Capítulo 60



NO CAPÍTULO ANTERIOR...




- Calma, filha. Me fala o que está acontecendo. – Minha mãe se mobilizou na mesma hora.
- Eu não queria te ligar, porque não queria te deixar preocupada, mas eu não sei mais a quem recorrer. – Eu fui me acalmando ao telefone. – Você já esteve no meu lugar e vai saber como me ajudar. – Eu completei.
- Se acalma, está bem? Eu preciso que você se acalme e me conte o que está acontecendo. – Minha mãe estava com o coração saindo pela boca. Ela não sabia do que se tratava.
- Você sabe... o Mark está indo pra Bélgica hoje por causa do trabalho. – Eu comecei a contar.
- Eu sei! Aliás, o seu irmão foi ontem para a festa de despedida. – Minha mãe mostrou que estava informada.
- Sim! Ontem teve a festa e... o veio. – Eu hesitei por um momento. – Eu e o Mark acabamos brigando. Ele achou que eu... ainda sentia alguma coisa pelo . – Eu completei com um pouco de receio de ser julgada pela minha mãe.
- E você sente. – Minha mãe deduziu o óbvio.
- Eu sinto. Eu não queria sentir, mas eu sinto. – Eu fui sincera. Ela precisava saber de tudo ou não saberia como me ajudar. – Eu amo ele, mãe, mas... eu amo o Mark também. – Eu finalmente disse o problema. – Agora, o Mark está indo pra Bélgica e eu não sei o que fazer. Eu o esperaria quanto tempo fosse necessário, mas eu não quero prendê-lo sem ter certeza de que é com ele que eu realmente devo ficar. – Eu voltei a ficar nervosa. – E o , ele está namorando com outra pessoa e ele parece feliz. – Eu completei.
- Querida, a primeira coisa que você deve fazer é parar de se culpar. Isso só vai dificultar as coisas pra você. – Minha mãe falou com a maior serenidade de todas. – Você ama os dois e está tudo bem. Você pode confiar em mim. – Ela completou.
- Você também amava os dois, não é? O Steven e o meu pai. – Eu deduzi.
- Eu amei e, por isso, eu posso te afirmar... você não está maluca e nem é uma má pessoa por causa disso. – Minha mãe estava tentando me acalmar.
- Se você amava os dois, como você conseguiu escolher entre eles? Quer dizer, isso está acabando comigo. – Eu estava novamente pedindo ajuda.
- Eu me dei conta de que eu amava os dois, mas não da mesma maneira. – Minha mãe afirmou.
- É exatamente assim que eu me sinto. Eu amo os dois, mas o amor que eu sinto por um é completamente diferente do que eu sinto pelo outro. Nem menos, nem mais. Apenas... diferente. – Eu reconheci a coincidência.
- Eu sei exatamente o que você está dizendo. – Minha mãe afirmou na mesma hora.
- Então, você sabe que é muito difícil escolher. É muito difícil deixar um deles ir. – Eu disse com a voz embargada.
- Eu sei, querida, mas você precisa escolher. Você precisa deixar um deles seguir com a sua vida. – Minha mãe me disse o que eu já sabia, mas doía ouvir.
- Mas qual deles, mãe? – Eu perguntei aos prantos. – Você fez a escolha certa. Você escolheu o meu pai. Como eu faço isso? Como eu posso saber qual deles é o certo? – Eu precisava que ela me mostrasse a luz no fim do túnel. – Eu não sei o que fazer. – Era a minha última chance de tomar a decisão certa.
- Eu não posso te dizer qual deles escolher, mas eu sei como te ajudar a fazer isso. Eu só preciso que você se acalme e me escute. Eu vou te dizer exatamente o que você vai fazer e quando você fizer, você vai saber qual deles é o certo. – Minha mãe disse tudo o que eu precisava ouvir. Meu coração foi se acalmando. Eu estava disposta a fazer qualquer coisa para tomar a decisão certa. Eu precisava saber se eu teria que esperar pelo Mark ou se eu teria que lutar pelo .





Capítulo 60 – O livro de capa azul



OUÇA A MÚSICA ABAIXO,ENQUANTO LÊ:



- Ok. Eu faço. Eu faço qualquer coisa. – Eu engoli o choro e tentei manter a calma para ouvir o que a minha mãe estava prestes a me dizer. Eu sabia que ela me ajudaria. Ela era a única que podia.
- Você já sabe que você ama cada um deles de uma maneira diferente, mas o que você não sabe é que só com um deles você é capaz de idealizar o futuro com o qual você sempre sonhou. – Minha mãe disse e mesmo prestando a atenção em cada palavra, eu não cheguei à conclusão alguma.
- Eu... não entendi, mãe. – Eu estava tão interessada e, até mesmo, curiosa para saber o que ela quis dizer.
- Você não sabe qual deles escolher, mas a verdade é que o seu coração já escolheu. Inconscientemente, você já sabe com qual deles você vai ser plenamente feliz, você só precisa querer ver. – Minha mãe fez uma breve pausa. – Eu sei que você não quer perder nenhum deles e é isso o que está te impedindo de ver com qual deles você quer realmente ficar. – Ela completou.
- E como? Como eu posso ver? – Eu ainda queria uma solução.
- Você só precisa pensar sobre o seu futuro. Você tem planos e sonhos que carregou por toda a sua vida e mesmo sem saber, você já incluiu o Mark ou o Jonas neles. Você só precisa saber qual deles. – Minha mãe esclareceu um pouco mais. – Então, você vai fazer o seguinte: você vai desligar essa ligação e por um momento, você vai fechar os seus olhos e pensar nas 3 principais ambições que você tem no futuro. Coisas que você quer fazer ou metas que você deseja alcançar e quando você pensar nessas pequenas partes do seu futuro, você só vai ver um deles. Só um deles vai estar ao seu lado quando você se imaginar vivendo cada uma dessas ambições ou cada um desses sonhos. – Ela finalmente me disse. Era algo tão simples e obvio que nunca havia passado pela minha cabeça.
- Foi isso o que você fez? Foi isso o que fez você escolher o meu pai? – Eu voltei a ficar emocionada com o conselho que ela havia me dado. Fazia muito sentido e me deixou muito confiante de que eu conseguiria resolver aquele dilema.
- Foi exatamente isso o que fiz. – Minha mãe sorriu ao se lembrar. – Eu fechei os meus olhos e ele estava lá. Inclusive, quando eu me imaginei sendo mãe. Eu sempre sonhei com isso e, para ser sincera, tudo aconteceu exatamente como eu havia idealizado na minha cabeça. Ele se tornou o melhor pai que eu poderia escolher para os meus filhos. – Minha mãe se emocionou ao falar sobre o assunto. Ela estava chorando de um lado da linha e eu estava chorando do outro.
- Obrigada, mãe. – Apesar de emocionada, eu estava mais confiante. Eu tinha certeza de que depois que eu fizesse aquilo, depois que eu pensasse sobre as minhas realizações futuras, eu saberia qual deles escolher. – Eu te amo. – Eu disse, agradecida.
- Eu te amo, querida. Confie no seu coração. Deixe que ele fale com você e te mostre o que você não consegue decidir sozinha. – Minha mãe disse, depois de se recuperar.
- Eu vou fazer isso. – Eu afirmei com a cabeça. – Eu te ligo depois, mãe. Obrigada. – Eu disse, antes de desligar a ligação. Assim que desliguei o celular, encarei a tela com poucas lágrimas nos olhos.

Eu sabia exatamente o que fazer e eu sabia que isso seria a solução do problema que tanto estava me corroendo por dentro, mas eu também sabia que dali alguns minutos eu teria a certeza de que eu perderia um deles, eu saberia qual deles eu perderia. Eu estava pronta para saber com qual deles ficar, mas eu não estava pronta para perder o outro.

Coloquei o meu celular sobre o criado-mudo e encarei pela última vez as fotos que estavam sobre a minha cama. Sentada ali na minha cama e com o coração completamente apertado, eu fechei os meus olhos. Eu não precisei pensar ou escolher os 3 momentos futuros ou sonhos que eu desejava viver. Eles estavam tão claros na minha cabeça, que foi automático. Seria extremamente fácil imaginá-los acontecendo.

1.

Havia um palco diante dos meus olhos. Eu estava sentada em uma cadeira e havia um grupo de pessoas sentadas ao meu lado. Todos nós vestíamos a mesma roupa: uma beca. O grupo de pessoas tratava-se da minha turma na universidade e isso incluía a Meg, é claro. Eu estava tão feliz por finalmente estar ali. Inclinei um pouco o meu corpo e acenei para a Meg. Nós infelizmente não pudemos nos sentar juntas, mas estávamos muito felizes uma pela outra.

Ouvi vários nomes sendo chamados no microfone e vi cada um deles subirem ao palco para pegar o seu sonhado diploma de medicina. Quando a Meg foi chamada, eu me levantei para gritar por ela e de onde eu estava, consegui ouvir gritos do e dos pais dela. É claro que o estaria lá. Os nomes continuaram sendo chamados e finalmente chegou a minha vez: . Que sensação indescritível!

Meus passos até o palco foram regados de gritos e aplausos. Parecia até que eu estava ganhando um Oscar. Os meus amigos e a minha família eram extremamente escandalosos, eu não podia negar. Subi a escada que ficava na lateral do palco e fiquei diante de um dos professores mais incríveis de toda a universidade. Lá de cima, olhei para a plateia que continuava gritando por mim e vi todos eles na primeira fileira. Meus pais estavam lá. O e a estavam gritando. O estava assoprando um apito e a estava segurando um cartaz que dizia ‘Estamos orgulhosos!’. O estava me aplaudindo de pé e ao lado dele estava ele, o Mark. Ele estava sorrindo pra mim e também estava aplaudindo. Ele estava lá por mim.

-

Mantive os meus olhos fechados por aproximadamente 20 minutos. Foram 20 minutos idealizando cada detalhe dos 3 momentos que eu mais sonhava em viver no futuro. Foram os 20 minutos em que eu consegui ver qual dos irmãos Jonas estava lá vivendo cada um daqueles momentos comigo. Quando eu abri os olhos, uma lágrima solitária escorreu por um deles e percorreu todo o meu rosto. Foi como um choque absurdo de realidade. Olhei mais uma vez para as fotos em cima da minha cama e a minha escolha me parecia obvia naquele momento. Eu não tinha mais dúvidas sobre quem eu deveria ficar. Estava muito claro e a sensação de certeza me confortou e me deu forças para fazer o que eu precisava fazer. Agora, eu sabia exatamente o que eu precisava fazer. Eu precisava ir até o aeroporto.

Depois de olhar no relógio, me dei conta de que eu precisava correr ou não conseguiria chegar no aeroporto a tempo de encontrar o Mark. Por isso, saí às pressas da minha casa e não peguei sequer o meu celular. Entrei no meu carro e dirigi loucamente até o aeroporto. Por não estar com o celular, eu não conseguia ver o horário e isso só me deixava mais nervosa. Eu não podia deixar que o Mark fosse embora sem antes falar com ele.

Mark estava sentado em uma das poltronas do aeroporto. Ele já havia chegado há mais de 40 minutos, mas por algum motivo, ele quis ficar do lado de fora e aguardar até o último minuto para fazer o check-in. Nos minutos em que ficou ali sentado, ele viu famílias e casais se despedirem com tristeza e lágrimas. Ao mesmo tempo em que ele agradecia por estar ali sozinho, ele também se sentia triste por não ter ninguém ali por ele. Meg estaria ali se ele quisesse, mas ele preferiu dispensá-la para evitar uma choradeira ainda maior. Eu estaria ali, se ele não tivesse agido como um idiota na noite passada. Ah! Como ele queria que eu estivesse ali. Como ele queria não ter que ir sem se acertar comigo.

Devo ter levado quase 15 minutos para chegar no aeroporto e estacionei o carro na primeira vaga que encontrei no estacionamento. Enquanto andava na direção do aeroporto, conclui que com toda a certeza eu havia deixado os vidros do carro abertos. Eu não tinha tempo para voltar. Continuei andando apressadamente, esbarrando e ouvindo reclamações de pessoas. Meu coração estava saindo pela boca e a respiração estava ofegante, mas ainda assim eu consegui perguntar para uma funcionária onde ficava o check-in das viagens internacionais. Ela disse e eu saí em disparada e mal tive tempo de agradecê-la. Os relógios do aeroporto me mostravam que eu estava atrasada e que, provavelmente, não conseguiria encontrar o Mark antes do embarque.

Faltavam menos que 10 minutos para o encerramento do check-in e o Mark já estava se conformando que iria embora sem se despedir de ninguém. Ele teria que ir embora sem se despedir de mim. Isso o deixou completamente destruído, mas ele estava tentando manter a compostura e convencer a si mesmo que estava bem. A todo momento, ele olhava em volta e antes mesmo que percebesse, ele se via me procurando em cada rosto que passava por ele.

Conformado que eu não apareceria, Mark se levantou da cadeira, respirou fundo e mesmo com o coração extremamente apertado, ele começou a andar na direção do check-in. Talvez, fosse assim que as coisas deveriam acabar entre nós. Talvez, a noite passada tenha sido a última vez que ele havia me visto. Talvez, ele nunca conseguiria dizer o quanto ele sentia muito por tudo o que ele havia me dito e por nós dois não termos dado certo.

Eu estava completamente desesperada, pois mesmo estando no lugar certo, eu não conseguia encontrá-lo. O saguão era enorme e eu não conseguia vê-lo em lugar algum. Ele não podia ter ido embora. Corri para o lado oposto do saguão e mesmo de costas, eu consegui reconhecê-lo. Meu coração parou quando eu o vi. Recuperei o meu fôlego e parei de andar para poder gritar por ele, pois eu não conseguiria alcançá-lo a tempo.

- MARK! – Eu gritei, implorando para que ele tivesse me escutado. Assim que ouviu o seu nome, Mark virou o seu rosto para trás na mesma hora. Todos a nossa volta também se viraram para me olhar. Eu não me importei. Quando ele me viu, sentiu um inexplicável alívio, mas o coração acelerou-se na mesma hora. Ele não sorriu, ele não teve qualquer expressão. Mark estava completamente em choque e suas pernas estavam trêmulas como nunca. Aos poucos, ele foi virando todo o seu corpo para a minha direção. Eu estava tão aliviada em vê-lo, que demorei alguns segundos para reagir. Trocamos olhares mesmo estando longe e mesmo com dezenas de pessoas passando na nossa frente. Enquanto ele tentava se convencer de que eu realmente estava ali, eu tentava descobrir qualquer vestígio nele que me mostrasse que ele ainda estava decepcionado pelas coisas que eu havia dito pra ele.

Foram longos segundos e eu não consegui nada. O olhar dele só me passava tristeza e não havia sequer um sorriso no rosto dele. Mesmo assim, eu seguiria em frente. Eu precisava continuar. Eu precisava ir até ele e dizer o que eu tinha ido dizer. Comecei a correr na direção dele e quando o Mark percebeu isso, o primeiro sinal de um sorriso surgiu em seu rosto. Ele continuava me olhando e toda aquela cena parecia que estava acontecendo lentamente para ele. Mark ainda não estava acreditando que eu estava ali.

O fraco sorriso no rosto dele me tranquilizou um pouco, mas eu não estaria bem até alcançá-lo. Até estar nos braços dele. Continuei correndo e quando eu estava a uns 4 ou 5 passos dele, Mark abriu os braços para me receber. Seu gesto me fez sorrir sem nem perceber e encheu um coração de todas as coisas boas que eu já havia sentido em toda a minha vida. Ele não estava bravo. Ele não me odiava. Ele tinha voltado a ser o Mark que eu havia conhecido.

Quando eu finalmente o alcancei, eu o abracei sem dizer uma palavra. Eu só o apertei forte e fechei os meus olhos para guardar cada segundo daquele abraço na minha mente. Mark me abraçou com a mesma intensidade e só então ele percebeu o quanto necessitava daquele braço. Não de qualquer abraço. Daquele abraço. Aquele abraço que foi mais significativo do que qualquer outra conversa que poderíamos ter. Mesmo sem trocar uma palavra, sabíamos que havíamos perdoado um ao outro. Sabíamos que estávamos bem.

- Eu também sinto muito. – Eu disse com a voz embargada. A maneira com que ele me abraçou deixou em evidência todo o seu arrependimento com a nossa briga na noite passada. Ele nem precisou dizer. Mark interrompeu o abraço para poder olhar em meu rosto.
- Que bom que você está aqui! Eu não podia ir sem te ver. – Havia um tom de alívio na voz dele. – Eu precisava que você soubesse que tudo o que eu te disse ontem à noite... – Ele negou com a cabeça. – Eu não quis dizer nada daquilo. Eu não sei o que aconteceu. – Mark ergueu os ombros.
- Eu sei. – Eu disse, tentando tranquilizá-lo. – Eu conheço você. Eu conheço o seu coração. – Eu toquei o peito dele. – Eu também disse coisas horríveis. Eu me senti péssima com tudo o que eu disse. Eu também não sei o que aconteceu comigo. – Eu fui sincera e vi ele deixar um fraco sorriso escapar.
- Nós não conseguimos sobreviver a nossa primeira briga. – Apesar de estar um pouco triste, Mark demonstrava conformismo.
- Eu sei. Nós... somos péssimos nisso. – Eu rolei os olhos e em seguida sorri para ele. Mark sorriu para mim e ficamos alguns segundos em silêncio, trocando sorrisos e olhares um com o outro.
- Talvez, não sejamos péssimos nisso. Talvez... só não tenhamos nascido para isso, sabe? – Mark estava triste por reconhecer aquilo em voz alta. Eu sabia exatamente o que ele estava querendo dizer. – Casais brigam, certo? Honestamente, eu não sei se conseguiria ter outra briga. Não com você. – Ele disse e eu afirmei com a cabeça, sentindo meus olhos se encherem vagamente de lágrimas.
- Quando se é um casal, você se acostuma a brigar e a perdoar. Acontece naturalmente. Talvez seja o tipo de amor que se sente. Ele te ajuda a perdoar. Ele machuca algumas vezes, mas sempre te ajuda a perdoar. – Eu queria que ele entendesse o que eu estava sentindo. – Brigar com você... – Eu neguei com a cabeça. – Suas palavras doeram fundo e as palavras que eu te disse me doeram ainda mais. Eu... já briguei milhões de vezes, mas nunca foi tão doloroso para mim. – Eu continuava dizendo e ele afirmava com a cabeça como se concordasse com tudo. – Nosso amor não foi feito para nos machucar, Mark. Ele não foi feito para que nós nos perdoássemos. – Minhas palavras também deixaram o Mark emocionado. Os olhos dele estavam tão marejados quanto os meus. Ele sabia o que tudo aquilo significava.
- Ele foi feito para que não precisássemos perdoar um ao outro. – Mark complementou a minha frase. Ele tinha plena consciência do que eu estava falando. Mesmo doendo, ele concordava com cada palavra. Vê-lo emocionado daquela maneira e ouvir aquela frase saindo da boca dele fez com que uma lágrima solitária escorresse pelo meu rosto.
- Eu não queria que fosse assim. – Eu me esforcei para engolir o choro. Abaixei a minha cabeça, pois estava me sentindo mal com a situação. Eu não queria ter que dizer aquilo para ele mesmo sabendo que eu precisava dizer. Quando viu que eu estava chorando, Mark sentiu que não conseguiria conter as suas lágrimas também. Ele ficou em silêncio e deixou de me olhar por um momento, tentando se recuperar.

1.

Ainda em cima daquele palco onde os formandos estavam pegando os seus diplomas, eu obviamente notei que o não estava na primeira fileira como eu achava que ele estaria. Foi tão rápido que eu mal consegui reagir a falta dele. Após pegar o meu diploma, eu fui diretamente conduzida até a escada que ficava na outra lateral do palco. Comecei a descer a escada e ao final dela vi quem eu mais desejava ver. estava esperando por mim com o seu sorriso estupidamente lindo e uma rosa vermelha solitária em uma das mãos. Meu coração parecia que havia acabado de ser reanimado.

- O que você está fazendo aqui? – Eu sussurrei, parando na frente dele. Ele distribuiu olhares por todo o meu rosto como ele sempre costumava fazer.
- Oi, formanda. – não podia estar ali. Ele sabia que estava quebrando um protocolo e não se importava. – Nós temos 10 segundos até que um dos seguranças venha me tirar daqui. – Ele fez careta, me arrancando um riso bobo. – Eu... planejei tanta coisa pra te dizer no dia de hoje, mas tudo se resumia a ‘eu estou muito orgulhoso de você’, e... como eu sei você vai ouvir isso milhões de vezes hoje, eu quis ser o primeiro para tentar ao menos ser original. – disse da maneira mais adorável de todas. – E... eu trouxe isso. – Ele estendeu a rosa na minha direção.
- Eu amo você. – Eu estava tão surpresa e encantada com o gesto dele, que eu não consegui dizer nada além daquilo. Me aproximei e selei carinhosamente os lábios dele. O sorriso dele interrompeu o nosso breve selinho.
- Eu amo você, linda. – sussurrou, sem conseguir parar de sorrir. – Agora, eu vou voltar para a primeira fileira. O segurança está vindo. – Ele se retirou rapidamente. Eu voltei para a minha cadeira com aquele sorriso bobo no rosto. Eu amava a maneira que o sempre encontrava um jeito de me surpreender.

-

- Eu também não queria que fosse assim, mas... – Mark pausou e finalmente voltou a me olhar. A voz dele levemente embargada chamou a minha atenção e me fez olhá-lo também. – Eu fico feliz por termos tentado. – Embaixo daquelas lágrimas no rosto dele havia um lindo sorriso. – Porque... se não tivéssemos tentado, eu viveria com essa frustração pelo resto da minha vida. – As palavras dele fizeram com que eu me aproximasse e levasse minhas mãos até o rosto dele para secar cada uma daquelas lágrimas que eu havia feito ele derramar. – Agora, eu sinto que posso seguir em frente. – Mark afirmou, depois de respirar fundo.
- Você merece o melhor que o mundo tem a oferecer. Você merece a mulher mais incrível de todas e, infelizmente, essa mulher não sou eu. – Eu disse isso em meio a lágrimas. Era muito difícil deixá-lo ir. – Você vai encontrá-la. Eu não sei se vai ser na Belgica ou na Inglaterra. Você vai encontrá-la. – Eu não sabia se eu estava dizendo aquilo para consolá-lo ou para consolar a mim mesma.
- Eu não sei sobre mim, mas você... – Mark precisava dizer aquilo. Ele precisava. – Você não vai precisar ir tão longe. – Ele sorriu fraco. Ele estava falando sobre o e isso ainda fazia com que eu me sentisse péssima. – Atlantic City não é tão longe. – Ele completou. A afirmação dele me fez respirar fundo, enquanto minhas mãos secavam as lágrimas espalhadas por todo o meu rosto.
- Atlantic City ou... China, não faz diferença. – Eu rolei os olhos e demonstrei não ter qualquer esperança sobre o assunto. O estava com a Brooke. Isso significava sim muita coisa para mim. – Ambos parecem ter a mesma distância para mim. – Eu ergui os ombros demonstrando indiferença. Eu estava plenamente ciente das possíveis consequências quando eu decidi pelo . O fato de eu escolhê-lo não significava que ficaríamos juntos.
- ‘Última chamada para a Belgica’. – Uma voz feminina disse no alto-falante do aeroporto. A voz me despertou completamente.
- Eu... não quero te atrasar. Você não pode perder esse voo. – Eu tentei falar com firmeza, mas pensar que eu teria que me despedir me deixava absurdamente triste. Algumas pessoas que corriam na direção do balcão de check-in chamaram a minha atenção e me fizeram olhá-las por um momento. Mark não se moveu e continuou me olhando, sério. Algo havia incomodado ele.
- Me prometa. – Mark disse, me fazendo olhá-lo novamente. Os olhos e a expressão no rosto dele estavam sérios. Eu o conhecia bem o suficiente para saber que aqueles olhos verdes estavam me julgando como nunca haviam feito antes. Eu não sabia exatamente o que ele estava me pedindo. – Me prometa que você vai atrás dele. – Mark continuava olhando nos meus olhos. Quando eu soube sobre o que se tratava, eu sorri.
- E se ele não me quiser mais? – Eu ergui os ombros e tentei manter o sorriso, enquanto novas lágrimas alcançavam os meus olhos. Aquela possibilidade me deixava aterrorizada.
- Então, me prometa que vai lutar por ele. – Mark queria me ouvir prometer.
- Eu... não sei se consigo. – Eu não me referia ao fato de prometer, mas sim ao fato de lutar por ele. Eu não sabia se conseguiria ir até Atlantic City correndo o risco de ouvir um ‘não’ do . Sim, eu era fraca nesse nível.
- Você teve coragem de vir até aqui para me dizer que escolheu o meu irmão, mas não sabe se tem coragem de lutar por ele? – O tom do Mark não era de mágoa ou raiva. Soou mais como uma bronca. Mesmo tendo me acertando em cheio, a bronca me arrancou um sorriso involuntário. Senti meu coração apertar.
- Meu Deus. – Meus olhos ainda estavam cheios de lágrimas, mas o sorriso não saia do meu rosto. – Você falou exatamente como a tia Janice agora. – Foi só mencionar a tia Janice para que a expressão séria no rosto do Mark se desmanchasse.
- Então, você sabe que eu não vou subir naquele avião sem que você me prometa que vai lutar por ele. Sem que você prometa que vai fazer tudo o que estiver ao seu alcance para ser feliz. – Mark voltou a pedir de uma maneira mais doce. – Me prometa, . – Ele me pressionou.
- Eu prometo. – Eu disse, afirmando com a cabeça. Eu estava me esforçando muito para não chorar, mas meus olhos me entregavam completamente.
- Certo. Agora, eu posso ir. – Mark sorriu, satisfeito. Trocamos olhares por poucos segundos. Era oficialmente a hora de nos despedirmos.
- Eu preciso te dar mais um abraço. – Eu não consegui me conter. Eu me aproximei e o apertei com toda a força que eu consegui. Fechei meus olhos por alguns segundos. – Você é único, Mark. Nunca se esqueça disso. – Eu disse ainda abraçada a ele. – Eu estou muito orgulhosa de você. – Eu disse, finalizando o abraço. Por mim, eu o abraçaria o resto do dia, mas eu precisava deixá-lo ir. – Onde quer que ela esteja, minha tia... – Eu fiz uma pausa para fazer a merecida correção. – Sua mãe está muito orgulhosa. – Eu queria que ele soubesse. A minha frase o deixou visivelmente emocionado. Com lágrimas nos olhos e um sorriso emocionado, ele segurou uma das minhas mãos e a levantou, me girando lentamente pela última vez. Ele beijou a minha mão antes de soltá-la.
- Cuida da Meg. – Mark pediu, tentando se recompor. Ele deu alguns passos para trás.
- Deixa comigo. – Eu confirmei com a cabeça. Eu estava devastada por dentro, mas pretendia me manter aparentemente bem até o momento que ele continuasse sob a minha visão.

Mark continuou dando alguns passos para trás, pois estava tentando adiar o momento que me olharia pela última vez antes de entrar naquele avião. Quando ele virasse de costas, ele não pretendia olhar para trás. O último olhar e o último sorriso que me deram a certeza de que continuávamos bons amigos. Ele correspondeu ao meu aceno, antes de virar-se de costas pela última vez. Em meio a um choro calmo e silencioso, eu vi o Mark passar pelo balcão de check-in e passar por uma porta, que me fez perdê-lo de vista. Em meu peito, eu sentia uma sensação terrível de perda, mas também uma sensação incrível de felicidade por ter conseguido ser completamente sincera com o Mark e, mesmo assim, sentir que não havia qualquer tipo de mágoa entre nós.

Fiquei ali parada no meio do aeroporto por mais 10 minutos e meus olhos continuavam fixos na porta por onde o Mark havia passado, onde eu havia visto ele pela última vez. Eu sentia como se ele pudesse voltar a qualquer momento mesmo sabendo que ele não voltaria. Eu estava calma e conformada, mas algumas lágrimas insistiam em escorrer pelo meu rosto. Foi como se um filme passasse pela minha cabeça, me fazendo relembrar cada momento que eu passei ao lado do Mark. A tia Janice nos apresentando e a maneira com que ele me olhou desde o primeiro momento. Todas as lágrimas que o me fez derramar que ele secou. O nosso primeiro beijo. Os nossos momentos com a Meg. Quando ele evitou que a maior tragédia da minha vida acontecesse naquele sótão da casa do Steven. Todas as vezes que falávamos sobre a tia Janice. Ele me implorando para ajudá-lo na doação de sangue para que ele salvasse o seu irmão. Nossos lanches e conversas no capô de um carro. Nossas danças bobas, nossas conversas sobre as estrelas e o café que ele deixava toda manhã na minha porta. Eu sentiria falta de cada detalhe da nossa pequena história. Eu sentiria falta do homem mais incrível que já havia passado pela minha vida.

Se eu pudesse, eu passaria o resto da minha vida naquele aeroporto esperando que o Mark voltasse. Ele me trazia aquela sensação de tranquilidade, como se ele fosse a minha zona de conforto. Nunca era arriscado com o Mark. Sempre era arriscado com o . Eu não estava arrependida da minha decisão. Eu não estava arrependida de ter escolhido o , mas o medo de ouvir o ‘não’ me desencorajava de seguir em frente. Agora, eu tinha uma promessa para cumprir. Eu já não tinha opção antes, mas depois daquela promessa eu sabia que não tinha como fugir. Eu tinha que ir atrás do .

Sentei na primeira cadeira vazia que eu encontrei naquele aeroporto e passei as mãos no meu rosto para secar as lágrimas que ainda estavam lá. Eu precisava agir, mas não sabia por onde começar. Quer dizer, eu nunca tinha feito isso antes. Eu nunca tinha precisado lutar por alguém daquela maneira. Alguém que, talvez, não me amasse mais. Alguém que já tinha uma outra pessoa. Eu já havia sim lutado pelo meu amor com o , mas nunca naquelas circunstâncias.

Eu estava completamente perdida. Meus sentimentos estavam em conflito mais uma vez. Uma parte de mim queria ficar ali e chorar pela partida do Mark e a outra parte me mandava seguir em frente, me mandava ir atrás do . Eu precisei de alguns minutos para respirar e reorganizar os meus sentimentos. Eu precisei decidir por onde começar e tudo indicava que eu precisava ir para Atlantic City.

Mesmo parecendo óbvio e fácil, eu não podia simplesmente pegar o meu carro e ir para Atlantic City. Existiam muitas variáveis nas quais eu precisava pensar, por exemplo: a reunião entre dos ex-alunos seria naquela noite. Eu não me importava nem um pouco com essa reunião, mas eu sabia que se eu estivesse em Atlantic City eu teria que comparecer. Tudo o que eu menos queria era que o meu reencontro com o fosse no meio daquela reunião de ex-alunos com dezenas de pessoas a nossa volta. Eu queria um lugar calmo para que pudéssemos conversar, para que eu pudesse contar a ele tudo o que eu precisava contar. Isso significava que eu precisava chegar em Atlantic City algumas horas antes da reunião. Isso significava que eu precisava ir imediatamente para a minha casa para arrumar a minha mala.

Mesmo aterrorizada com o que eu estava prestes a fazer, levantei-me daquela cadeira e sai daquele aeroporto com uma determinação fora do normal para que aquilo desse certo. Eu precisava que desse certo. Peguei o meu carro muito mal estacionado no estacionamento do aeroporto e segui para a minha casa. Eu estava tão tensa, que nem mesmo o rádio do carro eu liguei. Cheguei a pensar em parar em um shopping para comprar uma roupa para ir à reunião de ex-alunos, mas era tão irrelevante naquele momento, que eu desisti na mesma hora.

Quando cheguei na minha casa, já fui logo arrumando a minha mala. O relógio não estava a meu favor. A reunião de ex-alunos começava as 7 horas da noite e já eram mais de 2 horas da tarde. Eu tinha 5 horas para ir para Atlantic City, arrumar coragem para ir falar com o e se eu tivesse sorte, resolver a nossa situação.

Terminei de arrumar a minha pequena mala, enquanto o Buddy implorava a minha atenção. Eu odiava não ter tempo para ele, mas a situação exigia que eu fosse rápida. Desci para o primeiro andar com a minha mala, e a deixei na sala de estar, pois eu precisava repor a ração e a água do Buddy. Eu não resisti e perdi alguns bons minutos acariciando-o. Quando o Buddy trocou os meus carinhos pela ração, eu soube que seria a minha deixa para ir embora. Olhei no relógio do celular e comecei a repensar as minhas opções. Até então, eu havia decidido ir para Atlantic City de carro. Eu nem ao menos havia cogitado a opção de pegar um avião, o que com certeza me ajudaria a ganhar algum tempo.

O avião me parecia a melhor opção, mas eu sentia um frio na barriga só de pensar naquela possibilidade. Perdi um tempo desnecessário convencendo a mim mesma que pegar um avião era a melhor opção. Quando eu vi, eu já tinha pedido para um táxi ir me buscar e não tinha mais como recuar. Enquanto o táxi não chegava, comi qualquer coisa que eu encontrei na prateleira do meu armário. Quando a buzina tocou do lado de fora da casa, eu saí às pressas da cozinha e fui até a minha mala. Buddy veio até mim e parou ao meu lado.

- Ei, Buddy. – Eu me agachei para me despedir. – Eu volto logo. Vou pedir para o Big Rob vir dar uma olhada em você mais tarde, ok? – Eu disse e ele continuou me olhando. O jeito que ele me olhava parecia que ele estava tentando me dizer alguma coisa. – Me deseje sorte. – Eu pedi e inclinou a sua cabeça, fazendo um som engraçado, que me fez rir. – Obrigada. – Acariciei a sua cabeça e ele fechou os olhos por um momento.

Eu saí da casa com a minha mala nas mãos e com a minha bolsa no ombro e a tranquei. Buddy não tentou me impedir de sair como ele costumava fazer. Parecia até que ele sabia o que estava indo fazer. Entrei no táxi e pedi ao motorista que me levasse até o aeroporto. Quanto mais nos aproximávamos do aeroporto, mais o meu frio na barriga aumentava. O motorista parou na frente do mesmo aeroporto que eu tinha ido naquela manhã e eu o paguei antes de descer. Tirei minha mala do carro e passei novamente por aquele saguão enorme. Apesar de fazer algum tempo que eu não pegava um avião, eu sabia exatamente onde eu deveria comprar as passagens e onde ficava o embarque para Atlantic City.

Felizmente, eu estava com sorte e consegui comprar a passagem na hora. O voo sairia em menos de 30 minutos, o que significava que eu precisava fazer o embarque imediatamente. Fui diretamente fazer o embarque como se entrar naquele avião não fosse a coisa mais assustadora do mundo para mim. Sai do embarque e fui para a entrada do avião. Me xinguei mentalmente por não ter tido a ideia de pegar o avião antes, pois nesse caso a Meg poderia ir comigo. Ela ia acompanhar o na reunião de ex-alunos e, por isso, ela também iria para Atlantic City naquele dia, mas ela ia de carro, ou seja, ela provavelmente já deve ter pego a estrada há algumas horas.

Entrei pela porta do avião e me sentei na poltrona que ficava na parte traseira do avião. Naquele momento, eu estava completamente em choque. Eu apenas sentei e apertei o cinto de segurança o máximo que eu consegui. Havia uma moça sentada ao meu lado e um senhor sentado do meu outro lado. Confesso que cogitei a possibilidade de pedir ajuda para um deles. Será que se eu pedisse com jeitinho, eles segurariam a minha mão? Bem, eu não conseguia ser tão cara de pau assim.

O avião levou 15 minutos para começar a decolar. 15 minutos em que eu fiquei cogitando a possibilidade de desistir daquela loucura e sair daquele avião. 15 minutos que eu não tive coragem nem de desistir, porque eu simplesmente estava em estado de choque dentro daquele avião. O problema maior não foi nem a tremedeira causada no avião devido a decolagem. O problema foi quando eu finalmente me dei conta de que estávamos no ar. Minhas pernas tremiam de uma maneira surreal. Eu estava suando-frio e estava com dificuldade até mesmo para respirar.

2.

Havia uma porta enorme bem na minha frente. Ela estava fechada, mas eu sabia que ela abriria a qualquer momento. Meu pai estava ao meu lado e as lágrimas nos olhos dele me comoveram bastante. Deixei de olhá-lo por um momento e abaixei a minha cabeça para ver o vestido de noiva que eu havia visto por acaso há alguns meses em uma revista qualquer. Eu estava tão nervosa, mas era um nervosismo bom. Ele me fazia sorrir inesperadamente e me deixava extremamente ansiosa. O buquê que eu segurava era composto com a minha flor favorita.
- Pronta? – Meu pai sussurrou com a voz embargada. Olhei pra ele e confirmei com a cabeça em meio a um sorriso mais verdadeiro que eu já havia dado em toda a minha vida.
- Eu estou pronta. – Eu afirmei em voz alta para que a cerimônia se iniciasse. Vi a responsável pela organização do casamento dar sinal para alguém que estava no altar. Meu coração estava saindo pela boca.

A marcha nupcial começou a tocar e as portas se abriram. Foi inevitável que os meus olhos não fossem diretamente para o altar. Agora, eu sabia quem eu iria ver naquele altar. Eu não tinha mais qualquer dúvida. Eu precisava vê-lo e quando eu o vi, senti uma paz e uma alegria que não cabia dentro do meu peito. O realmente estava lá me esperando exatamente como ele havia feito nos últimos anos. Ele estava tão focado em não chorar naquele momento, mas quando ele me viu, nada do que ele havia planejado fazia sentido. A primeira reação dele ao me ver foi sorrir. O sorriso que ele só conseguia dar quando me olhava. O sorriso que era só meu, porque eu era a única capaz de consegui-lo. Como ele estava lindo com aquele smoking preto e com aquele cabelo desajeitado.
Enquanto eu percorria aquele corredor e passava por todas as pessoas que eram tão importantes pra mim, meus olhos continuavam fixos nele. Era como se nossos sorrisos se conversassem a todo o momento. Eu não conseguia tirar os olhos dele e ele também não conseguia tirar os dele de mim. Conforme eu me aproximava do altar, os olhos do se enchiam de lágrimas. Os convidados estavam tão fascinados com a emoção que o noivo transmitia de todas as maneiras possíveis, que alguns chegaram a se esquecer que eu estava caminhando até o altar.

Quando eu parei na frente do com o meu pai ainda ao meu lado, eu notei uma lágrima solitária escorrer pelo canto dos olhos dele. Eu estava me segurando para não chorar por causa da maquiagem. Eu não sabia por quanto tempo eu aguentaria. Meu pai cumprimentou o , me beijou depois de um abraço emocionado e me entregou ao . Finalmente éramos só eu e ele. Voltamos a sorrir um para o outro e em seguida ele se aproximou para beijar a minha testa. Após o beijo, ele continuou de frente para mim e da maneira mais doce de todas, ele sussurrou que eu estava linda com as lágrimas ainda presas nos olhos. De maneira involuntária, levei uma das minhas mãos até o rosto dele e sequei sua lágrima. Logo em seguida, ele levou a sua mão ao encontro da minha e a conduziu até os seus lábios, onde ele depositou um beijo.

Por mim, eu ficaria olhando para ele o resto da noite, mas tivemos que seguir com o protocolo. Fizemos as nossas promessas, dissemos o nosso esperado e definitivo ‘sim’ e colocamos no dedo um do outro as alianças mais lindas que eu já havia visto. Cada vez que eu olhava para ele, meus olhos se enchiam de lágrimas, mas eu ainda conseguia contê-las. Pelo menos, até o momento que antecedeu o nosso primeiro beijo como casados. De frente um para o outro, eu sabia que o nosso beijo estava prestes a ser autorizado pela pessoa que conduzia a cerimônia, porém o momento que todos estavam esperando foi interrompido, mas não por qualquer pessoa: o noivo.

- Me desculpem. – disse no microfone, após gentilmente pedi-lo para a pessoa que estava conduzindo a cerimônia. – Eu sei que vocês estão com fome. Eu sei! Eu juro que vou tentar ser breve. – As palavras dele causaram a risada de todos, inclusive a minha. Ao mesmo tempo que fiquei apreensiva ao ver aquele microfone na mão dele, eu também fiquei curiosa. – Eu estou me casando com essa mulher hoje. – Ele me olhou. – Olhem bem para ela. – sorriu ao me ver ficar visivelmente sem jeito. – Eu não posso deixar essa oportunidade passar. – Ele disse pra mim, negando com a cabeça. Eu sabia do que ele estava falando. – Não me olha assim. – voltou a sorrir ao me ver fuzilá-lo com o olhar. – Eu sei que prometemos não dizer nada um para o outro nesse altar. Sem surpresas, né? – Ele me viu concordar com a cabeça. – Eu sei que eu prometi, mas você, mais do que qualquer um, sabe que adoro quebrar uma promessa. – fez aquela cara de garoto levado, me arrancando um sorriso nervoso. O sorriso que deu a ele a coragem para continuar. – Desculpa, linda, mas... eu tive que escrever algumas coisas. – Ele fez careta, tirando um papel de dentro do seu paletó. Todos riram e comemoram a atitude do noivo. Isso me fez dar uma boa olhada para as pessoas que estavam sentadas nos primeiros bancos, dentre eles estavam os meus pais, o meu irmão e a , que segurava um bebê em seu colo, os meus melhores amigos e o Mark e uma moça muito bonita.
- Eu vou te matar. – Eu disse, sem emitir qualquer som assim que voltei a olhar para o .
- Eu te prometi que não escreveria nada, mas eu não consegui. Eu precisava, eu preciso usar todas as chances que eu tiver para dizer o quanto você é importante pra mim. – Essas poucas frases foram suficientes para trazer todas as lágrimas de volta para os meus olhos. Eu não tinha qualquer tipo de resistência emocional quando se tratava do . – Eu sei que eu faço isso com muita frequência, mas hoje, especificamente, eu queria fazer isso de uma maneira diferente. Então, por que não fazer isso da maneira com que tudo começou? – Ele perguntou retoricamente. Eu não tinha entendido sobre o que ele estava falando especificamente. – Aquela redação de sociologia que escrevemos sobre o outro no último ano, lembra? Mesmo sendo completamente apaixonado por você, eu escrevi a redação toda questionando os meus sentimentos por você, tentando entendê-los. – Lembrar da redação me fez sorrir da maneira mais espontânea. – Hoje, depois de tantos anos juntos, eu sei o que todos esses sentimentos querem dizer. Então, eu fiquei a noite toda me perguntando: como seria se o Jonas de hoje tivesse que escrever uma redação sobre a ? – No momento em que eu entendi onde ele estava tentando chegar, eu senti o meu coração disparar como nunca. Até aquele momento, eu havia conseguido me manter tão calma. Eu não acreditava que o estava realmente tão determinado a me fazer chorar. – Eu pensei muito sobre isso e hoje à tarde, uma hora antes de vir para cá, eu escrevi isso. Eu escrevi a minha nova versão daquela redação que mudou completamente a minha vida e... – Ele fez uma breve pausa, pois sua voz começou a embargar.
- Eu não acredito que você fez isso. – Eu sussurrei em meio a um sorriso, enquanto negava com a cabeça.
- Eu quero, eu... preciso ler isso pra você. – notou que eu estava completamente emocionada e esperou algum sinal meu para continuar. Eu me mantive de frente para ele e afirmei com a cabeça. Me aproximei dele o suficiente para estender a minha mão para que ele a segurasse. O silêncio no local demonstrava que o tinha a atenção de todos os que estavam lá. Isso não o intimidou nem um pouco. Olhando para ele, vi ele deixar de me olhar e curvar os seus olhos para a folha de papel em sua mão. Meu coração estava transbordando de tanto amor.

‘REDAÇÃO DE SOCIOLOGIA

Nome: Jonas’ desviou o olhar da carta por um momento e sorriu para mim.

Eu achei que não soubesse fazer redações, mas a última que eu fiz deu muito certo, então, talvez eu seja um pouquinho bom nisso. De qualquer forma, falar da sempre vai ser uma coisa muito difícil pra mim. Tantos anos e eu ainda não sei descrevê-la em palavras. Como é possível? Mas hoje, depois de tanto tempo juntos, eu posso afirmar com propriedade que ela sabe ser bem durona quando quer. fez uma breve pausa para me olhar com uma expressão engraçada. Ele já estava me preparando para o que estava por vir. – Eu já a vi chorar milhares de vezes, mas tente tirar o controle remoto da mão dela ou fale mal do macarrão que ela fez pra você ver. – A risada dos convidados o interrompeu. Mesmo com lágrimas nos olhos, eu também ri. – Nem parece a mesma pessoa que me liga do trabalho chorando, no meio da tarde, por ter atendido uma criança recém-nascida com febre ou que assisti todos os jogos do Yankees comigo pra me fazer companhia ou que, mesmo estando exausta depois de um dia longo de trabalho, vai até a minha casa para cuidar de mim por causa de uma gripe forte e só vai embora depois de eu ter adormecido. Ela tem, sem dúvidas, o coração mais lindo e puro do mundo e eu soube disso desde o primeiro momento. – Os olhos dele estavam sempre revezando entre o papel e eu. Ele acompanhava a minha reação a cada frase.

Ela é diferente, sabe? – Eu me lembrei imediatamente de ter lido essa mesma frase na redação original. Ele havia mantido alguns trechos da redação original. Isso me acertou em cheio. – Ela sabe o quanto é bonita, sabe o quanto eu sou maluco por ela e, mesmo assim, ela nunca está feliz com a sua aparência física ou com a roupa que está vestindo. Ela está sempre querendo se arrumar pra mim, mas se ela se visse como eu a vejo, saberia que independentemente do seu corte de cabelo ou da roupa que ela está vestindo, ela é a mulher mais linda que eu já conheci. Para a minha sorte, nenhum outro homem foi capaz de valorizar isso, mas eu valorizo diariamente, em todos os segundos do meu dia. – A expressão de choro já estava tomando conta do meu rosto, mas eu tentei me segurar um pouco mais. Ele passou a acariciar a minha mão com um de seus dedos, tentando me acalmar.

O que eu estou tentando dizer é que... a é única pra mim e pra qualquer outra pessoa que tenha a sorte de tê-la em sua vida. Eu nunca conheci alguém como ela. Ela é definitivamente boa em tudo o que ela faz. Ela é muito boa em me irritar, por exemplo, mas... não importa o quão irritado eu esteja, basta vê-la sorrir e eu esqueço qualquer coisa que ela tenha feito. Aliás, ela sabe muito bem usar isso a favor dela. – Mais uma interrupção causa pelo riso de todos. Olhei pra todos e fiz careta, erguendo os ombros. – Ela sabe o poder que ela tem sobre mim. Ela sabe o quanto o sorriso dela impacta no meu dia.

Eu me lembro até hoje de estar na quinta série e ir até a casa de um amigo para fazer um trabalho. A estava lá e ela vestia um vestido rosa e usava uma fita que prendia o seu cabelo. – Nesse momento, ele parou e tirou alguns segundos para respirar e engolir o choro. Ele sorriu pra mim com os olhos completamente marejados. Nesse momento, a primeira lágrima escorreu por todo o meu rosto. – A garotinha que estava usando aquele vestido rosa, hoje está bem na minha frente usando o vestido de noiva mais lindo que eu já vi. – Uma nova pausa para que ele conseguisse continuar. Trocamos um sorriso emocionado. – Eu não consigo olhar pra ela, sem chorar feito um idiota. – Ele negou com a cabeça. Em seguida, ele voltou a olhar para o papel em suas mãos. – Naquele dia, a garotinha de vestido rosa sorriu pra mim pela primeira vez. O sorriso que eu guardo até hoje na minha memória. O mesmo sorriso que ela deu assim que me olhou ao passar por aquela porta, hoje. Eu amei ela desde o primeiro minuto e mesmo achando que era impossível amá-la mais, esse não amor não era nem a metade do que eu sinto por ela hoje. – A última frase foi dita por conta própria, não estava no papel. Mais lágrimas escorreram pelo meu rosto, o que me fez começar a secá-las com cuidado com uma das minhas mãos.

Aquela garotinha de vestido rosa não fazia a menor ideia de aquele era o começo da história de amor mais insana que alguém poderia viver. Se ela soubesse o problema que arrumou por simplesmente ter sorrido naquele dia. sorriu em meio as lágrimas, enquanto negava com a cabeça. – Aquele simples sorriso nos trouxe até esse altar hoje. Se ela soubesse o quanto eu tenho lutado por esse sorriso nos últimos anos. Se ela soubesse o tamanho da minha felicidade em pensar que, a partir de hoje, esse sorriso vai ser a última coisa que eu vou ver antes de dormir e a primeira coisa que eu vou ver quando acordar. – Era impossível descrever a mistura de emoção e alegria que eu estava sentindo naquele momento, vendo o homem da minha vida fazendo a declaração de amor mais linda que eu poderia ouvir naquele dia. Eu só conseguia pensar o quanto eu amava aquele homem com todas as minhas forças.

Eu sei que eu vou dar tudo de mim, todos os dias, para manter esse sorriso no rosto dela, para fazê-la feliz, mas eu também sei que nem sempre isso estará sob o meu controle e eu sei que eu vou falhar algumas vezes, como eu já falhei outras vezes. Vão ter dias bons e dias ruins e a única certeza que eu tenho, a única certeza que ela deve ter é que eu estarei ao lado dela. fez questão de dizer isso olhando nos meus olhos. – Eu prometo que vou acolhê-la e abraçá-la quantas vezes forem necessárias. Eu prometo dizer que tudo vai dar certo mesmo estando com medo. Afinal, ela me escolheu, não é? Ela me escolheu para estar esperando por ela nesse altar hoje e, para a minha sorte, é exatamente isso o que me diferencia dos outros caras. – Ele me viu concordar com assiduidade com o que ele havia dito.

Nesse exato momento, ela está olhando pra mim e eu ainda não sei explicar isso o que eu sinto aqui dentro. Tantos anos juntos, tudo o que vivemos e essa mulher incrível, bem aqui na minha frente, ainda me deixa sem palavras pra explicar tudo o que ela significa pra mim. A e o ... nesse altar. Quem diria, não é? Eu sempre imaginei que fossemos nos odiar para sempre e, agora, eu me vejo aqui nesse altar prometendo te amar até o fim dos meus dias.

Eu nem consigo acreditar que, hoje, eu estou oficialmente me tornando o homem que vai tê-la para o resto da vida. É uma honra pra mim ser o cara que ela escolheu para estar nesse altar hoje. Por muito tempo eu quis saber qual seria a sensação de me casar, de prometer amar alguém pelo resto da minha vida e hoje, olhando pra ela, eu posso dizer com tranquilidade que é a melhor sensação que eu já senti. disse a última frase olhando pra mim.

Eu desejo ser capaz de colocar um sorriso no rosto dela todos os dias, e também espero continuar sendo digno dessa mulher incrível que eu vi a se tornar ao longo dos anos. A mulher que me fez amá-la antes mesmo que eu soubesse o que era o amor. A mulher que me ensinou tudo o que eu sei sobre amor. A única mulher que eu amei até hoje. Não se ofenda, mãe . – Ele novamente me fez rir em meio as lágrimas. Por um momento, ele soltou a minha mão e usou a sua mão para secar carinhosamente as lágrimas no meu rosto. – Eu espero fazê-la a mulher mais feliz do mundo, porque é somente disso que depende a minha felicidade.

Estamos apenas começando. Hoje é o primeiro dia do resto das nossas vidas e eu espero que todos eles sejam tão felizes como o de hoje. Eu prometo te apoiar em tudo. Eu prometo te defender de qualquer um que queira te machucar. Eu prometo dar o meu melhor para evitar que você sofra e, caso eu não consiga, nós vamos superar isso juntos. – A última frase foi dita olhando pra mim. – E, o mais importante: eu prometo fazer com que você se apaixone por mim todos os dias, porque enquanto você me amar, eu vou ter tudo o que eu preciso pra viver.

Eu amo você, .
me olhou, me arrancando um sorriso bobo ao mencionar aquele apelido bobo que fazia parte da nossa história. – Estou ansioso para viver o resto da minha vida com você. – O final da redação foi aclamado por palmas e gritos de todos os convidados. Eu fui imediatamente abraçá-lo. Chorei novamente ao abraçá-lo e ele chorou comigo. Tínhamos uma história enorme e diversos momentos marcantes, mas nenhum foi mais emocionante para nós dois do que aquele. Os convidados ainda aplaudiam, quando nós terminamos o abraço.

- Com licença. – Eu disse ao , tirando gentilmente o microfone de suas mãos. – Minha vez, certo? – Eu disse no microfone, vendo o me fuzilar com os olhos. – Se você quebrou a sua promessa, acho que posso quebrar a minha. – Eu disse em um tom ameaçador que o fez rir. Todos voltaram a ficar em silêncio, pois queriam muito me ouvir. Isso me deixou nervosa e deu a entender que, talvez, eu não estivesse tão preparada para fazer aquilo. – Ok. Eu... ainda estou tentando lidar com essa versão incrível da sua redação de sociologia. – Eu ergui os ombros. – Eu realmente não havia planejado nada para hoje, então tudo o que você ouvir a partir de agora é improvisado. Eu prometo ser breve. – Eu disse em meio a uma careta.

O silêncio estava realmente me deixando nervosa. Continuei olhando pra ele e cheguei à conclusão que eu tinha milhares de coisas pra falar sobre aquele cara que estava bem na minha frente. Eu poderia ficar horas falando sobre todas as qualidades dele e sobre tudo o que ele significava pra mim, mas eu queria ser breve e também queria ser precisa. O merecia a melhor declaração de todas, mas, talvez, eu não fosse a pessoa mais capacitada para tal. De qualquer forma, eu tentaria.

- Então... Jonas. – Eu sorri ao mencionar o nome dele. – Esse cara tão teimoso, ciumento, irritante, mandão e egocêntrico de repente... se tornou o homem da minha vida. Quem imaginaria, não é? – Dei alguns passos na direção dele. – Eu nunca imaginei nada disso. Eu nunca imaginei estar nesse altar, vestindo esse vestido e esse véu. Eu nunca imaginei viver esse dia até esse cara bem aqui... – Eu olhei um momento para as pessoas que estavam nos assistindo. – Até você, , entrar na minha vida. – Eu disse, depois de voltar a olhá-lo. – Ok. Eu já estou chorando. – Eu ri, levando uma das minhas mãos até os meus olhos. Sequei cuidadosamente a lágrima para não borrar a maquiagem. Quem nos assistia também riu. – Eu não sei se você vai se lembrar, mas... uma vez você mencionou o nosso futuro e citou todas as coisas que você sonhava que fizéssemos juntos. Uma coisa muito ruim tinha acontecido e... – Eu estava me lembrando sobre a noite que o havia levado o tiro pelo meu pai. Eu estava falando sobre aquele momento dentro do carro em que ele me contou sobre tudo o que ele sonhava para o nosso futuro. – Eu estava com muito medo de perder você e eu acho que, por um momento, você também achou que aquela fosse a última oportunidade de me dizer aquelas coisas. – sabia exatamente sobre o que eu estava falando e lembrar daquele dia, daquela memória o deixou muito emocionado. Os olhos dele se encherem de lágrimas na mesma hora.
- Eu me lembro. – sussurrou, concordando com a cabeça.
- Naqueles poucos minutos dentro daquele carro, no meio de tanta dor e desespero, você novamente conseguiu acalmar o meu coração, como você sempre faz. – Eu fiz uma pausa, pois a minha voz começou a embargar. – Naquela noite, você me contou sobre os seus planos para o nosso futuro. Você falou sobre terminar a faculdade, você falou sobre como me pediria em casamento, você falou sobre o dia de hoje e sobre a casa com quintal que deveríamos ter por causa das crianças. – Eu sorri em meio as lágrimas. – Para ser bem sincera, eu nunca tinha pensado em nada disso, eu nunca tinha sonhado em viver tudo isso até aquele dia. – Ele mostrou-se um pouco surpreso. – Eu nunca tinha pensado em me casar, usar um vestido como esse ou... ter filhos. Serão dois, não é? – Eu perguntei o fazendo sorrir, enquanto afirmava com a cabeça. – Eu nunca sonhei com nada disso até... você. Eu nunca sonhei com tudo isso até ouvir você falar sobre o nosso futuro. A partir daquele dia, os seus planos se tornaram os meus planos. – Eu estiquei uma das mãos e segurei a mão dele. Com o rosto coberto de lágrimas, o olhar mais apaixonado de todos e o sorriso mais lindo e emocionado que ele já havia dado, mantivemos a troca de olhares. – Desde então, eu tenho sonhado em ser essa mulher. A mulher que foi pedida em casamento na escola onde a nossa história começou. A mulher que estaria nesse altar ao seu lado e que vai dançar ‘Hey Jude’ com você daqui a pouco. A mulher que vai morar com você na casa com o quintal grande. A mulher que vai ser a mãe do casal de filhos que você sonha em ter. – Um novo sorriso emocionado dele. – Obrigada por ter me escolhido para ser essa mulher. Obrigada por ter me escolhido desde o primeiro momento. Obrigada por todos os planos que você me fez criar e por todos os sonhos que ainda vamos realizar juntos. – Deixei de olhá-lo por um momento para encarar nossos dedos entrelaçados. – Eu prometo te amar mesmo quando eu te odiar e, se por algum motivo, eu vier a me esquecer de você de novo, eu prometo voltar pra você. Eu sempre vou voltar pra você, , porque não existe a menor possibilidade de viver sem você, sem as suas piadas idiotas, sem o seu sorriso, sem suas frases irritantes, sem a paz e a segurança que o seu abraço me passa, sem o seu beijo e o mais importante: sem o seu amor. – afirmou com a cabeça e a expressão de choro em seu rosto estava acompanhado de um fraco sorriso.

- Eu amo você, Jonas. – Eu terminei o meu discurso completamente emocionada, mas os aplausos de todos os que assistiam tiraram a minha atenção. aproveitou que estávamos de mãos dadas e me puxou para um outro abraço.

- Eu sempre soube que seria você. – sussurrou em meu ouvido durante o abraço, fazendo com que eu o abraçasse ainda mais forte.

- Bom, acredito que agora só me resta dizer uma coisa: eu os declaro marido e mulher. – A pessoa que realizava a cerimônia disse, após recuperar o microfone. Ainda estávamos nos abraçando. – O noivo pode beijar a noiva. – Ele autorizou. Terminamos o abraço e já aproveitamos a proximidade para darmos o nosso primeiro beijo como marido e mulher. O beijo mais emocionado e significativo que já demos.


-

Uma hora e alguns minutos. Esse foi o tempo que eu fiquei lutando contra o meu próprio medo dentro daquele avião. Minhas mãos apertavam tão forte os braços da poltrona, que eu achei que eles pudessem quebrar a qualquer momento. As comissárias passavam por mim e me perguntavam se eu estava bem e eu apenas conseguia afirmar com a cabeça, porque a minha voz simplesmente não saia. Durante as turbulências meus olhos se fechavam com força e a minha respiração ficava extremamente ofegante.

Eu sempre tive muito medo de altura, mas o medo nunca havia me paralisado daquela maneira. Talvez, o medo havia se juntado com a minha insegurança e com a minha falta de coragem de ir até Nova York. Talvez, fosse o acúmulo de todos aqueles sentimentos ruins que estavam me consumindo desde a noite anterior.

TROQUE A MÚSICA:


Era um pouco mais que 4 horas da tarde quando o avião pousou no aeroporto de Atlantic City. Somente quando eu tive a certeza de que estávamos no solo, que eu consegui soltar os braços da poltrona e respirar fundo. Se eu tivesse tempo, eu ficaria ali sentada por algum tempo para me recuperar, mas tempo era tudo o que eu menos tinha naquele momento. Eu continuava tirando forças de onde eu não sabia. Eu tirei o cinto de segurança e fui uma das primeiras passageiras a ficar de pé.

Sair do avião não foi o problema. O problema foi conseguir pegar a minha bagagem. Fiquei mais de 15 minutos aguardando a liberação da minha mala, que nem era grande. Enquanto aguardava, fiquei traçando o plano e a rota que eu deveria seguir depois que eu saísse do aeroporto. Eu deveria ir para a minha casa primeiro? Ou, talvez, eu devesse ir direto para o apartamento do . Será que era melhor pedir a ajuda dos meus amigos para encontrá-lo?

Com a minha pequena bagagem nas mãos, eu saí do aeroporto decidida. Eu ia fazer exatamente o que eu tinha ido fazer lá. Eu ia procurar o . Eu não precisava avisar ninguém que eu estava na cidade. Eu não precisava da ajuda de ninguém para fazer algo que só dependia de mim. Mesmo com as mãos trêmulas e as pernas bambas, eu ia encontrá-lo e eu ia dizer para ele tudo o que eu precisava dizer.

Na frente do aeroporto, peguei um dos táxis que estava estacionado. Eu não me lembrava do endereço do apartamento do , mas eu sabia chega até lá, por isso, fui guiando o taxista até a rua em que ficava o apartamento dele. Levou algum tempo para que chegássemos lá e eu mal consegui ensaiar nada do que eu pretendia falar pra ele. Através do vidro do táxi, eu olhei para a portaria do apartamento e hesitei novamente. Pensei novamente em desistir, mas uma força descomunal dentro de mim me fazia continuar insistindo.

Antes de descer do táxi, pedi ao taxista para que me esperasse por alguns minutos. Eu não tinha certeza se o estaria em casa e, por isso, não queria arriscar sair com a bagagem nas mãos sem necessidade. Andei até a portaria sentindo que o meu coração ia sair pela boca a qualquer momento. Conforme me aproximava, notei a expressão no rosto do porteiro. Tentei me lembrar se era o mesmo porteiro que havia me recepcionado da última vez que estive ali, mas não consegui.

- Oi. – Eu sorri fraco, apoiando minhas mãos no balcão. Ele devolveu o sorriso.
- Pois não? – O porteiro ficou me aguardando dizer qualquer coisa.
- Eu... eu queria falar com o . Eu não me lembro do número do apartamento. – Eu fiz careta. Não sabia se aquilo seria um problema.
- Jonas? – O porteiro questionou.
- Sim. Ele mesmo. – Eu confirmei imediatamente.
- Ele não está. – O porteiro me deu a notícia. Ele viu a expressão no meu rosto mudar. – Ele saiu há alguns minutos com uma garotinha. – Ele deu a informação para tentar me ajudar.
- Uma garotinha? – Eu perguntei de maneira retórica. Eu tinha certeza que se tratava da . A informação do porteiro realmente me ajudou. É provável que eles tenham ido para a casa dos pais deles. – Muito obrigada. – Eu demonstrei ao porteiro o quão grata eu estava.

O e a poderiam ter ido para qualquer lugar, mas a casa dos pais dele era o único lugar que eu consegui pensar. Em algumas horas ele iria para o encontro de ex-alunos. Talvez, ele tivesse ido levar a irmã mais nova em casa. Valia a pena arriscar! Voltei para o táxi e, dessa vez, dei o endereço para que ele me conduzisse até a casa dos pais do . Dessa vez, eu tive alguns minutos para ensaiar algumas frases, mas tudo soava horrível. Eu estava muito ansiosa.

Quando o táxi virou a esquina da casa dos pais do , eu logo me inclinei para olhar. De onde eu estava, eu consegui ver o carro do estacionado em frente à casa. Era oficial: ele estava lá. Um nó se formou na minha garganta, enquanto diversas borboletas brincavam no meu estômago. Eu estava simplesmente muito, mas muito nervosa. Minhas mãos suavam-frio.

- Por favor, para na frente daquela casa verde. – Eu disse ao motorista, me referindo a casa que ficava duas ou três casas após a casa dos pais do . Eu não queria descer na frente da casa para não chamar a atenção antes da hora.
- Aqui, né? – O taxista perguntou, parando o carro.
- Isso. – Eu confirmei e logo em seguida pedi a ele que me esperasse novamente. – Eu pago o tempo que o senhor ficar aqui parado se for preciso. Eu prometo. – Eu insisti, quando notei que o taxista hesitou ao aceitar o meu pedido. Eu não sabia como eu ia sair daquela conversa e eu queria ter alguém me esperando quando eu saísse. Eu não queria ter o trabalho de chamar outro táxi se fosse preciso. Além disso, eu não queria ficar andando com a minha mala nas mãos. – Obrigada! – Eu agradeci muito quando ele disse que me esperaria.

Desci do carro e as minhas pernas continuavam bambas. Confesso que demorei algum tempo para conseguir sair do lugar. Respirei fundo e me perguntei se estava bem o bastante para fazer aquilo, enquanto mexia no meu cabelo, tentando arrumá-lo. Comecei a andar na direção da casa dos pais do . Por um momento, me senti corajosa. Cheguei na calçada da casa e fui entrando pela lateral, passando por trás de algumas moitas que cercavam as laterais da casa. Quando estava prestes a alcançar a porta, ouvi algumas vozes e vi a maçaneta da porta girar. Sem pensar duas vezes, eu voltei para trás das moitas e me agachei. Eu não sabia quem estava atrás daquela porta.

- Eu não sei do que vocês estão falando. Eu deixei vocês ganharem. – saiu da casa dizendo. De onde eu estava, eu conseguia ouvir e ver tudo. Um sorriso espontâneo surgiu no meu rosto quando ouvi a voz dele.
- Ele nunca vai assumir. – Brooke disse, negando com a cabeça. A voz dela me frustrou completamente. Agradeci mentalmente por ter me escondido.
- Fomos melhores que você! – disse gargalhando. Ela segurava a mão da Brooke.
- Eu odiei esse seu jogo. Da próxima vez nós vamos jogar o meu jogo. Vamos ver se vocês são tão boas assim. – desafiou a irmã e a namorada. A provocação arrancou um sorriso da Brooke e da mãe deles, que os acompanhava. Eu acompanhava toda a cena sem acreditar. Era difícil pra mim ver a maneira com que a Brooke era tratada pela família do .
- Da próxima vez nós vamos brincar de maquiagem! – argumentou, olhando feio para o irmão.
- Por quê? Você está com medo, garotinha? – provocou novamente a irmã e ela fez careta enquanto o olhava.
- Ok, crianças. Parem de brigar. – A mãe deles interviu. O sorriso havia desaparecido do meu rosto há algum tempo. parecia adorar a Brooke. Isso doeu um pouco mais do que eu havia imaginado.
- Independentemente do que fizermos, nós vamos sempre nos sair melhor do que você. Não é, ? – Brooke estendeu a mão para a cunhada, aguardando um high five. bateu na mão da Brooke e sorriu, se gabando. Eu não conseguia entender por que tudo aquilo estava doendo tanto em mim. Era uma sensação de frustração e decepção.
- Você viu, mãe? É um complô contra mim. – reclamou com a mãe.
- Ah, não fique assim. Você é a minha segunda dupla favorita. – Brooke se aproximou e beijou carinhosamente o rosto do namorado.
- Vocês têm uma festa hoje à noite, não é? – A mãe do perguntou, após ver a demonstração de carinho entre o casal.
- Temos. Aliás, estamos atrasados. – respondeu após olhar no relógio. – Vamos? – Ele olhou pra Brooke.
- Vamos. – Brooke confirmou antes de começar a se despedir. Beijou a sogra, e depois, a cunhada.
- Hey. – agachou-se para falar e se despedir da irmã. – Você pode dormir lá em casa quando quiser, ok? – Ele sorriu ao vê-la sorrir.
- Eu adorei! Eu vou mais vezes se a mamãe deixar. – olhou para sua mãe.
- Vamos combinar outro dia, está bem? – A mãe de piscou um dos olhos para a filha, que comemorou a notícia.
- Ok. Então, vamos. Eu ainda preciso te deixar em casa. – disse, olhando para a namorada. – Tchau, mãe. – Ele beijou a mãe antes de se afastar.
- Até logo. – Brooke acenou antes de se afastar.
- Obrigada pelo batom! – gritou, agradecendo a cunhada. Brooke acenou mais uma vez e entrou no carro do . Ele fez o mesmo e logo deu a partida.

e sua mãe entraram novamente na casa e mesmo não tendo mais motivo algum para me esconder, eu não conseguia sair do lugar. Eu não conseguia lidar com o que eu estava sentindo. Eu estava sem reação. Eu estava tão triste que me faltava até palavras. A relação do e da Brooke já não era uma novidade pra mim, mas a relação dela com a era. A relação que eu e ela tínhamos era única e isso fazia com que eu me sentisse tão importante. Ela sempre foi a maior fã do casal que eu e o costumávamos ser. Agora, ela parecia muito satisfeita com o mais novo casal e isso só me fez ter certeza que a minha ideia de ir pra Atlantic City foi péssima. O estava feliz. Todo mundo estava feliz com o relacionamento dele. Ele finalmente tinha alguém que não o fazia sofrer e que dava a ele nada menos do que amor. Como eu podia cogitar arruinar algo assim?

Mesmo estando ciente de tudo o que a Brooke significava na vida dele, era muito difícil para mim desistir. Doía muito só de pensar. Permaneci atrás da moita, pois simplesmente não sabia como continuar dali. Me sentei ali, tentando controlar o meu emocional, que insistia em encher meus olhos de lágrimas. Ter presenciado aquela cena entre a Brooke e a me tirou qualquer coragem e força que eu tinha para lutar pelo .

Fiquei 5 minutos ali sentada, tentando me acalmar e reorganizar todos os meus sentimentos. Por mim, eu pegaria aquele táxi e pediria para que ele me levasse de volta para o aeroporto. Eu simplesmente não via mais motivos para continuar em Atlantic City. Com um nó na garganta e com as lágrimas presas nos olhos, eu me levantei do chão e peguei o celular que estava no bolso da minha calça. Eu precisava de alguma orientação. Eu precisava que alguém me aconselhasse. Eu precisava da minha melhor amiga.

- Alô. – atendeu, fazendo um sinal de silêncio para o que estava sentado ao seu lado no sofá.
- Oi, . Que bom que você atendeu. – Eu fiquei aliviada em ouvir a voz dela.
- Você está bem? – mostrou-se preocupada na mesma hora. Ela sabia o que eu havia enfrentado durante toda a noite.
- Eu estou bem. Eu acho que estou. Eu... – Eu comecei a dizer, mas a minha voz começou a embargar e eu tive que parar. Engoli o choro para tentar continuar conversando com ela. – Eu decidi. Eu... estou aqui. – Eu disse. levou a mão até a boca, surpresa. arregalou os olhos, sem entender. Ela colocou a ligação no viva-voz para que ele pudesse ouvir também. sabia que tínhamos aquele tipo de intimidade.
- Você está dizendo que... – começou, mas eu não deixei que ela terminasse.
- Eu estou Atlantic City. Eu vim atrás dele. – Eu continuava segurando o choro. e se olharam e lamentaram. Eles sabiam que algo tinha dado errado. – Eu vim até a casa dos pais dele e... ele estava com a Brooke. Eles estavam felizes. A estava tão feliz. – Eu dei indícios de que estava arrependida.
- Você falou com eles? – perguntou.
- Não. Eles não me viram. – Eu expliquei. – Vê-los juntos... me fez questionar tudo. Eu nem mesmo sei o que eu estou fazendo aqui. – Eu estava sendo sincera.
- Ok. Onde você está agora? – quis saber.
- Eu acabei de sair da casa dos pais dele. – Eu disse.
- Você está com o carro? – precisava saber para me dizer o que fazer.
- Não. Eu... estou com um táxi. – Eu expliquei.
- Certo. Dê ao taxista o meu endereço e venha para a minha casa. Eu e o estamos aqui te esperando. – Ela deu a ordem. Não tinha como recusar.
- Ok. Eu... estou a caminho. – Eu não recusei, pois sabia que eu não tinha mais nada a perder.

Assim que desliguei o telefonema, dei mais alguns passos, entrei no táxi e passei o endereço da para o taxista. Mesmo sem me conhecer, ele havia notado a mudança de expressão no meu rosto. Eu não parecia mais tão determinada e ansiosa quanto antes. O taxista notou que alguma coisa havia acontecido e ele viu tudo isso através do seu retrovisor. Minha cabeça estava tão longe, que eu mal notei a pena nos olhos dele.

- Não acredito que ela escolheu mesmo o . – comentou em voz alta. continuava ao seu lado e também estava tentando lidar com a notícia.
- Você está me devendo 20 dólares. – lembrou-se da aposta patética que havia feito com a namorada durante a viagem de volta para Atlantic City naquela manhã. o olhou feio. – Eu só estava te lembrando. – Ele se defendeu.
- O que nós vamos fazer para ajudar ela? – queria decidir antes que eu chegasse.
- Eu não sei. Eu... – ergueu os ombros. Ele não conseguiu pensar em nada.
- Ela veio até aqui pra conversar com ele e agora... parece ter desistido. Eu não sei como encorajá-la a fazer isso. – disse, preocupada.
- E se... ajudássemos ela a ter a oportunidade de conversar com o ? Sem a Brooke, eu quero dizer. – parecia ter alguma ideia em mente.
- Como? Se você contar pra ele que ela está aqui em Atlantic City por causa dele, ele não vai querer encontrar ela. Ele está com a Brooke. – não sabia como a ideia do namorado daria certo.
- Quem falou em contar pra ele? – arqueou uma das sobrancelhas. entendeu na mesma hora qual era o plano do namorado. – Eu vou ligar e pedir pra ele vir aqui. Ela vai estar aqui. – Ele explicou rapidamente.
- Mas e a Brooke? – não conseguia ser tão fria a ponto de ignorar os sentimentos da Brooke. Ela sabia o quanto ela era apaixonada pelo .
- A Brooke não é a minha melhor amiga. – disse com um sorriso forçado.
- Uau! Que sensível, . – rolou os olhos.
- O que? É só uma conversa! Nós só vamos ajudá-los a conversar. – se defendeu.
- Eu sei, mas... você conhece o . Ele é louco pela . Você sabe como isso vai terminar. – explicou a sua preocupação.
- Ele não vai fazer nada sem antes terminar com a Brooke. – argumentou.
- É, ele não vai mesmo. – concordou.
- Nós só precisamos ajudar para que essa conversa aconteça. Nós só precisamos dar um empurrãozinho pra . – mostrou o quanto se preocupava comigo. se sentia da mesma maneira. – Eu vou ligar pra ele. – Ele disse, pegando o seu celular no bolso.

tinha acabado de deixar a Brooke na casa dela. Ele tinha combinado de buscá-la as 6:45 para que ela o acompanhasse na reunião dos ex-alunos. Ele nem ao menos cogitava a possibilidade de me encontrar naquela reunião, por isso, ele não estava preocupado. A única coisa que o deixava um pouco apreensivo era o fato de não ter conseguido contar para a Brooke sobre mim. Ele tinha receio que, por algum motivo, esse assunto viesse à tona em algum momento da reunião. não queria que a Brooke soubesse por outra pessoa, por isso, ele havia decidido que contaria a ela naquela noite, antes da reunião. Brooke era extremamente compreensível e, por isso, ele não estava tão nervoso para ter aquela conversa com ela.

- Fala, . – atendeu a ligação do amigo assim que o seu celular começou a tocar. Ele estava a caminho de sua casa.
- Como você está? – perguntou apenas para não demonstrar tanta afobação.
- Eu estou bem. Estou indo pra casa. Acabei de deixar a Brooke em casa. – contou sem saber que aquelas eram as informações que o queria ouvir. – E você? Já começou a se arrumar para reunião? – devolveu a pergunta.
- Não. Ainda não. – fez careta. Ele não sabia como fazer aquilo sem que soasse estranho. – Ainda está cedo. Eu, inclusive, te liguei pra te chamar pra vir aqui na casa da . – Ele disse, sabendo que não tinha feito um bom trabalho.
- Fazer o quê? – fez careta.
- Eu... preciso conversar com você. – forçou um sorriso para a namorada. Ele sabia que não estava se saindo bem.
- Nós já estamos conversando, né? – estranhou a conversa do amigo.
- Precisa ser pessoalmente. – insistiu.
- Você está brincando, né? – estava quase chegando em sua casa. Ele não acreditava que o amigo o faria voltar.
- Não. Eu estou falando sério. Venha logo. Eu estou te esperando. – tentou ser mais direto.
- É bom que seja muito importante. – disse em tom de ameaça. – Vou fazer o retorno. Estou indo. – Ele disse, antes de desligar a ligação.
- Ele está vindo. – afirmou, apreensivo. Ele ainda não tinha certeza se chamá-lo até lá tinha sido uma boa ideia.
- A vai nos matar. – concluiu, nervosa.
- Ela vai matar você, porque o já vai ter me matado antes. – disse de maneira tão natural, que fez a namorada rir.
- E se eles chegarem juntos? – cogitou a possibilidade.
- Pela distância, o deve chegar antes. – afirmou. – Sua família só vai chegar à noite mesmo, não é? – Ele quis ter certeza.
- Sim, só a noite. – confirmou na mesma hora. – Quando ele chegar, podemos levar ele para o meu quarto. Inventamos alguma coisa e pedimos para ele esperar lá. Quando a chegar, explicamos para ela e pedimos para ela ir até lá. – Ela explicou o plano que havia arquitetado.
- A ideia é ótima, mas... será que ela não vai perceber que o carro dele vai estar estacionado aqui na frente? – fez careta.
- Ela está tão perturbada que não vai nem notar. Eu a conheço. – disse com toda a certeza.
- Você tem razão. – concordou.

e eu estávamos a caminho do mesmo lugar e não fazíamos a menor ideia disso. sabia que para o amigo tê-lo chamado até a casa da , o assunto era importante, mas ele não cogitou em nenhum momento que eu estivesse envolvida. Eu estava indo para a casa da para ser consolada e para me despedir, porque nem na reunião de ex-alunos eu pretendia ir. Eu havia decidido que iria da casa da direto para o aeroporto.

e estavam muito ansiosos e nervosos pela chegada do . Mesmo calculando a rota e a distância de onde estávamos, eles ainda tinham receio que o nosso reencontro fosse no meio da calçada da casa da . Além disso, eles também estavam receosos com a conversa que eu e o teríamos. Eles sabiam o quanto seria importante e definitiva aquela conversa. De dentro da casa, eles ouviram o barulho de uma porta de carro sendo batida. O barulho fez que que e pulassem do sofá. Ela foi até a janela e olhou discretamente através da cortina e viu que o estava vindo na direção de sua casa.

- É o ! – sussurrou para o namorado.
- Certo. Deixa que eu falo. – sabia muito bem como lidar com o melhor amigo.
- Não demore. A vai chegar a qualquer momento. – sussurrou novamente.
- Certo. – concordou, preparando-se para abrir a porta. – Mantenha-se séria. – Ele pediu para a namorada antes de abrir a porta. Ficou ali parado esperando que o amigo se aproximasse. Ele vestia um jeans escuro, um tênis velho, uma camiseta branca e por cima um moletom preto de zíper. As mãos estavam no bolso do moletom.
- E aí? – cumprimentou o amigo logo na entrada da casa.
- E aí? Entra. – precisava levá-lo para dentro da casa o mais rápido possível. - E a ? – estranhou o fato da amiga não estar lá, já que a casa era dela. – Ah, você está aí. – Ele a encontrou logo que entrou na casa. Ele a cumprimentou com um beijo no rosto, enquanto o fechava a porta.
- Oi, . – sorriu fraco ao vê-lo. Ela estava muito nervosa.
- Então... vocês queriam falar comigo, não é? Eu não estou vendo a casa pegando fogo ou alguém morrendo. – brincou, referindo-se à urgência que o havia mencionado no telefone.
- Eu... – antecipou-se, pois não queria que a se comprometesse. – Eu que queria falar com você. Eu só te chamei aqui porque... a está sozinha e eu não queria deixá-la aqui. Achei melhor pedir para você vir até aqui. – Ele se explicou e recebeu olhares feios da namorada. Ele estava demorando muito para levar o até o quarto dela.
- Ok, você está me assustando. – ficou mais sério. Que assunto era aquele que não podia ser adiado?
- Eu não quero falar na frente da . – fez careta. – Você não se importa, não é? – Ele olhou para a namorada, que atuou perfeitamente ao concordar com a cabeça com uma expressão de desconfiança. – Eu preciso ir ao banheiro e... te encontro no quarto dela. Me espera lá, ok? – afirmou com a expressão séria.
- Está bem. Eu... posso... – apontou na direção que ficava o quarto da amiga. Ele estava realmente preocupado com a gravidade do assunto e por isso não questionou absolutamente nada.
- Claro. Fica à vontade. – afirmou com a cabeça na mesma hora.

caminhou até o quarto, enquanto ficava tentando adivinhar que assunto importante era esse que o tinha que falar com ele. Ele sabia que alguma coisa séria tinha acontecido, mas ele não conseguia pensar em nada. Pensou que alguma coisa poderia ter acontecido com algum familiar, mas em seu celular não tinha nenhuma ligação perdida. Se fosse realmente um caso de vida ou morte, alguém já teria ligado para ele. Pensar dessa forma deixou o um pouco mais tranquilo. Ele entrou no quarto da amiga e fechou a porta. Ele faria o que o amigo tinha pedido.

- Coitado. Ele realmente está pensando que é uma coisa importante. – disse se sentindo culpada.
- Mas é uma coisa importante! Só que... envolve uma pessoa que ele nem imagina. – disse, tentando melhorar a situação.
- E o que vamos dizer pra ? – sussurrou. O quarto ficava um pouco longe da sala, mas ela estava sussurrando sem nem perceber.
- A verdade. Não vai dar para mentir pra ela. O máximo que ela pode fazer é ir embora. – ergueu os ombros.
- Espera. Um barulho de carro. – ficou em alerta ao ouvir um barulho vindo do lado de fora da casa. Ela checou novamente na janela e confirmou o que já esperava: eu tinha chegado. – Ela chegou. – levou uma das mãos até o rosto.
- Calma, amor. – foi até a namorada.
- Eu estou nervosa. Estou nervosa por ela. – disse, aflita.
- Ela vai ficar bem. Estamos aqui pra garantir isso. Independentemente do que aconteça. – acariciou o rosto da namorada e selou rapidamente os seus lábios.

