Capítulo 48 ao 50




Capítulo 48 – Quarto 20



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





- Você viu... ele? – Eu senti o meu corpo gelar. Eu não sei muito bem como lidar com isso, porque eu não sei como o Mark vai lidar com isso. Eu não sabia se ele estava bravo ou se estava apenas inseguro. Eu precisava que ele dissesse mais alguma coisa. Qualquer coisa!
- Porque você está tão nervosa? – Mark me analisou, sério.
- Nervosa? – Eu sorri com um certo nervosismo.
- Você não queria que eu soubesse? – Mark questionou, me colocando sobre pressão. O sorriso foi desaparecendo aos poucos do meu rosto. Eu olhei fixamente para o rosto dele, esperando encontrar qualquer vestígio daquela doçura e daquele carinho que ele costumava ter nos olhos quando me olhava. Não havia nada. – Você não ia me contar, não é? – Ele disse em tom de desaprovação. A pergunta dele me fez odiar ainda mais o por ter me colocado naquela situação novamente. Neguei com a cabeça e virei de costas para o Mark, porque eu simplesmente não conseguia acreditar que já estava começando a estragar tudo o que eu tenho tentado construir nesses últimos meses. – É claro que não ia. – Mark sorriu com ironia, depois de ver aquela minha atitude que praticamente havia respondido a sua pergunta.
- Não, eu não ia! – Eu disse ainda de costas. Levei uma das minhas mãos até a cabeça e fechei os olhos por poucos segundos. Eu estava me xingando mentalmente, porque eu não conseguia aceitar que eu estava permitindo que o interferisse novamente na minha vida. Eu não acredito! – Eu não ia te contar. – Eu me virei para voltar a olhá-lo, assim que eu voltei a abrir os olhos. – Eu não ia te contar porque simplesmente não teve importância. Eu não tinha motivo algum para te contar isso! – Eu dei alguns passos na direção de Mark.
- Não teve importância? Foi por isso que você quis ir embora tão cedo da boate? Foi por isso que veio o caminho todo muda? Porque não teve importância? – Os olhos fixos e o jeito sério não davam trégua nem por um segundo.
- Foi porque eu sabia que você ia ficar assim! Eu sabia! – Eu me expliquei, mesmo estando ciente que não era preciso, porque eu e Mark não estamos em um relacionamento. Pelo menos, não oficialmente.
- Sabia que eu estava curioso? Eu estava curioso pra saber qual seria a sua reação quando isso acontecesse. Porque eu sabia que em alguma hora ia acontecer. – Mark suspirou longamente.
- E? – Eu abri os braços.
- Olha pra você! Você está surtando! Você está surtando e está tentando esconder isso de mim e de você! – Mark disse com um sorriso triste.
- Está bem! Você quer a verdade? Eu vou ver honesta com você! – Eu dei mais alguns passos na direção dele. Eu estava começando a falar de forma mais grosseira. – Eu estou surtando! Eu estou surtando porque, assim como todas as outras garotas, eu não gosto de reencontrar o meu ex-namorado! Eu estou surtando porque mesmo sem eu permitir, o imbecil do meu ex-namorado continua complicando a droga da minha vida! Eu estou surtando pra caralho, porque nós estamos prestes a ter a nossa primeira briga por causa daquele babaca! Eu... – Eu fiz uma breve pausa para me acalmar. – Eu estou surtando sim, porque mesmo sabendo tudo o que ele fez, você ainda acha que eu vou te deixar pra ficar pra ele. – Eu o encarei, séria. – Você está tão errado. – Eu neguei com a cabeça, sem tirar os meus olhos dele.
- Não é tão simples quanto você pensa. – Mark rolou os olhos. – Não é simples quando você sabe o quão forte e... grande foi o que vocês viveram. Não é simples quando se trata do cara por quem você esperava há alguns meses atrás. – Ele tentou não demonstrar tanto sentimento em suas frases, mas foi impossível.
- Você está certo. – Eu afirmei com cabeça. – Foi forte e grande, mas hoje é só... passado. Quem se importa? – Eu revirei os olhos.
- Eu me importo! Eu me importo por que... isso me assusta para caramba. – Depois de dar um discreto sorriso, ele abaixou o seu rosto e encarou o chão.
- Ei... – Eu me aproximei ainda mais e toquei o seu rosto com as duas mãos. – Não há motivos para ter medo. – Eu olhei dentro de seus olhos. – Eu estou com você! Você! – Eu fiz questão de afirmar.
- Não... – Mark negou com a cabeça. – Quer saber? Eu entendo se você quiser um tempo pra pensar, ver o que você realmente quer e... – Ele ergueu os ombros.
- Não... para. – Eu neguei incessantemente com a cabeça.
- É sério! Tudo bem se... – Mark insistiu, mas eu o interrompi.
- Mark! – Eu jamais permitiria que ele continuasse com aquela besteira. – Eu não preciso de tempo! Eu não quero pensar no que eu quero, porque eu já sei o que eu quero. Eu já tenho o que eu quero! – Eu continuei olhando em seus olhos.
- Não, . Eu... – Mark continuou com aquilo. Ele não queria me pressionar de forma alguma e nem queria que eu me sentisse na obrigação de ficar ao lado dele. Acontece que aquilo não fazia o menor sentido pra mim. Eu não preciso que ninguém tome as decisões por mim e eu precisava mostrar isso a ele. Foi então que eu o beijei e não deixei que ele falasse por um bom tempo. Não tinha argumento melhor que aquele. O beijo foi aprofundado e ficou mais do que claro que ele havia entendido o que eu queria dizer.
Mesmo com todo o nervosismo que eu sentia e com aquele nó insuportável na garganta, eu estava feliz por estar nos braços do Mark novamente. Eu estava feliz por estar com um cara que jamais me machucaria e que nunca havia me decepcionado. Eu estava bem, porque ele me fazia bem. Com o Mark eu sempre tinha certeza de que tudo ia acabar bem. Ontem, hoje e amanhã. Nós sempre vamos estar bem se estivermos juntos. Mark não trás riscos a minha felicidade e isso é algo raro.
- Eu estou com você. Eu quero ficar com você. – Eu repeti em um sussurro, assim que nossos lábios se descolaram. Meus olhos ainda estavam fechados e ele abriu os dele.
- Eu quero ficar com você. – Mark repetiu a minha frase e me viu abrir lentamente os olhos. Um fraco sorriso surgiu em seu rosto e uma de suas mãos subiu até o meu rosto e o acariciou.
- Não precisa ter medo. – Eu também sorri, levando uma das minhas mãos até o seu rosto e subindo ela até o seu cabelo, onde eu acariciei sem bagunçar o seu penteado. – Você está a salvo comigo. – Eu pisquei um dos olhos e o sorriso dele aumentou.
- Toda vez que eu penso que não tem como eu gostar mais de você, você começa a dizer essas coisas. – Mark disse com uma doçura inigualável. Toda aquela doçura me despertou a vontade de ser honesta com ele.
- Eu quero te contar o que aconteceu. – Eu disse, ficando um pouco mais séria. Mark disfarçou, mas ele ficou um pouco frustrado quando não recebeu a resposta que ele esperava ouvir depois do que havia dito. Ele esperava que eu dissesse que eu também gosto dele. Ele queria saber se era mesmo mútuo quanto ele desejava que fosse.
- Não precisa. Eu não quero saber. – Mark negou com a cabeça. Ele não queria ter que ficar ouvindo qualquer coisa que tivesse relação com o .
- Eu quero que você saiba, porque eu sinto como se estivesse escondendo de você. Eu quero ser honesta... com você. – Eu afirmei, olhando para o seu rosto. Estávamos próximos, mas não tanto quanto antes.
- Se você faz questão. – Mark ergueu os ombros.
- Nós... – Eu não sabia como dizer sem demonstrar tantas emoções. – Nós nos vimos de longe e a primeira coisa que eu quis fazer era sair correndo dali. Eu e a Meg fomos ao banheiro. – Eu pausei. – Eu queria evitar qualquer aproximação. Eu me afastei de onde ele estava e Meg foi te chamar. Foi ai que... – Eu rolei os olhos. – Ele apareceu ao meu lado. – Eu completei. O olhar de Mark até mudou.
- Vocês conversaram? – Mark tentou se conter. Ele não queria demonstrar ciúmes.
- Foi a coisa mais estranha. – Eu sorri com uma certa ironia. – Nós parecíamos dois... estranhos. Foi como se eu não o conhecesse mais. – Eu sem querer acabei dizendo aquilo com uma voz de pesar. – Enfim, nós... – Eu me recuperei. – Nós falamos sobre a faculdade, sobre o trabalho. Parecia que eu estava contando as novidades pra um parente distante que eu não vejo há anos. – Eu rolei os olhos.
- O que ele está fazendo aqui? – Mark questionou.
- Ele disse que veio a trabalho. – Eu respondi sem dar muita importância. – Foi isso. – Eu voltei ao que eu dizia. – Foi patético e irrelevante. – Eu ergui os ombros. – Não teve importância. – Eu reafirmei para que ele não se esquecesse daquilo tão cedo.
- Eu não quero que se sinta presa a mim. – Mark explicou os seus motivos.
- Presa a você? – Eu repeti e reprimi um sorriso. – Ops, tarde demais. – Eu mordi o lábio inferior e ele riu sem emitir som.
- Sério mesmo? – Mark queria ter certeza de que eu sabia o que estava fazendo.
- Mesmo. – Eu afirmei com a cabeça, me aproximando e apoiando os meus braços em seus ombros. Nos olhamos de perto e o sorriso dele foi interrompido por um beijo, que não foi longo.
- Tudo bem, então? – Eu perguntei ao interromper o beijo. Ele afirmou com a cabeça com um sorriso bobo no rosto.
- Tente perguntar isso antes de nos beijarmos na próxima vez, ok? – Mark brincou e eu rolei os olhos. – Bem, eu acho que já vou indo. Você trabalhou hoje e deve estar cansada. – Ele analisou bem.
- Só um pouco. – Eu fiz careta. – Mas se quiser ficar... – Eu propus. Eu não queria que ele achasse que eu estava aliviada por ele ir embora.
- Não. – Mark negou com a cabeça. – Não vou mais ocupar o seu tempo. Eu já aproveitei demais hoje. – Ele sabia que eu estava extremamente cansada naquele dia, mas mesmo assim eu fui até a boate por causa dele.
- É claro que não. – Eu sorri fraco.
- Você me liga amanhã? – Mark perguntou antes de começar a se afastar.
- Eu... – Eu fiz cara de pensativa. – Eu vou ter que pensar nisso. – Eu brinquei e ele gargalhou.
- Entendi. – Mark continuou rindo. Eu voltei a me aproximar dele. Eu deveria acompanhá-lo até a porta, não é?
- Vejo você amanhã. – Eu olhei pra ele, que já estava do outro lado da porta.
- Ok. – Mark voltou a dizer daquele jeito fofo, que me fez querer beijá-lo só mais uma vez. Ele é adorável e eu tenho tanta sorte em tê-lo.
- Boa noite. – Eu disse, depois de selar os lábios dele.
- Boa noite, . – Mark disse daquele jeito abobalhado, que ele só ficava depois de um beijo. Já disse que eu adoro quando ele me chama de ‘’? Ele virou-se de costas e eu o observei por um tempo antes de fechar a porta.

Finalmente sozinha! Eu não tenho que fingir estar bem e nem poupar surtos agora. Ao fechar a porta, eu a encarei por um tempo. Fiquei parada, pois ainda não sabia o que pensar. Eu devo gritar? Socar a porta? Chorar até secar? Nada. Eu não conseguia fazer nada. Levei uma das minhas mãos até o meu rosto e subi até o cabelo, onde entrelacei os meus dedos. É muito para processar. É muito para sentir de novo. Sentir tudo aquilo de novo ao vê-lo foi a coisa mais assustadora do mundo. Esses sentimentos deveriam ter sido deletados. Eu não queria e não pretendia senti-los de novo e o estar envolvido nisso só torna tudo mil vezes pior. Quem dera o meu problema fosse o fato de sentir aquela avalanche de sentimentos por um cara que não é um babaca e que não quebrou o meu coração da pior maneira possível. Quem dera não fosse pelo meu ex-namorado.

Quer saber? Isso não deveria ter me afetado tanto. Qual é o problema comigo? É o ! O cara que dizia que me amava e que me traiu com a garota mais desprezível do mundo. Porque eu estou perdendo o meu tempo com esse babaca? Suspirei longamente, enquanto andava em direção a escada da minha casa. Mais uma vez eu estava fingindo que não me importava. Subi alguns degraus e parei quase que no meio da escada. Quem eu quero enganar? Abaixei a cabeça e encarei o chão por alguns segundos. Encostei o meu corpo na parede e deslizei até conseguir me sentar em um dos degraus.

- Isso não pode estar acontecendo comigo. – Eu neguei com a cabeça e em seguida, fechei os olhos. Mesmo com os olhos fechados, a única coisa que eu conseguia ver era ele. Eu juro que eu não conseguia esquecer aquela primeira imagem dele, quando nos vimos depois de meses. Naquele momento eu já soube que ele já não era mais o mesmo. Ele não precisou fazer ou dizer nada. Eu soube!

Mesmo notando a mudança, não foi isso o que mais me chamou atenção. O que mais me intrigou era o fato dele estar ali. O que ele veio fazer em Nova York? Foi só nisso que eu pensei depois de vê-lo ali. Eu temia que o motivo fosse eu. Como eu temia que ele estivesse ali para fazer o que eu tanto esperei que ele fizesse. Eu temia porque agora parecia tarde demais. Eu temia porque agora eu não estou mais sozinha.

Ainda sentada, eu me perguntava por que isso tinha tanta importância. O fato de eu vê-lo deveria ter mexido tanto comigo? Eu deveria mesmo estar pensando nisso ainda? Talvez seja o que dizem. O primeiro amor pode ser passado, mas ele sempre vai continuar destruindo o seu presente. O destruiu o meu dia e o meu final de semana, que estava apenas começando. Como ele ousa?

Nada disso importa. Não é sobre ele ter mudado, não é sobre ele ter sido o meu primeiro amor e também não é sobre o meu final de semana. É sobre como eu me senti. Essa é a parte mais complicada e é a que eu mais evito pensar. Não conte a ninguém, mas... o meu coração disparou, minhas pernas bambearam, minhas mãos suaram frio e eu senti de novo aquele sentimento inexplicável assim como acontecia todas as vezes que eu o via. Eu não queria ter sentido nada. Eu não quero sentir nada, porque só eu sei o quanto isso é perigoso.

Impressionante como ele consegue provocar toda essa confusão dentro de mim logo em seu primeiro dia em Nova York. Aquela conversa que tivemos foi perturbadora. Foi como se não nos conhecêssemos mais. Foi como se nós fossemos dois estranhos. Honestamente, o modo como agimos me deixou um pouco mais aliviada, assim como vê-lo beijar todas aquelas garotas. Eu precisava de motivos para tornar aquele reencontro mais irrelevante do que eu temia que fosse e havia me dado todos esses motivos. Ele havia me dado motivos para concluir que o nosso tempo havia passado e que nunca mais seriamos os mesmos. Isso me confortou e me deixou menos desesperada com o que poderia ser o renascimento daquele amor.

A reação de foi um pouco mais explosiva que a minha, mas ele tinha os seus motivos, ou melhor, ele tinha o melhor motivo de todos: o Mark. Ele pensava que eu o tinha traído e o fato de eu ter feito isso com o Mark tornava tudo mil vezes pior e fazia com que ele se sentisse mil vezes mais idiota. Se antes ele já estava irritado com tudo isso, agora ele está... puto! Ele está puto porque ele perdeu a garota que ele amava para um idiota. Ele jamais superaria aquela rasteira que eu havia lhe dado da pior maneira possível.

No caminho para casa, estava inquieto. Foi a primeira vez desde que nós ficamos juntos que ele me viu ser beijada por outro cara. Mesmo não querendo assumir, ele havia odiado ver aquilo. A vontade de voar no pescoço do Mark nunca foi tão grande e não era só pelo beijo, mas por ele ter sido o cara que havia roubado a sua garota. O ódio pelo Mark só não era maior que o ódio que ele sentia por mim, mas felizmente (ou não), ele não me deixou saber disso.

Eu tinha plena consciência de que tudo entre nós havia acabado e eu sou grata ao por ter deixado tudo isso bem claro naquela noite, mas o não teve a mesma felicidade. Ele sabia que ele se importava. Ele sabia que a vontade dele de quebrar a cara do Mark não era nada normal. Ele sabia muito bem que não devia ter notado o quão mais interessante eu havia ficado ao agir daquela maneira madura. Sim, ele também cometeu a besteira de memorizar cada centímetro a mais e a menos das minhas curvas.



- Merda! – bateu a porta do seu quarto de hotel e depois de alguns segundos se viu parado no centro do quarto com as mãos na cintura e com o olhar perdido. Isso não é nada bom. Eu estava impregnada em sua mente e a cena do meu beijo com o Mark em sua memória. – Merda... – Ele suspirou ao pegar o seu celular e digitar apressadamente o número do celular do .

Como em qualquer sexta-feira normal, estava com . Isso já havia se tornado comum e já era do conhecimento de todos. Eles saiam do cinema, depois de ver uma comédia romântica que havia implorado para que ele assistisse. Mesmo já estando acostumados a ficarem juntos, eles ainda não tinham o costume de saírem de mãos dadas. e andavam lado a lado no estacionamento do Shopping quando o celular de tocou.

- Fala ai, cara! – atendeu o celular e manteve os ouvidos na conversa.
- ! – sentou-se na beirada da cama e apoiou um dos cotovelos em sua coxa. – Eu preciso saber de uma coisa! Eu juro que preciso saber... – não perdeu tempo e foi direto ao assunto.
- Espera! Espera! – estranhou a voz e comportamento do . Ele diminuiu os passos e olhou para ele, curiosa. – Está tudo bem? – Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- Está tudo ótimo! Eu só quero destruir o meu quarto de hotel, mas tudo bem! – ironizou.
- O que aconteceu? – insistiu em saber.
- Você sabia que era o Mark? – perguntou de vez, torcendo para a resposta ser negativa.
- O que? – não havia entendido nada. Mark? O que o Mark tinha a ver com tudo aquilo?
- Fala de uma vez ou eu juro que... – fechou os olhos, enquanto negava com a cabeça. Ele tentava se controlar, mas era impossível.
- FALAR O QUE, PORRA!? EU NÃO SEI DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO! – esbravejou. Ele não sabia o que estava acontecendo e havia sido jogado no meio daquele tiroteio.
- Estou falando da , caralho! – resolveu ser um pouco mais claro. – Eu vi... ela. – Ele completou com dificuldade. A notícia fez com que parasse no meio do estacionamento. também parou. Ela abriu os braços, sem entender.
- Você... viu? – repetiu a frase de , sem acreditar. Olhou para e negou com a cabeça. – Mas... como? – Não era possível! Era só o primeiro dia do na enorme Nova York. Ele não podia ter me visto.
- Eu fui em uma boate. Ela estava lá... – rolou os olhos. – Ela estava lá com o patético do Mark! – Ele completou. continuava em choque. estava quase surtando!
- Ela... te viu? – perguntou com uma certa tensão.
- Dane-se ela! Eu quero saber se você sabia que era com ele que ela me traiu! – voltou ao ponto. não sabia o que responder.
- Eu posso te ligar em um minuto? Eu estou chegando no carro e te ligo. – nem esperou responder e desligou.
- O que foi que aconteceu? – perguntou com medo do que pudesse ouvir a seguir.
- Você não vai acreditar! Juro! – sorriu em meio a um suspiro.
- Fala! – o olhou, séria.
- Eu te falei que o foi hoje pra Nova York, não é? – relembrou.
- Falou! E? – abriu os braços.
- Adivinha quem foi que ele encontrou na primeira noite dele em Nova York? – cruzou os braços e continuou observando , só esperando que a ficha dela caísse.
- Não! – não achou que fosse possível.
- Sim! – afirmou com a cabeça.
- Não acredito! – estava em choque. Era completamente surpreendente o fato dos nossos destinos continuarem se cruzando apesar de tudo.
- E pior: ela estava com o Mark. – fez careta.
- Ai... não. – levou uma das mãos a cabeça.
- Você sabia que eles estavam juntos? – questionou. Eu não havia contado nada oficialmente pra ele.
- Sabia! Quer dizer, mais ou menos. – quase não estava prestando atenção em . Ela sabia sim sobre o Mark. Ela sabia sobre tudo! Ela sabia que o Mark não era o cara com quem eu havia traído o , porque eu não traí o .
- O deve estar atacando fogo no quarto de hotel dele agora. – riu sozinho. – Ele acha que foi com o Mark que a traiu ele. Ele não sabe sobre o cara da faculdade. – explicou, sem saber que não sabia nem metade da história. Para ele e os outros, eu havia traído o com um cara da faculdade que, na verdade, nunca existiu. era a única do meu grupo de amigos que sabia da verdadeira história. – Eu não sabia o que responder pro , porque não sei se a quer que ele saiba do cara da faculdade. – Ele explicou.
- Não! Não fala nada! – foi enfática. A história não deveria ser remexida. É bom deixar do jeito que está e deixar que o saiba apenas o que ele já sabe. – É melhor não se envolver nessa confusão deles. – Ela deu a desculpa.
- Você está certa. A pode ficar brava por contarmos as coisas pra ele e você lembra que ele deixou bem claro que não queria saber de nada sobre ela. Não vou falar só porque ele está surtando. – explicou, discando o número do .
- DESLIGOU MESMO NA MINHA CARA? – esbravejou ao atender o telefone.
- Foi mal! Eu estava saindo do cinema e não estava escutando bem. Pode falar agora. – mentiu para que se acalmasse.
- Dá pra falar de uma vez? Você sabia sobre ela e o Mark? – respirou fundo para se acalmar. Ele precisava se acalmar.
- Não, eu não sabia sobre ela e o Mark. Estou tão surpreso quanto você. – Isso não deixava de ser verdade. acabou de descobrir que eu e o Mark estávamos juntos. – Agora, se acalma! – Ele exigiu.
- Eu não deveria ter vindo, cara. – levantou-se da cama e foi andando em direção a porta que dava acesso a sacada. Ele já não estava tão exaltado quanto antes. – Eu não devia ter vindo. – Ele repetiu, apoiando seus braços em um dos muros que cercavam a sacada.
- Não! Não fala isso. É o seu sonho, não é? É o seu trabalho! Você está exatamente onde deveria estar. – apoiou o amigo, pois sabia que ele estava precisando muito ouvir aquelas palavras.
- Eu não queria isso! Eu... – olhou todas aquelas luzes, que mesmo sendo bem tarde continuavam iluminando toda a cidade. – Eu não queria vê-la. – Ele suspirou.
- Esquece isso, está bem? Já foi! Isso ia acontecer uma hora ou outra. – e voltaram a andar em direção ao carro.
- Eu preferia que fosse ‘ou outra’. – segurou um fraco riso.
- Não dá pra se controlar tudo na vida. – continuou dando apoio ao amigo.
- Está bem. – rolou os seus olhos. Ninguém realmente entende como ele se sente em relação a isso tudo. – Valeu por ter me ouvindo. Eu estava meio que surtando e eu precisava conversar com alguém. – Ele suspirou longamente.
- Você vai ficar bem? – questionou.
- Vou. – achou graça da pergunta um tanto quanto carinhosa de . – Ok! Você venceu, ok? A verdade é que eu só liguei porque eu precisava ouvir a sua voz. – Ele devolveu o carinho de um jeito mais engraçado e um pouco mais exagerado.
- Vai se ferrar, idiota! – imediatamente gargalhou.
- Boa noite, cara. Valeu mesmo! – demonstrou que encerraria a ligação.
- Eu também te amo. – segurou o riso.
- Cala a boca. – rolou os olhos, enquanto ria. – Manda um beijo pra . – Ele disse antes de desligar.
- O te mandou um beijo. – repassou o recado.
- Como ele sabia que eu estava aqui? – sorriu ao olhar pro .
- Acho que todo mundo sabe que você está aqui. – respondeu e ela riu. Agora é fácil deduzir que eles estão juntos.
- Sério? – fez careta.
- Todo mundo já sabe que você está louca por mim e não sai mais do meu pé. – brincou ao rolar os olhos. abriu a boca em meio a risos.
- Você está certo, sabia? Devemos nos afastar um pouco. – entrou no jogo dele, pois ela sabia dar as cartas como ninguém.
- Ah, é? – cerrou os olhos e segurou uma das suas mãos. A levou para mais perto de ‘seu’ carro e a encostou na lateral dele. – Desse jeito está bom? – Ele perguntou, referindo-se a distância entre os dois. estava bem próximo e sabia que ela não ia ter coragem de afastá-lo.
- Eu não sei. Um pouco mais...longe. – sorriu, malandra. Ao invés de se afastar, se aproximou ainda mais. O rosto de ambos estavam próximos e eles olhavam nos olhos um do outro. – Só...mais um pouco. – Ela sussurrou, sentindo a ponta do nariz dele tocar na ponta do seu. O próximo passo era o beijo e saber disso os fez sorrir ainda mais. e se beijaram mais uma vez naquela noite. Eles já estavam ‘ficando sério’ há quase um mês, então já estavam bem acostumados em ter um ao outro.
- Tem razão. Devemos nos afastar. – disse, assim que o beijo foi terminado. segurou o riso, enquanto ele lhe roubava um selinho. – É sério! Eu não aguento mais ficar perto de você. – Ele continuou a brincadeira e beijou uma de suas bochechas. passou os seus braços em volta do pescoço dele e o abraçou. O abraço foi imediatamente correspondido. Se você os visse antes, não acreditaria no que está acontecendo agora.

estava deitado na cama e encarava o teto de seu quarto, como ele costumava fazer todos os dias em sua casa. A cor do teto era diferente daquela vez e ele também não estava em casa, mas a pessoa em quem ele pensava continuava a mesma. Ele não conseguia acreditar no que havia acontecido. Ele não acreditava que havia me visto depois de tudo. É muito para se processar em uma só noite. Ele visitaria o estádio dos Yankees no dia seguinte e ia conhecer os seus ídolos, mas isso não parecia fazer a menor diferença para ele agora. só conseguia pensar em mim e em como eu pude ter feito aquilo com ele. Como eu posso ter tornado tudo aquilo que ele sentia uma coisa tão errada pra ele? Como eu posso continuar fazendo ele se sentir um idiota pelo que ele havia sentido novamente naquela noite? É loucura! É impossível eu ter estragado tudo o que nós construímos por causa do Mark. Ele não conseguia se conformar. Junto com toda essa inconformidade vinha o ódio, a raiva e aquele sentimento de que ele não era bom o bastante.

A breve conversa que havíamos tido naquela noite o havia deixado bem contente, considerando o fato dele ter demonstrado total indiferença, mas ele também havia ficado incomodado com o fato de eu nem sequer tem tentado me explicar. ‘Será que ela acha que não me deve uma explicação? Ela acha mesmo que aquela porcaria de carta é o suficiente?’ era o que ele se perguntava a todo o momento e a cada vez que chegava a uma conclusão, ele se via com ainda mais ódio de mim. Era tão injusto com ele e com tudo o que ele fez por mim todos esses anos. Na primeira oportunidade, eu joguei tudo fora e por causa de quem? Do Mark. Dá pra ser mais humilhante que isso? Dá, é claro que dá! A Amber está ai pra isso, não é?

Eu também estava deitada em minha cama e apesar de estar completamente exausta, eu não conseguia dormir. Porque eu tinha que ter ido naquela droga de boate? Por quê? Por quê? Incrível como essas coisas continuam acontecendo comigo e com o . Incrível como em tantos lugares em Nova York, nós estávamos no mesmo lugar. Olha o destino brincando com a minha cara de novo. Estava tudo indo bem. Eu estava conseguindo superar tudo isso e ele aparece! E ainda aparece daquele jeito: mais musculoso, mais bonito do que nunca e ainda com aquela barba bem rala que dava a ele aquele ar ainda maior de masculinidade e sensualidade. Ok! Porque eu estou pensando nisso? Diante de pensamentos que eu queria abandonar, eu me obriguei a fechar os olhos. Não adiantou. Eu não consigo dormir!

- Qual é... – Eu suspirei, voltando a abrir os olhos.

A minha cabeça não parava um só segundo. É impossível dizer quantas vezes eu reconstruí os detalhes daquela noite na minha cabeça. Por um segundo eu voltei a me lembrar do beijando todas aquelas garotas e uma coisa me veio a mente: e a Amber? Eles não estavam juntos? Eu achei que eles estivessem juntos! Se eles estão, porque ele beijou todas aquelas garotas? Confesso que nesse momento, um sorriso surgiu em meu rosto. Chupa, Amber! Devia ter tirado fotos e enviado pra ela.

Viu só? Continuo pensando! O que eu tenho a ver com a Amber? Dane-se se o está com ela ou não. Isso não é mais da minha conta e muito menos do meu interesse. Quem se importa? Quem se importa se ele está sozinho ou não? Eu não estou! Eu não estaria interessada nem se estivesse sozinha. Eu tenho que colocar na minha cabeça de uma vez por todas: é passado!

Sábado é aquele dia que eu sinto o prazer de fazer algo que eu não faço durante a semana toda: acordar depois do meio dia. A sexta-feira foi cansativa, então eu aproveitei mesmo para descansar. Era quase uma hora da tarde e eu ainda não havia ligado pro Mark, o que o fez ter certeza de que eu ainda estava dormindo. Ele não resistiu! Ele teve que ir até lá. Big Rob o deixou entrar como sempre e ele entrou silenciosamente na casa. Subiu lentamente as escadas e abriu cuidadosamente a porta do meu quarto. Eu ainda dormia calmamente. Eu estava deitada de lado, portanto o meu rosto ficou virado em direção a porta. Mark conseguiu vê-lo assim que adentrou o quarto. Ele sorriu sozinho. Como podia alguém dormir tanto? Aproximou-se da minha cama e sentou-se na beirada. Eu continuei sem notar a presença dele. Mark me observou de mais perto e aproximou uma de suas mãos do meu rosto, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. A atitude dele fez com que eu me movesse na cama. Mark aproximou o seu rosto do meu e levou seus lábios para perto de uma das minhas orelhas.

- Acorda, dorminhoca. – Mark sussurrou no meu ouvido e eu despertei de um jeito absurdamente estranho. Eu não sei se estava sonhando ou se estava ficando maluca, mas eu jurava ter escutado a voz de sussurrar em meu ouvido.
- Não... – Eu saltei na cama e me sentei apressadamente. O meu coração estava quase saindo pela boca e eu respirava com intensidade. Olhei pro Mark ao meu lado e ele me olhava com estranheza. O que foi aquilo?
- Você está bem? – Mark me olhou, preocupado. Eu suspirei longamente e apoiei a minha cabeça na cabeceira da cama.
- Estou! Eu só... – Eu ainda respirava com dificuldade. Eu estava tão obcecada em parar de pensar no e em mantê-lo longe de todas as formas possíveis, que ao achar ter escutado a voz dele sussurrar no meu ouvido eu tive um colapso. A noite passada realmente me afetou de um jeito inexplicável. – Você me assustou. – Eu sorri para que ele não continuasse preocupado. O que está acontecendo comigo?
- Desculpe. – Mark fez careta e eu ainda tentava me estabilizar.
- Espera. Eu vou até o banheiro e já volto. – Eu apontei em direção a porta. – Fica aqui. – Eu pedi ao me levantar. Eu precisava tomar um pouco de ar. Andei apressadamente até o banheiro e depois de trancar a porta, encarei o espelho. Eu tenho que me recompor. Joguei água em meu rosto e escovei os dentes em seguida. Voltei a encarar o espelho e vi que parecia um pouco melhor. O que eu estou fazendo? Tem um cara maravilhoso na minha cama agora e eu estou alucinando com o ? Estava! Quer ver eu esquecer rapidinho?

Mark atendeu o meu pedido e me esperava deitado em minha cama. Ele encarava o teto e se perguntava se a minha mudança de comportamento tinha a ver com o . Cheguei na porta do quarto e vi o Mark deitado em minha cama. Ele notou a minha presença e virou o seu rosto para me olhar. Ele sorriu pra mim e eu cheguei a sentir um certo arrepio. Se antes eu estava receosa em fazer o que eu tanto queria, agora eu estava com coragem. Mesmo de longe, eu devolvi o sorriso pra ele. Comecei a andar em sua direção e ele continuou me observando. Notei que os olhos dele percorreram o meu corpo, que ainda estava coberto com um pijama preto simples, que era composto por uma regata e um shortinho bem justos. Ele não tirou os olhos de mim e eu finalmente cheguei até ele. Como ele estava deitado na ponta da cama, eu teria que passar por cima dele para chegar até o outro lado e é claro que eu usei isso a meu favor. Ao passar por cima dele, fiz questão de tocar o meu corpo no dele e manter o meu rosto bem perto do dele. Não deu tempo nem de encostar o meu corpo no colchão ao lado dele e ele já puxou o meu rosto em direção ao dele. Nossos lábios se colaram assim que ele me colocou sobre o colchão e jogou o seu corpo sobre o meu. Nosso beijo se intensificou com rapidez, mas eu percebi que ele estava se segurando para não avançar tanto o sinal, já que ele sabia que eu era virgem. Ele jamais forçaria nada. Se o Mark já tinha pegada antes, imagina agora na minha cama. Mark estava receoso e eu tive que mostrar pra ele que estava tudo bem. Desci uma das minhas mãos pela sua costa e quando cheguei ao final de sua camiseta, coloquei minha mão por dentro dela e a puxei pra cima.



Eu estava mesmo curtindo e muito o momento. Mark tem um corpo maravilhoso e eu gosto disso. Em meio aos beijos, eu joguei o meu corpo sobre o dele. Eu intensifiquei ainda mais o beijo e eu senti as mãos dele em minha cintura. As mãos dele subiam aos poucos e traziam a minha regata com elas. A minha vontade de continuar com aquilo era mais forte que tudo, mas a minha consciência está acabando com o momento. Não é que eu não quisesse aquilo. Eu quero muito e sinto que vou mandar a minha consciência pro inferno a qualquer momento, mas eu não sinto que estou fazendo pelos motivos certos. Não quero que a minha primeira vez tenha começado com uma tentativa desesperada de provar a mim mesma que o é carta fora do baralho. Além disso, era a primeira vez que tínhamos um momento íntimo como esse. Eu não quero ser assim tão fácil, já que sou tão boa em ser difícil.

Em meio a beijos enlouquecedores que o Mark depositava em meu pescoço, eu me xingava mentalmente, enquanto eu tirava o meu pescoço do alcance dos lábios dele. Eu voltei a beijá-lo, porque eu não queria terminar tudo daquele jeito para que ele achasse que tivesse feito algo errado. No auge da intensidade do nosso beijo e das nossas mãos bobas, eu descolei os meus lábios do dele. Se eu não fizesse agora, não conseguiria fazer depois.

- Bom dia. – Eu sussurrei, mantendo o meu rosto bem próximo ao dele. Eu ainda estava em cima dele.
- Bom dia? – Mark riu em meio a um suspiro. – Você não existe. – Ele negou com a cabeça. Ele ficou um pouco frustrado.
- Posso pedir uma coisa? – Eu perguntei, sem me mover. Eu fiz questão de mudar rapidamente de assunto para que não precisássemos conversar sobre o porque de eu ainda não estar pronta para ter a minha primeira vez.
- Qualquer coisa! – Mark arqueou as sobrancelhas e eu ri, sem jeito.
- Me ensina a pilotar a sua moto? – Eu perguntei. Eu sempre quis aprender e seria uma ótima distração.
- Oh não! – Mark gargalhou. – Acha que é uma boa ideia? – Ele arqueou a sobrancelha.
- Nunca vamos saber se não tentarmos. – Eu ergui os ombros.
- Não sei. Sabe que não é toda garota que fica bonita de capacete, não é? – Mark tentou me fazer desistir, mas a única coisa que conseguiu foi a minha risada.
- Isso é um sim? – Eu perguntei, olhando atentamente pra ele.
- Interpretação livre! – Mark disse com uma expressão engraçada. Foi a mesma coisa que eu havia dito pra ele no outro dia.
- Legal! Então eu vou me trocar, nós comemos alguma coisa e começamos, certo? – Eu perguntei, depois de selar rapidamente os lábios dele.
- Certo. – Mark sorriu, afirmando com a cabeça.
- Beleza. – Eu me levantei e sai de cima dele. Os olhos dele me acompanharam, quando eu fui até o meu guarda-roupa para escolher uma roupa.
- Lembra que eu falei que a minha cor menos favorita era preta? – Mark perguntou, me fazendo olhar pra ele.
- Lembro. – Eu esperei pela continuação.
- Esquece! Eu retiro totalmente o que eu disse. – Mark manteve um sorriso malandro e só depois de alguns segundos eu notei que o meu pijama era preto. A minha gargalhada foi quase que instantânea.
- Vou fingir que não ouvi! – Eu fechei as portas do guarda-roupa e fui em direção a porta do quarto.
- Essa foi boa, não foi? – Mark gritou, segurando o riso.
- Foi péssima, mas vou dar um desconto pela criatividade. – Eu disse antes de sair do quarto e deixar Mark sozinho.

Mark estava rindo a toa. O que foi tudo aquilo? Essa empolgação e disposição que nunca estiveram tão evidentes. Ele não sabia o motivo, mas ele sabia que era bom. Pra quem achou que depois da noite passada, as coisas nunca mais seriam as mesmas. Mark se sentou na cama e não conseguia esconder a sua empolgação com o dia que nós teríamos pela frente. Incrível como eu conseguia conquistá-lo ainda mais a cada dia. Incrível como tudo aquilo continuava avançando sem ele ter controle nenhum.

Eu estava me sentindo um pouco melhor. Não havia mais tanta pressão em mim e no que eu estava pensando ou não. Coloquei uma roupa (VEJA AQUI), fiz um rabo no cabelo e voltei para o quarto. Mark estava sentado na beirada da minha cama e mexia em seu celular, que foi rapidamente guardado em um de seus bolsos quando ele me viu.

- Ei! – Mark sorriu, vendo que eu já estava pronta. – Pronta? – Ele questionou só para ter certeza.
- Pronta! – Eu afirmei com a cabeça, pegando o meu celular e o guardando em meu bolso.
- Vamos então? – Mark levantou-se e eu afirmei com a cabeça em meio a um sorriso.

Nós saímos da minha casa sem saber ao certo onde nós iriámos comer. Deixei que Mark decidisse e ele optou por me levar a um restaurante de fast-food que não ficava tão longe da minha casa. Nós pegamos alguns lanches e algumas batatas fritas e voltamos para a minha casa para comermos. Despejamos tudo sobre a mesa de jantar e nos sentamos para almoçar. Era um pouco mais de 2 da tarde.

- E ae? Já mudou de ideia sobre me ensinar a pilotar a moto? – Eu perguntei entre uma mordida e outra no meu lanche.
- Não, eu vou até o fim dessa vez. – Mark segurou o riso. Eu já havia tentado convencê-lo de me ensinar a fazer aquilo antes, mas ele sempre me enrolava.
- É mesmo? – Eu fiquei impressionada com a sua afirmação.
- Sim! – Mark afirmou com a cabeça. – Só me deixe ligar para um seguro de vida antes e... – Ele foi dizendo, enquanto olhava para o visor de seu celular. Eu imediatamente peguei o celular dele de suas mãos e fingi estar ofendida com a sua afirmação.
- Muito engraçado! – Eu cerrei os olhos.
- Eu ia dizer pra você me dar um tempo para escrever uma carta de despedida para alguém, mas eu me lembrei que eu não tenho ninguém para me despedir. Tem a Meg, mas... – Ele ia dizendo em meio a risos e eu o interrompi.
- Ta legal, eu entendi! – Eu neguei com a cabeça e ele inclinou o seu corpo em minha direção, segurou o meu rosto e selou rapidamente os meus lábios.
- Eu vou te ensinar, está bem? Só estou brincando. – Mark afirmou, depois de descolar os seus lábios do meu. O beijo me arrancou um fraco sorriso. Ele voltou a focar em seu lanche.
- Ok, eu preciso te perguntar uma coisa. Eu estou morrendo de vontade de te perguntar isso a tempos. – Eu fiquei meio sem graça. Não sabia se era certo perguntar.
- Então pergunte. – Mark me olhou, sem entender o que poderia ser tão importante.
- Não me leve a mal, mas eu é que eu não consigo entender uma coisa. – Eu fiz uma breve pausa. – A moto, o carro, a casa enorme... – Eu olhei pra ele. – Se você tem um emprego comum, não tem nem um parente... como é que você paga por tudo isso? Como você mantém esse padrão de vida? – Eu me sentia horrível por estar perguntando aquilo. Mark me olhou por alguns segundos e eu me senti ainda pior. – Desculpa, eu... – Eu já queria retirar o que havia dito.
- Não, tudo bem. – Mark sorriu, me deixando menos sem graça. – É uma boa pergunta, mas eu não vou poder te responder por que eu também não tenho uma resposta pra isso. – Ele afirmou.
- Como assim? – Eu fiquei mais séria. Como isso é possível?
- Eu moro na mesma casa desde que eu me lembro, mas eu nunca vi a minha mãe trabalhar ou fazer qualquer coisa para nos sustentar. Quando eu era menor, eu não me importava. Eu nem entendia sobre esse tipo de assunto. – Mark explicou naturalmente.
- Você nunca perguntou nada sobre assunto? – Eu estava perplexa.
- Quando eu fui ficando maior, as perguntas foram surgindo. Eu perguntei diversas vezes para a minha mãe, mas ela sempre desconversava ou dizia que era uma herança de um tio que ela havia recebido há muito tempo. – Mark rolou os olhos. Ele soube que sua mãe o enganou por anos, mas não a culpava por isso.
- Uma herança? – Eu repeti, pois estava desacreditando. Ele não poderia ter acreditado naquilo.
- Eu sei! A pior desculpa que eu já ouvi também. – Mark fez careta. – Eu nunca acreditei nessa história. Esse assunto me fez ficar louco por alguns dias. Eu comecei a investigar para ver se conseguia descobrir alguma coisa e a única coisa que achei foi que havia uma conta em um banco. Minha mãe sacava dinheiro lá quase sempre. – Ele explicou. – Uma vez eu até achei uns extratos escondidos em uma bolsa guardada dentro de um armário no quarto dela. Os extratos mostravam depósitos que eram feitos na conta da minha mãe uma vez por mês. Eram saldos enormes. – Mark ainda parecia incomodado e perplexo com tudo aquilo.
- Você não conseguiu descobrir quem fazia os depósitos? – Eu o interrompi. Eu estava completamente surpresa com o que ele estava me contando.
- Eu tentei diversas vezes. Eu tentei até mesmo depois que a minha mãe morreu, quando a conta foi passada para o meu nome. Não tem dado bancário, não tem nada. A única coisa que eu consigo ter acesso é o dia em que foi sacado. – Mark continuou explicando.
- Isso é... – Eu neguei com a cabeça. Que absurdo é esse?
- Eu sei! – Mark concordou. – Eu ganhei a moto no meu aniversário de 16 anos e o carro aos 18 anos. A casa está completamente paga e a única coisa que eu sei é que todo o mês alguém deposita um valor alto na minha conta. Não tem um mês que o depósito não é feito e é impossível descobrir quem é a pessoa que está fazendo esses depósitos. – Ele ergueu os ombros.
- Inacreditável. – Eu nem sabia o que dizer.
- Na época em que eu trabalhava, eu fiquei uns dois meses sem mexer nesse dinheiro para ver se os depósitos paravam, mas não deu certo. Se eu deixo o dinheiro lá ele vai acumulando, mês após mês. – Mark não se sentia tão confortável usando esse dinheiro que ele não sabia de onde vinha, mas ele não tinha a opção de fazer os depósitos pararem de serem feitos.
- Você não desconfia de ninguém? – Eu perguntei. Devia ter alguém!
- Na verdade, não. Eu nunca conheci nenhum parente ou qualquer conhecida da minha mãe. – Mark explicou, parecendo confuso demais. Aquele assunto realmente mexia com ele. – Por um tempo eu cheguei a imaginar que pudesse ser o meu pai. Eu não sei! Talvez o cara sinta remorso por nunca ter me conhecido e deposite o dinheiro para se sentir melhor! – Ele rolou os olhos. – Mas, honestamente? Eu realmente perdi as esperanças sobre o meu pai. O cara nunca se importou e fez tudo muito bem feito para que eu não descobrisse quem ele é. Eu não acho que ele se daria ao trabalho de gastar todo esse dinheiro comigo. – Ele negou com a cabeça. Eu rapidamente notei a revolta que ele tinha em relação ao pai.
- Você já procurou em orfanatos ou nessas casas religiosas que eles abrigam crianças? Você nunca achou nada? – Já que estávamos falando daquele assunto, eu quis ajudar de alguma forma.
- Minha mãe me disse uma vez sobre um orfanato, mas não deu muitos detalhes. Ela evitava falar nesse assunto e eu não insistia porque toda vez ela ficava mal. Eu já revirei todos os orfanatos dessa cidade e da região. Nada! Nenhum registro com o nome da minha mãe. – Mark explicou.
- Isso é tão estranho... – Eu comentei, sabendo que havia alguma coisa errada.
- Você não sabe quantas vezes eu perdi o sono pensando nisso, mas as vezes acho que nunca vou descobrir o que tem por trás de tudo isso. – Mark rolou os olhos. Ele não queria demonstrar que aquele assunto o deixava mal, mas já era um pouco tarde. – Enfim, é complicado. – Ele se recompôs. Voltou a comer o seu lanche e eu percebi que ele queria encerrar aquele assunto. – Mas, e então? Você quer outro lanche? – Agora ele mudou de assunto de vez. Eu entendi o recado.
- Não, obrigada. – Eu sorri fraco, pois ainda tentava processar todas aquelas informações. O Mark realmente tem uma vida difícil e cheia de perguntas que podem nunca ser respondidas. Eu queria tanto poder ajudá-lo a descobrir alguma coisa. Qualquer coisa!

estava saindo da sala de reunião dos sócios e gestores dos Yankees. Foi extremamente difícil manter a calma e o profissionalismo, já que ele estava em uma das salas do enorme estádio dos Yankees. Ele ainda não havia tido a oportunidade de conhecer os jogadores, mas conseguiu vê-los de longe. Eles treinavam no campo e não quis se aproximar para não bancar o fã louco perto da presidência do time.

A falta de sono da noite anterior havia afetado um pouco o seu comportamento naquela manhã. Apesar de ter sido uma reunião ótima e aparentemente promissora, demonstrou muita desatenção em alguns momentos, mas sempre consertava com alguma piadinha boba, o que acabou tornando a reunião menos chata. A reunião foi apenas o inicio de uma discussão para um possível contrato entre ambas as partes, mas os gestores não demoraram a perceber o porquê de o ser o mais novo garoto prodígio da publicidade. A única missão de era entender a ideia e tudo o que a empresa ‘Yankees’ quer passar para seus clientes/torcedores e engajá-la em uma boa estratégia de Marketing. Isso poderia ser mais fácil para , considerando que ele também era um fiel torcedor.

Após sair da reunião, ligou imediatamente para os amigos para contar que estava no estádio dos Yankees e que havia visto os jogadores de longe. surtou, fez milhões de perguntas e cobrou novamente os ingressos de primeira fila. estava extremamente feliz com o seu trabalho e com a oportunidade que estava tendo, mas algo parecia estar faltando. Ainda havia alguma coisa muito errada dentro dele e ele adorava fingir que não sabia do que se tratava.

Seguiu para o hotel, pois tinha que fazer um relatório para enviar ao seu chefe para deixá-lo ciente sobre as novidades da conta dos Yankees. Depois de almoçar, se concentrou para escrever o relatório, mas foi difícil escrever alguma coisa. Apesar de luxuoso, o hotel tinha alguns problemas. As vezes os recepcionistas do hotel ligavam perguntando se ele queria alguma coisa ou se algo estava faltando e não conseguia se concentrar. Como se isso já não fosse o bastante, também tinha o vizinho de quarto que era um pouco balhurento demais. Após algumas horas, conseguiu acabar o relatório e enviar via email para o seu chefe. Pronto! Agora ele já havia feito o seu trabalho daquele dia. Agora teria que esperar a próxima reunião que seria em 2 dias. Nesses 2 dias ele poderia fazer qualquer coisa.

- Não acredito que vamos finalmente fazer isso! – Eu estava completamente animada com a ideia de aprender a pilotar uma moto.
- Nem eu. – Mark brincou, enquanto abria a garagem de sua casa.
- Qual é! Não pode ser tão ruim. – Eu quis motivá-lo.
- Vamos ver. – Mark virou-se de costas e entrou de vez na garagem, indo para o fundo dela. Eu fiquei do lado de fora e segundos depois vi ele guiando a moto em minha direção. Era uma moto muito bonita, mas eu não sabia dizer se era de última geração ou não. Eu não entendo nada de motos. – Vem comigo. – Mark me chamou e fez um sinal com a cabeça. Eu o acompanhei, enquanto ele continuava guiando a moto até a rua. A rua não estava tão movimentada, aliás, ela nunca foi muito movimentada. – Ok, vem aqui. – Ele olhou pra mim depois de parar a moto em uma das laterais da rua.
- Sim.. – Eu achei que ele me passaria alguma instrução. Parei ao lado dele e ele segurou a moto com uma das mãos.
- Sobe aqui. – Mark deixou de me olhar a apontou para o assento da moto.
- Jura? Já? – Eu tentei conter a minha empolgação. – Ok! – Eu não perdi tempo. Subi na moto com uma certa dificuldade, que o fez rir de mim silenciosamente. - Caramba! É pesada.. – Eu comentei, me referindo ao peso da moto.
- Acha que aguenta com o peso da moto? – Mark perguntou, segurando o guidão .
- Eu não sei. Vamos descobrir. – Eu levei as minhas mãos até o guidão.
- Espera! Primeiro o capacete. – Mark estendeu o capacete em minha direção.
- Beleza. – Eu concordei rapidamente. Coloquei o capacete e olhei pra ele. – Ficou bom? – Eu fiz careta. Eu tinha certeza que estava horrível.
- Está linda. – Mark sorriu, admirado.
- Legal! Vamos fazer isso. – Eu devolvi o tímido sorriso e voltei a segurar o guidão da moto, que ele foi soltando aos poucos. Quando ele soltou totalmente, eu quase desabei para um dos lados. – OH, MEU DEUS! – Eu gritei em meio a gargalhadas. Mark voltou a segurar a moto as pressas.
- Você não aguenta com a moto! – Mark também estava rindo.
- Não! Eu aguento! É porque eu não tinha noção do peso. Agora eu tenho e eu consigo. Pode soltar. – Eu disse na tentativa de ter uma segunda chance. Eu sabia que se eu não aguentasse a moto nós não poderíamos continuar com aquilo.
- Certeza? – Mark estava receoso.
- Vai! – Eu segurei o guidão com mais firmeza. Ele soltou lentamente a moto e eu consegui manter o equilíbrio por alguns segundos e em seguida a moto voltou a cair para um dos lados, mas eu consegui evitar que ambos fossemos para o chão, colocando o meu pé no chão para mantê-la de pé.
- Boa! – Mark sorriu, admirado.
- Você não esperava por essa, não é? – Eu soltei um dos guidões, pois tinha a intenção de levar uma das mãos até o nariz dele para apertá-lo.
- Não solta! – Mark se assustou, quando percebeu que a moto quase caiu novamente. Eu a segurei a tempo.
- Desculpa! – Eu sou tão desatenta.
- Foca no que você está fazendo. – Mark aconselhou e eu entendi como uma bronca. Ele estava certo.
- Tudo bem! Agora é sério. – Eu engoli seco e fiz cara de séria.
- Está bem. Então, olha só... – Mark passou os seus braços em torno do meu corpo e também segurou o guidão. O queixo dele estava apoiado em um dos meus ombros. – Aqui é onde você acelera. – Ele simulou girar o acelerador. – Aqui você troca de marcha e aqui... – Ele demonstrou. – Aqui é onde você freia. De inicio é bom você só aprender o freio de mão. Quando você estiver quase parando a moto, coloque um dos seus pés no chão ou a moto vai cair. – Mark avisou.
- É, eu já sabia dessa. – Eu segurei o sorriso, considerando que eu quase havia caído 2 vezes naquele dia.
- Acho que isso é o fundamental. – Mark tentou se lembrar de algo que pudesse estar esquecendo.
- E onde eu ligo? – Eu perguntei com toda a pressa. Eu queria dirigir logo.
- Aqui... – Mark pegou a chave em seu bolso e a colocou no contato, ligando a moto em seguida.
- Uau... – Eu estava com a adrenalina a mil!
- Ah! Tem mais uma coisa. Quando você estiver andando, mantenha os seus pés aqui. – Mark olhou para baixo e demonstrou com um dos pés onde eu deveria colocar os meus. Coloquei ambos os pés no local indicado por ele, enquanto ele mantinha os dele no chão para segurar a moto.
- Estou fazendo certo? – Eu perguntei, me atentando para todos os detalhes. Minhas mãos estavam no acelerador e os meus pés fora do chão.
- Está ótimo. – Mark afirmou. – Então ta! Vamos revisar! – Ele queria ter certeza que eu havia entendido tudo. – Onde muda a marcha? – Mark questionou.
- Aqui. – Eu soltei o guidão por dois segundos para apontar.
- Isso! E onde freia? – Mark perguntou novamente.
- Desse lado.. – Eu voltei a demonstrar. A moto continuava ligada.
- Isso mesmo... – Mark sorriu, orgulhoso. – Está bem! E onde você acelera? – Ele fez a última pergunta. Pra que ele foi perguntar? Com a maior inocência e estupidez do mundo, eu coloquei a mão no acelerador e para demonstrar que eu sabia acelerar eu fiz a coisa mais óbvia do mundo: eu acelerei! A moto acelerou abruptamente e Mark que estava com os pés no chão acabou ficando para trás. Ele não esperava por aquilo.
- MEU DEUS! – Eu gritei, quando percebi que aquilo não foi planejado. Mark não estava comigo! – O QUE EU FAÇO? O QUE EU FAÇO? – Eu gritei histericamente e parei de acelerar, quando percebi que Mark estava correndo atrás de mim.



- NÃO ACELERA! – Mark gritou, enquanto corria feito um louco atrás da moto. A moto estava perdendo a velocidade e eu não sabia o que fazer. A moto começou a se desequilibrar e eu comecei a colocar os pés no chão. Eu estava prestes a levar o maior tombo de todos, quando o Mark saltou e sentou no ‘banco’ traseiro, agarrando o guidão com toda a velocidade do mundo. – Você está bem? – Ele perguntou, enquanto continuava guiando a moto naquela mesma posição. O queixo dele estava novamente apoiado em um dos meus ombros.
- Você está brincando? – Eu suspirei e sorri com tamanha adrenalina. Meu coração estava a mil! – Isso foi loucura. – Eu comecei a gargalhar.
- Você está rindo? Eu quase morri de susto. – Mark disse, sem conseguir conter a risada também.
- Está bem! Acho que esse é o fim da minha vida de motoqueira, não é? – Eu também não pretendia tentar depois do que havia acontecido.
- Você acha? – Mark ironizou e eu rolei os olhos. – Vamos voltar? – Ele perguntou, parando a moto.
- Me leva pra dar uma volta? – Eu perguntei, assim que ele parou a moto.
- Claro. – Mark concordou imediatamente. Ele foi para o ‘banco’ da frente da moto e eu fui para o de trás. Quando voltou a ligar a moto, eu agarrei a sua cintura. Eu secretamente gostei de apertar aquele corpo e tocar naquele tanquinho.

Foi libertador dar aquela volta de moto. O vento no meu rosto, cabelos ao vento e a cabeça mais vazia do que nunca. Eu não estava pensando em nada. Eu não estava lembrando dos problemas ou de qualquer outra pessoa. Eu só estava curtindo o momento e eu acho que estava precisando disso. Ainda mais depois de... esquece! Não vou me lembrar disso agora!

Depois de darmos uma volta no quarteirão, voltamos para casa. Mark demoraria para parar de me zuar por conta do que aconteceu com a moto. Passamos a tarde toda juntos como de costume. Vimos alguns filmes e fizemos até pipoca. Quando acabamos de ver o filme, Mark quis ver um jogo de basquete que estava passando na TV e eu aproveitei para levar toda aquela sujeira que havíamos feito para a cozinha. Recolhi os copos e os potes de pipoca e os levei em direção a cozinha. Os primeiros segundos sozinha novamente e a minha cabeça já foi para outro lugar. Era como se tivesse um botão na minha cabeça que ligava e desligava na hora que quisesse. Eu não tinha controle sobre nada.

Ao juntar a louça na pia, comecei a lavá-la. Era pouquíssima coisa e não levaria mais que dois minutos. Idiota, eu sei, mas eu não consigo controlar os meus sentimentos, quem dirá as minhas memórias. Eu tive que lembrar da primeira vez que eu assisti o jogo dos Yankees com o . A Amber estava lá e foi a maior confusão, mas eu me lembro de nós fazermos as pipocas juntos e depois limparmos toda a sujeira, pois não queríamos que a mãe dele ficasse brava quando ela voltasse pra casa. Eu me lembro como se fosse hoje de cada palavra que ele me disse naquele dia. Eu me lembro dele se esforçando para me fazer enxergar que era eu quem ele queria e não a Amber. Eu me lembro tão bem dele pedindo que eu fosse superior a ela e não caísse em qualquer provocação. Que baboseira! Do que adiantou?

Incrível como eu perdia a noção de tempo e espaço quando eu começava a pensar em assuntos que envolviam o . Acabei de lavar a louça e parei no centro da cozinha por um tempo. Me lembrei de vê-lo fazendo chocolate quente naquele mesmo lugar. Andei espontaneamente até a porta que dava acesso ao quintal e a abri. Pisei na varanda que ficava antes do gramado e de lá avistei o topo do mesmo gramado. Aquele mesmo gramado em que havíamos visto o nascer do sol juntos com aquelas xícaras de chocolate quente preparados por ele. Apoiei a lateral do meu corpo em um dos pilares de concreto que havia na varanda. Os meus olhos continuavam fixos no topo daquele gramado e parecia que eu estava sentindo tudo de novo. O que eu senti foi tão real, tão genuíno e tão forte que é um sentimento que eu jamais esqueci. Esse sentimento esteve guardado há tempos e eu tinha certeza que ele não seria mais útil, mas agora, olhando para o topo daquele gramado eu consigo senti-lo novamente. Eu ficava me fazendo uma única pergunta, mas parece que eu nunca vou conseguir a resposta para ela. Quando foi que ele deixou de ser o garoto que esteve no topo daquele gramado comigo para ser aquele cara que beijou 3 na noite anterior? Eu não entendo.

Mesmo estando concentrado no jogo, Mark não pode deixar de perceber a minha demora para voltar. Ele se levantou e foi em direção a cozinha. Ao chegar na cozinha, estranhou o fato de não me encontrar lá, mas viu que a porta do quintal estava aberta. Andou até a porta e ao passar por ela, me viu apoiada naquele pilar de concreto. O olhar estava fixo em algum lugar e o pensamento estava longe, já que eu nem havia notado a presença dele até aquele momento. Me ver daquele jeito fez com que Mark sentisse uma coisa ruim. Uma coisa que parecia dizer a ele o que aquilo parecia ser, mas que ao mesmo tempo dizia para ele ignorar e fingir que não sabia do que se tratava.

- ? – Mark chamou pelo meu nome e eu senti um frio enorme na barriga. Droga! O que eu estou fazendo? Fechei os olhos por dois segundos para me recompor.



- Oi! – Eu disse assim que me virei em direção a ele. Dei o meu melhor sorriso, porque eu não queria que ele desconfiasse de nada. Eu não queria que ele soubesse do que eu estava lembrando.
- Você está bem? – Mark deu alguns passos na minha direção.
- Estou! – Eu afirmei com a cabeça ainda com o sorriso no rosto. – Eu só... – Eu apontei para trás. – Eu estava me lembrando de quando os meus amigos e o meu irmão estiveram aqui. Eu sinto falta deles. – Eu olhei pra ele com um sorriso mais murcho. Porque eu estou mentindo pra ele? Deus! Eu estou mentindo até pra mim mesma! Mark voltou a se aproximar e quando chegou ao meu lado, passou seus braços em torno do meu corpo e colou meu corpo ao seu.
- Faz muito tempo, não é? – Mark acariciou a minha cabeça com seus dedos, enquanto eu mantinha a minha cabeça apoiada entre o seu ombro e o seu pescoço.

Eu sei que você deve estar me achando uma vadia! Pensando em um e abraçando o outro, mas não é bem assim. Eu juro que adoro estar nos braços do Mark. Eu amo o jeito que ele cuida de mim e enxerga tudo o que eu estou sentindo através do meu olhar. Ninguém pode fazer com que eu me sinta melhor do que ele. Eu amo estar com ele e sei que não conseguiria viver sem as nossas brincadeiras, sem aqueles olhos verdes me encarando e sem aquele sorriso tão calmo que fazia com que qualquer problema desaparecesse em segundos. É diferente com o ! Na verdade, eu nem mesmo sei o que é! É uma coisa que parece ter ficado impregnada em mim desde a época que estávamos juntos. Os momentos que nós vivemos juntos foram tão épicos, que eu jamais vou conseguir esquecê-los e, talvez, essa coisa que eu sinta esteja relacionada a esses momentos. Talvez eu ainda tenha esperanças de voltar a viver aquilo novamente, mas está mais do que na cara que ele e eu não somos mais os mesmos, então qual é o ponto? Isso vai acabar me matando!

- Faz... – Eu disse em meio a um suspiro.

Mark estava tendo uma reação bem parecida com a minha em relação a tudo aquilo. Ele sabia que alguma coisa estava acontecendo, mas ele também não queria aceitar. Mark sempre procurou tantas respostas em sua vida, mas dessa vez ele não quer resposta alguma. Ele só quer a mim. Ele não quer pensar em qualquer outra possiblidade em que eu não esteja com ele. Isso o assustava e muito.

era um problema a parte! Ele tinha os seus princípios e o seu orgulho e não pretendia deixá-los de lado por nada e nem por ninguém. Nem que esse alguém significasse a única garota que ele amou até hoje. jamais me perdoaria pelo que eu havia feito. Ele jamais iria me perdoar por tê-lo trocado por alguém que eu prometi ser só um amigo. Ele jamais me perdoaria por tê-lo feito passar os piores momentos da sua vida e por tê-lo feito se sentir um nada. não admitia a forma fria com que eu havia terminado o nosso relacionamento. Era impossível aceitar! Era impossível perdoar, mas também era impossível esquecer. Todo o trabalho que ele havia tido nos últimos meses para me superar foi jogado no lixo com um só olhar na noite passada. Como lidar com isso? Passar por tudo de novo? Trabalhar todos os dias para superar novamente? É isso que ele vai ter que fazer cada vez que me ver? Que merda de vida é essa que ele está pretendendo ter?

- , o que há de errado com você? – Meg finalmente atreveu-se a perguntar depois de me ver agir estranhamente durante toda a semana.
- Como assim o que há de errado comigo? – Eu a olhei, enquanto conferíamos alguns resultados de exames de sangue que havíamos feito durante o dia.
- Porque está agindo desse jeito? – Meg me olhou de canto de olho.
- Eu estou agindo normalmente. – Eu suspirei longamente. É difícil enumerar quantas vezes eu ouvi isso durante a semana.
- Jura? – Meg ironizou.
- Olha só, o que vocês querem de mim? – Eu larguei os exames e a olhei com irritação. – Porque todo mundo fica me perguntando isso? – Eu abri os braços.
- Talvez porque seja verdade? – Meg me encarou.
- Não há nada errado comigo! Eu estou bem! Estou ótima! – Eu respirei fundo para tentar me acalmar. Me acalmar sim, porque pensar que o fato de ter reencontrado está me deixando maluca e que todos em minha volta estão percebendo isso me deixa furiosa.
- Quer saber? Eu vou mandar a real de uma vez! – Meg cansou de fingir que não sabia qual era o problema. – Você está agindo desse jeito desde que viu o mané do seu ex na semana passada! – Quem mais falaria isso na minha cara?
- Ah, cala a boca, Meg! – Eu revirei os olhos e deixei de olhá-la, voltando a minha atenção para os papéis na minha mão.
- Você não para de pensar nele, não é? Pode falar! – Meg estava me encorajando a colocar tudo pra fora, mas eu não vou! Não vou! Não há nada para colocar pra fora!
- Eu não tenho nada a dizer! Eu estou com o Mark. Fim! – Eu quis encerrar o assunto.
- Se é nisso que você acreditar, vá em frente. Quando descobrir a verdade, pode vir falar comigo. – Meg disse antes de pegar os seus papéis e sair da sala, me deixando sozinha.

Está tão na cara assim? Até as pessoas que menos me conhecem notaram a minha mudança de comportamento. O que está acontecendo comigo? Porque estou deixando isso tomar uma proporção maior do que deveria? Meus amigos de Atlantic City só não haviam notado porque não me viram nos últimos meses e até onde eu sei, nenhum deles sabe que eu reencontrei o . e sabiam, mas haviam sido avisados pelo . Ambos preferiram não falar sobre isso comigo para não me colocar sobre pressão e nem para que eu soubesse que também havia ficado abalado com aquele reencontro. Uma hora eu vou ter que acabar falando pra alguém ou isso ainda vai me matar. Está consumindo cada parte de mim e está completamente fora de controle.

Durante a semana, teve mais dois encontros com a presidência dos Yankees. As reuniões eram longas, mas poucos detalhes acabavam sendo resolvidos, demonstrando que teria que ficar mais algumas semanas na cidade. Não haveria problema para a sua empresa e também não haveria problema para a faculdade, já que ele havia trancado a matrícula durante a viagem e retomaria tudo quando voltasse. Sua mãe ligava todos os dias e reclamava de saudades, mas nunca dava uma previsão de volta. Sua mãe também perguntava todos os dias porque ele parecia não estar bem. Ela fazia milhões de perguntas para ter certeza de que estava bem, mas ele nunca a convencia. Qualquer sentimento que o vem tendo nos últimos dias é baseado na raiva que ele têm mantido dentro de si.

quase não saiu durante a semana. O hotel ficava o dia todo enchendo o seu saco e quando ele saia, a única coisa que ele conseguia fazer era me procurar. Me procurar nas ruas, me procurar nos bares, nas lojas, nos restaurantes, nas esquinas ou em qualquer outro lugar. Ele queria ter a oportunidade de me ver de novo, mas ele não sabia qual seria a sua reação dessa vez. Ele estava furioso e tinha um discurso todo ensaiado para cuspir na minha cara. só precisava de coragem.

Mark era a pessoa que mais havia percebido a minha mudança de comportamento e também era a pessoa de quem eu mais havia tentado esconder. Ele sabia que estava me perdendo aos pouco e não havia nada que ele podia fazer. Foi por isso que ele adiou o pedido de namoro, agora, por período indeterminado, talvez, nunca. Era difícil pra ele, porque eu fui a primeira pessoa em quem ele realmente confiou e pra quem ele se doou totalmente depois de tudo o que ele já perdeu. Mark não sabia como seria perder alguém novamente.

A resto da semana se passou e acabou sendo exatamente o que eu havia previsto: uma droga. Uma parte do tempo eu fiquei me sentindo perdida, como se pertencesse a outro mundo e na outra parte do tempo eu me odiava por isso. Era exaustivo ficar lutando contra mim mesma e ainda ter que sorrir e dizer que está tudo ótimo! Várias vezes eu me pegava pensando, enquanto olhava pra um ponto fixo e só depois eu olhava no relógio e percebia que já haviam se passado 10 minutos. O Mark, inclusive, havia flagrado vários desses momentos e eu usava uma desculpa pior que a outra. Depois disso, vinha aquele arrependimento por não estar sendo honesta com ele. Eu queria gritar a verdade pro mundo. Eu queria por tudo o que eu tenho pra falar pra fora, mas eu sei que não é ele quem deve ouvir.

Era manhã de sábado, quando o toque do meu celular me acordou. Eu demorei para acordar e fui obrigada a ver as horas, porque eu queria ter certeza de que eu poderia dormir muito ainda. O visor do celular mostrava o número de , que continuava ligando insistentemente no meu celular. Não se pode dormir sossegada?

- Oi . – Eu atendi, mantendo-me deitada na cama. Os meus olhos estavam fechados.
- Achei que não acordaria nunca! – suspirou, aliviado.
- Então você sabia que ia me acordar? Que ótimo! – Eu ironizei.
- Desculpa, ! É que é...importante. – parecia confuso, sentado na cadeira em seu quarto com os pés sobre a cama.
- Aconteceu alguma coisa? – Eu fiquei imediatamente preocupada.
- Aconteceu. – não se prolongou.
- O que foi que aconteceu? – Eu arrumei coragem para abrir os olhos.
- Eu acho que...estou apaixonado. – continuou sendo breve, mas suas poucas palavras foram suficientes.
- Jura? – A afirmação dele até me arrancou um sorriso.
- O que eu faço? – precisava de ajuda. Ele não estava acostumado a esse tipo de coisa.
- Engraçado você me perguntar isso logo agora. – Eu ironizei, negando com a cabeça. – Eu não acho que eu seja a melhor pessoa para te dar esse conselho agora. – Eu disse depois de alguns segundos de silêncio.
- Você é a minha melhor amiga, lembra? Eu estou precisando da sua ajuda. – insistiu. Mesmo dizendo com jeitinho, eu me senti horrível por estar recusando ajuda ao meu melhor amigo.
- Você a ama? – Eu questionei, depois de achar um rápido caminho para um belo conselho.
- Amo! – riu, pois se achou um idiota dizendo isso em voz alta.
- Então você tem que contar a ela. – Eu afirmei sem ter qualquer dúvida. – Você tem que conversar com ela, porque não falar só vai deixá-la confusa. – O conselho também servia para mim.
- Mas e se ela não sentir o mesmo? – demonstrou o que realmente o amedrontava.
- Acha mesmo que é possível? – Eu nem cogitei aquela possibilidade. – Pense! Pense sobre cada momento que vocês viveram juntos. Pense em cada sorriso e em cada olhar que vocês trocaram. No fundo, você sabe se o que você sente é correspondido ou não. – Quem vê eu entendo muito dessa coisa louca chamada amor.
- Ok, ok! Eu preciso te falar! – estava se segurando para não contar a parte principal. – Você ainda não sabe a pior parte. – Ele sorriu, nervoso.
- O que foi? – Eu franzi a testa, enquanto me perguntava do que é que ele estava falando.
- Eu... – rolou os olhos. – Eu estava passando por uma loja de joias esses dias e... eu tinha algumas economias em casa de algumas mesadas e... – Ele não conseguia terminar.
- , você comprou um anel pra ela? – Eu imediatamente me sentei na cama. Foi a coisa mais surpreendente que eu havia escutado nas últimas semanas.
- E se eu disser que sim? – fez careta.
- Uau... – Eu estava em choque. estava considerando pedir a em namoro. Quando foi que isso aconteceu? Quanto tempo eu dormi?
- Eu sei... – sorriu, nervoso.
- Ok, espere um minuto. Eu ainda estou em choque. – Eu olhei para qualquer canto do meu quarto.
- Isso é loucura! Eu... nem sei o que estou fazendo. – imediatamente se achou um idiota por ter considerado aquela possibilidade.
- Você está fazendo a coisa certa! ! Você sempre quis isso. Ela sempre quis isso! O que pode ser melhor do que isso? – Eu tinha que convencê-lo a fazer aquilo.
- Não é rápido demais? – preocupava-se em estar pulando etapas demais.
- Rápido demais? Quem foi que disse que existe um tempo certo para se descobrir que está apaixonado por alguém? Cada um tem o seu tempo. – Eu comecei a explicar. Eu o convenceria a fazer aquilo a qualquer custo! – No meu caso com o , por exemplo, tudo aconteceu tão rápido. Já com o Mark, nós estamos juntos há meses e... nada! – Eu nem me dei conta da ridícula comparação que estava fazendo.
- Talvez isso queira dizer alguma coisa. – tinha que fazer esse comentário infeliz. Foi como um estalo na minha cabeça e eu me senti na obrigação de ficar na defensiva.
- Sim! Quer dizer que tempo não significa nada, mas sim o que você sente. Não importa se vocês estão juntos há 2 dias ou há 2 meses! Você a ama? Vá até lá e consiga a garota. – Desculpa mundo, mas isso é o melhor conselho que eu consegui. O meu conselho fez sorrir, sem mostrar os dentes.
- Eu confio em você. – afirmou. – Se você está me dizendo isso, eu acredito em você! – Ele afirmou com toda a segurança do mundo. Ouvir ele dizer aquilo me fez querer tê-lo por perto para abraçá-lo e pedir a ele o conselho que eu tanto precisava ouvir.
- Awn...Eu sinto sua falta. – Eu sorri sem mostrar os dentes.
- Eu também sinto a sua. Só um pouquinho... – brincou, arrancando de mim um sorriso maior.
- Faça, ok? Faça do seu jeito e eu duvido que ela recuse o seu pedido. – Eu o encorajei ainda mais.
- Deixa comigo. – queria tanto que eu estivesse ali para que ele me agradecesse como deveria. – Eu amo você! – Ele completou.
- Eu também. – Eu voltei a sorrir e logo depois ouvi a ligação ser desligada.



Meu melhor amigo vai pedir a minha melhor amiga em namoro. O quão surreal e maravilhoso isso pode ser? Eu estou nas nuvens, pois eu não estou em Atlantic City, mas os meus melhores amigos estão cuidando uns dos outros. Eu queria muito estar lá para ver o colocar em prática tudo o que ele sempre quis. Eu queria estar lá para me lembrar como era aquela sensação de se sentir incrivelmente amada por causa de um simples pedido e de um anel, mas ao mesmo tempo eu sabia que aquilo seria a coisa mais torturante que eu faria. Torturante sim, porque me lembrar daquela voz cantando a minha música favorita e daqueles olhos tão apaixonados me fazendo aquela pergunta mais do que óbvia me fariam desabar e me jogariam de volta pro fundo do poço. Eu não posso fazer isso.

, tenho que resolver alguns problemas do trabalho agora de manhã. Me desculpe por não ter estado ai quando você acordou e por não almoçar com você. Apareço na sua casa assim que eu chegar.

Beijos, Mark.’

A mensagem havia sido deixada há mais ou menos uma hora atrás. Saber que eu teria que almoçar sozinha foi um pouco desesperador, considerando o estado em que eu me encontrava logo no início daquela manhã de sábado. Eu precisava me distrair e ficar sozinha só torna tudo mais difícil.

Mais uma reunião com a presidência dos Yankees e nada muito decidido. ainda não sabia quanto tempo teria que ficar em Nova York até que o contrato fosse fechado, mas ele também não sabia se essa era uma boa notícia ou não. Ir embora não era uma opção, mas ele já havia cogitado essa ideia nos últimos dias. Depois do nosso reencontro na semana passada, tudo havia mudado. Ele não estava normal. não conseguia fazer nada sem pensar em mim. Ele tinha a impressão de me ver em cada esquina cada vez que ele dirigia nas ruas de Nova York. Além disso, também tinha os sonhos comigo, que estavam mais frequentes do que nunca. Pensar que ele perdeu a oportunidade de me dizer tudo o que ele sempre quis o deixava furioso. Ele não conseguiria seguir em frente enquanto não me fizesse ouvir tudo o que ele precisava dizer.

- Ainda não conseguiu um ingresso pra nós? – questionou ao falar com no telefone.
- Como a temporada ainda não começou, não dá pra comprar os ingressos. – explicou, enquanto saia do estádio dos Yankees, onde havia acabado de participar de uma reunião.
- Não acredito! – rolou os olhos.
- Eu sei! Que droga! – respondeu sem dar muita atenção, pois ele estava mais preocupado em achar o seu carro no estacionamento do estádio. Ele não lembrava onde o tinha deixado.
- Acha que você ainda vai estar ai no começo da temporada? – questionou.
- Por quê? Está com saudade? – sorriu ao andar em direção ao seu carro. Conseguiu vê-lo no outro lado do estacionamento.
- Estou morrendo de saudade! É claro que não tem nada a ver com a minha vontade de ver o Yankees na primeira fileira. – brincou, arrancando um sorriso ainda maior de .
- É claro que não! Isso nem passou pela minha cabeça. – ironizou e gargalhou.
- Sério! Você vai mesmo demorar pra voltar? Achei que você ficaria pouco tempo. – voltou a falar sério.
- Eu também achei que voltaria logo, mas pelo jeito que as negociações andam... – rolou os olhos.
- Poderia ser pior, não é? Nova York não é tão ruim assim. – quis ver um lado bom em tudo aquilo.
- Ruim? Porque seria ruim? Só porque a minha ex-namorada mora aqui? Imagina. – voltou a ser irônico. Destravou o seu carro e entrou nele.
- Nova York é grande o suficiente para vocês dois. Esqueça isso. – quis desconversar, pois sabia que aquele assunto incomodava .
- Grande demais, né? – negou com a cabeça, olhando para o volante de seu carro. Certamente não sabia do nosso reencontro na semana passada e se dependesse do continuaria sem saber, pois ele não queria ter que detalhar aquele reencontro novamente.
- Isso é passado, ok? Vocês já seguiram em frente e isso é tudo o que importa agora. – não queria continuar valorizando o assunto.

Seguir em frente? Quem foi que seguiu em frente? sabia que tal afirmação não se encaixava com ele, mas sim comigo. Só comigo! Mark era a minha prova de que eu havia seguido em frente e qual era a prova do ? Não há provas para inocentá-lo do crime de não viver a sua vida, mas ele daria um jeito de consegui-las. Ah, ele daria! Ele providenciaria as suas provas. Agora!

- Você está certo! Já está mais do que na hora de seguir em frente. – ligou o carro, pois pretendia desligar o celular. achou a afirmação de estranha.
- Está... tudo bem? – perguntou só para ter certeza.
- Está! Eu posso te ligar depois? É porque eu estou no trânsito e... você sabe... – foi obrigado a mentir. Ele não poderia revelar o motivo de sua pressa.
- É claro! Tudo bem. Nos falamos depois. – não desconfiou de nada.
- Até depois. – disse antes de desligar o celular.

tentou de tudo! Ele tentou o tempo, tentou outras garotas, tentou beber, tentou esquecer, mas nada havia funcionado. Nada havia conseguido fazê-lo seguir em frente e essa vontade enorme dele de me dizer tudo o que ele sempre quis nesses últimos meses pareceu a única saída e possivelmente a sua última opção. Quando nos reencontramos, ele fez questão de me mostrar que havia seguido em frente, mas quando é que ele convenceria a si mesmo disso? Enganar a si mesmo só fazia com que ele adiasse o inadiável. O nó que ele tinha na garganta só havia aumentado durante a semana a cada sonho, a cada garota que ele dava o fora e a cada vez que ele me procurava em todos os lugares que ele ia. precisava resolver os negócios inacabados para deixar o passado no passado.

- Já chega... – suspirou ao pegar o GPS de seu celular e colocar o nome de um Shopping, que ele sabia que ficava perto da minha casa. Ele não conhecia muito bem Nova York, portanto, não sabia como ir até a minha casa de onde ele estava, mas ele saberia se fosse até o Shopping.

Já que eu estaria sozinha, eu acabei comendo o meu café da manhã no lugar do meu almoço. Comi algumas bolachas e fiz um café horrível que não deu nem pra tomar, por isso, optei pelo suco de laranja. Minha mãe me ligou, enquanto eu lavava a louça. Não era sempre que eu tinha disposição para fazer isso. Depois de me contar todas as fofocas da família, minha mãe fez questão de me lembrar de dar uma arrumada na casa de vez em quando. Acho que notei até um certo orgulho vindo dela, quando eu disse que havia acabado de lavar a louça. Consegui desligar o telefonema depois de convencê-la de que estava tudo bem e que tudo estava em ordem. Quando vi que o relógio marcava um pouco mais de 2 horas da tarde, fui trocar o meu pijama por uma roupa descente, já que o Mark poderia chegar a qualquer momento. Coloquei uma regata preta simples e um shortinho jeans. Ia prender o meu cabelo, mas ele parecia tão bonito naquela manhã que eu não quis cometer aquela besteira. Antes de voltar para a sala, peguei um livro da faculdade que precisava acabar de ler. Desci as escadas e me aconcheguei no sofá. Apesar do silêncio favorecer a minha leitura, os meus pensamentos iam contra qualquer coisa que eu tentava fazer para me distrair.

havia acabado de chegar em frente ao Shopping, que ficava bem próximo a minha casa. Agora ele sabia como ir até lá e sabia como estava perto de fazer o que ele tanto queria fazer. Ele não podia dar pra trás agora! Seguiu o seu caminho até a minha casa e depois de percorrer alguns quarteirões, ele entrou na rua da minha casa. diminuiu a velocidade do carro e foi se aproximando aos poucos da minha casa. O coração já estava estranhamente disparado e suas mãos já suavam sem motivo algum.

Depois de andar lentamente pela rua, parou em frente a minha casa. Olhou fixamente para aquela casa e se lembrou de todas as vezes que pensou que jamais voltaria ali. Com o carro já desligado, ele observou a casa por um bom tempo. Milhões de memórias enchiam a sua mente, mas elas foram imediatamente deixadas de lado quando ele olhou para a casa ao lado. Ver a casa de Mark tão perto da minha fazia com que ele se sentisse ainda mais idiota que antes. Ele sempre esteve ali ao lado! É claro que alguma coisa aconteceria. Como ele não pensou nisso? Como ele permitiu que eu viesse morar logo ali? As memórias se transformaram em ódio com facilidade e o ódio só serviu para dar a ele mais coragem para seguir com aquilo. saiu de seu carro e olhou em volta. A rua estava pouco movimentava e ele conseguiu atravessá-la com facilidade. Parou em minha calçada e percebeu que o local onde Big Rob costumava ficar estava vazio. agradeceu mentalmente por isso. Ele também notou que o carro de Mark não estava na garagem, o que quer dizer ele não estava em casa. Mais um bom motivo para continuar com aquilo, já que ele temia a sua reação ao ficar cara a cara com o Mark.

- Qual é... – resmungou ao notar o seu nervosismo de ir até a minha porta. O coração continuava disparado e as mãos ainda suavam frio. – Que se dane! – Ele respirou fundo e seguiu em direção a minha porta. Parou em frente a ela e depois de hesitar por alguns segundos, tocou a campainha.

O livro começava a ficar interessante, quando a campainha me atrapalhou. Eu tinha certeza de que era o Mark. Estava mais do que na hora, não é? Ninguém merece ficar em casa lendo livro em plena tarde de sábado. Fechei o livro com uma certa empolgação e o coloquei sobre a mesinha de centro. Me levantei do sofá com rapidez, pois estava feliz por Mark ter chego. Os meus problemas sumiam da minha mente quando eu estava com ele e ele sempre me distraia como ninguém. Era um baita alivio estar com ele. Cheguei na porta, a destranquei com velocidade e a abri sem qualquer hesitação. Eu estava prestes a dizer um carinhoso ‘Oi’, quando eu finalmente vi quem realmente estava na minha frente. Não era a solução dos meus problemas e sim o causador deles. O meu coração parou instantaneamente e os nossos olhares se cruzaram na mesma hora.

O sorriso que estava em meu rosto foi idêntico ao que eu dei quando eu abri a porta e o vi em sua primeira visita a minha casa há alguns meses atrás. A única diferença é que da outra vez eu pulei em seus braços e dessa vez o sorriso deu lugar a perplexidade. O meu sorriso ao abrir a porta foi como um soco no estômago de e o discurso que havia preparado durante meses se perdeu em meio a tantas sensações que tomaram conta de seu corpo. A expressão séria e cheia do ódio foi embora junto com o ar de um discreto suspiro. O que ele estava fazendo ali?

- Oi... – Eu disse, já que o silêncio estava ficando estranho. Forcei um fraco sorriso, pois não queria que ele soubesse o que realmente se passava dentro de mim. continuou observando o meu rosto, sem responder o meu cumprimento. Quem nos visse ali diria que era apenas uma estranha troca de olhares, mas só nós sabíamos realmente o que aquele momento significava.
- Oi, eu... – levantou uma das mãos e apontou para o seu carro. – Eu estava passando aqui por perto e... – Ele pausou para respirar e para tentar acalmar o que se passava dentro dele. – Eu não sei! Eu pensei em passar aqui. – ergueu os ombros daquele jeito despojado que só ele tinha.
- É mesmo? – O meu sorriso aumentou. Aja normalmente, ! Aja normalmente!
- É, eu achei que nós poderíamos conversar, já que... faz tempo que não fazemos isso há algum tempo. – Mas que papo é esse de faz tempo que não nos falamos? Isso deveria ser mais como ‘Vim jogar na sua cara a sua traição, sua vadia desalmada!’. Qual o problema com ele?
- É, faz... algum tempo mesmo. – Eu concordei com toda a minha babaquice. Porque eu estou agindo assim? O meu sorriso aumentou e ele olhou para os meus lábios por 3 segundos. Deus, me ajude! – Você não quer entrar? – Eu deixei de olhá-lo e abri um pouco mais a porta.
- Quero. – não hesitou. Eu dei passagem e ele passou por mim, entrando na casa. O perfume dele beirou o meu nariz e eu quis morrer. Fechei a porta e a encarei por poucos segundos. Eu estava a mil!



Entrar naquela casa novamente fez com que ele se lembrasse da primeira vez que esteve ali. Todos os nossos amigos estavam com ele e o seu maior problema era o amor não correspondido da irmã do seu melhor amigo. O choque de memórias não fez com que ele perdesse total consciência e ele conseguiu se conter. ainda observava a casa, quando eu me virei para olhá-lo. Tentei me monitorar para não olhá-lo da cabeça aos pés, mas ops... Tarde demais! Ele vestia uma calça jeans preta, uma camiseta preta lisa e por cima um blazer preto, que estava com suas mangas dobradas até um pouco abaixo dos cotovelos. Ele usava um tênis preto e o cabelo estava extremamente arrumado.

- Você quer beber alguma coisa? – Eu precisava me recompor. – Eu tenho refrigerante, suco e... água. – Eu completei. virou-se para me olhar. Porque ele não pode simplesmente parar de me olhar desse jeito?
- Não, valeu. Eu estou bem. – negou com a cabeça, esperando pelo que viria a seguir. Os olhares dele sobre mim me incomodavam, então eu tive que arrumar um jeito de acabar com aquele momento constrangedor.
- E como vai a conta dos Yankees? – Eu escolhi o assunto que mais se afastava do assunto ‘nós’. Eu achei que estava pronta para essa conversa, mas eu não estou.
- Eu acabei de sair de uma reunião com eles. Os caras são um pouco enrolados e querem participar de cada detalhe da parte criativa. Vai levar um pouco mais de tempo do que eu previa. – tentava não demonstrar o seu nervosismo. Ele enxugava as mãos discretamente em sua calça, já que elas continuavam suando frio.
- Deve estar sendo o máximo pra você. – Eu apontei com a cabeça em direção ao sofá para que ele sentasse. Esperei que ele sentasse para que eu me certificasse de sentar bem longe dele. – Os meninos devem ter surtado. – Eu dei um discreto sorriso e ele continuava me olhando daquele jeito intenso, que parecia me sufocar.
- Se eu não conseguir ingressos de primeira fileira pra próxima temporada acho que vou ter que encontrar novos melhores amigos. – brincou e se surpreendeu ao ver que ele ainda sabia me fazer sorrir. Ele gostava da sensação de prazer que aquilo lhe dava.
- Foi o que eu pensei! – Eu concordei sem ter muita noção do tamanho do meu sorriso. Isso sempre acontece quando eu estou com ele.
- E o seu trabalho? Você continua fazendo o mesmo que antes? – mudou o assunto, antes que acabasse se perdendo no meu sorriso novamente.
- Sim! Eu e a Meg dividimos a mesma função. – Eu disse, temendo o rumo da conversa.
- Aquela que estava aquele dia com você era... – relembrou a noite que nos reencontramos. Nós temos mesmo que falar daquela noite? Droga.
- Era a Meg. – Eu confirmei antes que ele terminasse a frase.
- O não para de falar dela. – rolou os olhos, arrancando um outro sorriso de mim.
- Eu não faço a menor ideia do por que. – Eu ergui os ombros e antes que percebêssemos estávamos trocando olhares novamente. - Como está a sua família? E a ? – Eu precisava mudar o assunto. Todos os assuntos pareciam nos levar a situações desconfortáveis. Eu quero sair correndo daqui!
- Estão todos bem. – afirmou, fazendo questão de omitir todas as perguntas sobre mim que tem feito durante esses meses. Ele não queria que eu soubesse que sentiu a minha falta. Eu estava maluca para perguntar sobre o Buddy, mas diante da sua frieza ao responder sobre a sua família, eu não quis arriscar.
- O Buddy está enorme! – Foi como se ele tivesse lido os meus pensamentos.
- Jura? Awwnn... – Eu fiquei toda derretida. Deixar Buddy pra trás foi uma das piores coisas que o término tirou de mim.
- Eu acho que tenho uma foto aqui. – colocou a sua mão no bolso e tirou de lá o seu celular. Eu estava empolgada para ver a foto, mas sabia que eu teria que me aproximar para vê-la. – Aqui. – Ele me olhou, esperando eu me aproximar. Eu me aproximei com todo o pesar do mundo e me sentei ao lado dele. Ele me entregou o seu celular e eu olhei para o visor do mesmo.
- Não! Ele está... tão grande... – Eu olhei perplexamente para a foto. Buddy era o meu ponto fraco. Por 5 segundos eu esqueci que estava ali.
- Ele está terrível! – comentou e eu deixei de olhar a foto para olhá-lo. Foi só então que eu notei o quão próximos nos estávamos. A proximidade também chamou a atenção de , que olhou para o meu rosto e por alguns segundos eu senti aquela ligação que costumávamos ter.

As borboletas estavam fazendo festa no estômago de e ele queria desesperadamente matar uma por uma. Isso não está certo! Essas sensações, essa reação dele e a falta de controle de si mesmo não poderiam estar acontecendo. Depois de tudo o que aconteceu, depois de tudo o que eu fiz e ele ainda não consegue controlar a si mesmo quando está perto de mim. Como isso é possível?

- Eu... – Eu estendi o celular na direção dele. – Eu sinto a falta dele. – Eu completei com um certo nervosismo. deixou de me olhar e aproximou a sua mão da minha. Ao pegar o celular, ele acabou tocando na minha mão. Foi a mesma coisa que tomar aquelas anestesias gerais, que tiveram um impacto tremendo sobre todo o meu corpo.
- É, eu acho que... – hesitou por alguns segundos, enquanto guardava novamente o celular em seu bolso. O toque, o momento e toda a situação em si fizeram com que ele demonstrasse fraqueza. – Eu acho que ele sente a sua falta também. – Ele completou assim que voltou a me olhar. Os olhos dele pareciam me dizer algo, mas também procuravam respostas.



O nervosismo de ambos era mais do evidente, mas continuávamos fingindo que aquilo não era constrangedor e que não queríamos as respostas de todas as nossas perguntas. Mesmo um pouco fora de si, ainda tinha controle sobre as suas vontades e sabia quais os motivos que o lavaram até ali. Ouvi-lo falando sobre a falta que o Buddy sente de mim me fez desejar por 3 segundos que ele estivesse falando dele e não do ‘nosso’ cachorro.

- Todas as vezes que eu vejo um filhote eu me lembro dele. – Eu comentei apenas para deixar claro que era de Buddy que eu estava falando. – Eu nem sei quanto tempo faz que eu não o vejo. Eu acho que foi... – Eu estava tão focada em não demonstrar qualquer emoção ou em fugir de qualquer assunto que tivesse a ver com nós, que eu não percebi a besteira que estava dizendo. O que eu devo dizer? Que foi quando eu fui até a casa do para fazer a surpresa no nosso aniversário de namoro? É claro que não! Mesmo sem saber de tudo, sabia muito bem que eu havia entrado em um assunto delicado e que tinha sido totalmente sem querer. Eu fiquei visivelmente nervosa e sem jeito com a minha frase, que eu não fui capaz de concluir.
- Sabe, acho que vou aceitar aquela água. – usou de toda a sua piedade para me ajudar a fugir daquele momento, que faria com que eu arrancasse os meus cabelos mais tarde. Se ele não mudasse o rumo da conversa, sabia onde ela terminaria e mesmo sendo exatamente onde ele queria chegar, ele não queria ter que percorrer um caminho cheio de memórias boas para que depois ele não conseguisse dizer tudo o que estava engasgado.
- Eu... vou pegar. – Eu me levantei no mesmo instante do sofá. Sair dali era tudo o que eu mais precisava no mundo. Eu andei até a cozinha e ao entrar nela, eu dei um longo suspiro que não adiantou absolutamente nada. A pressão ainda me fazia respirar com dificuldade e o meu corpo parecia anestesiado. Enquanto coloquei o copo para encher, apoiei minhas mãos na pia, abaixei a minha cabeça por alguns segundos e fechei os meus olhos.

É difícil descrever o que eu estou sentindo. O está na sala ao lado e a única coisa em que eu consigo pensar é em correr o mais rápido que eu puder pra longe dele, porque com ele ali eu saia da minha zona de conforto. Eu olhava para ele e eu conseguia ver o julgamento vindo através de seus olhos, mas no meio de todo aquele julgamento eu consegui ver o capitão do time da escola. Eu juro que eu consegui! Alguma coisa não havia mudado, mas porque isso seria uma boa notícia?

Assim que eu saí da sala, aproveitou para preparar-se para o que viria a seguir. Aproveitou que estava sozinho e deu uma boa olhada na casa. Ele parecia nos ver em cada canto e lembrar-se dos momentos que vivemos ali não fazia nada bem a ele, porque ele sempre acabava concluindo que ali também haviam momentos meus e do Mark e isso destruía toda e qualquer lembrança boa que ainda existia de nós. Ele levantou-se do sofá e foi até uma estante de madeira, que ficava próxima da TV. foi direto no porta-retrato e foi obrigado a ver tudo o que menos queria. No porta-retrato havia uma foto minha e do Mark em que ele beijava o meu rosto, enquanto eu o abraçava e fazia careta pra foto. Aquela foto sim era um estímulo para que ele me odiasse pelo resto da vida. A foto fez com que ele voltasse a tomar o controle total de seu corpo, ou melhor, foi a raiva que tomou o controle de absolutamente tudo.

O copo de água se encheu e eu nem sequer percebi. Eu precisava encher mais uns 10 copos para recuperar o ar, o controle e a mim mesma. Eu estava perdida e totalmente fora de mim. Eu não sabia o que estava fazendo. Peguei o copo nas mãos e encarei a saída da cozinha sem coragem alguma de voltar para lá. Entrelacei meus dedos em meu cabelo e continuei me preparando para fingir que nada havia acontecido. Depois de um último suspiro, eu andei em direção a sala com o copo na mão. Ao chegar na sala, a única coisa que eu consegui ver foi o com o porta-retrato nas mãos. O meu chão caiu e o mundo pareceu ficar preto e branco. Eu senti uma sensação ruim, que ficava pior a cada segundo.

- Aqui... a sua água. – Eu disse, achando que ele colocaria o porta-retrato no lugar e deixaria aquilo pra lá. Bem, ele não deixou pra lá! Depois de virar-se para me olhar, ele andou na minha direção com o porta-retrato nas mãos. Eu não consegui me mover. parou na minha frente e me encarou de um jeito diferente. Eu ainda tentava entender o seu novo comportamento, quando ele pegou o copo da minha mão.
- Obrigado. – agradeceu antes de levar o copo a boca e beber a água de uma só vez. Eu o olhei com um certo receio, depois que ele colocou o copo sobre uma das mesinhas que ficava ali perto. Eu queria me ausentar novamente para levar o copo até a cozinha, mas diante da sua atitude um tanto quanto agressiva, eu não tive coragem nem de me mover.

Agora nós estávamos frente a frente novamente, mas dessa vez era diferente. Não estávamos vestindo aqueles disfarces que transparecia que a nossa vida estava maravilhosa e que estava tudo bem. A verdade estava na nossa cara e a mágoa era mais do que visível. Eu me senti nua, porque não tinha mais com o que me proteger. não parava de me olhar e os olhos dele pareciam gritar palavras de ódio. Naquele instante eu soube que nada que eu fizesse adiaria aquela conversa.

- O que... nós estamos fazendo? – Eu neguei com a cabeça, enquanto olhava nos olhos dele. Ele me encarou e logo depois deixou de me olhar, abaixando a sua cabeça e trazendo o porta-retrato (que ainda estava em sua mão) para mais perto de seu rosto. Olhou novamente para a minha foto com o Mark e em seguida, olhou pra mim.
- Nós? – ironizou, arqueando uma de suas sobrancelhas. – O que VOCÊ está fazendo? – Ele me encarou com desprezo.
- O que? – Eu não sabia do que exatamente ele estava me acusando.
- Porque você não me disse que era ele? – ergueu novamente o porta-retrato, enquanto ele me encarava e esperava por uma resposta. A resposta que eu não tinha. A resposta que eu não podia revelar.
- ... – Eu rolei os olhos, enquanto negava com a cabeça.
- Eu fiz uma pergunta! – me colocou ainda mais sobre pressão.
- Não importa mais. – Eu continuei desconversando. Eu não estava pronta para falar sobre aquilo. Talvez nunca estivesse.
- Não importa? – pareceu incrédulo com a minha afirmação. – Nunca importou para você, não é? – Novamente aquele olhar de desprezo. A afirmação dele me fez querer cuspir toda a verdade na cara dele só para mostrar a ele o quão errado ele estava.
- Você não sabe do que está falando. – Foi a primeira vez em muito tempo que eu olhei alguém com tanta raiva. Eu saí da frente dele, me afastando para que eu não surtasse de vez.
- Não sei? – disse ao me olhar de costas. A minha raiva me fez olhá-lo assim que eu voltei a ouvir sua voz. O que mais ele tem pra dizer? – Eu também fiz parte daquele relacionamento, lembra? Bem, se você não se lembra, eu vou te ajudar! – Ele deu alguns poucos passos em minha direção. O olhar de ódio não cessava um só segundo. – Eu era o garoto que costumava ter uma paixão platônica por você. Eu era o cara que fez tudo por você e que em troca foi traído e dispensado através de uma carta patética! – fez uma rápida pausa, pois a raiva estava excedendo os limites. – Então, sim! Eu sei exatamente do que eu estou falando porque você me fez passar por isso! – Ele me acusou sem pensar duas vezes.

