- Oh não.. – continuava fazendo careta. Depois de algum tempo, ele forçou um sorriso. – Só pra saber: o que aconteceria se eu tivesse esquecido o.. presente? – forçou um sorriso ainda maior.
- Eu vou te matar. – fuzilou o amigo com os olhos.
- , você esta brincando! – cerrou os olhos.
- .. – suspirou longamente.
- Eu estou brincando. – gargalhou. – Eu só queria ver a reação de vocês. – continuou rindo.
- Palhaço.. – revirou os olhos.
- Dá aqui logo! – estendeu a mão.
- Olha como você fala comigo. – fingiu estar bravo. Só eles pra me fazerem rir.
- Dá logo. – o apressou.
- Está aqui! – colocou uma caixinha na mão de .
- Gente, vocês não precisavam gastar comigo. – Eu neguei com a cabeça.
- Isso não é ouro, querida. – riu, querendo dizer que não havia custado tanto.
- É só uma lembrança. – adicionou.
- Pegue. – estendeu a pequena caixinha em minha direção.
- Só vocês mesmo... – Eu peguei a caixinha e a abri. – Awn, não acredito! – Eu peguei a pulseira nas mãos e dei a caixinha para . – É linda! – Eu estava encantada.
- Olhe só. – pegou a minha mão e a trouxe pra cima. – Tem vários pingentes. Cada pingente é de um de nós. – explicou. – Essa luva de box é o que eu escolhi. – Ele segurou o riso. – Você é a única garota que eu conheço que sabe lutar. – me olhou e riu, quando viu que eu estava rindo.
- Você é demais. – Eu ainda estava rindo. Era tão cômico e ao mesmo tempo tão incrível.
- E esse é o meu. – pegou o pingente que tinha o formato de um livro. – Pra você se lembrar de todas as vezes que ficamos na frente de um livro discutindo teorias e rindo com as fotos daqueles caras antigos que adoravam usar aqueles bigodes enormes. – sorriu e eu voltei a rir.
- Eu nunca esqueceria, . – Eu ainda estava rindo.
- O meu é esse vestido. – segurou o seu pingente. – Pra você se lembrar de todas as vezes que saímos para procurar um vestido para ir a uma festa ou a um baile. – me olhou.
- Foram muitas vezes mesmo. – Eu sorri pra ela, já sentindo falta das nossas saídas para procurar um vestido. – Da próxima vez, vá para Nova York e nós procuraremos um vestido novo nas dezenas de lojas de lá. – Eu pisquei pra ela e ela pareceu empolgada.
- Eu vou, hein! – riu.
- Espera, falta o meu! – se aproximou e pegou o seu pingente.
- É o símbolo do infinito. – Eu disse, antes mesmo que ela explicasse.
- É, como a nossa amizade. Nós passamos por momentos difíceis, mas nós sempre vamos voltar a ter momentos bons porque nossa amizade é infinita, é pra sempre. – deu um fraco sorriso e eu a olhei, comovida.
- Isso é.. lindo. – A minha voz quase não saiu. – Eu amei! Eu amei tudo isso. Vocês são incríveis! – Eu dei um abraço coletivo. – Muito obrigada. É lindo. – Eu adicionei.
- . – Alguém tinha que interromper aquele momento, né? Eu terminei o abraço e me virei. Demorei alguns segundos para entender que realmente era ela ali.
- ? – Eu fiquei sem reação.
- Ainda bem que cheguei a tempo. Eu não podia deixar você ir antes de falar com você. – parecia nervosa.
- Falar comigo? – Eu repeti, incrédula. – Você passa dias me ignorando e agora quer falar comigo? – Eu forcei um riso.
- É, eu sabia que ia dizer isso. – rolou os olhos.
- Então você também deve saber que eu não vou querer te ouvir. – Eu estava furiosa. Ela teve tanto tempo pra fazer aquilo e ela vai querer fazer agora? Quando falta menos de 10 minutos pra eu me mudar pra Nova York?
- É rápido, ! – insistiu.
- São os meus últimos minutos aqui. Eu não quero perdê-los com você e sim com quem merece. – Eu apontei a cabeça para os meus amigos.
- Eu sei que está com raiva de mim e está com toda razão. – se aproximou.
- É! Com toda a certeza eu estou. – Eu tive que concordar com ela.
- Escuta. – se aproximou ainda mais e parou em minha frente. – Eu não vou pedir desculpas, porque sei que você não vai me desculpar, mas eu quero que você saiba que eu sinto muito. – A cada palavra daquela frase, foi ficando mais emotiva.
- Sente muito? – Eu repeti, sem acreditar. – Pelo que exatamente? Por dar as costas pra mim quando eu mais precisei ou por tentar acabar com o meu namoro? – Eu cruzei os braços. Eu estava sendo dura com ela e sabia disso.
- Você não entende.. – suspirou longamente.
- Não, eu não entendo, . Eu nunca vou entender o porquê de você ter achado que eu merecia passar por tudo isso. – Eu estava muito brava. – E quer saber? Eu não faço questão de entender. – Eu finalizei.
- Um dia você vai entender. – afirmou, tentando segurar as lágrimas em seus olhos.
- Espero que não seja você quem me explique, porque eu não acredito em mais nenhuma palavra que sai da sua boca. – Eu estava me vingando por toda a dor que ela havia me feito passar.
- Eu não devia ter vindo.. – suspirou, negando com a cabeça.
- É claro que não devia ter vindo. – Eu afirmei. – O que você achava? Que se chegasse aqui no aeroporto com um discursinho no meu último dia em Atlantic City iria resolver as coisas? Que eu ia me esquecer de tudo o que você fez, tudo o que você disse? Meio clichê, não acha? – A minha raiva não parava de aumentar. – Eu não precisava que você viesse aqui e tornasse o meu dia pior do que ele já está sendo, ok? – Quando eu percebi que as lágrimas estavam voltando para os meus olhos, eu as engoli.
- Você está certa. Eu vou embora. – olhou para os amigos e depois pra mim. – Eu só queria te desejar boa sorte. – forçou um sorriso e saiu. Observei ela sair e a vontade de chorar aumentou ainda mais.
- , eu vou atrás dela. – chegou ao meu lado.
- Vai, pode ir. – Eu sorri pra ele. – Obrigada por vir aqui hoje. – Eu dei um fraco sorriso, enquanto meus olhos se enchiam ainda mais de lágrimas.
- Venha aqui. – se aproximou e me abraçou forte. – Você vai se sair bem. – Ele terminou o abraço e sorriu pra mim. – Eu te ligo depois pra saber se foi tudo bem. – beijou a minha testa, sorriu pela última vez e depois saiu correndo atrás de .
- Era só o que me faltava. – Eu entrelacei os dedos em meu cabelo e me virei para olhar para , , e .
- Deixa pra lá. – se aproximou e me abraçou.
- , você tem que entrar ou vai perder o avião. – disse, olhando no relógio do aeroporto.
- Não, não.. – Eu entrei em desespero. – O não chegou. Eu não vou sem me despedir dele. – Eu me afastei dos braços de .
- Mas você tem que ir! – disse, sério. – Ele vai ficar muito bravo se você perder o seu avião por causa dele. – Ele tentava me convencer.
- Não importa, eu não vou! – Eu senti o meu coração disparar só em pensar na hipótese de não me despedir dele. Eu não podia ir sem vê-lo antes.
- , você sabe que tem que ir. – disse, tentando ajudar . – Chegou a hora. – completou.
- Mas.. – Eu ia argumentar, mas não me deixaram.
- Se despede das garotas e do . – aconselhou.
- .. – viu que eu não tomaria atitude, então decidiu tomar. Ela se aproximou e me abraçou muito forte. – Eu vou sentir muita saudade. Sempre que a saudade apertar, eu vou te ligar, ok? Me atenda, não me faça esperar. – disse, ainda durante o abraço.
- Eu vou! – Como eu posso segurar as minhas lágrimas agora? terminou o abraço e beijou o meu rosto. O rosto dela estava totalmente cheio de lágrimas. Ela se afastou e rapidamente se aproximou e a tomou em seus braços.
- Eu posso ir pra Nova York com você? – disse com a voz embargada e me abraçou. – Eu não quero ficar longe da minha melhor amiga. – Ela estava chorando nos meus braços. Passei as mangas da minha blusa nos meus olhos para evitar que as lágrimas caíssem. Eu não havia chorado até agora. Eu havia conseguido cumprir a minha promessa até agora, não vou dar pra trás agora.
- Eu também não quero. – Eu respondi, a abraçando com toda a força. – Isso não muda nada. Você vai continuar sendo a minha melhor amiga. – Eu disse e ela sorriu.
- Eu vou te ligar pra contar sobre tudo. Me diga que você vai me ligar também. Eu quero saber de tudo. – afastou nossos corpos, esperando que eu dissesse o que ela pediu. Olhei o rosto dela completamente molhado.
- Eu vou ligar! Você vai saber sobre tudo o que acontecer comigo. Você é a melhor amiga, você tem que saber de tudo, certo? – Eu sorri e nós duas nos olhamos com os olhos marejados.
- Certo. – Ela se aproximou e beijou longamente o meu rosto. – Boa sorte, amiga. – Ela disse e depois deu alguns passos pra trás.
- Não dá pra pular essa parte? Não dá pra pularmos pra parte em que você volta pra cá? – parou em minha frente e me olhou. Eu não posso lidar com o chorando!
- Venha aqui. – Eu me aproximei e o abracei. Ele me apertou forte.
- Isso está errado. Melhores amigos devem ficar perto um do outro. Você vai estar longe. Você não pode ir pra longe de mim, . – dizia com aquela voz de choro que quebrava o meu coração.
- Então talvez você deva arrumar uma melhor amiga que esteja mais perto de você. – Eu disse, sabendo que aquilo quebraria um pouco a tristeza do momento. Ele terminou o abraço abruptamente e me olhou, furioso.
- Nunca-mais-repita-isso. – disse, irritado. Havia lágrimas por todo o seu rosto. – E se você pensar em colocar um nova yorkino imbecil no meu lugar, eu vou até lá e quebro a cara dele, entendeu? – continuou me lançando aquele olhar.
- Só existe um cara no mundo que pode ser o meu melhor amigo e essa cara é você. – Eu disse e ele sorriu.
- Eu já sabia disso. – riu rapidamente. – Cuide-se e tente não socar mais alguns caras, ok? Me chame que eu faço isso pra você. – disse, me fazendo rir também.
- Eu farei isso. – Eu gargalhei, apesar da quantidade enorme de lágrimas nos meus olhos.
- Eu te amo, melhor amiga. – se aproximou e beijou longamente o meu rosto.
- Eu também. – Eu o olhei com carinho e ele se afastou. ainda chorava e ele a abraçou.
- Oh Deus, eu não sei fazer isso. – me olhou e negou com a cabeça.
- Isso nos seus olhos são lágrimas? – Eu sorri, apontando para o seu rosto.
- É claro que não. – cerrou os olhos, sorrindo. – Ok, talvez seja. – abaixou a cabeça por um tempo e depois me olhou. – Mas são lágrimas de orgulho. – Ele deu um enorme sorriso, quando percebeu que estava sendo emotivo. – Você é a minha irmã, droga! Eu passei a minha vida toda cuidando de você, vendo você todos os dias, enchendo o seu saco e agora você vai morar em outra cidade. – suspirou longamente. – Eu estou com um puta medo só em pensar que você vai estar sozinha lá, mas eu também sei que você sabe cuidar de si mesma. – Ele me olhou de forma carinhosa. – Olhe só pra você! Você não é mais aquela garotinha ingênua e indefesa. Você cresceu e se tornou essa garota linda, responsável e forte. – Os olhos dele se encheram de lágrimas e eu não aguentei. Uma lágrima escorreu de cada canto dos meus olhos. – Você não precisa mais de mim ou da minha proteção. É meio difícil pra mim aceitar isso, mas eu vou superar. – Ele riu de si mesmo.
- É claro que eu preciso de você. Eu preciso muito de você, porque você é o meu irmão. Ninguém vai cuidar tão bem de mim, ninguém vai fazer com que eu me sinta mais segura do que você. – sorriu, feliz pelo que estava me ouvindo dizer. – E eu fico feliz que esteja dizendo isso. – Eu o olhei e ele me abraçou.
- Por favor, cuide de você mesma e quando achar que não consegue sozinha, me chame e eu vou até lá. A qualquer hora do dia! – disse, me fazendo abraçá-lo ainda mais forte. Voltei a passar as mangas da minha blusa nos olhos para enxugar as lágrimas.
- Eu prometo que farei isso. – Eu terminei o abraço e olhei o seu rosto, que estava coberto de lágrimas. Passei minhas mãos pelo seu rosto e as sequei. – Vamos, pare de chorar. Você tem uma imagem de durão pra manter. – Eu disse e ele riu.
- Você está certa. – Ele passou as mãos pelo seu rosto, acalmando-se. – Agora, vá! Você já está atrasada. – me apressou. Eu deixei de olhá-lo e me virei para a porta do aeroporto. Onde o estava? Eu ainda tinha esperança de vê-lo entrar por aquela porta. Porque ele não estava entrando por aquela porta?
- Ele não vai chegar, . – disse, vendo aquela angustia nos meus olhos.
- Entra logo, . – pediu, vendo que os seguranças da porta do meu embarque, começavam a se preparar para fechá-las.