Desci do táxi sem qualquer tipo de esperança. Eu já tinha certeza que a minha ida até a Atlantic City tinha sido em vão. Peguei a minha pequena bagagem e paguei o taxista após agradecê-lo imensamente por toda a paciência que ele teve comigo. Com a bagagem em uma das mãos e a minha bolsa pendurada em um dos ombros, eu fui andando na direção da porta da casa da minha melhor amiga. Estava sendo difícil lidar com a pena que eu estava sentindo de mim mesma. A porta da casa foi aberta antes mesmo que eu chegasse até ela. Ver a me esperando na porta me fez sentir um alívio enorme. Minha vida amorosa continuava um desastre, mas estar perto dela tornava tudo um pouco menos difícil.

- Aqui estou eu. – Eu ergui os ombros ao parar na frente da . – Mais uma péssima decisão minha. Mais uma desilusão amorosa. – Eu literalmente sorri para não chorar. Eu não tinha mais lágrimas para chorar. Meu emocional já estava destruído demais.
- Não fale assim. – me olhou com desaprovação. – Vem aqui. – Ela se aproximou e me abraçou. Eu a apertei forte e fechei os olhos, pois não queria correr o risco de chorar. Não demorou para que eu sentisse os braços do ao nosso redor.
- Eu sei que eu já disse isso milhões de vezes, mas eu realmente não sei o que eu faria sem vocês. – Eu senti a minha voz embargar, mas me esforcei para engolir o choro.
- Vai ficar tudo bem. – beijou a minha cabeça.
- Vem. Vamos entrar. – segurou a minha mão e me levou para dentro da casa.
- Então, como foi? – queria que eu me abrisse. Ele sabia que eu precisava.
- Eu fui até a casa dos pais do e quando eu estava prestes a bater na porta, eu notei que estavam saindo da casa. Eu me escondi e de onde eu estava, eu vi tudo o que eu já sabia, mas eu não queria enxergar. – Eu rolei os olhos. – Ele seguiu em frente. Ele está feliz. Todo mundo está feliz por eles. É isso. Eu vou ter que aceitar. – Eu tentei parecer conformada, mas estava doendo muito por dentro.
- Você não sabe. – tentou me dar um pouco esperança.
- Eu vi. Ninguém me contou. Eu vi. – Eu afirmei. – Eu conheço o . Ele está feliz. A Brooke faz bem pra ele. – Eu estava completamente decidida.
- Você também o fez feliz, . Você também fez bem pra ele. Isso não significa nada. – argumentou. Eles já estavam me preparando para o que estavam prestes a me contar.
- Eu sei, mas... junto com a nossa felicidade veio muito sofrimento, dor, ódio, brigas e decepções. Talvez, a Brooke seja uma versão minha que não inclui a parte ruim, sabe? Sem os problemas. – Eu tentei colocar em palavras o que eu estava sentindo. Eu queria que eles me entendessem.
- Mas, mesmo assim, ele quis ficar com você, não é? Ele lutou até o último minuto por você. Mesmo com os problemas, as brigas e as decepções. Ele quis ficar com você. – referiu-se ao dia em que o se declarou e eu acabei optando por ficar com o Mark.
- Isso foi antes da Brooke. É diferente agora. – Eu neguei com a cabeça.
- E daí? – ergueu os ombros. – Ela não é você! – Ele fez questão de ressaltar.
- Você fala isso como se fosse uma coisa boa. – Eu neguei com a cabeça. – Droga. Até a irmã dele gosta dela. Eu gosto dela! – Eu apontei pra mim mesma em meio a um fraco sorriso. Vi o e se entreolharem. – Gente... – Eu percebi que eles estavam preocupados e eu quis tranquilizá-los. – Eu sei que vocês estão tentando me ajudar. Eu sei que vocês torcem por mim, por nós dois, mas... Eu tomei uma decisão no dia em que eu disse para ele que ia ficar com o Mark. Agora, eu estou arcando com as consequências. Eu sei disso. – Eu fui até eles e segurei a mão dos dois. – Está tudo bem. Eu juro. Eu estou pronta para lidar com essas consequências. – Eu disse, olhando para eles com carinho. Eu realmente queria deixá-los tranquilos.
- E você vai fazer isso sem antes falar com ele? Você não vai nem ao menos tentar? Você vai simplesmente desistir? Não vai lutar por ele? – não havia desistido.
- Talvez, eu devesse. Eu prometi a uma pessoa que faria isso. – Eu sorri involuntariamente ao falar do Mark. – Mas, depois de hoje, depois do que eu vi, eu não sinto que eu tenho chance. Eu não sinto que é justo com ele. Eu não vou destruir a felicidade dele por causa de uma promessa idiota. – Eu continuava decidida. – Eu tentei conversar com ele e... eu sinto que... não ter conseguido fazer isso foi a melhor coisa que poderia ter me acontecido. – Eu continuava soando mais conformada do que eu realmente estava. – Talvez, tenha sido o destino. Eu não sei. – Eu neguei com a cabeça, pois realmente achava que aquilo não faria a menor diferença naquele momento.
- E se o destino desse uma outra chance para vocês conversarem? – aproveitou a deixa para entrar no assunto.
- Não. Eu... não vou ficar para reunião dos ex-alunos. – Eu deduzi que eles estavam falando da reunião. Eles continuaram me olhando, como se estivessem tentando me dizer alguma coisa. – Eu... não entendi. – Eu fiquei confusa. O que eles estavam querendo dizer?
- E se... o destino fossemos.... nós? – sorriu em meio a uma careta. Eu entendi imediatamente o que eles queriam dizer. Pelo menos, eu achei que tivesse entendido.
- Vocês estão pensando em trazer ele aqui? Vocês estão malucos? Não. – Eu neguei na mesma hora. No primeiro momento, soou como a coisa mais absurda do mundo pra mim.
- E se eu te dissesse que ele... já está aqui? – Mais um sorriso desconsertado do . Meu coração parou.
- Vocês... – Eu perdi até o rumo. – Vocês estão brincando, não é? – Eu perguntei e continuei olhando para eles, esperando que um deles desmentisse. A expressão no rosto da foi a confirmação que eu precisava. – Meu Deus. Vocês não estão brincando. – Eu levei uma das mãos até a boca. Fiquei olhando para eles sem conseguir falar, andar ou correr. Eu estava em choque.
- Ele está no meu quarto. – apontou na direção em que seu quarto ficava.
- Eu acho que vou vomitar. – Eu estava em pânico. Levei as mãos até a minha cabeça. O coração estava disparado e as pernas bambas.
- Ok. Ok. Calma. – foi até mim com o objetivo de me acalmar.
- Como vocês fizeram isso? Como vocês trouxeram ele até aqui? Ele estava com a Brooke. A Brooke.... – Eu comecei a fazer milhões de perguntas por segundo.
- Não. Claro que não. Ele está sozinho. – negou. – Eu o chamei com a desculpa de que eu queria conversar com ele. – Ele explicou.
- Eu... – Eu neguei com a cabeça, sem acreditar. – Eu não... – Olhei para os meus amigos. – Eu não consigo fazer isso. – Eu simplesmente me virei e sai andando na direção da porta.
- Não. . – foi atrás de mim na mesma hora. Ela entrou na minha frente.
- Eu sei que você está nervosa. Eu sei. – tocou os meus ombros. – , pega um copo de água pra ela. – Ela pediu, deixando de me olhar por um momento.
- Eu já tinha desistido de falar com ele. Eu já tinha decidido que não faria isso. – Eu me justifiquei, ainda em pânico.
- Eu sei disso. – afirmou com a cabeça.
- Aqui está a água. – estendeu a bebida na minha direção.
- Obrigada. – Eu agradeci, antes de beber o copo em um só gole. e se olharam.
- Ok. Respira. – pediu, me olhando séria. Eu continuei olhando para ela, enquanto respirava fundo. Afirmei com a cabeça, como se dissesse para ela que eu estava bem. – Eu sei que você tinha desistido de tudo isso. Eu sei que o que você viu na casa dos pais dele te assustou e te frustrou de todas as maneiras possíveis, mas... pare para pensar por um momento. – pediu. estava ao lado dela. – Você veio até aqui por isso, certo? Mesmo sabendo o que encontraria, você veio. O que você tem a perder? – Ela perguntou, me encorajando.
- Minha dignidade? Meu orgulho? – Eu cheguei a esboçar um sorriso nervoso.
- E você acha que ele vale a pena? – arqueou uma das sobrancelhas. A pergunta dela foi como um chute no meu estômago. Eu queria responder que não, mas eu não conseguia. Ele valia a pena. Ele significava o mundo para mim.
- Certo. – Eu cedi simplesmente porque eu não tinha mais argumentos ou motivos para não fazer aquilo. – Eu vou. – Eu afirmei.
- Você está fazendo a coisa certa. – sorriu, afirmando com a cabeça.
- O que eu falo para ele? – Eu não conseguia pensar em nada.
- Fala o que você veio até aqui para falar. Quando você o ver, você vai saber o que dizer. – sorriu e piscou um dos olhos pra mim.
- Ok. – Eu afirmei com a cabeça.
- Leve o tempo que precisar. – quis me deixar confortável para ter aquela conversa tão difícil.
- Obrigada. – Eu agradeci antes de deixar de olhá-los. Comecei a andar na direção em que o quarto ficava. Meu coração estava apertado.

3.

Estávamos sentados na mesa de uma das nossas pizzarias favoritas. estava do meu lado e conversava empolgadamente sobre a última vitória do Yankees com os meninos. As garotas conversavam sobre o último álbum que o Nickelback havia lançado. Era indescritível a minha alegria ao ver todos os meus amigos reunidos naquela mesa. Eu já nem me lembrava qual era a sensação de morar na mesma cidade que eles e pensar que poderíamos nos ver ou nos reunirmos quando quiséssemos.

Estar ali me deixou muito feliz. A aliança de casamento estava em meu dedo e notei que também estava no dedo do . e , e e e Meg também tinham alianças em seus dedos. Aparentemente, todos estavam casados. Aquilo era insano. Éramos 4 casais casados que saíram para jantar em uma quinta-feira à noite. O que poderia ser melhor do que aquilo?

Terminamos de jantar e nos despedimos. e eu fomos conversando no caminho até o carro e continuamos a conversa durante o trajeto até a nossa casa. Sim. Nossa casa de quintal grande. Dá para acreditar? Descemos do carro e no momento em que eu bati a porta do carro, senti uma horrível tontura. Me apoiei no carro e tentei disfarçar, pois não queria que o percebesse. Era besteira. Ele não precisava ficar preocupado. Consegui andar até a porta e quando parei na frente dela, senti uma nova tontura. Como não tinha outro lugar para segurar, tive que me segurar no .

- Você está bem? – mostrou-se preocupado na mesma hora.
- Estou. Foi só uma tontura. – Eu sorri, levando uma das mãos até a cabeça. Tentei soltá-lo, mas o não permitiu. Ele fez questão de me guiar até o sofá, onde nos sentamos.
- Hey! Olha pra mim. Você está bem mesmo? – Ele ficava tão adorável quando ficava preocupado comigo.
- Eu estou bem! Não precisa ficar tão preocupado. – Eu sorri ao sentir que já havia me reestabelecido. Segurei o rosto dele e beijei carinhosamente o seu rosto e depois os seus lábios. – A tontura já passou. Eu juro. – Mesmo depois do beijo, ainda senti que ele estava preocupado.
- O que você está sentindo? – insistiu no assunto.
- Eu estou sentindo... – Eu comecei a dizer, enquanto sorrateiramente me sentava em seu colo, de frente para ele. – Que hoje a nossa noite vai ser boa. – Eu passei meus braços em volta do pescoço dele e comecei a selar os lábios dele, enquanto ele sorria e me olhava com os olhos cerrados. Eu continuei distribuindo beijos pelo seu rosto e pelo seu pescoço em meio a risos até o momento que ele acabou cedendo as minhas investidas.

Após alguns beijos calorosos, decidimos ir para o quarto. Fomos grudados até o quarto, enquanto trocávamos beijos e mãos bobas. Assim que entramos no nosso quarto, fomos nos dirigindo até a cama. Nesse momento, eu voltei a sentir que alguma coisa estranha estava acontecendo. Ele parou de beijar a minha boca e passou a beijar o meu pescoço. Um desconforto no meu estômago me tirou a concentração. Eu tentei ignorar, mas não estava conseguindo. estava tão empolgado que demorou para perceber. Uma mistura de azia e enjoo deixou tudo ainda mais desconfortável. Eu me esforcei para disfarçar, mas chegou em um ponto que eu já não conseguia. O enjoou piorou muito e, em momento de desespero, empurrei o corpo do para afastá-lo e corri para o banheiro. Sem entender nada, ficou alguns segundos parado no meio do nosso quarto. Ele se perguntava se tinha feito alguma coisa errada. foi atrás de mim para saber o que tinha acontecido e ao se aproximar da porta do banheiro, ele me ouviu colocar tudo o que eu tinha comido para fora. Na hora, ele ficou desesperado.

- ! – Ele chamou por mim, quando não ouviu mais barulho algum vindo de dentro do banheiro. – Amor, está tudo bem? – Ele bateu na porta. – Abre a porta para eu poder te ajudar. – Ele pediu, preocupadíssimo.

Sentada no chão do banheiro, eu me perguntava o que estava acontecendo comigo. Mesmo sendo médica, o primeiro diagnóstico que me veio à cabeça foi intoxicação alimentar. A pizza realmente não tinha me caído bem. Naquele momento, fez muito sentido para mim. Especialmente porque o enjoou passou, depois que eu havia colocado tudo o que eu havia comido para fora. Eu estava me sentindo melhor.

- Abre a porta. – pediu, batendo pacientemente na porta.
- Eu estou bem. – Eu gritei, me levantando do chão. Aquele cheiro forte estava me dando enjoou novamente e eu me vi obrigada a tomar outro banho. – Eu vou tomar banho. Eu já saio. – Eu disse, atrás da porta.

Só pela minha voz, conseguiu acreditar que eu estava falando a verdade e que eu estava bem. Ele se afastou do banheiro e voltou para o nosso quarto para me esperar. Eu tomei um banho rápido e passei alguns minutos escovando os dentes para me certificar que eu não sentiria qualquer vestígio daquele gosto horrível. Como eu estava sem opções de roupa, vesti por cima da minha lingerie uma camiseta que o havia esquecido no banheiro. Ao sair do banheiro, me dirigi ao nosso quarto e encontrei o deitado na cama. Ele se sentou imediatamente ao me ver.

- E então? Como você está? – continuava preocupado.
- Eu acho que alguma coisa daquela pizza não me caiu bem. – Eu disse, me aproximando da cama. – Provavelmente tinha alguma coisa estragada, não sei. – Eu não demonstrei qualquer tipo de preocupação. – Na hora em que eu comi, eu já senti que tinha alguma coisa errada. – Eu expliquei, me sentando ao seu lado na cama.
- Tem certeza? Nós podemos ir ao médico se você quiser. – Ele sugeriu.
- Não. Não é necessário. Sério. – Eu neguei com a cabeça. – Eu só quero ficar aqui com você. – Eu esbanjei um fraco sorriso.
- Está bem. – sorriu de maneira boba, levando sua mão até o seu rosto e o acariciando. – Eu odeio te ver assim. – Ele se aproximou, selando carinhosamente os meus lábios. – Vem. – Ele se afastou, mas segurou a minha mão para me levar com ele. Ele se deitou na cama e eu me deitei ao seu lado, colocando a minha cabeça em seu peito e parte do meu corpo em cima do corpo dele. – Eu vou cuidar de você. – Ele sussurrou, beijando o topo da minha cabeça. Ele me acolheu em seus braços e passou a acariciar o meu cabelo. fez isso até ter certeza de que eu havia dormido, ou melhor, até o filme que estava passando na TV acabar.

Na manhã seguinte, acordei mais disposta do que eu imaginava. Como sempre, tive que acordar o com beijos, porque ele simplesmente se recusava a acordar ao toque do despertador. Talvez, ele fizesse isso de propósito e ignorasse o despertador para me ter como seu despertador. Ele simplesmente adorava ser acordado com os meus beijos.

Ao me levantar da cama, senti uma leve tontura, que não foi sequer notada pelo . Continuei a minha rotina matinal, pois eu tinha o dia todo de trabalho pela frente. Quando eu já estava pronta, fui até a cozinha para preparar o café. Eu e o revezávamos essa tarefa durante a semana e aquele era o meu dia. Coloquei a mesa, fiz o café, preparei a torrada e até pensei em fazer panquecas, mas só de pensar no cheiro de panqueca, o meu estômago já embrulhou. Provavelmente, ainda era uma consequência da pizza estragada da noite anterior. De repente, uma nova tontura veio à tona, mas dessa vez de maneira mais forte. Me segurei na bancada da cozinha para não cair. Tudo a minha volta girou e, por um momento, a minha visão escureceu. Por sorte, estava entrando na cozinha no momento que isso aconteceu.

- ! – correu para me segurar. Ele me colocou sentada na cadeira e puxou uma outra cadeira para se sentar na minha frente. – O que você está acontecendo com você? – Ele quis saber.
- Foi uma outra tontura. Eu acho que estou com fome. Pode ser que a minha pressão tenha caído. – Eu disse, tentando me recompor.
- Ok. Agora eu estou falando sério. Vamos ao médico. Isso não pode ser normal. – insistiu no assunto que havia começado na noite anterior.
- Escuta, eu vou trabalhar e prometo medir a minha pressão lá. Se a tontura se repetir, eu peço para algum outro médico me avaliar. – Eu dei a solução que ele queria ouvir.
- Promete? – sabia o quanto eu era teimosa.
- Prometo. – Eu afirmei, esticando a minha mão para tocar a mão dele. Ele sorriu e se aproximou para selar os meus lábios. – O que temos aqui? – Ele perguntou, olhando para a mesa de café que eu havia preparado.
- Fiz as torradas que você tanto gosta. – Eu sorri, ao ver a alegria no rosto dele ao ver as torradas.
- Você é mesmo maravilhosa. – se aproximou e beijou a minha cabeça, enquanto se levantava para pegar as torradas. Ao me ver ficar imóvel, ele estranhou. – Você não vai comer nada? – Ele perguntou.
- Eu não sei. Nada nessa mesa me agradou. – Eu fiz careta, sem vontade alguma de comer.
- Você não disse que estava com fome? – me olhou, sem entender nada.
- Acho que estou com receio de comer e passar mal de novo. – Eu deduzi.
- Você precisa comer. – me julgou com os olhos.
- Eu sei, eu sei! Eu prometo que compro alguma coisa na lanchonete do hospital, ok? – Eu sabia que ele estava certo. – Agora, eu vou indo porque tenho paciente agendado para as 8. – Eu me levantei da cadeira e fui até a sala buscar a minha bolsa. Enquanto eu me afastei, comeu rapidamente o resto de sua torrada e tomou o seu café. Eu já estava voltando para a cozinha com a bolsa e a chave do carro em mãos para me despedir dele, quando o encontrei no meio do caminho. – Ei. – Ele tirou a chave do carro da minha mão.
- Você acha mesmo que eu vou deixar você sair dirigindo com essas tonturas que você anda sentindo? – perguntou retoricamente. – Eu vou te levar. – Ele se antecipou, pegando o seu casaco que estava em cima de um dos móveis da sala.
- Você tem certeza? Não vai te atrapalhar? – Eu amava quando ele ia me levar no trabalho, mas por causa do horário, isso não acontecia com tanta frequência.
- É claro que não. – respondeu, me olhando. – O que foi? – Ele sorriu, sem entender o porquê de eu estar olhando para ele daquele jeito.
- Eu não acredito que tenho o melhor marido do mundo. – Eu disse, fazendo ele rir. Ele se aproximou, parou na minha frente e colocou seus braços em volta da minha cintura, colando o meu corpo ao dele. Ele selou os meus lábios.
- Se eu me casei com a melhor, eu também tenho que ser o melhor, não é? – disse, me olhando de bem perto. Trocamos sorrisos antes de eu selar novamente os seus lábios e logo em seguida engatar um beijo. Como estávamos com pressa, ele começou a andar em direção a porta durante o nosso beijo. O meu riso interrompeu o beijo.
- Estamos com pressa, né? Eu já entendi. – Eu o beijei rapidamente pela última vez, antes de tirar os meus braços que estavam em volta do pescoço dele.
- Te recompenso mais tarde. – riu, piscando um dos olhos para mim, me fazendo rir.

Juntamos nossas coisas e seguimos juntos para o carro do . Ele me deixou no hospital e antes do nosso beijo de despedida, ele pediu que eu ligasse para ele se qualquer coisa acontecesse. Ele também me lembrou de comer, é claro. Nos despedimos com o beijo de sempre e dissemos o nosso corriqueiro ‘eu te amo'.

Cheguei no hospital completamente disposta. Nem parecia que eu havia sentido qualquer coisa nas últimas 24 horas. Eu estava tão bem, que achei que não fosse necessário comer. Afinal, eu não estava sentindo fome. Segui para o meu consultório, mas antes de entrar, parei no consultório ao lado, que era onde a Meg atendia.

- Bom dia, Meg. – Eu disse ao entrar na sala, depois de bater algumas vezes na porta.
- Bom dia. Que inveja desse seu bom humor matinal. – Meg me olhou em meio a uma careta.
- Hoje é sexta-feira, querida. Você sempre vai me ver de bom humor na sexta-feira. – Eu ri, me sentando na cadeira que ficava em frente a sua mesa.
- Acho que bebi muitos drinks ontem. Estou de ressaca. – Meg levou as mãos até a sua cabeça e a massageou.
- Eu passei muito mal com aquela pizza ontem. Você não? – Eu perguntei.
- Para mim, foram os drinks. – Meg afirmou. – Mas você está bem? Tomou alguma coisa para melhorar? – Ela perguntou, preocupada.
- Não tomei nada. Não foi necessário. – Eu não estava levando o assunto muito a sério. A conversa foi interrompida quando uma secretária entrou na sala avisando que a primeira paciente da Meg havia chegado. – Depois conversamos. – Eu me levantei rapidamente, pois não queria atrapalhá-la. Trabalho era trabalho.
- Beijo. – Meg jogou um beijo de longe ao me ver sair às pressas da sala.

Fui para o meu consultório e depois de confirmar que a minha primeira paciente havia chegado, eu comecei o meu atendimento. Entre o terceiro e o quarto paciente, eu comecei a sentir que já não estava 100%. Eu não estava me sentindo bem, mas eu não conseguia identificar ao certo os meus sintomas. Era uma mistura de azia com fraqueza. Eu tentei continuar o meu atendimento mesmo com os sintomas, mas depois do quinto paciente eu percebi que eu estava piorando. Eu tinha picos de tontura e elas pioravam cada vez mais. Isso me deixou em estado de alerta. Eu precisava avisar alguém. Meg foi a minha primeira opção. Sai do meu consultório me segurando em qualquer coisa que eu encontrasse pela frente. Minha visão se escurecia de repente e eu comecei a sentir que eu ia desmaiar. Cheguei no consultório da Meg a tempo. Foi uma questão de segundos. Eu entrei na sala dela e cai no chão completamente desacordada. Meg correu para me socorrer e ela fez o meu primeiro atendimento ali mesmo.

- EU PRECISO DE AJUDA AQUI! – Meg gritou do lado de fora do consultório. No momento em que ela gritou, vieram médicos e enfermeiros ao meu socorro.

Foram quase 10 minutos desacordada. Os 10 minutos em que eu fiquei cercada de companheiros de profissões e enfermeiros que fizeram dezenas de exames em mim para tentar diagnosticar o problema. Meg se antecipou e ligou para o para contar o que tinha acontecido. Ele estava no meio de uma reunião, mesmo assim ele largou tudo e todos e foi às pressas para o hospital.

Eu já tinha acordado há uns 15 minutos, quando a Meg veio até mim para me informar que o tinha acabado de chegar e que estava maluco lá fora querendo me ver e querendo saber notícias sobre o meu estado de saúde. Os meus colegas de profissão que eram mais próximos de mim já haviam se reunido comigo e já haviam me dado o diagnóstico que havia me causado todos aqueles sintomas. Eu tinha passado os últimos 10 minutos chorando loucamente, mas quando a Meg me falou que o estava lá, eu engoli o choro e tentei me acalmar.

- Como ele está? – Eu perguntei para a Meg, que estava toda boba.
- Ele está muito nervoso. Até eu estou com dó. – Meg segurou o riso.
- Pede para ele entrar, por favor. – Eu pedi, tentando conter a minha emoção.
- Eu peço. Vou deixar vocês sozinhos. – Meg sorriu, antes de sair da sala. Ela encontrou o completamente angustiado sentado na sala de espera.
- Meg! Me dá notícias dela, por favor. Eu sei que tem alguma coisa acontecendo. – abordou a amiga assim que a viu.
- Calma, Jonas. Você vai falar com ela. – Meg manteve-se séria.
- Eu posso? Onde ela está? – levantou-se na mesma hora.
- Na sala 3, ali. – Meg apontou. – Mantenha a calma. Você deve acalmá-la e não a deixar mais nervosa. – Ela disse, mas ele nem ao menos ouviu. Ele foi direto para a sala que ela havia apontado. estava muito nervoso e apreensivo. Ele tinha certeza que a notícia não seria boa. Ele estava com esse pressentimento ruim desde a noite anterior. entrou no quarto e ao me ver deitada naquela maca, ele ficou muito desesperado. Eu olhei para ele e vi nos olhos dele o quão preocupado ele estava. Ele andou imediatamente até mim e eu me sentei na maca para poder conversar direito com ele.
- Oi, linda. – tentou parecer calmo para não me deixar mais nervosa. Ele sorriu, se aproximando e selando duas vezes os meus lábios. – Que susto você me deu. Como você está? – Ele me olhou dos pés à cabeça para se certificar que estava tudo bem.
- Eu... estou me recuperando, mas eu vou ficar boa. – Eu sorri para ele, me segurando para não chorar. Estava sendo muito difícil para mim me conter daquela maneira.
- Eu vim o mais rápido que eu pude, mas só me deixaram te ver agora. – disse, ficando de frente para mim.
- Eles estavam fazendo alguns exames para tentar descobrir o que causou todos esses sintomas. – Eu expliquei, vendo aquela expressão apreensiva em seu rosto. Ele estava aterrorizado.
- E eles descobriram? – era tão adorável tentando se fazer de forte. Senti meus olhos se encherem de lágrimas, enquanto eu o encarava de perto. Levei uma das minhas mãos até o rosto dele e acariciei o seu cabelo, entrelaçando meus dedos nele. Eu amava aquele homem com tudo o que eu tinha e dar aquela notícia para ele me deixava tão emocionada.
- Eles descobriram sim. – Eu afirmei com a cabeça e as minhas lágrimas fizeram com que os olhos dele se enchessem de lágrimas também. Ele achou que a notícia era a pior possível. Ele ficou me olhando, tentando buscar respostas nos meus olhos.
- É coisa séria, não é? – perguntou, segurando-se para não chorar.
- Sim. É muito sério. – Eu afirmei. Eu não estava mentindo. – Eu nem sei como te dizer isso. – Eu neguei com a cabeça, passando as mãos pelos meus olhos para secar as lágrimas.
- Não importa. – se sentia na obrigação de me acalmar, mesmo estando muito nervoso. – Olha pra mim. – Ele pediu e voltei a olhá-lo. – Não importa o que seja, nós vamos enfrentar isso juntos. Eu prometo que vamos enfrentar juntos. – Ele afirmou, tentando me passar toda a segurança que eu precisava.
- Eu sei que vamos. – Eu concordei com um fraco sorriso. Ele passou sua mão pelo meu rosto para secar as lágrimas que haviam escorrido por ele.
- Me conta. – pediu, me olhando com cara de choro. – É alguma coisa com a sua cabeça, não é? – Ele deduziu por conta das tonturas e por causa de todo o meu histórico com perdas de memórias.
- Não é nada com a minha cabeça. – Eu neguei, deixando ele um pouco perdido. Ele continuou me olhando, esperando que eu lhe dissesse onde era o meu problema. Eu já não conseguia vê-lo tão angustiado. Levei uma das minhas mãos até a mão dele e a segurei. Olhei e sorri para o pela última vez, antes de abaixar a minha cabeça para acompanhar o trajeto que a minha mão faria. Ainda segurando a mão dele, eu a conduzi até a minha barriga. – É aqui. – Eu disse e imediatamente voltei a olhá-lo, pois não queria perder a reação dele. Os olhos dele também acompanharam as nossas mãos e quando ele finalmente se deu conta sobre o que se tratava, voltou a me olhar. Havia um sorriso no rosto dele, mas a expressão de choque continuava lá
- Você... – estava tão em choque, que mal conseguiu terminar a frase.
- Sim. – Eu confirmei com o rosto completamente cheio de lágrimas. – Você vai ser pai, Jonas. – O sorriso que ele deu ao receber a notícia foi inexplicável. Foi uma mistura de alegria, emoção e surpresa.
- Você está falando sério? Não brinca comigo! – achou que eu pudesse estar brincando.
- Eu estou falando sério! – Eu comecei a rir.
- Eu vou ser pai. – disse em voz alta para ver se conseguia acreditar na notícia. Ele estava anestesiado. – Eu... vou ser pai. – Ele repetiu com um sorriso enorme e com os olhos cheios de lágrimas.
- E eu vou ser mãe. – Eu estava tão boba quanto ele. Eu nunca tinha visto ele tão feliz. Ele estava rindo à toa, quando se aproximou para me abraçar e me beijar. Depois de beijar os meus lábios, ele distribuiu beijos por todo o meu rosto, me fazendo rir. – Você está feliz? Estava com medo da sua reação. – Eu fui sincera, olhando para o rosto dele de bem perto.
- Eu estou feliz. Estou feliz por mim, por você e por nós. – confirmou, colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. Ele deixou de me olhar ao abaixar a cabeça para olhar para a minha barriga. Ele se abaixou para ter uma visão melhor da barriga e a tocou com suas duas mãos. – Hey, baby. Saiba que você já é muito amado aqui fora. – Eu acariciei o seu cabelo, enquanto ele conversava com a minha barriga. O sorriso bobo não saia do meu rosto. – Você tem muita sorte, sabia? Vai ter a mãe mais bonita e mais incrível de todas. – Ele levantou a sua cabeça por um momento para me olhar. Ambos estávamos emocionados. – E eu vou dar o meu melhor para ser o melhor pai do mundo para você. Eu prometo. – beijou a minha barriga e, em seguida, se levantou para voltar a me dar atenção.
- Eu amo você. – Eu me declarei. Ele se aproximou e me beijou novamente da maneira mais carinhosa de todas.
- Eu amo você. Muito. – respondeu, antes de me beijar novamente. – Esse é o melhor presente que você poderia me dar. – Ele me disse entre um beijo e outro.

-

Se não fosse pela coleção de álbuns dos Beatles que a tinha em sua prateleira, já teria ido atrás do há alguns minutos. Ele ficou fascinado com os álbuns e acabou se distraindo mais do que imaginava. A prateleira ficava de frente para a porta, o que significava que ele estava de costas para a porta. Ele já nem lembrava que o tinha um assunto extremamente importante para falar com ele.
Eu havia caminhado até a porta do quarto da e estava parada na frente dela há uns 5 minutos. Saber que o estava atrás daquela porta me fazia estremecer de todas as maneiras possíveis. Em alguns momentos, eu achava que era melhor entrar de uma vez e falar tudo o que eu precisava, mas em outros momentos eu achava que ainda dava tempo de sair correndo dali. Eu queria tanto vê-lo. Independentemente do que ele me dissesse, eu queria vê-lo e tê-lo olhando para mim. Sentir o olhar dele sobre mim. Eu definitivamente queria sentir isso de novo. Foi isso o que me encorajou a tocar a maçaneta da porta e girá-la. Eu abri a porta e o vi de costas. Inexplicável a maneira que o meu coração reagia quando eu o via ou me dava conta de que estava na presença dele. Era uma mistura insana de calmaria e desespero, de alegria e nervoso e de amor e tristeza.

- Eu tinha me esquecido que a tinha... – ouviu alguém entrar no quarto e deduziu que era o . Ele começou a falar, enquanto colocava o álbum que estava em sua mão de volta na prateleira. Ele se virou e quando ele me viu, o seu olhar e a sua expressão mudaram. Eu não consegui interpretá-los. Acho que estava nervosa demais.

estava visivelmente perplexo ao me ver ali. Ele não conseguiu reagir. Ele não conseguiu dizer ou fazer nada. Eu também travei ou, talvez, eu só quis ficar olhando para ele por um tempo. Os 30 segundos mais longos da minha vida, que podem ter sido os melhores ou piores da minha vida. Eu ainda não conseguia interpretar o sentimento. O também era péssimo nisso de interpretar o sentimento. A única coisa que ele sabia era que o seu coração estava mais acelerado do que nunca. O coração continuava reagindo exatamente da maneira que reagiu quando ele me viu pela primeira vez, quando demos o nosso primeiro beijo ou quando tivemos a nossa primeira vez juntos. Nunca mudou.

- Oi, . – Eu tentei sorrir e pensei em me aproximar, mas eu simplesmente não consegui. Me ouvir chamar o seu nome fez o se arrepiar da cabeça aos pés. Ele não conseguia acreditar que simplesmente tudo nele ainda reagia quando qualquer coisa estava relacionada a mim.
- Hey. – Ele disse em meio a um sorriso e uma careta, que deixava claro a sua perplexidade em me ver. Mais um silêncio estranho. Nós apenas continuamos a nos olhar esperando que aquela troca de olhares continuasse a conversa por nós. – Está... tudo bem? – cogitou que algo grave poderia ter acontecido. Esse era o único motivo plausível para que eu estivesse ali. – O Mark... ele... – Ele ficou mais tenso ao falar no irmão. – Ele está bem? – perguntou, preocupado.
- Não. Está tudo bem. – Eu quis tranquilizá-lo na mesma hora. – O Mark está bem. Ele... ainda não deve ter chegado na Belgica, mas... ele está bem. – Eu afirmei, vendo a expressão de preocupação no rosto dele desaparecer. Se a minha ida até Atlantic City não estava relacionada ao Mark, ele não sabia o que eu estava fazendo ali. Ele continuou me olhando, aguardando que eu me manifestasse.
- Você deve estar se perguntando o que eu estou fazendo aqui. – Eu não sabia nem por onde começar. Deixei de olhá-lo, porque se eu continuasse eu sabia que eu desistiria e iria embora.
- Não, eu... – não queria soar grosseiro.
- Não. Você tem razão. Eu não deveria estar aqui. – Eu estava desesperada para desistir daquela ideia, que qualquer coisa que o me dissesse eu usaria como argumento para desistir. – Eu... – Eu olhei para ele e no auge do meu constrangimento, eu neguei com a cabeça. – Eu nem mesmo sei o que eu vim fazer aqui. – Eu sorri, visivelmente sem jeito e arrependida. Ele não disse absolutamente nada. Ele apenas ficou ali parado, me assistindo, enquanto eu fazia papel de boba. Isso me deixou ainda pior. – Eu sou uma idiota. – Eu rolei os olhos. – Me desculpa ter feito você perder o seu tempo aqui. – Eu não tinha mais coragem de permanecer naquele quarto. Eu estava muito envergonhada com a situação. Eu me virei, dei 4 ou 5 passos na direção da porta. percebeu que eu estava prestes a sair do quarto e, por um único momento, ele se sentiu aliviado por ver-se livre de mim, já que a minha presença ainda o desestabilizava bastante, porém, a curiosidade era maior.
- Você... disse que estava bem. – A voz dele me impediu de tocar a maçaneta para abrir a porta. – Você não parece bem. – Ele mostrou-se preocupado comigo, o que não deveria ser surpresa para mim. Para ele, eu era a namorada do irmão dele e eu estava visivelmente desestabilizada. É óbvio que ele se preocuparia. Independentemente de quem fosse. Simplesmente porque ele era assim. – Eu... – hesitou por um momento, pois tinha receio de ser mal interpretado. Mal sabia ele que só o fato de ele ter me impedido de sair do quarto já tinha me dado o mínimo de esperança. – Posso te ajudar em alguma coisa? – Ele se colocou à disposição e ele fez isso da maneira mais inocente de todas. Ainda de costas para ele, eu encarava a porta, enquanto tentava reunir forças e coragem para fazer o que eu tinha vindo fazer naquela cidade. A preocupação dele e o fato de ele ser tão adorável me fez querer ficar, porque não ficar significava não ter qualquer chance de tê-lo de volta e eu precisava disso. Eu precisava mais do que tudo.
Finalmente me virei e fiquei novamente de frente para ele. Eu sorri para ele, pois estava incrivelmente grata e sensibilizada com a preocupação dele comigo, mas ele não conseguia ver nada além de tristeza e nervosismo em meus olhos e em meu sorriso. ficava cada vez mais agoniado ao me ver daquela maneira. Ele não sabia o que fazer ou como ajudar. Deixei de olhá-lo por um momento para encarar o chão, enquanto colocava uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.

- Sim, você pode me ajudar, . Você é o único que pode, mas... – Eu hesitei por alguns segundos. – Eu não sei se você vai querer. – Eu disse e o vi arquear uma de suas sobrancelhas. – Aliás, é exatamente isso o que me trouxe até aqui. – Eu mal conseguia respirar corretamente por causa do nó preso na minha garganta e o meu enorme esforço para não permitir que as lágrimas presas em meus olhos escorressem pelo meu rosto.
- Eu... não entendi. – As lágrimas em meus olhos quase fizeram com que ele viesse até mim com a intenção de me acolher da maneira que ele sempre havia feito. Foi um sentimento involuntário que por pouco ele não conseguiu conter.
- E se eu te dissesse que eu não vim para essa cidade por causa da reunião de ex-alunos? – Eu continuava tentando controlar o meu choro e a pena que eu sentia de mim mesma naquele momento. A pena não se dava pela vergonha, mas sim pela quase certeza de que eu estava prestes a ouvir o ‘não’ mais doloroso da minha vida. Dei poucos passos na direção dele e notei que isso o deixou um pouco receoso. – E se eu te dissesse, , que eu estou aqui por você? – Eu senti a minha voz embargar e foi essa voz que fez a expressão de apreensão no rosto dele ser substituída por uma expressão ‘triste’ (para não usar a palavra ‘pena’).

Naquele momento, começava a cogitar os meus verdadeiros motivos para estar ali daquela maneira na frente dele. Ele ainda lutava com aquela teoria absurda de que, talvez, aquela conversa estivesse relacionada com o passado que tivemos. Ele não conseguia tomar qualquer atitude ou ao menos fazer perguntas. Ele não conseguiu se manifestar de qualquer forma, pois estava apreensivo e nervoso demais com os rumos que aquela conversa começava a tomar.

- Ontem à noite... – Eu hesitei por alguns segundos. Eu ainda estava travando uma batalha interna para continuar ali, parada na frente dele. – Alguma coisa mudou. Eu não sei explicar. Eu... não sei se existe explicação. – Meu autojulgamento me atrapalhava a todo momento. Meu nervosismo o deixou nervoso também. O coração dele estava disparado sem que ele ao menos soubesse o porquê. – Desde a nossa última conversa... no alto daquele gramado... – Eu ergui os ombros e os meus olhos continuavam marejados. Eu simplesmente não conseguia evitá-los.
- Não. Não faça isso. – O fato de eu ter mencionado aquela conversa tão dolorosa já deu ao indícios do que estava por vim. Naquele momento, ele não teve dúvidas sobre o que se tratava aquela conversa e ele não queria tê-la. – Você não deveria ter vindo. – Ele estava decidido em abandonar aquele quarto e, consequentemente, aquela conversa. A decisão foi tomada rapidamente e ele mal teve tempo de pensar sobre. O já foi logo se afastando e foi na direção da porta. A atitude dele fez o meu desespero aumentar, mas também me fez mais forte para fazer o possível para levar aquela conversa até o final.
- Por favor, . Fique. – Eu pedi e o vi parar em frente a porta do quarto. – Eu preciso que você me escute. Eu preciso te dizer. Isso... está me matando. – A voz embargada continuava e algumas lágrimas chegaram a escorrer pelo meu rosto. Eu estava literalmente implorando. Já não existia mais 1% de amor próprio em mim e isso não era culpa do . A culpa era minha. Eu deixei que ele saísse da minha vida. Eu deixei que ele conhecesse outra pessoa. Eu quis entrar naquele quarto para me declarar. Aquela era eu tentando consertar um erro que não tinha mais conserto.

estava apavorado e mesmo estando completamente ciente de que o seu mundo estava prestes a desabar, ele não conseguia ignorar o meu pedido para ficar. Ele me conhecia muito bem. Ele sabia o quão difícil estava sendo para mim estar daquela maneira tão vulnerável na frente dele. Talvez, a tristeza nos meus olhos e o desespero na minha voz não significassem tanto para outra pessoa, mas significava muito para o . Eu não estaria ali se não fosse extremamente importante e ele sabia disso. Foi por isso que ele permaneceu naquele quarto mesmo que cada parte do seu corpo lutasse contra aquilo, mesmo que sua intuição gritasse para que ele fosse embora.

- Eu estava bem, . – Eu disse mesmo vendo que ele havia continuado de costas para mim. Eu não me importava. – Eu estava feliz com a minha vida, com as minhas escolhas e com o que eu tinha. Eu estava ótima até o momento que eu coloquei os meus olhos em você ontem à noite. – Mesmo de costas, eu o vi negar com a cabeça assim que ouviu a minha frase. não conseguia acreditar no que estava ouvindo. A atitude dele me fez fazer uma breve pausa. Eu deixei de olhá-lo por um momento e abaixei a cabeça para encarar minhas mãos que estavam trêmulas e suavam como nunca. – Ontem à noite... Você estava feliz. – Eu voltei a olhá-lo em meio a um sorriso triste. – Você estava feliz e... você não estava comigo. – Aproveitei que ele continuava de costas para secar as lágrimas em meu rosto. tentou manter a sua sanidade fechando os olhos por alguns segundos. – Você finalmente encontrou uma maneira de ser feliz sem mim e.... eu sei o quão egoísta isso vai soar, mas... isso me desestabilizou. Ver que você havia superado, ver que você tinha me superado... – Eu hesitei por um momento. – Doeu muito. – Eu me sentia muito egoísta naquele momento, mas infelizmente aquela era a verdade.

Cada palavra dita por mim era como uma facada no coração do . Ele não conseguia interpretar tudo o que estava sentindo, mas com certeza ele estava sentindo ódio. Ele me odiava por ser tão egoísta. Ele me odiava por ter arruinado a felicidade dele. Ele me odiava por ter trazido de volta o gosto daquele sentimento tão intenso e incontrolável. abriu os olhos antes de virar-se novamente na minha direção. Assim que vi ele se mover, olhei nos olhos dele esperando que eles me dessem um pouco mais de esperança, mas foi o contrário. Havia um pouco de decepção, raiva e até mesmo frieza nos olhos dele. Isso só me motivou a seguir com a conversa para tentar reverter aquela situação.

- Esse sentimento foi responsável pela minha briga com o Mark. A primeira e única briga que tivemos. Ele me confrontou e eu neguei tudo. Eu fiquei em estado de negação, especialmente comigo mesma. – Eu continuei olhando para ele. – Eu não queria, eu não conseguia aceitar que... talvez, eu ainda amasse você. – Dizer a ele que eu ainda o amava não causou nenhum tipo de reação nele, pelo menos, não aparentemente. Isso me desestabilizou bastante. Ele parecia estar anestesiado. Ele parecia estar em outro lugar. Eu não conseguia interpretar o que ele estava sentindo e isso me deixava aterrorizada.
- O Mark sabe? – Foi a única coisa que ele disse. Ouvir a voz dele me animou um pouco, mas não me deu grandes esperanças.
- Ele sabe. Eu fui até o aeroporto hoje de manhã para me despedir, me desculpar e para contar tudo a ele. Na verdade, ele foi a pessoa que mais me encorajou a vir até aqui para falar com você. – Eu contei achando que seria uma coisa boa, mas a reação do mostrou que eu estava errada. Ele negou com a cabeça em meio a um sorriso incrédulo como se dissesse: ‘É claro que ele fez isso. Típico do Mark’. Aquela deveria ter sido a minha deixa para juntar cada parte do meu coração e ir embora, mas eu precisava ir além. Eu precisava eliminar todas as minhas possibilidades. Eu precisava tentar uma última vez. – Olha, eu sei que... não é um bom momento pra você. Eu sei que você tem a Brooke, que eu cometi milhões de erros e que eu te machuquei mais do que qualquer outra pessoa no mundo, mas... – Eu fiz questão de me aproximar e parei há menos de 3 passos dele. Estar próxima dele e poder ver de tão perto os traços do rosto dele, os olhos que tantas vezes brilharam ao me ver e os lábios que me deram os beijos mais memoráveis me faziam perder o rumo. Apesar de estar completamente desestabilizada naquele momento, eu estava pronta para me declarar. – Eu quero que você saiba que eu ainda sou maluca por você, pela nossa história e por tudo o que construímos juntos até agora. – Os olhos estavam marejados, mas ao menos havia um sorriso em meu rosto. Eu estava orgulhosa de mim mesma por ter conseguido chegar até ali. Eu não tinha mais nada a perder. – Eu peguei um avião e vim até aqui para saber se... ainda existe qualquer coisa de nós em você, qualquer coisa que me faça merecer ser amada por você de novo. – Apesar do coração estar saindo pela boca, eu ainda insistia em tentar interpretar o olhar e as expressões no rosto dele. Eu precisava de qualquer sinal que pudesse me tranquilizar. Eu precisava manter a minha esperança até o último segundo.

Eu havia acabado de me declarar e mesmo depois de alguns segundos, eu não tinha nada. O continuava me olhando como se estivesse processando tudo o que eu havia dito. Foram longos segundos, que pareciam durar anos. A troca de olhares foi intensa. Eu não conseguia tirar os meus olhos dele e ele também não deixava de me olhar, esperando que, a qualquer momento, eu dissesse que havia sido uma brincadeira de muito mau gosto.

Quando ele finalmente se deu conta de que cada palavra minha havia sido real e que os meus sentimentos eram reais, sua reação foi a mais espontânea possível. Ele não pensou em como soaria ou se eu aprovaria. abaixou a cabeça por um momento, encarou suas mãos e, consequentemente, a aliança de compromisso em seu dedo. Ao levantar a cabeça, ele negou com a cabeça e os olhos pareciam me julgar.

Naquele momento, eu sabia que ouviria o ‘não’ que eu esperava, mas foi pior. Ele me olhou uma última vez e simplesmente virou-se de costas e saiu do quarto. estava tão indignado que achou melhor se retirar sem dizer todas as atrocidades que ele estava sentindo vontade de dizer. Ele não conseguia aceitar tudo o que eu havia dito a ele. Para ele, tudo soou extremamente egoísta e irresponsável. Como eu pude ter coragem de ir atrás dele depois de tudo o que aconteceu? Depois de eu ter escolhido ficar com o irmão dele? Que direito eu tinha de entrar e sair da vida dele a hora que eu quisesse? Não era justo com ele e isso o deixou possesso.

Fiquei olhando para a porta, esperando que ele voltasse a abri-la a qualquer momento. Eu não queria aceitar que aquela tinha sido a resposta dele. Eu não acreditava que ele não me achava digna de ao menos um ‘não’. Depois de um pouco mais de um minuto encarando a porta, eu conclui que ele não voltaria. Ele tinha ido embora. Ele não me queria mais. Nesse momento, eu perdi o chão.

Inconformado, passou rapidamente pela sala da casa e nem ao menos olhou para o e para a . Ele sabia que os amigos estavam completamente envolvidos naquele plano que o trouxe até ali e isso também o deixou muito decepcionado. O plano deles tinha dado muito errado.

- Deixa que eu vou. – se adiantou ao ver a se levantando do sofá. Ambos estavam decepcionados e preocupados com a situação. Pelo jeito do , já foi possível deduzir que a conversa não tinha tido um final feliz. se levantou e correu um pouco até a porta para alcançar o melhor amigo. – ! – Ele gritou na direção do , que ignorou completamente e continuou andando na direção do seu carro. Ele sabia que se ele parasse para ouvir o amigo, eles brigariam. – Espera. – correu um pouco mais para alcançá-lo e quando o fez, entrou na frente do amigo. foi obrigado a parar e a encará-lo.
- É melhor sair da minha frente. – Ele disse, sem paciência. O estava muito decepcionado e bravo com o amigo.
- Você não pode sair dirigindo desse jeito! – argumentou, sem entender, a princípio, que o problema também era com ele.
- Eu posso e vou! E se alguma coisa acontecer comigo, a culpa é toda sua. – demonstrou indiferença com a preocupação do amigo e passou por ele, andando novamente em direção ao carro. não recebeu bem as palavras do amigo e mesmo se sentindo culpado, ele resolveu tentar novamente.
- Qual é! Você é o meu melhor amigo! Você não pode fazer com que eu me sinta culpado por querer a sua felicidade! – gritou, abrindo os braços. ficou tão indignado, que parou de andar e virou-se para olhá-lo.
- Amigo!? – elevou o tom de sua voz, pois estava muito nervoso. Era como se tudo tivesse se acumulado. – Amigos não mentem um para o outro. – Ele argumentou, prestes a explodir. Achou que a conversa tivesse se encerrado ali. estava se sentindo muito mal, por isso ele demorou para dizer alguma coisa, mas conseguiu fazer isso antes do entrar no carro.
- Mas... ela é minha amiga também. – disse, diminuindo o tom de voz. Ele estava se referindo a mim. chegou a abrir a porta do carro, mas antes de entrar, ele olhou para o amigo pela última vez.
- Então, talvez, seja a hora de você escolher ser amigo de só um de nós. – Ele disse, antes de entrar no carro e bater à porta.

O estava muito irritado com tudo e com todos. Ele não queria conversar ou ver ninguém. Ele só queria ficar sozinho e, talvez, socar a primeira parede que encontrasse pela frente. Ele deu a partida no carro e saiu descontroladamente com o carro. Ele estava cego de raiva e de indignação. Ele não conseguia aceitar as minhas palavras e a minha atitude. Ele não queria aceitar que eu o estava fazendo passar por tudo aquilo novamente.

Eu ainda estava no quarto da . Eu estava em choque. Eu não conseguia nem ao menos chorar. Nada. Eu simplesmente não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Eu não conseguia acreditar que eu havia realmente perdido o e que o fato de eu ter me declarado para ele não havia significado nada. Era isso o que eu significava para ele: nada. Isso doía muito.

Quando a entrou no quarto, eu estava sentada na cama e olhava fixamente para qualquer lugar do quarto. Dentro de mim, meu coração e a minha razão travavam uma batalha épica. Meu coração não aceitava aquela perda, não aceitava que ele jamais seria do de novo. Meu coração estava quebrado de uma maneira que parecia não ter mais conserto. Minha melhor amiga se sentou ao meu lado e mesmo sem saber o que tinha acontecido, ela passou seus braços em volta de mim e me abraçou forte.

- Ele... foi embora. Eu abri o meu coração para ele e... – Eu olhei para a . – Ele simplesmente foi embora sem dizer uma palavra. Nada. – Mesmo com o peito apertado e o nó preso na garganta, não havia sequer uma lágrima em meus olhos.
- Eu sinto muito, . – acariciou o meu cabelo, me olhando com tristeza. – Como você se sente? – Ela queria que eu me abrisse. Ela notou o estado de choque em que eu me encontrava.
- Eu deveria estar chorando e, talvez, devesse estar sentindo raiva por causa da atitude dele, mas... – Eu neguei com a cabeça. – Eu sinto como se estivesse anestesiada por completo, sabe? Ao mesmo tempo que eu não sinto nada, eu sinto tudo. Eu sei que estou mal, eu sei que estou no fundo do poço, mas... eu não consigo fazer nada. O amor dele tem me consumido por todos esses anos que, agora, eu não sei como continuar sem ele. – Eu tentei me expressar da melhor forma possível.
- Você não está sozinha, ok? – segurou a minha mão. entrou no quarto nesse momento e a cena que ele viu fez com que ele se aproximasse imediatamente de mim.
- Eu sinto muito. Eu fui um idiota. Eu não deveria ter forçado esse encontro. Você não estava pronta. Ele não estava pronto. – estava bastante aflito e havia lágrimas em seus olhos. A briga com o , a culpa e me ver daquela maneira, tudo havia se acumulado.
- Não. Não é culpa sua. – Eu olhei para ele, que havia se agachado na minha frente. – Não é culpa de ninguém. – Eu passei as mãos nos olhos dele para evitar que as lágrimas escorressem pelos seus olhos. – Quando o amor acaba, ele simplesmente... acaba, sabe? Não tem culpados. Tudo bem. – Mesmo com dificuldade, eu tentei sorrir. – Eu faria isso em algum momento. Com ou sem a sua ajuda. Eu precisava disso. Eu precisava passar por isso. Era a única maneira de eu viver em paz. – Eu estava sendo completamente honesta, mas não significava que não estava doendo. – Não se sinta culpado. – Eu me inclinei e beijei uma das bochechas dele com carinho. – Você também. – Eu olhei pra e apertei a ponta de seu nariz. ainda estava tentando se recompor, quando eu me levantei da cama. Ele se sentou no meu lugar, ao lado da . – Então, já que eu já fiz o que eu vim fazer, eu preciso voltar para a minha rotina. Dessa vez, eu acho que vou pegar um ônibus. – Eu brinquei, me referindo ao meu medo de avião.
- Como assim voltar para sua rotina? – perguntou, me olhando feio.
- Nova York, é claro. – Eu disse como se fosse óbvio.
- E a reunião de ex-alunos? – perguntou.
- Vocês não estão falando sério, não é? – Eu perguntei, arqueando uma das sobrancelhas.
- Falta menos de duas horas para reunião e você está me dizendo que vai embora? – cruzou os braços.
- Ok. Eu acabei de levar o maior fora de toda a minha vida e vocês querem que eu vá até essa reunião e veja o cara que eu amo com outra? – Eu perguntei, um pouco indignada.
- Não. Nós queremos que você vá para a reunião para encontrar os seus amigos no lugar que vivemos os nossos melhores anos juntos. – me corrigiu.
- Sério? – Eu fiz careta.
- Qual é! De todos, você é a única pessoa que não pode faltar, porque... nós nos vimos tão pouco depois que você se mudou para Nova York. Quantas vezes conseguimos reunir todos depois que terminamos o colegial? – estava determinado a me convencer.
- Vai ser tão legal reencontrar todos, especialmente naquela escola. Vamos, ! Por favor! Sem você não vai ter graça nenhuma. – pediu.
- Nós sabemos que você não está no seu melhor momento. Acredite, nós sabemos, mas você não vai estar sozinha. Nós vamos estar lá, o seu irmão e a vão estar lá. Além disso, nós vamos poder constatar o fracasso que o Peter, com certeza, se tornou. – disse, me arrancando uma sincera risada.
- E a Jessie! – Eu acrescentei aos risos.
- Está vendo? Nem chegamos na reunião e já estamos nos divertindo. – disse, sorrindo para mim.
- Vamos! Diga que vai ficar. – disse e ficou esperando a minha resposta.
- A Meg vai embora amanhã! Você já tem uma carona para voltar pra Nova York! – acrescentou.
- Meu Deus. Vocês são realmente bons. Não acredito que conseguiram me convencer depois desse dia péssimo. – Eu acabei cedendo por eles. Exclusivamente por eles. Eu não queria decepcioná-los. Principalmente eles que sempre faziam tudo para me verem feliz. Quando eu confirmei que iria, fui abraçada pelos dois.
- Uhul! Então, vamos nos arrumar. – comemorou.
- Você vai para sua casa? Eu te deixo lá. – ofereceu.
- Eu preciso ir. Eu nem vi o e os meus pais ainda. – Eu disse.
- Eu te levo e depois posso passar para te buscar, se você quiser. – ofereceu.
- Não. Eu posso ir com o . – Eu não queria dar trabalho para ele.
- Você passa me buscar em uma hora, certo? – perguntou, depois de receber um selinho de despedida do namorado.
- Passo. – confirmou. – Vamos ou vocês não vão ficar prontas a tempo. Eu levo sua mala. – Ele me apressou.
- Vejo você daqui a pouco, . – Eu dei um beijo de despedida bem rápido nela e fui logo atrás do , que já tinha saído do quarto. Eles estavam tão felizes porque eu iria na reunião, que foi inevitável não ficar feliz também. Pelo menos, um sentimento bom em meio a tantos outros ruins.

Durante todo o caminho até a minha casa, não parou de falar um só minuto. Ele emendava um assunto no outro. Eu sabia que ele estava apenas tentando me distrair. Ele não queria me dar tempo para pensar ou para sentir pena de mim mesma. Eu não podia julgá-lo. Ele só estava sendo o melhor amigo que eu poderia ter. Quando o me deixou me deixou em casa, ele certificou-se de dizer que eu poderia ligar para ele se eu precisasse de alguma coisa. Eu estava cansada de deixar todos preocupados com os meus problemas.

estava tão nervoso e tão bravo que parecia estar cego. Ele estava dirigindo e parecia não enxergar um carro ou um pedestre na rua ou nas calçadas. Ele estava cego de raiva. Enquanto ele dirigia, minhas palavras ecoavam em sua cabeça sem parar. Quanto mais ele se recusava a acreditar que tudo aquilo tinha sido real, mais aquilo ecoava na sua cabeça e o machucava. Ele odiava que coisas daquele tipo ainda o machucasse, como se ele ainda tivesse 17 anos. Ele não conseguia se conformar. Sua cabeça estava tão longe que a única coisa que foi capaz de trazê-lo de volta para realidade foi a buzina forte de um carro com o qual ele quase colidiu de frente. O outro carro conseguiu desviar e ao ouvir a buzina, também jogou o carro para o acostamento por puro instinto.

Somente quando o parou o carro no acostamento da rodovia, ele se deu conta de que quase havia batido o carro. As mãos estavam trêmulas no volante e o coração estava disparado. Ele desceu do carro no meio da rodovia, pois precisa tomar um pouco de ar. Andou em volta do carro para ter certeza de que não tinha acontecido nada. O coração dele ainda estava disparado, quando ele parou atrás do carro e começou a pensar o quanto aquele tipo de coisa ainda tinha controle sobre ele. voltou a sentir raiva quando ele se deu conta da situação em que se encontrava, sendo que há duas horas ele estava feliz e animado para a reunião de ex-alunos. Ele odiava a instabilidade emocional que tudo relacionado a mim trazia a ele. Ele não se conformava do poder que eu tinha e que eu sempre teria sobre ele. precisava extravasar e a única maneira que ele encontrou para fazer isso, foi bater duas ou três vezes no porta-malas do carro.

- QUEM ELA PENSA QUE É? – esbravejou, batendo uma última vez no carro. Ele apoiou as mãos no porta-malas e manteve o corpo inclinado, olhando para o asfalto. – Quem ela pensa que é para sair e voltar para a minha vida quando ela quer? – Ele suspirou com a voz embargada. O choro era por pura raiva e exaustão que aquele sentimento causava. O toque do telefone o trouxe de volta para a realidade e o fez engolir o choro. Leu o nome da Brooke no visor do celular e soube que precisava atender.

- ? – Brooke chamou quando notou que o telefone foi atendido.
- Oi. Tudo bem? – atendeu, tentando soar normal.
- Eu estou em dúvida sobre a minha roupa. Eu não quero que você passe vergonha na frente dos seus colegas de escola. Eu preciso estar à altura do capitão do time de futebol, sabe? – Brooke não tinha notado nada de estranho na voz do namorado e a brincadeira que ela fez só deixou isso bem claro. As palavras dela conseguiram trazer um sorriso para o rosto do .
- Você fica linda de qualquer jeito, Brooke. Vista o que você quiser. – quis tranquilizá-la.
- Eu sabia que você ia responder algo assim. – Brooke sorriu feito boba. – Você é um amor. – Ela não escondia o quão era louca por ele.
- Que bom que você ligou. Eu estava precisando ouvir a sua voz. – encontrou uma maneira de agradecê-la. A ligação e a voz dela tinham ajudado ele a se acalmar. Era o que ele precisava para voltar a se estabilizar.
- Por quê? Está tudo bem? – Brooke estranhou.
- Está tudo bem. – afirmou com um fraco sorriso.
- Ok. Te vejo daqui a pouco. – Brooke não era do tipo que ficava desconfiada com tudo. Se o disse que estava tudo bem, ela acreditava. – Eu te amo. – Ela disse.
- Eu te amo. – respondeu, sentindo o coração se acalmar.

A ligação da Brooke havia dado a ele a calma e a serenidade que ele precisava para voltar para o carro e dirigir até a sua casa. A maneira com que a ligação da Brooke havia acalmado o seu coração e diminuído a angústia que ele sentia o fez ter certeza de que havia tomado a decisão certa ao ter saído daquele quarto. Mesmo com a instabilidade e vulnerabilidade que eu causava nele, a Brooke também tinha o poder de acalmá-lo e fazê-lo se sentir bem. Isso era o bastante pra ele.

Assim que eu entrei na minha casa, fui recebida com muita surpresa pelo meu pai e pelo , mas não pela minha mãe. Ah, ela sabia que eu viria! Ela estava, inclusive, me esperando. Ela só não sabia se as lágrimas que estariam nos meus olhos seriam de alegria ou de tristeza. No momento em que trocamos o primeiro olhar, ela soube. Eu não precisei dizer nada.

- Por que você não me avisou que viria? Eu poderia ter te buscado. – me deu uma bronca.
- Eu decidi de última hora. Eu nem ao menos vim de carro, porque não daria tempo de chegar. Tive que pegar um avião. – Eu tentei manter a naturalidade.
- Avião? – Meu pai arregalou os olhos.
- Eu duvido. – riu, debochado.
- Duvida? – Eu sorri, colocando uma das mãos em meu bolso. – Olha o papel do check-out. – Entreguei nas mãos do meu irmão.
- Não pode ser. – ainda estava perplexo.
- Estou orgulhoso, querida. – Meu pai se aproximou e beijou a minha cabeça.
- Ok. Já chega disso. Vão se arrumar de uma vez ou não vão chegar a tempo pra reunião. – Minha mãe quis encerrar o assunto. Ela não queria que o me irritasse, pois já sabia que eu estava mal.
- Eu achei que eu ia precisar me apressar, mas até a se arrumar agora, eu vou ter tempo de tomar mais 3 banhos. – brincou.
- Há-há. – Eu ri de maneira irônica ao passar por ele.
- Está mal-humorada, hein? – reclamou, fazendo careta. Eu mal olhei para ele e segui direto para o meu quarto.

Eu estava tão exausta emocionalmente, que a minha cabeça deu indícios de que começaria a doer. Assim que cheguei no meu quarto, tomei um comprimido para aliviar a dor. A cabeça não era a única coisa que estava doendo em mim, mas o remédio para aliviar essa outra dor simplesmente não estava mais ao meu alcance. Não tinha como. Eu teria que aprender a lidar com ela.

Em meio ao meu desânimo para ir até aquela reunião, comecei a escolher a roupa que iria vestir naquela noite. Eu havia trazido uma roupa de New York para usar naquela ocasião. Era um vestido muito bonito, que eu tinha escolhido porque achei que o gostaria. Agora, não fazia sentido colocá-lo. Eu não queria usá-lo, mesmo tendo ciência que as minhas opções eram limitadas naquele momento. Resolvi procurar alguma coisa no meu guarda-roupa. Eu sabia que eu tinha deixado algumas peças na casa dos meus pais. Encontrei um jeans rasgado e uma blusinha preta básica. Parecia suficiente para mim. Coloquei as peças de roupa em cima da cama, quando ouvi a porta do meu quarto sendo aberta. Ao me virar, vi que era a minha mãe. Eu sabia que ela viria.

- Oi, mãe. – Eu sorri de maneira triste. – Eu vim. – Eu ergui os ombros. – Mas você já sabia disso, né? – Eu disse.
- Eu sabia. – Minha mãe sorriu, se aproximando.
- Então, você também já sabe que não deu certo. – Eu disse, tentando parecer conformada. Eu não queria preocupá-la.
- Eu sei. – Minha mãe sorriu sem mostrar os dentes. – Eu sinto muito, querida. – Ela acariciou o meu rosto e colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha.
- Eu também sinto muito, mãe. – Eu respondi. – Eu acho que não era pra ser, né? – Eu sorri para manter o meu papel de conformada.
- O que ele disse? – Minha mãe quis saber. Talvez, ela encontrasse alguma brecha para me dizer que ainda tinha chances de ele mudar de ideia. Ela queria tanto me dar um pouco de esperança.
- Ele não disse nada. – Eu contei. – Eu me declarei e ele simplesmente saiu sem dizer nada. Ele estava bravo, eu acho. – Eu não conseguia me conformar com essa parte.
- Talvez, não seja ele. – Minha mãe não ficou feliz com o que ouviu. Achou que seria besteira me dar esperanças. Ela decidiu que o melhor era me incentivar a seguir em frente.
- É ele, mãe. – Eu confirmei com a cabeça. Nesse momento, senti os meus olhos se encherem de lágrimas. – Eu vi. Eu fiz o que você disse e ele estava lá. Em todos os sonhos que eu pretendo realizar. Em cada meta que eu quero alcançar. Mãe, meu futuro é todo sobre ele e ao redor dele. – Eu sorri com as lágrimas ainda em meus olhos. – Eu não queria estar dizendo isso, mas é a verdade. – Eu neguei com a cabeça.
- Você vai encontrar outras maneiras de realizar esses sonhos. Você é forte, linda, dedicada e encantadora. Você pode fazer qualquer coisa que quiser, ok? Você é quem define o seu futuro, não ele. – Ela disse, me abraçando.
- Eu sei, mãe. Eu vou lutar por isso. Eu prometo. – Eu passei as mãos em meus olhos para secar as lágrimas, enquanto ela ainda me abraçava.
- Você tem 15 minutos, ! – gritou ao bater na porta do meu quarto.
- Meu Deus. Ele não mudou nada, né? – Eu terminei o abraço e ri com a minha mãe.
- Igualzinho ao seu pai. As vezes essa semelhança me assusta. – Minha mãe continuou rindo.
- Boa sorte pra . – Eu disse, terminando de secar meus olhos. – Aliás, mãe, o que você acha dessa roupa? – Eu quis saber a opinião dela. Eu tinha receio de ter escolhido algo simples demais.
- Você fica linda de qualquer jeito. – Minha mãe agiu como qualquer outra mãe.
- Não sei por que eu ainda pergunto. – Eu rolei os olhos, fazendo ela rir.
- Você vai mesmo nessa reunião? – Minha mãe não tinha certeza se era uma boa ideia.
- Eu vou. Meus amigos vão estar lá. Eles merecem esse esforço. – Eu agi como se não estivesse odiando o fato de ir naquela reunião.
- Você é quem sabe. – Minha mãe não opinou sobre o assunto. – Vou deixar você se arrumar antes que o seu irmão surte de vez. – Ela disse, me arrancando uma risada sincera.
- Hey, mãe. – Eu a chamei, antes que ela saísse do quarto. – Obrigada. – Eu sorri com carinho para ela assim que ela se virou para me olhar.
- Eu te amo, querida. – Ela piscou um dos olhos para mim.
- Eu também te amo. – Eu respondi e logo em seguida a vi sair do quarto.

15 minutos. Era tudo o que eu tinha. Corri para tomar banho e para me arrumar. Ao final dos 15 minutos, eu estava terminando a maquiagem. Como a roupa estava simples, a maquiagem também foi bem simples. Usei apenas blush e rímel. Decidi usar um salto no último segundo, porque achei que sapatilha deixava o simples ainda mais simples. O cabelo ficou solto e natural.

Após 20 minutos, eu saí do quarto completamente pronta (VEJA AQUI) . Estranhei o fato de o ainda não ter me acelerado e entendi o motivo ao vê-lo jogando videogame na sala com o meu pai. Eu ainda tive que ficar 10 minutos esperando eles terminarem a partida. Quando o jogo acabou, pegou o seu casaco e as chaves do carro e despediu-se dos nossos pais. Minha mãe insistiu para que eu vestisse um casaco antes de sair e mesmo contrariada, eu vesti.

- Podemos ir? A já me ligou duas vezes. – me apressou, depois que eu voltei do meu quarto com o casaco em mãos.
- Jura? Eu estou te esperando há 10 minutos. – Eu arqueei uma das sobrancelhas ao olhá-lo.
- Ok. Ok. – reconheceu. – Mas se você contar pra , eu vou negar. – Ele disse, me arrancando um sorriso.
- Eu não vou contar. – Eu neguei com a cabeça. Me despedi dos meus pais, enquanto ele me esperava na porta.

Apesar de todos os contratempos, chegou na casa do Brooke no horário que eles combinaram. Assim que ele a viu, não deixou de notar o quanto ela estava linda vestindo um vestido azul. Ele não percebia, mas a todo o momento ele procurava motivos para se convencer de que a Brooke era a garota certa para ele. A beleza dela, a maneira com que ela olhava pra ele, o jeito que ela se importava com o casaco dele não ser quente o bastante para aquela noite fria e a necessidade boba que ela tinha de querer estar bonita o suficiente para chegar naquela reunião com o capitão do time de futebol mais idiota de todos os tempos. Tudo o que a Brooke fazia era motivo para que convencesse a si mesmo que tinha tomado a decisão certa.

A calma que a Brooke o passava o deixou completamente sereno para ir naquela reunião de ex-alunos. Mesmo sabendo que poderia me encontrar lá e que acabaria relembrando de vários momentos bons e ruins que viveu naquela escola. foi naquela reunião de peito e coração aberto para enfrentar qualquer coisa ao lado da Brooke. Aliás, ele se sentiu muito bem ao chegar em uma festa como aquela ao lado dela.

Assim que entrou no ginásio da escola, que era onde estavam localizadas as mesas e onde, de fato, acontecia a reunião, logo avistou o e a e o e a Meg sentados em uma das mesas. De mãos dadas com a Brooke, ele começou a caminhar em direção a mesa dos amigos. O casal levou um bom tempo para chegar até a mesa, porque o era literalmente parado de 5 em 5 segundos para ser cumprimentado. A grande desvantagem em ser a pessoa mais popular da escola é que todo mundo te conhece, mas você não conhece todo mundo.

- Quem era esse? – Brooke perguntou, após um homem ruivo parar para cumprimentá-lo e o fez de maneira muito afetiva.
- Eu não faço a mínima ideia. – sussurrou ao olhar para namorada.

O e, consequentemente, a Brooke continuaram sendo cumprimentados a todo o momento. apresentava a Brooke como sua namorada a cada um que o cumprimentava e fazia isso com muito orgulho. Ele reencontrou inúmeros colegas do time de futebol e estava se divertindo ao rever todos eles. Era muito legal ver as mudanças de cabelo, de barba, de estilo e o respectivo parceiro e parceira das pessoas com quem ele viveu anos incríveis e memoráveis da sua vida.

- Achei que não fossem chegar aqui nunca. – riu ao cumprimentar a Brooke. foi cumprimentar o e, por um momento, havia esquecido da briga que eles haviam tido naquela tarde. Se não fosse a apreensão no rosto do , talvez o não tivesse se lembrado. Ele estendeu a mão, o a apertou e, em seguida, se aproximou para um breve abraço. e Meg aguardaram para cumprimentarem ele.
- Tudo bem? – quis saber se eles estavam bem um com o outro. - Relaxa. Está tudo bem. – sorriu, terminando o abraço. ficou mais aliviado.
- E aí, cara? - também abraçou rapidamente o amigo.
- Gostei da jaqueta. – elogiou a jaqueta de couro do .
- Eu a vesti hoje porque sabia que era a sua favorita. – brincou, piscando um dos olhos para o .
- Começaram cedo hoje, hein? – riu, rolando os olhos.
- Tudo bem, Meg? – Brooke cumprimentou a amiga, ainda rindo da brincadeira do e do . Ela cumprimentou o em seguida.
- Você não deveria estar em Nova York, Meg? – fez careta ao cumprimentar a ‘amiga’.
- Que gracinha. – Meg ironizou. – Estou curiosa, Jonas. Quanto você pagou para esse pessoal ficar babando o seu ovo desse jeito? – Ela se referia aos outros ex-alunos que foram cumprimentar o .
- Você está se referindo aos meus fãs? – sorriu, se achando. Ele estava fazendo de propósito.
- Brooke, querida, você é mesmo muito corajosa. Parabéns. – Meg sorriu para a Brooke, que achava muito engraçada aquela implicância que a Meg e o tinham um com o outro.
- Dá para vocês dois se comportarem? – deu uma bronca na namorada e no amigo.
- Ela começou! – se defendeu.

No caminho todo até a casa da , e eu fomos conversando sobre nossas respectivas universidades. Ele pareceu muito feliz e empolgado com o seu curso e com carreira que ele estava começando a construir na área de engenharia. Contei a ele sobre a medicina, sobre a universidade e sobre a rigidez dos professores. Ficou bastante evidente a maneira diferente com que falávamos dos nossos cursos. O estava animado, feliz e completamente realizado. Eu não conseguia falar da minha universidade e do meu curso com tanta empolgação. Eu só notei isso durante a nossa breve conversa até a casa da .

- NÃO ACREDITO! – gritou ao me ver dentro do carro do .
- Surpresa! – Eu abri os braços para recebê-la assim que desci do carro.
- Não acredito que você veio. – Ela não conseguia parar de me abraçar.
- Eu nem tive tempo de te avisar. Foi de última hora. – Eu não contei toda a verdade, mas também não menti.
- Oi, lindo. Agora entendi por que você demorou. – riu, beijando e abraçando o namorado. Enquanto a abraçava, me olhou feio e fez sinal de silêncio. Eu ri silenciosamente.
- Você conhece a minha irmã, né. – rolou os olhos. Eu apenas me mantive em silêncio, enquanto o fuzilava com os olhos.
- Você está bonita. – comentou ao me olhar.
- Você acha? Eu estou tão simples. – Eu olhei para a minha roupa.
- Está, mas continua bonita. – manteve o elogio.
- Awn, obrigada. – Eu a abracei de lado. – Eu amei o seu vestido. – Eu a elogiei também.
- Está maravilhosa. – também elogiou.
- Obrigada. – ficou até sem jeito com os elogios.
- Vamos? Já estamos atrasados. – disse e eu e a concordamos na mesma hora.

levou o carro, foi ao lado dele no banco do passageiro e eu fui no banco detrás. No caminho até a escola, dei uma olhada nas minhas redes sociais e vi vários colegas e ex-alunos da escola postando fotos na reunião. O pessoal realmente levou essa reunião a sério.

Quando chegamos na escola, o local parecia extremamente lotado. O teve até dificuldade para encontrar um lugar para estacionar. Não consegui evitar o nervosismo ao rever aquela escola onde eu tinha tantas memórias. Talvez o fato de reencontrar o e a Brooke também estava colaborando para tal nervosismo.

Eu desci do carro e fiquei esperando o e a . Eu não queria entrar sozinha. Após o e a descerem do carro, seguimos juntos até a entrada do ginásio. Eles foram na frente de mãos dadas e eu fui atrás. Eu estava um pouco tímida. Eu nunca fui popular naquela escola e mesmo parecendo ridículo, eu ainda me importava em parecer bem para as outras pessoas. Quando estava prestes a entrar no ginásio, levantei a minha cabeça e coloquei um sorriso no meu rosto.

Assim que entrei no ginásio, a primeira coisa que me chamou a atenção foi a decoração. Estava incrível. Havia fotos espalhadas por todo o local e um telão enorme, que também mostrava algumas fotos e tinha até uma banda que estava cantando no local. Fiquei tão entretida com a decoração, que não prestei atenção em quem estava ou não na festa. Eu não tinha visto o e a Brooke, mas eles tinham me visto.

- A veio! – Brooke sorriu, surpresa. ainda não tinha me visto quando a Brooke comentou. A frase da namorada fez com que ele me olhasse de longe na mesma hora. O coração disparou sim. Ele não podia negar. e se entreolharam.
- Ué. Ela não me contou nada que viria. – Meg estranhou a minha presença porque nós havíamos nos visto na noite anterior e mesmo sabendo que ela viria para a reunião, eu não tinha dito nada.
- Acho que ela quis fazer surpresa. – sorriu, feliz ao me ver.
- Essas fotos ficaram incríveis. – Eu comentei, encantada.
- Olha essa. – estava ao meu lado e apontou para uma das fotos.
- Encontrei a mesa. Eles estão ali. – disse, assim que viu os amigos de longe. Ele mal estava prestando a atenção nas fotos.
- Vamos. Depois nós voltamos para ver as fotos. – disse, me puxando para ir com ela e o até a mesa. Se ela soubesse que eu preferia ficar a noite inteira olhando para aquelas fotos.

Fomos passando pelas mesas e por vários rostos conhecidos. A maioria eu conhecia de vista, mas nem ao menos sabia o nome. Outras pessoas deviam ter frequentado alguma aula comigo, mas eu não fazia a menor ideia de quem eram. Continuamos nos aproximando da mesa e mesmo não tendo olhado diretamente para a mesa, eu já tinha notado que o e a Brooke estavam nela. Minha visão periférica não falhava. Comecei a ficar nervosa, porque eu ainda não tinha um plano definido. Eu deveria cumprimentá-lo? Ignorá-lo? Talvez, fingir que não o vi. Eu não sabia e eu tinha pouquíssimo tempo para definir.

Quando eu estava bem próxima da mesa, resolvi olhar na direção dela e, por sorte, o meu olhar se encontrou imediatamente com o do . Eu não precisei ter contato visual com mais ninguém. seria a minha cobaia momentânea. Continuei andando na direção da mesa enquanto olhava e sorria para ele. A minha atitude o fez levantar da mesa e me aguardar em frente a ela. Meg se levantou também.

- Que bom te ver! Achei que você não viesse. – me recebeu com o carinho de sempre. Ele me abraçou forte.
- Eu tive que vir. Não podia perder a oportunidade de me reunir com vocês nesse lugar mais uma vez. – Eu terminei o abraço.
- Você não me disse que viria! Eu teria te esperado e dado uma carona! – Meg me olhou feio antes de me abraçar.
- Eu decidi em cima da hora. Tive até que pegar um avião ou eu não chegaria a tempo. – Eu me justifiquei.

Fiquei algum tempo conversando com a Meg e o e tentei prorrogar ao máximo aquela conversa. Tudo para não ter que chegar na mesa e ter que cumprimentar todos os que estavam sentados. e foram cumprimentar o e a Brooke, mas eu continuei ali, fingindo que não estava evitando ao máximo aquela mesa.

Por causa da minha demora, e decidiram se levantar para irem me cumprimentar. Eles não cansavam de me agradecer por estar ali naquela noite. Eles se juntaram a rodinha de conversa que eu, a Meg e o havíamos formado. e Brooke permaneceram sentados ao lado do e da , que estavam matando a fome com os petiscos que foram servidos na mesa. Brooke estava ansiosa para me cumprimentar. Ela era educada demais para evitar a sua necessidade de ir até lá para me cumprimentar.

- Eu vou falar com a . Você não vem? – Brooke sussurrou no ouvido do namorado prestes a se levantar. foi pego de surpresa e até mesmo interrompeu a conversa com o para olhá-la. Quando percebeu que ela estava falando sério, ele ficou visivelmente desconsertado.
- Não, eu... – ainda não tinha uma boa desculpa. – Eu vou terminar a conversa com o e vou, mas... pode ir na frente se você quiser. – Ele sabia que estava mentindo. Ele obviamente não iria.
- Eu vou. – Brooke se levantou e se aproximou. Por causa da roda que havia se formado, ela precisou dar a volta e chegar por trás de mim. Eu estava tão entretida na conversa, que nem ao menos notei que ela havia se levantado da mesa e tinha se aproximado. Brooke tocou o meu ombro e sem fazer ideia de que eu a encontraria, eu me virei.
- Oi! – Brooke abriu um enorme sorriso. Eu fiquei visivelmente nervosa.
- Brooke. Oi. – Eu tentei fazer com que soasse natural, mas não creio que eu tenha conseguido.
- Como você está? – Brooke inesperadamente se aproximou e me cumprimentou com um beijo no rosto.
- Muito bem. Você está linda. – Eu quis retribuir a gentileza do beijo.
- Obrigada. Você também está. – Brooke sorriu, agradecida. Todos a nossa volta pareciam ter parado para ver a cena.
- Valeu. – Eu forcei o meu melhor sorriso.
- E o Mark? Foi tudo bem? Ele fez boa viagem? – Brooke mais uma vez mostrou-se educada perguntando do Mark, que até onde ela sabia, era o meu namorado. Ela era realmente uma graça.
- Foi tudo bem. Ele já me mandou uma mensagem avisando que chegou. – Eu não menti. Eu realmente tinha recebido a mensagem no caminho para a reunião de ex-alunos.
- Que bom. Fico feliz. Espero que ele tenha muito sucesso. – Brooke era realmente incrível. Não dava nem para sentir raiva dela. Não dava para julgar o por ter preferido ficar com ela.
- É o que eu também desejo a ele. – Eu concordei e por um momento, ficamos nos olhando devido à falta de assunto.
- Ei, tem coisa para comer aqui na mesa. – quebrou o silencio de propósito.
- Opa! Eu ainda estou com fome. – Meg virou-se para a mesa e pegou alguns aperitivos nas mãos. Os garotos inevitavelmente se juntaram ao e ao . A se aproximou de mim e das garotas. Esse tipo de subgrupo sempre acabava se formando.