A rápida citação dele sobre o que ele costumava a fazer e a sentir por mim mexeu mais comigo do que deveria. Isso não deveria continuar acontecendo. Eu não era mais uma aluna do ensino médio que costumava se divertir e sofrer dramaticamente com os seus relacionamentos amorosos, mas os dramas continuam crescendo e engolindo toda a minha vida novamente. Coincidência ou não, os dramas aumentaram desde a chagada de a cidade.

- Chega... – O meu estado emocional estava no limite e a cada frase nova dele o meu humor oscilava. Não dá pra ter essa conversa agora. – Eu não quero ter essa conversa hoje. – Eu achei que ele entenderia, já que ele sempre respeitou os meus limites, mesmo nas nossas piores brigas. Eu estava errada.
- E porque não? Será que é porque você ainda não aprendeu a encarar os seus problemas de frente? – sorriu com sarcasmo. O sarcasmo dele me fez ficar furiosa novamente.
- Pare de falar comigo como se eu ainda fosse a mesma garota boba e indefesa que você conheceu há anos atrás. – O meu tom demonstrava que aquilo não se tratava de um pedido e sim de uma ordem.
- Você quer ser tratada como adulta, mas lida com os seus problemas como uma garotinha de 12 anos! – continuou indo além. Ele não tinha motivos para ser legal e ele sabia exatamente quais são os meus pontos fracos.
- Pra que você veio até aqui então? – Eu abri os braços, me monitorando para não perder a paciência.
- Eu quero respostas! – respondeu de imediato.
- Eu não tenho resposta alguma para te dar! – Eu elevei pela primeira vez o meu tom de voz.
- É claro que tem, mas você não é corajosa o suficiente para dizê-las na minha cara. Talvez se eu te der um papel? – O sarcasmo do me tirava mais do sério do que muita gente por ai. Ele sabia o quanto isso me irritava e fazia questão de usar isso contra mim.
- Você nunca cogitou que talvez eu tenha escrito aquela carta para não ter que ouvir esse seu discurso? – Mesmo sendo mentira, eu tive que dar o troco.
- Sinto muito te informar, , mas hoje você vai ouvir tudo o que eu tenho pra te falar. – não se deixou abater, mas eu não posso dizer o mesmo sobre mim. Aquele apelido tem sido como um tormento durante toda a minha vida e agora eu acabo de me lembrar do por que. Minha reação ao ouvir ele me chamar de ‘’ não foi nem um pouco discreta. Eu fiquei visivelmente abalada e ele notou.
- Quer saber? Eu acho que é melhor você ir embora. – Eu quis evitar que as coisas piorassem.
- Olha só... – cerrou um pouco os seus olhos e manteve um sorriso malandro no rosto. – Parece que esse apelido ainda causa efeitos em você. – O comentário dele me pegou desprevenida. Nós costumávamos guardar esse tipo de comentário para nós mesmos, mas já vi que ele não está se esforçando para ser agradável. O comentário me irritou um pouco mais, pois eu percebi que ele estava tentando me encurralar de qualquer forma.
- Sim, causa ódio! – Eu fui irônica de propósito só para que ele se lembrasse com quem ele estava falando. – Agora que você já fez essa extraordinária descoberta, acho que você já pode ir embora. – Eu me recompus rapidamente. O meu sarcasmo e a minha ousadia deixaram bem claro para ele que eu não ouviria os seus insultos calada. Quando eu vi que aquele sorriso irônico saiu de seu rosto, eu quis ir além. – Eu não tenho nada para conversar com você. Na verdade, eu até tinha planos de conversar com você, mas depois de te reencontrar e ter o desprazer de conhecer o novo , eu não faço mais questão. – A expressão dele me fez ter certeza de que alguém estava me aplaudindo em algum lugar do mundo.
- Deixa eu ver se eu entendi. – voltou a cerrar os olhos e deu mais alguns passos na minha direção. – Você está tentando fazer com que eu me sinta mal por não estar te tratando bem? – Ele parou em minha frente e me encarou. – Você fez da minha vida um inferno! Porque eu deveria ser legal com você? – perguntou, fingindo que me olhar de tão perto não o fazia querer arrancar o seu coração do peito.
- Por quê? – Eu ironizei a sua pergunta. – Bem... Primeiro, porque você está na minha casa. Segundo, porque eu não sou uma dessas... garotas que você encontra nos bares e nas baladas que você costuma frequentar. – Agressiva demais? Qual é! Eu fui muito legal em não usar o termo ‘vadias’. A minha falta de sensibilidade realmente o pegou de surpresa, mas ele sabia que havia algum ponto fraco e ele o encontraria. As minhas palavras descreveram mais do que bem a impressão que eu tinha dele.
- Você realmente acha que eu me importo com o que você pensa de mim ou das garotas que eu costumo sair? – perguntou em tom de deboche.
- Sabe o que eu acho? – Eu tentei ser extremamente fria, mas estava difícil com ele tão perto. – Eu acho que você tem que ir embora antes que o meu segurança seja obrigado a te colocar pra fora. – Eu tentei novamente fazê-lo ir embora. Eu temia a hora que ele encontrasse a minha vulnerabilidade.
- Vá em frente! – apontou com a cabeça em direção ao telefone da casa. – Chame o seu segurança. Chame a polícia ou se preferir, chame também o FBI. Eles com certeza vão me tirar daqui, mas nenhum deles vai limpar a sua consciência, que sabe muito bem o grande erro que você cometeu e sabe que você me deve todas as explicações que eu mereço. – sabia muito bem me manipular com suas palavras e olhares, que me diziam a todo o momento que eu era responsável por um grande sofrimento. Ele estava começando a se aproximar do meu ponto fraco.
- Eu posso ter cometido erros, mas eu não fui a única! Não foi tão fácil pra mim quanto você pensa. – O assunto me fez ‘baixar a guarda’ e notou a mudança rapidamente. Ele soube que aquele assunto me afetava de alguma forma e isso, de alguma forma, fez com que ele fosse atingido também. O fato de eu demonstrar vulnerabilidade naquele assunto e ainda dar indícios de que eu sofri pelo menos um pouco com tudo o que aconteceu foi como um baque e o único jeito de não deixar isso transparecer era dando o contra-ataque.
- É claro que não foi! Mas tudo bem, não é? O Mark estava aqui para te consolar. – A frase veio junto com um sorriso cheio de ódio e ironia. Qual o problema desse cara? Eu baixo a guarda e ele volta com 15 pedras nas mãos?
- Ele não precisaria consolar se você não tivesse me dado razões para ser consolada. – Eu devolvi a grosseria de imediato. Ele quer jogar as verdades na mesa? Eu prefiro jogar na cara mesmo.
- Razões? – abriu os braços. – Quais razões? – Ele questionou. Agora o queria saber sobre o que eu estava falando.
- São tantas, que vou até deixar você escolher. – Eu deixei de olhá-lo e olhei para cima, fazendo cara de pensativa. – Você não me ligava. Você não atendia as minhas ligações. Você não vinha até Nova York para me ver, mas viria se fosse para ir a um jogo dos Yankees. – Eu comecei a enumerar nos dedos. – Está bom ou você quer que eu continue? – Eu o olhei, séria. Ele se surpreendeu com as razões citadas por mim. Ele não achava que isso havia sido um problema pra mim.
- Porque eu não sabia disso? Porque nós não conversamos sobre isso? – pareceu um pouco indignado com as minhas acusações. – Viu? Você não consegue sentar e conversar sobre os seus problemas. Você só sabe fugir de todos eles! – Ele novamente usou aquele argumento contra mim. Que falta de criatividade!
- O que você queria que eu fizesse? – Eu fiquei ainda mais furiosa e indignada. O meu tom grosseiro voltou a tomar conta de todas as minhas frases. – Você queria que eu te ligasse e dissesse: ‘Hey, ! Nós estamos em um relacionamento, lembra? Você tem que me ligar!’ ou ‘Ei, ! Estou esperando ansiosamente pelo dia em que você vai voltar a agir como um namorado de verdade. Quando você estiver afim, me liga!’. – Eu mantive um riso no rosto e uma voz irônica.
- Na época, eu te expliquei os meus motivos. Eu estava passando por uma fase complicada. Eu estava ocupado com a faculdade, com o trabalho... – começou a se explicar, mas eu fui obrigada a interrompê-lo.
- Com a Amber! – Eu fiz questão de adicionar aquele maldito item. Ele ficou um pouco mais incomodado ao me ouvir dizer o nome dela. Ele não acreditou no que ouviu.
- Amber? Você deve estar brincando comigo! – me olhou com indignação.
- Ops, eu não sabia que tínhamos que evitar falar de animais nessa conversa. Me desculpe! – Eu ergui os ombros e fiz cara de anjo.
- Então é tudo sobre a Amber? – fechou os olhos por poucos segundos para tentar se acalmar.
- Não é sobre a Amber! É sobre você! Você era o meu namorado e você era a única pessoa de quem eu podia exigir o mínimo! Nem que o mínimo fosse uma simples ligação. – Essa eu mandei na lata! Sem ironias, sem rodeios! A conversa só deixava ele cada vez mais furioso.
- Caralho! Porque você não me disse isso? – levou as mãos à cabeça. Ele parecia transtornado.
- Eu tentei! Eu tentei milhões de vezes! – Eu gritei, furiosa. – Se lembra de todas aquelas chamadas perdidas no seu celular? Aquilo era eu tentando! – Eu terminei a frase e em seguida dei um longo suspiro. Eu estava surtando. Eu estava fora do controle. – Droga! – Eu resmunguei, levando uma das minhas mãos a cabeça e virando de costas pra ele.



- Do que exatamente você está me acusando? – me olhou, enquanto eu ainda estava de costas.
- Eu estou te acusando, , de ser o garoto babaca que você sempre foi! – Eu fiz questão de voltar a olhá-lo para dizer isso. – Estou te acusando de ser aquele idiota que sempre gostou de fazer as coisas só do seu jeito. Você só era amigo de quem você queria! Você só me ligava quando você queria! Você só se lembrava de mim quando queria! – Eu cuspi as palavras na cara dele.
- Foi então que você teve a brilhante ideia de me trair com o idiota do seu vizinho? – Ele disse ‘trair? Oh, não. Ele disse! Meus olhos se fecharam por poucos segundos para que eu me acalmasse. Não é fácil ser acusada por uma coisa que você não fez.
- Já chega! – Eu engoli seco e o encarei com um pouco mais de fragilidade. – Isso já foi longe demais. – Eu neguei com a cabeça.
- Oh, espere! O que é isso? – deu alguns passos em minha direção e olhou atentamente para o meu rosto. Ele não tinha limites. – É vergonha? Remorso? – Ele se referia a minha suposta traição. O adjetivo infiel nunca combinou comigo e para ser sincera, isso é um dos piores insultos que eu poderia ouvir.
- O QUE VOCÊ QUER DE MIM? – Agora sim eu surtei de vez. – AHN? DIGA DE UMA VEZ! – Eu gritei, enquanto o fuzilava com os olhos.
- Quando foi que começou? – quis ser mais grosseiro, mas aquele assunto não era o que ele tratava com mais frieza. Eu fiz uma cara de quem não havia entendido a sua pergunta. – Você e o babaca do seu vizinho! Quando foi que isso começou? – Ele queria saber desde quando ele havia sido traído.
- Deixa ele fora disso, está bem? Isso não tem nada a ver com ele. – Mark não merecia aqueles insultos. Toda aquela confusão era culpa minha! Eu não vou deixa-lo levar 1% da culpa!
- Awn! Vocês já estão na fase de defender um ao outro? Que fofo! – voltou a ser sarcástico. Desgraçado! Eu quero voar nele a cada palavra de sarcasmo que sai da boca dele.
- Se você soubesse que ele foi o único a te defender, você não falaria assim dele. – Eu disse, enquanto negava com a cabeça. Eu me referia ao dia em que eu fui até Atlantic City no dia do meu aniversário. Ao voltar para Nova York, Mark tentou limpar a barra do diversas vezes. Aliás, ele havia tentado fazer isso diversas vezes.
- Me defender? – quase riu. – E porque eu precisaria ser defendido por ele? - Ele tentou manter-se sério. Eu rapidamente me arrependi por ter tocado naquele assunto.
- Não foi nada... – Eu desvalorizei o assunto, pois não queria ter que falar sobre ele. A minha afirmação sobre o Mark havia chamando a atenção de . Havia alguma coisa estranha e ele sabia.
- Me fala. – me olhou com desconfiança. Ele tentava obter pistas através dos meus olhos. Agora eu já sei que ele não vai me deixar em paz, enquanto eu não responder.
- Não tem importância alguma... – Eu revirei os olhos para tentar desvalorizar as minhas emoções em relação aquilo. – Foi no bem no final do nosso namoro. Eu estava mal, porque você não respondia as minhas ligações e... parecia não se importar mais. Eu... – Eu hesitei dizer. Eu e ele percebemos que eu estava começando a ficar emotiva. – Eu fiquei com muita raiva de você e me achava uma idiota, porque mesmo você não dando a mínima, eu ainda me importava e sofria com aquilo. – Eu sorri debochadamente de mim mesma para que aquilo não se tornasse tão doloroso. – E todas as vezes que eu te ligava, eu te odiava mais e mesmo te achando um idiota, ele nunca deixava de te defender. Ele sempre dizia que você não atendia os meus telefonemas porque você provavelmente estava ocupado com o trabalho. Ele dizia que o seu sumiço era por falta de tempo e que eu não tinha nada a ver com isso. – Eu não sei o que mais me deixa emotiva nessa história. Se é a lembrança do meu sofrimento ou se é o Mark, que foi capaz de defender o cara que ele mais odeia só para me ajudar a parar de sofrer. – Eu só conseguia me acalmar quando ele me dizia para esperar, pois você com certeza ligaria mais tarde. – Eu fiz uma breve pausa. – Você nunca ligou. – Eu ergui os ombros. Os olhos dele pareciam não ter mais tanto ódio.
- Essa é a sua desculpa pra ter escrito aquela carta? – tentou procurar respostas em meus olhos.
- Não é uma desculpa! – Eu debati de imediato.
- Está me dizendo que você terminou o nosso namoro do jeito mais patético que eu poderia imaginar porque eu não retornava as suas ligações? É mesmo? Eu tinha certeza que era porque você estava com remorso por estar me traindo. – ficava cada vez mais tenso e ele queria esconder isso de mim. – Você acha que eu sou idiota? Acha que eu vou deixar você, logo você... – Ele apontou na minha direção. – A pessoa mais baixa e sem moral que eu já conheci, fazer com que eu me sinta culpado pelo fim dessa droga de relacionamento? – disse com um desprezo devastador. Ouvi-lo falar daquele jeito foi como jogar uma granada no nosso passado.
- Se tudo foi uma droga pra você, porque você está perdendo tanto tempo falando sobre isso? – Eu o olhei com toda a raiva.
- Porque você tem me feito de idiota desde... – negou com a cabeça. – SEMPRE! – Ele completou. – Eu não vou mais ser o idiota! Eu não quero olhar na sua cara de novo e saber que, de alguma forma, eu ainda sou o idiota da história porque eu não sei de toda a verdade. Porque eu não tenho as malditas respostas, que me trouxeram aqui hoje. – me encarou, esperando qualquer manifestação minha.
- Você sempre vai ser o idiota. – Eu engoli o choro e eu já começava a sentir um nó na garganta. O meu deboche e ousadia ao dizer aquilo deixou mais furioso do que nunca. Sua atitude foi instantânea! Ele andou em minha direção e parou na minha frente.
- Acha que eu estou brincando? – perguntou, olhando nos meus olhos com o ódio de mil pessoas juntas! Mesmo a sua atitude sendo grosseira, eu fiquei extremamente transtornada ao ser obrigada a ficar tão perto dele. Eu não sabia pra onde olhar ou o que fazer.
- Porque você mentiu? Porque não me disse que era o Mark? – refez a pergunta, enquanto tentava manter-se calmo, mas estava difícil. Ele se lembra muito bem de ler naquela carta que a minha traição havia sido com um cara da faculdade. queria entender porque eu não disse que era o Mark.
- E que diferença faria? Hm? – Eu olhei nos olhos dele. – O que você teria feito se soubesse que era ele? – A minha pergunta era super válida, considerando que eu sempre quis saber a resposta dela. – Nada! Você não teria feito nada! – Eu olhei seus olhos de bem perto e disse com todo o ódio existente dentro de mim. Eu ainda guardava mágoas da época em que eu esperava por ele todos os dias. Daquela época infeliz que eu achava que ele ainda se importava a ponto dele vir atrás de mim.
- PORQUE NÃO ME DISSE QUE ERA ELE? – gritou furiosamente. Antes eu tinha medo da reação dele ao saber que não houve traição alguma, mas agora? Agora eu quero que se dane!
- PORQUE NÃO ERA ELE! – Eu devolvi o grito e vi a expressão no rosto dele mudar.
- Não era ele? – cerrou os olhos, incrédulo. – Oh, então teve outro antes dele! - Ele forçou um sorriso. – Me desculpe! Eu não sabia que a transição de nerd e indefesa para pegadora e rebelde tinha acontecido tão rápido. – Mais uma ironia e eu vou socar a cara dele. Juro! A grosseria dele me fez querer jogar a verdade na cara dele de uma vez só para que ele sofresse mais rápido.
- Nunca teve ninguém. – Eu disse da forma mais fria que eu consegui. Os olhos dele cheios de julgamentos se transformaram. A transformação me fez extremamente bem, pelo menos, nos primeiros segundos. Em meio ao seu transtorno, a nossa proximidade voltou a ser um problema pra ele. Enquanto ele tentava processar aquela informação, os olhos dele desceram por todo o meu rosto e chegaram aos meus lábios.
- O que? – não acreditou que tivesse escutado direito. A perplexidade dele fez com que ele ficasse um pouco disperso.
- Não foi o Mark! Não foi ninguém, porque não teve traição! – Foi tão bom poder dizer aquilo em voz alta e jogar na cara dele que eu não sou e nem nunca fui a traidora que ele sempre pensou que eu fosse.

não conseguia ter reação alguma. Foi como se eu o tivesse empurrado do topo de um precipício e ele estivesse caindo, esperando a hora que não conseguisse pensar em mais nada. Não havia precipício. Não havia meios que o fizesse esquecer o que eu acabei de lhe dizer. Não dá pra dizer que não que foi um alívio para ele, pois a traição sempre fez com que ele sentisse que não era bom o bastante pra mim. Além do alívio, havia também o sentimento ruim de ter sido completamente enganado. Até mais do que ele imaginava. Quando pensou em ir até a minha casa, ele não contava com isso. Todas as vezes que ele imaginou como aquela conversa seria, ele nunca cogitou aquela possibilidade. Aquilo simplesmente não estava no script.

- Você parece surpreso! O que foi? Não tem mais insultos pra mim? – Eu abri os braços ao perceber que ele ainda tentava lidar com aquela informação. – Cadê os seus julgamentos? E essa sua ironia patética? Onde está o seu olhar de desprezo e superioridade? Nada? – Eu fui além. O olhar incrédulo dele continuava, mas dessa vez estava sendo dirigido a mim.
- Você está mentindo... – sorriu, negando com a cabeça.
- Estou? – Eu arqueei uma das sobrancelhas. – Por quê? Porque agora você não tem mais o que jogar na minha cara? – Eu questionei. – Você deve estar se sentindo um idiota agora, não é? Chegou aqui com o discurso pronto. Me julgou desde o primeiro olhar até a última ironia. E agora? Do que é que você vai me acusar agora? – Eu aproveitei que ele não teve coragem de me interromper.
- Você inventou uma traição? Quem faz isso? – ainda estava em choque. Saber que não houve traição deveria tê-lo deixado com menos ódio, mas foi o contrário. Foi tudo uma mentira! Tanto ódio, tanto sofrimento por causa de uma mentira? Os motivos para ele me odiar só aumentavam.
- Eu fiz! E você... – Eu balancei a cabeça negativamente. – Você nem cogitou a possibilidade de ser uma mentira. Você nem hesitou em acreditar desesperadamente em um motivo que fazia de mim a culpada de tudo. – A minha grosseria foi se perdendo em meio as minhas palavras. – É isso que você faz! Você foge da culpa, porque você não sabe lidar com ela. É tão mais fácil acusar, culpar e julgar alguém, não é? – Eu desabafei.
- O que... – negou rapidamente com a cabeça. Ele parecia perturbado. – O que você está dizendo!? – Ele cerrou os olhos. – Você.. – deu alguns passos na minha direção. – Você mentiu sobre tudo! – Ele abriu os braços. – Por que!? – parou em minha frente. Ele não conseguia se conformar.
- Isso não tem a menor impor.. – Eu queria desconversar novamente, mas ele me interrompeu.
- POR QUÊ? – gritou, furioso. Ele estava cansado de ser enrolado. O olhar apreensivo e impaciente implorava por respostas. Eu neguei com a cabeça, indicando que eu não queria falar. – , você me deve isso! Por favor, me conte. Essa é a última coisa que eu te peço. – Ele pediu com tanta calma e eu posso estar louca, mas eu notei até um pouco de sentimentalismo vindo do seu olhar e até mesmo da sua voz. Naquele momento eu soube que ele não estava ali só para julgar e sim para obter as respostas para que ele pudesse seguir em frente. Vê-lo falar daquele jeito, me deixou mais vulnerável que nunca.
- Eu... – Eu perdi até as palavras. Eu não sabia como dizer aquilo a ele, mas eu sabia que devia. Coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e deixei de olhá-lo por poucos segundos. – Quando eu escrevi aquela carta, eu... – Eu voltei a olhá-lo. – Eu sabia que aquela mentira seria a única coisa que te impediria de vir atrás de mim. – Eu completei.
- Tinha milhões de maneiras de você conseguir isso! – não conseguia compreender.
- Eu sei, mas... eu escolhi a mais fácil. – As lágrimas começavam a alcançar os meus olhos. Isso não é bom.
- Não! Você escolheu a mais covarde! – disse em tom de acusação. – Depois de tudo o que eu fiz, era isso que eu merecia? A porcaria de uma carta cheia de palavras de consolo e desculpas esfarrapadas? – Ele também estava começando a ficar sentimentalista.
- E eu? Merecia todo o seu descaso? Eu merecia tem que conviver todos os dias com a sua amizade com a Amber? Eu merecia dormir todas as noites com o telefone nas mãos, esperando a sua ligação? – As lágrimas iam aumentando e o meu desespero por não conseguir escondê-las também. – Não! Eu não merecia! E você pensou nisso? É claro que não! Você mal consegue assumir o que você fez! Você não consegue nem assumir parte da sua culpa nisso tudo! – Eu o acusei sem piedade.
- Minha culpa? – apontou pra si mesmo. – Você estragou tudo! Você não faz a menor ideia do que você me fez passar e agora você vem me dizer que eu não sou capaz de assumir a minha culpa? O sofrimento que você me causou foi maior do que qualquer culpa que eu pudesse sentir. – Agora também havia poucas lágrimas nos olhos dele. – É isso que você queria não era? Me fazer pagar por tudo o que eu te fiz passar! – Ele não deixava que a sua emoção tomasse controle da situação. – Parabéns! Você conseguiu! – apontou pra mim com desprezo. – Você conseguiu me fazer de idiota por anos! Você conseguiu acabar com tudo o que nós levamos um ano para construir. – Ele parecia perturbado e era inevitável não ver a dor em seus olhos. As palavras dele novamente doeram em mim. virou-se de costas para tentar se recompor e colocar as ideias no lugar. Eu o observei de costas e aproveitei para passar alguns dedos pelos meus olhos para secar todas as lágrimas que se acumulavam lá.

- Você sabe que já havia acabado antes mesmo daquela carta. Você sabe! – Eu falei ao continuar observando ele de costas. Eu não achei que a minha afirmação causaria uma revolta ainda maior nele.
- Sabia? – virou-se imediatamente pra mim. – Se eu sabia, porque acha que eu fui naquele maldito parque? – A sua confusão era nítida! Ele não sabia se cedia ao ódio ou ao sofrimento. Eu já havia me entregado ao sofrimento.
- O que? – A afirmação dele fez o meu corpo estremecer.
- Eu fui até lá! Eu estava lá no dia e na hora em que nós combinamos. Eu esperei você! – não pretendia me contar aquilo, mas nada estava saindo como planejado. Porque não jogar isso na minha cara?

Depois de muito se apressar, Mark estava chegando em casa. Ele queria chegar logo em casa, pois sabia que eu estava esperando por ele. Mark sabia que eu estava sozinha e ele não via a hora de me ver. Ele tinha planos secretos de me levar ao cinema naquela noite e se fosse o caso, o pedido de namoro finalmente aconteceria. Ao entrar na rua de sua casa e aproximar-se da minha casa, ele estranhou ao ver um carro estacionado logo ali na frente.

- Você foi até lá? – Meus olhos se encheram instantaneamente de lágrimas e elas ficaram em evidência para quem as quisesse ver.
- A minha sorte foi ter esquecido o meu celular com a Amber no dia anterior. Eu tive que ir para casa para te ligar e quando eu cheguei, eu encontrei a carta. – A cada palavra dita por ele, parte do meu mundo desabava um pouco mais. Aquela era a pior notícia que eu poderia receber. Ele não era o único e não saber de tudo.



Saber que ele esteve naquele parque me devastou mais do que qualquer outra coisa no mundo. Nada mais parecia fazer sentido! Tudo parecia estar fora do lugar e totalmente errado. Tem noção do que isso quer dizer? Quer dizer que ele não estava me traindo com a Amber! Quer dizer que não havia acabado pra ele. Isso mudava tudo! Levei uma das minhas mãos a cabeça, enquanto sentia uma lágrima solitária percorrer todo o meu rosto. A cada segundo a dor aumentava e parecia que alguém estava rasgando o meu corpo por dentro. Nada poderia ser pior do que aquilo.

- Você fez com que eu me sentisse o mais idiota de todos os caras. Você fez com que eu me odiasse por meses simplesmente porque eu achava que não era o bastante pra você. – Os olhos dele estavam completamente tomados de lágrimas e o esforço para não deixar nenhuma delas escapar trazia uma expressão de tristeza para o seu rosto. A mesma expressão que era o meu maior ponto fraco.
- Eu fiz com que você seguisse em frente. – Eu queria que ele soubesse qual havia sido a minha intenção ao fazer tudo aquilo. – Eu escolhi vir para Nova York! Eu escolhi te deixar lá! Fui eu, , que te obriguei a viver esse sonho comigo. Eu te coloquei no meio de tudo isso e você não estava vivendo a sua vida por causa de mim! – Eu tentei mostrar a ele o meu lado.
- E valeu a pena? – As lágrimas iam e vinham, mas ele sempre conseguia controlá-las. – Valeu a pena perder tudo o que você perdeu pra vir viver esse seu sonho? – deu alguns passos na minha direção e olhou meus olhos de perto. – Você está tão feliz quanto achou que estaria? – Ele fez aquelas perguntas, mas os meus olhos as responderam antes mesmo delas serem feitas.
- Eu estava até você aparecer na minha porta. – Eu respondi com honestidade.
- Eu também estava até você aparecer na minha vida. – não mediu os limites de sua crueldade. – Sabe que eu ainda me pego pensando no que teria acontecido se eu nunca tivesse te conhecido? Eu penso o tempo todo em como eu estaria, hoje, se eu não tivesse ido até o seu carro depois daquele acidente. – Ele me olhou com uma profunda decepção.
- Você salvou a minha vida naquele dia. – Eu tentei mostrar a ele a importância e a gravidade do assunto que ele estava falando.
- É, eu salvei! Eu fiz tudo por você. Eu dei a minha vida a você. Eu te esperei e estava disposto a esperar o tempo que fosse...por você. Agora me diz: o que eu ganhei com tudo isso? Uma carta! – ironizou, me causando ainda mais sofrimento.
- Eu não pensei que você se importaria tanto! Eu não achei que isso fosse se tornar tão doloroso pra você! – Eu voltei a me defender. – Eu pensei que estava te fazendo um favor. Um término é sempre doloroso e cheio de... dramas. – Eu sabia que os meus argumentos não eram os melhores.

Após analisar o estranho carro estacionado em frente a minha casa e cogitar as possibilidades de quem poderia estar ali, Mark decidiu ir até lá. O fato de Big Rob não estar ali lhe chamou ainda mais atenção. Poderia ser qualquer pessoa, sendo ela bem vinda ou não. Mark entrou em alerta. Ele sabia que aquele carro não era dos meus pais e também não se lembrava de vê-lo nos mãos de alguns dos meus amigos. Além disso, eu não havia dito nada para ele sobre qualquer visita. Seja quem for, veio de surpresa. Quem seria? Mark estava estranhamente desconfiado. Ele não hesitou em se aproximar com cuidado da porta de entrada da minha casa. Encarou a porta e se esforçou para ouvir qualquer ruído que viesse de lá de dentro. Mark não conseguiu ouvir nada. Foi nesse momento que ele tomou a decisão de entrar na casa. Tocou a maçaneta da porta e a girou com toda a sua agilidade para não fazer o menor barulho.

- Eu achei que estava tomando a decisão certa, . – Eu disse, ouvindo aquela minha voz de choro que fazia com que eu me sentisse tão fraca.
- Decisão certa? Só se fosse a decisão certa pra você! – O tom grosseiro de só aumentava e a minha força diminuía. Eu já não sentia que tinha forças para enfrentá-lo como antes. – Aliás, como sempre, não é? Sempre pensando em você e se colocando acima de tudo como a boa egoísta que você sempre foi! – Ele afirmou sem qualquer vestígio de piedade. O ódio engoliu todas as lágrimas que haviam em seus olhos.
- Isso não é verdade... - Eu neguei com a cabeça e senti que as lágrimas presas em meus olhos estavam prestes a desabar de vez. A minha voz de choro chegou aos ouvidos de Mark, que ainda estava na porta e nos olhava de costas. Nós não percebemos a presença dele.
- Não? – sorriu debochadamente. – Eu sinto pena de você, sabia? Você gosta de bancar a durona, mas não tem coragem nem de assumir as coisas que você faz e o seu próprio egoísmo porque é fraca demais pra lidar com isso! – Não! Ele não disse pena, disse? Foi o que bastou para que as lágrimas começassem a escorrer livremente pelo meu rosto. O meu choro foi abruptamente interrompido pela forte batida da porta.

Foi a melhor forma que Mark encontrou de anunciar a sua chegada e de expressar a sua indignação e raiva com as palavras ditas por . O estrondoso barulho fez com que eu e nos virássemos para olhar em direção a porta. Ver o Mark parado na porta me fez querer correr para os braços dele em busca de consolo, mas também me fez sentir medo com o que poderia acontecer entre ele e o . Mark estava mais do que furioso e a sua silenciosa caminhada em minha direção me fez sentir ainda mais medo. foi pego de surpresa, mas ele não sentiu nada além de mais ódio. Eu me mantive muda e ainda sentia as lágrimas em meu rosto quando Mark chegou até mim. Ele mal me olhou e já foi passando por mim, colocando-se na minha frente e ficando cara a cara com o .

- Repita o que você disse. – Mark olhou friamente para o , que só conseguiu encará-lo. – Eu mandei você repetir o que você disse. – Ele repetiu, querendo colocar a coragem de a prova.
- Falando em ser patético, veja quem apareceu pra festa. – sabia que a sua melhor arma era o seu sarcasmo afiadíssimo.
- Você sabe que esse seu papinho não me atinge, não é? – Mark sorriu, negando com a cabeça.
- É, mas pelo jeito atinge a sua namorada. Porque não a consola? Aparentemente você é muito bom nisso. – apontou a cabeça em minha direção.
- Está se sentindo melhor agora que a fez chorar? – Mark cerrou os olhos em direção ao , que voltou a sorrir de forma debochada.
- É bom, não é? A sensação de sair do banco de reserva e virar titular. – se referia a uma antiga conversa que eles tiveram em que disse ao Mark que ele era reserva e só viraria titular quando ele saísse de cena. Mark lembrou-se imediatamente da referência.
- Isso não é um jogo! – Mark disse, incrédulo.
- É claro que não é um jogo. Não há mais ninguém por quem competir. – afirmou e olhou pra mim por alguns segundos.
- Acho melhor você ir embora. – Mark aconselhou, pois a sua paciência já estava se esgotando.

Apesar de demonstrar tanta frieza e controle, também estava tentando controlar a sua raiva e a sua paciência. O fato de Mark não ter feito parte da traição que, na verdade, nem aconteceu não fazia diferença alguma para o . O ódio entre eles sempre existiu. Além disso, se lembra muito bem dos problemas que o Mark lhe causou quando nós ainda namorávamos. Ele se lembra do ódio que sentia ao saber que o Mark estava tão perto de mim e ele tão longe. pegava-se imaginando o tempo todo o quanto o Mark deveria estar se aproveitando da situação, já que não havia ninguém lá para repreendê-lo. O ódio permaneceu e provavelmente seria eterno. Saber que nós estávamos juntos agora só tornava tudo pior. Lembrar-se que antes era ele que se colocava em minha frente diante de qualquer problema ou ameaça e agora ver o Mark fazendo isso era intolerável!

- Sabe qual é a pior parte? – olhou pro Mark. – Apesar de tudo, eu consigo me ver em você. O mesmo idiota, que está apaixonado pela garota fraca que é incapaz de encarar os seus problemas sozinha. – Ele rolou os olhos. – Deus, como eu era idiota. – negou com a cabeça. Os insultos continuavam me atingindo em cheio e eu não conseguia acreditar que eles estavam vindo logo do .
- E voltou aqui pra bancar o idiota por quê? Saudades dos velhos tempos? – Mark devolveu a ironia.
- Uau! Bancando o machão? Achei que já tivesse conquistado a garota. – novamente se referiu a mim. – Quer um conselho? Continue assim. Mais algumas dessas e você consegue qualquer coisa com ela. Não é, ? – me olhou com um sorriso forçado no rosto. – Quanto mais coisas você puder fazer por ela que certamente vão fazer você se sentir ainda mais idiota mais tarde, melhor pra ela. – Ele disse ao Mark, mas era a eu quem ele queria atingir.
- Cala essa boca! – Mark rolou os olhos. Para ele, aquilo não passava de besteira.
- Viu? A mesma reação que eu tive! – apontou pro Mark.
- O que você está querendo dizer? – Mark não sabia o que estava tentando dizer, mas eu sabia.
- Qual é, Mark! Acha mesmo que é a primeira vez isso acontece? – abriu os braços e deu alguns passos em direção ao Mark. – Antes de mim, também houve um ex-namorado. Ele estava exatamente na posição em que eu estou hoje. E eu? Na época, eu estava bancando o herói assim como você. – começou a contar aquela história infeliz. Eu não conseguia acreditar no que ele estava fazendo. Ainda em negação, eu me virei de costas para o , mas continuei ouvindo o que ele dizia. – Eu a defendi. Eu briguei por ela. O ex-namorado dela tentou me avisar. Ele me disse que em algum momento, ela acabaria quebrando o meu coração também e que me trocaria pelo primeiro babaca que aparecesse. Olhe pra mim agora! – abriu os seus braços novamente. As palavras dele só me faziam sofrer ainda mais. Os motivos para as lágrimas se acumularem nos meus olhos nunca foram tão grandes. Me virei novamente para olhá-lo com a minha expressão de choro e neguei com a cabeça quando ele me olhou. – Agora eu sou o ex-namorado e você, o primeiro babaca que apareceu. – Ele disse, sem tirar os olhos de mim.

Não dava pra negar que as lágrimas que o viu nos meus olhos ainda fazia com que ele se sentisse mal, mas ele precisava dizer tudo aquilo. Ele precisava colocar tudo pra fora. Ele precisava me mostrar uma pequena parte do seu sofrimento, que já durava meses. Mesmo sem haver traição, ainda se sentia traído. Ele se sentia traído pela minha falta de consideração ao mandar aquela carta medíocre. Ele se sentia traído por ter feito tudo e não ter recebido o mínimo em troca.

- Isso não é verdade! Você sabe que não é verdade! – Eu gritei aos prantos em minha defesa. Mencionar o Peter e remexer naquela história do passado me deixou no chão.
- Não é verdade? – mudou o tom pra falar comigo. – E quando foi que você me provou o contrário? Quando veio pra Nova York? Quando me escreveu aquela carta? Quando me deixou esperando naquele maldito parque!? – Ele esbravejou. – Você mente! Você mente sobre tudo! Você não merece 1 por cento do que eu já fiz por você. – estava tão furioso e tão focado em me dizer aquelas verdades, que o soco que Mark deu em seu rosto o pegou totalmente desprevenido. O soco atingiu a área próxima ao queixo, mas não foi forte o suficiente para derrubar .



- Mark! – Eu me assustei com a atitude repentina de Mark e entrei em sua frente. – Por favor, não faça isso. – Eu o empurrei para trás.

levou uma das mãos ao queixo para ter certeza de que estava tudo bem. Foi o momento em que ele mais teve que se segurar. não estava acostumado a perder uma briga. Ainda mais aquela briga, que ele havia idealizado diversas vezes. Ele sempre quis quebrar a cara do Mark, mas não havia conseguido fazer isso antes em respeito a mim. Não havia mais respeito agora, mas havia outros motivos que impediriam de devolver aquele soco.

- Mesmo querendo mais do que tudo quebrar a sua cara, eu não vou. – o olhou com total desprezo. – Eu não vou dar a ela a chance de me ver lutando por ela de novo. - Ele passou os dedos nos cantos de sua boca, achando que o soco pudesse ter cortado alguma parte da sua boca. O último insulto dele me fez desistir de tentar acabar aquela conversa de forma civilizada.
- JÁ CHEGA! – Eu gritei, passando minhas mãos pelo meu rosto para secar as lágrimas, que ainda estavam escorrendo por ele. Eu deixei de olhá-lo e me afastei do Mark para ir até a porta da casa e abri-la com agressividade. – VAI EMBORA! AGORA! – Eu o expulsei da minha casa. Ele não tinha o direito de me dizer todas aquelas coisas.

Em poucos segundos, percebeu a situação em que se encontrava e notou o quanto as coisas haviam saído de seu controle. Apesar de ter dito tudo o que sempre quis dizer, ele não se sentia melhor por isso. Foi como se todo o ódio que ele sustentou por meses tivesse saído junto com suas palavras, mas ódio não era o único sentimento que toda essa situação lhe trouxe. Se tudo já havia sido dito, aquela seria a última vez que ele teria que me ver. Ele queria que fosse, pois é difícil demais estar perto de mim. Os olhos dele foram até mim e depois voltaram a encarar o Mark. Ele soube que era a hora de ir embora.

- Boa sorte com o seu sofrimento! - disse depois de andar até o Mark e passar por ele. Ao notar que ele estava vindo em direção a mim, eu engoli todo o choro. Eu esperava que ele saísse pela porta sem dizer mais nada. Eu soube que não seria assim, quando ele parou em minha frente.
- E você... – olhou de perto todos os detalhes do meu rosto e até mesmo as lágrimas presas em meus olhos. – Eu quero te agradecer não só por ser a maior decepção... – Ele usou exatamente as mesmas palavras que eu havia usado contra ele naquele telefonema. Ele queria que eu sentisse exatamente o que ele sentiu quando eu o fiz ouvir aquilo. – Mas também, o maior arrependimento de toda a minha vida. – completou sem qualquer ódio, mas com uma tremenda mágoa que ficou explicita nas poucas lágrimas que eu consegui ver em seus olhos. Foi a última coisa que ele me disse antes de sair por aquela porta sem olhar pra trás.

Saber que eu sou o maior arrependimento de alguém que eu amei por tanto tempo me deixou completamente devastada. Foi como se ele tivesse arrancado o meu coração de uma só vez. Quando eu o vi andando em direção ao carro, eu fechei a porta para que eu pudesse desabar de vez. As lágrimas já escorriam livremente pelo meu rosto, quando eu apoiei a minha cabeça na porta. A cada segundo que passava, a dor dentro de mim aumentava , assim como o meu choro. Aquilo era com certeza a pior coisa que o poderia me dizer. Deslizei as minhas costas pela porta até que eu encontrasse o chão e me sentasse nele. O choro dificultava a minha respiração e eu não conseguia me acalmar.

Cada insulto, cada palavra de grosseria ecoavam na minha cabeça. O fato de ele ter dito que se arrependia de tudo o que nós já vivemos me fazia entrar em um eterno desespero. O jeito em que tudo aquilo havia acontecido e o rumo que a conversa tomou de uma hora pra outra não estavam nos meus planos. Independente do que aconteceu entre nós, eu nunca estaria pronta para ouvir tudo aquilo dele. Eu não me lembro de ter ficado tão mal daquele jeito.

O meu sofrimento era mais do que evidente para qualquer um e era ainda mais para Mark, que me conhecia tão bem. Ele não soube identificar exatamente qual foi a sensação de me ver ali no chão sofrendo por causa do . Ao mesmo tempo que ele ficou feliz em estar ali e ter tido a oportunidade de dar aquele tão esperado soco em , Mark também estava mal por estar me vendo chorar pelo mais uma vez. A dor evidente e o meu choro eram os mesmos do dia do meu término com o . Mesmo com dezenas de questionamentos em sua mente, ele sabia que tinha que ir até lá.



- Ei... – Mark sentou-se em minha frente. Eu o olhei com o meu rosto coberto de lágrimas. – Não chore. Você vai ficar bem. – Ele tocou o meu rosto com uma de suas mãos. Eu senti a necessidade de me aproximar. Agarrei o seu corpo e o trouxe pra perto do meu. Passei meus braços em torno de seu pescoço e apoiei a minha cabeça em seu ombro. Mark me acolheu com os seus braços. Eu tentava me acalmar e ele tentava não ficar triste com o que estava prestes a fazer. – Espera. Olha um pouco pra mim. – Mark afastou um pouco os nossos os corpos e olhou para o meu rosto. Os dedos dele enxugaram todas as lágrimas em meu rosto, enquanto eu o observava.
- Suas lágrimas... ainda são por causa dele. – Mark comentou sem qualquer olhar de julgamento. Ele até sorriu de canto.
- Você ouviu o que ele me disse? – Eu perguntei com a voz embargada.
- Ele disse, porque sabia que aquelas palavras ainda te afetariam. – Mark me explicou. – Talvez ele só quisesse ter certeza de que você ainda se importa. – Ele completou.
- Mas eu não me importo! – Dizer aquilo em voz alta fazia com que eu me sentisse um pouco melhor.
- Não? – Mark questionou, pois também tinha dúvidas com relação a isso. O meu olhar de incompreensão deixou Mark com dúvida sobre continuar ou não com aquilo.
- Eu não quero falar mais disso. – Eu passei novamente as mãos pelo meu rosto e me levantei com velocidade, me afastando um pouco do Mark. Eu realmente não queria ter que pensar nisso agora.
- E porque não? – Mark também se levantou e me olhou, enquanto eu me mantinha de costas pra ele. – Se você não se importa, qual o problema em falar sobre isso? – Ele também precisava de algumas respostas.
- Porque você está insistindo nisso? Olhe pra mim! – Eu me virei para ele. – O meu dia já não foi ruim o bastante? – Eu quis fazê-lo parar.
- Não fique brava comigo. – Mark voltou a se aproximar. – Eu preciso saber. – Ele me olhou, parecendo um pouco chateado.
- Saber o que? – Eu o olhei, séria. Eu não sabia o que ele estava querendo.
- Você não tem sido a mesma desde que você reencontrou o na semana passada. Às vezes, quando eu falo com você, você parece estar longe. Você parece confusa e ainda mais pensativa do que nunca. Agora... – Mark ergueu os ombros. – Agora você está sofrendo por ele de novo. – Ele negou com a cabeça.
- Não... – Eu rapidamente me dei conta do que estava passando pela cabeça do Mark. – Eu já te disse! Ele me disse as coisas mais horríveis que alguém já havia me dito. – Eu voltei a me explicar.
- É ele disse, mas eu tenho quase certeza que eu deveria estar vendo ódio nos seus olhos agora. Não há ódio! – Mark me olhou nos olhos.
- Pare de tentar procurar respostas nos meus olhos. Eu posso dar a você qualquer resposta que você precise! – Eu me irritei por alguns segundos. O que importa o que meus olhos diziam? Eu estava dizendo o que ele queria ouvir. Porque ele simplesmente não acredita?
- Não, você não pode, porque você também não tem as respostas. Esse é o problema. – Mark não se exaltava um só segundo. Ele estava completamente sereno e consciente em relação aquela conversa.
- O é um idiota e eu o odeio. Do que mais você precisa saber? - Eu estava disposta a tirar aquele problema do nosso caminho. – Você sabe o que aconteceu no passado. Você sabe o quão importante ele foi na minha vida, mas isso é passado! Você é o meu presente. Nós somos o presente! - Eu queria que ele acreditasse nas minhas palavras a todo o custo.
- Essa é a coisa que eu mais quis ouvir de você desde que... – Mark sorriu fraco. – Desde que eu te conheci. – Ele completou. – Mas... – Ele hesitou continuar. – Eu te conheço e eu sei que você jamais faria nada para me machucar. Nem se me machucar significasse... a sua felicidade. – Eu não me movi, mas ele se aproximou. O meu desespero só aumentava.
- Você não acreditou no que ele disse, não é? – As lágrimas continuavam enchendo os meus olhos e o medo de Mark me ver como o havia me descrito me consumia. – Você sabe que nada do que aconteceu foi planejado. Você sabe que todo o meu sofrimento foi verdadeiro e que o que aconteceu ente nós foi verdadeiro. – Eu toquei o rosto dele com as minhas duas mãos. – Por favor, diz que você acredita em mim. – Eu implorei em meio a lágrimas.
- Eu acredito em você. Você é a pessoa em quem eu mais confio no mundo, lembra? – Mesmo sorrindo, Mark ainda parecia triste. As palavras dele me acalmaram imediatamente e eu me aproximei para selar os seus lábios. Agora, o gosto salgado das minhas lágrimas também estava nos lábios dele e mesmo com o carinhoso selinho que eu lhe dava, a consciência de Mark o forçou a interromper o beijo. Uma luta interna acontecia para decidir se ele deveria seguir em frente com aquilo ou simplesmente ignorar.
- Espera... – Mark descolou os nossos lábios e os meus olhos voltaram a encarar os dele de bem perto. Ele observou o meu rosto antes de prosseguir com a fala. – Eu confio em você. Eu confio tanto em você que vou acreditar em qualquer coisa que você me disser, porque eu sei que você vai ser honesta comigo. – Eu temi pelo que viria a seguir. – Você... ainda sente alguma coisa pelo ? – Mark sentiu o seu coração estremecer.
- Mas que pergunta é essa? – Eu fiquei completamente incomodada com a pergunta. Era o maior absurdo que eu já havia escutado.
- Responde, . – Mark pediu e eu pude notar um certo desespero em sua voz. Nós ainda estávamos próximos, quando percebi que não conseguiria escapar daquela pergunta. – Por favor, seja honesta comigo. – Ele voltou a pedir com comoção. – Ele ainda... mexe com você? – Mark repetiu a pergunta.

Juro que se eu soubesse que aquele dia seria um inferno, eu não teria nem levantado da cama de manhã! O me dizendo aquelas coisas, aquela volta ao passado que me fazia tão mal e agora, o Mark questionando o assunto que mais me assusta no mundo: os meus sentimentos pelo . Era um assunto que eu não gostava de falar, porque eu tinha medo de enfrentá-lo. Era um assunto que sempre acabava sendo incerto na minha vida. Isso sempre aconteceu comigo e com o . Nós estávamos sempre nos amando e nos odiando, mas dessa vez é diferente. Os motivos para odiá-lo era maiores do que nunca, mas as minhas reações, os meus sentimentos ainda eram os mesmos. Estava tudo bem até ele aparecer e me colocar em conflito comigo mesma de novo. Eu estava tão certa de que havia superado e que estava mais do que pronta para seguir em frente, mas ai ele aparecer e me fez dar 10 passos para trás. Era difícil assumir para mim mesma algo que soava totalmente estúpido. Depois de tudo, eu ainda poderia sentir alguma coisa por ele? Isso é ridículo e inaceitável! A indecisão era óbvia e eu não consegui continuar olhando para o rosto de Mark. Abaixei o meu rosto, enquanto negava com a cabeça.

- Fala comigo... – Mark suspirou, aproximando-se novamente e tocando o meu rosto com uma de suas mãos. A resposta era mais do que evidente, mas ele só acreditaria se me ouvisse dizer. Ele levantou o meu rosto e encontrou novamente o meu rosto coberto por lágrimas.

- Eu... não sei. – Eu disse em meio a um suspiro. Eu nunca senti tanto ódio de mim mesma, mas eu não podia mentir pra ele. Ele não merecia!

As três palavras que fizeram o mundo de Mark desabar, assim como nos velhos tempos! O mundo pareceu ter ficado em silêncio e a única coisa que se conseguia ouvir era as batidas do coração dele diminuindo a cada segundo. Foi a pior sensação do mundo saber que eu estava quebrando o coração do cara mais doce e mais incrível que eu já havia conhecido. O olhar perdido e a mão dele deslizando pelo meu rosto me causou desespero.

- Mark, por favor! – Eu me aproximei ainda mais para evitar que ele se afastasse. Ele não conseguia olhar pra mim. – Mark! – Eu o chamei, trazendo o seu rosto pra mim e colocando-o na mesma direção do meu. – Isso não significa nada! Isso não significa que eu também sinta algo por você! – Eu falei desesperadamente, enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Eu não podia perdê-lo também.
- Você não quer me machucar... – Mark concluiu, voltando a olhar nos meus olhos. As poucas lágrimas que eu vi nos olhos dele me levaram a um nível maior de desespero e de choro.
- Não! Eu gosto de você! Eu me importo com você. – Eu afirmei aos prantos. – Eu quero ficar com você, Mark. Com você! – Eu segurei o rosto dele com as minhas mãos. – Por favor, fique comigo. – A minha voz saiu embargada e falha por causa do meu choro.
- Eu não posso. – Mark negou com a cabeça. Ele estava se segurando muito para não desabar. Ele não queria fazer isso na minha frente.
- Eu sei o que você está querendo dizer e... eu não aceito! – Eu não queria me separar dele. Eu não quero perdê-lo. – Você não vê que era isso o que ele queria? – Mark não podia estar desistindo. Não agora!
- Eu não me importo com o que ele quer. Eu me importo com o que você quer! – Mark afirmou. Ele ainda tentava bancar o forte.
- Eu quero você! – Eu afirmei desesperadamente.
- Você não sabe o que quer. – Mark me corrigiu. – Eu acredito em você, quando você me diz que gosta de mim e que quer ficar comigo. Eu acredito! Mas eu também sei que, talvez, você também possa querer ficar com ele. Eu respeito isso e vou dar a você todo o tempo que você precisar. – Ele não estava fazendo isso!
- Eu não preciso de tempo. – Eu neguei incessantemente com a cabeça. – Mark.. – Eu não consegui terminar a frase, pois as lágrimas me impediram.
- Não chore. – Mark acariciou o meu rosto na tentativa de me acalmar. Eu voltei a olhar pra ele e juntei todas as minhas forças para dizer o que eu queria. – Eu não quero terminar. – Eu voltei a negar com a cabeça.
- Terminar? – Mark sorriu de canto para não chorar. – Nós nem começamos. – Ele completou.
- Então é isso? – Eu engoli o meu choro. – Você vai simplesmente desistir? – Eu não conseguia compreender a atitude dele. – Você... vai me deixar ir embora sem nem ao menos lutar... por mim? – Eu não acreditava que estávamos acabando com o que havíamos construído até agora.
- , eu lutaria com qualquer um! Eu enfrentaria o mundo por você, mas a única coisa com a qual eu não posso lutar é com os seus sentimentos. – Mark afirmou, terminando a sua frase com um fraco sorriso que tinha o único objetivo de fazer com que eu me sintisse melhor. – Pense sobre tudo, decida o que você realmente quer pra você e se por acaso for eu, eu estarei bem aqui ao lado. – Ele apontou com a cabeça em direção a sua casa. Eu normalmente sorriria com aquela afirmação, mas dessa vez eu não consegui. – Ok? – Os dedos dele voltaram a secar as lágrimas em meu rosto. Me afastar do Mark era a última coisa que eu queria, mas eu tinha que respeitar a decisão dele.



- Ok. – Eu afirmei, tentando parecer forte. Depois de secar todas as lágrimas em meu rosto, Mark me observou de bem perto. Ele temia que aquilo fosse uma despedida. As mãos dele ainda seguravam o meu rosto e elas o ajudaram a trazer o meu rosto pra mais perto do dele. Eu fechei os olhos antes mesmo dos lábios dele tocarem os meus. Foi um selinho até que rápido, mas o significado dele foi maior que tudo. Os lábios dele se descolaram lentamente dos meus e eu mantive os meus olhos fechados, porque eu não queria vê-lo ir embora.
- Independente da sua escolha, eu te amo. – Mark sussurrou, enquanto ainda me tinha em seus braços. Os meus olhos fechados deram a ele a tranquilidade de expressar um pouco mais o seu sentimento de tristeza. Os olhos tristes me olharam pela última vez e a expressão em seu rosto deixava claro o seu esforço para não derramar qualquer lágrima.

Os meus olhos mantiveram-se fechados, enquanto eu sofria as escuras pelas palavras que ele havia acabado de me dizer. Foi a primeira vez que ele disse que me amava e foi justamente no dia em que eu parti o seu coração. Mark teve o seu último momento para dizer aquelas palavras que estavam entaladas em sua garganta há meses e ele aproveitou a oportunidade. Eu nunca fiquei tão triste em ouvir aquelas 3 palavras. Ele deixou de me tocar e eu soube que ele estava indo embora. O meu coração se apertou e a coragem para abrir os olhos não se manifestava. O choro e o desespero me consumiam mesmo com os olhos fechados. O barulho da porta batendo, me fez abri-los. Eu me vi sozinha no meio daquela sala. Sozinha novamente.




OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:





Após sair da minha casa e entrar em seu carro, saiu sem rumo pelas ruas de Nova York. Ele não conhecia muito bem a cidade e não demorou muito a se perder. De inicio, ele não se importou. Ele não pretendia ir a nenhum lugar específico, então não fazia diferença onde ele estava. estava perdido na cidade em todos os sentidos e ele não queria pensar em nada. A dor e o sofrimento que o corroíam por dentro estavam sendo ignorados. Deu voltas na cidade por aproximadamente 40 minutos e foi só então que ele resolveu seguir para o seu hotel. O GPS o guiou até lá. A frieza era o que estava movendo ele. Deixou o carro na garagem do hotel e seguiu para o único lugar que poderia ajudá-lo a não pensar em tudo o que havia acontecido naquele dia. O bar do hotel era com certeza o bar mais refinado que ele já havia frequentado. O local estava lotado de pessoas que aparentavam ter muito dinheiro, mas isso não intimidou nem um pouco. Sentou-se em um dos bancos que ficava em frente ao balcão e o bartender foi extremamente educado ao perguntar o que ele queria.

- Eu quero uma cerveja. Qualquer uma que você tiver! - pediu, apoiando seus cotovelos no balcão. Ele normalmente pediria a coisa mais forte que havia naquele bar, mas ele não queria sair carregado de lá. O bartender colocou a pequena garrafa de cerveja sobre o balcão e a pegou sem qualquer hesitação. O bartender observou quase tomar a garrafa toda em um gole só e depois colocá-la sobre o balcão novamente.
- Dia difícil? - O bartender atreveu-se a perguntar.
- Semana difícil. - respondeu ao sorrir de canto. O bartender fez uma careta, que demonstrou que ele lamentava. deixou de olhá-lo para olhar para as suas mãos, que brincavam com a garrafa de cerveja.

A bebida sempre o ajudava a esquecer os problemas, mas não estava funcionando dessa vez. A segunda garrafa de cerveja já estava no fim e a sua mente ainda continuava brincando com o seu coração, trazendo flashbacks da conversa completamente exaustiva que havíamos tido há menos de uma hora atrás.

- Aposto que tudo isso tem a ver com mulher. – O bartender sorriu para o , que negou com a cabeça.
- Você já amou alguma? – perguntou para ele.
- Não só amei, como ainda amo. – O bartender mostrou a sua aliança de casamento. – E você? Já amou? – Ele quis saber.
- O que você acha? – forçou um sorriso, antes de levar a garrafa a sua boca novamente.
- E qual o problema? – O bartender curioso perguntou.
- Traição. – disse em meio a um suspiro.
- Ela te traiu... – O bartender concluiu, negando com a cabeça.
- Ela não traiu. Esse é o problema. – arqueou ambas as sobrancelhas.
- Como? – O bartender pareceu confuso. Um sorriso espontâneo surgiu no rosto de antes dele beber o último gole de sua cerveja.
- Valeu pela cerveja. – colocou algumas notas de dinheiro sobre a mesa e o bartender apenas concordou, pensando que tipo de louco o era.

já estava alcoolizado, mas não estava em seu pior estado. Na verdade, ele estava muito mais consciente do que gostaria. Ele poderia voltar a beber e acabar com todas as bebidas daquele bar, mas ele tinha certeza que nada seria tão forte a ponto de fazê-lo esquecer o que tinha acontecido naquele dia. Depois de pegar o elevador, seguiu até o seu quarto. A dor de cabeça estava mais do que insuportável, mas não era isso que o incomodava. O problema era a outra dor que ele sentia.

Pior do que , estava Mark. Sem querer fazer comparações, mas ver a garota que você ama te trocar pela segunda vez pelo mesmo cara não deve ser a melhor das sensações. O que o enchia de esperanças foram as palavras que eu disse a ele antes dele ir embora da minha casa. Ele me viu chorar por ele e me viu implorando para que ele não me deixasse. Mark sabia o tamanho do meu orgulho e também sabia que eu jamais me humilharia daquela forma se não fosse verdadeiro. De qualquer forma, o era um adversário forte. Ele foi o primeiro garoto que eu amei e Mark estava completamente ciente de que, se não fosse pelos deslizes do , ele também seria o último garoto que eu amaria.

A atitude de Mark foi extremamente corajosa e eu, sinceramente, não esperava nada diferente dele. Mark não queria conviver com a dúvida: eu ainda sentia alguma coisa pelo ou não? Pode parecer loucura deixar o caminho livre para o e não lutar por mim, mas ele me respeitava demais para ignorar a minha explicita confusão. Ele queria me dar espaço para que eu tomasse a minha decisão. Não foi fácil arrumar coragem para correr esse risco, mas Mark sabia que era o melhor a se fazer. Até mesmo pra ele. Ele quer ter certeza de que tudo o que ele sente é correspondido.

Mark estava completamente sozinho agora. As lágrimas de quem perdeu a última coisa que ainda tinha se mantiveram em seus olhos por algum tempo. Fazer as coisas por quem você ama pode ser mais doloroso do que se imagina. Mark chegou em sua casa e jogou-se no sofá. Ele precisava de um tempo para pensar e se convencer de que voltar atrás na sua decisão não é a coisa certa a se fazer. O meu sofrimento também o preocupava. Se antes eu estava mal, agora eu estava pior. Mark não queria que eu ficasse sozinha, por isso, ele decidiu ligar para Meg.

- Oi, Mark! – Meg atendeu empolgadamente o celular. Havia acabado de conversar com o pelo Skype e ela não poderia estar melhor.
- Meg.. – Mark não queria se prolongar e nem muito menos passar a impressão de que estava bem. Ele só precisava que Meg fosse me fazer companhia.
- Está tudo bem? – Meg imediatamente estranhou a voz do melhor amigo.
- Está, mas... – Mark queria evitar perguntas. – A não está. Acho que ela está precisando de você. – Ele completou.
- Mas por quê? O que houve? – Meg ficou preocupada.
- Não dá pra falar agora, mas ela te explica. Só... – Mark negou com a cabeça. – Só vá até a casa dela e a ajude. – Ele pediu.
- Está bem, mas e você? – Meg sabia que o amigo também não estava bem.
- Não se preocupe comigo. – Mark reafirmou. – Eu vou sair agora e vou resolver umas coisas. – Ele mentiu para que Meg não aparecesse em sua casa. Ele não queria falar com ninguém e queria mesmo que Meg se preocupasse apenas comigo.
- Então ta... – Meg continuou estranhando, mas concordou.
- Obrigado, Meg. – Mark agradeceu a amiga. Ele estava mais aliviado agora.
- Cuide-se, Mark. – Meg fez questão de dizer, pois sabia que ele também não estava bem.

Meg largou tudo o que estava fazendo para atender o pedido de seu amigo. Ela não fazia a menor ideia do que havia acontecido, mas ela sabia que era algo ruim. Ela precisava se apressar. Pegou o seu carro e seguiu para a minha casa. Meg não sabia o que esperar, mas estava muito preocupada. Não levou mais de 15 minutos para que ela chegasse em minha casa. Big Rob não estava onde costumava está, mas não fez a menor diferença, já que a visita dela nunca precisava ser anunciada. Chegou na porta da minha casa e já foi abrindo a porta. Ela entrou rapidamente na casa e me encontrou na sala. Eu estava sentada no sofá, meus cotovelos estavam apoiados em minhas coxas e as minhas mãos tampavam o meu rosto.

- ... – Meg veio até mim ainda mais preocupada do que antes. Ela se sentou na baixa mesa de centro e ficou de frente pra mim. – Hey! – Ela tocou as minhas mãos e as tirou do meu rosto. Não foram só as lágrimas que a surpreenderam, mas também os meus olhos inchados e vermelhos. O meu semblante a assustou. – O que aconteceu? – Meg perguntou, assustada.
- Foi o Mark que te pediu pra vir aqui? – Eu perguntei com a voz falha.
- Foi. – Meg confirmou e viu um triste sorriso surgir em meu rosto. Eu me sentia péssima por não ter sido capaz de dizer ao Mark que não havia mais nada entre eu e o , mas isso não parecia incomodá-lo, já que ele ainda se importava. Quem mais pediria a Meg para vir até ali?
- Como ele está? – Essa era a minha maior preocupação.
- Como assim ‘Como ele está?’ – Meg me olhou, confusa. – O que foi que aconteceu aqui? – Ele abriu os braços.
- Eu... – Eu suspirei e nem sabia como começar. – Eu acho que nem vou conseguir te contar. – Eu neguei com a cabeça.
- Está bem! Vamos fazer assim: vai tomar um banho, se acalma, esfria a cabeça e ai você me conta tudo o que aconteceu. – Meg não se importava em esperar mais um pouco para saber.
- Ok.. – Eu passei uma das mãos pelo meu rosto, enquanto concluía que aquela era a melhor opção. – Eu vou. – Eu respirei fundo, tentando bancar a forte.
- Acha que dá pra você tomar banho sozinha sem que você tente se afogar? – Meg brincou. Ela consegui até me arrancar um sorriso.
- Não, tudo bem. Espere aqui e eu desço daqui a pouco. – Eu me levantei do sofá e fui em direção a escada.
- Qualquer coisa você me chama. – Meg gritou, me vendo subir as escadas. Eu não respondi.

Encarar o espelho e ver o meu semblante foi horrível para não dizer, trágico. Foi naquele segundo que eu tive uma noção do tamanho do meu sofrimento, que até agora eu julgava exagerado. A tristeza estava nos meus olhos e eu mal conseguia forçar um sorriso sem desistir no meio do caminho. Não havia mais lágrimas escorrendo pelos meus olhos, porque elas simplesmente já tinham acabado. Eu devo ter chorado em uma hora o que uma pessoa normal choraria em 3 dias.

Deitei o meu corpo na banheira já cheia e deixei só o meu rosto de fora. Com a cabeça apoiada em uma das laterais da banheira, os meus olhos fechados me faziam rever cenas daquele dia péssimo. Não eram as palavras de que me perturbavam tanto. Nós brigamos o ensino médio todo. Eu me acostumei a ouvir as grosserias dele desde bem cedo. O que me perturbava mesmo era o olhar dele. Havia dor nos olhos dele e se há dor, há outros sentimentos. A dor nunca anda sozinha. Ela é sempre a causa de algum outro sentimento, seja ele bom ou ruim. Pode ser o ódio, mas também pode ser o amor. Eu não sou tão otimista assim, mas eu também não sou ignorante. Havia algo no olhar dele. Algo que mostrava que ele ainda se importava, mas também havia o ódio que ele sustentou por mim durante todos esses meses.

A minha dor, neste caso, era causada por algo ruim. Algo que eu chamaria de arrependimento. Arrependimento sim por não ter ido até aquele parque na hora exata em que marcamos. Se eu tivesse ido, não haveria telefonema e eu não teria visto agenda alguma. Era péssimo pensar que o nosso término aconteceu por causa de uma sucessão de coincidências e falta de confiança. Eu sei sim da minha culpa em tudo isso e ela pesa nos meus ombros mais do que qualquer outra coisa no mundo, mas eu não vou me martirizar por isso, pois eu tenho uma certeza: mesmo que eu estivesse naquele parque na hora certa, mesmo que eu tivesse ficado em Atlantic City para tirar satisfações ou até mesmo para matar a Amber, nada... Nada no mundo teria feito o nosso namoro resistir até agora. A situação já estava complicada entre nós há meses e o nosso namoro acabaria de qualquer jeito. Seja por causa da Amber, do Mark ou até mesmo por causa do apartamento dele. Acabaria de qualquer jeito!

Analisando melhor, eu deveria ter contado a ele toda a verdade. Talvez eu nunca mais tenha a oportunidade ou a coragem de fazer isso. Ele deveria saber que eu estive em Atlantic City naquele dia. Ele deveria saber o motivo que me levou a escrever aquela carta. Eu não tive coragem. Talvez os adjetivos que ele tão grosseiramente nomeou a mim sejam verdadeiros. Covardia, fraqueza e todo o resto. Mesmo assim, eu não o odeio. Eu não odeio por ter feito do meu dia um inferno, porque eu não posso culpá-lo por ter me amado tanto durante anos.

Mark também estava na minha mente, mas era um pouco menos complexo. Eu gosto dele. Quer dizer, eu gosto MUITO dele. Ele cuidou de mim desde o primeiro dia em que eu me mudei pra Nova York e ele tem sido o meu maior porto seguro desde então. Nunca houve um momento difícil em que eu não pensasse nele. Eu sempre pensava: ‘Como é que o Mark vai fazer com que eu me sinta melhor dessa vez?’. Independente de qualquer coisa, ele conseguia. Mark conseguia ver o lado bom de tudo. Ele até tentou me fazer ver o lado bom de , mas eu fiz questão de parar de enxergar isso há alguns meses atrás. Não existe ninguém como o Mark pra mim. Não existe ninguém que possa me fazer tão bem quanto ele. Agora, eu estava sem ele também e isso doía tanto que eu, sem exagero, poderia dizer que isso acabaria criando um buraco enorme no meu peito.

Eu ficaria naquela banheira por mais 3 horas, mas Meg não esperaria tanto tempo. Saí da banheira e fui colocar qualquer roupa que eu acabasse encontrando. Coloquei uma blusa simples e um shorts jeans. Depois de vestir uma rasteirinha qualquer, penteei o meu cabelo ainda molhado. O relógio marcava um pouco mais de 18 horas, quando eu voltei a descer para o primeiro andar da casa. Meg estava deitada no sofá e ela assistia alguma coisa na TV. Seja o que for, não deveria ser importante, pois ela desligou rapidamente quando me viu descer as escadas.

- Melhor? – Meg questionou ao me ver com um semblante um pouco melhor. Não havia lágrimas nos meus olhos e ela ficou aliviada ao constatar isso.
- Um pouco. – Eu ergui os ombros e me sentei ao lado dela no sofá.
- Dá pra me contar o que aconteceu agora? – Meg virou-se para mim.
- O aconteceu. – Eu fiz cara feia.
- ? O seu ex- namorado babaca e gostoso? – Meg estranhou e falou sem pensar. Eu a encarei e arqueei uma das sobrancelhas. – Desculpe. Eu falei sem pensar... – Meg sorriu, sem graça.
- Ele veio aqui hoje. – Eu relevei o que ela havia dito.
- Ele... – Meg arregalou os olhos. – Ele veio aqui? Você está brincando! – Ela estava chocada.
- Quem dera. – Eu rolei os olhos.
- Mas o que aconteceu? O que ele queria? – Meg se interessou ainda mais pelo assunto. Era pior do que ela imaginava.
- Ele apareceu na minha porta do nada e eu não sabia o que fazer. Nós até conversamos civilizadamente por um tempo. Eu fiquei nervosa, mas estava tudo bem até a hora que começamos a falar sobre nós. – Eu dei uma boa resumida.
- E como foi? – Meg queria saber todos os detalhes.
- Foi muito pior do que eu imaginei. Ele... surtou. – O jeito que eu falei demonstrou a proporção do que havia acontecido.
- Não acredito... – Meg estava atônita.
- Ele me disse coisas que eu nunca esperei ouvir... dele. – Eu comentei. – Na verdade, de ninguém. – Eu sorri de canto.
- Mas que moral ele tem pra falar de você? Não foi ele que te traiu com a tal da Amber? – Meg ficou momentaneamente indignada.
- Não, Meg. Ele não traiu. – Era definitivamente a pior parte de explicar.
- Como não? Você foi até lá e... – Meg estava tão certa sobre a traição de , que nem cogitou a possibilidade de ela não ter acontecido.
- Ele foi até o parque. – Eu a interrompi. – Ele me disse que foi pro parque na hora marcada e como eu me atrasei, ele foi pra casa para me ligar, já que ele havia esquecido o celular dele com a Amber. Foi ai que ele viu a carta e... – Eu não achava que precisava explicar o resto.
- Ele mentiu! – Meg achou que tivesse me manipulado de alguma forma. – Aposto que ele só disse isso porque se sentiu mal por você ter ido até lá também. – Ela afirmou com certeza.
- Ele não sabe, Meg. Eu não tive coragem de contar. – Eu deixei de olhá-la, pois a minha falta de coragem me envergonhava.
- Ele não sabia de nada? Então ele... – Meg não queria chegar a aquela conclusão. – Droga, ele não mentiu, não é? – Ela estava surpresa. Uma surpresa que não a agradou muito.
- Foi tudo um engano. – Eu concluí em voz alta.
- E... ele ainda acha que você o traiu. – Meg pareceu concluir o problema. – Eu já entendi tudo. – Ela suspirou.
- E como se já não estivesse ruim o bastante, o Mark apareceu. – Eu disse, mostrando a ela que eu não havia contado nem a metade da história.
- Ai não... – Meg fez careta.
- É claro que aconteceu o pior. Eles brigaram e depois que o foi embora, o Mark veio com uma conversa de que achava que eu ainda sintia alguma coisa pelo . – Eu rolei os olhos, pois era a parte que mais me indignava.
- Agora eu entendi porque ele estava estranho no telefone. Aposto que ele pediu um tempo. – Meg conhecia muito bem o seu melhor amigo.
- Ainda não acredito que ele fez isso comigo. – Eu neguei com a cabeça.
- Ele não está nada bem também. – Meg fez questão de me dizer.
- Mas foi uma opção dele! Ele escolheu dar esse tempo! Eu não pedi nada! Eu até implorei para que ele ficasse comigo. – Apesar da indignação, eu não conseguia ficar brava com o Mark.
- Você sabe que ele está fazendo isso por você e não por ele, não é? – Meg queria tentar me fazer enxergar o lado do Mark também.
- Pior que eu sei. – Eu sorri sem mostrar os dentes. – E sabe qual foi a pior parte? – Eu a olhei com os olhos tristes. Se eu ainda tivesse lágrimas para gastar, elas certamente seriam usadas nesse momento. – A última coisa que ele me disse foi ‘eu te amo’. – Eu contei visivelmente abalada.
- Ain... – Meg fez um bico enorme. As pouquíssimas lágrimas nos olhos dela mostraram toda a sua comoção.
- Foi a primeira vez que ele me disse isso e foi justamente quando ele estava ‘terminando’ comigo. – Eu deixei de olhá-la e encarei as minhas mãos, que brincavam com um anel que eu costumava usar.

Meg e eu conversamos por um bom tempo. Eu notei que ela se segurou várias vezes para não expor suas opiniões que poderiam me deixar ainda pior. Ela só me ouviu e me ajudou a desabafar um pouco. O único problema é que ela não conhecia os dois lados da história. Mark era o seu melhor amigo, mas e o ? Ela não o conhecia, mas já o odiava. Como eu poderia fazê-la entender o que nós vivemos? Como eu poderia provar a ela que tudo aquilo não era drama? Acho que é impossível.

- Você comeu? – Meg estava preocupada comigo.
- Eu só almocei, mas mais tarde eu faço alguma coisa pra comer. – Eu não estava com fome no momento.
- E você quer que eu fique com você? Eu posso dormir aqui hoje e... – Meg se dispôs a ajudar ainda mais do que já havia ajudado.
- Não, não precisa. – Eu me antecipei. – Eu acho que eu preciso ficar um pouco sozinha. Pensar um pouco, sabe? – Eu sorri para ela. Não queria que ela interpretasse aquilo de maneira errada.
- Eu entendo totalmente. – Meg foi mais do que compreensiva. – Eu só fico preocupada com você aqui sozinha. – Ela completou.
- Eu vou ficar bem. Eu acho que vou comer alguma coisa, chorar mais um pouco e se eu tiver sorte, dormir. – Eu detalhei para que ela visse que não tinha motivos para se preocupar.
- Então, tudo bem. Eu vou te deixar sozinha. – Meg piscou um dos olhos pra mim.
- Muito obrigada, Meg. – Eu sorri fraco, mas continuava com os olhos tristes. – Obrigada por ter me ouvido. Foi muito importante e me ajudou muito. – Eu a agradeci.
- Não precisa me agradecer, sua boba! – Meg sorriu, se aproximando para me abraçar. Eu retribui o abraço e descobri que eu precisava imensamente daquilo.
- Vá atrás do Mark. Fique com ele! Certifique-se de que ele está bem, por favor. – Eu pedi encarecidamente, enquanto nós ainda nos abraçávamos.
- Eu vou tentar. – Meg disse, mesmo sabendo que a sua tentativa seria falha. Mark já havia recusado qualquer tipo de ajuda pelo telefone e nem mesmo estava em casa.
- Obrigada. – Eu terminei o abraço e a olhei com carinho.
- Eu te ligo mais tarde, está bem? Me atenda ou eu vou vir até aqui! – Meg ameaçou, me arrancando um sorriso.
- Está bem. – Eu concordei.
- Eu estou indo embora. Cuide-se, está bem? – Meg me olhou seriamente.
- Eu vou! – Eu afirmei com a cabeça. Ainda sentada no sofá, vi Meg se levantar e se afastar.
- Eu vou ligar, hein! – Meg gritou, antes de sair pela porta.
- Ok! – Eu elevei o tom da voz para afirmar e a vi sair pela porta.

Sozinha! Momento bom pra chorar, não é? Acontece que acabaram-se as lágrimas, mas a dor continuava intacta, na verdade, ela estava pior. Acontece que o sofrimento estava em um nível tão elevado, que eu já não conseguia medi-lo. Eu só sei que está doendo e muito! Eu estava mais calma sim, mas agora só me restaram as cicatrizes. Eu queria tanto deletar aquele dia da minha vida. Eu não queria ter que pensar em nada.

Eu quero saber quando foi que a minha vida foi do céu ao inferno em menos de duas semanas. Como isso é possível? Como? Eu vou te responder com apenas uma palavra: . Esse cara é capaz de fazer o que ele bem entender com a minha vida. Ele pode destruí-la com palavras rudes e grosseiras, mas pode me fazer viver os melhores momentos. Mesmo sem um relacionamento, nós vivemos em altos e baixos. Nós nos importamos a ponto de nos permitir sentir e sofrer por isso. Isso não pode ser normal.

estava há mais de uma hora deitado em sua cama. Ele mantinha os seus olhos fixos no teto do quarto, que não lhe dizia absolutamente nada. Havia um vazio dentro dele. Esse seu comportamento definitivamente não estava nos seus planos. não foi até a minha casa com a intenção de ficar ainda pior. Ele queria se libertar. Ele estava tão certo que dizer tudo o que ele sempre quis o faria se sentir mais leve e mais livre. Não havia liberdade alguma! Ele ainda estava preso a mim de alguma forma. Era como se tivesse uma corrente invisível em seus braços que o prendia exclusivamente a mim. já tentou quebrar essa corrente de todas as maneiras possíveis, mas ela é com certeza a coisa mais forte e mais resistente que ele já ‘viu’.

A cada segundo a raiva acumulada por por tanto tempo ia desaparecendo. Quanto mais ele pensava, menos motivos para me odiar ele encontrava. Apesar da iniciativa para o término ter sido minha, aos poucos ele também conseguia enxergar a culpa dele naquilo tudo. Nada justificava as minhas atitudes, mas ele sabia que eu jamais teria que tomar a decisão de terminar o relacionamento se ele não estivesse sendo bom pra mim e se lembra muito bem de não fazer o mínimo esforço para me fazer feliz nos últimos meses antes do término. Ele se lembra de todas as chamadas perdidas no seu celular e de todas as mensagens de texto que eu deixava em seu celular todas as noites. Ele se lembra também do quão difícil foi fazer isso, mesmo sabendo que se afastar era o melhor pra mim.

Pode até parecer besteira, mas Buddy fazia uma tremenda falta para nessas horas. sempre se sentia melhor quando conversava sobre esses assuntos com o Buddy. Ele ouvia e obviamente não fazia nenhum tipo de julgamento ou comentário. gostava da sensação de poder colocar tudo pra fora, de poder conversar com alguém sem que esse alguém lhe julgasse. Buddy foi o seu fiel ouvinte nos últimos meses, mas agora ele não estava ali. Com Buddy ou sem Buddy, precisava conversar com alguém. Seu pai seria uma ótima opção agora. Quem mais o entenderia quando se tratava justamente da garota de quem o seu pai falou em seus últimos suspiros? O pai de não está aqui, mas tem os seus amigos. definitivamente não é uma opção, considerando que ele é meu irmão. não sabia de toda a história e não tinha a menor intenção de repetir detalhes do que foi a sua semana. Restou o . O único que já sabia sobre o reencontro e que passou por coisas parecidas com a .

- ! – atendeu o telefonema completamente empolgado. – Que bom que você ligou, cara. – Ele queria mesmo falar com o amigo. estranhou tamanha empolgação.
- O que aconteceu? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu estou prestes a cometer uma loucura. – avisou. Ele estava prestes a sair de sua casa.
- Uma loucura? Tipo o que? - não conseguiu pensar em nada.
- Tipo... pedir a em namoro. – sorriu, pois ele sabia exatamente qual a expressão no rosto de naquele momento.
- O que!? – fez careta. – Vocês se odiavam há 2 semanas atrás. – Ele não entendeu nada.
- Muitas coisas acontecerem desde que você foi pra Nova York. – justificou.
- Vai me dizer que você não é mais virgem também? – aproveitou pra zoar o amigo.
- Vai se ferrar! – rebateu entre risos. – Eu estou falando sério! Estou indo pra casa dela agora mesmo. – Ele explicou.
- Pra casa dela? Que ótimo. Eu não consigo pensar em nada mais criativo que isso. – voltou a brincar com o amigo.
- Oh! Me desculpe por não ser tão bom cantor quanto você! – ironizou.
- Você tem razão. Você é uma droga cantando. – gargalhou.
- Isso é ridículo! Eu não preciso cantar ou fazer o pedido em frente de centenas de pessoas pra provar o que eu sinto por ela. – disse sem pensar que aquilo poderia soar como uma indireta.
- Sem tirar que é bem menos constrangedor, não é? – lembrou-se do quão nervoso e envergonhado ele estava ao subir naquele palco no dia do meu aniversário.
- Exatamente! – foi obrigado a concordar.
- Bem, eu... fico feliz por vocês, cara. Eu sei o quanto você quis isso e o quanto você gosta dela. – deixou as brincadeiras de lado e resolveu apoiar o amigo.
- Constrangedor vai ser se ela não aceitar, não é? – sorriu, nervoso.
- Se ela não aceitar, você me liga. Você vem pra Nova York e nós beber e ficar loucos juntos, beleza? – queria mostrar que apesar das brincadeiras, ele estaria sempre lá por .
- Combinado! – sorriu, feliz com o apoio de . – Eu já ia me esquecendo! O que você queria? Você me ligou e eu comecei a falar.. – Ele se esqueceu que foi quem havia ligado.
- É, eu liguei... – fechou os olhos por poucos segundos. Ele queria tanto desabafar com o , mas ele não queria estragar a noite dele com os seus problemas. Aquele dia era um dia especial para o e ele não tinha o direito de enchê-lo com os seus conflitos amorosos. – Eu queria saber do Buddy. – Ele mentiu.
- O Buddy? – segurou o riso. – Oh meu Deus! Quanto tempo será que ele aguenta sem comida? – Ele usou sua voz de desespero.
- O QUE? – arregalou os olhos.
- Brincadeira! – desmentiu antes que aparecesse em sua porta.
- Eu te mato, seu infeliz. – o ameaçou, segurando o riso.
- Ele está ótimo, . Acho até que ele está mais feliz do que antes. Quando você voltar, ele não vai querer voltar pra sua casa. – provocou o amigo, que riu de sua afirmação.
- Até parece. – rolou os olhos.
- Acho que ele está vivendo algum caso de amor com a minha mãe. Ela está cuidando melhor dele do que de mim. – comentou e fez gargalhar ainda mais.
- Você está com ciúmes de um cachorro. – brincou.
- Estou nada! – desconversou.
- Se ele está bem, tudo bem. Era só isso que eu queria saber. Agora eu vou desligar porque sei que você tem um trabalho pra fazer. – referia-se ao pedido de namoro.
- Você está certo. Eu estou indo lá agora. – voltou a ficar nervoso com o que iria fazer.
- Vai dar tudo certo, ok? Apenas vá até lá e faça o que você tem que fazer. – voltou a incentivar o amigo.
- Valeu, cara. – ficou realmente agradecido com o apoio de .
- Falo com você depois. – sabia que teria tempo para falar de seus problemas com , já que aquela angústia não iria embora tão cedo.
- Até depois. – disse antes de desligar. Se não fosse pelo nervosismo, ele certamente teria notado que algo havia acontecido com o .

O arrependimento de em ter feito aquela ligação foi quase que imediato. Não é que ele não estivesse feliz com a felicidade de , mas é que saber que todos os seus amigos estavam se dando bem com essa coisa estranha chamada ‘amor’ e ele não era um pouco frustrante. e estão mais apaixonados do que nunca. nunca esteve tão feliz quanto agora que está com Meg. Agora também está prestes a assumir um namoro, enquanto só vê a sua vida amorosa piorar a cada dia. Quando foi que isso aconteceu? Ele se lembra de se sentir tão sortudo na época em que namorávamos por termos um amor tão real e sincero e agora ele não tem nada!



Não era nem 9 horas e eu já estava na cama. Depois da morte da tia Janice, aquele havia sido o pior dia. Eu estava uma completa bagunça. Eu estava mal por causa do Mark e estava mal por causa do . Eu me sentia horrível, porque parecia que eu era o motivo de sofrimento dos dois e eu nunca quis isso. Eu sempre tentei fazer tudo certo. Eu sempre quis que eles ficassem bem, mas tudo o que eu consegui foi que eles sofressem. Talvez o Peter e o estivessem certos. Eu só quebro o coração das pessoas que eu amo.

Já passava de 10 horas da noite e seguiu o seu plano de ir até a casa de . Era sábado a noite e eles costumavam sair nesse dia, mas inventou um trabalho da faculdade para que eles não saíssem. não ficou tão feliz com a ideia de ficar em casa no sábado a noite, mas ela obrigou-se a ser compreensiva. 10 horas da noite de sábado e ela já estava de pijama. Onde já se viu? Triste realidade.

seguiu para a casa de e estacionou o carro silenciosamente em frente a sua casa. Ele olhou para a janela do quarto dela e viu que a luz estava acesa. Agradeceu mentalmente por ainda estar acordada. O problema era que a luz do quarto da mãe de também estava acesa. teria que ser extremamente cuidadoso. Desceu do carro e colocou a caixinha com o anel em um de seus bolsos. Aproximou-se da enorme árvore que ficava ao lado da janela do quarto da . escalou a árvore como um ninja. Ok, um ninja um pouco mais lento e atrapalhado. Ele demorou uns 10 minutos para conseguir chegar no galho mais alto, que o levaria até a sacada do quarto da .

não fazia a menor ideia do que estava prestes a acontecer. Levantou-se de sua cama e saiu de seu quarto por alguns minutos para ir até o banheiro. aproveitou a deixa para entrar apressadamente no quarto. Ele sabia que ela estava prestes a voltar, então se escondeu atrás da cortina. voltou ao seu quarto e fechou a porta. Ela não desconfiou de absolutamente nada. Ela aproximou-se de sua cama e virou-se de costas para a cortina para estender o lençol e a coberta para que ela pudesse voltar a deitar. segurou o riso ao ver o pijama de ursinhos que ela vestia. Aproveitou que ela estava de costas e saiu detrás da cortina, aproximando-se lentamente dela. só notou que havia alguém ali, quando ele a agarrou por trás e tampou a sua boca com uma das mãos. estava ciente de que a assustaria e que o grito dela poderia chamar a atenção de sua mãe.

- Shhhhhhhhhhhh. Sou eu! Sou eu! – sussurrou no ouvido dela, enquanto segurava o riso. Ela levou um baita susto. fechou os olhos, demonstrando o seu alivio ao ouvir a voz dele. Quando viu que ela se acalmou, tirou a mão da boca dela.
- O que... – começou a falar assim que conseguiu. Virou de frente para furiosa. – Que ideia é essa? – Ela esbravejou. só não gritou por causa de sua mãe. a observou e não disse uma só palavra. – Você está maluco? A minha mãe está no quarto aqui do lado e se ela te ver... – ia dizendo descontroladamente , quando resolveu interrompê-la.
- Eu te amo. – disse ao sorrir de um jeito bobo, que demonstrava todo o seu constrangimento ao dizer aquilo pela primeira vez.
- Escuta, eu não quero saber se.. – estava tão determinada em brigar, que ignorou as palavras ditas por ele e nem sequer as ouviu. Quando ela se deu conta, ela paralisou. – O que foi que você disse? – Ela parecia estar em choque.
- Eu disse que eu te amo. – repetiu de forma menos tímida dessa vez. tentou não sorrir, mas foi inevitável.
- , o que é isso? O que está acontecendo? – não entendeu o porquê dele estar dizendo isso agora.
- Responda. – não tirava os olhos dela.
- O que? Responder o que? – riu, achando que estava louco.
- Diga, por favor. – pediu com uma certa ansiedade. Ele sabia que sabia muito bem o que ele queria ouvir. ficou extremamente sem graça. Ela não planejava dizer isso tão cedo. – Vamos... – Ele insistiu para que ela dissesse.
- Eu... – deixou de olhá-lo e negou com a cabeça. – Eu também te amo, . – Ela sorriu, constrangida.
- Que bom. – sorriu, aliviado.
- Foi pra isso que você veio aqui? – abriu os braços, achando graça da felicidade de .
- Na verdade, não. – fez careta. Coragem, ! – Eu vim te fazer uma pergunta. – Ele respirou fundo.
- Mas eu já respondi. – riu debochadamente de .
- É... outra pergunta. – sorriu fraco.
- Qual pergunta? – ficou curiosa.
- ... – respirou fundo e colocou uma das mãos em seu bolso. O movimento de já fez o coração de parar. Não podia ser! Ao ver a caixinha, se segurou para não ter um colapso. Uma das mãos dela foi até a boca e os olhos se esbugalharam. – Você quer namorar comigo? – Ele se ajoelhou e não deixou de olhá-la. paralisou por um tempo.
- Oh...não.. – resmungou, fazendo careta.
- Não? – A expressão no rosto do mudou.
- Não acredito que você está me propondo isso, enquanto eu visto esse... pijama de ursinhos. – olhou pra sua roupa.
- O que? – fez careta. Fazia diferença?
- Eu estou brincando, seu idiota. É claro que eu aceito! – desfez rapidamente a sua expressão de desespero e deu um enorme sorriso.
- Você... – suspirou ao rir de si mesmo. Ele negou com a cabeça, enquanto colocava-se de pé novamente.
- Precisava ter visto a sua cara. – fez careta, enquanto colocava a aliança em seu dedo.
- Nem nessas horas você para de me sacanear. – cerrou seus olhos. riu, enquanto acabava de colocar a aliança no dedo de .
- Eu sou boa nisso, não acha? – fez careta. a observou e tomou a liberdade que qualquer namorado tem.
- Vem aqui. – a puxou pela cintura e eles se beijaram em meio a sorrisos. O beijo selava o inicio do namoro deles. Agora é oficial! – Sabe, eu até que eu achei o seu pijama fofo. – Ele sussurrou assim que interrompeu o beijo.
- Você é um idiota. – fuzilou ele com os olhos, enquanto selava os lábios dele mais uma vez.
- Ei! Nós somos namorados agora. Não vai poder ficar me chamando de idiota. – disse entre um selinho e outro.
- Você tem razão. Temos que começar a usar esses apelidos melosos que os casais costumam usar. – concordou com ele. Os braços dela estavam enroscados em torno do pescoço dele e os dele em torno de sua cintura.
- O que você acha de ‘amor’ ? – observou o rosto dela de bem perto.
- Muito clichê. – fez careta. – ‘Príncipe’ ? – Ela propôs.
- Você está de brincadeira, né? – também fez careta.
- ‘’ ? – mordeu o lábio inferior. segurou o riso.
- Aparentemente, esse não dá muita sorte. – ergueu os ombros.
- É mesmo. – concordou.
- Vamos fazer assim: vamos deixar acontecer. No momento certo, nós vamos descobrir qual será o nosso apelido. – propôs.
- Ótima ideia! – afirmou com a cabeça.

Como pode? Como o amor pode ser tão bom para algumas pessoas e tão ruim para outras? Como é possível alguém sofrer por amor, enquanto alguém comemora a existência do mesmo? Amor é uma coisa extremamente mágica. Ele pode ser a melhor coisa da sua vida, mas também pode ser a pior. Ele pode trazer a qualquer pessoa que faça uso dele qualquer tipo de sentimento bom, mas ele também tem o poder de te fazer sentir o maior sofrimento da sua vida. O amor, agora, é a felicidade de e da e também é o sofrimento sentido por mim e pelo .

Apesar do risco, ficou mais algum tempo com . Não, não aconteceu nada demais. Quando ele foi embora, não conseguia parar de olhar para a sua aliança. Era inacreditável pensar que ela havia sido dada justamente por . Ela nunca imaginou isso. Nem em seus melhores sonhos. Como qualquer outra garota normal, ela precisava contar a novidade para a sua melhor amiga. A ligação veio na hora perfeita. Quando eu vi o nome dela no visor do meu celular, eu nem consegui acreditar.

- Oi, . – Eu atendi, enquanto continuava deitada em minha cama.
- ! – gritou. – Você não vai acreditar! – A empolgação na voz de me ajudou a adivinhar o que havia acontecido.
- O que aconteceu? – Mesmo sabendo do que se tratava, eu perguntei para que ela me contasse. Eu sei que ela queria.
- O me pediu em namoro! – nunca me pareceu tão feliz.
- Jura? – Um fraco sorriso surgiu em meu rosto ao notar a felicidade dela.
- Foi lindo! Ele veio até o meu quarto e me surpreendeu. – explicou.
- Awn! Parabéns, ! – Eu continuei fingindo que não sabia de nada e pretendia fazer isso até o final da ligação.
- Eu estou tão feliz. – voltou a olhar para a aliança em seu dedo.
- Eu estou tão feliz por vocês. Nada poderia me deixar mais feliz hoje. – Eu disse no sentido literal. O meu dia foi horrível. A notícia de que os meus dois melhores amigos estavam namorando foi a única coisa boa do dia!
- Obrigada, . – sorriu, tentando conter a sua empolgação.
- Vocês vão ser muito felizes. – Eu completei e dessa vez notou que havia algo errado. A sua empolgação não deixou que ela notasse antes.
- Espera. Qual o problema? – mudou o seu tom de voz.
- Não é nada. Está tudo bem. – Eu desconversei, pois não queria estragar a noite dela.
- Não está tudo bem. Eu te conheço! – não desistiria até saber.
- Me esquece. Hoje é sobre você e o ! – Eu continuei negando.
- , me conta. – exigiu saber.
- Awn, ... – Eu disse em meio a um suspiro. – O meu dia foi uma droga. – Eu abaixei os meus olhos e senti a dor em meu peito aumentar.
- Mas o que aconteceu? – sentiu o seu coração apertar.
- O veio aqui hoje. Foi horrível! Ele me disse coisas horríveis. – Eu expliquei, sentindo a dor aumentar ainda mais.
- Não acredito. – negou com a cabeça.
- E eu acabei descobrindo que na verdade ele não me traiu com a Amber e que ele até foi naquele parque no dia do meu aniversário para me encontrar. – Eu contei tudo de forma resumida.
- Ele não traiu? Você está brincando! – não conseguiu acreditar.
- Tem noção da confusão que eu fiz? Foi tudo culpa minha e foi por... nada! – Eu lamentei dolorosamente.
- Você não sabia! Não tinha como você saber. – tentou me consolar.
- Eu sei, mas agora tudo soa tão... estúpido. Eu devia ter ido tirar satisfação com ele. Eu devia ter feito alguma coisa! – Eu só conseguia me culpar.
- Pra quem não sabia de nada, você fez o que devia fazer. Agora é tarde! Não adianta ficar remoendo o passado. – aconselhou.
- Foi só isso que eu fiz o dia todo. Eu me sinto tão mal pelo que eu fiz a ele, mas ao mesmo tempo eu estou furiosa por ele ter sido tão desprezível hoje. – Eu queria que ela entendesse o que eu estava sentindo. – E como se isso já não fosse o ruim o bastante, o Mark chegou na hora e eles brigaram. – Eu rolei os olhos.
- Eles brigaram? – arregalou os olhos.
- Brigaram! E quando o foi embora e eu achei que tivesse acabado, o Mark veio com uma história absurda de que eu ainda gosto do . – Eu disse em tom de desabafo.
- E você e o Mark brigaram por isso? – questionou.
- Não. Pior do que isso. Ele pediu que nós nos afastássemos para que eu tivesse tempo para pensar no que eu realmente quero. Eu não sei de onde ele tirou isso! – Eu demonstrei a minha indignação com o assunto.
- Talvez seja bom esse tempo mesmo. – temeu apoiar a decisão de Mark.
- Eu não preciso de tempo! – Eu repeti para ela a mesma coisa que eu já havia dito para o Mark.
- Ok! Eu sei que você está com raiva do ! Eu sei! Eu sei que a ideia de ainda sentir alguma coisa por ele te assusta e te faz entrar em pânico, mas... – não sabia como me dizer aquilo. – Seja honesta com você mesma. Não fique brava comigo, ok? Só seja honesta e me ajude a te ajudar. – Ela falou calmamente.
- Ok... – Eu fechei os olhos e tentei ouvir o que meu coração dizia.
- Pense, ! Você não sente mais nada pelo ? Quando você olha pra ele, você não sente nada de diferente? – estava tentando me ajudar.
- Eu... – Eu neguei com a cabeça. – Eu não sei. Tem alguma coisa, mas eu não sei o que é ou o que quer dizer. Talvez seja só remorso por tudo o que eu fiz a ele ou até mesmo saudade do que nós vivemos. – Eu fui o mais honesta possível.
- Tem certeza? – insistiu. Ela sabia que não devia ser só aquilo.
- Eu não sei! Eu acho que também é algo físico. Ele é bonito e ficar perto dele me deixa nervosa. Sabe? Do jeito que qualquer garota fica perto de um cara bonito. – Eu tentei explicar os meus sentimentos. Eu queria me convencer que tudo aquilo não passava de besteira.
- Do jeito que qualquer garota fica perto do garoto que ela gosta. – me corrigiu.
- , você deveria estar me ajudando. – Eu me irritei com a insinuação que ela fez.
- Eu estou ajudando! , enxergue! Você sofreu pra caramba por causa dele e você continua sofrendo como se nada tivesse acabado. Você não sofreria tanto se ele fosse tão insignificante assim pra você. Além do mais, ele foi o primeiro garoto que você amou. É totalmente normal você se sentir estranha com relação a ele. – continuou com os seus conselhos.
- Eu devia ter contado pra ele. Talvez se eu contasse, eu não estaria me sentindo tão culpada agora. Eu devia ter contado que eu fui pra Atlantic City e que eu esperei por ele. Eu não contei e agora eu sinto como se nós fossemos um assunto... inacabado, sabe? – Eu comecei a ser mais honesta.
- Então conte a ele! – disse como se fosse o óbvio a ser feito.
- Como? Como eu vou conseguir encará-lo depois de hoje? Eu mal consigo pensar nisso sem chorar. – Eu neguei com a cabeça.
- Então chore! Chore, seja honesta e abra o seu coração pra ele. Se depois disso você ainda não estiver se sentindo livre dele e desses sentimentos, você sabe qual é o problema. – me orientou sabiamente.
- Você está certa. Eu... vou tentar fazer isso. – Eu tentei parecer determinada, mas não fui muito convincente. – Eu vou fazer isso. – Eu corrigi. – E vou me livrar dele de uma vez por todas. – Eu voltei a abrir os olhos.
- É assim que se fala! – gostou do que ouviu. – Agora durma e descanse! Seu dia foi cheio e você precisa estar com a cabeça vazia pra pensar e decidir o que você tem que fazer, mas não tenha pressa em fazer nada disso. Leve o seu tempo, está bem? – Ela voltou a aconselhar.
- Está bem. – Só me restou concordar.
- Se você precisar de mim, me liga! Te ajudar nunca é um incomodo, entendeu? Deixa de ser boba! Eu estou aqui pra isso. – me deu uma bronca.
- Obrigada, . – Eu sorri, agradecida.
- Fica bem! Te ligo depois. – avisou.
- Ok! E... parabéns de novo. Eu estou muito, muito feliz! – Eu reafirmei.
- Obrigada! Eu te amo. – despediu-se carinhosamente.
- Eu também te amo. – Eu disse, antes de desligar o telefonema.

Falar com a minha melhor amiga sempre faz com que eu me sinta mais leve e dessa vez não foi diferente. Desabafar sempre é bom e os conselhos de sempre eram precisos. Os conselhos dela me ajudaram a enxergar algumas coisas e a deixar de ignorar outras. A pior parte definitivamente foi me dar contar de que eu teria que enfrentar o de novo. Isso me sufoca e me causa desespero só em pensar. Eu sempre sinto que não estou pronta para falar com ele e é por isso que dessa vez eu vou me preparar bem pra fazer isso.

Além de todos os problemas, agora também tinha a insônia. Era óbvio que eu não conseguiria dormir de novo! Mesmo com a Meg ligando e me distraindo o pouco, eu não consegui me esquecer do que eu havia acontecido e do que eu teria que fazer. Eu virei a noite pensando no que poderia ser certo dizer a ele e o que poderia soar como drama e exagero. Eu não queria ser chata e nem queria brigar de novo. Eu só queria expor o que realmente aconteceu e como eu me senti. Eu só preciso que ele saiba para que eu esperançosamente possa seguir em frente. Fácil dizer, difícil fazer.