TROQUE A MÚSICA:





Cada vez que aquela porta do aeroporto se abria, eu achava que podia ser ele. A porta se abriu e se fechou algumas outras vezes e eu finalmente me dei conta de que eu teria que partir sem vê-lo, sem me despedir. Uma lágrima solitária escorreu pelo meu rosto e eu rapidamente a enxuguei com uma das mãos. Me virei e comecei a andar em direção a porta de embarque, que ficava apenas alguns passos a frente. A porta, na verdade, era um desses detectores de metal. Depois que eu passasse por ele, eu entraria no avião.

estava desesperado, pois sabia que faltavam apenas 3 minutos para o meu embarque. Ele precisava correr ainda mais. Entrou no estacionamento do aeroporto e parou na primeira vaga que encontrou. As lágrimas estavam em seus olhos, pois ele estava com medo de chegar lá e não me encontrar mais. Pegou a caixa com uma das mãos e saltou do carro. Travou o carro, enquanto já corria em direção a porta do aeroporto. A caixa estava embaixo de um dos braços e ele ia correndo, trombando nas pessoas e nos carros.

A cada passo que eu dava parecia que uma parte do meu coração estava sendo arrancada. Não só por eu estar indo embora, não só por eu estar vendo os meus amigos e o meu irmão ali, chorando por minha causa, mas porque não estava ali, nem ao menos pra sorrir pra mim e dizer que tudo vai ficar bem. Eu estava ainda pior por saber que ele estava se esforçando para chegar a tempo e quando ele chegasse, eu já teria ido embora. Ele ficaria muito mal com isso, porque ele disse que estaria ali.

O choro estava preso na garganta e as lágrimas presas nos olhos. Tudo em minha volta parecia estar em câmera lenta. Passei a mão pelo meu cabelo, que estava caindo um pouco em meu rosto. Abaixei o rosto e fui andando olhando para o chão. Eu não precisava que todos vissem a tristeza no meu rosto. Passei pelo detector de metais e já havia colocado a pulseira que havia acabado de ganhar no pulso. Levantei o rosto e olhei para a porta que me levaria até o avião. Observei ela por algum tempo e senti minhas sobrancelhas decaírem. Eu estava me segurando para não chorar, para não desabar.

entrou pela porta correndo feito um maluco. Ele foi até o centro do aeroporto e olhou por todos os cantos e não achou ninguém conhecido. Correu para a área dos embarques e no primeiro lugar em que olhou, me viu de costas. Eu estava andando em direção a porta que me levaria até o avião. O coração dele parecia ter parado naquele instante. Ele engoliu imediatamente o choro para tomar mais fôlego.

- ! – Ele começou a correr na minha direção. – ! – Ele gritou ainda mais alto, quando viu que eu não havia escutado. – !! – Ele gritou mais uma vez, enquanto ainda corria como nunca.

Quando ouvi aqueles gritos, eu parei de andar. Eu conhecia aquele grito, aquela voz. Era ele! Eu sorri, mesmo com todas as lágrimas nos meus olhos. Eu me virei lentamente e logo o vi. Ele ainda estava um pouco longe, mas eu tinha certeza que era ele. estava correndo na minha direção e eu não sei o que deu em mim. A única coisa que eu sei é que eu saí correndo, mas antes disso eu tinha que passar pelo detector de metais novamente.

- ME DEIXEM PASSAR! - Eu comecei a empurrar os seguranças que entraram na minha frente. Ninguém me impediria de ir até ele.
- Não dá mais tempo de voltar, moça. – Um dos seguranças disse, sem saber o que fazer.
- Não importa! Eu vou passar. – Eu consegui desviar dele e passei por fora do detector de metais. Comecei a correr em direção a ele. e os meus amigos acompanhavam tudo, sem se manifestar. continuou correndo o mais rápido que conseguia. Quando ele me viu correr em sua direção, ele correu ainda mais. O aeroporto todo havia parado para ver a cena.

Em um certo ponto do caminho, ele parou. colocou a caixa no chão e voltou a me olhar. respirava de forma rápida e ele esperava que eu chegasse até ele. Um fraco sorriso estava no rosto dele e os olhos continuavam cheios de lágrimas. Ele estava tão aliviado por ter chego a tempo. Estava tão aliviado por ver que todo o seu esforço valeu a pena. não se importava se estavam todos olhando. Era só eu e ele naquele momento. Não existia mais ninguém ali.

Entenda, eu não sou uma boa corredora. Não chega nem perto! Mas eu não sei o que aconteceu comigo. Eu estava correndo feito uma maluca e eu finalmente cheguei onde queria. Quando eu cheguei na frente dele, eu nem parei. Eu pulei direto nos braços dele, que pareciam saber exatamente o que eu faria e me agarraram. Cada uma das minhas pernas estava em um lado do seu corpo e ele segurava minhas coxas com as suas mãos. Eu havia segurado o seu rosto com as minhas duas mãos e agora o beijava. O beijo foi rapidamente aprofundado e consequentemente intensificado diante da situação em que nos encontrávamos. O rosto do estava inclinado para cima, já que eu estava um pouco mais alta que ele naquele momento.

O beijo não foi tão longo quanto queríamos. Não havia tempo pra isso. soltou as minhas pernas e me segurou pela cintura até que eu alcançasse o chão. Quando eu toquei meus pés no chão, finalizou o beijo, transformando-o em um selinho. Quando descolamos os nossos lábios, eles se continuaram próximos e os nossos olhos continuaram fechados. Nossos narizes ainda se tocavam, quando resolvemos abrir os olhos.

- Eu achei que teria que ir sem me despedir de você. – Eu disse em um tom tão baixo, que só ele conseguiu ouvir.
- Eu ia atrás de você. Eu não deixaria de me despedir de você. Eu não deixaria você ir sem ouvir um ‘eu te amo’. – negou com a cabeça, me olhando nos olhos. Os olhos dele estavam completamente cheios de lágrimas. Suas bochechas estavam levemente rosadas, talvez por causa de ter corrido tanto. Eu adorava quando as bochechas dele ficavam daquele jeito.
- Todos estão nos olhando. – Eu dei um sorriso tímido.
- Eu não ligo. – Ele negou com a cabeça, sério. – Você é tudo o que importa agora. – olhava os detalhes do meu rosto.
- ‘Última chamada para o voo para Nova York.’ – O auto falante do aeroporto disse.
- Droga, você tem que ir. – olhou para trás e viu que os seguranças olhavam em nossa direção. Estavam me esperando.
- Eu não sei como fazer isso. – Eu neguei com a cabeça, sentindo meus olhos se encherem cada vez mais de lágrimas a cada segundo.
- Escuta. – se aproximou para olhar nos meus olhos de bem perto. – Eu pensei mais de mil vezes em tudo o que eu deveria te dizer agora, mas eu não consigo lembrar de nada. Eu não consigo pensar em nada agora. – Ele negou com a cabeça. Ele estava confuso, nervoso ou os dois.
- Não precisa falar nada, só me abraça. – Eu passei meus braços em torno do pescoço dele e ele passou os dele em torno da minha cintura. fechou os olhos enquanto me abraçava forte.
- Eu te amo, . – disse com a voz embargada. Quando eu ouvi ele dizer aquilo com aquela voz, eu não aguentei.
- Eu também te amo. – Eu terminei o abraço e olhei pro rosto dele. Ele sorriu sem mostrar os dentes.
- Você vai ficar bem? Diga que vai ficar bem. – Ele implorou, me olhando com aqueles olhos tristes.
- Eu tenho que ficar, né? – Eu forcei um sorriso depois da minha frase.
- Não fala assim. – acariciou o meu rosto com uma de suas mãos. Chega, eu não aguento mais. Eu deixei de olhá-lo por poucos segundos, encarei o chão. Me desculpa, mas eu não consigo segurar as minhas lágrimas agora. Voltei a olhá-lo e o observei por pouco tempo.
- Você não vai se esquecer de mim, não é? – Eu perguntei, sentindo as lágrimas escorrerem pelo meu rosto. acompanhou o trajeto de uma das lágrimas e me puniu com o olhar.
- Droga, . Você prometeu que não choraria. – disse, sabendo que me ver chorar faria com que ele não conseguisse mais segurar as suas lágrimas. Ele abaixou a cabeça, enquanto negava com ela. Ele não conseguia se conformar que estava passando por outra despedida. As lágrimas já estavam escorrendo pelos seus olhos.
- Eu só preciso ouvir você dizer que não vai desistir, que não vai se esquecer de mim. – Eu pedi, olhando ele de cabeça baixa. – Por favor, diga. – Eu estava entrando em desespero por ele não estar dizendo o que eu pedi.
- Eu não vou. – levantou o rosto, mostrando o seu rosto coberto de lágrimas. – Eu vou ficar aqui, esperando você voltar. Esperando você voltar pra mim, como eu sempre fiz. – continuava com aquela voz de choro. – Você e eu. Sempre. – relembrou a frase que viemos dizendo nos últimos dias. – Eu não me esqueci. – Ele sorriu, mesmo com os olhos inchados e os cílios enxercados. – Quando eu digo sempre, é pra sempre. – Ele finalizou, olhando em meus olhos.
- Agora sim, eu posso ir. – Eu sorria pra ele, porque estava muito feliz com o que havia acabado de ouvir.
- Espera. Isso é pra você. – abaixou-se, pegou a caixa e depois me entregou.
- Mas o que é isso? – Eu fui abrir a caixa, mas ele me impediu.
- No avião. – disse. – Abre no avião. – Ele completou.
- Certo. – Eu segurei a caixa e depois voltei a olhá-lo. – Então é isso? – Eu perguntei, pois sabia que agora eu teria que ir. Eu ainda tinha esperança que ele me pedisse pra ficar. Eu ficaria, sem pensar.
- Vai. Você tem que ir. – apontou para o portão de embarque.
- Você está certo. – Eu já havia extrapolado todos os limites. Eu tinha que ir mesmo agora. – Então.. – Eu passei as mangas da minha blusa nos meus olhos para secar todas as lágrimas. – Tchau. – Eu disse, sem saber como me expressar direito.
- Nos vemos em algumas semanas. – acrescentou, querendo me mostrar que não podia ser tão ruim. Nos veríamos dali alguns dias.
- Certo. Algumas semanas... – Eu repeti, apenas adiando a minha ida. Ele ficou me olhando, como quem dissesse ‘Não vá.’. Eu sorri pra ele pela última vez e virei de costas. Levei uma das mãos até a minha cabeça e entrelacei meus dedos em meu cabelo. Dei um longo suspiro, pronta para ir em direção o embarque.
- Posso te dar um último beijo? – disse, enquanto eu ainda estava de costas. Eu dei um fraco sorriso e quando achei que deveria virar, ele apareceu em minha frente. – Só um beijo e eu deixo você ir. – Os olhos tristes dele me torturavam.
- Sempre há tempo pra um último beijo. – Eu permiti, deixando a resposta óbvia. continuava carregando aquela tristeza, enquanto se aproximava. Tocou meu rosto com suas duas mãos e deslizou até as laterais do meu pescoço. Os meus olhos já estavam fechados e eu esperava que ele me beijasse. Ele me observou por alguns poucos segundos e então eu senti os lábios dele tocaram levemente nos meus.

O beijo foi aprofundado e eu juro que foi o mais triste de toda a minha vida. Havia alguma coisa diferente nele. Talvez os sentimentos estivessem a flor da pele ou talvez fosse coisa da minha cabeça. Passava tanta coisa pela nossa cabeça naquele instante, que era impossível descrever o que sentíamos. Havia tanto carinho, tanto amor, tanta emoção nele que todas as pessoas que nos olhavam conseguiam perceber. Eu senti uma enorme angústia, quando percebi que ele estava terminando o beijo. Puxando o meu lábio inferior como ele costumava fazer.. Eu nem consegui sorri dessa vez. Abri os meus olhos e eles foram direto para os lábios dele. Um outra lágrima escorreu dos meus olhos, enquanto eu voltei a olhá-lo nos olhos.

- Volta logo, ok? – pediu, passando uma das mãos pelo meu rosto e enxugando aquela lágrima. Selou meus lábios mais uma última vez e afastou-se, deixando de me tocar. Eu afirmei com a cabeça, dando alguns passos para trás. Quando já estava a uma certa distância, acenei lentamente com a mão. Havia um fraco sorriso no meu rosto e as lágrimas nos meus olhos eram bem visíveis.

continuava vendo eu me afastar. Aquilo estava matando ele de formas que ele não podia explicar. Ele tinha vontade de correr até mim e me segurar para que eu não fosse. Ele queria tanto, mas ele não podia. Ele tinha que me deixar ir.

Distância? Não é sobre isso que se trata afinal? Não. O amor, quando é verdadeiro, resiste a qualquer coisa. Distância não é nada, quando alguém é tudo. sofria sim com a distância, mas talvez não fosse a distância entre as cidades que agora nos afastava e sim a distância de si mesmo. Não existe distância para o amor, mas existe a distância de si mesmo. Você pode estar longe de uma pessoa, mas o real motivo do seu sofrimento é que longe dela, você se afasta de si mesmo. Porque com essa pessoa, você é completo. Longe dela, você é só... você. Você se perde, perde a si mesmo, se distância do que você costumava ser quando estava com ela e certas vezes, você acaba se acostumando com isso. Esse é o grande problema. É pra isso que serve a saudade. Pra você sentir falta de quem você realmente é, pra você se lembrar de quem você é e ir atrás do seu verdadeiro eu.

A caixa estava em minhas mãos e eu andava de cabeça baixa. Passei pelo detector de metal novamente. Os seguranças me olhavam com uma cara feia, mas eu nem me importei. Olhei novamente a porta que me levaria até o avião e continuei indo em direção a ela. Parei na frente dela e olhei para trás. estava longe, mas eu ainda sim conseguia vê-lo. Ele também me olhava. Eu respirei fundo, me virei e passei pela porta.