A separação involuntária entre os garotos e as garotas foi a melhor coisa que poderia me acontecer naquela noite. Eu não precisei cumprimentar o e acho que ninguém havia notado. Eu nem ao menos precisei olhar para ele, por isso, eu estava levando aquela reunião de maneira muito tranquila. Ao chegar naquela reunião eu achei que, talvez, eu pudesse decidir ir embora em algum momento, mas se as coisas continuassem daquela maneira, eu sobreviveria o resto da noite.

Ao contrário de mim, estava sim um pouco tenso. A minha presença e proximidade entre mim e a Brooke não o deixava confortável. Será que a Brooke me trataria tão bem se soubesse que eu era ex-namorada do ? Ele se sentia culpado sobre isso. Ele sabia que estava escondendo algo bastante relevante da Brooke e ela não merecia ser enganada. Enquanto fingia prestar a atenção na conversa dos amigos, ficava se cobrando por não ter contado tudo para a Brooke. Ele deveria ter feito isso antes da reunião. E se alguém dissesse alguma coisa? E se ela soubesse por outra pessoa? Não era justo.

- Eu amei a decoração. – comentou, olhando em volta.
- Foi muito boa a ideia das fotos. – Eu concordei.
- Eu nem sabia da existência dessas fotos. – afirmou, olhando para as fotos de longe.
- Vamos ver? – Meg propôs. Ela estava curiosa para conhecer um pouco mais sobre a escola.
- Eu também quero ver. – Brooke concordou.
- Vamos começar dali. – apontou para o mural mais próximo da porta.
- Meninos, vocês vão ficar aí? Vamos ver as fotos. – perguntou, aguardando a resposta dos amigos e do namorado.
- Podem ir. – não demonstrou interesse.
- Se eu for até lá, vou precisar dar autógrafos. Eu estou exausto. – brincou, recebendo vaia dos amigos. Eu me mantive distante de propósito.
- Nós vamos depois. – piscou um dos olhos para a Meg.
- Beleza. – concordou, afastando-se dos garotos. – Eles não vão. Vamos. – Ela nos avisou.

Nos aproximamos de cada um dos murais de fotos e comentávamos e riamos da maioria das fotos. Fomos pacientes em explicar para a Meg e para a Brooke sobre os jogos, as regras da escola, os professores chatos e os legais. Tentamos encontrar na reunião algumas pessoas que estavam nas fotos e comentávamos sobre a mudança de aparência de alguns colegas. Eu estava surpresa com o quanto eu estava e divertindo naquela noite. Foi realmente uma surpresa ótima.

- Oh, não. Olha só quem acabou de chegar. – sussurrou, tentando ser discreta. Aproveitou que a Brooke tinha ficado um pouco para trás, vendo uma foto do em um dos murais. Como éramos pouco discretas, olhamos logo as 3 de uma só vez na direção da porta.
- Quem são esses dois? – Meg não entendeu nada.
- Não acredito. É ela mesmo? – Eu estava em choque.
- Que nariz é aquele? – fez careta.
- Não acredito que a Jessie fez plástica no nariz. – virou-se de costas para a porta, pois sentiu muita vontade de rir.
- O problema não é ter feito a plástica. Ficou horrível. – negou com a cabeça.
- Quem é essa coitada, afinal? – Brooke estava curiosa.
- Essa é a Jessie. Ela era a capitã das líderes de torcida. – Eu contei discretamente para a Meg e para a Brooke.
- Eu não sei como era o nariz dela de antes, mas o de agora está torto. Que estranho. – Meg foi sincera como sempre.
- E o Peter não mudou nada. – rolou os olhos.
- Continua esnobe. – Eu fiz careta. Brooke se aproximou novamente, nos alcançando.
- Espera. Peter? Aquele Peter? – Meg me olhou, incrédula. Eu já havia mencionado o Peter em algumas das nossas conversas.
- O próprio, Meg. – Eu confirmei.
- Nossa, . – Ela fez careta.
- Quem é esse que vocês estão olhando? – Brooke estava perdida.
- Ex-namorado da . – contou.
- Não faz meu tipo. – Meg fez careta.
- Eu até que achei bonitinho. – Brooke ergueu os ombros.
- O gosto de vocês pra homem é realmente parecido, né? – Meg brincou e eu dei uma cotovelada discreta nela na mesma hora. Ela me olhou feio.
- Melhor ele ficar bem longe dos meninos. – mudou rapidamente o assunto de propósito. O que seria de mim sem ela?
- Por quê? – Brooke quis saber.
- Eles nunca se deram bem. O Peter tentou mais de uma vez pegar o lugar do como capitão do time de futebol. – explicou.
- Jura? Eu ia amar uma briga pra animar um pouco essa festa. – Meg disse, arrancando a risada de todas.
- Olha lá, ele realmente veio. – falou um pouco mais baixo para os amigos. Ele tinha visto o Peter.
- Eles não tinham terminado o namoro? – referia-se a Jessie.
- Quem é essa com ele? – não tinha reconhecido.
- Como quem é essa? Está louco? – segurou o riso.
- Aquela não pode ser a... – cerrou os olhos para tentar enxergar melhor. – Minha nossa. – Ele arregalou os olhos.
- O que ela fez na cara dela? Era tão bonitinha. Não valia nada, mas era bonitinha. – disse, fazendo careta.
- Eu não consegui identificar o que mudou, mas ficou horrível. – concordou.
- E o Peter não tem mesmo vergonha na cara, né? Sequestrou a da última vez e, agora, entra aqui de cabeça erguida como se tivesse alguma moral. – comentou, perplexo.
- Ele que pense em chegar perto da minha irmã. Eu arrebento ele. – ameaçou, bancando o irmão protetor de sempre.
- Ele não vai. Ele levou tanta porrada naquele dia, que deve sonhar comigo todas as noites. – gargalhou.
- Até da ele apanhou naquele dia. – também estava rindo.
- Bons tempos. – riu, negando com a cabeça.

Mais uma vez, o Peter virou assunto. Os garotos adoravam lembrar das brigas e discussões que envolviam ele e não eram poucas, viu? Peter se sentou em uma mesa com a Jessie. Ninguém o cumprimentou, nem mesmo os colegas de sala de aula. A escola inteira soube que ele teve uma briga feia com os próprios amigos alguns dias antes da formatura. Agora, ele estava colhendo o que havia plantado.

Eu e as meninas terminamos de ver as fotos e voltamos para a mesa. Felizmente, não encontrei nenhuma foto comprometedora minha. Eu estava com receio de ter alguma foto minha com o . Não era a melhor maneira da Brooke descobrir que eu era ex do namorado dela, não é?

e Meg se sentaram na mesa ao lado dos seus respectivos namorados, enquanto eu, a e a Brooke continuamos de pé (próximas da mesa) conversando sobre os nossos fracassos na aula de educação física. Mesmo estando bem, eu continuava me monitorando para não manter qualquer tipo de contato com o . Eu não queria que ele pensasse que eu estava tentando alguma coisa ou forçando uma situação.

A minha proximidade com a Brooke deixava o muito preocupado. Ele sabia que tinha errado em não ter contado para ela sobre mim e ele mesmo queria retratar esse erro. Ele queria ser honesto com ela sobre tudo. É assim que deve ser em um relacionamento, não é? Ele estava tão nervoso com o assunto, que prometeu a si mesmo que contaria toda a verdade para a Brooke assim que saísse da reunião. Ela merecia saber.

A conversa com as meninas estava ótima. As lembranças e recordações me faziam rir muito. Eu continuava de pé e coincidentemente, eu também estava de frente para a porta, o que significava que, mesmo de longe, eu acompanhava todo mundo que ia chegando. Ninguém realmente relevante chamou a minha atenção até o momento em que ela entrou. Vestido preto justíssimo e salto alto. Meu sangue subiu no momento em que eu a vi.

- O que aconteceu? – estranhou a minha mudança de expressão e virou-se para olhar na mesma direção que eu. – Ah, já entendi. – Ela sorriu em meio a uma careta.

Amber. Ela inevitavelmente chamava a atenção com o seu vestido preto justo que marcava perfeitamente todas as suas curvas. Todos no ginásio pareciam ter parado para olhá-la. Era disso que ela gostava, né? Atenção. Especialmente se fosse a atenção do . Bem, ela teve esse prazer. Ele a viu no momento que ela pisou no ginásio. Ele não achou que ela viria. A primeira preocupação dele foi a Brooke.

- Ei, Brooke. – tentou não parecer desesperado para não preocupar a namorada. Ela olhou pra ele e ele a chamou com a cabeça.
- Oi. – Ela queria saber o que ele queria.
- Estava com saudades. Você sumiu. – forçou um pouco, mas a intenção era boa. Todo mundo naquela reunião sabia exatamente o que a Amber faria se o visse sozinho. Ele queria evitar qualquer tipo de proximidade, especialmente em respeito a Brooke.
- Só de olhar para ela, já me dá enjoou. – Eu rolei os olhos e virei de costas para ela. Eu não queria continuar olhando para cara dela.
- Incrível como o seu humor e sua expressão mudam. – observou.
- Eu não suporto estar no mesmo ambiente que ela. Se não fosse por vocês, eu iria embora. – Eu tentei me acalmar.
- Espero que ela mantenha a distância. – disse.
- É claro que ela vai manter distância. O problema dela comigo era o . Eu não sou mais problema dela. – Eu afirmei. – É bom mesmo. Eu não quero confusão hoje. Eu quero sair invisível dessa reunião. – Eu fui bem sincera.
- Será que ela já viu o ? – perguntou o que todos naquele ginásio estavam se perguntando.
- É claro que viu. Ela só veio por causa dele. – Eu não tinha dúvidas sobre o que eu estava falando. A Amber era absurdamente fascinada pelo . – Ela deve ter ficado sabendo sobre o término. – Eu me referia ao meu relacionamento com o .
- Se ela achou que ele estava disponível, se deu muito mal. – segurou o riso, referindo-se a Brooke.
- Espero que a Brooke saiba lidar com ela. – Eu disse, sabendo que em algum momento, a Amber abordaria a Brooke. Eu conhecia muito bem os joguinhos dela. Eu sabia como ela jogava.

Após um pouco mais que uma hora e meia de reunião, algumas pessoas já estavam um pouco alcoolizadas e consequentemente mais alegres e menos tímidas. A pista de dança estava parcialmente cheia dessas pessoas e de algumas outras que apenas gostavam de dançar. A banda que tocava era ótima e atendia quase todos os pedidos de músicas que eram feitos a eles. A comida estava ótima e a bebida também era de qualidade.

Apesar dos péssimos reencontros que éramos obrigados a ter, alguns deles ainda eram bons, pelo menos, pra mim. A Sra. Dark, por exemplo. Eu fiquei muito feliz ao reencontrá-la. A professora de sociologia estava bonita, elegante até demais para uma festa como aquela. Foi a única professora que eu notei que estava indo nas mesas para cumprimentar cada um de seus ex-alunos. Na nossa mesa não foi diferente.

- Você está tão bonita. – Sra. Dark sorriu, antes de me cumprimentar.
- A senhora está muito chique. – Eu retribuí o elogio, enquanto a abraçava.
- Obrigada. – A professora agradeceu. – Você acredita que eu ainda sonho com aquela sua apresentação na formatura? Não tivemos uma outra apresentação tão boa desde então. – Eu deveria saber que ela tocaria no assunto.
- É mesmo? – Eu fiquei muito sem graça, mas tentei disfarçar. Ela não tinha culpa.
- Você poderia cantar novamente para nós, não é mesmo? Seria um bom momento de recordação para todos que estão aqui. Muitos se emocionaram naquele dia. – Sra. Dark me pediu com a maior doçura e inocência de todas. Ela não fazia ideia do que ela estava me pedindo. Todos que estavam na mesa acompanhavam a nossa conversa. Por sorte, a Brooke tinha levado o para a pista de dança. Seria muito constrangedor ter aquela conversa ao lado dele.
- Não, não. – Eu neguei imediatamente, mas mantive o sorriso no rosto. – Eu sou muito tímida. Eu ainda não sei como subi naquele palco. Eu não canto mais. – Eu usei todos os argumentos que vierem a minha mente.
- É uma pena. – A professora parecia decepcionada. – E o seu parceiro de apresentação? Eu não o vi. – Ela olhou novamente para as pessoas que estavam sentadas naquela mesa para se certificar de que o não estava lá.
- Ele... – Eu travei na hora. Fiquei tão nervosa, que demorei mais do que deveria para responder.
- Ele está na pista de dança. – me salvou em meio ao meu blackout.
- Com a namorada dele. – complementou a resposta. Ela achou necessário dizer para que a professora entendesse que nós não estávamos mais juntos.
- Ah, é mesmo? Eu vou procurar por ele. – A professora não deu muita atenção ao que a havia dito. Pelo menos, ela não tinha tido nenhuma reação ao receber aquela informação. – Foi um prazer rever todos vocês. – Ela sorriu, olhou para todos e apertou a minha mão antes de sair.
- Meu. Deus. – Eu me sentei na cadeira. – Estou até com calor. – Eu peguei o cardápio que estava na mesa e comecei a me abanar.
- Sra. Dark. Inconveniente como sempre. – disse, negando com a cabeça.
- Eu não entendi. Que apresentação é essa que ela mencionou? – Meg estava perdida, tadinha.
- Foi uma apresentação que a e o fizeram quando nós nos formamos. Eles compuseram e cantaram uma música juntos. Foi memorável. – contou para a namorada de maneira mais reservada.
- Eu imagino. No nosso pedido de namoro, eles foram incríveis. – Meg relembrou.
- Ela realmente está indo falar com o . Olhem. – disse, vendo a Sra. Dark ir em direção a pista de dança.
- Se ela falar sobre nossa a apresentação na frente da Brooke, ela... – Eu olhei para o com os olhos arregalados. A Brooke não sabia sobre o envolvimento que eu e o tivemos. Mesmo sabendo que eu não tinha nada a ver com o assunto, aquilo me preocupava. Apesar de tudo, eu gostava da Brooke e não queria que ela descobrisse daquela maneira. E ainda tinha o . Eu não queria prejudicá-lo de maneira alguma.
- Ah, não. – suspirou, preocupada com o .
- Vamos tentar ajudar. – não pensou duas vezes e se levantou da mesa. foi com ele. Eu não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo. Estava tudo indo bem até aquele momento. Quando a e o se afastaram, eu me atrevi a olhar para a pista de dança. Eu vi o e a Brooke. Eles estavam dançando e pareciam muito felizes. Naquele momento, eu soube que tudo não estava tão bem quanto eu imaginei que estivesse. Doía muito vê-lo com ela.
- Eu preciso ir ao banheiro. – Eu me levantei rapidamente e me retirei da mesa.

Estar naquela reunião já estava ficando um pouco pesado para mim. Além de ter vindo de Nova York para levar o maior e pior fora da minha vida, eu ainda tinha de lidar com o relacionamento feliz da Brooke e do e me preocupar em não arruinar o relacionamento deles por causa de uma omissão que o próprio optou fazer. Sim, eu tinha certeza que a Brooke descobriria naquele momento sobre o meu relacionamento com o e eu não queria estar lá para ver a reação dela. Eu sabia que eu ficaria muito mal e me sentiria culpada, mesmo sabendo que a culpa não era minha. Depois do dia horrível que eu tinha tido, eu não queria ter que lidar com aquilo.

Eu saí tão rápido da mesa, que nenhuma das meninas tiveram tempo de se oferecerem para me acompanhar. Meu coração começava a pesar novamente e todos os sentimentos ruins começavam a se sobressair aos bons sentimentos que eu vinha cultivando durante a reunião até aquele momento. Eu estava me divertindo e estava lidando com tudo com mais facilidade do que eu havia imaginado. Estava tudo bem pra mim contanto que eu não tivesse que manter qualquer contato com o , mas só o fato de a Sra. Dark ter trazido a nossa apresentação na formatura à tona, fez com que a minha armadura começasse a se desfazer aos poucos. Eu sentia isso.

Entrei no banheiro completamente desestabilizada. A intenção era ficar sozinha por um momento para poder me acalmar e tentar controlar os meus sentimentos. Eu tinha conseguido ficar bem até aquele momento e pretendia sobreviver até o final da reunião. Não faltava muito. O banheiro parecia vazio e eu aproveitei para encarar o espelho. Respirei fundo mais uma vez e repetia para mim mesma que tudo ficaria bem. De repente, uma das portas da cabine do banheiro se abriu. Levei até um susto, pois imaginei que estava sozinha ali dentro. Pelo espelho, fiquei olhando para saber quem era. Eu não acreditei. Só podia ser brincadeira! Amber saiu arrumando o seu vestido e assim que ela levantou o rosto, ficou surpresa em me ver. Minha reação foi instantânea. Eu neguei com a cabeça e me virei imediatamente na direção da saída do banheiro. Eu não era obrigada a ficar no mesmo ambiente que aquela garota. Desculpa.

- Espera! – Amber pediu ao notar que eu estava prestes a sair do banheiro. – Eu sinto muito! – Ela disse, quando percebeu que eu havia ignorado o seu pedido anterior. Ela tinha mesmo dito que ‘sentia muito’? Eu tinha escutado bem? Amber me dizendo que sentia muito? Ah, não. Era inédito. Eu precisava ficar para ouvir. Parei na frente da porta, virei para olhá-la e dei poucos passos na direção dela.
- Eu estou ouvindo. – Eu estava certa de que aquele seria o momento de redenção da Amber. Fiquei esperando ela dizer, enquanto ela me olhava da cabeça aos pés.
- Eu quero dizer que sinto muito. – Amber disse, séria. Parecia até uma mulher de respeito falando. – Sinto muito pelo seu relacionamento com o . – Ao final da frase dela, o sorriso debochado. Eu deveria saber. – Sinto muito por você ter perdido ele. – Amber fingia que estava com dó, mas ao mesmo tempo ficava segurando o riso. Eu queria muito voar em cima dela naquele momento. Eu nunca tive tanto autocontrole em toda a minha vida.
- Esse seu sorriso. – Eu neguei com a cabeça, tentando me acalmar. Eu queria quebrar todos os dentes dela. – Você está se sentindo ótima, né? Achando que acabou com o meu dia. – Eu sorri com pena. – Sinto muito, querida. Chegou tarde. – Eu ergui os ombros. – Você não é mais problema meu. – Eu afirmei, séria. Consegui tirar aquele sorriso idiota da cara dela. Sai do banheiro sem olhar para trás.
- Ei, . – se aproximou do e da Brooke. Eles conversavam sobre algum assunto em um dos cantos da pista de dança. Ele e se anteciparam e chegaram antes da Sra. Dark. – Vamos ali no... – Ele começou a falar rapidamente para tentar tirá-lo dali antes que a professora chegasse.
- . Eu estava aqui falando pra Brooke. – mal ouviu o que o amigo tinha falado. – Está vendo aquele cara de camiseta vermelha? Lembra dele? – Ele perguntou, tentando ser discreto.
- O que? Não. – estava tão aflito para tirá-lo dali que nem prestou atenção em nada. Do que ele estava falando?
- Ele é aquele cara que entrou no time, jogou por duas semanas e pediu transferência. Ele jogava muito! – lembrou com empolgação.
- . – tentou intervir.
- Você lembra, ? É ele, né? – não estava entendendo a gravidade do assunto.
- Eu não... – negou com a cabeça e olhou para o namorado.
- Eu daria a vaga de capitão para ele com tranquilidade. – afirmou em meio a risos.
- Aqui está você! – Sra. Dark interrompeu a conversa assim que se aproximou do .
- Oh, merda. – suspirou.
- Que modos são esses, ? – A professora olhou feio para ele.
- Desculpe, Sra. Dark. – forçou um sorriso.
- Jonas, você está ótimo. – sorriu ao vê-la. Ele tinha um certo carinho por ela. De alguma forma, ela havia ajudado em nosso relacionamento. Ele nunca esqueceria isso.
- Ei, Sra. Dark! Que bom ver a senhora. – retribuiu a gentileza. – Essa é a Brooke, minha namorada. – Ele apresentou, assim como havia feito com todos que o abordaram na festa.
- Muito prazer! – Sra. Dark cumprimentou a garota.
- Ela foi a minha professora de Sociologia no último ano. – explicou para a namorada.
- Que legal! O prazer é meu, Sra. Dark. – Brooke deu o seu melhor sorriso. – Não acredito que ela lembra de você. Ela já deve ter tido milhares de alunos, mas se lembra de você. – Ela disse com seu jeito simpático e doce. – Ou você era um ótimo aluno ou você foi o pior dos alunos. – Brooke brincou, olhando para o namorado.
- Na verdade, é por causa da voz dele. Seu namorado tem um dom incrível para cantar. Eu jamais me esqueceria dele. – A frase da professora tirou o sorriso espontâneo do rosto do . Ela estava se referindo a apresentação na formatura! Ele nem havia se dado conta de que aquele assunto poderia vir à tona. Se viesse à tona da maneira errada, seria difícil a Brooke não desconfiar que eu e o já havíamos namorado.
- Cantar? O ? – Brooke arregalou os olhos para olhar para o namorado. Ele nunca havia contado para ela que ele cantava ou que já havia cantado algum dia. – Você nunca me contou nada. – Ela não estava brava. Só estava surpresa.
- Foi só uma fase. Eu não faço mais isso. – falou como se fosse algo irrelevante.
- Não acredito! É uma pena! Eu queria tanto que você cantasse novamente a música cantada na formatura. Acho que todos iriam gostar. – Sra. Dark parecia decepcionada. e se entreolharam, incrédulos.
- O que!? Não. Imagina. Eu não canto mais. – recusou imediatamente. Inclusive, foi até um pouco ríspido para encerrar de vez o assunto. Brooke percebeu.
- É realmente uma pena. De qualquer forma, foi um prazer rever você e conhecer a sua namorada. – Sra. Dark usou um tom de despedida. e pareciam mais tranquilos, já que eu não havia sido mencionada na conversa em nenhum momento.
- Bom te ver, professora. – estava visivelmente tenso. Trazer aquela apresentação à tona o deixou bastante desestabilizado. Não só por ter sido mencionada na frente da Brooke, mas por trazer uma lembrança muito forte, talvez, a mais marcante da nossa história juntos. Aquela apresentação foi muito significativa para nós dois por causa da história por trás da letra. Envolvia a minha ida pra Nova York, a despedida da escola e o início do nosso desastroso namoro a distância. Era uma recordação muito forte para ele.
- Uau. Eu estou surpresa com essa história. Eu namoro um cantor e não sabia? – Brooke ainda estava perplexa.
- Cantor? Imagina. Não chega nem perto. – sorriu para a namorada, mas trocou olhares com o e a , que se afastaram de maneira discreta. Não tinha mais motivos para eles estarem ali.
- Um dia você vai ter que cantar para mim. – Brooke disse, curiosa. – Só um pouquinho. – Ela fez bico.
- Eu canto. Qualquer dia, eu canto. – riu do bico dela e selou os seus lábios por um momento.

Foi exatamente aquela cena que eu vi quando eu saí do banheiro. Eu estava sendo bombardeada por todos os lados. O que eu tinha perdido? A Sra. Dark já tinha ido falar com ele? Ou ela já tinha falado e estava tudo bem? Eu não conseguia interpretar de longe, mas eu estava bastante curiosa e aflita. Fui caminhando na direção da mesa dos meus amigos e me sentei em um dos cantos. Depois de responder milhões de vezes que eu estava bem, fiquei olhando qualquer coisa no meu celular que pudesse me distrair.

- Ufa. – se sentou ao meu lado. se sentou ao lado dela.
- O que aconteceu? – Eu quis saber.
- A Sra. Dark falou com ele. Inclusive, pediu para que ele cantasse a música também, mas acredite ou não: em nenhum momento ela citou o seu nome. – Ela contou.
- Sério? – Eu sorri, aliviada. – Ainda bem. – Eu disse.
- Você deve ser a melhor ex-namorada de todas, sabia? Você está preocupada com a Brooke. – disse em um tom mais baixo. – Uma ex-namorada normal não se importaria com nada. Omitir o namoro de vocês foi uma opção do . É problema dele, não seu. – Ele completou.
- Eu sei, eu sei, mas... – Eu hesitei por um momento. – Ele decidiu não contar. O relacionamento é dele. Eu não tenho nada a ver com isso. Se ele não quis contar, não sou eu que vou contar. Ele vai lidar com isso da maneira que ele quiser. Eu não vou tirar esse direito dele. – Eu fui bem realista. – Além disso, a Brooke é incrível. Ela não merece descobrir tudo dessa forma. Eu não sei ser como a Amber. – Eu desabafei.
- Você tem um coração incrível, . – sorriu, orgulhosa.
- Aliás, falando em Amber... Vou deixar vocês adivinharem quem eu encontrei no banheiro. – Eu fiz cara de tédio.
- Qual o assunto, amigos? – Meg se aproximou para participar da conversa.
- Estou contando quem eu acabei de encontrar no banheiro. – Eu não tinha motivos para esconder esse tipo de coisa.
- Você está brincando que você encontrou a Amber no banheiro. – disse, incrédulo.
- Vocês acreditam? – Eu fiz careta.
- E o que ela disse? – quis saber.
- Tentou me provocar falando que eu não estava mais com o . – Eu fiquei irritada ao lembrar.
- Ridícula. – comentou.
- Por que você não me chamou para te ajudar a dar uns socos nela? – Meg me olhou, indignada.
- E sujar as minhas mãos com ela? Eu me recuso. – Eu neguei com a cabeça.
- Essa não desiste mesmo, né? – comentou.
- Eu sabia que ela daria um jeito de chegar até mim. A Brooke é a próxima, eu tenho certeza. Ela vai tentar aprontar alguma com a Brooke. – Eu tinha certeza. Como eu já disse, eu conhecia o jogo sujo dela. Ela não ia ver o com outra e deixar barato. Ela só estava esperando a oportunidade certa.

Mais uma hora de festa se passou e nada de relevante aconteceu. Eu continuei na mesa conversando com as meninas, o se juntou com os meninos para falar sobre futebol. revezava entre a pista de dança e a mesa. Ele tentava balancear a atenção dada a Brooke e a atenção dada aos amigos. A cada sorriso ou beijo que eu acabava presenciando entre o e a Brooke era um baque no meu emocional. Isso foi me desgastando muito durante a noite, porque eu realmente estava me esforçando muito para manter a minha postura de conformada. Eu estava ficando exausta de fazer aquilo.

Começávamos a entrar na parte final da reunião. Não deveria durar mais do que uma hora e meia. Uma hora e meia para que eu me mantivesse em pé, com a cabeça erguida e com os olhos livres de lágrimas. Uma hora e meia do se divertindo com a Brooke, mesmo se sentindo muito culpado por não ter dito a ela sobre a história que tivemos. Aquela reunião, em especial, o deixava extremamente desconfortável sobre o assunto, pois todos, sem exceção, sabiam sobre o envolvimento dele comigo. Era horrível para ele saber que a Brooke estava em um local, onde todos sabiam de uma coisa que ele quis omitir dela todos esses meses.

- Eu vou pegar uma bebida para nós. Me espera aqui? – perguntou, esperando o aval da namorada.
- Claro. – Brooke concordou com um sorriso doce. Ele selou os lábios dela antes de se afastar.

Ao se aproximar do serviço de bar que servia a festa, viu que uma fila havia se formado. Ele pensou, repensou e decidiu entrar na fila e aguardar a sua vez de pedir as bebidas. Como eram três bartenders fazendo as bebidas, ele achou que não demoraria para chegar à sua vez. Enquanto isso, Brooke se direcionou a um dos cantos da pista de dança para aguardar o namorado. Mesmo sendo um pouco tímida, estar rodeada de pessoas que ela não conhecia não a deixou tão desconfortável. Ela resolveu checar o celular, enquanto esperava. Sozinha em um dos extremos da pista de dança, Brooke parecia o alvo perfeito. Era a deixa que a Amber estava aguardando desde o momento que colocou os olhos no casal.

- Com licença. – Amber a abordou da maneira mais educada que conseguiu. Brooke deixou de olhar o celular para saber de quem se tratava.
- Oi. – Brooke sorriu mesmo sem saber quem era.
- Você é a nova por aqui, não é? – Amber devolveu o sorriso.
- Está tão na cara assim? – Brooke riu, sem jeito. – Na verdade, eu vim acompanhar o meu namorado. Ele é ex-aluno. – Ela completou.
- Seu namorado? – Amber queria que ela desenvolvesse o assunto.
- Sim. O Jonas. Você deve conhecê-lo. Todos aqui parecem conhecê-lo. – Brooke rolou os olhos.
- O ? – Amber fingiu surpresa. A atuação era digna de Oscar! – É claro que eu o conheço. – Ela fingiu empolgação. – Eu sou a Amber. – Ela se apresentou. Queria saber se a Brooke sabia quem ela era.
- Amber? – Brooke levou dois segundos para ligar a pessoa ao nome de uma das ex-namoradas que o havia citado em algumas de suas histórias.
- Você parece já ter ouvido falar sobre mim. – Amber encontrou ali a oportunidade de fazer o que ela fazia de melhor: arruinar o namoro do .
- É, eu ouvi sim. – Brooke não se mostrou nem um pouco incomodada. Ela não era do tipo ciumenta.

De onde eu estava, no auge da minha vontade de desistir de vez daquela reunião estúpida, eu passei os olhos pela pista de dança. Eu imediatamente vi a Brooke e a Amber conversando. Isso chamou muito a minha atenção. Como eu já havia concluído naquela noite, a Amber não era mais problema meu, mas era problema da Brooke. Será que a Brooke sabia quem ela era? E eu não estava me referindo ao fato de ela ser a ex-namorada do , mas sim ao comportamento da Amber. Será que a Brooke sabia o quão perigosa a Amber era? Isso era problema meu? Não. Eu estava preocupada? Sim!

- Eu sabia. Olha só quem está conversando com a Brooke. – Eu interrompi a no meio de uma conversa sobre a nova turnê do Nickelback.
- O que? – fez careta.
- Eu não te falei? Eu conheço essa vadia. – Eu neguei com a cabeça.
- Relaxa. Elas só estão conversando. O que ela pode fazer? – não conseguia ver tanta maldade quanto eu.
- Inventar mentiras sobre o ? Insinuar coisas que não existem para colocar a Brooke contra do ? – Eu me lembrei do que ela havia feito comigo.
- Sério? Será que ela não aprendeu a lição da última vez? – ainda não acreditava.
- Aprendeu a lição? Da última vez ela levou o para a cama. Acha mesmo que ela aprendeu alguma lição? – Eu arqueei uma das sobrancelhas ao olhá-la.
- Ok, mas... por que você está tão preocupada, afinal? – não conseguia entender.
- Eu não sei. Talvez, eu goste da Brooke. – Eu ergui os ombros.
- Ou talvez, você não queira arruinar a felicidade do . – afirmou o que eu não queria assumir. Isso me fez voltar a olhá-la.
- Talvez. – Eu não quis negar, mas também não confirmei nada.

Ainda na fila do bar, engatou uma conversa interessante com um colega, que costumava ser o seu reserva no time de futebol. Ele conhecia a Amber e sabia que deveria se preocupar com ela, mas, por um momento, ele esqueceu-se dela. Que grande erro! De longe, eu revezava a minha atenção entre a conversa entre a Amber e a Brooke, o na fila do bar e as fofas declarações de amor que o e a começaram a compartilhar na minha frente.

- Há quanto tempo vocês estão namorando? – Amber perguntou a Brooke.
- Alguns meses. – Brooke respondeu.
- Posso ver a sua aliança? – Amber pediu com um falso sorriso.
- Claro. – Brooke estendeu uma das mãos e a mostrou.
- Uau. É linda! Ela dura bastante, viu? Eu já tive uma exatamente como essa. – Amber não se cansava de ser cara de pau.
- É mesmo? – Brooke não estava incomodada. Ela só estava achando as perguntas da garota um pouco estranhas.
- É estranho, não é? Você saber quem eu sou e já ter escutado falar sobre mim e eu não saber nada sobre você. – Amber tentava ir cada vez mais fundo.
- Você acha? Por mim, tudo bem. – Brooke começou a se constranger com os rumos da conversa. Ela não sabia onde a Amber queria chegar.
- Jura? Que ótimo. Muito mais madura do que a última ex-namorada. – Amber se referiu a mim, mas não citou o meu nome. – Não que eu esteja te nomeando como ex-namorada. Não é nada disso. – Ela era venenosa de propósito. Agora, Brooke estava visivelmente incomodada. De onde eu estava, eu conseguia perceber. – Então, qual o plano de vocês para o futuro? Ou vocês ainda não entraram na fase de fazer planos que o certamente não vai assumir? – Ela estava pegando pesado e sabia disso.
- Nós não conversamos muito sobre o futuro. Estamos vivendo o presente, sabe? Sem planos. – Brooke continuava dando corda para ela.

De onde eu estava, a cena entre a Brooke e a Amber estava me deixando enlouquecida. Eu olhava para o e ele simplesmente não olhava pra própria namorada. Se ele olhasse, veria ela com a Amber e certamente tomaria uma atitude. Ele estava tão entretido na conversa, que ele não se lembrou da Brooke. Eu não fazia ideia do que a Amber estava dizendo pra Brooke, mas era visível que ela estava absurdamente incomodada e desconfortável. Por que ninguém estava vendo aquilo? Ninguém ia fazer nada?

O ódio pela Amber, a lembrança de tudo o que ela havia feito para arruinar o meu relacionamento com o e a inexplicável simpatia que eu sentia pela Brooke me fizeram levantar da cadeira. Fui até a rodinha que o , o e um outro rapaz que jogava no time haviam formado. Lembra que eu não queria confusão, né? Eu fiquei cega. Eu sabia que a Amber não era mais problema meu, mas eu não admitiria que ela fizesse com outra pessoa o que ela havia feito comigo. A Brooke não merecia. O não merecia. Eu até hesitei um pouco mais antes de tomar qualquer atitude. Eu não queria chegar a aquele ponto, mas eu tive que chegar. Se eu não fizesse alguma coisa a respeito, não era eu.

- Ok. – Eu disse em um tom mais baixo. Não tinha mais como eu me segurar. A Amber estava engolindo a Brooke, que se encolhia cada vez mais. – . Eu preciso da sua bebida. – Eu pedi, olhando para o meu irmão, que me olhou, sem entender.
- O que? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Eu preciso da sua bebida. – Eu repeti, impaciente.
- Para quê? – não estava entendendo nada.
- Você vai ver. – Eu respondi antes de pegar o copo da mão dele. – Desculpa. – Eu disse, determinada até demais para salvar a Brooke daquela cobra.
- O que ela vai fazer? – perguntou, me acompanhando com os olhos. Fui andando e esbarrando nas pessoas. Me certifiquei que o não tinha visto a conversa entre a Brooke e a Amber antes de abordá-las.
- Hey. – Eu interrompi de propósito. Fiquei ao lado da Brooke, que me olhou com alívio por ver um rosto conhecido. Encarei a Amber antes de olhá-la. – Tudo bem? – Eu perguntei pra Brooke.
- Eu acho que sim, eu... – Brooke forçou um sorriso, mas foi interrompida.
- Eu estava aqui contando para ela sobre o início da carreira do no futebol. – Amber se fez de santa.
- E aproveitou para contar que vocês treinavam juntos, não é? – Eu logo deduzi. Amber ficou desconsertada e eu olhei para a Brooke, que respondeu a minha pergunta com um simples olhar. – Uau! Que original! – Eu ironizei, negando a cabeça ao olhar pra Amber.
- Vamos, Brooke. – Eu olhei para ela e fiz sinal com a cabeça. Ela concordou imediatamente. Nós estávamos saindo, quando ela segurou a Brooke pelo braço. Quando eu vi que a Brooke havia ficado para trás, eu parei e olhei.
- Nós estávamos conversando. Você pode respeitar, por favor? – Amber disse quando eu olhei para trás. Ok. Ela não podia simplesmente nos deixar ir, não é?
- Olha, eu não quero... Brooke tentou responder a Amber, mas ela a ignorou completamente.
- Por que você não para de tentar controlar tudo ao seu redor? – Amber a interrompeu, olhando para mim.
- Não é sobre controle, Amber. É sobre percepção. Você não percebe que está sendo inconveniente? – Eu voltei para dialogar. Eu não sei nem porque eu estava tentando.
- Inconveniente? Eu só estava conversando com a garota. – Amber continuava se fazendo de santa. Isso me irritava muito.
- Pra cima de mim? Sério? – Eu já estava no meu limite. – Você quer ficar e conversar com ela, Brooke? – Eu olhei para a pobre garota.
- Não. Eu não quero. – Brooke teve voz e falou com firmeza pela primeira vez durante a discussão.
- Satisfeita? – Eu encarei a Amber com um sorriso de deboche. – Vamos. – Eu sorri pra Brooke e ela devolveu o sorriso, visivelmente grata. Demos 3 ou 4 passos, quando eu ouvi a Amber dizer a frase que me fez ter certeza que seria impossível sair invisível daquela festa.
- Não é mulher nem para encarar uma discussão. Depois me encontra na cama dele e não sabe o porquê. – Amber disse em alto e bom som. Como ela tinha saído por baixo na discussão, ela precisava dizer qualquer coisa que a deixasse bem com as pessoas mais próximas que ouviram toda a discussão. Ela disse alto demais. Grande erro.
- Ok. Espera aqui. – Eu pedi para a Brooke. Ela também tinha escutado.
- Não. Não precisa. – Brooke queria que eu deixasse para lá. Ela não queria confusão. Eu também não queria. Pelo menos, até o momento que eu tinha escutado a Amber dizer aquela frase suja. Eu não podia deixar ela falar daquele jeito da Brooke. Eu não podia deixar ela falar daquela maneira de qualquer outra mulher.
- Precisa sim. – Eu afirmei, antes de me afastar e voltar a andar na direção da Amber. Ela estava se gabando com qualquer pessoa que estava a sua volta. Assim que eu a alcancei, parei em sua frente. – Retire o que você disse. – Eu não pedi. Era uma ordem.
- Eu não vou retirar nada, pelo contrário, eu repito quantas vezes eu quiser, porque é a verdade. – Amber me enfrentou.
- Como você consegue ser tão baixa? – Eu a olhei com nojo. – Se acha superior que todas as outras mulheres quando, na verdade, é só uma mulher frustrada por não ser amada por absolutamente ninguém. – Eu peguei pesado de propósito. Se tinha alguém que merecia, essa pessoa era a Amber.
- E quem exatamente está te amando agora, querida? – Amber ironizou pelo fato de eu também estar solteira.
- Ninguém. E por mim, tudo bem. – Eu afirmei com tranquilidade. – Essa é a diferença entre nós duas, Amber. – Eu apontei para ela e em seguida para mim. – Eu sou mulher suficiente para aceitar isso e você? – Eu neguei com a cabeça. – Você não é nada. – Eu a encarei. – Eu tenho certeza que se eu perguntar a qualquer pessoa nessa reunião sobre você, sobre qualquer memória ou lembrança boa de você, ninguém vai conseguir dizer nada sem citar o nome do . – Eu queria ir além. Eu ainda não estava satisfeita. – ‘A ex-namorada do ’, ‘A menina que sempre correu atrás do ’ ou ‘A garota que se humilhava pelo e nunca foi retribuída’. – Eu suspirei antes de continuar. – Uma vida toda baseada em amar o , destruir os relacionamentos do , fazer o te amar e ser boa suficiente para o . Se tirar o da sua vida, não sobra nada, Amber, e a responsabilidade é só sua. – Eu terminei o meu discurso extremamente satisfeita. Eu estava até mais leve por ter colocado tudo aquilo para fora. Ao contrário de mim, Amber estava possessa.
- Quem você pensa que é? – Amber esbravejou, levantando sua mão para me dar um tapa. Era a única coisa que ela podia fazer para terminar aquela discussão de maneira vitoriosa. Eu percebi o movimento dela e segurei seu pulso no ar.
- Não ouse tocar em mim. – Eu apertei o pulso dela e o soltei em seguida. – Como você gosta de dizer: você não é mulher suficiente para isso. – Eu a encarei. Virei de costas, me sentindo ótima por ter feito aquilo, quando notei que o copo de bebida continuava na minha mão. Eu parei. De onde estava, olhei para a Brooke e ela sorriu, parecendo estar muito grata. Eu pisquei um dos olhos para ela e logo voltei a olhar para a Amber. – Ah! Só para não perder o costume. – Eu sorri e em seguida, virei o copo de bebida na cara da Amber.

De onde estava, Brooke viu tudo e arregalou os olhos em meio a um riso. Ao mesmo tempo em que ela me achou louca, ela me achou incrível. Como a música estava alta e o lugar estava movimentado, somente as pessoas que estavam próximas viram o ocorrido. Isso quer dizer que o não tinha visto. A Amber não estava esperando. Ela levou as mãos até o rosto e tentou secar o seu rosto. Parte do seu vestido também havia sido molhado.

- Ah, não! A sua roupa nem ficou transparente. Você deveria ter vindo de branco, querida. – Eu disse, usando o meu melhor sarcasmo. – Não acredito que você perdeu a sua grande chance de ser notada por algum homem dessa reunião. – Eu fingi lamentar. – Quem sabe na próxima. – Eu pisquei um dos olhos para ela, que me encarava com um olhar furioso.

Me afastei da Amber e de todos os babacas que agora já não estavam mais rindo com ela, mas sim, dela. Eu não gostava de mostrar aquele meu lado, mas foi realmente necessário. A Amber precisa aprender a falar com as pessoas e precisa entender de uma vez por todas que o nunca foi e nunca vai ser propriedade dela. A obsessão dela por ele não dá a ela o direito de desrespeitar ninguém.

- Uau! – Brooke estava empolgadíssima, quando eu me aproximei dela. – Isso foi incrível. – Ela riu, sem acreditar.
- Não foi a primeira vez. – Eu sorri, sem querer me gabar. – Eu e ela nunca nos demos bem. É uma coisa antiga. – Eu não quis dar detalhes, mas não menti.
- Que garota maluca! Eu não acredito que o já namorou ela. – Brooke comentou.
- Você sabia quem era ela? – Eu fiquei surpresa. Achei que o não havia mencionado as ex-namoradas, já que ele não havia falado sobre mim.
- Amber. Eu soube na hora. – Brooke respondeu, enquanto nos afastávamos da pista de dança. – Fiquei na dúvida entre a Amber e a tal Jessie, mas aí ela se apresentou. – Ela contou.
- Você... também sabe sobre a Jessie? – Espera. O havia mencionado todas as ex-namoradas para a Brooke exceto eu? Por quê?
- Sei. Ela também está aqui? – Brooke olhou em volta.
- Lembra do Peter? Você viu a garota que estava com ele? – Eu sabia que ela lembraria.
- A moça do nariz estranho? – Brooke arregalou os olhos.
- A própria. – Eu concordei, segurando o riso. Paramos em determinado local e de onde estávamos, eu tinha a visão da fila do bar. Vi que o estava sendo atendido, isso queria dizer que eu tinha que dar um jeito de encerrar a conversa.
- Não acredito! Será que o já namorou alguém normal? – Brooke brincou. A pergunta foi inocente, mas me deixou sem jeito. Eu apenas ri para não deixá-la no vácuo.
- Bem, estou feliz por ter te tirado de lá. Acho que você está a salvo agora. – Eu mudei o assunto e comecei a terminar a conversa.
- Eu nem sei como te agradecer por ter me ajudado e me defendido. Obrigada mesmo, . – Brooke estava visivelmente grata.
- Sem problemas. – Eu afirmei, negando com a cabeça. Eu ainda estava atenta e vi exatamente quando um dos bartenders entregou duas bebidas para o . Aquela era a minha deixa. – Vejo você depois. – Eu saí sem dar muitas explicações. Eu não queria que o me visse com a Brooke. Eu tinha receio que ele pensasse que eu estava bancando a Amber para cima dela.

Após me afastar da Brooke, voltei diretamente para a mesa onde estavam os meus amigos e o meu irmão. Eu achei que nenhum deles tinha visto o que tinha acabado de acontecer, mas é claro que eles tinham visto. Eu não percebi, mas eles me acompanharam com os olhos desde o momento em que eu pedi da bebida para o . Eles me conheciam, né? Mesmo sem saber os meus motivos, eles me apoiaram imediatamente. Eles sabiam que eu não faria algo daquele tipo se realmente não fosse necessário.

- Incrível como foi ainda mais memorável do que a última vez. – gargalhou, me fazendo olhá-lo feio.
- O que aconteceu? O que ela disse? – queria saber tudo. Aliás, todos estavam aguardando a minha resposta.
- Ela estava sendo horrível com a Brooke. – Eu resumi muito bem. – A Brooke estava muito constrangida, então eu tive que colocar a Amber no lugar dela. – Eu completei.
- Essa é a minha irmã! – disse todo orgulhoso, me arrancando um sorriso.
- Não acredito que você nem me chamou para a briga. – Meg me olhou feio.
- Vocês são uns bobos. – Eu rolei os olhos, desmerecendo toda a situação. Não tinha sido nada demais. Eu só quis ajudar a Brooke. A Amber ir embora da reunião foi só um bônus.

Depois que eu a deixei sozinha, Brooke foi a procura do namorado. Ao sair do bar, foi atrás da namorada no lugar em que a havia deixado, mas não a encontrou. Eles se desencontraram por algum tempo e levaram um pouco mais de um minuto para se verem de longe. fez sinal pedindo para que ela esperasse onde estava, pois ele iria até ela. Mesmo com um pouco de dificuldade por causa dos copos em suas mãos, alcançou a namorada.

- Desculpa a demora. Tinha fila. – se desculpou assim que parou na frente da Brooke. – Esse é o seu. – Ele entregou um dos copos para ela. – O meu é sem álcool. Estou dirigindo. – fez careta.
- Obrigada. – Brooke agradeceu antes de beber um rápido gole da sua bebida. – Nossa. Que delícia! – Ela elogiou a bebida.
- Achei que você fosse gostar. – sorriu ao vê-la se deliciando com a bebida.
- Posso te perguntar uma coisa? – Brooke não queria soar ciumenta.
- Claro. – não fazia ideia do que se tratava, por isso, não se preocupou nem um pouco.
- Qual o problema com as suas ex-namoradas? – Brooke perguntou numa boa, mesmo assim o engasgou-se com a bebida. Por um momento, ele achou que eu estivesse inclusa dentre as ex-namoradas que ela havia mencionado. Será que ela havia descoberto sobre mim?
- O que? Do que você está falando? – não quis falar muito, pois não sabia exatamente do que se tratava.
- Sobre a Amber e a Jessie. – Brooke disse em meio a um riso. Não entendia por que o estava tão tenso com o assunto. Ao ouvir apenas o nome da Jessie e da Amber, ele ficou mais tranquilo. A situação não era tão grave assim.
- E você sabe quem elas são? – perguntou cerrando os olhos.
- Eu sei. – Brooke afirmou com tranquilidade.
- E eu posso saber como? – Ele arqueou uma das sobrancelhas.
- A me mostrou. – Brooke estava levando tudo na brincadeira. Ela estava achando muito engraçado o jeito que o tratava o assunto. Ele também estava levando na brincadeira. Pelo menos, até o momento que ele ouviu o meu nome.
- Espera. O que? – A expressão e o sorriso debochado desapareceram imediatamente do rosto dele. – A te mostrou? – Ele não gostou do que ouviu. Ficou visível. – Por que a estava te falando sobre as minhas ex-namoradas? – perguntou, irritado. Diante das circunstâncias, ele interpretou tudo errado. Primeiro eu havia me declarado para ele, ele me deu o fora para ficar com a Brooke e, agora, eu estava falando para a Brooke sobre as ex-namoradas dele? O que mais ele poderia pensar? Ele achou que eu estivesse, de alguma forma, tentando atrapalhar o relacionamento dele com a Brooke. Mesmo me conhecendo bem, pensar aquilo sobre mim foi instintivo.
- Ei, ei. Calma. – Brooke estranhou o comportamento do namorado. – Eu perguntei a ela sobre a Jessie. – Ela esclareceu.
- Por que você perguntaria sobre isso? Você nunca se importou com esse assunto. – ainda parecia desconfiado com relação ao meu papel em toda aquela história. Ele estava procurando qualquer motivo para se sentir mais confiante sobre a decisão que ele havia tomado naquele dia de não ficar comigo.
- Eu perguntei por que eu queria saber se ela era tão maluca como a tal da Amber. – Brooke se justificou mesmo sem entender o motivo de tanta tensão da parte dele com o assunto.
- Então, ela falou mal da Amber pra você. – chegou à conclusão com um sorriso estúpido no rosto. Ele negou com a cabeça. – Não acredito. – Ele novamente estava insinuando coisas sobre mim. Ele queria me culpar de qualquer jeito. Talvez, ele se sentisse melhor.
- Ela não falou mal sobre a Amber. Eu conheci a Amber. – Brooke me defendeu na mesma hora. – Aliás, foi a que me salvou da insuportável da Amber. – Ela fez questão de ressaltar.
- Do que você está falando? Eu não estou entendendo mais nada. – estava confuso. O que havia acontecido, afinal?
- Enquanto você foi ao bar, a Amber veio falar comigo. – Brooke não se mostrou muito feliz. – Ela foi bastante inconveniente e não parava de insinuar coisas sobre você. – Ela disse e viu o namorado negar com a cabeça. Era bem a cara da Amber mesmo.
- Mas o que a tem a ver com essa história? – ainda não tinha entendido.
- Ela percebeu que eu estava incomodada e foi me salvar da sua ex-namorada psicótica e maluca. Ela me tirou de lá e ainda jogou um copo de bebida na cara da Amber. – Brooke terminou a história rindo. – Foi incrível. – Ela completou.

Quando o finalmente entendeu o que tudo aquilo significava, ele se sentiu um pouco culpado por ter pensado o pior de mim. Demorou um pouco para que ele se desse conta de que eu havia ajudado a Brooke, apesar de tudo. Isso dizia muito sobre mim e sobre o tipo de pessoa que eu era. não estava nem um pouco surpreso. Ao mesmo tempo que ele ficou feliz por perceber que eu não era mais uma ex-namorada tentando acabar com o seu relacionamento com a Brooke, ele também ficou estranhamente mal. O que eu havia feito pela Brooke deixava em evidência duas das melhores qualidades que o admirava em mim: a personalidade e a empatia.

- Mas você está bem agora? – perguntou, preocupado com a Brooke.
- Eu estou bem. – Brooke confirmou com um fraco sorriso.

Eu estava feliz e completamente satisfeita pelo que eu havia feito pela Brooke. Eu não me arrependia nem um pouco. Eu não me importava se as pessoas a nossa volta estivessem comentando que aquilo tinha sido uma cena de ciúmes entre mim e a Amber ou se eu tinha sido falsa em ajudar a atual namorada do meu ex-namorado. Eu sabia por que eu havia feito aquilo e estava completamente em paz com a minha consciência. Eu estava tão bem que, por um momento, eu havia esquecido tudo o que já tinha acontecido naquele dia, mas o fez questão de me lembrar ao voltar para a mesa onde nós estávamos. Ele e a Brooke chegaram na mesa rindo sobre alguma coisa e se sentaram em uma das extremidades da mesa.

Eu deveria saber como lidar com aquilo, já que eu sabia que veria aquele tipo de cena se eu fosse naquela reunião. Ele estaria lá. Eu não sabia mais como disfarçar o quanto doía estar perto dele daquela maneira. Eu estava ali sentada, ouvindo a voz e a risada dele sem poder olhá-lo, mas na minha cabeça, eu tentava não pensar em qual sorriso estava estampado no rosto dele naquele momento. Doía pensar que nós nunca mais iriamos rir juntos daquela maneira ou que eu nunca mais veria aquele sorriso que ele só dava quando me olhava. Doía muito saber que o homem da minha vida estava tão perto mas, ao mesmo tempo, ele nunca havia estado tão longe.

- Você está bem? – percebeu que eu fiquei abatida e quieta nos últimos minutos. Minha cabeça e o meu coração não cansavam de me lembrar que eu havia perdido ele. Eu sorri e eu fingi a noite toda, que chegou um momento que eu estava tão exausta emocionalmente, que eu não conseguia mais sorrir ou fingir.
- Na verdade, eu acho que eu vou para casa. – Eu tentei sorrir, mas não tive sucesso. – Eu achei que conseguiria ficar até o final, mas... – Eu ergui os ombros, enquanto ouvia a voz do ao fundo. Ele estava contando uma história qualquer e começou a rir ao final dela. – Eu... não consigo. – Eu neguei com a cabeça. entendeu na mesma hora que eu estava me referindo ao .
- Eu posso... – começou a dizer, mas foi interrompida por uma voz que havia assumido o microfone. A banda parou de tocar.
- Boa noite a todos os nossos queridos ex-alunos. – Tratava-se da Sra. Dark. Ela estava no palco ao lado de outros dois professores que tinham ido na reunião. – É uma honra para nós rever todos vocês e ver as mulheres e os homens incríveis que vocês se tornaram. Esperamos ter feito parte de ao menos 1% desse desenvolvimento profissional de cada um de vocês. Sempre demos o nosso melhor. – Ela foi aplaudida por todos os ex-alunos. – Vocês se tornaram uma das turmas mais queridas da nossa escola, não só pelo carinho com os professores, mas também pelas notas e até mesmo pela conquista do título do time de futebol, não é, meninos? – A professora sorriu para os garotos, que gritaram. – E para mostrar o quão memoráveis vocês são para nós e para essa escola, fizemos uma seleção de fotos e vídeos que relembram os melhores momentos do último ano de vocês. Pedimos que os ex-alunos se aproximem da frente do palco para terem uma visão melhor do que nós preparamos. Esperamos que gostem. – Sra. Dark foi novamente aplaudida e deixou o palco, enquanto os ex-alunos se afastavam dos seus respectivos parceiros que também não eram ex-alunos. Meg e Brooke ficaram consequentemente sozinhas e fizeram companhia uma a outra.

O telão começou a passar fotos e vídeos que até então nunca tinham sido vistos. Muitos vídeos das melhores partidas do time de futebol da escola e das apresentações das líderes de torcida. Fotos da torcida completamente uniformizada. Fotos dos trabalhos apresentados em sala de aula. Fotos de quase todos os eventos da escola. Fotos que me lembravam do melhor ano da minha vida. Eu apareci em diversas fotos e na maioria das vezes eu estava com as minhas amigas. Em algumas delas, mostrou o nosso grupo de amigos reunido na escada ou na ‘nossa mesa’ na hora do intervalo. Era impossível não se emocionar e não sentir uma saudade enorme de tudo o que eu já havia vivido naquela escola.

Conforme as fotos em que eu aparecia iam passando, eu notei que elas iam demonstrando exatamente como havia sido aquele ano turbulento. O término com o Peter, a minha fase solteira e ‘emo’, a minha fase com o , as brigas com o e, por fim, o meu namoro com o . Ninguém mais notou, é claro, mas eu que vivi tudo aquilo sabia exatamente o que eu estava vivendo em cada uma daquelas fotos. A última delas, aliás, mostrava todo o nosso grupo de amigos e nela, eu estava sentada bem ao lado do . Nós estávamos na ‘nossa mesa’ na hora do intervalo e eu e o estávamos olhando para um papel que estava sobre a mesa. Naquele papel, estava a nossa composição da música que eu cantaria na formatura. Eu me lembrava muito bem daquele dia e eu tive certeza que o também lembrou quando eu senti o olhar dele sobre mim durante a apresentação das fotos.

Quando a apresentações dos vídeos e das fotos acabou, notei muitas pessoas secando lágrimas e fazendo comentários positivos. e eu estávamos parcialmente próximos. Estávamos na mesma reta, mas o e a estavam entre nós dois. Eu ainda estava me recuperando de tudo o que eu havia acabado de ver, enquanto o ia comentando comigo sobre algumas fotos aleatórias que nós havíamos visto. O foi repentinamente interrompido por ninguém menos que a Sra. Dark.

- Desculpem, mas eu preciso fazer uma nova tentativa. – Sra. Dark parecia sem jeito e afastou-se do microfone para falar. Ela estava olhando para mim. – Você não quer mesmo cantar para nós, querida? Muitos me pediram. Ia ser perfeito nesse momento de nostalgia. – Ela foi insistente. Dessa vez, o ouviu de onde estava. Ele fingiu não prestar a atenção, mas ele ouviu.
- Não. Imagina! Eu... – Eu fiquei tão surpresa, que deixei isso em evidência. – Eu realmente não estou bem hoje. Eu sinto muito, Sra. Dark. – Eu neguei novamente sem hesitar. Não contente com o meu segundo ‘não’ da noite, ela tentou o . Não custava nada, não é?
- E você, ? – Sra. Dark virou-se para ele. Se eu soubesse que ela, mesmo que involuntariamente, nos colocaria em uma mesma conversa, eu teria saído dali. – Você não vai mesmo cantar para nós? Um trecho ao menos. – também foi pego de surpresa pela segunda vez na noite. De onde eu estava, eu me mantive olhando para qualquer lugar do palco para que ele não notasse que eu estava ouvindo toda a conversa.
- Eu não vou cantar. Sra. Dark. Essa fase já passou, ficou no passado e vai continuar no passado, está bem? – A resposta demonstrou um pouco de irritação por parte dele. Ele sabia que eu estava ouvindo. Talvez, tenha dito de propósito.
- Tudo bem. Desculpe a insistência. Não tem problema. Eu tenho a gravação da apresentação no meu notebook. Eu só preciso pegá-lo e colocá-lo no telão. Não será a mesma coisa, mas vai servir. – Sra. Dark notou que ele não havia gostado e recuou. Ela não pediria novamente. Quando eu ouvi o que ela havia dito, eu fiquei em choque.
- Ei, ei, ei. Um vídeo? A senhora tem um vídeo? – ficou visivelmente desesperado. Um vídeo daquela apresentação certamente mostraria para a Brooke da pior forma possível que nós já havíamos sido namorados. Logo aquela apresentação que foi o auge do nosso relacionamento, o momento mais intenso (emocionalmente falando) que nós já vivemos como um casal, onde estávamos nos despedindo de toda a nossa rotina escolar e eu, especificamente, me despedindo da minha vida em Atlantic City.
- Eu tenho sim. – Sra. Dark confirmou, sem entender o problema.
- A senhora não pode mostrar esse vídeo. – foi incisivo. Eu estava ouvindo todo o desespero dele.
- Como não posso? Se vocês se recusam a cantar, é a minha última opção. – Sra. Dark respondeu um pouco mais séria.
- A senhora não pode, ok? Eu estou implorando. – se aproximou um pouco mais da ex-professora para que as pessoas em volta não ouvissem.

De onde eu estava, eu ouvia tudo completamente calada. Eu sabia e entendia exatamente por que ele não queria que aquele vídeo fosse exposto. Uma exposição pública do nosso relacionamento, a Brooke descobrindo sobre tudo da maneira mais suja e expositiva de todas. Ele não estava errado.

Eu estava mais em choque do que qualquer outra coisa. Só ao imaginar em reviver aquele dia tão doloroso e ter que ver uma das demonstrações mais puras do amor que o sentia por mim... simplesmente não dava. Eu não tinha mais 1% de emocional. Eu não precisava passar por aquilo. Eu tinha prometido a mim mesma que eu não ficaria para ver aquele vídeo. Eu estava pronta para ir embora, mas alguma coisa ainda me segurava ali. Ver o implorando daquela maneira para que o vídeo não fosse transmitido me deixou pior do que deveria. Era o namoro, era a felicidade dele em jogo ali. Eu não deveria estar me importando, mas eu infelizmente me importava. Eu podia sim ir embora e ligar o famoso ‘foda-se’, mas isso pesaria mais no meu coração do que qualquer outra coisa. Eu me conhecia muito bem. Eu simplesmente não conseguia ir embora, sabendo que eu poderia ter feito algo por ele, algo pela felicidade dele que eu não havia feito. Era mais forte do que tudo em mim.

- É um desperdício enorme ter esse vídeo e não compartilhar com os outros, . – Sra. Dark estava decidida. – Vocês querem rever a apresentação de formatura, não querem? – Ela perguntou em um tom um pouco mais alto para os que estavam mais próximos. A resposta de todos foi positiva. não tinha mais opção. A professora simplesmente se virou e começou a subir a escada do palco. Eu a vi subir no palco, sem me mover. Vi ela mexer em sua bolsa antes de fechar os meus olhos, enquanto repetia para mim mesma: ‘Vá embora! Vá embora agora mesmo’.
- Eu não consigo acreditar. O que eu faço? – perguntou a , desesperado. Ele precisava de ajuda. Eu ainda não sabia por que eu continuava lutando tanto contra mim mesma, sabendo qual seria o final daquela noite historicamente péssima. Eu não ia a lugar algum. Pelo menos, não sem antes destruir o resto de emocional que me restava. Como eu disse: era mais forte do que qualquer coisa.
- Eu canto. – Eu disse em um tom de voz mais alto. Minhas pernas ficaram trêmulas no mesmo instante. – Não precisa colocar o vídeo. Eu vou cantar. – Eu repeti, quando notei que a Sra. Dark não havia escutado da primeira vez. Senti o olhar do sobre mim. Eu queria tanto poder olhá-lo, mas eu sabia que se eu o fizesse, eu perderia o chão. Eu não queria a gratidão ou a pena dele. Eu só queria que ele fosse plenamente feliz e se era isso que eu precisava fazer, eu faria. Sai de onde eu estava e fui na direção do palco, ao passar pela , ela me segurou.
- Não faça isso. Você não precisa fazer isso. – pediu, pois sabia exatamente o quão doloroso aquilo seria para mim. Ao lado dela, o estava completamente surpreso.
- Sim, eu preciso. Tudo bem. – Eu sorri para a minha melhor amiga e pisquei um dos olhos para ela. Com muito custo, ela soltou a minha mão para que eu subisse no palco.
- Você tem certeza que quer fazer isso? Não tem problema se... – Sra. Dark sussurrou ao se aproximar de mim assim que eu subi no palco.
- Eu vou cantar. – Eu a interrompi. Eu estava tão irritada com ela por ela ter insistido tanto naquela história de apresentação de formatura. Ela não podia simplesmente ter deixado para lá? – Só peça para a banda me acompanhar. – Eu completei.

Fiquei alguns longos minutos em cima daquele palco, aguardando a Sra. Dark dar todas as coordenadas para que a apresentação dos sonhos dela finalmente acontecesse. Eu sentia o meu corpo todo tremer e eu não conseguia controlar o meu nervosismo na frente de todas aquelas pessoas. Cantar para mim sempre foi uma maneira pessoal e única de expressar os meus sentimentos. Na época, a música que eu e o compusemos fazia algum sentido, tinha um contexto, condizia com tudo o que eu estava sentindo. Naquela noite, a música não fazia mais sentido algum. Os sentimentos infelizmente não eram mais os mesmos. No lugar de todo o amor que eu sentia na época, eu sentia pena de mim mesma e uma sensação horrível de que eu tinha perdido alguém muito importante.

- Por que ela está fazendo isso? – abordou a namorada, sussurrando em seu ouvido.
- Ela está fazendo pelo . – olhou para o namorado, enquanto se lamentava.
- Eles estão prontos. – Sra. Dark me avisou.
- Ok. – Eu afirmei com a cabeça, me aproximando do microfone, que estava preso no suporte. Eu respirei fundo e engoli o choro que estava preso na garganta. – Hey, pessoal. Eu espero que estejam todos bem. – Eu forcei um sorriso, mas quem me conhecia nunca tinha visto um olhar mais triste. – Eu acho que se lembram da apresentação de formatura, não é? – Eu perguntei e todos gritaram. – Bem, se não se lembram, eu vou ajudá-los a lembrar, certo? – Eu estava dando o meu melhor ali, mas eu não sabia se era suficiente. – Eu espero que gostem. – Eu completei.

O não conseguia fazer ou dizer nada. Ele simplesmente continuava parado ali na frente do palco, me olhando com um pesar absurdo. Ele sabia e entendia exatamente os motivos que me levaram a subir naquele palco. Ele também sabia o quanto seria difícil para eu fazer aquilo, cantar aquela música depois do que havia acontecido entre nós naquele dia. Apesar de tudo, o jamais desejaria o meu mal. Ele era a pessoa que mais me queria ver feliz, então é possível imaginar a tristeza dele ao me ver subir naquele palco diante das circunstâncias: apenas para salvar o relacionamento dele com a Brooke, apenas para manter uma omissão que ele havia optado por fazer. Mesmo com a atitude infantil e ingrata que ele havia tido comigo naquela tarde, eu ainda estava em cima daquele palco por ele. O se sentia culpado e completamente vulnerável como ele não se sentia há algum tempo.

A banda começou a tocar e mesmo sabendo a letra de trás para frente, eu perdi a entrada da música. Eu estava muito nervosa. Eu estava com medo de não conseguir levar aquilo até o final. Na segunda vez, eu acertei a entrada da música. Assim que comecei a cantar, segurei o microfone com as duas mãos para que a tremedeira não ficasse tão nítida. Mantive o olhar fixo em qualquer lugar do ginásio, enquanto sentia ele me olhar fixamente durante toda a primeira parte e o primeiro refrão da música. O me olhando, minha cabeça me trazendo recordações de quando cada linha que eu estava cantando havia sido composta, meu coração tão destruído que eu já não conseguia senti-lo. Eu não sabia como eu continuava de pé naquele palco.

Além da profunda culpa que o sentia enquanto me ouvia cantar, ele se lembrava da primeira vez que tinha me visto cantar aquela música. Na época, ele estava desolado com a minha ida pra Nova York, mas o coração dele estava cheio de amor. Ele tinha tanta coisa para provar. Ele tinha tantos planos para nós dois, mesmo sem saber como seria o nosso relacionamento a distância. Ele tinha fé em nós. Ele tinha fé por nós dois. O amor que ele tinha também dava para os dois, caso me faltasse um pouco (o que não era o caso). Hoje, tanta coisa havia acontecido, tanta coisa havia se perdido e ele estava bem ali, parado, me vendo dar a maior prova de amor de todas, mesmo sabendo que o amor já não era mais recíproco.

No meio da segunda parte da música, eu tive que fechar os meus olhos ou eu não conseguiria continuar cantando. Não com ele ali, me olhando. Eu comecei a pensar na garota boba e inocente que eu era quando cantei aquela música pela primeira vez. Recém-formada e cheia de sonhos que não chegaram nem perto de ser o que eu achava que seriam. A faculdade dos sonhos que tinha me levado para longe das pessoas que eu mais amava, que tinha me levado pra perto da pior pessoa que eu já tinha conhecido (Steven) e que tinha me ensinado a ser adulta e responsável mesmo quando eu não queria ser. Eu realmente tinha esperanças de que o melhor estava por vir. Talvez, eu tenha vivido o melhor por um tempo, mas ele não havia me levado ao final feliz que eu tanto havia sonhado.

Chegando na parte final da música e em um momento específico onde a letra dizia para ‘seguir o seu coração’, parecia que eu estava ouvindo a voz do me acompanhar exatamente como foi da primeira vez. Por um momento, eu queria que fosse verdade. Eu queria ser surpreendida com a voz e com a presença dele naquele palco. Eu queria que ele estivesse ali comigo como ele estava da primeira vez. Eu abri os olhos com uma pequena esperança de ser surpreendida e encontrá-lo no palco ao meu lado. Olhei para o lado e não tinha ninguém. Senti os meus olhos se encherem de lágrimas, mas continuei cantando o último refrão. Eu já tinha chegado até ali, afinal.

As mesmas lágrimas que estavam nos meus olhos, estavam nos olhos do . Ele sentia muito por mim. De alguma forma, ele entendia e sabia exatamente cada coisa que eu estava sentindo quando cada uma daquelas frases saiam da minha boca. A voz que tomava conta de todo o ginásio enchia o coração dele e o fazia disparar. também sentia falta da época que ele se sentia corajoso o suficiente para fazer qualquer coisa por mim. Ele sentia falta do amor que o consumia e de tudo o que fomos capazes de enfrentar juntos.

A letra dizia que ‘eu seria forte’, quando, na verdade, eu nunca tinha me sentido tão fraca, tão vulnerável, tão triste. A vontade chorar ia se multiplicando conforme o final da música chegava. Consegui cantar a última frase sem deixar que a minha voz embargasse. Uma boa parte da plateia demonstrava estar emocionada, secavam lágrimas e aplaudiam loucamente. Quando a música acabou, toda a força que eu estava fazendo para me manter de pé, para segurar o choro, para terminar de cantar a música foi desaparecendo de uma só vez. Eu sentia que estava prestes a desabar. Eu precisava sair dali.

- Obrigada. – Eu sorri da maneira mais triste em meio aos olhos completamente marejados. Eles continuavam me aplaudindo. Em meio aos aplausos, eu fui fraca o suficiente para olhar para o . Ele não estava aplaudindo, mas os olhos cheios de lágrimas dele falaram por si só. Foi a nossa primeira troca de olhares da noite. Eu preferia que ela não tivesse existido. – Foi... um prazer rever vocês. – Eu me dirigi aos ex-alunos antes de me retirar do palco. A voz saiu embargada. Eu saí do palco às pressas. Desci a escada correndo e fui na direção que me parecia mais vazia. No meio do caminho, fui alcançada pelo .
- Ei, ei. – entrou na minha frente e olhou o meu rosto já coberto de algumas lágrimas. – Onde você está indo? Está tudo bem? – Ele estava preocupado.
- Eu estou bem. Eu só preciso ficar sozinha, por favor. – Eu saí, deixando-o falando sozinho. Eu não tive a intenção de ser mal-educada, eu só não queria que ele e mais alguém me visse chorando.

Continuei andando na direção de um lugar onde eu sabia que não tinha mais ninguém: o interior da escola. Passei pela porta do ginásio e entrei no pátio da escola. Passei pela mesa que eu e os meus amigos costumávamos sentar na hora de intervalo e passei pela cantina, mas a verdade é que eu não vi e não prestei a atenção em nada. Eu estava chorando muito. Estava doendo muito. Toda a dor e sofrimento que eu havia reprimido nas últimas horas tinham vindo à tona de uma só vez. O , a Brooke, o com a Brooke, a Brooke com a , eu me declarando e sendo completamente ignorada, estar no mesmo lugar que o , cantar a música que compusemos juntos e vê-lo feliz sem mim, Nova York não ser tudo o que eu sempre sonhei, a frustração em realizar o meu sonho. Tudo isso doía muito.

Eu já não estava mais no palco, mas o continuava olhando para ele como se eu estivesse. Talvez, ele estivesse com vergonha de encarar os amigos. Todos eles sabiam o verdadeiro motivo de eu ter subido naquele palco. Talvez, ele estivesse constrangido de olhar pra Brooke, sabendo que ela não entenderia absolutamente nada do que tinha acabado de acontecer, ela não entenderia as lágrimas presas em seus olhos. Ele se sentia culpado por, mesmo que involuntariamente, ter me feito subir naquele palco. Ele se sentia horrível por ter omitido algo tão importante da Brooke. Ele se sentia triste por me ver daquela forma e saber que tinha 100% de culpa. Doía nele porque estava doendo em mim também.

- Hey, . – se aproximou, tocando no ombro do amigo. Ele tinha tentado ir atrás de mim, mas havia repassado o recado de eu que queria ficar sozinha. Todos me respeitaram nesse sentido. olhou para o amigo e negou com a cabeça, como se estivesse julgando a si mesmo. – Deixa para lá, ok? – Ele quis consolá-lo. – Deixa para lá. – Ele repetiu, abraçando o amigo que parecia realmente mal. Ao abraçá-lo, ficou de frente para o lugar onde a Brooke e a Meg estavam. Elas estavam confusas e não sabiam ao certo o que estava acontecendo, mas com certeza não faziam ideia da magnitude do que tinha acabado de acontecer.
- Já chega. – afirmou, passando as mãos pelos olhos. – Eu vou contar para ela. – Ele disse, decidido. – Ela merece saber. Isso já foi longe demais. – estava falando sobre a Brooke. não teve tempo de se manifestar, pois o se afastou antes que ele conseguisse dizer algo.

estava tão irritado consigo mesmo, que ele socaria o próprio espelho se ele se colocasse na frente de um. Ele estava determinado a contar para a Brooke sobre o nosso relacionamento. Nada disso teria acontecido se ele já tivesse contado para a Brooke. Por que era tão difícil para ele fazer isso? Ele não entendia. Não fazia sentido algum. A Brooke sabia de todas as ex-namoradas, por que eu era a única que ele não havia mencionado?

- Brooke. – surpreendeu a namorada, que conversava com a Meg.
- Oi, . – Brooke sorriu ao olhá-lo, mas sua expressão mudou quando percebeu que seus cílios estavam um pouco molhados. – Você está bem? – Ela perguntou na mesma hora.
- Nós precisamos conversar. – não respondeu. Ele estava com pressa para falar.
- Claro. Pode falar. – Brooke mostrou-se totalmente atenciosa. Meg se afastou, pois entendeu sobre o que se tratava.
- Não aqui. Lá fora. Pode ser? – não escondia a sua ansiedade.
- Pode ser. Você está me deixando preocupada. – Brooke tocou o braço e, em seguida, o rosto do namorado.
- Vem comigo. – retirou carinhosamente a mão dela de seu rosto, após depositar um beijo e a segurou. Ele a guiou até o lado de fora do ginásio. Logo que chegaram lá foram, foram surpreendidos com alguns raios e trovões. Uma chuva parecia estar a caminho.
- Nossa. Vai chover. – Brooke comentou, olhando para o céu. não se manifestou. Ele apenas ficou olhando para ela, tentando encontrar uma boa maneira de contar a ela. – Aqui está bom para você? – Ela se colocou na frente dele, percebendo sua apreensão.
- Sim, está bom. – afirmou com a cabeça.
- Ok, então... sobre o que precisamos conversar? – Brooke percebeu que deveria ser sério. A expressão no rosto dele não era boa. Ele ficou em silêncio, olhando para ela. Ele ainda não sabia como contar.
- Eu... – negou com a cabeça, porque não estava conseguindo controlar o nervosismo. – Eu nem sei como começar. – Ele ergueu os ombros.
- Não precisa ficar nervoso. Você pode falar comigo sobre qualquer coisa. – Brooke segurou a mão do namorado.
- Eu sei que eu posso. O problema é justamente esse. Eu não falei. – não conseguia se acalmar. Ele estava com muito receio da reação da Brooke. Ele não costumava esconder nada dela.
- O que você não me falou? – Brooke ficou mais séria. deixou de olhá-la por um momento. – ? – Ela chamou a atenção dele.
- Se lembra daquela conversa que tivemos sobre as minhas ex-namoradas? – perguntou, sabendo que ela se lembraria.
- Eu me lembro. Você mencionou a Jessie e a Amber. – Brooke respondeu com naturalidade. – É sobre isso? Eu te disse que eu não me importei em encontrá-las. – Ela entendeu errado.
- Eu não mencionei uma delas. – abaixou a cabeça, pois estava envergonhado demais para olhá-la.
- O que? – Brooke não havia entendido.
- Eu tive 3 ex-namoradas e não apenas 2, Brooke. – foi mais claro. A notícia pegou a namorada de surpresa. Ela ficou algum tempo em silêncio e ele ficou aguardando a pergunta que ela certamente faria.
- Quem é? – Brooke finalmente perguntou. Ela não parecia brava ou irritada. Ela só estava surpresa.
- A . – afirmou, depois de hesitar por algum tempo. Na hora em que ele mencionou o meu nome, viu a namorada arregalar os olhos.
- A ? Você... namorou a ? Aquela ? – Brooke apontou na direção do ginásio. afirmou com a cabeça.
- Wow. – Brooke estava muito surpresa. Aquilo nunca havia passado pela sua cabeça. – Quanto tempo? – Ela quis saber, depois de alguns segundos tentando assimilar a notícia.
- Um pouco mais que dois anos. – não hesitou. Ele responderia tudo o que ela quisesse saber. Ela tinha todo o direito de saber.
- Uau. – Ela ficou ainda mais perplexa. – Eu... não sei o que dizer. Ela não age como uma ex-namorada normal, sabe? Ela... me ajudou hoje. Ela me trata super bem. Eu... – Brooke negou com a cabeça. Ela realmente não sabia o que dizer.
- Eu sei. Eu... sinto muito por não ter te contado antes. – finalmente se desculpou. Ele precisava dizer a ela o quanto sentia muito.
- Eu só não consigo entender... por que você não me contou? – Brooke ficou intrigada. – Você contou sobre as duas piores, a Jessie e a Amber, mas não contou sobre a ? Por quê? – Ela perguntou. Ela ainda não parecia estar brava. Ela só queria algumas respostas.
- A Jessie e a Amber... foi irrelevante. Eu sei que é horrível dizer isso, mas não existe outra palavra para usar para descrever o meu relacionamento com elas. – ergueu os ombros. – A minha história com a é mais.... longa, intensa e... – não sabia qual outro adjetivo usar. Ele não queria dizer nada que a Brooke pudesse interpretar mal. – Eu não sei. Foi diferente de tudo o que eu já vivi. – Ele voltou a ficar nervoso. Era difícil explicar.
- Diferente como? – Brooke queria entender.
- Você realmente quer saber? – estava disposto a ser sincero, mas precisava saber se ela estava disposta a saber de tudo.
- Eu preciso saber, . – Brooke afirmou na mesa hora.
- Eu... – hesitou por alguns segundos. – Eu sempre fui apaixonado pela . Desde quando eu não sabia o que queria dizer se apaixonar. Ela foi o meu primeiro amor. Eu era amigo do irmão dela e nós crescemos juntos. – Ele preferiu não citar o acidente ou as partes que envolviam o Steven. – Nossa relação sempre foi muito conturbada. Ela nunca sequer olhou para mim. Nós só brigávamos e namorávamos pessoas diferentes. – fez uma breve pausa. – De uma hora para outra, as coisas começaram a acontecer. Foi tudo muito rápido e intenso. Nosso namoro foi cheio de términos e reconciliações. Nós vivemos a história mais insana de todas e... de repente, acabou. – Ele ergueu os ombros.
- E ela também namorou com o seu irmão? – Brooke perguntou, perplexa.
- Sim, namorou. Esse... foi o motivo do nosso término, na verdade. Ela queria ficar com ele. – disse como se aquilo não o afetasse mais.
- Ok, mas eu ainda não entendi por que você não me contou sobre ela. – Brooke insistiu no assunto.
- Eu... sabia que você teria que conviver com ela, porque ela está no meu círculo de amigos. Eu não queria que você se sentisse ameaçada por ela ou se sentisse insegura em relação a ela. – se explicou.
- E eu tenho motivos para me sentir ameaçada por ela? – Brooke queria saber. Ela ficou mais tensa após ouvir a explicação dele.
- Não. É claro que não. – foi incisivo. – Ela é passado. Você é o meu presente. – Ele sorriu, tocando o rosto da namorada.
- Eu acredito em você, mas... por que você resolveu me contar agora? Aconteceu alguma coisa? – Brooke era esperta. Ela sabia que tinha alguma coisa.
- Aconteceu. – não esconderia mais nada dela. – Ela... – Mesmo querendo muito ser sincero, ainda era difícil. – Ela se declarou para mim hoje. – Ele finalmente disse. – Antes da reunião. Ela estava na casa da e... ela me pegou de surpresa. Eu não sabia que... – Ele negou com a cabeça. – Enfim, ela se declarou e eu... – Ele ergueu os ombros.
- O que você disse? – Brooke perguntou, pois notou que havia algum problema.
- Eu não disse nada. – contou mesmo não se orgulhando dessa parte.
- Não disse nada? Por quê? – Brooke ficou ainda mais séria. – Você estava em dúvida entre o sim e o não? – Brooke era extremamente madura para aquele tipo de conversa. Se fosse outra no lugar dela, já teria surtado.
- Brooke! Não. – a olhou feio. – Eu já disse. Eu já tomei a minha decisão. – Ele olhou nos olhos dela. – Eu quero ficar com você. Só você. – Ele acariciou o rosto dela e depois selou os seus lábios. Após o beijo, ela o abraçou.
- Obrigada por ter me contado. – Brooke agradeceu, terminando o abraço.
- Desculpa por não ter contado antes. – se desculpou novamente.
- Certo, agora eu preciso te falar uma coisa. – Brooke pediu a atenção dele. – Eu estou feliz por você ter sido sincero comigo e feliz por ouvir você dizer que você quer ficar comigo, porque isso é tudo o que eu mais quero também, mas... – Ela o surpreendeu com o ‘mas’. – O que você fez com ela hoje... Não está certo, . – Ela se mostrou muito sensata. – Com certeza o ‘não’ teria sido menos doloroso para ela. – Brooke se colocou no meu lugar.
- O que você quer dizer? – não sabia onde ela queria chegar.
- Ela se declarou para você e você se recusou a dizer alguma coisa. , você não disse nada, porque você não soube dizer não. Você não quis dizer não para ela. – Brooke era extremamente sabia. Ela era muito correta mesmo quando não deveria ser. O silêncio do confirmava o que ela estava dizendo. – Eu olho para você e eu sinto que existe algo inacabado entre vocês. Eu estou certa e você sabe disso. – Brooke o viu ficar um pouco chateado com a situação. Ele se sentia mal por ela.
- Eu amo você e quero ficar com você. Isso não é o bastante? – não queria aceitar que o que ela estava dizendo era real.
- Talvez seja o bastante agora, mas até quando? – Brooke olhou para ele, séria. – Eu sei que você sabe que eu estou certa. – Ela sorriu para ele e acariciou rapidamente o seu rosto. Em seguida, ela se virou e deu sinal para um táxi que ia passando na rua.
- O que você está fazendo? Onde você vai? – não entendeu por que a namorada havia chamado o táxi.
- Eu vou para casa e você... – Brooke hesitou por um momento. – Faça o que você tem que fazer. Resolva o que está inacabado da maneira que o seu coração mandar. – Ela sabia que existia alguma chance de o estar em dúvida em relação aos sentimentos dele por mim e ela o deixou à vontade para tomar uma decisão. – Você sabe onde eu moro. – Brooke beijou o rosto do namorado e em seguida entrou no táxi.