A insônia não era um problema pro , mas os sentimentos e pensamentos eram. Os conflitos de sentimentos ainda o deixava confuso e o fazia repensar tudo o que ele havia feito nos últimos meses. Perder o seu tempo pensando naquilo, sentindo aquilo fazia ele se sentir um completo idiota, porque, para ele, eu estava com o Mark naquele momento e nem sequer estava me lembrando dele. já não sabia o que fazer. Ele havia tentado de tudo para seguir em frente, mas sempre parecia faltar alguma coisa. Ele nunca estava pronto para seguir em frente.

Eu consegui adormecer quando o dia já estava amanhecendo. A insônia me fez acordar na hora do almoço do domingo. Ao me levantar da cama, eu me lembrei que se e eu o Mark estivéssemos juntos ele estaria me acordando aos beijos naquele momento. Depois de fazer a minha higiene matinal encontrei no espelho a pessoa triste que eu não esperava reencontrar. A fome me obrigou a descer para ir até a cozinha. Fiz um macarrão instantâneo que não levou mais de 5 minutos para ficar pronto. Enquanto eu almoçava, eu continuava pensando em tudo. A minha cabeça não parava um só segundo. Eu havia acabado de acordar, mas eu já consegui notar o quão emotiva e nostálgica eu acordei naquela manhã. Entre uma garfada e outra eu me lembrava da época do ensino médio em que eu era feliz e não sabia. Os meus amigos e a minha família estavam lá por mim. Eu tinha tudo e não me dava conta do quanto isso me faria falta mais tarde. Além de todas as pessoas maravilhosas que eu tive do meu lado, eu também tive o meu amor inocente de colégio. Eu tive tudo o que uma garota sempre sonhou e eu deixei escapar.

Abandonei a cozinha depois de deixar os pratos na pia e voltei para o andar de cima determinada a voltar para a minha cama e dormir o resto da tarde, mas a minha determinação não era tão grande quanto eu imaginava. Eu parei no meio do corredor e não por coincidência na frente do quarto que ficou na última vez que ele esteve ali. Eu não queria entrar, mas o meu lado masoquista falou mais alto que tudo. Entrei no quarto e tudo estava exatamente como ele deixou da última vez. A cama que ele havia feito ainda estava lá.

Ao parar no centro do quarto, eu olhei em volta e depois de um tempo encarei o guarda-roupa que havia em uma das paredes. Minha coragem foi grande o suficiente para ir até lá e abrir as postas do guarda-roupa e ver na prateleira mais alta aquela caixa. Sim, aquela caixa! Aquela que ele me deu no dia em que eu me mudei para Nova York. A caixa não estava lá em cima por acaso. Eu a coloquei lá justamente para que eu não tivesse a estúpida ideia de vê-la novamente. Tarde demais. Peguei uma cadeira que havia ali naquele mesmo quarto e com a ajuda dela, eu consegui pegar a caixa novamente.

A preocupação de Meg a levou até a minha casa. Ela poderia ligar, mas era muito melhor me ver pessoalmente e tirar a sua própria conclusão sobre como eu estava. Além disso, ela sabia que eu estava sozinha. Ao chegar na minha casa, ela notou que o carro de Mark não estava na garagem. Ele não estava em casa e nem atendia os seus telefonemas. Onde foi que ele se meteu?

- E ai, Big Big. – Meg sorriu ao ver o Big Rob em frente a minha casa.
- É Big Rob, Meg. – O segurança fez cara feia.
- A está em casa, Big Big? – Meg continuou só para irritá-lo.
- Está! Entre logo! Vá, vá! – Big Rob começou a expulsá-la em tom de brincadeira.
- Estou indo! – Meg gargalhou, indo em direção a porta da minha casa. Ela tinha permissão para entrar quando quisesse.

Eu me sentei no chão do quarto e coloquei a caixa em minha frente. Eu a encarei, pensando se conseguiria lidar com aquilo. Eu não tinha certeza, mas aquilo não me impediu. Eu tirei a tampa da caixa e me deparei com todas aquelas coisas. Foi como dar um tiro no pé. Eu só fiquei olhando para todas aquelas coisas, sem coragem de tocar em nada.

- ? – Meg gritou ao entrar na casa. Ela queria anunciar a sua chegada. O grito dela não me chamou tanta atenção.
- Eu estou aqui em cima. – Eu gritei de volta. Os meus olhos não saiam daquela caixa e eu consegui ter coragem para pegar um porta-retrato que estava em cima de tudo o que estava na caixa.
- Oi, ! – Meg estranhou ao me ver naquele quarto. Ela esteve ali poucas vezes. Meg entrou no quarto, estranhando o fato de eu estar sentada em frente daquela caixa que ela nunca havia visto. – O que... – Meg começou a perguntar curiosa e decidiu se sentar em minha frente.



- Oi, Meg. – Eu deixei de olhar aquele porta-retrato pela primeira vez para olhá-la.
- O que você está fazendo? – Meg questionou, olhando para aquela caixa sem entender o que eram aquelas coisas.
- Olha só... – Eu estendi o porta-retrato na direção dela e ela o pegou. Meg olhou para a minha foto com . Ele beijava a minha bochecha, enquanto eu fazia uma careta para a foto.
- É o ? – Meg perguntou, já que não dava para ver muito bem o rosto de .
- É.. – Eu sorri fraco. Eu voltei a olhar para a caixa e vi o CD dos Beatles. – Ele me deu esse CD, porque Beatles é a banda favorita dele. – Eu mostrei pra ela. – ‘Hey Jude’ foi a primeira música que nós dançamos juntos. – Eu contei.
- ‘Hey Jude’ é uma boa música. – Meg sorriu, admirada.
- Olha todas essas cartas que ele me escreveu quando nós nem estávamos juntos. – Eu juntei todas as cartas e comecei a dar uma rápida olhada em cada uma delas.
- Quanto tempo ele gostou de você antes de vocês ficarem juntos? – Meg perguntou sem achar que a resposta a surpreenderia.
- 6 anos. – Eu disse e ela quase teve um surto.
- 6 ANOS? – Meg abriu a boca, perplexa.
- Eu não sabia que ele gostava de mim. – Eu justifiquei.
- E esse galho? – Meg riu ao pegar o pequeno galho nas mãos.
- Ele me deu quando me convidou para ir ao baile de formatura. O galho foi a única coisa que ele conseguiu na hora. – O meu sorriso aumentou ao me lembrar daquela cena.
- Que idiota... – Meg gargalhou. – E essa letra do Nickelback? Ele curte essa banda também? – Meg perguntou.
- Não. Na verdade, eu curto. Eles cantam a minha música favorita. O escreveu a letra pra ele cantar pra mim quando ele me pediu em namoro. – Eu senti o meu corpo estremecer com aquela lembrança.
- O QUE? Ele cantou pra você? – Meg voltou a ficar em choque.
- Ele canta muito bem se quer saber. – Eu afirmei com a cabeça.
- Espera! – Meg estendeu as mãos. – Você está querendo me dizer que o babaca do seu ex-namorado é o mesmo cara que fez essas coisas adoráveis e ainda cantou pra você quando te pediu em namoro? – Ela não se conformaria tão cedo.
- As pessoas mudam, Meg. – Eu justifiquei, mas isso não fez com que ela ficasse menos surpresa. – Olha! Essa música.. – Eu estendi o papel com a letra. – Foi a música que nós compomos pra eu me apresentar no musical da escola. Nós acabamos cantando juntos. – Eu contei a ela.
- Vocês dois cantando? – Meg me olhou com desconfiança.
- Eu juro que é verdade! – Eu afirmei entre risos.
- Você canta? Como eu nunca soube disso? – Meg abriu os braços.
- Eu cantei poucas vezes na frente de outras pessoas. – Eu expliquei os meus motivos.
- Como eu não sabia de tudo isso? – Meg estava indignada.
- Você nunca perguntou! – Eu brinquei e ela me fuzilou com os olhos.
- E você juntou tudo isso? Essa caixa e todas essas coisas? – Meg perguntou.
- Não fui eu, foi ele. – Eu respondi sem dar muita importância.
- ELE? ELE FEZ ISSO? – Meg apontou pra caixa.
- Qual o problema? – Eu abri os braços.
- Qual garoto faz isso? – Meg negou com a cabeça. – Ele não pode ter feito isso. – Ela não conseguia acreditar.
- Ele fez! Ele guardou tudo isso e me deu no dia que eu vim pra Nova York. – Eu sorri fraco e através daquele sorriso Meg conseguiu perceber que tudo aquilo ainda mexia comigo de alguma forma. Depois de algum tempo em silêncio, Meg voltou a se manifestar.
- Foi real, não foi? Vocês dois... – Meg perguntou, me olhando com tristeza.
- Foi. – Eu afirmei com a cabeça. – E eu... – Eu hesitei dizer. – Eu sei que eu devo devolver tudo isso pra ele. – Eu completei.
- Se você acha que deve, eu te apoio totalmente. – Meg voltou a demonstrar o seu apoio.
- Eu só preciso de coragem. – Eu rolei os olhos. Eu me sentia tão fraca dizendo aquilo.

Meg e eu ficamos ali por um tempo. Eu não tenho certeza se tudo aquilo que eu estava mostrando pra ela fazia com que o ódio que ela sente pelo diminuir, mas definitivamente ela tem uma nova impressão sobre ele. Demorou para ela entender o motivo de tamanho sofrimento quando eu ouvia apenas o nome dele. Meg sabia agora a proporção de tudo o que eu e vivemos e isso a surpreendeu mais do que qualquer outra coisa.

estava fazendo a mesma coisa de sempre: fingindo não se importar. Ele saiu do hotel logo cedo e resolveu dar uma volta na cidade. Não é o tipo de passeio que se deve fazer sozinho, mas isso o ajudaria a espairecer e a pensar no que ele precisava pensar. Em alguns momentos, ele pensava 'O que eu estou fazendo aqui? É óbvio que ter vindo foi uma péssima ideia.' , mas depois ele se lembrava que veio com um único propósito: o futuro de sua carreira e da empresa de seu pai. almoçou em um restaurante e depois resolveu voltar para o hotel. Usou o trabalho para ajudar a passar o tempo e para não continuar pensando no que havia acontecido no dia anterior.

- E você falou com o Mark? - Eu perguntei para Meg, pois estava preocupada.
- Não consegui falar com ele. Ele não atende o telefone e nem está em casa. - Meg negou com a cabeça.
- Ele quer ficar sozinho. - Eu comentei, enquanto me lamentava.
- Eu não sei qual é o problema de vocês! Vocês ficam mal e ao invés de quererem ficar melhores, vocês ficam se isolando. - Meg disse com uma certa indignação. - Quando você está com fome? Você come! Quando você está com sede? Você bebe! Quando você está triste? Você tenta se divertir. É assim que deve ser. - Ela explicou o seu ponto de vista.
- Acontece que é mais fácil falar do que fazer. - Eu tentei fazer com que ela entendesse.
- Por exemplo: hoje! Não sei se você se lembra, mas hoje tem a festa de aniversário daquela garota da nossa sala. - Meg finalmente chegou onde ela queria.
- Que garota? - Eu a olhei, fazendo careta.
- Aquela que senta na fileira do meio, que sempre usa aquelas coisas estranhas no cabelo. - Meg tentou me fazer lembrar.
- Oh, sei! - Eu me lembrei imediatamente. - Nós nem falamos com ela! - Eu neguei com a cabeça.
- Mas ela convidou a sala inteira e nós fazemos parte da sala. - Meg sorriu largamente.
- Uma festa? Jura, Meg? - Eu a olhei com desanimo.
- Pra ser sincera, eu também não estava nem um pouco a fim de ir nessa festa, mas você está precisando se distrair, então eu vou com você! - Meg mostrou-se novamente preocupada.
- Você realmente acha que é uma boa ideia? - Eu suspirei longamente.
- E qual é a sua outra opção? Chorar no seu quarto, enquanto você escuta a trilha sonora de 'Ghost'? - Meg disse daquele jeito despojado que só ela tinha e me arrancou um singelo sorriso.
- Está bem! Talvez seja uma boa ideia. Eu acho que pode ser bom eu me distrair. - Eu ergui os ombros. Eu não tinha nada a perder.

A festa começaria um pouco tarde, o que nos deu tempo para descansar um pouco durante a tarde. Nós assistimos algumas séries na TV e compramos algumas bobagens pra comer. Meg saiu de casa ás 7 horas prometendo voltar ás 10 para me buscar. Eu enrolei mais um pouco para começar a me arrumar. Depois de tomar um longo banho, fui até o meu guarda-roupa para escolher o que eu iria vestir.

Eu não sei se isso é normal ou se eu sou maluca mesmo, mas nada me motivo mais para me arrumar do que estar triste e mal. Me olhar no espelho e ver toda aquela coisa deprimente e triste me fazia querer me arrumar mais do que nunca. Eu precisava fazer um bom trabalho para convencer todos a minha volta que eu estou bem e também para levantar um pouco a minha autoestima. Não foi diferente naquela noite. Eu estava péssima e eu tinha que fazer algo para melhorar isso. Eu escolhi a melhor roupa e usei todos os utensílios de maquiagem que eu tinha. Depois de secar o meu cabelo, preferi deixá-lo solto. Coloquei anéis e pulseiras.

Meg estava um pouco atrasada, então quando chegou em minha casa nem saiu do carro. A buzina do carro dela me alertou e eu soube que ela tinha chegado. Dei uma última conferida no espelho e juro que me senti melhor e mais confiante que antes. Coloquei o meu celular e a minha carteira dentro da minha bolsa e coloquei a sua alça em um dos meus ombros. Estava prestes a sair do meu quarto, quando algo me fez parar na porta. Eu olhei para trás e vi aquela caixa sobre a minha cama. Depois de alguns segundos de conflitos internos, eu decidi voltar para pegá-la. Quem sabe hoje não era o dia para fazer o que eu tinha que fazer?

- Desculpa a demora, Meg. - Eu gritei assim que me aproximei do carro de Meg. - Boa noite, Big Rob. Não precisa me esperar. - Eu pisquei pra ele e ele entendeu o recado.
- Divirtam-se! - Big Rob gritou ao me ver entrando no carro de Meg.
- OH MEU DEUS! - Meg disse assim que eu entrei no carro.
- O que foi? - Eu a olhei, achando que havia algo errado.
- Você está ma-ra-vi-lho-sa! - Meg estava estonteada com o quão arrumada eu estava (VEJA A ROUPA AQUI)
- É mesmo? - Eu fiquei meio sem graça.
- Eu achei que você ia vir vestida igual a uma mendiga. Wow! - Meg e seus comentários inusitados.
- Eu posso estar um lixo por dentro, mas ninguém precisa saber disso, não é? - Eu ergui os ombros.
- É isso que eu quero ouvir! Entendeu agora? - Meg sorriu empolgadamente. - Mas, espera. E essa caixa? - Ela arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu não sei! Nunca se sabe quando eu vou arrumar coragem pra fazer isso. - Eu expliquei sem tanto drama.
- Está bem! - Meg preferiu nem comentar.
- Vamos fazer isso. - Eu pisquei pra ela. Meg ligou o carro e seguimos para a festa.

O local da festa era um pouco longe da minha casa. A música que tocava no rádio me distraia, mas eu não pude ignorar a nossa rápida passada em frente ao New York Palace. Eu tentei não demonstrar emoções para que Meg não me enchesse de perguntas e o silêncio dela me mostrou que eu consegui. Olhei discretamente para a caixa, que agora estava no chão do carro e me perguntei se eu deveria fazer isso hoje.

- Nossa! Que estranho! Parece meio... - Meg fez careta ao chegar no local da festa, que era na casa da aniversariante.
- Vazio? - Eu também fiz careta.
- Estamos mesmo no local certo? - Meg perguntou ao me olhar. Eu olhei novamente no convite para conferir o endereço.
- Estamos. - Eu suspirei longamente.
- Que palhaçada! - Meg disse ao estacionar o carro.
- Vamos entrar assim mesmo? - Eu perguntei, surpresa. Porque ela estava estacionando o carro?
- Já estamos aqui e não temos mais nada pra fazer. - Meg ergueu os ombros e saiu do carro.
- Que ótimo... - Eu rolei os olhos ao sair do carro. Deixei a caixa lá dentro.
- Meg, espera! Vamos fazer outra coisa! - Eu a chamei, andando apressadamente atrás dela.
- Vem logo! - Meg fez gestos com as mãos.
- Meg! - Eu chamei a atenção dela mais uma vez, mas ela ignorou e tocou a campainha. - Meg! Mas que... - Eu ia xingá-la, mas a porta foi aberta e eu não pude continuar. - Hey! - Eu forcei um sorriso ao ver a aniversariante.
- Meninas! Entrem! - A aniversariante ficou feliz da vida. Meg e eu entramos na casa e depois de parabenizá-la fomos para um dos cantos para nos sentar no sofá.
- Eu quero te matar. - Eu sussurrei para Meg.
- Quem são essas pessoas? Os parentes dela? - Meg me olhou.
- Essa é a coisa mais ridícula que eu já fiz. - Eu sorri, enquanto negava com a cabeça.

Aos poucos a festa foi ficando animada, mas nem de longe é a melhor que eu já fui. Um pessoal da nossa sala acabou chegando mais tarde e nos reunimos em uma rodinha para conversar. A música era uma droga e não tinha nem lugar pra dançar, mas o pessoal da faculdade acabou se divertindo. Acabamos compartilhando algumas histórias engraçadas. Todos ali tinham histórias divertidas e quando eu fui pensar em alguma para contar a eles, eu simplesmente me dei conta de que todas elas tinham a ver com o . Isso foi o que bastou para que toda aquela festa perdesse o sentido pra mim.

Meg continuava sendo sociável com todos e eu ainda estava sentada ao lado dela, mas eu já não prestava a atenção na conversa como antes. Eu apenas forçava um sorriso quando todos caiam na gargalhada e eu achava que isso os convenceria de que eu estava participando da conversa. Não funcionou. Depois de algum tempo, eu nem olhava mais pra eles. Eu só mantinha o meu olhar fixo em qualquer lugar e sentia os meus pensamentos indo para lugares cada vez mais longe. Era como se eu não estivesse ali.

- ? – Meg me cutucou e eu a olhei repentinamente. O foco de todos não estava mais em Meg e ela aproveitou para conversar comigo.
- Oi. – Eu forcei um sorriso, pois temi que ela já estivesse me chamando algum tempo.
- Tudo bem? – Meg me olhou, séria.
- Sim, está. – Eu afirmei com a cabeça.
- Você parece longe. – Meg me analisou.
- Pareço? – Eu fiz careta.
- Você quer ir embora? Acho que ter ficado 3 horas nessa festa foi uma enorme superação. – Meg sussurrou entre risos.
- Por mim, tudo bem. – Eu ergui os ombros, enquanto segurava o riso.
- Então vamos. – Meg afirmou ao se levantar do sofá. Eu me levantei em seguida.

No momento, estar na festa ou não era indiferente pra mim. Eu acho que eu não ficaria bem em nenhum lugar mesmo. Nos despedimos rapidamente do pessoal da faculdade e da aniversariante. Usamos a desculpa de que teríamos que acordar cedo no dia seguinte. Seguimos em silêncio até o carro.

voltou para o hotel um pouco antes do jantar. O dia todo fora de ‘casa’ fez com que ele ficasse um pouco mais leve. Ele passou o dia todo pensando na nossa situação e depois de tantas conclusões, ele já não sentia tanta pressão sobre os seus ombros. Sua principal conclusão foi: nós nos apaixonamos, nós lutamos um pelo outro mais que por qualquer outra coisa e essa foi a melhor época da sua vida. A época da sua vida que acabou. A melhor coisa que já aconteceu em sua vida não pode ser algo que traga tanta dor e tristeza. Houve momentos bons e inesquecíveis que ele jamais esquecerá e que ele guardará pra sempre no pequeno espaço que vai estar sempre reservado em seu coração. Se for pra sofrer, que seja pela saudade dos bons momentos e não pela dor dos momentos ruins.

- O que foi que aconteceu? – Meg me olhou, enquanto dava partida no carro.
- O que? – Eu me fiz de desentendida.
- Toda aquela sua autoestima e determinação para se divertir. O que aconteceu? – Meg explicou a sua pergunta.
- É complicado. – Eu neguei com a cabeça, olhando através do vidro da janela do carro. – Eu tento fazer dar certo, mas tem sempre algo que me puxa de volta. É como se eu estivesse presa de alguma forma. – Eu não conseguia entender.
- Presa a ele? – Meg questionou.
- Eu não gosto disso. Eu não quero me sentir desse jeito toda vez que alguma coisa me faz lembrar dele. – Eu neguei com a cabeça. – Eu nem mesmo consigo pensar nos meus momentos de diversão sem me lembrar dele. Como isso é possível? – Isso me deixava um pouco indignada.
- Você tem que resolver isso de uma vez. Seja qual for a solução que você encontre. Você precisa! Isso está acabando com você. – Meg negou com a cabeça.
- É, eu sei. – Eu suspirei longamente.

Era tão exaustivo me sentir daquele jeito. É tão chato ficar esperando a hora em que eu vou voltar a ficar bem e essa hora nunca chegar! Isso está me sufocando de tal forma e eu não sei como voltar a respirar. É como se eu estivesse procurando a maldita luz no fim do túnel e ela estivesse fugindo de mim e me fazendo de idiota. Eu queria tanto me ver livre desses sentimentos, desses pensamentos e dessa sensação de que há algo inacabado.

- É impressão minha ou vai chover? – Meg olhou através do vidro do carro e eu mal dei atenção, porque justamente naquela hora nós estávamos passando novamente em frente ao hotel New York Palace. Eu respirei fundo e tentei engolir aquele nó na minha garganta de uma vez por todas. Abaixei a cabeça e encarei a caixa, que naquele momento estava em minhas mãos. É agora ou nunca.
- Para o carro. – Eu pedi com uma certa determinação.
- O que você disse? – Meg me olhou com uma careta.
- Me deixa no hotel. Eu vou resolver isso hoje e agora! – Eu tirei o cinto de segurança.
- No hotel? Mas porque você quer ir ao hotel? – Meg ainda não havia entendido qual era o meu objetivo.
- está nesse hotel e eu vou acabar com isso de uma vez por todas. – Eu expliquei de forma objetiva.
- Você está falando sério? – Meg não sabia se tinha mesmo que parar o carro ou não.
- Estou! – Eu afirmei sem qualquer sombra de dúvidas. Ainda em choque, Meg estacionou o carro em frente ao hotel.
- Você tem certeza que você quer fazer isso agora? São mais de 1 hora da madrugada. – Meg me alertou.
- Nem se fosse 6 horas da manhã! Eu precisava de coragem, não é? Eu me sinto corajosa agora. Eu não aguento mais um dia dessa porcaria. – Eu estava mesmo determinada. – O que eu tenho a perder? Mais alguns insultos? Mais palavras de desabafo? Eu quero que se dane! Eu vou devolver todas essas memórias pra ele e hoje mesmo eu coloco um ponto final nisso tudo. – Eu abri a porta do carro.
- Espera! – Meg me puxou pelo braço. – Eu... te espero aqui. – Ela não sabia muito bem o que dizer.
- Não precisa. Eu não sei quanto tempo eu vou demorar e eu sei que você tem que acordar cedo amanhã. – Eu disse, mantendo a caixa em minhas mãos.
- Não! Eu vou te esperar! – Meg reafirmou.
- Eu pego um taxi! – Eu achei uma rápida solução. – Por favor, Meg! Eu não quero tomar mais um minuto do seu tempo com isso. Nem eu aguento mais isso. – Eu pedi com sinceridade.
- Mas eu posso... – Meg ia insistir, mas eu a interrompi.
- Vá pra casa! Descanse e nós nos falamos amanhã. Eu preciso resolver isso sozinha. – Eu disse de forma mais séria.
- Você é mesmo muito teimosa, não é? – Meg negou com a cabeça.
- Eu vou ficar bem. – Eu frisei para que ela ficasse menos preocupada.
- Está bem! Está bem! – Meg disse, irritada. – Qualquer coisa você me liga e eu venho te buscar. – Ela colocou-se a disposição.
- Pode deixar! – Eu disse antes de descer do carro e bater a porta.
- Ei! – Meg chamou a minha atenção novamente e eu voltei para ouvir o que ela tinha a dizer. – Boa sorte. – Ela sorriu fraco.
- Valeu. – Eu pisquei um dos olhos pra ela e voltei a me afastar do carro. Encarei a faixada daquele hotel luxuoso e me perguntei em que andar ele deveria estar. Sem qualquer medo, eu comecei a me aproximar da entrada do hotel, que naquela hora da noite estava pouco movimentado.

De última hora, resolveu ir em uma balada que ficava bem perto de seu hotel. Ele havia passado lá na frente mais cedo e viu um cartaz enorme que anunciava um show de uma banda bastante conhecida na região. Ele não trabalharia no dia seguinte e não tinha nenhum motivo para não sair. Ele decidiu ir tomar banho e ir até o local para ver o movimento. Se lhe agradasse, ele até poderia ficar por lá.

- Olá, boa noite. – Eu dei o meu melhor sorriso para o recepcionista do hotel. Eu não contava com aquele imprevisto e tive que improvisar rapidamente.
- Boa noite! Em que posso ajudá-la? – O recepcionista pareceu simpático.
- Bem, eu... – Eu enrolei, pois ainda não tinha pensado em nada. – Eu preciso ir até um quarto. – Eu fiz careta. Eu não estava fazendo isso certo.
- E qual o número do quarto para que eu possa anunciá-la? – O recepcionista também sorriu.
- Não! – Eu afirmei com mais intensidade do que deveria. – É que... – Eu respirei fundo. Vamos, . Pense em alguma coisa! – O meu namorado está hospedado aqui e eu vim fazer uma surpresa. Eu vim de longe e ele só acha que eu vou chegar amanhã. – Eu fiz cara de anjo.
- Eu não sei se posso deixá-la entrar, moça. – O recepcionista fez careta.
- Vamos! Me ajude! É uma surpresa! – Eu dei um sorriso doce. – É o aniversário dele e eu até trouxe um presente. – Eu mostrei a caixa. Era mentira, mas era necessário.
- Parece ser uma ótima surpresa, mas... – O recepcionista parecia descontente em me contrariar.
- Por favor! Olhe! Ninguém vai ficar sabendo! Eu subo bem rápido e eu juro que ninguém nem vai saber. – Eu pedi da forma mais gentil que eu consegui.
- Você pode pelo menos me dizer o nome do hóspede? – O recepcionista parecia que ia ceder.
- O nome dele é Jonas. – Eu afirmei, voltando a sorrir.
- Está bem, mas é apenas uma exceção! Não me peça uma outra coisa dessas. – O recepcionista disse mais sério.
- Eu juro que não vou! – Eu afirmei com a cabeça.
- Ele está hospedado no 10° andar, quarto 20. Vá de uma vez. – O recepcionista sussurrou.
- Obrigada! – Eu pisquei um dos olhos pra ele e andei apressadamente até o elevador. As portas se abriram e eu entrei rapidamente.

A minha ficha começou a cair quando eu apertei o botão do décimo andar. Eu não achei que ela fosse cair tão cedo! O silêncio do elevador fez com que eu conseguisse ouvir a minha própria respiração, que estava extremamente calma. Eu encarei a caixa em minhas mãos e no mesmo instante comecei a tentar criar um bom discurso para dizer a ele. Tinha que ser algo bom ou que pelo menos fosse um bom motivo por eu aparecer na porta dele no meio da madrugada. As portas do elevador se abriram repentinamente e eu me dei conta de que teria que descer. Eu não queria descer. Encarei o corredor em minha frente sem nem sequer me mover. Levei uma das minhas mãos até o meu cabelo e o joguei pra trás, enquanto dava um longo suspiro. Chegou a hora. Dei poucos passos e ouvi a porta do elevador se fechar atrás de mim. Agora não tinha mais pra onde correr. Observei novamente o longo corredor e notei que havia somente duas portas. Me aproximei lentamente da porta que estava mais próxima de mim e vi o número 20 na parte superior dela.

havia saído do banho há menos de 5 minutos. Ele só teve tempo de colocar uma calça jeans e o tênis. Ele ainda estava sem camisa, pois ainda não tinha escolhido qual usaria e ele também não tinha arrumado o cabelo, que estava molhado e todo bagunçado. estava se convencendo de que sair naquela noite faria bem a ele. Passou o seu perfume e aproximou-se do espelho para arrumar o seu cabelo. Ele não fazia ideia do que estava por vir.

Juro que não consigo reconhecer a mim mesma nesse momento. Eu estou tão calma, que parece que até que eu estou dopada. A minha única preocupação era dizer a coisa certa e me manter firme independentemente do que ele dissesse ou fizesse. Encarei a porta de número 20 e tentei ensaiar mais um discurso, mas eu sabia que o improviso era sempre melhor. Respirei fundo pela última vez e aproximei uma das minhas mãos da porta de madeira. Abaixei a minha cabeça por poucos segundos e bati duas vezes na porta. Levantei a minha cabeça e encarei a porta, me preparando para vê-lo a qualquer momento.

ainda encarava o espelho e estava prestes a passar o gel em seu cabelo, quando ouviu as batidas na porta. Seus olhos falaram por si só, ao encararem a porta de longe. Quem deveria ser? Ele abandonou o gel sobre a pia do banheiro e aproximou-se da porta. Como a recepção do hotel não havia anunciado nenhuma visita, ele deduziu que fosse algum funcionário do hotel. negou com a cabeça, se perguntando que tipo de hotel é esse que incomoda os seus hóspedes até de madrugada. A chave da porta era um cartão, que ficava preso na porta (do lado de dentro do quarto, é claro). Para destrancar a porta, bastava empurrá-lo um pouco para baixo e foi isso o que o fez. A porta se abriu e expressão de irritação dele desapareceu. Não era um funcionário do hotel! foi pego de surpresa e ele demorou um bom tempo para ter qualquer reação. Foram alguns longos segundos de troca de olhares. Eu realmente não havia me preparado psicologicamente para vê-lo sem camisa e isso me deixou extremamente nervosa. E o cabelo dele? Porque está molhado desse jeito? Porque está bagunçado desse jeito? Desgraçado.



- Você? – estava surpreso, mas o nervosismo estava estampado em seu rosto. O meu arrependimento de ter ido até ali veio no segundo em que os olhos dele fizeram um tour pelo meu corpo. Pode-se dizer que ele ficou impressionado com o que viu e se perguntou se eu estava usando aquele shorts curto propositalmente. A caixa que estava em minhas mãos também lhe chamou atenção. Ele a conhecia muito bem.
- Desculpa eu ter vindo tão tarde, mas.... – Eu me peguei olhando pra ele e imediatamente puni a mim mesma. Neguei com a cabeça e fechei os olhos por poucos segundos, enquanto ria de mim mesma. - Se eu não viesse aqui hoje, agora... – Eu engoli seco e voltei a abrir os olhos. - Eu não sei se teria a mesma coragem amanhã. – Eu disse me sentindo uma completa idiota. Por poucos segundos, eu tive recapitular e me lembrar o que eu tinha vindo fazer ali. notou o quão conturbada eu estava, mas ele não deixou que aquilo o abalasse também.
- Olha, eu já estou cansado de brigar. – afastou-se da porta e entrou ainda mais para o interior do apartamento. Foi a deixa para que eu entrasse no quarto e fechasse a porta. Ele aproveitou para colocar uma camiseta preta que havia tirado antes de tomar banho.
- Eu não vim para brigar. – Eu afirmei, olhando ele de costas. Eu me sentia melhor vendo ele de camiseta. Me deixava mil vezes menos nervosa. A minha afirmação chamou a sua atenção e ele virou-se para me olhar.
- Você veio sozinha? – começava a cogitar uma possível conversa, mas antes ele queria saber se Mark estava ali. Ele não queria mais problemas.
- Sim, eu estou sozinha. – Eu respondi de prontidão e vi que ele pareceu mais confortável ao ouvir aquela notícia.
- O seu namorado sabe que você está aqui? – queria desesperadamente saber se aquilo lhe traria problemas com o Mark. Ele não estava com medo de Mark, mas também não queria levar outro soco daquele sem dar outro em troca.
- O Mark nunca foi o meu namorado e não, ele não sabe que eu estou aqui. – Eu falei com uma certa irritação. – Nós... terminamos ou nem começamos, eu não sei. – Eu revirei os olhos. Isso realmente não tem importância agora. O foi novamente pego de surpresa, mas dessa vez ele não deixou transparecer.
- Bem, eu gostaria de dizer que eu sinto muito, mas eu não sinto. – ergueu os ombros ao dizer aquelas palavras com desprezo.
- Eu esperava que dissesse isso. – Eu ignorei totalmente o comentário dele, pois eu realmente não queria mais brigar.
- Não que eu me importe, mas o que aconteceu? – me olhou com atenção e cruzou os braços. Tudo parecia uma piada pra ele.
- Você aconteceu. – Eu disse com um tom de deboche, pois achei a sua pergunta idiota. Até parece que ele não sabe o quanto de problemas que ele trás pra minha vida.
- Eu? – achava que estava sendo acusado de alguma coisa.
- Bastou você pisar nessa cidade pra minha vida virar de cabeça pra baixo. – Eu disse em forma de desabafo.
- Esse deve ser o meu dom. – ironizou só pra variar.
- Eu chamaria de ‘maldição’. – Eu o corrigi e ele pareceu ter gostado de escutar aquilo.
- Ótimo. Acho que estamos quites agora. – disse ao sorrir sem mostrar os dentes. A frase dele me fez entender que de alguma forma, eu também atrapalhava a vida dele. Isso me fez ficar um tempo em silêncio, dando a ele a oportunidade de me analisar novamente. – O que você está fazendo com essa caixa? – Ele finalmente perguntou.
- Eu... estou tentando me desfazer de algumas coisas. – Eu não sabia muito bem como explicar.
- Você está tentando se desfazer de mim. – me corrigiu, dizendo tudo o que eu não estava conseguindo dizer.
- Especialmente de você. – Eu confirmei sem qualquer hesitação. Que bom que estávamos sendo claros e objetivos.
- Eu achei que você já tivesse feito isso. – O jeito que ele me olhava com os olhos um pouco cerrados me incomodavam um pouco e tiravam toda a minha concentração.
- Eu também achei, mas parece que eu estava errada. – Eu disse em um impulso e no segundo seguinte eu quis concertar. Deixei de olhá-lo e encarei a caixa em minhas mãos. – Pegue. – Eu estiquei os meus braços e levei a caixa em direção a ele. olhou a caixa por um tempo antes de pegá-la. Foi como se um filme tivesse passado em sua cabeça. Aquela caixa realmente o acompanhou por muito tempo e há muitas lembranças ali. estendeu as suas mãos e pegou a caixa. Quando eu me vi livre dela, eu senti uma sensação estranha. Foi como se eu estivesse me desfazendo de algo que fazia parte de mim. – Era só isso. – Eu tinha que sair logo dali. – Obrigada e.. desculpe de novo pelo horário. – Eu não achei que me desfazer daquela caixa seria tão estranhamente doloroso. Eu precisava ir embora. Me virei de costas pra ele e deu no máximo 3 passos em direção a porta. Ainda com a caixa nas mãos, observou eu me afastar.
- Espera. – disse isso por impulso. Quando ele percebeu, já era tarde demais. O meu coração estremeceu quando eu voltei a ouvir a voz dele. Isso era o que eu mais temia. Meus olhos se fecharam e eu tentei me acalmar antes de me virar novamente de frente pra ele. – É só isso? – Quando viu que eu voltei a olhá-lo, ele colocou a caixa sobre uma mesa que estava próxima a ele. – Você não tem mais nada pra me dizer? – Ele abriu os braços.
- Dizer? Dizer o que? – Eu não sabia o que ele estava querendo de mim.
- Eu não sei. Talvez, desculpa? – arqueou ambas as sobrancelhas.
- E porque eu faria isso? Nós dois sabemos que você nunca vai me perdoar. – Eu ergui os ombros. Eu estava sendo completamente honesta.
- Posso te dizer uma coisa? – nem esperou que eu respondesse. – Eu quase fiquei louco pensando no que eu poderia ter feito de tão ruim pra receber aquela carta. Eu cogitei todas as hipóteses. Eu pensei em cada briga que nós tivemos, mas nada parecia tão ruim a ponto de fazer você terminar o nosso namoro daquele jeito tão... – Ele negou com a cabeça. Ele não encontrou a palavra certa, mas nem precisou. – Eu não sei. Eu não esperava aquilo. – ergueu os ombros. O jeito calmo e sereno que ele me disse aquilo fez com que eu me sentisse ainda pior com o que eu havia feito.
- Eu te entendo. Eu realmente entendo, mas apesar de isso ter te machucado tanto, eu não me arrependo de ter escrito aquela carta. – Eu tive que confessar. – Eu não me arrependo de nada do que eu fiz, porque na época essa foi a melhor alternativa que eu encontrei. – O fato de eu me sentir mal com o que eu havia feito não fazia com que eu me arrependesse de tudo o que eu fiz. Eu fiz tudo de forma consciente, apesar de ter sido doloroso.
- Melhor alternativa? – O fato de eu não ter me arrependido parecia ter incomodado ele. deu um sorriso irônico. – , você poderia ter ido até Atlantic City. Você poderia ter falado comigo. – Ele finalmente disse isso que estava entalado. Era isso o que ele sempre quis que eu tivesse feito.
- Não, eu não podia. – A alternativa dele nem foi cogitada por mim na época e os motivos me deixavam um pouco assustada.
- Por quê? – me olhou com incompreensão. Ele deu um passo em minha direção. – Porque não? – Ele repetiu a pergunta, quando percebeu que eu não queria respondê-la. A vontade de ser honesta e a de me esconder atrás de todas aquelas mentiras que me machucavam tanto duelavam dentro de mim, enquanto ele continuava esperando uma resposta. Eu não consegui omitir mais aquilo dele.
- Porque se eu te visse de novo eu não conseguiria fazer o que eu tinha que fazer. – Eu disse e no mesmo segundo eu me senti extremamente vulnerável. O olhar dele mudou quando ele me ouviu dizer aquilo e eu fiquei ainda pior. – Eu sei, parece besteira e você deve estar me achando uma idiota agora, mas essa é a verdade. – Eu não queria saber se ele achava isso certo ou não. Eu fiz o que eu tinha que fazer.
- E você não pensou que talvez isso significasse que você não queria terminar? – O que eu havia dito deu a ele a impressão de que, na verdade, eu não queria terminar. Isso não só o incomodou, mas também fez um nó em sua garganta.
- Eu tinha... que terminar. – As minhas emoções começavam a transparecer. A minha afirmação não significou absolutamente nada pra ele. A chance mínima de que eu não queria ter terminado aquele namoro também trazia as emoções dele a flor da pele. ficou em silêncio por um tempo, mas os olhos tristes queriam me dizer alguma coisa.
- Não tinha acabado. – afirmou, enquanto negava com a cabeça.
- Tinha acabado sim, você só não conseguia aceitar. – Eu tinha plena ciência no que eu estava dizendo, então não tinha porque voltar atrás só porque ele estava demonstrando emoções sobre o assunto. – Nós não conversávamos mais. Nós não nos víamos mais. Nós nem nos comportávamos mais como um casal. – Eu justifiquei rapidamente a minha atitude. – Eu sabia que você jamais terminaria, então eu terminei. Mesmo sabendo que você jamais iria me perdoar. – Eu podia ficar horas jogando a culpa nas costas dele, mas eu não preciso disso. Eu fiz o que eu fiz e estou assumindo as consequências.
- As coisas não poderiam ter acabado daquele jeito. – já conhecia todos aqueles problemas que tivemos no final do nosso relacionamento, mas ele ainda não os achava suficiente para justificar tal atitude minha. – Olhe pra nós! Quando eu poderia imaginar que as coisas chegariam nesse ponto? – Ele voltou a negar com a cabeça, dessa vez com mais indignação.
- As coisas mudaram, . Nós mudamos. – Como ele esperava que agíssemos depois de tudo o que aconteceu? Tanta coisa aconteceu depois do término!
- Você mudou! – apontou o dedo em minha direção. – A que eu conhecia nunca terminaria as coisas daquele jeito. – Os olhos cerrados voltaram a me incomodar. Porque ele faz isso?
- A que você conhecia foi obrigada a amadurecer. Cidade nova, sem amigos, sem namorado e sem família. Eu não tive opção. – Eu sei que eu mudei, mas eu também sei que as mudanças foram necessárias para que eu pudesse enfrentar e viver essa nova vida que de repente foi jogada nos meus braços. Ver que ele não conseguia deixar de me culpar por cada detalhe fez com que eu me sentisse um pouco injustiçada.
- Sempre há opção! – mal esperou que eu terminasse de falar e já disparou uma resposta com um tom mais agressivo.
- E quais eram as minhas opções? Viver o meu sonho ou voltar pra Atlantic City? – Eu o olhei com total indignação. – Eu não me arrependo de ter vindo pra Nova York, . – Eu afirmei para que ele soubesse que independente dos problemas que o meu sonho me causou, eu não deixaria de vivê-lo.
- É claro que não. – sorriu com deboche. Ele se achou um idiota por ter pensado que algum dia eu o colocaria acima de qualquer coisa e por ter pensado que o sofrimento que ele havia descrito e demonstrado no dia anterior faria com que eu me sentisse só um pouquinho mal por tê-lo deixado sozinho em Atlantic City.
- E tudo o que aconteceu com nós só me fez ter mais certeza disso. – Eu tive que completar a frase para que tudo ficasse extremamente claro entre nós.
- Mesmo sabendo que se você não tivesse vindo pra Nova York, nós provavelmente não estaríamos na situação que estamos hoje? – entendeu que eu já havia respondido isso indiretamente nas minhas frases anteriores, mas elas pareciam tão absurdas pra ele que ele precisava me ouvir dizer em alto e em bom som.
- Não estaríamos? Aposto que estaríamos! A única diferença é que estando aqui, eu não precisei ver você se afastar. Eu não precisei brigar ou até mesmo ver você e a Amber bancando os melhores amigos. – Ele realmente acha que teria dado certo com a Amber por perto? Ele acha mesmo que eu iria tolerar aquela amizade patética deles por tanto tempo? Ele realmente não me conhece.
- Amber? – fez careta ao ouvir o nome dela. – Você acha mesmo que ela é o maior problema no meio de tudo isso? – Como o não sabia de toda a verdade, ele não entendia a relevância da Amber no término. Para ele, era como se eu estivesse procurando alguém para compartilhar a culpa e a Amber era a vítima da vez. Pobre Amber, não é?
- Você não entende! – Eu já estava me arrependendo por ter tocado no assunto. Ele nunca entenderia! Me irrita tanto vê-lo colocar a Amber em um pedestal como ele sempre fez.
- Então me explica. – estava cansado de me ouvir dizer que ele não entendia algo que eu nem havia explicado. – Vamos! Me explique! – Ele deu vários passos na minha direção e olhou nos meus olhos de mais perto.
- Você sempre achou que foi frescura minha, não é? Achou que era só um ciúmes bobo de adolescente insegura. – Eu forcei um sorriso, pois comecei a notar que aquilo estava me afetando muito mais do que eu gostaria.
- E não era? – também sorriu. O tom de deboche me deixou ainda mais irritada.
- Não! Não era! – A minha indignação me fez dar mais alguns passos na direção dele. – Aquilo realmente me machucou, ! – Eu meio que cuspi as palavras, olhando fixamente para os olhos dele. O meu rosto estava há 3 palmos do dele. – Me machucava o fato de eu ter que torcer para não ouvir você dizer o nome dela quando você me ligava, porque você sempre fazia isso. – Engraçado como toda a minha raiva vai desaparecendo aos poucos, enquanto eu vou me aprofundando do assunto. Esse assunto me fez sentir raiva por muito tempo, mas não chega nem perto do quanto ele me machucou.
- Eu não sabia que a Amber era um assunto proibido. Eu achei que já tivéssemos passado dessa fase. – Tudo ainda parecia uma brincadeira pra ele. dizia as coisas com tanta tranquilidade e com um tom de deboche que era incompreensível. Ele realmente não tinha a mínima noção da proporção daquilo pra mim.
- 'Amber me ajudou a escolher o apartamento.' ; 'Amber me ajudou a decorar a casa.' ; 'Amber me ajudou com o trabalho da faculdade.' ; 'Amber foi jantar na casa dos meus pais hoje.' ; 'Amber e eu fomos almoçar no Starbucks.' ; 'Vou levar a Amber pra casa e eu já te ligo.' – Eu engrossei um pouco a voz. – Eu tinha que te ouvir dizer todos os dias as coisas que você havia feito com Amber. Coisas que você estaria fazendo comigo, se eu estivesse lá. – A minha frase pareceu ter causado algum efeito nele. O silêncio de , enquanto ele continuava me encarando me dava a impressão de que agora sim ele estava começando a entender o meu lado da história.
- Mas você não estava lá. – ergueu ambas as sobrancelhas, enquanto negou levemente com a cabeça.
- E isso era o que mais me machucava! Eu queria estar lá com você, eu queria participar desses pequenos momentos da sua vida, mas parecia que você mal estava se importando com o fato de eu não estar lá com você. – Foi nesse momento que o mesmo sentimento, o mesmo desespero que eu sentia a cada noite que eu dormia sem um telefonema dele veio a tona. Parecia que eu estava vivendo tudo de novo.
- Era isso o que você achava? – parecia estar um pouco surpreso com as novidades. Ele nunca imaginou que eu tivesse me sentido daquele jeito.
- Eu tinha certeza. – Eu disse em meio a um suspiro. – A cada vez que você me ligava, eu sentia que você estava ainda mais longe de mim e cada vez mais próximo dela e eu não podia fazer nada! Eu estava longe, o que mais eu iria querer? – Mesmo estando machucada, eu sempre estive ciente que tudo o que aconteceu foi consequência de uma decisão minha.
- Eu não sabia que você se sentia desse jeito. – parecia decepcionado, pois a culpa dele em tudo aquilo começava a se revelar aos poucos.
- Essa era a pior parte. Eu sabia que você não estava fazendo de propósito. Era real, . – As lágrimas começavam a dar indícios de que estavam a caminho para demonstrar ao mundo toda a minha fraqueza. – A Amber assumiu um papel na sua vida. Um papel que você permitiu que ela assumisse. – Eu completei, achando que eu já havia dito o bastante. Mesmo achando que mais nada o surpreenderia e ameaçaria o seu coração novamente, não tinha o que fazer. Diante de tudo o que já foi dito, a nossa conversa já estava em outro patamar.
- Você quer mesmo me convencer de que a Amber é a raiz do nosso problema? Isso não tem nada a ver com ela. Tem a ver com nós! – Para o , a Amber só era uma desculpa. Uma desculpa que eu estava usando para não ter que conviver com toda a culpa do fim do nosso namoro.
- Tem tudo a ver com ela. – Ele ainda não percebeu? Ele ainda não entendeu que tem muita coisa que ele ainda não sabe?
- Como? – novamente queria respostas. Respostas que ele nunca soube e que eu nunca gostaria que ele soubesse, mas a aquela altura eu já estava vulnerável e cansada de guardar todas aquelas verdades. A reação dele me deixava receosa, então eu demorei algum tempo para ter coragem de contar a ele mais aquela verdade.
- Você não foi o único que foi até lá. – As poucas lágrimas que começaram a encher os meus olhos me fizeram deixar de olhá-lo.
- O que? – O medo de de ouvir aquilo era tão grande, que quando ele me ouviu dizer aquelas palavras que não foram tão claras, ele imediatamente se deu conta do que se tratava. O silêncio dele falou mais do que qualquer outra palavra de desespero. Ele engoliu seco, implorando mentalmente para que eu estivesse mentindo.
- Naquele parque. – Eu achei que essas duas palavras seriam mais do que suficientes para que ele entendesse do se tratava.
- Não! – não demorou um segundo para se manifestar. – Não pode ser. Eu teria te visto. – Ele estava em negação.
- Você teria me visto se você estivesse lá na hora que eu cheguei. – A tristeza em meu rosto era tão evidente quanto o desespero no dele.
- Não pode ser... – negou incessantemente com a cabeça. Ele estava visivelmente perturbado.
- A última vez que eu fui para Atlantic City foi no dia do nosso aniversário de namoro. – Eu confirmei a notícia de vez e foi a mesma coisa que ter arrancado o coração dele da pior forma possível. Foi como se o mundo tivesse parado por alguns longos segundos só para que ele processasse aquela informação.
- Então, você foi até lá para terminar comigo? – estava segurando todas as suas emoções, mas ele esqueceu que isso nunca funcionava comigo. Os olhos dele diziam tudo.
- Eu fui até lá para fazer o que nós tínhamos prometido no ano anterior. – Eu estava começando a me esforçar para não chorar. Eu abaixei a minha cabeça e encarei as minhas mãos trêmulas de tanto nervosismo. – Eu fui até lá para comemorar o meu aniversário com você. – Eu disse e logo em seguida voltei a olhá-lo com um sorriso de canto.
- Como você pode me esconder isso todo esse tempo? – não conseguiu dizer aquilo com toda a raiva que ele queria. Os olhos dele começavam a revelar toda a tristeza que também havia dentro dele.
- Eu cheguei mais cedo em Atlantic City naquele dia e fui até a sua casa pra fazer uma surpresa. – Se ele já sabia da pior parte, porque não explicar tudo de uma vez? – Eu peguei a chave embaixo do extintor de incêndio e entrei no seu apartamento. Eu pretendia te esperar. – Eu estava sendo mais forte do que nunca para contar e relembrar a dor e tristeza que resumiram aquele dia. – E então eu vi a sua agenda. Aquela agenda que eu havia dado pra você. Eu achei que você tivesse esquecido ela, já que você costumava usá-la todos os dias. – Eu estava revivendo a história na minha mente.
- É, eu esqueci. – afirmou, sem tirar os olhos de mim. Ele já não fazia isso há algum tempo.
- Tinha um compromisso marcado com a Amber no mesmo dia e na mesma hora que havíamos marcado para estar naquele parque. – Quando eu disse isso, a expressão no rosto dele mudou completamente.
- Um compromisso com a Amber? Mas eu não tinha compromisso nenhum naquele dia. – ficou imediatamente intrigado. – Aquele era o único dia da minha agenda em que eu não tinha compromisso algum, porque nós tínhamos planos. Você era o meu único compromisso naquele dia. – Se ele soubesse o quão adorável isso soou, ele retiraria o que disse.
- Não era isso que estava na sua agenda. Nem mesmo era a sua letra. – Eu insisti, pois eu tinha certeza do que eu estava falando. continuava perdido no meio de tudo aquilo que eu estava contando. Era um pouco demais pra ele.
- Você achou que eu tivesse esquecido. – deduziu o óbvio.
- Eu não tinha certeza até eu ligar pra você. – Eu contei e a reação dele foi imediata. Ele se lembrou que não estava com o seu celular naquele dia.
- Você ligou pra mim. – comentou em voz alta ao revirar os olhos e sorrir de sua própria desgraça. Ele se lembrava muito bem de ter esquecido o celular com a Amber naquele dia. Tudo estava claro agora.
- A Amber atendeu. – Eu completei a informação.
- Você não pode estar falando sério... – não conseguia acreditar em tamanha coincidência. Ele não conseguia acreditar que aquilo ocasionou o fim do nosso namoro.
- Eu achei que vocês estavam juntos. – Parecia tão ridículo dizer isso em voz alta agora, mas foi o que aconteceu na época. Não tinha porque esconder isso agora. – Eu já sabia que vocês estavam próximos, mas quando eu vi a agenda e ouvi a voz dela atender o seu celular eu só... juntei as coisas. – Eu ergui os ombros.
- Juntou as coisas? E você não pensou em me perguntar se era verdade? Você nem questionou nada? – Os olhos cerrados demonstravam o quão incrédulo ele estava com o que eu havia contado.
- Eu já te disse! Seria mil vezes mais doloroso ter que te enfrentar. – Eu me alterei um pouco, pois o modo com que ele estava falando parecia ser de julgamento.
- Mais doloroso do que terminar? – não conseguia se conformar com o que estava ouvindo. – Porque eu não consigo pensar em nada pior do que isso. – Ele continuou a me julgar.
- Tente imaginar a pessoa que mais te odeia no mundo e que sempre teve o prazer em ser melhor do que você em tudo só pra impressionar a pessoa que você ama. Agora imagine tudo isso acontecer no dia do seu aniversário? Parece doloroso o suficiente pra você? – Era tão injusto ele ficar falando daquele jeito como se eu tivesse planejado tudo aquilo. Como se eu tivesse feito tudo de propósito. Ele não para um minuto pra pensar o quão doloroso isso foi pra mim?
- Sabe qual a melhor parte de tudo isso? – sorriu ao negar com a cabeça. – Quando você estava em Atlantic City, todo dia eu tinha que separar uma briga sua com a Amber e no dia em que você mais tinha que ter brigado, você fugiu. – E os julgamentos continuaram e a culpa que eu já sentia antes só aumentava.
- Quando eu vim pra Nova York, eu estava ciente dos riscos que eu corria. Eu estava ciente que eu estava te deixando sozinho na cidade e eu sabia que haveria garotas no meio do caminho. Eu sabia, mas eu preferi correr o risco. – Eu fiz uma breve pausa. –Quando aconteceu, eu não me senti no direito de brigar por isso, porque eu sei que foi tudo culpa minha. Foi uma decisão que eu fiz e eu não posso ficar remoendo isso o resto da minha vida. – Eu não queria mostrar que a culpa que caia cada vez mais sobre os meus ombros estava me deixando cada vez pior. Eu não queria demonstrar fraqueza.
- Eu também sabia dos riscos e eu por mim estava tudo bem porque eu amava você! Eu queria ficar com você e eu estava disposto a esperar. Seja por quantas crises nós precisássemos passar, mas não conseguimos passar nem da primeira e tudo por causa de... – A muralha que havia construído em torno de si mesmo desabava a cada palavra. – Coincidências. – Ele completou com pesar. Nunca foi tão difícil ouvir uma coisa como agora. Ouvir ele dizer que me amava e que estava disposto a me esperar só serviu pra fazer a minha vontade de chorar triplicar. As lágrimas começavam a me sufocar.
- Talvez nós não devêssemos ter ficado juntos. Talvez as coincidências só tenham consertado toda a besteira que nós fizéssemos. – Me doía tanto dizer aquilo, que eu não consegui disfarçar. A minha frase também doeu nele. Ele abaixou a cabeça na tentativa de manter-se forte.



- Não fala isso pra mim. – pediu, voltando a me olhar. Os olhos dele estavam extremamente tristes. – Você sabe que foi real. Você sabe... – Ele negou com a cabeça. Nem parecia o mesmo garoto que havia me dito que se arrependia de ter ficado comigo. A tristeza dele sempre foi um dos meus pontos fracos e dessa vez não foi diferente.
- Eu sei. O que eu não sei é se valeu a pena toda a dor e sofrimento que isso causou. – Minhas lágrimas estavam no limite.
- Não foram só coincidências. Aquela carta não foi uma coincidência. – voltou no assunto da carta. Se tinha mais alguma coisa sobre a carta que ele não sabia, ele queria saber.
- Aquela carta foi prova que eu precisava para ter certeza de que havia acabado. – Eu passei discretamente uma das mãos embaixo dos meus olhos para evitar que as lágrimas escorressem pelo meu rosto.
- O que você está dizendo? – não entendeu o que queria dizer, mas a minha afirmação chamou a sua atenção.
- Quando eu escrevi aquela carta, eu sabia que você tinha só duas opções: ou você aceitaria e seguiria a sua vida sem mim ou você viria atrás de mim. – Eu respirava com cuidado para que eu não deixasse as lágrimas escaparem e pra não deixar a minha voz de choro em evidência.
- Ir atrás de você? – Os olhos dele me indagaram e eu senti o meu corpo estremecer.
- Eu não sabia se você ainda sentia alguma coisa por mim. Eu achava que você estava com a Amber, mas no fundo eu ainda tinha uma esperança de que você ainda se importava. – Eu fiz uma pausa, porque o choro havia tomado conta da minha voz. Eu neguei com a cabeça e encarei o chão por poucos segundos. – Eu estava certa que se você ainda se importasse, você viria atrás de mim e tentaria consertar as coisas como você sempre fez. – Eu fechei os olhos para evitar que as lágrimas escorressem. Mais uma surpresa e estava sem rumo. Agora sim a culpa foi jogada nos braços dele e ele não tinha mais como fugir.
- Eu... não sabia disso. – Além da culpa, também havia todo o sofrimento que estava presente em cada atitude minha. Pela primeira vez desde o término, ele se sentia culpado pelo meu sofrimento e também pelo término. Pela primeira vez, ele quis fazer qualquer coisa que fizesse com que eu me sentisse melhor, mas ele não tinha as mesmas liberdades de antes.
- Essa era a parte mais importante. – Eu voltei a levantar o meu rosto. – Você não sabia. Se você viesse, seria por você e não por mim. – Eu completei com tristeza. me olhava com atenção e parecia estar reprimindo todas as suas emoções naquele momento. Nós dois, ali, frente a frente, estávamos lidando com a consequência de termos nos amado tanto. – Toda vez que a campainha tocava, o meu coração quase saia pela boca. Cada vez que eu abria a porta, era um pedaço do meu coração que se quebrava, porque você não estava ali, . – O choro veio de uma vez só e me impediu de continuar a dizer o que eu tanto queria, mas eu insisti. – Toda vez que o meu celular tocava, eu simplesmente começava a chorar porque não era a sua voz do outro lado. Eu ficava na janela, esperando o carteiro passar. Esperando que alguma carta sua pudesse estar dentro daquela mochila dele, junto com outras milhares de carta. – O meu choro não foi escandaloso, ele foi silencioso e doloroso para qualquer pessoa que o visse. Estava sendo mais do que doloroso para o .
- Você me fez te odiar. Você me fez pensar que você estava com outro cara. Como eu poderia vir até aqui atrás de você? – A verdade em minhas palavras fizeram as lágrimas alcançarem os olhos dele também, mas ele era bem mais forte do que eu. precisava se justificar e não era só pra mim, mas pra ele mesmo também. Ele não aguentaria conviver com o fato de que ele não ter vindo atrás de mim fez com que ele perdesse a única garota que ele amou até hoje.
- E quando foi que você se deixou intimidar por outro cara? Quando foi que você se importou com os obstáculos que sempre apareceram no nosso caminho? Você nunca viu limites para nós. Você sempre veio, . – Eu tentei engolir o meu choro. – Eu te esperei por quase um mês. Eu não conseguia olhar para os outros caras, porque nenhum deles era você. – Eu rolei os olhos, me achando uma idiota por estar dizendo isso logo pra ele.
- Se eu soubesse disso na época as coisas teriam sido bem diferente. – Por um momento, achou que a sua frase me ajudaria de alguma forma, mas só acabou piorando tudo.
- Não! – Eu esbravejei. – Não faz isso, ok? Isso não faz a menor diferença agora. – Eu respirei fundo e comecei a secar todas as lágrimas em meu rosto. Eu estava mal e ele ficar dizendo que as coisas poderiam ter sido diferentes só me fazia querer desejar que isso fosse verdade. Só me fazia idealizar uma verdade que não é real. – Está feito e nada do que nós dissermos agora vai mudar alguma coisa. – Eu não quero voltar a me iludir e a sofrer por causa disso. – Eu não sei nem porque nós estamos falando disso. Eu não sei nem porque eu vim até aqui. – Olhei pra ele pela última vez e neguei com a cabeça antes de me virar de costas e sair apressadamente pela porta.

O que eu estava fazendo? O que eu estava pensando? Eu sou mesmo uma idiota. Era só entregar a maldita caixa e ir embora. Porque remoer o passado? Porque mexer em feridas que estava quase cicatrizando? Aquela conversa só me fez querer voltar atrás e fazer tudo certo. Só me fez querer fazer tudo pra ficar com ele, mas eu não podia. É tarde demais. Existe muita mágoa e muito sofrimento nessa história e é perigoso demais remexer nisso agora. Isso me deixa muito assustada.

ainda olhava para a porta que eu havia saído e esperava que eu voltasse a qualquer momento. Ele esperou por alguns segundos, enquanto o seu coração se apertava cada vez mais. Nesses segundos, ele pensava no que fazer. Cada sentido do seu corpo mandava que ele fosse atrás de mim. O medo voltou a ser um problema. Ele não sabia o que era pior: o medo de se arrepender por não ter ido atrás de mim ou o medo de ir atrás de mim e não conseguir aguentar ficar um minuto ao meu lado sem sentir que ainda resta alguma coisa entre nós. As coisas haviam saído do controle e agora ele estava novamente naquela situação em que tudo o que ele mais quer é tudo o que ele não pode ter.

O elevador demorou um pouco para chegar ao 10° andar. Quando ele chegou, eu saltei para dentro do elevador e apertei no mínimo umas 5 vezes o botão do térreo. Eu precisava sair logo dali antes que algo me fizesse ficar. As portas do elevador se fecharam e fiquei mais aliviada. Aqui estou novamente! Fugindo dos meus sentimentos e das minhas vontades simplesmente por achá-las erradas e dolorosas demais para viver novamente.

estava completamente perdido. O tempo passava e ele tinha que tomar uma decisão. Em meio a uma turbulência interna, ele começou a pensar em tudo o que eu havia acabado de revelar. Sempre foi tão fácil me culpar por tudo o que aconteceu, mas agora não havia mais motivos para me odiar. Não havia qualquer outro culpado que não fosse o destino. Mais uma vez, o destino está brincando com nós. O que o destino está querendo agora? Porque ele o trouxe a Nova York? Porque ele fez com que nos reencontrássemos? O que ele está querendo!? O desespero e a confusão fez com que surtasse. Encarou a mesa e viu aquela mesma caixa. Não hesitou em andar até ela e empurrá-la até que ela caísse no chão.

- O que eu devo fazer? – disse com a adrenalina e a raiva no limite. Ao cair no chão, a caixa abriu e de repente todas aquelas memórias perturbadoras estavam no chão de seu quarto. Fotos, CD’s, cartas, notas fiscais e até mesmo o pequeno galho estavam espalhados pelo chão. Por mais involuntária que fosse, foi a resposta que ele queria. – Eu não consigo... – Ele suspirou. Andou apressadamente até a porta e correu até a porta do elevador. Ele precisava me alcançar a tempo. – Vamos! Droga! – apertou o botão do elevador mais de 10 vezes. Ele estava no térreo e demoraria um pouco para chegar ao 10° andar. Chegou a pensar em usar a escada, mas 10° andares parecia muito. – Vamos! – estava implorando para que o elevador chegasse rápido.

Ao chegar no térreo, sai quase que correndo do elevador e mal cumprimentei direito o recepcionista que havia sido tão legal comigo. Fui me aproximando da porta de saída do hotel e não acreditei no que estava vendo. Estava chovendo muito e eu não tinha um guarda-chuva. Parei na porta do hotel e de lá avistei um taxi estacionado em frente ao hotel. Um hotel é um bom ponto para um taxista e com certeza era por isso que ele estava ali. Olhei para cima e vi que a chuva não pararia tão cedo. A notícia boa é que não havia raios ou relâmpagos.

- E agora... – Eu falei sozinha, sem saber o que fazer. Eu deveria esperar a chuva parar? Por um segundo eu achei que sim, mas pensar que eu estava tão perto de me fez mudar de ideia. Eu queria me afastar e ir para o mais longe possível dele. Dane-se a chuva! Eu preciso ir para longe dele. Saí no meio da chuva e fui em direção a taxi. A gotas geladas me incomodaram no começo, mas quando cheguei no meio do caminho eu já havia me acostumado com a temperatura. O salto me fez andar mais lentamente e as minhas mãos seguravam uma parte da bolsa para tentar evitar que o meu celular molhasse.

Quando o elevador parou no 10° andar, nem esperou que as portas abrissem completamente para que ele entrasse. Apertou o botão do térreo apressadamente e viu as portas do elevador se fecharem. Inquieto dentro do elevador, conseguiu sentir o meu perfume que ainda estava impregnado ali. As portas do elevador se abriram e ele saiu correndo de lá de dentro. O recepcionista chegou a se assustar com , que passou correndo por ele. parou na porta do hotel e a chuva apenas dificultou a sua vida. Ele não conseguia enxergar muita coisa, então ele decidiu sair no meio da chuva para poder me procurar melhor. Eu não poderia ter ido longe. Parou quase que no meio do jardim do hotel e olhou em volta. Seus olhos quase não acreditaram quando me viram entrar em um taxi. não hesitou um só segundo e saiu correndo em direção ao taxi. Ele não se importava em estar completamente molhado e em pegar um resfriado mais tarde.

- Me tira daqui. – Eu disse ao taxista assim que entrei no taxi. Eu sei que eu tinha que passar o endereço pra ele, mas eu estava tão atordoada que eu não me toquei. Eu só queria sair dali. Apesar de estar completamente molhada, eu estava mais calma. O fato de eu estar dentro do taxi me deixava mais calma. O taxista ligou o carro e eu tentava tirar o excesso de água do meu corpo. O taxista estava prestes a dar a partida no carro, quando entrou na frente do taxi e apoiou suas mãos no capô do mesmo.
- PARA! – gritou com medo que o taxista não o tivesse visto e acabasse saindo com o carro. Eu estava abrindo a minha bolsa para confirmar se o meu celular ainda estava pegando, quando a voz do motorista me chamou atenção.
- Quem é esse? – O motorista perguntou, assustando-se com o rapaz que estava evitando a sua saída. O meu coração se despedaçou quando eu o vi na frente do carro. – Garoto, saí da frente! – O taxista gritou depois de abrir um pouco da janela do taxi.
- Eu não vou sair, enquanto eu não falar com ela. – gritou, me olhando com certa dificuldade por causa da chuva. Eu não conseguia falar, piscar e nem mesmo respirar.
- Moça, acho que ele quer falar com o a senhora. – O motorista virou-se para me olhar.
- Esqueça ele. Vamos embora, por favor. – Eu queria que o taxista desse algum jeito. Não importa. Eu não sairia daquele carro!
- Se ela não vai descer, é melhor me atropelar de uma vez, porque eu não vou a lugar nenhum. – gritou novamente ao perceber que eu não estava querendo sair.
- Moça... – O taxista voltou a me olhar como se esperasse que eu tomasse alguma atitude. Eu conhecia e e sabia que ele estava falando sério quando disse que não sairia da frente do carro. Como eu vou embora?
- Droga... – Eu suspirei, quando conclui que eu teria que descer. Minhas mãos tremiam e as minhas pernas estavam bambas. Respirei fundo antes de abrir a porta do carro e sair de lá de dentro. O rosto de acompanhou o meu movimento e sentiu a melhor sensação do mundo quando me viu. Eu estava ali! Ele havia conseguido. saiu da frente do carro e foi começou a andar na minha direção. Ele parou em minha frente e me olhou. – Porque você não pode simplesmente me deixar ir embora? – Eu perguntei, vendo ele completamente molhado em minha frente. Apesar da chuva, eu conseguia ter uma boa visão dele.
- Eu preciso saber de uma coisa. – me olhou, sério. A frase dele me fez perceber que ele ainda queria falar sobre aquele maldito assunto.
- Deixa isso pra lá, ! Nós não precisamos complicar as coisas agora. – Eu abri os braços e neguei com a cabeça. Eu não queria mais falar sobre aquilo. Eu estava cansada e extremamente machucada.
- E se eu tivesse vindo? – ignorou completamente o meu pedido. Ele precisava saber. – O que teria acontecido se eu tivesse vindo atrás de você na noite em que eu recebi aquela carta? – Apesar da resposta assustá-lo, sabia que ela era uma peça importante do quebra-cabeça, que acabaria fazendo ele se odiar pra sempre ou aceitar que nada do que ele fizesse poderia ter consertado as coisas.
- O que? – Eu não queria responder aquela pergunta.
- Você disse que queria que eu viesse atrás de você, não disse? Como isso poderia ter consertado as coisas entre nós? – não tirava os olhos de mim. Ele só deixou de olhar nos meus olhos, quando os olhos dele desceram pelo meu corpo para que ele conferisse o estrago que a chuva estava fazendo.
- .. – O olhar dele me fez lembrar que eu estava com uma camiseta branca, que provavelmente estava transparente naquele momento. Levei minhas mãos até a minha camisa jeans que estava por cima da camiseta branca e a fechei discretamente.
- Responde! – me pressionou ainda mais. Ele precisava de uma resposta.
- Não importa! Você não veio. – Eu cruzei os meus braços, pois eu estava começando a ficar com frio.
- E se eu tivesse vindo? – insistiu sem qualquer receio.
- VOCÊ NÃO VEIO, OK? – Eu elevei o tom da voz, pois parecia que ele não estava me ouvindo. Descruzei os meus braços e o encarei, tentando mostrar a ele o quanto aquele assunto me irritava.
- Bem, eu estou bem aqui agora, não estou? – abriu os braços. – Você estava indo embora e eu vim atrás de você. Do jeito que deveria ter acontecido há meses atrás. – Ele também pareceu um pouco alterado. – Você queria que eu viesse, não queria? Eu estou aqui. Agora eu quero que me diga. – deu mais alguns passos em minha direção, o que me deixou ainda mais nervosa. Ele respirou fundo e me olhou com um certo cansaço. – Se eu tivesse vindo, o que adiantaria? – perguntou mais uma vez. O olhar dele me desestabilizou um pouco. Eu neguei com a cabeça e me virei de costas pra ele. Era tão difícil olhar pro daquele jeito e não sentir nada. – Por favor, me diz... – Ele pediu, me olhando de costas. Eu fechei os meus olhos, pois a vontade de chorar invadiu o meu corpo e eu nem tive tempo de me segurarr. Me virei novamente de frente pra ele e a boa notícia é que as gotas de chuva se misturaram as minhas lágrimas e ele não conseguiria enxergar a diferença entre elas.
- Se você tivesse vindo, você me provaria que você ainda estava disposto a lutar por nós. Se você tivesse vindo, eu te daria a minha prova de que eu também estava disposta a lutar por nós. – Eu acabei cedendo, depois de uma tentativa frustrada de engolir o meu choro.
- O que isso significa? – ficou com medo de ter entendido o que aquilo queria dizer. A preocupação estava evidente em seu rosto e o coração estava disparado.
- Eu ia voltar pra Atlantic City, . – Eu fui clara e objetiva, mas não pense que não foi doloroso. Eu estava devastada por estar contando isso a ele. – Era isso o que você queria ouvir? – Eu o olhei com indignação. – Sim! Eu ia desistir de tudo por você e eu faria isso com a maior alegria do mundo, porque eu sabia que você valia a pena! – Já que tudo já foi dito, eu não tinha mais nada para esconder. As minhas afirmações mudariam a vida dele para sempre. Ele sabia que jamais seria o mesmo depois do que ouviu e a sua mudança de comportamento também deixou isso bem claro pra mim. Ele demorou para aceitar as minhas palavras.
- Você não pode fazer isso! – cerrou os olhos em minha direção. – Você não pode aparecer na minha porta no meio da madrugada e me dizer essas coisas. – Ele negou com a cabeça com extrema indignação. não estava preparado para nada daquilo. Agora ele estava sem chão e completamente sem rumo.
- Você não queria saber de tudo? Agora você sabe de tudo! – Eu joguei isso na cara dele. – Pelo menos agora, você sabe os motivos que ocasionaram o maior arrependimento da sua vida. – Eu voltei no assunto que tanto me incomodava. Eu jamais esqueceria as suas dolorosas palavras que me intitularam como o maior arrependimento da vida dele.
- E se eu disser que eu menti? – O desespero de trouxe toda a sua honestidade à tona. A emoção estava tomando conta dele e nem mesmo o seu orgulho o seguraria. estava voltando atrás em suas palavras e isso me deixou em situação ainda pior. Ele não podia fazer isso agora. Não agora.
- Eu diria que é tarde demais. – Eu estava dando tudo de mim para não ceder a aqueles olhares e a aquelas palavras.
- Tarde demais? – ficou ainda mais indignado. – Se é tarde demais, porque você veio até aqui? Hein? Pra fazer com que eu me sentisse ainda pior do que antes? – Ele se aproximou ainda mais de mim. O rosto dele ficou a 2 palmos do meu e eu senti a necessidade de me afastar, mas eu não consegui.
- Eu vim... – Eu olhei nos olhos dele, porque eu não conseguia ver nada além disso. Eu não pensava em nada que não fosse o meu coração reagindo a cada palavra e a aproximação dele. – Eu vim por que... eu queria te ver mais uma vez. – Quando notei que a minha voz saiu embargada, eu respirei e engoli o choro. – Só mais uma vez. A última vez antes de eu seguir em frente. – A indignação desapareceu do rosto dele quando ele ouviu a minha última frase.
- Última vez? – repetiu aquelas temidas palavras. Ele não conseguia pensar em nada pior do que aquilo. Ele não conseguia pensar em nada pior do que não me ver nunca mais. – Não! Não precisa ser assim. – Ele negou com a cabeça. Os olhos tristes e a voz doce dele fizeram as lágrimas acumularem ainda mais em meus olhos.
- Sim, precisa! – Meus olhos decaíram e a minha voz de choro novamente ficou em evidência. Eu fechei os olhos por poucos segundos para tentar me recompor. – Por favor, não dificulte mais as coisas pra mim. – Eu implorei, olhando pra ele.
- Eu respeito a sua decisão, mas... – hesitou por poucos segundos. Ele estava tomando coragem para o que estava prestes a fazer. – Eu preciso que você me responda mais uma coisa. – Os olhos dele começaram a percorrer o meu rosto e ele percebeu que apesar do tempo que ficamos afastados, ele ainda se lembrava de cada detalhe do meu rosto. O meu silêncio fez com que ele deduzisse que eu não responderia. Meu coração continuava disparado. Pelo menos até o fazer a única coisa que seria capaz de fazer o meu coração parar de vez: ele olhou para os meus lábios. – Do que vale uma última vez sem um último beijo? – Eu não tive nem tempo de reagir a frase dele. levou suas mãos até o meu rosto e colou os seus quentes e molhados lábios nos meus.

No primeiro momento, foi como ser anestesiada. Eu não consegui fazer nada. Eu só estava parada e não correspondia a nada. Meu mundo estava voltando a ganhar cor novamente. Os dedos dele afastaram o meu cabelo do meu rosto. O beijo começou com um longo selinho e eu não achei que passaria disso até o momento que ele puxou o meu lábio inferior como ele costumava fazer. Eu não consegui evitar que o beijo fosse aprofundado. Eu estava entregue novamente nos braços dele.

ficou um pouco mais apreensivo do que eu. Enquanto eu bancava a inconsciente, ele é quem teve que tomar todas as decisões racionais. A racionalidade nas atitudes de foi desaparecendo, quando eu comecei a corresponder aos seus beijos e gestos. Saber que eu estava correspondendo a um beijo seu exatamente como antes causava total instabilidade nele. Durante o beijo, insistia em não acreditar que era eu quem estava ali nos braços dele, mas aqueles lábios, o gosto que ele só encontrava na minha boca e o encaixe perfeito dos nossos lábios estavam lá para provar o contrário. Ele reconheceria aquele beijo em qualquer lugar do mundo, independentemente de quantas garotas ele já beijou. O meu beijo era diferente e as sensações que ele lhe causava também diziam tudo o que ele precisava saber.

A chuva que ainda caia sobre nós não nos atrapalhou nem um pouco. Era como se ela nem estivesse lá ou nós estávamos ocupados demais para darmos atenção a ela. As mãos dele guiavam a mudança de direção dos nossos lábios. Era a primeira vez em meses que o sofrimento não estava presente em nossos corações. Todo o alivio que procurávamos sentir veio através daquele intenso beijo. Foi como se nada tivesse mudado. Foi como se ainda estivéssemos no último ano do ensino médio.

Apesar da chuva não nos incomodar, decidiu ir para um lugar mais seco. Ele me empurrou para trás e antes mesmo que eu me perguntasse para onde ele estava me levando, minhas costas encostaram em uma parede e eu não senti mais as gotas de chuva. Nossos lábios acabaram se descolando durante o trajeto, mas quando eu fui colada contra a parede o corpo dele já colou no meu. As mãos dele não estavam mais no meu rosto. As pontas dos nossos narizes ainda se tocavam, quando abrimos os olhos. A mão dele estava apoiada na parede e ele me olhou nos olhos da forma mais intensa de todas. Eu queria dizer alguma coisa, mas eu simplesmente não conseguia. Ainda havia algumas gotas de água no meu rosto e também no rosto dele, mas não foram elas que me fizeram olhar para os lábios dele. A boca dele estava entreaberta e a respiração dele chegava até os meus lábios. O corpo dele colado ao meu me causava sensações que eu não conseguia explicar. estava maluco para me beijar novamente, mas ele não queria fazer isso novamente. Ele não queria fazer nada que parecesse que ele estava me forçando a alguma coisa. Ele queria saber se a vontade que existia em mim me faria tomar uma atitude também. A razão me pedia para afastá-lo e a emoção me pedia para trazê-lo para mais perto. Dane-se os dois!

Os olhos dele também estavam fixos em meus lábios e isso só facilitou a minha decisão. Toquei o rosto dele com uma das minhas mãos e sequei algumas gotas de chuva que ainda estavam em sua bochecha. Não conseguíamos dizer nada, mas os nossos olhares e gestos diziam tudo o que precisava ser dito. Minha mão puxou o rosto dele pra perto do meu e eu o beijei dessa vez. Apesar de aprofundado, o beijo não foi intensificado em nenhum momento. Minha mão deslizou até a nuca dele e meus dedos entrelaçaram em seus curtos fios de cabelo. O braço dele finalmente fez a volta em minha cintura e me levou para ainda mais perto dele. Eu já tinha me esquecido de como era ser beijada por ele daquele jeito tão único e tão cheio de emoções.

Meus dedos entrelaçando em seus fios de cabelo era o tipo de lembrança que sempre guardou. Nenhuma outra garota tinha o mesmo jeito de beijá-lo, de tocá-lo durante o beijo e como ele sentiu falta disso. Como ele sentiu falta da sensação de paz que ele sentia quando nos beijávamos. Nenhum detalhe passava em branco para ele. Cada gesto meu o deixava mais louco, porque ele se lembrava que ainda eram os mesmos gestos de antes. O ódio pareceu nunca ter existido e a mágoa parecia ridícula perto do que ele estava sentindo nesse momento.

O beijo foi longo, mas eu nem percebi o tempo passar. Foi como se estivéssemos matando a saudade de todos esses meses. Por mim, eu ficaria beijando ele por mais quanto tempo eu pudesse, mas ele preferiu terminá-lo o beijo. Meus olhos ainda estavam fechados, quando os lábios dele puxaram o meu lábio inferior. A nossa marca registrada. Minha mão que estava em sua nuca, deslizou até o rosto dele novamente. abriu os seus olhos e me viu de bem perto. Os corações continuavam disparados, mas já havíamos nos acostumado com isso. A ponta do nariz dele ainda tocava o meu, quando eu decidi abrir os meus olhos. Vê-lo de tão perto foi completamente insano. Aqueles olhos, aquelas sobrancelhas e as bochechas rosadas estavam ali, bem em frente dos meus olhos novamente. Ele estava ali. Eu ficaria olhando pra ele por horas, mas a voz dele me fez acordar de um transe.

- Sobe comigo. – sussurrou ao sorrir sem mostrar os dentes. O pedido dele me deu o chacoalhão que eu precisava (ou não). De repente, eu me dei conta do que estava fazendo e do que estava prestes a fazer. A realidade voltou de uma só vez.
- Não... – Eu suspirei, tirando a minha mão de seu rosto e o empurrando pra trás. – Não, não.. – Eu descolei o meu corpo da parede e dei alguns passos para longe dele. Levei minhas mãos a cabeça e comecei a me perguntar o que é que eu estava fazendo. O empurrão também pegou de surpresa.
- Porque não? – me olhou, sem compreender. Ele não sabia o que havia acontecido.
- Eu... preciso ir embora. – Eu me virei para olhá-lo, mas fiz questão de me manter longe.
- Não...por favor! Fique comigo. – negou com a cabeça.
- Eu não posso. Eu... – Eu respirei fundo. – Eu preciso ir embora. – Eu o olhei com pesar, pois eu não queria decepcioná-lo. Eu só precisava me sentir segura de novo e perto dele eu nunca tenho certeza do que eu estou fazendo. A minha insistência em ir embora o deixou um pouco irritado.
- E eu posso saber como você pretende fazer isso? – abriu os braços. O taxi que estava em frente do hotel havia saído há alguns minutos atrás.
- Eu vou... ligar pra um taxi. – Eu abri a minha bolsa e tirei de lá o meu celular. Era um milagre ele estar funcionando. foi extremamente rápido ao se aproximar e pegar o celular da minha mão.
- Está maluca? São duas da madrugada! Você não pode pegar um taxi agora. – me olhou como se eu fosse louca. É claro que ele também queria dificultar a minha ida.
- Então você pode me levar, não pode? Você tem um carro, não tem? – Eu procurei uma rápida solução.
- Levar você? – sorriu debochadamente. – Eu não vou te levar pra qualquer lugar que seja longe de mim. – Ele gostava de dificultar a minha vida.
- Então está bem. – Eu ergui os ombros. – Eu vou a pé mesmo! – Eu me virei de costas e saí andando. Eu estava quase voltando para a chuva, quando o meu braço foi bruscamente puxado pelo . Ele foi obrigado a ceder.
- Ok! Ok! – suspirou, irritado. – Vamos subir. – Ele apontou em direção ao hotel.
- Eu não vou subir. – Eu reafirmei, pois eu sabia o que aquele convite significava. Eu estava fora de mim e não queria ter que tomar uma decisão tão importante daquele jeito.
- Eu tenho que pegar a chave do carro! Você não quer que eu te leve? Eu levo! – explicou impacientemente.
- Eu.. espero aqui. – Eu estava com medo de subir. Não era medo de ele me agarrar, mas medo de não conseguir me controlar.
- Você está brincando, não é? – me olhou, incrédulo. – Vem logo! – Ele agarrou a minha mão e começou a me puxar em direção a entrada do hotel.

Eu estava surtando por dentro. O meu coração estava quase saindo pela boca e eu não conseguia me acalmar. Eu sabia que tinha que assumir o controle para que eu pudesse tomar todas as minhas decisões racionalmente, mas era tão difícil fazer isso perto dele. Eu ainda estava sob os efeitos daquele beijo e não sei quando esse efeito passaria. Era por isso que eu precisava ficar o mais longe dele possível.

Passamos novamente pela recepção e o simpático recepcionista sorriu ao nos ver de mãos dadas. Ele com certeza ficou mais tranquilo, pois viu que a história que eu contei a ele era realmente verdadeira. Esperamos o elevador, que demorou um pouco para chegar. também estava nervoso. O beijo havia tirado ele da sua zona de conforto, mas também o deixou apreensivo com o que aconteceria a seguir. Ele tinha medo de eu realmente ir embora e desaparecer para sempre da sua vida. Ele tinha medo de me perder novamente.

O elevador chegou e nós entramos nele. Ele soltou a minha mão, depois de perceber um certo constrangimento. Eu imediatamente encostei em um dos lados do elevador, pois achei que ele iria para o outro. Ele não foi! As portas do elevador se fecharam e ele ficou parado em minha frente. Estávamos a um passo de distância. Ele me encarou como se estivesse me cobrando alguma coisa.



TROQUE A MÚSICA:



- Do que você tem tanto medo? – perguntou, me olhando intensamente.
- Medo? – Eu neguei com a cabeça. – Eu não estou com medo! – Eu fiz careta, saindo da frente dele e indo para o outro lado do elevador.
- Não? Então porque você se afasta toda vez que eu me aproximo? – virou-se de frente para mim.
- Por que... sim. – Eu ergui os ombros. É claro que eu não diria a ele os meus verdadeiros motivos.
- Porque sim? – sorriu, achando graça da minha resposta.
- Olha só! O que você quer de mim? – Eu fiquei irritada com o deboche dele.
- A pergunta certa é: o que você quer? – deu mais alguns passos em minha direção. – Eu acho que já está bem claro o que eu quero. – As palavras dele só pioravam a minha situação. Eu só queria que ele calasse a boca e parasse de me colocar contra a parede. Naquele mesmo segundo, a porta do elevador se abriu e eu senti como se aquela fosse a minha salvação. Eu fugi novamente da pergunta e fui em direção a porta do elevador. esbravejou silenciosamente. Ele odiava quando eu fugia das suas perguntas. Eu sai do elevador, ciente de que ele estava atrás de mim. Eu comecei a mexer no meu cabelo para tentar arrumá-lo de alguma forma e também para disfarçar um pouco do meu nervosismo. Eu já estava bem próxima da porta do quarto dele, quando senti as mãos dele na minha cintura me empurrando novamente contra a parede. – Para de brincar comigo! – me encarou, sério. Ele novamente estava bem próximo de mim.

- ... – Eu ia desconversar, mas ele me interrompeu.
- Não, . Eu quero saber! O que você quer? – não deixava de olhar em meus olhos. Eu novamente não consegui responder. Ele estava perto demais.
- Não faz isso comigo... – Eu implorei, enquanto negava com a cabeça. Meus olhos passaram a encarar os lábios dele.
- Você quer que eu pare? Então me peça pra parar! – me desafiou. Os olhos dele também se abaixaram para encarar os meus lábios. – Vamos! Me diz que você quer que eu me afaste e eu juro que eu te levo embora e você nunca mais vai ter que me ver. – Ele não tinha limites. Eu estava em um monstruoso conflito que ninguém jamais poderia entender. A mão dele na minha cintura, os olhos dele nos meus lábios, a voz baixa sendo sussurrada perto da minha boca e tudo o que eu mais queria era beijá-lo. Era dizer que o que eu queria era ele! Mas a razão me dizia que tudo aquilo era sinônimo de sofrimento. – Diz... – Ele pediu pela última vez. estava certo de que eu não cederia e pedira para que ele se afastasse. Ele estava prestes a desistir daquilo. O olhar dele de decepção me quebrou e eu acabei fazendo o que eu queria. Eu queria ele! Segurei o rosto dele com uma das mãos e o beijei pela segunda vez naquela noite. O primeiro beijo foi de despedida e o segundo foi...uma resposta do que eu queria. Foi a resposta que ele tanto queria. Foi o beijo da minha vida.



No segundo em que eu decidi beijá-lo, eu desliguei a minha razão. Eu desliguei aquela voz chata que ficava me dizendo pra não fazer tudo o que eu mais queria fazer. Agora eu me sentia livre para seguir o meu coração e eu sabia muito bem a direção que o meu coração queria que eu seguisse. Deslizei a minha mão que estava no rosto dele e a levei até o peitoral dele. Eu o empurrei para trás até o momento que o corpo dele se chocou contra a porta de número 20. achou que a minha atitude de levá-lo até a porta queria dizer alguma coisa e ele estava certo. Ele colocou a sua mão no bolso da sua calça e tirou de lá o cartão da porta do seu quarto. não precisou nem olhar para colocar o cartão e a porta se abriu na primeira tentativa. Jogou o cartão no chão e passou o seu braço em torno da minha cintura, me puxando para dentro do quarto. Quando passamos pela porta, ele esticou um dos braços e empurrou a porta, fazendo com que ela batesse e se fechasse.

estava eufórico, mas ele preferia manter o clima ao invés de cantar vitória. Ele ficou feliz não só com a minha decisão, mas também com a minha atitude. Ele estava feliz por saber que eu o queria tanto quanto ele me queria. O sentimento mútuo é a melhor coisa do mundo. jamais imaginou que a sua noite terminaria daquele jeito.

O beijo continuava no meio do quarto e todas aquelas coisas que antes estavam na caixa continuavam no chão. Minha bolsa também já estava no chão. Estávamos mais secos, ou melhor, menos molhados do que antes. Não estávamos mais pingando ou com gotas de chuva por todo o nosso corpo. A chuva continuava lá fora e era a melhor trilha sonora que eu poderia querer. Eu demonstrei que encerraria o beijo, quando levei minhas duas mãos até o rosto dele. O beijo se transformou em um longo selinho.

- Eu deveria pegar a chave do carro? – A pergunta de tinha um duplo sentido. Ele queria saber se eu ia ficar ou não.
- Não. – Eu disse ao sorrir fraco. Eu estava ciente do que estava dizendo.
- Essa é a minha garota. – deu um enorme sorriso. A afirmação dele me fez ficar meio abobalhada. Ele aproximou uma das suas mãos até o meu rosto e o acariciou, enquanto analisava o meu rosto de perto. Ele aproximou lentamente o seu rosto do meu e voltou a me beijar. Tirei minhas mãos de seu rosto e as levei até os pulsos dele. O beijou continuou por um bom tempo e eu comecei a achar que ele estava com medo de avançar o sinal. Então eu resolvi avançar o sinal para que ele soubesse que podia fazer o mesmo. Deslizei as minhas mãos pelo peitoral dele e cheguei até a sua cintura. Toquei a borda debaixo de sua camiseta e comecei a puxá-la lentamente para cima. Naquele momento a ficha de caiu: estava acontecendo!

A melhor parte é que eu não estava nem um pouco nervosa com o que eu estava fazendo e com o que estava prestes a fazer. Minhas mãos continuaram levantando a camiseta dele e tivemos que interromper o beijo para que a camiseta passasse por sua cabeça. A camiseta dele ainda estava nas minhas mãos, quando ele voltou a me beijar. Eu joguei a camiseta no chão, enquanto os dedos dele se entrelaçavam em meu cabelo. O beijo era viciante e completamente envolvente. As mãos dele abandonaram o meu cabelo e desceram até os meus ombros e depois até os botões da minha camisa jeans. Para a felicidade dele, os botões já estavam abertos e ele não teve trabalho algum. começou a empurrar a camisa para trás e teve um pouco de dificuldade para tirá-la, já que ela estava completamente molhada. O beijo foi interrompido pelo meu sorriso, que foi causado pela dificuldade dele de tirar a minha camisa. Eu o ajudei a tirá-la e ela também foi para o chão. Nos olhamos e trocamos sorrisos bobos.

O fato de não estarmos mais nos beijando, me deu a chance de olhar pra ele. Eu não me sentia mais mal por estar olhando para ele sem que ele estivesse usando uma camisa. As minhas mãos livres também me davam o direito de tocar e foi isso que eu fiz. Toquei a sua cintura e fui subindo lentamente as minhas mãos. Meu olhar inocente ao fazer aquela ação o deixou fascinado. As minhas mãos subiram até chegar em seus ombros e eu voltei a olhar para o rosto dele. Ele parecia admirado e até mais bobo do que eu. Havia um sorriso no canto do rosto dele e eu acabei ficando um pouco sem graça. percebeu e aproximou-se para roubar um selinho. Suas mãos imediatamente desceram até as minhas coxas e as seguraram. Ele me levantou e colocou cada uma das minhas pernas de um lado do seu corpo. Eu levantei o seu rosto para beijá-lo mais uma vez. Nos beijamos durante todo o trajeto até a mesa. Ele me colocou sentada nela e as minhas pernas continuaram nas laterais de seu corpo. Minhas mãos deslizaram de seu rosto e desceram pelas costas dele. Quando cheguei no inicio de sua calça, notei que havia algo no seu bolso detrás. Ao notar que se tratava do meu celular, eu fiz questão de tirá-lo de lá. Eu também o joguei no chão para que ele não fosse um problema dessa vez.

As mãos dele ainda tocavam as minhas coxas e nós ainda nos beijávamos. As mãos dele começaram a subir lentamente e alcançaram a minha cintura. tocou a parte debaixo da minha camiseta branca, que continuava transparente. Mesmo estando transparente, ele preferia tirá-la. Suas mãos foram subindo e ele aproveitava para ir tocando em todos os lugares que iam ficando descobertos. finalizou o beijo para que os seus olhos acompanhassem a trajetória de suas mãos. Ele abaixou a sua cabeça e suas mãos continuaram subindo. Eu levantei os meus braços e a camiseta foi passada pela minha cabeça. a jogou para trás e voltou a olhar para o meu rosto. Ele estava sério e completamente irresistível com aquele cabelo molhado e bagunçado. Ele ficou em silêncio e continuou me olhando.

- O que foi? – Eu perguntei, depois dele passar um bom tempo me olhando daquele jeito. Uma das mãos dele foi até o meu rosto e o acariciou, colocando uma mecha do meu cabelo ainda molhado atrás da orelha.
- Eu estou feliz que esteja aqui. – continuou acariciando o meu rosto. Duvido que ele tenha notado o quão doce aquilo soou. Sua frase me arrancou um espontâneo sorriso.
- Eu também estou feliz de estar aqui. – Eu respondi da mesma forma que ele. Levei a minha mão até os botões da calça dele e aproveitei para empurrá-lo para trás para que eu voltasse a colocar os meus pés no chão. A minha atitude fez com que ele sorrisse. – Eu... estou feliz por finalmente estar aqui. – Eu melhorei a minha frase e ele pareceu ficar ainda mais encantado.

não conseguia acreditar no que estava finalmente acontecendo. Nada daquilo ainda era novidade para nós, mas ainda sim já era a melhor coisa que havia acontecido em sua vida. Era surreal ver a garota que ele viu crescer e por quem ele foi apaixonado por anos finalmente se entregando a ele. estava estonteado com cada gesto, com cada olhar, com cada sorriso e com cada beijo que trocávamos de forma tão natural, mas ao mesmo tempo tão intensa.

Minhas mãos abriram os botões e o zíper da calça dele, enquanto ele tirava o seu tênis. Minhas mãos começaram a descer a calça dele, mas não foi preciso levá-la até embaixo. Ela desceu sozinha no meio do caminho e terminou de tirá-la e depois fez o mesmo com as suas meias. A cor da cueca dele era da mesma cor da minha lingerie (preta). Parecia até que havíamos combinado. Vê-lo só de cueca era uma novidade pra mim, mas não me causou nenhum tipo de nervosismo. Eu estava tão certa do que eu queria, que eu não tinha motivos para ficar nervosa, mas motivos para ficar louca eu tinha. Afinal de contas, tinha um corpo maravilhoso e estava só de cueca na minha frente. Eu estava meio atordoada e não sabia como começar a explorar nada daquilo.

O nervosismo também não existia da parte de e não era porque aquela não era a sua primeira vez, mas sim porque aquela era a primeira vez com a garota certa. Eu me aproximei um pouco mais dele e ele esticou o seu braço para tocar a minha mão. Ele segurou a minha mão e me puxou para mais perto dele. Meu rosto ficou a menos de um palmo do dele e ele novamente usou a sua mão para colocar uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Você tem certeza? – queria ter certeza de que eu realmente queria continuar com aquilo. Ele tinha medo de estar me pressionando de qualquer forma.
- Eu tenho. – Eu afirmei com a cabeça sem pensar duas vezes. Os meus olhos responderam a pergunta com a mesma honestidade. – E você? – Eu mordi o meu lábio inferior, pois eu estava um pouco sem graça por fazer aquela pergunta. A minha pergunta fez o sorriso de aumentar, nossos dedos continuavam entrelaçados e ele começou a me puxar em direção a cama.
- Eu não sei. – fingiu uma cara de pensativo. Ele continuou me levando em direção a cama e quando chegamos, paramos em frente dela. – Eu acho que vou ter que pensar nisso. – Ele me olhou daquele jeito malandro que eu não via há meses. Mesmo sabendo que ele estava brincando, eu cerrei os meus olhos para demonstrar indignação. A minha expressão fez ele sorrir de novo. – Eu tenho certeza. – me puxou para mais perto. Levou uma de suas mãos até uma das minhas bochechas e o seu dedão acabou se aproximando de um dos cantos da minha boca, fazendo com que ele olhasse pra ela. O sorriso no rosto dele foi desaparecendo pouco a pouco. – Eu acho que tenho essa certeza desde que te vi pela primeira vez. – Ele afirmou da forma mais doce que se possa imaginar. Isso simplesmente me desmoralizou.

A nossa troca de olhares durou alguns segundos e eles valeram mais do que milhões de palavras. Eles nos disseram tudo o que nós já sabíamos: essa era a coisa mais certa do mundo. Os nossos sentimentos, nossas brigas e as nossas lembranças estavam naquela troca de olhares. A euforia em meu coração foi se acalmando lentamente e eu só queria sentir aquela sensação de felicidade, paz e desejo pra sempre. Foi diferente de qualquer coisa que nós já sentimos. O rosto dele se aproximou lentamente do meu e os meus olhos se fecharam antes mesmo que os lábios dele tocassem os meus. Ele selou os meus lábios e eu imediatamente correspondi. Puxei o lábio inferior dele e ele sentiu o seu coração palpitar.

Eu estava de costas para a cama e estava em minha frente. Quando eu terminei de puxar o lábio inferior dele, as mãos dele imediatamente desceram pelas laterais do meu corpo e alcançaram a minha cintura. Seus braços envolveram a minha cintura e eu passei os meus em torno de seu pescoço. empurrou o meu corpo e me segurou, trazendo o seu corpo por cima do meu. Eu senti quando as minhas costas tocaram nos lençóis da cama. A movimentação fez com que nossos lábios se descolassem, mas a boca dele continuava praticamente colada na minha. Minha mão levou o rosto dele de encontro ao meu novamente e quando voltamos a nos beijar ele deixou o seu corpo cair sobre o meu.

Não cansávamos de nos beijar. Era simplesmente a melhor coisa do mundo. resolveu abandonar os meus lábios, mas isso não significava que ele pararia de beijar. Os lábios deles escorregaram até o meu queixo e desceram pela lateral do meu pescoço. Aqueles beijos dele sempre me deixaram maluca e dessa vez não foi diferente. Meus olhos continuaram fechados, minha boca entre aberta e os dedos enterrados em sua nuca. queria explorar cada centímetro do meu corpo e ele faria isso independente do tempo que levasse.