Entrei no avião e notei que a minha poltrona ficava mais no fundo do avião. A caixa ainda estava em minhas mãos. Comecei a caminhar até a minha poltrona. Minhas mãos tremiam e eu juro que não era por medo de estar naquele avião. Pela primeira vez na minha vida, eu não estava dando a mínima para isso. Achei a minha poltrona e me sentei. Respirei longamente, olhando para qualquer coisa que eu não estava prestando a atenção. Abaixei a cabeça e olhei aquela caixa. Porque eu sentia que não devia abri-la?

Depois de me ver entrar naquele avião, as lágrimas escorreram pelos seus olhos. Ele ficou algum tempo parado, olhando para aquela mesma porta que eu havia entrado. Parecia haver um buraco em seu peito e ele sentia uma coisa ruim. Talvez fosse um pressentimento ruim ou só uma bobagem. Levou uma das mãos ao seu cabelo e o bagunçou, demonstrando que não sabia o que fazer. Andou até um das cadeiras que havia no aeroporto para que os passageiros sentassem. se sentou e seus cotovelos apoiaram em suas coxas e os dedos continuavam entrelaçados em seus fios de cabelo, enquanto ele encarava o chão.

- Coitado do . – disse, olhando o amigo de longe. Ela ainda estava nos braços de .
- Ele nem faço ideia do que ele deve estar sentido agora. – disse com tristeza. – Eu nem sei o que eu faria se você fosse pra longe de mim, . – Ele abraçou ainda mais forte a namorada.
- Eu jamais iria pra longe de você, amor. – levantou um pouco o seu rosto e selou os lábios do meu irmão e depois voltou a abraçá-lo.
- Nós devemos ir até lá, né? – deu a ideia. Ele queria ajudar de algum jeito.
- Vamos lá. – concordou, afastou seu corpo do de e segurou sua mão. e também se afastaram e começaram a andar em direção ao .

Ninguém sabia o que dizer ao . Nada parecia ser bom o suficiente e nem chegava perto de se tornar uma boa consolação. Eles chegaram até o em silêncio e o observaram por algum tempo, esperando que talvez ele iniciasse aquela conversa. É claro que percebeu a presença dos amigos, mas não quis levantar o seu rosto para não mostrar todas as suas lágrimas e tristeza.

- ? – chamou pelo amigo, que nem ao menos se moveu.
- Ei, cara. – pensou em como continuar. – Eu sei que não está sendo fácil, mas você tem que superar isso. – Ele finalizou.

ouvia tudo o que os amigos diziam. Ele sabia que estava certo, mas não era tão fácil como parecia. Não era só levantar a cabeça e seguir em frente. Era um processo um pouco mais lento e doloroso que aquilo, mas ele não esperava que ninguém entendesse. O seu choro cessou, mas o seu rosto continuava molhado. se levantou e olhou para os amigos.

- Você está certo. – Ele afirmou com a cabeça, passando os dedos de uma de suas mãos pelos seus olhos. – Eu vou fazer isso. – voltou a olhá-los com o rosto já seco.
- Eu posso fazer alguma coisa pra ajudar? – perguntou, sério.
- Me deixa em casa. – pediu com a expressão também séria. – Eu quero ir pra casa e eu estou sem carro. – negou com a cabeça, se arrependendo de não estar ali com o seu carro.
- Eu levo você. – sorriu sem mostrar os dentes. – Aliás, levo todos vocês. – Ele acrescentou.
- Vamos. – sorriu pra .

A caixa continuava sendo um mistério. Eu ainda não fazia ideia do que tinha ali dentro. Eu estava com muito medo de ser uma notícia ruim, já que não queria que eu soubesse do que se tratava perto dele. Eu estava prestes a abri-la agora. Eu fazia tudo muito lentamente. Parecia até que eu estava com medo de encontrar uma bomba ali. Terminei de puxar a tampa e a coloquei embaixo da caixa. A primeira coisa que eu vi foi um envelope branco, mas não foi ele que me chamou mais atenção.

- Eu não acredito. – Eu disse, quase sem emitir som.

A caixa estava completamente cheia de coisas sobre nós. Coisas que certamente veio guardando durante todos esses anos. Havia algumas fotos nossas que eu nem me lembrava de ter tirado. Fotos da época que nos odiávamos. Havia também algumas fotos minhas, que ele deve ter tirado de alguma rede social, não sei.

Havia tantas coisas ali, que eu não sabia o que ver primeiro. É claro que eu já havia voltado a chorar, principalmente quando vi aquele pequeno pedaço de árvore. Era o pequeno galho que ele havia usado para me convidar pro baile no dia anterior. O recibo da sorveteria que fomos juntos, as entradas do teleférico e o trabalho de Sociologia que ele havia feito em grupo com os garotos na minha casa. Também havia algumas letras de músicas, inclusive a letra de ‘Never Gonna Be Alone’, a minha música favorita.

Lembra daquele trabalho de Sociologia que fizemos em dupla? Lembra de quando eu disse que achava que ele me espionava? Eu estava certa! Ele realmente fazia isso. Havia um pequeno dossiê sobre mim em minhas mãos. Havia até uma lista com as minhas coisas favoritas e as coisas que eu odiava. É como se ele tivesse me observado todo aquele tempo e soubesse tudo sobre mim. Uma de suas anotações me chamou a atenção. Ela dizia:

‘Ela fica extremamente brava e linda, quando eu a chamo de . Fazer isso sempre!’

Encontrei diversas cartas. Cartas que ele certamente havia feito para mim há uns 4 anos atrás ou até mais tempo e nunca tinha tido coragem de me entregar. Havia no mínimo 5 cartas. Todas diferentes uma da outra. Eu estava absurdamente boba com tudo aquilo. O sorriso estava no meu rosto, mas as lágrimas escorriam por ele.

Quando me dei conta, o avião já havia decolado. Eu não sei se foi proposital, mas todas aquelas coisas haviam me distraído e eu não tive que passar por aquele medo da decolagem. Era uma boa coisa, mas eu nem me importei na hora. Eu estava mais interessada naquele envelope agora. A única coisa daquela caixa que eu ainda não tinha visto. Virei o envelope e vi algo escrito com a letra do :

‘Antes tarde do que nunca, certo? ‘

Eu fiquei algum tempo pensando no que poderia ser aquilo. O que ele quis dizer com aquilo? Abri o envelope e encontei um cartão de memória. Um cartão de memória? Isso é algum tipo de brincadeira? O que o quer que eu faça com isso? Antes tarde do que nunca? Realmente, ! Ganhar um cartão de memória sempre foi o meu sonho de consumo!

- Isso quer dizer alguma coisa? – Eu falei sozinha. – Espera. – Eu tive uma ideia! Peguei o celular e torci para que o tamanho do cartão de memória fosse compatível com o do celular. – Entrou.. – Eu sussurrei e sorri, satisfeita.

Eu continuava pensando no que poderia ser. No que poderia ser tão importante a ponto dele arriscar não se despedir de mim no aeroporto. Nada parecia fazer sentido. Peguei a minha bolsa e tirei de lá os meus fones de ouvido. Conectei no celular e comecei a procurar o conteúdo do cartão de memória. Procurei nas fotos, procurei nas músicas e não encontrei. Os vídeos foram o último lugar que eu consultei e foi lá em que eu achei o que procurava.

- Ah não, .. – Eu neguei com a cabeça, sem coragem para ver aquele vídeo. Eu sabia que aquele vídeo acabaria comigo. Eu tinha certeza! Justo agora que eu havia parado de chorar. Eu desliguei a tela do celular e desisti de ver aquilo. Olhei para frente e vi todos sentados e em silêncio. – Certo, eu tenho que ver. – Eu voltei a abaixar a cabeça para olhar a tela do celular. Eu vou ter que ver de qualquer jeito, certo?

Ao apertar o play e foi a primeira coisa que eu vi. Ele estava com uma regata preta e parecia estar em seu quarto, precisamente em sua cama. Eu consegui perceber, já que eu já estive lá antes. Foi só voltar a vê-lo, mesmo que fosse por vídeo, que eu já senti o corpo estremecer, que já me fazia morrer de saudades dele, que já fazia meus olhos se encherem de lágrimas novamente. Eu vou escutar o que ele tem pra dizer.


‘Hey, linda.’ sorriu, olhando pra câmera e acenou rapidamente com uma das mãos.

‘Então, essa deve ser a décima vez que eu tento gravar esse vídeo. Os outros ficaram uma... – Ele negou com a cabeça, como se o que ele fosse dizer não fosse importante.

‘Não importa...’ – Ele mordeu o lábio inferior, rindo rapidamente.

‘Você deve estar se perguntando o que eu estou fazendo aqui e quer saber? Eu acho que também não sei. ‘ ficou mais sério e confuso.

‘Se você está vendo esse vídeo agora, você já deve ter saído da cidade. Você deve estar a caminho de Nova York.’ – Ele pensou e respirou fundo antes de continuar.

‘Escuta, eu não faço ideia do que você está sentindo agora, mas eu sei que está mal. Eu ainda devo estar naquele aeroporto, esperando que você volte a qualquer minuto, mas eu também estou torcendo pra você. Estou torcendo pra que você tenha sucesso em tudo o que está acontecendo na sua vida agora.’ deu um fraco sorriso e depois de algum tempo, ele continuou.

‘Eu sei que nós não conversamos muito sobre esse assunto. Não é o meu assunto favorito. Ele me deixa um pouco assustado. Talvez seja porque toda vez que tocávamos nele, eu não podia dizer o que eu realmente queria dizer. Você sabe... eu tenho que cuidar de você. Todas as vezes em que eu dizia que queria que você fosse pra Nova York, que eu dizia que você tinha que ir realizar o seu sonho, eu estava cuidando de você.’ – Os primeiros vestígios de lágrimas começavam a aparecer nos olhos dele.

‘E agora que eu cumpri o meu trabalho. Agora que você já está indo em direção ao seu futuro, eu acho que você precisa saber de uma coisa. Uma coisa que eu queria que você soubesse no minuto em que toda essa história de Nova York veio a tona.’ – Ele desviou os olhos da câmera por alguns segundos, procurando um jeito de dizer. Ele voltou a olhar depois de algum tempo.

‘Não existe pior coisa no mundo do que partir, sem saber que alguém quer que você fique. Eu não podia deixar você ir sem saber que essa pessoa sou eu.’ – A quantidade de lágrimas nos olhos dele aumentaram.

‘É, eu queria que você ficasse. Eu sempre quis que você ficasse.’ abaixou a cabeça e logo depois voltou a levantá-la. Olhou novamente para a câmera e sorriu sem mostrar os dentes.

, eu quis tanto te pedir pra ficar comigo, mas eu não podia. Eu não podia por que eu sabia que se eu pedisse, você ficava.’ – Ele negou levemente com a cabeça.

‘E se você ficasse, eu jamais iria me perdoar. Eu não ia conseguir olhar pra você todos os dias, sabendo que você havia perdido a chance da sua vida por causa de mim.’ – Eu percebi a intensa respiração que ele deu, tentando segurar as lágrimas.

‘Bem, não importa agora. Eu só queria que soubesse disso.’ parecia aliviado ao dizer aquilo, mas ele quis mudar logo o assunto, pois não queria tornar aquilo mais triste do que deveria.

‘Eu também quero que você saiba que você não vai se livrar de mim assim tão fácil. Eu falei sério, quando eu disse que vou te esperar e eu espero que você possa me esperar também. Os sonhos não podem tomar o lugar do amor. Os sonhos não podem tomar o lugar de amar você. Nós podemos fazer os dois.’ – Ele voltou a dar um fraco sorriso.

‘Eu acho que é isso. Eu acho que já disse tudo o que tinha pra dizer.’ – O sorriso dele ficou maior.

‘Se divirta, mas não esquece de mim. ‘ – Ele pediu de um jeito doce.

‘Eu te amo, .’ disse, parecendo sem jeito. O sorriso sem graça e ao mesmo tempo sincero me fez sorrir ao final daquele vídeo, apesar de todas as lágrimas no meu rosto.


Eu fiquei algum tempo olhando para a tela do celular, mesmo depois dela ter ficado escura com o término do vídeo. Saber que queria que eu ficasse era bom e ao mesmo tempo ruim. Quer dizer, ele queria que eu ficasse! Ele queria me ter por perto! Eu não posso negar. Não dá pra negar que ver aquilo me deu ainda mais vontade de pegar o primeiro voo de volta pra Atlantic City.

deu carona para todos os amigos. Durante todo o caminho, ninguém teve coragem de abrir a boca. O silêncio deixava o clima ainda mais pesado. Ele deixou na casa de . Elas haviam planejado passar a tarde juntas, já que as aulas começariam e elas já não teriam tanto tempo pra fazer isso.

- , passa pra frente. – pediu e atendeu o seu pedido em silêncio. ficou sozinho no banco detrás.

O silêncio permaneceu. olhou para através do retrovisor. fez uma cara de chateação e depois olhou pro e negou com a cabeça. estava distraído com algo fora do carro. Depois de estacionar o carro em frente a casa do , ele desceu do carro e despediu-se sem se prolongar demais.

Agora restavam apenas e no carro. queria falar alguma coisa, qualquer coisa. Ele sabia que precisava desabafar com alguém, mas ele não sabia se ele era a pessoa certa para aquilo. sabe que não é bom com as palavras. Olhou pro , que olhava para o lado de fora do carro através do vidro do carro.