Brooke tinha um nível de maturidade que o desconhecia. Ele não se cansava de ser surpreendido por ela com suas ações, frases e atitudes. Ela literalmente pediu que ele fosse falar comigo, que ele fosse resolver comigo o que quer que estivesse inacabado. Mesmo sabendo dos riscos que corria, Brooke sabia que o não seria 100% dela enquanto ele não resolvesse isso de maneira honesta e madura. Ela não queria apenas uma parte dele. Ela o queria por completo.

O táxi que levava a Brooke já tinha ido embora há alguns minutos, mas o continuava ali parado, tentando encontrar a melhor maneira de fazer o que ele precisava fazer. Não era fácil dizer adeus para alguém que ele amou tanto e por muito tempo. Era estranho, porque não se podia dizer que o motivo do adeus era que o amor havia acabado, porque o amor não havia acabado. Eu era o primeiro amor dele. O amor jamais acabaria. O problema era que amor não era a única coisa importante em um relacionamento. Um relacionamento exige dezenas de características que, no nosso caso, foram se desgastando ao longo dos anos.

Após alguns minutos chorando copiosamente sentada na escada, onde o meu grupo de amigos costumava se reunir, aos poucos eu fui me acalmando. Não era como se a dor estivesse passando, mas eu estava conseguindo lidar com tudo o que eu estava sentindo naquele momento. Sabe aquele momento de reflexão que acontece depois de uma crise de choro, onde mesmo com diversas lágrimas espalhadas pelo rosto, você fica em silêncio e fica olhando para o nada, enquanto, dentro de você, o seu coração e a sua mente trabalham para tentar colocar tudo em ordem novamente. Pelo menos para que você possa voltar a sua rotina e consiga viver e conviver com a dor, a perda, a solidão ou qualquer outro sentimento que esteja te corroendo por dentro? Eu estava naquele momento. Minhas costas estavam encostadas na parede que ficava na lateral da escada e eu estava sentada em um dos degraus. Por mim, eu ficaria ali pelo resto dos meus dias.

Mesmo sem fazer ideia do que faria, começou a andar lentamente em direção a escola. Entrou no ginásio, mas foi direto na direção da porta, que o levaria ao interior da escola. Ele tinha visto que eu tinha ido naquela direção. Mais aliviado por ter contado tudo para a Brooke, conseguiu apreciar a nostalgia que era entrar naquela escola novamente. Tudo estava exatamente igual. Por um momento, ele havia até se esquecido o que tinha ido fazer ali. Ao passar pela cantina, me viu de longe, sentada na escada. Pelo silêncio e por não estar me movendo, deduziu que eu não estivesse chorando. Ele agradeceu mentalmente por isso. Ele não suportaria me ver chorando por causa dele.

Eu estava tão anestesiada emocionalmente e psicologicamente, que mesmo percebendo que eu não estava mais sozinha, eu não me movi, eu não olhei para ver quem era, eu não sequei o rosto, eu não fiz nada. Quando ele se sentou na minha frente, eu soube que era ele no mesmo instante por causa do perfume. Não importa quanto tempo passasse, eu sempre reconheceria o perfume dele.

Como eu estava sentada de lado na escada, quando ele se sentou de frente para escada, eu acabei ficando de frente para ele e ele estava de lado para mim. A presença dele me fez abaixar a cabeça para encarar as minhas mãos, que passaram a brincar com o meu celular. continuou sentado e seguia olhando para a frente sem dizer nada. Como sempre, o silêncio falava muito por nós dois. pensava em como queria ter planejado algo para falar, mas ele não tinha nada. Ele teria que improvisar.

- Eu não sei se devo começar com um obrigado ou com um pedido de desculpas. – terminou a frase e me olhou para ver se via qualquer tipo de reação da minha parte. Continuei encarando as minhas mãos e não me manifestei de qualquer forma. – Eu acho que... vou começar com o obrigado, porque eu tenho que agradecer por duas coisas. – Ele continuou me olhando. – Primeiro eu quero te agradecer por você ter ajudado a Brooke com a Amber. Eu soube sobre o drink. A Brooke virou a sua fã número um depois disso. – ficou feliz por ver um pequeno sorriso surgir no canto do meu rosto mesmo que eu tentasse disfarçá-lo. – Você não fez isso por mim, não é? Você fez pela Brooke. – Ele sorriu. – Essa é a melhor parte, sabia? Porque mostra exatamente o tipo de mulher que você é. Eu me orgulho disso. – As palavras dele me fizeram ceder. Eu olhei para ele com o mesmo sorriso discreto de antes. Ele sorriu ao ver que tinha a minha total atenção. – Eu também preciso te agradecer por... você ter subido naquele palco. Isso... – Ele negou com a cabeça, julgando a si mesmo. – Isso... eu sei que você fez por mim. – Ele parecia lamentar. – Eu sempre amei te ver cantar. Ver a sua confiança, a sua força e o seu talento. – Ele hesitou por um momento. – Hoje... ver você cantar, me deixou muito triste. Eu sinto muito ter te colocado nessa situação, ter feito você subir naquele palco mesmo que inconscientemente. – estava visivelmente mal com aquilo. Eu conseguia ver.
- Você está feliz. Eu não deixaria que ninguém destruísse isso. – O meu sorriso aumentou um pouco.
- Eu sei. – afirmou com um triste sorriso. – Você fez isso mesmo que eu tenha agido como um idiota hoje à tarde. – Ele deixou de me olhar por um momento e voltou a olhar para a frente.
- Tudo bem. – Eu percebi que ele estava se torturando por causa daquilo. Eu não tinha motivos para fazê-lo se sentir ainda pior.
- Não. Não está tudo bem. – afirmou, ainda sem me olhar. O silêncio se estabeleceu por algum tempo. – Me desculpa. – Ele disse e em seguida voltou a me olhar. – Me desculpa por ter te deixado falando sozinha daquele jeito. – virou todo o seu corpo na minha direção, ficando de frente para mim. – Eu sei o quanto você se esforçou para chegar até lá, para me dizer tudo aquilo sem desistir. – Ele me conhecia muito bem e por isso sabia do que estava falando. O pedido de desculpa dele me emocionou um pouco e eu tive que deixar de olhá-lo por um momento para me recuperar. O pedido de desculpas dele significava muito, porque a atitude dele realmente havia me machucado. Com a cabeça baixa, encarei novamente as minhas mãos e fiquei algum tempo pensando no que ele havia acabado de me dizer.
- Eu deveria ter desistido. – Eu disse e em seguida levantei a cabeça para olhá-lo. – Eu... sabia que aquilo iria acontecer, mas eu... ignorei. – Eu rolei os olhos, enquanto neguei sutilmente com a cabeça.
- Como você saberia? – não queria que eu me cobrasse tanto.
- Quando em cheguei em Atlantic City, eu fui direto para o seu apartamento. Eu estava tão desesperada para falar com você. – Eu sorri, debochando de mim mesma. – O porteiro me avisou que você tinha saído com uma garotinha. Na mesma hora eu deduzi que era a , então eu fui para casa dos seus pais. – acompanhava toda a história de maneira atenta. Ele nunca havia imaginado nada daquilo. – Quando eu cheguei e vi o seu carro, fui logo me aproximando para bater na porta, mas notei que alguém estava saindo da casa, então eu me escondi. – Eu não me orgulhava daquela parte. – Me escondi atrás de algumas moitas. Foi realmente ridículo. – Eu voltei a rir de mim mesma. me olhou com reprovação. – Bem, ali eu vi tudo o que eu precisava ver. – Eu não quis contar os detalhes, até porque o estava lá e sabia exatamente o que eu tinha visto. – Aquilo era mais do que o suficiente para que eu desistisse, mas... eu não consegui. – Eu ergui os ombros. estava visivelmente triste com o que eu estava contando. Havia sido muito mais doloroso para mim do que ele havia imaginado. – Eu acho que sou eu quem tenho que me desculpar por ter te colocado naquela situação. Eu sabia que você estava com a Brooke. – Eu estava um pouco constrangida. Era difícil ter que contar tudo para ele. – Eu acho que você estava certo quando me dizia tantas vezes o quanto eu era teimosa. – Eu disse e vi um sorriso voltar para o rosto dele. – Eu acho que... eu precisava insistir até ter certeza de que... eu não tinha mais opções. – Eu completei.

Não havia muito para ser dito. Doía muito no ter que ouvir tudo aquilo sem que ele pudesse corresponder. Não corresponder um sentimento relacionado a mim era novo para ele e, até mesmo, estranho. Se fosse há um ano, aquela conversa já teria tomado um rumo completamente diferente. Era difícil para ele não ser, não agir como o que ele sempre havia sido comigo. Era difícil não ser o que era absurdamente apaixonado por mim. Era tão difícil, que ele não sabia como agir. Ele não sabia ser daquele jeito. Não comigo.

- Você sabia que... foi a primeira vez que você se declarou? Eu quero dizer... você me pedir para ficar com você. Você se declarar sem saber o que ouviria como resposta, sem saber se seria correspondido ou não. Hoje foi a primeira vez. – interrompeu o silêncio. – Eu não estou me justificando, mas... isso me deixou um pouco surpreso, sabe? Eu sempre assumia esse papel na nossa relação. Eu sempre dei o meu melhor por você. Eu sempre quis você. – Eu sentia como se ele estivesse desabafando. Mais um silêncio. Ele estava encontrando força e coragem para continuar. – Foi tão difícil te tirar de todas as minhas metas, dos meus planos, dos meus sonhos... do meu futuro. – Conforme ele ia dizer, meus olhos iam se enchendo de lágrimas. Me destruía ouvi-lo falar daquele jeito. Me destruía pensar que ele ainda fazia parte de cada um dos meus sonhos, metas, planos e futuro.
- Eu sinto muito... por te machucar. Não era a minha intenção, mas... mesmo assim, eu te machuquei, eu fiz você sofrer. Você não merecia. – Agora, eu sabia exatamente o que ele sentiu quando eu escolhi o Mark. Eu sabia o quanto doía, por isso, eu precisava que ele soubesse o quanto eu sentia muito. Ficamos novamente em silêncio. Estávamos notavelmente escolhendo as palavras certas para dizer.
- Por que agora? O que te fez mudar de ideia? – quis saber. Ele já demonstrava estar bastante abalado.
- Eu te disse. Te ver... ontem. Eu achei que tivesse superado, mas desde o dia que você confirmou a presença na festa de despedida do Mark, desde o momento que eu soube que eu iria te ver novamente, eu... – Eu ergui os ombros. Eu não sabia explicar. – Eu acho que fiquei com medo de não ter superado tanto quanto eu gostaria. Eu não sei. Você vai me achar maluca, mas... – Eu hesitei por um momento. – Eu sonhei com você por uma semana. Desde o dia que eu soube que você iria na festa até o dia da festa, eu sonhei com você todas as noites. – Ele não conseguiu evitar a reação de surpresa. – Talvez, fosse o meu coração tentando me mostrar o que eu não conseguia ver. – Eu completei. Depois de me ouvir, ele ficou alguns segundos sem conseguir se manifestar.
- Uau. – deixou escapar espontaneamente. – Eu... não sei nem o que dizer. – Ele estava bastante balançado. Dava para perceber, mas eu não criei qualquer tipo de esperança.
- Você já disse. Aliás, você não disse nada, mas eu entendi. Está tudo bem. – Por mais que doesse, eu já havia aceitado. Me levantei, tentando induzir o final daquela conversa. Não fazia mais sentido insistir. Não tinha mais sentido lutar por ele. Ao me levantar da escada, eu consegui ver e ouvir a chuva lá fora. permaneceu sentado, me olhando. Eu percebi que ele ainda estava tentando lidar com o que eu havia dito.
- Foi por isso que vocês brigaram ontem à noite? – perguntou, acabando com o silêncio. A pergunta me fez olhá-lo. – Ontem à noite, vocês brigaram por causa disso? – Ele repetiu a pergunta, referindo-se a briga que eu e o Mark tivemos na noite anterior.
- Se você está perguntando se nós brigamos por causa de você... sim. – Eu confirmei o que ele queria saber. – Ele... começou a insinuar coisas sobre mim e sobre os meus sentimentos por você. Ele reclamou do jeito que eu te olhava e do jeito que eu ficava quando estava perto de você. Ele não estava errado. – Eu rolei os olhos. – Eu acho que ainda não conseguia interpretar os meus sentimentos ou... eu não queria interpretar, eu não sei. – Eu não tinha motivos para esconder mais nada. – E então, nós brigamos e eu fui embora, ou melhor, eu fugi... para variar. – Eu me recordei da noite anterior. – E, mais uma vez, você me encontrou. – Eu disse. negou com a cabeça e sorriu na mesma hora. Ele se levantou da escada.
- Então, o te contou? – fez careta, parando na minha frente.
- Ele contou. – Eu sorri, abaixando a cabeça e colocando uma mecha do meu cabelo atrás da orelha. – Todas as vezes que eu surto e tento sumir, você é quem me encontra. – Eu levantei a cabeça e o olhei.
- Para o seu azar, eu te conheço muito bem. Eu sei tudo o que se passa dentro dessa cabecinha. – sorriu e aproximou uma de suas mãos da minha cabeça, apontando e encostando um de seus dedos na lateral dela. Ele me arrancou o sorriso mais espontâneo da noite até agora. Com a mão ainda próxima da minha cabeça, ele aproveitou para acariciar o meu cabelo e colocar uma mecha dele atrás da orelha. A atitude dele nos fez trocar olhares por algum tempo. Meu coração estava extremamente acelerado só por causa do toque dele.
- E o que se passa aqui. – Eu apontei para o meu peito, me referindo ao meu coração. – Você sabe? – Eu completei a pergunta. Ele não respondeu na hora, mas o olhar dele disso tudo.
- Talvez, seja melhor não saber. – afastou sua mão do meu rosto, pois ficou com receio que eu interpretasse o seu gesto de maneira errada.
- Eu sei que a sua decisão já está tomada, mas eu preciso que você saiba de tudo. – Eu estava muito mais calma e muito mais consciente do que na conversa que tivemos naquela tarde. Eu precisava dizer tudo o que estava preso dentro de mim. O momento era aquele. – Eu... não me arrependo de ter escolhido o Mark da última vez. – Eu disse e ele demonstrou não gostar do assunto.
- Não precisa fazer isso. – negou com a cabeça, tentando me interromper.
- Apenas me ouça, está bem? – Eu insisti e o vi me olhar com reprovação. – Eu precisava viver tudo o que eu vivi com ele. Eu precisava passar por tudo o que eu passei para chegar até aqui. – Eu fiz uma breve pausa, mas ele continuou me dando toda a sua atenção. – Se eu não tivesse ficado com ele, eu jamais saberia se ficar com você era a decisão certa, se eu seria mais feliz com ele ou se ele era a pessoa perfeita para mim. Eu precisei viver e sentir para saber que... eu não quero viver uma rotina, eu não quero alguém que seja o meu melhor amigo, eu não quero alguém que concorde com tudo o que eu disser ou que faça todos os meus gostos. – Eu fiz questão de dizer cada palavra olhando nos olhos dele. – Talvez, seja isso o que todas as mulheres procuram, mas não é o que eu quero. – Eu fui incisiva. – E isso, , me leva direto a você. – Eu não sei por que, mas naquele momento eu me senti forte e corajosa o suficiente para lutar por ele uma última vez. Eu precisava fazer isso.
- , eu... – estava pronto para me dizer não, mas eu o interrompi.
- Me deixe terminar. – Já que eu estava bem o suficiente para falar, eu falaria. – Eu sei que você está feliz com a Brooke. Eu vejo isso nos seus olhos, eu vejo no seu sorriso e vejo em cada um dos seus traços que eu conheço tão bem, mas... – Eu senti que meus olhos se encheram de lágrima, mas não deixei que aquilo me abalasse. – , se no seu coração tiver restado alguma coisa de nós, qualquer coisa... – Eu dei um passo, ficando mais próxima dele. Ele não tirava os olhos dele dos meus. – Você vai ter que me dar outra chance – Eu pedi sem sentir qualquer vergonha. Eu estava me humilhando? Talvez! Mas quantas vezes ele já havia se humilhado daquela maneira por mim? Quantas vezes isso salvou o nosso relacionamento? – Eu sei que eu sou toda errada, eu faço tudo errado. Eu sei que sou teimosa, irritante, egoísta e infantil. Eu sei que não é fácil conviver comigo. Eu sei que eu sou ciumenta e que fui responsável pela maioria das nossas brigas bobas. Eu sei que deixei você para viver o meu sonho em Nova York. Eu sei que deixei você para ficar com o seu irmão. Eu sei que eu errei mais vezes do que você merecia, mas... – Eu sorri e as lágrimas continuavam presas nos meus olhos. – Eu também sei que te amei mais do que qualquer outra pessoa poderia amar. – Eu fiz uma breve pausa quando senti que minha voz começaria a embargar. – Eu sei, , que não tem mais ninguém no mundo com quem eu gostaria de ter vivido a história que tivemos. – Eu sorri sem nem perceber ao mencionar a nossa história juntos.
- A história que tivemos... – repetiu, enquanto negava com a cabeça. Ele deixou de me olhar por alguns momentos. – A nossa história juntos sempre foi o que mais mexia comigo. Nos nossos piores momentos, nossas brigas, nossos términos... – Ele ergueu os ombros. – Lembrar de tudo o que vivemos sempre me dava esperanças de que tudo ficaria bem, que ficaríamos juntos e que poderíamos enfrentar qualquer coisa. – me olhava e parecia mais triste do que nunca. – Foi por isso que eu me obriguei a esquecê-la depois da conversa que tivemos no alto do gramado do quintal da sua casa. – Ouvi-lo dizer aquilo me fez perder o chão. – Demorou algumas semanas, mas eu aprendi a lidar com isso. Eu meio que bloqueei isso em mim. Eu aprendi, eu tive que aprender a enxergar essa história como passado. – Ele estava sendo extremamente sincero, mas ele também estava muito triste, pois sabia o quanto estava doendo em mim.
- Você pode até ter superado ou esquecido a nossa história, mas... você não pode ter se esquecido de mim. – O choro estava preso na garganta, enquanto eu usava toda a força que me restava para lutar pelo homem da minha vida. – Olhe para mim. – Eu toquei o queixo dele e levantei o seu rosto, fazendo-o me encarar. – Eu sei que eu fiz e disse muitas coisas que te machucaram, mas, , ainda sou eu. – Eu ergui os ombros e abrir os braços. – Eu ainda sou a garotinha que você salvou. Eu ainda sou a irmã do seu melhor amigo que usava vestido rosa. Eu ainda sou a garota que te odiou durante todo o ensino médio e que se apaixonou depois de um trabalho ridículo de sociologia. Eu ainda sou a aluna pouco popular que descobriu o seu amor pela música depois de se apaixonar por você. Eu ainda sou a garota desastrada que se esforçou para aprender jogar futebol só para te impressionar. Eu ainda sou a mesma garota que assistia todos os seus jogos de futebol e agia e gritava como sua fã número um. – Eu fiz uma breve pausa quando o vi sorrir. – Eu ainda sou a mesma garota que esmagava a sua mão todas as vezes que andávamos de avião ou andávamos de teleférico. Eu ainda sou a mesma garota que te escolheu para ter a minha primeira vez. Eu ainda sou a mesma garota que teve milhões de resfriados por causa das nossas reconciliações na chuva. – A cada frase que eu dizia, eu via mais lágrimas se acumularem em seus olhos. – , eu ainda sou a garota que aprendeu tudo sobre o amor com você. Eu ainda sou a mesma garota que é estupidamente apaixonada por você. – Eu afirmei com as lágrimas presas nos olhos. – E se você sabe disso. – Eu estava com muito medo do que eu estava prestes a ouvir. Aquela era definitivamente a minha cartada final. – Se você realmente olhar para mim agora e ver essa garota. – Eu senti uma lágrima escapar pelo canto de um dos meus olhos. – Você vai escolher ficar comigo. – Eu finalizei com a voz embargada.

Foram segundos de esperança e angústia. Eu estava ali, na frente dele, pedindo que ele me amasse de novo, pedindo que ele me desse a última chance. Eu sabia a resposta dele, mas eu tinha esperanças de ter conseguido fazer ele mudar de ideia. Esperança era tudo o que me restava. Sem dizer e sem ouvir absolutamente nada, eu o vi balançar a cabeça negativamente e em seguida abaixá-la. Notei ele olhar e tocar na aliança de compromisso em seu dedo. Ele estava com dúvidas ou só não conseguia me dizer não?

A mente e os sentimentos do estavam uma bagunça. Ao mesmo tempo que ele sabia exatamente o que fazer, ele não queria fazer. Ele não sabia como fazer aquilo, pelo menos, não de verdade. desejou ouvir aquela declaração por anos. Eu nunca havia sido tão honesta daquela maneira e ele sabia disso, ele sentia isso. Como dizer a uma pessoa por quem você sempre foi loucamente apaixonado que você não quer ficar com ela? 10 anos amando a mesma pessoa, que ele nunca imaginou que fosse capaz de deixar de amar. Será que era possível? Será que ele não estava enganado? Talvez, ele só estivesse magoado por eu ter me relacionado com o Mark e estava se fazendo de difícil, não é? Não, não é.

- Eu amei você por 10 anos. Eu te amei sem que você soubesse. Eu te amei mesmo quando não queria amar. Eu te amei até não conseguir amar mais. – O que ele disse já foi o suficiente para que meu mundo desabasse. Na mesma hora, eu comecei a chorar. Eu realmente havia perdido o homem da minha vida. – Por favor, não chore. – pediu, se sentindo muito mal. Ele chegou a tentar se aproximar, mas eu recuei.
- Não, não. Eu estou bem. – Eu tentei me recuperar rapidamente e passei as mãos pelo rosto para secar as minhas lágrimas.
- Eu sinto muito, muito mesmo. Eu nem saberia te explicar como eu gostaria de te dizer qualquer outra coisa só para não te machucar. – também estava bastante abalado emocionalmente. – O que nós vivemos, quem nós éramos, o ensino médio... tudo. Tudo ficou no passado. – Ele queria se justificar e ao mesmo tempo queria me acalmar. – Eu conheci a Brooke e eu me comprometi com ela. Eu duvido que um de nós dois vá viver novamente a história que nós dois vivemos juntos, mas tudo bem. – Ele ergueu os ombros. – A maioria das pessoas não tem o privilégio de viver uma coisa assim se quer uma vez. Como podemos desejar viver duas vezes? Eu não desejo isso. Eu não quero isso. – Ele queria me fazer entender o que ele estava sentindo. Talvez se eu soubesse, eu não sofreria tanto. Essa era a esperança dele. – Eu e a Brooke não temos a melhor história, mas por mim tudo bem. Nós escolhemos um ao outro, nos importamos um com o outro e cuidamos um do outro. Isso é suficiente pra mim. – Quanto mais ele falava, quanto mais ele se explicava, mais dolorido as coisas ficavam para mim. Ficar na frente dele estava se tornando insustentável. – Olha pra mim. – Ele pediu, levantando o meu rosto. – Eu espero de todo o meu coração que você conheça alguém que te faça feliz também. – disse, percebendo que eu estava me segurando para não chorar novamente.
- Eu vou ficar bem. – Eu afirmei com a cabeça, me afastando dele. Eu já nem estava ouvindo o que ele estava me dizendo. Andei até a escada onde eu estava sentada e peguei a minha bolsa que eu havia deixado lá.
- O que você está fazendo? – perguntou, me vendo colocar a bolsa no ombro.
- Eu vou para casa. – Eu passei por ele e mal o olhei. Eu achei que a sensação de ter feito o possível para tê-lo de volta fosse melhor. Eu achei que, de alguma forma, isso me trouxesse paz. Não trouxe. Comecei a andar na direção de um pequeno portão lateral da escola que estava encostado. ficou desesperado. Eu ouvi os passos dele atrás de mim.
- Não. Espera. Eu te levo ou eu chamo alguém para te levar. Você não pode ir nessa chuva. – mostrou-se preocupado e entrou na minha frente. Eu já estava no meu limite. Mesmo com o meu rosto coberto de lágrimas, eu parei de andar e o olhei mais uma vez.
- Eu só preciso ir embora. – Eu pedi, tentando parar de chorar. Eu não queria que ele me visse daquele jeito. Eu não queria que ele se sentisse culpado pelo meu choro ou pelo meu sofrimento. Todas as lágrimas que já estavam no meu rosto, deixou o visivelmente abalado. Era incrível como seus olhos conseguiam transparecer tudo o que ele sentia. A maneira com que ele me olhou, a tristeza nos olhos dele, eu jamais esqueceria. – Seja feliz. – Eu ainda tentei dizer alguma coisa para que ele não se sentisse tão culpado. – Eu não desejo nada menos do que isso para você. – Eu tentei sorrir, antes de voltar a andar e me afastar de vez. Eu saí da escola embaixo da chuva e eu não me importava nem um pouco.

ficou ali parado vendo eu me afastar. Ele não conseguiu dizer nada ou fazer nada. Ele estava absolutamente anestesiado, paralisado com o que tinha acabado de acontecer. Aquela conversa tão franca e todas aquelas lágrimas no rosto da pessoa que ele menos desejava ver sofrer no mundo. Aquela imagem jamais sairia da cabeça dele. Ele não imaginava que seria tão difícil recusar o amor da pessoa que ele mais havia amado na vida. Talvez, ele devesse ir para casa ou para a casa da Brooke para contar tudo o que tinha acontecido, mas ele simplesmente não conseguia. ficou simplesmente parado ali por 20 ou 30 minutos, pensando em cada palavra que eu havia dito a ele, se julgando pelas lágrimas no meu rosto, encarando a chuva que possivelmente deveria selar a nossa reconciliação. Ele tinha que me deixar ir de uma vez por todas.

Chuva, salto alto, cansaço, não importava. Nada mais me importava naquele momento. Eu queria e precisava ir para casa e era isso o que eu estava fazendo. Minha casa não ficava tão perto da escola, mas eu já havia feito aquele trajeto a pé muitas vezes. Não era problema para mim, principalmente, no momento em que eu me encontrava. O que me motivava era pensar na minha casa, na minha cama e no meu travesseiro para chorar. Durante todo o caminho, as palavras do ficavam martelando insistentemente na minha cabeça. As lágrimas se misturavam com as gotas de chuva no meu rosto quando eu finalmente fui me dando conta de que ele não me amava mais. Eu não havia deduzido isso e nem estava supondo nada. Havia saído da boca dele. Eu não queria aceitar. Eu me recusava a aceitar.

Eu já estava andando sozinha na chuva por aproximadamente 10 ou 15 minutos, quando eu decidi parar. A chuva, a dor que eu estava sentindo, o nó na minha garganta e a pena que eu sentia de mim mesma me fizeram parar. Mesmo depois de ter escutado tudo o que o havia me dito, a chuva e o meu desejo inexplicável de que o tivesse se enganado sobre os seus próprios sentimentos me fizeram parar no meio da calçada e olhar para trás. Por um momento, eu desejei vê-lo correndo na minha direção. Por um momento, eu desejei uma última reconciliação na chuva. Eu me virei e não tinha ninguém. O não tinha vindo atrás de mim. Ele nunca mais viria. Tinha realmente acabado.

Mesmo sem forças para nada, continuei andando porque a minha vontade de chegar em casa era enorme. Andei mais 5 minutos, quando mais um carro aleatório passou por mim. Assim como havia acontecido com os outros carros, eu não me importei. Alguns eu não devo nem ter visto, porque a minha cabeça estava ferrada demais para isso. Esse carro especificamente passou por mim e depois de alguns segundos, notei que ele estava dando ré. Continuei andando até que o carro parasse ao meu lado. Eu não olhei e nem parei de andar.

- Ei! – Ouvi uma voz me chamar e ela vinha de dentro daquele carro que continuava dando ré para me acompanhar. – Ei! ! – Eu não consegui reconhecer a voz por causa do barulho da chuva, mas ouvir o meu nome me despertou curiosidade. Parei de andar e me abaixei para ver quem era. Eu demorei 10 ou 15 segundos para reconhecer e administrar aquela informação.
- ? – Meus olhos não acreditavam no que eles estavam vendo. Com minhas mãos apoiadas na porta do carro, eu demonstrava toda a minha perplexidade ao continuar olhando para ela.
- Oi. – sorriu e acenou com uma das mãos. Naquele momento, eu não me lembrei de briga ou da Amber. Ver um rosto conhecido naquele momento aqueceu o meu coração de uma maneira inesperada. – Entra. Sai da chuva. – me pediu, depois de eu ter ficado alguns segundos olhando para ela. Sem hesitar, eu fiz o que ela havia pedido. – O que você está fazendo andando sozinha na chuva no meio da noite? – Ela quis saber. Eu não quis responder. Eu apenas neguei com a cabeça, demonstrando que não queria falar sobre. – Você quer que eu te leve para casa? – respeitou a minha vontade e não perguntou mais nada.
- Por favor. – Eu pedi, sem olhá-la.

não sabia o que tinha acontecido. Ela não me via há mais de um ano. Por causa da nossa briga, ela não sabia mais o que acontecia na minha vida. Mesmo depois da visita que ela havia me feito em Nova York, nosso relacionamento não tinha voltado ao normal. Ela ouvia uma coisa e outra através dos nossos amigos, mas sem muitos detalhes.

me conhecia o suficiente para saber que eu não estava bem e se ela não tinha mais qualquer tipo de intimidade para saber o que tinha acontecido, restava a ela respeitar a minha vontade de não falar sobre o assunto. Eu fiquei em silêncio durante todo o caminho até a minha casa. Não tinha nada a ver com a ou com o que tinha acontecido com a nossa amizade. Eu não queria falar com ninguém. Eu só queria a minha cama.

- Obrigada pela carona. – Eu agradeci assim que ela parou o carro na frente da minha casa.
- Sem problemas. – afirmou com um fraco sorriso. Esse era o momento que eu deveria descer do carro, mas por algum motivo eu não o fiz. Continuei olhando para frente e continuei em silêncio.
- Você vai ficar bem? – mostrou-se preocupada. Ela sabia que alguma coisa ruim havia acontecido. As palavras do ainda estavam doendo e ter alguém conhecido por perto me deu a liberdade para ser vulnerável novamente.
- Sim. – Eu afirmei com a cabeça, virando o meu rosto para olhá-la. Mesmo com um sorriso fraco no rosto, os meus olhos se encheram de lágrimas ao verem a primeira pessoa que soube sobre o início da minha história com o . Ela foi a primeira pessoa a saber sobre o nosso primeiro beijo. Isso tocou em mim de uma maneira muito forte. – Eu vou ficar bem. – Eu disse com os meus olhos extremamente marejados. Mesmo sem me ouvir dizer, ela parecia saber exatamente o que eu estava passando. O seu olhar carinhoso e ao mesmo tempo triste e preocupado me levaram a me aproximar para abraçá-la. Nada mais importava naquele momento. Eu estava precisando de um abraço e, de alguma forma, ela era a melhor pessoa para me acolher naquele momento. Ela me acolheu quando a minha história com o começou e ela estava me acolhendo agora. – Obrigada. – Eu agradeci novamente e em seguida terminei o abraço. Sai do carro antes de notar o quão emocionada a ficou com aquele simples abraço.

Ao descer do carro, segui embaixo da chuva direto em direção a porta da minha casa. Peguei a chave dentro da minha bolsa e abri a porta. Assim que entrei, notei que os meus pais já estavam dormindo e agradeci mentalmente. Não queria que eles me vissem naquele estado. Subi para o meu quarto e tentei não fazer qualquer ruído. Eu fiz tudo meio no automático. Eu queria fazer tudo muito rápido para deitar na minha cama e dormir antes que eu desabasse novamente. Tomei banho, coloquei o pijama, tomei um remédio para dor de cabeça e deitei na cama do mesmo jeito que ela estava. Não tirei a colcha, não tirei algumas peças de roupa e nem alguns livros que estavam em cima dela. Eu só arrumei um canto para deitar. Não sei o que era maior: o meu cansaço físico ou o meu cansaço emocional e mental. Eu estava esgotada e isso me levou a dormir mais rápido do que eu esperava.

Do pátio da escola, decidiu ir direto para casa. Ele não tinha coragem de voltar para aquele ginásio, olhar para os seus amigos e contar que tinha me deixado ir embora sozinha na chuva e no estado em que eu estava. Ao mesmo tempo que ele se sentia péssimo e o mais covarde de todos os homens, sabia que não tinha outra coisa para ser feita. Ele havia respeitado a minha vontade de ir embora, de ficar sozinha, de não ter que ficar me justificando para ninguém, mas isso não o fazia se sentir melhor. Assim como eu, foi direto para a sua casa. A noite havia sido longa demais. Ele deixaria para falar com a Brooke no dia seguinte.

A reunião de ex-alunos estava chegando ao seu final, mas ninguém ainda tinha ido embora. Os meus amigos haviam cogitado ir embora, mas eles ainda estavam me esperando voltar do interior da escola. Eles deduziram que não havia qualquer outra saída, então em algum momento eu sairia de lá. havia ameaçado ir até lá duas ou três vezes, mas todos o convenceram a me deixar sozinha e respeitar o meu momento. Eles estavam sentados em volta de uma mesa e conversavam sobre alguns fatos engraçados que aconteceram na época em que eles estudavam naquela escola. Todos estavam tão entretidos com a conversa, que não notaram quando a entrou no ginásio. Ela tinha vindo de Paris para isso, certo?

se aproximou da roda de amigos e notou na mesma hora a garota desconhecida que estava sentada ao lado do . não era boba. Ela soube na mesma hora quem era aquela garota, mas isso não a intimidou nem um pouco. Ela estava atrasada sim, porque o voo dela havia se atrasado, mas ainda dava tempo para que ela matasse a saudade dos amigos, né? Ela se aproximou e parou bem atrás da . Mesmo estando tão perto, ninguém a viu ali. Como isso era possível?

- Gente!? – disse em um tom de voz mais alto. Todos pararam de falar na mesma hora e olharam para ela. No primeiro momento, todo mundo ficou em choque. Ninguém disse nada ou ao menos se moveu. – Vocês ainda lembram de mim, né? – Ela riu, sem jeito. Foi uma comoção geral. Todos começaram a se levantar para cumprimentá-la e abraçá-la, exceto Meg, que continuou paralisada por mais alguns segundos. Ela já tinha visto a por foto, então ela sabia quem ela era.
- Não acredito! – gritou.

era muito querida por todos os amigos e isso ficou bem claro naquele momento. deve ter a abraçado mais de três vezes. queria saber tudo sobre Paris. e brincavam sobre o novo estilo de cabelo e roupa dela, que a deixava extremamente chique. Até mesmo o mostrou-se feliz ao vê-la. Ele não guardava qualquer mágoa ou sentimento ruim dela. Na verdade, eles tinham terminado o namoro numa boa. Então, o respeito e amizade ainda existiam, mas a Meg se sentiu sim um pouco insegura naquela situação. parecia ainda mais bonita pessoalmente e ela era completamente diferente da Meg.

- , essa é a Meg, minha namorada. – fez questão de apresentá-la, pois viu o quanto a namorada estava incomodada com a situação. Ele também havia notado que não havia qualquer ressentimento por parte da .
- Meg! Oi. – sorriu para a desconhecida, que era extremamente bonita em sua opinião. – É um prazer te conhecer. – Ela completou quando notou um estranho silêncio se estabelecer.
- Você deve ser a . Eu ouvi muito sobre você. – Meg esforçou-se para ser simpática, mas continuava insegura. era o verdadeiro sinônimo de ‘mulherão’.
- Eu sabia. Esse pessoal não sabe viver sem mim. – apontou para os amigos, arrancando um sorriso sincero da Meg. O sorriso deu a brecha que a queria. – Desculpa, mas eu preciso comentar: ruiva, dos olhos claros e com esse corpo. – Ela mostrou-se impressionada. – Querida, se você algum dia pensar em modelar, me procure. Paris vai ficar maluca com você. – a elogiou. Não apenas para acabar com a insegurança que ela sentia, mas porque realmente achava isso.
- Sério? – Meg colocou uma de suas mãos na cintura, se achando. – Uma pena o não estar aqui para ouvir isso. Alguém gravou? – Ela perguntou para os amigos, causando a risada de todos.
- Por quê? Eu não entendi. – quis saber.
- Ela e o não se suportam. – contou aos risos.
- Eles ainda não saíram no braço, mas ainda estou esperando ansiosamente por essa surra que o vai levar. – disse, fazendo com que todos rissem ainda mais.
- Perto dele você não fala essas coisas, né? – Meg fuzilou o amigo com os olhos.
- Se alguém contar para ele, eu nego. – ergueu os ombros. A brincadeira quebrou qualquer gelo que ainda existisse naquela mesa.
- Senti tanta falta de vocês. Pena que o não está aqui. – lamentou.
- E a , né. – completou, sabendo que estava tocando em um assunto delicado.
- A eu já vi. Deixei ela em casa antes de vir pra cá. – contou como se fosse uma coisa normal.
- Espera. O que? – arqueou a sobrancelha ao olhá-la.
- Eu deixei a na sua casa. Qual o problema? – não entendeu.
- Mas como ela foi embora sem passar por nós? – estranhou.
- Eu não sei. Só sei que a encontrei na rua e levei ela para casa. – não estava entendendo nada.
- Não acredito. – negou com a cabeça.
- Aconteceu um problema entre ela e o e ela foi para dentro da escola. Ela queria ficar sozinha e nós respeitamos. Estávamos esperando ela voltar para irmos embora. – explicou.
- Bom, ela já está em casa. Deve estar até dormindo, aliás. Não parecia estar bem. – contou.
- Tadinha. – suspirou.
- Mas o que houve entre ela e o ? O que eu perdi? – quis saber.
- É uma longa história, mas resumindo: o está namorando outra pessoa e a ainda gosta dele. – resumiu.
- Ele está namorando quem? – ficou curiosa.
- Você não conhece. O nome dela é Brooke. Eles estudam juntos. – disse.
- Ela é legalzinha, mas a é bem melhor, desculpa a sinceridade, pessoal. – Meg não cansava de ser sincera. – O que foi? Vocês pensam isso também, mas ninguém tem coragem de falar. – Ela respondeu ao olhar feio de todos.
- Essa história deles... uau. – negou com a cabeça. – Por isso que ela estava tão triste. – Ela deduziu.
- Eu já fiz de tudo para ajudar esses dois. Eu oficialmente desisto. – não parecia contente, mas estava sendo realista.
- Eu também. – abriu os braços.

Os amigos aproveitaram a presença da para matar as saudades e saber tudo sobre os últimos meses em Paris. Era a primeira vez que ela vinha para Atlantic City após a sua ida para a Europa. Todos estavam muito curiosos para saber como eram os europeus, como eram as comidas, as roupas, os esportes e etc. até deixou escapar para as meninas que já havia saído com alguns europeus nos últimos meses. Isso despertou ainda mais a curiosidade das amigas.

Graças a , o nosso grupo de amigos foi o último a sair da reunião de ex-alunos. Depois de saírem de lá, eles ainda foram até uma pizzaria para acompanhar a , que por ter chegado tarde na reunião não havia conseguido comer nada. Depois de saírem da pizzaria, cada um foi para a sua respectiva casa, mas prometeram marcar de sair no dia seguinte.

Ao chegar em casa, a primeira coisa que fez foi ir até o meu quarto para se certificar de que eu realmente estava lá e se eu estava bem. Eu não o vi entrar e permaneci dormindo. Ele se aproximou da minha cama e arrumou a coberta que cobria parcialmente o meu corpo. Após me cobrir, ele me observou por alguns segundos. Sorriu ao pensar o quanto ele sentiu falta daquela sensação de me ter embaixo do mesmo teto que ele. saiu do quarto desejando que eu voltasse definitivamente para casa para que eles fossem uma família comum novamente.

Na manhã seguinte, eu acabei acordando mais cedo do que gostaria. Estava sem qualquer coragem de me levantar da cama, então preferi ficar ali mesmo, deitada e procurando respostas no teto do meu quarto. Eu e o já estávamos separados há algum tempo, mas naquela manhã especificamente, eu não sabia qual rumo seguir. Eu tinha literalmente perdido o rumo.

Apesar de ter perdido o que eu mais queria na vida, eu até que estava razoavelmente bem naquela manhã. Talvez, a noite de sono tenha me feito bem, tenha sido o suficiente para acalmar o meu coração e apaziguar um pouco a minha angústia. Eu sentia um vazio enorme dentro de mim, como se estivesse faltando alguma coisa, mas não havia mais lágrimas nos meus olhos. Eu sabia que eu precisava seguir em frente. Eu tinha ido até Atlantic City para terminar algo que estava inacabado para mim e eu tinha feito isso. Agora, eu tinha só mais uma ponta solta para resolver e eu me levantei daquela cama exclusivamente para resolver isso.

acordou bastante pensativo naquela manhã. Mesmo tendo 100% de certeza de que havia feito a coisa certa no dia anterior, alguma coisa ainda estava deixando-o mal. Ele não conseguia explicar ou entender o que era, mas ele sabia que ele supostamente deveria estar feliz por ter escolhido a pessoa com quem ele realmente queria ficar. não sabia do que se tratava, mas ele também não fez questão de saber. Ele deixou esse estranho sentimento de lado e obrigou-se a levantar-se da cama para ir até a casa da Brooke. Ele tinha uma pendência com ela e ele precisava resolver isso o mais rápido possível.

Após tomar um incrível café da manhã com os meus pais, eu arrumei as minhas coisas. Eu ainda não voltaria para Nova York, mas eu não pretendia mais voltar para a casa dos meus pais naquele dia. Meg tinha me oferecido carona para voltar com ela para Nova York e eu havia aceitado, mas pedi que ela me desse mais uma hora para que eu resolvesse a única coisa que ainda estava pendente na minha vida. Me despedi dos meus pais e do e mesmo com a insistência deles em me levarem no lugar que eu gostaria de ir, eu recusei, pois já havia pedido um táxi. Saí da casa dos meus pais prometendo voltar em breve.

O táxi me deixou na frente da casa da . Eu não tinha ligado ou avisado sobre a minha visita, mas soube que ela estava em casa quando vi na garagem da casa o carro que havia me dado carona na noite anterior. Eu me sentia pronta para fazer aquilo, pois eu sabia que não poderia ser pior do que a noite anterior. Na verdade, o que tinha acontecido na noite anterior serviria de encorajamento e parâmetro para que eu fizesse milhares de coisas que antes eu não fazia por medo de me machucar. Toquei a campainha duas ou três vezes. Não demorou para que a mãe da abrisse a porta. A expressão de surpresa e alegria no rosto dela me fez sorrir de maneira espontânea.

- Oi. Como vai? – Eu a cumprimentei e ela me abraçou na mesma hora.
- Que bom te ver, ! Você está maravilhosa. – A mãe de elogiou.
- Obrigada. A senhora é muito gentil. – Eu agradeci, sem jeito. – Bem, eu... queria falar com a , será que eu... – Eu ia dizendo, quando a senhora me interrompeu.
- Entre! Entre! Ela deve estar acordando. Pode ir ao quarto dela. Ela vai adorar a surpresa. – A mãe não escondeu a empolgação em me ter ali.

A mãe da me deixou completamente à vontade para ir até o quarto. Eu obviamente sabia o caminho até o quarto da . Eu já estive lá milhões de vezes. A porta estava entreaberta e eu a empurrei lentamente. Eu não tinha a intenção de assustá-la. Quando entrei no quarto, notei que ele estava vazio. Não sabia onde a estava, mas resolvi esperar ali como a mãe dela havia pedido. A cama ainda estava um pouco desarrumada e a mala dela estava no canto do quarto. Olhei em volta e vi uma velha foto em um porta-retrato. Na foto estavam eu, a , a e a . Que saudade daquela época. Eu ainda segurava o porta-retrato nas mãos quando a entrou repentinamente no quarto. O susto foi inevitável e o grito que ela deu deve ter ecoado na casa toda.

- Calma. Sou eu. – Eu não consegui conter o riso.
- Minha nossa! Que susto! – me olhou feio. Eu continuei rindo e isso a fez rir também.
- Você continua escandalosa. – Eu estava tentando parar de rir.
- E você continua achando graça disso. Legal. – brincou, fingindo estar brava. – Eu não esperava te ver aqui. – Ela completou.
- Eu sei. Não estava nos meus planos. – Eu ergui os ombros.
- Você vai voltar pra Nova York, pelo jeito. – notou a pequena mala que eu havia deixado no chão. Não tinha como deixar no táxi, não é?
- Sim. Eu vou com a Meg daqui a pouco. – Eu contei.
- Ah, é mesmo. Ela também mora em Nova York! Ela mencionou isso ontem. – lembrou-se da noite anterior.
- Você a conheceu? – Eu fiquei surpresa em saber. – Aposto que ela não é nada do que você imaginou. – Eu brinquei, me referindo a diferença de estilo entre as duas.
- Na verdade, ela é muito mais do que eu imaginei. Ela é ótima. Fiquei feliz pelo . – disse de maneira tranquila. Ela não parecia nem um pouco preocupada com o assunto. Isso me impressionou bastante. Será que um dia eu conseguiria superar o daquela maneira?
- Uau. Você precisa me ensinar a ter toda essa maturidade relacionada a relacionamento. Eu... definitivamente estou precisando. – Eu disse em meio a um fraco sorriso.
- Eu soube sobre você e o . – disse em um tom de lamentação. – Talvez você não acredite, mas eu realmente sinto muito. – Ela disse, fazendo referência a nossa briga. Na época, ela ficou ao lado da Amber e tentou ajudar no relacionamento dela e do .
- Eu acredito. De verdade. – Eu fui completamente sincera. – Aliás, foi isso o que me trouxe aqui, se você quer saber. – Eu já fui logo entrando no assunto que realmente havia me levado até ali. – O meu relacionamento com o foi completamente cheio de altos e baixos, brigas, dramas, separações e... perdas. – Eu comecei a dizer e vi a afirmar com a cabeça ao me ouvir dizer ‘perdas’. – Você sabe, eu... não me arrependo de nada do que eu vivi com ele, do que eu lutei, das lágrimas que eu derramei, mas... tem uma parte dessa história da qual eu me arrependo profundamente e... essa parte envolve você. – Eu disse e logo vi os olhos dela se encherem de lágrimas. Eu continuava firme e forte. Como eu disse, depois da noite anterior, seria difícil encontrar um novo motivo para me fazer sofrer tanto. – Ontem à noite, mesmo depois de ter perdido uma coisa que eu queria tanto, você apareceu. , você apareceu no momento que eu mais precisava de alguém mesmo sem saber que eu precisava. Você estava lá quando eu só precisava de um abraço para me confortar. Mesmo depois de tudo o que passamos, depois de ficarmos tanto tempo afastadas, sem querer, você estava lá. – Eu sorri da maneira mais carinhosa que eu consegui. – O amor dele acabou, , mas... a nossa amizade não. – Eu me aproximei dela e segurei uma de suas mãos. Ela estava em lágrimas. – Se você continuar chorando, eu não vou conseguir terminar. – Eu brinquei. Eu já estava me segurando para não me emocionar.
- Ok. Eu vou parar. – sorriu, secando as lágrimas em seu rosto.
- Olha, eu sei que você teve os seus motivos na época. Nós já conversamos sobre isso, mas... nada disso me interessa mais. Tudo o que interessa é a nossa amizade. Nada e nem ninguém pode tirar isso de nós. Me desculpa por ter demorado tanto tempo para enxergar e para te dizer isso. – Eu terminei o meu discurso sentindo o meu coração mais leve. me abraçou na mesma hora e ficamos abraçadas ali, no meio do quarto dela por um bom tempo.
- Eu te amo! Me desculpe também. – disse em meio ao nosso abraço.
- Eu também te amo. – Eu retribuí, tomada pelo único sentimento bom que eu havia sentido nas últimas 24 horas. Isso me fez muito bem.
- Eu me sinto a pessoa mais egoísta do mundo toda vez que eu me lembro do que aconteceu, das minhas atitudes. – queria que eu soubesse o quanto ela se arrependia do que havia feito. Ela terminou o abraço. – Se eu pudesse voltar no tempo, eu faria tudo diferente. Você não faz ideia do quanto eu queria poder fazer isso. – Ela levou as mãos até o seu rosto, sentindo-se péssima.
- Ei! Para com isso. – Eu tirei as mãos dela do rosto. – Deixa de ser boba. Nós duas erramos. Nós duas priorizamos o nosso relacionamento ao invés da nossa amizade. Está tudo bem. – Eu realmente não guardava qualquer ressentimento relacionado àquele assunto.
- Sério? – ainda estava um pouco constrangida.
- Sério! – Eu afirmei com tranquilidade. – Só que tem uma coisa. – Eu coloquei uma condição. – Eu vou ter que contar para a Meg sobre o interesse que a Amber teve no . – Eu não sabia se a concordaria. – Se um dia ela descobrir e souber que eu não contei para ela, ela vai me matar. – Eu conhecia muito bem a Meg e conhecia a Amber. A namorada de qualquer possível alvo da Amber precisa saber os riscos que está correndo.
- Por mim, tudo bem. Se você acha que é necessário. – não se importou.
- Querida, se eu fui capaz de jogar um copo de bebida na cara da Amber, você não faz ideia do que a Meg é capaz. – Eu disse, rindo. – Desculpe, eu sei que é a sua prima, mas... – Eu não consegui segurar a risada. riu comigo.
- Eu amei a ideia. – ainda ria. – Eu senti tanta falta de rir com você. – Ela disse. – Eu senti tanta falta de saber sobre você, sobre a sua vida. – completou.
- Eu também senti falta de tudo isso. – Eu a olhei com carinho. – Você realmente perdeu muita coisa. Minha vida foi um caos nos últimos meses. – Eu fiz careta.
- Me conta. – pediu, curiosa.

Ficamos quase uma hora conversando e contando tudo sobre os últimos acontecimentos na vida uma da outra. Eu contei sobre minhas idas e vindas com o , sobre o e o Mark serem irmãos, sobre o tiro que o levou, sobre o meu relacionamento com o Mark, sobre a viagem do Mark e, por fim, o término definitivo com o . me falou sobre a universidade, sobre as viagens constantes que ela faz por toda a Europa por causa do seu curso de moda, sobre os garotos europeus e sobre como são os relacionamentos lá. Após estarmos literalmente atualizadas sobre tudo, eu tive que me despedir, pois a Meg já estava me esperando do lado de fora da casa.

Fazer as pazes com a me fez muito bem e me trouxe um pouco de paz interior. O vazio ainda estava lá, a tristeza ainda estava lá, mas eu ainda estava conseguindo manter isso sob controle. Sai da casa da e fui direto até o carro da Meg. A cumprimentei e me sentei no banco do passageiro. Me ver indo embora de Atlantic City sem ter a resposta positiva que eu tanto sonhei, sem ter quem eu mais amava do meu lado me deixou mais abalada do que eu gostaria. A tristeza bateu de uma maneira inexplicavelmente forte naquele momento. Qual a solução que eu encontrei? Dormir. Tinha funcionado na noite passada. Eu simplesmente virei para o lado e dormi durante toda a viagem. Essa minha atitude mostrou a Meg o quanto aquele momento estava sendo difícil para mim e como seriam os meus próximos dias. Ela estava preocupada, mas estava feliz por poder estar perto de mim para me ajudar.

Naquela manhã, conseguiu se reconciliar com a Brooke. Mesmo ele tendo escondido o fato de eu ser uma de suas ex-namoradas, Brooke era maluca por ele. Quem não seria? O se declarou para ela (ele era ótimo nisso) e a Brooke cedeu, porque era humanamente impossível não ceder para um cara incrível como ele. E foi dessa maneira que a vida deles voltou ao normal. O relacionamento continuou o mesmo. Brooke era compreensiva, madura e confiante, ou seja, ela era definitivamente o oposto de mim. Ela foi mesmo feita para o . Não tinha como negar.

Eu apenas acordei quando a Meg estacionou o seu carro em frente à minha casa. Eu apaguei durante TODA a viagem. Se a Meg não me acordasse, eu provavelmente amanheceria naquele carro. Me senti mal quando acordei e percebi que não troquei uma palavra com ela durante toda a viagem. Eu era uma péssima amiga. Me despedi da Meg e cheguei a me desculpar por não ter sido uma boa companhia durante a viagem. Ela não disse nada, mas ela sabia exatamente qual era o meu motivo para tal atitude. Meg chegou a se oferecer para ficar comigo e me fazer companhia, mas eu recusei, usando qualquer desculpa relacionada a um trabalho da faculdade.

Meg se despediu e foi para a sua casa e fiquei algum tempo encarando a minha casa, tentando assimilar que eu supostamente deveria voltar para a minha realidade. Caminhei até a porta da minha casa e assim que entrei na casa, fui recebida pelo Buddy. Ele era realmente sensitivo. Fez a maior festa ao me ver e se pendurou em mim até me convencer a sentar no chão. Buddy colocou uma parte de seu corpo sobre o meu colo e após encostar a sua cabeça em minha barriga, ele começou a mexê-la de um lado para o outro, como se estivesse me fazendo carinho.

- Que bom que eu tenho você. – Eu também passei a acariciar o seu pelo. – Você é tudo o que restou. – Eu disse, me lembrando do dia que o havia me dado aquele filhote de presente. – Vamos ser só nós dois, ok? – Ele me olhava e parecia entender.

Fiquei um bom tempo sentada com o Buddy em meu colo. Ele continuou me acariciando até que ele adormecesse. Eu tive que deixá-lo dormir. Me desvencilhei das patas dele e repus a sua água e ração antes de subir a escada para o segundo andar. Fui para o meu quarto, separei algumas roupas e fui tomar um rápido banho. Ainda no banheiro, com o cabelo molhado e após vestir o meu pijama, me olhei no espelho pela primeira vez desde que tudo havia acontecido. A expressão, as olheiras e os traços me faziam parecer 10 anos mais velha. Pensar que aquilo era só o começo me deixou um pouco assustada. O que eu estava fazendo comigo mesma? Eu precisava reagir. Eu precisava superar o mais rápido possível. Eu precisava esquecer a nossa história como ele havia feito. Se ele conseguiu, eu também conseguiria, certo? Mas antes, eu precisava literalmente colocar um ponto final naquela história e isso me levava direto ao livro de capa azul.”



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TROQUE A MÚSICA:




O livro de capa azul nada mais era do que um livro enorme de capa azul e com páginas em branco no qual a tem escrito periodicamente há mais de dois anos. Desde a última vez que ela havia perdido a memória naquele acidente de carro, ela decidiu começar a escrever. O motivo? Jonas, é claro. Se apaixonar uma vez por uma pessoa? Acontece. Se apaixonar duas vezes? Perigoso, mas completamente necessário. Se apaixonar três, quatro ou quantas vezes fosse? A achava que valia a pena. Ela se apaixonaria por ele milhões de vezes se tivesse essa opção. Nada a fazia sentir tão viva quanto estar apaixonada por Jonas. A memória dela já havia tentado tirá-lo de sua vida duas vezes, mas o coração... esse não falha nunca. Com receio de vir a perder novamente a sua memória e para não correr o risco de se esquecer de tudo o que ela e o já enfrentaram e viveram juntos, ela decidiu escrever aquela louca história de amor. A sabia que, independentemente do que acontecesse, aquele livro de capa azul, aquela história a levaria de volta para ele.

Naquela noite, precisou escrever o último capítulo daquela história. Ela precisava escrever e colocar um ponto final definitivo naquele livro de capa azul, que já tinha mais de 1000 páginas escritas a mão por ela. Foi extremamente difícil para ela colocar no papel cada uma das palavras que o havia dito na noite passada, mas ela já estava inevitavelmente acostumada com aquilo, já que ela havia escrito cada uma das brigas que eles tiveram, a morte da tia Janice, a mudança para Nova York, as ameaças do Steven, o seu próprio sequestro, sua primeira vez com o , a morte do Steven e todos os outros momentos intensos que faziam parte da história dela com o . Aquele livro de capa azul que ela nunca mais pretendia ver e que não teria mais nenhuma utilidade a partir daquele dia, porque não fazia mais sentido lembrar de uma história que ela precisava esquecer.

encarou por alguns longos minutos aquela última página que ela havia escrito. Não era o final que ela pretendia escrever. Fechou o livro e o encarou, sabendo que não pretendia vê-lo tão cedo. Com lágrimas nos olhos e com o coração apertado, colocou o livro de capa azul embaixo de sua cama, onde ela costumava guardá-lo. Mesmo com tantas brigas e idas e vindas, nunca tinha oficializado nada disso em seu livro. As brigas e o término sempre eram escritos como um capítulo qualquer e nunca como um final. Aquele foi o primeiro e o último final que ela havia escrito e por isso era tão difícil para ela.

quase amanheceu terminando de escrever o último capítulo da sua própria história de amor. Mesmo estando exausta, ela se levantou para ir para a universidade e para o trabalho naquela segunda-feira. Para o tamanho de sua perda e de sua tristeza, até que estava se saindo bem. Ela estava sim mais calada do que o normal, mas ela foi obrigada a lidar com suas lágrimas e a pena que ela sentia de si mesma. Meg chegou a abordá-la e tentou fazer com que a amiga desabafasse, mas apenas pediu o seu tempo para curar a si mesma.

também teve que seguir com a sua vida e ele fez isso da melhor maneira possível: ficando com alguém que ele amava. Depois de ter se declarado para a namorada, as coisas surpreendentemente voltaram a ser como eram. Brooke confiava no e se ele dizia que queria ficar com ela e que ele a amava, então ela acreditaria. não tinha qualquer dúvida em relação a escolha que ele havia feito. Ele tinha sim sofrido com sua decisão, já que não era fácil dizer não para a pessoa com que ele achava que passaria o resto da vida. Apesar de tudo, estava ficando cada dia mais fortalecido com relação aos seus sentimentos pela Brooke. Ele estava feliz com o rumo que a sua vida estava tomando.

não estava brincando quando disse que precisava de algum tempo para se curar. Ela estava fazendo isso em todos os aspectos de sua vida, especialmente com relação a si mesma. Ela estava se reinventando de todas as maneiras possíveis para se sentir forte e bonita novamente. estava tentando aprender a amar a si mesma novamente. Ela havia dado tanto de si mesma no relacionamento com o . Ela quis tanto fazer dar certo que, em algum momento no meio de toda essa história, ela esqueceu de si mesma. havia se esquecido que deveria sentir orgulho de quem ela via todas as vezes que ela olhava no espelho. Ela esqueceu que tinha que se sentir bonita. Quando ela finalmente entendeu que esse seria o melhor jeito de recomeçar a sua vida, ficou tudo mais fácil.

O reflexo que a via no espelho ia mudando diariamente. A primeira mudança mais radical foi o corte de cabelo, que ficou um pouco mais curto do que o convencional. As outras mudanças estavam relacionadas a atitudes e ações que ela tomava durante o dia, em que ela valorizava a si mesma de diversas formas. Essas atitudes resultavam em sorrisos novos, expressões mais leves e felizes que eram vistas diariamente no espelho. A estava realmente se curando, especialmente da pior vilã de toda a história: ela mesma. Não se pode amar uma pessoa e ser plenamente feliz se você não amar a si mesmo.

Mesmo longe, e Mark ainda continuavam muito próximos. Eles se falavam quase todos os dias por mensagem e, as vezes, por vídeo. Mark estava acompanhando a vida de todos de longe e a sua maior informante era a Meg. Ela contou a ele sobre o final péssimo que a e o tiveram e contou sobre a positiva mudança de comportamento da . Ela contou que apesar da mudança da , ela ainda sentia que a amiga não estava 100%, como se estivesse faltando alguma coisa. Meg chegou a confessar que temia que o fosse o que estava faltando.

- Oi. – Mark acenou para a câmera do seu celular. Ele estava iniciando uma chamada de vídeo com o . – Você está conseguindo me ouvir? Está um pouco barulhento aqui. – Ele reclamou, aproximando um pouco mais o aparelho do seu rosto.
- Eu estou ouvindo. Onde você está? – cerrou os olhos, tentando identificar o local.
- Eu estou em um restaurante. É feriado nacional aqui, por isso tem muitas pessoas em todos os lugares. – Mark reclamou. – Como você está? – Ele foi direto ao assunto.
- Está tudo bem. Como sempre. Nada de novo. – falou em um tom normal. Não parecia empolgado e nem desanimado.
- Que barba é essa? – Mark fez careta.
- Estou usando barba agora. – passou a mão pela sua barba muito bem aparada. – Você não deixa passar nada, não é? – Ele reclamou.
- Ficou com cara de homenzinho. Eu gostei. – Mark brincou.
- Continua engraçadinho. – ironizou. – Mas me conta, James Bond, como estão as coisas por aí? – Ele quis saber.
- Estou trabalhando muito, mas também estou aprendendo muito. Já estou aqui há um ano, mais tempo do que eu tinha planejado, mas agora acho que vou acabar ficando mais uns 6 meses. – Mark contou.
- Você está certo. Fique aí onde você está. Se eu tivesse a oportunidade, faria o mesmo. – apoiou o irmão, sem notar que indiretamente estava demonstrando não estar plenamente feliz. Mark notou isso imediatamente.
- E essas caixas atrás de você? O que são? – Mark ficou curioso.
- Ah, essas caixas? – olhou para trás. Ele estava sentado na mesa de jantar de seu apartamento. – Eu... estou me desfazendo de algumas coisas que eu não uso mais. – Ele não deu muita importância para o assunto.
- Que tipo de coisas? Aquele é o seu violão? – Mark forçou os olhos para tentar enxergar. A imagem da transmissão de vídeo não estava tão boa.
- Sim, é o meu violão. – afirmou.
- Por que você vai dar o seu violão? Está maluco? – Mark achou muito estranho. tinha um cuidado enorme por aquele violão. Não fazia sentido nenhum ele dar o violão.
- Eu não uso mais ele. Eu não tenho mais tempo e paciência para nada disso. – falou com frieza. Mark estava bastante surpreso. – Toda vez que a Brooke vem aqui em casa, ela vê o violão e me pede para cantar. Eu não tenho mais desculpas pra dar pra ela, então é melhor eu me livrar disso logo. – Ele riu, sem ter noção que a cada frase ele deixava seu irmão mais preocupado. O era louco por música. Cantar era um de seus hobbys favoritos. Ele fazia isso o tempo todo quando estava com a .
- E... o que mais tem nessas caixas? – Mark ainda estava perplexo.
- Tem algumas roupas velhas e alguns CD’s. - teve um pouco de dificuldade para se lembrar.
- CD’s? Você também vai dar os seus CD’s? – Mark arregalou os olhos.
- Ninguém usa mais CD, Mark. – ergueu os ombros, sem entender o drama do irmão.
- , você está dando os seus CD’s do Beatles. Você está se ouvindo? – Agora, o Mark estava oficialmente preocupado. Todo mundo sabia que os CD’s do eram a sua maior relíquia.
- Cara, está tudo no meu Spotify. Fica calmo. – negou com a cabeça.
- Ok. Abra essa caixa agora e pega esses CD’s. – Mark pediu, sério.
- O que? Por quê? – fez careta, sem entender.
- Pega e guarda. Se você não quiser ficar com eles, guarde-os para mim. – Mark disse com autoridade. – Um dia você vai me agradecer por isso. – Ele completou.
- Você é muito estranho. – riu do irmão mais velho.
- Eu sou estranho? – Mark arqueou uma das sobrancelhas. – Qual o problema com você? – Ele perguntou.
- Não tem problema nenhum. Eu estou ótimo. Acho que nunca estive melhor. – estava realmente sendo sincero. Pelo menos, era isso o que ele achava. – Só algumas prioridades que estão mudando. – Ele completou.
- Sei. – Mark afirmou, desconfiado. – Opa! Eu vou precisar desligar. Estão me ligando. – Ele viu o nome de seu chefe aparecer na tela do celular.
- Está bem. Nos falamos depois. Se cuida. – acenou com uma das mãos.
- Se cuida você também. – Mark despediu-se antes de desligar a transmissão.

Mark precisou atender uma emergência e teve sair às pressas do restaurante, mas aquela história do ficou em sua cabeça por dias. Mesmo parecendo aparentemente bem e feliz, o estava diferente. Mark não sabia explicar o que era, mas alguma coisa estava errada. Pode ser que o próprio não tenha notado, mas o Mark tinha. Apesar do pouco tempo de convívio, Mark conhecia muito bem irmão e sabia dos seus costumes e gostos. Mark tinha total consciência de que o seu irmão mais novo jamais iria se desfazer do seu violão e dos seus CD’s do Beatles. Qualquer pessoa que conhecia o sabia disso! E por que ele nunca cantava para a Brooke, sendo que ele vivia cantando para a ? Alguma coisa estava errada.

Após uma semana pensando sobre o assunto, Mark começou a cogitar os motivos que estavam levando o a agir daquela maneira. A única resposta plausível tinha nome e sobrenome: . Talvez, aquela fosse a versão do que não amava a . Talvez, aquele seria o Jonas que eles teriam para o resto da vida. Será que aquela realmente era a melhor versão dele? E quanto a ? Como era a sem o ? Ela tinha uma nova versão também? Ela estava feliz? Mark estava interessado em saber e, por isso, pediu a ajuda da Meg.

- O Mark está me ligando. – Meg interrompeu os estudos por um momento. Ela estava na casa da para estudar para as provas no último semestre.
- Atende. – a incentivou.
- Oi, bonitão. – Meg sorriu ao ver o amigo. Era uma transmissão de vídeo.
- Oi, Meg. – Mark sorriu, julgando a amiga com o olhar.
- Olha quem está comigo. – Meg virou a câmera do celular para a e ela acenou. É claro que ela e o Mark haviam combinado aquele ‘encontro triplo’.
- Como você está, Mark? – parecia realmente feliz ao ver o amigo. Era exatamente assim que ela o considerava. Não tinha mais nada de romântico ou qualquer clima estranho entre eles. Ambos haviam superado e estava bem claro.
- Eu estou bem. Gostei do novo corte de cabelo. – Mark teve que mencionar.
- Gostou? Bom, esse corte deu início a uma nova fase da minha vida. Eu sei que não parece tão radical, mas para mim foi. Eu... não sei explicar. – fez careta e imediatamente se arrependeu de ter mencionado sobre a sua ‘nova fase’. Essa mudança de fase da chamou a atenção do Mark. Era sobre esse tipo de coisa que ele estava procurando saber. – Mas me fala de você. Como estão as coisas por aí? – Ela quis mudar de assunto.
- A Bélgica é incrível. Eu conheci alguns países vizinhos também. – Mark contou. – Aliás, eu preciso te contar uma coisa. – Ele fez careta.
- Contar o quê? – não consegui imaginar o que poderia ser.
- Bem, eu... viajei muito pela Europa nos últimos meses, como eu já te disse e... – Mark olhou para o lado. Parecia ter alguém do lado dele. se perguntava onde ele estava querendo chegar. – Eu tenho certeza que você não vai se importar e que vai ficar muito feliz, mas a outra pessoa envolvida nisso está com receio da sua reação, então acho que preciso te falar logo. – Ele realmente não estava preocupado com a reação da . Ela olhou para a Meg, preocupada. Meg já sabia do que se tratava.
- Estou ficando com medo. – ficou desconfiada.
- É que... eu não estou sozinho. – Mark riu, virando a tela do seu celular para a pessoa que estava sentada ao seu lado. A ficou alguns minutos em choque. A estava ao lado dele.
- ? – sorriu, perplexa.
- Eu sei. – levou as mãos no rosto. – Você me odeia, né? Pode falar. – Ela estava se sentindo muito mal.
- Você está brincando!? – começou a rir e olhou para a Meg. – Você sabia disso? – Ela perguntou.
- É claro que eu sabia! Eu sou a melhor amiga, né, querida? – Meg se gabou.
- Minha nossa! Eu estou tão surpresa, que não sei nem o que falar. – não conseguia acreditar. – Vocês estão realmente juntos. – Ela ainda não tinha conseguido assimilar.
- Se você não gostar, não tem problema. Eu já tinha falado para ele! Nós terminamos tudo e... – sabia que o Mark era o ex-namorado da . Seria totalmente normal se a se incomodasse.
- . – interrompeu a amiga, rindo. – Você está maluca? Eu estou muito feliz por vocês dois. – Ela afirmou com tranquilidade. – Como eu não pensei nisso antes? – estava surtando. – Meu Deus. Vocês são muito shippáveis. Eu juro. Eu estou em choque. – Ela estava visivelmente feliz.
- Viu? Eu te disse. – Mark riu, olhando pra .
- , você está falando sério? – ainda estava receosa.
- , vocês são adoráveis juntos. Eu estou muito, muito felizes por vocês. Que bom que vocês se encontraram. – estava encantada com os dois e com a novidade.
- Obrigado, . Eu não esperava nada diferente de você. – Mark sorriu para a amiga. – É muito legal ver você tão feliz por nós. Espero que em breve possamos te ver feliz assim também. – Ele disse, vendo o empolgado sorriso da se transformar. Mark, e Meg notaram a mudança na mesma hora.
- Eu estou feliz. – afirmou com seu melhor sorriso.
- Que bom. – afirmou, fingindo acreditar. Todos perceberam que a frase não foi totalmente sincera.
- Ok, casal. Vão aproveitar a Itália, enquanto eu e a nos matamos de estudar. – Meg viu que o clima ficou estranho e interrompeu de propósito.
- Bons estudos para vocês. – Mark acenou.
- Aproveitem muito. Estou muito feliz por vocês. – se despediu.
- Obrigada. Nos falamos depois. – mandou beijos.
- Cuida bem desse menino, . – Meg brincou, fazendo os dois amigos rirem.
- Deixa comigo. – gargalhou, antes que o Mark desligasse a ligação.
- Eu ainda estou em choque. Eu não estava esperando por isso. Eles são perfeitos juntos. – comentou com a Meg.
- Quando ele me contou, eu fiquei tão feliz. Isso quer dizer que o já é carta fora do baralho dela. Meu ciúmes agradece. – Meg disse, fazendo a amiga rir. Ao olhar para a , Meg viu algumas poucas lágrimas nos olhos dela. – Você está mesmo bem? – Ela insistiu. As lágrimas a deixou um pouco preocupada.
- Estou. É que ver as pessoas felizes me deixa feliz também. – sorriu, passando as mãos pelos seus olhos. Ela não costumava ser tão sentimental assim. As lágrimas não tinham nada a ver com o Mark ou com qualquer coisa que ela ainda poderia sentir por ele. As lágrimas estavam relacionadas ao encontro de um casal completamente improvável que estava feliz. Por algum motivo, isso tinha mexido com ela.

Após aquela ligação, Mark e ficaram intrigados e encontraram um momento mais propício para falar somente com a Meg. Na semana seguinte, Mark combinou de ligar para a Meg e certificou-se que ela não estaria com a . também estava preocupada com a . De todos ali, era ela quem mais conhecia a , apesar do tempo que elas ficaram afastadas.

- Eu sei que faz algum tempo desde que a e o terminaram, mas... como a está? Você é a pessoa que está mais próxima dela agora. – Mark perguntou durante a conversa com a Meg. estava com ele.
- Ela está diferente. Eu não sei explicar. – Meg tentou encontrar as palavras certas para dizer. – Ela está completamente focada nos estudos e no trabalho. Às vezes eu consigo arrastá-la para alguma festa ou barzinho, mas ela não deixa nenhum cara se aproximar dela. Ela bebe, dança e parece estar feliz, mas ela não abaixa a guarda um só minuto, sabe? Parece que ela está com medo de recomeçar ou de sofrer de novo. Eu não sei. Ela não fala sobre o assunto. – Meg tentou explicar.
- Eu sabia que ela não estava normal. Mesmo parecendo bem, tem alguma coisa nela, eu não sei. – constatou o que já pensava quando ouviu a fala de Meg.
- E esse novo corte de cabelo? Essa nova fase que ela mencionou? – Mark queria mais detalhes.
- Logo no começo, há alguns meses, ela me disse que precisava de algum tempo para se curar. Ela disse que queria um tempo para ela mesma, para voltar para as origens dela. Eu acho que toda essa história dela com o a fez sofrer muito. Ela sempre o colocava em primeiro lugar e esqueceu um pouco dela. – Meg explicou o seu ponto de vista.
- Ela está tentando encontrar uma outra maneira de ser feliz. – afirmou com certeza. Meg e Mark a olharam. – A única maneira de superar o é encontrando uma outra maneira de ser feliz. – Ela explicou.
- Mas por que não encontrar uma pessoa que possa ajudá-la nisso? Outro cara? É tão mais difícil fazer isso sozinha. – Meg não conseguia entender.
- Ela tem medo de ser machucada de novo. – disse sem hesitar. – Eu conheço a . Ela é muito forte para muitas coisas, mas quando alguma coisa realmente a machuca e a faz sofrer, toda essa força se transforma em medo. Medo de passar por isso novamente. – Ela sabia do que estava falando. – Ela fez isso quando a avó dela morreu. Ela fez isso quando a tia dela morreu. Ela está fazendo isso agora. - completou.
- Isso faz muito sentido. – Meg concordou, impressionada. – E sabe qual a pior parte disso? Mesmo evitando todos os caras do mundo, ela sente falta de ter alguém. – Ela disse em tom de lamentação. – Quando vocês contaram a ela sobre vocês dois, depois que vocês desligaram a ligação, os olhos dela se encheram de lágrimas. Ela me disse que estava feliz em ver vocês dois felizes. – Meg achou que era importante contar. – Ela também fica triste e emocionada quando algum casal apaixonado se senta ao nosso lado em um restaurante ou até quando o me diz alguma coisa bonitinha na frente dela. – Ela completou.
- É muito triste vê-la passando por isso. – Mark disse, triste.
- É realmente triste ver alguém lutando contra uma coisa que ela quer tanto e não pode nem assumir isso para si mesma. – concordou com o namorado.
- E sabe o que mais a machuca nessa história toda? – Meg perguntou retoricamente. – A maneira com que o superou e esqueceu completamente a história deles. Ela não se conforma. – Ela afirmou.
- Ele não pode ter esquecido. – Mark afirmou com tranquilidade.
- Ela me disse que o disse isso para ela. Ele meio que encontrou uma maneira de bloquear isso na mente dele. Sabe quando você tem um trauma tão grande, que seu subconsciente bloqueia algumas memórias? Acho que isso aconteceu com ele, quando... você sabe. – Meg sabia que o Mark entenderia que ela estava se referindo ao namoro dele com a .
- É, eu sei. – Mark entendeu.
- Sinceramente, eu não sei como ajudá-la. Se vocês tiverem qualquer ideia para ajudá-la, contem comigo. – Meg se colocou à disposição.
- Qualquer coisa eu te aviso. – Mark disse em tom de despedida.
- Obrigada, Meg. – acenou, antes de desligar a chamada de vídeo.

Mark não conseguia entender como era possível duas pessoas estarem tão emocionalmente ligadas. Era como se o e a só conseguissem ser plenamente felizes quando um estava ao lado do outro. Era insana essa dependência inconsciente que eles alimentavam um pelo outro mesmo sem perceber. Todos em volta deles enxergavam o quanto eles precisavam um do outro, mas eles não. Enquanto a lutava diariamente para se convencer disso, o tinha toda a certeza do mundo que ele já tinha tudo o que precisava.

Mark e haviam concordado com uma coisa: a e o estavam lidando com a separação e com a vida em geral de formas completamente diferentes, mas ambas demonstravam a falta que um inevitavelmente fazia na vida um do outro. Enquanto o mantinha um relacionamento saudável com a Brooke e abria mão de muitas coisas que faziam parte da própria identidade dele, de quem ele era, a vivia exclusivamente com o objetivo de não ser machucada novamente. Isso era triste de tantas maneiras diferentes.

Mais 4 meses se passaram e Mark continuava acompanhando de longe o desenrolar daquela história. Em cada conversa com o , ele tentava colher informações para ter certeza de que o continuava trilhando um caminho que o levava cada vez mais longe de quem ele realmente era. Para um irmão, não é difícil identificar essas coisas. Mark acompanhou o afastamento do com a música, com o Yankees e até mesmo com os seus amigos. O não estava fazendo isso pela e nem estava fazendo de propósito. Ele estava apenas tentando dar o seu melhor no seu trabalho, na faculdade e no seu relacionamento. Ele estava se tornando um que a jamais reconheceria. Alguém diferente demais da pessoa que tinha vivido aquela história de amor maluca. Talvez, era isso que ele queria: não ser mais aquele cara. Era mais fácil viver daquele jeito. Era mais fácil olhar para trás e ver que ele não era mais aquela pessoa.

Meg continuava sendo a informante número um do Mark quando o assunto era a . e ele trabalhavam juntos nisso. Não era como se a Meg fofocasse tudo sobre a vida da para eles. Ela só identificava frases e atitudes que pudessem comprovar que a não estava feliz como dizia estar, que os convencesse de que eles deviam fazer alguma coisa para ajudá-la. Ninguém poderia viver tão triste e sozinha pelo resto de sua vida.

- Não acredito que você me tirou de casa com essa chuva! Sinta-se privilegiada. – Meg disse para a , após deixar o seu guarda-chuva na porta e entrar na casa.
- Me desculpa, mas é que eu realmente queria compartilhar uma notícia. – parecia realmente feliz depois de muito tempo.
- Uma notícia boa, pelo jeito. – Meg ficou feliz em ver aquele sorriso sincero no rosto da .
- Então, lembra que você tem reclamado que eu tenho trabalhado demais? – perguntou.
- Claro. Nós só falamos disso nos últimos 12 meses. – Meg julgou a amiga com os olhos.
- E se eu te dissesse que todo esse meu empenho e esforço possam ter valido a pena? – parecia ansiosa para dar a notícia.
- O cardiologista bonitão te convidou para sair! – Meg abriu a boca, chocada.
- Não! – rolou os olhos. – Isso não é importante. Eu não te chamaria aqui para isso. – Ela completou.
- Então, me conta logo! – Meg não conseguiu pensar em nada.
- Sabe o projeto ‘Unidos pela África’ do hospital? – achou que a amiga se lembraria.
- Aquele em que os médicos do hospital são escolhidos a dedo para irem para a África para investigar e diagnosticar a doença de milhões de pessoas? Claro que sim. Ele é incrível, por sinal. – Meg lembrou na mesma hora.
- Hoje, o diretor do hospital me chamou na sala dele e disse que eles estão avaliando diariamente o meu trabalho e a minha dedicação e que, talvez, eu possa ser a primeira estagiária a ser convidada para o projeto! – estava muito empolgada. Meg ficou igualmente empolgada pela amiga. Ela surtou muito mais que a própria .
- Meu Deus! É muito merecido. – Meg a abraçou pela terceira vez. – Mas, espera! E a faculdade? – Ela encontrou um problema.
- Eu continuaria com a faculdade e iria para a África nas minhas férias. Depois que eu terminar a faculdade, pode ser que eu fique por um tempo mais longo. – explicou como se fosse a coisa mais simples de todas.
- Certo. Então, você vai trabalhar loucamente para fazer parte desse projeto e quando você finalmente tiver um tempo para descansar, você vai para a África para trabalhar mais ainda? Você tem certeza que isso é saudável? – Meg não escondeu sua preocupação.
- Isso importa? Esse projeto pode mudar toda a minha carreira na medicina. Você sabe. – parecia não estar se ouvindo.
- É claro que importa! Duh! – Meg a julgou com os olhos.
- Você pode, por favor, ficar feliz por mim? Só por um momento. Eu te chamei aqui para comemorar. Outro dia nós conversamos sobre a minha saúde. – juntou as mãos e implorou.

Mesmo muito preocupada com o assunto, Meg foi a amiga que a queria que ela fosse. Elas comemoraram durante toda a noite e chegaram a estourar um champagne. Meg foi para casa um pouco antes da meia noite. Durante todo o trajeto até a sua casa, ela ficou mandando mensagens para o Mark. Ela precisava conversar com ele. Assim que chegou em casa, ela se sentiu na obrigação de ligar para o Mark já que ele não respondia suas mensagens. Pelo horário, ele provavelmente estava dormindo, mas ela não se importou.

