Capítulo 42 ao 44




Capítulo 42 – Visita Surpresa



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:



- É o , né? – Mark revirou os olhos. Ninguém era tão histérico daquele jeito como o .
- Não, imbecil! É o Chuck Norris. – ironizou, furioso. – RESPONDE A PORRA DA PERGUNTA. O que você está fazendo o celular da MINHA namorada? – Ele gritou. Mark ficou maluco ao ouvir começar com suas grosserias.
- ESCUTA AQUI, JONAS. – Mark simplesmente não conseguia manter a calma com ele. – ABAIXA ESSA BOLA PRA FALAR COMIGO! Primeiro porque eu não sou um dos seus amigos e nem a sua namorada e segundo porque eu não devo satisfação pra gente do seu nível. Está entendendo? – Mark estava de saco cheio de ouvir aquelas ofensas de .
- ABAIXAR A BOLA? PORQUE VOCÊ NÃO VEM ABAIXAR PRA MIM , SEU MERDA? – ficou ainda mais furioso.
- Eu vou assim que você começar a agir como homem. – Mark foi além. – Eu não brigo com moleque, . – Mark completou. Ele sabia ser superior sem abaixar o nível.
- Você não vai querer me provocar, Mark. – sorriu para tentar controlar a sua raiva. Mark nunca o havia enfrentado daquele jeito.
- E quem disse que eu quero? Eu estou pouco ligando pro que você pensa. – Mark respondeu, saindo de seu carro e batendo a porta com força. – Liga em 5 minutos. Eu vou levar o celular pra ela. – Mark desligou, sem querer ouvir mais nenhuma palavra do que dizia.
- Ele... – olhou para o visor do seu celular, indignado. – O filho da puta desligou na minha cara. – ficava ainda mais irritado, quando Mark mostrava ser superior. Ele não suportava aquilo. – Eu sabia.. – negou com a cabeça, jogando o celular com força sobre a cama.

Eu havia acabado de chegar em casa. Não deu nem tempo de eu subir as escadas para ir ao meu quarto. A campainha voltou a tocar. Eu não entendi nada. Quer dizer, quem poderia ser? Talvez o Big Rob precisasse de alguma coisa. O único jeito de eu saber é atendendo a porta, certo? Fui até ela e girei a maçaneta.

- Mark? – Eu fiquei imediatamente séria. O que foi? Será que ele esqueceu de me dizer alguma coisa? Será que ele já não havia feito eu me sentir culpada e idiota o suficiente?
- Seu celular ficou no meu carro. – Mark foi direto e estendeu o celular em minha direção. Parecia ainda mais irritado do que antes.
- Eu nem notei. – Eu forcei um sorriso e peguei o celular.
- Eu também não teria notado se ele não tivesse tocado. – Mark continuou sério, esperando a pergunta que eu obviamente faria.
- Ele tocou? – Até aquele momento eu não via problema com aquilo. – Quem era? – Eu perguntei, inocente.
- Eu não sabia que era o seu celular até eu atender. Desculpe. – Mark não respondeu, pois preferia explicar-se primeiro.
- Não tem problema. – Depois do que eu fiz com ele, até parece que eu vou pensar em ficar brava com ele de novo. – Mas quem era no telefone? – Eu perguntei, sem pensar no pior. Naquele mesmo instante, o celular em minha mão voltou a tocar. Eu olhei para o visor e vi o nome do ‘’. Mark fez o mesmo.
- Era ele. – Mark apontou rapidamente para o celular.
- O ? – Eu arqueei uma das sobrancelhas. Ferrou!
- Eu disse que viria trazer o celular pra você e eu já fiz isso. – Mark deu alguns passos para trás. – Me desculpa de novo. – Ele forçou um fraco sorriso. – Boa noite. – Mark virou-se de costas e saiu andando. Eu fechei a porta, enquanto o celular em minha mão continuava tocando. Cadê a coragem para atender?
- Ele vai me matar. – Eu encarei o celular e neguei com a cabeça. – Alô? – Eu fechei os olhos com medo do que poderia ouvir.
- Que bom que eu acertei o seu número dessa vez. Da outra vez eu liguei e um idiota atendeu. – estava muito, mas muito bravo mesmo. Eu conseguia notar pelo tom de sua voz.
- , espera... – Nós mal começamos a conversar e ele já estava jogando pedras.
- Eu sabia, ! Eu sabia! – não se conformava. Parecia que ele estava dizendo pra si mesmo ‘Burro! Burro!’.
- Espera! Deixa eu falar? – Eu nem havia dito nada ainda. Ele ligou para quê então?
- Eu confesso que achei que, alguma hora, isso acabaria acontecendo, mas no primeiro dia? – perguntou de forma retórica. – É o seu primeiro dia e você já está grudada nesse.. – se segurou para não usar os piores adjetivos do mundo.
- Eu não estava grudada nele! – Eu neguei com a cabeça, achando que ele pudesse estar brincando. – Você entendeu tudo errado. – Eu ainda não sei por que eu estava tão surpresa com a irritação dele.
- E o que eu deveria ter entendido? Ele atendeu o seu celular, ! – começava a usar aquele tom grosseiro que ele havia usado comigo poucas vezes.
- Porque você está falando comigo desse jeito!? – Eu perguntei, começando a ficar irritada. Eu não havia feito nada! Porque ele estava gritando?
- Eu não sei.. – começou usar o seu tom de ironia. – Talvez seja porque o idiota aqui estava preocupado esperando a sua ligação, enquanto você se divertia com o imbecil do seu vizinho! – continuava falando daquele jeito estúpido.
- Se você acha que já sabe tudo o que aconteceu e não vai me deixar falar, você me ligou pra quê? Pra ficar gritando comigo, enquanto demonstra o quanto não confia em mim? – Eu disse, farta de ouvir as grosserias dele.
- Eu confio em você, ok? Eu só estou tentando fazer isso funcionar. – segurou-se para não causar mais confusão.
- Eu também estou tentando fazer isso funcionar, mas não vai dar certo se você não aprender o verdadeiro significado da confiança. – Eu fui bem clara. Era o que ele merecia e precisava ouvir. – Como você disse, é a primeira vez em que o Mark está envolvido e você já está enlouquecendo! – Eu finalizei e esperei que ele dissesse alguma coisa. Ele ficou algum tempo em silêncio.
- Certo! – fechou os olhos, tentando manter a calma. – Então me conte o que aconteceu. Eu estou ouvindo. – continuava com os olhos fechados. Ele sabia que ouvir aquelas explicações não faria ele se acalmar.
- Eu estava voltando da faculdade e peguei o ônibus errado. Quando me dei conta eu estava... – Eu hesitei dizer, porque sabia que ficaria ainda mais maluco. – Eu estava na ZP. – Eu fiz careta, esperando as broncas que ele certamente me daria.
- Espera. – abriu os olhos, surpreso. Achou que não tivesse escutado direito. – ZP? Você está dizendo... – não queria acreditar.
- O bairro mais perigoso de Nova York? Sim! É exatamente isso que eu estou dizendo. – Eu afirmei e percebi o quanto ele estava perplexo através de seu longo silêncio.
- VOCÊ É MALUCA? – ficou imediatamente sério.
- O que você acha? Acha que eu estava com saudade dos parceiros e resolvi dar uma passada pra fazer uma visita? – Eu fui extremamente sarcástica. Ele acha que eu fui até lá de propósito?
- Isso é loucura e é... perigoso. – disse, pensando em dezenas de coisas que poderiam ter acontecido comigo. – Como é que você saiu de lá? – queria saber de tudo. Estava extremamente preocupado.
- Adivinha? – Eu rolei os olhos, pois sabia que ele odiaria ouvir a resposta. Eu tinha certeza que ele saberia do que se tratava.
- Não... – tinha um palpite, mas não queria acreditar que ele estava certo.
- Eu liguei pra ele e ele foi me buscar. – Eu disse de uma vez. Ele saberia de qualquer jeito.
- DROGA! E porque você ligou pra ELE? – continuava me julgando. Olhou para o teto de seu quarto, demonstrando-se totalmente impaciente. – EU sou o seu namorado. Eu disse que você poderia me ligar a qualquer momento. EU TE DISSE! – não conseguia aceitar o fato de que Mark era a minha primeira opção quando se tratava de pedir ajuda. – Tinha o seu irmão, o seu pai, o e o ! Qualquer um deles, ! – O problema não era porque eu não havia pedido a ajuda do e sim porque eu havia pedido a ajuda de Mark.
- Eu sei disso tudo! – Eu estava furiosa. Furiosa por ter que ouvi-lo me acusar de uma coisa que eu não havia feito. – Você só se esqueceu de um detalhe. – Eu hesitei, respirando fundo para me acalmar. Eu não queria brigar. – Todos eles estão há km de distância. VOCÊ está há km de distância, . – Eu neguei com a cabeça, pois aquilo havia soado um pouco mais dramático do que deveria. – Então o que eu deveria fazer? – Eu perguntei de forma retórica. Eu queria fazê-lo enxergar a besteira que ele estava dizendo.

O que o estava pensando? Que era fácil pra mim não ter ninguém por perto? Que eu fiquei feliz por que todos estavam longe, pois assim eu poderia pedir a ajuda do Mark? Ele acha mesmo que eu não preferia mil vezes que fosse ele que tivesse ido me buscar naquele lugar horrível? Ele acha que eu não queria tê-lo ali para me abraçar e dizer que não vai deixar nada de ruim me acontecer? Maldito ciúmes!

- Eu deveria me sentar e rezar para não levar um tiro ou ser estuprada por um cara qualquer, enquanto eu esperava duas horas para você vir até Nova York e me tirar de lá? – Eu fui um pouco irônica, mas eu estava mesmo falando a verdade. – É isso? – Eu voltei a perguntar, quando ele ficou algum tempo sem dizer nada.

Dói, né? A verdade. Dói ainda mais perceber que, quando a sua garota precisar de você ela não vai pedir a sua ajuda, porque você simplesmente não vai poder ajudá-la. Você está longe demais para isso e o Mark está perto. Perto até demais! Era desse jeito que estava se sentindo. Ele estava com muita raiva, mas sabia que ligar para o Mark era a melhor opção. Talvez até fosse única delas e não há nada que ele possa fazer a respeito.
- Você está bem agora? – havia se dado conta de que havia se precipitado. O seu tom de voz havia mudado.
- Eu achei que estava, mas agora nós estamos brigando e eu nem sei se estou feliz por ter saído daquele lugar. – Eu ainda queria que ele falasse algo a respeito.
- Certo, me desculpa. – Ele finalmente cedeu. - Eu odeio o fato dele estar tão perto e eu tão longe de você. – se sentia um idiota por estar dizendo aquilo em voz alta.
- Eu odeio quando você faz isso. – Por um minuto eu achei que os próximos meses seriam baseados em momentos como esse, a brigas como essa e a esse ciúmes idiota.
- Eu sei, mas você também tem que tentar entender o meu lado. Ele atendeu o seu celular. – tentava aliviar o seu lado. – Qualquer um teria a mesma reação que eu tive. – Ele completou.
- Acontece que eu não namoro qualquer um! Eu namoro você e se tem uma pessoa no mundo que tem que confiar em mim, essa pessoa é você. – Eu expliquei, enquanto subia as escadas. Eu estava exausta e ainda tinha que lidar com isso.
- Eu já disse que confio em você! É nele que eu não confio. – ainda tentava argumentar a seu favor.
- Não vem com essa. Você sabe que eu nunca deixaria nada acontecer. – Todos os argumentos que ele estava usando eram bem fracos para mim. Nenhum havia me deixado satisfeita.
- Eu sei, mas... – não sabia mais o que dizer. – O que você quer que eu diga? – continuava observando o teto de seu quarto.
- Eu quero que pare de implicar com o Mark. – Eu fui bem clara, mesmo que ele me odiasse por isso. – Ele foi um grande amigo hoje e ele não merece todo esse seu ódio por ele. – Eu queria muito acabar com toda aquela briga entre eles.
- O que? Você quer que sejamos melhores amigos agora? – quase riu com sarcasmo. – Depois podemos convidá-lo para ser o nosso padrinho de casamento e porque não o padrinho do nosso primeiro filho? – Ele continuou sendo sarcástico. Eu odeio isso.
- Que ótimo que está levando tudo na brincadeira. Pelo menos essa conversa está servindo pra alguma coisa, né? – Eu demonstrei insatisfação. Eu odiava quando ele não me levava a sério!
- Escuta. – O fraco sorriso no rosto de desapareceu. Eu queria conversar sério? Então nós faríamos isso. – Não importa o que ele fizer e nem quanto tempo passe. Eu nunca vou gostar desse cara. – falou de um jeito sério. Ele parecia ter certeza do que dizia. Ele não voltaria atrás. – Você pode gostar dele se você quiser. Você não é mais criança. Você sabe o que faz e sabe o que não deve fazer. Você sabe, , o quanto isso pode nos arrumar problemas, mas se você está disposta a arriscar e a tentar, está tudo bem. – já não estava tão sério. O tom de sua voz se tornou um pouco mais doce. – No final do dia, a única coisa que eu quero é estar bem com você. – sabia muito bem como amolecer meu coração. Odeio isso também.
- É, eu também. – Eu neguei com a cabeça mantendo um fraco sorriso no rosto.
- E então? Você está bem agora? – continuava preocupado, dando-se conta do perigo que eu havia corrido. – Quer que eu vá até ai? Você deve estar assustada. – Ele me conhecia e sabia que eu provavelmente teria pesadelos com aquela noite horrível.
- Não! Você tem faculdade amanhã. Esqueceu? – Eu quase ri. Ele era maluco. Não duvidava que ele viesse mesmo.
- Eu falto! Chego a tempo de ir para o trabalho. – sempre arrumava uma solução pra tudo.
- Está maluco? Você vai perder aula por causa de mim? Nem pensar. – Eu jamais aceitaria que ele fizesse aquela loucura.
- Assim eu já aproveitava e matava a saudade. – quase riu, pois sabia que isso me faria sorrir de alguma forma.
- Espertinho você, não é? – Eu mordi o lábio inferior para esconder o meu sorriso. Eu estava sentada em minha cama. – Era tudo o que eu mais queria, mas eu não vou deixar você cometer essa loucura. Além do mais, não faz nem 3 dias que eu vim para cá. Temos que nos manter fortes. – Eu já não sabia se o conselho era pra mim ou pra ele.
- É... – Apesar da sua expressão de chateação, ele sorriu. – Só mais alguns dias e nós vamos nos ver. – consolou a si mesmo.
- Isso. Só mais uns dias. – Eu concordei, percebendo o quanto ele parecia triste.
- Então como você vai voltar pra casa amanhã? – Ele referia-se a minha volta da faculdade.
- Eu vou levar o número de uns 20 taxistas. Eu não volto de ônibus nunca mais! – Eu disse e ouvi ele rir.
- Eu também acho que não deveria fazer isso de novo. – Ele continuava rindo um pouco.
- Eu não vou nem contar para os meus pais ou para o . Eles me fariam voltar pra Atlantic City amanhã mesmo! – Eu gargalhei da minha própria desgraça.
- É melhor você não dizer mesmo. – concordou. Eles não me deixariam sozinha nem mais um dia. Um estranho silencio permaneceu por alguns segundos.
- Você devia estar dormindo. Você acordará bem cedo amanhã. – Eu disse, olhando no relógio.
- É, eu sei. – fez careta. Ficaria falando comigo a noite inteira se pudesse. – Então nós estamos bem de novo? – Ele queria ter certeza de que eu não estava brava.
- Estamos até que aconteça de novo. – Eu queria mostrar a ele que enquanto ele continuasse com aquele ciúmes bobo, os problemas entre nós não acabariam.
- Então é melhor não esquecer o celular com ele de novo. – era teimoso. Não daria pra trás nunca. Muito menos quando se tratava do Mark.
- O que você falou pra ele? – Eu quis saber se eles haviam brigado.
- O palhaço resolveu virar homem e me enfrentou. – voltou a falar com aquela voz de irritação.
- Você devia agradecê-lo pelo que ele fez e se desculpar. – Eu disse, achando que pudesse convencê-lo a fazer o que eu pedia.
- Agradecer por ele ter feito tudo o que ele mais queria fazer? – quase riu, irônico. – Me desculpar? NUNCA! – Havia raiva em sua voz. – E é melhor que eu não veja esse idiota quando eu for ai ou eu vou quebrar ele. – ameaçou.
- Não adianta falar com você. – Eu revirei os olhos. O ciúmes dele era doentio!
- Não adianta mesmo. Eu não gosto dele, ! Desista de procurar qualquer sentimento bom que eu possa ter por ele, porque você não vai achar. – foi bem claro. Ele queria se eu soubesse de uma vez por todas que Mark nunca seria uma boa pessoa pra ele.
- Certo, certo! Não vamos brigar por isso também. – Eu suspirei longamente.
- É melhor mesmo. – também suspirou para poder se acalmar.
- Como foi a aula e o trabalho? – Eu mudei imediatamente de assunto.
- Foram legais. A faculdade é enorme e os professores até que são legais. Eu encontrei com e no intervalo. – Ele resolveu não citar o nome da Amber para que nós não voltássemos a brigar.
- Awn, já estou com saudade deles. – Eu fiz um bico.
- E o trabalho é bem legal! Todo mundo me respeita naquela empresa por causa do meu pai. – quase riu. – Eu não sou como um novato qualquer. Eu sou o herdeiro de um dos sócios. É loucura. – falou com tanta empolgação que me deixou feliz.
- E você está se achando, né? – Eu ri dele. – Fico feliz que esteja gostando. – Eu completei.
- E você? Sonho realizado? – perguntou sobre a minha faculdade.
- Eu estou no céu! É tudo tão incrível naquele lugar. É como um parque de diversões pra uma criança. Aquele é o meu parque de diversões. – Eu também expliquei com empolgação.
- Quando eu for para Nova York eu quero que você me leve para conhecer. – sorriu ao perceber que eu estava feliz.
- Eu levo! Você vai adorar. – Eu achei uma ótima ideia e fiquei extremamente empolgada.
- É tão bom ver que você está feliz assim. – disse com a voz um pouco mais doce e triste. Ele conseguia perceber o quanto eu estava feliz só pela minha voz.
- Eu estou feliz, mas eu ainda sinto a sua falta. – A minha felicidade parecia ter ido embora ao escutá-lo falando daquele jeito. Era tão triste não poder olhar pra ele, enquanto ouvia ele dizer aquilo.
- É, eu estou sentindo a sua falta também. – também pareceu mais chateado ao dizer aquilo. – Muita. – adicionou depois de alguns segundos. – Eu, inclusive, estou pensando em começar a procurar um apartamento pra mim, mas eu preciso de você aqui pra me ajudar. – sabia que comprar um apartamento era um grande passo e não queria dá-lo sozinho.
- Sério? Não acredito! – Eu voltei a ficar empolgada. – Eu achei que fosse esperar um pouco mais pra começar a procurar um apartamento. – Eu realmente não esperava por aquilo.
- Como vamos fazer? Você precisa vir pra cá. – esperou que eu arranjasse alguma solução.
- Bem, eu planejava ir ai, mas só daqui algumas semanas. – Eu fiz careta, pensando se poderia dar um jeito. – Você pode ir começando a procurar nos jornais. Separar os seus favoritos, sabe? Quando eu for pra Atlantic City nós vamos ver todos eles. – Eu estava me sentindo péssima por não estar lá para ajudá-lo. Eu sabia o quanto era importante pra ele.
- É, parece bom pra mim. – não queria esperar tanto, mas era o único jeito. Ele não deixou que eu percebesse que havia ficado um pouco descontente com a situação.
- Desculpa não poder estar ai. – Eu disse me sentindo mal por não estar lá por ele do jeito que ele sempre esteve por mim.
- Não! Não tem problema! – O tom de voz do mudou radicalmente, assim que ele percebeu que eu havia percebido a sua decepção. – Eu te espero! – Ele adicionou.
- Como você sempre fez, certo? – Eu sorri fraco. Esperar era a única coisa que eu o fazia fazer.
- É como o meu hobby, sabe? O hobby da minha vida. – disse, tentando fazer com que eu me sentisse melhor. Ele conseguiu! Um sorriso espontâneo surgiu em meu rosto.
- Eu queria tanto, mas tanto te abraçar agora. – Eu disse em uma total nostalgia. Nostalgia do tempo em que eu podia fazer aquilo sempre que quisesse. Os meus olhos começaram a arder.
- É, eu queria isso também. – também não parecia feliz.
- Eu acho que talvez seja melhor nós desligarmos ou eu vou começar a chorar. – Eu literalmente ri para não chorar. Passei alguns dedos pelos meus olhos, secando diversas lágrimas que continuavam acumulando-se ali.
- Ei, não chore. – pediu daquele jeito fofo. – Chorar piora as coisas, lembra? Não chore. – Ele pediu novamente.
- Eu não vou. – Eu falei com mais firmeza para que ele não notasse qualquer vestígio de tristeza. – Tudo bem. Não se preocupe com isso. – Eu realmente não queria preocupá-lo ou deixá-lo triste.
- Certo, então... – percebeu que seu sono começava a dar as caras. – Nos falamos amanhã? – Ele perguntou, bocejando.
- Sim, amanhã! – Eu afirmei, achando graça do seu bocejo. Coitado, ele havia acordado bem cedo.
- Então, boa noite. – começou a se despedir. – E, por favor, cuide-se e não esquece que eu te amo. – Ele finalizou com aquela voz de sono, mas ao mesmo tempo com tanta doçura.
- Boa noite, . – Eu sorri feito boba. – Eu também te amo. – Eu finalmente disse o que ele esperava ouvir.
- Beijos, linda. – sorriu sem perceber.
- Beijos, amor. – Eu respondi, tirando o celular da minha orelha no segundo seguinte. Fiquei olhando o visor do celular, como se estivesse tentando superar aquela triste realidade. A realidade em que um beijo de boa noite se tornou um simples ‘boa noite’.

Não estava sendo fácil pra ninguém, muito menos pra mim. Quer dizer, a pessoa que eu mais vejo é o segurança da minha casa. Tem noção do quanto isso é trágico? Nada contra o Big Rob, mas não deixa de ser trágico. O meu celular vivia tocando. Eu acho que, talvez, eu nunca havia estado tão próxima dos meus amigos como eu estava agora. Irônico, certo? Nós falamos quase todos os dias e sempre que nos falamos é aquela nostalgia e aquele amor, que nunca pareciam ter significado tanto pra mim.


- ! – Amber gritou do outro lado do pátio. virou-se para ver de quem se tratava e viu sua melhor amiga. Ela acenou, enquanto começava a andar em direção a ele. – Eu estava procurando por você. – Amber sorriu e aproximou-se para cumprimentar o amigo com um beijo no rosto.
- Eu acabei de subir. Estava na sala terminando de copiar a explicação do professor. – colocou uma das abas da mochila em seu ombro.
- Então, tudo bem? – Amber perguntou ficando um pouco mais séria.
- Sim, tudo bem. – arqueou a sobrancelha e riu. Achou engraçado o fato de Amber ter perguntado aquilo com uma certa... desconfiança.
- Tem certeza? – Amber estava preocupada com o amigo. Ele tem andado meio tristinho nos últimos dias.
- Qual é, já faz quase duas semanas que ela foi pra Nova York. – negou com a cabeça e desviou o olhar, pois não queria que ela achasse que ele estava mentindo.
- Sei.. – Amber cerrou os olhos e negou a cabeça como se dissesse ‘Mentiroso!’.
- O quê? Para com isso. – fez careta e saiu, sabendo que ela o acompanharia. Depois daquela careta, Amber faria qualquer coisa que ele quisesse. Ela sempre adorou as caretas dele.
- O que você vai fazer? – Amber perguntou, confusa ao ver tirando alguns jornais de dentro da bolsa e distribuí-los sobre uma das mesas do pátio da universidade.
- Estou procurando um apartamento. – respondeu, mas nem a olhou. Amber se sentou no banco da frente, tentando processar aquela informação.
- Procurando um apartamento? Você não me contou isso! – Amber sorriu, sem reação.
- Acabei de contar. – disse, sorriu pra ela rapidamente e logo depois voltou a olhar para um dos jornais.
- Como assim? Me conta! Você já tem algum em mente? Como você quer? – Amber demonstrou-se muito interessada.
- Eu não sei muito bem. Eu quero alugar. – não tirava os olhos do jornal. – Não pode ser grande, mas tem que caber uma mesa de sinuca. – sempre sonhou com aquela maldita mesa de sinuca no centro da sala do seu apartamento.
- É... só pra você, certo? – Amber ficou sem jeito ao perguntar. É claro que ela estava perguntando se havia chances de eu morar com ele.
- É, só pra mim. – continuava concentrado.
- Bem, talvez eu possa ajudá-lo. – Amber não queria dar uma de atrevida. – Antes de ser convidada para morar na casa da minha tia, eu vi alguns apartamentos. Eram todos ótimos. – Amber explicava. – Eu não sei se eles ainda estão para alugar, mas eu ainda tenho os anúncios. – Amber o olhou para ver o que ele estava achando da ideia.
- Em algum deles cabia uma mesa de sinuca? – deixou de olhar os jornais pela primeira vez desde que os tinha aberto. Estava tão perdido, que qualquer ajuda era bem vinda.
- Hm, não. – Amber disse, pensativa. – Eu acho que não. – Amber fez cara de decepção. Queria tanto ajudá-lo. – NÃO! NÃO! ESPERA! – Amber segurou no braço dele com a boca entre aberta.
- O que foi? – riu do que ela havia acabado de fazer.
- Eu me lembro de um apartamento! Eu não gostei muito dele, porque a sala era grande demais. – Amber tentava se lembrar de mais detalhes do apartamento. – Havia apenas um quarto, um banheiro, a cozinha e a sala enorme. Eu tenho certeza que há lugar para uma mesa de sinuca lá. – Amber sorriu, satisfeita.
- Onde fica? – demonstrou muito interesse. Parecia ser o que ele sempre quis.
- É para os lados da zona leste, sabe? Próximo da casa do . – Amber ainda não conhecia bem a cidade, mas conseguia se virar.
- Perfeito! – sorriu, perplexo. – Onde está esse anúncio? – Ele perguntou, apressado e totalmente interessado.
- Está em casa. – Amber fez careta.
- Que droga. Só vou poder ver isso amanhã. – suspirou, frustrado.
- Não, espera! Você vai estar ocupado hoje, depois do trabalho? – Amber parecia ter tido uma ideia.
- Não. Eu acho que não. – não se lembrou de nenhum compromisso.
- Então quando eu chegar em casa, eu ligo para a dona do imóvel e vejo se ainda está disponível. Se estiver eu marco uma visita pra hoje, depois que você sair do trabalho. O que você acha? – Amber o olhou, esperando a resposta.
- Pra mim está ótimo! – deu um belo sorriso, que deixou Amber meio atordoada.
- Certo. – Ela demorou pra se recompor. – Então eu ligo pra você depois que eu falar com a dona do apartamento. Torça para que ele ainda esteja vazio! – Amber cruzou os dedos e levantou-se rapidamente.
- Onde você está indo? – estranhou que ela já estivesse levantando-se da mesa. Ela sempre ficava ali durante todo o intervalo.
- Eu vou... – Amber parecia transtornada. – Eu vou ao banheiro e depois vou pra sala por que... – Ela pensava em algo para completar a sua frase. – Porque eu tenho que terminar um exercício que o professor pediu. – Amber sorriu, aliviada por ter conseguido dizer algo convincente. – Até depois! – Amber afastou-se, mas continuou olhando pra ele. – Quer dizer, se o apartamento ainda estiver disponível. – Ela quase riu de si mesma e virou-se.

não havia entendido nada do que havia acabado de acontecer. Amber parecia tão nervosa e transtornada. a viu esbarrar em umas 3 pessoas até perdê-la de vista. Será que havia dito algo errado? Não. Será que havia feito algo errado? Sim! Ele sorriu. Sorriu daquele jeito que fazia Amber perder até o rumo. Amber quis sair de perto dele para que ele não percebesse qualquer coisa. Ela não queria que ele soubesse que ela ainda tem fortes sentimentos por ele, pois sabe que isso acabaria com a amizade que eles começavam a reconstruir.

O horário do intervalo de era o mesmo que o meu. Isso mesmo, depois da primeira semana as minhas aulas mudaram-se para o perídio da manhã como havia sido informado anteriormente. Eu estava sentada em uma das mesas e também olhava um jornal, só que eu procurava um bom estagio de medicina. A mesa em que eu estava sentada estava vazia. Eu ainda não tinha amigos que me acompanhassem no intervalo. O mais perto que eu cheguei de fazer amizade naquela faculdade foi com a garota que senta ao meu lado em uma das aulas. Uma de suas canetas caiu no chão um dia desses e eu fui gentil e me abaixei para pegar. A garota me olhou com uma cara feia quando eu lhe entreguei a caneta. Só depois fui perceber que ela estava dando mole para o garoto que senta atrás dela. Foi mal!

Tem a garota de óculos que senta atrás de mim, a loira que senta duas carteiras na minha frente e a ruiva doida que senta na minha frente. Parecia que eu não havia agradado nenhum deles. Porque eu não consigo fazer amigos? Ouvi alguém dizer ‘antissocial’? Dá um tempo! Eu sou bem sociável e sempre tive muitos amigos! Eu só acho que os nova iorquinos não foram muito com a minha cara. Soube que eles tem um certo preconceito com garotas do interior. O toque do meu celular interrompeu meus pensamentos. Olhei no visor e vi o nome do . VIU SÓ? EU TENHO AMIGOS!

- Oi lindo. – Eu atendi, sabendo que receberia uma resposta engraçada.
- Nossa! Está querendo ser minha melhor amiga, né? – revirou os olhos, rindo.
- Achei que eu já fosse. – Eu arqueei a sobrancelha. Como assim?
- , a piada era essa. – revirou os olhos. Porque tão lerda?
- Desculpe. – Eu finalmente gargalhei.
- Como você está? – esperou que eu parasse de rir para perguntar.
- Estou indo e você? – Eu não quis entrar em detalhes e me lamentar de novo por estar longe de todos os que eu amo.
- Minha vida está uma droga. – Ele fez uma pausa. - A melhor coisa que aconteceu comigo nos últimos dias foi ver um velhinho xavecando uma velhinha no ônibus. – disse, olhando para a lousa. Ele estava na sala de aula que estava vazia. Preferiu não subir para o intervalo. – Mas ai depois eu fiquei ainda mais frustrado ao perceber que até o velhinho tem a vida amorosa mais ativa que a minha. – riu de sua própria desgraça.
- Estamos falando da , não é? – Eu fechei o jornal, pois sabia que a conversa seria longa.
- Qual o problema dela, afinal? – ficou indignado de uma hora pra outra. – Aliás, qual o problema de todas vocês? Que droga! – estava desabafando agora.
- O que aconteceu? – Eu fiquei curiosa para saber o que havia feito dessa vez.
- Me explica o que diabos vocês querem! Vocês não querem um cara que respeite vocês? Vocês não querem a porra de um cara que quer coisa séria? Vocês não querem um idiota que queira vocês para o resto da vida? – estava tão revoltado que eu achei até engraçado, porém não deixei que ele percebesse.
- É claro que sim! – Eu respondi como se fosse óbvio.
- Então me fala porque que a sua amiga quer tudo ao contrário? – estava quase gritando. – Me explica porque eu estou ficando maluco! – Ele suspirou longamente. Parecia aliviado por finalmente ter dito isso a alguém.
- Como assim? – A é maluca ou o que?
- Nós estávamos ficando com frequência. Depois ela veio me dizer que as coisas estavam ficando sérias demais entre nós. – explicou. – O que ela quer de mim? Ela quer que eu fique com ela e depois mande ela pro inferno? É isso? – Ele perguntou, irritado.
- Ela apenas está com medo. – Eu sabia muito bem o que estava acontecendo. sempre teve medo de se apaixonar. Ela nunca deixa um garoto tomar conta de sua mente e de seu coração. É exatamente por isso que ela nunca namorou. Os pais são separados e ela tem dificuldade em acreditar nessa história de amor.
- Medo do que? Não é como se eu fosse estuprá-la! – riu da minha afirmação que não fazia sentido algum nenhum pra ele.
- Medo de se apaixonar, . – Eu tive que ser mais clara. – Ela nunca entrega o coração dela pra ninguém, porque ela tem medo da queda, da decepção. – Eu expliquei.
- Eu não tenho culpa se ela é maluca e neurótica! – ergueu os ombros como se não se importasse. Olhou para a porta e viu parada na entrada da sala. – Então eu não consegui entender nada dessa matéria! – mudou de assunto rapidamente para que não percebesse.
- O que? – Matéria? Do que ele estava falando.
- Os professores são legais, mas eles só dão teoria! Eu quero ir para a quadra, ver as garotas de shorts curto e apertado e essas coisas. – disse só para que ouvisse. Ela esbravejou e entrou na sala de braços cruzados.
- Ela está ai, não está? – Eu voltei a ter ataques de risos.
- Sim. – confirmou o que eu já sabia.
- Certo, então coloque no viva-voz. – Eu neguei com a cabeça. Esses dois não tem jeito mesmo.
- Por quê? – olhou , que sentou-se na carteira ao seu lado.
- Coloca! – Eu disse em tom de ordem, enquanto colocava a alça da minha bolsa em um dos meus ombros. Peguei o jornal e comecei a andar em direção a minha sala. O pátio estava barulhento demais.
- Não me faça te odiar por isso. – olhou pra com desgosto. Colocou o celular no viva-voz. – Pronto! Você está no viva-voz. – fez careta. Não sabia quem estava do outro lado da linha.
- Oi, ! – Eu disse para que ela soubesse que era eu.
- Oi, ! Você está bem? – ficou empolgadíssima ao ouvir a minha voz. virou-se para e colocou seu celular sobre a carteira de .
- Estou, mas eu não quero falar sobre mim agora. – Eu já encurtei a conversa, pois não tinha tanto tempo. – Quero falar sobre vocês. – Eu fui direta. olhou pro , sem jeito.
- Vocês? Vocês quem? – rolou os olhos, fazendo-se de cínica.
- Escutem! – Eu disse com autoridade. Queria que eles levassem aquilo a sério. – Vocês não acham que estão grandes demais para ficar brincando dessa palhaçada de ‘eu não me importo’?- Eu perguntei, entrando na sala de aula que por sinal estava vazia. e olharam-se no mesmo instante e depois desviaram o olhar. – Vocês sabem o que um sente pelo outro. Porque tornar as coisas mais difíceis? Não é mais fácil aceitar isso de uma vez por todas? – Eu perguntei, esperando uma resposta de qualquer um deles.
- Porque você não responde essa, ? – voltou a olhar a garota ao seu lado.
- Eu? – fez careta e apontou para si mesma.
- Quem aqui gosta de dificultar as coisas? Você! – sorriu com sarcasmo. Eu ouvia a discussão toda pelo telefone.
- EU? Está vendo? Você não é homem nem pra assumir as coisas que VOCÊ faz! – continuou a discussão.
- Olha só quem fala! A garota que nem ao menos consegue assumir seus sentimentos porque morre de medo de ser decepcionada. – riu sem emitir som.
- Sentimentos? Mas que sentimentos? – riu forçadamente. – Não existe sentimento algum, meu filho. Quando é que vai entender isso? – continuou rindo.
- Você está mentindo! – cerrou os olhos e negou com a cabeça. – Você sabe o que você sente, só tem medo de dizer isso em voz alta porque isso vai contra a tudo o que você sempre teve em mente. – estava furioso.
- Olha só, ! – voltou a rir. – O idiota acha que eu gosto dele. – Ela continuava irritando-o.
- Ok! Espera, espera! – Eu os interrompi ou aquela discussão duraria para sempre. – Quer saber? Chega! Eu não posso ajudar vocês! Vocês são os únicos que podem se ajudar, mas eu posso dar um conselho. – Eu pausei para que eu pudesse me sentar na cadeira. – Eu já passei por isso e eu posso dizer pra vocês com toda a convicção do mundo que fingir que não sente não faz com que você pare de sentir. – Eu disse e notei um enorme silêncio do outro lado da linha. – Ok, agora que nós já falamos sobre o drama de vocês, vamos falar do meu. – Eu segurei o riso. – Onde está o ? – Eu ainda não havia escutado a voz de naquele dia. Se ele não estava com e com quem ele estava?
- O ? – fez careta e olhou para . Ela negou com a cabeça e suspirou longamente. É claro que eu notei que havia algo estranho.
- Certo, podem ir me falando. – Eu fiquei imediatamente séria, mas não achava que fosse algo importante.
- Não é nada demais. – riu para não me deixar tão aflita.
- Onde ele está? Com quem ele está? – Eu comecei a me preocupar por causa do jeito com que e estavam agindo e falando.
- , não fica brava. – pediu. Ela tinha medo de que aquilo que me contaria pudesse nos causar problemas.
- O que está acontecendo? – Agora eu estava curiosa e aflita. – Oh, espera! Espera um pouco! – Uma possibilidade me veio na cabeça. Agora eu tinha certeza sobre aquilo. – É ela, não é? A Amber. – Eu fechei os olhos por alguns segundos, furiosa.
- Sim, é ela. – afirmou. Não tinha outro jeito! Se eles não me contassem, eu iria odiá-los mais tarde por isso.
- Mas não está acontecendo nada! – continuava repetindo que não era nada importante, nada com que eu precisasse me preocupar.
- EU SABIA! – Eu dei um leve soco na carteira em minha frente. – VADIA! – Eu não estava me conformando.
- , eles só voltaram a ser amigos. Não tem nada demais acontecendo. Eles só são amigos. – começou a dizer de forma rápida antes que eu começasse a planejar a morte da Amber.
- Porque ele não me contou? Se ele não me contou é porque tem algo acontecendo! – Eu já estava pensando no pior.
- , para de ser neurótica! Ele não contou porque sabia que você ia ficar brava. É só isso! Se tivesse alguma coisa estranha acontecendo eu te contaria. – tentou me tranquilizar. – Você sabe que eu contaria. – reafirmou.
- Essa vadia só esperou eu me afastar para dar o bote. – Agora eu estava me odiando por estar em Nova York. Era ÓBVIO que isso aconteceria!
- Está vendo, ? Depois você reclama por ele não ter contado! – parecia irritado. – Eu estou te dizendo que não tem nada está acontecendo entre eles e você continua pirando achando que eles estão juntos, casados, com 3 filhos e 6 gatos. – disse, vendo um sorriso surgir no rosto de . Ela achou graça, mas não iria rir para não dar o braço a torcer.
- Certo. – Eu fechei os olhos novamente e respirei fundo para me acalmar. – Eu vou me acalmar. – Eu disse e em seguida ouvi o sinal do fim do intervalo tocar. – Vocês prometem que se vocês perceberem que algo está acontecendo entre eles, qualquer coisa, vocês vão me contar? - Eu não podia mais julgar com os meus próprios olhos, então e é quem teriam que ficar de olho pra mim.
- Eu prometo, mas você sabe que o vai ficar decepcionado se souber que você está me pedindo pra prometer isso, não sabe? – queria me alertar. Desconfiança nunca era algo bom.
- Eu sei, mas eu não vou ficar em paz enquanto não me tiver certezar de que essa garota não está tentando roubar o meu namorado. – Eu falei um pouco mais baixo, pois as pessoas começavam a voltar pra sala de aula.
- Confia em mim, . Você vai ficar sabendo de tudo! – levantou-se da carteira, pois o sinal do final do intervalo deles também havia batido.
- Então tudo bem. – Eu fiquei um pouco mais aliviada. – Eu tenho que desligar agora. A aula vai começar. – Eu vi a professora entrando na sala.
- Aqui também. Beijos e mais tarde nós conversamos direito. – disse, colocando uma das alças da sua bolsa em seu ombro.
- Beijos, . Estou morrendo de saudade. – sorriu fraco e olhou para a .
- Awn, eu também! – O jeito com que ele falou fez toda a raiva que eu sentia desaparecer por alguns segundos. – Até mais e tentem pegar mais leve um com o outro. – Eu disse e desliguei. A professora já olhava para toda a sala, esperando o silêncio para iniciar a sua aula.

O silêncio tomou conta da sala e a professora começou a explicar a matéria. Eu não estava nem conseguindo ouvi-la. Minha cabeça estava em outro lugar. Eu queria matar a Amber. Aquela vadia acha que me engana com essa história de melhor amiga? E o é o que? Idiota? Que truque mais antigo. Eu mal vejo a hora de vê-la pessoalmente e mostrar pra ela que é melhor não dar uma de esperta pra cima de mim.

A professora continuava falando e falando e eu continuava sem prestar a atenção em nada. Eu estava tão distraída que nem percebi que o meu material escorregava da carteira. Eu só me dei conta quando ouvi o barulhão que ele fez ao cair no chão. Metade da sala virou-se para me olhar. A ruiva que estava em minha frente olhou de relance e abaixou-se para me ajudar a pegar.

- Você está bem? – A ruiva me olhou, segurando o riso.
- Está! Está tudo bem. – Eu voltei a colocar as coisas que estavam no chão sobre a minha carteira com agressividade.
- Se você está dizendo. – A ruiva riu sem emitir som algum. Pegou o jornal (aquele em que eu estava vendo as vagas de estágio) e colocou sobre a minha carteira depois de dar uma olhada nele.
- Obrigada. – Eu forcei um sorriso e voltei a me sentar na cadeira.

Meu namorado voltou a ser melhor amigo da ex dele e eu acabo de pagar um mico em frente a classe toda. Tem como o dia ficar melhor? NÃO! Não responde. Que tal prestar a atenção na professora? As provas estavam próximas e os trabalhos estavam acumulando-se. Não dá tempo de sentir pena de si mesma.

A professora era bem legal e a matéria interessante, mas tudo o que eu mais queria naquele momento era voltar para casa para falar com o . Ele me ligava todas as noites e eu estava doida para saber se ele me contaria algo sobre a Amber. A professora terminou a aula alguns minutos antes do previsto e eu a agradeci mentalmente. Comecei a juntar o meu material com rapidez. Fui jogando tudo dentro da minha bolsa e nem notei quando a ruiva em minha frente virou-se para me olhar.

- Você está procurando um estágio? – Ouvir a voz dela fez com que eu diminuísse a velocidade com que eu guardava as minhas coisas. Eu a olhei e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Havia um ponto de interrogação no meu rosto. Como é que ela soube? – Eu vi o jornal. – Ela apontou o jornal e sorriu.
- Ah sim. – Eu ri de mim mesma. Idiota desse jeito fica difícil fazer amizade. – Estou procurando sim. – Eu afirmei com a cabeça.
- Eu não sei se você vai se interessar, mas eu comecei essa semana em um estágio. É naquele hospital perto do Central Park, sabe? – A garota me olhou como se eu soubesse do que ela estava falando. Eu não conheço Nova York! É claro que eu não sei onde é esse lugar. Eu não sei nem se vou conseguir chegar na minha casa hoje. – Você não é daqui, não é? – Ela sorriu sem mostrar os dentes.
- Não. – Eu ri, sem jeito.
- Em todo caso, eu vou te dar o endereço. – Ela virou-se para a sua mesa e tirou um pedaço de folha do seu caderno. Começou a anotar um endereço. – Eu sou nova lá, mas eles têm a intenção de contratar mais uma estagiária. Você pode ir até lá amanhã e entregar o seu currículo. – Ela me entregou o papel e me analisou rapidamente com os olhos. – Acho que você é o que eles procuram. – A ruiva se levantou e colocou a bolsa no ombro. O que ela quis dizer?
- Como assim o que eles procuram? – Eu quase ri ao me levantar também.
- Nerd, responsável, centrada e arrumadinha. – A ruiva riu rapidamente. Nerd? Essa garota acabou de me chamar de Nerd? Quem ela pensa que é? Não importa! Ela parece boa o suficiente para se fazer amizade.
- Entendi. – Eu sorri para demonstrar simpatia. – Obrigada! Eu vou entregar o currículo sim. – Eu guardei o papel no bolso da calça.
- Eu sou a Maggie, mas pode me chamar de Meg. – A ruiva sorriu com simpatia. Eu a olhei e comemorei mentalmente. Eu estava fazendo a minha primeira amizade na faculdade! Ouvi um aleluia?
- E eu sou a , mas meus amigos costumam me chamar de . – Eu dei o meu melhor sorriso para convencê-la de que eu era legal.
- ? Gostei, combina com você. – Meg riu rapidamente. – Não se esqueça de ir até lá amanhã. Eles não vão demorar para preencher a vaga. – Meg aconselhou e saiu andando.

Não me chame de preconceituosa, mas era realmente uma surpresa ver uma garota como ela em uma faculdade como aquela e ainda mais em um curso como medicina. Você não vê médicas por ai como ela. Um piercing no nariz e outro na orelha. Eu acho que vi uma tatuagem em um de seus pulsos, mas não consegui identificar o que era. Ela não tinha cara de nerd, mas para estar naquela universidade deve ser muito inteligente.

- Obrigada, Meg! – Eu gritei, antes que ela saísse da sala. Não sei se eu estava mais empolgada por ter achado uma oportunidade de estágio ou por ter encontrado alguém que fosse com a minha cara. – Eu vou conseguir esse estágio. – Eu falei sozinha. Ainda bem que a sala estava praticamente vazia.

Eu tenho motivos para estar feliz. Eu acho que consegui uma amiga e talvez eu consiga o estágio dos meus sonhos. Também tenho motivos para estar triste. Meu namorado é melhor amigo da ex-namorada dele e ele ainda não me contou. Feliz ou triste? Certo, me chame de bipolar.


- Oh, querida, eu já disse que você está incrível hoje? – disse, chegando por trás da namorada que o esperava no pátio lotado da faculdade.
- Ai está você! – riu ao ouvir a voz do namorado. Virou-se para olhá-lo. – Eu achei que você não conseguiria me achar aqui no meio. – passou os braços em torno do pescoço dele.
- Querida, não há coisa mais fácil pra mim do que encontrar o seu belo traseiro no meio de toda essa gente. – segurou a risada, mas não conseguiu.
- Ei! Ele não é tão grande assim. – rolou os olhos, sem conseguir parar de rir.
- Certo, já que estamos falando sobre isso. – a olhou de um jeito malandro. Beijou um dos lados do pescoço dela e em seguida, voltou a olhar em seu rosto. – Eu achei que nós, talvez, pudéssemos fazer alguma coisa hoje a noite. – beijou o outro lado do pescoço de .
- Alguma coisa como o que? – se fez de desentendida.
- Bem, os meus pais vão sair para jantar hoje. Isso significa que a casa vai ficar vazia e eu ficarei completamente sozinho. – fez bico.
- Completamente sozinho? – também fez bico, porém não conseguia conter o riso. – Eu não posso deixar que isso aconteça. – selou os lábios do namorado.
- Eu sabia que você não me deixaria sozinho. – foi quem selou os lábios da namorada dessa vez.
- Vocês não tem vergonha na cara, não? Ficam se esfregando no meio do pátio. – chegou, fazendo o casal se desgrudar.
- Você realmente está fazendo essa pergunta pra MIM? – apontou pra si mesmo.
- Você tem razão. Foi uma pergunta estúpida. – achou graça do amigo assumindo ser cara de pau. – Então, eu queria falar com você, . – olhou para a amiga.
- Pode falar. – sorriu para .
- É que... você é a amiga mais próxima da agora. – riu, sem jeito. Não sabia como dizer aquilo.
- Mais próxima? Eu não a vejo há dias! – riu da afirmação feita pelo amigo.
- Pois é! – ergueu os ombros.
- Ela está bem? Algum problema? – começou a ficar preocupada.
- Na verdade, eu tenho um problema. Eu preciso da sua ajuda. – coçou a cabeça. – Você está ocupada hoje a noite? – Ele perguntou.
- SIM! – rapidamente respondeu pela namorada.
- NÃO! – respondeu no mesmo instante. Eles se olharam e riu.
- Está ou não? – continuou a rir.
- Nós tínhamos marcado um... compromisso pra hoje a noite. – deu aquela risada marota que ajudou a perceber de que tipo de compromisso se tratava.
- É, nós tínhamos! – voltou a sorrir pro . olhou com perplexidade para a namorada.
- Você não pode estar falando sério, . – rolou os olhos.
- , você só vai precisar de mim por no máximo 3 minutos. Se tivermos sorte, 4 minutos. Eu posso ajudar o o resto da noite. – disse sem se dar conta do que dizia. a olhou, frustrado.
- Espera, espera, espera! – segurou a risada e se aproximou dos amigos. – Ela disse ‘3 minutos’ ? – não acreditava no que havia escutado. O seu ataque de risos durou aproximadamente 1 minuto.
- Você é virgem! Não tem moral pra falar de mim, idiota. – respondeu tentando levantar a sua moral.
- Sou? Como você sabe? – cruzou os braços, não querendo dar brecha para o .
- Você tem cara de virgem. – riu da cara do amigo.
- E você acha que tem cara de cafetão? – voltou a rir.
- Já chega! Isso não importa agora. – demonstrou-se impaciente. – O que a tem a ver com isso tudo? – continuava preocupada com a amiga.
- Eu preciso que você a ajude. – explicou sem dar muitos detalhes.
- Porque você mesmo não ajuda ela? – não estava entendendo nada. Ele só queria que estivesse livre durante a noite.
- Eu vou ser a última pessoa no mundo que vai poder ajudá-la. – sorriu fraco.
- Por quê? – também parecia confusa.
- Por que... – fez uma pausa. – Porque eu vou terminar com ela. – Ele finalmente disse.
- Você o quê!? – demonstrou-se chocado.
- Eu não posso mais fazer isso. – negou com a cabeça.
- Mas, ... – ia argumentar, mas levou um empurrão da namorada. não queria que tivesse que dar explicações.
- Eu ajudo ela, . É claro que eu ajudo. – prontificou-se.
- Eu vou até a casa dela hoje e depois que eu sair de lá eu te ligo. Pode ser? – queria ter certeza de que poderia ajudar.
- Combinado! – afirmou com a cabeça. Ela e pareciam tristes e surpresos com a noticia.
- Obrigado, . – forçou um sorriso. – Valeu por entender, . – estendeu a mão para o amigo e a apertou.
- Tudo bem, cara. – sorriu. – Você sabe, eu não sou o Jonas, mas se precisar conversar eu estou aqui. – era seu amigo, ele tentaria ajudá-lo da forma que pudesse.
- Valeu. – quase riu, impressionado com a atitude do meu irmão. – Se divirtam hoje e eu realmente estou torcendo pelos 4 minutos! – afirmou e logo em seguida saiu correndo, pois ameaçou pegá-lo.
- Palhaço! – gritou, vendo rir de longe. – Valeu mesmo, ! – olhou pra namorada, furioso.
- Qual o problema? Não tem nada a ver. – rolou os olhos. Homens e seus preconceitos sexuais.
- Eu só vou ser zuado pelo resto da minha vida agora! – suspirou longamente.


Já eram 6 horas da tarde e eu não havia recebido sequer uma mensagem de texto do . Isso não é muito comum. Nós sempre nos falamos. Se fosse em outro dia, eu já teria entrado em contato com ele de alguma forma, mas diante das noticias que eu havia recebido sobre ele naquele dia, eu não liguei. O que foi? Ele estava ocupado demais com a Amber para me ligar? Bem, ele estava saindo do trabalho agora. Não há mais desculpas para ele não ligar.


- Desculpa a demora! Eu fiquei preso no trânsito. – disse, após descer de seu carro e ver Amber. Ela estava encostada no muro com os braços cruzados e parecia estar lá há um bom tempo.
- Eu imaginei. – Amber sorriu e desencostou-se do muro. Ela vestia um shorts curtíssimo e uma blusa branca meio transparente que deixava seu sutiã preto a mostra. – Vamos logo! A dona está nos esperando. – Ela começou a empurrar o melhor amigo para dentro do prédio.
- O que é isso aqui na frente? É um barzinho? – olhou para trás para ver o imóvel que havia em frente ao apartamento.
- Eu não te disse que tinha um barzinho aqui na frente? As vezes é balada também. – Amber respondeu, enquanto esperava pelo elevador.
- Está brincando? Eu adorei isso. – já estava maravilhado antes mesmo de conhecer o apartamento. Durante o caminho, ele analisou o prédio que tinha uma decoração legal e parecia ser muito bem organizado.
- É por aqui. – O elevador parou e eles saíram dele. Amber puxou o braço do amigo e o levou até a porta certa. Tocou a campainha e a porta abriu-se, revelando uma senhora de aproximadamente 45 anos.
- Olá! Entrem. – A senhora sorriu, simpática.
- Desculpa a demora. Ele saiu do trabalho agora mesmo. – Amber entrou no apartamento, sendo seguida por .
- Tudo bem. – A senhora continuou demonstrando simpatia. – Bem, esse é o apartamento. – Ela abriu os braços e olhou em volta. – Fiquem a vontade. – Ela afirmou.
- A sala é bem grande mesmo. – começou a andar pela sala, olhando cada detalhe dela. – Não acha que uma mesa de sinuca ficaria perfeita aqui? – mostrou o espaço para Amber.
- Adianta dizer que não? – Amber riu e revirou os olhos.
- Não. – também riu, sem deixar de analisar o apartamento que já tinha alguns móveis como sofá, estante e mesa de jantar. – A mobília está inclusa, certo? – perguntou só para ter certeza.
- Sim, está. – A senhora confirmou.
- Certo. – parecia pensativo. Continuou a andar pela casa, que havia somente um quarto. O quarto não era tão pequeno e nem tão grande. Era mais do que suficiente para ele.
- Não tem problema ter só um banheiro já que é só pra você. – Amber disse, enquanto analisava o banheiro.
- É o que eu estava pensando. – estava analisando tudo.
- E eu adorei essa cozinha. Ela é bem espaçosa. – Amber disse quando eles entraram na cozinha.
- Eu nem me importo tanto com a cozinha. Está ótima pra mim. – não era de cozinhar, então não achava que fosse importante.
- Como você pode ver, está tudo bem conservado. – A dona do apartamento afirmou. – O apartamento é ótimo e os vizinhos também são ótimos. Não se preocupe quanto a isso. – A senhora era boa no que fazia.
- Porque a senhora está alugando esse apartamento? Ele é perfeito. – estava extremamente impressionado e maravilhado com o apartamento. Quem não gostaria de morar ali?
- Bem, eu não sei se notou o barzinho que tem bem aqui na frente. – Ela apontou em direção a sacada.
- Eu vi sim. – a olhou, atencioso.
- Eu e o meu marido somos velhos demais para aguentar o barulho dos jovens e das músicas que vêm daquele lugar. – A senhora riu.
- Ah sim, entendo. – também riu. Ele havia adorado a história do barzinho, mas isso não deve ser uma coisa legal para um casal de 50 anos.
- Foi exatamente por isso que fiquei um pouco surpresa com o contato de vocês. – A dona do apartamento olhou para e depois para Amber. Eles estavam lado a lado. – Casais não costumam demonstrar interesse por esse apartamento. – Ela sorriu. Casais? Espera um pouco.
- Casais? – quase riu e depois olhou pra Amber, que estava extremamente sem graça. – Não, não! A senhora entendeu errado. – riu rapidamente.
- Nós não somos um casal. – Amber explicou, dando uma falsa risada. Bem que ela queria, não é?
- Nós somos só amigos. – explicou rapidamente. – A minha namorada não mora aqui. – Ele completou. Amber rolou os olhos sem que ele percebesse. Tinha que falar da namorada?
- Oh, meu Deus! Me desculpe. – A senhora ficou mais sem graça do que os dois.
- Não, tudo bem. – foi gentil. - O apartamento é só para mim. – Ele completou.
- Então é perfeito para você. – A dona do apartamento disse. – Já viu a sacada? – Amber e perceberam que ela mudou rapidamente de assunto. Coitada!
- Não. – a acompanhou. Ela abriu as portas de madeiras que revelaram uma bela paisagem. – Inacreditável! – entrou na sacada, que era pequena. Havia um pequeno muro e se você se aproximasse dele conseguia ver a rua e até o barzinho. Ele olhou a vista da cidade e viu todas aquelas luzes que aos poucos se acendiam, pois a noite se aproximava.
- É maravilhoso. – Amber também estava abobalhada com a vista.
- Eu já decidi. – sorriu pra Amber. – Eu vou ficar com esse. – disse em voz alta para que a dona do apartamento ouvisse. Ele virou-se para olhá-la e foi até ela.
- Eu fico muito feliz que tenha gostado. – A senhora sorriu de forma estranha. – Só tem um pequeno problema. – Ela fez careta.
- Problema? Mas que problema? – já ficou apavorado. Nada poderia atrapalhar aquela negociação.
- Há uma hora atrás um casal também veio ver esse apartamento. Eles demonstraram interesse e ficaram de me dar a resposta. – Até a dona do apartamento ficou triste, pois viu o quanto havia gostado do apartamento.
- Já está alugado? É isso? – Amber intrometeu-se, sem acreditar.
- Não. Acontece que eles vieram ver primeiro, então a preferência é deles. – A senhora explicou novamente. – Eles disseram que vão dar a resposta até o final de semana. – Ela completou.
- Então eu ainda tenho chance? – perguntou, esperançoso.
- É claro que tem. – A senhora sorriu docemente. – Veja bem, eles vão me dar a resposta no final de semana. Se eles não ficarem com o apartamento, eu ligarei imediatamente para você. – Ela o encheu de esperança.
- Tudo bem, então. – havia ficado meio decepcionado com a situação. – Eu espero a sua ligação. – estendeu a mão e senhora apertou a sua mão.
- Obrigada e eu espero que esse casal não fique com o apartamento. – Amber disse para a senhora, que riu por educação.
- Veremos. – A dona do apartamento sorriu para Amber.
- Até mais. Muito obrigado. – andou em direção a porta e Amber o acompanhou.
- Até logo. – A senhora acenou com pesar. Ela realmente havia gostado do garoto, mas não podia faltar com a ética.


Ótimo! São quase 8 horas da noite e nada do ! Se ele acha que eu vou ligar, está muito enganado! Quer saber? Quem se importa? Eu estava mesmo preocupada com o que eu iria jantar. Tinha macarrão, mas a preguiça falava mais alto que tudo. Pizza? Eu comi tanta pizza nessa semana, que se eu cortar meu dedo sairá molho ao invés de sangue. Não dá! Certo, vai ter que ser macarrão.

- Big Rob? Você já jantou? – Eu fui até a ‘casa’ do Big Rob. – Eu fiz macarrão. – Eu sorri para ele. Éramos amigos e apesar dele ser sério, ele era muito engraçado.
- Eu jantei sim, mas muito obrigado. – Big Rob respondeu com aquele vozeirão.
- Tudo bem, sem problemas. – Eu quase ri. Eu sempre ria quando estava com ele. Fazer o quê? – E então? O que está fazendo? – Eu perguntei, tentando olhar através da janela.
- Está passando jogo dos Yankees. – Big Rob olhou para trás, me deixando ver a TV. Yankees? Certo, isso me lembra alguém.
- Meu namorado também é fã dos Yankees. – Eu dei um fraco sorriso por falar nele.
- Os caras arrassam. – Big Rob sorriu. Sorriu? Estou chocada. Os olhos de Big Rob olharam para algo atrás de mim, o que fez com que eu me virasse para ver do que se tratava. Lá estava o Mark, sentado na varanda de sua casa naquele sofá que mais se parece com uma balança. O livro estava em suas mãos como todas as outras noites. Ele também estava me ignorando como em todas as outras noites.
- Ele me odeia. – Eu comentei com Big Rob.
- Por quê? Você é uma boa pessoa. – Big Rob olhou pra mim.
- É, mas eu não fui uma boa pessoa com ele. – Eu continuei a olhá-lo de longe. Aquilo me deixava muito chateada. Eu odeio o fato de tê-lo magoado tanto e odeio o fato de me sentir mal com isso. Tantas pessoas fazem coisas ruins por ai e nem ao menos se importam. Porque eu me importo? Que droga. – Enfim, se você não quer o macarrão. – Eu ergui os ombros e sorri para o Big Rob.
- Obrigado mesmo. – Big Rob afirmou com a cabeça.
- Boa noite. – Eu fechei o meu casaco, pois estava ventando e eu estava com frio.
- Boa noite. – Big Rob viu eu me afastar e entrar em casa. Ele gostava de me ver entrar em casa, pois ele sabia que ali eu estava segura.

Mark havia notado a minha presença ali, ele também havia me ignorado de propósito. Ele não considerava-se bom nisso, mas ele tinha que fazer aquilo. Ele tinha que me punir de algum jeito, ele tinha que me mostrar que o que eu havia feito foi muito errado e que agora eu estava pagando por isso. Pagando não tendo a sua amizade, somente o seu desprezo. Abaixou o seu livro e olhou para onde eu estava. Ele sempre foi uma boa pessoa e nunca precisou desprezar ou ignorar alguém. Estava sendo difícil para ele também. Fechou o seu livro, levantou-se de onde estava sentado e entrou em sua casa.


Já eram 9 horas da noite e nenhum contato do . Eu já havia jantado e o silêncio da casa era assustador. Sentada na mesa de jantar, eu observava a casa completamente vazia. Eu estava sozinha e o meu namorado parecia não se lembrar de mim. Acha que eu estou decepcionada ou triste? Tente furiosa.


- Hey baby! – sorriu ao abrir a porta e ver o namorado. Ela aproximou-se e selou os lábios dele. demonstrou-se desconfortável, mas não quis rejeitar o beijo.
- Oi . – forçou um sorriso.
- Que bom que veio me ver, pois eu tenho algo para te dizer. – parecia muito empolgada.
- É, eu também tenho algo pra te dizer. – perguntou a si mesmo se não queria tratar do mesmo assunto que ele, mas com a felicidade em que ela estava ele deduziu que nãol.
- Tem? – o olhou com desconfiança. Fechou a porta da sua casa e saiu na varanda para que ela e o namorado pudessem conversar com mais privacidade. – E o que é? – Ela já estava curiosíssima!
- Não, pode falar você primeiro. – foi gentil e tentava adiar aquele momento.
- Não, não! Fala você! Tudo bem. – queria deixar a sua noticia para o final e, além disso, ela queria logo saber do que se tratava.
- Está certo. – encarou o chão por um tempo e depois voltou a olhá-la. Ela sorria empolgadamente. – Eu... – Ele negou com a cabeça. Não conseguia dizer.
- Fala de uma vez. – quase riu, vendo o quanto ele estava nervoso.
- , eu... – travou mais uma vez. Naquele momento, percebeu que havia algo muito errado com aquela noticia. Ele encarou sua mão e viu sua aliança. A mesma aliança que havia colocado em seu dedo em Nova York. – Eu não.. – Ele respirou e voltou a olhá-la. – Eu não posso mais fazer isso. Desculpe. – negou com a cabeça e a olhou com tristeza.

estava completamente desmoralizada. O pior momento de sua vida estava acontecendo e ela não sabia o que fazer. Ela não sabia que começava a xingar ou se saia chorando. As lágrimas acumularam-se nos olhos dela e apesar de tudo, ela não conseguia sentir raiva do garoto que estava ali em sua frente. Ela não podia sentir raiva por ele estar fazendo o que todos os outros garotos já teriam feito há muito tempo. sabia que havia mudado e ela tinha os seus motivos para isso, mas ninguém tinha a obrigação de entendê-la. Muito menos um cara como . Um cara lindo, inteligente e charmoso que poderia conseguir qualquer garota que quisesse. Uma garota que lhe tratasse como ele deveria e não do jeito que o vinha tratando nas últimas semanas. Tudo o que ela mais queria era evitar isso, mas não se pode fugir do seu destino. Eles não devem ficar juntos.

- Por favor, , diga alguma coisa. – pediu, vendo as lágrimas escorrerem pelos olhos dela sem que ela dissesse uma só palavra.
- Você está certo. – passou as mãos pelo seu rosto. – Eu não sou boa o suficiente pra você. – sorriu, apesar de todas aquelas lágrimas.
- Não, ! Não fala isso! Sou eu! O problema sou eu! – não queria que ela se sentisse tão culpada. – Todos os casais passam por crises e eu só não fui forte o bastante pra conseguir passar por isso. Me desculpa! Eu queria tanto poder te ajudar, mas eu sinto como se eu não fosse a ajuda certa pra você. – completou.
- Eu sempre vou ser grata por você ter sido tão compreensivo todo esse tempo. – Apesar de ela enxugar as lágrimas, elas continuavam escorrendo pelo seu rosto. – Me desculpe por não ter sido uma boa namorada e por não ter feito você feliz. – A voz dela começou a ficar embargada, pois o choro aumentava.
- Não, não! Você foi incrível. – segurou o rosto dela e passou os dedos por debaixo de seus olhos. – Você foi exatamente do jeito que eu queria que fosse. Você foi incrível e você soube sim me fazer o cara mais feliz do mundo, mas eu sinto que eu não estou sendo tudo o que você precisa agora. – afastou-se um pouco. – Eu me importo demais com você pra ignorar isso. – completou.
- Está tudo bem! É a sua decisão e eu respeito muito. – cruzou os braços e observou ele. Aquele era o último momento em que ele era seu.
- Eu não sei se é o que você quer, mas eu queria muito ser o seu amigo. Como eu disse, você é e sempre vai ser muito importante pra mim. Eu quero mantê-la por perto. Eu não quero perdê-la. – As lágrimas começaram a alcançar os olhos dele. Estava sendo mais difícil do que ele havia imaginado.
- Claro, eu também não quero te perder. – O mundo de estava desabando.
- Então venha aqui. – se aproximou e a puxou para perto. A abraçou com força e emoção. chorava em seus braços e sentia o seu perfume pela última vez.
- Eu sempre vou amar você, . – disse aos prantos e o apertou o mais forte que conseguiu. No segundo seguinte, afastou-se, tirou a aliança de seu dedo e saiu correndo para dentro de sua casa.

A aliança na mão de demonstrava o fim. O fim de seu namoro, o fim de um amor que existia e hoje não existe mais, o fim de um sentimento que ele sentiu por muito tempo e do qual hoje está livre. não estava feliz, mas ele sabia que era o melhor a ser feito. Ele sabia que encontraria outra pessoa, a pessoa certa pra ele.


- ... – suspirou, enquanto o namorado beijava empolgadamente o seu pescoço. – Espera um pouco. – quase riu, vendo que o namorado descia os beijos e ia em direção aos seus seios, que ainda estavam cobertos pelo seu sutiã. – ! – disse com mais intensidade e ele parou de beijá-la no mesmo instante.
- Qual é! – revirou os olhos, saindo de cima da namorada para que ela pegasse o celular, que vibrava sobre o criado-mudo.
- É o . – fez careta depois de olhar pro namorado.
- Mas nós ainda não... – Ele ia dizer, mas se segurou e soltou um longo suspiro. – Atende a porra do celular logo. – deitou em sua cama e olhou para o teto, impaciente.
- Desculpa, querido. – fez bico. – Alô? – Ela colocou o celular no ouvido.
- ? Está feito. – ainda estava muito abalado e triste com o que havia acontecido. – Por favor, venha ajudá-la. – Ele pediu, aflito.
- Eu estou indo. Está tudo bem. – ficou extremamente triste só em ouvir o tom da voz de .
- Obrigado. – sorriu fraco e desligou o celular. Afastou-se o máximo que pode da casa de e foi pra qualquer outro lugar que pudesse fazê-lo se sentir melhor.
- Nós precisamos ir até lá, . – saltou da cama e começou a colocar a sua roupa.
- NÓS? – quase riu.
- Você vai também! O precisa de ajuda. – o olhou com cara feia.
- Eu não posso ir, ok? Estou ocupado essa noite. – sentou-se na cama, sabendo que havia falado demais.
- Ocupado? – rolou os olhos. – Qual é! Você não pode trocar o seu amigo por pornô, ! – disse, sem acreditar.
- Olhe pra mim! Olhe bem pra mim! – apontou pra si mesmo. Ele estava só de cueca e estava deitado em sua cama. – Sim, querida, eu preciso de pornô. – ergueu as sobrancelhas com um riso nos lábios.
- Já falaram que você é muito insensível? – perguntou, indignada. Ela estava colocando os sapatos.
- Você me chamou disso na semana passada e adivinha? – fez uma pausa. – Nós transamos. – acomodou-se em sua cama. – Então sim, querida, pode me chamar de insensível se você quiser. – Ele piscou para a namorada.
- Certo, então olhe pra mim. Olhe bem pra mim. – foi até a cama do namorado para que ele pudesse olhar em seus olhos. – Adivinha só? – Ela sorriu da melhor forma que conseguiu.
- O que? – sorriu com malandragem, achando que tinha se dado bem.
- Nós não vamos transar hoje. – sorriu com sarcasmo, vendo o sorriso desaparecer no rosto do namorado. Aproximou-se, selou os seus lábios e se afastou. – Até amanhã. Te amo. – Ela tirou a chave do carro de seus pais do bolso e saiu pela porta.
- ‘Nós não vamos transar hoje.’ – repetiu, afinando a voz e imitando a namorada. – O que eu fiz pra merecer isso? – Ele ligou a TV, emburrado.


havia chego em casa há 1 hora. Só havia dado tempo dele tomar banho e se trocar. O miojo estava no fogo e ele aproveitou esse tempo para dar uma consultada em seu celular. Fazia algum tempo que não fazia isso. tinha certeza que haveria dezenas de chamadas não atendidas minhas, mas ele estava errado. Surpreendeu-se ao olhar o visor de seu celular e não ver sequer uma ligação ou mensagem de texto minha. Estranhou muito, mas não quis demonstrar tanta preocupação, pois sua mãe e sua irmã estavam por perto. queria evitar preguntas.

- Está pronto o seu miojo, querido. – A mãe de gritou da cozinha.
- , vai dormir. Está tarde demais. – disse, vendo a irmã deitada no sofá ao lado. Ela não disse nada e nem se mexeu. – ? – a chamou novamente, sem resposta. – ! – levantou-se e foi até o sofá em que a irmã estava deitada. Ela já dormia calmamente. Ele sorriu feito bobo ao admirar sua irmã. – Eu pego você. – Ele se abaixou e pegou a irmã nos braços. – Mãe, eu vou levá-la até o quarto e já volto pra comer. – passou pela cozinha, causando a comoção de sua mãe que sempre ficava emotiva ao ver uma cena como aquela entre seus filhos.

é e sempre foi um ótimo irmão. Ele sentiria falta daquela pentelha quando se mudasse para o seu próprio apartamento, mas era uma coisa com a qual ele teria que aprender a lidar. Depois de colocar na cama, desceu para jantar. O fato de eu não ter dado sinal de vida durante todo o dia continuava o deixando pensativo. Já na mesa de jantar, pegou o celular e decidiu mandar uma mensagem de texto.

- Mas o que? – Eu senti algo na cama vibrar. Comecei a procurar o meu celular entre todos aqueles livros de medicina. Ao achá-lo, vi no visor que havia me mandado uma mensagem. Antes tarde do que nunca!

‘Oi, linda.

Eu quero muito ver você. Me diga que não está ocupada e que vai me deixar te ver pela câmera.

Estou sentindo a sua falta! :( ‘

Como eu faço pra ficar com raiva desse idiota? Me diz! Como? Ele acaba com qualquer ódio que existe dentro de mim quando fala desse jeito. Além do mais, nós ainda não havíamos nos visto durante aquelas quase duas semanas. O meu notebook estava com problema e só havia voltado do conserto no dia anterior. Eu queria tanto vê-lo na câmera.

‘Estou esperando por você. (:’

A minha resposta fez comer 3 vezes mais rápido. Até levou uma bronca de sua mãe, mas nem se importou. Terminou o seu miojo e deu boa noite para sua mãe. Andou imediatamente para o seu quarto e fechou a porta. Estava feliz da vida porque ia finalmente me ver. Pegou o seu notebook e entrou no aplicativo.

Eu estava tão ansiosa para vê-lo, que eu achava que ia surtar quando ele aparecesse na tela do meu computador. Um sorriso bobo surgiu no meu rosto, quando eu vi ele ficar online e ele veio imediatamente falar comigo. Eu dei uma ajeitada no visual para ficar mais apresentável para ele, mas eu continuava de pijama. bagunçou seu cabelo, pois sabia que eu gostava daquele jeito. Estávamos esperando a câmera carregar.

Sorrir foi a única coisa que eu consegui fazer ao vê-lo na tela do meu computador. Ao me ver sorrir, ele deu um enorme sorriso me fazendo ficar ainda mais abobalhada. Ele não conseguia dizer nada, apenas analisava os detalhes do meu rosto através da tela do computador.

- Hey... – disse com aquela voz grossa e ao mesmo tempo tão doce. – Você está tão bonita... – Ele negou com a cabeça parecendo não acreditar no que estava vendo. Eu fiquei imediatamente sem jeito.

- E você... – Eu o analisei por um tempo. – Está diferente. – Eu tentava identificar o que havia de diferente. – Você tem barba agora. – Eu finalmente identifiquei a mudança. A barba não estava grande, na verdade, estava bem ralinha, mas é claro que eu notaria. Eu conheço cada detalhe, cada pinta daquele rosto que eu já admirei tantas vezes.
- Eu ando tão ocupado que mal tenho tempo de me barbear. – quase riu. Ele gostou de saber que eu o conhecia tão bem. – Ficou ruim assim? – passou a mão pelo rosto.
- Não! É claro que não. – Eu neguei imediatamente com a cabeça. Quando é que ele ficava feio? Dã! – Só está... diferente. – Eu continuava olhando pra ele, analisando aquele seu novo estilo. – Sem a barba você fica com mais cara de garoto. Sabe? Garoto do ensino médio. – Eu estava pensando em jeito de concluir a explicação. – Já com a barba você fica com cara de homem. Quer dizer, você parece mais velho e mais responsável. – Eu ri das minhas próprias palavras.
- Você gostou assim? Se não... eu posso tirar. – pareceu confuso com a minha explicação.
- Eu gosto dos dois jeitos, mas eu meio que prefiro você com essa barba agora. – Eu sorri, sem jeito. – Fica mais... sexy. – Eu disse e ele pareceu surpreso.
- Sexy? Wow! Eu não sou o único que está diferente aqui. – fez cara de safado. Eu comecei a rir, só não sabia se era de vergonha ou porque foi engraçado mesmo.
- Certo! E agora você está achando que eu vou fazer um strip-tease pela câmera. – Eu ri e revirei os olhos.
- Há alguma chance disso acontecer? – arqueou a sobrancelha. Eu parei de rir e o olhei como se dissesse ‘Você está drogado ou o que?’. – Eu sabia que não. – rolou os olhos e riu.
- Você continua engraçadinho. – Eu parava de rir aos poucos.
- É, mas eu também continuo morrendo de saudade de você. – Ele ficou um pouco mais sério e disse daquele jeito tristinho.
- Awn, eu estou sentindo tanto a sua falta. – Eu fiz bico. – Quando você vem me ver? – Eu fiz a pergunta que eu estava louca pra fazer.
- Eu estou tentando dar um jeito, mas não está fácil. Eu estou tão ocupado no trabalho e os trabalhos da faculdade começaram a acumular. – Ele negou com a cabeça. – Eu estou tentando. Eu vou na primeira oportunidade! Eu prometo. – prometeu antes que eu reclamasse de qualquer coisa.
- Pelo jeito você já se adaptou ao trabalho. – Eu forcei um sorriso para que ele não percebesse que eu havia odiado saber que agora ele tinha tantas outras prioridades.
- É, eu já me adaptei. – Ele sorriu rapidamente. – O cara que era o sócio com o meu pai me respeita muito. Ele vive falando do meu pai e ele também fala sobre o quanto quer se aposentar. Eu acho que ele está procurando alguém pro lugar dele e ele está querendo que esse alguém seja eu. Eu não sei. – não sabia muito bem o que eu seu chefe queria. – Ele me ensina tudo o que ele sabe e me leva nas suas reuniões para me mostrar como ele lida com os clientes e com os contratos. – dizia como se tudo aquilo fosse um fardo grande demais para carregar.
- Você não está gostando do trabalho? – Eu estranhei. Ele não falava com o mesmo entusiasmo de antes.
- Não, eu gosto! Eu estou gostando do curso na faculdade e eu acho que é a carreira certa pra mim. Eu gosto de esportes e eu também gosto dessa área de negócios. Eu só... – Ele sorriu e negou com a cabeça. – Você sabe, é meio exaustivo e difícil aprender tanta coisa em tão pouco tempo. – Ele riu para que aquilo não se tornasse tão dramático.
- Eu entendo. – Eu disse e ele me olhou sério, esperando que eu continuasse. – Tem a faculdade e eu estou sozinha agora. Eu estou morrendo de saudade de todo mundo, mas eu tenho que lidar com tudo isso, sabe? Foi por isso que eu deixei a minha casa, a minha família, os meus amigos e você. – Eu suspirei longamente.
- Não é fácil ser adulto, não é? – Ele sorriu fraco. – É tanta coisa que eu ando até perdendo os meus horários. Eu acordo de manhã e não sei o que faço primeiro. Acho que a reunião é uma hora, quando na verdade é em outra. Eu estou ficando maluco. – Ele voltou a rir, passando uma das mãos por seu cabelo.
- Eu queria poder ajudar você. – Eu disse, vendo o quanto aquilo estava o deixando apreensivo.
- E eu queria ajudar você. – Ele repetiu com um fraco sorriso.
- Ah! Eu já estava me esquecendo de te contar. – Eu me lembrei já que o assunto era trabalho. – Eu vou fazer uma entrevista de emprego amanhã. – Eu disse e vi um sorriso surgir no meio de todo aquele cansaço.
- Não brinca! Onde? – ficou todo empolgado.
- É um hospital perto do Central Park. – Nem eu sabia onde era. – Uma garota soube que eu estava procurando e me indicou para a vaga. – Eu expliquei sem dar muitos detalhes.
- Uma garota? Você quer dizer uma amiga? – arqueou a sobrancelha.
- Não acho que posso chamá-la de amiga. Foi a primeira vez que eu falei com ela e eu não sei se ela gostou de mim. – Eu fiz careta.
- Quem não gosta de você? – rolou os olhos. Ele achava que eu estava fazendo drama.
- Bem, eu posso fazer uma lista se você quiser. – Ai está! A oportunidade que eu esperava para chegar naquele maldito assunto. – Amber, Jessie e... – Eu comecei a contar no dedo.
- Ok, espera, espera, espera! – me interrompeu. – Você notou que só estava citando as minhas ex-namoradas? – riu por poucos segundos.
- Eu não tenho culpa se você só namorou vadias. – Eu ergui os ombros. – Ainda bem que você me conheceu a tempo. – Eu segurei a risada.
- Nossa! E o Peter é adorável! – rolou os olhos.
- Certo, eu assumo que ele foi o maior erro da minha vida. – Quando eu lembro do Peter, eu sinto nojo de mim mesma.
- Tudo bem, já que estamos falando nesse assunto. – ficou um pouco mais sério. – Eu quero te falar uma coisa. – Ele coçou a cabeça durante alguns segundos. Eu sabia! Ele vai contar sobre a Amber.
- Falar o que? – Eu arqueei a sobrancelha me fazendo de desentendida.
- Promete que não vai ficar brava? – mordeu o lábio inferior, enquanto escondia uma careta de apreensão.
- Eu não sei. Promete que não tem a ver com uma ex-namorada? – Eu cruzei os braços.
- Não. – Ele já sabia qual seria a minha resposta.
- Então eu também não posso prometer. – Eu forcei um sorriso. – Diz logo. – Eu o olhei, séria.
- Não me olha assim. – Ele estava incomodado com aquele clima ruim que já havia se estabelecido ali.
- Fala de uma vez, . – Eu queria ir logo ao ponto.
- Certo. – Ele respirou fundo. – Essa semana eu estava na faculdade e encontrei a Amber sem querer. – pausou.
- Com sem querer você quer dizer que não queria vê-la ou que a encontrou por um acaso pelos corredores daquela enorme faculdade? – A entonação da minha voz já havia mudado.
- Viu? Aposto que agora você já está pensando nos meios mais dolorosos e lentos de matar a Amber. – pareceu irritado.
- Está tão na cara assim? – Eu perguntei com ironia.
- Escuta, eu não queria vê-la, ok? Eu até a tratei mal no inicio, mas ela se desculpou e disse que queria que voltássemos a ser amigos. – parecia descontente, sabia que eu ficaria furiosa.
- E? – Eu arqueei a sobrancelha só esperando ele dizer.
- E eu aceitei. – forçou um sorriso tentando me fazer sorrir. Ele não conseguiu.
- Você deve estar brincando. – Eu neguei com a cabeça demonstrando a minha insatisfação.
- Qual é, não fica brava. – pediu daquele jeito sério.
- Brava? Não, eu estou feliz! – Eu dei um sorriso mais falso de todos. – É o melhor dia da minha vida, . – Eu não consegui manter o sorriso por tanto tempo.
- Eu queria tanto que você entendesse. – parecia chateado.
- Se você está esperando que eu aprove isso ou que eu diga que está tudo bem, esqueça. Você nunca vai me ouvir dizer isso, mas você não precisa da minha permissão. – Eu estava me controlando para não dar uma de louca.
- Mas o que adianta se eu estou bem com ela e não estou bem com você? – Ele estava mesmo chateado com a situação.
- Nós estamos bem. – Eu dei um fraco sorriso. Eu não deixaria que a vadia da Amber atrapalhasse o nosso relacionamento porque eu sei que era exatamente isso que ela queria.
- Não, você está decepcionada. – não acreditou na minha afirmação.
- Não, não estou. – Eu aumentei o sorriso só para convencê-lo.
- Sério? – me observou, procurando vestígios de decepção.
- Sério! – Eu afirmei e continuei a sorrir. – Eu posso te perguntar uma coisa? – Uma possibilidade havia passado pela minha cabeça. Eu não gostava dela, mas eu tinha que perguntar.
- Perguntar o que? – achou que fosse algo relacionado a Amber.
- Não se ofenda ou me interprete mal. – Eu estava com medo de perguntar, pois tinha medo dele ficar bravo comigo.
- O que foi? – não entendeu e ficou curioso.
- Você voltar a ser amigo da Amber não tem nada a ver com o que aconteceu com o Mark naquele dia, não é? – Eu perguntei tomando cuidado com as palavras que usava. processou a pergunta uma, duas, três vezes.
- O que? – Ele quase riu. – Você acha que eu só voltei a ser amigo da Amber pra me vingar porque você se aproximou do Mark? – estava até achando engraçado.