- Como está indo ai, cara? – perguntou, dividindo olhares entre o trânsito e .

não queria falar com ninguém. Ele não queria falar sobre aquilo, mas ele sabia que só estava tentando ajudar. Só estava tentando ser o amigo que ele sempre foi. permaneceu em silêncio por algum tempo, não sabia o que responder.

- Eu vou ficar bem. – Foi a única coisa que disse e nem ao menos o olhou para responder.
- Você precisa se abrir, . – negou com a cabeça. – Eu estou aqui, se você quiser. – Ele demonstrou apoio.
- Me abrir pra quê? – continuava falando, sem olhar para o amigo.
- Para as pessoas poderem te ajudar. – disse, como se fosse óbvio.
- Me ajudar? – o olhou dessa vez. – A garota que eu amo acaba de se mudar pra Nova York. Ninguém pode me ajudar. – sorriu, sarcástico.
- Então é isso? Você vai começar a dar uma de ignorante, fingindo que não se importa? É isso? – começava a ficar irritado com a ignorância de . Ele não tinha culpa do que estava acontecendo.
- Você está certo. – disse, sério. – Pare o carro. Assim nós podemos conversar, eu vou chorar, colocar a cabeça no seu ombro e depois nos abraçamos. – disse em uma séria ironia. ficou ainda mais puto da vida.
- Eu vou ignorar, porque eu sei que hoje o dia está sendo uma droga. – disse com uma expressão furiosa. – Se dissesse isso amanhã, eu quebraria a sua cara. – Ele trocou de marcha de forma brusca.

nem ao menos respondeu. Achou melhor ignorar, pois não queria arrumar confusão com o amigo. era o meu irmão e também estava triste com tudo aquilo que estava acontecendo. Além disso, ele não precisava de mais uma coisa pra estragar o seu dia. O silêncio permaneceu até o resto do caminho. parou o carro na frente da casa de e esperou que ele descesse do carro.

- Valeu, cara. – agradeceu, abrindo a porta do carro.
- Tudo bem. – continuava sério e parecia continuar irritado.
- Não, eu quero dizer por tudo. – disse, olhando para o amigo pela janela do carro. – Valeu por tudo. – Olhou o amigo por um tempo e afastou-se do carro.

entrou em sua casa, que parecia vazia. Jogou o casaco sobre o sofá e foi para o seu quarto. Além de estar mal e chateado, o sono também o consumia. Entrou em seu quarto e tirou a camisa e o tênis. Jogou-se na cama e virou-se para o lado, olhando o porta-retratos. Observou a nossa foto por um tempo, pensativo e depois voltou a colocá-la sobre o criado-mudo. Os olhos pesavam e ele acabou dormindo.

Senti o avião pousar no aeroporto. Eu estava em Nova York. Os passageiros começaram a se levantar e eu fiz o mesmo. Andei até a porta de saída. Eu havia conseguido colocar a caixa de dentro da minha bolsa. Então é isso? Meu sonho estava se realizando. Onde estava a minha felicidade? Comecei a andar pelo aeroporto em busca do desembarque. Eu precisava pegar as malas.

É claro que eu me lembrei da última vez que eu estive naquele aeroporto. Eu me lembro de também estar triste. havia me decepcionado e eu estava voltando pra casa mais cedo, deixando ele, meu irmão e meus amigos para trás. Consegui pegar a minha mala e comecei a andar com elas em direção a saída. Eu parecia uma maluca segurando todas aquelas malas, mas não havia mais ninguém para me ajudar.

Depois de algum tempo, consegui achar um taxi. Era um senhor muito simpático que me ajudou a colocar as malas no porta-malas. É claro que eu não sabia o endereço da casa, por isso tive que pegar um papel em minha bolsa, onde o meu pai havia anotado o endereço da minha nova casa.

- Muito obrigada! – Eu agradeci o motorista do taxi, depois de pagá-lo.

A casa parecia ainda maior do que da última vez. Estava toda fechada, mas havia algumas seguranças na porta. Eu sentia uma sensação estranha ao olhar para aquela casa. Não que fosse ruim, mas pensar que tia Janice morava ali me deixava ainda mais triste. Os seguranças me olharam, sem saber se eu era a pessoa certa. Eu fui me aproximando com as malas na mão e um deles veio até mim.

- Srta. ? – Ele perguntou, sério. Ele era enorme!
- Eu sou, mas vai ter que esquecer isso de Srta. – Eu disse e sorri pra ele. Ele deu um fraco sorriso. Não podia perder a postura de segurança.
- Tudo bem. – Ele afirmou com a cabeça.
- E qual o seu nome? – Eu perguntei, procurando qualquer tipo crachá.
- Rob. – Ele afirmou. – Big Rob. – Completou.
- Big Rob? É, eu já faço ideia do por que. – Eu ri por poucos segundos.
- Me deixe ajudá-la com as malas. – Big Rob se aproximou e tirou as malas das minhas mãos.
- Obrigada. – Eu sorri, satisfeita.

A porta da casa foi aberta e eu estranhei aquele silêncio ao entrar na casa. Não que eu esperava que tivesse alguém ali, mas era estranho vê-la tão silenciosa. Big Rob colocou as malas dentro da casa e saiu educadamente. Ele não era algum tipo de segurança 24 horas, ele apenas fazia a segurança da casa e consequentemente de mim, mas ele não era algum tipo de empregado.

- É, estou em casa. – Eu suspirei longamente, olhando em volta.

Não foi fácil subir aquelas malas por aquela enorme escada. Sim, eu demorei algumas horas para arrumar as minhas roupas no guarda-roupa, que, aliás, era novo. Tudo naquele quarto era novo. Meus pais haviam comprado e mandado organizar. O quarto de tia Janice continuava intacto. Eu jamais mexeria nele. Meu quarto agora era o mesmo quarto em que eu havia dormido na última vez que estive ali, mas as outras camas foram trocadas por uma única cama, uma cama enorme por sinal.

Alguma dúvida de que minha mãe havia ligado? Eu tive que dizer umas 5 vezes pra ela que eu estava bem e que tudo havia dado certo. Eu havia colocado uma alta música para ouvir, enquanto arrumava as minhas coisas. Depois de terminar de arrumar as minhas coisas, dei uma volta pela casa. Passei pelo quarto da tia Janice e sorri ao ver que tudo estava do mesmo jeito que da última vez que eu havia visto. Me aproximei de uma de suas prateleiras e peguei o seu perfume. Tia Janice adorava aquele perfume. Eu me lembro até hoje de senti-lo toda vez que eu a via. Não havia tristeza. Eu só me lembrava de tia Janice sorrindo e brincando. Se lembrar dela nunca vai ser algo triste pra mim e sim, uma boa lembrança.

O quarto que os garotos ficaram da última vez também estava do mesmo jeito. As camas ainda estavam ali, a cama que havia dormido também estava. Ali sim havia tristeza. Tristeza por que eu queria tê-lo ali agora. Todos os cantos daquela casa me traziam recordações dele. Parecia havíamos brigado e nos agarrado em todos os lugares.

Desci as escadas novamente e passei pela sala. Lembrei de ver todos os meus amigos sentados naquele enorme sofá. Lembrei de todas as pizzas que comemos naquela mesa de jantar e de quantas comidas ruins preparamos naquela cozinha. Fui para o lado de fora da casa e encontrei a piscina. Eu e havíamos tido boas brigas ali. Meus amigos e eu até brincamos de briga de galo, lembra? Tudo parecia me deixar ainda mais nostálgica, mas nada se comparava ao que eu senti ao olhar o topo daquele gramado. Foi bem ali que eu e vimos o nascer do sol, enquanto tomávamos aquele chocolate quente que ele mesmo havia feito. O toque do meu celular atrapalhou meus pensamentos.

- Onde eu deixei? – Eu perguntei a mim mesma, depois de colocar as mãos no bolso. Acabei me lembrando de que havia deixado o celular na sala. Corri até lá e consegui atendê-lo a tempo. – Alô? – Eu perguntei, sem saber quem era. Não havia dado tempo de ver quem era no visor.
- Hey, . – sorriu instantaneamente ao ouvir a minha voz.
- É tão bom ouvir a sua voz. – Eu sorri feito boba, me jogando no sofá.
- Você não faz ideia do quanto é bom ouvir a sua voz também. – encarou o teto de seu quarto. – Você está bem? Foi tudo bem? – Ele estava preocupado.
- Foi tudo bem. – Eu afirmei. – Eu fiquei tão distraída com a sua caixa, que nem fiquei com medo do avião. – Eu disse e ele forçou uma risada.
- Sério? – Ele pareceu um pouco mais sem jeito ao me ouvir falar da caixa.
- Sério. Eu fiquei totalmente sem reação. Eu adorei.. – Eu fiquei um pouco mais séria. – Eu não acredito que guardou tudo durante todos esses anos. – Eu queria que ele falasse mais sobre aquilo.
- Eu sei o quanto está insegura com relação a nós e... – Ele ainda parecia sem jeito. – Eu não sei. Eu só achei que se visse aquelas coisas, você saberia que todo o tempo que eu já esperei, valeu a pena e que eu sei que agora não vai ser diferente. – explicou, sabendo que o próximo assunto seria o seu vídeo.
- Você... – Eu nem sabia o que dizer. – Você não existe, . – Eu completei. – Todas aquelas coisas acabaram comigo, mas aquele vídeo... – Eu neguei com a cabeça. – Aquele vídeo me destruiu, . – Eu finalizei, lembrando daquele vídeo com tristeza.
- O vídeo.. – hesitou por algum tempo. – Você tinha que saber daquilo, mas eu nunca tive coragem de te dizer pessoalmente. Então agora você sabe. – suspirou, sem saber exatamente qual seria a minha reação.
- Você estava certo. – Eu fiquei mais séria. – Se você tivesse dito, eu não teria vindo. – Eu disse e o coração de pesou ainda mais. Pesou ao me ouvir dizer que ficaria se ele tivesse me pedido. Ele já sabia, mas parecia bem mais torturante ter ouvido isso de mim.
- Não importa. – não queria mais se torturar por isso. – Você está ai agora e isso é tudo o que importa. – Ele completou, querendo mudar o foco do assunto.
- Sim, você está certo. – Eu também não queria mais drama.
- Então, como está indo? – perguntou, curioso para saber sobre as minhas primeiras horas em Nova York.
- Bem, eu já arrumei as minhas roupas, fiz um tour pela casa e conheci o segurança, Big Rob. – Eu disse, quase rindo ao citar o segurança.
- O segurança? – ficou imediatamente sério. – Como ele é? Se ele for bonito você volta pra casa hoje mesmo. – disse, dando o seu primeiro ataque de ciúmes a distância.
- Digamos que ele não tem o ‘Big’ no nome por acaso. – Eu disse, rindo.
- Sério? – começou a rir.
- E ele é bem mais velho e é tão sério, que deve ser impossível tirar um sorriso dele. – Eu expliquei e parecia estar achando engraçado.
- Certo, você me convenceu. – revirou os olhos e ainda sorria. – E amanhã? Está ansiosa? – Ele perguntou.
- Nessa primeira semana as aulas vão ser noturnas. Eles disseram que todos os calouros vão durante a noite pra evitar os trotes e pra conhecer a escola. – Eu expliquei, demonstrando o quanto achava aquilo estranho. Eu não estava adaptada aos costumes da capital.
- Justo essa semana que você vai estar sem carro? – voltou a ficar preocupado.
- É, eu sei. Minha mãe não dormirá a noite pensando nisso, mas eu me viro. Eu posso ir de taxi ou ônibus. – Eu disse, demonstrando que não estava preocupada com isso.
- É, mas é perigoso ficar andando de noite por Nova York. – Ele voltou a dizer daquele jeito sério.
- Eu sei que é, mas não é como se eu fosse parar no caminho pra conhecer as gangues de Nova York! Eu vou vir direto pra casa e, além disso, vai ter muitas pessoas saindo da universidade nesse mesmo horário. – Eu continuava tentando convencê-lo de que não havia motivos para se preocupar.
- Certo, certo! Eu sei que sabe cuidar de si mesma, mas tome cuidado. – pediu.
- Eu vou tomar cuidado. Não se preocupa. – Eu sorri, pois eu adorava vê-lo cuidando de mim.
- E quando o seu carro chega? – Ele perguntou, sabendo que quando eu estivesse com o carro eu estaria mais segura.
- Eu não sei. Meu pai disse que tem que resolver uns problemas de documentação, mas ele deve estar aqui no final de semana. – Eu expliquei. – Mas e você? Está ansioso pra amanhã? – Eu perguntei. Amanhã também seria o seu primeiro dia na faculdade e no novo emprego.
- Ansioso não é a palavra certa. – fez careta, enquanto ria em silêncio. – Eu estou curioso pra saber como é a faculdade, como é o trabalho, mas ansioso? Não. Eu não estou ansioso para ficar sem tempo e sem vida social. – Ele disse, me fazendo rir.
- É, eu entendo o que está dizendo. – Minha vida também não seria fácil nos próximos anos.
- Então, o que você vai fazer agora? – perguntou, curioso.
- Eu vou comer alguma coisa e dormir. – Eu disse, pensando no que poderia comer.
- Eu também vou fazer isso. Amanhã será um longo dia. – fez careta, já sentindo falta da vida boa que tinha.
- Então você me liga amanhã? – Eu perguntei com um fraco sorriso.
- É claro que eu ligo. – também sorriu fraco. – Ah! E eu já estava me esquecendo. – Ele disse, segurando a risada.
- O que? – Eu quis saber.
- Nada de saias e shorts curtos, vestidos ou decotes. – disse, tentando demonstrando autoridade na voz.
- Quer que eu esconda o rosto com um lenço também? – Eu entrei na brincadeira.
- Se for possível, seria ótimo! – não aguentou e riu.
- Eu já estava sentindo falta das suas brincadeirinhas idiotas. – Eu também ri.
- Brincadeirinha? Eu não estou brincando, . – Ele voltou a fazer voz grossa.
- ! – Eu revirei os olhos, ainda rindo.
- Ok, ok! Mas eu falei sério sobre os decotes e sobre as coisas curtas. – realmente falava sério sobre isso.
- Certo, eu entendi! – Eu suspirei longamente, mas adorei perceber o seu ciúmes. – E você, vê se para de dar uma de galã. – Era a minha vez de fazer as exigências.
- Eu não posso mudar quem eu sou, . – brincou só para me irritar.
- É, mas você pode parar de ficar dando esse sorriso pra todo mundo e de andar tão bem arrumado. – Todas as garotas da nossa escola elogiavam o estilo dele e o sorriso.
- É, eu vou reservar duas horas do meu dia pra fazer um curso de ‘Como ser menos irresistível’. – adorava me irritar só pra me ver com ciúmes.
- Eu estou falando sério, ! – Eu disse, irritada.
- É, eu sei. Desculpa, mas eu adoro ver você com ciúmes. – gargalhou.
- Eu não estou com ciúmes. – Eu me defendi, segurando o riso.
- Você nunca vai assumir, não é? Tudo bem, eu entendi! Eu vou tentar ser o menos encantador possível! Eu juro. – Ele disse o que eu queria ouvir.
- Obrigada. – Eu voltei a sorrir.
- Então, nos falamos amanhã? – Ele perguntou, ouvindo sua mãe chamá-lo pra jantar.
- Sim. – Eu afirmei, sabendo que desligaríamos a qualquer momento.
- Tudo bem, então boa noite e durma bem. – disse, olhando para a nossa foto, que estava em cima do criado-mudo.
- Boa noite e durma bem também. – Eu dei um sorriso fraco, que demonstrava a minha tristeza por não poder ouvi-lo dizer aquilo pessoalmente.
- E eu já estou sentindo a sua falta. – Ele fez uma cara triste, enquanto encarava o chão do quarto. A sua voz também demonstrava tristeza.
- Eu também estou, . – Eu fiquei ainda mais triste ao ouvi-lo dizer aquilo.
- Eu amo você. Não esquece. – disse de forma extremamente doce.
- Eu também amo você. – Eu respondi do jeito mais carinhoso que consegui e desliguei o celular.