- Finalmente! – Meg reclamou, quando o Mark atendeu a chamada de vídeo.
- O que aconteceu? – Mark ainda estava meio sonolento. Ele estava dormindo.
- Quem é? – virou-se para saber sobre o que se tratava.
- Awn, a está dormindo com você. Que fofo. – Meg fez uma pausa para fazer aquele comentário.
- Oi, Meg. – riu, colocando seu corpo por cima do corpo do namorado para ter uma visão melhor da tela do celular.
- Desculpa atrapalhar vocês, mas é muito importante. – Meg avisou. – Agora, nós realmente precisamos fazer alguma coisa a respeito. Eu estou falando sobre a . – Ela explicou. – A coisa foi para um outro nível agora. – Meg parecia preocupada.
- O que foi? – Mark ficou um pouco assustado.
- A está para ser escolhida para participar de um projeto sensacional na África. Aliás, ela vai ser escolhida. Eu tenho certeza. – Meg contou.
- Isso é bom, né? – não entendeu qual era o problema.
- Por causa da faculdade, ela vai participar do projeto nas férias. – Meg começou a explicar os motivos que a deixava tão preocupada. – Isso quer dizer que ela vai trabalhar noite e dia para entrar nesse projeto e nas férias ela vai para a África trabalhar praticamente 24 horas por dia. – Ela fez uma pausa. – Eu conheço a minha amiga. Aliás, todos nós conhecemos. Ela vai se matar naquele lugar, sozinha. Eu não vou estar perto para ficar de olho nela como eu estou fazendo agora. – Meg estava visivelmente aflita.
- Calma. – Mark pediu. Ele viu que a amiga estava aflita.
- Não. Vocês não estão entendendo. Ela mal consegue viver a própria vida dela agora. O que vai acontecer quando ela for pra África? Os médicos, os enfermeiros... ninguém se importa. Eles só estão lá pelas próprias carreiras. É sim uma grande oportunidade profissional, sem dúvidas, mas do jeito que a está vivendo, tudo o que ela tem deixado de viver... – Meg negou com a cabeça. – Ela não pode ir. – Ela estava muito preocupada. As poucas lágrimas nos olhos de Meg deixaram o Mark realmente angustiado. – Vocês não sabem como é ver diariamente a sua melhor amiga viver a vida dela apenas por viver. Não tem brilho no olho. Não tem paixão. Não tem sonhos. Não tem felicidade. Não tem nada. – Meg tinha um nó na garganta. A notícia sobre a África realmente tinha sido demais para ela. Foi como a gota d’agua. – E me mata ter que dizer isso, mas eu acho, talvez, o seja a única pessoa que possa trazê-la de volta. – Ela odiava ter que dar tanto crédito ao , mas era o que ela achava. – Quer dizer, eu já nem sei mais se ele pode fazer algo por ela. Eu só sei que alguém tem que ajudá-la. Nós temos que ajudá-la. – Ela pediu.
- Nós vamos ajudá-la, Meg. Eu prometo. – também havia se emocionado com a angústia da Meg. – Só nos dê algum tempo para pensar. – Ela pediu.
- Nós vamos pensar em alguma coisa. – Mark concordou com a namorada.
- Eu espero um retorno de vocês. – Meg conseguiu se acalmar.
- Vai ficar tudo bem, ok? – Mark quis acalmar a melhor amiga.
- Eu espero. – Meg sorriu fraco. – Obrigada por enquanto. – Ela disse em tom de despedida.
- Beijo. – Mark mandou um beijo antes de desligar a chamada.

Apesar de toda a preocupação da Meg, estava feliz. Ela estava muito empolgada com a possibilidade de ir para longe para fazer o que ela mais gostava. Uma atividade que iria ocupar 100% do tempo dela e que não vai deixá-la pensar em qualquer outra coisa que não fosse o seu trabalho. Não demorou muito para que isso se tornasse a maior ambição da vida dela. Ela queria estar naquele projeto com tudo o que tinha nela e ela estava lutando por aquilo mais do que ela lutou por qualquer outra coisa na vida. De repente, ela tinha um novo sonho, um objetivo que só dependia dela e que também incluía apenas ela, sozinha. A não se importava nem um pouco. Ela já não se importava há algum tempo.

- O que nós vamos fazer? – Mark não sabia como ajudar a e o . A ligação angustiante de Meg já ia fazer três semanas e eles ainda não tinham pensado em nada.
- E se fizéssemos chegar no ouvido do sobre a provável ida da pra África? Alguém poderia falar qualquer coisa perto dele. De repente, isso desencadeia alguma reação, não sei. – sugeriu.
- Será? Podemos tentar. – Mark achou que valia a pena tentar.

Por estarem longe, Mark e precisavam da ajuda de pessoas que estavam mais próximas do naquele momento. Todos do grupo de amigos deles foram convocados para aquela simples missão: levar a informação sobre a possível ida da para a África para o . Todos eles já haviam reparado na mudança de comportamento do e também queriam ajudá-lo. O momento mais propício parecia uma reunião de amigos na casa do , onde apenas os garotos foram convidados. Foi um sacrifício enorme convencer o a ir naquela reunião, mas após um pouco de chantagem emocional, eles conseguiram.

Era uma reunião de amigos no meio da semana. Isso queria dizer que os meninos não teriam muito tempo para cumprirem sua simples missão. Sentados na sala de jantar da casa do , os quatro amigos estavam reunidos em uma mesa cheia de garrafas de cerveja. Eles conversaram sobre diversos assuntos, pois não queriam que o percebesse a verdadeira intenção daquela reunião. Conversa vai, conversa vem, eis que o consegue chegar no assunto em que ele mencionava um dos projetos sociais que a empresa que ele trabalha possuía. Conforme o planejado, era nesse momento que o viria com a notícia.

- Falando sobre projeto social, vocês souberam da ? – perguntou, olhando especificamente para o e para o . Ele não queria deixar o constrangido.
- Sobre o que? – fez a sua parte.
- Ela está para ser convidada pelo hospital para participar de um projeto social na África. Ela deve ir para lá em breve. – fingiu estar feliz com a notícia, mas, na verdade, nada o assustava mais do que pensar que sua irmã iria para um lugar ainda mais longe.
- O que!? Que legal. Ela ainda não me falou nada. – era um ator incrível.
- Uau! Vai ser incrível para carreira dela. – também comentou.
- Que ótima notícia. Bom para ela. – comentou com a maior naturalidade e frieza de todas. Os três amigos olharam para ele, procurando qualquer expressão de preocupação ou tristeza. Nada. Ele não esboçou qualquer reação.

A missão havia falhado com sucesso e essa notícia foi repassada para o Mark e para a ainda naquela noite. Os garotos estavam perplexos. Mark e não ficaram tão surpresos. Eles sabiam muito bem com quem estavam lidando. Por não terem qualquer outra ideia do que fazer para ajudar a e o , e Mark sugeriram esperar mais um mês para ter certeza de que o realmente não faria nada sobre a ida da para a África. Pode ser que ele apenas tivesse disfarçado a sua verdadeira reação na frente dos amigos.

Mais um mês se passou e nada. O relacionamento do com a Brooke estava melhor do que nunca. Foram inúmeras tentativas discretas do Mark durante todo aquele mês. Ele fazia perguntas e dava conselhos sempre que podia e nada parecia fazer efeito. Nada fazia o antigo voltar. Ele não demonstrava qualquer tipo de fraqueza ou vulnerabilidade. realmente achava que estava vivendo o melhor da vida, mas o Mark não conseguia desistir do irmão.

- É o aniversário do na semana que vem e eu não faço ideia do que dar de presente para ele. – Mark desabafou com . Eles estavam jantando na casa dele na Belgica. tinha ido visitá-lo no final de semana. – Talvez, eu devesse enviar o antigo cérebro e o antigo coração dele pelo correio. Quem sabe ele voltava a ser o Jonas de antes. Quem sabe ele se lembrasse das malditas memórias dele. – Ele estava muito indignado por não conseguir fazer nada para ajudar o seu irmão. Ele estava cansado de fracassar todas as vezes que ele pensava em um novo plano para ajudar o .
- Não fica assim, lindo. – segurou a mão do namorado sobre a mesa e a acariciou. – É lindo que você queira ajudar o seu irmão. Eu também queria muito ajudá-lo e ajudar a também, mas nós fizemos o que estava no alcance. Você sabe disso. – Ela quis consolá-lo.
- A Meg me enviou uma mensagem ontem me falando que a foi oficialmente convidada para ir para a África. – Mark lembrou-se de contar.
- Que droga. – negou com a cabeça, sem conseguir se conformar.
- Não é possível. Deve ter alguma coisa que pode ser feita. – Mark não queria desistir. – Talvez, eu deva voar até Atlantic City e dar alguns socos naquele idiota para ver se ele acorda. – Ele estava de saco cheio de toda a situação.
- Não fica nervoso desse jeito. – estava tentando acalmá-lo. – Talvez, todos nós devemos aceitar que o que o e a tinham realmente acabou. Eu sei que essa relação causou consequências sérias para ambos, mas eles seguiram em frente. Do jeito deles, mas eles seguiram em frente. – Ela sabia o quanto aquela história estava fazendo mal para o Mark e para todos que estavam tentando interferir e ajudar.
- Eu não me conformo que o realmente não se importe mais sobre a história que ele teve com a . , ele era obcecado por isso. Ele vivia por isso. Ele dava tudo por essa garota e dava tudo pela história deles. Não entra na minha cabeça que ele tenha superado isso. – Mark realmente não conseguia se conformar.
- Eu sei. Nem eu superei isso ainda. – teve que concordar. – Vamos fazer um livro de fotos da época que eles namoravam e enviar anonimamente para o pelo correio. – Ela brincou, sabendo que a ideia era péssima.
- Um livro? – Mark riu, negando com a cabeça.
- Foi uma péssima ideia. Eu sei. Eu já queimei todos os meus neurônios tentando pensar em alguma coisa. – mostrou-se desanimada.
- Ah. Espere. – Mark paralisou por alguns segundos. ficou olhando para a cara dele, sem entender nada.
- O que foi? – perguntou.
- Um livro. – Mark repetiu.
- A ideia é péssima, lembra? – respondeu, confusa.
- Não esse livro. Outro livro. – Mark não estava falando coisa com coisa.
- Do que você está falando? – fez careta.
- O livro de capa azul. É claro! – Mark sorriu. Ele parecia empolgado. – Eu vou preciso ligar pra Meg. – Ele pegou o seu celular às pressas. apenas ficou observando, esperando o momento que ele explicaria alguma coisa para ela. – MEG! – Mark gritou quando a amiga atendeu a sua chamada de vídeo.
- O que é isso? Eu estou aqui, menino. – Meg levou um susto com o grito do amigo.
- Ok. Escuta bem porque essa é a nossa última chance de ajudar a e o . – Mark a avisou.
- Eu estou ouvindo. – Meg ficou interessada.
- Escuta com atenção. – Mark preparou a amiga. estava ao seu lado escutando tudo. – A tem um livro. Um livro de capa azul, que foi escrito a mão por ela. – Ele começou a explicar.
- Um livro? Eu nunca a vi escrever livro algum. – Meg estranhou.
- Ela só escreve quando está sozinha. Uma vez eu acabei flagrando ela escrevendo e ela não me mostrou, mas me contou sobre o que se tratava. Foi logo quando ela se mudou para Nova York. – Ele explicou.
- Eu não entendi ainda. O que de tão importante ela escreve nesse livro? – interrompeu e acabou roubando a pergunta da Meg, que seria exatamente igual.
- Ela escreve a história dela com o . – Mark afirmou com um sorriso no rosto.
- Não brinca! – Meg abriu a boca, demonstrando perplexidade.
- Um livro cheio de histórias e memórias que o se obrigou a esquecer e superar? Um livro escrito a mão por ela? – não conseguia acreditar.
- Esse livro deve ter umas duas mil páginas. – Meg riu, sem conter sua empolgação.
- Era realmente grande. – Mark concordou.
- Você acha que vai adiantar? – Meg perguntou, receosa.
- É a nossa última chance. – Mark ergueu os ombros.
- E como vamos fazer isso? – sabia que o namorado já tinha pensado nisso.
- Esse vai ser o meu presente de aniversário para o . – Mark tinha decidido.
- Você não acha que ele vai ficar bravo com você? – Meg não tinha certeza se era uma boa ideia.
- Ele vai querer me matar. – Mark concordou. – Vai ser o melhor ou o pior presente que ele já recebeu na vida. Eu vou arriscar. – Ele realmente não tinha dúvidas sobre o que fazer.
- Contem comigo. – Meg se colocou à disposição para ajudar.
- Que bom que se ofereceu. Eu tenho uma missão para você. – Mark fez careta.
- Eu já sabia. – Meg sorriu. – Sou eu que vou pegar o livro, né? – Ela deduziu.
- Eu sei que é horrível, mas você vai precisar ir até o quarto da e procurar esse livro. Ela não pode desconfiar. – Mark explicou.
- Um livro de capa azul, não é? Deixa comigo. – Meg concordou na mesma hora. Ela faria qualquer coisa para tirar a daquela situação.
- Eu vou escrever um cartão para o para você colocar junto com o embrulho do presente. – Mark a orientou. – Você só vai precisar pegar esse livro, embrulhar, imprimir esse cartão que eu vou te mandar por e-mail e dar algum jeito de entregar para ele sem que ele te veja. Deixa na porta dele, não sei. – Ele disse.
- Eu já sei o que eu vou fazer. – Meg já tinha um plano.
- Obrigado mesmo, Meg. Qualquer coisa, você pode me ligar. – Mark estava incrivelmente grato pela ajuda de sua melhor amiga.
- Nos mantenha informados. – pediu, esperançosa.
- Pode deixar. – Meg piscou um dos olhos e acenou antes de desligar a chamada de vídeo.

Parece que a esperança de todos foi reestabelecida com sucesso. Aquela seria a cartada final deles. Era a última chance. Apesar de parecer invasão de privacidade e, de fato era, a intenção era a melhor de todas. Mark tinha certeza que se tivesse restado qualquer coisa do sentimento que o tinha pela , o plano daria certo. Aquela era a última esperança de trazer o antigo e verdadeiro de volta. A última esperança para devolver a felicidade para o coração da .

Meg levou alguns dias para conseguir ir até o quarto da sem que a mesma desconfiasse de nada. Foi em uma noite de estudos, onde a fez uma pequena pausa para ir tomar banho. Assim que a entrou no banheiro, Meg correi para o quarto dela e começou a procurar o tal livro de capa azul em todos os lugares. Ela procurou dentro do armário, na estante de livros, no criado-mudo, nas gavetas de lingerie e, por fim, embaixo da cama.

- Embaixo da cama? Que previsível, . – Meg sussurrou, tirando o livro debaixo da cama e colocando ele em cima da cama. O livro realmente tinha a capa azul, mas como ela não queria errar, ela deu uma rápida folheada apenas para ter certeza de que o livro estava escrito a mão. – Uau. – Ela suspirou, impressionada com a quantidade de páginas.

Após ter certeza de que tinha pego o livro correto, Meg desceu a escada correndo, saiu da casa e escondeu o livro dentro do seu carro. Voltou para dentro da casa e se sentou exatamente no mesmo lugar onde estava sentada antes. Após uns 5 minutos, a desceu para o primeiro andar com o cabelo molhado. Elas continuaram estudando e não desconfiou de absolutamente nada. Mesmo se sentindo culpada por ter feito isso sem a autorização da amiga, Meg tinha esperanças que sua atitude tivesse um resultado positivo. Ela apenas queria a felicidade da amiga.

estava completamente empolgado com a primeira festa de aniversário que ele faria em seu apartamento. As festas costumavam ser na casa de seus pais. Brooke havia ajudado ele em tudo: comes e bebes, música, decoração e lista de convidados. A lista não era muito grande, já que ele havia convidado apenas as pessoas mais próximas. Todos os seus amigos haviam sido convidados e isso incluía a Meg, que sempre ia para acompanhar o . Ela já tinha embrulhado o livro e colocado o cartão que o Mark tinha enviado por email.

Mesmo confiando plenamente no , Meg não quis contar para ele sobre o livro. Era uma coisa extremamente pessoal da . Não era legal ficar expondo para todo mundo. Por isso, ela esperou que o fosse tomar banho para dar sequência. Meg ligou para o motorista de um táxi que era seu conhecido na cidade e pediu que ele viesse até a casa do . Em menos de 5 minutos, o taxista chegou e a Meg corre até a porta para atendê-lo.

- Oi, amigo! Que bom que você veio. – Meg sorriu. Ela pegava o táxi dele com frequência quando ela estava em Atlantic City e, por isso, ela o conhecia bem. Ele, inclusive, já havia levado ela para jantar com a esposa e os filhos dele, mas essa história para outra hora. A Meg era louca nesse nível.
- E aí, para onde você vai hoje? – O motorista perguntou.
- Hoje não sou eu que você vai levar. – Meg riu, mostrando o embrulho. – Hoje é aniversário de um amigo e me pediram para entregar essa surpresa para ele. Como ele não pode saber que fui que entreguei, preciso que você deixe isso na portaria do prédio dele. – Ela explicou. – O endereço é esse aqui. Aqui tem o nome e o número do apartamento dele. É só você deixar na portaria daqui mais ou menos uma hora e informar que o presente é para o morador desse apartamento. – Meg fez questão de explicar tudo. Não podia haver erros.
- Pode deixar. – O motorista confirmou.
- Aqui. – Meg o pagou pela corrida antecipadamente. – Obrigada mesmo. – Ela sorriu, agradecida.
- Imagina! Sempre que precisar. – O motorista sorriu, sendo simpático como sempre.

Meg voltou para dentro da casa do e esperou que o namorado saísse do banho. Depois que o se arrumou, ele e a Meg seguiram juntos para a festa de aniversário do . A Brooke parecia tão anfitriã da festa quanto o . Ela estava recebendo todos os convidados ao lado dele. Era impossível olhar para eles e não achar que eles eram um ótimo casal. Eles exalavam muito respeito e isso era impressionante.

Meg chegou na festa de aniversário ao lado do . Após cumprimentar a Brooke, eles cumprimentaram o aniversariante. Meg entregou o seu presente e trocou pouquíssimas palavras com o . Chegou até a ser mais educada com ele do que o normal. De uma hora para a outra, ela passou a ver o como a única pessoa que podia salvar a sua melhor amiga. Isso dava a ele muito crédito.

Meg e se sentaram perto dos seus conhecidos amigos. Enquanto todos conversavam, ela estava preocupada com o horário. A entrega estava para chegar. Como será que o receberia o presente? Ele iria abrir na frente de todos? Qual seria a reação dele? Meg estava aflita. Cada vez que a campainha tocava, ela achava que se tratava da entrega. Quando a campainha tocou pela terceira vez, a porta foi aberta pela mãe do , pois ele estava distraído com alguns colegas de trabalho que haviam acabado de chegar.

- Boa noite. Esse presente foi deixado na portaria. Deve ser para o aniversariante. – O porteiro gentil sorriu ao entregar o embrulho.
- Oh, muito obrigada por trazer. Pode deixar que eu entrego. – A mãe do agradeceu e, ao contrário do que a Meg imaginava, a entrega não a deixou nem um pouco intrigada. Era só mais um presente entre tantos.

De longe, Meg acompanhou todo o trajeto daquele embrulho tão importante. Ela viu a mulher se aproximar do filho para entregar o presente em mãos, mas ele estava bastante entretido com seus convidados e ela não quis interromper, por isso, ela decidiu levar o embrulho até o quarto do filho. Meg disfarçou e se levantou para pegar uma bebida quando, na verdade, ela só queria saber o que a mãe faria com o embrulho. A mãe do deixou o embrulho em cima da cama do filho e voltou para a festa. Meg pode respirar aliviada, pois tinha cumprido a missão dela com sucesso.

A festa continuou sem que o ao menos desconfiasse o que o aguardava em sua cama. Os convidados começaram a ir embora quando o relógio marcava um pouco mais de meia noite. Por causa dos vizinhos e do barulho, a festa não podia se prorrogar tanto quanto o gostaria. Ele estava visivelmente feliz com a sua festa, pelos convidados e por tudo ter ocorrido conforme ele havia planejado. Enquanto ele e a Brooke arrumavam juntos toda a bagunça da festa, não se cansava de agradecê-la pela ajuda com a festa.

- Nossa. Estou exausta. – Brooke se sentou no sofá ao lado do . Eles tinham acabado de arrumar toda a bagunça.
- Tem certeza que não quer dormir aqui? Eu te levo para a sua casa amanhã de manhã. – insistiu pela terceira vez naquela noite.
- Não. Eu combinei com a minha mãe de sair bem cedo amanhã. Nós vamos visitar a minha avó no asilo. – Ela explicou. – Eu não quero te acordar tão cedo. Você merece dormir até mais tarde. – Brooke beijou o rosto do namorado. – Além disso, o meu pai já está vindo me buscar. Eu já havia combinado com ele. – Ela olhou para a tela do seu celular.
- Eu podia te levar! – argumentou.
- Você bebeu. – Brooke sorriu.
- Foi só uma cerveja. – Ele se defendeu.
- Mas bebeu. – Brooke ergueu os ombros. – Outro dia, você me leva. – Ela não quis aborrecê-lo com o assunto. – Meu pai chegou. – Brooke saltou do sofá.
- Está bem. – se levantou para se despedir. – Boa noite, então. – Ele se aproximou para beijá-la.
- Boa noite. – Brooke o abraçou forte. – Gostou da sua festa? – Ela perguntou, prestes a ser beijada.
- Eu amei. Obrigado por tudo. – finalmente deu o beijo de despedida.
- Te vejo amanhã. – Ela selou os lábios dele pela última vez antes de se afastar definitivamente. Pegou a sua bolsa que estava em cima da mesa e foi na direção da porta. a acompanhou até a porta e roubou um último beijo antes de ela sair pela porta.

só conseguia pensar o quão exausto ele estava. Foi um dia muito cansativo em que ele precisou correr atrás de todos os preparativos para a sua festa. Ele não tinha parado um só minuto daquele dia e tudo o que ele mais desejava era a sua cama. Com isso, ele foi apagando todas as luzes do apartamento e foi andando em direção ao seu quarto. Antes, ele passou no banheiro e escovou os dentes. Seguiu para o seu quarto e aproximou-se do criado-mudo para deixar o seu celular e um pouco de dinheiro que restava no bolso de sua calça. De onde ele estava, o embrulho que estava em cima da cama chamou a atenção dele. Ele sorriu, deduzindo que se tratava de uma surpresa da Brooke.

Já sem camisa, mas ainda com o seu jeans, sentou-se na cama. Ia começar a abrir o embrulho, quando notou que do lado debaixo do embrulho tinha um envelope. Ele não hesitou em abri-lo, deparando-se com um cartão. Ele tinha toda a certeza do mundo que leria uma declaração de amor da Brooke, mas foi pego de surpresa. Constatar que aquele presente e aquele cartão tinham sido enviados pelo Mark também deixou o muito feliz. Era importante para ele que o irmão mais velho tivesse se lembrado do seu aniversário mesmo estando tão longe.


Aposto que você achou que eu fosse esquecer, não é? Eu soube que não esquecer do aniversário do seu irmão faz parte desse ‘código de irmãos’, que eu luto diariamente para aprender. Acho que estou ficando bom nisso, você não acha?

E sabe o que mais eu tenho aprendido com esse código? Eu tenho aprendido sobre felicidade. Eu tenho aprendido que a felicidade do meu irmão é muito importante para mim e isso coincidentemente (ou não) nos leva diretamente ao meu presente. Eu não queria estragar a surpresa, mas dentro desse embrulho tem um livro. Eu sei. Esse tipo de presente é a minha cara, não é? Talvez, você fosse preferir um vinho belga. Eu sei disso! Mas, dessa vez, você vai ter que confiar em mim.

Eu não quero dar spoiler, mas essa história que você está prestes a ler é completamente insana e a mais bonita que eu já ouvi falar. Eu até acho que ela vá soar um pouco familiar para você. Talvez, você até se identifique com ela. Talvez, ela te faça lembrar de alguns momentos bons que você viveu. Talvez, ela faça você repensar toda a sua vida. Eu não sei.

A vida é boa, , mas ela exige que algumas decisões sejam tomadas. Algumas vezes, ela exige que façamos escolhas. Decisões erradas, escolhas precipitadas tem suas consequências, irmão. Com algumas consequências é fácil lidar. Você se acostuma e aprende a viver com ela, mas outras podem simplesmente mudar a sua vida inteira, suas ambições, seus sonhos e especialmente quem você é.

Eu te conheço. Você vai me odiar. Eu sei que você pensa que a melhor maneira de superar qualquer coisa é se esquecendo dela, deixando-a para trás. Eu sinto muito, mas você está errado, . Para superar uma coisa, você precisa aprender a conviver com a sua dor. Você precisa se lembrar dessa coisa todos os dias. Você precisa sofrer por ela todos os dias até o dia que ela não fizer você sofrer mais. Nesse dia, você terá superado.

Alguma coisa me diz que esse dia ainda não chegou para você.

Alguém tinha que fazer você se lembrar, . Esse maldito ‘código de irmãos’ não me deixou opção.

Leia, lembre, viva tudo de novo e o mais importante: seja feliz. É tudo o que eu desejo.

Do seu irmão e o Jonas mais bonito, Mark.”

Mesmo lendo aquele bilhete mais de uma vez, não conseguiu entender sobre o que se tratava. O assunto estava tão esquecido e, para ele, estava tão superado, que no momento em que o leu o bilhete do Mark, ele não conseguiu entender nada. Ele releu o bilhete uma terceira vez e nada. Por um momento, ele ficou se perguntando o que o irmão mais velho estava tentando dizer e pensou que se ele desse uma olhada no tal livro, talvez ele entendesse sobre o que o Mark estava falando. deixou o bilhete de lado e voltou a sua atenção para o embrulho. Ele abriu o presente e tirou o livro de dentro daquele saco tão colorido. encarou aquela capa azul e estranhou quando não viu nenhum título nela. Que tipo de livro não tinha o título escrito em sua capa? Ele virou o livro e também não tinha nada escrito na parte de trás. Era apenas uma capa azul, sem nada.


‘De onde ele tirou esse livro?’ era o que o estava se perguntando. Ele continuava sem entender nada. Abriu o livro e encontrou a primeira folha em branco. Completamente confuso e intrigado, virou a página em branco e finalmente se deparou com algo escrito. Quando ele notou que tinha algo escrito, deu mais atenção ao que estava escrito. O coração dele parou por um momento quando ele reconheceu a letra. Ele sabia que a letra era da . Assim que ele reconheceu a letra e aquela sensação tão forte tomou conta dele, fechou o livro imediatamente. Encarando o livro como se fosse a coisa mais assustadora de todas, sentia que não estava conseguindo respirar direito. Ele estava muito nervoso.

Foram quase 30 minutos encarando aquele livro de capa azul. não conseguia se mover ou raciocinar. O coração estava disparado desde então. Ele não conseguia se acalmar. Se levantou da cama, saiu do quarto e foi até a cozinha. Bebeu um copo de água, enquanto encarava fixamente qualquer coisa aleatória. A cabeça dele estava longe. estava tentando encontrar uma ligação entre o bilhete do Mark com aquele livro, que agora ele sabia que tinha sido escrito pela . O que estava escrito lá? Mesmo com receio, ele queria saber. Ele queria se convencer que não queria saber, mas ele queria.

voltou para o quarto e o livro de capa azul ainda estava em cima de sua cama. Por um momento, ele tinha desejado que tudo não tivesse passado de um delírio ou um sonho ruim. Não tinha mesmo como ignorar aquele livro. Ele queria ao menos saber sobre o que se tratava. Qual era o problema em ler se ele já tinha superado? Era esse argumento que estava faltando para convencer o a voltar a encarar aquele livro. Ele olhava para o livro como se ele fosse uma bomba que fosse explodir a qualquer momento. Agora, era questão de honra provar para si mesmo que ele havia superado aquela parte de sua vida

De repente, o se sentiu forte e corajoso para fazer aquilo. Ele sentou-se novamente na cama e encarou o livro, que foi aberto por ele em seguida. passou a página em branco e enfim chegou na página onde a havia começado a sua escrita. notou que ela havia escrito até a metade da página, o que dava a entender que se tratava de uma introdução. Era exatamente isso o que ele queria, algo que mostraria para ele sobre o que se tratava aquele livro, sem qualquer tipo de aprofundamento. Ele decidiu na mesma hora que iria ler somente aquela página. Uma página seria suficiente para ele. Com o coração ainda descompassado, começou a ler.

‘Ok, .

Eu espero, de verdade, que você nunca precise ler esse livro. Porque se você tiver que ler, quer dizer que, por algum motivo, você perdeu a sua memória mais uma vez.

Se você realmente perdeu a sua memória como aconteceu da última vez, você infelizmente se esqueceu da história de amor mais insana e bonita que você teve a sorte de viver mesmo com a sua pouca idade. Ao ler esse livro, você vai ver que você já passou por muita coisa, algumas boas e outras ruins, mas você deve saber que você não passou por tudo isso sozinha.

Nós realmente precisamos falar sobre esse cara. Jonas é o nome dele. Eu sei que pode ser que esse nome não signifique absolutamente nada pra você agora, mas saiba que só por estar escrevendo ele nesse livro hoje, eu já senti o meu coração disparar. Sim, ele é incrível nesse nível, acredita? Ele é muito bonito, mas a melhor parte dele, sem dúvidas, é o seu coração. Ele é muito bom em bancar o cara chato e durão, mas quando se trata de você, da sua felicidade, da sua saúde e do seu bem-estar, esse cara se transforma de uma maneira insana. Você não acreditaria nas maiores loucuras que ele foi capaz de fazer por você.

Eu realmente não quero falar muito sobre o que ele sente. Você vai ver e sentir isso ao ler cada uma das páginas desse livro. Eu quero te lembrar sobre o que você sente, . O meu conselho, sem dúvida, é: vá conhecer o . Dê algum jeito de encontrá-lo. Grite. Chame por ele. Alguém vai te levar até ele, eu tenho certeza. Eu te garanto que assim que você olhar para ele, você vai sentir e vai saber por que esse cara merece ser lembrado. Não importa quantas vezes você perca a sua memória. Você precisa se lembrar dele. Ele é a única pessoa no mundo capaz de fazer você sentir o amor mais puro, forte e bonito. Sabe aquele tipo de amor que você só vê nos filmes de romance que você tanto gosta? O vai te dar isso dar isso diariamente através das atitudes mais bobas, como: fazer chocolate quente ou cantar ‘Hey Jude’ pra você.

Eu não deveria estar te contando nada disso. Eu não quero estragar a sua leitura. Eu quero que você leia as próximas páginas e que se apaixone por esse personagem que é tão real. Quantas vezes você já desejou que o melhor personagem de um livro fosse real? Quantas você já desejou ser a personagem principal de um livro de romance? A partir de hoje, você e o são esses personagens. Essa é a sua história. Essa é a história que vai te apresentar para a melhor pessoa que você vai conhecer e que, para a sua (ou nossa) sorte, é o homem da sua vida. Sim, eu tenho certeza que é ele.

Eu espero que você aproveite esse momento, essa sensação incrível que é se apaixonar pela pessoa certa. Como eu sei que ele é a pessoa certa? Você vai entender tudo depois de ler.

Esse livro é a certeza de que você sempre vai voltar para ele. Você não vai querer viver de outra maneira. Acredite.’

Certo. Agora, tudo fazia sentido para o . Era isso o que o Mark estava querendo dizer. Era sobre essa história que ele se referia. A história dele e da ! Uau. Aquilo realmente havia acertado em cheio o coração do , que ficou até assustado com aquele sentimento tão forte que tomou conta dele depois de tanto tempo. Era um nervosismo e uma dor que estavam completamente relacionados ao seu coração. Depois de tanto tempo, ele soube como era ter lágrimas em seus olhos. Ele as secou imediatamente. Era inadmissível para ele se sentir tão vulnerável de novo. irritou-se consigo mesmo e sendo o mesmo cara teimoso de sempre, ele fechou o livro de maneira abrupta e o jogou dentro do seu guarda-roupa. havia chegado à conclusão de que ele não precisava e não queria passar por tudo aquilo de novo. Além de ser completamente desnecessário, é claro, já que ele estava muito bem do jeito que estava.


Uma semana havia se passado. Uma semana que o olhava diariamente para aquele livro de capa azul todas as vezes que ia se arrumar para o trabalho e todas as vezes que ele ia dormir. Todos os dias o coração dele tentava convencê-lo a ler aquele livro, mas sua razão era soberana. Ele mentia diariamente para si mesmo se convencendo de que não queria ler aquele livro. Ele não queria reviver aquela história.

Já fazia uma semana que o não falava com o seu irmão mais velho, Mark. A última mensagem que ele havia mandando foi logo após receber o seu presente de aniversário inusitado: ‘Eu preferia o vinho belga.’. Mark arriscou um pouco mais e o desafiou, respondendo a sua mensagem: ‘Eu te mando o vinho pelo correio. Depois de algumas taças, talvez você arrume coragem para ler esse livro.’. Foi a última troca de mensagens entre eles.

estava extremamente ansiosa com sua ida para a África. Ainda faltavam 3 meses, mas ela estava contando os dias. Para ela, era a oportunidade perfeita de ocupar a sua cabeça com algo que ela amava, com algo que prenderia a sua atenção 24 horas por dia, com algo que não deixaria tempo para a sua autopiedade. Ela tinha certeza que a África mudaria completamente a sua vida, a visão dela sobre tudo e todos. Era isso o que faltava para que ela concluísse todo esse processo de superação, já que o ‘plano de amor próprio’ não estava sendo colocado em prática há algum tempo

Naquele final de semana, a e a Meg participariam de um projeto solidário em um asilo de Nova York. Tratava-se de um trabalho da faculdade para ganhar horas completares. Toda a turma de medicina tinha sido convidada e a e a Meg aceitaram na mesma hora.

Em Atlantic City, a novidade era a ida da Brooke para a casa de sua tia, que estava muito doente. Brooke e sua mãe decidiram passar alguns dias em Madison para cuidar da tia que era sozinha. Com isso, o ficaria a próxima semana sem namorada.

Assim como qualquer outro grupo de amigos, o grupo de amigos ao qual a pertencia também tinha um grupo no Whatsapp. Aquele era o máximo de contato que o e a tiverem nesse 1 ano e (quase) 7 meses. Eles se manifestavam pouco no grupo, mas estavam sempre lendo as conversas dos amigos. Naquela noite de sábado, um novo vídeo foi postado no grupo pela Meg. Ela estava deslumbrada com aquele projeto no asilo e tinha dezenas de vídeos e fotos em seu celular daquele dia que, para ela, foi inesquecível.

Um desses vídeos mostrava a cantando para três senhoras simpáticas que já moravam naquele asilo há mais de 20 anos. As três senhoras dormiam no mesmo quarto e eram apaixonadas pelos Beatles. Sim. Tinham pôsteres da banda em todas as paredes do quarto. Uma delas até tinha um porta-retrato ao lado de sua cama com uma foto que ela havia conseguido tirar com o John Lennon. Quando soube que as idosas não ouviam a música favorita delas dos Beatles chamada ‘Yesterday’ há alguns anos, Meg contou a elas que a sabia cantar e que poderia cantar para elas. No primeiro momento, a ficou um pouco envergonhada, mas as senhoras ficaram tão empolgadas para ouvir a música, que ela simplesmente não conseguiu recusar.

Cantar Beatles poderia ter trazido lembranças extremamente tristes para a , mas a causa era tão pura e bonita, que ela fez tudo de coração aberto. Ela cantou ‘Yesterday’ inteira sentada na cama, de frente para as três senhoras que certamente tinham mais de 85 anos. O vídeo foi registrado pela Meg e mostrou as três senhoras extremamente emocionadas e felizes por ouvirem a música depois de tanto tempo. Foi exatamente esse vídeo que foi postado no grupo do Whatsapp dos amigos com a seguinte legenda: ‘E a nossa cantora favorita está de volta. Hoje, a cantou para as três fãs mais lindas dos Beatles que eu já conheci. Ela cantou uma música que elas não ouviam há anos. Não paro de chorar desde que cheguei em casa, mas passo bem, amigos.’

O grupo todo começou a comentar o vídeo e isso chamou a atenção do , que pretendia ignorar o celular durante o resto da noite. Ao abrir o grupo e saber do que se tratava, ele obviamente hesitou. Ele nunca abria os vídeos da Meg, mas a legenda do vídeo havia realmente gerado um conflito interno terrível no menino . Beatles e eram uma mistura realmente perigosa para ele. Quando o estava quase se convencendo a não abrir o vídeo, ele sabotou a si mesmo com o argumento: ‘Eu superei mesmo. Não vai fazer diferença.’. Adivinha? Fez muita diferença.

O vídeo foi o início do retrocesso de tudo o que o tinha conseguido em 1 ano e meio. Ele não conseguiu ver o vídeo sem pensar no quão bonita a estava e o quão era bom ouvir a voz dela de novo. Ele ficou um pouco confuso e sem entender o motivo do seu coração estar tão apertado. Ele não conseguiu interpretar muito bem o que estava sentindo. Por um milésimo de segundo, chegou a se perguntar se a tinha se lembrado dele por se tratar de uma música do Beatles. Foram sentimentos que duraram menos de um minuto ou, pelo menos, até o celular dele tocar.

- Oi, Broo. – sorriu, aliviado com a ligação da namorada. Ele realmente precisava de algo que trouxesse ele de volta para realidade, algo que o salvasse daquela possível recaída.
- Como você está, lindo? – Brooke perguntou, feliz por ouvir a voz do namorado.
- Estou sozinho e com saudades de você. – disse.
- Eu também estou. – Brooke fez bico.
- Falta muito para você voltar? – perguntou. Ele estava em um momento em que a ausência da Brooke o deixava vulnerável em relação a diversos assuntos.
- Eu não sei. Depende da minha tia. – Brooke contou.
- Como ela está? – perguntou.
- A cirurgia foi hoje de manhã. Ela está sem dor, mas ainda depende de nós para tudo. – Brooke contou.
- Não se preocupa. Ela vai ficar bem. Eu tenho certeza. – deu uma palavra de apoio, pois sabia que a namorada estava precisando.
- Eu espero. – Brooke sorriu.
- Dê um abraço nela por mim. – pediu.
- Pode deixar. – Brooke afirmou com a cabeça. – Você me liga amanhã? – Ela perguntou.
- Claro que sim. – não hesitou.
- Então, nos falamos amanhã. – Brooke começou a se despedir.
- Até amanhã. Eu te amo. – se declarou.
- Eu também te amo. Beijos. – Brooke disse, antes de desligar a ligação.

A ligação da namorada fez que o se sentisse mais seguro. Era como se tudo voltasse ao seu lugar. Ele ficou mais centrado e mais calmo. A confusão de sentimentos que ele estava sentindo antes havia diminuído. A certeza dos sentimentos dele pela Brooke o deixava tranquilo em relação as reações dele ao ver a cantar novamente. Isso realmente o ajudou a dormir naquela noite.

Apesar do sábado do ter acabado bem, o domingo dele havia começado estranho. Desde que havia acordado, estava com a música ‘Yesterday’ na cabeça. Sabe quando você começa a cantar ou cantarolar uma música sem nem perceber? Quando você está arrumando a cama, preparando o café, procurando o seu tênis de corrida, descascando uma fruta ou fazendo qualquer outra coisa aleatória e do nada você se pega cantando aquela maldita música. Isso aconteceu com o durante todo o domingo. Todas as vezes que ele percebia, ele parava. Convenceu a si mesmo que aquilo só estava acontecendo porque ele não ouvia Beatles há tempos.

No final do domingo, fez a coisa mais inusitada do dia. Ele parecia não perceber o que estava acontecendo. pegou (com muito sacrifício) o seu violão, que estava guardado em cima do guarda-roupas. Ele não tinha visto o violão desde a última vez em que ele havia cogitado vendê-lo. Ele não tocava o violão há muito tempo, mas naquele dia, ele sentiu vontade de tocar. Sozinho na sala de sua casa, tocou e cantou sozinho algumas de suas músicas favoritas, entre elas, ‘Yesterday’.

não era bobo. Ele sabia que não conseguiria se autossabotar por tanto tempo. Ele sabia que tinha alguma coisa errada e que ele não conseguiria deixar isso passar. Não era sobre o vídeo, sobre a música dos Beatles, sobre o seu violão ou a sua vontade espontânea de cantar de novo. Era sobre aquele livro de capa azul guardado no seu guarda-roupa há uma semana. Era sobre ele fazer tudo que pudesse para afastar os seus pensamentos que estavam relacionados àquele livro, que o assustava muito.

Naquele domingo, a música havia aberto o coração dele novamente. Não para colocar qualquer pessoa no lugar da Brooke. Não era essa a intenção. O coração estava aberto para receber, para lidar com tudo o que ele tivesse que lidar. Era horrível ter que ficar o resto da sua vida evitando uma coisa, porque não sabe o efeito que essa coisa vai ter na sua vida. É muito mais fácil você simplesmente enfrentá-la, aceitá-la e viver sem ter medo de nada. Era isso o que o queria: viver sabendo que nada no mundo poderia ter tirado o lugar da Brooke do seu coração. Era essa tranquilidade que faltava para ele.

Eram 10 horas da noite de domingo quando o se sentou em sua cama com o livro de capa azul em suas mãos. Ele estava nervoso, curioso, ansioso e, ao mesmo tempo, estava com medo. realmente não sabia como ele estaria e o que ele estaria sentindo ao final daquele livro. Era imprevisível. abriu o livro e deparou-se com o título do primeiro capítulo: ‘Apenas o começo’. Era realmente apenas o começo.

O livro de capa azul não deixou que o dormisse naquela noite. Mesmo trabalhando no dia seguinte, passou a noite em claro lendo a descrever o início da história deles. Apesar de ter bloqueado aquela história dentro de si, sabia exatamente tudo o que ele tinha vivido com a . Mesmo assim, era extremamente novo para ele ler aquela história a partir da perspectiva da . Era ela contando a história. Era ela expondo seus sentimentos e seus pontos de vistas. Era uma versão da história deles completamente nova, que tinha partes que ele não sabia que existia. Isso o fascinou desde a primeira linha.

Mais uma semana se passou e tudo o que o fazia em seu tempo livre era ler o livro de capa azul. No trabalho, na lanchonete, antes do jantar, antes de dormir ou em qualquer outro momento onde ele tinha privacidade e tempo. Ele ria sozinho, se emocionava sozinho e se surpreendia com a intensidade de tudo e com a maneira com que a descrevia exatamente tudo o que ele sentia por ela em cada linha. estava redescobrindo sua própria história e ele estava amando isso. Ele estava amando sentir tudo aquilo de novo.

- Oi! Desculpa a demora. – demorou algum tempo para abrir a porta do apartamento, pois precisou esconder o livro de capa azul. Brooke já tinha tocado a campainha duas vezes. Ela tinha voltado da casa de sua tia naquele sábado e tinha combinado de encontrar o no apartamento dele.
- Eu achei que você tinha saído. Já ia te ligar. – Brooke sorriu ao rever o namorado.
- Que bom te ver. – a abraçou forte.
- Eu estava morrendo de saudade. – Brooke sussurrou e ele interrompeu o abraço para selar os lábios dela.
- Eu também. – sorriu, depois de beijá-la. – Entra. – Ele pediu.
- O que aconteceu aqui? Parece que passou um furacão. – Brooke riu, referindo-se a bagunça no apartamento. costumava ser organizado e, por isso, ela estranhou.
- Eu sei. Desculpa. Essa semana foi um pouco corrida para mim. – foi sincero, só omitiu o motivo da sua falta de tempo. Ele arrumou as almofadas no sofá.
- Não tem problema. Eu não me importo. – Brooke negou com a cabeça.
- E a sua tia? – perguntou.
- Ela está ótima. A recuperação foi ótima. – Brooke parecia feliz em dar a notícia para ele. – Ela veio passar alguns dias na minha casa. Eu ia te contar, mas você disse que ia me ligar e não ligou. Eu acabei não contando. – Ela parecia um pouco decepcionada.
- Eu sei. Me desculpa. Eu sei que eu disse que ligaria, mas eu esqueci completamente. Minha vida realmente virou de cabeça pra baixo essa semana. – se desculpou, ele sabia que tinha falhado com ela.
- Não tem problema. – Brooke sorriu fraco.
- Tem sim. Você está decepcionada e está me olhando estranho. – a conhecia bem o suficiente para saber que algo não estava certo.
- Não é nada. É só que... você parece diferente. – Brooke foi sincera.
- Diferente? Diferente como? – não entendeu.
- Eu não sei. Você parece mais... feliz e... vivo. Eu não sei explicar. Tem um brilho diferente no seu olhar. – Brooke realmente não sabia como explicar.
- É porque eu estou te vendo depois de uma semana. É claro que tem um brilho no meu olhar. – pegou a mão da namorada e a beijou.
- Tem certeza que é isso? – Brooke estava desconfiada.
- É claro. – confirmou na mesma hora. – Eu estou feliz que esteja de volta. – Ele completou, beijando novamente a namorada.

realmente achava que estava sendo sincero com a Brooke. Ele não conseguia perceber a sua mudança de comportamento ou qualquer brilho em seu olhar. realmente não fez qualquer assimilação relacionada a mudança de comportamento notada pela Brooke ao livro. Ele ainda não entendia o impacto que aquele simples livro estava tendo na sua vida.

Na terceira semana de leitura, o livro começava a tomar uma proporção maior para o . Ele já havia passado da metade do livro, quando as coisas realmente começaram a dar errado entre ele e a . Ele estava revivendo emoções, sentimentos, momentos tristes e perdas irreparáveis. Na quarta semana de leitura, começou a entender o quanto aquele livro estava mudando completamente a sua maneira de encarar a vida, a sua maneira de pensar e para o seu desespero, os seus sentimentos. Ele cogitou em parar de ler o livro quando se deu conta de que estava perdendo o controle das suas emoções e dos seus sentimentos, mas ele não conseguiu parar. Ele precisava ir até o fim. Ele devia isso a si mesmo.

Mark, e Meg já não tinham esperanças de que o plano deles havia dado certo. Já fazia um mês que o havia recebido o livro e nada havia mudado. Ele continuava sendo outra pessoa com a Brooke e não falava com o Mark desde então. A ainda ia para a África em dois meses. Eles já não tinham mais nenhuma carta para jogar. Eles não tinham mais nada para fazer além de assistir a tentativa do e da de serem felizes separadamente.

realmente estava revivendo cada momento conforme ele lia aquelas páginas. Ele sentiu a mesma sensação ao ler o nosso primeiro beijo em Nova York. Ele sofreu pela e com a ao ler a morte da tia Janice. Ele riu com a versão bêbada da e com o Jonas Power. Ele sofreu com a ida da pra Nova York. Ele chorou quando releu aquela carta de término que a escreveu no dia do seu aniversário. Ele aceitou e reconheceu o seu erro em perder sua virgindade com a Amber. Ele chorou mais uma vez quando leu tudo o que Steven havia feito e, principalmente, quando leu sobre com a sua morte. Ele se lembrou de tudo o que ele havia dito para a sobre o futuro deles depois que ele havia levado o tiro e, por fim, ele sentiu o mesmo vazio quando se viu obrigado a desistir da pelo seu irmão.

Um mês lendo aquele livro e agora faltava apenas o último capítulo. estava completamente confuso, sensível, triste e sentindo um enorme vazio dentro de si. Tudo o que ele havia bloqueado nos últimos 19 meses foi vindo à tona durante aquele único mês. Ele estava uma bagunça. De uma hora para outra, começou a questionar toda a sua vida e começou a lutar contra isso diariamente. Ele não queria se sentir daquela maneira. Ele estava em negação.

Antes de ler o último capítulo, fez uma pausa de alguns dias. Ele precisava de um tempo para pensar, para absorver tudo, para reaprender a lidar com todo aquele sentimento, para pensar e repensar algumas das suas decisões. Ele devia esse tempo para si mesmo.

Ler a história pelo ponto de vista da deu ao uma percepção completamente diferente da história. O sempre via apenas o seu lado da história, questionava as atitudes e os erros da e quase nunca enxergava os seus próprios erros. Ele não via o quanto a sofria por ele e com ele, o quanto ela se preocupava e, principalmente, a intensidade do que ela sentia. sempre havia se visto como a pessoa que mais se doava e mais amava na relação deles. Depois de ler todos aqueles capítulos, o finalmente soube que estava errado. Ele passou a entender cada uma das atitudes e erros da . Ele sentiu a proporção e a intensidade do amor que ela sentia por ele e isso o consumiu de uma maneira inexplicável. Agora, enxergava tudo o que a havia feito por ele e pelo relacionamento deles. Essas novas percepções mudavam tudo.

realmente estava questionando tudo e isso acabou transparecendo em muitas de suas atitudes. Brooke foi a primeira pessoa a perceber, é claro. Ele estava mais quieto e muito pensativo. Ele se perguntava constantemente se toda aquela história que ele havia vivido com a tinha sido mesmo em vão. É claro que ele tinha aprendido muitas coisas durante todo o tempo que eles estiveram juntos. Isso não dava para negar, mas... era só isso? Tanto amor, superação e sofrimento para terminar daquele jeito? E aquele vazio que agora ele sentia dentro de si? O que queria dizer? Por que que depois que ele começou a ler o livro a sensação de que ele era plenamente feliz e de que ele tinha tudo o que ele precisava foi diminuindo gradativamente?

começou a enfrentar dificuldades para dormir, porque não conseguia parar de se questionar. Ele encarava aquele livro todas as noites e toda a história que ele havia lido passava como um filme em sua cabeça. A confusão de seus sentimentos começou a afastá-lo de sua namorada e esse afastamento não estava, de fato, relacionado com os sentimentos dele pela Brooke, mas sim por ele se sentir mal e muito culpado em ficar ao lado dela sabendo que aquele livro realmente havia mexido com ele. não queria isso, mas tinha acontecido. Ele não conseguia ser sincero com a Brooke e contar a ela o que estava acontecendo. Ele não queria machucá-la.

- Oi. – sorriu ao abrir a porta para a Brooke. Ela tinha trabalhado até tarde naquela quinta-feira, mas o insistiu para que ela fosse até a casa dele. Ele havia decidido contar a ela sobre o livro. Não contar isso a ela estava fazendo muito mal a ele.
- Oi. Você disse que era muito importante. Eu tive que vir. – Brooke parecia preocupada. Ela achou que alguma coisa tivesse acontecido. Ela não era boba e sabia que alguma coisa estava acontecendo. Ela selou os seus lábios ao passar por ele.
- Eu sei. Desculpa. Eu sei que você deve estar cansada. – fechou a porta, sentindo o seu coração acelerar. Ele não sabia como fazer aquilo.
- Não tem problema. – Brooke sorriu, nervosa.
- Você parece tensa. – disse, após olhá-la por algum tempo em silêncio.
- Você também. – Brooke respondeu. – Aliás, você está desse jeito desde que eu voltei de viagem. – Ela completou.
- Eu sei. – negou com a cabeça, deixando de olhá-la. Ele estava se sentindo horrível.
- É comigo? É alguma coisa que eu fiz? – Brooke queria entender. Ela ensaiou perguntar isso a ele há dias.
- Não. É claro que não. – negou imediatamente. – Você é perfeita, Brooke. – Ele completou com um doce sorriso. – O problema sou eu, para variar. – riu de si mesmo.
- Não fala assim. – Brooke se aproximou do namorado e segurou a mão dele. – Você sabe que nós podemos conversar sobre tudo, não é? – Ela queria ajudá-lo.
- Eu sei. – sorriu ao olhá-la. – E é por isso que eu tenho me sentido tão mal. – Ele disse e em seguida manteve-se em silêncio por algum tempo. – Eu não tenho te contado tudo. – completou, visivelmente abalado.
- Não tem problema. Você pode me contar agora. – Brooke não queria julgá-lo sem antes saber do que se tratava. Ela estava se preparando para o que estava por vir, quando o se levantou do sofá repentinamente. Com os olhos, Brooke acompanhou o trajeto dele até o quarto. Ela ficou confusa, mas não se moveu. Alguns segundos depois, Brooke viu o sair do quarto com um livro de capa azul em suas mãos.
- Eu recebi isso no dia do meu aniversário. – contou, entregando o livro nas mãos dela.
- Um livro? – Brooke não conseguiu entender como um simples livro poderia ser um problema.
- Leia. – pediu, sabendo que esse era o único jeito de ela entender. Sem ter a mínima noção da bomba que estava em suas mãos, Brooke abriu o livro e após ler algumas linhas, ela levantou a sua cabeça para olhar para o . Ela não disse nada. Estava apenas surpresa. Brooke voltou a ler o restante da introdução que a havia escrito.
- Nesse livro... – Brooke ainda não havia conseguido assimilar tudo. – A sua história com a está nesse livro? – Ela estava perplexa.
- Está. – confirmou.
- Uau. – Brooke folheou rapidamente o livro. – Você... – Ela não terminou a pergunta, mas não foi necessário.
- Sim, eu li. – confirmou imediatamente. – Me desculpa. – Ele estava se sentindo um lixo.
- Agora, tudo faz sentido. – Brooke negou com a cabeça, fechando o livro.
- O que faz sentido? – perguntou, sem entender.
- O brilho no seu olhar, o violão no canto da sala, você todo pensativo e o nosso afastamento sem explicação. – Brooke deixou algumas lágrimas transparecer em seus olhos.
- Não. Não é nada disso. Eu sei que eu tenho agido estranho, mas isso não quer dizer nada. – quis se retratar na mesma hora. – Você sabe que eu tive uma história longa e muito forte com a e infelizmente eu não posso apagar isso, mas não significa que ainda exista qualquer sentimento envolvido. É só uma história, uma pequena parte da minha vida que foi importante na época. Só isso. – Ele se explicou. O medo de perder a Brooke o deixou desesperado.
- Você tem certeza? – Brooke perguntou, virando-se para olhá-lo de frente. – Essa história... – Ela tinha medo de completar a pergunta. – Essa história não reascendeu nada dentro de você? Não fez você sentir falta dela? Não fez você questionar algumas decisões? Não fez você pensar tudo o que poderia ter feito diferente para dar certo? – Brooke fez todas as perguntas que o não conseguia responder. Ele deixou de olhá-la e encarou suas mãos. Diante da atitude dele, nem mesmo era necessário responder as perguntas.
- Eu não sei responder essas perguntas. A única coisa que eu sei é que eu amo você, Brooke. Você precisa acreditar em mim. – voltou a olhá-la com lágrimas nos olhos. – Eu sinto muito. Eu sei que eu não deveria ter lido esse livro. – Ele completou.
- O problema não foi ter lido o livro. O problema é o efeito e o poder que essa história ainda tem sobre você. – Brooke justificou. – Você não vê? – Ela completou.
- Eu... não vejo. – Ele disse e na mesma hora, ele fechou os olhos, pois sabia que não havia usado a expressão correta. – Eu não quero ver, Brooke. – completou.
- Você precisa ver. – Brooke disse. – Eu quero que você veja. Se você quer ficar comigo, eu quero que você fique porque você escolheu isso e não porque não quis enxergar as suas outras opções. – Ela tocou o rosto do namorado e o acariciou por um momento. – Você tem 100% de todo o meu amor, . Eu quero 100% do seu. Eu não aceito nada menos do que isso. – Brooke negou com a cabeça.
- O que você quer dizer? – achou que ela estava terminando o namoro.
- Eu quero que você pense. Eu quero que você termine de ler esse livro e releia quantas vezes forem necessárias e quando você tiver uma porcentagem para me dar, uma real porcentagem, você me procura. – Brooke se aproximou, selou os lábios do namorado com muita tristeza e saiu do apartamento aos prantos.

estava completamente desolado com o sofrimento e as lágrimas da Brooke. Ela não merecia pagar por um problema que era só dele. Foi decisão dele ler aquele livro, por que ela tinha que lidar com as consequências? Por que ele tinha começado a ler aquele livro, afinal? Não fazia sentido. Nada mais fazia sentido para ele. Em um momento de total descontrole, em meio a lágrimas e uma raiva de si mesmo fora do comum, abriu aquele livro abruptamente, determinado a terminá-lo de uma vez. Se a Brooke realmente fazia questão que ele terminasse de ler, ele faria isso de uma vez.

Conforme o lia o último capítulo, ele ia se acalmando. O coração ia se acalmando. O sentimento de culpa foi dando lugar a um sentimento que ele não sabia explicar, mas que dava a ele a sensação de ter um enorme vazio no peito. Esse sentimento tem sido constante desde que ele havia começado a ler o livro de capa azul. Era como se todas as vezes que ele lia, ele se lembrasse e sentisse que estava faltando alguma coisa. Ele conseguiu sentir toda a insegurança e angústia da enquanto ela descrevia a ida dela para Atlantic City para tentar a reconciliação com o . Ler a descrever como ela subconsciente tinha colocado ele em cada um de seus sonhos e ambições o deixou completamente desestabilizado. Por um momento, ele tentou idealizar em sua cabeça cada um daqueles sonhos e o possível casamento o levou as lágrimas. Seria mentira dizer que ele já não tinha idealizado aquele momento milhões de vezes.

Ao ler a última linha do último capítulo, ficou encarando aquela página com uma sensação horrível. Agora, ele tinha certeza que estava faltando alguma coisa e ele conseguia ver isso com clareza. Aquele final era horrível e vazio. Mesmo sendo o final que ele tinha escolhido, não era o final que o agradava, pelo menos, não depois de reler e reviver toda a história deles. Incomodado, fechou o livro e o colocou sobre a mesa de centro. Encarou o livro e quando percebeu que estava inconscientemente buscando finais alternativos para ele, se levantou do sofá.

Se sentindo mais confuso do que antes, se obrigou a deitar em sua cama para dormir. Ele passou a noite em claro, pois cada vez que ele fechava os olhos, as idealizações e sonhos descritos por vinham na mente dele. conseguia vê-los com muita facilidade. Ele lutou contra esses pensamentos durante toda a noite e deu o seu melhor para manter os seus olhos abertos. estava perdendo o controle de suas próprias emoções novamente.

Ir trabalhar no dia seguinte foi insuportável, não só pelo sono, mas por não conseguir prestar a atenção em nada do que estava fazendo. Ele não conseguia parar de pensar no livro de capa azul e no que ele representava. Ele não conseguia parar de se perguntar o que tinha em seu subconsciente. Com quem ele idealizava viver os seus sonhos? sabia que queria viver tudo isso com a Brooke, mas será que era sincero? Será que era isso o que ele realmente queria ou ele só estava se recusando a ver a verdade como a havia feito no último capítulo daquele livro? Isso o perturbou durante todo o dia e não o deixou ligar para a Brooke para firmar a reconciliação dos dois. A Brooke queria uma porcentagem e, para o seu desespero, ele ainda não sabia quanto era.

Após sair do seu trabalho naquela tarde, resolveu ir até a casa de sua mãe. Talvez, conversar com uma pessoa experiente e que o conhecia mais do que qualquer um o ajudasse de alguma forma. E mesmo que sua mãe não tivesse um bom conselho para lhe dar, vê-la e estar na presença dela já ajudaria a acalmar o seu coração. Ao chegar na casa, foi recebido por sua mãe. O padrasto, a quem ele costumava chamar de ‘pai’ algumas vezes, estava trabalhando e passaria buscar a na escola. Ele sabia disso.

- Você está bem? – A mãe beijou o rosto do filho com carinho.
- Estou bem. – confirmou, tentando parecer convincente.
- E a Brooke, onde está? – A mãe se sentou na mesa para acompanhar o filho. Ele estava comendo uma maça que havia pego na fruteira.
- Bom, nós... – não queria mentir. – Nós não estamos em um bom momento. – Ele preferiu definir daquela maneira.
- É mesmo? – A mãe perguntou, mas a expressão no rosto dela não era de surpresa. Isso chamou a atenção do . – Eu espero que vocês se acertem. Ela é uma ótima garota. – Ela completou com sinceridade.
- E... por que você não parece surpresa? – sorriu, intrigado.
- O que? Eu estou surpresa. Você não está vendo minha expressão de surpresa? – A mãe apontou para o seu rosto.
- Mãe. – arqueou uma das sobrancelhas.
- O que foi? O que você quer que eu diga? – A mãe começou a ceder.
- Por que você não está surpresa? Eu achei que você gostasse da Brooke. – insistiu, tentando encontrar respostas.
- Não. Não tem nada a ver com a Brooke. Ela é um doce de menina, eu já te disse. – A mãe negou na mesma hora. – É que... eu conheço essa expressão no seu rosto. Eu te conheço, Jonas. – Ela sorriu.
- Qual expressão? – não sabia do que a mãe estava falando.
- Autojulgamento. É uma expressão de autocobrança. Você está cobrando de si mesmo uma coisa que não tem coragem de assumir, uma coisa que você não quer aceitar. – A mãe leu perfeitamente o que o filho estava sentindo. – Você herdou isso do seu pai. – Ela completou. Após algum tempo em silêncio, decidiu ser sincero com a sua mãe.
- Por que você está dizendo isso? – quis saber. Steven não havia contado muito sobre o relacionamento dele com sua mãe.
- Você sabe que antes de mim, o seu pai tinha uma outra pessoa. Ele tinha uma história com outra pessoa. – A mãe deduziu que o filho já soubesse. Alguém da família da deve ter contado para ela e ela provavelmente havia contado para o .
- Você está falando sobre a mãe da . – Ele confirmou com a cabeça.
- Eu imaginei que você já soubesse. – A mãe demonstrava serenidade a todo o momento. O assunto não parecia aborrecê-la. – Não me entenda mal, . Eu e o seu pai fomos muito felizes juntos. Nós éramos muito unidos, respeitávamos muito um ao outro, admirávamos um ao outro e cuidávamos um do outro. – Ela fez questão de ressaltar.
- Você está descrevendo o meu relacionamento com a Brooke. – comentou com um fraco sorriso.
- Eu sei. Assim como vocês, nós éramos muito bons juntos. Ele sempre me dizia que eu trazia o melhor lado dele à tona. – Ela disse com um sorriso nostálgico. – Mas, nos últimos anos antes de ele vir a falecer, ele mudou um pouco. Quando você convive diariamente com uma pessoa, quando você tem uma rotina com uma pessoa, você percebe qualquer mudança, mesmo que ela seja mínima. Ele... começou a ficar pensativo demais, sempre parecia estar longe. Aos poucos ele foi se afastando de algumas coisas que ele gostava e foi deixando de fazer coisas que ele sempre gostou de fazer. Acho que o jeito dele de ver a vida mudou. Não tinha mais o brilho no olhar. – A mãe contou. ficou bastante assustado quando viu sua mãe descrever exatamente a pessoa que ele havia se tornado nos últimos meses. Até mesmo a falta do brilho no olhar. – De novo, não interprete isso errado. Seu pai nunca me fez mal algum. – Enquanto a mãe falava, imediatamente ligou os fatos citados por ela com a mudança radical de comportamento que o Steven veio a ter no final de sua vida.
- E qual o motivo dessa mudança de comportamento, mãe? – perguntou, pois queria entender. Ele queria tentar se identificar com a história de alguma maneira. – Você acha que.... – Ele não quis falar.
- Que ele se arrependeu de ter ficado comigo? Não. Eu sinceramente acho que não. – A mãe quis afastar essa possibilidade imediatamente. – Eu e ele nunca tivemos a chance de conversar sobre esse assunto, mas eu realmente acredito que a maneira com que a história dele com a mãe da acabou contribuiu para isso. – Ela tinha uma teoria sobre o assunto. – Eu não sei se você sabe como tudo aconteceu, mas tudo acabou de uma maneira extremamente inesperada para ele. Não para a mãe da , mas sim para ele. Eu acho que ele nunca superou completamente que a história deles tivesse acabado daquela maneira, mas ele decidiu fechar os olhos para isso. Ele resolveu ignorar tudo e seguir em frente. – Ela disse. – E eu realmente acho que ele fez isso o máximo que conseguiu e... quando ele não conseguiu mais, isso consumiu ele mais do que ele imaginava. – A mãe continuava completamente serena ao falar sobre o assunto. – Imagina você evitar uma coisa durante toda a sua vida e quando essa coisa vem à tona, você só consegue pensar o que teria acontecido se você tivesse feito diferente, se você não tivesse cometido aquele erro? – Ela negou com a cabeça. – É um fardo muito pesado para se carregar, . Eu realmente acho que se ele ainda estivesse vivo, ele já teria enlouquecido. – A mãe completou sem saber que estava completamente certa.

estava extremamente impactado e surpreso com a conclusão que ele tinha acabado de chegar. Então, aquele era o motivo que tinha transformado o Steven em uma outra pessoa? Foi isso o que havia tirado do o pai amoroso, companheiro e carinhoso que ele tinha? Bem, aquilo realmente elevava tudo a outro patamar. O só conseguia pensar se existia a chance de acontecer o mesmo com ele e isso o assustou muito. Ele voltou a pensar sobre o que o Mark havia dito sobre a mudança de comportamento dele e sobre a falta de brilho no olhar que a Brooke havia mencionado. A última coisa que o queria no mundo era se transformar no Steven.

- Eu sinto muito que tenha passado por isso, mãe. – Apesar do medo que ele estava sentindo, pensou primeiro em sua mãe.
- Não sinta. Eu não me arrependo de nada. Eu viveria tudo de novo com o seu pai, afinal, nós tivemos o melhor final feliz de todos. – A mãe tranquilizou o filho.
- Qual? – não conseguia ver final feliz algum.
- Você. – A mãe sorriu, tocando uma das mãos do filho. , que já estava completamente desestabilizado emocionalmente, ficou emocionado na mesma hora e beijou carinhosamente a mão da mãe.
- Eu te amo tanto. – se declarou para a mãe.
- Eu também, querido. – Ela acariciou o rosto do filho e em seguida levantou-se para abraçá-lo, pois notou que ele estava muito abalado. – Eu não sei o que está se passando nessa cabecinha, mas saiba que eu vou apoiar qualquer decisão que você tomar. Eu estou aqui por você. – Ela disse, abraçada ao filho.
- Eu sei, mãe. – sorriu, enquanto a abraçava.
- Fiquei contando história e nem vi a hora passar. A deve estar chegando. – A mãe disse, depois de terminar o abraço.
- E eu vou embora. Se a me ver, vai ficar perguntando da Brooke. – se recompôs, passando rapidamente as mãos pelos olhos.
- Ela vai mesmo. – A mãe teve que concordar.
- Até depois, mãe. – abraçou novamente a mãe e beijou carinhosamente o seu rosto.
- Espero ter ajudado. – Ela retribuiu o beijo.
- Ajudou. – disse com um sorriso triste.
- Que bom. – A mãe ficou toda feliz.
- Fala para eles que eu mandei um beijo. – referia-se a sua irmã e o seu padrasto.
- Eu falo. – A mãe concordou, acompanhando o filho até a porta. – Fica bem. – Ela disse, vendo que o filho ainda estava abalado.
- Eu vou ficar. - disse, entrando no carro. Ele ligou o carro e acenou uma última vez para a mãe antes de sair.

continuava buscando incansavelmente argumentos e fatos que o levassem até o caminho mais fácil: a Brooke. Era tão óbvio para ele o quanto ele queria aquilo, o quanto ele queria ficar com ela. Por que ele simplesmente não conseguia? Por que mesmo amando ela, ele sentia como se não estivesse sendo sincero com ela? Por que ele sentia que não estava 100% ali por ela?

Agora, essa história sobre o Steven estava triturando o pouco da sanidade mental que ainda restava nele. estava se sentindo completamente perdido e sozinho. Ninguém conseguiria entender o que ele estava sentindo e pelo que ele estava passando. Não era como se ele estivesse indeciso sobre duas pessoas. Ele não estava. Ele queria a Brooke. Por que ele simplesmente não conseguir ficar com ela sem se sentir culpado? Sem sentir um medo enorme de se tornar o Steven?

Mesmo com a mente bem longe de tudo e de todos, notou quando passou na frente daquele parque onde ele e a tinham ido no dia em que ele a pediu em namoro. Era o mesmo parque onde eles haviam enterrado aqueles bilhetes, que eles prometeram abrir no ano seguinte, quando eles completassem o primeiro ano de namoro. É claro que ele havia se lembrado do bilhete da , que ele nunca havia lido. Passou pelo parque, tentando ignorar sua vontade de parar ali. Ele passou reto pelo parque, mas em menos de dois quarteirões depois, parado no semáforo, resolveu fazer o retorno. Ele precisava mesmo fazer aquilo.

Desceu do carro meio desconsertado porque, mesmo que o sol já tivesse começado a se pôr, ainda tinham algumas pessoas no parque. se sentou em um banco que ficava na frente do lugar onde ele e a haviam enterrado os bilhetes. Apesar de já fazer algum tempo, sabia exatamente onde era. Ele se agachou para começar a cavar e não demorou muito para que ele encontrasse o que ele procurava. O bilhete ainda estava lá. Aliás, apenas um bilhete estava lá, o que significava que a já tinha pego o bilhete dele. Restou apenas o bilhete que ela havia escrito para ele. Quando ele viu aquele pedaço de papel branco, ele parou por um momento e repensou se realmente deveria ler aquilo. pegou o bilhete e se sentou novamente em um dos bancos do parque com ele nas mãos. Encarou o bilhete e hesitou por quase 5 minutos até decidir abri-lo. Nada poderia ser pior do que um livro de mais de 1000 páginas, não é?

‘Hey, !

Eu sei que era para ser apenas mais uma declaração de amor boba, mas você sabe o quanto eu adoro complicar a sua vida. Me desculpa, mas um simples pedaço de papel é muito pouco para colocar o quanto você significa pra mim.

Se você realmente me aturou nesse um ano de namoro, você vai sobreviver a isso. Eu prometo.

Que tal um caça ao tesouro? Eu sei! Eu não sou muito criativa, mas eu juro que vou fazer valer a pena.

Você sabe o que fazer, não é? Siga as dicas para encontrar os seus presentes do nosso primeiro aniversário de namoro.

Dica 1: A primeira vez que você cantou ‘Hey Jude’ para mim.

Eu amo você.’.

terminou de ler o bilhete com um sorriso nostálgico no rosto. Aquilo era tão a cara da . Ela não podia simplesmente escrever a coisa mais clichê que viesse na mente dela? Ela nunca havia mencionado nada sobre esse ‘Caça ao Tesouro’. se sentia um idiota por ter ido até ali e ter pensado que um simples bilhete realmente mudaria alguma coisa na sua vida. Contrariado, se levantou e colocou o bilhete em seu bolso.


Dizer que ele não ficou curioso para saber tudo o que tinha por trás daquele caça ao tesouro seria mentira, mas ele conseguiu lidar com isso muito bem. Sua melhor estratégia era desmerecer a brincadeira como sendo ‘infantil e imatura’ e o seu melhor argumento era de que, independentemente do que fosse, o caça ao tesouro não vingaria, pois certamente não haveria mais presente algum. Já haviam se passado mais de 3 anos desde eles haviam enterrado aqueles bilhetes. Era impossível que os presentes ainda estivessem em seus respectivos lugares.

chegou em sua casa e, como de costume, deixou tudo que estava em seu bolso sobre a mesa, incluindo o bilhete escrito pela . Ligou a TV para que ao menos o som dela o distraísse e foi tomar banho. Após o banho, sentou-se no sofá com um pequeno pacote de amendoim e começou a comer. O barulho do amendoim não deixava que ele ouvisse seus próprios pensamentos e isso o deixou bastante satisfeito.

Mesmo estando extremamente confortável deitado no sofá de sua casa com o seu velho moletom, comendo amendoins e assistindo qualquer coisa que estava passando na TV, seus olhos insistiam em procurar o que ele havia deixado em cima da mesa.

Depois de quase uma hora tentando ignorar, ele se levantou do sofá e foi até a mesa. Olhou para o celular e checou se não tinha nenhuma ligação ou mensagem. Em seguida, ele olhou para o bilhete e o pegou. Releu o bilhete 3 vezes e em cada uma das vezes, tentou convencer a si mesmo a não seguir com aquilo. Seria melhor para a sua saúde mental. Isso poderia deixá-lo ainda mais confuso. Isso poderia afastá-lo ainda mais da Brooke e isso era tudo o que ele menos queria. Bem, não adiantou nada. Os argumentos pareciam fracos demais diante da curiosidade dele em saber o que aquele caça tesouro traria para ele.

De moletom e chinelo, pegou a chave do carro, colocou o celular em seu bolso e saiu do apartamento. Era quase 11 horas da noite, mas isso era realmente irrelevante naquele momento. ‘O lugar onde ele havia cantado ‘Hey Jude’ pela primeira vez para a . Era óbvio que ele sabia onde era. Foi na noite do baile em que ela foi humilhada publicamente pelo Peter. tinha lido aquela história recentemente, mas ele lembraria do local de qualquer maneira.

dirigiu até o parque que ficava em frente à escola onde ele e a estudavam. estacionou o carro e ao descer do carro, confirmou se realmente não tinha ninguém por perto. Por causa do horário, poderia ser perigoso. Com as mãos no bolso e a toca do moletom na cabeça por causa do frio, andou até o banco onde ele havia encontrado a sentada naquela noite. Parou na frente do banco e o encarou. Como poderia ter um presente escondido ali? Ele negou com a cabeça. Não era possível.

Já disposto a ir embora, resolveu se aproximar do banco. Olhou atrás do banco e não encontrou nada. Ele riu de si mesmo, pensando o quão idiota ele era por ter ido até ali. Olhou em volta e não viu absolutamente nada, nenhum pacote, nada que se parecesse com um presente. Prestes a dar as costas e ir para o carro, encarou o banco uma última vez e se deu conta de que ele ainda não tinha olhado embaixo do banco. De maneira completamente despretensiosa, se agachou e olhou embaixo do banco. Os olhos se arregalaram quando viram que tinha alguma coisa colada embaixo do banco. O coração dele chegou a acelerar.

- Não pode ser. – sussurrou, retirando com cuidado as fitas que prendiam um envelope no banco. Ele retirou as fitas e pegou o envelope nas mãos. Na frente do envelope, estava escrito ‘1° Presente’ com a letra da . se levantou. Ele estava completamente incrédulo. Olhou para o lado para confirmar se realmente não tinha ninguém por perto. Por causa do frio, resolveu ir para o carro e levou com ele o envelope, é claro.

De repente, percebeu que estava muito nervoso. A mão estava até um pouco trêmula e o coração não desacelerava por nada. Ao entrar no carro, trancou as portas e encarou novamente o envelope. Não hesitou em abri-lo. Dentro, ele encontrou um outro envelope e um outro papel. Sem qualquer noção do que se tratava, deu atenção primeiro ao papel, onde a havia escrito algumas linhas.

‘Essa foi fácil, não foi? De qualquer forma, parabéns por ter encontrado.

Antes de qualquer coisa, eu quero que você saiba que quando escrevi aquele bilhete que nós enterramos no parque, eu ainda não sabia ao certo quais presentes eu te daria e nem me apressei para consegui-los, afinal, eu ainda tinha um ano para providenciar tudo, não é?

No momento em que eu soube da possibilidade de te entregar essa foto, eu fiquei maluca. Você não faz ideia do trabalho que eu tive para consegui-la, mas eu faria tudo de novo, quantas vezes fossem necessárias, porque eu sei o quanto ela vai significar para você a partir de hoje. A gravação é só um bônus.

Eu espero que esse presente te faça feliz e que te encha de boas lembranças sobre esse dia.

De qualquer forma, tem mais presentes a caminho. Que tal uma dica para o próximo?

Dica 2: A maior árvore que nós já vimos! Colocamos o nosso nome nela. Desculpa, mas você vai ter que assumir a culpa.

Não esquece: eu te amo.’.

Sem ter nada em mente, deu atenção ao envelope menor. Ele o abriu e tirou de dentro dele um DVD. Nele estava escrito: ‘Yankees x Mets – 11 de Julho de 2001’. No momento em que ele leu aquela data, o coração dele parou, faltou-lhe até mesmo o ar. Era a data em que o pai dele havia ‘morrido’ naquele acidente. Era o jogo que ele e o seu pai tinham ido assistir naquela noite.


Ler a data foi o bastante para trazer lágrimas aos olhos do . Extremamente emocionado, ele tirou do envelope a foto que a havia mencionado. A foto fez com que as lágrimas escorressem pelo rosto dele. Ela mostrava o e o Steven sentados e abraçados na arquibancada do Yankees durante o jogo. Era uma daquelas fotos que os fotógrafos profissionais do clube tiram durante os jogos e depois vendem ou, até mesmo, usam de divulgação. estava chorando muito com aquela foto, que representava tanta coisa. Na foto, ele e o Steven vestiam uniformes do time. O pai estava muito diferente desde a última vez que ele havia visto. Estava com uma barba e com o cabelo grande. já não lembrava do pai daquela maneira. Ele ainda conseguia se lembrar o quão feliz ele estava naquele dia.

passou aproximadamente 10 minutos chorando com aquela foto nas mãos. Era uma memória muito forte e muito feliz para ele. Após a volta trágica do Steven, aquela memória tinha se tornado ainda mais especial. Apesar de toda a maldade do Steven nos últimos tempos, aquela era a única memória que fazia com que o mantivesse o amor incondicional pelo seu pai. Ainda aos prantos, colocou a foto no banco do passageiro e deu a partida em seu carro. Ele chorou durante todo o caminho até a sua casa. Assim que entrou no apartamento, foi direto até a TV e colocou o DVD que estava dentro daquele envelope.

tinha conseguido a gravação completa do jogo daquela noite tão trágica, mas, ao mesmo tempo, tão feliz. As lágrimas ainda estavam em seus olhos, enquanto ele assistia aquele jogo tão memorável. O coração dele estava aquecido novamente. Por quase 3 horas, pode sentir o seu pai, o seu verdadeiro pai, perto dele novamente. A lembrança de seu pai, o jogo do Yankees, a sensação de nostalgia, tudo parecia ter feito muito bem a ele. O rosto e os olhos estavam inchados de tanto chorar, mas o estava muito feliz como não se sentia há algum tempo. Sem saber, tinha conseguido trazer um pouco do antigo de volta.

adormeceu ao lado da foto dele e do seu pai. O coração dele estava em paz novamente. Parecia uma trégua depois de tantos dias turbulentos. Isso o ajudou a acordar muito bem na manhã seguinte. Ele logo percebeu que estava mais calmo, mais sereno e tranquilo. O coração continuava em paz e já não o cobrava tanto. estava oficialmente aberto a qualquer coisa que viesse pela frente. Ele estava disposto a lidar com tudo. Depois da noite anterior, ele chegou à conclusão que já tinha passado por muita coisa. Era muito frustrante viver uma vida onde você fica medindo cada um dos seus passos, onde você fica limitando as suas vontades por causa do seu medo de errar. Quem não erra? Por que ele tinha que ser tão duro consigo mesmo?

De coração completamente aberto, passou a encarar aquele caça ao tesouro de uma maneira completamente nova. Ele iria atrás de cada uma das pistas e lidaria com a consequência de cada presente. sabia que precisava enfrentar isso de uma vez ou passaria o resto de sua vida se questionando sobre o assunto. Mais uma vez, o chegou à conclusão de que ele precisava fazer aquilo.

Era sábado de manhã e o Camping estava obviamente lotado. Ele entrou no local e passou pelo teleférico sentindo um nó na garganta. se lembrava de absolutamente tudo. Tudo naquele lugar lembrava a . Ele foi direto para a enorme árvore mencionada na segunda dica do caça ao tesouro. Aquele lugar específico estava pouco movimentado. As pessoas preferiam as lanchonetes e os brinquedos. Se aproximar daquela árvore foi uma sensação muito estranha. Com uma das mãos, ele tocou no coração que a havia desenhado, onde havia o nome deles dentro. Foi inevitável não deixar um sorriso escapar diante daquela lembrança. Demorou alguns segundos para que ele focasse no que realmente interessava: o segundo presente. Ele olhou tudo e não encontrou nada. Nenhum embrulho ou envelope.

- Onde você colocou? – sussurrou, dando mais uma volta na árvore. Olhou para cima e deduziu que a não conseguiria subir na árvore e, além disso, tinha o medo de altura. Ele logo deduziu que alguém tinha pego o que quer que fosse. Pronto. Aquele era o fim do caça ao tesouro. Contrariado, resolveu passar nos ‘achados e perdidos’ antes de ir embora. Não custava, né?
- Posso ajudá-lo? – Um senhor de idade o atendeu. Ele era o único na sala. Provavelmente, ele era o responsável pelo setor.
- Eu espero que sim. – estava um pouco desconsertado. – Eu sei que deve ter milhões de objetos perdidos aqui, mas... – Ele fez careta. Ele mal sabia o que estava procurando. – Por um acaso o senhor não encontrou alguma coisa, algum envelope ou embrulho perto da árvore gigante de flores vermelhas? – apontou. – Ou alguém pode ter deixado alguma coisa aqui. – Ele estava se sentindo extremamente idiota.
- Você disse... um envelope? – O senhor o encarou. – Qual o seu nome, filho? – Ele perguntou, desconfiado.
- Meu nome é Jonas. – não entendeu o motivo da pergunta, mas respondeu assim mesmo.
- Demorou, hein? – O senhor reclamou.
- Como é? – arqueou a sobrancelha.
- Faz anos que uma moça deixou esse envelope aqui. - O senhor mostrou o envelope, que tinha o nome do . Ele reconheceu a letra na mesma hora.
- Uma moça? – sorriu, negando com a cabeça. – E o senhor guardou? – Ele se surpreendeu.
- Guardei só pela curiosidade. Ela disse que quem viesse buscar esse envelope teria uma confissão importante para fazer. Ela disse que seria do meu interesse. – O senhor explicou, demonstrando estar mais confuso que o próprio .
- Uma confissão? – se lembrou na mesma hora do que estava escrito no bilhete em que a passou a segunda dica. Estava escrito: ‘Desculpa, mas você vai ter que assumir a culpa’. Ele não fazia ideia do que ela estava falando.
- Uma confissão. – O senhor confirmou. – O que foi que você fez, filho? Pisou na grama que não era para pisar? Pulou no lago? Pescou os peixes dos lagos? Pode falar. – Ele cruzou os braços.
- O senhor também é o zelador do Camping? – perguntou.
- Há mais de 10 anos. – O senhor confirmou.
- Ah, não. – levou uma das mãos até o seu rosto e começou a negar com a cabeça, enquanto segurava o riso. A realmente era uma raridade.
- Conta logo. – O senhor o pressionou.
- Não acredito que ela vai me obrigar a fazer isso. – pensou em voz alta, incrédulo.
- O que foi que você fez? – O senhor começou a ficar nervoso.
- Primeiro, me dá o envelope. Eu quero ter certeza que o senhor não vai rasgar. – queria garantir a continuidade do caça ao tesouro.
- Não me importa esse envelope. Pega. – O senhor não se importou e entregou o envelope. – Agora, fala de uma vez. – Ele queria saber de qualquer jeito.
- Bom... – coçou a cabeça. Era tão bobo, que ele nem sabia como fazer aquilo. – A arvore gigante... – Ele começou a dizer.
- Espera. – O senhor cerrou os olhos. – Você é o do desenho na árvore? Foi você quem desenhou na minha árvore!? – Ele disse tão sério, que acabou levando o ao riso.
- Desculpa. – se esforçou para não rir. – Fui eu. Me desculpa mesmo, senhor. – Ele completou.
- Desculpa, né? Você sabe o quanto eu dou duro todo dia para manter esse lugar? – O senhor deu o sermão. continuava ouvindo por respeito, mesmo sabendo que quem tinha escrito na árvore era a .
- Eu preço milhões de desculpas, senhor. – esforçou-se para manter-se sério.
- E aquela menina deve ser a tal da , né? – O senhor fez cara de tédio. – Vocês são todos jovens tolos. São todos iguais. – Ele reclamou. – Cai fora daqui. – O senhor foi mais ríspido. Ele estava realmente contrariado.
- Eu peço desculpas mais uma vez. – forçou um sorriso antes de sair da sala. Foi a coisa mais aleatória que havia acontecido com ele nos últimos meses. Ele sabia que a tinha feito de propósito. Ela queria sacanear ele. Isso era muito a cara dela.