Os beijos foram para o outro lado do meu pescoço e uma das mãos dele desceu até a minha coxa e começou a subir lentamente o meu short. Eu estava em ecstasy. Os beijos começaram a descer e também passaram lentamente pelos meus seios e pelo meu sutiã. Os beijos seguiram pela minha barriga e pararam em minha cintura. A pausa dos beijos me deu tempo para recuperar o fôlego e a consciência. Eu abaixei a minha cabeça para olhá-lo e vi ele tocar no elástico do meu shorts. Com toda a delicadeza do mundo, começou a tirar o tirar o meu shorts e eu levantei rapidamente o meu quadril para ajudá-lo nisso. As mãos dele foram descendo pelas minhas coxas e depois pelas minhas pernas, enquanto ele levava o shorts com elas. chegou ao final da cama e saiu da cama por poucos segundos para tirar de vez a minha peça de roupa. Eu aproveitei para puxar o meu corpo mais para trás, já que estávamos muito na beirada da cama.

não conseguia acreditar no que os seus olhos estavam vendo. Ele estava no céu. Ele estava completamente apaixonado por aquele corpo e por aqueles beijos. Nada estava sendo feito com pressa e não era só por ele ter percebido que aquela era minha primeira vez, mas também porque ele queria curtir cada segundo daquilo. aproveitou que estava próximo dos meus pés e começou a tirar as minhas sandálias. Ele era realmente péssimo com essas coisas. Ele também teve dificuldade de tirar a minha sandália. me olhou e fez uma careta, enquanto mordia o seu lábio inferior. Eu sorri, enquanto negava com a cabeça. Depois de um pouco de sacrifício, ele conseguiu se desfazer das minhas sandálias.

Eu não deixava de observar um só movimento dele. Eu havia apoiado os meus cotovelos no colchão e não perdia nenhum detalhe daquilo. Mesmo estando seminua, eu ainda não estava nervosa. Eu sempre ouvi as garotas dizendo que a primeira vez é constrangedora e te deixa completamente nervosa, mas parecia que eu era uma exceção. Seja por causa da minha confiança ou por causa do que era sem sombras de dúvidas o meu cara certo.

voltou com os beijos e também voltou a subir pelo meu corpo. As mãos dele exploravam cada parte do meu corpo e os beijos vinham logo atrás. Os beijos passaram novamente pela minha barriga e pelos meus seios, chegando em meu pescoço. Eu estiquei o meu pescoço e os meus olhos voltaram a se fechar involuntariamente. Os lábios subiram até o meu queixo e eu voltei a colocar o meu rosto de frente pro dele. Eu procurei imediatamente os lábios dele e voltei a beijá-lo. Meus cotovelos não estavam mais apoiados no colchão. Uma das minhas mãos foi até a nuca dele para impedir que o beijo fosse interrompido e a minha outra mão desceu pelas suas costas até chegar no elástico de sua cueca.

Apesar de estar completamente empolgada com tudo o que ele estava fazendo, eu queria que fosse uma coisa mútua. Eu também queria dar a ele qualquer tipo de prazer e eu estava ciente de que deveria fazer a minha parte. Usei toda a minha força para jogar o meu corpo sobre o dele e não foi tão difícil, já que ele cedeu completamente. Coloquei cada uma das minhas pernas em um lado do corpo dele e apoiei os meus joelhos no colchão. Mesmo não querendo, eu fui obrigada a interromper o nosso beijo. Me certifiquei de jogar o meu cabelo para trás para que ele não ficasse caindo no rosto de . Minhas mãos desceram pelo seu peitoral, enquanto eu levava os meus lábios até a lateral do pescoço dele.

Os beijos eram distribuídos em cada centímetro do pescoço dele e a reação dele foi exatamente igual a minha. Os lábios estavam sempre entreabertos para que a respiração que acabava ficando mais intensa pudesse acontecer. Os meus lábios desceram até o peitoral dele e as minhas mãos vinham acompanhando todo o trajeto. Cheguei no tanquinho e depois no elástico de sua cueca. acompanhava cada movimento meu e só conseguia pensar que eu era boa demais para ser verdade. Ele não achou que eu não teria coragem de tirar a sua cueca logo na primeira vez, mas ele estava enganado. Eu estava calma e consciente demais para bancar a garotinha que morre de medo de ter a sua primeira vez. Eu comecei a puxar o elástico da cueca dele e ficou perplexo e impressionado.

não conseguia acreditar naquela cena. Era a minha primeira vez e ele estava tão neurótico em ir devagar para não me assustar e agora ele já estava completamente nu e eu ainda não. Isso parecia tão errado pra ele. Depois de tirar a sua cueca, voltei a subir em direção ao seu rosto. Confesso que fiquei um pouco envergonhada de inicio, afinal era a minha primeira experiência sexual e eu não estava acostumada com todas aquelas sensações, toques e tudo mais. Porém, agora eu acho que o pior já passou. Se eu sobrevivi até agora, eu vou até o final.

Meu corpo ainda estava por cima dele e eu estava me aproximando de seu rosto novamente. tocou as minhas coxas e as puxaram um pouco para cima, para que o meu rosto chegasse mais rapidamente até o dele. Ele selou os meus lábios imediatamente e quando nossos lábios descolaram, os olhos dele se abriram e os meus fizeram o mesmo em seguida. Trocamos olhares próximos e ele parecia ter algo a dizer. demorou para encontrar as palavras certas.

- Onde você esteve todo esse tempo? – sussurrou ao negar com a cabeça. Eu sorri involuntariamente antes de selar os lábios dele mais uma vez. Uma das mãos dele abandonou a minha coxa e foi até a minha cabeça, entrelaçando seus dedos em meu cabelo, fazendo com que aprofundássemos o beijo.

A chuva lá fora ainda era a nossa trilha sonora e se não estivéssemos úmidos seria como num conto de fadas. A mão dele deslizou pelo cabelo e chegaram até o centro das minhas costas, onde ele encontrou o fecho do meu sutiã. Era exatamente isso que procurava. Com uma impressionante habilidade, ele conseguiu soltar o meu sutiã com apenas uma mão. Nem mesmo eu conseguia fazer isso. O nosso beijou continuou, quando jogou o seu corpo sobre o meu novamente e as mãos dele foram direto para as alças do meu sutiã. Ele parecia ansioso com aquilo. Os lábios dele novamente deslizaram pelo meu pescoço, enquanto ele ia puxando lentamente as alças do meu sutiã. A minha excitação triplicou e a minha respiração também. finalmente conseguiu se livrar do meu sutiã e essa deve ter sido a maior conquista de toda a sua vida. As mãos dele passaram ligeiramente pelos meus seios, enquanto elas desciam em busca da minha calcinha. Eu achei que fosse explodir.

definitivamente não podia morrer sem fazer isso. Ele estava sendo extremamente razoável, pois se tratava da minha primeira vez. Ele não queria que quando eu me lembrasse dessa noite, eu só conseguisse me lembrar do prazer. também queria que eu me lembrasse da delicadeza e inocência dos nossos gestos, do amor e carinho em cada beijo e em cada olhar. Ele queria que eu tivesse a primeira vez que toda a garota sonha.

A última peça de roupa que ainda vestíamos agora também estava no chão. Os beijos enlouquecedores faziam com que eu tivesse que morder o meu lábio inferior com frequência para que eu não acabasse soltando qualquer ruído. Além a trilha sonora, a chuva também foi responsável pelo frio que não se tinha há muitos meses em Nova York. O lençol da cama foi jogado por cima dos nossos corpos e os beijos voltaram com tudo. As mãos bobas não foram tão abusivas, pois não queria me assustar. Depois de longos beijos, acalmou um pouco o clima ao se esticar na cama para abrir a sua gaveta em busca de proteção.

O cuidado excessivo de me deixaram ainda mais calma ao oficializar a minha primeira vez. A dor era esperada, mas ela não me aterrorizou tanto. Dizem que a calma e a confiança na pessoa que está dividindo aquele momento com você é crucial para os efeitos da perda da virgindade de uma garota. Foi exatamente o que aconteceu comigo. não poderia ter sido mais atencioso e carinhoso. Ele era definitivamente o cara perfeito. Mesmo estando completamente preocupado comigo, não deixou de curtir o momento também. Era impossível não curtir aquele momento com o qual ele sonhou e idealizou tanto.

Nossos corpos não estavam mais úmidos, mas o meu cabelo ainda estava. não se importou que eu molhasse um de seus travesseiros. Ainda debaixo dos lençóis, nós nos deitamos lado a lado. O pior e o melhor já havia passado. Estávamos virados de frente um para o outro e não dizíamos nada. Nem era preciso. Havia uma expressão de satisfação no rosto dele, mas também havia uma doçura fora do comum. Ele olhava os detalhes do meu rosto e eu fazia o mesmo. Eu não cansava de olhá-lo.

- Tudo bem? – perguntou baixinho. A preocupação dele me fez sorrir igual uma boba.
- Tudo ótimo... – Eu disse e ele riu daquele jeito encantador. – Eu só acho que preciso tomar um banho. – Eu fiz careta.
- É claro! Pode tomar. – afirmou com a cabeça com total compreensão.
- Então... – Eu me levantei um pouco do colchão para aproximar o meu rosto do dele. Eu toquei o rosto dele ao selar longamente os seus lábios. – Eu já volto. – Eu pisquei um dos olhos pra ele e ele deu um enorme sorriso. Eu peguei um dos lençóis e o enrolei no meu corpo. Eu me levantei da cama e comecei caçar o meu sutiã e a minha calcinha pelo quarto. Os olhos de me acompanharam e acharam até um pouco de graça na cena. – Achei! – Eu mordi o lábio inferior ao olhar pra ele. Eu achei a cena um pouco ridícula e fiquei até sem graça. Fui até o banheiro e fechei a porta.

Eu demoraria algum tempo para parar de sorrir atoa. Eu encarei o espelho e nem mesmo o meu cabelo horrível fez o sorriso desaparecer do meu rosto. Nem parecia o mesmo reflexo que eu havia visto no espelho naquela manhã. Pode parecer exagero, mas eu me sentia completamente diferente. Eu me sentia mais livre como se mais nada fosse um obstáculo pra mim e até mesmo pra nós. Não tem como ficarmos mais íntimos do que isso e isso faz com que eu me sinta bem. havia feito com que eu me sentisse mais confiante e um pouco mais madura. Eu me sentia bem por ter partilhado mais esse momento com ele. Foi tudo tão perfeito e único que eu queria guardar cada detalhe só pra mim.

estava pior do que eu. Todo mundo sabe que sexo é motivo de glória para os homens, mas dessa vez havia sido diferente. A primeira vez dele jamais chegaria aos pés daquela noite e não era só por causa da Amber, mas pelo jeito que foi. Foi tudo tão cheio de sentimento que nem parecia aquela coisa vulgar que os garotos adoram se gabar para os seus amigos. Agora, se sentia completo. Não havia mais tristeza ou mágoa. O peito dele estava prestes a explodir de tanta felicidade por ter de um jeito completamente novo e único a garota que ele sempre amou. Ele se sentia especial e extremamente honrado por ter sido o primeiro homem que eu realmente amei em todos os sentidos.

Aquele banho foi revigorante. Apesar da chuva que eu tomei, não era a mesma coisa que tomar um banho quente, ainda mais com aquele frio. Também foi bom para dar uma melhorada no meu visual. O meu cabelo estava horrível! Lavei o cabelo com aqueles shampoos que os hotéis disponibilizam para os seus hóspedes. Eu não achei que fosse usá-los. Fui obrigada a usar a toalha do , já que era a única que havia naquele banheiro. Voltei a colocar a mesma lingerie de antes, que já estava seca.

O meu rosto estava completamente limpo e eu não tinha creme, perfume ou sequer uma escova de dentes. Eu não queria voltar para lá daquele jeito. Peguei o perfume dele que estava sobre a pia e passei só um pouco. Tive que escovar os meus dentes com o dedo, usando a pasta de dente que também estava sobre a pia. Penteei o meu cabelo com o pente que o certamente usava para arrumar o seu cabelo. Por mim, eu jogava aquele pente no lixo! Todos estão cansados de saber que eu prefiro o cabelo dele bagunçado.

estava me esperando sair do banheiro. Ele já havia colocado a sua cueca novamente e voltou a se cobrir com o lençol por causa do frio. Os olhos dele estavam fixos na porta desde que ele ouviu o chuveiro ser desligado. Antes de sair do banheiro, dobrei o lençol que eu havia levado para lá e o coloquei discretamente em frente do meu corpo. O sono de estava vencendo a sua ansiedade para a minha volta e os olhos dele começaram a se fechar.

Eu finalmente sai do banheiro e da porta eu consegui ver os olhos de fechados. Um sorriso espontâneo surgiu em meu rosto. Tentei fazer o mínimo de barulho possível. Eu coloquei o lençol sobre uma das cadeiras e me aproximei da cama. Levantei o lençol e me deitei ao lado dele, colocando o lençol sobre o meu corpo também. Eu me virei de lado para poder ficar de frente pra ele e não conseguia acreditar que ele realmente estava ali. Era o mesmo garoto do ensino médio. Com a barba rala e um pouco mais de músculos, mas era! Eu não resisti e tive que mexer com ele. Levantei a minha cabeça do travesseiro e aproximei o meu rosto do dele. Toquei o rosto dele com uma das minhas mãos e acariciei uma de suas bochechas rosadas. Levei os meus lábios ao encontro dos deles e os selei calmamente. A resposta dele veio com um sorriso imediato. Por baixo do lençol, esticou o seu braço e o enroscou em minha cintura, puxando o meu corpo pra perto do dele.



- Desculpa te acordar. – Eu sussurrei antes de selar os lábios dele mais uma vez.
- Eu estava te esperando. – finalmente abriu os olhos. – Só pra variar.. – Ele disse, me arrancando um sorriso.
- Eu estou aqui agora. – Eu olhei os seus olhos bem de pertinho, enquanto sentia as borboletas fazerem festa no meu estômago. – Eu posso ficar aqui? – Eu já sabia qual seria a resposta, mas perguntei só pra não bancar a inconveniente.
- Fique pra sempre. – me surpreendeu novamente. Ele não pode ficar fazendo essas coisas. Os olhos sonolentos dele mantinham-se fixos nos meus e a mão dele foi até o meu rosto para afastar os fios de cabelo dos meus olhos. Ele aproveitou para acariciar uma das minhas bochechas. O carinho dele começou a me deixar sonolenta também.

e eu dormimos sem nem mesmo percebemos e deve ter sido quase na mesma hora, porque nós não nos lembrávamos de ver o outro dormir, mas eu sei que estávamos bem próximos. A última coisa que eu me lembro de ter visto era os olhos dele.



TROQUE A MÚSICA:



Na manhã seguinte, eu fui a primeira a acordar. Eu não sabia que horas eram, mas eu sabia que a chuva tinha desaparecido, pois foi a claridade do sol que me acordou. Eu acordei meio perdida. Demorei alguns segundos para me lembrar onde estava. Eu estava deitada de lado e estava atrás de mim. O seu braço estava em torno da minha cintura e o rosto estava bem próximo do meu pescoço. Eu inclusive conseguia sentir a calma respiração dele. Olhando pra nós agora, eu até consigo nos ver como um casal de novo. Eu não me lembrava de como havíamos chegado naquela posição. deve ter acordado para ir ao banheiro durante a noite ou qualquer coisa assim. Ele realmente acordou, pois precisava ir ao banheiro. Ele aproveitou para tomar um rápido banho e até mesmo escovar os seus dentes.

Mesmo eu adorando estar ali nos braços dele daquele jeito tão confortável, eu teria que levantar. Eu estava com vontade de ir ao banheiro. Com todo o cuidado do mundo, eu tirei o braço dele de cima de mim e me movi lentamente para sair da cama. Eu não queria acordá-lo. Ao sair da cama, olhei para trás e confirmei que apesar de se revirar na cama, ele continuava dormindo. Fui em direção ao banheiro e no caminho passei pela mala do . Resolvi procurar uma camisa que eu pudesse vestir para que eu não tivesse que ficar andando de calcinha e sutiã por ai. Peguei qualquer camisa e segui em direção ao banheiro.

O barulho da porta do banheiro se fechando, acabou acordando o . Ele se remexeu na cama e se espreguiçou umas 2 vezes antes de abrir os olhos. A claridade fez com que ele levasse uma das mãos aos olhos. Depois de algum tempo, ele voltou a abrir os olhos. Olhou para o lado e estranhou quando não me viu. apoiou os cotovelos no colchão e olhou em volta para procurar qualquer vestígio que provasse que eu ainda estava ali. O barulho da torneira do banheiro foi a prova que ele precisava. Agora que ele sabia que eu ainda estava ali, ele ficou mais tranquilo. Espreguiçou-se uma última vez, antes de tomar coragem para levantar-se da cama. Levou a sua mão até a cabeça e bagunçou o cabelo, que não estava mais molhado. Sabendo que eu sairia do banheiro a qualquer momento, resolveu se esconder para me dar um susto. Como nos velhos tempos.

Depois de usar o banheiro, eu novamente usei o meu dedo para escovar os dentes. Isso era ridículo, mas eu caprichava tanto por estar escovando com os dentes que acho que nem com a escova eles ficariam tão limpos. Lavei o meu rosto e dei uma básica ajeitada no cabelo. Peguei a camisa dele e a coloquei em meu corpo. Me olhei no espelho e ri de mim mesma. A camisa havia ficado grande, mas não tinha problema. Era provisória mesmo. Fechei alguns botões da camisa e deixei só os 3 de cima abertos. Abri a porta do banheiro, certa de que voltaria dormir com o , mas parece que eu me enganei. não estava na cama. Dei alguns passos para fora do banheiro e andei até o centro do quarto. Foi então que o teve a sua chance. Ele deu passos silenciosos e quando chegou atrás de mim, passou repentinamente os seus braços em torno da minha cintura. Eu levei um susto enorme e cheguei a dar um pulo.

- Calma, sou eu. – sussurrou em meu ouvido, enquanto ria. Eu fechei os meus olhos por poucos segundos e balancei negativamente a cabeça. Eu me virei para ficar de frente pra ele. Eu ia xingá-lo, mas ao ver aquela cara de sono eu não consegui. Os braços descobertos continuavam envolvendo o meu corpo.
- Bem, parece que você ainda lembra como me assustar. – Eu rolei os olhos em meio a um sorriso.
- Eu acordei e não te encontrei. – explicou, olhando atentamente para o meu rosto.
- Ficou desesperado achando que eu tinha ido embora. – Eu disse em tom de deboche, enquanto passava meus braços em torno do pescoço dele.
- Fiquei nada! Eu sabia que você jamais iria embora. – cerrou os olhos, enquanto negava com a cabeça.
- E como você pode ter tanta certeza? – Eu entrei no joguinho dele.
- Porque você ainda é maluca por mim. – disse, se achando. Que convencido!
- Sério? É por isso que está tão feliz? – Eu dei um sorriso malandro.
- Vamos, assuma! – usou o seu sorriso encantador para tentar me manipular.
- Você nunca saberá. – Eu desconversei, piscando um dos olhos pra ele. Ele riu, aproximando o seu rosto do meu e beijando carinhosamente uma das minhas bochechas.
- Eu já sei. – aproveitou para sussurrar na minha orelha. Eu o olhei com indignação, e ele começou a me empurrar para trás.
- E você? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- O que tem eu? – se fez de bobo, enquanto continuava me empurrando em direção a cama.
- Ainda é maluco por mim? – Eu entrei na brincadeira.
- Você nunca saberá. – segurou o riso ao usar a mesma frase que eu.
- Ok, eu esperava por isso. – Eu achei justo. Quando chegamos na cama, ele me empurrou e depois trouxe o seu corpo por cima do meu.
- Mas eu posso dar uma dica... – posicionou o seu rosto na frente do meu. Estávamos a menos de um palmo de distância.
- Uma dica? Então diz. – Eu esperei que tivesse alguma gracinha a caminho.
- Sabe essa felicidade que você acaba de dizer ter visto em mim? – As pontas dos nossos narizes se tocaram. Olhávamos nos olhos um do outro de bem perto.
- O que tem? – Eu olhei atentamente pra ele. demorou algum tempo para continuar. Os olhos dele abandonaram os meus e desceram rapidamente até os meus lábios.
- A última vez que eu a senti, eu estava com você. – disse, parecendo estar meio sem graça. A revelação dele realmente me surpreendeu. Eu achei que ele viria com alguma gracinha ou bobagem. A perplexidade ficou estampada no meu rosto. Eu demorei para conseguir responder alguma coisa.
- Você também lembra como me deixar sem palavras... – Eu disse, fazendo com que ele voltasse a me olhar nos olhos. levou uma das suas mãos até o meu rosto e afastou delicadamente alguns fios de cabelo que estavam próximos dos meus olhos.
- Sim, eu lembro. – afirmou com a cabeça. Eu estava completamente encantada. Meus olhos e o meu sorriso bobo me entregavam. – Eu até lembro que depois de cada vez que eu te deixava sem palavras, você me olhava com esse mesmo olhar e com esse mesmo sorriso que você está dando agora. – Os olhos dele voltaram a olhar para os meus lábios. – Esse olhar e esse sorriso me faziam ter certeza do quão maluca você era por mim. – Ele completou e eu não conseguia acreditar em como ele podia me conhecer tão bem. São anos de experiência, que não poderiam ser apagados por causa de alguns meses. Ele esperou pela minha resposta, mas ela não viria. Eu não consegui segurar a minha felicidade e ela ficou a mostra em forma de sorriso.



Nos beijamos pela primeira vez naquele dia. Foi tão mágico quanto os beijos da noite anterior, mas dessa vez foi mais... leve. Como eu disse, estávamos mais íntimos do que nunca agora. Isso nos deixava mais a vontade em qualquer coisa que fizéssemos. Minha mão deslizou de sua nuca e foi descendo lentamente por suas costas. Minhas unhas iam arranhando levemente a sua pele e ele imediatamente se arrepiou. interrompeu o beijo e olhou para baixo.

- Porque essa camisa me parece familiar? – perguntou ao voltar me olhar.
- Eu peguei emprestado. Tudo bem pra você? – Eu mordi o meu lábio inferior ao fazer careta.
- Tudo bem, mas só tem uma condição. – me olhou sério.
- Condição? – Eu o olhei com incompreensão, mas mantive o riso no canto do rosto.
- Como eu sou o dono, eu posso tirá-la na hora que eu quiser. – me olhou com aquele seu jeito malandro.
- É mesmo? – Eu neguei com a cabeça, enquanto me segurava para não rir. Eu selei os lábios dele entre risos.
- Eu estou falando sério! – afirmou, antes de voltar a me beijar. O beijo me deu a possibilidade de empurrar o corpo dele e jogar o meu por cima do dele. A nova posição deu a ele a possibilidade de tocar as minhas coxas e foi isso que ele fez. As mãos subiram as minhas coxas e passaram reto pela minha cintura. Quando a camisa começou a atrapalhar o trajeto de suas mãos, ele interrompeu o nosso beijo. – Tipo agora. Eu quero tirá-la agora. – As mãos dele procuraram imediatamente os botões da camisa, enquanto eu aproveitava para depositar alguns beijos em seu pescoço. Minhas mãos exploraram o seu peitoral.

tinha sérios problemas com botões e dessa vez não foi diferente. Ele demorou até conseguir desabotoar o último botão da camisa. Com os botões abertos, ele passou um dos braços em torno da minha cintura descoberta e voltou a me colocar no colchão, colocando o seu corpo em cima do meu. abandonou os meus lábios e desceu até o meu pescoço, mas a sua mão foi mais rápida e deslizou pelo meu sutiã, chegando e parando em minha cintura, onde ele apertou. O gesto dele fez com que minha respiração acelerasse. Os beijos dele começavam a descer do meu pescoço, quando um barulho nos interrompeu. Era a campainha.

- Ah, qual é! – resmungou ao olhar para o meu rosto. Adeus clima!
- Quem é? – Eu estranhei. Será que ele estava esperando alguém? saiu de cima de mim e foi até o criado mudo para pegar o seu celular.
- É o café da manhã. – rolou os olhos. Era o horário que o café da manhã costumava vir no quarto todas as manhãs. – Eu vou vestir uma roupa. – Ele se levantou furioso da cama.
- Eu posso atender se você quiser. – Eu ia me levantar da cama, mas ele me lançou um olhar ameaçador.
- Vestida desse jeito? – arqueou a sobrancelha e eu nem me movi. – Fecha a sua camisa e fica embaixo do lençol. – Ele deu as ordens. Sistemático como sempre! Eu fechei rapidamente os botões da camisa e me cobri da cintura pra baixo com o lençol. Depois de colocar uma camiseta e um shorts, foi atender a porta.
- Bom dia. – O garoto em sua frente sorriu. Ele segurava um carrinho cheio de comida.
- Fala, garoto. – sorriu para o garoto, que deveria ter uns 15 anos. Ele sempre ia levar o café da manhã para o . – Só um minuto. Eu vou pegar a gorjeta. – se afastou da porta e foi até o outro lado do quarto para buscar a sua carteira. O garoto entrou no quarto com o carrinho assim como costumava fazer todas as manhãs. Quando o garoto adentrou no quarto e me viu na cama, ele arregalou os olhos.
- Olá. – Eu acenei com uma das mãos, estranhando a reação dele. O garoto nem piscava.
- Aqui, achei. – voltou com algumas notas na mão e ao olhar para o garoto, se deparou com os seus olhos esbugalhados. Ele percebeu que ele estava olhando pra mim. – Ei... – Ele chamou a atenção do menino, que continuava me olhando do mesmo jeito. Em determinado momento, eu tive que me segurar para não rir. – EI! – estalou os seus dedos em frente ao rosto do menino, que pareceu ter acordado de um transe.
- Oh, desculpe. – O menino se recompôs com nervosismo. negou com a cabeça ao entregar a gorjeta ao garoto, que tirou uma bandeja do carrinho e colocou sobre a cama.
- Pegue. – acompanhou o menino, que andou apressadamente até a porta.
- Obrigado, senhor. – O garoto continuava nervoso
- Você... – diminuiu o tom da voz. – É virgem, né? – Ele olhou seriamente para o garoto, que apesar de ficar extremamente constrangido afirmou com a cabeça. – Olha só, vá até a banca de revistas que tem aqui na rua e compre uma daquelas revistas. Você sabe do que eu estou falando, né? – estendeu mais algumas notas de dinheiro para o garoto e piscou um dos olhos.
- Sei sim. – O garoto afirmou novamente com a cabeça e nem conseguiu esconder a sua felicidade com o presente.
- Espere! – chamou o garoto, que já ia se afastando. – Compre duas. – Ele estendeu mais algumas notas.
- Obrigado mesmo, senhor. – O garoto deu um enorme sorriso. viu o garoto se afastar apressadamente, enquanto guardava todo o dinheiro dentro do bolso do seu terno. riu da cena e voltou para dentro do quarto.
- Virgens... – negou com a cabeça ao me olhar e se aproximar da cama. Ele sentou-se na cama.
- É impressão minha ou você deu dinheiro pra ele comprar pornô? – Eu olhei pra ele, incrédula.
- O que foi? Ele quase morreu quando te viu desse jeito na minha cama. Acho que ele vai ter sonhos eróticos com você o resto da semana. – se segurou para não rir.
- Você anda ficando muito perto do meu irmão. – Eu ri e neguei com a cabeça. Ele fez careta pra mim.
- E então? Você está com fome? – perguntou, olhando para a bandeja em nossa frente.
- Estou! – Eu afirmei, olhando para todos os alimentos que estavam sobre bandeja.
- Eu também estou. – disse, pegando uma rosquinha.
- Isso é chantilly? Eu adoro chantilly. – Eu não hesitei ao pegar um dos morangos e passá-lo no chantilly.
- Eu não gosto de chantilly. – fez careta.
- Você já experimentou? Fica gostoso com morango. – Eu estendi um morango coberto com chantilly na direção dele.
- Não. – olhou para o morango em minhas mãos.
- Então experimenta. – Eu novamente ofereci e ele parecia em dúvida sobre experimentar ou não. parecia que estava cedendo, mas quando ele estava prestes a provar a fruta, eu passei todo o chantilly que estava no morango em uma de suas bochechas.
- Ahhhhhhhh, . – me olhou, irritado. – Eu deveria prever isso. – Ele pareceu mesmo ter ficado bravo e eu quis imediatamente consertar.
- Desculpe! – Eu me levantei, ficando de joelhos da cama e me aproximei dele. Eu segurei o seu rosto com minhas duas mãos e comecei a retirar todo o chantilly do rosto dele com a minha boca. – Eu não resisti. – Eu completei entre risos. Eu continuei limpando o chantilly e começou a gostar da brincadeira.
- Quer saber? Acho que o chantilly não é tão ruim assim. – disse, malandro. Eu aproveitei a brincadeira para limpar um local bem próximo da boca dele e acabou resultando em beijo. O beijo novamente foi interrompido, mas dessa vez foi pelo toque do meu celular. – Estava demorando.. – suspirou, quando eu interrompi o beijo.
- É o meu celular. – Eu reconheci o toque. – Espera? Que horas são? – Eu perguntei sem qualquer noção de tempo.
- São quase 9:30. – respondeu, sem achar que fosse importante.
- 9:30? AI QUE DROGA.. – Eu esqueci da faculdade. – Eu tenho que ir pra aula. – Eu me afastei dele e saltei da cama.
- Ah, não! Você não vai reprovar se faltar um dia! – odiava o meu lado nerd.
- Eu tenho uma aula importante hoje. Se eu sair daqui agora ainda consigo chegar a tempo. – Eu nem sequer olhei pra ele e comecei a procurar a minha roupa no meio daquela bagunça.
- O tempo passa e você continua nerd. Impressionante. – fez cara feia ao negar com a cabeça.
- Desculpe, mas eu tenho mesmo que ir. – Eu fiz careta pra ele, enquanto colocava o meu shorts que obviamente já estava seco.
- Está bem. Então eu te levo. – rolou os olhos. Ele sabia que não conseguiria me convencer a ficar.
- Está bem. – Eu afirmei, colocando apressadamente a minha camiseta, que apesar de um pouco amassada, estava usável.

Eu consegui ficar pronta em menos de 5 minutos, o que foi um milagre. Eu não tinha nada ali. Nem mesmo os meus cadernos, mas eu daria um jeito. trocou o seu shorts por uma calça e ficou pronto rapidamente. O café ficou sobre a cama, já que o hotel mandaria alguém para arrumar o quarto mesmo. Nós saímos apressadamente do quarto de e fomos para o estacionamento.

- Que carro é esse? – Eu estranhei, quando destravou o carro. Não era o carro dele que eu conhecia.
- A empresa me emprestou o carro para vir para Nova York. – explicou assim que entramos no carro.

Seguimos para a minha faculdade. não sabia o caminho, então eu tive que guiá-lo até lá. Se fosse em qualquer outro dia, eu faltaria sem pensar duas vezes, mas justamente naquele dia um dos professores daria um trabalho que acrescentaria a nota da prova. Eu não podia perder de jeito algum. Meg sabia disso, é por isso que ela havia ligado tantas vezes para o meu celular. Chegamos na faculdade e estacionou o carro na frente da entrada.

- Obrigada por me trazer. – Eu estava tão preocupada, pois a aula já havia começado há 10 minutos. Eu fui logo abrindo a porta do carro.
- Ei, ei! Espera.. – segurou um dos meus braços. – Só isso? – Ele abriu os braços. Eu imediatamente sorri e me aproximei, selando longamente os seus lábios.
- Te vejo depois. – piscou um dos olhos pra mim. Eu voltei a me afastar e abri a porta, saindo rapidamente do carro.

Eu estava sem documento e sem a carteirinha da faculdade. Se eu não conhecesse o segurança da portaria, eu com certeza não conseguiria entrar. Corri o mais rápido que consegui até a minha sala e quando cheguei na porta vi que o professor já estava lá dentro.

- Com licença, professor. Ainda dá tempo de entrar? – Eu dei o meu melhor sorriso e o professor apenas afirmou com a cabeça com uma cara feia.

A preocupação de Meg desapareceu quando ela me viu entrar na sala. Todos os alunos da sala já estavam fazendo o trabalho e só então eu notei que eu realmente estava atrasada. Meg viu eu me aproximar e estranhou o fato de eu estar sem a minha bolsa e com a mesma roupa da noite passada. Eu me sentei ao seu lado e mal conseguia respirar direito por causa do quanto que eu havia corrido.

- O que aconteceu com você? – Meg sussurrou ao me olhar.
- Eu perdi a hora. – Eu menti descaradamente. Não dava pra contar nada pra ela agora. Ela jamais entenderia.
- E porque não trocou de roupa? – Meg me olhou, sem entender.
- Eu acordei atrasada e vesti a primeira coisa que encontrei. – Eu continuei mentindo.
- Porque você não atendeu os meus telefonemas? – Meg fez mais uma pergunta e manteve a cara amarrada.
- Silêncio! – O professor gritou de onde estava. Ele estava olhando para mim e para Meg. Ele foi a minha salvação. O trabalho não só salvaria a minha nota, mas me ajudaria a não responder todas as perguntas que Meg com certeza queria me fazer.

Depois de me deixar na faculdade, voltou para o hotel. Ele precisava resolver algumas coisas do trabalho, mas ele não podia ir vestido daquele jeito. Ele passou no hotel só para se trocar e seguiu para o estádio dos Yankees para tirar uma dúvida com um dos presidentes do clube. tinha uma ideia para a divulgação da marca, mas precisava tirar algumas dúvidas para ver se ela daria realmente certo. Feliz como nunca, ele saiu do estádio com algumas anotações novas. Pensou em ir me buscar na faculdade, mas não tinha certeza do horário que eu ia sair. De qualquer forma, ele resolveu ir até lá e tentar.

Eu demorei mais de 2 horas para terminar o trabalho da faculdade. Meg ainda estava fazendo o seu quando eu sai da sala. Eu agradeci mentalmente, porque assim não teria que responder a mais perguntas. Meg me viu saindo e quis ir atrás de mim, mas para isso ela teria que terminar o seu trabalho. Ela começou a responder as questões mais rapidamente.

Eu sabia que eu tinha que ir pra casa para me trocar e ir para o trabalho, mas eu estava sem carro. Com sorte, eu ainda tinha dinheiro na bolsa. Minha bolsa ainda estava meio úmida e eu comecei a revirá-la atrás de dinheiro. Fui indo em direção a saída da faculdade e parei no portão, quando percebi que o meu único dinheiro tinha molhado e estava meio ‘zuado’.

havia estacionado o carro bem em frente a faculdade. Ele desceu do carro para que eu pudesse vê-lo e para que ele também pudesse me procurar com mais facilidade. O sol estava bem forte e ele teve que colocar o seu ray-ban. Ele apoiou o seu quadril em uma das laterais do carro e ficou olhando atentamente para o portão da faculdade.

Sem saber o que fazer, levantei o meu rosto e olhei em volta. Foi nesse momento que eu o vi. Meu Deus! Ele não podia ser real. Ele estava apoiado no carro com os braços cruzados. usava uma camiseta azul escura, calça jeans e tênis preto. O ray-ban dava a ele uma sensualidade fora do comum. Eu comecei a andar em direção a ele, mas parecia que ele ainda não tinha me visto. Algumas garotas que estavam próximas a mim, olhavam e fofocavam sobre o cara maravilhoso que estava do outro lado da rua. É loucura pensar que ele estava ali por causa de mim.

continuava sério e concentrado em me procurar. O ray-ban não me deixou ver onde ele estava olhando, então eu nunca tinha certeza se ele já havia me visto ou não. Eu parei na ponta da calçada e ele estava do outro lado. Eu parei na mesma direção que ele, mas demorou algum tempo para que me visse. Quando ele me viu, ele deu um enorme sorriso pra mim. O sorriso mais destruidor de todos! Eu fui ao céu e voltei! Eu estremeci e as borboletas atacaram o meu estômago. Eu me perguntava se todas aquelas garotas estavam vendo ele sorrir mim. Chupem essa, otárias!

- Achei que já tivesse ido embora. – disse um pouco mais alto, enquanto eu atravessava a rua e ia em sua direção.
- Que bom que você veio. – Eu disse, chegando até ele.
- Roupa nova? – me olhou de cima a baixo. Ele brincou porque eu estava usando a mesma roupa da noite anterior.



- Que ótimo que você notou. Eu preciso ir pra casa logo pra tirar essa roupa. – Eu fiz careta.
- Espera. Isso foi um convite ou... – me olhou, desconfiado.
- Não foi um convite. – Eu gargalhei da ousadia dele.
- Foi só pra saber. – ergueu os ombros. – Vamos, eu te levo pra casa. – Ele apontou com a cabeça em direção ao seu carro.
- Vamos. – Eu confirmei, dando a volta no carro. Entramos no carro e fez o movimento de tirar a carteira do seu bolso como sempre fazia ao entrar no carro.
- Que droga. Esqueci a carteira no hotel. – resmungou, irritado.
- E agora? – Eu virei o meu rosto para olhá-lo.
- Se importa se passarmos no hotel rapidinho? Só pra eu pegar a carteira. Ai eu te levo pra sua casa e depois vamos almoçar. – parecia ter tudo planejado.
- Por mim, tudo bem. – Eu não vi problemas. – Mas eu tenho que entrar no trabalho daqui duas horas. – Eu só disse para que ele ficasse ciente.
- Dá tempo. – disse ao ligar o carro.

Como o planejado, seguimos para o hotel. Não ficava muito longe da minha faculdade. deixou o carro no estacionamento e subimos para o saguão. Nós conversávamos o tempo todo e não parávamos de fazer brincadeiras um com o outro. Passamos pela recepção e eu acenei para o gentil recepcionista. Era o mesmo da noite anterior.

- Você conhece ele? – perguntou, enquanto esperávamos o elevador chegar.
- Como acha que eu cheguei até o seu quarto sem ser anunciada ontem? – Eu olhei pro e ele riu.
- Entendi. – afirmou com a cabeça. O elevador chegou e nós entramos. Eu encostei em uma das laterais do elevador e se aproximou, ficando em minha frente.
- E então, onde nós vamos almoçar? – Eu sorri sem mostrar os dentes. se aproximou, passando seus braços em torno da minha cintura e beijando carinhosamente o meu rosto.
- Eu vou pra qualquer lugar que você quiser. – disse, voltando a colocar o seu rosto de frente pro meu.
- Qualquer lugar? – Eu passei meus braços em torno do pescoço dele e ele pareceu ter gostado do meu gesto. Aproximou-se e selou os meus lábios, enquanto afirmava com a cabeça. As portas do elevador se abriram e tivemos que nos afastar.
- Você vai fazer alguma coisa depois do trabalho? – perguntou, enquanto saiamos do elevador.
- Acho que não. – Eu sabia que ele estava prestes a me fazer um convite.
- Então, você quer sair comigo? Eu quero te levar em um lugar. – segurou a minha mão e começou a me puxar em direção a porta de seu quarto.
- Hm.. – Eu fiz cara de pensativa e ele rolou os olhos, rindo. Me puxou pra mais perto dele e selou longamente os meus lábios.
- Diz que sim.. – fez bico, me olhando de bem perto.
- É claro que eu aceito. – Eu dei um enorme sorriso, roubando um beijo dele.
- Está combinado, então. – piscou um dos olhos pra mim e se afastou um pouco para abrir a porta de seu quarto. Nossos dedos continuavam entrelaçados, quando ele abriu a porta.
- É rapidinho. – me puxou pra dentro do quarto. – Eu só preciso achar... – Quando adentramos o quarto, ambos fomos surpreendidos. Ao pararmos em frente da cama, nos deparamos com a cena mais desprezível e repugnante de todas.
- Amber? – arregalou os olhos ao ver a amiga deitada em sua cama vestindo um shorts minúsculo e um top. Eu olhei pra ela com nojo.
- O que essa garota está fazendo aqui? – Eu a olhei com todo o ódio do mundo. Amber parecia tão surpresa quanto eu ao ver meus dedos entrelaçados ao do .





Capítulo 49 – Você deveria saber



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:




- ... - puxou a minha mão e me afastou da cama, colocando-se em minha frente. O gesto dele de defender a Amber mais uma vez não me deixou brava, mas sim furiosa! Minha resposta foi imediata. Soltei a mão dele e o olhei com decepção e ódio. O olhar de insegurança com certeza me mostrou o quão preocupado ficou com a minha atitude. Atrás de , Amber me olhou e sorriu com deboche.
- Eu estou fora! - Eu afirmei, quando dei alguns passos para trás. Eu sentia uma mistura absurda de ódio e decepção. Amber estava novamente em nosso caminho e eu teria que assistir o não fazer nada a respeito de novo!
- ... - abriu os braços. Eu me virei de costas, mesmo querendo voltar lá para encher a cara da Amber de tapas. Abri a porta e a bati. suspirou longamente e virou-se para olhar pra Amber.
- Valeu mesmo, Amber! - esbravejou, olhando feio pra amiga. Ele afastou-se da cama e foi em direção a porta. A abriu com velocidade e agradeceu mentalmente por eu ainda estar no corredor, esperando o elevador. Meus braços cruzados e meus olhos fixos nas portas do elevador, que não abriam de uma vez. - Hey! Espera. - andou até mim. Eu nem me virei para olhá-lo. - Você não precisa ir embora. - Ele continuou me olhando. Continuar ignorando seria a melhor opção, mas eu não consigo.
- Eu não vou ficar entre vocês. - Eu afirmei, virando o meu rosto para olhá-lo.
- É claro que não vai, porque não existe nada entre eu e ela! - afirmou entre risos.
- É mesmo? Então, porque eu sinto que eu sou a outra da história dessa vez? - Apesar de seus risos, eu o olhei seriamente.
- Do que você está falando? - negou com a cabeça, inconformado.
- Ela sabia que você estava em Nova York. Ela sabia em qual hotel você estava. Ela sabia o quarto em que você estava. - Eu enumerei e ele me interrompeu.
- Até a minha irmã sabe de tudo isso! - tentou acabar com os meus argumentos. - Eu posso explicar, por favor? - Ele achava que era bem mais fácil eu tirar as minhas conclusões depois que ele explicasse que não fazia a menor ideia de que Amber viria.
- Não! Você não precisa se explicar pra mim porque eu não sou nada sua! Você não me deve satisfação alguma. - Eu me recusei a ouvir explicações.
- Eu sei que eu não preciso, mas eu quero explicar. - insistiu. - Eu não sabia que ela vinha! - Ele afirmou.
- O problema não é o fato dela ter vindo, mas sim o porquê dela ter vindo. - Eu o olhei com irritação.
- Jura que você não sabe o porquê dela ter vindo? - arqueou uma das sobrancelhas.
- Porque ela é obcecada por você? - Eu perguntei retoricamente. - Será mesmo que ela viria até aqui só por isso? - Eu o olhei com desconfiança.
- Do que exatamente você está me acusando? - me encarou e olhou fixamente em meus olhos. Amber aproximou-se da porta para que pudesse ouvir melhor toda a conversa.
- A Amber pode ser a maior vadia que eu já conheci, mas ela não é boba. - As minhas palavras me causavam um certo receio. – Ela não viria de Atlantic City até aqui se ela não tivesse certeza do que conseguiria. - O receio também tomou conta do rosto de . Ele sabia onde aquela conversa terminaria.
- Nós acabamos de resolver esse problema e agora voltamos pra ele. - negou com a cabeça. Ele estava tentando evitar o pior.
- Você está certo, mas dessa vez eu não vou deixar passar. Dessa vez, eu vou fazer perguntas antes de tomar qualquer decisão. - O meu tom de irritação desapareceu. - Na verdade, eu tenho somente uma pergunta. - Quando vi que ele não ia responder, eu me adiantei. - Ontem a noite... - Eu fiquei nervosa ao fazer a pergunta. Levei uma das minhas mãos até o meu cabelo e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. - Não foi a sua primeira vez, não é? - Eu perguntei no instante em que as portas do elevador se abriram. Eu estava desconfiando disso desde a noite passada, mas não tive a coragem de perguntar.

Na pergunta, eu não citei o nome da Amber, mas sabia muito bem que aquela pergunta tinha tudo a ver com ela. Ele sabia exatamente o que eu estava perguntando. O silêncio permaneceu por poucos segundos. rolou os olhos e negou com a cabeça. Se ele tivesse dito um 'sim' não teria sido tão claro quanto a sua sequência de atitudes. sabia o que aquilo significava pra mim. Ele sabia como aquilo me machucaria. Por isso, ele não teve coragem de afirmar em alto e bom som, mas ele também não mentiria.

Eu? Bem, eu estou me sentindo um lixo agora. Eu estou me sentindo tão patética, que ninguém jamais entenderia. Amber conseguiu de novo! Toda aquela besteira de que o que ele e a Amber tiveram não foi nada demais tomou uma proporção gigantesca. Eles tiveram algo muito maior do que ele havia me dito. deu a ela um lugar que ninguém vai poder tirar. Ela foi a primeira! Ela foi a 'garota especial' que ele escolheu e isso é uma coisa que eu jamais vou poder mudar. A Amber ganhou... como sempre.



- Eu já entendi. - Eu respirei fundo, pois não queria surtar. Eu não tinha esse direito. Entrei no elevador e mesmo estando lá dentro me mantive de frente pra ele.
- Eu não.. - me olhou com tristeza. Ele sabia que havia me magoado como nunca.
- Esquece. - Eu o interrompi, depois de apertar o botão do térreo. - Volta pra lá e.. - Eu balancei a cabeça negativamente. - Esquece. - Eu completei e as portas do elevador começaram a se fechar. Só deixamos de trocar olhares quando elas se fecharam por completo.

Sem brincadeira! Essa foi a coisa mais frustrante que aconteceu nos últimos meses. Sabe quando você está super empolgada com alguma coisa e do nada alguém vem e joga a realidade na sua cara e você percebe que bancou a idiota de novo? Impressionante como isso só me acontece quando se trata do . Eu estava completamente empolgada com a possibilidade de estarmos nos acertando de novo e estava estonteada com a noite passada. Agora, eu descubro que a Amber também teve esse prazer e foi bem antes de mim. Eu me senti tão especial e agora eu me sinto uma completa idiota.

Pra quem não se lembra, o meu ódio pela Amber é fruto dessa vontade ridícula dela de fazer tudo o que eu faço e de ser amiga dos meus amigos só pra provar pra si mesma que é melhor do que eu. Ela entende de futebol, ela tem um corpo escultural, ela sabe ser provocante e é a melhor em tudo o que você possa imaginar. É insuportável ficar perto dela. Não é inveja da minha parte, porque eu realmente sei que ela faz isso pra me provocar. Ela sempre foi o tipo de pessoa que aparece na sua festa de aniversário de 10 anos com a melhor roupa e com o melhor brinquedo pra ser o foco da sua própria festa de aniversário. Ela é a famosa recalcada.

- Que idiota... – Eu suspirei, me olhando através do espelho do elevador.

Como eu pude ser tão patética a ponto de pensar que me esperaria? Talvez porque ele disse que esperaria? Não importa. Ontem a noite, foi incrível, mas eu também não posso ignorar a Amber na cama dele. Eu não posso ignorar o maldito fato de que além de eu não ter sido a primeira, a Amber foi a primeira. Agora ela vai poder jogar isso na minha cara o resto da vida e o sabia muito bem disso.

Além de tudo, eu também me sentia mal porque, aparentemente, o e a Amber estavam se relacionando antes de eu aparecer. Agora, parece que eu sou a vadia que está tentando dar o troco para roubar o ‘namorado’ dela. Parece que eu sou a Amber dessa história e essa é a última coisa que eu gostaria de ser na vida. Ser como a Amber, é como chegar ao fundo do poço pra mim.

O elevador se abriu e eu passei apressadamente pela recepção. Diferente da noite anterior, havia mais de 3 taxis em frente ao hotel. Antes de orientar o motorista, mostrei a ele o único dinheiro que eu tinha na bolsa. Apesar de estar amaçado e um tanto manchado, o motorista disse que aceitaria.

Mesmo com o choque da notícia, eu estou surpresa com a minha reação. Pela primeira vez, não houve drama. Eu não estou me descabelando, chorando ou querendo morrer. Eu estou agindo mais friamente do que eu jamais imaginei, mas isso não quer dizer que eu não esteja me importando. Não foi uma decepção, foi mais como um golpe baixo.

O motorista me deixou em minha casa e eu tinha menos de uma hora para me arrumar e comer alguma coisa. Big Rob me cumprimentou como sempre e eu entrei apressadamente na casa. Joguei a bolsa sobre o sofá e subi as escadas. Busquei em meu guarda roupa uma calça jeans branca e uma regata também branca. Coloquei um sapato branco de salto médio e fui até o espelho para dar uma melhorada no meu rosto. Passei blush, rímel e dei uma rápida penteada no cabelo. Ao sair do quarto, peguei o meu frasco de perfume e passei o máximo que eu consegui. A quantidade que me fizesse tirar o perfume do do meu corpo. Quando vi que não daria tempo para comer, peguei um pacote de bolacha e o levei para o carro para eu comer no caminho para o hospital.

Mesmo com toda a correria, eu consegui chegar no hospital a tempo. Ainda no carro, coloquei o meu jaleco e segui para o hospital. Apesar de estar com raiva, eu continuava agindo friamente. Entrei no hospital e acenei rapidamente para alguns colegas que me viram de longe. Fui direto para a sala de assistência médica, que era onde eu ficaria naquele dia. Assim que eu entrei, dei de cara com a Meg. Eu até havia me esquecido que eu teria que encontrá-la.

- Olha só quem resolver dar as caras! – Meg sorriu com desconfiança. Eu me xinguei mentalmente por não ter pensado em nenhuma desculpa para dar a ela.
- Oi, Meg. – Eu forcei um sorriso e sai de sua frente, indo até o balcão para ver a prancheta que continha a quantidade de clientes agendados para aquela tarde.
- ‘Oi, Meg’? Só isso? – Meg virou-se para me olhar.
- Você está bem? – Eu olhei pra ela, me fazendo de boba.
- Estou ótima e você? – Meg me analisou discretamente.
- Estou bem. – Eu afirmei, achando que a conversa havia acabado.
- E então? – Meg deu alguns passos na minha direção.
- Você quer atender o primeiro paciente? – Eu me virei em sua direção, mas meus olhos ficaram fixos na prancheta em minha frente.
- ... – Meg arqueou uma das sobrancelhas.
- Tudo bem, eu atendo. – Eu coloquei a prancheta sobre o balcão e dei dois passos em direção a porta.
- Ei, ei, ei, ei! – Meg entrou na minha frente, me fazendo olhar pra ela. – Vamos parar de enrolação, ok? – Ela foi direta.
- Nós podemos conversar depois? – Eu não queria falar sobre isso agora. Talvez, eu nunca queira.
- Não! Não podemos! – Meg forçou um sorriso. – Primeiro você chega atrasada na faculdade com a mesma roupa da noite passada, vai embora correndo e sem dar qualquer explicação e agora aparece aqui como se nada tivesse acontecido. – Ela não desistiria tão cedo.
- Está bem, Meg! O que você quer saber? – Eu cruzei os braços, demonstrando impaciência.
- O que aconteceu ontem a noite? Você falou com o ? – Meg me olhou com atenção.
- Falei. – Eu afirmei sem me prolongar.
- E? – Meg abriu os braços.
- E eu entreguei a caixa pra ele. – Eu ergui os ombros.
- Só isso? – Meg estava estranhando.
- Nós conversamos. Nada demais. – Eu rolei os olhos.
- E que horas você foi embora do hotel? – Meg estava mesmo desconfiada.
- Eu fui... – Eu tentei procurar uma boa resposta, mas eu não consegui. – Eu não sei! Era bem tarde. – Eu desconversei.
- E foi por isso que você foi com a mesma roupa de ontem a noite pra faculdade? – Meg arqueou uma das sobrancelhas.
- Qual o motivo desse interrogatório? – Eu abri os braços, irritada.
- , desde que eu te conheço, eu nunca vi você usar a mesma blusa na mesma semana, quem dirá, dois dias seguidos. – Meg explicou o motivo de tanta desconfiança.
- Eu já disse que acordei atrasada! Não dava tempo de ir pra casa me trocar e usei a mesma roupa, ok? Mais alguma pergunta? – Eu estava extremamente irritada e nem percebi o fora que eu acabei dando.
- Espera, espera... – Meg cerrou os olhos. – Você disse ‘ir pra casa’? – A desconfiança triplicou. Eu quis me estapear quando percebi a besteira que havia dito.
- O que? Não! Eu disse que não deu tempo de escolher uma roupa e peguei aquela mesmo. – Eu tentei consertar.
- , você disse que não deu tempo de ir pra sua casa e que usou a mesma roupa. – Meg insistiu. – Você não dormiu em casa? , você... – Ela foi dizendo e do nada ela parou. Os olhos esbugalhados passaram a me encarar novamente. – NÃO! – Meg não conseguia acreditar naquela possibilidade.
- Meg... – Eu ia arrumar uma outra desculpa, mas eu não consegui.
- NÃO ME DIGA QUE VOCÊ... – Meg negou com a cabeça. Ela continuava sem acreditar naquela hipótese.
- O que? Dormi com ele? – Eu completei a frase dela. Comecei a me perguntar o que eu tinha a ganhar por esconder aquilo e não consegui pensar em nada. – Sim, eu dormi com ele e quer saber? Foi incrível! – Eu forcei o meu melhor sorriso. A aquela altura, eu não estava me importando com mais nada. – Mais alguma pergunta? – Eu questionei e Meg estava tão surpresa, que não conseguiu responder. Ela sabia que foi a minha primeira vez e foi justamente com o . Meg não superaria isso tão cedo. – Não? Ok! Então, vamos trabalhar. – Eu me afastei dela e fui em direção a porta. Eu me senti tão bem em colocar aquilo pra fora, que eu diria que até melhorou um pouco do meu humor.
- Brincadeira, né? – Meg sussurrou, me vendo sair pela porta.

Engraçado, né? Tanto tempo sofrendo e eu resolvo me impor e não me importar só agora? Essa decepção foi um pouco mais diferente das outras. Dessa vez, eu sei que não tenho culpa alguma. Eu sei que ficar com a Amber foi uma decisão só dele, porque é isso que os adultos fazem, não é? Eles são responsáveis pelas suas atitudes. Se ele quis perder a virgindade com ela, quem sou eu pra questionar? A vida é dele e ele faz o que quiser, mas eu não sou obrigada a ficar do lado dele e fingir que nada aconteceu. Eu não posso ficar com ele, sabendo que ele não se importou em perder a virgindade com a garota que mais me odeia nesse mundo. O não me deve satisfações, mas eu não tenho que bancar a idiota por causa disso. Essa é o tipo de decepção que acaba magoando menos, mas que é uma tremenda mancada, sabe? Uma rasteira inesperada! Então, porque eu devo me importar? Porque eu devo sofrer por isso?

A situação de era um pouco mais complicada. Ele era o culpado da vez e ele sabia disso. Dessa vez, não tinha um só motivo para que ele me odiasse. Não tinha como ele colocar 1% da culpa em mim. estava ciente que havia feito uma grande besteira e também estava ciente do quão aquilo me decepcionou. Foi quase como uma facada nas costas. Foi uma traição como a de qualquer outra pessoa que escolhesse a Amber ao invés de mim. pretendia me contar, mas não daquela forma. Não com a Amber quase nua em sua cama.

- O que você está fazendo aqui, Amber? – abriu os braços ao olhá-la com irritação.
- Como assim o que eu estou fazendo aqui? – Amber sorriu, sem graça. - Eu vim por você. - Ela completou.
- Como você me achou aqui? – odiava quando ela dizia aquelas coisas que fazia com que eles parecessem um casal.
- Eu... liguei na sua empresa. Eu disse que era a sua... amiga. Eles me passaram o endereço daqui. – Amber explicou como se o que ela estava contando fosse a coisa mais normal de todas.
- Você ligou na empresa? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu não podia? – Amber negou com a cabeça. A inconveniência de Amber também irritava .
- Qual o problema com você? – estava completamente impaciente. – Você não vê que isso está passando dos limites? Olha pra você! - Ele a olhou dos pés a cabeça.
- Viu só? É só você voltar a ver essa idiota da pra você voltar a agir como um babaca. – Amber esbravejou.
- Amber, o problema não é com ela ou comigo. O problema é com você! – negou com a cabeça. – Você veio de Atlantic City até aqui pra quê? – Ele a olhou, irritado.
- Eu já disse! Eu vim te ver! Eu sabia que você estava sozinho e eu quis vir aqui pra... – Amber procurou as palavras. – Eu não sei. – Ela suspirou.
- Eu sei exatamente o que você veio fazer aqui e a resposta é não! Não vai acontecer nada aqui! – foi curto e grosso. Ela ficou surpresa com a sua grosseria.
- Você... vai ficar com a ? – Amber o olhou com tristeza.
- Não importa! Com ou sem ... não vai rolar nada. Tira isso da sua cabeça de uma vez! – continuou sendo grosso. Ele já havia sido educado demais e de nada havia adiantado.
- Você está mesmo me mandando ir embora? – Amber cerrou os olhos.
- Eu estou dizendo que você não deveria ter vindo. – responder sem qualquer hesitação. A sua irritação era mais do que evidente. – Mas já que você veio, me esclareça uma coisa. – Ele aproveitaria a oportunidade para esclarecer algumas coisas não resolvidas.
- O que? – Amber cruzou os braços.
- No dia do aniversário da ... – começou a dizer, mas Amber o interrompeu.
- Você quer dizer o dia que nós ficamos juntos? – Amber fez questão de relembrar o ocorrido.
- É, tanto faz... – rolou os olhos – Tinha um compromisso anotado na minha agenda. Um compromisso com você. – não sabia como dizer aquilo sem acusá-la de uma vez.
- E? – Amber arqueou uma das sobrancelhas.
- Foi você que marcou aquele compromisso? – perguntou de uma vez.
- Provavelmente. – Amber ergueu os ombros. A frieza com que ela disse assustou um pouco o .
- Por quê? – a olhou, sério.
- Eu sempre fazia isso, lembra? Quantas vezes não fomos ao cinema ou a sorveteria porque eu havia marcado o compromisso secretamente na sua agenda? – Amber não entendia o motivo da pergunta.
- E você sabia que eu ia me encontrar com a naquele dia? Você sabia que era o aniversário dela? – se aprofundou no assunto.
- Eu não converso com ela, . Como eu saberia quando é o aniversário dela? – Amber fez careta. – Onde você está querendo chegar? – Ela abriu os braços. Nesse momento, ele teve certeza que tudo o que aconteceu no dia do nosso aniversário de namoro não passou de coincidência.
- Esquece... – suspirou longamente. Apesar de estar irritado, saber que a Amber não tinha feito nada de propósito fazia com que ele se sentisse um pouco melhor.
- O que está acontecendo, ? – Amber se aproximou do amigo, demonstrando preocupação. A aproximação dela fez com que ele se afastasse.
- Acontece que a foi embora de novo. – respondeu com irritação, já que a pergunta era ridiculamente redundante.
- Quem se importa? – Amber rolou os olhos.
- Eu me importo! – apontou pra si mesmo. – Você sabe que eu me importo! Porque fica agindo como se não soubesse tudo o que ela significa pra mim? – Ele sorriu com deboche.
- O que ela significa pra você? Além de decepção? Além de dor? Além de mágoa? E não vamos deixar de citar quando ela colocou aquele belo par de chifres na sua cabeça. – Amber também debochou dele.
- Você adora me lembrar disso, né? Você deve achar que isso me faz odiar a , não é? – segurou o riso. – Acho que você vai ter que procurar outro motivo pra me fazer odiá-la. – Ele a olhou.
- O que você quer dizer? – Amber cerrou os olhos.
- Ela não me traiu, Amber. – respondeu com um belo sorriso. Amber não disfarçou tamanha surpresa.
- Foi ela que te disse isso? Não me diga que você acreditou. – Amber tentou se conter.
- Honestamente? Eu não queria ter acreditado. Seria tão mais fácil lidar com o que eu fiz sabendo que ela realmente havia me traído. – voltou a ficar um pouco mais sério.
- E o que foi você fez de tão ruim assim? – Amber ironizou.
- Eu fiquei com você. – foi simples e objetivo. Amber não esperava aquilo.
- Não tente bancar o bom moço agora. Não pra mim! Eu sei muito bem que você gostou de ter ficado comigo. – Amber fingiu não se abater.
- Se eu gostei, porque será que eu só deixei que acontecesse uma vez? Com certeza deve ter sido pela minha falta de tempo. – foi extremamente sarcástico.
- SEU BABACA! – Amber teve um colapso e começou a estapeá-lo sem dó. se defendeu com os braços.
- Você gosta de dizer verdades, mas não gosta de ouvi-las? – respondeu ao se afastar dela.
- Você quer ficar com a ? Fique com ela! Sofrer e morrer pela ! Não é esse o seu lema? Vá em frente! – Amber esbravejou.
- Eu vou, mas você vai comigo! – afirmou calmamente.
- Eu o que? – Amber arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu não te pedi pra vir até aqui e mesmo assim você veio. A te viu e agora está achando que nós estamos juntos. Então, nós vamos até a casa dela e você vai dizer pra ela que não tem nada acontecendo entre nós. – disse em um tom de ordem.
- Vai sonhando! – Amber cruzou os braços.
- Você vai! – reafirmou, sério.
- Acha mesmo que eu vou fazer alguma coisa pra ajudar vocês dois a ficarem juntos? – Amber sorriu, irônica.
- Não estou pedindo pra você me ajudar. Estou te pedindo pra dizer a verdade. – rebateu.
- Dane-se! Eu não vou! – Amber reafirmou.
- Você vai! Nem que eu tenha te levar nos ombros. – a olhou, sério.

estava certo de que se a Amber fosse até lá e esclarecesse tudo, eu entenderia e até mesmo aceitaria esquecer tudo o que ele havia feito. Apesar de saber que ele já estava solteiro quando ficou com a Amber, sempre soube que dormir com a Amber nunca foi a coisa certa. Ele sempre soube o quanto isso me machucaria, mas na época me machucar era lucro. As coisas mudaram agora, mas o que está feito, está feito! Ele não pode mudar o que aconteceu, mas ele pode tentar consertar. Nós havíamos acabado de nos acertar e nunca foi tão bom ficarmos juntos. Agora, ele não tinha nada de novo e ele sabia que a única pessoa que tinha que tomar providências sobre isso era ele.

Depois da nossa breve conversa, Meg não atreveu-se a perguntar mais nada. Ela ainda não sabia reagir a esse meu novo comportamento. Com certeza algo havia acontecido para a minha tamanha mudança de atitude. Meg não viu mais aquela garota dramática e ingênua. Tinha alguma coisa me aborrecendo e que estava me fazendo agir friamente como se mais nada importasse. Meg queria me dar espaço para que não sofresse as consequências de outra pessoa.

Quando acabou o meu horário de trabalho, eu não queria ir embora. Trabalhar me distraía e evitava que eu ficava pensando em quem não valia a pena. Eu ficaria a noite toda lá, mas o meu chefe não permitiu. Eu tive que ir embora e voltar para casa. No caminho para casa, as músicas que tocavam no rádio me distraíram. Eu não queria ter tempo para pensar nele. não valia nem ao menos o meu ódio.

não sabia ao certo o horário que eu saia do trabalho, por isso ele já estava há algum tempo em frente a minha casa. Amber estava com ele, mesmo não querendo. Ele não havia dado opção a ela. Ambos aguardavam tediosamente dentro do carro de , quando ele avistou o meu carro se aproximar da minha casa.

- É ela! – despertou rapidamente.
- Não brinca. – Amber revirou os olhos.
- Fica aqui e quando eu te chamar, você fala com ela. – demonstrou que abriria a porta do carro. – Sem joguinhos, ok? – Ele olhou para Amber.
- Já entendi! – Amber esbravejou.
- Legal. – abriu a porta do carro, quando me viu estacionar o meu carro na garagem da minha casa. Bateu a porta de seu carro e apressou-se para me alcançar. Eu ainda não havia notado a presença dele até a hora que eu me virei em direção a minha casa já com as chaves nas mãos. – Nós podemos conversar? – Eu ouvi a voz dele atrás de mim. Eu pausei quase que instantaneamente. Meus olhos se fecharam em meio a uma careta.

- Não há nada para conversar. – Eu preferi continuar sem olhá-lo e deu alguns passos em direção a casa.
- Qual é! Vamos pular essa parte que você finge que não está brava comigo. – rolou os olhos e seguiu os meus passos até a porta.
- Eu não estou brava com você. – Eu finalmente me virei para olhá-lo para me defender. – Porque estar brava significa que eu me importo e, na verdade, eu não me importo. – Eu forcei um sorriso. O cabelo estava bagunçado, os olhos cerrados e o sorriso irônico me desafiavam.
- É mesmo? Não é isso o que parece. – analisou o meu rosto de perto.
- Corta essa, Jonas. – Eu revirei os olhos. – Porque não deixa esses joguinhos para a próxima transa? Ouvi dizer que tem um puteiro aqui perto, se caso você se interessar. – Eu disse, deixando de olhá-lo e colocando a chave na fechadura.
- Tem certeza que não está brava, ? – insistiu em me irritar.
- Não se ache tão importante, . – Eu abri a porta da casa e acendi as luzes.
- Se você não se importa, o que custa você me ouvir por 5 minutos? – abriu os braços ao me olhar da porta. Eu já estava dentro da casa, mas ele não atreveu-se a entrar.
- 5 minutos? 5 minutos é tempo demais pra perder com você. Que tal 3 minutos? – Eu negociei ao cruzar os braços.
- Jura? Porque se eu me lembro bem, você perdeu a noite passada inteira comigo. – sabia jogar o meu jogo como ninguém. Que desgraçado!
- Que bom que se lembra, porque ontem foi a primeira e a última vez. – Eu afirmei apenas para acabar com a graça dele.
- É isso o que você realmente quer? – cerrou os olhos em minha direção.
- É isso o que eu quero! – Eu afirmei de imediato. A minha informação foi mais do que suficiente para fazê-lo entrar na casa sem nem ao menos ser convidado. Ele fechou a porta atrás dele e eu entrei em estado de alerta.
- Quer saber o que eu acho? – começou a andar na minha direção e eu me esforcei para não me esquivar, porque sabia que era isso o que ele queria.
- Não, eu não quero. – Eu ergui os ombros, tentando me mostrar indiferente, mas ficou difícil com ele se aproximando cada vez mais.
- Não quer porque você já sabe o que vai ouvir, não é? – chegou até mim e não teve como. Eu tive que começar a dar alguns passos para trás.
- Como o idiota egocêntrico que você sempre foi, você não vai aceitar o meu não como resposta e vai tentar me fazer mudar de opinião. – Eu respondi, enquanto continuava me afastando e o corpo dele me acompanhava. Nossos rostos estavam há menos de 2 palmos de distância.
- Qual é... – rolou os olhos e sorriu de forma sedutora. – Não tem a ver com o meu ego ou com a minha capacidade de te fazer mudar de ideia. – O que eu tanto temia, aconteceu. Minhas costas se chocaram contra uma das paredes da sala e eu não tinha mais para onde ir. O corpo do também parou de se movimentar e ficou em minha frente. Ele apoiou uma de suas mãos na parede bem ao lado do meu rosto e o seu rosto ficou a um palmo de distância do meu. – Tem a ver com o tem aqui dentro... – A outra mão dele se aproximou do meu peito e um de seus dedos apontou e tocou a minha pele no lugar do meu coração. – Tem a ver com o seu medo. – Ele diminuiu o tom de sua voz. O dedo dele que apontava em direção do meu coração começou a deslizar lentamente pelo meu corpo. Meus olhos acompanhavam o seu dedo, enquanto eu sentia o meu corpo estremecer. sabia exatamente os efeitos que ele estava me causando e o sorriso dele demonstrou o seu prazer em fazer aquilo.

- Medo? – Eu tentava me recompor aos poucos. Meus olhos voltaram a encarar os dele, que me olhavam com intensidade.



- Você sabe que eu vou voltar pra Atlantic City em algumas semanas e está morrendo de medo de se envolver comigo de novo. Está com medo de me colocar na sua vida de novo, porque sabe o quanto foi difícil tirar. – falou baixinho, enquanto seus olhos mantinham-se fixos em meus lábios. Em meio a conflitos internos, eu agradeci mentalmente por ele ter dito aquilo, pois aquela era a única forma de me acordar daquele transe em que eu me encontrava.
- Me envolver com você de novo? – Eu sorri pra ele com deboche. – Uma noite e você já acha que eu estou apaixonada por você? Não seja ridículo, Jonas. – Eu continuei a debochar. Toquei o seu peitoral com uma de minhas mãos e afastei o seu corpo do meu.
- Apenas admita, . – não levou o meu deboche tão a sério.
- Não há nada para admitir. – Eu fiz careta como se não fizesse a menor ideia do que ele estava dizendo.
- Ficar em negação faz você se sentir melhor? Acha que as suas palavras fazem com que eu queira me afastar? – me olhou com ironia. – Desista, ! – Ele ergueu os ombros. – Desista porque eu não vou a lugar algum! Você pode tentar me afastar o quanto você quiser, você pode correr o mais rápido que você conseguir, mas eu já percorri esse caminho diversas vezes e eu conheço cada desvio desse labirinto e acredite: todos acabam no mesmo lugar. – sorriu, feliz com o seu discurso.
- De onde você tirou tanta besteira? – Eu cerrei os olhos.
- E você continua fugindo. – abriu os braços em meio a um riso.
- Está bem. Vai embora, Jonas! – Eu disse, impaciente.
- Sabe o que é mais engraçado? Você está enlouquecendo, porque mesmo querendo, você não consegue se arrepender do que aconteceu na noite passada. Sabe por quê? Porque você queria aquilo como eu queria. Porque você esperou tanto por aquilo quanto eu. Porque você gostou daquilo como eu gostei e porque você sempre quis que fosse eu, como eu queria que fosse você. – não tinha limites. Ele não desistia tão fácil e ele exatamente como me atingir.
- É, mas não fui eu, ! – Ouvi-lo falar daquele jeito me deixou indignada. - Foi a Amber. Parece que as suas ações não acompanham os seus desejos. – Nós finalmente estávamos discutindo sobre o problema principal: a Amber.
- Olha só, nós podemos parar de brigar por um minuto? – sabia que tinha que falar sério agora. – Eu sei que está decepcionada e eu acho que você tem motivos pra isso, mas... – Ele balançou a cabeça negativamente, enquanto suspirava. – Ontem foi importante, ontem significou o mundo pra mim, ontem foi a melhor noite da minha vida por causa de você. – Era incrível como ele conseguia ser o maior babaca do mundo em um instante e o cara mais doce do mundo no outro. O riso sarcástico foi trocado por um olhar sério e sincero.
- Ontem só me fez ver que não importa quanto tempo passe, não importa onde estejamos e não importa o quanto nós amadurecermos. Isso nunca vai funcionar. – Eu também mudei o meu tom de voz ao dizer aquelas palavras, que era mais como um desabafo. – Talvez o destino queira isso, mas junto com ele vem muitas decepções que eu não vou suportar passar. – Eu disse, vendo a indignação em seu olhar.
- Para de pensar no futuro! Pensa no agora! O que você quer agora? Eu estou aqui em sua frente agora! – abriu os braços, voltando a se aproximar de mim.
- Não vai acontecer, . – Eu voltei a me afastar, pois a proximidade me assustava. Eu sinceramente não estava a fim de voltar a passar por tudo aquilo. – Volta pra Amber. Ela vai fazer você feliz. Ela não vai te magoar. Ela é o desvio desse labirinto. Entre nele e não olhe pra trás. – Eu achei que estaria colocando um fim na conversa com aquelas palavras que eu odiei ter dito, mas que parecia o certo a se dizer.
- Você é inacreditável! – ficou ainda mais indignado.
- O que foi? Está acontecendo algo entre vocês! Vocês estavam juntos de alguma forma. – Eu me lembrei das fotos do e da Amber se beijando que foram misteriosamente enviadas pra mim. – Você quer o que? Que eu ignore tudo isso? Que eu dê uma de Amber e finja que não sei de nada? – Eu me defendi. – Eu não sou assim! – Eu justifiquei.
- Droga! Você ainda não entendeu que eu não quero ficar com ela? – voltou a falar grosso. – Você é surda, ignorante ou o que? – Ele também estava perdendo a paciência. E lá vamos nós novamente.
- Não quer ficar com ela? Qual é! Se eu não tivesse aparecido no hotel na noite passada, você teria passado a noite com ela. – Eu rolei os olhos.
- Acha mesmo que eu só dormi com você por falta de opção? Por que a Amber não estava lá? – debochou do que eu havia dito.
- Agora você vai jogar todas as suas opções na minha cara? – Eu cerrei os olhos em sua direção.
- Faria diferença? – sorriu cinicamente e ele ergueu os ombros.
- Sabe o que faria diferença? Você não ter omitido a sua historinha com a Amber ontem a noite. As coisas teriam sido bem diferentes. – Eu contra ataquei imediatamente.
- Para de usar a Amber como desculpa! Com Amber ou sem Amber. Tanto faz! Você sabe que eu conseguiria dormir com você de qualquer jeito. – sorriu, malandro. Que filho da puta!
- Vai se ferrar! – Eu o olhei com desprezo. Ele sabia que havia me deixado possessa!
- Wow! Você parece brava agora, . – segurou o riso.
- Você é um babaca. – Eu fui em direção a ele e comecei a estapeá-lo com toda a minha força, mas ele segurou as minhas mãos.
- Foi você que começou! – se justificou, enquanto ainda segurava as minhas mãos.
- Aposto que você vai se gabar para os seus amigos depois, não é? – Eu o fuzilei com os olhos de bem perto. – Você tem uma lista pra isso também? Qual o número que eu sou? 5? 10? – Eu ironizei, enquanto tentava me desvencilhar das mãos deles.
- Você é a número 1! – gritou na minha cara, sabendo que isso calaria a minha boca.
- Ah, cala a boca! – Eu fiz careta, puxando minhas mãos com força e o empurrando pra trás.
- Acha que se fosse mentira eu estaria aqui? Acha que eu viria até aqui me humilhar pra você por nada? – questionou.
- Acho que você tem que dar o fora daqui. – Eu disse, me mantendo longe dele.



TROQUE A MÚSICA:



- Você não acredita em mim, não é? – cerrou os olhos pra mim. – Então acho melhor você ouvir a verdade da boca dela, certo? – Ele disse, indo em direção a porta. Eu demorei para me dar conta do que ele estava dizendo. Meus olhos acompanharam a ida dele até a porta. Ele chamou alguém que estava lá fora e eu não conseguia acreditar que ele havia tido aquela ideia infeliz. Eu não acreditei quando vi a Amber entrando na minha casa com os braços cruzados e com a cara emburrada. Olhei pro , sem compreender. O que aquela vadia estava fazendo ali? – Conta pra ela. – olhou friamente pra Amber.
- Você está de brincadeira, né? – Eu ainda não conseguia acreditar.
- Deixa ela falar. – me deu uma bronca e eu fiquei ainda mais irritada. Quem ele pensa que é?
- Não acredito que você trouxe essa vadia pra dentro da minha casa. – Só o meu olhar dizia a ele o quão furiosa eu estava.
- Veja como você fala, garota! – Amber gritou em sua defesa.
- Eu estou na minha casa! Eu falo o quanto eu quiser e se eu quiser. Você só escuta e cala a boca. – Eu respondi de prontidão.
- Vai deixar ela falar assim comigo? – Amber olhou pro , esperando alguma atitude.
- Oh, ele vai! Ele vai porque ele não é nem louco de tentar me impedir! – Eu deixei de olhá-la para olhar do , só esperando para ver se ele tomaria alguma atitude.
- Olha, eu não trouxe ela aqui pra vocês brigarem. – tentou acalmar o clima.
- Não importa o porquê de você tê-la trazido aqui. Ela vai embora agora. – Eu comecei a expulsar a Amber.
- , espera... – tentou intervir, mas eu o interrompi.
- Eu estou falando sério, . Tira ela daqui agora! – Eu fui mais ríspida, demonstrando pra ele que eu não estava brincando.
- É por causa dessa garota que você veio até aqui? Foi por causa dessa garota que eu vim até aqui? – Amber olhou pro , mas disse em alto e bom som para que eu ouvisse.
- Se ela falar ‘dessa garota’ mais uma vez, eu juro que arranco os cabelos dela. – Eu respirei fundo, tentando me acalmar.
- Pra ela estar brava desse jeito ela com certeza já deve saber de tudo, não é? – Amber me olhou com aquele riso irônico.
- Saber do que exatamente? – Eu me fiz de desentendida. – Que você é uma vadia de quinta? Que você adora pegar o que é meu? – Eu queria me aproximar, mas me mantive longe porque era o único jeito de me conter. – Disso eu sei faz tempo! – Eu completei.
- Vadia de quinta? Chame do que você quiser, mas nós duas sabemos que tem quem queira. – Amber piscou um dos olhos pra mim. – E tem certeza que sou eu que gosto de pegar o que é seu? Se você está referindo ao , sinto muito te informar, querida, mas ele foi meu bem antes do que você. – Ela estava se sentindo poderosa. Eu estava tentando manter o controle, mas estava tão difícil. – E quando eu falo que ele foi meu bem antes do que você, eu quero dizer em tudo! – Amber completou, referindo-se a primeira vez do . Agora ela está fudida!
- Amber, você não está ajudando. – tentou impedi-la de continuar com aquilo.
- Se ele é seu, pode me dizer por que é que ele veio bater na minha porta, ‘querida’? – Eu a olhei, ansiosa pela resposta.
- Comer só filet mignon parece luxuria demais, não acha? As vezes precisamos comer carne seca também pra demonstrar... – Amber fez uma breve pausa. – Eu não sei... Compaixão? – Ela disse, depois de parecer pensativa. Não levou dois segundos para que andasse apressadamente em direção a ela com toda a raiva do mundo.
- Compaixão é tudo o que eu não vou ter com você... – Eu estava prestes a alcançá-la, mas adivinha? O herói está de volta! entrou em minha frente e com as mãos em minha cintura, ele foi me empurrando pra trás. – Eu estou avisando. Tira essa garota daqui. – Eu olhei pra ele completamente impaciente.
- Vem! Vamos pra lá. – continuou me empurrando para trás em direção a cozinha. Atrás de , eu ainda consegui olhar pra Amber. Ela acenava pra mim com uma das mãos daquele jeito debochado que toda e qualquer vagabunda tem. Eu nunca quis tanto voltar lá e quebrar todos aqueles dentes, mas eu sei que o não deixaria. Isso quer dizer que eu tenho que me livrar dele. – Eu deveria ter imaginado que isso não iria dar certo. – Ele revirou os olhos, quando chegamos na cozinha.
- Ela me tira do sério! – Eu suspirei longamente, enquanto colocava uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Eu vou levá-la embora. Você está bem? – me olhou, preocupado.
- Está. Eu só... – Eu sabia exatamente o que fazer. – Eu só preciso de um pouco de ar. – Eu menti, pois eu o conhecia tão bem a ponto de manipulá-lo.
- Então vem aqui fora. – não hesitou em caminhar até a porta de vidro que dava passagem para o quintal. Eu fui logo atrás dele e esperei ele abrir a porta. abriu a porta sem desconfiar de nada e passou por ela. Ele ainda estava de costas pra mim, quando eu puxei a porta, a fechei e a tranquei o mais rápido que eu consegui. assustou-se com o barulho e virou-se para me olhar. Quando ele viu a porta fechada, sua cara foi impagável. Parecia até que ele sabia exatamente o que eu iria fazer. – Muito engraçado! – tentou abrir a porta, sem sucesso. Eu sorri largamente pra ele e coloquei minhas mãos na cintura. – Abra a porta, ! – Ele ordenou, me olhando feio através da porta de vidro. Mordi o meu lábio inferior e ergui os meus ombros. Comecei a dar alguns passos pra trás e ele não demorou a ter um colapso. – Ei! Onde você vai? – gritou, vendo eu me afastar.
- Se você adivinhar, ganha um beijo. – Eu segurei o riso e em seguida pisquei um dos olhos pra ele. Virei de costas e fui em direção a saída da cozinha. Quero ver quem é que vai me segurar agora!
- ! Volta aqui! – gritou desesperadamente ao me ver abandonar a cozinha. – ! – Ele tentou mais uma vez. – Merda! – resmungou, quando viu que não conseguiria me impedir.

Amber estava distraída, enquanto observava a casa. Ela não esperava que a minha casa fosse tão grande. Os olhos dela rejeitavam toda a decoração da casa simplesmente por achar que a decoração era toda minha. Amber taxava tudo o que via pela frente como cafona e nem me viu quando eu voltei para a sala. Eu também não fiz questão de anunciar a minha volta.

- E ai, gostou? – Eu perguntei, enquanto a observava de costas. Minhas mãos estavam apoiadas no sofá. Foi visível o susto que ela levou. Amber me olhou rapidamente.
- Incrível como a sua cafonice acaba até com uma casa bonita como essa. – Amber começou bem.
- Ah, é mesmo! Esqueci que você é a expert em design. – Eu me lembrei do fato dela ter ajudado a decorar o seu apartamento. – O que é que você não aprende a fazer pra agradar o , certo? – Eu comecei a dar lentos passos em direção a ela.
- ! – gritava do quintal, tentando me impedir de algum jeito.
- Essa voz é do ? – Amber olhou em direção a cozinha.
- Voz? Qual voz? – Eu me fiz de boba.
- ! Não faz isso! – gritou mais uma vez, acabando com o meu teatro.
- Oh, essa voz? – Eu apontei um dos dedos em direção a cozinha. – É o sim. – Eu confirmei.
- Onde ele está? – Amber engoliu seco.
- Ele... está tomando um ar. – Eu achei graça da minha resposta. Qual é! Não é mentira!
- Onde ele está? – Amber foi mais ríspida.
- É impressão minha ou você está preocupada? – Eu cerrei os olhos ao observá-la.
- Traga o aqui. Ele me leva embora. – Amber estava começando a se borrar.
- Te levar embora? Não, agora eu quero que fique. Nós vamos conversar. – Eu tentei dar um sorriso dócil. – Afinal, não foi pra isso que você veio até aqui? – Eu completei, colocando em prática o meu lado atriz.
- Sinceramente, eu não sei o que o queria que eu te dissesse. Você já sabe tudo o que aconteceu. Pra que ficar repetindo e tornar tudo tão doloroso pra você? – Corajosa essa Amber, não?
- Doloroso? E porque seria doloroso? – Eu continuei me aproximando lentamente. Eu só estava esperando a próxima gracinha.
- Eu não sei. Deve ser meio doloroso saber que o seu ex dormiu com a garota que você mais odeia. – Amber sorriu com sarcasmo.
- Eu estou levando isso numa boa. Você não? – Eu ergui os ombros. Foi o meu jeito discreto de dizer a ela que eu também havia dormido com o .
- Não. Na verdade, eu me sinto até meio confortável com isso, já que na primeira vez dele era eu quem estava lá. – Amo quando ela me dá motivos pra quebrar a cara dela.
- Jura que não te incomoda saber que mesmo você tendo sido a primeira, ele ainda vive atrás de mim? – Eu pausei por alguns segundos.
- Ele não cansa, né? Toda vez é a mesma coisa! Ele corre atrás de você e você acaba magoando ele. – Amber rolou os olhos.
- Você deveria me agradecer! Se eu não o magoasse para o que mais você serviria? – Eu debati de imediato.
- Não vai me dizer que você acha que ele só dormiu comigo porque ele estava magoado? – Amber fez careta.
- Ele estava? – Eu perguntei sem qualquer intenção.
- É claro que estava! Você tinha acabado de quebrar o coração dele... de novo! – Amber voltou a me culpar pelas decepções de . – Mas sexo não é o tipo de coisa que você faz sem realmente querer. – Ela ergueu os ombros.
- Como é que é? – Eu cerrei os olhos, pois desconfiei que houvesse algo errado.
- Qual parte você não entendeu, otária? – Amber cruzou os braços e me olhou tediosamente. Quando ouvi ela me insultar dei mais alguns rápidos passos em sua direção e ela ficou visivelmente assustada, que chegou até dar alguns passos para trás.
- Como assim eu tinha acabado de quebrar o coração dele? – Eu queria explicações.
- Você tinha terminado com ele! – Amber disse como se eu fosse uma doente mental. A revelação me pegou desprevenida. Eu nunca havia pensado nessa possibilidade. Toda a minha empolgação por finalmente poder dar uma lição nela desapareceu para dar lugar a minha decepção ao pensar que aquilo o que ela estava dizendo realmente fosse verdade. Ela se aproximou, passando ao meu lado com aquele seu sorriso falso.



- Ah, não... – Amber percebeu a minha surpresa com tamanha revelação. – Ele não te contou? – Ela fingiu um bico. O sarcasmo dela fez o meu sangue subir instantaneamente. Meus olhos a seguiram, enquanto ela andava e sorria com ar de superioridade. – Já que ele não contou, eu conto. – Ela segurou o riso e parou a alguns passos de mim.. – O perdeu a virgindade comigo no dia em que você terminou com ele. – Eu respirei fundo e os meus olhos a fuzilavam como nunca. – Espere um minuto! Esse também não era o dia do seu aniversário? Não era o dia do aniversário de namoro de vocês? – Amber ironizou e eu dei mais alguns passos em sua direção. Ela voltou a se afastar. – Não se preocupe. Nós soubemos comemorar sem você. – Ela me provocou mais uma vez e foi o que bastou para que eu finalmente tomasse uma atitude. Eu a empurrei para trás com uma das mãos e o corpo dela se chocou com a parede que estava logo atrás dela.
- Foi prazeroso pra você? – Eu perguntei, indo até ela. Amber ainda se recuperava do seu choque contra a parede. Aparentemente, ela havia batido a cabeça.
- O que você está fazendo!? – Amber me olhou, assustada.
- Duvido que ele tenha te dado mais prazer do que o que você sentiu quando pensou que poderia jogar isso na minha cara o resto da vida. – Eu parei em sua frente e ela ainda fazia cara de dor.
- Ai, minha cabeça... – Amber resmungou, fazendo careta.
- Oh, a sua cabeça está doendo? Acho que como estudante de medicina, eu posso dar uma olhada pra você. – Eu levei uma das mãos até a cabeça dela, entrelacei os meus dedos em seu cabelo e o puxei com força.
- NÃO, NÃO... – Amber implorou, enquanto eu a afastava da parede com um puxão de cabelo.
- Ok, boas notícias. Sua cabeça está ótima e infelizmente você ainda não vai morrer. – Eu soltei o cabelo dela e ela me olhou, furiosa.
- SUA VAGABUNDA! – Amber veio pra cima de mim cheia dos chiliques. Ela tentou me dar uns 20 tapas, mas eu consegui impedi-la ao segurar as suas mãos.
- O que foi? Não me diga que quer que eu examine os seus braços também? – Eu disse, segurando as suas mãos. – Já que negligência é crime, eu não tenho outra escolha. – Eu forcei um sorriso. Já que eu já segurava as suas mãos, foi fácil virá-la de costas e trazer um de seus braços para trás. – Vamos ver se tem algo errado com o seu braço. – Eu deixei ela virada de frente para a parede e mantive um de seus braços nas costas. Eu comecei a empurrá-la para frente e novamente choquei o seu corpo contra a parede, mas dessa vez ela estava de frente e não de costas. – Ops... – Eu tentei conter o riso, mas estava difícil.
- Desgraçada... – Amber resmungou em voz baixa.
- O que você disse? – Eu fingi que não tinha escutado.
- Eu disse que você é uma vagabunda desgraçada. – Amber disse, furiosa. Eu a afastei da parede e em seguida voltei a chocar o seu corpo contra a parede.
- Eu não estou ouvindo! – Eu mordi o meu lábio inferior para não rir.
- VOCÊ ESTÁ MACHUCANDO O MEU BRAÇO! ME SOLTA! – Amber gritou desesperadamente. O grito foi tão alto que até mesmo o conseguiu ouvir do quintal. Se antes ele já estava temendo pelo pior, agora ele estava maluco.
- ! – gritou o meu nome, esperando que ele pudesse me impedir.
- Seu braço está ótimo. Você conhece o ditado: vaso ruim não quebra. – Eu soltei o braço dela e me afastei dela. Eu conseguia ouvir os gritos do no quintal, mas eles não me intimidavam nem um pouco. Voltei a olhar pra Amber e a vi levar a mão até o braço que eu havia torcido anteriormente. Ela estava toda descabelada.
- Me bater não vai mudar o fato de eu ter sido a primeira garota com quem ele dormiu. – Amber me olhou com cara feia.
- Eu não estou fazendo isso por ele. Estou fazendo isso por mim. – Eu respondi, sem hesitar. – Estou fazendo isso por cada coisa que você já me fez ouvir. Estou fazendo isso por cada minuto do ódio que você fez com que eu desperdiçasse com você. Estou fazendo isso... – Eu voltei a me aproximar dela e toquei a sua blusa, que pela primeira vez na vida não estava deixando a sua cintura a mostra. Peguei a beirada da blusa e a puxei com força. Acabei tirando toda a parte de baixo da blusa dela, que agora tinha se transformado em um top. – Por cada roupa justa ou curta que você usou perto do meu namorado. – Eu ataquei o pedaço da blusa que eu havia rasgado em seu rosto.
- MINHA BLUSA... – Amber olhou para a sua blusa toda rasgada.
- Estou fazendo isso por cada coisa MINHA que você desejou que fosse SUA. Coisas essas, aliás, que continuam sendo minhas, porque você não passa de uma fracassada. – Eu disse com um sorriso no canto do rosto. Amber se sentiu um lixo ao ouvir os meus insultos. No fundo, ela sabia que era verdade. Minhas palavras a atingiu tanto, que ela teve uma reação surpreendente. Ela foi até uma mesinha que havia ali mesmo na sala e jogou tudo o que havia lá em cima no chão. Inclusive o vaso favorito da tia Janice, que eu fiz questão de manter no mesmo lugar.
- ELE NUNCA VAI SER SEU TANTO QUANTO ELE FOI MEU. ELE FOI MEU PRIMEIRO E VOCÊ VAI TER QUE CONVIVER COM ISSO PRO RESTO DA SUA VIDA! CADA VEZ QUE VOCÊ SE DEITAR COM ELE, VAI LEMBRAR QUE EU FUI A PRIMEIRA! – Amber surtou e os seus gritos só deixaram isso mais claro. Eu não dei a mínima para o que ela disse. Eu só conseguia pensar no vaso favorito da tia Janice, que agora estava em pedaços no chão. Se eu já estava puta da vida antes, agora a porra ficou séria. Eu andei em direção a Amber e ela tentou me enfrentar. Ela tentou me dar um tapa, mas eu a empurrei para trás. As costas dela novamente se chocaram na parede e enquanto ela se recuperava, eu fui até ela e usei toda a minha força para dar um tapa em seu rosto. Ela abaixou o seu rosto, sentindo a dor do tapa.
- Se a sua mãe não te ensinou a não cobiçar as coisas dos outros e a respeitar a casa alheia, eu mesmo ensino. – Eu disse, tocando o seu rosto e o trazendo pra cima. Com a mão em seu rosto, eu fiz com que ela olhasse pra mim. – Pede desculpa. – Eu disse, fuzilando ela com os olhos.
- Vai pro inferno. – Amber me disse com desprezo.
- PEDE DESCULPA AGORA! – Eu gritei no auge da minha insanidade. No mesmo instante, eu ouvi a porta sendo aberta e no segundo seguinte eu estava nos braços do Big Rob, que havia me tirado de perto da Amber. – ME SOLTA! – Eu tentei me livrar dos braços do Big Rob, mas era impossível.
- MALUCA! – Amber gritou, colocando a mão no local em que eu havia estapeado.
- Calma! Calma, ! – Big Rob me colocou no chão, mas ficou esperto para uma eventual fuga minha.
- Que droga... – Eu suspirei, levando minhas mãos a cabeça e entrelaçando meus dedos em meu cabelo. Odiava perder o controle daquele jeito. Ainda mais por causa da Amber. Apesar de tudo, eu estava feliz e satisfeita por finalmente ter dado uma lição nela.
- Está tudo bem? – Big Rob perguntou. Ele não sabia se eu também estava machucada.
- Está. – Eu afirmei. – Tira ela daqui, por favor. Leva ela pra um hotel, não sei. – Eu não queria nem saber pra onde ela ia. Eu só queria não ter que olhar mais pra cara dela.
- Está bem. – Big Rob atendeu o meu pedido. Ele se afastou de mim e foi até a Amber. Ela estava encostada na parede. – Ei, moça. Venha. Eu vou te levar pra um hotel aqui perto. – Ele a puxou cuidadosamente.
- Me tira de perto dessa maluca. – Amber pediu, aceitando de prontidão a proposta do Big Rob.

Eu vi o Big Rob e a Amber saírem pela porta da frente. Ela nem teve coragem de voltar a olhar na minha cara. Acho que a partir de agora ela vai pensar duas vezes antes de se meter na minha vida. Depois que a porta se fechou, eu fui até os pedaços do vaso favorito da tia Janice. Me agachei e cheguei a pegá-los mesmo sabendo que nada poderia ser feito. Enquanto eu juntava os cacos do vaso, o grito de fez com que eu me lembrasse que ele ainda estava lá. Eu rolei os olhos, pois eu realmente não queria ter que lidar com ele agora. Me levantei e coloquei todos os pedaços do vaso que eu havia juntado sobre a mesinha. Respirei fundo, enquanto andava em direção a cozinha. Cheguei na cozinha e vi ele através da porta de vidro. me matou só com o olhar. Ele estava tão bravo, que eu quase fiquei com medo. Eu abri a porta e fiquei de frente pra ele. Ele mal se moveu.

- Sério? – olhou pra mim. – Era mesmo necessário? – Ele perguntou daquele jeito sério.
- Era sim! – Eu respondi com um fraco sorriso no rosto.
- Cadê a Amber? – passou por mim e foi direto para a sala. Eu o acompanhei, ansiosa pela sua reação. – Mas... – Ele olhou em volta e viu a mesa revirada. – O que foi que aconteceu aqui? – me olhou, preocupado.
- Adivinha? – Eu cruzei os braços.
- Onde ela está? – Do jeito que ele estava falando até parece que ele achava que eu tinha matado ela.
- Fica calmo! Sua melhor amiga está ótima. Nenhum dente ou osso quebrado. Eu juro! – Eu tentei tranquilizá-lo.
- Eu não devia tê-la trazido aqui. – suspirou. Tudo o que ele queria ela consertar as coisas e agora ele só havia piorado tudo .
- Ela me contou. – Eu olhei, esperando alguma reação dele.
- O que? – não sabia do que eu estava falando.
- Você transou com ela no dia do meu aniversário. No dia do nosso aniversário de namoro. – Eu expliquei pra ele do que se tratava. A expressão em seu rosto mudou. Ele até havia se esquecido desse pequeno detalhe.

Até eu estava assustada com o meu comportamento ao falar daquele assunto. Por trás de toda aquela calma, havia uma garota furiosa que queria falar os maiores absurdos pra ele. Não valia a pena. Eu me sentia ainda mais traída do que antes. Que tipo de cara faz isso? No dia do meu aniversário? Ele era solteiro há apenas algumas horas. Fez com que eu me sentisse culpada por tê-lo feito sofrer com o término. Sofrer? Que tipo de sofrimento é esse? Pra mim só ficou mais evidente que ele é um cafajeste da pior espécie, que só está no meu pé para me fazer de idiota de novo. Se ele acha que vai conseguir, está muito enganado!

- Olha só, eu sei o que parece... – quis rapidamente se explicar.
- O que? Que você fez isso pra me punir? Que você estava tentando me provocar? – Eu o encarei, séria.
- Não foi por isso. – negou com a cabeça. Ele parecia chateado ao falar daquele assunto. Nem mesmo ele sabia explicar os motivos que o levaram a dormir com a Amber naquela noite.
- Você é bom nisso, não é? – Eu disse logo depois de ter tido uma ideia. Agora eu vou mostrar para ele com quem ele está lidando. – Em me provocar. – Eu fui andando lentamente até ele. estranhou a minha reação.
- Eu sou bom em muitas coisas, mas sou ainda melhor quando essas coisas estão relacionadas a você. – sorriu, dando o aval que eu precisava para seguir com o plano. Eu parei em sua frente e ele me olhou de bem perto.
- Você não devia se gabar tanto. Eu também posso ser muito provocante quando eu quero. – Eu dei o meu sorriso mais sedutor. Levei uma das minhas mãos até a camisa dele e enrosquei meus dedos nos botões da mesma. não sabia o que estava acontecendo, mas ele estava gostando.
- Eu sei muito bem que você pode. – Os olhos dele estavam fixos nos meus.
- Faz tempo, não é? – Eu queria fazê-lo lembrar dos velhos tempos para que ele não tivesse tempo de desconfiar do que eu estava fazendo. Eu já havia desabotoado o 3° botão de sua camisa.
- Durante todo esse tempo, você aprendeu algum truque que eu já não conhecesse? – disse, tocando a minha cintura com as suas mãos e me trazendo para mais perto dele. Eu abaixei o meu rosto para que ele não tentasse me beijar, pois isso dificultaria muito as coisas.
- Você vai ter que descobrir. – Eu mordi o meu lábio inferior, apenas para fazer charme.
- Você não está mais brava? – continuou estranhando a minha rápida mudança de comportamento.
- O ódio também pode ser muito excitante. Você não acha? – Eu voltei a olhar em seu rosto, já que havia acabado de desabotoar a sua camisa.
- Eu acho que qualquer coisa é excitante quando se trata de você. – disse baixinho, já que estávamos bem próximos. Ele fez a sua primeira tentativa para me beijar, mas eu consegui me esquivar. Para que ele não estranhasse a minha atitude, abri a sua camisa já desabotoada e a tirei, jogando-a sobre o sofá.
- Qualquer coisa? – Para tornar tudo mais convincente, levei uma das mãos até o peitoral dele e deslizei até a sua cintura. Está bem! Eu queria tirar uma casquinha! Não é tão fácil ficar perto dele sem camisa. – Então, fecha os seus olhos. – Eu pedi, olhando pra ele.
- O que? – estranhou. Seria um dos meus novos truques?
- Confie em mim. – Eu pedi da melhor forma que eu consegui. – Eu quero te levar a um lugar e te fazer uma surpresa. – Eu menti. Era necessário para o seguimento do plano. estava tão na minha, que ele faria qualquer coisa que eu pedisse.
- Está bem. – jamais conseguiria recusar um pedido daqueles. Ele fechou os olhos e eu tive que me controlar para não rir. Era tão engraçado o fato de eu sempre conseguir tê-lo em minhas mãos.
- Não vale espiar! – Eu disse, segurando uma de suas mãos. – Vem comigo. – Eu comecei a puxá-lo e ele me acompanhou sem fazer perguntas. Fui levando ele em direção a porta e ele estava tão fora de si que nem sequer se deu conta. Eu consegui abrir a porta sem fazer qualquer barulho. Eu o virei de costas para porta e comecei a empurrá-lo lentamente em direção ao lado de fora da casa. continuou sem perceber nada. – Estamos quase chegando. – Eu fiz com que ele desse mais alguns passos e pronto. Ele já estava do lado de fora da casa. Nós paramos de andar e ele deduziu que já havíamos chegado ao nosso destino. – Estamos quase lá. – Eu sussurrei em seu ouvido e eu senti ele se arrepiar da cabeça aos pés. Antes de me afastar, aproximei ainda mais o meu rosto do dele e selei lentamente os seus lábios. Depois de descolar os nossos lábios, ele deu um enorme sorriso, mas isso não me desencorajou a seguir com o plano.