Aquele telefonema havia me feito ficar mais segura com a nossa relação. A distância nunca é fácil, mas eu senti um grande alívio ao ouvir a voz dele pelo telefone. Eu não sei se conseguiríamos manter aquelas ligações por tanto tempo, mas eu não vou pensar nisso agora.

foi jantar com a família como havia me dito e depois voltou para o quarto. O telefonema também havia feito ele se sentir um pouco melhor e perceber que eu também estava bem conformada com a situação o fez ficar mais despreocupado. Ele assistiu um pouco de tv em seu quarto e sem que quisesse, voltou a dormir.

Eram 22hrs e eu ainda não havia jantado. Eu pedi uma pizza, mas ela só chegaria dali algum tempo. Aproveitei para tomar banho e trocar a roupa. Coloquei um shorts e uma blusinha preta. A pizza ainda não havia chego, então eu arrumei o meu material para o dia seguinte. Do quarto, ouvi o meu celular tocar novamente. Eu havia deixado ele na sala de novo! Desci as escadas correndo e consegui atendê-lo.

- Alô? – Eu perguntei para ver quem era.
- ! – Era a voz de .
- Oi ! Eu não esperava que ligasse. – Eu dei uma rápida risada.
- Foi tudo bem na viagem? – Ele perguntou, atencioso.
- Foi tudo bem sim. – Eu afirmei, curiosa para saber o que ele queria.
- Eu liguei porque quero conversar com você, já que é impossível falar com você pessoalmente! – disse como se fosse uma crítica.
- Eu sei! Você vem tentando falar comigo há um tempão! – Eu voltei a rir.
- Eu nunca encontrava você sozinha. – Ele explicou.
- Então é um segredo? Hm. – Eu disse, interessada.
- Não é um segredo. Quer dizer, é um segredo porque você será a primeira a saber. – disse apenas para me deixar mais curiosa.
- Então diga, que eu já estou curiosa. – Eu fiquei esperando ele dizer.
- Eu sei que está esperando coisa boa, mas não é. – preferiu me avisar.
- Certo, eu estou ouvindo. – Eu continuei esperando ele dizer. Eu estava colocando a mesa pro jantar, enquanto falava com ele.
- Eu... – Ele hesitou dizer.
- Fala ! – Eu o pressionei.
- Eu vou terminar com a . – Ele finalmente disse. Eu paralisei em frente ao armário da cozinha.
- Você o que?- Eu achei que não tivesse escutado bem.
- É isso mesmo. – reafirmou. – Eu gostava dela, sabe? Eu amava ela e eu tinha certeza de que era ela a garota certa, mas o jeito com que ela vem agindo. – hesitou por um tempo. – Eu não sei. Ela não é a mesma garota e eu não aguento mais esperar ela voltar a ser o que era. Eu nem sei se ela vai voltar. – disse, parecendo decepcionado.
- Você disse amava? – Eu perguntei, perplexa. – Quer dizer que não ama mais? – Eu perguntei.
- Eu acho que não. – negou com a cabeça. – Quer dizer, eu tenho um carinho por ela. Nós sempre fomos amigos, mas amar? Parece ser uma palavra muito forte agora. – explicou.
- , eu nem sei o que dizer. – Eu não sabia mesmo! Ele era doido por ela. – Ela mudou mesmo nos últimos tempos, mas eu não sabia que isso estava afetando tanto vocês. – Eu achei que o problema dela era só comigo.
- Ela está sempre mal humorada e não topa nada. – parecia irritado só em falar.
- Bem, você deve saber o que está fazendo. Se você disse que não ama mais ela, não tem porque você ficar sustentando isso. – Eu aconselhei.
- É por isso que eu queria falar com você. Eu não sei bem o que fazer. – parecia confuso.
- Diga a verdade a ela. Talvez ela queira mudar e até tente te reconquistar. Já que esse é o único motivo do término. – Eu disse, suspeitando. – Esse é o único motivo, né? – Eu perguntei, desconfiada. Será que tinha outra garota na jogada?
- Não, eu não estou com outra garota. Eu não tenho ninguém. Eu jamais trairia a . – Ele me tranquilizou.
- Ótimo. – Eu sorri, orgulhosa. – Então faça isso. Converse com ela. – Eu disse e logo depois ouvi a campainha tocar.
- O que é esse barulho? – perguntou, ouvindo algo tocar.
- É a campainha. A pizza deve ter chego. – Eu fui até o balcão e peguei o cartão que havia separado. O cartão que meus pais me deram para eu pagar as minhas despesas.
- Tudo bem, eu te ligo depois. Vai lá atender. – sabia que eu tinha que atender.
- Certo. Depois você me conta como foi. Boa sorte, amigo. – Eu disse carinhosamente.
- Obrigado, . Beijos. – Ele disse e esperou que eu respondesse.
- Beijos. – Eu disse e desliguei.

Eu corri colocar uma rasteirinha e depois corri até o meu quarto para pegar uma gorjeta na minha bolsa. Desci as escadas correndo novamente e fui até a porta. O entregador deveria estar querendo me matar por estar demorando tanto. Eu abri a porta e quando olhei quase cai dura. Mark estava bem ali na minha frente. Ao me ver, ele sorriu imediatamente.

- Vim dar boas-vindas pra minha nova vizinha. – Ele disse e voltou a sorrir. Certo, eu não posso negar que ele tem um belo sorriso.
- Oi Mark. – Eu forcei um sorriso, sem saber direito como reagir.
- Eu vi você descendo do taxi hoje. – Mark explicou. – Como está indo? – Ele perguntou com um fraco sorriso.
- Eu estou bem. – Eu ainda parecia perdida. Eu queria ser legal com ele, mas odiaria isso. – Entra. – Eu o convidei. Eu não seria tão mal educada!
- Licença. – Ele também foi educado.
- E você, está bem? – Eu estava pensando no que fazer.
- Estou. – Ele afirmou, percebendo que eu estava estranha. – Você demorou pra vir pra cá, que eu achei que tivesse desistido. – Mark brincou.
- Eu quase desisti mesmo. – Eu forcei novamente um sorriso, quando percebi ele olhar para a minha mão e ver a minha aliança de compromisso.
- Eu tenho certeza que sim. – Ele afirmou, sabendo que o motivo da minha quase desistência era o .
- Eu pensei em trazer algo pra comer. Eles costumam fazer isso nos filmes. – Ele riu. – Mas parece que você já tem planos. – Ele olhou para a mesa de jantar que eu já havia arrumado.
- É, eu estou esperando a pizza. – Eu expliquei, colocando uma das mãos no bolso do shorts. Se ele queria que eu o convidasse pra jantar comigo ele ficaria querendo.
- Eu não vou ficar tomando muito o seu tempo. – Mark percebeu que havia sido um pouco inconveniente. – Eu só vim aqui pra te dizer que se precisar de mim, qualquer coisa, eu estou bem aqui ao lado. – O riso voltou ao seu rosto. Ele parecia sem jeito.

O que eu devo fazer? mataria ele e eu se ao menos soubesse que ele havia ido até a minha casa. O meu relacionamento com o já estava tumultuado o suficiente para eu colocar mais alguém no meio disso. Estamos longe um do outro agora e as coisas entre nós devem ser mais calmas do que nunca. Eu não quero arranjar um motivo para brigarmos. Todo mundo sabe o quanto o sente ciúmes e odeia o Mark. Porque procurar mais problema?

- Mark, escuta. – Eu o olhei e depois encarei o chão, me preparando para dizer aquilo. – Eu sei que está tentando ser legal e me ajudar, mas... – Eu hesitei dizer e neguei com a cabeça.
- Mas o que? – Ele me olhou, sério. Mark já sabia do que se tratava, mas ele queria me ouvir dizer na sua cara. Ele não acreditava que eu ia dizer aquilo.
- Eu estou namorando o e todos nós sabemos o quanto ele odeia você. – Eu expliquei para finalmente chegar no ponto principal. – Eu não quero arrumar problemas com ele agora. Não agora que nós estamos tentando passar por esse momento turbulento. – Eu não sabia se havia sido clara.
- Então eu sou o problema? – Mark sorriu, incrédulo.
- Não, mas você será se continuarmos com isso. – Eu fui tão grossa, que já estava odiando a mim mesma.
- Eu entendi. – Mark mordeu o lábio inferior e sorriu, sem acreditar. – Você está certa! – Ele afirmou com a cabeça. Eu percebi o quanto ele ficou irritado.
- Mark, espera. Eu não queria.. – Eu ia dizer, mas ele interrompeu.
- Queria sim! Era exatamente o que você queria dizer e eu entendi. – Mark deu alguns passos pra trás, me olhando com indignação. – Eu não vou mais te incomodar e não se preocupe. Eu não vou ser um problema pro seu relacionamento. – Mark me olhou de um jeito tão sério, que eu nunca havia visto. Ele virou de costas e saiu, batendo a porta.
- Que droga. – Eu suspirei, me sentindo culpada.

Depois de ficar algum tempo me sentindo a pessoa mais ignorante do mundo, eu fui me conformando. Quer dizer, eu agi mal com o Mark, mas o meu namoro com o parecia ser prioridade no momento. Eu havia feito a coisa certa, apesar dos efeitos colaterais. Mark era um bom amigo e era bem próximo a tia Janice, mas eu não podia estragar tudo o que eu tenho com o por causa dele.

Depois de uns 15 minutos a pizza chegou. Foi muito empolgante sentar e comer sozinha naquela mesa enorme. Passei mais algum tempo vendo tv e depois subi pro meu quarto. Coloquei o pijama e deitei em minha cama. Dormi observando os porta-retratos que ficavam ao lado da minha cama. Ali haviam os meus pais e meu irmão, e meus amigos.


O despertador de tocou ás 7 da manhã. Primeiro dia na faculdade! Ele havia dormido muito no dia anterior, mas a preguiça ainda reinava. Ele levou alguns minutos para se levantar e foi direto para o banho, pois era o único jeito de aguentar aquele dia em que ele tinha tanta coisa pra fazer. Depois de sair do banho, foi se arrumar. Ficou muito feliz ao se lembrar que não precisava mais usar uniformes. Foi até o guarda-roupa e escolheu a roupa que usaria. Colocou uma camisa branca e depois colocou outra jeans por cima, deixando os botões abertos. A calça também era jeans e o tênis era preto. Não queria arrumar o cabelo, mas teve que arrumar, pois iria direto para o trabalho depois da faculdade.