TROQUE A MÚSICA:





- Esquece isso. Eu.. – Eu já havia me arrependido de ter dito aquilo.
- Não, não. É isso? É isso que você acha? – não esqueceria isso até esclarecer.
- Eu não sei, mas é que quando se trata do Mark você perde a cabeça e ... – Eu já estava tentando me justificar, pois eu estava me sentindo mal por ter dito aquilo.
- Ok, ok! Eu entendi. – negou com a cabeça.
- E agora você está bravo. – Eu me xinguei mentalmente.
- Não, eu não estou, mas me deixe ser claro sobre uma coisa. – Ele pausou e me olhou. – Se o que aconteceu com o Mark ainda me incomodasse, eu já teria resolvido isso do meu jeito e você sabe muito bem que não seria com uma simples vingança, não sabe? – Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- É, eu sei. – Eu rolei os olhos e suspirei. – Eu só... – Eu entrelacei meus dedos em meus cabelos e o joguei para trás. – Você voltou a ser amigo da Amber e eu acho que é mais fácil pra mim criar motivos para isso ter acontecido do que aceitar o verdadeiro. – Eu me achei idiota por estar falando isso em voz alta. – Você se importa com ela, você gosta dela e eu não posso mudar isso. – Eu sorri sem mostrar os dentes. Doía dizer isso em voz alta. – Já passou da hora de eu aceitar isso. Eu só preciso de mais um tempo. – Eu estava certa de que poderia me esforçar mais para superar aquilo.
- Quanto tempo dura pra sempre? – quase riu. Ele não estava levando tudo tão a sério.
- É sério! Eu vou me esforçar. – Eu segurei o riso, pois eu realmente estava sendo sincera.
- Não precisa. Eu sei que você nunca vai suportar essa ideia de eu ser melhor amigo da minha ex ou da garota que você mais odeia. – rolou os olhos, demonstrando indiferença. – Eu respeito isso e não vou mais ficar querendo mudar os seus sentimentos por ela. Se você não gosta dela, tudo bem. Eu não vou ficar tentando fazer vocês se aturarem. – falava com tanta convicção que parecia que ele não considerava mais aquilo um problema. – Você está ai e ela aqui. Vocês não precisam se ver e nem ao menos se encontrar. – Ele finalizou. Eu o olhei e esperei que ele dissesse mais alguma coisa, pois não estava tudo tão claro pra mim.
- E quando eu estiver ai? Metade do seu dia vai ser com ela e a outra metade comigo? – Eu não havia entendido o que ele estava tentando me dizer.
- É claro que não. – revirou os olhos e sorriu. – Você é prioridade e você sabe disso. – Ele achou graça quando percebeu que eu segurava um sorriso.
- Eu sei? – Eu fiz cara de dúvida.
- Sabe! – O sorriso dele aumentou. – Você também sabe que eu deixaria qualquer pessoa para trás se fosse para ir atrás de você. – sabia que eu estava adorando ouvir tudo aquilo.
- Então o que você está esperando? Eu estou aqui esperando por você. - Eu disse e ele me olhou daquele jeito doce.
- Eu vou. – afirmou. – Continue me esperando, porque eu vou, ok? – Eu não me cansava de olhá-lo. Ele era tão bonito e mesmo estando longe fazia com que eu me sentisse tão bem.
- Ok. – Eu afirmei com a cabeça. Ele passou a me observar em silêncio. Eu percebi o que ele estava fazendo e sorri espontaneamente e ele fez o mesmo.
- Você parece cansada. – Estava tão na cara assim?
- É, eu estou um pouco cansa sim. – Eu coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Choveu muito durante a noite e eu não consegui dormir. – Eu expliquei sem achar que faria muita diferença.
- Chuva? Eu não sabia que você tinha medo de chuva. – arqueou a sobrancelha. Como poderia existir algo que ele não sabia sobre mim?
- Eu também não sabia. Quer dizer, eu nunca tive medo de chuva, mas eu acho que agora é diferente. Agora eu estou sozinha nessa cidade, nessa casa enorme, não sei. – Eu sorri para não criar tanto drama por causa daquilo.
- Eu entendo como deve estar sendo difícil e eu me sinto tão inútil por não poder fazer nada, por não poder estar ai com você. – negou com a cabeça com uma expressão de chateação.
- Pode parar com isso. Eu estou bem! Eu só preciso dormir. – Eu não queria que ele ficasse se culpando por qualquer coisa ruim que acontecesse comigo.
- Então eu vou te deixar dormir porque amanhã você acorda cedo e tem uma entrevista de emprego. – sabia que se dependesse de mim eu ficaria ali a noite toda.
- Estou com um pouco de medo dessa entrevista. – Eu mordi o lábio inferior.
- Eu tenho certeza que você vai se sair bem. – acreditava mais no meu potencial do que qualquer outra pessoa no mundo e isso significava o mundo pra mim.
- Eu espero que sim. – Eu sorri como forma de gratidão.
- Não esqueça de me ligar para contar como foi. Eu vou estar esperando. – sabia o quanto aquela entrevista era importante para a minha vida profissional e era incrível ver o quanto ele torcia por mim.
- Eu vou ligar. – Eu afirmei.
- Certo, então nós nos falamos amanhã. – olhou no relógio do celular e viu que já era tarde.
- Amanhã. – Eu repeti, olhando pra ele. – Eu adorei te ver. – Eu completei e segurei o riso.
- Eu odiei porque é frustrante te ver e não poder te tocar. – fez careta me fazendo rir.
- Eu sei, mas é melhor que nada. – Eu disse, enquanto tentava parar de rir.
- É, é melhor que nada. – Ele ergueu os ombros. Não havia nada que pudesse ser feito.
- Então... – Eu não queria me despedir, mas eu precisava. – Boa noite. – Eu esperei que ele respondesse.
- Boa noite, . – sorriu sem mostrar os dentes. – Eu te amo e estou sentindo sua falta. – Ele fez bico e quase fez meu coração parar. Ele é tão fofo.
- Eu mal vejo a hora de te ver. – Eu também fiz bico. – Eu amo você, . – Eu completei e ele sorriu ao me ouvir dizer aquela frase.
- Vejo você em breve. – acenou com a mão e eu fiz o mesmo sem conseguir dizer nada. Fechei a tela do notebook, pois aquilo estava me matando.

Porque as coisas nunca podem ser fáceis pra mim? Eu tenho mesmo que sofrer com a falta de todos que eu amo? Ver apenas aumentou a saudades que eu já sentia por ele. O desespero para vê-lo era tão grande que ao desligar o notebook, a primeira coisa que eu fiz foi pensar em um dia em que eu estaria livre para poder ir para Atlantic City. Eu havia até considerado a hipótese de faltar na faculdade, mas cada dia eu tinha uma coisa importante como trabalhos e avaliações. Era impossível faltar.

Se o problema fosse só estar longe dele estava bom, mas ainda havia essa história da Amber. Ele nem sequer cogitou a hipótese de esquecer essa porcaria de amizade. nem sequer se importou com o fato de eu odiar aquela amizade deles. Ele está botando muita coisa em risco com essa amizade, o que quer dizer que ela deve significar pra ele muito mais do que eu imaginava. Sabe o que é pior? Eu não posso fazer nada a respeito. Fui eu quem o deixou sozinho em Atlantic City para vir viver o meu sonho. Sou eu quem estou fazendo ele esperar de novo. O que mais eu posso exigir? Que ele não tenha amigas? Que ele pare de viver a sua vida sem mim? Eu não posso.


Era bem cedo e eu iria para a faculdade dali alguns minutos. Eu ainda teria tempo para ir até a padaria que ficava ali mesmo no bairro para tomar um café. Peguei a minha bolsa e fui a pé mesmo. O sono era maior que tudo, mas eu também estava nervosa. Aquele seria um dia muito importante e as coisas teriam que dar muito certo. Não, vamos esquecer isso por agora, ok? Eu não quero ficar ainda mais nervosa do que eu já estou. Cheguei na padaria e fui em direção a porta que abria-se e fechava-se a todo o momento por causa do grande movimento. Eu empurrei a porta e logo de cara trombei com ele.

- Bom dia. – Eu forcei um sorriso. Mark me olhou com indiferença e fez a volta, saindo pela porta atrás de mim. Santa ignorância! É claro que eu não vou deixar isso barato. – Eu já estou farta disso. – Eu suspirei longamente e voltei a virar para a porta. Voltei a empurrá-la e sai correndo. – Hey! Mark! – Eu o chamei e ele nem a menos pensou em parar e olhar para mim. Mais um motivo para eu correr ainda mais. Quando me aproximei dele, puxei o seu braço com toda a força que eu consegui. – Espera! – Eu entrei em sua frente e ele me olhou com desprezo. Eu ainda respirava rapidamente por causa da pequena corrida que eu havia acabado de percorrer.
- Dá licença? – Mark arqueou a sobrancelha demonstrando impaciência.
- Até quando você vai ficar me ignorando, hein? – Eu o olhei de forma séria.
- Até quando eu não te ver mais e não for mais preciso. – Apesar do sarcasmo, ele nem ao menos sorriu.
- Eu já pedi desculpas! – O que mais ele queria que eu fizesse? Me ajoelhasse? Implorasse?
- E eu já pedi que você me deixasse em paz e agora, olha só pra você! Não adiantou nada, não é? – Mark abriu os braços por alguns instantes.
- Quando é que você vai entender? Eu só estava tentando salvar o meu relacionamento. – Eu não estava brava. Chateada era o termo correto.
- Salvar o seu relacionamento do que? De mim? – Mark apontou para si mesmo. – O que você achava que eu ia fazer com você? Te agarrar a força? Te seduzir? Dar em cima de você? – Mark riu rapidamente para demonstrar o tamanho da sua indignação.
- É claro que não. – Eu deveria saber que ele não entenderia. – Você sabe que o surta só ao ouvir o seu nome. – Eu argumentei.
- O problema não é meu se você escolheu namorar um ignorante. – Mark ergueu os ombros demonstrando indiferença.
- Deixa ele fora disso. Você está bravo comigo. Você está bravo com algo que EU fiz. – Eu não precisava ficar ouvindo o quanto ele odiava o . – Escuta, eu sei que fui rude com você. – Eu pretendia terminar a frase, mas ele não permitiu.
- Rude? – Mark quase riu. – Eu não quero ser redundante, mas eu prefiro a palavra ignorante. – Ele estava mesmo bravo comigo.
- Eu não sou ignorante. Você sabe disso! – Ele sabia que eu era tudo, menos ignorante.
- Quer saber, ? Eu entendo. O seu namorado quer você longe de mim. O seu namorado não quer que você mantenha qualquer tipo de vínculo comigo. Eu entendo! – Ele sorriu sem mostrar os dentes. – Você apenas estava cumprindo as regras. Você apenas está tentando ser a soldadinha dele, a namorada perfeita porque ele está esperando por você, não é? Você não pode dar motivos para que ele jogue tudo para o alto. Estou certo? – Mark olhou em meus olhos. Atrás de toda aquela raiva, eu conseguia ver decepção. Eu não consegui responder. A minha ficha parecia ter caído naquele instante. O que ele estava dizendo era exatamente o que estava acontecendo. Mark percebeu que eu não responderia e negou com a cabeça. – Eu posso perguntar uma coisa? – Mark esperou a minha resposta.
- Claro, pode. – Eu coloquei uma mecha do cabelo atrás da orelha. Eu não sabia muito bem como reagir durante aquela conversa. O Mark havia me pego desprevenida.
- Você contou ao que eu te salvei naquele dia? – Mark cruzou os braços.
- Contei. – Eu afirmei sem saber onde ele queria chegar.
- E? – Ele queria saber qual foi a reação do .
- Ele... ficou agradecido. – Eu menti apenas para não deixá-lo saber que ele estava com toda a razão.
- Você está mentindo. – Mark voltou a negar com a cabeça. – Ele perdeu a cabeça, não é? – Qualquer pessoa no mundo saberia que eu estava mentindo.
- Totalmente. – Eu contive o riso. estava se tornando previsível.
- Que surpresa. – Mark rolou os olhos.
- E eu? Posso fazer uma pergunta? – Já que ele fez, eu também posso.
- Pergunte. – Ele permitiu.
- O que você foi fazer na minha casa naquele dia? O que você queria me dizer? – Eu quis saber para, quem sabe, eu achasse algo a meu favor.
- O que eu queria te dizer? – Mark pensou em não dizer para que não se sentisse ainda mais idiota, mas era um motivo a mais para me deixar com remorso. – Eu fui até lá para te dizer que eu respeito você, respeito o e o relacionamento de vocês. Eu fui até lá para pedir que nós começássemos novamente. Eu queria esquecer tudo o que já vivemos ou quase vivemos juntos. Eu queria recomeçar e ser o seu amigo porque eu sei que era exatamente disso que você precisava já que você estava sozinha nessa cidade. – Mark percebeu o quanto isso fez com que eu me sentisse pior ainda. – Apenas amigos, . – Ele completou. Eu não sabia o que dizer.
- Mark, eu sinto muito. – Eu neguei com a cabeça me xingando mentalmente. Eu estraguei tudo. Eu sou uma idiota!
- Não sinta, porque eu não sinto. – Mark forçou um sorriso. – A única coisa que eu sinto é alívio. Alívio porque ser amigo dessa pessoa que você se tornou é a última coisa que eu queria, hoje. – Mark disse sem medo de ser duro demais comigo. Eu o encarei, sem conseguir dizer nada. Eu tentava me recuperar de todas aquelas duras palavras.
- Você... – Eu neguei novamente com a cabeça. Eu ainda não sabia muito bem o que dizer. – Você nunca falou comigo desse jeito. – Eu esperava que ele voltasse atrás a qualquer momento, mas ele não voltou. A decepção e o ódio mantinham-se em seus olhos.
- Eu aprendi com você. – Mark deixou o lado da decepção falar mais alto. Ouch! – Bom dia. – Ele começou a dar alguns passos para trás e continuou me observando até virar-se e afastar-se, me deixando sozinha no meio da calçada.

Eu estava extremamente nervosa. O sinal da última aula havia batido, o que quer dizer que eu tenho que ir para a minha primeira entrevista de emprego. Eu estava atrasada e ainda teria que chamar um taxí. Eu estava sentindo muita falta do meu carro também. Meu pai disse que viria trazê-lo para mim no último final de semana, mas o carro não havia ficado pronto a tempo. Meu pai está totalmente neurótico com o carro. Ele tem que está perfeito e em total condição, já que eu o dirigiria em Nova York. Se houvesse algum problema, se algo estragasse ele estava longe demais para vir me socorrer. Então ele estava arrumando absolutamente tudo para que quando o carro chegasse aqui em perfeito estado.

- Obrigada. – Eu entreguei o dinheiro para o motorista e desci do taxí. Eu ainda estava estonteada com o tamanho daquele hospital. O Central Park ficava quase ali na frente. Deu uma vontade de voltar correndo para dentro do taxí, mas eu não podia. Eu tinha que conseguir aquele emprego.

O currículo estava em minhas mãos. Não havia nada de tão importante nele. Eu já havia feito alguns cursos de medicina, mas nada muito importante. O que de mais importante havia nele era o nome da minha faculdade. Creio que ela pesava bastante em qualquer currículo. Ajeitei o vestido branco que havia colocado e o sapato que também era branco. Parecia que não estava bom o suficiente. Eu estava paranoica.

- Posso ajudá-la? – A secretária me olhou com um grande sorriso.
- Eu espero que sim. – Eu devolvi o sorriso. – Eu vim fazer a entrevista para Assistente Geral. – Eu disse e percebi ela me analisar.
- Você é a , estou certa? – A secretária perguntou, olhando para uma prancheta. – Seu nome está na lista de entrevistas. – Ela voltou a me olhar. Como assim estava na lista de entrevista? Será que foi a Meg que colocou o meu nome ali?
- Sim, sou eu. – Bem, se eu não fosse a que estava naquela lista agora eu passaria a ser.
- Tudo bem. Aguarde um minuto que eu vou avisar ao diretor do hospital que você chegou. – A secretária pegou o telefone e começou a digitar alguns números. Eu vou falar com o diretor do hospital? Legal, isso nem me deixou ainda mais nervosa.

Eu estava sentada em uma das cadeiras em que haviam me mandado sentar. Qualquer homem que se aproximava eu pensava que era o tal diretor. Esperei aproximadamente uns 10 minutos. Foi quando um homem de aproximadamente 50 anos, cabelos grisalhos, meio gordinho se aproximou. Ele vestia um jaleco branco e sapatos brancos. Ele foi até a recepção e a secretaria apontou para mim. Eu me levantei rapidamente e ele logo virou-se para me olhar.

- Boa tarde, . – Ele estendeu a mão. Que medo daquela voz. SOCORRO! – Sou eu quem vou te entrevistar. Vamos andando até a minha sala? – Ele perguntou e nem me esperou responder. Saiu andando e eu soube que tinha que acompanhá-lo. Ele parece ser bravo, ou seja, estou ferrada.
- Com licença. – Eu disse ao entrar em sua sala.
- Sente-se. – Ele apontou para cadeira e eu fiz o que ele mandou. Estávamos frente a frente agora e ele me olhou. – Vejo que você trouxe um currículo. Começou bem. – Mesmo tendo soado engraçado ele nem sequer sorriu. Ele deve ser algum primo do Big Rob ou sei lá.
- Aqui está. – Eu entreguei o currículo para ele. Droga, ele não pode ver minhas mãos tremendo.
- Vejo aqui que você fez alguns cursos extras de enfermagem e medicina. – O diretor me olhou, esperando que eu dissesse qualquer coisa.
- Sim, eu sempre tive paixão pela medicina. Já que estava no ensino médio, procurei um jeito de saber mais sobre o que eu gostava e sobre o que eu me interessava. – Eu fiz uma pausa e vi que ele estava se interessando. – Foi então que consegui bolsas para fazer esses cursos e me empenhei ao máximo para aprender tudo o que eu podia. – Eu completei. Espera! Isso é um sorriso? Não, é quase um sorriso.
- Eu deveria perguntar o porquê de você ter escolhido a área de medicina, mas acho que você já respondeu. – Ele voltou a olhar para o currículo. – Você estuda na Albert Einstein? – Ele me olhou.
- Sim, estudo. – Eu afirmei e sorrir. Meu rosto já estava doendo de tanto sorrir.
- Primeiro semestre. – O diretor afirmou com a cabeça. Isso era ruim?
- Sim, senhor. – Eu concordei, esperando pelo pior. Eu estava no começo da faculdade e por isso era mais difícil conseguir um estágio agora.
- Você não entrou naquela faculdade a toa e os seus esforços e interesse em coisas extracurriculares me fizeram ver algo bom em você. – O homem guardou o meu currículo em sua gaveta e me olhou. – Além do mais, eu não aguento mais fazer entrevistas. Não tenho tempo para isso. – Ele se levantou da cadeira. Eu não entendi. Ele estava me mandando embora ou o que? – A vaga é sua. Você começa na segunda. – Ele andou em direção a porta e eu permaneci sentada. O QUE?
- Isso é sério? – Eu me levantei e olhei para ele.
- Eu não tenho tempo nem para brincadeiras, garota. – Um pequeno sorriso surgiu em seu rosto. – Compre um jaleco e apareça aqui 1 hora da tarde na segunda-feira . A nova estagiária te ajudará a aprender como tudo isso funciona. – Ele abriu a porta, quase que me expulsando da sala.
- Muito obrigada, senhor. – Eu queria abraçá-lo, mas o medo de ser demitida era maior que tudo.
- Até logo. – Isso soou mais como ‘Saia logo daqui’.
- Até segunda. – Eu entendi o que ele queria e sai de sua sala. Quando virei para acenar, ele já havia fechado a porta. Nossa, que homem mal humorado.

Parecia que eu havia acabado de ganhar na loteria. Eu observava o hospital, enquanto ia em direção a saída. Era daquela realidade que eu quero e sempre quis fazer parte. Eu estudava na faculdade dos meus sonhos e agora eu trabalho no emprego dos meus sonhos. Eu me empenharia o máximo, eu daria tudo de mim para ser a melhor profissional que aquele hospital já viu. A reação de foi melhor que tudo. Parecia até que ele estava mais feliz do que. ficava repetindo o quanto estava feliz e o quanto estava orgulhoso de mim. A reação dos meus pais, do e dos meus amigos foi parecida. Se eu estivesse em Atlantic City, nós certamente sairíamos para comemorar, mas eu não estava. De qualquer forma, eu não vou deixar nada me colocar pra baixo hoje.


- E ae, cara? – disse assim que abriu a porta, depois de tocar a campainha.
- Estou bem e você? – estendeu a mão e eles fizeram o seu rotineiro toque de mãos.
- Beleza. – sorriu e afastou-se da porta. – Entra. Os caras estão lá em cima. – começou a subir as escadas e o acompanhou depois que fechou a porta.
- Que demora, ! Não dá pra jogar de 3. – deu uma bronca.
- A culpa não foi minha! Eu tive que sair um pouco mais tarde do trabalho. – sentou-se na cama ao lado de . – Como você está? – olhou para . Ele já sabia sobre o término.
- Indo e você? – ergueu os ombros como se não se importasse com o que estava sentindo.
- Indo também. – parecia um pouco mais alegre do que o normal. – A conseguiu um estágio em um ótimo hospital em Nova York. Eu estou muito feliz por ela. – disse, pois sabia que todos já estavam sabendo.
- Ela conseguiu um estágio bem rápido. Isso é ótimo. Ela merece! – parecia impressionado.
- Minha irmã é foda. – sorriu todo orgulhoso.
- É, ela é. – concordou, rindo.
- Ela estava tão feliz no telefone. Pena que não estamos por perto para comemorar com ela. – mostrou-se decepcionado.
- Nem me fale. – negou com a cabeça.
- Quais vão ser as duplas? – interrompeu após colocar o jogo no videogame.
- Eu fico com o e você com o pra poder equilibrar ou nem vai dar graça. – provocou, fazendo com que e o olhassem com cara feia.
- Vai se ferrar, . Se está com medo de me enfrentar é só falar. – respondeu causando a risada de .
- Não, agora vocês estão ferrados! Eu vou jogar com o e mostrar quem é que manda nessa merda. – saiu do lado de e foi ao lado do . – Quero ver vocês ganharem de nós, seus lixos. – completou.
- Nossa, que bicha má! – fez careta, segurando a risada.
- Teu cu. – mostrou o dedo do meio para .
- Como nos velhos tempos. – gargalhou. Fazia tempo que eles não se reuniam e agiam como garotos do ensino médio.
- Fala menos e joga mais, Jonas. – disse totalmente concentrado na TV.
- Aprende a jogar antes de falar comigo, . – continuou provocando.
- Com licença, rapazes. – Meu pai disse, depois de bater na porta e entrar no quarto.
- Oi pai. – forçou um sorriso. Ele estava atrapalhando o jogo.
- Olá. – e acenaram.
- Senhor . – afirmou com a cabeça e sorriu para o sogro.
- , que bom que está aqui. Eu precisava mesmo falar com você. Vim até aqui para pedir seu telefone ao . – Meu pai entrou de vez no quarto e suspirou longamente.
- Claro, senhor. – levantou-se, deixando o controle do videogame sobre a cama.
- Você pode ir até a garagem comigo? – Meu pai perguntou.
- Claro, vamos. – seguiu meu pai, sem saber o que esperar daquela conversa. , e não haviam entendido nada.

estava receoso com o que aconteceria naquela garagem. Ele sabia que meu pai era do tipo super protetor. tinha um medo absurdo de um dia fazer algo que desagradasse meu pai. Cada vez que meu pai o chamava para conversar ele se borrava.

- Como você está, ? Conseguindo lidar com a distância? – Meu pai não queria ir direto ao assunto.
- Estou ótimo, senhor. É um pouco difícil, mas eu tenho certeza que tudo valerá a pena. – sempre dava a resposta que meu pai queria e esperava ouvir.
- Ótimo. – Meu pai afirmou com a cabeça. – Bem, eu não te trouxe aqui para perguntar sobre como você está superando a partida da . – ficou ainda mais preocupado. – Você conhece esse carro, ? – Meu pai acendeu mais algumas luzes da garagem que deixaram o tal carro a mostra.
- Esse carro? – aproximou-se do carro para poder analisar melhor. – É o carro da . – concluiu. O carro estava um pouco mais conservado do que o normal, mas ainda era possível reconhecê-lo.
- Exato. É sobre ele que eu vim falar. – Meu pai sorriu para o , que continuava sem entender nada. – O carro dela finalmente ficou pronto e estava tudo certo para que eu o levasse para ela nesse final de semana, porém aconteceram alguns imprevistos. – Meu pai parecia lamentar. – Eu vou ter que passar o final de semana resolvendo alguns problemas da empresa. – Meu pai negou com a cabeça.
- Entendo. – afirmou, sem saber o porquê de meu pai estar olhe contando isso.
- Foi então que eu me lembrei de você. – Meu pai apontou para .
- De mim? O que o senhor quer dizer? – sorriu para que não soasse de forma grosseira.
- Eu pensei que você poderia ir até Nova York para levar o carro para a . – Meu pai finalmente revelou a sua grande ideia. – Todos os dias em que ela liga aqui, ela fala sobre a saudade que ela sente de você. – Meu pai quase riu ao ver corar.

- Ela diz isso? – estava totalmente sem graça naquele momento. - Sim, ela diz. – Meu pai afirmou. – Então eu achei que poderia unir o útil ao agradável. – Ele esperou qualquer resposta de .
- O senhor quer que eu vá para Nova York para levar o carro para a ? – estava pensando naquela hipótese que de repente pareceu tão boa e tentadora.
- Você poderia ir amanhã de manhã. No domingo, você vai até o aeroporto e retira a passagem de volta que eu vou comprar para você. – Meu pai explicou. – Eu entendo se você não quiser. Eu sei que você tem muitas coisas para fazer agora, mas eu não poderia deixar de te dar essa chance de ir até lá vê-la. – Meu pai ainda esperava uma resposta de .
- Eu... – continuava pensativo. Pensou nos trabalhos da faculdade, pensou no quão seria cansativo, mas também pensou no quanto seria bom poder me ver, me beijar e me abraçar novamente. Pensou em como seria bom poder me tocar e estar comigo de novo. Ele estava morrendo de saudade de tudo o que costumávamos ser e de tudo que costumávamos fazer juntos. Como ele poderia recusar? – Eu vou, senhor. É claro que eu quero vê-la. – deu um enorme sorriso, já demonstrando empolgação para a viagem do dia seguinte.
- Ótimo, rapaz. – Meu pai estendeu a mão e apertou. – Passe aqui amanhã bem cedo. Eu lhe entregarei o carro e o endereço da casa da . Aliás, fique tranquilo. A não saberá de nada. Será surpresa. – Meu pai sorriu para , que devolveu o sorriso.
- Obrigado, senhor. Eu fico feliz que o senhor tenha se lembrado de mim. – O sogro não parecia ser tão ruim quanto o pensava.

estava loucamente empolgado. Ele não via a hora de me fazer aquela surpresa, de me ver e tocar em mim novamente. Ele já estava pensando em todas as coisas que poderíamos fazer sozinhos em Nova York. Ele não via a hora de acordar na manhã seguinte.

- Olha pra mim, Jonas! – disse em tom de ordem.
- Eu já sei o que vai dizer. – segurou a risada e revirou os olhos.
- Eu te conheço! Nós vivíamos falando sobre o corpo das garotas da escola, lembra? Acontece que agora é a minha irmã que está envolvida. – cerrou os olhos. – E eu sei que você olha pro corpo dela, pensa no corpo dela. Eu não posso controlar a sua mente, mas eu posso controlar as suas ações. – apontou o dedo para .
- Só por curiosidade! – interrompeu. – Como você vai saber se vai ou não acontecer algo em Nova York? – Ele perguntou e o olhou com cara feia.
- Lembra das câmeras da tia Janice? Elas continuam lá, meu amigo. – sorriu de forma ameaçadora. – Eu tenho total acesso a aquelas câmeras. Isso quer dizer que se alguma coisa acontecer, eu vou saber e quando eu souber, eu não vou estar feliz. Isso quer dizer que eu vou matar você. – cerrou os olhos, enquanto olhava pro . – Capitche? – Ele esperou que respondesse.
- Capitche. – forçou um sorriso. já não o intimidava tanto. – Eu posso ir agora? Tenho que acordar cedo amanhã. – perguntou entre um bocejo e outro.
- Saí logo daqui. – havia odiado a ideia de ir até Nova York sozinho, mas não podia desrespeitar as ordens de seu pai. – E juízo! – apontou o dedo em direção ao .
- Pode deixar. – rolou os olhos, acenando para e . – Até mais, caras. – forçou um sorriso.
- Manda um beijo pra . – pediu antes que o amigo saísse.
- Fala que eu estou com saudades! – gritou e ouviu gritar de longe que daria os recados.
- Que droga. – não se conformava. não podia ficar sozinho com a sua irmã! Não podia!
- Você não tem acesso as câmeras, né? – arqueou a sobrancelha.
- É claro que não. Merda. – esbravejou.

nunca deixaria de ter ciúmes de mim. O seu maior pesadelo era imaginar o dia da minha lua de mel. O dia em que ele teria certeza de que eu já não era mais uma garotinha. Seria o pior dia de toda a sua vida. Era por isso, só por isso que ele faria de tudo para adiar esse sofrimento. Além do mais, ele gostava do . Não queria ter que matá-lo tão cedo.


Eram aproximadamente 8 horas da noite quando eu cheguei em casa. Havia ficado na faculdade fazendo um trabalho e depois havia passado no mercado. Ao estacionar o carro, percebi que Mark estava novamente na varanda de sua casa. Eu estava pensando em ir falar com ele, mas ele me deixaria falando sozinha novamente. Big Rob me ajudou a tirar as compras do carro e Mark continuava deitado, lendo.

- Valeu, Big Rob. – Eu agradeci e ele acenou, voltando para a sua ‘casa’. Aproveitei que estava na porta e voltei a olhar para o Mark.

Eu conseguia ver a varanda da casa dele de onde eu estava. Vi ele se levantar e entrar em sua casa. Essa é a minha deixa. Andei rapidamente até a casa dele. Acho que o Big Rob nem percebeu. Pulei o jardim e depois de alguns passos, cheguei na porta de sua casa. Pensei novamente se estava fazendo a coisa certa e não tive dúvidas. Bati seguidas vezes na porta e esperei um pouco até que a porta fosse aberta. Ao me ver, Mark pareceu surpreso. Ele realmente não esperava que eu insistisse e fosse atrás dele depois da conversa que tivemos naquela manhã. Não havia raiva em seus olhos, havia dúvida. O que eu estava fazendo ali?

- Oi, o meu nome é . – Eu estendi uma das minhas mãos e ele olhou para ela sem entender. Voltou a olhar em meu rosto tentando entender o que havia perdido. – Eu sou sua nova vizinha. – Eu completei quando ele apertou a minha mão. Ele finalmente havia entendido. Estávamos recomeçando.
- Eu sou o Mark. – Ele sorriu sem mostrar os dentes e negou levemente com a cabeça. – Foi muita gentileza você ter vindo até aqui. – Mark soltou minha mão e seu sorriso aumentou mais um pouco.
- Um cara muito legal me fez recordar de quem eu costumava ser. Eu só estou sendo eu mesma. – Eu ergui os ombros e mantive um sorriso no rosto. O sorriso dele deixou seus brancos dentes a mostra.
- Vai ser um prazer ter você como vizinha. – Mark me olhou. Ele parecia feliz com aquela minha atitude. Ele não esperava nada diferente de mim.
- Vizinha? Eu prefiro o termo ‘amigos’. – Eu finalmente disse a palavra mágica: ‘amigos’. Eu tinha um amigo agora e nele eu sabia que eu podia confiar. Eu pude ver a felicidade nos olhos dele. Eu acho que havia concertado as coisas.


saltou da cama assim que o relógio despertou. Ele nunca teve um motivo melhor para acordar de bom humor. A sua pequena mala já estava pronta e a única coisa que ele precisava fazer era se arrumar. Vestiu uma calça jeans escura, uma camiseta preta lisa e o seu velho tênis. O seu cabelo estava totalmente bagunçado, mas ele não faria questão de arrumá-lo já que era exatamente daquele jeito que eu gostava, portanto, ele só colocou um boné. pegou mais alguns de seus acessórios como relógio e sua correntinha e passou pelo banheiro para fazer sua higiene matinal. Todos na casa ainda dormiam, já que era bem cedo. Ele havia avisado sua mãe sobre a viagem no dia anterior e ela já estava ciente de tudo.

A chave estava na mão e o GPS o guiaria por todo o caminho. Não tinha como dar errado. Saiu após meu pai lhe desejar boa viagem e lhe pedir para me mandar um beijo. Minha mãe havia pedido que levasse algumas roupas que eu havia esquecido da outra vez. Nova York não ficava tão longe, o problema é que a cidade é muito grande. Demorava quase uma hora para atravessá-la e por fim, chegar ao seu destino final. Avistou rapidamente a casa que havia abrigado ele e seus amigos em sua última viagem. O sorriso não saia de seu rosto, enquanto ele estacionava o carro em frente a casa. Big Rob logo estranhou e ficou observando. Viu descer do carro e começar a andar em direção a porta da casa.

- Hey, hey, hey! – Big Rob o chamou e parou de andar para olhá-lo. – Onde pensa que vai? – O segurança perguntou.
- Oh, espera! Você deve ser o Big Rob. – lembrou-se rapidamente da descrição que eu havia feito do Big Rob.
- E você é quem? – Big Rob não aliviaria tão fácil.
- Eu sou o namorado da . Meu nome é . – estendeu a mão e Big Rob a apertou depois de muito custo. Não estava convencido de que aquele era o famoso .
- Só um minuto que eu vou avisá-la que você está aqui. – Big Rob começou a andar em direção ao local onde ficava interfone para poder interfonar para a minha casa.
- Não, não. – disse correu atrás dele – Você não pode avisá-la! É surpresa! – Tanto sacrifício para fazer aquela surpresa e agora Big Rob queria estragá-la?
- Eu não posso deixar você entrar sem que saiba realmente quem você é. – Big Rob parecia que não cederia tão cedo.
- Eu vim de Atlantic City até aqui para fazer essa surpresa pra ela. Qual é, cara! – abriu os braços. Big Rob tinha que acreditar nele.
- Eu não posso. – Big Rob manteve-se firme.
- Porque eu estaria mentindo? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Você já viu o tamanho dessa casa, garoto? – Big Rob apontou para a casa. – E a é uma garota adorável e bonita e eu estou aqui para protegê-la. – Big Rob cruzou os braços.
- Bem... – segurou o riso e olhou para Big Rob de cima a baixo. – Se você fosse uns 200 kgs mais magro eu já teria quebrado 3 dentes seus agora. – disse esperando que soasse engraçado. Ele estava tentando fazer amizade com Big Rob. – Qual é, foi engraçado. – abriu os braços, enquanto ria. – Não? – O riso foi desaparecendo aos poucos.
- Mais engraçado que isso só se eu quebrasse 3 dentes seus. É melhor você dar o fora daqui. – Big Rob apontou em direção a saída.
- Ok, ok! Espera! – olhou seriamente para Big Rob. – Ela nunca falou sobre mim? Ela falou, não falou? Pergunte o que quiser. Eu vou saber. – achou que sua ideia pudesse ajudar. Big Rob o analisou por alguns segundos.
- Time favorito? – Big Rob cerrou os olhos.
- Yankees! São os melhores com toda a certeza. – sorriu, aliviado. Essa resposta era mais do que óbvia.
- Sim, eles são. – Big Rob parecia estar cedendo. Lembra-se de quando eu falei que era fã dos Yankees.
- É isso? Eu posso entrar? – apontou em direção a porta.
- Não estou convencido. – Big Rob voltou a analisar .
- Escuta, cara. – negou com a cabeça. Já não sabia mais o que fazer para convencê-lo. – Eu trabalhei e estudei a semana inteira. É sábado e eu vim de Atlantic City para ver a minha garota. A única coisa que eu quero é vê-la. É por isso que eu venho esperando nas últimas duas semanas. – estava praticamente abrindo o seu coração para aquele homem enorme ali em sua frente. – Eu entendo o seu trabalho e fico realmente feliz que você o faça tão bem. Agora eu sei que ela está a salvo com você, mas me deixe vê-la. – deu o seu melhor sorriso. – Me deixe ir até a porta. Quando ela me ver, você terá certeza de que sou quem estou dizendo. – Ele não sabia se havia conseguido convencer Big Rob.
- Vá de uma vez! – Big Rob suspirou, irritado. – Mas eu estou de olhos em você. – Big Rob apontou para seus olhos e depois apontou para .
- Valeu, cara! – comemorou e saiu correndo em direção a porta.

Foi realmente um milagre eu ter acordado tão cedo naquele cedo. Talvez seja porque eu dormi cedo demais na noite passada. Eu dormi sobre aproximadamente 5 livros. Trágico? Totalmente. Eu também não havia jantado na noite passada, então a fome realmente foi um dos motivos que me fez saltar da cama tão cedo. Passei no banheiro e mesmo depois de fazer a higiene matinal, eu achei que voltaria dormir depois que comesse alguma coisa. Desci as escadas de forma sonolenta. Cheguei na cozinha e abri a geladeira e comecei a apreciar tudo o que havia dentro dela. Não sei se estava indecisa ou se estava com preguiça se estender a mão para pegar alguma coisa.

- Oh não. – Eu revirei os olhos ao ouvir a campainha tocar. Olhei para a porta e quis que ela se abrisse sozinha. Eu tinha quase certeza de que era Big Rob, talvez o Mark. Eles eram as únicas pessoas que chegariam até a porta sem que o interfone tivesse tocado. Passei as mãos pelo meu rosto para despertar de vez e comecei a andar em direção a porta.

Não importa quem estivesse atrás dessa porta, eu mataria de qualquer jeito. Quem ousa me acordar ás 9 da manhã? Tudo bem que eu já estava acordada, mas e se eu não estivesse? Eu ajeitei o cabelo antes de abrir a porta porque não queria assustar ninguém. Toquei a maçaneta e girei. Olhei para a pessoa que estava em minha frente e paralisei. Eu não acreditei que estivesse vendo direito. Eu não acredito que ele estava bem ali na minha frente depois de tanto tempo.

Haviam diversas sensações passando pelo corpo de . Ele não sabia o que fazer. Pensou em só ficar ali me olhando. Estaria tudo bem pra ele, mas talvez não fosse o suficiente. A minha reação havia feito ele ficar mil vezes mais empolgado com o que estava fazendo. Um enorme sorriso surgiu em seu rosto quando ele percebeu que eu nem ao menos me movia. Os olhos dele percorreram todo o meu corpo. Ele queria saber se estava tudo exatamente do jeito que ele havia deixado da última vez. Não havia maquiagem ou acessórios, mas a minha cara de sono o fez ficar abobalhado.

- Olá, eu sou o . – tentou dizer da forma mais séria que conseguiu. – Eu vim trazer o carro. – Ele apontou para o carro que estava estacionado em frente a casa. – Você deve ser a . – sorriu sem mostrar os dentes. Ele esperava que eu respondesse.
- Sim, sou eu. – Eu quase ri. Porque não entrar na brincadeira? Foi tão bom ouvir a voz dele sem precisar de um telefone.
- Já te disseram que você não deveria abrir a porta vestida desse jeito? – voltou a olhar meu corpo de cima a baixo. – Você pode matar alguém qualquer hora dessas. – Ele arqueou uma das sobrancelhas. Eu nem lembrava qual roupa eu estava vestindo. Abaixei a cabeça para olhar e me dei conta de que ainda estava de pijama. Aliás, um pijama muito curto. Voltei a olhá-lo e cerrei um pouco os olhos.
- Se eu já não tivesse namorado, essa sua cantada realmente funcionaria. – Eu tentei evitar um sorriso, mas não consegui. Ele estava tão bonito. Eu havia sentido falta de olhar pra ele e de tê-lo olhando pra mim daquele jeito.
- Sério? – cerrou os olhos e mordei o lábio inferior para segurar o riso. – E se eu dissesse que o seu namorado jamais ficará sabendo? – Agora ele me olhava com aquele olhar sedutor que de alguma forma conseguia ter um pouco e de doçura. Dessa vez eu tive que rir. Eu ri por poucos segundos e neguei com a cabeça.
- Bem, se você dissesse isso... – Eu tentei voltar a ficar séria para completar a frase. - Eu perguntaria: ‘Então o que você está esperando para me beijar?’ – Eu não consegui manter aquela expressão sedutora por tanto tempo. Eu não consegui evitar que um enorme sorriso surgisse aos poucos em meu rosto. cerrou um pouco seus olhos e ele imediatamente sorriu. Era exatamente o tipo de resposta que ele esperava ouvir.
- Boa pergunta. – negou com a cabeça e veio imediatamente em minha direção. A mãos dele seguraram minhas coxas e as levantaram, fazendo com que minhas pernas ficassem nas laterais de sua cintura. Minhas mãos grudaram em seu rosto, que agora estava em uma altura um pouco mais abaixo que o meu e eu o beijei.

Nunca foi tão bom beijá-lo. Nunca houve um beijo melhor que aquele. Ele já havia sido aprofundado e estava um pouco intensificado. Ele começou a andar comigo em seus braços, mas isso não me fez terminar o beijo. Minhas mãos soltaram o rosto dele por alguns segundos para empurrar a porta. Assim que ouviu a porta bater, começou a andar com mais velocidade. Eu não sabia muito bem pra onde ele estava me levando e não acho que ele saiba, já que seus olhos estavam fechados e ele estava um pouco ocupado. Minhas mãos passaram pela sua cabeça e eu aproveitei para empurrar o seu boné que deve ter caído no chão.

não queria que aquele beijo acabasse nunca. Ele havia sentido tanta falta daquele beijo, mas a falta dele parecia ainda maior agora em que ele estava matando a saudades. Agora ele sabia o quanto ele precisava daquilo todos os dias de sua vida. Ele achou o balcão que dividia a sala da sala de jantar e foi ali mesmo que ele me colocou sentada. As mãos dele subiam em desciam pelas minhas coxas, enquanto nós continuávamos a nos beijar. Depois de um longo beijo, eu tentei terminá-lo. Eu precisava matar a saudade de outras coisas. Quando e descolei nossos lábios abruptamente, as mãos dele procuraram imediatamente o meu rosto e fez nossos lábios se tocarem novamente. Não houve tanta intensidade dessa vez e também não foi tão longo. Antes de desgrudar nossos lábios, os lábios dele prenderam o meu lábio inferior. Ele começou a afastar-se, enquanto puxava meu lábio com ele. Aquilo sempre nos fazia achar graça.

- Eu não acredito que você está aqui. – Eu disse na primeira oportunidade. As pontas de nossos narizes ainda se tocavam.
- Meu Deus, como eu estava sentindo falta do seu beijo. – Ele aproximou-se, roubando um selinho. Ele voltou a me segurar pelas coxas e me colocou novamente no chão. – Eu senti tanto a sua falta. – disse assim que descolou os nossos lábios.
- Eu senti a sua falta também. – Eu disse, enquanto sorria como uma boba.
- Me deixe olhar pra você. – voltou a segurar meu rosto com suas duas mãos. Os olhos dele percorreram cada parte do meu rosto. – Você não pode estar melhor do que antes. Não é possível. – Ele negou com a cabeça e eu já senti minhas bochechas arderem.
- E você ainda me deixa sem graça quando fala essas coisas. – Eu rolei os olhos e ele riu. Aproveitei que estávamos próximos para abraçá-lo. As mãos dele fizeram a volta em minha cintura e as minhas em seu pescoço. Ele me apertou contra o seu corpo e eu aproveitei para sentir o cheiro daquele seu perfume maravilhoso. não acreditava que eu estava em seus braços de novo. – Por favor, não me diga que você vai embora hoje. – Eu terminei o abraço para poder olhar em seu rosto.
- Se eu vou embora, de quem é a mala no carro? – arqueou a sobrancelha e tentou ficar sério.
- Sério? Sério mesmo? – Eu não estava acreditando. Ele passaria o final de semana comigo!
- Sério! – riu, enquanto afirmava com a cabeça. – Vamos comigo pegar a mala no carro. – Ele me puxou pela mão.

Fazia tempo em que eu e não ficávamos tão felizes como naquele dia. Não é a toa quando dizem que a distância pode ser boa. A sensação que você sente quando você tem aquela pessoa ao seu lado de novo é totalmente inexplicável. Além de ter ali, eu também havia recuperado o meu carro. Antes tarde do que nunca! Quando eu vi o carro eu mal acreditei no quão bonito ele estava. Meu pai havia reformado a pintura e todo o interior do carro. Meu pai não é mesmo foda?

- Então, onde eu devo colocar as malas? – perguntou, quando voltamos para a casa. Eu fiz cara de pensativa antes de dizer algo que eu já havia decidido.
- Bem, como você não me avisou que viria eu não tive tempo para arrumar os outros quartos da casa. – Eu fiz careta como se estivesse lamentando. – Então eu acho que você vai ter que ficar no meu, que por coincidência é o único quarto arrumado da casa. – Eu ergui os ombros como se dissesse ‘Fazer o que?’.
- É mesmo? – cerrou os olhos e negou com a cabeça. – Que pena. – deixou a mala no chão e começou a se aproximar. – Tudo o que eu menos queria era dormir com você nessa casa vazia que por acaso fica em Nova York. – Ele começou a me dar vários selinhos seguidos que me fizeram rir.
- Eu aposto que sim. – Eu disse entre os intervalos dos selinhos que ele continuava me dando.
- Porque não me leva até lá? – deslizou uma de suas mãos pelo meu braço e alcançou minha mão. – Eu iria adorar saber onde eu vou ter o desprazer de dormir essa noite. – disse me fazendo rir.
- É claro! Vem. – Eu entrelacei nossos dedos e comecei a puxá-lo em direção ao quarto. Subimos as escadas e depois de passarmos pelo corredor, chegamos em meu quarto. Ao entrar, ele observou tudo.
- Está diferente desde a última vez que eu estive aqui. Esse era o quarto que você dormia com as garotas, não é? – tentava se lembrar daquele local. As coisas realmente haviam mudado ali.
- É isso mesmo. – Eu concordei, enquanto também olhava em volta.
- Ficou bem legal. – havia gostado da mudança. Era um quarto enorme e consequentemente, a cama também era enorme. Isso lhe chamou atenção de imediato. – Essa cama também é nova, não é? – apontou com a cabeça para a cama.
- É sim. – Eu olhei, pois já sabia quais as suas intenções ao fazer aquela pergunta.
- Então eu acho que devemos experimentá-la. – começou a me puxar em direção a cama. – Se eu não gostar, talvez eu tenha que procurar um hotel. – me colocou de costas para a cama, mas continuou me empurrando.
- Nós não podemos correr esse risco. – Eu mordi o lábio inferior para segurar a risada. Ele aproximou-se ainda mais e selou meus lábios, aproveitando para me empurrar de vez sobre a cama. Eu caí na cama de qualquer jeito e esperei que ele fizesse o mesmo. foi abaixando-se e apoiou seus joelhos na cama que foram subindo pelas laterais do meu corpo. O corpo dele continuava subindo por cima de mim, enquanto ele distribuía beijos nas partes descobertas do meu corpo como a minha barriga e depois o meu pescoço. Ao subir os beijos pelo meu pescoço, o rosto dele aproximava-se do meu. Os beijou subiram pela minha bochecha e por fim, em meus lábios. Estávamos prestes a aprofundar o beijo, quando ele descolou nossos lábios abruptamente.
- Espera, espera um pouco. – afastou um pouco o seu rosto do meu para que pudéssemos nos olhar nos olhos. – Só uma pergunta. – parecia confuso. Se ele estava confuso, imagina eu. – As câmeras que a sua tia disse que havia aqui da última vez... ainda estão funcionando? – Sim, lembrou-se da ameaça de . Tinha quase certeza de que a história das câmeras era mentira, mas não custava nada perguntar. Eu não havia entendido nada. Câmeras? Porque estávamos falando disso agora?
- Elas funcionam, mas elas não estão ligadas. – Eu quase ri. O que foi aquilo? – Por quê? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Esquece. – riu de si mesmo e no segundo seguinte voltou a me beijar. Eu comecei a rir durante o beijo e aos poucos fui obrigada a parar, pois foi se intensificando. Minhas mãos se revezavam entre o seu rosto e a sua nuca. Os braços dele estavam próximos a minha cabeça, apoiados no colchão. Os lábios descolaram-se dos meus e eu abri os olhos para olhá-lo. olhou em meus olhos e sorriu. Talvez ele quisesse algum tipo de aprovação para que ele continuasse a fazer o que queria. Eu dei o meu melhor sorriso e meus olhos abaixaram-se para olhar para os lábios dele que começava a brincar com os meus. Eu estava prestes a beijá-lo, mas os lábios dele começaram a deslizar pelo meu rosto, passando pelo meu queixo e chegando em meu pescoço. Eu adorava quando ele fazia aquilo. Minhas mãos desceram pelas suas costas e chegaram no final de sua camiseta. Eu aproveitei para colocar minhas mãos por debaixo de sua camiseta e comecei a subi-la.
- Isso só pode ser brincadeira. – parou de beijar meu pescoço quando ouviu um toque de celular. Ele levantou a cabeça para me olhou e arqueou uma das sobrancelhas. Era o toque do meu celular dessa vez. Eu olhei para o criado mudo e confirmei que era mesmo o meu celular. – Esquece, você não vai atender. – manteve uma das sobrancelhas arqueadas.
- Mas... – Eu ia argumentar, mas ele me interrompeu.
- Não vai! De novo não! – esperava me convencer, mas não estava funcionando.
- Eu tenho que atender. Deve ser a minha mãe! – Eu fiz careta. – Se eu não atender, o FBI vai bater na minha porta daqui aproximadamente 10 minutos. – Eu disse e percebi que quase arranquei uma risada dele.
- Atenda, então. – rolou os olhos e saiu de cima de mim. Eu me estiquei para pegar o celular e vi que estava certa. Era a minha mãe.
- Oi, mãe! – Eu atendi e olhei para . Ele olhava tediosamente para o teto do meu quarto.
- Você demorou para atender! Já estava preocupada. – Minha mãe, como sempre, muito preocupada.
- É, eu estava... – Eu demorei um pouco para pensar em uma desculpa. – Eu estava lá embaixo na cozinha. Demorei para chegar aqui no quarto. – Eu menti e vi negar com a cabeça.
- Está tudo bem? – Era a mesma pergunta de sempre.
- Sim, está! E como estão todos ai? – Eu também perguntei.
- Bem. Alguma novidade? – Minha mãe perguntou de um jeito estranho. Aposto que ela queria saber se já havia chegado. Ela não diria nada, pois tinha medo de estragar a surpresa.
- Não... – Eu não diria que ele já estava ali ou poderiam ligá-lo ao fato de eu ter demorado para atender o celular.
- Então tudo bem. – Minha mãe mudou de assunto.
- Então ta. – Eu quase ri. Minha mãe era péssima em mentir pra mim.
- Eu te ligo mais tarde. – É claro que ela ligaria. Ela sempre liga.
- Tudo bem. – Eu respondi.
- Beijos, querida. Espero que seu dia seja ótimo. – Minha mãe não sabia mesmo disfarçar. Ela estava se referindo ao novamente. É claro que eu me divertiria com ele ali.
- Obrigada, mãe. – Eu sorri fraco. – Te amo. – Eu sempre dizia isso ao me despedir porque sei que isso aliviava um pouco o seu coração de mãe.
- Eu também, querida. Beijos. – Era só me ouvir dizer que eu a amava que ela já ficava toda boba.
- Beijos. – Eu respondi e desliguei o celular. Eu voltei a colocar o celular sobre o criado mudo e olhei para . Ele me olhou daquele jeito ameaçador. – Não me olhe assim. – Eu segurei a risada para que ele não ficasse ainda mais irritado.
- O mundo está conspirando contra isso. – continuava sério. – O seu irmão deve ter feito algum tipo de macumba, não sei. – disse e dessa vez eu não consegui me segurar.
- É claro! Porque não pensamos nisso antes? – Eu continuei rindo e ele nem sequer deu um sorriso.
- Para de rir! Isso não é engraçado, isso é trágico! – disse como se estivesse indignado. Eu me aproximei dele e aproveitei que ele estava deitado para passar minha perna para o outro lado de seu corpo. Eu me sentei em sua barriga e joguei meu corpo sobre o dele. – Não fica bravo. – Eu aproximei meu rosto do dele e beijei uma de suas bochechas.
- Eu vou morrer virgem! Porque eu estaria bravo? – me olhou, sério.
- Escuta, nós temos o dia todo. – Eu selei seus lábios. – Lembre-se de que você ainda vai dormir nessa cama. – Eu selei seus lábios mais uma vez. – Celulares não tocam durante a noite. – Eu sorri, enquanto olhava ele nos olhos.
- Não tocam mesmo, porque eu vou desligar todos os celulares dessa casa. – disse, deixando um sorriso escapar.
- Sem celulares! – Eu confirmei, rindo.
- Enquanto não chega a noite, o que faremos? – perguntou, quando afastei meu rosto do seu, mas continuei sobre ele.
- Você está com fome? – Eu perguntei por que eu estava morrendo de fome.
- Morrendo! – fez uma careta engraçada.
- Então, eu vou me trocar e nós saímos pra comer alguma coisa. – Eu queria muito ir com ele em todos aqueles lugares que eu havia ido sozinha durante essas 2 semanas.
- Adorei a ideia. – deu um belo sorriso. Eu me aproximei dele, selei seus lábios pela última vez e sai de cima dele. – Eu vou beber alguma coisa lá embaixo, enquanto você se arruma. – começou a se levantar da cama.
- Isso! Fica a vontade. – Eu fui em direção ao meu armário.
- Não demora. – disse ao passar pela porta.
- Não precisava nem dizer. – Eu rolei os olhos e fui em direção a porta para fechá-la.

Eu não demorei para achar uma roupa. Talvez fosse porque eu estava morrendo de fome. Coloquei um shorts jeans claro e uma regatinha preta. Apesar do calor, coloquei um all star porque pareceu combinar perfeitamente. Prendi o cabelo em um alto rabo de cavalo e passei uma maquiagem bem simples. Não preciso nem citar a quantidade de perfume que eu havia passado, né? Desci as escadas rapidamente e o encontrei sentado em um dos sofás.

- AÍ está você. – Eu andei até ele, esperando que ele levantasse.
- É tão estranho voltar aqui. – observava a casa. – Quer dizer, da última vez que viemos aqui nós nem nos aturávamos. – levantou-se, ficando de frente pra mim.
- É, mas foi aqui também que nós demos o nosso primeiro beijo. Lembra? – Eu adorava me recordar daquele beijo.
- Como eu poderia esquecer? Eu fiquei sonhando com aquele beijo por semanas. – riu de si mesmo. – Mas então, você já sabe onde vamos comer? – me olhou.
- Sim, é um lugar aqui perto. – Eu afirmei com a cabeça.
- Você está linda. – pareceu nem ter escutado o que eu havia dito. Ele aproximou-se e selou longamente os meus lábios. Uma das mãos dele tocou a minha e entrelaçou nossos dedos.
- Obrigada. – Eu fiquei sem jeito como sempre!
- Vamos. – Ele apontou a cabeça em direção a porta.

Foi tão legal entrar no meu carro de novo. foi dirigindo, enquanto eu fui lhe indicando o caminho. Como já era quase a hora do almoço, nós decidimos parar em um restaurante ao invés de uma lanchonete. Já que passaríamos perto da minha universidade, demos uma passada lá na frente apenas para que ele conhecesse. Eu queria que ele entrasse, mas ele não tinha permissão e, além disso, estava fechado. Era sábado! As pessoas que passavam por nós certamente achavam que éramos um casal de idiotas. Nós nos divertíamos tanto quando estávamos juntos, que só ficávamos rindo e falando besteiras.

Depois de comermos, voltamos para casa. Passamos praticamente a tarde toda deitados e abraçados no sofá, enquanto assistíamos alguns programas na TV. Nós combinamos de não dormir, pois queríamos aproveitar o máximo de tempo juntos. Eu até fiz brigadeiro para comermos durante a tarde. Foi divertido ficar grudada com ele o dia inteiro.

- Então, o que vamos fazer agora a noite? – Eu perguntei me sentando em seu colo e colocando meus braços em torno de seu pescoço.
- Eu estava pensando e... – Ele pausou por alguns segundos para rir dos beijos que eu depositava próximo ao seu pescoço.
- Pensando no que? – Eu também ri, olhando pra ele.
- Nós devemos ser o único casal no mundo que está junto há quase 7 meses e nunca foi ao cinema. – me olhou para ver se eu havia gostado da ideia.
- Cinema? – Eu repeti, pensativa. – Eu nunca fui no cinema daqui. Eu adoraria ir. – Eu havia adorado a ideia.
- Então nós deveríamos nos arrumar. Já são 7 horas. – disse depois de olhar em seu relógio.
- Eu vou tomar banho então. – Eu me levantei prontamente. – Se você quiser tomar banho também. Tem mais uns 3 banheiros nessa casa. – Eu quase ri.
- Eu vou fazer isso mesmo ou não vamos chegar a tempo para ver um filme. – também levantou-se do sofá.
- Nós saímos daqui ás 8 horas, ok? – Eu perguntei, subindo as escadas.
- Eu tenho opção? – começou a subir as escadas atrás de mim.
- Não. – Eu rolei os olhos mesmo achando graça.
- Até daqui a pouco. – Eu disse, entrando em meu quarto.

Eu nunca tomei um banho estando tão feliz daquele jeito. Eu estava em Nova York e estava ali comigo. Nós sairíamos e faríamos um programa de namorados. Nós não fazíamos isso há muito tempo. não sabia por que estava tão feliz. Ele não sabia se era por estar tão perto de mim de novo ou se era porque a sua virgindade não passaria daquele dia. Não demorou para escolher a roupa de vestiria. Ele não era como eu. Vestiu uma regata branca e por cima uma camisa jeans que preferiu deixar com os botões abertos. Uma calça jeans escura e é claro, seu tênis.

O calor já não era tanto, fazendo com que eu tivesse que mudar os meus planos de roupa. Escolhi uma calça jeans escura e uma blusinha estampada. Achei que passaria frio e decidi colocar um casaquinho cor creme por cima. Escolhi um sapato de salto que só para variar era alto (VEJA A ROUPA AQUI ). O cabelo ficaria solto, pois eu o havia lavado e secado. Coloquei alguns acessórios como pulseiras e brincos e caprichei na maquiagem. Olhei no relógio e vi que faltavam 5 minutos para 8 horas. Quem disse que eu não sou pontual?

- ? – bateu na porta. Estava demorando.
- Estou saindo. – Eu passei o perfume com rapidez e corri para atender a porta. – Já estou pronta. – Eu disse assim que abri a porta. Ele olhou para o meu rosto e depois para o meu corpo. Eu também o olhei. Wow, ele estava muito bonito.
- Wow... – Ele riu, sem jeito.
- Ficou bom? – Eu não tinha certeza sobre a minha roupa.
- Está perfeita. – sorriu daquele jeito doce. Eu coloquei uma mexa do meu cabelo atrás da orelha, sem saber muito bem como reagir diante daquele elogio.
- Que bom, pois eu não quero fazer feio ao seu lado. – Eu estava sem graça.
- Você não poderia estar mais bonita. Deixa de ser boba. – Ele segurou minha mão e me puxou mais pra perto. Selou longamente os meus lábios e depois beijou carinhosamente a minha bochecha. – Ninguém tem o perfume melhor que o seu. Sério! – voltou a se aproximar para cheirar o meu pescoço.
- Eu sei que você gosta dele, por isso eu nunca mudo. – Eu disse e ele voltou a me olhar e quase riu. - Certo, então onde nós vamos? – Ele perguntou.
- Eu nunca fui até lá, mas eu tenho o endereço. – Eu fiz careta. Eu ainda não conheço muito de Nova York.
- Eu coloco no GPS. Vamos. – me puxou pela mão e fomos em direção a saída da casa. Eu tranquei a casa e liguei o alarme como eu sempre fazia ao sair de casa. Mesmo com a segurança de Big Rob, meu pai achava necessário ter o alarme.
- Boa noite, Big Rob. – Eu acenei para ele.
- Se divirtam. – Big Rob foi gentil, mas não sorriu. Eu já não esperava um sorriso.
- É a minha vez de cuidar dela. Não precisa se preocupar. – parou para apertar a mão de Big Rob.
- Faça isso. – Big Rob afirmou com a cabeça. Parecia que ele havia gostado do .

Estava tarde demais, portanto, não daria tempo de pararmos para jantar. Decidimos ir ao cinema primeiro e depois jantaríamos em algum lugar. O GPS nos guiou até o cinema mais próximo. Foi decepcionante chegar na bilheteria e ver que não havia um filme realmente bom para ver. O melhorzinho parecia ser uma comédia romântica. comprou os ingressos e nós entramos no cinema que não estava tão lotado. Pegamos os acentos lá do fundo, não havia ninguém atrás de nós, mas havia diversos acentos nas fileiras da frente.

- Já vi que esse filme vai ser uma droga. – suspirou demonstrando insatisfação.
- Onde está a pipoca? – Eu perguntei vendo que suas mãos estavam vazias.
- Está aqui. – Ele apontou para o local reservado para pipoca que havia em sua cadeira.
- Eu estou morrendo de fome. Nós deveríamos ter jantado antes. – Eu comecei a sussurrar, pois o filme estava começando.
- A pipoca vai estragar o jantar. – respondeu sem tirar os olhos da tela. Passou seu braço em torno da minha cadeira.
- Você tem razão. – Eu tive que concordar.

O filme começou interessante, mas a cada minuto que passava ele foi ficando mais chato. Não houve comédia, mas houve alguns momentos fofos. odiava filmes daquele jeito. Não sei como ele ainda não estava reclamando. A minha fome só aumentava. Aquele filme parecia que não acabaria nunca.

- Eu acho que vou dormir. Quando esse lixo acabar, você me acorda. – apoiou sua cabeça em meu ombro.
- Onde está a pipoca? – Eu estava tentando aguentar até o jantar, mas não dava mais. levantou a cabeça rapidamente do meu ombro e me olhou.
- Que pipoca? – perguntou, fazendo-se se cínico.
- A pipoca que você comprou. – Eu disse como se fosse óbvio. Eu me inclinei para alcançar o local onde a pipoca estava da última vez. Peguei o pacote e o trouxe pra mais perto de mim. Coloquei a mão dentro e percebi que estava vazio. – ? – Eu o olhei, sem acreditar.
- Oi? – forçou um sorriso e uma cara de anjo.
- Você comeu toda a pipoca? – Eu virei o pacote de cabeça pra baixo e mostrei que estava vazio. – Não acredito que você comeu tudo sozinho. – Eu o olhei, furiosa.
- Eu achei que você não fosse comer! Você disse que ia esperar o jantar! – sussurrou.
- Você também disse! – Eu arqueei a sobrancelha.
- Se eu soubesse não teria comido. – se defendeu.
- Eu estou morrendo de fome. – Eu respirei de forma alta para mostrar o quanto eu estava irritada.
- Eu até iria buscar mais pipoca, mas o filme já está acabando. – me olhou. Se eu realmente quisesse, ele iria buscar.
- Deixa pra lá! – Eu respondi sem olhá-lo. Ele percebeu que eu havia ficado irritada com a situação.
- Você está brava agora. – rolou os olhos.
- Eu não estou brava, estou com fome. – Eu olhei pra ele e forcei um sorriso. Eu queria deixá-lo com remorso.
- Você quer pipoca? – iria comprar mais se eu fizesse tanta questão.
- Não. Eu não quero ficar sozinha aqui. – Eu respondi de forma grosseira.
- Eu vou dar um jeito. – disse me fazendo olhar pra ele.
- Dar um jeito? – Eu repeti sabendo que ele estava tramando alguma coisa.
- Observe e aprenda com o mestre. – piscou um dos olhos e olhou para frente. Em nossa frente havia uma moça que deveria ter uns 35 anos. Ela estava com dois pacotes de pipoca. Um ela estava comendo e o outro estava ao lado. Talvez ela estivesse guardando ele pra mais tarde.
- O que você vai fazer? – Ele era maluco! Eu tinha medo dele fazer besteira.
- Shh! – Ele me mandou ficar quieta.

pegou o nosso pacote vazio de pipoca e se levantou um pouco para observar a moça que estava na nossa frente. Todos estavam prestando atenção no filme e ninguém estava prestando atenção no que ele estava fazendo. Depois de olhar a moça, ele me olhou e segurou a risada. Eu abri os braços como se dissesse ‘O que você está fazendo?’. voltou a olhar pra moça e rapidamente jogou o nosso pacote de pipoca ao lado dela. Ela imediatamente se abaixou para ver o que é que havia caído e aproveitou para enfiar a mão em seu pacote de pipoca que ela ainda não havia começado a comer e ao tirar, trouxe com ele um monte de pipocas. Ele voltou a se sentar com rapidez.

- Olha pro filme. – Foi a única coisa que ele me disse. Eu nunca me controlei tanto para rir. A moça voltou a se sentar normalmente e olhou para trás e viu eu e olhando atenciosamente para o filme. A moça virou-se novamente para frente e continuou a ver o filme. Foi só ela virar pra eu começar a rir silenciosamente.
- Você é maluco! – Eu sussurrei, enquanto morria de tanto rir.
- Você queria pipoca, né? – Ele estendeu a mão cheia de pipocas. Eu peguei umas três pipocas e voltei a olhar pra ele, incrédula.
- Você não fez isso. – Eu não estava acreditando. Foi ridículo e ao mesmo tempo engraçado.
- Eu e os caras sempre fazíamos isso quando íamos ao cinema. Nós fazíamos competição para ver quem conseguia mais pipoca. – era quem estava rindo agora.
- Que ridículo. – Eu neguei com a cabeça. Os homens são tão criativos, né?
- Ridículo? Foi foda. Assuma! – disse, enquanto acabava de comer as pipocas em suas mãos.
- Não me impressionou tanto. – Eu fiz careta. Eu sabia que odiaria ouvir aquilo.
- O que? – cerrou os olhos. – Eu era o melhor, querida. Eu sempre ganhava as competições. – tentava me convencer.
- Ganhava porque eu não estava lá. – Eu voltei a olhar pro filme.
- Está dizendo que consegue fazer melhor? – não perdia uma só competição.
- Estou. – Eu continuei sem olhá-lo.
- Então me mostra. – não achava que fosse possível alguém ganhar dele naquela competição.
- Não. – Eu não pagaria um mico daqueles no cinema.
- Você não consegue fazer melhor. – sabia que o único jeito de me convencer era me desafiando.
- O que eu ganho com isso? – Eu olhei pra ele.
- Ótimo. Vamos apimentar essa competição. – me olhou de forma ameaçadora. – Se eu ganhar, você terá que me dar a melhor noite da minha vida. – disse e esperou a minha reação. Eu imediatamente sorri e neguei com a cabeça. Que imprevisível!
- Combinado. – Eu concordei depois de ficar algum tempo pensando. – E se eu ganhar, eu vou poder fazer qualquer coisa com você. – Eu propus e ele cerrou os olhos.
- Combinado. – também concordou.
- Certo, então observe e não fale nada. – Eu pedi e me ajeitei na cadeira.
- Tudo bem. – estava ansioso para ver o que eu faria. Eu me preparei para o mico e me concentrei para que eu não risse durante a cena.
- QUE TIPO DE NAMORADO VOCÊ É? – Eu gritei, olhando pro . Todos deixaram de ver o filme para nos olhar. – DEPOIS DE TUDO O QUE NÓS JÁ PASSAMOS JUNTOS, DEPOIS DE TUDO O QUE EU JÁ FIZ POR VOCÊ, VOCÊ NEM SE IMPORTA EM FAZER NADA PRA MIM! – Eu comecei a fazer voz de choro. me olhava, sem reação. – A ÚNICA COISA QUE EU PEDI FOI UM PACOTE DE PIPOCA E O QUE VOCÊ FEZ? DISSE NÃO! VOCÊ NUNCA FAZ NADA POR MIM! – Eu continuei a gritar. – VOCÊ É O PIOR NAMORADO DO MUNDO! É EXATAMENTE ISSO QUE VOCÊ É! – Eu apontei pra ele. Os olhos dele viraram-se um pouco para olhar para as outras pessoas do cinema. Todos continuavam nos olhando. A moça que estava na nossa frente, virou-se para nos olhar. Ela lançou um olhar ameaçador para e negou com a cabeça.
- Aqui, mocinha. – A moça pegou o seu pacote de pipoca extra. – Pegue! – Ela estendeu a pipoca na minha direção.
- Não, eu não posso aceitar. – Eu disse como se estivesse segurando o choro.
- Aceite. Eu tenho um outro pacote aqui. – Ela sorriu para mim.
- Bem, então muito obrigada. – Eu peguei o pacote de pipoca e dei o meu melhor sorriso para ela.
- Imagina. – Ela me olhou com simpatia. – E quanto a você. – Ela apontou pro . – Você é um idiota e não merece a namorada que tem. – Ela o fuzilou com os olhos. a olhou, sem acreditar. A moça virou-se e voltou a ver o filme, assim como o resto do cinema. me olhou, incrédulo.
- Pipoca? – Eu apontei o pacote de pipoca em sua direção.
- Você... – quase riu. Ele me olhava feito bobo. – Você é... – Ele não conseguia dizer. – É sério, quer casar comigo? – riu silenciosamente, enquanto negava com a cabeça.
- Eu acho que ganhei. – Eu ergui os ombros.
- É por coisas assim que você é a mulher perfeita pra mim. – ainda não acreditava no que eu havia feito.
- Eu te falei. – Eu comecei a rir, pois a reação dele estava sendo muito engraçada.

sempre fez esse tipo de coisa com os seus amigos. Muitas mulheres achariam aquilo desprezível como eu havia achado no começo. Quantas mulheres no mundo fariam tudo aquilo para ganhar uma aposta ridícula daquela? Eram pequenas coisas como aquela que ele só conseguia achar em mim. É o tipo de coisa que ele sempre quis em uma garota. Ele amava o fato de que eu não era só a sua namorada. Ele estava feliz por não fazermos só coisas românticas e bobas. Nós também sabíamos nos divertir. Ele não se divertia assim há tempos.

- Parece que você vai ter fazer tudo o que eu quiser. – Eu ainda estava comendo as pipocas.
- Depois do que você fez, eu faria mesmo sem aposta. – se aproximou e beijou carinhosamente o meu pescoço.

Nós terminamos de assistir o filme que durou mais uns 20 minutos. Quando as luzes se acenderam, todos do cinema nos olhavam. Eu estava morrendo de vergonha agora. A moça em nossa frente ainda parecia querer matar com o olhar. segurou minha mão e começou a me puxar em direção a saída.

- Eu nunca me diverti tanto na minha vida. – disse, enquanto caminhávamos de mãos dadas em direção a porta de saída.
- Eu também não. – Eu ainda estava rindo um pouco por causa de tudo o que havia acontecido.
- Já que resolvemos dar uma de loucos hoje, vamos ir além. – disse, enquanto começamos a passar pela fila enorme de pessoas que esperavam para assistir aquele mesmo filme que havíamos assistido.
- O que? – Do que ele estava falando agora?
- Espero que ainda seja boa em correr. – disse em um tom baixíssimo. Eu o olhei imediatamente.
- Correr? – Eu esperava que ele ao menos me contasse o plano. Ele virou-se para me olhar.
- EU NÃO ACREDITO QUE PAGUEI PRA VER ESSE FILME! É HORRÍVEL! ELE TRAI ELA COM TODAS AS VADIAS DO FILME E ELA AINDA MORRE NO FINAL. QUAL A GRAÇA DISSO? – disse em um tom alto para que todos na fila pudessem ouvi-lo. O pessoal da fila parou para olhá-lo. - Hey, cara! Quer calar a boca? – Um garoto gritou, irritado. basicamente havia contado o final do filme.
- Eu não quero mais ver esse filme! – Ouvimos algumas pessoas dizer. A bilheteria rapidamente lotou. Todos queriam devolver seus ingressos e queriam o seu dinheiro de volta.
- , você... – Eu olhei pra trás e vi toda aquela movimentação.
- Hey, vocês dois ai! – Um segurança gritou olhando em nossa direção.
- Corre! – começou a rir e a me puxar pela mão.
- , eu estou de salto. – Eu comecei a gritar e ele continuava me puxando.
- Eu estou te segurando. Anda! – disse e olhou para trás. Dois seguranças nos olhavam com cara feia.
- Você é doido! – Eu também olhei para trás e fiquei aliviada ao ver que não tinha ninguém atrás de nós.
- Entra no carro. – Ele abriu a porta do meu carro e eu entrei. Ele fechou a porta e correu até o outro lado. – Isso foi demais. – estava rindo como um doido, enquanto ligava o carro.
- Que loucura! – Eu também comecei a rir.
- Você viu a cara dos seguranças? – começou a dirigir.
- Eles queriam nos matar. – Eu ainda respirava com dificuldade por causa da corrida. – Oh meu Deus, foi a coisa mais insana que eu já fiz. – Apesar de ter sido loucura, eu havia adorado. Não é todo dia que se corre um pouco de ‘perigo’. Eu havia adorado passar por aquilo.
- Bem vindo ao meu mundo, . – sorriu pra mim.

Nós precisávamos achar um lugar pra jantar agora. Passamos em frente de uma pizzaria e foi lá mesmo que resolvemos parar. Nós ficamos lembrando das loucuras que havíamos feito durante todo o jantar. Foi a primeira vez que nós nos divertimos juntos e isso só serviu para completar tudo o que nós já tínhamos.


Eram aproximadamente 10 horas da noite e estava pronta desde ás 7. Ela e haviam combinado de sair, mas ele não havia aparecido. Ela tentou ligar para ele mais de 20 vezes e em nenhuma delas ele atendeu. Tudo aquilo fazia parte do plano de . Ele viu todas aquelas chamadas em seu celular e viu que estava na hora de dar sequência ao plano. Foi até a casa de e tocou a campainha.

- O que foi que aconteceu? – perguntou fingindo estar preocupado.
- Eu é quem pergunto! Estou te esperando há 3 horas. – saiu para fora de sua casa, pois não queria que seus pais ouvissem.
- Eu vi as 30 ligações perdidas no meu celular e vim correndo pra cá. Aconteceu alguma coisa? – continuou com o teatro.
- Você é lesado? Nós íamos sair, lembra? Você disse que ia passar me buscar ás 7! – estava começando a ficar irritada.
- Nós íamos sair? Ah, é mesmo! – coçou a cabeça. – Eu não pude vir. Estava ocupado. – explicou sem muitos detalhes.
- Ocupado? – achou que ele pudesse estar brincando.
- Sim. Eu estava em uma balada aqui perto. – forçou um sorriso.
- Isso é algum tipo de brincadeira? Não está tendo graça. – continuou a olhá-lo, incrédula.
- Qual o problema? – estava fazendo-se de cínico e ela sabia.
- O problema é que nós íamos juntos nessa balada, seu imbecil! Eu fiquei esperando você vir me buscar. – já havia explodido.
- Eu ia vir, mas desisti. Eu meio que enjoei, sabe? Estava a fim de experimentar outras opções. – sorriu docemente.
- Novas opções? NOVAS OPÇÕES? – ficou histérica. – E porque você não me avisou? – começou a estapeá-lo.
- Eu esqueci, sei lá. – ergueu os ombros como se não se importasse.
- Escuta aqui, seu doente. – o empurrou. – Eu sei que você está tramando alguma coisa. Porque não me diz logo o que é? – continuou empurrando ele.
- E porque você está tão inconformada? Eu pensei que não se importasse. – cerrou os olhos.
- Ah! Então é isso? Você ainda está triste porque eu não quero nada com você. – começou a rir.
- Estou tão triste que fui na balada e beijei 3. – estava mentindo. Ele só estava dizendo aquilo para atingi-la.
- E o que está fazendo aqui? – estava furiosa. – Veio jogar isso na minha cara? – Ela perguntou.
- Não, eu só vim pra te mostrar que você não é a única e que você não é tudo isso que pensa. – a olhou de cima abaixo. – Assim como você, eu também tenho outras opções. – Ele completou.
- Todo esse trabalho para me dar uma lição? Realmente, você não se importa. – ironizou e riu.
- Todo esse trabalho só pra você ver que não pode mais brincar comigo. Todo esse trabalho pra você ver que eu não vou estar disponível sempre que você quiser. – dizia com raiva. – Eu tenho o meu valor. Eu sou bem melhor do que isso e posso conseguir a garota que eu quiser, querida. – se aproximou e disse tudo aquilo olhando em seus olhos. olhou para os lábios dele e se controlou ao máximo para manter-se longe deles.
- Você é ridículo. – negou com a cabeça.
- Sou, não é? – riu e aproximou-se ainda mais do rosto dela. Ele percebeu que ela já estava ficando maluca com tanta aproximação. não aguentou e colou seus lábios no dele. Ele não esperava que ela fosse lhe roubar um beijo, mas ele havia gostado. Havia saído melhor que o planejado. Ele nem deixou que o beijo se aprofundasse e já o interrompeu. – Eu quero ver você achar algo melhor. – sussurrou bem próximo de seus lábios e afastou-se. – Boa sorte na procura do seu novo brinquedo. – sorriu de um jeito malandro e afastou-se, deixando-a sozinha e sem reação.

sabia muito bem o que havia acabado de fazer. Ele colocou tudo em risco, mas talvez valesse a pena. Aquilo poderia fazê-la acordar para a realidade, ou poderia afastá-la de vez. Ele estava disposto a perder a garota que ele amava. Ele estava disposto a colocar tudo a perder visando ao melhor para eles. Agora só dependia dela.

Quando estávamos no restaurante ouvimos barulho de chuva, mas não tínhamos nos dado conta de que havia chovido tanto. Eu e já havíamos saído do restaurante e fomos o mais rápido possível para casa porque parecia que viria mais chuva. Chegamos em casa e ele estacionou o carro. Entramos em casa e acendemos a luz.

- Eu preciso ir ao banheiro. Eu já volto. – soltou a minha mão e subiu as escadas correndo. Ele estava mesmo com vontade de ir ao banheiro! Aproveitei para ir até a cozinha para pegar água na geladeira. Quando eu abri a geladeira, as luzes da casa se apagaram. A energia parecia ter acabado. Segundos depois a luz voltou e no segundo seguinte acabou novamente. O que estava acontecendo? A campainha tocou e eu levei um susto. Levei algum tempo para chegar até a porta porque estava tudo escuro. Eu tinha quase certeza de que era Big Rob que falaria alguma coisa sobre a falta de energia.
- Oi . – Mark sorriu, colocando a luz da lanterna em seu rosto para que eu visse que era realmente ele.
- Mark? Oi! – Eu achei engraçado ele com a lanterna. Parecia aqueles filmes de terror, sabe?
- Percebeu que só a sua casa está sem energia? – Mark olhou para a rua e eu fiz o mesmo. Todas estavam com energia.
- O que aconteceu? – Eu já fiquei preocupada. Já bastava morar sozinha, agora teria que viver no escuro.
- A energia acabou há algumas horas atrás. – Mark resumiu. – A sua casa tem problemas com a energia. Sempre que a energia acaba, ela fica caindo e voltando até que se mexa no gerador. Eu não sei por que, mas a sua tia vivia me chamando para arrumar isso pra ela. – Mark sorriu, lembrando-se da minha tia.
- Você sabe arrumar? – Eu fiquei mais aliviada.
- Sim, é só mexer na caixa de energia. – Ele não quis dar tantos detalhes, já que eu não entenderia nada. – Foi por isso que eu trouxe o Big Rob. Eu vou ensiná-lo a arrumar e ai você não vai mais ficar dependendo de mim. – Mark apontou para o Big Rob, que estava ao seu lado.
- Claro. Podem entrar. – Eu sai de frente da porta para que eles entrassem. Eu não estava enxergando um palmo na minha frente, por isso precisei usar a luz do meu celular.

Mark e Big Rob foram em direção a cozinha que era onde ficava a caixa de energia. Eu conseguia ouvi-los conversando na cozinha. Mark dizia alguma coisa sobre segurar o fio e subir um dos botões. A energia voltou repentinamente e eu tive que fechar os olhos por poucos segundos por causa da claridade.

- Pronto. – Mark disse, saindo da cozinha com Big Rob.
- Aprendeu Big Rob? – Eu quase ri, olhando pra ele. Eu sempre ria quando olhava para ele. Ele era tão sério e grande que chegava a ser engraçado.
- Parece que sim. Só espero não levar um choque. – Big Rob brincou, mas continuou sério.
- Não vai levar choque. Eu nunca levei, quer dizer, até hoje. – Mark riu ao ver que um homem daquele tamanho estava com medo de um choque de nada.

havia ficado algum tempo no banheiro. Não conseguiu fazer nada enquanto a energia não voltou. Lavou as mãos e saiu do banheiro. Passou no quarto que dormiria e deixou o seu celular, carteira e chaves do carro. Apressou-se lembrando que eu estava sozinha lá embaixo. Apareceu no topo da escada e começou a descer alguns degraus. Ele paralisou ao ver Mark no centro da sala. Ele ainda conversava comigo.

- Você é tão forte que nem vai sentir o choque. – Eu e Mark continuávamos rindo do Big Rob, que agora ameaçava um sorriso. É um milagre!
- O que esse cara está fazendo aqui? – Ouvi a voz de e senti o meu estômago embrulhar. Droga, droga, droga! Isso não vai acabar bem.
- Hey, ! – Mark forçou um sorriso. Ele só estava tentando ser legal por causa de mim.
- Eu perguntei o que você está fazendo aqui. – repetiu com aquele tom grosseiro.
- Ele veio arrumar o problema com a energia. – Eu me antecipei, tentando acalmar o clima.
- E você é eletricista agora? – desceu mais alguns degraus.
- Não sou, mas consigo me virar como você pode perceber. – Mark ergueu os ombros, forçando novamente um sorriso.
- Certo. – quase riu, enquanto afirmava com a cabeça. – Desde que horas a casa está sem energia? – cruzou os braços, analisando Mark.
- Umas duas horas atrás. – Mark não entendeu o objetivo da pergunta.
- E você só veio arrumar agora? Justo agora que a chegou? – arqueou uma das sobrancelhas. – É uma boa desculpa para vir vê-la. – fez uma expressão que demonstrava que ele estava impressionado.
- .. – Eu já ia interferir, mas Mark não permitiu.
- Não, deixa. Ele está certo. – Mark afirmou com a cabeça, sério. – Eu realmente deveria ter vindo antes, talvez ter arrombado a porta já que a dona da casa não estava aqui. – Mark olhou pro com aquela expressão irônica. – Quem sabe eu não pule o muro da próxima vez? – Mark sorriu pro , que a essa altura já estava doido para pular em seu pescoço.
- Finalmente achei uma virtude em você. – deu aquele sorriso ameaçador que demonstrava que ele partiria pra cima do Mark a qualquer momento. – Coragem. Você tem muita coragem pra ter vindo até aqui e estar parado aqui na minha frente. – deixou o sorriso de lado e manteve só aquele olhar, que agora fuzilava Mark.
- Eu já disse uma vez e vou repetir pra você não esquecer nunca mais: eu não tenho medo de você. – Mark quase riu no final de sua frase.
- Nossa, você é tão macho que cheira a testosterona, Mark. – sorriu, mordendo o lábio inferior. Eu sabia que ele estava se segurando, porque eu o conheço.
- Não seja idiota, . Você sabe que eu não estou brincando. – Mark negou com a cabeça, desafiando .
- Idiota é o seu pai, palhaço. – deu alguns pequenos passos em direção ao Mark, mas eu entrei em sua frente e o empurrei levemente com as minhas mãos.
- Limpa a porcaria da sua boca pra falar do meu pai! – Mark ficou puto de um jeito que eu nunca havia visto na vida. Ele tentou ir em direção ao , mas Big Rob o segurou.
- Awn, eu machuquei os seus sentimentos? – foi totalmente sarcástico.
- , para com isso! – Eu gritei e olhei para ele, empurrando-o com mais força.
- Você não me conhece, ! Não vai querer se meter comigo. – Mark ameaçou. Estava fora de si. Ainda bem que o Big Rob era grande e forte.
- Isso é tudo o que eu mais quero, cara! O QUE ESTÁ ESPERANDO? – abriu os braços, chamando Mark pra briga.
- Já chega, ! – Eu apontei em direção a escada. Eu queria que ele subisse e fosse pra longe do Mark. Ele nem me deu atenção. – ! O que há de errado com você? – Olhei para ele seriamente. Que namorado encrenqueiro eu fui arrumar!
- Comigo? O que há de errado com você! – me olhou, furioso. – Eu te disse! Eu te avisei e você não me ouviu. Isso é tudo culpa sua! - Quando ouvi ele falar comigo daquele jeito eu quis matá-lo aqui e agora! – Então já que nos trouxe até aqui, porque não vai estudar um de seus preciosos livros de medicina e me deixa resolver essa sua besteira? – finalizou. Eu não conseguia dizer nada, apenas fuzilava ele com os olhos.
- Deixa, . Tudo bem! Eu vou embora. – Mark não queria ficar nem mais um minuto ali. Ele estava tão irritado que até se sentia mal por isso.

Eu estava tão, mais tão puta com o que eu nem deixei de olhá-lo para me despedir do Mark. Eu o encarava com decepção e raiva, muita raiva. Nem meu pai falava comigo com aquela autoridade. Ele definitivamente perdeu a noção do perigo. Ele está ferrado! Ouvi a porta bater e soube que Mark e Big Rob já haviam ido embora.

- Pronto? Está satisfeito? – Eu o encarei com raiva. – Já deu uma de machão, já mostrou que manda e desmanda na namorada. Está feliz? – Eu me virei para as escadas com a intenção de subi-las, mas acabei desistindo no meio do caminho. Eu queria ficar e brigar.
- , eu... – ia dizer qualquer coisa, mas eu o interrompi.
- Você é maluco, Jonas! – Eu neguei com a cabeça, incrédula. – Você é maluco se acha que vai falar assim comigo de novo. – Eu o fuzilei com o olhar. – MALUCO! – Eu reafirmei e voltei a subir as escadas.

me observou subir violentamente aquelas escadas e depois ouviu a porta do quarto bater com toda a força. Foi naquele momento em que ele percebeu que havia feito besteira. Não que ele se arrependesse, mas ele sabia muito bem o que havia feito. Falar daquele jeito com uma pessoa tão orgulhosa como eu não poderia acabar bem.

- Ótimo, agora ela me odeia.. – suspirou, revirando os olhos. Sabia que tinha que ir atrás de mim para resolver as coisas.