Apesar de estar extremamente ansioso para saber o que tinha naquele envelope, preferiu sair do camping e abri-lo dentro do seu carro. O último envelope havia feito ele desmoronar. não queria correr o risco de ter uma reação como aquela em público.

No estacionamento do camping, ele entrou em seu carro, trancou as portas e encarou o envelope com o coração completamente ansioso. Ele não estava com medo e não pretendia cobrar a si mesmo dessa vez. Antes mesmo de abrir o envelope, percebeu que havia um objeto pequeno dentro dele. Assim que abriu o envelope, ele buscou o tal objeto que parecia muito familiar. Era um pingente de coração. O mesmo que ele havia comprado para a há anos e tinha dado para ela na última vez que eles estiveram naquele camping. O pingente arrancou um sorriso espontâneo e verdadeiro do , que deixou o pingente de lado por um momento para dar atenção ao papel que o acompanhava. Ele se surpreendeu ao notar que eram duas folhas. Sua curiosidade fez com que ele as lesse imediatamente.

‘Você me odeia, não é? Eu sei. Eu precisava fazer você passar por isso. Foi mais forte do que eu. Você me conhece.

A última vez que estivemos nesse camping foi tão importante para mim. Primeiro, porque você, com o seu jeito todo errado e doce, me fez enfrentar o meu maior medo: a altura. Eu sei que você não queria me fazer sentir medo, você queria fazer com que eu me sentisse forte e você conseguiu. Eu realmente não tenho palavras para agradecer por todas as vezes que você fez com que eu me sentisse a garota mais forte de todas; Segundo, porque você finalmente me entregou o seu coração. Lembra do pingente? Eu sei quanto tempo você havia esperado por aquilo. Saiba que ele continua muito bem guardado e que eu não pretendo devolvê-lo nunca.

Uma vez você me disse que o seu maior medo era perder as pessoas que você ama. Infelizmente, eu não posso responder por todo mundo, mas eu posso responder por mim. Esse pingente não está nesse envelope por acaso. Caso você ainda não saiba, o meu coração é todo seu. Não existe a menor possibilidade de você me perder. De qualquer forma, eu sei que um simples pingente é muito pouco para acabar com o seu medo. Eu queria encontrar uma maneira mais relevante, mais segura de te garantir que você não corre o menor risco de me perder e de te ajudar enfrentar esse seu medo. Eu acho que consegui.

Guarde e cuide muito bem do meu coração. Eu quero viver mais 100 anos ao seu lado.

Dica 3: O lugar onde você me deu o melhor presente que eu já ganhei.

Obs: Quantas vezes você já cozinhou esse ano? Aposto que nenhuma.

Com amor, seu .’

A princípio, ignorou completamente a terceira dica, pois ele estava mesmo era curioso para saber o que tinha no outro papel que estava no envelope. Deixou o bilhete que a havia escrito de lado e encarou o outro papel. ‘Agência Nacional de Corações dos Estados Unidos’ era a primeira frase escrita no papel e logo embaixo: ‘Contrato de Posse’. Sim, a tinha redigido um contrato, onde ela afirma ter dado o seu coração para o . Entre as cláusulas, ela colocou a impossibilidade de devolução e dos cuidados que ele teria que ter para não quebrar o coração dela.

Com o contrato nas mãos, estava sorrindo novamente. Ele não se lembrava da última vez que havia se sentido tão especial, tão vivo. O coração dele estava leve. A realmente tinha feito um trabalho incrível com cada um dos presentes. Cada um deles despertou sentimentos diferentes no , mas o amor foi o único que prevaleceu em todos. De repente, ele começou a se lembrar o que de tão especial ele tinha visto na desde o primeiro momento. Ela era inexplicável e incrível de todas as maneiras possíveis.

Demorou, mas o finalmente deu atenção para a terceira dica do caça ao tesouro. Ele estava tão fora de si, que já nem se lembrava do que havia lido. Pegou a carta para ler a dica novamente. O melhor presente que a já havia ganhado? pensou e repensou. Ele sabia qual era o presente, mas simplesmente não parecia possível. O melhor presente tinha sido o Buddy e isso só podia levá-lo direto para o apartamento dele. Foi no apartamento dele que a ganhou o Buddy. Seria mesmo possível que esse terceiro presente esteve lá todo esse tempo sem que ele percebesse?

Agora, o estava realmente intrigado. Deixou o envelope e o pingente de lado e seguiu para o seu apartamento. Ele nunca havia desejado chegar tão rápido em sua casa como naquele momento. Desceu do carro e levou todos os itens pertencentes ao segundo presente com ele. Entrou no apartamento e olhou em volta, esperando que alguma coisa chamasse a sua atenção. Na mesma hora, lembrou que havia mais uma coisa escrita na carta.

- ‘Quantas vezes você já cozinhou esse ano? Aposto que nenhuma.’ leu novamente em voz alta e em seguida foi direto para a cozinha. A o conhecia muito bem e sabia que ele raramente cozinhava. Era o lugar que ele menos ficava na casa, portanto, era o melhor lugar para esconder um presente. Tantos armários e gavetas e ele não sabia por onde começar. Ele releu a dica mais umas duas vezes e tentou encontrar alguma mensagem subliminar por detrás dela.

Na dica, a pergunta se o já havia cozinhado naquele ano. Para cozinhar, ele precisava dos produtos e das panelas. Isso reduziu a busca para apenas duas portas do armário. Uma delas ele usava como dispensa e na outra ele guardava as panelas. foi primeiro na sua pequena dispensa. Ele começou a tirar latas e mais latas, que provavelmente estavam todas vencidas. Após tirar tudo, eis que no fundo da prateleira ele encontra um embrulho.

- Inacreditável. – riu, negando com a cabeça. Ele pegou o embrulho vermelho nas mãos, sem acreditar que ele ficou tanto tempo escondido ali.

Com o embrulho vermelho nas mãos, foi até a sala de estar de sua casa e se sentou no sofá. Abriu o embrulho com um sorriso ansioso no rosto e o que ele tirou de dentro do embrulho quase fez o coração dele parar. Tudo bem que ele esteve um pouco afastado do Yankees nos últimos tempos, mas o coração de torcedor quase explodiu de alegria e emoção ao ver a camisa do seu time do coração autografada por ninguém menos que a lenda, o craque do time. O ficou extremamente em choque. Mesmo trabalhando nos bastidores do time, ele nunca conseguiu nada autografado. Ele nem ao menos conseguiu conhecer os jogadores. Ele estava em êxtase. Sua vontade era ligar para todos os seus amigos para contar.

- Como ela conseguiu isso? – se perguntou mais de uma vez, enquanto encarava a camisa. Por um momento, ele pensou o quão feliz o seu pai ficaria com aquela camisa autografada.

Ansioso com o que estava por vir, a camisa foi deixava em seu colo, enquanto ele pegava o envelope que também tinha vindo dentro do embrulho. Provavelmente, ali estaria a quarta dica. Ao abrir o envelope, ele tirou um papel, mas ele não havia notado que também tinha uma foto lá dentro. Ela caiu em seu colo no momento que ele puxou o papel. Antes de ler a carta, ele pegou a foto. Nela, a estava vestindo uma camisa do Yankees exatamente igual à que ele havia acabado de ganhar. Ela estava de costas, mas estava olhando para trás. As mãos dela apontavam para parte de trás da camisa, que tinha o nome e o número do mesmo jogador que havia autografado a camisa do . A primeira coisa que ele notou foi o quão bonita ela estava. Era impossível para o não se sentir atraído pela . Não importava as circunstâncias.

‘Eu acho que vou ficar devendo para o Yankees para o resto da minha vida. Eu realmente cativei aqueles caras. Deve ser porque eu sou muito simpática ou... eu sou dedicada demais em ser a melhor namorada do mundo. Eu mereço esse título. Admita!

Quando eu fui até a sede do clube para requisitar a sua possível foto com o seu pai, eu conversei bastante com um dos diretores. Ele foi muito gentil e me deixou contar brevemente a sua história de fã do clube. Eu abusei da minha sorte pedindo a camisa autografada e ele não me deu muita esperança, mas acabei deixando o seu nome e o meu endereço. Imaginei a minha surpresa quando encontrei essa raridade na minha caixa de correio? Eu quis te ligar e te contar, mas resolvi deixar para te entregar nessa data especial.

Consigo imaginar o sorriso no seu rosto agora. Saiba que eu sempre vou fazer o que estiver no meu alcance para colocá-lo no seu rosto.

E sobre essa foto, eu tive que providenciar a minha camisa. Eu prometo me empenhar para aprender sobre esse jogo e já me considero a mais nova torcedora do Yankees. Agora, nós podemos assistir todos os jogos uniformizados.

Última dica. Você está decepcionado, não é? Você merecia mais 50 presentes, mas infelizmente eu só tenho mais um para você. Minha intenção era deixar o melhor para o final, mas eu estou um pouco nervosa sobre ele. Seu último presente está no ‘nosso lugar’. Por favor, leve o seu violão.

Amo você.’

Em menos de um dia, já havia feito o se aproximar de duas coisas das quais ele havia se afastado. O Yankees e o violão. Além disso, tinha feito o desejar a presença dos amigos novamente. Como ela conseguia fazer isso? Ela nem ao menos sabia o que estava acontecendo na vida dele. tinha acertado em cheio e ajudou o a enxergar claramente sobre o que o Mark estava falando. Ele realmente tinha se esquecido como ele amava tudo aquilo, como tudo aquilo fazia com que ele se sentisse vivo e feliz. Aquele era o verdadeiro .

Deixou a camisa sobre o sofá e se levantou para pegar o seu violão. ‘Nosso lugar’ era a melhor dica que a poderia dar. Ele não teve dúvidas. Era dessa maneira que eles chamavam aquele paraíso afastado da cidade, onde costumava ser o lugar secreto da e da avó dela. Ninguém conhecia aquele lugar. Era tipo um paraíso particular dos dois, o que fazia que com que o tivesse toda a certeza do mundo que o seu presente ainda estava lá.

Saiu do apartamento com o violão nas mãos e guiou o seu carro até o lugar certo. O violão foi no banco do passageiro. Demorou algum tempo para que ele chegasse até lá. Ele estacionou o carro na beira da estrada. Pensou em deixar o violão no carro, pois pretendia abrir o presente no carro, mas resolveu atender o pedido da e levou o violão com ele. O caminho continuava ruim, mas isso não o desmotivou de chegar até o lugar certo. Após alguns minutos andando, chegou no lugar que era só dele e da . Tudo estava exatamente igual. A paisagem era a mesma. Esqueceu do presente por um minuto para apreciar a vista. Quantas vezes ele viu aquela vista ao lado da ? Quantas vezes ele se sentou com ela em seus braços naquela mesma grama? O coração apertou ao se lembrar.

Quando notou que aquilo estava começando a ficar emocional demais, resolveu focar em seu último presente. Respirou fundo e olhou em volta. Não tinha muita coisa ali sem ser uma pedra grande. Só podia estar ali. Olhou a pedra de longe e se aproximou. Foi extremamente fácil encontrar um envelope colado na lateral dela e em cima dele, um pen drive também colado. recolheu o pen drive e logo em seguida o envelope. Se perguntou o que ele faria com um pen drive ali no meio do nada? Ele realmente precisaria ir até o carro dele. Lá tinha a entrada USB e tinha até mesmo uma pequena TV de LED no painel, caso fosse necessário.

O violão ainda estava nas mãos dele, quando ele resolveu abrir ao menos o envelope. Colocou o violão embaixo dos braços e abriu o envelope com cuidado para não rasgar. Ele esperava alguma explicação relacionada ao pen drive, mas tudo o que encontrou foi uma partitura. Era a partitura de uma música que, à princípio, ele não conseguiu reconhecer. No alto da folha, havia um recado da : ‘Antes de assistir o pen drive, treine essa melodia, por favor. Apenas confie em mim.’.

Ali mesmo, naquela pedra, se sentou com a partitura e o violão nas mãos. Mesmo sendo muito bom com o violão e tratando-se de uma música fácil, demorou um pouco para aprendê-la. Duas horas depois ele achou que conseguia tocar a música com tranquilidade. Ele obviamente não decorou as notas em tão pouco tempo, mas agora ele já conseguia tocar com mais fluidez se acompanhasse a partitura.

precisou andar de volta para o carro, já que aquela era a única maneira de ele ver, de fato, o que tinha naquele pen drive. Ele entrou no carro, se sentou no banco do passageiro e afastou o banco para que ele tivesse espaço para segurar o violão confortavelmente. Sem ter certeza se a mídia do carro conseguiria ler o pen drive, ele colocou o dispositivo na entrada USB. A pequena TV de LED mostrou um arquivo de nome ‘PRESENTE 4’. Ele clicou no arquivo e um vídeo foi imediatamente aberto.

‘Bem... oi, . Não ria de mim, porque eu estou muito nervosa.’ – Era a , toda desconsertada. Ela estava sentada na cama do quarto dela em Nova York. Ela vestia um conjunto de moletom cinza. Aparentemente sem maquiagem e completamente simples, mas aos olhos do ela estava linda. O coração estava disparado e o velho sorriso bobo surgiu no rosto dele.

‘Eu preparei uma coisa especial para você. Eu achei que seria o presente mais legal de todos, mas eu sabotei a mim mesma quando eu te dei essa camisa autografada do Yankees. Droga.’ – A careta dela fez o sorriso dele aumentar. Ela era irritantemente encantadora.

‘Todos os presentes me deram muito trabalho e eu sei que cada um deles teve um significado diferente para você. Eu não me preocupei em momento algum, porque eu sabia que você gostaria de todos eles, mas esse último presente, Deus, eu acho que vou vomitar a qualquer momento. Não estranhe se eu tiver que cortar esse vídeo.

Ok. Isso não foi muito romântico. Eu sou mesmo um desastre. Desculpa.’
levou as mãos até a cabeça. Ela estava visivelmente nervosa e isso só fazia com que ela parecesse ainda mais adorável para o .

‘Então... eu escrevi uma música para você. Eu compus uma música... e criei uma melodia no violão.’ forçou um sorriso. – ‘Mentira. Nós dois sabemos que eu não sei fazer isso, por isso, eu paguei para alguém fazer. Eu tinha a letra e sabia mais ou menos como eu queria a melodia, mas eu não sabia colocar isso no papel. Então, eu paguei para uma pessoa me ajudar com isso. Eu tenho trabalhado nisso há um mês. Eu realmente achei que em algum momento eu me sentiria orgulhosa dessa música e, agora, gravando esse vídeo, eu cheguei à conclusão de que eu estou realmente orgulhosa dela, mas não pela qualidade e sim porque eu tive a melhor inspiração de todas para escrevê-la, você.’ – Mesmo no vídeo, foi possível vê-la corar.


‘Eu estou gravando esse vídeo porque eu quero cantá-la para você. Eu até cogitei aprender a tocar violão, mas eu queria que você tocasse. Essa distância entre Nova York e Atlantic City está mexendo um pouco comigo. Mesmo não podendo estar juntos pessoalmente, eu queria que, de alguma forma, fizéssemos isso juntos.’ – O sorriso bobo foi dando lugar a uma vulnerabilidade emocional que ele não conseguia controlar.

‘Eu canto e você toca. Pode ser?’ sugeriu com um sorriso desconcertante. – ‘Na partitura tem o momento que eu começo a cantar, então você toca aí e na hora certa, solta o vídeo. Combinado? Legal.’ entendeu o que ela queria fazer e ele pausou o vídeo no momento certo. De repente, ele se viu muito nervoso. Ele sabia o poder que aquele vídeo teria sobre ele. Ele sabia exatamente como isso terminaria. preparou a partitura e colocou em um lugar estratégico, onde ele pudesse ver o vídeo e acompanhá-la. Ele respirou fundo antes de começar a tocar o início da música. No momento certo, apertou o play do vídeo.

ACOMPANHE COM A MÚSICA:




“I can be tough (Eu posso ser dura)
I can be strong (Eu posso ser forte)
But with you, it's not like that at all (Mas com você, não é assim)

There's a girl (Há uma menina)

That gives a shit (Que se importa)
Behind this wall (Atrás desta parede)
You've just walked through it (Que você simplesmente atravessa)

And I remember, all those crazy things you said (Me lembro de todas aquelas maluquices que você disse)

You left them running through my head (Você as deixou correndo pela minha cabeça)
You're always there, you're everywhere (Você sempre estava lá, você estava em toda parte)
But right now I wish you were here (Mas agora eu queria que você estivesse aqui)
All those crazy things we did (Todas aquelas coisas malucas que fizemos)
Didn't think about it, just went with it (Não pensamos a respeito, apenas fomos na onda)
You're always there, you're everywhere (Você sempre estava lá, você estava em toda parte)
But right now I wish you were here (Mas agora eu queria que você estivesse aqui)” estava cantando de uma maneira tão sincera, tão profunda, que era possível sentir o amor dela dali. Os olhos do foram se enchendo de lágrimas gradativamente, conforme a letra tocava o coração dele e se encaixava perfeitamente no momento que eles estavam vivendo atualmente. Ele queria muito que ela estivesse ali.

“Damn, damn, damn (Droga, droga, droga)
What I'd do to have you (O que eu faria para ter você)
Here, here, here (Aqui, aqui, aqui)
I wish you were here (Queria que você estivesse aqui)
Damn, damn, damn (Droga, droga, droga)
What I'd do to have you (O que eu faria para ter você)
Near, near, near (Perto, perto, perto)
I wish you were here (Queria que você estivesse aqui)

I love the way you are (Eu amo o jeito que você é)
It's who I am, don't have to try hard (É quem eu sou, não tenho que me esforçar)
We always say, say like it is (Nós sempre dizemos, dizemos “diga como isso é")
And the truth is that I really miss (E a verdade é que eu realmente sinto sua falta)

All those crazy things you said (E me lembro de todas aquelas maluquices que você disse)
You left them running through my head (Você as deixou passando pela minha cabeça)
You're always there, you're everywhere (Você sempre estava lá, você estava em toda parte)
But right now I wish you were here (Mas agora eu queria que você estivesse aqui)
All those crazy things we did (Todas aquelas coisas malucas que fizemos)
Didn't think about it, just went with it (Não pensamos a respeito, apenas fomos na onda)
You're always there, you're everywhere (Você sempre estava lá, você estava em toda parte)
But right now I wish you were here (Mas agora eu queria que você estivesse aqui)”
Não tinha ninguém ali, mas o continuava escondendo suas lágrimas de si mesmo. Conforme ele as segurava, um nó se formava em sua garganta. A voz da parecia estar falando diretamente com o coração dele. Era um sentimento muito forte, ele percebeu isso.


“Damn, damn, damn (Droga, droga, droga)
What I'd do to have you (O que eu faria para ter você)
Here, here, here (Aqui, aqui, aqui)
I wish you were here (Queria que você estivesse aqui)
Damn, damn, damn (Droga, droga, droga)
What I'd do to have you (O que eu faria para ter você)
Near, near, near (Perto, perto, perto)
I wish you were here (Queria que você estivesse aqui)

No, I don't wanna let go (Não, eu não quero deixar para lá)
I just wanna let you to know (Eu só quero que você saiba)
That I never wanna let go (Que nunca vou querer deixar para lá)
Let go, oh oh (Deixar pra lá, oh oh)
No, I don't wanna let go (Não, eu não quero deixar pra lá))
I just wanna let you to know (Eu só quero que você saiba)
That I never wanna let go (Que nunca vou querer deixar pra lá)”
– Uma lágrima solitária escapou pelo canto de um dos olhos dele no momento em que ele viu a desafinar um pouco porque também estava segurando o seu choro.


“Damn, damn, damn (Droga, droga, droga)
What I'd do to have you (O que eu faria para ter você)
Here, here, here (Aqui, aqui, aqui)
I wish you were here (Queria que você estivesse aqui)
Damn, damn, damn (Droga, droga, droga)
What I'd do to have you (O que eu faria para ter você)
Near, near, near (Perto, perto, perto)
I wish you were here (Queria que você estivesse aqui)

“Damn, damn, damn (Droga, droga, droga)
What I'd do to have you (O que eu faria para ter você)
Here, here, here (Aqui, aqui, aqui)
I wish you were here (Queria que você estivesse aqui)
Damn, damn, damn (Droga, droga, droga)
What I'd do to have you (O que eu faria para ter você)
Here, here, here (Aqui, aqui, aqui)
I wish you were here (Queria que você estivesse aqui)”
– Ao final da música, a conseguiu se recompor, mas o não.


“Bom, foi isso. Eu tentei não chorar, mas como você pode ver, eu fracassei.” – Ela riu de si mesma, enquanto secava as lágrimas que ela segurou durante toda a música.
“Então, o que você achou? Eu estou muito nervosa e ansiosa para saber a sua opinião. Me liga depois para me contar o que você achou.
Eu... espero que você tenha gostado. Você realmente faz muita falta, . Eu queria que você soubesse disso.
sorriu fraco, tentando não demonstrar o quão triste ficava toda vez que falava sobre a saudade que ela sentia dele diariamente.

Assim que possível, venha me ver.

Eu sou completamente louca por você. Não importa quanto tempo passe.

Nos vemos em breve.”
– Ela acenou e em seguida encerrou o vídeo.


COLOQUE A MÚSICA:




ficou algum tempo encarando aquela pequena TV, enquanto ele sentia mais algumas lágrimas escorrerem por todo o seu rosto. Ele demorou para conseguir assimilar tudo. Quando realmente entendeu o que estava sentindo e o que todo aquele sentimento queria dizer, negou incessantemente com a cabeça aos prantos. Foi naquele exato momento que ele soube que seu coração tinha tomado a decisão mais importante da sua vida. Ele soube que não era a Brooke. O coração dele estava gritando isso.

saiu do carro desolado. Ele estava em negação. Ele esteve em negação desde o momento que ele terminou de ler o livro de capa azul. Mesmo tudo estando tão claro, ele continuava em negação.

Assim como a música dizia, ele também sentia a falta da . Ele sentia falta das brigas e das reconciliações. Ele sentia falta das brincadeiras bobas que eles faziam um com o outro e das borboletas no seu estomago todas as vezes que ele estava ao lado dela. Ele sentia falta de fazer planos com ela e de planejar sobre como eles deveriam envelhecer juntos. Doía reconhecer, mas ele amava a de uma maneira que ele jamais conseguiria amar outra pessoa. Era impossível imaginar qualquer outra pessoa ocupando o lugar dela em seu futuro e em seus sonhos. Era ela. Só podia ser ela.

Ali, no meio da estrada deserta, aos prantos, tomou a decisão: ele precisava procurar a . Ele precisava contar tudo a ela, mas antes, ele precisava contar para a Brooke. Aproveitou o seu momento de discernimento e coragem para fazer aquilo de uma vez por todas. Entrou novamente em seu carro e dirigiu até a casa da Brooke sem fazer a menor ideia do que falaria para ela. se importava muito com ela e queria fazer aquilo da melhor maneira possível.

Ao chegar na casa da Brooke, ele bateu na porta e a mãe dela atendeu. Como de costume, ela pediu que o entrasse, mas dessa vez ele recusou. Ele pediu educadamente que ela chamasse a sua filha. No momento em que a mãe contou para a filha que o estava lá fora esperando por ela e que ele não quis entrar, a Brooke soube. Ela foi ao encontro dele tentando manter a calma. Brooke já sabia o que ouviria e teve ainda mais certeza quando olhou para o . Os olhos dele estavam inchados de tanto chorar.

- Brooke. – dedicou toda a sua atenção a ela. Ela se aproximou e olhou nos olhos dele, que estavam vermelhos de tanto chorar.
- Eu sei o que você vai dizer. – Brooke afirmou com a cabeça. – Está bem longe do 100%, não é? – Ela afirmou com um triste sorriso.
- Eu sinto muito. – ergueu os ombros, como se não tivesse outra coisa para dizer. – Você não faz a menor ideia de como eu queria estar aqui te dizendo outra coisa. – Ele completou.
- Eu soube. – Brooke afirmou. – Eu soube desde o momento em que eu vi vocês dois. – Ela parecia conformada. Ela tinha pensado muito sobre o assunto. – Em mais de um ano de namoro, você nunca me olhou da maneira que você olhou para ela naquele dia. Não dá para competir com isso. – Brooke negou com a cabeça.
- Eu não queria que você se sentisse assim. Você não merece nada disso, Brooke. Você não merece alguém como eu. – Ele não estava apenas tentando fazê-la se sentir melhor. realmente acreditava em cada palavra que ele estava dizendo. – Você é incrível e merece alguém muito melhor do que eu. – afirmou. – Eu tentei. Eu tentei muito ser esse cara, mas isso me fez ser uma pessoa completamente diferente de quem eu costumava ser. O que você conheceu... Não é quem eu sou, você entende? – Ele perguntou, desesperado para fazê-la entender.
- . – Brooke tentou acalmá-lo. – Não precisa se justificar. Eu já entendi. Eu sei que não é sobre mim. É sobre você e a . – Ela não sentia qualquer tipo de culpa. – Você sempre vai amar a . Eu entendi. – Brooke afirmou, tentando manter a compostura. ergueu os ombros, sem saber o que dizer. Ele só queria se desculpar a todo o momento.
- Independentemente de qualquer coisa, eu quero te agradecer por tudo o que você fez por mim, por tudo o que vivemos juntos e por me ensinar tanta coisa. – se emocionou ao agradecê-la. Ele não queria, mas não conseguiu evitar. – Você é especial, Brooke. Eu tenho certeza que um dia você vai encontrar uma pessoa que vai fazer com que você se sinta dessa maneira. Você vai ser muito feliz, porque simplesmente não existe outra opção para uma pessoa tão incrível como você. – Ele sorriu, comovido. Brooke ouviu tudo e deixou um sorriso escapar em meio aos olhos marejados.
- Ok. Eu... só preciso te dar um último abraço e depois eu vou sair andando e não vou olhar para trás. – Brooke o avisou. a acolheu sem qualquer hesitação e a apertou forte. Aquele era o momento que ela deveria se despedir dele. – Seja feliz. – Ela disse e logo em seguida terminou o abraço. Brooke se afastou dele e foi na direção de sua casa. a acompanhou com os olhos até perdê-la de vista. Ela realmente não olhou para trás.

Ainda parado na frente da casa da Brooke, passou as mãos em seus olhos para secar as lágrimas que estavam acumuladas. Brooke era a última pessoa que merecia ser machucada, mas ele não tinha opção. Ele não podia viver uma mentira. Foi verdadeiro enquanto durou, mas seria impossível continuar aquele relacionamento sem mentiras. Ela não merecia ter que lidar e viver com uma versão do que pudesse se transformar no Steven dali 15 ou 20 anos. Não era justo com ele e nem com ela.

Entrou em seu carro e, apesar do medo que ele sentia, sabia exatamente o que fazer e para onde ir. Antes, ele precisava passar em sua casa para tomar banho e se arrumar. Ele iria para Nova York. Todos os seus instintos e até mesmo o seu coração mandavam ele ir para lá. Ele precisava resolver aquela situação o mais rápido possível. precisava saber se a ainda iria querê-lo de volta.

Após tomar um rápido banho, foi até o espelho e pela primeira vez em muito tempo, ele bagunçou o seu cabelo do jeito que a gostava. A atitude o fez sorrir e ao encarar o seu semblante, ele notou o quanto ele estava nervoso. Ele passou o seu perfume e comeu alguma coisa, pois ele tinha ficado sem comer durante toda a tarde.

repensou se realmente era necessário ir para Nova York naquele dia, já que o relógio marcava 8 horas da noite. Ele levaria duas horas mais ou menos para chegar lá. Não seria muito tarde para chegar na casa da ? E se ela já estivesse dormindo? E se ela não abrisse a porta para ele? ficou se fazendo essas perguntas até o momento que ele decidiu definitivamente que iria para Nova York naquela mesma noite. Ele não aguentaria esperar até o dia seguinte para ver a e conversar com ela. pegou a chave do carro, a carteira, o celular e o livro de capa azul. Independentemente da resposta da , o livro pertencia a ela e ele precisava devolvê-lo de qualquer maneira.

Apesar de estar tão certo sobre o que estava fazendo, estava muito nervoso e receoso. havia se declarado para ele da última vez que eles haviam se visto, mas muita coisa podia mudar em 1 ano e 8 meses. Quem garantia que ela ainda sentia alguma coisa? Quem garantia que ela o aceitaria de volta depois de ele tê-la rejeitado? Ela tinha orgulho o suficiente para isso e ele não a julgaria se ela optasse seguir por esse caminho. não tinha absolutamente nada a perder naquele momento.

Era uma noite fria de sábado e não era surpresa nenhuma dizer que a estava estudando. Meg geralmente não a acompanhava nos estudos de sábado, mas como ela não tinha nada mais importante para fazer, ela resolveu se juntar a amiga. Os trovões anunciavam a chuva que cairia a qualquer momento, mas as amigas continuavam os estudos em frente a lareira que ficava na sala de estar. Meg e estavam terminando a última página do capítulo que estavam estudando e o relógio marcava um pouco mais que 9:30 da noite.

- Ok. Chega. Se eu ler mais uma linha, meu cérebro vai explodir. – Meg não aguentava mais. riu, fechando o livro.
- Estava demorando para você acabar com a minha graça. Eu já estava ficando preocupada. – brincou, colocando o livro de lado.
- Como você consegue? – Meg perguntou, exausta.
- Eu não faço ideia. Eu acho que tem uma força inconsciente que me move. A África está chegando e eu quero e preciso absorver o máximo possível. – explicou, sem fazer ideia que sua frase causaria algum tipo de incômodo na amiga.
- África... – Meg suspirou, preocupada. – Você tem certeza que quer mesmo fazer isso? Eu não sei. É uma decisão importante e uma mudança radical. – Ela já tinha tido aquela conversa com a amiga milhões de vezes.
- Eu penso nisso 24 horas por dia. – já nem se incomodava com os constantes questionamentos da amiga sobre o assunto.
- O que os seus pais falam sobre o assunto? – Meg perguntou.
- Eles apoiam. – achou melhor não mencionar as crises de choro que sua mãe andava tendo por causa do assunto.
- Eles podiam pelo menos me ajudar nisso. – Meg pensou em voz alta e recebeu olhares cheios de julgamento da amiga.
- Ok. Me fala. – se sentou na frente da Meg. – Por que esse projeto na África te incomoda tanto? – Ela não estava brava. Ela só queria entender.
- A verdade? – Meg não mentiria. – , você é muito dedicada com o seu trabalho e você faz tudo com tanto empenho que, às vezes, você esquece de si mesma. Você esquece de comer, de beber água, de dormir; você esquece de viver. – Ela foi sincera. – E, na maioria das vezes, eu acho que você faz de propósito. Eu acho que você quer focar tanto em uma coisa para se esquecer de outra. Eu acho que você está fugindo. – A sinceridade da Meg não machucava a , pois ela sabia que aquele era o jeito da amiga e que ela não fazia por mal, mas essa sinceridade realmente a fazia se autoquestionar constantemente.
- Você também quer ouvir a verdade? – Ela sentiu vontade de ser sincera também. Ela já havia guardado aquilo por muito tempo. Além disso, faltava pouco tempo para a ida dela para a África.
- Graças a Deus! Eu tenho esperado por isso há meses. – Meg afirmou.
- Você está certa. – surpreendeu a amiga logo de cara. – É claro que isso também vai ajudar na parte profissional, mas, a princípio, não foi o que mais me atraiu nessa proposta. – Ela estava se sentindo forte naquele momento para ter aquela conversa. – Da faculdade para o trabalho, do trabalho para casa, da casa para a faculdade. Todos os dias. – negou com a cabeça. – Eu sei que eu poderia fazer outras centenas de coisas. Eu sei disso, mas eu não sinto vontade. Essa é a pior parte! Eu gosto de viver dessa maneira, Meg, mas eu sei que essa não sou eu. Eu não costumava ser assim. Minha vida nunca foi dessa maneira. – Ela estava realmente sendo forte ao falar tudo aquilo. – Não é bom viver dessa maneira. Eu costumava ser... – demorou algum tempo para encontrar a palavra correta.
- Feliz. – Meg completou a frase por ela.
- Feliz. – confirmou com a cabeça. – Eu precisava fazer alguma coisa que mudasse a minha rotina. Alguma coisa que não deixasse qualquer margem para que eu me sentisse mal, para que eu continuasse sofrendo mesmo sem saber. – Meg sabia muito bem o motivo do sofrimento da amiga. – Eu precisava de alguma coisa que ocupasse o meu tempo, que me levasse para longe, que me obrigasse a conhecer outras pessoas, que trouxesse o brilho de volta para os meus olhos. Então, apareceu a oportunidade da África e eu abracei isso tão forte, sabe? – Ela sorriu.
- Eu entendo o que você está dizendo e te acho a pessoa mais forte de todas por estar tomando uma decisão tão importante como essa por você mesma. Isso me deixa bem orgulhosa, na verdade, mas... eu também fico muito preocupada. – Meg estava mais abalada com a conversa do que a . Era visível. – Você vai para longe e vai estar sozinha. Talvez, você pudesse encontrar uma solução menos radical, mas igualmente eficaz. Uma solução que não te leve para tão longe. – Ela sabia sobre qual solução a Meg estava falando.
- Eu já tentei outra solução, Meg. Você sabe. Não deu certo. – obviamente estava falando sobre o . – Está na hora de você superar isso também. – Ela se levantou do chão, pois não queria continuar com o assunto. foi até a mesa e colocou o livro da Meg em cima dela. – Seu livro está aqui. Não vai esquecer. – mudou o assunto. Ainda sentada, Meg encarou a lareira, sentindo seu coração apertado pela amiga. Ela já imaginava que a se sentia daquele jeito, mas era muito difícil ouvi-la dizer. – Meg? – chamou, vendo que a amiga estava pensativa.
- Oi. – Meg se levantou imediatamente. Ela não queria que a achasse que ela estava com pena dela.
- Você quer comer alguma coisa? Eu posso pedir uma pizza e... – começou a dizer, mas foi interrompida.
- Não. – Meg negou. – Já está tarde e parece que está vindo uma chuva por aí. Eu preciso chegar em casa antes dela. – Ela disse, depois de ouvir um novo trovão e ver a fechar os olhos por causa dele.
- Tem certeza? Você pode dormir aqui, se quiser. – sugeriu. Seria uma boa ideia não ficar sozinha com aquela chuva que estava a caminho.
- Eu agradeço, mas não vai dar. Eu combinei de ajudar a minha mãe com algumas coisas. – Meg realmente ficaria se já não tivesse combinado com sua mãe.
- Está bem. – lamentou.
- Eu te vejo na segunda-feira. – Meg se aproximou para se despedir. Ela sempre fazia isso com um beijo, mas dessa vez resolveu abraçar a amiga. Ela ainda estava sensibilizada com o que a amiga tinha dito. – Eu prometo parar de te convencer a não ir para a África, ok? – Ela disse, levando um sorriso para o rosto da melhor amiga.
- Ok. – apertou forte a amiga. Ela estava feliz por ela finalmente ter entendido.
- Qualquer coisa, me liga. – Meg colocou-se à disposição.
- Até para fazer o meu café da manhã? – brincou, fazendo a Meg rolar os olhos.
- Eu estou tentando ser sensível pela primeira vez na minha vida. Você pode colaborar, por favor? – Meg riu.
- Ok. Desculpa. – gargalhou.
- Ingrata. – Meg virou-se de costas resmungando.
- Eu te amo, Meg. – gritou na direção dela.
- Sua sorte é que eu também te amo. – Meg olhou para trás, enquanto abria a porta.
- Vai com cuidado. – acenou e em seguida viu a amiga sair e fechar a porta.

Por pouco, e Meg não se cruzaram na rua da casa da . Talvez, a Meg o veria, mas o estava tão nervoso, que ele não a veria mesmo que ela buzinasse. Durante todo o trajeto entre Atlantic City e Nova York, ele veio ouvindo em loop a música que a tinha feito para ele. Ele estava fascinado por ela. Ele estava fascinado em ouvir a chamá-lo pelo nome, em ouvi-la cantar e em ouvi-la dizer que ela era louca por ele. A cada vez que o via aquele vídeo, ele se sentia mais encorajado para seguir com aquilo.

No momento em que o estacionou o carro em frente à casa da , começou a chover. Ele imaginou que quando chegasse ali, ele se sentiria desencorajado para ir até a porta da casa dela, mas ele estava errado. estava extremamente determinado, apesar de todo o nervosismo e do coração estar acelerado. De dentro do carro, ele olhava na direção da casa da e pensava qual seria a melhor maneira de abordá-la. Ele também percebeu que o Big Rob não estava fazendo a segurança da casa, o que já tinha se tornado comum na época que o ainda frequentava aquela casa.

Era muito estranho olhar para aquela casa novamente. achou que nunca mais se aproximaria dela. Ele estava ansioso para ver a , mas ainda não sabia ao certo como fazer aquilo. Ainda sentado no banco do motorista, ele deixou de olhar a casa para encarar o livro de capa azul que estava ao seu lado. Ele pegou o livro nas mãos e o folheou rapidamente até chegar na última página. Releu as últimas frases escritas pela e só conseguia pensar que aquela história tão incrível merecia um final melhor do que aquele. Foi assim que ele teve a ideia que poderia trazer a de volta para ele. Pegou uma caneta no porta-luvas e começou a escrever no espaço que havia sobrado na última página do livro.

A intensidade da chuva continuava a mesma, mas já não se ouvia raios e trovões. escreveu algumas linhas e em seguida colocou o livro dentro de uma sacola, pois não queria molhá-lo. As pernas estavam trêmulas, mas ele ainda sim conseguiu correr até a porta da casa da com o livro de capa azul nas mãos. O cabelo e suas roupas estavam molhados, mas o livro estava intacto. tirou o livro de dentro da sacola com muito cuidado para não fazer barulho e encarou a porta por um momento. A vontade de bater era enorme, mas ele ainda tinha um plano. Colocou o livro na frente da porta, em cima do tapete. O nervosismo dele estava saindo do controle. Ele precisou tirar um momento para respirar fundo e se acalmar. Aquele momento mudaria a vida dele para sempre.

A conversa com Meg havia deixado um pouco mais pensativa do que o normal. Tudo o que ela tinha falado para a Meg estava mais do que claro para ela, mas era muito mais forte e pesado dizer aquilo em voz alta. Ela estava sentada no sofá, em frente da lareira, e a cabeça estava muito longe. Era triste pensar no que a vida dela tinha se tornado. Sentir pena de si mesma nunca é bom. O sentimento de pena já é péssimo, mas quando ele vem de você mesma acaba ficando muito mais intenso, porque ao contrário das outras pessoas, você sabe o que realmente está sentindo e sabe o quanto isso te machuca.

Ao mesmo tempo que a estava muito empolgada e ansiosa para ir para a África, ela também estava aterrorizada. O novo sempre é algo que te dá medo, porque você não sabe o que esperar, o que vai acontecer. E se der tudo errado? E se ela não der conta? E se ela descobrir que nem aquilo foi suficiente para trazer a vida dela de volta, para trazer o brilho de volta no olhar dela? só descobriria quando chegasse na África.

Aquele era um dos momentos em que a via os pontos negativos relacionados a ida dela para a África. Na maioria das vezes, ela só conseguia ver os pontos bons e era isso o que deixava ela tão ansiosa, mas os momentos que ela se questionava, questionava seus objetivos e suas intenções deixavam ela realmente abalada. Era um conflito interno que ela ainda estava aprendendo a controlar e a lidar.

Mesmo estando longe, o som da campainha trouxe a imediatamente de volta para a sala de estar de sua casa. Por causa do horário, ela ficou imediatamente assustada. Quem estava batendo na porta dela tão tarde? Ela se levantou do sofá e de longe, olhou para a porta. Ao passar rapidamente os olhos pela mesa, viu o livro que a Meg havia esquecido. Foi um alívio enorme. Com toda a certeza era a Meg, que tinha voltado para buscar o seu livro. Caminhou de maneira descontraída até a porta e a abriu com um riso debochado, pronta para brincar com a amiga. O sorriso sumiu rapidamente de seu rosto, quando ela não encontrou ninguém.

Assim que notou algo no chão, abaixou o seu rosto para olhar. Ela se deparou com um livro de capa azul, que era idêntico ao que ela costumava esconder embaixo de sua cama. sabia muito bem do que se tratava, mas não conseguiu acreditar que era o mesmo. Não podia ser. Curiosa, ela saiu na varanda e olhou em volta, mas não encontrou ninguém. Ela não fazia a menor ideia de quem poderia ter deixado aquele livro ali. Encarou o livro pela segunda vez e resolveu se abaixar para pegá-lo. pegou o livro nas mãos e por estar um pouco assustada com o ocorrido, ela entrou novamente em sua casa e trancou a porta.

O livro era realmente idêntico ao que a costumava escrever. Ela o colocou sobre a mesa de jantar e estava realmente perturbada com aquilo. Quem brincaria com um assunto tão sério como aquele? Contrariada, ela abandonou o livro sobre a mesa e subiu correndo a escada que a levaria para o segundo andar da casa. foi imediatamente para o seu quarto e assim que chegou lá, foi checar embaixo da cama. Não encontrar o seu livro ali foi o que realmente fez a ficha dela cair. Na hora, ela começou a supor todas as pessoas que poderiam ter pego aquele livro. Por que um simples livro como aquele poderia ter importância para alguém? Como conseguiram pegar o livro sem que ela notasse? Quanto tempo fazia que aquele livro não estava embaixo de sua cama? Ela só conseguia fazer perguntas.

Depois de se esconder em uma das laterais da casa e ouvir a porta da casa ser batida, foi verificar se a tinha pegado o livro. Quando ele constatou que o livro não estava mais lá, ele sentiu o medo apertar dentro do seu peito. A partir de agora, dependia somente da . Dependia da decisão dela de querer vê-lo ou ouvi-lo novamente. Isso o deixava aterrorizado. estava com vontade de chorar, de sair correndo dali, de gritar pelo nome da para que ela soubesse que ele estava ali, mas o respeito que ele sentia por ela era maior do que tudo. Ele não queria pressioná-la de maneira alguma. Enquanto tentava manter a calma, passou suas mãos pelo seu cabelo e notou o quanto ele estava molhado. Diante disso, não teria problema nenhum se ele saísse na chuva, não é? caminhou lentamente pela chuva e parou no meio do jardim, ficando na mesma direção que a porta. Ele esperaria aquela porta ser aberta a noite toda se fosse preciso.

estava realmente incomodada com o que havia acabado de acontecer. Ela saiu do seu quarto, desceu novamente para o primeiro andar da casa e foi até a mesa. Era tão absurda a ideia de que aquele livro tivesse sido deixado na porta de sua casa, que ela ainda não estava convencida de que aquele era o seu livro. Isso fez com que ela abrisse o livro. Assim que ela começou a folheá-lo, constatou que era a sua letra. Ela chegou a ler algumas frases aleatórias e confirmou que aquelas eram as suas frases. Aquele era o livro de capa azul dela. Pior do que recebê-lo misteriosamente na porta da sua casa era ter que olhar para ele novamente. tinha prometido a si mesma que não voltaria a colocar os seus olhos nele. Naquele livro tinha todas as lembranças que ela lutava diariamente para esquecer. Olhar para aquele livro novamente era retroceder milhões de passos.

O livro de capa azul foi folheado por quase 10 minutos. sabia que estava torturando a si mesma, mas ela não conseguia parar. Ela folheou o livro até a última página e foi justamente essa página que mais chamou a sua atenção. Ela sabia palavra por palavra do que estava escrito ali, mas a cor da caneta usada para escrever algumas frases no fim da página chamaram a atenção dela. não costumava usar caneta vermelha para escrever naquele livro. Na verdade, o livro foi todo escrito em caneta preta. A cor diferente da caneta a fez dar atenção ao que estava escrito. Assim que ela leu a primeira palavra, ela reconheceu a letra na mesma hora. Foi instantâneo. Foi um susto enorme que a fez fechar o livro imediatamente. Ela foi dando passos para trás e se afastando como se aquele livro fosse uma bomba. O coração dela certamente sairia pela boca a qualquer momento.

Foram alguns minutos de negação. Não podia ser a letra do . O que ele estaria fazendo com aquele livro? Como ele pode ter tido acesso a ele? Como ele ao menos soube da existência daquele livro? tinha certeza que nunca havia mencionado o livro para ele. Não podia ser. Deveria ser alguma pegadinha. Alguém fazendo uma brincadeira de muito mal gosto. vivia o relacionamento dos sonhos com a Brooke. Por que ele se importaria com um livro idiota? Por que ele se importaria com uma história que ele já tinha esquecido e superado? A sua própria negação e a sua resistência em acreditar que aquela letra era do a ajudou a se reaproximar do livro. encarou o livro novamente e mesmo com um pouco de receio, ela reabriu o livro e foi diretamente para a última página dessa vez. Seja o que for que tivesse escrito lá, ela sabia que precisava ler.

“Quase dois anos depois e ele ainda não havia descoberto uma maneira de superar a garota que ele amava desde criança. Ele já havia aceitado que era impossível viver sem ela.

E é exatamente por isso que, naquela noite chuvosa de sábado, ele estava lá fora fazendo o que ele faz de melhor: esperando por ela.

O final desse livro e dessa história é inaceitável. Nós podemos fazer melhor.”

terminou de ler as últimas palavras escritas no livro de capa azul e só então teve certeza de que elas haviam sido escritas pelo . O coração estava descompassado e ela não sabia se seu sentimento era de alegria ou tristeza. Ela só sabia que ela estava sentindo uma vontade enorme de chorar. não conseguia acreditar que o realmente estava lá fora esperando por ela. Ela passou a encarar a porta da casa e só então percebeu que ela estava tremendo da cabeça aos pés. Ela deveria ir até lá? O que o diria a ela? Ela conseguiria olhar nos olhos dele novamente sem se sentir rejeitada, como havia acontecido da última vez? As mãos trêmulas arrumaram o seu cabelo e só então ela notou que estava vestindo apenas um simples moletom.

Os olhos marejados continuavam encarando a porta e a cada passo que a dava, o coração parecia prepará-la para o que ela estava prestes a sentir. Uma parte dela não queria que o estivesse lá. Dessa forma, a vida dela continuaria a mesma. O projeto na África estava próximo e era isso o que a faria feliz de novo. Esse era o plano. Porém, se o estivesse do outro lado daquela porta, não haveria mais plano algum. Tudo, absolutamente tudo mudaria novamente.

já estava há alguns minutos embaixo da chuva, que estava mais fraca, mas continuava fria. A noite estava fria e o resfriado era certo, mas a esperança dele em ver a porta da casa ser aberta o manteria aquecido durante a noite toda se fosse preciso. Ansioso, ele passava as mãos por seu cabelo molhado tentando deixá-lo apresentável e colocava as mãos no bolso do moletom. Em determinado momento, apoiou o seu corpo em seu carro estacionado em frente da casa, mas os olhos continuavam fixos na porta, que escondia a mulher que ele amava. Foi um momento, um rápido momento de distração em que o desviou os seus olhos da porta para observar um carro que passou pela rua. Assim que ele voltou a olhar para a porta, deparou-se com ela aberta. O mundo dele ganhou cor novamente.

Não foi preciso procurá-lo. Ao abrir a porta, os olhos da foram diretamente na direção dele. Apesar da chuva, era possível vê-lo nitidamente mesmo ele estando na calçada. Ele estava apoiado em seu carro da maneira ‘mais possível’, se é que me entende. Os poucos segundos que a teve para olhar para ele de longe, levando em consideração o que ela sentiu, foi mais do que suficiente para que ela soubesse que estava com problemas, para que ela soubesse que o mundo dela tinha virado de cabeça pra baixo mais uma vez. Como ela queria chorar naquele momento. Chorar por alívio, por alegria ou simplesmente por se sentir viva de novo. Era nesse momento que a orgulhosa entrava em cena. Ela não demonstraria vulnerabilidade depois de o tê-la rejeitado da última vez. Ela não daria o braço a torcer.

Quando o a viu na porta da casa, ele imediatamente começou a andar na direção dela. Sem fazer a menor ideia do que iria dizer ou fazer. Ele só precisava olhar para ela. Ele precisava vê-la de perto de novo. Sentindo o moletom pesado, pois estava molhado por causa da chuva, seguiu andando na direção dela. não queria perder o controle, ela não queria baixar a guarda e ela demonstrava isso com gestos. Os seus braços cruzados não mostravam receptividade. O coração dela estava reagindo de uma maneira que apenas o tinha conseguido fazer reagir até aquele dia e os arrepios iam e vinham a todo o momento. Ela se aproximou da escada da varanda, que era o limite entre o lugar coberto e o lugar onde chovia.

Ao parar na frente da , não conseguiu disfarçar o quão nervoso estava por vê-la novamente. Ele não disse absolutamente nada, mas seus olhos fizeram tudo. Com sua expressão mais calma e serena, apreciou cada segundo que olhava para ela. Ele notou o novo corte de cabelo, o novo furo em uma das orelhas, a ponta no nariz levemente vermelha por conta do frio e os olhos que tentavam demonstrar frieza, mas não conseguiam. Naquele momento, ficou muito claro para ele, se é que já não estava tão óbvio: era ela. As borboletas no estomago, o coração anestesiado e aquela sensação de paz ou seja lá qual for o nome daquela sensação tão boa e tão única que ele só sentia quando estava na presença dela. Exatamente como da primeira vez que o a viu.

jamais assumiria, nem mesmo para si mesma, o que ela estava sentindo naquele momento, mas ela entrou em um consenso interno que estava tudo bem notar que a barba dele estava um pouco mais comprida do que o normal e que isso o deixou ainda mais bonito do que ele já era. Estava tudo bem se sentir inevitavelmente especial com a maneira que só ele conseguia olhar para ela. Estava tudo bem reconhecer que ela ficaria o resto da noite olhando para ele sem dizer uma só palavra. A química, o amor e a tensão que eles exalavam quando estavam apenas olhando um para o outro era gritante.

- Hey. – disse com um pouco de insegurança. Ele não sabia como começar aquela conversa. Um novo arrepio foi sentido ao ouvir a voz dele. Ela achou que já tivesse se esquecido da voz dele. Achou errado. A reação era sempre a mesma.
- Oi. – soou um pouco mais vulnerável do que gostaria e tratou de consertar isso logo em seguida. – O que você está fazendo aqui? – Ela perguntou, mais séria. A atitude dela não surpreendia nem um pouco ele, pois ele ainda a conhecia muito bem. Então, isso não o desestabilizou.
- Eu... – levou só dois segundos para conseguir terminar a frase. – Eu menti para você. – Ele disse com o rosto completamente molhado. Com os braços ainda cruzados, ergueu os ombros, esperando que ele fosse mais claro. – Eu menti quando eu te disse que tinha conseguido te esquecer. Eu menti quando eu disse que a nossa história fazia parte do meu passado. – Era a primeira coisa que ele queria deixar bem claro. – Eu... não te esqueci. Nunca. E a nossa história... não é passado. – afirmou e não parecia ter qualquer dúvida sobre o que estava afirmando. Foi extremamente difícil para a manter a compostura depois de ouvir aquilo. Por dentro, a barreira de proteção que ela havia construído em torno de si mesma tinha acabado de desabar. Foi fácil demais até mesmo para Jonas.
- Como você pode ter tanta certeza? Você se esqueceu, lembra? – não tinha superado o fato de o ter dito que ele tinha esquecido a história deles. Foi a parte mais dolorosa para ela.
- Eu tinha esquecido, eu tinha bloqueado isso dentro de mim, mas... você me fez lembrar. – sorriu, emocionado por mencionar o livro. negou com a cabeça e deixou de olhá-lo por um momento. Ela precisou de um momento para manter a compostura, pois ainda não sabia lidar normalmente com o sorriso dele.
- Como você conseguiu esse livro, afinal? – focou em algo que a deixasse mais irritada. Ela tentou mudar um pouco o rumo da conversa.
- O Mark me enviou no dia do meu aniversário. Nós brigamos por isso. – demonstrou não se orgulhar do que estava contando. – Ele estava constantemente me dizendo que eu não estava sendo eu mesmo, que eu não fazia mais as coisas que eu costumava fazer e que eu não gostava mais de tudo o que eu mais amava. – se identificou na mesma hora, pois era exatamente daquela maneira que ela se sentia. No caso dela, ninguém precisou dizer. Ela mesmo notou a sua mudança inconsciente de comportamento. – Ele estava tentando trazer o ‘velho ’ de volta e ele sabia que a única pessoa capaz de conseguir fazer isso... era você. – tentava manter o contato visual a todo o momento, mas a desviava, pois sabia dos riscos, caso correspondesse.
- Bem, ele estava errado. – afirmou com propriedade. – Eu não sou essa pessoa há muito tempo. – Ela descruzou os braços, pois achou que a conversa se encaminhava para o final. estava completamente vulnerável desde o momento que colocou os olhos na , mas essa vulnerabilidade o fazia forte para lutar pelo que ele queria. Incrível essa sensação de fraqueza e força que ele sentia simultaneamente.
- Você está errada. – disse de maneira mais firme. – Se você não fosse essa pessoa, eu não estaria aqui na sua porta, embaixo dessa chuva. – Ele completou a frase, sabendo que aquela era a sua única chance de manter aquela conversa.
- E o que te fez mudar de ideia? – foi um pouco mais ríspida. Era típico do comportamento dela ficar na defensiva para não demonstrar o que realmente estava sentindo. – Um livro idiota? – Ela perguntou, irritada.
- Quer saber? Você está certa. – afirmou com sua expressão mais séria. – Foi realmente por causa de um livro idiota com um final patético e sem graça. – A afirmação dele chegou a surpreender a . – Foi por causa da maneira tão única que você descreveu cada um dos meus sorrisos. Foi por causa de cada lágrima que você derramou quando me dizia que estava tudo bem. Foi por você, mesmo sem qualquer perspectiva, idealizar o seu futuro comigo da mesma maneira que eu sempre havia idealizado com você. Foi por você me fazer sentir falta da melhor versão que eu já fui de mim mesmo e que eu não consegui voltar a ser desde que você saiu da minha vida. – Ele fez uma breve pausa, quando sentiu que sua voz começou a embargar. – Eu mudei de ideia porque eu finalmente me dei conta de que... você é a protagonista da minha história favorita. – deixou um tímido sorriso escapar no canto direito do seu rosto. – Sabe aquele tipo de protagonista que é tão incrivelmente perfeita para o papel que você não consegue imaginar qualquer outra pessoa no lugar dela? Essa pessoa é você, . – Ele conseguiu manter um breve contato visual por alguns longos segundos e foi o suficiente para que ele mantivesse a esperança. Alguma coisa nos olhos dela demonstrava que ela ainda se importava.
- Bem, tudo isso é lindo. Talvez, esse seja o final ideal que você está buscando. Talvez, ficaria incrível em um livro de romance, mas... – negou sutilmente com a cabeça, colocando uma mexa de seu cabelo atrás da orelha. – Isso não é uma simples história ou um livro de romance e está bem longe de ser um conto de fadas, . Isso é vida real, com sentimentos reais, decepções reais, dores reais e decisões reais. – Ela demonstrou mais tristeza do que gostaria em seu discurso. Os braços continuavam cruzados, mas ela já não tinha frieza e julgamento em seu olhar. – Você tomou uma decisão e eu a respeitei. Todas as decisões têm suas consequências e eu não sei qual foi a sua, mas a minha, , foi desistir de sonhos; foi idealizar um futuro completamente diferente do que eu tinha em mente, do que eu tinha no meu coração e eu fiz isso. – As poucas lágrimas nos olhos da não deixaram que o acreditasse no que ela estava dizendo.
- Consequências? Eu não me importo com as consequências. Estou disposto a lidar com todas, não importam quantas sejam. A única consequência que eu não vou conseguir aceitar, a única com a qual eu não vou conseguir viver é... perder você. – A voz dele embargou ao dizer as duas últimas palavras. estava lutando contra si mesma naquele momento. O orgulho era o único que estava ao lado dela. Enquanto ela olhava para ele, ela só conseguia lembrar de toda a dor que havia sentido quando ele havia decidido que não ficaria com ela. Ficar com ele significava aceitar o risco de passar por tudo aquilo novamente e a sabia que não conseguiria suportar. O medo de sofrer novamente não deixava que ela cedesse. – Eu sei que eu errei. Eu desisti de você, de nós... mesmo prometendo que jamais faria isso. Só Deus sabe o quanto isso me consumiu diariamente nesses quase dois anos. – fez uma breve pausa e assim que percebeu que ele tinha a total atenção da , ele subiu mais um degrau da escada da varanda, ficando mais próximo dela e ficando no limite entre a chuva e a área coberta da varanda. Ele precisava olhar nos olhos da de mais perto. Ela notou a aproximação dele, mas não conseguiu fazer nada a respeito. queria ouvi-lo. – O seu livro me fez perceber que eu não tinha desistido. Ele me fez perceber que eu ainda podia lutar por você, por nós e pela nossa história. Ele me deu coragem para vir até aqui e te dizer que... eu amo você e que eu ainda sou maluco por você. – estava dando tudo dele naquele discurso. Ele estava abrindo o seu coração e se declarando da maneira mais honesta de todas. O coração estava até mais leve por poder falar em amor novamente sem se sentir mal, sem sentir que não estava sendo 100% sincero.
- Não. – negou com a cabeça. Ela estava extremamente emocionada por ouvir o dizer que a amava depois de tanto tempo. Isso aqueceu o coração dela de uma maneira indescritível. Incrível como a frase ‘eu te amo’ pode ser tão irrelevante quando é ouvida de pessoas erradas, mas quando é da pessoa certa, quando é da pessoa que está em seu coração, essa simples frase é como um desfibrilador que te traz de volta a vida, que faz o seu coração bater de novo, que te faz sentir vivo de novo. – Você desistiu. Eu vi nos seus olhos naquela noite. – O medo de ceder era maior do que o medo de viver sem o pelo resto de sua vida. Ela já estava aprendendo e se acostumando a viver daquela maneira. – Você só está se sentindo dessa maneira porque acabou de ler esse livro com todas as nossas memórias. – Era naquele fraco e infame argumento ao qual a se segurava naquele momento. Era disso que ela queria se convencer.
- E se for? Qual o problema? Não foi para isso que você escreveu esse livro? – respondeu imediatamente. Ele ainda tinha esperanças. As lágrimas nos olhos dela não davam a ele outra opção. – , você escreveu esse livro para que você sempre encontrasse o seu caminho de volta para mim, mas... – Ele hesitou por um momento. O tom de voz havia mudado. – Esse livro me fez encontrar o meu caminho de volta para você. – O coração dele estava mais do que disparado. Ele não tinha certeza se era por estar com tanto medo de não conseguir a de volta ou se era por estar tão perto dela de novo.

Tudo o que o conseguia pensar era se ele poderia tocá-la novamente, se ele poderia receber os beijos que só ela dava e se ele teria a chance de abraçá-la forte como ele fez tantas vezes. Era gritante a maneira com que o amor que ele sentia pela o consumia por completo e deixava suas pernas completamente bambas. estava apenas esperando qualquer palavra dela que soasse como um aval para que ele a tomasse em seus braços. Os olhos dele estavam fixos nos lábios dela, enquanto ele esperava por essa palavra.

- Você... chegou tarde demais. – tentou disfarçar todas as lágrimas em seus olhos. – Eu não posso fazer isso agora. Isso... não está mais nos meus planos. – Era obvio que ela estava se referindo a África. As palavras dela o deixaram visivelmente baqueado. Ele sentiu fortemente o golpe e isso o deixou sem palavras por algum tempo. apenas ficou ali, parado, embaixo daquela chuva, olhando para a , sem conseguir aceitar o que estava acontecendo.

- Não pode ser. - Mesmo com a chuva, notou que os olhos dele estavam cheios de lágrimas. Aquele não era o final que ele tinha imaginado. A expressão de choro e a tristeza nos olhos dele fizeram com que a perdesse o pouco de chão que ainda lhe restava. – Talvez, se você fechasse os seus olhos como da última vez, você... – Ele não conseguiu terminar a frase, quando a viu negar com a cabeça. abaixou a cabeça, pois ficou constrangido com suas lágrimas. Quando ele levantou o seu rosto, a expressão de choro ainda estava lá. Ele levou uma de suas mãos até o seu rosto e passou os dedos em seus olhos para tentar cessar o seu choro. queria consolá-lo. Ela queria secar cada uma daquelas lágrimas como ela já tinha feito tantas vezes, mas ela não podia. Ela não se atreveria a se aproximar.
- Você... deveria ir para casa. – deu um passo para trás para aumentar a distância entre eles e voltou a cruzar os seus braços. Ela achou que os braços cruzados pudessem passar um pouco mais de credibilidade ao ‘não’ que ela estava tentando dizer. Na mesma hora, concordou e afirmou com a cabeça. Se a resposta dela era não, ele não queria insistir.

sentia um respeito enorme pela . Apesar de amá-la absurdamente, ele obviamente respeitaria a decisão dela mesmo que ele não entendesse os reais motivos dela. Em nenhum momento ela tinha dito que não sentia mais nada por ele e ela também não havia citado outra pessoa. Ele sabia sobre a África, mas isso não parecia ser um motivo tão relevante. Mesmo querendo muito saber o que tinha levado ela a rejeitar a proposta de sua vida, resolveu não perguntar. Ela não lhe devia qualquer satisfação. Antes de começar a pensar em fazer o que a havia pedido, aproveitou a oportunidade para olhá-la uma última vez. Foi a troca de olhares mais triste que eles já tiveram. Ambos sentiram isso.

Não tinha Mark. Não tinha Brooke. Não tinha motivo dessa vez. Ambos sabiam o que sentiam, mas isso não foi suficiente para fazê-los ficarem juntos. Era frustrante para os dois, mas era ainda mais frustrante para o . ainda tinha seu medo e seu orgulho como justificativa, mas o não tinha nada. Em silêncio, mais uma vez deixou que seus olhos percorressem por todo o rosto da . Ele queria memorizar cada detalhe. não tirava os olhos dele, porque ela simplesmente não conseguia fazer outra coisa quando ele estava bem em sua frente. Ela notou ele se mover para colocar uma de suas mãos no bolso da sua calça moletom. o viu tirar um objeto do bolso e em seguida encará-lo em uma de suas mãos. De onde estava, ela não conseguiu identificar o que era.

- Acho que preciso te devolver isso. – parecia triste ao esticar o seu braço na direção da . Ela ainda não sabia o que era, mas se aproximou para pegar o que quer que fosse. Estendeu sua mão e sentiu pela primeira vez em muito tempo o toque do , quando ele colocou o objeto em sua mão. A mão molhada dele acabou molhando a mão dela. Ele aproveitou para segurar as pontas dos dedos dela por alguns segundos. – Não me pertence mais. – disse, soltando a mão dela. Ele não queria soltar. Isso quebrou o coração dele.

Com o coração ainda descompassado por ter sido tocada por ele, deixou de olhá-lo para ver o que o tinha colocado em sua mão. Reconheceu imediatamente o coração comprado no Camping há anos. Aquele era um dos presentes que ela tinha comprado para dar a ele no aniversário de 1 ano de namoro que, na verdade, nunca aconteceu. ficou em choque ao deparar-se com aquele coração novamente. Ela achou que nunca mais veria aquilo. Mesmo após o reencontro deles em Nova York, nunca tinha ido atrás daquele bilhete enterrado naquela praça. Por que ele traria isso à tona logo agora?

Parada na varanda com aquele coração nas mãos, levantou o seu rosto e viu o de costas. Ele estava caminhando na direção de seu carro. continuou olhando para ele e reparou que os passos dele pareciam ser dados em câmera lenta. Ela estava vendo-o se afastar em câmera lenta. Era como se o inconsciente dela estivesse dando a ela o tempo que ela precisava para tomar uma atitude. continuou olhando-o se afastar e era como se todos os instintos, era como se cada parte dela gritasse para que ela fosse atrás dele. Ela ainda resistiu por algum tempo, enquanto encarava novamente o coração em suas mãos. Um breve filme passou pela cabeça dela, fazendo com que ela se lembrasse de cada etapa, de cada presente providenciado por ela no aniversário de 1 ano de namoro deles. Ela lembrou-se mais especificamente da música que ela havia e escrito e cantado para ele. Lembrar-se da letra a tocou muito forte.

Olhando para aquele coração em sua mão, um simples objeto que trazia consigo a esperança de uma garota que, na época, esperava viver um conto de fadas ao lado do garoto mais bonito e popular da escola. Até então, eles eram um casal qualquer. Eles já tinham sim passado por alguns mal bocados, mas nada se comparou ao que eles viveram depois. Aquele coração, que era um símbolo do período mais puro e calmo da relação deles, hoje estava nas mãos da mesmo depois de tantos anos. O que isso deveria significar? Seja lá o que fosse, entendeu e sentiu como nunca.

O rosto, o corpo e suas roupas continuavam completamente molhadas, mas parecia não sentir nada. A cada passo que ele dava, parecia um passo mais próximo daquele túnel escuro que parecia não ter fim. estava desolado, perdido e completamente machucado emocionalmente. Ele sentia que ia desabar a qualquer momento, mas seus passos continuavam no mesmo ritmo. Ele não conseguia aceitar que ele tinha perdido a . Depois de levar uma de suas mãos até o seu cabelo e agitá-lo para tentar tirar um pouco de toda a água acumulada, se atreveu a olhar para trás e ao ver que a ainda olhava ele se afastar, ele não conseguiu conter suas lágrimas. Cada passo o levava para mais longe de onde ele queria estar. Ele só queria poder andar na direção dela.

fechou a mão, apertando o objeto em sua mão. Ela estava chorando e sabia exatamente o porquê. Ela olhou na direção do e ele continuava dando passos largos na direção de seu carro. Era como ver a sua única chance de ser plenamente feliz indo embora. sabia que aquela era a oportunidade que ela tem buscado incansavelmente todos os dias do último ano. A mão ainda apertava o coração e ela sentia, mais forte do que nunca, que aquilo pertencia e sempre pertenceria ao . respirou fundo e foi nesse momento que ela deixou que desabasse o restante da barreira que ela mesma havia construído em volta de seu coração. Um simples suspiro que deixou o medo, o orgulho e qualquer outra coisa que a impedisse para trás. Ela sabia o que tinha que fazer.

O objeto ainda estava em suas mãos quando ela desceu rapidamente os degraus da varanda e sentiu as gotas de chuva caírem sobre a sua cabeça e sobre as suas roupas. A chuva fria não a intimidou nem um pouco. O coração nunca esteve tão acelerado. Para ela, o já não andava mais em câmera lenta e isso fez com que ele aumentasse o ritmo de seus passos. Mesmo andando rápido, estava muito a frente e ela achou que não o alcançaria a tempo. Ela precisava fazê-lo parar.

- Você ouviu a música!? – gritou na direção do , que ao ouvir a voz dela parou de andar na mesma hora. Ao contrário do coração acelerado dela, o dele parecia ter parado de bater. Apesar de parar de andar, ele não olhou para trás. ficou com medo de estar alucinando. Ele não queria lidar com a frustração que sentiria se olhasse para trás e visse a porta da casa fechada.

Quando o parou de andar, a fez o mesmo, pois achou que ele olharia para ela. Assim que notou que ele não se viraria, voltou a andar na direção dele. A chuva parecia estar aumentando conforme a velocidade dos passos dela aumentavam. ficou esperando qualquer outro indício que o fizesse se virar. Foram longos segundos questionando a sua própria insanidade.

- Você tocou a música? – perguntou em um tom de voz mais baixo, pois estava logo atrás dele. Ela encarou as costas dele, ansiosa para que ele se virasse. Ele pretendia se virar, mas ao ouvir a voz da novamente, ficou ainda mais emocionado. Ela notou, é claro, e por isso fez o que estava ao seu alcance naquele momento. passou pelo e colocou-se em sua frente. Ao notar que ela estava bem em sua frente, ele levantou a sua cabeça e mesmo com a expressão de choro, a encarou. Sem dizer absolutamente nada, houve uma nova troca de olhares. A expressão no rosto da era outra e o não escondeu sua satisfação em vê-la tão molhada quanto ele. Ele só conseguia pensar no quanto ela era linda e no quanto ele a amava. O coração dele ganhou vida novamente. – Você também deve ter encontrado a minha música. – insistiu no assunto, mas, dessa vez, estava olhando nos olhos dele.

- Desde o momento que eu a escutei pela primeira vez, eu não consegui parar de ouvir. – deixou um discreto sorriso escapar ao mencionar a música.
- O que você achou? – queria a opinião dele. Era importante para ela. Ela tem esperado isso por anos.
- Eu não consigo tirá-la da cabeça. Eu acho que você tem um HIT nas mãos. – disse, conseguindo o primeiro sorriso da noite. O jeito que ele olhava para ela quando a via sorrir não tinha mudado. Essa a maior prova de todas de que o antigo Jonas estava de volta. Após uma troca de olhares, onde nenhum deles sabia o que fazer, levou uma de suas mãos até a dele e a segurou, colocando nela o coração que ele havia devolvido há alguns minutos e fechando-a em seguida. – Eu disse que não aceitava devoluções, lembra? – soltou a mão dele e viu ele encarar o coração. Ele sabia o que aquilo queria dizer: o coração dela ainda era dele.

parecia estar sonhando. Ele foi do inferno ao céu em questão de minutos. Como era possível alguém ter tanta influência na vida de outra pessoa? fechou sua mão e a apertou, enquanto voltava a olhar para a . Ele afirmou com a cabeça, como se dissesse: ‘Não se preocupe. Eu vou cuidar disso com a minha vida.’. Apesar de sentir que já poderia tentar qualquer tipo de aproximação, não sentiu segurança na expressão séria no rosto da . Ela parecia insegura e não demonstrava estar completamente decidida sobre o assunto. continuou olhando para ela, esperando que ela expressasse o que a afligia.

- Como eu vou saber se vai dar certo dessa vez? – perguntou a ele. – Nós tentamos tantas vezes e nunca deu certo. Por que daria certo agora? – Ela ergueu os ombros. – Como eu vou saber se na primeira briga que tivermos, você não vai desistir de tudo? Como eu posso ter certeza de que você não vai desistir de mim de novo? – Apesar de ter ido até ali e ter deixado subentendido que o coração dela ainda era dele, ainda tinha suas inseguranças. Ela precisava de algo que a fizesse a acreditar neles novamente.

- Da mesma maneira que eu soube. – afirmou, olhando nos olhos dela. Ela não entendeu o que ele quis dizer, até vê-lo fechar os olhos.
- Eu vejo... um aeroporto. Eu estou lá com um buquê de flores nas mãos porque eu sei que você vai chegar a qualquer momento e que estará muito aflita por passar horas dentro de um avião e aquele buquê seria um ótimo pretexto pra te fazer sorrir. As nossas famílias e os nossos amigos estão escondidos e espalhados pelo aeroporto, porque eles sabiam muito bem que eu pretendia te pedir em casamento ali mesmo. – falava com muita tranquilidade sobre o que ele queria e via em seu próprio futuro. Ele achava que a merecia ouvir e saber o que ele pretendia em seu futuro, já que ele tinha lido no livro de capa azul sobre as ambições que ela tinha no futuro dela. – Eu tinha desistido de fazer o pedido de casamento na escola, porque em outro momento eu já tinha te falado sobre isso e não seria mais surpresa. – Ele completou, sem saber que tinha conseguido arrancar um doce sorriso da . – Você estava voltando da sua última viagem pra África. Sim, foram muitas, mas nós fomos fortes como sempre deveríamos ter sido. Você apareceu na porta de desembarque, atrasada como sempre, e quando me viu, deu aquele sorriso que só eu tenho o privilégio de receber. Você correu na minha direção e pulou nos meus braços, me dando o melhor beijo de todos. – Olhando para ele, a parecia conseguir enxergar a mesma cena que ele descrevia e isso aqueceu o coração dela de uma maneira surreal. – Depois de dizer milhões de vezes o quanto eu tinha sentido a sua falta e de você ficar toda desconsertada com o meu buquê, eu te disse que precisava te dizer uma coisa muito importante e você nem desconfiou. Eu te disse que eu tinha tomado a decisão mais importante da minha vida, que ao mesmo tempo era a mais fácil de todas, mas ressaltei que eu precisava da sua ajuda e da sua permissão. Na mesma hora, você se colocou à disposição e me perguntou o que eu precisava que você fizesse e fez questão de dizer que faria qualquer coisa. Foi quando eu te disse que precisava que você se casasse comigo, que eu precisava que você fosse a minha esposa e a mãe dos meus filhos. Você não estava esperando, estava no seu rosto. Eu me ajoelhei com aquela caixinha branca nas mãos e você estava rindo e ao mesmo tempo estava chorando. Quando você disse sim, o aeroporto todo vibrou como se fosse a final do superbowl. – Ele sorriu, mesmo com os olhos fechados.

já estava completamente convencida sobre ficar com o . Ela já sabia, mas não quis dizer nada, pois queria ouvir as próximas cenas que ele descreveria. Os olhos estavam marejados não só por ouvir sobre o pedido de casamento, mas pela sensação tão boa de ter certeza do que estava fazendo, pela sensação de tranquilidade e calmaria por saber que ela não precisava mais sentir medo da decepção. já sabia, ela sentia que dessa vez as coisas seriam completamente diferentes entre eles.

- Depois, eu vejo essa casa grande e bonita. Nós dois estamos na cozinha. Eu estava fazendo o chocolate quente e você estava fazendo a pipoca. Nós estamos rindo de alguma coisa boba que eu disse e depois de tudo pronto, levamos a garrafa de chocolate quente e a pipoca para o cômodo ao lado. Nos aproximamos da mesa de jantar e nos sentamos ao lado de duas crianças. Um menino e uma menina. O menino se parecia com você e tinha o seu sorriso e o seus olhos, mas a menina se parecia comigo. Eles estavam nos esperando para jogar um jogo de tabuleiro que já estava sobre a mesa. Estávamos todos brincando, mas nós dois parecíamos nos divertir mais do que as próprias crianças. Comemos e bebemos durante todo o jogo. A menina ganhou o jogo e ficou se gabando, enquanto o menino não dava o braço a torcer e pedia a revanche. Eles eram verdadeiras miniaturas de nós dois. – estava extremamente emocionada. Mesmo com o sorriso no rosto, as lágrimas escorriam pelo seu rosto e se juntavam as gotas de chuva. – Depois do jogo, nós levamos as crianças para a cama. Naquela noite, eu coloquei o menino para dormir e você, a menina. Nós revezávamos todos os dias. Assim que eu consegui fazer o menino dormir, eu fui até o nosso quarto e você já estava lá me esperando, como sempre. Você era muito melhor em fazer as crianças dormirem do que eu. Você sempre voltava para o nosso quarto antes. Apesar de aparentemente cansados, assistimos o nosso programa de tv favorito juntos e você adormeceu nos meus braços. – agradeceu mentalmente por estar com os olhos fechados, pois assim a não notaria as lágrimas nos olhos dele.

O futuro que o via ao lado da , as coisas que ele queria realizar e viver com ela eram extremamente significativas para ela, pois se encaixavam exatamente ao futuro que ela desejava ter. Ele também a via em seu futuro, exatamente da maneira que ela o via: um companheiro de vida, um marido dedicado e o pai mais incrível que seus filhos poderiam ter. O casamento e a maternidade não estavam nos planos agora, é claro. Eles ainda precisavam conquistar algumas coisas individualmente, mas ambos sabiam que trilhariam esse futuro juntos.

- E por último, eu me vejo tão velho. Eu estou um pouco mais gordo, os cabelos grisalhos, mas o charme ainda era o mesmo. – brincou, pois estava nervoso demais sem saber o que estava acontecendo. Os olhos fechados não deixavam que ele visse as expressões e reações no rosto da . O que ela estava pensando? Mal sabia ele que já tinha conseguido sua garota de volta. – Você estava sentada na cadeira de balanço ao meu lado. Você continuava linda e o sorriso continuava exatamente igual. – não conseguiu conter as lágrimas. Ela estava tão fascinada pelo e por cada palavra que saia da boca dele, que ela mal notou suas próprias lágrimas. Elas escorreram pelo rosto molhado sem que ela percebesse.

amava profundamente aquele cara, bem na frente dela. Era um amor louco, insano e mais forte do que qualquer outro sentimento no mundo. Isso a consumia por completo. O amor que o também sentia por ela era a única coisa no mundo capaz de fazê-la se sentir tão viva. Foi como acender uma luz forte e brilhante dentro dela em meio a toda a escuridão que a consumia diariamente no último ano. Viver aquele amor era tudo o que ela precisava para ser feliz de novo. Parada, ali na frente do , encarando ele, apreciando cada detalhe do rosto dele e a maneira com que ele pronunciava as palavras, ela soube que não precisava de mais nada além daquilo, daquele homem, daqueles olhos, daqueles lábios, daqueles braços fortes, daquela voz e de tudo o que amar ele significava. Naquele momento, ainda ouvindo ele descrever um futuro onde eles envelhecem juntos, se aproximou e parou a uma distância, onde a ponta do nariz dela ficava apenas 3 dedos de distância da ponta do nariz dele. não notou a aproximação e por isso contou descrevendo a cena. Se tivesse notado, certamente teria se desestabilizado por completo.

- Uma menina de mais ou menos 18 anos nos aborda. Pela idade, deveria ser a nossa neta. Ela era linda. Ela lembrava muito você quando tinha a mesma idade. Parecendo ansiosa, ela me pediu para ler para ela mais um capítulo da história. Nós nos olhamos, você se levanta e menos de um minuto depois você volta, se senta ao meu lado e me entrega o velho livro de capa azul. – Olhando o rosto do de ainda mais perto e ouvindo aquela voz grave que a fazia estremecer, deixou que ele continuasse a descrever aquela cena. Ela estava esperando ansiosamente para que ele abrisse os olhos e a visse tão perto. - A menina se senta na nossa frente, no gramado daquele quintal enorme que nós sonhamos tanto em ter e eu começo a ler um capítulo para ela. Nós olhos dela eu vejo a esperança de encontrar um amor como o nosso e... – não conseguiu esperar ele terminar. Ela não esperaria nem mais um segundo. Ela o interrompeu com um beijo que ela estava guardando há quase dois anos.

Quando sentiu os lábios dela, quando recebeu o beijo que ele sonhou e desejou tanto receber naquela noite, sentiu uma paz que ele não saberia explicar. Era uma mistura de alívio, amor e saudade. Tudo ao mesmo tempo. Os lábios ainda se encaixava exatamente como no primeiro beijo. O frio na barriga também era o mesmo do primeiro beijo. O amor, esse sim, era milhões de vezes maior do que o que ele sentiu no primeiro beijo. Tê-la em seus braços novamente era a melhor sensação do mundo. Ele estava realizado. Ele estava completo de novo.

Enquanto a tocava o rosto do com uma de suas mãos e guiava o beijo, ele passou seus braços em volta da cintura dela e a pressionou contra o seu corpo, quase como um abraço. Ele precisava sentir o corpo dela no seu. Ele só conseguia pensar no quanto ele havia sentido falta de tocá-la. A chuva não cessava e, por eles, ela podia cair a noite toda. O beijo foi tão longo quanto se esperava, afinal, foram mais de dois anos separados. Quando um dava sinais de que ia terminar o beijo, o outro não deixava. As mãos do se revezavam entre a cintura e o rosto da , assim como as mãos dela se revezavam entre o rosto, a nuca e os braços.

O beijo continuaria a noite inteira na chuva se o não tivesse tomado a iniciativa de descer suas mãos até as coxas da para levantá-la do chão. As pernas dela ficaram na altura da cintura dele. Foi a maneira mais sutil de tirá-la da chuva, além de tê-la em seus braços, é claro. a colocou de volta no chão, quando chegou na varanda da casa. Eles ainda se beijavam, enquanto o a empurrava calmamente até a porta da casa. Ele a encostou na porta e chegou a tocar a maçaneta para abri-la, mas uma das mãos da impediu ele.