- Bom dia, . – O pai de disse. Estava sentado na mesa, esperando pelo café. - Bom dia. – sorriu e se sentou ao seu lado.
- Nem acredito que é o seu primeiro dia na faculdade. – A mãe de disse, empolgada.
- Nem eu. – Ele disse com pouca empolgação.
- Bem vindo a vida dos adultos. – O pai de sorriu.
- Nem me fale. – sorriu e negou com a cabeça. Olhou pra mesa e depois para o relógio, vendo que não teria tempo para comer. - Eu acho que já vou indo. – não estava a fim de esperar pelo café.
- Mas você não vai tomar café? – A mãe dele o olhou, sem entender.
- Eu como na faculdade. Estou louco para conhecer as comidas daquele lugar. – sorriu e levantou-se da mesa.
- Eu tenho certeza que sim. – A mãe dele riu, pois conhecia o filho.
- Estou indo. – se aproximou e beijou o rosto da mãe.
- Boa sorte, filho. – Ela admirou o filho e viu o quanto havia feito um bom trabalho.
- Valeu. – sorriu rapidamente para mãe, afastando-se. – Tchau. – Ele se despediu e sua mãe e seu marido despediram-se.

A faculdade não ficava tão longe de casa, por isso ele demorou menos de 10 minutos para chegar até lá. Quando estacionou o carro, observou a quantidade de jovens que entravam na faculdade. Saiu do carro e seguiu a mesma direção que as pessoas. Elas deveriam saber onde era a entrada. Continuou a segui-los e passou por um enorme portão. Ficou até um pouco assustado ao ver o quanto aquilo era enorme. Havia um enorme pátio, que estava cheio de estudantes. Havia umas 10 escadas, que certamente levavam os alunos para as classes.

- Hey, bonitão! – ouviu alguém gritar e depois dar um tapa em sua costa.
- Eu sabia que você me acharia. – riu, ao virar-se e ver .
- Isso é loucura, cara. – olhou em volta.
- É, você está bonito e perfumado! Que loucura! – foi mexer no cabelo de e levou um tapa.
- Eu tenho que causar uma boa impressão para as nerds dessa escola. – disse, depois de rir do que havia dito.
- Nerds? E a ? Está maluco? – riu do amigo, achando que ele estava doido.
- Estou falando das outras nerds, cara. – revirou os olhos. Não queria nem ouvir falar na . – Já viu quantas gatas tem nesse lugar? Eu estou sonhando. – disse, olhando para os lados.
- Não, eu não vi. – arqueou a sobrancelha, achando que estava brincando com a sua cara. – Eu já tenho a minha nerd, lembra? – ergueu a mão e mostrou a aliança.
- Eu sinto muito por você, amigo. – deu alguns tapinhas no ombro de .
- Finalmente! – suspirou longamente. – Tem tanta gente que eu até me perdi nesse lugar. – fez careta.
- Eu nem sei mais por onde eu entrei. – brincou e ela riu.
- O que estão fazendo? – perguntou, percebendo que havia interrompido alguma conversa.
- Nós estamos.. – estava pensando em alguma desculpa para não comprometer .
- Eu estou admirando as garotas. Já viu quantas delas tem aqui? – sorriu falsamente pra . o olhou, como quem dissesse ‘Está maluco?’.
- Eu devo ter visto uma ou outra, enquanto eu observava os garotos. – também forçou o sorriso, dando o troco.
- Aposto que eles vão adorar se divertir com você. – foi sarcástico, referindo-se ao que havia lhe dito no dia seguinte. Ele ainda não havia superado.
- Isso é meio familiar pra mim, então já que eu já sei como isso vai terminar, acho que vou procurar a minha classe. – disse e os dois amigos fizeram cara feia. – Vejo vocês no intervalo. – sorriu e saiu, indo em direção ao grande quadro que mostrava qual a sala de cada aluno.

havia passado na casa de para que eles fossem juntos para a faculdade. Apesar dele não ter certeza sobre o seu curso, ele estava ansioso para conhecer o seu novo local de estudo. também estava muito empolgada. Aliás, ela devia ser a pessoa mais empolgada do mundo.

- Será que a sua sala fica perto da minha? – disse, depois de encontrar o número de sua sala naquele enorme mural.
- Deixa eu ver. – disse, analisando com dificuldade a lista de Engenharia. – Sala 14. – olhou a namorada com um bico.
- Fica bem longe da minha sala. – também fez bico.
- Mas fica ao lado da minha. – Uma voz disse e olhou para ver quem era.
- ! – ficou extremamente empolgado ao ver o amigo.
- Finalmente achei vocês. – revirou os olhos.
- Sua sala é perto da minha, então? – perguntou.
- Minha sala é a 15. – sorriu.
- Aposto que foi você quem fez eles te mudaram de sala só pra ficar perto de mim e não morrer de saudades. – brincou com o amigo, como sempre costumava fazer.
- Droga! Como você descobriu? – fingiu estar desapontado.
- Vocês estão ai comemorando que vão ficar próximos e eu vou ficar longe. – voltou a fazer bico.
- Awn, amor! Eu vou te levar até a sua sala todos os dias. – abraçou a namorada.
- Falando nisso, onde está a sua namorada, ? – perguntou, referindo-se a . – Ela não vai estudar? – completou a pergunta.
- Ela passou em uma faculdade de arquitetura. Fica bem perto da casa dela e nem é tão conhecida. – fez careta.
- Ela nem me contou! – disse, sem acreditar.
- Ela não contou pra ninguém. Só pra mim, eu acho. – não deu muita atenção. O assunto parecia não lhe interessar.
- Arquitetura? – fez careta. Nunca soube que interessava-se pela área.
- Pois é. Loucura, né? – ergueu os ombros.
- Vamos, . Eu vou te levar até a sua sala. – disse, ouvindo o sinal do inicio das aulas tocar. – , me espera aqui. – Ele pediu ao amigo.
- Então anda logo! – o apressou, sabendo que teria que ir logo para a sala.
- Já volto! – agarrou a mão de e a puxou. Só deu tempo de ela acenar para .

, e tiveram suas primeiras aulas na faculdade. Marcaram de se encontrar em um dos lugares do pátio durante o intervalo. já havia percebido que diversas garotas de sua sala ficavam olhando pra ele e ficavam conversando entre si. Pela primeira vez, ele não deu a mínima. Ele percebeu que aquilo só servia para melhorar a sua autoestima e nada mais. Ele se perguntava se aquelas garotas não haviam visto a sua aliança de compromisso. Parece que isso não era um problema pra elas.

- Eu demorei uns 3 minutos para encontrar o lugar que havíamos marcado. – disse, quando viu de costas.
- A minha sala fica aqui perto. Foi só por isso que achei tão rápido. – gargalhou.
- E a ? – procurou em volta.
- Olha quem eu encontrei pelos corredores. – Eles ouviram a voz de . Viraram-se para olhar e deram de cara com a Amber. estava ao seu lado.
- Amber. – forçou um sorriso.
- Oi garotos. – Amber parecia sem jeito. Sua última conversa com não havia terminado bem.
- Oi Amber. – respondeu, sem fazer questão de sorrir.
- Eu até tinha me esquecido de que você estudava aqui também. – puxou assunto, depois de um longo silêncio.
- Eu estava passando e ela me achou. – explicou, querendo mostrar que não tinha culpa por ela estar ali.
- Eu vou comprar alguma coisa pra comer. – olhou para uma das cantinas atrás de Amber e saiu. Amber revirou os olhos e depois olhou pra e .
- Eu vou falar com ele. – Ela disse e saiu correndo atrás dele.
- Qual o seu problema? Porque trouxe ela aqui? – olhou furiosamente pra . – Nós temos que mantê-la longe do , lembra? – arqueou a sobrancelha.
- Eu sei, mas ela me achou! Perguntou se eu sabia onde estava o . O que queria que eu dissesse? – defendeu-se.
- Isso ainda vai dar merda. – negou com a cabeça, sentando em uma das cadeiras de uma das mesas.
- Você está bravo comigo. – Amber disse, andando ao lado do em direção a cantina.
- Porque eu estaria? – nem a olhou, mas continuou andando. Parou em uma das cantinas. – Um refrigerante e um salgado. – Ele fez o pedido para uma das atendentes da cantina.
- ? – Amber o chamou, esperando que ele a olhasse.
- Obrigado. – sorriu pra atendente, depois de entregar o dinheiro e pegar o seu pedido. Ele voltou a andar em direção aos amigos.
- Dá pra olhar pra mim? – Amber entrou na frente dele e ele foi obrigado a parar.
- O que você quer, Amber? – olhou pra ela, demonstrando impaciência.
- Me desculpa pelo que eu disse pra aquele dia, ok? – Amber suspirou longamente.
- Era isso? – arqueou a sobrancelha. Não foi o suficiente pra ele.
- Você sabe o quanto ela me irrita. Você sabe que eu diria qualquer coisa para deixá-la furiosa. – Amber argumentou.
- Porque agiu como se ainda houvesse algo entre nós? Você sabia o quanto isso me causaria problemas. – negou com a cabeça, sem se conformar no que ela havia dito.
- Eu sei, eu sei! – Amber parecia arrependida. – Eu fui uma idiota. Eu só queria irritá-la, . – Amber disse com sinceridade.
- Mas ela é minha namorada agora. Eu não quero que a fique irritando e muito menos que me envolva nessa briguinha ridícula de vocês. – continuava sendo grosseiro.
- Eu sei! É por isso que eu estou me desculpando. Eu sei que eu fiz besteira e estou arrependida. – Amber olhou pra ele, esperando a sua resposta.
- Está mesmo? – queria ter certeza do que estava ouvindo.
- Estou! Eu quero que esqueçamos isso e voltamos a ser os amigos que sempre fomos. – Amber tinha medo de ouvir um não do amigo. – Vamos, por favor! – Amber forçou um sorriso exagerado, fazendo rir.
- Certo, certo. – revirou os olhos. – Mas deixa a fora disso. – deu a condição e ela afirmou com a cabeça.
- Pode deixar! Eu não quero nem falar mais nela. – Amber sorriu, quando viu sorrir também. – Estamos de volta! – Amber abraçou em um impulso. não pode abraçá-la, pois estava com as mãos ocupadas com o refrigerante e o salgado.
- Está todo mundo olhando. – falou baixo, vendo algumas pessoas olharem para eles fazendo careta. Amber terminou rapidamente o abraço.
- Foi mal. – Amber fez careta e riu.
- É o primeiro dia. Não vamos estragar a minha reputação tão cedo. – disse e Amber gargalhou.
- Deixa que eu te ajudo. – Amber pegou o refrigerante de sua mão.
- Valeu. – sorriu, podendo finalmente dar uma mordida em seu salgado.
- Então como foram as primeiras aulas? – Amber perguntou, enquanto eles andavam em direção ao e a .
- Foram legais. Eu gostei. – afirmou, sentando-se ao lado de . – E as suas? – perguntou, olhando pra Amber.
- Foram legais também. – Ela sorriu, feliz por ele ter perguntado.
- Do que estão falando? – perguntou, desconfiado da conversa.
- Sobre as aulas. Como foi a de vocês? – olhou para e . – Querem? – Ele ofereceu o salgado e todos recusaram.
- Foram legais. Eu amo direito, vocês sabem. – riu.
- E eu ainda não vi ninguém de roupas apertadas de ginásticas. – fez bico. – Mas tem muitas gatas na minha sala. – riu pro , demonstrando o quanto estava adorando aquele novo mundo. – É muita mulher bonita em um lugar só! Onde elas estavam esse tempo todo? – continuou falando para irritar .
- Procurando o seu cérebro, seu idiota. – revirou os olhos.
- Se o estivesse aqui, ele mandaria vocês calarem a boca. – disse, lembrando-se do amigo e cunhado.
- É a cara dele dizer isso. – Amber riu, imaginando o quanto aquela cena estaria irritando .
- Já está com saudades dele? – rolou os olhos.
- Que saudades o que! – fez careta pro amigo.

teve as ultimas aulas e depois foi direto para o seu primeiro dia de trabalho. Enquanto todos estudavam, eu dormia. Sim, aquela cama nova era o máximo! Além do mais, fazia algum tempo que eu não podia acordar tarde e na semana que vem eu não poderia mais ter esse privilégio, então eu estava aproveitando. Ouvi o meu celular vibrar sobre o criado-mudo e tive que abrir os olhos. Olhei no relógio e vi que eram quase 1 da tarde. Peguei o celular e sorri ao ver que era uma mensagem do .

‘Boa tarde, dorminhoca.

Estou saindo da faculdade agora e indo direto pro trabalho. Foi tudo bem, depois eu te conto. Só vamos poder nos falar quando você chegar da universidade. Então quando chegar, me liga. Eu vou ficar esperando.

Beijos e se cuida.

Te amo, linda.’

Eu adorava as mensagens carinhosas que ele me mandava. Sempre me faziam sorrir. Imaginei o quanto ele deveria estar correndo para chegar a tempo no trabalho e ele ainda arranjou um tempinho pra falar comigo. Esses pequenos gestos de carinho dele me deixavam abobalhada e ainda mais louca por ele.

‘Boa tarde, amor. Como sabia que eu estava dormindo? Eu sei! Era óbvio, né? haha

Estou MUITO ansiosa pra saber como foi o seu primeiro dia na faculdade e no trabalho. Eu ligo sim, pode deixar.

Te amo, não esquece.

Beijos.’

Depois de enviar a minha mensagem, me dei conta de que eu deveria levantar. Eu estava com fome e precisava pensar no faria pra almoçar. Desci até a cozinha e encontrei a geladeira cheia. Minha mãe pensou mesmo em tudo. Fui até a dispensa e peguei um macarrão qualquer. Era bem mais prático, já que eu teria que cozinhar só pra mim.