Eu queria quebrar tudo o que via pela frente. Eu imaginava o rosto de em cada uma dessas coisas e queria dar uma voadora. Tirei o casaco e o joguei sobre a minha cama de forma brusca. Parei por poucos segundos e fechei os olhos, tentando respirar fundo para me acalmar. Levei uma das mãos até o cabelo e entrelacei meus dedos no mesmo, jogando-o para trás. Meus olhos abriram quando eu ouvi a porta ser aberta.

- ... – ia continuar a sua frase, mas eu o interrompi.
- Amanhã nós conversamos. – Eu estava irritada demais pra discutir a relação agora.
- Não! Nós vamos conversar agora. – disse em tom de ordem e entrou no quarto. O desgraçado acha mesmo que manda em mim?
- Eu mandei você sair. – Eu me virei para olhá-lo. Ele ainda estava próximo a porta e me encarava seriamente.
- Só os adultos mandam, . Se você faz tanta questão de ser tratada como uma, porque não começa a agir como uma? Vamos começar com ‘Não adiando assuntos importantes.’ – disse sem medo de levar um chute no meio das pernas.
- Não! Vamos começar com ‘Saia antes que eu ataque o meu tênis na sua cara.’ – Eu cruzei os braços, o desafiando.
- ... – revirou os olhos. Ele achava que estava na hora de falarmos sério.
- Nós estamos irritados agora. Se conversarmos vai ficar pior. Deixa para amanhã. – Eu tentei ser paciente. Eu juro!
- Não! Hoje. Agora. – deu alguns passos na minha direção. – Porque não começa me explicando o motivo de você sempre ficar do lado do Mark e contra mim? – me encarou, esperando uma resposta que poderia não lhe agradar.
- ... – Eu ia concluir a frase, mas ele interrompeu.
- Porque você sempre fica do lado dele? – insistiu na pergunta. Ele parecia estar me acusando de alguma coisa e isso me deixou ainda mais furiosa.
- Do lado dele? Tem certeza? – Eu cerrei os olhos. Eu não acreditava no que estava ouvindo. – Porque eu tenho quase certeza de qual lado eu escolhi, quando você me mandou decidir entre você e o Mark na festa da ! – Eu cerrei os olhos para que ele se sentisse ainda mais intimidado com as minhas palavras. – Eu me lembro muito bem, , do lado que eu escolhi quando eu aceitei colocar esse anel de compromisso no meu dedo. – Eu levantei a mão que estava a nossa aliança de namoro. – Eu também me lembro que esse mesmo lado que eu escolhi naquela noite era o único que poderia me fazer desistir do meu sonho. – Seria uma bela declaração se eu não estivesse falando aquilo de forma ignorante e irônica. – Então pense antes de falar besteira. – Eu finalizei, achando que a conversa havia acabado ali.
- Isso ainda não explica o porquê de eu sempre ser o vilão e aquele imbecil, o mocinho. – pareceu não ter se sentido intimidado com o que eu havia dito.
-Você quer saber o porquê? – Eu forcei um sorriso. – Porque eu não me importo com ele. Eu não me importo com o tipo de pessoa que ele é ou que ele quer ser. Eu não ligo, , se ele quiser ser um idiota e tomar todas as atitudes erradas, mas eu me importo com tudo o que você faz, com tudo o que você é. – Eu neguei com a cabeça, perguntando a mim mesma como ele pode estar desconfiando de mim depois de tudo.
- E só por isso tudo o que eu faço está errado? – abriu os braços.
- Você não entendeu nada do que eu disse. – Eu revirei os olhos. – A única coisa que eu preciso que você saiba e entenda é que no dia em que eu te apoiar a fazer algo errado, no dia em que você estiver em uma briga e eu não interferir e nem mesmo tentar te impedir de fazer algo estúpido, nesse dia, , você pode ter certeza que o que nós temos vai ter acabado. – Eu disse, vendo ele ficar um pouco mais preocupado. Era só falar em término que ele já ficava com um pé atrás.
- Está vendo? Não precisa dramatizar tanto as coisas assim. – parecia não entender o porquê do Mark ser um motivo tão importante para chegarmos a falar sobre término.
- Sabe o que vai complicar as coisas? Você falar daquele jeito comigo de novo. – Eu voltei a cerrar os olhos. – Eu juro, , que no dia em que você pensar em falar comigo daquele jeito de novo... – Eu pausei antes de finalizar para dar mais ênfase no que eu diria. – Vai ser a última vez que você vai falar comigo. Está entendendo? – Eu esperei que ele afirmasse com a cabeça. Eu percebi que ele ficou incomodado com o que eu havia dito. Bem feito.
- Eu sei que eu não devia ter falado daquele jeito, mas você também não devia ter falado aquilo pra mim. – tentou se defender. – Eu estava brigando com um cara e você aparece falando como a minha mãe e mandando em mim. Quantos anos acha que eu tenho? – me olhou com indignação.
- Eu não sei. Você quer saber a idade física ou a mental? – Eu disse e vi ele cerrar os olhos no mesmo instante como se dissesse ‘Agora você me irritou!’.
- Está vendo? Você me julga, mas não percebe que você também não é a pessoa mais educada do mundo! – parecia ter voltado aos velhos tempos. Aqueles tempos em que ele ficava totalmente irritado por causa de mim.
- O que!? – Agora ele estava me chamando de mal-educada? – Eu sempre tratei você bem! – Eu fiquei ainda mais indignada. – Quer saber? Me deixa sozinha, vai. – Eu rolei os olhos e apontei em direção a porta do meu quarto. Não adiantava discutir hoje.
- Viu só? Você poderia ter dito isso de um jeito mais educado. – sorriu, achando que havia comprovado a sua teoria de que eu não o respeitava. Olhei pra ele, séria. É brincadeira, né?
- Você está certo! Eu posso fazer melhor. Espera. – Eu fingi estar pensativa por um tempo. – Pronto! Já sei. – Eu afirmei com a cabeça e sorri do jeito mais sincero que eu consegui. me olhou com desconfiança, vendo que eu estava sendo simpática demais. – SAI DAQUI, SOME DA MINHA FRENTE, VAZA, DESAPARECE, NÃO VOLTE MAIS AQUI e DÁ O FORA! – Eu disse do jeito mais estúpido que eu consegui. – Melhor? – Eu perguntei com extrema ironia. arqueou a sobrancelha e me olhou com aquele ódio mortal.
- Já que você está com tanta pressa para que eu saia, porque não me empresta a sua vassoura? Acho que consigo chegar em Atlantic City ainda hoje. – disse e ergueu uma das sobrancelhas como se dissesse ‘Chupa!’. O desgraçado me chamou de bruxa! Agora sim eu estava puta da vida. Eu fiquei tão irritada que eu tive que me segurar para não fazer besteira. Olhei pra ele, mordi o meu lábio inferior e sorri para tentar me conter.
- SAI! – Eu dei alguns passos e abri a porta. – ANDA!- Eu olhei pra ele.
- Me obrigue. – sorriu de forma simpática e falsa.
- SAI LOGO! – Eu quase gritei, furiosa.
- Porque não tenta me tirar daqui? – sorriu daquele jeito malandro.
- Eu não vou chegar perto de você. Não quero te machucar. – Eu sorri de um jeito doce, porém falso.
- Tem certeza de que é por isso? – me olhou daquele jeito sedutor, pois sabia que funcionava muito bem.
- Oh! Aposto que está pensando que não quero me aproximar porque estou com muito medo de não resistir a você e ao seu incrível charme. – Eu segurei o riso. Ele estava totalmente certo.
- Então prove o contrário. – continuava com aquele sorriso sedutor no rosto. – Venha até aqui. – me chamou com a cabeça.
- Ta legal! Eu vou. – Eu ergui os ombros como se nem estivesse me importando, porém não sai do lugar.
- Então venha. – afirmou com a cabeça.
- Eu vou! – Eu afirmei, sem sair do lugar. Eu sabia que ele faria alguma coisa se eu me aproximasse.
- Então venha logo. – segurava a risada, pois sabia que eu não queria me aproximar.
- Eu estou indo.. – Eu comecei a andar na direção dele. Parei em sua frente, achei que já havia me aproximado o suficiente.
- Porque está tão longe? – desceu os olhos pelo meu corpo e depois sorriu olhando pro eu rosto. Dei mais um passo minúsculo e parei novamente.
- Viu só? Eu estou bem aqui. – Eu forcei um sorriso, satisfeita por ter conseguido chegar até ali. me analisou por um tempo e sem que eu nem percebesse, colocou uma das mãos em minha cintura e me puxou, colando nossos corpos.
- Agora sim você está perto. – Quando eu me dei conta eu estava a centímetros do rosto dele.
- O que está tentando fazer? – Eu perguntei, percebendo que ele estava olhando para os meus lábios.
- Tem muitas coisas passando pela minha cabeça agora. – Os olhos dele voltaram a olhar nos meus. Que droga! Porque é que ele tinha que ser tão charmoso, lindo e idiota?
- Sério? – Meus olhos desceram até os seus lábios e eu sorri, pois havia tido uma ideia. – Tipo o que? – Eu perguntei, dando alguns passos pra trás. Uma das minhas mãos puxou a sua camisa, trazendo ele junto comigo. Ele me acompanhava sem pensar duas vezes.
- Tipo algo que envolve você e eu. – aproximou-se ainda mais, tentando me beijar, mas eu consegui evitar o beijo. As pontas dos nossos narizes se tocavam a todo o momento, mas eu não deixava que o beijo acontecesse. Os olhos dele estavam fixos nos meus lábios e ele sorria daquele jeito lindo.
- Eu e você? – Eu perguntei em um som quase inaudível. – Eu acho que sei do que você está falando. – Eu dei mais alguns passos e o corpo dele acompanhava colado ao meu. Soltei sua camisa e levei minha mão até o seu rosto. Apertei suas bochechas, fazendo com que seus lábios fizessem um pequeno bico. Eu trazia seus lábios pra perto do meu e ele me acompanhava feito um bobo. Passamos pela porta do quarto e paramos no corredor.
- Sabe? – estava tão empolgado, estava comendo tanto na minha mão que ele faria qualquer coisa que eu mandasse. Desci a mão que estava em seu rosto e fui deslizando pelo seu peitoral. Ele tentou me beijar novamente, mas eu consegui impedi-lo.
- Quer saber o que eu acho sobre isso? – Eu disse, fazendo com que meus lábios encostassem levemente nos seus. Notei que ele se arrepiou por inteiro e eu segurei a risada. Ele afirmou com a cabeça, enquanto sorria. – Eu acho que o único jeito de você perder a sua virgindade hoje é com a minha vassoura. – Eu disse, segurando a risada. ficou imediatamente sério. Havia um ponto de interrogação na sua testa.
- O que? – arqueou a sobrancelha, tirando seus braços que estavam em torno do meu corpo.
- Você me pediu para te tirar do meu quarto e foi exatamente isso que eu acabei de fazer. – Eu sorri para não rir e pisquei um dos olhos pra ele. me olhou, sem reação. Ele ainda não acreditava que havia caído naquela. Eu me afastei e fui até a porta do meu quarto. Olhei pra ele e acenei. – A vassoura está na cozinha. – Eu disse e ele cerrou os olhos. – Divirta-se e tente não fazer tanto barulho. – Eu o olhei pela última vez. Ele estava me matando com o olhar, quando eu fechei a porta.
- SUA MALUCA! – gritou, segurando-se para não chutar a porta. Eu o havia feito de idiota e ele sabia muito bem disso. – Garota insuportável.. – suspirou, indo em direção ao quarto mais próximo. Agradeceu mentalmente por ter deixado a sua mala no banheiro. Colocou uma regata qualquer e um shorts. – ‘A vassoura está na cozinha.’ – falou sozinho, imitando o som da minha voz. – Acha que é engraçada. – atacou a roupa que havia tirado com força dentro de sua mala. Pegou sua escova de dente e foi até o banheiro.
Tudo bem, tudo bem! Eu confesso que eu não resistiria mais 5 segundos do charme dele, mas pelo menos eu consegui irritá-lo. Pelo menos eu consegui me vingar pelo jeito que ele havia falado comigo. Se tem uma coisa que eu odeio, que me irrita é ver um garoto tentando sambar na minha cara, tentando se vangloriar as minhas custas. Nem meu pai havia falado comigo daquele jeito e eu com certeza não deixaria aquilo barato. Eu peguei pesado, mas não foi nada que eu já não tenha feito nos velhos tempos.

O riso ainda estava em meu rosto, enquanto eu colocava o meu pijama. Eu adorava irritá-lo daquele jeito. Fui até o meu banheiro e escovei os dentes. Arrumei a cama para dormir e me deitei. Eu queria saber o que ele estava fazendo naquele momento. Colocando uma bomba na casa, talvez? Minha pergunta foi respondida quando eu ouvi a porta do banheiro ser aberta. Eu sabia que ele teria que passar pela porta do meu quarto para ir até o seu e eu achei que, talvez, ele fosse entrar em meu quarto para se desculpar e fazer as pazes. Eu fiquei em silêncio, acompanhando os passos dele no corredor.

ainda estava muito irritado, mas ele havia parado para pensar. Ele não devia ter falado comigo daquele jeito, talvez ele merecesse um castigo, mas eu não precisava exagerar, não é? Nós poderíamos ter resolvido aquela briga numa boa e a noite poderia até ter acabado diferente. Pra ele, eu é quem tinha estragado tudo. Olhou para a porta do meu quarto e parou em frente a ela. Os olhos encaravam a maçaneta e ele decidia se deveria entrar ou não. Percebeu o silêncio dentro do meu quarto e deduziu que eu já estava dormindo. Além do mais, porque ele é que tinha que vir atrás de mim? Porque sempre ele? Não dessa vez.

A sombra dele passou pelas frestas da porta do meu quarto e eu ouvi a porta do quarto dele se fechar. É claro que ele não ia ceder assim tão fácil. Se ele acha que eu é quem vou fazer isso, ele está maluco. Puxei a coberta para mais perto do meu rosto e suspirei longamente. Eu estava irritada com aquela situação. Nós ficamos dias sem nos ver e agora estávamos brigados por causa de um ciúmes besta. Quem liga? Eu não estou nem ai. Se ele quer brigar, então vamos brigar.



TROQUE A MÚSICA:






deitou em sua cama e ainda parecia furioso. O rosto estava sério e ele aparentava estar emburrado. As grossas sobrancelhas continuavam franzidas, demonstrando sua expressão de irritação. Nós mal tínhamos tempo pra ficar juntos e tempo que nós tínhamos nós perdiam com coisas e pessoas que não fazem diferença alguma na nossa vida. Valia tanto a pena assim brigar com ele por causa do Mark? O Mark? Era o que ele se perguntava.

A raiva deu lugar ao sono e acabamos dormindo. Eu dormi cerca de 3 horas até que eu acordei inesperadamente com o barulho da chuva. Eu sempre tive sono pesado, mas desde que eu me mudei pra Nova York qualquer barulhinho é suficiente para me acordar. Mesmo tendo acordado, eu voltei a fechar os olhos com força. Aos poucos a chuva ia piorando e o meu sono parecia correr de mim.

A chuva estava tão forte que também conseguiu acordar o . Ele estava pronto para voltar a dormir, mas ele se lembrou de mim. Ele se lembrou do meu medo de chuva e também se lembrou que eu estava sozinha no quarto ao lado. Virou-se de barriga pra cima e olhou para o teto do seu quarto. O quarto iluminava-se a todo o momento por causa dos relâmpagos e os barulhos dos trovões chegavam a ser ensurdecedores.

Todos os métodos já haviam sido tentados por mim. Colocar o cobertor no rosto, colocar a cabeça embaixo do travesseiro, tudo. Tudo o que eu poderia fazer para deixar de ouvir e ver aqueles clarões eu já havia feito e pareceu não ter adiantado nada. A chuva só piorava. perguntava-se se deveria ir até o meu quarto pelo menos para ver se estava tudo bem, mas não sabia se eu ia expulsá-lo de lá. Pegou o celular e viu que o relógio marcava 3:35 da madrugada. Não importa. Ele decidiu que iria até lá. Levantou-se, deixou a coberta e o travesseiro de lado. Foi até a porta de seu quarto e abriu a porta lentamente. A casa toda se iluminava com os clarões dos relâmpagos. Um alto barulho de trovão havia feito ele dar um pulo no corredor.

- Droga.. – Ele suspirou, negando com a cabeça. Suspirou longamente e voltou a andar pelo corredor até a porta do meu quarto.

Não é um bom dia para um furacão, certo? O meu medo só aumentava e chuva também. Minhas mãos tremiam, enquanto apertavam o cobertor perto do meu rosto. Eu só queria que aquela chuva parasse. Mesmo estando de costas para a porta, eu ouvi ela se abrir e depois se fechar. Eu não tive nem coragem de me virar para olhar. Eu só queria ficar ali encolhida embaixo daquela coberta, enquanto aquela chuva não passava. viu que eu estava deitada na cama e aproximou-se. Fez a volta na cama para que pudesse ficar de frente pra mim. Um novo clarão e eu fechei os olhos com força. sorriu, pois percebeu que eu estava acordada. Ele sentou-se na cama, levantou o cobertor e depois o colocou por cima de seu corpo. Eu já sabia que ele estava ali. Abri os olhos e vi o rosto dele há alguns centímetros de mim. O corpo dele estava virado pra cima, mas o seu rosto estava virado para mim.

- Eu sabia que você estava acordada. – sorriu sem mostrar os dentes. Ele continuou me observando. Eu não respondi, apenas continuei séria. Nós estávamos brigados, né? – Eu vim saber se você está bem. – disse um pouco mais sério, já que viu que eu ainda estava brava com ele.
- É claro que eu estou bem. – Eu respondi do jeito mais frio que eu consegui. Os olhos dele pareciam percorrer os detalhes do meu rosto. Ele não parecia tão irritado quanto eu. Eu estava o encarando, quando um novo clarão tomou conta do quarto. Eu não tive dúvidas em correr para os braços dele. – Não, não, não. – Eu agarrei o corpo dele por debaixo da coberta. – Eu não estou bem. – Eu afirmei, colocando meu rosto entre seu pescoço e o seu ombro. – Fica comigo. – Eu pedi, quase ao pé do seu ouvido. Minha mão agarrou sua camisa e a apertou com força.

Era inexplicável pro aquela sensação de me ter em seus braços. Era inexplicável perceber que era nos braços dele em que eu buscava segurança nos meus momentos de medo. adorava perceber o quanto eu precisava dele e parecia ser ainda melhor depois de uma briga. Ele sentia eu apertar o seu corpo com tanta força, que até o fez sorrir como um bobo. Os braços dele fizeram a volta em meu corpo, pressionando-o contra o seu. Uma das mãos dele subiram até a minha cabeça e entrelaçaram-se em meu cabelo.

- Está tudo bem. – disse com aquela voz calma e doce. – Tudo bem... – Ele repetiu, quando sentiu eu apertar ainda mais a sua camiseta ao ouvir um novo trovão. – Eu estou aqui agora. – Os dedos dele começaram a acariciar os meus cabelos.
- Eu não aguento mais esses barulhos e esses clarões.. – Eu disse com a voz trêmula. – Eu quero que pare. – Eu disse com o meu rosto enterrado em seu pescoço. O perfume dele era hipnotizante. Se eu pudesse eu ficaria ali sentindo o cheiro dele o resto da minha vida. continuou acariciando os meus cabelos. Se eu não estivesse com tanto medo eu teria dormido.
- Se lembra de quando viemos pela primeira vez juntos para Nova York? – deu um fraco sorriso. Ele encarava o teto do quarto, enquanto se lembrava do que estava dizendo.
- Lembro. – Eu afirmei quase sem emitir som, enquanto abria os olhos. Eu não sabia onde ele estava querendo chegar.
- Nós estávamos no avião e você estava com tanto medo. Exatamente como agora. – se lembrava do quão assustada eu estava naquele dia. Ele parecia estar vivendo tudo novamente, enquanto se recordava. – Você lembra do que você me falou? – perguntou sem me olhar.
- Eu... – Eu quase sorri. – Eu pedi que você me desse a sua mão. – Eu respondi, quando um novo trovão me assustou, me fazendo apertar sua camiseta novamente. – Droga.. – Eu suspirei. Eu já não aguentava mais!
- Então me dê a sua mão. – colocou uma das suas mãos sobre o seu peito, esperando que eu levasse a minha mão ao encontro da sua. Eu não estava nem um pouco a fim de soltar a camiseta dele. – Vamos, confie em mim. – olhou para onde estava a sua mão. Eu também olhava pra sua mão e aos poucos fui soltando a sua camiseta. Levei minha mão até a dele, ele a segurou e entrelaçou seus dedos nos meus. Nós dois observávamos aquela cena com atenção. – Você pode apertá-la se estiver com medo. – desentrelaçou nossos dedos para que eles brincassem uns com os outros. A chuva ficava cada vez pior e eu já não sabia o que fazer. – Eu posso sentir o seu coração disparado. Fica calma. Você não está sozinha. Eu não vou te deixar sozinha. – conseguia sentir o meu coração quase saltando do peito.
- Faça parar. – Eu pedi mesmo sabendo que ele não poderia fazer nada. Os meus olhos estavam cheios de lágrimas. ficou mais sério ao perceber que não estava conseguindo me acalmar.
- Feche os olhos. – pediu, olhando um pouco para baixo. Eu não tive dúvida e atendi o seu pedido. Fechei os olhos e os aproximei de seu pescoço. Ele ficou um tempo em silêncio e o barulho da chuva ainda era estrondoso.
- Eu ainda consigo ouvir. – Eu disse, apertando sua mão depois de ouvir um novo trovão.
- Então não ouça. – pediu, voltando a acariciar os meus cabelos. – Só escute a minha voz. Só a minha voz... – me apertou ainda mais forte contra o seu corpo. Eu estava fazendo o possível para fazer o que ele estava pedindo. Eu estava tentando não escutar os trovões que pareciam até tremer a cama. Não estava funcionando! Bem, não estava funcionando até ele começar a cantar ‘Hey Jude’.

Agora eu não estava vendo mais nada, pois meus olhos se mantinham fechados e a única coisa que eu conseguia ouvir era cantando ‘Hey Jude’ pra mim. Cantando a primeira música que dançamos juntos. A voz dele e a letra da música me acalmavam. Aos poucos eu fui deixando de apertar a sua mão. Nós estávamos brigados e agora olhe pra nós? Me diz onde foi parara toda aquela raiva, aquele ódio que estávamos sentindo? Havia se transformado em algo bom. Algo que falava mais alto do que qualquer outra coisa.

‘Hey Jude’ não era só mais uma música pro . Nunca foi! E não, não tem nada a ver com ela ter sido o tema da nossa primeira dança, da primeira vez que ficamos próximos. É bem mais do que isso, é bem mais antigo do que isso. Os olhos dele observavam nossos dedos brincarem uns com os outros sobre o seu peito. Aproximei ainda mais meu rosto de seu pescoço, onde eu depositei um beijo. Esse beijo trouxe um doce e espontâneo sorriso no rosto dele. Os dedos dele pararam de brincar com os meus para que ele pegasse a coberta e a trouxesse mais pra cima. Aquela era realmente uma noite muito fria. Passei meu braço em torno dele para ficar mais confortável , já que o meu sono parecia estar querendo voltar.

A chuva continuava forte do lado de fora, mas eu já não me importava mais. Estar nos braços dele levou embora todo o meu desespero e medo. O meu medo havia se manifestado depois que eu passei a morar sozinha, mas hoje não. Hoje ele está aqui comigo e não há nada a temer porque eu sei que nada de ruim poderá acontecer com ele ali e mesmo se acontecesse, eu estaria nos braços dele se isso acontecesse então não pode ser tão ruim. Depois de poucos minutos, ele já não cantava a música, mas a cantarolava de forma sonolenta. O sono dele também começava a dar indícios de que voltaria.

Estava chovendo e eu estava dormindo! Eu não consigo acreditar. Eu ainda dormia nos braços de , que também já havia adormecido. Estava tão bom e confortável ali que eu nem fiz questão de procurar o meu travesseiro, que agora estava sendo usado por . Foi a melhor noite de sono que eu já tive.


Ao abrir os olhos, me deparei com outro clarão. Dessa vez era a luz do sol que entrava por algumas pequenas frestas da janela. Aos poucos eu fui despertando e me dando conta de onde estava e do que tinha acontecido. Levantei o meu rosto e olhei onde ele estava apoiado. Olhei para cima e vi dormindo calmamente. O rosto dele estava virado para um dos lados e seus lábios estavam um pouco abertos. Uma das mãos dele ainda estava em meu corpo e a outra estava sobre a sua barriga.

Agora eu estava sorrindo feito uma boba, olhando ele dormir. Eu ficaria ali até a hora que ele acordasse, mas eu precisava muito ir ao banheiro. Notei que sua mão estava próxima da minha cintura e consegui tirá-la dali com todo o cuidado do mundo para não acordá-lo. Eu fui me afastando de seu corpo de forma lenta e consegui saltar da cama. Andei bem devagar até o banheiro e fechei a porta tentando não fazer barulho.

A noite passada apenas havia sido mais uma prova de que vale absolutamente tudo no amor e na guerra. O ódio e o amor haviam ficado totalmente explícitos naquela noite. Não tinha como fugir de algum daqueles dois sentimentos, já que eles sempre haviam sido o alicerce de toda a nossa relação. Se um deles for deixado de lado, não tem como levar pra frente esse relacionamento.

Depois de usar o banheiro e fazer a minha higiene matinal, voltei a abrir a porta de forma silenciosa. Olhei para a cama e ele continuava lá, desmaiado. Ok! Pode dizer que eu sou a pior namorada do mundo e que não tenho o mínimo de compaixão, mas eu precisava fazer aquilo! Eu precisava acordá-lo daquele jeito engraçado. Peguei a pasta de dente e voltei a andar em direção a cama.

- Ele vai me odiar. – Eu sussurrei para mim mesma, enquanto me sentava na cama. Eu abri a pasta de dente e voltei a olhá-lo. Deus, como ele era bonito. O que um homem desses está fazendo na minha cama? Ok, ok! Vamos focar em ser uma namorada sem compaixão!

Coloquei um pouco de pasta de dente em um dos meus dedos e passei um pouco nas bochechas dele. Eu estava me segurando para que a minha risada não estragasse tudo. Ele se mexeu um pouco, mas ainda não havia acordado. Eu peguei um pouco mais de pasta de dente e passei um pouco na ponta de seu nariz. voltou a se mexer e parece que dessa vez ele vai acordar. Ele se espreguiçou um pouco e abriu um poucos os olhos. Eu fiz cara de santa e continuei a olhá-lo. Ele ainda piscava de forma lenta, mas passou a me observar, sério.

- Tem pasta de dente na minha cara, né? – disse com aquela voz de sono que era a coisa mais fofa do mundo.
- Ops! – Eu forcei o sorriso mais engraçado de todos. Ele fechou os olhos e negou com a cabeça.
- Que droga, . – suspirou de forma longa, demonstrando estar irritado. Ele sentou-se na cama e passou uma das mãos pelo cabelo. Eu me segurava para não rir da sua cara toda suja. Estiquei-me para pegar o meu celular sobre o criado mudo.
- Dê um sorriso. – Eu pedi, prestes a tirar a foto. arqueou a sobrancelha e forçou um sorriso. A careta mais engraçada que eu já havia visto. Certo, eu não consigo mais segurar a risada. – Pronto. – Eu comecei a gargalhar como uma doida. Ele me olhou, incrédulo.
– Muito engraçado! – sentou-se na cama. - As namoradas normais acordam o namorado com beijos e não com pasta de dente. Qual o seu problema? – levantou-se da cama e caminhou até a porta do quarto. No caminho para o banheiro passou em seu quarto e pegou sua escova de dente. -

Ele não estava bravo de verdade. Eu estava com medo era da vingança. Ele com certeza ia querer se vingar. Fechei a pasta de dente e limpei os dedos em uma das toalhas que estavam jogadas sobre uma cadeira do meu quarto. Voltei a deitar na cama e o esperei, pois sabia que alguma hora ele voltaria.
- Essa garota é doida... – riu sozinho, olhando-se no espelho. Havia realmente ficado engraçado, mas mesmo assim havia sido sacanagem. Depois de escovar os dentes, passou uma água no rosto e tirou toda aquela sujeira que eu havia feito.

Era exatamente isso que fazia com que se apaixonasse por mim todos os dias. A cada dia eu fazia algo diferente. A cada dia eu fazia algo que nenhuma outra garota faria. Eu poderia ter acordado ele aos beijos, mas eu sabia que acordá-lo daquele jeito irritante e engraçado era bem mais a nossa cara. já não estava tão bravo. Na verdade, ele estava sorrindo como um idiota. Sorrindo porque éramos irritantemente perfeitos um pro outro. Saiu do banheiro e deixou sua escova de dente em seu quarto.

Minha mãe ainda não havia ligado e isso era realmente muito impressionante. Peguei o meu celular novamente para consultar as chamadas e vi que não havia nenhuma chamada perdida. Percebi a cama se mover e no segundo seguinte já estava em cima de mim. Deu um beijo estalado em minha bochecha e depois deu um selinho.

- O que está fazendo? – Ele se referia ao celular. Não sabia por que eu estava mexendo nele.
- Minha mãe ainda não ligou. – Eu disse, sem olhá-lo, pois eu ainda olhava para a tela do celular. ficou sério e me olhou como se dissesse ‘Sério?’. Aproximou-se novamente e puxou o meu lábio inferior me fazendo sorrir rapidamente.
- Esquece a sua mãe. – também sorria, mantendo nossos lábios colados. Tirou o celular das minhas mãos e o colocou novamente sobre o criado mudo. Eu segurei a risada, colocando meus braços em torno do pescoço dele. – Mimada... – olhava em meus olhos e mantinha nossos lábios colados.
- Idiota... – Eu disse daquele mesmo jeito. cerrou os olhos como se tivesse se ofendido.
- Insuportável! – arqueou as duas sobrancelhas e disse, enquanto ria.
- Porque não cala a boca? – Eu também cerrei os olhos, começando a rir. Ele arregalou os olhos e deu um enorme sorriso, aproximando-se para outro selinho. O selinho acabou se transformando em beijo. O beijo foi aprofundado e durou um bom tempo. Os lábios dele somente se descolaram dos meus para deslizar até o inicio do meu pescoço.

As coisas pareciam caminhar para o que tanto queríamos. Os beijos em meu pescoço continuavam até que seu rosto voltou a subir. Os lábios dele voltaram a parar em frente aos meus. Os olhos dele pareciam me enfeitiçar, enquanto ele me olhava daquele jeito tão intenso. Uma das minhas mãos desceu até o rosto dele e tentou trazê-lo para mais perto para que eu pudesse beijá-lo. Ele deixou que eu o trouxesse para mais perto, mas não permitiu que eu o beijasse. sorriu e segurou a risada, pois era eu quem sempre fazia isso com ele. Tentei beijá-lo mais algumas vezes, mas ele continuava me provocando.

Só havia um jeito de resolver aquela situação. Usei toda a minha força para tirá-lo de cima de mim e quem foi pra cima dele fui eu. Segurei seu rosto com minhas duas mãos e o beijei. O beijo mal havia sido aprofundado e eu já havia intensificado ele. Minhas pernas estavam apoiadas no colchão e estavam uma em cada lado do corpo do . As mãos dele tocaram minhas coxas e subiram em direção ao meu quadril.

- Espera, espera, espera. – descolocou nossos lábios, me fazendo olhar para ele demonstrando impaciência.
- O que foi? – Eu perguntei, sem entender.
- Não vai dar. – fez careta, me olhando de bem perto.
- O que!? – Eu me afastei de seu rosto imediatamente, mas continue em cima dele.
- Não dá tempo. Eu tenho que voltar pra Atlantic City. – fez bico, demonstrando que não queria ir.
- Porque tão cedo? – Eu não conseguia entender. Porque tanta pressa?
- Seu pai me deu a passagem de volta. Ele comprou para o voo que sai ás 10:30. – explicou, olhando para mim.
- Não acredito. – Eu rolei os olhos e suspirei longamente. – Porque não me disse antes? Esperou que eu criasse expectativa pra isso? – Eu olhei pra ele, furiosa.
- Achou que ia me acordar com pasta de dente e ia sair impune dessa? – fez cara de malandro. Eu cerrei os olhos, incrédula.
- Está dizendo que fez isso de propósito? – Meus olhos continuavam cerrados.
- Ops! – ergueu os ombros e começou a rir.
- Ops? – Eu repeti de forma indignada. – OPS? – Meu olhos fuzilavam ele. – Seu.. – Eu ia xingá-lo, mas achei melhor atacar uma almofada em sua cara.
- Ei, não fica brava. – segurou meu braço e trouxe novamente meu corpo pra mais perto do seu. – Eu só estava brincando. – sorriu fraco, puxando meu rosto pra perto do seu e selando meus lábios. – Eu quero isso e você sabe, mas eu tenho que ir. – disse entre um selinho e outro.
- Eu odeio quando você fica jogando joguinhos comigo. – Eu disse, me segurando para não sorrir. Eu não resistia aos beijos dele.
- E porque você acha que eu gosto tanto de fazê-los? – sorriu, me olhando. Eu neguei com a cabeça.
- Sai logo daqui. Eu preciso me trocar. – Eu dei um último selinho nele e sai de cima dele, deitando no espaço ao seu lado.
- Tudo bem. Eu não me incomodo! – sorriu de forma malandra. – Fica a vontade. Sinta-se em casa! – piscou pra mim, segurando a risada.
- Boa tentativa. – Eu disse, começando a rir.
- Que droga. – Ele rolou os olhos e levantou como se estivesse com toda a preguiça do mundo.
- Dá tempo de tomarmos café juntos? – Eu perguntei, vendo ele caminhar em direção a porta.
- Eu acho que sim. – afirmou, virando-se para me olhar.
- Eu conheço uma lanchonete ótima aqui perto. – Eu sorri pra ele.
- Ai que susto! – suspirou, aliviado. – Por um minuto eu achei que você é quem faria o nosso café. – Ele colocou a mão no peito, demonstrando que tinha se assustado. Eu fuzilei ele com os olhos e peguei a almofada que estava ao meu lado e ataquei em sua direção.
- Idiota! – Eu segurei a risada, enquanto ele se matava de tanto rir.
- Me desculpa! Me desculpa! – ergueu as mãos, demonstrando inocência. – Você sabe que eu te amo, né? – Ele mandou um beijo pra mim, sem conseguir parar de rir.
- Sai logo daqui. – Eu cerrei os olhos, me segurando para não rir também.
- Não demora. – Ele abriu a porta e saiu, rindo.

Apesar de toda a preguiça, eu me levantei e fui até o meu guarda roupa. Procurei um shorts, uma blusinha e uma rasteirinha. Passei um pouco de perfume e passei um fraco delineador nos olhos, apenas para destacá-los. Conferi o espelho antes de sair do meu quarto e ir até o dele. A porta estava fechada, então eu tive que bater nela.

- Posso entrar? – Eu perguntei, depois de dar duas batidas na porta. Não houve resposta. Eu bati mais uma vez e novamente não houve resposta. Eu estava tão preocupada com o fato de que ele não estava atendendo a porta, que nem percebi quando ele se aproximava por trás de mim. – ? – Eu perguntei, olhando para a porta.
- ME CHAMOU? – gritou, apertando a minha cintura por trás.
- AHHHH! – Eu gritei ao levar um enorme susto. – AI, QUE DROGA! – Eu coloquei as mãos no rosto, furiosa.
- Desculpa! Não deu pra evitar. – riu, passando seus braços em torno da minha cintura. Ele ainda estava atrás de mim. O rosto aproximou-se do meu pescoço e beijou o meu ombro. – Vamos? – Ele perguntou, beijando minha bochecha.
- Você está muito engraçadinho hoje. – Eu suspirei longamente.
- Eu? E quem foi que passou pasta de dente na cara de quem? – soltou a minha cintura para vir em minha frente e olhar em meu rosto.
- Isso não conta. – Eu disse, segurando a risada.
- Não conta, né? – cerrou os olhos, rindo.
- Vamos, vai. – Eu me aproximei e selei os seus lábios. Ele segurou a minha mão e me puxou em direção a escada. – Pegou tudo o que é seu? – Eu perguntei, antes de sairmos de casa.
- Acho que peguei. Eu não trouxe quase nada. – olhou em volta, tentando se lembrar de ter esquecido algo.
- Então vamos. – Eu passei pelo chaveiro que tinha perto da porta e peguei a chave do carro. Saímos da casa de mãos dadas e fomos em direção a rua, onde o carro estava estacionado.
- Fala ae, Big Rob. – passou pelo segurança, que estava na janela de seu quartinho.
- Beleza, ! – Big Rob fez joia, fazendo rir. Ele sempre achava muito engraçado tudo e qualquer coisa que Big Rob fazia. – Bom dia, . – Big Rob me cumprimentou.
- Bom dia, Big Rob. – Eu acenei pra ele.
- Onde está a chave do carro? – estendeu a mão, quando paramos em frente ao meu carro.
- Eu dirijo. – Eu mostrei a chave e pisquei pra ele.
- Eu não sou maluco. – brincou, mas eu continuei séria.
- Então é melhor aprender a ser. – Eu forcei um sorriso e fui em direção a porta do motorista.
- E lá vamos nós. – fez careta, entrando e sentando-se no banco do passageiro.
- Para de fazer drama. – Eu rolei os olhos, ligando o carro.

Eu não era má motorista! Era exagero dele, aliás, ele aprendeu isso com o . Comecei a dirigir em direção a lanchonete. Eu já conhecia bem os arredores do bairro, então eu sabia muito bem como chegar até lá, porém, era a primeira vez que eu dirigia em Nova York. Não era como se as regras fossem diferentes, mas haviam mais semáforos, lombadas, placas e carros.

- , olha a lombada! A LOMBADA! – gritou, segundos antes de eu passar não tão rápido pela lombada.
- Eu vi! – Eu revirei os olhos.
- Se viu porque não diminui a velocidade? – me olhou, assustado.
- Dá pra parar de reclamar? – Eu suspirei, irritada.
- Dá pra fazer o que você aprendeu na autoescola, por favor? – disse em tom de crítica. – OLHA A.. – ia dizer, mas eu o interrompi.
- A LOMABADA! EU VI! – Eu gritei, deduzindo o que ele diria.

Em menos de 5 minutos havíamos chego na lanchonete, que estava um pouco lotada, já que era o horário em que todo mundo costuma tomar café da manhã. Eu estacionei o carro em uma das vagas do estacionamento e devo acrescentar, ficou completamente alinhado. Cadê os aplausos?

- Certo! Me dê a chave? – disse, assim que eu desliguei o carro. Olhei pra ele sem entender.
- O que? Pra quê? – Eu continuei olhando pra ele, curiosa.
- Eu vou levar o carro de volta pra Atlantic City. Você corre mais perigo com o carro do que sem o carro. – disse, segurando a risada, pois sabia que eu ficaria brava.
- Cala a boca ou quem vai correr perigo é você. – Eu fuzilei ele com os olhos e abri a porta do carro.
- Tudo bem! Eu parei agora! – riu, saindo rapidamente do carro para me alcançar. – Hey, espera! – chegou ao meu lado e puxou minha mão, me fazendo virar para ele. – Não fica brava. Você sabe que eu estou brincando! – pediu de forma doce.
- Eu não estou brava. – Eu neguei com a cabeça.
- Está sim! – arqueou a sobrancelha.
- Não estou! – Eu neguei novamente com a cabeça.
- Certo, então repita o que eu vou dizer. – segurou a risada, olhando pra mim. – Eu amo você... – disse, esperando que eu repetisse.
- Eu amo você... – Eu revirei os olhos. Era mesmo necessário?
- E amo a sua bunda, pela qual tenho obsessão. – disse, se esforçando para ficar sério. Ao ouvir o resto da frase que ele queria que eu repetisse, eu comecei a rir.
- Olha só, o sorriso que eu estava procurando. – sorriu, olhando para o meu sorriso, enquanto eu parava de rir. Ele se aproximou e selou os meus lábios, enquanto nós dois sorriamos.
- Você não existe. – Eu neguei com a cabeça, tocando seu rosto com uma das mãos, enquanto dava outro selinho nele. Os braços dele estavam em torno da minha cintura.
- Você ainda não repetiu. – afastou nossos rostos e arqueou a sobrancelha me olhando de perto.
- Sério? – Eu mordi o lábio inferior, sem acreditar que teria que repetir aquilo.
- Estou esperando. – forçou uma expressão séria e ficou me encarando, esperando que eu repetisse a tal frase. Eu rolei os olhos e neguei com a cabeça.
- Eu amo você e a sua bunda, pela qual tenho obsessão. – Eu repeti, sem jeito.
- Eu sabia. – riu, se achando.
- Eu te odeio. – Eu me aproximei e dei vários selinhos seguidos, enquanto nós riamos.
- Está com fome ou não? – perguntou, afastando novamente nossos rostos.
- Estou faminta! – Eu respondi com convicção.
- Então vamos comer. – beijou minha bochecha carinhosamente, enquanto segurava minha mão. Começou a me puxar em direção a lanchonete.

Caminhávamos em direção a lanchonete, quando passamos por um lindo cachorro. Ele estava preso a coleira e passeava com a sua dona. Eu tenho uma extrema obsessão por cachorros. Eu sou apaixonada por qualquer um deles e os acho tão fofos. Passamos pelo cachorro e eu me virei para olhá-lo.

- Ele é tão lindo. – Eu disse, olhando para trás.
- Não temos tempo. – continuou me puxando, porque sabia que se dependesse de mim, eu ficaria a tarde toda paparicando aquele cachorro.
- Você viu como ele era lindo? – Eu perguntei, enquanto passávamos pela porta da lanchonete.
- Ele era bonito mesmo. – respondeu e me olhou, sorrindo. – Porque nunca teve um? Você sempre amou cachorros. – nunca entendeu o porquê de eu nunca ter tido um cachorro.
- O odeia cachorros. – Eu fiz bico. Aquele era quase um trauma de infância. Eu nunca pude ter um cachorro.
- Ah! É mesmo! – havia se lembrado de diversas vezes em que havia demonstrado o seu ódio por cachorros. Como a vez em que ele não quis entrar na casa de uma garota que estava ficando porque o cachorro dela estava solto. – Bem, você mora sozinha agora. Porque não procura um cachorro pra você? – deu a ideia, quando chegamos no balcão. – Panquecas? – olhou pra mim antes de pedir para atendente.
- Pode ser. – Eu afirmei e ele virou-se para a atendente e fez o pedido: panquecas com calda de chocolate e dois sucos de laranja.
- Obrigado. – agradeceu, depois de pagar o café e pegar a nota fiscal. A garçonete já levaria o pedido até a nossa mesa.
- Eu pensei nisso, sabe? Mas é que agora eu vou começar a trabalhar e eu mal vou ter tempo pra mim. Como eu posso cuidar de um cachorro? – Eu expliquei, enquanto andávamos em direção a mesa que havia escolhido.
- É! Se você vai adotar um cachorro tem que cuidar. – concordou, sentando-se em um sofá de 2 lugares, que costuma a ter nesses tipos de lanchonete. Eu me sentei ao seu lado.
- É exatamente por isso que eu já desisti dessa ideia. – Eu olhei pra ele chateada. – Mas eu queria tanto. – Eu fiz bico. virou o seu rosto para me olhar e quando viu o meu bico, sorriu. Aproximou-se e selou os meus lábios com um sorriso.
- Um dia você terá um. – disse entre um selinho e outro.
- Isso é uma promessa? – Eu interrompi o beijo com um enorme sorriso.
- Não. – revirou os olhos e riu rapidamente, pois percebeu que eu já havia ficado empolgada com o assunto.
- Não custa nada tentar, né? – Eu ergui os ombros, fazendo ele rir.
- É isso? – passou um dos braços no encosto do sofá atrás de mim para ficarmos mais próximos.
- Isso o que? – Eu arqueei uma das sobrancelhas e sorri, sem entender.
- O próximo item das coisas que quer fazer? A faculdade e agora um cachorro? – estendeu uma das mãos para que eu fizesse o mesmo com a minha. Eu aproximei minha mão da dele e ele a segurou. Nossos dedos começaram a brincar uns com os outros, me fazendo sorrir sem motivo algum.
- Eu não sei. – Eu voltei a olhá-lo. O rosto dele estava bem perto do meu e ele me olhava daquele jeito doce, que tanto me encantava.
- Com licença. – A garçonete aproximou-se e deixou um prato enorme com panquecas e calda de chocolate sobre a mesa.
- Obrigado. – agradeceu tirando o braço que estava em torno de mim e ficando de frente para a mesa. Eu fiz a mesa.
- Eu não sei se é porque eu estou com fome, mas parece delicioso. – Eu passei o dedo pela calda de chocolate e depois o lambi.

Comemos as panquecas com um pouco de pressa, pois tínhamos pouco tempo até o horário de voo dele. Ele pagou pela conta e corremos para o aeroporto. Ele retirou a sua passagem e já havia feito o check-in. Agora era só embarcar. Eu ficaria com ele até o último minuto. Não sabia quando o veria novamente.

- Dá próxima vez, você é quem deve ir pra Atlantic City. – me olhou.
- Eu vou para te ajudar a escolher o seu apartamento. Eu disse que vou. – Eu sorri, pois sabia o quanto ele estava empolgado com aquele assunto.
- É, sobre isso... – achou que talvez fosse a hora de contar sobre o apartamento que havia encontrado, mas o seu celular tocou antes mesmo dele terminar a frase. – Espera. – pediu, atendendo o celular.
- ? – Amber perguntou quando percebeu que alguém havia atendido o seu celular.
- Oi, sou eu. – não quis citar nomes pois eu estava bem ali na sua frente.
- Adivinha quem é o mais novo dono daquele belo apartamento do centro? – Amber estava tão empolgada que nem conseguiu esconder.
- NÃO BRINCA! – gritou empolgadamente.
- Quando você chegar, ligue para mim e eu te levo até a casa da dona para assinar os papéis. – Amber explicou.
- Obrigado, muito obrigado! – agradeceu e desligou o celular. Eu olhava pra ele sem entender nada.
- O que foi que aconteceu? Ganhou na loteria? – Eu quase ri, olhando toda a sua empolgação.
- Melhor! – me olhava com aqueles olhos alegres.
- Quem era no telefone? – Talvez se eu soubesse quem era , eu descobrisse do que se tratava.
- Era a Amber. – Só pode ser brincadeira! Amber? Eu já não compartilhava daquela felicidade.
- Amber? O que ela queria? – Eu arqueei a sobrancelha.
- Eu consegui um apartamento incrível no centro de Atlantic City! – foi direto pra notícia.
- O QUE? Não acredito! – Eu voltei a sorrir com empolgação. O abracei para parabenizá-lo. – Eu estou tão feliz por você. – Eu voltei a olhar em seu rosto.
- Eu estou muito empolgado! – nem conseguia conter a sua empolgação.
- Mas o que a Amber tem a ver com isso tudo? – Eu não perguntei tão séria, pois não queria estragar o momento de tanta felicidade.
- Foi ela quem me indicou o apartamento. – nem estava se dando conta de que aquilo poderia me deixar decepcionada.

Era só o que me faltava. Amber havia ajudado a escolher um apartamento. Amber ajudou a fazer o que eu deveria ter feito. Que vadia! Como o permitiu isso? Como ele pode dar um passo tão grande sem mim? Tudo bem que eu estava longe demais para ajudá-lo e ele não poderia me esperar para fazer tudo em sua vida. Ele havia dito que queria que eu o ajudasse, ele disse que era importante para ele que eu o ajudasse. Porque a Amber fez isso?

Eu tenho quase certeza que não deixei que ele percebesse a minha decepção no meio disso tudo. Ele estava empolgado demais para perceber. Nos despedimos e ele me fez prometer que estaria lá no dia que recebesse a chave do apartamento. Eu prometi apenas para que ele não pensasse em fazer isso com a Amber também. Eu queria ajudá-lo de alguma forma naquilo tudo.

Aquela noticia havia me abalado por dias. Eu jamais me conformaria com o fato de Amber ter tido alguma influência na escolha do apartamento. Deveria ser eu! Tudo bem, eu preciso esquecer isso. Afinal, 3 semanas já se passaram e agora eu estava a caminho de Atlantic City para estar lá no primeiro final de semana dele no apartamento. Ele achava que eu só chegaria no dia seguinte, portanto era uma surpresa. O endereço eu já tinha e o GPS me ajudaria a chegar até lá.

Estacionei o carro em frente a um apartamento. Ele era realmente bonito e uma música alta vinha de um barzinho logo ali na frente. Eu desci do carro e comuniquei ao porteiro que eu precisava subir porque se tratava de uma surpresa. O porteiro era bem mais gentil e fácil de lidar que o Big Rob. Peguei o elevador e parei no 4° andar. Procurei pelo número de apartamento que ele havia me dado e parei em frente a porta. Arrumei o vestido e o cabelo antes de tocar a campainha. Toquei a campainha pela segunda vez e ouvi o barulho da porta sendo destrancada. A posta abriu-se e lá estava quem eu menos desejava ver.

- Amber? – Eu disse sem entender porque diabos ela estava abrindo a porta do apartamento do MEU namorado. O que ela estava fazendo ali em uma sexta-feira a noite?





Capítulo 43 – Ocupando o Vazio do Amor



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:


- ? – Amber pareceu mais surpresa do que eu. – Oi. – Ela tentou sorrir, mas é claro que eu consegui ver a falsidade através daquele murcho sorriso. Ela me olhou de cima a baixo e eu fiz o mesmo. Ela tem mesmo que usar aquele shorts minúsculo que aparece a polpa do seu quadril e a aquela blusinha que aparece parte da sua cintura? É claro que tem. Vadias são assim.
- Quem era? – apareceu ao lado dela segurando uma chave de fenda. Quando ele me viu, sua primeira reação foi me olhar dos pés a cabeça e logo depois ele sorriu. Sorriu daquele jeito bobo e lindo que fazia com que eu me lembrasse daquele garotinho do 1° ano. – Você... – O riso de não deixou que ele terminasse a frase. – Você veio. – Ele completou logo depois de colocar a chave de fenda em algum lugar sem deixar de me olhar. Amber o olhou e viu aquele olhar. Viu o jeito com que ele me olhava. O jeito com que ele nunca havia olhado pra ela.
- Eu disse que viria, não disse? – Eu ergui os ombros, abobalhada com o olhar e o sorriso que ele me lançava. Eu até havia me esquecido que Amber estava ali. também parecia ter se esquecido. Ele passou rapidamente por ela e agarrou meu corpo e o colou com o seu. Os braços dele estavam em torno da minha cintura e os olhos dele estavam fechados. Meus braços estavam em torno do seu pescoço, mas meus olhos se mantinham abertos. Eu não poderia perder a chance de olhar na cara da Amber. A expressão de ódio dela ficou evidente. Eu sorri pra ela e ela cerrou levemente os seus olhos.

jamais conseguiria descrever o que ele sentiu quando me viu naquela porta. Ele não estava esperando. Ele não esperava que eu estivesse ali em um dia tão especial pra ele. Ele não esperava que eu estivesse exatamente onde ele queria que eu estivesse. Ele afastou um pouco nossos corpos para poder colocar seu rosto em frente ao meu. Ele me olhou nos olhos e eu parecia enfeitiçada por aquele jeito doce que ele tinha. Uma das mãos dele subiu até o meu rosto e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Eu me aproximei e selei longamente os seus lábios. O beijo não foi aprofundado. Tenho quase certeza que a presença da Amber teve alguma culpa nisso.
- Vem, eu quero que conheça. – segurou a minha mão e me puxou pra dentro do apartamento. Amber já não estava mais na porta. Onde diabos ela estava? – É aqui. – olhou em volta. Estávamos na sala.
- Wow... – Eu soltei a mão dele para poder olhar tudo mais detalhadamente. – É incrível. É grande, né? – Eu continuei analisando tudo. – E essa mesa de sinuca... Eu esperava algo assim! – Eu o olhei e segurei o riso.
- Você me conhece. – ergueu os ombros e riu.
- Bem, eu estou indo embora. – Amber apareceu repentinamente na sala. Ela estava com uma bolsa agora. – Eu não vou atrapalhar vocês. – Ela tentou sorrir.
- Você não vai atrapalhar, Amber. Você pode ficar se quiser. – Eu sou uma atriz! Onde estão as palmas?
- É... – me olhou, confuso. – Pode ficar. – Ele sorriu, parecendo estar confuso.
- Não, eu tenho que ir mesmo. – Amber começou a andar em direção a porta.
- Então eu te levo até a porta. – andou rapidamente até a porta e a abriu para que Amber saísse.
- Obrigada. – Amber estava do lado de fora do apartamento, mas virou-se para olhar para que ainda estava na porta.
- Eu é que agradeço. Você me ajudou muito hoje. Obrigado. – deu o seu melhor sorriso para a melhor amiga.
- Imagina. Você sabe que pode me chamar sempre que precisar. – Amber disse e olhou discretamente pra mim. Vadia! E o medo dela de falar isso estando mais perto de mim?
- Eu sei que sim. – a olhou, agradecido.
- Boa noite. – Ela acenou e se afastou.
- Boa noite. – esperou perdê-la de vista para fechar a porta. Ele virou-se para voltar a me olhar e viu que eu parecia incomodada. – Desculpe. – voltou a se aproximar.
- O que... – Eu apontei em direção a porta. – O que ela estava fazendo aqui? – Eu completei a pergunta.
- Bem, você chegaria amanhã e eu queria que tudo estivesse perfeito quando você chegasse. Ela se ofereceu para me ajudar a colocar tudo em ordem. – voltou a olhar em volta. – Não deu tempo de fazer muita coisa. Desculpe por toda essa bagunça. – parecia chateado com a situação.

Eu estava mais do que pronta para iniciar uma discussão pelo fato da Amber estar ali, mas agora eu não posso. Ela estava ali por um bom motivo. Quer dizer, eu ainda odiava o fato dela estar tão perto, mas ele queria fazer algo especial pra mim. Como eu poderia iniciar uma discussão por causa disso? Droga, não dá! Não dá!

- Está brincando? Está lindo. – Eu me aproximei de vez e passei meus braços em torno do corpo dele. Apoiei minha cabeça em seu peito e olhei novamente para a sala do apartamento. – Eu gosto assim. Eu quero ver como ele está agora e quero ver como ele vai ficar depois. Eu quero fazer parte de todo esse processo, sabe? – Eu levantei meu rosto para olhá-lo e ele apenas ficou me olhando. Ele começou a negar com a cabeça me fazendo rir. – O que foi? – Eu ficava até sem jeito quando ele me olhava daquele jeito.
- Você... – Ele continuava com aquele riso nos lábios. – Eu te amo. – Ele me olhou nos olhos e eu estremeci.
- Eu acabei de dirigir duas horas por você. – Eu coloquei uma das minhas mãos em sua nuca e aproximei nossos rostos. – Eu acho que também te amo. – Eu terminei de dizer e em menos de 5 segundos depois, os lábios dele já estavam colados aos meus. Dessa vez não havia desculpas para o beijo não ser aprofundado. Os braços dele fizeram a volta em minha cintura e colou meu corpo ao dele. O beijo foi longo. Eu acho que era um jeito de matarmos a saudade das últimas semanas. Ele terminou o beijo de forma rotineira. O riso causado quando um de nós puxava o lábio inferior do outro era basicamente a nossa marca.
- Você não pode estar aqui. – negou com a cabeça, enquanto as pontas dos nossos narizes ainda se tocavam.
- Eu estou e estou louca pra conhecer o resto do seu apartamento. – Eu disse e ele pareceu ter despertado repentinamente.
- É claro! – Ele agarrou a minha mão. – Vem, eu vou te mostrar tudo. – começou a me puxar.

Sem querer dar o braço a torcer e dar créditos a Amber, mas o apartamento era realmente bom e bonito. Pelo menos ela havia prestado para alguma coisa, não é? estava tão feliz que até me impressionou. Eu também estava feliz por estar ao lado dele naquele momento importante da vida da sua vida, mesmo que eu não tenha ajudado na escolha do apartamento.

- Essa é a cozinha. – acendeu a luz da cozinha. – E é o único lugar que faltou arrumar da casa. – fez careta.
- É bem grande, né? – Eu analisei.
- Sim, maior do que eu queria que fosse. – concordou.
- Melhor grande do que pequena. – Eu não quis que ele achasse que eu estava colocando defeito.
- É mesmo. – Ele concordou e voltou a me puxar. – Vem, vou te mostrar o banheiro e o meu quarto. – continuou me puxando. Entramos em um pequeno corredor que tinha 2 portas. Entramos em uma delas. – Aqui é o banheiro. – Ele deixou que eu entrasse, já que o espaço não era grande.
- Você que colocou os armários e tudo isso? – Eu fiquei impressionada. Ele havia cuidado de tudo aquilo sozinho?
- Não, o banheiro já veio todo mobiliado. – explicou.
- E o seu quarto fica aqui em frente? – Eu apontei em direção a porta.
- Sim, vem ver. – Ele me chamou com a cabeça e eu o acompanhei. – É aqui. – foi até o centro do quarto e virou-se para me olhar.
- Uau! – Eu fiquei impressionada com a decoração. – É tão grande e está muito bem organizado... Wow! – Eu ainda analisava o quarto. As paredes brancas, um grande armário e a cama enorme no centro. Havia um criado-mudo em cada lado da cama e sobre eles havia alguns porta-retratos. O violão estava em um dos cantos do quarto e havia uma cômoda de madeira em um outro canto e sobre ela havia mais alguns porta-retratos.
- Você gostou mesmo? Eu não sei muito bem sobre essas coisas de decoração. – Ele riu de si mesmo.
- Não, ficou bem legal. Eu gostei. – Eu percebi que ele parecia confuso sobre tudo. Era a primeira vez que ele morava sozinho. Era normal que ele não sabia muito bem como ajeitar e organizar as coisas, mas ele estava se saindo muito bem. – E essa cama? É nova, né? – A cama era realmente enorme. O outro quarto dele era menor, não cabia uma cama desse tamanho. Com certeza é nova e parece um pouco familiar.
- Depois que eu dormi na sua cama naquele dia, eu tinha que ter uma daquela pra mim. – quase riu.
- Eu sabia que você havia gostado da minha cama. Até usou a desculpa da chuva pra dormir nela. – Eu olhei pra ele, cerrei os olhos e ele riu.
- Foi uma desculpa sim, mas não era na cama que eu estava pensando. – rolou os olhos, fez careta, enquanto segurava um sorriso.
- Não aconteceu, mas foi lindo. Você cantou pra mim. Eu amo quando você canta pra mim. – Eu não queria que ele se sentisse frustrado por conta do que havia acontecido.
- Eu dormi na mesma cama que você e acordei virgem. Isso não é legal. – revirou os olhos. Ok, ele já estava se sentindo frustrado.
- Não, não, para com isso. – Eu me aproximei e beijei longamente uma das suas bochechas. – Não é tudo sobre sexo também. – Eu passei meus braços em torno do pescoço dele e passei a olhá-lo de bem perto.
- Eu sei disso! É por isso que tenho 19 anos e sou virgem. – insistiu no assunto.
- Isso não é um problema, sabia? Nós podemos resolver isso rapidinho. – Eu disse e ele riu de forma espontânea. Ele ficou me analisando, esperando eu dizer que estava brincando.
- Eu espero que seu celular esteja desligado. – brincou e eu gargalhei.
- E onde está o seu? Eu vou jogá-lo pela janela. – Eu entrei na brincadeira e ele começou a me dar diversos selinhos.
- Eu preciso ir tomar banho antes. Você está tão cheirosa e eu estou assim. – Ele abriu os braços e olhou para a sua roupa.
- Não precisa. – Eu rolei os olhos.
- Precisa sim. Eu já volto! É rapidinho. – selou meus lábios pela última vez e correu para o seu armário, pegou uma roupa e depois correu para o banheiro.

Agora eu vou ter que esperá-lo. Aproveitei o tempo para dar mais uma olhada no quarto dele. Os porta-retratos sempre chamavam a minha atenção. Me aproximei da cama e de um dos criados-mudos. Lá havia uma foto nossa. Ele estava mordendo uma das minhas bochechas e eu estava fazendo uma careta pra câmera. A foto era engraçada e descrevia muito bem o tipo de casal que nós éramos. Eu me lembro de termos tirado aquela foto em um dos intervalos da escola. Coloquei o porta-retrato no mesmo lugar de antes e dei a volta na cama para ver o outro. Era uma foto dele com a mãe e com a . A Sra. Jonas estava no centro e os filhos faziam careta pra foto, deixando bem claro que não queriam tirar aquela foto. era tão pequena! Eu simplesmente amava o fato dele ser tão ligado a família.

Ouvi o chuveiro ser desligado, mas não parei de olhar seus porta-retratos. Fui até a cômoda de madeira, onde havia mais dois porta-retratos. Em um deles tinha uma foto dele com os amigos. , , e estavam lado a lado. Eles estavam com o uniforme do time de futebol da escola. estava dando aquele belo e grande sorriso; tinha um sorriso mais tímido, mas que não deixava de ser bonito de jeito algum; estava com os braços cruzados e tentava se fazer de sério, mas havia deixado um sorriso escapar e erguia uma das sobrancelhas e mantinha um belo sorriso no rosto. Incrível como ele sempre foram amigos inseparáveis. Próximo e último porta-retrato! Havia um garotinho que usava um boné e parecia extremamente feliz. Ao seu lado havia um homem, que era muito bonito por sinal. Quem era?

- Demorei? – apareceu na porta do quarto. Os cabelos molhados, uma regata branca e uma calça jeans escura. Ele se aproximou para ver o que eu estava olhando com tanta atenção.
-Oi.. – Eu levantei meu rosto para olhá-lo. Wow! Eu amo quando o cabelo está molhado daquele jeito. – Eu só estava olhando as fotos. – Eu virei o porta-retrato para ele, já que ele já estava ao meu lado. Ele ficou mais sério ao ver a foto. – Esse é o... – Eu não tinha certeza.
- É o meu pai. – completou e logo depois um sorriso surgiu em seu rosto.
- Você é esse garotinho? – Eu não acreditava que era ele. Que lindo!
- Incrível como eu sempre fui adorável, não é? – brincou para dar uma descontraída.
- Meu Deus, ! Você era lindo! Olha esses olhinhos e esse sorriso. – Eu estava apaixonada. achou graça do quanto eu estava impressionada com a criança que ele foi.
- Essa é uma das únicas fotos que eu tenho com o meu pai. – olhou a foto com mais atenção. Ele mantinha aquele sorriso fraco no rosto. – Eu me lembro exatamente do dia em que tiramos ela. – Ele parecia estar recordando. Um filme estava passando pela sua cabeça. - Ele estava me levando ao meu primeiro jogo de futebol. Foi nesse dia que o futebol virou a minha paixão. – não parecia tão triste como das outras vezes que havia falado do seu pai. Era uma boa lembrança.
- O seu pai era muito bonito. – Eu comentei e o sorriso dele aumentou ainda mais.
- Eu tenho pra quem puxar. – quase riu, o que me deixou mais confortável para falar daquele assunto.
- Eu sei que vai soar estranho, mas... – Eu olhei pra foto com mais atenção. – Porque o seu pai me parece familiar? – Eu olhei pra ele, sem entender.
- Eu não sei. – arqueou a sobrancelha. – Bem, as pessoas viviam dizendo que nós éramos muito parecidos. Pode ser isso. – As pessoas sempre compararam ao pai.
- É, pode ser isso. – Eu desencanei. – Você realmente se parece com ele. Ainda mais agora. – Eu olhei pro e depois pra foto.
- É, eu vou ficar feliz se um dia eu for metade do homem que ele foi. – idolatrava o pai. Seu pai foi e sempre seria um exemplo a ser seguido.
- Sabe, seu pai era bem bonito, mas eu ainda prefiro o filho. Faz mais o meu tipo. – Eu disse e riu sem emitir som. Ele beijou carinhosamente o meu rosto.
- Eu queria tanto que ele tivesse te conhecido. Ele ia gostar de você, sabia? – disse de um jeito doce, mas que também demonstrava um pouco de tristeza.
- Será? – Eu coloquei o porta-retrato sobre a cômoda novamente e me virei de frente para ele.
- Eu tenho certeza. Ele entenderia o porquê de eu ter escolhido você para ser a garota que ele citou quando nos falamos pela última vez. – tocou o meu rosto e acariciou uma das minhas bochechas.
- Eu também queria conhecê-lo. Eu queria agradecê-lo por ter feito de você o homem mais incrível e perfeito pra mim. – Eu disse, olhando em seus olhos. imediatamente sorriu daquele jeito bobo.
- Você é incrível de todos os jeitos possíveis. – negou com a cabeça e logo depois se aproximou e beijou meu ombro descoberto. Subiu até o meu rosto e selou meus lábios longamente.
- Onde quer que ele esteja, eu espero que ele saiba que eu vou fazer de tudo para fazer o garotinho dele o homem mais feliz do mundo. – Eu disse logo após o beijo.
- Você me faz tão bem. – O rosto dele continuava próximo ao meu e as pontas dos nossos narizes ainda se tocavam. – Eu também me sentia assim quando estava com ele. – completou.
- Ele é um tipo de herói pra você, não é? – Eu perguntei, aproveitando que estávamos falando sobre aquele assunto. Era bem raro.
- Sim, ele era. – sorriu fraco. Parecia que estava tendo outra recordação. – Quando eu era bem mais novo, eu costumava ter pesadelos terríveis. Toda vez que eu tinha esses pesadelos, eu acordava e corria até a cama dele e da minha mãe. – continuava contando como se fosse uma boa lembrança. – Eu o acordava e ele voltava comigo para a minha cama. Eu me lembro que mesmo com ele ali, eu não conseguia dormir. Então ele cantava ‘Hey Jude’ pra mim. Era a sua música favorita dos Beatles. – percebeu a surpresa em meu rosto quando eu ouvi o nome da música. Era a mesma música que ele havia cantado pra mim naquela noite. Foi a música que ele cantou para me acalmar e me ajudar a dormir.
- ‘Hey Jude’ ? – Meus olhos começavam a arder. – Você cantou pra mim. – Ele havia usado uma coisa tão marcante dele e do pai dele comigo. Eu não consigo explicar o quanto isso é lindo e emocionante pra mim.
- Eu aprendi com o melhor. – ergueu os ombros e sorriu de forma doce.
- Você é o melhor agora. – Eu dei o meu melhor sorriso para espantar todas as lágrimas que estavam a caminho dos meus olhos. Eu beijei seu rosto e passei meus braços em torno dele para abraçá-lo.
- Porque estamos falando sobre isso? – disse em meu ouvido, fazendo com que terminássemos o abraço. – Você está aqui! Deveria ser uma coisa feliz. – mudou rapidamente de comportamento e voltou a ser o bobão de antes.
- Você está certo! – Eu neguei com a cabeça e ri.
- Esqueça isso e venha comigo. Eu esqueci de te mostrar o melhor lugar da casa. – segurou a minha mão e me puxou para fora do quarto.
- Não me diga que você instalou uma barra de pole dance aqui. Eu não sei dançar pole dance, . – Eu brinquei e ele gargalhou.
- Eu vou providenciar isso para a próxima vez que você vier aqui. – continuou rindo e me puxando. – É por aqui. – Ele parou em frente a uma porta enorme.
- Então é isso? A porta? – Eu encarei a porta procurando alguma coisa importante.
- Preparada? – soltou a minha mão para que pudesse abrir a porta. Ele empurrou as duas portas e eu dei de cara com uma sacada. Uma sacada pequena, mas me chamou a atenção de qualquer jeito.
- Oh meu Deus... – Eu dei alguns passos e me acompanhou. Eu fui até a mureta que deveria bater um pouco acima da minha barriga. – Isso é... – Eu não conseguia completar a frase. Eu estava tão vidrada e impressionada com aquela vista da cidade e com aquelas luzes. – Isso é loucura, . – Eu olhei pra ele, perplexa.
- Eu não tinha certeza sobre esse apartamento até ver essa sacada, essa vista. Eu sabia que você ia adorar. – me olhava com aquele sorriso lindo, enquanto eu continuava apreciando aquela bela vista.
- Eu adorei esse lugar. – Eu disse, sem olhá-lo. – Mesmo sem a minha ajuda, você se saiu bem na escolha do apartamento. Eu não consigo pensar em nada melhor que isso. – Os altos prédios estavam totalmente iluminados
- Você me ajudou sim. – saiu do lado e veio atrás de mim, colocando seus braços em torno do meu corpo e apoiando suas mãos na mureta logo ao lado da minha. Ele apoiou o seu queixo em um dos meus ombros e agora olhava para o mesmo local que eu. – Eu queria um apartamento perfeito, mas não só pra mim. Eu queria um apartamento perfeito para nós. Eu pensei em você em cada detalhe dessa casa. – beijou o meu ombro. – Porque eu precisaria de um quarto tão grande? Eu precisava de uma cama grande. Uma cama que coubesse nós dois. – começou a explicar. – E a cozinha grande? Você é uma terrível cozinheira, mas você é empenhada. Vive tentando fazer o impossível. – Ele brincou e eu neguei com a cabeça. - A mesa de bilhar? Eu poderia colocar uma de poker, mas eu sei o quanto você adora jogar bilhar. Mesmo você perdendo todas pra mim. – disse, me fazendo rir. – E o banheiro? Eu não sei se você notou, mas aquele armarinho é bem grande. Até cabe essas coisas de mulheres. – Coisas de mulheres? Deus, como eu paro de rir? – O que? É verdade! – também começou a rir. – Essa sacada é o meu grande trunfo. – virou o seu rosto para me olhar e aproveitou para beijar minha bochecha.
- Trunfo? – Eu fiz careta.
- Você está tão longe. Eu precisava de um trunfo pra te atrair. Eu quero que você venha ficar comigo com mais frequência. Eu quero que você venha ver essa vista comigo sempre que puder. – disse, mas parecia não saber o quão doce aquilo estava soando. Aproveitei que a mão dele estava próxima da minha e a segurei, trazendo-a para perto do meu rosto. Beijei a parte superior da mão dele e ele me apertou ainda mais.
- Está usando essa sacada, essa vista pra me comprar? – Eu perguntei e me virei para olhá-lo. Cerrei meus olhos e ele não conseguiu conter o riso.
- Funcionou? Se não funcionou, eu tenho outros truques. – também cerrou os olhos.
- Funcionou. Bom trabalho. – Fui eu quem começou a rir dessa vez. – Não precisava fazer isso. Não há coisa alguma que possa me atrair mais para Atlantic City do que você. – Eu virei o meu corpo e apoiei as costas na mureta, ficando de frente pra ele.
- É mesmo? Então vamos entrar. – deu alguns passos para trás e eu o agarrei pelo braço.
- Não! Vamos ficar aqui! – Eu voltei a rir e ele voltou a passar seus braços em torno do meu corpo, apoiando seus braços na mureta. – Eu gostei daqui. Eu quero ficar aqui. – Eu fuzilei ele com os olhos e ele riu. Eu voltei a me virar para a paisagem. – E então? E essa música alta? – Eu olhei pra baixo em direção ao barzinho ou o que quer que seja aquilo.
- Você viu? É um barzinho ou balada. Não sei ao certo. Eu estava esperando você para ir conhecer. – também olhou para baixo.
- E se nós fossemos lá amanhã? Eu quero ver os meninos e as garotas. Além do mais, você tem um apartamento. Isso merece uma comemoração, não acha? – Eu dei a ideia e esperei ele responder.
- Está combinado! – concordou de imediato. Eu continuei olhando para a rua e vi diversas pessoas entrando no local.
- Eu acho que não gostei de nada disso. – Eu fiz careta e o olhei.
- O que? – não entendeu exatamente sobre o que eu estava falando.
- Esse barzinho. – Eu arqueei a sobrancelha. – É para ir nesse tipo de lugar que as garotas costumam usar essas roupas justas, curtas e decotadas. – Eu estava brincando, mas estava tentando me manter séria.
- E? – ergueu os ombros.
- Você consegue ver todas elas pela sacada do seu apartamento. Eu odiei isso. – Eu cerrei os olhos e ele deu um enorme sorriso, pois percebeu que eu estava brincando.
- Eu não entendo nada sobre essa coisa de roupa de mulher, mas... – afastou um pouco os nossos corpos e olhou para o meu vestido (VEJA O VESTIDO AQUI). – Olhe pra você. – voltou a olhar em meu rosto. – Esse vestido parece bem curto e esse decote.. – arqueou a sobrancelha com um certo riso. – Você deve estar de brincadeira comigo. – Ele mordeu seu lábio inferior. – Você por um acaso pretende ir a algum barzinho ou festa hoje? – Ele perguntou.
- Na verdade, pretendo. – Eu quase ri, olhando pra ele.
- Sério? Onde? – cerrou os olhos, enquanto esperava pela minha resposta.
- Aqui. – Eu dei aquele olhar sedutor.
- É mesmo? – voltou a se aproximar, me fazendo colar na mureta bem atrás de mim. – E onde estão o resto dos convidados? – Ele olhava meu rosto de bem perto agora.
- É só você e eu essa noite. – Eu respondi, vendo ele acompanhar o movimento dos meus lábios com os olhos.
- E o que o seu irmão e os seus amigos vão achar quando souberem que não foram convidados? – sabia ser bem sedutor quando ele queria.
- Até onde eles sabem, eu estou em Nova York dormindo para viajar para cá amanhã bem cedo. – Eu respondi e vi que ele ficou surpreso.
- Isso é sério? – me olhou, desconfiado. Eu afirmei com a cabeça e ele quase riu. – Oh Deus, porque eu estou sentindo que não venho sendo uma boa influencia pra você? – As pontas dos nossos narizes estavam se tocando agora.
- Você é uma boa influência, mas eu acho que não sou empenhada o bastante. – Eu disse segundos antes dele me beijar. As mãos dele vieram até o meu rosto e afastaram o meu cabelo, jogando-o para trás. Minhas mãos fizeram a volta no corpo dele e agarram a parte detrás de sua camiseta. O beijo se intensificava a cada segundo e eu tive que interrompê-lo. – Ei, ei, ei... – Eu terminei o beijo, mas ele continuou tentando com alguns vários selinhos. – Vamos com calma, ok? Nós temos a noite inteira. – Eu quase ri com o modo frustrado com que ele estava me olhando.
- Ok, ok.. – revirou os olhos. – Estava fácil demais pra ser verdade. – continuou a me olhar.
- Você não está com fome? Vamos comer. – Eu perguntei, sabendo que a comida faria os ânimos acalmarem. Segurei a mão dele e o puxei de volta para dentro do apartamento.
- Eu só tenho porcaria na minha geladeira. Quer encarar ou prefere uma pizza? – parecia envergonhado por não ter nada decente para me servir.
- Pizza? – Eu fiz careta, pois não queria deixá-lo pior com relação as porcarias em sua geladeira.
- Eu também prefiro pizza. – riu e foi em direção a mesa, onde estava o seu celular. – Eu vou pedir. O de sempre, né? – começou a digitar o número da pizzaria.
- O de sempre. – Eu confirmei e me sentei no sofá.

Depois de pedir a pizza, ele se sentou no sofá comigo. Nós conversamos e falamos sobre trabalho e faculdade. Quando as lamentações sobre a falta de tempo começaram, nós decidimos mudar de assunto. Foi muito divertido ajudá-lo a colocar a mesa pro jantar. Ele nem ao menos sabia onde estavam os talheres. Tivemos que procurar gaveta por gaveta, armário por armário. Conseguimos terminar de colocar a mesa no mesmo instante em que a pizza chegou.

Era a primeira vez que jantava em seu apartamento. Era a primeira vez que ele jantava naquela mesa de jantar. Ele estava tão empolgado que era até bonito de se ver. Aquela era a realização do sonho dele e eu estava tão feliz por ele estar compartilhando essa felicidade comigo.

- É impressão minha ou a pizza estava melhor do que das outras vezes? – perguntou, depois de termos acabado de jantar.
- É, parece que estava mesmo. – Eu disse, sem dar muito atenção. Eu estava me preparando para o que eu faria a seguir.

percebeu que sua pergunta não foi bem respondida e me olhou. Trocamos olhares por alguns longos segundos. Ele arqueou uma das sobrancelhas, pois não fazia ideia do que estava acontecendo. A única que eu conseguia pensar era no quanto ele estava absurdamente maravilhoso vestindo aquela regata que deixava todos os seus músculos a mostra. continuava sem entender nada e mordi o lábio inferior para não rir. Os olhos dele desceram até os meus lábios e logo depois ele sorriu. Esperei que ele fizesse perguntas, mas ele não fez. Resolvi tomar a atitude de qualquer jeito. Me levantei da minha cadeira e fui até a dele. Os olhos dele me acompanharam e aproveitaram para me olhar de cima a baixo novamente. continuou sentado, mas levantou o rosto para olhar para o meu. Apoiei uma das minhas mãos no seu ombro para que eu pudesse me equilibrar quando passasse a minha perna para o outro lado do seu corpo. Depois de ter passado a perna, eu me sentei em seu colo. Eu estava entre a mesa e ele. Nosso rosto ficou frente a frente e ambos estávamos sérios. Ele abaixou o rosto por um momento para olhar minhas pernas que estavam em diferentes lados do seu corpo. O meu vestido que já era curto havia subido ainda mais quando eu me sentei. Desci uma das minhas mãos do seu ombro e fui deslizando o meu dedo por todo o peitoral dele. A minha atitude fez ele voltar a me olhar nos olhos. Eu espontaneamente sorri, pois achei graça no fato dele estar mais perdido que tudo.

- O que é isso? – perguntou olhando fixamente para os meus lábios. Sem responder, eu aproximei ainda mais meu rosto do dele. Toquei minha bochecha na dele e comecei a trilhar com beijos o caminho até a orelha dele. Uma das minhas mãos segurava o outro lado de seu rosto. Aquele perfume e a pele arrepiada só me fazia querer beijá-lo mais e mais. Cheguei em sua orelha e senti ele suspirar longamente próximo ao meu pescoço. Foi como apertar o play. instantaneamente se animou e eu já pude sentir as mãos dele subirem pelas minhas coxas. Fiz o caminho de volta com os beijos até nossos rostos ficarem frente a frente novamente. As pontas dos nossos narizes se tocavam agora e as mãos dele continuavam subindo minhas coxas. Os olhos eletrizantes dele me deixaram maluca, então tive que olhar para seus lábios. Minha mão continuava em seu rosto para que eu pudesse controlá-lo.

- Sobremesa! – Eu finalmente respondi e pude sentir nossos lábios quase se tocarem. rapidamente tentou me beijar, mas eu resisti. Os olhos dele me julgaram, mas eu sorri. Eu me aproximei ainda mais e parei meus lábios há menos de um centímetro dos dele. trouxe seu rosto pra frente, mas eu me afastei de novo. Ele negou levemente com a cabeça e abaixou a cabeça novamente por poucos segundos para ver o trabalho que suas mãos faziam em minhas coxas. Eu virei levemente o meu rosto para ver minha mão deslizar lentamente por um dos braços dele. Quando voltei a olhar em seu rosto, ele foi mais esperto e conseguiu colar nossos lábios, mas eu novamente me afastei. Ao me afastar, ele pôde puxar meu lábio inferior como sempre fazia. Eu estou morrendo com isso, mas a vontade de provocá-lo era maior que tudo. Eu estava esperando pelo grande momento dele.

Eu simplesmente não podia resistir. Desci minhas mãos de seus umbros e fui descendo pelo seu peitoral. abaixou o rosto e acompanhou o movimento das minhas mãos. Eu senti as mãos dele pararem de tocar minhas coxas e então eu voltei a olhá-lo. Foi nesse exato momento que ele conseguiu o que tanto queria. As mãos dele grudaram em meu rosto e o seguraram, enquanto ele aproximava o dele e finalmente me beijava. Aí está o grande momento dele. O beijo já começou com tanta intensidade que se tornou melhor do que eu jamais imaginei. As mãos dele deslizaram para trás e alcançou o meu cabelo. entrelaçou seus dedos em meu cabelo e o puxou para trás. Minhas mãos agarravam tanto a sua camisa que parecia que eu ia rasgá-la a qualquer momento. Quando eu decidi subir minhas mãos de vez, ele desceu as dele. Eu agarrei seu rosto e ele foi direto para as minhas coxas. O beijo continuava mais intenso do que nunca. Os lábios dele deslizaram em direção ao meu queixo e depois para o meu pescoço. explorava cada centímetro do meu pescoço e as mãos dele foram além. Elas continuavam subindo e subindo e quando eu notei, elas já estavam em minha cintura. Sim, ele havia levado a ponta do meu vestido até a minha cintura. Os fios de cabelo dele estavam entre os meus dedos e eu sentia os meus batimentos cardíacos aumentarem.

Os beijos de começaram a descer em meu decote. Ele soltou as minhas coxas e aproximou suas mãos dos 4 botões do meu vestido. A cada botão que ele abria era um local a mais que ele beijava e descia. Quando ele chegou no quarto botão eu já estava enlouquecendo. Cedo demais pra enlouquecer, né? Minhas mãos puxaram o rosto dele novamente pra cima e eu voltei a beijá-lo. A intensidade de tudo o que fazíamos aumentava e eu já nem sabia como. Vamos acelerar as coisas! Desci minhas mãos até o final da sua camiseta e comecei a puxá-la pra cima. Ele soltou minhas coxas e levantou os braços. O beijo foi interrompido por poucos segundos para que a regata passasse pelo seu pescoço. Explorei toda a área (agora descoberta) com as minhas mãos, enquanto voltamos a nos beijar. De onde vieram todos esses músculos? Porque eles ficaram escondidos por tanto tempo?

já não aguentava mais. Ele também precisava acelerar as coisas. Rápido! Ele segurou minhas coxas com mais firmeza e se levantou da cadeira me carregando na mesma posição. Eu ainda continuava agarrada ao seu rosto, enquanto nos beijávamos. Eu sabia que ele estava me levando para seu quarto. Eu só soube que chegamos, quando ele parou de andar. Eu desci minhas mãos e passei meus braços em torno do pescoço dele, enquanto ele começou a soltar o meu corpo lentamente. Meu corpo descia e as mãos dele continuaram no mesmo local, levando tudo o que estava no caminho. A ponta do meu vestido foi levado novamente até a cintura e eu coloquei meus pés no chãos. Nossos corpos estavam tão colados que pareciam um só. Minhas mãos voltaram a descer por aqueles braços que tanto me empolgavam. O meu vestido já estava na metade do meu corpo. O que custava tirar o resto? As mãos do foram trazendo o meu vestido pra cima, enquanto ele explorava cada local por onde suas mãos passavam. As mãos dele passaram coladas pela minha barriga e depois pelo meu sutiã. Eu levantei o meu braço para que ele tirasse o meu vestido. Descolamos nossos lábios para que o vestido passasse pela minha cabeça.

Aquela estava sendo a primeira vez em que ele me via com tão pouca roupa. É claro que ele teve que dar aquela rápida olhada. Ele sonhou com aquilo mais de 100 vezes. Incrível, mas eu não me senti nem um pouco envergonhada com aquela situação. Eu confiava cegamente nele e eu o conheço a minha vida toda. Não havia pessoa melhor para estar ali na minha frente. voltou a olhar em meu rosto e nos encaramos por um curto tempo. Eu sorri sem mostrar os dentes e ele fez o mesmo. Uma das mãos dele foi até o meu rosto e o acariciou com delicadeza.

- Tudo bem? – perguntou. Ele tinha medo te estar me assustando de alguma forma.
- Honestamente? – Eu achei graça dele estar temendo não ser tão cuidadoso. Eu selei os lábios dele e depois olhei em seus olhos. – Estou melhor do que nunca. – Eu respondi e ele ficou muito mais relaxado. Ele se achou idiota por ter se preocupado. Os olhos dele voltaram a descer para os meus lábios e uma das mãos dele jogou para trás uma parte do meu cabelo que estava caído sobre um dos meus ombros. O rosto dele se aproximou de um dos lados do meu pescoço, onde ele começou a depositar alguns beijos. As mãos dele subiam pelas minhas costas e as minhas faziam o mesmo nas costas dele. Os beijos subiram até o meu queixo e então o rosto dele voltou a parar em frente ao meu. Voltamos a nos olhar e ele parecia analisar os detalhes do meu rosto. selou os meus lábios e aproveitou para me empurrar para trás. Eu cai sentada na cama e quase ri por não ter imaginado que ele faria algo daquele tipo.