- Espera. – interrompeu o beijo com um pouco de dificuldade. Ela não queria parar de beijá-lo. Ainda atordoado e completamente fora de si, a olhou, sem entender o que tinha acontecido. A proximidade entre eles se manteve. Isso ajudou a a olhar diretamente nos olhos dele. Ela continuava entrelaçada nos braços dele. – Você precisa saber que se você passar por essa porta, não tem mais volta. Não importa quantas brigas nós tivermos, não importa o quão mimada, chata e egoísta eu seja. Você vai ter que me aturar pelo resto da sua vida, porque eu não vou te deixar ir embora de novo. – Ela disse de maneira séria, colocando-o contra a parede. Antes de qualquer coisa, ela queria que ele estivesse ciente de onde estava se metendo. Mesmo sabendo que o assunto era sério, não conseguiu deixar de notar o quão adorável e encantador foi vê-la falar daquela maneira.
- Você fala como se eu tivesse opção. – negou sutilmente com a cabeça, mantendo os olhos fixos nos lábios dela. O silêncio e os olhos dela exigiam uma resposta melhor. – Eu perdi todas as outras opções que me restavam quando você decidiu abrir essa porta hoje e eu te vi. – Apesar da vontade maluca de beijá-la, ele conseguiu se segurar, pois percebeu que aquilo era realmente importante para a . Ela merecia ouvir aquilo. – Eu não sei se você já percebeu, mas você tem tudo nas mãos. Você tem o meu amor. Você tem o meu coração e todo o resto. Você tem a minha admiração, minha felicidade, o meu melhor sorriso e o meu melhor beijo. Você tem a minha vida. Você é a minha vida desde que você entrou nela. – O olhar tão apaixonado e aquele sorriso bobo, quando ele viu a expressão no rosto da mudar, foi muito mais do que suficiente para convencê-la. – Acredite, eu tentei viver de outra maneira. Sem você, eu não consigo. – Ao ver os lábios da esbanjarem um lindo sorriso, ele se permitiu roubar um lento selinho dela. – Então, sim. Eu vou ser obrigado a te aturar pelo resto da minha vida e... – Ele afastou um pouco o seu rosto do dela para poder olhar em seus olhos. Uma das mãos dele alcançou o rosto dela e o acariciou, entrelaçando em seus fios de cabelo em seguida. – Eu prometo fazer tudo; eu prometo dar o meu melhor para que você continue não me deixando ir embora de novo, mesmo sabendo que jamais irei. – O coração da estava completo e já não tinha mais espaço para tanto amor. Entrelaçada nos braços dele, ouvindo tudo o que ela sempre quis, olhando de perto o cara mais bonito que ela já tinha conhecido, ela não conseguia acreditar que era real, que estava mesmo acontecendo. Foi ela quem selou os lábios dele dessa vez.
- Eu amo você. – sussurrou, assim que descolou seus lábios dos lábios dele.
- Fala de novo. – sorriu, mantendo a ponta do seu nariz colada a ponta do nariz da .
- Eu disse ‘amo’? Eu quis dizer ‘odeio’. – Eu brinquei, fazendo careta. Ele cerrou os olhos.
- Amar, odiar... não importa. Para nós, os dois querem dizer a mesma coisa. – só deixou de sorrir, porque necessitava roubar mais um beijo. não deixou que o beijo se prolongasse, pois tinha algo em mente. Interrompeu o beijo novamente e dessa vez afastou-se um pouco mais dele. Ele ficou ali parado, observando-a tocar a maçaneta da porta e abri-la. entrou e ficou na porta, esperando que o entrasse.
- Bem vindo de volta a minha vida. – disse, olhando para o que ainda estava do lado de fora da casa. a olhou com carinho e entendendo perfeitamente o significado daquilo, ele entrou na casa. Ao passar por ela, tocou uma das mãos dela e entrelaçou seus dedos nos dedos dela. Mantendo a mão entrelaçada, fechou e trancou a porta da casa. – É um prazer te receber de volta. – Ela brincou, começando a puxá-lo sutilmente pela mão. dava alguns passos para trás e começou a trazê-lo para o fundo da sala de estar, próximo a lareira.
- O prazer é todo meu, acredite. – respondeu, deixando ela guiá-lo. Ele começou a andar mais rápido, fazendo com que a distância entre eles diminuísse. – Sua mão está gelada. – Ele finalmente percebeu.
- Eu sei. É por isso que estamos indo para perto da lareira. – riu, dando indícios de que estava com frio. Ele chegou na lareira antes dela e ao puxá-la, ele a trouxe para bem perto dele, beijando-a. Os lábios da já estavam congelando, quando o a beijou, fazendo com que os lábios se esquentassem novamente. deixou que ele guiasse o beijo dessa vez, mas levou algumas borboletas de volta ao estomago dele, quando levou sua mão até a nuca dele e passou a brincar com os fios de cabelo dele que ficavam próximos aquela região, como ela costumava fazer.

Era simplesmente inevitável que o beijo não os levasse a fazer outras coisas. Foi a quem começou, tirando a blusa de moletom do , que por sinal estava pesada porque estava molhada. Ele a ajudou, é claro. Para a sua surpresa, deparou-se com uma camiseta regata, que o estava usando por baixo do moletom. Por um momento, foi bom lembrar como ele ficava extremamente sexy usando uma camiseta regata. aproveitou logo a oportunidade para se livrar da blusa de moletom que a também usava. Depois de deixar a peça de roupa cair no chão, ele passou as mãos pelo cabelo dela, que havia ficado bagunçado por causa da retirada da blusa. não resistiu a proximidade e o beijou. Ela não queria perder a oportunidade de ter aqueles braços fortes e, agora, também descobertos, em volta do corpo dela. desceu suas mãos pelo cabelo, passou pelos ombros, pela alça do sutiã preto que ela usava, pelos braços e enfim chegou à cintura.

Os lábios do desistiram dos lábios da por um momento e passaram a explorar a área do pescoço. Ela segurava a regata dele com as unhas e deixava que ele explorasse o quanto quisesse. deixou que ele continuasse com a regata até quando ela aguentasse e isso durou até o momento que os lábios dele desceram de seu pescoço e continuaram descendo. Ela tirou a regata dele e ambos aproveitaram a interrupção para tirar seus respectivos tênis e meias. aproveitou que ambos se abaixaram para tirar seus calçados e quando o fizeram, ele achou melhor manter as coisas ali embaixo mesmo. era bem mais rápido do que a e tirou o seu calçado antes, aproveitando para se aproximar dela, enquanto ela ainda tirava o seu tênis. Mesmo sem ter a atenção dela, se debruçou por cima dela e começou a beijar carinhosamente o seu pescoço. estava um tanto quanto fora de si e por isso não conseguia ser ágil o suficiente para tirar o seu tênis com rapidez. Assim que se viu livre do tênis e das meias, ela levou suas mãos até o rosto do e trouxe seus lábios ao encontro dos lábios dela. Ele aproveitou e terminou de jogar o seu corpo por cima do dela, fazendo-a deitar-se no tapete extremamente confortável que ficava na frente da lareira.

Apesar de toda a afobação e excitação, e estavam tentando levar o momento com calma para que eles pudessem aproveitar cada segundo daquilo. Era inexplicável a sensação de estarem nos braços um do outro novamente. A química era enorme, a tensão sexual era insana e o desejo de ambos era gritante. Os corpos pareciam se encaixar perfeitamente. A maneira com que um era fascinado pelo corpo um do outro era surreal. A troca de caricias era inevitável e muito bem vinda para os dois. e sabiam exatamente do que o outro gostava, por isso era tão natural aquele momento entre eles.

jogou o seu corpo por cima do corpo do , ficando por cima. Querendo evitar uma nova interrupção do beijo que deveria acontecer para que ele retirasse a calça do moletom da , resolveu explorar a área, colocando as mãos por dentro da calça dela. As mãos dele subiam pelas costas, apertavam a cintura e exploravam o quadril, quando colocadas por dentro da calça. Se o não queria interromper o beijo, a foi obrigada, por realmente precisava se livrar da calça do . Aproveitou para tirar a calça e a cueca de uma só vez. Como ela adorava torturá-lo, ao invés de levar seus lábios direto ao encontro dos lábios dele, ela parou logo acima da cintura e depositou beijos intensos por todo o tanquinho dele, depois pelo peitoral e em seguida no pescoço.

Eles tinham as melhores preliminares. Era impressionante o que se pode conseguir quando você conhece tão bem a outra pessoa, quando se tem um nível de intimidade e quando os corpos se conhecem só ao se tocarem. Enquanto depositava os beijos em seu pescoço, as mãos de faziam o trabalho. Primeiro se livraram do sutiã e depois foram abaixando a calça dela aos poucos. ajudou o a terminar de tirar a calça e logo voltou a colar o seu corpo ao dele. Como ele havia se sentado, ela fez questão de se sentar no colo dele, ficando de frente para ele. a acolheu e a mão que ele levou até as costas descobertas dela o ajudou a aproximar ainda mais o corpo deles. Eles se olharam de muito perto e levou uma de suas mãos até o rosto dele. Acariciou a barba até chegar no queixo, onde ela segurou a ponta da barba dele, que estava um pouco mais comprida do que o normal. Aliás, aquela barba o deixava extremamente sexy na opinião dela.

- Eu adorei a barba. – elogiou, se aproximando e selando os lábios dele. – E o perfume... – Ela deslizou até o pescoço e sentiu o perfume maravilhoso dele. – Ainda é o mesmo. – sussurrou entre um beijo e outro que ela depositava no pescoço dele. já estava no seu limite, mas estava dando o seu máximo para se segurar um pouco mais. Ela conhecia muito bem aquele sorriso dele em que ele prendia o lábio inferior entre os dentes, pois estava tentando conter a sua excitação. Ele interrompeu um dos beijos para se inclinar por um momento para pegar a sua carteira no bolso da calça que ele havia tirado. sabia que tinha um preservativo lá. – Prevenido, como sempre. – brincou, quando viu o que ele tinha pego na carteira.
- Quando se trata de você, não pode faltar. – fez careta, fazendo a rir, sem emitir qualquer som. Ele era fascinado com o riso da . Ele não conseguia nem disfarçar. Manteve o preservativo em uma das mãos e a outra, levou até o rosto da . Encarou o sorriso dela por alguns segundos.
- O que foi? – perguntou, notando aquele olhar diferente.
- Eu senti sua falta. – disse, vendo a corar. – De você, do seu sorriso, do seu cheiro, do seu corpo, do seu beijo, de tudo. Cada detalhe. – Ele se declarou, olhando ela nos olhos.
- Eu também senti a sua falta. Todos os dias. – Assim que ouviu a , a beijou e por estar segurando o rosto dela, pode conduzir o beijo. Ele começou a empurrar o corpo dela para trás e a segurou até que as costas dela tocassem novamente o tapete. Ele a beijou por algum tempo, mesmo tendo o preservativo nas mãos. Os beijos dela eram simplesmente indispensáveis.

Durante o beijo, aproveitou para tirar a parte debaixo da lingerie, que era a única peça de roupa no corpo dela. Assim que se viu livre da calcinha, o preservativo voltou a se tornar a prioridade. Interrompeu o beijo para olhar suas mãos, que rasgavam o pacote de preservativo. era ansiosa demais e provocá-lo era realmente um dom que ela tinha. Ele tentava se concentrar em abrir e colocar o preservativo, mas ela começou a beijar o seu pescoço. Os beijos estavam mais intensos agora.

Era muito fácil tirar a concentração e o foco do para qualquer coisa. Com muito custo, ele conseguiu vestir o preservativo e finalmente pode dar a a atenção que ela estava exigindo. À princípio, ele roubou um beijo dela e depois distribuiu beijos em cada parte do corpo dela. Os beijos e as mãos desciam livremente pelo corpo dela. tentava se controlar, mas quanto mais rápido os movimentos ficavam, mas ela perdia o controle de si mesma. As mãos dela apertava com força as costas do , que não parou até levá-la ao ápice.

Ali, em frente àquela lareira, preparou o segundo round. havia levado ela às alturas com muito mérito e ela sentia que devia algo a ele. Após um beijo, ela foi se sentando aos poucos e foi empurrando o para que ele se sentasse também. Ela se acomodou no colo dele e é claro que ela também aproveitou para explorar cada centímetro daquele peitoral que a deixava simplesmente louca. Foi a vez dela de distribuir beijos, mas as mãos dele continuavam na ativa. Elas desciam até as coxas e alcançavam os seios dela com uma agilidade incrível. bem que tentou, mas não era muito difícil levá-lo ao seu ápice. A era profissional naquele assunto. estava fazendo um trabalho excepcional, mas o também tinha suas jogadas de mestre. Em segundos, conseguiu reverter o jogo para o lado da pela segunda vez na noite. Eles tinham matado da saudade com estilo.

Exaustos, e resolveram permanecer no tapete. Ela apenas se levantou para ir ao banheiro, mas foi coisa rápida. Aproveitou para vestir de volta a sua lingerie e o fez o mesmo com a sua cueca, enquanto ela estava ausente. não se cansava nunca da . Ele aproveitava toda e qualquer oportunidade de apreciá-la. Os olhos admiravam cada parte do corpo dela com aquele sorriso estupidamente bobo, enquanto ela se aproximava, depois de ir ao banheiro. Ela voltou a se deitar em frente a lareira, deitando o seu corpo em cima do dele. a acolheu em seus braços e uma das mãos dele começaram a acariciar a cabeça dela. A outra mão dele estava esticada no tapete na direção da lareira. Ambos olhavam para a lareira, que era parecia ser o melhor lugar da casa por causa do frio. Eles já estavam praticamente secos, mas o cabelo de ambos continuava úmido. esticou o seu braço ao lado do braço do e tocou a mão dele. Ele entrelaçou seus dedos nos dedos dela. Em silêncio, eles apreciavam a presença um do outro. Talvez, nenhum deles tivesse imaginado um final tão épico quanto aquele.

Com o carinho que o estava fazendo em , foi impossível que ela não dormisse bem ali nos braços dele. Honestamente, ele não se importou nem um pouco. Tê-la em seus braços era o que bastava. Com ela dormindo com a cabeça deitada em seu peito, ele não conseguia tirar o sorriso do rosto. nunca tinha se sentido tão feliz, tão completo, tão em paz como naquele momento. O coração dele estava completo, estava curado de qualquer dor. Estar com a era a certeza de que não existia qualquer outra pessoa no mundo que pudesse substitui-la.

aproveitou aquele pequeno e simples momento de felicidade o quanto pode. Quando percebeu que o cochilo da tinha se transformado em um sono mais pesado, ele achou que ela pudesse estar desconfortável ali, mesmo ele querendo fazer dos braços dele o lugar mais confortável do mundo para ela. Não era o suficiente. Não importa se a lareira era o lugar mais quente daquela casa no momento. Quando se quer dormir, você só precisa de conforto. até tentou sussurrar o nome dela para não a assustar, mas não foi suficiente. Ele não queria acordá-la. Com cuidado, ele conseguiu tirar a de cima dele e a colocou no tapete. Dessa forma, ele pode pegá-la no colo. Com todo o cuidado do mundo, subiu a escada e a levou até o seu quarto. Ele conhecia muito bem o caminho.

inevitavelmente acordou durante o caminho, mas ainda estava bastante sonolenta. Ela percebeu que estava sendo transportada com muita cautela para não ser acordada e ela não queria estragar aquele gesto tão doce e genuíno do . Entre um cochilo e outro, ela notou quando o a colocou em sua cama e a cobriu com todo o zelo do mundo. se aconchegou em sua cama, mas no segundo em que notou que o se deitou ao seu lado, ela foi logo atrás do calor dos braços dele. Talvez, a saudade que parecia não cessar estava exigindo o máximo de contato possível. Mais uma vez, aconchegou a sua cabeça no peito dele e ele achou graça por ela fazer isso mesmo estando extremamente sonolenta. Ele a acolheu, é obvio. Quanto mais tempo a tendo em seus braços, melhor.

Ambos adormeceram nos braços um do outro e dormiram por quase 2 horas. foi o primeiro a acordar e estranhou quando notou que a tinha saído de cima dele e estava um pouco mais distante. O sono dele tinha sido tão pesado, que ele mal notou o afastamento. Nem mesmo a deve ter percebido, já que tudo aconteceu de maneira involuntária. Na cama, ainda atordoado, procurou por seu celular e lembrou-se que ele tinha ficado em seu carro. Recorreu ao relógio que havia no criado-mudo ao seu lado para ver as horas. Coincidentemente ou não, o relógio marcava 03:25 da madrugada. É claro que ele não perderia a oportunidade.

se levantou da cama e antes de sair do quarto vestindo apenas sua cueca, ele se certificou de que a estava realmente dormindo. Ela parecia estar tendo o melhor dos sonhos. Antes de descer para o andar debaixo da casa, ele passou pelo quarto onde ele costumava dormir quando ele ainda frequentava aquela casa e depois de muito procurar, encontrou um shorts de um pijama antigo que ele havia deixado ali há anos. Aparentemente, ninguém havia mexido naquele guarda-roupa desde então. Ele também encontrou uma regata branca e a vestiu. Após sair do quarto, ele desceu a escada e foi até a cozinha. Ele foi recebido na mesma hora por latidos. Buddy havia acordado, quando o acendeu a luz da cozinha.

- Hey. Hey. Shhhhh! Você vai acordar ela. – se abaixou para acalmar o cachorro, que não parava de lambê-lo. Ele estava eufórico por rever o . – Calma, amigão. Eu estou aqui. – Ele riu, acariciando a cabeça do cachorro. – Você continua bonitão, hein? – brincou, olhando de perto para o cachorro. – Eu também senti saudades. – Ele sorriu, quando o cachorro fez alguns sons. Parecia até que ele estava respondendo. – Quer me ajudar com o chocolate quente? – se levantou, mas o cachorro continuou ao seu lado.

Os latidos tinham acordado a . Apesar de ter o sono pesado, ela tinha se acostumado a ficar sempre alerta desde que tinha ido morar sozinha. Os latidos do Buddy serviam de alerta, então ela sempre acabava acordando. A primeira coisa que ela percebeu foi que o não estava ao seu lado. Por poucos segundos, ela teve a sensação desesperadora de que tudo não tinha passado de um sonho. Ela só se acalmou quando olhou para o relógio e constatou que eram 03:34. O sorriso dela foi inevitável. Um sorriso de alívio, de felicidade e de saudade. Os barulhos que vinham do andar debaixo da casa a fizeram ter certeza de que era real. se levantou da cama e foi até o guarda-roupa para pegar uma camiseta para vestir por cima da lingerie. Vestiu a camiseta e desceu imediatamente para o segundo andar. No caminho, foi ajeitando o seu cabelo e a lingerie. Ao entrar na cozinha, se deparou com o de costas. Ele estava mexendo no fogão e não notou quando ela se aproximou. o abraçou por trás e depositou um beijo carinhoso nas costas dele.

- Hey. – tocou as mãos dela, que se encontravam no centro do peito dele. – Achei que você ia se atrasar. – Ele se virou e deu o seu melhor sorriso ao vê-la. Aquele sorriso mais sincero e involuntário de sempre. segurou o rosto dela por um momento, enquanto selava carinhosamente os lábios dela mais de uma vez.
- O cheiro está ótimo. – disse, depois do segundo selinho.
- Eu já acabei. Eu só preciso das canecas. – mostrou para ela.
- Deixa comigo. – se prontificou a pegar as canecas, enquanto ele tirava o chocolate quente do fogo. – Aqui. – Ela colocou as canecas sobre a bancada.
- Obrigado. – agradeceu, trazendo as canecas para mais perto. se sentou em um dos bancos altos e ficou em silêncio observando-o colocar o chocolate quente nas canecas. O cheiro trazia uma nostalgia boa.
- Uau. – elogiou quando o colocou a caneca de chocolate quente em sua frente. – Não acredito que eu vou mesmo tomar isso depois de todo esse tempo. Acho que eu nem me lembro mais do gosto. – Ela estava empolgada com o chocolate quente e a alegria dela causada por uma coisa tão banal como aquela deixava o completamente abobalhado. sabia valorizar cada momento e cada gesto dele e isso o fascinava.
- Eu não faço isso há muito tempo. Espero que tenha ficado bom. Prova um pouco. – pediu, se sentando em um outro banco alto que ficava um pouco distante de onde a estava. Ele esperou que ela provasse.
- Minha nossa! Está maravilhoso! – disse, após o primeiro gole. Ela não sabia o quanto havia sentido falta daquilo até tomar o primeiro gole.
- Sério? Fala a verdade. – ainda não tinha certeza. Achou que ela pudesse estar tentando ser legal com ele.
- Você está brincando? É o melhor chocolate quente que você já fez. – estava sendo completamente sincera. Ela estava saboreando cada gole. Enquanto tomava o seu próprio chocolate, a observava de onde estava. Ele não se cansava nunca de olhar para ela. Tê-la por perto fazia muito bem a ele.
- Por que você está tão longe? Senta mais perto. – pediu, querendo que ela se aproximasse. não hesitou um segundo. Ela segurou a caneca com uma das mãos e com a outra, ela arrastou o banco e o colou ao banco do . Assim que se sentou, quis se virar de frente para ele, mas a proximidade entre os bancos não deixava espaço para que ela colocasse suas pernas, por isso, ela resolveu colocar as suas pernas por cima das pernas do . Ele continuou de frente para a bancada, mas ela estava de lado e de frente para ele. apoiou uma de suas mãos nas coxas da .
- Melhor? – perguntou, referindo-se à proximidade.
- Muito melhor. – aproveitou-se da proximidade para selar os lábios dela. – Então, me conta: o que eu perdi nesses quase dois anos? – Ele queria saber das novidades. olhou para ele e pensou um pouco para responder.
- Estou tentando responder a sua pergunta sem citar os estudos e o estágio. – parecia um pouco frustrada.
- É sério? – não acreditou.
- Se você me desse mais algum tempo, eu podia ter inventado uma resposta menos frustrante. – sorriu. A maneira com que eles estavam sentados permitiu que eles ficassem bem próximos. Isso ajudava na conversa olho no olho. – A intenção era usar esse tempo para focar em mim mesma, em focar única e exclusivamente em mim pela primeira vez na vida, mas... ao contrário do que eu planejei, eu acabei fazendo isso só no âmbito profissional e esqueci completamente do pessoal, que era justamente a parte que mais merecia a minha atenção. – Ela não parecia estar feliz com o que estava contando. – O mais longe que eu cheguei foi esse corte de cabelo. – riu de si mesma.
- Eu ia mencionar o corte de cabelo. – sorriu, olhando para o cabelo dela. – Eu adorei, aliás. – Ele completou.
- Obrigada. – nunca deixaria de ficar sem jeito todas as vezes que ele a elogiava. – A intenção era mudar, descobrir uma nova versão de mim mesma e encontrar um pouco mais de amor próprio todas as vezes que eu olhava no espelho. – Ela estava se abrindo para ele. – Eu falhei nisso também, é claro. – rolou os olhos. – Mas a parte profissional está sendo promissora. – Ela ironizou.
- Que bom que você mencionou esse assunto. Eu pretendia falar com você sobre isso. – ficou mais sério e isso fez com que a também ficasse. – Nas últimas semanas, tudo o que eu tenho feito é ler o seu livro. Eu estava obcecado com ele, mesmo já sabendo toda a história. – Ele disse.
- Por quê? Você já sabia tudo o que ia acontecer. – brincou.
- Eu sabia sim, mas pelo meu ponto de vista. – argumentou. – Dessa vez, eu estava conhecendo e vivendo a história através do seu ponto de vista. Honestamente, parecia uma história completamente nova para mim. – Ele dizia, enquanto me via tomar um novo gole de chocolate quente. – Eu li os seus sentimentos, eu li cada uma das suas angústias, eu li cada um dos seus choros e das suas lágrimas, eu li todas as nossas brigas sob o seu ponto de vista e eu li cada uma das vezes que eu te magoei mesmo sem querer. – parecia se sentir mal ao mencionar seus erros.
- Não precisamos falar disso agora. – não queria estragar o momento.
- Me desculpa, mas nós precisamos sim. Antes de recomeçarmos essa história, nós precisamos. – só insistiu porque sentia que era muito importante. – Ler a história da sua perspectiva e ver você descrever pensamentos e sentimentos que nem mesmo eu conseguia interpretar deixou as coisas muito claras para mim. – Ele continuou. – Antes, eu achava que amar a outra pessoa era suficiente para se manter um relacionamento. Afinal, relacionamento se trata de duas pessoas que se amam, certo? – queria usar as palavras certas. – Errado. – Ele negou com a cabeça. – Eu descobri que antes de amar outra pessoa, você tem que aprender a amar a si mesmo. Você tem que aprender a valorizar as suas qualidades. Você tem que aprender a se enxergar pelo que você realmente é e não pelo que a outra pessoa diz que você é. – dizia e via a concordar com a cabeça, como se ela já tivesse pensado em cada palavra que ele estava dizendo. – Pense sobre a maioria das nossas brigas e das nossas separações. Era tudo sobre confiança. Não só a confiança no outro, mas principalmente a confiança em si mesmo. Estou falando sobre saber quem você é. – Ele queria me explicar. – Pense sobre cada cena de ciúmes que vivenciamos em todos esses anos, por exemplo. Nós amávamos tanto um ao outro, que não dávamos espaço para qualquer amor próprio. Se você sabe quem você é, se você sabe o quão foda você é como namorada, se você se esforça pra enxergar cada uma das suas qualidades, você automaticamente se sente confiante e sabe que não será trocada pela primeira garota que passar por mim em um bar ou por uma ex-namorada completamente alienada. – deu até um exemplo para que ficasse claro.
- Eu já pensei sobre isso milhões de vezes, mas nem sempre é fácil de colocar em prática. – sabia que o estava certo.
- Eu sei disso. Eu me sinto patético por estar falando de uma coisa com tanta propriedade sem ter certeza se algum dia eu vou conseguir colocar isso em prática. Acredite. – se encontrava na mesma situação que ela e isso era reconfortante para ambos. – Por isso, eu sugiro que façamos isso juntos. – Ele propôs. – Eu não faço a menor ideia de como fazer isso, mas eu quero aprender e quero te ajudar. Eu faço qualquer coisa para que o nosso relacionamento dê certo dessa vez. – A última frase arrancou um sorriso da .
- Eu... olho para você e só consigo pensar que eu te amo tanto, que me parece impossível dar qualquer prioridade para o meu amor próprio. – estava sendo sincera. Ela sempre foi péssima com isso de amor próprio. Insegurança poderia tranquilamente ser o sobrenome dela.
- Você não precisa parar de me amar para amar a si mesma. – sorriu ao negar com a cabeça. – Você só precisa se ver exatamente como eu te vejo. – Ele disse como se fosse obvio.
- E como você me vê? – Ouvi-lo dizer, talvez, fosse um bom começo.
- Eu vejo... uma mulher linda de todas as maneiras possíveis. Eu vejo uma mulher incrivelmente forte, que é capaz de enfrentar qualquer coisa. Eu vejo uma mulher dedicada a tudo e a todos que ela ama. Eu vejo uma mulher que se importa até mesmo com alguém que ela mal conhece. Eu vejo a mulher que tem o sorriso e os olhos mais lindos que eu já vi na vida. Eu vejo a única pessoa no mundo capaz de ser tão insuportavelmente adorável fazendo as coisas mais aleatórias, como tomar um chocolate quente, preparar macarrão ou brigar pelo controle remoto. Eu vejo a mulher mais corajosa que eu já conheci, capaz de sonhar em ter um futuro e uma família com um cara como eu. – soube descrevê-la tão bem, que não ficaria tão bom se ele tivesse ensaiado. levou uma de suas mãos até o rosto dele e com o seu famoso sorriso bobo, ela acariciou o rosto, mais especificamente, a barba dele. Ela, inclusive, estava um pouco comovida com as palavras dele. Ele percebeu. – Eu não estou pedindo para que você deixe de pensar nos outros. Eu estou pedindo para que você também pense em você. Estou pedindo para que você dê a si mesma todos os créditos que você merece por cada uma das suas conquistas, suas escolhas e suas decisões. Estou pedindo para que você deixe de se importar com o fato de as pessoas sentirem ou não pena de você, porque você... – Ele apontou o dedo para ela na direção do peito. – Você sabe exatamente quem você é. Eu quero que você se orgulhe todos os dias de quem você vê no espelho. Eu quero que você se ame como eu amo você. – Ele sorriu, pois não queria que ela se sentisse cobrada. Não era uma cobrança. – Eu quero que você se ame, antes de me amar. Antes de amar qualquer pessoa. – continuou. o ouvia atentamente e estava realmente acatando cada palavra daquele conselho tão forte que ele estava tentando dar. – Acha que consegue fazer isso? – Ele perguntou.
- Eu acho que nunca ouvi nada tão maduro sair da sua boca. – estava muito impressionada e o jeito sério com que ela disse a frase o fez rir.
- Qual é! Eu estou falando sério. – fingiu estar frustrado e ela imediatamente agarrou um dos braços dele.
- Eu estou apenas brincando. – riu com os braços em volta do braço dele. O outro braço dele continuava apoiado nas pernas dela e o rosto de ambos continuavam próximos. – Eu... vou ter que trabalhar nisso todos os dias, mas eu prometo tentar e dar o meu melhor. Se isso vai realmente nos ajudar a alcançar o nosso futuro juntos e se é isso o que eu preciso fazer para poder beber esse chocolate quente pelo resto da minha vida, eu faço. – Ela brincou, apontando para caneca de chocolate quente. Ele sorriu na mesma hora, se aproximando ainda mais do rosto dela. o encarou de bem perto antes de acabar com a pouca distância entre os lábios deles. Foi um beijo rápido, mas muito significativo. Eles pareciam estar selando aquele compromisso com aquele beijo.
- Isso vai ter que funcionar, porque eu não suportaria perder você de novo. – sussurrou, após o beijo. Eles ainda estavam de olhos fechados. – Eu não quero construir planos e planejar o futuro com mais ninguém. – Ele disse, colando sua testa a testa dela e mantendo a proximidade.
- Eu não vou deixar isso acontecer. Você tem a minha palavra. – sussurrou com os olhos ainda fechados. Foi uma pena o não ter visto o sorriso confiante no rosto dela, quando ela disse aquela frase.
- Você também tem a minha palavra que eu vou dar o meu melhor nisso. – reafirmou, sentindo seu coração até mais leve por ter conseguido dizer tudo aquilo para ela. Ele sentiu os lábios dela selarem novamente os seus. Assim que descolou os seus lábios dos lábios dele, ela passou seus braços em volta do pescoço dele, abraçando-o.

Agora, além de todo o amor envolvido, as promessas e a vontade de ficarem juntos, o e a tinham um plano para colocar isso em prática. Um plano tão óbvio que também envolvia amor, mas não o que eles tinham a oferecer um para o outro, mas sim o amor que eles tinham a oferecer para si mesmos. Ao mesmo tempo que parecia tão simples, parecia a coisa mais difícil de todas, mas eles fariam isso não só para ficarem juntos, mas por eles. Amar a si mesmo era a primeira coisa que eles fariam exclusivamente por eles, individualmente. Aquela conversa os fortaleceu de uma maneira inexplicável.

- O Buddy está nos encarando. – comentou, durante o abraço. interrompeu o abraço para olhar para o cachorro.
- Ele está todo felizinho por você estar aqui. Ele nem disfarça. – riu da expressão do cachorro.
- Você precisava ter visto a cara dele quando me viu. – comentou, enquanto a tirava suas pernas de cima das pernas dele e se levantava do banco.
- Acho que ele foi a segunda pessoa que mais sentiu a sua falta. – disse, se agachando na frente do cachorro e acariciando seus pelos. Ele estava extremamente cheiroso, já que ela tinha dado banho nele naquela manhã.
- Pode se acostumar comigo, amigo. Vamos nos ver com muita frequência a partir de agora. – disse, depois de se agachar ao lado da e brincar com o cachorro. A frase dele deixou a muito feliz. Ela o olhou com um sorriso admirado, sem dizer nada. Ela estava apenas admirando.
- O que foi? – perguntou, deixando de olhar para o Buddy para olhá-la. As mãos dele ainda alisavam os pelos do cachorro.
- Quer ouvir uma coisa muito ridícula? – estava um pouco sem jeito, mas se sentiu confiante para dizer.
- Quero. – ficou todo bobo ao vê-la tão sem jeito. O que poderia ser?
- Depois de tudo o que aconteceu, depois disso que você acabou de me dizer, de repente, eu consigo ver com muita clareza o do futuro. O que eu vi quando eu pensei no meu futuro, sabe? – Ela não sabia se tinha conseguido ser tão clara. – Não que eu não visse antes. É claro que eu via, mas sempre parecia uma versão diferente sua, aliás, uma versão diferente nossa. Uma versão mais adulta, mais respeitosa e mais madura. – Ainda agachados, ela tentava explicar. – É claro que nós ainda temos muito para crescer e amadurecer, mas... olhando para você, agora... – negou com a cabeça em meio a um riso confuso. – Eu vejo o cara que estava me esperando naquele altar e que chorou como um bebê quando descobriu que seria pai. – Ela disse e o viu rir.
- Eu sinto que eu cresci muito nesses dois anos. Em todos os aspectos. – entendia exatamente o que a estava tentando dizer. – Às vezes, eu ainda tenho umas recaídas, mas acho que nunca vou conseguir amadurecer 100%. – Ele fez careta, fazendo-a rir.
- Não precisa. Eu adoro essa pequena porcentagem imatura, boba e inconsequente. – se sentiu no direito de pedir isso a ele. ficou extremamente feliz com o que ouviu. – Ele dormiu. – Ela interrompeu o assunto, referindo-se ao Buddy.
- Vamos. – sussurrou para ela, fazendo sinal de silêncio com um dedo. Ele se levantou e estendeu uma das mãos para ajudá-la a levantar. segurou a mão dele e colocou-se de pé. Eles saíram da cozinha de mãos dadas e apagaram a luz. – Tem certeza que não quer ficar aqui na lareira? – Ele a fez parar na beirada da escada. Ela arqueou uma das sobrancelhas com uma expressão de deboche.
- Sério? – sabia que ele estava brincando.
- É claro que não. Nós dois sabemos que infelizmente eu não tenho forças para mais nada hoje. – riu de si mesmo junto com a .
- Aí está uma coisa que não mudou em você. – disse aos risos.
- O que!? – fingiu estar ofendido e indignado.
- Eu não disse nada. – levou uma das mãos até a boca e a tampou.
- Não disse nada, né? – Ele cerrou os olhos e soltou a mão dela para apertar a barriga dela e fazer as cócegas que deixavam ela enlouquecida.
- Não, não. Ok. Foi brincadeira. – colocou suas mãos na frente de seu corpo, tentando impedir que ele se aproximasse. Ela estava se segurando para não rir.
- Achei que você não tivesse dito nada. – disse com um tom e um sorriso ameaçador.
- Droga. – sabia que perderia aquela briga e saiu correndo escada acima. foi atrás, tentando alcançá-la. – Não. Não! Para. Cócegas não. – Ela chegou no quarto e quando viu que ele entrou logo atrás dela, ela colocou-se de frente para ele e começou a andar para trás conforme ele se aproximava. – Qual é! Eu não vou brincar mais. – Mesmo tentando ficar séria, ela não conseguia parar de rir. Ela parou na beirada da cama e ele se aproximou, parando na frente dela.
- Eu paro se você me fizer uma oferta interessante. – continuou a brincadeira.
- O que de melhor eu tinha para te oferecer, você não está podendo receber no momento. – disse e em seguida fez careta, sabendo que tinha dito besteira.
- Acabou o seu tempo. – a empurrou na cama e colocou-se em cima dela, fazendo cócegas em sua barriga. Melhor do que ouvir a risada dela, era vê-la rindo.
- PARA! – não conseguia parar de rir. Ela não viu outra saída para fazê-lo parar com as cócegas e usou suas duas mãos para puxar o rosto dele para perto do rosto dela e beijá-lo. Funcionou perfeitamente. Foi um daqueles beijos de cinema.
- Oferta aceita. – sussurrou ainda com os lábios parcialmente colados aos dela. A frase dele a fez sorrir. Descolou dos lábios dela para dar um beijo estalado em sua bochecha e depois, em seu pescoço. – Eu volto já. – Ele se levantou e se afastou, indo na direção do banheiro.

estava no céu naquele momento. Naqueles poucos segundos, sozinha em sua cama e sorrindo feito uma idiota para o teto de seu quarto, ela se deu conta de que, depois de tanto tempo, ela finalmente estava plenamente feliz. Ela estava repleta de tudo o que houvesse de bom. Era a melhor sensação que ela já havia sentido. Ainda anestesiada, ela se levantou da cama e a arrumou rapidamente para poder se deitar nela. Ela deitou e se cobriu com o cobertor, esperando o voltar do banheiro.

Ao sair do banheiro, voltou para o quarto e viu que a já estava deitada. Ele pode ver o rosto dela assim que entrou no quarto e notou que ela estava acordada. Nos poucos segundos que mantiveram contato visual, foi suficiente para uma nova troca de sorrisos. se aproximou da cama, deu a volta e se deitou atrás da . Embaixo da coberta, ele se aproximou, encaixou os seus corpos e colocou um de seus braços por cima da cintura dela. o acolheu, porque era impossível recusar uma conchinha como aquela. Ela colocou o seu braço por cima do dele e tocou a mão dele, entrelaçando seus dedos. Em silêncio, ela passou a sentir a respiração dele em sua nuca e ele, o perfume dela.

Depois de quase 10 minutos deitados sem dizer uma só palavra, eles começaram a ficar mais sonolentos. Especialmente o , que era quem menos havia dormido. Os dedos continuavam entrelaçados e a passou a acariciar a mão dele com um de seus dedos. Assim que notou que estava prestes a pegar no sono, resolveu dizer algo que tinha faltado dizer.

- Você também mudou. – Ele sussurrou no ouvido dela. – E eu não estou falando sobre o seu corte de cabelo. - sorriu mesmo sem poder olhar no rosto dele. – Seu jeito de falar e a sua postura um pouco mais séria. – continuou sussurrando com os olhos fechados. – Eu não vejo mais aquela garotinha de vestido rosa. Eu vejo uma mulher, agora. E que mulher. – Ele continuou, fazendo com que o sorriso no rosto da aumentasse. Ela moveu sutilmente o seu rosto e consegui olhá-lo através da visão periférica. viu o movimento que ela fez com a cabeça e riu. – Você disse que gostava dessa pequena porcentagem. – Ele se defendeu, fazendo-a rir. – Eu só estou tentando dizer que eu estou pronto para conhecer e me apaixonar por todas as suas versões. A versão médica, esposa, mãe, avó e todas as outras que você decidir adotar. – estava cada vez mais sonolento.
- Eu te amo, Jonas. Você sabia disso? – sussurrou, sem se mover.
- Eu ouvi dizer. – sorriu mesmo com os olhos fechados ao ouvir aquela frase que o fazia sentir o homem mais sortudo do mundo. – Eu também te amo. – Ele disse, alguns minutos antes de pegar no sono.

Mesmo estando completamente confortável e feliz nos braços do , não conseguia dormir. Ela se esforçou bastante, mas tudo o que ela conseguia fazer era pensar em tudo o que o tinha dito para ela em relação ao amor próprio e tomar decisões por si mesma. Ela sentia que ele estava tão certo sobre tudo, que queria implementar isso em sua vida imediatamente. Ela sentia que devia isso a si mesma depois de tantos anos de insegurança, culpa, autopiedade e decisões tomadas pensando em todo muito a sua volta, exceto ela. queria ser aquela mulher que o tinha descrito. Não para agradá-lo, mas por ela mesma. Ela queria sempre se sentir como a mulher forte, bonita, corajosa, dedicada e esforçada que ela sabia que ela havia sido em alguns momentos bem específicos da sua vida. Ela queria ser aquela pessoa todos os dias da vida dela.

Foram quase 4 horas deitada naquela mesma cama. Nesse tempo, ela viu o se afastar e virar-se para o outro lado da cama e minutos depois, ele que se dava conta de que tinha se afastado e voltava a abraçá-la em posição de conchinha. Ele fez isso mais de uma vez e em cada uma delas, ficava imóvel para que ele não notasse que ela estava acordada, mas o sorriso espontâneo estava no rosto dela.

Já era de manhã quando a decidiu acabar com a conchinha e virou-se de frente para o . Ele estava dormindo calmamente e não fazia a menor ideia de que estava sendo observado. Ele estava deitado no mesmo travesseiro que o dela e isso permitiu que ela pudesse olhar o rosto dele de bem perto. Foram minutos olhando incansavelmente para aquele rosto que trazia tanta paz a ela. Era impressionante a maneira com que ele a fazia se sentir mesmo quando estava dormindo. era fascinada por cada detalhe daquele rosto. Ela só conseguia pensar que queria ser a melhor pessoa possível para ele e, agora, ela sabia que a única maneira de conseguir isso era sendo a melhor pessoa possível para ela mesma.

não se cansava nunca daquele rosto, daquelas sobrancelhas grossas, daqueles olhos e daquele nariz, daquela barba, daquelas pequenas pintas, daquele cabelo bagunçado de sempre, daqueles lábios sempre muito convidativos e daquela respiração tão calma. Olhando para o , chegou à conclusão de que tinha algumas decisões importantes para tomar, se ela realmente fosse levar aquela coisa de amor próprio a sério. Deixou de olhar para ele apenas quando decidiu se levantar da cama. fez isso sem acordá-lo.

Pensar sobre suas decisões deixavam um pouco ansiosa, mas ela tentava manter a calma, pois precisava tomar a decisão correta. Ela saiu do quarto sem saber muito bem para onde ir. Começou a andar pela casa, sem ter um destino certo. Passou por um dos quartos, onde costumava estudar. Os livros da faculdade e diversos papéis estavam espalhados pela cama. ficou alguns minutos folheando livros e trabalhos antigos. Ela se orgulhava de cada um deles.

Abandonou o quarto de estudos e seguiu vagando pela casa. As luzes do sol já iluminavam a casa. visitou cada um dos cômodos e em cada um, ela se recardava de cada lembrança vivida neles. Ela viveu muita coisa ali nos últimos anos. O quarto da tia Janice, que continuava intacto, foi o lugar onde ela ficou mais tempo. Em sua mente, estar ali poderia significar que, talvez, ela estivesse conversando com a sua tia e contando os últimos acontecimentos. Ela valorizava cada coisa que a tia Janice tinha feito por ela. Essa era a parte mais conflitante de todas para ela.

Era um pouco mais de 9 horas da manhã, quando encerrou a tour pela casa. Tudo estava muito claro para ela em todos os aspectos possíveis. Ela estava em paz sobre tudo o que pretendia fazer. Ironicamente, foi a decisão mais fácil que ela já tinha tomado em toda a sua vida e isso não deixou ela sofresse ou hesitasse.

passou pelo seu quarto e confirmou que o continuava dormindo. Encostou a porta do quarto e foi até o quarto ao lado. Sem alarmes, sem sofrimento ou lágrimas, pegou algumas malas que estavam dentro do guarda-roupa. Naquele guarda-roupa, ela deixava as roupas que ela não usava com muita frequência e as roupas que ela não usaria na estação atual que, no caso, era o inverno. colocou as malas no chão, mas deu preferência para a mala maior. Ainda de pé, ela começou a colocar tudo o que estava no guarda-roupa no chão. Quando o guarda-roupa ficou vazio, ela se sentou no chão, abriu uma das malas e começou a colocar as peças de roupa dentro dela.

conseguiu ficar quase uma hora sem ser percebida. acordou com o barulho de uma das malas sendo fechada. Ainda sonolento, ele demorou algum tempo para sentir curiosidade para saber de onde vinha aquele barulho. A primeira coisa que ele reparou, é claro, foi a ausência da na cama. Ele levou alguns minutos para acordar completamente e para finalmente se levantar. Espreguiçou-se antes de dar o primeiro passo. Enquanto caminhava, ele arrumava sua regata, o shorts e passou sutilmente as mãos pelo cabelo. Ele passou rapidamente no banheiro, mas foi tão discreto, que não despertou a atenção da .

já estava na segunda mala, quando o apareceu na porta do quarto. Ele a encontrou sentada no chão, cercada de malas e peças de roupas. Ela usava apenas uma camiseta e tinha feito um coque desajeitado no cabelo. Ela não percebeu a presença dele e ele se aproveitou disso para ficar alguns segundos observando-a. Quando notou que ele estava parado na porta, se deparou com ele sorrindo. Ela nem ao menos conseguiu xingá-lo pelo pequeno susto que levou. encostou no batente da porta e resolveu permanecer ali, já que o quarto estava bagunçado demais para que ele entrasse.

- Não me diga que já está arrumando as malas para a África. – disse, tentando não demonstrar sua tristeza com o assunto.
- Eu não estou. – afirmou com um sorrisinho que deixou o desconfiado.
- Não? – arqueou a sobrancelha, sem entender.
- Eu não estou arrumando a minha mala para a África porque eu não vou para a África. – disse como se fosse a coisa mais banal de todas. A expressão de confusão permaneceu no rosto do .
- Espera. – cerrou os olhos. – Desculpa. Eu achei que tivesse escutado você dizer que você não vai pra África. – Ele sorriu, não levando ela a sério.
- Eu não vou para a África. – reafirmou com um sorriso maior.
- Não. Você não quis dizer isso. – não quis acreditar e a pequena parte dele que acreditou, não achava certo.
- Ah não? – estava surpreendentemente calma. Ela estava em paz com sua decisão. Ela riu da reação dele.
- Você... quis dizer isso? – começou a cair na realidade. Estava no rosto dele.
- Acho que ‘eu não vou para a África’ quer dizer que eu não vou pra África... ou não? – estava lavando o assunto com muita tranquilidade e até mesmo com humor e isso deixou o confuso. Ele achou que ela pudesse estar brincando.
- Você está mesmo falando sério, não está? – concluiu, depois de um longo silêncio. Nada na demonstrava que ela estava mentindo.
- Eu sinto muito, mas você vai precisar repensar o seu pedido de casamento no aeroporto. – ergueu os ombros, o fazendo sorrir pela primeira vez desde que ele tinha escutado a notícia.
- Eu... – estava muito nervoso com a notícia. Ele não esperava isso depois da conversa que ele tinha tido com ela na noite passada. Ele não concordava, pois tinha certeza que ela estava fazendo isso por ele. – Por quê? Você precisa pensar um pouco mais. – Ele estava visivelmente abalado. – Nós conversamos sobre isso na noite passada, lembra? – estava decidido em fazê-la mudar de ideia.
- Eu não só lembro, como estou colocando em prática nesse momento. – abriu os braços, referindo-se a bagunça do quarto.
- O quê? – não entendeu como ela poderia estar se colocando em primeiro lugar naquela decisão. – Como desistir da melhor oportunidade da sua carreira profissional pode ser uma decisão baseada em amor próprio? – Ele achou que ela estava ficando maluca.
- Realmente era a melhor oportunidade da minha carreira profissional, mas também seria a pior tragédia da minha vida pessoal. – sabia exatamente do que estava falando. – Você sabe qual foi o meu primeiro motivo para aceitar essa oportunidade na África? Distração. Eu precisava de algo que me distraísse do que, aliás, de quem eu realmente pensava. – Ficou muito claro que ela estava se referindo a ele. – Sabe qual foi o meu segundo motivo para aceitar a oportunidade na África? Necessidade de mudança de rotina, porque se eu não mudasse, eu ficaria louca. – Os argumentos dela desarmaram o . – Você consegue ver qualquer amor próprio nisso? Você consegue ver qualquer ambição profissional nisso? – perguntou retoricamente. Ela deixou o sem palavras. Era doloroso ouvir ela dizer como ela se sentia. Naquele segundo, ele soube que ela definitivamente não iria para a África.
- Você... tem certeza? – não queria que ela se arrependesse da decisão no futuro.
- Eu te fiz uma promessa ontem e eu pensei nisso a noite toda. Essa é a primeira decisão que eu estou tomando por mim. Não é por você ou pelos meus pais. É por mim, . – estava totalmente convencida e segura sobre o que estava dizendo. Estava explicito na expressão do rosto e na voz. Vê-la falando com tanta segurança e confiança fez o abrir um enorme sorriso. Ele estava muito feliz por saber que ela não iria para tão longe, mas estava ainda mais feliz por ela. Ele quis se aproximar imediatamente, mas as roupas espalhadas no chão não permitiram que ele desse ao menos um passo. – Vem aqui. Eu preciso muito te dar um beijo agora. – pediu, fazendo-a rir. atendeu o seu pedido na mesma hora. Ela se levantou e com a ajuda da mão dele, ela pulou as pilhas de roupa e foi ao encontro dele. puxou a mão dela e a colocou em sua nuca, enquanto ele colocava seus braços em volta da cintura dela. Ele a beijou na primeira oportunidade e os braços dele a abraçaram.
- Eu estou tão orgulhoso de você. – fez questão de interromper o beijo para dizer aquilo olhando nos olhos dela.
- Só orgulhoso? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Ok. Eu estava tentando me conter para não parecer tão egoísta, mas... – fez careta. – Eu estou feliz pra caramba porque você não vai para outro continente. – Ele riu, abraçando-a forte.
- Eu sabia. – sorriu, retribuindo o abraço com toda a sua força.
- Espera. – interrompeu o abraço. – Se você não vai para a África, para que as malas? – Ele era espontâneo demais para não fazer isso no meio de um abraço tão importante. respirou fundo ao olhá-lo.
- Essa é a segunda decisão que eu vou tomar pensando 100% em mim e na minha felicidade. – achou melhor informá-lo, antes de contar sobre o que se tratava. Ela fez um pouco de suspense, mas só porque estava tentando controlar sua emoção ao dar a notícia para ele. estava muito tranquilo e tinha quase certeza que a decisão estava relacionada com doar roupas ou fazer um brechó. – Eu vou me mudar. – Ela disse e permaneceu parada na frente dele, esperando uma reação.
- Se mudar? Mas eu nem sabia que você estava procurando outra casa. – ficou um pouco surpreso e esse ‘pouco’ demonstrava que ele não tinha deduzido sobre o tipo de mudança que ela se referia.
- Eu não procurei uma casa, porque eu já tenho uma. – deixou poucas lágrimas em seus olhos transparecerem. Olhando nos olhos dela, ele soube. A expressão no rosto dele mudou imediatamente.
- Não. – negou com a cabeça. Os olhos dele se encheram de lágrimas instantaneamente. Ficou olhando para ela, esperando que ela dissesse que era mentira.
- Eu vou voltar para Atlantic City, . – afirmou com um enorme sorriso e com os olhos marejados. Ele estava em choque.
- Não brinca comigo. – pediu visivelmente emocionado.
- Eu não estou brincando. – afirmou e o viu balançar negativamente a cabeça e em seguida abaixá-la. – Olha para mim. – Ela tocou o rosto dele com suas duas mãos e o levantou. – Eu não estou brincando. – não conseguia parar de sorrir e isso tranquilizava o coração dele. Escorreu a primeira lágrima pelo rosto dele quando ouviu ela reafirmar. Aproveitando que sua mão estava no rosto dele, secou a lágrima e aproximou o seu rosto do dele. Ela beijou o local onde a lágrima estava e logo depois beijou os lábios dele. – Qual é! Nem um sorriso? – perguntou, após selar os lábios dele. Enquanto olhava para ela, só conseguia pensar no que aquela notícia significava. Significava vê-la todos os dias. Significava beijá-la todos os dias. Significava o fim do relacionamento a distância. Ele sonhava com isso desde o dia que ela tinha se mudado para Nova York. O coração dele estava quase saindo pela boca. Era impossível mensurar o que ele estava sentindo. Ele mal conseguiu atender o pedido da e no lugar do sorriso, veio um beijo. Um beijo intenso e emocionado.
- Você é maluca. – riu, depois de finalizar o beijo. Ele estava tão feliz, que até seus olhos sorriam para ela. – Eu não sei o que te levou tomar essa decisão. Eu não conheço os seus motivos, mas... – Ele não sabia como se expressar. – Eu conheço você e eu acho que nunca te vi tão feliz. Isso é a única coisa que importa para mim. – Compartilhar aquela alegria com ele era a melhor coisa que a poderia desejar. Ela o abraçou novamente. depositou um beijo no ombro dela e fez o mesmo na nuca dele.
- Se você disser que tem uma terceira decisão, eu vou cair duro aqui. Estou avisando. – disse, assim que terminou o abraço. riu.
- Eu vou dar alguns meses para você se recuperar. – riu com ele em meio a pilhas e pilhas de roupas.
- Mas me conta: e a faculdade? O estágio? O que você vai fazer? – quis saber.
- Eu vou trancar a faculdade e vou continuar em Atlantic City. – respondeu rápido, o que provava que ela já tinha pensado sobre o assunto.
- Mas você está cursando a faculdade dos seus sonhos! – estava perplexo. Ele ainda estava achando loucura.
- Tem uma outra coisa que eu descobri, mas não foi agora. – disse. Os braços dela continuavam e volta do pescoço dele e os braços dele em volta da cintura dela. – Eu amo medicina. Eu não vou desistir da medicina, mas a faculdade não define quem eu sou ou o tipo de profissional que eu vou ser. – Ela falou com propriedade. – E nem mesmo fui aprovada nessa universidade. Foi a tia Janice que conseguiu a vaga para mim. E se ela não tivesse conseguido? Eu não estaria fazendo medicina do mesmo jeito? – Os argumentos da eram inquestionáveis. Não dava nem para contra-argumentar. – Eu já estou no final do ano letivo. No começo do ano, faço um novo vestibular para conseguir uma vaga em Atlantic City. Vou eliminar as matérias que eu já cursei e continuar de onde parei. – Ela completou.
- E o estágio? – perguntou já sabendo que ouviria bons argumentos.
- Anos estudando na melhor universidade de Nova York vai me permitir estagiar em qualquer hospital de Atlantic City. – não estava sendo presunçosa. Ela sabia do que estava falando.
- Simples assim? – sorriu, impressionado.
- Simples assim. – concordou.
- Você parece estar tão decidida. – a avaliou. – Posso saber como você pode ter tomado uma decisão tão radical em questão de horas e estar tão tranquila e segura? – Ele queria ouvi-la. Até mesmo para poder usar isso em sua vida. Ele também estava aprendendo essa coisa complexa que é o amor próprio.
- A verdade? – ficou mais séria. – Eu sempre quis voltar para Atlantic City, mas nunca tive coragem. Eu sabia que era o que eu queria e sabia que era o que me faria feliz, mas eu não tinha coragem de executar. – Ela contou. – A verdade é que eu coloquei a vida profissional na frente da vida pessoal quando eu decidi vir para Nova York. Eu sabia disso e, no começo, eu estava muito bem com isso. – Ela nunca tinha tido coragem de dizer aquilo em voz alta. Aquela era a primeira vez. – Depois, eu comecei a sentir falta da minha antiga rotina. Eu senti falta de jantar em família, das brincadeiras e discussões com o . Eu senti falta de ir ao shopping com as minhas amigas, de falar sobre as fofocas dos famosos e de tentar aprender videogame com os meninos. Eu senti muita falta de sair em grupo, de estar com todos eles na nossa pizzaria favorita. Eu senti falta dos conflitos diários que só um relacionamento que não seja a distância tem. Eu senti falta de acordar todos os dias sabendo que todas as pessoas que eu amo estão perto. Eu senti falta de acordar todos os dias sabendo que posso passar no seu apartamento depois da aula ou do trabalho. – viu o sorrir com a sua última frase. – Essa coisa de ir estudar longe pode funcionar para algumas pessoas, mas não para mim. Eu me cobrei isso por tanto tempo. Eu quis ser forte e enfrentar tudo isso, porque muitas pessoas conseguiam viver assim, porque eu não conseguiria, não é? – Ela ergueu os ombros. – Hoje, eu entendi que o fato de não conseguir fazer isso não me faz fraca ou menos corajosa. Reconhecer uma fraqueza também é ser forte. – finalizou com a mesma segurança com que tinha iniciado a sua explicação.
- Você está com medo? – estava preocupado com ela. Era involuntário.
- A verdade? – sorriu. – Eu estou aterrorizada, mas tudo bem porque, de alguma forma, isso faz com que eu me sinta corajosa. – Ela foi sincera e ficou mais séria quando fez isso. – A melhor parte disso tudo foi finalmente ter entendido o real significado de ‘coragem’. – Ela queria externalizar aquilo. – Coragem não é a ausência de medo. Coragem é ter medo e, mesmo assim, continuar com o que você sabe que precisa fazer, porque o seu propósito é maior do que qualquer medo. – Ela disse com uma maturidade nunca vista. – Então, sim. Eu estou com medo. Eu estou com medo de dar tudo errado, de não conseguir passar no vestibular, de não conseguir um outro emprego, de não ter a aprovação da minha família e de decepcionar a minha tia, mesmo sabendo que ela não está mais aqui. – Ela desabafou.
- Eu tenho certeza que vai dar tudo certo. – queria tranquilizá-la. – Eu vou sempre estar ao seu lado, está bem? – Ele perguntou e viu a afirmar com a cabeça. Ela selou longamente os lábios dele, demonstrando o quão grata ela estava por todo o apoio.
- Você não cansa de me impressionar, não é? – negou com a cabeça com o mesmo sorriso encantador no rosto.
- Você não viu nada. – riu sem emitir qualquer som.
- Eu já te disse que você fica muito sexy falando de assuntos sérios com tanta propriedade? – O sorriso safado entregou o , que claramente estava com segundas intenções.
- É mesmo? – segurou o riso. – Sabe o que eu acho sexy? Homens arrumando malas. – Ela fingiu ter segundas intenções, mas quando ele percebeu que estava sendo enganado, fez cara de tédio.
- Você não mudou nada, né? – fez careta e gargalhou. – Eu vou dar um desconto, porque sei que vou ser bem recompensado com você morando perto de mim. – Ele segurou o riso. negou com a cabeça.
- Isso. Vai descansando desde já para você conseguir dar conta. – provocou, beijando uma das bochechas dele e se desvencilhando dos braços dele.
- Ninguém me respeita mais. É isso. – desabafou, abrindo os braços.
- E então, me ajuda com as malas? – pediu, segurando o riso.
- Ajudo. Por onde eu começo? – colocou-se à disposição.

Sabe aquele casal que consegue se divertir fazendo as coisas mais aleatórias? e com certeza eram esse casal. Passar o dia arrumando as malas foi a coisa mais divertida que eles fizeram em tempos. Talvez, estivessem felizes demais com a volta da para Atlantic City. Talvez, estivessem felizes por estarem juntos de novo. A felicidade fez com que eles fizessem tudo com mais agilidade e empenho. Ao final do dia, a maioria das roupas da já estavam nas malas.

Se dependesse apenas das malas, eles poderiam voltar naquele mesmo dia para Atlantic City, mas não era o caso. precisava resolver a sua situação na faculdade e no hospital onde ela fazia estágio. Ela pretendia resolver tudo durante a semana e o se prontificou a ficar com ela na cidade para acompanhá-la e ajudá-la em tudo. Ele abriu mão do trabalho (ele tinha alguns dias de férias para tirar) e da faculdade por uma semana para ficar ao lado da .

O primeiro passo foi trancar a matrícula na faculdade. fez isso logo na segunda-feira. Despedir-se da faculdade foi mais difícil do que ela havia imaginado. Afinal, aquele lugar foi a segunda casa dela por anos. Mesmo estando tão certa sobre a decisão tomada, tinha vivido muita coisa boa naquele lugar. Ela sempre seria grata pela oportunidade de ter estado ali. Ela sempre seria grata a tia Janice por ter dado a chance de viver aquilo com tanta intensidade. saiu de dentro da faculdade com o coração leve, mas com algumas lágrimas nos olhos. estava lá esperando por ela e a acolheu com um abraço. Era exatamente por isso que ele tinha ficado em Nova York. Ele queria apoiá-la em cada passo daquela decisão.

não contou a ninguém sobre suas decisões. Nem mesmo para a Meg, que só não percebeu que algo estava acontecendo por causa de alguns problemas familiares que ela estava enfrentando. Ela também não havia frequentado a faculdade durante a semana e estava de férias do estágio. Elas conversaram inúmeras vezes pelo telefone, mas elas falaram sobre tudo, exceto sobre as mudanças radicais na vida da . Ela saberia na hora certa.

O segundo passo foi informar ao diretor do hospital que ela recusaria a oferta para ir para a África. Foi uma tarefa fácil, levando em consideração a experiência de trancar a faculdade. Assim que recusou o convite, também informou que não faria mais o estágio. O diretor levou um susto enorme com a notícia. Ele via um futuro promissor para a e queria que ela trilhasse esse caminho no hospital dele. Ele agradeceu inúmeras vezes a pelos serviços prestados por ela e colocou-se à disposição para recomendá-la para qualquer hospital de Atlantic City. Ele tinha muitos contatos. Além disso, ele deixou bem claro que a vaga da no quadro de funcionários estava garantida se caso ela decidisse voltar para Nova York algum dia. se despediu de todos os colegas de trabalho e o único motivo que ela alegava para a sua saída era a mudança para a Atlantic City.

O terceiro passo foi o que a teve mais medo: contar aos pais dela. Ela não podia simplesmente chegar na casa deles cheia de malas, dizendo que tinha voltado. Ela tinha que avisá-los. também estava ao lado da quando ela falou no telefone com a mãe e depois com o pai. Eles a apoiarem totalmente. contou sua dificuldade de morar longe de todos que ela amava e que não conseguia continuar com aquilo. Para a mãe, especificamente, ela contou sobre o . Contou que eles haviam se acertado, disse que ele estava ajudando-a com a mudança e ressaltou que ele não tinha absolutamente nada a ver com a volta dela para a Atlantic City. Que mãe não ficaria feliz com a felicidade da filha, não é? também pediu para que seus pais não contassem nada para o sobre as últimas novidades. Ela é quem queria contar.

- Você sabe que está me deixando muito mal acostumado, né? – disse ao ver a entrar no quarto. Ele estava sentado na cama esperando por ela.
- Por quê? – perguntou, tirando alguns acessórios que estava usando e colocando-os sobre a penteadeira. Ela vestia o único pijama que ainda não estava guardado nas malas.
- Dormir com você todos os dias. – a admirava com seu sorriso bobo.
- Você sabe que vai ser impossível fazer isso em Atlantic City, né? – disse, tirando uma correntinha que ela estava usando.
- Eu sei. O não vai sair do meu pé. – rolou os olhos.
- Essa é a vantagem de Nova York. Privacidade. – ergueu os ombros. Ela começou a rir, enquanto andava na direção da cama.
- Do que você está rindo? – perguntou, curioso.
- Não é nada. – não quis entrar no assunto.
- Agora eu quero saber. – sorriu, vendo ela se deitar no centro da cama e arrumar a posição do travesseiro para ficar de frente pra ele.
- Eu estou pensando que, mesmo depois de tanto tempo, você continua tendo medo do . – estava rindo, pois sabia que o assunto não o agradaria.
- Eu já te falei que não é medo. É respeito! – se defendeu.
- Respeito? Realmente, eu tenho páginas e páginas naquele livro descrevendo todo o seu respeito. – gargalhou, apontando para o livro de capa azul que estava em cima do criado-mudo.
- Para de rir. – pediu, tentando controlar a sua própria risada. – Aliás, eu estive pensando em arrancar algumas páginas específicas do seu livro, que estão relacionadas a esse assunto. – Ele se curvou e pegou o livro na mão.
- Não ouse. – se levantou rapidamente e tirou o livro das mãos dele.
- Calma. Vamos negociar. – não conseguia parar de rir. Ele se deitou ao lado de , mas virou-se de lado para poder olhá-la. – Se tirarmos essas páginas, podemos pensar em publicar esse seu livro. – Ele sugeriu.
- Publicar o livro? Você ficou maluco? Você já imaginou a sua mãe lendo eu descrever o nosso sexo. – fez careta.
- Parabéns. Ótimo argumento! Você já me convenceu. – fez a mesma careta, o que fez a rir.
- Mas, se por acaso eu viesse a publicar, eu jamais tiraria as partes que você demonstra “respeito” pelo . É a parte mais cômica do livro. – fez questão de fazer as aspas com as mãos.
- Mais cômico do que você bêbada? – riu ironicamente. – BIIIIP. – Ele apertou a ponta do nariz dela, fazendo referência a uma das atitudes dela quando estava bêbada. Ela cerrou os olhos.
- Ah, você quer mesmo usar referências do livro? Logo você, o moço do Jonas Power? – provocou, segurando o riso.
- Ok. – também estava segurando o riso. – Amanhã, antes de irmos para Atlantic City, nós vamos procurar o terreno abandonado mais próximo e enterramos o livro. – Ele brincou. Os dois riram.
- Se enterrarmos o livro, como você vai ler o livro para a nossa neta daqui 40 anos? – usou outra referência.
- Eu nunca vou poder ler esse livro para ela. As cenas de sexo, lembra? – fez a ressalva. – Imagina eu lendo para ela a parte que o bisavô dela quase matou a avó dela ou a parte que a avó namorou o tio-avô dela. – Ele estava tentando irritá-la.
- Cala a boca. – riu, atacando o travesseiro na cara dele. Ele riu, segurando o travesseiro.
- Vamos fazer uma versão para menores de 18 anos. – sugeriu.
- Eu gostei da ideia. – afirmou com a cabeça. – Você acha que 40 anos é tempo suficiente para fazermos isso? – Ela brincou.
- Se adaptarmos um capítulo a cada 1 ano e meio, acho que dá. – achou que o tempo era suficiente.
- 1 ano e meio? Quem demora 1 ano e meio para fazer um capítulo? – fez careta, achando o prazo exagerado.
- É mais comum do que você imagina. – sorriu.
- Se você está dizendo. – ergueu os ombros. Ela deveria saber o que estava falando. – Nós estamos esquecendo de um detalhe muito importante. – Ele disse.
- O que seria? – perguntou, curiosa.
- O nome do livro. – arqueou as sobrancelhas. – Eu não acho que livro de capa azul seja um nome muito criativo. – Ele ironizou.
- Você tem razão. É horrível. – concordou. – Vamos pensar em algo melhor. – Ela disse, pensativa.
- Eu já pensei. – disse, sério. Por um momento, a achou que ele estivesse falando sério. – O popular e a nerd. – Ele disse, se achando o próprio Shakespeare.
- ‘O popular e a nerd’? Você está brincando, né? – arqueou uma das sobrancelhas.
- Espera! Eu já sei! – disse, animado. – ‘Como conquistar a irmã do seu melhor amigo.’ – Ele achou que era genial.
- Que tal: ‘Como conquistar o seu próprio jonas power’. – foi sarcástica.
- Nossa. Era só falar que não tinha gostado. – fez careta.
- Pensa! Tem que ter a ver com a nossa história. – ainda queria a ajuda dele.
- Deixa eu pensar. – respirou fundo, tentando pensar em alguma coisa.
- O que você acha de ‘Consequências do Amor’? – perguntou.
- Parece nome da próxima comédia romântica da Netflix. – negou com a cabeça.
- ‘À primeira vista’. – sugeriu. – Porque eu me apaixonei à primeira vista. – Ele quis explicar.
- Awn, que bonitinho. – sorriu, se aproximou e o abraçou pelo pescoço. Ele ria, enquanto ela beijava o seu rosto e depois selava seus lábios.
- Eu te odeio. – resmungou em meio a um sorriso, enquanto ainda recebia beijos da .
- Você o quê? – disse em tom de ameaça. Ela aproveitou a proximidade e parou o seu rosto de frente para o dele. A ponta do nariz dela tocava na ponta do nariz dele e eles se encavaram.
- Eu disse que te odeio, mas, talvez, eu te ame... só um pouquinho. – fez careta, fazendo o sinal com a mão. Ela achou graça, sentindo as mãos dele tocarem a sua cintura descoberta. Ele beijou os lábios dela, depois uma das bochechas e fez o mesmo com um dos lados do pescoço.
- Espera! – falou repentinamente, afastando seu pescoço dos lábios do . – É isso! – Ela parecia ter tido uma ideia.
- Do que você está falando? – não entendeu o que estava acontecendo.
- Amor e ódio. Tem que ter a ver com isso. – saiu de cima dele e apontou para o livro. – O nome do livro. – Ela completou.
- Amor e ódio? – repetiu e pareceu gostar da ideia. – Podia ser algo tipo aquele filme ’10 coisas que eu odeio você’ que você me fez assistir. – Ele deu a ideia.
- Sim, mas no meu caso teria que ser ’25 coisas que eu odeio em você’. – concordou, mas não perdeu a oportunidade de tirar com a cara dele.
- Hey! – riu, jogando uma almofada na cara dela. – Você quer mesmo começar uma briga logo agora? – Ele ameaçou, se sentando na cama.
- E se eu quiser? – devolveu a almofadada.
- Não começa que você não aguenta 1 minuto de guerra de travesseiro comigo. – voltou a se deitar, não dando qualquer moral pra .
- Eu posso começar a contar ou você conta? – provocou, jogando 3 almofadas seguidas em cima dele. Ele sumiu no meio das almofadas e ficou em silêncio por um bom tempo. não quis se aproximar, pois sabia que era isso o que ele queria. Ela se colocou de pé na cama e manteve uma distância segura. Esperou até vê-lo saltar na cama, jogando todas as almofadas pro ar. levou um susto enorme e imediatamente se agachou na cama, protegendo o rosto com as mãos. Ela não conseguia parar de rir. ficou de pé na cama.
- De pé. – me olhou e fez sinal com a mão. – Eu quero uma guerra de travesseiro justa. – Ele ficou parado, esperando ela se levantar. – Ótimo. Vamos começar com... – Ele ia ditar as regras, mas foi mais rápida e começou a atacar todas as almofadas e travesseiros possíveis nele. Ele devolvia na medida do possível, tentando usar o mínimo de força que conseguia. deu as almofadadas até fazê-lo recuar. Ele se abaixou e depois se deitou na cama, protegendo o seu rosto. Vitoriosa, se sentou em cima da barriga dele e segurou os pulsos dele contra o colchão.
- Quanto tempo eu levei? 1 minuto? – perguntou, ofegante.
- Retiro o que eu disse. Eu realmente te odeio. – cerrou os olhos com um sorriso de deboche.
- E eu te amo por ter me deixado ganhar. – deu o seu melhor sorriso. Ainda segurando os pulsos dele, ela se inclinou ainda mais para beijá-lo. Ele deixou que ela guiasse o beijo, pois sabia que ela fazia isso com maestria. Após o longo beijo, ela selou os lábios dele mais duas ou três vezes.
- ‘Eu te amo e te odeio (I Love And Hate You)’. – disse, depois do último selinho que havia dado nele. Ela ainda continuava bem próxima do rosto dele.
- O que? – perguntou, sem entender por que ele estava repetindo aquilo.
- O nome do livro. ‘Eu te amo e te odeio (I Love And Hate You)’. – ficou interessada na mesma hora. Soltou os pulsos e afastou-se do rosto dele.
- ‘Eu te amo e te odeio (I Love And Hate You)’. – repetiu com um sorriso no canto do rosto. Ela continuava sentada em cima dele.
- O que você acha? – perguntou, olhando para ela.
- Perfeito. – estava muito feliz com a escolha.
- Definimos o nome, então. – estendeu uma das mãos. levou sua mão até a dele e a apertou.
- Só falta arrancarmos aquelas páginas que eu te falei. – olhou para o livro em cima da cama. Ele só estava querendo irritá-la.
- Nunca. – se debruçou em cima do para pegar o livro e colocá-lo em cima do criado-mudo. Ele riu, aproveitando para passar seus braços em volta do corpo dela. Ela se aconchegou nos braços dele, apoiando suas mãos e o seu queixo no peito dele. Em silêncio, eles se olharam e sorriram um para o outro. Ele arrumou o cabelo dela, que estava um pouco bagunçado por causa da guerra de travesseiro.
- Acredita que hoje é o nosso último dia em Nova York? O meu último dia em Nova York? – disse, sem saber muito bem como estava se sentindo. Ela estava feliz e sabia que estava tomando a decisão certa, mas lá no fundo, tinha aquele pequeno aperto no peito. Ela sabia que sentiria falta de tudo aquilo.
- Não. Acho que a minha ficha ainda não caiu. – negou com a cabeça. – Como você está em relação a isso? – Ele estava preocupado com ela.
- Feliz. – não hesitou em responder. – Tem aquela sensação estranha de deixar essa casa, deixar toda a minha rotina para trás e esse medo enorme de decepcionar a minha tia que não sai da minha cabeça, mas a minha felicidade é maior do que qualquer coisa. – Ela foi sincera e não queria que o se preocupasse com aquilo.
- Você está brincando? Olha para você. Você deixou tudo para trás para vir para uma cidade enorme, onde você não conhecia nada, onde você não conhecia ninguém. Se virou sozinha, aprendeu coisas que nem imaginava aprender, viveu a vida que você sonhou viver, passou por tanta coisa que nenhuma outra mulher no mundo conseguiria passar, pelo menos, não mantendo esse sorriso lindo no rosto. – tocou o rosto dela ao mencionar o sorriso. – Você se saiu muito bem. Eu tenho certeza que, onde quer que a sua tia esteja, ela está morrendo de orgulho da garota que você foi e da mulher que você se tornou. – Ele disse, vendo ela ficar um pouco emocionada. – Vem aqui. Deixa eu te dar um abraço. – pediu. Ele esperou que ela subisse um pouco mais o seu corpo e ela o fez. Ele a abraçou e durante o abraço, acariciou o cabelo dela. – Fica tranquila. – beijou a cabeça dela.
- Que bom que você está aqui. – disse, tentando conter as lágrimas que ficaram presas em seus olhos. – Eu estou tão ansiosa para contar para todo mundo sobre a minha volta. – Ela mudou rapidamente o assunto para não chorar. saiu de cima do para poder secar as lágrimas dos seus olhos.
- Eu andei pensando sobre isso. – virou o seu rosto para olhá-la, já que agora ela estava deitada ao seu lado. – E se fizéssemos uma festa surpresa de boas-vindas... só que ao contrário? – Ele começou a contar sua ideia.
- Ao contrário? E como seria? – ficou interessada.
- Eu pensei em chamar todos os nossos amigos para jantarem na minha casa amanhã. Podemos pedir pizza. – se atentou em contar os detalhes.
- Na minha pizzaria favorita, por favor, que eu estou morrendo de saudade. – o interrompeu.
- Claro, pode ser. – riu, sem se incomodar em ser interrompido. – E então, todos vão estar lá e você fica escondida no quarto. Na hora certa, você aparece e conta a novidade para todo mundo. Nós aproveitamos e contamos que estamos namorando... de novo. – Ele disse, empolgado. Ele viu a fazer careta. – O que foi? – Ele não entendeu.
- Contar que nós estamos namorando? Nós estamos? – perguntou aos risos.
- É bom que estejamos porque eu estou há quase uma semana dormindo na sua cama. – disse, fazendo-a rir. – Por quê? Você não quer ser a minha namorada? – Ele perguntou com um sorriso malandro no rosto.
- Depende. Eu vou ter direito a chocolate quente pelo menos uma vez por semana? – perguntou, fingindo estar pensativa. Na mesma hora, fingiu estar ofendido.
- Não acredito! Você está me usando só por causa do meu chocolate quente! – Ele disse, indignado. Ela ficou com dó na mesma hora.
- Não, não. Eu estou brincando. – se aproximou ainda mais, tocou o rosto dele com uma das mãos e o trouxe para mais perto para que ela pudesse beijar a bochecha dele. Ele tentou se fazer de difícil, mas os inúmeros beijos que ela deu nele o fez ceder e deixar um sorriso escapar. – É claro quero eu quero ser a sua namorada. – disse, quando ele olhou para ela. – Eu quero namorar, noivar, casar. Eu quero tudo com você. – Ela queria se redimir de qualquer jeito.
- Tudo mesmo? – perguntou com um olhar e um sorriso malicioso.
- Tudo. – riu, sabendo o que ele estava querendo. Ele virou o seu corpo a direção dela. – Essa é a última noite de privacidade, né? – Ela disse em tom de lamentação. A partir do dia seguinte, ela voltaria a morar na casa dos pais. Seria impossível ter tanta liberdade e privacidade.
- Essa é a parte ruim. – lamentou.
- O que você quer fazer? – colocou-se à disposição. Ela queria que ele decidisse.
- Você vai ficar decepcionada se souber. – Ele sorriu, sem jeito. Ela passou a acariciar o cabelo dele.
- Pode falar. – negou com a cabeça, demonstrando que nada a deixaria decepcionada.
- Eu quero dormir com você uma última noite. – notou que ela estranhou.
- Só... dormir? – tentou não julgar sem saber os motivos que estavam por trás daquele pedido.
- Só dormir. – Ele afirmou com um sorriso.
- E eu posso saber o porquê? – ficou curiosa.
- Eu tenho o meu apartamento em Atlantic City. Lá nos vamos ter toda a privacidade do mundo e sei que sempre vamos acabar conseguindo fazer o que quisermos. – nos conhecia e sabia que sempre daríamos um jeito de dar uma escapada quando quiséssemos. – Mas dormir... você só vai dormir na casa dos seus pais e eu não vou mais poder dormir abraçado com você. – Ele finalmente se explicou. – Por isso, eu quero aproveitar para dormir uma última noite com você. – esperou a resposta da , que ficou até sem palavras. Ela ficou alguns segundos olhando para ele, admirada. Ele era realmente incrível.
- Não acredito que mesmo depois de tudo, você ainda consegue me deixar sem palavras, Jonas. – não escondeu que estava toda boba por ele. Ela não conseguia evitar. se aproximou e beijou carinhosamente antes de aconchegar a sua cabeça no peito dele. esticou-se para tocar o interruptor ao lado da cama para apagar a luz e logo em seguida, voltou a se acomodar com a em seus braços. Momentos como aquele faziam ele se sentir completo. Ele passou a acariciar a cabeça dela como ele costumava fazer.
- Boa noite. – estava com o coração quentinho, ouvindo as batidas do coração dele, enquanto sentia ele fazer o melhor carinho do mundo.
- Boa noite, linda. – sorriu, feliz por poder dizer isso uma última vez com ela em seus braços.

Após ambos dormirem, não conseguiram permanecer muito tempo na mesma posição. Cada um acabou virando para um lado da cama mas, como sempre, todas as vezes que o acordava durante a madrugada, ele fazia questão de abraçar a e voltar a sua posição inicial. Naquela noite, ele até tentou levantar para fazer chocolate quente, mas a não deixou, porque estava muito frio. Ela ficou com pena de vê-lo levantar.

TROQUE A MÚSICA:



Como nos outros dias daquela semana, eles acordaram tarde. Era o grande dia da mudança, mas nem isso os fez acordar cedo. Mesmo com o quarto claro por causa dos raios de sol que entrava pelas frestas da janela, eles dormiram até as 10:30 da manhã. Eles acordaram praticamente juntos. despertou primeiro e se curvou para ver o horário em seu celular. Ele notou que ela também já estava acordada, mas tinha mantido os olhos fechados. precisava mexer com ela.

- Bom dia, meu amor. – sussurrou no ouvido dela com um sorriso encantador no rosto. – Chegou o grande dia. – Ele completou, beijando a cabeça dela. Ainda de olhos fechados, ela sorriu.
- Não consigo acreditar. – estava radiante. Ela se sentou preguiçosamente na cama. estava sentado ao lado dela.
- Está pronta? – levou sua mão até a dela.
- Estou pronta. – afirmou com convicção. Ele levou a mão dela até os lábios dele para ele depositasse um beijo. Ela se inclinou para selar carinhosamente os lábios dele.

Apesar de toda a preguiça e de todo o frio, nunca foi tão bom levantar daquela cama. se deu conta de que estava fazendo aquilo pela última vez. a ajudou a arrumar a cama, também pela última vez. Eles se arrumaram sem qualquer pressa. As malas foram colocadas no carro do . Toda a mobília continuaria na casa, já que os pais da ainda não sabiam o que fariam com a casa. Ela só levaria da casa o que ela tinha trazido e comprado após a mudança dela. Isso incluía o Buddy, óbvio.

Antes de sair da casa, e passaram em cada um dos cômodos para confirmar se nada tinha sido esquecido. Quando chegaram na sala, o último cômodo a ser verificado, bateu uma tristeza enorme na . Era inevitável. Ela morou ali por anos e tinha vivido muita coisa naquela casa. Não dava para ser tão fria e fingir que a casa não tinha significado algum. Parada em frente a porta, se lembrou do dia que entrou por ela pela primeira vez depois de saber que moraria ali. Em silêncio, deixou que ela tivesse o seu momento.

- Você pode trancar? Eu vou colocar o Buddy no carro. – entregou as chaves da casa na mão do e saiu levando o Buddy pela coleira, pois ela não tinha a mínima condição de trancar a casa pela última vez.
- Eu tranco. – respondeu, chateado com a situação dela.

colocou o Buddy dentro do cercado que o tinha comprado para colocá-lo dentro do carro. Ele foi colocado no banco traseiro. Enxugando as lágrimas nos olhos, ela prendeu o cachorro dentro do cercado e ele se aquietou ali dentro. Até mesmo o Buddy parecia triste com a despedida. não queria chorar. Já bastava a choradeira do dia anterior, quando ela se despediu do Big Rob. Ela fechou a porta do carro e foi até a calçada para encontrar o , que vinha na direção do carro. encarou a faixada da casa com os braços cruzados. Um filme estava passando na cabeça dela. percebeu a tristeza nos olhos da . Ele guardou as chaves da casa no bolso, passou por ela e a abraçou carinhosamente por trás. Abraçado a ela, passou a encarar a casa exatamente como a estava fazendo. O abraço dele fez com que ela ficasse mais vulnerável do que ela já estava. Algumas lágrimas escorreram dos olhos dela sem que ela dissesse absolutamente nada. Ao notar o choro, beijou um dos ombros dela.