Eu não era a melhor cozinheira do mundo, mas o meu macarrão ficou bem comível. Depois de almoçar, passei a tarde sem fazer nada. Eu precisava arrumar um emprego logo. Não dava pra ficar o dia inteiro naquele tédio. Quando eram 5 horas da tarde, resolvi começar a me arrumar para a ir para a universidade.

ficou realmente impressionado com o trabalho. Parecia ser bem mais interessante do que ele pensava que seria. Também era muito bom ver o respeito que todos tinham com ele, já que ele era o filho de um dos sócios. Dali alguns anos, assumiria a controle da empresa. Quer dizer, se tudo continuar dando certo. Ele até conseguiu uma sala só pra ele. Ela era bem modesta, mas era uma sala.

- Você lembra muito o seu pai, . – Um dos sócios disse, ao vê-lo pela primeira vez.
- Não é a primeira vez que escuto isso. – sorriu fraco. Ele gostava quando o comparavam com o seu pai, que era e sempre foi um grande exemplo pra ele.
- Até o seu jeito de falar é igual ao dele. – O seu chefe e ex-sócio de seu pai disse.

A empresa em que trabalhava cuidava da publicidade na área de esportes. Eles basicamente criavam slogans e propagandas para os grandes centros de esportes. Sejam eles times, programas e produtos esportivos. só precisava ter ideias inovadoras e criativas para manter o seu emprego e conseguir crescer dentro da empresa.

Faltavam menos de uma hora para o inicio das aulas e eu já estava pronta. Eu havia colocado uma calça jeans, botas, uma blusinha e uma jaqueta de couro por cima. O cabelo estava arrumado e eu estava levemente maquiada. O taxi chegaria em poucos minutos, então eu me apressei ainda mais. Coloquei o relógio no pulso e coloquei a pulseira que meus amigos haviam me dado. Separei o dinheiro para o caso de eu ficar com fome e também, é claro, para pagar o taxi.

- Tchau, Big Rob. – Eu disse, passando pelo segurança na saída de casa.
- Até mais, Srta... – Ele ia dizer, mas lembrou-se do que havíamos combinado. – . – Ele corrigiu a si mesmo.
- Até. – Eu afirmei com a cabeça, sorrindo pra ele.

Não foi nem preciso passar o endereço para o motorista. Foi só dizer o nome da faculdade que ele já sabia para onde me levar. Ficava um pouco longe da minha casa, mas nada demais. Quando ele parou o carro e eu vi a universidade, eu paralisei. A universidade dos meus sonhos estava bem na minha frente.

- Moça? – O motorista olhou para trás, esperando eu pagar.
- Desculpe. – Eu ri, negando com a cabeça. – Aqui. – Eu entreguei o dinheiro e desci do carro.

Nem piscar eu conseguia. Eu não achava que fosse ficar tão feliz por estar ali. Comecei a andar em direção a portaria da universidade e passei pelos seguranças. Se não fosse parecer idiota, eu pararia ali na porta e ficaria olhando para aquela enorme universidade, que mais parecia um castelo. Tem noção do quanto eu sonhei estar ali? Quantas vezes eu idealizei aquele dia, aquele momento? É loucura.

- Meu Deus... – Eu suspirei, passando por uma das catracas.

Sou eu ou todo mundo parecia nerd? Tudo bem que era uma universidade muito concorrida, mas todo mundo? Não que eu estivesse procurando garotos bonitos ou patricinhas, mas é estranho. Procurei pela minha sala, já que eles já haviam mandado qual o número dela através de um email. Eu fiquei algumas horas andando por lá e só depois de 20 minutos encontrei a minha sala.

assistia tv e esperava eu ligar, como eu havia dito que faria. Ele havia combinado de jogar videogame com o , mas o meu irmão teve que desmarcar porque a queria ir ao shopping. até que não achou tão ruim, já que estava cansado. Mesmo assim, ele não dormiria até eu ligar. Até porque ele estava preocupado. Já havia tomado banho e jantado. Passava das 10 horas da noite. Eu deveria ligar a qualquer momento.

A última aula acabou e o sinal soou. Como eu esperava, não houve matéria alguma. Os professores que conhecemos apenas apresentaram a matéria e alguns coordenadores do curso nos apresentaram a universidade e suas regras. Eu ainda estava encantada com tudo. Era exatamente do jeito que eu e tia Janice achávamos que era. Nós sempre conversávamos sobre isso.

Não, eu ainda não fiz amigos. Algumas pessoas na sala já haviam feito amizades, mas eu não estava tão sociável naquele dia ou ninguém foi com a minha cara mesmo. Não importa. Eu estava ali para estudar, mas uma amiga não seria tão ruim, né? Fui em direção a saída e passei pela portaria. Havia diversos alunos saindo do estacionamento com os seus carros e outros entravam em alguns carros. Havia também alguns ônibus parados. Onde estavam os taxis? Quer dizer, eles não deviam estar passando ali por perto para atender os alunos?

- Licença. – Eu fui até um dos alunos, que parecia esperar um dos ônibus. – Você sabe me dizer qual desses ônibus passa no bairro ZP? – Eu disse, feliz por pelo menos ter decorado o nome do meu bairro.
- ZP? – O garoto me olhou, desconfiado.
- Sim. – Eu afirmei, sem entender.
- Bem, aquele ali passa. – Ele apontou com um dos dedos. Eu me virei para ver para qual dos ônibus ele apontava.
- Obrigada. – Eu agradeci e sai andando rapidamente, vendo que o motorista ligar o ônibus. Aquele mesmo ônibus que eu tinha que pegar.

Mesmo depois de ter que correr um pouco, eu consegui chegar a tempo. Subi no ônibus e o motorista me olhou, parecendo confuso. Paguei pela entrada e procurei por um acento. Quando eu olhei para as pessoas do ônibus, vi que havia 20 homens e umas 3 mulheres. Todos estavam me olhando pra minha cara e pareciam estar irritados. Esse pessoal de Nova York é bem mal educado.

Depois de me sentar ao lado de uma moça, comecei a prestar a atenção no lado de fora do ônibus, pois assim que eu visse algum lugar que eu conhecia, eu poderia descer. Fiquei aproximadamente meia-hora olhando pela janela do ônibus e nada em volta parecia familiar. Nova York é grande! O ônibus parou, assim como havia parado outras diversas vezes para que alguns passageiros descessem. Eu não me movi.

- Moça, você tem que descer. – O motorista virou-se para me olhar. Eu olhei pra ele para ver se ele estava falando comigo.
- O que? – Eu perguntei, pois queria ter certeza de que ele falava comigo.
- É o ponto final! Você tem que descer. – Ele apontou com a cabeça para o lado de fora do ônibus. Olhei pra trás e vi que não havia mais ninguém no ônibus.
- Descer? Mas.. – Eu voltei a olhar pela janela. – Eu ainda não cheguei onde eu queria. – Eu comecei a ficar preocupada. Onde eu estava?
- Pelo menos você deu uma boa volta de ônibus, não é? – Ele forçou um sorriso, que pareceu muito falso. – Desça. – O motorista voltou a dizer.
- Mas... – Eu ia argumentar, mas ele me interrompeu.
- Desça de uma vez ou eu mesmo te faço descer. – O motorista disse com extrema grosseria. Certo, agora eu me assustei. O cara estava me ameaçando! Era claro que eu ia descer.

O meu primeiro dia e eu já fui ameaçada. Devo ficar preocupada? Eu já estava um pouco assustada, mas era melhor descer e pedir informação para alguém. Eu desci do ônibus e o motorista fechou as portas e foi embora. Fiquei bem mais aliviada ao vê-lo indo embora. Olhei em volta e a rua parecia deserta. Eram 22:30! O que eu esperava?

- Isso não é nada bom. – Eu suspirei, vendo duas mulheres se aproximaram. Finalmente alguém para eu pedir informação! – Com licença, a senhora pode me dar uma informação? – Eu fui extremamente educada. Uma das moças me olhou de cima a baixo e pareceu me analisar.
- O que foi? – A mais velha se aproximou, fazendo cara feia.
- Onde eu estou? Que bairro é esse? – Eu perguntei de uma vez. Essa história de ser educada não estava dando certo.
- ZP, moça. – A mulher disse e riu para a amiga, que estava mais atrás. O que? Elas estavam rindo de mim? Tenho cara de palhaça?
- ZP? – Eu perguntei, olhando em volta. Aquele não podia ser o bairro em que eu morava. Eu não estava tão maluca e perdida assim.
- Zona Pesada, moça. – A mulher me olhou e negou com a cabeça. Meu coração parou naquele instante. As duas mulheres se afastaram rindo e eu não conseguia me mover.
- Zona Pesada? – Eu repeti em voz alta. A minha voz quase nem saiu. Minhas mãos começaram a tremer sem eu nem mesmo perceber. Olhei em volta e a rua continuava deserta. – Estou no bairro mais violento de Nova York. – Eu disse pra mim mesma. – Eu vou chorar. – Eu coloquei as mãos no rosto, sem saber o que fazer.

Eu nunca havia sentido tanto medo em toda a minha vida. As mãos continuavam tremendo e as pernas começaram a tremer. Eu estava esperando ser atingida por uma bala perdida a qualquer momento. É sério! Aquele era um dos bairros mais barra pesada de Nova York. Era conhecido no país todo por isso. Alguém me explica como eu consigo me meter nessas ciladas? ALGUEM ME EXPLICA!

- O que eu faço? – Eu estava perdida no meio do crime. Vamos manter a calma! Fiquei algum tempo pensando no que poderia fazer, quando comecei a ouvir vozes. – Ai não. – Eu quase tive um colapso. Olhei pro alto da subida e vi um grupo de homens se aproximando. Socorro, alguém me ajuda. – O que eu faaaaaaaaaaaaço? – Eu entrei em pânico, vendo que eu ainda estava parada no mesmo lugar. Eu não sabia se eu corria ou me escondia. Não dá pra correr. Minhas pernas tremiam mais que vara verde. Eu ia cair no meio do caminho e todos sabem o que acontece depois disso nos filmes de terror, né?

Depois de dar alguns passos em direção a um muro, corri e me escondi atrás dele. Os filmes de terror serviram pra alguma coisa, está vendo? Eu quase não estava respirando pra não fazer barulho. As vozes ficavam cada vez mais alta e o meu medo aumentava ainda mais. Fechei os olhos para tentar me acalmar. Aos poucos, as vozes foram diminuindo. Quando eu não conseguia mais ouvi-las, eu espiei, ainda atrás do muro e vi que a rua voltava a ficar deserta.

- Foda-se! Eu vou ter que fazer isso. – Eu peguei o celular e quase nem consegui digitar os números por causa da minha tremedeira.

Mark estava deitado em sua cama. Ele assistia um filme qualquer na tv e comia pipoca. Ele mesmo havia feito no micro-ondas. Sua mãe estava em algum lugar da casa, provavelmente dormindo. Seu celular começou a tocar e ele resolveu limpar as mãos que estava cheias e manteiga antes de atender. Quando olhou no visor do celular, sorriu. Ele pensou em não atender, mas ele estava tão curioso para saber o motivo da ligação que não resistiu.

- Problema falando. – Mark ironizou ao atender o telefone.
- MARK! – Eu fiquei tão feliz em ouvir a voz dele.
- Ligou errado? – Mark voltou a pegar pipoca com uma das mãos.
- Mark, eu preciso de ajuda. – Eu disse, sussurrando.
- Sério? E eu preciso dormir, mas estou muito ocupado vendo um filme sobre aliens na tv. – Mark disse, parecendo nem se importar. Ele estava muito bravo comigo.
- É, sério! – Eu revirei os olhos, vendo que ele estava tirando com a minha cara.
- O que você quer, ? – Mark perguntou novamente, impaciente.
- Eu preciso que me ajude! – Eu disse novamente.
- Verdade? Porque ontem você disse que não precisava de mim. – Mark continuava dizendo, achando que estava me dando o troco. Ele não está ajudando, droga!
- Mark, por favor, me ajuda. – Eu percebi que estava prestes a chorar. Eu estava muito assustada mesmo. Semana passada eu estava na minha casa, cercada de pessoas que estavam dispostas a me proteger. Eu estou sozinha agora. – Eu estou com medo. – Eu engoli o choro. Naquele minuto, Mark percebeu que algo muito sério estava acontecendo.
- O que aconteceu? – Mark ficou imediatamente sério.
- Eu estava voltando da faculdade e peguei o ônibus errado. – Eu expliquei, segurando as lágrimas e o desespero. – Eu estou sozinha e estou com medo. Mark, me ajuda. – Eu pedi novamente, achando que ainda tinha que convencê-lo.
- Fica calma, . – Mark estava muito preocupado agora. – Onde você está? Eu vou te buscar. – Mark se levantou de sua cama e começou a colocar o tênis.
- Estou na ZP. – Eu disse, fechando os olhos para tentar ficar mais calma.
- ONDE? – Mark quase gritou. Ele não podia ter escutado certo.
- Eu estou na Zona Pesada. – Eu repeti. – Apareceram uns caras e... – Eu hesitei dizer. – Eu estou com medo que eles voltem. – Eu voltei a espiar pelo muro.
- Ai é muito perigoso! – Mark estava assustado também. – Onde você está exatamente? – Mark quis saber.
- Eu estou escondida atrás de um muro. – Eu expliquei. – Mark, vem logo, por favor. – Eu implorei, segurando o choro.
- Presta a atenção, . – Mark disse, indo em direção a porta da sua casa. – Procure alguma placa com o nome da rua. Eu preciso saber exatamente onde você está. – Mark sabia que sem o nome da rua seria impossível me achar. Não dava pra ele ficar passeando pela ZP atrás de mim, muito menos naquele horário.
- Espera. – Eu voltei a olhar através do muro e vi que a rua continuava vazia. Sai detrás do muro e fui até o ponto de ônibus onde eu havia descido. Ao lado do ponto de ônibus, havia um enorme poste com o nome da rua. – Achei! Rua Oscar Bess. – Eu disse e voltei correndo pra trás do muro. – Tem um ponto de ônibus e tem um muro. Eu estou aqui atrás. – Eu expliquei para que não houvesse problema.
- Ok, entendi. – Mark disse, entrando em seu carro. – Estou saindo da minha casa agora e daqui a pouco eu chego ai. – Mark avisou.
- Mark, obrigada. – Eu suspirei, aliviada.
- Me agradeça depois. – Mark respondeu, ligando o carro. – Fica calma e não saia daí. – Ele pediu, tentando me acalmar.
- Eu vou ficar. – Eu disse e desliguei o celular.