A cama era ótima, mas eu ainda era a única que estava sentada sobre ela. estava de pé em minha frente e eu esperava qual seria o seu próximo movimento. Ele se abaixou e a única coisa que eu fiz foi acompanhar tudo com os olhos. segurou um dos meus pés e tirou os meus sapatos. Se fosse em outra situação, eu o mataria por estar jogando o meu sapato pelo quarto daquele jeito. Hoje ele pode fazer o que ele quiser. Assim que se livrou dos sapatos, ele olhou pra mim e levantou-se um pouco até alcançar a cama. Apoiou suas mãos na cama e trouxe seu corpo pra cima do meu. Eu comecei a deslizar para trás e o corpo dele foi por cima do meu, me acompanhando. conseguiu alcançar o meu rosto e eu deitei de vez o meu corpo na cama. Ele me beijou e logo depois deitou o seu corpo sobre o meu. Uma das minhas mãos apertava sua nuca e a outra deslizava pelas suas costas. O beijo foi rapidamente intensificado e uma das mãos dele agarrou uma das minhas coxas e a trouxe para cima para que seu corpo se encaixasse melhor sobre o meu. Os lábios dele deslizaram para o meu pescoço e eu fui a loucura. Os beijos começaram a descer pelo meu tronco e eu tive que morder meu lábio inferior para não soltar qualquer gemido. Ele estava me deixando maluca. Os beijos passaram pelos meus seios e agora passavam pelo centro da minha barriga. Eu já não sabia como lidar com todas aquelas emoções. Era tão louco e único que eu queria que ele sentisse também. Comecei a puxar o rosto dele pra cima e ele refez todo o caminho com beijos. Quando o rosto dele chegou em frente ao meu, ele sorriu ao ver que eu respirava com rapidez.

Todo mundo sabe que eu adoro estar no poder, eu adoro ter o controle da situação e dessa vez não será diferente. Eu empurrei o corpo dele e rapidamente joguei o meu sobre o dele. Coloquei uma perna em cada lado do seu corpo e me sentei sobre a sua barriga. Eu segurei o seu rosto e comecei a depositar intensos beijos em seu pescoço. agarrou meu cabelo com uma de suas mãos e eu comecei a descer. Meus beijos acompanhavam o caminho que minhas mãos trilhavam naquele corpo maravilhoso. Passei pela barriga dele e vi que sua respiração estava mais rápida do que nunca. Cheguei no botão de sua calça e ergui meu rosto para olhá-lo. Os cotovelos dele afundavam o colchão e ele acompanhava atentamente o que eu fazia. Quando eu o olhei, ele sorriu e negou com a cabeça. Eu afirmei com a cabeça e rapidamente trouxe minhas mãos até o botão da calça dele. Eu soltei o botão e desci o zíper lentamente. Senti ele se arrepiar quando eu toquei o elástico de sua cueca. Joguei o meu cabelo para trás para que não atrapalhasse o meu caminho de volta. Comecei a subir, enquanto deslizava meus lábios por sua pele. Minhas mãos iam na frente e apertavam tudo o que viam pela frente. Fui me aproximando do seu rosto e eu percebi a sua ansiedade. rapidamente procurou os meus lábios e me beijou com uma intensidade que eu jamais havia sido beijada. Ele agarrou meu cabelo com suas duas mãos e ficou naquela mesma posição por algum tempo. precisava explorar mais aquele corpo com o que tanto sonhou, então as mãos dele começaram a descer. Passaram pelos meus ombros e abaixaram as alças do meu sutiã. As mãos dele continuaram descendo e passaram pelo fecho do mesmo sutiã preto. Eu cheguei a pensar que ele abriria o fecho de vez, mas ele não o fez. As mãos desceram ainda mais e chegaram em meu quadril. Ele apertou com vontade e eu quase interrompi o beijo ao sorrir. Com a vontade com que ele havia apertado, parecia ser um desejo antigo.

As mãos continuavam em meus quadris e ele precisava recuperar o controle. Trouxe o meu corpo pra baixo novamente e colocou o seu sobre o meu. As mãos abandonaram o meu quadril e começou a subir pelo meu corpo. Eu estava certa de que o próximo da lista era os meus seios. estava tão, mais tão perto de realizar seu antigo desejo, mas a campainha repentinamente tocou. As mãos dele pararam e o beijo também. olhou pro meu rosto, furioso. Ele mataria o desgraçado que havia ousado bater na maldita porta.

- ? – A voz gritou e nós conseguimos ouvir do quarto. – Já que você não nos convida para conhecer a sua nova casa, nós viemos sem convite mesmo. – ! Era a voz do ! Eu vi toda a raiva no olho do se transformar em desespero.
- CARALHO! É O SEU IRMÃO! – sussurrou com os olhos esbugalhados. – É O SEU IRMÃO! ESTAMOS FERRADOS. EU TO FERRADO! – Ele saltou de cima de mim e depois da cama. – ANDA, ANDA! SE TROCA! – começou a abotoar a sua calça desesperadamente.
- Não acredito. – Eu revirei os olhos, enquanto me sentava na cama. NÃO PODE SER!
- Anda logo, ! – me olhou com cara feia. – Olha os seus sapatos. – Ele começou a jogar os meus sapatos na minha direção. Eu tentei pegá-los, mas falhei. – E o seu vestido. – pegou o meu vestido do chão e voltou a jogar em minha direção só que dessa vez ele acertou o meu rosto.
- A próxima coisa que você atacar em mim, eu te faço engolir! – Eu quase gritei, furiosa.
- Desculpa, desculpa! – Ele nem ao menos olhou pra mim. Olhou em volta, sem saber o que fazer. – O que eu faço? – Ele parecia procurar alguma coisa. Eu me levantei e coloquei os sapatos e estava prestes a colocar o vestido. - A minha camiseta! – colocou as mãos na cabeça. – CADÊ A PORRA DA CAMISETA? – Só faltou ele sentar e chorar.
- Na sala, ! – Eu disse, irritada. Onde mais estaria? Foi lá onde ele tirou, ou melhor, eu tirei.
- Isso! Na sala! – saiu correndo em direção a sala. Eu vi a cena e neguei com a cabeça. Eu namoro um idiota.
- O que eu fiz pra merecer isso? – Um irmão estraga prazeres e um namorado cagão. Coloquei o vestido e abotoei os botões.
- ! – Ouvi a voz de novamente. – EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ AI! Eu vi o seu carro na garagem. – gritou, rindo.
- Não adianta se esconder, Jonas! – completou. não estava sozinho. e estavam com ele.
- O que você ainda está fazendo ai? – disse depois de me ver em seu quarto. - Ele não pode nem sonhar que você chegou perto dessa cama. Está entendendo? – me puxou pelo braço e me levou até a sala.
- Fica calmo, . – Eu não via motivo para ele estar surtando desse jeito.
- FICAR CALMO? – me olhou, indignado. Ele percebeu que estava falando alto demais e se conteve. – O seu irmão está lá fora. Ele vai saber! Ele vai desconfiar. Eu to morto! – começou a falar de forma rápida, o que demonstrava que ele estava nervoso.
- Ei, ei! – Eu me aproximei e segurei os braços dele. – Fica calmo! Ele não vai saber. Não tem como ele saber, ok? – Eu disse olhando em seus olhos. respirou fundo e parecia estar tomando coragem. – Calma. – Eu soltei seus braços e vi que ele estava se acalmando.
- Certo, está tudo bem. – respirou longamente. Ficou mais sério e centrado.
- Abra a porta. – Eu apontei pra porta e ele voltou a arregalar os olhos.
- EU? – apontou pra si mesmo.
- É a sua casa! – Eu abri os braços como se fosse obvio.
- Droga! Eu vou, eu vou! – revirou os olhos. – Olhe pra mim. Está tudo em ordem? Ele não pode sequer imaginar. – abriu os braços para que eu o analisasse. Eu comecei dos pés e fui subindo. Os meus olhos subiram os joelhos, chegaram na cintura e voltaram. Espera, espera! Havia algo errado, algo maior do que o normal. Não pode ser! – Nada? Eu vou abrir. – virou-se pra porta e eu quase tive um colapso.
- NÃO, NÃO, NÃO! – Eu corri atrás dele e ele virou-se para mim antes que eu o alcançasse.
- O que foi? – me olhou, sem entender. Como eu diria aquilo pra ele? Eu segurei o riso e neguei com a cabeça. Olhei pro teto, sem acreditar. Essas coisas só acontecem comigo. – O que foi, ? – Ele insistiu.
- É... – Eu me esforcei mais do que nunca para segurar a risada. – Você não pode abrir a porta assim. – Eu entrelacei meus dedos em meu cabelo. Eu estava muito sem jeito.
- Assim como? – abriu os braços, sem entender o que havia errado.
- É... – Meus olhos desceram e pararam no local em questão. ficou esperando eu dizer alguma coisa, mas decidiu seguir os meus olhos. Ele abaixou o seu rosto e olhou pra baixo. Ele imediatamente viu o volume em sua calça mais avantajado que o normal.
- Oh... não, não, não, não... – voltou a me olhar com o olhar de desespero. – Fodeu! Fodeu! Eu, eu... – Ele voltou a olhar para o suas calças, sem acreditar. – MERDA! Puta que pariu! – Ele suspirou, seus ombros caíram.
- Espera, . – Eu queria acalmá-lo. Não adiantava ele surtar de novo.
- Eu vou morrer! – me olhou, aflito. – Oh meu Deus! – arregalou os olhos. – Eu vou morrer virgem. – Ele fez cara de desespero.
- Para com o drama! – Eu cruzei os braços e rolei os olhos.
- Eu, eu... – não sabia como continuar a frase. – Olha pra isso! – Ele apontou para as suas calças. - Ele vai acabar comigo. – começou a andar de um lado pro outro.
- ... – Eu nem sabia o que dizer. – Ele não vai fazer nada com você. – Eu tentei acalmá-lo.
- , abre logo a porra da porta! – gritou, impaciente.
- Está vendo? – apontou pra porta. – Ele.. – nem conseguiu terminar a frase. Colocou suas duas mãos no rosto. – Oh meu Deus. – Ele suspirou.
- Porque você tem tanto medo dele? – Eu fui até ele e segurei suas mãos e as tirei de seu rosto.
- Por quê? – repetiu, irônico. – Ele não vai mais me deixar chegar perto de você e...- hesitou dizer, mas resolveu dizer de uma vez. – Merda, eu quero ter filhos! – estava dizendo tão sério que até soou engraçado. – Está me entendendo? Eu não posso fazer sexo sem... – Ele olhou para baixo novamente e viu que a situação continuava a mesma.
- Não exagera. – Eu rolei os olhos.
- Não exagerar? – quase riu. – Exagerar seria me jogar do 4° andar pra morrer de forma menos dolorosa. – dramatizou.
- ! – bateu seguidas vezes na porta. – Eu vou te matar por estar me fazendo esperar aqui! – voltou a gritar.
- Ok, 4° andar não pode ser tão alto assim. – começou a andar em direção a sacada.
- Ei, está maluco? – Eu disse, depois de correr atrás dele e entrar em sua frente.
- , olha o meu estado. – apontou suas duas mãos para o local em questão. – Você tem noção do que vai acontecer se ele ver? – me olhou, sério.
- Ele não vai ver, ok? Nós vamos dar um jeito! – Eu também o olhei seriamente, mesmo querendo morrer de rir.
- Dar um jeito? Só se cortar esse caralho fora. – Ele se irritou. Ele sabia que eu não fazia ideia do que estava fazendo.
- Ok, ok! Vamos resolver isso juntos. – Eu estava me esforçando para ajudá-lo. – Vamos pensar. – Eu fiquei pensativa por poucos segundos. – Não é a primeira vez que isso acontece, não é? – Eu já sabia que a resposta seria negativa, mas eu não podia ser tão cara de pau.
- É claro que não. – quase riu da minha cara.
- Certo. – Eu fiz uma pequena pausa. – E o que você faz pra... – Eu nem sabia como dizer. – Você sabe, pra.. – Eu fiz joia com um dos meus dedões e o virei para baixo. observou o meu gesto e ficou fazendo careta por um tempo, tentando saber o que diabos eu estava tentando dizer.
- Oh, sim. – finalmente se deu conta e negou com a cabeça. – Bem, eu... – Ele pensou por alguns segundos. - Eu normalmente paro de pensar em você. – respondeu sem pensar. Eu entrei em choque no mesmo segundo.
- Oh meu Deus, ! – Eu fiz cara de nojo. – Você, você... – Eu abaixei os olhos e olhei para a sua calça novamente. – Oh meu Deus! – Eu levei uma das minhas mãos em meu cabelo e entrelacei meus dedos nele.
- O que foi? – abriu os braços, sem entender. – Em quem você achava que eu pensava? Nos Ursinhos Carinhosos? – Ele riu silenciosamente por alguns segundos.
- Não, mas... – Eu não sabia como continuar. – Os namorados não costumam falar esse tipo de coisa para as namoradas. – Eu tentei justificar a minha ignorância com o assunto.
- , eu vou arrombar essa porcaria. – gritou do outro lado da porta.
- Você vai me ajudar ou não? – me olhou, apreensivo.
- Eu estou tentando, mas eu não sei como. Eu não tenho um desses. – Eu apontei para a sua calça.
- Não existe remédio, macumba ou qualquer outra coisa que faça voltar ao normal. Ele... volta sozinho. – nunca havia estado em uma situação como aquela antes.
- E porque não está voltando? – Eu é que estava tendo um surto agora.
- Por quê? – quase riu. – Eu ainda estou olhando pra você! Olhe o seu vestido! Como eu posso lidar com isso? Você não ajuda! – começou a ficar nervoso.
- Isso é ridículo. – Eu voltei a pensar em alguma solução. – Espera, espera! Eu já sei. – Eu sorri.
- Fala logo! – estava com pressa. Mais um minuto e começaria a dar voadoras na porta.
- Vai pro banheiro! Fique lá até tudo voltar ao normal. Eu abro a porta. – Eu realmente estava me achando foda depois daquela ideia.
- Mas.. – ia colocar defeito, mas eu o interrompi.
- Eu digo que você está com dor de barriga ou coisa assim. Eu me viro! – Eu fui até ele e comecei a empurrá-lo em direção ao banheiro.
- Cuidado com o que vai dizer. – me olhou mesmo, enquanto continuava sendo arrastado para o banheiro.
- Eu vou, eu vou. – Eu disse, impaciente. O empurrei para dentro do banheiro e fechei a porta. – E pare de pensar em mim. – Eu encarei a porta, fazendo cara de nojo.

Hora de ligar o meu ‘lado atriz’. Eu odiava mentir para todos aqueles caras atrás daquela porta, mas é uma emergência. Não é que eu ache que o vá matar o , mas eles definitivamente iriam brigar. jamais voltaria a olhar para a cara do de novo e, além disso, ele não me deixaria chegar perto do nunca mais. Eu não quero ser responsável pela 3° Guerra Mundial.

- Oi. – Eu disse assim que abri a porta. Os três me olharam, perplexos.
- ? – arqueou a sobrancelha.
- Você aqui? Mas eu achei que você só viria amanhã. – estranhou. Olhei para o , que ainda não havia falado nada. Que outra atitude eu poderia esperar do meu melhor amigo? Segundos depois ele já estava abraçado a mim.
- Que saudades! – não me largava mais.
- Eu também senti a sua falta. – Eu consegui terminar o abraço e olhei para seu rosto. – Você está bem. – Eu o olhei, séria. – Como assim você não está morrendo sem mim? – Eu cerrei os olhos e ele riu.
- E você? Como ousa chegar em Atlantic City e vir pra casa do ? É pra minha que você deve vir. – também cerrou os olhos.
- Dá pra vocês ficarem de frescura outra hora? – olhou com cara feia. se calou. me olhou e um fraco sorriso surgiu em seu rosto. – Vem aqui. – me abraçou repentinamente. Meu irmão sendo um irmão normal e emotivo? Wow!
- Eu senti a sua falta, irmão. – Eu o apertei ainda mais.
- É, eu também. – respondeu e terminou o abraço. – Você está bem? Tudo certo? – olhou pra mim dos pés a cabeça para ver se estava tudo bem com a sua irmã caçula.
- Sim, tudo certo. – Eu quase ri. Ele era tão protetor, que chegava a me comover.
- ? – me chamou e eu o olhei.
- ! – Eu fiz careta e ele riu. Eu o abracei longamente. – Como está indo? – Eu perguntei. Era a primeira vez que eu o via desde o término.
- Eu vou sobreviver. – riu para não soar tão dramático. Eu não tive nem tempo de responder, pois o meu irmão já nos interrompeu.
- E o ? Onde ele está? – olhou pra dentro da casa e não viu ninguém.
- Ele... – Eu imediatamente sorri. – Ele está no banheiro. Entrem. – Eu passei pela porta e esperei que eles fizessem o mesmo.
- Por que diabos demoraram tanto pra abrir a porta? – me olhou, irritado.
- É, por quê? – arqueou a sobrancelha com um ar de julgamento.
- Nós... – Eu apontei para o quarto e sorri para não demonstrar desconforto com a situação. – Nós estávamos assistindo um filme lá no quarto e ai eu dormi. Eu só acordei com o gritando do banheiro, me pedindo para abrir a porta pra vocês. – Eu realmente estou orgulhosa de mim mesma.
- É, você sempre demorou para acordar. – rolou os olhos.
- Pois é! – Eu concordei rapidamente, pois o comentário dele havia ajudado em toda a mentira.
- Sai logo daí, ! – gritou, olhando para a porta que ele achava que era a do banheiro. não respondeu.
- Eu acho que ele está com diarreia. – Eu ri, pois aquilo deveria ser algo engraçado.
- É, eu sei bem como é. – me olhou com desconfiança. Era uma droga mentir pra ele.
- Então, vocês não querem se sentar? – Eu apontei para os sofás. – Eu não quero mostrar a casa, pois o é quem deve fazer isso. – Eu justifiquei o motivo de eu ter pedido para eles sentarem.

estava enlouquecendo no banheiro. Ele andava de um lado para outro, enquanto pensava em um jeito de resolver a situação. Ele olhava para a sua calça de 5 em 5 segundos para ver se o volume havia diminuído e parecia que nada acontecia. Ele já deveria estar ali há uns 10 minutos e nenhum sinal de que aquele volume diminuiria. sabia muito bem que se ele ficasse ali por mais 5 minutos, os garotos começariam a estranhar e a desconfiar. Ele tinha que fazer algo! Olhou em volta, tentando achar algo que pudesse lhe ajudar. A única coisa que achou foi um jornal que havia esquecido ali naquela manhã. Era exatamente isso que usaria.

- Vocês iam sair? – perguntou, olhando para a minha roupa.
- Nós íamos, mas eu acabei dormindo. – Eu repeti a mentira e fiz uma careta.
- A mãe sabe que você está aqui? – arqueou a sobrancelha. – Ela não me falou nada. – Ele estranhou.
- Ela não sabia. Ninguém sabia. – Eu fiz uma pausa. – Era uma surpresa. Eu ia chegar de surpresa lá em casa mais tarde. – Eu menti novamente.
- A mãe e o pai iam morrer de felicidade. – riu sem emitir som.
- E ae, caras! – disse ao entrar na sala. Eu até me assustei ao ouvir a voz dele. Os garotos rapidamente se levantaram para cumprimentá-lo. Eu o olhei imediatamente para ver se tudo já havia voltado ao normal e quase surtei quando vi ele segurando aquele jornal. Sim, estava segurando um jornal e ele estava bem na frente do tal local avantajado. Apenas coloquei a mão em meu rosto e deslizei pelo meu rosto.
- Achei que tivesse descido com a descarga. – brincou e começou a rir.
- Alguma coisa me fez mal. – fez careta e passou uma mão pela sua barriga.
- Agora não tem a mamãezinha pra cuidar de você. – disse causando a risada de e .
- E ae, como está sobrevivendo aqui sozinho? – estendeu a mão para que a apertasse. pensou três vezes antes de apertá-la. A mão que ele deveria usar para apertar a mão do cunhado era justamente a mão que segurava o jornal. teve que trocar as mãos e por fim, conseguiu apertar a mão do meu irmão.
- Eu ainda nem fiquei sozinho. A sua irmã chegou e me fez companhia. – apontou pra mim e eu forcei um sorriso, me levantando do sofá.
- E como anda a violência na cidade? – perguntou e o olhou, sem entender. – O jornal. Você não estava lendo? – apontou para o jornal.
- Ah sim, sim! – começou a rir feito um idiota. – Muita violência e desgraça. O mundo está perdido. – parecia desolado ao dar aquela informação.
- Sei... – segurou o riso.
- Mas, sentem-se. – mudou rapidamente o assunto. Não queria que o jornal continuasse sendo o assunto. , e viraram-se para ir em direção ao sofá. correu e sentou-se em uma das cadeiras da mesa de jantar.
- Você vai sentar ai? – abriu os braços.
- Sim, aqui é mais confortável. – concordou com a cabeça. Mentira, ele sabia que se ele se sentasse na mesa, os garotos não teriam visão da sua calça. – Sentem-se aqui. – os chamou. Os garotos se levantaram, foram até a mesa e sentaram-se em uma das cadeiras. Eu me sentei ao lado do .
- Você não vai nos mostrar a casa? – perguntou, olhando curiosamente para o corredor.
- Não, não. – respondeu rápido demais. Todos os olharam e pareciam ter estranhado a sua postura. – Quer dizer, eu vou mostrar, mas antes nós... temos que... fazer algumas coisas. – disse pausadamente. Ele não podia se levantar e deixar sua calça a mostra.
- Algumas coisas? Tipo? – era o mais desconfiado dos três.
- Tipo... comer! – disse a primeira coisa que passou pela sua cabeça.
- Vocês já não estavam comendo antes de chegarmos? – disse, pois a caixa da pizza ainda estava sobre a mesa.
- Comendo? Não, não, não! Eu juro que não! – entrou repentinamente em pânico. Todos voltaram a olhá-lo e eu o cutuquei por debaixo da mesa. – Quer dizer, estávamos. A pizza! – começou a rir de si mesmo. Ele havia visto a caixa da pizza. – Então não vamos falar sobre comer. Esquece a comida. Eu nem gosto muito de comer mesmo. – voltou a rir. O QUE ELE ESTÁ DIZENDO?
- Você está bem, cara? – arqueou a sobrancelha e olhou para o .
- Estou, estou! – afirmou rapidamente. – Eu passei o dia arrumando essa casa e estou meio cansado. Só estou tentando esfriar a cabeça. – disse. – Quer dizer, não que eu estivesse quente antes. Foi só modo de falar. – riu, nervoso.
- Tudo bem, nós entendemos. – também riu.
- É, relaxa. – negou com a cabeça.
- Eu já estou relaxado. Cada parte do meu corpo está relaxada. Pode acreditar. – afirmou com um falso sorriso. Eu queria mandá-lo calar a boca, mas eu não podia.
- Tudo bem, então... – queria mudar de assunto, já que os outros dois não haviam funcionado. – Vocês estavam assistindo filme? – perguntou.
- Sim. – Eu afirmei rapidamente para que não falasse besteira.
- Qual filme? – pareceu interessado.
- ‘Titanic’. – Eu disse.
- ‘Velozes e Furiosos’. – respondeu no mesmo segundo que eu. Nós nos olhamos, sem saber o que fazer.
- Nós vimos ‘Titanic’ primeiro, mas eu dormi no final. Ele deve ter visto ‘Velozes e Furiosos’ depois. – Eu tentei concertar.
- É, foi exatamente isso. – concordou, rindo.
- Ok, onde está? – disse com a expressão séria.
- Onde está o que? – achou que ele tivesse descoberto tudo.
- A maconha! – continuou sério.
- Que maconha? – não estava entendendo nada.
- A que você fumou! – disse como se fosse óbvio. – Você não deu pra ela, né? – apontou pra mim.
- O que? Não, cara! Eu não fumo. – quase riu. – Eu estou com dor de barriga, ok? Eu estou com uma puta dor de barriga e você está me enchendo de perguntas! Como eu posso estar agindo naturalmente, cara? – falou meio que choramingando. – Isso é muita pressão, cara. – Ele completou.
- Ok, ok! – negou com a cabeça. – Você vai nos mostrar o apartamento ou não? – estava curioso e não havia mais assuntos para serem conversados.
- Eu não sei. Me deixa pensar. – abaixou a cabeça e fingiu estar pensativo. Na verdade, ele só estava abaixando a cabeça para ver se sua calça já havia voltado ao normal. Eu não estava acreditando no que ele estava fazendo. – Tudo bem, vamos. – se levantou da mesa e eu rapidamente o olhei. Tudo estava normal de novo. Ufa!
- Eu só fiz uma pergunta, não pedi uma previsão do meu futuro. – sussurrou para e que riram de seu comentário.

estava bem mais a vontade. Os garotos devem até ter estranhado a mudança repentina de comportamento. Ele mostrou os detalhes da casa. estava orgulhoso de cada parte dela, mas a mesa de sinuca foi a melhor coisa do mundo para os garotos. Eles até jogaram uma partida, enquanto eu assistia do sofá.

- Está tarde. Vocês ainda vão sair? – nos olhou. Era quase meia-noite e a noite já havia acabado. O nosso plano já era!
- Eu acho que não, não é? – Eu olhei pro e ele sorriu, demonstrando estar um pouco decepcionado com toda a situação.
- É, já está tarde. É melhor deixarmos pra amanhã. – concordou, enquanto me olhava.
- É, amanhã nós saímos. – Eu completei.
- Ahn! Amanhã nós vamos conhecer o barzinho aqui na frente. Nós vamos comemorar o meu primeiro apartamento e eu quero todos os meus amigos lá, entenderam? – lembrou-se do que havíamos combinado.
- Fechou! Eu aviso a . – imediatamente gostou da ideia. Ele havia se interessado muito pelo tal barzinho logo ali na frente.
- O que? – ergueu os ombros, sério. – Eu não vou avisar a . Quem disse que eu vou falar com ela? – Todos estavam olhando pra ele. – Está bom! Eu aviso, mas eu só vou mandar uma mensagem de texto. – rolou os olhos e todos riram.
- E eu? – coçou a cabeça. – Bem, eu vou até lá sozinho mesmo. Quem sabe eu tome o meu primeiro porre. – fez careta.
- É assim que se fala, garoto. – bateu no ombro do amigo, aprovando a sua atitude.
- Você não tem visto a ? – Eu fiquei curiosa.
- A última vez foi no dia do término. – explicou. – É melhor assim. – Ele completou.
- Você está com o carro, ? – nos interrompeu.
- Estou. – Eu afirmei com a cabeça e mostrei a chave.
- Então eu vou com você. – se antecipou.
- Eu vou ficar mais um pouco. – olhou estranhamente para o .
- Nós podemos te levar pra casa, . – propôs antes mesmo de mim.
- Eu vou aceitar. Depois dessa surra que dei em vocês na sinuca eu estou ainda mais cansado. – disse apenas para provocar.
- Não precisa ficar lembrando isso de 5 em 5 minutos. – revirou os olhos.
- Perdedor. – mostrou a língua e depois riu.
- Chega dessa baboseira. Eu nem me empenhei nesse jogo. Deixei você ganhar. – olhou pro . – Vamos logo. – apontou a cabeça em direção a porta.
- Até amanhã, . – aproximou-se do e fez seu toque de mão rotineiro.
- Até, cara. – sorriu pro amigo. – Obrigado pela visita. – Ele completou.
- , você escolheu muito bem esse apartamento. É bem legal. Parabéns, cara. – abraçou timidamente o cunhado que apreciou o seu gesto. olhou pra mim, pois só faltava eu me despedir.
- Bem, então... – Eu caminhei até ele e nós dois trocamos sorrisos cumplices. Só nós sabíamos o quão ridícula e frustrante havia sido aquela noite. Eu me aproximei e o abracei. me apertou fortemente contra o seu corpo.
- Desculpa qualquer coisa ou...por tudo. – negou levemente com a cabeça.
- Não há porque se desculpar. Não foi sua culpa. – Eu sussurrei em seu ouvido e afastei meu rosto para poder olhar o dele. Ele sorriu ao olhar pra mim.
- Eu amo você. – levou suas duas mãos até as laterais do meu pescoço e trouxe meu rosto pra mais perto do dele. Os olhos dele viraram discretamente pro e eu ri. odiava quando nos beijávamos. Nós demos alguns longos selinhos e eu passei meus braços em torno do corpo dele.
- Oh, qual é! – resmungou e nós interrompemos o beijo com a nossa risada.
- Eu estava esperando por isso. – riu, olhando pro logo depois que eu voltei a abraçá-lo.
- Boa noite. – Eu terminei o abraço e olhei pro seu rosto. Ele aproximou e selou longamente os meus lábios novamente.
- Boa noite, linda. – finalmente respondeu, assim que descolou os nossos lábios.

Quando eu entrei por aquela porta hoje mais cedo, eu não esperava que eu saísse tão cedo, muito menos acompanhada do meu irmão. A boa notícia é que eu vou ver os meus pais. Eu estou morrendo de saudade deles e do meu quarto. realmente não havia desconfiado de nada, mas eu não podia dizer o mesmo de . Ele sabia de alguma coisa.

- Enfim sós. – sentou-se no sofá, quando fechou a porta.
- Esse é o tipo de frase que você só deve dizer pra uma mulher, cara. – negou com a cabeça, enquanto andava em direção ao sofá. Sentou-se ao lado de .
- Não, esse é o tipo de frase que eu uso quando eu quero ter uma conversa séria com alguém. – arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu respeito a sua opção, mas eu já disse que eu não vou virar gay. – estava levando tudo na brincadeira, pois estava fugindo da tal conversa séria.
- Para de me enrolar, Jonas. – cerrou os olhos. ‘Jonas’ ? A coisa é séria!
- O que? Do que você está falando? – forçou uma risada e negou com a cabeça.
- Você e a ... – pausou. – Quantas vezes? – manteve-se sério. O coração de quase parou. Aja naturalmente! Aja naturalmente!
- Eu ainda não sei do que você está falando. – continuava se fazendo de bobo. Era a única solução que ele havia encontrado.
- Ah, não sabe? – forçou um sorriso. – Vamos ligar pro pra ver se ele sabe. – tirou o celular do bolso. achou que ele estivesse blefando, então não tomou atitude alguma até ele começar a digitar os números.
- Ok, ok, ok! – achava que qualquer coisa era melhor do que descobrir o que eu e ele estávamos tentando fazer. – Droga. – suspirou.
- Quantas vezes, ?- repetiu a pergunta.
- Nenhuma, ok? Nenhuma! – respondeu, furioso. parecia analisar o seu rosto para ver se era mentira.
- Está me dizendo que vocês nunca pensaram em sexo? – voltou a arquear a sobrancelha.
- É claro que não! – voltou a mentir. cerrou os olhos e voltou a olhar pro visor do celular. achou novamente que ele pudesse estar blefando. Fechou os olhos e esperou que ele digitasse o último número do celular de . - Ta bom, ta bom! – falou rapidamente e desligou o celular. – Nós já pensamos, ok? Já pensamos várias vezes. – respondeu grosseiramente.
- E nunca tentaram? – cruzou os braços, observando-o.
- Nunca. – afirmou com a cabeça para tentar ser mais convincente.
- Certo, acho que o vai ficar feliz em saber disso. – voltou a pegar o celular e digitou somente três números.
- OK, OK! – o olhou, furioso. – Que droga, ! – Ele resmungou.
- Quantas vezes vocês já tentaram? – perguntou novamente.
- Nós já tentamos, mas foi só uma vez. – respondeu e negou com a cabeça. sabia que ele estava mentindo e rapidamente voltou a pegar o seu celular. – FORAM DUAS, DUAS VEZES! – gritou, apreensivo. Ele estava muito irritado. – Para com isso, caralho! – o fuzilou com os olhos.
- Só duas vezes? – parecia não ter acreditado.
- Só duas. Nem foi legal. – ergueu os ombros e fez careta.
- Legal, então vamos saber a opinião do sobre isso. – sabia que ainda estava mentindo. Pegou novamente o celular e começou a digitar o número do .
- Merda! – o observou e viu que ele não desligaria. – FORAM TRÊS! TRÊS VEZES! E não seria apenas uma tentativa se vocês, imbecis, não tivessem aparecido aqui hoje. – aproveitou para desabafar.
- Eu sabia! – quase riu, negando com a cabeça. – E...como foi? – queria saber até que ponto havíamos chego. Ele queria ter certeza de que ainda não havíamos chegado ao extremo.
- Ah, claro! Porque não refazemos a cena agora para você saber de todos os detalhes? Quem vai ser a , você ou eu? – disse de forma extremamente irônica. cerrou os olhos em sua direção e voltou a pegar o seu celular. – Hey, hey, hey! – abriu os braços, sem entender. – Está maluco? – pulou em cima de e tirou o celular de suas mãos. – O que eu fiz agora? – o olhou, indignado.
- É melhor parar de dar uma de palhaço. – disse, sério.
- Ok, desculpa, desculpa! – suspirou longamente. – Agora fala, vai. Quanto você vai querer? 50 reais é o bastante? – colocou as mãos no bolso de sua calça.
- Você está brincando comigo? – negou com a cabeça, incrédulo.
- Eu tenho mais no banco. – achou que o amigo cobraria para não contar ao .
- Olha só, eu devia contar pro só por você pensar que eu aceitaria o seu dinheiro para esconder esse seu segredinho. – ficou ofendido.
- Está me dizendo que vai guardar o meu segredo? Está dizendo que não vai contar ao ? – perguntou, estranhando. – Sem nada em troca? Por quê? – não estava acreditando.
- Porque você é o meu melhor amigo. É um bom motivo pra você? – abriu os braços.
- Só isso? – arqueou uma das sobrancelhas. Ainda parecia estranho.
- Não. – imediatamente sorriu. - Eu também vou me vingar pelo ter feito sexo na minha cama. – revelou e revirou os olhos.
- Eu sabia que tinha alguma coisa. – também começou a rir.
- Além do mais, você vai ficar me devendo uma. – era esperto demais.
- Obrigado, amigo. – sorriu de forma agradecida para . – Como você desconfiou? – Ele queria saber onde é que havia falhado.
- Por qual outro motivo vocês demorariam mais de 5 minutos pra abrir a porta? - revirou os olhos, enquanto ria. – Além do mais, eu sou homem, cara. Eu sei muito bem o que os homens fazem no banheiro. – continuava rindo.
- Foi o pior pesadelo da minha vida. – também estava rindo.
- É, mas você sabe que poderia ter terminado muito pior. – foi parando de rir aos poucos. O assunto era um pouco mais sério agora.
- Eu sei! – negou com a cabeça.
- Eu sinceramente não sei como o não percebeu. Você sabe que ele entende mais do que ninguém dessas coisas. – disse, demonstrando preocupação.
- Ele vai me matar, né? – passou uma das mãos pela cabeça e bagunçou o seu cabelo.
- Cara, ele nunca mais vai olhar na sua cara. Ele... – negou com a cabeça. – Ele realmente ia te matar. – disse com sinceridade.
- Isso é uma droga. O que ele acha? Acha que vamos esperar até o casamento? – não acreditava que pudesse ser tão ignorante assim.
- Eu não sei o que ele acha. Eu só sei que vocês têm que tomar mais cuidado. – não queria ver os amigos brigando.
- É, eu sei. – sabia que o amigo só estava tentando ajudar.
- Talvez até fosse o caso de vocês darem um tempo com isso. Se começar acontecer tanta coisa estranha de uma vez só ele vai acabar notando. – aconselhou.
- Um tempo? – fez cara de sofrimento.
- É, ué! Você esperou até agora! – estava convencido de que conseguiria se fizesse algum esforço.
- Você não entende, cara. – quase riu e negou com a cabeça. – Você não entende o que é aquela garota. Ela... – fez uma pausa para pensar nas palavras certas. – Ela é incrível. – ficava abobalhado só ao lembrar do que estava acontecendo antes da campainha tocar. – Ela tem aquela cara de anjo e é toda delicada, mas... – passou as mãos pelo rosto. – Cara, ela é demais. – não conseguia nem explicar.
- Eu tenho vontade de enfiar a minha mão na sua cara só pelo jeito que está falando dela, mas eu entendo. Eu entendo tudo isso, mas eu estou falando sério. – voltou a ficar sério. – Cuidado! Só isso! – deu o conselho que queria dar.
- Eu vou tomar mais cuidado e talvez nós devêssemos dar uma pausa. – levantou-se assim que levantou do sofá. – Eu sou novo demais pra morrer. – disse e riu.
- É isso ae. – negou com a cabeça, enquanto eles faziam o seu rotineiro toque de mãos. – Eu vou indo. – apontou a cabeça em direção a porta. – Nos vemos amanhã. – começou a andar em direção a porta.
- Até amanhã. – o levou até a porta. – E muito obrigado. – voltou a agradecer o amigo.
- Esse é o meu trabalho. – sorriu pro e logo depois saiu em direção ao elevador.

Por mais que fosse difícil de aceitar, estava certo. sabia que estava mais do certo. Foi mesmo um milagre o não ter desconfiado de nada. A verdade é que não tinha medo de apanhar do ou qualquer coisa assim. Havia coisas muito mais valiosas que estava sendo colocadas em risco. A amizade deles e o nosso relacionamento. jamais permitira que chegasse perto de mim. Isso tornaria a nossa vida um inferno. Porque arriscar tudo? É só um tempo.


Eu acho que nunca fiquei abraçada tanto tempo a uma pessoa como havia ficado abraçada a minha mãe há minutos atrás. Parecia que ela não me via há 10 anos. Meus pais ficaram surpresos ao me verem, mas eu esclareci tudo dizendo que quis fazer uma surpresa. Não deixava de ser verdade, né? Realmente era uma surpresa, que acabou muito mal por sinal. Eu não tenho certeza, mas acho que fiquei uns 15 minutos agarrada a minha cama. A minha cama em Nova York era maior, mais cara e mais confortável, mas não era a MINHA cama.

Era realmente engraçado pensar sobre o desastre daquela noite. Se não fosse engraçado, seria trágico e frustrante. Eu havia planejado tudo e estava tudo funcionando como o planejado até o meu irmão aparecer. Talvez não era pra ser ou a história da macumba que meu irmão supostamente teria feito é verdadeira. Não tem explicação para o que havia acontecido, aliás, para o que vêm acontecendo cada vez que estamos próximos de fazer o que tanto queremos.

Eram 03:35 da madrugada e lá estava a mensagem dele. Aquele horário se tornou o ‘nosso’ horário. Ele sempre me mandava qualquer coisa naquele horário. O horário em que ele foi até a minha cama naquela noite chuvosa em Nova York. O meu celular vibrava durante a noite e u já sabia do que se tratava. Eu não precisava nem ler para sorrir. Era totalmente espontâneo.

‘Eu adorei viver a noite mais frustrante, engraçada e ridícula da minha vida com você. <3 br="">
Uma simples frases que me fez rir feito idiota no meio da madrugada. Uma única frase que me fez ficar abobalhada. Como eu amava cada uma dessas coisinhas que ele fazia que se tornavam tão grande pra mim. Não é possível. Não deve haver um outro homem como ele por ai. É uma pena, pois toda mulher deveria ser sentir amada do jeito que ele fazia eu me sentir.

‘Não tem graça sem você. (:’

Mesmo o sono sendo maior que tudo, ele sempre conseguia esperar pela minha resposta. Sempre dava tempo de um sorriso espontâneo no meio da noite. Ele adorava o jeito que tínhamos essas coisas só nossas. Essas coisas que só nós entendíamos e sabíamos. Ele voltou a dormir menos de 5 minutos depois e eu fiz o mesmo.

Eu não consegui dormir até tarde no sábado. Minha mãe me acordou bem cedo, pois queria saber os detalhes da minha vida nos últimos meses. Ela queria saber sobre a faculdade, o estágio, os amigos, tudo. Eu contei a ela e meu pai parecia que estava ouvindo atentamente tudo da sala. Minha mãe só deixou de fazer perguntas quando deu a hora dela ir ao trabalho. Meus pais eram os responsáveis pela empresa, então eles é que tinham que resolver todo e qualquer problema que acontecia lá dentro. Eu não entendi muito bem o que havia acontecido. Parece que dois funcionários brigaram ou coisa assim. Eu só sei que eles tiveram que sair correndo.

- , onde você está indo? – Eu vi ele colocar a camiseta rapidamente e depois um boné.
- Eu prometi a que sairia com ela e os pais na casa de um tio dela. Eu estou atrasado. – nem sequer me olhou.
- Você vai me deixar sozinha aqui? – Eu estava parada na porta do quarto.
- Awn, que bonitinha. Está com ciúmes. – se aproximou, beijou o meu rosto e saiu do quarto.
- Ciúmes? Quer saber? Eu nem ligo. Pode ir. – Eu ergui os ombros e ele riu.
- Bem, você sabe as regras, né? Não abra a porta para estranhos e não atenda o telefone. É muito perigoso. – brincou, enquanto pegava as chaves do carro. Eu aproveitei que estava próxima do sofá e ataquei uma almofada nele.
- Sai logo daqui. – Eu gargalhei e ele saiu correndo pela porta.

Era quase 11 horas, quando me mandou uma mensagem de texto falando que estava indo até a minha casa. Eu subi no meu quarto para me trocar e depois desci para tomar café. A campainha tocou no exato momento em que eu acabei de tomar o café. Eu fui até a porta e abri. Lá estava ele, o ray-ban pendurado na gola da camiseta azul claro, a bermuda jeans que vinha até abaixo do lho e o seu tradicional tênis. sorriu ao me ver e olhou discretamente para dentro da casa.

- Tem mais alguém aqui? – sussurrou com um sorriso malandro no rosto.
- Não. – Eu respondi, segurando a risada. Já sabia qual era a intenção da pergunta. deu um passo para frente, segurou meu rosto com suas duas mãos e o levou até o rosto dele. O beijo não pode ser aprofundado, pois eu estava rindo. Eu o puxei para que eu pudesse fechar a porta.
- Bom dia. – disse com um belo sorriso assim que descolou os nossos lábios.
- Muito melhor agora. – Eu disse e ele riu. Ele é quem costumava a usar essas frases clichês.
- Você fica bem bonitinha quando prende o cabelo assim. – disse, olhando meu rosto de bem perto. Beijou o meu rosto e eu passei meu braço em torno do seu pescoço.
- E eu vou pegar todos os seus ray bans pra mim. – Eu tentei pegar o seu ray ban, mas ele foi mais rápido e afastou-se.
- E agora eu já sei o que vou te dar no seu aniversário. – cerrou os olhos em minha direção.
- Bem lembrado! – Eu lembrei imediatamente de algo que eu tinha que fazer.
- O que? – não entendeu. Eu corri até uma mesinha e peguei um pequeno embrulho. Eu havia deixado ali em cima para não me esquecer de entregar a ele.
- Isso é pra você. – Eu fui até ele novamente e estendi o embrulho em sua direção.
- Pra mim? – arqueou a sobrancelha. Será que era alguma data especial que ele havia esquecido?
- Não é nem um presente, é só algo que você estava precisando. – Era tão simples que nem poderia ser considerado um presente.
- Você... – pegou o embrulho e sorriu pra mim e logo depois negou com a cabeça. – Não precisava. – Ele começou a abrir. – Uma agenda? – Ele olhou pra mim.
- Você disse que estava perdendo os horários das provas, das reuniões. – Eu comecei a explicar o motivo do presente. – Então eu queria te ajudar a conciliar tudo isso. Agora você pode anotar todos os seus compromissos ai e não vão se esquecer de nenhum deles. – Eu finalizei.
- Oh, obrigado! – Ele se aproximou e selou os meus lábios longamente. – Eu estava precisando muito disso. Você não faz ideia do quanto isso vai me ajudar. – Como eu disse, não era um presente. É só algo que ele estava precisando. Eu só queria ajudá-lo. Ele usaria aquela agenda todos os dias e toda vez que olhasse pra ela, lembraria de mim. aproximou-se e me abraçou forte. Ao me abraçar, ele ficou de frente para a mesa de jantar e viu que havia diversas coisas lá em cima. – Você estava tomando café? – Ele perguntou terminando o abraço.
- Não, eu já acabei. – Eu também olhei pra mesa.
- Não, eu te atrapalhei. Pode voltar a tomar o café. – apontou pra mesa. Eu o olhei e arqueei uma das sobrancelhas.
- Você quer comer, né? – Eu rapidamente notei as indiretas.
- Sim, quero. – sorriu, sem jeito.
- Vem aqui. – Eu segurei sua mão e o puxei até a mesa. – Senta e fique a vontade. – Eu me sentei e ele se sentou ao meu lado.
- Bem, já que estamos aqui sozinhos... – fez uma pausa para pegar uma torrada. – Nós precisamos conversar. – Ele entregou o assunto da conversa assim que me olhou.
- Noite passada? – Eu deduzi o assunto e ele negou com a cabeça.
- Nem me lembre. – começou a rir.
- Eu realmente não sei como o não percebeu. – Eu disse com sinceridade.
- É sobre isso que eu quero falar. – parou de comer e virou-se para mim. – Eu não sei o que está acontecendo, mas de alguma forma isso não está funcionando. – negou com a cabeça.
- Eu sei! Os casais geralmente conseguem na primeira tentativa e nós já estamos na terceira. Estou começando a repensar aquela história de macumba do . – Eu disse e ele segurou o riso. – Talvez, eu não sei... – Eu não sabia muito bem o que dizer. – Talvez não seja pra acontecer agora. – Eu estava me odiando pelo que estava dizendo, mas era a verdade.
- Sério? É tão mais difícil ouvir isso de você. – fez careta. Ele também odiava o que eu estava dizendo. – E se pegássemos o primeiro voo pro... – pensou no lugar mais improvável possível. – Deserto do Saara? – Ele riu de si mesmo ao dizer em voz alta.
- Algo daria errado. – Eu também estava rindo. – Um terremoto ou talvez uma tempestade de areia. – Eu continuei a rir.
- Dos jeitos que as coisas estão, eu não me surpreenderia com tsunami. – revirou os olhos e fez careta.
- Nem eu. – Nós dois estávamos rindo igual dois idiotas. Rindo da própria desgraça.
- Não, é sério. – se concentrou em ficar sério. – Eu acho que nós devemos... parar de tentar por um tempo. O seu irmão quase descobriu noite passada e eu não acho que ele já está pronto pra saber e nem que eu esteja pronto para enfrentar essa tempestade agora. – parecia lamentar cada palavra que saia da sua boca.
- Eu entendo e concordo com você. Quando for pra acontecer, vai acontecer. Nós não vamos precisar de mais e mais tentativas. – Eu também lamentava, mas entendi totalmente o que ele estava dizendo.
- Certo, então já que concordamos com isso, nós devemos colaborar um com o outro. – disse e eu já sabia do que ele estava falando. – Você tem que parar de ficar fazendo essas coisas que você sabe que vão me deixar... maluco. – me olhou com um olhar ameaçador.
- E você tem que parar de me olhar assim. – Eu neguei com a cabeça. Ele não podia me olhar daquele jeito.
- Assim como? – sorriu de lado e manteve aquele olhar sedutor.
- Para com isso! – Eu ri e neguei com a cabeça.
- Ok, eu já parei. – segurou o riso e levantou-se da mesa. Foi atrás da minha cadeira e beijou o meu ombro. – Já estabelecemos as regras. Agora, eu preciso que venha comigo. – Ele disse em meu ouvido.
- O que? Ir pra onde? – Eu me levantei da cadeira e ele agarrou minha mão.
- Surpresa! – fez novamente uma careta que me fez rir.
- Mas, espera. Eu estou desse jeito. – Eu olhei pra minha roupa. – Eu preciso saber pra poder me arrumar. – Eu voltei a olhá-lo.
- Você está perfeita assim. – começou a me puxar em direção a porta.
- Espera! – Eu parei de novo e ele virou-se para me olhar. – Esse lugar... – Eu segurei o riso. – Tem banheiro? Eu não quero correr o risco de você não ter um lugar pra se esconder. - Eu disse e ele me fuzilou com os olhos.
- Nossa, como você é engraçada! – Mesmo estando ‘bravo’, ele teve que segurar a risada. – Vem logo. – Ele voltou a me puxar. – O meu celular.. – Eu passei pela mesinha e consegui agarrar o meu celular antes dele me levar pra fora da casa.

Eu não fazia ideia de onde estávamos indo, mas eu sabia que seria bom. Eu sabia que eu adoraria porque eu estaria lá com ele. Eu estava ridiculamente simples com aquela roupa e aquele cabelo desajeitadamente preso. Eu só temia não estar vestida adequadamente para o tal lugar. Homens não têm muita noção de roupas e essas coisas. Eu prestava a atenção no caminho, tentando descobrir onde estávamos indo.

- O seu apartamento? – Eu arqueei a sobrancelha e o olhei quando vi ele entrar na garagem do prédio.
- Decepcionada? – segurou o riso.
- Não, mas surpresa. – Eu não estava entendendo nada. O que estávamos fazendo ali?
- Vamos subir. – desligou o carro e desceu do carro. Eu fiz o que ele pediu, enquanto pensava em mil possibilidades.
- O que estávamos fazendo? – chamou o elevador e eu o olhei.
- Surpresa. – ergueu uma das sobrancelhas e manteve um sorriso malandro no rosto.
- Certo. – Eu achei ter entendido tudo. – Mas... nós não combinamos que iriamos parar de tentar por um tempo? – Eu disse e ele rolou os olhos.
- Apenas venha comigo. – segurou a minha mão e me puxou pra dentro do elevador.
- Eu não estou entendendo nada. – Eu ergui os ombros e o olhei através do espelho que havia em nossa frente.
- Você vai entender daqui a pouco. – piscou um dos olhos, me fazendo rir e negar com a cabeça.

O elevador parou no 4° andar e nós descemos. Nossos dedos continuavam entrelaçados e eu estava com medo do que viria a seguir. Achei que alguém fosse aparecer para me dar um susto ou algo assim. Eu estava desconfiada. Andamos até a porta do apartamento dele e eu vi um bilhete na porta. A casa não era minha e eu nem sabia se eu poderia ler, mas eu sou curiosa demais para não fazer isso.


‘Surpresa, !

Vamos brincar de caça ao tesouro? Eu prometo que no final você terá a sua surpresa.

Sua missão é ir encontrando os bilhetes que te levará até a sua surpresa! Preste atenção nas dicas!



Ao ler o tal bilhete eu comecei a rir espontaneamente. O que ele estava armando agora? Eu olhei pro , ele ergueu os ombros e manteve um engraçado sorriso do rosto. Eu voltei a ler o bilhete e cheguei a pensar que ele não fosse destinado a mim, mas o ‘’ é a comprovação de que era.

- Isso é sério? – Eu brincava disso aos 8 anos. Eu sempre demorava para encontrar o meu ovo de páscoa.
- Você sabe onde está a chave! – demonstrou que não daria qualquer ajuda. A chave? Embaixo do extintor de incêndio! Eu sabia que havia uma chave reserva lá. Soltei a mão dele, peguei a chave e abri a porta.

estava muito empolgado. Ele não via a hora de eu encontrar logo a surpresa que ele havia preparado. Ele estava doido para ver a minha reação. Ele queria dizer de uma vez onde estava escondida a tal surpresa, mas ele não queria estragar a brincadeira. Seria divertido me ver vasculhar a casa toda por algo que eu nem fazia ideia do que era.

- Hm, outro bilhete! – Eu disse assim que fechei a porta. Me aproximei para ler o bilhete e apenas observava.


‘Dica 1: Esse lugar é muito importante! Eu não posso dizer com tanta certeza, mas algo me diz que em um dia muito especial ele será MUITO útil. Eu acho que ainda vamos ser bem felizes lá. :p’


- O que isso quer dizer? – Eu desgrudei o bilhete da porta e me virei para olhar pro .
- Sério? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Isso pode ter diversos sentidos. – Eu justifiquei.
- Olhe pra mim! Em qual sentido você acha que estou dizendo? – cruzou os braços e olhou de forma sedutora.
- OH! Já sei! – Eu cerrei os olhos e saí imediatamente em direção ao quarto dele. agradeceu mentalmente por eu não ser tão lerda. Ele foi atrás de mim. queria presenciar cada parte da brincadeira.
- Que ótimo! O seu quarto é bem pequeno. Talvez eu ache amanhã de manhã. – Eu ironizei sem saber por onde começar.
- Então é melhor você começar logo a procurar. – voltou a cruzar os braços. Bacana, achei que ele ia ter piedade e ia me ajudar. Comecei pelas gavetas, depois no armário, os porta-retratos e por fim, a cama. É claro que estava no último lugar que eu procurei. Eu tive que me jogar no chão e pegar o tal bilhete embaixo da cama.
- Não podia mesmo ter colado em cima da cama? – Eu me levantei e trouxe o bilhete comigo.


‘Dica 2: Esse lugar é um ótimo esconderijo! Principalmente quando você quer esconder do seu melhor amigo que está tentando dormir com a irmã dele.’


- O banheiro! Épico! – Eu comecei a rir e riu comigo. Eu fui até o banheiro e ele me seguiu. Acendi a luz e olhei em volta. Nada no banheiro. – Você não escondeu dentro da privada, né? – Eu olhei pra ele, incrédula.

- Droga! Dá pra sair rapidinho? Acho que ainda dá tempo de fazer isso. – começou a me puxar pra fora do banheiro e eu me desvencilhei de suas mãos, enquanto ria feito idiota.
- Para! Está maluco? Deixa eu procurar. – Eu me virei de costas pra ele e comecei a procurar. Olhei dentro do box, dentro do armarinho e só fui encontrá-lo abaixo da pia. – Aqui está! – Eu peguei o bilhete para ler.
- Você está ficando boa nisso. – achou graça da minha felicidade ao achar o bilhete.


‘Dica 3: Esse é o pior lugar em que você pode estar. É sério! Fique longe, bem longe de lá!’

- Essa é a dica mais fácil. – estava rindo da minha cara. A cozinha!
- A sua cama de novo? Mas eu já fui lá. – Eu disse e ele ficou imediatamente sério.
- Nossa, você não tem senso de humor? – Ele disse e eu tive que segurar o riso.
- Se estivesse vendo a sua cara agora não estaria me fazendo essa pergunta. – Eu não aguentei e ri. mostrou a língua e eu me virei, indo em direção a cozinha.
- Por onde eu começo? – A cozinha era grande demais. Armários, micro-ondas, geladeira e fogão. Onde? – Achei! – Eu encontrei o bilhete dentro da geladeira. Como eu não pensei nisso? – Muito criativo. – Eu neguei com a cabeça, enquanto ria. – Vamos ver. – Eu olhei para o bilhete.


‘Dica 4: Esse lugar realmente me fez gostar ainda mais de sobremesa.’


- Sobremesa? – Eu olhei pra ele, sem jeito. Ele ergueu os ombros com cara de culpado. – Fácil! – Eu fui até a mesa de jantar e me abaixei para olhar embaixo dela. Encontrei o bilhete embaixo da cadeira que ele havia sentado na noite passada. – Você pensou mesmo em tudo. – Eu olhei pra ele, incrédula.


‘Dica 5: O que seria melhor do que colocar a sua surpresa no seu lugar favorito da casa?’


- Wow! Finalmente! – Eu comemorei rapidamente. Estava na sacada! – Não achou que eu fosse chegar até a surpresa tão rapidamente, né? – Eu pisquei pra ele e fui em direção a porta da sacada. Virei a maçaneta diversas vezes. Está trancada? Como assim. – Você trancou? – Eu me virei pra olhá-lo e ele estava segurando o riso.

- Se eu tranquei, deve haver uma chave. – ergueu os ombros como se dissesse que não havia nada que ele pudesse fazer.
- O que? Está dizendo que vai me fazer procurar essa chave pela casa toda? – Eu fiz bico e meus ombros decaíram, demonstrando cansaço.
- Bem, eu não sei.. – ficou um pouco mais sério, levou uma das mãos a cabeça e bagunçou o seu cabelo. Os olhos dele olharam para o chão e depois olharam pra mim. O que ele estava tentando me dizer? Eu olhei pro chão e vi um bilhete embaixo da porta.
- Eu sabia que estava deixando algo passar. – Eu sorri imediatamente e me abaixei para pegar o bilhete.


‘Última dica: Eu não tenho certeza sobre isso, mas a chave provavelmente deve estar com o lindo, maravilhoso e irresistível dono da casa. Não seja tímida e vá até lá!’


- Oh, meu Deus. – Eu deixei de olhar o bilhete para olhá-lo. Eu mordi o lábio inferior apenas por costume. – Eu deveria ter previsto algo assim. – Eu neguei com a cabeça, segurando a risada. me olhava daquele jeito engraçado e sedutor. Ele abriu os braços, demonstrando que estava disponível para eu fazer a minha busca.
- Eu sou todo seu! – mantinha os braços abertos, enquanto eu me aproximava. Dei mais alguns passos e parei em sua frente.
- É mesmo? – Eu segurei seu rosto com uma das minhas mãos e selei seus lábios em meio a sorrisos. Minhas mãos desceram de seu rosto e foram descendo pelas laterais do corpo dele. Eu só estava procurando a tal chave. Eu juro!
- Eu já me arrependi de ter feito isso. – mordeu o lábio inferior, se controlando para não tomar atitude alguma. Nós havíamos combinado algumas coisas naquela manhã. Não dava pra voltar atrás agora. Minhas mãos chegaram em seu shorts e eu tinha mais do que certeza que a chave estava no bolso dele.
- Você não perderia a oportunidade de me fazer pegar na sua bunda de novo, né? – Eu disse, há alguns centímetros do seu rosto.
- Você me conhece, . – quase riu. Minhas mãos foram até os bolsos traseiros de seu shorts e em um deles eu encontrei o que procurava.
- Achei. – Eu puxei a chave, demonstrando empolgação. Mesmo ansiosa para ver a surpresa, eu não pude me afastar sem antes beijá-lo novamente. – As dicas acabaram, né? – Eu perguntei, torcendo para ouvir uma resposta positiva.
- Vá pegar a sua surpresa. – apontou com a cabeça em direção a porta da sacada. Eu afastei nossos corpos e encarei a porta. O que será que é? Andei lentamente até a porta e destranquei a porta. se aproximou e veio atrás de mim. Eu empurrei a porta e me deparei com uma caixa de papelão. Que tipo de surpresa fica dentro de uma caixa de papelão? ESPERA, ESPERA, ESPERA!
- Não, não... – Eu me virei para olhar pro , sem acreditar. – Você não fez isso. – Eu não havia nem olhado ainda, mas eu já tinha certeza do que era.
- Surpresa! – deu um belo sorriso e ergueu os ombros.
- Eu não acredito que fez isso. – Eu voltei a ficar de frente para a caixa e me aproximei dela. Quando eu vi aquele pequeno cachorro dormindo de barriga pra cima, meu coração parou. Eu me apaixonei imediatamente por ele. – Awwwwn! – Eu me agachei para vê-lo de mais perto. O filhote acordou repentinamente e olhou pra mim. – Ele está olhando pra mim. – Eu estava tendo um colapso.
- Ei, amigão. – agachou-se do meu lado e pegou o cachorro com uma das mãos. – Lembra da garota que eu te falei? É ela. – segurava o cachorro em minha frente. Parecia que ele estava me apresentando para o cachorrinho. – Ela é bem mais bonita do que eu descrevi, né? – acariciava a cabeça do filhote com delicadeza. Eu não sei se eu estava mais comovida com o cachorro ou com o falando com o cachorro. Não existe coisa mais fofa no mundo. – Segure-o. – estendeu o cachorro em minha direção e eu prontamente aceitei a oferta.
- Ele é tão lindo. – Eu estava vidrada. Eu não tirava os olhos daquele filhote nem por um segundo. Eu peguei o cachorro em minhas mãos e o posicionei em frente ao meu rosto. Ele me olhava com aqueles olhos doces. – Hey... – Eu chamei a atenção dele. – Você é exatamente como eu sempre imaginei. Sabia disso? – Eu disse e ele respondeu com diversas lambidas em minhas mãos.
- Ele gostou de você. – voltou a acariciar o cachorro, que ainda estava em minhas mãos. – Ele não para de olhar pra você. – disse, perplexo. – Hey! – o chamou e ele o olhou. Parecia até que estava entendendo tudo o que estava dizendo. – Eu tenho que ser sincero com você, cara. Eu não costumo deixar ninguém olhar pra ela desse jeito, mas eu vou abrir uma exceção pra você. Só pra você! – Eu virei o meu rosto para olhar pro e tive que segurar o riso. Ele era tão adorável e idiota ao mesmo tempo. Eu nunca vou entender como ele consegue fazer isso.
- Venha aqui. Eu ainda não te agradeci. – Eu passei a segurar o cachorro com apenas uma das mãos e com a outra trouxe o rosto de para mais perto.
- Não precisa. Olhe pra você! Você está... radiante. Nada pode ser mais gratificante pra mim. – disse segundos antes de eu selar seus lábios. O selinho foi longo e ao terminá-lo, puxei seu lábio inferior. – Ok, talvez eu esteja aberto a novas formas de gratidão. – quase riu e se aproximou para selar os meus lábios novamente. Eu ainda estava agachada e o cachorro ainda estava em uma das minhas mãos. começou a me empurrar para trás e eu estava prestes a cair.
- Espera, espera. – Eu interrompi o beijo para rir e para colocar o cachorro no chão. Foi então em que eu me permiti cair. Minhas mãos estavam em seu rosto e voltaram a trazer ele pra perto. foi jogando o seu corpo em cima do meu e quando eu percebi, eu estava deitada na sacada e ele estava sobre mim. Eu começava a me esquecer de que havia um filhote em algum lugar quando ele fez questão de ser lembrado. O cachorro se aproximou de um dos lados do meu rosto e começou a dar tímidas lambidas. O riso me fez interromper o beijo e virou o seu rosto para olhá-lo.
- Ei, cara! Vamos deixar algumas coisas claras aqui. – estava tentando dar uma bronca, mas ele não conseguia. – Nós vamos ter que saber dividir e adivinha? É a minha vez. Volte mais tarde. – O pequeno e doce cachorro o olhou e curvou um pouco a cabeça. Eu estava rindo, quando voltou a me olhar. Ele se aproximou com a intenção de voltar a me beijar. Chegamos a colar nossos lábios, mas não deu nem tempo de aprofundar o beijo. O cachorro voltou a interferir e interrompeu o beijo novamente. – Qual é, cara! Quer resolver lá fora? – apontou para dentro da casa.
- Tadinho! – Eu aproximei minhas mãos do cachorro que me olhava com aqueles olhinhos doces.
- Bem, eu já vi que perdi essa parada. – fez careta e demonstrou que se levantaria e sairia de cima de mim.
- Não, não. Espera. – Eu voltei a segurar o seu rosto e o trouxe pra perto do meu. – Desculpa. – Eu neguei com a cabeça. – Eu... – Eu olhei em seus olhos de tão perto e ele fez o mesmo. – Eu não sei o que dizer. ‘Obrigada’ parece tão ridículo agora. – Eu dei um fraco sorriso e ele quase riu, aproximando-se e dando um beijo estalado em meu rosto.
- Está tudo bem, linda. Como eu já disse... – Os olhos de desceram e olharam para o meu sorriso. – Esse sorriso é tudo o que importa. – Ele completou e logo depois, selou os meus lábios longamente.

Há algum tempo, havia me perguntado o que viria depois da minha faculdade. O que mais eu podia querer? Eu disse que sempre quis um cachorro e ele deu um jeito nisso. Ele deu um jeito de participar disso de alguma forma. Ele queria participar de tudo, ele queria tornar o que nós tínhamos o mais especial possível. queria ser parte de tudo, assim como eu queria ser parte de tudo o que acontecia na vida dele. A única diferença é que ele estava conseguindo e eu não.

- Tem uma coisa me preocupando. – Eu disse entre uma brincadeira e outra que eu e fazíamos com o cachorro.
- Preocupada com o que? – perguntou, enquanto jogava uma bolinha do outro lado da sacada para que o pequeno cachorro fosse pegar.
- Você sabe, todos os dias eu saio da minha casa ás 7 da manhã e volto só a noite. Ele vai ficar o dia inteiro sozinho? – Eu perguntei. – Quer dizer, eu não quero que ele passe o dia preso e sozinho na minha casa. – Eu não sabia como resolveria aquele problema.
- É, eu sabia que você teria essa preocupação, por isso, eu já resolvi isso. – aproveitou que estávamos sentados lado a lado e puxou uma das minhas mãos.
- E eu posso saber como? – Eu sorri pra ele. Eu deveria saber que ele daria um jeito..
- Ele vai ficar aqui. – respondeu prontamente.
- Ficar aqui? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- Você volta pra casa e ele fica aqui. Eu vou cuidar dele e quando você sentir saudades, você volta. – explicou.
- Mas você também trabalha. – Eu não achei que isso pudesse funcionar.
- Sim, mas você sabe que eu tenho alguns privilégios na empresa. Eu sempre posso dar uma passada aqui em casa. Além disso, é mais um motivo pra te fazer vir até aqui. – deu um sorriso malandro.
- Oh, agora eu entendi! – Eu fingi estar indignada. – Então tudo isso tem uma segunda intenção? – Eu cerrei os olhos.
- Não é errado querer você por perto e... – olhou para baixo. O filhote voltou a se aproximar e agora estava deitado ao lado dele. – Eu gostei dele. – acariciou o cachorro.
- Bem, pra mim tudo bem. Eu sei que você vai cuidar dele e eu sei que se eu levá-lo, eu vou me sentir mal por não dar tudo de mim para cuidar dele. – Eu realmente achei que fosse uma boa ideia.
- Então, está tudo resolvido, mas ele ainda não tem um nome. – parou de acariciar o cachorro, que havia dormido para dar sua total atenção a mim.
- Isso! É uma das melhores partes. – Eu nem havia pensado nisso ainda. – Vamos ver. – Eu disse, pensativa.
- O que você acha de ‘Elvis’? – Ele perguntou e me olhou, enquanto esperava a resposta.
- ‘Elvis’? – Eu repeti e fiz careta. – Elvis é uma lenda. Não dá pra colocar o nome dele em um cachorro, sabe? – Eu demonstrei que não havia gostado. – Quer dizer, é a mesma coisa de colocar o nome dele de Michael Jackson. Não dá! – Eu neguei com a cabeça.
- Certo, vamos pensar em outro. – não se importou muito. Eram só ideias. O cachorro era o meu presente. A decisão final seria minha.
- Riley? – Eu perguntei demonstrando estar em dúvida.
- Riley? – repetiu. – Eu não sei. Isso me lembra o nome de alguma cantora famosa. Ele é macho. Não podemos fazer isso com ele. – negou com a cabeça.
- E se fosse algo mais diferente. – continuou pensativo. – Algo como... Winston? – perguntou.
- É, seria ótimo se estivéssemos dando um nome a um papel higiênico e não a um cachorro. – Eu disse e ele começou a rir.
- Um ‘não’ era o suficiente. – Ele continuou a rir.
- Vamos pensar em algo melhor. – Eu me concentrei. – E se... – Eu pensei alto. – Não, esquece. – Eu rapidamente desisti.
- O que? Diz. – queria ouvir qualquer palpite.
- Não é nada. É só que... – Eu sorri fraco e coloquei uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Dias antes de a minha avó morrer, ela havia prometido que me daria um cachorrinho. Eu não podia tê-lo em casa por causa do , por isso, nós havíamos combinado que ficaria na casa dela. – Eu fiz uma pausa. Eu já havia me arrependido de ter lembrado disso. – Nós fomos ver o cachorro e até demos um nome pra ele, mas ele nunca chegou a ser meu. Não... deu tempo. – Eu forcei um sorriso para que aquilo não soasse tão triste.
- Qual era o nome? – perguntou. Ele estava certo do que tinha que fazer.
- O nome era ‘Buddy’. – Eu me recordei do cachorro que nunca havia sido meu.
- Bem, agora você tem o seu ‘Buddy’. – Estava decidido. Seria ‘Buddy’! – Hey, buddy. Gostou desse nome? – segurou o cachorro nas mãos e ele parecia prestar atenção. – Você gostou de ‘Buddy’? – repetiu a pergunta e o cachorro rapidamente latiu. – Isso foi um sim, né? – riu e olhou pra mim.

Buddy? Ele é meu agora. Ele não tinha nada a ver com o Buddy anterior. O Buddy de agora era bem mais bonito. Era da raça Golden Retriever e parecia ser o melhor cachorro do mundo. Um cachorro pra mim seria algo importante e marcante. Eu sempre sonhei com esse dia e agora eu estava vivendo ele. Parece tão simples e ridículo. Quer dizer, da melhor faculdade de medicina a um cachorro. Eu sempre quis isso e agora estava mesmo acontecendo. Eu pensei que eu estaria plenamente satisfeita no dia que eu tivesse o cachorro. Hoje, eu estou satisfeita, mas não só pelo cachorro e sim pelo gesto de . Não seria tão significativo se ele não estivesse envolvido nisso de alguma forma do mesmo jeito que a minha avó estava envolvida da última vez.

Nós passamos a tarde brincando com Buddy e a hora pareceu voar! Quando nos demos conta, já era a hora de eu ir pra casa para me arrumar. Me vestir para aquela noite foi um problema. Eu havia trazido poucas peças de roupas para Atlantic City e por sorte eu trouxe um vestido (VEJA O VESTIDO AQUI). Nós havíamos combinado de nos encontrar ás 22 horas lá no barzinho que ficava em frente ao apartamento do , por isso, ele passaria me buscar 21:45. Estava quase na hora e só pra variar, eu estava correndo para estar pronta a tempo.

- , vou buscar a . – apareceu na porta, enquanto eu me olhava no espelho, pois eu terminava a minha maquiagem. – Você não quer mesmo ir comigo? – Ele perguntou.
- insistiu em vir me buscar. – Eu me virei para olhá-lo.
- Então está certo! Vejo você daqui a pouco. – piscou um dos olhos e saiu, me deixando rindo sozinha. Eu voltei a me maquiar e o meu celular começou a tocar. Não dá pra ficar pronta desse jeito. – Oi, . – Eu atendi e coloquei no viva-voz. Eu falaria com ela e me maquiaria ao mesmo tempo.
- Pronta, garota? – sorriu ao ouvir a voz da amiga.
- Quase! – Eu fiz careta e ela riu.
- Isso quer dizer não. – Ela continuava rindo.
- Você me conhece. – Eu já estava acostumada com a minha fama de atrasada. – E você? – Eu perguntei.
- Estou pronta. disse que passaria me pegar agora. – sorriu, sem jeito.
- ? Hmm.. – Eu tinha que zoar com isso. – Vocês não tinham brigado? Ele não tinha acabado de vez com tudo? – Eu fiquei confusa. Que casal mais enrolado!
- Ele tenta, mas não consegue viver sem mim. – riu em seguida.
- E você não consegue viver sem ele. – Eu completei e ela parou de rir.
- Não coloque palavras na minha boca. – ficava furiosa quando qualquer pessoa insinuava que ela era louca pelo .
- Eu não coloquei, só as tirei do seu coração. – Eu disse apenas para irritá-la ainda mais.
- Ei! Não me fale coisas assim. – fez careta. – Não é porque aconteceu com você e o que vai acontecer comigo e com o . Desencana. – desconversou.
- Oh meu Deus, o chegou! – Eu ouvi a buzina e corri até a janela para ver. Ele estava adiantado!
- Ok, eu vejo você daqui a pouco! CORRE! – riu, pois sabia que eu devia estar correndo como louca naquele momento.
- Beijos! – Eu desliguei e corri até a minha caixa de joias para pegar os meus anéis, pulseira e brincos. Eu estava colocando meus sapatos na velocidade da luz, quando ele apareceu na porta. Ficou algum tempo me observando fazer tudo com pressa e começou a achar graça.
- Vai com calma. – Eu ouvi ele dizer e imediatamente levantei o meu rosto para olhá-lo. Ele estava sorrindo lindamente.
- Eu estou atrasada, já sei! – Eu continuei a fechar o sapato, mas não deixei de olhá-lo.
- Não está não. Eu é que cheguei mais cedo. – saiu da porta e entrou no quarto. – Você vai embora amanhã e o meu tempo está acabando. Tudo bem se eu ficar vendo você se arrumar. – Ele disse, enquanto aproximava-se com as mãos no bolso. Eu já disse o quanto ele estava bonito? Uma blusa azul marinho que teve suas mangas dobradas até os cotovelos, uma calça jeans preta e um tênis preto. É claro que o cabelo estava bagunçado e também havia um relógio em seu pulso.
- Não, não vamos falar sobre amanhã agora. Esqueça isso. Essa é a sua noite! Todos os seus amigos vão estar lá para comemorar com você. – Eu não queria que ele ficasse triste naquela noite.
- Tudo bem, eu entendi. – esqueceu o assunto e sentou-se em minha cama. – Se você não quer se atrasar de verdade, é melhor acelerar. – comentou, vendo que meu cabelo estava todo bagunçado. Eu havia secado, mas ainda não o havia arrumado.
- Falta só o cabelo. – Eu fui até o espelho com a escova de cabelo e comecei a escová-lo.
- E a ? Como ela vai? – se esquecido de perguntar isso antes.
- Ela me disse que o vai buscá-la. – Eu respondi, olhando pra ele através do espelho.
- Oh, não. Isso não vai acabar bem. – fez careta e negou com a cabeça.

estava aflita. Estava sentada em um dos sofás e olhava na janela de 5 em 5 minutos. estava mais de 10 minutos atrasado. Pensou em ligar para ele, mas não achou necessário. Ele chegaria a qualquer momento. A mãe olhava toda aquela apreensão da filha e quis saber o que de tão importante esse garoto tinha para fazê-la ficar esperando. saltou do sofá quando ouviu a campainha tocar. Despediu-se de sua mãe e ajeitou o vestido antes de abrir a porta. estava na porta e nem conseguiu disfarçar o olhar, que percorreu todo o corpo dela.

- Oi. – sorriu. Ela queria xingá-lo por ele ter se atrasado tanto, mas ele estava tão bonito que ela resolveu deixar pra lá. A demora tinha sido justificada.
- Como você está? – se concentrou em tirar aquele sorriso bobo de seu rosto e ficou mais sério.
- Eu estou bem e você? – deu alguns passos e pisou na varanda de sua casa, fazendo dar alguns passos para trás. Fechou a porta atrás dela e voltou a olhá-lo.
- Bem. – continuava sério. –Vamos? – apontou para rua e afirmou com a cabeça. Ele virou de costas, começou a andar em direção a rua e ela o acompanhou. Eles percorreram o jardim da casa dela e chegaram na calçada. parou em frente ao seu carro (que na verdade era de seus pais) e então ele virou-se para olhá-la. – Então... – deixou de olhá-la para olhar para um taxí que estava estacionado atrás de ‘seu’ carro. – É só entrar. Eu já passei o endereço pro motorista. – voltou a olhar pra e deu a volta em ‘seu’ carro para entrar pela porta do motorista.

- Espera. O que? – não entendeu. O que aquele taxi estava fazendo ali?
- O taxí! – apoiou os braços na lataria superior de ‘seu’ carro e a olhou. – Entra nele. – Ele apontou com a cabeça para o taxi.
- Porque não vamos com o seu carro? – arqueou a sobrancelha.
- Ok, eu vou explicar mais devagar pra você entender. – segurou o riso. – Eu vou com o meu carro. Você vai de taxi. – Ele disse e continuou a olhá-la. Não podia perder aquela cena por nada.
- Você está brincando, né? – riu por poucos segundos.
- Qual a surpresa? – ergueu os ombros. Ele ainda segurava o riso.
- Qual a surpresa? Eu não sei, ! – ironizou. – Talvez seja porque você veio até aqui com o seu carro e está me mandando pegar a porcaria de um taxi. – Ela já estava perdendo a paciência.
- Você não deveria falar assim do taxi. Se o motorista resolver ir embora, você terá que ir a pé. – continuava fazendo-se de inocente.
- Ir a pé? Você vai ver o que eu vou fazer com os meus pés, seu... – ia dizer, mas se segurou. Ele respirou longamente e tentou se acalmar.
- Uh, alguém está de mau humor hoje. – riu, deixando ainda mais louca.
- Você disse que viria me buscar! – tentou argumentar.
- Não, eu apenas marquei um horário. Eu disse que estaria aqui ás 21:30 e eu assumo que eu atrasei um pouco, mas eu nunca disse que te levaria. Eu vim para trazer o taxi. – explicou.
- Não! Você veio aqui pra tirar com a minha cara, não é? – negou com a cabeça. Só faltava sair espuma pela sua boca.
- Deixa de ser mal agradecida, garota! Eu vim até aqui, trouxe o taxi e até pedi um desconto pra ele! Porque você está reclamando? – abriu os braços. Ele ainda se fazia de inocente.
- Porque eu não posso ir com você? – abriu os braços. – Me dê um bom motivo para ir de taxi, sendo que você está aqui e nós vamos para o mesmo lugar? – Agora ela tentaria manipulá-lo de alguma forma.
- Eu dou até dois se você quiser! – forçou um sorriso. – Primeiro porque nós não estamos juntos. Eu não tenho que ficar sendo gentil e ficar pagando de motorista particular. – O sorriso dele aumentou. – E segundo porque eu estou indo pra um barzinho. Um barzinho cheio de garotas bonitas e gostosas. Eu não quero ser visto chegando com você. Eu não quero que elas achem que você é alguém especial pra mim porque você não é. – disse com aquele ar de superioridade que deixou no chão. – Agora é melhor você entrar no taxi ou vai se atrasar. – abriu a porta do seu carro. – Vejo você lá. – Ele piscou um dos olhos e entrou em seu carro. ficou imóvel. Ela não sabia se chorava de raiva ou se começava a atacar pedras no carro de . Ele saiu com o carro e nem ao menos olhou pra trás.
- Idiota! Filho da mãe! – gritou vendo o carro se afastar. – Ele vai me pagar. – ajeitou novamente o seu vestido e olhou pro taxi. Ela não tinha outra opção.

Eu já havia acabado de me arrumar e eu e estávamos a caminho do barzinho. me disse que o barzinho era só até ás 23hrs e depois começaria a balada. Eu já estava prevendo que só voltaria pra casa depois das 3 da madrugada e por mim tudo bem.

- E o Buddy? – Eu perguntei, preocupada.
- Quando eu sai de casa ele estava dormindo. – respondeu, enquanto prestava a atenção no trânsito.
- Vai ser tão triste ter que me despedir dele amanhã. – Eu fiz bico e olhei para ele.
- Só dele, né? – me olhou por poucos segundos.
- Awn, você está com ciúmes dele. – Eu segurei a risada e me aproximei dele.
- Não estou não. – riu, voltou a me olhar e fez careta. – Só por curiosidade... – Ele começou a dizer com um tom engraçado. – Você sabe, o Buddy vai sentir muito a sua falta. Quando você volta pra vê-lo? – perguntou e eu achei graça.
- O Buddy, né? – Eu neguei com a cabeça e ele me olhou, culpado. – Bem, eu não sei direito. – Eu disse, pensativa. – Eu acho que... – Eu continuava pensando. – O nosso aniversário de namoro. – Eu me dei conta de que o nosso aniversário de namoro não estava tão longe assim.
- 3 meses? Só daqui 3 meses? – me olhou, perplexo.
- Eu sei, é muito tempo. – Eu também não parecia contente com a situação. – Mas nesse meio tempo eu tenho provas e trabalhos. Já estão até marcados. Eu não posso sair de lá antes disso, mas você pode ir me ver. – Eu dei a ideia. Se eu não posso vir, ele vai!
- É, eu vou tentar dar um jeito de ir. – tinha que dar um jeito..
- Então está combinado. – Eu fiquei mais feliz por saber que não ficaria tanto tempo sem vê-lo.
- Agora, é hora da festa. – Nós entramos na rua do barzinho e do apartamento do . Havia uma pequena fila de carros.
- Você vai demorar uns 3 dias pra achar um lugar pra estacionar. – Eu fiz careta.
- Eu sei! É por isso que vou deixar meu carro na garagem do apartamento. – disse e já entrou em direção a garagem, esperando o portão abrir.

estacionou o carro e nós descemos do carro. Passamos pelo portão e apenas atravessamos a rua. já tinha comprado as entradas, então não precisaríamos ficar na fila. Nós estávamos de mãos dadas, quando entramos no estabelecimento. Era meio escuro e havia alguns garçons passando pra lá e pra cá. As mesas estavam de um lado e a pista de balada era do outro. Como a balada ainda não havia começado, a pista ainda estava vazia. Apenas as mesas estavam lotadas.

- Está vendo alguém ai? – perguntou, quando chegamos nas mesas.
- Vamos ver. – Eu me esforcei para ver alguém conhecido, já que estava escuro e as luzes estavam bem baixas.
- Ali, achei. – disse e já me puxou em direção a tal mesa. – ! – gritou ao chegar na mesa e assustou .
- Que susto, porra! – deu um pulo, fazendo quase chorar de tanto rir.
- De onde vocês vieram? Eu nem vi! – se levantou para me cumprimentar. – ! – me abraçou imediatamente. – Oh meu Deus, me deixa olhar pra você. Você está linda. – olhou o meu vestido. – Nova York está fazendo bem pra você. – brincou.
- Você é que está incrível. – Eu também a olhei. – O seu cabelo está diferente. – Eu imediatamente notei.
- É, todo mundo notou menos o seu irmão. – olhou pro e fez careta.
- Obrigado por isso, irmãzinha. – piscou um dos olhos pra mim e sorriu com falsidade.
- É normal. 18 anos convivendo com ele e ele nunca notou um corte de cabelo ou qualquer outra coisa que eu fizesse no cabelo. – Eu quis concertar, mas não deixava de ser verdade.
- Ok, esquece isso. – riu e negou com a cabeça. – Me conta tudo! E Nova York? Não é a mesma coisa por telefone. – se sentou e esperou que eu me sentasse ao lado dela.
- Oi ! Eu também estou bem e você? – ficou esperando para cumprimentá-la, mas ela nem notou a presença dele ali.
- Ahn! Oi, Jonas! – riu e se levantou rapidamente para cumprimentar o amigo. – Desculpa. Eu fiquei tão feliz em ver a que me esqueci de você. – continuou rindo.
- Oh, isso é muito confortador. – disse e foi em direção ao , que continuava sentado. – E ae, cara? – estendeu a mão e o olhou e depois apertou a mão do melhor amigo e cunhado.
- Fala, ! – sorriu pro amigo. – Muito bom esse lugar. – Meu irmão comentou. Ele havia achado que havia escolhido muito bem o seu apartamento.
- É bem legal, né? Eu também gostei. – concordou.
- Desculpa o atraso! Eu demorei uns 10 minutos pra achar uma vaga pra estacionar. – chegou do nada e começou a cumprimentar todo mundo.
- E a ? – perguntou, quando passou para cumprimentá-la.
- A ? Não sei. – nem deu atenção e continuou a cumprimentar os meninos. Não sabia? e eu nos olhamos. Como assim não sabia? Esperamos ele se sentar para fazermos mais perguntas.
- Eu parei o carro na garagem do prédio. – disse, rindo.
- Filho da mãe. – riu e negou com a cabeça.
- Eu só consegui vaga porque eu cheguei mais cedo. – explicou. se sentou em frente ao .
- ? – o chamou e ele olhou.
- A não está com você? – Eu perguntei, preocupada.
- Não, mas o está procurando uma vaga pra estacionar lá fora. Eu encontrei com ele e daqui a pouco ele deve chegar. – desconversou.
- A me disse que você ia buscar ela. – Eu ainda não estava entendendo o que estava acontecendo.
- Buscar ela? Eu não falei nada. – negou com a cabeça. A minha preocupação só aumentava, quando alguém puxou bruscamente a cadeira ao lado do .
- ? – Eu nem vi ela chegando. Ela parece brava. O que aconteceu?
- Onde você estava? – perguntou. Porque ela chegou sozinha?
- Eu estava vindo. Atrasei, né? – Ela se sentou e nem ao menos olhou pro .
- Você não disse que viria com o ? – Eu fui direto pro assunto. - Eu disse, mas descobri que ele é inútil até pra isso. – falou e continuou sem olhar pro , que apenas sorria das grosserias que ela dizia.
- O que aconteceu? – perguntou, enquanto ria. Ele sabia que acharia graça de qualquer jeito.
- Eu não vou mais perder meu tempo falando desse imbecil. Não importa o que aconteceu. A única coisa que importa e que eu soube desde o inicio é que ele é um babaca. – suspirou longamente.
- Babaca? – a olhou e riu. – Oh, meu Deus! Eu estou tão triste com esse insulto que acho que vou procurar alguém pra me consolar. Por onde eu começo? – olhou em volta e virou-se imediatamente para olhá-lo.
- Idiotaaaaa! – começou a estapeá-lo. Ela estava com vontade de fazer isso no segundo em que ele a deixou sozinha em frente a sua casa.
- Ei, ei! – se levantou para parar a discussão.
- Sai de perto dele. Sente aqui. – Eu me levantei e a tirei do lado de .
- Sua maluca! – gritou na direção dela.
- Cala essa boca! – respondeu, mesmo estando do outro lado da mesa. Agora ela estava sentada ao lado da e eu estava sentada entre e .
- Qual o problema de vocês? – olhou furiosamente para ambos. – Não façam esse tipo de ceninha quando estiverem comigo. As pessoas podem ver! – Ele deu a bronca.
- Oi, pessoal. – chegou na mesa e logo percebeu o clima pesado. – O que está acontecendo aqui? – olhou rapidamente para o rosto de todo.
- Você não vai querer saber. – negou com a cabeça. – Senta ae. – apontou a cadeira vazia ao seu lado. cumprimentou rapidamente todos e se sentou onde havia apontado.
- Já pediram as bebidas? – perguntou.
- Não. Vamos pedir. – respondeu, pegando o cardápio de bebidas.