Hora do show! Eu fui me afastando lentamente dele para que ele não estranhasse. Voltei para dentro da casa e da porta o observei parado lá com os olhos fechados. Em meio a risos, eu bati a porta da casa com força e a tranquei imediatamente. O barulho da porta batendo assustou , fazendo com que ele abrisse abruptamente os olhos. Foi realmente uma pena estar do outro lado da porta e não poder ter visto a cara dele quando ele se viu sozinho do lado de fora da minha casa. Não demorou nem 5 segundos para que ele se desse conta de que havia caído em um dos meus novos truques.

- Só pode ser brincadeira... – sussurrou pra si mesmo, negando com a cabeça. Como ele pode ter caído nessa? De novo? – Ela é boa. – Ele foi obrigado a concordar. estava se sentindo o maior idiota do mundo. O melhor a ser feito seria ir embora, mas ele notou que estava sem camisa. Seria muito difícil entrar sem camisa em um hotel refinado e tradicional como o seu . Ele precisava da camisa. – Ok! Muito engraçado! Agora abre a porta. – bateu escandalosamente na porta.
- O que foi? Não gostou do meu novo truque, ? – Eu disse, enquanto me matava de rir do outro lado da porta.
- ABRE A PORTA! – esmurrou a porta com mais força. – Devolve a minha camisa pelo menos! – Ele gritou depois de um longo silêncio meu. Ao ouvir o seu pedido, eu olhei para o sofá e vi a tal camisa. Eu nem me lembrava que ela estava ali. Peguei a camisa e subi as escadas rapidamente, indo em direção ao meu quarto. Fui até a sacada e olhei lá embaixo, procurando por ele. estava na frente da porta todo impaciente.
- Ei! – Eu chamei a sua atenção e ele olhou imediatamente pra cima.
- Qual é o problema com você? – gritou ao me olhar com toda a sua indignação.
- Agradeça por ainda estar com as suas calças. – Eu brinquei, deixando-o visivelmente mais irritado.
- Você se acha muito engraçada, né? – cerrou os olhos.
- Você não? – Eu brinquei ainda mais com ele.
- Devolve logo a minha camisa pra eu poder ir embora. Não vão me deixar entrar no hotel assim. – pediu visivelmente impaciente. Eu demorei para decidir se devolveria a camisa ou não.
- Está bem. – Eu só concordei, porque havia tido uma ideia. Abandonei a sacada e voltei para o quarto. Olhei para a camisa e depois olhei em volta a procura de algo que me interessasse. As únicas coisas que eu encontrei foram uma tesoura e um batom. Era suficiente para mim.

aguardou pela devolução da sua camisa por um longo tempo. Ele estava prestes a voltar a esmurrar a minha porta, quando eu voltei a aparecer na sacada. Ele ficou feliz em ver a sua camisa nas minhas mãos e eu fiquei feliz por ele ainda estar ali esperando. me olhou e abriu os braços, esperando que eu devolvesse a sua camisa.

- Pega! – Eu joguei a camisa em sua direção. Apoiei os meus braços na grade da sacada só para acompanhar de camarote aquela cena. pegou a camisa e já foi colocando ela. Somente depois de abotoar todos os botões que ele se deu conta de que havia algo errado. Olhou melhor para a sua camisa e viu que ela estava toda picotada, cheia de furos e em sua parte de cima estava escrito ‘IDIOTA’ com batom vermelho. A aquela altura, eu já estava morrendo de tanto rir. fechou os olhos por poucos segundos e respirou fundo. Levantou a sua cabeça e basicamente me matou com o seu olhar.

- MAS QUE PORCARIA É ESSA? – esbravejou aos berros.
- É a sua camisa. – Eu respondi entre risos. A parte mais engraçada era ver o quão furioso ele estava. – Você não a queria de volta? – Eu abri os braços.
- VOCÊ É MALUCA, CARALHO! ERA A MINHA CAMISA! – estava tão bravo, que se eu não estivesse lá em cima ele já teria dado um jeito de me matar.
- Qual é! Ficou uma gracinha! Eu até usei o meu batom de marca. – Mais sarcástica do que eu, impossível!
- Oh! Você está achando engraçado? Que bom que está achando engraçado! – estava ainda mais furioso por eu estar rindo.
- Sabe o que é mais engraçado? Você achar que ainda tem algum poder sobre mim. – Eu disse em um tom de superioridade. – Engraçado, , é você achar que ainda pode me fazer de idiota depois de tudo o que você fez e depois de eu descobrir quem eu realmente sou. – Eu completei.
- Quem você realmente é? – debochou. – Você é a mesma garota chata e mimada de sempre, só está um pouco mais gostosa e safada. Não que eu esteja reclamando, é claro. – forçou um sorriso. Suas palavras me fizeram erguer uma das mãos e mostrar o dedo do meio pra ele.
- Já acabou, Jonas? Você pode ir embora agora. – Eu rolei os olhos.
- Se você quer realmente que eu saia do seu pé você não deveria me beijar. – disse, irritado. Ao mesmo tempo que eu mandava ele ir embora, eu o fazia querer ficar.
- Não vai dormir a noite agora por causa do beijo. – Eu gargalhei da sua vulnerabilidade e ele revirou os olhos.
- Sonha comigo, ok? – começou a se afastar da casa e ir em direção ao seu carro.
- Vai sonhando. – Eu ironizei ao piscar um dos olhos pra ele e jogar um beijo.

Ainda na varanda, eu fiquei observando ele entrar no carro. Mesmo tendo sido feito de idiota naquela noite, ainda conseguiu sorrir ao olhar pra mim. Ele só conseguia pensar no quão insuportável eu era, mas ele ainda me queria mais do que nunca. Enquanto o carro dele abandonava a minha rua, eu pensava no quão bom era tê-lo correndo atrás de mim de novo. Ele pode ser um babaca, mas é um babaca muito bonito e muito assediado por onde ele passa. Ter um cara desse no seu pé aumenta muito a sua autoestima. Sem tirar que nós tínhamos uma história a parte. Ele não era qualquer cara bonito.



Confesso que foi um pouco difícil dormir naquela noite. As imagens da noite passada não saiam da minha cabeça e não paravam de me arrancar sorrisos idiotas. Eu me perguntava o tempo todo porque tudo não podia dar certo só dessa vez. A noite passada foi inesquecível e hoje pela manhã foi quase como um sonho. Porque é que o tem que ser um idiota? Porque ele não pode parar de ser um babaca uma só vez na vida? Isso é tão revoltante!

Depois de muita resistência dos seguranças do hotel, conseguiu chegar em seu quarto. Antes de mais nada, ele ligou para a Amber para saber se ela estava bem. Mesmo não a tendo convidado para ir até Nova York, ele se sentiria culpado se algo acontecesse com ela. Amber foi extremamente fria com ele e o avisou que estava no aeroporto esperando pelo próximo avião para Atlantic City. Ela não tinha mais nada para fazer ali. Na verdade, ela nunca teve nada para fazer ali.

Apesar de eu fazê-lo de idiota constantemente e deixá-lo muito irritado, acabava gostando daquilo. Era uma coisa só nossa, sabe? Ninguém pode me irritar como ele, mas também ninguém pode provocá-lo como eu. Nossa relação sempre foi assim. Estranho seria se esses comportamentos não existissem mais entre nós. Esses comportamentos provavam ao que a atração não só física que ele sentia por mim também existia da minha parte. Enquanto continuássemos agindo daquela forma ainda havia esperança.

Antes de eu dormir naquela noite, a me ligou. Mesmo com toda a vontade do mundo, eu não pude contar a ela sobre o que aconteceu entre mim e o . Era mesmo um segredo que eu queria manter. Eu contei pra Meg, eu sei! Mas convenhamos, seria impossível esconder dela. Meg é a pessoa mais próxima de mim em Nova York. Nós nos vemos todos os dias e vivemos juntas. Ela saberia de qualquer forma. Eu só adiantei toda aquela enrolação. Contar para a ou até mesmo para o seria um pouco mais... delicado. Eles são próximos do meu irmão, aliás, todos lá são muito próximos. É impossível contar um segredo só para um deles sem que o resto do grupo não descubra algumas semanas depois. Eu queria sim contar para ela, pois ela é a minha melhor amiga. Eu vou contar, mas quero fazer isso pessoalmente. Quero dar todas as recomendações para que ela não espalhe pra ninguém. Se isso chega aos ouvidos do meu irmão, alguém vai acabar morrendo.

Acordei mais uma vez atrasada para a faculdade. Dessa vez eu não tinha outro motivo que não fosse o sono. Tive que me apressar ao me arrumar. Meg me mandou uma mensagem perguntando se eu poderia passar buscá-la e eu não vi motivos para recusar. Tomei um rápido banho, coloquei uma calça jeans, uma blusinha simples e um sandália de salto plataforma, que nem era muito alto. Passei perfume, coloquei alguns acessórios e fiz um rabo alto no meu cabelo. Meg já me esperava há algum tempo em frente a sua casa. Quando cheguei lá, forcei um sorriso para ela, pois sabia que eu estava muito atrasada.

- Desculpa! – Eu continuei forçando um sorriso.
- Tudo bem! Eu te entendo totalmente! É igual quando você começa a comer chocolate, né? Nunca dá pra comer só uma vez. Tem que comer todos os dias. – Meg segurou o riso ao usar metáfora patética.
- Como é que é? – Eu olhei pra ela, enquanto dava a partida no carro.
- Você e o ... – Meg rolou os olhos. Achou que eu estivesse tentando descoversar.
- Espera um pouco. Só pra eu entender. Quem exatamente eu sou nessa história? O chocolate ou a pessoa que come? – Eu não conseguia parar mais de rir.
- Sinceramente, eu prefiro não saber. – Meg não queria rir, mas ela não aguentou.
- Eu não estava com o , otária. – Eu expliquei.
- Não? Estava com quem então? – Meg me olhou, surpresa.
- Sério? – Eu achei que ela estava brincando. – Eu estava sozinha! – Eu disse como se fosse a coisa mais óbvia de todas.
- E o que aconteceu com o ? – Meg quis saber.
- Dane-se o . – Eu ergui os ombros, demonstrando indiferença.
- Nossa, mas até que vocês demoraram pra brigar dessa vez. – Meg brincou.
- Adivinha quem resolveu dar as caras? – Eu olhei pra Meg, fazendo mistério.
- Quem? – Meg não conseguiu pensar em ninguém.
- A Amber! – Eu fiz careta ao dizer o nome dela.
- Não-brinca. – Meg me olhou, perplexa.
- Eu descobri que o perdeu a virgindade com ela e de bônus... foi no dia que eu terminei com ele, ou seja, no dia do nosso aniversário de namoro e do meu aniversário. – Eu resumi tudo.
- Que filho da puta. – Meg estava indignada e surpresa.
- Eu sei! – Eu concordei com ela.
- E o que você fez a respeito? – Meg cruzou os braços. Se eu dissesse que não havia feito nada, ela me mataria.
- Falei um monte pra ele. – Eu disse, sem parecer nem um pouco decepcionada com a história. Como eu disse, a indignação é bem maior que a decepção.
- Só isso? – Meg me olhou com cara feia.
- É claro que não foi só isso. – Eu segurei o riso. – Eu dei uma lição na Amber também. Se o Big Rob não chegasse, eu acho que teria matado ela. – Eu disse aos risos.
- PORRA, BIG ROB! – Meg esbravejou, indignada. – Mas deu uma lição nela como? Não me fala que foi só um tapinha. – Ela queria mais detalhes.
- Com direito a tapa e puxão de cabelo. Acho que devo ter atacado a cabeça dela na parede umas 10 vezes. – Eu continuei rindo.
- ISSO! – Meg estendeu a mão e fizemos um breve high five. – E o que o fez? – Ela questionou.
- Eu tranquei ele no quintal. – Eu disse, esperando a reação dela.
- MEU DEUS, ! VEM AQUI, DEIXA EU TE ABRAÇAR. – Meg me abraçou exageradamente.
- Eu estou dirigindo, louca. – Eu disse e ela me largou.
- Agora sim você está mostrando quem manda nessa porra! – Meg comemorou.
- O está maluco comigo. Ele está tentando alguma coisa, mas eu estou sendo forte. – Eu contei a ela.
- E vai conseguir continuar sendo forte até quando? – Meg me olhou, desconfiada.
- Qual é! Eu não vou voltar com ele. – Eu não sabia por que ela estava desconfiada.
- Não, né? – Meg ironizou.
- Fica quieta. – Eu rolei os olhos e segurei o riso.

pode dormir até um pouco mais tarde naquela manhã. Ele não teria reunião com o pessoal dos Yankees nos próximos 2 dias. Ficou algum tempo na cama até que algum funcionário do hotel trouxe o seu café da manhã. Foi impossível não sorrir ao olhar para aqueles morangos e o chantilly. As lembranças da manhã anterior o encorajaram a ir atrás do seu passatempo favorito. Vestiu uma de suas calças jeans escuras, colocou uma regata estampa, o seu tradicional tênis e um boné. Seguiu para a porta da faculdade, já que agora ele sabia mais ou menos o horário que eu saia.

- Eu sei que é estranho, mas eu não consigo gostar dessas séries médicas. – Meg disse, enquanto saíamos da faculdade. Estávamos conversando sobre esse assunto há algum tempo.
- Você deve ser a primeira estudante de medicina a dizer isso. – Eu gargalhei ao olhar pra ela.
- É ridículo! E os médicos nem são bonitos. – Meg rolou os olhos.
- Tem um médico que é bonito sim. Qual o nome dele mesmo? – Eu me esforcei para tentar lembrar o nome.
- Ah, eu sei qual é! Espera, eu vou lembrar... – Meg fechou os olhos por alguns segundos para tentar se lembrar. Saímos do portão e os meus olhos foram involuntariamente até o lugar que o estava me esperando na manhã anterior. Eu fiquei até surpresa ao vê-lo lá novamente.
- Só pode ser brincadeira... – Eu rolei os olhos e parei de andar. Meg fez o mesmo, sem entender o porquê de eu ter parado.
- O que foi? – Meg virou-se pra me olhar. também já tinha me visto, mas ele não se moveu. Ele estava encostado na lateral do carro com os braços cruzados e com aquele boné idiota. Odeio quando ele usa aquele boné que o deixa irresistivelmente idiota.
- Ele não aguenta ficar longe. – Eu neguei com a cabeça ao olhar pra ele. Meg olhou na mesma direção que eu e o viu também. Dei alguns passos em direção a ele e depois voltei a olhar pra Meg. – Quer conhecer o ? – Eu fiz careta. Fiz sinal com a cabeça e a chamei para me acompanhar. – Esperando alguém? – Eu disse me aproximando dele.
- E se estiver? Você se importa? – disse com um sorriso de lado.
- Nem um pouco. Só fiquei intrigada. Logo aqui na faculdade em que eu estudo? – Eu disse usando o meu sorriso irônico.
- Ontem, quando eu vim te buscar vi umas meninas que eram até gostosas. Passei pra dar uma conferida. – deixou de me olhar e olhou para a entrada da faculdade.
- Espero que nenhuma delas seja tão idiota de cair nessa sua lábia ridícula. – Eu forcei um sorriso.
- Você quer dizer... idiota como você? – voltou a me olhar. Eu cerrei os olhos pra ele como demonstração da minha indignação. – Falando em idiota... – Ele olhou pra alguém atrás de mim. – Você deve ser a Meg, não é? – Meg também o olhou e pensou em responder com uma voadora, mas ela faria melhor.
- E você deve ser o príncipe encantado da , certo? – Meg foi até o meu lado. – Oh, não. Me desculpe! Esse é o Mark e não você. – Ela deu um enorme sorriso. Foi difícil controlar a risada.
- Eu sabia que você ia gostar dela. – Eu olhei pra Meg e depois pra ele.
- Ela parece ser muito mais insuportável pessoalmente do que pelo telefone. – se lembrou da conversa, ou melhor, da briga que eles tiveram pelo telefone há alguns meses.
- Nos conhecemos há um minuto e você já começou com os elogios. – Meg ironizou. – Ele é mesmo encantador, . – Ela me olhou.
- Olha, eu adoraria sentar e falar com você sobre todas as minhas qualidades, mas não vai porque... eu não quero. – ergueu os ombros em meio a um sorriso.
- Nem precisa! A já me contou todas as suas qualidades. – Meg atreveu-se. – Já sei que você é um idiota, egoísta, ciumento e neurótico que gosta de comer a melhor amiga vadia. – Meg cruzou os braços. Eu queria aplaudi-la até morrer.
- Contou pra ela? – apontou pra Meg, mas olhou pra mim com um certo julgamento.
- Acho que eu devo ter comentado algo sobre isso em uma das centenas de vezes que eu fui desabafar com ela sobre uma das suas várias idiotices. – Eu realmente não fiquei preocupada com aquilo.
- Realmente, foram muitas vezes. – Meg foi obrigada a concordar.
- Vocês falam sobre mim? Se isso não for amor eu não sei o que é. – me olhou, sarcástico.
- O que você quer aqui, Jonas? – Eu me irritei com o seu comentário.
- Dá pra vocês saírem da frente? Estão me atrapalhando. – me olhou com descaso e me empurrou um pouco para o lado. Olhou e sorriu para o outro lado da rua. Eu fiquei curiosa e me virei para olhar e vi uma universitária sorrindo pra ele. Ela era praticamente uma nova versão da Jessie.
- Fala sério... – Eu rolei os olhos.
- Não fique brava, . Você já teve a sua vez. – me provocou. – Quando eu estava vindo pra cá eu vi um cartaz sobre uma balada que vai ter em um barzinho aqui na rua detrás. Acha que ela vai aceitar ir comigo? – Eu sabia exatamente o que ele estava tentando fazer. Jonas sendo Jonas.
- O que essa garota tem na cabeça? – Meg fez cara feia pra garota, que encarava há algum tempo.
- Bom gosto. – respondeu prontamente.
- Ela não está olhando pra você e sim pro seu carro, otário. – Eu disse, impaciente. O carro de era realmente muito luxuoso e chamava a atenção das garotas que só querem saber de dinheiro. Eu virei de costas pra ele e dei poucos passos em direção ao portão da faculdade. Eu pretendia ir embora de uma vez. Meg chegou a me acompanhar, mas eu fui obrigada a voltar, quando segurou um dos mus braços e me puxou pra perto dele.
- Até quando vai ficar se fazendo de difícil? – perguntou, quando os nossos rostos estavam há menos de um palmo de distância. Juro que foi involuntária a rápida olhada que eu dei nos lábios dele.



- Depende! Quando você vai parar de insistir? – Eu devolvi a pergunta e parece que consegui deixá-lo sem resposta. Os olhos dele também ficaram fixos nos meus lábios por alguns longos segundos. Para evitar problemas, eu puxei o meu braço e me desvencilhei da mão dele. Olhei pra ele pela última vez antes de sair andando em direção ao estacionamento. Meg começou a ir atrás de mim.

- Ei, Meg! – gritou e ela olhou para trás. – Sem querer ser desagradável, mas acho que como melhor amigo do eu tenho que dizer: a ex dele era bem mais divertida. – Ele disse só para irritá-la e ela respondeu mostrando pra ele o dedo do meio.

Pronto! já havia cumprido a sua missão do dia. Já tinha me irritado tanto, que eu ficaria pensando e odiando ele o resto do dia. Era isso o que ele queria. Ele queria ser lembrado, porque sabia que enquanto fosse lembrado, o que nós tínhamos estaria lá. Essa foi a estratégia que ele usou durante os 6 anos de amor não correspondido. Ele sempre dava um jeito de se manter presente na minha vida. Mesmo que fosse com o título do mais ‘idiota e irritante’.

- , me explica o que você viu nesse babaca! – Meg disse, quando entramos no meu carro.
- Você pode não acreditar, mas ele não era assim antes. – Eu expliquei.
- Antes quando? Ontem a noite? – Meg abriu os braços. Ela não conseguia entender como eu podia ter trocado o Mark pelo .
- Olha, eu não sei o que acontece! Tem horas que ele é o garoto mais incrível que eu já conheci e no segundo seguinte ele está agindo como um babaca. – Eu rolei os olhos. Aquela situação também me irritava.
- Eu juro que não consigo imaginar ele sendo fofo e fazendo todas as aquelas coisas que você disse que ele fez. – Meg não conseguia acreditar que eu poderia ter me apaixonado pelo .
- Ele fez todas aquelas coisas e ele sabe sim ser fofo e encantador quando ele quer, mas quando ele quer me irritar e me provocar ele também sabe fazer isso como ninguém. – Eu tentei explicar mesmo sendo confuso. – Ele fica tentando me manipular e fica tentando me fazer ficar louca por ele. Ele conhece todas as minhas fraquezas. – Eu contei, irritada.
- Eu sei que é difícil. Sei que ele é bonito.. e gostoso pra caramba. Eu sei, mas... você não pode ceder, entendeu? – Meg me orientou. – Você tem que dar um jeito de se afastar dele para não correr o risco de ficar caindo na tentação. – Ela aconselhou.
- Quer saber? É isso o que eu tenho que fazer. – Eu afirmei, certa do que eu tinha que fazer.
- Vai se afastar dele? – Meg ficou impressionada por eu ter escutado o seu conselho tão rapidamente.
- Pelo contrário. Eu vou me aproximar e vou provar pra ele que eu não sou tão fraca e vulnerável quanto ele pensa. – Eu sorri, empolgada com a minha ideia.
- Ai, que droga... – Meg rolou os olhos.
- Nós vamos naquela balada hoje. – Eu estava decidida.
- Balada? Mas que balada? – Meg me olhou, sem entender.
- Na balada que ele disse que vai hoje a noite. Nós vamos até lá e eu vou mostrar pra ele quem é o fraco da história. – Eu disse com convicção.

Trabalhar naquele dia foi perca de tempo. Eu passei a tarde toda pensando no que eu faria para irritar e provocar o . Dar aquela lição nele iria fazê-lo pagar a língua por tudo o que ele havia dito e/ou insinuado. Meg teria gostado mais da minha atitude se tivesse certeza de que eu não acabaria cedendo aos encantos do . Mesmo odiando a ideia, ela sabia que eu ainda sentia alguma coisa por ele. Se eu não sentisse, eu não perderia o meu tempo tendo que provar algo pra ele.

era muito esperto e tinha quase certeza de que eu iria até aquela balada naquela noite. Ele sabia que eu iria até lá só para me certificar que ele não estava com nenhuma outra garota. Foi exatamente por isso que ele falou sobre a balada. Ele quer que eu esteja lá. Ele quer estar perto de mim. Ele quer saber até onde vai essa minha vontade de mostrar a ele que não existe mais nada entre nós.

Depois de escrever alguns relatórios sobre o andamento do contrato dos Yankees e encaminhar para o seu chefe, foi se arrumar para a balada que começaria dali uma hora. Ele não queria se atrasar, pois queria estar lá quando eu chegasse. Mesmo sabendo que eu provavelmente me atrasaria.

Cheguei do trabalho completamente disposta para ir até a balada e destruir todas as insinuações que tem feito sobre mim. Meg tinha ficado em sua casa e viria me buscar mais tarde. Fui tomar um banho e logo depois comecei a me arrumar. Eu demorei algum tempo para escolher a roupa que eu usaria. Eu queria usar algo provocante, mas também não queria bancar a Amber. Enquanto eu não decidia a roupa eu fui fazendo outras coisas como arrumar o meu cabelo, que eu preferi deixar solto. Caprichei na maquiagem e usei diversos acessórios como pulseiras e anéis. Consegui escolher a roupa que eu usaria e ela parecia se encaixar perfeitamente na minha descrição feita anteriormente. Vesti um cropped branco, um shorts jeans curtinho e por cima uma ‘camisa’ bem larga e comprida que chegava a cobrir o meu quadril (VEJA AQUI). Optei por uma sandália branca de salto alto. Cansei de passar tanto perfume e só parei de me arrumar quando ouvi Meg buzinar o seu carro. Me apressei para pegar algum dinheiro e acabei resolvendo deixar o celular em casa, pois não estava a fim de levar bolsa.

- Wow... – Meg ficou chocada ao me ver entrar em seu carro.
- O que foi? Não ficou bom? – Eu fiquei preocupada.
- Você está maravilhosa! – Meg estava boquiaberta.
- Você também está. – Eu fiquei até sem graça.
- Precisou o entrar na história pra você começar a se soltar, né? – Meg gargalhou. Eu não estava tão diferente assim, estava?
- Eu vou fazer ele se arrepender de ter vindo pra Nova York. – Eu afirmei com um sorriso maligno.
- Ainda bem que estamos indo com o meu carro. Você com certeza vai sair com alguém de lá hoje. – Meg continuou me provocando.
- Não vou nada. – Eu rolei os olhos.
- Sei... – Meg disse, rindo.

já havia chego na balada há algum tempo. A minha demora havia deixado ele um pouco preocupado. Ele até começou a cogitar a possibilidade de eu não ir. Apesar da sua preocupação, havia uma garrafa de cerveja em suas mãos. Ele estava em um dos cantos do local, onde ele tinha visão da entrada. Diversas garotas já haviam ‘esbarrado acidentalmente’ nele e até tentaram puxar conversa, mas não deu moral pra nenhuma.

- Eu não sabia que nesse lugar também tinha balada. Achei que fosse só bar. – Meg disse, enquanto descíamos do carro.
- O lugar tem dois ambientes. O barzinho com música ao vivo é de um lado e a balada do outro. – Eu expliquei. Eu ouvi uma das garotas da minha sala falando sobre o lugar.
- Mas tem como? Dá pra ouvir a música ao vivo com a balada ao lado? – Meg fez careta.
- Deve dar, né? Deve ter aqueles negócios que você coloca na parede pra evitar que passe som. – Eu não estava muito interessada na conversa, porém não queria demonstrar isso pra Meg.



TROQUE A MÚSICA:



O local não estava tão lotado, mas também não estava vazio. Para falar a verdade, estava bem cheio para uma balada no meio da semana. Chegamos na porta do local e pagamos as entradas. Passamos pelos seguranças e entramos no local. Era a primeira vez que eu entrava ali e a primeira impressão foi boa. A música era boa, os caras eram bonitos e o local era bem espaçoso. Era uma droga esses lugares pequenos em que as pessoas esbarram em você até para ir ao banheiro.

- Mais uma cerveja? – O barmam perguntou ao assim que viu que a sua cerveja havia acabado.
- Não. Valeu. – respondeu, enquanto olhava discretamente por todo o local. Seus olhos não acreditaram quando ele finalmente me viu. Ele ficou paralisado por alguns segundos. Nem mesmo piscar ele conseguiu. Sem que eu percebesse, ele me analisou da cabeça aos pés. – Quer saber? Eu quero a cerveja agora. – só deixou de me olhar para olhar para o barmam. Ele precisava beber porque era torturante demais me ver daquele jeito e pensar que aquilo não lhe pertencia mais. Era completamente frustrante.
- Nossa, faz muito tempo que eu não venho aqui. – Meg se surpreendeu com a nova decoração do local.
- Você já veio aqui? – Eu fui obrigada a me aproximar de seu ouvido para falar por causa da música alta.
- Eu vim há muito tempo atrás com o meu ex. – Meg rolou os olhos.
- Entendi. – Eu fiz careta por tê-la feito falar do ex. – A música aqui é muito boa. – Eu sorri, olhando em volta.
- Na época que eu vim aqui só tinha o bar. – Meg explicou.
- Onde tem bebida? Eu ainda não vi o bar. – Eu continuei olhando em volta.
- Eu acho que vi um balcão ali atrás. – Meg apontou do outro lado do local.
- Vamos lá. – Eu fui na frente e Meg me seguiu.

Apesar de estar ansiosa para localizar o , eu não estava desesperada. Eu não queria demonstrar qualquer tipo de ansiedade. Ao contrário de mim, não conseguia se controlar. Os olhos dele me seguiam por todo o local. Cheguei no balcão e como havia algumas pessoas entre nós, eu não consegui vê-lo. também percebeu que eu não tinha visto ele, por isso, ele foi até lá.

- Você quer alguma coisa? – Eu me virei para perguntar pra Meg.
- Eu quero só uma água. Vou dirigir. – Meg fez careta.
- Está bem. – Eu sorri, voltando a olhar pro barmam. – Eu quero uma garrafinha de água e... – Eu olhei o estoque de bebida. Eu não deveria beber, mas eu precisava estar um pouco mais ‘solta’ para o que eu pretendia fazer naquela noite. – Pode ser uma cerveja. – Eu não pegaria tão pesado.
- Ei, vai com calma, . – Eu ouvi alguém dizer ao meu lado. Aquela voz era inconfundível e não havia nenhum outro idiota que me chamava daquele jeito. Me virei para olhá-lo e me arrependi instantaneamente. Droga, ele não deveria ser tão bonito assim. A reação dele quando eu o olhei de bem perto não foi nada discreta. Ele ficou analisando o meu rosto.
- Cuida da sua vida, Jonas. – Eu disse assim que o olhei para disfarçar a minha reação ao vê-lo. vestia uma regata branca extremamente justa, uma calça jeans e tênis branco. Por cima da regata ele colocou uma camiseta jeans clara aberta e dobrou suas mangas até um pouco abaixo do cotovelo. Seu cabelo estava propositalmente desarrumado e aquela barba rala ainda estava lá.
- Não precisa ser grossa, garota. Eu só estou cuidando de você. – me olhou, irritado. Começamos mal novamente.
- Eu não preciso que você cuide de mim. Você não é meu amigo e nem o meu namorado. Você não é nada! Comece a se comportar como tal. – Eu disse, pegando a cerveja das mãos do barmam e colocando o dinheiro sobre o balcão. – Obrigada. – Eu sorri para o barmam e me afastei sem nem sequer olhá-lo. Ele observou eu me afastar com uma cara de poucos amigos.
- Não sei se te arrumo um lenço pra enxugar toda essa sua baba ou o seu choro. – Meg gargalhou depois que viu ele me olhar com total frustração.
- Nossa! Agora entendi o que o viu em você. Foi o senso de humor! – ironizou e em seguida virou-se de frente para o balcão, ficando de costas para Meg. Ela se afastou ainda aos risos.
- Viu a cara dele? – Meg disse, quando finalmente me alcançou.
- Ele já era. – Eu sorri, antes de beber um gole da cerveja em minhas mãos.

Eu fiz questão de me manter longe dele o tempo todo. Eu demorei algum tempo para conseguir beber a garrafa inteira de cerveja. Eu só sei que eu me sentia cada vez mais leve e solta, mas eu estava me segurando. A troca de olhares era constante, mas eu sempre era mais discreta. Eu e Meg estávamos em um dos cantos do local e dançávamos uma música ou outra sem chamar a atenção.

- Você vai continuar olhando pra ele? – Meg segurou o riso ao me olhar.
- O que? – Eu me fiz de boba.
- Você está olhando pra ele! – Meg repetiu, rindo.
- Que droga... – Eu sorri, negando com a cabeça. – Ele está... – Eu não consegui terminar a frase.
- Bonito? – Meg deduziu.
- É! – Eu concordei, respirando fundo.
- Olha para outros caras. Tem um bonitinho ali que está te olhando desde que chegamos. – Meg apontou discretamente a cabeça na direção do tal bonitinho.
- É, ele é bonitinho mesmo. – Eu concordei sem tanta empolgação. Era um pouco difícil concorrer com o .

estava começando a ficar desesperado. Ele não conseguia parar de olhar para as minhas pernas, para a minha cintura descoberta e quando eu resolvia dar uma básica reboladinha ele só queria estar morto. Nada estava acontecendo como o planejado. já estava ali há quase duas horas e nada havia acontecido. Ele me olhava e não conseguia se conformar que um dia eu havia sido sua. Era insano olhar pra mim e ver como aquela garotinha tão frágil que ele salvou naquele acidente se transformou naquela garota bonita, forte e extremamente sexy. Os pensamentos de estavam indo cada vez mais longe. Foi então que uma garota foi até o balcão pedir uma bebida. Ela estava bem ao lado do e ele a olhou. Uma rápida ideia veio em sua cabeça.

- Eu não sei o que pedir. – A garota parecia indecisa ao falar com o barmam.
- Enquanto você decide, eu posso te pagar um whisky? – virou-se e deu o seu melhor sorriso para a garota. Ela o olhou pronta para dar outro fora naquela noite, mas quando ela o viu mudou de ideia rapidamente.
- É claro. – A garota não poderia ser mais fácil. já não gostou. Ele gostava das difíceis. Sempre foi assim. Porém, ele continuaria com aquilo só para chamar a minha atenção.
- Dois whiskys com gelo. – pediu com gelo, pois sabia que a bebida pura o deixaria mais ‘alegre’ do que ele queria ficar.
- Você é daqui? – A garota perguntou, sentando-se ao seu lado.
- Não. Eu sou de Atlantic City. Estou aqui a trabalho. – explicou, tentando dar total atenção a garota. Ele pegou o seu pequeno copo de whisky e bebeu um gole. – E você? – Ele só perguntou para ser simpático e sorriu só para tornar tudo mais real.
- Nossa, que babaca. – Meg rolou os olhos.
- O que foi? – Eu perguntei, sem entender.
- Olha o que o está fazendo. – Meg arqueou uma das sobrancelhas. Eu me virei discretamente para olhá-lo e vi ele todo empolgadinho conversando com uma garota.
- Que previsível. – Eu rolei os olhos. – Está tentando me fazer ciúmes. – Eu expliquei.

Inicialmente, eu não me importei, pois eu sabia que ele estava fazendo de propósito. Porém, a palhaçada durou mais tempo do que costumava durar e eu comecei a me irritar. Eu olhava pra ele e ele ainda estava lá sorrindo para aquela desconhecida. Eu continuava achando que era provocação, mas agora eu notei que realmente estava começando a dar certo e isso me irritava mais do que tudo. O auge da minha insanidade foi atingido quando eu o vi colocar uma mecha do cabelo dela atrás de sua orelha. Meg percebeu a minha inquietação, mas resolveu não dizer nada para não piorar a situação. também já havia notado os meus olhares ameaçadores e isso só o fazia querer ir mais longe.

- Você está bem? – Meg perguntou com medo da minha resposta.
- Estou tão bem, que vou dançar. – Eu a olhei com um sorriso suspeito. – Segure a minha cerveja e só observe como eu vou acabar com esse teatro rapidinho. – Eu estendi a minha garrafa de cerveja em sua direção e ela pegou. Naquele momento, tocava uma das músicas do Maroon 5. Não poderia haver música melhor para aquela ocasião.

Eu estava com tanta raiva e um pouco mais solta e alegre do que o normal por causa da bebida, que não foi nada difícil arrumar coragem para ir sozinha até o centro da pista de dança. Eu comecei a dançar discretamente e aos poucos fui começando a me soltar. Minha cintura acompanhava a batida da música e as minhas mãos hora deslizavam pelo meu corpo, hora entrelaçavam os dedos em meu cabelo.

Meg acompanhou de camarote toda a reação de , que depois de não me ver ao lado dela dividiu a sua atenção entre conversar com a tal garota ao seu lado e em me procurar. Os olhos dele nunca demoravam para me achar. Eu estava na direção dele e dançava sensualmente. Quando me viu, ele imediatamente deixou de dar atenção para a garota ao seu lado. Virou-se de lado pra ela e ficou de frente pra mim. Ele não queria e não conseguia perder um segundo daquilo.

- Ei! Você está me ouvindo? – A garota perguntou, frustrada.
- Me desculpa, ok? Mas não vai rolar. – a dispensou sem nem sequer olhar pra ela. Meg teve uma crise de risos, quando viu a garota se afastar. estava completamente louco.

também não era bobo. Ele sabia exatamente que eu estava tentando provocá-lo, mas isso não fez muita diferença. sentia cada parte do seu corpo implorar por uma aproximação, mas ele não estava tão fora de si assim. Ele ainda conseguia se controlar, mas ele não sabia até quando esse controle ia durar. Os olhos dele percorriam cada curva do meu corpo e diferentemente das outras vezes, ele sabia exatamente o que eu escondia por detrás daquelas peças de roupas e isso só serviu para deixá-lo ainda mais maluco. Há duas noites nós estávamos juntos e ele havia explorado cada centímetro do meu corpo. Desde então, ele não consegue pensar em outra coisa. não conseguia parar de desejar o meu corpo novamente e me ver dançar sensualmente não melhorava as coisas.

Depois de algum tempo, a minha dança não era só provocação, mas também diversão. Eu estava começando a me divertir. Havia diversas pessoas dançando ao meu lado, mas eu conseguia notar uma certa atenção. Alguns caras me olhavam e eu estava tão empolgada, que não me importei. Um deles se aproximou e era justamente o bonitinho de quem a Meg tinha falado. Ele se aproximou e veio dançando cada vez mais perto. Eu não conseguia enxergar malícia em nada.

- Você dança muito bem! – O garoto se aproximou e gritou próximo ao meu ouvido.
- Você também é bom. – Eu sorri pra ele, sem parar de dançar.

A aproximação do garoto chamou a atenção de . O olhar de desejo que ele me lançava há alguns minutos se transformaram em ódio quando ele me viu sorrir para aquele desconhecido. estava ciente de que eu não lhe devia explicações e até mesmo que ele não tinha direito algum de sentir ciúmes, mas era incontrolável. Era mais forte do que tudo. Sempre foi assim. Ele sempre implicou com os garotos que eu beijava e namorava.

- Qual o seu nome? – O garoto voltou a se aproximar para perguntar.
- Eu sou a . – Eu respondi, voltando a sorrir pra ele. Dessa vez, o garoto não se afastou. Manteve-se bem próximo e eu não me importei. Era tudo o que eu precisava naquela noite e honestamente era tudo o que eu queria que o visse. Toquei a cintura dele e desci um pouco o meu corpo, enquanto balançava a minha cintura de um lado pro outro.

Meg começou a ficar preocupada com o que estava prestes a acontecer. Ela acompanhava os olhares e as atitudes de de longe. Ele estava mais do que furioso. acompanhava toda a cena e estava certo que se não interferisse, um beijo acabaria acontecendo a qualquer momento. Bebeu o último gole do seu whisky de uma vez só e deixou o copo sobre o balcão. Abandonou o balcão e começou a andar diretamente para o local em que eu estava. Meg nem sequer piscava diante da cena. foi se aproximando com aquela expressão séria e eu juro que não vi ele se aproximar. Eu só me dei conta da aproximação dele, quando a sua mão segurou um dos meus braços e começou a me puxar para a saída do local. Ele me levou pra fora antes mesmo que eu argumentasse qualquer coisa.

- O que você acha que está fazendo? – Eu me desvencilhei da mão dele e o empurrei para trás. preferiu me levar para fora, pois lá dentro seria impossível conversar com aquela música alta.
- Você é maluca? Você nem conhece aquele cara! – esbravejou, me olhando com irritação.
- E o que você tem a ver com isso? – Eu retruquei imediatamente. – Você não tem mais controle nenhum sobre mim! – Eu fiz questão de afirmar.
- É mesmo? Vai me dizer que você não estava fazendo aquele teatro todo para me provocar? – estava muito bravo. – Você queria me provocar? Meus parabéns! Você conseguiu! Eu estou puto da vida e quero arrebentar aquele filho da puta. – Ele abriu os braços.
- Porque você perde tanto tempo da sua vida comigo? Vá procurar a Amber! – Eu elevei o tom de voz. – O que foi? Ela não está disponível hoje? – Eu fui sarcástica.
- Quer saber? – respirou fundo. Ele já não aguentava aquele assunto e aquele mesmo julgamento. – Eu errei! Ok? Eu fui fraco mesmo! Eu fui fraco e transei com ela! Satisfeita? – achou que fosse isso que eu queria ouvir.
- Você entende agora porque eu implicava tanto com a amizade de vocês? – Eu forcei um sorriso. – Eu tinha medo que isso acabasse acontecendo! Eu tinha medo que você fosse fraco! E o que você me dizia? – Eu me aproximei mais dele. – ‘Nós somos só amigos! Você tem que confiar em mim.’ – Eu tentei imitar a sua voz. – Confiança é o caralho! – Eu abandonei o sorriso.
- Não sei o que você está querendo insinuar, mas eu fui fiel a você até o último segundo do nosso namoro. – defendeu-se das minhas acusações.
- Até o último segundo mesmo, porque no segundo seguinte você já estava lá se esfregando com a Amber! Você não esperou nem sequer um dia! – Eu voltei a julgá-lo. – Depois veio com aquele papinho de que sofreu e ainda fez com que eu me sentisse culpada por isso! – Eu disse.
- É bom que tenha se sentido culpada, porque a culpa foi toda sua mesmo! – devolveu o julgamento. – Eu sofri, ok? Eu sofri não só por causa do término, mas por pensar que você estava com outro. Eu me senti um lixo! Eu senti que não era bom o suficiente pra você. Então, não reclame porque alguém apareceu me dizendo tudo o que eu precisava ouvir. Eu estava me sentindo um lixo até a hora que ela apareceu me dizendo que eu era bom o suficiente e que eu também tinha o meu valor. – Ele estava cuspindo tudo isso na minha cara. – Eu estava vulnerável e ela era a única que estava lá. Ela gostava de mim e acabou acontecendo! Se isso é ser fraco pra você... ótimo! Eu fui fraco e não me arrependo. – finalizou. Ouvi-lo dizendo que não se arrependia só me deixava ainda mais possessa.
- Você pode ter tido os seus motivos e eles podem fazer você se sentir melhor com tudo isso, mas eu não sou obrigada a aceitá-los. Eu também estava vulnerável, mas eu não fui fraca como você! Mesmo tendo certeza de que você estava me traindo com a Amber. – Eu me aproximei ainda mais dele. – Eu não fui fraca! – Eu repeti, olhando em seus olhos de bem perto.
- Você está falando do Mark? – riu sem emitir som. – Você não quer comparar o imbecil do Mark com a Amber, não é? – Ele me olhou com deboche. Era inútil discutir com ele. Ele sempre vinha com esses argumentos infantis e idiotas.
- Eu não vou mais discutir com você. – Eu respirei fundo para não voltar a surtar. – Você não se arrepende de ter dormido com a Amber? Ok! Mas seja homem e assuma a sua responsabilidade. Eu não tenho culpa da sua fraqueza ou da sua necessidade de comer piranha. – Eu disse com cara de poucos amigos e saí, voltando para dentro do estabelecimento. Ele observou eu me afastar.
- Merda... – disse em forma de desabafo, enquanto suspirava.

Se antes eu já estava furiosa, agora eu quero matá-lo. Como ele ousa me acusar de ser responsável pela sua perda de virgindade com a Amber? É a coisa mais ridícula e sem noção que eu já ouvi! Eu queria gritar e esmurrar alguém. Eu procurei a Meg e ela ainda estava no mesmo lugar de antes. Ela parecia me procurar também.



- Eu quero matar aquele imbecil! – Eu esbravejei assim que cheguei ao lado dela.
- O que aconteceu? Onde você estava? – Meg me olhou, preocupada.
- Acredita que ele falou que a culpa por ele ter ficado com a vagabunda da Amber é minha? – Eu estava tão indignada que eu precisava falar.
- Sua culpa? Você controla a vida sexual dele agora? – Meg não acreditou em tamanho absurdo.
- Exatamente! – Eu fiquei feliz por alguém concordar comigo.

Ao ver eu me afastar novamente, viu também a chance de acertar tudo ir por água abaixo. Ele achou que as coisas dariam certo e que ele arrumaria um jeito de me mostrar o quanto ele queria que nos acertássemos, mas o seu orgulho não deixava ele abaixar a bola e demonstrar qualquer tipo de fraqueza. Ele sempre preferia responder um insulto meu a altura ao invés de manter a calma e dizer as palavras certas. voltou pra dentro do local e passou por mim sem nem sequer me olhar. Ele odiava a minha teimosia e o meu orgulho, mas ele não conseguia se controlar quando me via ou até mesmo quando pensava em mim. não tinha controle sobre si mesmo e isso o incomodava demais.

- Mas que... idiota! – Eu esbravejei, quando ele passou bem próximo de mim. Ele me deixava maluca! Eu tinha vontade de enchê-lo de tapas.
- Eu achei que ele fosse bater naquele cara que estava dançando com você. – Meg disse, assustada.
- É a cara dele fazer isso. – Eu rolei os olhos, enquanto pegava a cerveja da mão de Meg. Tomei parte da cerveja em um só gole, pois precisava esfriar a cabeça. – Coitado daquele cara. Ele até que era bonito. – Eu fiz cara de desanimo.
- Ele ficou até sem graça quando o te levou lá pra fora. – Meg riu, mesmo tendo ficado com dó do garoto.
- Pra onde ele foi? – Eu perguntei, olhando em volta. Eu pretendia me desculpar com o garoto.
- Ele foi pra lá. – Meg apontou em direção ao outro ambiente do local, o barzinho. Eu olhei pra onde ela apontou.
- Você quer dizer... pro mesmo lugar que o acabou de ir? – Eu olhei pra ela, pensando no que poderia acontecer se encontrasse com aquele pobre garoto.
- Nossa... – Meg arregalou os olhos.
- Se ele encostar naquele garoto, ele vai se ver comigo! – Eu neguei com a cabeça, começando a andar em direção ao barzinho.

Era tão mais fácil fantasiar toda a minha atração pelo com o ódio. Era tão mais fácil ficar procurando e apontando os erros dele ao invés de pensar que a minha vontade de ficar com ele é maior do que qualquer erro que ele já tenha cometido. Difícil mesmo era pensar que as minhas palavras poderiam fazê-lo desistir pra sempre de mim. Difícil sou eu, que mesmo sabendo o que eu quero, eu ignoro para não dar o braço a torcer.

Meg e eu chegamos rapidamente no ambiente ao lado. Havia um longo corredor que separava os dois ambientes e quando eu já estava na porta do barzinho, eu já não conseguia ouvir a música alta da balada. Eu entrei no local e Meg veio atrás de mim. Meus olhos procuraram desesperadamente pelo , que estava sentado em uma mesa bem próxima do palco, onde uma banda de Rock tocava alguns clássicos. estava sozinho na mesa, que estava coberta com alguns desses aperitivos que os bares costumam fornecer aos seus clientes assim que chegavam. Havia também uma garrafa de cerveja e um copo em sua mão. O cara com quem eu estava dançando antes estava em uma mesa com os seus amigos, que ficava logo a frente a mesa de .

- Eles não estão se matando. – Meg disse, depois de observá-los.
- O está bravo comigo. Qual o direito que ele tem de estar bravo comigo? – Eu o observei de longe e de costas. Era exatamente assim que ele se comportava quando estava irritado. Ele se isolava.
- E você se importa? – Meg atreveu-se a perguntar.
- Não é que eu me importe, mas... – Eu não sabia como explicar sem falar o que não devia. – Droga! Ele disse que a culpa é minha! – Eu não conseguia me conformar com aquela acusação.
- Ele só está tentando fazer você se sentir mal. Está jogando toda a culpa dele nos seus ombros. – Meg disse, puxando uma cadeira de uma das mesas que ficava bem no fundo do local.
- Você viu só? – Eu me sentei na cadeira ao lado dela. – Viu só o que ele faz com a minha vida? Ele aparece e bagunça tudo por onde passa! - Eu desabafei. – Eu quero uma cerveja. Qualquer uma. – Eu pedi, quando o garçom passou por mim.
- Tem horas que eu não consigo saber se o que você sente por ele é ódio ou não. – Meg me analisou.
- Eu estou com raiva dele sim. Ele dormiu com a Amber! Tem noção disso? A Amber! Aquela... – Eu suspirei, pois não queria me irritar ainda mais. – Isso foi uma facada nas costas! Não é porque nós já namoramos, entende? Poderia ser o meu irmão ou o meu melhor amigo. Qualquer um que ficasse com aquela vadia estaria me apunhalando pelas costas, sabe? Todo mundo sabe que eu odeio ela. – Eu quis deixar a Meg mais a par da situação. Nesse meio tempo, a minha cerveja chegou.
- Agora já está feito. – Meg ergueu os ombros. Ela ainda segurava a sua garrafinha de água.
- Porque ele faz essas coisas? Porque ele não pode ser... normal! Porque ele gosta de ficar me irritando e me.. enfrentando? – Eu continuava desabafando.
- Você não disse que a Amber tirou a virgindade dele? Pode ser que ele tenha ficado receoso de perder a virgindade com você. Você sabe, os homens têm essas coisas. Eles nunca querem ficar por baixo quando se trata de sexo. – Meg tentou achar alguma solução para o meu problema.
- Só porque ela é mais velha e já deu pra Atlantic City toda? – Eu demonstrei indignação com aquele argumento.
- Pode ser. – Meg ergueu os ombros.
- Se ele acha mesmo que eu não posso ser um pouco mais... louca e atrevida, ele está enganado. – Eu segurei o riso.
- Você está bêbada, né? – Meg gargalhou, me olhando.
- Não estou não! Eu só estou um pouco alegre. – Eu expliquei com total consciência.
- Está bem. – Meg não acreditou muito.
- Sabe o que é pior? Foi o tempo que ele me fez ficar mal por causa de tudo. Eu fiquei tanto tempo me culpando e me sentindo a pior pessoa do mundo, enquanto ele nem ao menos se lembrava de mim. Quer dizer, eu recebi aquelas fotos dele com a Amber. Não foi só sexo. Eles realmente ficaram juntos. Não dá nem pra dizer que foi coisa de uma noite só, porque não foi. – Eu disse, bebendo um gole da minha cerveja.
- Nós vamos fazer um pequeno intervalo agora e voltamos daqui a pouco, pessoal. – A vocalista da banda que até então tocava no barzinho avisou. A voz dela chamou a minha atenção e eu olhei pro palco, que aos poucos foi ficando vazio.
- E ele nem se desculpou, não é? Fica só lá bebendo como se tivesse feito nada de errado. – Meg disse, olhando para o . Meus olhos continuavam fixos no palco, que era bem baixo e tinha apenas 2 baixos degraus. Os instrumentos ainda estavam no palco, esperando pela volta dos integrantes da banda.
- Quer saber? Se ele ainda não se arrependeu de ter ficado com a Amber, ele vai se arrepender hoje e agora. – Eu levei a garrafa de cerveja até a minha boca e bebi um último gole antes de me levantar da mesa.
- O que você vai fazer? – Meg conseguiu me segurar pelo braço.
- Você não queria me ver cantar? – Eu sorri para ela. – Então aproveite o show. – Pisquei um dos olhos pra ela e me afastei.

O copo de cerveja era o único amigo do naquele momento. Era a bebida que estava ajudando ele em seus conflitos internos internáveis. estava tão irritado e ao mesmo tempo chateado. Ele não conseguia dar um jeito de nós nos acertamos de jeito nenhum. A situação estava tão complicada, que às vezes nem ele sabia se queria realmente isso. Começar tudo de novo? Sofrer tudo de novo? Ele não sabia se valia a pena. ainda não estava bêbado, mas estava um pouco ‘alegre’. Ele estava tão perdido em seus pensamentos que não me viu passar. Eu fui bastante cuidadosa e passei discretamente por uma das laterais do bar e consegui chegar até a lateral do palco. Encontrei a banda nos fundos, bebendo algumas garrafas de cerveja e conversando empolgadamente.

- Olá! – Eu disse, quando todos eles me olharam e estranharam a minha presença. – Me desculpe atrapalhar vocês, mas eu queria pedir um favor. – Eu dei o meu melhor sorriso.
- Um favor? – A vocalista da banda tomou a frente.
- Sim! Olha só, eu sei que vocês não me conhecem e vão me achar maluca, mas... eu queria cantar uma música. – Eu pedi na maior cara de pau. Efeitos da bebida.
- Você quer cantar uma música? – A vocalista sorriu e cruzou os seus braços.
- Sim. – Eu reafirmei. – Se a sua banda me acompanhasse também seria bem legal. – Eu olhei para os garotos em minha volta.
- Você quer cantar com a minha banda? – A vocalista parecia não ter gostado da ideia.
- Só uma música. Por favor! – Eu fiz cara de coitada.
- Porque não procura um karaokê? – A vocalista debochou e os garotos da banda riram.
- Ok! Eu sei que vocês estão bêbados e estão bem loucos, mas eu só estou pedindo para levantarem as bundas dessas cadeiras e voltarem pro palco pra me acompanharem, enquanto eu canto. – Eu fui mais grossa.
- E porque nós deveríamos deixar você cantar? – A vocalista me olhou dos pés a cabeça.
- Sinceramente? – Eu a olhei. – Meu ex-namorado está sentado na platéia. Ele é um babaca! Ele transou com a garota que eu mais odeio no mundo no dia no meu aniversário e no dia do nosso aniversário de namoro, tirou a minha virgindade, mas essa parte não tem problema porque, na verdade, foi maravilhoso. – Eu saí um pouco do foco. – O fato é que eu esperei meses por ele, mas ele estava ocupado demais ficando com a baranga da melhor amiga dele. Agora ele apareceu e fica querendo mandar na minha vida e fazer dela um inferno. Então, eu quero cantar, calar a boca dele e mostrar pra ele o que ele perdeu. – Eu fui super objetiva. Os caras da banda se entreolharam.
- Ele está mesmo ai? – A vocalista se aproximou.
- Está! – Eu afirmei.
- Onde ele está? – A vocalista foi até o canto do palco e me levou com ela.
- É aquele ali de regata branca e camisa jeans. – Eu disse, olhando para o . Ele estava colocando mais cerveja em seu copo.
- Caramba, ele é bonito! – A vocalista me olhou, surpresa.
- EU SEI! QUE DROGA! – Eu fiz careta. – Você entende o tamanho do meu problema agora? – Eu demonstrei desespero com a situação.
- Está bem! Você me convenceu. – A vocalista voltou para perto de sua banda.
- Jura? – Eu fiquei chocada. Não esperava convencê-la.
- É! Eu sou mulher e também já passei por isso. – A vocalista sorriu pra mim. – Mas você canta mesmo? – Ela questionou.
- Eu acho que sim. – Eu ergui os ombros.
- Qual música você quer cantar? – A vocalista quis saber.
- ‘Oughta Know’ da Alanis Morissette descreve bem a minha situação nesse momento. – Eu disse e o sorriso dela aumentou.
- Você vai cantar! Nem que você seja a pior cantora do universo. – A garota comemorou a escolha da minha música. – Ok, pessoal. Vamos ajudar essa garota, ok? – A vocalista se aproximou de sua banda. – Vocês conhecem a música. É só acompanhá-la. – Ela avisou. Todos concordaram.
- Obrigada mesmo! – Eu me aproximei e a abracei rapidamente. Ela riu, percebendo que eu havia bebido um pouco.
- Acaba com ele. – A vocalista da banda piscou pra mim. – Vou pedir pra apagarem as luzes do palco pra você entrar e quando você começar a cantar, elas vão acender. – A vocalista me explicou e eu concordei. – Pega o microfone e vai lá. – Ela entregou o microfone na minha mão e eu vi as luzes do palco se apagarem.

Acredite se quiser! Eu não estava nervosa. O álcool realmente havia me ajudado nessa parte. Eu estava completamente solta, determinada e louca. Os garotos da banda voltaram ao palco e foram até os seus respectivos instrumentos. Eu fui logo atrás deles e demorei algum tempo para achar o suporte do microfone que estava no centro do palco. Coloquei o microfone no suporte e dei uma rápida ajeitada no cabelo. Do palco, consegui ver o . Ele realmente não tinha me visto. Meg estava lá no fundo, atenta.



LEIA ACOMPANHANDO A MÚSICA:



Depois de respirar fundo, eu dei a autorização para que a banda começasse com a música. Eles começaram a tocar uma breve introdução para chamar a atenção de todos e até mesmo para que fizessem silêncio. A guitarra, a bateria e o teclado tocavam em perfeita harmonia e eu pirei só com aquela introdução. Depois de um trabalho maravilhoso, o guitarrista e o tecladista pararam e deixaram que apenas o baterista continuasse a tocar. Era a minha deixa!

I want you to know (Eu quero que você saiba) – Eu comecei a cantar e as luzes continuaram apagadas.
That I'm happy for you (Que eu estou feliz por você)
I wish nothing but (Eu não desejo nada além) – Não preciso nem dizer que a minha voz foi imediatamente reconhecida pelo . O coração dele parou e os olhos dele foram imediatamente para o palco. Ele não conseguiu ver nada, pois as luzes ainda estavam apagadas.
The best for you both (Do melhor para vocês dois) – Ao terminar esse verso, as luzes do palco se acenderam e o guitarrista e o tecladista passaram a acompanhar o baterista.
An older version of me (Uma versão mais velha de mim) – Foi impagável a cara do quando ele me viu. Olhei pra ele rapidamente e ver a sua surpresa foi mais do que suficiente para me arrancar um sorriso.
Is she perverted like me? (Ela é pervertida como eu?) – Nesse momento, eu comecei a tirar aquela enorme camisa que estava por cima do meu cropped e até mesmo do meu shorts.
Would she go down on you in a theater? (Será que ela faria sexo com você no teatro?) – Eu joguei a minha camisa para a lateral do palco e ouvi os gritos da plateia que me assistia. ainda não conseguia ter reação. Ele nunca havia me visto cantar daquele jeito. Eu realmente estava impondo a minha voz e o ódio transparecia no meu olhar. Meg estava completamente chocada!
Does she speak eloquently? (Ela fala eloquentemente?) – Eu voltei a pegar o microfone com uma das mãos. Minha cintura agora estava descoberta e o meu shorts curto deixava a mostra as minhas pernas.
And would she have your baby? (E ela teria seu filho?)
I'm sure she'd make a really excellent mother (Tenho certeza que ela seria uma mãe excelente) – Eu voltei a olhá-lo com um certo sarcasmo. Os olhos dele fizeram um rápido tour pelo meu corpo.
'Cause the love that you gave, that we made (Porque o amor que você deu, que fizemos) – Soltei o microfone do suporte, o segurei com uma das mãos e comecei a deslizar sensualmente até o chão, enquanto a minha outra mão deslizava pelo suporte do microfone para que eu não perdesse o equilíbrio. Eu não deixei de olhá-lo um só segundo para não perder a chance de provocá-lo.
Wasn't able to make it enough (Não foi capaz o bastante)
For you to be open wide, no (Para torna-lo verdadeiro, não)
And every time you speak her name (E cada vez que você fala o nome dela) – Eu voltei a subir, enquanto balançava lentamente a minha cintura de um lado pro outro. não conseguia nem ao menos piscar e os seus lábios estavam entreabertos. Era impressionante o que eu conseguia fazer com ele.
Does she know how you told me you'd hold me (Será que ela sabe como você me disse que ia me abraçar) – Quando voltei a ficar de pé, uma das minhas mãos segurava o microfone e a outra estava apoiada no suporte do microfone.
Until you died? 'Til you died? (Até que você morrer? Até que você morrer?)
But you're still alive (Mas você ainda está vivo) – O tom da música foi se elevando e eu fui entrando no clima. Deixei de apoiar a minha mão no suporte do microfone para pegá-lo e jogá-lo no chão antes do refrão. O público vibrava a cada nova atitude minha.

And I'm here to remind you (E eu estou aqui para lembrá-lo) – Eu dei mais alguns passos para a frente e impus a minha voz como nunca.
Of the mess you left when you went away (Da bagunça que você deixou quando foi embora) – Eu interpretei completamente a música e fui falando com toda a raiva que estava guardada dentro de mim. O meu corpo também falava por si só. Seja com uma jogada de cabelo ou com gestos com a mão.
It's not fair to deny me (Não é justo me negar)
Of the cross I bear that you gave to me (Da cruz que eu carrego e que você me deu) – Eu apontei na direção dele.
You, you (Você, você) – Eu parei no centro do palco e a cada ‘você’ eu jogava meu corpo para um lado e o descia um pouco mais.
You oughta know (Você deveria saber) – Eu terminei o refrão bem próxima do chão e olhando diretamente para o , que atreveu-se a sorrir daquele seu jeito debochado.

You seem very well (Você parece muito bem) – A sua ousadia de sorrir daquele jeito me fez ter coragem para ser ainda mais ousada também. Voltei a ficar de pé no palco e com o microfone nas mãos, fui em direção aos dois pequenos degraus que estavam em minha frente.
Things look peaceful (As coisas parecem em paz) – Depois de descer os degraus, eu me aproximei das mesas. Eu queria ir até o , mas no caminho havia aquele garoto bonito com quem eu estava dançando anteriormente. Eu não podia perder a chance de usar isso a meu favor.
I'm not quite as well (Eu não estou tão bem) – Eu parei em frente ao garoto, que estava sentado. Ele sorria pra mim e me comia com os olhos. Levei uma das minhas mãos até a gola de sua camisa e fui deslizando um dos meus dedos até o cinto de sua calça com toda a sensualidade que eu consegui. O riso no rosto de desapareceu.
I thought you should know (E acho que você deveria saber) – Eu pisquei pro garoto e me afastei, olhando e indo em direção ao . Ele estava sentado de frente pra mim e a sua mesa estava ao seu lado. Todos os olhares estavam sobre mim e eu estava adorando aquilo. Parei em frente ao e me curvei para que meu rosto pudesse ficar de frente com o dele.
Did you forget about me, (Você se esqueceu de mim,) – Levei uma das minhas mãos até o seu rosto e toquei o seu queixo, trazendo o seu rosto para mais perto do meu. O meu olhar de desprezo acompanhava a letra.
Mr. Duplicity? (Sr. Falsidade?) – Eu forcei um sorriso e soltei o seu queixo de forma grosseira. Mesmo estando irritado, ele não podia resistir a uma aproximação daquelas. Os olhos dele fixaram-se em meus lábios por um tempo.
I hate to bug you in the middle of dinner (Detesto incomodá-lo no meio do jantar) – Eu disse, depois de voltar a endireitar o meu corpo e passar uma das minhas mãos pela mesa dele, jogando tudo o que estava lá em cima no chão. O público comemorou a minha atitude, que com certeza pegou de surpresa. Os olhos que antes me olhavam com desejo, agora me olhavam com ódio.
But it was a slap in the face (Mas foi um tapa na cara) – Eu voltei a me inclinar para me aproximar do rosto dele. Meu rosto sério e o meu jeito grosseiro e frio de falar as frases não o assustou nem um pouco. me julgou com os seus olhos e isso também não me assustou.
How quickly I was replaced (Como eu fui rapidamente substituída)
And are you thinking of me when you fuck her? (E você está pensando em mim quando transa com ela?) – Eu apontei para a minha cabeça e sorri debochadamente.
'Cause the love that you gave, that we made (Porque o amor que você deu, que fizemos) – Eu sai da frente dele e fui para atrás da sua cadeira.
Wasn't able to make it enough (Não foi capaz o bastante) – Toquei um de seus ombros com uma das minhas mãos e levei o meu rosto para perto de seu outro ombro, aproximando meus lábios do seu ouvido.
For you to be open wide, no (Para torná-lo verdadeiro, não)
And every time you speak her name (E cada vez que você fala o nome dela) – Usei a minha mão que estava em seu ombro e comecei a descê-la lentamente pelo seu peitoral. O perfume dele sempre me afetava de algum jeito, mas dessa vez eu estava demonstrando tanta força nas minhas atitudes e até mesmo no meu jeito de cantar que isso acabou tomando conta de mim por completo.
Does she know how you told me you'd hold me (Será que ela sabe como você me disse que ia me abraçar) inclinou um pouco a sua cabeça para o lado, enquanto eu continuava cantando próximo ao seu ouvido. A minha mão voltou a subir pelo seu peitoral e ele tentou manter-se sob controle.
Until you died? 'Til you died? (Até que você morrer? Até que você morrer?) – Afastei o meu rosto do dele e fui indo novamente para frente dele. Ele não se moveu e só me acompanhou com os olhos.
But you're still alive (Mas você ainda está vivo) – Eu parei em sua frente e ele levantou-se da cadeira abruptamente. Ele estava cansado de ser humilhado em público e pretendia ir embora. Com ele de frente pra mim, eu não tive dúvidas.

And I'm here to remind you (E eu estou aqui para lembrá-lo) – Eu levei uma das minhas mãos até o seu peitoral e o empurrei para trás. foi pego de surpresa e não teve tempo de evitar o empurrão. Ele deu vários passos pra trás e acabou tropeçando em algumas cadeiras de uma mesa vazia. quase caiu, mas conseguiu manter-se de pé. Ele estava puto da vida.
Of the mess you left when you went away (Da bagunça que você deixou quando foi embora) – Eu voltei a me aproximar dele e continuei cantando com toda a atitude que aquele refrão exigia.
It's not fair to deny me (Não é justo me negar) – Eu toquei a sua camisa e voltei a empurrá-lo, mas dessa vez com menos agressividade.
Of the cross I bear that you gave to me (Da cruz que eu carrego e que você me deu)
You, you (Você, você) – A cada ‘você’ eu o empurrava mais um pouquinho.
You oughta know (Você deveria saber) – O meu último empurrãozinho foi para encostá-lo em um pilar que cimento, que ficava quase no meio do bar.

Uhhhhhhh, uhhhhhhh, uhhhhhh, whoa – Aproveitei que o havia colocado contra a ‘parede’ e também a parte mais sensual da música para provocá-lo só mais um pouco. Colei o meu corpo ao dele, toquei o seu peitoral e fui deslizando a minha mão até o inicio da sua calça. Meu rosto estava bem próximo e bem em frente ao dele. Os olhos dele olhavam nos meus e ele tentava se controlar para não tomar qualquer atitude.
Uhhhhhhh, uhhhhhhh, whoa, whoa – Continuei olhando em seus olhos e subi a minha mão e a levei até a sua nuca. Era exatamente isso que eu fazia quando pretendia beijá-lo e isso o deixou um pouco mais maluco e empolgado do que ele já estava. Os olhos dele desceram até os meus lábios.
Uhhhhhhh, whoa, whoa, whoa, whoa, whoa - continuou na passividade até o momento que eu ameacei beijá-lo e me afastei. Ele ficou completamente desesperado e a sua atitude foi exatamente a esperada. tocou a minha cintura e a colou na sua com força. Confesso que as minhas pernas bambearam diante da sua atitude. Ele se inclinou para dizer alguma coisa em meu ouvido.

- É impressão minha ou você só canta pra mim? – sussurrou em meu ouvido. – Acho que sou a sua inspiração, não é? – Ele completou antes que eu tomasse qualquer atitude.

foi extremamente idiota! No momento que eu começava a ceder e pensava até em pegar leve dali em diante, ele me provoca desse jeito e resolve me alertar sobre a minha fraqueza. Ele não devia ter feito isso. Na hora, me deu vontade de parar a música e falar milhares de coisas, mas eu faria melhor! Eu apenas respirei fundo e dei um sorriso ameaçador. Ele não se intimidou.

'Cause the joke that you laid in the bed (Porque a piada que você levou para a cama) – Eu segurei parte da sua regata e parte da sua calça e comecei a puxá-lo, enquanto dava alguns passos para trás.
That was me and I'm not gonna fade (Fui eu e eu não vou sumir) – Fui trazendo ele para mais perto do palco e ele foi me acompanhando, pois queria ver até onde a coisa toda ia.
As soon as you close your eyes, and you know it (Assim que você fechar os seus olhos, e você sabe disso) – Eu parei de puxá-lo e então nos paramos bem em frente ao palco, quase em frente aos degraus.
And every time I scratch my nails (E toda vez que eu arranho minhas unhas) – Com o microfone nas mãos, eu voltei a me aproximar e levei a minha outra mão até o seu rosto. estava certo de que agora o beijo aconteceria. Eu vi aquele seu sorriso safado, que normalmente me enlouqueceria e ri internamente do idiota que ele era.
Down someone else's back I hope you feel it (Nas costas de outra pessoa eu espero que você sinta) – Depois de aproximar ainda mais os meus lábios dos dele, eu me afastei inesperadamente. O público reagiu com gritos e até mesmo com algumas risadas. Eu olhei pro da cabeça aos pés, fingindo avaliá-lo. Depois neguei com a cabeça e fiz cara de desanimo, demonstrando que tudo aquilo na minha frente não havia me agradado. Não era bom o bastante. cerrou os olhos pra mim, furioso! Eu levei novamente a minha mão até o seu peitoral e o empurrei forte o suficiente para fazê-lo sentar na cadeira que estava bem atrás dele.
Well, can you feel it? (Well, can you feel it?) – Eu me inclinei para deixar meu rosto em frente ao dele e dei um sorriso vitorioso. O público estava maluco com tudo aquilo.
Well, I'm here to remind you (Bem, eu estou aqui para lembrá-lo) – Eu voltei a endireitar o meu corpo e comecei a me afastar dele, indo até a mesa ao lado. A mesa do garoto com quem eu havia dançado. Segurei a camisa dele e o puxei. Ele se levantou da cadeira e foi me acompanhando até o palco.
Of the mess you left when you went away (Da bagunça que você deixou quando foi embora) – Quando chegamos no centro do palco, nós ficamos frente a frente. Eu ainda segurava a sua camisa e isso nos mantinha próximos.
It's not fair to deny me (Não é justo me negar) – Eu cantei, olhando para o garoto, que eu nem mesmo sabia o nome. Ele estava um pouco bêbado e completamente tarado por mim.
Of the cross I bear that you gave to me (Da cruz que eu carrego e que você me deu)
You, you, you oughta know (Você, você, você deveria saber) – Eu sorri para o garoto e pisquei um dos olhos pra ele. Eu me virei de costas pra ele e mantive meu corpo colado ao dele.
I'm here to remind you (Eu estou aqui para lembrá-lo) – Eu deslizei todo o meu corpo, colada ao corpo dele e fiz questão de olhar para o ao fazer isso. Os olhos dele anunciavam que ele queria me matar.
Of the mess you left when you went away (Da bagunça que você deixou quando foi embora) – Ainda agachada, eu sorri para o . O meu sorriso dizia algo como ‘Quem é a inspiração agora, otário?’.
It's not fair to deny me (Não é justo me negar) – Eu subi o meu corpo e mantive meu corpo colado ao do garoto, que quando teve a chance tocou a minha cintura com as suas mãos.
Of the cross I bear that you gave to me (Da cruz que eu carrego e que você me deu) – Eu me virei de frente para o garoto e voltei a sorrir para ele. Os olhos dele fixaram-se nos meus lábios.
You, you (Você, você) – A cada ‘você’ me corpo ia para um lado e deslizava um pouco mais.
You oughta know (Você precisa saber) – Eu terminei a música subindo o meu corpo colado com o do garoto. Eu realmente pensei em beijá-lo, mas do jeito que ele estava ele não me largaria tão cedo.

O público se levantou, gritou e aplaudiu. Meg estava em uma euforia que nem mesmo ela compreendia. Ela tinha acabado de se tornar a minha fã número um. Quando eu disse que cantava, ela jamais imaginou que eu fosse tão boa. As luzes do palco se apagaram e eu me afastei rapidamente do garoto para que ele não tentasse nada. Minha adrenalina estava a mil! Eu estava mais do que satisfeita com o que eu havia feito. Foi libertador! Fui para trás do palco para devolver o microfone para a vocalista da banda.

- Caramba! Você arrasou! – A vocalista da banda correu para me dizer.
- Jura? Que ótimo. – Eu sorri, sem graça.
- Foi completamente insano! A galera amou! – Ela continuou me elogiando. – Eu ficaria aqui te elogiando até amanhã, mas eu tenho que ir pro palco agora. Parabéns! – A vocalista parecia orgulhosa de mim mesmo sem me conhecer.

A banda continuou no palco e a vocalista foi para lá também. O público estava empolgado depois da minha música e vibraram loucamente quando a banda voltou a tocar. Ainda atrás do palco, eu recuperava o fôlego. Meg estava empolgadíssima para me encontrar e comentar o quanto foi maravilhoso e insano o que eu havia acabado de fazer. Enquanto ela me esperava, ela viu se levantando da cadeira e indo direto para o lado detrás do palco. Diante disso, Meg soube que não falaria comigo tão cedo.



VOLTE A MÚSICA:



Eu continuava atrás do palco me recuperando. Cheguei até a pegar ‘emprestado’ uma das dezenas de garrafas de água que os garçons haviam trazido para a banda tomar durante o show. Virei quase uma garrafa toda de uma vez. chegou atrás do palco e eu era a única ali. A música um pouco alta impediu que eu percebesse que ele estava se aproximando por trás. estava absurdamente furioso. Ele não deixaria aquela humilhação pública passar em branco! A banda começou a cantar ‘Animals’ do Maroon 5 e eu comecei a curtir a música dali mesmo. Em meio a minha distração, chegou por trás de mim, segurou um dos meus braços e me virou de frente pra ele. Com passos largos, ele colou o meu corpo na parede, trazendo o seu corpo também colado ao meu. me pegou totalmente desprevenida e a sua aproximação me manteve desprevenida por algum tempo. Seu rosto estava a menos de 3 dedos de distância do meu.

- Eu já estou cansado de você e dos seus joguinhos. – disse completamente sério.
- Achei que estivesse honrado por ser a minha inspiração. – Eu ironizei e sorri sem mostrar os meus dentes.
- PARA DE BRINCAR COMIGO! – gritou e deu um tapa na parede em que eu estava encostada e onde ele estava apoiando a sua mão anteriormente.
- Acabou, ! – Eu afirmei mais séria. – Agora se não se importa, tem um cara me esperando. – Eu realmente estava sem limites naquele dia. Eu cheguei a empurrá-lo um pouco para trás e achei que ele me deixaria sair dali, mas é óbvio que eu estava errada. A mão dele segurou a minha cintura e voltou a me colocar contra a parede.
- Você vai até lá, mas eu estou te avisando: vou te dar 3 minutos pra se livrar dele ou eu juro que arrebento ele. – ameaçou, me olhando nos olhos.
- Cuidado, ! Está deixando o seu ciúmes transparecer. – Eu não consegui evitar o sorriso.
- Você adora fazer isso, não é? – negou com a cabeça e sorriu de canto. – Você adora me deixar maluco. Adora me fazer correr atrás de você e me ver fazendo tudo por você. – Ele manteve o sorriso.
- Quer saber? Você está certo. – Eu afirmei ao aumentar o meu sorriso. – Mas não se empolgue. É bem mais fácil encontrar motivos para te odiar do que para te adorar. – Eu cometi a besteira de deixar de olhar nos olhos dele para olhar para a boca dele.
- Odiar ou adorar... tanto faz! Isso nunca fez a menor diferença mesmo. – sorriu, sem mostrar os dentes.
- As coisas não são mais como costumavam ser. – Eu neguei com a cabeça, tentando ignorar a mão dele em minha cintura.
- Eu sei que não. Elas são maiores e melhores do que costumavam ser. As suas inúmeras tentativas para tentar me afastar provam isso. Você está cada vez mais desesperada, porque sabe que em algum momento você não vai dar conta. – Foram os olhos dele que fixaram-se em minha boca dessa vez. Minha respiração até começou a falhar e eu senti uma enorme pressão dentro de mim. Uma pressão para que eu o beijasse imediatamente. O meu corpo estava implorando por aquilo.
- E você, acha que vai dar conta? – Eu já estava perdendo o controle sobre mim mesma. Eu estava tão louca para beijá-lo, que cheguei a morder o meu lábio inferior para ver se aquele desejo enorme desaparecia. estava na mesma situação que eu, se é que não estava pior. Depois do que aconteceu, ele não queria demonstrar fraqueza. Ele realmente queria me ver tomando a iniciativa só para que ele provasse que estava certo o tempo todo sobre o fato de eu ser louca por ele. Estava sendo difícil ter o meu corpo em suas mãos novamente e não poder explorá-lo.
- Vamos descobrir! – disse, aproximando rapidamente o seu rosto do meu. Eu Aproximei as minhas mãos do rosto dele e o puxei para um beijo. Já era!



Mal começou e o beijo já estava completamente intensificado. As mãos dele começaram a descer, passaram pelos meus seios e chegaram em minha cintura. Foi a vez das minhas mãos seguirem para o rosto dele. Elas se revezavam entre a sua nuca e as laterais de seu rosto. Não havia um beijo como o dele. Nada era mais viciante do que o beijo dele. Nossas mãos nunca paravam e sempre aproveitavam qualquer oportunidade de exploração. Dessa vez, fez a volta da minha cintura com um de seus braços, aproximando ainda mais os nossos corpos. Sua outra mão deslizou até uma das minhas coxas e a puxou para cima, mantendo-a na lateral de seu corpo. Ficamos alguns minutos naquela troca de mãos bobas e beijos calorosos. Tudo foi se intensificando e nós infelizmente não estávamos em um local apropriado. A banda acabaria o show a qualquer momento e a parte detrás do palco estaria lotada. Mesmo odiando a ideia, eu fui obrigada a interromper o beijo.

- Nós temos que... – Eu disse com os meus olhos ainda fechados.
- Sair daqui! É, eu sei. – abriu os olhos e ao me ver tão perto, não resistiu e voltou a me beijar.
- Agora? – Eu voltei a interromper o beijo.
- Agora! – afirmou rapidamente, me fazendo rir.
- No seu hotel ou na minha casa? – Eu perguntei antes de selar longamente os seus lábios.
- Onde é mais perto? – perguntou, aproximando a sua boca do meu pescoço e depositando diversos beijos, que me fizeram delirar.
- A minha casa. – Eu afirmei com dificuldade, já que ele não tirava os seus lábios do meu pescoço.
- Então, vamos. – subiu os seus beijos, encontrando novamente a minha boca.
- Ok... – Eu suspirei longamente, tentando me recuperar. afastou o seu corpo do meu e segurou uma das minhas mãos.
- Tem uma porta de segurança aqui. – começou a me puxar em direção a porta que ficava ali mesmo na parte detrás do palco. Eu estava saindo com ele, quando me lembrei da Meg.
- Espera. – Eu parei de andar e ele me olhou, sem entender. – A Meg... – Eu fiz careta. – Eu tenho que avisá-la. – Eu completei.
- Está bem... – suspirou longamente, tentando manter o controle.
- Ela deve estar na mesa ali do outro lado. – Eu apontei, soltando a sua mão e indo apressadamente para a lateral do palco. Comecei a andar entre as mesas e vi Meg sentada lá no fundo. estava logo atrás de mim. – Meg! – Eu disse, assim que cheguei na mesa em que ela estava.
- Onde você estava, garota? – Meg me olhou, preocupada.
- Olha só, você se importa de ir embora sozinha? Eu tenho que... fazer algumas coisas. – Eu fiz careta, forçando um sorriso. Meg automaticamente olhou atrás de mim e viu há alguns passos de distância. Ele também a olhou e acenou da forma mais falsa de todas pra ela.
- Algumas coisas? – Meg voltou a me olhar, rindo.
- Você... se importa? – Eu segurei o riso e voltei a perguntar.
- Não, tudo bem. Eu já estava querendo ir embora mesmo. – Meg ergueu os ombros.
- Que ótimo! – Eu sorri, empolgada. – Obrigada, Meg! – Eu me abaixei para abraçá-la rapidamente e beijeu o seu rosto.
- Sabe o que está fazendo? – Meg perguntou, sorrindo pra mim.
- Infelizmente. – Eu fiz careta.
- Então, se divirta. – Meg só queria a minha felicidade. Se eu queria ficar com o , quem era ela para impedir?
- Te vejo amanhã! – Eu pisquei um dos olhos pra ela e sai, indo rapidamente até o . – Pronto. – Eu disse e nós voltamos a ir em direção a parte detrás do palco para podermos sair pela porta de emergência. Estávamos om tanta pressa que era até engraçado. Quando fomos nos aproximando da porta, segurou a minha mão e antes que ele me puxasse, eu parei de andar.
- O que foi? – perguntou, se aproximando para saber o que havia acontecido.
- É a porta de emergência. Será que nós podemos sair por ali? – Eu questionei e ele sorriu, achando graça. Me puxou para mais perto e me beijou rapidamente. Ele finalizou o beijo, puxando o meu lábio inferior e me deixando meio atordoada.
- Isso parece uma emergência pra você? – perguntou com um sorriso malandro no rosto.
- Você já me convenceu. Vamos logo. – Eu ri, empurrando-o em direção a porta. Saímos juntos para o lado de fora do local. Por sorte, havíamos pagado tudo o que havíamos consumido antes. – Onde está o seu carro? – Eu questionei, vendo que ele estava meio perdido.
- Naquele estacionamento ali. – apontou com a cabeça e fomos andando juntos em direção ao tal estacionamento. – O meu carro está bem ali. – Ele apontou e me entregou a chave. – Vai indo na frente, que eu vou pagar. – Ele pediu e eu atendi o seu pedido.

No caminho até o carro, eu estava rindo como uma idiota. Como as coisas podem mudar tanto de uma hora pra outra? Como eu posso querer tanto tê-lo por perto e afastá-lo ao mesmo tempo? Isso é loucura! Eu estava muito ansiosa para o que aconteceria naquela noite. Seria completamente novo, porque não era mais a minha primeira vez. Não havia o desconhecido, o receio e até mesmo a dor. Eu passei pela primeira vez e agora estou livre para me permitir viver qualquer coisa.

estava tão desesperadamente empolgado, que até chegou a pagar errado o cara do estacionamento. O funcionário do estacionamento devolveu o dinheiro a mais que ele havia lhe dado e riu de si mesmo. Ele estava completamente fora de si. Guardou a carteira apressadamente no bolso e foi andando em direção ao seu carro. Quando foi se aproximando do carro, me viu apoiada na lateral do carro esperando por ele. Eu estava distraída e o meu cabelo voava de um lado pro outro por causa do vento, que tinha aparecido do nada. continuava se aproximando sem tirar os olhos de mim. Ele ficava me analisando e se perguntava se estava sonhando. Ouvi o barulho dele se aproximando e virei o meu rosto para olhá-lo. Quando olhei pra ele, sorriu sem nem ao menos perceber. Eu devolvi o sorriso pra ele, enquanto passava as mãos pelo meu cabelo, que deveria estar completamente bagunçado por causa do vento. Ainda encostada na lateral do carro dele, eu fui pega de surpresa quando ele foi imediatamente me beijar ao chegar no carro.

estava ciente dos seus problemas de auto controle. Ele simplesmente não conseguia não me beijar e não me tocar quando estava perto de mim. A minha roupa um pouco mais atrevida do que o normal também tinha uma parcela de culpa na sua falta de controle. Talvez fosse o efeito da bebida ou até mesmo o que aconteceu entre nós há duas noites. Seu corpo me pressionava contra o carro, enquanto nos beijávamos mais uma vez. As mãos dele estavam entrelaçadas no meu cabelo, afastando-o do meu rosto. Minhas mãos seguravam as pontas da sua camisa aberta.

- Eu não consigo tirar as minhas mãos de você. – riu de si mesmo, deslizando os seus lábios até o meu pescoço.
- Então não tire. – Eu sorri, gostando do que ele estava fazendo. sabia o quanto aqueles beijos no pescoço me deixavam completamente louca. Minhas mãos soltaram a sua camisa e depois de tocarem a sua cintura, seguiram para as suas costas, onde eu acabei arranhando levemente com as minhas unhas.
- Vamos logo pra sua casa! – parou abruptamente com os beijos e me olhou ao suspirar longamente. Eu o olhei com uma certa frustração.
- Vamos... – Eu respirei fundo, tentando me recuperar. Eu mesma abri a porta do carro e entrei. Enquanto o fazia a volta no carro, eu continuava tentando me recompor, mas a minha respiração continuava acelerada.
- Você está com a chave? – virou o seu rosto para me olhar. Eu continuava em êxtase com a pegada dele e todos aqueles beijos. A chave do carro parecia um ótimo motivo para voltar a me aproximar dele.
- Você quer a chave? – Eu que estava sentada no banco do carro, fui me levantando e curvando o meu corpo na direção dele. Segurei o seu rosto com uma das minhas mãos e beijei um local próximo a sua orelha. Senti o rosto dele se contrair quando ele sorriu e isso me fez sorrir também. Fui descendo com os beijos, chegando em uma das laterais do seu pescoço. Aquele perfume maravilhoso só me deixava mais e mais empolgada. Os meus beijos só foram interrompidos, quando eu tive que fazer um certo esforço para me sentar no colo dele. Levei a minha perna para o outro lado do seu corpo e consegui encaixar o meu corpo entre ele e o volante.
- Não faz isso comigo... – negou com a cabeça, implorando piedade e apesar de achar graça, eu não fui nada boazinha. Segurei o seu rosto com as minhas duas mãos e o beijei. As mãos dele foram direto para as minhas coxas. O beijo estava intensificado e as mãos bobas só aumentavam. As mãos dele subiram as minhas coxas e chegaram na minha cintura, onde ele novamente apertou. O ato dele fez com que eu interrompesse o beijo com um suspiro. Os lábios dele voltaram a procurar os meus, me convidando para continuar o beijo e foi impossível negar. Minhas mãos subiam para a nuca dele e depois desciam para o final de seu pescoço, onde eu me atrevia a colocar alguns dedos por dentro de sua regata. As mãos de continuaram subindo e chegaram até o meu ombro. Depois de brincar com as alças do meu cropped, as abaixou e eu percebi que estávamos passando do limite.
- Ok, ok... – Eu disse, depois de descolar os nossos lábios. – Aqui não.. – Eu neguei com a cabeça com a respiração visivelmente acelerada.
- Não, não, não.. – entrelaçou seus dedos em meu cabelo e selou meus lábios mais uma vez.
- Vamos pra minha casa. – Eu novamente o interrompi. Já estava difícil resistir e ele ainda ficava insistindo? Colabora!
- Olha pra mim! – pareceu um pouco desesperado. Ele puxou o meu rosto e o colocou de frente do dele. – Não dá tempo de chegar na sua casa! – Suas bochechas estavam rosadas e ele parecia necessitado.
- É claro que dá! – Eu sorri, me levantando do colo dele e indo até o banco do passageiro.
- Está bem... – parou de me olhar e fechou os olhos por poucos segundos. – Dá a chave? – Ele estendeu a mão, sem me olhar.
- Aqui. – Eu entreguei a chave na mão dele entre risos.
- Vamos combinar uma coisa, ok? – virou-se pra mim, mas fez questão de manter-se longe. – Você não fala comigo e nem me toca até chegarmos na sua casa, está bem? Se não eu vou parar a porra desse carro no meio da rua e já era. Fui claro? – Ele disse, sério.
- Mas... – Eu ia argumentar, mas ele me interrompeu.
- COMEÇANDO AGORA! – elevou o tom de voz e eu fui obrigada a engolir o riso.

Apesar de ter bebido, guiou o carro até a minha casa. Ficava há uns 10 minutos do barzinho onde estávamos. Eu cumpri o nosso trato e fiquei em silêncio durante todo o caminho. O ficava se monitorando para não olhar pra mim e a minha vontade de rir era absurda. Chegamos na minha casa e estacionou o carro em frente da garagem, que estava ocupada com o meu carro. Eu soltei o cinto de segurança e virei para olhá-lo.

- Vamos logo! – disse, abrindo a porta e eu segurei o seu braço e o puxei novamente para dentro.
- Espera entrarmos na casa. Eu não quero que o Big Rob veja nada. – Eu pedi, pois já havia visto que Big Rob havia percebido a nossa chegada.
- Eu e você estamos chegando na sua casa as 3 horas da manhã e você acha que ele não vai perceber? Acha que ele vai achar que viemos até aqui para jogar Banco Imobiliário? – ironizou.
- Eu não sei o que ele vai achar, mas eu não quero que ele veja nada. – Eu ri, enquanto descia do carro. fez o mesmo e em seguida travou o carro. Nós atravessamos a rua lado a lado e Big Rob apareceu na janela de sua ‘casa’.
- Boa noite, Big Rob. – Eu o cumprimentei toda sem graça.
- Boa noite, . – Big Rob sorriu pra mim. – ! – Ele também sorriu pro .
- Fala ae, Big Rob. – acenou pra ele com a maior cara de pau de todas.
- Isso é muito constrangedor. – Eu fiz careta, parando em frente a porta e colocando a minha mão no bolso para pegar a chave da porta.
- Nossa! Até parece que ele é virgem, né? – falou baixo para que Big Rob não ouvisse.
- Agora eu estou imaginando o Big Rob transando. Obrigada, Jonas. – Eu fiz cara feia pra ele e ele gargalhou. Eu destranquei a porta e acendi a luz da sala assim que adentrei na casa. entrou logo atrás de mim e tratou de fechar e trancar a porta. Eu fui até a mesinha e lá coloquei o que havia sobrado do dinheiro que eu havia levado. Antes que eu me virasse, senti o braço de fazer a volta na minha cintura e beijar um dos meus ombros.
- Sabia que eu adoro quando você me chama assim? – sussurrou no meu ouvido. Eu não consegui evitar o sorriso. Me virei de frente pra ele e ele começou a me puxar para frente.
- De Jonas? Por quê? – Eu arqueei uma das sobrancelhas e sorri, sem mostrar os dentes.
- Eu não sei, é meio... sexy. – falou baixinho com aquela cara de malandro.
- Eu odeio quando você fala baixinho assim. – Eu disse, olhando para os seus lábios.
- É mesmo? E o que você vai fazer a respeito? – soltou a minha cintura, afastou um pouco os nossos corpos e abriu os braços. Eu segurei as pontas da sua camisa aberta e fui puxando ele pra mais perto. O rosto dele chegou bem perto do meu e as pontas dos nossos narizes chegaram a se tocar. Eu fiz charminho para beijá-lo.
- Eu vou te fazer calar a boca. – Fui eu que sussurrei dessa vez, puxando mais uma vez a sua camisa e consequentemente trazendo os seus lábios até o meu.

Nos beijamos e aos poucos o beijo foi se intensificando. Minhas mãos continuaram segurando as pontas da sua camisa, enquanto ele entrelaçava seus dedos no meu cabelo. Abri de vez a sua camisa e comecei a levá-la para trás com a intenção de tirá-la. desentrelaçou seus dedos do meu cabelo para que eu pudesse passar a sua camisa pelos seus braços. Empurrei ainda mais a sua camisa para trás e interrompeu o beijo para me ajudar a tirá-la. Depois de tirá-la, olhei pra ele e o vi só de regata. Não deu tempo de ficar apreciando. não hesitou em levar suas mãos até as minhas coxas e levantá-las, me tirando do chão e as colocando nas laterais do seu corpo. Como eu fiquei um pouco mais alta que ele, tive que segurar o seu rosto e levantá-lo para que eu pudesse beijá-lo. Enquanto nos beijávamos, meus dedos passavam pelo seu cabelo bagunçando-o ainda mais. Ele não se importou.

Aqueles braços fortes e descobertos me segurando daquela forma me deixaram ainda mais maluca e empolgada. Abandonei os lábios dele e fui deslizando os meus em direção ao seu pescoço. Comecei a depositar intensos beijos e eu comecei a ouvir e sentir a sua respiração mais ofegante. Sempre que achava que havia chegado no seu auge de excitação, eu fazia alguma coisa que provava que estava errado. Ele estava completamente louco com cada parte do meu corpo que estava colada ao seu. Ele nem sabia direito por onde começar a explorar, mas sabia que tinha que ser rápido!

Mesmo adorando os meus excitantes beijos em seu pescoço, precisava desesperadamente avançar o sinal. Ele precisava seguir para a próxima etapa. Em meio a sua respiração ofegante, começar a andar comigo em seus braços. Eu não sabia para onde ele estava me levando, mas eu sabia que eu queria estar lá. O lugar mais próximo que conseguiu encontrar onde ele pudesse me colocar foi a mesa de jantar. Ela parecia boa o suficiente. Naquelas situações, qualquer lugar seria bom o suficiente. Nós paramos de andar e eu senti ele me colocar sentada em algum lugar. Afastei os meus lábios do seu pescoço e levantei a minha cabeça para poder olhar em seu rosto. As pontas dos nossos narizes ainda se tocavam e os olhos dele mantinham-se fixos em meus lábios. Suas bochechas rosadas e a boca entreaberta demonstravam toda a sua excitação. O seu olhar de desejo me fez sorrir e em seguida morder o seu lábio inferior. aproximou-se rapidamente com a intenção de me beijar, mas eu consegui me esquivar. Minhas mãos desceram de seu rosto, depois pelo seu peitoral e chegaram em sua cintura. Eu peguei a ponta da sua regata e comecei a subi-la. não conseguiu evitar o sorriso diante da minha atitude. Eu terminei de tirar a sua regata e a joguei no chão. voltou a se aproximar, conseguiu até selar os meus lábios, mas eu voltei a interromper o beijo. Levei uma das suas mãos até o peitoral dele e tentei afastá-lo um pouco, mas eu não tinha certeza se queria levá-lo para tão longe de mim. manteve-se perto e insistia em tentar me beijar, mas eu continuava me fazendo de difícil só para provocá-lo. Minha mão que já estava em seu peitoral começou a subir lentamente. Os meus olhos acompanhavam a minha mão, que exploravam cada centímetro daqueles ombros largos e daqueles braços fortes. Minhas mãos chegaram até o seu rosto e eu o trouxe para mais perto do meu, fazendo-o pensar que eu o beijaria. Aproximei meus lábios dos dele, toquei por poucos segundos e logo depois voltei a me afastar. queria me matar. Fiz isso mais duas vezes e todas as vezes que eu me afastava, eu sorria sensualmente, enquanto ele respirava com dificuldade. Depois da quarta vez em que eu ameacei beijá-lo, ele reagiu inesperadamente. afastou-se um pouco para poder subir na mesa de jantar. Eu fui um pouco para trás, ele colocou uma perna em cada lado do meu corpo e apoiou os seus joelhos na mesa. Ele estava em cima de mim e eu já sabia que seria impossível brincar de provocá-lo agora. levou uma de suas mãos até o centro do meu peito e me empurrou de forma fraca para trás, me fazendo deitar sobre a mesa. Seu corpo veio imediatamente por cima do meu e suas mãos seguraram o meu rosto para que eu não tivesse como evitar o beijo dessa vez.

Não sei se sou fraca ou se o é realmente bom, mas esse tipo de atitude dele me faz ficar alucinada. Quando o beijo se intensificou, uma das mãos dele abandonou o meu rosto e começaram a percorrer todo o meu corpo. Passou pelos meus seios, pela minha cintura e quando chegou no elástico do meu shorts a mão dele não se intimidou. Ela adentrou o meu shorts e eu fui obrigada a interromper o beijo com um suspiro. Levei uma das minhas mãos até a dele e a segurei.

- Na mesa de jantar? – Eu estava sorrindo igual uma idiota. Não sei se era por causa da bebida ou por prazer mesmo.
- O que? – estranhou a minha pergunta.
- Qual é! Essa é a minha mesa de jantar. – Eu ainda estava deitada e ele ainda estava sobre mim.
- Você está de brincadeira. – me olhando, sem acreditar.
- Tem uma cama enorme lá em cima e você quer fazer sexo na mesa de jantar? – Eu tentei acrescentar ao meu argumento. – Qual é! Eu não estou tão bêbada assim. – Eu completei.
- Olha... – negou com a cabeça e suspirou. – Você tem sorte de ser gostosa. – Ele disse, tirando o seu corpo de cima do meu, indo em direção ao final da mesa e descendo dela. Quando voltou ao chão, ele levou suas mãos até as minhas coxas e as puxou em direção ao final da mesa. Eu sorri diante da atitude dele. Estiquei as minhas mãos em sua direção e ele as puxou, me colocando sentada novamente.
- Você me chamou mesmo de gostosa? – Eu quase ri, levando o meu rosto até o dele e selando os seus lábios. – Foi a coisa mais bonita que você me disse nos últimos dias. – Eu ironizei e ele sorriu, passando os seus braços em torno da minha cintura e me tirando de cima da mesa. Toquei o seu rosto e o puxei para mais um beijo, mas ele o interrompeu antes que ele se intensificasse.
- Vê se não acostuma. – disse com os lábios praticamente colados nos seus. O meu sorriso aumentou, fazendo ele me beijar.

A insanidade também parecia ser uma característica que ambos tínhamos em comum naquele momento. Meus dedos se entrelaçavam nos fios de cabelo próximos a sua nuca e as mãos dele que antes estavam em minhas costas deslizaram ligeiramente até o meu quadril, onde ele apertou sem qualquer hesitação. Apesar de me fazer sorrir, ele não permitiu que o beijo fosse interrompido. começou a me empurrar para trás e eu deduzi que estivéssemos indo em direção a escada. Antes de chegarmos na escada, esbarramos em uma mesa que tinha alguns porta-retratos, que foram pro chão. começou a rir do quão atrapalhados nós éramos e eu aproveitei a deixa para ver o que nós havíamos derrubado.

- Os porta-retratos... – Eu vi, olhando pro chão.
- Fica quieta... – entrou na minha frente, impedindo a minha visão dos porta-retratos. Como sua mão já estava em torno da minha cintura, não foi difícil ele continuar me empurrando em direção a escada.
- Mas... – Antes que eu continuasse a minha frase, a sua boca me calou. Ele continuou me guiando até a escada e quando chegamos nela, começamos a subir. Estava sendo um pouco complicado pra mim porque eu estava de costas para a escada, então eu estava subindo de costas. Seria bem mais fácil interromper o beijo e subir logo a escada toda, mas eu realmente não queria parar de beijá-lo. também não me deixaria interromper o beijo outra vez. Estávamos indo muito bem até chegarmos no meio da escada. Eu tropecei em um dos degraus e acabei caindo sentada. Eu estava grudada ao e acabei levando-o comigo.
- Ei, vai com calma. – Eu botei a culpa da nossa queda na pressa dele de chegar ao meu quarto.
- Isso é tudo culpa sua. – riu, levantando-se do degrau e estendendo a sua mão para me ajudar a levantar também.
- Minha culpa? – Eu fingi estar indignada, enquanto ficava de pé novamente.
- É! Você não poderia escolher o sofá ou a máquina de lavar? – brincou, enquanto subia a escada comigo. Ele de frente e eu novamente de costas.
- Dá pra parar de reclamar? – Eu rolei os olhos e sorri de lado.
- Viu? Sua culpa de novo. – fingiu me julgar.
- O que eu fiz agora? – Eu continuei subindo as escadas.
- Você fica ai com esse seu sorriso e.... – olhou para o meu corpo. – Com esse corpo e esses seus... beijos. Não pode me culpar por não conseguir tirar as minhas mãos de você. – Ele ergueu os ombros.

Depois de subirmos o último degrau, entramos no longo corredor. O meu quarto ficava lá no fundo, portanto, eu tomei a liberdade de levar uma das minhas mãos até os botões da calça dele e comecei a puxá-lo para mais perto de mim, enquanto eu andava de costas até o meu quarto.