Mesmo sabendo que o Mark estava vindo me buscar, eu ainda estava aterrorizada. Muita coisa ainda podia acontecer até ele chegar. Eu queria tanto chorar, mas isso faria barulho e eu não podia fazer barulho. Engoli o meu choro mais uma vez, enquanto sentia meus olhos encherem-se de lágrimas.

Mark estava desesperado! Ele sabia o quanto aquele lugar era perigoso e só em pensar que eu estava lá sozinha, ele pensava em dezenas de coisas que poderiam acontecer. Ele estava dirigindo o mais rápido que ele podia. O seu GPS o guiava até o local certo. Ele nunca havia nem chegado perto da ZP. Sua mãe o mataria se soubesse que ele estava ali, mas ele realmente não se importava. Ele não podia me deixar lá sozinha.

Os minutos pareciam não passar. Já haviam dado 15 minutos desde que eu tinha ligado pro Mark. Os 15 minutos mais longos de toda a minha vida. Eu nem tinha mais coragem de espiar através do muro. Minhas mãos suavam frio e meu corpo continuava tremendo por inteiro. Onde o Mark estava? Meu celular vibrou e eu olhei rapidamente para ver o que era.

‘Estou chegando. Fica pronta.’

Aquela mensagem foi a melhor coisa que eu li nos últimos dias. Passei as mãos pelos olhos para enxugar as lágrimas. Coloquei o celular em um dos bolsos da calça e voltei a espiar. Cadê o Mark? Aos poucos, consegui a enxergar o reflexo de um farol de carro, mas eu ainda não sairia dali até ter certeza de que era ele. Continuei observando e esperando. O carro parou em frente ao ponto de ônibus. Mark olhou para o tal muro, temendo que eu não estivesse mais ali.

- É ele. – Eu sorri e sai correndo em direção ao carro dele. Quando me viu, Mark ficou mais aliviado. Estava prestes a entrar no carro, quando vi um grupo de homens descendo a rua. Eu tive outro colapso. Entrei correndo pra dentro do carro, como se fosse uma fugitiva. – Vai, vamos logo. – Eu olhei pra trás e percebi que o grupo de homens olhava para o carro de Mark.
- Se segura. – Mark disse, acelerando tanto o carro, que até cantou pneu. Foi um grande alivio saber que eu estava em um local seguro.
- Graças a Deus... – Eu suspirei longamente. Eu não pararia de tremer tão cedo.
- Como você veio parar aqui? – Mark me olhou, curioso.
- Me falaram que o ônibus vinha pra ZP e eu achei que era Zona Premium. – Eu expliquei e Mark imediatamente começou a rir. – Do que está rindo? – Eu o olhei, furiosa.
- Você é maluca! – Mark negou com a cabeça, sem acreditar.
- Eu não sabia! – Eu me defendi.
- Você desceu no ponto final da ZP e não percebeu? – Mark ainda ria. – Esse lugar realmente se parece com o nosso bairro. – Ele continuava brincando.
- Dá pra parar de rir? – Eu estava ficando furiosa. Eu estava morrendo de medo e ele estava rindo da minha cara?
- Tudo bem, desculpe. – Mark se esforçou para ficar sério.
- Que pesadelo. – Eu suspirei, olhando para fora do carro.
- Posso fazer uma pergunta? – Mark virou o seu rosto para me olhar.
- Faça. – Eu olhei pra ele. Ele tinha o direito de fazer quantas perguntas quisesse.
- Como vai explicar pro seu namorado que o problema aqui salvou a sua vida? – Mark continuava dando indiretas sobre o que eu havia lhe dito no dia anterior.
- Eu falo com ele. Ele vai entender. – Eu disse, mesmo não tendo certeza do que dizia.
- Eu duvido! – Mark negou com a cabeça, prestando a atenção no trânsito. Olhei pra ele e voltei a me arrepender do que havia feito no dia anterior.
- Certo. – Eu rolei os olhos. – Vamos, diga. Diga o quanto você está feliz por eu ter pedido a sua ajuda depois do que eu te disse ontem. – Eu cruzei os braços, sabendo que ele ficaria me torturando com isso.
- Não. – Mark afirmou e depois me olhou. – Acha que eu estou feliz por ter arriscado a sua vida? Quem você acha que eu sou? – Mark parecia ofendido com o que eu havia dito.
- Então não está bravo? – Eu me senti um pouco melhor, achando que ele não estava mais bravo.
- Bravo? Por qual motivo exatamente? Por ter sido grossa e estúpida ou por ter se tornado essa pessoa? – Mark não deixou de ficar sério nenhum minuto. Ele estava mesmo falando sério.
- Me tornado essa pessoa? Do que você está falando? – Eu não fazia ideia do que ele queria dizer.
- Esquece. – Ele voltou a negar com a cabeça.

O que ele quis dizer com aquilo? Eu sou a mesma pessoa! Ele é quem está ficando maluco. Eu posso ter sido grossa e estúpida, eu assumo. Eu poderia ter dito aquelas coisas de forma mais educada, mas dizer que eu mudei? Eu não mudei. Talvez eu tenha amadurecido, mas eu não mudei. Certo, isso está me deixando maluca. O carro estava silencioso e eu ficava pensando o que diabos ele quis dizer com aquilo. O carro parou e eu percebi que estávamos em frente a minha casa.

- Chegamos. – Mark disse, me olhando.
- Mark... – Eu ia dizer alguma coisa. Ia agradecer pelo que ele havia feito, mas ele me interrompeu.
- Não. – Mark afirmou, sério.
- Eu só quero agradecer pelo que fez. – Eu estava me sentindo muito mal só em ver aquele olhar de decepção.
- Tudo bem, não precisa. – Mark negou com a cabeça com um fraco sorriso.
- É claro que preciso. – Eu soltei o cinto de segurança, me aproximei e o abracei. Eu juro que não teve nada de romântico naquele abraço. Na verdade, era um daqueles abraços fraternais.

Adivinha? Aquele abraço parecia não ter o mesmo significado pro Mark. O seu coração quase saiu pela boca, quando eu o abracei. Naquele momento ele percebeu que os sentimentos dele por mim não haviam ido embora, pelo contrário, eles estavam mais vivos do que nunca. Acontece que Mark também não era hipócrita. Ele sabia que não havia nenhuma chance comigo. Apesar de não suportar , ele respeitava muito o meu relacionamento com ele e ele não seria mais um problema de jeito algum. Além disso, ele estava decepcionado comigo.

- Obrigada, mesmo! – Eu disse e me afastei novamente para olhar em seu rosto.
- Certo. – Mark me olhou, demonstrando frieza. – Agora que você não precisa mais de mim, você pode voltar pra casa. – Ele apontou com a cabeça para a minha casa. - Você finge que é legal comigo pro caso de um dia precisar de mim de novo e eu finjo que acredito. – Mark afirmou e voltou a olhar para frente. Certo, ele me quebrou naquele momento.
- Eu sinto muito, Mark. – Eu voltei a me desculpar, já que agora eu me sentia a pior pessoa do mundo. É o meu primeiro dia na cidade e ele vai e me coloca no meu lugar. Isso é loucura.
- Eu não. – Ele afirmou e abaixou o freio de mão, demonstrando que queria ir embora.
- Porque não? – Eu não havia entendido onde ele estava querendo chegar. Eu estava me desculpando!
- Porque se você não tivesse me dito aquelas coisas, eu continuaria vivendo a ilusão de que você era quem eu pensava que fosse. – Ele dizia tudo com uma frieza, que me deixava sem reação.
- Está tentando me dizer alguma coisa? – Eu me irritei. Porque ele não falava de uma vez. – Que pessoa eu me tornei? Que pessoa você achava que eu fosse? – Eu insisti na pergunta que ele não quis responder antes.
- Aquela garota que veio visitar a tia há alguns meses atrás. Aquela garota que nem mesmo me conhecia, mas mesmo assim sorriu e foi incrivelmente legal e encantadora, não era a mesma garota que eu vi chegar naquele taxi, ontem. – Mark finalmente me olhou. – O pouco tempo que eu passei com você eu já pude perceber o tipo de garota que você era. A que eu conhecia jamais deixaria um garoto controlar a sua vida do jeito que está deixando fazer e você sabe disso. Você sabe. – Mark colocou primeira marcha no carro e acelerou o carro. – Boa noite, . – Ele disse, praticamente me expulsando do carro.

Eu normalmente ficaria furiosa e daria alguma resposta a altura, mas não havia resposta a altura. Dizem que a verdade dói e agora isso faz todo o sentido pra mim. Não era como se fosse uma má influencia pra mim. Não é nada disso! É só que eu nunca me importei com isso, entende? Eu nunca fiquei controlando meus amigos por causa de um namorado, por causa do que o meu namorado ia achar. me ama do jeito que eu sou e isso inclui os meus amigos. Isso inclui o meu jeito de ser amiga de todos. Amigo. Era exatamente isso que Mark havia mostrado ser naquela noite.

- Boa noite. – Eu sai do carro, pensativa. Eu desci e ele nem ao menos esperou que eu entrasse. Saiu com o carro e entrou na garagem ao lado. Observei a cena e percebi que ele devia estar muito, mas muito bravo comigo e ele tinha razão.
- Boa noite, . – Big Rob disse, enquanto eu passava por ele. Big Rob estava em frente a casa, como sempre. Havia um pequeno quartinho pra ele. Parecia que ele estava me esperando chegar.
- Oi, Big Rob. – Eu sorri pra ele, sem dar tanto atenção.

continuava deitado em sua cama. A tv continuava ligada, mas ele havia cochilado. O seu celular continuava ao lado de sua cama para que quando tocasse, ele ouvisse. O volume da tv estava bem alto e quando começou um tiroteio qualquer no filme que estava passando, acordou assustado.

- Que droga. – Ele resmungou, ainda recuperando-se do susto. Ele pegou o controle e abaixou o volume. Irritou-se ao perceber que havia cochilado. Eu provavelmente já deveria ter ligado e ele não ouviu. Pegou o celular e viu que não havia nenhuma chamada perdida. Olhou para o relógio e levou um susto. – 23 horas? – ficou imediatamente preocupado. Já era bem tarde e eu ainda não havia ligado. Já era pra eu ter chego em casa e isso deixava ele ainda mais preocupado. começou a digitar rapidamente o número do meu celular. Se eu não ligava, ele ligaria.

Mark já havia estacionado o carro na garagem de sua casa e também havia desligado o carro. Ficou extremamente feliz por ver pela janela que a luz do quarto de sua mãe continuava apagada. Isso quer dizer que ela não havia acordado e isso também queria dizer que ele não levaria bronca. Saiu do carro e o travou. Virou-se de costas, indo em direção a porta da casa e começou a ouvir um barulho.

- Que barulho é esse? – Ele disse em um sussurro. Ficou em silêncio para ouvir de onde vinha o barulho e percebeu que vinha de dentro do carro. Também percebeu que era o toque de um celular. Colocou a mão em seu bolso e sentiu que o seu celular estava ali. – Um dos idiotas esqueceu o celular de novo! – Mark revirou os olhos, destravando o carro. As vezes ele dava carona para os amigos da faculdade e eles viviam esquecendo o celular em seu carro. Entrou no carro e começou a procurar pelo celular, que insistia em tocar. – Cadê? – Ele não conseguia achar. Depois de algum tempo procurando, encontrou embaixo do banco do passageiro. O telefone estava tocando a tanto tempo, que ele atendeu em um impulso, sem nem mesmo ver quem era. – Alô? – Mark disse, esperando ouvir a voz de um dos amigos. Sempre que eles perdiam o celular, ligavam pra saber com quem estava. Era normal.
- Mark? – ficou extremamente surpreso. Cerrou os olhos e sentiu seu sangue subir no mesmo instante. – O que diabos está fazendo com o celular da minha namorada? – perguntou, se segurando para não começar a xingá-lo de todos os palavrões possíveis.













CONTINUA...









Nota da Autora: 


Hey! Então, eu espero que estejam gostando da fanfic. Está dando muito trabalho, mas eu estou AMANDO escrevê-la. Eu me inspirei em uma outra fanfic que eu li e fiz as minhas MUITAS alterações (com a autorização da autora da mesma). Como vocês já perceberam, ela está em andamento. Eu vou postar de acordo com o que eu for escrevendo. 

Vocês devem ter percebido que nessa fanfic, os Jonas não são tão 'politicamente corretos' e nem tem uma banda. Eu achei legal fazer uma coisa diferente.

Enfim, deixe o seu comentário aqui embaixo. A sua opinião é importante, pois me incentiva a escrever ainda mais e mais.

Beijos e qualquer coisa e erro, mandem reply pra mim lá no @jonasnobrasil . 


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