Fizemos os pedidos e esperamos que as bebidas chegassem. Eu e conseguimos fazer a relaxar e esquecer . Nós conversávamos sobre tudo e eu contava os detalhes sobre Nova York como elas pediram. Os garotos conversavam sobre esportes. ficou sabendo que o novo time da escola pela qual eles jogavam antes era horrível e isso repercutiu na conversa deles por um longo tempo. As bebidas chegaram e junto com elas vieram alguns aperitivos como batata-frita.

- 5 minutos e nós iremos recolher as mesas. – Uma garçonete passou e nos avisou.
- Acho que vão recolher as mesas porque aqui também vai ser a pista de dança. Tem muita gente lá fora. Não cabe todo mundo só daquele lado ali. – deduziu.
- É, deve ser isso mesmo. – concordou.
- Acabem logo de comer essas batatas. – olhou pra mim e para as meninas. Nós só ficamos conversando e não havíamos comido direito.
- Engraçado é que quando eu pergunto, ela não tem nada pra contar sobre Nova York, mas quando é para as amigas... – me olhou e eu forcei um sorriso ao olhá-lo também.
- Assunto de garotas, Jonas! – piscou um dos olhos pro amigo.
- Ou seja, estão falando sobre homens. – revirou os olhos.
- Homens? – voltou a me olhar, só que agora uma de suas sobrancelhas estava erguida.
- Não me olha assim. – Eu me defendi e ele não conseguiu segurar o sorriso. – Não estou falando sobre homens. – Eu rolei os olhos.
- É exatamente isso que elas dizem quando estão falando sobre homens. – continuar a irritar .
- O único homem do qual eu falo é você. – Eu olhei pro e disse do jeito mais doce que eu consegui.
- Eu sei que é mentira, mas eu adorei ouvir você dizer isso. – sorriu de forma engraçada e se aproximou para me beijar. Eu selei seus lábios de forma rápida, pois o meu irmão estava na nossa frente. É meio constrangedor pra mim, mas não parece ser pra ele. voltou a se aproximar e selou meus lábios novamente. Durante o longo selinho, ele levou uma de suas mãos para frente, que era onde estava sentado e mostrou o dedo do meio para o amigo.
- Estão vendo porque eu não posso odiar esse cara? – gargalhou ao ver a atitude de . – Eu até estou me acostumando a ver eles se beijando. – disse e descolou rapidamente os nossos lábios.
- Sério? – sorriu pro amigo, perplexo.
- Não! Pode parar com essa nojeira agora e tirar essas cheia de dedos dela. – ficou imediatamente sério.
- Vai, seu trouxa! – começou a rir da cara do .
- Não enche! Se não fosse a você ia ser bv até agora. – deu o troco e todos da mesa riram.
- O que? O que você disse? Pode repetir? – arqueou a sobrancelha e olhou sério pro amigo. Deixou de olhá-lo para olhar pro . já sabia o que queria dizer. sabia sobre as nossas tentativas frustradas de fazer sexo. não pode tratá-lo assim.
- É brincadeira, cara! – imediatamente sorriu. – Vem aqui, me dá um abraço! – abriu os braços em direção do amigo, que se esquivou.
- Sai daqui, trouxa. – começou a rir.

Acabamos de comer e desocupamos as mesas. Ficamos em um dos cantos para não atrapalhar os funcionários que retiravam as mesas do salão. Era bom estar com eles de novo. me abraçava de 5 em 5 minutos. Eu já havia contado pra ela discretamente sobre a briga do e do Mark em Nova York e eu também contei sobre a Meg. não saia do nosso lado e participava da conversa. Os garotos conversavam ao nosso lado, mas eles estavam tão distraídos que não escutavam nada da nossa conversa. Os portões do local foram abertos e as pessoas que estavam na fila para ir na balada entravam aos poucos.

- Quais as suas matérias na faculdade? São muito difíceis? – me perguntou, interessada.
- Eu aprendo um pouco de cada medicina. Em cada hora uma delas se torna prioridade e ganha mais importância. – Eu expliquei, esperando que elas não entendessem tanto do que eu estava falando. – Eu estou amando! O único problema é ficar longe de vocês. – Eu fiz bico e elas sorriram, comovidas.
- Awn! – Elas me deram um abraço coletivo. O nossa abraço chamou a atenção de , que parou de prestar atenção na conversa dos amigos e virou-se em nossa direção.
- O que está acontecendo aqui? – se aproximou e beijou carinhosamente o meu rosto.
- , você precisa fazê-la voltar pra Atlantic City. Você é o único que pode fazê-la voltar. – pediu.
- Eu? – apontou pra si mesmo e quase riu. – Eu tentei! Eu dei um cachorro pra ela hoje. Se isso não a fez ficar, nada mais faria. – fingiu estar decepcionado.
- Isso não é verdade! – Eu argumentei.
- É claro que é. Ela nem se importa mais comigo. – fez drama apenas para me irritar.
- É mentira! – Eu o olhei, indignada. – Porque está dizendo isso? Mentira! – Eu cerrei os olhos e me aproximei, roubando-lhe um selinho. – Seu bobo. – Eu fiz careta e ele riu.
- O que foi? – se fez de bobo. Ele apenas me queria ouvir dizer.
- Você sabe que você foi o único que poderia ter me feito ficar e é o único que pode me fazer voltar. – Eu disse e ele sorriu como nunca.
- Eu só estou brincando. – aproximou uma de suas mãos do meu rosto e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Você está exatamente onde deveria estar. – Ele trouxe meu rosto pra mais perto e voltou a selar meus lábios.
- Literalmente ou... – Eu disse e ele riu.
- Literalmente. – afirmou com a cabeça e eu também ri.
- Ok, essa é a minha deixa. Vou arrastar o pra pista de dança. – disse e rapidamente se afastou.

Eu e continuamos conversando e demos um jeito de trazer para o assunto. Ela estava sozinha e não queríamos que ela se sentisse mal por estar ali. Ela e estavam me contando alguns fatos engraçados da faculdade deles e eu estava achando graça de tudo. A graça acabou, quando eu olhei através do ombro de e vi quem eu menos esperava ver.

- O que ela está fazendo aqui? – Eu cortei o assunto e e pararam de falar no mesmo instante. não entendeu o que havia acontecido e resolveu seguir o meu olhar, que mantinha-se fixo na vadia que atravessava o salão. Quando viu que era a Amber, entendeu tudo. Ele voltou a me olhar e dessa vez parecia mais tenso.
- Pega leve, ok? – pediu cuidadosamente.
- O que ela está fazendo aqui? – Eu repeti a pergunta, já que não havia sido respondida da primeira vez.
- É um encontro de amigos. Ela é a minha amiga. – explicou da melhor forma que conseguiu.
- Você a convidou? – Eu arqueei uma das sobrancelhas. Ele fez mesmo isso? forçou um sorriso, se aproximou e beijou minha testa.
- Eu vou cumprimentá-la. Eu já volto. – disse e se afastou. O que diabos ele está fazendo? me olhou e viu o quão furiosa eu estava.
- , calma. – sabia do meu ódio por Amber, todos sabiam.
- O só pode estar de brincadeira comigo. – Eu suspirei para tentar me acalmar. Eu estava de costas para Amber, mas estava de frente.
- Nossa, mas esse vestido precisava ser tão curto e justo? – disse em um tom baixo para que somente eu escutasse.
- Eu só não rasgo essa porcaria de vestido porque se eu fizesse isso ela ficaria nua e é exatamente isso o que ela quer. – Eu nem me virei para olhá-la. Eu não queria ter que olhar na cara dela.
- Não é só porque ela está usando um micro vestido que ela esteja tentando roubar o seu namorado. – continuava olhando Amber e , que agora se aproximava da amiga. viu Amber saltar para os braços de e abraçá-lo com empolgação. – Ok, talvez ela queira. – fez careta.
- O que? O que ela está fazendo? – Eu não queria dar o braço a torcer e olhar.
- Digamos que um abraço de urso seja pouco pra descrever a cena. – negou levemente com a cabeça.
- Eu vou matar essa garota. Eu estou falando sério! – Eu tentava manter o controle.
- Oh não... – me olhou, aflita.
- O que foi agora? – Eu tinha até medo de ouvir.
- O está trazendo ela pra cá. – não sabia o que fazer.
- Ele está me testando. – Eu estava me preparando psicologicamente para aquele encontro. – Se ele acha que eu vou dar uma de idiota pra agradar ele, ele está maluco. – ficou ainda mais preocupada ao me ouvir dizer aquilo.
- Olha o que você vai fazer, . – me alertou, mas eu estava tão cega de raiva que não estava mais prestando atenção em nada.
- Ela está aqui. – Eu ouvi a voz de . Eu continuei olhando pra . – ? – apareceu ao meu lado. Controle! Eu preciso ter controle!
- Hey. – Eu me virei para olhá-lo e percebi que Amber estava ao seu lado. Eu não olhei pra ela.
- A Amber queria te ver. – sorriu pra mim e apontou para Amber com a cabeça. Ela queria me ver? Na verdade, ela só queria me comunicar que havia chego pra arruinar a minha noite. Eu forcei um sorriso, mas ele acabou saindo mais fraco do que eu imaginei. Olhei pra ela e ela deu o sorriso mais falso do mundo. Ela me olhou descaradamente dos pés a cabeça.
- Olá, . – Amber disse, tentando dar uma de simpática.
- Oi Amber! Como você está? – Eu entrei no joguinho dela. Vamos ver quem ganha essa porcaria.
- Eu... estou bem e você?- Amber pareceu surpresa com a minha pergunta.
- Eu estou ótima! – Eu a surpreendi novamente. Achou que ia acabar com a minha noite, né?
- Oi, ! – Amber achou melhor cumprimentar para não demonstrar o quanto havia ficado incomodada com toda aquela minha falsa felicidade.
- Como está indo, garota? Faz algum tempo que não te vejo na faculdade. – a abraçou rapidamente. estava mais do que satisfeito com o meu comportamento. Ele me olhou e piscou um dos olhos.
- É, eu ando muito ocupada. Muitos trabalhos e o vive me pedindo ajuda. – Amber disse em alto e bom som para que eu e todas as pessoas ao redor escutasse. – Eu acho até que passo mais tempo me preocupando com os trabalhos dele do que os meus. – Amber brincou e olhou pro que riu.
- Isso não é verdade! Tem muitos trabalhos que eu faço sozinho. – fez careta pra Amber e foi até o meu lado, passando uma de suas mãos em torno da minha cintura.
- É, quando eu não posso ir te socorrer, a sua única saída é fazer sozinho mesmo! – Amber continuou brincando com o . O que foi? Ela está querendo morrer?
- Engraçadinha! – mostrou a língua e ela riu. QUE MERDA ESTÁ ACONTECENDO AQUI? E essas brincadeirinhas patéticas? Eu olhava pra ela e ela continuava rindo pra mim.
- Eu quero um refrigerante. Eu vou buscar. – Eu tinha que sair dali ou eu teria que arrancar os cabelos dela.
- Não, não! Eu vou! – me puxou pela cintura e me trouxe para o mesmo lugar em que eu estava. – Eu vou! – Ele aproximou seu rosto do meu e selou rapidamente meus lábios. – Vocês querem alguma coisa? – olhou pra Amber e pra .
- Não, obrigada. – Amber voltou a sorrir.
- Eu quero que você dê um soco no seu amigo. Dá pra ser? – observava discretamente, que flertava com diversas garotas ao mesmo tempo.
- Não, mas eu posso segurar pra você bater. Fechado? – segurou o riso e olhou para amiga.
- Não fica brincando, . Eu vou mesmo! – começou a rir.
- Eu já volto. – riu e saiu, deixando eu, Amber e sozinhas.
- Eu vou... – Amber me olhou e apontou pra qualquer outro lugar. Pela primeira vez no dia ela estava me olhando de forma séria, pela primeira vez ela tirou aquele sorrisinho falso do rosto. – Eu vou falar com os garotos. – Ela disse e depois sorriu pra . Ela saiu ajeitando o vestido.
- Como ela pode ser tão cara de pau? Você viu o que ela estava fazendo? – Eu estava indignada. Eu não podia estar maluca. Não podia ser só eu que via as coisas que essa garota faz.
- Falando sobre ela e o ? Eu vi! Ela nem disfarçou. – negou com a cabeça. As atitudes de Amber também já não a agradavam.
- É, mas o ainda não notou. Ele a colocou em um pedestal, ele não vê as coisas ridículas que ela fala ou faz. – Aquilo me deixava maluca!
- Porque não fala pra ele? – perguntou.
- Eu tentei mais de uma vez e nós sempre acabamos brigando. – Eu ergui os ombros como se já não soubesse o que fazer.
- O que você vai fazer? – quis saber.
- Agora? Agora ela vai dançar comigo. – apareceu do nada do meu lado, entregou o meu refrigerante para e puxou uma das minhas mãos.
- Espera! O que você está fazendo? – estava na frente e ia me guiando até a pista de dança. – , vai com calma! – Eu comecei a rir. Eu deixei a sozinha! – O que... – Eu ia perguntar e ele imediatamente parou de andar, virou-se de frente pra mim e me puxou pra frente, fazendo nossos corpos se chocarem. Nos encaramos e rimos sem emitir som. – O que você está fazendo? – Eu finalmente consegui completar a pergunta.
- Bem, eu realizei o meu sonho. – O brilho nos olhos dele demonstrava o quanto ele estava feliz. – Eu tenho um emprego, eu tenho um apartamento e a minha garota está na cidade. – Os braços dele estavam em torno da minha cintura e os meus em torno do seu pescoço. Nossos rostos estavam bem próximos e aquele era só mais um momento mágico entre nós. – Eu quero dançar, eu quero comemorar, eu quero... – O enorme sorriso que ele deu interrompeu a sua frase. Ele olhava em meus olhos de forma doce e apaixonante. – Eu quero fazer tudo com você. – Ele completou. - Eu estou aqui por você. Seja pra fazer tudo ou pra não fazer nada. – Eu disse e ele deu aquele sorriso bobo. se aproximou e selou rapidamente meus lábios. Eu não esperava que ele afastasse os nossos corpos do nada e me giraria duas ou três vezes seguidas. – Nós estamos em uma balada e não em um baile da terceira idade. Nós temos que dançar igual a todos aqui. - quase riu, justificando a sua atitude.
- Tudo bem, então vou começar a me esfregar em você. – Eu brinquei e ele arregalou os olhos.
- Não me complica. Seu irmão está olhando! – sabia que eu estava apenas o provocando.
- Apenas brincando! – Eu fiz careta e ele riu, negando com a cabeça.

Nós estávamos nos divertindo. Por alguns longos minutos eu até me esqueci que Amber estava ali. Eu até havia me esquecido do ódio que eu sentia cada vez que ela olhava pro . O ódio que Amber sentia por mim também se mantinha. Ela estava odiando ver eu e nos divertindo juntos. Ela odiava ver que estava se divertindo sem ela e que a única pessoa que conseguia arrancar dele o sorriso que ele estava dando, enquanto dançávamos juntos era eu. Ele havia se esquecido dela, sendo que ela estava ali por ele. e estavam conversando com ela, mas não estavam prendendo a sua atenção. A coisa mais útil que ela deve ter feito na noite foi notar a solidão de .

- Você não vai ficar ai sozinha, não é? Venha. – Amber segurou pelo braço e a arrastou até a rodinha em que estavam e .
- Não, não. Eu não... – foi reclamando, mas não terminou a frase quando ficou cara a cara com .
- O que foi? Está virando antissocial agora? – não deixava a garota em paz.
- É a melhor opção quando você está por perto. – revidou no mesmo instante.
- Nossa, você está mais chata que o normal hoje, hein. – rolou os olhos.
- E eu espero que você não esteja achando que você tem algum efeito sobre isso. – o encarou, furiosa.
- Bom mesmo, porque esse é apenas o começo. – piscou e saiu sem dizer pra onde ia.
- Eu não vou me intrometer. Não vou falar nada! Já basta os meus dramas. – negou com a cabeça e deixou de olhar para .
- Qual o problema? Eu achei que estivesse juntos. – Amber não estava entendendo nada.
- Não estamos juntos e nem nunca estivemos. Ele não é garoto pra mim. – parecia mais chateada do que irritada agora.
- E porque não? – Amber perguntou.
- Ele é um garoto. Estou procurando um homem de verdade. – bebeu um gole da minha bebida que havia ficado em suas mãos. – Não estou a fim de ser babá de ninguém. – suspirou longamente e saiu. e Amber a acompanharam com os olhos até perdê-la de vista.
- Complicado isso, não é? – Amber fez careta e a olhou.
- Nem me fale. – também fez careta. – Falando nisso, você tem visto a ? Ela está bem? – não sabia se estava fazendo o certo ao perguntar da ex-namorada, mas já era tarde demais.
- A ? Você partiu o coração dela, . Como acha que ela está? – Amber nem ao menos percebeu o quanto estava sendo grossa. Ela só estava protegendo sua prima.
- Certo, me desculpa por perguntar. – ficou até sem jeito. Não devia ter perguntado! – É que eu me preocupo com ela. Eu quero que ela seja feliz. Eu realmente quero isso. – tentou se justificar.
- Pelo menos você está feliz, não é? – Amber parecia estar dizendo aquilo com duplo sentido. a olhou, perplexo. Porque ela estava tratando ele daquele jeito?
- Onde está a ? Ela estava com o meu refrigerante. – Eu me aproximei de . Onde estavam e ? estava ao meu lado.
- A está por ai e este era o seu refrigerante. – levantou um copo vazio que estava sobre o balcão.
- Eu não sabia que você ainda dançava, . – Amber se intrometeu na conversa.
- Eu não danço, mas ela gosta de dançar. – apontou pra mim com a cabeça. – Eu tenho que acompanhá-la. – sorriu pra melhor amiga. Oi? Eu estou perdendo alguma coisa?
- Por quê? Você costumava dançar? – Eu olhei pro , curiosa.
- Eu nunca fui bom nisso. – fez careta e negou com a cabeça.
- Mentira! Ele era muito bom. – Amber voltou a se intrometer. Alguém pediu a opinião dela? – Se lembra daquele baile, ? – Amber começou a rir.
- Qual? Aquele que participamos daquela batalha de dança? Nós acabamos com aquele casalzinho patético. – gargalhou e parecia estar relembrando.
- Oh, meu Deus! Eu nunca dancei tanto na minha vida! – Amber também estava rindo agora. Do que eles estavam falando? Porque eu não estava na conversa?
- Eu acho que, talvez, você não fosse uma boa dançarina. Explicaria essa mudança de opinião repentina dele sobre dançar. Ele não gosta de fazer isso agora. – Eu olhei pro e ele ficou mais sério. Ele não havia gostado do jeito que eu havia falado com ela.
- É, talvez a companhia interfira na vontade dele de dançar ou não. – Amber forçou um sorriso. O QUE ELA ESTÁ QUERENDO DIZER? Ele dança comigo! Está certo que eu sempre tenho que implorar para ele fazer isso, mas ele sempre dança. Eu não consegui disfarçar. Eu a encarei rapidamente e ela mantinha aquele sorriso falso no rosto. – Bem, eu vou ir ao banheiro. Eu já volto. – Amber quis sair. O clima estava mais pesado do que deveria.
- Vai lá. – afirmou com a cabeça e a observou sair. Eu também a observei da forma mais discreta que eu consegui. Quando eu a vi entrar no banheiro, eu já sabia exatamente o que deveria fazer.
- Que droga! Eu queria tanto aquela bebida. – Eu voltei a olhar pro copo vazio em cima do balcão.
- Eu vou buscar outro. – disse. – Eu já volto. – selou meus lábios antes de sair. Observei ele se afastar e olhei pro .
- , eu vou ir ao banheiro. Avise o ! – Eu disse e nem esperei a sua resposta. Eu sai rapidamente em direção ao banheiro. Agora essa garota não me escapa.
- Espera! , espera! – gritou, mas foi em vão. – Quem precisa de amigos quando se está sozinho? – perguntou a si mesmo e logo depois soltou um longo suspiro.

Hora dos show! Eu entrei no banheiro e ele estava estranhamente vazio. Eu não me contentei com o silêncio e fui olhando box por box. Apenas um estava ocupado e adivinha quem estava usando-o? Ding, ding, ding! Amber! Era exatamente com ela que eu queria conversar. Eu fui até a porta do banheiro e a tranquei para que ninguém entrasse ali durante a nossa conversa. Eu não queria que fossemos interrompidas de forma alguma. A porta do box da Amber se abriu e ela foi até a pia, enquanto arrumava o cinto de vestido. Eu fui a observando e esperei que ela me visse. Amber começou a lavar as mãos e olhou no espelho.

- ? Oi! – Amber me viu através do espelho.
- Oi, Amber. – Eu começaria com calma, mas a minha vontade era já sair gritando e chamando ela de vadia.
- Você está bem? Você parece um pouco... incomodada. – Amber sorriu com falsidade. Eu não aguento essa falsidade! Argh!
- Para, Amber! – Eu rolei os olhos. – Para com essa ceninha patética. – Eu respirei fundo para me acalmar. – Você pode fazer o e todos os outros de idiota, mas a mim você não engana. – Eu afirmei, séria.
- Do que você está falando? Eu não estou entendendo. – Amber fez cara de coitada.
- Essa amizade entre você e o ... – Eu pausei. – Acha mesmo que eu acredito que você quer manter essa amizade pra sempre? Quer mesmo que eu acredite que você não tem alguma outra coisa em mente? – Eu comecei com as acusações.
- Olha só, eu não faço ideia do que você está falando e não estou nem um pouco interessada em fazer isso agora. Se não se importa, eu vou voltar pra lá. – Amber apontou pra porta e passou por mim. Eu ouvi seus passos em direção a porta e me virei para olhá-la. Comecei a andar rapidamente atrás dela e consegui chegar na porta junto com ela. Só deu tempo suficiente de empurrar a porta que estava começando a ser aberta.
- Não, nós vamos conversar. – Eu voltei a trancar a porta e me afastei, esperando que ela me olhasse. – Eu não vou voltar pra Nova York sem antes conversar com você o que eu tenho pra conversar. – Eu disse, assim que ela virou-se em minha direção. Amber cerrou os olhos por poucos segundos.
- Você quer conversar, ? Então vamos conversar! – Amber afastou-se da porta e veio em minha direção. – Sobre o que quer conversar? – Ela abriu os braços.
- Bem, eu queria muito te perguntar se a loja em que você compra essas roupas dá 50% de desconto, já que você só costuma comprar metade delas. – Eu me referia ao cumprimento das suas roupas. – Mas como eu sei que você não vai querer falar sobre isso, porque não falamos sobre o ? – Eu ironizei e eu senti que ela também estava se segurando para não surtar.
- Sobre o ? Claro! O único assunto que temos em comum. – Ela sabia muito bem qual era o assunto, mas o ‘assunto que temos em comum’ foi só pra me provocar. – Pelo que eu percebi, a nossa amizade te incomoda. – Amber sorriu discretamente.
- Porque eu me incomodaria? Eu tenho motivos pra isso? – Eu arqueei uma das sobrancelhas.
- O único motivo é a sua insegurança! – Amber me encarou e falou com superioridade. - Você adora achar um vilão pra todos os seus dramas. Você faz isso para não ter que encarar a realidade de que a culpa disso tudo é sua! Você escolheu ir pra Nova York! Você escolheu deixá-lo aqui sozinho! – Ela dizia como se estivesse me acusando do crime mais terrível do mundo.
- E o fato de você ficar se insinuando pra ele? É culpa minha também? – Eu aumentei o tom da voz.
- Eu não estou me insinuando pra ele. Eu só estou sendo a boa amiga que eu sempre fui. – Amber negou com a cabeça.
- Qual é o plano, Amber? Você vai continuar dando uma de boa amiga, enquanto espera qualquer recaída ou fraqueza dele? É isso? – Eu queria que ela falasse de uma vez.
- Você é maluca. – Amber quase riu e negou com a cabeça.
- Você não faz ideia! – Eu disse em tom de ameaça.
- O conhece esse seu lado? – Amber continuava mantendo aquele sorriso irônico em seu rosto.
- Oh, ele conhece e devo dizer... ele adora. Ele adora o fato de eu sempre brigar pelo que eu quero e pelo que é meu. – Eu a fuzilei com os olhos.
- Olha só! Outra coisa que temos em comum. – Amber riu. VADIA! EU QUERO MATAR ELA! AQUI E AGORA! Eu cerrei os olhos e a olhei. Eu já nem tinha mais tempo para ironias e provocações.
- Fica longe dele, Amber. – Eu a encarei da forma mais ameaçadora que eu consegui.
- Você sempre teve esse costume de controlar todos a sua volta. O é o seu namorado e você pode controlá-lo se você quiser, mas não a mim. – Amber continuava me desafiando.
- Quer saber? Você está certa! Eu não posso te controlar, mas eu tenho um certo controle sobre o . Eu só acho que você deveria estar um pouco mais preocupada com isso. Nunca se sabe quando eu vou me cansar de ter que olhar pra sua cara e vou fazer com que acabe de vez com essa amizade patética. – Eu voltei a ser irônica apenas para mostrar que ela não estava sendo tão superior quanto achava.
- É mesmo? E porque ainda não fez isso? – Amber voltou a sorrir. – Porque já ficou mais do que claro aqui que você me tiraria da vida dele na primeira oportunidade. – Ela completou.
- Você acha que eu não consigo? – Eu quase ri. Ela estava me desafiando agora?
- É, eu acho que você não consegue e é exatamente por isso que você está aqui agora. – Amber apontou pra mim. – Não é, ? – Ela deu alguns passos na minha direção. – Você está aterrorizada! Você está aterrorizada porque está percebendo que está aprendendo a viver sem você. Você está percebendo que ele já não precisa tanto de você quanto você imaginava. – Ela mordeu o lábio inferior. – Aposto que não achou que a situação aqui estava tão ruim pra você, não é? – Ela riu, sarcástica. – Ele não precisou de você pra escolher o apartamento dele. Ele não precisa de você para ajudá-lo na faculdade e muito menos para se divertir. – Ela foi jogando tudo aquilo na minha cara e parecia saber que aquele era meu ponto fraco. – Aposto que você fica se perguntando qual o próximo grande passo que ele dará sem você. – Amber me olhou com pena. – Mas não preocupe, . Eu vou continuar aqui por ele. – Ela piscou um dos olhos. ? Filha da p...
- Cala a boca! – Eu estava me segurando para não afundar a minha mão na cara dela.
- O que foi? Você não queria conversar? Você gosta de falar, mas não aguenta ouvir? – Amber continuava testando a minha paciência. Aquela foi a gota d’água.
- Escuta aqui, garota. – Eu segurei o seu braço com uma das minhas mãos, o apartei e a trouxe pra mais perto. Eu queria tanto, mas tanto acabar com ela, mas eu não podia. Era exatamente isso que ela queria. Eu a olhei e suspirei longamente para me acalmar. - Não, não! Quer saber? Continue com o seu teatro ridículo, mas faça isso bem longe de mim. – Eu disse em tom de ameaça.
- Ou o que? – Amber tentou puxar seu braço, mas não conseguiu.
- O seu maior castigo vai ser não tê-lo, Amber. O seu castigo vai ser perceber que ele já te tirou da vida dele uma vez e não vai ser difícil ele fazer isso de novo. – Eu a olhei nos olhos, pois eu queria que ela guardasse bem aquelas palavras. - Faça o que você quiser fazer, tente o quanto você puder, mas você nunca, nunca vai conseguir ser eu. – Eu pausei por poucos segundos. - Você nunca vai tomar o meu lugar. Sabe por quê? – Eu perguntei retoricamente, enquanto ela cerrava os olhos. – Porque eu tenho uma coisa que você nunca chegou perto de ter. – Eu sorri, sem mostrar os dentes.
- E o que seria? – Amber arqueou ambas as sobrancelhas. Ai está a pergunta que eu estava esperando.
- O amor dele. – Eu soltei o seu braço com força e ela me olhou com todo o ódio do mundo. – Agora você pode voltar a colocar a sua máscara e se fazer de santa. – Eu a olhei pela última vez e comecei a andar em direção a porta. A destranquei e depois a bati sem nem sequer olhar para trás.



TROQUE A MÚSICA:




Eu admito que adorei falar aquilo pra Amber, mas também doeu um pouco ouvir as palavras dela que me faziam ter medo de serem verdadeiras. Minhas emoções estavam como uma montanha russa. Eu subia e descia a todo o momento e eu estava procurando estabilidade. Dei alguns passos pelo salão lotado de pessoas dançando e se esfregando. As palavras que Amber haviam me dito ecoavam em minha cabeça.

- Aqui está você! – apareceu repentinamente na minha frente. Eu o olhei, surpresa. Eu estava preocupada com o fato de que ele pudesse perceber o que havia acabado de acontecer. Eu não queria brigar.
- Oi... – Eu forcei um sorriso, enquanto ele me olhava.
- Onde você estava? Eu te procurei por toda parte. – estendeu a bebida que estava em suas mãos. – Aqui, o seu refrigerante. – Ele continuava esperando a minha resposta.
- Eu estava... – Eu indiquei com o dedo. – No banheiro. – Eu decidi não mentir. Não tinha motivos pra isso. Todo mundo vai ao banheiro.
- Você está bem? – me olhou, desconfiando. – Você parece... – Ele não sabia qual adjetivo usar.
- Eu estou bem. – Eu me adiantei. Eu não queria estragar a noite dele. não parecia convencido, mas não quis insistir. Ele continuou me olhando e eu fazia o mesmo. Eu acabei sorrindo e ele também sorriu. Ele se aproximou com o mesmo sorriso e beijou carinhosamente uma das minhas bochechas. Os dedos se entrelaçaram em meu cabelo e ele continuava me olhando.
- Eu estou feliz que esteja aqui. – disse antes de selar longamente os meus lábios. O beijo apenas fez com que as suas suspeitas aumentassem. Algo estava acontecendo. – Está tudo bem mesmo? – me olhou, preocupado.
- Está tudo ótimo. Não se preocupe. – Eu voltei a sorrir e roubei um selinho dele.
- Se você está dizendo. – quase riu. – Então, o que vamos fazer? – olhou em volta. Todos estavam dançando e nós estávamos ali parados. Eu também olhei e volta e vi encostado em um dos balcões. Ele estava sozinho.
- Vamos ficar com o . Ele está sozinho. – Eu segurei a mão de e comecei a guiá-lo até o local onde estava.
- Sabe, eu pensei em arrumar uma amiga minha pra ele, mas ai eu percebi que todas as minhas amigas são amigas dele também. – disse, enquanto continuávamos caminhando até o local onde estava. Eu ri rapidamente e neguei com a cabeça.
- Genial. – Eu continuei negando com a cabeça. Só o mesmo pra me fazer rir depois de tudo o que eu já havia escutado naquela noite.
- , estou impressionado com a sua empolgação. – disse, assim que chegamos em nosso amigo.
- É, eu acho que já não sou mais tão experiente nessas coisas. – riu de sua própria desgraça. – Eu acho que vou embora. Eu não estou sendo uma boa companhia pra ninguém essa noite. – sorriu fraco.
- Não, fica! – Eu reagi imediatamente. – Eu quero que fique. Eu quero a sua companhia. – Eu disse e ele sorriu pra mim, negando com a cabeça. – É sério! Fica! – Eu jamais o deixaria ir embora.
- Fica, . Vamos conversar, cara. – deu alguns tapinhas no ombro do amigo.
- Ok, eu fico. – rolou os olhos.
- Voltei! – Amber chegou por trás e depois foi ao lado do .
- Onde você estava, garota? Eu estava te procurando. Estava preocupado. – olhou seriamente para Amber. Preocupado com ela?
- Eu passei no banheiro e depois peguei uma bebida. Está tudo bem. – Amber sorriu discretamente pra mim e depois olhou pro . Ela usou seu ombro para empurrar o dele e ele riu. O QUE ESTÁ ACONTECENDO AQUI? – E então, como está o apartamento? Já está tudo arrumado? Tudo instalado? – Amber puxou assunto. Alguém tira ela daqui por favor?
- Ontem eu instalei a TV! – abriu um enorme sorriso. – Você estava certa sobre aquela TV! Quando nós fomos escolher, eu não botei muita fé, mas quando eu a instalei ontem a noite... – fez uma pausa e negou com a cabeça. – É loucura! Eu nunca vi uma TV tão foda na vida. Eu estava vendo o jogo ontem e parecia que eu estava na quadra! – Ele contava pra ela com todo o entusiasmo.
- Sério? – se interessou.
- No próximo jogo dos Yankees, eu vou chamar você e os caras pra irem lá assistir comigo. Você não está entendendo! – falou para o amigo. – Eu nunca, nunca mais compro nada sem a Amber! Eu não faço ideia de como comprar essas coisas e ela sabe de tudo. É sério, ela é foda. – continuou dizendo pro amigo e eu apenas ouvia sem reação alguma. Amber me olhou e arqueou uma das sobrancelhas como se dissesse ‘Viu? Eu te disse!’.
- Imagina, . – Amber riu, sem jeito.
- Não, é sério! O que eu faria sem você? Eu teria comprado tudo errado! – sorriu pra ela. OI? EU ESTOU AQUI! Isso é alguma brincadeira? – Eu estou falando sério! É loucura, parecia que eu estava lá! – Ele reafirmou. Eu já ouvi, merda! Não precisa ficar repetindo.
- Já que você está falando nisso, eu estava pensando em uma coisa nessa semana. – Amber olhou discretamente pra mim e depois pro .
- Pesando em quê? – também estava interessado. Só eu que quero que ela cale a boca?
- Eu nunca fui a um jogo dos Yankees. – Amber sorriu fraco. – E se nós fossemos? Nova York não fica tão longe. – Amber deu a ideia. Nova York? Ela fala como se ele já não conhecesse Nova York.
- Bem... – sorriu sem mostrar os dentes. – A última vez que eu fui a um jogo eu estava com o meu pai. – Mesmo não querer deixar em evidência, havia uma certa tristeza em sua frase.
- Mais um motivo pra nós irmos. Da última vez você estava com o seu pai e agora você vai com a sua melhor amiga. Tem como ser mais especial que isso? – Amber disse e sorriu pra ela.

Sinceramente, eu quase ri na cara dela. Ela é trouxa ou o quê? Ela não é tão especial quanto pensa. Quando é que ela vai se tocar? Aliás, o não tem tempo nem para ir me visitar em Nova York. Ela acha mesmo que ele vai largar trabalho e faculdade pra ir em um joguinho com ela? Tem como ser mais patética que isso? Eu estou ansiosa para ouvir dizendo não a ela. Vamos, Jonas! Diga de uma vez.

- Combinado! Nós vamos! É só marcar! – concordou sem hesitar. Mentira, isso. Isso não pode estar acontecendo. Eu não consegui me manifestar. Eu só olhei pra ele, mas ele nem sequer notou, pois estava olhando para a Amber.

É isso mesmo? Ele não pode ir até Nova York pra me ver. Eu estou lá há quase 6 meses e ele foi me ver uma única vez. sempre diz que está ocupado com a faculdade e com o trabalho. Como ele pode ter arranjado um tempo pra ela tão rapidamente? Porque pra ela e não pra mim? Eu não acredito que eu estava me decepcionando com ele de novo. Eu não acredito que a Amber está novamente entre nós. Amber percebeu o quão conturbada eu estava e ela passou a me olhar. Eu percebi os olhares dela e a olhei também. Aquele maldito sorriso sarcástico me fazia querer dar uma voadora nela. Ela ergueu os ombros como se dissesse ‘Fiz alguma coisa de errado?’. FILHA DA PUTA.

- Vamos, ? – queria saber se queria ir com eles ao jogo. notou que eu estava incomodada com toda aquela história. só não percebeu, pois ele não olhou pra mim.
- Eu não sei, cara. Tem a faculdade... – fez careta. – Eu tenho muita coisa pra fazer, mas marquem um dia e eu vejo se dá pra eu ir. – me olhou.
- Eu acho que vou chorar quando entrar naquela quadra. – Amber continuava no assunto, porque sabia o quanto eu estava incomodada. Ela sabia! Ela sabia exatamente o que estava fazendo. Ela sabia que eu e tínhamos dificuldades para nos ver e que ele quase nunca podia ir até lá para me ver. Amber estava se aproveitando disso. Ela estava usando isso a favor dela.
- Apesar de fazer muito tempo, eu ainda me lembro. É incrível. – continuava conversando com a sua melhor amiga e havia esquecido que eu estava ali. O que eu ainda estou fazendo aqui? Amber voltou a me olhar. Era tão gratificante pra ela ver que eu estava me decepcionando com por causa dela. Parecia que ela estava se vingando do que eu havia dito pra ela há minutos atrás naquele banheiro. Cada vez que ela me olhava com superioridade, eu me segurava para não voar nela.
- Já que nós vamos pra Nova York, nós podíamos dar uma passada na casa da . – Amber apontou pra mim com a cabeça. Ela queria me colocar na conversa. Ela queria causar conflito entre mim e o . estava atento a tudo. havia percebido que eu ficava cada vez mais decepcionado e com mais raiva. Ele sabia que a qualquer minuto, eu jogaria tudo pro alto e explodiria. – Quer dizer, se der tempo. Nós não vamos querer perder um segundo daquele jogo, né? – Amber riu rapidamente e depois de me olhar, olhou pro .

E esse é o meu limite. Eu me segurei, eu tentei ignorar, mas eu não posso mais deixar isso passar. Eu não posso deixar essa vontade de dar uma lição nessa vadia passar. Eu nunca senti tanto ódio de uma vez só e por uma só pessoa. Eu havia me segurado para não fazer nada naquele banheiro, mas agora eu não consigo. Amber estava há dois passos e foi exatamente essa quantidade de passos que eu dei para chegar em sua frente e comprimir todo o meu ódio em um só tapa. O rosto dela se virou e a minha mão pedia por mais. A sorte dela foi que estava mais atento do que eu imaginei. Ele me segurou pela cintura no mesmo segundo e me puxou pra trás.

- ! – me olhou com um olhar que era uma mistura de raiva e perplexidade. entrou em minha frente, eu o encarei e logo depois me aproximei dele para poder olhá-la.
- EU TE AVISEI, NÃO AVISEI? – Eu gritei e voltou a me empurrar pra trás.
- Ei, ei, ei! Se acalma! – disse e eu nem sequer dei ouvidos. Eu olhava através de seus ombros para ver qual seria a atitude de Amber. O rosto dela ainda estava abaixado e as mãos o cobriam. Eu vi se aproximar dela e quando ele tocou o seu corpo, ela desabou. Ela só não caiu no chão, porque ele a segurou. Algumas lágrimas alcançaram os meus olhos, mas com certeza eram de raiva.
- Amber! Amber! – gritava o nome dela e ela se mexia lentamente. Ela parecia bastante atordoada. tirou as mãos que cobriam o rosto dela e colocou a sua cabeça lentamente sobre o chão.
- Eu... – Amber tentou dizer. – Está doendo. – Ela resmungou e voltou a passar uma das suas mãos em seu rosto. deixou de olhá-la e mesmo estando agachado ao lado dela, ele me olhou. Raiva e decepção definiam a sua expressão ao me olhar.
- O QUE HÁ DE ERRADO COM VOCÊ? – Ele gritou da forma mais grosseira que conseguiu. Eu demorei para me dar conta de que toda aquela raiva e toda aquela grosseria estava sendo direcionadas a mim.
- Ela estava me provocando! Você viu, não viu? – Eu não acredito que de novo eu havia sido a única que havia visto qual é o jogo que essa vadia está jogando.
- A única coisa que eu vi foi ela tentando ser legal com você e você sendo a mesma mimada irracional de sempre! – voltou a me atacar com aquelas duras palavras. Eu estava completamente sem reação. Isso não pode mesmo estar acontecendo. Eu estava me sentindo tão forte antes, mas a cada palavra dele a minha força se tornava frágil. deixou de me olhar para dar atenção a ela, que quase não conseguia tocar o lado de seu rosto que eu havia estapeado.
- Você não está vendo o que ela está fazendo? , foi ela quem começou! FOI ELA! – Eu comecei a entrar em desespero ao ver que ele não havia visto o que ela fez durante toda a noite.
- CHEGA! – disparou, furioso. Ele voltou a me olhar com mais raiva do que antes. – CHEGA DE MENTIRA! – Ele nunca foi tão grosso em toda a sua vida. – Todo mundo aqui sabe que você nunca a suportou! Porque você não para de ficar inventando desculpa e assume as coisas que você faz? Porque você não assume logo de uma vez que não foi capaz de atender um simples pedido meu, nem mesmo em um dia tão especial pra mim? – detonou todas essas palavras contra mim sem nem se importar que todos estavam ouvindo ou se aquilo me magoaria.

Onde está toda a minha força agora? Onde está toda a força que eu usei para dar uma lição na Amber? Onde estava a minha força que já não me abandonava há um bom tempo? a tirou de mim com apenas um olhar e algumas frases. As lágrimas eram só mais um preço que eu tinha que pagar pela minha força frágil. Eu olhei pra ele, devastada. Devastada sim! Devastada pelo simples fato de não poder ter o meu namorado do meu lado. Devastada por ter que ver o meu namorado ao lado da garota que eu mais odeio no mundo. Devastada por estar me dando conta de que a cada dia que passava eu estava perdendo o meu espaço na vida dele. Eu comprimia todas as lágrimas, mas eu sabia que não conseguiria fazer isso por tanto tempo. Eu já não conseguia ficar e ver aquela cena ridícula. Eu não conseguia vê-lo se preocupando com a Amber e acabando comigo para defendê-la. Eu não posso mais fazer isso. me olhou pela última vez e eu o encarei. Eu só deixei de olhá-lo, quando eu me virei de costas e sai, indo em direção a porta.

- ! – me chamou, negando com a cabeça. O meu olhar e as poucas lágrimas que ele havia visto em meus olhos haviam quebrado o seu coração. deu um passo, demonstrando que iria atrás de mim.
- ! – o chamou e parou e virou-se para olhá-lo. – Deixa ela ir! – disse em tom de ordem. Ele não queria que alguém fosse atrás de mim e me consolasse. Pra ele, eu havia cometido um erro terrível.
- Se você quer dar uma de idiota, faça isso sozinho, Jonas. – disse sem se importar se estava sendo grosso. Ele deixou falando sozinho e voltou a andar na mesma direção que eu. A raiva de aumentou, enquanto ele observava se afastar.
- Droga! – resmungou e voltou a olhar pra Amber. – Amber? – a chamou novamente.
- Eu estou meio... tonta. – Amber fez careta e colocou a mão na cabeça.

Todas as minhas emoções pareciam ter vindo a tona de uma só vez. Toda a culpa que eu sentia por ter ido pra Nova York, toda a decepção de ver fazendo com a Amber tudo o que ele faria comigo se eu estivesse aqui e a raiva de tê-lo visto ficar ao lado dela ao invés de mim. Tudo estava a flor da pele e eu queria gritar. Eu queria gritar e talvez dar alguns socos em uma parede. Eu sai do tal barzinho e fui até a calçada. A única coisa que eu precisava agora era de um taxi. Um taxi que me levasse pra casa, que me levasse pra longe dele. Sim, eu podia pedir para que me levasse embora, mas eu teria que explicar tudo. Eu sabia que se eu envolvesse o , ele acabaria brigando com o . Eu não queria mais confusão. Eu não queria envolver a amizade deles nessa história.

- ! – Eu ouvi a voz de gritar. Eu me virei para olhá-lo e vi que ele correndo em minha direção. Eu cruzei os meus braços, porque estava ventando mais do que eu havia previsto. Eu fiquei parada, esperando que ele chegasse até mim. – Onde você está indo? – perguntou, respirando com dificuldade por causa da corrida.
- Embora. – Eu respondi sem me prolongar. Eu não queria consolo, eu queria ir pra casa.
- Você está bem? – Ele já sabia a resposta da sua pergunta, mas foi o único jeito que ele encontrou para fazer eu me abrir.
- Ele me odeia. Você viu? Ele me odeia. – Eu neguei com a cabeça.
- Ele não te odeia, . – se aproximou e me olhou com carinho.
- Você não viu o jeito que ele me olhou? – Eu apontei para o barzinho. – O jeito que ele falou comigo? – Eu deixei de olhá-lo para olhar para o céu. Eu estava me segurando para não chorar.
- Ei! – queria que eu o olhasse e foi isso que eu fiz. – Você não fez nada de errado. – sorriu sem mostrar os dentes. – Se quer saber, eu estou orgulhoso. – Ele disse e eu arqueei uma das sobrancelhas. Orgulhoso?
- Orgulhoso por quê? – Eu não havia entendido.
- Está brincando? Você viu aquele tapa? Eu achei que a cabeça dela ia virar 360 graus. – segurou o riso e conseguiu arrancar um sorriso de mim.
- ... – Eu neguei com a cabeça com um fraco sorriso no rosto.
- Foi demais! Sério! – reafirmou, rindo.
- Para! – Eu comecei a rir, mesmo sem querer.

continuava ajoelhado naquele barzinho ao lado da Amber. Ela ainda estava atordoada, mas estava começando a se recuperar. Ela estava voltando a falar coisas com sentido. estava preocupado. Não foi só que notou a força daquele tapa que eu estava para dar há um bom tempo. Ele estava tão bravo comigo. Ele estava escutando o que Amber estava dizendo antes do tapa e não achou em nenhum momento que pudesse ser algum tipo de provocação. Para ele eu só havia feito algo que estava com vontade de fazer algum tempo.

- Consegue sentar? – perguntou e Amber se esforçou para levantar as costas. ajudou Amber a se sentar.
- Vai.. – Amber disse, fazendo caretas porque ainda sentia dor.
- O que? – não havia entendido.
- Vai atrás dela, . – Mesmo com dor, ela queria mostrar a ele que ainda se importava comigo.
- Não, não! Eu não vou te deixar sozinha. – segurou a mão da amiga e a apertou.
- Eu estou bem. – Amber o olhou, séria. – Vai! Vai logo atrás dela. – Ela apontou com a cabeça em direção a saída.
- Não! – reafirmou.
- Por favor! – Amber pediu com jeitinho. a olhou e negou com a cabeça. Ele sabia que ela era teimosa e não sossegaria enquanto ele não fizesse o que ela pedia.
- Você vai ficar bem mesmo? – voltou a perguntar.
- Eu vou! – Amber sorriu pra ele e se levantou lentamente para poder sentar na cadeira mais próxima.
- Eu vou, mas eu volto. – a avisou e se levantou. Ele não queria deixá-la ali e nem estava com cabeça para a conversa que teria comigo, mas ele tinha que ir.

começou a andar em direção a saída e algumas pessoas que estavam na balada ainda o olhavam. Ele foi passando por todos, pensando no que me diria. Ele queria me falar tudo o que estava com vontade de dizer, mas sabia que se fizesse isso, nós brigaríamos feio. Ele não sabia se valia a pena. continuava conversando comigo e ele até conseguiu me distrair e me fazer esquecer de toda a culpa, decepção e raiva que eu sentia. A distração se perdeu, quando eu vi através dos ombros de , vindo em minha direção.

- Oh, não. Ele está vindo. – Eu disse, sem saber se eu saia correndo ou se ficava e brigava. Levei uma das mãos até o meu cabelo e entrelacei meus dedos nele, enquanto o jogava pra trás. Eu não queria ter aquela conversa agora.
- Vocês têm que conversar. – disse, sabendo que não poderia fazer nada para evitar aquela conversa.
- Eu não quero! Eu já ouvi demais hoje. – Eu suspirei, negando com a cabeça.
- Fica calma. Não se dá pra resolver as coisas com a cabeça quente. – aconselhou.
- , me deixa conversar com ela. – A voz de me fez ver que ele já havia nos alcançado. Eu não queria que saísse. Eu não quero conversar.
- Calma. – disse sem emitir som. Virou-se para e manteve-se sério. – Pega leve, . – aconselhou o amigo e nem sequer deu atenção. Os olhos dele não saiam de mim. passou por ele e começou a se afastar. Agora era só eu e ele.

Era frustrante não sentir raiva ao olhar pra ele. Eu queria tanto estar com raiva dele agora, porque era exatamente assim que ele se sentia com relação a mim. Eu só conseguia me sentir cada vez mais frágil e decepcionada. Todo mundo aqui sabe quem ganha quando se trata de raiva e decepção, não é? Eu cruzei os braços e deixei de olhá-lo. continuava me observando sem dizer nada. Ele deu mais alguns passos em minha direção e parou há quase 2 passos de mim.

- Quer me dizer o que foi aquilo lá dentro? – não tirava os olhos de mim.
- Foi... – Eu hesitei dizer, mas depois de olhá-lo eu tomei coragem. – Foi mais uma tentativa de mostrar a mim mesma que dessa eu não cruzei os braços e esperei acontecer. Eu lutei, mesmo tendo sido em vão. – Eu disse, mesmo sabendo que ele não entenderia do que eu estava falando. – Mas pra você foi só mais uma comprovação de que eu sou uma mimada irracional, não é? – Eu repeti as mesmas palavras que ele havia dito anteriormente.
- Era mesmo necessário, ? – voltou a usar o mesmo tom grosseiro de antes.
- Ela estava me provocando! Eu venho aturando essa garota por meses por sua causa! – Eu comecei a me irritar. Eu odiava ver ele defendendo ela. Deus, como eu odeio isso! – Eu não tenho sangue de barata. – Eu neguei com a cabeça.
- Provocando? Eu estava lá! Ela não disse nada! Ela não disse nada demais! Você é que implica com ela desde o dia em que ela pisou nessa cidade. – estava mais do que exaltado.
- VOCÊ ESTÁ CEGO! – Eu quase gritei. Porque ele estava fazendo aquilo? – Essa garota está cegando você! Você não percebe? Ela está te colocando contra mim! – Porque eu ainda perdia meu tempo tentando convencê-lo?
- Ela está me colocando contra você? Ela nem precisa! Você consegue fazer isso sozinha! – sorriu com sarcasmo.
- Eu? – Eu apontei pra mim mesma. Eu não acredito que eu estava ouvindo isso. Aquilo foi demais pra mim. – Se o problema sou eu, porque você veio atrás de mim? – Eu dei um passo em sua direção. Minhas emoções estavam no limite. – Porque não ficou com ela? – Eu apontei pro barzinho. – Hein? – As lágrimas começavam a se acumular em meus olhos e a raiva se acumulava em meu coração. – VOLTE PRA LÁ! – Eu o empurrei com toda a minha força. – Volte pra ela! Ajude-a! Leve-a pra casa! Fique com ela! Durma com ela! Faça o que quiser e me deixa! – Eu senti que não conseguiria mais segurar as lágrimas, por isso, virei de costas. Algumas poucas lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto e eu me odiava cada vez mais por isso. – Me deixa em paz, . – Eu fechei os olhos para que as lágrimas parassem de escorrer e passei minhas mãos pelo meu rosto.
- Oh, essa é a parte que você se faz de vitima. Você nunca volta atrás, não é? Você nunca vai assumir que fez besteira ou que se arrepender de algo. – me observou de costas. Ele também estava decepcionado com o que havia escutado.
- Não! Eu não vou dizer que me arrependo! Sabe por quê? – Eu voltei a olhá-lo. Naquele momento, a raiva era maior que a minha tristeza. – Porque eu não me arrependo! – Eu afirmei com ódio. – Se quer saber, eu adorei! Eu adorei ter dado na cara daquela vadia falsa! – Eu dei alguns passos em sua direção. – E pode ter certeza que eu faria de novo. Quantas vezes eu pudesse! – Eu terminei de dizer e o encarei. observou o meu rosto de perto por algum tempo.
- Você está chorando.. – pareceu surpreso com as minhas lágrimas. Aquelas lágrimas o intrigaram. Nós estávamos brigando, gritando e agora havia lágrimas no meu rosto das quais eu não me orgulhava.
- Não, eu não estou! Não é isso que as mimadas irracionais fazem, ? Elas não choram! – Eu usei os seus próprios argumentos contra ele. demorou para responder as minhas duras palavras. Ele continuou a me observar e depois de um tempo ele negou com a cabeça.
- Por quê? – abriu os braços. – Porque você tinha que estragar a minha noite? – Ele me olhou com decepção. – Quando foi a sua vez, quando era o seu sonho, eu estava lá! Eu comemorei com você, mesmo que isso significasse a minha tristeza. – Ele pausou por um tempo. – Agora era a minha vez. Os meus amigos estão aqui, você está aqui e eu estava feliz. Eu pedi pra que você fosse tolerante com a Amber. Eu só te fiz um pedido! Só um pedido e o que você fez? Estragou tudo. – Mesmo vendo as lágrimas em meus olhos, ele não parou até dizer tudo o que queria. Doeu. Provavelmente mais em mim do que nele.
- Eu não deveria ter vindo. – Foi a única coisa que eu consegui dizer. A minha voz até saiu um pouco embargada. – Eu vou embora e você pode continuar comemorando. – Eu me virei de costas com a intenção de novamente procurar um taxi. Havia passado uns 5 durante a nossa conversa e agora não tinha nenhum. Sacanagem.
- Eu te levo. – colocou a mão no bolso, demonstrando que iria pegar a chave de seu carro.
- Não, eu não quero! Fique e comemore com os seus amigos. – Eu virei pra olhar pra ele por poucos segundos, mas não consegui fazer isso por tanto tempo. Voltei a olhar pra rua e tudo o que eu queria era um taxi.
- Você sempre diz isso e eu sempre insisto pra te levar. – manteve suas mãos no bolso, enquanto me observava de costas. – Você faz, porque sabe que eu vou atrás de você. Eu não vou fazer isso hoje. – Ele negou com a cabeça. – Quer ir embora, fique a vontade. – Ele disse no mesmo instante em que eu avistei um taxi no inicio da rua. A vontade de chorar triplicou. Eu dei sinal para o taxi e ele parou em minha frente. As lágrimas escorriam pelo meu rosto, mas nem chegou a vê-las. Ele apenas me observou entrar no taxi e sair.

havia voltado pra balada. Ele não fazia ideia do que estava acontecendo lá fora, mas ele estava preocupado. Amber estava próxima a ele e ainda tentava se recuperar. e sumiram, assim como e . chegou a procurá-los, mas não os encontrou. Pensou que a chance deles estarem se pegando em algum canto era grande.

- Cadê todo mundo? – chegou, dando alguns tapas no ombro do amigo. o olhou e viu ao seu lado.
- Onde vocês estavam? – rolou os olhos.
- Nem te conto. – riu de forma malandra. – E a ? – olhou para os lados e não me viu.
- Nem te conto. – fez careta.
- O QUE? – entendeu errado. - Cadê o , porra? – teve alguns segundos de desespero.
- Não, não é nada disso. – riu. – É que aconteceu um problema. – não sabia como dizer sem fazê-lo querer matar o .
- Um problema? – aproximou-se, curiosa.
- Que problema? – quis saber.
- A maluca da sua irmã me bateu. – Amber se intrometeu, fazendo careta. A sua cabeça e seu rosto ainda doía.
- Ela o que? – olhou pra Amber e arqueou uma das sobrancelhas.
- Oh, meu Deus! O seu rosto. – se aproximou, pois viu o vermelhão no rosto de Amber.
- Cadê ela? – ficou imediatamente preocupado. – E o ? Ele está com ela? – Ele não gostaria de saber que a sua irmã estava sozinha. Ele não sabia o motivo da briga, mas sabia que eu estava mal.
- A última vez que eu vi, ela e o estavam conversando lá fora. – apontou em direção a porta. No mesmo segundo, saiu andando rapidamente em direção a saída, deixando até para trás.
- ! – o chamou, mas meu irmão nem deu ouvidos.
- Deixa ele conversar com a . – nem se importou. Ela achou que seria bom eu e conversarmos.
- Está brincando? Ele vai matar o . – não deu muitos detalhes. – Vem logo. – saiu e levou com ele.

estava parado no mesmo lugar. O lugar em que ele havia me visto entrar naquele taxi. Ele estava com medo da situação em que havíamos deixado tudo. Nada havia sido resolvido e as chances de terminarem bem eram preocupantes. Nós sempre consertamos as coisas do nosso jeito, mas dessa vez nós simplesmente não sabíamos como fazer isso da maneira certa. Nós nem sabíamos se isso era o certo a ser feito. estava decepcionado com as minhas atitudes naquela noite e eu estava decepcionada com as duras palavras ditas por ele e as ações dele há algum tempo.

As coisas não pareciam estar tão fáceis quanto antes. Muitas coisas estão diferentes agora. Coisas que nós não sabíamos explicar. Nós só sabíamos que não eram como antes. Isso me aterrorizava. Eu venho adiando pensar nisso ou até pensar nas consequências. As mudanças ao longo do caminho podem interferir no agora. Eu não consigo parar de pensar nisso. não sabia como reagir aquilo.

- ? – chegou de surpresa, mas não assustou . – Cadê a minha irmã? – Ele logo perguntou.
- Ela foi embora. – encarou o asfalto por um tempo e depois olhou pro cunhado.
- Como foi embora? Sozinha? – estava torcendo para ouvir uma resposta negativa.
- Ela foi de taxi. – respondeu sem achar que aquilo teria tanta importância.
- Ta de brincadeira, né? – quase riu, sem acreditar.
- Eu me ofereci para levá-la, mas ela não quis, cara. – abriu os braços.
- E você deixou ela ir sozinha? – abriu os braços, perplexo. – O que aconteceu? Porque ela foi embora? – começou a fazer perguntas.
- Por quê? – negou com a cabeça. – Ela deu um tapa na Amber. Ela surtou! – explicava com revolta.
- E pelo jeito você não gostou nada. – encarou o amigo. Estava começando a entender o que havia acontecido.
- A Amber é a minha melhor amiga! É claro que eu não gostei. – disse, impaciente.
- Sério? Engraçado. – forçou um sorriso. – E eu achei que a minha irmã fosse a sua namorada. – Ele ironizou. negou com a cabeça. jamais o entenderia.
- Não é porque ela é a minha namorada, que eu vou gostar de vê-la brigando com a minha amiga. – argumentou.
- Não importa com quem ela brigou, ! Ela é a sua namorada! Não importa o quê, você tem que ficar ao lado dela. – começou a se irritar. – Foi por isso que eu a deixei em suas mãos, cara. Você me disse que cuidaria dela. – Ele esperava uma boa explicação do .
- Não! Eu não tenho que ficar passando a mão na cabeça dela sempre. Ela errou e nem sequer foi capaz de assumir isso. Ela quis embora, eu deixei. – explicou sem muitos detalhes.
- Você lembra do que eu te disse quando descobri que vocês estavam namorando? – se aproximou do amigo.
- O que? – encarou o amigo. Estava bravo demais para abaixar a cabeça como ele vêm feito nas ultimas brigas.
- Eu disse que se você a magoasse, eu quebraria você. – recordou. – E eu vou cumprir. Entendeu? – enfrentou o amigo. Pegou o seu celular e discou o número do meu celular. Ele queria saber se eu estava bem.

O taxi havia acabado de parar em frente a minha casa, quando o meu celular começou a tocar. Eu olhei o visor e vi o nome do meu irmão. Eu tinha que atender. Eu não sabia se ele já sabia de tudo. Se ela já soubesse, estaria preocupado. Se ele não soubesse, estaria preocupado do mesmo jeito. Eu paguei o taxi, desci e só então fui atender o celular.

- Oi, . – Eu disse assim que atendi.
- Onde você está? – perguntou de prontidão.
- Eu cheguei em casa agora. Está tudo bem. – Eu já pude saber que ele sabia de tudo.
- Está mesmo? – perguntou, olhando pro .
- Está! Eu vou dormir agora. – Eu disse, abrindo a porta de casa.
- Certo, então eu falo com você depois. – estava mais tranquilo.
- Tudo bem, beijos. – Eu nem esperei a sua resposta e já desliguei.
- E então? – perguntou, preocupado.
- Ela chegou em casa. – voltou a guardar o celular no bolso.
- E então? Onde ela está? – já chegou perguntando.
- Ela foi pra casa. – olhou pro com desaprovação.
- E A Amber? Você a deixou sozinha? – apontou pro barzinho.
- Eu não sei. Eu acho que ficou. – nem estava se importando com a Amber.
- Que droga, ! – olhou pro , irritado.
- Então a minha irmã pode ficar sozinha e a Amber não, né? – olhou pro , incrédulo.
- Qual o problema, cara? Fala de uma vez! – se irritou com as indiretas que passou a mandar.
- O problema, , é que a minha irmã ficou meses sem ver a família dela. Toda vez que pedíamos para ela vir nos ver, ela dizia que não podia vir porque se ela viesse, ela não poderia estar aqui no precioso dia em que o comemoraria ao fato de ter o seu primeiro apartamento. – falou, mesmo sabendo que aquilo deixaria com um tremendo remorso. O ódio no rosto de desapareceu. – E veja que legal, ela está em casa agora e você está aqui. Porque não vai comemorar, ? Eu estou indo embora. – até havia perdido a vontade de ficar ali, além do mais, ele já havia feito tudo o que tinha em mente naquele barzinho. não conseguiu responder. Não havia argumentos para se defender. – Você vai ficar, ? – perguntou, afastando-se.
- Eu vou ficar. – olhou pro . Não queria deixar sozinho, mesmo que ele merecesse.
- Ei, ! – sussurrou para que não ouvisse.
- Vem, ! – chamou a namorada.
- Vá falar com ela. Conserte as coisas como vocês sempre fazem. – sorriu pro amigo e logo depois saiu correndo em direção ao carro de , que já lhe esperava impacientemente. escutou o que havia dito, mas não sabia se seguiria o seu conselho. Apesar de tudo, ele ainda achava que eu havia feito besteira.
- Você vai ficar, ? – perguntou para o amigo, que estava estranhamente quieto.
- Eu... – suspirou longamente e passou uma das mãos pela cabeça, bagunçando o seu cabelo. – Eu tenho que levar a Amber embora. – apontou para o barzinho.
- Não, deixa que eu levo. Fica, vai pra casa e vê se pensa um pouco. A noite foi longa. – deu alguns tapas nas costas do amigo.
- Tem certeza? – sabia que não tinha obrigação nenhuma de levar Amber embora.
- Tenho! Sai logo daqui. Eu levo ela. Conheço muito bem o caminho. – rolou os olhos. Ele conhecia o caminho, pois o fazia todos os dias, quando namorava .
- Valeu, cara. – se aproximou do amigo e eles fizeram o seu tradicional toque de mãos.

havia rodado o barzinho inteiro a procura dos amigos. Todos haviam sumido e ela não fazia ideia de onde eles poderiam estar. Ela havia conversado com alguns garotos, pois queria dar o troco em , mas ela não o viu nenhuma vez desde que eles haviam brigado no inicio da balada.

- ! – gritou o nome do amigo quando o viu passar pela porta de entrada. – Onde está todo mundo? – abriu os braços.
- Foram embora. – começou a andar e o acompanhou.
- Embora? O que aconteceu? – o olhou, perplexa.
- Por onde eu começo? – quase riu. – A e a Amber brigaram, a bateu na Amber, o e a brigaram, o e o quase brigaram também e todos resolveram ir embora. Agora sobrou pra mim levar o pivô do mal pra casa. – revirou os olhos.
- O que? Eu sumo por 1 hora e acontece tudo isso? – ficou chocada.
- E o ? Achei que estava com você. – olhou para a amiga.
- Comigo? É claro que ele não está comigo. – fez careta.
- Aposto que estão falando de mim. – chegou do nada e fez com que e parassem de andar.
- E quando é que eu não estou falando de você? – forçou um sorriso.
- , não fala essas coisas aqui. Eu estou acompanhado. – rolou os olhos e apontou para uma garota que esperava por ele há alguns passos dali. e olharam para a garota.
- Quanto você pagou? – brincou e revirou os olhos.
- Muito engraçadinho. – forçou uma risada.
- Onde está o ? Eu tenho que mostrar ela pra ele. – achou que deixaria de ser zoado de vez pelo amigo.
- Se quer ter um troféu pra exibir, deveria arrumar algo melhor. – alfinetou e a fuzilou com os olhos.
- Algo melhor tipo quem? Você? – quase riu. – Não, obrigado. – Ele deu o troco.
- Querem parar? Vocês querem mesmo discutir a relação depois de tudo? – se irritou. Eles não conseguiam ficar 3 minutos sem brigar.
- Tudo o que, cara? – quase riu.
- A e a Amber brigaram, o ficou bravo e eles brigaram também e depois ele e o quase se pegaram lá fora. Está bom pra você? – suspirou.
- O que? Mas... – demorou algum tempo para entender. – Que droga. – Ele fez careta e negou com a cabeça.
- Eu tenho que levar a Amber embora. – olhou em volta, procurando a Amber.
- Você pode me levar também, ? – perguntou para o amigo, pois sabia que não podia contar com o inútil do .
- Claro. – respondeu, mas continuou a procurar a Amber. – Ali. – Ele a encontrou.
- Eu até te levaria , mas não tem mais espaço no carro. – ergueu os ombros, enquanto ria e o fuzilou com os olhos.
- Se divirta com essa vadia. – desabafou e saiu, indo em direção a Amber.
- Eu vejo você por ai, cara. – e fizeram o seu toque de mãos rotineiro e depois foi atrás de Amber e .

O apesar de estar preocupado com os amigos, estava feliz, pois havia conseguido enganar . A verdade é que não havia garota nenhuma. Quer dizer, havia sim uma garota, mas ele não estava nem um pouco interessado. Era da que ele gostava e ele se odiava por ser tão idiota. Idiota por dispensar aquela bela garota que demonstrava interesse por ele.

- Então, vamos? – A bela garota sorriu pra ele. Ela com certeza tinha um belo sorriso. a encarou e respirou fundo antes de respondê-la.
- Não vai dar. – fez careta. – Eu vou pra casa e ... – nem terminou a frase e a garota já saiu e o deixou falando sozinho. – Legal. Eu sou oficialmente um idiota. – rolou os olhos e se apressou para ir embora. não poderia vê-lo sair dali sozinho. Para ela, ele ia sair com a tal garota.


- Vamos, Amber. Eu vou te levar pra casa. – chamou a garota e nem lhe deu tanta atenção. estava com a cabeça em qualquer lugar, menos ali.
- Mas e o ? – Amber se levantou lentamente.
- Ele foi embora. – a olhou, sério. – Vamos. – apontou com a cabeça o caminho que eles deveriam percorrer.
- Então ta. – Amber estranhou o comportamento frio de . Ela começou a acompanhá-lo, assim como a .

conduziu as duas até o seu carro. havia cogitado a hipótese de me ligar e me dar uma força, mas disse que eu já tinha ido dormir. Ele achou que fosse melhor me deixar dormir. Se eu dormisse, eu não precisava pensar. se odiava cada vez mais quando pensava que um dia chegou a pensar em dar uma chance pro . a deixou em sua casa e seguiu para a casa de Amber. Eles permaneceram em silêncio até chegar na casa dela.

- Então, chegamos. – nem chegou a desligar o carro, pois queria que ela saísse de uma vez.
- Obrigada, . Você foi muito legal em me trazer. – Amber sorriu pra ele e preparou-se para sair do carro. a observou e percebeu que não conseguiria deixa-la ir sem falar o que queria.
- Amber... – Ele a chamou e ela virou-se para olhá-lo.
- Eu não sei o que você está armando, mas eu estou de olho em você. – disse com a expressão mais séria do que nunca. Amber até se assustou. Ela não esperava por isso.
- ... – Amber ia se defender, mas foi mais rápido.
- Boa noite, Amber. – deixou de olhá-la para olhar pra rua. Amber ficou incomodada por perceber que ele estava me defendendo.
- Boa noite. – Amber resolveu não falar. Não adiantaria nada.

não fazia ideia do que havia acontecido entre mim e a Amber, mas ele sabia que de alguma forma eu estava certa. Ele me conhecia desde sempre e ele sabia que eu não ia sair estapeando alguém por nada. Ele acredita em mim. Eu também queria que tivesse essa fé em mim. Eu queria que ele acreditasse que eu não fiz aquilo por ciúmes ou implicância. Amber me fez ouvir coisas horríveis. Amber me fez pensar que eu estava perdendo a única coisa que eu tinha certeza que chamaria de meu durante toda a minha vida.

Era quase 1 hora da madrugada quando olhei o relógio pela última vez. Eu estava em minha cama e até já havia colocado o pijama. O celular estava sobre o criado mudo e eu não esperava que ele tocasse tão cedo. não cederia tão rapidamente ou talvez ele nem cederia. Eu estou esperando tudo depois do que aconteceu hoje. O único motivo de eu ainda não ter chorado, foi que eu não quis pensar sobre aquilo. Eu não queria passar a noite aos prantos como acontecia em outras épocas. Amber era a culpada e eu não derramaria uma só lágrima por causa dela.

entrou em seu apartamento e não sabia muito bem o que estava fazendo. Ele não sabia se deveria mesmo estar ali ou se deveria estar pensando naquilo. Ele continuava decepcionado comigo. Ele ainda achava que a minha atitude havia sido péssima, mas ele também achava que nada jamais seria tão ruim que não pudesse ser perdoado. O orgulho estava o mantendo em casa. Mesmo tendo certeza que estava certo, ele ainda sentia um vazio dentro de si mesmo. Um vazio como se estivesse deixando algo muito importante escapar. Foi até a sacada e encontrou Buddy. O cachorro que eu tanto havia adorado correu até ele e começou a rodear seus pés. agachou-se para acariciá-lo. nem chegou a acariciá-lo por dois segundos e o cachorro já deu dois latidos seguidos.

- Você também me odeia, né? – se levantou, irritado.

tentou diversas vezes se distrair. Nada funcionou! Nem a preciosa TV que Amber havia ajudado ele a escolher, nem o videogame e muito menos Buddy. Ele enrolou por quase duas horas. Ele enrolou a si mesmo por quase duas horas. Ele estava deitado no sofá e encarava o teto da sala. Agora a única coisa que conseguia pensar era que eu estava na cidade por causa dele. Eu só estava ali para comemorar com ele. Era a minha última noite e agora nós estávamos brigados. Brigados de um jeito estranho e diferente das outras vezes. Não era uma bobeira como das outras vezes e não pareceu ser tão doloroso nas outras vezes.

- O que devo fazer, hein? – perguntou como se Buddy fosse lhe responder. Ele estava com a cabeça deitada no colo do e ele encarava incansavelmente. – O que eu faço? – Ele repetiu e Buddy se levantou. Buddy começou a mostrar-se interessado por uns dos bolsos da calça de . Havia algo lá que repentinamente lhe chamou a atenção e ele conseguiria, nem que precisasse rasgar a calça do seu dono. Buddy insistiu e começou a estranhar. O que ele estava querendo? – O que foi? – perguntou, sem entender. O cachorro continuou lutando para conseguir algo que estava em seu bolso. – As chaves? – puxou a chave do carro do seu bolso e o cachorro ignorou. – O que você quer, cara? – o viu continuar a lutar por algo que estava em seu bolso. Depois de tanto sacrifício, o cachorro pareceu conseguir o que tanto queria. Puxou o celular do bolso do , que quase surtou ao ver o celular na boca do cachorro. – Devolve isso! – puxou o celular com rapidez e olhou o cachorro com cara feia. – Mas o que.... – negou com a cabeça e olhou para seu celular para ver se algo tinha acontecido. O visor do celular mostrava um relógio que marcava 3:20. As horas lhe chamaram atenção. Faltavam exatos 15 minutos para 3:35. Aquela hora que significava tanto para nós dois. Aquela hora que sempre acabava nos aproximando ainda mais. – É isso! – encarou Buddy e sorriu sem mostrar os dentes. – Eu vou atrás dela. – levantou-se do sofá e Buddy resolveu deitar. Parecia que achava que sua missão estava cumprida. – Eu volto depois. – acariciou rapidamente o cachorro e começou a andar rapidamente em direção a porta. – Tente não destruir o meu apartamento. – gritou antes de bater a porta e trancá-la.

Não, não era mais uma daquelas cenas de filme. Não é como se ele estivesse correndo para um aeroporto para não me deixar partir. Ele só queria acertar as coisas. Ele só queria saber o que estava acontecendo entre nós. Ele queria saber como resolveríamos aquilo. Ele conseguiu chegar lá em menos de 15 minutos e não se surpreendeu ao ver todas as luzes da minha casa apagadas. Desceu do carro e ele ainda vestia a mesma roupa que usou na sua ‘quase comemoração’ daquela noite. olhou a janela e a sacada do meu quarto e começou a pensar em como faria para chamar a minha atenção.

Sabe quando você acorda cedo com frequência e quando você pode dormir até tarde, você sempre acaba acordando naquele maldito horário de sempre. É como se o seu sono se acostumasse com o relógio. Bem, isso também acontecia comigo. Eu sempre era acordada ás 3:35 da madrugada por uma mensagem ou por uma ligação. As vezes ele me ligava pra falar coisas idiotas, que me faziam rir e outras vezes ele ligava e um de nós acabávamos dormindo entre uma frase ou outra. Também havia as mensagens de texto que sempre significava algo especial.

Eu também acordei naquela noite. Os meus olhos abriram e deram de cara com o relógio que ficava sobre o criado mudo. O celular também estava ali em cima e depois de tanto tempo, ele não vibrou e nem tocou. Eu fechei os olhos novamente, pois sabia que não seria difícil voltar a pegar no sono. Mesmo com os olhos fechados, eu continuava pensando nele. Porque eu estou pensando? Eu tenho que dormir! Eu me mexi na cama e convenci a mim mesma que dormiria agora. Eu estava conseguindo. Já nem era mais um cochilo. Eu estava bem próxima de dormir de vez, quando um barulho fez meu sono recuar. Era um barulho estranho, mas não despertou a minha atenção. A árvore próxima a minha sacada vivia perdendo suas folhas e quando elas caiam, acabavam fazendo um barulho parecido. O barulho voltou a me atrapalhar e antes que eu pudesse pensar em ignorá-lo, outro barulho!

- Que droga... – Eu suspirei e insisti em voltar a dormir. O barulho voltou e dessa vez com mais frequência. Eu olhei pra janela de vidro e não vi nada demais. Forcei meus olhos a se fecharem novamente e os barulhos insistentes continuavam. – Só pode ser brincadeira. – Eu suspirei longamente e tirei o lençol que antes cobria o meu corpo. Eu me sentei na cama e depois de ouvir o barulho mais uma vez, eu me levantei. Eu ainda estava bastante sonolenta, mas mesmo assim fui até a janela. Puxei a cortina e olhei pra baixo. Lá estava ele.

Foi um verdadeiro alivio ver aquelas cortinas se abrirem. Um fraco sorriso surgiu no rosto de e ele continuou a me olhar. Mesmo de tão longe, nós conseguíamos conversar através do olhar. Eu não acreditava que ele estava ali tão tarde. Eu coloquei uma mexa do meu cabelo atrás da orelha e neguei com a cabeça. O que ele queria? não tirava os olhos de mim e temia que a qualquer momento eu o deixasse falando sozinho e voltasse a dormir. Ele ergueu os ombros como quem dissesse ‘Não tem jeito. Eu tinha que vir!’. Eu não sabia o que esperar. O que ele queria que eu fizesse? colocou a mão no bolso e de lá tirou o seu celular. Ele mostrou o celular pra mim e depois começou a digitar algo nele. Segundos depois, eu ouvi o meu celular vibrar. Era uma mensagem dele. Eu abandonei a janela por alguns segundos e peguei o celular.

‘Nós precisamos conversar. Desce aqui.’ – Era o que dizia a mensagem enviada por ele. Eu voltei pra janela e olhei pra ele de novo. Ele abriu os braços, esperando por respostas.
‘Está tarde. Vai pra casa! Nós conversamos amanhã.’ - Eu respondi e de longe vi ele ler a minha mensagem. me olhou, desapontado.
‘Olhe o relógio. A última vez, eu é quem fui até você. É a sua vez de vir até mim.’ me respondeu, esperando me convencer. Droga, ele não pode ficar usando esse argumento. Não é justo.
‘Vai pra casa, .’ – Eu respondi, esperando fazê-lo desistir daquela ideia. Depois de receber a minha mensagem, ele me olhou e negou com a cabeça. Ele não desistiria tão fácil.
‘Eu não vou a lugar algum. Quando você quiser, desça. Eu estarei aqui.’ me surpreendeu com tanta teimosia. Ele começou a andar em direção a varanda da minha casa. O que? O que ele está fazendo? Eu estendi o meu corpo para tentar vê-lo, mas eu não consegui. Ele realmente estava sentado na minha varanda?

sabia que eu desceria. Todos esses anos me observando e me conhecendo valeram a pena. Ele sabia exatamente o que eu estava pensando ou o que eu faria. Ele sabia que eu não o deixaria passar a noite na varanda da minha casa. Droga! Porque ele faz isso? Porque ele continua me desafiando? Eu não queria conversar. Eu não quero falar sobre o que havia acontecido naquela noite.

- Que droga, . – Eu suspirei, indo até o meu armário. Peguei um roupão e coloquei por cima do meu pijama. Olhei rapidamente no espelho e o meu cabelo estava quase arrumado. Eu coloquei a primeira rasteirinha que encontrei na minha frente e fui até a porta. Eu fui extremamente cuidadosa. Eu não podia fazer barulho, já que todos estavam dormindo. Passei pelo corredor e desci as escadas da forma mais lenta do mundo. Cheguei na porta da casa e respirei fundo. Porque parecia que eu não estava pronta para aquilo? Porque parecia que eu não estava com raiva o bastante?

O barulho do trinco da porta se abrindo fez sorrir ligeiramente. Ele estava de costas para a porta e estava sentado em um dos degraus da escada. Ele não se moveu ou sequer olhou pra trás. Eu o vi de costas e neguei com a cabeça. Eu não deveria estar ali. Fechei a porta com cuidado e dei alguns passos, me sentando ao lado dele. Ambos olhávamos pra rua deserta. O silêncio permaneceu por quase 1 minuto. Ninguém sabia como começar aquela conversa.

- Há uns 3 anos atrás, eu costumava sonhar muito com você. – começou a dizer, mas os olhos dele mantinham-se fixos na rua, assim como os meus. – Geralmente eram coisas boas, mas também havia pesadelos. – Mesmo sem saber onde ele queria chegar com aquilo, eu escutava com atenção. Olhei pra ele através da visão periférica e vi seus cotovelos apoiados em seu joelho. As mãos brincavam com alguma coisa que eu não conseguia identificar. – Uma vez eu acordei e eu estava tão assustado. Você me odiava e eu nem ao menos podia te ligar só pra ter certeza de que você estava bem. Eu... – riu sem emitir som e negou com a cabeça. – Eu não sei o que deu em mim. Eu me levantei da minha cama e vesti a primeira roupa que encontrei pela frente. Eu peguei o meu carro e vim aqui. – Ele continuou um pouco mais sério. – Eu precisava saber se você estava bem. – sorriu fraco. – Eu fiquei alguns segundos aqui, nesse mesmo lugar, me perguntando o que eu faria pra tirar aquela sensação ruim que estava dentro de mim. Eu ainda não sei como. Eu só sei que subi essa árvore como se estivesse subindo uma escada. Eu cheguei na sua sacada e consegui te ver através da cortina. Você está dormindo tranquilamente e mesmo me achando o cara mais patético do mundo, eu voltei pra casa feliz. Não havia mais sensação ruim, sabe? – abaixou os olhos para olhar para a pedra que estava em suas mãos. Uma das pedras que ele estava usando para jogar na janela do meu quarto.
- Porque está me contando isso? – Eu finalmente virei meu rosto para olhá-lo. Eu não sei onde ele queria chegar com aquela história, mas se ele estava tentando fazer o resto do meu ódio ir embora, ele havia conseguido.
- Porque aqui estou eu novamente. Na mesma varanda, no meio da madrugada e com a mesma sensação ruim. – virou o seu rosto para me olhar. – A única diferença é que dessa vez não foi um pesadelo. Foi real. – Ele completou e aposto que nem percebeu o quão adorável e triste aquilo soou. percebeu o quanto aquela pequena história havia mexido comigo. Eu deixei de olhá-lo para olhar o céu, enquanto negava com a cabeça.
- Eu não deveria ter vindo. Eu não queria atrapalhar a sua noite. – Eu culpei a mim mesma. A noite dele havia sido uma droga e a culpa era minha. Eu também tinha que lidar com isso.
- Não... – negou com a cabeça. – Eu precisava de você aqui. Eu ainda preciso de você aqui. – sorriu fraco, enquanto me olhava.
- Eu estraguei a sua noite. – Eu rolei os olhos. Porque ele estava fingindo que não se importava com aquilo? Eu sabia que ele se importava.
- Eu não quis dizer aquilo. – referia-se a nossa discussão anterior.
- É claro que você quis. – Eu sabia que ele estava deixando tudo de lado para que resolvêssemos aquilo. Eu não queria que ele fizesse isso. Já passou da hora de sermos honestos um com o outro.
- Eu estava irritado e acabei falando as coisas sem pensar. Nós fazemos isso. – já estava arrependido do que havia falado. – Nós já passamos por isso tantas vezes e nos sempre sobrevivemos. – virou o seu corpo em minha direção. Eu ainda me surpreendia com a beleza dele. Eu ainda me surpreendia ao saber que é com aquele cara lá que eu tenho vivido os melhores momentos da minha vida.
- Dessa vez é diferente. – Eu deixei de olhá-lo porque eu não queria ver a sua expressão ao me ouvir dizer aquilo.
- Não é diferente. – me olhou mais sério. - Vamos concertar as coisas como nós sempre fizemos. – Ele era sempre otimista com tudo. Isso às vezes pode ser bom, mas outras vezes podem te impedir de ver a realidade.
- Nós deveríamos mesmo? – Eu disse, depois de voltar a olhá-lo. Eu não sabia qual seria a sua reação. Todo o otimismo desapareceu e os olhos se encheram de tristeza e preocupação. Ele não acreditava que aquela possiblidade estava sendo cogitada.
- O que... – não conseguia acreditar. Ele estava em choque. – O que você está dizendo? – As lágrimas ameaçaram seus olhos. Ver aqueles olhos tristes e finalmente falar sobre um possível término em voz alta me deixava ainda mais triste e aterrorizada. A reação dele fez as lágrimas chegarem com rapidez nos meus olhos.
- ... – Eu não conseguia dizer. Eu neguei com a cabeça e deixei de olhá-lo para olhar para as minhas mãos. Eu sabia qual era o risco que eu corria ao falar daquele assunto, mas aquilo estava me matando. Eu precisava falar.
- É isso? – passou rapidamente as mãos em seus olhos para evitar que as lágrimas escorressem pelo seu rosto. – É isso que você quer? – Ele nunca teve tanto medo de uma resposta. A felicidade dele dependia dela. me olhava e esperava que eu voltasse a olhá-lo e foi isso que eu fiz depois de muito custo.
- Não. É claro que não. – Mesmo eu tendo dito da forma mais trágica, a resposta ainda deixou feliz e aliviado. – É só que... – Eu voltei a negar com a cabeça e levantei o rosto para encarar o céu por algum tempo. sabia que alguma coisa estava acontecendo.
- Ei, você precisa me contar o que está acontecendo. – pediu, demonstrando preocupação. – Eu preciso saber. – Ele reafirmou e levou uma de suas mãos até o meu rosto. A mão dele trouxe o meu rosto para baixo e me fez olhar para ele de novo. Os meus olhos estavam completamente cheios de lágrimas.
- Eu estou com medo. – Eu vi a preocupação dele aumentar. – Eu estou com medo porque alguma coisa mudou entre nós. – Eu senti uma lágrima escorrer pelo meu rosto e eu rapidamente a sequei. – E não negue porque eu sei que você também já percebeu. – Eu disse, quando percebi que ele iria falar alguma coisa.

vem pensando nisso há dias. Ele já havia convencido a si mesmo que isso só não passava de uma crise e que só era coisa da sua cabeça. Ele tinha medo de pensar nisso e por isso escolheu a solução que mais lhe pareceu agradável. Agora tudo voltou a tona. Voltou a tona porque ele acaba de perceber que não era coisa da sua cabeça, não era besteira, era real. Dizem por ai que a verdade dói, mas na verdade ela te assusta. Ela te assusta porque você convenceu a si mesmo de que essa verdade simplesmente não existia e agora aparece alguém e te prova ao contrário. Como reagir? Como lidar com isso?