- Bem, suas mãos não estão mais em mim agora. – Eu disse com o corpo dele já colado ao meu. Minha mão ainda o puxava pela calça.
- Já estou avisando: se eu tocar, eu não vou mais soltar. – disse com o seu olhar provocante e o seu sorriso destruidor. Puxei ainda mais a sua calça pra mais perto de mim e nossos lábios quase se tocaram. Meus olhos se perderam no sorriso dele e eu também lancei pra ele o meu sorriso mais safado. Aproximei lentamente os meus lábios de uma das suas orelhas. Toquei o outro lado de seu rosto com uma das minhas mãos.
- Promete? – Eu sussurrei em seu ouvido e senti ele se arrepiar da cabeça aos pés. Fui afastando lentamente os meus lábios da sua orelha e trouxe o meu rosto para frente do dele. não hesitou em tocar o meu rosto com uma das suas mãos e levá-lo até o seu.

estava completamente inconsciente, porém ele sabia exatamente o que estava fazendo. Independente do problema que tudo isso possa causar no futuro, ele quer o que ele quer e nada pode fazê-lo mudar de ideia. esperou e lutou tanto por aquilo. Ele passou pelo inferno para estar ali comigo. Dane-se as consequências.

O beijo triplicou o meu desejo e pareceu ter triplicado o dele também. Eu não precisei puxá-lo mais em direção ao quarto já que era o quem estava me empurrando dessa vez. Os dedos dele se entrelaçavam no meu cabelo e não deixava que a intensidade do beijo diminuísse. Minhas mãos percorriam e exploravam o seu peitoral e as suas costas. Chegamos no final do corredor e soubemos que estávamos em frente a porta do meu quarto. Nós paramos de andar e continuamos nos beijando incansavelmente. Eu estava de costas para a porta do meu quarto, quando interrompeu o beijo abruptamente. As mãos rápidas dele foram até o meu cropped e o tirou de uma só vez, jogando-o no chão. Eu também fui rápida ao segurar novamente o inicio da sua calça e puxá-lo para dentro do meu quarto. Quando eu o puxei, ele já voltou a colar os seus lábios nos meus. O beijo não durou nada, porque eu tive que abaixar o meu rosto para poder ver as minhas mãos abrirem apressadamente o cinto dele e depois os botões da sua calça. Antes de me deixar abaixar a sua calça, ele pegou a carteira em seu bolso e tirou de lá um preservativo, jogando-o sobre a cama em seguida. Era mais fácil pegá-lo agora do que ter esse trabalho mais tarde. jogou a sua carteira em algum lugar e eu me abaixei para poder tirar a sua calça jeans. Depois de me livrar dela, eu comecei a subir lentamente. Quando cheguei próxima ao elástico de sua cueca, eu levei os meus lábios até lá e comecei a depositar beijos, enquanto continuava subindo. Minhas mãos acompanhavam os meus beijos. Os beijos chegaram em seu pescoço e eu explorei cada centímetro dele. Uma mão dele tinha seus dedos entrelaçados em meu cabelo e a outra desceu até o meu short, onde ele colocou a mão dentro só para alcançar o meu quadril. Os meus beijos continuaram excitando ele até o momento em que ele decidiu usar suas mãos para abrir o meu shorts. Não foi necessário descê-lo até o chão, pois ele desceu sozinho. Parei de beijar o pescoço dele e olhei para baixo. Com o meu shorts preso em somente um dos meus pés, eu o joguei para qualquer lugar do quarto. As mãos dele não esperaram um segundo para voltar a tocar o meu corpo. Passou o seu braço em torno do meu corpo e o colou no seu. Mesmo com a aproximação, eu dei atenção para as minhas sandálias, que com muito sacrifício eu consegui tirar. Depois de me livrar delas, foi me empurrando rapidamente em direção a cama e me jogou nela. Antes de colocar o seu corpo sobre o meu, tocou o elástico da minha calcinha vermelha e a puxou, tirando-a.

A velocidade com que tudo estava acontecendo era bem maior do que a outra noite que ficamos juntos. Não sei se estávamos bêbados ou se estávamos realmente necessitando daquilo. As mãos dele apertaram as minhas coxas, enquanto o seu corpo subia lentamente pelo meu. foi depositando calorosos beijos na minha cintura, na minha barriga e depois em meus seios ainda cobertos pelo meu sutiã vermelho. Os beijos subiram até o meu pescoço e ficaram lá por um tempo.



A barba rala dele fazia cócegas cada vez que entrava em contato com a minha pele. Meus olhos se fecharam para que eu pudesse apreciar ainda mais o momento e as unhas das minhas mãos arranhavam as costas dele. Os lábios dele subiram até o meu queixo e ele posicionou o seu rosto em frente do meu. O seu sorriso malicioso me fez olhar para os seus lábios. Deslizei a minha mão de sua nuca e a trouxe para o seu rosto, tentando trazê-lo para mais perto do meu. Eu consegui trazê-lo par mais perto, mas na hora de beijá-lo ele afastou-se. A verdade é que ele estava querendo me provocar. Tentei beijá-lo mais uma vez, mas meus lábios apenas encostaram nos dele de leve. Eu sorri, e mordi o meu lábio inferior. Mais uma tentativa de beijá-lo e ele novamente afastou-se. Eu não tive dúvidas e usei toda a minha força para empurrar o corpo dele. Consegui colocar o meu corpo sobre o dele. Me sentei em sua barriga e me inclinei para aproximar o meu rosto do dele. Minhas mãos pressionaram os pulsos dele contra o colchão.

- E agora? – Eu levei o meu rosto para ainda mais perto do dele. A ponta do meu nariz chegou a tocar no do dele.
- Não acredito que foi isso o que eu perdi todo esse tempo. – negou com a cabeça, me olhando com excitação. A sua frase me fez sorrir com uma certa malandragem. Os olhos dele estavam fixos em meus lábios e eu decidi me aproximar ainda mais. Aproximei a minha boca da dele e puxei o seu lábio inferior com os meus dentes. Me afastei, mudei a posição da minha cabeça e puxei novamente o seu lábio inferior, mas dessa vez eu não consegui me afastar, pois o me puxou para um beijo. Soltei os seus pulsos para poder segurar o seu rosto, enquanto eu o beijava.

adorava quando nos beijávamos, pois isso sempre dava espaço para as mãos bobas. Ele era bom nisso. Aquele nosso beijo durou bastante e as mãos bobas não faltaram. As mãos de faziam tour pelo meu corpo sem qualquer restrição. As mãos dele ficaram em meu quadril por um tempo e depois elas se concentraram em se desvencilhar do meu sutiã. Depois de um certo sacrifício, conseguiu abrir o meu sutiã e o jogou em qualquer lugar do quarto. Aproveitei a oportunidade para me livrar da cueca dele de uma vez. Parei de beijá-lo e desci até a sua cintura, segurando o elástico de sua cueca e puxando-o para baixo. Fui até o final da cama e se sentou para me ajudar a tirar a sua cueca mais rapidamente. Eu joguei a cueca no chão e olhei para ele. ainda estava sentado e esperava eu me aproximar. Eu fui me aproximando lentamente, enquanto ele me observava. Cheguei até ele e me sentei em seu colo, colocando uma perna em cada lado do seu corpo. Apoiei os meus braços em seus ombros e o encarei.

estava completamente hipnotizado e se dependesse de mim ele ficaria ainda mais. Selei rapidamente os seus lábios e depois desci até o seu pescoço. O perfume dele era tão bom, que eu realmente não me importava de ficar ali tão próxima ao seu pescoço durante o resto da noite. As mãos dele subiam e desciam do meu quadril para as minhas costas. Os olhos fechados deixavam em evidência o seu prazer. Em meios aos beijos, ele voltou a abrir os olhos e avistou o preservativo. estendeu-se para pegá-lo e ao perceber a sua atitude, eu parei com os beijos. Quando se recompôs, ele me olhou e me roubou um selinho.

Não sei se o é que tinha jeito para a coisa ou se nós no encaixávamos perfeitamente em todos os sentidos inclusive na cama. Nós sabíamos compartilhar o prazer e sempre dávamos um jeito de os dois serem igualmente beneficiados com qualquer coisa que fizéssemos na cama. Eu odiava ficar lá bancando a boa moça, enquanto o fazia todo o trabalho. Apesar de toda a nossa cumplicidade na cama, fora dela éramos o oposto. Na hora do sexo você não fica pensando racionalmente ou fica pensando se é o certo a se fazer ou não. Você apenas faz e pronto. Sem drama e sem enrolação. Nós nos entendíamos na cama de um jeito louco e absurdo. Eu não sei se é porque ele foi o primeiro cara com quem eu transei ou se é porque ele é foda mesmo. Talvez os dois? Quem sabe? Mas o não tinha dúvidas de que o fato de estar comigo em qualquer lugar que fossee era tão bom, porque eu era a única garota com quem ele idealizava os seus desejos mais loucos. Foi com aquele corpo que ele sempre sonhou. tinha tantas expectativas e todas elas foram ultrapassadas. Do que mais ele poderia reclamar?

Foi a noite mais louca de todas. Não parecia nem eu mesma ali. Na verdade, era só um lado meu que eu não conhecia ainda. estava me ajudando a descobrir a mim mesma. estava me mostrando o lado bom da vida, que eu nunca imaginei que fosse assim tão bom. A nossa empolgação, disposição e excitação pareciam não acabar. sabia exatamente como me conduzir e usava todos os meus pontos fracos ao seu favor. Eu também o conhecia muito bem e sabia lidar com os desejos e vontades dele.

Além de todo o sentimento e de tudo o que aconteceu entre nós, a atração física é algo que realmente influenciava em tudo. Era impossível odiá-lo inteiramente depois de uma briga, porque não dava pra olhar pra ele e não pensar no quão bonito ele é. O me atraia como ninguém. É insano tentar entender. também tinha uma atração física enorme por mim desde sempre. Foi por isso que ele se apaixonou a primeira vista. A atração sempre existiu, mas ao longo dos anos ela só foi se desenvolvendo. A atração física, o passado, os sentimentos que ainda restavam ocasionaram não só a minha segunda vez, mas a minha terceira e quarta também. Eu avisei que a noite foi a mais louca de todas.

Não vamos exagerar e achar que toda a minha ousadia não teve a ver com a bebida. É claro que teve a ver. Se estivesse sóbria, eu não faria muitas coisas que eu havia feito naquela noite. Não quer dizer que eu me arrependa ou que eu não era queria aquilo. Só estou dizendo que se eu estivesse no meu estado normal eu não teria coragem para ir tão longe. fantasiava aquela noite há tempos, mas há muito tempo ele duvida que ela pudesse realmente acontecer. Bem... aconteceu!

- Uau... – Eu suspirei, depois de sair de cima do e me jogar no colchão.
- Caramba... – sorriu, olhando pro teto.
- Você... – Eu virei o meu rosto para olhá-lo.
- Você quer... – sorriu, me olhando.
- Querer eu quero, mas não sei se ainda tenho forças. – Eu dissee, rindo.
- Que bom, porque eu estou morto. – também riu.
- Eu preciso descansar. – Eu suspirei, me espreguiçando.
- Eu vou ao banheiro. Eu volto já. – disse, levantando e sentando-se na cama. Ele colocou a sua cueca antes de se levantar. Observei ele sair e ainda não conseguia acreditar no que havia acontecido. Aproveitei a ausência dele para voltar a vestir a minha lingerie. Eu voltei a me deitar, colocando um lençol sobre o meu corpo. Estiquei o meu corpo para pegar o meu celular, que estava sobre o criado-mudo. O relógio marcava um pouco mais de 4 horas da madrugada, o que quer dizer que eu tenho algumas horas para descansar.

Algumas horas depois de sairmos daquele barzinho o efeito da bebida estava começando a passar. saiu do banheiro e voltou imediatamente para a cama. Ao se deitar, ele percebeu que eu estava virada para o outro lado e de costas pra ele. O meu silencio e o fato de eu não me mover fez com que ele deduzisse que eu estivesse dormindo. não pretendia me acordar, mas ele não pode evitar o beijo que ele deu em um dos meus ombros descoberto pelo lençol. Mesmo estando sonolenta, o beijo me fez sorrir. No fundo, eu estava feliz por não estar sozinha naquela casa.

Eu não me lembro do que aconteceu depois e certamente o também não lembrava, pois ambos dormimos. Eu havia trabalhado naquele dia e trabalharia no dia seguinte também. Eu tinha todos os motivos para estar cansada. Isso, é claro, se não citarmos o sexo daquela noite.



TROQUE A MÚSICA:



Eu comecei a despertar quando um caminhão extremamente barulhento passou pela rua da minha casa. O bairro era muito tranquilo, então quando esse tipo de barulho atrapalhava toda aquela tranquilidade era realmente bem alarmante. Meus olhos foram se abrindo lentamente e não demorou para que eu sentisse a minha cabeça latejar. Eu estava um pouco perdida e não sabia muito bem onde estava. Não é que eu não me lembrava da noite anterior, mas é que a dor de cabeça e o sono me deixavam um pouco atordoada. Abri os olhos de uma vez e percebi que estava no meu quarto e agradeci mentalmente por isso. Depois de me espreguiçar, eu percebi que havia algo sobre a minha cintura. Olhei para baixo e vi um braço, que fazia a volta na minha cintura.

- Não, não, não... – Eu fechei os olhos e pedi com esperanças de que não fosse o braço do ali. Virei lentamente a minha cabeça para trás e o vi dormindo calmamente. A verdade é que eu tinha esperanças que o que aconteceu na noite passada não passasse de um sonho. Se fosse real, significaria que eu tinha cedido. Eu não podia ter cedido. - Droga... – Eu suspirei longamente, voltando a fechar os olhos e começando a me xingar mentalmente.

Eu tinha que sair dali. Voltei a olhá-lo para ter certeza de que ele ainda dormia. Mesmo com medo de acordá-lo, levei uma de suas mãos até o seu braço, que continuava em volta da minha cintura e o levantei lentamente. Demorei algum tempo para me desvencilhar de seu braço e quando consegui, fui me arrastando até a beirada da cama. Quando cheguei bem na ponta da cama, acabei caindo no chão depois de tropeçar no lençol da cama, que cobria o meu corpo. O barulho foi enorme e eu mal tive coragem de olhá-lo para ver se ele tinha acordado. Aos poucos fui me levantando e fiquei aliviada quando vi que ele ainda estava dormindo. Me levantei do chão e andei silenciosamente até o banheiro. Entrei no banheiro e tranquei lentamente a porta para não fazer qualquer barulho. Encarei o espelho e eu só conseguia me perguntar como eu conseguia ser tão burra. Eu me esforcei tanto para que não acontecesse de novo! Eu me esforcei tanto em afastá-lo de mim e agora ele está na minha cama! Fiquei mais algum tempo me martirizando, enquanto fazia a minha higiene matinal.

Fiquei receosa de sair do banheiro, pois da última vez que eu acordei ao seu lado ele me surpreendeu ao sair do banheiro. Eu até ficaria trancada no banheiro o dia todo se eu pudesse só para não ter que lidar com o , mas eu não podia. Eu tinha aula e apesar de atrasada, ainda dava pra assistir a última aula. Abri a porta do banheiro silenciosamente e fiquei super aliviada quando vi que ele ainda dormia. Com passos silenciosos fui até o meu guarda-roupa. De costas para ele, eu comecei a procurar uma roupa descente para ir para a faculdade. Por estar de costas, não vi o se mexer lentamente na cama e em seguida espreguiçar-se. Ainda com os olhos fechados, ele estranhou o fato de não me encontrar na cama e então abriu os olhos. A primeira coisa que ele viu foi eu mexendo cuidadosamente nas roupas do guarda-roupa. Ele negou com a cabeça e riu silenciosamente.

- Saindo de fininho? – disse com aquela voz de sono. Ao ouvir a voz dele, eu imediatamente fiz uma careta e fechei os olhos por alguns segundos. Peguei a primeira blusa que vi pela frente e comecei a vesti-la.
- Saindo de fininho? Eu estou na minha casa. Você é quem deveria sair de fininho. - Eu disse, sem olhá-lo. - Aliás, se quer fazer isso fica a vontade. Juro que fecho os olhos e finjo que não sei de nada. Até fico ofendida depois se você quiser. – Eu completei com ironia.
- Você vai sair? - perguntou, me vendo colocando a blusa. Eu continuava de costas pra ele, então ele aproveitou para dar uma discreta olhada no meu quadril.
- Eu vou pra faculdade. – Eu afirmei da forma mais fria que eu consegui.
- Então, você está mesmo me mandando embora? – sentou-se e depois levantou-se da cama.
- Pode ficar se quiser. Quando sair, tranca a porta e dá a chave pro Big Rob. – Eu continuei de costas pra ele.
- Dá pra parar de bancar a chata? – deu alguns passos na minha direção e me observou de costas.
- Se eu continuar bancando a chata você me deixa em paz? – Eu disse quando finalmente me virei para olhá-lo.
- Você tentou isso nos últimos 7 anos e não funcionou. Acha que vai funcionar agora? – forçou um sorriso pra mim.
- Você tem razão. Isso NUNCA vai funcionar. – Ele sabia que eu não estava falando sobre ser chata ou não e sim sobre nós.
- Poderia funcionar se nós conseguíssemos ter uma conversa civilizada ao invés de ficarmos atacando um ao outro. – tentou manter a ordem.
- Sobre o que você quer conversar? – Eu abri os braços. Desde quando conversar resolve alguma coisa? Sempre acabamos brigando mais.
- Eu não sei! Por onde eu devo começar? - ironizou, arqueando ambas as sobrancelhas.
- Você quer conversar? Está bem! - Eu queria me ver livre dele logo. - Veste uma roupa, que eu vou te esperar lá embaixo. – Eu me abaixei e peguei a calça jeans dele que estava no chão e a joguei em sua direção. Eu estava incomodada por ele estar só de cueca. Isso tira a minha concentração e me deixa nervosa.

Já que havia desistido de ir para a faculdade, peguei um shorts jeans qualquer e sai rapidamente do quarto, pois não pretendia vê-lo se trocar. O meu nervosismo causado pela sua falta de roupas ficou evidente pro , que riu silenciosamente quando me viu sair do quarto. Eu desci as escadas, fui até a sala e me joguei no sofá. A minha cabeça continuava doendo um pouco, talvez por causa das duas cervejas que eu tomei na noite anterior. Apoiei a minha cabeça em uma das almofadas e as lembranças da noite passada vieram a minha mente de forma involuntária.

O dia mal havia começado e as coisas já estavam complicadas para , que teria que se despedir das pessoas que mais amava para pegar o seu voo para Paris. Paris era tudo o que ela queria, mas ao mesmo tempo era o seu maior pesadelo. Apesar de tudo, não estava tão triste quanto estaria se tivesse que se despedir de seus melhores amigos. Afastar-se deles foi uma estratégia para não sofrer no dia em que ela partisse. Despedir-se é sempre pior. havia se acostumado com a ausência dos amigos, então ela esperava que não fosse tão difícil.

- A que horas ela vai chegar? Eu já estou atrasado. - resmungou. Apesar de seus compromissos, todos os amigos de estavam no aeroporto esperando para se despedir.
- Ela disse que o voo era ás 10:30. Ela deve estar chegando. - acalmou o namorado.
- Isso é tão triste! Todos estão indo embora. Primeiro a e agora a . - fez bico.
- Eu estou morrendo de saudades da . - falou com um bico.
- E não foi visitá-la por quê? - arqueou uma das sobrancelhas.
- Você se acha, né? Só porque foi visitar a , acha que pode ficar falando. - olhou pro amigo, irritado.
- É, . Fica na sua. - apoiou , já que ele também não tinha ido me visitar.
- Eu ainda não sei por que vocês não foram visitá-la. Me falem! - abriu os braços aos risos.
- Nem todo mundo é CDF igual você, idiota. O que você estuda em um dia, nós levamos uma semana pra estudar. Nunca dá tempo de ir pra Nova York. - explicou.
- Pelo menos a nós vamos poder visitar, mas e a ? Nós nunca vamos pra Paris. - parecia triste e distante.
- Eu sei que é difícil, mas foi decisão dela. - tentou consolar a namorada.
- Nós temos que pensar que é o melhor pra ela. – , como sempre, era o mais sensato.
- Sabe o que é pior? Saber que ela vai embora sem se acertar com a . - negou com a cabeça.
- Eu acho que a nem sabe que ela vai embora hoje. - concluiu.
- Acho que ela nem sabe que a vai embora... ou sabe? - olhou pra .
- Sabe! Eu contei. - afirmou.

Apesar de conhecer os seus amigos muito bem, não esperava vê-los no aeroporto. Ainda mais depois de seu afastamento, que intrigou a todos. chegou no aeroporto com as malas nas mãos. Amber a acompanhava e ainda tinha o seu rosto vermelho por causa dos tapas que levou na noite anterior. Os pais de também acompanhavam a filha. Ao adentrar o aeroporto o olhar triste de desapareceu quando ela viu os seus amigos. Eles conversavam e nem perceberam que ela havia chegado. Os meninos pareciam discutir sobre alguma coisa e as meninas estavam no meio tentando apartar a confusão. Aquela cena fez sentir saudades do ensino médio. se aproximou discretamente e os pais ficaram logo atrás.

- Vocês estão esperando alguém? - chegou por trás de todos eles. A discussão acabou e todos se viraram para olhá-la.
- ! - a abraçou sem qualquer restrição.
- Nós nem vimos você chegar. - sorriu para a amiga.
- É claro que não viu! Fica ai reclamando de tudo. - provocou o amigo.
- Cala a boca, . - fez cara feia para o amigo.
- Não acredito, ! Todas as suas roupas couberam só nessas duas malas? - brincou.
- É claro que não. Para caber todas as minhas roupas precisaria de mais 3 malas dessas. - entrou na brincadeira. - Eu deixei muita coisa aqui. - Ela explicou.
- É claro! Ela vai pra Paris! Pra que levar tantas roupas se comprar roupas lá é muito melhor? - fez careta pro .
- Roupas são roupas! Sejam de Atlantic City ou das Bahamas. - rolou os olhos. - Vocês são muito complicadas. - Ele suspirou.
- Não se mete, lindo. Você não entende nada. - sorriu pro namorado.
- Vai, otário! - gargalhou das palavras de .
- Olha só! Cuida da sua mulher, que eu cuido da minha. - retrucou.
- Dá pra vocês pararem de brigar por dois segundos? - fez cara feia para os amigos.
- É! A já tem que ir embora. - disse, olhando no relógio.
- , já está quase na hora do seu avião. - Amber se aproximou para alertar a prima.
- Eu já estou indo. - afirmou com a cabeça.
- Oi, Amber. - foi gentil.
- O que aconteceu com o seu rosto? - era cara de pau mesmo e já chegou perguntando.
- O que? - Amber tentou ganhar tempo para inventar uma desculpa.
- Seu rosto está vermelho. - também olhou para o rosto da prima de .
- É que eu... bati no armário hoje de manhã. - Amber mentiu na cara dura. Acha mesmo que ela ia dizer que levou uma surra de mim? segurou o riso.
- Você bateu a sua cara no armário? - não acreditava em tamanha idiotice.
- É, eu estava meio dormindo. - Amber complementou a mentira.
- Nossa... - estranhou.
- Gente, eu tenho que ir agora. - fez bico.
- Awwwn, . - a abraçou com tristeza. - Se cuida, ok? Não some, por favor. - Ela olhou em seus olhos.
- Eu não vou mais sumir. Prometo! - afirmou com um sorriso.
- Eu te amo. - beijou carinhosamente o seu rosto.
- Eu também. - se esforçava para ser forte.
- , eu sei que essa parte é triste, mas é o seu sonho e é o que você quer. Eu estou muito feliz e orgulhoso de você. - a abraçou.
- Obrigada, . - também o abraçou forte. - Vê se não faz besteira, hein? Você já ganhou a garota! Não vai perdê-la agora. - Ela sussurrou e riu.
- Deixa comigo! - piscou um dos olhos para a amiga.
- Que surpresa, né? Pra onde mais a minha patricinha favorita poderia ir estudar? Paris! - brincou, antes de abraçá-la.
- Como consegue ser tão grosso e fofo ao mesmo tempo? – sorriu, negando com a cabeça.
- Não fala assim. Você me adora e sabe disso. – aproximou-se da amiga e a abraçou timidamente. não era muito de abraços. – Boa viagem, . – Ele falou mais sério.
- Obrigada. – sorriu, emocionada.
- Se sentir falta das minhas grosserias é só ligar. – piscou um dos olhos pra ela, que gargalhou.
- Eu vou mesmo! – Eu afirmou com a cabeça.
- , não vaaaaaaaaaai. – voltou a abraçá-la calorosamente.
- Não fica triste, . – pediu. – Olha pra mim. – Ela terminou o abraço para olhar no rosto de e viu seus olhos cheios de lágrimas. – Eu vou voltar e quando eu voltar nós vamos abrir a melhor loja de roupa feminina que Atlantic City já viu! – Ela prometeu.
- Combinado, sócia! – conseguiu sorrir apesar de toda a tristeza.
- Se cuida! – acariciou o rosto da amiga.
- Você também. – achou consolo nos braços de .
- Bem, acho que falta só eu! – abriu os braços.
- ... – sorriu, sem jeito.
- É isso o que você realmente quer? – aproximou-se de sua ex-namorada.
- É isso o que eu quero. – afirmou com a cabeça.
- Então eu não posso fazer nada além de ficar orgulhoso e torcer pra você. – a olhou nos olhos.
- Obrigada, . – não queria se aproximar. Ela sabia que já estava com outra garota e não queria causar problemas.
- Vem aqui. – pediu, puxando-a para um abraço. – Você sabe que não foi sua culpa, não sabe? – Ele estava preocupado com a relação dele e da .
- Eu sei. – respondeu, segurando o choro.
- Você é a garota mais incrível que eu já conheci. Nunca se esqueça disso. – fez questão de dizer a ela. – Eu não sou o cara pra você, mas ele está por ai. Quando você conhecê-lo eu quero ser o primeiro a saber. – Ele terminou o abraço para olhá-la. – Vê se não arruma francês engomadinho, ok? Não combina com você. – Ele brincou e riu, apesar das lágrimas.
- Vou pensar no seu caso. – rolou os olhos, sorrindo.
- Cuide-se, ok? – voltou a se aproximar, levou seus lábios até a testa de e a beijou. – Seja feliz. – Ele sussurrou.
- Você também, . – Os olhos de estavam completamente tomados de lágrimas.
- , vamos! – Amber a apressou.
- Vamos. – passou as mãos nos olhos e secou as lágrimas que ainda estavam lá.

correu até os braços dos pais e os abraçou. Eles já haviam se despedido anteriormente, então não houve tanto sofrimento. Foi a mesma coisa com a Amber. voltou a pegar as suas malas e foi andando rapidamente em direção a fila de embarque. Enquanto se afastava, ela olhava para os pais e para os amigos, que acenavam para ela. chorava nos braços de e era consolada por . a observava com um sorriso que passava tranquilidade a ela. Olhando para todos ali, foi impossível não sentir falta das duas pessoas que estavam faltando ali: eu e o .

Apesar de ter se despedido dos amigos, embarcou com uma sensação de vazio. Era como se algo estivesse faltando. Era como se ela ainda tivesse algo para fazer. Sentou-se na poltrona ciente de que o seu voo iria até Nova York e que chegando no aeroporto de lá, ela trocaria de avião e iria para o que a levaria para Paris. não tinha certeza sobre nada, mas algumas ideias passavam pela sua cabeça. Não dava para ir embora sem antes consertar um grande erro.

vestia a sua calça, enquanto pensava em como faria a nossa conversa funcionar. Ele já não tinha mais argumentos para explicar o seu erro. Nada havia dado certo. Nem mesmo a noite maluca que nós tivemos. Apesar de eu bancar a difícil, ele ainda tinha esperanças de que eu cedesse em algum momento. desceu as escadas da minha casa e foi em direção a sala. Ele me viu deitada no sofá e se aproximou silenciosamente.

- Ainda cansada? – sorriu, me vendo abrir os olhos repentinamente.
- Você me assustou! – Eu me sentei rapidamente no sofá. A noite passada não sairia da minha cabeça por um longo tempo.
- Estava pensando em algo que não deveria? – disse, malandro. Como ele sabia?
- Pode se dizer que sim. – Eu suspirei longamente, tentando me recuperar.
- Podemos conversar agora? – sentou-se ao meu lado no sofá.
- Onde está a sua camiseta? – Eu o olhei, incomodada com o fato de ele estar sem camisa. Isso sempre me deixa nervosa.
- Eu ia te perguntar a mesma coisa. – sorriu, malandro.
- Eu não sei. – Eu fiquei imediatamente sem graça. – Eu acho que... – Eu olhei em volta e vi a regata dele em cima do abajur da sala. – Ai, que droga. – Eu fechei os olhos.
- O que foi? – não entendeu a minha rápida mudança de comportamento. Eu me levantei do sofá e fui até o abajur.
- Achei. – Eu peguei a regata e voltei a me virar pra ele. segurou o riso e eu joguei a regata em sua direção. – Nem uma palavra. – Eu engoli o riso. – Está bem. O que você quer conversar? – Eu me sentei em sua frente, enquanto ele vestia a sua regata. Eu tentei ignorar o quão bonito ele ficava com aquela cara de sono.
- Eu quero saber o real motivo de você estar brava comigo. Sem ironias, sem joguinhos e sem brigas. – me olhou, sério.
- Estou brava porque você perdeu a sua virgindade com a Amber no dia do nosso aniversário de namoro. – Eu fui clara e objetiva.
- Por quê? Nós já não estávamos mais juntos. – perguntou numa boa.
- Entenda, . Não importa se já tínhamos terminado ou não. Pra mim foi uma traição de qualquer jeito. Seria uma traição se você o , o ou até mesmo o meu irmão. Todos sabem que eu odeio a Amber e que ela me odeia também. Ficar com ela é como uma apunhalada nas costas, sabe? – Eu expliquei seriamente.
- Ficar com ela não significou nada. Eu não estava bem. Eu estava fora de mim. – tentou se justificar.
- Eu também estava. – Eu fui enfática. – Eu estava péssima. Eu estava me sentindo um lixo porque eu achava que você tinha me trocado pela Amber e o que eu fiz? Eu sofri sim e o Mark estava lá por mim. E para ser bem sincera, eu poderia ter ficado com ele. Eu sempre soube o que ele sentia por mim e eu poderia sim ter me aproveitado disso, mas eu não fiz isso. – Eu expliquei o meu ponto de vista. – Então essa sua desculpa não serve pra mim, . Nenhuma desculpa serve pra explicar o motivo de você ter ficado com ela, sendo que naquele dia mais cedo nós ainda estávamos juntos. – Eu completei.
- Olha, eu sei o quão insensível e ridículo isso vai soar, mas... eu fiquei com ela por impulso. Eu não pensei nela ou em mim. Eu estava no automático. Poderia ter sido qualquer outra pessoa no lugar dela que não teria feito a menor diferença pra mim. – negou com a cabeça. – Eu tinha perdido você e mais nada importava. – Ele completou.
- Se não fez a menor diferença pra você e se você não sentia nada por ela, porque você continuou ficando com ela depois? – Eu queria ouvir qual a desculpa que ele daria agora.
- O que? – me olhou, sem entender.
- Eu recebi umas fotos algum tempo depois que nós terminamos. Nas fotos você e a Amber estavam se beijando. – Eu contei pra ele.
- Fotos? Eu não sabia de foto alguma! – estranhou.
- Pois é, mas elas chegaram nas minhas mãos de alguma forma. – Eu afirmei, erguendo os ombros.
- Porque alguém te mandaria fotos minhas com a Amber? – negou com a cabeça, sem conseguir entender.
- Parece que alguém estava tentando me mostrar que você é um idiota. – Eu sorri, sem me preocupar com aquilo.
- Você não acha isso estranho? – me olhou, sem compreender.
- Não importa quem tirou as fotos. O que importa é o conteúdo delas. – Eu afirmei. – Você estava beijando a Amber. Como é que você vai explicar isso agora? Vai me dizer que foi por impulso? Que você estava sofrendo por mim? – Eu ironizei. – Qual é, . Eu não sou idiota. – Eu rolei os olhos.
- Eu beijei ela sim e para ser bem sincero, ela não foi a única, mas acho que isso nós nem podemos discutir porque você também ficou com o Mark, certo? – Apesar de sorrir, os olhos de me olhavam com irritação. – Acha que isso também não me incomodou? Acha que eu adorei ver você nos braços do cara que você sempre disse que não passava de um amigo? – Ele esperou uma resposta.
- Ele não tem nada a ver com isso, ok? Eu e ele só ficamos juntos depois que eu descobri que você já estava em outra. – Eu não queria meter o Mark na conversa.
- Tinha mesmo que ser esse otário? Vai me dizer que você não pensou o quanto eu ficaria furioso quando soubesse que você estava com ele? – disse com desconfiança.
- Não foi nada disso. Ao contrário de você, eu não precisei usar ninguém pra melhorar o meu sofrimento. O Mark me ajudou muito, mas ele fez sem qualquer intenção. Ele nunca tentou nada comigo. Ele não ultrapassou o sinal uma só vez. Mesmo gostando de mim, ele estava lá apenas para me ouvir chorando por causa de você. – Eu defendi o Mark sem qualquer restrição. – É esse cara que você está comparando com a Amber? – Eu arquei uma das sobrancelhas.
Você... realmente gostou dele, não é? – pareceu incomodado com o jeito que eu havia falado do Mark.
- Isso não vem ao caso agora. Nada disso importa mais. – Eu desconversei imediatamente. O assunto era delicado demais.
- E tem alguma coisa que eu possa fazer pra você me perdoar? – decidiu dar a trégua. Conversar sobre isso agora só pioraria tudo.
- Se fosse você no meu lugar, se eu tivesse perdido a minha virgindade com o Mark naquela noite... – Eu o olhei com atenção. – Você conseguiria me perdoar? – Eu questionei.
- Eu não sei... – rolou os olhos, sabendo que a sua resposta não o ajudaria.
- Exatamente! – Eu sorri fraco.
- Você não quer me perdoar? Está bem! Mas o que vamos fazer com relação a tudo o que aconteceu nos últimos dias. Nós vamos esquecer tudo? – tentou parecer tranquilo ao me fazer aquela pergunta, mas no fundo estava com medo da minha resposta.
- Talvez seja melhor esquecer. – Eu também não estava contente com aquilo, mas não tinha tantas saídas.
- Sabe o que eu não consigo entender? Se você está realmente decepcionada comigo porque ficou comigo ontem a noite? Você não quer que eu me afaste? – me colocou contra a parede. Era uma boa pergunta.
- É complicado... – Eu deixei de olhá-lo e ri sem emitir som.
- Então, vamos descomplicar! – cerrou os seus olhos. – Você ainda sente alguma coisa por mim? – A pergunta me deixou um pouco nervosa e eu tentei disfarçar. Os olhos dele me analisaram, enquanto eu pensava em alguma forma de respondê-lo. estava ansioso.
- Você quer saber mesmo a verdade? – Eu respirei fundo. Cogitei a possibilidade de dizer a verdade, mas isso iria contra tudo o que tenho dito a ele nos últimos dias. – Eu acho que é uma coisa física. Entende o que eu quero dizer? – Não era mentira, mas também não era toda a verdade.
- Físico? – foi pego de surpresa. Ele não esperava algo tão insensível vindo de mim.
- É isso! Eu tenho uma atração física enorme por você. Foi por isso que aconteceu tudo aquilo noite passada. É por isso que quando eu estou perto de você, eu não consigo evitar. – Não falar sobre sentimento tornou tudo mil vezes mais fácil pra mim. Ele deixou de me olhar. Se eu não o conhecesse tão bem, diria que ele estava decepcionado. – Algum problema? – Eu quis saber se havia dito algo errado.
- Não! Na verdade, você descreveu exatamente o que eu sinto também. Com certeza é algo físico. – poderia surtar, mas ele era orgulhoso demais para isso. Ele ia me devolver na mesma moeda. – Eu te vejo e pronto. Não tem mais jeito. – Ele forçou um sorriso.
- Sério? Isso é ótimo. Assim, nós podemos pular toda aquela parte chata de sentimentalismo. – No fundo, eu estava aliviada. Sentimento é algo complexo e doloroso demais.
- Sentimentalismo é ultrapassado demais pra nós, não é? Se nós somos tão bons em outras coisas, para que serve o sentimentalismo? – e eu parecíamos dois idiotas hipócritas.
- Isso é um alívio pra mim. Que bom que você se sente assim também. – Eu afirmei com a cabeça e sorri.
- Então, recapitulando: nós somos ex-namorados que não sentem mais nada um pelo outro, mas nos encaixamos perfeitamente na cama. – sorriu ao dizer aquilo.
- É... – Eu concordei. – Quer dizer, noite passada foi... – Eu não consegui descrever, mas o meu sorriso disse tudo.
- Eu sei! Foi... loucura. – foi obrigado a concordar.
- É, foi... – Eu suspirei só ao me lembrar.
- Legal! E como vamos resolver isso? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Não há nada pra resolver. Foi ótimo, mas... – Eu ergui os ombros. Estava sendo muito difícil tentar me manter tão fria.
- O que? Está me dizendo que... não vai ter mais sexo? – fez careta.
- Como assim? É claro que acabou. Nós não estamos juntos. – Eu não sabia o que ele estava querendo.
- Quer dizer que tudo bem pra você se não nos vermos mais e nem fizermos mais sexo? – Mesmo sendo orgulhoso, não queria ter que se afastar.
- Olha, foi bom... – Eu fui dizendo e me olhou com desconfiança. – Está bem! Foi incrível! Foi... – Eu neguei com a cabeça, pois não sabia mais que dizer. – Eu não vou mentir pra você e dizer que eu não gostei do que nós fizemos. Eu gostei, mas nós não estamos juntos. Ontem foi uma exceção. – Eu continuava sem saber o que ele estava querendo chegar com aquela conversa.
- E só porque não estamos juntos nós não podemos... ficar juntos de vez em quando? Eu quero dizer, no dia que você e eu estivermos afim, porque não? – abriu os braços.
- Você está de brincadeira comigo. – Eu estava esperando ele dizer que estava brincando.
- Não banca a boa moça agora, ok? Não pra mim. – piscou um dos olhos.
- Você está sugerindo o que? Uma amizade colorida? Sexo sem compromisso? – Eu ainda não acredito que ele estava me sugerindo aquilo.
- É... mais ou menos isso. – afirmou sem hesitar.
- Você está maluco! – Eu comecei a rir.
- Acha que não vai dar conta? Não me diga que está com medo de se apaixonar? – sorriu, malandro. A campainha tocou repentinamente, me fazendo agradecer mentalmente por não ter que responder aquela pergunta. – Você está esperando alguém? – Ele olhou para a porta.
- Não. – Eu estranhei, pois o Big Rob não havia avisado a chegada de ninguém. – Se esconde! Se o Big Rob não avisou deve ser alguém conhecido. – Eu me levantei rapidamente do sofá.
- Alguém conhecido? – arregalou os olhos. – Ta de brincadeira? – Ele abriu os braços.
- Sai logo daqui! – Eu fiz sinal com a mão para que ele saísse. pegou a sua camisa que estava no chão e correu em direção a cozinha. Eu fiquei até com medo de abrir a porta. Se fosse alguém da minha família ou dos meus amigos seria difícil explicar a presença do ali. Corri até a porta e antes de abri-la, ajeitei o meu cabelo e a minha roupa. Toquei a maçaneta e a virei.
- ? - Eu fiquei completamente surpresa ao vê-la. Eu não tive reação. Eu não fiquei brava ou sorri.
- Oi, . - sorriu fraco. - Nós podemos conversar? - Ela perguntou, tensa.
- O que... - Eu neguei com a cabeça - O que você está fazendo aqui? - Eu estava em choque.
- Eu estou indo pra Paris hoje. O meu avião sai em menos de uma hora e... - hesitou continuar. Pensou até mesmo em ir embora. - Eu não quero ir embora sem antes conversar com você. Eu vou te explicar tudo. - Ela afirmou.
- Me explicar o que? - Do que essa menina está falando?
- Eu posso entrar? - pediu de uma vez, pois não tinha todo o tempo do mundo.
- Entra. - Eu abri ainda mais a porta, dando espaço para que ela passasse.
- Como você está? - ainda estava meio receosa.
- Eu estou bem, mas... eu estou um pouco confusa. - Eu a olhei com desconfiança. Da cozinha, conseguiu ouvir a voz de e achou que pudesse estar ficando maluco.
- Eu tenho que te contar algumas coisas. - explicou. - Hey, Jonas! Pode vir aqui! - Ela gritou e eu fiquei ainda mais assustada. Como ela sabia? Ao ouvir o seu sobrenome, teve certeza que era a .
- Porque acha que ele está aqui? - Eu tentei despistar.
- Eu vi o carro dele lá fora. - foi direta e eu soube que não tinha mais como enrolá-la. ouviu a justificativa de e negou com a cabeça. - Oi, . - Ela sorriu ao vê-lo sair da cozinha. Eu o fuzilei com os olhos, pois se ele tivesse ido embora quando eu havia pedido nada disso estaria acontecendo.
- Oi, . - sorriu, sem jeito.
- Que bom que vocês estão aqui juntos, porque o que eu vou falar interessa aos dois. - continuou fazendo mistério.
- Eu ainda não sei do que você está falando. - Eu ergui os ombros, sem entender absolutamente nada.
- Eu vim falar sobre a Amber. - disse e viu a minha péssima reação ao ouvir o nome de sua prima.
- É claro que veio. - Eu deixei de olhá-la e neguei com a cabeça.
- O que tem a Amber? - quis saber do que se tratava.
- Ela me contou o que aconteceu ontem. - começou a falar aos poucos.
- Qual parte? Ela na cama do ou a surra que eu dei nela? - Eu sentia tanto orgulho em falar daquela surra.
- Os dois. - afirmou.
- E deixe-me adivinhar: você veio aqui tirar satisfação porque eu dei um jeito na sua adorável prima? - Eu ironizei.
- Eu não vim defender a Amber. - disse, séria.
- Então o que foi que você veio fazer aqui? - Eu fui meio grossa, porque aquela história com a mexia completamente com o meu emocional.
- Deixa ela falar! - me deu uma bronca e eu fiz cara feia pra ele.
- Eu vim dizer que eu sei de tudo. A Amber me conta absolutamente tudo e não é porque eu escuto, que eu concordo. - explicou.
- Você está falando sobre eu ter dormido com ela. - entendeu as indiretas de .
- Engraçado como tudo acaba levando a esse maldito assunto. - Eu sorri, negando com a cabeça.
- Aquela noite não foi por acaso. - falou de uma vez.
- Como assim não foi por acaso? - O comportamento calmo de mudou.
- Quando ela foi atrás de você naquela noite ela já sabia o que conseguiria. - media as palavras.
- Não tinha como ela saber. - argumentou, desacreditando.
- Ela sabia sobre o término. - Eu conclui.
- Ela sabia sim. - afirmou com a cabeça.
- Mas... como? - não conseguia compreender.
- Eu estava com ela quando ela recebeu um telefonema naquela noite. Era um telefonema de um número não identificado. No telefone, disseram que vocês tinham terminado e que só ela poderia te consolar. - fez uma pausa. - Ela já estava preocupada com você, pois você tinha sumido o dia todo. Quando ela recebeu o telefone, ela não teve dúvidas. Ela foi atrás de você sabendo exatamente o que conseguiria. - Ela completou.
- Isso não é possível. - estava chocado.
- Quem foi que ligou pra ela? - Eu olhei pro , assustada.
- Ela não soube dizer. Ela disse que não reconheceu a voz e eu sinceramente acredito nela, porque ela me contou absolutamente tudo. Não tinha porque ela me esconder isso. - enfatizou.
- Porque alguém ligaria pra ela? - não conseguia aceitar tamanho absurdo.
- Não sei! Quem mais sabia sobre o término naquela noite? - tentou ajudar a esclarecer o mistério.
- Naquela noite eu não contei pra ninguém. - disse, depois de pensar por um tempo.
- Eu liguei pra no caminho pra casa e o Mark também soube quando eu cheguei aqui. - Eu disse e imediatamente fez cara de desconfiança só porque eu havia citado o nome do Mark. - Nem pense nisso. - Eu já fui tirando o cavalinho dele da chuva. - Eu confio nos dois e tenho certeza que nenhum deles faria isso. - Eu já tirei o de e Mark da reta.
- Então quem foi? - abriu os braços, irritado por eu ter defendido o Mark de novo.
- Eu não sei. - Eu disse, pensativa. Quem faria algo assim? Pra que?
- E... eu não sei como vocês estão, mas eu acho que eu deveria contar também que a Amber sempre me contava as coisas que ela fazia pra conseguir ficar com o . Ela usava aquelas roupas pra impressionar ele. Ela assistia todos os jogos dos Yankees só para poder impressionar ele, mas ela também dizia que nunca dava certo. A Amber dizia que nunca sentia que ele correspondia os sentimentos dela. - não sabia se isso nos ajudaria em alguma coisa, mas não custava nada.
- Pode repetir isso, ? - olhou pra mim e forçou um sorriso que dizia 'Viu? Eu disse!'.
- Espera... - Eu a olhei, séria. - Porque está fazendo isso? Porque está me contando essas coisas agora? - Eu não conseguia entender o motivo de estar ali entregando a sua prima, que ela fez tanta questão de defender no passado.
- Acho que... - deixou de me olhar, abaixou a sua cabeça e encarou suas mãos, que brincavam com o seu celular. - Eu acho que estou tentando reparar um erro irreparável. - Ela finalmente disse.
- Você está falando sobre você ter ficado do lado da Amber? Esse é o seu erro irreparável? - Eu tentei parecer mais fria ao falar sobre o assunto, mas foi difícil. Isso realmente mexia comigo.
- Não. O meu erro irreparável foi ter sido tão egoísta a ponto de ficar do meu próprio lado ao invés do seu. - voltou a me olhar.
- Eu não entendi. - Eu a olhei, confusa.
- Eu vou te contar a verdade, mas eu realmente não espero que você me perdoe, porque eu sei que eu não mereço. - se sentia péssima falando sobre aquele assunto, mas eu precisava saber.
- Qual verdade? - Eu comecei a ficar assustada. continuava atento, mas em silêncio.
- Há uns dois anos atrás a Amber veio passar as férias na minha casa. Todo mundo sabia que ela era louca pelo . Ela sempre foi louca pelo ! Só que naquelas férias em que ela veio, o estava namorando a Jessie. A Amber ficou mal e estava determinada a superar o . Foi quando ela começou a notar o . - parecia chateada ao falar do assunto.
- Qual ? O seu ? Quer dizer.. - falou por impulso e depois se xingou mentalmente por tamanho gafe.
- Sim! - confirmou. - Ela começou conhecer o melhor e começou a me falar que ele era um garoto incrível e que ele era bonito. Eu já sabia o que aquilo queria dizer. Ela não sabia que eu gostava do e eu também não sabia que o gostava de mim. Eu tive um colapso, mas as férias acabaram antes que ela conseguisse alguma coisa com ele. - Ela completou.
- Mas que vadia... - Eu neguei com a cabeça, sem conseguir me conformar.
- Ela ficou algum tempo sem ir para Atlantic City nas férias, mas ela voltou no meu aniversário desse ano. Eu vi ela conversando com o na festa e você e o estavam juntos. - mal conseguia olhar pra mim.
- Mas você e o também estavam namorando! - Eu argumentei.
- Eu sei, mas... - negou com a cabeça. - Você sabe, a Amber chama atenção. Ela é bonita e tem um corpo escultural. Eu fiquei insegura com a volta dela pra Atlantic City e quando eu descobrir que ela iria morar lá... eu surtei de vez! Foi então que eu percebi o ciúmes que ela sentia de você por causa do . No auge do meu egoísmo, eu percebi que se ela tivesse o , ela esqueceria do . - Ela voltou a abaixar a cabeça.
- Você... – Eu não conseguia acreditar no que havia feito.
- Eu achei que se você e o terminassem, ela ficaria o e então eu não correria mais riscos de perder o . – resumiu tudo de uma vez. Os olhos dela demonstravam tristeza e arrependimento.
- Você nunca correu risco nenhum de perder o . Ele sempre foi louco por você. – Eu balancei a cabeça negativamente. Era um absurdo o que ela estava dizendo.
- Ele era louco por mim. – me corrigiu de forma triste. – Essa é a parte mais irônica de todas. Tudo o que eu fiz foi para não perder o e olha pra mim agora. E vocês que eu tentei separar continuam juntos. – Ela olhou pra mim e pro . – Existe lição melhor do que essa? Eu duvido. – Os olhos dela e encheram de lágrimas.
- Porque você não me disse isso na época? Nós teríamos dado um jeito nisso. Nós teríamos dado um jeito na Amber. – Eu fiquei imediatamente mal com tudo.
- Naquela noite em que eu disse aquelas coisas pra você, eu já me arrependi. Eu me senti a pior pessoa e a pior amiga do mundo. – Os olhos dela continuavam se enchendo de lágrimas.
- Foi por isso que você se afastou de todos. – deduziu, sensibilizado com a história da amiga.
- Esse foi o principal motivo. – afirmou.
- Eu não acredito que você tentou destruir o meu namoro para salvar o seu. Eu não acredito que colocou toda a minha felicidade em risco para beneficiar você mesma. – Eu senti uma mágoa enorme dentro de mim. Eu me levantei do sofá, porque eu não conseguia olhar pra ela.
- Me desculpa, . – abaixou a cabeça e as lágrimas escorreram dos seus olhos. – Eu sei que o que eu fiz foi errado. Você não sabe o quanto eu me arrependo. – não sabia o que fazer ou dizer.
- Você era a minha melhor amiga! Eu confiava cegamente em você! Você foi a primeira pessoa a saber sobre eu e o . Como você pode? – Eu me mantive de pé, mas me virei para olhá-la.
- Eu fui egoísta e sei que isso não tem perdão. Eu devia saber que nenhum amor vale uma amizade. – passou as mãos pelo seu rosto, secando as lágrimas que escorreram.

Eu não sabia se eu queria chorar ou socar alguém. Se antes eu já estava magoada com a , imagina agora? Ela sabia o quanto o meu relacionamento com o era instável. Ela sabia de cada problema que nós tínhamos. Ela sabia que não resistiríamos a uma crise como a Amber. Por outro lado, o namoro dela era o exemplo a ser seguido. Havia respeito, amor e tudo o que um namoro tem que ter. O sempre foi louco por ela. Como ela pode achar que podia perdê-lo? Como ela pode achar que alguém como ele veria alguma coisa em uma vadia como a Amber? Eu não sei mesmo o que pensar.

- Eu não sei o que te dizer, . Eu não sei o que você esperava vindo aqui. – Eu neguei com a cabeça, sentindo os meus olhos começando a lacrimejar.
- Eu não vim atrás do seu perdão. Eu vim porque eu não queria ir embora sem antes te contar o real motivo do fim da nossa amizade. Eu vim pra tentar consertar a besteira que eu fiz. – levantou-se do sofá.
- É só isso? – Eu estava me segurando.
- Eu vou embora. – achava que não tinha mais nada para fazer ali.
- Espera! – entrou na frente de e eu o olhei. – Isso é sério? É isso o que vocês vão fazer? Logo vocês que são amigas desde que eu me lembre? É assim que vai acabar a amizade de vocês? – nos conhecia bem e sabia que se forçasse um pouco conseguiria uma forma melhor de terminarmos com aquilo.
- Você não ouviu tudo o que ela disse? – Eu olhei pro , irritada.
- Ela errou e ela assumiu isso. Ela está arrependida e teve o trabalho de vir até aqui mesmo sabendo que você não a perdoaria. – olhou para nós duas. – Eu sei que você está magoada, . Você tem toda a razão do mundo pra isso. Para ser honesto, eu também estou um pouco chateado porque ela também é a minha amiga e o que ela fez também me atingiu, mas... ela está indo embora. – Eu e nos olhamos de longe. – Esse erro não pode ser a única coisa que restou daquela amizade que vocês tinham antes. – Ele completou. e me olhavam, esperançosos. Eles esperavam que eu tomasse alguma atitude.
- Eu tenho mesmo que ir embora. – não podia mais esperar. Ela sabia que eu não cederia agora e nem daqui há anos. Ela estava certa de que eu jamais a perdoaria e ela teria que conviver com isso. – Eu sinto muito mesmo. – Ela me olhou pela última vez com seus olhos cheios de lágrimas.

começou a andar em direção a porta e um filme parecia passar pela minha cabeça. Ela ia para Paris. Em outra época, eu estaria extremamente feliz por ela. Nós estaríamos comemorando a ida dela e a realização de seu sonho. Eu me lembrei de quantas vezes nós falamos sobre o futuro e quantas vezes ela me contou a sua vontade de ir para Paris e estudar o que mais lhe dava prazer no mundo. Eu também compartilhava com ela a minha vontade de morar em Nova York. Olhe para nós agora. Estamos realizando os nossos sonhos e não podemos nem comemorar juntas. Enquanto se aproximava da porta, eu olhei para o . Ele manteve-se em silêncio, mas seus olhos pareciam me dizer alguma coisa. Nos olhos dele eu me lembrei do quão ruim era realizar o seu sonho, enquanto você sofria pela falta ou poe culpa de alguém. Eu sei exatamente como é isso e eu não estava certa se eu queria ser o sofrimento que atrapalharia o sonho que tanto idealizou comigo.

- Espera, . – Eu disse, respirando fundo. Virei o meu rosto para olhá-la e vi que ela havia parado em frente a porta. Em meio a um impulso, eu andei rapidamente até ela e a abracei. foi pega totalmente de surpresa. Ela demorou alguns segundos para corresponder ao abraço. Ao apertar o meu corpo, ela começou a chorar. Eram lágrimas de alívio.
- Desculpe por não ser a amiga que você esperava e merecia que eu fosse. – disse, enquanto nos abraçávamos. A sua voz de choro fez com que eu ficasse ainda mais emotiva, mas eu não iria chorar. Por poucos segundos, foi como estar abraçar a minha melhor amiga novamente.
- Boa sorte. – Eu disse, terminando o abraço para poder olhar em seu rosto. – Não importa o que você fez. Nós torcemos tanto para que você realizasse o seu sonho e agora que você conseguiu, eu não posso deixar de desejar que você seja feliz. – Eu a olhei nos olhos e ela sorriu. admirava a cena com um sorriso no rosto.
- Eu também desejo que você seja muito feliz e eu tenho certeza que você vai. – olhou para , que não pode deixar de ficar feliz com a insinuação. Ele também foi até ela e a abraçou. – Desculpe, . Eu fico feliz que tenha escolhido a garota certa. – Ela terminou o abraço, olhou pra ele e piscou um dos olhos.
- Boa viagem, . – beijou carinhosamente o seu rosto. – Obrigado por tudo o que você já fez por mim. – Ele se referia a todas as vezes que ela nos ajudou. E olha, não foram poucas.
- Cuide-se. – sorriu para o amigo.

se sentia muito mais leve. Parecia que um peso enorme havia saído das suas costas. Ela ainda não tinha o meu perdão e ela também achava que não o merecia, mas aquele abraço valeu mais do que qualquer perdão. Mesmo com tudo o que fez, conseguiu ver sinceridade em cada palavra dita por mim. me conhecia muito bem e sabe que independentemente de qualquer coisa que ela tenha feito, eu jamais desejaria mal a ela. Agora sim, ela podia ir embora. Agora sim, ela poderia viver o seu sonho e guardar aquele abraço tão sincero para sempre. Aquele abraço que representava tudo o que a nossa amizade sempre significou para nós duas.

Nós a guiamos até o lado de fora da casa. Havia um taxi em frente a minha casa e ele esperava o retorno de . Ela foi até o taxi e antes de entrar nele, ela olhou para mim e o . Nós estávamos lado a lado e esperávamos ela ir embora. acenou com um belo sorriso e eu acenei mais timidamente, enquanto o aceno de foi bem mais empolgado. Apesar de estar chateada, eu estava feliz por ter ajudado a tornar o sonho de ainda melhor. O taxi deu a partida e eu estava em paz por ter dado a ela o que ela tanto queria.

- Isso foi incrível. – virou o seu rosto para me olhar. Eu não respondi nada, apenas voltei a me virar em direção a minha casa. No caminho, alguém chamou a atenção dos meus olhos. Alguém que eu não via há dias. Alguém que era importante pra mim.

Mark estava em frente a sua casa e lavava o seu carro. O meu olhar se mantive fixo nele por um tempo e rapidamente notou. Quando percebeu que eu não desistiria de olhar, Mark resolveu olhar pra mim. Ele estava sério, mas não parecia bravo. A minha vontade era de ir até lá e falar com ele. Eu queria saber como ele estava. Eu queria saber se ele estava bem. Eu desisti de fazer isso no instante em que percebi os olhos dele encarem , que estava bem atrás de mim. Eu me senti péssima! Mark voltou a me olhar e para ele estava bem claro quem eu havia escolhido. Eu acenei com uma das mãos pra ele e Mark correspondeu com um fraco sorriso e um aceno com a cabeça. Não era do feitio dele me ignorar e eu não esperava outra coisa dele.

Como se eu já não estivesse péssima por causa da , agora também tinha o Mark. Muito fácil essa minha vida, não é? A minha dor de cabeça foi passando aos poucos, mas os problemas não. ainda estava lá e ainda queria uma resposta sobre a nossa situação. Eu sinceramente não sabia o que dizer a ele. Convenhamos: ficar com ele foi uma das melhores coisas que aconteceu comigo ultimamente, mas não dá pra fazer disso uma coisa frequente. Principalmente porque ficar perto dele me assusta pra caramba e eu não sei até quando eu conseguiria levar essa baboseira de ‘eu não sinto nada’ a diante. O medo também era compartilhado por , mas ele estava relacionado a sua volta pra Atlantic City dali algumas semanas. estava aprendendo a viver sem mim. Como seria viver comigo de novo e depois ir embora? Ele conseguiria esquecer? São perguntas demais pra poucas respostas.

- Aproveitando esse seu espírito de perdão e de reconciliação... – disse, ao entrarmos novamente na casa. Ele achou que talvez com as palavras de , eu poderia ter mudado a minha opinião.
- Sem chances, Jonas. Tudo o que a disse não muda nada, porque você dormiu com a Amber de qualquer jeito. Ela pode ter armado e manipulado a situação, mas se você não quisesse não teria acontecido. – Eu disse, certa do que eu queria. – Já percebeu que todos os meus problemas atuais estão relacionados a Amber? – Eu olhei pra ele.
- Dá pra não falarmos na Amber agora? Eu estou falando sério. – suspirou e revirou os olhos.
- Eu também estou. Ontem a noite foi legal, mas não dá pra esquecer o que você fez, ok? Não é assim que funciona. – Eu expliquei pra ele numa boa.
- Eu sei que não é assim e eu entendo os motivos de você estar decepcionada comigo. – aproximou-se de mim e olhou em meu rosto.
- Mas... – Eu sabia que teria um ‘mas’.
- Mas nós já entramos em um consenso de que não existe mais sentimento, mas existe atração. Eu vou ficar só mais algumas semanas em Nova York. Porque não podemos aproveitar esse tempo? Depois eu volto pra Atlantic City e você nem vai ter mais que se lembrar de mim. – estava usando todos os seus argumentos para me convencer. Ele não queria ter que se afastar. Eu já estava ficando sem paciência para aquela conversa e sai, indo em direção a cozinha. Eu queria comer alguma coisa, já que não havia tomado café da manhã.
- Eu não vou ficar brincando de amizade colorida, Jonas. – Eu disse, percebendo que ele estava vindo atrás de mim. Eu cheguei na cozinha, esperando outro argumento dele, quando me deparei com uma coisa surpreendente. – Oh meu.... Deus. – Eu paralisei, olhando para aquela frase enorme escrita na parede branca da cozinha.
- O que é isso? – Os olhos de demonstravam preocupação e a boca entreaberta demonstrava a sua surpresa. A frase dizia: ‘AFASTE-SE DELE’.
- Quem escreveu isso? – O meu coração se acelerou e o medo tomou conta de mim.
- Qual foi a última vez que você veio aqui? – deixou de olhar para a frase pela primeira vez para me olhar.
- Eu não sei... – Eu sentia minhas mãos suarem frio. – Acho que foi ontem de noite. – Eu nem conseguia pensar direito.
- Alguém teve acesso a sua casa além de mim? – começou a fazer perguntas e eu não conseguia colocar os meus pensamentos em ordem.
- Não que eu saiba... – Eu voltei a olhar pra frase, tentando encontrar qualquer vestígio de quem a tivesse escrito. A frase foi escrita de batom vermelho.
- Essa frase é sobre quem? – ficou extremamente preocupado. Ele queria saber de todo o jeito quem havia escrito aquilo.
- Eu não sei. Eu acho que.. é sobre você. – De quem mais seria?
- Sobre mim? Mas ninguém sabe sobre nós. Quer dizer, a Amber sabe e a também sabe agora, mas elas não poderiam ter entrado aqui. – negou com a cabeça, ficando ainda mais receoso ao saber que a frase falava sobre ele.
- A Meg também sabe. – Eu adicionei um nome na sua lista. Ele manteve-se em silêncio, pensativo. – Será que tem alguém na casa? – Eu demorei para considerar aquela possiblidade. Eu olhei em volta, assustada.
- Fica aqui, que eu vou dar uma olhada na casa. – também não havia pensado nisso e coragem não lhe faltou para procurar a pessoa culpada por aquilo.
- Não! – Eu segurei o seu braço e me aproximei mais dele. – Não me deixa aqui sozinha. – Eu disse, irritada. Ele está maluco em me deixar sozinha?
- Está bem. Então vem comigo. – fez cara feia e segurou a minha mão, me levando com ele.

Fizemos um tour pela casa. Olhamos em baixo de cada cama e atrás de cada porta. Chegamos a olhar até dentro dos armários. Ninguém! Nenhuma evidência estranha, nenhuma pista... nada! Fomos conversar com o Big Rob também, que confirmou que esteve lá durante a noite toda. Ele tem os seus dias de folga, mas a noite anterior não era uma delas. Se o Big Rob estava lá, como alguém conseguiu entrar na casa? Tudo bem que o Big Rob não fica a noite inteira olhando para a casa, mas ele fica esperto com qualquer barulho que ele possa ouvir. Como alguém entrou na minha casa sem que o alarme disparasse?

- Não tem ninguém aqui. – concluiu, depois que olhamos em toda a casa. Voltamos para a cozinha.
- Como foi que conseguiram entrar na casa? Tem alarme e o... Big Rob. – Eu não conseguia entender como alguém pode ter entrado na casa.
- Ok! Se acalma, tudo bem? – foi até mim, tocou o meu rosto com uma das suas mãos e o acariciou. Ele estava tentando me acalmar. – Tente pensar em quem poderia ter feito isso. – Ele pediu com jeito, pois sabia que eu estava muito nervosa. O seu gesto de tocar o meu rosto como ele costumava quando nós ainda estávamos juntos, me deixou um pouco sem jeito.



- Eu.... – Eu olhei pra ele e não conseguia mesmo pensar em ninguém. – Eu não sei. Eu não consigo pensar em ninguém agora. – Não encontrar nenhum suspeito me deixava ainda mais nervosa. – Porque alguém ia querer que eu me afastasse de você? Porque isso é tão importante? – As mãos dele abandonaram o meu rosto.
- Espera um pouco. – Foi como um estalo na cabeça dele. – As fotos... – O jeito que ele me olhou me fez perceber que se tratava de algo importante.
- Quais fotos? – Eu me interessei imediatamente.
- As que te enviaram! – afirmou. – Quem mandou aquelas fotos também não queria que ficássemos juntos. – Ele concluiu.
- Você... acha que é a mesma pessoa? – Eu também não havia pensado nisso.
- Com toda a certeza! – não tinha dúvida alguma.
- E será que também é a pessoa que ligou pra Amber no dia em que nós terminamos? – Eu me lembrei de outro fato estranho, que havia nos intrigado muito.
- É mesmo! – também havia se esquecido disso. – Nossa... – Ele deixou de me olhar, maluco com todas as evidências que estavam bem na nossa cara e nós não enxergamos.
- Isso não pode estar acontecendo... – Eu levei minhas mãos a cabeça e entrelacei meus dedos em meu cabelo.
- Aconteceu mais alguma coisa estranha que você não tenha me contado? – queria saber se havia mais alguma pista que havíamos deixado passar.
- Não. Eu acho que não. – Eu disse, pensativa. – Ah... espera... – Eu me lembrei de mais alguma coisa estranha.
- O que foi? – estava ansioso para ouvir.
- As gravações que sumiram! As gravações de quando nós viemos aqui da primeira vez. Elas sumiram e depois nos enviaram só as nossas cenas. Lembra disso? – Foi há muito tempo, mas poderia ter alguma relação.
- Que droga. – ficou impressionado. Essa pessoa está agindo há muito tempo. – O que tudo isso quer dizer? – Ele não sabia o que essa pessoa estava querendo.
- Eu não acredito que entraram na minha casa... – Eu não conseguia nem pensar que alguém que queria o meu mal havia entrado na minha casa. O que poderia ter acontecido?
- Tudo isso parece ser algum tipo de ameaça. – continuava pensativo. Ele precisava descobrir quem era.
- Porque estão me ameaçando? Porque nós ficamos juntos? Qual o sentido disso? Quem se importa com o que nós fazemos ou deixamos de fazer? – Eu comecei a surtar. Essa é a coisa mais insana que já aconteceu comigo.
- Alguém se importa. – respondeu, me olhando sério.
- Mas quem? – Eu abri os braços.
- Essa pessoa parece estar próxima. Ela sabia o que aconteceu entre nós da primeira vez que viemos juntos para Nova York. Ela sabia que nós terminamos naquele dia. Agora, ela sabe que nós ficamos juntos de novo. – Ele ficava repetindo tudo para ver se alguma hora a ficha caia.
- Legal! Então quer dizer que tem alguém me espionando? Alguém vai me matar se eu não ficar longe de você? É isso? – Eu sorri de tanto nervoso. Isso só podia ser brincadeira.
- Porque não me disse isso antes!? Você ficou todo esse tempo aqui sozinha. – me deu uma bronca. Ele não queria nem pensar o que poderia ter acontecido.
- Nunca aconteceu nada demais. Eu não achei que fosse importante. Eu não sabia que tudo aquilo eram ameaças. – Eu argumentei com honestidade.
- Você já contou isso para os seus pais? Pro ? – perguntou, sério.
- Está maluco? Se eles souberem, eles vão me fazer voltar pra Atlantic City no mesmo dia. – Eu neguei com a cabeça, fazendo cara feia.
- , você não está segura aqui sozinha. – não conseguia evitar toda aquela preocupação. Era mais forte que tudo.
- Eu não vou desistir do meu sonho agora, ok? Eu já perdi muita coisa pra dar pra trás agora. – Eu disse e pareceu entender exatamente do que eu estava falando. Eu sofri tanto nos últimos meses e não desisti de ficar em Nova York. Eu não vou fazer isso agora.
- Eu não quero saber. Você vai ligar para os seus pais agora e vai contar tudo. – disse em tom de ordem.
- Eu não vou! – Eu o enfrentei, irritada.
- Não vai? Então eu ligo. – levou suas mãos até o bolso de sua calça e pegou o seu celular.
- Não, não, não... – Em meio a um impulso, eu fui em direção a ele e tentei pegar o celular das suas mãos, mas eu não consegui. – Não faz isso! – Eu pedi de frente pra ele, furiosa. – Isso não é problema seu! – Eu esbravejei.
- É claro que é problema meu. Estão te ameaçando por causa de mim. – apontou pra si mesmo. – E se acontecer alguma coisa? Como eu ficaria sabendo que eu poderia ter evitado e não fiz nada? – Ele estava realmente bravo.
- Não vai acontecer nada! Isso aqui não é CSI. – Eu disfarcei o meu medo para poder convencê-lo do que eu estava falando. – Eu vou ficar bem. – Eu afirmei.
- Você não quer que eu conte para os seus pais? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Não, eu não quero. – Eu disse como se fosse a coisa mais óbvia de todas.
- Então essa é a minha proposta: eu fico aqui na sua casa durante essas semanas que eu vou ficar em Nova York. Eu vou ficar aqui pra garantir que você está segura e que você está bem. – era teimoso. Ele não ia me deixar em paz, enquanto não soubesse que eu estava segura.
- Você? Morando na minha casa? – Eu disse em tom de deboche.
- Olha só, eu estou hospedado em um hotel 5 estrelas. O mais caro da cidade! Tenho tudo do bom e do melhor. Acha mesmo que eu quero vir morar aqui? – demonstrou impaciência.
- Então, não venha! Eu não quero que você venha morar aqui. – Porque ele estava dizendo como se eu estivesse implorando para que ele viesse morar ali?
- Então é melhor começar a arrumar as suas malas, . – novamente me ameaçou, pegando o seu celular.
- Porque está fazendo isso!? – Eu tentei novamente evitar a ligação e ele esquivou-se.
- Eu estou te protegendo! – gritou, furioso. Ele estava tentando me proteger e eu ainda ficava reclamando?
- Então para de me proteger! – Eu elevei o meu tom de voz. Nós não estávamos mais juntos. Ele não tinha obrigação alguma de cuidar de mim.
- Eu não posso! Eu sei que você está correndo perigo e não vou te deixar ficar sozinha aqui. – diminuiu o seu tom de voz. Nos encaramos e trocamos olhares nada amigáveis por um tempo. – E então, ? Devo ou não ligar para os seus pais? – sorriu, esperando uma resposta minha. Voltar pra Atlantic City ou morar com o por algumas semanas? O que é pior?





Capítulo 50 – Ameaças Reais



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:




- Espera. Deve haver outro jeito. – Eu tentei procurar outra saída, já que nenhuma até agora havia sido boa.
- Não tem outro jeito. – suspirou, demonstrando impaciência.
- Tem o Big Rob! Esse é o trabalho dele, não é? Ficar de olho em mim. Você fala com ele e ele fica de olho em mim. – Eu achei que tivesse achado com uma solução.
- Eu não confio nele! Quem me garante que não é ele? Como alguém entrou aqui sem que ele visse? E se ele for o cumplice? – justificou.
- O Big Rob? – Eu fiz careta. Aquilo era um absurdo pra mim.
- Não quero saber. – Ele rolou os olhos. – Decide logo! Eu fico ou não? – me pressionou para saber a resposta. Eu demorei para chegar em um consenso. Viver com o naquela casa seria insuportável, mas contar toda a verdade para os meus pais seria o fim do meu sonho. O que eu faço?
- Bem... – Eu olhei pra ele e o fuzilei com os olhos. Porque ele estava me fazendo passar por isso? Neguei com a cabeça antes de responder. – Está bem. Você pode ficar. – Eu fechei os meus olhos por poucos segundos, não me conformando com aquilo.
- Ótimo. – não demonstrou tanta empolgação. - Mais tarde eu passo no hotel pra pegar as minhas coisas. – Ele se jogou no sofá, já sentindo-se em casa.
- Ei, ei, ei! Vai com calma. – Eu olhei pra ele, irritada. – Se você vai ficar, eu vou ter que colocar algumas regras. – Eu o avisei.
- Regras? – me olhou tediosamente.
- É claro! Ou você acha que vai poder fazer o que quiser aqui dentro? – Eu fiquei mais irritada com o descaso dele.
- Se você tem regras, eu também tenho. – afirmou, sério. – Esse é o único jeito disso aqui durar mais que um dia. – Ele conhecia muito bem o nosso relacionamento.
- Você não vai impor regra alguma, porque você não manda nada aqui. – Eu respondi em um impulso. me encarou com cara feia. – Está bem. – Eu respirei fundo. – Eu não vou discutir com você. – Eu tinha que me controlar.
- Você começa! – me olhou com atenção.
- Está bem! Primeira regra: sem garotas! Você não pode trazer nenhuma das suas vadias para cá! – Eu disse, séria.
- Como não? – disse apenas para me irritar.
- Isso aqui não é puteiro e nem motel. – Eu tentei manter a calma. Ele estava me zuando, né?
- Eu entendi. – rolou os olhos. – Mas se eu não posso, você também não pode. – Ele completou.
- Como é? – Eu cerrei os olhos em sua direção.
- Essa é a minha primeira regra! Você também não pode trazer nenhum cara pra cá. Eu sou o homem da casa. – afirmou entre risos.
- O homem da casa? – Eu fiz careta diante da sua afirmação.
- O único homem da casa. – Ele me corrigiu. – Nós dois sabemos que você ia usar isso contra mim. Agora não vai mais. – sorriu se achando o espertalhão.
- Está bem. – Eu respirei fundo, tentando me conter.
- Mais alguma regra? – pensou que já tivesse acabado.
- É claro que eu tenho mais regras! – Eu disse, irritada. – Você vai morar na minha casa! Eu tenho milhares de regras! – Eu afirmei.
- Vamos combinar uma coisa? 3 regras pra cada ou isso aqui vai virar ditadura. – tentou negociar.
- 3 regras? Até parece. – Eu neguei imediatamente.
- Quanto mais regras você tiver, mais regras eu vou ter. – abriu os braços. A sua afirmação me fez pensar.
- Ok! 3 regras, Jonas. – Eu engoli seco, aceitando o acordo.
- Legal! Então, você tem só mais duas regras. – fez questão de me dizer. – É melhor você pensar bem. – Ele sorriu, satisfeito com o acordo que havia conseguido. O seu riso de vitória me fez ficar extremamente irritada.
- Eu não preciso pensar. Eu já sei qual será a minha segunda regra. – Eu afirmei com extrema calma. Eu já estou farta do bancando o espertinho pra cima de mim. Porque não fazer o mesmo com ele?
- Eu estou ouvindo. – continuava deitado no sofá com aquele seu sorriso idiota. Cruzei os meus braços e o analisei por um tempo antes de dizer qualquer coisa.
- Sem sexo! – Eu decretei, me segurando para não rir da sua expressão repentina de desespero.
- O QUE? – disse, demonstrando indignação.
- É exatamente isso que você ouviu! – Eu não consegui segurar o riso.
- Ok, espera! Vamos conversar. – tentaria converter a situação.
- Essa é a minha regra, Jonas! – Eu estava irredutível.
- Você está fazendo isso só pra me irritar, né? – cerrou os olhos, irritado.
- Não sei por que você está tão inconformado. Não ia rolar sexo de qualquer jeito. – Eu ergui os ombros e revirou os olhos como se não tivesse acreditado no que eu havia acabado de dizer.
- Se não vai rolar sexo, eu também não sou obrigado a ficar aturando os seus dramas e a sua TPM. Não importa se você está sensível ou se quer um abraço. Eu não me importo! Me deixa fora disso! – foi estupidamente claro e objetivo. – Essa é a minha segunda regra. – Ele completou, sério.
- Uau, ficou nervoso? – Eu segurei o riso. – Sabe que se quiser desistir disso é só ir embora, não é? – Eu sugeri, me aproveitando a irritação dele.
- Desistir? Só por causa de sexo? – sorriu com ironia. – Não se dê tanto valor assim. – Ele fingiu não se abalar.
- Que previsível. – Eu rolei os olhos.
- Confesso que estou com medo da sua última regra. Não vai me obrigar a comer a sua comida, vai? – tirou com a minha cara só para variar.
- É claro que não. – Eu sorri para que ele não soubesse que havia conseguido me irritar.
- Então, qual é a sua última regra? – me olhou com a atenção.
- Você... – Eu estava satisfeita com a minha terceira e última regra. Era a regra mais importante pra mim.
- Fala logo. – me apressou, quando eu demorei mais do que deveria para continuar a frase.
- Você não pode se apaixonar por mim. – Eu afirmei, olhando pra ele.
- O que? – fez careta. – Está maluca? – Ele foi obrigado a rir.
- Essas são as minhas regras. – Eu não respondi as provocações dele.
- Vou entrar na brincadeira, está bem? Você também não pode se apaixonar por mim. Se é que você já não se apaixonou, né? – disse entre risos.
- Vai sonhando, . – Eu ironizei sem demonstrar o meu incomodo com a última regra dele.
- Está bem! Já estabelecemos as regras e agora? Já podemos começar a quebrá-las? – abriu os braços.
- Você não pode quebrá-las! Se você quebrá-las, você vai ter que ir embora. – Eu adicionei uma clausula ao nosso acordo.
- O que é isso? Mais uma regra? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Não. Faz parte do acordo. Se existem regras, elas devem ser cumpridas. Se não forem cumpridas, deve haver uma punição. – Eu expliquei com toda a paciência que, aliás, eu não tinha.
- Então, se eu quebrar as suas três regras eu tenho que ir embora? – queria saber se havia entendido bem.
- Exatamente. – Eu afirmei com a cabeça.
- E se você quebrar as minhas regras? – também queria ter uma garantia de que eu não quebraria suas regras.
- Você fica! Não é isso o que você quer? – Eu ergui os ombros, olhando pra ele.
- Está bem. – observou eu me afastar. Eu subi as escadas, pois precisava ficar o mais longe possível dele e também porque eu precisava me trocar para ir trabalhar.

Apesar das regras rigorosas que eu havia imposto, estava feliz. Ele poderá ficar perto de mim de um jeito que nunca havia ficado antes. Secretamente, ele está empolgado por podermos morar juntos por alguns dias. Secretamente sim, porque se eu descobrisse as intenções de eu não permitiria tal reaproximação. Mesmo querendo ficar perto de mim, a prioridade de era cuidar de mim. Não era só uma desculpa para que ele pudesse morar na minha casa por alguns dias. realmente se importava com a minha segurança. Essas ameaças o incomodavam absurdamente. Ele não conseguia evitar.

- Droga... – Eu suspirei ao entrarem meu quarto. Ter o meu ex-namorado morando na minha casa com certeza não estava nos meus planos.

Todas essas ameaças estão realmente começando a me assustar, mas isso não significa que eu estou aliviada por ter o por perto. Pelo contrário! Eu só estou ainda mais tensa, pois vou ter que ficar monitorando os meus olhares e sentimentos dentro da minha própria casa. Nada disso estaria acontecendo se eu tivesse me controlado na noite passada. A pior parte é que ele está fazendo tudo isso de propósito. Ele quer ficar na minha casa só para me irritar e é exatamente isso que eu tenho que me controlar para não dar esse prazer a ele. Eu não posso deixar que ele tenha qualquer controle sobre mim. Além disso, eu passo a maior parte do dia fora. Não vai ser tão ruim assim tê-lo por perto só por algumas horas.

Sentei em minha cama, pensando como é que eu devo agir com ele daqui a frente. As coisas nunca saem como o planejado quando se trata do , mas eu tinha que ter pelo menos em mente o tipo de comportamento que eu devo ter quando eu estiver perto dele. Eu devo ser fria? Mal educada? Indiferente? Ignorante? Nada que eu faça me tirará esse medo de que descubra que essa coisa de ‘atração física’ é uma grande mentira. O meu celular tocou e eu levei um susto. Olhei no visor e vi o nome de ‘Meg’.

- Oi, Meg. – Eu disse assim que atendi a ligação.
- Onde você está, garota? – Meg perguntou, preocupada.
- Eu estava resolvendo uns problemas, mas... na verdade, acabei não resolvendo nada. – Eu fiz careta a falar sobre o assunto.
- Eu deveria entender o que isso significa? – Meg também fez careta.
- Não, esquece. – Eu rolei os olhos, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – E então, você foi na aula? – Eu mudei o assunto.
- Estou saindo da faculdade agora. Sabe que isso está ficando assustador, não é? Eu achei que eu fosse a rebelde de nós duas e agora você vive faltando nas aulas e eu sou a CDF. – Meg disse de um jeito engraçado, me fazendo rir.
- Eu sei. Eu não devia ter faltado. – Eu respirei fundo, culpando mentalmente.
- Você não perdeu muita coisa. O professor passou alguns vídeos longos e entediantes. Você consegue achá-los na internet depois. – Meg me tranquilizou.
- Que bom! – Eu sorri, aliviada.
- Você vai trabalhar hoje, certo? – Meg quis saber.
- Eu vou. Eu preciso sair de casa o mais rápido possível. – Eu voltei a fazer careta.
- Como assim? – Meg não entendeu.
- Eu te conto depois. – Eu neguei com a cabeça. – Então, você pode passar me buscar? – Eu perguntei sem qualquer restrição.
- Posso! Eu chego ai em 15 minutos. – Meg avisou, aproximando-se de seu carro no estacionamento da faculdade.
- Beleza! Vou me arrumar. – Eu disse, me levantando rapidamente da cama e indo até o meu guarda-roupa.
- Te vejo daqui a pouco. – Meg disse antes de desligar a ligação.

Depois de tomar o banho mais rápido da minha vida, me troquei apressadamente. Coloquei um sapato e roupas brancas, arrumei o meu cabelo, passei perfume e coloquei um brinco bem discreto. O tempo que levei para me arrumar, foi o mesmo tempo que a Meg levou para chegar na minha casa. Ouvi a buzina do carro dela e peguei rapidamente a minha bolsa que estava sobre a cama e fui em direção a porta do meu quarto. Desci as escadas correndo e ao chegar ao final dela dei de cara com o .

- Hey, onde você vai? – me olhou, sério.
- Pode me dar licença? Eu estou atrasada. – Eu o olhei, tentando manter a calma.
- Onde você vai? – insistiu na pergunta.
- Olhe pra mim. – Eu abri os braços, querendo que ele notasse a minha roupa branca. – Onde acha que eu vou? Em um centro de macumba? – Eu ironizei.
- Quem está lá fora? – apontou a cabeça em direção a porta.
- Isso é sério? – Eu o olhei com indignação. Interrogatório agora?
- Se eu vou cuidar de você, eu tenho que saber aonde você vai e com quem você vai. – me olhou com certa impaciência.
- Não, você não tem. Devia ter incluído isso nas suas regras, não acha? – Eu forcei um sorriso pra ele. – Não se preocupa. Eu prometo que não vou falar com estranhos e que vou te ligar avisando que cheguei bem, ok? – Eu pisquei um dos olhos pra ele e fui em direção a porta. ficou tão furioso que nem conseguiu responder. Ele apenas me acompanhou com o olhar e me viu sair com pressa pela porta. Foi até a janela e me viu entrando no carro de Meg.
- Não trancou a porta? – Meg perguntou assim que eu entrei em seu carro. Ela estranhou, pois eu sempre trancava a porta.
- Não preciso mais trancar a porta, já que o Capitão Caverna resolveu se mudar pra minha casa. – Eu expliquei, enquanto colocava o cinto de segurança.
- Como é que é? – Meg não entendeu o que eu quis dizer, mas riu mesmo assim.
- deu um jeito de se enfiar na minha casa. – Eu rolei os olhos.
- Como assim? – Meg teve uma crise de risos.
- Ele botou na cabeça que é perigoso eu ficar sozinha naquela casa enorme e agora quer ficar lá, enquanto ele estiver aqui em Nova York. – Eu não quis contar a versão completa, pois eu não queria contar toda essa história de ameaças.
- Mas você sempre morou lá sozinha e nunca aconteceu nada! – Meg continuava achando graça de tudo.
- Exatamente! Mas ele cismou e ameaçou contar para os meus pais sobre as possíveis ameaças que Nova York pode ter e como eu sei que os meus pais são sistemáticos... – Eu neguei com a cabeça. Eu novamente mudei um pouco a versão da história.
- Ele está te chantageando! – Meg abriu a boca, surpresa.
- Entende o meu ódio, agora? – Eu virei o meu rosto para olhá-la.
- Sinceramente? Não, eu não entendo. – Meg sorriu pra mim. – Vocês se odeiam mais que tudo, mas não conseguem ficar longe um do outro. – Ela descreveu a nossa relação em uma frase.
- Ele não consegue ficar longe de mim você quer dizer, não é? – Eu nunca darei o braço a torcer.
- Bem, eu me lembro de ver vocês na maior pegação ontem no bar e você parecia estar bem... empolgada. – Meg voltou a rir.
- Aquilo... – Eu tentei controlar o riso para argumentar ao meu favor. – Aquilo foi uma fraqueza. Só isso! – Eu afirmei.
- Fraqueza? , eu já fui em inúmeras festas, bares e baladas com você e nunca vi você fraquejar! E quando eu digo nunca, é nunca mesmo. – Meg continuava me colocando contra a parede.
- Eu sei, mas é o , sabe? É como uma droga. Você experimenta uma vez e nas outras vezes você fica mais empolgada com aquilo porque você já sabe como é. – Eu tentei explicar pra ela.
- Você gosta da pegada dele. – Meg traduziu a minha frase anterior.
- Não, eu não disse isso. – Eu voltei a segurar o riso. Ela me olhou com desconfiança. – Ok, eu disse, mas isso não significa nada. – Eu disse, rindo.
- Eu sabia! – Meg riu junto comigo. – Ok, mas o que você vai fazer agora? – Ela queria saber se eu tinha algum plano.
- Nada! A única coisa que eu posso fazer é aturá-lo e torcer para que ele vá embora logo pra Atlantic City. – Eu ergui os ombros.
- E o que a sua família vai achar disso? – Meg quis saber.
- Não vai achar nada, porque eles não vão saber de nada disso. Por isso, não conte nem pro . Ele vai acabar contando pro mesmo que você o faça prometer do contrário, acredite. – Eu pedi a ela.
- Está bem. Eu não conto nada. – Meg afirmou com a cabeça.

Chegamos no hospital e ainda tivemos tempo para comer alguma coisa na lanchonete. O meu dia no trabalho foi muito atarefado, portanto, eu não tive tempo para ficar pensando nos problemas ou no . Isso foi bom. aproveitou a tarde livre para ir até o seu hotel para buscar as suas coisas. A sua conta no hotel foi encerrada e ele levou todas as suas malas para a minha casa. Ele chegou discretamente em minha casa que nem Mark soube da sua mudança. Big Rob foi o único que viu, mas não comentou nada sobre o assunto, pois não achava que fosse de seu interesse. levou suas malas até o quarto de visitas que ele havia dormido da última vez que esteve ali.

- Eu adoraria entrar e assistir isso, mas meus pais estão me esperando para irmos na casa de uma tia. – Meg resmungou, quando estacionou o seu carro em frente a minha casa. Como de costume, ela havia me levado do trabalho pra casa, já que eu estava sem carro.
- Você está achando tudo isso muito engraçado, né? – Eu cerrei os olhos em sua direção.
- Imagina! – Meg ironizou.
- Sei... – Eu neguei com a cabeça, sorrindo sem mostrar os dentes. – Te vejo amanhã. – Eu me aproximei e beijei o seu rosto.
- Boa sorte. – Meg disse, me vendo sair do carro.
- Eu não preciso de sorte. Eu preciso de paciência. – Eu brinquei ao sair do carro.
- Até amanhã! – Meg segurou o riso.

Eu me afastei do carro e fui em direção a casa. Consegui dar um jeito de olhar discretamente para a casa de Mark e o vi sentado na varanda. Ele sempre estava lá quando eu chegava. Antes eu achava que ele ficava lá para ter certeza de que eu chegaria bem, mas agora eu vejo o quanto eu fui idiota. Meg também viu o Mark e parou o carro em frente a sua casa para conversar com ele. Observei ele sair da varanda e ir até o carro dela. Eles começaram a conversar sobre alguma coisa que não me interessava mais. Deixei de olhá-los quando cheguei na porta da minha casa. Eu a encarei e pensei em não entrar. Fechei os olhos por poucos segundos e respirei fundo. Toquei a maçaneta e a virei, entrando na casa em seguida. Foi estranho chegar e ver todas aquelas luzes acesas e ouvir o barulho da TV. Olhei em volta e não vi o . Coloquei as chaves da porta sobre uma mesinha e fui em direção as escadas. Queria saber onde estava, mas não sairia procurando ele pela casa. Comecei a subir as escadas e quase no topo dela me deparei com ele.

- Você chegou! – De início, ele pareceu ter se assustado, mas depois ele sorriu.
- Oi... – Eu logo senti o seu forte perfume e fui obrigada a me controlar. Aparentemente, ele havia acabado de sair do banho. O seu cabelo estava molhado e bagunçado e ele vestia uma camiseta branca básica e um shorts comum.
- Você está bem? – perguntou, querendo saber se havia acontecido alguma coisa estranha no meu dia.
- Sim, tudo certo. – Eu afirmei, sem saber muito bem como reagir.
- Ótimo. – forçou um sorriso e nós trocamos estranhos olhares, que me fez querer sair dali imediatamente. Me espremi discretamente no corrimão da escada para que não precisasse tocá-lo na hora que passasse por ele e eu consegui. Ao passar por ele, fechei momentaneamente os meus olhos. também continuou descendo as escadas, sentindo vontade de dizer qualquer outra coisa para que ele tivesse uma desculpa para poder voltar a olhar pra mim. – Você está com fome? – Ele parou no fim da escada e olhou pra trás. Eu fiz o mesmo.
- O que? – Eu achei que pudesse não ter escutado direito.
- Eu estava pensando em pedir uma pizza. Você está com fome? – repetiu a pergunta.
- Na verdade, estou. Eu só preciso tomar um banho. – Eu afirmei, mantendo um sorriso no canto do rosto.
- Está bem. Eu vou ligar na pizzaria. – afirmou ao dar um rápido sorriso. – O mesmo de sempre, né? – Ele queria ter certeza que o meu gosto para pizzas ainda não havia mudado.
- Sim. – Eu fiquei um pouco sem jeito. Ele ainda lembrava do meu sabor favorito de pizza?
- Ok. – afirmou com a cabeça e me olhou como se estivesse esperando alguma reação minha. A minha única reação foi me virar de costas e ir até o meu quarto.

Mesmo depois de tanto tempo, ainda reconhecia as minhas reações, os meus sorrisos e as minhas manias. A confirmação desse fato só o fez sorrir sozinho, enquanto ele ligava para a pizzaria. Eu estava um pouco tensa, pois a minha reação a tudo o que o fazia ou dizia nunca era a ideal. Eu sempre sentia vontade de voltar no tempo e mudar uma fala, um olhar ou um sorriso meu.

O banho acabou tirando um pouco da minha tensão. Depois do banho demorado, pensei em qual roupa deveria vestir. Depois de tanto pensar, notei o absurdo da situação. Se não estivesse lá eu teria pego o primeiro pijama que visse na frente, mas agora eu me pego pensando em que roupa vestir? Eu tinha que agir naturalmente. Vestir qualquer coisa que não fosse um pijama ás 9 horas da noite de uma quinta-feira a noite seria fora do normal. Então, eu decidi vestir um pijama, mas não um pijama qualquer. Um pijama mais apresentável e comportado. Um pijama comum, sabe? Acabei escolhendo um pijama azul composto por um shorts azul inevitavelmente curto (eu não disse escandaloso, ok?) estampado com estrelas amarelas e uma regatinha também azul. Penteei o meu cabelo e passei pouco perfume. Não passei absolutamente nada de maquiagem. Só calcei uma rasteirinha simples e pronto. Saí do meu quarto e desci as escadas. Cheguei na sala e vi o cortando a pizza na mesa de jantar.

- Mas já? – Eu estranhei o fato da pizza já ter chego.
- Você demorou no banho. – afirmou, tirando os seus olhos da pizza para me olhar. Ele ficou surpreso ao me ver de pijama. Não era uma coisa muito comum. Eu ignorei os olhares dele e me aproximei.
- Eu vou pegar os pratos... – Eu ignorei a leve crítica dele e dei alguns passos em direção a cozinha.
- Não, não precisa. Nós podemos comer na mão... – disse e logo depois percebeu que poderia ter soado um pouco autoritário. – Só se você quiser, é claro. – Ele completou.
- Pode ser. Eu vou só pegar guardanapo, refrigerante e copo. – Eu não me importei. Fui até a cozinha e peguei tudo o que eu havia dito. Ao voltar para a sala de jantar, o avistei sentado no chão. Ele estava de frente para a TV e com as costas apoiadas no sofá. A pizza estava com ele. Levei as coisas até ele e me sentei no chão. A caixa da pizza estava entre nós. Coloquei o refrigerante, os copos e os guardanapos no chão. Os olhos de estavam fixos na TV. Era um canal de esporte, que estava falando sobre os Yankees. Os olhos de só abandonaram a TV, quando ele foi pegar a pizza. Quando ele abriu a caixa, aproveitei para pegar um pedaço também. Ele voltou a dar atenção para a TV e eu tentei fazer o mesmo, mas eu não entendia absolutamente nada o que aqueles jornalistas falavam. Não pude deixar de notar o videogame de que estava bem próximo a TV. Ele já havia até instalado. Estava se sentindo em casa mesmo, né?

Continuamos comendo e mantivemos o silêncio por algum tempo. Confesso que estava sendo um pouco entediante ficar sentada ali, enquanto via um documentário de esportes. Mesmo querendo mudar de canal, eu me controlei para não assumir o controle remoto. Em meio ao comercial da TV, virou o seu rosto para me olhar. Eu notei os seus olhares sobre mim, mas não quis retribuir, por isso, mantive os meus olhos fixos na TV.

- Pijama fofo. – disse e mesmo sem olhá-lo, eu notei que ele sorria debochadamente.
- Não fica chateado, mas acho que vamos ter que conseguir um tamanho maior pra você. – Eu sorri de forma irônica sem nem sequer olhá-lo.
- Oh, é mesmo. Eu esqueci que você não gosta de elogios. – Ele arqueou as sobrancelhas e revirou os olhos.



- Elogio? Acha que zoar o meu pijama é um elogio? – Eu virei o meu rosto para olhá-lo. – Você já foi melhor nisso, sabia? – Eu também sorri de forma debochada.
- Você está se referindo a época em que eu era um idiota apaixonado? – segurou o riso.
- Você não era um idiota naquela época. Você é um idiota agora. – Eu comecei a me irritar com os risos que davam a ele um ar de superioridade.
- Aposto que isso é o que mais te atrai em mim, não é? – sorriu de canto, malandro.
- Quer saber o que mais me atrai em você? – Eu me esforcei para segurar o riso.
- O que? – pareceu curioso e o seu sorriso pareceu até mudar.
- Vem aqui. – Eu fiz sinal com a cabeça para que ele se aproximasse. Ainda sentado, ele curvou-se e aproximou o seu rosto do meu. Eu toquei o seu rosto e aproximei os meus lábios de uma de suas orelhas. – O álcool. – Eu sussurrei em seu ouvido. – Sem ele, você não é nada pra mim. – Eu completei e em seguida afastei o meu rosto do dele. Olhei pra ele e vi os seus olhos me fuzilarem.
- Você disse que queria saber. – Eu pisquei um dos olhos pra ele e ergui os ombros em meio a um sorriso. Deixei de olhá-lo e voltei toda a minha atenção para a TV, mas ele continuou me fuzilando com os olhos por algum tempo.

ficava furioso quando eu o desvalorizava e dizia coisas só para que ele se sentisse inferior a mim. Ele me conhece bem e sabe que e faço isso por pura birra. Eu não dou o braço a torcer e eu também não cedo facilmente. Foi idiotice da parte dele achar que eu faria isso logo no meio de uma discussão. Mesmo querendo dizer poucas e boas pra mim, ele se segurou. não queria demonstrar que aquilo havia quebrado algumas paredes do seu ego. O longo suspiro o fez colocar a cabeça no lugar novamente.

- Porque estamos assistindo isso, afinal? – Eu olhei pra ele, olhando com implicância.
- Eu estou assistindo porque eu gosto de esportes. Agora, você... – riu sem emitir som. – Não sei por que está assistindo, já que você é o fracasso em pessoa quando se trata de esportes. – Ele não mediu os limites de suas palavras.
- Você tem razão. Eu não tenho motivo algum pra assistir essa porcaria. – Eu peguei o controle remoto e mudei de canal sem qualquer hesitação.
- Hey! – me olhou com irritação. Eu continuei olhando para a TV, onde estava passando um episódio novo de uma das minhas séries favoritas. – Você está de brincadeira, né? – Ele disse, depois de olhar para a TV.
- Já ouviu aquela expressão... – Eu fiz cara de pensativa. – Como é mesmo? Os incomodados que se mudem. – Eu forcei um sorriso ao voltar a olhá-lo. – Oh, espere! Eu acho que esse é você, né? – Eu me fiz de boba. – Quer que eu abra a porta pra você? – Eu me levantei do chão com o controle nas mãos e apontei em direção a porta da casa.
- Para de palhaçada, ! Tira logo dessa série adolescente idiota! – fez careta ao olhar para TV, justamente quando o casal que eu ‘shippava’ estava se beijando. – Quando é que você vai crescer, hein? – Ele acha que é quem? A minha mãe?
- Quando eu vou crescer? – Eu repeti a sua pergunta de forma deboche. – Você ainda joga videogame e sou eu que preciso crescer? – Eu apontei em direção ao videogame dele.
- Olha só, deixa o meu videogame fora disso. – pareceu ter se ofendido.
- Agora você ficou sentimental! Que ótimo! – Eu neguei com a cabeça, inconformada.
- Muda logo a porra do canal. – começou a ficar mais irritado.
- Não vou mudar! A TV é minha, a casa é minha e eu assisto o que eu quiser. – Eu disse com autoridade. Impressionante a rapidez com que eu voltava a discutir como uma adolescente quando eu e ele brigávamos. Era ridículo e eu nem conseguia perceber isso.
- Me dá o controle. – fechou os olhos por poucos segundos e estendeu a mão em minha direção.
- Não! – Eu afirmei entre risos. Eu mal terminei de responder e ele colocou-se de pé.
- Não vai me obrigar a fazer isso, vai? – arqueou uma das sobrancelhas. Eu dei um passo pra trás.
- Fica longe de mim. – Eu ordenei, mas ele não atendeu o meu pedido. Aproximou-se e tentou pegar o controle remoto das minhas mãos, mas eu as levei para trás do meu corpo. – Para! – Eu disse seriamente, mas ele não intimidou-se.
- Me dá logo o controle. – resolveu pedir civilizadamente pela última vez.
- Não vou dar! – Eu ri, dando alguns passos para trás. Passei pela mesa de jantar e cheguei na entrada da cozinha. novamente ameaçou pegar o controle, mas eu novamente me esquivei.
- Você vai me obrigar a fazer isso, né? – negou com a cabeça e eu dei mais alguns passos para trás só por segurança. Estávamos no meio da cozinha.
- Você não vai pegar. Esquece. – Eu debochei ao sorrir. avançou repentinamente em minha direção, me forçando a ir pra trás. Meu corpo se chocou contra a porta de vidro, que por um milagre não quebrou. O corpo de veio assim mesmo pra cima de mim, mas eu mantive o controle atrás das costas. A aproximação foi inevitável. O rosto dele ficou bem próximo ao meu e se ele fizesse mais algum esforço para pegar o controle ele acabaria me beijando. Ele não se moveu. Ficou me encarando de perto, esquecendo até mesmo do controle remoto. As pontas dos nossos narizes se tocaram e os olhos dele continuaram fixos nos meus lábios. Confesso que foi um pouco perturbador pra mim também, mas eu não cheguei a perder a consciência. Achei que pudesse ser um truque dele para recuperar o controle. Aproveitei a distração dele para abrir a porta atrás de mim com uma das minhas mãos. – Se afasta de mim. – Eu dei um passo para trás, empurrando o corpo dele para trás.
- Eu não vou pedir de novo! Me-dá-a-porcaria-do-controle! – me encarou, sério. A verdade é que se ele quisesse ele teria pegado o controle, já que ele é muito mais forte que eu, porém, ele não queria me machucar.
- Está bem! – Eu respirei fundo, tentando me recompor. – Você quer o controle? – Eu dei mais um passo para trás. A piscina estava há alguns passos atrás de mim.
- Quero. – afirmou, estendendo uma das mãos em minha direção.
- Então vai pegar. – Eu usei toda a minha força para jogar o controle em direção a piscina e eu acertei em cheio.
- NÃO...- arregalou os olhos, vendo o controle remoto boiando na piscina. estava muito bravo e respirou fundo para não surtar de vez. Eu estava satisfeita! Se eu não posso assistir, ele também não pode. Com a minha missão cumprida, comecei a andar em direção a porta e ele estava no caminho.
- Você pode ficar aqui se quiser, mas essa ainda é a minha casa, minhas regras! Você não manda nada aqui. – Eu disse, depois de parar em sua frente. Eu adorava me mostrar superior a ele. Eu adorava colocá-lo de volta no lugar dele. Ninguém mandou chegar na minha casa se achando o dono do mundo. A fúria dele estava evidente em seus olhos, mas não me assustava nem um pouco. Eu sai da frente dele e não consegui dar nem dois passos em direção a porta da cozinha. Ele segurou o meu braço e me colocou ao lado dele. Aproximou os seus lábios de um dos meus ouvidos.
- Quer mesmo começar essa guerra? – sussurrou em meu ouvido. Eu achei graça de sua ameaça patética.
- Manda ver, . – Eu disse, fazendo questão de olhar em seus olhos. Finalizei com um sorriso e puxei o meu braço, me desvencilhando de sua mão. Fui em direção a casa e entrei pela porta da cozinha.