- Ainda dá tempo de desistir. – sugeriu, disposto a apoiá-la, se fosse isso o que ela quisesse. sorriu em meio as lágrimas.
- Não. Eu não quero desistir. – descruzou os braços e tocou os braços dele que estavam em volta de seu pescoço. – Eu estou feliz por estar voltando para casa. – Ela afirmou, sentindo o beijar carinhosamente o topo de sua cabeça. – Vamos? – perguntou, se desvencilhando dos braços dele para poder passar suas mãos em seu rosto para secar as lágrimas.
- Quando você quiser. – colocou-se à disposição.
- Podemos ir. – afirmou, indo na direção do carro. Ele a acompanhou. Ambos entraram no carro e o deu a partida. De dentro do carro, ela olhou uma última vez para a casa. fez o mesmo. Ele tocou a perna dela e a acariciou. tocou na mão dele e a acariciou também. Ela olhou para o , sorriu e afirmou com a cabeça, como se dissesse que ele podia ir.

ficou alguns minutos em silêncio no carro, tentando assimilar tudo e acalmar o seu coração, afinal, o melhor estava por vir. Como eles já haviam combinado, eles pararam em um restaurante de fast food para almoçar antes de deixarem Nova York. Eles pegaram a comida e comeram no carro, já que o Buddy não podia ficar sozinho. Aos poucos, percebeu que a foi se soltando e começou a curtir exatamente o que tudo aquilo significava.

Ainda parados no estacionamento do restaurante, resolveu ligar para os amigos para convidá-los para jantar em seu apartamento. Era sexta-feira e o prato principal era pizza, ou seja, não dava para recusar. e confirmaram a presença logo de cara. disse que ia ver com a , mas o fez questão de ligar para ela e ela mesma confirmou a presença dos dois. ficou feliz com o convite e viu a oportunidade perfeita para distrair a Meg, que estava um pouco nervosa por causa dos problemas familiares. Sim, ela iria para Atlantic City naquele sexta-feira e passaria o final de semana com o . Mark e certamente iriam se estivessem mais perto, mas o também tinha um plano para inclui-los na festa.

e foram o caminho todo até Atlantic City planejando a pequena festa de boas-vindas que eles dariam naquela noite. Ao chegar na cidade, estava radiante. Parecia que ela não ia para lá há anos. A sensação de poder chamar Atlantic City de lar novamente era indescritível. A primeira parada foi no supermercado. Eles precisavam comprar bebida e descartáveis para a festa daquela noite. e tentaram ser rápidos, pois haviam deixado o Buddy dormindo no carro e o vidro do carro tinha ficado parcialmente aberto por causa disso.

- Acho que compramos tudo, né? – perguntando, depois de guardarmos as compras no carro.
- Eu acho que sim. – confirmou, entrando no carro.
- E agora? Vamos para o meu apartamento ou você quer passar na sua casa? – perguntou, ligando o carro.
- Eu não posso ir para casa ainda. Não posso correr o risco de ser vista pelo antes da festa. – explicou.
- Então, para a minha casa, né? – deduziu.
- Na verdade, tem um lugar que eu gostaria de ir antes. – sorriu com um sorriso que deixou o desconfiado.
- Onde? – não conseguiu pensar onde poderia ser.
- A casa dos seus pais. – disse e o viu ficar em silêncio, olhando para ela.
- Eu não sei se é uma boa ideia. Eu ainda não contei para ninguém sobre nós. – argumentou.
- Então, nós vamos contar! – estava decidida. Ela queria ver a de qualquer jeito.
- Tem certeza? Pode não ser muito legal. – fez careta. A verdade é que ele tinha medo da reação de todos.
- Porque todo mundo gostava da Brooke. Eu sei. – rolou os olhos.
- Você disse, não eu. – se isentou de mencionar a Brooke.
- Eu não me importo. Eu vou ser compreensiva. Seja qual for a reação deles. – insistiu.
- Eu avisei. – disse, dando a partida no carro.

estava tranquilo em relação a mãe. Por mais surpresa que ela ficasse, ela saberia tratar a muito bem. Além disso, ele achava que a mãe não ficaria tão surpresa, já que ele tinha falado com ela durante a semana e ele tinha contado que estava em Nova York ‘resolvendo algumas coisas'. Ela não era boba e conhecia muito bem o filho que tinha. A real preocupação dele era com a . Ela tinha muita afinidade com a Brooke. Por mais que ela também amasse a , a garotinha era terrível e falava tudo o que vinha na cabeça. Elas não se viam há muito tempo. O que ela acharia sobre o término do irmão com a Brooke? Era o tipo de pergunta que preocupava o .

- Olha, já vou avisando que a reação da pode não ser boa. Ela era muito apegada a... – hesitou para falar o nome.
- Brooke. Pode falar o nome dela. – riu.
- Não fica chateada com o que ela possa dizer. Ela é criança e não tem filtro algum. Você conhece. – quis prepará-la. estava super tranquila. Ela pegou a sua bolsa, que estava no chão do carro e a abriu. De lá, tirou um batom.
- Não acredito. Você trouxe um batom para ela. – riu, negando com a cabeça. Segurando o riso, tirou da bolsa um segundo batom.
- Achou mesmo que eu vinha de mãos vazias? – piscou um dos olhos para ele.
- Com dois batons você a leva para a sua casa, se você quiser. – brincou, fazendo ela rir. – Bem pensado. Parabéns. – Ele estendeu a mão e ela a apertou.
- Obrigada. – agradeceu antes de descer do carro. também desceu do carro e esperou que ela fosse ao seu encontro. Eles deixaram o vidro do carro aberto por causa do Buddy.
- Vem comigo. – segurou a mão da e entrelaçou os seus dedos. Ele a levou até a porta. Ele bateu duas ou três vezes antes de entrar. – Mãe? – Ele chamou pela mãe, colocando parcialmente o corpo para o lado de dentro da casa.
- Estou aqui. – A mãe gritou. A voz vinha da cozinha. entrou e levou a com ele. Ele pretendia levá-la até a cozinha, mas a mãe veio ao encontro deles na sala de jantar.
- Oi, mãe. – sorriu, sem jeito com a situação. Ele esperou qualquer reação dela. Ela olhou para o filho e depois para a . O sorriso no rosto da mãe ao ver a tranquilizou o coração dele.
- Eu sabia que você estava aprontando alguma coisa. – A mãe riu, depois de cerrar os olhos na direção do filho.
- Oi, Sra. Jonas. – acenou com uma das mãos. Ela estava mais sem graça do que havia imaginado. A mãe do surpreendeu a todos e respondeu com um abraço carinhoso na antiga nova nora.
- É bom tê-la de volta. – A mãe disse durante o abraço. sorriu para o , enquanto continuava a abraçá-la.
- Estou feliz por estar de volta. – acariciou as costas da sogra, antes de terminar o abraço.
- A está no quarto dela? – perguntou, ouvindo barulhos vindo do quarto.
- Está! Ela não saiu mais de lá desde que ganhou a nova casa da Barbie. – A mãe fez careta, negando com a cabeça.
- E o pai? – perguntou, referindo-se ao marido da mãe. Ele sempre o chamou de pai. Não seria diferente agora.
- Trabalhando. Almoçou em casa, mas já saiu. – A mãe contou.
- Então, nós vamos falar com a . – olhou para a e a viu afirmar com a cabeça.
- Vão lá. Ela vai gostar da visita. – A mãe piscou um dos olhos para o casal, que saiu de mão dadas na direção do quarto da .

estava muito ansiosa para vê-la e para falar com a irmã mais nova do , mas também estava com receio de ver qualquer vestígio de decepção no rosto de quando ela a visse. testemunhou a relação dela com a Brooke, que parecia ser uma relação muito mais próxima do que a relação que a tinha com ela. No começo do namoro, elas eram sim muito próximas, mas elas acabaram se distanciando quando a foi para Nova York.

levou a até o quarto de sua irmã mais nova. Eles continuaram de mãos dadas. Ele bateu na porta, que estava apenas encostada. colocou somente a cabeça na fresta entre a porta e o batente. olhou assim que ouviu a batida. Ao ver o irmão, ela sorriu. Fazia alguns dias que eles não se viam e ela estava com saudades. Ela vivia com saudades desde que ele havia se mudado para o apartamento. permaneceu sentada e a casa da Barbie estava ao lado dela. Ela parou o que estava fazendo na mesma hora.

- Estou atrapalhando? – perguntou e a viu negar imediatamente com a cabeça.
- Eu estava só brincando com a minha nova casa. – disse. Atrás da porta, sorriu ao ouvir a voz da garota.
- Tem uma pessoa aqui que quer te ver. – estava prestes a anunciar a .
- É a... – se levantou. Ela ia mencionar a Brooke.
- Não. – a impediu de dizer aquele nome. não se importou, pelo contrário, ela riu em silêncio. – Veja bem antes de falar. – Ele a orientou, pedindo calma com uma das mãos. ficou parada, esperando. olhou para a e a viu afirmar com a cabeça. Ele soltou a mão dela antes de abrir a porta por completo.

estava parada em frente a porta e sentiu um amor enorme só ao ver a . Ela era louca por aquela menina. Ainda sem saber qual seria a reação a garota, apenas sorriu. Foi lindo de se ver a mudança tão espontânea da expressão no rosto de . Os olhos se arregalaram e os lábios deram um enorme sorriso. Como ela ficou feliz. não hesitou e saiu correndo na direção da que, emocionada, se agachou para receber o abraço dela.

- ! – gritou, segundos antes do abraço. Até mesmo o sentiu a força daquele abraço.
- Oi, linda. – acariciou o cabelo dela, enquanto continuava a abraçá-la. estava simplesmente realizado com aquele momento.
- Não acredito que é você mesmo! – disse, assim que terminou o abraço. Ela tocou o rosto da com suas duas mãos. – O seu cabelo! Eu amei. – também passou as mãos pelo cabelo.
- Eu também amei o seu cabelo. Aliás, você está linda! E como você cresceu. – sabia o quanto ela gostava de ouvir aquilo.
- Minha mãe me obriga a comer legumes todos os dias. Deve ser por isso. – afirmou com a mesma inocência de sempre. gargalhou com o comentário.
- Mas... me conta! Eu soube que você tem uma casa nova da Barbie. – puxou assunto.
- Eu tenho! Vem ver. – segurou na mão da e a puxou.
- Uau! Ela é linda e é enorme! – elogiou. ficou toda orgulhosa.
- Qualquer dia nós podemos brincar com ela. Eu tenho uma Barbie que você vai adorar. – não largava mais a mão da .
- Claro. Vamos marcar de brincar. – concordou imediatamente.
- Você... vai vir aqui mais vezes, não vai? – perguntou, olhando para o . Ela era esperta e sabia muito bem o que, na verdade, estava perguntando. também olhou para o e fez sinal com a cabeça. Ela queria que ele contasse.
- Está bem. Vem até aqui. – pediu, indo até a cama dela e se sentando na beirada. – Nós precisamos conversar sobre uma coisa importante. – Ele esperou que ela se aproximasse e se sentasse ao lado dele.
- O que foi? – colocou uma mecha do seu cabelo atrás da orelha. se levantou e permaneceu onde estava, deixando que os dois conversassem.
- Bom, eu sei que pode ser um pouco difícil de você entender. Um dia você vai saber do que eu estou falando, daqui uns 30 anos. – falou tão sério, que se viu obrigada a segurar o riso. – O nosso coração pode ser muito confuso as vezes. É difícil saber quando você está fazendo a coisa certa ou a coisa errada. Às vezes, ele te engana e te faz pensar que você gosta de uma pessoa, mas na verdade você gosta de outra. – Ele estava buscando uma maneira didática de explicar.
- Você terminou com a Brooke. – resumiu tudo em uma frase e deixou o irmão sem palavras.
- Sim, eu... eu terminei. – confirmou, perplexo.
- O seu coração não gostava dela, né? – afirmou com muita tranquilidade.
- Não. Ele gostava de outra pessoa. – confirmou. riu, apontando na direção da . - É isso mesmo. – Ele riu. – O que você acha? – queria a opinião dela, pois já sabia que ela tinha adorado a notícia.
- Olha, eu até gostava da Brooke. Ela brincava comigo e me deixava comer doces. A mamãe sempre me lembrava que eu tinha que tratar ela bem, então eu sempre obedeci. Ela me falou que o seu coração tinha escolhido a Brooke e eu aceitei. – contou. A inocência dela era encantadora. – Mas eu ficava pensando se algum dia o seu coração ia mudar de ideia de novo, porque aí eu iria poder ver a de novo. – Ela completou. estava quase morrendo de tanto amor.
- Viu só? Deu certo. – disse, estendendo uma das mãos na direção de , que foi até ele e segurou sua mão. se agachou na frente da menina.
- Sabe sobre quem o meu coração nunca mudou de ideia? – perguntou, tentando não se emocionar. Ela não parava de chorar há dois dias. – Você. – Ela tocou a ponta do nariz da menina, que deu um sorriso encantador e sem jeito. – Eu nunca me esqueci de você. – queria que ela soubesse.
- Eu também não. – negou com a cabeça. Levantou-se da cama sem dar explicações e foi até o guarda-roupa dela. Abriu uma das portas e revelou uma pilha enorme de brinquedos. No canto direito, havia uma pasta escondida. Na ponta dos pés, ela pegou a pasta e voltou a andar na direção da cama. Ela se sentou e colocou a pasta em seu colo, abrindo-a em seguida. – Eu fiz todos esses desenhos para você. – Ela entregou mais de 30 folhas nas mãos de .
- Para mim? – ficou surpresa. Ela pegou os desenhos e folheou alguns deles. – Nossa, mas eles são lindos. – Ela elogiou.
- Eu guardei nessa pasta para a Brooke não ver. Eu sabia que ela ia ficar triste. – contou.
- Você nunca me contou sobre esses desenhos. – estava tão impressionado quanto a .
- Eu não queria que você ficasse triste também. – ergueu os ombros. A e o se olharam.
- Então, vamos fazer o seguinte: todas as vezes que você fizer um novo desenho, você pede para o me avisar e eu vou vir até aqui para você me entregar pessoalmente. Combinado? – esticou uma das mãos. riu, satisfeita com a proposta.
- Combinado. – afirmou, toda feliz. Ela apertou a mão da , que piscou um dos olhos para ela. – Não precisa nem trazer o se você não quiser. – Ela disse em meio a uma careta.
- Ah! É assim? – cerrou os olhos, fingindo indignação.
- Brincadeira. – gargalhou, passando seus curtos braços em volta do irmão. – Você pode vir e ficar assistindo nós duas brincarmos de Barbie. – Ela completou.
- Por mim, tudo bem. – não tinha como negar.
- Posso levar todos esses desenhos para a minha casa? – perguntou.
- Pode! – afirmou.
- Ei, eu já estava me esquecendo. Eu também te trouxe uma coisa. – se lembrou, abrindo sua bolsa.
- Você quer mesmo levá-la para a sua casa, né? – falou baixinho para a .
- O quê? – ficou interessada.
- Não é nada. – fez cara feia para o . – Eu trouxe para você. – Ela mostrou os dois batons.
- DOIS BATONS? – fez um escândalo. – EU AMO BATONS. – Ela saltou da cama. – OBRIGADA. – Ela abraçou a e deu vários beijos em uma de suas bochechas.
- Aí, que delícia, todos esses beijos. – riu com a atitude da garota.
- Eu vou passar um deles agora. – saiu correndo e parou em frente ao espelho.
- Não precisava nem do batom. – sussurrou para a , que riu novamente.
- Eu sou insubstituível, querido. – se gabou, piscando um dos olhos para ele.
- E aí? Eu não estou muito virgem!? – disse, usando a palavra que tinha aprendido com o irmão no passado. Na época, ele a enganou, dizendo que o termo ‘virgem' queria dizer ‘bonita’.
- Ah, não. Ela não esqueceu disso ainda. – suspirou, fazendo careta.
- Você começou isso. Agora, se vira. – se absteve, se segurando muito para não rir.
- O que nós conversamos sobre usar essa palavra? – tentou ser educado, já que a culpa era toda dele.
- Mas não tem ninguém por perto. – falou baixinho.
- Mesmo assim! Você está bonita. Bonita, entendeu? – insistiu.
- Eu estou bonita e virgem. Isso quer dizer ‘bonita’ duas vezes, né? – disse, empolgada.
- Eu desisto. – olhou para a , inconformado. – Vamos embora antes que a minha mãe ouça e acabe me matando. – Ele foi até a .
- O que foi? – não entendeu nada.
- Estamos indo embora. Estamos com pressa. – respondeu a irmã, apressando a .
- Eu volto daqui alguns dias e vamos brincar com a sua casa da Barbie, ok? – foi até a menina.
- Está bom! – afirmou com a cabeça.
- Você ficou maravilhosa de batom. – elogiou. – Me dá um beijo de batom. – Ela pediu e a atendeu. – Ficou marcado de batom? – perguntou e afirmou com a cabeça, enquanto ria.
- Tchau, pirralha. Eu venho aqui amanhã. – pegou a irmã pelos braços, a levantou e beijou uma de suas bochechas.
- Tchau. – também deu um beijo no irmão com o seu batom novo.
- Obrigada pelos desenhos. – agradeceu novamente, acenando.

Ao saírem da casa dos pais do Jonas, não conseguia parar de rir. A cena com a tinha sido muito cômica. Eles foram buscar o Buddy no carro, depois da mãe do concordar em ficar com o cachorro só por aquela noite. Por causa da festa, era impossível manter o cachorro escondido em um apartamento tão pequeno. Se os convidados ouvissem ou vissem o Buddy, a presença da não seria mais surpresa.

Após se despedirem do Buddy e pedirem para ele se comportasse, e se despediram da mãe dele e saíram da casa. Eles entraram no carro e seguiram conversando sobre o reencontro da com a irmã mais nova do . Ele ainda estava perplexo com a reação da irmã e com o fato de ela nem ter ficado triste com o término dele com a Brooke. era fascinado com o relacionamento que a e a mantiveram desde o primeiro contato.

Com o carro cheio de malas, o casal seguiu para o apartamento do . Eles tinham muito o que fazer até a hora da festa. deixou o carro no estacionamento. Ele teve a difícil missão de esperar a abrir algumas malas para pegar a roupa e os acessórios que ela usaria naquela noite. Não tinha motivos para tirar todas as malas do carro, sendo que mais tarde eles teriam que levá-las para a casa dos pais da . Eles saíram do estacionamento, subiram pelo elevador e finalmente chegaram na casa. estava ajudando a a carregar as coisas.

- Nossa, . Parece que passou um furacão por aqui. – se assustou ao ver a bagunça no apartamento.
- Não deu nem tempo de pedir para você não reparar na bagunça. – riu, fechando a porta. – Da última vez, eu saí tão perturbado daqui que nem a cama eu arrumei. – Ele se referia ao dia em que decidiu ir atrás da em Nova York. – Vou precisar arrumar para a festa. – fez careta.
- Eu te ajudo. – colocou suas coisas sobre o sofá e se dispôs a ajudá-lo.
- Eu posso arrumar sozinho. – Ele não queria que aquela fosse o tipo de recepção que a recebesse.
- Se arrumarmos juntos é rapidinho. – não parecia se importar.

O casal se juntou para uma faxina bastante superficial no apartamento. Não estava sujo, só estava desorganizado. Enquanto arrumavam o apartamento, mostrou a ela a gravação do jogo do Yankees e a camisa do Yankees que ela tinha dado para ele de presente no aniversário de 1 ano de namoro. se comprometeu a terminar de arrumar a sala e o começou a guardar as bebidas e colocá-las para gelar.

- Acho que compramos pouca cerveja. – avisou , saindo da cozinha.
- Você acha? Mas você disse que a quantidade que compramos era suficiente. – abriu os braços.
- Fiz as contas erradas. – reconheceu o erro.
- E agora? – perguntou.
- Eu vou comprar um pouco mais. – não pensou duas vezes e já foi logo pegando o seu celular e a sua carteira.
- Eu vou com você, então. – afirmou.
- Não, não. Pode ficar. Eu não demoro. – recusou a oferta dela imediatamente. Soou até estranho. – Você precisa começar a se arrumar logo, afinal, a festa é sua, né? - Ele usou bons argumentos.
- Você tem certeza? Eu posso... – ia se oferecer novamente.
- Não se preocupe. Eu vou. – a interrompeu. – Eu só preciso pegar dinheiro no bolso da minha calça. Acho que está no quarto. – Ele saiu, indo até o seu quarto. estranhou o comportamento dele, mas achou que pudesse ser impressão sua. Ela não levou isso adiante. ficou poucos segundos no quarto e voltou com pressa. – Você fica bem aqui sozinha? – Ele perguntou.
- Fico. Eu vou terminar de guardar essas coisas e depois vou tomar banho. – disse com um sorriso.
- Fica à vontade. A casa é sua, você sabe. – se aproximou e selou os lábios da . – No meu guarda-roupa, do lado esquerdo, tem algumas toalhas de banho limpas. Pode pegar. – Ele disse, indo em direção a porta.
- Eu vou pegar. – confirmou. – Ei. – Ela chamou por ele e ele se virou. – A chave do carro. – Ela jogou na direção dele e ele pegou no ar.
- Valeu. – piscou um dos olhos para ela. – Tranca a porta. Estou levando outra chave comigo. – Ele pediu, antes de sair do apartamento. atendeu o pedido dele e trancou a porta.

levou alguns minutos para deixar a sala exatamente como ela queria. Depois disso, ela passou pela cozinha para beber um copo de água e aproveitou para arrumar os aperitivos que o havia comprado nos potinhos de plástico que eles também tinham comprado. Ela ficou um bom tempo organizando tudo e quando acabou, foi rapidamente tomar banho, pois sabia que ouviria o reclamar se ele voltasse e ela ainda nem tivesse ido tomar banho. Ela foi para o quarto dele com sua roupa e seus a acessórios nas mãos e os colocou sobre a cama do . pegou a toalha como o havia orientado e foi para o banheiro.

levou um pouco mais que uma hora para voltar para casa. Ele tentou voltar o mais rápido possível para que a não desconfiasse de nada. Quando ele entrou no apartamento, confirmou que ela estava tomando banho e, ainda sem fôlego por ter corrido tanto, ele tentou se acalmar. Ouviu o chuveiro ser desligado e correu até o seu quarto para guardar a tal surpresa. Ele saiu do quarto antes que a saísse do banheiro. Ela nem ao menos notou que o já tinha voltado. Ele se escondeu na cozinha. Quando viu que a foi para o seu quarto, foi até a porta de entrada do apartamento e mexeu na chave e depois a abriu, para fingir que estava chegando naquele exato momento.

- ? Sou eu. – avisou, pois conhecia bem os traumas dela. Ele não queria que ela achasse que alguém que não fosse ele estava entrando na casa.
- Eu estou aqui no quarto. – gritou do quarto. Mais tranquilo, foi até quarto e encontrou a em frente a sua cama, enrolada em uma toalha. Ela estava de costas para a porta. Ela ouviu quando ele entrou no quarto e em segundos, sentiu as mãos dele em volta do seu corpo.
- Cheguei na hora certa. – disse próximo ao ouvido dela, que riu ao sentir a barba dele roçar em seu pescoço. Ela deixou que ele depositasse beijos por todo o pescoço dela até o momento que ela se virou de frente para ele.
- Você demorou. – apoiou os seus braços nos ombros dele.
- A fila no mercado estava grande. – inventou qualquer desculpa. Ele continuou depositando beijos no queixo e desceu novamente pelo pescoço dela. se deixou levar pelas mãos bobas e pelos beijos.
- Não podemos fazer isso agora. Não temos tempo. – disse, lutando contra os seus próprios desejos. Mesmo dizendo que não, ela não conseguiu impedir que o continuasse.
- Temos sim. - sussurrou, levando o seu rosto ao encontro do dela. – Você só está vestindo uma peça de roupa. Eu prometo que vou ser rápido. – Ele disse, arrancando um enorme sorriso dela. Ele ameaçou beijá-la mais de uma vez, pois sabia que essa era a melhor maneira de provocá-la.
- E você está vestindo todas as peças de roupas possíveis. Então, eu começo. – disse, tirando a blusa e, depois a camiseta que ele estava usando por baixo. Ele achou graça por ter conseguido convencê-la tão rápido. Ele se livrou de sua calça e a empurrou na cama, jogando o seu corpo por cima do dela.

Na cama, finalmente, a beijou calorosamente. Demorou segundos para que ele se livrasse da toalha de banho, que impedia o real contato pele-a-pele. As mãos bobas de ambos os deixaram de uma tal maneira, que as preliminares nem foram necessárias. Foi rápido da maneira que o havia prometido, mas isso não tornou o momento menos prazeroso. 20 minutos foi o que bastou para que ambos estivessem plenamente satisfeitos. Com uma química como aquela, não era difícil, né?

- Eu já estava com saudade dessa cama. – suspirou, depositando beijos no pescoço do e depois, encarando o rosto dele de perto.
- Volte sempre que quiser. – sorriu, beijando-a mais uma vez. – E aí, feliz com a sua festa? – Ele perguntou, mantendo-a em cima dele.
- Estou! Estou muito ansiosa para contar para todo mundo sobre nós e sobre a minha volta para a cidade. – disse, empolgada. – Que horas você combinou com eles? – Ela perguntou.
- Marquei às 19hrs. – disse, fazendo com que os dois olhassem para o relógio.
- ! – olhou para ele, assustada.
- Falta meia hora! – arregalou os olhos.
- E eu nem me arrumei. – disse, se lamentando.
- Por mim, você está linda assim. – riu, vendo-a se afastar.
- Muito engraçado. – jogou uma almofada na direção dele. – Vai tomar banho logo! – Ela o apressou.
- Estou indo. Estou indo! – disse, contrariado.

Enquanto o foi tomar banho, foi para a frente do espelho para se arrumar. Como era uma festa para poucas pessoas e ela nem ao menos ia sair do apartamento, não tinha motivos para tanta produção. Usou o seu jeans preto rasgado, uma blusinha preta e uma jaqueta de couro, já que estava frio. A maquiagem também foi básica. Além do pó e do blush, ela também usou um lápis preto e um batom rosa bem clarinho. Aproveitou que o ainda não tinha ficado pronto e arrumou o seu cabelo com mais cuidado.

- Uau. – elogiou, assim que entrou no quarto. Ele já tinha vestido a calça jeans.
- Ficou bom? – se virou para que ele a visse de frente (VEJA AQUI). – De zero a dez, o quão virgem eu estou? – Ela disse, tentando se manter séria. Ela fez referência a mudança de significado entre as palavras ‘virgem’ e ‘bonita’ ensinada para a . cerrou os olhos, negando com a cabeça e sorrindo.
- Eu me recuso a responder essa pergunta considerando que acabamos de fazer sexo. – a olhou feio. – Mas se você está me pedindo para te dar uma nota. – Ele colocou uma das mãos no queixo e avaliou por alguns segundos. – Eu daria uns 7. – fez careta.
- 7? – olhou para ele, contrariada. Abaixou a cabeça e encarou a sua roupa, procurando qualquer coisa que pudesse melhorar. Quando viu que ela tinha acreditado, foi até ela ainda sem camisa.
- Estou brincando, sua boba. – riu, abraçando-a por trás. Ele depositou um beijo em um dos lados do pescoço dela. – Você está linda. – Ele segurou uma das mãos dela e afastou seus corpos para poder olhá-la. – Eu amo o seu estilo, as suas roupas e o seu cabelo. Eu amo tudo sobre você. – disse com um sorriso bobo nos lábios.
- Tem mais uma coisa. – soltou a mão dele por um momento e foi até a sua bolsa. Ela pegou algo e foi até o novamente. – Me ajuda a colocar? – Ela pediu, mostrando para ele uma correntinha que tinha o pingente de coração que ele havia dado para ela há anos junto com uma pulseira. reconheceu na mesma hora. Ela teve seus motivos para tirar o pingente da pulseira e colocá-lo em uma corrente.
- Você ainda tem? – se surpreendeu, pegando a corrente nas mãos. Ele se referia ao pingente.
- Eu guardei. Alguma coisa me dizia que um dia eu voltaria a usá-la. – sorriu, vendo que ele ficou um pouco comovido com o pingente. – Eu quero usar hoje, porque o dia de hoje significa tanta coisa para mim. Significa a minha volta para Atlantic City. Significa o nosso recomeço. Significa a volta da minha felicidade e a retomada da minha vida. – Ela queria dizer aquilo a ele. – E mesmo tendo certeza que você vai estar sempre ao meu lado, eu quero sempre ter o seu coração perto do meu. – disse, antes de se virar e levantar o seu cabelo. Ainda meio abobalhado, se aproximou e com facilidade, colocou a corrente no pescoço dela. Ela soltou o cabelo e arrumou o pingente, deixando-o no centro de seu peito. – Agora sim, eu estou pronta. – voltou a se virar de frente para o . Ele estava sem palavras, enquanto olhava para ela.
- Você não faz a menor ideia do quanto você é incrível. – negou com a cabeça, completamente encantado com a garota que estava bem na sua frente. – Se você fizesse, você não estaria perdendo o seu tempo aqui comigo. – Ele não se cansava de elogiá-la. Ninguém nunca a veria com tanto admiração e com tanto amor como ele.
- Não fala assim. – ficou mais séria, se aproximando dele. Ela tocou o rosto dele com suas mãos. – Pela primeira vez em anos, eu estou exatamente onde eu deveria estar, onde eu quero estar. – Ela fez questão de olhar nos olhos dele. – Eu acho que nunca me senti tão bonita, tão feliz e tão viva quanto agora. – O sorriso no rosto dela correspondia a suas palavras. – E mesmo tentando manter toda essa história de amor próprio, eu preciso te dizer que a culpa é toda sua, porque você me olha com tanto amor e com tanto desejo e está sempre me elogiando. Você me faz rir com as coisas mais idiotas e você me faz sentir vontade de viver tudo o que a vida pode me proporcionar. – o viu sorrir fraco. – Se eu sou tão incrível quanto você diz, é porque você me faz feliz, é porque você me faz sentir a mulher mais linda do mundo, é porque, , você me faz querer viver todos os dias ao seu lado. – Ele não disse nada. Ele apenas a beijou. O beijo duraria a noite toda se a campainha não tocasse.
- Eles chegaram. – interrompeu o beijo na mesma hora.
- Nós nem combinamos nada do que vãos falar para eles. – arregalou os olhos.
- Não tem o que combinar. Espera todo mundo chegar, enrola um pouco e fala que tem uma surpresa para eles. – descolou o seu corpo do dele. – Primeiro, eu conto sobre nós dois e depois sobre a minha volta pra cidade. – Ela completou.
- Você vai ficar escondida aqui? – perguntou, pegando a camiseta que ele tinha separado para vestir.
- Vou! Daqui eu consigo escutar tudo. – afirmou. A campainha tocou mais uma vez.
- Está bem. – ia se afastar, mas antes foi até a e roubou mais dois selinhos, que a fez sorrir como nunca.
- Vai logo. – riu, depois de ele beijar uma de suas bochechas.
- Eu vou fechar a porta. – avisou, antes de fechar a porta do quarto. Com a camiseta nas mãos, ele correu até a porta e a abriu.
- Finalmente! – abriu os braços. Ao lado dele estava a e, logo atrás, os outros convidados. Eles chegaram todos juntos. ficou toda emocionada ao ouvir a voz de seu irmão mais velho. Ela não via a hora de contar a novidade para ele.
- Uau! Amei a barba. – logo notou a barba um pouco maior do que o normal do amigo. Do quarto, riu silenciosamente. Ela sabia que a faria algum comentário sobre a barba.
- Valeu, . – a abraçou rapidamente.
- Achei que você tivesse se arrependido de ter nos convidado. – riu, abraçando o amigo. – Deixa eu ver. – Ainda abraçado, começou a apalpar a nuca, as costas e, por fim, o quadril do .
- Hey! – resmungou, segurando o riso.
- Eu só queria conferir se estava tudo no lugar. – riu, terminando o abraço.
- Eu senti a sua falta, seu idiota. – riu, dando alguns leves tapinhas no rosto do amigo.
- Oi, . É bom te ver. – deu um abraço mais carinhoso no amigo.
- Que bom que você veio, . – acariciou as costas da amiga durante o abraço. – ! Achei que você estaria em Nova York nesse final de semana. – sorriu ao abraçar o amigo.
- Esse era o final de semana da Meg vir para cá. – olhou para a namorada. Ela estava ao lado dele e segurava a sua mão. a olhou com uma expressão de deboche.
- Oi, Jonas. – Meg forçou um sorriso de propósito.
- Entra, Meg. Fica à vontade. – achou graça da expressão no rosto dela. Deu espaço para que ela e o entrassem na casa.

No cômodo ao lado, estava eufórica com a presença de todos. Ouvir a voz deles era tão bom e trazia uma paz enorme a ela. Aquela bagunça engraçada, cada uma das vozes tentando se sobressair as outras, assuntos distintos, a risada do , as besteiras do , as broncas da , os comentários da , as críticas da Meg referente à decoração do apartamento, porque ela sabia que tinha sido a Amber que tinha ajudado nela e a calma do . Estava tudo ali. Pela primeira vez em muito tempo, estava se sentindo em casa novamente.

- Podem se sentar. Eu vou pegar as bebidas. – queria deixar todos à vontade. Todos se dividiram entre o sofá, as poltronas e os bancos altos. As bebidas foram minunciosamente distribuídas conforme o gosto de cada um.
- Refrigerante para a e cerveja para o . – disse ao entregar as duas últimas bebidas que faltavam.
- Você me conhece tão bem. – sorriu carinhosamente.
- Se precisar de alguma coisa, é só me pedir. – entrou na brincadeira e acariciou o cabelo do melhor amigo.
- Posso começar pedindo já? – manteve o sorriso.
- É claro que sim. – continuou acariciando o cabelo do amigo.
- Tira a mão do meu cabelo. Você está tirando todo o meu gel. – pediu com a mesma expressão meiga no rosto, que não tinha absolutamente nada a ver com ele.
- Ah, desculpa. Deixa eu arrumar. – fingiu preocupação e levou as duas mãos até o cabelo do amigo e, de propósito, o bagunçou ainda mais.
- Sai! – voltou a falar grosso, empurrando o . – Sai de perto de mim. – Ele reclamou, causando a risada de todos.
- Deixa que eu arrumo, lindo. – segurou o riso, arrumando o cabelo do namorado.
- Você não nos chamou aqui só para nos fazer rir do cabelo do , né? – interrompeu.
- Se alguém mencionar o meu cabelo de novo, vai levar um soco. – disse, ainda tentando arrumar a bagunça que o tinha feito em seu cabelo.
- Não foi por isso, mas se fosse, já teria valido a pena. – disse mais sério, levando uma almofadada do . – Estou brincando! Você está mais lindo do que nunca. – Ele disse, jogando um beijo e viu o imitá-lo, fazendo careta. – Agora, falando sério. – Ele realmente pretendia falar mais sério naquele momento. – Eu estou realmente feliz em reunir todo mundo aqui. – iniciou o seu discurso. – Até mesmo você, Meg. – Ele dirigiu-se a quase amiga, se é que algum dia ele realmente poderia chamá-la daquela maneira.
- Eu agradeço a gentileza, querido. É realmente um prazer sentir raiva de você. – Meg disse, fazendo com que todos rissem. – Confesso que quando eu soube que viríamos até o seu apartamento, eu imaginei uma coisa mais suja, desorganizada e ridícula, mas até que não é tão ruim, viu? – Ela completou.
- Eu estou maluco ou você acabou de me fazer um elogio? – cruzou os braços.
- Eu elogiei o apartamento e não você. Não seja tão emocionado. – Meg segurou o riso.
- Olha só, eu já estou vendo o começo de uma grande amizade. – sempre tentava ajudar na amizade da namorada com o amigo.
- Não. – e Meg disseram juntos, fazendo careta.
- Quando vocês pararem de agir como crianças de 4 anos, vocês me avisam que eu volto a prestar a atenção. – disse, antes de beber um gole da sua cerveja.
- Calma! Eu vou falar. – queria manter a atenção de todos. Ele se sentou em um dos bancos altos, ficando de frente para todos os amigos e para a porta de seu quarto.
- Eu tenho uma pergunta importante. – ergueu uma das mãos. Todos olharam para ele. – Que horas vamos pedir as pizzas? – Ele perguntou e imediatamente recebeu vaias.
- Deixa o falar! – deu a bronca no namorado.
- Desculpa, . Pode falar. Espero que o barulho da minha barriga roncando não te interrompa. – disse, ouvindo os amigos rirem e as meninas olharem para ele com cara feia.
- Antes de continuar. Eu preciso fazer uma coisa. – tirou o seu celular do bolso. Todos o observaram e, em seguida, ouviram que uma chamada estava sendo feita. Eles não sabiam para quem era. Levou quase um minuto para descobrirem. – Hey, vocês! – Ele acenou com uma das mãos para o celular. – Falem oi para os meus amigos. – virou a câmera do celular e todos puderem ver a e o Mark na tela do telefone. Levou algum tempo para todos falassem e cumprimentassem o Mark e a . – Eu estou prestes a fazer o discurso mais chato da história e precisava que vocês estivessem presentes de alguma forma. – sorriu, entregando a câmera para o para que ele segurasse.
- Estamos ouvindo! – disse.
- Pode falar. – Mark deu sua total atenção ao irmão.
- Então, continuando o que eu estava tentando dizer. – sorriu para os seus amigos. – Eu estou feliz em ver cada um de vocês e em recebê-los na minha casa. Eu sei que eu estive um pouco ausente nos últimos tempos. Vocês sempre me ajudaram tanto em tudo e, agora, olhando para vocês, eu só consigo pensar que durante todo esse tempo, eu não estava lá por vocês. – Ele estava fazendo um sincero desabafo. escutava tudo no cômodo ao lado, esperando a sua deixa para contar a todos a novidade. – Eu nem mesmo sei se vocês precisaram ou se estão precisando de alguma coisa, porque há tempos eu não sei o que está acontecendo na vida de vocês. – parecia se sentir culpado e todos notaram. Nesse momento, voltou a erguer uma das mãos.
- Eu adotei um cachorro. – contou a sua novidade. A atitude do amigo arrancou um sorriso sincero do . – O nome dele é Peter. – Ele completou, causando uma gargalhada geral. – Mentira. O nome é Rufus. – concertou, rindo. levantou sua mão em seguida.
- Eu não sou mais estagiário. Fui efetivado no mês passado no melhor escritório da cidade. – contou. Meg aproveitou para erguer a mão.
- Eu... descobri que eu tenho um irmão mais novo, porque meu pai teve um filho fora do casamento. – Meg revelou o que a maioria não sabia, já que a notícia era recente. soube ainda quando estava em Nova York.
- Pelo menos temos uma coisa em comum. – ergueu os ombros.
- Pelo menos. – Meg sorriu, concordando. – Espero que eu seja o Mark da história e não o . – Ela precisava alfinetá-lo de alguma maneira.
- Eu já sabia que você ia dizer isso. – riu, negando com a cabeça.
- Minha vez. – ergueu a mão. – Eu fiz uma tatuagem. – Ela mostrou um dos pulsos. – É uma homenagem para a minha família. – explicou. também ergueu sua mão.
- Eu vou abrir o meu próprio negócio com os meus pais. Ainda não tenho certeza, mas acho que vai ser uma loja de sapatos. – disse, orgulhosa.
- Uau! Parabéns! – estava muito impressionado. e Mark ergueram as mãos juntos. – e Mark. – Ele disse o nome dos dois para que eles soubessem que podiam falar. – É agora que vocês me contam que eu vou ser tio? – brincou.
- Que tio o quê! Está maluco? – ficou enlouquecida com a brincadeira e isso fez com que todos rissem.
- Calma, . – Mark também estava segurando o riso.
- Fica rindo mesmo! Eu conheço um ótimo método para não engravidar, viu? – ameaçou o namorado.
- Valeu mesmo, . – Mark ironizou, olhando para a tela do celular.
- Sempre que precisar, Markey. – sorriu, piscando um dos olhos para o irmão.
- O que vocês iam contar, afinal? – era ansiosa demais para esperar.
- Você conta? – Mark olhou para a namorada com um enorme sorriso.
- Eu conto. – estava radiante. – Bom, nós... – Ela olhou para o Mark antes de contar. – Nós vamos morar juntos em Paris. – Ela finalmente disse.
- O que!? – arregalou os olhos, demonstrando sua perplexidade. Todos foram pegos de surpresa e vibraram com a notícia. – Isso é sério? – Ele estava muito feliz pelo irmão.
- É sério! Eu consegui me transferir para a agência de Paris e vou trabalhar aqui a partir de semana que vem. – Mark complementou a notícia.
- Queria ressaltar que eu já sabia de tudo, porque eu sou a melhor amiga. – Meg se gabou.
- Você contou para ela antes de contar para o seu próprio irmão? – disse, indignado. – Que tipo de irmão você é? – Ele perguntou, brincando.
- Desculpa, irmão. Você era a nossa segunda opção. – Mark fez careta.
- Segunda opção. – Meg forçou uma gargalhada apenas para sacanear o .
- Ah, Meg. Nem você vai conseguir estragar o meu humor, hoje. – sorriu, mantendo-se calmo e sereno.
- Acho que é a minha vez. – ergueu a mão, interrompendo o deboche entre os quase-amigos. Quando ele ergueu a mão, a maioria ficou surpresa. Ele não era a pessoa que mais gostava de se abrir e quando ele foi ficando por último naquela brincadeira de erguer as mãos, todos achavam que ele acabaria não participando.
- É claro! Pode falar, . – ficou feliz quando viu o amigo erguer a sua mão. Do quarto, ouvia tudo atentamente.
- Eu... também fiz uma tatuagem. – disse, tirando sua jaqueta e colocando-a de lado. Todos observavam em silêncio. parecia a única a saber sobre a tatuagem. O irmão de levantou parcialmente a manga de sua camiseta para mostrar a tatuagem localizada na parte de trás de seu braço, alguns dedos abaixo do seu ombro direito. – Aqui. – Ele mostrou. – Faz algum tempo que eu não vejo a minha irmã e... – não era bom com as palavras. – Eu quis fazer alguma coisa para me sentir mais próximo dela. – Ele completou. Na tatuagem, havia duas crianças sentadas de costa em um balanço. Os traços do desenho eram incríveis. – Nós temos uma foto parecida. Costumávamos brincar em um balanço que o nosso pai fez na casa do lago. Eu... gostava de balançar rápido e ela tinha medo por causa da altura, então eu a segurava bem forte e, dessa forma, ela conseguia se divertir e aproveitar a experiencia tanto quanto eu. É a minha melhor memória da minha infância. – terminou de contar com um fraco sorriso. Ele parecia triste por falar sobre a saudade que ele sentia de sua irmã mais nova. Do quarto, estava em lágrimas com a declaração do irmão. também ficou um pouco emocionado, pois sabia que a estava logo ali, ouvindo tudo.
- Está bem. – sorriu, nervoso. Ele engoliu qualquer vestígio de choro para poder revelar o real motivo de estar dando aquela festa. – Eu também tenho uma coisa para contar. – Ele ergueu uma das mãos. imaginou que seria a sua vez de entrar em cena e se preparou.
- Você também? – sorriu, surpresa.
- Eu sabia que você não tinha nos convidado para vir até aqui por acaso. – afirmou com a cabeça.
- Você está certo. – concordou. – É claro que eu queria rever vocês, mas não foi só por isso. – Ele completou.
- O que aconteceu, ? – perguntou, curiosa.
- Minha novidade é... – hesitou por um momento. achou que ele fosse anunciá-la. – Eu terminei com a Brooke. – Ele contou, fazendo a recuar. Ele estava certo em contar sobre o término com a Brooke antes.
- O quê!? – ficou em choque. Todos ficaram em choque.
- Mas por quê? O que houve? – fez a pergunta que todos queriam fazer.
- Não acredito que você quebrou o coração de outra pessoa, Jonas. – Meg o fuzilou com os olhos.
- Como ela está? – ficou preocupada. e Mark foram os únicos que não disseram nada. Eles ficaram surpresos, claro, mas a notícia poderia ser um indício de que o plano do livro tinha funcionado.
- Quando foi isso? – engatou outra pergunta. Eram muitas perguntas para responder.
- Foi na semana passada. – estava segurando toda sua empolgação para contar a outra novidade.
- Eu achei que você gostasse dela. O que aconteceu, ? – insistiu na pergunta que não havia sido respondida da primeira vez.
- Aposto que ele encontrou outra pessoa. – fez sua aposta. Ele conhecia muito bem o amigo e aquele ar de felicidade que exalava dele de todas as maneiras possíveis.
- É, eu acho que pode se dizer isso. – deixou um sorriso escapar.
- Nossa. Você não vale nada mesmo, Jonas. – Meg suspirou, contrariada. estava desesperada para entrar na sala. Ela sabia que seria a qualquer momento.
- Quem é ela, ? – perguntou, curioso.
- Nós já a conhecemos? – precisava de qualquer pista.
- Quando nós vamos conhecê-la? Você devia tê-la convidado para vir aqui, hoje. – reclamou. foi bombardeado de perguntas e julgamentos. Ele ficou quase 1 minuto em silêncio, apenas ouvindo as manifestações de seus amigos. De repente, ele ergueu novamente sua mão, mas dessa vez foi a mão esquerda. Demorou alguns segundos para que os amigos percebessem a mão dele levantada.
- Nós já ouvimos a sua novidade. Pode abaixar a mão. – disse, fazendo careta para o amigo.
- Eu... tenho uma outra novidade. – Dessa vez, ele estava sorrindo. sabia que o momento era aquele. Todos continuaram olhando para o , esperando que ele contasse a tal novidade. Ninguém tinha qualquer perspectiva de nada. Ele continuou sentado em um dos bancos altos e olhou na direção da porta do seu quarto. – Essa garota de quem eu falei. Ela... está bem aqui e ela é a melhor coisa que já me aconteceu. – Ele deu a deixa para que a abrisse a porta. O coração dela estava disparado, mas ela estava tão feliz. Respirou fundo antes de tocar a maçaneta da porta e girá-la. O barulho da porta do quarto sendo aberta chamou a atenção de todos, que se viraram para trás para olhar.

Com o seu jeito tímido, apareceu na porta. Ela ficou parada ali por alguns poucos segundos. Todos foram pegos de surpresa. Ninguém conseguiu dizer ou fazer absolutamente nada. Estavam todos em choque. A expressão no rosto de cada um fez com que o risse sem emitir qualquer som. Ele olhou para a e sentiu que seu coração estava completo por vê-la tão feliz. Os olhos marejados de acompanhados de um enorme sorriso encararam o de longe. Com a sala completamente em silêncio, ela andou na direção do . Ele a recepcionou com uma das mãos estendida. segurou a mão dele e ele a trouxe para perto.

- Não acredito. – disse pausadamente.
- Minha nossa, eu vou chorar. – Foi possível ouvir a falar no celular. olhou mais uma vez para seus amigos e para o seu irmão, que continuavam paralisados. Ela encontrou a melhor maneira de confirmar o seu relacionamento com o para todos os que estavam ali. Ela olhou para , se aproximou ainda mais e tocou o rosto dele com suas duas mãos antes de beijá-lo.
- Eles ainda estão olhando para mim? – sussurrou com um sorriso, mantendo o rosto perto do . Ele virou o rosto para olhar e riu.
- Estão. – confirmou, voltando a olhá-la. – Dá mais 5 segundos para eles. – Ele pediu. – 1, 2, 3, 4 e... – parou de contar no momento exato.
- Eles voltaram! – sorriu, sem acreditar.
- Vocês dois... – apontou para o novo (velho) casal.
- Sim. – confirmou com o seu melhor sorriso. – Eu estou de volta, pessoal. – Ela ergueu os ombros.
- ELA VOLTOU! – gritou, erguendo as mãos. – O MEU CASAL ESTÁ JUNTO DE NOVO. – Ele se levantou e foi na direção do e da .
- NÃO PODE SER. – Mark arregalou os olhos. – É ela mesmo, ! É a ! – Ele disse, comemorando.
- EU SABIA! – gritou, comemorando. riu da comemoração exagerada dos amigos. a abraçou em questão de segundos.
- Meu Deus! Como é bom te ver. – disse, apertando forte sua melhor amiga.
- É bom te ver também, melhor amigo. – retribuiu o abraço. se juntou ao seu namorado.
- Eu estou tão feliz por vocês. – disse, emocionada.
- Awn, não chora. – sorriu, secando as lágrimas no rosto de sua melhor amiga. e abraçaram a amiga juntos.
- Vem! Vamos até lá. – puxou Meg, que ainda não conseguia acreditar no que tudo aquilo queria dizer. Ela foi com o namorado. – Fazia tanto tempo que eu não te via tão feliz. – disse, assim que conseguiu se aproximar da amiga. Dos amigos, ele era a única pessoa que esteve mais próximo da nos últimos tempos, porque ele ia com frequência para Nova York para ver a Meg.
- Eu sei, . Eu estou tão feliz. – riu ao abraçá-lo. Enquanto o abraçava, o rosto de ficou de frente para o rosto de Meg. Ninguém estava sentindo um alívio maior por ver a tão feliz. Meg esteve tão preocupada nos últimos meses, que era indescritível a sensação de saber que sua melhor amiga ficaria bem. Ela terminou o abraço com o para poder falar com a Meg.
- Eu quis tanto te contar, mas não queria estragar a surpresa. – sorriu ao encarar Meg.
- O brilho nos seus olhos. – Meg riu, emocionada por ver o brilho nos olhos da que ela não via há muito tempo. Impressionante como era visível a mudança na .
- Eu sei. – também riu, abraçando a amiga.
- Você não vai mais para a África, não é? – Meg concluiu em meio ao abraço.
- Eu não vou. – queria que ela fosse a primeira pessoa (entre os amigos) a saber. Ela era a pessoa mais preocupada com aquela viagem.
- Graças a Deus. – Meg riu, terminando o abraço e olhando no rosto da amiga. – Agora sim. Agora eu estou feliz por você. – Ela estava eufórica. Olhou para o , que estava bem ao lado da e acompanhava a conversa das duas. – Não acredito que você finalmente fez uma coisa certa na sua vida, . – Ela gargalhou, sem jeito por ter que dar o braço a torcer.
- Você está começando a gostar de mim. Pode falar, Meg. – riu com ela.
- Enquanto você estiver fazendo a minha melhor amiga feliz, você terá a minha eterna aprovação e gratidão. – Meg sentia que precisava dizer isso a ele.
- Eu sabia que, no fundo, você gostava de mim. – a provocou e a viu rolar os olhos.
- Vem aqui, seu idiota. – Contrariada, Meg se aproximou e abraçou o amigo. Acho que agora dava para chamá-lo daquela maneira, não é? – Aliás, de nada pelo livro. – Ela disse antes de terminar o abraço. Surpreso, a olhou. Meg sorriu e ele retribuiu o sorriso, como se estivesse agradecendo a ela.
- Cunhada, você está maravilhosa! Senti tanto sua falta. – abraçou euforicamente.
- Você está maravilhosa! – devolveu o elogio, olhando a amiga da cabeça aos pés. – Eu também senti sua falta. – Ela beijou mais de uma vez o rosto da amiga.

Quem já havia cumprimentado a , continuava em volta dela e do . Eles conversavam e comemoravam uns com os outros. não conseguia ouvir nada do que eles estavam dizendo, porque os olhos dela estavam fixos em , que continuava sentado no sofá com a mesma expressão de perplexidade. conhecia muito bem o seu irmão e sabia que ele não tinha ido até ela, pois não queria se emocionar na frente de todos. Além disso, ele estava muito surpreso. Ele não sabia muito bem como lidar com aquela notícia. teve que segurar o seu choro ao olhá-lo de longe. Ela estava louca para abraçá-lo, mas ela pretendia dar a todos a melhor notícia da noite.

- Pessoal! – pediu a atenção de todos. Eles olharam para ela e esperaram para ouvi-la. – Eu... também tenho uma novidade para vocês. – Ela ergueu uma das mãos. A notícia intrigou a todos. levantou sua cabeça para olhar para sua irmã mais nova. O que mais poderia ser?
- A África... – sussurrou, negando com a cabeça. Nenhum deles gostavam da ideia de a ir para a África.
- Eu... – começou a dizer, mas parou quando percebeu que iria chorar. – Me desculpem. Eu estava muito ansiosa para contar isso para vocês. – Ela riu, passando suas mãos pelos olhos.
- Você consegue. – sussurrou antes de depositar um beijo na cabeça da . Ela afirmou com a cabeça, olhando mais uma vez para o seu irmão.
- Eu queria contar para vocês que... eu não vou mais morar em Nova York. – disse, mantendo seus olhos no . Ele também olhava para a irmã, mas continuava sentado no sofá.
- Você vai mesmo para a África. – deduziu usando o seu tom de lamentação.
- Na verdade, não. Eu não vou mais para a África. – disse, surpreendendo novamente a todos.
- Então, onde você vai morar? – perguntou o que todos queriam perguntar. deixou de olhar para o por um momento e sorriu para cada um de seus amigos.
- Eu... – começou a dizer quando voltou a olhar para o seu irmão. Ela passou por seus amigos e começou a andar na direção dele. – Eu vou voltar para a cidade onde eu nasci. – Ela disse, enquanto continuava andando. a acompanhava. Foi incrível ver a mudança de expressão no rosto dele quando ele ouviu a frase dela. – Eu vou voltar para a casa. A minha verdadeira casa. – Ela continuou. – A única casa onde eu realmente fui feliz. A casa onde eu tenho as pessoas que eu mais amo perto de mim. – alcançou o irmão e se agachou na frente dele. Ele a encarou com os olhos completamente marejados. sorriu com as mesmas lágrimas nos olhos. – A casa onde eu tenho o melhor vizinho de quarto do mundo que, por um acaso, também é o melhor irmão do mundo todo. – Ela disse, sentindo as lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ela continuava sorrindo, quando tocou a mão do irmão. apertou a mão da irmã deixando um sorriso sincero, um sorriso de alívio escapar. Ele se levantou do sofá e puxou a irmã pela mão para que ele pudesse abraçá-la.

Aquele, sem dúvidas, foi o melhor abraço que a havia recebido em toda a sua vida. estava chorando nos braços dela de uma maneira que ele nunca tinha feito antes. Todos que estavam assistindo a cena estavam chorando e comemorando a notícia que a tinha acabado de dar. esteve guardando tanta saudade, tanto medo e preocupação pela irmã, que quando ele soube que a teria tão perto dele novamente, tudo o que ele estava guardando veio à tona. acariciava as costas do irmão, tentando acalmá-lo. Foi um abraço longo e emocionante.

- Isso é realmente verdade? Você vai mesmo voltar para Atlantic City? – queria que ela confirmasse, pois ele não estava conseguindo acreditar.
- Eu vou! Minhas malas estão todas no carro do . – apontou para o , que confirmou a história. Ele não queria interromper aquele momento entre os irmãos, mas já que haviam colocado ele na conversa, ele se aproximou.
- Ei, cara. – sorriu, dando alguns tapinhas no ombro do amigo. – Consegue acreditar que ela realmente voltou para nós? – Ele disse, vendo o concordar com a cabeça. Ele se aproximou e abraçou o .
- Eu sei que você tem alguma coisa a ver com isso e, por isso, eu agradeço. – agradeceu ao . – Estou feliz por você e por ela. – Ele completou, dando sua benção.
- Eu também estou feliz. – olhou para a ao terminar o abraço.
- Tem certeza que você está pronto para tolerar os meus atrasos e a minha demora no banheiro? Ah! E tem os meus programas de culinária que você odeia e vai ser obrigado a assistir. – provocou, mantendo-se séria.
- E roubar o meu cereal todos os dias no café da manhã. Você esqueceu de mencionar isso. – rolou os olhos, fazendo a irmã rir.
- Eu te amo, irmão. – o abraçou de lado, depositando um beijo carinhoso em seu rosto.
- Eu também te amo. – retribuiu, acolhendo-a em seus braços.
- Meu Deus! Eu estava esquecendo. Cadê a tatuagem que você fez em minha homenagem? – terminou o abraço e começou a tirar a jaqueta do irmão.
- Ei, ei! Eu não fiz em sua homenagem. Eu fiz em nossa homenagem. É diferente. – voltou a bancar o marrento.
- Está bem. Está bem. Deixa eu ver logo. – rolou os olhos.
- , olha a namorada! Ela quer arrancar a minha roupa. – reclamou, tentando se livrar da irmã. Ele estava apenas tentando irritá-la.
- Ela é realmente muito boa nisso. – disse, fazendo com que o o olhasse feio na mesma hora. – Brincadeira! – Ele riu, apontando para o irmão de .
- Estou de olho em você. – ameaçou, cerrando os olhos em sua direção.
- Eu te amo. Não esquece. – se declarou para o amigo, fazendo um coração com as mãos. Ele apenas queria desconversar.
- Sei. – disse, desconfiado.

No livro de capa azul, não houve uma festa tão feliz como aquela, onde todos estivessem tão felizes e tão realizados. Não tinha como ser diferente, considerando o sucesso profissional e pessoal que eles estavam começando a alcançar. Ter a de volta em Atlantic City unia ainda mais aquele grupo de amigos, onde todos se ajudavam e se apoiavam. Eles literalmente sofriam juntos quando algo ruim acontecia, mas comemoravam como nunca a conquista e a felicidade de cada um.

Eles comemoraram a noite toda. até estourou um champagne, que ele estava guardando para uma ocasião especial. Os amigos brindaram juntos, saudaram a volta da e a volta do casal que mais servia de exemplo de amor e superação para todos. Seria impossível descrever a alegria de cada um que estava naquele apartamento ao ver que o e a finalmente estavam plenamente felizes. Eles eram uma parte essencial dentro daquele grupo de amigos, que sem eles já não era o mesmo há algum tempo. Agora, os amigos estavam mais unidos do que nunca.

A festa de boas-vindas durou até as 11 horas da noite. Só não durou mais, porque os vizinhos podiam começar a reclamar do barulho. Antes de irem embora, os garotos combinaram de jogar futebol no dia seguinte. Eles não faziam aquilo há algum tempo. se ofereceu para levar a sua irmã embora, pois eles obviamente iriam para a mesma casa, depois que ele passasse para deixar a em sua casa. até tinha a intenção de voltar para casa com o irmão, mas interviu e pediu para levá-la para casa. Ele precisava fazer aquilo depois de tanto tempo.

- Eu vou ficar mais um pouco para ajudar a terminar de arrumar tudo e daqui a pouco eu vou. – avisou o irmão, quando percebeu o quanto o queria que ela ficasse.
- Está bem. Eu te vejo em casa. – concordou, sem ver qualquer problema.
- Obrigado por ter vindo, cara. – agradeceu, abraçando rapidamente o cunhado e melhor amigo.
- Não precisa agradecer. – sorriu, dando alguns tapinhas nas costas do . – Bem vindo de volta à família. – Ele sorriu, feliz por poder tê-lo como cunhado novamente.
- Valeu. – riu, agradecido.

e estavam novamente sozinhos no apartamento. Ao fechar a porta, eles se olharam e sorriram um para o outro. A felicidade estava estampada no rosto de cada um. passou seus braços em volta do corpo dele e o abraçou. Ele acariciou as costas dela, enquanto depositava um beijo carinhoso no topo de sua cabeça. levantou a sua cabeça e deu o seu melhor sorriso antes de selar longamente os lábios dele.

- Gostou da sua festa? – perguntou, após descolar seus lábios dos lábios dela.
- Foi a melhor de todas. – afirmou, demonstrando o quão realizada ela estava. – Eu vou te ajudar a arrumar essa mesa. – Ele se afastou, indo até a mesa. ficou parado, observando-a.

começou a recolher alguns copos e não reparou quando o saiu da sala e foi até o seu quarto por um breve momento. Ele tinha esperado a noite inteira por aquele momento. Ela continuava distraída, arrumando a mesa. voltou do quarto e sorriu quando percebeu que a mal tinha notado a ausência dele. se aproximou e parou atrás da , abraçando-a por trás e beijando um de seus ombros. Ela sorriu com o carinho e tocou a mão dele que a abraçava. segurou a mão dela e a virou de frente para ele. o encarou de bem perto, enquanto sentia ele acariciar sua mão.

- Eu preciso fazer uma coisa. – sorriu fraco, tirando o seu celular do bolso.
- Uma coisa? – o acompanhou, quando ele a puxou até o centro da sala.
- Espera. – Ele se distanciou dela por um momento e afastou a mesa de centro e algumas cadeiras. olhava, sem entender nada.
- O que você está fazendo? – riu, perdida. Ele colocou o celular em cima do sofá alguns segundos antes que ‘Hey Jude’ dos Beatles começasse a tocar. Ao ouvir a música, se derreteu por completo com aquele sorriso bobo nos lábios.
- Faz anos que eu não danço essa música. – disse, um pouco sem jeito. – Acho que eu estava guardando essa dança para você. – Ele completou, estendendo sua mão.
- Eu amo essa música, porque eu amo você. – afirmou, levando sua mão até a dele. Ele a puxou para um breve beijo antes de começar a dançar. Os braços dele faziam a volta na cintura dela e os braços dela faziam o mesmo em volta do pescoço dele. Eles começaram a dançar lentamente, enquanto se olhavam de bem perto.
- Obrigado por me trazer de volta, por trazer o velho de volta. – disse, olhando nos olhos dela.
- Você me trouxe de volta também. Estamos quites. – sorriu, fazendo-o olhar para os seus lábios. Ele negou com a cabeça.
- Eu estava com saudades disso. – afirmou.
- De dançar? – perguntou, olhando-o de perto.
- De te ver feliz. – distribuiu olhares por todo o rosto dela. – De te fazer feliz. Nada faz com que eu me sinta mais vivo do que te fazer feliz. – Ele sorriu ao vê-la sorrir.
- Bem, isso é engraçado porque... ninguém me faz mais feliz do que você. – disse, olhando nos olhos dele. A proximidade e a maneira encantadora com que ela havia dito a frase levou o a beijá-la. O beijo os fez parar de dançar. Mesmo contra a sua vontade, precisou interromper o beijo tão intenso e apaixonado. Ele manteve a proximidade, colando a sua testa à dela.
- Você me ama? – perguntou com os olhos ainda fechados. A ponta do nariz dele ainda tocava a ponta do nariz dela.
- É claro que eu amo. – riu sem emitir qualquer som. Já não era obvio?
- Então, você pode fazer uma coisa por mim? – abriu os olhos, mas manteve a proximidade.
- Fazer o quê? – perguntou, se perguntando o que poderia ser tão importante para interromper um beijo como aquele.
- Seja a minha namorada. – pediu, surpreendendo-a. Ela afastou o seu rosto do dele com uma expressão engraçada e confusa.
- Eu... achei que eu já fosse a sua namorada. – riu, sem entender o que estava acontecendo.
- Se você fosse, você teria uma aliança no seu dedo. – arqueou as sobrancelhas. Contrariada, tirou uma das mãos que estava em volta do pescoço dele e a olhou ao mesmo tempo que mostrava para ele.
- Você tem razão. Não tem nenhuma aliança no meu dedo. – fingiu lamentar. – Acho que você vai ter que fazer alguma coisa a respeito. – Ela o pressionou, jogando a culpa para ele. - Na verdade, eu já fiz. – levou uma de suas mãos até o seu bolso e de lá tirou dois objetos, que ele só mostrou quando abriu sua mão. ficou extremamente surpresa ao ver duas alianças na mão dele. Ela não imaginou que ele as providenciaria tão cedo. – Você ainda não me respondeu se quer ser a minha namorada. – Ele riu da expressão de surpresa no rosto dela.
- Você... – negou com a cabeça, rindo. Ele tinha a enganado muito bem.
- O que foi!? – também estava rindo. – Se você quiser, eu posso cantar de novo. – Ele brincou. – Como era mesmo? – se esforçou para lembrar. – ‘You’re never gonna be alone, from this moment on.’ – Ele cantarolou um trecho do refrão que ele conseguiu lembrar. riu, levando suas mãos até o seu rosto. – Eu também posso me ajoelhar como da primeira vez. – se ajoelhou, mostrando as alianças.
- Meu Deus. – estava tão surpresa, que não conseguia parar de sorrir.
- Vamos. – Ele continuou ajoelhado. – Diz que você quer ser a minha namorada. – pediu, um pouco mais sério. Encantada com a atitude dele, se inclinou para selar os lábios dele.
- Eu quero muito ser a sua namorada. – Ela sussurrou depois de descolar seus lábios dos lábios dele. se levantou e estava totalmente radiante. Ele selou os lábios dela inúmeras vezes e distribuiu beijos por todo o rosto dela, fazendo a gargalhar. – Eu nem sabia que você tinha comprado essas alianças. – também estava radiante.
- Eu as comprei em Nova York e hoje a tarde eu levei para gravar. – contou, mostrando as alianças.
- Eu sabia que você não tinha ido comprar mais bebida! – o julgou com os olhos. Ela pegou uma das alianças nas mãos e a olhou de mais perto. – Eu não acredito. – Ele a surpreendeu mais uma vez. Ao olhar a gravação na parte interior da aliança, leu: ‘I Love And Hate You’. O nome que eles haviam escolhido para colocar no livro. A frase que foi escolhida porque tinha tudo a ver com eles.
- Você gostou? – perguntou, olhando para ela.
- Ficou perfeita. – afirmou. Ela estava tão feliz.
- Eu posso? – Ele perguntou e só colocou o anel no dedo dela quando ela confirmou.
- Eu amei. É muito parecida com a nossa primeira aliança. – reparou ao encarar o anel em sua mão.
- Que bom que gostou. – beijou uma das bochechas dela. – Agora, eu posso te levar embora. – Ele disse, confirmando que aquele era um dos motivos para pedir que ela ficasse.
- Foi por isso que você queria que eu ficasse. – cerrou os olhos ao olhá-lo.
- Não foi só por isso. – argumentou. – Eu queria ter o prazer de levar a minha namorada para casa. – Ele explicou. Era incrível a maneira com que ele valorizava as coisas mais aleatórias.
- Você é adorável, Jonas. – estava tão impressionada com ele. Ela o beijou mais uma vez.

Para levá-la para casa, teve que convencê-la a deixar toda a bagunça da festa para trás. Ele insistiu que poderia arrumar sozinho quando voltasse e que não queria deixá-la em casa tão tarde, porque ela nem mesmo tinha visto os pais dela ainda. concordou e eles desceram juntos até o estacionamento do prédio. Após entrarem no carro do , ele levou a até a casa dos pais dela que, agora, também era a casa dela.

Ao chegar na casa, e repararam que as luzes da casa estavam apagadas. Os pais dela dormiam cedo. Ele não hesitou em descer do carro para ajudá-la com as malas. carregou as malas pesadas sozinho e insistiu que poderia levar as malas mais leves. Eles iam levar as malas até o quarto da , mas eles desistiram, pois ficaram com receio de acordar os pais dela. As malas ficariam no canto da sala até a manhã seguinte. No dia seguinte, arrumaria tudo.

- Ainda não acredito que estou te deixando em casa. – colocou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha assim que ficou de frente para ela na porta da casa.
- Eu não consigo me lembrar da última vez que fizemos isso. – entendia exatamente o quanto aquilo significava.
- Faz tanto tempo. – negou a cabeça. – Eu senti tanta falta de fazer essas coisas aleatórias de namorado. – Ele completou, sorrindo.
- É melhor você ir se acostumando, porque você ainda vai ter que fazer essas coisas por muito tempo. – disse.
- Mal posso esperar. – a beijou entre um sorriso e outro. – Você também está sentindo como se hoje fosse o primeiro dia do resto das nossas vidas? – Ele perguntou, querendo saber se ele não era o único.
- Estou. – afirmou, empolgada. – Talvez, porque é exatamente isso o que o dia de hoje significa. – Ela completou, enquanto ele acariciava o seu rosto. Os olhares se conversaram por um momento antes dos olhos se fecharem para o beijo de boa noite. – Eu te amo. – sussurrou assim que terminou o beijo.
- Eu te amo. – respondeu, roubando um último selinho. – Boa noite, linda. – Ele desceu sua mão pelo ombro e pelo braço dela, alcançando sua mão. – Sonha comigo. – piscou um dos olhos ao usar uma das frases que ele dizia com frequência no início do namoro.
- E você, me manda mensagem para avisar quando você chegar em casa. – riu, usando outra frase que era corriqueira no começo do namoro deles.
- Deixa comigo. – riu, entendendo a referência. – Vejo você amanhã. – Ele disse, depois de soltar a mão da namorada.
- Até amanhã. – acenou, enquanto o via dar alguns passos para trás.

estava com o coração completo. Ela nunca esteve tão feliz quanto ela estava naquele momento. Ela ficou na porta da casa esperando o chegar no carro. Ele entrou no carro e, como de costume, esperou que ela entrasse na casa para dar a partida no carro. estava no céu e não conseguiu parar de sorrir durante todo o trajeto até a sua casa. A vida nunca havia sido tão boa como ela estava sendo atualmente. Aquele era o verdadeiro significado de estar plenamente feliz.

Assim que entrou em sua casa, olhou em volta com os olhos cheios de lágrimas e um sorriso enorme no rosto. Ela fez um pequeno tour pela casa para ter certeza de que tudo estava exatamente no mesmo lugar que da última vez. Seus pais acordaram e a surpreenderam durante o seu tour. Eles queriam ver a filha e comemorar a volta dela. conversou com os seus pais por uns 15 minutos e depois eles deixaram que ela fosse tomar banho. Os pais dela já tinham voltado para a cama quando ela saiu do banheiro. Ela também tinha reparado que o ainda não tinha chegado. Ele sempre demorava para voltar para casa quando ia deixar a em casa, pois eles aproveitavam para namorar um pouco.

Se sentindo completamente à vontade, realizada e feliz, vestiu o pijama e foi para a cozinha para fazer pipoca. Ela tinha planos importantes para aquela noite. Quando terminou de fazer a pipoca, levou o pote de pipoca para a sala de estar, onde ela ligou a TV e se deitou no sofá. Não demorou mais do que 10 minutos para que ela ouvisse o carro do sendo estacionado na garagem. continuou sentada, comendo pipoca e assistindo TV.

Prestes a entrar na casa, estranhou o fato da luz da sala de estar acesa. Por um momento, ele tinha se esquecido que sua irmã estava na casa. Ele destrancou a porta e entrou. Deixou as chaves sobre a mesa e olhou na direção do sofá, encontrando sua irmã assistindo TV, enquanto comia um balde de pipoca. A cena o fez sorrir espontaneamente. Um sorriso de felicidade e alívio. Como era bom tê-la de volta.

- Achei que você não fosse chegar a tempo. – disse, olhando para o irmão. Ele continuava parado na entrada da sala.
- A tempo de quê? – se perguntou se tinha combinado algo com a sua irmã.
- A reprise do episódio de semana passada do programa de culinária. – explicou, vendo o irmão fazer cara de tédio.
- Você está me sacaneando, né? – achou que a irmã estivesse brincando.
- Eu não brincaria com um assunto tão sério. – respondeu, séria. A resposta fez o gargalhar.
- Você é inacreditável. – continuou rindo, quando viu que a irmã também estava achando graça. Ele se sentou ao lado dela e ela compartilhou a sua coberta com ele.
- Pega pipoca. – também compartilhou o pote de pipoca com o irmão. O programa estava começando.
- Não acredito que você realmente vai me fazer voltar a assistir essa porcaria. – reclamou, enquanto comia pipoca.
- Shhhh! Começou. – jogou uma pipoca na cara do irmão. Geralmente ele ficaria furioso com a atitude da irmã, mas a saudade de momentos como aquele era enorme. Ele a olhou com um sorriso e ela percebeu e devolveu o mesmo sorriso para o irmão. Ambos sabiam exatamente o quão significativo era aquele momento de irmãos. – Você é chata, mas é muito bom ter você de volta. – disse, arrancando um novo sorriso da irmã.

Após um dia cheio de nostalgia, memórias, saudades e recordações, teve a melhor noite de sono de sua vida. Ela tinha matado a saudade do , dos seus amigos, dos seus pais e de seu irmão. A vida dela tinha voltado exatamente onde havia parado no dia que ela tinha ido para Nova York. sabia que nem todos tinham a oportunidade de ter tudo de volta depois de tanto tempo e, por isso, ela se sentia extremamente sortuda.

acordou bem cedo na manhã seguinte e fez isso com toda alegria e com todo o prazer do mundo. Ela desfez cada uma de suas malas com a ajuda de sua mãe. A empolgação era tanta que ela conseguiu deixar tudo arrumado antes da hora do almoço. Sua mãe fez o seu prato preferido e ela pode matar a saudade da comida de sua mãe com estilo.

passou para buscar a namorada logo depois do almoço. Eles combinaram de sair antes da partida de futebol dos meninos, que estava marcada para às 4 horas da tarde. tinha um pedido especial para o namorado. Ela queria que ele a levasse para um lugar específico. estacionou o seu carro e ambos desceram juntos. Eles foram de mãos dadas até a sorveteria já conhecida por eles.

- Dois sorvetes de chiclete. – pediu para a atendente, colocando o dinheiro sobre o balcão. – Não acredito que você quer mesmo tomar sorvete com esse frio. – Ele sussurrou para a namorada.
- Não está tão frio assim. Ontem estava pior. – argumentou, recebendo olhares de julgamento do . – Eu estou com vontade! – Ela ergueu os ombros.
- Se eu ficar doente, você vai ser obrigada a cuidar de mim. – sorriu, vendo uma vantagem em tudo aquilo.
- Eu vou fazer isso de qualquer jeito, não vou? – disse de maneira maliciosa, fazendo o segurar o riso. A atendente estava ouvindo tudo.
- Aqui o seu. – A atendente deu o primeiro sorvete para a . – E o seu. – Ela entregou para o . – Boa recuperação. – Ela completou, fazendo referência à conversa do casal.
- Obrigado, moça. – agradeceu completamente sem jeito. saiu da sorveteria gargalhando. – Você mal voltou e já está me fazendo passar vergonha em público. – Ele reclamou, segurando o riso. Eles já estavam andando pela calçada com os sorvetes nas mãos.
- Você precisava ter visto a sua cara. – continuava rindo do namorado.
- E como foi a minha cara? – parou de andar, fazendo-a parar de andar também. Ela se virou para ele.
- Você ficou vermelho! Estava segurando o sorvete assim... – colocou o seu sorvete bem próximo do seu rosto, imitando o namorado. – E a sua expressão estava... – Ela mal conseguiu terminar de falar. Ela foi surpreendida pelo namorado, que empurrou a mão dela, fazendo com que ela levasse o seu próprio sorvete ao encontro de seu rosto. Da última vez, ela tinha feito o mesmo com ele. Tratava-se de uma vingança.
- Engraçado. Eu não lembro de ter sorvete na minha cara. – ironizou, segurando a risada. abriu a boca, surpresa.
- ! Está gelado! – reclamou e ele começou a rir. Ele se arrependeu imediatamente e se aproximou, limpando o sorvete com sua própria boca em meio a beijos. não conseguiu esconder o sorriso.
- Eu não consegui evitar. – riu, olhando o rosto dela de bem perto. Ele já estava parcialmente limpo.
- Você o quê? – fingiu que não tinha entendido.
- Eu não consegui... – começou a dizer, mas ela não deixou que ele terminasse a frase. Ela o enganou e devolveu o sorvete no rosto dele.
- Ops. – fingiu surpresa. – Eu não consegui evitar. – Ela ironizou ao abrir os braços.
- Ok. Ok. Eu entendi. – rolou os olhos, negando com a cabeça.
- Agora, nós vamos ser obrigados a irmos para o seu apartamento para tomarmos banho antes do jogo. – deu a ideia. Ficou bem claro qual era a sua intenção. Mesmo com o rosto totalmente sujo, sorriu.
- Você... – Ele riu, sem acreditar no que a estava propondo.
- Vai, pode falar. Eu sei que você quer. – riu, olhando para o namorado. Ele soube imediatamente sobre o que ela estava falando.
- Eu amo e odeio você (I Love And Hate You), . Eternamente. – suspirou, admirando a mulher que ele tanto amava. Ele usou a frase que tinha tudo a ver com o casal mais improvável de todos os tempos. Sem dúvida, era a frase que mais descrevia a história e a relação deles. Ela começou a andar, mas fez questão de se virar para sorrir para ele. – Espera. – Ele arregalou os olhos e a fez parar de andar. O que poderia ser tão importante? – O seu irmão pode ter nos seguido até aqui. – olhou em volta, deixando em evidência o seu medo de ser flagrado pelo irmão de . – Se ele ver que nós fomos para o meu apartamento ele... – Ele começou a dizer, mas parou quando viu a mudança de expressão no rosto da . Ela queria matá-lo. Ela respirou fundo antes de dizer qualquer coisa.

- Eu desisto de você, Jonas. – demonstrou sua frustração e negou com a cabeça. Ela saiu andando e deixou o namorado falando sozinho.

- Hey! Espera! – percebeu que tinha falado besteira. – Eu estava brincando, amor. – Ele gritou, andando atrás dela. – ! Espera! – correu atrás dela com o rosto ainda coberto de sorvete sabendo que ela estava furiosa. – Era só a minha pequena porcentagem imatura falando. Você disse que gostava, lembra? – Ele continuou dizendo, enquanto ela dava as costas para ele.

E não é que estavam certos? Amor e ódio realmente andam juntos.


FIM.

8 comentários:

  1. ���� parabéns, valeu a pena esperar os capítulos!!!

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  2. Eu costumava ler essa fanfic junto com as minhas amigas quando estávamos na 8º série, hoje estou no 5º ano da faculdade. Você fez parte de boa parte da minha adolescência, então precisei vir aqui para prestigiar o final da história, que deixou um quentinho no meu coração! Obrigada por tanto! <3

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  3. eu tava na 6 série quando comecei a ler essa fanfic, hoje estou na metade da facul... 8 anos se passaram e nem acredito que terminou!! obrigada por ter feito parte desses anos todos, só boas lembranças lendo ...

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  4. Uau! Estou impressionada com o quão boa essa fic é. Comecei a ler essa história há anos e vejo que valeu a pena esperar e ler tudo. Me identifiquei muito com a personalidade da personagem principal e com muitas outras coisas. Parabéns por ter ido até o fim. Sei que dá trabalho mas ficou ótimo. Se você resolver publicar um livro dessa história um dia com certeza eu compraria. Estou muito nostálgica por ter acabado mas muito feliz por ter lido essa história. Nunca pare de escrever mana. Você leva muito jeito. Se fizer outras fics avisa. Serei a leitora número um haha!

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  5. Meu! Não sei nem o que falar kkkk comecei a ler essa fic há muito tempo, eu ainda estudava, hoje estou formada, casada, e lendo o último capítulo enquanto dou mama pra minha bebê kk, muito tempo se passou, muita coisa mudou, mas o meu amor por ILAHY sempre existiu e sempre vai existir, foi a melhor fic que eu já li na minha vida, vou sentir muita falta da protagonista e o Jonas e todos os amigos ❤️ Você é foda,parabéns pelo seu trabalho,e se for escrever qualquer outra coisa só avisar que pode ter certeza q eu vou ler, vou continuar te acompanhando no twitter ❤️ obrigada pela melhor fic da vida, obrigada por todos os momentos maravilhosos que me proporcionou enquanto eu lia, por todas as emoções despertadas 😘♥️

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  6. Eu lembro que comecei a ler essa fic quando tava na última série do fundamental... Eu aguardo esse final há anos e apesar de preferir o Mark (ops kkkkk) o final foi simplesmente perfeito. Você foi incrível em todos esses anos e essa fic tem um lugarzinho especial no meu coração pois me acompanhou durante toda minha adolescência. Até mesmo me vi no mesmo conflito da protagonista, de morar em outra cidade, longe da família, mas no meu caso a decisão de morar em outra cidade foi a melhor e a que me fez mais feliz e poder de certa forma ter isso em comum foi muito especial. Meus parabéns pelo seu trabalho e obrigada! Sinto que um ciclo foi finalizado, é meio triste, vai deixar saudade, mas também dá uma felicidade hahah

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  7. Meu Deus, comecei q ler essa fanfic no ensino fundamental, provavelmente com uns onze anos ou menos kkkkkkkk. Hoje tenho 18, não acabei ainda, mas vendo até onde chegou, fico muito feliz e quero terminar, meu insta é l_giacomozzi, não sei quem você é mas gostaria de entrar em contato, se puder me chamar lá se identificando, não faço ideia de quem você seja mas quero muito conversar sobre essa fic

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  8. Meu deus!!!! Comecei a ler essa fic assim que ela começou, acho que foi em 2012/2013... Hoje eu tenho 23 anos, estou fazendo minha segunda faculdade e deu saudade de lembrar como era, não sabia que tinha sido finalizada.
    Fico muito feliz pelo amadurecimento da fic, dos personagens, que cresceram juntos comigo. Quero agradecer a você, Raissa, por ter feito parte de toda a minha adolescência. Lembro quando você soltava os trailers no twitter com cenas de TVD e eu morria de curiosidade, pq vc demorava muito pra postar kkkkkkkkk mas enfim, não poderia estar mais feliz com esse final, com tanta nostalgia e finalizando um ciclo lindo. Obrigada ❤️

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