- O que mudou? – ousou perguntar. Ele já havia feito essa pergunta a si mesmo e não havia conseguido descobrir a resposta. Talvez eu soubesse a resposta ou talvez ela seria dolorosa demais para ser dita.
- Eu não sei. – Eu ergui levemente os ombros. – Eu estou enlouquecendo porque eu não consigo descobrir. Eu não consigo descobrir qual é o problema. – Eu entrelacei meus dedos em meu cabelo, jogando-o para trás. – Se eu descobrir, eu posso consertá-lo. – As lágrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. – Eu preciso consertar as coisas, . – O meu choro aumentou e a minha voz começou a sair embargada. – Porque se eu não fizer isso, haverá consequências e só de pensar... – Eu disse e vi ele negar com a cabeça, enquanto segurava o seu choro também. – Eu tenho tanto medo das consequências. – Eu disse aos prantos. Todas as lágrimas que eu havia evitado durante a noite toda pareciam terem vindo a tona agora.

A cada palavra que eu dizia, via o quanto era fraco porque ele não teria coragem de me falar isso ou sequer dizer isso em voz alta. O jeito que eu me sentia era exatamente do jeito que ele se sentia. Só nós sabíamos o quão doloroso era aquilo e o quanto é agoniante você querer consertar algo que não sabe o que é. Você sabe que tem algo errado e sabe que precisa mudar, mas você está tão perdida que não sabe por onde começar ou nem se deve começar.

É claro que algo havia mudado entre nós. Eu o deixei em Atlantic City. Eu pedi para que ele me esperasse, enquanto eu vivia o meu sonho. O ? Ele mal notava que aos poucos ele estava colocando Amber em meu lugar. Ele não notava que aos poucos ele estava se cansando de esperar. Quando foi que ele me deixou vir sozinha pra casa? Quando foi que eu deixei o meu ódio falar mais alto que a felicidade dele? Nós não fazemos isso. Nós nunca fazemos isso. Está errado! Isso não é o que costumávamos ser.

- Não. – afirmou e imediatamente me abraçou. Os braços dele estavam em torno do meu corpo e os meus braços faziam o mesmo no corpo dele. Ele não estava me consolando. Estava consolando a si mesmo. – Não haverá consequências! – Os dedos de uma de suas mãos entrelaçaram em meu cabelo e começaram a acariciar a minha cabeça. As lágrimas começaram a escorrer dos olhos dele, mas ele as enxugou sem que eu as visse. – Eu prometo que não haverá consequências. – Ele repetiu, beijando a minha testa. As mãos dele desceram pelo meu rosto e ele olhou em meus olhos. – Sabe por quê? – Ele perguntou retoricamente. – Porque independentemente do quanto as coisas mudem eu vou te amar e isso... – Ele sorriu sem mostrar os dentes e negou com a cabeça. – Nunca vai mudar. – O sorriso dele aumentou depois que ele terminou a frase. – E é por causa desse amor que nós vamos superar isso. – Ele conseguiu me tirar um sorriso, apesar das lágrimas. – Então você pode ser uma mimada insensível se você quiser. Eu prometo que a única consequência disso será fazer eu te amar mais do que eu amo hoje. – não deixou de olhar em meus olhos por um só segundo. Uma das mãos dele colocou uma mecha do que cabelo atrás da orelha e depois desceu acariciando um dos lados do meu rosto.
- Eu amo tanto você. – Eu disse em um quase sussurro e ele deu um enorme sorriso ao me ouvir. aproveitou que sua mão já estava em meu rosto e a usou para trazer meu rosto pra mais perto. Meus olhos se fecharam e eu pude sentir os lábios dele tocarem os meus. O selinho se transformou em beijo com facilidade. Um beijo completamente doce e cheio de emoção.

Nada havia mudado naquela noite. Nada foi consertado e nós também não sabíamos se algo deveria ser consertado. A única coisa que sabíamos é que havíamos conseguido acalmar o coração um do outro. Aquele medo e insegurança desapareceram, pelo menos durante o resto daquela noite. Quando eu voltei pro meu quarto era um pouco mais de 5 horas. Eu estava melhor, mas eu poderia estar melhor se não tivesse que viajar no dia seguinte para longe de todos os que eu amo.

A minha despedida não foi tão trágica quanto da última vez. Os meus amigos estavam na minha casa para se despedirem. Eu disse a todos que não sabia quando voltaria, mas eu sabia sim. Eu voltaria para o meu aniversário. Eu tinha um encontro marcado em uma praça com um cara há um ano. Eu prometi que estaria lá depois de um ano e eu cumpriria. também estaria lá.

- Eu espero você voltar daqui 3 meses. – piscou um dos olhos e depois me deu um longo selinho de despedida. Eu entrei no carro e saí.

Nova York, eu estou de volta. Não tão desanimada como da última vez, mas também não estava tão feliz quanto deveria estar. Demorei um pouco mais de duas horas para chegar. Eu já conhecia Nova York um pouco melhor e já sabia dirigir pela cidade. Passei em uma lanchonete e peguei um lanche para jantar em casa. A viagem foi cansativa e é claro que eu não cozinharia. Cheguei em casa e Big Rob rapidamente apareceu para ver quem é que estava estacionando na garagem. Ele ficou mais tranquilo quando viu que era eu.

- ! Olá! – Big Rob acenou com uma das mãos.
- Oi, Big Rob. Como você está? – Eu o abracei rapidamente e vi que ele se surpreendeu com a minha atitude. Eu já o considerava o meu amigo.
- Estou bem e você? Fez boa viagem? – Big Rob perguntou, atencioso.
- Tudo certo. – Eu fiz joia e ele sorriu. – E ai? Tudo certo aqui? – Eu perguntei sobre a casa.
- Tudo certo sim. – Big Rob respondeu. – Oh, espere um pouco! – Big Rob pareceu ter se lembrado de alguma coisa e saiu correndo para buscar algo dentro da sua ‘casa’. – Aqui. – Ele andava rapidamente em minha direção com uma caixa nas mãos.
- O que é isso? – Eu tentei reconhecer a caixa, mas não consegui.
- Eu não sei. Eu sai com alguns amigos ontem a noite e quando voltei a caixa estava na porta da casa. – Big Rob explicou.
- Ué, mas eu não estou esperando nada. – Eu encarei a caixa, tentando ver através dela.
- Tem o seu nome aqui. – Big Rob a estendeu em minha direção.
- Certo, então eu fico com isso. – Eu coloquei minha pequena mala no chão para pegar a caixa.
- Eu levo a mala. – Big Rob pegou minhas malas assim que me entregou aquela caixa.
- Obrigada, Rob. – Eu dei alguns tapinhas no braço dele e cheguei a pensar que ele não estivesse sentindo, já que o tamanho da minha mão não era equivalente ao tamanho do seu braço.
- Boa noite, . – Big Rob disse, depois de deixar a mala no centro da sala da minha casa.
- Boa noite e obrigada. – Eu disse e ele sorriu rapidamente, enquanto ia até a porta.
- Tranque a porta. – Big Rob disse e logo depois fechou a porta. Eu deixei a caixa sobre o sofá e fiz o que ele havia pedido.
- Agora, essa caixa... – Eu voltei a andar em direção a caixa. – O que será que tem aqui? – Eu a olhei antes de abrí-la. – Vamos ver. – Eu me sentei no sofá e comecei a abrir a caixa que estava completamente lacrada. Depois de tirar todas aquelas fitas, eu finalmente consegui abrir. – O que é isso? – Eu fiquei ainda mais surpresa ao ver um simples DVD no centro daquela grande caixa. Quem me mandaria um DVD e o que havia nele? Vamos descobrir. Eu peguei o DVD e o coloquei no aparelho que havia na sala. Liguei a TV e dei play no conteúdo que havia ali. – Mas o que... – Eu fiquei totalmente surpresa. O DVD continha as gravações das câmeras instaladas pela tia Janice quando eu e meu irmão trouxemos os nossos amigos para ficarmos na casa dela. – Eu não acredito. – Eu sorri, perplexa. O vídeo continha todas as imagens minha e do . Era algum tipo de edição ou não sei, mas as únicas pessoas que apareciam nas gravações era eu e o . Estranho? Sim, alguém teve o trabalho de fazer essas edições, mas quem? Eu tinha uma ideia, só podia ser ele!
- Já chegou? Eu não falei pra você não passar de 100 km/h na estrada? – disse ao atender o seu celular.
- Foram só duas vezes ou talvez... cinco. – Eu disse, rindo.
- Você sendo teimosa. Que surpresa! – rolou os olhos.
- Ok, eu já levei a bronca e agora eu preciso saber! – Eu fiz uma breve pausa. – Como foi que você conseguiu essas gravações? – Eu perguntei, enquanto olhava pra tela da TV. Eu estava assistindo o nosso primeiro beijo.
- Gravações? Quais gravações? – arqueou uma das sobrancelhas. Do que eu estava falando?
- As que você me mandou. Como conseguiu? – Eu achava que ele ainda estava fazendo-se de cínico.
- Eu... – quase riu. Ele não fazia ideia do que eu estava falando. – , eu não sei que gravações são essas. – segurou o riso.
- Não foi você? – Eu estava mais surpresa do que antes.
- Não! Eu nem sei do que você está falando. – negou com a cabeça.
- Que droga... – Eu suspirei, pois achava que aquilo começava a ficar estranho.
- O que foi? O que tem nessas gravações? – mostrou-se preocupado.
- Se lembra das câmeras que a tia Janice colocou aqui em casa? Se lembra que ela disse que estava gravando tudo o que acontecia? – Eu estava tentando fazê-lo recordar para ele saber do que eu estava falando.
- As gravações estão ai? – rapidamente se tocou de quais gravações eu falava. – Não acredito! – ficou surpreso.
- Estão! Não todas, mas estão. – Eu respondi, mesmo estando pensativa com tudo aquilo.
- E qual o problema? Eu queria ver essas gravações. Você sabe, ver o nosso primeiro beijo e lembrar do quanto eu sou irresistível. – riu da sua própria graça.
- O problema é... – Eu pausei e pensei mais um tempo em todas as hipóteses que poderiam explicar o fato daquelas gravações estarem nas minhas mãos. – O problema é que essas gravações foram editadas. Só têm imagens nossas aqui. – Eu disse para que ele entendesse melhor o motivo de eu estar tão intrigada com aquilo.
- Awn, nós temos fãs. – voltou a brincar como ele sempre fazia.
- , é sério! – Eu dei a bronca, pois eu realmente estava achando aquilo estranho.
- Qual o problema, ? Só são gravações. Qualquer um sabe editar alguns vídeos hoje em dia. – não queria que eu ficasse me preocupando com aquilo.
- Você não está entendendo, . – Eu neguei com a cabeça. – Todas as fitas das câmeras desapareceram logo depois que a tia Janice morreu. – Eu comecei a explicar. – Quando ela morreu, a polícia fez uma pequena investigação. Você sabe, para ver se havia sido um acidente mesmo. Eles vieram aqui atrás dessas gravações e não encontraram. Elas já haviam sumido. – Eu finalmente disse o que estava me preocupando.
- Espera... – ficou mais sério, pois percebeu a gravidade da situação. – Está dizendo que as gravações desapareceram e agora alguém, que obviamente roubou essas gravações, te enviou uma edição com as nossas imagens? – repetiu para ter certeza de que havia entendido certo.
- Sim, é exatamente isso. – Eu confirmei. – Mas quem faria isso? Por quê? Por que as gravações foram roubadas? – Eu não sei por que não me fiz essas perguntas antes.
- Talvez houvesse algo nelas que não queriam que a polícia visse. – também passou a ficar pensativo. Era realmente estranho.
- E porque trazer isso de volta agora? Quer dizer, por que me mandar essas edições? O que estão querendo dizer? – O que não faltavam eram perguntas. Toda essa história estava misteriosa demais.
- Quer dizer que quem quer que seja que roubou essas gravações continua por ai. – estava mais preocupado do que nunca. – Isso não é bom, . Isso não é nada bom. – negou com a cabeça, pensando em todas as hipóteses possíveis que poderiam explicar aquela estranha história.

Bacana, agora havia mais um problema na minha vida. Eu disse ao que não me preocuparia com isso e é exatamente isso que eu vou fazer. Eu tenho tanta coisa pra lidar e pra me preocupar. Porque me preocupar com uma gravação idiota? Quem se importa? Eu já perdi a minha tia e isso já não me interessa mais. Eu não me preocupei com isso, mas sim. Ele ficou bem preocupado. Nos primeiros dias, ele me ligava quase de hora em hora. Segundo ele, havia algum doido atrás de mim. Eu tentava deixá-lo menos preocupado, mas não adiantava.

Semanas se passaram e os números de ligações dele diminuíram, mas todas as vezes que ele ligava ele perguntava se nada estranho tinha acontecido ou qualquer coisa do tipo. Um mês havia se passado e as ligações dele diminuíam cada vez mais. Tinha vezes que em uma semana, todas as ligações haviam sido minhas. Ele sempre tinha uma desculpa. Algumas vezes ele dizia que pegou no sono, enquanto estudava. Em outras vezes ele dizia que trabalhou até tarde e não ligou para me acordar, mas no fundo eu sabia que ele escondia um ‘Eu esqueci de ligar’.

Hoje é sábado. A última vez que eu falei com ele, ele me disse que estava estudando com a Amber. Fazia quase dois dias. Eu havia ligado pra ele no dia anterior e ele não havia me retornado até agora a tarde. Como eu lido com isso? Eu estou tão brava e me sentindo tão idiota por isso. Quer dizer, nós estamos longe um do outro. Eu estou morrendo de saudades dele e a única coisa que posso fazer é ouvir a voz dele. O que aquilo queria dizer? Ele não sentia a minha falta também? Ele não se importava em saber como eu estava ou ele estava ocupado demais com a Amber?

mal acreditou quando chegou em casa. Seu chefe havia feito ele trabalhar até as 4 da tarde. A empresa estava em expansão e havia dezenas de contratos para serem avaliados e outras dezenas de ideias para serem administradas. estava ficando um pouco maluco com tudo aquilo. O que estava lhe ajudando era a agenda que eu havia dado pra ele. já não sabia viver sem ela. Estava absolutamente tudo marcado ali. Mesmo com tanto trabalho, ele ainda tinha que se preocupar com a faculdade. Amber vinha ajudando tanto ele, que ele não sabia o que teria feito sem ela. também tinha tempo para se sentir culpado. Culpado por não estar me dando atenção o suficiente. Ele não sabia como eu não havia reclamado ainda. Fazia quase dois dias que não nos falávamos e isso era muito pra nós, que há alguns meses atrás nos víamos todos os dias.

- Eu já estou indo! - Eu gritei depois que a campainha tocou pela segunda vez. Eu havia passado o sábado de pijama, estudando. Quando a campainha tocou, eu saí correndo para colocar alguma coisa mais apresentável. Eu desci novamente as escadas descendo e fui imediatamente abrir a porta. – Meg! – Eu sorri ao vê-la. Eu adorava quando ela vinha me visitar. Depois que nos tornamos amigas, eu já não fico mais tão sozinha naquela cidade.
- Oh, que droga. Você passou o sábado todo de pijama de novo, né? – Meg fez careta.
- É um pijama muito bonito, ok? – Eu rolei os olhos e ela riu. Eu dei passagem para que ela entrasse na casa.
- Bem, eu vim salvar o seu sábado. – Meg entrou e eu fechei a porta.
- O que foi dessa vez? – Eu cruzei os braços.
- Hoje é sábado e eu tenho duas entradas para a melhor festa do ano letivo. Adivinha quem vai comigo? – Meg sorriu adoravelmente pra mim.
- Oh não... – Eu neguei com a cabeça. Ela vem tentando me convencer a sair com ela há semanas.
- Oh sim! – Meg afirmou com a cabeça.
- Meg, você sabe que eu não vou a essas festas. – Eu fui até a mesa e me sentei para voltar a estudar os meus livros.
- E porque não? Eu não consigo entender! – Meg sentou-se ao meu lado. – Você está na faculdade. Onde está toda a diversão? – Ela fechou o livro que eu tentava ler.
- Aqui está a diversão. – Eu apontei para o livro.
- Não, não, não. – Meg não se conformava. – Você não pode ser tão nerd assim. Ninguém é tão nerd assim. – Ela negou com a cabeça, incrédula.
- Me dê um motivo convincente para não vir comigo e eu te deixo em paz! – Meg me olhou, esperando que eu lhe desse o motivo convincente.
- Eu tenho que acabar esse trabalho. – Eu apontei para todos os livros na mesa.
- Eu também tenho e olhe só pra mim! Estou tentando convencer a minha amiga a se divertir. – Meg rolou os olhos. – Outro motivo e dessa vez ele tem que ser convincente. – Meg voltou a esperar e eu a olhei, sem saber o que dizer.
- Eu... não sei. – Eu suspirei, pensativa.
- Vamos, diga o nome dele. – Meg deixou de me olhar para olhar tediosamente o teto.
- Não, não é isso. – Eu tentei desconversar.
- Diga! – Meg disse, impaciente. Eu a olhei e suspirei longamente.

- Meg, é mais difícil do que você pensa. – Eu esperei que ela voltasse a me olhar.
- É mesmo? Pra ele parece ser bem fácil. – Meg finalmente voltou a me olhar.
- Ok! Do que você está falando agora? – Eu fiquei séria.
- Estou falando daquela mosca morta que fica rondando o seu namorado. – Meg foi bem especifica.
- Amber.. – Eu ri da forma com que ela se referiu a Amber.
- Ele sai com ela! Porque você não pode sair comigo? – Meg abriu os braços.
- É diferente. – Eu estava tentando convencer a mim mesma.
- É diferente? Aposto que ele está com ela agora mesmo. – Meg rolou os olhos.
- Eu não sei. – Eu ergui os ombros.
- Não sabe? – Meg arqueou uma das sobrancelhas. – Quanto tempo faz que você não fala com ele? – Meg desconfiou.
- Faz... – Eu fingi que estava pensativa. Como se eu já não tivesse calculado mil vezes quantas horas ele havia passado sem me ligar. – Foi quinta-feira. – Eu suspirei.
- NÃO ACREDITO! – Meg mostrou-se indignada.
- Ele deve estar ocupado e... – Eu tentei arrumar uma desculpa.
- Ou ele está com a Amber, não é? – Meg me olhou e eu deixei de olhá-la. – Eu não vou ficar deixando você fazer papel de idiota. Você vai sair comigo e acabou! – Meg disse em tom de ordem.
- Meg... – Eu suspirei, mas o toque da campainha me impediu de continuar. – Espera. – Eu me levantei da mesa e fui até a porta.
- Atrapalho? – Mark sorriu ao me ver.
- Mark! Hey! – Eu o abracei rapidamente. – Entra. – Eu dei passagem para que ele entrasse na casa.
- Você está com visita. – Mark ficou sem jeito quando viu Meg. – Desculpa atrapalhar. – Mark viu Meg se aproximar.
- Não, tudo bem. – Meg se aproximou dele e sorriu.
- Eu só vim te devolver esses livros. – Mark virou-se de costas para Meg e ficou de frente pra mim. Meg aproveitou que ele não estava olhando e começou a olhá-lo de cima a baixo e fazer sinais pra mim como se quisesse dizer ‘QUE GOSTOSO!’.
- Ahn, sim. – Eu segurei o riso e tentei disfarçar. Meg coçou a garganta e eu entendi o que ela queria. – Ahn, eu já estava esquecendo. – Eu apontei pra Meg. – Essa é a Meg. – Eu disse e ele se virou para olhá-la. – Meg, esse é o Mark. – Meg o olhou de mais perto.
- Você é a famosa Meg? – Mark sorriu pra ela. – Prazer em te conhecer. A fala bastante de você. – Mark continuou sendo simpático.
- Espero que ela fale bem. – Meg sorriu pra mim e depois sorriu pra ele.
- Eu não acho que você seja tão doida assim. – Mark quase riu.
- Obrigada. – Meg riu. – Ah, ! Sempre passando uma má impressão minha para as pessoas. – Ela negou com a cabeça.
- Ela estava aqui tentando me convencer a ir em uma festa da faculdade. – Eu revirei os olhos e me aproximei dos dois.
- É a festa anual, não é? É bem famosa na cidade. – Mark demonstrou ser bem informado.
- Sim, é essa mesmo! – Meg imediatamente concordou.
- Você já foi? – Meg perguntou.
- Eu fui há uns dois anos atrás. Um amigo me conseguiu um convite. – Mark explicou.
- Então, por favor, explica para essa garota o que ela irá perder se não for a essa festa comigo. – Meg me olhou e fez careta.
- É bem legal a festa, . É conhecida em toda a cidade. Você deveria ir. – Mark sorriu pra mim.
- Ela vai! – Meg decidiu por mim. – Ela vai e você também vai, Mark! – Meg afirmou.
- Eu? – Mark apontou pra si mesmo.
- Diga que não tem um compromisso hoje. – Meg mordeu o lábio inferior.
- Eu não tenho, mas... – Mark coçou a cabeça.
- Não tente inventar uma desculpa. Eu conheço todas elas. – Meg disse e Mark riu.
- Bem, se você insiste, eu vou. – Mark ergueu os ombros, desistindo. – Mas será que eu consigo comprar convite na porta? – Ele perguntou.
- Consegue. Vão vender lá também. – Meg afirmou.
- Então, tudo bem. Eu vou pra casa acabar o meu trabalho para dar tempo de ir a festa. – Mark colocou os meus livros sobre a mesa da sala.
- Então esteja aqui ás 20hrs, ok? – Meg disse e Mark confirmou com a cabeça.
- Vejo vocês mais tarde. – Mark se despediu e saiu da casa. Eu o acompanhei até a porta.
- Você tem um vizinho bonito e gostoso e não me fala nada? – Meg disse, indignada.
- Você não perde uma, hein. – Eu ri, me sentando no sofá.
- Pena que ele não faz meu tipo. – Meg fez careta.
- Porque não? – Eu fiquei curiosa.
- Certinho demais. – Meg mostrou-se decepcionada. – Esse é o tipo de cara que faz o seu tipo e não o meu. – Meg me olhou.
- Meg, eu tenho namorado, lembra? – Eu ri da cara dela, achando que ela estava ficando louca.
- Oh, sim. O idiota que nem lembra que você existe. – Meg rolou os olhos.
- Você mal o conhece e já o odeia. Incrível isso. – Eu neguei com a cabeça.
- Ele não ajuda em nada, né? – Meg fez careta.
- Você deveria investir no Mark. Ele é incrível. – Eu quis dar uma de cupido.
- Como você sabe? – Meg me olhou, desconfiada.
- Sei o quê? – Eu me fiz de boba.
- Oh, meu Deus! Você já pegou ele! – Meg sempre pegava essas coisas no ar. Impressionante.
- Ai, não. – Eu revirei os olhos.
- ME CONTA! – Meg quase teve um surto. – É verdade o que dizem sobre os caras bonzinhos? – Ela perguntou.
- O que dizem? – Do que ela estava falando.
- Dizem que os caras bonzinhos tem mais pegada. – Meg esperava a minha resposta.
- Onde você ouviu isso? – Eu fiquei sem jeito.
- OH MEU DEUS! ELE TEM PEGADA! – Meg voltou a ter um colapso.
- Foi só uns beijos e faz um tempo. Nem deu pra medir a pegada. – Eu revirei os olhos.
- E eu achando que você era uma santa! – Meg riu escandalosamente.
- Eu não estava com o . Não foi nada demais. – Eu estava rindo com a reação dela. – Hoje não tem mais nada a ver. – Eu fiz careta.
- Que barulho é esse? – Meg olhou em volta.
- O meu celular. – Eu me levantei rapidamente e peguei o celular sobre a mesa. – É o . – Eu respirei fundo. Ele finalmente estava ligando.
- Avise ele que você vai sair. – Meg continuou sentada no sofá.
- Eu não vou sair! Esquece. – Eu revirei os olhos e atendi o telefone. – Alô? – Eu disse, esperando ouvir a voz dele.
- Desculpa por ter demorado tanto pra ligar! – queria se desculpar antes de qualquer coisa.
- Está tudo bem. – Eu sorri fraco e tentei não deixar a minha decepção em evidência.
- Você está bem? Eu estava sentindo falta da sua voz. – sorriu feito bobo ao ouvir a minha voz.
- Tudo bem e você? – Eu não pude deixar de sorrir ao ouvir o seu comentário.
- Eu estou bem, apesar de estar com tanta coisa pra fazer. – suspirou longamente.
- Foi por isso que não me ligou? – Eu perguntei. Eu queria um bom motivo para ele não me ligar.
- É, eu estou trabalhando muito e tem um trabalho enorme pra entregar na segunda. Amber ficou até tarde aqui ontem me ajudando, mas eu ainda acho que não vai dar tempo. – mostrou-se preocupado com aquilo e nem ao menos percebeu o que estava falando.

Amber, Amber e Amber. Toda vez que ele me liga ele fala o nome dela! Eu não suporto mais isso! Agora eu acabo de descobrir que ele não me ligou na noite anterior porque estava com a Amber. O que ele acha? Ele acha que eu sou idiota? Ele acha que eu vou sempre aceitar tudo o que ele faz só porque ele está me esperando? Ele está maluco. Se ele pode eu também posso, não acha?

- Vai dar tempo sim. Sempre dá, não é? A Amber sempre dá um jeitinho de salvar a sua pele. – Eu disse e olhei pra Meg. Ele negou com a cabeça. – Que bom que você ligou. – Eu já sabia o que fazer.
- O que está fazendo ai? Muita coisa pra estudar? – perguntou.
- Bastante coisa, mas eu vou esquecer isso essa noite. Agora eu vou começar a me arrumar pra sair. – Eu disse e vi Meg sorrir e comemorar.
- Sair? Aonde você vai? – ficou mais sério.
- Eu vou a uma festa da faculdade. – Eu só estava esperando ele surtar.
- Uma festa da faculdade? Isso é brincadeira, né? – sorriu, pois achava mesmo que era brincadeira.
- Não. Porque eu estaria brincando? – Eu tentava não deixar a minha raiva transparecer em minha voz.
- Você nunca foi a essas festas. – não estava entendendo o porquê de eu querer fazer isso agora.
- É exatamente por isso que eu vou. – Eu afirmei.
- Quem vai com você? – ainda não estava acreditando que era verdade.
- Eu vou com a Meg e com o Mark. – Eu podia deixar o nome do Mark fora disso, mas eu fiz questão de dizer.
- Mark? – cerrou os olhos. – MARK? Você quer ir a uma festa com o Mark? – não achou que tivesse entendido certo.
- Não, eu não quero ir. Eu vou! Qual o problema? – Eu me fiz de boba.
- Você não pode estar falando sério, . – continuava desacreditando.
- Porque a surpresa, ? Porque eu não sairia para me divertir? – Eu só estava esperando a deixa dele para dizer o que tanto eu queria.
- Eu não sei! Vamos pensar. – fez uma breve pausa. – Você quer ir a uma festa com um idiota que é afim de você. – estava começando a se irritar. – Como eu poderia concordar com isso? – finalmente revelou o quanto estava irritado com a situação.
- Do mesmo jeito que eu sempre concordei com você saindo com a Amber. – Eu finalmente coloquei na história quem eu tanto queria.
- É isso? Você está usando o Mark pra se vingar do fato de eu sair com a Amber? – não estava acreditando.
- Não, ! Eu estou saindo, porque eu quero sair. As minhas ações já não dependem das suas. Aliás, isso já mudou há muito tempo entre nós. – Eu ia continuar jogando na cara dele.
- Você não vai sair com esse cara, . – disse em tom de ordem. Ele não podia imaginar em nada pior do que saber que eu estava saindo com o Mark.
- O Mark é só um amigo. Você vai ter que confiar em mim. – Eu usei o argumento da confiança. Sempre funcionou comigo.
- FODA-SE O MARK, FODA-SE A CONFIANÇA! – pausou para respirar e se acalmar. – Eu sou o seu namorado e eu tenho direito de opinião. Eu não quero que você vá. – Ele pediu com mais paciência.
- E quando foi que eu tive o direito de opinião? E quando foi que você pediu a minha autorização pra sair com a Amber? – Eu comecei a me exaltar. – Eu vou! Não me importa a sua opinião ou a sua permissão ou não. As nossas regras são as mesmas. Se você vai desrespeitá-las, eu vou fazê-las serem esquecidas de vez. – Eu disse com convicção. Chega de ser feita de idiota. É a minha vez e eu vou aproveitar cada segundo dessa diversão.





Capítulo 44 – Nascidos Para Dizer Adeus



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:


- É isso que você quer? – estava fora de si. Só eu conseguia tirar ele do sério daquele jeito. – Hein? É isso? Você quer ir? – Ele voltou a perguntar. – Então vá! Vá e se divirta, ! Dance e aproveite pra achar um idiota pra trazer pra casa. Você é tão independente agora e está sozinha nessa enorme cidade, não é? – Ele estava surtando, mas não deixava a ironia de lado.
- Deixa de ser idiota, ! Você sabe muito bem que eu não preciso desse tipo de coisa pra me divertir. Você me conhece! Porque precisa fazer todo esse escândalo por causa de uma festa? – Eu não acreditava no quão egoísta ele era.
- Agora você também não precisa de mim pra se divertir, né? Pra o que mais você não precisa de mim? – achou que havia achado um bom argumento.
- É o primeiro lugar que eu vou sem você! Quantas coisas você já fez sem mim depois que eu vim pra Nova York? Pra o que mais você não precisa de mim, ? – Eu refiz a pergunta dele.
- Quer saber? – chegou ao limite. – EU JÁ TO CANSADO! Eu já estou cansado de tudo isso, ! – tentou se controlar. – Droga! Você escolheu isso! Não era o seu sonho? Você não queria estar ai? Você está exatamente onde queria estar e eu estou aqui esperando por você. Eu disse que eu esperaria! O que mais você quer que eu faça? O que mais você quer de mim? – Ele estava usando aquela voz grossa, que ainda me deixava perplexa. – Você quer que eu passe o dia chorando e lamentando a sua falta? Você quer que eu pare de viver a minha vida pra lamentar a sua ausência. É ISSO? – Ele gritou e eu nem consegui responder. Droga, eu vou me arrepender por não ter respondido. – Desculpa, querida! Eu tenho uma faculdade, eu tenho um trabalho, eu tenho responsabilidades aqui! – nunca tinha falado tão claramente sobre a minha ida pra Nova York. Eu não sabia que ele se sentia desse jeito. – Eu tenho tanta coisa pra fazer! Tanta coisa pra pensar! O único tempo que sobra pra nós, nós acabamos brigando. Eu estou tão cheio de tudo isso. Eu... – hesitou dizer, apenas negou com a cabeça.
- DIZ! – Eu o encorajei. – Diz o que você está querendo dizer! – Eu o enfrentei de novo e ele manteve-se em silêncio. – Se está sendo tão difícil de você, porque ainda está me esperando? Porque continuar com isso? – Eu tinha até medo de ouvir a resposta dele.
- Está vendo? Nós não podemos apenas conversar sobre isso, não é? Você não descansa enquanto não acaba com tudo, enquanto não estraga tudo! – voltou a falar daquele jeito grosseiro.
- Chega, ! – Eu neguei com a cabeça. Eu queria tanto não estar demonstrando a minha decepção com as palavras dele. – Eu cansei de te ouvir! Volte a me ligar quando você parar de agir como um idiota e quando você arrumar um tempinho pra mim na sua agenda! – Eu disse e desliguei.
- Ela... – tirou o celular do ouvido e olhou para o visor do mesmo. – Ela desligou na minha cara! – Ele negou com a cabeça, incrédulo.

Eu desliguei o celular e o tirei do ouvido com uma raiva extrema. Eu mantive o olhar em qualquer lugar, enquanto eu tentava absorver tanta raiva de uma só vez. Levei uma das minhas mãos até o meu cabelo, entrelacei meus dedos nele e o empurrei pra trás. Levantei o celular e olhei pra ele. Eu queria ligar pra ele e mandar ele ir a merda! Eu queria dizer tudo o que estava sentindo, tudo o que estava preso na minha garganta há tempos.

- Idiota! – Eu disse em um quase grito e coloquei o celular com força sobre a mesa.
- ... – Meg nunca havia me visto daquele jeito. Ela não sabia como me acalmar ou se deveria fazer isso.
- ELE SEMPRE FAZ ISSO! – Eu neguei com a cabeça. – Ele me deixa maluca! Ele... – Eu andava de um lado pro outro, furiosa.
- Não, não, não, não! – Meg veio em minha direção. – Não faz isso! Você não percebeu? Ele é quem deve estar enlouquecendo agora! – Meg sorriu, malandra.
- O que? – Eu fiz careta. Do que ela estava falando?
- Vocês acabaram de brigar e ele sabe que você vai pra uma festa. Ele deve estar morrendo de medo de acordar amanhã com um chifre na cabeça. – Meg gargalhou.
- Você está falando sério? – Eu a olhei, incrédula. Eu surtando e ela achando a maior graça.
- Pare de levar tudo tão a sério! Você está em Nova York! Se divirta! – Meg abriu os braços.
- Você é maluca... – Eu suspirei, segurando o riso.
- Maluca não. Eu apenas sei me divertir e melhor: eu não preciso de um homem pra isso. – Meg piscou pra mim. – Quer dizer, eu até preciso, mas só por algumas horas. – Meg voltou a rir.
- Oh meu Deus, você não presta! – Eu ataquei a primeira almofada que eu vi pela frente na direção dela.
- Então como vai ser? – Meg voltou a sentar-se no sofá.
- Eu não sei.. – Eu disse um pouco pensativa.
- Se você estiver pensando em não ir a essa festa, eu vou te matar! – Meg notou que eu estava pensativa até demais.
- Oh, eu não correria esse risco! – Eu rolei os olhos.
- Já sabe qual roupa você vai vestir? – Meg perguntou. Ela também estava em dúvida sobre a roupa que deveria usar.
- Eu não sei muito bem. – Eu cocei a cabeça. – Eu tenho uma calça nova e tem uma blusinha que eu... – Eu ia dizendo, mas Meg me interrompeu.
- Resposta errada! – Meg negou com a cabeça. – Escute bem! Eu vou até a minha casa, vou tomar banho e vou terminar de me arrumar aqui. Se eu chegar e você estiver de calça, eu juro que vou transformá-la no shorts mais curto que você já viu na sua vida! – Meg levantou-se do sofá.
- Mas, Meg... – Eu tentei argumentar, mas não consegui.
- Vista algo curto e provocante. Você está indo a uma festa universitária e não no aniversário de 70 anos de casados dos seus pais. – Meg pegou sua bolsa sobre a mesa e andou em direção a porta. – Te vejo daqui a pouco. Beijos. – Meg jogou beijos de longe e passou pela porta.
- Estou ferrada... – Eu neguei com a cabeça, olhando para a porta.

Eu não posso estar tomando a decisão errada. O vive saindo com a ex-namorada dele e eu não sou obrigada a aceitar, mas mesmo assim ele está me forçando a isso. Então eu também vou força-lo a aceitar a minha nova situação. A situação em que eu não sou a idiota que fica a noite de sábado estudando medicina. A situação em que eu saio e me divirto como uma garota normal. está errado dessa vez e ele vai ter que aprender essa lição.

- , vamos sair? – disse assim que o amigo atendeu o telefone.
- Depende, quem vai pagar o motel hoje? – brincou, enquanto encarava a TV do seu quarto.
- É sério! – rolou os olhos e segurou o riso. – Eu preciso conversar, enfriar a cabeça. – explicou para que entendesse de vez.
- Claro, cara. Onde? – rapidamente entendeu que se tratava de algo importante.
- Bem, tem o barzinho aqui na frente. – olhou da sacada e viu que não parecia tão lotado, já que não haveria balada naquela noite.
- Estarei lá em uma hora. – levantou-se para se arrumar.
- Vejo você lá. Valeu. – desligou o celular e depois encarou o visor. Deveria deixar o orgulho de lado e ligar? – Não! – respondeu pra si mesmo e levantou-se para tomar banho.

Eu demorei alguns longos minutos para escolher a roupa que eu usaria. Eu não tinha certeza sobre nada. Tudo parecia inadequado demais para a ocasião. Depois de um certo tempo, escolhi um shortinho e uma blusa mais cumprida. Peguei a minha toalha e fui em direção ao banheiro, mas a campainha tocou.

- Estou indo! – Eu gritei, descendo as escadas. Eu já sabia quem era. – Meg! – Eu disse assim que abri a porta.
- Você nem tomou banho ainda. Porque não estou surpresa? – Meg disse me fazendo rir.
- Eu estava indo agora mesmo. – Eu apontei em direção a escada.
- Então vá! Eu te espero aqui embaixo. Quando você acabar, desça e nós nos arrumamos. – Meg se jogou no sofá e começou a mexer em seu celular.
- Certo, eu já volto. – Eu me virei de costas e subi as escadas rapidamente.

A verdade? Eu realmente estava esperando a minha excitação de ir a essa festa se manifestar. Eu sabia que em algum momento ela acabaria aparecendo. Talvez eu devesse pensar mais em tudo o que me disse no telefone. A minha raiva aumentava e talvez a minha empolgação fizesse o mesmo. Meg continuava jogada no sofá e ao contrário de mim, ela estava bem empolgada com a festa. Ela estava muito concentrada no que estava fazendo em seu celular, quando ouviu um barulho. O mesmo barulho que havia escutado antes.

- Que merda é essa? – Meg se levantou e olhou em volta. Viu o meu celular tocando sobre a mesa. Ela estava se aproximando dele, mas parou de tocar.
- Vamos, atende! – havia acabado de sair do banho e estava sentado em sua cama. Talvez desse tempo de se desculpar e me convencer a não ir a essa festa. – Vamos!– voltou a ligar.
- Alô? – Meg atendeu o meu celular, que insistia em tocar. Deveria ser importante, né?
- Alô... – respondeu, estranhando. – Quem é? – Não era a minha voz.
- Eu não sei. Pra quem você ligou? – Meg quase riu.
- Você não é a . – manteve aquela careta em seu rosto. Não fazia do que estava acontecendo.
- E você não é o Brad Pitt. – Meg voltou a se sentar no sofá.
- Oh, já sei! – sorriu e negou com a cabeça. – Você deve ser a amiga universitária rebelde. – se lembra de eu ter falado sobre a Meg e também se lembra de não ter gostado de nada do que eu contei sobre ela.
- E você deve ser o namorado controlador e sistemático. – Meg devolveu a ‘delicadeza’.
- Oh, você é engraçada! Que gracinha! – disse com falsidade. – Onde está a ? – já havia cansado de falar com Meg.
- Ela está tomando banho. – Meg respondeu sem dar tanta atenção.
- Então leve o telefone pra ela. – não estava satisfeito com os modos de Meg.
- Oh, é claro! Quer que eu corte as suas unhas do pé também? – Meg arqueou uma das sobrancelhas.
- Ok. – riu por poucos segundos. – É Meg, não é? – Ele estava se esforçando para manter a paciência. – Você não acha que eu liguei pro celular da pra falar com você, não é? – Ele estava se segurando.
- Não, eu não acho. Acontece que eu não sou a sua empregada e não faço a mínima questão de te agradar. – Meg respondia com tanta frieza que até parecia estar acostumada com esse tipo de conflito.
- O que? Eu estou pedindo pra você levar o telefone pra e não pra você varrer a casa, garota. – começou a perder a paciência.
- Primeiro: garota, uma ova! Eu tenho nome e eu gosto dele. – Meg começou a ficar irritada. – Segundo: Vamos deixar uma coisa bem clara aqui! A é a sua namorada e você pode fazê-la de boba e tratá-la do jeito que quiser, mas eu não sou nada sua. É melhor começar a ter respeito se quer me pedir alguma coisa. – Meg cansou de tentar ser educada.
- Nossa, tem alguém de... – ia dizer, mas hesitou dizer.
- TPM? – Meg deduziu e rolou os olhos. – Não, não é TPM. Quem precisa de TPM quando se tem um idiota como você? – Meg começou a pegar pesado.
- Você fala como se me conhecesse. – riu com sarcasmo.
- Exatamente! Eu nem te conheço e já acho que a está cometendo o maior erro da vida dela. – Meg tinha uma língua afiada. O que ela tem pra falar, ela fala.
- Oh, então agora nós vamos discutir o meu relacionamento? – não gostou do que Meg falou, mas continuava agindo falsamente.
- É claro que não. A última coisa que eu quero é sentar e falar o quanto você não merece a . – Meg disparou.
- O que? – quase riu. – O que é que você sabe sobre mim? Você não sabe nada! – estava indignado com o que estava sendo obrigado a ouvir.
- Eu não sei mesmo, mas sabe do que eu sei? Eu sei que a minha amiga fica todos os finais de semana trancada em casa e rodeada de livros porque ela não quer ter problemas com o namorado que está há km’s de distância dela. – Meg fez uma pausa. – Eu sei que a minha amiga fica a semana inteira esperando o maldito telefone tocar. Quando ele toca, é bem fácil deduzir: ou é a família dela, os amigos e até, quem sabe, o Obama, não você! – Meg estava incrivelmente afiada hoje. Eu adorei isso!
- Acabou? – não queria falar sobre o assunto, muito menos com ela.
- É, acabei. – Meg sorriu, satisfeita.
- Então é agora que eu devo agradecer pela sua incrível opinião que, aliás, eu não pedi em nenhum momento? – ironizou.
- A verdade dói, né? – Meg riu.
- Sabe o que dói mesmo? Saber que a tem que aturar alguém como você. – estava furioso. Ele já estava se sentindo mal com tudo e agora vinha aquela doida e começava a disparar tudo aquilo contra ele.
- Sabe que estamos nos divertindo? Vamos até sair hoje! – Meg tinha que falar sobre a festa.
- É claro! – negou com a cabeça. – É claro que a ideia foi sua! – rolou os olhos, furioso.
- Desencana, cara! É só uma festa! – Meg não conseguia entender aquela necessidade que tinha de me deixar presa em casa. Qual o problema em sair?
- É, mas todo mundo sabe o que rola nessas festas universitárias. – argumentou.
- E daí? Até parece que você não conhece a ! – Meg riu, indignada. – A garota está se sentindo a pior namorada do mundo só porque está indo a uma festa patética sem você. Se eu deixasse, ela iria com umas 10 blusas de frio e umas 5 calças só pra não chamar a atenção dos caras. – Ela chegou a se irritar. agia como se eu fosse uma louca baladeira.
- E o que você aconselhou ela a vestir? – estava até com medo de ouvir a resposta.
- Biquíni! Sabe aqueles bem pequenos, fio-dental? – Meg brincou.
- Vai se ferrar! – revirou os olhos. Ele sabia que Meg estava apenas provocando ele.
- Shorts, blusa ou qualquer outra coisa que uma garota normal usa! Qual o problema? – Meg jamais entenderia as atitudes do .
- Eu não acredito que cheguei a pensar em pedir pra você ficar de olho nela pra mim. – riu de si mesmo.
- Eu também não acredito. Que ridículo! – Meg também riu. – Se dependesse de mim, você não conseguiria tirar a cabeça do travesseiro amanhã de manha de tanto chifre que teria nela. – Meg voltou a provocá-lo.
- Eu já mandei você se foder, né? Que tal ir a merda agora? – disse com extremo sarcasmo.
- Eu aviso que você ligou. – Meg estava prestes a desligar.
- Não precisa se dar ao trabalho. Eu não quero nada de você. – respondeu e desligou o celular no instante seguinte.
- Tanto faz. – Meg ergueu os ombros. Realmente não estava preocupada com o .

Eu sinceramente estava achando que estava começando a ficar empolgada para aquela festa. entenderia. Eu sempre entendi, por que ele não entenderia? Não importa. Ele não tem opção. Saí do banho e fui até a minha cama. Sobre ela estava as peças de roupas que eu havia escolhido usar naquela noite. Coloquei o shortinho e depois a blusa.

- Meg! Sobe aqui! – Eu gritei do meu quarto e logo depois consegui ouvir os passos dela na escada.
- Eu já estava quase dormindo no sofá. – Meg disse assim que entrou em meu quarto.
- Está bom assim? – Eu me virei pra ela e vi ela analisar a minha roupa.
- Está se você pretende ir na barraquinha de churros aqui na esquina. – Meg fez careta e eu segurei o riso.
- O que? Qual é! Não está tão ruim assim. – Eu suspirei longamente.
- Espera, eu vou dar um jeito nisso. – Meg passou por mim e foi até o meu guarda-roupa. – Vamos ver o que você tem aqui. – Meg começou a revirar as minhas blusinhas. – Não! Não. Absolutamente não! – Ela ia dizendo a cada blusinha que ela via. – Nossa, o que o pijama da sua mãe está fazendo aqui? – Meg olhou um camisão antigo que eu não usava há anos.
- Muito engraçado. – Eu cruzei os braços.
- Wow... – Meg tirou uma das blusas do meu armário.
- Não! Nem pensar! – Eu fui até ela, tirei a blusa das suas mãos e voltei a guardá-la no armário.
- Está resolvido! – Meg voltou a pegar a tal blusa no meu armário. – Coloque! Eu quero ver como fica. – Ela me entregou a blusinha.
- Meg, você me paga! – Eu rolei os olhos e fui arrastada até o banheiro. Coloquei aquela blusinha que eu não usava há tempos. – Não serviu! – Eu menti, depois de me olhar no espelho.
- Boa tentativa! Me deixe ver. – Meg gritou do lado de fora do banheiro.
- Droga... – Eu suspirei e abri a porta.
- Oh-meu-Deus! – Meg abriu a boca, perplexa.
- Ficou um lixo. – Eu revirei os olhos.
- Ficou perfeito! – Meg estava mais empolgada do que nunca. – Você vai assim! – Ela confirmou.
- Meg, a minha cintura está descoberta. – Eu olhei pra blusa.
- Ainda bem que você tem uma bela cintura, né? – Meg piscou um dos olhos pra mim. – Minha vez. – Meg foi até a cama e pegou sua roupa dentro da sacola. O shorts dela era menor que o meu e a blusa desabotoada deixava uma parte do seu top preto a mostra.
- Tudo isso é mesmo necessário? – Eu me olhei no espelho (VEJA A ROUPA AQUI).
- Eu tenho certeza que vamos ser as mais comportadas da festa. – Meg riu, pegando a sua roupa e indo em direção ao banheiro. – E coloque essas meias e essas botas. – Ela apontou para uma bota e um meião que eu havia usado na semana passada.

Demorou para que ficássemos prontas. Meg demorava tanto quanto eu para se arrumar. Meg estava mais do que satisfeita com o seu visual. Ela estava vestida para matar qualquer cara que passasse por ela. Eu já não estava tão segura. Quer dizer, eu sabia que a roupa estava combinando e que, possivelmente, eu estava vestida de acordo com a ocasião, mas eu me sentia desconfortável em me vestir daquele jeito sem ser para impressionar o .

- E então, como estamos? – Meg foi ao meu lado e nós duas nos olhamos no espelho. Eu me olhei dos pés a cabeça e voltei a ver aquela garota de Atlantic City. Aquela que estava solteira e que saia com as amigas pra curtir.
- Oh, eu estou me sentindo como... – Eu pensei antes de dizer. – Como a Amber. – Eu fiz careta.
- Ótimo! Vamos tirar uma foto e mandar pro só pra ele ver o que está perdendo. – Meg pegou o seu celular e eu o agarrei imediatamente.
- Está maluca? – Eu tirei o celular da mão dela e ela riu.
- Brincadeira. – Meg continuou rindo. - E então, que horas que o gostoso do seu vizinho disse que ia chegar mesmo? – Ela me olhou.
- O MARK disse que ia chegar... – Eu fui dizer, mas o barulho da campainha me interrompeu. – Agora. – Eu quase ri.
- Então vamos de uma vez. – Meg pegou sua bolsa e seu celular e começou a andar em direção a porta. Eu a acompanhei e nós descemos as escadas.
- Eu só vou pegar meu celular. – Eu apontei em direção a mesa.
- Eu abro a porta. – Meg andou rapidamente até a porta e a abriu. Ao ver Mark, Meg não disfarçou a rápida olhada que ela deu nele por inteiro. – Olha só, quem estava faltando. – Ela sorriu rapidamente, desajeitada. As vezes ela era tão cara de pau que até se assustava.
- Cheguei cedo? – Mark fez careta. Ele havia se atrasado um pouco.
- Não! Estamos prontas. – Eu apareci na porta ao lado da Meg. Mark me olhou, surpreso. Ele nunca havia me visto vestida desse jeito. Ele também olhou pra Meg, que também o surpreendeu.
- Vocês estão... lindas. – Mark sorriu, sem jeito.
- Normalmente eu diria outra coisa, mas pra não te assustar, vou dizer que você está muito charmoso. – Meg disse e eu e Mark nos olhamos, segurando a risada.
- Valeu! – Eu agradeci, enquanto ainda ria.
- Eu não acho que isso vá ser uma boa ideia. – Mark fez careta. – Quando nós entrarmos naquela festa, uns 20 caras vão pular em cima de vocês. Eu não vou dar conta de todos eles. – Ele riu de sua própria brincadeira.
- Bem, eu não preciso de proteção. Eu gosto de ver os caras se jogando aos meus pés. – Meg disse, fingindo ser convencida.
- Com eles no chão, fica mais fácil dela pisar em cada um deles. – Eu brinquei. Meg não é tão fácil quanto aparenta, mas ela também não é o tipo de pessoa que você imagina com marido e filhos daqui 15 anos.
- Ela me conhece. – Meg sorriu pra mim.
- Ela não precisa, mas eu preciso de proteção. – Eu levantei a minha mão e mostrei a aliança de namoro.
- O ... certo! – Mark afirmou com a cabeça.
- Eu tentei convencê-la a tirar essa coisa do dedo, mas só cortando o dedo junto e eu nem estou tão malvada hoje. – Meg disse, fazendo Mark rir.
- Até parece. – Eu rolei os olhos.

Mark nos levou até o seu carro. Deixei que Meg fosse na frente com ele e ela não perdeu tempo. Meg e Mark começaram a conversar espontaneamente. Não era como se Meg estivesse dando em cima dele ou algo assim. Eles realmente se deram bem e pareciam ter assuntos e ideias em comum. Eu continuava em silêncio no banco detrás. Eu podia fazer parte daquela conversa também, mas eu não estava nem prestando atenção neles. Peguei o meu celular e vi que não havia nenhuma mensagem ou ligação do . Aquilo partia o meu coração. Eu cheguei a procurar o número dele nos contatos, mas eu não cliquei em ‘ligar’. Eu não vou ligar. Eu não vou dar o braço a torcer dessa vez, porque não sou eu que fiz besteira.

- Chegamos. – Mark disse, quando aproximou o carro do grande salão em que estava acontecendo a festa. – Vocês querem descer? Esperem aqui e eu vou procurar uma vaga pra estacionar o carro rapidinho. – Mark perguntou e Meg saltou do carro.
- Vamos ficar esperando aqui. – Meg respondeu já fora do carro. Eu fui obrigada a descer também.
- Não demora! – Eu olhei pro Mark e ele entendeu o que eu quis dizer. Eu não queria ter que correr o risco de ser agarrada por um idiota qualquer.
- É rápido! – Mark saiu com o carro e eu acompanhei o carro com os olhos até perdê-lo de vista.
- Você está bem? – Meg disse depois de me olhar e perceber que havia algo errado.
- Estou! Eu só... não estou acostumada com isso. – Eu forcei um sorriso e olhei pra entrada do salão. Havia centenas pessoas lá dentro.
- Você deveria se divertir, lembra? – Meg me olhou, séria.
- Eu vou! Eu prometo. – Eu aumentei o sorriso para convencê-la.
- É assim que se fala. – Meg piscou um dos olhos pra mim. Ela virou-se para olhar o salão e ficou ainda mais ansiosa. – Eu estou tão empolgada! – Meg ajeitou o cabelo e voltou a me olhar.
- É muita gente, né? – Eu comecei a tentar mostrar a minha empolgação, já que eu não queria ser uma má companhia naquela noite.
- Dei sorte! – Mark apareceu do nosso lado. – Um carro estava saindo com o carro na hora que eu estava passando e consegui a vaga. – Ele sorriu, satisfeito.
- Ótimo! Vamos. – Meg apontou com a cabeça em direção ao salão.

O volume da música aumentava a cada passo que dávamos em direção ao salão. Tinha várias pessoas com garrafas e latinhas nas mãos. Eu até havia me esquecido que aquilo não era uma festa do ensino médio. Como previmos, Mark conseguiu o ingresso na porta do local. Nós entramos e vimos o quão lotado aquilo estava. Meg me olhou e deu um básico surto de 5 segundos. Agarrou a minha mão e me puxou para que nós não nos perdêssemos. Mark estava atrás e não tirava os olhos de nós. Ele sabia que se nos perdesse ali, jamais nos encontraria.

- O que vocês querem beber? – Meg perguntou, quando chegamos no balcão. Ela ia pedir alguma coisa.
- Eu quero uma tequila. – Mark respondeu prontamente. Eu olhei pra ele, surpresa. Tequila? Ele bebe? Como assim?
- Eu também quero tequila. – Meg olhou pra bartender que rapidamente pegou dois copos e os encheu até a boca. – E pra você, ? – Meg olhou pra mim.
- Eu quero... – Eu olhei todas aquelas garrafas atrás da bartender, que me olhava. Eu não conhecia nenhuma daquelas bebidas. Eu sou extremamente ignorante nesses assuntos. – Eu quero um refrigerante. Qualquer um! – Eu disse e Meg me olhou.
- Qualquer um? – Meg arqueou as sobrancelhas. – Que rebelde! – Meg riu da minha cara.
- Eu sou fraca pra bebida alcoólica. – Eu fiz careta.
- Acredite! Ela é realmente fraca pra isso. – Mark completou com um riso no rosto. Até havia me esquecido que ele estava lá no dia do meu primeiro porre.
- Beleza. Pega aqui. – Meg pegou o copo do Mark e entregou pra ele. Fez o mesmo com o meu e depois pegou o seu copo.

Meg não conseguia parar quieta. Mesmo na hora que estávamos conversando, ela ficava dançando a música que estava tocando. Mark e ela estavam se dando bem. Eles ficavam conversando e rindo a todo o momento. Cheguei a pensar que já estavam comendo a ficar alegrinhos por causa da bebida, mas eu tenho que saber que nem todo mundo é tão fraco pra bebida como eu. Olhei para o lado e todos estavam dançando, se pegando ou bebendo. Parecia que era só eu que não estava me divertindo. Uns três caras já haviam chegado na Meg, mas ela rejeitou todos.

- Eu vou pegar mais uma bebida. Vocês querem? – Meg perguntou.
- Não, eu estou bem. – Eu neguei com a cabeça.
- Eu também não quero. Eu vou dirigir. – Mark fez careta.
- Eu já volto. – Meg saiu e deixou eu e Mark sozinhos.

Ficamos algum tempo em silêncio. Estávamos apenas observando as pessoas dançaram empolgadamente. O que está acontecendo comigo? Eu adoro dançar. Eu sempre adorei essas festas. Porque eu não estou me divertindo? Droga! Eu odeio isso!


estava sentado no balcão do barzinho que ficava em frente a sua casa. Ele esperava chegar. Ele precisava desabafar. jamais entenderia e estava com mais problemas que ele. era a sua única opção, mas isso não quer dizer que ele seria a última. Não importa! Ele só precisava conversar com alguém. Já haviam passado 20 minutos do horário combinado com , mas o atraso dele já não era uma surpresa.

- Desculpa a demora. – sentou-se ao lado do .
- Tudo bem. – negou com a cabeça.
- Como está indo? – perguntou ao olhar pro amigo. – Oh, não precisa nem responder. – Ele negou levemente com a cabeça.
- E você? – olhou pela primeira vez para o amigo naquela noite.
- Beleza. – afirmou. – E então, o que aconteceu? – Ele queria logo saber o que havia acontecido dessa vez.
- Como se você não soubesse. – sorriu e negou com a cabeça.
- É sobre a . – deduziu com certeza. – O que foi dessa vez? – não sabia o que mais poderia estar dando errado entre nós.
- Nós brigamos... de novo. – deixou de olhar para o amigo para olhar para o copo de refrigerante que estava bebendo.
- Amber? – tentou adivinhar o motivo da briga.
- Incrível, mas não. Ela... – negou novamente com a cabeça. – Ela está em uma festa agora. Uma festa da faculdade. – demonstrava irritação só em falar no assunto.
- E? – continuou olhando pro , achando que a história não havia acabado.
- E... que eu estou puto! Ela vai em festas sem mim, agora? – começou a demonstrar a sua indignação. – Ela saí, enquanto o idiota fica aqui esperando ela. – Ele riu de si mesmo.
- Você fala como se você estivesse trancado em um quarto há meses. – quase riu.
- O que? – o olhou, irritado.
- Desculpe, cara! Eu sei que você acha que está certo, mas eu não quero que você fique enganando a si mesmo. – não mentiria apenas para dizer o que esperava e queria ouvir. – Você está esperando por ela, mas você continua vivendo a sua vida. Você trabalha, estuda e saí com os amigos. – foi bem claro.
- Exatamente! Eu saio com os meus amigos e ela? Sabe com quem ela está saindo hoje? Com o Mark! – achou que agora entenderia a sua situação.
- Oh, certo! Você odeia o Mark. – riu e negou com a cabeça. – Mas, cara, ele é o amigo que ela tem lá. Todos os outros estão há km’s dela. – estava tentando fazer ele entender a realidade.
- Amigo é o caralho! Todo mundo sabe que esse imbecil é louco por ela. – simplesmente não conseguia entender.
- Bem... – ia continuar, mas hesitou. Não queria irritar ainda mais o .
- Fala! – sabia que tinha mais coisas a dizer.
- Todo mundo aqui também sabe que a Amber é louca por você. – finalmente disse.
- É diferente! Eu sou homem! Eu tenho o controle da situação. Nada pode acontecer, porque eu não quero! Não é como se ela pudesse me agarrar a força. – argumentou. – A ... – Ele pensou antes de dizer. – Ela é só uma garota. Ela está longe e eu não posso fazer nada pra protegê-la! Se alguém resolve fazer algo com ela, ela não consegue se defender! Eu não estou lá, entende? – intercalava a raiva e a decepção.
- Você fala como se o Mark fosse um cafetão. – voltou a rir.
- Eu estou falando sério, porra! – irritou-se ao ver rindo.
- Eu sei, cara! Mas é que... – negou a cabeça. – A sua irmã deve ser mais perigosa que o Mark, entende? – não sabia como fazer entender. – E a não é a garotinha indefesa que você está falando. Ela já deu uma surra no Peter e eu tenho dó do cara que a faça mal. – Ele me conhecia muito bem. Não havia motivos para desconfiar de mim.
- Não é só isso. – abaixou a cabeça, pensativo. – Eu sinto que... – Ele não gostava de dizer aquilo em voz alta. – Eu sinto como se não estivesse dando a atenção que ela merece. Tem o trabalho e a faculdade. Eu sinto como se estivesse em falta com ela e cara, isso me perturba todos os dias. – explicava como se estivesse se sentindo culpado.
- E agora você está achando que ela vai procurar a atenção de outro cara. – novamente deduziu.
- Ela não faria isso, faria? Eu não consigo parar de pensar nisso. – suspirou longamente.
- Você sabe que ela não faria nada que pudesse te machucar. – falou com certeza. – E se ela foi a essa festa, foi porque ela está se sentindo mal com o fato de você estar se afastando. Talvez ela apenas esteja tentando chamar a sua atenção. Ela só precisa saber que você ainda se importa, . Ela precisa de você. – disse e ficou surpreso consigo mesmo. Foi um belo conselho.
- Droga, eu fiz besteira. – passou a mão pelo rosto, enquanto negava com a cabeça. – Merda. – Ele suspirou longamente.
- Agora ela está na festa e está com raiva de você. – ergueu os ombros.
- Isso é muito confortador. Obrigado! – finalmente havia percebido que fez besteira. – Eu falei um monte de coisa pra ela. Eu... – deu um soco no balcão. – Eu sou um idiota. Eu sempre acabo perdendo a cabeça e falando besteira. Merda! – Ele estava visivelmente arrependido.
- Bem, parece que o meu trabalho por aqui está feito. – já havia conseguido trazer o amigo de volta a realidade.

Era exatamente daquilo que estava precisando. De algo que o fizesse acordar a tempo. A tempo de consertar as coisas entre nós. Agora ele já sabia que havia feito besteira e que havia sido extremamente egoísta. Ele estava se sentindo péssimo e tinha medo do que eu poderia fazer naquela noite. conhece o meu lado vingativo. Ele sabia que não seria difícil eu achar um garoto naquela festa e ele também sabia que metade dos caras da festa iriam tentar algo comigo. Como eu reagiria? Eu cederia só pra jogar na cara deles que eu não sou a idiota que ele pensa? Infelizmente não. Eu não sou tão esperta.

- Eu tenho certeza que se você estivesse em casa estudando, estaria se divertindo mais. – Mark disse, depois de um longo silêncio.
- Está tão na cara? – Eu segurei o riso.
- Está escrito na sua testa. – Mark passou sua mão em frente a minha testa e sorriu.
- Eu estou me esforçando. Isso conta? – Eu arqueei a sobrancelha e ele fez cara de pensativo.
- Se esforçando? – Mark arqueou a sobrancelha. – A coisa mais divertida que eu vi você fazer até agora foi dar o fora naquele último cara que veio aqui. – Ele sorriu sem mostrar os dentes.
- Sério? – Eu abri os braços. – Eu juro que já fui mais divertida! Talvez eu só não esteja em um bom dia. – Eu ergui os ombros.
- E o motivo para o seu dia não estar bom tem um nome? – Mark me olhou, desconfiado.
- Não! – Eu não queria falar sobre o .
- Desculpe, eu não sabia que era um assunto que não podíamos falar. – Mark fez careta.
- E como você está? Tudo bem? – Eu mudei imediatamente de assunto.
- Agora eu sou o assunto? – Mark sorriu espontaneamente.
- O assunto é qualquer um que não seja o meu namorado sendo um idiota egoísta. – Eu sorri rapidamente. – E você? Como está o trabalho e a faculdade? – Nós não falamos muito sobre ele. Já era hora.
- Está tudo bem. Você sabe, como sempre. Nada de novo. – Mark ergueu os ombros.
- Você trabalha com o seu pai, não é? – Eu perguntei apenas para continuar naquele assunto.
- Sim, eu sou meio que um secretário dele na empresa em que ele trabalha. – Mark explicou.
- Eu nunca havia pensado nisso, mas eu nunca conheci o seu pai. – Eu disse, pensativa. Eu não me lembrava do pai dele.
- É... – Mark sorriu fraco. – Ele não mora comigo e com a minha mãe. Eles se separaram há alguns anos. – Ele afirmou como se o assunto não fosse tão confortável pra ele.
- Oh, entendi. Eu não sabia. – Eu mordi o lábio inferior, enquanto fazia careta. Eu não devia ter falado desse assunto.
- Não, não tem problema. Tudo bem! Eu já superei. – Mark viu que eu tinha ficado sem jeito e se sentiu um idiota por isso.
- Os assuntos de hoje estão meio que chatos, não acha? – Eu rolei os olhos e ele riu.
- Pelo menos a Meg está se divertindo. – Mark apontou com a cabeça e eu me virei para olhar. Meg estava dançando com um cara que ela provavelmente não lembrará amanhã de manhã.
- E eu achando que você era a bola da vez. – Eu disse e voltei a olhar pro Mark.
- Eu e a Meg? – Mark pareceu surpreso. – Não.. – Ele começou a rir.
- O que foi? Vocês se deram tão bem! – Porque ele estava rindo? Não era tão improvável assim.
- É verdade, nós nos demos muito bem, mas isso não funcionaria. – Mark negou com a cabeça, olhando Meg dançar. – Mas se te conforta, eu acho que nós seremos bons amigos. Ela é incrível. – Mark voltou a me olhar.
- Eu nunca fui uma boa cúpida mesmo. – Eu ergui os ombros, segurando o riso.
- É, você é péssima! – Mark fez careta e rolou os olhos.
- Hey! – Eu cerrei os olhos e dei um fraco tapa em seu braço.
- O que? É verdade! – Mark começou a rir.
- Certo, próximo assunto! – Eu disse, me segurando para não rir.


Eram quase2 da madrugada e ainda estava acordado. Ele já havia voltado pra sua casa há algumas horas. Depois dos conselhos de , eles conversaram sobre . Nada demais. Ao contrário de , não era bom em ouvir conselhos. Ele fazia apenas o que achava certo e parecia tão certo pra ele torturar . Era quase meia noite quando desistiu de convencer a fazer a coisa certa. havia voltado pro seu apartamento, sem saber muito bem o que pensar ou fazer. Ele achou que eu talvez fosse ligar ou dar qualquer sinal de vida. Os minutos continuavam passando e nada. Nunca foi tão interessante ficar deitado em sua cama, enquanto olhava para o teto. Principalmente quando havia centenas de coisas ara ele fazer.
- Eu não vou ligar. Ela não vai atender. – falou sozinho, enquanto olhava pro visor de seu celular. O orgulho estava falando mais alto de novo. – Dane-se! – mordeu o lábio inferior e negou com a cabeça. Ele havia decidido mandar uma mensagem de texto. Demorou alguns minutos para escrever o que queria. escrevia e apagava. Nada parecia ser bom o suficiente para me fazer desistir de qualquer cara que eu supostamente estava pensando em usar como vingança.


- Esse foi o 6° cara que chegou em você hoje, não é? – Mark me olhou com um sorriso no canto do rosto.
- Você está contando? – Eu olhei pra ele, surpresa.
- Estou? – Mark fez careta. - Oh, você tem razão. Essa festa está mesmo uma droga. – Mark riu, me fazendo rir também.
- Porque não vai se divertir? Eu vou ficar bem. – Eu não queria que ele perdesse a diversão por causa de mim.
- Não, é claro que não. – Mark nem cogitou aquela possibilidade.
- Mark, é sério! Eu vou ficar... – Eu ia continuar a frase, mas eu pausei quando senti o meu celular vibrar no meu bolso. – Espera. – Eu peguei o celular e a primeira coisa que enxerguei no visor foi ‘Mensagem de texto de ’. Eu deixei de olhar o celular e rolei os olhos.
- Qual o problema? – Mark percebeu a minha rápida mudança de comportamento.
- É o ... – Eu mordi o lábio inferior e neguei com a cabeça. Mark não disse nada, achou melhor não se manifestar sobre o assunto.

Eu não tenho certeza se eu devo ler a mensagem dele. Não importa o que esteja escrito ali. Só o fato dele ter mandado aquela mensagem, dele ter deixado o orgulho de lado e ter vindo atrás mesmo sabendo que eu estava em uma festa já havia mexido extremamente comigo. O meu coração já quis sair pela boca e eu não consegui pensar em mais nada.

- Leia. – Mark aconselhou. Eu olhei pra ele e suspirei longamente. Voltei a olhar pro visor do celular e cliquei para ver a mensagem.

‘Eu sei que você está brava comigo, mas nós precisamos conversar. Me ligue quando você chegar em casa. Estarei esperando por você. :(‘ - Era o que dizia a mensagem do . Eu reli a mensagem diversas vezes seguidas. Cada vez que eu lia era como uma facada no meu peito.

- Droga... – Eu tentei me recompor e guardei o celular no bolso.
- Tudo...certo? – Mark me olhou, preocupado.
- Esquece! Vamos esquecer essa porcaria de celular. – Eu respirei fundo e passei a mão rapidamente pelo meu rosto. – Então, essa festa está uma droga. – Eu tentei retomar o assunto anterior, mesmo sabendo que era impossível.
- Quando eu vim aqui da outra vez, estava melhor. – Mark entendeu a minha mudança de assunto.
- Quando você veio da outra vez, eu não estava aqui. Está explicado! – Eu disse e ele me olhou, sério.
- Porque está falando assim? – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Você deveria estar dançando ou estar com alguma garota. Você não precisa perder a festa por causa de mim. – Eu expliquei.
- Não é você! – Mark argumentou.
- Desde que entramos aqui, eu já vi 4 garotas comerem você com os olhos. – Eu voltei a olhar pra ele e sorri.
- Você está contando? – Mark cerrou os olhos e manteve um sorriso fraco no rosto.
- Ok! – Eu segurei o riso. - Não muda de assunto! Pode ir! Eu vou ficar bem sozinha! – Eu tentei falar sério, apesar do meu sorriso.
- Com licença. – Um cara apareceu, ficando entre mim e o Mark. Nós olhamos pra ele, sem saber o que ele queria. – Ela está com você? – O garoto perguntou, apontando um dos dedos pra mim. Ele segurava uma garrafa de uma bebida qualquer.
- Não. – Mark analisou o garoto e manteve-se sério.
- Me permite? – O garoto me olhou e sorriu. Mark ergueu os ombros e rolou os olhos como se dissesse ‘Tanto faz!’. – Você não pode estudar na Albert! – O garoto virou-se pra mim e lançou o seu melhor.
- É mesmo? E por quê? – Eu só havia escutado cantada patética naquele lugar. Estou procurando pela melhor. Veremos se essa é pelo menos criativa.
- Eu me lembraria desse rosto e desse... – O garoto abaixou os olhos e depois voltou a olhar em meu rosto. – Deixa pra lá. – Ele riu. Mark revirou os olhos e riu do pobre garoto em minha frente.
- E então? O que está rolando? – Meg chegou até nós e não percebeu o que estava acontecendo.
- Você tem uma amiga? Ótimo! Eu tenho um amigo pra ela. – O garoto sorriu pra Meg, que o olhou e fez careta. O garoto parecia ter pensado em tudo.
- E quem é você, boy magia? – Meg tentou dizer aquilo sem rir.
- Eu sou o cara que vai levar a sua amiga pra dançar. – O garoto me olhou e me lançou aquele olhar matador. Ok! Ele até era bonitinho, mas seria melhor se ele tivesse ficado calado.
- Bem, se a amiga sou eu, não vai acontecer! – Eu respondi numa boa. Não fui grossa nem nada.
- Não, não faz isso comigo. – O garoto fez cara de cachorro que caiu da mudança. – Só um pouco! – O garoto insistiu. Mark o olhou e voltou a analisá-lo.
- Não, eu não quero. Valeu! – Eu forcei um sorriso e me virei de costas pra ele.
- Qual é! – O garoto achou que ainda poderia conseguir alguma coisa. Mark estava na minha frente e eu revirei os olhos. Voltei a olhar pro garoto apenas para não ser mal educada. – Eu venho observando você a noite toda! Você não dançou uma só vez! Me dê a chance! Você não pode ter vindo aqui apenas pra ver todo mundo se divertir. – O cara começou a argumentar.
- Cara, eu não quero! Ao contrário de todas as outras garotas dessa festa, eu não estou procurando um cara. Se você fosse esperto, não estaria perdendo o seu tempo comigo. – Eu já não estava sendo tão simpática. Ele começou a me irritar com a sua insistência.
- Só uma música! – O garoto tentou pegar a minha mão, mas eu a tirei de perto da dele no mesmo instante.
- Você está ouvindo? Eu não quero! – Eu me irritei de vez. Mark também não estava gostando do que estava acontecendo, mas manteve-se calado.
- Porque não? Eu sou um cara legal! – O garoto abriu os braços. – Só uma música. Vem! – O garoto tentou pegar a minha mão mais uma vez e eu me esquivei.
- Ei! – A voz grossa de Mark de repente me assustou. Mark apareceu ao meu lado e quando eu vi ele olhar para o garoto daquele jeito, eu até fiquei com medo. – Você não está ouvindo? – Mark entrou em minha frente e encarou o garoto. – Ela já te disse não 4 vezes e ela não vai repetir pela quinta vez. Entendeu ou não? – Mark continuou encarando o garoto, que apenas negou com a cabeça e se afastou. Meg me cutucou, eu a olhei e ela sorriu pra mim.
- Oh, que droga. – Eu enrosquei os meus dedos em meus fios de cabelo e os joguei para trás. – Viram? Viram porque eu não deveria ter vindo? – Eu neguei com a cabeça.
- Para de fazer isso. – Mark me olhou, sério.
- Ele estava certo. Porque eu vim? Pra ver os outros se divertirem? Você ainda nem se divertiu porque acha que não posso ficar sozinha. – Eu comecei a ‘jogar as coisas pro alto’.
- Então porque você não vai se divertir? – Meg se aproximou.
- Eu não consigo! – Eu deixei de olhar pra eles e olhei pra qualquer outro lugar.
- E porque não? – Meg não estava entendendo o que estava acontecendo. Mark me olhou, sério.
- Por causa do ! – Mark deduziu que tivesse algo a ver com a mensagem que havia me enviado.
- Tinha que ser esse idiota! – Meg ficou imediatamente irritada.
- Não é ele! Sou eu! – Eu apontei pra mim mesma. – Eu não estou fazendo isso pelos motivos certos. – Eu não dei muitos detalhes, mas eu sabia que eles perguntariam. - Eu sempre adorei lugares assim! Eu sempre soube me divertir e não tem a ver com estar sozinha ou não. Eu já dancei muito sozinha. Dançar... – Eu sorri em meio a um sorriso. – Eu sempre adorei dançar, mas... – Eu fiz uma breve pausa. – Eu não estou aqui pra isso. Eu não vim por isso. Isso é ridículo! – Eu nem conseguia olhá-los, porque eu me achava uma idiota naquele momento.
- Do que você está falando? – Mark arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu deveria ter vindo para me distrair, para me divertir, mas a única razão de eu ter vindo aqui hoje foi para atingir o . Sim, eu sei o quanto isso soa ridículo. Vocês não sabem o quanto eu odeio estar dizendo isso em voz alta. – Eu finalmente voltei a olhá-los. – Eu vim porque eu queria mostrar pra ele que eu não sou a idiota que ele pensa que eu sou. Eu queria que ele estivesse lá e pensasse, só uma única vez, que eu estava me divertindo sem ele. Eu precisava convencer a mim mesma de que eu posso fazer isso sem ele, mas... – Eu suspirei longamente. – Eu não posso! E eu me odeio ainda mais a cada segundo que me dou conta disso. – Aquilo estava me deixando mal. Aquilo estava fazendo com que eu me sentisse a pessoa mais infantil do mundo.
- Eu juro que no dia que eu encontrar com esse pessoalmente, eu vou acabar com esse idiota. – Meg suspirou, indignada.
- Eu sei que eu não preciso provar nada pra ele, mas eu estou irritada e chateada. Eu achei que poderia vir, me divertir e provar pra mim e pra ele que eu poderia me divertir sem ele. – Eu forcei um sorriso e neguei com a cabeça.
- Eu posso fazer alguma coisa pra ajudar? – Mark parecia ter me entendido e isso o deixou um pouco mais preocupado do que deveria.
- Pode! Você pode se divertir, mas como eu sei que você não vai fazer isso enquanto eu estiver aqui, eu vou embora. – Eu dei um fraco sorriso pra ele para que aquilo não soasse como algo ruim.
- Não, não, não, ! – Meg ficou imediatamente chateada com a situação.
- Sim! Eu vou embora e vocês vão se divertir! Se amanhã eu souber que vocês não se divertiram, eu vou matar vocês dois. – Eu os ameacei e Meg riu.
- Eu não vou tentar te convencer a ficar, porque sei que não vai adiantar. Então eu te levo. – Mark colocou a mão no bolso para pegar a chave do carro.
- Eu sabia que você ia dizer isso e a resposta é não! Você não vai a lugar algum! – Eu olhei mais séria pro Mark.
- São duas da madrugada e você acha mesmo que eu vou deixar você ir pra casa sozinha? – Mark quase riu da minha cara.
- É exatamente isso que você vai fazer. Eu vou chamar um taxi e ele vai me deixar na porta de casa. Não há nada de perigoso nisso. – Eu peguei o meu celular e comecei a ligar para a central de taxi.
- Desliga isso! Eu vou te levar! – Mark tentou pegar o celular da minha mão, mas eu me esquivei. A central de taxi me atendeu e eu passei o endereço para que um taxista viesse me buscar. Ele chegaria em 5 minutos. – Pronto. – Eu desliguei o celular.
- Isso está fora de cogitação. – Mark tirou a chave do carro do bolso. – Vamos! – Mark apontou com a cabeça em direção a porta.
- Escuta! – Eu agarrei sua camiseta e o puxei, fazendo com que ele voltasse a ficar de frente pra mim. – Você vai ficar, porque se você não ficar eu vou me sentir ainda mais culpada por estragar a sua festa e nunca mais vou sair com você! – Eu fiz chantagem emocional mesmo. Me processe!
- Não, não! Isso não pode ser sério! – Mark sorriu, enquanto negava com a cabeça.
- É sério! – Eu afirmei e fui em direção a Meg. – Ei, faça ele se divertir! Você é a única pessoa do mundo capaz de fazer isso. – Eu disse e Meg riu.
- Sim, eu sei! – Meg continuou rindo.
- Obrigada por ter me convencido a vir. Você está se saindo uma amiga incrível, mesmo sendo a única que eu tenho por aqui. Obrigada. – Eu me aproximei e a abracei rapidamente.
- Me agradeça não sofrendo por ele. Não faça isso, escutou? – Meg me olhou e disse em tom de ordem.
- Eu escutei. – Eu afirmei com a cabeça. – Deixe comigo. – Eu forcei um sorriso e olhei pro Mark. – Calma! – Eu vi ele me olhando com cara feia. – Eu vou ficar bem. – Eu ri e neguei com a cabeça.
- Eu te levo até lá fora. Posso pelo menos fazer isso? – Mark continuou sério.
- Pode! – Eu rolei os olhos e me virei para acenar pra Meg.
- Eu já volto, Meg. Não vá pra muito longe se não eu não conseguirei te achar. – Mark aconselhou e Meg afirmou com a cabeça, enquanto dançava no ritmo da música que estava tocando.

Eu fui em direção a saída da festa e Mark veio atrás. Ele quase me perdeu de vista, mas rapidamente conseguiu me alcançar. Eu saí para o lado de fora e ele fez o mesmo. Vi ele conversando com um dos seguranças da festa, avisando que só ia me levar até o taxi e já voltaria.

- O taxi já está ali me esperando. – Eu apontei e comecei a andar mais rapidamente. Cheguei no taxi e olhei para o motorista pela janela.
- ? – O motorista perguntou e eu confirmei.
- Só um minuto. – Eu me virei de costas para o taxi e olhei pro Mark.
- Tem certeza? – Mark olhou para o motorista e depois pra mim.
- Eu tenho! – Eu rolei os olhos e segurei o riso.
- Certo! Ok! Eu não vou perguntar de novo. – Mark suspirou e sorriu sem mostrar os dentes.
- Obrigada! – Eu abri rapidamente os braços e me aproximei dele. – E obrigada também pelo que você fez lá dentro. – Eu passei meus braços em torno do corpo dele e o abracei. Ele fez o mesmo com os seus braços.
- Tudo bem. – Mark sorriu fraco. Eu terminei o abraço e parei para olhá-lo, quando eu percebi que ele queria dizer algo. – Eu... – Mark suspirou e prensou seus lábios um no outro. – Eu sinto muito que ele faça você se sentir assim. Você não merece. – Ele disse de um jeito tão doce, que eu nem notei que pudesse ser uma crítica ao .
- Obrigada. – Eu voltei a me aproximar e beijei uma das suas bochechas. – Mesmo. Obrigada. – Eu disse, depois de tirar meus lábios do rosto dele. Ele apenas sorriu sem mostrar os dentes e negou com a cabeça como se dissesse ‘Tudo bem!’.

‘Você não merece’... Porque isso continua ecoando em minha cabeça? Eu nunca havia parado pra pensar nisso antes. Merecer? O que se deve fazer para merecer uma pessoa? Você deve amá-la mais do que tudo ou talvez você só deva ser retribuir com tudo o que ela te dá ou não. Sabe? Talvez possa ser os dois. Você não escolhe as pessoas que te merecem e nem o que elas tem que fazer para conseguir isso. Elas apenas... merecem. Sem esforço, sem nem ao menos perceberem que merecem. Em todo caso, as formas de merecer uma pessoa se encaixam em mim. Eu não sei como eu poderia amá-lo mais e também não sei o que mais eu devo fazer para fazê-lo se sentir do jeito que ele já fez eu me sentir um dia. Eu estou amando e estou sendo recíproca com tudo o que ele já fez por mim, mas, espera. E ele? Qual dos dois se adapta a ele? Os dois? Nenhum? Droga.

Foram incontáveis as vezes que eu li aquela mensagem. Eu estava certa. A última vez que nos vimos, eu disse a ele que as coisas haviam mudado entre nós. Eu disse! Eu tentei avisar, eu tentei lidar com o problema antes que ele envenenasse de vez o que um dia nós chamamos de namoro. Nós sempre brigamos, mas nunca pareceu tão intenso quanto agora. As outras vezes nós brigávamos porque somos tão irritantemente parecidos que as vezes não aguentávamos ficar tanto tempo perto um do outro. Nós estamos bem longe um do outro agora. Não há motivos para brigas. Nós não temos tempo pra isso. O tempo que nos resta era pra ser o momento de nossas vidas. Não era para estar acontecendo assim. Nunca foi pra ser assim, mas do que eu posso reclamar? A culpa disso tudo é minha. Foi minha escolha! Eu escolhi deixá-lo. Eu escolhi Nova York! Eu escolhi vê-lo se afastar. Sim, eu sabia que isso aconteceria.

Eu cheguei em casa eram 2 da madrugada. Big Rob se assustou com a minha chegada. Por um segundo, eu achei que ele pularia em mim. Eu entrei em minha casa e eu não me senti tão bem quanto achei que iria. Eu quis tanto estar em casa. Eu estava e agora? Eu devo ligar pra ele? Ligar e dizer o que? Dizer que eu simplesmente não sei viver sem ele? Dizer que eu não sou tão boa em ser normal e simplesmente me divertir sem o meu namorado por perto? Dizer que eu não consigo agir tão friamente como ele com toda essa situação? Eu odeio isso! Não tem como fugir. A conversa acontecerá de um jeito ou de outro, mas como eu sabia que ele estava me esperando, eu deixaria que ele esperasse mais um pouco só para que ele fique mais alguns bons minutos pensando que eu estou feliz sem ele. Eu não quero ser a patética da história só por mais alguns minutos.

Eu joguei o celular sobre a minha cama e fiquei um longo tempo olhando pra ela, achando que ela me diria o que fazer. Os meus olhos foram imediatamente para o porta-retrato que havia ao lado da minha cama. Ele tinha mesmo que ser tão adorável? Ele tinha mesmo que me fazer questionar cada parte da minha vida e das minhas atitudes. Eu já teria acabado tudo se fosse com qualquer outro. O mundo sabe que eu nunca fui do tipo que abaixa cabeça pra homem e o deixo no controle. Eu não sei por que com o idiota do é diferente. Ele faz com que eu sinta que é diferente. Ele faz com que eu tenha que sentir cada dor das lágrimas que eu nunca me permiti sentir.

Fui até o banheiro, coloquei o pijama, escovei os dentes e tirei toda aquela maquiagem que eu estava usando. Eu estava enrolando o máximo que eu conseguia. Eu não queria ter aquela conversa. Fui até o meu quarto e organizei os livros que eu teria que estudar no dia seguinte. Olhei para o relógio e ele marcava 2:40. Não havia mais como adiar. Eu sentei em minha cama e coloquei o lençol por cima das minhas pernas. Encarei o celular mais uma vez, mordi o lábio inferior por nervosismo.


estava sentado há horas em sua mesa de jantar. Havia livros, contratos da empresa e trabalhos da faculdade espalhados sobre a mesa. Ele estava tentando ocupar a sua cabeça com qualquer coisa que não fosse a sua namorada sozinha em uma festa universitária em Nova York. Ele enganou a si mesmo durante a noite toda quando olhava no relógio por diversas vezes e dizia pra si mesmo que ainda era cedo para eu estar em casa. Era bem mais fácil pensar que eu não quis ligar pra ele do que pensar que eu ainda não havia chegado em casa. Foi só o celular começar a vibrar sobre a mesa que ele o agarrou mais rápido do que conseguiu. ‘ chamando’ foi o que ele leu no visor e só isso o fez sorrir. Ele levantou-se da mesa com o celular nas mãos.