Querendo ou não aquela briga movimentou a minha noite. Foi divertido sacanear o . Como nos velhos tempos! Passei pela sala e subi as escadas em direção meu quarto. Foi realmente ótimo acabar com toda aquela marra do , mas eu precisava dormir. Entrei no meu quarto e ainda estava rindo sozinha com o que eu havia feito. Passei no banheiro para escovar os dentes e de lá fui direto para a cama. A noite não estava tão quente, mas também não estava fria, por isso, me cobri com um lençol.

- Jonas... – Eu disse em meio a suspiro. – Você vai se arrepender de ter se mudado pra minha casa. – Eu terminei a frase com um grande sorriso.

continuava encarando a piscina, tentando se lembrar qual havia sido a última vez em que ele sentiu aquele tipo de ódio, que se misturava com uma enorme excitação. Com certeza, foi no ensino médio. Nossas brigas colegiais eram constantes e eram cheias de provocações e jogos sujos. Era o tipo de relação que só nós dois tínhamos. Nós costumávamos ter aquelas brigas antes mesmo de tudo acontecer entre nós. Naquela época, o ódio era mais real. Depois que ficamos juntos, nossas brigas eram cheias de sentimentos e coisas entediantes. Agora, os sentimentos não fazem mais parte dessa história. Então, voltemos ao ensino médio, certo?

- Depois não diga que eu não avisei, . – sussurrou. Havia um sorriso maléfico em seu rosto, enquanto ele abandonava o quintal e voltava para dentro da casa. Que os jogos comecem!

O despertador tocou logo cedo. A boa notícia é que é sexta-feira! Acordei até um pouco mais empolgada, achando que o meu dia seria fácil. Quanta inocência! Fui até o meu guarda-roupa e separei uma roupa para ir para a faculdade. Eu geralmente uso uma roupa branca, pois vou para o hospital depois. Separei a roupa branca do dia: calça jeans branca e camisa branca que eu demorei algum tempo para escolher. Fui até o banheiro com a roupa que havia separado e a pendurei em um dos cabides que eu deixava lá para que a roupa não amassasse. Comecei a escovar os dentes, mas um barulho no andar de baixo chamou a minha atenção. De repente, eu me lembrei que havia um intruso na minha casa. Adiei o meu banho por alguns minutos para descer até lá e ver o que estava aprontando. Desci as escadas e não o encontrei na sala. Ouvi um novo barulho vindo da cozinha e não hesitei em ir até lá.

- O que é isso? – Eu arqueei uma das sobrancelhas ao vê-lo em frente ao fogão com uma frigideira nas mãos.
- Panquecas. – respondeu sem me dar muita atenção.
- Desde quando você sabe fazer panquecas? – Eu cruzei os braços, desconfiada.
- Desde sempre. – afirmou, me olhando pela primeira vez. – Acho que não me conhecia tão bem quanto pensava, né? – Ele arqueou ambas as sobrancelhas.
- Ok, qual é a brincadeira? – Eu continuei desconfiada.
- Não é porque você é uma péssima cozinheira que eu também tenho que ser. – tirou a segunda panqueca do fogo e a colocou em um prato.
- Você adora jogar isso na minha cara, não é? Muda o disco. – Eu suspirei longamente.
- Pode comer se quiser. – desligou o fogo e virou-se em minha direção. – Eu fiz pra você. – Ele olhou para um dos pratos que estava com a panqueca.
- Pra mim? – Eu apontei pra mim mesma, me aproximando da bancada onde o prato estava. – O que você colocou aqui? Veneno? – Eu encarei a panqueca com desconfiança.
- Eu não sou tão previsível, . – não se ofendeu com a acusação.
- Laxante! Aposto que colocou laxante aqui! – Eu afirmei, feliz por ter ‘matado a charada’.
- Olha, eu até gostei da ideia. Vou usar na próxima vez. – afirmou calmamente.
- Qual é, Jonas! Você não me engana. – Eu sorri pra ele.
- Olhe pra você! Está com tanto medo do que eu vou fazer, que está duvidando até da minha panqueca. – também sorriu ao negar com a cabeça.
- Medo? De você? Se enxerga, garoto. – Eu rolei os olhos.
- Tanto faz. – ergueu os ombros. – Enquanto você faz uma inspeção detalhada na panqueca, eu vou me arrumar pra te levar na faculdade. – Ele saiu da cozinha como se realmente não tivesse se importando. Eu estava completamente desconfiada.

Depois de encarar a panqueca por um bom tempo, resolvi não comê-la. nunca fez panqueca na vida! Se ele fez hoje, certamente está armando alguma coisa. Aposto que ele acha que eu vou comer essa panqueca, mas ele está muito enganado. Olhei para o lado e vi um pacote de bolacha fechado que eu havia comprado naquela semana. Resolvi comer só algumas, já que estava um pouco atrasada. Levei uma bolacha nas mãos para comer no caminho até o banheiro. Eu precisava tomar banho! Entrei novamente no banheiro e fui direto para o chuveiro. Amarrei o meu cabelo, pois eu não pretendia lavá-lo naquela manhã. Tomei um rápido banho e abandonei o chuveiro. Cheguei a me enxugar e quando fui pegar a minha roupa (que eu havia deixado no cabide do banheiro) eu tive uma surpresa: o cabide estava vazio.

- Desgraçado... – Eu sempre fechava os olhos quando queria me acalmar, mas dessa vez não adiantou. – !!!! – Eu gritei furiosamente de dentro do banheiro. Sentado no sofá da sala, sorriu como nunca ao ouvir aquele sonoro grito. – Eu vou matar esse idiota! – Eu esbravejei, enquanto me enrolava na minha toalha e abria violentamente a porta. Cheguei no corredor e fui direto até o quarto onde ele havia dormido. Quase arrebentei a porta ao abri-la. Ele não estava lá. – VOCÊ ESTÁ FERRADO, JONAS! – Eu o ameacei, enquanto descia as escadas. – Oh, ai está você! – Eu ironizei, vendo ele sentado confortavelmente no sofá.
- Não me diga que vai vestida assim pra faculdade? – cruzou os braços ao me olhar. – Não me leve a mal. Eu até achei sexy, mas acho que está meio fora de moda. – Ele fez careta.
- Você é que vai ficar fora de moda, quando eu... – Eu ia ameaçá-lo, mas percebi que não valia a pena. Fechei os meus olhos, passei uma das mãos pelo meu cabelo e respirei fundo. – Ok, onde estão as minhas roupas? – Eu tentei dizer de forma mais calma.
- Suas roupas? Eu tenho cara de Kim Kardashian por um acaso? – fez-se de sínico. Que vontade de voar no pescoço dele.
- Eu deixei algumas roupas no banheiro. Onde elas estão, Jonas? – Eu estava me esforçando muito para não voltar a gritar.
- Ah, essas roupas... – sorriu, como se tivesse se lembrado de alguma coisa. Revirei os olhos, pensando mentalmente no quão filho da puta ele era.
- Cadê as roupas? – Eu cruzei os meus braços para evitar que a minha mão fosse ‘por acidente’ até a cara dele.
- Eu as encontrei no banheiro e achei que elas estavam um pouco... sujas. – ficou sério ao explicar o acontecimento.
- Como assim ‘sujas’? – Eu disse pausadamente.
- Elas estavam um pouco.... – teve dificuldade para explicar. – Você sabe... sujas. – Ele repetiu.
- Onde elas estão agora!? – Eu já estava muito puta.
- Eu as coloquei para lavar. – foi objetivo.
- Você... – Eu me segurei para não continuar a falar. – Ok, talvez a máquina de lavar ainda não tenha ligado. – Eu abandonei a sala e fui apressadamente até a lavanderia, que ficava no quintal da casa. Cheguei na máquina de lavar e a abri. Ela estava vazia. – Está vazia. – Eu disse, olhando pro , que havia me acompanhado até lá.
- A máquina de lavar pode ser boa pra muitas coisas, mas eu particularmente odeio lavar as roupas nela. Fica tudo meio... amassado, sabe? – fez careta ao explicar aquela palhaçada.
- CADÊ A PORRA DA ROUPA? – Eu cansei da palhaçada.
- Não sei, mas acho que você devia dar uma olhada na piscina. – ergueu os ombros e eu cerrei os olhos em sua direção.
- Não... – Eu neguei com a cabeça e deixei de olhá-lo. – Você não fez isso. – Eu disse, me aproximando da piscina.
- Oh, eu fiz, querida! – sorriu, me vendo de costas. Olhei para a piscina e vi as minhas roupas boiando. Eu não conseguia acreditar que ele realmente havia feito isso.
- VAI-PEGAR! – Eu disse em tom de autoridade, apontando para a piscina.
- Não vai rolar, . – colocou as mãos no bolso de sua calça, demonstrando que não estava se importando com o meu pedido. Sua indiferença me deixou ainda mais possessa e me fez andar em sua direção.
- PEGA LOGO AS MINHAS ROUPAS. – Eu fui até ele e o enfrentei.
- O que foi? Não é você que gosta de jogar as coisas na piscina? – abriu os braços. – Achei que você não fosse se importar. – Ele deu um enorme sorriso pra mim. Eu quis quebrar todos aqueles dentes.
- Agora eu entendi. – Eu neguei com a cabeça, olhando fixamente pra ele. – Como você é patético, não é? Nem original você consegue ser! – Eu achei que tivesse ofendendo ele.
- Pelo jeito, nem precisou. Olhe pra você! – riu sem emitir som. – Está no quintal da sua casa enrolada em uma toalha de banho, gritando igual uma maluca. O que pode ser melhor que isso? – Ele disse com superioridade.
- Eu vou te mostrar! – Eu disse em tom de ameaça. – Me aguarde, Jonas. – Eu finalizei e sai da frente dele, voltando para dentro da casa. Subi as escadas furiosamente e voltei para o meu quarto. estava tendo crises de risos no quintal.
- É só o começo, . – disse entre risos.
- Idiota! – Eu esbravejei ao bater com força a porta do meu quarto. Levei minhas mãos até o meu rosto para tentar me acalmar, mas parecia impossível. Olhei em volta e pensei o que eu deveria fazer. A primeira coisa a ser feita era ligar para a Meg.
- ? – Meg estranhou a minha ligação logo cedo.
- Meg, me diz que você pode vir me buscar. – Eu pedi, enquanto encarava o meu guarda-roupa a procura de outra roupa.
- O que foi que aconteceu? – Meg notou que a minha voz estava alterada.
- Eu preciso sair de perto desse babaca antes que eu cometa uma loucura. – Só ao falar eu já voltei a surtar.
- Você está de brincadeira, né? – Meg riu sozinha.
- Não! Eu estou falando sério! Estou falando muito sério! – Eu disse com um tom ameaçador.
- Droga! Porque me contou isso? Agora eu sou sua cumplice! – Meg fingiu estar irritada.
- É melhor vir me buscar ou vou te levar pra prisão comigo. – Eu disse, enquanto colocava a calça com dificuldade. Não daria nem tempo mais de tomar banho, pois eu já estava atrasada demais.
- Está bem. Eu vou sair de casa daqui uns... – Meg olhou no relógio. – Daqui 10 minutos e passo ai na sua casa. – Ela afirmou.
- Valeu, Meg! Até daqui a pouco. – Eu agradeci e logo desliguei, porque eu precisava terminar de me trocar.

Por ser sexta-feira as minhas opções de roupas eram escassas. Eu não tinha tantas opções de roupas brancas, mas eu tenho o suficiente para usar durante a semana sem precisar repetir nenhuma. Bem, aquela sexta-feira seria uma exceção. Eu vou ter que vestir a mesma calça que usei no dia anterior e vou usar uma regata rosa, que eu vou poder esconder facilmente com o meu jaleco assim que chegar no hospital. Penteei o cabelo e coloquei alguns acessórios e joias. Passei um pouco de perfume e vesti os sapatos. Foi quando ouvi a buzina do carro de Meg.

- Graças a Deus. – Eu agradeci ao olhar para o alto. Meg ia me salvar! Peguei a minha bolsa e sai do quarto. Desci as escadas apressadamente, pois não queria correr o risco de ver o e adivinha só? Lá estava ele.
- Ei! – tentou chamar a minha atenção.
- Vai se ferrar. – Eu respondi sem nem olhá-lo. Parei na mesinha para pegar a chave da casa.
- Não vai comer a panqueca? – quis dar a última sacaneada.
- Porque não joga a sua panqueca na piscina também? – Eu respondi em um tom alto para que ele pudesse ouvir, enquanto eu saia pela porta da frente.

Eu confesso que achei que a nossa convivência não seria tão ruim. Eu tinha esperança de que tivesse crescido e que não usasse os mesmos truques baixos de sempre. Eu tinha esperanças que ele não fosse mais o mesmo do ensino médio, mas ele era. Honestamente, não sei dizer se isso é uma coisa boa ou ruim.

Ao contar resumidamente o ocorrido para Meg, a única reação dela foi rir. Meg não era a pessoa ideal para dar conselhos. Ela está sempre brincando e rindo de tudo e de todos. Os conselhos são o forte da , mas infelizmente ela não pode saber de tudo o que está acontecendo. Falando na , ela me ligou naquela manhã. Foi difícil fingir que estava tudo ótimo e que eu não tenho um ex-namorado babaca morando na minha casa. também ligou pra Meg no caminho para a faculdade e aproveitou para falar comigo. Ele estava junto com na faculdade, que também aproveitou para entrar na conversa. Tivemos uma conversa coletiva pelo telefone e foi bem engraçado. Finalmente algo bom no meu dia, né?

Falar com os meus amigos e com o meu irmão nunca era uma coisa fácil pra mim. Quer dizer, na hora em que estou falando com eles eu fico extremamente empolgada e feliz, mas depois de desligar o telefonema sempre fica um sentimento ruim, que muitos costumam chamar de saudade. Eu estava há meses sem vê-los e não entendo como podemos ficar tanto tempo longe. Tudo bem! Nós nos falamos pelo telefone sempre e nos vemos pelo Skype quando dá tempo, mas não é a mesma coisa que nos encontrarmos pessoalmente. Eu entendo que agora é diferente de antes em que morávamos na mesma cidade e estudávamos na mesma escola. Nós tínhamos os mesmos horários e as mesmas tarefas e provas. Agora, estamos em cidades diferentes e em mundos diferentes. Cada um trabalha em um horário, o outro estuda até mais tarde e tem provas em uma época diferente da minha. Antes era tão mais fácil, mas um dia desses vamos conseguir nos encontrar.

As aulas daquele dia exigiram tanto de mim, que quando sai da sala estava até com um pouco de dor de cabeça. Não eram as minhas matérias favoritas, mas eu tinha que aprendê-las. Meg estava tão cansada quanto eu, já que fizemos o trabalho em dupla. Sair da sala foi como poder respirar de novo. A aula exigente também nos deu muita fome, por isso, resolvemos comer alguma coisa em uma das lanchonetes que tinha dentro da faculdade. Esse seria o nosso almoço. Pedimos alguns lanches naturais e alguns copos de suco.

- O seu irmão parece ser legal. – Meg sorriu, enquanto comentávamos sobre os telefonemas daquela manhã.
- Ele é incrível! Ele é a mistura perfeita do cara mais cafajeste e mais incrível do mundo. – Eu segurei o riso ao falar do meu irmão.
- Isso é possível? – Meg fez careta, confusa com a minha comparação.
- Eu juro! É difícil de explicar e você com certeza não vai acreditar em mim, mas quando você conhecer ele vai saber que é verdade. – Eu disse, depois de uma risada silenciosa.
- E quem mais faz parte dessa ‘gangue’? – Meg quis saber.
- Tem.. o . – Eu senti o meu coração apertar só em falar no nome dele. Que saudades!
- Ele é o namorado da sua melhor amiga, não é? – Meg fez careta. Não sabia se estava deduzindo corretamente.
- Sim, ele é o namorado da . Ele também é o meu melhor amigo. – Eu fiz questão de ressaltar. – Ele é... a melhor pessoa do mundo. – Eu sorri igual a uma boba.
- Ok, pelo que eu entendi... – Meg fez cara de pensativa. – O é o inteligente do grupo, é canalha, é o adorável e o o babaca, certo? – Ela aguardou a minha confirmação.
- Mais ou menos. – Eu fiz careta. – é com certeza o inteligente e o com certeza é o babaca, mas o e o ? Hm.. – Eu não sabia muito bem como descrevê-los. – é o safado da turma, sabe? O garoto parece que nasceu na puberdade. – Eu expliquei e Meg gargalhou. – é o engraçado e também o atrapalhado. Ele faz tudo errado, mas com as intenções certas. Ele é quem sempre solta as pérolas no meio das conversas sérias, entende? – Eu disse, segurando a risada.
- Entendi. – Meg também estava rindo. – E as garotas? – Ela continuava curiosa.
- Nós também éramos 4, mas a ... – Eu ergui os ombros. – Ela foi embora. – Eu não quis dar detalhes.
- É a ex do , né? – Meg parece já ter escutado falar nela.
- Sim, a própria. – Eu afirmei. – Tem a , que é a minha melhor amiga. Ela é um pouco parecida comigo, sabe? Os meninos falam que ela é uma versão mais sensível de mim. Ela se machuca muito mais facilmente do que eu e ela demonstra a dor dela. Ela chora se tiver que chorar e xinga também se for preciso. – Eu expliquei com um enorme sorriso no rosto. – E tem a ! Ela namora o meu irmão agora, mas nós nos tornamos amigas há muito tempo atrás. Ela é a mais vadosa do grupo. Sem dúvidas! Ela é louca por roupas, maquiagens e cabelos! Ela conhece tudo sobre isso. Ela é mais descontraída também. É muito difícil não ver um sorriso no rosto dela. A está sempre de bem com a vida e ela faz questão de deixar todos a sua volta bem também. Ela é boa nisso. – Eu expliquei.
- Uau, os seus amigos são incríveis. – Meg admirava a forma com que eu falava de todos eles.
- Sim, eles são. – Eu afirmei com um fraco sorriso. – Mas agora eu acho que o nosso grupo ganhou uma nova integrante. – O meu sorriso aumentou.
- Acha que eles vão gostar de mim? – Meg fez careta.
- Eu tenho certeza que vão! – Eu afirmei com convicção.
- Espero que sim. – Meg sorriu, sem jeito. – O que é esse barulho? – Ela fez careta ao ouvir novamente um barulho estranho.
- É o meu celular. – Eu disse, olhando no visor do celular e o colocando sobre a mesa. – É o ... de novo! – Eu rolei os olhos.
- Não vai atender? – Meg percebeu que continuava insistindo há algum tempo.
- Não. – Eu não queria nem sequer ouvir falar do , quem dirá ouvir a voz dele. – Nós podemos ir ou você vai comer mais alguma coisa? – Eu voltei a guardar o celular na bolsa.
- Não. Nós podemos ir. – Meg disse, pegando a sua bolsa e levantando-se da mesa. Eu fiz o mesmo.

Como eu disse, a Meg não é de dar conselhos, mas se ela fosse me dar um naquele momento ela me diria para continuar não atendendo as ligações. Considerando o fato de que ela não gosta nem um pouco do , o conselho é um pouco óbvio. Nós duas não sabíamos o que ele queria, mas com certeza era algo insignificante. A verdade é que estava preocupado. Ele sabia que eu sairia da faculdade mais ou menos naquele horário e queria saber se eu iria com a Meg para o trabalho. Ele queria saber se eu tinha carona para ir até o trabalho, pois ir sozinha parecia perigoso demais na atual situação em que eu me encontro. Eu não sabia de sua preocupação e nem das suas boas intenções, por isso, nada que viesse dele seria algo bom. Eu não queria nada dele e ele sabia disso. sabia que eu estava rejeitando as suas ligações de propósito e isso o enfureceu. Para ele, eu não era digna de toda a sua preocupação, mas ele não tinha controle sobre isso. É maior do que ele! É maior do que o seu próprio orgulho.

Meg e eu seguimos para o hospital. Trabalhamos até com um pouco de empolgação, já que era sexta-feira! Nem consigo acreditar que amanhã vou poder dormir até mais tarde e não vou precisar me preocupar com nada. Assim espero, né?

A tarde de foi absurdamente tediosa. Ele terá uma reunião com os empresários dos Yankees no dia seguinte e será quando ele terá muito trabalho a fazer. O trabalho sempre aumenta depois de uma reunião, pois muitos planos e estratégias são mudados e muitas ideias novas surgem. É como se tivesse que refazer todo o seu trabalho após cada reunião, mas enquanto não tivesse reunião ele não teria nada pra fazer. passou a tarde toda jogando o seu videogame e assistindo TV. Toda vez que ele queria mudar de canal, ele tinha que ir até a TV, já que eu havia jogado o controle remoto na piscina.

- Acabaram os seus pacientes de hoje? – Meg perguntou, entrando em ‘minha ‘ sala. Eu havia acabado de conferir a lista e não havia mais nenhuma injeção para dar. Eba!
- Esse foi o meu último. – Eu sorri pra ela, olhando para um senhor que saia da sala.
- Legal, então vamos embora. – Meg piscou um dos olhos pra mim.
- Estou tão feliz por hoje ser sexta-feira. – Eu suspirei longamente.
- Acho que amanhã vou dormir o dia inteiro. – Meg brincou, tirando o seu jaleco e colocando-o em um dos ganchos que havia atrás da porta da minha sala. Fiz o mesmo com o meu. Pegamos nossas bolsas e saímos a sala.
- Eu também. – Eu concordei com ela aos risos, enquanto pegava o celular dentro da minha bolsa. – Nossa! Que saco... – Eu neguei com a cabeça, olhando para o visor do meu celular.
- O que foi? – Meg me olhou, curiosa.
- 20 ligações não atendidas! – Eu olhei pra ela, incrédula.
- Mas que obsessão que esse cara tem com você, né? – Meg novamente riu da situação.
- Ele é um babaca. – Eu neguei com a cabeça, enquanto saíamos do hospital. Demos poucos passos em direção ao estacionamento que ficava logo ali na frente e acabei dando de cara com o . – Ah, que droga. – Eu parei em frente a ele e Meg fez o mesmo ao meu lado.
- Vejo que viu as minhas ligações. – disse com um tremendo sarcasmo ao ver o celular em minhas mãos. Ele estava furioso por eu ter passado o dia ignorando ele.
- Está se referindo ás 20 ligações não atendidas? – Eu exaltei o número para explicar o meu nível de irritação.
- Sim! As 20 ligações não atendidas que não seriam necessárias se você tivesse atendido a primeira ligação. – me olhou, sério.
- Pra um cara que se acha o garanhão de Nova York, 20 ligações é muito, não acha? – Meg interferiu-se na briga com o seu sarcasmo insuperável.
- Sabe o que eu acho? Eu acho que você tem que cuidar da sua vida. – estava sem paciência alguma.
- Você está morando na casa dela, passa o dia ligando pra ela, está no trabalho dela e sou eu quem tenho que cuidar da minha vida? – Meg disse em tom de deboche.
- Deixa, Meg. – Eu não queria que ela perdesse o tempo dela discutindo com ele.
- É... deixa, Meg. – a olhou com desprezo.
- O que você quer, Jonas? – Eu o olhei com impaciência.
- Eu vim te buscar. – foi objetivo.
- Me buscar? – Eu segurei o riso ao repetir o que ele havia dito. – Eu não vou com você. – Eu afirmei.
- Ela vai dormir na minha casa hoje. – Meg adiantou-se, arrumando um ótimo motivo para que eu não fosse com o . Eu senti vontade de abraçá-la por ter tido aquela ideia. Era genial!
- Não, ela não vai. – jamais me deixaria dormir fora de casa, sendo que tem uma pessoa por ai me ameaçando e seguindo os meus passos.
- Ela precisa da sua autorização agora? – Meg cruzou os braços.
- Quer saber? Está bem! – negou com a cabeça e aparentou que cederia. – O que você acha, ? – Ele cruzou os braços ao me olhar daquele jeito sarcástico. – Acha que você pode ir dormir na casa da Meg? – Ele cerrou os olhos, ansioso pela minha resposta. A sua pergunta soou mais como ‘Você acha que pode dormir na casa da Meg, sabendo que tem alguém te ameaçando?’. Ele só não perguntou dessa forma, porque sabia que Meg não sabia de nada sobre as ameaças.
- Na verdade, eu acho que não tem problema ou perigo algum eu dormir na casa dela. – Eu ergui os ombros, demonstrando que isso não me preocupava.
- Resposta errada! – arqueou uma das sobrancelhas e sorriu sem mostrar os dentes. Sem mais nem menos, ele veio na minha direção e eu demorei a entender o motivo da aproximação. Ele parou em minha frente, inclinou-se um pouco para baixo e passou seus braços em torno das minhas coxas, as levantando e deixando todo o peso do meu corpo cair sobre um de seus ombros.
- EI! O QUE ESTÁ FAZENDO? – Eu abri os braços, antes de ser colocada de cabeça para baixo. Meu corpo estava pendurado em seu ombro como um saco de batatas. – ISSO NÃO TEM GRAÇA! – Eu cheguei a pensar que ele estava brincando.
- Isso é sério? – Meg gritou, vendo se afastar comigo em seu ombro. – Hey! – Ela gritou, tentando chamar a atenção de .
- Fala boa noite pra Meg. – disse, andando calmamente até o carro. Eu continuava de ponta cabeça e via Meg se afastar.
- ME SOLTA AGORA, JONAS! – Eu tentei me desvencilhar de seus braços, mas ele estava segurando firme as minhas coxas.
- Esses dois não tem jeito mesmo. – Meg sorriu e negou com a cabeça, enquanto via eu me afastar. Ela não podia fazer nada pra impedir. Na verdade, ela nem sabia se deveria impedir já que conhecia muito bem os meus sentimentos por ele.
- JONAS, SEU OGRO! – Eu comecei a espernear e a bater em suas costas.
- Não adianta me agradar, que eu não vou te soltar. – disse e eu quase consegui ver o sorriso em seu rosto. Desgraçado!
- ACHA ISSO ENGRAÇADO? – Eu continuei esperneando, mas parecia que ele nem sentia.

Eu lutei contra o até chegarmos no carro dele. Nós paramos e eu ouvi ele destravar as portas do carro. abriu a porta do passageiro e se preparou para me colocar lá. Segurou as minhas pernas e puxou o meu corpo para frente. Me segurou em seus braços e me colocou sentada no banco do passageiro como uma criança de 5 anos. Encarei o seu rosto, me segurando para não enchê-lo de socos e tapas. Ele bateu a porta e fez a volta no carro, sentando-se ao meu lado em seguida.

- Que merda você acha que está fazendo? – Eu olhei pra ele, extremamente furiosa.
- A mesma droga de sempre! Tirando você dos problemas! – disse sem nem me olhar. Colocou o cinto de segurança e ligou o carro.
- E precisava de tudo isso? – Eu me referia ao fato dele ter me pego a força. – Não sei se você se lembra, mas nós não estamos mais no ensino médio. – Eu me lembrei de quando ele fez a mesma coisa quando estávamos no ensino médio.
- Eu me lembro e você? Lembra? – virou o seu rosto para me olhar. Ele estava insinuando que eu estava agindo como uma criança.
- Você não pode me obrigar a nada! – Eu argumentei em minha defesa.
- SE É ISSO O QUE EU TENHO QUE FAZER PRA TE PROTEGER, ENTÃO QUE SE DANE! ME ODEIE POR ISSO SE VOCÊ QUISER! – gritou com extrema impaciência e grosseria.
- ME PROTEGER? ME PROTEGER DO QUE? DROGA! – Eu respondi a altura. – NÓS NEM SABEMOS O QUE ESSA PESSOA ESTÁ QUERENDO DE MIM! NÓS NEM SABEMOS SE ISSO É MESMO PRA VALER! – Eu fiz questão de gritar aquilo olhando pra ele, mesmo que ele não estivesse olhando pra mim.
- Eu prefiro não correr o risco. – respondeu em seu tom normal e não se atreveu a me olhar.
- E porque não pergunta o que eu prefiro só pra variar? – Eu respirei fundo, tentando recuperar a minha calma.
- Vai dar uma de mártir agora? Sério? – me olhou com indignação.
- Se a minha outra opção é conviver com você bancando o herói de novo, talvez não seja uma má ideia. – Eu não hesitei em responder.

A minha resposta pareceu ter deixado ele chateado, mas o termo irritado é o mais apropriado pra nós dois no momento. Mantivemos o silêncio até a minha casa. Só conseguíamos enxergar a culpa um no outro e nunca enxergávamos em nós mesmos. Eu não percebia que estava agindo como uma adolescente mimada e não percebia que estava me sufocando demais com a sua proteção.

Fiquei um bom tempo trancada no meu quarto, porque eu não queria vê-lo de jeito algum. Não sei se a minha raiva maior é por ele ou por essa pessoa que anda me fazendo ameaças e que é a responsável pela estadia do na minha casa. também resolveu ficar sozinho naquela noite. Em outras épocas, ele iria atrás de mim e arranjaria um jeito de acertarmos as coisas, mas esse não era mais o caso. Ficar sentado no sofá da sala jogando videogame parecia a melhor opção. Passei por ele, quando desci na cozinha para pegar alguma coisa pra comer, mas nós nem chegamos a olhar um pro outro. Olhar significava baixar a guarda.

Dormimos exatamente do jeito que acordamos naquela manhã: odiando um ao outro. A manhã seguinte também não foi muito diferente. A única coisa que mudou é que ele saiu bem cedo para a reunião com o Yankees e eu dormi até tarde. Confesso que fiquei curiosa quando percebi que ele não estava em casa naquela manhã, porém, eu sei que ele não me deve satisfação alguma.

Só sai do meu quarto naquela manhã para ir ao banheiro e para pegar comida na cozinha. Fiquei o resto da manhã e o inicio da tarde vendo TV, porém, não demorou muito para que tudo aquilo se transformasse em tédio. Pensei em sair e pensei até em ligar pra Meg vir passar a tarde comigo, mas ambas opções trariam problemas com o e eu realmente queria me manter o mais longe dele possível. Resolvi dar uma arrumada no meu quarto, coisa que eu já não fazia há tempos. Liguei uma música alta para não correr o risco de desistir daquela tarefa que eu odiava tanto fazer.

saiu da reunião com a cabeça cheia de ideias inovadoras para o projeto que os gerentes do Yankees tanto idealizavam. Passou rapidamente em um restaurante fast-food e almoçou um lanche qualquer que matasse a sua fome. Seguiu para a minha casa, onde ele pretendia colocar no papel todas as ideias que estavam em sua cabeça para que o projeto fosse montado e depois apresentado aos fundadores do Yankees.

Ouvi quando estacionou o seu carro em frente a minha casa. Me afastei do guarda-roupa e do montante de roupas que eu havia separado para dar para a doação e corri até a janela para confirmar se era ele quem havia chegado. Ele estava vestindo roupas sociais, o que quer dizer que ele só pode ter vindo de uma reunião de trabalho. A música dentro do meu quarto estava tão alta, que eu nem sequer ouvi a porta bater no andar debaixo.

- Mas que merda é essa? – fez careta ao entrar na casa. Ele se referia à música alta que ecoava pela casa toda.

A música não me deixou pensar no fato de que ele estava no andar de baixo. Eu estava feliz porque finalmente estava arrumando o meu quarto e a música não me deixava desanimar um só segundo. O CD que continha somente as minhas músicas favoritas estava tocando há algum tempo. Eu já dancei pelo quarto, já fiz imitações idiotas em frente ao espelho, enquanto experimentava algumas roupas para ter certeza de que elas ainda serviam em mim. Eu estava completamente distraída com o que eu estava fazendo e até me esqueci do problema que eu tinha no andar de baixo.

Sentado na mesa de jantar, encarava o papel há mais de 10 minutos. Ele ainda vestia a sua roupa social, mas alguns botões da sua camisa já haviam sido desabotoados. continuava insistindo, mas as ideias simplesmente não saiam no papel. Suas ideias se misturavam com as letras das músicas que tanto o irritavam e ele continuava se segurando para não voltar a arrumar confusão comigo. Continuou ali por mais 20 minutos. Foi quando começou a tocar ‘You Oughta Know’ da Alanis Morissette. A mesma música que eu havia cantado pra ele com tanto ódio há alguns dias atrás. tinha certeza que se tratava de mais uma provocação minha, por isso, resolveu tentar resolver a situação. Abandonou a mesa e subiu as escadas. A música parecia ficar cada vez mais alta e a careta no rosto dele dizia tudo. Realmente não era o tipo de música que ele curtia. Seguiu pelo corredor e chegou na porta do meu quarto.

- Ei, ! – Apesar da música, eu consegui ouvi-lo do outro lado da porta. Me aproximei da porta para poder ouvi-lo melhor. – ! – Ele bateu com força na porta achando que eu não tivesse escutado da primeira vez.
- O que você quer? – Eu respondi sem abrir a porta.
- Dá pra abaixar essa droga de música!? – estava tão impaciente, que nem se importou em ser educado. Encarei a porta e cerrei os olhos como se estivesse olhando pra ele. Toda a minha distração havia ido por água abaixo. Eu já não tinha nem liberdade dentro da minha própria casa.
- É claro! – Minha resposta o surpreendeu. achou que eu resistiria um pouco mais a seu pedido nada educado. Ele ficou tão surpreso, que não hesitou em acreditar na minha palavra e afastar-se do meu quarto.

Até parece que o não me conhece, né? Ficar me mandando fazer as coisas aos berros não é algo que eu geralmente aceito. Tem horas que ele subestima o meu poder de provocação e o meu prazer em me vingar das babaquices que ele faz. Se ele tivesse pedido com educação e com jeito, eu até abaixaria um pouco a guarda. Já que ele não fez isso, me deixe aproveitar desse ótimo motivo para irritá-lo mais uma vez. Fui até o aparelho de som e aumentei o volume da música ao máximo. O chão até tremia. Entre risos, voltei para a arrumação do meu quarto.

estava no último degrau da escada, quando aquela música absurdamente alta entrou pelos seus ouvidos e fazia tremer o chão em que ele pisava. Ele parou no final da escada, cerrou os olhos e negou com a cabeça. Não deu nem tempo de ele pensar! Virou-se novamente de frente para escada e começou a subir os degraus com uma certa violência. Se a música não tivesse tão alta, eu certamente teria escutado os seus barulhentos passos no corredor. Chegou na frente do meu quarto e nem sequer parou na porta. já chegou esmurrando e empurrando tudo o que estivesse em sua frente. O barulhão que a porta fez quando ele a abriu me assustou e antes mesmo que eu tomasse qualquer atitude, a mão do já estava apertando um dos meus braços e ele já estava em cima de mim. Me empurrou um pouco para trás para que ele pudesse alcançar o botão que regulava o volume da música. Ele abaixou o volume por completo.

- Perdeu a noção do perigo? – disse com uma voz grossa e intimidante. O rosto dele estava bem próximo ao meu e os olhos dele me fuzilavam.
- Perigo? Você? – Eu o enfrentei ao sorrir na cara dele.
- NÃO ME PROVOCA! – apertou ainda mais o meu braço e me olhou com mais irritação.
- O que foi? Não gostou da música? – Eu arqueei uma das sobrancelhas ao encará-lo.
- Eu estou tentando trabalhar! – disse com total impaciência.
- E? – Eu ergui os ombros, demonstrando indiferença.
- Eu não consigo trabalhar com essas suas músicas... irritantes no último volume. – falou com mais impaciência ainda diante do meu pouco caso.
- Olha em volta, Jonas. – Eu deixei as brincadeiras de lado e falei mais sério do que nunca. – Olha bem onde é que você está! – Eu completei. – Esse é o meu quarto. Essa é a minha casa. Você não pode me controlar aqui dentro. VOCÊ... não manda nada aqui. Eu mando! E se eu quiser ouvir música alta, eu vou ouvir! – Eu disse de forma grosseira. – Entendeu ou não? – Observei ele me matar com o olhar.
- Pedir pra você deixar de ser egoísta uma só vez na sua vida é a mesma coisa que falar com uma criança. – negou com a cabeça.
- Eu não pedi pra você vir morar aqui. Você está aqui porque você quer! Se não está satisfeito, pega as suas coisas e vai embora. – Eu disse sem qualquer hesitação. – Se fizer isso, vai evitar muitos problemas pra nós dois. – Eu completei. – Agora, me solta. – Eu tentei me desvencilhar da sua mão.
- É isso o que você quer? – me soltou e me olhou, sério.
- É isso o que eu quero! – Eu falei sem qualquer dúvida.
- Está bem! – afirmou com a cabeça, dando alguns poucos passos para trás. Confesso que fiquei até um pouco surpresa por ter conseguido fazer ele finalmente desistir daquela ideia absurda de morar na minha casa. – Se eu ir embora é o que vai te deixar feliz... – abriu os braços e ergueu levemente os ombros. – Eu vou ficar. – Ele terminou a frase com um sorriso de deboche. Ele havia me feito de idiota mais uma vez!
- Quer saber? Dá o fora! – Eu apontei em direção a porta, me segurando para não voar no pescoço dele.
- Ah! Agora você está irritada? – riu, ao notar a minha irritação por ter sido enganada.
- DÁ O FORA! – Eu elevei o tom da minha voz.
- Não me diga que você está chateada só porque o seu plano de me convencer a ir embora dessa casa deu errado? – fez bico, debochando ainda mais de mim.
- SAI! AGORA! – Eu peguei a primeira coisa que encontrei pela frente e joguei na direção dele. Era uma almofada. – IDIOTA! – Eu dei poucos passos em sua direção e procurei uma nova coisa pra jogar em sua direção. Acabei encontrando um dos pés do meu tênis. – EU MANDEI VOCÊ SAIR! – Eu joguei o tênis em sua direção e antes que o tênis o alcançasse, correu para fora do quarto e bateu a porta. O tênis se chocou contra a porta e caiu no chão. – Meu Deus... – Eu levei as mãos ao meu rosto e depois as subi até a cabeça, entrelaçando os meus dedos em meu cabelo. Encarei a porta, me segurando para não ir atrás dele e socá-lo.



- Eu vou enlouquecer. – Eu virei de costas pra porta e olhei para o meu quarto, procurando algo que pudesse me acalmar. O um celular parecia a solução. É isso! Eu preciso desabafar com alguém. A pergunta é: com quem? Meus amigos não sabem sobre o e se o meu irmão soubesse o estaria morto. Mark não é mais uma opção, então só me resta a Meg.
- Oi, . – Meg não demorou para atender.
- Meg, me ajuda! Me diz o que eu faço pra tirar esse imbecil da minha casa. Eu acho que vou surtar de vez. – Eu me sentei na cama e fui direto ao assunto.
- Calma. – Meg segurou o riso. – O que foi que aconteceu agora? – Ela quis saber.
- Ele está sendo um idiota. – Eu suspirei longamente.
- E qual a novidade mesmo? – Meg brincou.
- A diferença é que a minha paciência está acabando e eu quero ele fora daqui agora. Eu quero pegar as coisas dele e doar pro primeiro mendigo que eu ver na rua. Quero pegar a porcaria daquele videogame dele e pisar em cima até não sobrar nada. – Eu fui desabafando de uma só vez.
- Ta bom! Calma! – Meg me interrompeu. – Sabe o que eu não entendo? Se você quer ele fora da sua casa, porque ele ainda está ai? – Ela questionou.
- Eu te disse. Ele está me ameaçando com aquela história ridícula de que vai falar para os meus pais que Nova York é perigoso e etc. – Eu não podia contar a verdade, mas não estava tão longe dela.
- Essa é a coisa mais absurda que eu já ouvi e ele é um babaca, porque sabe que você quer ele longe e fica te forçando a ter ele na sua casa. – Meg negou com a cabeça, indignada.
- É por isso que eu preciso de uma solução. Eu preciso dar um jeito de ele ir embora. – Eu voltei ao X da questão.
- Certo, ok! Vamos pensar... – Meg pediu, ficando em silêncio por poucos segundos. – O que faria ele ir embora? – Ela perguntou.
- Nada faria ele ir embora. Só se ele desrespeitasse as regras, o que ele jamais vai fazer. – Eu fiz careta.
- Regras? – Meg interessou-se.
- É! Quando ele teve essa ideia de vir morar aqui, eu estabeleci algumas regras e nós combinamos que se ele as desrespeitasse ele teria que ir embora. – Eu expliquei, sem achar que aquilo fosse importante.
- E quais foram as suas regras? – Meg quis saber, já que tinha um plano em mente.
- A primeira regra é que ele não pode trazer mulher pra cá. – Eu tive um pouco de dificuldade de me lembrar das regras.
- Claro. Concorrência dentro da própria casa não dá, né? – Meg debochou.
- Cala boca. – Eu disse, segurando o riso.
- Qual a outra regra? – Meg quis saber.
- A segunda é que ele não pode se apaixonar por mim. – Eu disse, só esperando a Meg me sacanear.
- Nossa, que clichê! – Meg rolou os olhos. – Apostou que inventou essa regra porque você morre de medo de não resistir, né? – Ela voltou a rir.
- Você vai me ajudar ou não? – Eu dei uma bronca nela.
- Eu vou! Tem mais alguma regra? – Meg se recompôs.
- Tem só mais uma. A minha favorita pra falar a verdade. – Eu ri sem emitir som.
- Tenho até medo dela. – Meg ficou um pouco ansiosa. – Aposto que é: sem sexo na piscina. – Ela deduziu.
- O que? Não! Eu tenho vizinhos, sabia? – Eu fiz careta.
- Verdade. Nós não queremos que o Mark corte os pulsos de vez. – Meg disse, pensando na minha última regra. – Espera! Eu já sei! Sem sexo na maquina de lavar. – Ela afirmou com tanta certeza que me surpreendeu.
- Espera! Você disse ‘maquina de lavar’ mesmo? – Eu demorei algum tempo para assimilar.
- O que? Você nunca fez na máquina de lavar? – Meg parecia chocada. Porque ela estava chocada?
- Alguém faz na máquina de lavar? – Eu arregalei os olhos.
- Não é dentro da máquina de lavar, né! É em cima. – Meg me corrigiu. – Olha, não vou dar detalhes, mas eu garanto que a tremedeira continua depois de algumas horas. – Meg ria, enquanto contava.
- Me lembre de nunca usar o liquidificador da sua casa, por favor. – Eu disse e Meg riu ainda mais.
- Fala logo! Qual a outra regra? – Meg questionou novamente.
- Sem sexo. – Eu fui simples e objetiva.
- Só isso? – Meg esperou que houvesse alguma coisa a mais.
- Só isso. – Eu ergui os ombros.
- Sem sexo? Sem... nada? Nem na cama, nem no sofá ou no carro? Sem sexo? – Meg não está acreditando.
- Sem nada! – Eu reafirmei, sem entender porque ela está tão chocada.
- Está me dizendo que tem um cara gostoso morando na sua casa, que por acaso é o seu ex-namorado e você decretou greve de sexo? – Meg repetiu, achando que pudesse ter entendido errado.
- É isso ai! – Eu voltei a confirmar.
- , você tem problemas. – Meg disse, séria.
- O que? – Eu gargalhei do que ela havia dito.
- Você tem problemas. – Meg reafirmou. – Achei que as regras fossem pra prejudicar ele e não... você! – Ela estava continuava pasma.
- Meg, eu não quero ele na minha vida. Você ainda não entendeu? Eu não quero sexo. Eu não quero amor. Eu não quero nada. Eu quero ele fora... agora. – Eu argumentei a meu favor.
- Ok! Vamos ignora essa sua atitude estúpida e vamos pensar em alguma coisa. – Meg resolveu focar no problema principal.
- É complicado, porque mesmo que ele queira... ele nunca vai fazer essas três coisas só para não dar o braço a torcer e ir embora. – Eu expliquei a ela.
- Então, convença ele a fazer. – Meg sugeriu de imediato.
- O que? – Eu não entendi o que ela queria dizer.
- Você disse que ele nunca vai fazer essas três coisas pra não ter que ir embora da sua casa. Então, faça ele fazer! – Meg reafirmou.
- Ok, deixa eu ver se eu entendi. Você está sugerindo que eu traga prostitutas para a minha casa, que eu amordace ele e o faça fazer sexo comigo e reze para que no final do dia ele esteja apaixonado por mim? – Eu disse, achando um absurdo. – Claro! Porque não? Adoro bancar o Christian Grey. – Eu ironizei.
- Olha, até onde eu sei... você fez ele comer na sua mão só dançando sensualmente em um palco, enquanto cantava Alanis Morissette. Aposto que consegue fazê-lo comer de novo na sua mão. – Meg sugeriu.
- Está sugerindo que eu provoque ele, faça ele me agarrar, durma com ele só pra fazer ele quebrar a regra? – Eu disse com um sorriso maquiavélico no canto do rosto.
- Esquece. Você jamais vai fazer isso. – Meg rolou os olhos.
- Não. Eu gostei da ideia. – Eu disse, pensando em como eu poderia fazer isso.
- Não acredito! – Meg se surpreendeu. – Está louca pra tirar uma casquinha também, né? – Ela riu.
- Se for mesmo pra fazer ele ir embora, vale a pena. – Eu não achei uma má ideia. Poderia funcionar.
- Não acredito que concordou com isso. Eu quero te abraçar. – Meg brincou.
- Acho que todo mundo tem um dia de Amber, né? – Eu disse e Meg gargalhou como nunca.
- É por isso que você é a minha amiga, . Você é foda! – Meg continuou rindo.
- Já sei até o que eu vou fazer. – Eu já tinha um plano.
- Máquina de lavar? – Meg voltou a brincar.
- Sem máquina de lavar, Meg. – Eu neguei com a cabeça.
- Acho que você nem vai precisar fazer muita coisa. Do jeito que ele é fraco e é louco por você... é só você estalar os dedos e já era. – Meg aconselhou. – Quando você vai fazer isso? – Ela quis saber.
- Agora. – Eu respondi, empolgada para fazer aquilo.
- Agora? – Meg voltou a se surpreender.
- Aposto que ele está lá embaixo jogando videogame. – Eu disse com certeza.
- E você vai conseguir fazê-lo quebrar as outras duas regras depois? – Meg questionou.
- Eu dou um jeito de conseguir. – Eu sorri ao ter dezenas de ideias. Como eu não pensei nisso antes?
- Está bem. Vou desligar para que você coloque o seu plano em prática. – Meg mostrou-se empolgada.
- Amanhã eu te conto se deu certo. – Eu disse, começando a me despedir. – Obrigada, Meg! – Eu estava até me esquecendo de agradecê-la.
- Estou orgulhosa de você, garota. – Meg afirmou e eu ri. – Aproveita pra tirar o atraso. – Ela completou.
- Cala a boca, Meg. – Eu continuei rindo. – Beijos. – Eu disse antes de desligar.
- Beijos. – Meg respondeu e desligou o telefonema.

Agora tudo fazia sentido pra mim. É claro! Se o quebrar as minhas regras, ele terá que ir embora. Então, é só fazer ele quebrar as regras! A minha empolgação para colocar o plano em prática até fez todo o meu ódio ir embora. Olhei em volta, enquanto pensava exatamente como eu faria aquilo funcionar sem que ele desconfiasse das minhas reais intenções.

Lembra quando eu disse que o desperta coisas inimagináveis em mim? Olhe só para o que eu estou prestes a fazer! Fui até o banheiro para tomar um rápido banho. Ao sair, vesti a minha lingerie preta. Eu sabia que era a favorita dele. Por cima, joguei um hobby preto e transparente que vinha até o meio das minhas coxas. Fui até o espelho e neguei com a cabeça, sem acreditar que estava mesmo fazendo aquilo. Ajeitei o meu cabelo, deixando-o solto. Passei perfume até dizer chega, mas tive que deixar a maquiagem de lado. Tinha que ser tudo meio natural. Eu não posso me maquiar pra uma coisa que deve ser casual. Mesmo assim, passei um pouco de blush e um batom tão claro que nem sequer parecia que eu havia passado ele. Não dava para usar salto também, mas chinelo me pareceu meio brochante. Resolvi ficar descalço mesmo. Voltei a encarar o espelho, tentando me soltar um pouco mais. Esse é o típico momento em que não dá pra ficar tímida.

Abandonei o meu quarto e fui andando lentamente até o quarto de . Depois de ouvi-lo no andar de baixo, entrei em seu quarto com mais tranquilidade. Me aproximei do criado-mudo que ficava ao lado de sua cama e abri lentamente a gaveta. Homens são tão previsíveis! Guardar preservativo no criado-mudo? Muito criativo. Escondi o preservativo em qualquer lugar da minha roupa e sai apressadamente de seu quarto. Já no corredor, consegui ver a escada logo a frente. Respirei fundo e me concentrei para o que eu ia fazer. Desamarrei o simples laço que havia feito em meu hobby e o deixei propositalmente aberto. Me esforcei para tirar aquele sorriso no canto do meu rosto e fui em frente.

estava fazendo a mesma coisa que as outras noites: jogando videogame. O sofá e a TV ficavam ao lado da escada, mas TV ficava de costas pra escada e o sofá ficava de frente. terminava de passar outra fase de um de seus jogos de ação, quando notou que alguém descia as escadas. A princípio, seus olhos nem me deram muita atenção. Ele nem sequer me olhou, pois o jogo estava extremamente tenso naquele momento. Quando ele finalmente me olhou, foi daquele jeito rasteiro e bem rápido. Os olhos dele pareciam nem acreditar no que haviam acabado de ver e voltaram a me olhar para conferir. Eu não olhava pra ele um só segundo, mas eu sentia os olhares dele sobre mim. paralisou por um bom tempo. Ele só movia o seu rosto para não me perder de vista. Ele nem piscava e os lábios se entreabriram sem que ele percebesse. Desci o último degrau e me dirigi em direção a cozinha, que ficava do lado oposto de onde o estava. Ele aproveitou que eu estava de costas e inclinou-se para dar uma rápida checada no meu quadril.

- Ele já era. – Eu sussurrei, enquanto pegava apressadamente o preservativo que eu havia escondido e o guardei em uma das gavetas do bancada, que havia no centro da cozinha. Engraçado como só o olhar dele já me incendiava.
- Mas.. que droga é essa? – suspirou, sem conseguir parar de olhar para a entrada da cozinha. Perguntou-se o que é que eu estava fazendo, esperando que eu saísse de lá a qualquer momento para que ele pudesse me ver daquele jeito de novo. – Ok, relaxa! – Ele respirou fundo, colocando o controle do videogame sobre a mesa de centro. – Eu... posso me controlar. – mexeu os ombros, tentando tirar a tensão sobre eles. – Não, eu não posso. – Ele desistiu, imediatamente. Encarou a TV em sua frente, esperando que ela o incentivasse a ir até lá.

O videogame havia se tornado a segunda opção. Na verdade, nem se lembrava de jogo algum naquele momento. Ele olhava de segundo em segundo em direção a cozinha, implorando para que eu saísse de lá. Eu não sairia. Não enquanto ele não fosse até lá. O meu plano todo dependia disso. Aguardei algum tempo na cozinha. Eu nem sequer acendi a luz, mas a cozinha não estava tão escura por causa dos postes de luz que havia no quintal e que chegavam a iluminar um pouco a cozinha.

- Eu não vou lá. – negou com a cabeça, voltando a encarar a TV. Chegou a pegar o controle do videogame nas mãos, disposto a voltar a jogar. – Dane-se. – Ele jogou o controle novamente sobre a mesa e se levantou, indo em direção a cozinha. Eu consegui ouvir ele se aproximar e corri até a fruteira para pegar uma maçã. entrou na cozinha e se deparou comigo. Eu estava apoiada na bancada, enquanto dava uma mordida na maça. Ele esforçou-se para olhar somente para o meu rosto. – Você é sonambula agora? – perguntou, engolindo seco.
- Não. Só estou com fome mesmo. – Eu respondi, olhando pra ele com toda a tranquilidade. A tensão estava estampada no rosto dele e a esse ponto eu já tinha certeza que o meu plano daria certo.
- Porque você está vestida assim? – não deixava de olhar o meu rosto por nada. Ele não tinha coragem de voltar a olhar para o meu corpo.
- Assim como? – Eu abri os braços e olhei para baixo, procurando alguma coisa errada com a minha roupa. – Qual o problema? – Eu desencostei da bancada e dei um rápido giro para que ele tivesse a chance de ver tudo. Os olhos dele foram obrigados a observar o meu corpo e a sua reação instantânea foi virar de costas.
- Meu Deus... – suspirou, sentindo um calor absurdo. Eu novamente tive que controlar o riso.
- O que está acontecendo? – Eu me aproximei dele e toquei a suas costas. Ele deu um pulo, esquivando-se.
- Não.. toca... – negou com a cabeça, voltando a me olhar.
- O que foi? Está com medo de mim agora? – Eu abri os braços, fingindo que não estava entendendo o que estava acontecendo.
- Você precisa mesmo usar essa roupa? – perguntou, irritado.
- Mas que obsessão com a minha roupa! – Eu neguei com a cabeça, dando mais uma mordida na maçã em minhas mãos.
- É que você nunca se veste assim na minha frente. – justificou incomodo com a minha roupa.
- , não sei se você lembra, mas você já me viu usando muito menos do que isso. – Eu disse, jogando a maçã em sua direção. Ele a pegou.
- Obrigado por lembrar disso AGORA. – forçou um sorriso e eu fingi que não entendi a ironia.
- Eu não sabia que você ia se importar com a minha roupa. Eu posso... – Eu não consegui terminar a minha frase, pois ele me interrompeu.
- Não. Não, tudo bem. Está bom assim. Está... muito bom mesmo. – negou com as mãos, olhando discretamente para o meu corpo.
- Você... não quer comer? – Eu perguntei, mantendo um sorriso no canto do rosto.
- Como é? – arqueou as sobrancelhas.
- Eu quis dizer... comida. Você não está com fome? – Eu dei uma discreta risada e ele ficou imediatamente sem graça.
- Eu sabia.. disso. – riu de si mesmo. – Eu não quero. Pelo menos, não por enquanto. – Ele completou.
- Será que tem alguma coisa aqui na geladeira? – Eu me afastei dele, indo até a geladeira. novamente aproveitou a oportunidade e a cara de pau para olhar no meu quadril. – Tinha uma calda de chocolate aqui em algum lugar... – Eu disse, me abaixando propositalmente em frente a geladeira. estava atrás de mim e foi obrigado a ver o meu quadril empinado bem na sua frente.
- Deus... me ajuda. – sussurrou, olhando para o teto. Ele estava surtando com aquele meu comportamento e com aquela minha ‘quase roupa’.
- O que você disse? – Eu me virei para olhá-lo.
- Eu perguntei... se você precisa de ajuda... pra... procurar o chocolate. – engoliu seco.
- Eu já achei. – Eu fechei a porta da geladeira, enquanto segurava um pequeno pote com a outra mão. Eu o coloquei sobre a pia e o abri. – Você quer um pouco? – Eu perguntei, passando o meu dedo pela calda de chocolate e levando-o até a minha boca, enquanto eu olhava pro .
- Não, eu não... – disse em meio a um suspiro e antes que ele terminasse a frase, uma gota de calda de chocolate escorreu do meu dedo e acabou pingando próximo ao meu pescoço e foi descendo em direção aos meus seios. Juro que foi sem querer, mas veio a calhar.
- Ops. – Eu disse, abaixando o meu rosto para ver onde havia sujado. viu o ocorrido e fechou os olhos, passando uma das mãos pelo seu rosto e depois pelo seu cabelo. Ele estava ficando maluco. Passei o dedo e limpei onde eu havia sujado.
- Você está bem? – Eu segurei o riso, vendo ele se torturar.
- Porque está fazendo isso? – voltou a me olhar, parecendo um pouco mais impaciente.
- Fazendo o que? – Eu abri os braços, me fazendo de inocente.
- Seja o que for que você esteja armando, para agora com isso. – ordenou todo sério.
- Eu não estou fazendo absolutamente nada. – Eu ergui os ombros. – Você é que está fazendo. – Eu apontei pra ele, encostando o meu dedo indicador no centro do seu peitoral. – Não sei se você percebeu, mas eu só desci pra comer alguma coisa. Eu não te chamei, você veio até aqui. – Eu deslizei o meu dedo pelo seu corpo e o parei próximo de sua cintura. Agarrei a sua camiseta e comecei a puxá-lo na minha direção, enquanto eu dava alguns passos pra trás. – Se você veio, aposto que você tinha algo em mente. – não sabia se olhava para os meus lábios, para os meus peitos ou para os meus olhos. Grande dilema. – E eu adoraria saber o que é. – Eu disse um pouco mais baixo, depois que senti as minhas costas tocarem em uma das laterais da bancada.
- Você não ia gostar. – sorriu ao negar com a cabeça. As mãos dele estavam apoiadas na bancada atrás de mim e eu estava entre os seus braços.
- É tão ruim assim? – Eu perguntei, encarando o seu rosto de bem perto. Eu mordi o meu lábio inferior em meio a um sorriso provocante, que fez com que olhasse novamente para os meus lábios. A situação também estava complicada pra mim. Eu já nem me lembrava o real motivo de estar ali.
- Primeiro eu pegaria aquela calda de chocolate. – disse, apontando a cabeça em direção ao pote de calda de chocolate.
- É mesmo? – Eu dei um sorriso maior, já sabendo do que se tratava.
- Depois eu a passaria por cada centímetro do seu corpo. – Enquanto ele dizia, uma de suas mãos deslizava pelo meu corpo sob a vigilância cautelosa de seus olhos.
- Interessante. – Eu estava tentando não me deixar seduzir por aquela mão, que explorava cada parte do meu corpo e que começava a fazer com que a minha respiração ficasse mais acelerada. – E depois? – Eu perguntei e ele voltou a me olhar.
- Depois eu.... – levou suas mãos até as pontas do meu hobby e começou a empurrá-lo lentamente para trás. – Eu limparia toda a sujeira. – Ele se aproximou ainda mais, trazendo o seu rosto ao encontro do meu pescoço. Seus lábios tocaram na minha pele e eu me arrepiei da cabeça aos pés. Meus olhos se fecharam, quando ele começou a depositar beijos mais calorosos em uma das laterais do meu pescoço. As mãos dele soltaram o hobby e ele foi direto pro chão. Os beijos começaram a subir, vindo em direção ao meu queixo. Posicionou novamente o seu rosto em frente ao meu. Eu demorei alguns segundos para conseguir abrir os meus olhos. – Com a minha língua. – sussurrou tão perto de meu rosto, que eu senti os lábios dele tocarem os meus, enquanto ele falava. As mãos dele subiram até o meu rosto, entrelaçando-se em meu cabelo e afastando alguns fios do meu rosto. Foi então que ele finalmente me beijou.

Depois do beijo, não teve mais jeito. A intensidade do beijo só aumentava a cada segundo que passava e estávamos cada vez ensandecidos. Minha primeira atitude foi tirar a camiseta dele o mais rápido que eu consegui. Quando tivemos que interromper o beijo para que a camiseta dele passasse pelo seu pescoço, aproveitou a deixa para levar suas mãos até as minhas coxas e segurá-las para me colocar sobre a bancada que estava logo atrás de mim. O beijo voltou logo em seguida e parecia mais intenso do que antes. As mãos dele subiam em desciam as minhas coxas e eu usei as minhas para desabotoar rapidamente os botões de sua calça. O beijo continuou, enquanto eu me livrava da calça dele. Eu não conseguia parar de beijá-lo.

estava mais do que excitado e a pressa que eu tinha parecia ser a mesma que a dele. Os lábios dele abandonaram os meus e desceram pelo meu pescoço, enquanto uma de suas mãos entrelaçava seus dedos em meu cabelo. A outra mão dele explorava outras partes do meu corpo. Minhas mãos revezavam a entre a sua nuca e as suas costas. A respiração dele ficava cada vez mais acelerada, mas não se comparava a minha. A pressa me fez interromper todos aqueles beijos intensos que ele dava no meu pescoço. Eu comecei a deslizar o meu corpo para trás, empurrando e jogando no chão panelas e potes que estavam ali em cima. entendeu exatamente o que eu queria e não hesitou em fazê-lo. Ele subiu na bancada também e foi trazendo o seu corpo pra cima do meu. Quando teve a chance, segurou o meu rosto e voltou a me beijar. Eu me deitei na bancada, deixando que ele jogasse o seu corpo por cima do meu. Minhas unhas arranhavam as suas costas.



Comecei a empurrá-lo pra trás, enquanto eu ia me sentando. se sentou de frente pra mim e puxou uma das minhas coxas e a colocou por cima de sua perna. Ainda nos beijávamos, enquanto a mão dele descia pela minha coxa. Eu interrompi o beijo e notei o seu olhar de julgamento pra cima de mim. Eu me estiquei para abrir a gaveta e pegar o preservativo que eu havia colocado ali.

- Aqui. – Eu entreguei pra ele. pareceu surpreso com a minha rapidez em fazer tudo. Não que fosse uma coisa ruim, na verdade, ele estava adorando. Ele sorriu, achando graça e eu puxei o seu rosto para mais um beijo. Minha mão deslizou até a sua nuca e ele tirou as mãos da minha coxa e as usou para abrir o fecho do meu sutiã. Eu não o impedi. se livrou do meu sutiã e a sua mão, que de boba não tinha nada se aproveitou. Eu comecei a jogar o meu corpo pra cima do dele, fazendo-o deitar na bancada. Meu corpo veio por cima, enquanto continuávamos a nos beijar empolgadamente. Abandonei os lábios dele e desci os meus em direção do seu pescoço. Os dedos dele se entrelaçaram no meu cabelo e os olhos se fecharam, enquanto eu beijava calorosamente o seu pescoço. Meus beijos continuaram descendo e passaram por todo o seu peitoral e tiveram que parar no inicio da sua cueca. me ajudou a me livrar dela também e em seguida fizemos o mesmo com última peça de roupa que ainda havia no meu corpo.

Confesso que não imaginei que fosse tão bom quebrar a minha própria regra. Foi o melhor plano que eu já tive na vida, mas eu também confesso que esqueci que estava executando ele durante um tempo. Ou eu sou uma ótima atriz, ou eu estava mesmo me aproveitando do momento para fazer algo que eu desejava tanto mesmo sem assumir. Foi tudo muito louco e intenso, que não deu tempo nem de pensar. Não deu tempo nem de pensar na possibilidade de aquilo poderia ser um plano para fazê-lo ir embora da minha casa. Se o era forte, eu com certeza era a sua fraqueza. Em todos os sentidos! Compartilhávamos sempre dos mesmos desejos e das mesmas vontades. Nossos corpos se conversavam e resolviam qualquer briga em segundos. Incrível como nada que ele faça me faça odiá-lo a ponto de recusar os beijos e o corpo dele.

nos conhecia muito bem e sabia que nós sempre tínhamos aqueles momentos de fraqueza. Pra ele, foi só mais um momento de fraqueza e não um plano. Não era incomum entre nós, sabe? Quantas vezes brigamos e acabamos resolvendo na cama? O que ele não sabia é que nada seria resolvido dessa vez. Mesmo me aproveitando do momento e gostando tanto de estar ali com ele, eu não abriria a mão do meu principal objetivo: fazê-lo dar o fora da minha casa.

- Mais uma vez... – pediu, entre um beijo e outro. Eu ainda me recuperava e tentava recuperar a minha consciência também.
- Não. – Eu neguei com a cabeça. – Já foi suficiente. – Eu sorri, empolgada por ter conseguido o que eu queria.
- Não foi suficiente pra mim. – também sorriu, achando que poderia me convencer.
- Vai ter que se contentar com isso. – Eu roubei um último selinho dele e empurrei o seu corpo, afastando-o de mim. – Pensa pelo lado bom: se você tivesse seguido a minha regra, nem teria tido sexo. Uma vez é melhor que nada, não é? – Eu pisquei um dos meus olhos pra ele, enquanto voltava a vestir a minha lingerie.
- Ohhhh... – disse, negando com a cabeça e me olhando com os seus olhos cerrados. – Agora eu entendi. – Ele sorriu, se achando um idiota.
- Entendeu, né? – Eu também sorri pra ele e abri os braços.
- Você me fez quebrar a sua regra. – afirmou, lamentando-se por não ter percebido antes.
- Quantas regras faltam agora? – Eu desci da bancada e o deixei sentado sozinho lá. Eu fiz o número dois com uma das mãos
- Você é boa. – foi obrigado a reconhecer.
- Eu não sou tão boa. É você que é muito fácil. – Eu disse em meio a risos.
- Pode rir! Você foi muito bem. Eu tenho que reconhecer. – continuou a reconhecer o meu plano.
- Obrigada. – Eu agradeci, enquanto pegava o meu hobby do chão e voltava a vesti-lo. – Espero que tenha aproveitado, porque não vai acontecer de novo. – Eu forcei um novo sorriso pra ele. Virei de costas e fui saindo da cozinha, enquanto me observava, inconformado. Ele foi mesmo muito otário. – E pode comer a calda de chocolate se você quiser. É toda sua. – Eu disse, me virando rapidamente para olhá-lo. Ele negava com a cabeça, me fuzilando com os olhos. Eu segurei o riso e sai da cozinha.

Com a minha missão cumprida, eu voltei para o meu quarto para dormir. Eu fiquei algum tempo rindo e lembrando do que tínhamos acabado de fazer. Pra ser sincera, não foi tão ruim assim. Eu até que curti. Porém, isso não faz a menor diferença agora. Gostando ou não, não vai mais acontecer e ele vai ter que ir embora da minha casa.

não estava me odiando ou algo do tipo. Era o tipo de arma que eu poderia usar ao meu favor e eu acabei usando. Ele estava era com raiva dele mesmo por não ter percebido o que eu planejava antes. Desceu da bancada e voltou a vestir as suas roupas. Fez questão de jogar toda a calda de chocolate no lixo antes de sair da cozinha. Foi para o seu quarto inconformado com o nível de sua estupidez. Como era possível eu ter tanto controle sobre ele? Como eu conseguia fazê-lo esquecer de tudo quando estava comigo?

Eu acordei no outro dia bem tarde, já que era domingo. acordou um pouco mais cedo do que eu. Quando eu acordei era quase a hora do almoço, então eu desci na cozinha e fiz qualquer coisa que fosse rápida. Encontrei ele na sala, mas nós não nos falamos. Não sabia se ele estava bravo comigo, mas também eu não me importava. Voltei para o meu quarto com a comida e permaneci lá durante o resto da tarde também. Tudo isso para não ter contato com o . Era melhor assim.

Era um pouco mais que 6 horas da tarde e eu já não aguentava ficar trancada em casa. Ainda mais com o no andar de baixo. Eu não podia nem ir para algum outro cômodo da casa. Se eu saísse do meu quarto seria obrigada a aturá-lo. Sem condições. Eu precisava sair daquela casa. Depois da arrumação que fiz no meu quarto ontem, separei diversas roupas para dar para a adoção, com isso, eu coloquei na cabeça que precisava comprar roupas novas. Era isso! Eu vou ao shopping. Peguei o meu celular e disquei o número da Meg. Eu precisava de companhia. Sai do meu quarto e desci rapidamente até a cozinha para pegar qualquer para beber e comer. Passei pelo na sala e nem sequer olhei para ele para não ter problemas.

- Oi, Meg. - Eu fiquei feliz por ela ter atendido.
- Fala, gata. - Meg atendeu de forma descontraída.
- Estou querendo ir ao shopping. Vamos comigo? - Eu a convidei de prontidão. estava conseguindo ouvir a conversa da sala e prestava atenção.
- Agora? - Meg fez careta.
- Agora. - Eu afirmei, enquanto pegava alguns frios na geladeira para fazer um lanche.
- Não vai dar. Minha casa está cheia de visitas e parece que eles vão ficar pra jantar. - Meg disse, demonstrando desanimo em sua voz. Eu sabia o quanto ela odiava as visitas, que eram constantes em sua casa.
- Não acredito, Meg. - Eu fiz bico. Da sala, não conseguiu evitar o sorriso ao perceber que Meg havia recusado o meu convite.
- Acredite, eu daria qualquer coisa pra sair daqui, mas os meus pais vão me matar se eu fizer isso. - Meg suspirou longamente. Ela estava falando meio baixo para que ninguém a ouvisse. - Espera. Você nem me contou como foi ontem! - Ela lembrou-se de perguntar.
- Deu certo. Não dá pra falar agora. Eu te conto amanhã. - Eu desconversei, pois sabia que poderia ouvir.
- Eu sabia que ia dar certo! - Meg comemorou. - Amanhã quero saber tudo. - Ela afirmou.
- Está bem. - Eu sorri ao notar a empolgação dela. - Te vejo amanhã. Boa sorte ai. Beijos. - Eu disse em tom de despedida.
- Valeu. Beijos. - Meg finalizou a ligação.

Confesso que fiquei um pouco chateada por Meg não poder ir comigo ao shopping, mas isso não me fez desistir de ir até lá. Eu precisava muito sair de casa. Terminei de fazer o meu lanche e o levei até a mesa de jantar. Me sentei na mesa, voltando a ficar sobre a vista de . Ele me olhou, sem me dar muito atenção. Eu nem sequer olhei pra ele, mesmo sabendo que em algum momento ele iria se manifestar. Ele não aguenta.

- Você vai sair? - perguntou, sem tirar os olhos da TV. Estava passando mais um daqueles programas de esportes tediosos que ele adorava.
- Vou. - Eu respondi friamente sem dar tanta trela.
- Você vai sozinha? - finalmente me olhou.
- A Meg vai comigo. - Eu menti, porque sabia que ele implicaria com o fato de ir ao shopping sozinha.
- Mentira. - afirmou, me olhando com aquele sorriso no canto do rosto.
- Se você sabe, porque pergunta? - Eu disse, antes de dar a última mordida no meu lanche.
- Queria ver se você iria ter coragem de mentir. - afirmou, voltando a olhar pra TV.
- Então ta! Eu vou sozinha! Tudo bem pra você? - Eu fui sincera, já que era o que ele queria.
- Não vai mais. Eu vou com você. - me olhou para ver a minha reação.
- Vai sonhando! - Eu ri da cara dele, subindo as escadas e indo em direção ao meu quarto.

Até parece que eu vou arrastar esse insuportável pro shopping comigo. Já basta tê-lo que aturá-lo aqui, tenho que aturá-lo no shopping também? Até parece! Eu nem sequer estava cogitando aquela possibilidade. Eu ia pegar o meu carro e ia sair, já que eu sou adulta e não preciso do consentimento de ninguém para sair. Cheguei no meu quarto e fui direto trocar de roupa. Coloquei um jeans, uma blusinha básica e uma sandália de salto. Arrumei o meu cabelo, deixando-o solto e fiz uma simples maquiagem. Separei a minha bolsa e dentro dela coloquei a minha carteira e o meu celular. Peguei o meu óculos de sol e o coloquei na cabeça, preso ao meu cabelo. Não demorei mais do que 25 minutos para me arrumar. Saí do meu quarto, sabendo que enfrentaria uma briga lá embaixo, por isso, eu queria sair bem rápido e sem fazer alardes. Desci as escadas rapidamente e passei na mesinha próxima a porta para pegar a chave do meu carro. Eu percebi que o ainda estava na sala, mas eu nem tive tempo de olhá-lo. Fui até a porta, toquei na maçaneta e a girei. A porta não abriu. Tentei novamente e percebi que ela estava trancada. A chave não estava na porta, então resolvi procurá-la na mesinha, onde costumávamos deixar as chaves.

- Perdeu alguma coisa? - aproximou-se de mim por trás.
- Eu não estou achando a chave da porta. - Eu disse, dando mais uma olhada na mesinha próxima a porta.
- Qual chave? Essa? - tirou uma das mãos do bolso e exibiu a chave, que eu rapidamente reconheci.
- Muito engraçado. - Eu forcei um sorriso. - Me dá. - Eu estendi a mão em sua direção. Notei que ele havia trocado de roupa também.
- Pra quê? Pra você ir ao shopping sozinha? - não tirava aquele sorriso idiota do rosto. - Acho que não. - Ele completou.
- Você está de brincadeira, né? Me diz que você está de brincadeira, Jonas! - Eu o olhei, impaciente.
- Você não vai sozinha. - reafirmou, me enfrentando.
- Você não toma as decisões aqui. - Eu também o enfrentei.
- Acho que eu tomo sim. - mostrou as chaves novamente.
- Dá logo a chave! - Eu tentei pegá-la de sua mão, mas ele esquivou-se.
- Vamos pular a parte do escândalo, ok? Eu não vou te dar a chave e você também não vai conseguir pegá-la de mim. Se quiser ir ao shopping, eu vou ter que ir junto. - estabeleceu as regras.
- Porque você quer ir ao shopping? - Eu abri os braços. Ele nunca gostou de ir ao shopping.
- Querida, olha bem pra minha cara. Acha mesmo que eu gosto de perder a minha tarde de domingo passeando no shopping com uma mimadinha igual a você? - rolou os olhos.
- Eu já mandei você parar de me chamar assim. - Eu cerrei os olhos em sua direção.
- Dane-se! Eu não ligo pro jeito que você não gosta que eu te chame. Eu não ligo se você não quer que eu vá ao shopping com você. Eu.. não ligo! - afirmou, demonstrando total indiferença.
- Quer saber? Chega! Eu já estou de saco cheio dessa droga. - Eu estava no meu limite. Abri a minha bolsa e peguei o meu celular.
- O que foi? Resolveu contar pro papai? - achou que eu estivesse blefando.
- Não. Vou ligar pro e falar pra ele que o melhor amigo dele está morando na minha casa. De repente eu conto até sobre a noite passada. - Eu vi o sorriso no rosto dele desaparecer, quando ele ouviu o nome do meu irmão. - Quanto tempo você acha que ele demora pra chegar aqui? - Eu forcei um sorriso pra ele.
- Você não vai fazer isso. - me desafiou, negando com a cabeça. - Se contar, você também vai se expor e ele vai ficar furioso com você também. - Ele não estava botando fé na minha ameaça.
- Jonas, você tem alguma noção de quantas vezes o meu irmão ficou furioso comigo? - Eu perguntei, retoricamente. - Essa é a diferença entre nós. Ele é a minha família e você é só um amigo. Ele não vai poder deixar de ser o meu irmão, mas ele com certeza vai deixar de ser o seu amigo. Tirando a surra que ele vai te dar, é claro! - Eu disse, me achando a mais poderosa no mundo. Quando vi que o estava sem resposta, voltei a olhar pro visor do meu celular e comecei a digitar alguns números aleatórios, porque eu sabia que ia intervir.
- Está bem! Está bem! - cedeu como eu havia previsto. Eu deixei de olhar o celular para olhá-lo. – Vamos fazer um acordo, ok? Eu vou ao shopping com você, mas eu fico longe. Você não precisa nem me ver lá. Eu só vou ficar de olho. – Ele sugeriu, parecendo um pouco aflito.
- Isso é mesmo necessário? – Eu suspirei, enquanto rolava os olhos.
- Você sabe que é. Não é porque as ameaças pararam que nós temos que fingir que você não corre mais perigo algum. – voltou a falar sério comigo. Sem aquelas brincadeiras de antes. Viu, só? Foi só falar no , que o muda.
- Olha, você vai ficar bem longe de mim. Eu não quero lembrar que você está lá, ok? – Eu disse, cedendo a sua sugestão.
- Certo. – concordou. – Eu dirijo. – Ele jogou a chave da casa em minha direção e eu já senti que começaria a me arrepender da minha decisão a qualquer momento. pegou a chave do seu carro e saímos juntos da casa.

Chegamos no shopping e não trocamos uma só palavra. Eu fui na frente e ele veio logo atrás, sempre olhando para os lados, procurando qualquer sinal de perigo. Apesar de ter insistido tanto para estar ali, estava extremamente impaciente e entediado naquele lugar. Não é o tipo de passeio que ele curte, sabe? Mesmo ele estando longe, me incomodava o fato de ter alguém andando atrás de mim. Pra mim, tudo aquilo era completamente desnecessário. Eu realmente não estava levando aquelas ameaças a sério, então não me sentia tão intimidada. Eu subestimei o perigo que nem eu mesma sabia que eu corria. Para era o contrário. Ele sentia medo e temia o perigo por nós dois. Mesmo odiando estar ali, ele não tirava os seus olhos de mim. Se distraiu algumas vezes, como quando passamos em frente a uma loja de esportes ou quando passamos em frente a loja oficial do Yankees. Cheguei a pensar que ele entraria na loja e eu acabaria ficando livre dele, mas nem o Yankees conseguiu me ajudar. Quando eu entrava em uma loja, ficava lá fora rondando a loja. Algumas vendedoras olhavam pra ele com uma cara de desconfiança, certamente achando que ele era algum tipo de ladrão que está observando e planejando a sua próxima ação. Cheguei a dizer para algumas delas que ele era o meu guarda-costas e elas achavam graça. Um cara daqueles... o meu guarda-costas? Elas me olhavam com aquela cara de 'está pegando, né?' e eu ignorava para não me irritar.

- Porque aquelas vendedoras estavam me olhando daquele jeito? - me alcançou assim que eu saí da loja.
- Eu falei pra elas que você é o meu guarda-costas e acho que elas ficaram interessadas nos seus serviços. - Eu segurei o riso, sem olhá-lo.
- Sério? - gostou de me ouvir dizer aquilo.
- Não. Elas acharam que você era um psicopata que estava me seguindo pelo shopping, mas fica tranquilo. Eu disse pra elas que você é totalmente inofensivo. - Eu olhei pra ele e o vi rolar os olhos.
- Você é um amor, né? - fez careta ao ironizar.
- Eu sei! Dá pra acreditar? - Eu também ironizei só para sacaneá-lo ainda mais.
- Inacreditável. - suspirou, sem dar tanta atenção.
- Obrigada. - Eu agradeci o falso elogio.
- Já demos quantas voltas no shopping? 3? Já podemos ir embora? - disse, enquanto andávamos lado a lado por um dos corredores do shopping.
- Não, espera! - Eu disse, enquanto passávamos em frente de uma vitrine.
- O que foi? - se assustou com o meu quase grito repentino.
- É esse vestido que eu estava procurando! - Eu apontei pra vitrine, quando paramos em frente a loja.
- Não me diga. - respirou fundo e rolou os olhos.
- Vem comigo. - Eu agarrei o braço dele e o puxei pra dentro da loja. Era melhor arrastar ele pra loja do que vê-lo rondando a loja igual um maluco.
- Não, espera... - tentou argumentar, mas quando viu já estava dentro da loja e em frente a uma vendedora. - Olá... - Ele forçou um sorriso ao olhar pra vendedora.
- Oi. Eu... queria ver aquele vestido ali. - Eu apontei com a cabeça em direção a vitrine.
- Só um minuto. Vou pegá-lo. - A vendedora afastou-se e foi até uma das prateleiras.
- Porque você quer tanto um vestido? Você já tem tantos. - me olhou com impaciência.
- Eu deixei muitos deles em Atlantic City e trouxe só alguns pra cá. Além disso, eu preciso de um novo. Nunca se sabe quando eu vou precisar pra uma ocasião especial. - Eu expliquei, observando a vendedora se aproximar.
- Aqui está. Eu trouxe de vários tamanhos pra você escolher qual o melhor pra você. - A vendedora colocou os vestidos sobre o balcão.
- Eu vou... provar esse aqui. - Eu disse, depois de dar uma olhada nos vestidos.
- Claro! Pode provar. - A vendedora sorrir e deu um sonoro suspiro. - Você pode aguardar ela em uma das poltronas que tem ali perto do vestiário. - Ela notou a impaciência do .
- Muito obrigado. - gostou da sugestão e não hesitou em ir até a tal poltrona.

Fui para o provador levando o vestido nas mãos. Enquanto eu me trocava, mexia em seu celular. Vesti o vestido e sem nem sequer pensar eu abri o provador e parei em frente ao . A atenção dele continuava no celular, então eu tive que chamar a sua atenção.

- E então? Ficou bom? – Eu perguntei e ele levantou o seu rosto pra me olhar. Os olhos dele deslizaram pelo meu corpo, enquanto eu mantinha uma das minhas mãos na cintura.
- Uau.. – disse sem pensar. – Quer dizer.. – Ele ficou sem jeito e levou uma das mãos até a cabeça e bagunçou ainda mais o seu cabelo. – Eu não entendo nada disso. Eu não sei opinar. – completou.
- Ficou maravilhoso. – A vendedora intrometeu-se. – Parece até que foi feito pra você. – Ela completou.
- Ficou mesmo? – Eu fiquei um pouco sem jeito. ainda me analisava, sem conseguir tirar os seus olhos de mim.
- Ela não ficou linda? – A vendedora sorriu pro , sem perceber o gafe.
- Ficou. – disse, enquanto o seu sorriso demonstrava o quão sem graça ele estava. – Ficou bom. – Ele completou, tentando ficar um pouco mais sério.
- Viu? Se o namorado aprovou, você pode levar. – A vendedora brincou, fazendo com que eu e o nos olhássemos.
- Oh, não. Ele não é... meu namorado. – Eu a corrigi rapidament.
- Não somos namorados. – sorriu para a vendedora, que ficou ainda mais constrangida que nós dois.
- Me desculpem. – A vendedora fez careta.
- Tudo bem. Não tem problema. – Eu neguei com a cabeça. – Eu... vou levar o vestido. – Eu mudei o assunto, voltando pra dentro do provador. pegou-se rindo sozinho do que havia acabado de acontecer. Essas coisas só acontecem com nós dois.

O equívoco da vendedora me deixou totalmente desconfortável. Era muito estranho ver as pessoas me relacionando ao ou sugerindo qualquer coisa entre nós. Não sei se é porque nós já namoramos ou porque eu ainda achava que existia algo entre nós. Tirei o vestido e voltei a colocar a minha roupa. Só consegui voltar a olhar na cara do , depois que saímos da loja. Com a sacola em mãos, nós andamos algum tempo em silêncio. percebeu que eu estava sem graça com a situação e não sabia como se comportar.

- Podemos ir embora agora? – virou o seu rosto para me olhar.
- Acho que podemos. Eu já comprei o que eu queria. – Eu afirmei com a cabeça.
- Então, vamos. – ficou feliz com a notícia que íamos embora.



TROQUE A MÚSICA:



Seguimos em direção a saída do shopping e paramos para pagar o estacionamento. fez questão de pagar e não teve nem discussão. Saímos e seguimos lado a lado até o estacionamento, que estava extremamente lotado. havia estacionado um pouco longe, então tínhamos uma boa caminhada até o carro. Depois que passamos da metade do caminho, ouvi o meu celular tocar dentro da minha bolsa. Continuei andando, enquanto abri a bolsa e peguei o meu celular. No visor do celular, indicava ‘número restrito’. Eu até achei estranho, mas não a ponto de não atender a ligação.

- Alô? – Eu atendi e continuei andando ao lado do em direção ao carro.
- Como você está, ? – Uma voz estranha disse do outro lado da minha.
- Quem está falando? – Eu quis saber, já que não consegui reconhecer a voz.
- Estive na sua casa há pouco tempo. – A pessoa não respondeu a minha pergunta.
- Me desculpe, mas eu não estou lembrando. – Eu me esforcei para tentar reconhecer a voz, mas eu não conseguia. A voz não parecia natural. Parecia aquelas vozes que são alteradas com programas ou qualquer coisa assim.
- Eu deixei uma mensagem pra você. Na verdade, foi um aviso. – A voz disse e quando eu me dei conta do que se tratava eu senti o meu corpo gelar quase que instantaneamente.
- Quem está falando!? – Eu perguntei com um pouco mais de ênfase, o que fez me olhar.
- Eu não tenho o costume de dar o segundo aviso, mas abri uma exceção pra você. – A voz disse com uma certa simpatia.
- O que você quer de mim? – Eu parei de andar, pois já estava sentindo as minhas pernas trêmulas. Ao me ouvir falar daquele jeito, deduziu quem estava do outro lado da linha.
- Eu já disse o que quero, garota. Você não entendeu? – A voz parecia irritada agora.
- Eu entendi. – Eu olhei pro e ele conseguiu ver medo e desespero nos meus olhos. – Eu fiz o que você mandou. – Eu menti, achando que poderia enganar a pessoa do outro lado da linha. – Eu me afastei dele. – Eu completei. saiu do meu lado e parou em minha frente. Ele notou que as minhas mãos tremiam.
- Mentindo pra mim? – A pessoa do outro lado questionou.
- Não, eu não estou mentindo. – Eu neguei com a cabeça, enquanto me olhava com atenção. Ele queria saber o que a pessoa do outro lado da linha estava me falando.
- Como foram as compras? – A pessoa perguntou, pois queria demonstrar que eu não podia enganá-la.
- O que? – Eu senti o meu coração disparar.
- Lindo vestido. – A voz disse, querendo demonstrar que estava no shopping me observando todo daquele tempo.
- Você está me seguindo. – Eu engoli seco e olhei novamente pro , que me olhava com extrema preocupação. Ele via a minha apreensão aumentar a cada segundo.
- Aliás, mande um olá pro . – Ao ouvir isso, a minha primeira reação foi olhar em volta. Seja quem for, estava me observando nesse exato momento. entendeu o que a minha procura queria dizer. Ele entendeu que a pessoa que estava me ameaçando estava naquele estacionamento. – Diz pra ele não cair nesse seu teatro. Isso com certeza deve ser herança de família, certo? – A voz completou.
- Deixa a minha família fora disso! – Eu me exaltei quando a pessoa colocou a minha família na história.
- Eu te pediria a mesma coisa, mas acho que é tarde demais, não é mesmo? – A voz indagou e eu não entendi o que ele ou ela queria dizer.
- Porque você está fazendo isso!? – Eu estava prestes a ter um colapso. estendia a mão insistentemente, pedindo para que eu lhe passasse o telefone, mas eu não conseguia. Eu queria resolver aquilo. – Olha, vamos resolver isso numa boa. Eu não quero problemas e você também não. Vamos acabar com isso. – Eu sugeri.
- Eu já disse o que eu quero e é melhor você atender a minha ordem, porque eu não falar de novo. – A voz foi objetiva e grosseira.
- E se eu não fizer? O que você vai fazer? – Eu tentei enfrentar a pessoa do outro lado da linha, mesmo com a minha voz embargada.
- Eu mato você. – Ao ouvir isso, as minhas mãos já trêmulas soltaram o celular que caiu no chão. Com os olhos cheios de lágrimas, levei minhas mãos a cabeça e entrelacei os meus dedos em meu cabelo. imediatamente se agachou e agarrou o celular, levando-o até a sua orelha.
- ALÔ? – gritou, eufórico. – ALÔ? – Ele insistiu, depois de não ter resposta. – DROGA! – esbravejou, quando percebeu que a ligação havia caído. Com o meu celular ainda em suas mãos, ele voltou a colocar-se de pé. – O que foi que disseram? – Ele perguntou, vendo os meus olhos cheios de lágrimas.
- Ele ou.. ela, não sei... Está aqui! Seja quem for, está nos seguindo. – Eu voltei a olhar em volta, temendo a próxima ação da pessoa com quem eu falei no telefone. – Estão nos seguindo, . – Eu repeti com a voz embargada ao voltar a olhar pro .



- Ei! – olhou em meus olhos. Uma das mãos dele foi até o meu rosto, fazendo com que eu continuasse olhando pra ele. – Fica calma. – Ele pediu e eu engoli o choro de vez. – Nós vamos sair daqui e vai ficar tudo bem. – tentou me acalmar, mas não estava funcionando. A vontade dele era rodar aquele estacionamento atrás daquela maldita pessoa, mas ele sabia que isso só me deixaria mais assustada. – Vamos. – Ele pediu e eu afirmei com a cabeça, tentando controlar o meu medo e desespero.

Agora sim a minha ficha caiu. Só agora eu tive noção do perigo que me ronda por um motivo que eu nem mesmo sei. Um perigo que eu não sei o nome. Minhas mãos ainda tremiam e as lágrimas não saiam dos meus olhos de jeito algum. A minha mente ficava repetindo a última frase que aquela voz me disse e eu não conseguia aceitar que isso estava acontecendo comigo. Eu fui andando na frente e veio logo atrás. Ele olhava para todos os lados, mas nem sabia exatamente o que estava procurando. não conseguia entender o que estava sentindo. Achou que era medo, mas ao mesmo tempo era coragem. Havia raiva, mas ao mesmo tempo havia um aperto no peito.

Chegamos no carro e eu entrei apressadamente nele. fez o mesmo e ligou rapidamente o carro. Eu já deveria estar mais calma, mas aquela sensação não passava. Eu queria chorar, mas ao mesmo tempo eu queria pedir ajuda. Com os meus braços cruzados eu tentava me segurar para não surtar. me conhecia tão bem que sabia até reconhecer o meu silêncio, que parecia lhe dizer tantas coisas.

- Você está bem? – perguntou, deixando de olhar o trânsito por poucos segundos para me olhar.
- Eu... não sei. – Eu respirei fundo ao negar com a cabeça.
- Você não conseguiu reconhecer a voz? Era homem ou era mulher? – quis saber. Ele precisava descobrir quem era.
- Era voz de homem, mas... eu não sei. Parecia aquelas vozes editadas. Talvez estivessem usando um programa ou um telefone que altera a voz. Eu não sei. – Eu expliquei com uma certa confusão.
- O que mais essa pessoa falou? – queria os detalhes, pois qualquer coisa poderia ser uma dica.
- Falou que esse é o último aviso. Falou que eu tenho que me afastar de você ou... – Eu preferi não terminar a frase.
- Ou o que? – temia ouvir o pior.
- Ou vão me matar. – Eu completei, sem olhá-lo.
- Merda... – negou com a cabeça, furioso com o que estava ouvindo. Ele achava que tinha a obrigação de impedir aquilo.

Mesmo sabendo que eu estava um pouco mais segura no carro, eu ainda olhava para trás de tempos em tempos para ver se não estávamos sendo seguidos. Minhas mãos aos poucos paravam de tremer, mas o meu coração não se acalmava. A cada novo passo que essa pessoa que está me ameaçando dá, sentia que está fracassando cada vez mais. Na cabeça dele, ele estava ali para me proteger e o fato de as ameaças estarem se tornando cada vez mais reais e intensas só o deixava mais irritado por não estar conseguindo fazer nada a respeito.

Nós chegamos na minha casa e eu já não tinha certeza se aquele lugar era o mais seguro para se ficar, considerando que alguém entrou nela há poucos dias atrás. Desci do carro e bati a porta. No caminho até a porta, avistei Mark na porta de sua casa. Ele também me viu, mas ainda não sabia como reagir. Principalmente porque estava logo atrás de mim. Eu acenei para ele com uma das minhas mãos e me esforcei para sorrir. Mark acenou de volta, mas o seu sorriso conseguiu ser pior que o meu. A fato de estar ali certamente influenciou. Deixou de me olhar e encarou , que de longe distribuiu olhares nada amigáveis. Quando entramos na casa, Mark negou com a cabeça ao sentar-se em um dos degraus que havia na varanda da sua casa. Ele não conseguia entender aquele ódio que tinha dele.

- Nós temos que descobrir agora mesmo quem é essa pessoa. - parecia determinado e extremamente irritado. Ele não permitira que aquelas ameaças continuassem.
- Eu não faço ideia de quem seja. - Eu me sentei no sofá, tentando pensar em alguém, mas o meu nervosismo nem me permitia isso. Mesmo percebendo que eu não estava com cabeça para aquilo, não desistiria tão cedo.
- Vamos nos ajudar, ok? Essa pessoa tinha acesso a casa da sua tia, porque ela conseguiu pegar as nossas filmagens. Essa pessoa sabia sobre eu e a Amber e depois também sabia sobre nós dois. - andava de um lado pro outro, procurando uma resposta. – Não é possível nos não conseguirmos pensar em ninguém! – Ele tinha a impressão de estar deixando algo passar.
- Eu não sei! Tem muita gente! E... eu não consigo pensar em ninguém que possa querer o meu mal. - Eu encarei o chão ao negar com a cabeça, me recusando a desconfiar de qualquer pessoa próxima a mim.
- Espera um pouco. - parou de andar e me olhou fixamente. - Alguém que conhece bem essa casa e que tem acesso a ela. Alguém que acompanha quem entra e quem sai dessa casa. Alguém que me quer ver longe de você. - começou a insinuar que sabia de quem se tratava.
- Eu não entendi o que você... - Eu me levantei do sofá, interessada na possibilidade de ter descoberto quem estava me ameaçando.
- Não acredito que eu demorei tanto tempo pra perceber! - rolou os olhos, negou com a cabeça e chegou a dar um rápido sorriso.
- De quem você está falando? – Eu dei alguns passos em sua direção, tentando obter a resposta através de seu olhar.
- Pensa, ! – disse como se fosse algo óbvio. – Quem conhece tão bem essa casa a ponto de ter controle sobre os alarmes e sobre as câmeras? Quem foi que desde aquela primeira viagem pra cá que fizemos se interessou por você e me odiou? Quem tinha o controle daquelas minhas fotos com a Amber pra poder usá-las contra mim e a favor dele no momento certo? Quem mais saberia que estamos juntos ou quando saímos de casa se não alguém que mora ao lado da sua casa? – As perguntas de me deixavam cada vez mais aflita e me levavam a um nome que eu me recusava a aceitar.
- , você não... – Eu não queria que ele se precipitasse, mas ele parecia nem estar me ouvindo.
- Desgraçado. – estava cego de ira e não pensou duas vezes para tirar tudo aquilo a limpo. Me deixou falando sozinha e deu as costas pra mim.
- ! – Eu achei que um simples grito o faria desistir, mas é claro que não funcionou. Quando eu vi ele abrir a porta com tanta agressividade, eu me dei conta do que estava prestes a acontecer. Receosa, fui atrás dele na tentativa de evitar uma tragédia.

Mark continuava sentado no degrau da escada da varanda de sua casa e viu quando parecia dirigir-se em direção a sua casa. Ao avistar Mark, a fúria de aumentou ainda mais. Ele passou pelo jardim que separava as duas casas e antes mesmo que Mark percebesse, já estava no gramado de sua casa. Mark não sabia do que se tratava, mas notou a fúria de de longe. Levantou-se do degrau, pronto para enfrentá-lo de frente. Mark esperou qualquer diálogo que explicasse o motivo que trazia até ali, mas ao invés de qualquer diálogo veio o soco certeiro que deu em seu rosto.