- Alô? – esperava ouvir a minha voz e eu estremeci só ao ouvir a dele.
- Oi... – Eu tenho certeza que a minha decepção com tudo ficou evidente em minha voz. obviamente percebeu. Ele fechou os olhos e se chamou de burro mentalmente mais de 10 vezes. – Eu estava indo dormir e vi a sua mensagem. – Eu não queria parecer tão vulnerável assim. – O que você quer falar comigo? – Eu perguntei, enquanto distribuía olhares pelo meu quarto.
- Eu... – abaixou o rosto e encarou o chão por alguns segundos. – Eu sinto muito. – Ele negou com a cabeça. – Eu sinto muito, . – Ele repetiu com aquela sua voz triste. Eu rolei os olhos e neguei com a cabeça.
- Você não pode se desculpar toda vez que me disser uma besteira, . – Eu comecei a sentir meus olhos arderem.
- Eu não estou me desculpando pelo que eu disse, eu estou me desculpando pelo que eu tenho feito. – começou a andar em direção a sacada. Abriu a porta e se aproximou da mureta, onde apoiou um de seus braços. Eu nem tive tempo de dizer algo. – Eu sei que eu não ando dando toda a atenção que você merece. – mordeu o lábio inferior. – Me desculpa. – observou a paisagem em sua frente, enquanto sentia cada vez mais raiva de si mesmo.
- ... – Eu tentei me dizer, mas ele me interrompeu. As lágrimas invadiram de vez os meus olhos e eu abaixei o meu rosto como se quisesse esconder de alguém aquelas lágrimas.
- Não! Me deixe terminar. – queria dizer tudo o que vêm guardando há um bom tempo. – Eu... – Ele hesitou dizer. – Eu sinto muito se estou te passando a impressão de que eu não me importo mais com você ou com nós. – Poucas lágrimas alcançaram os olhos de , que rapidamente passou seus dedos para evitar que elas escorressem. – Esse é o problema. Eu me importo. Eu me importo tanto que a cada vez que eu penso que estou em falta com você, eu demoro para me perdoar. E então, eu te ligo. Ligo como se nada tivesse acontecido e finjo que não percebo a sua voz de decepção. – voltou a olhar o céu estrelado que fazia contraste com as luzes da cidade.
- E porque só estamos conversando disso agora? – As lágrimas em meus olhos aumentavam cada vez mais. Levantei a minha cabeça e olhei pro teto do meu quarto para evitar que as lágrimas escorressem dos meus olhos.
- Porque não importa o quanto eu saiba que isso é errado ou quão mal isso faça eu me sentir. Eu estou fazendo o melhor que eu posso. – estava se sentindo extremamente mal por estar me dizendo aquilo.
- Então é isso? Não podemos fazer nada a respeito? – Eu neguei incessantemente com a cabeça. não respondeu, ele apenas ficou em silêncio. O silêncio respondeu a minha pergunta. – Eu não consigo continuar com isso, . – Eu disse, enquanto sentia uma lágrima escorrer pelo canto de um dos meus olhos.

Eu tenho lidado com isso há meses. Eu sempre convenço a mim mesma de que as coisas vão mudar, de que eu não teria que passar o dia esperando um telefonema dele. As coisas não vão mudar, ainda mais agora que ele acaba de me dizer que está dando o seu melhor. Se ele está dando o seu melhor, então isso não vai mudar. É tão mais fácil encarar a realidade do que sentir a dor que ela causa.

- Não, não, não, não! Não fala isso! Não fala! – pareceu se dar conta do que eu estava dizendo e entrou em desespero. O desespero em sua voz fez com que a dor que eu sentia aumentasse. – Escuta, eu sei que eu cometi muitos erros. Eu estou confuso e muitas vezes nem sei o que estou fazendo, mas... – fez uma rápida pausa para passar seus dedos novamente pelos seus olhos. – A única certeza que eu tenho é o meu amor por você! E é esse amor que não me deixa esquecer quem eu era antes. – A voz dele começou a ficar embargada e as lágrimas começaram a escorrer de vez pelo meu rosto. – Não se passou nem um ano e eu já mudei de casa, eu já não moro com a minha família, eu tenho um emprego e estou estudando para tentar seguir os passos do meu pai. Você é a única coisa que eu tinha antes que continua sendo minha. Você é a única coisa que ficou fora de todas essas mudanças na minha vida. Você é a exceção que eu fiz questão de manter todo esse tempo. – fez uma rápida pausa. – Por favor, não tire isso de mim. Eu não quero mais mudanças, eu quero você! – suspirou longamente para tentar se acalmar. Ele não havia deixado nenhuma lágrima escapar. Ele continuava secando-as constantemente.

- Eu tenho que te contar uma coisa. – Eu tentei engolir o choro. – Uma coisa sobre a festa de hoje. – Eu passei minha mão pelo meu rosto para secar todas as lágrimas que havia lá.
- Não... – pensou no pior. Pensou que talvez tivesse alguma confissão a caminho. Fechou os olhos com força e deu um fraco soco na mureta da sacada. – Não fala. Eu não quero saber! – preferia não saber. A dúvida doeria menos que a verdade.
- Foi uma droga. – Eu ignorei o pedido dele e comecei a dizer mesmo assim.
- O que? – abriu os olhos, sem saber o que eu quis dizer com aquilo.
- Eu fui até lá. O lugar era legal, a música era boa e a companhia era incrível, mas aos poucos eu fui percebendo que eu era a única ali que não estava me divertindo. Eu não estava entendendo o que estava acontecendo. – Eu fiz uma breve pausa. – Então eu descobri que eu estava sozinha. O problema era esse. – Eu mordi o meu lábio inferior.
- O que você fez? – ficou mais sério. A primeira coisa que passou em sua cabeça era que eu havia procurado companhia nos braços de algum cara da festa.
- Um cara... – Eu neguei com a cabeça. – Eu descobri que havia um cara que podia fazer com que eu me divertisse lá. – Eu esperei que ele perguntasse alguma coisa. Qualquer coisa.
- Merda... – prensou os lábios um no outro e levou uma de suas mãos a cabeça, bagunçando ainda mais o seu cabelo. – Você... – hesitou continuar a frase. – Quem é ele? Qual é o nome dele? – voltou a encarar o céu, sem saber como reagir.
- O nome dele é . – Eu pausei. – Jonas. – Eu esperei qualquer reação dele. A primeira reação dele foi suspirar, aliviado. Ele fechou imediatamente os olhos, mas a cabeça continuou erguida em direção ao céu. Um fraco sorriso surgiu em seu rosto.
- Então não foi uma droga. – nunca se sentiu tão aliviado em toda a sua vida.
- Porque você está tão feliz com isso? – Eu não havia gostado do comentário dele. – Eu não estou feliz! Eu odiei isso. Eu me odeio por isso e odeio você ainda mais! – Eu desabafei.
- Eu não estou entendendo! Qual é o problema? – não estava entendendo a minha mudança de comportamento repentina.
- O problema é que eu fui até lá para me divertir. Eu queria provar pra mim mesma que eu também sabia me divertir sem você! Eu queria ter certeza que eu poderia viver sem ter que me decepcionar todos os dias com você– Eu suspirei, frustrada. – Você me disse aquelas coisas terríveis e mesmo assim você era a única coisa que eu conseguia pensar naquela maldita festa! – Eu estava com raiva, mas meus olhos insistiam em encher de lágrimas. – Eu não quero! Eu não quero depender de você! Eu não quero depender das porcarias dos seus telefonemas e nem das suas visitas! – Eu fiz uma breve pausa para me acalmar, quando notei que a minha voz começava a ficar embargada. – Eu não quero sentir a sua falta, enquanto você não sente a minha. – Eu me sentia estúpida por estar falando isso em voz alta.
- Você não sabe do que está falando. – negou com a cabeça. – Eu amo você. Não é como se eu tivesse opção. Eu sinto sua falta sem nem perceber. Tem dias em que eu estou irritado e que tudo começa a dar errado. Todos a minha volta me perguntam o que é que está acontecendo e eu sempre acabo chegando a uma só reposta: você. Você não está aqui. – estava tentando me explicar o que ele realmente sentia. Ele odiava me ver subestimando o seu amor.
- O que você disse? – O que ele havia dito antes havia feito eu me sentir um pouquinho melhor. Eu já não me sentia tão boba quanto antes.
- Que eu sinto a sua falta? – não sabia de qual parte eu estava falando.
- Antes. – Eu apenas queria ouvi-lo dizer mais uma vez.

- Eu amo você. – disse com um fraco sorriso no rosto.
- Isso é verdade? Quer dizer, você tem me dito tantas coisas recentemente e eu não sei no que acreditar. – Eu demonstrei o quanto estava confusa. – O que você me disse quando nos falamos antes de eu ir pra festa. Era verdade? – Eu quis saber.
- Eu estava irritado e bravo com você. – quis desconversar. Não achou que fosse importante.
- Você realmente se sente desse jeito com relação a minha vinda pra Nova York? – O modo com que ele havia tratado o assunto ‘Nova York’ anteriormente havia me deixado incomodada.
- Esquece isso, . Nós estávamos brigando. Você sabe que eu sempre falo as coisas sem pensar. Você está ai e eu disse que estava tudo bem pra mim. Eu prometi que te esperaria, não prometi? Eu mantenho a minha promessa. – sabia que havia falado besteira antes. – Eu não vou dizer que está sendo fácil. É uma droga estar tão longe de você. É horrível chegar em casa todas as noites e saber que não vou poder de te ver. Saber que você não vai estar aqui pra me fazer companhia, pra me beijar e fazer todas as coisas que costumávamos fazer juntos. É difícil, mas nós podemos lidar com isso, não é? – não parecia tão seguro do que estava dizendo.
- As coisas não vão mudar, . Você vai ter que aprender a lidar com isso. – Eu já havia engolido o choro. A conversa era um pouco mais séria agora.
- Com isso o que? – não entendeu.
- Mark. – Eu pausei rapidamente. – Ele é meu amigo e vai continuar sendo. – Eu queria deixar isso bem claro.
- Bacana. – rolou os olhos e negou com a cabeça. – Tem alguma coisa que eu possa fazer pra mudar isso? – sabia que não adiantava mais discutir por isso.

Era uma pergunta interessante. Se fosse há um mês atrás, talvez a minha resposta fosse diferente. Talvez eu diria que ele deixar de ser amigo da Amber era a única coisa que ele podia fazer pra mudar a minha amizade com o Mark, mas não hoje. Hoje a amizade do Mark não é tão irrelevante. A amizade com o Mark não é algo com a qual eu quero viver sem.

- Não, não há nada que você possa fazer. – Eu afirmei com certeza.
- Já que eu não tenho opção... – ergueu os ombros. Ele não havia aceitado tudo tão facilmente, mas ele se esforçaria.
- Sim, você tem opção. – Eu respirei fundo. – Se você não pode lidar com isso, eu também não posso lidar com essa situação. Então porque você não acaba com isso? – Eu estava dando a ele todas as chances pra ele tomar a decisão que ele supostamente queria tomar.
- O que está tentando fazer? Você não vai me convencer a fazer isso. Eu amo você e não quero acabar com nada. Porque você está insistindo nisso? – não estava entendendo porque eu sempre voltava ao assunto ‘término’.
- Porque eu não acho que você se importe mais! – Eu disparei em seguida.
- EU ME IMPORTO, OK? EU ME IMPORTO! – disse, impaciente. – Eu me importo, porque eu sou louco por você! Eu me importo porque eu quero me casar com você! Eu quero ter filhos com você! – continuava dizendo daquele jeito que demonstrava que estava irritado. – Droga! Eu não sei mais o que dizer! Você tem que acreditar em mim! – Ele finalizou.
- Então me dê motivos para acreditar! Eu não quero ficar dias esperando a sua ligação, esperando pra saber se você ainda se lembra de mim ou não. – Eu dei a condição.
- Certo, eu vou me esforçar mais. Eu prometo! – só queria que tudo ficasse bem de novo. – Nós podemos ficar bem agora? Por favor? Eu só quero que tudo fique bem. – só estava esperando a minha palavra final.

A resposta é sim. Nós voltamos as boas, pelo menos nas primeiras duas semanas. Nos falávamos todos os dias. Eu ligava, ele ligava. Tudo parecia ter voltado ao normal. As palavras de carinho, as brincadeiras idiotas e os comentários irônicos. Eu cheguei a pensar que nós sobreviveríamos a tudo aquilo. Eu cheguei a pensar que duraria mais de duas semanas. Bem, não durou. Os telefonemas começaram a diminuir. Quando eu me dei conta, estávamos nos falando duas vezes por semana.

A empresa de continuava crescendo dentro dos esportes e isso só acumulou consequências. Uma garota havia entrado de férias naquele mês no hospital. Eu e Meg estávamos nos desdobrando para que o hospital não ficasse desfalcado. Além do mais, queríamos mostrar serviço ao diretor do hospital. Era a nossa grande chance.

Entramos naquela tão esperada semana. No final da semana era o meu aniversário e também o aniversário de namoro. Eu estava extremamente empolgada para voltar para Atlantic City. Eu estava ansiosa para rever os meus pais e os meus amigos e ainda mais maluca para ver o . Fazia quase 3 meses que não nos víamos. Se você pensa que isso é muito, você não tem noção de que esse ‘muito’ deveria ser multiplicado por 10.

- Então você vem, certo? – me perguntou, quando me ligou pela última vez. Faltava 5 dias para o tão esperado dia.
- Eu vou! Eu queria ir na sexta, mas não vou conseguir. Eu vou ter que trabalhar até tarde na sexta pra poder folgar no sábado. – Eu expliquei. Geralmente eu não trabalho de sábado, mas aquele mês estava realmente corrido. – Talvez eu ainda tenha que trabalhar no sábado de manhã, mas eu chego. Eu chego a tempo! – Eu afirmei. Não importa o que eu tivesse que fazer, eu estaria lá.
- Legal. – sorriu, enquanto se arrumava para o trabalho. – Eu também vou ter que trabalhar no sábado, mas eu vou dar um jeito de sair mais cedo. Talvez eu fique até mais tarde na sexta-feira. Veremos. – Ele explicou.
- Tudo bem. Contanto que estejamos lá ás 16:30, está tudo bem. – Eu estava loucamente animada.

Como eu disse, essa foi a nossa última conversa naquela semana. A semana estava passando lentamente e a cada minuto que passava eu ficava mais ansiosa. Ao contrário de , diversas pessoas me ligaram naquela semana. queria saber o que eu queria de presente e e queriam preparar uma festa, enquanto e achavam melhor eu comemorar com a família. Minha resposta? Não para todas as opções. Meus planos sempre foram com o . Já está marcado há um ano e eu não mudaria os planos.

Três meses é muito tempo, né? Muita coisa deveria ter acontecido nesse meio tempo, mas na verdade não aconteceu nada. O , adivinha? Um caso perdido. Eu nunca vi alguém tão orgulhoso como ele e olha que eu sou namorada do ! Ele nunca, nunca recuava ou tinha um momento de fraqueza. Pelo que a me contou, ele tem saído com diversas garotas, mas pelo que me contou, ele não beijou nem metade delas. Eu deveria interferir? Talvez! Eu queria que eles descobrissem aquele sentimento sozinhos. não beijava alguém há meses! Como ela consegue? Do mesmo jeito que eu, já sei! Ela me liga toda semana para me contar sobre tudo. não me escondia nada. Nem mesmo o modo com que e Amber eram grudados naquela faculdade. Eu não posso dizer que aquilo não me incomodava mais. É mais fácil dizer que eu me acostumei a lidar com aquilo.

é quase que o oposto do . Que grude! Ele me liga umas 3 vezes na semana e passa metade do tempo dizendo o quanto eu estou fazendo falta. Eu amo que ele se importe. O sentimento entre nós é um dos sentimentos mais puros que eu já senti, mas eu sei que era difícil pra ele ficar entre dois amigos. De um lado a melhor amiga e do outro o seu melhor amigo, o seu parceiro inseparável há anos. Ele nunca sabia como lidar com uma briga nossa. Ele não consegue escolher um lado. , por outro lado era a pessoa que mais me defendia no mundo. Ela vivia jogando indireta no . O mais engraçado disso tudo é que eu nunca achei que nos tornaríamos tão próximas. Hoje, eu posso dizer que somos melhores amigas. É como se aos poucos ela estivesse assumindo o lugar de . Já estamos até naquela fase em que sabemos o que a outra está pensando.

? Ele é inexplicavelmente apaixonante. Ele sempre foi o mais quieto dos garotos, mas eu acho que ele só é quieto porque sabe que conquistaria o mundo se abrisse a boca e mostrasse o quão incrível ele era. Não ia ter pra ninguém! Ele tem aquele jeito carinhoso, sério e até engraçado. Ele realmente estava no grupo de amigos errado. Não é possível! foi rápida ao notar todas aquelas qualidades nele, mas também foi rápida em se esquecer de todas elas. A última vez que eu tinha visto foi no aeroporto. Eu não soube de mais notícias. Talvez um dia nos voltemos a nos encontrar e vamos acabar rindo de toda essa besteira. era ótima, mas eu não acho que ela fazia o tipo do . Se quer saber, nem deve saber qual é o seu tipo. Ele está aberto a experiências, eu acho. Ele sempre me liga falando que quer vir me visitar para nós sairmos. Ele realmente acha que pode encontrar uma garota aqui. Porque não? Ele nunca realmente veio. Eu ainda estou esperando a visita dele.

e ? Essa é fácil! Uma palavra define: sexo. Quem sou eu pra julgar, mas andam me contando que eles estão impossíveis. disse que se nós estivéssemos no ensino médio, eles provavelmente fariam sexo na mesa do refeitório. Dizem que essa é a única coisa que eles têm feito nos últimos meses. Eu não soube por nenhum dos dois. Não é como se meu irmão fosse chegar e dizer ‘Oi, irmã! Transei ontem, foi bom pra caralho.’. Nós nunca fomos tão próximos nesse nível. A , ela quer me contar sobre tudo, mas eu percebo que ela morre de vergonha. era mesmo um caso perdido. Me contaram que ele e quase brigaram da última vez que eu fui lá. Esse sempre foi o meu medo ao namorar um amigo do meu irmão. Eu jamais me perdoaria se estragasse a amizade deles. era extremamente protetor e ciumento. Ele nunca deixaria que me machucasse. Era só por isso que eu sempre acabo deixando fora de todos esses problemas. Ele nem sonha o quanto eu estou chateada com essa situação com a Amber.

Meus pais! Eu falo com eles todos os dias. Meu pai é sistemático com a segurança da casa. Ele pergunta 20 vezes se eu já tranquei a porta e as janelas e ele não dorme enquanto eu não ligo ou mando uma mensagem avisando que eu cheguei em casa. Minha mãe foi umas duas vezes me visitar. Nas duas vezes em que ela esteve lá, a única coisa que ela fez foi criticar o meu modo de arrumar e organizar a casa. Coisa de mãe, sabe? Ela trocou tudo de lugar. Tudo estava fora de lugar ou sujo. Foi um desastre!

- Como assim você não vai comemorar o seu aniversário aqui? – Meg me olhou, indignada.
- Já faz um ano que eu combinei com o . Não é como se eu pudesse desmarcar. – Eu expliquei, olhando para Meg que estava sentada no sofá em minha frente.
- Nós é que te aguentamos o ano inteiro e na hora da festa você vai pra lá? Que justo! – Meg cerrou os olhos em minha direção.
- Meg, ela já combinou com o . – Mark olhou para Meg. Ele estava com a cabeça apoiada em seu colo. Acredite se quiser, eles são basicamente melhores amigos agora.
- Não defende esse cara! – Meg fuzilou Mark com o olhar.
- Eu não entendo esse seu ódio pelo . – Eu ri e rolei os olhos.
- Esse idiota mal vem te ver e agora você tem que ir lá passar o seu aniversário com ele! – Meg explicou.
- Ele é o namorado dela, Meg. O que você esperava? – Mark voltou a olhar para a amiga.
- Eu só não vou falar nada porque sei que a vai ficar brava se eu disser. – Meg forçou um sorriso pra mim.
- Ótima escolha! – Eu devolvi o sorriso para ela.
- Mas quando você voltar, você vai ir em um barzinho com música ao vivo aqui perto comigo e com o Mark e eu não quero ouvir desculpas. Se o implicar, manda ele vir resolver comigo! – Meg disse, séria.
- Eu vou! Eu prometo que vou! – Eu disse para que ela ficasse menos irritada com o assunto. – Você fala assim, mas eu aposto que se você conhecesse o , você acharia ele legal. – Eu não queria que ela tivesse aquela implicância com ele. Ela era a minha amiga!
- Acharia? – Meg olhou pro Mark. Queria saber a opinião dele sobre o assunto.
- O que? – Mark não sabia por que Meg estava olhando pra ele.
- Você conhece o , não conhece? Ele é tão idiota quanto parece? – Meg perguntou e Mark me olhou. Eu ri e rolei os olhos. O Mark era meio que suspeito para responder aquela pergunta. – O que foi? O que eu estou perdendo? – Meg não entendeu nada.
- O meio que me odeia. – Mark mordeu o lábio inferior para segurar o riso. – Foi ódio a primeira vista. – Ele explicou.
- Está de brincadeira! – Meg me olhou, incrédula. – Viu? Mais um motivo pra eu odiar esse cara. – Meg rolou os olhos. – Quem odeia o Mark? Olha pra essa cara de anjo! – Meg apontou pro Mark, que revirou os olhos.
- Meg... – Mark odiava quando Meg falava isso. Ela fazia isso com frequência.
- Vocês dois não tem jeito. – Eu gargalhei, enquanto Meg começava a apertar as bochechas de Mark.
- Olha só, ! Esse sorrisinho... – Meg puxou os cantos da boca do Mark, fazendo com que ele sorrisse.
- Para com isso, garota! – Mark começou a afastar as mãos de Meg. – Você tem que parar com isso. – Mark riu. Ele segurou os braços de Meg e olhou pra mim. – , me dá uma ajuda aqui. – Ele pediu e eu rapidamente levantei do sofá.
- O que vocês vão fazer? – Meg olhou pra mim e até tentou escapar das mãos do Mark, mas não conseguiu.
- Segura os pés. – O Mark apontou com a cabeça e eu fui até os pés da Meg e os segurei.
- Você manda! – Eu olhei pra ele, sem saber o que ele queria fazer.
- Ele manda é o caralho. Me soltem! – Meg voltou a se debater.
- Piscina? – Mark me perguntou e eu comecei a rir.
- Nem precisa perguntar. – Nos começamos a carregar Meg em direção ao quintal. Mark estava segurando a parte mais pesada e eu estava lá apenas para manter os pés dela longe do chão.
- NEM PENSEM NISSO! – Meg olhou pro Mark, surpresa.
- Eu quero ver o quão fofa você fica naquela piscina! – Mark tentou imitar a voz de Meg e eu ri ainda mais.
- Fofo é diferente de engraçado! Parem com essa palhaçada! – Meg não estava acreditando no que estávamos fazendo. – ? Não deixa ele fazer isso. – Meg olhou pra mim. – PUTA QUE PARIU! VOCÊS ESTÃO INDO MESMO PRA PISCINA! – Meg voltou a se debater. – Eu paro! Eu paro de ficar fazendo essas brincadeiras com você, Mark! – Ela disse e viu que não estava funcionando. – ! Eu te cubro no hospital! Eu fico no seu lugar durante os finais de semana por um mês! – Meg começou a tentar me subornar. – DOIS MESES! – Meg gritou, achando que me convenceria.
- Mark, ela está começando a me convencer. É melhor fazer isso logo. – Eu disse e Meg me fuzilou com os olhos.
- Não, não, não! – Meg negou com a cabeça, quando nos aproximamos da piscina. – TRÊS MESES? – Meg fez cara de aflita. Paramos ao lado da piscina. – Fodeu, merda! – Meg suspirou e olhou para a piscina ao seu lado. Eu olhei pro Mark e consegui fazer leitura labial do que ele estava dizendo. Ele disse: ‘No 3, nós soltamos e corremos.’ e eu apenas afirmei com a cabeça.
- 1... – Mark começou a contar.
- Nem fodendo que vocês vão fazer isso. – Meg quase riu, incrédula.
- 2! – Eu continuei a contagem. Olhe pro Mark rapidamente e ele sorriu pra mim.
- PARAAAAA! – Meg gritou pela ultima vez e fechou os olhos, achando que a jogaríamos na piscina.
- 3! – Mark gritou e nós colocamos Meg no chão e saímos correndo. – Corre, corre! –Mark se aproximou de mim e fomos correndo juntos para o topo do jardim. Quando Meg se tocou que estava no gramado, ela ficou feliz e furiosa ao mesmo tempo.
- CORRE MESMO PORQUE EU VOU PEGAR VOCÊS! – Meg se levantou e saiu correndo atrás de nós.
- ELA ESTÁ VINDO! CORRE! – Eu gritei, enquanto ria do jeito que não ria há um bom tempo.

Todas as vezes que estávamos nós 3 em minha casa, acontecia momentos como esses. Momentos que nos fazia agir como adolescentes de 15 anos. Momentos que nos fazia rir como se não houvesse problemas no mundo. Momentos que me faziam esquecer Atlantic City e todas as pessoas que me fazem falta lá. Honestamente, se não fosse pela Meg e pelo Mark, eu já teria desistido de Nova York. Nós nos tornamos muito próximos e nos víamos todos os dias. Seja pra ver um filme ou pra estudar. É desse jeito que eu venho sobrevivido a esse namoro a distância. Eu não penso nele, eu tento não me lembrar dele para não doer.


- E então? Que horas a vem amanhã? – perguntou assim que se sentou ao lado de em uma das mesas do refeitório.
- Ela me disse que ia trabalhar, então ela só deve chegar durante a tarde. Eu vou encontrá-la ás 16:30. – deixou de olhar pro seu livro para olhar para o amigo.
- E você? Não trabalha amanhã? – estranhou. tem trabalhado nos últimos sábados.
- Eu trabalho até as 16 horas. Eu dei um jeito de sair mais cedo. Vou ficar até mais tarde hoje. – explicou, demonstrando-se pouco animado para trabalhar a noite toda.
- Olá, meninos! – Amber colocou sua bolsa sobre a mesa e se sentou na frente de e .
- Já terminou a prova? – a olhou, perplexo.
- Já! Estava fácil. – Amber não deu muitos detalhes. – Sobre o que vocês estão falando? – Ela olhou para os meninos.
- Sobre a . Ela vem amanhã. – se adiantou, pois não queria correr o risco de não dar aquela informação a ela.
- Ela vem? – Amber parecia não saber. – Ah, é mesmo. O aniversário de namoro, não é? – Ela forçou um sorriso.
- E o aniversário dela também. – informou. – Aliás, o que você comprou pra ela, ? – queria se certificar de que não havia esquecido.
- Se você está querendo saber se eu esqueci de comprar o presente dela, saiba que eu não esqueci. Está comprado já faz algum tempo. – não quis dizer o que era.
- Tem horas que eu me esqueço que vocês são o casal mais careta que eu conheço. Não tem como um de vocês esquecerem. – brincou e rolou os olhos, segurando uma risada.
- Falando em casal, cadê a ? – aproveitou para brincar com o amigo.
- Não sei, porque você não vê se ela está no meio do seu... – ia dizendo, mas foi interrompido.
- Ei, ei, ei! – Amber impediu de continuar a frase.
- A cada dia que passa você fica mais revoltado com esse assunto. – fechou o seu livro e olhou para o amigo.
- Nós estávamos falando de você, né? – demonstrou que queria mudar de assunto.
- Ok, eu entendi. – segurou o riso.

- As vezes eu acho que você esquece que está me devendo uma. – sorriu, esperto.
- Por quê? – Amber, como sempre, curiosa.
- Nada! – se adiantou, achando que o amigo contaria.
- Então, como eu estava dizendo... amanhã! Vai rolar festa ou não? – voltou ao assunto anterior. Já havia se vingado de .
- Festa vai, mas você não será convidado. Só eu e ela! – respondeu e o olhou, desconfiado.
- Hmmmmmmmmm, entendi. – deu um fraco soco no braço do amigo.
- Oh, meu Deus. – Amber rolou os olhos.
- Não, agora é sério. – deixou de rir e ficou mais sério. – Eu quero levá-la pra jantar e passar um tempo só com ela. Nós estamos precisando disso. – não deixou claro, mas estava claro que ele estava falando do nosso afastamento.
- É, faça isso. Eu sei que vocês devem estar morrendo de saudades um do outro. – sorriu pro amigo.
- Você não faz ideia, cara. – devolveu o sorriso para . – Eu acho que quando eu a ver, eu vou ficar horas beijando ela. – disse, demonstrando que está ansioso para o dia seguinte.

Ouvir coisas assim era o que fazia Amber chorar todas as noites antes de dormir. O amor que nós mantínhamos era o tipo de amor que ela sempre sonhou viver e o tipo de amor que ela sabe que seria o único capaz de lhe dar. O amor não é tão valorizado pelos homens de hoje em dia. era quase uma exclusividade e ela sofria por não ter o amor dele.



TROQUE A MÚSICA:



Aquela sexta-feira foi extremamente cansativa. Eu não me lembro de ter trabalhado tanto. Eu trabalhei o dobro quando o diretor do hospital disse que eu não precisaria trabalhar no dia seguinte, já que era o meu aniversário. Então eu quis compensar o trabalho, já que eu não trabalharia no dia seguinte. Eu me lembro de olhar no relógio e ver que já eram 22hrs. Eu só estava de pé por causa da quantidade de café que eu tomei durante o dia.

- O amor faz loucuras, não é? Olhe só pra você. – Meg se aproximou. Estávamos ao lado da máquina de café.
- Eu estou me matando por amor e você? Porque está aqui? – Eu a olhei, esperando uma resposta engraçada.
- Amizade. Eu não vou te deixar cometer essa insanidade sozinha. Se vai morrer trabalhando, vamos fazer isso juntas. Eu é que te coloquei aqui, não é? – Meg disse daquele jeito despojado de sempre.
- Muito justo. – Eu afirmei com um sorriso no rosto. Meg havia se tornado uma grande amiga.
- Com licença. – Alguém ficou entre nós e nós olhamos para vem de quem se tratava. – Eu estava pensando em brincar de médico e estou procurando voluntárias. Vocês conhecem alguém disponível? – Mark. Sempre ele. Eu e Meg começamos a rir. Era muito engraçado quando essas piadas de duplo sentido vinham de uma pessoa tão séria quanto o Mark.
- O que você está fazendo aqui? – Meg perguntou ao dar um beijo estalado no rosto de seu amigo.
- São 22hrs e vocês parecem dois zumbis. Eu jamais deixaria vocês voltarem pra casa dirigindo. – Mark explicou.
- Awn! O que nós faríamos sem você? – Eu me aproximei e beijei o seu rosto rapidamente.
- Espera, eu parei de ouvir na parte do ‘zumbi’. Você me chamou de zumbi? – Meg fingiu que havia ficado ofendida.
- Oh, certo! Então eu deveria dizer que você está glamorosa com essa cara de cansaço e que o seu sono só faz você parecer mais linda? – Mark a olhou e ela riu.
- Você está muito abusado esses dias, hein. – Meg riu e deu alguns tapas no braço de Mark.
- Abusado? Eu só estou tentando ser um bom amigo e ainda sou taxado de abusado? Que absurdo! – Mark cerrou os olhos para Meg.
- Ok, eu só vou deixar passar porque a parte do zumbi é realmente verdade. – Meg disse e eu e Mark rimos.
- E então? Vocês já acabaram? Nós podemos ir? – Mark perguntou, vendo que ainda estávamos de jaleco.
- Se eu tiver que dar mais uma injeção hoje, eu vou matar alguém nesse hospital. – Eu suspirei longamente.
- Nós só vamos bater o cartão do ponto e já voltamos. Espera aqui. – Meg desamarrou o seu jaleco e começou a se afastar e eu corri para acompanhá-la.

Nós demoramos um pouco mais pra sair, pois metade da enfermaria resolveu me desejar feliz aniversário. Apesar do cansaço, eu agradeci todos com carinho. Meg estava me esperando lá fora com o Mark. Eu comecei a andar em direção ao estacionamento. Estávamos com o meu carro naquele dia, então eu sabia muito bem onde estava estacionado. Era algo que eu e Meg fazíamos. Como nós estudávamos e trabalhávamos juntas, nós revezávamos as caronas. Naquele dia, eu tinha ido com o carro e teria que deixá-la em casa. Mark provavelmente tinha vindo de taxi para poder levar o meu carro.

- Tudo certo, queridinha da américa? – Meg me olhou e sorriu, apesar de estar super cansada.
- Tudo certo! Nós podemos ir. – Eu olhei para os dois, que estavam encostados em meu carro. Eu coloquei a minha mão dentro da bolsa e tirei a chave do carro. – Aqui está, motorista. – Eu entreguei a chave pro Mark e ele riu.
- Vamos lá. – Mark apontou com a cabeça em direção ao carro. Eu fui em direção a porta traseira do carro. – Pode ir na frente, Meg. Você vai descer primeiro. – Eu abri a porta traseira e entrei.
- Eba! – Meg odiava ir atrás. Ela sempre dizia que tinha enjoos.

Eu não sei se eu era fraca demais ou se apenas tinha uma maneira diferente de Meg de lidar com o cansaço. Ela e Mark não pararam de conversar um só minuto. Eles tentavam me colocar na conversa a todo momento e em certos momentos eu fazia um comentário ou outro. Entre uma distração e outra, eu peguei o meu celular. ainda não havia ligado para falar sobre o dia seguinte. Nada! Nem uma mensagem. Eu só não fiquei mais desapontada, pois eu sabia que ele me ligaria quando o relógio marcasse meia-noite. Eu sabia que ele seria o primeiro a me dar feliz aniversário.

- Eu estou com tanto sono que não vou nem comer. – Meg disse, quando Mark estacionou o carro em frente a sua casa.
- Você não vai comer? VOCÊ? – Mark fingiu estar perplexo. – Eu duvido! – Ele gargalhou. Eles viviam brincando um com o outro sobre essa história de comida. Impossível saber quem era mais comilão.
- Eu também duvido. – Eu quase ri e Meg virou-se para me olhar.
- Que golpe baixo, ! Logo você. – Meg cerrou os olhos.
- Viu? Eu disse! – Mark ergueu os ombros, rindo ainda mais.
- Eu só vou te poupar porque daqui alguns minutos é o seu aniversário. – Meg tentou não sorrir.
- É mesmo? – Eu afirmei com a cabeça.
- Sim, você sabe o quanto eu valorizo aniversários. – Meg não aguentou segurar o sorriso. – Desça, eu quero te dar feliz aniversário já que amanhã eu não vou te ver. – Meg revirou os olhos ao dizer o final da frase. Ela desceu do carro e eu fiz o mesmo.
- Não fique brava. – Eu abri os braços e ela negou com a cabeça.
- Eu sei que estar lá amanhã é o que vai te fazer feliz, sua nerd. Está tudo bem. – Meg se aproximou e me abraçou apertado. – Eu espero que você tenha o melhor aniversário de todos e que seja um dia memorável pra você, ok? – Meg terminou o abraço e olhou meu rosto de perto.
- Obrigada, Meg. Obrigada por tudo! – Eu demonstrei o quanto estava comovida.
- Se divirta muito amanhã e dê um soco no Jonas por mim, ok? – Meg piscou um dos olhos e eu acabei rindo.
- Pode deixar comigo. – Eu devolvi a piscada de olho e ela também riu.
- Agora vá logo pra casa e descanse. Amanhã vai ser um dia bom. – Meg deu um beijo estalado em meu rosto. Eu abri a porta do passageiro para me sentar ao lado de Mark e Meg entrou no carro rapidamente para dar um beijo no seu melhor amigo.
- Boa noite, feioso. – Meg mostrou a língua pra Mark que fez o mesmo.
- Boa noite, boba. – Mark respondeu, vendo a amiga sair do carro.
- Até segunda, Meg. – Eu entrei no carro e acenei pra ela através da janela. Mark esperou que ela entrasse em casa para sair com o carro. Deu a partida e não demorou para que ele falasse alguma coisa.
- E então? Eu posso saber por que você está tão quieta? – Mark me olhou.
- Eu estou tão cansada. – Eu tentei não dizer de forma tão dramática.
- Você nunca trabalhou até tão tarde, não é? – Mark sabia que eu era esforçada, mas eu nunca havia passado dos meus próprios limites.
- Eu precisava ou eu não conseguiria ir pra Atlantic City amanhã. – Eu expliquei, percebendo o cansaço até em minha voz.
- A que horas você vai amanhã? – Mark perguntou, apenas por perguntar.
- Eu queria ir bem cedo, mas eu acho que não estou em estado para isso. – Eu apontei pra mim mesma e quase ri do meu próprio cansaço. – Então eu pretendo ir logo depois do almoço. – Eu expliquei.
- vai estar te esperando? – Mark era meu amigo. Nós falávamos sobre tudo.
- Nós marcamos ás 16:30, mas acho que vou chegar antes e fazer uma surpresa. – Eu sorri, empolgada.
- Ele vai adorar. – Mark sorriu fraco pra mim.
- É, eu espero que sim. – Eu sorri sem motivo apenas imaginando qual seria a reação de .

Apesar de sermos amigos, não era um assunto tão confortável para Mark. Não era por ciúmes ou porque eles se odeiam, mas sim porque ele não queria que nada soasse falso. Apesar de achar um idiota, ele jamais insultaria em minha frente como Meg faz constantemente, mas ele sabe que eu sei qual a opinião dele sobre . Ele acha que soa falso quando ele fala de como se fosse alguém muito legal, então ele simplesmente evitava falar.


Era um pouco mais de 11 horas da noite quando deixou o seu escritório na empresa. Todo o esforço apenas para poder sair mais cedo do trabalho no dia seguinte. Ele trabalharia a noite toda se fosse para estar naquele parque no dia seguinte. foi o último a sair da empresa e por isso ficou com a obrigação de fechar a empresa. Estava ligando o alarme, quando sentiu o seu celular tocar. O encontrou no bolso do seu paletó.

- Fala, Amber. – atendeu e rapidamente subiu um de seus ombros para segurar o seu celular no ouvido. As mãos, que agora estavam livres, foram usadas para terminar de ligar o alarme e trancar a porta.
- Nossa, que voz é essa? – Amber ficou imediatamente preocupada.
- Eu só estou cansado. Estou saindo da empresa agora. – voltou a segurar seu celular com uma das mãos.
- Agora? – Amber não acreditou. – Você é maluco? – Ele estava querendo se matar ou o que?
- Está tudo bem. Eu só preciso descansar. – estava caminhando em direção ao seu carro.
- Você está indo pra casa? – Amber perguntou. Parecia que ele havia tido uma ideia.
- Estou. – chegou em seu carro e o destravou.
- Me encontra no barzinho em frente a sua casa. Estou indo pra lá. – Amber foi imediatamente até o seu guarda-roupa.
- O que? Não. – achou loucura. Ele estava cansado demais para aquilo.
- Você disse que precisa relaxar e eu vou te ajudar. Eu sou a melhor amiga, lembra? – Amber começou a tirar algumas peças de roupas de seu armário.
- Não, não precisa. – entrou em seu carro, mas ainda não havia dado a partida.
- Eu estou a caminho! Não me deixe esperando. – Amber sabia que não tinha como ele recusar. – Beijos! – Ela desligou rapidamente para não ouvir mais um não.
- Que droga... – suspirou longamente.

O cansaço parecia ter aumentado a distância entre o trabalho e a sua casa. Quanto mais rápido ele queria chegar, mais demorava. Os semáforos não ajudavam nem um pouco. nem acreditou quando chegou em seu apartamento. Estacionou o seu carro na garagem e quis matar Amber mentalmente por forçá-lo a ir naquele barzinho. Ele apenas queria a sua cama. Saiu do prédio e apenas atravessou a rua. Não havia tanto movimento. Não haveria balada naquele dia. Ao entrar no local, viu Amber sentada próxima ao balcão.

- Finalmente! – Amber abriu os braços ao vê-lo.
- O que eu estou fazendo aqui? – suspirou e sentou-se ao lado dela.
- Você anda trabalhando demais. – Amber olhou pra ele e negou com a cabeça.
- Sim, é por isso que eu tenho que dormir. – sorriu, quando a viu, fazendo cara feia. – Ok, ok! Eu sei que você só está tentando ajudar. – desfez a cara feia.
- Melhorou. – Amber deu o seu melhor sorriso. O sorriso dela o fez analisá-la por um curto tempo. Shorts curtíssimo e uma regata básica. Também havia vestígios de maquiagem em seu rosto. Pra que tudo isso? Foi o que se perguntou. – O que você quer beber? – Amber perguntou. Ela nem conseguiu esconder o quão empolgada ficou ao ver finalmente a notando.
- Eu quero um refrigerante mesmo. – respondeu como se aquilo nem fosse importante.
- Até parece! – Amber mostrou-se indignada.
- Qual o problema? – abriu os braços.
- Qual a parte do ‘relaxar’ você não entendeu? – Amber perguntou com certa ironia.
- Eu relaxo com refrigerante. – respondeu e forçou um sorriso. Amber continuou a olhá-lo com cara feia. – Ok! Eu quero uma Ice. Melhor? – perguntou e ela sorriu.
- Agora sim. – Amber afirmou com a cabeça. Ela virou-se para fazer o pedido para a bartender. – Duas Ice! – Ela quase gritou e a bartender trouxe rapidamente as duas bebidas.
- Valeu! – agradeceu assim que a bartender colocou a garrafa em sua frente.
- Então, qual é o motivo de tanto trabalho? Está tentando se matar ou está tentando conseguir uma promoção? – Amber perguntou, achando que havia soado engraçado.
- Nenhum dos dois. – sorriu fraco e negou com a cabeça. – Eu só quero ficar com a minha garota. – disse e logo depois bebeu um gole da sua bebida.

‘Minha garota’... Isso era quase uma facada no coração de Amber. Ela simplesmente não conseguia entender como esse namoro por ter resistido tanto tempo. Quer dizer, fazia meses que não nos víamos. Como isso continuava funcionando? Ela não conseguia entender esse amor louco que sente e sempre sentiu por mim. Um amor que parece que não acaba nunca e ultrapassa barreiras constantemente.

- Esse me parece um motivo bem convincente. – Amber forçou um sorriso. – Espera, o meu celular. – Amber sentiu algo vibrar dentro de sua bolsa. Pegou o celular e viu que havia lhe mando uma mensagem de texto. – É a . – Amber estranhou.
- Qual o problema? – percebeu que Amber havia ficado preocupada.
- Eu não sei. Ela me pediu pra ligar pra ela. – Amber começou a digitar o número do celular de , quando a tela do celular de repente se apagou. – Oh, não acredito. – Amber tentou ligar o celular seguidas vezes.
- O que foi? – não estava entendendo o que estava acontecendo.
- A bateria acabou! – Amber suspirou, irritada.
- Liga do meu! – tirou o seu celular do bolso e entregou para Amber.
- Valeu! – Amber não hesitou e começou a digitar rapidamente o número do celular de . O celular chamou apenas duas vezes e já atendeu.
- AMBER? CADÊ VOCÊ? – perguntou, parecendo nervosa.
- O que aconteceu, ? – Amber não entendeu o motivo de tanto nervosismo.
- Minha mãe percebeu que você saiu de novo sem avisar! Ela está surtando e disse que vai ligar pra sua mãe! – começou a sussurrar. Devia ter alguém lá perto.
- Que droga! – Amber ficou imediatamente aflita. – Certo, eu estou indo. – Amber olhou pro e ele abriu os braços, pois não sabia o que estava acontecendo e Amber apenas revirou os olhos.
- Rápido! – disse antes de desligar o celular.
- O que foi que aconteceu? – olhou pra Amber, preocupado.
- Os meus tios estão no meu pé nos últimos dias. Eu estou de saco cheio já. – Amber pegou a sua bolsa e se levantou do banco.
- Você está com o carro? – perguntou. Ele não deixaria que ela fosse sozinha.
- Não, eu não vim com o carro exatamente para que eles não percebessem que eu saí. – Amber explicou rapidamente. – E não! Não precisa me levar. Você vai pra sua casa descansar e eu vou pegar um taxi. – Ela disse com autoridade.
- Ok. – bebeu o último gole de sua Ice e também se levantou. Nem insistiu para levar a Amber pra casa, pois sabia o quanto estava cansado e o quanto precisava dormir.
- Então, se divirta no final de semana. – Amber se aproximou e beijou o rosto do amigo.
- É, você também. – forçou um sorriso e viu ela se afastar, enquanto acenava.

foi se arrastando até o seu prédio. A bebida, mesmo sendo fraca, havia deixado ele com ainda mais sono. Cochilou no elevador e só acordou por causa do barulho que as portas faziam ao se abrirem. Andou até o seu apartamento e demorou alguns segundos a mais para destrancar a porta. não pensou em nada. Não pensou em que horas eram e nem que dia era aquele. Ele só desejava dormir mais do que tudo. Tomou um banho rapidíssimo apenas para tirar o suor do corpo e caiu na cama sem nem ao menos tirar a colcha e as almofadas.


Eu juro que não me lembro em qual parte do trajeto da casa de Meg até a minha eu dormi. Mark também não sabia. Depois que percebeu que eu havia dormido ao seu lado, se perguntou até que ponto eu ouvi o que ele havia dito. Eu me lembro de manter a minha bolsa em meu colo para que eu ouvisse quando o celular tocasse. Eu também me lembro de observar um borrão através da janela, mas só isso. Chegamos em minha casa e Mark estacionou o carro na garagem. Big Rob rapidamente apareceu para conferir quem estava chegando e viu que era o meu carro. Ao desligar o carro, Mark olhou pra mim. Aquilo não era apenas um cochilo, era um sono profundo. Eu dormiria ali a noite toda se me deixassem ali, mas é claro que o Mark não me deixaria ali ou será que ele deixaria? Ele não sabia o que fazer. Pensou se era melhor me acordar, mas não queria me despertar daquele sono maravilhoso que eu tanto esperei pra ter.

- Ok, eu não vou te acordar. – Mark negou com a cabeça e abriu a porta do carro. Big Rob se aproximou para me cumprimentar como sempre fazia.
- O que foi? – Big Rob perguntou quando viu que Mark saiu pelo lado do motorista.
- Ela dormiu. – Mark sorriu e foi em direção a porta do passageiro e a abriu. – Você pode me ajudar? – Ele olhou pro Big Rob.
- É claro! O que quer que eu faça? – Big Rob disse, atencioso.
- Você tem a chave da casa, não tem? Abra a porta e leve a bolsa dela lá pra dentro. – Mark entregou a minha bolsa pra Big Rob. – Eu vou levá-la. – Mark virou-se de costas para Big Rob e ele se afastou para fazer o que Mark havia pedido.

Mark tirou o meu cinto de segurança e esperou Big Rob abrir a porta para fazer o que tinha que fazer. Quando tudo já estava pronto, Mark se aproximou e colocou um braço embaixo das minhas pernas e outro em minhas costas. Ele me tirou do carro e bateu a porta com um dos pés. Eu estava praticamente desmaiada nos braços dele. Eu não vi absolutamente nada. Eu não vi quando ele entrou em minha casa comigo no colo e nem notei o movimento dele ao subir as escadas. Big Rob deixou a bolsa sobre a mesa e esperou Mark no andar de baixo. Mark entrou em meu quarto e aproximou-se de minha cama. A cama não estava arrumada, mas ele resolveu me colocar ali mesmo. Mark me colocou na cama com toda a delicadeza do mundo para não me acordar. Colocou um travesseiro embaixo da minha cabeça e tirou os fios de cabelo que insistiam em ficar em meu rosto. Mark observou o meu rosto por um tempo e chegou a sorrir sozinho. Não sabia como eu poderia não ter acordado durante o nosso trajeto do carro até o quarto. Ele sabia que eu realmente estava cansada e isso era um motivo mais do que suficiente para explicar o meu sono pesadíssimo. Ele agachou-se e continuou a observar o meu rosto de mais perto. Mesmo correndo o risco de soar falso, Mark admirava toda aquele meu empenho para salvar o meu namoro, mesmo que não merecesse. Essa é a opinião dele. Mark odiava me ver decepcionada dia após dia e odiava ainda mais o motivo da decepção, que sempre era o mesmo. Mark simplesmente não se conformava de ver me fazer sofrer a pessoa que mais me deveria fazer sorrir. Ele nunca me faria chorar. Olhou no relógio sobre o criado-mudo e viu que já era 12:03 e não havia ligado para me desejar feliz aniversário. Qual era a novidade? Mark negou com a cabeça e me olhou. Estava feliz por eu estar dormindo para não ter que lidar com mais aquela decepção. Mark levou sua mão até o meu rosto e o acariciou com todo o cuidado para não me acordar. Ele se levantou e se curvou, dando um carinhoso beijo em uma das minhas bochechas.

- Feliz aniversário. – Mark sussurrou assim que descolou seus lábios do meu rosto. Eu não escutei, mas aquele não deixou de ser o primeiro ‘Feliz Aniversário’ que eu havia recebido no meu aniversário de 19 anos. Mark se afastou e apagou a luz do meu abajur. Fechou a porta do meu quarto sem fazer qualquer ruído e desceu as escadas.
- Pronto? – Big Rob perguntou, quando viu Mark descer as escadas.
- Ela só vai acordar amanhã de manhã. – Mark sorriu e desceu os últimos 3 degraus. Big Rob ficou um tempo em silêncio e Mark passou por ele, indo em direção a porta. Ele olhou para trás e viu que Big Rob continuava no mesmo lugar. – Você não vem? – Mark perguntou, sem entender o porquê de Big Rob estar lá parado.
- Você gosta mesmo dessa garota, não é? – Big Rob disse com um quase sorriso no rosto.
- O que? – Mark sorriu, nervoso. – Nós somos amigos. – Mark disse como se o fato de gostar de mim soasse ridículo.
- Eu não estou falando sobre ‘ser’ e sim sobre ‘sentir’. – Big Rob continuou olhando-o com aquele olhar de desconfiança.
- É claro que eu me importo com ela. Ela é a minha amiga. – Mark continuou nervoso com a pergunta. Ele jamais diria a verdade sobre o que sentia. Ele jamais diria a alguém que essa amizade só o fez ficar cada vez mais apaixonado por mim.
- Você pode enganar todo mundo, mas eu espero que não esteja enganando a si mesmo. – Big Rob aconselhou e começou a andar em direção a porta. Ao passar por Mark, deu um tapinha no ombro do garoto e saiu da casa. Mark ficou paralisado por alguns longos segundos. Big Rob estava lhe dando um conselho? E porque parecia um bom conselho a se seguir?


O despertador de havia tocado bem mais cedo que o meu, mas o cansaço da noite passada o fez dormir mais do que deveria. Quando ele acordou e viu que já estava uma hora atrasado para o trabalho, ele acordou com uma pressa fora do normal. Depois de saltar da cama, correu para o banheiro e fez a sua higiene matinal. Sim, ele só precisou de 5 minutos para ficar pronto. Tomou o café, enquanto vestia a roupa. Buddy sempre o ajudava e trazia os sapatos para ele.

- Valeu, amigão. – acariciou a cabeça do cachorro que pareceu adorar. – Adivinha quem vem te ver hoje? – agachou-se rapidamente e olhou para o cachorro. – Ela! – sorriu, empolgada. Buddy o olhou como se não estivesse entendendo porcaria alguma do que ele estava dizendo. – Mas só um pouco, ok? O resto do tempo ela é minha. – olhou para o cachorro com a expressão séria. Buddy apenas inclinou a cabeça para o lado.

Não que conversar com um cachorro fosse idiotice, mas isso não o faria chegar ainda mais rápido no trabalho. A única coisa que pegou foi a sua carteira e as chaves do carro. Saiu apressadamente do apartamento e dirigiu o mais rápido que conseguiu. Não era como se o chefe dele fosse lhe dar uma bronca ou qualquer coisa assim. tinha compromissos para aquela manhã. Compromissos que dependiam dele. Se ele não estava lá, as reuniões não aconteciam e o trabalho todo se atrasaria. havia se tornado um homem de negócio nos últimos tempos.


- Ai, droga... – Eu comecei a acordar. Olhei em volta e não me lembrei de como havia chego até ali. – Como...? – Eu me esforcei para lembrar e a última coisa de que lembrei foi de estar no carro com Mark. Voltei a deitar a cabeça no travesseiro, enquanto soltava um enorme suspiro. A preguiça me consome!

Fiquei na cama por alguns minutos. Me chame de louca, mas eu tentei imaginar diversas vezes como seria aquele dia tão especial. Como seria ver ? Como seria ver a minha família e amigos? Porque é claro que eu vou arrumar um tempo de vê-los. não é a única pessoa na minha vida. Virei o rosto para olhar o horário no relógio e lá marcava 11:30 da manhã. Eu fiquei mais alguns minutos me espreguiçando até que resolvi levantar. Me levantei com o maior sorriso do mundo no rosto. EU VOU VER ELE HOJE! Fui até a janela e abri lentamente as cortinas e depois a janela. A luz do sol entrou em meu quarto revelando o belo dia lá fora. Tem como ser mais perfeito? É claro que tem! Que roupa era aquela que eu estava vestindo?

Depois de tomar um demorado banho e fazer a minha higiene matinal, eu coloquei a roupa que havia escolhido para usar naquele dia (VEJA A ROUPA AQUI). Mesmo com a toalha enrolada na cabeça, eu desci as escadas. Eu estava tão empolgada, que eu cheguei a pensar que ia sair correndo pela casa a qualquer segundo. Passei pela sala e fui para a cozinha. Eu tinha mais ou menos uma hora para almoçar e terminar de me arrumar. Isso é muito pouco pra mim! Descongelei qualquer coisa que eu tinha feito naquela semana e coloquei para esquentar no micro-ondas. Aproveitei o tempo para colocar o prato e os talheres na mesa. Peguei uma lata de Coca-Cola e a coloquei sobre a mesa. O micro-ondas apitou e eu retirei de lá o que eu ia comer. Era uma carne que eu havia comprado em um açougue ali perto e tinha um arroz acompanhando. Eu me sentei na mesa para almoçar. Mesmo com o silêncio na casa e aquela sensação ruim de estar sozinha, eu comi com toda a empolgação. Entre um bocado e outro, avistei a minha bolsa do outro lado da mesa. Meu celular certamente estava lá dentro. Eu ainda mastigava, quando me levantei e fui até a bolsa. Tirei o meu celular lá de dentro e estava certa de que encontraria qualquer coisa de ali. Eu tinha certeza que ele havia me mandado alguma coisa no primeiro minuto do dia do meu aniversário. Bem, eu estava errada. Nenhuma ligação e algumas mensagens. Uma mensagem de , e . Onde está a mensagem de ? Que porcaria é essa?

- Ele não ligou... – Eu falei sozinha, tentando encontrar algum problema no meu celular. Não é possível! Eu tenho certeza que é esse celular que está com problema! É ele que não deixou que a mensagem de chegasse. Eu sei disso! Não! Melhor! estava fingindo que esqueceu assim como fez no ano passado! – É claro! – Eu sorri e neguei com a cabeça. estava sempre tentando me surpreender, mas acabava sendo óbvio. A possibilidade de surpresa me deixou ainda mais empolgada.

Depois de responder as mensagens dos meus amigos, voltei a me sentar e terminei de comer o meu almoço. Levei o prato e os talheres para a pia e os abandonei lá. Não era dia de lavar louça! Voltei a subir as escadas. Eu tinha que terminar de arrumar. Tirei a toalha da cabeça e sequei o cabelo. Eu tentei dar uma ajeitada nele, mas eu não sou boa com esse tipo de coisa. Optei por uma maquiagem leve. Ainda era dia e eu poderia caprichar ainda mais para a noite. Passei um pó, lápis preto nos olhos, blush bem fraco e batom. Coloquei os brincos de argolas pequenas, a pulseira que havia me dado e a aliança continuava em meu dedo anular. Agora só faltava pegar o presente do .

Eu saí de Nova York exatamente 13hrs. Eu demorava duas horas para chegar em Atlantic City, então a previsão era que eu chegasse lá ás 15hrs. Isso quer dizer que eu chegaria uma hora e meia antes do previsto. Daria para fazer uma surpresa pro ! Ao contrário de mim, estava completamente atrasado e atarefado. Com a correria que havia sido naquela manhã, ele havia esquecido a sua preciosa agenda em casa. Sim, aquela agenda que ele não conseguia viver sem, pois nela havia absolutamente todos os seus compromissos. havia se atrasado para todas as reuniões daquele dia. O telefone de sua sala não parava de tocar, pois todos estavam cobrando a sua presença em algum lugar. O único compromisso que ele tinha certeza que teria naquele dia era ás 16:30 em um parque que ficava mais ou menos próximo dali.

Duas horas até que passaram bem rápido para uma pessoa tão ansiosa como eu. Estacionei o carro em frente ao prédio do e o relógio marcava um pouco mais de 15hrs. Eu pensei sim em passar na casa dos meus pais antes, mas se eu fizesse isso, minha mãe só me deixaria sair de perto dela dali umas 3 horas e, além do mais, eu quero fazer uma surpresa pro . Tranquei o carro e fui até a portaria.

- Oi, eu queria ir na casa do . – Eu sorri para o porteiro. Eu já havia visto ele da outra vez que estive ali.
- Do ? – O porteiro me olhou. – Oh, você é a namorada dele, não é? – O porteiro sorriu pra mim.
- Sou... – Eu respondi, sem jeito. Como ele sabia?
- Ele disse que você viria! – Ele explicou.
- Disse? Ele está ai? – Eu fiz careta. Eu não queria que ele já tivesse chegado.
- Não, ele saiu logo de manhã. – O porteiro avisou.
- E eu posso subir? – Eu dei o meu melhor sorriso. Estava tentando passar uma boa impressão para o porteiro.
- É claro! Sobe lá! – O porteiro era extremamente simpático.
- Valeu! – Eu agradeci. – Oh! E se ele chegar, não avise ele que eu estou aqui. É surpresa! – Eu avisei e o porteiro sorriu, malandro. – Obrigada. – Eu agradeci mais uma vez e fui em direção ao elevador.

Parecia que o elevador demorou mais para chegar no 4° andar do que eu havia demorado de Nova York até Atlantic City. As portas do elevador se abriram e eu dei de cara com a porta do apartamento dele. Eu tentei abrir a porta, mas ela obviamente estava trancada. Aprenda uma coisa: Se você tem um namorado que precisa de uma agenda até para lembrá-lo de que ele tem que fazer uma pausa para ir ao banheiro, você tem que saber que um dia ele provavelmente esquecerá a chave do seu apartamento no trabalho, portanto, é óbvio que ele tem uma chave escondida embaixo do extintor de incêndio. Mesmo com uma certa dificuldade, eu consegui levantar o extintor de incêndio e ali estava a chave. Eu voltei a rir sozinha ao ver o quão era previsível e o quanto eu o conhecia bem. Destranquei a porta e a abri. Ok, eu assumo! Toda essa ansiedade não era SÓ para ver o .

- BUDDY! – Eu quase gritei ao vê-lo. O cachorro, que estava bem maior desde a última vez que eu o tinha visto, veio correndo em minha direção. Eu me agachei e ele pulou em meus braços. Eu estava sorrindo feito boba. – Oh, meu Deus! Eu senti tanto a sua falta. – Eu comecei a acariciar os seus pelos. – Você cresceu muito! Isso não é possível! – Eu ri, surpresa. – Você sentiu a minha falta também? – Eu perguntei. Como se ele fosse responder! Trouxe o rosto dele pra perto do meu. – Sentiu? – Eu repeti a pergunta e ele tentou lamber o meu rosto. – Não, não! Desculpa, mas o vai odiar saber que você me beijou antes dele. – Eu ri da minha própria piada infame. Não deixava de ser verdade. Ia ser uma droga beijar a sua namorada com cheiro de cachorro depois de meses sem vê-la. Não é nada romântico, certo?

Eu fiquei incontáveis minutos sentada naquele chão mimando e acariciando Buddy. Parece que vê-lo novamente me fez perceber o quanto eu havia sentido sua falta. Toda a solidão que eu havia sentido nos últimos meses desapareceram no minuto em que eu vi Buddy. Ele não precisou conversar ou entender o que eu estava dizendo. Ele só estava me fazendo companhia. Buddy era tão carinhoso que até me deixava boba. Depois de muito brincarmos, ele deitou sua cabeça em uma das minhas pernas. Foi a cena mais linda de todas. Eu fiquei algum tempo observando ele dormir. Eu não podia ficar o dia inteiro ali, mesmo querendo ficar. O carreguei no colo e o levei até a casinha que havia comprado pra ele.

Eu voltei a ficar sozinha, mas eu sei que seria por pouco tempo. chegaria a qualquer momento. Aproveitei a oportunidade para dar uma olhada no apartamento. A casa estava organizada do jeito dele. Havia muito dele em cada detalhe da casa. Um par de tênis no canto da sala e alguns livros no canto da mesa. Na cozinha havia uma caixa de pizza e a geladeira estava lotada de latinhas de refrigerante e algumas porcarias. Eu adorava o jeito com que cada parte daquele apartamento demonstrava quem ele era. Voltei para a sala e fui até a mesa onde havia um porta-retrato e pela primeira vez, não foi para ver a foto. A agenda que eu havia dado para ele estava sobre a mesa. A mesma agenda que continha todos os seus compromissos.

- Que droga, ele esqueceu! – Eu suspirei, pensando no quanto ele deveria estar sofrendo sem a tal agenda. Ele deve ter se esquecido de todos os seus compromissos. Eu olhei no relógio para ver se valia a pena ir até o trabalho dele para entregar-lhe a agenda. Já eram 16hrs e eu sabia que em meia hora ele estaria livre que qualquer compromisso que ele pudesse esquecer. Não achei a agenda seria tão útil agora. Quantos compromissos ele pode ter em meia hora? Na verdade, menos de meia hora, porque ele provavelmente vai passar em casa antes de ir para o parque. Bem, em todo caso, é melhor eu verificar a agenda e ver os possíveis compromissos que ele teria naquela tarde. Fui até o dia em questão e comecei a ver todos aqueles compromissos marcados para aquela manhã. Coitado! Ele deve ter se atrasado para todos esses compromissos. Fui descendo os dedos até chegar no horário próximo ás 16hrs. A agenda era essa:

- 15:30: Reunião com a diretoria da empresa para decidir o futuro dos novos clientes.
- 16:30: Sorveteria com a Amber. :p
- 17:00: Estudar com a Amber. 8)
- 20:00: Jantar com a Amber :)

Espera, espera um pouco! Reli uma, duas, três vezes. Não pode ser! Eu tentei sorrir para me convencer de que havia algo errado. Conferi se estava vendo os horários do dia certo e para a minha infelicidade, eu estava. Eu fechei a agenda rapidamente, mas não consegui me mover. Os meus olhos rodaram toda a sala, procurando por uma explicação convincente. A letra com que estava escrito os compromissos da Amber não era a dele. Qualquer um pode ter escrito aquilo. Qualquer um não. não desgruda dessa agenda. É quase como um item pessoal. Como a agenda teria ido parar na mão de alguém que não fosse ele? Só se ele estivesse por perto quando alguém escreveu em sua agenda, que provavelmente fez isso com a sua autorização.

- Isso não é possível. – Eu neguei com a cabeça e voltei a abrir a agenda. Voltei no dia em questão e comecei a ver as páginas anteriores. Amber, Amber, Amber e mais Amber. Ele teve compromisso com ela todos os dias daquela semana. Todos os dias em que ele nem sequer me ligou. – Ok, para com isso. Eu estou ficando louca. – Eu voltei a fechar a agenda e a coloquei sobre a mesa. Andei pela casa, impaciente.

Por quê? Porque ele teria um compromisso com a Amber no dia do nosso aniversário de namoro? No dia do meu aniversário? Não, não! Isso não faz sentido algum! Ele não esqueceu! É claro que ele não esqueceu. Ele jamais esqueceria um dia como aquele. E daí se ele ainda não havia me ligado para me dar feliz aniversário? Isso significa que ele havia esquecido? Não, não, não! Eu não vou acreditar nessa besteira. Eu não quero acreditar!

- Ele não faria isso. – Eu disse em voz alta para convencer a mim mesma. No minuto em que eu disse aquilo, eu avistei de longe um porta-retrato. Ele estava próximo do móvel da TV. Aquele porta-retrato não estava ali da última vez em que eu estive ali. Eu me aproximei e me abaixei, segurando-o em minhas mãos. Era uma foto dele e da Amber. Os dois estavam mostrando a língua para a câmera e o braço dele estava sobre os ombros dela. QUE MERDA É ESSA?

Aquela foto foi quase um tapa na minha cara. Um tapa que implorava que eu enxergasse a realidade que estava bem em minha frente. Quem eu quero enganar? Ele a via todos os dias. Ele tinha uma foto dela na sala de sua casa. Ele ainda não havia ligado para dar feliz aniversário. Ele não estava em seu apartamento nesse exato momento se arrumando para encontrar daqui a 10 minutos a sua namorada que não via há meses. O porta-retrato voltou para o seu lugar e eu não sabia o que fazer, parada no centro da sala do apartamento. Uma das minhas mãos foi até a minha cabeça e entrelaçou-se em meu cabelo, jogando-o para trás. Um enorme desespero atingiu o meu peito e a única coisa que mantinha as lágrimas em meus olhos era a esperança de que eu estava errada.

10 minutos! tinha apenas 10 minutos para chegar no local marcado. Aquele parque em que ele foi tantas vezes. Aquele parque que antes era cheio de memórias angustiantes para ele e que agora só o fazia lembrar de coisas boas. Aqueles bilhetes ainda estavam enterrados lá. Aqueles bilhetes que escrevemos apenas com a esperança de que chegássemos tão longe. Nós chegamos? Para ele sim. Para aquele não era apenas o dia do meu aniversário e o dia do aniversário de namoro. Aquele dia era também um dia de comemorar o quão forte fomos para superar aquele 1 ano.

estava empolgado. Ele veria a garota que tanto lhe fez falta nos últimos meses. Ele veria a garota pela qual vem esperando toda a sua vida. Mesmo o dia todo ter sido uma bagunça, ele havia conseguido resolver tudo 10 minutos antes do horário marcado para estar naquele parque. saiu do trabalho e percebeu que não daria tempo de passar em casa para se trocar, então resolveu apenas tirar o blazer e dobrar as mangas de sua camisa até os cotovelos. Seguiu em direção o parque para encontrar a sua garota.

Agora faltava 5 minutos para o horário marcado no parque. Eu não sabia o que pensar e nem o que fazer. Eu posso sim ignorar aquela foto, aquela agenda e ir para o parque como se nada tivesse acontecido. Talvez ele esteja lá ou talvez ele realmente esqueceu de tudo e está com a Amber e se for isso, eu não vou sobreviver aquilo. O que eu faço? E se eu ligar pra ele? Falar com ele como se não quisesse nada e descobrir se ele ainda se lembrava do nosso compromisso marcado há um ano?

- É, eu vou ligar. – Eu respirei fundo. Eu precisava tirar aquele aperto do meu peito. Eu precisava saber que ele estaria naquele parque me esperando. Eu precisava saber que ele não havia me trocado pela Amber mais uma vez. Peguei o telefone da casa dele e comecei a digitar os números do seu celular. O celular começou a chamar e eu estava louca para que ele atendesse com um ‘Você se atrasou de novo? Estou te esperando!’. A chamada continuou chamando e nada dele atender.

Amber estava deitada vendo TV, quando ouviu um celular tocar. Definitivamente não era o toque do seu celular. Levantou-se, estranhando. Tentou seguir o toque do celular para tentar achá-lo. O toque vinha de dentro de sua bolsa. Amber não fazia ideia de que toque maluco era aquele. Abriu sua bolsa e lá dentro encontrou o celular de .

- O celular do ? – Amber olhou pro celular, perplexa. – Ah! Eu esqueci de devolver pra ele ontem a noite. – Amber deu um fraco tapa em sua testa. Ela saiu com tanta pressa daquele barzinho ontem, que acabou enfiando tudo dentro da bolsa. Ela olhou no visor do celular e viu o número do telefone da casa do . – Aposto que ele está achando que perdeu o celular e está ligando para ver se alguém o encontrou. – Amber riu, ouvindo o celular tocar insistentemente.
- Vamos, atenda! – Eu sussurrei, sabendo que a ligação cairia a qualquer momento. Eu olhava aflita para qualquer canto da casa e as lágrimas acumulavam-se aos poucos em meus olhos. Eu só precisava que ele atendesse!
- Telefone do ! – Um voz feminina atendeu o celular dele e eu até parei de respirar. Eu demorei para convencer a mim mesma de que aquela voz era de Amber. Não pode ser a voz da Amber.

Eu não sei como tudo aconteceu, mas eu sei que eu desabei por dentro. Foi como se uma explosão dentro de mim tivesse acabado com tudo o que existia lá dentro. Amber atendeu o celular dele, o que quer dizer que ele está com ela. Ele realmente está com a Amber! Ele realmente se esqueceu de... nós. A verdade violenta invadia o meu peito há cada segundo, enquanto a quantidade de lágrimas nos meus olhos aumentava. Quando eu percebi que ia chorar, mordi o lábio inferior para evitar emitir qualquer som. Uma lágrima por cada canto dos meus olhos, minhas mãos suavam frio e meu corpo se estremecia a cada respiração.

- Alô? – Amber insistiu, já que a pessoa do outro lado continuou muda. Ao ouvir a voz dela novamente, eu soube que nada mais poderia ter feito a dura realidade ser jogada na minha cara. O meu choro quis aumentar e eu sabia que mais nada poderia ser feito. Estava acabado. Minha mão que segurava o telefone foi descendo pelo meu rosto, arrastando algumas lágrimas com ele. Eu desliguei o telefone ainda sem saber como reagir a tamanha decepção e perda. Eu encarei o chão e levei uma das mãos em meu rosto, mantendo-a em minha testa por um tempo. Aos poucos a dor que parecia não ter limites aumentava e eu comecei a entrar em negação. Não podia ter acabado. Ele não pode ter quebrado todas aquelas promessas.
- Não... – Eu neguei com a cabeça e a mão que estava em minha testa subiu, levando o meu cabelo para trás e tirando-o do meu rosto. As lágrimas não estavam apenas escorrendo dos meus olhos agora. Elas faziam parte de um choro real e desesperador. – Não pode ser. – Eu me abaixei e sentei em um dos sofás da sala da casa dele. As minhas mãos vieram para o meu rosto, enquanto meus cotovelos apoiavam em minhas coxas.


Havia se passado 10 minutos da hora que havíamos combinado de estar naquele parque. 10 minutos em que estava sentado naquele banco, esperando a sua garota. Ele não estava tão surpreso. Pontualidade não é uma das minhas qualidades. Ansioso é a palavra que o definia agora. Ele estava ansioso pela minha chegada que parecia estar demorando mais do que deveria. olhou para as balanças em que costumavam brincar e sorriu ao ver um garoto e uma garota fazendo exatamente a mesma coisa que nós fazíamos. O garoto se achava o cara mais durão, mas a garota ao seu lado ainda o intimidava. Era como se ele estivesse olhando para o seu passado.

A aquela altura a minha maquiagem já havia se transformado em lágrimas e deveria estar espalhada por todo o meu rosto. Meus cotovelos continuavam apoiados em minhas coxas, mas as minhas mãos foram levadas para trás, entrelaçando-se em meu cabelo. Eu encarava o chão e as minhas lágrimas não queriam cessar de jeito algum. Forcei meus lábios um contra o outro e comecei a passar as mãos pelo meu rosto. Levantei o meu rosto e olhei em volta. Lembrei de quando ele me disse que tudo naquela casa foi pensado em mim. Olhei para a porta da sacada e me levantei. Fui até lá e olhei aquela paisagem. estava comigo da última vez que eu olhei pra ela e agora eu sei que aquela será apenas uma lembrança que eu levarei pro resto da minha vida. Senti algo no meu pé e abaixei a cabeça para olhar.

- Buddy! – Eu sorri, pois ele parecia ser a única coisa boa pra mim agora. Eu me agachei e alisei os seus pelos. Buddy me olhava com aquele olhar sério e ao mesmo tempo triste. Parecia até que ele sabia. Ver aquela expressão dele fez o meu sorriso desaparecer aos poucos. Buddy estava tão feliz no dia em que eu o conheci e vê-lo sofrendo comigo tornava as coisas ainda mais difíceis. Ele ainda era o melhor presente que eu já ganhei. – Eu não posso mais fazer isso. – Eu disse com a voz embargada. Quando eu percebi que voltaria a chorar, neguei incessantemente com a cabeça. – Eu não consigo continuar passando por isso. – Eu suspirei para evitar continuar chorando. – Acabou. Acabou pra ele. – As lágrimas enchiam completamente os meus olhos. – Eu deveria saber que havia acabado. Eu deveria saber que haveria consequências. – Não teve jeito. As lágrimas voltaram a escorrer pelos cantos dos meus olhos sem esforço algum. Eu as sequei imediatamente com as minhas mãos. – Agora, só há uma solução. Eu tenho que fazer isso. – Eu engoli o choro e me levantei. Me aproximei da mesa do jantar e peguei uma das folhas sulfites que estava no meio dos seus livros e do seu material da faculdade. Também arrumei uma caneta no meio daquelas coisas e me aproximei de uma das mesinhas que havia na sala. Me sentei em uma cadeira e encarei o papel. Bem em minha frente, sobre aquela mesma mesa, havia um porta-retrato. Era uma foto minha e do . A cada minuto as coisas ficavam piores. Minhas sobrancelhas decaíram e eu percebi que voltaria a ceder a dor e tristeza de tudo aquilo, mas ao negar com a cabeça me fez ver que era tarde demais para lamentar.

- Meia hora? Que droga, ! – suspirou, olhando para o seu relógio. Havia algo errado. Eu já deveria estar lá. colocou a mão em um de seus bolsos da calça e achou que encontraria o seu celular lá, mas não encontrou. – Oh, não. – negou com a cabeça. O celular não estava com ele. E agora? Como ele iria me ligar e me perguntar por que eu não estava lá? Ele achou melhor esperar mais 10 minutos.

Sinceramente, eu não achei que conseguiria escrever aquela carta tão rápido. Talvez seja porque eu tinha tanto medo que isso acontecesse, que eu já tinha um discurso ensaiado. Eu sempre soube exatamente o que fazer se isso viesse a acontecer. Eu terminei de escrever aquela carta e fiquei orgulhosa de mim mesma por não ter chorado ao escrevê-la. Apesar de toda dor e tristeza, eu precisava fazer aquilo. Eu precisei ser forte para escrever o que eu sou fraca para falar pessoalmente. Eu não aguentaria olhar pra ele depois de tudo. Eu nunca fui tão forte e tão fraca ao mesmo tempo. Dobrei a carta e a coloquei dentro de um envelope que eu mesma havia feito com outra folha sulfite. No envelope eu coloquei o meu nome e o nome/endereço dele como destinatário. Eu não queria que ele soubesse que eu estive ali. Eu não quero que ele saiba que eu larguei tudo para vir passar esse dia com ele, só com ele. Eu não quero que ele saiba que eu fiz, o que ele não foi capaz de fazer.

Aquela carta... Eu queria poder rasgá-la, pois era ela quem colocaria o final em tudo. O final que eu não queria que tivéssemos. Eu encarei a carta, enquanto me perguntava se estava fazendo a coisa certa. Será que eu não deveria ficar ali, esperar e jogar toda aquela sujeira na cara dele? Será que eu não deveria ir atrás da Amber e dar a surra que ela sempre mereceu levar? Eu deveria sim, porque essa é a que todos conhecem, mas infelizmente não é a que eu sou. Eu não sou tão forte para encarar aqueles dois. Eu não sou forte para olhar pra ele e saber que ele acabou com tudo o que tínhamos por causa de uma garota com um amor platônico. Eu não quero e não vou sair como a idiota traída de toda essa história. Eu não vou dar a eles o show que eles esperem que eu dê!

O ódio e a tristeza nunca estiveram tão juntos dentro de mim, mas ainda havia alguém ali que poderia fazer com que a tristeza fosse unanime. Buddy gemeu ao meu lado e aquilo me fez esquecer da minha raiva instantaneamente. Eu não queria ter que olhá-lo. A carta continuava em minhas mãos, quando eu abaixei meu rosto para olhá-lo e ele me olhou com tristeza. Só aquele olhar fez as lágrimas voltarem imediatamente para os meus olhos. Eu mordi o meu lábio inferior para ajudar a segurar o choro e me agachei novamente, ficando de frente pra ele.

- Eu queria tanto, tanto, tanto poder te levar comigo. – Eu acariciei a sua cabeça e ele fechou os olhos por alguns segundos. – Você sabe que se eu pudesse, eu te levaria, não sabe? – Eu perguntei, cedendo de vez para o choro. – Eu não posso! Ele não pode saber que eu estive aqui. – Eu expliquei me sentindo a pessoa mais horrível do mundo. Buddy se aproximou e levantou suas duas patas, apoiando-as em meus joelhos. – Não se preocupe. Eu volto te buscar qualquer dia desses. Eu prometo, ok? – Eu tentei sorrir, apesar de todas as lágrimas em meu rosto. – Eu volto pra te buscar. – Eu sussurrei, assim que aproximei meu rosto de seu focinho. O meu choro aumentou ainda mais, quando toquei em Buddy pela última vez e tirei suas patas de meu joelho e voltei a colocá-las no chão. – Me desculpa. – Eu o olhei mais uma vez e me levantei . Comecei a andar rapidamente até a porta e a carta continuava em uma das minhas mãos, enquanto a outra entrelaçava seus dedos em meu cabelo para afastá-lo de meu rosto coberto de lágrimas.

Aquela maldita porta parecia a porta para a libertação. Eu estava me libertando de todo aquele sofrimento que eu fui obrigada a sentir. Eu estava me libertando dos poucos e inesquecíveis momentos que eu e ele tivemos ali. Eu estava me libertando daquele amor que de tão forte me sufocava. Eu estava me libertando do . Encarei a carta mais uma vez e depois a porta. Minhas sobrancelhas decaíram e eu tinha que fazer aquilo. Eu me virei novamente para a casa e passei meus olhos por cada detalhe daquele lugar ao qual eu não pretendia voltar mais. Algumas poucas lágrimas escorreram pelos cantos dos meus olhos e eu tomei coragem, olhei novamente para a carta e a joguei no chão, bem próxima a porta. Eu queria que ele achasse que o carteiro havia colocado ela embaixo da porta. Eu abri aporta e rapidamente a fechei. Tranquei a porta novamente e voltei a colocar a chave embaixo do extintor de incêndio. No caminho até o elevador, eu fui secando as lágrimas em meu rosto com as minhas mãos. Desci pelo elevador e passei rapidamente pelo porteiro para que ele não percebesse que eu tinha chorado. Eu temia que ele contasse para o . Entrei em meu carro e saí imediatamente com o carro, pois não queria que chegasse e me visse.

Eu não sabia o que pensar sobre tudo. Eu não sabia se tudo o que nós havíamos vivido havia sido real ou era só um namoro adolescente. Eu queria saber se o fato de eu ter me apaixonado por ele mais de uma vez tinha tido um porque. Eu precisava saber se algum dia o que ele me disse, os sentimentos que ele expressou, os carinhos que ele me deu foram verdadeiros. Eu só precisava disso pra parar de me sentir tão idiota com toda aquela situação. O único jeito de eu descobrir era indo até aquele parque e ler aquele bilhete que ele havia escrito pra mim.

Os 10 minutos haviam se passado e estava certo de que devia ir pra casa para me ligar e possivelmente brigar pelo meu atraso. Ele havia se esforçado tanto para estar lá no horário e eu não apareci. Ele levantou-se do banco, foi até o seu carro, entrou e o ligou. Ele só não estava tão bravo, pois tinha certeza que eu havia tentado ligar para o seu celular para justificar o meu atraso. A culpa não era minha se ele havia esquecido o seu celular naquele dia. Aliás, ele havia esquecido muita coisa naquele dia.

Chame do que quiser, mas eu prefiro o termo ‘fatalidade’. Foi uma extrema fatalidade o fato dele sair do parque virando em uma esquina, enquanto eu chegava no parque virando uma outra esquina. Quem sabe o que teria acontecido se nós tivéssemos nos cruzados? Não importa. Isso não aconteceu. estava indo para casa e ainda tinha grandes esperanças de ver a sua namorada naquele dia e eu... Bem, eu estou dentro do meu carro esperando tomar coragem para descer e ir até o lugar onde aqueles bilhetes estavam enterrados.

Quase 5 minutos se passaram até que eu conseguisse descer do carro. Era tarde de sábado. É claro que o parque estava cheio. Eu sabia exatamente o local onde havíamos enterrado aqueles bilhetes. Eu comecei a andar em direção ao tal local, enquanto dezenas crianças passavam por mim a todo o momento, mas mesmo assim parecia que eu era a única pessoa ali. Era como se todo o parque tivesse se apagado e o único caminho iluminado era o que me levava até os bilhetes. Eu parei ao lado do gira-gira, que ficava praticamente ao lado do local dos bilhetes. Eu fiquei algum tempo parada ali e olhei em volta. Todo mundo ali parecia feliz, todos estavam se divertindo, menos eu. Estava me matando estar ali. A única coisa que eu conseguia pensar era que tudo o que eu tenho idealizado nas últimas semanas foi estar ali, naquele exato local, naquele dia. E agora? Eu estava ali e não poderia ser pior.

Vamos! Faça! – Era o que eu dizia para mim mesma a todo o memento. Eu disse até o momento em que eu me agachei e encarei de mais perto aquela areia. Coloquei uma das minhas mãos sobre a areia e forcei minhas unhas para tirar a areia do caminho. Eu comecei a cavar com mais intensidade e procurava pelo buraco que havíamos feito pela última vez. As pessoas passavam ao meu lado e se perguntavam o que diabos eu estava fazendo ou que tipo de maluca eu era. Quando eu comecei a pensar que talvez tivesse me enganado sobre o local dos bilhetes, eu os encontrei. Esfreguei minhas mãos uma na outra para tirar toda a areia que havia se acumulado ali. Depois de minhas mãos já estarem limpas, eu olhei para o buraco e vi os dois bilhetes. As lágrimas voltaram a se acumular nos meus olhos e eu levantei meu rosto para cima por alguns segundos para evitar que elas rolassem pelos meus olhos. Eu suspirei longamente e voltei a olhar para os bilhetes. Peguei um deles e procurei do lado de fora qualquer coisa que pudesse indicar que aquele era o que havia escrito.

– Era o que estava escrito no papel dele e eu soube que aquele era o bilhete dele. Eu soube o quão filho da puta ele era. ‘ ’? Ele deve estar querendo acabar comigo de vez! Eu amacei o bilhete com uma das minhas mãos, enquanto voltava a enterrar o meu bilhete que havia sobrado naquele buraco. Depois que acabei de enterrar, me levantei e voltei a andar rapidamente em direção ao meu carro. O bilhete ainda estava em uma das minhas mãos e eu continuava amassando-o com toda a minha força. Entrei no carro e fechei a porta com força. Joguei o bilhete sobre o banco do passageiro e coloquei as mãos no volante com a intenção de voltar a ligar o carro. Eu pausei por algum tempo. Eu estava com tanta raiva por estar me sentindo daquele jeito mesmo depois de tudo!

- Sempre foi tão fácil odiar ele. Porque eu não consigo fazer isso agora? – Eu neguei com a cabeça. – POR QUÊ? – Eu elevei o tom de voz e logo depois dei um soco no volante. – POR QUÊ? DROGA! – Eu dei um soco ainda mais forte e a vontade de chorar se manifestou novamente. – Eu preciso dar o fora daqui. – O meu medo de chorar e entrar em desespero novamente me fizeram passar as mãos pelos meus olhos e secar qualquer lágrima que pretendia escapar de lá. Liguei o carro e dei a partida. Eu precisava mais do que tudo ir para mais longe dele possível. Eu estava voltando pra Nova York. Eu estava voltando para o lugar de onde eu nunca deveria ter saído. Lá é o meu lugar e me fez ver isso mais do que nunca.

estava chegando em casa. Estacionou o carro na garagem de prédio e foi em direção ao seu apartamento, passando pelo porteiro que não falou absolutamente nada do fato de eu estar ter estado ali naquele dia. pegou o elevador e foi para o 4° andar. Chegou na porta do seu apartamento e colocou a mão no bolso da calça, esperando encontrar a chave. – Merda! Ficou no blazer. – resmungou, lembrando-se que havia deixado o blazer no carro. Descer e pegar não era uma opção, afinal, a chave reserva estava lá para isso! levantou o extintor de incêndio, pegou a chave reserva e abriu a porta. Ele estranhou o fato de Buddy não estar na porta para recepcioná-lo, assim como ele fazia todos os dias. Trancou a porta e pisou em cima de alguma coisa que fez barulho. Ele olhou pra baixo e viu uma carta. Aquela carta!

- Mas o que... – estranhou, mas agachou-se para pegar a carta. Olhou o envelope e em um dos lados viu o meu nome. Ao ler o meu nome, ele imediatamente sorriu. – Eu sabia! – Ele continuou a sorrir. tinha certeza que aquela carta tinha alguma coisa a ver com o nosso aniversário de namoro e que poderia até se tratar de alguma surpresa. Ele começou a abrir a carta, enquanto se aproximava do sofá. Ao chegar no sofá, ele se sentou e posicionou a carta, colocando-a em direção de seu rosto para que ele pudesse começar a lê-la:

‘Se lembra do dia que nos conhecemos? Eu tenho certeza que sim, aliás, você já me contou inúmeras vezes da forma que você se sentiu quando me viu pela primeira vez. Eu sei que demorou algum tempo, mas eu também me lembro do dia que nos conhecemos. Eu inclusive me lembro das 3 vezes que eu te vi pela ‘primeira vez’, mas só hoje eu me dei conta de que eu nunca te contei a partir da minha perspectiva. Eu sempre ouvi você dizer sobre como você se apaixonou por mim na primeira vez em que me viu, mas eu nunca disse o que eu senti a cada vez que eu achava que estava te vendo pela primeira vez e eu preciso que você saiba. Eu sinto que não vou ter outra oportunidade de te deixar saber disso.

A primeira das vezes não foi tão especial como deveria. Você perdeu uma pessoa muito importante naquele dia, mas ainda assim você não me deixou sozinha. Quando eu te vi através da janela completamente quebrada do carro do meu pai, eu só conseguia pensar que com você ali, eu não precisaria mais morrer sozinha. Eu realmente achei que as coisas acabariam naquele dia pra mim e ao olhar pra você, eu me esqueci do quanto eu queria me salvar. Eu fiquei em paz porque você, mesmo sendo um total estranho, era a minha única esperança de que eu não passaria os últimos momentos da minha vida sozinha. Pra mim estava tudo bem se eu morresse, enquanto você segurava a minha mão ou apenas ficasse ali, sem dizer nada. Você não só salvou a minha vida naquele dia, mas você também havia salvado a esperança de que tudo ficaria bem que eu não sentia há tempos. Você foi a esperança em mim.’
– Apesar das memórias tristes sobre aquele dia, ainda conseguiu sorrir fraco ao ler aquelas palavras que ele nunca havia esperado ler.

‘A segunda das vezes foi um pouco engraçada. Você chegou na casa da minha avó e já era todo íntimo do meu irmão. Você me olhou e já parecia me conhecer. Você parecia saber tudo sobre tudo. Eu odiei isso. Quem é aquele cara que aparece do nada e começa a roubar o meu irmão? Eu te odiei desde o primeiro minuto porque você parecia ser tão bom em tudo e eu não queria que fosse assim. Eu queria que você fizesse besteira para justificar tudo o que eu sentia. Você se tornou o capitão do time e o rei da escola e eu queria que todos vissem o idiota que só eu conseguia e queria enxergar. Eu acho que eu tinha medo de me apaixonar por você. Eu parecia ser a única exceção daquela escola. Eu era a única que não me jogava aos seus pés e eu jamais daria essa vantagem pra você. Dizem que ninguém é perfeito, e eu acho que a sua imperfeição era eu. Eu era a parte da sua vida em que você mais tinha problemas e eu gostava disso.’ – O sorriso de aumentou ainda mais ao ler aquilo. Ele chegou a rir sem emitir som.

‘E por fim, a última vez. É a minha favorita, porque depois de duas vezes, aconteceu! Eu juro que quando eu esbarrei em você naquela festa o meu coração quis sair pela boca. Foi instantâneo, foi a primeira vista. Eu me senti uma idiota por ter derrubado aquela bebida na sua roupa e eu nem sabia por que você estava ali. A primeira coisa que eu pensei foi ‘Quem é esse cara? Porque eu não o conheço?’. Eu quis te impressionar no primeiro instante, mas parece que nós nunca começamos bem as coisas. Você disse que era apaixonado por outra e eu quis ser essa garota. Eu te amei desde o primeiro minuto, .’ – Os olhos dele começaram a arder, mas ele passou os dedos pelos olhos, enquanto sorria feito um bobo.

‘E se quer saber, eu acho que se acontecesse uma quarta vez, eu me apaixonaria de novo. Eu acho que o meu coração se acostumou a te amar, mas eu não sei se você tentaria uma quarta vez. Quatro é um número muito alto, até mesmo pro amor, até mesmo pra nós. ‘ – Mesmo o rumo da carta ter mudado, ainda não estava desconfiando de nada.

‘Um ano parece pouco, certo? Mas pra nós significa muito. Nós que sempre fomos o casal mais complicado de todos. Eu não acredito que ninguém tenha vivido um amor como o nosso. Foi tudo tão turbulento, que não teria durado uma semana se o amor que sentimos pelo outro não fosse tão grande. Eu confesso que não achei que fossemos tão longe, ainda mais por eu ter ido pra longe de você. Foram dias difíceis que eu achei que não conseguiria superar. Deixar você em Atlantic City foi a coisa mais difícil e estúpida que eu já fiz. Eu realmente achei que o nosso amor superaria qualquer coisa. Distância? O que é isso perto do ódio e do amor que nós sentimos? É claro que iriamos superar. Eu estava tão certa! Eu estava tão certa de que você me amava o suficiente para me esperar a vida toda.’ ficou um pouco mais sério. Porque eu estava falando daquele jeito?

‘Eu tentei. Eu tentei fazer isso funcionar. Eu tentei lutar por nós como eu nunca havia lutado em toda a minha vida, mas a cada dia eu percebia o quão fraca você pode ficar quando se luta sozinha. Os corações que eu desenhava em minha mão já não adiantavam mais. Eu já não te sentia tão próximo. Eu já não te sentia tão meu. A cada dia que eu me dava conta que as coisas entre nós haviam mudado eu morria e só voltava a viver no dia seguinte em que eu tentava me conformar que teria que viver sem você. Meus últimos dias têm sido baseados nos sentimentos que eu senti a cada vez que eu te vi pela primeira vez: esperança, ódio e amor. Esperança, porque eu realmente acreditei que nós conseguiríamos superar mais esse obstáculo. Ódio, porque nós deixamos as coisas chegarem a esse ponto. Amor, porque eu simplesmente não consigo deixar pra trás o que nós já vivemos.

As pessoas costumam dizer que o amor supera qualquer coisa, mas não é verdade. Amor era o que não faltava e olha pra nós agora. Nós parecemos dois estranhos e eu não sei como lidar com algo que eu nunca pensei que aconteceria. Eu acreditava em você. Eu acreditava em nós, mas parece que só acreditar não é o suficiente. Nós desistimos sem nem perceber e agora que eu percebi eu decidi escrever essa carta.’
– Os olhos de continuavam fixos na carta. Ele não acreditava no que estava lendo. O coração dele se apertava a cada palavra lida. Era como se aos poucos ele estivesse adormecendo, mesmo sabendo que o pesadelo estava a caminho.

‘Essa não é a primeira vez que eu penso em te mandar essa carta. Eu realmente não sei como eu estou conseguindo escrever tudo isso. Eu paro para olhar para essa folha de minuto em minuto e tenho medo de rasgá-la a qualquer momento, porque eu realmente não sei como te dizer isso. Nada do que eu escreva aqui vai fazer com que isso soe melhor pra você.

Muitas coisas aconteceram nas últimas semanas. Você não ideia do quanto é difícil morar em uma cidade onde você não tem ninguém. Ninguém que possa te fazer companhia. Ninguém que possa te fazer sorrir, quando você só consegue pensar na maldita prova da faculdade do dia seguinte. Ninguém que ligue e pergunte como foi o meu dia ou o que você está fazendo. Ninguém que te dê carinho e que mostre pra você o quanto você é especial. E então esse cara apareceu.
– Ao ler a última frase, tirou os olhos da carta e negou com a cabeça, enquanto as lágrimas indesejadas começaram a alcançar os seus olhos. Seus olhos marejados voltaram a olhar para o papel em suas mãos.

‘Ele faz com que eu me sinta especial e ele me enxerga. Ele cuida de mim e me faz rir como uma boba. O que eu sinto por ele é diferente de qualquer coisa que eu já tenha sentido por você. Eu não sei explicar, mas eu sei que é diferente. Eu demorei algum tempo para me convencer do que eu estava começando a sentir e do que eu estava começando a deixar de sentir. Eu lutei contra isso, mas eu não consigo mesmo fazer isso sozinha.’ – Uma lágrima escorreu por um dos cantos do olho dele e ele rapidamente o secou com uma das mãos.

‘Eu só quero que você saiba que eu não te culpo por nada. A escolha de ir pra longe de você foi minha! Foi só minha! Você deu o seu melhor em tudo. Você foi tão forte por mim e eu sei que eu jamais vou encontrar alguém que lute tanto por mim quanto você lutou. Não pense que tudo isso possa ter sido perca de tempo. Não foi! Eu te amei como eu sei que nunca vou amar mais ninguém e eu sou grata por tudo o que você tem feito por mim. Eu sou grata por você ter me esperado por tanto tempo e eu sou ainda mais grata por você ter escolhido a mim para dedicar o amor mais sincero e forte que eu já vi em toda a minha vida. Você não poderia ter me feito mais feliz.

Eu tenho que fazer isso, . Eu tenho que buscar a minha felicidade e eu também tenho que deixar que você busque a sua. Eu quero mais do que tudo que você encontre uma garota que não te faça sofrer e que não te troque nem pelo melhor dos sonhos. Você merece ser feliz ao lado da garota mais sortuda do mundo, que infelizmente não sou eu. Essa carta não apaga o que nós vivemos ou que nós sentimos. Essa carta não muda o fato de você ser o cara mais incrível que eu tive a sorte de conhecer.

Eu só achei que como tudo começou com aquela redação de sociologia, deveria acabar com essa carta. O que começa no papel, termina no papel.

Seja feliz.

.’
terminou de ler a carta e os olhos marejados deixaram de olhar o papel. Ele olhou para qualquer lugar da sua casa, enquanto diversas lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto. Prensou um lábio contra o outro, enquanto negava com a cabeça incessantemente. As mãos que ainda seguravam a carta foram se fechando, amassando a carta. Os olhos dele abaixaram e viram a carta sendo amassada com força. Ele jogou a carta com força para o outro lado da casa.

estava devastado. A mistura de sentimentos dentro dele era inexplicável. Ele sentia ódio de tudo. Ódio por ter sido sempre tão idiota. Ódio por ter feito tudo por mim a toa. Ódio por eu tê-lo trocado pelo primeiro idiota que eu havia conhecido. Ódio por ter me esperado feito um idiota naquele parque. Havia também tristeza, decepção por ter acabado daquele modo tão frio. Ele merecia mesmo saber de tudo aquilo através de uma carta? Não importa mais. Ele ainda me amava do mesmo jeito que o primeiro dia. Nada havia mudado pra ele. sabia muito bem que as coisas entre nós estavam diferentes, mas nunca achou que chegaríamos naquele ponto. Ele esperava uma traição daquela de qualquer pessoa, menos de mim. Ódio e tristeza nunca andaram tão juntos como agora.

- Como eu pude ser tão idiota. – suspirou, passando uma mão por todo o seu rosto e levando todas as lágrimas que estavam ali. – Idiota... – Ele repetiu, sentindo as lágrimas voltarem a molhar seu rosto. Os olhos dele que estavam perdidos pela casa, quando ele se levantou do sofá. Ele não conseguia se conformar do quão idiota ele havia sido. Deu a volta no sofá e parou em frente a uma mesinha de vidro. Sobre a mesa havia um porta-retrato nosso. Os olhos completamente cheios de lágrimas olharam a foto de bem perto, quando ele pegou o porta-retrato nas mãos. Ver o quanto nós estávamos tão felizes na foto fez a dor que ele sentia aumentar. Ele continuou a olhar fixamente para a foto e as lágrimas se acumulavam em seu rosto. Quando ele percebeu o quanto aquilo estava lhe fazendo mal, ele voltou a colocar o porta-retrato sobre a mesa e virou-se de costas para ela com a intenção de se afastar. Deu um passo e pausou. ‘Porque estava doendo tanto? Ela te traiu! Como pode estar sofrendo por ela?’ era o que dizia os pensamentos de . A raiva foi se acumulando de tal forma, que parecia que estava prestes a explodir. No mesmo instante, ele voltou a virar-se para a mesa e passou o braço por tudo o que havia sobre ela, jogando tudo no chão. – IDIOTA! – Ele esbravejou em lágrimas. – COMO EU PUDE? – Ele puxou a mesa e a jogou no chão. – COMO... – A voz dele falhou por causa do choro e ele colocou suas mãos na cabeça, entrelaçando seus dedos em seu cabelo. – Como ela pôde fazer isso comigo? – Ele disse em um sussurro, porque ele não conseguia mais gritar.

A única coisa que ele queria era que aquela dor incontrolável parasse e não era só porque aquela dor estava o matando, mas é porque ele sabia que não valia a pena tanto sofrimento. Eu não merecia nem sequer uma lágrima dele. Eu não merecia nada. Eu não merecia nem ao menos que ele pensasse em mim. estava se sentindo traído. Não dá pra imaginar o quão decepcionante deve ser para um garoto ser traído pela garota com a qual ele achou que passaria o resto de sua vida, pela garota que havia feito ele cometer loucuras. apenas queria me deletar da sua vida de uma vez por todas. Sem sofrimento e sem arrependimentos.

Mesmo com lágrimas por todo o seu rosto, começou a andar pela casa, procurando qualquer coisa que fosse nossa. Ele pegou dois porta-retratos que estavam na sala e os jogou sobre o sofá. Foi até a cozinha e pegou uma caixa de papelão que já estava lá há algum tempo. Levou a caixa até o sofá e começou a jogar os porta-retratos lá dentro sem cuidado algum. Pegou a caixa e a levou para o seu quarto, jogando-a no chão. Ele começou a andar pelo quarto e pegou mais uns dois porta-retratos e também os jogou dentro da caixa. Voltou para a sala com a caixa nos braços e a jogou novamente no chão. Passou pela mesa e viu a sua agenda. A sua preciosa agenda da qual ele não sabia viver sem. Não importa. Ele sobreviveria! Começou a rasgar a agenda com toda a sua força e o que não conseguiu rasgar, ele jogou dentro da caixa, fechando-a e levando-a para o armário mais alto que havia na casa. A caixa foi colocada na última prateleira e ele estava certo que jamais voltaria a abri-la.



TROQUE A MÚSICA:

Eu já estava a caminho de Nova York. Eu não passei na casa dos meus pais e nem na casa de mais ninguém. Como eu explicaria aquelas lágrimas? Como eu os deixaria ver a minha tristeza logo no dia do meu aniversário? Eu não podia e nem queria preocupá-los. Eles deviam ficar fora disso. Não é que eu já tenha me conformado, mas eu precisava me esforçar para superar aquilo. Não havia mais lágrimas em meu rosto, apenas algumas presas em meus olhos. Eu estava me segurando. Eu não queria pensar em nada daquilo. Eu não queria pensar que Amber havia conseguido tirar de mim mais uma pessoa que eu amo. Eu não quero pensar que tenha permitido que ela fizesse isso. O silêncio do carro não estava me ajudando em absolutamente nada. O silêncio só permitia que eu continuasse pensando. O silêncio foi interrompido pelo toque do meu celular. Eu o peguei dentro da minha bolsa, olhei em seu visor e vi o nome de ‘’. Se fosse qualquer outra pessoa eu não atenderia, mas já que se tratava da minha melhor amiga, eu tinha que atender. Quem poderia ser a melhor pessoa para conversar agora? Estacionei o carro ali no acostamento mesmo. Eu não demoraria.

- Oi... – Eu atendi e percebi o quanto a minha voz havia saído fraca.
- HEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEY! – fez a festa. – Veja só se não é a minha aniversariante favorita! – Ela sorriu, empolgada.
- ... – Eu suspirei, querendo que ela parasse. Não havia nada para comemorar.
- VOCÊ JÁ ENCONTROU ELE? O QUE ACONTECEU? O QUE ELE TE DEU DE PRESENTE? – estava ansiosíssima para saber sobre o meu encontro com que acabou não acontecendo. Eu fiquei algum tempo em silêncio. Neguei com a cabeça, enquanto as lágrimas voltavam a se acumular nos meus olhos. – ? – estranhou. Alguma coisa havia acontecido.
- Eu não... – Eu não consegui completar a frase, pois o meu choro me impediu. Eu abaixei o rosto, sentindo as lágrimas voltarem a escorrer pelo meu rosto. – Eu perdi ele. – Eu disse com a voz embargada. – Não tem mais volta porque eu perdi ele de vez. – Eu estava me segurando para não chorar descontroladamente. Eu não queria que se preocupasse.
- Ai, não. – se xingou mentalmente. – , fica calma! Onde você está? Eu vou até ai! – sabia que eu precisava dela.
- Não, não! Tudo bem! Eu já estou voltando pra Nova York. – Eu me esforcei para que a minha voz soasse melhor.
- Não, ! Você não pode ficar sozinha agora! – não queria me deixar passar por aquilo sozinha.
- Eu tenho que ficar! Eu tenho porque eu tenho que aprender a superar as coisas sozinha. Quem sempre me ajudou a superar tudo foi ele e agora eu tenho que fazer isso sozinha. Eu vou conseguir! Eu prometo, mas eu só preciso de um tempo, ok? – Eu tenho que aprender a ser forte sozinha.
- Você realmente está falando sério? – não queria ser invasiva. Se eu queria ficar sozinha, quem era ela para contrariar?
- Não se preocupe. Eu vou ficar bem. Eu vou! Eu sempre fico, não é? – Eu comecei a secar as lágrimas em meus olhos com uma das mãos.
- Eu vou me odiar por isso mais tarde, mas eu vou respeitar a sua decisão. – negou com a cabeça. Tentou imaginar o que tinha feito dessa vez. Ela iria matá-lo!
- Obrigada e... – Eu fiz uma breve pausa. – Não diga a ninguém. Eu não quero todos ligando e se lamentando por algo que eu não quero me lamentar. Eu preciso de espaço agora. Não conte a ninguém. – Eu pedi encarecidamente.
- É claro! Você é quem sabe. – sorriu, pois não conseguia acreditar que mesmo estando mal eu conseguia pensar em não preocupar os outros.
- Obrigada por ter me ligado. – Eu tentei sorrir, mas não consegui.
- Me liga a qualquer hora. Eu estou aqui por você! – disse exatamente o que eu esperava ouvir dela.
- Eu sei que está. Amo você. – Eu agradeci mentalmente por pelo menos ter a melhor amiga do mundo.
- Eu também te amo. – sorriu de forma triste. Ouvir a minha voz de choro e saber que eu estava extremamente mal fazia ela ficar mal também.

Eu desliguei o celular e o coloquei sobre o banco do passageiro. Ao colocar o celular ali, eu voltei a ver aquele bilhete. Eu o encarei por um tempo, pensando se eu deveria lê-lo. Talvez fosse melhor não ler e lidar com a realidade de que ‘nós’ não era tudo o que ele dizia ser pra ele. Deixei de olhar para o bilhete e suspirei longamente, olhando através do vidro do carro. Apoiei minha cabeça no banco, pensando no que deveria fazer. Desencostei a minha cabeça do banco e estava certa de que eu não iria ler. Eu não precisava passar por aquilo. Liguei o rádio do carro, pois eu sabia que música me ajudaria a distrair e me ajudaria a parar de pensar naquilo.

Eu não sei se tem alguém tentando testar a minha força, mas é o que está parecendo. A estação de rádio estava tocando a parte final de ‘Never Gonna Be Alone’. Eu olhei para o rádio, inconformada. Porque estão fazendo isso comigo? Minha música favorita! A música que ele estava cantando pra mim há exatamente um ano atrás. Como eu posso lidar com isso? Como eu posso não quebrar? Aquela música parecia estar querendo me encorajar a fazer o que eu tinha que fazer. A música não pode me fazer esquecer o que aconteceu ou me fazer superar tudo o que eu vivi. A única coisa que pode me ajudar agora é saber que tudo isso pelo menos valeu a pena. Eu amei, eu vivi e foi o melhor momento da minha vida até agora. Eu não preciso esquecer ou superar, porque tudo o que eu vivi com ele foi inesquecível e se essa é a consequência por ter entregado o meu coração a ele, então eu aceito.

Aceitar uma dor não a torna mais insignificante ou menos dolorida. Aceitar uma dor é você perceber que viveu tudo aquilo por um motivo e que tudo aquilo valeu a sua dor. Finais felizes raramente acontecem e o nosso final não parecia ser juntos. O que eu posso fazer? Dói saber que ele está com outra? Dói saber que ele não me ama mais? Dói saber que ele está com a pessoa que eu mais odeio no mundo? É claro que dói! Aparentemente, o que o amor constrói, a distância separa.

O rádio foi desligado antes mesmo de a música acabar. Eu não sou tão masoquista. Mesmo com lágrimas, meus olhos voltaram a olhar aquele bilhete. Eu o segurei e o trouxe pra mais perto. ... Eu nunca mais quero ouvir esse apelido idiota. O meu longo suspiro parecia ter me dito que meu coração estava pronto para mais uma rachadura. A lágrima escorreu pelo meu rosto antes mesmo de eu abrir o papel. Eu segurei aquele pequeno pedaço de papel com as minhas duas mãos e o abri:

‘Eu poderia te escrever uma frase ridiculamente clichê ou até mesmo um poema que eu certamente decorei da internet, mas hoje eu prefiro um simples ‘Eu te amo’. Essas três palavras são as únicas que vão continuar fazendo sentido se você as ler hoje, daqui 10 anos, aqui ou do outro lado do mundo. Promessas são quebradas, mudanças acontecem, mas a única certeza que você terá o resto da sua vida é que eu te amo nesse exato momento.

.’


As lágrimas escorriam sem esforço algum pelos meus olhos. Eu deixei de olhar o bilhete e voltei a colocá-lo sobre o banco do passageiro. Coloquei minhas duas mãos no volante e o apertei como se isso fosse ajudar a parar de doer. Nunca foi tão doloroso ler uma coisa. Em um ato de desespero eu liguei o carro e voltei a dirigir porque eu não queria lidar com aquilo agora. Não adiantou absolutamente nada. Mesmo voltando pra estrada, mesmo deixando Atlantic City pra trás as memórias me acompanhavam. As memorias continuavam comigo e elas me faziam sentir raiva. Raiva por não conseguir esquecê-las. Raiva por ele ter mentido naquele bilhete. Ele não me ama coisa nenhuma! Quem ama, não machuca. Você nunca pode substituir a pessoa que você ama. Você só a substitui quando deixa de amá-la. Ele mentiu! Mentiu sobre tudo! Ele quebrou a maldita promessa de que me esperaria. Ele quebrou a promessa de que não permitira que a nossa mudança tivesse consequências. Ele quebrou a promessa de que nunca me deixaria sozinha. Ele me deixou e colocou a Amber no meu lugar.

O auge da minha raiva foi definitivamente a hora em que eu voltei a pegar o bilhete. A estrada estava vazia e eu soube que eu não precisava ter tanta atenção ao dirigir. Eu mantive o carro em movimento, enquanto segurei o bilhete com uma das mãos. Eu comecei a rasgar o bilhete com agressividade.

- Idiota! – Eu suspirei, enquanto me esforçava para rasgaro bilhete em mínimos pedaços. – Você não vai mais me enganar! Não vai mentir pra mim de novo. – Eu continuei rasgando o papel, enquanto guiava o carro e as lágrimas escorriam livremente pelo meu rosto. Depois de ter rasgado tudo, os papeis estavam em meu colo e eu abri o vidro do carro. – Chega de decepção. Chega! Você é passado agora! – Eu coloquei uma mão pra fora do vidro, enquanto soltava os pedaços de papeis que caiam por todo o asfalto. Eu estava deixando ele pra trás. Ele não voltará mais pra minha vida.


já havia tirado tudo o que o fizesse lembrar de mim na casa. Porta-retratos, presentes, tudo. Ele olhou em volta e a casa parecia vazia sem aquelas memórias e lembranças. Ele não se importava. Ele já havia derramado tantas lágrimas que elas pareciam ter acabado. pensou no que faria em casa. Era sábado a noite e agora ele é um cara solteiro. Ele decidiu sair. Não era nem por ele estar afim. Era apenas para provar a si mesmo que ele iria sobreviver, que ele poderia encontrar outra melhor em qualquer lugar. foi o rei da escola e sempre teve a garota que quis. Era impossível ele ter esquecido como ser irresistivelmente charmoso.

Cheguei em Nova York mais rápido do que eu imaginei. Eu queria muito chegar em casa e ir dormir para não precisar ter que pensar em mais nada daquilo. As lágrimas iam e vinham de tempos em tempos. Eu já não tinha controle sobre elas. Estacionei o carro na garagem da minha casa e saí do carro rapidamente para que ninguém visse o estado em que eu me encontrava. Big Rob só teve tempo de me ver entrar na casa e bater a porta. Foi o suficiente para ele saber que eu estava de volta e estava segura.

Fechei a porta da casa e colei meu corpo nela, enquanto observava a casa. Foi naquela casa em que tudo começou. Foi ali que demos o nosso primeiro beijo. Havia memórias por todos os cantos da casa e aquilo não facilitava nem um pouco as coisas pra mim. As memórias e a atual realidade me faziam sofrer ainda mais. Eu estava em casa agora e me sentia segura para chorar sem que ninguém se preocupe, sem que ninguém queira me consolar. É besteira, mas o choro fazia com que a dor aliviasse um pouco. É como se parte do meu sofrimento saísse do meu corpo em forma de lágrimas e eu não estava em condições de negar isso. A dor em meu coração era tanta que parecia refletir em todo o meu corpo. Andei até a escada com a intenção de ir para o meu quarto, mas ver aquele monte de degraus me fez pensar duas vezes. Talvez fosse melhor desabar ali mesmo. Apoiei minhas mãos em um dos corrimãos da escada e depois fui deslizando por ele até conseguir sentar em um dos degraus da escada. Era difícil pra mim voltar a ver me ver naquela situação. Eu não acredito que ele está me fazendo passar por isso de novo. Apoiei meus cotovelos em minhas coxas, enquanto as minhas mãos entrelaçaram seus dedos em meu cabelo. Eu olhava para o chão e pensava em como superar aquilo. Eu não posso ficar mal, porque dessa vez não tem ninguém pra me fazer ficar bem.

Mark chegou em sua casa logo depois de mim. A primeira coisa que viu foi o meu carro estacionado na garagem. Eu não deveria estar em Atlantic City? Ele rapidamente soube que algo havia acontecido. O seu lado sério e preocupado tomou conta de seu corpo. Ao descer do carro, a primeira coisa que fez foi ir até o local onde Big Rob ficava. Chegou a pensar que havia alguém tentando assaltar a casa ou qualquer coisa do tipo.

- Hey, Big Rob! – Mark bateu seguidas vezes na porta. Big Rob demorou para atender. – Você está em casa! – Mark sorriu, aliviado por ele estar ali.
- Qual o problema? – Big Rob o olhou, sério.
- O que o carro da está fazendo aqui? – Mark apontou para o carro na garagem da minha casa.
- Eu também não entendi! Ela chegou e entrou na casa tão rápido... – Big Rob ergueu os ombros. Ele se preocupava comigo, mas não queria ser enxerido. Ele não gostava de se meter na vida pessoal de seus patrões.
- Ela voltou? Mas ela só ia voltar amanhã! – Mark estranhou, tentando pensar em qualquer explicação para aquilo.
- Ela está na casa. – Big Rob apontou para as luzes da casa que estavam acesas. – E eu não sei se foi impressão minha, mas ela não parecia bem. Ela nem ao menos acenou ou falou comigo. Ela sempre faz isso. – Big Rob também estranhou.
- Aconteceu alguma coisa. – Mark encarou a casa, sério.
- Porque não vai lá saber o que aconteceu?- Big Rob perguntou como se fosse a coisa mais óbvia a ser feita.
- Se ela não está bem como você disse, ela jamais vai querer me atender. – Mark negou com a cabeça. Aquela ideia estava fora de cogitação.
- A porta está aberta. Entre e fale com ela. – Big Rob deu uma rápida solução para o problema.
- Você está falando sério? – Mark olhou pro Big Rob, perplexo.
- Se eu, que sou o segurança da casa está te autorizando a entrar na casa, você entra, garoto! – Big Rob apontou em direção a casa. Mark o olhou e negou com a cabeça.
- Certo. Eu vou até lá. – Mark olhou para a casa e começou a andar em direção a ela. Big Rob sorriu, admirado com a atitude de Mark.

Mark não sabia o que esperar. Poderia ser tanta coisa! Ele chegou até a pensar na possibilidade de também estar na casa, mas Big Rob certamente teria lhe contado isso. Talvez Big Rob tivesse exagerado. Não havia motivos para eu estar mal naquele dia. Aquele dia que havia sido tão idealizado por mim.

Chegou na varanda da casa e encarou a porta, hesitando tocar na maçaneta da porta. Depois de alguns segundos, ele tocou a maçaneta e a girou lentamente para não fazer barulho. A porta estava destrancada! Mark começou a empurrar a porta cuidadosamente. Continuou abrindo a porta até ter visão da escada. Eu ainda estava lá, sentada em um dos degraus sentindo pena de mim mesma por não conseguir ser feliz uma só vez. Ainda doía. Doía muito, mas eu havia me perdido nas minhas próprias lembranças e com isso, as lágrimas cessaram. A minha cabeça baixa e o silêncio da casa fez Mark ter certeza de que algo muito ruim havia acontecido. Depois de fechar a porta, ele deu alguns passos em minha direção. Mark subiu alguns degraus e se sentou ao meu lado. É claro que eu notei a presença dele, mas eu não me manifestei de nenhum jeito. Eu não me movi e nem ao menos disse uma palavra. Ele estava exatamente na mesma posição que eu. Os cotovelos apoiados na coxa, encarando o chão.

- Eu vi o seu carro e achei que pudesse ter acontecido alguma coisa. – Mark disse, virando o seu rosto para me olhar. – Pelo jeito, eu estava certo. – Ele adicionou. Esperou que eu dissesse qualquer coisa, mas eu não disse. Eu permaneci em silêncio, mas eu estava escutando tudo o que ele dizia. Eu não sabia se queria falar sobre aquilo. Mark percebeu que eu não ia falar nada, então permaneceu em silêncio por um tempo. Ele estava tentando entender o que poderia estar acontecendo e só chegou a uma resposta. – Ele esqueceu, né? – Mark deduziu, voltando a encarar o chão. Doeu ainda mais ouvir a realidade de outra pessoa. As lágrimas presas em meus olhos não davam descanso, mas isso não me impediu de olhá-lo. Quando percebeu que eu estava olhando pra ele, Mark voltou a me olhar. As lágrimas em meus olhos responderam a sua pergunta e a tristeza fez o coração dele se quebrar. Ele não acreditou que pode ser tão idiota. – Vocês brigaram de novo. – Mark deixou de me olhar e negou com a cabeça.
- Não. Nós nem nos vimos. – Eu disse. Quem dera fosse só mais uma briga. Mark ouviu a minha voz pela primeira vez naquele dia.
- Então, ele pode não ter esquecido. – Mark precisava de qualquer solução que pudesse me deixar melhor, mesmo que ela favorecesse o . – ! Ele pode não ter esquecido! – Mark reafirmou, achando que havia uma grande chance daquilo ser verdade. Eu deixei de olhá-lo e neguei com a cabeça. – E se ele não esqueceu? – Mark insistiu naquela teoria.
- Não faz isso, ok? – Eu disse mais séria e voltei a olhá-lo. – Não defenda ele. Não tente achar desculpas para justificar os erros dele. – Eu cheguei a ficar um pouco brava. Tudo o que eu menos queria era alguém defendendo o .
- Tudo bem, mas o dia ainda não acabou. Ele pode estar planejando alguma coisa e se ele esqueceu, ainda dá tempo dele lembrar. – Mark tentava arranjar uma solução para o meu problema para que eu me sentisse melhor. Nem que ele precisasse ligar pro e lembrá-lo da sua obrigação de namorado. Não tem problema. Ele faria.
- Ele não vai! – Eu continuei tentando dar uma de forte, mesmo com os olhos marejados.
- E porque não? – Mark não entendia porque eu tinha aquela necessidade de sempre enxergar o pior lado de tudo.
- Porque eu já cuidei para que ele não faça isso. – Eu me levantei da escada, pois não queria que ele visse o jeito que eu ficava ao falar daquele assunto. Eu não queria demonstrar fraqueza. Eu não quero que ele saiba que eu ainda sofro por um idiota que nem lembra que eu existo.
- Como assim? – Mark me acompanhou com os olhos, surpreso. – O que aconteceu? – Mark se levantou e desceu alguns degraus, ficando mais próximo de mim.
- Acabou, Mark. O nosso namoro acabou. – Eu respondi ainda de costas para ele. Mark ficou muito surpreso. Ele não esperava por isso.
- Não, mas... – Mark ainda estava tentando processar a informação. Desceu mais alguns degraus e ficou de frente pra mim. Olhou em meu rosto e viu que eu não estava tão bem quanto queria aparentar. – Foi ele que... – Mark começou a dizer, mas eu o interrompi.
- Não, fui eu. – Eu fui direta e vi ele me olhar, perplexo.
- Você? – Mark repetiu. – Mas você não queria isso. Olhe pra você! Todas essas lágrimas nos seus olhos. – Mark olhou em meus olhos.
- Eu não queria, mas ele queria. Ele não teria coragem, então eu fiz. – Eu tentei não parecer tão dramática explicando aquilo.
- Ele queria? Porque acha que ele queria? – Mark arqueou uma das sobrancelhas, parecendo confuso. Eu rolei os olhos e forcei um sorriso para disfarçar as lágrimas. Neguei com a cabeça e em seguida voltei a olhar pro Mark.
- Porque ele está com outra. – Eu disse, visivelmente abalada. Mark imediatamente entendeu tudo.
- Oh, não... – Mark negou com a cabeça. Ele não acreditava que havia feito isso. Ele era um idiota sim, mas o amor dele por mim sempre foi algo muito claro pro Mark. Ele nunca duvidou do amor dele. – Eu... – Mark me olhou com tristeza. – Eu sinto muito por isso. – Mark ergueu os ombros, demonstrando que não sabia mais o que dizer.
- Não sinta. – Eu forcei um sorriso, pois notei que as lágrimas começavam a querer escorrer pelo meu rosto. – É tudo minha culpa, então... – Eu me virei de costas pra ele, enquanto entrelaçava meus dedos em meu cabelo e o jogava pra trás.
- Como isso pode ser culpa sua? – Mark sabia que não era certo eu culpar a mim mesma. Ele não queria que eu convivesse com isso o resto da minha vida.
- Eu escolhi vir pra Nova York. Eu escolhi deixá-lo em Atlantic City! Eu deveria saber que estava fazendo a coisa errada. – Eu abaixei a cabeça.
- Como é que você poderia saber que ele seria um idiota? – Mark foi novamente atrás de mim e ficou de frente pra mim.
- E como eu podia ter tanta certeza que ele não seria? – Eu levantei o meu rosto para olhá-lo. – Como eu pude acreditar tão cegamente no amor dele a ponto de achar que ele estaria disposto a fazer qualquer coisa por mim? – Eu abri os braços me achando a garota mais idiota da história.
- Não é errado acreditar em quem você ama. – Mark tentava me fazer ver que eu não tinha culpa alguma.
- Eu fiz bem mais do que acreditar. – Eu disse, quando uma lágrima escorreu por um dos cantos de um dos meus olhos. – Ele estava em todos os meus planos futuros. A única certeza que eu tinha é que nós estaríamos juntos. Ele não precisou me dizer. Eu sabia! Eu sentia que era ele. – Eu sentia que estava começando a desabafar. – E agora isso soa tão ridículo! Porque ele? Porque ele disse que se apaixonou a primeira vista? Porque ele era o capitão do time da escola e eu a nerd tímida? Porque eu estava vulnerável e ele soube jogar todo o seu charme pra cima de mim? – Eu disse em meio a lágrimas e tristeza.
- Ei! – Mark chamou a minha atenção. – Pare de culpar a si mesma! Você fez a sua parte. Você o amou, você o respeitou, você o apoiou, você o fez feliz, você fez tudo o que pode por ele. Não há do que se arrepender. – Mark ainda tentava me fazer ver o lado bom de tudo aquilo.
- E o que eu ganhei com isso? – Eu abri os braços. – Eu perdi ele, perdi a minha confiança, perdi o meu amor próprio e pior: perdi a esperança de que toda essa besteira de amor existe. Isso tudo é besteira agora! – Eu passei uma das minhas mãos pelo meu rosto e sequei as lágrimas que havia lá.
- Não, não fala isso. – Mark ficou mais preocupado quando me ouviu dizer aquilo. Isso é uma das coisas mais tristes que alguém pode dizer. – Você ainda tem tanta coisa pra viver, tantas pessoas pra amar. Você não pode perder a esperança em algo que pode nunca ter vivido. – Mark sorriu sem mostrar os dentes.
- Não! Eu não quero mais. Eu quero mais nada disso. – Eu voltei a chorar inconsolavelmente. – Eu amei ele e achei que seria pra sempre e olhe pra mim agora! Eu não quero passar por isso nunca mais. Eu não quero viver tudo isso mais uma vez, seja com quem for. Eu não quero e não vou! Eu não vou permitir que aconteça de novo. Eu não vou permitir, porque tudo isso foi mais do que suficiente pra me mostrar que eu não nasci pra isso. – Minhas sobrancelhas decaíram para acompanhar a minha tristeza e a expressão de Mark me fez perceber que ele estava compartilhando daquela dor. – Eu nasci pra ser decepcionada, então eu não quero amar mais ninguém. Eu não vou amar mais ninguém, porque eu não vou aguentar passar por isso pela terceira vez. – Eu cheguei no auge do choro e da tristeza e Mark não conseguiu fazer nada além de me abraçar.
- Por favor, para de chorar. – Mark implorou, enquanto ainda estávamos abraçados porque ele simplesmente não conseguia me ver daquele jeito.
- Eu deveria saber que não duraria pra sempre. Eu deveria saber que eu não nasci pra ser amada. Eu deveria saber que ele encontraria uma melhor que eu. Eles sempre encontram alguém melhor que eu. Eu deveria saber! – Eu apertei a sua camiseta e ele apertou ainda mais meu corpo contra o seu.

Mark queria tanto me dizer que tudo aquilo não passava de besteira. Ele queria tanto me dizer que havia sim um cara que poderia amá-la para o resto da vida. Ele queria muito me dizer que eu era o motivo dele ter certeza de que tudo o que eu estava dizendo sobre o amor era mentira, mas ele não podia. Ele não podia se aproveitar de um momento de fraqueza. Ele não podia correr o risco de arriscar a amizade tão forte que havíamos acabado de construir.

- Olhe pra mim. – Mark pediu ao terminar o abraço. – Esquece isso. Não pense no que você deverá ou não viver no futuro. Pense no que você deve viver agora. – Mark passou uma de suas mãos pelo meu rosto, secando as lágrimas que havia ali. – Você tem que estudar para as provas da semana que vem. Você tem que descobrir como impressionar o idiota do seu chefe para que você consiga o cargo que você tanto quer. – Ele disse e eu cheguei a sorrir, sem mostrar os dentes. –Lembra? – Mark sorriu pra mim. – Você tem tanta coisa pra fazer e tanta gente que se preocupa com você e que quer o seu bem. – Ele olhou em meus olhos.
- Como você? – Eu encarei o rosto dele de perto.
- É, como eu! – O sorriso dele aumentou. – Como a Meg. – Ele quis tirar o dele da reta. – Mas não conte pra ela que eu te disse isso. – Ele disse e eu sorri sem nem perceber. – Não, é sério agora. – Mark ficou mais sério. – Viva por quem te quer bem e esquece todo o resto. – Mark disse sem nem saber o quanto estava me ajudando. – Combinado? – Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu vou tentar. – Eu afirmei com a cabeça e ele cerrou os olhos.
- Tentar não! Você vai conseguir. – Ele disse e eu rolei os olhos.
- Certo. – Eu afirmei sem acreditar muito no que eu estava dizendo.
- Então bate aqui. – Mark estendeu a mão, esperando que eu a apertasse. Eu voltei a sorrir e fiz o que ele esperava. Aproximei a minha mão da dele e a apertei. Nos olhamos e sorrimos feito idiotas e ele me puxou para mais perto. Beijou o meu rosto e voltou a me abraçar. – Você vai ficar bem? – Mark perguntou, preocupado.
- Não se preocupe. – Eu disse, terminando o abraço.
- Eu posso fazer alguma coisa pra ajudar? – Ele perguntou, sabendo que a provável resposta era não.
- Você já fez muito! Eu acho que agora eu só preciso ficar sozinha. – Eu deixei de olhá-lo para encarar o chão por alguns segundos. –Você sabe, pensar sobre isso, chorar tudo o que eu tenho pra chorar e dormir até amanhã a noite. – Eu ergui os ombros como se aquilo fosse a única coisa que tivesse me restado.
- Então eu vou embora. – Mark não queria ser inconveniente. – Você sabe que se precisar eu estou aqui do lado, não sabe? – Mark me olhou, sério.
- Eu sei. – Eu afirmei com a cabeça.
- Você vai ficar bem mesmo? – Mark voltou a perguntar. Ele sabia que eu estava muito mal e que me deixar sozinha talvez não fosse a melhor coisa a se fazer, mas ele não contrariaria uma vontade minha.
- Sim. – Eu afirmei, mas ele percebeu que aquilo soou como ‘não’.
- Certo, eu vou te deixar sozinha então. – Mark apontou em direção a porta. Aproximou-se e beijou novamente o meu rosto.
- Obrigada por ter vindo. – Eu forcei um sorriso.
- Tudo bem. – Ele negou com a cabeça. - Fique bem. – Mark fez um último pedido e eu apenas afirmei com a cabeça, enquanto vi ele passar pela porta e fechá-la. Porque eu não me apaixonava por um cara como ele? Porque eu só gosto de idiotas?

Mark saiu da minha casa e parecia estar levando parte do meu sofrimento com ele. Ele estava muito mal com tudo o que havia acontecido comigo. Eu não merecia nada daquilo. A vontade dele era ligar para o e dizer algumas verdades que ele está merecendo ouvir, mas sabia que eu o odiaria se ele fizesse isso. Além disso, não era problema dele. Ele não podia se intrometer, mas ele podia me ajudar de alguma forma. Como? Ele pensou em diversas coisas, mas nenhuma parecia coisa certa a se fazer. Existia apenas uma única coisa que ele poderia fazer e ele não hesitou.


estava tomando banho e só conseguia pensar o quanto não merecia o que eu havia feito com ele. Ele fez tanto por mim e agora eu resolvo acabar com tudo através de uma carta no dia do nosso aniversário de namoro. ‘Como ela pode esquecer tudo o que eu já fiz por ela?’ era o que ele se perguntava e não conseguia achar uma resposta. Certo, ele tem estado ausente nos últimos dias, mas isso é motivo pra tamanha falta de consideração? Se eu o amava tanto quanto eu disse amar, como eu posso ter me apaixonado por outro? Foi tudo mentira? Foi tudo pra iludir o idiota apaixonado? Foi só pra ter um trouxa nos meus pés a todo o momento? Foi cruel e era totalmente digno de ódio. Aquilo sim era um motivo para me odiar para o resto da vida. Sem jogos! Sim, ainda doía e ele ainda estava decepcionado, mas ele preferia chamar isso de raiva. A raiva era tão mais confortadora e ajuda a superar.

Saiu do banho e foi até o seu quarto. Se trocou, colocando uma camiseta xadrez de botões e uma calça jeans, acompanhado pelo seu tênis. Ao se trocar, ele notou que ainda estava com a aliança de compromisso no dedo. Ele a olhou por um tempo e se lembrou que há exatamente um ano atrás ela estava sendo colocada em seu dedo. As lembranças o fez ficar um pouco mais pensativo e triste do que deveria. Quando notou que as lágrimas estavam querendo encher seus olhos, ele negou com a cabeça e puxou a aliança de seu dedo, jogando-a para o outro lado da sala. Não queria voltar a vê-la tão cedo. Maldito dia que resolveu oficializar aquilo que gostávamos de chamar de amor. Foi até o espelho para terminar de se arrumar e encarou a si mesmo. Ele sentia que estava conseguindo lidar bem com aquilo, mas o reflexo dizia o oposto. Ainda olhando no espelho, respirou fundo e forçou uma nova expressão. Achou que parecia um pouco melhor. Olhou seu cabelo bagunçado e fez questão de arrumá-lo. O cabelo desarrumado não era mais uma opção. Não havia mais ninguém para agradar.

demorou para decidir para onde ia sair. Ele queria ir para uma balada, onde tivesse o máximo de mulher possível, mas ele também não queria ir para tão longe, pois pretendia beber. Ele nunca teve um motivo tão bom para tomar o seu primeiro porre. Depois de muito pensar, ele acabou indo no lugar mais óbvio. O barzinho em frente a sua casa. No caso dele ficar bêbado, era só atravessar a rua. Pegou sua carteira e desceu pelo elevador. Cumprimentou o porteiro e saiu em direção ao tal barzinho.

- Um copo de vodka. A mais forte que você tiver. – disse ao se sentar em frente ao balcão. A bartender atendeu prontamente o seu pedido e ele virou a bebida de uma vez só. Fez aquela tradicional careta e voltou a colocar o copo na mesa. – Mais uma. – Ele voltou a pedir.

Amber estava preocupada. Havia ligado para a casa de , mas ele não havia atendido. Ela ainda achava estranhíssimo o fato dele ter ligado pra ela mais cedo e ter ficado mudo. E agora ele não atende o telefone? Amber sabia que hoje ele estaria comigo, mas porque ele havia ligado pra ela durante a tarde? Tentou ligar para ele mais umas duas vezes e ele não atendeu. A preocupação aumentou. O que será que teria acontecido? Seja o que for, ela vai descobrir. Não importa o problema que ela causaria entre mim e o , mas ela estava indo para a casa dele naquele mesmo segundo. Ela precisava saber se havia algo de errado.

Sabia das chances de me encontrar na casa do , então escolheu a melhor roupa para vestir. Ela não perdia a chance de tentar ser melhor que eu. Depois de trocar de roupa, Amber dirigiu até a casa de e a primeira coisa que fez ao estacionar o carro em frente ao prédio foi procurar o meu carro. Ele não estava lá e isso fez com que ela ficasse mais aliviada. Desceu do carro e foi até a portaria. Havia outro visitante em sua frente, por isso ela teve que aguardar para ser atendida pelo porteiro.

- Você! – O porteiro sorriu ao ver Amber. Ela está sempre indo ao apartamento do . É claro que ele a conhecia.
- Já estava sentindo a minha falta, né? – Amber riu de sua própria brincadeira.
- Vai pra casa do ? – O porteiro deduziu.
- Vou! Posso subir? – Amber apontou em direção ao elevador.
- Se eu não me engano, ele saiu. Deixa eu só confirmar. – O porteiro pegou o interfone e ligou para a casa de . Ninguém atendeu. – É, ele não chegou ainda. – O porteiro confirmou ao desligar o interfone.
- Ele saiu? – Amber logo imaginou que era comigo. – Ele estava... acompanhado? – Amber ficou sem jeito por perguntar.
- Não, ele estava sozinho. – O porteiro confirmou. Se lembra de ter visto saindo.
- Sozinho? – Amber estranhou. – Ele não atendeu o telefone o dia todo. Estou preocupada. – Amber pensou onde poderia encontrá-lo.
- Eu acho que ele foi no barzinho ai da frente. – O porteiro apontou.
- Ali? – Amber sorriu e olhou para o local em questão. Como não havia pensado nisso antes? – Muito obrigada! – Amber agradeceu e saiu rapidamente em direção ao barzinho.

devia estar no terceiro copo de vodca e agora estava bebendo um de uísque. Quatro copos e ele ainda estava totalmente consciente sobre a sua situação. Porque essa coisa está demorando tanto para fazer efeito? De hora em hora olhava e procurava alguma garota que valesse a pena o seu tempo. Nenhuma parecia fazer o seu tipo. Haviam algumas mais velhas e outras novas demais. Nenhuma havia lhe agradado e isso estava sendo uma droga pra ele.

- Onde diabos você se meteu? – Amber se sentou ao lado de . Ele continuou a beber a sua bebida e nem sequer a olhou. – Ei! Eu estou falando com você! – Amber deu um tapa fraco no braço dele.
- Como você me achou? – perguntou e continuou sem olhá-la.
- O seu porteiro. – Amber explicou, percebendo que havia algo de errado.
- Como sempre. – negou com a cabeça. O porteiro devia saber mais da sua vida do que ele mesmo. Amber o analisou por um tempo e depois olhou o seu copo.
- O que você está bebendo? – Amber perguntou, estranhando. Aquilo tinha álcool?
- Eu quero mais um desse. – levantou o copo e o mostrou para o bartender. Quando ele voltou a colocá-lo sobre a mesa, Amber o pegou e o cheirou.
- Isso é uísque? – Amber olhou pra ele, perplexa.
- Qual o problema? – a olhou, impaciente. Ela vai implicar com a bebida agora?
- Eu é que pergunto! Qual o problema? – Amber o olhou, séria. Era visível que ele estava mais do que péssimo.
- O que? Desde quando bebida é sinônimo de problema? – riu, debochando dela.
- Porque está tão irritado? – Amber também se irritou. Ela não havia feito nada! Porque ele estava tratando-a daquele jeito?
- Porque você não saí do meu pé? – deixou de olhá-la, impaciente.
- Porque eu me importo com você! – Amber respondeu de prontidão.
- É mesmo? É, eu já ouvi isso! – disse, sarcástico. Me ouviu dizer isso milhões de vezes e agora tudo parecia ser mentira.
- Qual o problema, ? – Amber insistiu na pergunta.
- Que droga! Porque diabos você acha que eu estou com um problema? – voltou a olhá-la, furioso.
- Eu não sei! Talvez seja pelo fato de você estar em um bar no dia do seu aniversário de namoro brigando com a idiota da sua melhor amiga! – Amber argumentou e ele demonstrou ainda mais irritação quando ela falou sobre o seu namoro.
- Aniversário de namoro? Já viu alguém comemorar aniversário de namoro quando se é solteiro? – respondeu tentando demonstrar indiferença. Ao ouvir a palavra ‘solteiro’ Amber paralisou.
- Você disse ‘solteiro’? – Amber achou que havia entendido errado.
- Acabou, Amber! É isso que você quer saber? – não parecia tão irritado agora. – Acabou! – Ele reafirmou.
- Mas... – Amber ficou extremamente confusa. – Até ontem a noite você... – Amber não continuou a frase, pois estava tentando entender.
- Surpresa porque ela terminou no dia do aniversário de namoro? – bebeu mais um gole da sua bebida. – Eu não fiquei! – Ele acrescentou.
- Não acredito! – Amber ficou extremamente surpresa.
- Acredite. – deixou de olhá-la novamente.
- Que maluca! – Amber não conseguia se conformar. Porque eu faria isso? era louco por mim.
- Maluca? Eu pensei em tantos adjetivos piores durante a tarde, que estou até surpresa por você estar elogiando ela. – sorriu, irônico.
- Ela não falou por quê? – Amber perguntou, curiosa.
- Ela achou outro trouxa. – respondeu sem pestanejar. Olhou pra Amber e viu que ela ficou ainda mais chocada. – Surpresa de novo? – Ele perguntou. – Eu também fiquei surpreso com essa. – Ele dizia com uma ironia, uma indiferença e raiva que estava impressionando Amber. – Eu achei que eu fosse o pegador da história. – Ele quase riu de sua própria desgraça.
- Eu nunca confiei nela. – Amber estava pensando no quão idiota eu era. Quem termina com um cara como o ?
- Eu confiei e olhe só pra mim. – abriu os braços. – Acha mesmo que eu não devo tomar o porre da minha vida hoje? – Ele pegou o seu copo para outro gole, mas Amber o impediu.
- Eu acho! – Amber pegou o copo de sua mão.
- Devolve! – arqueou a sobrancelha, irritado.
- Acha mesmo que eu vou deixar você ficar bêbado por causa daquela garota? – Amber colocou o copo dele do outro lado do balcão.
- Eu sou adulto e ainda sei o que estou fazendo. Então... – debateu.
- Não! Você não sabe! Você está cego de raiva! Só está bebendo pra esquecer. – Amber nem tentou ser delicada. – Bebida não é remédio pra dor de amor. – Ela disse, séria.
- Sério? Você realmente quer ferrar com o resto da minha noite? – estava muito irritado. Ele apenas queria esquecer de tudo aquilo.
- Viu? Aquela idiota faz merda e quem paga sou eu! A única pessoa que está tentando te ajudar agora que você está no fundo do poço. – Amber não poupou palavras.
- Então me deixe na porra do fundo do poço! Não tem lugar pra mais de uma pessoa lá. – nem pensou em começar a pegar leve.
- Não! Eu não vou te deixar sozinho! – Amber aumentou um pouco o tom de voz. – Eu não estou aqui a toa. Estou porque eu sou a melhor amiga e infelizmente o meu papel é esse. Então é melhor se conformar porque eu vou ficar. – Foi como um desabafo pra Amber.
- Que droga. – rolou os olhos e suspirou longamente, porque ele sabia, de certa forma, que Amber não era culpada por nada e não merecia ouvir nada daquilo. – Certo, então pegue um copo pra você e comemore o pior dia da minha vida comigo. – forçou um sorriso.
- Eu não vou deixar você beber mais um só copo, . Estou falando sério! Não vale a pena. – Amber continuou séria.


Era quase meia-noite e eu ainda não tinha comido nada. A única coisa que eu havia feito depois de Mark ir embora foi colocar o pijama e deitar na minha cama. Eu perdi a conta de quantos ataques de choros eu tive naquele meio tempo. Eu não sei o que mais doía: lembrar de tudo o que vivemos juntos ou pensar que deveríamos estar juntos naquele exato momento. Pensar que ele poderia estar com a Amber agora era a mesma coisa que dar um tiro na própria cabeça. Nem dormir eu tinha conseguido. Tudo aquilo estava me sufocando. Já havia ligado para os meus pais e mentido, dizendo que eu não pude ir para Atlantic City por causa do trabalho. Avisei os meus amigos também.

- Ai, não... – Eu rolei os olhos e olhei para o teto do meu quarto por alguns instantes. A campainha estava tocando. – Não, não quero atender. – Eu não me movi. Tive esperança de que quem estivesse na porta acabasse desistindo. A campainha tocou mais uma vez e na terceira vez eu soube que eu teria que ir atender. – Merda. – Eu suspirei, saindo debaixo das cobertas e indo em direção a porta do quarto. Eu não me importei por estar de pijama. Eu estou uma droga. Acha mesmo que eu estou ligando pro fato de atender a porta de pijama?
- Oi... – Mark forçou um enorme sorriso. – Eu de novo! – Ele sabia que estava sendo inconveniente.
- Mark. – Eu não consegui e nem tinha o direito de ficar irritada. Eu forcei um sorriso para esconder a minha cara de choro.
- Eu sei que você quer ficar sozinha. Eu... – Mark pensou antes de falar. – Se quer saber, eu acho que você está certa, já que a companhia em questão seria eu. – Ele sorriu, sem jeito.
- Não, não é isso. Não é você! – Eu jamais deixaria ele falar daquele jeito depois do que ele tem feito por mim.
- Não, tudo bem! Sério, eu entendo você. – Mark não queria que eu tivesse mais um motivo pra se sentir mal. – Eu realmente entendo o fato de não ser nada confortável pra você falar sobre isso com um cara que não faz ideia do que você está sentindo. – Mark disse e pausou, esperando que eu dissesse algo – Me desculpa, mas eu não podia simplesmente cruzar os braços, sabendo que você estava sofrendo aqui sozinha. – Mark me olhou daquele jeito preocupado.
- O que você fez? – Eu fiquei imediatamente apreensiva. Achei que ele tivesse feito algo relacionado ao .
- Eu não sou uma boa companhia pra você agora, mas eu conheço alguém que é. – Mark sorriu fraco e apareceu do lado dele.

Minha melhor amiga estava ali. Os meus olhos se encheram de lágrimas em segundos, enquanto eu olhava pra ela. Havia uma bolsa em uma de duas mãos e um travesseiro na outra. O sorriso triste no rosto dela e os olhos doces fizeram com que eu começasse a chorar. me viu chorar e sentiu seu coração apertar. Negou a cabeça antes de correr para me abraçar.

- Está tudo bem. – sussurrou, enquanto eu chorava em seus braços.
- Eu estou feliz que esteja aqui. – Eu disse com a voz embargada.
- Eu vou cuidar de você, certo? Vamos passar por isso juntas! – sorriu, pois percebeu que a vontade de chorar se aproximava. Ela terminou o abraço e olhou para o meu rosto. – Pare de chorar! – me deu uma bronca. – Olha. – Ela abriu a sua bolsa. – Eu trouxe chocolate, trouxe filmes tristes e pipoca. – disse, me fazendo rir mesmo com todas as lágrimas em meu rosto.
- Não podia faltar. – Eu gargalhei, passando as mãos pelo meu rosto para secar as lágrimas.
- Então, eu já fiz o que eu tinha que fazer. Eu vou embora agora. – Mark apontou em direção a sua casa. Eu não podia deixa-lo ir embora antes de agradecê-lo.
- Mark, você... – Eu não sabia nem o que dizer. Ele sorriu pra mim e negou com a cabeça, como se dissesse que eu não precisava agradecer. – Eu nunca vou poder agradecer o suficiente por tudo o que você tem feito por mim. Você é como um anjo na minha vida. – Eu sorri com toda aquelas lágrimas nos meus olhos. Me aproximei e o abracei. – Obrigada por estar cuidando de mim. – Eu terminei o abraço e beijei o rosto dele. – Eu nunca vou esquecer do que você está fazendo. – Eu o olhei e ele sorriu, sem mostrar os dentes.
- Fique bem. – Mark piscou um dos olhos e começou a se afastar.
- Obrigada, Mark! – gritou, acenando. Mark acenou de volta e quando ele não estava mais no meu campo de visão, eu fechei a porta.
- Eu precisava tanto da minha melhor amiga agora! – Eu voltei a abraçar , só que dessa vez não havia choro. Havia apenas um sorriso triste.

Mark estava bem mais aliviado, porque agora ele sabia que eu estava um pouco melhor. Ele sabia da minha amizade com a . Ninguém poderia ser melhor companhia pra mim agora do que ela. Ao ver a minha reação ao vê-la o fez ter certeza de que a melhor coisa que havia feito foi ligar para e propor a vinda dela para Nova York. Mark foi até buscá-la no aeroporto. Não havia nada que ele não faria pela garota ele era apaixonado.


Depois de contar para a Amber um breve resumo sobre o que havia acontecido, ela não conseguia acreditar no que eu havia feito. Não é que ela tenha ficado triste pelo , porque ela não ficou mesmo. Ela adorou, mas não deixava de reconhecer o quão patética e infantil eu havia sido. Amber havia conseguido convencer a parar de beber. Ele não era de beber e por isso ela tinha medo que ele acabasse passando mal.

- Já que nem beber eu posso, eu vou pra casa. – colocou o dinheiro sobre o balcão e pagou pelo que tinha bebido. Ele se levantou da cadeira e Amber fez o mesmo. Ele deduziu que ela o acompanharia e ele estava certo. Amber foi com ele até o lado de fora do barzinho. Quando chegou na calçada, parou e virou-se para a melhor amiga.
- É agora que eu agradeço por tudo o que fez por mim hoje? – disse em tom de despedida.
- Ainda não! Eu vou te levar até o apartamento. – Amber riu. – Você bebeu, lembra? – Ela o olhou.
- Não precisa! Eu não estou bêbado! – riu, negando com a cabeça.
- Eu prefiro não correr o risco. – Amber rolou os olhos, segurou a mão de e o arrastou para o outro lado da rua e depois para a portaria de seu prédio.
- Eu ainda acho isso totalmente desnecessário. – acompanhou Amber, que continuava puxando ele.

Homem é homem. Não adianta! Se eles não derem uma conferida, tem alguma coisa errada! Amber estava rebolando em sua frente com um shorts curtíssimo que aparecia a polpa do seu quadril e a blusinha deixava parte da cintura dela de fora. Não importas se ela é a sua melhor amiga. Ela era mulher e ele homem. Ele teve que olhar e dessa vez não houve remorso porque ele estava solteiro. Amber continuava puxando ele e o levou até o elevador.

- Que demora. – Amber resmungou ao ver que o elevador estava demorando para chegar.
- Está chegando... – percebeu que o elevador estava chegando no térreo. O elevador chegou em seguida. – Vamos. – entrou no elevador e Amber veio atrás.
- Ai, merda! – Amber tropeçou na entrada do elevador e seu corpo foi pra cima do . – Desculpa! – Ela começou a rir, enquanto o corpo dela e de continuavam colados.
- Eu é que bebo e você que caí? – brincou e ela levantou o seu rosto para olhar pra ele. Ela não achou que estivesse tão próxima do rosto dele. olhou o seu rosto de perto e não pode deixar de perceber que os olhos dela encararam seus lábios por alguns segundos. - Desculpa. – Ela repetiu.
- Tudo bem. – negou com a cabeça. Amber colou o seu corpo do outro lado do elevador, apoiando suas mãos em um corrimão que havia em volta de todo o elevador. Parecia até que ela queria que tivesse total visão do seu corpo. não sabia se ela estava se exibindo pra ele, mas o corpo dela chamou sim a sua atenção.

O que estava acontecendo? Existem apenas algumas explicações para a sua mudança de atitude repentina sobre ela: ele estava bêbado, estava carente, estava triste ou estava querendo provar algo para si mesmo e principalmente para mim. Não importa. Ele só sabia que era uma coisa muito louca. Não tinha a ver com sentimentos, era mais...físico.

- Acha que ela se arrependeu? – Amber perguntou, se referindo a mim.
- Eu não sei. – a olhou e viu ela jogar o cabelo de um lado pro outro. Ela sempre fez isso?
- Você se arrependeria? – Ele perguntou depois de analisá-la.
- Pra começar, eu nem teria terminado. – Amber deu o seu melhor sorriso. – Você sabe que se eu gosto, se eu quero... é pra valer! Não tenho essas frescuras e dramas. – Amber deu uma indireta sobre mim. Diante da situação, qualquer coisa que Amber dissesse contra mim contava a favor dela.
- Sério? – demonstrou-se impressionado. – Eu nunca fiquei com nenhuma garota assim. Eu quero dizer... sem dramas. – começou a se controlar para não voltar a olhar para o corpo dela. – Teve você, mas foi há muito tempo atrás. – Quando ele percebeu, já estava falando sobre a época que eles ficavam.
- É, bons tempos... – Amber finalmente percebeu o clima que começava a se estabelecer ali. Ela virou de costas para ele para se olhar no espelho do elevador e dar uma ajeitada em sua roupa. Amber subiu o seu shorts e deixou o decote em mais evidência. Foi quase que um convite para que olhasse para a sua bunda. E bem...digamos que ele aceitou o convite. negou com a cabeça e passou a mão pela cabeça, bagunçando o seu cabelo. Ele estava ficando estranhamente maluco. Amber era muito boa nesse jogo de sedução e ela sabia que o que faltava era aproximação. Ela só precisava de uma desculpa para se aproximar. – Ah, eu estava me esquecendo! – Amber voltou a olhá-lo e deu alguns passos na sua direção. Colocou a mão em seu bolso e de lá tirou o celular dele. – Eu esqueci de te devolver ontem. – Ela foi até ele e acompanhou sua aproximação com os olhos. Amber foi até ele e parou em sua frente. Olhou em seu rosto e fixou seus olhos nos lábios dele. Ela se aproximou ainda mais e estava quase decretando estado de emergência. Amber puxou o bolso da frente da calça de e colocou o celular dele ali dentro. olhou para cima para alguns segundos para respirar fundo e para tentar se acalmar. Ele mordeu o lábio inferior, tentando se controlar, mas não foi o suficiente. - Algum problema? – Amber deu o seu sorriso mais sexy e manteve o seu corpo bem próximo ao dele. voltou a olhá-la e viu o quão convidativa parecia a sua boca, seu corpo e todo o resto! - Acho que acabei de achar uma solução. - rapidamente colocou suas mãos na cintura descoberta dela e a empurrou para trás, colando o seu corpo no espelho do elevador. a beijou sem pensar duas vezes.

Amber estava no céu! Era exatamente aquilo que ela queria. Foi quem a agarrou. Isso quer dizer que não tinha porque dela ter remorso por aquilo ter acontecido depois dele ter bebido alguns copos. Ele a beijava com intensidade e ela correspondia a tudo. O barulho do elevador fez com que eles percebem que a porta havia sido aberta. Amber o empurrou para fora do elevador sem deixar que o beijo fosse interrompido. Ele apertou a cintura dela e ela se empolgou, colocando as mãos por debaixo da camiseta dele. não conseguia pensar em mais nada além do corpo bem ali em sua frente, se esfregando nele.

A porta do apartamento do foi aberta as pressas, enquanto Amber desabotoava ferozmente os botões da camiseta dele. Ao abrir a porta, a puxou para dentro de seu apartamento. As coisas estavam acontecendo rápido demais e eles nem tinham tempo para pensar. Quando terminou de desabotoar, Amber tirou arrancou a camiseta dele, a jogou no chão e começou a beijar todo o peitoral dele. O jeito com que ela fazia tudo deixava claro o quanto ela esperou e quis isso. tirou a blusinha dela em seguida segurou o seu rosto para beijá-la ainda mais. Foi nesse exato momento que Buddy entrou em cena. Parecia até que ele sabia o que estava acontecendo. Os latidos estridentes ecoavam em todo o apartamento. Quando percebeu que Buddy não iria parar de latir, teve que fazer alguma coisa.

- Espera um pouco. – pausou um beijo e ainda respirava com intensidade quando foi até Buddy e o carregou nos braços. – O que deu em você? – disse, irritado. Buddy quase nunca latia. o levou para a sacada, onde ficava a sua casinha e fechou a porta. Ele não poderia mais atrapalhar.

A interrupção rápida fez as coisas mudarem um pouco para o . Ao voltar para onde Amber estava, a primeira coisa que ele pensou ao vê-la foi que não era eu ali e sim ela. Ele a observou por um tempo, tentando voltar para o clima de antes. Amber não deu nem tempo para que ele fizesse nada. Ela o agarrou e o puxou para mais um beijo. Ela rapidamente abriu os botões da calça dele e começou a puxá-lo em direção a cama. Amber o surpreendeu, jogando-o na cama e puxando a calça dele. Enquanto Amber fazia todo o trabalho, aproveitou para observá-la. Por algum motivo idiota, ele se lembrou do meu corpo e sem nem perceber estava me comparando com ela. Ele não sabia se o sentimento interferia, mas para ele o corpo dela não chegava aos pés do meu.

Amber parecia ter um medo absurdo dele dar pra trás e não dava tempo para nada. Ela apressou as coisas demais. Ela mesma tirou o seu shorts e jogou o seu corpo por cima do dele. estava começando a pensar no que estava fazendo. Ele começou a perceber que não era aquilo que ele queria. Não era quem ele queria. Antes mesmo que ele tomasse qualquer atitude a respeito, Amber começou a brincar com a sua cueca e depois subiu beijos pelo peitoral dele. Foi o fim pra ele. Era o que faltava para que o desejo pelo corpo dela voltasse. Era o que faltava para que tudo acontecesse exatamente do jeito que a Amber queria.

Os beijos e façanhas de Amber faziam com que o desejo de aparecessem e desaparecessem a todo o momento. Quando ele tinha certeza de que não devia fazer aquilo, ele se lembrava que havia sido trocado pela garota que amava. Se lembrou que passou a tarde toda se sentindo um merda por não ter sido bom o suficiente para a garota que ele amava e agora tinha uma garota ali que sempre foi louca por ele e sempre o quis. Amber nunca desistiu dele, ao contrário de mim. Então porque ele não deveria fazer isso? Traição mexe com o seu emocional e passa a impressão de que você não foi suficiente para alguém. Ele não foi suficiente pra mim, mas ele era pra Amber. Ele sempre foi o melhor para a Amber! Porque não ficar com ela? Porque optar por alguém que não lhe deu valor, ao invés de alguém que sempre fez qualquer coisa para tê-lo? Pensar no que eu havia feito só o fazia querer ir mais longe com aquilo. Ele precisava se sentir amado. Ele precisava recuperar a auto-estima que eu havia lhe roubado.


A aquela altura, eu já havia contado absolutamente tudo para . Ela já sabia sobre a carta, sobre o término, sobre a Amber e sobre o cara que eu estou afim que não existe. Eu fiz ela prometer que não contaria a ninguém. Eu não queria que ela desse uma de cupido e contasse tudo para o para que ele voltasse correndo para os meus braços. Eu não queria mesmo! Comemos o chocolate, vimos o filme e choramos igual duas trouxas. - Então não tem volta mesmo? – perguntou, enquanto comíamos o resto da pipoca - Não. – Eu afirmei com absoluta certeza. – Isso já aconteceu das outras vezes, mas das outras vezes nós acabávamos concertando as coisas porque estávamos não aguentávamos nos ver todos os dias e continuar longe um do outro. Agora nós estamos em cidades diferentes. – Eu expliquei. - Foi por isso que você escreveu a carta, não é? – deduziu. – Você não conseguiria fazer isso pessoalmente. – Ela me conhecia. - Foi por isso sim. – Eu confirmei. – Eu não conseguia superá-lo das outras vezes, mas agora que nós estamos longe um do outro vai ser mais fácil. Pode levar algum tempo, mas eu vou esquecê-lo. – Eu disse empenhada para cumprir o que eu estava dizendo. me entendia como ninguém. Ela não me julgou em nenhum momento. Eu também pedi para que ela não julgasse por aquilo. Era uma coisa só minha e dele e eu não queria que mais ninguém tomasse as minhas dores. Resolvemos dormir no quarto ao lado, onde havia duas camas de solteiro. dormiu em uma e eu dormi em outra.


Aconteceu. não é mais virgem e Amber é a responsável. não se deu conta até a hora que acordou e viu que era ela ao lado dele. Não era como se ele se arrependesse, porque ele quis, ele sentiu desejo por ela, mas por dentro não era ela quem ele queria ver ali ao seu lado. Pensou se havia feito aquilo pelos motivos certos e não chegou a uma resposta clara. Tudo ainda estava muito confuso em sua cabeça. Amber dormia ao seu lado e ele não conseguia voltar a dormir. Depois de muito enrolar na cama, resolveu se levantar e ir até o banheiro.

sempre idealizou aquele dia e agora ele se sentia um lixo. Isso não podia estar certo. Saiu do banheiro e pegou o seu celular para ver o horário. Eram 3:30 e a única coisa que conseguiu pensar foi que faltava 5 minutos para dar aquela hora que já foi tão importante pra nós. Com o celular nas mãos, ele começou a andar em direção a sacada. Abriu as portas e viu que Buddy estava dormindo. Fechou a porta sem fazer barulho. Não queria que ele acordasse. Temia que ele voltasse a latir e acordasse Amber. Tudo o que menos queria agora era ter que ter aquela conversa pós-sexo com a Amber.

Ficou algum tempo em silêncio encarando aquela paisagem. Lembrou do quanto eu gostava daquele lugar. Lembrou de como ficamos abraçados naquele mesmo lugar há alguns meses atrás. Se deu conta de que aquele foi o primeiro aniversário que ele não me desejou feliz aniversário. Nem mesmo quando nos odiávamos ele deixava de lembrar daquela data. Ele sempre dava um jeito de desejar feliz aniversário, nem que fosse acompanhado por um insulto. Perguntou a si mesmo se eu havia sentido falta do parabéns dele. Voltou a olhar no relógio e ele marcava exatamente 3:35.

- Droga... – suspirou, sem saber o que fazer. Procurou o meu número nos contatos e pensou se deveria me ligar. Chegou a desistir, mas voltou atrás. Ele precisava ouvir a minha voz mais do que tudo. Ele precisava ouvir a minha voz pela última vez. O celular começou a chamar e o coração dele disparou só com a possibilidade de ouvir a minha voz.


Depois de muito tentar, eu havia conseguido dormir a aproximadamente uma hora. Foi a única hora em que eu consegui não sofrer por ele. Aparentemente, o sofrimento não consegue ficar tanto tempo longe de mim. O meu celular começou a tocar e eu me assustei. Eu realmente me assustei com o barulho e fiquei com medo de acordar , por isso atendi o mais rápido que eu consegui. A única coisa que eu consegui ver era que o número que estava me ligando era bloqueado/não identificado.

- Alô? – Eu atendi, querendo saber quem estava me ligando. Ouvir a minha voz nunca foi tão difícil pra ele. Os olhos de se encheram de lágrimas quase que instantaneamente, mas ele manteve-se calado. – Alô? – Eu insisti. abaixou o seu rosto para encarar o chão. Ele queria esconder as lágrimas de si mesmo. Ele não queria chorar por mim. – Quem é? – Eu perguntei, impaciente. negou com a cabeça e depois a levantou para voltar a olhar a vista da cidade. Olhar aquela vista com tantas lágrimas em seu rosto o fez perceber que me esquecer seria a coisa mais difícil que ele teria que fazer.

A ligação caiu e eu estranhei. Tirei o celular do ouvido e voltei a olhar para o visor do mesmo. Tentei descobrir qual o número que havia me ligado, mas não teve jeito. O número era mesmo bloqueado e as chances de eu descobrir quem ligou eram mínimas. Aproveitei que estava com o celular nas mãos e vi o horário. Quando eu vi que eram 3:35 o meu coração parou. Eu soube no mesmo instante quem é que havia acabado de me ligar. Quem mais me ligaria ás 3:35 da madrugada? Quem? Ao perceber que os meus olhos se enchiam de lágrimas, eu coloquei o celular no criado-mudo. Eu comecei a chorar da forma mais silenciosa que eu consegui. Eu sabia que se me ligou, é porque ele estava sofrendo tanto quanto eu. Agora eu teria que lidar com a minha dor e com a dor dele também. Eu não suportava fazê-lo sofrer.

Mesmo com o meu choro silencioso, escutou tudo. Ela sabia exatamente o que tinha acontecido e resolveu não se manifestar. Ouvir a sua melhor amiga chorar e não poder fazer nada para fazê-la ficar melhor ou confortá-la era horrível. não se moveu na cama, pois não queria que eu soubesse que ela estava acordada. não queria que eu soubesse que o meu sofrimento estava fazendo tão mal para ela. Eu não sei dizer quando o meu choro parou, mas provavelmente foi quando eu adormeci.

abandonou imediatamente a sacada e foi para o banheiro lavar o seu rosto coberto de lágrimas. Ele voltou para a cama, pois não suportava o fato de ficar chorando por algo que não tinha mais volta. Mesmo estando na mesma cama que a Amber, deitou o mais longe possível dela. Não tinha planos de dormir abraçado com ela.

Era um pouco mais de 6 horas da manhã quando acordou. O sol que entrava pela janela estava batendo bem em seu rosto. Ao abrir os olhos, notou que Amber estava agarrada em seu corpo. Foi naquele exato momento que ele se perguntou ‘Que merda eu fiz?’. Amber dormia calmamente em seus braços e tudo o que ele queria era sair correndo dali. começou a se mexer lentamente e tirou os braços dela de cima de seu corpo. Ele não queria acordá-la. Conseguiu se desvencilhar dos braços dela e se jogou da cama sem fazer barulho. Voltou a olhar para cama para ver se ela tinha acordado e ficou aliviado ao ver que não. Ele se levantou rapidamente, pegou o celular e correu para o banheiro.

- Que merda! – disse, aflito. Ele precisava sair de casa o mais rápido possível. Ele ia surtar se ficasse mais 5 minutos ali com a Amber seminua na sua cama. Começou a digitar rapidamente um número de telefone no seu celular. – Caralho, atende ! – sussurrou. Ele estava mesmo aflito.
- Alô? – atendeu ainda com a cabeça em seu travesseiro. Quem era o infeliz que estava ligando pra ele naquele horário?
- ! – sorriu, aliviado. – Que bom que você atendeu, cara. – sorriu.
- Sério? Você não tem o telefone de alguma mulher pra ligar não, porra? – rolou os olhos.
- Escuta bem, cara. Eu preciso da sua ajuda. – ignorou o comentário anterior do amigo.
- Precisa de ajuda ás 6:00 da manhã? Vai se fuder. – estava com muito sono.
- Dá pra escutar, caralho!? É sério! – disse, furioso. Se pudesse gritar, ele já estava gritando.
- Fala logo! – disse com os olhos fechados.
- Presta a atenção! Eu preciso que você me ligue daqui há 5 minutos. – disse e esperou que lhe desse algum retorno. – ? – o chamou, pois o silêncio tomou conta. – ACORDA, PORRA! – quase gritou.
- Fala! Estou ouvindo. – se esforçou para abrir os olhos.
- Me liga daqui a 5 minutos! Liga no meu celular! – não quis dar detalhes. – Depois eu te explico. – Não dava tempo de dar detalhes.
- Ligar pra que? Eu não quero falar com você! Eu quero dormir, seu infeliz. – fez careta, impaciente.
- É só me ligar! – também estava impaciente. – Entendeu? – perguntou e novamente ficou em silêncio. – ! – quase gritou e voltou a abrir os olhos, assustado.
- Me deixa dormir, . – praticamente implorou.
- Escuta bem! Se você não me ligar, eu juro por Deus que eu vou pegar o meu carro e vou te ai te acordar a socos. – disse, furioso. – Entendeu? – Ele esperou um retorno de .
- Ta bom! – concordou, irritado. desligou o celular, pois tinha algo para fazer. Abriu a porta com todo o cuidado para não acordar Amber e quase teve um troço quando viu que ela não estava na cama. Ele deu um paço para fora do banheiro e Amber já apareceu ao seu lado.
- Caiu da cama? – Amber sorriu ao ver o garoto que tanto ama. Se aproximou dele, abraçando-o. fez careta, enquanto a abraçava apenas por obrigação.
- É, eu precisava ir ao banheiro. – apontou ara o banheiro, terminando rapidamente com o abraço.
- E então? Tudo bem? – Amber terminou de abraçá-lo e quando percebeu que ela tinha a intenção de beijá-lo, ele rapidamente se afastou.
- Estou bem e você? – ficou de costas pra ela, implorando para que o seu maldito celular tocasse logo.
- Melhor impossível. – Amber sorriu feito boba. Foi a melhor noite de sua vida.
- É... – concordou com um sorriso forçado no rosto. Ele não sabia mais o que dizer.
- Você parece... – Amber ia dizer ‘estranho’, mas o toque do celular dele a interrompeu.
- Desculpa, vou ter que atender! – pego o celular na velocidade da luz. – Alô? – Ele atendeu como se não soubesse quem era.
- Você é retardado. Sério! – disse, sentado em sua cama.
- Olá! Tudo bem sim e você? – fingiu que se tratava de uma ligação importante, quando na verdade era só o .
- Eu? Você me liga às 6 da manhã, me ameaça e agora quer saber se eu estou bem? Filho da puta. – disse, furioso.
- Ótimo! – sorriu, olhando pra Amber. – E então? Do que o senhor precisa? – perguntou educadamente. Amber percebeu que era alguém importante.
- Porque está falando desse jeito? – fez careta.
- Deu problema no contrato? – estava criando uma conversa imaginária com o seu chefe.
- Você está me irritando, . – rolou os olhos.
- Eu vou ter que fazer um novo contrato, certo? – continuou com a mentira.
- Mas que porra de contrato é esse que você está falando? – arqueou a sobrancelha. Estava mais perdido que tudo.
- Agora? – perguntou. Amber prestava atenção em tudo.
- Quando foi que você começou a usar drogas, ? – perguntou, sério.
- Não, não tem problema. – negou com a cabeça.
- Eu vou desligar na sua cara! – ameaçou.
- Certo. Eu estarei ai em menos de 10 minutos. – forçou mais um sorriso.
- Aqui? Você que apareça aqui que eu vou arregaçar a sua cara. – ameaçou.
- Não tem problema algum. Me espere que eu estou a caminho. – disse e desligou o celular.
- Qual o problema? – Amber cruzou os braços, curiosa.
- O meu chefe. Aconteceu um problema com um contrato importante de um cliente e eu vou ter que ir lá resolver. – fingiu não gostar da situação e rolou os olhos.
- Agora? São 6 da manhã. – Amber abriu os braços, surpresa.
- Pois é. – fez careta, demonstrando uma falsa indignação. Ele começou a vestir sua roupa rapidamente.
- Mas e eu? – Amber perguntou.
- Bem, você escolhe. Se quiser ficar aqui, pode ficar o quanto quiser. – pegou a carteira e a colocou no bolso de sua calça.
- Não acredito nisso. – Amber não acreditava que teria que ficar sozinha depois de tudo.
- Eu devo demorar, mas mais tarde eu te ligo, ok? – forçou um sorriso e começou a andar em direção a porta.
- Espera! Não vai nem se despedir? – Amber quase riu. estava tentando fugir disso, mas agora não tinha mais jeito.
- Claro. – andou rapidamente até ela e beijou a sua testa. Amber ficou totalmente sem reação. – Até depois. – voltou a se afastar com rapidez. – Tranque a porta e coloquei a chave embaixo do extintor de incêndio. – gritou antes de bater a porta.

Sair daquele quarto foi como sair do inferno. se sentiu até mais leve ao sair de lá. Não é que ele se arrependesse, mas ele estava se sentindo muito mal pelo que havia feito. Ainda mais depois de ver o quanto ele havia alimentado as esperanças de Amber depois daquela noite. Pegou o celular e mandou uma mensagem para avisando que estava indo pra casa dele e que era pra ele esperá-lo na varanda de sua casa.

Os sentimentos de estavam totalmente confusos. Ele tinha certeza que tinha feito tudo aquilo pelos motivos errados. Ele precisava dividir aquilo com alguém. Ele precisava colocar tudo o que ele estava sentindo pra fora e seria o seu ouvinte. Dirigiu rapidamente até a casa de e chegou lá em menos de 5 minutos. Estacionou o carro em frente a casa de e saiu rapidamente do carro ao ver que estava sentado na varanda.

- Me dê um bom motivo pra não te mandar tomar no cu. – estava de braços cruzados e com uma cara de sono.
- Cara, eu fiz besteira. Eu estou ferrado! – disse, parecendo estar aflito. soube que se tratava de coisa séria e mudou rapidamente de atitude.
- O que aconteceu? – o olhou, preocupado.
- Ontem a noite eu... – hesitou dizer. – Eu não sou mais virgem, cara. – falou de uma vez.
- O que? – arregalou os olhos e sorriu. – Está brincando? – começou a rir. – Porque está ferrado? – sabia que isso era quase uma vitória para um homem. – Se é por causa do , relaxa. Ele não vai descobrir. Você não está ferrado! – tentou tranquilizar o amigo.
- Foi com a Amber. – jogou a bomba na cara do amigo. – Eu dormi com a Amber! – repetiu, pois pareceu não ter entendido da primeira vez.
- Cara, você está muito ferrado! – olhou sério para o amigo e negou com a cabeça como se estivesse reprovando a sua atitude.













CONTINUA...









Nota da Autora: 


Hey! Então, eu espero que estejam gostando da fanfic. Está dando muito trabalho, mas eu estou AMANDO escrevê-la. Eu me inspirei em uma outra fanfic que eu li e fiz as minhas MUITAS alterações (com a autorização da autora da mesma). Como vocês já perceberam, ela está em andamento. Eu vou postar de acordo com o que eu for escrevendo. 

Vocês devem ter percebido que nessa fanfic, os Jonas não são tão 'politicamente corretos' e nem tem uma banda. Eu achei legal fazer uma coisa diferente.

Enfim, deixe o seu comentário aqui embaixo. A sua opinião é importante, pois me incentiva a escrever ainda mais e mais.

Beijos e qualquer coisa e erro, mandem reply pra mim lá no @jonasnobrasil . 


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