- ! – Eu passei correndo pela porta a tempo de ver o soco de em Mark.
- PORQUE NÃO MEXE COM ALGUÉM DO SEU TAMANHO? – gritou, enquanto Mark ainda se recuperava do soco. – ACHA QUE EU VOU DEIXAR VOCÊ ENCOSTAR UM SÓ DEDO NELA? – Ele puxou a camiseta de Mark para fazer com que ele o olhasse.
- ME SOLTA! – Mark o empurrou, tirando as mãos dele de sua camiseta. – DO QUE VOCÊ ESTÁ FALANDO? – Ele passou a mão perto de seu nariz, que começava a sangrar.
- VAI BANCAR O SANTO AGORA? ASSUMA! SEJA HOMEM E ASSUMA! – parecia estar possuído de tanto ódio. – VOCÊ NUNCA ME ENGANOU! EU SEMPRE SOUBE O MERDA QUE VOCÊ SEMPRE FOI! – Ele apontou o dedo indicador em direção ao Mark.
- NÃO APONTA O DEDO PRA MIM! – Mark deu um tapa na mão de , o que fez com que ele fosse novamente em direção ao Mark. Com muito esforço, eu consegui chegar a tempo e me coloquei entre eles. Olhei pro e levei as minhas mãos até o seu corpo.
- PARA COM ISSO! – Eu gritei, furiosa. Algumas vizinhas já acompanhavam a briga pela janela de suas casas.
- DA PRÓXIMA VEZ QUE VOCÊ PENSAR EM ENCOSTAR EM UM FIO DE CABELO DELA, EU MATO VOCÊ! – me ignorou completamente e gritou furiosamente em direção ao Mark.
- PARA! – Eu empurrei para trás e consegui fazer com que ele notasse a minha presença.
- É ELE, ! – tentou me convencer a não me intrometer na briga.
- O QUE? O QUE FOI QUE EU FIZ? – Mark abriu os braços, sem saber do que estava sendo acusado.
- ASSUMA DE UMA VEZ! ASSUMA QUE É VOCÊ QUE ESTÁ AMEAÇANDO ELA! – voltou a esbravejar em direção ao Mark e eu lhe dei outro empurrão.
- NÃO É ELE! – Eu gritei em direção ao .
- Tem alguém te ameaçando? – Mark esqueceu a dor que sentia em um dos lados do rosto e me olhou com preocupação. A preocupação de Mark também foi notada pelo , que ficou indignado.
- EU VOU ACABAR COM VOCÊ! – ficou maluco ao notar que Mark também estava preocupado comigo. Mesmo sendo egoísmo de sua parte, achava que mais ninguém poderia se preocupar comigo e ter o cuidado que ele tem comigo.
- VOCÊ ESTÁ FORA DE SI! – Eu voltei a empurrar , mas dessa vez eu usei mais força. – Vamos sair daqui. Anda! – Eu agarrei o seu moletom e comecei a arrastá-lo de volta para a minha casa. Com muito esforço, consegui levá-lo para dentro da casa. – O que você está pensando!? – Eu disse, depois de fechar a porta da casa.
- Vai mesmo ficar do lado dele? – me encarou, apontando um dos dedos em direção a casa do Mark.
- Não tem um lado! Você não vê? – Eu argumentei ao meu favor.
- Como pode ter tanta certeza que não é ele? – não conseguia acreditar na fé cega que eu sempre tinha no Mark.
- Eu não tenho! Eu não tenho certeza sobre ninguém agora. Ok? A única coisa da qual eu tenho certeza é que tem alguém tentando me matar! – Eu tentei fazê-lo ver o lado racional da história.
- E se for ele? – insistiu no assunto.
- E se não for ele? – Eu mostrei o outro lado da moeda. – Nós não podemos sair acusando ninguém desse jeito. Além do mais, não acha que se fosse o Mark ele estaria ameaçando você e não a mim? – Eu questionei.
- Talvez ele esteja fazendo isso pra despistar. – continuava defendendo a sua teoria.
- Ou talvez você o odeie tanto que só está conseguindo enxergar o que você quer. – Eu acabei falando o que eu realmente eu achava daquilo tudo.
- Você deve estar de brincadeira. – negou com a cabeça e sorriu para demonstrar o nível de sua indignação.
- Pense a respeito, ! Ele pode sim querer nos separar, mas você seria sem dúvida o alvo dele e não eu. – Eu repeti a minha teoria mais sensata. – Além disso, eu o conheço bem e sei que ele jamais faria isso. Até mesmo com você. – Eu completei.
- Ah, é claro! Eu sabia que você acabaria dizendo isso em algum momento! – A última coisa que queria ouvir era que eu confiava tanto em Mark a ponto de não desconfiar dele.
- Eu sei que está irritado, esta bem? Mas você tem que se manter racional. Não pode ficar deixando os seus sentimentos interferirem nisso. – Eu tentei orientá-lo, mas ele pareceu não ter gostado.
- Sentimentos? Dá um tempo, ! – me olhou com desprezo. – Não precisa ficar perdendo o seu tempo defendendo ele pra mim. Se gosta dele, vá até lá e fique logo com ele! Faça o que você quiser, mas depois não vem dizer que eu não te avisei! – Ele parecia estar mesmo decepcionado com aquilo, mas o seu ódio falava mais alto. – Obrigado por isso! Uma coisa a menos para eu me sentir culpado! – Ele disse, antes de virar-se de costas pra mim e subir as escadas sem nem sequer olhar para trás.
- , espera! – Eu observei ele subir as escadas e tentei reverter a situação. – ! – Eu insisti, mas ele me ignorou completamente. – Que droga... – Eu suspirei, levando uma das mãos até a minha cabeça e entrelaçando os meus dedos em meu cabelo.

Eu sei que eu e não estamos em uma boa fase, mas deixá-lo chateado quando essa não é a minha intenção faz com que eu me sentisse desconfortável. Eu até pensei em ir atrás dele, mas certamente ele não me receberia e se recebesse, seria com 60 pedras nas mãos. Então, eu pensei em ir falar com o Mark. Ele precisava de uma explicação sobre o que havia acabado de acontecer. Ele levou o soco por causa de mim e eu me sentia na obrigação de resolver isso. Me dirigi até a porta e depois para a casa do Mark.

Depois de bater a porta do seu quarto com força, sentiu vontade de quebrar o quarto. Para ele, não tinha coisa pior do que me ver defender o Mark com unhas e dentes. tinha certeza de que eu ia atrás do Mark depois da briga e ficou próximo a janela. Quando me viu indo até a casa dele, quis morrer. Nem mesmo as nossas brigas nos últimos dias tinham feito ele sentir vontade de ir embora de uma vez daquela casa, mas o meu comportamento diante do envolvimento do Mark naquela história fez ele pensar nessa possibilidade.

Mesmo sabendo que estava decepcionado, eu não achei que era pra tanto. Por isso, não me importei tanto. Não notei que me observava ir em direção a casa do Mark. Bati na porta da casa dele e a demora dele para abrir a porta quase me fez desistir. A porta se abriu e eu pude vê-lo. Ele estava com uma bolsa de gelo em um dos lados do rosto. Mark não parecia muito feliz em me ver.

- Você está bem? – Eu fiz careta ao vê-lo daquele jeito.
- Está se referindo ao soco que eu acabei de levar sem motivo algum? Estou ótimo. – Mark forçou um sorriso.
- Me desculpe por isso. Foi culpa minha. – Eu demonstrei que estava me sentindo mal com aquilo.
- Entra. – Mark deu passagem para que eu entrasse na casa e eu entrei. Ele fechou a porta.
- Tudo aconteceu tão rápido que eu nem tive tempo de... – Eu me expliquei, mas terminei a frase negando com a cabeça.
- Tudo bem. Acho que nem o Hulk ia conseguir segurá-lo. – Mark fez cara feia. – O que aconteceu com ele? O que foi tudo isso? – Ele abriu os braços.
- Não tem nada a ver com você. Ele achou que você estivesse fazendo algumas coisas, mas eu já disse pra ele que não é você. Eu acho que ele entendeu. – Eu coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Algumas coisas? – Mark achou a explicação muito vaga. – Ele disse que tem alguém te ameaçando. – Ele fez questão de dizer para que eu não tentasse desconversar sobre o assunto.
- Olha, não precisa se preocupar com isso. Está tudo bem e tudo sob controle. – Eu realmente não queria incomodá-lo com aquilo. Quanto menos pessoas souberem sobre isso, melhor.
- Tudo menos o seu namorado, né? – Mark ironizou.
- Não estamos namorando. – Eu não demorei para responder. Eu sei que esse não é o foco da conversa, mas eu queria que ele soubesse.



- Isso... não tem importância agora. – Mark abaixou a cabeça, deixando de me olhar. – O que importa é o que está acontecendo com você. Eu quero saber que está acontecendo. – Ele foi direto ao assunto.
- Eu ando recebendo algumas ameaças, mas não é nada demais. Não é importante. Eu to bem. – Eu reafirmei. Eu sabia que eu não tinha o direito de envolvê-lo nesse assunto.
- Que tipo de ameaças? – Mark continuou demonstrando interesse no assunto. Eu o olhei e demonstrei que não queria falar no assunto. – Por favor, me conta. – Ele insistiu, quando percebeu que eu não queria falar.
- Se lembra daquelas fotos do com a Amber? – Eu queria que ele recordasse para que eu pudesse explicar a partir dali. – Alguém tirou aquelas fotos com a intenção de me afastar do . Teve uma época também que eu recebi algumas filmagens das câmeras de segurança da casa da tia Janice. As filmagens só tinham imagens editadas minhas e do . – Eu continuei contando.
- Mas as imagens não foram roubadas? – Mark me interrompeu.
- Exatamente. – Eu afirmei, demonstrando qual era a gravidade da situação.
- É só isso? – Mark aproximou-se ainda mais de mim, demonstrando muito interesse no assunto.
- Não. – Eu suspirei ao pensar que a pior parte viria a seguir. – Há alguns dias atrás me mandaram uma mensagem, uma ameaça... não sei. – Eu nem sabia como explicar.
- Que tipo de mensagem? – Mark me olhava com atenção.
- Uma mensagem na parede da cozinha da minha casa. – Eu cruzei os braços e cheguei a dar um fraco sorriso, quando vi a sua expressão de surpresa.
- Invadiram a sua casa? – Mark pareceu mais preocupado.
- Eu não chamaria nem de invadir. Não tocou o alarme, não chamou a atenção do Big Rob... nada! A pessoa entrou e saiu como se tivesse as chaves. – Eu expliquei e a reação de Mark era de perplexidade.
- Isso é loucura! Você avisou a polícia? – Mark estava extremamente preocupado.
- Não. Eu... não quero. – Eu não dei mais explicações.
- Como não, ? – Mark achou um absurdo.
- Eu.. – Eu não queria dizer, porque eu sabia que ia soar como besteira. Ele não entenderia. – Eu não quero que os mais pais saibam. Eu não quero preocupar ninguém. Além disso, eu não quero ter que abandonar a faculdade que é o que eu vou ter que fazer se eles souberem. – Eu completei.
- , isso é muito perigoso. Isso é muito sério. – Mark aproximou-se um pouco mais.
- Eu sei disso, mas eu estou disposta a correr o risco. Pelo menos por enquanto. – Eu tentei demonstrar coragem mesmo depois do que havia acontecido naquele dia.
- A mensagem... foi o último contato dessa pessoa que está te fazendo ameaças? – Mark questionou.
- Na verdade, não. – Eu suspirei longamente. – Hoje essa pessoa me ligou. – Eu rolei os olhos para tentar demonstrar indiferença com o ocorrido.
- Te ligou? O que disseram? – Mark ficou ainda mais surpreso.
- Só reafirmou a mensagem que deixaram na cozinha da minha casa. – Eu não me aprofundei no assunto.
- Qual foi a mensagem? O que eles estão querendo? – Mark perguntou, sabendo que a minha resposta ajudaria a justificar um pouco os fatos.
- Eles querem que eu me afaste do . – Eu disse, sem saber a reação que ele teria.
- O que? Só isso? – Mark não acreditou. – Eles geralmente querem dinheiro, mas... essa é nova. – Ele negou com a cabeça.
- Eu não sei por que o fato de eu estar com o ou não é importante pra alguém. – Eu abri os braços.
- E o achou que essa pessoa fosse eu. – Mark sorriu, rolando com os olhos. Agora, tudo fazia sentido.
- Exatamente. – Eu ergui os ombros.
- Isso é ridículo. – Mark suspirou longamente, deixando de me olhar.
- Eu sei que é. Eu sei que não é você. – Eu disse, demonstrando certeza.
- Que bom. Isso faz com que eu me sinta melhor. – Mark deu um fraco sorriso, que eu acabei descobrindo que eu sentia falta.
- Eu sei que você jamais faria isso. Eu sei que você só quer o meu bem. – Eu devolvi o sorriso pra ele. Naquele momento, eu até consegui me esquecer de tudo de ruim que havia acontecido naquele dia.
- Eu agradeço por confiar em mim, mas... – Mark percebeu que a conversa estava indo para caminhos errados e também sabia que isso faria mal a ele mais tarde, por isso, resolveu mudar o rumo da conversa. – Ainda tem alguém lá fora que quer te fazer mal. Eu não quero e ... – Ele hesitou em completar a frase. – Não posso deixar nada acontecer com você. – Ele completou, sem jeito.
- Não vai acontecer nada. Eu sei me cuidar. Além disso, tenho um cara em casa que adora sair distribuindo socos por ai. – Eu sorri ao me referir ao .
- É, eu percebi. – Mark também sorriu. Ele queria saber se estava morando na minha casa, já que ele tem visto com frequência, mas preferiu não perguntar. Ele não achava que tinha o direito de se intrometer na minha vida. – Bem, mas se você precisar de alguma coisa... Você sabe que eu estou aqui. – Ele colocou-se a minha disposição.
- Eu sei! Você já me salvou uma vez, lembra? – Eu ri ao me lembrar do dia que me perdi no bairro mais barra pesada da cidade. – Qualquer coisa, eu te ligo. – Eu pisquei um dos olhos pra ele.
- É pra ligar mesmo. – Mark também riu da situação. Os nossos risos fez com que eu me lembrasse do quão bom e tranquilizante era conversar com ele e do quanto nós nos divertíamos juntos. Enquanto ele ria pra mim, eu filme passava pela minha cabeça.
- Agora que eu já me desculpei, eu vou voltar pra casa. – Eu sorri, sem jeito.
- Está bem. Eu vou ficar bem. – Mark também ficou sem jeito.
- Se você quiser, eu posso fazer um curativo pra você. – Eu não sei porque demorei para sugerir aquilo.
- Não, não precisa. Só o gelo eu acho que funciona. – Mark sabia que seria perturbador me ter tão perto e que seria mais um momento constrangedor entre nós.
- Tudo bem. Então, desculpe de novo. – Eu mordi o meu lábio inferior, enquanto fazia careta.
- Esquece isso. – Mark negou com a cabeça.
- Ok. – Eu dei alguns passos para trás em direção a prova.
- Eu te levo até.. – Mark apontou em direção a prova.
- Não, não precisa. Eu já te dei muito trabalho hoje. – Eu me apressei para ir até a porta para que ele não se incomodasse. Virei de costas pra ele e toquei a maçaneta da porta.
- Ei! – Mark chamou a minha atenção. Eu me virei para olhá-lo. – Se cuida, por favor. – Ele pediu com uma expressão de preocupação.
- Eu vou. – Eu sorri, agradecida. Deixei de olhá-lo e abri a porta. Saí da casa dele com o coração um pouco apertado. Era incrível o jeito que ele se preocupava comigo mesmo depois de tudo. Atravessei o jardim e entrei na minha casa.

Mark era importante pra mim. Ele sempre vai ser importante pra mim. O jeito que eu me comporto toda vez que ele me olha ou sorri pra mim deixa isso mais do que claro. Eu não me culpo por isso. Mark é a pessoa mais incrível e gentil que eu já conheci. Ele estava comigo quando eu não tinha mais ninguém. Ele me ajudou na fase mais difícil da minha vida e eu jamais vou esquecer isso. O meu coração jamais vai esquecer isso. Hoje foi só mais uma prova disso. Mark é bom demais para ser machucado e é por isso que eu tenho que ficar longe dele.

Cheguei na minha casa e voltei para a realidade. A realidade de trancar portas e janelas. Mesmo com todas essas medidas de segurança, eu ainda não me sentia totalmente segura. Era quase 8 horas da noite e eu aproveitei para fazer alguma coisa para comer. não tinha dado mais sinal de vida. Eu podia comer qualquer porcaria, mas eu preferi fazer o meu famoso macarrão. Mentira, não era famoso, mas era uma das únicas coisas que eu sabia fazer bem. Fiz o macarrão e acabei distribuindo ele em dois pratos. Pensei em levar um prato para o , mas não sei como ele me receberia. Resolvi deixar o macarrão sobre o fogão para o caso de ele sentir fome mais tarde. Me sentei sozinha na mesa de jantar para comer o macarrão, que por sinal havia ficado ótimo! Acabei de jantar e subi para o meu quarto. Cheguei a parar em frente do quarto e até pensei em bater na porta, mas eu achei melhor não. Segui para o meu quarto e fiquei lá até o final da noite.

- Finalmente consegui falar com você! – Eu disse, depois de ligar pela décima vez para a naquela noite.
- Oi, ! – sorriu ao ouvir a minha voz.
- Onde você estava, menina? – Eu perguntei, preocupada.
- Eu estava tentando falar com o . Acredita que ele sumiu a tarde toda? – disse, demonstrando irritação.
- Sumiu? Como assim? – Eu estranhei e fiquei preocupada na hora.
- Ele já apareceu. Disse que dormiu a tarde toda e não me ouviu ligar. – esbravejou.
- Fica tranquila. Você sabe que o é assim mesmo. Quando ele dorme... – Eu sorri, me lembrando com saudade do meu melhor amigo.
- Sei! Você puxa o saco dele. – vivia me dizendo isso.
- É claro que não! – Eu me defendi aos risos.
- E então, tudo bem? – , como sempre, perguntou.
- Está.. tudo bem. Eu só queria ouvir a sua voz. – Era uma pena que eu não podia contar pra ela o quão horrível foi o meu dia.
- Quando você vai vir nos visitar? – perguntou em tom de bronca.
- Eu não sei. As coisas estão complicadas por aqui. – Eu não dei muitos detalhes. – E vocês? Quando vão vir pra cá? – Eu mudei rapidamente de assunto.
- Eu estava falando hoje com o pessoal. Vai ter um feriado no mês que vem e vamos tentar dar um jeito de irmos te visitar. – deu a melhor notícia da semana.
- NÃO ACREDITO! – Eu fiquei completamente empolgada.
- Calma! Ainda vamos ver se todos nós vamos estar disponíveis, mas eu acho que vai dar certo sim. – não quis que eu comemorasse com tanta antecedência.
- Estou torcendo pra dar tudo certo. – Eu precisava tanto ver os meus amigos e o meu irmão. – E o ? Você tem visto ele? Acredita que faz dias que não falo com ele? Eu ligo para os meus pais todos os dias, mas eu nunca consigo falar com ele. – Eu fiquei com medo de que algo estivesse acontecendo com ele e tivessem escondendo de mim.
- Ele está praticamente morando na casa da agora. Nunca vi esses dois tão grudados. A avó da está doente e os pais dela vivem viajando pra cuidar da avó e deixam a sozinha. Você já sabe, né? – gargalhou.
- Conheço bem o canalha do meu irmão. – Eu também ri. – Babaca! Esqueceu de mim. – Eu xinguei.
- Está com ciúmes agora? – me provocou.
- Estou nada! – Eu segurei o riso.
- Sei! – disse com voz de desconfiança.
- Agora que já falei com você, vou dormir. Eu estou exausta! O meu dia foi muito... exaustivo hoje. – Eu disse, enquanto vestia o meu pijama.
- Você trabalhou hoje? – estranhou o meu extremo cansaço em pleno domingo.
- Não.. – Eu pensei por um segundo antes de responder. – Eu fiz alguns trabalhos da faculdade hoje. – Eu menti, já que não podia revelar o real motivo.
- Esses trabalhos são uma droga, né? – fez careta. – Enfim, não vou ficar atrasando o seu sono. – Ela não queria atrapalhar.
- Ok. Boa noite! Estou morrendo de saudades! – Eu disse, antes de desligar.
- Eu também estou! Beijos e boa noite. – fez bico.
- Beijo. – Eu desliguei o telefonema, sofrendo com a saudade gigante que eu estava dela e de todos que eu deixei lá. Me deitei em minha cama e fiquei pensando em todos eles. Eu não via a hora de abraçá-los de novo.

havia dormido por um tempo depois da nossa briga. Acordou assustado, sem saber que horas eram e sem saber se eu já havia voltado pra casa. Olhou no relógio e viu que era um pouco mais de meia-noite. Saiu preocupado de seu quarto, querendo saber se eu estava em casa. Desceu as escadas e chegou na sala de estar. Não tinha nada meu ali, mas notou que a porta estava trancada. Isso não significava grande coisa. Olhou em direção a cozinha e resolveu ir até lá. Acendeu as luzes e a primeira coisa que lhe chamou atenção foi o prato em cima do fogão. aproximou-se do fogão e viu do que se tratava. O macarrão comprovava que eu já havia voltado pra casa. O sorriso fraco e espontâneo que surgiu em seu rosto tinha motivo desconhecido. Não se sabe se era a tranquilidade de saber que eu já estava em casa ou se ele apenas estava feliz com o meu simples gesto de carinho e cuidado (ter feito e deixado macarrão pra ele).

A minha simples atitude fez com que ele se esquecesse da nossa briga e até mesmo da sua decepção. não conseguia conter os seus sentimentos quando uma coisa tão simples como essa acontecia. Levou o prato ao micro-ondas e depois sentou-se na mesa de jantar para comer o macarrão. Enquanto comia, voltou a se lembrar da briga que havíamos tido. Talvez ele tivesse exagerado um pouco. Mesmo não querendo reconhecer, sabia que a sua rivalidade com o Mark tinha sido um dos motivos que o fez acusar Mark precipitadamente. Na verdade, não duvidava que fosse o Mark. Ele não o conhecia e muitas pistas apontavam pra ele, mas ainda não era o momento certo para acusar alguém. Talvez não seja o Mark. chegou a essa conclusão não porque confiava no Mark, mas porque confiava em mim. Se eu havia dito com tanta certeza que não era ele, então ele poderia deixar o seu ciúmes de lado e me ouvir pelo menos uma vez.

acabou de comer o macarrão e levou o prato até a pia da cozinha. não sabia o que fazer. Sair de casa não era uma opção. Ele não queria me deixar sozinha. Já que era tarde, resolveu voltar a dormir. Certificou-se de que a casa estava bem trancada e que os alarmes estavam ligados e voltou para o andar de cima da casa. Chegou na porta do seu quarto e olhou em direção ao meu quarto. Estava tudo tão silencioso, que ele imaginou que eu já estivesse dormindo. Aproximou-se com cuidado da porta do meu quarto e a encarou por um bom tempo antes de decidir abri-la. Girou a maçaneta da porta silenciosamente e de lá conseguiu me ver na cama. Não conseguiu se conter e adentrou o quarto. Aproximou-se silenciosamente da cama e parou em frente dela. Me viu dormir calmamente e sorriu espontaneamente. Perguntou-se como poderia ficar com ódio de alguém que mais parece um anjo dormindo. Perguntou-se também como alguém poderia querer o meu mal. De uma coisa ele sabia: não deixaria ninguém fazer algum mal a mim. abandonou o quarto mais tranquilo. Nada lhe dava mais tranquilidade do que saber que eu estava bem. passou pelo banheiro antes de voltar para o seu quarto. Demorou algum tempo para pegar novamente no sono.

Depois de me virar para um dos lados da cama, meus olhos acabaram se abrindo sem qualquer motivo. A escuridão me fez perceber que ainda não havia amanhecido. Porque eu havia acordado mesmo? Ah, é mesmo! Alguém adivinha? Depois de me espreguiçar, estiquei o meu corpo e acendi o abajur que ficava ao lado da minha cama. Avistei o celular sobre o criado- mudo e o peguei. O relógio marcava exatamente 03:30 da madrugada. Que surpresa! Eu sempre acabo acordando naquele maldito horário (ou um pouco antes) e sempre me lembrava do responsável por essa minha obsessão. Era um pouco mais estranho agora, porque nós não estamos em um bom momento. É tão fácil me lembrar e sentir a falta dele naquele horário especifico, mas agora? Agora que nós estamos em pé de guerra? Porque eu continuava acordando naquele horário? Porque eu sentia um vazio dentro de mim a cada vez que eu via o relógio marcar 3:35? Eu não consigo entender.

Mesmo com todas aquelas perguntas, eu voltei a me aconchegar em minha cama. Meus olhos percorreram o quarto procurando o meu sono, que acabaria tornando tudo aquilo mais fácil. Até mesmo os nossos momentos de ódio colaboravam para aquela ‘ressaca emocional’. O que eu não sabia é que ainda compartilhava daquela estupidez sem sentido também. Em seu quarto, ele também havia voltado a acordar. O teto que ele insistia em olhar continuava sem lhe dizer absolutamente nada. Os pensamentos não abandonavam a sua mente um só segundo. Até mesmo as nossas brigas se tornavam momentos que faziam a rotina da sua madrugada. estava mais do que acostumado a acordar naquele horário e ele sabia exatamente a rotina de todas as noites. Ele sabia que ficaria algum tempo acordado, então decidiu fazer diferente naquela noite. Já que ele demoraria algum tempo para voltar a pegar no sono, porque perder o seu tempo olhando incansavelmente para o teto? se levantou lentamente da cama, foi até a porta e a abriu. Os passos silenciosos não queriam me acordar. Ele desceu as escadas e foi diretamente até a cozinha. Ao acender a luz, seus olhos arderam com tanta claridade, mas aos poucos eles foram se adaptando.

O meu sono estava custando a voltar e isso me deixava irritada. Meus olhos já olhavam com impaciência para qualquer coisa que encontrasse pela frente, mas eles mudaram repentinamente quando eu ouvi um barulho. Eu parei até mesmo de respirar. Levantei a minha cabeça rapidamente e encarei a porta, esperando que alguém a escancarasse a qualquer momento. As ameaças constantes que eu venho recebendo me deixaram ainda mais assustada. Eu me sentei na cama e me mantive em silêncio, esperando ouvir qualquer outro barulho para ter certeza de que eu não estava louca. O barulho veio e o meu coração quis sair pela boca. Eu tentei pensar no que fazer, mas eu estava nervosa demais para isso. Eu tirei o lençol de cima do meu corpo e me levantei lentamente da cama. Olhei em volta e procurei qualquer coisa com a qual eu pudesse me defender. Não havia nada. A melhor coisa que eu encontrei foi um sapato de salto. Me desculpe se eu não tenho uma faca escondida na minha gaveta de calcinhas, ok? Peguei o sapato com uma das mãos e encarei a porta. Toquei a maçaneta e a girei com todo o cuidado. Olhei para o corredor e vi que não havia ninguém ali. Eu estava de pijama e descalça quando eu comecei a caminhar silenciosamente por aquele corredor enorme. A cada quarto que eu passava, eu temia que alguém saísse de lá de dentro. Quando eu estava no meio do corredor, eu voltei a ouvir um barulho. Ele vinha do andar debaixo da casa. Andei mais rapidamente até a escada e comecei a descê-la com cuidado. O sapato ainda estava em minha mão. Eu estava suando frio e quando eu vi a luz da cozinha acesa eu senti vontade de sair gritando. A cozinha! O mesmo lugar em que haviam me deixado aquela ameaça. Será uma nova ameaça? Terminei de descer as escadas e encarei a entrada da cozinha. Com certeza havia alguém ali! Eu respirei fundo e fechei os olhos por poucos segundos. Segurei firme o sapato e adentrei a cozinha repentinamente.

O susto que levou foi inacreditável. Os olhos dele se esbugalharam, quando ele virou o seu rosto em minha direção. Quando ele viu que era eu, tentou disfarçar o susto. Olhou pra mim e me viu com aquele sapato na mão e aquela expressão ameaçadora. A expressão de susto se transformou em julgamento. arqueou uma das sobrancelhas.

- Mas o que você está fazendo!? – fez careta. Ao vê-lo, eu senti um enorme alivio.
- Você me assustou! – Eu suspirei, abaixando a minha mão que segurava o sapato.
- O que você está fazendo com esse sapato? – Ele apontou e olhou para o sapato em minhas mãos.
- Eu não sei se você lembra, mas tem alguém querendo me matar. – Eu me defendi, pois percebi que eu seria zoada.
- E o que você ia fazer? Atacar o seu sapato nele? – não conseguiu evitar o som e o sorriso de deboche.
- Olha... – Eu me irritei com o seu comentário. – O que você está fazendo aqui? São... – Eu olhei no relógio com a intenção de dizer o horário, mas quando o vi eu desisti de dizer.
- 3:35? – completou a minha frase, me olhando um pouco mais sério. É impossível ficar com raiva desse jeito, sabia? Eu olhei pra ele e tentei disfarçar, mas eu tenho certeza que eu não consegui. A troca intensa de olhares foi inevitável.
- É... – Eu concordei, desviando o olhar. – Tanto faz. – Eu saí da frente dele e fui até a geladeira para pegar um pouco de água. Na verdade, eu só queria um motivo para deixar de olhá-lo.

Cada momento daquele e cada olhar trocado nos deixava daquele jeito. É como se voltássemos aos velhos tempos e no segundo seguinte voltássemos a realidade. A realidade em que fingíamos que a única coisa que existia entre nós era uma simples atração física. Os olhos dele me acompanharam. A minha reação só deixou as coisas mais óbvias para ele. Peguei a garrafa de água e um copo e os coloquei sobre a bancada. Me sentei em um dos bancos altos que ficavam em torno da bancada da cozinha. estava do outro lado da bancada.

- Você ainda não disse o que veio fazer aqui. – Eu achei que já havia me recomposto o suficiente. Coloquei um pouco de água no copo.
- Eu perdi o sono. – respondeu sem qualquer problema, já que aquilo não deixava de ser verdade, não é? Depois de beber o copo de água, eu o olhei. Atrás dele, vi que algo estava no fogo.
- O que você está fazendo? – Eu apontei a cabeça em direção ao fogão.
- A única coisa que eu sei fazer bem. – afirmou, virando-se na direção do fogão e tirando uma caneca do fogo.
- Chocolate quente. – Eu não tive duvidas ao sentir o cheiro maravilhoso de chocolate. Ele colocou a caneca ainda quente sobre a bancada e foi até o armário pegar uma caneca menor. Ao voltar para a bancada, ele colocou duas canecas sobre ela.
- Você quer? – me olhou prestes a me servir. Ele achou que não seria nada demais, já que eu também havia deixado macarrão pra ele. Eu demorei alguns segundos para responder. Havia uma enorme história por detrás daquele simples chocolate quente e eu não tenho certeza se eu quero recordá-la.
- Eu acho que vai me ajudar a dormir. – Eu usei a primeira desculpa que me veio na mente. Ele sorriu discretamente, enquanto colocava o chocolate quente na caneca em minha frente.
- E então? – sentou-se em um dos bancos do outro lado da bancada, ficando de frente pra mim. – Qual era o plano? Vir aqui e atacar a pessoa com o seu sapato? – Ele me olhou entre risos.
- Eu não tinha tantas opções. – Eu me defendi, aproximando a caneca da minha boca.
- Que tal se você me chamasse? – disse, ficando um pouco mais sério. – Qual o problema em pedir a minha ajuda? – Ele indagou.
- Eu não tinha certeza se tinha mesmo alguém na casa. – Eu disse, depois de beber um gole do chocolate quente.
- E se tivesse? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Não tinha, ok? Relaxa. – Eu quis evitar o drama.
- Você não poderia facilitar as coisas pra mim uma só vez, não é? – não tirava os olhos de mim.
- Esse é o meu trabalho. – Eu afirmei e o vi sorrir, abaixando os seus olhos e olhando para a caneca em suas mãos. O riso dele me fez sorrir também e me fez perceber que ele não estava tão bravo comigo quanto eu achava. Permanecemos em silêncio por alguns segundos. – Sabe que existe um jeito de facilitar as coisas pra você, não sabe? – Eu perguntei, voltando a chamar a atenção dele.
- Contar para os seus pais? – deduziu, me olhando intensamente. A intensidade era tanta, que eu conseguia sentir que ele olhava pra mim sem nem mesmo estar olhando pra ele.
- É... – Eu afirmei, levando a caneca até a minha boca novamente e tomando mais um gole do chocolate quente. Os olhos dele se perderam em qualquer lugar da cozinha.
- Você está certa. Seria muito mais fácil, mas... – hesitou em continuar a frase. A pausa me fez olhar pra ele, que também voltou a me olhar para terminar a sua frase. – Você sabe que eu sempre prefiro as coisas mais difíceis. – Ele completou e eu senti o meu corpo todo estremecer. Eu não sabia o que fazer. Sorrir me faria parecer oferecida demais. Ignorar me faria parecer arrogante demais. deixou de me olhar e eu consegui voltar a respirar normalmente. Era uma droga ver que pra ele era apenas uma frase, mas pra mim era mais um motivo para me manter acordada todas as noites. Mesmo entendendo a sua indireta, a resposta não foi muito clara pra mim. Não respondeu o que eu queria saber.
- Sério, ... – Eu o olhei com mais atenção. – Porque você está fazendo isso? Você poderia... ligar para os meus pais. Você teria um problema a menos se fizesse isso, mas... você está aqui perdendo o seu tempo comigo e com as nossas brigas. Por quê? – Minhas mãos brincavam com a caneca de chocolate quente, mas os meus olhos seguiam fixos nele.
- Não estar aqui significa que você vai ter que voltar pra Atlantic City. – afirmou e quando percebeu que poderia não ter sido tão claro, ele resolveu explicar de forma mais explicita. – Eu estou aqui por você. Se é isso o que eu preciso fazer pra você não abandonar a sua faculdade e o seu sonho, eu faço! – Ele não teve receio algum em dizer aquilo, mas eu senti receio ao ouvir. Eu não senti só receio. Eu senti um turbilhão de coisas de uma só vez.
- Você fala como se você se importasse. – Eu disse e imediatamente tomei outro gole do chocolate quente, porque eu não queria demonstrar qualquer instabilidade.
- Já parou pra pensar que eu posso me importar? – perguntou sem qualquer hesitação. A pergunta dele gerou uma troca de olhares constrangedora. – Você é a irmã do meu melhor amigo. – Ele completou para tentar melhorar o clima que havia se estabelecido ali. A frase dele me fez sorrir involuntariamente.
- E sua ex-namorada. – Eu adicionei entre risos.
- E isso é uma coisa ruim? – também sorriu. – Eu sei que acha que eu deveria te odiar por isso, mas eu não odeio. – Ele completou.
- Você já me odiou por muito menos. – Eu disse, erguendo os ombros.
- Tipo o que? Você torcer pro Peter na escolha pelo capitão do time de futebol da escola? Isso é muito pior! Qual é! – riu sem emitir som ao se lembrar do acontecido.
- Ele era o meu namorado. – Eu me defendi em meio a risos.
- Viu? Outro motivo enorme pra te odiar! – continuou a brincadeira.
- O Peter não pode ser um motivo maior pra você me odiar do que o fato de eu ser a sua ex-namorada. Qual é! Isso é quase como uma regra. Nada é pior do que uma ex-namorada. Todo mundo sabe disso. – Eu continuava argumentando a meu favor, mas não deixava a brincadeira de lado.
- Sabe o que é pior? Cantar uma música cheia de insultos pra mim. Isso sim é um ótimo motivo pra te odiar. – ficou empolgado ao se lembrar daquele fato.
- Sabe o que realmente é pior? Fazer uma lista das garotas com quem você já saiu. – Eu cerrei os olhos em meio a um sorriso.
- Você não sabe brincar, sabia? – também cerrou os olhos.
- Eu só disse verdades. – Eu ergui os ombros, enquanto ria.
- Sabe o que é mais engraçado? Naquela época, nós vivíamos dizendo que um dia lembraríamos de tudo aquilo e iriamos rir. Aqui estamos nós! – abriu os braços.
- E será que um dia vamos rir disso também? Eu quero dizer... de toda essa história de ameaças. – O meu sorriso diminuiu um pouco ao voltar a tocar naquele assunto.
- É claro que vamos. – afirmou com tanta segurança, que chegou a me impressionar.
- Como pode ter tanta certeza? – Olhei pra ele com um fraco sorriso.
- E porque eu não teria? – percebeu que havia algo de errado na minha pergunta.
- Como tem tanta certeza de que algo não vai acontecer comigo? Como tem tanta certeza de que eu vou estar lá pra rir disso com você? – Apesar de o assunto ser complicado, eu não queria demonstrar tanto drama, portanto, sempre tentava dar um sorriso parra disfarçar.
- Porque tem alguém cuidando de você. Alguém, que por acaso é a única pessoa em quem eu confio para fazer esse trabalho. – afirmou com um discreto sorriso.
- Você? – Eu deduzi, enquanto tentava esconder um simples sorriso.
- Quem mais faria isso, quando tudo o que você faz parece uma missão suicida? – não disse por mal, mas eu entendi o que ele queria dizer.
- Eu realmente não facilito as coisas pra você, não é? – Eu até me senti mal por parecer uma idiota mal agradecida. Não parecia justo com ele. Pelo menos, não agora em que não há provocações entre nós.
- Não se preocupa. Isso nunca foi um problema pra mim e não é agora que vai ser. – negou com a cabeça, pois não queria que eu me sentisse culpada por aquilo. Deixei de olhar pra ele e abaixei a minha cabeça, olhando para a caneca em minhas mãos.
- Não, eu sei que tenho sido bem difícil nos últimos dias. Eu sei que tenho sido uma insuportável mal agradecida e... – Eu neguei com a cabeça e levantei o meu rosto para voltar a olhá-lo. – Eu quero que me desculpe por isso. – Eu completei. A primeira reação dele diante do meu pedido de desculpas foi de surpresa.
- Não, ! Não precisa. – fez careta, achando o pedido de desculpas desnecessário.
- Dá pra calar a boca por um minuto? – Eu disse com um riso no canto do rosto. – Eu quero fazer isso, está bem? – Eu tentei voltar a ficar séria e riu, sem emitir som. – Eu sinto muito pelo modo como eu venho agindo e o jeito que eu tenho te tratado. Eu sei, quer dizer, agora eu sei que você só está fazendo isso pensando no meu bem. – Eu terminei de dizer e só então percebi o quão sem jeito estava.
- Eu fico feliz que tenha reconhecido as minhas intenções, mas você não precisa se desculpar. Ao invés de se desculpar, você pode apenas prometer que vai me deixar cuidar de você. – propôs, vendo uma vantagem enorme naquela proposta. Eu ainda ficava boba toda vez que ele falava que queria cuidar de mim.
- Está bem, então eu prometo. – Eu prometi sem qualquer hesitação.
- Sério mesmo? – me olhou com desconfiança.
- Sério! – Eu disse, achando graça da sua desconfiança. – É só me dizer como eu posso te ajudar nisso. – Eu estava disposta a facilitar as coisas pra ele.
- Seria bom se você me avisasse todas as vezes que for pra algum lugar. – não perdeu tempo. Era tudo o que ele queria.
- Está bem! Eu vou avisar! – Eu achei o pedido justo.
- E vai ter que me deixar te levar e te buscar todos os dias na faculdade. – me olhou, esperando a minha reação.
- Justo! – Eu ergui os ombros.
- E se escutar algum barulho no meio da noite, você vai ter que me acordar. Sem mais sapatos de saltos! – segurou o sorriso ao dizer aquilo.
- Combinado! – Eu sorri pra ele e estendi uma das minhas mãos para selarmos aquele acordo de forma convencional.
- Combinado! – apertou a minha mão, satisfeito com o nosso novo acordo.
- Já que resolvemos os nossos problemas, eu acho que vou dormir. Eu acordo cedo amanhã. – Eu fiz careta, enquanto tomava o último gole do meu chocolate quente.
- Eu preciso dormir também ou não vou conseguir acordar cedo para te levar pra faculdade e eu não vou te dar esse prazer. – brincou, levantando-se do banco.
- Foi o que eu pensei. – Eu ri sem emitir qualquer som e me levantei do banco também. Nós dois fomos até a pia e colocamos as canecas dentro dela. – Você sabe que ainda não me ensinou a fazer esse chocolate quente, não é? Você ainda está me devendo. – Eu disse, enquanto andávamos em direção a saída da cozinha.
- Não vai adiantar eu te ensinar, porque o seu jamais vai ficar tão bom quanto o meu. – me provocou e eu o olhei com indignação.
- Sabe que isso está soando como um desafio pra mim, não sabe? – Eu entrei na brincadeira, enquanto subíamos as escadas.
- Eu jamais te desafiaria porque não teria graça alguma e você sabe disso. – continuou me provocando e eu continuava achando graça de tudo aquilo.
- Eu ainda vou fazer um chocolate quente melhor que o seu. Agora é questão de honra! – Eu disse em um tom de ameaça. Nós já estávamos no corredor em que os quartos ficavam. – Me aguarde, Jonas! – Eu disse, quando começávamos a nos aproximar da porta do meu quarto.
- Jonas? Agora eu fiquei com medo. – virou o seu rosto pra me olhar.
- Para de me sacanear. – Eu também me virei para olhá-lo, cerrei os olhos em sua direção e dei um fraco empurrão em um de seus ombros. – Quer saber? O seu chocolate quente nem é tão bom assim. – Eu menti só para que ele parasse de se gabar.
- Mentirosa! – me olhou com indignação, quando paramos em frente a porta do meu quarto.
- Agora você vai ter que dormir pensando na difícil realidade em que o seu chocolate quente é uma droga. – Eu ergui os ombros.
- Qual é! Pode dizer que você adora o meu chocolate quente. – continuou cerrando os olhos em minha direção.
- Me desculpe, mas eu não vou te dar esse prazer. – Eu disse, tentando imitar a forma com que ele havia dito essa mesma frase há minutos atrás. – Sabe como é, não é? – Eu sorri, malandra.
- Ok, eu entendi. – negou com a cabeça, mostrando-se indignado.
- Não, sério... – Eu tentei ficar um pouco mais séria. – Obrigada pelo chocolate quente e pela conversa. Isso me ajudou a não pensar em... tudo isso. – Eu coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e percebi os olhos dele acompanharem o meu movimento.
- Que bom que eu ajudei de alguma forma. – sorriu fraco, voltando a olhar atenciosamente para o meu rosto. Apesar do sorriso no canto do meu rosto, notou uma certa preocupação. A sua percepção fez com que ele analisasse mais minunciosamente o meu rosto. A sua atitude fez com que ficássemos em um longo e constrangedor silêncio.
- O que foi? – Eu perguntei, depois de esperar que ele explicasse o porquê dele estar me olhando daquele jeito.
- Eu não vou perguntar se você está com medo, porque eu sei que você vai mentir e dizer que não. – disse, fazendo com que a expressão em meu rosto mudasse. Estava tão na cara assim? – Mas... – Ele hesitou continuar a frase.
- Mas... – Eu o encorajei a dizer, enquanto meus olhos cheios de medo e fragilidade estavam fixos nele.



- Eu quero que saiba que eu estou aqui com você e que eu não vou deixar nada acontecer com você. – afirmou todo sério, mas também havia uma doçura fora do comum que eu tenho certeza que ele não queria que eu notasse. – Eu prometo que não vou deixar nada acontecer com você. – Ele reafirmou, mas dessa vez em forma de promessa.
- Diante do seu péssimo histórico com promessas, eu não deveria acreditar nisso, mas de alguma forma... eu acredito. – Eu sorri sem mostrar os dentes e tentei não me deixar levar por aquelas palavras. Me deixar levar é perigoso demais.
- Eu te protegeria mesmo se eu prometesse o contrário. Não é sobre a promessa. É sobre quem eu sou. – Mesmo sendo difícil pra ele se expor daquela forma, eu percebi que tudo o que ele queria era me tranquilizar e bem... ele conseguiu.
- Mesmo depois de tanto tempo, essa é a única parte sua que não muda: o seu instinto de me proteger. – Eu sorri, demonstrando constrangimento.
- Acredite ou não. Eu posso mudar de país, posso mudar o meu nome, as minhas roupas e até o meu cabelo, mas você vai continuar sendo a única parte de mim que não muda nunca. – A frase foi muito mais intensa do que ele desejava que fosse. Ele terminou a frase com um sorriso descontraído, mas ao ver a minha reação ele se deu conta do que havia dito.
- Isso não é verdade. O seu chocolate quente... – Eu percebi que ele ficou tenso pelo que havia dito e quis descontrair um pouco o clima, mas eu também estava nervosa. – Ele ainda é o mesmo de sempre. – Eu completei com um tímido sorriso.
- O chocolate quente... – riu sem emitir qualquer som e abaixou a sua cabeça, encarando o chão por poucos segundos. – Certo. – Ele voltou a me olhar com um belo sorriso. Um daqueles sorrisos que eu não o via dar há muito tempo.
- Boa noite, . – O sorriso dele me deixava um pouco mais desestabilizada do que eu queria, então era melhor que eu me afastasse de uma vez.
- Boa noite. – respondeu, sabendo que eu estava tentando evitar qualquer problema que pudesse vir a ocorrer se caso continuássemos aquela conversa.

Empurrei a porta atrás de mim e depois de entrar no quarto, fui fechando ela de forma lenta. Meus olhos seguiam fixos em , que continuava parado em frente a minha porta. Ele certamente estava me esperando fechar a porta para ter certeza de que eu estava em um lugar seguro. Os olhos dele encararam a porta assim que ela se fechou por completo. Apesar de estar feliz com a honesta conversa que havíamos tido depois de tanto tempo, ele também estava chateado. Chateado por ver a porta daquele quarto fechada e mais uma vez estar do lado de fora dele.

Imagina a minha surpresa quando me peguei sorrindo igual uma boba, enquanto olhava pro teto do meu quarto e me mantinha deitada em minha cama. Isso nunca era um bom sinal. Pelo contrário! As palavras ditas por me fizeram ter a leve impressão de que a atração física não é a única coisa que sentimos um pelo outro e isso era um pouco assustador. Não só pelo fato de eu conhecê-lo tão bem, mas sim por me conhecer ainda mais. Eu sei até onde essas sensações, esses sorrisos e esses sentimentos vão me levar. Saber disso me dava a impressão de estar vivendo novamente a mesma história proibida. Uma história que eu sabia onde terminaria.

A situação de também não é tão diferente da minha. Sua forma de expor os seus sentimentos é bem mais explicita que a minha, mas isso não quer dizer que o seu medo de que tudo isso termine mal seja maior que o meu. é mais intenso e não consegue esconder toda essa intensidade dentro de si. Ele tinha que expor de algum jeito. Ele tem que dizer pra mim como ele se sente. Talvez isso seja um reflexo de um amor que ele reprimiu por tanto tempo. Ele sabia que não estava fazendo nada de errado, mas quando ele se dava conta de que em algumas semanas ele voltaria pra Atlantic City tudo parecia um enorme erro. É uma péssima ideia investir nessa relação, tendo certeza de que ela não vai durar.

Eu acordei naquela manhã, sabendo que teria mais um dia cansativo pela frente. Eu tinha que ir pra faculdade e depois ir pro hospital. Essa era a minha cansativa rotina. Eu mal me levantei e já queria voltar para a cama, mas eu não podia. Tentei conseguir um pouco de coragem para viver aquele dia, que eu tinha certeza que seria idêntico aos outros. Eu sai do banho e voltei para o meu quarto para me trocar. Enquanto eu penteava o meu cabelo ainda úmido, me lembrei que eu não estava sozinha naquela casa. Tem dias que eu até me esqueço que está no quarto ao lado. Ao contrário dos outros dias, eu ainda não tinha escutado nenhum barulho na casa. Onde é que ele estava?

Eu ainda tinha que terminar de me arrumar, mas eu quis ir atrás dele. Caminhei pelo corredor e parei lentamente em frente a porta do quarto em que ele estava dormindo, que estava encostada. Eu empurrei a porta bem devagar e aos poucos consegui vê-lo deitado na cama. Estranhei o seu comportamento. Nos outros dias ele acordou antes de mim. Me aproximei silenciosamente da cama e o encontrei dormindo calmamente. Quando eu me dei conta, eu já estava sorrindo sem motivo algum. Havia um lençol cobrindo parte de seu corpo e seus braços estavam aleatoriamente sobre o colchão. O rosto estava virado em minha direção e a sua respiração calma me acalmava também. Eu me agachei em frente a cama só para poder ter uma visão melhor de seu rosto. Foi como voltar na minha última noite em Atlantic City. Eu o observei dormindo durante um bom tempo. ainda não tinha aquela barba rala, que hoje está sempre em seu rosto. Me lembro de acordar, olhar pra ele e saber que ele estava ali por mim. Ele só estava ali para cuidar de mim. Meses depois, ainda está ali por mim. Ele ainda está cuidando de mim. Isso desencadeia sentimentos assustadores dentro de mim.

- . – Eu o chamei calmamente. Ele apenas se moveu na cama. – Ei, . – Eu toquei um de seus braços e foi a mesma coisa de ter dado um soco em seu estômago. Ele abriu os olhos repentinamente e sentou-se na cama em segundos.
- O que foi? – me olhou, assustado. Me ver ali ao seu lado só o deixou mais apreensivo. – O que foi que aconteceu? – Ele achou que eu estivesse acordando ele para pedir algum tipo de ajuda.
- Não aconteceu nada. – Eu não consegui evitar o sorriso. O meu sorriso valeu mais do que a frase. Ainda sentado na cama, ele deixou de me olhar para olhar o teto do quarto. – Você me assustou. – Ele respirou fundo.
- Desculpa. – Eu observei toda a sua tensão desaparecer aos poucos. – Eu acordei e você ainda não tinha acordado. – Eu comecei a explicar. – E como nós combinamos que você é quem vai me levar pra faculdade de hoje em diante... – Eu fiquei muito sem graça, porque parecia que eu estava cobrando ele. Parecia estar soando algo do tipo ‘Ei, acorde! Você tem que me levar pra faculdade agora.’.
- Sim, é claro. Eu vou levar. – não teve dúvidas sobre o nosso trato na noite passada. – Eu só preciso me trocar. – Ele passou as mãos pelo cabelo. – Estou atrasado? – Nem sequer o horário ele sabia.
- Não. Nós temos algum tempo ainda. – Eu o tranquilizei.
- Que bom. – sorriu com mais tranquilidade.
- Eu vou acabar de me arrumar ainda. Dá tempo de você se arrumar numa boa também. – Eu não queria apressá-lo.
- Está bem. – afirmou com a cabeça, observando eu me aproximar da porta.

Depois que eu sai do quarto, viu que realmente tinha algum tempo para se arrumar e não precisou ter pressa. Deu tempo de ele tomar um banho e se dar conta de que aquele dia estava bem mais frio que os outros. Isso fez com que ele tivesse que tirar as suas roupas de inverno da mala. Vestiu uma calça jeans e um moletom por cima de uma camiseta qualquer. Optou por um tênis de cano um pouco mais longo, mas bem pouco mesmo. Enquanto terminava de se arrumar, pegou-se sorrindo em frente ao espelho. Ele sorria pelo simples de fato de eu tê-lo acordado. Isso prova que o acordo feito na noite anterior foi mesmo pra valer. Isso prova que eu realmente queria que ele me levasse até a faculdade, porque eu me sentia segura com ele e porque eu o respeitava. Isso significou mais do que deveria pra ele.

Eu não demorei para terminar de me arrumar. O dia havia amanhecido nublado e a temperatura estava bem mais baixa que nos dias anteriores. Vesti um casaco que vinha até o meio das coxas por cima das roupas que eu já havia colocado. Coloquei um uma bota de cano baixo e uma touca na cabeça (VEJA AQUI). Coloquei o resto das minhas coisas dentro da minha bolsa e abandonei o quarto com a intenção de esperar terminar de se arrumar no andar debaixo da casa, mas acabamos nos encontrando no corredor.

- Já? – se surpreendeu com a minha rapidez ao me trocar.
- Já. – Eu sorri pra ele, analisando discretamente o moletom que ele tantas vezes usou na escola.
- Você já pegou tudo? – olhou para a minha bolsa.
- Peguei. Podemos ir se você quiser. – Eu disse, dando alguns passos em direção a escada.
- Vamos. – concordou, vindo atrás de mim. Descemos as escadas e eu fui direto para a porta. parou na mesinha para pegar a carteira e a chave do carro.

Saímos da casa e certificou-se de trancar muito bem a porta. Passamos pelo Big Rob, que nos cumprimentou como sempre. Ele esteve mais atento nos últimos dias, depois que inventou que estavam acontecendo dezenas de roubos no bairro. Eu e entramos no carro e depois de colocarmos o cinto de segurança, nós partimos. ligou o som, que tocava um CD dos Beatles. Não era a minha banda favorita, mas eu também não odiava aquele som. Eu até gostava um pouco. Permanecemos um bom tempo em silêncio e eu não deixei de observar que já havia aprendido o caminho até a minha faculdade. Eu não precisei dar qualquer orientação. Quando estávamos prestes a chegar na faculdade, estacionou repentinamente o carro. Eu o olhei, achando que ele pudesse ter errado o caminho até a faculdade.

- O que foi? – Eu perguntei e continuei olhando pra ele ao esperar a sua resposta.
- Eu estou a fim de tomar café da manhã. Você não? – sorriu pra mim e logo em seguida saiu do carro. Olhei rapidamente no meu relógio para saber se ainda tínhamos tempo para isso. – Nós temos tempo. – Ele disse do lado de fora da janela do carro ao bater no vidro. Eu esperei que ele se afastasse para que eu pudesse abrir a porta.
- Se tivesse me dito eu teria feito alguma coisa pra comermos em casa. – Eu brinquei ao bater a porta do carro.
- Alguma coisa tipo o que? Sucrilhos? – entrou na brincadeira, esperando que eu o alcançasse.
- Eu adoro sucrilhos, ok? Não fala assim. – Eu apressei o passo e consegui chegar ao lado dele.
- Mais do que Starbucks? – já sabia a resposta de sua pergunta.
- Não vamos exagerar. – Eu disse e ouvi ele rir. Entramos no estabelecimento e nos aproximamos do balcão.
- O que você vai querer? – virou o seu rosto para me olhar.
- Eu quero... um pedaço desse bolo. – Eu apontei e olhei para a atendente. – Também quero um cookie e... um cappuccino. – Eu finalizei o pedido. – E você? – Olhei pro .
- Quero um salgado desses e um cappuccino pra mim também. – sorriu para a atendente, que em poucos segundos nos entregou o pedido. levou a bandeja até uma mesa de dois lugares e nós nos sentamos frente a frente.
- Eu adoro esse bolo. – Eu comentei depois de colocar um pedaço na boca.
- Eu juro que não sei como você pode ter esse corpo comendo desse jeito. – provocou, enquanto mordia um pedaço do seu salgado.
- Não exagera. – Eu cerrei os olhos em sua direção.
- Sabe de quem eu me lembro toda vez que vejo cookies? – olhou para o cookie que eu havia comprado.
- De quem? – Eu perguntei, curiosa.
- Da sua avó. Eu me lembro que ela fazia os melhores cookies do mundo. – sorriu fraco ao se recordar das tardes que passou na minha casa com o .
- Você se lembra dela? – Eu fiquei um pouco em choque com o seu comentário repentino.
- É claro que eu me lembro. – afirmou com convicção. – Me lembro que eu fazia questão de ir na sua casa todos os dias só pra comer os cookies dela. – Ele sorriu.
- Mentiroso! Eu sei que você ia lá só pra me ver. – Eu fiz careta em meio a um sorriso.
- Desculpe, mas não você não pode concorrer com os cookies da sua avó. – ergueu os ombros.
- Eu só vou aceitar, porque eu sei que os cookies da minha avó eram mesmo incríveis. – Eu gostei de ouvi-lo falar da minha avó. – Já faz muito tempo, mas tem dias que eu fico o dia todo pensando nela. – Eu sorri fraco, bebendo um gole do meu cappuccino.
- Eu entendo bem como é isso. É... uma dor que não passa, né? – compreendia exatamente o que eu sentia. Eu percebi que ele estava falando de seu pai.
- Quando não é nela, é na tia Janice que eu penso. É bem mais fácil me lembrar da minha tia, porque eu moro na casa dela agora. Tudo naquela casa me lembra ela. – Eu disse, sem fazer tanto drama.
- Eu não a conhecia tão bem. Eu só a vi algumas vezes, mas eu me lembro de sempre notar o quão parecida ela era com o seu pai. Não fisicamente, mas... o jeito dela. O jeito sério, que de uma hora pra outra desaparecia quando ele fala alguma coisa engraçada ou até mesmo quando é irônico com o seu irmão. – riu ao se lembrar das diversas tiradas que o meu pai vivia dando no .
- Eles eram mesmo muito parecidos. Até a personalidade deles pareciam ser idênticas. Não só para os negócios, mas também para a família. Minha avó contava que era muito difícil eles brigarem. – Eu disse com um sorriso no canto do rosto. – As pessoas nunca acreditavam quando descobriam que a tia Janice era adotada. Ela parecia ser filha legítima dos meus avós e irmã de sangue do meu pai. – Eu disse, sem achar que aquilo fosse algo importante.
- Espera um pouco. Como é que é? – franziu as sobrancelhas.
- O que? Você não sabia? – Eu achei graça da sua perplexidade.
- A sua tia era adotada? – não conseguia acreditar. – Você está brincando comigo! – Ele negou com a cabeça.
- Viu? Ninguém nunca acredita. – Eu continuei achando graça. – Ela foi adotada quando ainda era um bebe. Nem chegou a conhecer os pais biológicos dela. – Eu expliquei.
- E ela sempre soube? – ficou curioso com a história. – Ela sempre soube, mas os meus avós davam tanto amor e carinho a ela... que isso nunca chegou a ser um problema pra ela. A tia Janice nunca foi tratada como alguém que não fazia parte da família. Ela, na verdade, era quem dava sentido as nossas reuniões de família. – Eu morria de saudades ao me lembrar de tudo aquilo.
- Ela se parece muito com o seu pai. – reafirmou, perplexo.
- Minha avó contava que quando o meu pai serviu ao exército na primeira vez, a minha tia passava o dia todo sentada na varanda da casa, esperando ele voltar. – Eu disse, enquanto comia o meu cookie.
- Seu pai serviu o exército? – descobriu outro fato desconhecido.
- Serviu, mas eu não sei bem quando foi ou quantas vezes foram. – Eu fiz careta, pois não tinha muito conhecimento sobre o assunto.
- O meu pai também serviu ao exército. Ele serviu durante um bom tempo, mas depois que conheceu a minha mãe ele abandonou a farda. – explicou, lembrando-se das histórias que sua mãe lhe contou há anos atrás.
- O queria seguir os mesmos passos do meu pai uma época, mas minha mãe fez com que desistisse. – Eu sorri, negando com a cabeça. – Eu tomaria esse cappuccino pra sempre se eu pudesse. – Eu comentei, após beber o último gole do meu cappuccino.
- Sabe que isso é um insulto ao meu chocolate quente, né? – fez cara feia.
- Ficou com ciúmes? – Eu ri, enquanto o olhava.
- Não seja tão convencida. – também riu pra mim. Ele aproveitou para me analisar discretamente, enquanto eu continuava rindo. Aquela cena fazia com que ele se lembrasse da época em que nós namorávamos. Lembrou-se de tantas vezes que dizia pra si mesmo o quanto eu ficava ainda mais bonita quando usava aquela touca. ainda não conseguia segurar as suas recaídas. – Você já comeu, né? Vamos, se não você vai se atrasar só pra variar um pouco. – Ele disse qualquer coisa que desfaçasse o modo com o qual ele havia olhado pra mim durante algum tempo.
- Vamos. – Eu afirmei com a cabeça, me levantando da cadeira. É claro que não me deixou ajudar a pagar a conta.

Saímos do local e fomos rapidamente para o carro. me deixou na faculdade alguns poucos minutos antes de tocar o sinal do início das aulas. Eu observei que ele me esperou entrar na universidade para dar partida em seu carro. Cheguei na sala e Meg ainda não havia chegado. Acho que acabei chegando um pouco cedo demais. Depois de alguns minutos, a aula começou. Meg me enviou uma mensagem de texto avisando que não iria para a aula naquela manhã. Nós só nos veríamos no hospital. Com isso, a aula acabou sendo um pouco mais entediante do que geralmente é. Eu não era a pessoa mais popular da sala e o fato de Meg não estar ali me deixava ainda mais isolada. Aproveitei o intervalo das aulas para adiantar um trabalho de bioquímica. A segunda aula acabou sendo um pouco mais longa do que deveria e eu já deduzi que teria que almoçar correndo na lanchonete do hospital. já havia me mandado mensagem, avisando que estava lá fora me esperando.

Quando a segunda aula acabou, eu tive que sair quase correndo da sala de aula ou acabaria chegando atrasada no hospital. Ao chegar no portão da faculdade, procurei e vi que ele não estava no mesmo lugar que costumava estacionar o carro. Parei atrás de 3 garotas, que comentavam empolgadamente sobre um garoto. Não demorei para notar que eram as mesmas garotas que tinham ficado cheias de graça pra cima do das outras vezes que ele foi me buscar. A notícia boa é que foi elas que me ajudaram a localizar ele. Foi só prestar atenção para onde elas estavam olhando. Quando eu olhei pro , ele imediatamente acenou para mim para o caso de eu não tê-lo visto. As garotas quase morreram, achando que o aceno foi pra elas. Trouxas! Passei por elas e fui em direção dele.

- Quando eu cheguei já tinham estacionado na vaga onde eu geralmente estaciono. – justificou assim que eu cheguei até ele.
- Elas te acharam rapidinho. – Eu apontei sutilmente a cabeça em direção às garotas, que ainda falavam sobre ele. – Se da próxima vez eu não te achar, eu vou perguntar pra elas. – Eu disse numa boa e ele sorriu, negando com a cabeça.
- Elas são até bonitinhas, mas não fazem o meu tipo. – fez careta, depois de olhar rapidamente para as tais garotas.
- Sei... – Eu encarei tudo numa boa, pois não queria que ele pensasse que pudesse estar com ciúmes.

Mesmo depois de eu ter entrado no carro com o , as garotas não sossegaram. Faz tempo que eu não via garotas tão folgadas (saudades Amber – sqn). Eu não fiquei com ódio ou ciúmes delas. Só que pode acontecer de eu SEM QUERER esbarrar com elas na escadaria da faculdade e elas acabarem rolando até o pátio. O fato é que eu não tinha direito nem a uma cena de ciúmes. Nada! Essa é a minha grande preocupação com esse inicio de reaproximação minha e do . Eu não posso começar a confundir as coisas.

Fui obrigada a rejeitar o convite do para almoçar. Eu tinha meia hora para chegar no hospital, comer alguma coisa e começar a trabalhar. Não daria tempo. Ele me deixou no hospital, dizendo que pararia para almoçar em qualquer lugar ali perto e depois iria para casa trabalhar, pois terá uma reunião importante com os gerentes do Yankees. Avisei ele que não era preciso que ele fosse me buscar, pois Meg tinha ido de carro e certamente me daria uma carona. Ele aceitou numa boa. Antes de descer do carro, quase me atrevi a beijar o seu rosto, mas a minha despedida acabou sendo um simples ‘Até mais tarde’.

Como eu já havia avisado a Meg que eu almoçaria na lanchonete do hospital, ela resolveu me esperar lá. Ela estava mais do que ansiosa para saber o que havia acontecido na noite de sábado entre eu e o . Eu entrei no hospital e desci apressadamente até a lanchonete. Ao chegar lá, avistei Meg sentada em uma das mesas. Antes de parar para falar com ela, pedi e paguei um lanche.

- Droga, estou atrasada. – Eu cheguei toda eufórica na mesa. Me sentei e coloquei o meu lanche e o refrigerante sobre a mesa.
- Dá tempo de você comer. – Meg tentou me tranquilizar.
- Nossa! Hoje a última aula acabou muito tarde. – Eu reclamei.
- Perdi muita coisa? – Meg fez careta.
- Perdeu, mas depois te empresto o meu caderno. – Eu também a tranquilizei.
- Legal. – Meg sorriu, aliviada. – E então? – Ela me olhou, demonstrando curiosidade.
- O que? – Eu segurei o riso e fingi que não sabia do que se tratava.
- Como foi? Conseguiu? – Meg disse em um tom mais baixo para que as outras pessoas que estavam ali não ouvissem.
- Consegui! – Eu sorri, sem jeito. – Foi... insano. – Eu não sabia muito bem como descrever.
- Ele desconfiou de alguma coisa? – Meg perguntou, me olhando com atenção.
- Ele desconfiou que tinha alguma coisa errada, mas não se deu conta do que era. Ontem pela manhã eu acabei contando pra ele que só aconteceu porque eu precisava que ele quebrasse a regra. – Eu resumi a história toda.
- E ele? – Meg questionou.
- Ele não ficou tão bravo e reconheceu que foi um bom plano. – Eu nem me lembrava muito bem.
- Quais as outras regras mesmo? Eu não lembro. – Meg já estava pensando no próximo plano.
- Ele não pode levar uma garota lá pra casa e não pode se apaixonar por mim. – Eu repeti as regras, enquanto tomava um gole do meu refrigerante.
- Agora, você tem que arrumar uma garota pra ele e depois vamos dar um jeito dele levá-la pra sua casa. – Meg aconselhou, focada no meu objetivo.
- Quer saber? Acho que isso nem vai dar certo. – Eu não demonstrei mais tanta vontade em fazer aquilo. – Ele sabe que eu estou tentando fazer ele quebrar as regras, então vai ficar muito mais difícil agora. Além disso, pra ele ir embora ele vai teria que se apaixonar por mim para quebrar a última regra. Ele nunca vai se apaixonar por mim. Não de novo. – Eu descartei qualquer possibilidade.
- Eu não acho que é tão difícil assim. Na verdade, eu ainda desconfio que ele sente alguma coisa muito forte por você. – Meg disse, sem pensar no quanto aquilo significaria pra mim.
- Você acha mesmo? – Eu tentei não sorrir para que ela não notasse a minha felicidade ao ouvi-la dizer aquilo.
- Eu acho. – Meg confirmou, estranhando o meu comportamento.
- Mas eu ainda acho difícil. Eu acho que é melhor eu desistir disso tudo e tentar melhorar o meu relacionamento com ele, já que vamos ter que viver juntos por um tempo. – Eu disse, sem me dar conta do que aquilo realmente significava.
- Ah.. não, . – Meg fez cara de sofrimento.
- O que? – Eu não entendi a reclamação.
- Você ainda gosta dele. – Meg afirmou, fazendo com que eu quase me engasgasse com o refrigerante.
- O que? Não! É claro que não. – Eu neguei com a cabeça.
- É claro que gosta! Você não quer que ele vá embora da sua casa. – Meg compreendeu tudo.
- Não é nada disso. – Eu fiz careta como se aquilo fosse um absurdo.
- Aposto que foi o sexo! Mexeu com você, não foi? – Meg arqueou uma das sobrancelhas.
- Fala baixo! – Eu dei uma bronca nela.
- Assume, . – Meg disse em um tom mais baixo.
- Está bem, ok? Acho que foi isso. – Eu menti porque sabia que não podia esconder pra sempre dela que eu e o estamos em uma fase boa agora e eu também não podia contar sobre o telefonema do dia anterior, que foi o que acabou nos unindo. – Mas eu não gosto dele. Nós só estamos nos dando bem agora. Acho que somos... amigos. – Eu não queria que ela achasse que aquilo tinha a ver com amor. Eu não conseguia nem assumir isso pra mim mesma, quem dirá pra Meg?
- Amigos? Qual é, ! – Meg revirou os olhos.
- Estou falando sério. Quando nós paramos de tentar irritar um ao outro... nós acabamos nos dando bem. Nós resolvemos que se vamos conviver juntos, que seja da melhor forma possível. – Eu tentei novamente explicar mesmo sabendo que ela não entenderia.

Meg e eu ficamos mais algum tempo debatendo aquele assunto. Ela insistia que eu ainda sentia alguma coisa pelo e eu negava de todas as formas. Isso, na verdade, me deixava um pouco aflita. Se a Meg está dizendo, será que estou deixando transparecer? Será que está tão na cara assim? Agora eu te pergunto: o que é que está tão na cara? Eu não consigo nem assumir pra mim mesma. Eu não consigo aceitar que possa estar sentindo algo por ele de novo.

Trabalhamos do começo da tarde até o início da noite. Eu pedi para que a Meg me levasse até em casa e ela prontificou-se a me levar na hora. também havia trabalhado durante a tarde toda. A reunião que ele teria na manhã seguinte seria de extrema importância e contaria com a presença dos gerentes que não moram em Nova York. Eles viriam exclusivamente para conhecer o e conhecer quais as suas estratégias e planos. Quando o relógio marcou um pouco mais de 7:30 da noite, começou a ficar preocupado com a minha demora. Pensou em me ligar, mas resolveu esperar mais um pouco.

- Eu adoro essa música! – Eu aumentei o volume do rádio do carro de Meg, quando a música nova do Nickelback começou a tocar.
- É a sua banda favorita, né? – Meg se lembrou daquele detalhe.
- É! – Eu afirmei, sem hesitar. Meg não fazia ideia do quanto o Nickelback foi importante no meu namoro.
- Ouvi dizer que eles vão vir tocar aqui na cidade no final da semana. – Meg disse, tentando se lembrar de detalhes do anúncio que ouviu no rádio.
- Nickelback aqui em Nova York? – Eu olhei pra ela, chocada. Como eu não sabia?
- Eu ouvi no rádio essa semana. – Meg explicou.
- Será que ainda tem ingressos? – Eu perguntei, esperançosa.
- Deve ter. Dá uma pesquisada na internet depois. – Meg aconselhou. Eu PRECISO ir a esse show.

estava sentado na mesa de jantar, quando ouviu um barulho. Levantou-se da cadeira e aproximou-se da janela. Ao ver o carro de Meg, ele ficou mais tranquilo. voltou a se sentar na mesa, aguardando a minha chegada. Ele não queria parecer ansioso demais.

- Você não quer descer? Nós podemos comer alguma coisa e conversar. – Eu sugeri, quando Meg parou o carro em frente a minha casa.
- Não, tudo bem. Minha mãe está me esperando em casa com a janta pronta. – Meg agradeceu, olhando para a casa que tinha a maioria de suas luzes acesas. – Mas... eu posso entrar um pouco. Eu quero muito ver essa coisa entre você e o . – Ela riu.
- Então, vamos! Entra comigo. Eu aproveito e separo os cadernos das matérias de hoje pra você levar e copiar. – Eu disse e em seguida desci do carro. Meg fez o mesmo e depois travou o carro.
- Ele está ai? – Meg perguntou, enquanto nos aproximávamos da porta.
- Oi Big big. – Eu acenei para o Big Rob, que vigiava a casa com toda a atenção.
- Oi. – Meg também o cumprimentou.
- Boa noite, garotas. – Big Rob acenou com a cabeça.
- Então, ele está ai sim. – Eu finalmente respondi a pergunta da Meg.
- Prevejo ele me recebendo com 70 pedras nas mãos. – Meg brincou quando já estávamos há alguns passos da porta.
- Veja bem o que você vai falar. – Eu disse, tocando na maçaneta da porta e a girando. – Entra. – Eu de passagem para que Meg entrasse na casa. Da mesa de jantar, olhou para a porta e nos viu entrando.
- Está tão frio lá fora. – Meg cruzou os braços, adentrando na casa.
- Eu estou congelando. – Eu concordei com ela, enquanto ia em direção ao . Meg vinha logo atrás de mim.
- Hey. – sorriu, quando eu parei perto da mesa e olhei pra ele.
- Hey. – Eu devolvi um sorriso mais tímido.
- Há quanto tempo, Meg. – deixou de me olhar para olhá-la.
- Pois é! Já estava morrendo de saudades. – Meg ironizou, me fazendo rir silenciosamente.
- Né? Tirou as palavras da minha boca. – também ironizou.
- Você está trabalhando? – Eu interrompi toda aquela ironia desnecessária.
- Não. Eu já acabei. – fechou as pastas que estavam sobre a mesa.
- A estava me contando que você é o responsável pela conta milionária do Yankees. – Meg entrou no assunto.
- Na verdade, eu ainda não sou. – corrigiu a Meg. – Eu quase sou, mas ainda não sou. – Ele completou.
- Nossa, mas que garoto prodígio, não é? Tão novo e tão requisitado no mercado de trabalho. O que será que você tem de tão importante? – Meg arqueou uma das sobrancelhas.
- Deve ser o meu charme. – ergueu os ombros, fingindo estar se gabando.
- É, aparentemente o seu charme tem muita influência sobre muitas pessoas. – Meg disse e quando eu percebi que ela se referia a mim, eu a olhei com um olhar ameaçador.
- Então, eu vou pegar as matérias pra você poder levar e copiar. – Eu fiz questão de mudar de assunto. Fui até a minha bolsa tirei o meu caderno de lá.
- Copiar a matéria? Então, você também é cdf? Finalmente encontrei alguma semelhança entre você o . – comentou apenas para sacanear a Meg.
- Mas eu ainda não consigo encontrar o que é que vocês têm em comum. Ainda não consigo aceitar que vocês possam ser melhores amigos. – Meg sorriu para o para demonstrar que não havia se intimidado com as suas palavras.
- Aceita que dói menos. – foi curto e grosso. – Eu sou um dos melhores amigos do e você vai ter que me engolir de um jeito ou de outro. – Ele piscou um dos olhos pra ela ao se levantar da mesa.

Meg e não tinham mais jeito mesmo. Acho que eles nunca vão se aturar. Para a Meg, odiar o significava estar do lado do Mark. também a detestava pelo mesmo motivo. Ele sabia que ela era ‘Team Mark’ e isso o deixava furioso. Talvez algum dia eles descubram um no outro as qualidades que todos a nossa volta veem, mas só eles não conseguem enxergar.

Entreguei de uma vez o caderno para a Meg, antes que ela saísse no tapa com o . Ela foi embora depois de se despedir friamente do . Eu a acompanhei até o carro e notei as diversas vezes que ela olhou para a casa de Mark. Com certeza ela iria vê-lo se ele estivesse em casa, o que não parecia ser o caso já que casa dele estava toda escura e o carro não estava na garagem. Acabei nem contando pra ela sobre a briga entre o Mark e o , já que de qualquer forma eu não iria poder contar o motivo dela ter acontecido. Espero que o Mark também não conte a ela. É melhor que não envolvê-la nessa história também.

- Ela me odeia mesmo, não é? – disse, quando me viu entrar na casa novamente.
- Acho que é recíproco. – Eu sorri sem mostrar os dentes e o pareceu ter concordado.
- Ela sabe sobre... – não precisou nem terminar a frase, pois eu já sabia o que ele queria saber.
- Não, não sabe. Já tem pessoas demais envolvidas nessa história. – Eu disse, me sentando ao lado dele no sofá.
- E então? Foi tudo bem hoje? – virou o seu rosto pra me olhar.
- Está me perguntando se eu recebi mais alguma ameaça? Não, eu não recebi. – Eu disse o que ele queria saber.
- Que bom. – sorriu pra mim e eu imediatamente lhe devolvi o sorriso. – Você está com fome? – Ele perguntou.
- Na verdade, estou. – Eu fiz careta.
- O que você nós vamos comer? – ficou com medo da minha resposta.

Demoramos algum tempo para decidirmos o que nós íamos comer. Cogitamos pizza algumas vezes, mas ambos concordamos que enjoamos um pouco de pizza, já que foi o que nós mais comemos na última semana. Concordamos que hot-dog era a nossa melhor opção. Enquanto o foi ao mercado comprar algumas coisas que faltavam para fazermos o nosso hot-dog, eu fui tomar um banho.

Nós fizemos os hot-dogs juntos. Foi muito divertido e engraçado. Nós nunca sabíamos qual era a ordem dos ingredientes e cada hora fazíamos de um jeito diferente. A situação fez com que nos lembrássemos daquela vez que fizemos arroz juntos. Ficou horrível! insistiu que a culpa era minha, mas eu dizia que era toda dele. Nós passamos o resto da noite brincando e rindo um com o outro.

- Que horas é a sua reunião amanhã? – Eu perguntei, depois de sentarmos no sofá. Nós já havíamos arrumado toda a bagunça que havíamos feito na cozinha.
- Está marcada pra 9:30. – afirmou. – Vai ser no Gramercy Hotel. – Ele citou o conhecido hotel da cidade.
- Você está nervoso? – Eu virei o meu rosto pra olhá-lo.
- Só um pouco. Eu não faço ideia do que esses gerentes vão achar de mim ou do meu trabalho. Se eles não gostarem, vai tudo por água abaixo. – Depois de muito tempo, voltou a falar e a demonstrar as suas fragilidades pra mim.
- É claro que eles vão gostar. Você é o melhor no que você faz, não é? Duvido que eles não vão gostar! – Eu tentei tranquilizá-lo e ele sorriu de forma doce, surpreso com o meu apoio.
- Eu espero. – ficou até meio sem jeito diante daquela situação, que não acontecia a tempos. Aquele momento que tivemos fez com que ele lembrasse novamente da época em que nós namorávamos. Nós estávamos sempre nos apoiando e encorajando um ao outro. Durante o nosso tempo separados, ele não tinha tanta noção da falta que certas coisas faziam, mas agora, vivendo tudo isso outra vez ele percebeu o quanto isso fez falta.

Acabei indo dormir, pois estava cansada. ficou acordado até um pouco mais tarde, porque quis ensaiar um pouco mais a apresentação que ele faria na manhã seguinte diante de todos os gerentes e representantes do Yankees. Quando decidiu ir dormir, demorou um pouco mais do que o normal. Ele estava tenso sim com a reunião, mas não era só isso que o preocupava. A nossa reaproximação também o deixava muito preocupado. Isso nunca fez parte dos seus planos e agora que isso está acontecendo de forma totalmente involuntária, ele não sabe como evitar.

Mesmo tendo dormido pouco e saber que precisava estar descansado para amanhã, se levantou aproximadamente ás 3:30. Ele não sabia se era besteira da sua parte ou se era o tipo de situação que só ele imaginou, mas ele queria testar. Ele desceu para o segundo o andar e foi para a cozinha. Quando ele começou a preparar o chocolate quente, eu consegui ouvir da minha cama. Eu já estava acordada, mas ao ouvir o barulho eu fui obrigada a me levantar e ir até lá. O frio me dizia para voltar para a cama, mas eu preferi ignorá-lo. Arrumei rapidamente o meu cabelo, enquanto descia as escadas. Cheguei na cozinha e o encontrei sentado em um dos bancos altos. As mãos estavam apoiadas na bancada, onde também havia duas canecas. Uma caneca estava próxima dele e a outra estava do outro lado da bancada, onde eu havia sentado na noite anterior.

- Sabia que era você. – Eu disse e ele me olhou, encontrando um enorme sorriso no meu rosto, que o fez até perder o rumo.
- E eu sabia que você viria. – devolveu o sorriso, me deixando meio sem graça. Ele ainda estava com cara de sono, que o fazia parecer ainda mais adorável.
- Não achei que você fosse acordar já que amanhã é um dia importante pra você. – Eu disse, me aproximando da bancada. Eu me sentei de frente pra ele e dei uma rápida olhada na caneca que me esperava.
- Eu sei o quanto você gosta do chocolate quente, por isso, eu não me importo em fazê-lo. – disse, me vendo tomar um gole do chocolate. – Além disso, eu gosto de... conversar com você. – Ele pareceu sem jeito. – A nossas conversas costumam fluir melhor nesse horário. – completou, tentando tirar o foco da sua frase anterior.
- Porque será? – Eu disse, antes de tomar mais um gole do chocolate quente. O sorriso sem jeito que ele deu respondeu a minha pergunta.
- E então, foi tão ruim? – perguntou e eu não sabia do que ele estava falando.
- O que? – Eu o olhei um pouco mais séria.
- Hoje. Você e eu colaborando um com o outro. – complementou a sua pergunta.
- Não, não foi. Na verdade, nós nos saímos melhor do que eu imaginava. – Eu dei o braço a torcer.
- Eu também achei. – concordou comigo. – Eu acho que vamos conseguir manter as coisas desse jeito até eu precisar ir embora. – Ele sorriu fraco. Só em ouvi-lo falar em ir embora, eu já estremeci. A minha reação também foi uma surpresa pra mim.
- Você... já sabe quando você vai embora? – Eu perguntei como quem não queria nada.
- Depende. Você pretende continuar com esse seu plano de me fazer quebrar todas as regras? – disse de forma descontraída.
- Eu vou pensar no seu caso. – Eu fiz cara de pensativa.
- Isso já me deixa com um pouco de esperanças de ficar um pouco mais. – riu, negando com a cabeça.

Terminamos de tomar o chocolate quente e subimos juntos para o andar de cima. novamente me acompanhou até a porta do meu quarto. O clima entre nós foi o mesmo da noite anterior. Estávamos agindo como dois adolescentes que acabaram de se conhecer. Ficávamos tímidos o tempo todo e agíamos como se não soubéssemos o que todo esse nervosismo que sentíamos quando estávamos juntos queria dizer.

Não estava sendo fácil para nenhum de nós dois. Ambos sabíamos o que acontecia todas as vezes que acabávamos ficando juntos. Nós sempre acabamos magoados e decepcionados. Se qualquer outra amiga minha estivesse nessa mesma situação, eu a aconselharia a ir devagar e não tirar conclusões precipitadas. Acontece que comigo e com o é impossível fazer isso. Não dá pra ir devagar! No primeiro sorriso que trocamos, já era! Todo o trajeto que tínhamos que fazer devagar, foi feito instantaneamente no momento em que nos reencontramos naquele bar.

Acordei na manhã seguinte um pouco mais atrasada que no dia anterior. Quando fui ao banheiro para tomar banho, notei que já estava acordado, pois ouvi alguns barulhos que vinham do seu quarto. Deduzi que ele estivesse se arrumando, então não quis incomodá-lo. Tomei um rápido banho e voltei para o quarto para me arrumar. Tive que vestir novamente uma roupa bem quente, já que o dia havia amanhecido tão frio quanto o anterior. Vesti uma calça jeans branca, uma camiseta preta de mangas longas com estampas e uma bota de cano longo. Como achei que passaria frio, vesti uma jaqueta clara de couro por cima da camiseta. Arrumei o meu cabelo, coloquei alguns acessórios e passei uma maquiagem bem clara e simples. Resolvi colocar um cachecol em volta do pescoço antes de sair do quarto com a minha bolsa nas mãos.

- Posso entrar? – Eu bati na porta do quarto dele. Ao invés de responder, preferiu abrir a porta.
- Hey. – sorriu ao me ver. Uma das mãos dele estava na gravata que ele vestia. Provavelmente ele estava terminando de arrumá-la. – Eu estou quase pronto. – Ele disse, afastando-se da porta e indo até o espelho. Ainda parada na porta, eu o observei. Ele vestia um terno elegante e sapatos. Caramba! Eu até havia me esquecido o quão incrível ele ficava quando vestia-se socialmente.
- Sem pressa. – Eu neguei com a cabeça, sem tirar os olhos dele. Notei que o cabelo estava arrumado, devido a importância da reunião. – Eu posso ir pra faculdade sozinha hoje. Eu não quero que você se atrase. – Eu disse, vendo ele terminar de se arrumar com pressa.
- Não. É claro que não. – negou com a cabeça, virando-se pra me olhar. – Eu já acabei. – Ele abandonou o espelho, pegou alguns papeis que estavam sobre a cama e veio em minha direção.
- Tem certeza? – Eu estremeci ao olhá-lo de mais perto. Ele estava parado na minha frente.
- Tenho. – afirmou com um sorriso. – Como eu estou? Está bom assim? – Ele abaixou o seu rosto para olhar para a sua roupa. Foi a pergunta mais idiota que eu já ouvi.
- Está! – Eu afirmei, olhando ele dos pés a cabeça. Levei as minhas mãos até a gravata em volta de seu pescoço com a intenção de ajeitá-la, já que ela estava torta. – Agora sim. Está perfeito. – Eu sorri, fechando os botões do seu paletó.
- Valeu. – ficou visivelmente sem graça, mas ainda havia um sorriso no canto do seu rosto, enquanto ele me olhava com carinho. Eu me afastei, quando percebi que poderia estar sendo atirada demais.

Deixamos aquele clima extremamente estranho de lado e tratamos de nos apressar ou ambos chegaríamos atrasados. Descemos as escadas e eu corri para pegar uma fruta para comer no intervalo entre as aulas, já que não daria tempo de tomarmos café. Trancamos a casa e fomos para o carro. dirigiu o mais rápido que ele conseguiu, mas ainda pegamos alguns semáforos fechados. Foi muita correria.

- Está entregue. – disse, estacionando o carro em frente da faculdade.
- Obrigada. – Eu virei o meu rosto para olhá-lo e notei que ele também me olhava. – Não fica nervoso. Eu tenho certeza que você vai se sair muito bem. – Eu disse, porque percebi que ele continuava nervoso.
- Obrigado. – sorriu, sem mostrar os dentes. Ficou tão agradecido com o meu apoio, que um simples obrigado não pareceu suficiente. Aproximou repentinamente o seu rosto do meu e beijou carinhosamente uma das minhas bochechas. No mesmo instante, eu senti o meu corpo inteiro se arrepiar. – Obrigada mesmo. – Ele completou, olhando o meu rosto de bem perto. Os olhos dele fizeram um rápido tour pelo meu rosto e eu decidi me afastar antes que o meu coração parasse.

- Tudo bem. – Eu neguei com a cabeça, enquanto abria a porta do carro.
- Boa aula. – ficou sem graça, quando viu eu me afastar tão repentinamente. Ele achou que eu não tivesse gostado da sua atitude.
- Obrigada. – Eu disse, saindo de vez do carro e batendo a porta.

Eu não queria aceitar o quanto aquela proximidade mexia comigo. Eu queria que aquela aproximação acontecesse e ao mesmo tempo eu não queria. O jeito que tudo aquilo me afetava me deixava preocupada. Eu me perguntava a todo o momento o que tudo aquilo queria dizer. Será que eu voltei a sentir algo maior pelo ? Será que algum dia eu deixei de amá-lo? Será que ele vale a pena o risco? Talvez algum dia eu saiba.

Eu fui para a aula, mas a minha cabeça estava longe. Estava naquela reunião, onde o estava. Eu nem mesmo sabia quais assuntos seriam discutidos naquela reunião ou para que ela servia, mas o nervosismo do me fez ter uma pequena noção do quão importante ela era. Eu estava mesmo torcendo para que desse tudo certo pra ele, porque eu sei o quão importante isso é pra carreira profissional dele. Obviamente a Meg notou o meu estranho comportamento. Ela me perguntou várias vezes o que é que eu tinha e eu sempre desconversava.

- E você e o ? Já voltaram a brigar? – Meg perguntou, quando o professor terminou a última aula.
- Ainda não e nem sei se vamos. – Eu disse, enquanto guardava o meu caderno dentro da bolsa.
- E mesmo vocês sendo melhores amigos agora, ele não se tocou e quis ir embora da sua casa? – Meg disse, enquanto me esperava para sairmos da sala.
- Ele não vai embora. Só se ele quebrar as outras duas regras, mas eu duvido. – Eu pendurei a minha bolsa em um dos meus ombros.
- É só nós arrumarmos uma garota pra ele! Ele vai acabar quebrando mais uma regra. – Meg deu a ideia, como se eu já não tivesse pensado nisso.
- Não é tão fácil assim. – Eu neguei com a cabeça, enquanto nos dirigíamos em direção a saída da faculdade.
- Arrumar uma garota é fácil. O que não deve ser fácil é ver ele com outra, né? – Meg disse, sabendo o que estava acontecendo ali.
- Não é nada disso, Meg. – Eu rolei os olhos. Ela cismou com isso! – Nós estamos nos dando bem agora. Eu não quero ter que trapaceá-lo e expulsá-lo da minha casa. – Eu expliquei os meus motivos, quer dizer, uma parte deles. Nós passamos pelo portão da faculdade e como sempre, havia muitas pessoas lá na frente. – Ele está ali. – Eu consegui achar o no meio de toda aquela gente. Ele estava encostado em seu carro e olhava distraidamente para os alunos que passavam por ele. – Vai dizer que ele não está maravilhoso com aquela roupa? – Eu voltei a olhar pra Meg.

- Quem vê ele assim acha até que ele é um cara decente. – Meg disse, implicando com ele como sempre. Eu rolei os olhos e neguei com a cabeça, desaprovando o seu comportamento. Olhei pra trás novamente para vê-lo e notei que ele ainda não tinha me visto. Logo atrás de mim também estavam as 3 garotas, que todo dia ficavam secando ele na saída da universidade.
- Nossa! De novo. – Eu respirei fundo, voltando a olhar pra Meg.
- O que foi? – Meg não entendeu a minha repentina mudança de humor.
- Todos os dias essas garotas ficam aqui na frente se exibindo pro . – Eu revirei os olhos.
- Só porque são veteranas, se acham as fodas da faculdade. – Meg fez careta ao falar delas.
- Desnecessárias... – Eu neguei com a cabeça. – Então, eu vou indo. Eu te vejo daqui a pouco no hospital. – Eu me aproximei e beijei o rosto de Meg.
- Até depois. – Meg despediu-se também.

Ao me afastar da Meg, comecei a ir em direção ao . Ele estava do outro lado da rua e havia muitas pessoas na minha frente. Eu esbarrava em alguém a cada 5 segundos. Parei atrás das 3 garotas, que ao invés de darem passagem, ficavam lá igual 3 otárias secando o . Eu estava esperando todo aquele tumulto diminuir um pouco. Elas nem disfarçavam!

- Ele é maravilhoso. Olha aquele corpo. – Uma delas disse para as outras duas.
- Imagina a pegada! – A outra oferecida idealizou. Tive vontade de parar e responder: ‘A pegada é incrível mesmo. Obrigada.’.
- De amanhã não passa! Se ele vier aqui, eu vou falar com ele. – A mais nojenta afirmou.

Eu já não aguentava ouvir mais um segundo daquela palhaçada e fiz um esforço para sair dali. Fiz questão de esbarrar nelas e ouvi elas me xingando de longe. Enquanto eu caminhava em direção ao , eu comecei a rir. Adorei ter quase derrubado elas no chão, mas ainda acho que deveria ter puxado acidentalmente o cabelo de cada uma delas. Eu ainda ria sozinha, quando consegui me livrar de todas aquelas pessoas na minha frente e consegui ver o novamente. Quando o conseguiu me encontrar no meio de toda aquela gente, ele me flagrou sorrindo sozinha (ainda por causa do meu empurrão nas garotas). Mesmo sem saber o motivo do meu sorriso, o fato de eu sorrir pra ele fez com que ele sorrisse de volta pra mim. O me destruía cada vez que ele fazia isso.

Aquele sorriso incrível, aquela roupa e a mania que as suas mãos tinham de ficarem nos bolsos de sua calça fizeram eu me perguntar como é que ele podia ser tão bonito? De repente, consegui me lembrar das diversas idealizações que eu costuma ter com ele me esperando sair da faculdade. Durante o nosso tempo afastados, eu sempre achava que a qualquer dia eu o encontraria do lado de fora da faculdade, me esperando para conversarmos e resolvermos tudo. Na época ele não veio, mas ele estava lá agora.

Eu continuava me aproximando dele e acabei me lembrado do que eu havia acabado de escutar aquelas garotas dizendo. Olhei pra trás e vi que elas ainda estavam lá paradas olhando e falando sobre ele. Voltei a olhar pro , que também não conseguia tirar os seus olhos de mim. Ele estava louco pra me contar as novidades sobre a reunião. Comecei a imaginar como seria vê-lo conversando com uma daquelas garotas no dia seguinte. Comecei a imaginar como seria se ele acabasse caindo no papo dessas garotas, que são famosas por darem pra pelo menos 50% dos homens da faculdade. Isso acabaria fazendo ele quebrar, involuntariamente, a segunda regra que eu havia imposto. Isso quer dizer que ele estava um pouco mais perto de ir embora da minha casa. Eu estava há poucos passos dele, quando me dei conta de que não queria que ele fosse embora. Eu queria que ele ficasse. Chegar a essa conclusão me fez tomar uma atitude, que talvez fosse precipitada, mas era o que eu queria fazer naquele momento.



Nem cheguei a parar em sua frente e já levei o meu rosto ao encontro do seu. Uma das minhas mãos foi até a sua nuca e a outra tocou o outro lado do seu rosto. Os meus lábios tocaram os dele de forma mais tímida, pois a principio o beijo não foi correspondido. nem sequer se moveu. Suas mãos continuaram nos bolsos de sua calça e os lábios dele pareciam estar congelados. Frustrada com o beijo não correspondido, eu estava prestes a terminar o beijo, quando os lábios dele puxaram o meu lábio inferior, impedindo que eu me afastasse e me chamando para voltar a beijá-lo. Eu não hesitei um só segundo.

Apesar de surpreso e não saber como lidar bem com aquela situação, não pensou duas vezes antes de impedir que eu terminasse o beijo. O beijo não permitiu que ele pensasse em nada. Se era certo, se era errado ou o porquê daquele beijo. só queria sentir o meu beijo de novo, que parecia diferente de qualquer outro que demos nos últimos dias. Não tinha malícias ou incertezas. Era um beijo puro e verdadeiro, que fez com que lembrasse dos beijos que costumávamos trocar na época do nosso namoro. Sim, ele sabia identificar cada um dos nossos beijos.

Mesmo correspondendo ao beijo, manteve as suas mãos nos bolsos de sua calça, pois não queria influenciar em nada. Ele queria que eu guiasse e fizesse o que eu bem entendesse. gostava da sensação de me ter beijando-o sem qualquer iniciativa dele. Ele gostava de saber que estávamos nos beijando porque essa era uma vontade e iniciativa minha. O coração dele estava acelerado como não ficava há muito tempo.

O beijo não foi longo e nem poderia ser. Foi um beijo inesperado e eu nem sequer sabia o que ele pensava a respeito. Tirei as minhas mãos de sua nuca e de seu rosto, enquanto puxava o seu lábio inferior, demonstrando que eu finalizaria o beijo. Descolei nossos lábios e abri os meus olhos com um certo receio do julgamento que eu poderia receber. Os olhos de demoraram um pouco mais pra abrir, pois ele ainda estava se recuperando e tentando assimilar tudo. Ao abrir os olhos, nem um sorriso sequer ele deu, mas os olhos dele demonstravam uma doçura sem limites. olhou rapidamente para os meus lábios, sem acreditar no que havia acabado de acontecer. Eu aproveitei para encará-lo de bem perto como eu não fazia há algum tempo.

- O que... – mal conseguiu terminar a frase. Ele riu de si mesmo, enquanto negava com a cabeça. – O que foi isso? – Ele perguntou, olhando nos meus olhos.
- Estou te ajudando a não quebrar mais uma das minhas regras. – Eu sorri, enquanto mordia o meu lábio inferior. Olhei para trás e vi que as garotas estavam de costas e pareciam discutir alguma coisa. Objetivo cumprido! olhou para onde eu havia olhado e entendeu o que quis dizer. Eu me afastei dele e dei a volta no carro, entrando e sentando no banco do passageiro. Na verdade, eu estava fugindo de uma possível conversa. permaneceu algum tempo ali, sem se mover. Ele não sabia como lidar com aquilo.
A reação do me deixou com mais medo ainda. Eu não sabia o que ele estava pensando ou o que havia achado da minha atitude. Eu não sabia se o meu beijo havia significado tanto pra ele, na verdade, eu nem sei se queria que o beijo significasse tanto assim, já que isso tornaria as coisas mil vezes mais difíceis. Quando ele entrou no carro, eu esperei que ele fosse dizer alguma coisa, mas ele não disse nada.

- E como foi a reunião? – Eu puxei o assunto depois de um longo silêncio.
- Foi... boa. – afirmou, sem me olhar. – Eu acho que eles gostaram de mim. – Ele completou, pois não queria parecer tão seco.
- Que bom. – Eu disse, percebendo o seu estranho comportamento.
- É... – disse apenas para não me deixar no vácuo.

estava tentando assimilar tudo. Apesar do meu beijo tê-lo levado as alturas, ele ainda não sabia se aquela havia sido uma boa ideia. As coisas pareciam estar erradas pra ele, pois elas seguiram um caminho que ele jamais desejou. As coisas saíram do controle no pior momento possível e ele não conseguiu evitar. não conseguiu evitar, porque ele também queria aquilo. Mesmo sabendo que era errado, ele queria! Era como lutar consigo mesmo.

No caminho para casa, eu o avisei que era melhor eu ir direto para o hospital, porque eu tinha que pagar algumas horas que eu estava devendo. não fez perguntas. Ele apenas fez o que eu havia pedido. Nós dois estávamos escondendo alguma coisa. Eu não tinha que pagar horas no trabalho, eu só precisava ficar um pouco longe dele para tentar entender o porquê de ele estar agindo de forma tão diferente comigo. De uma hora pra outra estávamos agindo friamente e eu tinha medo que ele não tivesse gostado da minha atitude de beijá-lo. Talvez ele não se sentisse mais como antes.

Eu estava visivelmente chateada. Fazia tempo que eu não me sentia tão frustrada com alguma coisa. Tinha que ser logo com isso? Apesar de ele ter correspondido ao beijo, a atitude dele depois que nos beijamos foi decepcionante. Eu não esperava aquele comportamento estranho e eu não conseguia entender. Se o não queria aquele beijo, porque não disse de uma vez? Porque ele não falou pra mim? Eu me sentia péssima por tê-lo beijado agora. Eu sou uma idiota!

só conseguia pensar nas consequências que aquele beijo já estava nos trazendo. Se o beijo tivesse acontecido um dia antes, talvez as coisas fossem diferentes, mas agora... não poderia ter acontecido. sabia que não devia ter deixado acontecer e ele não conseguia parar de se torturar e de se culpar por aquilo. Ele não estava bravo comigo ou com os meus motivos que me levaram a beijá-lo. Não tinha a ver comigo.

A minha sorte foi que eu e Meg não nos vimos muito no trabalho naquele dia. Tinha muito trabalho para ser feito e nem tivemos tempo para conversar. Ela certamente notaria o meu estranho comportamento. Quando ela foi me levar para casa, eu consegui disfarçar um pouco mais aquele sentimento ruim que eu sentia dentro de mim. Meg me deixou em casa e eu só conseguia pensar que teria que encará-lo novamente. Eu estava muito sem graça com aquela situação. Foi uma idiotice beijá-lo. Entrei na casa e o encontrei sentado no sofá.

- Oi. – Eu disse, fechando e trancando a porta.
- Oi. Tudo certo? – deixou de olhar a TV para me olhar.
- Tudo. – Eu afirmei, tentando ser convincente. – Você... – Eu andei em direção a ele. – Você está com fome? Eu posso fazer... – Eu parei próxima a ele.
- Não. Eu to bem. – negou com a cabeça e continuou sem me olhar.
- Certo. – Eu afirmei com a cabeça, deixando de olhá-lo. Porque ele está me tratando assim? Eu continuava me sentindo péssima. Cheguei a virar de costas e dar alguns poucos passos, mas eu não aguentei. Eu tinha que perguntar. – Porque você está agindo assim? – Eu perguntei, voltando a me aproximar dele e o olhando seriamente.
- Assim como? – sabia que não conseguiria esconder isso, mas tentou arriscar ao se fazer de desentendido.
- Me tratando desse jeito! – Eu continuei séria, achando que estávamos prestes a começar uma discussão. – É por causa do beijo, não é? – Eu perguntei um pouco mais irritada, pois não gostei do fato de ele não ter sido honesto comigo. – Você não queria que eu te beijasse. – Eu afirmei com certeza.
- ... – negou com a cabeça, querendo demonstrar que não tinha nada a ver com aquilo. Ele abaixou a cabeça, sem saber como dizer aquilo. – Eu vou voltar pra Atlantic City no domingo. – Ele finalmente disse. O problema era esse! Nós não deveríamos ter nos beijado, pois vai embora em alguns dias. Nós não deveríamos ter dado aquele passo, que agora parecia mais um pulo em direção ao fundo do poço. Nós não deveríamos ter começado algo que não vamos poder terminar.













CONTINUA...









Nota da Autora: 


Hey! Então, eu espero que estejam gostando da fanfic. Está dando muito trabalho, mas eu estou AMANDO escrevê-la. Eu me inspirei em uma outra fanfic que eu li e fiz as minhas MUITAS alterações (com a autorização da autora da mesma). Como vocês já perceberam, ela está em andamento. Eu vou postar de acordo com o que eu for escrevendo. 

Vocês devem ter percebido que nessa fanfic, os Jonas não são tão 'politicamente corretos' e nem tem uma banda. Eu achei legal fazer uma coisa diferente.

Enfim, deixe o seu comentário aqui embaixo. A sua opinião é importante, pois me incentiva a escrever ainda mais e mais.

Beijos e qualquer coisa e erro, mandem reply pra mim lá no @jonasnobrasil . 


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